Você está na página 1de 22

DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS

EXISTE ÉTICA NO
DESENVOLVIMENTO
TECNOLÓGICO?
Autoria: Dr. Maicon Costa Borba Macedo
Revisão técnica: Dr. Marcelo Flório
Introdução

O desenvolvimento tecnológico é apontado por muitos pensadores contemporâneos co


motor do progresso dos países. Afinal de contas, as nações com maiores índices de crescim
em ciência e tecnologia também são as com melhores índices de emprego, educação, s
transporte. Além disso, graças aos avanços tecnológicos dos últimos anos, mais pessoa
acesso a produtos como notebooks, celulares, smartphones, tablets e fármacos para as
diferentes doenças. E os prognósticos apontam que, no futuro, isso se intensificará ainda
abrangendo todos os aspectos da existência humana. Mas quais são, verdadeirament
consequências desse intenso desenvolvimento tecnológico? Ele traz somente benefício
sociedades? E quais seus impactos no meio ambiente? É preciso se preocupar com que
éticas?
Neste capítulo, vamos abordar o impacto do desenvolvimento tecnológico no meio amb
sobretudo, sua interface com o consumo e o consumismo. Também vamos estud
principais marcos do desenvolvimento tecnológico e sua influência na organização s
especialmente a partir da expansão da internet. Vamos ver os avanços da ciência na áre
saúde e as questões éticas que isso suscita. E, por fim, iremos refletir sobre a influência
tecnologias no mundo do trabalho, identificando os desafios impostos aos trabalhadores.
Bons estudos!

Tempo estimado de leitura: 52 minutos.

3.1 Meio ambiente, consumo e ética

O consumo faz parte da história humana e está associado à sobrevivência dos grupos so
como bem sugeriu o sociólogo Zygmunt Bauman (2012) em sua obra “Vida para consum
transformação das pessoas em mercadoria.” Produzir, estocar e trocar produtos tem
algumas das principais atividades humanas desde a Pré-História. Durante muitos an
consumo visou suprir as necessidades humanas: compravam-se ou trocavam-se produto
eram necessários à sobrevivência ou à condução da vida social. Mas essa maneira de con
se modificou ao longo do tempo, principalmente após a Revolução Industrial, iniciad
Inglaterra no século XVIII.
A partir da Revolução Industrial a oferta de produtos passou a ser mais abundante e bara
consumo tornou-se a base da movimentação da economia. E é com o aumento do con
que as empresas passam a obter lucros. O consumidor, então, torna-se central nesse proc
pois é preciso convencê-lo a comprar os novos produtos disponíveis no mer
Gradativamente, ao longo do século XX, temos a passagem do consumo para o consum
Mas qual a diferença entre consumo e consumismo? Vamos para a resposta a seguir.

3.1.1 As diferenças entre consumo e consumismo


Seguindo as reflexões de Bauman (2012, p. 25), o “consumismo é um tipo de arranjo s
baseado nos desejos e anseios das pessoas. Mas estes desejos não obedecem a uma refl
autônoma dos indivíduos. Eles são fruto de construções sociais, impostas pelas empresas
a ajuda de campanhas de marketing, que têm o objetivo de convencer as pessoas – a
transformadas em “consumidoras” – de que elas precisam de determinados produtos. Te
então, um tipo de organização social em que o consumo tornou-se tão importante que pas
ser percebido como “o verdadeiro propósito da existência” (CAMPBELL, 2004, apud BAU
2012, p. 24).
De acordo com Bauman (2012), se nas sociedades e períodos históricos marcados pela l
do consumo, a qualidade e a durabilidade dos produtos eram requisitos importantes
sociedades marcadas pelo consumismo os valores que implicam no consumo são outr
segurança de um bem durável é substituída por uma quantidade cada vez maior de de
imediatos, que são sempre renovados e ampliados, com a substituição constante dos ob
de desejo. Um bom exemplo é a velocidade com que os produtos tecnológicos, como celula
computadores, tornam-se obsoletos. Como desfecho dessas constatações, temos uma es
de círculo vicioso em que novos desejos demandam novos produtos e novos pro
demandam novos desejos.

VOCÊ QUER LER?


O site Um Ano Sem Lixo, da designer brasileira Cristal Muniz, relata a experiência da autora
em tentar produzir o mínimo de lixo possível, evitando desperdícios e buscando alternativas
viáveis para situações do dia a dia. O estilo de vida adotado pela blogueira prima por opções
sustentáveis e que não agridam o meio ambiente (MUNIZ, 2018). Confira o site na íntegra
clicando no botão abaixo!

Acesse (https://www.umanosemlixo.com/)

Mas quais as consequências para o meio ambiente do consumo desenfreado? Os produto


são vendidos nas lojas e supermercados pressupõem a utilização de recursos naturais, s
que muitos não são renováveis. E se os produtos se tornam rapidamente obsoletos,
significa que muitos vão parar na lata do lixo. Então, quanto mais consumimos,
produzimos lixo. Quais as consequências para a natureza de uma produção descontrola
lixo?
3.1.2 Produção de bens de consumo e o meio ambiente
Para sustentar uma sociedade baseada no consumo, a produção de bens deve ser cad
mais intensa. O desenvolvimento tecnológico, sobretudo, nas últimas décadas,
intensificado a produção desses bens. As empresas mais sofisticadas utilizam máqu
computadores, robôs, dentre outras tecnologias para aumentar a sua produtividade. Com
maior oferta e demanda de produtos, acompanhamos o aumento do uso dos recursos nat
o avanço da emissão de gases poluentes e uma acentuada produção de lixo (LEONARD, 20
O uso intensivo dos recursos naturais nem sempre é acompanhado dos cuidados q
atividade demanda. Um exemplo que ilustra essa questão refere-se ao que ficou conh
como o “Desastre de Mariana”, no estado de Minas Gerais, em que o rompimento de
barragem de rejeitos de mineração, em 2015, causou uma série de danos ambientais. A tra
é fruto de uma exploração desenfreada dos recursos naturais, almejando o lucro se
devidas preocupações com o meio ambiente.

