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Nossa Rebeldia

também se faz com


Poesia
REBELDIA

Guerrilha...................................................................................................7
-......................................................................................................................7
A Revolução há de chegar...........................................................8
- .....................................................................................................................9
- ..................................................................................................................10
Questão fundamental...................................................................11
Aqui Estamos.......................................................................................11
Haikai Sem Titulo..............................................................................11
Desabafo de Paralelepípedos.................................................12
Acampa que a juventude já chegou...................................12
Som de Nós..........................................................................................13
- ..................................................................................................................13
A Cultura Jovem e a Comunicação....................................14
Levante Popular da Juventude...............................................15
Eu poderia ir de A à Z... Mas entre nós
basta o L, o P e o J. .......................................................................16
De punho erguido, a palavra
se banhou de amor e rebeldia................................................17
Nossa rebeldia...................................................................................18
Poetas Revoltados..........................................................................19
O Golpe vem a galope................................................................20

Opressões e Resistência

Pretinha..................................................................................................22
Muitos são meus pensamentos.............................................23
Sominha................................................................................................24
As bruxas que habitam em mim...........................................24
O meu corpo é um poema interminável.........................25
Luta que Florece.............................................................................25
Meu nome é Maria........................................................................26
- ..................................................................................................................26
Ela..............................................................................................................27
Feminismo meu de cada dia!...................................................28
Quem sou?............................................................................................29
Resistência.............................................................................................30
Marcas que mói... .............................................................................30
Poema Negro.......................................................................................30
Emudecido.............................................................................................32
Opressão................................................................................................33
O Homem Lixo....................................................................................33
Teima.........................................................................................................34
Alforria......................................................................................................34
Direito fundamental pra quem?.............................................35
Ainda Negreiro....................................................................................36
Tez...............................................................................................................37
Luta Popular

Golpearam-na....................................................................................38
Juventude e a Luta Popular.......................................................39
Juventude................................................................................................40
Poesia Companheira......................................................................41
Rondó de Altamira...........................................................................41
Que Juventude é essa?..................................................................42
Dos muros pra lá...............................................................................43
Lutar Sempre, Temer Jamais....................................................44
Engolir---Não---é---uma---opção...........................................45
Desaparecidas....................................................................................46
Em Frente...............................................................................................47
Me ajude, Mulher de Luta..........................................................47
Democracia aí vamos nós..........................................................48
Não sei se sou sua praia,
mas, tô no meu quintal.................................................................49
Cansados de sofrer.........................................................................49
Sobre o amor militante.................................................................50
João o marginal..................................................................................51

6
Guerrilha
Bruno Duarte
La no alto da S(i)erra
No ascender da lua
E no subir da maré Questão fundamental
De vermelho se pinta o céu Breno Rafael
La no alto da Maestra O senado não é ateu
No fogareiro improvisado mas carece de deus
Com alimento requentado
De vermelho se pintam os camaradas o próprio diabo
La no alto da imensa Estepe Verde virou deputado
Mal vestidos, mal alimentados
Porém com amor armados olhe bem e veja direito
De vermelho se pintam os sonhos a grande minoria não tem direitos
La no alto da Montanha o homo é omitido
Na mescla de medo e coragem favelado sempre bandido
Fuzis carregados de palavras
De vermelho se pinta a vida a maior idade não condiz com a verdade

- a escola virou prisão mental


Eric Caleb o fato é só foto impressa no jornal
Pra te dar o meu amor, me fiz poeta.
Eu já sei, tudo que for não me interessa. mas a questão fundamental:
Quando tudo começar na tua vida. o Estado serve ao homem
Quero ser tudo que sou nessa novela. ou a ele é seu serviçal?
Se a honra de te ter for toda minha,
Não esquece que estou a tua espera.
Me avisa com mil beijos.
E desperta o meu desejo de te dar o meu amor...
Aqui estamos
Pra te dar o meu amor, te amei à beça. George Diniz Teixeira
Não me importei com a razão do não querer Aqui estamos
Foi simples de coração, foi por você. Irresolutos
E agora, a cada beijo teu, aumentam os sonhos apostando no amanhã
meus. imóveis,
Os beijos teus, um mar de rosas. eternamente, à espera de um beijo
Um exagero às vezes não incomoda... algo que nos atrevesse o ventre
ardentes por um amor,
que despedace o peito,
pois é melhor viver aos cacos que murchar dia-
riamente

Haikai sem título


Rosângela Vieira
Acomodar os acomodados
em cômodos alheios
incomodar e aliar devaneios.

7
A Revolução há de chegar
Caroline Anice Do Rio a Salvador, do Amazonas ao Paraná
É nos quilombos das favelas Que a juventude vai se referenciar
Onde residem Dandaras e Zumbis É no passo dessa gente toda
De Palmares ao Cabula VI Que o triunfo um dia virá
No grito que se desenha em cada um que sobre- É nas sementes da juventude do projeto popular
vive: Em novas mulheres e novos homens
“Aquilombado vivo, Se forjando pra luta do povo tocar
Aquilombado resisto”
Mas que a opressão não perdoa É ao lado dessa gente que não suporta injustiça
Mata todo dia, nega todo o dia Que se indigna e se rebela com o sofrimento
Sobra só o racismo e o extermínio pra periferia De nossas vidas, de outras vidas
Pra essa gente que tenta ser gente quando não Que eu quero ombro a ombro, com amor, lutar
deveria É assim, só assim, que a sociedade se transfor-
mará
É na vida das mulheres jovens, mães e trabalha- Pátria livre, venceremos!
doras Porque a Revolução, um dia, há de chegar.
No silêncio dos abortos clandestinos
E nas mortes que deram seu último grito
Que ninguém ouviu, ninguém assistiu
É no choro dos filhos perdidos -
Confundidos pela política com bandidos Grito Griot
Nos hematomas e silenciamentos Então eu parei em reflexão
Agressões, abusos e constrangimentos Vi que pra tudo é necessário percepção
Nos punhos que se encontram, erguidos, Então coloquei em pratica o espírito de revolu-
com a força do Feminismo ção
E na terra vim pra cumprir minha missão
É no suor dos Sem-Terra
Na resistência em Eldorado dos Carajás Lutarei, disposto pela minha classe
Seguindo em marcha pela libertação da pátria Assim como lutou o guerreiro Sabotage.
Por um pedaço de terra da Reforma Agrária A classe do guetto que sofre opressão
Do viver com o que do campo se colher e se Dos “boys” corruptos da PM, né não?
plantar
Sem agrotóxicos, apenas a foice e o martelo No coração vem o querer da mudança
Ensinando pra cidade da terra cuidar e traba- E creio inteiramente na minha esperança
lhar Somos perifa, somos os marginalizados
Armados para lutar Apenas porque andamos no nosso estilo, despa-
dronizado.
É nas travestis e transexuais
Brutalmente agredidas e assassinadas E ai GRIOT, diga porque estamos no combate
Nos rostos desfigurados, identidades negadas Estamos para fazer o melhor nas comunidades.
A cidadania raramente lhes sendo assegurada Queremos conquistar nossos lugares
As leis se omitem, o respeito não existe Melhor ensino público e acessos nas universida-
Educação, saúde, emprego: onde vivem? des.
Perto delas passa só o preconceito

