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Ecologia Aplicada
Edir E. Arioli
2020
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Arioli, Edir Edemir
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SUMÁRIO
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Introdução à degradação ambiental
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Esses são exemplos de iniciativas que pretendemos apoiar com este
apanhado de conceitos e recomendações práticas. Os conteúdos
foram extraídos da literatura especializada e transcritos em
linguagem simples para torná-los acessíveis a leitores sem
conhecimento prévio de ciências naturais. Essas recomendações
visam, portanto, orientar o planejamento e a execução de vistorias
de áreas degradadas, a elaboração de relatórios objetivos e a
participação em debates públicos de questões ambientais.
Fonte: cpt.com.br
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Conceitos básicos
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estéril à manutenção da cadeia alimentar. Isto não impede que o
solo permaneça habitado por líquens, insetos, vermes e
microrganismos, mas essas populações representam, neste caso,
apenas o último estágio da decadência do ecossistema.
Fonte: todamateria.com.br
Ecossistema amazônico.
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Tipos de áreas degradadas
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Causas da degradação ambiental
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leitos secos e muitas nascentes esgotadas em todas as regiões do
nosso país.
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Consequências da degradação ambiental
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Avaliação de impactos ambientais
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Os locais de avaliação devem ser escolhidos com cuidado para que
representem os ecossistemas de uma região e possam ser
monitorados ao longo do tempo.
Evidências e indicadores
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servem, portanto, à avaliação qualitativa e os indicadores à avaliação
quantitativa da degradação ambiental.
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Redução da biodiversidade. Depende de inventários e de
levantamento sistemático de espécies animais e vegetais, executados
apenas por profissionais qualificados. Por isto, esta evidência é aqui
relacionada apenas para conhecimento genérico do leitor leigo.
Indicadores: taxa de redução no número de espécies.
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Redução dos recursos naturais. Esta evidência é mais difícil de
determinar, porque depende de dados de reservas e de produção,
para análise da evolução ao longo do tempo. Indicadores: redução
na reserva de madeira de lei de uma floresta, no volume de água
potável dentro de um aquífero conhecido ou de toneladas de
camarão na costa brasileira.
Erosão laminar sem sulcos lineares, em Erosão laminar expõe raízes. Fonte:
região de chuvas suaves. Fonte: coagril- reformafacil. com.br.
rs.com.br.
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a
Sulco de erosão linear, induzido por agricultura (a) Ravina formada a partir de sulco de
e por um regime de chuvas intensas, erosão. Fonte: bibocaambiental.blogspot. br.
eventualmente torrenciais. Fonte: embrapa.br. (b) Voçoroca em formação, com fundo
preenchido por sedimentos gerados pela
erosão acelerada. Fonte: tribunadecianorte.
com.br
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Corte de árvores isoladas à beira de um Desmatamento linear para abertura de
roçado. Fonte: g1.globo.com. caminho de fazenda e em clareira para início
de um roçado. Fonte: wwf.org.br.
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Depósito de lixo em estágio inicial de Lixão gerador de grandes volumes de
formação. Fonte: pmbg.es.gov.br. chorume. Fonte: redejuntos.com.br.
(a) Lixo sólido e esgoto doméstico. Fonte: Contaminação química por efluente industrial.
contilnetnoticias.com.br. (b) Contaminação Fonte: g1.globo.com.br.
química por óleo. Fonte: ecoplanplas. com.br.
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Modelos de avaliação empírica
Avaliação simples
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Município: Data:
Localidade: Hora:
Avaliação completa
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maiores aos níveis mais elevados de degradação, ao contrário do que
adotam Rosa e Magalhães Jr. (2019).