Figura 1 - O lixo é um grande desafio às cidades: apenas 3% de todo o lixo produzido no Brasil é reciclado
Fonte: Strahil Dimitrov, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma vala seca, com lixo.
Há árvores secas ao redor e, ao fundo, alguns prédios.

Outro recurso natural bastante utilizado em nossa sociedade é o petróleo, que ainda é um
bases que possibilita o movimento da economia de diversos países, tanto como combu
para veículos automotores, como em seus diversos usos na indústria de materiais plástico
entanto, a queima de combustíveis fósseis é responsável pela emissão de grandes quantid
de CO2 (dióxido de carbono) no planeta, um dos principais gases responsáveis pelo
estufa e, consequentemente, pelo aquecimento global (GIDDENS, 2012).
A produção de lixo é outra consequência do consumo desenfreado dos
nossos tempos. Em todo o ciclo de produção de bens, que começa com
processo de extração de matérias-primas da natureza, até sua utilização
descarte, há a geração de lixo em estado gasoso, líquido e sólido. Além
disso, um grande desafio enfrentado pelas cidades é o que fazer com a
quantidade de lixo produzido diariamente, uma vez que seu descarte
inadequado causa sérios danos ao meio ambiente.

Um dos danos é a poluição dos mares e rios, que gera degradação da vid
marinha e põe em risco o abastecimento de água potável (PEREIRA, 2011
Além disso, há a emissão de gases produzidos pelos lixões, que
intensificam o aquecimento global e poluem os lençóis freáticos. Apesa
disso, muitas pessoas ainda não têm consciência dos riscos à vida do
planeta que o descarte incorreto do lixo representa, por isso sacolas
plásticas e embalagens de todo o tipo são comumente encontrados
jogados pelas ruas.

Mas será que a produção de lixo e a poluição do planeta é um caminho sem volta? E o qu
podemos fazer para amenizar ou até mesmo frear essa situação?

3.1.3 Possibilidades para reverter a degradação do meio ambiente


As soluções para os problemas apontados anteriormente não são simples e exige
sensibilização do maior número possível de pessoas e, também, dos nossos governantes. C
afirma Anthony Giddens (2012), é preciso impor limites à destruição do planeta e para ta
engajamento das nações é imprescindível. Mas em escala individual, algumas atitudes,
as descritas a seguir, também podem ser adotadas para transformar nossa socieda
colaborar com o planeta.
VOCÊ SABIA?
Anthony Giddens descreveu um cenário limítrofe que chamou de paradoxo de Giddens: por
mais que os prognósticos em relação ao futuro do planeta sejam desastrosos se não
revertermos a destruição do meio ambiente, o conhecimento que temos acerca do fenômeno
da mudança climática não é suficientemente forte para mudar os hábitos cotidianos que
contribuem para este fenômeno. O paradoxo reside no fato de que, quando a mudança
climática se fizer sentir ao ponto de modificar os hábitos da população, será demasiado tarde
para freá-la (GIDDENS, 2012).

Uma atitude passível de ser adotada é repensar nosso modelo de consumo. É necessário
cada vez mais pessoas passem a praticar um consumo consciente, refletindo se os
adquiridos são uma necessidade ou apenas um impulso consumista. Junto disso, é po
contribuir com a preservação dos recursos naturais ao buscar informações sobre a orige
matéria-prima dos bens que consumimos – se foram produzidos com baixo impacto ambi
por exemplo, e se são recicláveis.
Outra providência que tem sido empregada em cidades que buscam reduzir a emissão de g
poluentes é o estímulo ao uso do transporte público.

ESTUDO DE CASO
A cidade de Paris, na França, tem por prática dar gratuidade no transporte público em dias
que a poluição na cidade alcança picos muito elevados, o que faz com que menos carros
circulem, diminuindo a emissão de gases poluentes. No Brasil, há cidades em que a poluição
alcança níveis até duas vezes superiores aos estabelecidos pela Organização Mundial da
Saúde, como é o caso de São Paulo. Apesar disso, não são tomadas medidas como a
adotada por Paris. Quais interesses estão em jogo quando medidas comprovadamente
eficazes para o combate à poluição não são observadas no Brasil? É comum em nosso país
que decisões importantes a respeito do meio ambiente sejam tomadas levando em
consideração, primeiramente, interesses econômicos – como é o caso dos das empresas
de transporte público – em detrimento de interesses de ordem social e ambiental. Nesse
sentido, é necessário um amplo debate na sociedade civil e uma maior pressão sobre o
poder público para que interesses econômicos não se sobreponham ao da maioria da
população.
Para além das ações individuais, também é preciso demandar ações voltadas pa
preservação do meio ambiente, tais como leis que coíbam o desmatamento e a poluição do
e dos rios. Adotar uma postura ética perante a natureza, tanto a nível individual quanto a
institucional e governamental, é urgente para frear a degradação ambiental. Além da qu
ambiental, o desenvolvimento tecnológico também tem impacto nas relações sociais, as
de estudo do nosso próximo tópico.

