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A Mulher Polvo.................................................................................................65
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Saudações companheiras e companheiros!
Esse que vocês têm em mãos é um caderno de debates que reúne escritas
sobre temas de interesse do feminismo popular, nos marcos da construção da
nossa Assembleia Luiz Gama. É o resultado da produção de companheiras da
Consulta Popular Um Passo a Frente que atenderam ao convite do setor
nacional provisório de mulheres para elaborar textos que subsidiarão nossas
reflexões no Seminário Nacional de Mulheres Paula Oliveira Adissi, que
acontecerá dia 22 de fevereiro 2022.
Boa Leitura!
Rumo ao Seminário Paulo Oliveira Adissi!
Rumo à Assembleia Luiz Gama!
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Despertar para o feminismo
numa organização mista
Olívia Carolino
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Esse é o texto que eu mais me animo em escrever no processo de dar um
Passo juntas e, ao mesmo tempo, é o que escrevo mais na correria. A
generosidade do setor nacional provisório de mulheres convida as
companheiras da organização a registrar sua relação individual e/ou coletiva
com o feminismo popular. Aqui faço um breve depoimento de uma militante que
despertou para o feminismo popular na trajetória de uma organização mista.
Foi nesse ano de 2011 que ingressei na Direção Nacional pela tarefa da
formação sindical. Lá vão dez anos que me ressinto de, entre tantas tarefas na
direção, não ter conseguido priorizar o setor de mulheres. Durante um tempo
eu achava que a maneira de contribuir com feminismo que vínhamos
construindo era me desafiando a assumir tarefas de elaboração, formação que
são muitas vezes hegemonizadas por companheiros. Era minha mística
quando tinha que fazer um espaço de conjuntura ser apoiada pelas
companheiras e me sentir acompanhada por todas quando o microfone vinha
parar na minha mão.
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Talvez a inflexão na minha relação com feminismo popular
tenha se dado quando minha filha mais velha, Luísa, nasceu.
Definitivamente a sociedade em que a gente vive nos convoca
à vida privada dos cuidados e nos avisa que o espaço público
da política não é pra gente.
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Sem dúvida o Feminismo foi o tema que
mais aprendi na militância com muita
admiração às companheiras que estavam
à frente na elaboração por virem ou por se
constituírem como militantes no
movimento auto-organizado.
Mas antes que essa impressão torta se tornasse uma ideia concebida, o
feminismo na Consulta fez algo que considero incrível: reivindicou como
feminismo popular todas as lutas do Campo Político protagonizada por
mulheres.
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colocou diante da contradição de casos de violência e machismo. Nos casos
em que tive a tarefa de acompanhar pela nacional tive duas professoras que
faço questão de nomear: Paula Adisse e Bernadete Esperança.
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A construção do feminismo no
campo popular: história de luta e
transformação
Michela Calaça1
Noeli Welter Taborda2
Josimara Farias Neves³
3 TIITINEN, Sarri Vuorisalo. ¿Feminismo indígena? Un análisis crítico del discurso sobre los
textos de la mujer en el movimiento zapatista 1994–2009. 2011. 310f. Trabalho de conclusão
de curso (Doutorado) - Latin American Studies, Department of World Cultures, University of
Helsinki – Helsinki, 2011.
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O feminismo popular e o campo democrático popular
4 Crítico aqui não significa que o balanço está certo, nem que o que veio depois foi melhor ou
pior.
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florestas e nas águas, a teologia da libertação faz o trabalho de formiguinha 5 de
ir ajudando o povo a perceber que é preciso construir o céu também na terra.
São esses dois processos, a atuação dos militantes no exílio e na
reorganização da esquerda dentro do país que, de forma mais visível,
construíram o campo político conhecido como o Campo Democrático Popular.
É possível dizer que é entre o exílio, as greves do ABC e as primeiras
ocupações de terra que o Projeto Democrático Popular se construiu.
5 Usamos esse termo porque, como é descrito pelas que vivenciavam a época, fala de um
trabalho que era realizado em vários lugares diferentes que parecia não ter uma articulação,
mas que refletia uma grande organização.
