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1ª Aula – 04/10/2018:
Bibliografia:
Lições de Direito Fiscal – do Prof. André Ventura.
Introdução à fiscalidade – sebenta também feita pelo professor.
Professor Saldanha Sanches – Direito Fiscal
Legislação: Legislação Tributária., com particular destaque para a lei geral tributária.
(CRP, LGT e CPPT)
Andreventura8902@gmail.com
O sistema fiscal assenta na ideia de que todos os impostos têm que estar escritos na lei (já
vem da magna carta). Princípio do auto consentimento (porque somos nós que elegemos
quem define os impostos)
2ª Aula – 10/10/2018:
Frequências:
1ª frequência: 21/11
2ª frequência: 10/01
O direito fiscal é autónomo na ciência jurídica, mas os vários ramos do direito com natureza
penalística, acabam por se tocar. Assim, há um conjunto de princípios que se identificam
com do direito penal e do direito processual penal - Ex: no direito penal o princípio da
tipicidade, o qual se aplica também ao direito fiscal em que só é considerado imposto aquele
que estiver previamente tipificado. Este princípio da tipicidade está intimamente ligado ao
princípio da legalidade e quando isto acontece verifica-se uma colisão entre os direitos dos
contribuintes (e as suas fieis expectativas) e os do estado de direito.
Um segundo princípio é o da não retroactividade fiscal / dos impostos, que só têm efeitos a
partir de determinado momento no futuro. Este era um princípio quase imutável mas apesar
de este ser um princípio consagrado mesmo na Constituição, tem sido alvo de discussão
doutrinária em virtude da crise de 2011 quando o Governo aprovou determinadas medidas
em que previa a repescagem de rendimentos anteriores, com aplicação retroactiva.
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
Temos os princípios macro do direito fiscal, os vectores pelos quais o direito fiscal se rege e
outros princípios que têm a ver com o processo tributário os quais já não são tão
generalistas como os anteriores, dizendo respeito a um procedimento tributário concreto.
Procedimento tributário: quando numa dinâmica fiscal haja um processo movido contra um
contribuinte:
Princípio da decisão: aquele que vincula o Estado a ter objectivamente de quando
tem de investigar uma determinada circunstância, respeitando a lei, ter uma previsão
legal do controlo da actividade do Estado;
Principio da colaboração: ou princípio de confiança - Prof. Bacelar de Gouveia. O
contribuinte pode ter praticado um ilícito fiscal mas ainda assim o Estado não deve
olhar como a pessoa sendo um infrator e não permitir qualquer envolvência no
processo que lhe é movido – chamar o contribuinte, deixá-lo explicar-se, etc. –
procura acautelar o princípio da presunção da inocência;
Principio do inquisitório: dá poderes ao Estado para consubstanciar a forma como
vai investigar, que documentos vai exigir – instrumentaliza o que é tipificado no
princípio da decisão;
Princípio do respeito pelos contribuintes: todos os dados que o contribuinte fornece
ao Estado se mantêm apenas bilaterais, não sendo transmitidos para o exterior.
O direito fiscal tem evoluído desde a 2ª Guerra Mundial, num clima de iluminismo de uma
certa modernidade, coincidindo com décadas de maior expansão económica, levando a que
a máquina fiscal procure reter mais rendimentos. Quando foram criados, os sistemas fiscais
premiavam quem mais trabalhava – hoje quanto mais se trabalha, mais se paga impostos.
Não é por isso de estranhar que, a exemplo, como acontece no direito processual penal,
sejam basilares / fundamentais princípios como o da legalidade, da tipicidade, da igualdade
(todos os cidadãos de forma igual temos de pagar impostos) e o respeito das fiéis
expectativas dos contribuintes.
Se quisermos são estes os princípios que garantem o equilíbrio do direito fiscal impedindo
assim a existência de qualquer arbitrariedade jurídico-fiscal.
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Resume: Aulas Direito Fiscal
Cenário mais prático é o que está ligado aos princípios do procedimento tributário. Destes,
devemos sobretudo destacar o princípio da decisão, da colaboração, do inquisitório e da
participação.
Por sua vez, diz-nos o princípio do inquisitório que deve a AT fazer todas as diligências
necessárias aquilo que a lei considera ser o interesse público da descoberta da verdade
material de cada caso em apreço.
O princípio da colaboração que é também por muitos considerado como um princípio de boa
fé jurídica diz-nos que se deve exigir sempre uma colaboração recíproca / mútua entre o
contribuinte e a máquina fiscal, sempre que se verifique a necessidade de descobrir a
verdade material antes invocada.
