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UNIRIO – CEDERJ
POLO: RESENDE-RJ
24/11/2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
UNIRIO – CEDERJ
POLO: RESENDE-RJ
24/11/2021
OBJETIVOS ............................................................................................................................... 7
Tendo este questionamento em vista, este projeto busca entender melhor o pensamento
republicano brasileiro entre 1870 até 1889 não somente pelos rastros mais evidentes deste
tempo, mas também através das motivações políticas mais práticas e casuais que fogem, em
diversos momentos, aos aspectos ideológicos consagrados e são fomentadas pelas necessidades
de determinados grupos de maior expressão econômica. Assumindo que, possivelmente, os
desdobramentos políticos de um Estado progridam mais pelos aspectos econômicos e pela
manutenção da estrutura de poder do que por projetos ideológicos, o quanto os anseios deste
grupo republicano em ascensão no Brasil eram genuinamente inspirados em um modelo de
República aos moldes dos ideais liberais em voga naquele contexto e o quanto buscavam
somente a reprodução de um sistema de classes e de uma elite econômica que necessitava se
reestruturar para manter seus privilégios frente a uma conjuntura de mudanças estruturais
iminentes?
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Em relação ao ano limite de 1889, é evidente que marca a Proclamação da República e, portanto,
o fim do período monárquico no Brasil. Entretanto, olharmos mais adiante em alguns momentos
será importante para apontarmos fenômenos já indicados dentro do espaço de tempo que
estamos trabalhando. José Murilo de Carvalho, em um dos artigos mais explorados por este
projeto de pesquisa, utiliza o recorte de 1870-1891, o que possibilita adentrar sem reservas aos
primórdios da nova organização política republicana1. Não seguiremos esta mesma divisão
temporal em prol de uma observação mais concentrada, já que nada nos impediria de ampliar
as propostas almejadas aqui até o presente, neste nosso contexto ainda republicano e ainda
intrínseco à manutenção da ordem tradicional de mando.
Como podemos imaginar, por mais que o caráter ideológico seja popularmente realçado nestes
indivíduos republicanos no final dos oitocentos, o discurso, supostamente, se valia mais pelo
poder de legitimar do que transformar. Neste sentido, fica mais evidente a inviabilidade em
assumir o contexto da Proclamação como uma Revolução, na medida que os arranjos
tradicionais de poder não foram alterados, mas, pelo contrário, adaptados.
1
Carvalho, 2011.
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conjunturais na sociedade acompanham a forma como o trabalho, o dispêndio de força em vias
de alterar o meio, é feito. A questão da eminente passagem do modo de produção escrava para
o trabalho livre era, neste período, evidente, sendo nebuloso somente quando viria. A
necessidade de proteger os meios de reprodução do capital das classes senhoriais, ainda
dependentes da mão de obra escrava, era destaque para qualquer círculo de vanguarda com reais
intenções de ascensão política. Vemos, então, uma proximidade entre a análise dos
desdobramentos econômicos e sociais com o pensamento político, visto que um deveria servir
aos anseios do outro.
As fontes a serem observadas são documentos e obras de autores da época, como os manifestos
dos partidos e literatura política republicana. Em vias de uma análise mais contextualizada,
periódicos desta conjuntura também serão analisados, todos bem documentados em acervos
públicos disponíveis online.
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Notamos, a partir do título do trabalho que se trata de uma pesquisa que envolve o estudo de
um conjunto de ideias que podem ser agrupadas em vias a denominarmos, em síntese, como
sendo o Pensamento Republicano. Neste sentido, temos um ramo da pesquisa, mas em seguida
é especificado que este pensamento republicano está dentro do conjunto Brasil de 1870-1889,
o que determina outro campo a ser investigado. O que pretendo deixar claro com este
apontamento é: a bibliografia precisa compreender o que se entende como sendo esclarecedor
acerca do Pensamento Republicano de forma geral, mas também da forma como este é
empregado especificamente no contexto do Brasil desta conjuntura assinalada. Portanto, temos
uma busca por idealizadores e divulgadores do pensamento republicano que não se restringe ao
cenário nacional, mas que tiveram ou podem ter tido alguma influência neste, assim como
estudos que estão voltados para um recorte mais delimitado que é o Brasil ou o republicanismo
brasileiro deste período.
