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Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas João Pedro Marques Ribeiro

Recuperacao

João Pedro Marques Ribeiro


Áreas Degradadas
~ de
Impactos Ambientais e
Impactos Ambientais e
~
Recuperacao de
Áreas Degradadas
João Pedro Marques Ribeiro

2ª Edição

Curitiba
2018
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501

R484i Ribeiro, João Pedro Marques


Impactos ambientais e recuperação de áreas degradadas / João
Pedro Marques Ribeiro. – 2. ed. – Curitiba: Fael, 2018.
163 p.: il.
ISBN 978-85-5337-027-6

1. Impacto ambiental 2. Área degradada – Recuperação 3.


Legislação ambiental I. Título
CDD 577.2

Direitos desta edição reservados à Fael.


É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.

FAEL

Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo


Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão FabriCO
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/jannoon028
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário

Carta ao Aluno | 5

1. As Principais Causas de Problemas


Ambientais Contemporâneos  |  7

2. Degradação: conceito e vetores  |  17

3. Efeitos da degradação do meio ambiente  |  29

4. Impacto ambiental  |  43

5. Atividades econômicas causadoras de


seus impactos ambientais  |  59

6. A importância da conservação ambiental  |  75

7. Legislação ambiental  |  87

8. Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA  |  109

9. Recuperação de área degradada (RAD)  |  129

10. Plano de Recuperação de Área Degradada


(PRAD) e suas variáveis  |  141

Conclusão | 151

Referências | 153
Carta ao Aluno

Prezado(a) aluno(a),
Há que se dizer que muito se avançou no sentido da proteção
do Meio Ambiente e em prol da sustentabilidade, desde o encontro
Rio92 até sua edição mais recente, a Rio+20, mas muito ainda há
para se fazer.
No que tange à legislação brasileira, boa parte dos impac-
tos e das degradações ambientais têm penalidades previstas nas leis,
bem como a normatização da recuperação da degradação ambiental
gerada por atividades comerciais, industriais e agropecuárias.
Para atuar de forma eficiente e com a excelência necessária para
administrar esse contexto atual, o gestor ambiental precisa ter conheci-
mento teórico-prático.
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

A disciplina Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degrada-


das fornece ao estudante conceitos básicos relacionados às formas e vetores
das degradações ambientais e apresenta o conceito e as principais formas de
impactos ambientais da atualidade. Com base nesses conceitos, aborda a
legislação de pertinente ao tema.
O foco da disciplina é identificar as principais atividades causadoras de
impacto ambiental e, a partir das características desses impactos, apresentar
métodos, específicos para cada caso, para o desenvolvimento de Planos de
Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD.
O objetivo desta disciplina é compartilhar conhecimento como aluno,
para que seja capaz de planejar e desenvolver PRAD, bem como fazer parte
de futuras equipes de execução de Estudos de Impactos Ambientais e seus res-
pectivos relatórios (EIA – RIMA). Para isso, você terá subsídios para desen-
volver as seguintes competências.

22 compreender o quanto as ações do homem causam impactos no


meio ambiente;
22 identificar quais os principais impactos ambientais da atualidade;
22 conhecer os métodos mais utilizados para a recuperação de áreas
degradadas;
22 perceber a importância do manejo sustentável para a manutenção
da preservação e conservação na esferas local e regional;
22 permitir a identificação das formas de impacto e degradação
ambiental e suas correções.

– 6 –
1
As Principais Causas de
Problemas Ambientais
Contemporâneos

Neste capítulo, vamos identificar as principais ações que nós,


seres humanos, fazemos nas cidades e no meio rural e que se trans-
formam em problemas ambientais. A abordagem mostra a partir de
quando o modo de vida humano causa impacto ao meio ambiente,
e as consequências radicais na transformação da paisagem.
O modo de vida nas cidades causa mais impacto ambiental que
nas zonas rurais? E o uso intensivo de combustíveis fósseis, tão comuns
nos automóveis nas cidades, e nos tratores no meio rural, o quanto a
poluição causadas por ele é considerada um impacto ambiental?
Nesse capítulo, ainda, vamos discutir como o uso de asfalto
ocasiona impactos ambientais tão comuns, que às vezes nem nos
damos conta de que se trata de um impacto grave causado pelo
homem. O exemplo primordial é a ocorrência de enchentes em tan-
tas cidades brasileiras.
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Objetivos de aprendizagem:
22 Entender a evolução da interação do homem com a natureza;
22 Compreender o quanto a evolução do modo de vida causa impac-
tos ambientais;
22 Identificar quais ações antrópicas causam impactos no meio urbano;
22 Identificar quais ações antrópicas causam impactos no meio rural.

1.1 Evolução da interatividade


entre homem natureza
Atualmente acredita-se que o planeta Terra tenha por volta de quatro bilhões
e seiscentos milhões de anos. Grande parte desse período, o planeta não abrigou
qualquer tipo de vida. Ao longo de toda a história da Terra, muitas mudanças acon-
teceram, desde a mudança de posição das placas tectônicas, que resultou em diver-
sas configurações aos continentes, até a presença de vida de variadas formas, entre
elas os dinossauros, diversas espécies primitivas de aves, até o surgimento dos seres
humanos no planeta, ao longo de todas as eras geológicas, apresentado na figura 1.
De acordo com Suguio (2008), os ser humano mais antigo já encontrado,
na forma de fóssil, data de cerca de sete milhões de anos. O que significa que a
história do homem representa no mínimo, 0,15% da história do planeta.

Você Sabia
Se o tempo de existência do planeta fosse comparado ao tempo de
um dia (24 h), o homem só apareceria nos últimos minutos antes da
meia noite!!! Incrível, não?!

Essas relações temporais indicam que a interatividade dos seres humanos


com a Terra, e, consequentemente, a interação das ações antrópicas com o
meio ambiente são novas se comparadas com a história geológica. Entretanto,
as transformações e as mudanças que a natureza sofreu são muito radicais se
observadas dentro da mesma escala geológica.
Desde a existência dos hominídeos existe a interação do homem com
o meio. Contudo foi quando apareceram os primeiros cultivos de produtos

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As Principais Causas de Problemas Ambientais Contemporâneos

agrícolas, assim como, a criação de animais para alimentação, é que os seres


humanos começaram a mudar a configuração natural do meio. Isso a aproxi-
madamente 10 mil anos atrás.
Cabe destacar que na Fase inicial, mais primitiva desta relação entre o
homem e o meio, os impactos eram menores, pois o homem vivia de maneira
harmônica com o meio, extraindo apenas o que necessitava para sobreviver,
sem quebrar o equilíbrio ecossistêmico com o ambiente em que viviam. Esta
fase primitiva perdurou por cerca de 12 mil anos. Nesta etapa a densidade
populacional era de 0,02 a 0,2 pessoas por quilômetro quadrado (RICK-
LEFS, 2003).
O passo seguinte das mudanças feitas nas paisagens, foi a aparição das
primeiras aglomerações de humanos, algo como o embrião das nossas cida-
des atuais. Neste momento, houve um salto populacional em que a densidade
passou de 25 para mil pessoas por quilômetro quadrado, resultando em uma
quebra da harmonia da relação homem versus natureza (RICKLEFS, 2003).
Na fase inicial da urbanização, a ocupação do espaço natural pelo homem,
iniciada a cerca de 3 mil a 3,5 mil anos na Mesopotâmia, as populações urba-
nas passaram a depender de recursos e alimentos provenientes de outras regi-
ões, criando o comércio de produtos manufaturados e não manufaturados.
Nota-se um intenso aumento populacional global gradual durante mais de dez
mil anos (RICKLEFS, 2003).
Com o passar dos anos, décadas e séculos, as alterações no meio
ambiente produzidas pelo homem foram aumentando, da mesma forma que
houve mudanças nos modos de vida que os seres humanos levavam. Estas
alterações no meio ambiente são fruto da implantação e desenvolvimento de
sistemas de produção, que, ainda propiciaram aos seres humanos, o aumento
da capacidade de suporte do ambiente para a sustentação de grandes aglo-
merados urbanos.
Todas essas mudanças e alterações foram seguidas de impactos no meio
ambiente em que as respectivas civilizações viviam.

Você Sabia
As atividades antrópicas têm transformado tanto a dinâmica do planeta
que alguns cientistas já usam o termo Antropoceno para identificar o

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Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

período geológico que remete à existência do homem. Os períodos


geológicos são definidos por grandes mudanças na dinâmica e na confi-
guração terrestre. Definir um período referente aos impactos antrópicos
só reforça a intensidade como que o homem interage com o planeta.

Figura 1 – Escala geológica.

Fonte: Shutterstock (2015).


Na Figura 1, pode-se observar que uma dada área que inicialmente era cheia
de florestas, com o passar dos tempos uma pequena parte de suas árvores foram
derrubadas para instalação de uma pequena aldeia.Com o passar do tempo a
aldeia cresceu e virou uma vila, com casas de barro. Portanto mais árvores foram
derrubadas para dar mais espaço para a cidade, além de barro e pedras que foram
utilizados para a construção das casas. Posteriormente essa vila virou uma cidade
maior, com mais necessidade de espaço e de outros recursos naturais, tais como
água para o abastecimento, áreas para o plantio de alimento, entre outros. E, o
que um dia foi uma floresta, foi gradativamente dado lugar a uma cidade.

Importante
Compreender que a vida naturalmente é uma interação com o meio
ambiente onde vivemos, e que o estamos transformando o tempo todo.
É fundamental a percepção do quanto as transformações que fazemos
estão causando danos ou trazendo benefícios ao meio ambiente.

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As Principais Causas de Problemas Ambientais Contemporâneos

1.2 Ações antrópicas no meio urbano


A necessidade de se viver em sociedade fez com que mulheres e
homens começassem a morar uns muito próximos dos outros, criando as
aldeias, que tornaram-se vilas até a atual configuração das cidades, como
conhecemos ou vivemos hoje em dia.
A vida em sociedade garantiu a espécie humana maior segurança,
frente a ameaças de animais possivelmente predadores dos humanos, e o
domínio de técnicas de cultivo e de criação de animais possibilitou ali-
mento o ano todo. Com isso, houve aumento no crescimento da popula-
ção e, naturalmente, ocorreu a necessidade de maior ocupação de espaços
ao redor do planeta.
No século XXI, ao longo do globo terrestre, são comuns, cidades
imensas e inchadas de população, com milhões de habitantes. São Paulo,
Nova York, Londres, Xangai, Beijing, Nova Délhi, são alguns exemplos.
Com o passar do tempo e com o aumento populacional do meio
urbano, as necessidades das metrópoles vão muito além do simplesmente
ocupar mais espaço para as suas construções e vias. E, com isso os impac-
tos causados pelo inchaço populacional também aumentam de tamanho.
Com cidades cada vez mais populosas aumenta-se a geração de dejetos e
lixo, criando a necessidade de tratamento dos resíduos sólidos e de aterros
sanitários para disposição destes resíduos.

Importante
Aterros Sanitários configuram-se como técnica de disposição de rejei-
tos sólidos de modo a ocupar pouco espaço e causar o mínimo de
impacto ambiental possível. São o contrário dos antigos lixões que
configuravam-se por grandes áreas em que os dejetos eram simples-
mente despejados causando enorme impacto ambiental.

A grande quantidade de pessoas habitando as cidades, além de impac-


tar pela grande produção de lixo, exige cada vez mais a busca por recursos
essenciais à vida, tais como a água.
A água é tão essencial à vida que grande parte das cidades se formou e
se desenvolveu no entorno de rios ou outras fontes desse recurso. A neces-
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Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

sidade de levar água a pontos distantes cresceu junto com o aumento das
cidades e de suas populações. Assim o diga os romanos e seus aquedutos!

Você Sabia
Aquedutos são estruturas de pedra constituída por um ou vários arcos
superpostos e erguidos para dar sustentação a canais usados para con-
dução de água sobre vales ou outras formas de depressão do terreno.

Os aquedutos foram apenas alguns dos primeiros elementos que


transformaram os cursos hídricos naturais, bem como as barragens e tan-
Figura 2 – Aqueduto em Portugal. tos outros mecanismos criados
para suprir as cidades com água.
Nos dias de hoje, é comum a
Fonte: Shutterstock (2015).

utilização de termos como cana-


lização de cursos hídricos, reti-
ficação de rios, entre outros ter-
mos. Esses se referem a obras de
engenharia que possibilitam aos
moradores de cidades ter acesso
a um bem necessário à vida.
O que ocorre é que muitas
vezes essas alterações de cursos hídrico naturais causam desequilíbrios nas
cidades, favorecendo enchentes ou fazendo com que boas fontes de água
tornem-se rios poluídos e mal cheirosos.

Corpos d’água ou corpos (cursos) hídricos: Refere-se a quantidades


de água reunidas superficialmente, podendo ser rios, lagos, córregos,
ou subterraneamente, no formato de aquíferos e lençóis d’água.

Os impactos ambientais em meio urbano estão tão presentes em nossas
vidas que atos simples, como o uso intensivo de detergentes, podem ser con-
siderados agentes causadores de poluição das águas. Isso por que, o esgoto
gerado nas residências nem sempre é coletado e tratado e muitas vezes estes

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As Principais Causas de Problemas Ambientais Contemporâneos

dejetos são lançados em rios, poluindo-os. O caso mais conhecido é o do rio


Tietê (SP), que na altura da cidade de Pirapora do Bom Jesus (SP) costuma
formar uma grande quantidade de espuma, resultado dos detergentes que são
usados nas residências e que não recebem tratamento da rede coletora, este
caso é recorrente e famoso, sendo amplamente divulgado pela mídia, notícias
deste evento são facilmente encontradas em pesquisas simples na internet,
em 2015 o UOL publicou notícia sobre o assunto em seu portal, intitulada
“Espuma de poluição do rio Tietê invade ruas de Pirapora do Bom Jesus
(SP)” . Outro exemplo é a poluição causada pelo descarte de óleos vegetais,
usados na culinária, nas pias das residências. Óleos são poluidores potentes e
difíceis de serem tratados e configuram como poluentes.
Não é somente sobre rios, córregos e outros corpos hídricos que as
necessidades das cidades, ou melhor, dos habitantes das cidades, pressionam.
A utilização de massa asfáltica e, em alguns casos, o concreto para a pavimen-
tação de ruas e avenidas acarretam na impermeabilização do solo.
Em situação de chuva, a impermeabilização do solo impede a infiltração
de água no solo e causa o aumento da velocidade do escoamento superficial
de águas pluviais. Essa água que escoa superficialmente pelo solo, chega rapi-
damente aos corpos hídricos aumentando o seu volume em água. A imper-
meabilização do solo, somada à canalização de corpos hídricos urbanos, favo-
rece ocorrência de enchentes urbanas, comuns nas cidades brasileiras.

Escoamento superficial: Escoamento de água da chuva


sobre o solo quando a quantidade de água é maior que a
capacidade de infiltração do solo. (ORMOND, 2006).

Outro ponto importante a ser observado sobre os impactos ao meio


ambiente é o uso de asfalto como pavimento de ruas, avenidas e estradas. A
pavimentação asfáltica gera um significativo aumento do aquecimento prove-
niente do solo. Com isso, áreas asfaltadas tendem a apresentar temperaturas
mais elevadas do que áreas com outros tipos de pavimentação, ou que pos-
suam cobertura vegetal, como grama por exemplo.
O aumento da temperatura nas cidades, além de ser resultante do uso
de asfaltos, também é provocado pela retirada de árvores e pelo aumento do

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Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

número de prédios. Esses fatores, não permitem que o ar quente se dissipe, o


qual fica concentrado na cidade, criando um clima pontual mais aquecido Na
climatologia esse fenômeno é denominado ‘ilha de calor’.
As ações antrópicas em meio urbano vão além dos aspectos de constru-
ção da cidade. O uso intensivo de automóveis e o modo de produção em geral
emitem à atmosfera grande quantidade de gases e materiais particulados que
ocasionam a poluição do ar.

1.3 Ações antrópicas no meio rural


A sustentação da vida em meio urbano, como explicitado, depende de
uma série de recursos naturais, não só de água, mas de alimentos. São nessas
necessidades que se baseiam boa parte das ações antrópicas no meio rural.
O meio rural não se reserva a ter menor quantidade de impactos ambien-
tais causados pela ação antrópica do que o meio urbano. Mesmo porque a
primeira forma de impacto, ou alteração significativa do meio, fez-se pelos
primeiros cultivos realizados há cerca de dez mil anos atrás.
As ações antrópicas que causam transformações e impactos ambientais
no meio rural, ao contrário do que acontece no meio urbano, não se dão em
função da grande quantidade de pessoas. No meio rural, o modo de produ-
ção, e as relações diretas com o trabalho são as principais causas dos impactos.
Um dos primeiros impactos no meio rural acontece com a limpeza de terre-
nos para a realização de cultivos agrícolas, florestais e para implantação de pasta-
gens. Outro impacto significativo é o cultivo de uma só espécie em grandes áreas,
o chamado monocultivo, que por sí só, já causa um desequilíbrio ecológico.
Para minimizar a degradação do ambiente, causada pelas atividades de
produção agrícola, pecuária e florestal é necessária a adoção de técnicas de
manejo e conservação do solo e da água. Devem ser preservadas. as matas mais
próximas aos cursos hídricos, as chamadas ‘matas ciliares’, as quais tem a função
de proteger nascentes, rios e lagos, semelhante aos cílios que protegem nos-
sos olhos. As matas ciliares protegem as margens da erosão e do ressecamento
dos barrancos. São fundamentais para a manutenção da vida, pois servem de
habitat para diversas espécies vegetais e animais. Também possuem a função de
corredores para a fauna, permitindo que os animais possam deslocar-se de uma

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As Principais Causas de Problemas Ambientais Contemporâneos

região para outra. A retirada delas para o cultivo acarreta graves problemas de
perda de solo e perda da qualidade da água, dados os assoreamentos causados.

Assoreamento: acúmulo de sedimentos pelo depósito de


terra, areia, argila, detritos etc., na calha de um rio, na sua foz,
em uma baía, um lago etc., consequência direta de enchen-
tes pluviais, frequentemente devido ao mau uso do solo e da
degradação da bacia hidrográfica, causada por desmatamen-
tos, monoculturas, garimpos predatórios, construções etc.

O uso intensivo de água para a irrigação causa impactos no meio rural,
como a diminuição da disponibilidade de água para outras atividades. O uso
de equipamentos de irrigação à lavoura, por exemplo os aspersores e pivô
central, que configuram a pior forma de uso da água no campo.
Há ainda um impacto mais silencioso que ronda os campos de cultivo.
O uso intensivo de pesticidas e agrotóxicos, que acabam por poluir a água e
os solos. Por mais que haja controle em seu uso, o monitoramento do meio
ambiente deve ser feito constantemente para que os níveis de concentração
desses agentes não exceda os limites, que causam sérios danos à saúde. A
absorção natural por parte do solo e da água configura-se como poluição.

Saiba mais
Não deixe de ler Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, escrito em
1962. Trata-se de um livro que traz um dos primeiros fundamentos
científicos para as questões relacionadas aos níveis de concentração
de poluentes oriundos dos processos agrícolas, muitos destacados
neste capítulo. É uma excelente leitura recomendada para quem
deseja aprofundar ainda mais seus conhecimentos!

Áreas de pastoreio bovino, além de já terem sido naturalmente impac-


tadas pela perda de vegetação natural (em grande parte dos casos), também
são suscetíveis à compactação do solo, pelo pisoteio do gado. Essa compac-
tação também interfere na capacidade de infiltração de água pelo solo. Com

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Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

isso, há o aumento do volume de


Figura 3 – Pivo central fazendo a irrigação
água no escoamento superficial
de lavoura.
e, esse volume resulta em erosões
no solo.
Há ainda estudos que indi-

Fonte: Shutterstock (2015).


cam que os gases emitidos pelo
gado ajudam a aumentar a quan-
tidade de gases responsáveis pelo
efeito estufa.

Importante
A suinocultura configura um grande impacto no que tange os deje-
tos dos animais, que são altamente poluidores por serem compos-
tos por grandes concentrações de nitratos, bem como a criação de
galináceos. O descarte inadequado destes dejetos inadequadamente
configura-se como alta contaminação dos efluentes líquidos.

Resumindo
O conceito chave deste capítulo é o de que o impacto ambiental está
intrinsecamente relacionado à vida humana. A própria evolução do homem
está condicionada ao aumento dos impactos e transformações ambientais.
Os impactos ambientais causados pelo homem, estão presentes tanto
no contexto de produção rural quanto na complexidade dos grandes cen-
tro urbanos. Ter em mente que muitas vezes estamos causando impacto
ambiental desapercebidamente é o primeiro passo para identificá-los e
diminui-los de modo a caminhar para uma vida mais sustentável e menos
impactante ao meio ambiente.

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2
Degradação:
conceito e vetores

Um dos principais conceitos da Disciplina de Impactos Ambien-


tais e Recuperação de Áreas Degradadas será abordado neste capítulo:
a degradação ambiental. Os desdobramentos referentes aos impactos
ambientais e a todos os processos de recuperação de áreas impactadas e
degradadas ambientalmente, também serão apresentados.
A conceituação servirá de base para a identificação dos
vetores ambientais, os quais serão correlacionados com seus respec-
tivos impactos e degradações.
Estes são conceitos fundamentais ao profissional do meio
ambiente, que deve deter a capacidade de fácil identificação das
mais diversas formas de degradação ambiental.
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Objetivos de aprendizagem:
22 Relacionar as formas de degradação ambiental com seus respecti-
vos vetores;
22 Conceituar a degradação ambiental;
22 Conceituar o que são os vetores da degradação ambiental;
22 Identificar os vetores de degradação ambiental;
22 Identificar as formas de degradação ambiental e seus respectivos vetores.

2.1 Conceito de degradação ambiental


O termo degradação ambiental está bem introduzido no meio acadêmico
e no profissional, sobretudo pelos esforços de se remediar e recuperar áreas que
estejam submetidas ou caracterizadas pela degradação de seu ambiente. Assim,
é essencial compreender a degradação ambiental para identificar suas caracte-
rísticas e propor soluções de remediação ou recuperação.
Degradação ambiental pode ser definida como a perda de recursos natu-
rais, inserindo-se a perda de ambientes físicos e itens ecossistêmicos, bem como
a perda da biodiversidade. Desta forma, podem ser consideradas como degra-
dação ambiental, a contaminação antrópica, a exploração de recursos naturais
e alterações climáticas.
Mas nem sempre foi assim. Ao longo da história, a preocupação com a
degradação ambiental e com a perda da fauna e da flora foi modificando-se.
As indústrias das primeiras décadas do século XX, que tinham como principal
combustível o carvão, possuíam pouquíssima ou nenhuma preocupação com os
poluentes emitidos pelas chaminés de suas fábricas, bem como com os resíduos e
efluentes que eram lançados nos rios. Como resultado desta atitudes, por exem-
plo, a cidade de Londres deste período se viu imersa em poluição com a ocorrên-
cia de eventos de poluição e degradação, tais como o smog de 1952.

A palavra smog, é resultado da junção de duas palavras em


inglês: smoke (fumaça) e fog (neblina). Smog refere-se ao acú-
mulo da poluição no ar em grandes cidades, que constitui uma
grande bruma de fumaça na atmosfera próxima à superfície.

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Degradação: conceito e vetores

Deriva majoritariamente da emissão de poluentes de automó-


veis e da atividade industrial, devido à queima de carvão.

Com o avançar das décadas do século XX, a preocupação ambiental foi
aumentando, e as atividades industriais cada vez mais se viram obrigadas a mudar
antigos hábitos, por atitudes de menor impacto negativo ao meio ambiente.
Em função do aumento das preocupações da população mundial com as
questões ambientais, os governos e as corporações foram pressionados a criar
novas posturas e legislações, que pudessem regulamentar e gerar mudanças
significativas na preservação e conservação ambientais.
Diferentes conferências e iniciativas internacionais, foram realizadas a
partir da década de 1970, para auxiliar na divulgação de conceitos importantes
que permitam um melhor entendimento global sobre as inter-relações entre
várias áreas do saber e vários atores envolvidos com processos de degradação.
(OLIVEIRA e SOUTO, 2011). As principais conferências ambientais interna-
cionais foram as de Estocolmo, em 1972, a Eco-92 ou Rio-92; a Rio+10, em
2002, e a Rio+20, em 2012.
No Brasil, no fim da década de 70, houve um empenho na criação de leis
sobre as questões ambientais, o que foi sintetizado com a promulgação da Lei
Federal nº 6938 de 1981, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente.
Esta lei, estabelece a necessidade da realização do Estudo de Impacto Ambien-
tal (EIA) durante o processo de licenciamento para empreendimentos ou ati-
vidades que efetiva ou potencialmente fossem geradoras de danos significati-
vos ao equilíbrio ambiental, bem como a confecção de Relatórios de Impacto
Ambiental (Rima). Estes documentos, semelhante aos planos de recuperação
de áreas degradadas, têm por objetivo prevenir e minimizar o desenvolvimento
de ações que ocasionem degradação ambiental.
A avaliação de impactos ambientais provenientes da ocupação humana, por
meio de empreendimentos e atividades não disciplinadas, são regulamentadas por
resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que estabelecem
em quais casos é obrigatória a realização de EIA e do respectivo Rima.
Nos tempos atuais, é generalizada a preocupação em relação às atividades
e a eventuais ações que causem degradação ambiental, com exemplos ampla-
mente divulgados pela mídia e que geraram grande comoção pública.

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Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Um exemplo foi o caso do enorme vazamento de petróleo no Golfo


do México em 2010, que demorou dias para que fosse estancado, causando
enorme prejuízo nas águas marinhas, na biota e nas praias, e que foi ampla-
mente divulgado e noticiado ao redor do mundo.

Saiba mais
O vazamento de petróleo, que ocorreu no Golfo do México, foi
considerado o pior da história, por que foram derramados cerca de 5
milhões de barris de petróleo no mar, além de ocasionar a morte de
sete trabalhadores. Esse volume de vazamento representa, aproxima-
damente, o dobro da produção de petróleo diária do Brasil. Durou
87 dias, se espalhou por mais de 1.500 km no litoral norte-americano,
contaminando e matando milhares de animais.

No Brasil, o maior desastre ambiental aconteceu no distrito de Bento


Rodrigues, município de Mariana, estado de Minas Gerais. Em novembro de
2015, duas barragens de rejeito de mineração de ferro, da empresa Samarco,
romperam, lançando 62 milhões de metros cúbicos de lama sobre o distrito
e sobre o Rio Doce. O desastre resultou em 10 mortes e 18 desaparecidos. A
onda de lama devastou também outros sete distritos de Mariana e contaminou
os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, com prejuízos ao ecossistema
e morte de peixes. O abastecimento de água foi interrompido em cidades de
Minas e do Espírito, afetando mais de 800.000 pessoas. A lama percorreu
850 km e seu destino final foi o Oceano Atlântico, no Espírito Santo (, onde
o Rio Doce tem sua foz (GONÇALVES; FUSCO; VESPA, 2015).
Os exemplos mais frequentes de degradação ambiental, no Brasil, que rece-
bem destaque na mídia e, também, provocam comoção, são as ações como as
queimadas ilegais na região Centro–Oeste e o desenfreado desmatamento da flo-
resta Amazônica, na região Norte, e da Mata Atlântica, na região Sudeste, que
configuram-se como as formas de degradação mais conhecidas e divulgadas.

Você Sabia
Segundo o site SOS Mata Atlântica, a extensão desta mata já foi de
1.315.460 km², se estendendo por 17 estados do Brasil (Rio Grande do

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Degradação: conceito e vetores

Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Para-
íba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí). Atualmente,
ainda existe cerca de 8,5 % desta mata. Em função da sua localização,
boa parte dela foi devastada para dar lugar a grandes centros.

Em nosso país, a degradação ambiental é resultado principalmente das


atividades antrópicas relacionadas ao crescimento econômico, tais como
obras de infraestrutura, atividades industriais, urbanas e agrícolas mal plane-
jadas, responsáveis por 10% das áreas degradadas e que estão em processo de
desertificação e arenização. A intensificação desta prática está combinada ao
regime climático, à fragilidade dos solos e dos recursos hídricos e, ainda, ao
aumento significativo do desenvolvimento econômico nas últimas décadas.
(OLIVEIRA e SOUTO, 2011)
Entretanto, deve-se identificar exatamente o que é a degradação ambiental,
qual seu conceito, o que configura uma degradação ambiental. Será que apenas
cortar uma árvore em uma rua pode ser considerado degradação ambiental?
Tanto a legislação ambiental como autores das mais diversas áreas do
conhecimento conceituam o termo degradação ambiental.
A Política Nacional do Meio Ambiente define degradação ambien-
tal como sendo uma alteração adversa das características do meio ambiente
(artigo 3°, inciso II).
Figura 1: Estrutura de Diretório.
Para Bitar (1997), a degra-
dação tem sido geralmente asso-
Fonte: Schutterstock, 2015.

ciada aos efeitos ambientais con-


siderados negativos ou adversos,
e que decorrem principalmente
de atividades ou intervenções
humanas. Raramente, o termo
se aplica às alterações decorren-
tes de fenômenos ou processos
naturais. O conceito tem variado
segundo a atividade em que esses efeitos são gerados, bem como em função do
campo do conhecimento humano em que são identificados e avaliados.

