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O REGISTRO CARTOGRÁFICO DOS FATOS GEOMÓRFICOS

EA QUESTÃO DA TAXONOMIA DO RELEVO

Jurandyr Luciano Sancbes Ross(*)

1- INTRODUÇÃO regional, atendem a~ neces~idades político-administrativas


e funcionam como instrumento de apoio técnico aos mais
Este trabalho visa passar aos interessados em diversos interesses políticos e sociais.
geomorfologia e em análise ambiental espacializada,
informações e orientações experimentadas e amadurecidas Assim sendo, o primeiro fato que deve estar
ao longo de vários anos no Laboratório de Geomorfologia permanentemente em alerta nos estudiosos da
do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, geomorfologia é que as forma~ do relevo de diferentes
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. tamanhos têm explicação genética e são interrelacionadas
Têm objetivo direto de fornecer aos futuros estudiosos da e interdependentes às demais componentes da natureza. A
disciplina um dos vários caminhos que podem ser superfície terrestre, que se compõe por formas de relevo
trilhados nas pesquisas das ciências da terra, onde a
de diferentes tamanhos ou taxons, de diferentes idades e
geomorfologia se inclue. Neste caso especificamente a
processos genéticos distintos, é portanto dinâmica, ainda
preocupação é dar direção a uma geomorfologia que tem
que os olhos humanos não consigam captar isso. A
suas bases conceituais nas ciências da terra, mas fortes
vínculos com as ciências humanas, à medida que pode dinamicidade das formas do relevo apresenta velocidades
diferenciada.~, mostrando-se ora mais estável, ora mais
servir como suporte para entendimento dos ambientes
naturais, onde as sociedades humanas se estruturam, instável. Tal comportamento depende às vezes, de fatores
extraem os recursos para a sobrevivência e organizam o naturais e outras de interferências dos homens. A~
espaço físico-territorial. mudanças climáticas espontâneas ou induzidas pelo
homem alteram a intensidade da dinâmica geomórfica. Os
Assim sendo, o entendimento do relevo e sua movimentos da crosta terrestre, como os abalos sísmicos,
dinâmica, passa obrigatoriamente pela compreensão do
falhamentos e erupções vulcânicas também interferem na
funcionamento e da interrelação entre os demais
dinâmica do relevo. É entretanto o homem, o maior
componentes naturais (águas, solos, sub-solo, clima e
cobertura vegetal), e isto é de significativo interesse ao predador da natureza, e consequentemente, o ser animal
planejamento físico-territorial. Planejamento que deve que mais se julga capaz de alterar e controlar os ambientes
levar em conta as potencialidades dos recursos e as naturais. A história da humanidade demonstra claramente
fragilidades dos ambientes naturais, bem como a que esse domínio do natural pelo homem, têm se revelado
capacidade tecnológica, o nível sócio-cultural e os na verdade em uma intensa, inescrupulosa e desordenada
recursos econômicos da população atingida.

Deste modo, os estudos geomorfológicos e (•) ProCes.sor Doutor do Departamento de Geografia da


