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Resumo
O presente ensaio trata de um estudo sobre hábito e costume das sociedades modernas e suas
consequências ambientais. O objectivo é apresentar uma abordagem sobre a forma como as sociedades
modernas se comportam e proporcionar uma reflexão sobre a importância do trabalho do educador no
desenvolvimento de cidadãos conscientes, aptos a compreender que o meio ambiente vai além do
espaço em que vivemos, e assim precisamos pensar não só local, mas regional, nacional e global. A
relação de consumo esta directamente interligada ao desenvolvimento da sociedade, sendo um grande
problema mundial as consequências do consumo exagerado incentivado pelo espírito consumista
entranhado pelo regime capitalista enraizado no seio da sociedade, gerando consequências
irreversíveis ao meio ambiente. A sociedade deve modificar urgentemente seu consumismo, mudando
o paradigma que a relação de consumo e o desenvolvimento andam juntos. Uma vez que a grande
demanda da produção e do consumo afetam diretamente a retirada de matérias-primas da natureza,
com a poluição do meio ambiente. Os Estados devem buscar estratégias e instituir políticas que
possibilitem mudanças nos padrões insustentáveis de consumo e a fim de preservar o meio ambiente e
incentivar a utilização de produtos recicláveis e biodegradáveis.
Palavras-chaves: Hábitos; costumes; sociedades modernas, meio ambiente.
Abstract
This essay deals with a study on the habit and custom of modern societies and their environmental
consequences. The aim is to present an approach on the way modern societies behave and provide a
reflection on the importance of the educator's work in the development of conscious citizens, able to
understand that the environment goes beyond the space in which we live, and so we need think not
only local, but regional, national and global. The consumption relationship is directly linked to the
development of society, with a major global problem being the consequences of excessive
consumption encouraged by the consumerist spirit entrenched by the capitalist regime rooted in
society, generating irreversible consequences for the environment. Society must urgently modify its
consumerism, changing the paradigm that the relationship of consumption and development go
together. Since the great demand of production and consumption directly affect the withdrawal of raw
materials from nature, with pollution of the environment. States should seek strategies and institute
policies that enable changes in unsustainable consumption patterns and in order to preserve the
environment and encourage the use of recyclable and biodegradable products.
Keywords: Habits; mores; modern societies, environment
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Introdução
O homem faz parte da natureza. Sua constituição biológica é parte da energia e da matéria
naturais. É habitat de outros seres vivos, se alimenta de outros organismos e, quando morre,
os microrganismos tratam de reaproveitar a matéria orgânica que formava seus corpos. Toda a
história humana diz respeito ao modo como os homens mantêm uma relação entre si e com a
natureza externa a eles – o meio ambiente. Assim, ao longo da história, a raça humana vem
criando diferentes modos de se relacionar com a natureza.
O mundo actual é dominado pelo espírito capitalista que vangloria o consumo, estando
entranhado no coração da sociedade moderna, o qual o poder de consumo é o ápice do ideal
da sociedade, onde a arte de consumir é o padrão, e quanto mais se consome, maior se torna o
desenvolvimento e a estabilidade econômica de cada Estado, estando esse modelo de vida
altamente capitalista levando o mundo atual para um colapso ambiental.
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Cada vez mais se produz e mais se consome, estando à sociedade moderna condenada a um
grande ciclo vicioso, onde se deve consumir para produzir e produzir cada vez mais para se
consumir. Cada vez mais os produtos ganham menores tempos de vida úteis, e quando
quebram são extremamente difíceis de consertar, afim de cada vez mais impulsionar o
consumo e a produção, pois sempre sairá mais barato e pratico comprar um produto novo, do
que conservar ou arrumar o produto antigo. Além é claro, também de sempre o mercado
impulsionar modelos novos dos mesmos produtos mudando pequenas coisas, ou dando
pequenos retoques, desvalorizando e desmerecendo os produtos antigos que muitas vezes
ainda estão em boas condições de uso.
O desenvolvimento da sociedade está claramente insurgido numa crise, uma vez que se
desenvolve a fim de garantir melhor qualidade de vida daqueles que a pertencem, porém se
esta mesma sociedade agindo de forma irracional não se preocupa com os estoques de
reservas naturais, com os locais de deposições de resíduos, e quase sempre poluindo o próprio
meio ambiente onde se encontram.
Camargo (1992) afirma que “quanto maior o poder aquisitivo da remuneração devida aos
agentes econômicos, maior a possibilidade de consumir”.