– 21 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Já Sánchez (2006) conceitua degradação como sendo de um objeto ou


de um sistema, e que é muitas vezes associada a ideia de perda de quali-
dade. Degradação seria, assim, uma deterioração na qualidade ambiental.
Ormond (2006), por sua vez, define degradação como o processo pelo qual
uma substância altera suas características e/ou propriedades físicas, químicas
e biológicas. Enquanto Ribeiro e Manzione (2011) indicam que a degradação
ambiental configura-se como sendo cada vez mais o frequente e intensamente
dano ambiental oriundo de processos industriais (Figura 1).
A alteração negativa ou deterioração do meio ambiente referente a uma
área é a ideia comum, na conceituação de degradação ambiental pelos autores.
Dessa forma, o elemento central do conceito de degradação ambiental é a per-
cepção, ou seja, a degradação ambiental, basicamente refere-se a como as pes-
soas ou grupos sociais enxergam a perda ou a deterioração do meio ambiente.
Pode-se dizer então que o conceito de degradação ambiental evoluiu ao
longo dos anos, uma vez que houve uma mudança de percepção a respeito
do que poderia ser considerado degradação no passado. Essa percepção, cer-
tamente seguirá sendo transformada, uma vez que as relações entre homem e
natureza estão sendo alteradas continuamente.
De modo geral, alguns pontos da degradação ambiental não sofrerão
grandes alteração, mesmo com a mudança de percepção e de tolerância à
degradação ambiental. Sánchez (1992) conceitua pontualmente 4 destas
perspectivas para a compreensão da degradação ambiental:
a) Perda de capital ou patrimônio natural;
b) Perda das funções ambientais;
c) Situações criadas pelo homem que representam risco à saúde ou a
segurança das demais pessoas;
d) Alterações paisagísticas.
Compreender o conceito de degradação ambiental, dentro das perspec-
tivas atuais, propicia a identificação das formas como ela ocorre e quais os
atores envolvidos neste processo. Neste contexto, as principais formas que a
degradação ambiental têm são:
22 Erosões e perda de solo;
22 Assoreamentos;

– 22 –
Degradação: conceito e vetores

22 Contaminação das águas (superficiais e subterrâneas);


22 Contaminação do solo;
22 Poluição do ar;
22 Desmatamento;
22 Alteração da paisagem, fruto da ação de mineradoras que em alguns
casos acabam com morros;
22 Excesso de barulho por causa de maquinário ou de caminhões;
22 Extinção de espécies;
22 Processos de desertificação.

Você Sabia
Voçorocas e ravinas são formas de erosão do solo. É comum que
estes tipos de erosão ocorram de forma natural, isso por que voço-
rocas e ravinas nada mais são do que o resultado da ação da água
sobre o solo. Porém, também podem ocorrem de forma não natural,
quando a ação do homem resulta em perda da vegetação, que segura
e protege o solo da ação da água (Figura 2). Sem a vegetação, a água
fica livre para carrear os sedimentos do solo e erodi-lo.

2.2 Vetores da degradação ambiental


Para compreender o con-
ceito de vetores da degradação Figura 2: Erosão decorrente da perda de
ambiental é necessário identifi- vegetação e ocupação irregular.
car as características dos atores
interatuantes (que atuam direta
Fonte: Schutterstock, 2015.

ou indiretamente) nos processos


e atividades que a causam.
A matemática conceitua
vetor como o segmento de reta
orientado que tem o mesmo
módulo, a mesma direção e o

– 23 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

mesmo sentido. Assim, na área ambiental, em linhas gerais, vetores referem-


-se a um condutor, a um portador, ou em alguns casos, a um facilitador de
algo para alguém/algum lugar. E, para tanto, é necessário que se identifique
a quem interessa que haja esse condutor, ou seja, para identificar o vetor da
degradação ambiental é necessário, primeiramente identificar o(s) agente(s)
envolvidos no processo de degradação.

2.2.1 Agentes envolvidos


Os agentes envolvidos na degradação ambiental configuram-se basica-
mente como sendo as corporações, indústrias, mineradores e todas as orga-
nizações envolvidas em atividades econômicas, cujo desenvolvimento cause
algum tipo de impacto ambiental.
Exemplificando, quando uma indústria têxtil decide instalar-se
próximo a uma área rural produtora de algodão a fabricação de tecidos
gerará efluentes líquidos poluentes. No caso da indústria não tratar estes
efluentes antes do lançamento em um corpo hídrico, esta será geradora de
impactos ambientais, e consequentemente será um agente envolvido na
degradação ambiental.
Não é somente a empresa ou indústria que executa a atividade gera-
dora de degradação que é considerada como agente envolvido na degrada-
ção. Todos os fornecedores e investidores que participam desta empresa,
mesmo que indiretamente, contribuem de alguma forma para o processo de
degradação e também são considerados agentes.
É necessário questionar se empresas que realizam estudos ambien-
tais, a polícia ambiental e outros órgãos fiscalizadores não seriam agentes
envolvidos neste processo, uma vez que sabemos que o corpo técnico dos
órgãos ambientais e da polícia ambiental muitas vezes é composto por um
número reduzido de funcionários o que acarreta em eventuais falhas de
fiscalização; é sabido também que em alguns casos há omissão do impacto
por parte dos órgãos fiscalizadores e das empresas que realizam estudos
ambientais, isso é fruto de propinas e maus funcionários. Porém todos
relacionam-se diretamente com atividades fiscalizadoras, mitigadoras ou
que servem para que se evite o dano ambiental e, portanto, não partici-
pam do processo de degradação.

– 24 –
Degradação: conceito e vetores

2.2.2 Vetores da degradação ambiental


De acordo com Ormond Figura 3: Indústria petrolífera localizada
(2006), vetor é o meio biótico próxima a plataforma de exploração de petróleo
ou abiótico que serve de con-
dução de um agente danoso, ou

Fonte: Schutterstock, 2015.


não, de um sistema para outro.
Sendo assim, o con-
ceito de vetor, que interessa
para a análise da degradação
ambiental, refere-se direta-
mente às condições (ou atra-
tivos que um dado local ou
ambiente proporcione), ou ao
interesse de um agente de uma atividade (seja ela econômica, ou não) que
degrade o ambiente onde esteja instalada.
A possibilidade que determinados locais oferecem para o desenvolvi-
mento de atividades potencialmente exploratórias são fatores determinantes
para a instalação destas. Para o caso da indústria petrolífera, locais próximos
ao mar são preferenciais para instalação de suas atividade (Figura 3)
Entre as atividades potencialmente causadoras de degradação ambien-
tal destacam-se: a mineração, a agropecuária, a especulação imobiliária e
a atividade industrial de modo geral. São atividades que se encaixam no
conceito de degradação ambiental, pois modificam negativamente o meio
em que estão instaladas, com perda de funções ambientais, alterações paisa-
gísticas, bem como proporcionam situações de risco a saúde e a segurança
de animais e humanos.
Essas atividades necessitam de locais que satisfaçam suas necessidades
de acesso à matéria-prima, ou às condições para a instalação dos seus meios
de produção. Assim, as formas como se desenvolvem e se configuram os usos
e ocupações da terra são essenciais para se identificar potenciais vetores de
degradação ambiental.
Conceitualmente, os vetores de degradação ambiental configuram-
-se como os processos oriundo de atividades potencialmente causadora de
danos ambientais.

– 25 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Dessa forma, os vetores de degradação ambiental estão intrinsicamente


ligados aos seus respectivos agentes, ou seja, o vetor e a degradação só existem
porque há um agente degradante. Os agentes utilizam os vetores para o desen-
volvimento de suas atividades econômicas, gerando a degradação ambiental.
O Quadro 1 mostra alguns exemplos das inter-relações entre vetores da
degradação ambiental, seus respectivos agentes e as principais alterações no
meio, ou seja, a degradação ambiental causada:

Quadro 1 – Relação entre agentes, vetores e suas respectivas degrada-


ções ambientais.

Principais alterações no meio


Agente Vetor
– degradação ambiental
Mineradoras Lavras ou minas Alteração na paisagem
Problemas de contaminação do solo
Rebaixamento de lençol freático
Industrias Planta Fabril / Emissão de poluentes atmosféricos
Maquinário / Cal- Emissão de poluentes em águas
deiras em geral / superficiais e subterrâneas
Contaminação do solo
Poluição sonora
Produtores rurais Pasto e o gado em si Compactação do solo
Emissão de poluentes atmosféricos
Agentes imobiliários Loteamentos e demais Alteração da paisagem
construções civis. Aumento da possibilidade de con-
taminação por esgoto
Aumento da produção de lixo
Postos de gasolina Tanques de estoca- Contaminação do solo e do lençol freático
gem de combustível
Indústria petrolífera Plataformas Contaminação do mar
de petróleo Perda de biodiversidade marinha

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

– 26 –
Degradação: conceito e vetores

Dessa forma, num exemplo hipotético em um determinado local, observa-


-se uma situação de degradação onde o rio está assoreado e a área de entorno
encontra-se com sinais de desmatamento. O primeiro passo, é analisar a situa-
ção e identificar o agente causador de cada um destes impactos. Neste exemplo,
verificou-se que a causa do assoreamento do rio é a perda da sua mata ciliar e
o excesso de material particulado nas águas é consequência da erosão das mar-
gens, em função da existência de processo de extração de areia. Conclui-se, que
as lavras de areia onde as dragas estão operando são os vetores da degradação, e
o agente, neste caso específico, é a empresa que está fazendo a extração.

Lavra de areia: Lavra é um conjunto de operações obje-


tivando a extração de minérios para aproveitamento
ao natural ou após processos de beneficiamento.

Os vetores da degradação ambiental são basicamente a causa direta, ou
ainda, o condutor do processo de degradação e, os agentes, fazem uso do vetor.

Resumindo
Os conceitos apresentados neste capítulo, serão fundamentais para com-
preendermos, nos próximos capítulos, quais as consequências da degradação
ambiental para a qualidade da vida contemporânea, nas atividades indus-
triais, agronômicas e comerciais e para a preservação do planeta para as gera-
ções futuras.

– 27 –
3
Efeitos da degradação
do meio ambiente

Os efeitos resultantes da degradação ambiental, ao contrá-


rio do que se imagina, na maioria das vezes tem consequências dire-
tas em nossa qualidade de vida. Perda da biodiversidade (na forma
de fauna e flora), piora significativa da qualidade do ar que respira-
mos, alterações nas temperaturas globais, regionais e locais, polui-
ção de água e perda de solos são alguns dos temas trabalhados neste
capítulo. Você consegue relacionar algum destes temas a problemas
em nossa qualidade de vida ou saúde?
A geração de emprego e renda, fruto do desenvolvimento da
economia, baseada na construção de novas atividade econômicas,
é fundamental para a sociedade como um todo. Porém, devemos
nos questionar sobre o custo que estamos dispostos a pagar por esse
desenvolvimento. Desenvolvimento com o mínimo de impacto
ambiental é a solução? Conhecer e debater os efeitos da degradação
ambiental dão um norte para respondermos a esta questão.
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Objetivos de aprendizagem:
22 Compreender os efeitos que as atividades econômicas geram no
meio ambiente;
22 Conhecer as principais formas de degradação e seus efeitos no meio
ambiente;
22 Relacionar a degradação ambiental com a piora da qualidade de vida.

3.1 Perda de biodiversidade


O termo biodiversidade refere-se à riqueza, variedade e variabilidade exis-
tentes entre os organismos vivos e às complexidades ecológicas onde ocorrem.
A biodiversidade varia nas diferentes regiões ecológicas e compreende a
variabilidade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espé-
cies da flora, fauna e micro-organismos, a variedade das funções ecológicas
desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas, bem como a variedade de
comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.
Diversas esferas da sociedade civil organizada, a comunidade científica
internacional, os governos nacionais, ambientalistas e profissionais do meio
ambiente têm divulgado e se preocupado com a perda da biodiversidade, na
forma de vegetação de forma geral, e, com a vida silvestre no mundo todo, em
especial nas regiões tropicais.
A perda da biodiversidade está ligada a impactos em outras esferas, como
a social e a econômica.
Soma-se a este impacto a retirada de vegetação seguida pela ocupação de
áreas que eram biomas. Estas ocupações dão-se de formas, velocidades e inten-
sidades diferentes, como já aconteceu na Mata Atlântica, no cerrado brasileiro
e na caatinga.
Bioma: do grego bio (vida) oma (grupo, conjunto) é definido como um con-
junto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação
contíguos e identificáveis em escala regional com condições geoclimáticas similares e
história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica pró-
pria. Os biomas continentais do brasil são: Bioma Amazônia, Bioma Mata Atlântica,
Bioma Caatinga, Bioma Cerrado, Bioma Pantanal e Bioma Pampa (IBGE, 2004).

– 30 –
Efeitos da degradação do meio ambiente

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Amazônia é o maior


bioma do Brasil: num território de 4,196.943 milhões de km2 (IBGE, 2004),
crescem 2.500 espécies de árvores (ou um-terço de toda a madeira tropical
do mundo) e 30 mil espécies de plantas (das 100 mil da América do Sul).
Desde 1988, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) analisa o des-
matamento na Amazônia Legal por meio de imagens de satélite, no âmbito
do projeto Prodes, o qual verifica as alterações na cobertura florestal por corte
raso. A partir de 2004, o Governo Federal instituiu o Plano de Ação para
Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm),
o qual fomenta políticas públicas para manter a floresta em pé, por meio do
monitoramento e de ações de fiscalização e controle. Desde 2008, o auge do
desmatamento foi registrado no ano de 1988, com 29.059 km2.ano-1 desma-
tados, em 2004 no início do PPCDAm o desmatamento registrado foi de
27.772 km2.ano-1, reduzindo para 5.012 km2.ano-1 em 2014 (MMA, 2015c).
O MMA considera como principais responsáveis pela perda e diminui-
ção da biodiversidade:
22 a perda e fragmentação dos habitats, fruto do desmatamento;
22 a introdução de espécies exóticas e doenças;
22 a exploração excessiva de espécies de plantas e animais;
22 o uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas
de reflorestamento;
22 a contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes;
22 mudanças climáticas.
A biodiversidade está diretamente ligada a todos os outros componentes
da natureza, como a água, o solo e o ar, portanto sua perda causa impacto
em todos esses elementos, como será discutido ao longo dos demais tópicos
deste capítulo.
A perda de vegetação interfere de modo inestimável em questões como
aquecimento global, efeito estufa, incidência de chuvas e tantos outros temas
ambientais. A perda de vida selvagem também causa um impacto inestimável.
As principais consequências da perda da biodiversidade, que envolve
toda a natureza e, portanto, a vida são:

– 31 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

22 efeitos sobre a água (ex.: como assoreamentos e diminuição de chuvas);


22 efeitos sobre os solos (ex.: erosões e desertificação);
22 efeitos sobre o ar (ex.: aceleração dos efeitos do aquecimento glo-
bal, problemas com o efeito estufa);
22 efeitos sobre a biota (ex.: perda de espécies vegetais e animais).
Esta lista apresenta uma pequena parte da dimensão da importância da
biodiversidade e o quanto sua perda produz consequências e efeitos negativos.
A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) (é um tratado da
Organização das Nações Unidas - ONU) que tem por objetivo a conservação
da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a
repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recur-
sos genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e
a transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos
os direitos sobre tais recursos e tecnologias, e mediante financiamento ade-
quado.. Foi estabelecida durante a ECO-92 – a Conferência das Nações Uni-
das sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio
de Janeiro em junho de 1992, sendo atualmente, o principal fórum mundial
para questões relacionadas ao tema (MMA, 2000; MMA, 2015a).
Nos termos da Convenção sobre Diversidade Biológica (MMA, 2015b),
a conservação da biodiversidade dá-se de três formas: in situ, ex situ e on farm.
A conservação in situ é a conservação dos ecossistemas e habitats natu-
rais e a manutenção e reconstituição de populações viáveis de espécies
nos seus ambientes naturais e, no caso de espécies domesticadas e
cultivadas, nos ambientes onde desenvolveram seus caracteres distin-
tos. […]
Conservação on farm pode ser considerada uma estratégia comple-
mentar à in situ, já que esse processo também permite que as espécies
continuem seu processo evolutivo. É uma das formas de conservação
genética da agrobiodiversidade, um termo utilizado para se referir à
diversidade de seres vivos, de ambientes terrestres ou aquáticos, culti-
vados em diferentes estados de domesticação. […]
Conservação ex situ, por sua vez, envolve a manutenção, fora do
habitat natural, de uma representatividade da biodiversidade, de
importância científica ou econômico-social, inclusive para o desen-
volvimento de programas de pesquisa, particularmente aqueles rela-
cionados ao melhoramento genético [...].

– 32 –
Efeitos da degradação do meio ambiente

3.2 Aquecimento global


Esse fenômeno das mudanças climáticas é resultado ou efeito da ação
antrópica. Durante décadas foram lançados na atmosfera bilhões de poluen-
tes e gases que aumentam o efeito estufa. Conforme explica Suguio (2008),
isso teve início cerca de 200 anos atrás, sendo uma das consequências da
Revolução Industrial, evento que mudou por completo o modo de produção.

Importante
Efeito estufa é um recurso natural da Terra que apresenta o seguinte
comportamento: Os raios solares entram na atmosfera terrestres,
aquecem naturalmente o planeta, e sairiam da atmosfera, completa-
mente, pela reflexão dos mesmos. Porém, a atmosfera é composta
pode diversos gases, entre estes os chamados gases do efeito estufa.
A função natural destes gases é fazer com que parte dos raios solares
não retorne a atmosfera, o resultado disso é que o calor permanece
na terra por mais tempo. Sem esse efeito natural o planeta congelaria.

Com o aumento da emissão de gases que participam do efeito estufa,


basicamente há um desequilíbrio de gases na atmosfera. Este desequilíbrio faz
com que uma menor quantidade de calor, na forma de ondas longas de baixa
energia, saia da atmosfera terrestre. Consequentemente, esse calor acaba por
ficar no planeta, o que resulta no aumento das temperaturas em todo o globo,
com especial aquecimento das águas oceânicas.
Entre os principais gases que atuam no efeito estufa estão o dióxido de
carbono e o metano, extremamente comuns à queima de combustíveis fósseis,
tão usados em fábricas e meios de locomoção comuns à vida contemporânea.
Estes, porém, não são os únicos gases que participam do efeito estufa.
Outros, como o ozônio, os clorofluorcarbonos, o óxido nitroso e até o vapor
d’água, fazem parte do efeito estufa, porém de forma menos intensa que o
carbono e o metano.
Quanto maior for a quantidade desses gases na atmosfera, mais intenso
será o efeito estufa. O Quadro 1 apresenta o Potencial de Aquecimento Glo-
bal (GWP, Global Warming Potential) dos principais gases de efeito estufa.

– 33 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Quadro 1: Gases de efeito estufa, valor correspondente para o Potencial de


Aquecimento Global (GWP) e exemplo de fontes de geração

Gás Símbolo GWP Exemplo de fonte de geração


Dióxido de Combustão de combustíveis fósseis, mudan-
CO2 1
carbono ças no uso do solo, produção de cimento
Combustíveis fósseis, campos de
Metano CH4 21
arroz, lixões, criação de animais
Fertilizantes, processos industriais, com-
Óxido nitroso N2O 310
bustão de combustíveis fosseis
HFC-23 11.700
HFC-125 2.800
Hidrofluoro-
HFC-134a 1.300 Líquidos refrigerantes
carbonos
HFC-143a 3.800
HFC-152a 140
CF4 6.500 Líquidos refrigerantes, indústria ele-
Perfluorcarbonos
C2F6 9.200 trônica indústria de alumínio
Hexafluoreto
SF6 23.900 Isolante nas indústrias eletrônica e de magnésio
de enxofre
Fonte: Elaborada pelo autor, baseado de Brasil, 2014, Fern, 2015.
Segundo SEEG (2015) Em 2014 as emissões totais de gases de efeito
estufa do Brasil, foram de 1.557.950.795 t de GWP, sendo o setor de ener-
gia o responsável pela maior quantidade de emissões (479.137.832 t de
GWP), seguido por agropecuária
(423.197.248 t de GWP), mudança Figura 2 – Perfil esquemático da ação
de uso da terra (116.266 t de GWP), dos raios solares e sua entrada na Terra.
processos Industriais (101.149.185 t
Fonte: Shutterstock, 2015.

de GWP) e resíduos (68.350.264 t


de GWP).
Somado ao efeito estufa, há
outro fator atmosférico produtor de
mudanças climáticas. É o conhecido
“buraco na camada de ozônio”. O
planeta é recoberto por diversos gases
que têm funções distintas; um deles

– 34 –
Efeitos da degradação do meio ambiente

é o ozônio, que forma uma camada que tem a função de proteger o planeta
dos raios ultravioleta, mais nocivos à vida. Contudo, o uso de, basicamente,
clorofluorcarbonos (presentes em diversas atividades econômicas e produtos,
como os sprays) faz com que a camada de ozônio fique mais rarefeita e perca
sua função essencial, o que resulta na maior entrada de raios ultravioleta, que
participam do processo de aquecimento global.
Portanto, entre os responsáveis pelo aquecimento global estão diversas
atividades econômicas que lançam gases na atmosfera, o modo de vida con-
temporâneo, baseado no uso de automóveis, entre outros.
A mudança climática gerada pelo aquecimento global, fruto de ativi-
dades poluidoras que emitem gases que aumentam o efeito estufa, dá-se pri-
meiro com o aquecimento das águas oceânicas. As correntes marinhas viajam
por todos os oceanos e estão ligadas aos caminhos percorridos pelas massas
de ar. O regime de chuvas depende dessa circulação das massas de ar; se elas
estiverem alteradas, o regime pluviométrico estará alterado.
Nas últimas décadas, os estudos climáticos vêm apontando que as tem-
peraturas estão em constante aquecimento, por isso a mudança climática
ficou conhecida como aquecimento global.
Os principais efeitos do aquecimento global são, basicamente:
22 elevação do nível da água do mar;
22 alteração química da água dos oceanos;
22 elevação da temperatura;
22 alteração no regime de chuvas, provocando cheias e secas extremas.
Newbolt (2009) afirma que mudanças climáticas naturais levariam
milhares de anos para acontecer – algo próximo a 20 mil anos. Porém, estu-
dos científicos apontam que a mudança climática já está em curso.

Saiba mais
Sabemos que o mundo está ficando cada vez mais quente. As
mudanças climáticas são inegáveis, mas é sempre bom ver os dois
lados da moeda, não é mesmo? O Prof. Molion discorda de que
haja um aquecimento global causado pelo homem. Assista ao vídeo

– 35 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

dele no programa “Canal Livre”, da TV Bandeirantes (https://www.


youtube.com/watch?v=TQsdKqXbthw). O que você acha?

O aquecimento global é basicamente um fenômeno resultante de alte-


rações climáticas, as quais estão sendo estudadas em todo o mundo. Existe,
inclusive, um grupo de cientistas do mundo todo que se uniu para estudar a
fundo esse fenômeno. Esse grupo forma o chamado Painel Intergovernamen-
tal de Mudança Climática (IPCC,sigla em inglês para Intergovernmental Panel
of Climate Change).
A preocupação com esse tema é grande e diversos encontros intergover-
namentais têm acontecido e pactos e protocolos têm sido assinados em prol
da segurança climática e da consequente segurança da vida na Terra. Entre
estes, o mais conhecido é o Protocolo de Kyoto (Japão), que foi ratificado em
1999 e entrou em vigor em 2005.
Tendo em vista a forma de criar mecanismos que mitiguem ou desa-
celerem o processo de mudança climática foi criado o chamado “crédito de
carbono”, em que países e grandes indústrias comprometem-se com a pre-
servação de vegetação, ajudando a evitar as consequências de uma possí-
vel mudança climática. Na prática, as indústrias continuam poluindo, mas
pagam para lugares em que há pouco desenvolvimento econômico para que
preservem suas matas e florestas.

3.3 Falta d’água


Muito se fala da falta de água. Quem nunca ouviu que um dia a água no
mundo acabará? Mas será possível?
A quantidade de água não muda, ou seja, esta quantidade é a mesma
desde que o mundo se formou. Isso acontece porque não há perda nem ganho
de água ao longo do ciclo hidrológico. Sendo assim, dizer que há perda de
água é conceitualmente errado.
Então, se não há perda de água, por que há falta dela? O que causaria
tanta preocupação com a perda de água?

– 36 –
Efeitos da degradação do meio ambiente

A distribuição desigual dos volumes de água ao longo do globo terrestre é


uma primeira explicação para compreender a falta d’água. Do mesmo modo, a
desigual distribuição das chuvas. Mas, será que apenas a distribuição desigual
deste recurso é suficiente para tantos problemas e dificuldades de acesso à água?

Ciclo hidrológico: também conhecido como ciclo da água, é a


troca que a água faz entre atmosfera e solo. O ciclo é o caminho
que a água percorre desde o momento em que há a evaporação
e conseguinte condensação e formação das nuvens, seguida da
precipitação das chuvas. Depois que a água atinge o solo, ela se
separa em água que infiltra e chega aos aquíferos e água que escoa
pelo solo, atingindo os rios e, pelo deflúvio, chegando ao mar.

As dificuldades de acesso à água e sua proteção são os primeiros passos
para a compreensão da ideia de falta d’água. A falta de proteção dos manan-
ciais e a retirada de mata ciliar impactam diretamente nos rios, resultando em
assoreamentos e demais erosões, que provocam a diminuição do volume dos
rios e demais corpos hídricos.
A perda de vegetação, fruto do desmatamento, resulta na alteração do
regime de chuvas e na sua distribuição, o que também altera o volume de
água que chega aos rios.
De mesmo modo, a impermeabilização do solo, que se configura como
a construção de camadas que impedem que a água se infiltre no solo, como
o uso de asfalto e cimento. A impermeabilização ocorre em larga escala em
todas as cidades e faz com que as águas não se infiltrem e escoem para rios,
que em muitos casos urbanos já estão poluídos.
E não são somente os corpos hídricos superficiais que sofrem com a
degradação ambiental. As águas subterrâneas sofrem com a superexploração
de aquíferos, que se configura como a exagerada construção de poços ou o uso
intensivo de águas subterrâneas, para irrigação, por exemplo, ou para outros
usos industriais. O efeito direto disso é o rebaixamento dos lençóis freáticos.
A atividade agronômica, também, causa impactos pelo uso de agrotó-
xicos, que são os principais poluentes das águas subterrâneas do meio rural.
No meio urbanos os principais poluentes de águas subterrâneas são resultan-
– 37 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

tes do gerenciamento incorreto do armazenamento de combustíveis, que por


vezes vazam para o aquífero de forma silenciosa sem sequer serem detectados.
Estes contaminantes podem entrar na cadeia alimentar e aumentar sua ação
impactante pelo processo de bioacumulação. Este processo consiste na absor-
ção e armazenamento de substâncias por um determinado organismo, que as
transmitem a outros organismos por meio da cadeia alimentar.
Concomitantemente a todos esses impactos, há o mais conhecido: a
poluição direta dos rios, córregos, igarapés e demais corpos hídricos. A esta
forma de degradação tão conhecida computam-se as maiores perdas de água
potável. A poluição destes corpos d’água dá-se de diversas formas, e as con-
sequências também são diversas, podendo estar relacionadas com a perda da
biodiversidade aquática (morte de peixes e demais organismos vivos do meio
aquático), mau cheiro, perda de potabilidade, contaminação do solo, além de
a água tornar-se um vetor de doenças.
Todos esses impactos diretos sobre os recursos hídricos fazem com que
a água torne-se imprópria para o consumo, o que significa que toda essa
água impactada deixa de ser potável. A partir do momento em que a água
deixa de ser potável, é como se estivéssemos perdendo água que poderia ser
usada para consumo humano, dessedentação animal ou outros fins para
manutenção da vida.
Os impactos sobre a água, além de causarem a perda de potabilidade e
a consequente diminuição de volume de recursos hídricos para o abasteci-
mento, podem servir de vetor de doenças. Mas vão muito além disso, pois,
sendo a água um elemento vital, ela acaba por também ser um elemento de
suma importância para a atividade econômica. Muitas indústrias são a pró-
pria fonte de poluição, mas compreender que a degradação da água pode ter
impactos na economia é fundamental.
Grisotto et al. (2015) realizaram um estudo relacionando à oferta hídrica
com a geração de renda, por meio do PIB. Este estudo é de suma importância
para os tomadores de decisão e responsáveis pelo planejamento das cidades,
pois mostra não só o valor da água para a manutenção da vida, mas também
seu aspecto financeiro e seu impacto na geração de renda. Sendo assim, locais
que não cuidam, não protegem e não usam seus recursos hídricos de forma
racional e sustentável perdem em todos os sentidos, não somente em quali-
dade de vida, mas também em dinheiro e renda.