ambientais, quer sejam eles detalhados ou de âmbito Faculdade de Filosofia, Letras e Ciênciu Humanas/USP
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apropriação dos recursos naturais. É evidente a pesquisa, enquanto as técnicas são os meios para gerar os
contradição entre a natureza e as sociedades humanas, não trabalhos e atingir com isso os objetivos. Assim sendo, a
se pod.e ndo negar que o crescimento demográfico e o metodologia determina a linha a seguir, é a espinha dorsal,
avanço tecnológico tem contribuído cada vez mais para enquanto as técnicas são as ferramentas para execução das
acentuar essa contradição. É fato também notório que os tarefas da pesquisa.
homen'> exigem cada vez mais recursos naturais para
suprir as necessidades básicas e as necessidades criadas A fundamentação teórica-metodológica, que se
pelo incentivo ao consumo. Certamente é possível e propõe para trabalhar a pesquisa geomorfológica têm suas
desejável que tal voracidade seja administrada e raízes na concepção de Walter PencK (1953) que definiu
controlada através de medidas legais, educacionais e até com clareza as forças geradoras das formas do relevo
terrestre. Penck percebeu que o entendimento da'> atuais
mesmo penalizações aos tran<>gressores. Cabe ao homem,
formas de relevo da superfície da terra são produtos do
como ser social, consciente e dotado de maior capacidade
antagonismo das forças motoras dos processos endógenos
de raciocínio, saber planejar o uso dos recursos da
e exógenos, ou seja, da ação das forças emanadas do
natureza sem transformar a terra em um planeta onde os interior da crosta terrestre de um lado e das forças
seres humanos não possam subsistir com boa qualidade de impulsionadas através da atmosfera pela ação climática,
vida. atual e do passado, de outro. As forças endógenas,
seguindo os princípios de W. Penck, se revelam de dois
Neste trabalho, a preocupação básica é nortear a modos distintos através da estrutura da crosta terrestre.
execução de estudos técnicos de caráter geomorfológico Uma das revelações é através do processo ativo,
engajado ao planejamento sócio-econômico e ambiental comandado pela dinâmica da crosta terrestre - os abalos
com a utilização de imagens de radar e satélites e o sísmicos, o vulcanismo, os dobramentos, os afundamentos
controle sistemático de campo. Tem como fim a geração e soerguimentos das plataformas, falhamentos e fraturas
de uma cartografia geomorfológica integrada de leitura que têm explicação hoje na teoria da tectônica de placas.
direta e que subsidie o planejamento ambiental em A segunda revelação se processa de modo imperceptível
espaços físico-territoriais de diferentes dimensões. Por através da resistência ao desgaste que a litologia e seu
isso serão discutidos sinteticamente alguns fundamentos arranjo estrutural oferece a ação dos proces.<>os exógenos
teórico-metodológicos que embasam os estudos e os ou de erosão. Neste caso é uma ação passiva constante,
procedimentos téçnico-operacionais de gabinete e de porém desigual, face ao maior ou menor grau de resitência
campo. A preocupação portanto é orientar a produção de da litologia.
uma carta geomorfológica integrada e cujas informações
tenham sido controladas pelas observações e medidas A ação exógena é também de atuação con<>tante e
sistemáticas de campo e gabinete. também diferencial, tanto no espaço quanto no tempo,
face às características climáticas locais, regionais e zonais
e às mudanças climática<>. O processo de meteorização,
2 - OS FUNDAMENTOS TEÓRICO· erosão e transporte da ba<>e rochosa, se exerce tanto pela
METODOLÓGICOS: UMA PROPOSTA ação mecânica da água, do vento, da variação térmica
TAXONÔMICA como pela ação quími<:a da água, que transforma minerais
primários em secundários e simultaneamente esculpe as
É preciso desde o início esclarecer que há uma formas do relevo.
diferença nítida entre metodologia e as técnicas para
execução do trabalho. A metodologia está diretamente Tendo como princípio teórico os processos
atrelada à fundamentação teórica e se define por nortear a endógenos e exógenos como geradores das formas
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grandes, médias e pequenas do relevo terrestre, relevo. O segundo, definido por um taxon menor sãq as
Guerasimov (1946) e Mecerjakov (1968) desenvolveram unidades morfoesculturais, geradas pela ação climática ao
os conceitos de morfoestrutura e morfoescultura. Assim longo do tempo geológico, no seio da morfoestrutura.
todo o relevo terrestre pertence a uma determinada Assim em uma unidade morfoestrutural como a da bacia
estrutura que o sustenta e mostra um aspecto escultural do Paraná pode-se ter várias unidades morfoesculturais
que é decorrente da ação do tipo climático atual e pretérito como por exemplo depressões periféricas, depressões
que atuou e atua nessa estrutura. Deste modo a monoclinais, planaltos em patamares intermediários,
morfoestrutura e a morfoescultura definem situações planaltos e chapada<> de superfícies de cimeira, planalto
estáticas, produtos da ação dinâmica dos processos residuais entre outros. Toda<> essa<> unidades
endógenos e exógenos. A noção de morfoescultura não morfoesculturais podem pertencer a uma mesma zona ou
deve ser confundida com a de morfoclimática, pois domínio morfoclimático atual. Daí fica claro que as
enquanto a primeira é um produto da ação climática sobre unidades morfoesculturais identificadas nesta
uma determinada estrutura, a segunda se define por morfoestrutura (Bacia do Paraná), não tem relação
processos morfogenéticos comandados por um genética em sua totalidade com as características
determinado tipo climático. Assim sendo pode-se definir climáticas atuais. Entretanto, ao passar-se para a
que a morfoescultura é fruto de ações climáticas identificação e análise de um terceiro taxou (de dimensão
subsequentes e a morfoclimática é o tipo de agente inferior), chega-se as Unidades dos Padrões de Formas
climático atuante em uma determinada época. Semelhantes do Relevo ou os Padrões de Tipos do Relevo
que é onde os processos morfoclimáticos atuais começam
Dentro desta concepção, os domínios ou zonas a ser mais facilmente notados. Estes Padrões de Formas
morfoclimáticas atuais não são obrigatoriamente Semelhantes, são conjuntos de forma<> menores do relevo,
coincidentes com as múdades morfoesculturais que apresentam distinções de aparência entre si em função
identificáveis na superfície terrestre. Isto se deve a dois da rugosidade topográfica ou índice de dissecação do
motivos: primeiro porque as unidades morfoesculturais relevo, bem como do formato dos topos, vertentes e vales
não são produtos somente da ação climática atual, mas de cada padrão existente. Pode-se ter várias Unidades de
também dos climas do passado; segundo porque as Padrões de Formas Semelhantes em cada Unidade
unidades morfoesculturais refletem a influência da Morfoescultural. Avançando no raciocínio dos níveis ou
diversidade de resistência da litologia, e seu respectivo taxons do relevo terrestre chega-se a pelo menos outros
arranjo estrutural, sobre a qual foi esculpida. Deste modo, três taxons de dimen<>ões espaciais menores -a<> formas de
em uma determinada unidade morfoestrutural pode-se relevo, as vertentes, as formas atuais (ravina-;, voçorocas e
ter uma ou mais unidades morfoesculturais que refletem cicatrizes de deslizamentos, terracetes de pisoteio, entre
as diversidades litológicas da estrutura, os tipos climáticos outros).
que atuaram no passado e os que atuam no presente.
Tomando como exemplo concreto a morfoestrutura da As formas de relevo individualizadas dentro de cada
bacia sedimentar do Paraná, pode-se encontrar nela Unidade de Padrão de Formas Semelhantes, corresponde
várias unidades morfoesculturais. De imediato já se tem, ao .4 2 Taxon na ordem decrescente. As formas de relevo
baseando-se na interpretação genética, dois níveis de desta categoria tanto podem ser as de agradação tais como
entendimento. O primeiro, que se caracteriza por um as planícies fluviais, terraços fluviais ou marinhos,
taxon maior ou seja, a morfoestrutura da bacia planícies marinhas, planícies lacustres entre outros ou as
sedimentar que pelas suas características estruturais de denudação resultantes do desgaste erosivo, como
define um determinado padrão de formas grandes do colinas, morros, cristas, enfim, forma<> com topos planos,
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aguçados ou convexos. Assim uma unidade de Padrão de Diante disto, tem-se muitas propostas de representação do
Formas Semelhantes constitue-se por grande número de relevo, mas todas demomtram grande dificuldade para
formas de relevo do 411 taxon, todas semelhantes entre si atender as determinações da União Geográfica
tanto na morfologia quanto na morfometria, ou seja, no Internacional, quais sejam a~ de que as Cartas
formato, no tamanho, bem como na idade. Geomorfológicas devem representar as formas de relevo
nos aspectos morfológicos (morfográfica), morfométricas,
O 5 11 Taxon na ordem decrescente são as vertentes morfocronológicos e morfogenéticos. Quase sempre as
ou setores das vertentes pertencentes a cada uma das representações valorizam alguns aspectos em detrimento
formas individualizadas do relevo. As vertentes de cada de outros e não raro as cartas geomorfológicas se
tipologia de forma são geneticamente distintas, e cada um transformam em verdadeiros documentos de utilidade
dos setores destas vertentes também mostram-se inócua, face as dificuldades de leitura e de decodificação
diferentes. Como exemplo, tomando-se a forma de uma das informações nelas contida~. Outro fato de grande
colina ou de um morro, os diversos setores apresentam complexidade é discernir os níveis de representação dos
características geométricas, genéticas e dinâmicas bem fatos geomórficos em função da dimensão deles e da
distintas. O topo e a parte superior da vertente podem, por escala de representação escolhida. É incompatível por
exemplo, ter formato. retilíneo e a base côncava. Ao exemplo, a representação espacializada dos setores de
mesmo tempo esses setores podem apresentar inclinações vertentes para escalas médias e pequenas como 1:50.000,
diversas que também ajudam a definir as suas 1 :100.000, 1:250.000, 1:500.000. Os setores de vertentes
características. só se tomam passíveis de cartografação em escalas
grandes tipo 1:25.000, 1:10.000, 1:5.000. Demek (1967)
O sexto taxon, corresponde às formas menores preocupado com esta questão propôs três níveis de
produzidas pelos processos erosivos atuais ou por representação cartográfica para escalas grandes ou de
depósitos atuais. Assim, são exemplos as voçorocas, detalhe, que se configuram nos três taxons por ele assim
ravinas, cicatrizes de deslizamentos, bancos de definidos, em ordem crescente:
sedimentação atual, assoreamentos, terracetes de pisoteio,
frutos dos processos morfogenéticos atuais e quase sempre 111 taxon - de menor dimensão espacial chamou de
induzidos pelo homem. Pode-se citar ainda as formas "Superfícies Geneticamente Homogêneas;
antrópicas como corte, aterros, desmontes de morros entre
outros. 2 11 taxon - de dimensão intermediária chamou de
"Formas do Relevo";
Com os vários taxons ou categorias de formas de
relevo definidos, pode-se com maior facilidade 311 taxon -de dimensão maior denominou de "Tipos

operacionalizar urna pesquisa geomorfológica tendo como de Relevo".