Agora que já compreendemos os blocos que compõem este projeto a partir do título, devemos
nos atentar para um último conjunto desta pesquisa que não está explicitado em seu nome, mas
que é igualmente importante para a construção metodológica pretendida e que, portanto, será o
primeiro a ser explorado nesta revisão bibliográfica. Trata-se da orientação historiográfica que
será utilizada.
Como apoio metodológico, pretendo explorar as ideias contidas nos trabalhos de Michel
Vovelle e em Karl Marx e Friedrich Engels. No caso de Vovelle, a obra Ideologias e
Mentalidades serve de suporte ao estudo das mentalidades envolvidas no objeto de pesquisa,
assim como na forma de interpretar e dialogar com estas, sobretudo a partir do trabalho com as
fontes. O historiador francês aborda diferentes questões, como os desafios em lidar com estas
fontes e os testemunhos populares.
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A preferência por uma historiografia marxista nos leva, inevitavelmente, aos textos de Marx e
Engels, sendo A Ideologia Alemã o trabalho mais delimitado, até então, como referência de
pesquisa, dado as suas observações acerca das formas de domínio intelectual e artístico na
sociedade. Apesar das leituras históricas feitas na obra dos intelectuais alemães apresentar
determinadas imprecisões, o aspecto mais importante para a pesquisa está na interpretação
sobre os meios de dominação cultural a partir das classes elevadas.
Podemos nos ater agora para o estrato mais subjetivo do objeto de pesquisa, que são as
definições, conceitos e elementos ideológicos que podem ser encontrados no Pensamento
Republicano daquela conjuntura. Este elemento é, possivelmente, o mais nebuloso para ser
lidado ao longo da pesquisa bibliográfica por diversos motivos. Um dos motivos é o próprio
domínio sobre o assunto, pois é necessário que haja uma aproximação com autores teóricos que
inspiravam os discursos republicanos de então, qualidade que ainda falta a este pesquisador.
Outro cuidado a se tomar é com a turva relação que os agentes históricos de fato podem ou não
ter com estes teóricos e seus discursos, sendo este, inclusive, um dos pontos que mais intenciono
desvendar. Seriam estes agentes políticos inspirados por ideais e ideologias caras ao ideário
republicano ou somente divulgadores de discursos, o quanto que podemos afirmar neste sentido
acerca dos atores políticos? Não é de se espantar que os intelectuais republicanos possam
conhecer de forma substancial estes pensadores, mas e quanto aos agentes políticos fora destes
círculos, mas ativos nas esferas executivas dos partidos e dos corpos dirigentes?
Para iniciar este ramo da pesquisa, serão explorados os trabalhos de autores mais celebres neste
meio, o que no desenrolar dos estudos, provavelmente, irá se expandir para referências não tão
evidentes e mesmo pesquisadores de fora daquele contexto, como teóricos recentes. Um dos
pensadores que mais chama a atenção, neste contexto, é Herbert Spencer, que em First
Principles discorre acerca de temas políticos e sociais a partir de uma perspectiva,
essencialmente, progressista, tentando justificar a necessidade de uma conciliação entre religião
e ciência.
Outro influenciador severamente referenciado neste período é o filósofo Auguste Comte, que
tem algumas das suas principais obras reunidas em volume da série Os Pensadores. O autor
positivista demonstra parte deste discurso exaltante do progresso civilizacional que,
frequentemente, é relacionado com o pensamento político e social do final dos oitocentos. No
volume em questão, temos em destaque as obras Curso de Filosofia Positiva e Discurso sobre
o Espírito Positivo.
