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11/07/2020 DENNIS DE OLIVEIRA | Frantz Fanon, racismo e pensamento descolonial


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Frantz Fanon, racismo e pensamento descolonial


Dennis de Oliveira 
10 de maio de 2018

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O psiquiatra e militante Frantz Fanon (Arte Andreia Freire / Reprodução)

Li recentemente em um artigo publicado no site Cafezinho


(https://www.ocafezinho.com/2018/05/06/o-que-diferencia-os-quatro-projetos-da-
esquerda-brasileira-em-2018/) que os quatro candidatos presidenciais que
atualmente se apresentam como de “esquerda” se diferenciam entre aqueles que
priorizam as pautas identitárias, desenvolvimentismo, nacionalismo e um mix entre
estas perspectivas. O interessante é que o artigo vincula a defesa das agendas
propostas pelo movimento negro (e também o feminista
(https://revistacult.uol.com.br/home/tag/feminismo/) e o LGBT
(https://revistacult.uol.com.br/home/tag/lgbt/)) ao que chama de “identitarismo”. Ao
diferenciar, inclusive, a dimensão de defesa das pautas antirracistas (colocadas no
campo do “identitarismo”) e de desenvolvimento nacional (colocadas no campo da
macropolítica estrutural), o artigo corrobora a ideia de que o racismo está
desvinculado das lógicas de relações de classe
(https://revistacult.uol.com.br/home/sobre-joaquim-barbosa-marina-silva-
candidaturas-negras-e-antirracistas/).

Boa parte desta compreensão decorre da ideia de que o sistema capitalista tem uma
generalidade estruturante (a sua base econômica) que determina as demais relações
sociais, culturais e políticas (inclusive as raciais, de gênero, de orientação sexual etc).
Daí o seccionamento entre políticas mais gerais (sempre no campo da dimensão

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econômica mais geral) e a agenda do movimento antirracista


(https://revistacult.uol.com.br/home/pantera-negra-e-mulher-maravilha-a-
agenda-dos-direitos-na-era-da-inflacao-de-informacoes/) (colocada no campo das
“identidades” e do reconhecimento das diferenças).

A obra do pensador Frantz Fanon (http://revistacult.uol.com.br/home/virada-


descolonial-da-psicose-frantz-fanon-inventor-da-esquizoanalise/), nascido na
Martinica em 1925 e morto com apenas 36 anos, em 1961, apresenta pistas
importantes para a superação desta dicotomia que é ainda comum em alguns analistas
políticos como o autor do artigo mencionado. Deivison Mendes Faustino, professor
da Universidade Federal de São Paulo e autor do livro Frantz Fanon, um revolucionário,
particularmente negro (com lançamento marcado para esta semana
(https://www.facebook.com/events/376248762870159/)), explica que há uma
aproximação das bases epistemológicas do pensador da Martinica com Hegel. Isto
porque Hegel vê a alienação como uma perda objetiva de si, da capacidade de
autodeterminação.

Fanon considera que as estruturas sociais coloniais


(https://revistacult.uol.com.br/home/politicas-da-inimizade-achille-mbembe/) são
introjetadas na subjetividade do colonizado e a mudança dependeria de uma
transformação radical das estruturas da sociedade.

Na obra Pele negra, máscaras brancas (1952), Fanon afirma: “Reagindo contra a


tendência constitucionalista em psicologia do fim do século 19, Freud, através da
psicanálise, exigiu que fosse levado em consideração o fator individual. Ele substituiu
a tese filogenética pela perspectiva ontogenética. Veremos que a alienação do negro
não é só uma questão individual. Ao lado da filogenia e da ontogenia, há a sociogenia.
De certo modo, para responder à exigência de Leconte e Damey, digamos que o que
pretendemos aqui é estabelecer um sócio-diagnóstico. Qual o prognóstico? A
Sociedade, ao contrário dos processos bioquímicos, não escapa a influência humana. É
pelo homem que a sociedade chega ao ser. O prognóstico está nas mãos daqueles que
quiserem sacudir as raízes contaminadas do edifício”.

Tem-se, assim, uma “reificação” da alienação colonial que será expressa também na
própria “invenção” do ser negro feito pelo outro demonstrada por Fanon nesta
passagem:

“’Olhe, um preto!’ Era um stimulus externo, me futucando quando eu passava. Eu


esboçava um sorriso. ‘Olhe, um preto!’ É verdade, eu me divertia. ‘Olhe, um preto!’ O
círculo fechava-se pouco a pouco. Eu me divertia abertamente. ‘Mamãe, olhe o preto,
estou com medo!’ Medo! Medo! E começavam a me temer. Quis gargalhar até sufocar,
mas isso tornou-se impossível. Eu não aguentava mais, já sabia que existiam lendas,
histórias, a história e, sobretudo, a historicidade que Jaspers havia me ensinado. Então
o esquema corporal, atacado em vários pontos, desmoronou, cedendo lugar a um
esquema epidérmico racial. No movimento, não se tratava mais de um conhecimento
de meu corpo na terceira pessoa, mas em tripla pessoa. Ia ao encontro do outro… e o
outro, evanescente, hostil mas não opaco, transparente, ausente, desaparecia. A
náusea…”

Estes construtos psíquicos do ser negro advindos desta reificação do processo colonial
coloca o pensamento de Fanon próxima a uma perspectiva descolonial. Isto porque a
superação do racismo aqui se articula com a descolonização – a “descolonização das
mentes”, como ele afirma em Os condenados da terra (1961) – o que significa uma
transcendência do racismo do comportamento expresso nas relações individuais para
uma estrutura social que reifica o pensamento colonizador

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(https://revistacult.uol.com.br/home/silvia-federici-o-capitalismo-tenta-destruir-
memorias/). E, assim, a construção de um verdadeiro Humanismo só se daria com o
fim da exploração do ser humano pelo outro ser humano, ou seja, com o fim de todas
as hierarquias.

Ora, ver o racismo nesta perspectiva fanoniana


(https://revistacult.uol.com.br/home/como-a-vivencia-cotidiana-do-racismo-pode-
produzir-traumas/) é ir muito além de identitarismos. E tampouco não é seccionada
de um projeto desenvolvimentista nacional, pois uma visão autônoma de nação passa,
necessariamente, pela “desalienação” e “des-reificação” das estruturas mentais
colonizadas na qual o racismo é a principal expressão.

Por isso, o pensamento de Fanon tem sido apropriado por vários pensadores que se
colocam na perspectiva descolonial (https://revistacult.uol.com.br/home/marcia-
tiburi-critica-da-razao-negra-marcacao-e-contramarcacao/), combatendo o que
Quijano chama de “colonialidade do poder”, de reposicionamento das nações do
chamado Terceiro Mundo no sistema global. Em outras palavras, o pensamento de
Fanon nos mostra que qualquer projeto nacional dissociado do enfrentamento do
racismo não se sustenta. E também não se sustenta pensar o racismo apenas na
perspectiva identitária.

D E I X E O S E U CO M E N TÁ R I O
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