apoio a cartografia das formas do relevo de diferentes
tamanhos.
Tal proposta é de significativo valor para a
A questão da taxonomia e a representação cartografia geomorfológica de escalas de detalhe tipo
cartográfica do relevo tem sempre revelado grande 1:5.000, 1:10.000, mas mostra-se deficiente quando
dificuldade de solução face a natureza do fenômeno a ser deseja-se representar áreas maiores e mais complexas, que
representado. As formas são tridimemionais, bem como tendem a apresentar maior diversidade de categorias de
de diferentes formatos, tamanhos, gêneses e idades. formas.
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A questão da representação g ráfica das formas do unidades que apresentam dimen<;ões de área~ menores,
relevo não pode ser tratada de modo a negligenciar a idades mais recentes e processos erosivos que favorecem a
classifcação ou taxonomia destas. Isto se justifica, antes dissecação do relevo. Esta Ua:idadc pode ser relacionada
de mais nada, pelo fa to de que os diferentes tamanhos de com o que Demek (1%7) chamou de Tipos de Relevo.
formas estão diretamente associados à cronologia e à
gênese. Para facilitar o entendimento, toma-se o mesmo O 42 taxon refere-se a cada uma da~ formas de
exemplo da bacia sedimentar do Paraná. A morfoestrutura relevo contidas nas Unidades Morfológicas ou de Padrões
da bacia sedimentar do Paraná é a forma de relevo maior - de Formas Semelhantes. Embora as Unidades de Padrões
têm portanto lugar como 12 taxon. Sua história genética e de Formas Semelhantes possam ser classificadas dentro de
idade são mais antiga<; do que as Unidades uma mesma categoria em escalas médias e pequenas. ao
Morfoesculturais esculpidas no seu interior. se processar uma análise de maior detalhe e cartografaçiio
em escala grande, vai se perceber que cada uma delas têm
Enquanto a gênese da bacia sedi mentar associa-se a aspectos fisionômicos próprios embora pertençam à
formação de uma sequência de depósitos marinhos e mesma família. Assim sendo. dois morros que façam parte
continentais que se estendem desde o Paleozóico ao de uma mesma Unidade Morfológica. Unidade de Padráo
Cenozóico, as Unidades Morfoesculturais foram geradas a de Formas Semelhantes. na realidade têm <t<;pectos
partir do Cenozóico com a epirogenia da plataforma fisionômicos e genéticos ligeiramente dil~renciados. O 511
sul-americana. Assim as Unidades Morfoesculturais taxon está representado pelos tipos de vertentes contidas
pertencem a um taxon inferior, ou seja, ao 2 2 Taxon. Esse em cada uma das formas de relevo. Os setores de
segundo taxon têm sua gênese relacionada com os vertentes, quer sejam eles convexos. retilíneos. planos.
processos erosivos ou denudacionais do Cenozóico. Assim aguçados, abruptos. côncavos. são dimensões menores do
sendo as unidades morfoesculturais, como a Depressão relevo. Assim sendo, são de gênese e idade mais recentes .
Periférica Paulista ou o Segundo Planalto Paranaense
entre outros, são de dimensões bem inferiores à totalidade É evidente que os processos erosivos ou de
da bacia sedimentar e têm, idade também bem menor. esculturação operantes no momento atual se manifestam
Entretanto, as Unidades Morfoesculturais não são ao longo das vertentes. A dinâmica atual do relevo melhor
obrigatoriamente homogêneas em toda sua extenc;ão. Ao se manifesta nas vertentes c é portanto neste taxon que o
se tomar como exemplo a Depressão Periférica Paulista
homem pode melhor perceber e atuar junto aos processos
verifica-se que esta apresenta características morfológicas
morfogenéticos, pois a vertente é o resultado da
e de morfometria d iferentes ao longo de sua extensão.
morfogenêse ou morfodinfimica viva, presente, atual. É ao
Chega-se portanto ao 3Q taxo n ou ordem de grandeza que
nível da vertente que confunde-se o estudo da dinâmica do
se pode definir como Unidades Morfológicas, Unidades
de Tipos de Relevo ou Padrões de Formas Semelhantes. relevo e os problemas relativos à erosão de solos, que na
São formas de relevo que observadas de avião, em verdade fazem parte de uma mesma realidade.
imagenc; de radar ou satélite mostram o mesmo aspecto
fisionômico quanto a rugosidade topográfica ou O sexto taxon que se refere às formas de relevo
dissecação do relevo. ainda menores, são geradas ao longo das vertentes por
processos geomórficos atuais, e principalmente por
A<; Unidades de Padrões de Formas Semelhantes ou indução antrópica. A erosão que degrada os solos, ao
as Unidades Morfológicas retratam um determinado mesmo tempo esculpe o relevo, criando pequenas formas
aspecto fisionômico que decorre das influências dos como sulcos, ravinas, voçorocac;, cicatrizes de
processos erosivos mais recentes, ou seja, posteriores a deslizamentos, que se desenvolvem ao longo das vertentes
aqueles que se encarregaram de esculpir depressões, por ação das águac; pluviais. Essac; formas são totalmente
planaltos de níveis intermediários, entre outros. São induzidas pela interferência da ação humana no ambiente
natural gerando absoluto desequilíbrio, tornando o formas pequenas do relevo se enquadram no sexto taxon
ambiente instável do ponto de vista morfodinâmico. (FIGURA 1).
Pequenos depósitos aluvionares na base dac; vertentes,
bancos de assoreamento nos Jeitos fluviais, mac; também

Jt TAXON BACIA SEDIMENTAR • UNIDADE MORFOESTRUTURAL

2! TAXON UNIDADES MORFOESCULTURAIS


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3! TAXON • UNIDADES MORFOLÓGICAS OU DE PADRÕES DE FORMAS SEMELHANTES
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4! TAXON • TIPOS DE FORMAS DE RELÊVO

