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CÓDIGO DE

ÉTICA E DECORO
PARLAMENTAR DO
SENADO FEDERAL
Código de Ética e Decoro Parlamentar
do Senado Federal – Parte I

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CÓDIGO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR DO SENADO FEDERAL
Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal – Parte I

Sumário
Gabriel Dezen

Código de ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal – Parte I.................................... 3


Exercícios......................................................................................................................................... 20
Gabarito............................................................................................................................................ 24

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CÓDIGO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR DO SENADO FEDERAL
Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal – Parte I
Gabriel Dezen

CÓDIGO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR DO


SENADO FEDERAL – PARTE I
O Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal é veiculado pela Resolução n.
20, de 1993, alterada pela Resolução n. 25, de 2008.
RESOLUÇÃO N. 20, DE 1993
(atualizada pela Resolução n. 25/2008)
Institui o Código de Ética e Decoro Parlamentar.
Antes de iniciar o estudo do Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal
são necessários alguns apontamentos jurisprudenciais do Supremo Tribunal Federal acer-
ca do tema.
De forma esquemática, em quadro:

(...) não representa obstáculo constitucional a que as Casas


Legislativas venham, ainda que por fatos anteriores à
legislatura em curso, a instaurar – contra quem já era titular
de mandato na legislatura precedente – procedimento
de caráter político-administrativo, destinado a viabilizar a
decretação da perda do mandato, por fato atentatório ao
decoro parlamentar, cometido por quem então se achava
É possível o processo investido na condição de membro de qualquer das Casas
político disciplinar de do Congresso Nacional (CF, art. 55, I, e, §§ 1º e 2º). (...) Foi
membro do Congresso por tal motivo que o Plenário desta Suprema Corte, atento
Nacional por ato lesivo aos altíssimos valores que informam e condicionam todas
ao decoro parlamentar as atividades governamentais – não importando o domínio
praticada na legislatura institucional em que elas tenham lugar –, veio a proferir o seu
anterior dictum, reconhecendo a possibilidade jurídico-constitucional
de qualquer das Casas do Congresso Nacional adotar
medidas destinadas a reprimir, com a cassação do mandato
de seus próprios membros, fatos atentatórios à dignidade
do ofício legislativo e lesivos ao decoro parlamentar, mesmo
que ocorridos no curso de anterior legislatura, desde que,
já então, o infrator ostentasse a condição de membro do
Parlamento. (MS 24458, de 21/2/2003)
É possível o processo de
O ato de cassação de mandato de parlamentar é ato
perda de mandato de
disciplinar de competência privativa da Câmara respectiva,
membro do Congresso
situado em instância distinta da judiciária e dotado de
por processo político
natureza diversa da sanção penal, mesmo quando a conduta
disciplinar mesmo
imputada ao Deputado coincida com tipo estabelecido no
havendo processo judicial
Código Penal. (MS 21443, de 22/4/1992)
penal sobre o mesmo fato.

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Não é possível a
O STF recusa-se a reavaliar a motivação ou fundamentos de
reavaliação judiciária das
decisão de Casa Legislativa que levou à cassação de mandato
razões da decisão política
por quebra de decoro, embora possa ser provocado para
de cassação de mandato
garantir a observância das garantias formais, como a ampla
em processo político-
defesa (MS 21861, de 21.9.2001).
disciplinar.
O acompanhamento dos atos e termos do processo é
função ordinária do profissional da advocacia, no exercício
A ausência do parlamentar da representação de seu cliente, quando atua no sentido
processo para perda de de constituir espécie de defesa técnica. A ausência pessoal
mandato, mesmo que do acusado, salvo se a legislação aplicável à espécie assim
por licença médica, não expressamente o exigisse, não compromete o exercício
compromete a sua ampla daquela função pelo profissional da advocacia, razão pela
defesa qual neste fato não se caracteriza qualquer espécie de
infração aos direitos processuais constitucionais da ampla
defesa e do contraditório. (MS 25917, de 1.6.2006)

O Capítulo I do Código de Ética e Decoro Parlamentar – CEDP veicula os “deveres funda-


mentais do Senador”.
Vamos ao exame de todos os artigos e dispositivos internos deste CEDP:

RESOLUÇÃO N. 20, DE 1993


(atualizada pela Resolução n. 25/2008)

Institui o Código de Ética e Decoro Parlamentar.

Art. 1º No exercício do mandato o Senador atenderá às prescrições constitucionais e regimentais e


às contidas neste Código, sujeitando-se aos procedimentos disciplinares nele previstos.

De forma esquemática e em análise tópica:

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Com essa prescrição, as determinações do Código de Ética


e Decoro Parlamentar – CEDP não alcançam Senadores
afastados do exercício do mandato ou licenciados, nem
Suplentes que não estejam em exercício do mandato.

