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Definição de Imposto
Em termos essenciais, pode dizer-se que o imposto se distingue da taxa, porque aquele é
unilateral e esta bilateral.
Com efeito, ao contrário do imposto, que não confere a quem o paga o direito a nenhuma
contrapartida directa e imediata, sinalagmaticamente ligada a esse pagamento, a taxa é
sempre a contrapartida individualizada de algo que se recebe em troca, seja um serviço
concretamente prestado, seja a utilização de um bem do domínio público, seja a remoção do
limite legal ao exercício de determinada actividade (cfr. art. 4º, n.º 2 da LGT).
Por outro lado, a taxa não tem que ter carácter voluntário. O serviço prestado ao particular
que está na sua origem pode não ser por este desejado (por exemplo, o montante pago pela
emissão do Bilhete de Identidade, que os cidadãos são obrigados a requerer
independentemente da sua vontade). O particular pode mesmo não apreciar ou até abominar
o serviço que lhe é prestado (será normalmente o caso da parte que perde uma acção judicial
e que tem, por isso, que pagar a chamada Taxa de Justiça). Mas se há um serviço
individualmente prestado, aquilo que se paga por esse serviço é uma taxa.
A taxa não se distingue do imposto por ser voluntária; distingue-se por ser bilateral.
Entre a taxa paga e a contrapartida recebida não tem que existir uma exacta equivalência
económica, mas uma mera equivalência jurídica.
Em qualquer caso, porém, a medida da taxa tem que assentar na sua proporcionalidade em
relação ao benefício específico proporcionado pelo serviço prestado ou ao custo suportado
pela comunidade com a utilização do bem do domínio público ou a remoção do limite legal ao
exercício da actividade do particular. Nunca em função da capacidade contributiva revelada
por quem a paga. Este é, de resto, um índice seguro de qualificação dos tributos. Se a um
serviço essencialmente idêntico correspondem contrapartidas diferenciadas em função da
diferente capacidade contributiva revelada, então estaremos perante um imposto, não
perante uma taxa.
A importância da distinção
A Constituição da República Portuguesa (CRP) condiciona as matérias relativas à criação de
impostos à obediência estrita do princípio da legalidade.
Nos termos do artigo 165º, n.º 1 alínea i) da CRP, a criação de impostos é matéria contida na
reserva relativa de competência da Assembleia da República. Só a Assembleia da República
tem o poder próprio e autónomo para criar impostos, embora, em alternativa a usar esse
poder directamente, ela possa autorizar o Governo a fazê-lo.
Assim, os impostos (cada imposto particular) só podem ser criados pela Assembleia da
República ou pelo Governo, desde que este esteja para o efeito previamente munido da
indispensável autorização daquela.
O Governo sem autorização da Assembleia da República, um Município, um Instituto Público,
outra qualquer entidade não podem criar impostos. E se os criarem, eles serão
inconstitucionais, ninguém sendo obrigado a pagá-los (cf. art. 103º, n.º 3 da CRP).
Inversamente, em relação às taxas, a reserva relativa de competência da Assembleia da
República abrange apenas o seu regime geral (cf. CRP, art. 165º, n.º 1, alínea i), in fine), não
tendo a criação de cada taxa específica que ser aprovada pela Assembleia da República ou pelo
Governo com autorização daquela.
Deste distinto regime de submissão ao princípio constitucional da legalidade resulta a
importância da distinção entre o imposto e a taxa. Perante cada tributo particular há que
averiguar a sua natureza substancial, para aferir da regularidade formal do seu processo
criação e, consequentemente, da sua viabilidade na ordem jurídico-constitucional vigente. Há
que averiguar se quem criou o tributo tinha competência e legitimidade para o fazer. Se não
tinha, o tributo em causa não valerá na ordem jurídica portuguesa.
Funções do Imposto
O imposto tem em vista a realização de fins públicos: cobertura das despesas públicas
(finalidade fiscal); finalidade extra fiscais – imposto como instrumento de política – objectivo
da política económica: redistribuição do rendimento; desenvolvimento económico, etc. Estas
duas finalidades estão presentes simultaneamente nos impostos.
