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ESCOLA SUPERIOR DE GOVERNAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


DISCIPLINA DE ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE

ECONOMIA AZUL: Que Oportunidades para Moçambique?

Discentes: Docente:

Leonor da Ressurreição Carvalho Dra. Marcela Guivala

Madalena Jaime Chau

Manuel Ramos Manhique

Maina Florência Rodrigues Suel

Shanaia Yolanda

Simão Alfredo Nhamuchua

Rossana Custodio Tembe

Maputo, Outubro de 2022


ÍNDICE

1. Introdução.......................................................................................................................1

1.1. Objectivos do Trabalho............................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos.....................................................................................2

1.2. Quadro Conceptual..................................................................................................2

1.2.1. Economia..........................................................................................................2

1.2.2. Economia Azul.................................................................................................3

2. Abordagem sobre a Economia Azul...............................................................................4

2.1. Economia Azul: Breve Historial..............................................................................4

2.1.1. Conceito de Economia Azul no âmbito dos Organismos Internacionais.........5

2.2. Economia Azul em África.......................................................................................6

2.2.1. Visão da Estratégia de Economia Azul............................................................7

2.2.2. Objectivo da Estratégia Africana de Economia Azul.......................................7

2.3. Economia Azul em Moçambique............................................................................7

2.3.1. Oportunidades da Economia Azul para Moçambique....................................10

3. Conclusão......................................................................................................................11

4. Referências Bibliográficas............................................................................................12
1. Introdução

O presente trabalho tem como tema “ Economia Azul: Que Oportunidades Para
Moçambique?”. E visa abordar sobre a economia azul e as oportunidades que se abrem
para Moçambique no âmbito da economia azul.

Os oceanos e as costas marítimas são essenciais à vida da humanidade, na medida, que nos
fornecem alimentação, oxigénio e regulam o clima. O planeta Terra é um planeta azul, com
cerca de 72 % de superfície coberta por águas marinhas cuja sua profundidade é quatro
vezes à elevação média da Terra (Pardo, 1984). Isso faz com que a biosfera marinha seja o
seu maior ecossistema.

A deterioração ambiental causada pelo desequilíbrio entre o ser humano e a natureza,


preocupam cada vez mais a comunidade académica, ambientalistas, empresários e
decisores políticos, dado que estamos perante uma situação em que poderá existir
incapacidade de responder às necessidades básicas dos seres vivos. Existe então, a
necessidade de compreender as políticas existentes, de forma adquirir conhecimento capaz
de intervencionar e harmonizar o relacionamento sustentável entre os dois agentes
(Kathijotes, 2013).

Portanto, devido aos aspectos referidos recentemente, mares e oceanos retornaram ao foco
das discussões socioeconómicas enquanto protagonistas, em virtude das crescentes
preocupações com a segurança alimentar, mudanças climáticas e com o renascimento de
questões de segurança e soberania marítima. A utilização desses recursos e a
territorialização do espaço oceânico são traduzidas em políticas internas e externas sob a
égide da economia azul (Correa, 2022).

Neste sentido, faz-se o presente trabalho para apresentar as oportunidades que a Economia
Azul coloca para Moçambique, tendo em atenção que o país é signatário das normas
internacionais com vista a promover a economia azul. A pesquisa foi realizada com base na
técnica de pesquisa bibliográfica que permitiu a consulta de artigos científicos,
dissertações, periódicos online que abordam acerca do tema ao nível nacional e
internacional.

Em termos de estrutura, o trabalho encontra-se dividido em três (3) partes a saber, a


primeira parte é o da introdução onde apresenta-se o tema do trabalho, a metodologia usada

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e os objectivos do trabalho e a metodologia que foi usada. A segunda parte do trabalho é a
do desenvolvimento do próprio trabalho onde aborda-se sobre a economia azul no contexto
geral, caracteriza-se a mesma e por fim apresenta-se as oportunidades que a economia azul
traz para Moçambique. A terceira e última parte é a das considerações finais onde
apresenta-se as principais constatações tidas com a realização deste trabalho e as
referências bibliográficas.

1.1. Objectivos do Trabalho


1.1.1. Objectivo Geral
 Analisar as oportunidades que a economia azul traz para Moçambique.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Apresentar o historial da economia azul.
 Caracterizar a economia azul em África;
 Descrever as oportunidades que a economia azul traz para Moçambique.