E viver já é, por si só, considerado subversivo


É sobre toda essa gente
Do centro a favela, da capital ao interior
De Sudeste a Nordeste, de Norte a Sul, Centro-
-Oeste
8
- Meu companheirismo, meu carinho, meu amor.
Bruna Matos A segurança do acolhimento, um sorriso, uma
“Se a tirania se impõe e sobrevém a desilusão canção ou poema...
Se a utopia parece cada vez mais distante Uma flor... Pra lembrar da vida que brota, resiste
se o cotidiano segue cheio de contradição e encanta...
e os dias parecem pesados demais O ardor da caminhada e a partilha desse sonho
Vale a pena lutar? que inflama e queima a alma e forja um tempo
Mas se as noites não nos permitem o descanso novo...
por saber que se não conosco, se não hoje Te ofereço, companheiro, meu cansaço e sacrifí-
por certo entre os nossos há falta cio (o sagrado),
de pão, de justiça, de voz e afeto como sei que me ofereces também o seu...
Vale a pena amar? Não são nossos, nem pra nós...
Se o açoite corta a carne São para o Povo, são para a Revolução.
Se as cercas ceifam esperanças E te peço poder olhar pro lado e no meio desse
Se as bombas dilaceram corpo e coração povo
e carregamos no peito a dor da perda de tantos me reconhecer na convicção do seu olhar.
Vale a pena sonhar? Pois do pouco que tenho a ofertar, te confio
Mas se destroem o que com dificuldade edifica- essa certeza:
mos O compromisso de seguirmos juntos.
Se saqueiam as riquezas que por direito são Pois é nosso o caminho...
nossas esburacado e florido,
Se negociam a soberania e os ideais com seus pedregulhos, com seus afetos.
e ao povo só ficam migalhas É nossa a tarefa de construí-lo
Vale a pena construir? e entre camaradas, com amor e rebeldia,
Eu te pergunto, companheiro moldar um novo tempo desde agora...
Se não nós, então quem? Importa caminhar. Importa construir e ser o
Se não formos nós a lutar contra a opressão novo.
quem o fará? Os senhores? Não vacilamos! Permanecemos firmes no fronte!
Se não formos nós a amar o povo A despeito do cansaço, do ódio, da dor
quem o fará? Os senhores? seguimos fortes, unidos, entregues, ternos...
Se não formos nós a sonhar com a liberdade Nosso peito contém a paixão e furor da prima-
quem o fará? Os senhores? vera
Se não formos nós a construir uma sociedade que chega inundando tudo de fé
nova na mulher, no homem, no povo, no novo...
quem o fará? Os senhores? Vale a pena amar, lutar, sonhar, construir...
Mas se o medo se faz presente, companheiro Aqui estamos de pé! Venceremos!
se sentes as forças te faltarem e cansado quiser
desistir
Dá-me tua mão. Não prometo dias mais fáceis
(queria poder).
O que posso te oferecer são minhas mãos da-
das
E os mesmos passos fadigados
marchando lado a lado contigo, com o povo
Um ouvir que transpasse a poeira do cotidiano
Um abraço pra aquecer e deixar mais perto nosso
coração...
Não tenho soluções mágicas, nem garantia de me-
nos penar
Mas o que eu tenho, te ofereço: meu coração
que faz eco aos mesmos desejos que o seu.

9
Desabafo de Paralelepípedos Ousar, lutar
FRK. com batucadas que nos fazem agitar
É tiro e pedrada, é paulada e bala de borracha
Em professor, estudante e empacotador, so- Não recuaremos a complexa conjuntura
brando até pro retirante “a nossa rebeldia é o povo no poder”
Tudo que foi conquistado durante décadas de Reunir e tremer
lutas, caindo num instante representando os movimentos sociais
O que mais testemunho resume-se em explora- [Temer jamais]
ção e descaso
Enquanto isso, ficamos a mercê dos engravata- Erguemos bandeiras
dos a nossa formação é constante
De todas espécies: dos corruptores às marione- Levante
tes Organizar, formar e lutar
Dentro de seu gabinete ou de sua possante a nossa juventude para construir o projeto po-
camionete pular
O inimigo comum que saia do seu caminho de
luxo
Pois para eles, nada mais somos do que povo,
refluxo Som de nós
Lembrando também do veneno Luís Piritiba
Que nos é vendido como alimento Bem se faz
Graças a Globo, que se faz de sonsa quando se olha pra trás
Pra continuar enchendo seu bolso de dinheiro olhando pra frente.
Seguindo a corrente
Ah, já ia esquecendo dos menores que cometem quente e fria,
atrocidades meu verso não silencia.
‘Bandido bom é bandido morto’... Na ponta da linha
Pensa bem meu irmão se não é tua cabeça que É canção, aboio e ladainha
ta cheia de maldade o grito se agiganta
‘Olho por olho’ e assim caminhará a humanida- escorre da garganta
de é canto indignado
estando lado a lado
Mas calmem parças, não ‘priemos cânico’ Segue a rima
Afinal, a periferia já ta acostumada com isso a Toada que não termina
‘miliano’ Batuque resistente
Sentindo na pele talvez ponhamo-nos em seu são sons da gente
lugar arma, poderosa lança
No entanto, sinto lhes dizer, mas essa(s) luta(s) cheia de esperança
não dá pra terceirizar. estrada cumprida
nessa missão dolorida
repressão em nosso couro
chicote, prisão e matadouro
foi o que sobrou na divisão
Acampa que a juventude já chegou fome ao invés do pão
Laerte Santana transformar em poema
todo ódio desse sistema
Saímos do campo e da cidade quando o grito do povo
das universidades e também periferia for a construção do novo
Nossa escola é a transformação todo poder em nossa mão
força do povo que move a nação vem da gente a revolução.

10
A Cultura Jovem e a Comunicação Avante juventude
Hildebrando Silva de Andrade (Hilder) Mostrando a forma de lutar
Comunicar nossa atitude
Na cultura popular, na comunicação Para a burguesia derrotar
Com a força da juventude Com arte e plenitude
No soar de uma canção Da cultura popular.
Nós tomamos a atitude
De mudar essa nação.
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE
A luta, a rebeldia Layorrane Lima
As bandeiras a tremular
Nossas músicas e poesias Surgimos da luta do campo,
Nossos meios de se comunicar Da periferia abandonada,
No traçar da valentia Do clamor da juventude
A valentia de lutar. Desesperançosa e amordaçada.

Viver o mundo da arte A história nos prova


Com garra e convicção Que só com organização
Uma luta sempre que bate O povo se conscientiza,
Com uma grande contradição O povo negro participa,
Estamos fazemos nossa parte A mulher decide,
Para democratizar a comunicação. O país se movimenta
E a juventude balança
A juventude vem ousada As correntes que a prendem.
Na busca por transformação Tão pouco tempo de existência.
Fortemente animada Dois acampamentos somente
Com o olhar de agitação E os rumos parecem outros.
Consagrando a caminhada No seu centro,
No brotar da formação. A disciplina, a alegria
A indiginaçao e a construção de novos seres.
Muita força na história Entorno de ti,
Rompendo as estruturas Uma juventude levanta
Fortalece a memória Por um projeto popular
No semear de nossa cultura Para fazer a revolução.
No cantar na trajetória De norte à sul,
Nas colheitas de farturas. Entre becos e vielas
Ecoa-se por todo o Brasil:
Desconstruir a mídia burguesa Levante pela justiça,
Em nosso jeito de falar Levante pela verdade
Que seja do povo, não da empresa O Levante te convida pra mudar a realidade!
Uma comunicação vamos conquistar
Desalienar com a certeza
Pois somos comunicadores popular.
Construindo liberdade
Vamos à luta militantes -
Fortalecer a unidade Renálide Carvalho
Dos desafios que são constantes Injustiça e desmando
Lutar com dignidade andam pelo mundo
Com garra em nosso semblante. em bando.