3.2 O impacto da tecnologia nas relações sociais

As tecnologias são inerentes à vida do homem em sociedade. Embora o termo


costumeiramente empregado para designar produtos modernos e sofisticados do t
presente, tecnologia remete às técnicas, métodos, instrumentos, utensílios empregado
realização das atividades humanas. Se pensarmos nas ferramentas construídas com p
lascadas, no período que remonta à Pré-História, as ferramentas com pedras po
representam uma tecnologia melhorada e as com metais, uma verdadeira transform
tecnológica. Comparando com as máquinas e os instrumentos do nosso tempo, as ferram
do período histórico denominado Idade dos Metais parecem obsoletas.
Mas será que o domínio tecnológico do presente não seria consequência de cumula
invenções e descobertas realizadas ao longo do tempo? E, por outro lado, exist
peculiaridades no desenvolvimento tecnológico contemporâneo? Na verdade, o homem se
desenvolveu tecnologia, a novidade é a dinâmica que elas assumiram nas socied
capitalistas atuais.

3.2.1 Os grandes marcos tecnológicos das sociedades humanas


A história das tecnologias é marcada por eventos importantes, que determinara
sobrevivência da espécie humana no planeta e a forma de organização social. Na Pré-His
por exemplo, a descoberta do fogo foi fundamental para a sobrevivência do homem. Alé
proteger do frio, possibilitou o cozimento dos alimentos e, posteriormente, trabalhar co
metais. Já a agricultura aumentou significativamente a oferta de alimentos e possibilitou fi
homem em um território, que até então era nômade, colaborando para o surgimento
primeiros povoados e cidades (CARVALHO, 2014). Com a fixação do homem
desenvolvimento da agricultura, o tempo que antes era gasto na caça e na coleta passou
empregado em outras atividades, resultando em novas invenções.
Figura 2 - Imagens de arte rupestre nos mostram que há muito tempo o homem já domina ferramentas e domestica a
Fonte: Jannarong, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de um pintura em parede.
Trata-se de uma cena de caça, em que há três homens à
direita. Há outro à esquerda, segurando um arco e flecha.
Também há a pintura de um animal e outras pessoas
sentadas. A pintura é vermelha.

Ao longo do tempo, a invenção de objetos, a maneira de produzir os bens e a form


organização social foram se transformando. É a Revolução Industrial o principal acontecim
que marca o início da sociedade capitalista moderna. Esse evento desencadeou profu
transformações na forma de produzir manufaturados, com a intensificação do uso de maq
a vapor, novas formas de organizar a produção nas fábricas e dando início a produçã
massa. Temos, então, um progresso acelerado da indústria, com destaque para a têxtil e
transportes, com o desenvolvimento das ferrovias (CASTELLS, 1999).
A Revolução Industrial também colaborou para o surgimento do capitalismo e para a destr
dos modos de produção artesanais. Os países que, na esteira da Inglaterra, se industrializ
logo experimentaram um crescimento econômico sem precedentes. Não obstante
trabalhadores perderam o controle sobre o processo de trabalho. Se antes o trabalhador
responsável pela concepção e construção dos produtos, agora ele não é proprietário dos m
de produção, não cabe a ele sua concepção e irá executar apenas uma parte do trab
alienando-se do processo e do produto final. Além disso, as primeiras fábricas desse pe
proporcionaram lucros extraordinários para seus proprietários, mas péssimos salár
condições de trabalho aos trabalhadores (HOBSBAWM, 1977).
A chamada Segunda Revolução Industrial, no século XIX, é um desdobramento da prim
porém com a participação proeminente dos Estados Unidos. Neste período, tem
intensificação de inovações importantes, que se mantêm até os dias atuais, tais co
emprego da energia elétrica, a utilização do petróleo nos motores a combustão, as novas
metálicas mais resistentes e maleáveis. É nesse contexto que surgem os primeiros protóti
os primeiros automóveis são comercializados. Novos métodos gerenciais também remont
este período, buscando organizar as empresas para aumentar a sua produtividade. O
americano Frederick Taylor é uma das personalidades mais marcantes, ele elaborou uma
chamada “Princípios da administração científica”, publicada em 1911, considerada um m
na história da administração. Nela, Taylor detalha como deve ser uma administração cien
buscando a eficiência da empresa. Até mesmo os mínimos gestos dos trabalhadores
estudados por Taylor, buscando fazer com que se produza mais em menos tempo (BR
1995).

VOCÊ QUER VER?


O filme Tempos Modernos (CHAPLIN, 1936) mostra o impacto da Revolução Industrial do
final do século XIX sobre o trabalho e a vida dos operários das fábricas. Com a
implementação do modelo de produção taylorista-fordista, o tempo de trabalho, os corpos e
os gestos dos trabalhadores passam a ser controlados e cronometrados de forma a
minimizar o tempo utilizado na produção.

Na primeira metade do século XX, ocorre a consolidação e expansão do uso das tecnol
desenvolvidas ao longo do século anterior. Os países mais industrializados domina
utilização do petróleo, da energia elétrica e possuem indústrias altamente mecanizadas. J
segunda metade do século XX, a grande novidade advém das chamadas tecnologia
informação e comunicação (TIC). Também chamada de Terceira Revolução Indu
Revolução Informacional, Era Digital, Era da Informação, dentre outras denominações, o
caracteriza este momento histórico é o desenvolvimento das tecnologias de informaç
comunicação, personificadas na figura dos computadores. A rede mundial de computado
internet, permitiu conectar o mundo com qualidade e instantaneidade. Rapidament
computadores foram adotados pelas empresas, pelos governos e pelas pessoas. A capac
que os computadores possuem de processar uma grande quantidade de dados é
precedentes, além de permitir inúmeras outras atividades, pois se trata de uma tecnolog
constante aprimoramento (CASTELLS, 1999).
Figura 3 - A rede mundial de computadores conectou pessoas em todo o mundo, com velocidade e qualidade
Fonte: nmedia, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos uma fotografia editada digitalmente. Há
um celular à esquerda com um globo projetado na tela.
Dele, surgem linhas que sugerem conexões. Estas
ultrapassam a tela do aparelho e vão até o lado direito.

