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Tobias Barreto de Menezes e a geração de 1870: O lugar da educação

nos projetos de Brasil

Cecília Oliveira de Araújo (PROBIC/Unit), e-mail: ceciliaoaraujo@hotmail.com;

Raylane Andreza Dias Navarro Barreto (Orientadora), e-mail: raylanenavarro@unit.br.

Universidade Tiradentes/Psicologia/Aracaju, SE.

Área do conhecimento: 7.00.00.00-0; Subárea do conhecimento: 7.08.00.00-6.

Pesquisa executada com recursos do edital a apoio a Projetos de Pesquisa/ MCTI/CNPQ/Universal
14/2014, bolsa PIBIC/CNPq e da Universidade Tiradentes.

RESUMO: Como parte do Projeto guarda-chuva
“Modernidade e educação em Tobias Barreto de
Menezes (1839-1889)”, este projeto tem como
objetivo analisar o repertório mobilizado por Tobias
Barreto nos debates e proposições sobre os temas
que discutiu, em especial, a educação, e suas
influências para a geração de intelectuais da década
de 1870 no Brasil. Para tanto se fez necessário:
identificar os membros da geração de 1870
brasileira destacando suas principais obras;
mapeando nos debates travados pelos membros da
geração de 1870 temas que fizeram parte dos
discursos e proposições apresentadas por Tobias
Barreto; interpretando as discussões empreendidas
pela geração de 1870 em torno da educação.
Tobias Barreto e a influência da sua obra para a
interpretação da cultura brasileira tem suas
contribuições na conjectura de elementos e
ferramentas interventivas no movimento da época,
cujo engajamento se deu pela articulação de
argumentos que contribuíram para a mesma
vontade de mudança, a de que o país se tornasse
uma república e tivesse uma boa base político-
econômico e social. Se atentarmos para o fato de
que o conformismo sempre foi peso fundamental
nos desafios e que a cristalização do status quo
paradoxalmente tinha a tendência de enfraquecer,
mesmo sendo o grande estopim da força para
mobilizações, há como perceber mais claramente o
papel de Tobias Barreto frente o engajamento
evolucionista.
Palavras-chaves: Tobias Barreto, Educação, Brasil.
INTRODUÇÃO
O projeto “Tobias Barreto de Menezes e a
geração de 1870: o lugar da educação nos projetos
de Brasil” tem como objetivo geral a análise do
repertório mobilizado por Tobias Barreto nos
debates e proposições sobre os temas que discutiu,
Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar
alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.
ISSN: 1807-2518
em especial, a educação e suas influências para a
geração de intelectuais na década de 1870. Para
alcançar o objetivo almejado foi necessário
identificar os membros da geração de 1870
destacando suas principais obras, mapear os
debates travados pelos setentistas e interpretar as
discussões empreendidas pela referida geração em
torno da educação.
Desse modo, a pesquisa foi iniciada com a
leitura da obra “Ideias em Movimento: A geração de
1870 na crise do Brasil-Império” da historiadora
Angela Alonso. Isto porque foi necessário ter por
base os fatores históricos que contemplaram a
derrocada do Império brasileiro, processo que
desencadeou a proclamação da República e
abrangeu todo o arcabouço estruturante do ensino
público no século XX, sendo tais fatos
consequências das ações dos personagens da
história do Brasil, responsáveis pela implementação
de novas maneiras de se ver e estar no mundo.
Segundo Alonso o movimento intelectual de
1870 surgiu em meio à desagregação da ordem
política imperial. Os valores e o funcionamento
efetivo das instituições políticas limitavam a
cidadania plena e o espaço de debate público a um
seleto grupos de iguais. Tal conjuntura foi marcada
pela insatisfação em relação a características
sociais e políticas do sistema como a escravidão, a
união da Igreja e do Estado e a monárquica como
forma de governo. Nesse sentido, os valores
compartilhados estavam cristalizados como tradição
e os recursos intelectuais disponíveis construídos a
partir de duas balizas: a experiência nacional e o
repertório europeu.
A situação de crise começou a se configurar a
partir do centro do próprio regime e não pela
pressão vinda de fora. O desequilíbrio só veio a
apresentar seus primeiros sinais quando os
conservadores se dividiram, se unindo à ala mais
moderada dos liberais. No entanto, o processo de
cisão política e a tentativa de modernização da

