O conceito de vulnerabilidade ambiental refere-se à capacidade de um sistema
ambiental, como ecossistemas, recursos naturais e habitats naturais, de resistir, absorver ou se adaptar a mudanças e perturbações ambientais sem sofrer impactos negativos significativos. É uma medida da fragilidade desses sistemas diante de pressões ambientais e da probabilidade de serem afetados por eventos adversos. Adger (2006) enfoca a vulnerabilidade ambiental sob a perspectiva das comunidades e dos sistemas socioecológicos. Ele destaca a importância de considerar os aspectos sociais, econômicos e políticos na análise da vulnerabilidade e argumenta que a pobreza, a desigualdade e a falta de capacidade adaptativa são fatores-chave que aumentam a vulnerabilidade ambiental. Turner et al. (2003), propõem uma abordagem de avaliação integrada da vulnerabilidade ambiental. Eles enfatizam a necessidade de considerar as interações complexas entre os sistemas humanos e naturais, bem como os fatores econômicos e políticos que influenciam a vulnerabilidade. Essa abordagem holística permite uma compreensão abrangente da vulnerabilidade ambiental em sistemas urbanos. Em síntese, a vulnerabilidade ambiental em sistemas urbanos refere-se à capacidade de uma área urbana resistir e se adaptar a riscos e perturbações ambientais, considerando a interação complexa entre o ambiente construído e o ambiente natural. É um conceito que examina como os centros urbanos estão expostos a ameaças ambientais e como eles são afetados por essas ameaças devido às suas características físicas, sociais e econômicas (TURNER et al, 2003; ADGER, 2006). Nesse contexto, Bandeirinhas é um bairro localizado na cidade de Betim, que faz parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Betim é um importante centro industrial e comercial. A região abriga uma mistura de áreas residenciais, comerciais e industriais. Nas proximidades, é possível encontrar empresas de diferentes setores, como indústrias, comércios e serviços. A classificação realizada (Figura 01), permitiu através dos valores ponderados discriminar cinco classes de vulnerabilidade, três delas estão inseridas dentro do buffer de 1,5 km criado para delimitar a área de análise. Dentro dessa área ocorre a predominância de terrenos gnáissicos migmatíticos meso a neorqueanos. A área é drenada por diversos afluentes localizados na margem direita do rio Paraopeba, sendo os córregos Bandeirinhas e Santo Antônio os mais destacados. As duas primeiras classes de baixa (menor ou igual a 1,3) e moderada (1,3 - 1,7) vulnerabilidade, estão presentes dentro da área de planejamento do bairro. Apesar de não apresentarem valores altos referente a vulnerabilidade, fatores como:
Urbanização desordenada: pode resultar em ocupação irregular de áreas de
risco, como encostas íngremes, margens de rios ou áreas suscetíveis a inundações. Carência de infraestrutura: pode levar a problemas como falta de saneamento básico, coleta inadequada de resíduos, falta de áreas verdes e espaços de lazer. A carência desses serviços pode contribuir para impactos ambientais negativos e afetar a qualidade de vida dos moradores. Gestão inadequada dos recursos naturais: o desmatamento de áreas verdes e o uso indiscriminado dos recursos hídricos, pode levar à degradação ambiental. A ausência de práticas sustentáveis de manejo dos recursos naturais pode comprometer a qualidade do ar, a disponibilidade de água e a biodiversidade local. Impactos da industrialização: Betim é conhecida por sua atividade industrial significativa, e Bandeirinhas está exposto aos impactos ambientais resultantes dessa atividade. Emissões de poluentes atmosféricos, descarte inadequado de resíduos industriais e potenciais riscos à saúde podem ser preocupações nesses casos. Vulnerabilidade a eventos climáticos extremos: o bairro Bandeirinhas, assim como outros bairros periféricos, pode ser mais vulnerável a eventos climáticos extremos, como as inundações. A falta de infraestrutura adequada e a ocupação em áreas de risco podem agravar essas situações e aumentar o impacto sobre a população e o meio ambiente local.
A terceira e última classe de alta (1,7 - 2,5) vulnerabilidade, localizada nas
proximidades do bairro Bandeirinhas, está associada a atividades de mineração ou áreas de mineração próximas. Desse modo, algumas vulnerabilidades ambientais específicas podem estar associadas a essa atividade, como:
Degradação do solo e paisagem: o processo de mineração pode resultar na
remoção de vegetação e camadas superficiais do solo, alterando a paisagem natural da área. Isso pode levar à erosão do solo, perda de biodiversidade e dificuldades na recuperação das áreas mineradas. Contaminação da água e do solo: a atividade mineradora pode envolver o uso de substâncias químicas, como ácidos e metais pesados, que podem contaminar os corpos d'água e o solo ao redor da área de mineração. Isso representa um risco para a saúde humana e a fauna e flora locais. Impactos na qualidade do ar: a mineração, especialmente a mineração a céu aberto, pode gerar poeira e partículas finas que podem ser transportadas pelo ar, afetando a qualidade do ar na região. Isso pode ter consequências para a saúde dos moradores e para a vegetação circundante. Instabilidade geotécnica: a remoção de camadas de solo e rochas durante a mineração pode levar a mudanças na estabilidade geotécnica do terreno. Deslizamentos de terra e colapsos de encostas são riscos associados a áreas de mineração, especialmente em locais onde não são adotadas medidas adequadas de controle e monitoramento. Impactos socioeconômicos: a atividade de mineração pode trazer impactos socioeconômicos para as comunidades locais. Isso pode incluir a relocação forçada de pessoas, alterações nas atividades econômicas locais e dependência excessiva de uma única indústria, o que pode levar a vulnerabilidades socioeconômicas caso haja mudanças nas condições de mercado ou encerramento das operações de mineração.
De maneira concisa, é importante reconhecer que, para que se possa analisar a
vulnerabilidade ambiental de maneira detalhada, em um bairro como Bandeirinhas, na cidade de Betim, deve-se considerar múltiplos aspectos. Dessa forma, será possível tomar medidas adequadas para minimizar os impactos negativos, promover a sustentabilidade e melhorar a qualidade de vida da população.
Figura 01: Vulnerabilidade no Bairro Bandeirinhas em Betim - MG
Referências
TURNER et. al. A framework for vulnerability analysis in sustainability science.
Proceedings of the National Academy of Sciences, vol. 100, 2003, p. 8074-8079. Disponível em: <https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.1231335100>.
ADGER, W. N. Vulnerability. Global Environmental Change, v. 16, ed. 3, 2006, p. 268-