– 38 –
Efeitos da degradação do meio ambiente

3.4 Perda de solo para agricultura


A perda de solo é causada pela erosão, configurada em voçorocas e ravi-
nas, que são processos de erosão, com a consequente perda de solo, pode ser
dividido em três etapas: desagregação, transporte e depósito.
Na etapa de desagregação, as partículas do solo sofrem desprendi-
mento. Isso ocorre pela falta de vegetação que, por meio de suas raízes,
auxilia na agregação do solo. Note que a falta da vegetação é um dado
importante para o início da perda do solo; a vegetação tem um papel fun-
damental na sua manutenção. Se, de um lado, o solo nutre as plantas, de
outro as raízes servem de sustentação e agregação do solo, bem como sua
proteção contra a ação da água. A retirada da vegetação, que em si já é uma
forma de degradação, pode ser considerada o catalisador de outro problema
ambiental: a perda dos solos.
A etapa seguinte, em que há o transporte, acontece quando a ação da
água (pela chuva ou por algum corpo hídrico) faz com que as partículas desa-
gregadas do solo sejam transportadas, com isso causando a diminuição da
espessura do solo. Configura-se como a formação, de fato, das ravinas e voço-
rocas. A chuva é um evento natural, sendo assim, a ação da água sobre o solo
naturalmente aconteceria, porém se ele estiver exposto, tenderá a sofrer o
carreamento. Contudo, há que se dizer que em alguns casos a ação da água
é resultado de uma primeira ação do homem, isso porque a alteração de
cursos hídricos pode acarretar a formação de erosões ao longo dele. Há casos
Figura 4 – Erosão no solo, fruto da ação de piores em que a drenagem urbana
chuvas. Na imagem veem-se inúmeras ravinas de de águas pluviais é descartada em
qualquer lugar, de qualquer jeito,
pequeno porte.
gerando as ravinas e as voçorocas.
A última etapa consiste no
Fonte: Shutterstock, 2015.

depósito das partículas transpor-


tadas, ou carreadas, que vão se
acumular no leito de algum outro
corpo hídrico ou formar algum
tipo de depósito aluvionar.
Segundo o relatório de 2011
da Organização das Nações Uni-
das para Alimentação e Agricultura

– 39 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

(FAO, 2011), 25% dos solos do planeta estão degradados e este desgaste afe-
tará a produção mundial de alimentos. Este mesmo relatório aponta a degrada-
ção e a escassez dos solos como um novo desafio à tarefa de produzir alimentos
para a população, que deve chegar a 9 bilhões de pessoas no mundo todo em
2050. As áreas em que há maior possibilidade de perda de solos configuram-se
nas grandes extensões de terra, sendo as mais sensíveis localizadas ao longo da
costa oeste das Américas, na região mediterrânea do Sul da Europa e Norte da
África, em especial para o Sahel (deserto localizado no nordeste do continente
africano) e em diversas áreas da Ásia.
Entre as causas da degradação e perda dos solos estão as práticas agrícolas,
que, muitas vezes sem se preocuparem com o meio ambiente ou por adotarem
ações não sustentáveis, propiciam a formação e desenvolvimento de diversas
formas de erosão (pela ação da água e do vento), compactação do solo (por
meio do uso do solo como pasto para o gado) e poluição do solo e da água
(pelo uso de agrotóxicos).

Saiba mais
A Organização das Nações Unidas (ONU) decretou 2015 como
o Ano Internacional dos Solos e espera que a iniciativa sirva para
mobilizar a sociedade e os responsáveis pela tomada de decisões,
de modo que percebam a profunda importância dos solos como
parte fundamental do meio ambiente e os perigos que envolvem sua
degradação em todo o mundo.

A perda de solos não ocorre somente por erosões hídricas – voçorocas


e ravinas. A ação eólica (do vento) também causa degradação do solo e sua
consequente perda. Isso acontece também pela retirada indevida de vegetação,
mas, neste caso, a ação do vento, comum em áreas mais secas, faz com que haja
o aumento da desertificação, fruto da deposição acelerada de partículas do solo
ou por sua retirada pela ação do vento.
De acordo com a Convenção das Nações Unidas de Combate à Deserti-
ficação (UNCCD) MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, anualmente a
Terra perde aproximadamente 12 milhões de hectares de solo arável, o equiva-
lente a uma área três vezes maior que a Suíça (COELHO, 2013).
Estes dados de desertificação e demais formas de perda do solo só con-
firmam a necessidade urgente de se implantar na atividade agrícola e agropas-
– 40 –
Efeitos da degradação do meio ambiente

toril formas sustentáveis e protecionistas, que evitem o aumento da perda de


solo, ou então que seja feita a remediação correta. Ambas as medidas exigem
a introdução de vegetação nativa e proteção dos recursos hídricos, que estão
diretamente ligados à segurança do solo.

3.5 Efeitos sobre a saúde


A degradação ambiental pode estar relacionada aos mais diversos elemen-
tos da terra, como a água, o ar, o solo, a vegetação, entre outros.
Cada um destes elementos está intrinsecamente ligado à nossa vida, não
concorda? Imaginar-se sem água é impossível; e sem ar, então? E o que dizer da
vegetação que nos permite temperaturas mais amenas e nos serve de alimento?
E o solo? Portanto, cada um destes elementos está ligado à vida e sua degrada-
ção muitas vezes causa complicações à saúde.

3.5.1 A água como vetor de doenças


A poluição dos rios e a água contaminada são temas já amplamente discu-
tidos por quem trabalha com o meio ambiente; mas de que modo sua degra-
dação afeta a saúde?
A água é essencial a todo e qualquer tipo de vida, inclusive às bactérias e
demais micro-organismos que causam doenças. Quando ingerimos água não
potável ou contaminada ou entramos em contato com ela por meio da pele,
estas bactérias e demais micro-organismos têm acesso ao nosso corpo, o que
pode produzir algum tipo de doença ou contaminação. A água, neste caso,
serve de vetor para estas doenças, sobretudo para a procriação de insetos, prin-
cipais vetores de doenças, como por exemplo, o Aedes aegypti, mosquito trans-
missor de doenças como a dengue e o chamado zica vírus, que necessita da
água para que seus ovos eclodam.

3.5.2 Os poluentes atmosféricos e os danos à respiração


Viver em meio urbano é estar em constante contato com poluentes
atmosféricos e partículas nocivas provenientes dos aerossóis, carros, ôni-
bus, caminhões e poeira, esta composta por um particulado fino, comum
nas cidades. Grande parte deste material é inalado durante a respiração. É
por isso que em períodos secos do ano, quando há pouca incidência de chuva
– 41 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

e o consequente aumento da quantidade destes materiais no ar, aumenta o


número de casos de problemas respiratórios, tais como asma, bronquite, rinite
e outras “ites”, como costumamos brincar, não é mesmo?
Os efeitos nocivos da poluição atmosférica sobre a saúde são tão sérios
que dados da Organização Mundial da Saúde estimam que em 2012 uma em
cada oito mortes no mundo foi causada por problemas de exposição à poluição
do ar (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014).

3.5.3 Plantações e o uso de agrotóxicos


Segundo a Agência Embrapa de Informação Tecnológica (SPADOTTO;
GOMES, s.d.), anualmente se usam cerca de 2,5 milhões de toneladas de agro-
tóxicos no mundo todo. Só no Brasil essa quantidade chega a ultrapassar 300 mil
toneladas, o que significa um aumento de 700% no uso de agrotóxicos nas últimas
quatro décadas. Neste mesmo período, o setor agrícola cresceu apenas 78%.
Segundo estudo do IBGE, divulgado em 2015, os agrotóxicos são persis-
tentes e tóxicos no solo, na água e no ar, possuindo tendência a acumular-se
no meio ambiente (sobretudo no solo e na biota). Seus resíduos podem chegar
aos corpos hídricos superficiais e subterrâneos por escoamento e lixiviação,
respectivamente.
Os agrotóxicos estão ligados a diversos casos de câncer, depressão, problemas
respiratórios (dos trabalhadores que lidam com estes produtos) e outras complica-
ções de saúde que não foram completamente confirmadas cientificamente.
Há muito que se estudar e compreender sobre os efeitos dos agrotóxicos
na saúde humana e, concomitantemente a essa necessidade, o uso destes pro-
dutos aumenta vertiginosa e perigosamente.

Resumindo
Neste capítulo pudemos ver como o meio ambiente é todo interligado,
a degradação de um dado local gera impactos em inúmeras outras coisas. A
perda da vegetação acarreta problemas à água, ao solo e à temperatura, por
exemplo. Pudemos ver também que a degradação ambiental tem sempre uma
consequência direta com a geração de renda e emprego, mostrando que os
impactos ambientais não estão ligados somente a aspectos da natureza, mas
também a aspectos sociais e econômicos.
– 42 –
4
Impacto ambiental

Neste capítulo será apresentado o conceito de impacto


ambiental e suas principais formas: a poluição, os impactos sobre o
solo, os assoreamentos, o desmatamento e a desertificação. Devido à
sua importância, estes conceitos são tratados na legislação brasileira
em diversas leis.
Os impactos ambientais são necessariamente ruins ao meio
ambiente? É possível haver impactos positivos?
Existem formas de impacto, como a contaminação e poluição
que muitas vezes podem ter uma solução simples, mas, quando não
são, é necessário que os, profissionais, que atuam na área ambiental,
proponham ações para minimizar as consequências destes impactos.
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Objetivos de aprendizagem
Ao final da aula o aluno será capaz de:
22 Conceituar impacto ambiental;
22 Identificar as principais formas de impacto ambiental.

4.1 Conceito de impacto ambiental


Para melhor entendimento do presente capítulo, primeiramente, faz-se
necessário diferenciar degradação e impacto ambiental.
De acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981),
degradação da qualidade ambiental é uma alteração adversa das características
do meio ambiente.
Impacto ambiental é definido pela Resolução Conama 001/86 (BRA-
SIL,1986) como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e bio-
lógicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas. Nota-se que os conceitos são muito próxi-
mos e podem portanto, em alguns momentos, ser confundidos.
A principal diferença é que o impacto ambiental é algo pontual, de fato
um impacto, com forma física, ou características químicas e biológicas bem
definidas. Já a degradação ambiental refere-se a um conceito mais amplo, que
pode englobar mais de uma destas características.
As alterações ocasionadas por impacto ambiental, são quantificáveis
apresentando variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes
ou pequenas. A degradação ambiental pode ser entendida como consequên-
cia de um ou mais impactos ambientais. Para quem atua na área ambiental,
também é importante diferenciar os conceitos de poluição e contaminação. A
Política Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 1986) define poluição como
a degradação da qualidade ambiental, resultante de atividades que direta
ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;

– 44 –
Impacto ambiental

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;


e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambien-
tais estabelecidos;
No entanto, algumas vezes, a palavra contaminação é utilizada equivo-
cadamente no sentido de poluição.
A contaminação é a introdução, num ambiente, de seres patogênicos,
que provocam doenças, ou de substâncias, em concentração que possam tra-
zer problemas de saúde aos seres humanos. No entanto, se esta introdução
não ocasionar alterações nas relações ecológicas existentes no ambiente, a
contaminação não é uma forma de poluição.
Esta diferenciação é fundamental no caso do ambiente ser a água. Por
exemplo o lançamento de um efluente de indústria alimentícia em rio provoca
a poluição, devido à diminuição do oxigênio para degradação da matéria orgâ-
nica, provocando a morte de peixes e poluindo a água. No entanto, essa água não
está contaminada, pois o efluente não contém nenhum organismo patogênico
ou substância nociva ao homem. Assim, toda água contaminada está poluída,
mas nem todo água poluída pode estar contaminada. Esta diferenciação não
se torna tão importante quando se refere a poluição atmosférica, visto que esta
afeta a saúde humana, e portanto também é uma contaminação.

Efluente: é o termo usado para caracterizar os


despejos líquidos provenientes de diversas ati-
vidades ou processos (BRASIL, 2011).

Efluentes podem ser oriundos de atividades domésticas (esgoto domés-
tico), industriais e comerciais. Os efluentes na maioria dos casos são o princi-
pal foco de degradação e impacto ambiental causado por uma empresa, sendo
assim mitigar, ou tratar os efluentes antes de seu lançamento seria impedir a
ocorrência da fonte de impacto ambiental.
A poluição pode impactar no ar, na água (superficial e subterrânea)
e no solo. Neste capítulo trataremos dos impactos ambientais na água e
no solo. A poluição atmosférica, causadora do efeito estufa e das conse-
quentes alterações climáticas, fruto do uso de combustíveis fósseis em
– 45 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

automóveis, fábricas, usinas termoelétricas, entre outros poluentes, não


será tema deste capítulo.

4.2 Impactos ambientais nas águas


A água é um bem vital, contudo é a porção do meio ambiente que mais
recebe impactos, sobretudo por duas formas. A poluição e a contaminação de
corpos hídricos, e a super exploração deste recurso, seja para abastecimento
urbano ou seja para uso industrial.

4.2.1 Disponibilidade de águas superficiais e subterrâneas


A disponibilidade hídrica quantitativa é uma das principais preocupa-
ções em relação aos impactos ambientais causados na água.
As primeiras civilizações acreditavam que os recursos hídricos eram ines-
gotáveis e não preocupando-se com seu uso. Com o decorrer do tempo, o
aumento da população e o uso da água para diferentes finalidade, levaram
a situações de falta e poluição deste recurso. O uso da água para o consumo
humano, para irrigação, para processos industriais e para outros fins de forma
desordenada, pode gerar conflitos.
Dessa forma, leis foram criadas visando uma gestão adequada que per-
mita o uso sustentável dos recursos hídricos. No Brasil, foi criada a Agên-
cia Nacional de Águas (ANA), pela Lei 9.984/2000 (Brasil, 2000), com o
objetivo de implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, que entre
outras atribuições, deve promover a ações visando, não somente o controle da
poluição hídrica, mas também, à regularização de cursos d’água, de alocação
e distribuição de água.
Os resultados de um estudo realizado pela ANA (Brasil, 2005) mos-
tram que o Brasil é rico em termos de disponibilidade hídrica, mas apre-
senta uma grande variação espacial e temporal das vazões. A demanda de
água (vazão de retirada) no país é de 1.592 m3/s, sendo que cerca de 53%
deste total (841 m3/s) são consumidos, não retornando às bacias hidrográ-
ficas. A Figura 1 apresenta a distribuição quanto a demanda de água de
diferentes setores no Brasil, sendo que a irrigação é responsável por quase
70% da água consumida no país.

– 46 –
Impacto ambiental

Figura 1 – Distribuição da demanda de água entre diferente setores no Brasil.


3%

13%

40%
17%

27%

Irrigação Abastecimento urbano Industria

Consumo animal Abastecimento rural

Fonte: ANA, 2015.


As bacias localizadas em áreas que apresentam uma combinação de baixa
disponibilidade e grande utilização dos recursos hídricos passam por situações
de escassez e estresse hídrico. Estas bacias, precisam de intensas atividades de
planejamento e gestão dos recursos hídricos (Brasil, 2005).
As Nações Unidas consideram a disponibilidade de água de 1000 m3/
hab. ano como uma quantidade razoável. Assim o Brasil é considerado rico
em termos de vazão média por habitante, com cerca de 33 mil m3/hab/ano,
mas apresenta uma grande variação espacial e temporal das vazões. Em algu-
mas bacias hidrográficas do nordeste brasileiro, são registrados valores meno-
res que 500 m3/hab.ano, sendo que no semiárido, a água é um fator crítico
para as populações locais. Nestes locais, os açudes para o armazenamento
de água e regularização das vazões dos rios intermitentes são fundamentais
para garantir este recurso para o abastecimento humano, dessedentação de
animais, irrigação e demais usos (Brasil, 2005).
Valores abaixo de 500 m3/hab.ano também são observados na bacia do
Alto Tietê e dos rios que deságuam na região da Baía de Guanabara, devido
à relação entre a elevada densidade populacional e baixa disponibilidade
hídrica. Um fator agravante nessas bacias, está relacionado ao comprometi-

– 47 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

mento da qualidade das águas, que ocasiona o aumento nos custos de trata-
mento e restringe os usos da água (Brasil, 2005).
Assim como acontece com as águas superficiais, as subterrâneas também
são regidas por lei (Brasil, 1997) e discutidas em conjunto com a Resolução
Conama 396 (Brasil, 2008).
De acordo com informações da Agência Nacional de Águas (SETTI et
al, 2000), o uso indiscriminado de águas subterrâneas pode comprometer as
necessidades desse recurso por gerações futuras em curto espaço de tempo,
cerca de alguns anos

Você sabia
Na Cidade do México, capital do país, rachaduras gigantes no solo
ameaçam comunidades inteiras. O problema se deve ao excesso de
extração de água do lençol freático, na capital e nos arredores, onde
o solo não é estável. Há risco de afundamento em oito delegações
da cidade, onde vive mais de um milhão de pessoas. Em 2009, foi
encontrada em Vilas de San Martín uma rachadura de quase um
quilômetro de extensão e seis metros de largura (Nájar, 2009).
Lençol freático é um reservatório de água subterrânea formado pela
infiltração da água da chuva no solo, que ocupa seus poros e fendas
de rochas, nos chamados locais de recarga. A água infiltra até atingir
uma camada de material impermeável, formando o lençol.

4.2.2 Poluição ambiental das águas


superficiais e subterrâneas
A forma mais complexa e conhecida de impacto ambiental é a poluição,
que, consequentemente, pode causar contaminações.

Corpos d’água ou corpos hídricos:: Refere-se a quantidades de


água reunidas superficialmente, podendo ser rios, lagos, córregos,
ou subterraneamente, no formato de aquíferos e lençóis d’água.

– 48 –
Impacto ambiental

No ano de 1997 entrou em vigor a Lei nº 9.433/1997 (Brasil, 1997),


que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e foi criado
o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh). Esta
lei ficou conhecida como “Lei das Águas”.
Segundo a referida Lei, a água é um bem de domínio público e um
recurso natural limitado, dotado de valor econômico. O instrumento legal
prevê ainda que a gestão dos recursos hídricos deve proporcionar os usos
múltiplos das águas, de forma descentralizada e participativa, contando com
a participação do poder público, dos usuários e das comunidades.
A lei também prevê que em situações de escassez, o uso prioritário da
água é para o consumo humano e para a dessedentação de animais. Outro
fundamento é o de que a bacia hidrográfica é a unidade de atuação do Singreh
e de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.

Bacias hidrográficas: Bacias hidrográficas são regiões da


superfície da terra, separadas entre si, pelos denominados
divisores de água, na qual o escoamento superficial da água
em qualquer ponto converge para um único ponto fixo, o corpo
hídrico. Assim, a bacia hidrográfica compreende a área, na qual a
drenagem de água converge para um rio principal e seus afluen-
tes, devido às suas características geográficas e topográficas.

Todos os recursos, mecanismos, sistemas e formas de gerenciamento


hídrico, definidos pela PNRH, têm como fundamento a garantia de acesso
a água em quantidade suficiente e de boa qualidade a todos, bem como a
garantia de que ela esteja em boas condições, protegida de poluição e de con-
taminação e que possa ser recuperada quando impactada.

4.2.2.1 Parâmetros de qualidade da água


A poluição das águas superficiais configura-se como a alteração de seus
padrões naturais, de temperatura, oxigênio dissolvido, pH, demanda bioquí-
mica de oxigênio (DBO), coliformes fecais, nitrogênio e fósforo, os quais são
denominados de parâmetros de qualidade da água.
– 49 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Para melhor compreensão de como acontecem os impactos ambientais


nas águas superficiais, a seguir são apresentadas as características de cada um
desses parâmetros de qualidade da água.
22 Temperatura: é uma das características mais importantes da água
(em rios, lagos, córregos e outros corpos hídricos superficiais), uma
vez que ela afeta as propriedades físicas e químicas do meio aquático.
A temperatura exerce efeito direto
Figura 1 – Lançamento de efluentes sobre as reações químicas e bioló-
contaminantes. gicas, e a velocidade destas reações
é a mais afetada. Basicamente, a
Fonte: Shutterstock, 2015.

velocidade das reações químicas


na água duplica a cada 10° C de
aumento de temperatura.
A poluição térmica pode existir
se um corpo d’água receber um
efluente de alguma atividade eco-
nômica ou doméstica que modifi-
que significativamente sua tempe-
ratura natural, o que se pode ver na
figura 1. Um exemplo são as usinas termoelétricas a carvão, que
são construídas próximas a grandes corpos hídricos com o intuito
de facilitar a captação da água utilizada em seu processo de res-
friamento. A água é retirada de um corpo hídrico, à temperatura
ambiente, e é lançada de volta com temperatura superior à natural.
22 Oxigênio dissolvido: comumente chamado de OD, é indispensável
sobrevivência dos seres aeróbios (que vivem na presença de oxigênio),
que habitam o meio aquoso, e, portanto é um parâmetro de suma
importância na análise da poluição dos corpos hídricos superficiais.
O OD é consumido pelos seres vivos, especialmente os organismos
decompositores de matéria orgânica. O OD é introduzido na água
por meio da fotossíntese da vegetação aquática ou por reaeração, no
contato com a atmosfera.
Para dadas condições de temperatura e salinidade da água, o
OD tem uma concentração máxima, chamada de saturação, que
aumenta com a redução da temperatura da água.
– 50 –
Impacto ambiental

Valores de concentração de OD inferiores a 3 mg-1 tendem a ser


prejudiciais à maior parte dos vertebrados aquáticos. A concentra-
ção de 0 mg-1 é denominada condição de anaerobiose (Collischonn;
Dornelles, 2013).
O OD é o principal parâmetro utilizado para identificar a poluição
hídrica por efluentes orgânicos. Para degradar a matéria orgânica
as bactérias utilizam o oxigênio, causando sua redução no meio
aquático e, dependendo da gravidade da poluição, podem causar a
morte de diversos seres aquáticos, como os peixes.
22 pH: expressa o grau de acidez ou alcalinidade da água, em valores
de 0 a 14, sendo que valores inferiores a 7 indicam águas ácidas e
valores superiores indicam águas alcalinas.
O pH do meio aquoso controla as reações químicas de muitos
poluentes. Valores baixos de pH aceleram a decomposição de mate-
riais potencialmente tóxicos. Valores altos de pH podem levar a um
aumento na concentração de amônia, que é tóxica para os peixes
(Collischonn; Dornelles 2013).
22 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO): representa o consumo
potencial de oxigênio para decompor a matéria orgânica existente
na água.
Os corpos hídricos, poluídos ou não, contêm diversas formas de
matéria orgânica. Esta matéria orgânica é decomposta por micror-
ganismos que, em geral, consomem oxigênio no processo de
decomposição.
A DBO expressa a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar a
matéria orgânica por meio de processos bioquímicos, baseada no car-
bono orgânico. Sendo assim, a DBO traduz, indiretamente, o teor de
matéria orgânica presente na água e aponta o potencial do consumo
de OD (Collischonn; Dornelles, 2013). Uma vez que é extremamente
complexa a determinação laboratorial da matéria orgânica (composta
por uma multiplicidade de formas de compostos orgânicos).
22 Coliformes fecais: Existem inúmeros tipos de microrganismos nas
águas. Dada a grande quantidade de microrganismos, é essencial
identificar quais podem trazer problemas à saúde humana (orga-

– 51 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

nismos patogênicos). Porém, devido à dificuldade na detecção de


microrganismos patogênicos, que é uma tarefa trabalhosa e cara,
microrganismos indicadores são utilizados na avaliação da quali-
dade microbiológica da água

Microrganismos indicadores são grupos ou espécies de micror-


ganismos não patogênicos, que podem fornecer informações sobre
a ocorrência de contaminação fecal e a presença de microrganis-
mos patogênicos e cuja detecção laboratorial é fácil e rápida.

Os microrganismos mais comumente utilizados como indicado-
res de contaminação fecal são as bactéria do grupo coliforme. Os
principais utilizados são coliformes fecais ou termotolerantes. A
análise de coliformes fecais ou termotolerantes é realizada a uma
elevada temperatura, que não possibilita o crescimento de bactéria
de origem não fecal. A bactéria Escherichia coli, pertencente a este
grupo, é uma bactéria presente nos sistemas digestivos de animais
de sangue quente, que normalmente não é nociva, mas é usada
como indicativo de contaminação com fezes humanas (ou mais
raramente de outros animais) (Collischonn; Dornelles, 2013).
22 Nitrogênio: é um nutriente importante para o crescimento
das algas existentes na água, as quais realizam fotossíntese, libe-
rando oxigênio para água. Porém, quando a água de um lago ou
represa apresenta altas concentrações de nitrogênio, pode ocorrer
o processo de eutrofização, que é o aumento exagerado de algas
(Collischonn; Dornelles, 2013), provocando o posterior acúmulo e
decomposição da matéria orgânica.
A eutrofização, torna a água turva, de cor esverdeada, com libera-
ção de mau odor, pode causar a falta de oxigênio da água. Também
pode haver liberação de toxinas devido à floração de algas tóxicas
(cianobactérias), o que prejudica a qualidade das águas utilizadas
para abastecimento público.
No meio aquático, os processos bioquímicos de transformação do
nitrogênio amoniacal a nitrito e deste a nitrato consomem o OD,

– 52 –
Impacto ambiental

podendo afetar a vida dos organismos aeróbios. A determinação da


forma predominante do nitrogênio (orgânico, amoniacal, nitrato
ou nitrito) pode indicar se a poluição é recente (nitrogênio orgâ-
nico ou amoniacal) ou mais antiga (nitrato).
22 Fósforo: O fósforo na água tem sua origem na dissolução de
compostos do próprio solo da bacia, mas pode ter um aumento
da concentração em função dos despejos de efluentes domésticos,
industriais e da chegada até o rio dos fertilizantes, utilizados na
agricultura. Os detergentes e os excrementos de animais também
contêm porções significativas de fósforo.
O fósforo é um elemento fundamental para o crescimento das algas
na água. Assim como o nitrogênio, pode levar ao processo de eutro-
fização em corpos de água como lagos e reservatórios (Collischonn;
Dornelles, 2013).
As alterações físicas, químicas e biológicas das águas subterrâneas
são muito semelhantes às ocorridas nas águas superficiais. Somam-
-se a elas os organoclorados, que são compostos químicos oriundos
da utilização de derivados de petróleo, cujas principais fontes de
contaminação, portanto, são os postos de gasolina.

4.2.2.2 Exemplos de fontes de poluição da água


A seguir são apresentados alguns exemplos, considerados como fontes
significativas de poluição das águas, as quais são os esgotos, os resíduos quí-
micos, o vinhoto, os detergentes e o chorume.
22 Esgotos: Ao redor do planeta, 2,4 bilhões seres humanos descartam
seus esgotos a céu aberto, no solo ou em corpos d’água que passam
perto de suas casas. Isso acontece porque estas pessoas não possuem
acesso a um sistema de saneamento básico. No Brasil apenas 53,8%
das pessoas que vivem exclusivamente em cidades possui rede cole-
tora de esgoto, contudo grande parte deste volume de esgoto não
recebe qualquer tipo de tratamento, sendo descartado in natura em
córregos, rios, represas e até no mar. Aproximadamente 35% dos
esgotos coletados recebem algum tipo de tratamento (Collischonn;
Dornelles, 2013).

– 53 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

22 Resíduos químicos (indústria química): descartados em cor-


pos hídricos por indústrias (tinturas, pigmentação, farmacêutica,
química e petroquímica) e pela mineração, são difíceis de serem
naturalmente depurados (degradados). Acumulam-se na superfície
da água ou depositam-se no leito dos corpos hídricos (rios, lagos
e mares), onde permanecem sem qualquer tipo de alteração, cau-
sando impactos por muito tempo, em alguns casos, anos e décadas.
Os resíduos químicos considerados mais nocivos são os metais pesa-
dos, entre eles o chumbo, o cromo, o mercúrio e o níquel. Quando
acidentalmente ingeridos, podem causar diversas disfunções pul-
monares, cardíacas, renais, do sistema nervoso central, entre outras.
22 Vinhoto: é um subproduto das culturas de cana-de-açúcar para a
produção de açúcar e álcool, mas é também um efluente orgânico.
É possível utilizar o vinhoto como como fertilizante agrícola, con-
tudo esse subproduto é frequentemente lançado diretamente em
rios e córregos, principalmente nas regiões de São Paulo e do Nor-
deste em que há muito cultivo de cana, mesmo sendo uma prática
proibida por lei.
22 Detergentes: Os detergentes, assim como outros produtos de lim-
peza, como sabões em pó, são constituídos por fosfatos. Essa subs-
tância acelera o crescimento das algas em rios. O excesso de algas
causa mau cheiro e torna o meio aquoso impróprio para peixes e
outras formas de vida aquática.
22 Chorume: Líquido contendo alta carga orgânica e poluentes químicos
como metais pesados, resultante de processos de degradação de matéria
orgânica, que escorre de aterros de lixo e também de cemitérios.

Saiba mais
O livro Um inimigo do povo, de Henrik Ibsen escrito em 1882, narra
a história de um médico que descobre que as águas da cidade em que
mora estão contaminadas pela atividade dos curtumes locais. A conta-
minação da água está espalhando tifo e outras doenças. Exatamente os
assuntos tratados nesta disciplina, não é? Então, aproveite e boa leitura!!

– 54 –
Impacto ambiental

4.2.3 Assoreamento de corpos hídricos


O assoreamento é uma forma de impacto (alteração física) que ocorre
quando os cursos d’água sofrem interferência pelo acúmulo de sedimentos
em seu leito, conforme mostra a Figura 2.
Originalmente, é um processo natural, porém pode ser intensificado
pela ação humana, devido à retirada da vegetação das margens dos rios.
O assoreamento acontece conforme as seguintes etapas:
a) as chuvas lavam parte do solo e demais materiais orgânicos ou
pequenos fragmentos de rocha;
b) este material é carreado até algum rio/córrego ou outro corpo
d’água que tenha fluxo;
c) há a deposição deste material no leito do corpo hídrico, passando a
chamar-se de sedimento.
Para os sedimentos existem Figura 2 – Imagem de assoreamento em
dois caminhos. Quando não há rios.

Fonte: Shutterstock, 2015.


obstáculos, eles acabam por seguir
o fluxo da água, ocorrendo sua
pouca deposição e acumulação.
Quando há obstáculos ao fluxo
ou a quantidade de sedimentos é
superior à capacidade do fluxo de
transportá-los, eles se acumulam
no fundo da drenagem.
O assoreamento acontece
pela ação do homem quando este remove a vegetação que protege o rio, cha-
mada mata ciliar. Esta tem como função evitar que uma quantidade muito
grande de material atinja o rio, evitando assoreamentos. Sua remoção contri-
bui diretamente para esse impacto.
As principais consequências do assoreamento de rios e lagos são:
22 perda de capacidade de navegação;
22 diminuição da vazão;
22 aumento da possibilidade de enchentes urbanas;

– 55 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

22 quando os sedimentos misturam-se à água escoada, o curso dos rios fica


mais pesado e volumoso, causando problemas como a quebra da base de
pontes ou cheias excessivas, com inundação de locais próximos;
22 perda da vegetação subaquática e das condições de habitat de peixes
e outros animais, dificultando até mesmo a reprodução das espécies.
O assoreamento torna-se ainda pior quando, além dos sedimentos, são depo-
sitados lixo e esgoto no rio, interferindo nos padrões físico/químicos das águas.