sociedade e da economia do XIX geraram uma crise
que desestabilizou a ordem saquarema, ordem esta
que caracterizou a estabilidade econômica do
segundo reinado, uma vez que delinearam o seu
comando político, definindo os princípios que
acreditavam que a sociedade deveria ter, sobretudo
no que cerne à a hierarquia das classes e posições
sociais. Neste período, os liberais ficavam limitados
às decisões dos saquaremas. Com a modernização econômico, político e social
desestabilização, os partidos políticos se
desfiguraram, exacerbou-se a cisão liberal e os
princípios de legitimação da ordem sociopolítica
foram reiterados por uma ala reacionária. Além
disso, a reforma conservadora abriu novas vias de
acesso ao universo político. Em contrapartida, o
espírito do regime imperial manifestou-se acerbo
contra a queda de sua constituição, resultando
numa explicitação dos pilares de ordem
sociopolítica imperial e na reiteração de seus
valores fundamentais, obstando o prosseguimento
das reformas.
A pesquisa também abarca os diferentes grupos
que caracterizaram a geração de 1870, sendo eles
os liberais republicanos, novos liberais, positivistas
abolicionistas, federalistas positivistas do Rio
Grande do Sul e federalistas científicos de São
Paulo, com ênfase na marginalização política que
norteava as vivências, advinda da escassez de
possibilidades de realização profissional e a
dificuldade de posicionar-se diante do estreitamento
intelectual que a ordem imperial propunha.
O aprofundamento do conhecimento histórico
com base nos dados colhidos permitiu uma melhor
compreensão acerca do processo educacional
brasileiro, de onde emergiu os membros da referida
geração. Tais procedimentos pautaram a pesquisa e
serviram de instrumentos de análise para
estabelecer a associação entre as pretensas
reformas e a participação dos membros da geração
de 1870 na elaboração e/ou suas defesas, bem
como a vinculação destes com Tobias Barreto de
Menezes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como já anunciado, o presente estudo centrou-
se na busca pelo entendimento das relações entre
as figuras do movimento setentista e sua relação
com as ideias de Tobias Barreto de Menezes.
Nesse sentido, a pesquisa até então, revelou que
não há produções que caracterizem e pautem, com
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a devida propriedade, a convergência entre as
figuras emblemáticas de 1870. Isto porque o foco
das produções escritas existentes concentra-se no
movimento, mas a caracterização individual de
quem participou deste advento é escassa. Ainda
assim, foi possível notar áreas de interesses geral e
que faziam parte do repertório crítico de Tobias
como por exemplo: a escravidão, o interesse pela
embasadas no modelo germânico, a defesa do
direito das mulheres e como estas reverberaram
entre membros de grupos divergentes.
MATERIAL E MÉTODOS
Metodologicamente o desenvolvimento do
projeto seguiu a pesquisa biobibliográfica e
documental, para o colhimento das informações que
possibilitassem a melhor compreensão do que
tinham de comum ou divergentes os principais
ativistas da referida geração, ainda que pautados
em divergentes vertentes teóricas. A pesquisa
documental deu-se em meios eletrônicos, tais como,
a Hemeroteca online e BND (Biblioteca Nacional
Digital), onde foram encontrados jornais, artigos e
cartas cujas explanações apresentaram temáticas
em comuns entre eles. No entanto foi possível
perceber que há uma escassez de publicações
sobre esses nomes e as encontradas e legíveis
abordam assuntos distintos, tais como
correspondências com o príncipe regente, cartas
pessoais dirigidas a amigos e familiares,
documentos e livros. Tais fontes retratam sobre a
correspondência de cartas de cunho pessoal, de
negócios e notícias sobre a saída e chegada de
mercadorias, bem como discussões sobre o valor
destas, livros de poesia, notícias sobre chegadas e
viagens do príncipe regente.
A maior parte do acervo é composta por cartas e
artigos em jornais que por vezes trazem algumas
pontuações sobre a trajetória pessoal dos
personagens da estudada geração. Nos
documentos pesquisados nesse meio eletrônico,
não há referências associadas a temáticas em
comum. Devido a esta carência, a pesquisa
caminhou para a busca em artigos científicos que
discorressem sobre esses autores, para que
conhecendo melhor estes, fosse possível encontrar
e compreender a formação do elo que gerou o
movimento em prol da República, aliando as
defesas de Tobias Barreto. Destaca-se a relação
entre Joaquim Nabuco e André Rebouças, que