6 Nesse caso, importante demarcar, “os” mesmo, pois as referências eram apenas homens.
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Esse período de reorganização da esquerda é um período de nítido avanço das
lutas feministas no Brasil, seja pelo surgimento dos diversos movimentos de
mulheres rurais que se organizam pelo interior do país lutando por direitos, seja
pela volta do exílio de mulheres intelectuais que tiveram aproximação com o
feminismo na Europa. As mulheres, nesse período, são protagonistas de
diversas lutas e mesmo assim permanecem, de certa forma, invisíveis. Elas
passam a disputar dentro e fora dos partidos e movimentos mistos quanto ao
gênero de seus/suas participantes, a importância da organização das
mulheres, a luta pelo direito das mulheres, sendo compreendida como parte
dessa volta à democracia. Os textos de Lélia Gonzalez7, Heleieth Saffioti8 e
Elisabeth Souza-Lobo9 são emblemáticos nessa construção. Nessa
perspectiva, a visibilidade da luta das mulheres auto-organizadas dentro e fora
das organizações foi se ampliando.
7 GONZALEZ, Lélia: Por um feminismo afro latino americano. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
8 SAFFIOTI, H. A mulher na sociedade de classes. Mito e realidade. São Paulo: Expressão
Popular, 2013; SAFFIOTI, Heleieth. I. B. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987.
9 SOUZA-LOBO, Elisabete. A classe operária tem dois sexos: trabalho, dominação e
2016.
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da AMB construir um feminismo que é antissistêmico, como expressão da luta
anticapitalista, antipatriarcal e antirracista, coloca esse feminismo popular em
uma perspectiva de construtor da luta por transformação social. Carmen Silva
(2016), ao apresentar essa perspectiva de feminismo popular, busca sempre
demonstrar uma procura por mulheres populares, uma forma de chegar a elas,
de ouvi-las, o que deixa uma ideia de um feminismo popular de fora para
dentro, no qual as feministas que não seriam dos meios populares buscam
formas de incluir essas mulheres e suas pautas nas lutas e nas reflexões sobre
os rumos políticos das mulheres no Brasil e no feminismo.
Essa ideia de fora para dentro, ou seja, de mulheres que seria feministas e
outras que seriam as populares, aparece em Carmen Silva (2016), na divisão,
sempre difícil de estabelecer, entre movimento de mulheres e movimento
feminista, como também quando a autora narra a história da AMB, com frases
que falam das construções das feministas da AMB, como: “estratégias para
favorecer a participação das mulheres de classes populares” (SILVA, 2016, p.
204); “as demandas das mulheres de classes populares são assumidas por
esta articulação” (Idem, p. 212); “dar vozes as mulheres populares” (Idem, p.
193); “Os processos de formação política que são realizados para e pela AMB
[...] tem forte incidência sobre a socialização feminista de mulheres de classes
populares” (Idem, p. 213).
Ser de fora para dentro demonstra uma movimentação muito importante das
feministas brasileiras, algumas com privilégios de classe, mas,
majoritariamente de esquerda desde o início da AMB (SILVA, C. 2018)11, no
sentido de ao conhecerem o feminismo, buscarem ampliar o acesso a ele por
meio de uma popularização que visa as mulheres mais pobres, que são as
mais afetadas pelo capitalismo, patriarcado e racismo.
11SILVA, Carmen. Vai avançar o Feminismo Popular. In. ÁVILA, Betânia; FERREIRA,
Verônica. Teoria em movimento: reflexões feministas na Articulação Feminista Marcosul.
Recife: SOS CORPO, 2018, p.53-128.
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Já no feminismo do Campo do Projeto Popular, o conceito de popular vem de
um amplo debate marxista sobre a construção da revolução em cada formação
social especifica, e foi definido por Fidel Castro durante o seu julgamento pelo
assalto ao Quartel Moncada:
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Essa diferença não pode carregar nenhum tipo de juízo de valor, que esse ou aquele é
melhor, pois, como buscamos demonstrar, eles estão sempre muito próximos, ligados pelo
mesmo processo de reorganização da esquerda no Brasil.
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um projeto popular para o Brasil, ou seja, um caminho brasileiro para
construção de uma revolução própria. Nesse debate que no final dos anos
1990 parecia ter sumido do repertório de parte da esquerda, pelo menos da
parte que era hegemônica nesse período, havia uma crítica ao reformismo
expresso na estratégia que tornava a luta eleitoral como um fim em si mesma,
o que levou a um outro extremo que beirava o debate de classe média que
nega a importância da disputa eleitoral, relegando esse espaço a ideia de
interesses individuais e só eram revolucionários (as) aqueles e aquelas que
dedicavam sua vida, com sacrifício, a luta nos movimentos sociais.