O Supremo Tribunal Federal tem decisões que admitem o


processamento político de membro do Congresso Nacional
por quebra de decoro parlamentar estando esse parlamentar
afastado do exercício do mandato para desempenhar função
executiva:
No exercício do mandato O membro do Congresso Nacional que se licencia do
mandato para investir-se no cargo de ministro de
Estado não perde os laços que o unem, organicamente,
ao Parlamento (CF, art. 56, I). (...)Da mesma forma, ainda
que licenciado, cumpre-lhe guardar estrita observância
às vedações e incompatibilidades inerentes ao estatuto
constitucional do congressista, assim como às exigências
ético-jurídicas que a Constituição (CF, art. 55, § 1º) e os
regimentos internos das Casas Legislativas estabelecem como
elementos caracterizadores do decoro parlamentar. (MS
25579 MC, de 19.10.2005).
As prescrições constitucionais constam do chamado Estatuto
o Senador atenderá
do Congressista, principalmente, para este caso, no art. 54
às prescrições
(vedações aos membros do Congresso Nacional) e no art. 55,
constitucionais
(hipótese de extinção e de cassação de mandato).
O Regimento Interno do Senado Federal veicula
regulamentação a esse tema principalmente no art. 8º
(referente ao exercício do mandato), art.22 (medidas
disciplinares), art. 32 (hipóteses de perda de mandato) e arts.
33 a 35 (processo de perda de mandato).

Nota
e regimentais
O Regimento Interno do Senado Federal foi revogado implici-
tamente me diversos dispositivos pelos termos deste CEDP,
à vista da impossibilidade de serem conciliados dispositivos
sobre a mesma matéria existentes nas duas normas.

As normas relativas à ética e ao decoro parlamentar,


portanto, tem três origens:
e às contidas neste
- na Constituição Federal;
Código,
- no Regimento Interno do Senado Federal;
- no Código de Ética e Decoro Parlamentar.

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sujeitando-se aos
procedimentos Os procedimentos serão vistos detalhadamente, em
disciplinares nele fluxogramas, ao longo do estudo deste CEDP.
previstos.

Art. 2º São deveres fundamentais do Senador:


I – promover a defesa dos interesses populares e nacionais;

A previsão de defesa de “interesses populares” como dever fundamental de Senador des-


caracteriza a construção teórica e dogmática que direciona o Senado à defesa dos interesses
da Federação.
Nota!
Consta na Constituição Federal:

Art. 56. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos
segundo o princípio majoritário.
.......................................................................................
II – zelar pelo aprimoramento da ordem constitucional e legal do País, particularmente das institui-
ções democráticas e representativas, e pelas prerrogativas do Poder Legislativo.

As prerrogativas constitucionais do Poder Legislativo são a legislativa, a fiscalizatória e,


subjacente a esta, a investigatória.

Nota!
A Constituição Federal, no art. 49, V e XI, já determina ao Congresso Nacional, por decre-
to legislativo, e respectivamente, a competência para sustar atos normativos do Executivo e
para zelar pela preservação de sua competência legislativa em face das atribuições norma-
tivas “dos outros Poderes”.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


....................................................................
V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites da delegação legislativa;
.....................................................................
XI – zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos
outros Poderes;
..................................................................................
III – exercer o mandato com dignidade e respeito à coisa pública e à vontade popular;

A prescrição relativa ao “exercício do mandato” remete ao exercício de todas as prerro-


gativas inerentes ao mandato, como as relacionadas à atividade legislativa e ao exercício do

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controle externo, inclusive a provocação do início do processo legislativo e, como decidiu o


Supremo Tribunal Federal, o oferecimento de emendas às proposições em tramitação.

IV – apresentar-se ao Senado durante as sessões legislativas ordinária e extraordinária(2) e par-


ticipar das sessões do Plenário e das reuniões de Comissão de que seja membro(3), além das
sessões conjuntas do Congresso Nacional.

Abrindo os aspectos principais deste conteúdo de forma esquemática:

A SLO se inicia em 2 de fevereiro e se encerra em


Sessão legislativa ordinária – SLO 22 de dezembro de cada ano, interrompendo-se,
como regra, entre 17 de julho de 1º de agosto.
A SLE ocorre nos períodos de recesso parlamentar
(entre 17 de julho e 1º de agosto, e entre 22 de
Sessão legislativa extraordinária – dezembro e 2 de fevereiro).
SLE Sua realização depende de convocação do
Congresso Nacional, na forma do art. 57, § 6º, da
Constituição Federal.
As sessões de plenário envolvem todos os
Senadores e Senadoras.
Participar das sessões do Plenário
O Plenário é o órgão soberano de decisões do
Senado Federal.
Senador pode, por autorização do Regimento
Interno, participar da reunião de qualquer
comissão do Senado Federal, mesmo não
sendo membro titular ou suplente da comissão
reunida, mas obviamente a presença na condição
Participar das reuniões de comissão de não membro é opcional.
“de que seja membro” Em reunião de comissão, Senadores que dela não
sejam membros titulares tem direito de usar a
palavra para discutir a matéria (direito de voz) e de
acostar documentos.
Não tem direito de votar e nem de ser designado
relator de proposição.

