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PLANO DE AULA

I – IDENTIFICAÇÃO

II – OBJETIVOS
 Geral:
 Distinguir os gêneros literários e produzir um parágrafo argumentativo com base
nas reflexões.
 Específicos:
 Conceituar literatura;
 Diferenciar o texto literário e o não literário, bem como as peculiaridades de
suas linguagens;
 Ler os poemas (Sonetos) de Luis Vaz de Camões, bem como o “auto da
Lusitânia”, de Gil Vicente;
 Analisar as temáticas dos poemas e do auto;
 Investigar o gênero poema e auto;
 Definir os gêneros literários: lírico e dramático;
 Discutir sobre contexto histórico Renascimento cultural europeu;
 Conversar sobre a distinção poema/poesia;
 Produzir um parágrafo argumentativo.

III – CONTEÚDO

 Gênero textual – Poema, peça teatral (auto) e parágrafo argumentativo;


 Generos literários – lírico e dramático;
 Linguagem denotativa e conotativa
 Renascimento cultural europeu;

IV – HABILIDADES

 Leitura;
 Oralidade;
 Escrita.

V – CRONOLOGIA

 Três semanas (9 aulas)

VI – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

1. A primeira aula será destinada a uma dinâmica de apresentação e conversação


sobre como se realizarão as aulas. Após, será feita a motivação com a leitura de
dois textos e o questionamento se se tratam de textos literários ou não (ANEXO
1 e 2). A partir disso, serão destacadas algumas características linguísticas que
distinguem o texto literário do não literário. E se iniciará a introdução,
relembrando que a literatura está divida, segundo uma perspectiva, em três
grandes gêneros, dos quais um já foi estudado por eles, o narrativo (já estudado
com a professora), o lírico e o dramático. Por fim, relembrar algumas
características dos textos narrativos.
2. As duas aulas posteriores serão destinadas para a leitura dos sonetos de Camões
e o auto de Gil Vicente. No primeiro momento, o professor retomará a discussão
da aula passada para realizar o encadeamento entre o momento da motivação e
introdução com este que será de leitura, apresentando o contexto histórico dos
autores, que são portugueses, relacionando com o que eles estudaram da
literatura brasileira do período quinhentista.
 Após a leitura de cada poema, serão realizadas discussões partindo de uma
impressão de leitura de cada aluno. Demonstrar-se-á, também, questões ligadas
ao renascimento cultural europeu e questões mais formais, como: a composição
do soneto em quatorze versos e as rimas, a partir dos poemas.
 Após leitura e discussão dos poemas, será lido o texto de Gil Vicente, “o auto da
Lusitânia”. As temáticas serão discutidas e os alunos terão de relatar oralmente
suas impressões de leitura, bem como as relações deste com outros textos que
eles conheçam.
 Assim, professor e alunos destacarão diferenças formais entre os poemas de
Camões e o auto de Gil Vicente. A partir disso, o professor trará o conceito de
gênero lírico e dramático por meio das distinções feitas para relacionar o
conceito aos textos lidos, explanando melhor cada um dos gêneros e dialogando,
também, com o gênero narrativo.

3. Continuação da distinção dos gêneros e explicação do eu lírico x autor, e


momento para esclarecimento de dúvidas.

4. As próximas duas aulas se destinarão para a explicação do parágrafo


argumentativo, pois será solicitado para a avaliação que os alunos escrevam um
parágrafo argumentando se o texto que aparecerá pertence ao gênero lírico ou
dramático.

5. A avaliação será realizada nesta aula (ANEXO 5).

6. A última aula será para retorno das avaliações, conversa sobre todo o conteúdo,
esclarecimento de dúvidas e feedback.

VII – AVALIAÇÃO
O processo avaliativo se dará de modo processual durante a leitura e as
discussões, bem como por meio de um teste escrito para verificação do
aprendizado.

VIII – REFERÊNCIAS

CAMÕES, Luis Vaz de. 200 sonetos. Porto Alegre: L&PM, 1998. 122 p.

CARPEAUX, Otto Maria. O renascimento e a reforma por Carpeaux. São Paulo:


Leya, 2012. (História da literatura ocidental; v.3).

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.


139 p.

