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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Programa de Pós Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial

O Estudo de Geossistemas
Autor: Viktor Borisovich Sotchava
Acadêmicos: Raul / Hérick
1. Colocando o problema
• Sochava começa colocando o problema central que motiva o estudo
dos geossistemas.

• Ele enfatiza a necessidade de compreender a natureza como um


sistema integrado, em oposição à abordagem fragmentada e
reducionista que prevaleceu em grande parte das ciências naturais.

• Ele argumenta que a visão tradicional da ciência, que divide a


natureza em disciplinas isoladas, não é suficiente para capturar a
complexidade e a interconexão dos processos naturais.
• O autor destaca a importância de uma abordagem holística e
interdisciplinar para compreender os geossistemas.

• Ele ressalta que a interação entre os elementos físicos, biológicos e


humanos em um ambiente geográfico específico é fundamental para
compreender os padrões e as dinâmicas que ocorrem nesse sistema.

• Defendendo a necessidade de uma abordagem integrada, na qual


diferentes disciplinas científicas trabalhem em conjunto para
investigar e compreender os geossistemas em sua totalidade.
2. A Geografia Física à luz do estudo dos
geossistemas

Com base na concepção de geossistemas, é possível formular os


principais problemas que serão estudados.

Isso ajuda a caracterizar as tarefas-chave da Geografia Física, ou seja,


os principais aspectos que os geógrafos-físicos vão se concentrar em
investigar.
• Modelização de geossistemas (como os geossistemas funcionam e
como eles mudam ao longo do tempo, tanto devido a processos
naturais quanto a atividades humanas);

• Análise de princípios e regras que governam os geossistemas (leis


gerais/sistemas naturais/teorias maiores);

• Avaliação quantitativa de geossistemas (desenvolvimento de


métodos para medir e avaliar os geossistemas);

• Análise sistêmica das conexões geográficas (elementos geográficos,


seja em escala global, regional ou local);
• Estudo do estado dos geossistemas e construção de modelos geográficos
(criação de modelos que representam a paisagem, preocupação com a
conservação e otimização desses sistemas);

• Influência dos fatores socioeconômicos no ambiente natural (previsões


sobre como os geossistemas podem ser no futuro, levando em conta esses
fatores);

• Exame de projetos para o uso e conservação do ambiente geográfico


(envolvem a utilização e conservação do ambiente geográfico, avaliando seus
impactos e benefícios)

• Seleção, processamento e sistematização de informações para fins


educacionais ou de pesquisa (coletar, organizar e processar informações sobre
a paisagem natural).
Os problemas mencionados anteriormente não são os únicos da
Geografia Física, mas caracterizam seu conteúdo principal, que difere
de outros ramos geográficos.

A Geografia Física não é uma síntese de todas as ciências geográficas


que estudam a natureza, mas engloba apenas setores selecionados dessas
ciências.

Isso resolve um problema complexo da Geografia, pois essas funções


especializadas da Geografia Física têm grande importância atualmente,
especialmente em relação à previsão dos geossistemas do futuro e às
pesquisas voltadas para a proteção do meio ambiente.
Essa Geografia Física está diretamente relacionada às questões de
geografia da população e ao estudo dos espaços industriais.

No passado, estava envolvida com problemas complicados de outros


ramos, como hidrologia e geomorfologia, mas se afastou da sua
concepção principal, que é a conexão entre a natureza e a sociedade
humana.

No conceito moderno, a Geografia Física está principalmente ligada


aos aspectos humanos do ambiente e às interações diretas e de
retroalimentação que ocorrem nesse caso. Essas conexões se estendem
a uma rede complexa de organização, que se conecta às esferas
econômicas e sociais.
3. Geossistemas: fenômeno natural

Uma vez mais é necessário encarar a questão do estudo dos


geossistemas como formações naturais, desenvolvendo-se na esfera
geográfica.

Embora os geossistemas sejam fenômenos naturais, é crucial


reconhecer que as atividades humanas têm um impacto significativo
em sua estrutura e características espaciais.
Ao estudar os geossistemas, é necessário levar em conta os fatores
econômicos, como as atividades agrícolas, industriais e comerciais, que
podem modificar a paisagem natural e influenciar os processos naturais.

Por exemplo: a conversão de áreas florestais em terras agrícolas ou a


construção de infraestruturas podem alterar os padrões de drenagem, a
composição da vegetação e a disponibilidade de recursos hídricos.
Além disso, os fatores sociais também desempenham um papel
importante na compreensão dos geossistemas. As atividades humanas,
como o desenvolvimento urbano e a ocupação do solo, podem afetar as
interações entre os componentes dos geossistemas.

