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Luzda essencia
1928
MINERVA CENTRAL
TIPOGRAFIA
-LOURENço MARQUES
JOSÉ ANTONIO MACIAS
UZ da essencia
1928
TIPOGRAFIA «MINERVA CENTRAL»
-LOURENÇO MARQUES-
Duas palavras do auctor
Ninguem mo
póde negar
Seja mau ou bom sujeito
Não são obras pra cantar
As obras que eu tenho feito.
A vida é um fósoro
A vida é um movel
A morte é um Deus
Que temos na vida!
A vida é um monstro
A vida é um dia
Até ao Sol-Por,
A morte é um leito
Para descansar,
A vida é um dinamo
O Mundo o motor,
A morte éum anjo
Que nos faz voar!
10 LUZ DA ESSENCIA
A vida é um jogo
Que perde a partida,
A morte é um
Para o rico - pavor
nobre,
A vida é um bobo
Come sem medida,
A morte é um alivio
Para quem é pobre!
A vida é um filtro
Sempre a amanhecer,
A morteé um sono
Que depois nos passa.
A vida é um ser
A vida é um cúmulo
De grande ilusão,
A morte é um soproo
Que a luz nos apaga,
A vida é um Deus sbiv
Que temos na mão,nul
A morte é um pêso
Que a todos esmaga!
LUZ DA ESSENCIA
A vida é um fardo
Ruim de passar,
A morte é um rio
Que ncle mergulhamos,
A vida é um diabo
Wue nos vem massar,
A morte é um sem
Saber p ronde vamos.
A vida é um gôzoo
Que perde o feitio,
A morte é um teimoso
Que a todos nós chama,
A vida é um togo
Como o sol destio,
A morte é um justo
A vida é um martirio
A morte é um ganso
Que estende o pescoço,
A vida é um catre y
Onde todos jazemos,
A morte é um vulcão
Que só faz destroço.
A vida é um jardim
De rosas abertas,
A morte é um poço
Que a todos afoga,
A vida é um sonho
De coisas incertas,
A morte é um batoteiro
Que a vida nos joga
12 LUZ DA ESSENCIA
A vida é um fado
Que Deus deu ao mundo,
A morte é um corte
Na planta que cresce,
A vida é um mistério
Bastante profundo,
A morte é um santo
A vida é um pranto
Dura até morrer,
A morte é um polo
Por onde passamos,
A vida é um rio
Matéria a correr,
A morte é um dia
Em que mal pensamos.
A vida é um louco
Parvo embriagado,
A morte é um cofre
Que fecha a gente,
A vida é um passo
Muito amargurado,
A morte é um raio
A vida é um sem im
Espiritual,
A morte é um cão
Provocativo,
A vida é um Deus
Sobrenatural,
A morte é um sono
O morto é um vivo!
Infelicidade do Adão
um dia a chover
Mal foi
O barro se fez
em lama
a pouca sorte
Lamentou
uns pingos
Apanhou tambem
Derivando a sua morte ...
que choraram!
Com lagrimas
da terra os vermes
Surgiram
nos valeu!
Foi quem depois
A moderna geração
Mas o Mundo continua
Ainda á Pai-Adão!
Mudando d'opiníão
Inda acredito no todo,
A tirania voou
O remorso assumiu,
Mas Christo alumiou
Esquecendo as agonias
Seus algozes perdoou.
aflitas
Das suas magoas
morais.
Sairam as leis
por caridadel
A pedir
Um bocadinho de amor
Para aliviar as penas,
Dum Mundo devorador
A essencia natural
Da bondosa Natureza
Fez o jardim Portugal
Fez a Patria portuguesa!
Es perfeita
mãe divina
De virtude e de bondade
E's a Patria Manuelina
E's a ma da caridade.
18 LUZ DA ESSENCIA
Es cobiçada no Mundo
Por Impérios e Naçõoes
Es na sciencia profundo
E's a Patria de Camões.
Foste o do passado
farol
Descansa em paz
Guerra Junqueiro
Que a poesia
Em Portugal
Surge entre as rosas
Num bom canteiro
Liricos sonhos
Dum imortal!
Descansa em paz
Que a tua alma
Tão justamente
Para Deus vôa
Descansa
emfimeo
Na doce calma
Que a voz dum anjo
Teu hino entoa!
Descansa em paz
Num ataúde
Que a tua Patria
Brota de gloria
Ver num seu filho
D'alma evirtude
Mais uma fonteno
Na sua historia!