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) vêm tendo, a partir de então,


influência crescente em nossa sociedade: nas empresas, nos governos, nas universidade
ciência e na vida pessoal de cada um. Mas para além dos produtos tecnológicos entregues
Era da Informação, existiriam singularidades na forma de organização da nossa socie
causadas pelas tecnologias informacionais? E quais seriam as características principais
nova Era? Precisamos refletir sobre isso, afinal de contas, estamos vivendo sob seus efeitos

3.2.2 A singularidade da Era da Informação


As transformações trazidas pela Era da Informação estão sendo impactantes, em
diferentes, para todos os países. As novidades e possibilidades ensejadas pelos computa
e pela internet afetaram a organização das empresas, a forma de produzir e de trabalhar
primeira vez na história, temos o conhecimento como a matéria-prima principal, como fon
produtividade.

O sociólogo Manuel Castells (1999), um dos principais teóricos da Era d


Informação, apresenta as principais características deste período históric
fornecendo pistas para entender as mudanças que ainda estão em curs
Segundo o autor, a penetrabilidade das novas tecnologias seria um do
fatores principais de sua abrangência. Dessa forma, todos os processo
da vida, tanto individual quanto coletiva, seriam atingidos pelas nova
tecnologias. Outro ponto importante seria o que o autor chamou de lógic
das redes. Isso significa que as tecnologias permitem um estreitamen
das relações, tanto dos sistemas produtivos quanto das relações sociais.

Conectado à lógica das redes, Castells (1999) destaca outra característic


de nossa época, trazida pelas TIC, que é a flexibilidade. A flexibilidade da
redes faz com que os processos, as organizações ou instituições possa
ser alterados a qualquer momento, pelo rearranjo de seus componentes.
flexibilidade é também responsável pelas rápidas mudanças que ocorre
nos padrões produtivos a nível mundial. Por fim, o autor aponta out
aspecto emblemático da Era da Informação, a intensa convergência d
tecnologias em um sistema cada vez mais integrado. Ou seja, as nova
tecnologias de comunicação e de informação estão integradas com todo
sistema produtivo, com as engenharias, com a química e com as dema
ciências, influenciando-se mutuamente, estando em constante evolução.

Afora essas características apresentadas, temos ainda outros desdobramentos oriundo


desenvolvimento das TIC. A internet, por exemplo, além de conectar as pessoas qu
encontram em diferentes locais no globo, deu um novo impulso à acumulação capitalista
o protagonismo do mercado financeiro que, a partir de então, controla o moviment
economia em tempo real e transfere seu capital de um país a outro em um clique. Temos a
que foi denominado de globalização, marcada por intensas trocas comerciais e culturais
os países.
Outro aspecto marcante é a automação de muitas atividades que antes eram realizadas pe
humano. Há uma crescente substituição da mão de obra humana por máquinas, computa
e robôs. Nesse ponto, a interpretações sobre as novas tecnologias é bastante polarizad
quem argumente que as máquinas estão destruindo o emprego das pessoas; e há quem p
que, se empregos estão sendo destruídos, também novos empregos estão sendo criados.
Em que pesem as especulações, ainda não se tem com exatidão a resposta para a questão
balança entre extinção e criação de empregos se equilibrará. O certo é que as indústr
empresas que mais se desenvolvem na atualidade são aquelas que se utilizam das n
tecnologias. O mercado de trabalho cresce em áreas que produzem computadores e
componentes, como softwares, circuitos eletrônicos e serviços voltados à informática
tendência é que isso se intensifique, abrangendo todos os setores da economia de forma
vez mais intensa.

Figura 4 - A tecnologia abrange, hoje, todas as esferas da sociedade e das relações humanas trazendo impactos posit
negativos
Fonte: Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos uma fotografia editada digitalmente.
Trata-se de uma pessoa apertando uma tecla. Por cima, há
a ilustração de números e conexões. Ao fundo, pode-se
observar o Planeta Terra à esquerda e um céu com nuvens à
direita.

É importante destacar que as novas tecnologias de informação e comunicação transform


significativamente, o sistema produtivo mundial. Mas também é importante compreende
estas mudanças atingiram a forma de organização da sociedade, que passou a estar cone
com o mundo por meio da internet (CASTELLS, 1999). É a natureza das relações humana
está se transformando. A proximidade virtual entre as pessoas, a velocidade
acontecimentos e a penetrabilidade das tecnologias transforma a maneira como
relacionamos uns com os outros e com a sociedade. Realmente, vivemos em um m
surpreendente e a questão do desenvolvimento tecnológico também requer uma abordage
ponto de vista ético, como vamos acompanhar no próximo tópico.

3.3 Ciência, tecnologia e ética

Você acredita que sempre se fez ciência da mesma forma, ao longo da história da humanid
Ao contrário do que se possa imaginar - de que a ciência é uma atividade sempre cumula
que progride linearmente ao longo do tempo - ela possui rupturas e reorientações, q
conduziram até seu estado atual (KUHN, 1997). Os primeiros passos da ciência, tal co
conhecemos hoje, foram dados a partir do século XV, com a Revolução Científica.
Se até o final da Idade Média a forma como a humanidade conhecia o mundo estava vinc
a concepções teológicas e filosóficas, a partir do século XV e, especialmente, com os estud
Galileu Galilei, a produção de conhecimento científico tomou um rumo mais prátic
empirismo e o método indutivo, que define a produção de conhecimento científico atrav
observação e a da experiência, firmaram-se como paradigmas metodológicos da nova form
fazer ciência.

