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Introdução
Nesta aula, trataremos de algumas ideias que influenciam o modo de refletir sobre o relevo.
Abordaremos alguns dos aspectos envolvidos na dinâmica dos processos geomorfológicos,
buscando entender o modo como o relevo funciona. Os pesquisadores que trabalham com essa
concepção partem do princípio de que os processos geomorfológicos resultam da relação entre a
energia de agentes internos e externos à crosta terrestre e a resistência do relevo e do substrato em
ceder a essas forças.
1a Q/E: CONCEITOS
A Geomorfologia é uma ciência (geociência), ramo da Geografia Física, que estuda os acidentes
geográficos (irregularidades) presentes na superfície do planeta Terra, assim como os processos
geológicos que actuam na formação das diferentes formas de relevo.
Do grego, geo = Terra; morfo = forma; logos = estudo. Então, percebe-se que o objeto de estudo
da geomorfologia são as "formas da Terra".
Importância da Geomorfologia
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Os estudos geomorfológicos de uma determinada área são de grande importância,
principalmente para a área de Engenharia Civil. Estes estudos apontam informações sobre o
terreno e o relevo, fundamentais para a construção de residências, ferrovias, viadutos,
hidrelétricas, túneis, etc.
O que explica as formas de relevo serem como são? As rochas (substrato geológico) ou o clima
(chuvas, sol e ventos)? Uma ideia central para a Geomorfologia é de que há dois grandes grupos de
processos naturais que atuam no planeta e que se combinam na evolução das formas de relevo: os
processos internos (endógenos) e os processos externos (exógenos).
a) Os processos internos (endógenos) são aqueles que agem na crosta terrestre e abaixo dela. Os
principais agentes geomórficos internos são o tectonismo e o vulcanismo, que, embora se originem
em grandes profundidades, provocam repercussões tremendas na superfície da Terra.
A actividade vulcânica resulta no movimento do magma através da crosta até a superfície da Terra.
As forças tectônicas deformam a crosta, podendo provocar o surguimento de grandes superfícies
(epirogênese) ou enrugando-a (orogênese, associada à formação de montanhas).
b) Os processos externos (exógenos) são aqueles que actuam na interface da atmosfera com a
litosfera e têm como principais “motores” as fontes de energia gravitacional e solar. Os principais
agentes geomórficos exógenos são a água (sob forma de vapor atmosférico, chuva ou gelo, nos rios,
nos mares, nas geleiras etc.), o vento e os organismos. Esses agentes actuam sobre as rochas e sobre
as formas de relevo, alterando sua configuração através de processos como o intemperismo, a
erosão, o transporte e a sedimentação.
Intemperismo é o processo de alteração das rochas, podendo ser físico (fragmentação), quando as
variações de temperatura provocam dilatação e contração dos minerais; ou químico
(decomposição), devido à acção das águas ou de outros solventes.
Os processos exógenos têm forte relação com os regimes climáticos sob os quais as formas de
relevo se desenvolvem. A perspectiva morfoclimática leva à definição de zonas geomorfológicas a
partir de regimes climáticos específicos. Os sistemas morfoclimáticos configuram-se como
ambientes em que se percebe uma forte influência climática na elaboração das formas de relevo.
A evolução das formas do relevo (ou a morfogênese) pode ser entendida como o resultado das
interações entre agentes geomórficos internos e externos. Há casos em que um conjunto de fatores
predomina sobre o outro, mas, na maior parte dos casos, a explicação geomorfológica para a
morfogênese combina as explicações morfotectônica, morfoestrutural e a morfoclimática.
Em geral, as formas de relevo resultam de processos em escala de tempo muito mais longa do que a
história da humanidade. Os processos naturais, mesmo os que têm um ritmo quase imperceptível,
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resultam de processos progressivos que levam a mudanças espaciais, por mais lentas que sejam.