13 Importante frisar que existiam mulheres que eram tanto orgânicas na Consulta Popular
quanto nos movimentos da La Via Campesina, e nos movimentos existiam mulheres de outros
partidos ou apenas do movimento.
14 Nome que o movimento Consulta Popular passa a ter após 2007 quando, em assembleia,
quais todos os militantes podem mandar textos que serão enviados para toda a militância e
devem ser debatidos nas instâncias de base do partido.
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necessária, que buscou na teoria marxista demonstrar a importância da luta
das mulheres para transformar suas vidas e a sociedade; e o texto de Iracy
Sofia Barbosa (2010) Auto-organização das mulheres para unificação da classe
trabalhadora, no qual a autora demostra a construção histórica da opressão
das mulheres e argumenta sobre a importância da superação dessa situação a
partir da auto-organização das mulheres no partido. O texto termina com a
consigna do congresso da Coordinadora latinoamericana de organizaciones del
campo (CLOC/Via Campesina) de 2010: “sem feminismo, não há socialismo”.
Contou ainda com processos de auto-organização das mulheres nos estados.
Esse encontro é lembrado até hoje como aquele em que houve uma forte
disputa por saber qual caminho o feminismo da Consulta Popular deveria
seguir. Se colocava para o debate uma linha que pensava que era a
diversidade17 de construção que fortalecia esse feminismo popular e assim
defendia que as mulheres da Consulta Popular pudessem construir seu
feminismo como já construíam, junto às outras diversas lutas que travavam, ou
seja, em movimentos diferentes, que podiam ser auto-organizados ou não, mas
com unidade na linha política. Outra parte defendia escolha de apenas uma
organização, a qual todas as mulheres desse partido se ligassem para construir
o feminismo popular, podendo no máximo, existir uma organização voltada
para o urbano e outra para o rural. Essa segunda opção foi derrotada no
encontro, mas, de certa forma, foi implementada, o que permitiu uma
ampliação significativa de processos de auto-organização nos estados, mas
causou uma divisão profunda entre as feministas da organização.
acúmulo político e teórico de temas, mas não se constitui uma instância e são órgãos de
assessoramento à direção do partido.
20 Originalmente era um grupo da MMM e depois optaram por sair.
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popular de mulheres mais orgânica, para aprofundar as lutas e a construção
teórico-político do Feminismo Popular. O encaminhamento foi:
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feminista camponesa de caráter nacional. No MST, em 2006, a direção
nacional passa a ser paritária em gênero, depois começam a construir o curso
Feminismo e Marxismo, curso responsável pela formação de muitas militantes
desse campo político, todos esses processos contribuíram para as elaborações
desse feminismo popular do Campo do Projeto Popular.
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Fotografia 1 - Comitiva para debater os direitos das trabalhadoras rurais na
CF88.
A luta por acesso aos direitos trabalhistas que já existia no urbano para o rural,
na perspectiva das mulheres era também uma luta pelo reconhecimento,
enquanto mulheres trabalhadoras rurais. É dessa luta que nos anos 1980
surgem vários movimentos estaduais de mulheres trabalhadoras rurais. Essa
luta é compreendida como enfrentamento de classe, pois é uma categoria de
trabalhadoras que buscam direitos, mas também, é compreendida como uma
luta que dialoga com a lógica do reconhecimento enquanto mulheres,
enfrentamento direto ao patriarcado que entendiam as mulheres como não
trabalhadoras.
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Fotografia 3 - Lançamento da Campanha na Câmara de Deputados em
Brasília.
Não sabemos exatamente os nomes de quem estava lá, mas sabemos que
eram mulheres camponesas que lutavam contra uma empresa que lucra
causando prejuízo ambiental. A plantação de eucalipto é responsável por secar
inúmeras fontes de água no Espírito Santo, no Rio Grande do Sul e as
mulheres camponesas, defensoras da agroecologia, que entendem a
importância da água para manutenção dos diversos modo de vida, “se vingam”.
Elas enfrentam o capital e o racismo que essa empresa representa, quando se
coloca como representante do progresso, colocando em risco os modos de
vida dos indígenas. E, novamente, precisaram afirmar que as mulheres são
capazes de construir e executar uma ação revolucionária sozinhas. Defender,
internamente, nas organizações camponesas, a importância da ação foi uma
confirmação da autonomia e liberdade das mulheres de lutar como querem e
pelo que acham importante.
