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ESCOLA SUPERIOR DE GOVERNAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


DIREITO FISCAL
3º ANO (PÓS-LABORAL)

Relação do Direito Fiscal com Outros ramos de Direito

Discentes: Docente:
Ângelo Guambe Dr. António Patrício Daniel
Maria Muchanga
Verónica Guila

Maputo, Março de 2023


Índice
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................2
1. Metodologia de trabalho..............................................................................................................3
1.1. Classificação da pesquisa..................................................................................................3
a) Quanto a Natureza....................................................................................................................3
b) Quanto ao Objectivos...............................................................................................................3
c) Quanto a Forma de abordagem................................................................................................3
1.2. Procedimentos técnicos.........................................................................................................3
1.3. Técnica de Recolha de Dados...............................................................................................4
1.4. Métodos de pesquisa.............................................................................................................4
a) Método de Procedimento..........................................................................................................4
2. Objectivos do estudo....................................................................................................................4
2.1. Geral:....................................................................................................................................4
2.2. Específicos...........................................................................................................................4
3. Direito fiscal................................................................................................................................4
3.1. Âmbito do direito fiscal........................................................................................................5
3.2. Natureza jurídica do direito fiscal.........................................................................................5
3.3. Autonomia do direito fiscal...................................................................................................5
4. Direito Fiscal e Outros Ramos do Direito...................................................................................6
4.1. Direito Fiscal e Direito Financeiro........................................................................................7
4.2. Direito Tributário..................................................................................................................7
4.3. Direito Fiscal e Direito Constitucional.................................................................................8
4.4. Direito Fiscal e Direito Administrativo................................................................................9
4.5. Direito Fiscal e Direito Privado............................................................................................9
4.6. Direito fiscal e Direito Internacional..................................................................................10
4.7. Direito fiscal e Direito aduaneiro........................................................................................11
4.8. Direito Fiscal e Direito Processual......................................................................................12
4.9. Direito Fiscal e Direito penal..............................................................................................12
4.10. Direito Fiscal e Direito Criminal......................................................................................12
CONCLUSÃO...............................................................................................................................14
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................15

1
INTRODUÇÃO
O direito fiscal é um direito autónomo, com uma formação própria, com princípios espaciais, que
dominam o seu desenvolvimento. Embora seja uma realidade a autonomia científica do Direito
Fiscal, levando em consideração o carácter unitário do direito, qualquer dos seu ramos esta
necessariamente ligado a todos os outros. Tendo em atenção a natureza e âmbito do direito fiscal,
este mantem relações especiais de conexão e de dependência, com outros ramos de direito.
Assim no referente aqui apresentado pretende-se abordar sobre essas relações e conexões, onde
pretendemos começar desde a relação estabelecida entre o direito fiscal e direito financeiro e
tributário até a sua relação com os direitos privado, processual, penal, criminal e outros ramos
que de alguma forma compõe o direito fiscal e fazem parte das regras que o compõem, no
referente trabalho pretende-se não só mostrar a relação mas também as diferenças entre eles, se
assim for.

2
1. Metodologia de trabalho
Qualquer trabalho científico é orientado por princípios que possibilitam o alcance dos objectivos
pré-definidos, e a metodologia é um instrumento fundamental na orientação do trabalho do
género. Portanto, apresentamos o conjunto de procedimentos metodológicos que tornaram
possível a elaboração do presente estudo desde o método de abordagem, método de
procedimento, técnica de recolha de dados, e o tipo de pesquisa, (Bruyne, 1991).

A metodologia deve ajudar a explicar não apenas os produtos da investigação científica, mas
principalmente seu próprio processo, pois suas exigências não são de submissão escrita a
procedimentos rígidos, mas antes da fecundidade na produção do conhecimento.