Apesar de a natureza ser dinâmica, muitos dos processos na escala de tempo geológico parecem
muito lentos para a experiência humana. Há formas de relevo que nos parecem estáticas: parecem
ser muito antigas, com o mesmo aspecto há muitos anos. Outras formas parecem-nos dinâmicas,
porque vimos quando surgiram ou acompanhamos mudanças que ocorreram em seu aspecto. Mas o
fato de não percebermos as mudanças no formato das rochas ou das formas de relevo não significa
que estejam paradas. Nada está estático na natureza, tudo está em processo de transformação.
A investigação geomorfológica pode ser feita sob diferentes tipos de abordagem. Cada uma dessas
abordagens possui um conjunto de teorias e conceitos que as sustentam e balizam, bem como
procedimentos específicos, voltados ao levantamento de dados e à explicação dos fenômenos
geomorfológicos.
O primeiro passo para estudar as formas de relevo refere-se à descrição destas, que costuma ser
feita através da abordagem geométrica do relevo. Após a descrição geométrica, passa-se para a
interpretação, que pode estar atrelada às perspectivas morfoestrutural, morfodinâmica e/ou
histórica. Ao se optar por uma destas linhas interpretativas, o pesquisador utilizará técnicas de
análises compatíveis, como mostraremos a seguir.
As formas de relevo constituem volumes e estes podem ser descritos a partir de três dimensões
(comprimento, largura e altura).
A descrição morfológica do relevo pode ser feita tanto pelos seus aspectos qualitativos (com base
em descrições subjetivas da morfografia) quanto pelos seus aspectos quantitativos (com base em
medições da morfometria, quantificando as diferenças existentes entre feições distintas de relevo).
a) MORFOGRAFIA: trata da aparência geral do relevo, que pode ser descrito como plano,
colinoso, escarpado, montanhoso etc. É muito importante associar essas formas aos processos
geomorfológicos predominantes que nelas ocorrem.
As encostas ou vertentes são as formas de transição entre topos e fundos de vale e são avaliadas
pela conformação do perfil transversal aos vales fluviais, e pela forma como se articulam ao fundo
dos vales. As formas encontradas na paisagem são classificadas, como arredondadas, planas e
angulosas.
A abordagem morfodinâmica prioriza análises em escalas de maior detalhamento e com ênfase nos
processos que atuam no presente. Esta perspectiva utiliza técnicas empíricas, observações,
levantamentos de informações e medição das taxas de processos diretamente em campo ou em
situações experimentais.
Os estudos morfoestruturais buscam identificar processos geológicos (endógenos) que possam ter
atuado na produção e deformação das formas de relevo. A conformação geológica inclui a litologia
do substrato (tipo de rocha ou de sedimentos), a estrutura (orientação dos corpos rochosos) e os
processos tectônico-vulcânicos, todos eles importantes na configuração geomorfológica.
A abordagem morfoestrutural prioriza análises em escalas de maior abrangência, haja vista que os
processos tectônicos tendem a ser melhor observados em grandes unidades de relevo. Mas é na
escala local que são obtidas amostras para datação dos materiais, bem como levantamentos de
campo, a fim de investigar segmentos de relevo alterados por dobras e falhas. Esta perspectiva
utiliza técnicas de mapeamento geológico, interpretação de bases cartográficas, levantamentos de
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campo, datações, enfim, da obtenção de informações que permitam avançar teoricamente sobre os
condicionantes geológicos das formas de relevo.
As formas de relevo que você observa hoje é resultado do somatório de eventos passados, que
correspondem à história evolutiva da paisagem. A mudança de condições ambientais leva a
alterações morfodinâmicas e as formas de relevo tendem a se adaptar aos novos processos.
CONCLUSÃO
Fonte:
Anice Afonso, Alexandre Santos - Geomorfologia Geral volume 1
Frederico Bastos, Abner Cordeiro – Geografia , Geomorfologia 1a Edição Fortaleza 2019