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civilização do Ocidente
Professor Rodrigo Corrêa Teixeira
As origens orientais da civilização do Ocidente
John M. Hobson ressalta a contribuição islâmica para a
promoção dos saberes antigos: um dos aspectos mais
significativos do Islã foi a sua inclinação para ‘’a atividade
capitalista comercial e racional’’;
Destaca-se a importância do Leste muçulmano para o
estímulo da economia europeia na conjuntura do período
medieval; a ascensão dos poderes extensivos e intensivos
islâmicos possibilitou que o Islã atuasse como um
“pioneiro globalizante” (HOBSON, 2006, p. 35);
Lista bastante expressiva de inovações tecnológicas e
produtivas que foram cruciais nesse processo: astrolábio,
tecidos, tinturas, refinamentos de açúcar, manufaturados,
cerâmicas, moinhos de vento e de água, etc.;
Tabela 1.1 A construção orientalista e patriarcal do Ocidente contra o Oriente
Referência: HOBSON, John M. Los orígenes orientales de la civilización de Occidente. Barcelona: Crítica, 2006. p
27.
Tabela 1.2 A visão orientalista do Oriente e Ocidente segundo Max
Weber: a grande linha divisória da racionalidade
Ocidente (modernidade) Oriente (tradição)
Direito (público) racional Direito (privado) ad hoc
Contabilidade de dupla entrada Ausência de contabilidade racional
(Ver nota abaixo)
Cidades livres e independentes Campos políticos e administrativos
Separação das esferas pública e privada Fusão da esfera pública com a privada
(instituições racionais) (instituições irracionais)
Referência: HOBSON, John M. Los orígenes orientales de la civilización de Occidente. Barcelona: Crítica, 2006. p
36.
Tabela 10.1 O discurso britânico do imperialismo: a tabela classificadora das
civilizações e a invenção racista do mundo
Referência: HOBSON, John M. Los orígenes orientales de la civilización de Occidente. Barcelona: Crítica, 2006. p
301.
Tabela 13.1 a construção da identidade ocidental e suas consequências
Fase de Eu Outro Estratégias de apropriação ocidentais no mundo
Identidade
(1) 500 – Europa construída O Oriente Médio muçulmano O ataque ao islamismo através da «primeira rodada» das
1453 como o cristianismo e o «Sarracenos» Cruzadas. Nenhum apropriacionismo (embora as cruzadas
construído como uma tenham permitido a assimilação de vários recursos do Oriente
ameaça hostil e ruim Médio).
(2) 1453-c. – Europa imaginada No Islã (principalmente os O ataque ao islamismo através de «segunda rodada» das
1780 cada vez mais como o turcos Otomanos) Cruzadas, iniciado por Colón e Vasco de Gama
Ocidente avançado convertidos pelo Apropriação de ouro e prata da América, que financiou o
cristianismo em uma déficit comercial europeu com a Ásia, permitido obter os
ameaça hostil e bárbara; benefícios de arbitragem através do processo de reciclagem
Africanos e nativos global de prata
americanos convertidos em Apropriação de recursos "não Europeus” através do tráfico de
"pagãos" ou "selvagens" e, escravos e a mercantilização e apropriação do trabalho
portanto, "maduros" para a africano e americano, o que facilitou significativamente a
repressão e exploração industrialização do Ocidente
(e especialmente da Grã-Bretanha)
Referência: HOBSON, John M. Los orígenes orientales de la civilización de Occidente. Barcelona: Crítica, 2006. p. 408 - 409.