4.3 Impactos ambientais no solo


O solo pode ser definido como o material mineral e/ou orgânico inconso-
lidado na superfície da terra que serve como meio natural para o crescimento e
desenvolvimento de plantas terrestres (Curi, 1993).
O solo é considerado um recurso finito e não renovável, que assim como
outros recursos finitos, tem sido explorado pela espécie humana de forma
indiscriminada e vem sofrendo diferentes tipos de impactos que provocam
degradação e perdas consideráveis.

4.3.1 Poluição ambiental dos solos


Uma das formas de utilização dos solos pela espécie humana, e que cau-
sam grandes impactos, está relacionada principalmente as práticas agrícolas. A
utilização de produtos tóxicos como defensivos agrícolas químicos, utilizados
no combate a pragas das lavouras e plantações, de forma indiscriminada, traz
graves consequências, como a perda de fertilidade da terra e desequilíbrio da
microbiota do solo. Alguns dos impactos causados são a acidificação, mobiliza-
ção de elementos tóxicos, imobilização de nutrientes, mineralização e redução
rápida da matéria orgânica, destruição da bioestrutura e aumento da erosão
(THEODORO et al, 2003).
Outro exemplo de impactos causados pela ação do homem no uso dos
solos, são as queimadas de vegetação para limpeza e preparo dos terrenos para a
agricultura, que afeta a biota do solo, causa um aumento da exposição ao vento
e a ação do calor do sol, que provoca erosão e o empobrecimento do mesmo,
através da perda de nutrientes.
Outro fator de contaminação do solo, é o descarte irregular de resíduos
da indústria e dos grandes centros urbanos como produtos químicos varia-
– 56 –
Impacto ambiental

dos, resíduos, combustíveis, metais pesados. As áreas utilizadas para esta fina-
lidade acabam por se tornarem impróprias para a prática da agricultura ou
urbanização, como construção de moradias ou comércios e serviços, pois estes
elementos agregados ao solos penetram no mesmo, contaminando-o. Essa
contaminação pode ainda se tornar um problema de saúde pública, pois tais
contaminantes podem trazer riscos a saúde humana e de outros seres vivos. O
tratamento destes solos pode ser realizado pelo processo de biorremediação, o
qual requer recursos e longo período de tempo (Jaques et al. 2007).
O descarte irregular de resíduos sólidos urbanos, em outras palavras o
acúmulo de lixo em áreas impróprias (como os lixões a céu aberto) é outra
fonte de contaminação dos solos em diferentes escalas, além de representar
graves perigos em áreas urbanizadas, devido aos próprios processos de decom-
posição do lixo, que produz gases como o metano, que quando não tratado
adequadamente, se acumula nos solos, gerando perigo de explosões.

Você sabia
A remediação de solos contaminados envolve processos que visam
à redução dos teores de contaminantes a níveis seguros e compatíveis
com a proteção à saúde humana, seja impedindo ou dificultando a
disseminação de substâncias nocivas ao ambiente (Tavares, 2015).

A contaminação do solo pode acarretar


Figura 3 – Solo exaurido que
a contaminação da água, devido a infiltração
virou deserto.
das substâncias tóxicas no perfil do solo que
podem atingir o lençol freático. Fonte: Shutterstock, 2015.

4.3.2 Desmatamento e
desertificação
A desertificação configura-se como um
fenômeno em que uma dada área com solo
com boas condições de nutrientes e quantidade
significativa de vegetação, perde estas caracte-
rísticas, assumindo formas semelhantes às de
desertos. Este processo pode ocorrer natural
ou antropicamente.
– 57 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Este é impacto considerado físico, químico e biológico, uma vez que as


alterações no meio interferem nestas três características.
Antropicamente, a desertificação é fruto da retirada de vegetação e alte-
ração das características dos nutrientes dos solos, impossibilitando a regene-
ração vegetal, como mostra a Figura 3.

Você sabia?
O dia 17 de junho é o Dia Mundial de Combate à Desertificação e
à Seca, cujo objetivo é a conscientização dos tomadores de decisão,
de empresários e da sociedade civil organizada, sobre o processo de
desertificação e seus respectivos efeitos negativos ao meio ambiente,
a economia e a saúde humana.

O cultivo de monoculturas mal manejadas durante anos seguidos é uma


forma de impactar e formar desertos.
Áreas mais susceptíveis de serem afetadas pela desertificação são
(AMARO, 2015):
22 áreas em que há prática de pecuária sem preocupação com o solo;
22 áreas em que é praticada a agricultura de sequeiro;
22 áreas degradadas por irrigação sem controle e planejamento.
Existe um acordo global para a proteção e combate à desertificação; é a
Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação
dos Efeitos das Secas – UNCCD (sigla em inglês). O Brasil e mais 192 outros
países são signatários desta convenção que tem como meta ações e propostas de
soluções às necessidades humanas em regiões áridas, semiáridas e subúmidas,
com especial foco às populações mais carentes e vulneráveis ao redor da Terra.

Resumindo
Podemos observar neste capítulo a diferença existente entre degradação
e impactos ambientais, destacamos os principais impactos na água e no solo
e foi possível observar que há relação entre os impactos entre os dois. Um
exemplo é o assoreamento. Também vimos exemplos de alterações físicas,
químicas e biológicas como formas de impacto ambiental

– 58 –
5
Atividades econômicas
causadoras de seus
impactos ambientais

Neste capítulo trataremos dos casos concretos e diretos da


degradação ambiental. Os principais conceitos que serão trabalha-
dos abordam as relações (causa-efeito) das atividades industriais e
econômicas e seus respectivos impactos ambientais.
Você conhece as atividades econômicas que mais causam
impactos ao meio ambiente? Em geral elas se baseiam na extração
direta ou indireta de bens naturais. E que tipo de degradação cada
atividade exerce sobre o meio ambiente local em que está instalada,
você sabe?
Nosso objetivo é que, ao final deste capítulo, você compre-
enda quais as formas de degradação e impactos que cada tipo de
atividade econômica e industrial causa ao meio ambiente.
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Objetivos de aprendizagem:
22 Relacionar tipos de atividades industriais e respectivos impactos
ambientais;
22 Identificar a degradação e os impactos causados pela atividade
minerária;
22 Conhecer a respeito da degradação e dos impactos provocados
pelo agronegócio;
22 Identificar a degradação e os impactos oriundos do curtume;
22 Entender a degradação e os impactos causados pela siderurgia;
22 Conhecer a degradação e os impactos oriundos da indústria de tintas;
22 Identificar a degradação e os impactos provocados pela indústria de
celulose e papel.

5.1 Mineração
A atividade minerária está entre as atividades humanas mais antigas; isso
porque a utilização de rochas e minerais pelos seres humanos tem início com
as primeiras ferramentas e utensílios feitas com esses materiais. Contudo, foi
somente por volta de 6000 e 5000 anos a.C, que a utilização de rochas e
minerais sofreu uma transformação. As ferramentas que eram, até então, ape-
nas algumas rochas coletadas do chão, passaram a receber algum tratamento,
mesmo que rudimentar, com isso configurando a passagem da Idade da Pedra
para a Idade da Pedra Polida.
Com o passar dos anos e o consequente avanço da tecnologia, a utili-
zação das rochas e minerais foi aumentando, e sua capacidade de extração
também, passando-se então pela Idade do Cobre, Idade do Bronze e Idade
do Ferro.
É possível perceber que certos períodos da história da humanidade têm
nomes de metais, mostrando a importância desta atividade econômica. A
partir do avanço da tecnologia da mineração e da manufatura de metais,
nossa vida, cada vez mais, atrelou-se a produtos oriundos da mineração.

– 60 –
Atividades econômicas causadoras de seus impactos ambientais

Você sabia
Basta olhar para nossa casa e veremos que sem a mineração nem
teríamos onde morar. As paredes de tijolos e cimento são oriundas
da extração de argilas e caulim. O contra piso é oriundo da extração
de calcário. E as janelas? São de ferro e alumínio; as lâmpadas antigas
eram de tungstênio e as fluorescentes, de uma pequena parte de
mercúrio. Em nossos eletrodomésticos há alumínio e cobre. Isso não
acontece só em nossa casa, mas em diversos produtos da vida coti-
diana. Por exemplo, muitos produtos de beleza são feitos com mate-
riais oriundos da mineração. Até o computador usado na preparação
deste ebook é feito de materiais oriundos de mineração.

A mineração é a retirada ou
Figura 1 – Imagem de mina a céu aberto.
extração de rochas e seus respecti-
vos minerais da natureza. A forma
Fonte: Shutterstock, 2015.

como essa atividade é desenvolvida


pode ser feita basicamente de duas
maneiras: uma por meio das lavras
e minas que ficam a céu aberto
(Figura 1) e outra em que a mina
fica abaixo da terra, as chamadas
minas subterrâneas.
Já dá para imaginar que a
retirada de materiais específicos da natureza cause impactos de degradação ao
meio ambiente, não é mesmo?

Importante
As extrações em minas a céu aberto muitas vezes são localizadas em
morros, morrotes e pequenas serras. Com o avanço da extração, a
caracterização geomorfológica desses lugares, ou seja, o modelato
do relevo local, é alterada. Com isso, lugares onde existia um morro,
após a atividade mineradora passam a ser planos.

– 61 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Como qualquer outra atividade modificadora do meio, é necessário que


a mineração como um todo, seja desenvolvida de acordo com os critérios da
legislação vigente, de modo a minimizar todos os impactos causados ao meio
pelo processo de lavra. O Decreto Lei no 227/1967 (Brasil, 1967), que institui
o Código de Mineração, estabeleceu os regimes de aproveitamento e regula-
mentou a exploração mineral, ficando a critério da União e do Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM) a administração dos recursos (Ribeiro;
Manzione, 2011). O decreto-lei nº 227/1967 teve alguns de seus dispositivos
alterados pela lei nº 9.314, de 14 de novembro de 1996 (Brasil, 1996).
Contudo, apesar da regulamentação, a atividade mineradora acarreta pro-
blemas ambientais, como a perda de solo por processos erosivos, mudança na
direção de fluxos de águas de escoamento superficial, alargamento do talvegue,
erosão marginal, contaminação das águas, rebaixamento do lençol freático,
poluição sonora, geração de particulado na atmosfera e vibração. Estes impac-
tos são causados ao longo de todos os processos que envolvem a atividade de
mineração, desde o seu início até, em alguns casos, muito tempo depois de seu
término. As etapas de exploração de uma mina e seus impactos no Quadro 1.
Quadro 1 – Etapas de exploração de uma mina e seus impactos.

Fase do
Impacto
empreendimento
Desmatamento para acesso à área, geração de ruídos, vibrações, gases
Prospecção e
de combustão e poluição por combustíveis e lubrificantes relacionados a
pesquisa mineral
sondagens ou demais atividades de pesquisa.
Desmatamento e movimentação de terra para construção de vias e
Implantação do instalações da mina, ruídos, virações, emissão de gases de combustão,
projeto geração de poeira.
Nesta fase já há possibilidade de geração de erosões e assoreamentos.
Poluição visual, desmatamento, remoção do solo, geração de rejeitos, ruí-
dos, vibrações de máquinas e de explosivos, gases de combustão, poeira,
Preparação do
erosão, assoreamento, rebaixamento do lençol freático, possibilidade
terreno e desmonte
de contaminação dos recursos hídricos, descaracterização da paisagem,
possíveis alterações geomorfológicas.
Ruídos, vibrações, poeira, gases de combustão, danos por
Carregamento e
combustíveis e lubrificantes, intensificação do transito, degradações
transporte
nas vias.

– 62 –
Atividades econômicas causadoras de seus impactos ambientais

Fase do
Impacto
empreendimento
Basicamente nesta fase não deveria haver nenhum impacto, contudo
fechamentos de mina mal executados acarretam em lixiviação do solo,
Fechamento da mina
contaminação dos recursos hídricos,
erosões e assoreamentos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Lixiviação do solo: é a perda dos minerais do per-


fil do solo, causado pela “lavagem” promovida
pela água da chuva quando infiltra no solo..

Não é somente a atividade de mineração em si que causa impactos;


estruturas auxiliares a essa atividade, quando mal manejadas ou com pouco
monitoramento de qualidade, acarretam gravíssimos problemas ambientais.
Um exemplo clássico e comum são as barragens de rejeitos dos produtos da
mineração, que, quando mal gerenciadas, acabam por se romper causando
contaminação das águas, perda de vegetação e até, em alguns casos, a des-
truição de casas e outras construções, dada a força com que o rejeito se movi-
menta após um rompimento de barragem.

Saiba mais
O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, indignado com a
degradação ambiental causada pela mineração feita no então Pico do
Cauê, protestou com um poema. Infelizmente hoje em dia o pico
do Cauê é conhecido como “buraco do Cauê”, mostrando o poder
devastador da mineração.Abaixo o poema do Drummond.

A MONTANHA PULVERIZADA
(Carlos Drummond de Andrade)
Chego à sacada e vejo a minha serra, 

– 63 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

a serra de meu pai e meu avô, 


de todos os Andrades que passaram 
e passarão, a serra que não passa.
Era coisa dos índios e a tomamos 
para enfeitar e presidir a vida 
neste vale soturno onde a riqueza 
maior é a sua vista a contemplá-la.
De longe nos revela o perfil grave. 
A cada volta de caminho aponta 
uma forma de ser, em ferro, eterna, 
e sopra eternidade na fluência.
Esta manhã acordo e 
não a encontro. 
Britada em bilhões de lascas 
deslizando em correia transportadora 
entupindo 150 vagões 
no trem-monstro de 5 locomotivas 
– trem maior do mundo, tomem nota – 
foge minha serra, vai 
deixando no meu corpo a paisagem 
mísero pó de ferro, e este não passa (ANDRADE, 2010).

5.2 Siderurgia
A atividade siderúrgica está diretamente ligada à atividade de mineração.
Isso porque a siderurgia é, em essência, o beneficiamento de bens minerais, já
previamente beneficiados para a produção de aço.
O aço é um material essencial para a construção, seja ela de obras civis,
navais, de aviões, entre outras. A produção de aço está associada a grandes
impactos ambientais, entre eles a emissão de gases poluentes que estão liga-
dos à mudança climática, à geração de contaminantes dos recursos hídricos,
entre outros.

– 64 –
Atividades econômicas causadoras de seus impactos ambientais

A produção de aço é constituída por diversas etapas, desde a extração


mineral, a produção de ferro gusa, seguida pela produção de aço semiacabado
e, por fim, o aço refinado.
Já nas etapas mais iniciais há grandes impactos ambientais. Um deles
ocorre na produção de ferro gusa (Figura 4), que, para ser formado, depende
diretamente de fornos abastecidos por carvão vegetal.
A utilização de carvão vege- Figura 4 – Ferro gusa em indústria de siderurgia.
tal é altamente impactante por-

Fonte: Shutterstock, 2015.


que grande parte deste material
provém do desmatamento ilegal.
Os principais locais produtores de
ferro gusa no Brasil estão concen-
trados no estado de Minas Gerais,
mas essa atividade também está
presente no Espírito Santo, Pará,
Maranhão e Mato Grosso do Sul.
Por estas localizações você já ima-
gina quais ecossistemas e florestas são os mais atingidos por essa atividade, não é?
A Amazônia (no Pará e Maranhão) e o Pantanal (no Mato Grosso do Sul) têm
sofrido com o desmatamento para a produção de ferro gusa. A Mata Atlântica,
associada ao Espírito Santo e a Minas Gerais, há muito tempo já está desmatada.
Após a produção do ferro gusa dá-se, de fato, a produção do aço, que
tem como etapas a produção do aço semiacabado e o aço refinado. A estas eta-
pas está associada a utilização de altos-fornos, que não devem ser desligados
praticamente nunca. Isso gera grande emissão de gases poluentes, associados
ao efeito estufa, às mudanças climáticas e à chuva ácida, havendo ainda a
emissão de poluentes orgânicos, associados a alguns tipos de câncer.
Para a produção do aço é gerada uma grande quantidade de efluentes,
tanto de processos de resfriamento de maquinário quanto da própria produ-
ção do aço. A principal característica destes efluentes são as altas concentra-
ções de amônia, benzeno, óleos, cobre, chumbo, cromo e níquel, que depen-
dem de locais e tratamentos específicos para seu descarte, que, do contrário,
representam um grande risco aos corpos hídricos.
O Quadro 4 associa as etapas da produção do aço nas siderúrgicas a seus
principais impactos e contaminantes.

– 65 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Quadro 4 – Etapas da produção siderúrgica e seus respectivos impactos ambientais.

Etapas da produção
Impactos ambientais
siderúrgica
Extração de minério de
Já explicitados no subtópico 5.1, sobre a atividade de mineração.
ferro e carvão mineral
Desmatamento, emissão de dióxido de carbono (CO2), geração
Produção de ferro gusa de efluentes líquidos (amônia, benzeno, óleos, cobre, chumbo,
cromo e níquel).
Emissão dos seguintes gases: CO2 e CH4, responsáveis pela
Produção de aço semia- mudança climática, e SOx e NOx, associados à chuva ácida e à
cabado geração de efluentes líquidos (amônia, benzeno, óleos, cobre,
chumbo, cromo e níquel).
Emissão dos seguintes gases: CO2 e CH4, responsáveis pela
mudança climática, e SOx e NOx, associados à chuva ácida e à
Produção de aço refinado
geração de efluentes líquidos (amônia, benzeno, óleos, cobre,
chumbo, cromo e níquel).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

5.3 Agronegócio
A atividade agrícola responde primordialmente pela principal atividade
econômica de geração de alimentos, biocombustíveis e fibras.
Os impactos ambientais e a degradação ao meio ambiente causados por
atividades relacionadas ao agronegócio são amplamente conhecidos. Neste
contexto, a Organização das Nações Unidas (ONU) constituiu, a Organi-
zação das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) a qual tem
por objetivo buscar a erradicação da fome no mundo aliando os conheci-
mentos sobre agronomia.
O Brasil é internacionalmente conhecido por ser o celeiro do mundo.
Não por menos, dados de 2011 apresentam uma a safra agrícola que ocupou
uma área de aproximadamente 50,6 milhões de hectares, configurando-se
como uma das maiores do mundo (CNI, 2012).
Em um país de dimensões continentais como é o nosso, destinar gran-
des extensões de terra à agricultura é completamente compreensível; con-

– 66 –
Atividades econômicas causadoras de seus impactos ambientais

tudo a expansão desta atividade é diretamente responsável por um problema


ambiental: o desmatamento.
Florestas são muitas vezes consideradas empecilhos aos produtores
rurais, que cada vez mais necessitam de área para o cultivo.
O aumento significativo da população mundial nas últimas décadas con-
tribuiu muito para o aumento de demanda de áreas cultiváveis, de forma a
suprir as necessidades alimentares da espécie humana (Figura 2). Em virtude
disso, essa demanda provocou um impacto significativo no desmatamento
de áreas naturais, como florestas e outros ecossistemas, o que tem acarretado
grande prejuízo ecossistêmico mundial, bem como um impacto direto na
biodiversidade do planeta.
Figura 2 – Trator em lavoura. Um dos maiores desafios do
agronegócio é associar suas necessida-
Fonte: Shutterstock, 2015.

des à manutenção dos ecossistemas e


ainda mitigar ou diminuir os impac-
tos ambientais provocados por suas
atividades. A lavoura ainda acarreta
outros problemas relacionados ao uso
indiscriminado de agrotóxicos e plan-
tas geneticamente modificadas.
Os agrotóxicos, quando usados
indiscriminadamente, acabam sendo carreados, durante as chuvas, para o
solo, para o lençol freático e para os rios, contaminando esses recursos natu-
rais. Isso por que é variável o tempo necessário para que os agrotóxicos sejam
degradados na natureza, por exemplo os organoclorados são os agrotóxicos
que persistem por mais tempo no ambiente, chegando a permanecer por um
período de 30 anos.
A presença dos agrotóxicos nos ambientes aquáticos gera impactos
diretos na cadeia alimentar aquática, provocando um processo denominado
bioacumulação. Ele provoca a absorção e retenção de diferentes substâncias
químicas no corpo dos seres vivos ao longo das cadeias alimentares. No caso
dos agrotóxicos, nos níveis inferiores das cadeias alimentares, formados por
produtores e consumidores primários, observa-se menor acúmulo destes
materiais. No entanto, nos níveis mais superiores as taxas de contaminan-
tes aumentam proporcionalmente a quantidade de alimentos contaminados
– 67 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

consumidos proveniente de lagos e rios contaminados, causando sérios pro-


blemas à espécie humana, por exemplo.
Outro aspecto de contaminação relacionada ao agronegócio envolve os
Organismos Geneticamente Modificados (OGM), conhecidos popularmente
como alimentos transgênicos. Nesse caso são utilizadas mudas de plantio
geneticamente modificadas para se tornarem mais produtivas e menos susce-
tíveis a pragas naturais.
As plantas geneticamente modificadas servem justamente para reduzir
pragas, insetos e outros elementos biológicos que possam trazer problemas à
produção. Contudo, essa interferência na cadeia alimentar de insetos e demais
animais acarreta desequilíbrio ambiental. Além disso, não há comprovação de
que alimentos geneticamente modificados não tragam riscos à saúde.
Não só a produção na lavoura causa impactos ambientais. A produção
de animais no campo também traz consequências ao meio ambiente, quando
mal manejados ou quando normas ambientais não são seguidas.
A produção bovina, suína e de aves causa impactos sobretudo pelo des-
carte inadequado de dejetos.
No Quadro 2 são sistematizados os principais impactos das atividade
agropecuárias.
Quadro 2 – Principais impactos relacionados a atividades agropecuárias.

Atividade agropecuária Impactos ambientais


Desmatamento, contaminação do solo e da água, interferência
Lavoura; grandes plantações na cadeia alimentar, exaustão de sistemas hídricos, redução de
espécies nativas.
Aumento de emissão de gases do efeito estufa, compactação do
Pecuária
solo, desmatamento, erosões.
Emissão de odores e gases nocivos, poluição de águas superfi-
Suinocultura ciais e subterrâneas por nitratos, poluição atmosférica e do ar
pelas emissões de NH3.
Contaminação de água e solo pelo descarte inadequado de
Avicultura
dejetos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

– 68 –
Atividades econômicas causadoras de seus impactos ambientais

Importante
A irrigação na agricultura, quando mal planejada, acarreta exaustão
de sistemas hídricos. Isso significa que está sendo retirada mais água
do que o sistema natural consegue suprir. Os principais efeitos são o
rebaixamento de aquíferos e a diminuição do volume de rios.

5.4 Curtume
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de carne bovina e con-
sequentemente a indústria de produtos derivados dessa atividade também é
expressiva. Os materiais descartados da venda de carne, entre os quais estão os
ossos, as entranhas e a pele ou o couro dos animais, constituem outro grupo
de atividades econômicas, ligadas a estes subprodutos.
A atividade ligada à trans- Figura 3 – Couros na etapa de curtimento.
formação e comercialização
do couro dos bois é conhecida
como curtume. A utilização

Fonte: Shutterstock, 2015.


de couro animal, em especial
de bois, está presente na histó-
ria da humanidade há séculos.
Isso porque os seres humanos,
em seu processo de evolução,
acabaram por perder funções
naturais de controle térmico
corporal, em suma, de se prote-
ger do frio. Assim, passaram a utilizar o couro alheio (de outro animais) para
aquecer seu corpo.
No Brasil a atividade de curtume está tradicionalmente concentrada no
sul do País, mais precisamente no estado do Rio Grande do Sul, associada à
indústria de charque. Também merece destaque o sertão nordestino, onde a
atividade está associada à indústria de carne de sol. Historicamente, nas duas
regiões o curtume servia para produzir roupas apropriadas às características
locais: no sul, para o frio, e no sertão, para a proteção contra a vegetação
muito seca e rígida, que pode causar machucados na pele.

– 69 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

A produção do couro nos curtumes é composta por três etapas distintas


e fundamentais: a ribeira, o curtimento e o acabamento.
A primeira etapa do processo do curtume é a ribeira. Nesta etapa, é feita
a chamada limpeza da pele. O couro é separado de outros elementos que
não fazem parte dele, como gorduras, sebos, entre outros. Para isso, há várias
subetapas nas quais são usados produtos altamente nocivos e contaminantes
do meio ambiente, como diversos tipos de sais, cloreto de amônio, ácido sul-
fúrico e clorídrico, entre outros.
A etapa intermediária é a do curtimento (Figura 3). É nesta etapa que a
pele vira couro, de modo a ser um material mais estável, que não sofra proces-
sos de apodrecimento. São utilizados sais, cromo e diversos cloretos.
A última etapa, a de acabamento, é a que vai deixar o couro no tamanho
pedido pelo cliente, garantir sua maciez, cor ideal, impermeabilidade, entre
outras formas de acabamento. Para tanto, são utilizadas tintas, óleos e outros
produtos que também são agressivos ao meio ambiente.
Vale destacar que em cada uma destas etapas há geração de resíduos
sólidos, fruto do descarte de partes rejeitadas e que não fazem parte do couro,
e a geração de resíduos líquidos, oriundos da utilização de tantos produtos
agressivos. Além disso, o forte odor putrefato do couro é um agravante aos
impactos ambientais; é comum moradores de áreas vizinhas aos curtumes
reclamarem do forte odor. O Quadro 3, a seguir, detalha os impactos em cada
uma destas etapas.
Quadro 3 – Impactos ambientais associados a cada etapa do curtume.
Etapa do processo
Principais impactos
do curtume
Geração de forte odor desagradável, geração de resíduos sólidos e líquidos,
Ribeira contaminação da água pelo uso de agentes químicos, como a soda cáustica,
entre outros tipos de ácidos, provocando a mortandade de peixes.
Geração de forte odor desagradável, contaminação de água e solo pelo uso de
Curtimento
formol e sulfato de cromo, geração de resíduos sólidos e líquidos.
Utilização de óleos, também contaminantes ao meio ambiente, geração de
Acabamento
resíduos sólidos e líquidos.
Fonte: Elaborado, 2015

– 70 –
Atividades econômicas causadoras de seus impactos ambientais

5.5 Indústria das tintas


O setor da indústria química no Brasil está na sétima posição no mundo,
com um número superior a quatro mil empresas, dos mais diversos ramos
ligados à esta modalidade de indústria.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com-
põem o setor da indústria química os seguintes ramos: produtos químicos
industriais, fármacos, produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos,
adubos e fertilizantes, sabões e detergentes, defensivos agrícolas e, por fim, as
tintas e os vernizes.
No ramo da indústria das tintas, assim como em outros ramos do setor
da indústria química, usa-se um grande volume de matérias-primas oriundas
do petróleo e seus derivados, gás natural, etanol, propano, biomassa, rochas
fosfálticas, enxofre, ortofosfatos de cálcio e cloreto de sódio. Todos esses ele-
mentos constituem formas de impacto ambiental ao longo de seu beneficia-
mento por parte da indústria.
Na indústria das tintas, o diesel ou gás natural é usado como combus-
tível para geração de calor no processo de produção, com isso gerando gases
associados ao efeito estufa e à mudança climática, como o monóxido de car-
bono, e gases associados à chuva ácida, como o óxido de enxofre.
Para a produção de tintas é essencial Figura 5 – Tintas usadas na
o uso de água, que serve para duas funções construção civil.
essenciais: uma é na composição das tintas
em si e a outra é na limpeza e lavagem de
Fonte: Shutterstock, 2015.
maquinários. No primeiro caso, o impacto
ambiental está associado à utilização exa-
gerada do recurso e, no segundo caso, está
associado à contaminação da água com os
resíduos oriundo da limpeza, caracteri-
zando resíduo líquido.
Como a produção de tintas utiliza
diversos tipos de resinas, solventes, pigmen-
tos e demais aditivos em suas composições,
pode-se imaginar que os resíduos líquidos sejam potencialmente poluidores
e contaminantes.

– 71 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Algumas tintas, ainda usam metais pesados em sua composição, que


são elementos químicos extremamente contaminantes do meio ambiente e
altamente nocivos à saúde.
Algumas tintas, sobretudo aquelas usadas em meios porosos, em geral
tintas imobiliárias, podem emitir compostos orgânicos voláteis (VOC), que
contribuem para a poluição do ar e podem trazer consequências ruins para a
saúde das pessoas.
Há que se dizer que, ao contrário das demais atividades econômicas des-
critas neste capítulo, a indústria das tintas não causa impactos nos processos
de produção em si, mas utiliza elementos potencialmente contaminantes e
poluidores em suas fórmulas e composições, configurando o impacto ambien-
tal. Para a produção de tintas, o monitoramento ambiental e o controle de
manuseio de todos os compostos devem ser feitos de forma extremamente
criteriosa, uma vez que vazamentos, de qualquer natureza, ou descartes ina-
dequados configuram impactos ambientais de grandes proporções.

5.6 Indústria de celulose e papel


A indústria de papel e celulose encontra no Brasil espaço suficiente
para sua larga produção. Isso porque, assim como a produção agrícola, a
produção de celulose depende de extensas áreas para o plantio de pinus
e eucalipto, principais árvores fonte de matéria-prima para a fabricação
de papel.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, em 2002 as
indústrias de base florestal (entre elas a de celulose) alcançaram um fatu-
ramento de 20 bilhões de reais, o equivalente a 4,5% do PIB, e em 2007
ampliaram seu faturamento para 44,6 bilhões de dólares, representando
3,4% do PIB nacional (CNI, 2012). Com isso, o Brasil configurou-se como
o maior produtor e exportador de celulose branqueada de madeira de euca-
lipto e como quarto produtor mundial de celulose e décimo produtor mun-
dial de papel.
A produção de papel, passa por quatro etapas básicas. Começa pela plan-
tação da matéria-prima da celulose, ou seja, de árvores, em especial o euca-
lipto e o pinus, sendo as etapas subsequentes: a polpação, o branqueamento
e a secagem.