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Quando voltamos nosso olhar para as camponesas, a agroecologia chegou e
elas se reconheceram nas propostas, seja porque por muito tempo tiveram que
enfrentar os técnicos dizendo que o conhecimento delas era atrasado, que era
preciso “modernizar”, seja porque aquelas sementes que elas escondiam,
plantavam em locais escondidos do quintal, agora alguém dizia e demonstrava
que eram importantes. As camponesas foram, nas suas unidades de produção,
aquelas que lutaram contra a padronização das unidades, seus quintais eram
exemplos concretos do resultado que a diversidade de plantas e animais
podiam fazer tanto em benefício da alimentação da família, quanto de
preservação da natureza.
24 Em 2017, como respostas a crise econômica que na vida do povo se transforma em fome, o
MMC transforma esse processo na Campanha Nacional Sementes da Resistência:
camponesas semeando esperança, tecendo transformação, como forma de ampliar o resgate
de sementes e diminuir o impacto da fome nas comunidades que o MMC está presente.
25 JALIL, Laeticia Medeiros. Mulheres e soberania alimentar: a luta para a transformação do
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O tema das sementes também aparece em todos os Seminários Internacionais
que discutiram o Feminismo Camponês Popular e, como explicam Calaça,
Seibert e Cinelli (2020, np.)26:
Assim, podemos dizer que esse feminismo é formatado pela história de cada
uma, pela história de todas, pela história dos vários movimentos, em especial,
os movimentos de mulheres, pois, muitas vezes, foi necessário um
protagonismo das organizações auto-organizadas/autônomas para colocar as
pautas das mulheres e o feminismo para debate.
O Feminismo Popular não é algo fechado que possamos dizer assim: tem
essas e essas características e pronto. Muitas de suas características podem
ser diferentes em lugares ou em movimentos distintos, posto que, da mesma
forma que a realidade se modifica à medida que as lutas acontecem, o
Feminismo Popular também se modifica, se renova, mas se mantém
carregando sua história de luta e transformação, a partir da luta por um projeto
popular para o Brasil.
Um passo à frente
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revolução brasileira, que necessariamente será anticapitalista, anti-imperialista,
antipatriarcal e antirracista.
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Feminismo Camponês Popular:
contribuições para o debate
Camponesas.
31 Militante do Movimento de Mulheres Camponesas
32 Militante do Núcleo Garrancho de Mossoró-RN e do Movimento de Mulheres Camponesas.
33 Militante do Núcleo Loiva Rubenich em construção e do Movimento de Mulheres
Camponesas.
34Militante do Núcleo Loiva Rubenich em construção e do Movimento de Mulheres
Camponesas.
35 Militante do Núcleo Garrancho de Mossoró-RN e do Movimento de Mulheres Camponesas.
36 Militante do Núcleo Loiva Rubenich em construção e do Movimento de Mulheres
Camponesas.
37 Militante do Movimento de Mulheres Camponesas
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Este texto pretende apresentar alguns elementos do Feminismo Camponês
Popular (FCP), como forma de contribuir no fortalecimento da organização das
mulheres da Consulta Popular (CP) Um Passo a Frente, essa é uma
construção que vem sendo aprofundada no Movimento de Mulheres
Camponesas (MMC), uma organização autônoma de mulheres do campo na
qual militamos, bem como na CLOC/LVC38.
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Compreende o caráter estrutural das questões étnico/raciais para a dominação,
discriminação e exploração das mulheres negras e indígenas, e como este
elemento de diferença é socialmente construído para a desigualdade, para a
inferioridade, com a compreensão de que existem assimetrias em como as
mulheres vivenciam as explorações e violências nesta sociedade de classes,
como a questão de raça, assim esse feminismo é antirracista. O feminismo
camponês e indígena é necessariamente de classe (CALAÇA et al, 2018).
REFERENCIAIS
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MOVIMENTO DE MULHERES CAMPONESAS - MMC, Feminismo
Camponês e Popular, Ed. Passografic, Passo Fundo, 2018.
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Nosso caminhar: balanços e
apontamentos da construção do
feminismo popular no Movimento
de Trabalhadoras e
Trabalhadores por Direitos (MTD)
Porque devemos ser um partido-
movimento?