1.2. Quadro Conceptual

Nesta secção apresentam-se os conceitos ligados ao tema do estudo. Neste caso, trata-se da
economia e economia azul, cuja definição é apresentada em perspectivas de autores
diferentes, conforme se segue.

1.2.1. Economia

Etimologicamente, a palavra “economia” vem dos termos gregos oikós (casa) e nomos
(norma, lei). Pode ser compreendida como “administração da casa”, algo bastante comum
na vida das pessoas. Portanto, é interessante essa aproximação do mundo da casa com o
mundo da economia (Mendes et al., 2015).

Em outras palavras, podemos dizer que a Economia estuda a maneira de administrar os


recursos disponíveis com o objectivo de produzir bens e serviços, e de distribuí-los para
seu consumo entre os membros da sociedade (Ibid.).

Economia é a “[...] ciência que estuda o emprego de recursos escassos entre diferentes usos
possíveis, com o fim de obter os melhores resultados, seja na produção de bens, ou na
prestação de serviços” (Souza, 2007).

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Para efeitos deste trabalho, a economia estuda o comportamento de agentes racionais na
alocação de recursos escassos entre fins alternativos. Neste sentido, a Economia estuda a
alocação de recursos escassos (dinheiro, capacidade de trabalho, energia, etc.) entre fins
alternativos (lazer, segurança, sucesso, etc.) por parte dos proprietários de recursos que
buscam obter o máximo benefício por unidade de dispêndio. Pode-se dizer que o objecto
de estudo da ciência económica é a questão da escassez, ou seja, como “economizar”
recursos. A escassez surge em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição
física de recursos.

1.2.2. Economia Azul

A economia azul é uma economia do mar sustentável, resultante do equilíbrio entre a


actividade económica e a capacidade de longo prazo dos ecossistemas oceânicos para
suportar essa actividade (Martins, 2021).

Correia (2022) fazendo referencia a OCDE (2016) defende que, a economia azul é a soma
das actividades económicas das indústrias baseadas nos oceanos e dos bens e serviços dos
ecossistemas marinhos.

Com efeito, a “economia azul”, surge como o modo de organização da sociedade humana,
com capacidade de potencializar os oceanos, o que proporciona um dos desafios centrais
do presente e do futuro. Isto significa que, a economia azul poderá ter um papel importante
para a contribuição da competitividade global de cada país, dado que é uma economia que
agrega muitos sectores que poderão criar vantagens competitivas. Mas, para isto se
concretize é necessário construir uma política integrada das diversas organizações
internacionais.

Portanto, a economia do mar na sua generalidade entende-se como um conjunto de


atividades económicas que utilizam o mar, direta ou indiretamente, privilegiando a cadeia
de valor em que se inserem, abrangendo tanto atividades que se localizam no espaço
marítimo, como outras que se localizam nas zonas costeiras e também em áreas afastadas
da costa.

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2. Abordagem sobre a Economia Azul

Nesta parte do trabalho faz-se um breve historial sobre a economia azul, caracteriza-se a
economia azul em África e aborda-se sobre a economia azul em Moçambique onde se
apresenta as oportunidades para Moçambique no âmbito da economia azul.

2.1. Economia Azul: Breve Historial

A Economia Azul segundo Godfrey (2016) é um termo desenvolvido pelo belga Gunter
Pauli em 2004, o fundador do zero emissions research and initiatives, que defendia que o
seu conceito ia provocar mudanças estruturais na economia, através da conservação e da
sustentabilidade dos ecossistemas e do fundo do mar, ou seja, esta sustentabilidade requer
um equilíbrio entre o investimento responsável e um oceano sustentável, de forma a
promover uma utilização eficiente dos recursos.

A sua terminologia só foi retomada na Conferência das Nações Unidas sobre o


Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro em 2012, devido à necessidade
de criar uma economia verde num mundo azul, dado que segundo a Elisabeth Mann
Borgese citado por Behnam “se antes víamos o mar e o fundo do mar como a continuação
da terra, agora vemos a terra como a continuação do mar.” (Behnam, 2013: 19).

Este novo paradigma pretende dar respostas aos desafios económicos, ambientais e sociais
através do desenvolvimento de sinergias, que se debruçam em analisar as diferentes
actividades a nível do seu impacto no meio ambiente marinho, habitats e biodiversidade,
com o intuito de promover uma maior eficácia no uso dos seus recursos (Governo de
Portugal, 2013a).