1.1.Classificação da pesquisa
a) Quanto a Natureza
Do ponto de vista da sua natureza, a pesquisa é básica – De acordo com Gil (2207:42), este tipo
de pesquisa “procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação directa com
suas aplicações e consequências práticas.” Neste caso, diante do problema exposto, pretende-se
trazer soluções através dos conhecimentos a serem desenvolvidos.

b) Quanto ao Objectivos
Considerando o conjunto de objectivos deste trabalho o tipo de pesquisa é a explicativa. Segundo
Gil (2007: 43), uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de uma pesquisa descritiva,
posto que a identificação de factores que determinam um fenómeno exige que esteja
suficientemente descrito e detalhado. A pesquisa envolverá o levantamento bibliográfico.

c) Quanto a Forma de abordagem


O presente estudo toma como base a pesquisa qualitativa que segundo De Oliveira (2011) a
pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.. O ambiente
natural onde ira decorrer a pesquisa servirá como uma fonte directa para colecta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave sem recorrer a dados estatísticos. O ambiente natural servirá
como uma fonte directa para colecta de dados e os pesquisadores são o instrumento-chave sem
recorrer a dados estatísticos.

1.2. Procedimentos técnicos


Trata – se de uma pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos,
como livros, artigos científicos, páginas de Web sites, (Fonseca, 2002: 32). Para o caso concreto
desta pesquisa, recorrer-se-á a revisão de literatura onde buscar-se-á conhecimentos de outros

3
autores contidos em obras publicadas, nos artigos científicos. Os pesquisadores recorrem
também a manuais de tributação, direito fiscal.

1.3. Técnica de Recolha de Dados


Como técnicas de recolha de dados a pesquisa orientou-se da observação técnica Documental.

A técnica Documental “é toda forma de registo e sistematização de dados, informações,


colocando – o em condições de análise por parte do pesquisador” (Severino, 2007:125). Esta
técnica permitiu fazer uma leitura crítica e interpretativa em torno do tema em estudo com base
na literatura existente.

1.4. Métodos de pesquisa


a) Método de Procedimento
A pesquisa procedeu-se com base no método Monográfico, que consiste no estudo de
determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a
finalidade de obter generalizações. A quando da investigação deve – se ter em conta e examinar
o tema escolhido, observando todos os factores que o influenciam e analisando-o em todos os
seus aspectos (Ibidem).

2. Objectivos do estudo
2.1. Geral:
 Analisar os conceitos relativos ao direito fiscal e os outros ramos de direito

2.2. Específicos
 Apresentar a conceptualização do direito fiscal;
 Indicar quais is ramos de direito que estabelecem relação com o direito fiscal
 Descrever a relação entre vários ramos de Direito o Direito Fiscal.

3. Direito fiscal
Na perspectiva de Ibraimo (2002) O direito fiscal é o conjunto de normas que disciplinam as
relações que se estabelece entre o Estado e outros entes públicos, por um lado os cidadãos, pelo
outro lado por via de impostos. Também podemos considerar como sendo o direito fiscal como o
conjunto de normas que regulam o imposto nas suas várias fases: incidência, lançamento,
liquidação e cobrança.

Direito fiscal é o ramo do direito público que contem um conjunto de regras jurídicas (gerais e
obrigatórios) e que prevê os termos em que são cobrados e determinados os montantes dos
impostos a arrecadar aos cidadãos.

4
Segundo Teixeira (1995:79), para o estudo e compreensão da problemática específica do Direito
Fiscal, deve-se considerar a origem e o modo de ser das normas que o integram.

Direito Fiscal é o conjunto de normas que disciplinam as relações que se estabelecem entre o
estado e outros entes públicos por um lado e os cidadãos pelo outro por via do imposto. Também
regula as infracções a normas fiscais e das conseguintes penalidades ou seja trata do Direito
Penal Fiscal e do Direito Processual Fiscal.

De igual modo o Direito Fiscal regula o exercício da soberania financeira e da formulação de leis
fiscais, normas que informam a constituição fiscal e por último o Direito Fiscal disciplina os
conflitos internacionais, e a dupla tributação, segundo (Waty, 2004:187),
.
3.1. Âmbito do direito fiscal
Abrange princípios e normas de diversos tipos:
 Princípios Jurídicos Fundamentais;
 Normas Fiscais da Constituição;
 Normas de Organização dos Serviços de Administração;
 Normas Materiais Positivas e Negativas que Regulam as Situações Jurídicas;
 Normas Instrumentais ou Formais;
 Normas de Contencioso;
 Normas Fiscais Sancionatórias;
 Normas de Conflitos.