3ª Aula – 11/10/2018:
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
rendimento, podendo ainda, em alguns casos, ser acrescida de uma taxa adicional
de solidariedade. Trata-se, segundo o legislador, de uma decorrência do princípio da
solidariedade numa lógica de redistribuição da riqueza entre os vários segmentos
populacionais.
VL = VB- I
Artº 10 da lei geral tributária – princípio da tributação de actos ilícitos: aplica-se com
actividades ilegais mas que preenchei os pressupostos da legislação fiscal (CAI, profissão
legal, actividade regulamentada)
Artº 11 da lei geral tributária – Interpretação: actualmente no sistema fiscal português existe
uma interpretação em “escada”, porque o legislador estabelece três níveis, três de
interpretação – 2 regras fundamentais e uma subsidiária:
1. Em primeiro lugar o legislador manda aplicar as regras gerais do direito, da
hermenêutica jurídica (sistemático, literal, etc.);
2. Em alguns casos utilizam-se conceitos de outros ramos do direito (ex: conceito de
prédio), pelo que manda remeter para o ramo do direito a que pertence o conceito
(ex: no caso do prédio, a definição de direitos reais ou de direito do urbanismo) =
remissão ao ramo originário;
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Resume: Aulas Direito Fiscal
A aplicação da lei no tempo é importante em direito fiscal – artº 12 da Lei geral tributária.
4ª Aula – 17/10/2018:
Proibição da retoratividade
Se for um facto de formação sucessiva, a norma entra em vigor a meio do ano e gera uma
aplicação a dois tempos.
Reversão, quando o fisco muda de direção e em vez de cobrar a uma entidade, e como
esse entidade não pode pagar, vai cobrar as outras entidades.
A ideia de responsabilidade tributária tem implícito que existe uma dívida tributária e que
alguém tem de ser responsabilizado por ela. O Estado é o sujeito activo da relação e o
contribuinte, o empresário são o sujeito passivo.
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
devedor principal (nº 5). No caso da subsidiária esta responsabilidade só intervém quando o
resto corre mal, ou seja, estes devedores só serão chamados se os outros não conseguirem
cumprir as suas obrigações. Na responsabilidade solidária o pagamento da dívida pode ser
exigido a todos os devedores na íntegra e o que pagar tem direito de regresso em relação
aos outros. A subsidiária só opera se o principal não conseguir assegurar o pagamento da
dívida – é o que acontece quando o Estado vai cobrar uma dívida a uma empresa que não
tem dinheiro para pagar e o Estado vai então cobrá-la aos administradores. Na lógica do
direito fiscal há aqui uma mudança de direcção no caso da responsabilidade subsidiária a
que se designa reversão (artº 23).
Se uma empresa não tiver dinheiro para pagar o que acontece às suas dívidas? O mesmo
que com os devedores individuais?
Depois era necessário saber em que contexto e de que forma podem ser responsabilizados.
A lei portuguesa considera que a responsabilidade é do gestor e não do sócio, já que é ele o
responsável pelas decisões (artº 24 da Lei Geral Tributária). No entanto, alíneas a) e b) do
artº são modelos de imputação de responsabilidade, ou seja, para haver responsabilidade
dos indicados no nº 1, têm de ser responsabilizados por uma destas alíneas. A diferença
entre ambas na a) tem de se provar culpa para além de responsabilidade (pessoal na
deterioração do património da empresa - más opções económicas, etc) e imputabilidade, na
alínea b) tem de demonstrar (inversão do ónus da prova) que fez tudo ao seu alcance para
que a dívida fosse paga mas mesmo assim não conseguiu (ex: actas, emails, insistência a
dizer que a dívida tinha de ser paga). Conseguindo provar que fez tudo para a dívida for
paga mas não conseguiu, se o sócio agir como gestor de facto ele pode ser
responsabilizado, se não tiver agido assim não pode ser responsabilizado. No caso do
contabilista – artº 24, nº 3. Este nº 3 não tem nexo de causalidade enquanto que o nº 2 tem.
O Prof. considera que é inconstitucional (o Prof. Saldanha Sanches acha o contrário) não
exigir no nº 3 também um nexo de causalidade entre a violação e o não pagamento da
dívida tributária, mesmo não estando escrito neste número, pois a não ser considerado
assim há uma descriminação na forma de tratamento dos agentes no nº 2 e no nº 3.