CAPÍTULO II
DAS VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Art. 3º É expressamente vedado ao Senador:

Essas condutas descritas neste art. 3º são puníveis com a perda do mandato, como consta
no art. 11 deste CEDP:

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Art. 11. Serão punidas com a perda do mandato:
I – a infração de qualquer das proibições constitucionais referidas no art. 3º (Constituição Federal,
art. 55);

Em fluxograma:

Eleição Diplomação Posse Exercício


para o Senado como Senador como Senador do mandato

(1) (2)
1. As proibições previstas no inciso I deste artigo aplicam-se desde a diplomação.
2. As proibições constantes no inciso II deste artigo apenas incidem desde a posse.

Em quadro, para uma compreensão ordenada do aspecto cronológico:

Eleição para Senador Ocorre no primeiro domingo de outubro, na data da eleição


Regra geral federal
Pode ocorrer a qualquer momento ao longo da legislatura,
exceto se faltarem 15 meses ou menos para o final do
mandato de 8 anos (CF, art. 56, § 2º), e decorre:
- da impugnação da chapa eleita (Senador, 1º Suplente e
Eleição para Senador
2º Suplente) por decisão da Justiça Eleitoral, em razão de
Exceção
abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.
- da vacância do mandato (por falecimento, renúncia ou
perda do mandato) e não havendo substituto (Suplentes da
chapa eleita) para assumir o saldo do mandato.
É feita pela Justiça Eleitoral, após a homologação oficial do
Diplomação
resultado do pleito eletivo.
Para os Senadores eleitos na eleição geral federal, ocorre,
em regra, no dia 1º de fevereiro, em sessão preparatória a
isso destinada.
O RISF autoriza, contudo, prazo de 90 dias para a
posse, prorrogável uma única vez, por mais 30 dias, a
requerimento fundamentado do interessado.
Para Senadores eleitos ao longo da legislatura, ocorre no
Posse
prazo de 90 dias, contados da diplomação pela Justiça
Eleitoral.
Para os Suplentes, a contagem do prazo para posse varia
(1º Suplente podendo ser de 30 dias improrrogáveis ou
de 60 + 30 dias; 2º Suplente, de 30 dias improrrogáveis),
contado o prazo da data de convocação para a posse pelo
Presidente do Senado Federal.

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Nota!
Para uma compreensão completa e profunda dessas hipóteses constitucionais de extin-
ção e de cassação de mandato, veja a matéria no meu curso PODER LEGISLATIVO NA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL, no Módulo 11, disponível aqui no Gran Cursos Online, nos formatos aulas
em PDF e videoaulas, e também no formato em exercícios.

I – desde a expedição do diploma:

O diploma de Senador eleito é expedido pela Justiça Eleitoral, após a homologação oficial
do resultado da eleição.

a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o con-
trato obedecer a cláusulas uniformes;

São contratos com “cláusulas uniformes”, conforme doutrina e jurisprudência, os contra-


tos de adesão e, como regra, os contratos administrativos resultantes de processo licitatório.

Nota!
Esta vedação qualifica-se tecnicamente como incompatibilidade negocial.

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que seja demissível ad
nutum, nas entidades constantes da alínea anterior;

Esta vedação de aceitar ou exercer cargo, emprego ou função:


• inclui inclusive cargos providos a partir de concursos públicos, com o atribuído da es-
tabilidade;
• alcança toda a estrutura da União, de Estados, do Distrito Federal e de Municípios, além
de empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e concessionárias de
serviços públicos;
• inclui cargos de provimento em comissão (ad nutum).

Veja que, pelos termos expostos, um Senador não poderá, por exemplo, ocupar cargo em
comissão na administração pública de determinado Município ou Estado.

Nota!
Cuida-se, aqui, de incompatibilidade profissional com a titularidade de mandato legisla-
tivo federal.

II – desde a posse:

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A posse do Senador eleito ocorre, como regra (veja quadro acima) em sessão preparatória,
realizada no dia 1º de fevereiro do ano posterior ao da eleição.

a) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;

Nota!
Hipótese de incompatibilidade negocial.
A expressão “goze de favor... de pessoa jurídica de direito público” tem lastro histórico e
aponta para situações nas quais a empresa seja beneficiada por medida governamental fun-
damentada em discricionariedade do governante, como a concessão de incentivos fiscais es-
pecíficos, não gerais.

O § 1º deste artigo determina que se consideram incluídas nessa proibição as pessoas jurídi-
cas de direito privado controladas pelo poder público.

Veja que o § 3º deste artigo determina que Fundos de Investimentos Regionais e Setoriais
também se incluem no conceito de “pessoa jurídica”, para fins de incidência da vedação.
Consta nesse dispositivo:

§ 3º Consideram-se pessoas jurídicas às quais se aplica a vedação referida no inciso II, a, para os
fins do presente Código, os Fundos de Investimentos Regionais e Setoriais.