LUZ DA ESSENCIA
20
Descansa cm paz
Que num momento
Teu cerebro vôa
Pelo espaço
Na Patria deixas
O teu talento
Por ti eu choro
A ti me abraço!
em paz
Descança
Nobre Junqueiro
Que por ti choram
Tantos corações
Vai á procura
Pelo nevoeiro
A vêr se encontras
O grande Camões!
vossos labios
Juntai
Suprema poesía
Brazão desta Patria
Nobre portuguesa
Vosso talenton
E pois sem igual
Para a poesia
Não houve segundo
Filhos da Patria
O bom Portugal
Descansa em paz
Pocta Junqueiro
Alma nos ceus
Corpo no chão
Dorme, descansa
Manso cordeiro
Na companhia
Dum bom irmão!
Descansa em paz
Nessa candura
Onde verdega
A nossa essencia
Mortos que falam
Na sepultura
Enchem a Patria
De consciencia!
ralh snobig su
Desabafando das injustíças
A minha Patria
querida
Neste torrão cafrial,
Ao longe vejo eu e tu
O grande absolutismo
De querer pisar o pequeno
Há-de vir um cataclismo
Eis vomitar o veneno.
Até o macarronete!
Na conferencia Genebral."r
Um malvado saliente
Em terras de Portugal,
N'Africa, no Ocidente
A dar ligõcs de moral.
Em dias de Carnaval
Essa bondosa figura,
Devoto á cscravatura...
Perfumarem Portugal !
Somos vilipendiados ..
A traição por vís tiranos,
um trapo
Julgaque somos
Ou guardanapo de mesa,
Por cima de encher
o papa
Cá na Patria portuguésa.
Assim passam
A
A
cobiçar
pedir como os
os seus anos,
o alheio..
ciganos .
ois
Na França
As glorías de Portugal!
cá tambem
Não andou por
tropa ?
A nossa pequcna
a guerra
Ajudar a vencer
contra a Europa?
D'Alemanha
Afinal tu oh cachopa
de Portugal ?
Que dizcs
fraca industria
Que temos
Mas muita força moral!
O talento, a sciencia!
Em nós tem grande guarida.
d'alma e vida!
Portugal
Fez tremer o mar, a terra,
No final da contradança.
LUZ DA ESSENCIA 29
Agarrados ao canhão,
Para vos livrar das garras
Duma poderosa Nação.
E um homem de Escalhão
Que le na vossa cartilha,
Chamais-nos analfabetos
Inda assim temos desprezo
Da vossa civilizaçãoo
Incluindo o contra-pêso.
Os ingenuos estrangeiros
Que por vós são bem tratados
Eao poder de
cachaça
Por vós bem ludibriados.
A
Aisne FrançaSainte Gobaine, 24-12-924.
24-12-1926
Vida amargurada
Rainha do mal
Negra vil fantasma
A vida local!..
Formosa-elegante,
Té na sepultura
E puro brilhante,
Mas no coração
E pó de sapato,
Escuro de dôr l..
Por falta de prato..
Depois o governo
Nesta lentidão,
Não vê o inferno
Com ele já na mão,
No dia que acorda
Todo apoquentado,
Há-de vêr na corda
O povo enforcado!.
32 LUZ DA ESSENCIA
Não é só a pena
Assim compreendida,
cidade
Ver-se na
Gente á boa vidal.
E dobrada pena..
Não se aproveitar
O braço daquele.,
O tempo é dinheiro
Há que aproveitá-lo,
Uma Patria pobre
A desperdiçá-lo,
Parece, que
o tempo
P'ra nós é de azar,
Gasta-se em conversa
Sómente a falar!
O povo a tinar-se
Na vil endolencia,
Desacostumados..p
Perdem a coerencial
Oh!... quem me dera
No final ser
cucusinhosin mt io
Para cantar no valado
alsups
Cucu... Alem da
tronteiracd o mo
Quantos me dás de casado,
3
Eu sou filho natural
Nobre colher
Santo martelo
Do bom pedreiro,
Quanto trabalho
Sem agasalho
Emfim produz,
A sua historia
E bem notória
Farol de luz!
De longa data
Rompeu a mata
No mundo inteiro!
Pedreiro rude
Tens mais virtude
Homem grosseiro,
Não imaginas
Pelas esquinas
Quanto és de bom,
Foste no mundo
O mais profundo
Mais bom Maçom,
Que a progredir
Andou pedir
Pró captiveiro.
LUZ DA ESSENCIA
36
data
De longa
a mata
Rompeste
Foste o primeiro,
A trabalhar
Sem descansar
Boa vontade
Em todo o ano,
Na senda nobre
Pedir p'ró pobre
Pão e dinheiro.