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Resume: Aulas Direito Fiscal
5ª Aula – 18/10/2018:
ROCs e TOCs
Responsabilidade Tributária
Inicialmente a responsabilidade tributária que se fixa no dever de liquidar um imposto pode
ter três conceitos:
O pagamento feito pelo sujeito passivo directo (contribuinte), pelo sujeito passivo
substituto ou pelo sujeito passivo responsável. O primeiro é o próprio titular do
imposto a liquidar, o segundo é o sujeito que em certas circunstâncias por um
critério de maior rapidez ou segurança assume o papel do sujeito passivo directo
(ex: retenção na fonte por parte da empresa), e por último o terceiro que sabe que
será chamado a substituir o sujeito directo na sua incapacidade de pagar o que deve
(ex: fiador)
Responsabilidade subsidiária e responsabilidade solidária: nesta matéria
direcionamo-nos sobretudo às entidades colectivas ou equiparadas prevendo-se que
na inexistência de divisas ou património empresarial para liquidar os impostos
devidos, por eles responda subsidiariamente os corpos dirigentes (desde que haja
fundado juízo de culpabilidade nesse cenário – por responsabilidade de condutas
conscientemente dolosas dessas pessoas). A responsabilidade solidária não é dos
dirigentes para com a empresa mas sim dos dirigentes entre si, respondendo para
isso, naturalmente, também com o seu património. Na eventualidade de um dirigente
na empresa responder sozinho pelo que seria o seu valor a pagar, mas também pelo
dos que consigo tivessem as mesmas funções (gestão, direcção, etc), prevê-se a
existência do chamado direito de regresso. Este representa de certo modo a
garantia do ressarcimento do valor pago em excesso uma vez que a sua totalidade
não teria de ser por si sozinho liquidada.
6ª Aula – 24/10/2018:
João Carlos é sócio gerente (pode ser chamado – artº 24) da empresa Painéis do Solar,
Solinca, Lda e foi notificado esta semana para o pagamento de uma dívida de 120.000€,
referente ao IRC da empresa no ano de 2016.
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
João Carlos alega que a dívida não lhe pode ser imputada por duas razões fundamentais:
1º Ter-se-ia de demonstrar a sua culpa no não pagamento da dívida
2º Neste momento João Carlos não é residente fiscal em Portugal pelo que nunca
poderia ser-lhe atribuída essa responsabilidade.
Finalmente, João Carlos alega ainda que o seu mandado já tinha terminado quando a
empresa foi notificada para o pagamento dessa dívida, pelo que, nos termos dos artºs artºs
23 e 24 da LGT, jamais poderia ser chamado ao pagamento de uma dívida.
20/06 – Solinca
Tem de ser provada a insuficiência de bens e não existiu no caso. O processo de execução
é que prova se tem ou não bens suficientes – Artº 23, nº 2. Não poderia reverter-se
automaticamente para João Carlos.
Culpa por não pagamento: Não há causalidade e a culpa não tem nada a ver. Carlos está
enganado quando defende que se tem de demonstrar culpa, uma vez que de acordo com o
artº 24, b) é ele que tem de provar que não tem culpa (inversão do ónus da prova).
Nos termos da alínea a) poderia ser o responsável do artº 24. Não pode ser justificação o
facto de Carlos já não exercer a sua função e ter sido responsável pelo facto ilícito.
Exercício 2
Joana Dias é revisora oficial de contas tendo exercido funções numa empresa de piscinas
entre 2014 e 2017. Este ano, em Setembro a Autoridade Tributária notificou-a para o
pagamento de uma dívida de IMI dessa empresa referente ao ano de 2017, considerando
que o pagamento não foi efectuado por culpa de Joana.
A AT considera também que após se verificar a fundada suficiência de bens dos quatro
administradores do gerente principal da empresa, a responsabilidade pelas dívidas
tributárias passa automaticamente para os ROCs e TOCs.
Joana por sua vez contesta o pagamento da dívida afirmando que primeiro tinha de estar
determinado o processo de execução fiscal sobre a empresa, afirmando ainda que tratando-
se de uma dívida de IMI, o facto constitutivo deu-se a 31 de Dezembro de 2017, dia em que
Joana já não estava a colaborar com a empresa, pois terminou funções no dia 26 de
Dezembro desse ano.
Finalmente, Joana considera ainda que a responsabilidade dos TOCs apenas pode ser
aferida após a análise da responsabilidade dos TOCs e dos membros do Conselho à
fiscalização da empresa.
