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Discentes: Docente:
Shanaia Yolanda
1. Introdução.......................................................................................................................1
1.2.1. Economia..........................................................................................................2
3. Conclusão......................................................................................................................11
4. Referências Bibliográficas............................................................................................12
1. Introdução
O presente trabalho tem como tema “ Economia Azul: Que Oportunidades Para
Moçambique?”. E visa abordar sobre a economia azul e as oportunidades que se abrem
para Moçambique no âmbito da economia azul.
Os oceanos e as costas marítimas são essenciais à vida da humanidade, na medida, que nos
fornecem alimentação, oxigénio e regulam o clima. O planeta Terra é um planeta azul, com
cerca de 72 % de superfície coberta por águas marinhas cuja sua profundidade é quatro
vezes à elevação média da Terra (Pardo, 1984). Isso faz com que a biosfera marinha seja o
seu maior ecossistema.
Portanto, devido aos aspectos referidos recentemente, mares e oceanos retornaram ao foco
das discussões socioeconómicas enquanto protagonistas, em virtude das crescentes
preocupações com a segurança alimentar, mudanças climáticas e com o renascimento de
questões de segurança e soberania marítima. A utilização desses recursos e a
territorialização do espaço oceânico são traduzidas em políticas internas e externas sob a
égide da economia azul (Correa, 2022).
Neste sentido, faz-se o presente trabalho para apresentar as oportunidades que a Economia
Azul coloca para Moçambique, tendo em atenção que o país é signatário das normas
internacionais com vista a promover a economia azul. A pesquisa foi realizada com base na
técnica de pesquisa bibliográfica que permitiu a consulta de artigos científicos,
dissertações, periódicos online que abordam acerca do tema ao nível nacional e
internacional.
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e os objectivos do trabalho e a metodologia que foi usada. A segunda parte do trabalho é a
do desenvolvimento do próprio trabalho onde aborda-se sobre a economia azul no contexto
geral, caracteriza-se a mesma e por fim apresenta-se as oportunidades que a economia azul
traz para Moçambique. A terceira e última parte é a das considerações finais onde
apresenta-se as principais constatações tidas com a realização deste trabalho e as
referências bibliográficas.
Nesta secção apresentam-se os conceitos ligados ao tema do estudo. Neste caso, trata-se da
economia e economia azul, cuja definição é apresentada em perspectivas de autores
diferentes, conforme se segue.
1.2.1. Economia
Etimologicamente, a palavra “economia” vem dos termos gregos oikós (casa) e nomos
(norma, lei). Pode ser compreendida como “administração da casa”, algo bastante comum
na vida das pessoas. Portanto, é interessante essa aproximação do mundo da casa com o
mundo da economia (Mendes et al., 2015).
Economia é a “[...] ciência que estuda o emprego de recursos escassos entre diferentes usos
possíveis, com o fim de obter os melhores resultados, seja na produção de bens, ou na
prestação de serviços” (Souza, 2007).
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Para efeitos deste trabalho, a economia estuda o comportamento de agentes racionais na
alocação de recursos escassos entre fins alternativos. Neste sentido, a Economia estuda a
alocação de recursos escassos (dinheiro, capacidade de trabalho, energia, etc.) entre fins
alternativos (lazer, segurança, sucesso, etc.) por parte dos proprietários de recursos que
buscam obter o máximo benefício por unidade de dispêndio. Pode-se dizer que o objecto
de estudo da ciência económica é a questão da escassez, ou seja, como “economizar”
recursos. A escassez surge em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição
física de recursos.
Correia (2022) fazendo referencia a OCDE (2016) defende que, a economia azul é a soma
das actividades económicas das indústrias baseadas nos oceanos e dos bens e serviços dos
ecossistemas marinhos.
Com efeito, a “economia azul”, surge como o modo de organização da sociedade humana,
com capacidade de potencializar os oceanos, o que proporciona um dos desafios centrais
do presente e do futuro. Isto significa que, a economia azul poderá ter um papel importante
para a contribuição da competitividade global de cada país, dado que é uma economia que
agrega muitos sectores que poderão criar vantagens competitivas. Mas, para isto se
concretize é necessário construir uma política integrada das diversas organizações
internacionais.
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2. Abordagem sobre a Economia Azul
Nesta parte do trabalho faz-se um breve historial sobre a economia azul, caracteriza-se a
economia azul em África e aborda-se sobre a economia azul em Moçambique onde se
apresenta as oportunidades para Moçambique no âmbito da economia azul.
A Economia Azul segundo Godfrey (2016) é um termo desenvolvido pelo belga Gunter
Pauli em 2004, o fundador do zero emissions research and initiatives, que defendia que o
seu conceito ia provocar mudanças estruturais na economia, através da conservação e da
sustentabilidade dos ecossistemas e do fundo do mar, ou seja, esta sustentabilidade requer
um equilíbrio entre o investimento responsável e um oceano sustentável, de forma a
promover uma utilização eficiente dos recursos.