11
Eu poderia ir de A à Z... Mas entre O U unifica e faz crer na utopia, porque como o
nós basta o L, o P e o J. poeta já dizia, ela existe pra nos fazer caminhar.
DJ Bonfim O V tem um valor incalculável, é o valor-quan-
Poderia certamente começar com o A de amor tidade de trabalho pra que cada um estivesse
E seguir a linha já traçada. presente nesse espaço.
Mas aqui há algo a mais O X é barril, tanto quanto um jogo de xadrez,
O A aqui é de amor a cada presente e o que ele onde os peões estão de um lado e do outro
e ela faz... estão os reis e rainhas do estado burguês.
O B é da busca incessante por melhorar O Z é zica, tipo batucada de lata, com a força
O C vai chamar os companheiros pra conversa vencedora do companheiro Zapata!
O D direciona a disciplina, com alegria e foco Eu poderia ir de A a Z... mas entre nós basta o L,
na tarefa oPeoJ
O E é pra exemplificar, pelo trabalho sem fim, a
estratégia
O F vai fixar na formação o nosso foco. Não
tiramos os olhos da revolução!
O G guarda a glória de um grande companhei-
ro, o povo brasileiro.
O H, habilidoso e humilde, forja os novos ho-
mens e certamente também forja as novas De punho erguido, a palavra se ba-
mulheres. nhou de amor e rebeldia
O I inflama a indignação. Estaremos inseridos Luiz Bugarelli
na insurreição. já dizia Sampaio:
O J vai jogar a jangada no mar das jornadas de “um livro de poesia na gaveta
luta. Avante, juventude! não adianta nada,
O L poderia lamentar as derrotas, mas se Le- lugar de poesia é na calçada”;
vanta! Luta e muda a vida lugar de poesia, camaradas
O M mantem na memoria, a materia viva da é por entre bandeiras hasteadas
transformação, os militantes e sua ação. é arma empunhada
O N é a nascente do movimento de massas, é grito de revolta
ninguém ficará de fora, porque não vai faltar o é abraço bem dado em irmãos
que se faça e à poesia de vitrine
O O ouve com ouvidos doados de cada um. A as pedras de Leminski
organização não se ostenta, mas se sustenta a poesia aqui entrelaça mãos
pelas forças dos objetivos comuns. não pede veredicto
O P pulsa na batida do rap, do funk, pagode ao te chama a ação
samba reggae. É o povo que pede pra partici- afronta senhores,
par, por isso se chama de Projeto Popular. sem medo da reação
O Q tem o querer, a quantidade e a qualidade. arde peito e recria sonhos
O quadro se constitui pelo trabalho e não pela faz morada para nossas rimas
vontade. nas marchas pelo asfalto
O R vem revelar a realidade. Para além de que- na boca da poeta-irmã
rer a revolução, é preciso construi-la em ação. que não deixa as contradições à revelia
O S simboliza o sentimento, semeia o solo do e de pulso cerrado
pensamento, se liga ao sangue que corre em faz da rima
nossas veias. um soco de rebeldia.
O T traz o tempo e a tematica, acerta quem se
adapta e flexibiliza a tática.

12
Nossa rebeldia Nossos poemas trazem
Welington Lopes(TOM) a memória renegada
que muitos tentaram velá-la
Nossa rebeldia é o povo no poder! dos livros de história conseguiram tirá-la.
Nossa rebeldia é o pobre na universidade! Mas os nossos versos
Nossa rebeldia é a mina feminista! trazem a verdadeira memória do povo
Nossa rebeldia é o LGBT e seu direito de esco- para que nunca esqueçam
lher! quem são até hoje os nossos opressores.
Nossa rebeldia é todo aquele e aquela que luta Nossos versos alimentam a rebeldia
por um mundo melhor! que incitam as conspirações
Luta pelo fim do racismo... de quebrar todos grilhões
Por poder ir ao mercado sem que seu segurança para chegar nossa utopia.
“particular” o siga nos corredores. Nossos versos trazem os mortos,
Nossa rebeldia é esse sorriso! com seus corpos golpeados
É esse turbante! mas seus sonhos rebelados
Mas se quiser pode raspar também, fique a continuam intocados
vontade, o corpo é seu. permanecem como chamas vivas
Faça trança, faça dread, faça Black! no povo e poetas revoltados.
Só não faça o que eles querem... Mas a crise que os impede de viagens
Pois o que eles querem é a gente lá no Datena. pra Madri,
Fulano sequestrou o boy. Maiami
Fulano tava na “fita” da PROTEGE. Suíça
Fulano nunca teve apoio... Conta fantasma pra “prejudicar” político
Temos que lutar pelos nossos, tipo o que o MST sanguessuga.
faz. Pintem as caras, o golpe vem a galope
Sem medo, sem recuar e sempre mostrando que Cheia de elegância
quando nos unimos algo acontece. VEJA, a VALE mata por ganância
O rico treme! E sua indignação em casa vai contra a
Golpista chora! criança
Faz-se terra seca virar alimento... Que não tem acesso ao acervo de livros
Faz-se de um possível “menor” um lutador que o Que possuem os filhos de ricos
Sistema nunca irá esquecer! Cuidado!
Marighella vive! Estão doando viseiras,
Maurício vive! A forja da verdade não caminha em
Carolina Maria de Jesus vive! fileiras
A nossa rebeldia é o povo no poder! A revolução não será televisionada
Juventude que ousa lutar? Mas se manifestará organizada
Se a unidade se fizer presente em favor
da democracia
A comunicação será dominada pelo
Poetas revoltados
povo
Edilson Gondim
Abre alas pro morro
Nossos poetas trazem...
Que tá descendo.
todo açoite, carne e fogo
de negros e índios que tombaram,
por lutar contra
impérios, papas e senhores.
Nossos poemas trazem
tiro, morte e choro
dos que hoje padecem
nas vielas, descendentes
daqueles que outrora
tombaram vítimas dos senhores. 13
Pretinha Arrumando sua mochila
Nathalia Pétala. Pensando em toda vida,
Um dia me falaram uma coisa tipo assim Acreditava na melhoria
“Deus te fez igualzinho a ele”. Aceitei, disse sim Que podia estar por vir.
Mas com o tempo me perguntei, Pretinha aprenda, a vida não é tão facil.
Por que Deus me fez assim Mais anos vieram,e tudo parecia parado.
Cheia de melanina, poderia ser o meu fim. Estagnado
Vou tentar te falar “Pretinha pretinha, chegou a hora de mudar”
Sem nenhum era um vez, Conheceu um novo mundo, de melanina força e
A história de uma pretinha cor
Que vivia um talvez E se sentiu no seu lugar
Odiava sua cor “ah, é nessa que eu vou”
Não queria ser pretinha A menina pretinha
Pois na escola em que estudava Virou preta com o tempo,
O racismo reinava sem pudor. Amadurecendo ideias, do seu povo e seu sofri-
Dedo na cara, frase de ódio mento
“preta fedida” Nunca esqueceu o passado, pois ele fez quem
“só serve pra senzala” ela é
E ela chorava. Rogava ao Deus que a fez E se perguntarem do que ela se orgulha hoje
E o indagava Não pensa duas vezes
Afim de saber, porque tanta cor a dava. “Mas é claro, minha cor”
O tempo foi passando E complementa bravamente
Ela sempre muito humilhada, “E da minha gente,
Por quem tanto cativava que luta todo dia, pra se adequar ao presente.
Só levava patada. Gente mal tratada no passado, e ainda no
A pretinha só tentava presente
Entrar naquele padrão Mas que com muita raça, passa por isso tudo
Cabelo baixo, alisado E ainda consegue sorri com esperança no
Com medo da opressão futuro, de ser apenas tratado, como gente, não
De uma sociedade bizarra escravo”.
Que fala de liberdade
Mas quando o preto levanta
Burguês já muda de face Muitos são meus pensamentos
Pobre pretinha iludida, Leonardo Paes Niero
Aquilo não era pra ela A vida é mesmo uma viagem
“tenho que sair daqui, pra onde nao interessa” Na expectativa de novos momentos
Arrumando sua mochila E a busca eterna de uma nova paisagem
Pensando em toda vida, Meu horizonte vai além
Acreditava na melhoria A vida do ser humano vem de tempos distantes
Que podia estar por vir. Nossa evolução mental é constante
Pretinha aprenda, a vida não é tão facil. Começamos como legítimos iniciantes
Mais anos vieram,e tudo parecia parado. É meu direito querer amar
Estagnado E o amor faz parte da humanidade
“Pretinha pretinha, chegou a hora de mudar” É meu direito questionar
Conheceu um novo mundo, de melanina força e Sem o questionamento não surge a verdade
cor Às vezes fica difícil
E se sentiu no seu lugar Estes direitos que não custam nada
“ah, é nessa que eu vou” Se tornam amargurados em um hospício
E deixam minha mente embaralhada
14
O meu corpo é um poema interminá- Luta que Florece
vel Nátaly Ramos
Taiza Barros
O meu corpo é um poema interminável Feminismo
Não é uma poesia a ser concretizada por uma Invade meu corpo
pessoa qualquer Liberta minha alma
Com qualquer palavra, qualquer frase forçada, Solta meus gritos
ou seninha de amor... Denuncia minha repressão
Não me convide para ser sua, eu não sou de Expõe minha força
ninguém; Me ensina a lutar
Assim como ninguém é meu! Espalha minha coragem
Nem minha eu sou... E por favor me apresenta a outras iguais a mim
Não tenho alianças, nem assinaturas em cartó- Pra nossa voz nunca mais se calar!
rios, nem bençãos de padre, nada que me tire a
liberdade me traz a mim... Sominha
Você não conhece meu coração, nem eu o co- Carolina Lima
nheço; sou minha
Então não seja tão grosseiro, me querendo minha só
apenas para acariciar os meus seios e tentar me sou
seduzir! sominha
Eu não sou uma mulher reciclável, eu sou HU- de amor
MANA e tenho sentimentos, apenas um co- só minha
ração, mas cheio de emoções e sentimentos de quem
insaciáveis... sou
O que me conquista ninguém sabe... sominha
Não sou uma mulher de caridades... de tudo que sou
Mas uma mulher de decisões. e estou
Não sou sua meia mulher, nem sua meia aman- e vou ser
te, nem sua puta! li-vre
RESPEITE A MINHA POESIA! me vou
Ela não é corruptível como os seus sentimentos;
E não são as suas bonitas palavras poéticas
que comprará os meus valores! As bruxas que habitam em mim
O meu corpo é a minha identidade, trancafiado Mara Farias
a 7 chaves Sou bruxa em casa,
Em terras inabitáveis... Sou bruxa ao ler tua poesia,
Não nasci para satisfazer os seus momentos de Sou bruxa do raiar do sol
luxúria, ao fim de todos os dias...
Como mais um troféu ganho em sua estante de Sou bruxa presa pela inquisição,
superficialidades. Queimem a bandida!
O que me suga a vida, o que me tira o fôlego, o Sou escrava açoitada pela escravidão,
que me faz sair de mim; nunca saberão... Amarrem a destemida!
Não tem um padrão! Sou puta marcada pela opressão,
A minha alma tem flores, amores e paixões! Batam nessa pervertida!
E na minha testa não está escrito: seja bem Sou militante tortura pela ditadura,
vindo! Estuprem essa corrompida!
Ou sim, ou não. Sou tudo o que você vê e não quer enxergar,
Ou tudo ou nada! Sou tudo isso, e não tente me negar,
sou foice amolada na caatinga,
sou índia resistindo contra mina,

