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CADERNOS GEOGRÁFICOS
Universidade Federal de Santa Catarina
Publicação do Departamento de Geociências – CFH / UFSC Centro
Cadernos de Filosofia
Geográficos - Nº e
4 Ciências Humanas
- Maio 2002
Departamento de Geociências
As relações Sociedade/
Natureza e os Impactos da
Desertificação nos Tópicos
José Bueno Conti
Cadernos Geográficos
ISSN 1519–4639
Cadernos Geográficos Florianópolis Nº 4 42p. Maio 2002
Cadernos Geográficos - Nº 4 - Maio 2002
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
Ivo Sostizzo
José Messias Bastos
Maria Lúcia de Paula Herrmann
Irregular
ISSN
E-Mail: cadgeogr@cfh.ufsc.br
Cadernos Geográficos - Nº 4 - Maio 2002
NOTA EDITORIAL
Comissão editorial
Cadernos Geográficos - Nº 4 - Maio 2002
Sumário
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rer, somente em nosso século, com essa visão europeísta, afinal, desa-
a chegada dos geógrafos, para aí parecesse, porque equivocada.
deslocados no bojo do movimento Ainda nos quadros da geogra-
colonial. Os trabalhos mais relevan- fia francesa é importante assinalar
tes, porém, seriam divulgados após o trabalho realizado pelo grupo de
a Segunda Guerra Mundial, quando Bordeaux que, nesse mesmo ano de
o colonialismo já se encontrava em 1948, fundou a revista Cahiers
recuo. d’Outre-Mer, iniciativa dos profes-
É nesse momento que vem à sores Louis Papy e Eugéne Révert
luz o trabalho que se tornaria, até e editada pelo “Institut de la France
hoje, leitura obrigatória dos estudio- d’Outre-Mer”. Pela matéria publi-
sos das baixas latitudes: “Les pays cada, passou a ser conhecida, no
tropicaux. Principes d’une Géogra- meio culto europeu, como a melhor
phie Humaine e Economique”, de revista do mundo tropical e, ainda
Pierre Gourou, professor belga, po- hoje, desfruta de grande prestígio.
rém, integrante do Collège de Fran- No ano seguinte o pesquisador
ce, tendo sido seu livro editado em A. Aubreville, engenheiro de for-
1948, em Paris, e prefaciado por mação, porém, geógrafo na prática
Paul Rivet, este último muito co- em seu trabalho Climats, forêts et
nhecido dos brasileiros. Nesse tra- désértification de l’Afrique tropi-
balho, Gourou analisa os trópicos cale usou, pela primeira vez, os
úmidos, desde as Américas Central termos savanização e desertifica-
e do Sul (nosso país, inclusive) até a ção para designar áreas em vias de
antiga Indochina Francesa, passan- degradação na África Equatorial.
do pela África e arquipélagos do (AUBREVILLE, A.,1949) Chama
Oceano Índico. (GOUROU, P., a atenção para as conseqÜências
1948) do mau uso do meio, acarretando
Ao longo de todo o livro, pro- desmatamento, agravamento dos
cura enfatizar a difícil compatibili- processos erosivos e do déficit hí-
zação entre o que chama da “civili- drico dos solos.
zação branca” e a “natureza agres- E haveria muitos outros que
siva dos trópicos”, segundo ele, fo- contribuiriam valiosamente: Robert
co de doenças e de insalubridade. Capot-Rey, Jean Tricart, Jean
Demoraria algum tempo para que Dresch. Louis Papy, Pierre Deffon-
taine, etc., sem falar em Pierre De-
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por isso deve ocupar a posição de prime maior agressividade aos pro-
carro-chefe dos estudos nesse do- cessos, qualquer intervenção incor-
mínio. Tudo indica que estamos reta abre caminho para a desestabi-
chegando lá e os que desejarem lização do sistema natural, com
conhecer a geografia das baixas conseqÜente decomposição das
latitudes não podem deixar de ler os rochas, lixiviação do solo, instabili-
trabalhos dos autores citados. dade das encostas e degradação
generalizada.