Socorros mutuos
Nos tempos brutos
De nevoeiro,
A sociedade
De caridade
Só tu fizeste
E construiste,
Estôjo belo
Colher, martelo
meus meninos
chorais
Porque
inundados
Em lagrimas
pranto
tão pungente
Vertendo
maguas
De que são essas
Em corpos pequeninos
tanto!
comovem
ue vos
mae
morreu-lh'a
Não teem pai,
orfs creancinhas
Cinco
em tenra idade,
lodas
Sem terem nenhum abrigo
a vossa desgraça
E grande
de dôr
cheios
Corpinhos
No coração embotida,
infame maldita
Que vil
od isd20M
Vivendo no Mundo só
da sorte
Desprotegidos
Sem pai, sem mãe, sem nada,
Que infelicidade, meu Deus
Oh. Vilipendiados
Pobres assim no Mundo
Mais vale para Deus morrer!
Qucm na vida nào tem alegria
No Mundo vil, desconsolados
Para que emtim viver.
De doenças perigosas,
si122inr
Ainda temos uma cousa, salva guarda
Que nos alivia o pêso da albarda
Que nos alivia muitas dôres no coração !
Pela floresta
gorgciam voando,
Pequeninos seres na vida a lutar!
roubando
Ingénuas crianças que andam
Como pode ser, Deus os castigar
por outros piando
São uns passarinhos
mão lhes morrem, por eles a chorar!
Se na
ob asnoq 0o
zedh sole go sM
econMs
Povo portugus
voltam mais,
Tempos que se toram, que não
Duma sociedade mais nobre, mais pura,
mas a loucura
Que não é real grande
á dependura,
Este modernismo, tudo
tão por ele vos matais.
Que infelizmente,
Tua
ramagem que se levanta,
Subindo aos ceus, a ti me
O vento esvoaça rajadas
abraço,o o
Levando a Deus tua alma
daço,te
santa!
presentes,
s
Da sua bondade, do seu
valor
Retribuíndo com nosso amôr,
Aqui nos tens curyados, crentes
As quatro estações do ano
coitados
Os lavradores pobres
de vicio
A noite volta cheia
Alva de neve campos gelados..
Quanta alegria
dos passarinhos,
A trabalhar fazendo os ninhos
d'hera.
Nos matagais ornados
dôces e puras
Maravilhosas
dais,
Tão saborosas bom gosto
duras
Santo Outono tão pouco
as sementeiras,
Já concluiram
já me
não cheiras
Já não há
frutos
oh que amarguras!..
Vais para o Inverno
que ternuras ..
Vão passarinhos ai
A Naturcza é soberana
Tem superior liberdade,
Não deixa que a gente humana
Possa dormir á vontade.
Ela acorda
quando quere
Mas é como o pensamento,
Haja lá o que houver
Acorda sempre a bom tempo.
a luz do sol
Dias há que
ve-la apagadal
E triste
farol
vezes
é um
Outras
luz cristalisadal
Que dá
dôce nos beija
vezes
Quantas mel!
de puro
Com labios
nos bafeja
E por fim que
de fel!
Com um
álito
senhor
E boa mae sim
esquisita,
Mas um tanto amor eterno
Tem por nós
acredita.
Que nem a gente
nem é mentirosa
Não foi
á verdade,
Nunca faltou
Tem orgulho,
é orgulhosa
Afinal na rialidade
vem a Natureza ?
uem a ser
E a mãe da humanidade
defesa !!!
E Deus em nossa
A genebra dos amigos
direitos
os nossos
Calcando a pés
como isso,
São tão amigos
um povo omisso
Que fazem de nós
Só de comedias e contradanças.
Moça donzela
Tu inda tens,
Es semi-virgem
Com tanta idade,
Por que te cortam
A liberdade!
Sei que és
pura
De sentimentos,
Seique te falam
Bons casamentos.
Do enxoval l..
Filhos e netos
Para te valer.
LUZ DA ESSENCIA 59
Cautela-te moça
Dos rapazes solteiros..
Depois progredir,
Cautela que estranhos
De nós se vão rir.
Bendito
Bendito o Sol
Bendita a luz
Bendito o fruto
Que a terra dá
Que vós criais
Bendita a lua
Lindo luar!
Luar em tlor
Beijo d'amor
Bendita sejas!
Benditos ceus
Claras estrelas
Cristalizadas!
Benditas sejam
Outras mais belas
Mais perfumadas!
Bendita aurora
De Primavera
Campo de flores
LUZ DA ESSENCIA 61
Bendito sejam
Vossos perfumes
Nossos amores!