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Resume: Aulas Direito Fiscal
Pelo artº 24, nº 2 os ROCs ou TOCs não são subsidiários dos administradores, directores e
gerentes. Exige-se uma violação dos deveres que estabeleçam o nexo causal com o não
pagamento do IMI.
De acordo com o artº 22, Joana tem razão quando diz afirma que primeiro tinha de estar
concluído o processo de execução fiscal sobre a empresa.
Joana só poderia ser culpada se tivesse violado as suas funções e dessa violação tivesse
resultado o incumprimento do facto constitutivo em causa.
Joana não tem razão quando afirma que a responsabilidade deverá ser subsidiária com os
membros e com os responsáveis (artº 24, nº 2)
7ª Aula – 25/10/2018:
Artº 28 LGT: substituto tributário (ex: entidade patronal) – alguém que se substitui ao Estado
na tarefa de liquidação e cobrança tributária. Nos casos de retenção, apenas neste se fala
em substituto tributário na colecta de imposto. Nº2 = nem todos os casos de substituição –
V. diferença entre retenção (imposto retido a título definitivo só a entidade que retém é
responsável = substituto/empresa; e a responsabilidade originária é do substituto = a
empresa) e pagamento por conta (imposto a título provisório; ambos (substituto e
substituído) são responsáveis e a responsabilidade tributária é do substituído / empregado e
só subsidiariamente é da entidade patronal– V. artº 23 LGT)
Taxas em matéria de IRS – artº 72 (deduções à colecta) e artº 68 (taxas) Código do IRS
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
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Resume: Aulas Direito Fiscal
V. Fotos
Retenção: é feita mensalmente porque é mais fácil para o contribuinte ir pagando aos
poucos e por outro porque o Estado teme que no ano seguinte o contribuinte não tenha
dinheiro para pagar.
O IVA não é uma retenção pois o original não retira nada, acrescenta (23%). Também não é
um pagamento por conta. Assim o IVA integra-se no nº 3 do artº 28 da LGT
Artº 29 LGT:
-- Aula – 31/10/2018:
8ª Aula – 07/11/2018:
O direito fiscal também tem as suas medidas preventivas, as suas providências cautelares e
que são essencialmente dois tipos: arresto e arrolamento (artº 136 e 140 respectivamente
código do procedimento e processo tributário – CPPT). Estas medidas pretendem acautelar:
Arresto: afecta o património; visa blindar bens físico, computadores, casas, aviões,
navios, carros, obras de arte. Com isto pretende-se que sirvam de garantia ainda
que possam a não ser suficientes para colmatar a falta de capital necessário. O
arresto pode-se dirigir a várias pessoas desde que solidariamente entre si tenham
falhado nas suas responsabilidades empresariais. Continuam a ser proprietários
mas não podem dispor livremente deles.
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
Arrolamento: não diz respeito a bens imóveis, mas a um outro connujto de bens que
pode mais facilmente ser ocultado ou destruído. Frequentemente é decretado antes
do arresto. Normalmente dirige-se a documentação (e-mails, correspondência,
comprovativos de transferências bancárias, balancetes, dossiers contabilísticos,
comprovativos de viagens. Só podem ser arrolados os documentos que têm
interesse processual.
É através destas medidas que o Estado procura assegurar as suas garantias. Aqui em
causa está um direito público, ou seja, o direito que o Estado tem de se ver ressarcido dos
seus prejuízos (ainda que possa haver direitos privados em causa – ex: BES).
Tal como noutros ramos do direito, também o direito fiscal pode recorrer a medidas
preventivas na busca de garantir créditos tributários sobre os quais incida um possível juízo
de impossibilidade de cobrança o que, a acontecer, por lesar o Estado na sua função
económica, bem como, em consequência, todos os contribuintes, deva por isso ser
acautelado. Ainda assim, estas providências cautelares deverão ser proporcionais ao dano
ou prejuízo verificados e nunca exceder essa mesma proporção (se a dívida for de 10
milhões e a pessoa tiver 40 milhões no banco, só podem ser arrestados os 10 milhões
porque os restantes não estão no âmbito do processo).
Arresto e Arrolamento
O arresto é uma medida preventiva que se direciona / incide sobre o património na sua mais
variada origem, por exemplo, casas, propriedades, viaturas, aeronaves, navios, colecção de
joias, colecções de arte, quadros, etc. tudo isso pode ser arrestado e com ele procura-se
uma vez mais garantir que face ao dano verificado há, pelo menos, algo quantificável que
possa servir de “caução” garantindo algo a que o Estado possa recorrer impedindo por sua
vez que o proprietário possa dissipar, desfazer-se ou até ocultar esses mesmos bens”.