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5t TAXON TIPOS DE VERTENTES

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FORMAS DE PROCESSOS
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ATUAIS
~
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É importante ressaltar que tal proposição de (extensão) da forma, maior é a idade da mesma.
classificação _9u de taxonomia apoia-se fundamentalmente Meceijakov (op cit) estabelece a relação de tamanho com
no aspecto fisionômico ou seja no formato das forma~ de elementos estruturais de um lado e esculturais de outro,
relevo de diferentes tamanhos. Entretanto, deve-se frisar procurando evidenciar que as forma~ do relevo têm
também que o aspecto fisionômico é reflexo de influência estrutural independente da dimensão espacial
determinada influência de ordem genética e ao mesmo dela~. A primeira dificuldade nestas classificações é a
tempo indicador de uma determinada idade. A~sim, a relação intrín~eca de tipos de forma~ com dimen~ão
taxonomia proposta baseada na fisionomia das forma~ é espacial em Km2 , embora haja ligeira associação destes
antes de tudo uma proposta que têm por base a genêse e a fatos, não é possível es tabelecer relação rígida. O segundo
idade destas. Deste modo, pode-se afirmar que, quanto grande e principal problema está na dificuldade de se
maior a dimen~ão da forma maior é a sua idade e quanto trabalhar com esses fatos geomorfológicos a nível da
menor a dimensão, menor idade ela têm. O que não se pesquisa e cartografação, haja visto que não se conc;egue
pode é estabelecer com rigidez o tamanho da forma estabelecer uma relação direta de correspondência entre os
medida em Km2 , com o tempo geológico e histórico taxonc; propostos e a realidade do terreno.
medido em anos e a gênese associada a apenas um
determinado processo. O que amba'> classificações têm de positivo é que
procuram mostrar que existe diferentes ordens de
Esta proposta taxonômica tem a preocupação de grandeza das formas do relevo e que esta'> grandeza'> têm
resolver um antigo problema não solucionado pelas relação com a'> idades das formas e com os tipos de
propostas de classificação dos fatos geomorfológicos de processos atuantes. A'!sim, a classificação que ora se
cailleux-Tricart (1965) e o esquema geral de cla~sificação propõe é calcada fundamentalmente no aspecto
do relevo da terra de Mecerjakov (1968), que não fisionômico que cada tamanho de forma de relevo
conseguiram definir concretamente a relação de sua~ apresenta, não interessando a rigidez da exten'iào em Km2,
propostas com a cartografação das formas do relevo mas sim . o significado morfogenétíco e as influências
realmente identificadas ao se executar a cartografação estruturaL'> e esculturais no modelado. Como são as
geomorfológica. Tanto a classificação de Cailleux-Tricart estruturas que fornecem a'> características principais das
quanto a de Mecerjakov procuram dar aos diversos formas do relevo, toda identificação e classificação do
tamanhos e tipos de formas uma dimensão espacial em relevo, têm como ponto de partida a morfoestrutura sobre
2
Km • Ao mesmo tempo Cailleux-Tricart (op cit) a qual a~ forma'! de diferentes tamanhos estão esculpidas,
evidencia a relação dos tipos de formas e tamanhos conforme mostra o quadro a seguir.
destas com a idade ou seja, quanto maior o tamanho
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1 qu• aotreru h••• de ..... aO.a aarqut.au por eJrUaac;.tot dtaaecac:lo eenerahtad a t'1·C~~es~ t Ota.aeçaçlo coe cht• q•• t• 1 11a• eonv• ••• · dependa nóo 4e. 1
1 t.-ortiaao. a&~JNth.-o e 1 atraYte d a aroalo da eober- 1 1 4•• Yert"'nt•• I deCilVIGade e d a 1ntan•iO•cJe I
1 ciclo• eroaivoa 1 tur a s~IMM.ar e expo u c:-& ~1 tl-cr-or.c:OCJta 1 Pletetoceno/HOJ ocor.o I a YOl\liM d aa CJI.UY 4 5

1 4•• •vparf ~e••• de eve:-e&e> t

1 geraçlo coneocl tant.o d oo

1 plandto• rtud'Jalf.
1 l·Cronol o.gia l ldadee divereee- no Pré- I ldadea-oepreaeC>etl a~ r· ta !l 1 l ::cullo Qu" LaJve q,:•• n CJ
1 C&JD.bcia n o IDédi o e i nl e- 1 no c.,no1C'uco e xumando eu .... 1 P la at nc on o-tto l oc~ n"

I pert(ciflll &plAn fldMO .flnt19U I


I t Pré-CaftlbtLarlO)
...... • • • ................................................ • ................ • .... • ................................... ~ -- - • · - ----- --- - - - - - -........ • • • .... • ...... • • ...... - --- ---- - -· --- -------- - .. - ........................... - - 4 I

•••••pto c 1 1 set.o:-e!lt co::.vnxot. , r@~tll 4 1 l•tdad4r: Proceaeoe etOiltvc•


1 )·Mod•lado I e.acia• sadi.-nta rea 1 O.prtubfle ,.rlt4ric.ae, 1 Ped róea <1• ront.as "'"' co li- 1 n.eca, pe.le.m4 r·• • ~tm :'IIJIIPtU I a tUt.11 a ••ocla<ioe a 1tt.adequa- 1
1 . .p1.a.a c a- eatr\ltu r•• bo- I dtptt••O.• e~t ldaa. ple.- 1 r.aa de topo• C:t)nVe ttCII e co- :1 -Mo.:t.ao: ~de 1 coJtnu d i! topoa eonve .. 1 ,.,.ndoi:u::u_ • =-ener tntlllr•-• doa '"'"Jo• e uaoa doa re-cur- 1
1 ch.ontaia ou pouco lncli -1 na ltce • • p a t u.area , cfla pa- 1 hne s aapla• <1e tcpoa pla na• 1 • o• e col1nas c.le \opoos 1 ç &?, e á eeco~nto •uper- t toa naturat•
1 nad.a s aa dlr•çl o d•• bor- 1 d ae . . bord• • doe b&cu~ 1 coa valea dt e nt.allll...,.n~o I phrtOt • a&piOI r flCt•l dafua.e pa•••rldo •
1 da• 1 phna Hoe r• uóuau I Y41'1.d 0 11-Ger..eu I Dl ••4!<C.aç&o coe, dtaqaate 1 eo~•ntr-a11o r.a b•ee .. ter1- 1
t1-Gtne•• I Poraadaa por lonqae l a a•a l Proetaaoe etOS lVOI C.l.tC:On- I Proceaaoa a • cult.1U'•t• por 1 da• ver-t.ent.•a atr• Ytt dO 1 di:nc::a a orQ•Ao 1. .1n•r noa1
1 alt.ernada.a de eediJMnta- I ChoAUd&clonal de•eneadeadoa 1 dua.eça ç-&o 9tnenll&ad• 1 otnt.alh•l!\ento doa val•• 1 • ha. ~ c:oneentr• d • nct~

1 çlo aednha e conti.ntlltal l • pertlr d8 epiroqint!lae ! l-crcno~09~ •• P~eletocano/Holocenn 1 t r ecnc' d s ba l•e '-'ort.ontn 1
1 p6a-c:ret•e•o por tu.ea ch - t I Set.C'lr ccnca vo- toen<.'enc.u a 1
1 m6uc•• aJ\e rnadao a ~çae/ : 1 oaco1unento concent rad u,
1 l)mid8tt nae ãreae trop1.eate t 1 e roea.o :D.eC6tUCa ;;:<.;m 11\l l r(),., :
l l•Crot:olo91a 1 Oi(orentoo idadon - en 1 Jdt'deft·•bertura <la& aepree- t I n<::)•Ao do• ve \ot n<'l 1 ravula~ e vot;e rOÇtH'
1 l ongo do f' anero%ó i co 1 ao.s a o lon go do c:anoz.6t co t PlE!t.etocerto/ lt olocttno 1 Setor eec e r p&d:>-lendllnc) <\ b, 1
1 ( Paleoz6 i.co ,Hoaot6Jc:o o 1 •oru·etudo no to~ eoqe n o - re& - 1 1 défll t %11.mnnt o 11 • oeemoron&- 1
1 Cenoa:ói col 1 •• lt&l\dO oa. plana lto ~ na:; I lf\9:\l ('

1 bordu do ba~'"'

- .............. - .......................... - - - - · ........ 4 - - -- -... - - - -.. - ....... - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -.. - .. - - - .. - ............. - - - .. . - - - ------ - .... .
23