15
Sou a cultura inflamada, Meu nome é Maria
sou sua história, doce menina! Nathalia Antonieta
Sou arma contra opressão,
Somos a luta, somos revolução! Maria ninguém
E eu valho qualquer quantia
que se permite pagar pela minha honraria
ELA
Enquanto espero meu belo outrem
Karif Malê
Me disseram que as 11 sai um trem
Mas não é hoje que me darei essa alegria
Amanhecia mais um dia.
Papai me disse a esperar um próximo para ter
Mas ela não sabia o que iria comer.
alforria
Debaixo da marquise daquela farmácia.
Alforria de dote
Ela só pensava em sobreviver.
Como se precisasse de um belo dom quixote
Aos quatorze, veio a primeira gravidez.
Me disseram pra não me preocupar que é por
As costas a família lhe deu.
cuidado.
Só lhe restou o céu como teto.
Então para ser mulher tem mesmo que carregar
E pouco de fé em Deus.
fardo
O pai da primeira ninguém viu.
E nesse papel eu escrevo em um dos Meus horá-
E depois dela vieram outras três.
rios ao léu
O pai destas sumiu na noite passada.
No meu aprendizado de mamãe de esposa
Estava sozinha outra vez.
Imagina só se eu fosse uma pequena mariposa
“Por que não fechou as pernas?”
Mariposas pegam as 11 os trem
Dizia dona Maria.
E vão pra lá de Belém
E o Pedrinho completava:
Mas me chamam de meu bem
“Merece, essa vadia.”
E dizem, você não é Maria ninguém
E assim ela vivia.
Você vai ser Maria de João
Tentando matar um leão por dia.
Juro que João é um homem muito bom
Dormia na rua, ao relento.
E João grita comigo num alto som
Tomando chuva, tomando vento...
Mas ele é um homem muito bom
Toda vez que o Sol nascia.
Fui eu que não aprendi a ser esposa
Era hora de partir para labuta.
Queria ser mariposa
Sacrificava-se sempre.
João me larga e vai pro além
Para que as crianças não sentissem fome.
E eu sozinha sou Maria ninguém
E que suas vidas tivessem outra conduta.
Queria completar os estudos.
Se formar, ser professora.
Assim como a filha de dona Ritinha. -
Que conseguiu virar doutora. Ainara Alcântara
Mas vida é traiçoeira.
Muitas voltas ela dá. No início, a mulher tudo fez, sim, a mulher.
Ela só queria que numa dessas. De onde mais viria tudo o que por aí há?
A realidade pudesse melhorar. Mulher que gera o mundo, mulher que tudo faz,
Da cruel sociedade. por que mesmo com esse papel, dela não se
Só recebeu tratamento vil. espera mais?
Não só ela, mas também outras.
Santas mães desse Brasil. Se eu que parí esse país
Mas um grito de liberdade. Por que ainda me calo quando falam que fute-
Ela irá ainda dar. bol não é assunto pra mulher?
E viverá tão bela paz. Se eu que parí essa nação
Que fará com que seja capaz. Por que ainda tenho que trabalhar bem mais
De um lindo sorriso mostrar. que o “patrão”?

16
Se a todos aqui eu dei vida Quem sou?
Por que ainda caminho sempre com medo, sozi- Larissa Cássia
nha, nessas longas avenidas?
Eu sou o que restou
Olhem bem senhores, tudo o que aqui está Das bruxas que não queimaram
partiu de mim, eu sou princípio, construo meios Sou o que não tem valor
e só me contento quando o medo, a exclusão e O corpo que violentaram
o desrespeito, chegarem ao fim. Sou, agora, o que não fui
Sou a dor que te agrada
Sou, de toda minha dor,
O gume de uma espada
Sou aquilo que sobrou
Feminismo meu de cada dia! Do período da inquisição
Fernanda Monique Sou alma e peito em fogo
Eu sou a revolução
Todos os dias quando eu acordo Sou dos navios negreiros
Sinto em meu peito a sua dor Do Quilombo dos Palmares
É por nós que estou na luta Sou o pavor que me cerca
E permanecerei com muito amor! A imagem em seus altares
Sou sua mãe de leite
Nas aflições de cada dia Filha dessa terra, mãe gentil
Eu desmorono só de pensar Filha da luta, da culpa
Imagina quando eu sentir Da pátria que te pariu
Pois minha hora vai chegar Sou a costela de Adão
Sou o fogo que te mata
As mulheres são seres fortes Sou o medo em suas mãos
Enfrentam com grande amor O pavor que te engasga
O machismo e o patriarcado Sou calma e ventania
Mas ainda sofrem com o temor. E sou tudo o que não quer
Dona da minha culpa
É difícil ser mulher Sou minha própria mulher.
Numa sociedade desigual
A nossa vida é interrompida
A gente rompe e se da mal. Resistência
Rangel Paiva
O machismo me faz sofrer um corpo nu
Até com a roupa que eu visto o verde invade o asfalto
Sou chamada de puta e vadia um homem de saias, salto alto
E não vou mais tolerar isto. uma pichação na zona sul
um não no vocabulário
Da minha vida eu sou a dona velho costume que se apaga
Já chega com tanta opressão a boca repudia a praga
Não quero mais suas ordens num ato revolucionário
Quer vc queira ou não! se há uma arte derradeira
nesta infeliz pós modernidade
Só de pensar que eu tenho vocês é a resistência de verdade
Isso muito me alegra de sua classe primeira
Pois com vocês eu sou mais forte se há uma infeliz verdade
Esse é meu corpo e minhas regras. nesta ofensiva pós moderna
é a segregação “hodierna”
do macro na imediaticidade
17
Marcas que mói...
Diego R. Clementino Ei! Homem, branco, cis,
Que cutuca feridas já cicatrizadas não vem falar pra mim
Marcas que contam minha historia que “sabe como é... Mas que não é bem assim”
Mostrando que não mais chora. Vacilão, fica quieto, na moral...
Das dores causadas por mim Enquanto o nego manda a rima
em não me aceitar playboyzinho passa mal.
Estive muito tempo no escuro.
Limitado por tudo, até mesmo Terrorismo na França, comoção mundial
De me conectar ao meu uso. reproduzida o dia inteiro no jornal nacional.
Fiz cores; fiz sorrir aquilo que mesmo feri. Chore pelo que quiser, com sentimento torto,
Da dor transformei em amor, Mas quero que se foda quem ignora preto mor-
Das marcas meu empoderador. to.
Retirando do escuro a minha
essência, minha ancestralidade, O muleque que cansa, de olhar pra vidro fecha-
fortalecendo minhas marcas do
Amadas que transfere De recolher seu lixo, num domingo de sol
a minha história Que pela multidão branca, é excluído e lincha-
A minha historia de vida do
Entre riscadas em retilíneas É o que te enquadra com uma faca e te mata
Continuaram sendo marcas, estas minhas no farol.