O § 2º deste artigo determina que esta proibição alcança o Senador enquanto pessoa física, e
é extensiva ao seu cônjuge ou companheiro(a) e a pessoas jurídicas direta ou indiretamente
controladas por qualquer destes.

b) ocupar cargo ou função de que seja demissível ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, a;

As “entidades referidas no inciso I, a”, são pessoa jurídica de direito público, autarquia, em-
presa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público.

Nota!
Cargos demissíveis ad nutum são os de livre nomeação e exoneração, cujo ocupante pode
ser destituído pela autoridade competente de forma imotivada, independentemente de qual-
quer outro procedimento prévio.

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Esta alínea veicula incompatibilidade profissional contra Deputado Federal ou Senador.

O § 1º deste artigo determina que se consideram incluídas nessa proibição as pessoas jurídi-
cas de direito privado controladas pelo poder público.

c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, a;

Novamente, as “entidades referidas no inciso I, a”, são pessoa jurídica de direito público,
autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de ser-
viço público.

Nota!
“Patrocinar causa” significa interceder em nome próprio, a partir da atuação como advo-
gado, em qualquer instância, em favor de pleitos das entidades referidas, incluídas as que, por
extensão, estejam compreendidas na proibição.

Esta alínea “c” contém incompatibilidade profissional contra os membros do Congresso Na-
cional, a partir da diplomação.

d) ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo (Constituição Federal, art. 54).

A proibição alcança todo e qualquer cargo público eletivo federal, estadual, distrital e mu-
nicipal, tanto no Poder Executivo quanto Poder Legislativo.
A extensão da vedação para alcançar “mandato” busca proibir, também, que Senador de-
tenha, simultaneamente com este mandato, a condição de vice (Vice-presidente da República,
Vice-governador ou Vice-prefeito).

Nota!
Como essa vedação incide apenas a partir da posse, é lícito ao ocupante de outro cargo
eletivo (como Deputado Federal, Governador, Deputado Estadual, Prefeito) que seja diploma-
do no mandato de Senador sem renunciar a qualquer dos mandatos. Por ocasião da posse,
contudo, o então Senador deverá renunciar expressamente ao outro cargo eletivo.

Esta alínea “d” contém incompatibilidade política em desfavor dos membros do Congres-
so Nacional.

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§ 1º Consideram-se incluídas nas proibições previstas nos incisos I, a e b, e II, a e c, para os fins do
presente Código de Ética e Decoro Parlamentar, pessoas jurídicas de direito privado controladas
pelo poder público.

Com essa previsão, às pessoas jurídicas de direito público, autarquia, empresa pública, so-
ciedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, referidas no inciso
I, a, deste artigo, ficam incluídas nas vedações as pessoas jurídicas de direito privado contro-
ladas pelo poder público.
Quanto às vedações que se sujeitam a essa extensão às pessoas jurídicas de direito priva-
do controladas pelo poder público, veja em quadro:

I – desde a expedição do diploma:


a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica
de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviço público, salvo quando o
contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego
Vedações também extensíveis
remunerado, inclusive os de que seja demissível ad
a pessoas jurídicas de direito
nutum, nas entidades constantes da alínea anterior;
privado controladas pelo poder
II – desde a posse:
público.
a) ser proprietário, controlador ou diretor de
empresa que goze de favor decorrente de contrato
com pessoa jurídica de direito público, ou nela
exercer função remunerada;
c) patrocinar causa em que seja interessada
qualquer das entidades a que se refere o inciso I, a;

§ 2º A proibição constante da alínea a do inciso I compreende o Senador, como pessoa física, seu
cônjuge ou companheira e pessoas jurídicas direta ou indiretamente por eles controladas.

Nota!
A proibição (incompatibilidade) referida é:
I – desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo
quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes.

Este dispositivo, portanto, tem índole extensiva, alcançando não apenas o próprio Sena-
dor ou Senadora, mas outras pessoas, físicas e jurídicas.
Em quadro:

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Alcança, desde a diplomação:


- o próprio Senador ou Senadora;
Proibição de firmar ou manter
- cônjuge de Senador ou Senadora;
contrato com pessoas jurídicas de
- companheiro e companheira de Senador ou
direito público, autarquias, empresas
Senadora;
públicas, sociedades de economia
- pessoas jurídicas de direito privado controladas
mista e empresas concessionárias de
direta ou indiretamente pelo Senador ou
serviço público
Senadora, seu cônjuge ou companheiro(a).

A vedação, a partir da construção jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, alcança inclu-


sive união homoafetiva.

Nota!
A mesma previsão extensiva se encontra no art. 4º, I, abaixo, nos seguintes termos:
I – celebrar contrato com instituição financeira controlada pelo poder público, incluídos
nesta vedação, além do Senador como pessoa física, seu cônjuge ou companheira e pessoas
jurídicas direta ou indiretamente por ele controladas.