3.2. Natureza jurídica do direito fiscal


Diversos autores são unânimes em considerar que o Direito Fiscal se enquadra no ramo do
Direito Público. Na realidade a aplicação de qualquer critério para distinguir entre dois grandes
ramos de direito, Direito Público e Privado, leva-nos a concluir que o Direito Fiscal é um sub-
ramo do Direito Público pelos seguintes fundamentos:
 Critérios de interesse- visam titular os interesses da colectividade
 Critérios dos sujeitos da relação jurídica- privilégio ou benefício de execução prévia.

3.3. Autonomia do direito fiscal


Direito fiscal é o ramo do direito público que contem um conjunto de regras jurídicas (gerais e
obrigatórios) e que prevê os termos em que são cobrados e determinados os montantes dos
impostos a arrecadar aos cidadãos.

O Direito Financeiro caracteriza-se por ter uma função própria de que decorrem conteúdos e
normas próprias e regimes específicos, autónomos, coerentes, axiológica e normativamente
unidos e por ter instituições e vida próprias. (Waty, 2004:53).

5
Desta afirmação dá para perceber o lugar do Direito Fiscal quanto à sua autonomia, todavia, esta
visão encontra uma contra posição de vários autores que negam a autonomia do Direito Fiscal.

“O Direito Fiscal não é em si autónomo, por não constituir um sistema orgânico de preceitos e
ser apenas um conjunto de normas heterogéneas unificadas em função da matéria que os regula”
Teixeira (1992:13).

Segundo Teixeira (1992), a limitação da autonomia do Direito Fiscal, deve-se a sua limitação no
que tange ao alcance e interesse. O direito financeiro não é uma ciência fechada, ela, aceita a
incorporação de normas subsidiárias de tratamento das matérias no seu âmbito desde que não se
confrontem com os princípios particulares do direito financeiro.

Portanto, o Direito Fiscal organiza-se segundo princípios e regras próprias como por exemplo as
normas sobre:
 A incidência
 A liquidação
 O lançamento
 A cobrança dos impostos.

Segundo Waty (2004:79), nos apresenta os princípios jurídico-constitucionais porque se rege a


tributação, começando pelos que fixam limites de natureza formal, limites relativos a quem,
como e quando tributar e estão consagrados nos seguintes princípios a saber:
 Princípio de legalidade fiscal;
 Princípio de segurança jurídica;
 Princípio de proibição de referendo fiscal.

Antes de passarmos, porém, à análise destes diversos constitucionais da tributação impõe-se uma
observação. É que, tudo quanto vamos dizer a este respeito tem por base o direito constitucional
interno, sendo certo que o nosso ordenamento jurídico fiscal, também ao nível constitucional,
sofre a contenção e as limitações decorrentes do direito comunitário. Por isso, a análise
subsequente é feita, naturalmente com a ressalva do direito constitucional fiscal da União
Europeia.

4. Direito Fiscal e Outros Ramos do Direito


O direito fiscal enquanto disciplina jurídico normativa, o por tratar-se de um ramo do direito que
integra regras que assumem todas as características das normas jurídicas em geral (generalidade,
abstração, hipoteticidade, autonomia e imperatividade), porem, por outra parte a ciência fiscal é
um aspecto da ciência das finanças que encara, o fenómeno fiscal, “ o imposto” numa óptica

6
económica como ingresso publico, enquanto fenómeno social fáctico e não normativo
procurando determinar regularidades, Gomes (19981) citado por Ibraimo (2002).