VOCÊ O CONHECE?
Considerado o pai da ciência moderna, Galileu Galilei foi um cientista italiano que viveu entre
os séculos XVI e XVII. Por defender a teoria heliocentrista de Nicolau Copérnico (1473-1543),
de que a Terra girava em torno do Sol, e não o contrário, entrou em conflito com a Igreja,
instituição que definia então o que era a “verdade”, segundo a interpretação das Sagradas
Escrituras . Foi condenado pelo Tribunal do Santo Ofício e obrigado a desmentir suas teses
para escapar da morte.

Observamos uma maior profissionalização e institucionalização da prática científica dura


século XIX. Descobertas, invenções e novas tecnologias se conjugaram e se retroaliment
para promover grandes saltos de conhecimento que transformaram o modo como
relacionamos com a natureza e com o mundo. Quais seriam os principais avanços trazidos
ciência?

3.3.1 Passos cada vez mais largos e mais rápidos: os avanços da ciênci
Ao longo do século XX, o desenvolvimento tecnológico e a expansão econômica e indu
causaram impactos profundos na vida social e cultural, na organização das cidades
formas de comunicação e transporte, bem como na relação entre homem e natureza. S
início do século XX a ideia de que algum dia o homem pudesse “voar como um pássaro” pa
algo fantasioso e altamente improvável, na segunda metade o homem já dava seus prim
passos na lua. Esse exemplo ilustra a rapidez crescente com que as transformações, inova
tecnologias e descobertas científicas se descortinam diante dos olhos das sociedades
séculos XX e XXI (HOBSBAWM, 1977).

Figura 5 - A tecnologia nuclear pode ser usada para gerar energia limpa, mas também para construir armas de destr
em massa
Fonte: Sergey Nivens, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma explosão. Esta forma
uma grande nuvem avermelhada. À frente, encontramos
um mar refletindo a explosão.

A primeira metade do século XX foi profundamente marcada pela eclosão de duas Gra
Guerras de implicação mundial, e os desafios impostos por este contexto aceler
desenvolvimento de tecnologias e inovações, dentre elas a que marcou o século XX: a en
atômica, cuja aplicação trágica pôs fim à Segunda Guerra Mundial, mas sob pena de dev
duas cidades japonesas – Hiroshima e Nagasaki, a fim de mostrar a força bélica dos Ali
Foi a primeira vez na História que uma criação humana mostrou força com potencial de co
em suspenso a garantia da própria sobrevivência da espécie humana no planeta, e os asp
éticos que decorrem daí se tornaram incontornáveis.

VOCÊ QUER VER?


O premiado documentário Nós que aqui Estamos por Vós Esperamos (MASAGÃO, 1999)
retrata em forma de flashes, imagens e sons do século XX, em suas características
históricas, econômicas, culturais e científicas. Os contrastes do período são enfatizados no
documentário: se por um lado, temos desenvolvimento tecnológico e esperança no avanço
da ciência, por outro temos a banalização da violência, dois grandes conflitos internacionais
e as brutais consequências sobre a vida das pessoas.
A medicina científica foi uma das áreas que mais cresceu no último século. Em 1920, Alex
Fleming descobriu, por acaso, o mais poderoso antibiótico utilizado na medicina: a penic
Junto com os antibióticos, as vacinas, cirurgias assépticas, anestesia, transplantes de ór
cirurgias menos invasivas, dentre outros, fizeram saltar a expectativa de vida dos
humanos no período (UJVARI; ADONI, 2014). No Brasil, por exemplo, em 1910, a esperan
vida ao nascer era de 34,6 anos. Em 2010, de 72,6 anos, ou seja, aumentou 38 anos no pe
(IBGE, 2018). Já o desenvolvimento da engenharia genética, a partir da década de 1950
revolucionar o entendimento e as possibilidades das terapias médicas.
Por outro lado, a história da tecnologia e da ciência médica é também um terreno tortuo
qual se conjugam avanços significativos com debates e entraves éticos ferozes. Muito
tratamentos terapêuticos disponíveis atualmente são resultados de testes, experiênc
estudos questionáveis do ponto de vista ético.

3.3.2 Os avanços da ciência médica e a ética científica


Os campos de batalha das duas grandes Guerras Mundiais tornaram-se verdad
laboratórios a céu aberto para a atuação médica. Com pouco tempo para agir, poucos rec
e a alta probabilidade de que soldados feridos nestas condições viessem a óbito, era justifi
que tratamentos mais arriscados e inovadores fossem utilizados, de modo que a medicina
testar métodos, refutar alguns e validar outros, bem como descobrir tratamentos inteiram
novos. Foi nesse contexto que surgiram novas técnicas cirúrgicas, anestesia, o tratamento
soro fisiológico, transfusão de sangue, dentre outras (UJVARI; ADONI, 2014). Mas no qu
respeito à Segunda Guerra Mundial, não apenas o campo de batalha foi utilizado
laboratório médico. Os experimentos médicos levados a cabo pelo regime nazista junto
prisioneiros dos campos de concentração chocam pela crueldade: as cobaias humanas
coagidas a participar e as experiências resultavam, em grande parte das vezes, em m
incapacidade permanente, mutilação ou desfiguração.
É impossível negar que a ciência médica tenha evoluído graças a episódios tão grotes
chocantes, e hoje parte dos conhecimentos médicos de que dispomos são resultados d
experiências. Existe, inclusive, o debate sobre se os dados produzidos em situaçõe
desumanas poderiam ser utilizados pela medicina atual.