Desta forma, podemos dizer que após a Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável em 2012, originou o interesse de diversas instituições
internacionais (Comissão Europeia, OCDE, Banco Mundial, ONU) e governos em
Economia Azul, devido à capacidade desta economia ser uma “nova” fonte de emprego e
de poder criar vantagens competitivas (Castro, 2017).

A Comissão Europeia no seu relatório intitulado por Crescimento Azul: Oportunidade para
um crescimento marinho e marítimo sustentável define que: “A Economia Azul é composta
por diferentes sectores interdependentes, que se baseiam em competências comuns e infra-

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estruturas partilhadas (como os portos e as redes de distribuição de electricidade) e
dependem de uma utilização sustentável do mar por parte de todos” (Castro, 2017).

Com esta análise, constatamos a importância dos mares e oceanos enquanto motores da
economia europeia, em que a Economia Azul surge como um conjunto de sectores, que
apostam numa abordagem dinâmica e coordenada dos assuntos marítimos, na dupla
perspectiva do desenvolvimento económico “azul” e da saúde dos oceanos, ou seja, é um
conceito desenvolvido para aprofundar, agregar e estimular a rede europeia de clusters
marítimos (Castro, 2017).

2.1.1. Conceito de Economia Azul no âmbito dos Organismos Internacionais

Nesta parte do trabalho apresenta-se alguns conceitos de economia azul usados pelos
organismos internacionais no âmbito dos fóruns multilaterais realizados, a saber, a
Conferência Economia Azul (2018) estabelece que a economia azul visa “promover o
crescimento econômico, a produção e o consumo responsáveis, a inclusão social e a
preservação ou melhoria dos meios de vida, ao mesmo tempo em que garante a
sustentabilidade ambiental do oceano e das áreas costeiras, através da
economia circular. Refere-se à dissociação do desenvolvimento socioeconómico através
de sectores e actividades relacionadas aos oceanos da degradação ambiental e dos
ecossistemas”.

O Banco Mundial em (2017) defendeu que, a economia azul refere-se a promover o


crescimento económico, a inclusão social e a preservação ou melhoria dos meios de vida,
garantindo ao mesmo tempo a sustentabilidade ambiental dos oceanos e áreas costeiras.

Por sua vez, a União Europeia defende que economia azul é qualquer actividade económica
relativa aos oceanos e mares. Já a PEMSEA (2012) afirma que é o modelo econômico
prático baseado nos oceanos, utilizando infra-estrutura e tecnologias verdes, mecanismos
de
financiamento inovadores e arranjos institucionais proactivos para atingir os objectivos
duplos de proteger nossos oceanos e costas e aumentar sua contribuição potencial para o
desenvolvimento sustentável, incluindo a melhoria do bem-estar humano, e a redução dos
riscos ambientais e da escassez ecológica.

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2.2. Economia Azul em África

A União Africana identificou o desenvolvimento da economia do oceano azul como um


objectivo prioritário para alcançar a aspiração de “Uma África próspera baseada no
crescimento inclusivo e no desenvolvimento sustentável no contexto da Agenda 2063 da
União Africana”. Consequentemente, o Gabinete Interafricano dos Recursos Animais
(IBAR) da União Africana (UA), um gabinete técnico do Departamento de
Desenvolvimento Rural e Agricultura (DREA) da Comissão da União Africana (CUA), foi
encarregada da responsabilidade específica de apoiar o desenvolvimento da Estratégia
Africana de Economia Azul (Failler et al., 2019).

A Estratégia Africana de Economia Azul foi desenvolvida após a Conferência da


Economia Azul Sustentável de Nairobi realizada em 2018, em Nairobi, Quénia. Os líderes
africanos nessa Conferência exortaram a União Africana (UA) a trabalhar com as partes
intervenientes relevantes para desenvolver a Estratégia Africana de Economia Azul. Tal
estratégia orientaria o desenvolvimento sustentável e a utilização dos recursos aquáticos
em África. A Estratégia Africana de Economia Azul foi aprovada pela 3.ª sessão da
Comissão Técnica Especializada em Agricultura, Desenvolvimento Rural, Água e
Ambiente em Outubro de 2019 (Failler et al., 2019).