As matérias que são objecto de direito fiscal (obrigação de pagar o imposto, o direito de exigir o
seu pagamento, a determinação do montante devido, a fiscalização do cumprimento das
obrigações fiscais por parte dos contribuintes, bem como as sanções aplicáveis pelo seu não-
cumprimento) também são matérias objecto de outros ramos do direito:

4.1. Direito Fiscal e Direito Financeiro


Para se estabelecer essa relação existe a necessidade de primeiro compreender o que é o direito
financeiro, é entendido como direito financeiro “ o conjunto de normas reguladoras da actividade
financeira do Estado2”, Ibraimo (2002). Actividade está que contem a arrecadação de receitas e a
execução de despesas e é ai que o direito fiscal se encontra na arrecadação das receitas coactivas
e unilaterais, assim podemos dizer que o direito fiscal não é o direito financeiro porém o mesmo
engloba o direito fiscal, pelo mesmo ser composto de normas heterogéneas, desde a regulação e
disciplina das receitas voluntárias, arrecadação das receitas coactivas e a realização das despesas
e o direito fiscal apenas se ocupa da disciplina das receitas coactivas. Mas há necessidade de
entender que o direito financeiro esta numa perspetiva generalista e o direito fiscal para uma área
específica.

4.2. Direito Tributário


O direito tributário é constituído pelo conjunto de normas que regulam todas as receitas coactivas
do estado e que se designam de tributos que nos termos do artigo 3º da LGT (Lei Geral
Tributária), podem ser fiscais (impostos) e as taxas e todas as outras contribuições financeiras a
favor do estado. Ou seja, todo o direito fiscal é direito tributário mas nem todo o direito tributário
é direito fiscal.

Quando estamos de direito tributário e direito fiscal estamos perante sinónimos, pois ambos
tratam do estudo do estudo do direito relativo aos impostos (receitas), porem o direito tributário é
mais amplo que o direito fiscal, pois o direito fiscal designa-se somente as receitas coactivas e
unilaterais e o direito tributário é mais abrangente por incluir as taxas e outras categorias de
receitas públicas, além das receitas coactivas e unilaterais.

Dessa forma podemos afirmar que o direito financeiro contem o direito tributário e este contem o
direito fiscal, isto na perspetiva do autor que até agora apresentamos. Então desse modo estamos
a partir desde a perspetiva generalista que é o direito financeiro até o mais restrito que é o direito

1
Nuno de Sá Gomes, (1998). Manual de direito fiscal. Editora Rei dos Livros. Vol 1. Lisboa.
2
A actividade financeira do estado é a acção que o estado desenvolve no sentido de realizar despesas públicas e de
promover a obte nção dos meios indispensáveis para a cobertura das despesas, ou seja, as receitas.

7
Fiscal. Porém note-se que apesar dessa toda contenção o direito financeiro, tributário e fiscal são
ramos autónomos do direito.

4.3. Direito Fiscal e Direito Constitucional


O direito constitucional trata de matéria inerente ao Estado de direito, constituído por princípios
supralegais que se impõem no próprio legislador constitucional, Gomes (2000). Com isso
conclui-se que o direito fiscal tal como os outros ramos do direito e como norma jurídica
subordina-se as regras constantes do direito constitucional, material e inerente ao Estado de
direito por princípios que se impõem ao próprio legislador. O texto constitucional tem normas de
natureza fiscal que a doutrina designa “ constituição fiscal”. (Ibraimo: 2002).

Para Nabais (2000) é essa “ constituição fiscal “que consubstancia a relação entre o direito
constitucional e o direito fiscal, onde temos dois grandes segmentos: um clássico que podemos
designar de bases constitucionais dos impostos, concretizando fundamentalmente na ideia do
estado fiscal, no princípio da legalidade fiscal e no critério material do impostos ou princípio da
capacidade contributiva; outro, mais recente, materializado no recorte constitucional
caracterizador ou típico do sistema fiscal seja quanto as finalidades que este deve prosseguir, seja
relativamente a delimitação dos princípios integrantes do sistema.