– 72 –
Atividades econômicas causadoras de seus impactos ambientais

O plantio de pinus e eucalipto apresenta processos semelhantes ao de


qualquer outro tipo de cultivo em lavouras, com impactos ambientais tam-
bém muito semelhantes aos causados pela agricultura.
A etapa seguinte ao plantio e consequente extração da árvore é a polpa-
ção. Nesta etapa, é feita a remoção da casca da árvore e a transformação em
cavacos, para que seja feito o processamento até que se crie a massa fibrosa,
usada para a produção do papel.
Este processo mecânico demanda grande consumo de energia. Quanto
aos processos químicos desta etapa, são utilizados o NaOH (hidróxido de
sódio) e o Na2S (sulfeto de sódio), produzindo-se o chamado licor negro.
Para que este líquido possa estar em condições de ser transformado em
papel, é despendida grande quantidade de água e energia, pois o licor negro
é altamente tóxico.

Cavaco: designação genérica dada às sobras e aparas de


serrarias, compreendendo pedaços e pontas de madeira
maciça bem como outras sobras e aparas provenientes
das operações de processamento. (Ormond, 2006).

A etapa seguinte à polpação é o branqueamento (Figura 5). Esta etapa é
constituída exclusivamente de processos químicos, envolvendo soda cáustica,
dióxido de cloro e peróxido de hidrogênio.
Figura 5 – Detalhe de celulose após
A última etapa da produção da celu-
processo de branqueamento.
lose é a secagem, que nada mais é que
colocar os produtos finais da etapa do
branqueamento em estufas para secagem,
e para que assim sejam enviados às indús-
trias que farão o beneficiamento da celu-
lose, transformando-a em papel.
Os impactos ambientais relacionados
a cada etapa do processo de produção de
Fonte: Shutterstock, 2015. celulose estão dispostos no Quadro 5.

– 73 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Quadro 5 – Etapas do processo de produção de celulose e seus respectivos impactos


ambientais.

Etapas do processo de
Impactos ambientais
produção de papel
Desmatamento e perda de espécies nativas; alterações ou degra-
Plantio dos pinus e euca-
dação de habitats naturais; introdução de espécies invasoras dos
liptos
cultivos; uso intensivo de água.
Uso intensivo de grandes quantidades de água, manipulação de
Polpação elementos altamente poluidores, geração de efluentes e resíduos
líquidos.
Uso de produtos químicos e substâncias corrosivas, geração de
Branqueamento
efluentes e resíduos líquidos.
Secamento Sem impactos.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Resumindo
Neste capítulo pudemos relacionar as atividades econômicas com seus
respectivos impactos ambientais e identificar os potenciais impactos ambien-
tais em cada etapa dos processos envolvendo as diversas atividades.
Há que se dizer que a simples utilização de produtos potencialmente
poluidores acarreta impactos relevantes ao meio ambiente. Também foi pos-
sível identificar como algumas atividades distintas relacionam-se entre si
e como o impacto ambiental causado por dada atividade pode servir para
outra, como é o caso da mineração e da siderurgia e da agricultura e a produ-
ção de celulose.

– 74 –
6
A importância da
conservação ambiental

O presente capítulo trata da importância da conservação


ambiental. Em um mundo em que tragédias ambientais tornam-se
comunsé importante conhecer alguns mecanismos de conservação,
cuja função primordial é adotar medidas de prevenção e manutenção
que promovam a proteção dos elementos da natureza: ar, água, solo e
seres vivos. .
Neste capítulo serão abordadas às principais formas de con-
servação do meio ambiente, bem como o arcabouço legal relacionado
ao tema
Manejo sustentável, reserva legal, áreas de preservação per-
manente e unidades de conservação são as principais formas de pro-
teção do meio ambiente frente as ações antrópicas degradantes. Este
capítulo trata destes temas abordando também as medidas legais
relacionadas a eles..
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Para melhor entendimento das informações é importante esclarecer a


diferença entre preservação e conservação. A preservação refere-se a prote-
ção integral com intocabilidade para evitar perda de biodiversidade e para
perenidade dos recursos naturais. Conservação significa proteção de recursos
naturais com utilização racional que garanta a sustentabilidade de sua existên-
cia para as futuras gerações

Objetivos de aprendizagem
22 Explicar a importância da conservação ambiental.
22 Apresentar o conceito e as formas de manejo sustentável.
22 Conceituar reserva legal e apresentar a lei que a rege.
22 Definir áreas de preservação permanente e os respectivos perí-
metros e apresentar a lei que as regulamenta.
22 Conceituar unidades de conservação e apresentar a lei correspondente.
22 Apresentar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

6.1 Manejo sustentável


O conceito de manejo sustentável baseia-se em um modelo de pro-
dução que adota o uso de técnicas e mecanismos que causem o mínimo
impacto sobre o meio ambiente. Este conceito também recebe nomes
como gestão sustentável, bom manejo ou, ainda, manejo sustentável.
Apesar dos nomes diferentes, o conceito protecionista é o mesmo.
O manejo sustentável possui a vantagem ambiental de possibilitar
a exploração ou a produção de modo que o meio ambiente não perca
totalmente suas características e que continue oferecendo seus recursos
naturais para as gerações futuras.
O manejo sustentável não é um conceito fechado de proteção única e exclu-
siva de florestas. Ele pode, e deve, ser aplicado à proteção do solo e da água.
Neste momento da história da humanidade, aplicar esse conceito em
práticas empresariais e nas mais diversas atividade econômicas é fundamental
para manter as empresas com capacidade de competição no mercado.

– 76 –
A importância da conservação ambiental

6.1.1 Manejo florestal sustentável


De acordo com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) (Portal Nacional da
Gestão Florestal, 2015), o manejo florestal sustentável é a prática de adminis-
trar uma floresta visando obter benefícios econômicos, sociais e ambientais,
mantendo o respeito aos mecanismos de conservação e proteção do ecossistema
objeto do manejo. Ainda deve ser considerada a alternância da utilização de
diversas espécies (que gerem produtos e seus respectivos subprodutos), de modo
a evitar ao máximo os impactos sobre uma determinada espécie florestal.
Qualquer atividade de extração legal de espécies florestais, madeiras,
resinas, raízes, cascas, sementes, cipós, entre outros, deve estar pautada nas
diretrizes do Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), salvo se a ati-
vidade tiver algum outro tipo de autorização para o desmatamento (Portal
Nacional da Gestão Florestal, 2015).
Para que uma atividade econômica obter o PMFS é preciso seguir as etapas:
22 propor um Plano de Manejo Florestal Sustentável e submetê-lo a
autorização do IBAMA;
22 conseguir a emissão da Autorização Prévia à Análise Técnica de
Plano de Manejo Florestal – APAT, pelo IBAMA; neste momento,
o PMFS pode, ou não, ser aprovado;
22 apresentar anualmente o Plano Operacional Anual (POA) ao
IBAMA, no qual serão explicitadas todas as atividades futuras a
serem desenvolvidas na área em questão;
22 obter a Autorização de Exploração, junto ao IBAMA.
O Ibama e os demais órgãos ambientais estaduais devem receber os
PMFSs anualmente, de modo a fazer o acompanhamento e o controle das
atividades desenvolvidas na área em questão.
O manejo florestal sustentável é uma forma eficaz de proteção das flo-
restas e geração de renda

Preservação ambiental – pode ser compreendida como sendo a


intocabilidade das florestas e seus respectivos ecossistemas, incluindo
a diversidade biológica e os recursos da flora e fauna. (Ormond, 2006).

– 77 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

6.1.2 Manejo sustentável de solo e água


O manejo sustentável do solo baseia-se em práticas simples e indispen-
sáveis ao bom desenvolvimento das culturas, de modo a preservar o solo e a
água locais.
Para tanto, há um conjunto de técnicas e métodos de manejo do solo,
denominadas de conservacionistas, que permitem uma alta produtividade
com sustentabilidade. Por outro lado, o manejo de solo não conservacionista
gera perda do solo, erosão, contaminação da água, assoreamento e podem até
facilitar a desertificação.
O Quadro 1 apresenta de maneira sucinta algumas formas de manejo do
solo, destacando os métodos conservacionistas.

Quadro 1 – Tipos de manejo do solo.


Forma de
Tipo Descrição
manejo
Preparo Faz uso de arado, que ao revolver, pulveriza Não Conser-
convencional o solo deixando-o susceptível à erosão. . vacionista
Preparo Faz um mínimo de intervenções no solo, utilizando Conservacionista
mínimo uma menor quantidade de implementos agrícolas
sobre os resíduos da cultura anterior, com revolvi-
mento mínimo necessário ao próximo cultivo.
Plantio direto Utiliza máquina semeadora especial e o plan- Conservacionista
tio é feito sobre a palhada da cultura anterior, ou
sobre palha produzida para esta finalidade.

Plantio Parecido com o plantio direto; a dife- Conservacionista


semidireto  rença é que neste sistema há menor quanti-
dade de palhada na superfície do solo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.


O emprego da forma de manejo do solo mais adequada depende de
fatores relacionados às áreas rurais e suas respectivas peculiaridades. Portanto,
é necessário que se tome uma decisão própria a cada local e a cada lavoura, de
acordo com as seguintes características locais:
22 textura e umidade do solo;

– 78 –
A importância da conservação ambiental

22 quantidade de infestação de pragas e doenças;


22 quantidade e tipo de material vegetal na superfície do solo;
22 existência de camadas de solo compactadas;
22 existência de pedras e riscos de erosão; e,
22 uso de maquinário (tratores e outros).
Tendo em vista a quantidade de particularidades locais, o estudo
pedológico é essencial, devendo-se sempre priorizar os manejos mais
conservacionistas.

Importante
Pedologia é a ciência que tem como foco o estudo dos solos. Envolve o
conhecimento das propriedades e características do solo, físicas, químicas
e biológicas. A pedologia é uma ciência multidisciplinar, sendo, portanto,
de interesse de engenheiros agrônomos, geógrafos e geólogos. Os pro-
fissionais que se dedicam a ela são chamados de pedólogos.

O conhecimento das características e propriedades do solo é fundamen-


tal para definição da melhor forma de uso, que permita aliar alta produtivi-
dade e baixo impacto sobre este recurso natural.
Por exemplo, o cerrado brasileiro sofre com o uso cada vez mais intenso
de maquinário e implementos agrícolas, que aceleram o empobrecimento da
camada de matéria orgânica do solo, bem como aumentam a compactação
das camadas superficiais. Isso faz com que o solo perca sua capacidade de
infiltração, criando situações propícias à erosão e a consequente lixiviação de
compostos do solo (reduzindo a quantidade de seus nutrientes).
O manejo sustentável dos solos deve ser empegado de modo que o sis-
tema agrícola seja produtivo, mas ao mesmo tempo preservando os recursos
naturais e conservando o meio ambiente. Aliar a prática do manejo sustentá-
vel do solo à prática de rotação de culturas é muito bem-vinda, pois além de
propiciar uma boa produtividade, protege o solo e a água de erosões, perda de
nutrientes entre outros problemas.

– 79 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

6.2 Áreas de preservação permanente


As Áreas de Preservação Permanente (APP) são regulamentadas por lei, no
denominado Novo Código Florestal Brasileiro a Lei nº 12.651, de 25 de maio
de 2012 (Brasil, 2012). A, APP é definida como área protegida, coberta ou não
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos,
a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
As especificidades das áreas que deverão ser permanentemente preservadas
(Figura 1) estão descritas no artigos 4° da mesma lei, divididas em locais espe-
cíficos de florestas, bosques e outras formas de vegetação natural (Quadro 2).
Figura 1 - Esquema de áreas de proteção permanente em cursos hídricos.
Nascente
raio de 50m
Largura do rio
menor que 10m

10-50m 50-200m 200-600m acima de


600m
Mata Ciliar
30m

Mata Ciliar
50m Mata Ciliar
100m
Mata Ciliar
200m

Mata Ciliar
500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Campo Magro, 2015.


Quadro 2 – Locais considerados Áreas de Preservação Permanente.

Local Perímetro específico


As faixas marginais de 30 m para os cursos d’água menores que 10 m de largura;
qualquer curso d’água 50 m para cursos d’água que tenham entre 10 e 50 m de largura;
natural perene e inter- 100 m para cursos d’água que tenham entre 50 e 200 m de largura;
mitente, excluídos os
efêmeros, desde a borda 200 m para cursos d’água que tenham entre 200 a 600 m de largura;
da calha do leito regular,
500 m para cursos d’água que tenham largura maior que 600 m.
em largura mínima de

– 80 –
A importância da conservação ambiental

Local Perímetro específico


As áreas no entorno a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o
dos lagos e lagoas corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície,
naturais, em faixa com cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
largura mínima de:
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
As áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represa-
mento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento
As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que
seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros
As encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equiva-
lente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive.
As restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues

Os manguezais, em toda a sua extensão

As bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em


faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
No topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros
e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível corres-
pondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo
esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente
ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
As áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação

Em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cin-


quenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado

Fonte: Elaborada pelo autor, adaptado da Lei a Lei nº 12.651, de 25 de maio de


2012 (Brasil, 2012)
O novo código florestal admite para a pequena propriedade ou posse
rural familiar o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo
curto. Esse plantio pode ser realizado na faixa de terra que fica exposta no
período de vazante dos rios ou lagos, desde que não implique supressão de
novas áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do solo
e seja protegida a fauna silvestre. Segundo a lei, a pequena propriedade ou
posse rural familiar é aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agri-

– 81 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

cultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e


projetos de reforma agrária (Brasil, 2012).
Entre as funções que as áreas a serem preservadas devem desenvolver estão:
a) atenuar os processos erosivos do solo, e, a fixação para proteção de
dunas de areia;
b) formar faixas de proteção no entorno de rodovias e ferrovias;
c) auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades
militares, e garantir condições de bem-estar público.
d) proteger sítios de interesse paisagístico ou de interesse científico/
histórico;
e) acolher exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; man-
tendo o ambiente propicio a vida de populações silvícolas;
O site, Centro de Inteligência Florestais desenvolveu uma página na
web chamada “A cartilha do Código Florestal Brasileiro” que apresenta de
forma didática e ilustrada as formas como se dão as Áreas de Preservação
Permanente. É um instrumento importante e de fácil compreensão para
quem quer se inteirar mais do assunto. Está disponível em: http://www.
ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-recursos-hidricos-dos-ecossistemas-aquaticos.html.

6.3 Reserva legal


As reservas legais têm suas características definidas por lei, no novo
código florestal. De acordo com a Lei a Lei nº 12.651, de 25 de maio de
2012 (Brasil, 2012), reserva legal é a área que pertence a uma propriedade
rural (e esteja compreendida dentro dela), que não seja alvo de preservação
permanente, com função de assegurar o uso econômico de modo sustentável
dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar à conservação e reabilitação
dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem
como o abrigo da fauna silvestre e flora nativa.
A área que é destinada a reserva legal deve preservar a vegetação
nativa local e é vedado qualquer tipo de uso que fuja à proposta original
da reserva legal.

– 82 –
A importância da conservação ambiental

O percentual da propriedade que deve ser destinado a reserva legal


varia de acordo com a região do Brasil onde a propriedade está localizada.
Se a propriedade encontrar-se na chamada “Amazônia Legal”, os percentu-
ais das propriedades destinados a reserva legal estão dispostos na Tabela 1.
Caso a propriedade esteja localizada em outras regiões do Brasil, então o
percentual destinado a reserva legal será de 20%.
Tabela 1 - Percentual da propriedade rural destinada à reserva legal para a região
da Amazônia Legal.
Amazônia Legal
Localização Percentual destinado a reserva legal
Propriedade localizada em área de florestas 80%
Propriedade localizada em área de cerrado 35%
Propriedade localizada em área de campos gerais 20%

Fonte: Elaborada pelo autor, baseado na Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012


(Brasil, 2012),
A Amazônia Legal é composta pelos estados do Acre, Pará, Amazonas,
Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e parcialmente pelos estados de
Tocantins, Goiás e Maranhão.
O conceito de biodiversidade é abrangente, pois representa a totalidade
dos genes, espécies e ecossistemas de uma dada região. Portanto, o conjunto
de vegetais, animais, rochas, solo, corpos hídricos compõem a biodiversidade
de cada local, sendo que esta muda geograficamente. Assim, a biodiversidade
de um dado lugar é distinta a de outro lugar, por mais que as duas, em ques-
tão, sejam compostas pelas mesmas propriedades naturais.

6.4 Unidades de conservação


Com a intenção de proteger áreas naturais, o governo do Brasil, criou
um mecanismo chamado Unidades de Conservação (UC). Estas unidades
têm sido uma forma eficiente de proteger e conservar florestas nativas, de
modo a garantir a manutenção dos recursos naturais no longo prazo.
Regulamentadas pela Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000 (Brasil,
2000), as Unidades de Conservação são áreas naturais em que haja neces-

– 83 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

sidade, ou interesse, de proteção e preservação. Isso ocorre dadas as caracte-


rísticas especiais destas localidades, como a existência de recursos ambientais
relevantes (sejam eles naturais, hídricos ou outros).
As UC têm como objetivo garantir a preservação de quantidades signi-
ficativas das mais variadas espécies, habitats, ecossistemas, formas de relevo e
vegetação, garantindo que populações tradicionais possam desenvolver-se por
meio do uso sustentável e racional dos recursos naturais existentes na respec-
tiva Unidade de Conservação.
Tendo em vista a extensão territorial do País e a grande quantidade de
UC, foi organizado um sistema para gerenciá-las de forma ágil e competente.
Para isso foi criado o Sistema Nacional de Conservação da Natureza (Snuc).
O Snuc foi promulgado pela Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000 (Bra-
sil, 2000), que possibilitou grandes avanços no gerenciamento de UCs e suas
relações com as esferas dos poderes federal, estaduais e municipais. Isto por-
que o Snuc possibilita uma visão holística das áreas que necessitam de preser-
vação, e estabelece ferramentas de regulamentação para que a sociedade civil
organizada possa participar ativamente no gerenciamento das UC, aproxi-
mando o Estado da população e do meio ambiente natural.
O Snuc é composto por 12 categorias de UCs, com objetivos específicos,
distintos quanto à intensidade de proteção e os usos permitidos, dividindo-as
em: UCs que necessitam de maiores cuidados, dada sua sensibilidade, com-
pondo o grupo de proteção integral; e UCs em que é possível desenvolver
formas sustentáveis e conservacionistas, compondo o grupo de uso susten-
tável. O sistema é gerenciado pelas três instâncias governamentais (federal,
estaduais e municipais).
As categorias das UCs estão dispostas conforme apresentado no Quadro 3.
Quadro 3 – Grupos e categorias de Unidades de Conservação.
Grupo Categoria Descrição
Área destinada exclusivamente à preservação da natureza e o
Proteção Integral

desenvolvimento de pesquisas científicas, sendo permitido apenas


Estação o uso indireto dos recursos naturais locais, ou seja, não é permi-
ecológica tido que se consuma, colete, danifique ou destrua estes recursos.

– 84 –
A importância da conservação ambiental

Grupo Categoria Descrição


Esta categoria objetiva a preservação integral da biota e das demais
características naturais, sem que haja qualquer interferência humana
Reserva
direta. São permitidas apenas modificações com o intuito de recuperar
biológica
ecossistemas eventualmente alterados, bem como ações de manejo
essenciais à recuperação e preservação do equilíbrio natural.
Constitui a mais popular e antiga categoria de Unidades de
Conservação. Objetiva preservar ecossistemas de grande
Proteção Integral

Parque
relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a rea-
nacional
lização de pesquisas científicas, realização de atividades
educacionais, recreação, lazer e turismo ecológico.
Categoria de UC que preserva sítios naturais raros, singulares e/
Monumento ou de grande beleza cênica. É constituído por propriedades par-
natural ticulares, desde que concilie os objetivos de uma UC com as
formas de uso e ocupação do solo por parte dos proprietários.
Tem por objetivo proteger ambientes naturais que garantam
Refúgio de
condições para a existência ou reprodução de espécies ou comu-
vida silvestre
nidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
Área extensa, com presença de ocupação humana, com atributos
Uso sustentável

Área de bióticos, abióticos, estéticos ou culturais importantes para a qualidade


proteção de vida e o bem-estar das populações humanas. Essas UCs têm como
ambiental objetivo preservar a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Área de
Área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação
relevante
humana, que apresente características naturais singula-
interesse
res ou que abriguem exemplares raros da biota regional.
ecológico
Área com cobertura florestal de espécies predominantemente
Uso sustentável

Floresta nativas, criada com o objetivo básico de uso múltiplo sustentável dos
nacional recursos florestais e pesquisas científicas voltadas para a descoberta
de métodos de exploração sustentável destas florestas nativas.
Área utilizada por comunidades tradicionais, cuja subsis-
tência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na
Reserva
agricultura de subsistência. Essas UCs são criadas para pro-
extrativista
teger os meios de vida e a cultura dessas populações, assegu-
rando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.

– 85 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Grupo Categoria Descrição


Reserva Área natural com populações de animais de espécies nativas,
de fauna terrestres e aquáticas, residentes ou migratórias, adequa-
das para estudos técnico-científicos sobre o manejo eco-
nômico sustentável dos recursos faunísticos.
Reserva de Área natural que abriga populações tradicionais, que vivem
Uso sustentável

desenvol- basicamente em sistemas sustentáveis de exploração dos


vimento recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações
sustentável e adaptados às condições ecológicas locais.
Reserva Localizam-se em áreas privadas, com o objetivo de conservar a
particular de diversidade biológica ali existente. Com isso, tem-se o engajamento
patrimônio do cidadão na proteção dos ecossistemas brasileiros, oferecendo-
natural -lhe incentivos à sua criação, como a isenção de impostos. Uso
sustentável aqui se subentende a realização de pesquisa científica e
visitação pública com finalidade turística, recreativa e educacional.
Fonte: Brasil, 2000.

Resumindo
O interesse ambiental de proteção e preservação pode ser de diversos
tipos, podendo ser a beleza cênica de um dado lugar, sua importância ecoló-
gica ou a proteção dos recursos naturais e hídricos.
Sabemos que a esfera governamental é quem regula e gerencia as prin-
cipais formas de preservação, mas a participação da sociedade e das pessoas
(físicas e jurídicas) em geral é importante, bem como a ajuda na preserva-
ção, por meio das Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN),
por exemplo.

– 86 –
7
Legislação ambiental

Este capítulo certamente é o mais denso a ser estudado, mas


igualmente importante. São apresentas as leis relacionadas ao tema de
nossa disciplina: Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degra-
dadas. Essas leis ambientais definem normas e infrações e devem ser
conhecidas, entendidas e praticadas.
Estudaremos a legislação sob a ótica dos principais sistemas
de interesse ambiental. Saiba que existem sistemas específicos para a
divulgação de informações ambientais, entre os quais podemos desta-
car o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e o Sis-
tema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH).
Por fim, apresentaremos os aspectos legais e procedimen-
tos a serem seguidos para o desenvolvimento dos PRAD e sua
versão simplificada.
Boas leituras e bons estudos!
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Objetivos de aprendizagem:
22 Identificar o que a Constituição Federal estabelece em relação a
aspectos ambientais;
22 Conhecer os principais instrumentos legais relacionados à questão
ambiental, como Política Nacional do Meio Ambiente, Sistema
Nacional do Meio Ambiente, Lei das Águas, Lei de crimes ambien-
tais entre outras;
22 Analisar a legislação ambiental brasileira em todas as suas políticas
específicas que embasam as ações de manejo, proteção, preservação
e recuperação ambiental;
22 Conhecer as instruções normativas ao PRAD.

7.1  Constituição Federal e o meio ambiente


A Constituição Federal aborda todos os aspectos legais e de interesse do
país e de seus cidadãos, por isso constam em nossa Carta Magna os aspectos
que regem as boas práticas, preservação e proteção do meio ambiente brasileiro.
É no artigo 225 que estão dispostos os interesses da Constituição a res-
peito do meio ambiente.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (Brasil,1988)

Detalhadamente, a Constituição prevê no art. 225, § 1º que, para assegu-


rar a efetividade desse direito, é de incumbência do Poder Público, em essência:
I. preservar e restaurar os processos ecológicos e prover o manejo
das espécies e ecossistemas;
II. [...] fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de
material genético;
III. definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos;
IV. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade poten-
cialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

– 88 –
Legislação ambiental

V. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,


métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a quali-
dade de vida e o meio ambiente;
VI. promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino [...];
VII. proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade. (Brasil,1988)

7.2  Política Nacional do Meio Ambiente


A Política Nacional do Meio Ambiente foi instituída pela Lei nº 6.938,
de 31 de agosto de 1981, em que são descritos e dispostos os seus fins e meca-
nismos de formulação e aplicação. Ela é fundamentada em disposições da
Constituição Brasileira (nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235). É na
lei que a define que está constituído o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama), e institui o Cadastro de Defesa Ambiental (Brasil, 1981).

Você sabia
A palavra “política”, do grego “politéia” era usada para se referir a
tudo relacionado a polis (cidade-estado) e à vida em coletividade.
A política está relacionada diretamente com a vida em sociedade, no
sentido de fazer com que cada indivíduo expresse suas diferenças e
conflitos sem que isso seja transformado em um caos social (Fonte:
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/politica/)

Os objetivos dessa política são a preservação, melhoria e recuperação da


qualidade ambiental propícia à vida, visando a assegurar, no país, condições
ao desenvolvimento socioeconômico.
A Política Nacional do Meio Ambiente prevê que os seguintes princípios
deverão ser atendidos:
I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um patrimônio público
a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o
uso coletivo;

– 89 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;


III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representa-
tivas;
V. controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o
uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII. acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. recuperação de áreas degradadas;
IX. proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a edu-
cação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação
ativa na defesa do meio ambiente. (Brasil, 1981)

A Política Nacional do Meio Ambiente define os conceitos de meio


ambiente, degradação e qualidade ambiental, poluição, poluidor e recursos
ambientais, a saber:
I. meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e inte-
rações de ordem física, química e biológica, que permitem, abri-
gam e regem a vida em todas as suas formas;
II. degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das carac-
terísticas do meio ambiente;
III. poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de ati-
vidades que, direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos;
IV. poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou pri-
vado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causa-
dora de degradação ambiental;

– 90 –
Legislação ambiental

V. recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superficiais


e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Brasil, 1981)

Faz parte da Política Nacional do Meio Ambiente a busca para que haja:
I. [...] compatibilização do desenvolvimento econômico-social
com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilí-
brio ecológico;
II. [...] definição de áreas prioritárias de ação governamental [...];
IV. [...] desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais
orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
V. [...] divulgação de dados e informações ambientais e formação de
uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da
qualidade e do equilíbrio ecológico;
VI. [...] preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas
à sua utilização racional e disponibilidade permanente [...];
VII . [...] imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recu-
perar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribui-
ção pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
(Brasil,1981)
Figura 1 – Políticas ambientais
As diretrizes são organizadas em brasileiras definidas por lei
normas e planos, que têm como objetivo
Política Nacional de Meio Ambiente
orientar a ação do governo, em todas as
Lei 6.938/81
suas esferas, no que se refere à preservação
da qualidade ambiental e manutenção do
equilíbrio ecológico. Política Nacional de Recursos Hídricos
Lei 9.433/1997
As principais políticas brasileiras defi-
nidas por lei são apresentadas na Figura 1. Política Nacional de Educação Ambiental
Lei 9.795/99

7.2.1  Sistema Nacional do Política Nacional de Saneamento


Lei 11.445/2007
Meio Ambiente (Sisnama)
Política Nacional de Resíduos Sólidos
A Política Nacional do Meio Ambiente Lei 12.305/2010
regulamenta e define o Sistema Nacional
do Meio Ambiente – SISNAMA (Bra-

– 91 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

sil,1981). De acordo com o art. 6º da Política Nacional do Meio Ambiente,


“os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territó-
rios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público,
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o
SISNAMA” (Brasil, 1981).
O Sistema é estruturado da seguinte forma:
I. órgão superior: o Conselho de Governo, cuja função é assessorar o
presidente da República na formulação da política e diretrizes para o
meio ambiente;
II. órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama), que tem como finalidade “assessorar, estudar e
propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamen-
tais [...], e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e
padrões compatíveis com o meio ambiente [...]” (Brasil, 1981);
III. órgão central: “a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da
República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar
e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente” (Brasil, 1981);
IV. órgão executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e o Instituto Chico Men-
des de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes,
com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretri-
zes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com
as respectivas competências;
V. órgãos seccionais: “os órgãos entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos, e pelo controle e fiscalização de ativi-
dades capazes de provocar a degradação ambiental” (Brasil, 1981);
VI. órgãos locais: “os órgãos ou entidades municipais, responsáveis
pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas
jurisdições” (Brasil, 1981).
Algumas especificidades a respeito da organização do Sisnama merecem
destaque, entre elas:

– 92 –
Legislação ambiental

§ 1º –Os Estados, na esfera de suas competências e nas


áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e
complementares e padrões relacionados com o meio
ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo
CONAMA.
§ 2º – Os municípios, observadas as normas e os padrões
federais e estaduais, também poderão elaborar as normas
mencionadas no parágrafo anterior.
§ 3º – Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais
mencionados neste artigo deverão fornecer os resulta-
dos das análises efetuadas e sua fundamentação, quando
solicitados por pessoa legitimamente interessada. (Bra-
sil, 1981)

7.3  Resoluções Conama


22 O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) é um órgão
consultivo e deliberativo, que faz parte do Sistema Nacional do
Meio Ambiente (Sisnama), foi instituído pela Lei no 6.938/81, que
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamen-
tada pelo Decreto no 99.274/90.
22 O Conama é composto por Plenário, Comitê de Integração de
Políticas Ambientais (CIPAM), Grupos Assessores, Câmaras Téc-
nicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo ministro
do Meio Ambiente, sem prejuízo de suas funções, e sua Secreta-
ria Executiva é exercida pelo secretário executivo do Ministério do
Meio Ambiente. (Brasil,1990)

É de competência do Conama:
I. estabelecer, mediante proposta da Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, dos
demais órgãos integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do
CONAMA, normas e critérios para o licenciamento de ativida-
des efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos
Estados e supervisionado pela SEMA;

– 93 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

II. determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das


alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos
públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais
e municipais, bem como a entidades privadas, as informações
indispensáveis para apreciação de Estudos Prévios de Impacto
Ambiental e respectivos relatórios, no caso de obras ou ativida-
des de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas
consideradas patrimônio nacional;
III. decidir, por meio da Câmara Especial Recursal – CER, em
última instância administrativa, em grau de recurso, mediante
depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas
pelo IBAMA;
IV. determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou
restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público,
em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão parti-
cipação em linhas de financiamento em estabelecimentos ofi-
ciais de crédito;
V. estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de
controle da poluição causada por veículos automotores, aero-
naves e embarcações, mediante audiência dos ministérios
competentes;
VII. estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle
e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao
uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.
(Brasil, 1990)

22 Ainda são atos do Conama as resoluções, moções e recomen-


dações. E entre as resoluções mais importantes, podemos
destacar:Resolução Conama nº 001, de 23 de janeiro de 1986
- estabelece as definições, as responsabilidades, os critérios bási-
cos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação
de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente (Brasil, 1986)
22 Resolução Conama nº 237, de 19 de dezembro de 1997 - dispõe
sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios
utilizados para o licenciamento ambiental (Brasil, 1997).
22 Resolução Conama nº 357/2005, de 17 de março de 2005 - dis-
põe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes para o seu

– 94 –
Legislação ambiental

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de


lançamento de efluentes, e dá outras providências.
22 Resolução Conama nº 396/2008 - estabelece o enquadramento das
águas subterrâneas (Brasil, 2008)
22 Resolução Conama no 466, de 5 de fevereiro de 2015 – estabe-
lece diretrizes e procedimentos para elaboração e autorização do
Plano de Manejo de Fauna em Aeródromos, e dá outras providên-
cias (Brasil, 2015);
22 Resolução Conama no 457, de 25 de junho de 2013 – dispõe sobre
o depósito e a guarda provisórios de animais silvestres apreendidos
ou resgatados pelos órgãos ambientais integrantes do Sistema
Nacional do Meio Ambiente (Brasil, 2013);
22 Resolução Conama no 384, de 27 de dezembro de 2006 – dis-
ciplina a concessão de depósito doméstico provisório de animais
silvestres apreendidos e dá outras providências (Brasil, 2006);
22 Resolução Conama no 394, Figura 2 – Captura ilegal de animais
de 6 de novembro de 2007 silvestres.
– estabelece os critérios para

Fonte: Shutterstock, 2015.


a determinação de espécies
silvestres a serem criadas e
comercializadas como animais
de estimação (Brasil, 2007);
22 Resolução Conama no 278,
de 24 de maio de 2001 –
regulamenta questões sobre o
corte e exploração de espécies
ameaçadas de extinção, constantes da lista oficial, em populações
naturais no bioma Mata Atlântica (Brasil, 2001);
22 Resolução Conama nº 317, de 4 de dezembro de 2002 –regula-
menta a Resolução no 278, de 24 de maio de 2001, que dispõe
sobre o corte e exploração de espécies ameaçadas de extinção da
flora da Mata Atlântica (Brasil, 2002).