§ 3º Consideram-se pessoas jurídicas às quais se aplica a vedação referida no inciso II, a, para os
fins do presente Código, os Fundos de Investimentos Regionais e Setoriais.

Nota!
A vedação referida, que sofre essa extensão conceitual, determina:
II – desde a posse:
a) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze de favor decorrente de con-
trato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada.

Em palavras rápidas, fundos públicos são constituídos de recursos públicos vinculados ou


alocados a uma área específica (fundos setoriais) ou região geográfica determinada (fundos
regionais), destinados a finalidades ligadas a custeio, fomento e investimentos.
São exemplos de fundos públicos de investimentos regionais o Fundo de Investimentos do
Nordeste – FINOR e o Fundo de Investimentos da Amazônia – FINAM.
São considerados fundos atípicos, pois seus recursos decorrem não apenas de dotações
orçamentárias, mas também de incentivos fiscais, atuando principalmente mediante insti-
tuições financeiras oficiais, como o BNB – Banco do Nordeste do Brasil e o BASA – Banco
da Amazônia.

CAPÍTULO III
DOS ATOS CONTRÁRIOS À ÉTICA E AO DECORO PARLAMENTAR
Art. 4º É, ainda, vedado ao Senador:

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O “ainda” se deve ao fato de que as vedações contidas no art. 3º desta Resolução estão
todas previstas na Constituição Federal. Este art. 4º, portanto, veicula novas vedações.

Nota!
Com essa prescrição contida no art. 4º, temos que os Senadores e Senadoras estão ex-
postos a dois grupos de incompatibilidades (ou vedações, ou proibições):
• as de raiz constitucional federal, contidas no art. 3º;
• as de raiz regimental, veiculadas por este art. 4º.

A infração às vedações deste art. 4º levam à perda do mandato, nos termos do art. 11, II:

Art. 11. Serão punidas com a perda do mandato:


I – a infração de qualquer das proibições constitucionais referidas no art. 3º (Constituição Federal,
art. 55);
II – a prática de qualquer dos atos contrários à ética e ao decoro parlamentar capitulados nos arts.
4º e 5º (Constituição Federal, art. 55).

I – celebrar contrato com instituição financeira controlada pelo poder público, incluídos nesta veda-
ção, além do Senador como pessoa física, seu cônjuge ou companheira e pessoas jurídicas direta
ou indiretamente por ele controladas;

Vamos apanhar este conteúdo de forma esquemática:

Senadores e Senadoras
Cônjuges, companheiros e companheiras
de Senadores e Senadoras
Alcance da vedação
Pessoa jurídica de direito privado
controlada por membros do Senado ou
seus cônjuges ou companheiros(as).
Celebração de contrato com instituição
financeira controlada pelo poder É vedada, sem exceções.
público (“banco público”)
Celebração de contrato com qualquer
É permitida, sem restrições.
outra instituição financeira privada

Esta proibição não impede ao Senador ou Senadora, seu cônjuge ou companheiro(a) de manter
contas correntes e manter cheques especiais ou garantidos nessas instituições, como autori-
za o § 1º deste artigo:

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Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal – Parte I
Gabriel Dezen
§ 1º É permitido ao Senador, bem como a seu cônjuge ou companheira, movimentar contas e manter
cheques especiais ou garantidos, de valores correntes e contrato de cláusulas uniformes, nas insti-
tuições financeiras referidas no inciso I.

II – dirigir ou gerir empresas, órgãos e meios de comunicação, considerados como tal pessoas
jurídicas que indiquem em seu objeto social a execução de serviços de radiodifusão sonora ou de
sons e imagens;

Esta restrição é limitada a empresas (pessoas jurídicas de direito privado) que atuem na
área de comunicação na área de radiodifusão sonora (rádios) ou de sons e imagens (canais
de televisão ou repetidoras).
A vedação alcança qualquer forma de direção ou gestão, independentemente da denomi-
nação do cargo ou participação societária.

É excluída desta proibição a direção ou gestão de jornais, editoras de livros ou empresas si-
milares, na forma do § 2º deste artigo:

§ 2º Excluem-se da proibição constante do inciso II a direção ou gestão de jornais, editoras de livros


e similares.

III – praticar abuso do poder econômico no processo eleitoral.

Deve ser registrado que a redação atual deste Código de Ética e Decoro Parlamentar:
• penaliza o cometimento de abuso de poder econômico no processo eleitoral;
• não penaliza o abuso de poder político.

Vamos ver a distinção conceitual entre os dois tipos de abusos no processo eleitoral:
Conceitua-se como a utilização, antes ou durante o processo
eleitoral (fase de campanha política), de recursos financeiros
ou patrimoniais de maneira excessiva, de forma de deturpar a
formação da vontade política legítima do eleitor.
O objetivo é beneficiar determinado candidato, partido político ou
Abuso do poder
coligação.
econômico
Ocorre sob diversas formas, entre as quais compra de apoio
político de formadores de opinião, compra de voto, cessão ou
promessa de cessão de benefícios a pessoas, entidades ou
empresas e propaganda subliminar nos meios de comunicação.
Atualmente, encontra fértil terreno nas redes sociais.