Os autores acima citados trazem essa relação em linhas geras enquanto Waty (2007) traz essa
relação apontando especificamente para a relação entre o direito fiscal e constitucional
moçambicano, especificando em artigos. Assim ele na sua definição de direito constitucional diz
que “ não são muitas as normas que se inserem na constituição no que diz respeito aos princípios
fundamentais da organização tributaria” tendo em conta a nossa constituição podemos afirmar
que só a alínea b) do artigo 45 da constituição da república de Moçambique3 é que são
exclusivamente fiscal. É ainda norma de natureza fiscal a consagrada no artigo 57, que
estabelece que “na República de Moçambique as leis retroativas, quando beneficiam os cidadãos
e outras pessoas jurídicas”. Ao estabelecer o numero 2 do artigo 82 da CRM que “a apropriação
só pode ter lugar por causa de necessidade, utilidade” e , o numero 1 do artigo 60 que “ninguém
pode ser condenado por actos não qualificados como crime no momento da sua pratica”.

No que respeita aos artigos da constituição apontados como fiscais, achou-se pertinente enunciar
a alínea c) do artigo 45 “todo o cidadão tem o dever as contribuições e impostos” este por falar
do dever do cidadão de pagar o imposto aplicando- se aqui no direito fiscal. Também o artigo
100 “os impostos são criados ou alterados por lei , que os fixa segundo critérios de justiça social”
esse artigo também foi entendido como fiscal por falar do cunho legal do imposto ao ser criado
fixa e alterado por lei, mas o artigo que foi visto como o artigo principal que representa a relação
do direito constitucional e o fiscal é o artigo 127 da CRM que abordada desde a estrutura do
sistema fiscal até a obrigatoriedade de pagar o imposto.

3
Trabalhar na medida das suas possibilidades e capacidades

8
4.4. Direito Fiscal e Direito Administrativo
O direito administrativo também é um ramo do direito público que visa regular a actividade da
administração pública para a prossecução do interesse público, ora o principal instrumento de
financiamento da realização daqueles interesses são os impostos, dai que durante algum tempo e
ainda hoje parte da doutrina defendia e defende que o direito discal era um ramo especial do
direito administrativo, estando ainda o sujeito a regras do direito administrativo como por
exemplo o princípio da legalidade.

Ainda que se reconheça a autonomia desses dois ramos do direito, as relações são bem íntimas,
porque desde logo, os órgãos públicos, encarregados da aplicação das leis do imposto são, numa
primeira fase, não contenciosa, órgãos administrativos, especialmente nos impostos de
lançamento, em que a referida aplicação é feita mediante um processo fiscal administrativo de
carácter graciosa, que não é mais do que uma sequência de actos administrativos dirigida a
determinação da matéria colectável no acto tributário de liquidação de impostos. O mesmo se
pode dizer dos órgãos que exercem a actividade de prevenção e fiscalização tributaria que é
igualmente uma actividade de polícia administrativa, sem falar da cobrança do imposto que é de
certa medida uma actividade administrativa. Até o processo de reconhecimento de benefícios
fiscais e o exercício de garantias graciosas, aplicação administrativa de sanções. (Gomes: 2000).

Os órgãos de prevenção, fiscalização e cobrança tributaria exercem uma efectiva actividade


administrativa. Porem há princípios como o da igualdade, legalidade, tipicidade que são próprios
do direito tributário e que o direito administrativo se autonomiza (Waty:2007).

Apesar dessas todas relações e interligações há sempre que esclarecer que o direito fiscal é um
ramo autónomo face ao direito administrativo.

No respeitante ao direito administrativo e o direito fiscal vê-se logo a relação estabelecida entre
estes dois ramos primeiro pela prática da arrecadação à aplicação das leis do imposto, e aos
princípios partilhados por ambos, mostra uma clara interligação entre eles apesar da autonomia
de cada um deles.

4.5. Direito Fiscal e Direito Privado


Desde logo, o núcleo central da relação tributaria tem a estrutura duma obrigação, pois que a
mesma se analisa, do lado do credor do imposto, num poder de exigir do contribuinte
determinada prestação pecuniária e do lado deste último, no dever de realizar essa prestação. O
facto de o direito fiscal ligar, por via de regra, a obrigação de imposto à prática de actos, ao
exercício de actividade ou ao gozo de situações que se apresentam disciplinadas enquanto tais
pelo direito privado, de modo que o direito dos impostos se move naquele ramo do direito
publico que mais se aproxima do direito privado (Nabais: 2000).