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Resume: Aulas Direito Fiscal
Nesta matéria entende-se que a realidade tributável deverá ser avaliada ou directamente
calculada segundo os critérios específicos inerentes a cada imposto / tributo. Este é, assim,
o paradigma desejável e aquele que a lei prevê como sendo o normal. É aquilo a que
chamamos a avaliação directa da matéria tributável e que procura determinar o valor real
dos rendimentos ou dos bens tributados.
Realidade diferente é a avaliação indirecta da matéria tributável. Esta, por sua vez, visa a
determinação do valor dos rendimentos ou dos bens a partir de indícios, presunções ou
quaisquer outros elementos de que a AT (Administração Tributária) disponha e que pareçam
demonstrar uma possível desarticulação ou até desfasamento entre o que se declara e o
nível de vida apresentado. A esta avaliação indirecta também vários autores lhe chamam
avaliação indiciária e esta desarticulação entre o que se declara e o que se aparenta recai
por isso na matéria da chamadas manifestações de fortuna.
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
A prestação de garantia pode ser dispensada (artº 52, nº 4 LGT), através de requerimento
(pedido de dispensa de garantia), dizendo que não tem meios económicos para prestar a
garantia ou que prestando fica sem meios de subsistência económica e financeira.
Outro cenário que suspende a execução (para além do pagamento a prestações, em que o
contribuinte assume a dívida) é através dos meios de reacção, previstos legalmente para
atacar a validade jurídica desta dívida, através de reclamação graciosa, recurso hierárquico
(via administrativa), impugnação ou oposição (via judicial). Qualquer um destes instrumentos
suspende a execução (do processo de cobrança coerciva) – no recurso pede-se nos termos
do artº 52, nº 2 a suspensão da execução.
Artºs 51 e 52 LGT:
1º. Notificação (ainda é para ouvir o contribuinte)
2º. 2ª notificação (ainda é para ouvir o contribuinte)
3º. Citação – já é para processo executivo, para pagar – só aqui se prestam garantias
No 1º e no 2º não se prestam garantias, porque ainda está em fase de liquidação, havendo
uma discussão entre o contribuinte e a autoridade tributária. No 3º o processo já está em
execução e aqui é que se podem prestar garantias, podendo haver dispensa ou não de
garantia.
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Resume: Aulas Direito Fiscal
Um imposto pode ser comparado a um crédito tributário, sendo que este tem que ser
obrigatoriamente liquidado. Este crédito não pode ser, à partida, liquidado por outro
contribuinte que não aquele sobre o qual incide o imposto.
Existem exceções, por exemplo no caso de uma sucessão, em que o sucessor pode ser
chamado a liquidar o imposto do falecido. Outra exceção é uma figura semelhante à do
fiador, que não existe no direito fiscal.
Pagamento em prestações
O juro é uma contrapartida que eu dou ao estado por ele aceitar fasear o pagamento da
minha divida.
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
Para o teste
Princípios gerais do sistema fiscal
Interpretação (artº 11 LGT)
Aplicação da lei no tempo e no espaço
Sujeitos da Relação jurídica tributária
A responsabilidade tributária
Transmissão do crédito tributário
Providências cautelares
Garantias de cobrança (artº 52 LGT)
Procedimento tributário: os 3 princípios mais importantes (decisão, colaboração e
participação)
Prazos do procedimento
Caducidade e prescrição
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Resume: Aulas Direito Fiscal
Exemplo
IRS 2014. O prazo para notificação termina em 31/12/2018. Cai no artº 45, nº 4, imposto
periódico.
A 5/2/16 é notificado para uma inspeção externa referente ao IRS 2014 e a inspeção decorre
entre 5/2/16 e 4/10/16.
Teste.
Inquérito crime – tem de incidir sobre aqueles factos que estão em investigação.
Inspecção Tributária: forma como a AT e os mecanismos que tem para apurar a real
situação dos contribuintes.
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
Artº 63 – Inspeção
Artº 36 CRP – Protecção do domicílio + artº 63, nº 5, a) e c). O contribuinte pode rejeitar o
acesso à sua residência. Se o fizer a AT tem de solicitar ao tribunal de comarca um mandato
(nº 6, artº 63) – normalmente a AT primeiro solicita o mandato e só depois vai a casa do
contribuinte.