Então, pode-se afirmar que o consumo nada mais é que uma forma de atender as necessidades
humanas primárias e secundárias, internas e externas, ao adquirir e/ou utilizar produtos e
serviços, sejam naturais ou artificiais. Enquanto o consumismo é a pratica desenfreada de
consumir mesmo sem necessidade. Isso causa impactos sobre o ambiente natural e artificial,
consumindo os recursos naturais disponíveis, colocando em risco a sustentabilidade das
gerações futuras.
O mundo em que vivemos estaria acabado se todas as pessoas pudessem comprar tudo que
gostariam. Pois ao examinar o sistema de vida norte-americano, que é tão sonhado modelo de
vida, observa-se que ele é extremamente devastador, pois assustadoramente precisaria de três
planetas Terra para que toda a população mundial pudesse consumir de forma igual.
Sobre o assunto Portilho (2005) disserta que o consumo da economia humana excede a
capacidade de produção natural e a assimilação de dejetos da ecosfera, sendo feito uso das
riquezas produzidas de forma socialmente desigual e economicamente injusta.
Sobre o assunto Lima (2010) afirma que “por mais importantes que tenham sido as mudanças
proporcionadas pela industrialização e, mais adiante, pela globalização, o intenso ritmo de
produção, aliado ao consumo exacerbado acarretou a depredação ambiental, de forma a
comprometer a própria vida no planeta”.
Fica clara que a relação de consumo atual esta indo em direção a uma crise ambiental, uma
vez que ela cresce de forma desenfreada e desorganizada. As necessidades de consumo
criadas pela sociedade estão desconsiderando o impacto de seus atos sobre o meio ambiente.
Observando dessa forma que quanto maior o poder aquisitivo do individuo mais danoso ele se
torna para o meio ambiente, uma vez que ele extrapola sua necessidade básica de consumo a
fim de saciar caprichos indivíduos ou de caráter coletivos, se fosse para se encaixar em
determinado grupo social. Enquanto os indivíduos de baixo poder aquisitivo prejudicam o
meio ambiente em menores proporções, pelo seu poder aquisitivo.
Desta forma os consumidores devem construir uma consciência ecológica, bem como
modificar os seus hábitos de consumo a fim atender padrões de consumo sustentáveis e não
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procurando apenas sua própria satisfação e benefício. Pois os recursos naturais são fontes
esgotáveis e deve ser preservado para as futuras gerações.
“(…) o planeta terra encontra-se, hoje, perante o dilema de viver uma “civilização”
industrial e agrícola poluidora, conter uma população que cresce a um ritmo
galopante e ter um patrimônio e recursos naturais, incessantemente, degradados pela
humanidade, à escala mundial. Como vimos os problemas ambientais situam-se,
hoje, entre as principais questões mundiais.”
Urbanismo, hoje, designa o estudo organizado da ocupação humana sobre a Terra, que
implica construir sobre os espaços, produzir sobre os espaços e devolver os resíduos sobre o
espaço. Portanto, não diz mais respeito apenas a um determinado lugar, mas tem relação com
a ocupação sobre a orbe, o que nos leva a concluir que não se trata mais de urbanismo, mas de
orbanismo, pois os efeitos da ocupação têm consequências não apenas em um determinado
lugar, mas em todo o globo. É o caso do efeito estufa, das mudanças climáticas, etc.
Não há dúvidas de que precisamos pensar de forma global a necessidade de suprir os bens de
consumo, a necessidade de assegurar essa produção com a necessidade de que tudo isso não
afete o bem-estar das gerações presentes e futuras.
Colabora nesse sentido Silva (2006), dizendo que “urbanismo objectiva a organização dos
espaços habitáveis visando à realização da qualidade de vida humana”
Segundo Santos (1998), com o processo de urbanização e a actual conjuntura de tensão social
vivenciada pela globalização e pelo modelo de desenvolvimento econômico atribuído aos
países no mundo, onde uns encontram-se cada vez mais ricos e outros cada vez mais pobres,
nos leva a refletir sobre que tipo de desenvolvimento e progresso nós queremos. Não é
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possível mais não pensar em meio ambiente, quando o mundo já vive problema de escassez
de água, mas também, não é possível pensá-lo, sem alimentar os milhões de famintos que se
encontra em continentes inteiros, como a África.
É nessa circunstância, que devemos discutir nossos problemas ambientais. É preciso construir
um novo mundo. Repensar os valores estabelecidos. É urgente pensar o homem como parte
do ambiente.
Educar para transformar, este é um dos princípios da educação ambiental. Informar e alterar
práticas de produção e consumo. Estabelecer a reciclagem, o reaproveitamento e o reuso.
Incentivar as tecnologias limpas. Reconhecer as formas simples e ecológicas nas relações
humanas. Resgatar o elo perdido entre o homem e a natureza. Construir um novo e melhor
mundo, este é o nosso desafio, e tudo é possível, com determinação e confiança em si, nas
mudanças de atitudes, que resultaram na transformação de comportamento para melhorar o
meio em que nos encontramos inseridos.