É importante ressaltar que tal proposu,;ao de (extensão) da forma, maior é a idade da mesma.
classificação pu de taxonomia apoia-se fundamentalmente Mecerjakov (op cit) estabelece a relação de tamanho com
no aspecto fisionômico ou seja no formato das formas de elementos estruturais de um lado e esculturais de outro,
relevo de diferentes tamanhos. Entretanto, deve-se frisar procurando evidenciar que as formas do relevo têm
laiJlbém que o aspecto fisionômico é reflexo de influência estrutural independente da dimensão espacial
determinada influência de ordem genética e ao mesmo delas. A primeira dificuldade nesta~ classificações é a
tempo indicador de uma determinada idade. A~sim, a relação intrínseca de tipos de formac; com dimenc;ão
taxonomia proposta baseada na fisionomia das formas é espacial em Km2, embora haja ligeira associação destes
antes de tudo uma proposta que têm por base a genêse e a fatos, não é possível estabelecer relação rígida. O segundo
idade destas. Deste modo, pode-se afirmar que, quanto grande e principal problema está na dificuldade de se
maior a dimensão da forma maior é a sua idade e quanto trabalhar com esses fatos geomorfológicos a nível da
menor a dimensão, menor idade ela têm. O que não se pesquisa e cartografação, haja visto que não se conc;egue
pode é estabelecer com rigidez o tamanho da forma estabelecer uma relação direta de correspondência entre os
medida em Km2, com o tempo geológico e histórico taxonc; propostos e a realidade do terreno.
medido em anos e a gênese associada a apenac; um
determinado processo. O que ambac; classificações têm de positivo é que
procuram mostrar que existe diferentes ordens de
Esta proposta taxonômica tem a preocupação de grandeza das formas do relevo e que estac; grandezac; têm
resolver um antigo problema não solucionado pelas relação com ac; idades das formas e com os tipos de
propostas de classificação dos fatos geomorfológicos de processos atuantes. Ac;sim, a classificação que ora se
Qrilleux-Tricart (1965) e o esquema geral de classificação propõe é calcada fundamentalmente no ac;pecto
do relevo da terra de Mecerjakov (1968), que não fisionômico que cada tamanho de forma de rdevo
conseguiram definir concretamente a relação de suas apresenta, não interessando a rigidez da extenc;ào em Km 2,
propostas com a cartografação das formac; do relevo mas sim o significado morfogenético e as influência~
realmente identificadas ao se executar a cartografação estruturais e esculturais no modelado. Como são as
geomorfológica. Tanto a classificação de Cailleux-Tricart estruturas que fornecem as características principais das
quanto a de Mecerjakov procuram dar aos diversos formas do relevo, toda identificação e classificação do
tamanhos e tipos de forma~ uma dimensão espacial em relevo, têm como ponto de partida a morfoestrutura sobre
Km2 . Ao mesmo tempo Cailleux-Tricart (op cit) a qual ac; formac; de diferentes tamanhos estão esculpidas,
evidencia a relação dos tipos de formas e tamanhos conforme mostra o quadro a seguir.
destas com a idade ou seja, quanto maior o tamanho
OUAORO SIKPLIFICA.DO OA CLÃ.&GIFICAÇlO 00 ltBUVO

I O TA.XOtf I 2 O TAXON )O TA.XOH ~" TAX">!>' !10 7'.\)(0:-' 6V TAXO~·

tUMtDAJl!S MOit.70BS1'1U11VItUS I UNIDAOU HOUOUCUL'lVR.Al$ I UNIDA.Ot!!S HORPOLÓCICA8 OU I f'OR.HAS INI>tVIOi.'Al.ltADI\S TrPOS Ot. Vl!R1'1':N1'ts I FO IVtAS L l NUJI.P-S Otl AAE.Ot...\R.ES I
I PA.Q-RÕ2S DJ:. I'ORXAS SEHl:WtAHT!S l R~CF.!l'rt~

--------------------------------....------------------------------------------------------------------- .. ..--- ... -- -- ..----


I!JC.empl o A
--
11-MQdohdo 1 Enrut.uraa dobradaa Mta- 1 Pl• n• ltoa e • • rr•• a.h'm- 1 Padr&-1~ da f ormo.n nn
1 mortla adas ou nlo, c:onH-1 qadaa , d e preuOea o.nt i c::li- 1 crut.&l, morro• e eerraa 11 -tWd~ : ~d o 1 Crtetn •oneycitl\al$ d~ 1 !'tpofl <Je '' et'tQnt e.e a t odo e 1 te~e11 t1pc s de !onnas cccrre!fl 1
1 quradaa • • c::intur6.• oro- 1 naia e a i.nclLnau e e ern.11 1 1 bo rda& de AntieJH~a l~ (• 1 o e p od rôeB ::Je tormaB I C:!l t 'X!Otl ()11 t.1p011 d_, YE!rtente8 1
I q6nic::o• 1 reeiduah 1 aba6 a.;> 61 n c lt eta u~; Jr.C• · : : -M<X.hH a ao do~ eetét'lHI 1!..- 1 1- H O!ir. l A~ Ofl : r-avtn4e ,voçoro· '
11-Géneee 1 Dobtllllll$ntoa 9erAdoa a 1 E~cult u raçto por cicios 1 Pr<>eese.oe eecvltu raLe por I :uu ttiOladtl ll ou nAc w 1 verr.ant~.,: c 1u , ("lCMruee de deeliza ..
I partir de bacia• 9eoaain- 1 aronivoa divereoe q u.e 1 dunecaçAo 1 u:tur10 r d11.n depte&&OO•t 1 11.1pl ano , b)CQOV(U (.o, c 1con-
1 clinaie por III.OVi.M&nt•çAo 1 abriram a a depreasóc;u, t or:~. tc h n&n 1 <.'<!IVO, dJretlJt neo , e1 p at a -
1 cruetal I apl a.nAC.tA!o I;.OPQO O ~·ill.tr(\l!l I ! ? - c;c.>n$!;9 ! O~Sto!tc::aç!o qor:ertduao a 1 mart'!e. planoe.. t IP&t &.~arel!

1 formu re•i.duaia alt.Atl t e OQ dottgftft t$ das verteon- 1 e tn rampa, 9• p~tuar~& c<:~n-t

1 l - Cronol o9ia1 Diferente• id•d• •·dobra- 1 ldadélle diveuu coro t4ts- I ldade- tue11 atternadae 1 teto 1 vexo& f! h• eec erpas I ~ ·é6:UHIO I Ac;Ao ll.nt :-ÓplCA
1 mentoa do Pré- CuJ:>riano, 1 tomunho• pré ..ceno~ó1CtHI 1 M,Call, U e:~.ldMI com inei. • Ao d o11 1 l-<'rono lo<Jal P1eietoceno/nolu<:en<l 1 Jl.avH:ac : J-reterenctalC~Gnt.o n•n 1
1 Pal eo•Heaoz6r.co e Ceno- 1 no• topoEI plft.no• a e.lto~ e 1 talvftquQ• no P l e i e.toceno/ venentefl ret 1 tlnoa11 n cqnve- 1

1 zóico. 1 na& aupert1c1et de eovere,&o 1 tioloc\lno .