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Conceitua-se como o uso de cargo público (como prefeito,


Governador, Presidente da República, Senador, Deputado) para
influenciar o eleitor, buscando conduzir votos a determinado
partido ou agremiação partidária.
Abuso de poder É uma forma de abuso de autoridade.
político Pode ocorrer de diversas maneiras, como o uso de servidores,
serviços e equipamentos públicos, pressão ou indução a
servidores, inclusão do candidato em solenidades e inaugurações,
uso de material público (maquinário, impressos) para propaganda,
entre outros.

Nota!
O abuso de poder econômico no processo eleitoral pode fundamentar a ação de impugna-
ção de mandato eletivo (AIME), como prevista na própria Constituição Federal, no art. 14, § 10.

§ 1º É permitido ao Senador, bem como a seu cônjuge ou companheira, movimentar contas e man-
ter cheques especiais ou garantidos, de valores correntes e contrato de cláusulas uniformes, nas
instituições financeiras referidas no inciso I.

Essa permissão configura exceção à vedação do inciso I, relativa à manutenção de contra-


tos com instituições financeiras controladas pelo poder público.
Em quadro-resumo:

Senadores, cônjuges e companheiros ou companheiras:


Em instituições
Podem:
financeiras controladas
- movimentar contas correntes e manter cheques especiais,
pelo poder público
sob contratos de cláusulas uniformes.
federal, estadual,
Não podem:
distrital ou municipal
- manter qualquer outro tipo de contrato.
Em instituições
Não há restrições.
financeiras privadas

§ 2º Excluem-se da proibição constante do inciso II a direção ou gestão de jornais, editoras de


livros e similares.

Este parágrafo veicula exceção à vedação relativa à direção ou gestão de empresas


voltadas a atividades de comunicação, consubstanciada na radiodifusão de sons ou sons
e imagens.

Art. 5º Consideram-se incompatíveis com a ética e o decoro parlamentar:

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A infração às vedações deste art. 5º levam à perda do mandato, nos termos do art. 11, II:

Art. 11. Serão punidas com a perda do mandato:


I – a infração de qualquer das proibições constitucionais referidas no art. 3º (Constituição Federal,
art. 55);
II – a prática de qualquer dos atos contrários à ética e ao decoro parlamentar capitulados nos arts.
4º e 5º (Constituição Federal, art. 55);

A prática de ato incompatível com o decoro parlamentar fundamenta processo de perda de man-
dato por decisão do Plenário do Senado, na forma do art. 55, II, e § 2º, da Constituição Federal.

I – o abuso das prerrogativas constitucionais asseguradas aos membros do Congresso Nacional


(Constituição Federal, art. 55, § 1º);

Este inciso apenas repete, literalmente, o contido no art. 55, § 1º, da Constituição Federal.
O conceito de “prerrogativas constitucionais” de Senadores inclui todas as formas de ex-
pressão da atividade parlamentar, desde o uso da palavra até o desempenho de funções de
Presidente de comissão, relator de proposições, membro de comissão parlamentar de in-
quérito, Presidente da Senado ou detentor de qualquer outro cargo na Mesa, comissão ou
outro órgão.

II – a percepção de vantagens indevidas (Constituição Federal, art. 55, § 1º), tais como doações,
ressalvados brindes sem valor econômico;

Este dispositivo repete, na primeira parte, o que consta na Constituição Federal.


A segunda parte, no entanto, é inovação do Código de Ética e tem por objetivo, de um lado,
exemplificar o que seriam as “vantagens indevidas” (indicando doações”, e excepcionar “brin-
des sem valor econômico”.

III – a prática de irregularidades graves no desempenho do mandato ou de encargos decorrentes.

A gravidade efetiva das ações do Senador acusado será avaliada pelo Plenário do Senado,
quando da decisão sobre a perda do mandato por quebra de decoro parlamentar.
A matéria, portanto, guarda elevada subjetividade política, e em função disso, o parágrafo
único deste artigo, abaixo, veicula conteúdo conceitual, especificando – mas apenas de forma
indicativa, sem exaurir o conceito – o que configura “irregularidades graves” para fins de perda
de mandato.

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Como se lê no referido parágrafo único, o Código de Ética, neste ponto, não veicula um rol ta-
xativo, mas meramente exemplificativo, de condutas que configuram “irregularidades graves”.

Parágrafo único. Incluem-se entre as irregularidades graves, para fins deste artigo:

A redação tem nítida finalidade indicativa, pelo uso da partícula “incluem-se”. Com isso,
o Plenário do Senado, quando do caso concreto, está plenamente habilitado para decidir no
sentido de que uma conduta aqui não enumerada também seja caracterizada como “irregu-
laridade grave”.