Tabela 13.2 Dois momentos chave da história universal, c. 500 - 1900
Eurocentrismo Antieurocentrismo
733 - Vitória de Carlos Martel sobre os 751-1453 – A vitória árabe na Batalha de
sarracenos nas batalhas de Tours e Talas (751) estabelece a supremacia do
Poitiers Islã no oeste da Ásia Central. Os
otomanos tomam Constantinopla (1453)
600-1000 – Europa abre o caminho para 400 a. e. v. - 500 – China abre o caminho
revolução agrícola medieval para inúmeras tecnologias que permitirão
a revolução agrícola europeia dos séculos
XVIII e XIX
c. 1000 – Os italianos abrem o caminho c. 800 – Os italianos entram na economia
para o comércio de longa distância e para global liderada pelos afro-asiáticos. A
o capitalismo primitivo e a Itália se globalização oriental permite a
converte na primeira potência global transmissão de centenas de recursos
orientais que permitem o
desenvolvimento do Ocidente atrasado
Nota de Rodrigo Corrêa Teixeira : ''a. e. v.'' = antes da era vulgar; trata-se de uma
tentativa de se evitar o eurocentrismo da expressão '‘antes de Cristo'‘.
Tabela 13.2 Dois momentos chave da história universal, c. 500 – 1900
(Continuação)
Eurocentrismo Antieurocentrismo
A partir de 1095 – Os cruzados europeus 1095-1517 – Os italianos seguem
impõe seu controle sobre o Oriente dependendo do Oriente Médio
Médio muçulmano muçulmano e do Egito
c. 1400-1650 – O Renascimento italiano e c. 800 - c.1400 – Renascimento oriental
a revolução científica ou muçulmano (que posteriormente
permite o Renascimento europeu e a
revolução científica)
1434 – China se retira do mundo 1434-1800/1839 - China ainda mantém a
deixando um vazio que logo os europeus preeminência como potência máxima e
preenchem devido a sua superioridade produtora comercial máxima, ao
conseguir resistir incursões ocidentais e
impor as suas condições de mercadores
europeus
Nota de Rodrigo Corrêa Teixeira: A pesquisa de Gavin Menzies tenta provar com documentos que os grandes navegadores já possuíam mapas
completos das Américas, dos Polos e da Austrália. Mapas esses vindos dos Chineses que visitaram a Itália no ano de 1434 e copiados e
repassados aos portugueses e espanhóis. Os chineses da frota do almirante-embaixador Zheng He trouxeram em suas bagagens não apenas
mapas e calendários perfeitos para a época, mas livros (eles inventaram a imprensa muito antes de Gutemberg) com conhecimentos científicos
diversos. Questiona como o ‘fenômeno’ do Renascimento ocorreu na Europa e o compara com esses conhecimentos, inclusive pondo em dúvida
a originalidade de obras de artistas e cientistas do porte de um Leonardo da Vinci, só para citar talvez o mais conhecido (MENZIES, Gavin. 1421;
O Ano em que a China Descobriu o Mundo. 6ª.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009; MENZIES, Gavin. 1434; O Ano em que uma Magnífica
Frota Chinesa Velejou para a Itália e deu Início ao Renascimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010).
Tabela 13.2 Dois momentos chave da história universal, c. 500 – 1900
(Continuação)
Eurocentrismo Antieurocentrismo
1455 – Gutenberg inventa a impressão de 1040-1403 – Bi Sheng (c. 990-1051 d. C.)
tipos móveis de metal inventa a impressão de tipos móveis
(1040); os coreanos inventam a primeira
impressão de tipos móveis de metal
(1403)
1487-1488 – Bartolomeu Dias é o c.200-1421 – Os árabes dobram o cabo da
primeiro a chegar no '‘Cabo das Boa Esperança (c.1450) e chegam
Tormentas'' traçando a costa até a Europa. Os
chineses (c. século IX), os polinésios (c.
século III) e os indianos navegam até o
Cabo e contornam a costa da África
oriental.
Depois de 1492 - Idade Europeia da c. 500-1500/1800 – Idade afro-asiática
descoberta e da aparência da dos descobrimentos: os orientais criam e
protoglobalização ocidental primitiva mantém a economia global (e lideram a
globalização oriental). Os chineses
preferem não iniciar o imperialismo.