IRS 2016 com uma reclamação graciosa entreposta a 15/6/2017 e resolvida 28/11/2017 e
com uma inspeção externa iniciada a 1/1/2019 e concluída a 22/7/2019.
A reclamação graciosa não vai suspender a contagem do prazo de caducidade (artº 46 LGT)
No caso da inspeção, suspende sempre o prazo de caducidade porque é o Estado que está
a fazer a investigação pelo que a lei lhe atribuiu um prazo mais alargado.
Análise do artº 46, nº 1 LGT: “…cessando, no entanto, esse efeito…. Caso a duração da
inspeção externa tenha ultrapassado 6 meses…” – Se o artigo fosse só assim, como
ultrapassou 6 meses cessa o efeito da suspensão – ou seja a suspensão não contava. Ou
seja não se conta os 6 meses, recomeça-se a contagem e no final acrescenta-se a diferença
entre os 6 meses e o tempo adicional (neste caso seriam 22 dias – terminaria a 22/1/2020).
Em alternativa pode-se acrescentar os 6 meses que é o prazo legal (terminaria a 1/7/2020),
mas que o professor acha que não faz sentido e prefere a primeira opção. Podemos
escolher a opção que consideramos melhor mas temos de justificar: “Da leitura do artº 46, nº
1 e que optamos pelo prazo suplementar (x) ou que optamos pelo prazo legal (6 meses).”.
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Resume: Aulas Direito Fiscal
VAB = Valor Anual Bruto, ou seja, valor antes da aplicação da taxa. Artº 89-A, nº 4 LGT
(Tabela)
Rendimento padrão é o rendimento que o contribuinte deveria ter para ter um imóvel deste
valor
DMA = Desvio Máximo Aceitável = 30% (artº 89-A, nº 1 LGT) em relação ao rendimento
padrão (70.000x0,3 = 21.000) ou seja R(endimento) P(adrão) (tabela do artº 89-A, nº 4) –
D(esvio)M(áximo)A(ceitável) = R(endimento)M(ínimo)A(ceitável)
RMA = 49.000
A = Acréscimo Tributário
A = 49.000 (o que temos de ter pelo menos) – 10.500 (aquilo que o contribuinte declarou).
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
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Resume: Aulas Direito Fiscal
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
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Resume: Aulas Direito Fiscal
1º. Calcular o rendimento padrão num valor de 20% do valor da casa – 400.000 x 0,2 =
80.000€
2º. Calcular o DMA (artº 89-A, nº 1 LGA – V. tabela do nº 4 do artº) no valor de 30%
sobre os 80.000 - DMA = 24.000€
3º. Calcular o RMA = 80.000 – 24.000 = 56.000€
4º. Calcular os incrementos patrimoniais - RMA – o valor da casa = 56.000 – 40.000 =
16.000 = incrementos patrimoniais a colocar na Categoria G do IRS
Se o valor de aquisição fosse inferior a 250.000€ não há lugar a cálculos porque o valor
apresentado é inferior ao que a lei exige (artº 89-A, nº 4 – Tabela)
RP = 40.000
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
Quando há mais do que um ano a calcular, o 1º abatimento é feito sobre os 50% do valor da
compra e os abatimentos seguintes são feito sobre o valor obtido no cálculo anterior, ou
seja, para o 2º ano, seria 20% sobre o valor obtido no cálculo dos 50%, no 3º ano seria 20%
sobre o valor obtido no 2º ano e assim sucessivamente.
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Resume: Aulas Direito Fiscal
A avaliação indireta (ou indiciária) resulta de indícios e não da declaração e dos elementos
fiscais do contribuinte. Manifestação de fortuna vista enquanto avaliação indireta. As regras
vêm no artº 87 e só nestes casos é que pode haver avaliação indireta. O nº1 do artº 87 é
uma clausula fechada na medida em que só estas causas podem originar uma avaliação
indireta.