No âmbito da natureza, são muitos os problemas ecológicos que resultam da sociedade atual,
dos métodos de consumo de energia, de matéria-prima e, principalmente, dos rejeitos dos
produtos eliminados no ambiente. A título de exemplo, podem ser citados: desertificações,
buracos na camada de ozónio, alteração da acidez dos mares, desgelo das calotas polares,
alterações climáticas, alterações das correntes marítimas, improdutividade das terras, entre
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outros. Na realidade, esses exemplos citados são somente alguns dos problemas ambientais
que ameaçam o ecossistema da Terra.
Uma das causas do descaso com meio ambiente é o etnocentrismo. Compreende-se que este
não está presente em todas as culturas o que nos remete a pensar: qual será o motivo da
difusão do etnocentrismo? É preciso desvincular a ideia que somos seres independentes do
meio ambiente e começar a construir uma relação mais harmoniosa com a natureza, onde seja
possível através de processos democráticos de planejamento de intervenções, que haja
participação de todos os integrantes da sociedade, para que esse processo possa ser melhor
difundido.
Para que haja ações transformadoras é importante compreender o que está acontecendo com o
meio ambiente. A participação activa é imprescindível para proporcionar a formulação de
diferentes hipóteses para cuidar do meio ambiente.
Muitos produtos que poderiam ter uma vida útil muito maior são produzidos já com o intuito
de durarem pouco, para que as pessoas tenham que comprar o mesmo produto várias vezes.
Existem diversos exemplos para esta situação: pilhas, lâmpadas, electrodomésticos,
automóveis e muitos outros. Além disso, é comum as empresas lançarem “novas versões” dos
produtos, com algumas pequenas melhorias, para que os consumidores comecem a considerar
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os produtos que possuem como “obsoletos” e sintam-se impelidos a comprar os produtos mais
“modernos”.
É importante ressaltar que os lixões e a poluição não são “agressivos” à natureza. Eles
diminuem a qualidade de vida das pessoas que vivem naquela determinada área, bem como de
algumas espécies animais e vegetais que vivem ali, mas também favorecem a proliferação de
outras espécies. Por exemplo, um lixão pode ser ruim para as árvores, vacas e pessoas que
vivem naquele local, mas com certeza favorecerá os urubus, ratos e microrganismos
decompositores que habitam aquela área. Nossa luta contra a poluição é, na verdade, uma luta
por melhores condições de vida para nós mesmos.
Muitos produtos que poderiam ter uma vida útil muito maior são produzidos já com o intuito
de durarem pouco, para que as pessoas tenham que comprar o mesmo produto várias vezes.
Existem diversos exemplos para esta situação: pilhas, lâmpadas, eletrodomésticos,
automóveis e muitos outros. Além disso, é comum as empresas lançarem “novas versões” dos
produtos, com algumas pequenas melhorias, para que os consumidores comecem a considerar
os produtos que possuem como “obsoletos” e sintam-se impelidos a comprar os produtos mais
“modernos”.
Considerações finais
Mostrar esses problemas e tentar conscientizar para a procura de uma nova ética, que envolva
tanto o social quanto o ambiental, foi o escopo primeiro deste capítulo. Nesse mesmo
diapasão, buscou-se demonstrar as dificuldades de ser criada uma ética ambiental na
sociedade atual, pois o homem sempre se posicionou, nos últimos séculos, como superior aos
outros organismos vivos, tendo a natureza para sob seu domínio.
No que se refere a essa superioridade, ela se evidencia claramente quando se observa que o
homem só começou a criar um pensamento ambientalista e a preocupar-se com a natureza
quando começaram a surgir problemas ambientais que atingiram o ser humano. Ou seja, o
homem só se preocupou com a natureza quando ele começou a ser atingido.
A direcção que a sociedade moderna tomou, com a inversão de valores morais, em que o ter
sobrepuja o ser, dificulta o protecionismo ambiental. Com a sociedade predefinida para o
consumo, não se consegue uma racionalização sistêmica. Os indivíduos fortificados por uma
subjectividade heterónoma, que os impele ao consumo desregrado, não percebem o que esta
acontecendo ao seu redor. Assim, por óbvio, não veem motivos para mudanças
paradigmáticas.
Por fim, torna-se indiscutível que esse sistema utilizado na sociedade moderna não faz sentido
algum, pois o caos ambiental fica fácil de ser visualizado. Dentro desse sistema linear, a
sociedade afundará no próprio lixo – restos humanos criados pela exclusão social e montanhas
de entulhos e rejeitos produzidos – criado pela sociedade de consumo.
Referências Bibliografias