Tabela 13.2 Dois momentos chave da história universal, c. 500 – 1900 (Continuação)
Eurocentrismo Antieurocentrismo
Depois de 1492 – Exploração do ouro e da c. 1450 – China impõe uma moeda de prata e,
prata americana pelos espanhóis como a maior produtora e comerciante do
mundo, pressupõe a existência de uma
grandíssima demanda de prata explorada pela
Europa nas Américas
1498 – Vasco da Gama estabelece o primeiro c. A partir de 800 – Contatos comerciais dos
contato com o povo primitivo e isolado da indianos com o resto da Eurásia; os indianos
Índia são economicamente superiores a seus
descobridores portugueses. A ciência e a
tecnologia da China, Índia, talvez os negros
africanos, e sem dúvida alguma as do mundo
muçulmano proporcionaram as bases para a
construção de barcos e da navegação dos
portugueses
Nota de Rodrigo Corrêa Teixeira: ''talvez os negros africanos'‘ é uma expressão de John Hobson
(autor desse quadro), que demonstra pouco conhecimento da História da África; Cf., por ex.:
TEIXEIRA, R. C. (2019). Dossiê Temático: África: memória e projeções de desenvolvimento -
Apresentação. Conjuntura Internacional, 16(2), p. 2-6, 2019 (https://
doi.org/10.5752/P.1809-6182.2019v16n2p2 )
Tabela 13.2 Dois momentos chave da história universal, c. 500 – 1900 (Continuação)
Eurocentrismo Antieurocentrismo
1498 - c.1800 – Os europeus derrotam os 1498 - c. 1800 – Os europeus não conseguem
asiáticos e monopolizam o comércio mundial derrotar os asiáticos e continuam a contar com
eles em troca de uma pequena participação no
lucrativo comércio oriental: continuação da
idade afroasiática
1550-1660 – Revolução militar europeia c. 850 - 1290 – Revolução militar chinesa, cujo
os elementos tecnológicos vieram a sustentar a
revolução militar europeia
1700-1850 – Grã-Bretanha tem o primeiro 600 a. e. v. - 1100 – Milagre industrial chinês.
milagre econômico As assimilação das tecnologias e ideias
chinesas permite a revolução industrial
britânica
Nota de Rodrigo Corrêa Teixeira: Por volta do século X, a pólvora começou a ser usada com
propósitos militares na China, sob a forma de foguetes e bombas explosivas lançadas por
catapultas. A primeira referência a um canhão surge em 1126, quando foram utilizados
tubos feitos de bambu para se lançarem mísseis contra o inimigo. Eventualmente os tubos
de bambu foram substituídos por tubos de metal: o mais antigo canhão na China data de
1290. Da China, o uso militar da pólvora parece ter se espalhado para o Japão e a Europa
(CIPOLLA, Carlo M. Canhões e velas na primeira fase da Expansão Européia (1400-1700).
Lisboa: Gradiva, 1989).
Tabela 13.2 Dois momentos chave da história universal, c. 500 – 1900 (Continuação)
Eurocentrismo Antieurocentrismo
1700-1850 – A industrialização britânica 1700-1850 – Contribuição significativa dos
representa o triunfo da mudança interna ou “não europeus” (especialmente dos africanos)
auto gerada na industrialização britânica através da
apropriação e da exploração de seus
numerosos recursos
1853 – O Comodoro Perry “abre” o Japão 1603-1868 – O Japão Tokugawa segue unido a
Tokugawa, até então isolado: o Japão Meiji, economia global. O desenvolvimento
como país de desenvolvimento tardio, se independente dos Tokugawa proporciona a
industrializa copiando o Ocidente rampa de lançamento necessária para a
industrialização Meiji (Japão como país de
desenvolvimento precoce)
Referência: HOBSON, John M. Los orígenes orientales de la civilización de Occidente. Barcelona: Crítica, 2006. p 418-420.