A Estratégia Africana de Economia Azul é consolidada tomando como base cinco (5)
relatórios técnicos temáticos detalhados apresentados em anexos à presente Estratégia
(Failler et al., 2019):

 Pesca, aquacultura, conservação e ecossistemas aquáticos sustentáveis;


 Transporte marítimo/transporte, comércio, portos, segurança marítima, segurança e
aplicação da lei;
 Turismo costeiro e marítimo, alterações climáticas, resiliência, ambiente, infra-
estruturas;
 Energia sustentável e recursos minerais e indústrias inovadoras;
 Políticas, instituições e governação, emprego, criação de emprego e erradicação da
pobreza, financiamento inovador.

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2.2.1. Visão da Estratégia de Economia Azul

A visão da Estratégia de Economia Azul é uma economia azul inclusiva e sustentável que
contribui significativamente para a transformação e o crescimento de África (Failler et al.,
2019).

2.2.2. Objectivo da Estratégia Africana de Economia Azul

O objectivo da Estratégia Africana de Economia Azul é orientar a formulação de uma


economia azul inclusiva e sustentável que se torna um contribuinte significativo para a
transformação e crescimento continental através de promoção de conhecimento sobre
biotecnologia marinha e aquática, sustentabilidade ambiental, do crescimento de uma
indústria de navegação em toda a África, do desenvolvimento do transporte marítimo,
fluvial e lacustre e pesca; e da exploração de recursos minerais em águas profundas e
outros recursos (Failler et al., 2019).

2.3. Economia Azul em Moçambique

A economia azul em Moçambique apresenta-se como um dos sectores mais dinâmicos


nos últimos anos, resistindo às crises soberanas e pandémicas recentes. É também
urna área onde a parceria dos sectores público e privado tem potenciado um elevado
crescimento, permitindo a criação de postos de trabalho, a recepção de divisas pela
exportação e um rendimento crescente para o Governo de Moçambique, por via das
joint ventares portuárias existentes e das licenças pesqueiras atribuídas.

A economia azul moçambicana tem-se centrado sobretudo no dinamismo do sector


portuário e do sector pesqueiro, embora se estime que o transporte marítimo possa vir a
crescer nos próximos anos, quer com o aumento da cabotagem marítima, quer por via da
exploração do gás offshore.

Em prol da promoção de um desenvolvimento baseado na Economia Azul, a A cidade de


Maputo acolheu a primeira edição da "Conferência Crescendo Azul" em 2019. Na abertura
do evento, Filipe Nyusi pediu reflexões com atenção às mudanças climáticas.

Durante a conferência ficou claro que, a Economia Azul é considerada a nova fronteira do
renascimento a nível global que tem levado a que um número crescente de países esteja
empenhado em formular políticas e estratégias que integram o uso sustentável dos mares e

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oceanos como base de transformação socio-económica, por meio de iniciativas integrantes
e harmonizadas, bem como de acções conjuntas entre países, para desenvolver o potencial
latente que os mares e oceanos oferecem à humanidade.

Entre os temas colocados em cima da mesa pelos especialistas, o destaque vai para a
Estratégia Marítima Integrada Africana 2050 da União Africana (Objectivos da UA 2050)
e o Manual de Política de Economia Azul para África, que, além de aumentarem o nível de
compreensão de outros quadros internacionais pertinentes, como a Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), lançam as bases para uma cooperação
estruturada da vertente marítima, visando proclamar os oceanos como factor de
desenvolvimento sustentado e da segurança marítima dos países, promovendo a
colaboração em torno de uma abordagem intersectorial para uma efectiva gestão integrada
da área costeira e marinha em África.

"A preservação do mar não deve ser vista apenas do ponto de vista internacional, regional,
nacional ou local, deve ser vista também do ponto de vista multidisciplinar, onde vários
sectores actuam para que haja uma exploração sustentável dos oceanos", disse João
Ribeiro. Assim, o desafio permanente que emerge é a necessidade de se traduzir a agenda
global, continental e regional em directivas e acções concretas e transformacionais a nível
do país, individualmente e no contexto de blocos de países, para um efectivo
desenvolvimento azul sustentável.

Moçambique faz parte do movimento global de chamamento para acção lançado pelas
Nações Unidas e por vários organismos responsáveis pela sustentabilidade dos oceanos, no
quadro da implementação do Objectivo Sustentável (ODS), estabelecendo uma plataforma
de diálogo permanente, a realizar-se em séries, bienalmente, denominada de Conferência
“Crescendo Azul”. Um dos objectivos principais é criar coinsciências sobre o uso cada vez
sustentável dos mares e oceanos.