Este novo paradigma pretende dar respostas aos desafios económicos, ambientais e sociais
através do desenvolvimento de sinergias, que se debruçam em analisar as diferentes
actividades a nível do seu impacto no meio ambiente marinho, habitats e biodiversidade,
com o intuito de promover uma maior eficácia no uso dos seus recursos (Governo de
Portugal, 2013a).
Desta forma, podemos dizer que após a Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável em 2012, originou o interesse de diversas instituições
internacionais (Comissão Europeia, OCDE, Banco Mundial, ONU) e governos em
Economia Azul, devido à capacidade desta economia ser uma “nova” fonte de emprego e
de poder criar vantagens competitivas (Castro, 2017).
A Comissão Europeia no seu relatório intitulado por Crescimento Azul: Oportunidade para
um crescimento marinho e marítimo sustentável define que: “A Economia Azul é composta
por diferentes sectores interdependentes, que se baseiam em competências comuns e infra-
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estruturas partilhadas (como os portos e as redes de distribuição de electricidade) e
dependem de uma utilização sustentável do mar por parte de todos” (Castro, 2017).
Com esta análise, constatamos a importância dos mares e oceanos enquanto motores da
economia europeia, em que a Economia Azul surge como um conjunto de sectores, que
apostam numa abordagem dinâmica e coordenada dos assuntos marítimos, na dupla
perspectiva do desenvolvimento económico “azul” e da saúde dos oceanos, ou seja, é um
conceito desenvolvido para aprofundar, agregar e estimular a rede europeia de clusters
marítimos (Castro, 2017).
Nesta parte do trabalho apresenta-se alguns conceitos de economia azul usados pelos
organismos internacionais no âmbito dos fóruns multilaterais realizados, a saber, a
Conferência Economia Azul (2018) estabelece que a economia azul visa “promover o
crescimento econômico, a produção e o consumo responsáveis, a inclusão social e a
preservação ou melhoria dos meios de vida, ao mesmo tempo em que garante a
sustentabilidade ambiental do oceano e das áreas costeiras, através da
economia circular. Refere-se à dissociação do desenvolvimento socioeconómico através
de sectores e actividades relacionadas aos oceanos da degradação ambiental e dos
ecossistemas”.
Por sua vez, a União Europeia defende que economia azul é qualquer actividade económica
relativa aos oceanos e mares. Já a PEMSEA (2012) afirma que é o modelo econômico
prático baseado nos oceanos, utilizando infra-estrutura e tecnologias verdes, mecanismos
de
financiamento inovadores e arranjos institucionais proactivos para atingir os objectivos
duplos de proteger nossos oceanos e costas e aumentar sua contribuição potencial para o
desenvolvimento sustentável, incluindo a melhoria do bem-estar humano, e a redução dos
riscos ambientais e da escassez ecológica.
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2.2. Economia Azul em África
A Estratégia Africana de Economia Azul é consolidada tomando como base cinco (5)
relatórios técnicos temáticos detalhados apresentados em anexos à presente Estratégia
(Failler et al., 2019):
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2.2.1. Visão da Estratégia de Economia Azul
A visão da Estratégia de Economia Azul é uma economia azul inclusiva e sustentável que
contribui significativamente para a transformação e o crescimento de África (Failler et al.,
2019).
Durante a conferência ficou claro que, a Economia Azul é considerada a nova fronteira do
renascimento a nível global que tem levado a que um número crescente de países esteja
empenhado em formular políticas e estratégias que integram o uso sustentável dos mares e
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oceanos como base de transformação socio-económica, por meio de iniciativas integrantes
e harmonizadas, bem como de acções conjuntas entre países, para desenvolver o potencial
latente que os mares e oceanos oferecem à humanidade.
Entre os temas colocados em cima da mesa pelos especialistas, o destaque vai para a
Estratégia Marítima Integrada Africana 2050 da União Africana (Objectivos da UA 2050)
e o Manual de Política de Economia Azul para África, que, além de aumentarem o nível de
compreensão de outros quadros internacionais pertinentes, como a Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), lançam as bases para uma cooperação
estruturada da vertente marítima, visando proclamar os oceanos como factor de
desenvolvimento sustentado e da segurança marítima dos países, promovendo a
colaboração em torno de uma abordagem intersectorial para uma efectiva gestão integrada
da área costeira e marinha em África.
"A preservação do mar não deve ser vista apenas do ponto de vista internacional, regional,
nacional ou local, deve ser vista também do ponto de vista multidisciplinar, onde vários
sectores actuam para que haja uma exploração sustentável dos oceanos", disse João
Ribeiro. Assim, o desafio permanente que emerge é a necessidade de se traduzir a agenda
global, continental e regional em directivas e acções concretas e transformacionais a nível
do país, individualmente e no contexto de blocos de países, para um efectivo
desenvolvimento azul sustentável.