Bendito sejas
Oh! mar sagrado
Que és tão proundo!
Bendita Nau
Que te navega
Sem ir ao fundo!
Benditas águas
Cristalizadas
Bendita terra
Que dá o pão
Que nós comemos!
Benditas árvores
E o azeite!
Bendita me
Que nos criou
E nosso pai
Bendita a paz
Por tudo o Mundo
Maldita a Guerra!
Purificação da alma
Concentrai a vossa
consciencia,
Não receeis a morte, temei antes
Na terra uma longa vida!
Mergulhai no rio da razão
Lavai-vos do lôdo desta ermida,
Para salvar intacta a vossa alma
Tão rica, tão pura
essencia
Pois que no globo terrestre não háá
A divina Providencia,
Só nos Mundos invisiveis
podeis
Encontrá-la escondida!
A missão espiritual
Em perfcita atmosfera,
Bcijar tão celebre
sugeito
O Mundo!... Em Primavera!
Nervosa entremetente,
Grande bicho, onça, pantera
Que aos caminhos sai á
gente.
Tudo a aperfeiçoar
Por Deus pela Natureza,
Mas não são canhões no ar
.o
Duma perfeição burguesa.
Que desgraçam a
pobreza
Com ambição do metal
Não é essa com certeza
E outra mais divinal!
LUZ DA ESSENCIA 67
s
ter
on chail
Vejo-vos minhas flhasl
Quando eu morrer
Minha bela aurora.
Quando eu morrer
Não chores por mim,
São coisas do Mundo
O Mundo é assim
Somos imortaes
Não há que chorar
Morremos na terra
Voamos pró ar.
Não te de cuidado
Quando eu morrer,
O corpo é lama
De pouco proveito,
Não chores emfim
Por este
sugeito.os
Vamos
á Administraço99 29om4
E de lá para a lgreja.
sd to
bov ood o
A Patria dos jantares
A tirarem-lhe o chapeu
Ou apertarem-lhe a mão,
Há para aí um povileu
Que teem a presunção!
Amorosos e suaveis
Na pista dum bom encosto.
Barafundas, barafundas
Nem sempre dão resultado,
Pobre Zé que não te afundas
Com tanto jantar papado.
LUZ DA ESSENCIA 75
Para confraternizar
As paginas da nova historia
ben
Os segredos temininos
Os segredos temininos
Que a nova moda desvenda,
De dia a dia na senda
Vão-se mostrando aos meninos.
De pouco a pouco bem vamos
Num viver lento, modesto,
Vamos ver ao tim o resto,
Alma racional
Té na sepultura,
Dormindo, sonhando,
Faço poesias
E ressuscitando
Segundo Camões!
Já mesmo a ver
Em mim evoluções
78 LUZ DA ESSENCIA
Queria-me justiticar
Da minha inspiração,
Quem dera ouvir cantar
Os anjos da perfeição!
Amo Portugal
Quero bem á gente,
Inspiro-me nelas
Pela consciencia.
Amo a natureza
Divina e humana
Amo a igualdade
Cosmopolitana.
Depois imitá-lo
Na sua bondade.
lodo o homem
ornA
Por um caso natural
a quem tôr
Que prende seja
O campo tem
açucenas,
Passarinhos meus amores
Amores com tantas penas.
Sonhos d'amor
A namorar
E' só um sonho
Para casar.
Sonhar dormindo
São ilusõcs,
Quando acordam
Vão pois a vêr,
O que sonharam dnpg
Não pode ser.
Sonhando sempre
Num só amor,
São verdadeiros
Teem valor.
Sonhos damor
Labios de beijos.
l
LUZ DA ESSENCIA 87
leem ensejos
De se bcijar,
Amor e beijos
Tudo é sonhar.
Voam pró ar
Andam na lua
Sempre a sonhar.
Naquela altura
Sobressaltados
Descem sonhando
Bem agarrados.
Chegam á terra
Já aborrecidos,
De tanto tempo
Depois meditam
O resultado,
De tanto sonho
Amargurado.
Choram depois
Desiludidos,
Ambos os dois
Perdem os sentidos.
88 LUZ DA ESSENCIA
Vem a loucura
A embriaguez,
Nenhum dos dois
Chora a valer,
Malditos sonhos
Não posso ver.
Aquele maroto
Sonho maldito,
Nunca pensei
Ser tão aflito.
Agora eu vejo
O que são
sonhos,d
A comer queijo
Pão e medronhos.
Tudo esquece
Sonambolentosode sl
s530
Fogem sentidos
Veem tormentos.
ofibulte
A ganancia
A a ambição.
vaidade, a ganancia,
Beijos d amor
Beijos damor
Ao luar
Matam desejos
Que é de matar.