– 95 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

7.4  Lei das Águas e a Política


Nacional dos Recursos Hídricos
A Política Nacional dos Recursos Hídricos é estabelecida pela Lei n.º
9.433/1997, conhecida como “Lei das Águas”. Essa lei também institui o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH).
A Lei das Águas tem seis fundamentos, a saber:
I. a água é um bem de domínio público;
II. a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III. em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é
o consumo humano e a dessedentação de animais;
IV. a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso
múltiplo das águas;
V. a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação
da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI. a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar
com a participação do Poder Público, dos usuários e das comuni-
dades. (Brasil, 1997)

Fazem parte, ainda, da Polí-


Figura 3 – Recursos Hídricos.
tica Nacional dos Recursos Hídri-
Fonte: Shutterstock, 2015.

cos, os seguintes instrumentos: os


Planos de Recursos Hídricos; o
enquadramento dos corpos de água
em classes, segundo os usos pre-
ponderantes da água; a outorga dos
direitos de uso de recursos hídri-
cos; a cobrança pelo uso de recur-
sos hídricos; Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídri-
cos (Brasil, 1997). A seguir, serão apresentados as funções de cada um deles.
22 Planos de Recursos Hídricos. São regidos pelos artigos 6º e 7º da
Lei nº 9.433/1997, que estabelecem que os planos são diretores, de
longo prazo, e visam à fundamentação e orientação da implemen-
tação da Política Nacional de Recursos Hídricos.

– 96 –
Legislação ambiental

22 Enquadramento dos corpos de água em classes segundo os usos


preponderantes da água. Esse instrumento visa ao estabelecimento
de um nível de qualidade para a água, a ser alcançado ou mantido
ao longo do tempo. O enquadramento busca “assegurar às águas
qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem des-
tinadas”, e a “diminuir os custos de combate à poluição das águas,
mediante ações preventivas permanentes” (Brasil, 1997).
22 Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos. Amparada pelo
disposto na Lei nº 9.433/1997, na Lei n° 9.984/2000 e no Decreto
nº 3.692/2000, a Agência Nacional de Águas (ANA) tem como
uma das funções a fiscalização dos usos dos recursos hídricos nos
corpos de água de domínio da União. A fiscalização é um dos ins-
trumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos. Pode ser
definida como a atividade de controle e monitoramento dos usos
dos recursos hídricos, voltada à garantia dos usos múltiplos da
água. Tem caráter repressivo e preventivo.
22 Cobrança pelo uso de recursos hídricos. É um instrumento de
gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos, instituído pela
Lei nº 9.433/97, e tem como objetivos: i) dar ao usuário uma indi-
cação do real valor da água; ii) incentivar o uso racional da água; e
iii) obter recursos financeiros para a recuperação das bacias hidro-
gráficas do País (Brasil, 1997).
22 Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos. Trata-
-se de um amplo sistema de coleta, tratamento, armazenamento
e recuperação de informações sobre recursos hídricos, bem como
fatores intervenientes para a sua gestão.

7.5  Política Nacional da Educação Ambiental


A Política Nacional de Educação Ambiental está disposta na Lei nº
9.795, de 27 de abril de 1999, da qual fazem parte mais três capítulos: edu-
cação ambiental, execução da Política Nacional da Educação Ambiental e
disposições finais. Os capítulos de interesse desta disciplina são o I e o II.
Essa política define que:

– 97 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais


o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimen-
tos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade. (Brasil,1999)

A Política também define que “a educação ambiental é um componente


essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo,
em caráter formal e não formal” (Brasil, 1999), em que todos têm direito à
educação ambiental, incumbindo as mais diversas esferas da sociedade, entre
as quais o Poder Público, as instituições educativas, os órgãos integrantes do
Sisnama, os meios de comunicação de massa, as empresas, entidades de classe,
instituições públicas e privadas e a sociedade como um todo (Brasil, 1999).
O art. 4º da Lei 9.795/1999 aponta que os princípios básicos da educa-
ção ambiental são:
I. o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II. a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando
a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o
cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III. o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva
da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV. a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas
sociais;
V. a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI. a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII. a abordagem articulada das questões ambientais locais, regio-
nais, nacionais e globais;
VIII. o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade
individual e cultural. (Brasil, 1999)

Já o art. 5º estabelece os objetivos fundamentais da educação ambien-


tal, a saber:
I. o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econô-
micos, científicos, culturais e éticos;
II. a garantia de democratização das informações ambientais;

– 98 –
Legislação ambiental

III. estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a


problemática ambiental e social;
IV. o incentivo à participação individual e coletiva, permanente
e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania;
V. o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do país, em
níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma
sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios
da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;
VI. o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a
tecnologia;
VII. o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
(Brasil, 1999)

De acordo com o art. 8º da lei,


As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental
devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar,
por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas:
I. capacidade de recursos humanos;
II. desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III. produção e divulgação de material educativo;
IV. acompanhamento e avaliação. (Brasil, 1999)

A respeito da educação ambiental no ensino formal, a lei apresenta dis-


põe que:
Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvol-
vida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e
privadas, englobando:
I. educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II. educação superior;
III. educação especial;

– 99 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

IV. educação profissional;


V. educação de jovens e adultos (Brasil, 1999).

Conforme destaca a lei, “a educação ambiental será desenvolvida como


uma prática educativa integrada, contínua e permanente, em todos os níveis e
modalidades do ensino formal”, porém não deve ser implantada como disciplina
específica no currículo de ensino (Brasil, 1999). Com relação a outros níveis de
formação, a Política Nacional de Educação Ambiental estabelece no art. 10 que:

§ 2º – Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao


aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer neces-
sário, é facultada a criação de disciplina específica.
§ 3º – Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em
todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambien-
tal das atividades profissionais a serem desenvolvidas. (Brasil, 1999)

A respeito da educação ambiental não formal, ela é entendida como “as


ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as
questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade
do meio ambiente” (Brasil, 1999).
A educação ambiental não formal será incentivada pelo Poder Público,
em níveis federal, estadual e municipal, fazendo-se valer dos meios de comu-
nicação de massa; da sensibilização da sociedade para a importância das uni-
dades de conservação; da sensibilização ambiental das populações tradicionais
ligadas às unidades de conservação; da sensibilização ambiental dos agriculto-
res; e do ecoturismo (Brasil,1999).
Com base na legislação que regulamenta a Educação Ambiental no
país, foi criado, em 2003, o Órgão Gestor da Política Nacional de Educação
Ambiental, reunindo os ministérios da Educação e Cultura (MEC) e do Meio
Ambiente (MMA). Dessa forma, ela passou a ser desenvolvida tanto nas esfe-
ras formais quanto informais.
Ainda na esfera formal, vale destacar a criação dos Parâmetros Curri-
culares Nacionais (PCN), documento criado pelo MEC no qual a temática
ambiental foi inserida como conteúdo transversal em todas as disciplinas do
currículo escolar na educação básica.

– 100 –
Legislação ambiental

7.6  As Unidades de Conservação


Figura 4 – Unidade de Conservação Regulamentadas pela Lei nº 9.985,
(Mata Atlântica – RJ). de 18 de julho de 2000, com base em arti-
gos da Constituição Federal, as Unidades
Fonte: Shutterstock, 2015.

de Conservação são áreas naturais em que


haja necessidade, ou interesse, de prote-
ção e preservação. Isso ocorre dadas as
características especiais dessas localidades,
como a existência de recursos ambientais
relevantes (naturais, hídricos e outros).
O Decreto n.º 4.340, de 22 de
agosto de 2002, dispõe sobre o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, SNUC, que estabelece critérios e nor-
mas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação (UC).

Você sabia
O SNUC prevê 12 categorias de Unidades de Conservação. Essas
estão subdivididas em dois grupos: as que necessitam de proteção
integral, que são cinco categorias; e as que podem ter alguma forma
de uso sustentável, formadas por sete categorias. A busca de novos
processos de compensação, com destaque para a remuneração por
competências, vinculada à capacidade de “entrega” do funcionário,
alimenta as expectativas dos gestores de pessoas.

O SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação


federais, estaduais e municipais, e, gerido pelos seguintes órgãos, com as res-
pectivas atribuições:
I. Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), com as atribuições de acompanhar a
implementação do Sistema;
II. Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade
de coordenar o Sistema; e
III. Executores: Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter suple-
tivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de imple-
mentar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar

– 101 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas


respectivas esferas de atuação.atuação. (Brasil, 2007)

Excepcionalmente, podem integrar o SNUC, “e a critério do CONAMA,


unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender
a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não
possam ser satisfatoriamente atendidos [...]” (Brasil, 2002).

7.7  Lei dos Crimes Ambientais


Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais
e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências.
Entre as principais formas de penalidades prescritas nesta lei estão: presta-
ção de serviços à comunidade, interdição temporário de direitos, suspensão par-
cial ou total das atividades, prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.
Ainda é prevista por esta lei que em caso de pessoa jurídica as penalida-
des aplicáveis podem ser multa, restrição de direitos e prestação de serviços
à comunidade.
Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, dispõe sobre a especifica-
ção das sanções às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Indicando
que as ações ou a omissão que viole ou vá contra regras e normas jurídicas refe-
rentes ao meio ambiente são consideradas infrações administrativas ambientais
e passíveis de sanções, tais como multas simples e diárias, restrição de direitos,
apreensão de material e até o possível fechamento da atividade em questão.

Saiba mais
Você tem interesse em conhecer todos os tipos de crimes cometidos
contra o meio ambiente? Sabe em que incorrem aqueles que o prati-
cam? O livro Crimes Ambientais e juizados especiais, do professor Ivan
da Silva, publicado em 2011, trata de detalhar esses crimes e sinalizar
as respectivas punições e sanções legais. Além disso, você vai poder
conferir outras questões referentes ao Direito Processual Ambiental.

– 102 –
Legislação ambiental

7.8  Instruções Normativas dos projetos de


recuperação de áreas degradadas (PRAD)
A realização dos projetos de recuperação de áreas degradadas (PRAD)
são regidos pela Instrução Normativa n°4 do IBAMA e ICMBio, que discri-
minam todos os documentos que deverão ser entregues aos órgãos supracita-
dos e as etapas legais ao qual os PRAD deverão passar.
De acordo com a Instrução Normativa, o PRAD deverá ser tecnicamente
justificado para que não haja a necessidade de serem atendidas todas as dire-
trizes e orientações constantes na Instrução Normativa n° 4, e, dependendo
“das condições da área a ser recuperada e das demais condições apontadas na
análise técnica, poderá ser estimulada e conduzida a regeneração natural da
vegetação nativa” (Brasil, 2011).
No § 5º, art. 1º da referida Instrução, fica estabelecido que “o IBAMA,
em razão da análise técnica a ser realizada nas áreas degradadas ou alteradas,
em pequena propriedade rural ou posse rural familiar, conforme definidos em
legislação específica, poderá indicar a adoção [...] de um Projeto Simplificado
de Recuperação de Área Degradada [...]” (Brasil, 2011), também chamado de
PRAD Simplificado.
§ 6º Para os casos em que o PRAD ou o PRAD Simplificado forem
considerados, em razão da análise técnica, como sendo projetos que
excedam as necessidades locais para a recuperação de Áreas Degrada-
das ou Alteradas, poderá ser adotado Termo de Compromisso vincu-
lado a Termo de Referência específico [...]. (Brasil, 2011)
Art. 2º O PRAD deverá informar os métodos e técnicas a serem
empregados de acordo com as peculiaridades de cada área, devendo
ser utilizados de forma isolada ou conjunta, preferencialmente aque-
les de eficácia já comprovada, propondo medidas que assegurem a
proteção das áreas degradadas ou alteradas de quaisquer fatores que
possam dificultar ou impedir o processo de recuperação.
§ 3º O PRAD deverá apresentar embasamento teórico que contemple
as variáveis ambientais e seu funcionamento similar ao dos ecossiste-
mas da região. (Brasil, 2011)

Importante
A proteção e a conservação do solo e das águas no local em que será
realizado o PRAD deve ser item de especial importância, uma vez que

– 103 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

estes dois itens são fundamentais para eventuais processos de revege-


tação local, bom como garantem a melhoria do meio ambiente local.

A Instrução Normativa estabelece também que “o PRAD e o PRAD


Simplificado deverão conter planilha(s) com o detalhamento dos custos de
todas as atividades previstas” (Brasil, 2011).
A Instrução Normativa que regulamenta a execução dos PRAD define:
I. área degradada: área impossibilitada de retornar por uma traje-
tória natural, a um ecossistema que se assemelhe a um estado
conhecido antes, ou para outro estado que poderia ser esperado;
II. área alterada ou perturbada: área que após o impacto ainda man-
tém meios de regeneração biótica, ou seja, possui capacidade de
regeneração natural;
III. recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população
silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser
diferente de sua condição original [...];
IV. sistema agroflorestal – SAF: forma de uso da terra na qual espé-
cies lenhosas perenes são cultivadas consorciadas a espécies her-
báceas ou animais, com a obtenção dos benefícios das interações
ecológicas e econômicas resultantes;
V. espécie exótica: espécie não originária do bioma de ocorrência de
determinada área geográfica, ou seja, qualquer espécie fora de sua
área natural de distribuição geográfica;
VI. espécies-problema ou espécies invasoras: espécies exóticas ou
nativas que formem populações fora de seu sistema de ocorrência
natural ou que excedam o tamanho populacional desejável, res-
pectivamente, interferindo negativamente no desenvolvimento
da recuperação ecossistêmica;
VII. espécie ameaçada de extinção: espécie que se encontra em
perigo de extinção, sendo sua sobrevivência incerta, caso os fato-
res que causam essa ameaça continuem atuando e constante de
listas oficiais de espécies em extinção;
VIII. espécies pioneiras e espécies tardias: o primeiro grupo ecológico
contempla as espécies pioneiras e secundárias iniciais, enquanto que
o segundo contempla as espécies secundárias tardias e as climáticas;
IX. espécies zoocóricas: espécies vegetais dispersas pela fauna. (Braz-
sil, 2011)

– 104 –
Legislação ambiental

Os procedimentos para elaboração do PRAD devem obedecer ao


Termo de Referência, que deverá ser protocolizado no IBAMA em
duas vias (uma impressa e outra em formato digital). A ele deve acom-
panhar cópia dos seguintes documentos, conforme estabelece a Ins-
trução Normativa:
I. documentação do requerente;
II. documentação da propriedade ou posse;
III. cadastro no ato declaratório ambiental – ADA ou IBAMA, se for
o caso;
IV. certificado de registro do responsável técnico no Cadastro Téc-
nico Federal do IBAMA – CTF, se for o caso;
V. anotação de responsabilidade técnica – ART, devidamente reco-
lhida, se for o caso, do(s) técnico(s) responsável(is) pela elabora-
ção e execução do PRAD, exceto para os pequenos proprietários
rurais ou legítimos detentores de posse rural familiar, conforme
definido em legislação específica;
VI. informações georreferenciadas de todos os vértices das áreas – do
imóvel, de Preservação Permanente, de Reserva Legal, a recuperar
– a fim de delimitar a(s) poligonal(is), com a indicação do respec-
tivo DATUM;
VII. mapa ou croqui que possibilite o acesso ao imóvel rural. (Brasil, 2011)

Informações georreferenciadas: informações referentes a uma


localização geográfica com suas respectivas coordenadas. Essas
informações são trabalhadas em Sistemas de Informação.
DATUM: modelo de representação da superfície da Terra, serve
como base para que as informações geográficas estejam com
mesmo formato, garantindo assim que a informação refere-se
de fato àquele ponto, tanto em um mapa quanto na realidade.

Parágrafo único. Aprovado o PRAD ou o PRAD Simplificado pelo
IBAMA, o interessado terá até 90 dias de prazo para dar início às atividades
previstas no Cronograma de Execução constante dos Termos de Referência
do PRAD, observadas as condições sazonais da região (Brasil, 2011).

Após a aprovação do PRAD ou do PRAD simplificado, deverão ser


seguidas as seguintes diretrizes para a implantação e manutenção das ativida-
des, conforme estabelecido na Instrução Normativa:

– 105 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Quando for feita a proposta de implantação direta de espécies vegetais,


seja por mudas, seja por sementes, “deverão ser utilizadas espécies nativas da
região na qual estará inserido o projeto de recuperação, incluindo-se, tam-
bém, aquelas espécies ameaçadas de extinção, as quais deverão ser destacadas
no projeto” (Brasil, 2011).
Destaca-se que:
Art. 7º Para os casos de plantio de mudas, na definição do número
de espécies vegetais nativas e do número de indivíduos por hectare
que serão utilizados no processo de recuperação da área deverão
ser considerados trabalhos, pesquisas publicadas, informações téc-
nicas, atos normativos disponíveis, respeitando-se as especificida-
des e particularidades de cada região, visando identificar a maior
diversidade possível de espécies florestais e demais formas de vege-
tação nativa [...].
Art. 8º As espécies vegetais utilizadas deverão ser listadas e identifica-
das por família, nome científico e respectivo nome vulgar.
Parágrafo único. Na definição das espécies vegetais nativas a serem
empregadas na recuperação das áreas degradadas ou alteradas, deverá
ser dada atenção especial àquelas espécies adaptadas às condições
locais e àquelas com síndrome de dispersão zoocórica.
Art. 9º Na propriedade ou posse do agricultor familiar, do empreen-
dedor familiar rural ou dos povos e comunidades tradicionais, pode-
rão ser utilizados Sistemas Agroflorestais – SAF, desde que devida-
mente justificado no PRAD Simplificado.
Art. 10 A possibilidade de uso futuro da área recuperada obedecerá à
legislação vigente, inclusive a exploração mediante manejo ambiental-
mente sustentável. (Brasil, 2011)
Art. 12 Todos os tratos culturais e intervenções que se fizerem neces-
sários durante o processo de recuperação das áreas degradadas ou
alteradas deverão ser detalhados no PRAD e no PRAD Simplificado.
Parágrafo único. Quando necessário o controle de espécies invaso-
ras, de pragas e de doenças, serão utilizados métodos e produtos que
causem o menor impacto possível, observando-se técnicas e normas
aplicáveis a cada caso. (Brasil, 2011)

A respeito do monitoramento e avaliação da implantação do PRAD ou


do PRAD Simplificado, a Instrução Normativa n° 4 recomenda que sejam
feitos por três anos após a sua implantação, prazo que pode ser prorrogado

– 106 –
Legislação ambiental

por igual período (Brasil, 2011). O interessado deverá apresentar, semestral-


mente, ao longo da execução do PRAD, os Relatórios de Monitoramento,
que são elaborados pelo responsável técnico do PRAD e que poderão ser
solicitados pela área técnica do IBAMA se houver necessidade. Contudo
ficam isentos da apresentação os pequenos proprietários rurais ou legítimos
detentores de posse rural familiar (Brasil, 2011).
A Norma Instrutiva estabelece que “as Superintendências do IBAMA
farão vistorias por amostragem nas áreas degradadas ou alteradas em pro-
cesso de recuperação”, com o intuito de quitação do Termo de Compro-
misso, “utilizando-se, quando necessário, de recursos tecnológicos tais como
sensoriamento remoto e geoprocessamento (Brasil, 2011).

Art. 16 Eventuais alterações das atividades técnicas previstas no


PRAD ou no PRAD Simplificado deverão ser encaminhadas ao
IBAMA com antecedência mínima de 90 dias, com as devidas justi-
ficativas, para que sejam submetidas a análise técnica. (Brasil, 2011)
Art. 17 Ao final da execução do PRAD, deverá ser apresentado Rela-
tório de Avaliação com indicativos que permitam aferir o grau e a
efetividade da recuperação da área, e contemplem a recuperação das
funções e formas ecossistêmicas no contexto da bacia, da subbacia ou
da microbacia (Brasil, 2011).
§ 1º O Relatório de Avaliação a ser apresentado ao final do projeto
terá como base os dados constantes dos Relatórios de Monitora-
mento do PRAD [...].
§ 2º O IBAMA, após a apresentação do Relatório de Avaliação,
manifestar-se-á conclusivamente nos prazos definidos pela legislação
(Brasil, 2011).

Importante
O responsável técnico pela elaboração e execução de um PRAD
qualquer é também o responsável legal e deve garantir que a exe-
cução do mesmo será feita da melhor forma não omitindo nenhuma
irregularidade ou qualquer problema, o que significa que qualquer
irregularidade ocorrida ao PRAD quem responderá por esta será o
responsável técnico, podendo inclusive sofrer sanções penais.

– 107 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Resumindo
Como pudemos estudar, a legislação ambiental é extensa e contempla
as mais diversas formas, ações e atitudes que estejam relacionadas ao meio
ambiente, sobretudo com o intuito de proteção, preservação e manutenção
dos mais diversos ecossistemas e suas composições.
A respeito da legislação específica acerca dos projetos de recuperação de
áreas degradadas (PRAD), pudemos observar que se trata de uma norma legal
que prevê ações desde as primeiras proposições, passando pela sua implantação,
manutenção e monitoramento. Questões que serão tratadas no capítulo 10

– 108 –
8
Técnicas de
Avaliação de Impacto
Ambiental – AIA

Neste capítulo vamos listar e conhecer as técnicas de Ava-


liação de Impacto Ambiental (AIA) mais usadas pelos profissionais
do meio ambiente. As vantagens e desvantagens de cada uma delas
serão apresentadas, facilitando com isso a identificação do melhor
método a ser adotado em cada atividade e licenciamento.
Segundo a Associação Internacional para Avaliação de
Impactos Ambientais (IAIA, 1999), a AIA é um processo de iden-
tificação, previsão, avaliação e mitigação dos efeitos relevantes (bio-
físicos, sociais e outros) de propostas de desenvolvimento (empre-
endimentos), antes de decisões fundamentais serem tomadas e de
compromissos serem assumidos. Os objetivos da AIA são:
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

22 Assegurar que o ambiente é considerado e incorporado no processo


de decisão sobre propostas de empreendimentos;
22 Antecipar e evitar, minimizar ou compensar os efeitos adversos sig-
nificativos de empreendimentos;
22 Proteger a produtividade e a capacidade dos sistemas naturais e dos
processos ecológicos para que mantenham suas funções; e
22 Promover um empreendimento que seja sustentável e que otimize
o uso dos recursos e as oportunidades de gestão.
A AIA deve ser elaborada para qualquer empreendimento que possa acarre-
tar danos ou impactos ambientais futuros, sendo realizada previamente a insta-
lação do empreendimento. A AIA tem sido utilizada principalmente em: mine-
rações, hidrelétricas, rodovias, aterros sanitários, oleodutos, indústrias, estações
de tratamento de esgoto e loteamentos (Bitar & Ortega, 1998).Segundo Sán-
chez (2006), o desenvolvimento da AIA depende das características específicas
do empreendimento e das questões legais de cada jurisdição, no entanto, de
forma genérica, o autor lista as seguintes principais etapas do processo:
a) Apresentação da proposta: tem por objetivo descrever a iniciativa
em linhas gerais e apresentá-la para aprovação ou análise de uma
organização, que pode ser uma empresa privada, uma agência de
desenvolvimento ou um órgão governamental. Identifica-se se a
iniciativa tem alto ou baixo potencial de causar impacto ambiental.
A AIA somente será realizada para os casos que tenham potencial
de causar impacto ambiental significativo.
b) Triagem: visa selecionar as ações que tem potencial de causar alte-
rações ambientais significativas. O resultado da triagem permite
categorizar as ações da seguinte forma: as que necessitam de estu-
dos aprofundados, as que não necessitam estudos aprofundados e
aquelas que não foi possível concluir sobre o potencial de causar
impactos significativos ou sobre as medidas de controle.
c) Determinação do escopo do estudo de impacto ambiental (EIA):
para os casos que que necessitam de estudos aprofundados. Antes
de iniciar um EIA é necessário estabelecer seu escopo, ou seja,
abrangência e profundidade dos estudos. Por exemplo, em um pro-

– 110 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

jeto de geração de energia elétrica a partir de combustíveis fósseis o


EIA deverá abordar prioritariamente a questão de qualidade do ar,
enquanto em um processo de implantação de estação de tratamento
de esgoto, a maior preocupação será com a qualidade da água.
d) Elaboração do estudo de impacto ambiental (EIA): É a principal
etapa da AIA e também a que demanda mais tempo e recursos. É
o EIA que estabelece as bases para a análise da viabilidade ambien-
tal do empreendimento. Deve ser elaborada por equipe multidis-
ciplinar, com objetivo de determinar a extensão e intensidade dos
impactos ambientais e se necessário propor modificações no pro-
jeto de forma a reduzir ou, se possível, eliminar os impactos nega-
tivos. Como os relatórios dos EIA costumam ser bastante técnicos
elabora-se um resumo com uma linguagem simplificada, o deno-
minado relatório de impacto ambiental (Rima).
e) Análise técnica do estudo de impacto ambiental: O EIA é analisado,
normalmente por uma equipe técnica do órgão governamental
encarregado de autorizar o empreendimento. A análise é realizada
por uma equipe multidisciplinar e interinstitucional, que verifica
principalmente o grau de detalhamento do diagnóstico ambiental,
os métodos utilizados para a previsão da magnitude dos impactos e
se as medidas mitigadoras propostas são adequadas.
f ) Consulta pública: tem por objetivo a consulta aos interessados,
principalmente, aqueles diretamente afetados pelo empreendi-
mento. A audiência pública é a forma de consulta mais utilizada.
Consultas Públicas são discussões de temas relevantes, abertas a socie-
dade. Deve contar com a participação, tanto de cidadãos quanto de setores
especializados da sociedade, como sociedades científicas, entidades profissio-
nais, universidades, institutos de pesquisa e representações do setor em questão.
a) Decisão: As possíveis decisões são: não autorizar o empreendi-
mento, aprová-lo em sua totalidade ou aprová-lo desde que algu-
mas condições sejam atendidas.
b) Monitoramento e gestão ambiental: deve permitir confirmar ou não
as previsões feitas no EIA, constatar se o empreendimento atende os
requisitos exigidos e alertar para a necessidade de ajustes e correções.