Exmr;plo 6
11-KOdeh.do 1 Ph.t &tol"llll.e ou cr6ton11 t Pcprtu•6•u lli.At<}u\aio. À.!i I Padr6C'ltJ de !o n:"~ ern co)} .. l , _ G ( H:O II111l t

1 com ou eem cober tura ae - t b a ci.aa ae dLoentarao - onr- 1 naP biHXI\1) <:0«1 vo.L•e pouco l 5 9t(l:"9* plM:c-, po.taJ'Ie.n.•t> 1 voçc rc e ns: Pr-c! P.r~ncu.ime n te 1
1 dimontar e ocorranela de 1 rat e pl&n&Ltoll reud0616 1 en;.o.Lhado& tl&l!l depreat~~ôe l!l w p;,ano&-tendéncla a 1n! 11 - 1 :!As ,·enan t~<~ ll tetl.Hnoae ,
1 in tru • ~•-•uporftcioa .. 1 de cobertura de p l atatonl.b 1 morros a i.t OII e aaalO dl•IIIIOCA • t t ro.c6o d' Agua , e~po11116.1!1C!i- l pat llmn f'ê R vert.et:tea eo ncavae~ 1
1 aplanada• ant iqa• e role ... 1 (f planalto• em â reae. de U I -I doe nos p.iat..ol lO& . to dO oo t o c l ri\CA ;!IÇ6o rt.a-! Ç ~ca. t ru:ee de l>eOl1.2amun1;op: 1
1 voe reaiduaia . 1 t rueôea e vulcanl&/1'10 a nt t ÇOI tl -Hode te.dc 1 ColLilall CO<!:!. dl1qr(ln1.(l& 1 c Ar:J c:A d o!l Â9 1.l•· P:-Qv&l~c e a: N!lll verte nl<'!G e 6 carpM.itle El
11-Gêneee 1 Ee truturaa c::ocpl•x~te 1 E•cu Lturac;Ac da e aepre B- 1 Pttx':6 tJIJ nt. cnn:u I t ~u·o ~o por I t.a.manhot! 1 açlao q u lm ~ea eo ero eAo l at\H .. r re t. llimu,n . Sec u nda ria.JI'It'll'l~e

1 que eotreru t a • e• de IlM) - I aOOo marqina18 por c.~xu naçio l dl.llGor.açAQ qonnrll \ .t~<'ld t~ 11 -G<• !,~!l.O' ! l)) n•t)ÇAÇAQ com deeqast.e 1 na r t na11 c::onvell.&fl, dependendo d11. 1
1 tAI!Iortiemo, . .9'fletitmo e 1 atrav(l• da «~ro • A o da. c obor- ! t dtHI ve r tentell 1 decll v ~dade e da tntenaldado 1
t cicl oe eroaivou 1 tura •od i~~:a n tar ., ~:x:po•tç6 Q I 1 .J.-c r o ::c lqq1 M r le utoceno/ Ho l ocenc 1 e volo~ da& chuvau
1 dae. euportlc1ee de eovore6o 1

1 qeraçAo concomitante- d oe
I planalto~ rooi duat !!
13-crono loqiat ldedott divereat-no PrtS- t I de.dee - DeprenÔEIEI -.oo rtl!.t- 1 l!'ICl &Ac <J<•n t.atveq ue& :\U
1 ca.tabr1ano DtedJ.o e inte~ 1 no Cenozóico e x:1.u u.nd.o &v-- 1 Pi.eolttoceno-llo i ocer.(·
I porfleiuu a p lalladafl an:.1qa:11
1 (Pré-Ca.a.bru.nol
------------------ .....--............-----.........................·-------------.. ---·--------- .............--................--.- .......... _.. _-- ---------........-- -·
1 exe:npto c S(lt.Qr-Q$ : corw~xos. ret ll ~- 1 l-Ida de : Proc oa, ~ o& eroe t voe
I l - ModeladO I 8•cial!l a~i ... nta.r.;~;a 1 O.prn• • 6el• pcrifóric:aG, I Padr6cu. d• t n rman •<nl col i - r ntt<l$, r.>e.tt'Jflt'r et em ( dl!'lpa9 a '"UO.ll ASROC I.,Ad09 e lOO.d"'QUA• l
1 uphe coll'l e•~ rutur •• ho- 1 <SeprCJ••b«<• ftmbut. ~dae, pla- 1 no.e. de topo& C()nv.,xQ& e co- ti -MOOe! ad<: 1 <:o11na11 d~ t.upoo r,ortv('- 1 T'._.ndêncu a t~:~.eonc r lt.tlllta -r dou mane }Q& e u to6 doa rocur- 1
1 rizontaia o u pouco incli-1 na l toe elll pat&marea, ch•pa- 1 lLnat a=.pla11 de r. opu~:J plancu• 1 Kon o r.o l ~ n11. e de- topl'.'$ t Ç!"J, e A etH':Oamt:nL<) t~upq~;- 60& natur416
1 nada• no. diraçlo daa bor-1 do.e em bordat de baC')a, I r.nm. valo• de ft n t.alllae(mto plano11 e a~plo!'l ! Ít<:iAl dif UtiO p$U&. t\d 0 ~

1 du I pla na lto• rfts l dUAlU 1 vAr i ado 1 ;,~ ..C@nese 1 tnoe&ca<;!<> t:om dtuqan t.ct 1 CQn<.:ent ra&<> na baae, teo ... 1
r2 - Cêneee 1 Porw.adae por Lon9a• taee• t Procea•o• eroa ivo& circu n- 1 Proce&606 eacul.l:.\IC6le por I dat~ vert.(lntoe a t rav4& d<:l I dê nc~ a a e:'<;&Ao la.mHuH nnrd
1 a l ternadu de eedi..l!o'lenu- 1 denudacione.l detence.deadoe 1 <lutecaçAo qe.nel'O.l Uada 1 ant.a l halt'.ont<.> doe vA l~s 1 11lt06 ~ c o n eentr~da flc ~

1 ç l o ao,rinha ft çont.Lnentalt a partir da eplroqên.o•c ! l .. c:r.~~r. l o <p~ l Ple utooe no/Uolocenc 1 lt'echC!t de bo ll(a vf;lro;.ent .f.> 1
1 p6e - cret4ceo por taaee cli-1 1 Setor <:oncavo-tendenc ta a 1
1 m&tieae alte rnada~> eecae/ 1 1 eecoament"' c oncen•.t1Hk,
1 Umidao nae 6roa11 t.rop~çaie 1 I ~t oa Ao no c:iln1ea cc:r. #o'Ul c o& , :
1l - Cronolo9iat Diferentee idochte-ao I Jd e dot~ - obe rtuu. doe depcee - t J nC1t1&<1 do s vaie& no. l rliV~na ,; e VOÇOt'OC(I,f
1 l onqo do te nero~6ico 1 eoea ao longo do cen.o~óico 1 Pl6tutoem:<.>/Hc loçono 1 Setcr eecarpado- t.end(m<:t•" (11
1 IP&leozóico. HGeozói.c;o c 1 o<.>brotudo no Noo9eno - ret~- c dtJII- l namerltO& ~ deamorona-
1 cenozóico) 1 ea.ltendo o& p l analto-e nu
1 borda& de bac a&
25