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Também o direito fiscal, acolhe, em alguns casos, conceitos do direito privado com o sentido
técnico- jurídico que aí possuem. E é o caso de obrigação (as regras da relação jurídica
obrigacional do estado- contribuinte) são regras do direito privado. Outras vezes, conceitos com
o sentido próprio em direito privado são utilizados pelo direito fiscal noutro sentido, que é o que
acontece por exemplo com o conceito de transmissão, prédio, propriedade, comercio, compra e
venda, doação, locação, locação de imóveis, locação financeira, arrendamento, herança, pessoa
coletiva, contrato de trabalho, contrato de prestação de serviços, estabelecimento comercial,
estabelecimento individual de responsabilidade limitada, sociedade, sociedade comercial,
sociedade civil sob forma comercial, cooperativa, empresa pública (Ibraimo, 2002).

Neste caso nos interessa saber se os mesmos conservam o significado que tem no direito privado
(exemplo de obrigação), ou se são objecto de reelaboração no domínio do direito fiscal em
termos de virem assumir aqui um sentido próprio (transmissão). Não raramente a própria lei
fiscal, que movida por exigências particulares da matéria disciplinar, se afasta da regulamentação
jurídica privada de certos actos ou situações, dando significado específico aos conceitos do
direito privado (Nabais, 2000).

Podemos dizer ainda de forma mais simples que as relações estabelecidas entre esses dois
sujeitos é de passivo e activo na relação jurídica tributaria, aproxima esta relação obrigacional
cujos conceitos e princípios de algum modo recorre. As circunstâncias para ser sujeito passivo do
imposto são configuradas pelo direito passivo, o que explica que a este direito o direito fiscal
recorra alguns conceitos acima citados. Contido a ausência da autonomia da vontade, que molda
as obrigações privada, na obrigação fiscal, onde a relação tributaria depende da ocorrência do
facto tributário previsto na lei. Assim apesar disso o direito fiscal e o direito privado ainda são
ramos autónomos entre si.

A relação entre esses dois ramos do direito vem desde a definição do direito fiscal. pois nela vem
logo estabelecida a relação entre o credor e o contribuinte, e logo a pior apesar da unilateralidade
do imposto vê-se a consequência disso pois ao se estabelecer algumas relações como essas com
os particulares de algum modo deve-se recorrer ao direito privado como garantia dos direitos e
deveres desse privado como contribuinte.

4.6. Direito fiscal e Direito Internacional


A integração da economia numa zona mais vasta do que o território nacional, tem também
incidência no ramo fiscal. Pois o direito fiscal como ramo do direito Publico é direito interno. E
logo ao nível interno surgem-nos normas especificamente dirigidas a resolver conflitos
internacionais entre o sistema fiscal nacional e os estrangeiros, mandando aplicar a lei fiscal
interna. Tratando-se de normas internas de conflitos internacionais de leis fiscais efectivamente
externos perante normas que limitam-se a definir o âmbito de competência da lei fiscal interna.

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Porém existem normas de conflito de fonte internacional que regulam conflitos de tributação,
positivos e negativos com as consequentes duplas tributações ou invasões fiscais, resultantes da
coexistência de diversas ordens jurídico fiscais nacional, que ou pretendem simultaneamente
tributar os mesmos factos que com eles estão em contacto com a dupla tributação, os afasta da
tributação por força de desagravamentos fiscais e de benefícios fiscais, como a inerente a invasão
fiscal, podemos encontrar como normas de fonte internacional convenções relativas a relações
diplomáticas, o comércio e navegação marítima entre outro tipo de normas. Em matéria fiscal
também existe um costume juridicamente vinculante que estabelece isenção dos representantes
diplomáticos, Gomes (2000), também quando um mesmo rendimento é tributado em mais de um
país, ou não se sabem em que país a empresa ou entidade pode tributar sobre os seus rendimentos
(Ibraimo 2002).