Por exemplo: a urbanização descontrolada pode levar à fragmentação


do habitat, à perda de biodiversidade e a problemas de qualidade do ar e
da água.
Os geossistemas podem ser classificados como de controle episódico ou
constante, dependendo da natureza das forças que exercem influência
sobre eles.

Geossistemas controlados de forma episódica são aqueles em que os


processos de controle ocorrem esporadicamente, em intervalos
irregulares.

Por exemplo: podem ser causados por fatores naturais, como


terremotos, erupções vulcânicas, inundações, incêndios florestais,
tempestades severas, entre outros.
Por outro lado, geossistemas constantemente controlados são aqueles
em que os processos de controle estão em ação de forma contínua ao
longo do tempo. Esses processos de controle podem ser tanto naturais
como antrópicos.

Fatores naturais: o clima, a topografia, a geologia e a hidrologia, que


atuam de maneira constante moldando a estrutura e as características do
geossistema ao longo de períodos de tempo mais longos.

Fatores antrópicos: a exploração excessiva dos recursos hídricos pode


levar à diminuição dos níveis de água subterrânea, afetando a hidrologia
do geossistema.
4. Bases lógicas do estudo de geossistemas
O estudo dos geossistemas requer uma estrutura conceitual clara e um
conjunto de princípios metodológicos que permitam a análise e a
compreensão desses sistemas complexos.

Uma das bases lógicas do estudo de geossistemas é a noção de sistema.

Ele destaca que a abordagem de sistemas permite uma compreensão


holística e uma análise das interações entre os diferentes elementos do
geossistema.
Outro aspecto fundamental das bases lógicas do estudo de geossistemas
é a análise espacial.

A geografia é a ciência que estuda a distribuição espacial dos


fenômenos, e essa abordagem espacial é essencial para o estudo dos
geossistemas.

A análise espacial permite compreender as relações entre os elementos


do geossistema e identificar os padrões e as dinâmicas que ocorrem
nesse sistema.
Sochava também menciona a importância da abordagem temporal no
estudo dos geossistemas.

Ele destaca que os geossistemas estão em constante evolução e


mudança ao longo do tempo. Portanto, é fundamental considerar as
mudanças temporais e a dinâmica dos processos naturais e antrópicos
nos geossistemas.

Essas bases lógicas fornecem uma estrutura conceitual e metodológica


para a análise e compreensão dos geossistemas como sistemas
complexos e integrados.
5. Modelos e gráficos

Os gráficos são ferramentas visuais que permitem a representação e a


análise dos dados coletados nos geossistemas.

Facilitando a identificação de tendências, padrões e relações entre as


variáveis estudadas.

Além disso, os gráficos podem incluir índices quantitativos para


fornecer uma representação mais precisa da situação real do geossistema.
Os modelos são representações simplificadas e abstratas dos
geossistemas, construídas para simular e entender os processos
complexos que ocorrem nesses sistemas.

Eles permitem que os pesquisadores testem diferentes hipóteses e


compreendam as interações entre os componentes físicos, biológicos e
humanos dos geossistemas.

Esses modelos devem ser baseados em sólidos fundamentos teóricos e


empíricos, levando em consideração a complexidade e as interações dos
geossistemas.
Os modelos de componentes funcionais são uma abordagem para
representar e entender os geossistemas com base nas funções
desempenhadas por seus diferentes componentes.

Nesse tipo de modelo, os componentes são identificados e classificados


de acordo com as suas funções e interações dentro do sistema.

Por exemplo: em um geossistema florestal, os componentes funcionais


podem incluir árvores, arbustos, solo, fauna, água, entre outros.

O modelo busca representar como esses componentes funcionais


interagem e desempenham suas funções específicas, como a captura de
energia solar pelas plantas, a ciclagem de nutrientes no solo e a
regulação do clima local.
Já o modelo dinâmico estrutural é uma abordagem que considera tanto
a dinâmica temporal quanto a estrutura espacial de um geossistema.

Esse tipo de modelo busca representar as mudanças que ocorrem ao


longo do tempo nas características e nas interações dos componentes do
geossistema.

Ele leva em consideração a evolução das paisagens, a sucessão


ecológica, os ciclos naturais, as perturbações e as influências antrópicas
ao longo do tempo.