Esta proposta está teoricamente embasada no representava padrões de formas diversos e tentou-se
princípio de Penck(L953) n:iativu ao~ processos agrupá-los por superfícies ou níveis altimétricos,
endógenos e t!Xôgenos. nos conceitos formulados por acreditando-se na relação intrínseca entre níveis
Guerasimov( 1946) e Mecerjakov(l <J68) sobre topográficos e superfícies de aplanamento. Na segunda
morfocstrutura e morfoescultura e na experiência em J'IL'>e manteve-se essa concepção mas alterou-se de modo
cartografia gcomorfológica para escalas mc!dias c Significativo o modo de identificar os padrões de formas
petjuenas elaboradas com imagem; de radar e satélite em acrescentando além de letras símbolos, números arábicos
mapeamento sistemático do Projeto Radambrasil e que indicavam a dimensão interfluvial média e o grau de
posteriormente no Laboratório de Gcomorfologia do entalhamento médio dos vales, apoiados em uma matriz
Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia. de índices de dissecação do relevo. Na terceira rase
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. manteve-se o mesmo tipo de tratamento para os padrões
onde há alguns anos desenvolve-se ensaios de cartografi<1 de forma-; mas incorporou-se a concepção de Unidades
geomorfológica como programa de treinamento a alunos Geomorfológicao;, inspirada na proposta metodológica de
estagiários. Ab'Saber (1969). A quarta fao;e procurou dar um
trdtamento mais genético às formas de relevo
cartografadas, incorporando-se a concepção de Unidades
3 - OS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E Morfoestruturais, Unidades Geomorfológicao; e Padrões de
OPERACIONAIS DACARTOGRAFAÇÃO Formas Homogêneas, i11-;pirada em Tricart (1965 ).

A cartografação dos fatos geomorfológicos através A cartografia geomorfoEógica ressente-se da


do uso de sensores como o radar e satélite no Brasil têm dificuldade de encontrar adequado modelo de
sido executados basicamente para escalas médias representação gráfica, existindo uma diversidade de
(1 :50.000, 1 :100.000) e pequenas (1 :250.000. l :500.000 e propostas metodológica-;, que valorizam sempre um
I :l.OOO.CXJO). Mapeamentos sistemáticos foram gerados determinado elemento do relevo. As cartas francesas. hem
basicamente pelo Projeto Radambrasil para todo o como a proposta por Tricart (1965), ressaltam a
território nacional e pelo ln'ilituto de Pesquisas representação da morfogênese através de símbolos
Tecnológicas - IPT(l981) para o estado de São Paulo, pontuais e lineares, e o modelado é indicado pelas curvas
entre outros menos divulgados. Estes dois trabalhos de nível. Outros tipos de representação valorizam níveis
aplicaram metodologia<; distintas, apoiando-se no scno;or morfológicos associando às superfícies de erosão, dados
radar. O procedimento técnico operacional para ambos os morfométricos como declividades de vertentes,
trabalhos foi o de identificação visual dos diversos informações morfológicas com formas e tipos de relevo.
padrões de formas semelhantes, que se definem pelo
aspecto fisionômico da rugosidade topográfica ou das A cartografação geomorfológica deve mapear
diferentes intensidades dos padrões de dissecação do concretamente o que se vê e não o que se deduz da análise
relevo. Assim sendo, a base da cartografação têm sido a geomorfológica, portanto em primeiro plano os mapas
identificação e batismo de "manchas" de padrões de geomorfológicos devem representar os diferentes
formas de relevo semelhantes entre si. No âmbito tamanhos de formas de relevo, dentro da escala
metodológico, o IPT Instituto de Pesquisas compatível. Em primeiro plano deve-se representar as
Tecnológicas. utilizou o chamado "Sistema de Relevos" formas de diferentes tamanhos e em planos secundários. a
aplicado anteriormente no mapeamento sistemático da representação da morfometria, morfogênese e
Austrália, enquanto o Projeto Radambrasil desenvolveu morfocronologia, que têm vínculo direto com a tipologia
quatro metodologias ao longo dos quinze anos de das formas. Deve-se aplicar para a cartografia
atividades, na tentativa de aprimorar a qualidade da geomorfológica os mesmo.s princípios adotado.~ para a
informação cartografada. Na fase inicial a cartografação cartografia de solos e de geologia, onde representa-se o
26

que estes temas têm de concreto, ou seja os tipos de solos O segundo taxon, o que se refere às Unidades
e as formações rochosas, para a seguir dar outras Morfoesculturais contidas em cada Unidade
informações relativas à idade, à gênese e ào; demais Morfoestrutural, é do mesmo modo identificado na
características de um modo descritivo no corpo da imagem de radar e controlado com a investigação de
legenda. A sobrecarga de informações com manchas, campo. Estas unidades recebem identificação pelos tons
ornamentos. símbolos lineares contida<; no interior dos de uma determinada família de cor. Deste modo, se a cor
mapas os tornam muito ricos, entretanto extremamente azul indica, por exemplo, a morfoestrutura da bacia do
difícies de serem utilizados. Paraná, os diversos tons de azul indicarão as Unidades
Morfoesculturais como Planaltos em Patamares, Planaltos
Residuais, Depressões Periféricas, Depressões Embutidas,
Os ensaios técnicos e metodológicos desenvolvidos
entre outros.
no Laboratório de Geomorfologia do Departamento de
Geografia da Universidade de São Paulo, nos últimos
O terceiro taxon representa as Unidades
anos, vêm procurando outros caminhos para a
Morfológicas ou dos Padrões de Formas Semelhantes, que
cartografação e análise geomorfológica utilizando
estão contidas nas Unidades Morfoesculturais. Os Padrões
imagens de radar em escalas 1:250.000 e 1:100.000 e
de Forma'l Semelhantes, correspondem às unidades em
fotografia<; aéreas de escalas grandes (1 :10.000 e
manchas de menor exteno;ão territorial e se definem por
1:25.000). Muitos mapas foram gerados artesanalmente
conjuntos de tipologias de formas que guardam entre sí
pelos alunos estagiários. O acesso a outras propostas
e levado grau de semelhança, quanto ao tamanho de cada
metodológicas como as de Demek (1967), Basenina,
forma e o aspecto fisionômico. Esses padrões se
Aristarchova. Lukasov (1972) e Mecerjakov (1968) em
caracterizam por diferentes intensidades de dissecação do
assocwçao com a experiência acumulada em
relevo por influência dos canais de drenagem temporários
mapeamentos com imagens de radar e fotografias aérea<;,
e perenes. Esses Padrões de Formas Semelhantes são
chegou-se a alguma<> outra<; soluções tanto à nível
identificados por conjuntos de letras símbolos
metodológico quanto técnico, contidas em Ross(1990).
acompanhados de um conjunto de algarismos arábicos. Os
padrões de formas podem ser de duas linhagens genética'>,
A cartografação e análise geomorfológica seguem as chamadas formac; de acumulação, representadas por
os pressupostos da metodologia descrita no item anterior, planícies de diferentes gêneses (marinha, fluvial, lacustre)
obedecendo aos níveis taxonôrnicos. e as formas de denudação, ou seja, esculpidas pelo
desgaste erosivo, como morros, colinas, serra'l, formas
aplanadas, entre outra'l. Nesta Unidade estabelece-se
dados morfométricos, que podem ser de diferentes tipos.
O primeiro taxon que representa maior extensão em
área e que corresponde às Unidades Morfoestruturais é Entre estes estão a densidade de drenagem, as
identificado na imagem de radar e controlado pelo declividades médias das vertentes, densidade de crênulas
trabalho de campo ou ainda por carta<; geológicas de boa ou da matriz dos índices de dissecação do relevo. Este
qualidade. Na representação cartográfica cada Unidade último contempla as informações da dimensão interfluvial
Morfoestrutural é identificada por uma família de cor, por média, nas colunas horizontais e entalhamento médio dos
exemplo, os vários tons de azul. vales nas colunas verticais, conforme segue.
MATRIZ DOS ÍNDICES DE DISSECAÇÃO DO RELEVO