Como nos sabemos e nos é proposto pelos autores supra citados os países/ Estados não vivem
isolados do mundo, eles estabelecem relações uns com os outros, e não raras vezes essas relações
tem carácter económico, trazendo consigo algumas vezes rendimentos e outras vezes não. Essas
relações entre os países como nos foi ilustrado pelos autores podem ter alguns conflitos se não
regulados. E assim entra a relação entre o direito fiscal e o direito internacional para resolver ou
evitar tais conflitos regulando que se estabeleça uma relação justa e ordeira no que diz respeito as
relações fiscais dos estados, evitando problemas como a dupla tributação ou a falta da mesma, a
invasão fiscal e assinando convenções com os outros países para que se evite isso.

4.7. Direito fiscal e Direito aduaneiro


O direito aduaneiro ou alfandegário é um ramo do direito que se preocupa com a
regulamentação, disciplina e controlo das operações de comércio exterior e as entradas e saídas
de produtos e pessoas de um certo país, mas como sabemos todas as transações tem seu custo e é
ai que o direito fiscal entra ao se preocupar com a arrecadação e disciplina do imposto.

O direito aduaneiro é composto, hoje em dia, apenas pelas regras de liquidação e cobrança dos
impostos aduaneiros que são impostos cobrados nas relações comerciais entre o estado português
e outros estados. No que respeita à criação e regime jurídico destes impostos é matéria que
pertence ao direito comunitário. Em face do que ficou deste, o direito aduaneiro é direito fiscal.

Neste contexto podemos dizer que o direito aduaneiro é um especial do direito fiscal e existe
uma ligação forte entre ambos. O direito alfandegário apesar de ter um grau acentuado de
especialidade de regime, face ao direito fiscal, é mais vinculado no nosso país pelo facto de no
aspecto orgânico duas entidades distintas e autónomas.

4.8. Direito Fiscal e Direito Processual


O ponto mais visível e importante entre o direito fiscal e o direito processual tem expressão no
facto de o direito fiscal também conhecer segmentos do direito processual, ou seja, conjuntos
mais ou menos estruturados de normas cuja função é disciplinar os diversos processos judiciais
11
fiscais, Nabais (2000). Isso quer dizer que no direito fiscal existem normas que regulam o
processo fiscal, gracioso ou administrativo e contencioso ou judicial, daí que a regulamentação
processual tributaria conforme a natureza do processo fiscal graciosa ou contenciosa, seja
informada pelos princípios e normas que presidem quer o processo civil quer o penal, quer o
processo administrativo.(Waty, 2007).

Dessa clara relação podemos deduzir logo que o direito o fiscal e usa-se de algumas normas ou
segmentos do direito processual para regular alguns casos dos seus processos judicias. E como
exemplo dessas normas reguladoras dos processos judicias fiscais temos dos processos de
impugnação (judicial), de execução fiscal e de contra- ordenação fiscal, (se for o caso).

4.9. Direito Fiscal e Direito penal


Para Nabais (2000) quando falamos do direito fiscal e do direito penal estamos a falar de dois
ramos gémeos. Pelo direito penal se constituir e se desenvolver em torno do valor de liberdade e
o direito fiscal se constituir e se desenvolver em torno do valor da propriedade. A relação
existente entre estes dois ramos do direito reside no facto de no direito fiscal também haver
normas cuja função é a certos comportamentos, traduzidos em acções ou omissões, dos
contribuintes ou terceiros como infrações, estabelecendo as correspondentes sanções. Ou seja, o
direito fiscal integra no seu seio um sector de direito sancionatório. Na questão do direito fiscal e
do direito penal é o apresentado pelo autor um ponto de vista virado para similaridades entre
ambos e pelo facto de ambos em estarem virados para a sanções e as infrações cometidas pelos
privados, se for o caso do direito penal e dos contribuintes se for o caso do direito fiscal.