I – a atribuição de dotação orçamentária, sob a forma de subvenções sociais, auxílios ou qualquer


outra rubrica, a entidades ou instituições das quais participe o Senador, seu cônjuge, companheira
ou parente, de um ou de outro, até o terceiro grau, bem como pessoa jurídica direta ou indiretamen-
te por eles controlada, ou ainda, que aplique os recursos recebidos em atividades que não corres-
pondam rigorosamente às suas finalidades estatutárias;

Vamos abrir essa prescrição:

a atribuição de dotação
orçamentária, sob a forma de Essa atribuição ocorre por meio de emendas ao
subvenções sociais, auxílios ou projeto de lei orçamentária anual.
qualquer outra rubrica

A proibição alcança entidades e instituições de


Senador ou Senadora, respectivos cônjuges ou
companheiros e parentes de um ou de outro, até
o terceiro grau.
a entidades ou instituições das quais
participe o Senador, seu cônjuge,
companheira ou parente, de um ou Nota
de outro, até o terceiro grau, Veja que a redação não deixa claro se inclui parentes
consanguíneos e afins, e os parentes por adoção.
Em outras previsões legais similares, como a cons-
titucional existente no art. 14, isso fica claro:

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Art. 14. [...]


§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
ou afins, até o segundo grau ou por adoção,
do Presidente da República, de Governador
de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro
dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

O controle dessas pessoas jurídicas de direito


bem como pessoa jurídica direta ou privado, na extensão da proibição, pode ser de
indiretamente por eles controlada, qualquer dos referidos anteriormente, inclusive os
parentes de cônjuge ou companheiro.

Este segundo núcleo proibitivo abrange entidades,


ou ainda, que aplique os recursos
instituições e pessoas jurídicas que, sem serem
recebidos em atividades que não
titularizadas pelas pessoas referidas, recebam
correspondam rigorosamente às
recursos orçamentários para uso em finalidades
suas finalidades estatutárias;
distintas de suas finalidades.

II – a criação ou autorização de encargos em termos que, pelo seu valor ou pelas características
da empresa ou entidade beneficiada ou contratada, possam resultar em aplicação indevida de re-
cursos públicos.

Tanto a criação quanto a autorização de encargos também exigem emendas aos projetos
de lei orçamentárias.

Essas “características” ocorrem, por exemplo, no caso de empresa de fachada, ou comanda-


das por “laranjas”, ou com sede em instalações físicas Errados ou incondizentes com os ser-
viços prestados ou com o valor recebido, ou ainda que estejam sendo processadas ou já con-
denadas, ou os respectivos dirigentes, por crimes envolvendo recursos financeiros públicos.

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EXERCÍCIOS
001. (QUESTÃO INÉDITA) Segundo a construção jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal,
é possível a abertura de processo político-disciplinar contra Senador mesmo que este não te-
nha cometido qualquer ato punível na legislatura em curso.

Segundo o STF, é possível o processo político-disciplinar por ato cometido em legislatura


encerrada (MS 24458, de 21.2.2003).
Certo.

002. (QUESTÃO INÉDITA) Se um membro do Senado Federal for réu em processo criminal,
não há possibilidade de, pelo mesmo fato, vir a ser submetido a processo político disciplinar
pelo Senado Federal.

Conforme decidido pelo STF, a pendência de processo criminal não impede o processamento
político disciplinar (MS 21443, de 22.4.1992).
Certo.

003. (QUESTÃO INÉDITA) Em face do princípio da inafastabilidade da jurisdição, há possibili-


dade constitucional de apreciação, pelo Judiciário, dos motivos de decisão do Senado Federal
pela perda do mandato de um de seus membros.

O STF recusa-se a reavaliar a motivação ou fundamentos de decisão de Casa Legislativa que


levou à cassação de mandato por quebra de decoro, embora possa ser provocado para ga-
rantir a observância das garantias formais, como a ampla defesa (MS 21861, de 21.9.2001).
Errado.

004. (QUESTÃO INÉDITA) Se o Senador estiver sob licença médica ou afastado do exercício
do mandato por outra razão, o processo político disciplinar de perda do mandato terá que ser
suspenso, como efeito das garantias da ampla defesa e do contraditório.

Segundo o STF, o acompanhamento dos atos do processo político disciplinar, de ordinário, é


atribuição de profissional de advocacia, em representação do membro do Senado que nele
seja acusado (MS 25917, de 1.6.2006).
Errado.

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005. (QUESTÃO INÉDITA) Segundo a literalidade do Código de Ética e Decoro Parlamentar,


os Senadores e Senadoras sujeitam-se às suas prescrições enquanto estiverem no exercício
do mandato.

Como consta no caput do art. 1º do Código de Ética e Decoro Parlamentar – CEDP.


Certo.