– 111 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

c) Acompanhamento: Incluem atividades de fiscalização (realizada


por agentes governamentais), supervisão (realizada pelo empreen-
dedor) e/ou auditorias (podem ter caráter público ou privado).
d) Documentação: Devido à complexidade do processo de AIA é neces-
sária a elaboração e arquivamento de uma diversidade de documentos.
A Resolução Conama nº 001/86 define que o EIA é o conjunto de estu-
dos realizados por especialistas de diversas áreas, com dados técnicos detalha-
dos. O acesso a ele é restrito, em respeito ao sigilo industrial. No artigo 6°
dessa resolução define que o EIA desenvolverá as seguintes atividades técnicas:
I. Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa
descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal
como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área,
antes da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando
os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo,
os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas,
as correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora,
destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de
valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e
as áreas de preservação permanente;
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os usos
da água e a sócio economia, destacando os sítios e monumen-
tos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as
relações de dependência entre a sociedade local, os recursos
ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
II. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas,
através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da
importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indi-
retos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e perma-
nentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas
e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

– 112 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

III. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre


elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de des-
pejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
IV. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento
(os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâme-
tros a serem considerados).
Segundo a Resolução Conama nº 001/86, o relatório de impacto
ambiental, (RIMA) refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental
(EIA). O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua
compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível,
ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comuni-
cação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens
do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implemen-
tação. Dessa forma, o Relatório de Impacto Ambiental deverá conter os
seguintes itens:
I. Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibili-
dade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais;
II. A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacio-
nais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e
operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra,
as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prová-
veis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e
indiretos a serem gerados;
III. A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da
área de influência do projeto;
IV. A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e
operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas,
os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os
métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quan-
tificação e interpretação;
V. A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influên-
cia, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas
alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização;

– 113 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

VI. A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas


em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não
puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado;
VII. O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII. Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e
comentários de ordem geral).
De acordo com o artigo 2° da Resolução Conama, a elaboração de
estudo de impacto ambiental (EIA) e respectivo relatório de impacto ambien-
tal (RIMA), a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente,
e do IBAMA em caráter supletivo, devem ser realizados para o licenciamento
de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:
I. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II. Ferrovias;
III. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV. Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do
Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;
V. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários
de esgotos sanitários;
VI. Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:
barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento
ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irri-
gação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocadu-
ras, transposição de bacias, diques;
VIII. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX. Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código
de Mineração;
X. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxi-
cos ou perigosos;

– 114 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

XI. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de


energia primária, acima de 10MW;
XII. Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e
cultivo de recursos hídricos);
XIII. Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV. Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de
100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV. Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas
de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos
municipais e estaduais competentes;
XVI. Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou pro-
dutos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia;
XVII. Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha
ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental,
inclusive nas áreas de proteção ambiental.

A definição da técnica de AIA mais adequada é fundamental para a com-


preensão total do impacto que será alvo de recuperação.
É essencial ter criticidade no momento da Avaliação do Impacto
Ambiental, pois é com base nessas informações que será proposto o Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). Para que se obtenha sucesso no
momento da recuperação da área em questão, é necessário que conhecer todas
as peculiaridades da área, da atividade geradora de impacto, e as característi-
cas e formas como ocorre o impacto.
É no sentido do conhecimento mais profundo das formas como ocorreu
o impacto ambiental que as técnicas de AIA caminham. Relacionar variadas
informações, combinar diferentes resultados, entre outras metodologias, são
práticas para que nenhum pormenor passe despercebido.

– 115 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Esse é um momento muito importante no processo de recuperação das


áreas degradadas e por isso deve ser estudado com muita atenção.
Então, bons estudos!

Objetivos de aprendizagem:
22 Dominar as diferentes técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental;
22 Listar as vantagens e desvantagens de cada das técnicas de AIA;
22 Identificar a melhor situação para aplicação de cada técnica uma
das seguintes técnicas de AIA: ad hoc, checklist, matrizes, superpo-
sição de mapas e geoprocessamento, redes e diagramas, modelo de
simulação, formas matemáticas e métodos quantitativos.

8.1 Métodos ad hoc 


O termo ad hoc refere-se a algo que tem como objetivo a legitimação
ou defesa de uma teoria ou tese, e pode ser usado também para argumentos,
proposições ou hipóteses.
Com base na descrição do termo, os métodos ad hoc são desenvolvidos
para projetos específicos, usualmente identificando-se as formas de degrada-
ção e seus respectivos impactos em extensos momentos de reflexão e debate
de ideias em reuniões (brainstorming). Os resultados dessas reuniões são
caracterizados e organizados de forma sintetizada em tabelas ou matrizes.

Glossário
Brainstorming: termo técnico em inglês cuja tradução literal seria “tem-
pestade no cérebro”. Alguns profissionais aportuguesaram a expres-
são para “chuva de ideias”. Seja brainstorming, seja chuva de ideias,
o conceito por trás dessa prática é fazer um levantamento de possibi-
lidades a serem executadas para solução de um problema. Ela é rea-
lizada em grupos, geralmente formados por especialistas no assunto.

– 116 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

Para tanto, esse método parte da premissa do conhecimento acumulado


na experiência de profissionais que participarão da AIA. Essas pessoas deverão
possuir, preferencialmente, larga vivência no assunto (na atividade que está
gerando a degradação) ou na área de interesse do estudo.
Apesar das longas reflexões caracterizadas pelo brainstorming, os resul-
tados das técnicas ad hoc são avaliações que podem ser facilmente compre-
ensíveis pelo público em geral, porém não é feito nenhum tipo de análise ou
exame mais detalhado a respeito das intervenções antrópicas e das variáveis
ambientais envolvidas. Portanto, essas variáveis e particularidades ambien-
tais são geralmente consideradas de forma muito pessoal, o que significa que
cada profissional envolvido no processo deixa sua impressão, o que acarreta
resultados imprecisos e dependentes de valores essencialmente qualitativos,
ao passo que as informações quantitativas são deixadas de lado.
Fazer uma avaliação de impacto empregando somente a técnica ad hoc
de forma isolada, sem associá-la a outra para se fazer a avaliação em questão,
resultará em avaliações simples e objetivas, em um formato essencialmente dis-
sertativo. Mas sua associação a outras técnicas é uma solução muito boa, uma
vez que se faz um levantamento muito grande e detalhado de informações.

Vantagens:
22 possui forma simples e de fácil compreensão;
22 permite que os interessados tenham envolvimento direto;
22 gera informações e possui subsídios para dar orientações a even-
tuais outras avaliações a serem incluídas no processo em questão;
22 tem formato ágil e rápido de criação da AIA;
22 adequa-se a casos em que haja falta e escassez de

Desvantagens:
22 não se debruça totalmente sobre o problema, resultando em uma
avaliação pouco profunda que não leva em consideração eventuais
impactos secundários;
22 não se determinam e se identificam os impactos em todas as formas
ambientais possíveis, podendo haver lacunas.

– 117 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

8.2 Checklist 
As técnicas de AIA, chamadas de checklist, consistem, basicamente, em
identificar as relações entre fatores ambientais e os prováveis impactos gerados
por um projeto específico.
Alguns projetos já possuem listas padronizadas para AIA, resultado de anos
de experiência acumulada a respeito dos impactos gerados por algumas ativida-
des; entre eles destacamos os projetos de hidroelétricas e estradas de rodagem.
Além dos exemplos de listas padronizadas para projetos de autoestradas
e de hidroelétricas, existem as listas computadorizadas, como o programa
Meres, desenvolvido pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos
(United States Department of Energy, DOE), que auxilia a computar as emis-
sões de poluentes partindo-se das premissas das normativas e características
sobre a natureza/tipo e a grandeza do projeto.
Embora sejam essencialmente técnicas voltadas para a identificação, as
checklists possuem informações sobre técnicas para a previsão antecipada do
impacto e podem conter algumas formas de escalas de valor, de modo a criar
ponderação sobre fatores e características que estão sendo avaliados.
Nas fases iniciais, as listagens representam a técnica mais utilizada
em AIA, consistindo, portanto, na identificação e enumeração (listagem)
dos impactos, a partir de diagnósticos ambientais realizados por profis-
sionais das mais diversas áreas de interesse, para analisar os meios físico,
biótico e socioeconômico.
Esses técnicos e demais profissionais envolvidos na AIA terão que cor-
relacionar os impactos comuns a cada etapa da atividade – implantação e
operação do empreendimento. Os impactos listados deverão ser classificados
em positivos ou negativos, de acordo com o tipo de alteração antrópica que
esteja sendo produzida no meio analisado.
Às vezes essa metodologia pode ser empregada na forma de questionário
a ser completado, a fim de dar uma orientação para a avaliação subsequente.

Vantagens:
22 tem formato “enxuto”, considerado resumido, organizado e facil-
mente compreensivo;

– 118 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

22 é ideal para análises e avaliações preliminares;


22 indica, em um primeiro momento, os impactos mais relevantes;
22 subsidia a necessidade de avaliação de consequências;
22 incorpora, mesmo que limitadamente, escalas de valor e forma
de ponderação.

Desvantagens:
22 há compartimentação e fragmentação;
22 não destaca nem identifica as relações existentes entre os fatores
ambientais;
22 não permite que se identifiquem os impactos secundários nem que
sejam feitas predições;
22 não considera valores e conflitos;
22 constitui um método por demais simples e estático.

Saiba mais
O Manual de Pavimentação do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT) trata da importância e das
formas de se fazer avaliações de impactos ambientais específicas
para a construção de estradas de rodagem no Brasil. Esta publi-
cação é disponibilizada na Internet. Se você deseja conhecer
esse material, acesse o seguinte endereço eletrônico: <http://
www1.dnit.gov.br/arquivos_internet/ipr/ipr_new/manuais/
Manual_de_Pavimentacao_Versao_Final.pdf>.

8.3 Matrizes
As matrizes consistem em técnicas bidimensionais que identificam as
relações entre as ações e seus respectivos fatores ambientais, geralmente cada

– 119 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

uma delas em colunas e linhas da matriz. Esta técnica incorpora alguns parâ-
metros próprios à avaliação, mas é uma técnica basicamente de identificação
de impactos.
A fim de verificar os efeitos secundários e a interdependência entre os
fatores ambientais, foram desenvolvidos desdobramentos para as matrizes, de
modo a listar tais fatores.
As matrizes apareceram, ou começaram a ser utilizadas, a partir da neces-
sidade de suprir as deficiências de métodos, como as listagens (checklists) e a
própria evolução natural do conhecimento em AIA.
Um ponto de debate sobre a utilização desta técnica é a necessidade ou
não de se calcular um indicador, algo como um índice global de impacto
ambiental que seria um fator resultante da soma ou de uma média ponderada
entre a magnitude versus importância dos impactos específicos.
Tendo em vista a diferente natureza dos impactos, alguns autores defen-
dem a não contabilização de índice global, sugerindo a elaboração de matrizes
para diversas alternativas e a comparação entre elas no nível de cada efeito sig-
nificativo específico. De qualquer forma, é importante assinalar que o índice
global só poderá ser calculado se houver compatibilização entre as escalas
utilizadas para os vários impactos, já que apenas escalas de intervalo ou razão
estão sujeitas a manipulação matemática (Pires, 2009).
Assim, efeitos medidos em escalas nominais ou ordinais deverão ser con-
vertidos naquele tipo de escala.

Vantagens:
22 é adequado para a comunicação de resultados;
22 inclui indicadores ambientais e sociais;
22 comporta dados quantitativos e qualitativos;
22 produz informações de boa qualidade para o prosseguimento de
estudos futuros;
22 trata-se de um método multidisciplinar;
22 possui baixo custo.

– 120 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

Desvantagens:
22 não há determinação de possíveis inter-relações entre os fatores
analisados;
22 faz análises compartimentadas do meio ambiente;
22 utiliza quase que exclusivamente o meio físico e biótico como base;
22 desconsidera valores e conflitos sociais, entre outras particularida-
des das comunidades locais;
22 não é suficientemente relevante o resultado apresentado em forma
de índice global de impacto, portanto não pode ser usado como
indicador seguro de impacto.
Uma das formas de utilização de matrizes mais difundidas em todo o
mundo é a Matriz de Leopold, desenvolvida em 1971 para o Serviço Geoló-
gico dos Estados Unidos (USGS). Essa matriz foi projetada de modo a poder
ser utilizada para a avaliação de impactos associados a quase todos os tipos de
implantação de projetos (Pires, 2009).

8.3.1 Matriz de Leopold


A matriz de Leopold é constituída de 100 colunas, nas quais estão repre-
sentadas as ações do projeto, e 88 linhas relativas aos fatores ambientais, per-
fazendo um total de 8.800 possíveis interações. Pela dificuldade de operar
com esse número de interações, trabalha-se geralmente com matrizes reduzi-
das para 100 ou 150 (Pires, 2009).
O princípio básico da matriz de Leopold consiste em, primeiramente,
assinalar todas as possíveis interações entre as ações e os fatores para, em
seguida, estabelecer, em uma escala que varia de 1 a 10, a magnitude e a
importância de cada impacto, identificando se ele é positivo ou negativo. A
valoração da magnitude é relativamente objetiva ou empírica, pois refere-se
ao grau de alteração provocado pela ação sobre o fato ambiental, ao passo que
a pontuação da importância é subjetiva ou normativa, uma vez que envolve
atribuição de peso relativo ao fator afetado no âmbito do projeto (Pires, 2009).
Os impactos positivos e negativos de cada meio (físico, biótipo e socio-
econômico) são alocados no eixo vertical da matriz, de acordo com a fase em
– 121 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

que se encontra o empreendimento (implantação e/ou operação) e com as


áreas de influência (direta e/ou indireta). Alguns impactos podem ser aloca-
dos tanto nas fases de implantação e/ou operação quanto nas áreas direta e/ou
indireta do projeto, com valores diferentes para alguns de seus atributos res-
pectivamente. Cada impacto é, então, alocado na matriz por meio (biótico,
antrópico e físico), e cada um contém subsistemas distintos no eixo vertical,
sobre o qual os impactos são avaliados nominal e ordinalmente, de acordo
com seus atributos (Pires, 2009).

8.4 Geoprocessamento (superposição de mapas)


As técnicas de AIA baseadas na superposição de mapas por meio de geo-
processamento são resultado do avanço tecnológico para a produção de mapas.
Inicialmente chamado de métodos cartográficos, o geoprocessamento
foi desenvolvido no âmbito do planejamento territorial, por meio da super-
posição ou sobreposição de mapas distintos entre si, confeccionados em dife-
rentes tons de cinza e referindo-se a quatro usos e ocupações distintos de solo,
estabelecendo as possibilidades de usos combinados (Pimentel; Pires,1992).
Trata-se de uma técnica muito útil na elaboração de zoneamentos ambientais,
como os Zoneamentos Ecológicos e Econômicos (ZEE).

Você sabia
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a principal contribuição
do ZEE é racionalizar o uso e a gestão do território. Com isso se
busca uma redução nas ações predatórias e, ainda, indicação das
atividades mais adaptadas às particularidades de cada região, com o
objetivo principal de identificação das inter-relações entre os diversos
componentes da realidade. (Brasil, 2015).

A superposição de cartas é útil para estudos que necessitem de soluções


de localização e posicionamento dentro do espaço geográfico em questão e
outras demandas de dimensão espacial. Atualmente esta técnica tem sido
muito utilizada para AIA em projetos lineares, tais como estradas de roda-

– 122 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

gens, linhas de transmissão, dutos, projetos de oleodutos e de transmissão


de gás natural. O emprego dessa técnica para esses tipos de projetos ocorre
porque a sobreposição de mapas favorece muito a representação visual e a
identificação da extensão dos efeitos. A possibilidade de utilização de imagens
de satélite constitui um recurso valioso para esse tipo de método.
Vantagens:
22 facilita a visualização e identificação da existência de relação espa-
cial entre fatores ambientais;
22 é fácil visualização da determinação da identificação da extensão
dos impactos;
22 possui grande capacidade de síntese, facilitando a comparação dos
impactos e alterações da área com e sem o projeto;
22 adequa-se a grandes projetos e à escolha de alternativas.

Desvantagens:
22 não são evidenciados impactos de segunda e terceira ordens;
22 apresenta dificuldade para definir quais os parâmetros essenciais a
serem mapeados;
22 Tem uso limitado quando a superposição é feita com grande quan-
tidade de mapas.

Importante
Geoprocessamento é uma ferramenta de tratamento e processamento
de informações que estejam necessariamente ligadas a pontos locali-
zados em mapas, a coordenadas geográficas ou, ainda, a dados geor-
referenciados, por meio de softwares específicos conhecidos como
GIS, sigla em inglês para “sistemas de informações geográficas”.

8.5 Redes e diagramas


Essa técnica estabelece uma sequência de impactos ambientais a partir
de determinada intervenção, utilizando método gráfico.

– 123 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

As redes têm por objetivo as relações de precedência entre ações pratica-


das pelo empreendimento e os consequentes impactos de primeira e demais
ordens. Visam também a orientar as medidas a serem propostas para o geren-
ciamento dos impactos identificados, isto é, recomendar medidas mitigadoras
que possam ser aplicadas já no momento de efetivação das ações causadas
pelo empreendimento e propor programas de manejo, monitoramento e con-
trole ambientais (Pimentel; Pires, 1992).
Vantagens:
22 possui ótima visualização entre ação e impacto;
22 facilita a avaliação de impactos indiretos;
22 possibilita visualização de medidas de mitigação e controle;
22 pode ser informatizada; com isso, a seleção de prioridades passa a
ser feita pelo computador;
22 permite mostrar tendências;
22 possibilita o uso de parâmetros probabilísticos.
Desvantagens:
22 grandes ações resultam em redes extensas e sem valor prático;
22 dificuldade em distinguir impactos entre curto e longo prazos;
22 quando há carência de informações dificulta aplicação;
22 possibilidade de dupla contagem;
22 não especifica valores;
22 índice global pode mascarar incertezas nos dados internos;
22 no caso dos diagramas, alguns aspectos são de difícil mensuração
em unidades energéticas.

Importante
Impactos de primeira ordem são os chamados impactos diretos, fruto
da relação causa e efeito diretamente. Quando há uma reação secun

– 124 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

dária à relação “causa e efeito”, diz-se que é um impacto indireto ou


de segunda ordem.

Um modelo de diagrama muito utilizado em estudos ambientais é o


diagrama de Ishikawa, conhecido popularmente como “diagrama espinha de
peixe”. Por meio dele é possível detalhar as vantagens e desvantagens iden-
tificadas de forma bem intuitiva, conforme a Figura 1 (Sabino et al., 2009).
Figura 1 – Diagrama de Ishikawa, adaptado para problemas ambientais.
Chuva ácida Erosão Poluição

Uso de combustíveis Desmatamento Dejetos liquidos e


fósseis Uso inadequado do gasosos
Produção de energia solo Barulhos
Atividades industriais Técnicas agricolas
impróprias
Problemas
ambientais
Atividades
agropecuárias Atividades
Urbanização agropecuárias Lançamento de gases
Construção de estradas Urbanização Aumento da população

Desmatamento Perda da Efeito estufa


biodiversidade

Fonte: Sabino et al., 2009.

8.6 Modelo de simulação (matemático)


Deve-se ainda mencionar outro tipo básico de método: o modelo de
simulação. Ele é constituído por modelos matemáticos destinados a repre-
sentar a estrutura e o funcionamento dos sistemas ambientais por meio de
relações complexas entre componentes quantitativos ou qualitativos, físicos,
biológicos ou socioeconômicos, a partir de um conjunto de hipótese ou pres-
supostos (Pimentel; Pires,1992).
São modelos relacionados à inteligência artificial ou modelos matemá-
ticos destinados a representar tanto quanto possível o comportamento de
parâmetros ambientais ou as relações e interações entre as causas e os efeitos
de determinadas ações. Bastante úteis em projetos de usos múltiplos, podem
– 125 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

ser utilizados mesmo após o início de operação de um projeto, portanto capa-


zes de processar variáveis qualitativas e quantitativas e incorporar medidas de
magnitude e importância de impactos ambientais.
Esses modelos podem adaptar-se a diferentes processos de decisão e faci-
litar o envolvimento de vários participantes no referido processo. Requerem
pessoal técnico e experiente, bem como exigem programas e emprego de
equipamentos apropriados e dispendiosos. Porém, observam-se, por vezes,
dificuldades quanto à comunicação e consequente entendimento do público,
gerando imperfeições para futuras decisões. Observa-se a existência de limite
de variáveis a serem estudadas, sendo necessário, portanto, qualidade de
dados para alimentação dos modelos (Pimentel; Pires,1992).
Vantagens:
22 possibilita explorar a não linearidade e ligações indiretas;
22 possui perspectiva temporal;
22 adequa-se a projeto de usos múltiplos;
22 permite a utilização após o início da operação.
Desvantagens:
22 é excessivamente complexo;
22 é frágil quanto à disponibilidade e à qualidade dos dados;
22 requer especialistas para o desenvolvimento de modelos matemá-
ticos;
22 possui limite de variáveis;
22 não explicitam pressupostos e estimativas;
22 há dificuldades de comunicação as quais podem levar à tomada de
decisão imperfeita.

8.7 Métodos quantitativos


Os métodos quantitativos, que são técnicas de AIA, são divididos essen-
cialmente em dois grupos distintos: i) identificação e síntese dos impactos;

– 126 –
Técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

e ii) incorporação de forma mais efetiva do conceito da avaliação, explici-


tando as bases de cálculo sob a ótica de diferentes grupos sociais (Pimentel;
Pires,1992).
No primeiro grupo encontram-se os seguintes métodos: listagem de
controle (checklist), matrizes de interação, diagramas de sistemas, métodos
cartográficos, redes de interação e métodos ad hoc, já apresentados (Pimentel;
Pires,1992).
No segundo grupo estão métodos como a análise multicritério, que
explicita as bases de cálculo, a folha de balanço e a matriz de realização de
objetivos, que desagregam a avaliação segundo a ótica de diferentes grupos,
também já apresentados aqui (Pimentel; Pires,1992).
Os métodos quantitativos pretendem associar valores às considerações
qualitativas que possam ser formuladas quando da avaliação de impactos de
um projeto.

Resumindo
Pudemos conhecer diversas técnicas de avaliação de impacto ambiental
com suas peculiaridades, vantagens e desvantagens. Cada técnica apresenta
possibilidades que fazem com que cada uma se encaixe melhor em determi-
nado tipo de projeto. Com isso foi possível ter uma noção bem definida da
complexidade de realização da AIA, bem como a importância que este estudo
tem e a responsabilidade de ser bem feito.

– 127 –
9
Recuperação de área
degradada (RAD)

Neste capítulo você vai aprender o que é a recuperação de


áreas degradadas (RAD), quais etapas a compõem, que técnicas de
RAD existem e quando cada uma delas é mais bem empregada.
A RAD depende de uma série de informações para poder
ser desenvolvida. O principal documento que serve de informa-
ções para que seja feito o planejamento da RAD é a Avaliação de
Impacto Ambiental (AIA), após o planejamento da RAD, as infor-
mações ali constantes formarão o Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD).
Mas em relação à degradação e aos impactos ambientais,
será que a única solução possível é a recuperação? Podemos dizer
que não. As áreas degradadas são passíveis de serem reabilitadas ou
restauradas, de acordo com o grau de degradação, quantidade de
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

impactos, os custos envolvidos e a dificuldade técnica, que farão com que seja
decidida pela recuperação, reabilitação ou restauração da área em questão.
Então, bons estudos!

Objetivos de aprendizagem:
22 Compreender o que é a RAD;
22 Identificar diferenças entre recuperação, reabilitação e restauração;
22 Conhecer as etapas que compõem a RAD.

9.1 Recuperação Ambiental


Erosões, deslizamentos, enchentes, desmatamento, poluição das águas
são algumas das consequências das atividades humanas, quando desenvolvi-
das de forma negligente, sem a adoção de medidas conservacionistas.
No entanto, esses problemas ambientais podem ser revertidos, por meio
da utilizações de técnicas e estratégias de recuperação ambiental, a qual pode-
-se dizer que é um processo inverso ao de degradação.

Saiba mais
A obra Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos, do
professor Luis Enrique Sánchez (2013), é um clássico para quem está
estudando os processos que envolvem os impactos ambientais e sua
consequente recuperação.

É importante destacar que a literatura técnica e os textos da legislação


ambiental brasileira utilizam diferentes definições para os termos relaciona-
dos a recuperação ambiental (Figura 1), os quais são: recuperação, reabilita-
ção e restauração, que em alguns casos possuem conceituações distintas, e em
outros, são tratados como sinônimos. No entanto, o que os três termos tem
em comum é que se referem a um processo inverso ao da degradação. O uso
de cada um desses termos é em função tanto do processos de exceção envol-
vidos quanto de seus objetivos e metas específicos.

– 130 –
Recuperação de área degradada (RAD)

Figura 1: Fluxograma do processo de degradação e recuperação ambiental


Condição inicial

Degradação

Recuperação
Recuperação
Reabilitação
ambiental
Restauração

9.1.1 Recuperação
De acordo com a Lei nº 9.985/2000 (Brasil, 2000), que estabelece o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a definição de recu-
peração é a “restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada a uma condição não degradada que pode ser diferente de sua con-
dição original”.
O Decreto nº 97.632/1989 (Brasil, 1989) refere-se ao objetivo da recu-
peração ambiental: “retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de
acordo com um plano pré-estabelecido para o uso do solo, visando à obten-
ção de uma estabilidade do meio ambiente”.
O Ibama (1990) estabelece que a recuperação ambiental significa que
o sítio degradado retornará a uma forma e utilização de acordo com o plano
pré-estabelecido para o uso do solo. Implica a obtenção de uma condição
estável, em conformidade com os valores ambientais, estéticos e sociais da cir-
cunvizinhança. Significa também que o sítio degradado terá condições míni-
mas de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico, desenvolvendo um novo
solo e uma nova paisagem (Tavares, 2008).
Podemos concluir que o conceito de recuperação permite que a área em
questão, após sua recuperação ambiental, apresente uma condição diferente da
original. Sendo assim, admite-se que houve perda das características naturais
daquele ambiente, mesmo após sua recuperação, mas busca-se dar a ele uma nova
função. Ou seja, é uma maneira de minimizar ao máximo os danos causados.

– 131 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

No caso da recuperação de áreas degradadas, cabe destacar a importân-


cia do conhecimento sobre os processos de sucessão ecológica em ambientes
naturais, tanto em áreas de influência antrópica quanto em áreas primárias.
Os processos de sucessão ecológica permitem a compreensão de modelos a
serem seguidos, indicando quais espécies potenciais devem ser associadas
para o plantio de áreas primárias e secundárias, de forma a fortalecer o tra-
balho de recuperação.

9.1.2 Reabilitação
O conceito de reabilitação refere-se ao retorno da área degradada a um
estado biológico correspondente ao natural, com a garantia de que não resta
nenhuma forma de contaminação.
A reabilitação da área não necessariamente poderá significar que ela não
tenha uso produtivo no longo prazo, por meio de cultivo, de recreação ou de
valorização estético-ecológica (Tavares, 2008).
Alguns exemplos de reabilitação para fins recreativos são: a raia olímpica
da Cidade Universitária da Universidade de São Paulo (USP), instalada em
uma antiga área de extração de areia em planície aluvionar do Rio Pinheiros;
a construção do Parque Esportivo Cidade de Toronto, instalado em área de
antiga extração de areia; o Centro Educacional e Recreativo do Butantã, ins-
talado em área de antiga pedreira; e o lago do Parque Ibirapuera, instalado em
antiga cava de extração de areia. Todos esses casos foram realizados na cidade
de São Paulo (SP) (Tavares, 2008).
Esse conceito de reabilitação pode encaixar-se nas técnicas de recupera-
ção denominadas soluções alternativas, descritas neste capítulo.

9.1.3 Restauração
De acordo com a Lei n° 9.985/2000 (Brasil, 2000), a restauração
ambiental é “a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada o mais próximo possível da sua condição original”.
Portanto por essa definição, restaurar é trazer a área à sua condição pré-
-impacto, ou seja, reconstruir novamente o ambiente de modo que ele fique
como antes de sofrer a perturbação. Podemos, então, considerar que este

– 132 –
Recuperação de área degradada (RAD)

termo refere-se necessariamente à obrigatoriedade do retorno ao estado origi-


nal da área, antes da degradação.
O processo de restauração ambiental foi praticado de forma diferenciada
historicamente no Brasil, em períodos distintos.
22 Período 1: adotava-se apenas o plantio de árvores, sem critérios
ecológicos na escolha de espécies a serem introduzidas, trazendo
problemas secundários, como a inserção de espécies invasoras, que
competiam com as espécies nativas.
22 Período 2: plantio de árvores nativas brasileiras com baixa diver-
sidade florística, por meio de um tipo de inserção de processos de
sucessão florestal.
22 Período 3: introdução do conceito de distribuição espacial de
mudas em áreas degradadas e utilização de alta diversidade de espé-
cies nativas regionais, incorporando preocupações ecossistêmicas
aos processos de restauração.
22 Período 4: etapa atual adotada para restauração; observa-se uma
preocupação com processos de restauração ecológica, dando mais
ênfase à restauração de uma floresta sem visar a um clímax único,
respeitando-se a restauração de espécies primárias e secundárias que
trazem equilíbrio ecológico (não só de vegetação, mas de fauna, de
solo, de clima etc.) às áreas a serem restauradas.
É relevante dizer que o termo restauração é o mais impróprio a ser utili-
zado para os processos normalmente executados.
Por retorno ao estado original entende-se que todos os aspectos rela-
cionados a topografia, vegetação, fauna, solo, hidrologia e demais aspectos e
características da área em questão retomem as mesmas características e feições
de antes da degradação.
Podemos concluir, portanto, que conceitualmente a restauração propõe
um objetivo praticamente inatingível, algo muito próximo do impossível. Ou
seja, fazer a restauração de um ecossistema para, consequentemente, recupe-
rar sua função é técnica e economicamente questionável, dado os avanços
técnicos e os recursos econômicos destinados às questões de mitigação de
impactos ambientais.