Na lei fiscal portuguesa há lugar a dois tipos de avaliação da matéria tributável: a avaliação
direta e a avaliação indireta. A avaliação direta é a que é levada a cabo, em regra, pelo
contribuinte dentro dos princípios de auto liquidação e auto declaração vigentes. Já a
avaliação indireta tem natureza subsidiária e apenas pode ser realizada nos casos previstos
no artº 87 da LGT. Deve sublinhar-se que o legislador não quis deixar ao critério da
Administração tributária o preenchimento e a definição das situações onde se verificaria a
impossibilidade de comprovação e quantificação da matéria tributável, pelo que elencou
essas situações no artº 88 da LGT. Nestes casos haverá lugar à avaliação indireta que será
concretizada tendo em conta as metodologias previstas no nº1 do artº 90 da LGT, e que
podem incluir, por exemplo, o cálculo das margens médias do lucro liquido, os custos
presumidos ou o quoficiente técnico de consumos. Finalmente não deverá esquecer-se que
as manifestações de fortuna calculadas com base no nº4 do artº 89-A da LGT são também
uma forma de avaliação indireta, embora neste caso com uma metodologia de cálculo
própria que envolve a aplicação de conceitos como o rendimento padrão e o desvio máximo
aceitável.
IRS
A incidência deste imposto recaí naquele que é o valor anual dos rendimentos anuais dos
contribuintes, uma vez feitas as respectivas deduções e abatimentos, distribuindo-se estes
rendimentos por categoria diferentes, consoante a sua natureza. Importa também reter que
se opera este mesmo imposto mesmo para rendimentos proveniente de atos ilícitos (artº 1º
do Código do IRS). Nas várias categorias do IRS encontramos os rendimentos provenientes
do trabalho dependente, rendimentos empresariais e profissionais, rendimentos de capitais,
rendimentos de natureza predial, os incrementos patrimoniais e ainda as pensões.
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
aqui, por exemplo, todo o trabalho que seja prestado por contrato de aquisição de serviços,
o resultado de qualquer funçãi ou cargo público, situações de pré-reforma, etc.
Ainda assim, prevê a lei não serem tributáveis as prestações pagas pelas entidades
patronais quando em regimes de segurança social obrigatórios, mesmo que privados e cujo
fim seja assegurar garantias como a reforma, seja ela na sua vertente natural, por invalidez
ou mesmo em resultado de uma pensão de sobrevivência (artº 2, nº 8 do Código do IRS).
Rendimentos de capitais
Cabem neste âmbito os rendimentos que apresentem valores económicos
independentemente da sua natureza, sejam também eles pecuniários ou em espécie ou
ligados directa ou indirectamente às circunstâncias patrimoniais, como é exemplo os direitos
ou circunstâncias de natureza jurídica similar aos que tem de ter um enquadramento
mobiliário. Sendo assim, é natural que neste domínio caibam não só as aquisições, como
também a modificação e transmissão ou a cessação dos direitos das situações em causa.
Tal como referimos na categoria anterior, importa aqui compreender que, nomeadamente os
rendimentos que resultem de contratos cujo objecto seja a propriedade intelectual podem
em circunstâncias muito específicas aqui serem indexados quando recebidos pelo seu autor
ou titular originário (artº 5 do Código do IRS).
Rendimentos Prediais
Consideram-se estes rendimentos as rendas de prédios urbanos, rústicos ou misto pagos
aos seus respectivos titulares enquanto rendas, considerando-se os pagamentos relativos
ao uso do prédio ou da parte dele, também os que sejam pagos pelo aluguer de mobiliário
instalado nos prédios, também os pagamentos pela cedência de partes comuns, bem como
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Resume: Aulas Direito Fiscal
as importâncias que digam respeito à cedência para uso total ou parcial de bens para efeitos
de publicidade.
Para efeitos de IRS o prédio rústico representa uma parte circunscrita da superfície e o que
aí se construir, não tendo qualquer autonomia económica, ao passo que o prédio urbano é
qualquer edifício construído também num espaço de solo onde se inclui o logradouro. Misto
reúne ambas as valências (artº 8 do Código do IRS).
Incrementos Patrimoniais
Consideram-se incrementos patrimoniais as indemnizações recebidas para uma qualquer
reparação de danos não patrimoniais, bem como as quantias não comprovadas,
considerando-se estas as que se destinam a ressarcir os benefícios não liquidados. Mas
sobre tudo, aqui cabem todas as importâncias recebidas por via de obrigações fiscais,
independentemente da sua fonte e os acréscimos patrimoniais não justificados, como no
caso anterior vimos ser quantificáveis de acordo com os artºs 87, 88 e 89 da LGT (artº 9 do
Código do IRS).
-- Aula – 13/12/2018:
Importante: conceito de sujeição (representa a tipificação da lei que tem de ser abrangida
por um determinado tipo de tributação conforme a sua natureza) e de isenção (é um critério
que representa um determinado rendimento que fica excluído de uma tributação). Há
rendimentos que a lei prevê que possam ser sujeitos a tributação mas que possam estar
isentos por qualquer mecanismo previsto na lei (ex: rendimento de bolseiros de investigação
– deveria ser tributado como rendimento mas está isento de tributação).