006. (QUESTÃO INÉDITA) O Senador que se afaste do exercício do mandato para assumir o
cargo de Ministro de Estado pode, segundo a jurisprudência do STF, ainda assim vir a ser res-
ponsabilizado por ato tido como atentatório ao decoro parlamentar.

Como decidido pelo STF (MS 25579, de 19.10.2005).


Certo.

007. (QUESTÃO INÉDITA) Além da Constituição Federal, também o Regimento Interno do Se-
nado Federal pode estabelecer determinações disciplinares contra os Senadores e Senadoras.

Como consta na Constituição Federal (art. 55, § 1º) e no CEDP (art. 1º, caput).
Certo.

008. (QUESTÃO INÉDITA) Entre os deveres fundamentais do Senador, segundo o Código de


Ética do Senado Federal, está o de defender interesses populares.

Como consta no art. 2º, I, do CEDP.


Certo.

009. (QUESTÃO INÉDITA) A presença às reuniões de comissões temporárias do Senado Fede-


ral não é erigida como dever fundamental de Senador.

Esse dever fundamental consta no art. 2º, IV, do CEDP.


Errado.

010. (QUESTÃO INÉDITA) A proibição de Senador manter contrato, exceto se obedecer a cláu-
sulas uniformes, limita-se à esfera federal.

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A vedação alcança todas as pessoas jurídicas de direito público, como consta no art. 3º, I.
Errado.

011. (QUESTÃO INÉDITA) Nos termos do Código de Ética e Decoro Parlamentar, um Senador
está proibido de aceitar ou exercer cargo em comissão desde a diplomação, e de ocupar tais
cargos desde a posse.

Nos termos do art. 3º, I, b, e II, b.


Certo.

012. (QUESTÃO INÉDITA) Um Senador não pode exercer cargo público municipal, mas esta
vedação só é incidente desde a posse no Senado Federal.

Conforme o art. 3º, I, b, a vedação incide desde a diplomação.


Errado.

013. (QUESTÃO INÉDITA) Há possibilidade, segundo a Constituição Federal e o Código de


Ética do Senado, de um Senador eleger-se Prefeito Municipal e ser diplomado neste cargo exe-
cutivo sem renunciar ao Senado.

Essa incompatibilidade, segundo o art. 3º, II, d, incide apenas a partir da posse.
Certo.

014. (QUESTÃO INÉDITA) Se o Senador for advogado com atuação profissional, esta proibido,
desde a posse, de representar a União ou Estado em juízo.

Como consta no art. 3º, II, c.


Certo.

015. (QUESTÃO INÉDITA) A proibição de Senador exercer emprego remunerado não inclui
pessoa jurídica de direito privado.

O art. 3º, em seu § 1º, estabelece a extensão da proibição a pessoa jurídica de direito privado,
se controlada pelo poder público.
Errado.
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016. (QUESTÃO INÉDITA) A vedação, contra membro do Senado Federal, de firmar ou manter
contrato com pessoa jurídica de direito público, abrange companheiro e cônjuge, mas não pa-
rentes até segundo grau.

Como consta no art. 3º, § 2º. Os parentes estão excluídos da cláusula extensiva da vedação.
Certo.

017. (QUESTÃO INÉDITA) O Código de Ética não veda expressamente que Senador seja pro-
prietário ou controlador de empresa que goze de favor decorrente de Fundos de Investimento
Setoriais.

O art. 3º, § 3º, veicula expressamente a proibição.


Errado.

018. (QUESTÃO INÉDITA) O Código de Ética permite que Senador ou seu cônjuge mantenha
cheque especial em instituição financeira controlada pelo poder público.

Apesar da proibição geral do art. 4º, I, o § 1º deste artigo veicula essa permissão expressamente.
Certo.

019. (QUESTÃO INÉDITA) Um Senador está proibido pelo Código de Ética de dirigir ou gerir
empresa voltada à edição de livros.

Apesar da proibição constante no inciso II do art. 4º, o § 2º deste artigo exclui da proibição
empresas que se dediquem à impressão de jornais, livros e similares.
Errado.

020. (QUESTÃO INÉDITA) O Código de Ética e Decoro Parlamentar proíbe expressamente que
Senador pratique abuso de poder político durante o processo eleitoral.

O inciso III do art. 4º veda apenas o abuso de poder econômico.


Errado.

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GABARITO
1. C 8. C 15. E
2. C 9. E 16. C
3. E 10. E 17. E
4. E 11. C 18. C
5. C 12. E 19. E
6. C 13. C 20. E
7. C 14. C

Gabriel Dezen
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Especialista em Direito Constitucional
é, atualmente, consultor legislativo concursado do Senado Federal. Foi, sempre por concurso público, de-
legado de polícia federal e analista de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. É professor de Direito
Constitucional e conferencista e parecerista nessa área jurídica. É autor de diversas obras sobre esse
ramo do Direito Público, a principal delas: Constituição Federal Interpretada (Editora Impetus).

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