Por exemplo: um modelo dinâmico estrutural de um geossistema


costeiro pode considerar como as mudanças no nível do mar, a erosão
costeira, a sedimentação e as ações humanas afetam a estrutura e a
dinâmica desse sistema ao longo de décadas ou séculos.
6. O ecossistema no ambiente geográfico

• A noção e ecossistema é bastante ampla, sendo subjacente às demais


da moderna ecologia – ciência que estuda os ecossistemas em todos
os seus níveis.

• Antes de tudo, um geógrafo deveria fazer a distinção entre


ecossistemas de biocenoses e ecossistemas parciais.
Os ecossistemas de biocenoses são uma forma específica de
ecossistema que se concentra na interação entre os organismos vivos,
suas comunidades e o ambiente físico.

O termo "biocenose" refere-se à comunidade de organismos que


compartilham um determinado espaço ecológico e estão interconectados
por meio de relações ecológicas.
Os ecossistemas parciais se refere a uma abordagem de estudo que foca
em componentes específicos ou em partes selecionadas de um
ecossistema maior.

Isso pode ser feito para fins de análise mais detalhada ou para entender
os processos e interações em uma escala mais restrita.

Por exemplo: um ecossistema florestal pode ser dividido em diferentes


ecossistemas parciais, como o sub-bosque, o dossel das árvores, o solo
ou um riacho dentro do ecossistema. Cada um desses "ecossistemas
parciais" pode ter suas próprias características e processos específicos,
mas estão interconectados com o ecossistema maior.
Os geossistemas fornecem o contexto físico e ambiental no qual os
ecossistemas de biocenoses e parciais se desenvolvem.

As características geológicas, topográficas, climáticas e hidrológicas


de um geossistema influenciam a distribuição e a diversidade das
comunidades biológicas presentes.
Geossistemas
Cada categoria de geossistema situa-se em uma área definida em um
ponto no espaço.

Todos os elementos do geossistema devem ser examinados como


estando situados em um mesmo lugar.
Exercendo a diferenciação do espaço. (SOTCHAVA / KRAUKLIS).

Assim evolui-se os conceitos de unidade espacial mínima e Biogeocenose.


Existe um critério universal para o estabelecimento de
uma unidade espacial mínima?

Este critério tem por base a rotação de substâncias correspondentes a cada


categoria de geossistema. Assim, a unidade mínima de uma biogeocenose,
como parte de uma fácie, é o espaço terrestre no qual a rotação de
substâncias ocorre. Horizontalmente abrange o território onde são
encontrados os elementos que asseguram a unidade desse menor sistema. E
verticalmente abrange a espessura de 20 a 50 metros dentro de onde os
limites encerram a rotação elementar.
Ordem Planetária
Regional
Topológicos
Princípios bi-lateral de classificação de geossistemas
e problemas de regionalização
Para Sotchava (1977, p.04 e 26), na caracterização geossistêmica do meio natural verifica-
se a convergência de 2 princípios, o da homogeneidade e o da diferenciação:
A classificação deveria: refletir, claramente, a hierarquia das subdivisões no âmbito das
paisagens existentes na natureza; fornecer uma ideia sobre as unidades naturais
homogêneas das diversas categorias e, simultâneamente, sobre as unidades espaciais de
diferentes qualidade co-subordinadas entre si, formando também uma categoria integral.
Paralelamente a isso, a classificação deveria refletir a dinâmica, ou seja, os estados
variáveis do geossistema e examiná-los como derivações de uma ou outra estrutura
primitiva (SOTCHAVA, 1977, p.26) (…) Todas as classes de geossistemas com estrutura
homogênea chamam-se “geômeros”, e os de estrutura diferenciada são chamados de
“geócoros” (SOTCHAVA, 1978, p.04).
Epigeômeros - classificação de geossistemas
Tomar o núcleo original correspondente ao geômero primitivo como ponto de
referência para os estados variáveis dos geossistemas, torna-se condição
necessária para que seja possível classificar as subdivisões do ambiente natural.
As classificações das categorias dinâmicas e fatorial, para que sejam realmente
eficientes, deverão se projetar dentro dos limites de um epigeoma definido ou
de um epigeômero de outra categoria. Isso assegura a coordenação da
classificação especial da dinâmica com outra ordem geral.
Isso é um dos meios para identificar a plasticidade dos complexos naturais,
essencial em previsão , bem como para quando se quer elaborar padrões
relacionais.
Estudos de Geossistemas e geografia aplicada

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