Matam desejos
Conforme a flor,
Mata com beijos 30po
O seu amor.
Beijos damor
São perfumados
Quando a flor
Os dá bem dados.
Um sedutor
Embriagado
Morre por amor
No seu noivado.
LUZ DA ESSENCIA 91
No scu noivado
Mata os desejos
Já não há dôr
Tudo são beijos!
Amores perfeitos
São mais beijados,
Mais satisfeitos
Quando casados.
Fartos de amores
Nascem-lhe espinhos
Beijos d'amor
Oh, coitadinhos!
Morrem sósinhos
Abandonados,
Doces beijinhos 9 e
su
Amargurados!
Queixumes duma traição
Por ti
desgraçada, daquelas mais pobres,
Vivo na miseria, criar Rlhos teus,
Mas reservo sempre sentimentos nobres
Para em morrendo, mostrá-los a Deus!
Amores loucos
desdem
Não me trates com
tua bôca,
Dá-me um riso da
Morro por morro bem
ti
Com a tua
formusura
Amigos de Peniche
E grande baixeza!
E crime roubar,
Há gente burguêsa
Por terra, por mar,
Só quere papa teita
Na mesa, no prato,
E boa sujeita
Com manhas de rato.
Na sombra, ás escuras
Conforme a toupeira,
Minando as culturas
De gente estrangeira,
Roendo a raiz
De plantas estranhas,
Toda a gente diz
Que bicho, que manhas,
Boa vizinhança
Que temos por cá,
Melhor aliança
Velhas amizades
Por mar e por terra,
As nossas colónias
Lhe metem cobiça,
São coisas idónias
Com a mão na adriça,
Abaixo e acima
Com grande cegueira,
So remo não rima
Não iça a bandeira.
As suas
meiguices
São puro
De mil veneno,1
introgices 1odlbb
Sem que
haja
Por que a empeno,
nossa
E tão
gente
virtuosa,
Que calae consente
Na paz
criminosa.
o
LUZ DA ESSENCIA 97
Foguetes ao ar!..
Vamos no embrulho
Das amabilidades,
Com pouco barulho
Perdendo as erdades,
De pouco a pouco
TE vai o totano,
Deste povo louco
Celebre luzitano!
1
Santa evolução
cá do burgo
Benditos americanos!
metralha
Que nos empingem
Para pagar a quem trabalha
Mandamos daqui o ouro!
o tesouro
sgotamos
Ficamos bem debulhados
Com alguns Bancos fechados
A cavalo em pilecas
E melhor em aeroplano
ver bem as carécas.
Para
Ou então no rickshaw
a gente
irá parar?
Onde
loucura,
Nesta pobreza
Cobertos de fantasia
Realmente á dependura
Já morreu
o pé de meia
!..
Por nossa infelicidade
Já ninguem dá merecimento
A quem faz ecónomia,
Beijinhosde me
São sempre um primor,
Só ela nos beija
Com todo o amor.
Beijinhos de mãe
São por Deus sagrados,
São beijos d'amor
Por gosto bem dados.
Beijinhos de mãe
São puro cristal!
Beijinhos de mae
São de pura essencia,
Descendem da alma
E da consciencia.
Beijinhos de mãe
Dão-nos alimento,
de me
Beijinhos
São ricos são nobres,
Beijinhos
de mc
São beijos
de Deus,
Não há neste mundo
como os seus.
Beijos
Beijinhos de
mãe
São de tal virtude
os dela
Que beijinhos
Beijínhos de mãe
São consoladores,
Com labios de mel
Aroma de flores.
Beijinhos de me
Não são de conquistas,
Beijinhos de mãe
E sangue das veias,
Beijinhos de mae
São bens de raiz,
Beijinhosde me
São sonhos dourados,
São rosas abertas
E botões fechados.
Beijinhos de mae
Nunca são nocívos,
Sendo eles de morte
São beijos bem vivos.
Beijinhos de me
A me a cantar,
Dá beijos a rir
Até os
governadores
Obedecem aos seus
partidos,
Não lhe pintem outras côres
Só por eles são bem
mandados
Na politica algemados
E nós com ela
perdidos.
ECA DAIPAC DS
ICTECADOAÇÃO
Manuel Ferelra
106 LUZ DA ESSENCIA
Para esquecer a
paixão
Zás-trás, dou ao
gatilho,
Com a pistola na mão
Zá-fogo, bebo um quartilho.
Solteiro
Torneada lindamente
to sómente
Quem me dera
abalisado
O artista
o seu amor
Conquistar
Vou por ela ao suplicio
Morro se preciso fôr.