Moçambique faz parte do movimento global de chamamento para acção lançado pelas
Nações Unidas e por vários organismos responsáveis pela sustentabilidade dos oceanos, no
quadro da implementação do Objectivo Sustentável (ODS), estabelecendo uma plataforma
de diálogo permanente, a realizar-se em séries, bienalmente, denominada de Conferência
“Crescendo Azul”. Um dos objectivos principais é criar coinsciências sobre o uso cada vez
sustentável dos mares e oceanos.
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"Como governos, temos a responsabilidade de estabelecer mecanismos que assegurem a
mobilização de recursos que permitam financiar acções concretas no domínio da pesca,
assim como mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Temos ainda a
responsabilidade de promover, disseminar e massificar o conhecimento junto da população
sobre a necessidade da protecção e exploração sustentável dos recursos existentes no mar e
nos oceanos", instou o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.
Por outro lado, o governante disse estar esperançado que os compromissos assumidos pelos
diferentes participantes no evento contribuam para uma melhor protecção dos oceanos e do
planeta, para além de priorizar a conservação e preservação dos ecossistemas, que inclui o
combate a poluição do mar e pesca ilegal.
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rendimento para a população. Foi neste contexto que a conferência debateu profundamente
temas relacionados com as comunidades, tais como a pesca artesanal, que constitui uma
das principais fontes de rendimento da população que vive ao longo da costa marítima nos
nossos países", justificou o primeiro-ministro.
A economia azul é considerada a nova fronteira do renascimento a nível global que tem
levado a que um número crescente de países esteja empenhado em formular políticas e
estratégias que integram a economia azul como base de transformação socioeconómica, por
meio de iniciativas e estratégias integrantes e harmonizadas, bem como acção conjuntas
entre países, para desenvolver o potencial latente que os mares e oceanos oferecem à
humanidade.
De acordo com Zacarias (2014), o potencial da economia azul em Moçambique reside nos
seguintes aspectos: (i) Moçambique possui 2700 km de costa e posição estratégica
privilegiada; (ii) existem massivas infra-estruturas na zona costeira; (iii) Extensas áreas de
praias e recifes de alta qualidade; e (iv) Enorme potencial de energias renováveis.
Webdev (2020), fazendo referencia Kemal Vaz palestrante do seminário “Economia Azul:
Um Nicho de Oportunidades para Alavancar o Desenvolvimento em Moçambique”
defendeu que o futuro de Moçambique passa pela economia do mar, dada a imensidão da
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costa moçambicana e a abundância dos recursos marítimos, onde a localização de
Moçambique à beira do oceano índico oferece potencialidades ao nível de recursos
energéticos, rotas marítimas, comércio internacional, indústria alimentar e turismo.
E desta forma, Moçambique tem de explorar esta via de forma sustentável e que poderá dar
a Moçambique a possibilidade de melhorar a sua balança comercial, e o país necessita de
um conhecimento cada vez mais profundo das potencialidades das águas moçambicanas
que se pode tirar um maior proveito dos recursos marítimos em prol do bem-estar das
populações.
3. Conclusão
Neste sentido, identificamos que a economia do mar através da Economia Azul estendeu o
seu conhecimento e exploração para patamares impensáveis, dado que conjuga o
crescimento económico com o desenvolvimento sustentável.
Na Africa a questão da economia azul é levada em consideração, dai que em 2019 foi
aprovada pela União Africana onde Moçambique faz parte uma estratégia africana de
economia azul, que tem a visão de uma economia azul inclusiva e sustentável que contribui
significativamente para a transformação e o crescimento de África.
Portanto, a economia azul constitui uma oportunidade para Moçambique fazer uma
exploração em pleno e de forma sustentável dos seus recursos marítimos de modo a
melhorar a sua balança comercial tendo em atenção a vasta costa que o país possui.
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4. Referências Bibliográficas
Correia, G. (2022), Bases para o desenvolvimento regional com foco na economia azul:
realidade ou panaceia? Dissertação de Mestrado. Escola Nacional de Administração
Pública. Brasília-DF.
Failler, P., et al., (2019), Estratégia Africana de Economia Azul. Nairobi, Quénia.
Godfrey, S. (2016) Defining the blue economy. Maritime Affrairs. Journal of the National
Maritime of India, 12: 58 – 64.
Mendes, Carlos Magno et al., (2015) Introdução à economia. 3a Edição. Rev. Amp-UFSC-
CAPES. UAB: Florianópolis-Brasília.
O País (2021), “Crescendo Azul”, uma oportunidade para crescimento económico e
social. Jornal o País. Maputo.
Souza, Nali de Jesus de (2007) Economia Básica. 1. ed. Atlas Editora: São Paulo.
Webdev, (2020), Seminário sobre a economia azul em Moçambique. Maputo.
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