– 133 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

9.2 Conceito de recuperação de


áreas degradadas (RAD)
A recuperação de áreas degradadas (RAD) pode ser considerada um pro-
cesso ou, ainda, uma série de ações sistemáticas que têm como objetivo deter-
minado resultado. Esse resultado pode ser aperfeiçoado. A partir da análise
ao longo de todo o processo de recuperação e de acordo com resultados que
vão sendo obtidos, o trabalho de recuperação vai se tornando mais eficiente.
Esse aperfeiçoamento dá-se por meio do uso de ferramentas como monito-
ramento, auditorias ou outras formas de verificação (Sanchez; Neri, 2012).
Sobre a qualidade de uma RAD, podemos identificar duas possibilida-
des positivas: a eficácia e a eficiência. A eficácia está ligada a processo de RAD
que atinge os objetivos definidos de recuperação; a eficiência refere-se ao pro-
cesso de RAD que emprega o menor volume de recursos, sejam físicos, sejam
humanos, sejam financeiros, para atingir os objetivos propostos.
Para os órgãos reguladores e a comunidade, o mais importante é que a
RAD seja eficaz. Para as empresas, uma RAD eficiente pode ser tão importante
quanto uma RAD eficaz; contudo, o bom planejamento e a gestão segura do
processo de RAD são fundamentais para sua eficiência (Sánchez; Neri, 2012).

9.2.1 Etapas da recuperação de áreas degradadas


As etapas que compõem o processo de recuperação de áreas degradadas
podem ser resumidas da seguinte forma:
22 Identificação e caracterização da área degradada.
22 Planejamento da recuperação.
22 Execução do plano de recuperação.
22 Monitoramento e manutenção da recuperação
As etapas de identificação da área degradada e o planejamento da recu-
peração são as etapas iniciais, que podemos chamar de próprias à RAD. As
etapas de execução ou implantação do plano e de monitoramento são etapas
essencialmente executivas, e serão desenvolvidas de acordo com o verificado e
definido nas etapas iniciais, cujo os objetivos serão abordados a seguir.

– 134 –
Recuperação de área degradada (RAD)

Identificação e caracterização: etapa basicamente constituída por instru-


mentos de identificação, caracterização e avaliação dos impactos e degrada-
ções do local em questão.
Uma das ferramentas que podem ser empregadas nesta etapa é a Ava-
liação de Impacto Ambiental (AIA). Esta avaliação pode ser feita por diver-
sos métodos distintos que podem ser aplicados isoladamente ou combinados
entre si. O principal objetivo dessa etapa é fornecer insumos e informações
sobre as causas e o quão degradada está a área em questão.
Para isso, a utilização de indicadores é bem-vinda, uma vez que assim é pos-
sível dar valor ao impacto e com isso facilitar eventuais comparações entre áreas
degradadas e estimar o tempo e custo para a recuperação da área em questão.

Glossário
Indicadores: Os indicadores são instrumentos de gestão que permitem
acompanhar o alcance das metas, identificar avanços, melhorias de qua-
lidade, correção de problemas, necessidades de mudança, etc. Tem
por função descrever por meio da geração de informações o estado
real dos acontecimentos e o seu comportamento e atribuir um valor
à um parâmetro de com base em informações passadas e presentes.

Planejamento da recuperação: esta segunda etapa precede a implantação


da forma de recuperação escolhida.
O planejamento da recuperação baseia-se nas informações e indicado-
res levantados e calculados no momento da identificação e caracterização da
degradação e impacto da área em questão. A partir deles é possível decidir
quais são as melhores técnicas ou soluções a serem implantadas para que haja
a recuperação ambiental.

9.2.2 Técnica de recuperação de áreas degradadas


Com base nas informações coletadas e sistematizadas nas fases de identi-
ficação e planejamento é possível definir qual a melhor técnica a ser implan-
tada na área a fim de se obter a RAD mais eficaz.

– 135 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Veja a seguir as principais técnicas de recuperação de áreas degradadas.


Revegetação: Este método, de estabilização biológica, envolve desde a
fixação localizada de espécies vegetais (herbáceas, arbustivas e arbóreas) até
a implantação de reflorestamentos extensivos, tanto para fins de preservação
ou conservação ambiental quanto para objetivos econômicos, incluindo a
geração de condições propícias ao repovoamento da fauna e à regeneração de
ecossistemas primitivos ou originais (Bitar,1997), conforme se vê na Figura 2.
Entre os benefícios promovidos com a revegetação estão: o desenvolvi-
mento da microbiota do solo, o controle de perdas de solo por erosão, que
contribuem para recuperação de nascentes e auxiliam na estabilização de ter-
raços, recomposição paisagística, entre outros.

Glossário
Herbáceas: são espécies vegetais com caules não lenhosos ou semilenho-
sos, de diversos portes, porém nunca atingindo mais que 2 m de altura.
Exemplos são as ervas e gramíneas.
Arbustivas: são espécies vegetais com características que podemos conside-
rar intermediárias às herbáceas e às arbóreas. Portanto, são árvores de porte
médio. Exemplos são os arbustos.
Arbóreas: São os exemplares de maior porte em relação às arbustivas e às
herbáceas. Podem exibir alguns ramos junto ao solo. São as árvores.

Medidas geotécnicas: é um método de estabilização física. Métodos de


fundamentação geotécnica podem envolver desde a execução de medidas
simples até obras de engenharia relativamente complexas. As medidas ou
Figura 2 – Processos de revegetação em obras geotécnicas podem ser com
áreas degradadas. ou sem estrutura física de conten-
Fonte: Shutterstock, 2015.

ção ou retenção, sendo aplicadas no


controle de processos do meio físico
que atuam na degradação do solo.
Visam, portanto, à estabilização
física do ambiente e em geral com-
preendem procedimentos técnicos
de mecânica dos solos, mecânica

– 136 –
Recuperação de área degradada (RAD)

das rochas e geologia de engenharia, que constituem, integradamente, a geo-


tecnia (Bitar, 1997). Terraplanagem, obras de sistemas de drenagem e reten-
ção de sedimentos são alguns exemplos de medidas geotécnicas.

Glossário
Geotecnia: é um ramo da engenharia civil que trata de projetos ou constru-
ção de obras que dependam do comportamento dos solos e/ou das rochas.

Remediação: este método, de estabilização química, envolve o uso de téc-


nicas de tratamento que visam eliminar, neutralizar, imobilizar, confinar ou
transformar elementos ou substâncias contaminantes presentes no ambiente
e, assim, alcançar a estabilidade química do ambiente (Bitar, 1997). Geral-
mente esta técnica é empregada para a recuperação de solo e aquíferos conta-
minados por atividades que estão em superfície, mas que acabam por deixar
substâncias infiltrarem e percolarem pelo solo e pela rocha.

Glossário
Percolação: é o movimento gravitacional da água após a infiltração, ou seja,
ocorre o fluxo do meio saturado (solo saturado).

Saiba mais
Uma recuperação de área por meio de remediação foi realizada em um
Posto de Serviço desativado, em um dos municípios da Grande São Paulo.
Em uma área de 1.000 m2 diagnosticou-se uma pluma de fase livre de gaso-
lina com cerca de 200 m2 e espessura da ordem de 20 cm, fase dissolvida
e solo contaminado. A remediação foi realizada e após seis meses de ope-
ração reduziu-se os teores de benzeno no solo a 100 ppb, e nas águas
subterrâneas a 450 ppb. Os demais compostos alvo (tolueno, xilenos e
etilbenzeno) mantiveram-se abaixo dos limites estabelecidos. A redução do
benzeno foi obtida com aplicação de Peróxido de Hidrogênio, tendo com
resultado final o teor de 45 ppb. Neste cenário iniciou-se as obras de cons-
trução de um edifício comercial, e monitoramentos subsequentes certificaram
o atingimento das metas. Fonte: Viana Jr. (2015).

– 137 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Soluções alternativas: estas soluções devem vir de forma combinada com


as técnicas de recuperação apresentadas anteriormente (Ribeiro; Manzione,
2012). As principais soluções para as áreas que já foram degradadas e passaram
por processo de recuperação são sua transformação em parques temáticos, geo-
parques, áreas de lazer, formação de lagos ou a implantação de carcinicultura.

Você sabia
Carcinicultura é o nome dado à criação de camarões em cativeiro.
No Brasil essa prática data da década de 1970.

Além de produzirem a recuperação ambiental, estas soluções servem


como geração de renda. Com isso o que um dia foi passivo ambiental torna-
-se ativo de uma empresa (Ribeiro; Manzione, 2012).

Importante
Passivo ambiental é um conceito que envolve conhecimentos da
contabilidade e das ciências ambientais. O passivo é um conceito
próprio da contabilidade, porém quando aplicado ao meio ambiente,
refere-se à degradação causada por certa empresa e que necessaria-
mente deverá ser recuperada, resultando em gasto financeiro.

Resumindo
Neste capítulo foram apresentados os conceitos de recuperação, reabi-
litação e restauração ambiental, bem como as leis que ditam seus respectivos
conceitos. Também foram apresentados alguns dos desafios para essas três
formas de mitigação dos impactos ambientais.
Pudemos aprender sobre as etapas que compõem a RAD e as principais
técnicas empregadas nela. Também vimos a importância da AIA para sub-
sidiar a RAD com informações e, com isso, permitir a tomada de decisões
quanto às principais técnicas de RAD.
– 138 –
Recuperação de área degradada (RAD)

Vimos brevemente que as informações e decisões tomadas em âmbito da


RAD são fundamentais para o PRAD e, consequentemente, a implantação de
fato das decisões tomadas.
Os conceitos abordados neste capitulo compõe a base fundamental que
servirá para o desenvolvimento do Plano de Recuperação de Área Degradada,
as definições de que se a área será recuperada, reabilitada ou restaurada, além
das formas como será feita a possível recuperação, por exemplo, sendo esta
feita somente com a revegetação, ou se serão empregadas soluções alternati-
vas, serão todas tomadas baseadas no levantamento de informações feito, e os
conceitos vistos neste capitulo fundamentam estas decisões.

– 139 –
10
Plano de Recuperação
de Área Degradada
(PRAD) e suas variáveis

Neste tópico trataremos do Plano de Recuperação de Áreas


Degradadas (PRAD) e de todas as etapas que o compõem, além dos
documentos que fazem parte deste plano e as medidas que poderão
ou deverão ser empregadas.
E para que serve essa documentação, você sabe? Trata-se de
uma exigência do Ibama para garantir a qualidade e a eficácia do
PRAD a ser desenvolvido. A recuperação de uma área degradada
tem por objetivo alcançar uma condição mais próxima possível da
condição original, no entanto podendo ser diferente desta.
A escolha da técnica mais adequada para recuperar uma área
degradada, depende da situação específica de cada área e é por este
motivo que existe a necessidade da elaboração de um documento
denominado Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD)
específico para cada caso. É importante ressaltar que usaremos
muitos dos conceitos já trabalhados. Você conseguiria relacionar as
principais formas de degradação e impactos ambientais com suas
formas de correção ou prevenção? Os PRADs devem ser feitos com
base em todas estas informações. Então, bons estudos!
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Objetivos de aprendizagem:
22 Listar e compreender todas as etapas que envolvem o processo de
execução do Plano de Recuperação de Área Degradada;
22 Conhecer sobre inspeção da área e análise da Avaliação de Impacto
Ambiental (AIA);
22 Saber sobre caracterização e contabilização do passivo ambiental;
22 Identificar as medidas corretivas e preventivas;
22 Conhecer as etapas do PRAD: do termo de referência à execução.

10.1 Estruturação do Plano de Recuperação


de Área Degradada (PRAD)
Os procedimentos para elaboração de Projeto de Recuperação de Área
Degradada (PRAD) são definidos pela Instrução Normativa nº. 4, de 13 de
abril de 2011 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-
rais Renováveis (IBAMA) (Brasil, 2011).
Segundo a Instrução Normativa, o PRAD deve reunir informações,
diagnósticos, levantamentos e estudos que permitam a avaliação da degrada-
ção ou alteração e a consequente definição de medidas adequadas à recupera-
ção da área. Também deve conter os métodos e técnicas a serem empregados
de acordo com as peculiaridades de cada área, devendo ser utilizados de forma
isolada ou conjunta, preferencialmente aqueles de eficácia já comprovada.
O PRAD deve ser elaborado e acompanhado por profissional habili-
tado e deve ser possuir anotação de responsabilidade técnica – ART, devida-
mente recolhida.
Os Planos de Recuperação de Áreas Degradadas devem contemplar as
exigências dos órgãos ambientais de cada estado, que podem variar de um
estado para o outro, dependendo de suas características ambientais.
Contudo, algumas informações são comuns aos PRAD em qualquer
lugar do Brasil e devem ser apresentadas em todos os planos feitos, as quais são:

22 identificação do proponente e formação de uma equipe técnica


capacitada;
– 142 –
Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) e suas variáveis

22 caracterização e identificação da área alvo do PRAD e entorno (em


que devem ser definidos os objetivos do plano, a metodologia de
trabalho, e criada a planta de localização);
22 avaliação das áreas degradadas: AIA e todo o levantamento de
informações;
22 definição da proposta de recuperação para a área degradada, deta-
lhando-se as medidas de controle e/ou recuperação a serem adota-
das e definição dos parâmetros a serem recuperados com base num
a área adotada como referência ou controle;
22 definição da implantação das medidas de controle e/ou recuperação;
22 definição e metodologias das medidas de monitoramento ambien-
tal a serem empregadas para garantir a eficácia da RAD;
22 cronogramas físico e financeiro de execução, com previsão dos
insumos, custos e cronograma referente à execução e consolidação
da recuperação.
22 conclusões e recomendações;

Por ocasião da apresentação do PRAD, devem ser apresentados docu-


mentos complementares, em especial os relacionados às pessoas físicas/jurí-
dicas envolvidas, bem como aos aspectos fundiários e de uso do solo na área
em questão. A documentação necessária a ser entregue ao Ibama para regula-
mentação do PRAD consta de:
22 termo de referência para elaboração de Projeto de Recuperação de
Área Degradada ou Alterada;
22 cronograma físico (deve incluir previsão de entrega dos relatórios):
implantação, manutenção, monitoramento e avaliação;
22 cronograma financeiro: orçamento e despesas;
22 termo de referência para elaboração de Projeto Simplificado de
Recuperação de Área Degradada ou Alterada de Pequena Proprie-
dade ou Posse Rural Familiar, quando destes casos;
22 relatório de monitoramento e avaliação de projeto de recuperação
de área degradada ou alterada;

– 143 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

22 termo de compromisso de reparação de dano ambiental;


22 termo de referência para a reparação de dano ambiental.

10.2 Aspectos relacionados à elaboração Plano


de Recuperação de Área Degradada (PRAD)
Para elaboração de um PRAD é imprescindível o conhecimento de
alguns conceitos, métodos e técnicas relacionados à recuperação de áreas
degradadas, os quais serão apresentados a seguir.

10.2.1 Inspeção da área e análise da


Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
Antes de se propor qualquer forma de recuperação de uma área degradada
é necessário que conhecer a origem causadora do impacto, as formas de impacto
e o tamanho da degradação total. As formas e propostas mais adequadas ao
Plano de Recuperação da Área Degradada baseiam-se nessas informações.
A etapa, ou o processo de conhecimento do problema, é chamada de
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), já abordada no capítulo 8 do curso. É
neste momento que serão levantadas todas as informações possíveis. Por isso
a AIA possui diversas técnicas.
A escolha das técnicas adequadas para a AIA deverá ser feita mediante
o tempo disponível para avaliação, os recursos financeiros destinados a esta
etapa e o corpo técnico que fará a Avaliação.
Entre as principais técnicas de AIA estão, o ad-hoc, checklist, matrizes,
superposição de mapas (geoprocessamento), redes e diagramas e os modelos
de simulação. Há que se dizer que não é preciso escolher uma técnica exclu-
siva, ou seja, é possível que para uma mesma AIA sejam empregadas mais de
uma técnica. Essas técnicas são ferramentas que tem por objetivo facilitar
a identificação e as características dos impactos e gerar informações mais
qualificadas. Contudo, o emprego de cada técnica ou o uso de mais de uma
técnica deve ser feito observando-se sempre os recursos financeiros, humanos
e o cronograma.

– 144 –
Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) e suas variáveis

É importante que a AIA apresente como resultado um índice global que


inclua a extensão do impacto, os principais recursos afetados (água, solo, ar,
vegetação), se houve alteração da paisagem (morros que não existem mais,
alteração do curso de rios), a existência ou não de contaminantes no meio
ambiente ou a poluição causada, entre outras tantas informações pertinentes
a cada caso. Esse índice global deve servir como um indicador do impacto, de
modo que se saiba, anteriormente ao PRAD, se a área pode ser considerada
muito ou pouco degradada. Confira o exemplo na figura a seguir.

Figura 1 – Áreas em supressão vegetal.

Fonte: Shutterstock, 2015.


Na imagem a direita vemos uma área de árvores coníferas, fruto de reve-
getações baseadas em eucaliptos, sendo suprimida. Na imagem a esquerda
vemos uma área de vegetação nativa sendo suprimida, para cada uma destas
áreas, que passam pelo mesmo processo de impacto (a supressão vegetal) deve
ser avaliado e proposto um PRAD específico.

Saiba mais
A Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo
(Fapesp), junto com o Instituto de Botânica de São Paulo fizeram em
2006, na cidade de Guaratinguetá, um evento de capacitação para a
recuperação de áreas degradadas. Um dos frutos desse encontro foi
o lançamento do Manual para recuperação de áreas degradadas do
Estado de São Paulo (Barbosa, 2006). Esse material contém diversas
propostas e estudos de caso para a recuperação de áreas degradadas
e serve como referência para futuras proposições de PRAD.
– 145 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

10.2.2 Caracterização e contabilização


do passivo ambiental
As questões financeiras futuras também devem ser levadas em considera-
ção. A importância da recuperação ambiental faz com que a questão ambien-
tal torne-se também uma questão econômica.
Os impactos ambientais positivos e negativos passam a fazer parte da
contabilização financeira da empresa e são analisados sob essa mesma ótica,
sendo, portanto, considerados ativos ou passivos ambientais.

Importante
Os créditos de carbono são uma medida de compensação por
impacto ambiental que se restringe à emissão de gases do efeito
estufa. Esses créditos podem ser considerados ativos ambientais,
de modo que grandes quantidades de crédito de carbono podem
entrar como questões financeiras positivas às empresas, junto com
seus ativos.

O que é passivo ambiental?


O passivo ambiental pode ser entendido, em um sentido mais restrito,
como valor monetário necessário para custear a reparação da totalidade de
danos ambientais causados por um empreendimento ao longo de sua opera-
ção, significando, portanto, uma perda de dividendos para a empresa. Toda-
via, o termo passivo ambiental tem sido frequentemente empregado para
conotar, de forma mais ampla, não apenas o custo monetário, mas a tota-
lidade dos custos decorrentes do acúmulo de danos ambientais, incluindo
os custos financeiros, econômicos e sociais (Sánchez, 2005; Ribeiro; Man-
zione, 2012).

Como contabilizar o passivo ambiental?


A contabilização do passivo ambiental é feita com técnicas e métodos
próprios das ciências contábeis, que são aplicados aos impactos e degradações
que as atividades econômicas mais diversas acabam por gerar.

– 146 –
Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) e suas variáveis

O ramo da contabilidade que trata dos passivos ambientais é a chamada


contabilidade ambiental, que passou a ter status de um novo ramo da ciência
contábil em 1998.
Para a contabilização do passivo ambiental devem ser necessariamente
considerados os seguintes itens:
22 custos incrementais diretos que podem ocorrer ao longo do pro-
cesso de recuperação;
22 custos dos salários e encargos sociais dos trabalhadores diretamente
ligados ao processo de restauração ambiental;
22 gastos com o controle posterior à reparação dos danos ambientais;
22 gastos com equipamentos, ferramentas e demais processos tecnoló-
gicos disponíveis para serem aplicados na recuperação.
No meio contábil há um consenso de que não existem técnicas e méto-
dos que consigam identificar e contabilizar o passivo ambiental de modo
a contemplá-lo completamente. Isso se dá porque diversas variáveis estão
envolvidas, e muitas delas são de difícil mensuração ou até de identificação.
Contudo, os mais diversos obstáculos à contabilização não podem ser-
vir como justificativa para que ela não seja feita. Além disso, o emprego de
técnicas estatísticas e matemáticas serve para minimizar as imprecisões da
contabilização do passivo ambiental.

Você sabia
Tendo em vista o conceito de passivo ambiental e sua contabilização,
algumas empresas acabam por incluir em seus PRAD futuras atividades
geradoras de renda a serem inseridas na área a ser recuperada. Ou
seja, a empresa faz a recuperação ambiental e a área fica em condi-
ções de ser usada para outra atividade. Ribeiro e Manzione (2012)
apresentam um exemplo disso: antigas cavas de extração de areia e
argila transformaram-se em um parque de esportes radicais aquáticos
em Jaguariúna, no Estado de São Paulo. Outro exemplo é a antiga
pedreira em Curitiba que foi transformada em parque (figura abaixo).

– 147 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Fonte: Shutterstock, 2015.


10.2.3 Estabelecimento de medidas corretivas e preventivas
As formas de recuperação das áreas degradadas devem prever duas ações
fundamentais: uma delas é composta por medidas corretivas, e a segunda, por
medidas preventivas.
As medidas corretivas são propostas e aplicadas a uma área que já sofreu
impactos ambientais e está passando
Figura 2 – Retirada de solo contaminado por processo de recuperação. As pre-
para futura troca. ventivas, por sua vez, são propostas
Fonte: Shutterstock, 2015.

aplicadas a uma área que é alvo da


implantação de alguma atividade
econômica causadora de impactos
ambientais ou uma área já degra-
dada, que está passando por processo
de recuperação, mas pode voltar a
ser alvo de impactos ambientais, e
para minimizá-los são tomadas as
medidas preventivas.

Medidas corretivas
22 Entre as principais medidas corretivas destacam-se:
22 revegetação – podendo ser de extensas áreas ou apenas na mata ciliar;
22 criação de lagos em antigas cavas de mineração;
22 troca de solos contaminados, como pode ser visto na Figura 1;

– 148 –
Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) e suas variáveis

22 processos de descontaminação de águas superficiais.


A medida corretiva mais empregada é a revegetação, isso porque praticamente
todas as atividade econômicas que causam impacto ambiental causaram o deflores-
tamento ou fizeram supressão vegetal; sendo assim, a revegetação da área torna-se
fundamental. Para essa medida corretiva é necessário que se faça o levantamento
das espécies nativas da região a fim de se garantir que a revegetação seja feita com
os aspectos naturais sem que haja a introdução de espécies exóticas, por exemplo.
Na mineração de céu aberto, uma das principais formas de medidas cor-
retivas é a transformação de antigas cavas de extração de minérios em lagos.
Para isso devem ser feitos estudos e consequentes ações para que se evite que o
contato da água com as rochas expostas não cause nenhuma forma de acidifi-
cação da água, ou qualquer outra forma de contaminação natural. A qualidade
da água também deverá ser monitorada.

Descomissionamento: processo de fechamento de uma ativi-


dade econômica que causou impactos ambientais, geralmente
minas ou postos de gasolina. O descomissionamento prevê
o fechamento destes de modo a recuperar todo o impacto
ambiental causado e a prevenção de impactos futuros.

A contaminação de solos por postos de gasolina ou por locais de grande
armazenamento de combustíveis é algo que não tem como ser recuperado ou
tratado. Sendo assim, este solo contaminado deverá ser identificado, retirado,
e alocado em local seguro que não transmita a contaminação. Um novo solo
não contaminado é colocado no local do anterior.
Por fim, entre as medidas corretivas mais conhecidas estão os processos de
despoluição de rios, córregos e demais corpos d’água, que consiste na retirada
dos sólidos, interrupção dos emissários de efluentes líquidos, recuperação da
mata ciliar, entre outras ações necessárias à descontaminação da água.

Medidas preventivas
Entre as principais medidas preventivas, destacam-se as formas de con-
trole de poluição do ar, da água e do solo. O controle da poluição é feito

– 149 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

por meio da introdução de filtros e catalisadores nos principais emissários de


poluentes, em geral chaminés ou dutos de despejo.
Barreiras naturais feitas com árvores coníferas dispostas de forma densa,
semelhantes a pequenos bosques, no entorno de fábricas que emitem particu-
lado atmosférico, também são formas de medidas preventivas.
Um PRAD, por exemplo, pode prever como medidas preventivas o esta-
belecimento de aceiros ou outras ações de prevenção e combate a incêndios;
cercas e outras ações de isolamento para impedir o acesso de animais domés-
ticos; plantio de vegetação tampão em volta do fragmento de vegetação a ser
protegido ou recuperado, para fins de evitar ou amenizar o efeito de borda.

Aceiros: São faixas ao longo das cercas, divisas ou da área


a ser queimada, cuja vegetação deve ser completamente
removida da superfície do solo, com a finalidade de pre-
venir a passagem do fogo para fora da área delimitada.

Resumindo
Neste capítulo pudemos conhecer as fontes de informação que fomen-
tam a criação dos PRADs. Também identificamos as formas de ações que
podem ser empregadas e propostas, podendo ser corretivas ou preventivas.
Vimos a importância financeira que a recuperação dos impactos ambien-
tais tem para uma empresa, podendo entrar como um passivo contábil; ou
seja, o impacto ambiental tem impacto direto no bolso de quem o causa, uma
forma eficiente de chamar os responsáveis à responsabilidade.
Foram apresentadas as etapas que compõem o PRAD e sua documen-
tação necessária, lembrando que algumas etapas podem ser diferentes em
alguns estados, bem como a eventual necessidade de um ou outro documento
a mais a ser entregue aos órgãos ambientais estaduais.

– 150 –
Conclusão
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

Prezado aluno,
Chegamos ao final de nossa jornada de estudos da disciplina “Impac-
tos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas”. Ao longo do trabalho,
foram apresentados os conceitos e temas ligados aos impactos ambientais e à
recuperação das áreas degradadas.
Para isso, destacamos e identificamos as principais causas de proble-
mas ambientais contemporâneos, associados ao modo de vida da sociedade
moderna, mas também ao avanço do número de fábricas e indústrias que
ainda dão pouca importância à questão ambiental.
Foram até mesmo relacionadas as principais formas de impacto e degra-
dação ambiental com suas fontes geradoras, nas mais diversas atividades eco-
nômicas, entre elas a mineração, o agronegócio, os curtumes, a indústria quí-
mica e petroquímica, entre outras.
Conceituamos a degradação e apresentamos seus vetores, para que
pudéssemos conhecer a fundo os efeitos da degradação do meio ambiente e
suas consequências na água, no solo, no ar e na saúde humana.
Não poderíamos deixar de destacar a relevância da conservação ambien-
tal; afinal de contas, se não expusermos a importância da preservação e da
conservação, o discurso ambientalista torna-se vazio e, consequentemente, os
profissionais do meio ambiente tornam-se dispensáveis, o que é justamente
o contrário.
Com base na importância da conservação e preservação ambiental, e
relacionando-a com as principais atividades econômicas causadoras de degra-
dação, apresentamos a legislação ambiental, com todas as suas peculiaridades
e possíveis punições.
Por fim, compartilhamos informações suficientes para a definição
e conhecimento das técnicas de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e
quando aplicá-las, seja nos PRADs, seja no RAD.
Desejamos que todo este conteúdo seja inspirador para a sua formação,
e que você se sinta estimulado a aprofundar os estudos nesta temática tão
importante nos dias de hoje.

– 152 –
Referências
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS - ANA. Lei das águas. [2015].


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– 154 –
Referências

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Ambiental Básica. Brasília: [s.n.], 2008.
______. Lei n º 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da
Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal de implementação

– 155 –
Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas

da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema


Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 18 jul. 2000. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9984.htm>. Acesso em: 4 dez. 2015.
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Há que se dizer que muito se avançou no sentido da proteção do Meio
Ambiente e em prol da sustentabilidade, desde o encontro Rio92 até sua edição
mais recente, a Rio+20, mas muito ainda há para se fazer.
No que tange à legislação brasileira, boa parte dos impactos e das degra-
dações ambientais têm penalidades previstas nas leis, bem como a normatiza-
ção da recuperação da degradação ambiental gerada por atividades comerciais,
industriais e agropecuárias.
Para atuar de forma eficiente e com a excelência necessária para administrar
esse contexto atual, o gestor ambiental precisa ter conhecimento teórico-prático.
A disciplina Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degrada-
das fornece ao estudante conceitos básicos relacionados às formas e vetores das
degradações ambientais e apresenta o conceito e as principais formas de impac-
tos ambientais da atualidade. Com base nesses conceitos, aborda a legislação de
pertinente ao tema.
O foco da disciplina é identificar as principais atividades causadoras
de impacto ambiental e, a partir das características desses impactos, apresen-
tar métodos, específicos para cada caso, para o desenvolvimento de Planos de
Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD.
O objetivo desta disciplina é compartilhar conhecimento como aluno,
para que seja capaz de planejar e desenvolver PRAD, bem como fazer parte de
futuras equipes de execução de Estudos de Impactos Ambientais e seus respec-
tivos relatórios (EIA – RIMA). Para isso, você terá subsídios para desenvolver
as seguintes competências.

ISBN 978-85-53370-27-6

9 7885 53 3 7027 6

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