ESSENCIA
LUZ DA
108
mimosa,
E tão linda tão
faz chorar
Que os meus olhos
me dera linda rosa
Quem cheirar!
Os teus perfumes
um lindo dom
Depois tem
rial!
Duma pombinha
Perfeição
de mulher nobre
De perfeitas portuguesas
De beleza nunca pobre.
falar-lhe d'amor
Quero
Mas tenho muito receio
De ser pele para tambor
Sem saber d'onde me veio.
rosas
Pensei que eram
Que eu ia colher,
Bonitas, cheirosas
Cheias de prazer!
Não vi as roseiras
Carregadas
de espinhos
Depois de casadas
Picam a valer,
Rosas transtormadas
Em cães a morder
Os dois namorados
Perfeitos anjinhos
Ignoram, casados,
Rosas com espinhos.
110
LUZ DA ESSENCIA
gnoram fadigas
Aborrecimentos,
A tantos proventos.
A vida é assim
Cheia de torturas,
Parecendo um jasmim
Arrepeso não?
De me ter casado,
Só digo então
Que fui enganado.
Se todos casamos
Na mesma ilusão,
Um corpo pedante
Não ouve a razão
Só vê um brazão
Na sua estante!
Gramaticalmente
Mas sei expressar
Só carnavalesca
De reles historia
Falho de memoria
Com memoria tresca.
Acompanha ao cemiterio
Quem dele quizer abuzar.
Beba um litro
á refeição!
8
Forçado a ser poeta
A pedidos de donzelas
Cantam bem, querem casar
Quem me dera o tempo delas.
Para
Ihes vêr bem os dentes.
Porque és encantadora
Es muito do meu agrado
Por seres a melhor cantora
M
Amores perdidos
Trabalhai irmãos
Trabalhai irmãos
Por honra e gloria,
Trabalhai irmãos
Ganhai a victoria.
Trabalhai irmãos
Se quereis ser honrados,
O trabalho é honra
Para os desgraçados.
Trabalhai irmãos
Para passar tome, ni
Com as duas mãos
Menos vos consome.
Trabalhai irmãos
Que o trabalho é nobre,
Trabalhaiírmãos
Para viver pobre.
120 LUZ DA ESSENCIA
Trabalhai irmãos
Cavai com a enxada,
virtude
Que a vossa
Nunca é manchada.
Trabalhaiirmäos
Pegai no arado
E no pica chão.
Trabalhai irmãos
Na pura materia,
Enterrai no chão
A vossa miseria.
Trabalhai irmãos
Na grande evolução,
Não vos revolteis
Senão o canhão ?
Trabalhai irmãos
Não sejais assim,
Fazei deste Mundoisd
Um lindo jardim.
Trabalhai irmãos
Com trinta mil diabos,
Por caldo de couves
Nabiças e nabos.
Trabalhai irmãos
slaat
Gelados com frio,
Não vos
compareisdds
Com o cão vadio.
LUZ DA ESSENCIA 121
Trabalhai irmãos
Dobrai a espinha,
Para a burguezia
Pobrc coitadinha..
Trabalhai irmãos
Limpai o suor,
Trabalhai irmãos
Na terra massiça,
Mas ao domingo
Não falteis á missa.
Trabalhai irmãos
Só a pão e agua,
Cheios de miseria
Trabalhai irmãos
Que Deus vos dá sorte,
Trabalhai irmãos
Não sejais marotos,
Trabalhai pra vós
Muito mais p rós outros.
Trabalhai irmãos
E boa a patrôa,
Trabalhai irmãosx
Que lá vem a brôal...
LUZ DA ESSENCIA
122
irmãos
Trabalhai
Se quereis que vos diga,
que as tripas
Trabalhai
na barriga.
Rugem
Trabalhaiirmãos
trabalhadores,
Que os
ser
Nunca podem
Açambarcadores.
Trabalhai irmãos
Na senda do bem,
Vale mais trabalhar
Do que ter vintem...
Trabalhai irmãos
Não sejais egoistas,
Nobres socialistas...
Trabalhai irmãos
De boa vontade,
Trabalhai irmãos
Que não há remedio,
Trabalhai p'rós outros
Trabalhai irmãos
Vós a real mola,
Que de velhos
depois
Vos dão uma esmola...
LUZ DA ESSENCIA 123
Trabalhai imãos
Que Deus agradece,
Trabalhai irmãos
Está hipotecada
Ao parasita.
Trabalhai irmãos
Para descansar
Só na sepultura.