Município: Data:
Localidade: Hora:
Deslizamentos e Deslizamentos e
Ausente a sulcos de
sulcos de erosão sulcos de erosão
Erosão erosão pequenos e
profundos, mas profundos e
localizados
localizados abundantes
Industriais, ponte,
Edificações e
Ausentes Residenciais barragem,
estruturas
canalização
Proximidade
> 100 m 50 – 100 m < 50 m
edificações
Localizados,
Resíduos sólidos Ausentes Abundantes
poucos
Emissões de Localizadas,
Ausentes Abundantes
efluentes poucas
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Município: Data:
Localidade: Hora:
Efluentes
Odor Ausente Esgoto doméstico
químicos
Materiais
Ausentes Poucos Abundantes
flutuantes
Cimento,
Tipo Laje, cascalho Areia, lama
canalizado
Barragens,
Obras e
Pontes, pontilhões, desvios, gabiões,
estruturas Ausentes
canalização local canalização
construídas
extensa
Médio a grande
Animais domésticos Ausentes Pequeno porte
porte
Deslizamentos e Deslizamentos e
Ausente a sulcos de
sulcos de erosão sulcos de erosão
Erosão erosão pequenos e
profundos, mas profundos e
localizados
localizados abundantes
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da coerência entre avaliações de locais diferentes. Ela facilita o
entendimento dos conteúdos das planilhas anteriores.
Totalizações
Condição ótima: 0-20 pontos
Condição razoável: 21-40 pontos
Condição degradada: 41-60 pontos
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Recuperação ambiental
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médicas que atacar sintomas não cura uma doença. É preciso
eliminar ou bloquear as causas.
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Sucessão ecológica
Espécies colonizadoras
Desenvolvem-se sobre lajes, paredões rochosos e blocos rolados
nos leitos dos rios.
Por isto, formam a vegetação chamada de rupestre, que significa
nas rochas.
Contribuem com ácidos húmicos para a decomposição dos
minerais primários em secundários, que são constituintes do solo.
Exemplos: feldspatos alteram-se a argilas e óxidos e hidróxidos
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de alumínio; minerais ferrosos transformam-se em óxidos e
hidróxidos de ferro.
Musgos, líquens, gramíneas, ervas rasteiras.
Espécies pioneiras
Desenvolvem-se em áreas degradadas e sem sombreamento.
Formam populações com poucas espécies e muitos indivíduos.
Não toleram sombra, gostam de sol.
As árvores são arbustivas, de pequeno porte, com até 10 m de
altura.
Crescem rápido e vivem até 8 anos.
Produzem sementes pequenas e abundantes.
As folhas e sementes são muito apreciadas pelos animais.
As raízes são abundantes, finas e longas.
Espécies epífitas (trepadeiras, cipós) são ausentes ou em pequena
quantidade.
Gramíneas, leguminosas, embaúba, aroeira, canafístula,
goiabeira, paineira, capororoca.
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Espécies secundárias tardias
Desenvolvem-se em sub-bosques, com sombra permanente.
As árvores são de grande porte, atingindo 20-30 m de altura em
até 50 anos.
Vivem centenas de anos.
Formam sementes médias a grandes.
As raízes são superficiais e podem ser aéreas.
Fornecem madeira de lei.
As espécies epífitas aparecem com frequência.
Jacarandá, ipê amarelo, araribá, figueira, baguaçu, cedro,
cupiúva.
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Objetivos da recuperação ambiental
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Estratégias da recuperação ambiental
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O plantio em área total pode ser acelerado pela adoção de estratégias
complementares, tais como adensamento, enriquecimento e
nucleação. Além disto, esta estratégia deve ser aplicada
progressivamente, começando por áreas menores e avançando em
função dos resultados que forem obtidos em cada uma delas.
Sistemas agroflorestais (SAFs). São sistemas produtivos que
combinam as mais variadas espécies vegetais, cuja sucessão natural
é reproduzida por meio de engenharia agronômica e florestal. As
técnicas de nucleação, descritas a seguir, pertencem a esta
estratégia, que se tornou bastante popular no mundo inteiro pelos
bons resultados que oferece.
Os SAFs combinam culturas agrícolas com manchas de vegetação
nativa e mesmo exótica, espécies forrageiras e arbustivas,
trepadeiras e ervas ditas daninhas, em combinações que permitem
conciliar a produção de alimentos com a preservação ambiental. Isto
requer o profundo conhecimento de espécies vegetais, suas relações
ecológicas e os seus efeitos sobre a conservação do solo. Em outros
termos, requer a supervisão permanente de profissionais habilitados
em agronomia e engenharia florestal.
Em qualquer estratégia, a qualidade dos resultados depende de
monitoramento periódico dos efeitos produzidos sobre a área
degradada. As recomendações da Embrapa (2015) são tão
importantes que vale a pena conhecê-las na íntegra.