Os avanços da ciência médica nas últimas décadas têm suscitado debate


éticos de outra ordem. Quando os norte-americanos Watson e Crick
desvendaram a estrutura molecular do DNA em 1953, abriram-se as porta
para que se começasse a adentrar um dos maiores mistérios da
humanidade: como a vida funciona. Cerca de 50 anos mais tarde, a
descoberta da estrutura da dupla hélice levou ao sequenciamento do
genoma humano, uma verdadeira revolução na medicina.
Considerando que a genética é responsável, pelo menos em parte, por
todas as doenças que acometem os humanos, o seu sequenciamento tor
viável a chamada “medicina individual”. Ou seja, já é possível conhecer a
características genéticas individuais de uma pessoa de modo a garantir
tratamentos mais eficazes e personalizados, ou mesmo prevenir doença
com base em suas predisposições genéticas (UJVARI; ADONI, 2014).

O cenário, nesse sentido, é de grande otimismo. Doenças que hoje afetam grande par
população e se constituem em fonte de preocupação, como é o caso do câncer em
diversas manifestações, poderão ser tratadas mais eficazmente, e até mesmo prevenidas
de se manifestar. Mas o debate ético sobre o uso e a aplicação deste poderoso conhecim
tem se acirrado cada vez mais. Imagine se uma empresa, antes de contratar seus funcion
pedir exames de sequenciamento genético. Ao identificar riscos de doenças futura
eliminaria o candidato da disputa pela vaga? Pesquisadores já têm alertado para o fato d
cada vez mais o conhecimento sobre o genoma pode se transformar num elemento de
das instituições sobre os indivíduos.

VOCÊ QUER LER?


O livro de ficção Admirável Mundo Novo (HUXLEY, 1932) desenha um cenário em que o
conhecimento tecnológico é utilizado para condicionar e pré-programar pessoas de modo a
se comportarem de acordo com as regras impostas pela sociedade. Na distopia de Huxley, a
ciência e a tecnologia são as bases de uma sociedade que aboliu a possibilidade de livre-
arbítrio, mostrando que a ciência não é neutra e que é preciso ter cuidado com seus usos.

Dominar o conhecimento sobre o sequenciamento genético significa também conhec


bases da manipulação genética. Poderíamos fazer a analogia com o poder dos cientista
“brincar de Deus”. O ser humano hoje é capaz de interferir na natureza de outro ser huma
escolher sexo, cor dos olhos, cor da pele, e outras características. Os passos dados em di
ao maior domínio genético do ser humano são também os passos que nos aproximam de
manipulação e interferência cada vez maior. Assim como os usos negativos de tecnolo
como a energia atômica, corremos os riscos de utilizar indevidamente a engenharia gen
Quais medidas devemos tomar para conseguir aproveitar os benefícios desses avanços e
as tragédias que podem decorrer?
Figura 6 - Da descoberta da estrutura do DNA a clonagem de animais, os avanços da ciência na área da genética caus
uma verdadeira revolução na medicina
Fonte: emin kuliyev, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma mulher mexendo em
um tubo de análise. Ela veste óculos e máscara de
proteção, luvas brancas e jaleco. Segura uma pinça para
puxar o tubo de análise de um recipiente com outros itens
do mesmo tipo.

Outros exemplos podem ser citados para debater a questão da ética da ciência médica
fazer científico em geral: já somos capazes de clonar animais – o caso da Ovelha Dolly fo
marco na história da ciência. Quanto falta para clonarmos seres humanos? A tecno
permite realizar modificações genéticas para aumentar a produtividade de inúmeras cu
que servem de base para a alimentação humana. A indústria aplica esse conheciment
larga escala e hoje boa parte do que consumimos provêm de organismos geneticam
modificados. Mas temos a garantia de que esses alimentos são realmente seg
especialmente em médio e longo prazo?

VOCÊ SABIA?
Há uma grande polêmica envolvendo a pesquisa de células-tronco embrionárias para o
avanço da ciência médica. Células-tronco têm a capacidade de se recompor em qualquer
tecido do corpo humano e, teoricamente, seu uso poderia tratar um infindável número de
doenças, inclusive alguns tipos de câncer. Cientistas alegam que seriam usados embriões
descartados em clínicas de fertilização, mas setores religiosos e grupos antiaborto, que
consideram que a vida começa no momento da concepção, travam o avanço da pesquisa
neste setor da ciência (TAKEUCHI; TANNURI, 2006).

Os debates mencionados acima são questões para as quais não temos respostas exatas. O
precisamos manter presente é a necessidade de estar atentos ao desenvolvimento de n
tecnologias e descobertas, pesando as consequências de seus usos e aplicações sob a égi
ética científica e do respeito à dignidade humana. Inovações tecnológicas e científicas nã
boas ou más em si mesmas, mas dependem dos usos que a sociedade faz delas. E estes
muitas vezes, são pautados por interesses econômicos, especialmente, de grandes corpora
Como consequência desses interesses, temos o impacto do desenvolvimento tecnol
também no mundo do trabalho, nosso assunto de estudo a seguir.