Quanta miséria pra gerar um vilão?


POEMA NEGRO Quantos Gigabytes de desinformação?
Grazy Ramos Qual a distância pra gerar, um desconhecido?
Não existe sorte com coxinha Com quantos pobres, se faz um rico?
se liga aí, irmão
Se o boy arrasta Só você sabe o que passou, pra chegar aqui.
quem se fode é a função. Mó veneno pra eles, é ver nois sorrir.
Se eu não mereço atendimento no hospital,
os gambé me reserva Por causa da minha vaga, eu vejo boy chorando
tratamento “especial”. Mas vão ter que aturar, agora é preto no co-
mando.
Trabalha duro pra ganhar
o que vocês gastam na farra, É bonito o cacheado,
mas desde sempre é a mulher preta é bonito o meu nariz
quem segura a barra é bonita a capoeira
na lida, quebrando amarra. é bonito ser feliz
você curte o meu som
A mesma que o patrão ignora até me chama de “truta”
quando com ela esbarra. mas e nesse turbante, cê carrega minha luta?

De passado apagado Negro é lindo, sim!


e história mal contada essa não é a questão,
o nosso sofrimento mas se a polícia me mata, por que você lava a
é motivo de piada. mão?
A verdade está dada
Rico, falar de mérito, é fácil demais mesmo que você não veja
quero ver subir no pódio Tá na moda ser negro
começando 500 passos atrás. desde que você não seja.
Fala de meritocracia
quem nunca fez um teste com a barriga vazia

18
Só você sabe o que passou, pra chegar aqui. Opressão
Mó veneno pra eles, é ver nois sorrir. Síria Maria
Por causa da minha vaga, eu vejo boy chorando
Mas vão ter que aturar, agora é preto no co- Opressão (s.f.): sujeição imposta pela força ou
mando. autoridade; constrangimento ou opressão mo-
É bonito o cacheado, ral; tirania.
é bonito o meu nariz Opressão é o que estão fazendo conosco.
é bonita a capoeira E opressores são todos aqueles moços,
é bonito ser feliz brancos, ricos e toscos,
você curte o meu som que estão no poder.
até me chama de “truta” São aqueles que querem tirar nossa liberdade,
mas e nesse turbante, cê carrega minha luta? que ignoram nossa diversidade,
que querem singularizar nossa pluralidade,
Negro é lindo, sim! e ainda se encontram no direito de exigir serie-
essa não é a questão, dade.
mas se a polícia me mata, por que você lava a Fala sério, autoridades,
mão? vocês acham mesmo que vão influenciar na
A verdade está dada nossa sexualidade?
mesmo que você não veja Livre (adj.): que tem liberdade de agir, pensar;
Tá na moda ser negro que recuperou a liberdade; que goza de inde-
desde que você não seja. pendência política, sem restrições, controle ou
limitações.
Livre é o que nós somos.
Não aceitamos intromissão,
aqui político nenhum mete a mão,
porque é o que nos dá tesão,
assim como ver corrupto em degradação.
Combater.
Emudecido Não vamos TEMER diante aqueles
Rodrigo Santa Maria Coquillard Ayres que querem nos colocar em seus BOLSOS
Moleque e nos esquecer.
Maluco Afinal,
Malandro temer, queridos, jamais.
Mulato
Maconheiro
Mendiga
Maltratam-no O Homem Lixo
Mágoas José Elias Avelino
Maloca um malote
Maneiro Quem é aquele sujeito que passa correndo,
Mirrado pro matuto levando consigo o
Muita miséria meu lixo doméstico? Não me interessa o seu
mata nome ou sua pessoa, e desde que a sua presen-
Masmorra ça passe rápido, rapidamente encontre outros
Mas morre lixos-sujeitos e no meu mundo caos faça-se
Mais morrem ordem.
Mais mães de luto. Tudo bem!

19
Mas continuo não gostando de indivíduo-sujei-
to-lixo, são pobres-pretos quase todos, fétidos, Alforria
feios, desdentados. São inadequados na SELF, Regiane Faria
suas faces não SERVEM no face, são falsos ver-
dadeiros. Por isso, não servem para a política, Vale o negro, do tambor da raiz o amor
POLÍTICA é pra gente fotogênica, agradável, de Vale África, localizada no nordeste do país,
fala suave, pausada, gente mansa, estudada, de dos quilombos, quilombolas, do Baú, resistência,
claSSe, de tradição. Permanência!
Quem puder mate um vermelho afogado, é um Aos pretos velhos, navios negreiros,
serviço humanitário! a dor dos cativeiros,
Sujeito-lixo atrapalha a harmonia do mundo. o sangue que corre em minhas veias
São assim meio de outro jeito, jeitosamente Gritam de tantas dores, aos ancestrais...
horrendos. Seus olhos horrendamente desejam, Guerreiros!
bafejam desnutrição, não sabem ter pedigree, Os gritos sujeitos a rancor,
não sabem ser EU. do nojo se fez homem,
Odeio ideias democráticas, tudo que não é autentico ! A carta de alforria
completamente EU, me tira do eixo. É a lei da que a moça branca nos “libertou”.
natureza, o mais forte, o mais hábil, o mais boni- Vale a cultura, da capoeira,
to, o mais rico, o mais esperto, o menos pobre, o da dança, do afro, da comida,
menos feio, o menos você. o gingado da angola, que rebola
aos sons dos berimbaus,
Teima Ritmado, que na ação arranca poeira.
Marcos Freitas Vale o ser, humano da cor que é,
o seu moço preto, a moça índia,
Negritude branca, cabocla, estrangeira,
NegrAtitude da mata, da cidade, do campo do canto,
Mistura... a mestiçagem da mistura de dona maria e seu
pele zé.
Escura Quero que a alforria me vale a pena!
Queima Vale, o andar, o rosto a favela,
Teima a cota, a religião, a fé, o branco.
O poeta já falou: Vale o turbante, a resistência,
Alma não ter cor a vida que mesmo no século XXI,
Mas, preconceito tem! é presa, refém, escrava, do padrão,
Resistência Do branco e do pão.
Consciência
Lateja todo dia
Pipoco de rebeldia
dá Licença!
No muro
Na Beira
Do Rio
Velho Chico
o Picho
da a sentença:
“Conheço uma história do Negro sem Brasil!
Mas, não conheço uma história do Brasil sem o
Negro!”
Chega de preconceito!
Já passou da hora de se ter o Respeito!
20 de novembro é pra lembrar
que a Consciência Negra é todo dia!
20
Direito fundamental pra quem? AINDA, NEGREIRO.
Marcela Silva Amanda Rosa
Vim em um navio mais conhecido, como
Direito fundamental pra quem? Navio Negreiro
Pra branco? Vim de um tempo,
Pra rico? em que lutar, não podia ser receio.
Fazendeiro? Nos trouxeram, e junto a nosso povo,
Político? veio junto, o medo.
E o Zé Ninguém? Negreiro.
Que que tem? Veio a luta, veio a busca,
Autodeterminação ou destruição? e veio o sangue, o desespero.
Justiça ou invasão? E viramos os explorados,
São 10 anos por uma solução viramos os feios, os de nariz largo.
São 10 anos por paz na região Os de pele escura? Não. Aqueles de pele suja.
Latifundiários Aqueles, jogados no ralo.
Ruralistas E nos tornamos essas que travam luta.
Ataques de milícia Essas, cuja a burguesia, nos quer muda.
Eu vejo malícia Se ausentam de nossas vidas,
Mas não vejo notícia como se não fizéssemos parte,
Eu vejo Guarani Kaiowá, dessa pátria, por nós, nascida.
Munduruku, Tupinambá A nossa boca não mais se cala,
Eu vejo o ódio racial aumentar e se tentaram, haverá falha.
E a dor da pele se alastrar Nosso grito é coletivo,
Dignidade pra quem? não lutamos por só um umbigo.
Pra esse povo, pra Zé Ninguém? Lutamos por um povo, que historicamente,
Privados da própria cultura foi um povo oprimido.
É gente morrendo
E a essa altura ninguém escuta
Um genocídio calando toda uma luta
Querem exterminar a cultura indígena
Acabar com um por um
Até que nenhum mais exista
Tiro de borracha dói
Mas tiro de pistola é foda
É foda ver que ninguém se incomoda
É foda o apoio do Estado Brasileiro e sua tropa
É foda
Tem um povo morrendo
E a gente nem nota.