1-------------------------------------------------------------------------------------------------
HUITO I GRANDE (2) I HtDIA (3) IPEQUENA(4) t MUITO
dimenslo interfluviall GRANDE (1) 1 IPEQUBNA(5) I

1 média
Graus de
entalhamento > 1500 1500 700 300 < 100 m. 1
dos vales a a a
(classes) 700 300 100
1-------------------------------------------------------------------------------------------------t
Muito Fraco ( 1) 11 12 13 14 15
(< de 10m)
!-------------------------------------------------------------------------------------------------1
Fraco (2) 21 22 23 24 25
(10 a 20m)
l-------------------------------------------------------------------------------------------------1
Médio (3) 31 32 33 34 35
(20 a 40m)
1-------------------------------------------------------------------------------------------------1
Forte (4) 41 42 43 44 45
(40 a 80 m)
!-------------------------------------------------------------------------------------------------1
Muito Forte (5) 51 52 53 54 55
(> SOm)
t-------------------------------------------------------------------------------------------------1
oas Para escalas médias e pequenas (1:250.000, ltlOO.OOO), face a dificuldade de se estabelecer
as classes de densidade de drenagem, utiliza-se a dimenslo interfluvial média, cujos valores
s&o inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a densidade de drenagem, menor a
dimensão interfluvial média. Quanto ao indica de dissecação, o menor valor numérico é a
dissecação mais fraca, ou seja 11 e o maior valor numérico é a diseecaçlo mais
forte, ou seja, ss.

Essa matriz foi inspirada nos trabalhos do Projeto a forma dê rélevo ali representada têm dimen'\ão
Radambrasil com modificações na disposição dos interfluvial média que oscila no intervalo de 300 à 700
conjuntos numéricos tanto para a coluna horizontal como metros.
para a vertical. Na coluna de dimen'ião interfluvial média,
os valores mais altos dos interflúvios estão à esquerda e Essa matriz tem a vantagem da melhor
portanto diminuem para a direita. Nas coluna'i verticais os representação dos índices de Dissecação do Relevo. assim
algarismos arábicos crescem do topo para a base da quanto maior for o valor numérico expresso pelo conjunto
matriz, ou seja, do menor para o maior grau de dos dois algarismos arábicos, maior é a dissecação e
e ntalhamento. Tomando-se um exemplo, o do c01·~junto vice-versa. Por exemplo, o conjunto de algarismos 2.1
numérico 23 - o número 2 refere-se ao entalhamento do representa um menor índice de dissecação do relevo que o
vale tipo Fraco (de 10 a 20 m) e o número 3 significa que conjunto dos algarismos 2.3 (veja matriz).
28

As Unidades Morfológicas ou dos Padrões de forma individualizada é uma colina de topo convexo com
Formas Semelhantes são identificadas por um conjunto de determinadas características de tamanho, inclinação das
algarismos arábicos extraído~ da Matriz dos Índices de vertentes e gerada por erosão de ambiente climático
Dissecação do Relevo. As letras símbolos são de duas quente e úmido e que faz parte de um conjunto maior que
naturezas genéticas a-; formas agradacionais é o Padrão de Forma Semelhante.
(acumulação) e as formas denudacionais (erosão) As
formas Agradacionais recebem a primeira letra maiúscula O quinto taxon refere-se às partes das formas do
A (de agradação) acompanhadas de outras duas letras relevo ou seja das vertentes. Este taxon só pode ser
minúsculas que determinam a gênese e processo de totalmente representado cartograficamente quando se
geração da forma de agradação, por exemplo Apf - A de trabalha com fotogratias aéreas em escalas grandes ou de
agradação ou acumulação; p de planície e f de fluvial. detalhe como 1:25.000, 1:10.000, 1:5.000. Nestes casos as
Outras formas de agradação possíveis são as planícies vertentes são identificadas por seus diversos setores, que
marinhas (Apm). planícies lacustres (Apl), áreas planas de indicam determinadas características genéticas. Assim, os
inundação por dificuldade de escoamento (Api) e as de setores de vertentes podem ser tipo escarpada (Ve),
gêneses mistas. As formas de Agradação não recebem os convexa (Vc), retilíneas (Vr), concava (Vcc), em
algarismos arábicos, pois estas não apresentam, patamares planos (Vpp), em patamares inclinados (Vpi),
dissecação por erosão. topos convexos (Te), topos planos (Tp) entre outras que
possam ser encontrada~. Para mapeamentos em escalas
As formas Denudacionais (D) são acompanhadas de médias tipo 1:50.000, 1:100.000 e 1:250.000 as vertentes
outra letra minúscula que indica a morfologia do topo da não podem ser representadas de modo espacializado.
forma individualizada que é reflexo do processo Nestes casos utiliza-se símbolos lineares ou pontuais,
morfogenético que gerou tal forma . As formas podem indicando os tipos de vertentes.
apresentar características de topos aguçados (a). convexos
(c). tabulares (t) ou absolutamente planos (p). Deste modo,
O sexto taxon corresponde fls pequenas formas de
os conjuntos de formas denudacionais são batizados pelos relevo que se desenvolvem por interferência antrópica ao
conjuntos Da. De. Dt e Dp ou outras combinações que longo das vertentes. São formas geradas pelos processos
apareçam ao se executar o mapeamento. Esses conjuntos erosivos e acumulativos atuais. Nestes casos destacam-se
de algarismos anibicos extraídos da matriz dos índices de as ravinas, voçorocas. deslizamentos, corridas de lama,
dis~>ecação. como exemplo o cot~jw1to Dc32, significa
pequenos depósitos aluvionares de indução antrópica,
forma denud<lcional de topo convexo com entalhamento
bancos de assoreamento, entre outros.
de vale de índice 3 (20 a 40 metros) c dimensão
intertluvial de tamanho grande-2 (700 a 1500 metros).
A representação cartogrMica destas formas de
O quarto taxon é representado pelas formas relevo só pode ser efetuada em escalas grandes, onde é
individualizadas e que neste caso é indicada no conjunto. possível cartografar detalhes dos fatos geomórficos
Deste modo a Unidade Morfológica ou de Padrão de identificados em fotos aéreas ou no campo. Não é possível
Formas Semelhantes tipo DcJ.'I constitue-se por formas de cartografar, até o momento, no Brasil, fatos desta natureza
topos arredondados ou convexos e vales entalhados que utilizando-se imagens de radar ou mesmo de satélites nas
individualmente se caracterizam por colinas. Assim a escalas disponíveis atualmente.

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