3.4 Trabalho e desenvolvimento tecnológico

O atual desenvolvimento tecnológico ensejou importantes transformações e desafios ao m


do trabalho. Sua natureza e sua centralidade são objeto de indagações, tanto por part
especialistas, quanto por parte dos empresários e trabalhadores. Muitas coisas mudara
estão mudando na realidade do trabalho, tais como qualificações necessárias
desempenhar determinadas tarefas, o local em que o trabalho é realizado, o tempo dedica
trabalho e a flexibilidade do trabalho e da legislação. Tudo isso só é possível graça
desenvolvimento acelerado e abrangente das tecnologias de informação e comunicação
possibilitaram a reestruturação produtiva dos últimos anos.
Mas afinal, o que mudou no mundo do trabalho? Quais os requisitos que são demandado
trabalhadores na atualidade? E como o desenvolvimento tecnológico se encaixa
complexa engrenagem que é o mundo do trabalho?

3.4.1 A reorganização do mundo do trabalho e os impactos sobre os


trabalhadores
A reestruturação produtiva que as empresas realizaram após a chamada crise do petróleo
anos 70, teve forte impacto no mundo do trabalho e sérias consequências par
trabalhadores. Neste período se dá a substituição paulatina do paradigma fordista de prod
pelo modelo denominado Toyotismo. O novo modelo caracteriza-se pela produção en
também denominada acumulação flexível (HARVEY, 1992). A produção passou as ser Ju
time, ou seja, o tempo entre comprar insumos, produzir os produtos e vendê-los no mercad
reduzido a fim de evitar desperdícios e melhorar a eficiência dos negócios. Temos a
chamada produção por demanda, em que o produto é vendido primeiro e fabricado depois.
A grande maioria destas transformações no modo de produção só foi possível de se concr
devido ao desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação e
inovações delas decorridas. O controle exigido durante todo o processo somente é realiza
forma virtuosa com a ajuda de máquinas e computadores. Além disso, as máquinas
responsáveis por desempenhar, com maior perfeição e velocidade, as atividades que antes
realizadas por vários trabalhadores. Como consequência, e devido à crescente automatiz
temos uma redução do número de trabalhadores no chão de fábrica e uma modificação n
de trabalho demandado (ANTUNES, 2003).
As mudanças no padrão produtivo, para além das tecnológicas e gerenciais, também
acompanhadas de mudanças políticas e econômicas. Observou-se nas últimas déc
juntamente com a reestruturação produtiva, a flexibilização do trabalho e das leis trabalh
tendo como consequência a perda de direitos por parte dos trabalhadores (HARVEY,
ANTUNES, 2003).
Todas estas mudanças relatadas até aqui chegaram ao Brasil no final dos anos 1980
intensificaram nos anos 1990, com o processo de liberalização da economia brasileira. Em
pese a reestruturação produtiva ter eliminado empregos que pertenciam ao modelo Ford
Taylorista de organização, bem como ter imposto uma nova forma de inserção profiss
tendo como suporte as novas tecnologias, estas mesmas tecnologias podem representar
janela de oportunidades para os países se desenvolverem. É por isso que o Brasil
realizando esforços para se integrar aos mercados mundiais de forma diferenciada. Mas
que o país aproveite as oportunidades que as TIC abriram às economias emergentes, é pr
elevar os investimentos em ciência e tecnologia e também em educação e superar, assi
efeitos negativos do novo paradigma produtivo. E, afinal, quais as características do trabal
Era da Informação? O que se espera dos trabalhados inseridos nesse contexto?

3.4.2 As singularidades do trabalho na Era da Informação


As mudanças no mercado de trabalho desenharam também um novo perfil de trabal
desejável. Em períodos anteriores, as empresas demandavam em grande escala trabalha
pouco qualificados, que desempenhavam tarefas repetitivas ao longo da linha de monta
produzindo bens de forma massiva e padronizada. Com os rearranjos proporcionados pe
da Informação, hoje o trabalhador que quiser se manter empregável precisa ser qualificado
o tipo de atividade que ele deve desempenhar é cada vez mais complexo. Além disso, o
ideal é de quem sabe trabalhar em equipe, pois a estrutura rígida e hierarquizada da fá
Fordista dá lugar a ilhas de produção em que a cooperação e a criatividade são indispensá

Figura 7 - Saber trabalhar em equipe é hoje uma exigência do mercado de trabalho configurado em um ambiente ma
pelas TIC
Fonte: kurhan, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de um grupo de pessoas, uma
do lado da outra. Elas estão com as mãos estendidas para
a frente, juntando-se. Todas estão olhando para a câmera e
sorrindo.

Além disso, observa-se que as trajetórias profissionais se multiplicaram. Se no passa


trabalhador aposentava-se na mesma empresa em que começou a trabalhar, ou no má
trocava de empresa, mas seguia na mesma profissão, no presente as trajetórias são múlt
O tempo de permanência do trabalhador em uma mesma corporação dim
significativamente e a mobilidade entre empresas é uma constante.
A estabilidade do trabalho pode não vir do fato do indivíduo permanecer no mesmo em
durante muito tempo, mas por ele se manter empregável. O fato é frequentemente verifica
mercado de tecnologia da informação, sobretudo, no setor de software, em que os trabalha
atuam em equipes e por projetos. Assim que os projetos acabam, a equipe é desfeita
trabalhador fica sem trabalho até que um novo projeto inicie. O intervalo entre um e outro n
configura em desemprego, uma vez que faz parte deste mercado de trabalho em espec
embora, devido à demanda da área, o intervalo muitas vezes seja inexistente.

VOCÊ SABIA?
A crescente informatização das relações de trabalho tem feito despontar novas relações e
formas de trabalho. Uma dessas novas formas é o home office, ou seja, o trabalho em
espaço alternativo ao escritório, ou trabalho remoto. Estudos apontam que tal modalidade
pode aumentar a satisfação pessoal do trabalhador com sua atividade, ao mesmo tempo em
que diminui o impacto ambiental, uma vez que haveria menos deslocamentos nas cidades.
Segundo dados do IBGE, em 2010 23% dos brasileiros trabalhavam em home office durante
parte da semana (FEIJÓ, 2017).