O antigo primeiro-ministro, coube a responsabilidade de encerrar a conferência Crescendo


Azul, Agostinho do Rosário, na ocasião defendeu que os governos devem investir na
preservação do ecossistema marinho, como forma de garantirem a subsistência das actuais
e futuras gerações. Do Rosário falava, última sexta-feira, no encerramento da conferência
Crescendo Azul.

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"Como governos, temos a responsabilidade de estabelecer mecanismos que assegurem a
mobilização de recursos que permitam financiar acções concretas no domínio da pesca,
assim como mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Temos ainda a
responsabilidade de promover, disseminar e massificar o conhecimento junto da população
sobre a necessidade da protecção e exploração sustentável dos recursos existentes no mar e
nos oceanos", instou o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.

Por outro lado, o governante disse estar esperançado que os compromissos assumidos pelos
diferentes participantes no evento contribuam para uma melhor protecção dos oceanos e do
planeta, para além de priorizar a conservação e preservação dos ecossistemas, que inclui o
combate a poluição do mar e pesca ilegal.

Considerando a participação de instituições de ensino no evento, Do Rosário avançou que é


necessário ainda que se privilegie a investigação científica, tecnológica e inovação, com
vista a assegurar o uso sustentável e preservação do mar e oceano em benefício da
população. "Queremos acreditar que, com base no acordado nesta conferência,
Moçambique, a região, o continente africano e o mundo iniciaram uma marcha global em
que ninguém deve ficar para trás na protecção dos oceanos e do nosso planeta", previu o
primeiro-ministro, para depois acrescentar que está esperançado que os compromissos aqui
assumidos sejam transformados em acções concretas que garantam a implementação de
diversos projectos nas áreas de pesca, turismo, serviços portuários e exploração de
hidrocarbonetos.

Ao promover a conferência Crescendo Azul, o Governo entende que serão desenvolvidos


projectos nos oceanos que permitam capitalizar as potencialidades e oportunidades
existentes no mar e no oceano para gerar mais emprego e renda, particularmente para
mulheres e jovens.

Os temas centrais da primeira edição da conferência Crescendo Azul estiveram


relacionados com a governação, protecção e uso sustentável dos oceanos, inovação, rotas e
energia do oceano, os quais proporcionaram debates que vieram sublinhar, uma vez mais, a
noção de que se está perante uma questão global, cujas soluções só poderão resultar de uma
acção também global.

"Perante esta realidade, somos desafiados a assumir responsabilidades acrescidas, para


promover e encorajar iniciativas públicas e privadas que tornem o oceano uma fonte de

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rendimento para a população. Foi neste contexto que a conferência debateu profundamente
temas relacionados com as comunidades, tais como a pesca artesanal, que constitui uma
das principais fontes de rendimento da população que vive ao longo da costa marítima nos
nossos países", justificou o primeiro-ministro.

Do Rosário afirmou que o Governo reconhece o papel da pesca na melhoria da renda,


segurança alimentar e nutricional da população e tem estado a apoiar e a incentivar os
pescadores para o aumento da produção e produtividade no sector da pesca.

A economia azul é considerada a nova fronteira do renascimento a nível global que tem
levado a que um número crescente de países esteja empenhado em formular políticas e
estratégias que integram a economia azul como base de transformação socioeconómica, por
meio de iniciativas e estratégias integrantes e harmonizadas, bem como acção conjuntas
entre países, para desenvolver o potencial latente que os mares e oceanos oferecem à
humanidade.

Com a conferência de dois dias terminada na última sexta-feira, Moçambique pretende


juntar-se ao movimento global de chamamento para acção lançado pelas Nações Unidas e
por vários organismos responsáveis pela sustentabilidade dos oceanos, no quadro da
implementação do Objectivo Sustentável (ODS), estabelecendo uma plataforma de diálogo
permanente, a realizar-se em séries, bienalmente, denominada conferência Crescendo Azul.

2.3.1. Oportunidades da Economia Azul para Moçambique

De acordo com Zacarias (2014), o potencial da economia azul em Moçambique reside nos
seguintes aspectos: (i) Moçambique possui 2700 km de costa e posição estratégica
privilegiada; (ii) existem massivas infra-estruturas na zona costeira; (iii) Extensas áreas de
praias e recifes de alta qualidade; e (iv) Enorme potencial de energias renováveis.