Trabalhai irmãos
No tempo que sobra,
Para construir
Lembra-te de mim
Que já fui alguem
Triste apaixonada.
Lembra-te de mim
Lembra-te de mim
Nesta escuridão!
Lembra-te de mim
E de toda a gente
Que vive atrazada,
Faz presses na vida
D'alma arrependida
Que não custa nada.
LUZ DA ESSENCIA 125
Lembra-te de mim
Do que tu serás
Assim como hoje cu,
Prepara-te pois
Nossa alma perfeita
Sómente do corpo
Da tua materia,
Do lixo, do lòdo
Da podre mizeria.
A riqueza d'alma
Esse bom tesouro!
A vossa ilusão
De grande barriga
E de muito cobre,
Espiritual.
126 LUZ DA ESSENCIA
A vida é eterna
O mundo é infinito
O tempo é escola,
Deus o professor
Deus o nosso amor
Deus a rial mola!
mar
Lago inquieto
Soberbo vulcão!
a inunda
Que terra
No seu coração.
Moventes montanhas
Subindo e descendo,
Milagres
de Deus
Que a gente stá vendo.
Grande natureza
Ao globo terrestre
Fá-lo estremecer,
Mas na doce calma
Enche-o de prazer!
Grande maravilha
A maior do mundo!
tudo enrodilha
Que
E mete no fundo.
Coisas da vida
Um charco de lama,
emos para a vida
l
A noite e o dia,
Um campo despinhos,
Temos nos espinhos
Um cumulo de dores,
Temos nessas dores
Amores mesquinhos.
Temos na doçura
Microbios de fél,
Temos na virtude
A luz apagada,
Temos na maldade
Sorrisos de mel, oii A
Temos na soberba
Mistela dobrada.r 3
LUZ DA ESSENCIA 129
Temos na descrença
Um crime moral,
Temos mais, o crime
Da vil ambição,
Temos na velhice
A morte fatal,
Desfeita a ilusão.
o
Temos neste
mundod 20m3
Um povo encravado,19m09
Temos nesse povood eom
Forjada a mentira 1nom
A
Temos a miseria
Caso consomado, 9ot
eoma s
Temos o perfumelorn o
A tocar na lira!ie as
130 LUZ DA ESSENCIA
Temos na barriga
Um rato a roer,
Temos na fazenda
A Patria a dormir,
Sempre a avariar!
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A guitarra
Portugal é o cantor,
Que canta todos os dias,
Na guitarra, as melodias.
LUZ DA ESSENCIA 133
O estudante a dizer
Que sem não sabe ler,
ti
Com a guitarra
na frente,
A tocar a Portuguesa,
Portugal tu és um ovo,
De galinha portuguesa.
Com força
dos meus pulmões!
o seau
s tecbnod sr163i
soyos sbietb su
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as
Dedicação
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Luz de nobreza
Santos
e daltivez n sb ot A
Gill volt A
migo e senhor P.
A noite vem
Ao sol posto,
O dia dorme
No seu encosto.
O dia nasce
A noite ispira,
A noite volta
Odia gira
on of
O dia apaga
Seu lindo sol,
A noite acende
O seu farol.
O sol dá luz
Tudo aquece,
A noite assombra
Tudo arrefece.
O sol dá brilho
A todo o mundo,
A noite afoga-o
Mete-o no fundo.
140 LUZ DA ESSENCIA
O dia é nobre
Bom criador
A noite é pobre
Não tem valor.
O dia é belo
D'alegre canto,
A noite é triste
De negro manto.
O dia faz-nos
Rir e cantar,
A noite é triste
Faz-nos chorar. o
O dia
dá-nosb
Muita massada,
O
A noite escura
Não nos dá nada.
O dia é proprio
Pra trabalhar,
A noite é boa ion
P'ra descansar.
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Abitantes dOriente
Abitantes dOriente
D'Africa Oriental,
.
oio
Tristes na vida apagados
Faltos de Pão e de Luz
Vão indo em romaría
Sino
Levando a cruz ao calvario,
A
Procissão mês de
Jesus
Vinde
Cristo,
cá meus
Perdoai, a vosso
o
filhos
pai
ai
.queridos
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Miseria
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todarorr
coração delas
O
Parecendo de mel,
E' mais amargoso
Do que o proprio fell
Sc prega a pirraça
Chora desgraçada,
Depois já te quer
Toda apaixonada!
Lagrima no olho
A pedir perdão!
Já teem de ser..
.
Depois bom rapa6103
Se Ihe põe
agrado,neis
Lá vai pôr na carta
Selo carimbado...
Sugeito a multa...