21
Tez E os teóricos da mudança se limitam a tão
Journey Pereira dos Santos pouco:
Negro Cativos das ideias, fogem à ação
Todo negro deve querer Como a chama da vela foge do sopro!
Ser Então, pensemos na ação como derradeiro
Negro porto!
Todo negro deve saber Porque idealismo sem luta,
De cor e de cor É um pensamento morto!
Lex Alba Da Essência do Além-mar
A Amarildo Dias de Souza e a todas as vítimas Aos negros e negras desta nação-continente...
da covardia policial que mata negros e pobres. E deste lado do Atlântico ouço o toar
Auto de resistência Dos tambores sagrados de Angola.
Crime Trazendo nas plagas de cada rufar,
Existência A essência ancestral quilombola.
Ato de resistência E do ilê posso ver no olhar vasto,
[Causa mortis] Daqueles que quase nunca são vistos,
Indeterminada A imensidão da alma Malê, Nagô, Jêje e Banto.
Sem explicação Que a história parece tomar por esquecidos…
Sem explicação oficial E este solo abençoado apresa as lágrimas do
Sem explicação, oficial? teu pranto,
A mentira Como a herança do sofrimento e das dores do
Um relato descrito passado…
A verdade Quando em luta plena se lançou, para nunca
Uma sombra esquecida mais ser subjugado!
[Para pobres e negros] E agora, a verdade plena ecoa livre em teu
A lei e a força canto!
[Para ricos e brancos] Revelando uma nação tropical imersa em mági-
A justiça ca,
Uma Pois além de América e Europa, tens na essên-
Velha cia, muito de África!
Senhora
Eugenista
Altiva e cega
Com distinção
E sem piedade
Silencia e executa
E os sonhos e as vidas
Morrem
Sem explicação
Sem explicação oficial
Mors ab Idea
A Carlos Marighella.
Desistir de sonhar,
Neste mundo de tantas dores,
Nos conduz ao infindo báratro
Duma existência morta…
Hesitar subverter,
Esta ordem torta,
Não só anula este mundo
Como ceifa a possibilidade de um outro…

22
Golpearam-na Juventude e a luta popular
Manoela Paz Nayra, Jose vandisson, Darlison

E levantaram bandeiras de cores verde e ama- A juventude ta na luta


rela querendo participar
Falaram que estavam lutando por melhorias no fortalecendo o povo
país pra com isso te mostrar
Que iriam expurgar o ladrão que o Brasil só vai para frente
E acabar com a corrupção com a luta popular.
Lutaram e lutaram Vamos juntos juventude
Até que conseguiram pelo campo lutar
E o povo meio ingênuo se estendo ao precipício resgatar nossa história
Esses rebeldes que clamam o poder e nunca parar de lutar
Só querem continuar com seus privilégios e se no campo crescemos,vivemos
favorecer e é onde devemos estar
Enquanto o povo fica sem entender e abarca lutando por nossas sementes
num barco de ideologias fascistas e soberania alimentar.
Não conseguem perceber que estão num náu- A luta do povo unido
frago, náufrago de leis trabalhistas, náufrago buscando revolução
com os direitos dos cotistas por um país sem miséria
Acorda povo, a bandeira verde e amarela não e boa alimentação
nos representa acreditando no socialismo
Só traz injúrias e violências braços dados como irmãos.
Cidadãos de bem? Melhor poderíamos estar
Ou cidadãos que querem roubar os bens? mas um golpe conseguiram dar
Bens que a classe trabalhadora conquistou com por isso o FORA TEMER
muita luta devemos sempre apoiar.
Aqui tem sangue de muita tortura Unidos devemos estar
Tortura esta que não foi fruto de fuga para nosso governo melhorar
Mas foi fruto de insistência de novo FORA TEMER
Insistência pela busca de direitos e democracia vamos juntos gritar!
Golpearam-na
Disseram que ia acabar com a corrupção
Mas só vi ação para tomar o poder
E tirar os poucos direitos do povão
Se liga burguês que a juventude está vindo igual
um furacão
E as opressões não vão continuar não
A juventude tem visão e sabe que esse golpe é
de ladrão
Fora Temer, fora Bolsonaro
Fora todos os monstros do congresso do planal-
to
Nossa bandeira vermelha foi erguida
E a nossa luta não acaba enquanto essa corja
for extinguida.

23
JUVENTUDE Poesia companheira
Flaviano Lima Raissa Almeida – Galisteu
Eu vim, eu estou, eu existo. Começo pensando em mim
Eu falo, eu luto, eu grito. Já não sei o que esperar
Sou negro, sou mulher, sou lírio. Meu futuro? Estrada aberta
Sou quem eu quiser, No projeto popular.
Eu resisto. Começo pensando aqui
Sociedade levanta, Devo muito a ti, amigo,
Se empondera do teu mantra, Nas lembranças, militâncias,
a juventude, Como é bom lutar contigo.
derruba a estrutura, desmonta a ditadura, Caminho pensando em mim
naturalizada como a morte. Meu papel na sociedade
Sou pobre, sou favelado, sou forte, Tanta força mais procuro
eu falo a língua do povo, Nos meus sonhos, irmandades...
eu represento o que sinto, Começo pensando em ti
dialogamos com todos, se não soma, Juventude que ousa lutar
estraçalho os ismos. E já não consigo viver
A revolução é um processo, Sem na tua mão segurar.
se supero, superando eu opero, Termino pensando em nós,
se opero, operando eu concerto, Meu amigo e companheiro,
se concerto é porque quero está, Perdoa as palavras bobas
numa sociedade possível, équa. Que o feriram desse jeito.
O popular somos nós, Termino pensando em nós!
a manifestação é nossa voz, Já não sei o que escrever,
o levante que nos une Poesias sem palavras
num papel construído, irmão. Ironias de se ver.
Sou diversidade, Da Transamazônica à Belo Monte
sou cor viva, Ainda é o horizonte
sou arte, De milhares de retirantes.
sou realidade e imaginação. De uma pacata cidade
Sou minoria que de pequeno não tenho nada, Nos tornamos manchete mundial
sou preta, branca, verde, sou ousada, Pois por aqui avançou o capitalismo
sou o arco-íris todo se preciso for, Com sua ganância colossal.
sou maria bonita, sou furacão. Ainda temos muito que avançar
Sou mártir dessa comuna, Segurança, educação e saúde pública
sou o espectro que ousa pairar, Mas da história suada até aqui
sou fogo, fumaça, A classe trabalhadora muito tem a se orgulhar.
sou micro, sou multidão.
Sou organizado, sou consciente,
sou esperto, não sou inocente,
Sou nordeste, norte, centro-oeste,
sou fruto, sul e sudeste,
sou semente do meu povão.
Sou Brasil, diverso e belo,
Sou verso, poesia de atitude,
Sou povo pautando um projeto,
Sou Levante Popular da Juventude.