integravam o grupo dos novos liberais.
Caracterizados como participantes da elite imperial
tinham como característica em seu grupo ativista a
lealdade às instituições da monarquia, vislumbrando
um ideal reformista no contexto elitizado que
conviviam. Tomando como princípio norteador da
análise da associação de ideais compartilhadas,
ambos tinham como plataforma central das
reformas, a abolição da escravatura e a
modernização econômica. Inclusive, havia
consonância com Salvador de Mendonça, Saldanha
Marinho e Quintino Bocaiúva que dentre as defesas
acerca da ampliação do sistema representativo e a
descentralização federativa, também se
manifestaram sobre a abolição.
Quanto a caracterização da abordagem política,
Tobias Barreto e Silvio Romero apresentavam
propostas de reformas sociais que assemelhavam-
se as do liberais, salientando a importância da
educação e de um novo modelo de economia.
Entretanto, nota-se que em termos de recursos, eles
estavam mais próximos dos positivitas abolicionistas
de Recife, que não contavam com integrantes que
pudessem colocá-los em ascensão na parcela
privilegiada economicamente da sociedade e da
política. O importante disto ser colocado é que
esclarece acerca da trajetória de Tobias, que hoje
tem sua contribuição pesquisada e reconhecida,
mas que naquele dado momento, enfrentava
resistência das classes mais abastadas que tinham
influência.
Deste modo, eles não contavam com capitais
econômicos num nível que pudesse resistir à
exclusão que a cristalização imperial impunha,
diferente dos Federalistas Científicos, que tinham
integrantes de famílias nobres, como Alberto Sales
e Prudente de Morais. Estes, por sua vez,
aproximavam-se do núcleo intelectual do Recife em
razão de compartilharem assemelhada distância da
sociedade da Corte. No entanto, por ter como arcar
com as despesas, eles tinham como prover meios
para divulgar seus ideais e promover
manifestações. Lutando por um novo modelo de
país.
Vale salientar que as construções intelectuais
dos respectivos ativistas supracitados, ainda que
embasadas em diferentes experiências pessoais e
profissionais, concentravam-se na esfera política,
mesmo com as díspares dimensões regionais, tanto
os federalistas positivistas do Rio Grande do Sul e
os de São Paulo, quanto os demais grupos,
compactuavam do interesse pela autonomia das
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respectivas províncias as quais representavam.
Almejando uma modernização política e econômica,
dentre estas, foi importante considerar para a
contemplação do objetivo, a “Escola de Recife”, na
qual através de Tobias Barreto e Silvio Romero
consistiu como um desdobramento nordestino
desse movimento, ainda que a prática política
destes fossem convergentes a dos liberais
republicanos e suas produções contemplassem com
mais ênfase os ideais evolucionistas,
caracterizados, inclusive, pelo germanismo exaltado
por Tobias.
CONCLUSÕES
Com base no que foi sendo visto em diferentes
publicações, percebe-se que não houve um
congelamento de ideais entre os intelectuais de
1870 e que os participantes da Escola de Recife
não apenas tinham seus princípios e objetivos
políticos, como também compartilhavam de muitos
pontos em comum com outros autores setentistas.
Não havia predominância de uma delimitação de
concepções engessadas características apenas de
um grupo. A vontade de mudança permeava todos
eles.
O contexto da época era, ainda que
considerando as particularidades de cada local, o
mesmo, devido a isto a relação em alguns pontos
ficaram bem evidentes, aproximando as temáticas
em comum nos “projetos” destes intelectuais. Ao
considerar as ideias de Tobias Barreto é evidente a
sua defesa quanto à laicização, em especial na
educação e demais serviços que ficavam apenas a
cargo da igreja tais como: certidões de registro civil
e de casamento. As reformas sociais, a importância
de um novo modelo econômico e educacional
reflexo de uma mudança social também estavam
na pauta de discussão de alguns membros dessa
geração a exemplo Silvio Romero, Prudente de
Morais, Alberto Sales, Joaquim Nabuco, André
Rebouças.
Sua concepção de modernização entrelaçava-se
ao germanismo. Tobias então tornou-se uma figura
emblemática em função dos seus anseios políticos
e econômicos que muito diferenciavam do contexto
brasileiro naquele dado momento. Anibal Falcão,
autor setentista citado com Angela Alonso,
positivista abolicionista, defendia o ideal de
progresso em prol de uma civilização que tivesse
como expoente primordial a ordem. Outros pontos
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me comum ultrapassam a formação recebida TOBIAS, José Antônio. História da educação brasileira.
(Faculdades de Direito do Recife e de São Paulo) e 3º ed. São Paulo: IBRASA, 1986
o fato de serem funcionários públicos e enveredam
pela doutrina positivista que defende a renovação
nacional, devido ao engajamento promovido nestas
instituições.