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Etapas da recuperação ambiental
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A área é isolada fisicamente por cerca ou aceiro para verificar se
acontece a regeneração natural.
A proximidade de remanescentes de mata nativa é um fator
favorável à regeneração, porque se estabelece um fluxo de
propágulos (sementes e mudas) carreados por animais, pela água
e pelo vento.
Quando a área desenvolve cobertura natural com a contribuição
de propágulos externos ou a partir do seu próprio estoque de
sementes e mudas, ela demonstra alta capacidade de regeneração.
O fato de uma área conter alta capacidade de regeneração natural
não impede que se estimule o processo eliminando espécies
competidoras, como gramíneas, e protegendo as espécies
regenerantes com limpeza periódica no seu entorno.
Quando não se desenvolve cobertura natural, a área tem baixa
capacidade de regeneração e é necessário plantar uma cobertura
vegetal, objetivo da próxima etapa da recuperação.
3. Formação da cobertura
Prazo de execução: 2 anos a partir da etapa anterior.
Áreas com recuperação natural total: são raras, apresentam
cobertura total por capoeira e arbustos, de modo que estão aptas
para a etapa de enriquecimento.
Áreas com recuperação natural parcial: desenvolvem cobertura
irregular, o que pode ser superado pelo adensamento com plantio
de espécies de recobrimento nos setores vazios. As espécies de
recobrimento crescem rapidamente e fornecem sombra para as
espécies menores, tais como embaúba, paineira e aroeira.
Áreas sem recuperação natural: são corrigidas mediante o plantio
de adubo verde e espécies de recobrimento.
Adubo verde é vegetação de crescimento rápido, vida curta, com
capacidade para fertilizar e reter água no solo. São as leguminosas
(feijão, ervilhaca, nabo, mandioca) e gramíneas (milho, sorgo).
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Vegetação de recobrimento é formada por espécies nativas de
crescimento rápido e copa densa, das quais se recomenda plantar
pelo menos 8 espécies para melhores resultados.
4. Enriquecimento
Prazo de execução: indeterminado a partir da conclusão da etapa
anterior.
Objetivo é promover a substituição das espécies arbustivas por
arbóreas e de diversidade, isto é, climácicas de crescimento lento
e vida longa.
Em áreas de alta capacidade de recuperação, o enriquecimento
acontece naturalmente, podendo apenas demandar adensamento.
Em áreas de baixa resiliência é necessário introduzir espécies de
diversidade por meio de plantio.
Podem ser plantadas todas as espécies que não são de
recobrimento, inclusive alguns tipos de arbustos.
Promove a consolidação da floresta com espécies de vida longa,
mesmo sem boa cobertura. As espécies são selecionadas em
função dos dados acumulados a partir do terceiro ano do projeto,
quando se inicia o monitoramento do ecossistema.
São espécies que fornecem madeira de lei (pau brasil, cajarana,
jequitibá), frutíferas (araçá, abacate, manga) e ornamentais
(orquídeas, bromélias, samambaia).
Adubação verde com feijão e milho. Fonte: Adubação verde com feijão e mandioca.
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galpaocentrooeste.com.br. Fonte: agron.com.br.
Nucleação com uma espécie climácica e Nucleação com uma única espécie. Fonte:
quatro mudas de uma secundária. Fonte: rasambiental.com.br.
ecoselvagem.wordpress.com.
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Recuperação ambiental na área urbana
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• Estude as funções dos grupos de plantas dentro dos ecossistemas
para usar critérios mais técnicos na hora de escolher mudas e
sementes para a sua propriedade.
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4
Referências
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APÊNDICE
Proteção de nascentes
Conceitos básicos
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manchas de matas. Por isto, tornam-se corredores ecológicos, rotas
para migração da fauna entre remanescentes da mata nativa.
Prospecção de nascentes
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Procure indícios de umidade no terreno.
Pequenas depressões úmidas do terreno, principalmente nas
encostas dos morros, podem indicar locais favoráveis, onde a água
carrega parte do solo e inicia cabeceiras de drenagem. Use plantas
indicadoras de umidade para achar nascentes: buriti, acácia, buriti,
taioba, capim rabo-de-burro, capim amargoso, capim angola, capim
arroz, carqueja, erva de bicho, erva de São João, língua de vaca,
maricá, samambaia, sapê, tansagem, tiririca e verbena. Plantas com
folhas largas e raízes aéreas são típicas de ambientes úmidos.