Também Langa (2021) abordou sobre as oportunidades da economia azul em Moçambique


tendo afirmando que, a economia azul é a maior oportunidade de crescimento para
Moçambique a longo prazo e isso devido a grandeza da costa moçambicana, bem como os
variados recursos que ela possui.

Webdev (2020), fazendo referencia Kemal Vaz palestrante do seminário “Economia Azul:
Um Nicho de Oportunidades para Alavancar o Desenvolvimento em Moçambique”
defendeu que o futuro de Moçambique passa pela economia do mar, dada a imensidão da

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costa moçambicana e a abundância dos recursos marítimos, onde a localização de
Moçambique à beira do oceano índico oferece potencialidades ao nível de recursos
energéticos, rotas marítimas, comércio internacional, indústria alimentar e turismo.

E desta forma, Moçambique tem de explorar esta via de forma sustentável e que poderá dar
a Moçambique a possibilidade de melhorar a sua balança comercial, e o país necessita de
um conhecimento cada vez mais profundo das potencialidades das águas moçambicanas
que se pode tirar um maior proveito dos recursos marítimos em prol do bem-estar das
populações.

3. Conclusão

O estudo realizado permitiu constatar que devido ao reconhecimento da importância dos


oceanos para a sustentabilidade do planeta terra e para a competitividade da economia, o
que tem vindo a verificar-se ao longo do tempo é que o estudo desta economia, foi
enquadrado conforme os contextos históricos, ideológicos, científicos e tecnológicos.

Neste sentido, identificamos que a economia do mar através da Economia Azul estendeu o
seu conhecimento e exploração para patamares impensáveis, dado que conjuga o
crescimento económico com o desenvolvimento sustentável.

Na Africa a questão da economia azul é levada em consideração, dai que em 2019 foi
aprovada pela União Africana onde Moçambique faz parte uma estratégia africana de
economia azul, que tem a visão de uma economia azul inclusiva e sustentável que contribui
significativamente para a transformação e o crescimento de África.

Em Moçambique, particularmente a zona costeira e marinha tem um grande potencial para


o desenvolvimento de um cluster do mar, dai ser importante repensar em alguns aspectos
como planeamento marítimo espacial, monitoria integrada dos meios marinhos e a
agregação das indústrias azuis que permitira maior e melhor competividade tanto das
indústrias como dos seus recursos.

Portanto, a economia azul constitui uma oportunidade para Moçambique fazer uma
exploração em pleno e de forma sustentável dos seus recursos marítimos de modo a
melhorar a sua balança comercial tendo em atenção a vasta costa que o país possui.

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4. Referências Bibliográficas

Behnam, A. (2013), Tracing the blue economy. Foundation de Malte: Valetta.

Castro, D. M. M (2017), Fundamentos e desenvolvimento da “Economia Azul”: Uma


análise de agenda e da sua aplicação. Dissertação de Mestrado. Instituto Universitário de
Lisboa: Lisboa.

Correia, G. (2022), Bases para o desenvolvimento regional com foco na economia azul:
realidade ou panaceia? Dissertação de Mestrado. Escola Nacional de Administração
Pública. Brasília-DF.

Failler, P., et al., (2019), Estratégia Africana de Economia Azul. Nairobi, Quénia.

Godfrey, S. (2016) Defining the blue economy. Maritime Affrairs. Journal of the National
Maritime of India, 12: 58 – 64.

Langa, M. (2021), A economia azul é a maior oportunidade de crescimento para


Moçambique. Diário económico.

Martins, J. M. R. (2021), Estratégias de Economia Azul. Trabalho de Investigação


Individual do CPOS-M. 1a Edição. Pedrouços.

Mendes, Carlos Magno et al., (2015) Introdução à economia. 3a Edição. Rev. Amp-UFSC-
CAPES. UAB: Florianópolis-Brasília.
O País (2021), “Crescendo Azul”, uma oportunidade para crescimento económico e
social. Jornal o País. Maputo.

Souza, Nali de Jesus de (2007) Economia Básica. 1. ed. Atlas Editora: São Paulo.
Webdev, (2020), Seminário sobre a economia azul em Moçambique. Maputo.

Zacarias, D. A. (2014), “Economia Azul” como estratégia de desenvolvimento para


Moçambique possibilidades e desafios. UEM/ESHTI. Maputo.

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