Relação jurídica
A substituição tributária verifica-se quando, por imposição da lei, a prestação tributária for
exigida a pessoa diferente do contribuinte, por exemplo a entidade patronal ou uma
instituição de crédito. A substituição tributária efectiva-se através do mecanismo da retenção
na fonte do imposto devido. Ver artºs 71º, 98º, 99º, 100º e 101º CIRS e artºs 88º e 89º CIRC.
A substituição tributária difere de repercussão tributária pois enquanto que na substituição a
entidade patronal retém o imposto ao sujeito passivo que é titular do rendimento na
repercussão o sujeito económico suporta o imposto. Por conta do imposto devido a final ou
com a natureza definitiva, por meio de taxas liberatórias.
Responsabilidade Tributária:
Originária ou de 1º grau:
Responsabilidade directa pelo imposto, que só termina com a inexistência de bens ou não
localização do paradeiro (artº 22º nº 1 e 2 LGT)
Subsidiária ou de 2º grau: Só se efectiva por reversão do processo em execução fiscal (artº 23º
nº 1 LGT);
Solidária: Responsabilidade conjunta, quer no âmbito da responsabilidade originária
(responsabilidade pelo IRS dos membros do agregado), quer subsidiária (membros dos corpos
sociais das pessoas colectivas).
Retenção na Fonte:
A LGT estabelece no art.º 34º que “as entregas pecuniárias efectuadas por dedução nos
rendimentos pagos ou colocados à disposição do titular pelo substituto tributário constituem
retenções na fonte. É o que acontece quando exige aos devedores de salários, rendas , juros e
lucros que deduzam do seu valor um determinado imposto, entregando aos respectivos
titulares o montante já liquido dessa tributação.
Pagamento por Conta:
São “as entregas pecuniárias antecipadas que sejam efectuadas pelos sujeitos passivos no
período de formação do facto tributário (artº 33 LGT). Esses pagamentos constituem forma de
aproximação do momento da cobrança ao da percepção do rendimento de modo a colmatar
situações em que essa aproximação não pode efectivar-se através de retenções na fonte. Esses
pagamentos por conta estão previstos no artº 95º do Codigo IRS e nos artº 82 e 83 do IRC.
Fases do imposto:
Fixada que esteja a incidência de um imposto através das respectivas normas (normas que vão
permitir responder às questões: o que está sujeito a imposto; a quem está sujeito o imposto),
a sua aplicação às situações concretas envolve, em regra, duas fases: o lançamento, na qual se
identificam as pessoas obrigadas ao pagamento do encargo e em que se determina a matéria
colectável, e a liquidação, em que se apura o montante do imposto a pagar, operação que se
inicia com o apuramento da colecta. O processo inicia-se normalmente com uma declaração
do contribuinte ou de um terceiro (art- 76º d CPT). No entanto, na falta dessa declaração, a
iniciativa pode caber à administração fiscal ou devido ao facto de o contribuinte estar inscrito
num registo ou cadastro e a situação sujeita a imposto ter carácter de continuidade e não ter
sido declarada a sua cessação ou pelo facto de a administração ter tido conhecimento de
factos tributários que não foram declarados. Há lugar então à chamada liquidação oficiosa
(artº 77 do CPT), nos termos do qual, “sempre que a entidade competente tome
conhecimentos de factos tributários não declarados, o processo de liquidação é instaurado
oficiosamente pelos competentes serviços”. Em certos casos, o contribuinte apenas declara os
elementos necessários para que os serviços fiscais procedam à liquidação do imposto (é o que
se passa, por ex., em matéria de IRS. Mas, em frequência crescente, é o próprio contribuinte
que faz a liquidação, que toma então a denominação de auto-liquidação, que pode ser
facultativa ou obrigatória (ex: IRC).