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Introdução
Dessa forma, vimos o avançar das forças em disputa nesse debate forjarem a
formação de diversos coletivos, grupos e articulações em nível nacional, sendo
hoje, os mais representativos no campo democrático popular: a Articulação de
Mulheres Brasileiras (AMB – composta por amplas redes do terceiro setor nos
estados, por mulheres das setoriais de mulheres do PT, PSB e PSOL); a União
Brasileira de Mulheres (UBM – composta por mulheres principalmente do PC
do B e UJS); e, a Marcha Mundial das Mulheres (MMM – composta
nacionalmente por mulheres das setoriais de mulheres do PT, da CUT e
também por companheiras nossas da Consulta Popular que constróem a
organização e disputam a sua linha política, fazendo um trabalho valioso pelo
viés do projeto popular). Estas três grandes articulações compõem o que
chamamos de composição do feminismo no nível do campo democrático-
popular, mas que no caso específico da MMM, é composta e disputada
também por mulheres do Campo do Projeto Popular.
O Brasil é o 5º país no mundo que mais mata mulheres por questão de gênero
– absurdamente o Brasil registra um feminicídio a cada 6 horas e meia – casos
de homicídio motivado por questões de gênero subiram em 14 das 27 unidades
federativas, de acordo com relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Acreditamos que a auto-organização das mulheres é fundamental para que o
processo de emancipação aconteça.
Olhando para o nosso caminhar, a caminho trilhado até o momento nos mostra
um processo forte e com potencial de grandes avanços, o que nos possibilita
contribuir com o acúmulo coletivo do feminismo popular a partir da perspectiva
da mulher urbana e do cenário atual em que vivemos.
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A nossa afirmação-síntese para o futuro do MTD no Projeto Popular para o
Brasil é que:
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Feminismo popular e trabalho
territorial - a experiência do
Núcleo Soledad Barrett na região
metropolitana do Recife,
Pernambuco.
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1. O presente texto é um primeiro exercício de compartilhar a experiência
de trabalho territorial a partir da construção do feminismo popular na
região metropolitana do Recife, Pernambuco. Primeiro olharemos para a
organicidade e alcance atual do núcleo Soledad Barrett. Em seguida,
para os principais marcos conjunturais que influenciaram e influenciam a
formatação do trabalho hoje. Por fim, apontaremos alguns desafios.
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espaços de articulação ampla para a construção do calendário feminista
na cidade.
10. Foi sem dúvidas o período mais desafiador pelo qual passou o coletivo.
Além das determinantes das incertezas sanitárias e do governo
genocida, o Soledad é atravessado por todas as tensões e disputas no
seio do campo popular e da Consulta.
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lucra e se mantém com a exploração e invisibilização das contribuições
das mulheres negras trabalhadoras.
https:/jc.ne10.uol.com.br/economia/2021/05/12124681-garrafas-pets-viram-
ferramenta-para-gerar-renda-para-mulheres-em-brasilia-teimosa.html
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https:/ interior.ne10.uol.com.br/noticias/2021/05/21/mulheres-geram-renda-ao-
produzir- vassouras-com-garrafas-pets-no-recife-209814
https:/www.brasildefatope.com.br/2021/06/10/grupo-de-mulheres-enfrenta-a-
crise-atraves-da-sustentabilidade
https:/www.youtube.com/watch?v=LxyexsV3pzg&ab_channel=FreiCanecaFM
https:/www.youtube.com/watch?v=CSJGLWOg7_A&ab_channel=ColetivaCabr
as
https:/www.brasildefatope.com.br/2020/12/10/campanhas-de-solidariedade-
intensificam-doacoes-durante-periodo-natalino
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A Mulher Polvo
Berenice39
Se no Universo tem esse magnetismo, que essa energia alinha tudo isso, essa
energia também está no cérebro humano.
A mulher polvo
A mulher Polvo tem muitos braços de trabalho. Não deveria ser natural. Isso foi
historicamente construído, é a zona de conforto dos homens e não são eles
quem vão lutar por essa transformação. Essa luta é nossa. Não basta um
socialismo masculinizado. Precisamos do equilíbrio para construir felicidade. É
uma luta com distância temporal. A largada é a consciência desta situação, sair
do estado de anestesia, nos organizarmos coletivamente.
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