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É importante nos atentarmos ao fato de serem dois pensadores dos oitocentos com ideias em
voga naquele período, influentes, portanto, no ideário político e social internacional e que, com
variada intensidade, foram absorvidos aos discursos aqui no Brasil, sobretudo entre os
republicanos, pelo caráter progressista. Não há ainda uma referência nesta bibliografia de
comentadores destes pensadores, ainda que haja a intenção de buscar tais referências.
Iraci Galvão Salles já está voltada para os aspectos políticos ativos, como as relações e
interesses de classe e o projeto republicano sobre o trabalho livre. Tais elementos são
abrangidos na obra Trabalho, progresso e a Sociedade Civilizada. Mais voltada para a questão
do trabalho e das lutas de classe, Salles acaba produzindo uma narrativa de valor para
entendermos as motivações políticas e econômicas por trás de todo o aparato orquestrado da
imagem republicana. Esta obra foi publicada em 1986 e não foi reeditada, portanto, carece de
atualização, o que exige uma contraposição de ideias à luz de outros trabalhos mais recentes.
Além destes dois pesquisadores, a obra Da Monarquia à República¸ de Emília Viotti da Costa
em seus últimos capítulos serve de referência para o surgimento do movimento republicano no
Brasil. Ainda que a historiadora esteja, neste livro, voltada sobretudo para os eventos do período
monárquico, também apresenta uma introdução pertinente aos círculos republicanos e à
formação do republicanismo no Brasil. Esta obra de Viotti da Costa também necessita alguns
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cuidados, sendo necessário reunir referências mais atuais para dialogar junto a mesma, visto
que, mesmo a 6ª edição já conta mais de vinte anos de publicação.
Outras obras já foram levantadas e poderiam estar presentes nesta revisão, mas por se tratar de
leituras ainda prematuras ou nem mesmo iniciadas, não há substância o bastante para que eu
possa empregá-las neste momento. Contudo, estão expostas nesta atividade as obras que, desde
o princípio da ideia e interesse de pesquisa, já figuravam e que, portanto, apresentam um valor
mais evidente para o estudo.
OBJETIVOS
O trabalho busca explorar diferentes aspectos, tendo portanto, uma série de objetivos em vias
de tentar entender uma questão geral. As etapas a seguir ainda podem ser reformuladas ou
mesmo terem a sua ordem reorganizada, mas, até então, seguem como uma base para a
resolução das questões que se encontram no caminho da pesquisa. São objetos da pesquisa:
FONTES E METODOLOGIA
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https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/179482 (acessado em: 26/11/2021)
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como estes discursos se aproximam de um projeto político de interesses, sob um extenso
repertório, supostamente, ideológico.
Quanto aos periódicos e jornais do período, servem para compreendermos melhor a forma como
estes desdobramentos eram veiculados e, possivelmente, poderiam ser compreendidos pela
população e repercutidos. Este tipo de documento é facilmente acessado na página da
hemeroteca digital da Biblioteca Nacional3. Alguns editoriais, como A República, estavam bem
próximos das ideias dos grupos republicanos, podendo demonstrar também a imagem que estes
gostariam que fosse passada. Estas fontes deverão ser selecionadas, sobretudo a partir de datas
de interesse, em vias de encontrarmos menções a acontecimentos notáveis, onde o grupo
republicano pode estar presente e como ele é representado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
________________________ Formação das Almas. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva; Discurso sobre o espírito positivo; Discurso
preliminar sobre o conjunto do positivismo; Catecismo positivista in Os Pensadores;
traduções de José Arthur Giannotti e Miguel Lemos. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República. 6ª ed. São Paulo: UNESP, 1999.
MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã: crítica da mais recente filosofia
alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em
seus diferentes profetas (1845-1846). São Paulo: Boitempo, 2007.
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http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/ (acessado em: 26/11/2021)
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SALLES, Iraci Galvão. Trabalho, Progresso e a Sociedade Civilizada. São Paulo: Hucitec,
1986.
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