Avaliação de nascentes
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Comece a avaliação pela vistoria sanitária.
Para avaliar a utilidade de uma nascente como fonte de água potável,
é necessário fazer uma vistoria sanitária na sua zona de influência,
buscando possíveis focos de contaminação naturais ou antrópicas.
Localize atividades agrícolas, criações de porcos, galinhas ou outros
animais domésticos ou de abate, residências, instalações industriais,
latrinas, depósitos de lixo e rejeitos industriais nas cabeceiras da
nascente. É preciso avaliar a gravidade da possível contaminação e a
viabilidade da sua eliminação ou, pelo menos, da contenção dos seus
efeitos sobre a qualidade da água que está sendo prospectada. A
vistoria deve incluir a busca da origem da nascente.
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Seleção de nascentes
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em bombeamento e linhas de transmissão aumentem quanto mais
longe estiver a nascente dos usuários.
Obras de proteção
O que significa proteger uma nascente.
Proteger uma nascente envolve isolar a sua água dos contaminantes
de superfície, sejam eles naturais ou criados pelo uso e ocupação do
solo. Se conseguirmos fazer com que a água aflore já protegida e seja
assim levada até o local de consumo, teremos garantida a sua
potabilidade.
Isole a área.
Uma vez concluídas as obras de proteção de uma nascente, o local
deve se tornar inacessível aos transeuntes e deve ser acessado
apenas pelas pessoas encarregadas da manutenção. Isto é
indispensável para evitar que o entorno da captação continue a ser
ou se torne uma área de infiltração de poluentes. Por este motivo,
faz-se no início da avaliação a vistoria sanitária e, quando
conveniente, a avaliação rápida de impactos ambientais.
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Estabeleça o raio de proteção.
Dentro de uma área com 100 a 150 metros de raio, recupere ou
estabeleça uma cobertura vegetal adequada e escave drenos para
desvio das enxurradas em relação à nascente e às instalações de
captação. Esta informação é apresentada no início da descrição das
obras de proteção, embora seja utilizada após concluídas, porque os
executores do projeto precisam saber de antemão qual é a área de
influência a ser trabalhada.
Obras de captação
Escave para expor o olho d’água.
O olho d’água é o afloramento do veio que se forma dentro do solo, à
medida que a água abre caminhos preferenciais para o fluxo
subterrâneo, carregando os grãos mais finos ou mais solúveis.
Podem existir vários desses veios num mesmo local, de modo que
podemos encontrar vários olhos d’água próximos.
Assim como um conduto de abastecimento deve ser mantido limpo
para a circulação livre da água, o olho d’água deve ser exposto para
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que se obtenha a maior vazão possível na nascente em recuperação.
Esta tarefa consiste em escavar o solo com cuidado, de preferência
manualmente para evitar manobras que acabem obstruindo a fonte,
ao contrário do que se pretende. A escavação deve ser um pouco
maior do que a depressão que existe normalmente no local do olho
d’água, para permitir a construção das estruturas de proteção.
Profundidade da escavação.
A escavação deve avançar terreno acima até que o olho d’água tenha
uma cobertura de proteção com pelo menos 2 m de espessura.
Camadas de solo formadas por terra solta ou cascalho exigem maior
espessura do que isto para exercer o papel de proteção. Se estas
espessuras não forem possíveis, devido à pequena inclinação do
terreno, outras medidas de proteção deverão ser tomadas, tais como
a instalação de lona plástica e uma camada de terra com gramíneas
por cima da nascente.
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Modelo da EMATER
Modelo Caxambu
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Carneiro et al., 2016
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Sobre o Autor
Edir E. Arioli é geólogo pela UFRGS (1969), doutor em Geologia pela UFPR
(2008), especialista em Gestão Tecnológica (1990) e Engenharia da
Qualidade (1991). Produz materiais paradidáticos para uso de professores e
estudantes de Ciências da Natureza. Email: earioli@yahoo.com.br.
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