PAZ, Octavio. O arco e a lira. São Paulo: Cosac Naify, 2012. 352 p.

VICENTE, Gil. Auto da Lusitânia. Disponível em:


<http://ww3.fl.ul.pt/centros_invst/teatro/pagina/Publicacoes/Pecas/Textos_GV/
lusitania.pdf>. Acesso em: 18 set. 2016.
IX – ANEXOS

Anexo 1: Texto para motivação

Temer na ONU: ‘impeachment respeitou ordem constitucional’


Foi o primeiro discurso de Temer na Assembleia Geral. Em protesto, delegações de
cinco países não participaram.

No primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU como presidente do Brasil,


Michel Temer disse, nesta terça-feira (20), que o processo de impeachment respeitou a
constituição.
Nações Unidas não falam só de política e economia. A Olimpíada no Rio foi
assunto no encontro entre o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente
Michel Temer.
Na assembleia-geral, quando o nome de Temer foi anunciado, as delegações do
Equador, da Venezuela e da Costa Rica se levantaram e saíram. Lugares vazios também
onde deveriam estar os representantes de Cuba e Bolívia.
Temer criticou a comunidade internacional, inclusive a ONU, pela falta de respostas
adequadas a vários problemas: crise dos refugiados, xenofobia, terrorismo.
“Queremos uma ONU de resultados, capaz de enfrentar os grandes desafios do
nosso tempo”, disse.
[...] Depois do discurso, Temer se reuniu com o presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e com o presidente do Peru, Pedro Pablo
Kuczynski.
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse que as Nações Unidas têm
quase 200 integrantes e que, portanto, os países que boicotaram o discurso de Temer
não representam uma parcela significativa.
(G1 – o Globo 20/09/2016)

Anexo 2: Texto literário para motivação

O DESESPERO DA VELHINHA

A velhinha recurvada alegrou-se ao ver no berço a criancinha a quem todos


festejavam e agradavam; esse lindo ser tão frágil quanto ela e como ela, também, sem
dentes e sem cabelos.
Aproximou-se do bebê querendo fazer graças com risinhos e caretas agradáveis.
Mas a criança, espantada, debateu-se sob os carinhos da boa senhora decrépita e
encheu a casa com seus gritos agudos.
Então a boa velhinha retirou-se a sua solidão eterna e chorou num canto dizendo
para si: “Ah! Para nós, infelizes mulheres velhas, a idade impede de transmitir alegria
mesmo aos inocentes; nós causamos horror às criancinhas a quem nós queremos mostrar
amor.” (Charles Baudelaire – Pequenos poemas em prosa)
Anexo 3: Sonetos de Camões

Coitado! que em um tempo choro e rio

Coitado! que em um tempo choro e rio;


Espero e temo, quero e aborreço;
Juntamente me alegro e entristeço;
Du~a cousa confio e desconfio.

Voo sem asas; estou cego e guio;


E no que valho mais menos mereço.
Calo e dou vozes, falo e emudeço,
Nada me contradiz, e eu aporfio.

Queria, se ser pudesse, o impossível;


Queria poder mudar-me e estar quedo;
Usar de liberdade e estar cativo;

Queria que visto fosse e invisível;


Queira desenredar-me e mais me enredo:
Tais os extremos em que triste vivo!

(Camões, p. 31)

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;


É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Camões, p. 23)

Quem diz que Amor é falso ou enganoso

Quem diz que Amor é falso ou enganoso,


Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce, e é piedoso.


Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.

Se males faz Amor em mim se vêem;


Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de Amor;


Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.

(Camões, p. 94)

Anexo 4: Auto da Lusitânia de Gil Vicente

Auto da Lusitânia

Quem nessa trajetória terrestre nunca se deparou com alguém assim? Quem nunca se
viu num desses papéis?

Então leia e divirta-se com essa belíssima e humorada peça teatral de Gil Vicente.

("Todo o Mundo" era um rico mercador, e "Ninguém", um homem pobre. Belzebu e


Dinato tecem comentários espirituosos, fazem trocadilhos, procurando evidenciar temas
ligados à verdade, à cobiça, à vaidade, à virtude e à honra dos homens.)

Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu;
e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:
Ninguém: Que andas tu aí buscando?

Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:


delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.

Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?

Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo


e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.

Ninguém: Eu hei nome Ninguém,


e busco a consciência.

Belzebu: Esta é boa experiência:


Dinato, escreve isto bem.

Dinato: Que escreverei, companheiro?

Belzebu: Que Ninguém busca consciência.


e Todo o Mundo dinheiro.

Ninguém: E agora que buscas lá?

Todo o Mundo: Busco honra muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande


que tope com ela já.

Belzebu: Outra adição nos acude:


escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.

Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse


tudo quanto eu fizesse.

Ninguém: E eu quem me repreendesse


em cada cousa que errasse.

Belzebu: Escreve mais.

Dinato: Que tens sabido?


Belzebu: Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.

Ninguém: Buscas mais, amigo meu?

Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.

Ninguém: A vida não sei que é,


a morte conheço eu.

Belzebu: Escreve lá outra sorte.

Dinato: Que sorte?

Belzebu: Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,


sem mo Ninguém estorvar.

Ninguém: E eu ponho-me a pagar


quanto devo para isso.

Belzebu: Escreve com muito aviso.

Dinato: Que escreverei?

Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,


e mentir nasceu comigo.

Ninguém: Eu sempre verdade digo


sem nunca me desviar.

Belzebu: Ora escreve lá, compadre,


não sejas tu preguiçoso.

Dinato: Quê?
Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.

Ninguém: Que mais buscas?

Todo o Mundo: Lisonjear.

Ninguém: Eu sou todo desengano.

Belzebu: Escreve, ande lá, mano.

Dinato: Que me mandas assentar?

Belzebu: Põe aí mui declarado,


não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.

Anexo 5: Avaliação

Questão 1: Analise o soneto a seguir e selecione as duas alternativas que estão corretas:
Amor é fogo que arde sem se ver

“Amor é fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;


É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”
(Luís de Camões)
a) O eu lírico do poema retrata o amor por meio de contradições, o que expressa a
grandeza desse sentimento.
b) A linguagem do texto é unicamente denotativa, pois todas as palavras são usadas
em seu sentido literal.
c) O texto pertence ao gênero dramático, porque possui versos.
d) O texto pertence ao gênero lírico, porque não possui rima rica e está escrito em
versos.
e) O texto em questão pertence ao gênero lírico, porque é poético, apresenta um eu
lírico, isto é, traz a subjetividade e, além disso, possui ritmo e melodia.

Questão 2: Leia o excerto a seguir e, com base em nossas aulas e discussões, escreva
um parágrafo argumentando a que gênero o texto pertence.

Auto da barca do inferno


Auto de moralidade criado por Gil Vicente em dedicação à sereníssima e muito
católica rainha Leonor, nossa senhora, e representado, por sua ordem, ao poderoso
príncipe e muito alto rei Manuel, primeiro de Portugal deste nome.

Começa a declaração e argumento da obra:


Primeiramente, no presente auto, pressupõem-se que, no momento em que
acabamos de morrer, chegamos subitamente a um rio, o qual, por força, teremos de
passar num dos dois batéis que estão atracados num porto. Um deles vai em direção
ao paraíso e o outro para o inferno. Os tais batéis têm, cada um, os seus
comandantes na proa: o do paraíso um anjo, e o do inferno um comandante infernal
e um companheiro.
O primeiro interlocutor é um Fidalgo que chega com um Pajem, que lhe segura
um manto muito comprido com uma mão e uma cadeira de espaldas com a outra.
O comandante do Inferno começa o seu pregão mesmo antes do Fidalgo se
aproximar.

DIABO:
À barca, à barca, venham lá!
Que temos gentil maré!
– dirigindo-se ao companheiro –
Ora põe o barco à ré! (vira a traseira do barco)

COMPANHEIRO DO DIABO:
Está feito, está feito!

DIABO:
Bem feito está!
Vai agora, em má hora,
Esticar aquele palanco (corda)
E desocupar aquele banco,
Para a gente que virá.
[Início de “Auto da barca do inferno”, de Gil Vicente. Disponível em:
http://www.uesb.br/editais/2016/01/Auto-da-Barca-do-Inferno.pdf]

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