Fontes de Direito
Designa os modos de formação e revelação das regras jurídicas, as formas através dos quais o
direito se manifesta. As fontes do direito são quatro: a lei, o costume, a jurisprudência e a
doutrina.
Princípio da Legalidade: este princípio procede a uma delimitação dos aspectos em que
necessariamente intervem a lei em sentido formal, consagrando, além disso, que a actividade
da administração fiscal está estritamente vinculada à lei. Encontra-se reflectido no artº 103º e
165º , nº 1, alínia i) da Constituição. Em matéria fiscal este princípio comporta 3 aspectos: i) a
preeminência da lei: só alei pode legitimar qualquer actividade tributária e esta tem de ser
conforme a lei; ii) a reserva absoluta da lei formal: só uma lei formal – da Assembleia da
República – pode criar imposos, cabendo lhe determinar a incidência, as taxas, os benefícios e
as garantias dos contribuintes; iii) a tipicidade fechada: significa que para um determinado
facto poder ser qualificado como facto gerador de imposto tem de corresponder a um dos
tipos inseridos pelo legislador nas noras de incidência correspondentes.
Isenções: situações que são abrangidas pelas regras de incidência, e que nesse sentido estão
sujeitas a imposto, mas que um facto autónomo impede que sejam tributadas.
Termo de Vigência
A vigência de uma lei pode cessar por caducidade quando termina o prazo fixado para a sua
vigência. (Artº 7 do código civil.) Quando não se destine a ter vigência temporária, a lei só
deixa de vigorar por outra lei.
Retroactividade
As leias valem apenas para o futuro. É com esse sentido que se fala na impossibilidade de
aplicação retroactiva de qualquer norma- estabelece o código civil no nº 1 do seu artº 12. que
a lei só dispõe para o futuro, ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva, presume-se que
ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a regular.
O artº 12 da LGT, no seu nº 1, estabelece que “as normas tributárias aplicam-se a factos
posteriores À sua entrada em vigor”.
Princípio da Territorialidade
Segundo o qual as leis tributárias de um Estado são as únicas que se aplicam no território
desse estado e só se aplicam nesse território. A territorialidade comporta diferentes
acepções : territorialidade em sentido negativo ( as leis fiscais estrangeiras não se aplicam em
território do estado em causa), em sentido positivo ( as leis tributárias internas aplicam-se a
todo o território nacional quer a nacionais quer a estrangeiros. Noutra vertente alude-se a
territorialidade real e à pessoal. No primeiro, para determinar a ligação de uma dada situação
com um certo território atende-se aos elementos objectivos do imposto enquanto que na T.
pessoal essa ligação funda-se nos elementos subjectivos. Noutro sentido ainda é possível
distinguir a territorialidade material e formal. A primeira refere-se ao âmbito espacial da
aplicação da lei fiscal através da definição dos elementos de conexão com o território qie
permitirão que uma dada situação da vida real seja abrangida pelas leis fiscais internasm A
territorialidade formal de acordo com a qual as leis fiscais só são susceptíveis de execução
coerciva no território da ordem jurídica em que se integram.
No tocante aos impostos sobre o rendimentos elementos de conexão que costumam ser
apresentads são os seguintes: a) de carácter pessoal: nacionalidade; residência; b) de carácter
gerla: origem ou fonte dos rendimentos. A nacionalidade não é actualmente um elemento de
conexão relevante. A residência por seu turno apresenta-se como o elemento de conexão mais
importante, sendo com referência a ele que se define a própria extensão do imposto. Assim
em Portugal, os residentes são sujeitos a imposto por obrigação pessoal ou ilimitada – isto é-
independente da origem ou fonte de rendimentos enquanto que, os não residentes estão
sujeitos a imposto por obrigação real ou limitada – ou seja apenas pelos rendimentos obtidos
em território português. A origem ou fonte de rendimentos é, quando não opera o elemento
da residência o outro elemento de conexão relevante, significando que a tributação deve
fazer-se no Estado de que os rendimentos são proveniente.(artº 17 e 4º IRS e IRC).