Diante do exposto, pode-se ressaltar que a

pesquisa tem permitido uma melhor compreensão
acerca da relação de Tobias Barreto de Menezes
com o movimento de 1870. O próximo passo será
perceber quais são os pontos em comum entre eles
e em que isso ecoou no espaço público destinado a
educação no Brasil. Os procedimentos que
pautaram a pesquisa servirão de instrumentos para
continuar a estabelecer a associação entre os
autores e suas respectivas influências. A pesquisa
está em andamento, portanto, a interpretação dos
dados encontra-se em fase de desenvolvimento.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de ressaltar minha gratidão a Raylane

Navarro, que tem o dom de emanar lições.
Certamente tudo o que aprendi contribuirá para o
meu futuro profissional, bem como a Universidade
Tiradentes que, ao seguir sua missão, beneficia
aqueles que enveredam pela pesquisa ofertando-
lhes bolsas de iniciação científica.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Ricardo Pires. História da instrução

pública no Brasil (1500-1889): história e legislação.
Brasília/São Paulo: INEP/PUC-SP, 1989.
ALONSO, Angela. Idéias em movimento. São Paulo:
Paz e Terra, 2002.
BARRETO, Tobias. Crítica política e social. Rio de
Janeiro: Record; Brasília: INL, 1990.
KUGELMAS, Eduardo. Revisitanto a geração de 1870.
Revista Brasileira de Ciência do Sociais. Vol. 18, no.52.
São Paulo. Junho, 2003.
MAIA, João Ehlert. Tempo Social. Vol. 16. No.1 São
Paulo. Junho, 2004.
MOTA, Maria Aparecida Rezende. A Geração de 1870 e
a invenção simbólica do Brasil. Natal, Julho, 2013.
MEZZARI, Vilma Aparecida de Souza. A trajetória
pedagógica de Benjamin Constant. 2001. Dissertação
(Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de
Maringá, Maringá. 2001.
PESSENHA, Andrea Santos. Geração de 1870: nação e
raça no contexto da abolição. Revista Uniabéu. V.5, n.9,
2012.

Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar

alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.
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