Categoria H – Pensões
Não obstante as categorias anteriormente mencionadas, resta ainda a categoria H, cujo
rendimento tipo abrangido será as pensões. Podem estas ter várias naturezas como por
exemplo a título de velhice, invalidez, sobrevivência, entre outras. Cabem também aqui as
prestações sustentadas por companhias de seguros ou até fundos de pensões que sejam
complementares ao regime clássico de pagamento de pensões afeto à Segurança Social e
que, por isso, a sua origem venha de uma entidade patronal que não seja propriamente o
Estado (V. artº 11 do Código do IRS).
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Resumo: Aulas Direito Fiscal
Além destas contingências já indicadas e para que se perceba com alguma exactidão o
universo em causa, quando se fala em isenção na prática desportiva, tal como acontece
com bolsas do ensino que são comparticipadas pelo Estado e, por isso, isentas, igualmente
neste campo a isenção se verifica sobretudo porque entram em acção bolsas que são
atribuídas a praticantes de alto rendimento desportivo sustentados por instâncias
maioritariamente públicas como é exemplo o comité olímpico de Portugal.
Circunstância mais particular é a que diz respeito a um agregado familiar, na medida em que
a tributação em causa não incidirá no rendimento isolado (de uma só pessoa), mas antes no
conjunto de rendimentos das várias pessoas que constituam o agregado familiar. Pese
embora estas considerações puramente fiscais, o conceito de agregado de família tem de
ser claramente delimitado, não obstante esta delimitação possa ser compreendida como um
valor absoluto. De qualquer forma, pese embora esta volatilidade conceptual, consagra o
artº 13º do Código do IRS, no seu número 3, qual a delimitação deste conceito.
Uniões de Facto
Quando estivermos perante cenários de contribuintes que coabitem em regime de união de
facto, e que por isso preencham os pressupostos legais respectivos, há a possibilidade de
se optar por uma tributação afeta ao regime dos sujeitos passivos, casados e não separados
judicialmente em critério quer de pessoa quer de bem. Esta possibilidade fica ainda assim
dependente de uma identificação clara do domínio do domicílio fiscal durante o período de
tempo que a lei considere garantística da demonstração destes mesmos pressupostos.
Aqui chegados, outra rúbrica que é indiscutivelmente importante é a que sustenta a noção
de residente. Deve-se compreender essencialmente que são considerados residentes no
nosso território para efeitos fiscais todos aqueles que seguida ou intercaladamente tenham
permanecido 183 dias da totalidade dos dias do ano, como pudemos observar no artº 16 do
Código do IRS, no seu nº 1, a).
Sendo extenso este artigo e a não descriminação de todas as suas alíneas representando
não represente por isso uma menor importância entre si, uma chamada de atenção se deve
fazer ao nº 5 deste mesmo artigo. Grosso modo, estende a este critério de residência as
pessoas de nacionalidade portuguesa que ainda assim deslocalizem a sua residência fiscal
para um país ou território cujo regime fiscal em vigor seja notoriamente mais favorável, ainda
que para isso deva constar da lista de territórios que deve ser apresentada pelo Ministério
das Finanças em portaria específica.
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Quando estejamos perante sujeitos residentes noutro Estado membro da EU, ou do seu
espaço económico comum, deveremos aplicar essencialmente o critério constante do nº 1
do artº 17-A do Código do IRS.
Não sai os princípios, não sai a aplicação no tempo e noi espaço. Mas sai a
responsabilidade (artº 24 da LGT para a frente).
IRS
Do ponto de viosta teórico devia ser uma soma de categorias.
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A questão da dupla tributação. Temos uma CDT (convenção internacional para evitar a
dupla tributação), ou o artº 81 do CIRS (sublinhar o crédito de imposto no artº 81). Diz para
deduzir em crédito uma de duas importâncias: ou o imposto retido na fonte(81/1/a)), ou uma
fração da coleta do IRS alínea (81/1/b).
Na aplicação e na liquidação do IRS há duas coisas que temos que ter em conta:
• Existência de pagamentos por conta (102), que se aplicam à categoria B do IRS.
Teste:
IRS – Que rendimentos cabe em que categoria; se um rendimento é de categoria A ou |B
ou...., e diferença das deduções específicas e gerais; como se calcula a matéria coletável
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