Por outro lado, se há um novo perfil de empresas com demandas específicas aos trabalhad
há também, como demonstra Mocelin (2009), uma nova geração de trabalhadores que as
empregos com este perfil que surgiu na Era da Informação. São pessoas dinâmicas,
escolarizadas, que preferem um trabalho desafiador, mesmo com risco de cair no desempre
um trabalho com estabilidade, mas monótono. Preferem também a liberdade de escol
tempo e o local de trabalho. Enfim, os computadores e a internet mudaram o mund
trabalho, e as sociedades devem compreender estas mudanças para melhor reagir a elas.

CONCLUSÃO

Chegamos ao final deste capítulo que nos proporcionou uma reflexão sobre o impac
desenvolvimento tecnológico na sociedade e sua influência em aspectos como o
ambiente, as relações sociais, a produção científica e o mundo do trabalho. Vimos q
tecnologia contribui para suprir as necessidades humanas, mas, em decorrênci
desenvolvimento tecnológico, a oferta de bens tornou-se barata e abundante, colaborando
o surgimento de uma mentalidade consumista na sociedade. Essa pressão gera impac
ambiente e é responsabilidade da sociedade como um todo adotar medidas, como as prá
de consumo responsável, para buscar o equilíbrio ambiental. Isso nos permite repensar co
tecnologia deve ser utilizada para trabalhar em favor da humanidade, não para degradá-la.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

entender a relação da tecnologia com a sociedade e suas


consequências;
refletir sobre os impactos do desenvolvimento tecnológico e indust
no meio ambiente, e a responsabilidade humana diante disso;

compreender que o desenvolvimento científico pode melhorar noss


qualidade de vida, mas que também comporta questões éticas que
devem ser observadas;

aprender que o trabalho e a forma de trabalhar foram completamen


modificadas pelo uso dos computadores e da internet, bem como
pelas inovações decorrentes destas tecnologias.

Clique para baixar conteúdo deste tema.

Referências
ANTUNES, R. Os caminhos da liofilização organizacional: as formas
diferenciadas da reestruturação produtiva no Brasil. Ideias, Campinas, v. 9,
n. 2, v. 10, n. 1, p. 13-24, 2003.

BAUMAN, Z. Vida para consumo: a transformação das pessoas em


mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2012

BRAGA, R. Luta de classes, reestruturação produtiva e


hegemonia. In: Novas Tecnologias. Crítica da atual reestruturação
produtiva. São Paulo: Xamã, 1995.

CARVALHO, J. F. Energia e sociedade. Estud. av. São Paulo, v. 28, n. 82, p.


25-39, dez. 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
40142014000300003 (http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
40142014000300003). Acesso em: 25 jun. 2021.

CASTELLS, M. A sociedade em Rede. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CHAPLIN, C. Tempos Modernos. Direção: Charles Chaplin. Produção:


Charles Chaplin. EUA, 1936.

FEIJÓ. N. Os desafios do home office. Jornal do Comércio. Porto Alegre, 20


mar. 2017, Mercado de Trabalho. Disponível
em: http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/03/cadernos/empresas_e_nego
cios/551603-os-desafios-do-home-office.html
(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/03/cadernos/empresas_e_negocios
/551603-os-desafios-do-home-office.html). Acesso em: 25 jun. 2021.

GIDDENS, A. A política da mudança climática. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

HARVEY, D. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1992.

HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

HUXLEY, A. Admirável Mundo Novo. Rio de Janeiro: Globo, 1932.

IBGE. Esperança de Vida. Séries Históricas e Estatísticas, 2018. Disponível


em: https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP209
(https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP209).
Acesso em: 25 jun. 2021.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Editora


Perspectiva S.A, 1997.

LEONARD, A. A história das coisas: da natureza ao lixo e o que acontece


com tudo que consumimos. Tradução: Heloisa Mourão. Rio de Janeiro:
Zahar, 2011.

MOCELIN, D. G. Melhores Empregos para uma Nova Geração de


Trabalhadores? In: GUIMARÃES, Sonia M.K (org.). Trabalho, emprego e
relações laborais em setores intensivos em conhecimento: Brasil, México e
Canadá. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

MOTA, C. V. Após dois anos, impacto ambiental do desastre em Mariana


ainda não é totalmente conhecido. BBC Brasil. São Paulo, 5 nov. 2017,
Brasil. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41873660
(http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41873660). Acesso em: 25 jun.
2021.

MUNIZ, C. Um Ano Sem Lixo. Disponível


em: https://www.umanosemlixo.com/ (https://www.umanosemlixo.com/).
Acesso em: 25 jun. 2021.

MASAGÃO, M. Nós que aqui estamos por vós esperamos.[documentário]


Direção: Marcelo Masagão. Produção: Marcelo Masagão. Brasil, 1999.

PEREIRA, A. C.; SILVA, G. Z.; CARBONARI, M. E. E. Sustentabilidade,


responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011.

TAKEUCHI, C. A.; TANNURI, U. A. polêmica da utilização de células-tronco


embrionárias com fins terapêuticos. Rev. Assoc. Med. Bras. São Paulo,
2006, v. 52, n. 2, p. 63, abr. 2006. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
42302006000200001 (http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-42302006000200001). Acesso em: 25 jun.
2021.

UJVARI S. C.; ADONI, T. A História do Século XX Pelas Descobertas da


Medicina. São Paulo: Editora Contexto Trade, 2014.

Você também pode gostar