4. As conseqüências de uma re- O modelo macro-econômico
lação conflituosa homem x que nasceu da Revolução Industrial
meio: desmatamento e de- transformou, no início, os países
sertificação. situados nas baixas latitudes, em
Aproximadamente 40% da po- fornecedores de matérias-primas e
pulação do globo habita a faixa in- produtos primários. Neste ponto,
tertropical e aí se distribui de forma lembramo-nos de que a geografia
muito desigual, fatos já conhecidos marxista, com sua forma esquemá-
de todos. tica e economicista de interpretar o
A chamada sociedade urbano- mundo, costuma classificar as regi-
industrial, que vem se desenvolven- ões tropicais como “de periferia”
do velozmente desde os fins do sé- porque são economicamente subor-
culo XVIII, originou-se longe dos dinadas e menos industrializadas.
trópicos mas seus reflexos logo se Isso é apenas parcialmente verda-
fizeram sentir sobre todo o planeta. deiro, pois hoje, com todas trans-
A expansão generalizada da formações ocorridas, o quadro é
cultura material e das atividades menos simples e essa tese creio que
produtivas em escala até então des- já pode começar a ser questionada.
conhecida criou um novo tipo de Do ponto de vista de sua Geo-
relação entre o homem e a nature- grafia Física, os trópicos, ao contrá-
za, tendendo, muito mais, para uma rio, dispõem de sobras de energia e
postura dilapidadora do que preser- as fornecem para o resto do globo.
vacionista. Imaginemos um cenário futuro, em
A cadeia de dependência entre que as dificuldade técnicas tenham
os componentes do meio físico tem sido vencidas e a radiação solar
equilíbrio frágil. Nas regiões tropi- possa ser captada em larga escala e
cais onde o acúmulo de energia im- a preços competitivos para uso in-
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Desaparecimento
sencadeamento do processo. Da quase completo da
0,1
mesma forma, a Conferência biomassa. Impermea-
bilização e salinização
Mundial sobre Desertificação, a
intensa dos solos.
primeira convocada pela ONU e
(Cf. DREGNE, 1977, p. 328-329, traduzido).
reunida em Nairobi (Quênia), em
1977, reiterou a mesma postura.
Pode-se estabelecer categorias É, também, usual, o termo de-
de intensidade de desertificação sertização, para designar a exten-
são de paisagens e formas tipica-
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7. Diminuição 6. Invasão
da umidade maciça das
relativa (UR) do areias.
ar.
Causas Mudanças nos Crescimento
padrões climát i- demográfico e
cos. pressão sobre
os recursos.
Exem- Oscilações dos 1. Desertifi-
plos cinturões áridos cação das
tropicais duran- regiões perifé-
te as glaciações ricas tropicais
quaternárias. durante as
glaciações.
2. Pontos de
desertificação
no Sul do
Brasil (PR,
RS).
Org. J. B. Conti.
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des. Por outro lado, contudo, con- tória, apresentando aspectos paisa-
correm para aumentar o volume de gísticos semelhantes aos dos deser-
micropartículas em suspensão (cin- tos, ainda que as médias pluviomé-
zas), as quais desempenham o papel tricas se mantenham acima dos li-
de núcleos higroscópicos, causando mites de aridez admitidos.
precipitações na escala local.
O Programa das Nações Unidas
A eliminação da vegetação de para o Meio Ambiente (PNUMA)
grande porte, por sua vez, avoluma estabeleceu um índices de aridez,
o escoamento superficial em pro- internacionalmente aceito, baseado
porções que variam de 10 a 30% na razão entre a precipitação média
(conforme a intensidade da chuva), anual e a evapotranspiração poten-
tornando mais agressiva a erosão cial, ou seja (fórmula de Thorntwai-
pluvial. Como resultado, ativam-se te adaptada), fixando os seguintes
os processos de erosão acelerada e limites: < 0.05 = hiper-árido; 0,06-
os voçorocamentos, sobretudo onde 0,20 = árido; 0,21-0,50 = semí-árido;
o manto superficial é frágil, como 0,51-0,65 = subúmido seco; > 0,65
por exemplo, nos arenitos. A mine- = subúmido úmido e úmido (ausên-
ralização dos solos e a formação de cia de aridez).
carapaças lateríticas tende a se ex-
pandir. Vastos territórios recém-
ocupados, submetidos a desmata- A região semi-árida brasileira
mentos e queimadas para a prática A região semi-árida do Nordes-
da agricultura e da pecuária, soma- te Brasileiro (o sertão) estende por
das às atividades mineradoras em cerca de 900.000 km.2 e caracteri-
grande escala, acabam por se de- za-se por médias pluviométricas
gradar de forma irreversível condu- anuais oscilando entre 300 e 800
zindo ao empobrecimento biológico mm. Em sua porção nuclear, ( em
e, portanto, à desertificação. torno de 500.000 km.2) a pluviome-
As regiões periféricas dos de- tria anual é inferior a 600 mm.
sertos podem ficar expostas à inva- Manifesta-se de forma mais ca-
são de areias, transformando-se em racterística, numa área que se es-
desertos ecológicos, que nada tende do litoral setentrional, da foz
mais são do áreas intensamente do rio Jaguaribe (latitude de
desgastadas pela atividade explora- 04º30’S) à Ponta dos Três Irmãos
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