Da repartição..
lyzis oil
Es a rainha do fado
Poezia nacional! ebs b sanis
depois não
vo me atrevo!
A fé e a boa crença
Um reverendo americano..
.
As trombas duma neboloze
rovocará um cateclismo,
Grande sinistro, que atroz
Pavorosamente eu cismo
A fresca
aragem refrescava-nos o fervor,
Se crescem de mais
Sou eu a origem
De milagres tais!
Um amor sagrado
Não deixa de ser
Se Deus abençôa
Teu lindojardim,
Não deixa de ser
Se as tuas rosas
o
Abrem com
Abrem
Com o meu
muito
calor,
mais
amor.
m2o be
Se tão lindas flores
Murcham nesta vida,
Sou eu o culpado
Minha rosa q rida.ritin
sls
Pagar
Es
a traição,
od o
tu que me prendeso
Ao teu
coração.up 1odl
eosiltogtoths3T
Trabalhar na vida
Trabalhar na vida
aT
E grande prazer! s
Quando a gente ganha
Pão para comer. ts
Trabalhar na vidasisdeT
E de natureza, sbol
Por honra e gloria
Em nossa defeza.
Trabalhar na vidadlado
E virtude!ni G
grande
A quem trabalharis
Deus dáa mais saude..
o
Trabalhar na vidaseet
E de necessidade, 6
Que se nos impõc ss
De boa vontade.
Trabalhar na vidasadoT
E
Corpo
E um
grande
á boa
corpo
conforto...
vida
morto.onl
s
156 LUZ DA ESSENCIA
Trabalhar na vida
Há uma razão...
Tudo a trabalhar
Para um patrão.
Trabalhar na vida
Por Deus consagrada,
Cheia de canduraD BI 1sdisde
Não nos custa nada.
Trabalhar na vida
Na boa harmonia,ce
Como bons irmãosb
E grande alegria
l
Trabalhar na vidasllsdsrT
Toda a humanidade,
Com direito a Pão,
Luz e liberdade!
Trabalharna vida
Cavar com a enxada,
t
Carga dividida,o
Não é tão pesada.
B
Trabalhar na
vidaslsden
Uns sim, outros não,
Não é de justiça
Menos de razão.
157
LUZ DA ESSENCIA
Trabalhar na vida
A terra produz,
Trabalhando todos
Trabalhar na vida
rabalhando todos..
Produzimos mais!
Trabalhar na vida
Carga
A'
pura
besta
grandezal20h
dividida
não pesa.
r
Trabalhar na vida iarla
Deboa vontaderisss
Como bons irmãos
oau
Toda a humanidade.e
Trabalhar na vidaedt
Ser a nossa crença,b
Amar a virtude19 69
Livres de doença.a na
Trabalhar na
vida.ade
Que a vida é escola,
Por amor de Deustoqk
E não por esmola.
I5S LUZ DA ESSENCIA
Trabalhar na vida
Dar o bom exemplo
Haver só no Mundo
Um sagrado templo!
Trabalhar na vida
Por cla lutar..
Trabalhar na vida
Quando se compreende,
Fugir dela poís...
Trabalhar na vida
Todos bem unidos,
A vida é um sonho
Que não tem sentidos.
Trabalhar na vidasds
Trabalhar na morfe,
Tudo a trabalhar
Para melhor sorte! shol
Trabalhar na vidads
Tudo a trabalhar, 192
Sem ter ambição B161
Em côro a cantar! 12
Trabalhar na vidasds
Na Sciencia nobre! 3u
Aperfeiçoar-mos...
10
Este corpo pobre.. ßu d
159 LUZ DA ESSENCIA
Trabalhar na vida
Ter a presunção,
Poder evitar-mos
Usar o canhão!
Trabalhar na vida
Usar instrumentos
Só de utilidade!
Trabalhar na vida
guais no trabalho
Iguais
no comer.
Trabalhar na vida
Trabalhar na vida
Assim como eu digo,
Vereis quanto é belo
Trabalhar na vida
Com todo o respeito,
Se quereis vêr o povo
Todo satisfeito!
Trabalhar na vida
Até que mereça,
Uma vida nova...
Que a velha esqueça.
160 LUZ DA ESSENCIA
Trabalhar na vida
Para descansar-mos
Só no ataude!...
Trabalhar na vida
Na benção d'amôr,
ser
Ninguem queira
Dos outros senhor!
cilet cabol
TECA DAFAC)DE
DOAÇÃO LETRA
BLICTEC
Manuel Ferreira
UNDERSIDADE DE SBOA
Faculdade de Letras de Lisboa
ULRL20 887