Outros autores até aqui abordados como Waty. Gomes e Ibraimo não abordam sobre a relação
entre esses dois ramos do direito, porém abordam sobre outros ramos do direito como o direito
criminal, ora aqui apresentando.

4.10. Direito Fiscal e Direito Criminal


Como em todo caso de incumprimento de regras o não cumprimento das obrigações fiscais estão
sujeitas a sanções. Em todos os códigos de impostos existe um capítulo relativo as penalidades
no qual se estabelece as respectivas punições e as regras de procedimento.

Aqui podemos contar que a relação entre o direito aplica-se por remissão ou por transgressão, as
mesmas regras.

A reforma fiscal no nosso país, introduzida pela lei 15/2002 estabelece a possibilidade de certas
infrações fiscais poderem vir a ser consideradas crimes puníveis por lei com pena de prisão. As
normas fiscais impõe, logicamente o cumprimento de certos deveres, como a representação de
uma declaração fiscal ou a não escrituração de um livro obrigatório. Neste caso pelo
incumprimento, as mesmas leis conferem a administração poderes para imporem sanções que
tem, por regra, carácter pecuniário.
12
13
CONCLUSÃO
Com base no constatado com a realização do trabalho sobre relação do Direito Fiscal com Outros
Ramos de Direito, podemos concluir que o direito fiscal por ser uma disciplina jurídica e ciência
normativa, não se isola das disciplinas ou ramos da sua natureza. Assim estabelecendo relações
com ou outros ramos do direito, relações essas que foram expostas e discutidas durante o
desenvolvimento do trabalho. Com isso há que dizer que o direito fiscal estabelece varias
relações com os ramos do direito, desde a subordinação ao direito constitucional por ser a lei
mãe e como os outros ramos do direito depender dela para qualquer acto, o direito fiscal não só
estabelece relações com o direito constitucional, mas também com direito financeiro pelo
imposto fazer parte das receitas que compõe a actividade financeira do estado, do direito
tributário ocupar-se dos tributos e o direito fiscal dos impostos e os impostos fazerem parte dos
tributos, do direito privado pela relação estabelecida com o contribuinte e pelo uso de alguns
conceitos de um aplicados nos outros o direito administrativo por um depender do
funcionamento do outro e entre outros ramos do direito por nos abordados. Durante a exposição
de ideias dos autores por nos utilizados podemos contatar que o direito se relaciona com diversos
ramos do direito para os seu real funcionamento mas apesar disso ele continuava um ramo
autónomo do direito com os seus próprios objectivos.

Do modo geral podemos afirmar que entre o Direito Fiscal e Direito Público existe uma Relação
de Paternidade; Direito Fiscal e Direito Privado – Relação de Subsidiariedade; Direito Fiscal e
Direito Constitucional – Relação de Dependência; Direito Fiscal e Direito Administrativo –
Relação de Complementaridade; Direito Fiscal e Direito Criminal – Relação de
Interdependência; e entre o Direito Fiscal e Direito Internacional a relação existente é de
Coordenação.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 GIL, A.C. (2008), Métodos e Técnicas de Pesquisa Social, 6ª Edição. Atlas. São Paulo.
 GIL, António Carlos (1999), Método e técnica de pesquisa social, 5ª Edição, Editora
Atlas, São Paulo.
 GIL, António Carlos. (1996), Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,
1987. Como elaborar projectos de pesquisa. Atlas, São Paulo.
 GOMES. N. (1998), Manual de Direito Fiscal. Vol 1. Editora Rei dos livros. Lisboa
 IBRAIMO. I. (2002), O Direito e a Fiscalidade - um Contributo para o Direito Fiscal
Moçambicano. Editora ARTC. Maputo
 NABAIS. J. (2000), Direito Fiscal. Editora Almeida. Lisboa
 WATY, Teodoro Andrade. (2004), Introdução às Finanças Públicas e Direito
Financeiro l. 2ª Ed. Maputo, W&W – Editora.
 WATY. T. (2007), Direito Fiscal. 3ª Edição. Editora W&. Maputo.

Legislação
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