24
Que juventude é essa?
Diogo Teixeira não vão recuar
Que juventude é essa que peita a vida e pega a e a parada na Universidade, aqui vai ficar preta!
história com as mãos? Pra nós na rua, à noite, não tem atalho
É a juventude que não aceita temer, que desa- “não confio na polícia, raça do caralho”.
fia lacaios impunes e denuncia torturadores e Sobre o que tu nunca sofreu
golpistas que desmontam a nação! sua argumentação é inválida,
Que juventude é essa que se organiza e ousa então vai gelando enquanto o neguinho
estudar e lutar por uma alternativa de futuro? expõe tua cara pálida.
São as netas e os netos de Marighella que Os bico marcha pra defender liberdade indivi-
aprenderam a ler soletrando Liberdade nas dual,
universidades, escolas, campo e periferias do esquece que na favela a opressão é policial.
Brasil! Acende, puxa, solta pra cima...
Que juventude é essa que não se intimida com o 10g de maconha, 500 anos de chacina.
ódio e mostra seu gênero, seu corpo, seu rosto e Os maluco paga de vida loka, rouba carrinho
sua cor? de mercado,
São as sementes do mundo novo semeadas é fetiche de playboy, que pela polícia não é
pela própria Aurora e que fazem jus à grandeza parado.
de seu povo incendiando o absurdo e plantando Nas festa paga de “puta e cafetão” e mafioso
flor! Mas eu entendo...
Que juventude é essa que se indigna ao mani- São os babacas que não sabem o que é cotidia-
festar-se da injustiça em qualquer rincão? no violento.
É a juventude que não tem fronteiras para o Querem mais muros pra separar, dividir, ter
amor, para a dor, para a compaixão e possui privacidade,
a tenaz capacidade de ser camarada, de ser querem viver dentro de uma bolha, flutuando
companheira! dentro da cidade.
Que juventude é essa que escolheu não esperar Mas uma hora a bolha estoura,
e traz na batucada a convicção de quem enten- pode crer, não demora,
de que a vida só a luta pode mudar? e os muleque que aqui não entra
É o Levante Popular da Juventude e sua ousadia te espera do lado de fora.
é o povo no poder! As pixação racista nos banheiros
É o povo no poder!! É o povo no poder!! fruto de crânio oco.
E é bom mesmo ceis se esconder,
por que, se não, o bagulho vai ficar louco.
Seja citando Marx, ou fazendo integral
Os cara dá opinião sobre o que nunca viveu.
DOS MUROS PRA LÁ Aí! Esquece tradição colonial
Pedro Martins A minha vaga nunca lhe pertenceu.
Na sala de visitas vai ter batuque.
Debaixo das árvores daqui Heróis, Igreja, e hegemonia branca, não vai ter
sombra tranquila, “namastê”, paz e amor... mais.
Se na raiz tem omissão, No seu rádio vai tocar
nos nossos frutos, só rancor. é Sabotage, Racionais.
Os boy fala de mimimi Mulher guerreira vai lutar
porque a sua tranquilidade foi afetada, atropelando o patriarcado
tomamos a casa grande de assalto firme na missão,
e do seu conforto, não vai sobrar mais nada. que nem Dandara,
E tamo aqui pra incomodar, com o que precisar
não vamo deixar passar Com livro ou faca na mão.
mexeu com um, mexeu com todos O amor será livre
ainda vai ter muita treta, e também serão:
Minha identidade e minha orientação.
25
Privilegiados de toda parte! E N G O L I R---N Ã O---É---U M A---O P Ç Ã O
não se acomodem na mesmice. Elaini França
Geração da chatice Estou desde ontem tentando engolir o soco que
Carrega em si a revolução. ainda tá atravessado na garganta
Virei pra lá, virei pra cá e nada,
não adianta
Um gosto amargo no peito e uma aspereza na
Lutar sempre, TEMER jamais boca, um cheiro estranho no ar…
Maria Angelica (MOC) Chega!
Conjutura danada Não vou engolir porra nenhuma, acabei de
No poder um ladrão vomitar!
Ladrão de democracia Vomitei nos fogos e no Champagne da come-
E a mídia até hoje no mensalão moração,
7X1 resultado de ministros Vomitei em quem justificou o SIM como sendo
Mas divulga-se petrolão em prol da nação.
Não existe mais cultura Peraí , meu irmão, está maluco?
Educação tu não me representa não!
Nesse governo golpista Vomitei no Cunha, no Temer e no Aécio
Seletiva é a indignação Vomitei na corja perversa que faz de circo o
Bandido é Ministro congresso.
E pra movimento social Ia vomitar no Bolsonaro, mas Jean representou
Sobra a cassação Tacou-lhe um cuspão no meio da cara daquele
Tudo pelo medo fascista opressor.
Do fim da escravidão Vomitei na rede globo, que narrou tudo de um
Quem está no topo pedestal elitista
Só pensa em ascenção Querida farsa midiática, para mim e para os
A luta continua meus,
Pode ter medo do “povão” Serás sempre imundamente GOLPISTA!
Nesse governo não há mulher Vomitei em quem comemorou como se tivesse
Coitado do bobão chegado ao pódio
A negritude sumiu Da nossa luta nada sabem, aí desse lado qual-
Necessária desconstrução quer argumento é discurso de ódio.
LGBT reprimido E agora com alma lavada, a tarefa é juntar
Cadê o futuro da nação? meus camaradas!
“Mas o morro mandou avisar Se preparem!
Se a senzala descer É o aviso que lhes faço
Ninguém vai segurar” Estamos reorganizando os passos
Somos maioria nesse Brasilzão Vai ter paredão fechado o trânsito
Esqueceram esse detalhe Vai ter um eco ensurdecedor do nosso coro de
Meu irmão resistência.
“Lutar sempre, TEMER jamais” Vai ter insistência.
Diga não a resignação E se insistimos é porque acreditamos numa
sociedade justa, livre dessa engrenagem capita-
lista de segregação e exploração.
vai ter
L
U
T
A,

26
Irmão!! Desaparecidas
Fascistas não passarão! Guilherme Gandolfi
Vai ter veia saltada no pescoço
Porque meu voto não cabe no teu bolso. É o titulo dado às dores insepultas
Vai ter gente preta ocupando todos os espaços que permanecem ocultas por seus algozes far-
A senzala e morro já desceram e se juntaram ao dados
nosso laço Dentre tantos nomes evanescendo
E para as tuas panelas, Mães, filhos, sindicalistas, professores,
Deixo um belo ((Puto que pariu)) funcionárias, estudantes, agricultoras,
Elas nunca calarão a voz militantes, irmãs...
Dessa juventude FOGO NO PAVIO Dentre tantas feridas abertas
E se preciso for, Existem três que fazem mais falta
Deixo logo avisado, por todo o Brasil
Pro teu helicóptero não nos perder de vista, por toda América Latina
Vai ter até fogo na pista. Não!
Então se prepara que a fratura tá exposta por todo mundo
O domingo realmente foi foda, A sua ausência se faz presente
Mas é nos dias que virão O fato de não tê-las conosco
Mas é nos dias que virão É um estupro a democracia
Que vocês sentirão nossa resposta. Um abuso aos mais humanos de nossos direitos
Enquanto não pudermos regatá-las
Enquanto não derramarmos pelos olhos
Toda água e o sal de nossos corpos
Não poderemos nos libertar
Eu que não estive presente
Não pude sentir a dor dos torturados
mas carrego as cicatrizes em meu corpo
Eu que não fui o pai desesperado
em busca de sua filha sequestrada
mas ainda sim busco respostas
Eu que não lutei contra os militares
mas ergui nossas bandeiras em junho
Eu que não ouvi os gritos
mas ainda sim os repito
– Onde estão nossas desaparecidas?
– Onde esta a Memória?!
– Onde esta a Verdade?!
– Meu Deus, onde esta a Justiça?!
Não sabemos
No entanto, elas ainda vivem
como vivem também
Marighella e Dandara
Toda vez que de punhos cerrados
Resistimos

27
Em frente lutar melhor
Danízio Xiru Não fique longe de mim.
Em frente Por mais politizado,
guerreiros desnudos por mais engajado na luta.
de mãos calejadas Muitas vezes o patriarcado ainda me disputa
que a voz das enxadas com você. Preciso de você pra vencê-lo.
não pode calar... Mulher, tu nunca foi frágil.
O sonho floresce Tu nunca foi inferior.
na planta que cresce Tu não precisa de um dia.
e o pão se divide Porque sei que você trocaria qualquer dia
pra quem sabe amar Por uma vitória contra o seu opressor.
Em frente... Opressor esse, que eu não quero ser.
andejos do nada Quero avivar em mim o desejo de lutar por você.
destino traçado Para que o seu viver seja pleno e florescedor.
um brilho no olhar QUERO TE AJUDAR A ACABAR COM SEU
A terra se abre OPRESSOR!
abriga a semente
que os filhos da gente
verão germinar...
Em frente...
que os legisladores
e a própria justiça Democracia aí vamos nós.
retratam a cobiça Larissa Moura
de antigos senhores... Eu sou a puta
Por trás do alambrado A santa
há morte a vigília A outra
na eterna partilha As tantas
que nunca é lembrada... Mulher
Em frente... Filha de não sei quem
os sonhos fecundos Nascida na esquina de lugar nenhum
semeiam no mundo Me criei de favores
uma nova esperança... E nunca provei do amor não
Um dia as enxadas Ora palito
derrubam a espada Ora balão
e o sonho renasce Nunca me encontrei dentro do padrão
no olhar da criança... Ou na televisão
A não ser como a esposa do ladrão impune no
programa do Papinha Papão
Me ajude, mulher de luta. Sou a pobre que a revista veja não abraça
Cláudio da Silva Campelo A preta que na novela não passa
Eu te amo mulher de luta. A não ser que seja açoitada
Te amo pela sua conduta. Violentada
Quero tá contigo na disputa. Estuprada
Me ensina a te respeitar. Usada
Me ajuda a tirar essa herança Não sirvo para a mídia
Essa sombra dolorida do Não me vejo na televisão
Machismo. É não estou mesmo dentro do padrão
Com você junto a mim companheira, Mas já que a consciência me permite
vou Grito, não me calo não
aprender melhor E luto para que um dia
viver melhor Democratizem a tal da comunicação.
amar melhor
28
Não sei se sou sua praia, mas, tô no caminho
meu quintal Que fiquem avisados a todos os que “ eu voto
Caio Lima sim pelo meu Brasil”
“O ódio tava doce quando saboreei, mas, sem E aos que apóiam
tempero de violência. Que a luta apenas começou
Foi um desabafo num prato quente de vingança Fiquem sabendo que a juventude está chegan-
Disponho de minha arrogância contra quem do com tudo
Por notas de cem matou sonhos sem clemencia. Fiquem sabendo que vamos para as ruas SIM!
Vamos fazer protestos SIM!
Não sinto conforto em casa. (Por quê) E quem sabe tirar a blusa? Vamos tirar SIM!
Toda hora me vejo na pele dos outros E se reclamar, iremos fazer mais
Não sou santo, no entanto, me comovo E mais
Muitos vive sofrendo muito e sobrevive Por que juventude que ousa lutar, constrói o
Com pouco. Aí, toma minha mão de obra poder popular!
Barata e me volta sua desigualdade de troco.
SOBRE O AMOR MILITANTE
Minha barriga grita o nome da fome Ana Sofia
Sujeito aos home vou caçar migalhas Meu amor,
Que nem rato, por entre os escombros Se as marchas fossem passeios
Avisto capitães do mato desemprego De mãos dadas contigo,
Querendo me amarrar no tronco Devaneios
Às margens de rios, lagos
O que falta no financeiro do moleque À sombra de uma árvore,
Ele tem ódio de sobra no calibre. Debaixo de um guarda-sol.
Seu herdeiro não sabia quando Se todos os pneus queimados
Perdeu seu amarok achando que tava livre... Fossem os nossos corpos em chamas,
Da desigualdade, crack que se propaga, Em camas,
PM quer propina, e sofrimento da favela pra Aos sábados de manhã.
Globo é vitrine. Se todas as reuniões,
Até pra quem tá de dedão jão esse mundão é Coordenações
pequeno. Fossem conversas intermináveis
Brasil é comércio de sex machine. Imagine, John Embaladas por canções que falassem
lennon De amor. Que dor!
Disse, eu imagino e tô querendo por enquanto
desce esse rap veneno Para que servem afinal as canções de amor
Nos tops de venda mundiais
Se eu trabalho e estudo 40 horas semanais,
Domingos e feriados,
Cansados de sofrer E ainda vivo na casa dos meus pais?
Ana Clara Silva Guerreiro
Queremos vencer! Quem me vai matar a sede de ti,
Sabemos que não será fácil A fome de ti,
Mas quem disse que seria? Quando acabar a água potável
Queremos luta E não houver no mundo
Povo negro Mais campo para produzir?
Lgbts
Movimentos sociais Meu amor,
Levante Amar-te é um privilégio,
MST Mas a bandeira na tua mão
Juntos somos mais fortes Ocupa as quatro câmaras do meu coração.
Iremos nos unir
Não desistiremos com a primeira pedra no
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João o marginal
Raquel Malange Eu fiz cursinho popular
Nasceu na Periferia Vou passar no vestibular
Uma maca em um hospital O emancipa vai me ajudar
Era tudo que ele tinha Tenho fé, vou ralar
Com apenas dois anos Mesmo minha mãe gritando
começou a falar Filho vai trabalhar
Mas a dificuldade Perdi o dia da prova
Fez ele se calar Pois fui ver um emprego
Cresceu vendo brigas Não vou entrar na faculdade
Entre seus pais Mas vou sair do aperto
Eram tantas intrigas Não passei na entrevista
Intrigas de casais? Só porque não era branco
Quem dera se fosse só isso Pra ter um chefe racista
Era briga pelo estresse do serviço Prefiro ficar sem trampo
Não tinham dinheiro nem pro pão João tentou
E isso pesava na consciência de João Mas nada deu certo
Então com 10 anos começou a roubar Um amigo ofertou
Sabia que não era certo Dinheiro de fácil acesso
Mas o certo pelo certo Virou dono da boca
Não fazia ele jantar Conhecido no morro
João tinha um sonho Quando via policia
Queria viajar Corria que nem cachorro
Mas sabia que pra isso Pá pá pá, muito tiro pro ar
Tinha que estudar Ei moleque! Vou te ensinar a respeitar!
Com 15 anos conheceu uma garota Agora vou te algemar
Essa era diferente, inteligente Pra tu parar de traficar
Não era igual as outras Bandido bom é bandido morto
Fazia diferente Era oque João não parava de ouvir
Logo no início Foi tanto chingamento foi tanto olhar torto
Começaram a namorar E a pm gostava de repetir
Ele não imaginava Bandido bom é bandido morto!
Que ela ia engravidar João não era bandido
Qual era a solução? João era um menino perdido
Vamos abortar! Ele só queria ajudar seus pais
Eu não tenho dinheiro Para eles não brigarem mais
Nem pra comprar comida Mataram João sem dó nem piedade
O que é que você Eles não quiseram saber da verdade
Fez com a minha vida!? Assim como João muitos jovens negros, periféri-
Não temos mais saída cos são mortos todo dia
Aborto clandestino Por culpa do sistema
Fodeu!!! De meritocracia.
A namorada de João morreu
Eu não sei oque fazer
Como é que vou viver
Meu Deus por que comigo
Tinha que acontecer
João foi a luta
Parou de roubar
Mudou a conduta
Começou a estudar
Minha vida vai mudar

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