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Escola Superior de Governação

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Trabalho de Conclusão de Licenciatura

Contributo das Pequenas e Medias Empresas na dinamização do desenvolvimento


socioeconómico local: caso do Posto Administrativo de Infulene (2016 2020)

Candidato: Supervisor:

Edson Morgado Boane Dr. José Manhiça

Maputo, Março de 2023


CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

Desde o alcance da independência, a erradicação da pobreza e promoção do desenvolvimento


nos distritos do país, tem sido a motivação maior por detrás da formulação das políticas
públicas pelo Governo moçambicano.

O Estado moçambicano nos últimos anos tem o seu foco na visão de "distrito como polo do
desenvolvimento", e tem emendado esforços com vista a alavancar as economias locais na
crença de com isso alcançar o desenvolvimento do país como um todo. Além da sua
intervenção directa no alcance do desenvolvimento, o Estado tem contado com a prestação do
sector empresarial para o alcance desse fim, e recentemente tem movido acções estratégicas
com vista a promover o sector das PMEs, por compreender a sua importância na economia-
pela provisão de bens e serviços e pela criação de postos de trabalho.

É neste âmbito que o presente trabalho busca compreender o contributo das PMEs no
desenvolvimento socioeconómico local. Visto que nota-se uma relação entre essas duas
temáticas, a presente pesquisa buscará trazer evidencias bibliográficas, documentais e
empíricas dessa relação, sem deixar de lado os desafios ou constrangimentos que este sector
tem, e as acções do Governo para o alivio desses constrangimentos, com o objectivo último
de trazer a luz do leitor a importância de se investir neste sector económico (se for constatado
de facto o seu contributo para o desenvolvimento local).

1.1. Delimitação espácio-temporal

A presente pesquisa centra-se no posto administrativo de Infulene (Município da Matola)


no intervalo temporal de 2016 a 2020. A escolha do local deve se primeiramente ao facto do
Município da Matola ter notoriedade quanto a actividade industrial e comercial; e o Posto
Administrativo de Infulene, em concreto, é uma das áreas da Autarquia da Matola que tem
registado notável índice de migração para os seus bairros, o que tem levado vários
investidores e empreendedores a criar pequenas, médias e grandes empresas.

A escolha do ano de 2016 como marco inicial deve-se ao facto do Governo de Moçambique
ter enfatizado nesse ano, apoiado no Programa Quinquenal do Governo (PQG) 2015-2019, o
seu objectivo central de melhoria das condições de vida dos moçambicanos, que se traduz no
aumento do emprego, da produtividade e da competitividade, e com isso mobilizou várias
acções de visem criar mais oportunidades de emprego, melhoria da empregabilidade da força
de trabalho, e outros indicadores de bem estar, através da promoção do sector empresarial,
com destaque para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), por serem uma via para um
capitalismo industrial mais competitivo, flexível e próximo dos mercados e das localidades.

A escolha do ano de 2020, justifica-se pelo facto de nesse ano as PMEs, em Moçambique,
terem-se encontrado numa crise profunda, devido a eclosão da pandemia da Covid-19, que
causou notáveis alterações económicas e sociais. Em 2020 assistiu-se o encerramento da
maioria das PMEs, e juntamente viu-se o agravamento de problemas como desemprego, fome
e pobreza, principalmente a nível dos distritos e localidades do pais, o que levou o
pesquisador a reflectir sobre a relação entre as PMEs e o desenvolvimento local.

1.2. Contextualização

As PMEs constituem, em número, a maioria das empresas em qualquer país e são também
um factor de desenvolvimento. Em muitas economias, as PMEs detêm a maior parte de forca
de trabalho, e contribuem juntamente para as exportações, empreendedorismo, eficiência e
outros pontos importantes do desenvolvimento (Lall, 2000).

Segundo Hoffman (2005), a história demostrou que um sector privado em crescimento,


flexível, construído numa ampla base empresarial, que inclui PMEs e um Investimento
Directo Estrangeiro (IDE) bem regulado, tem sido a chave para a distribuição do crescimento
económico nos países em via de desenvolvimento, cujo um dos objectivos é erradicar a
pobreza nas populações.

Desde 1995, existe, em Moçambique, um diálogo anual contínuo entre o governo e o sector
privado e, desde então, o governo empreendeu uma série de reformas, destinadas a melhorar
o ambiente de negócios, para com isso alavancar a economia e criar maior provisão a
sociedade (IPME, 2016).

Nos termos do artigo 17 da Constituição da República de Moçambique de 2004," o Estado


promove e apoia a participação activa do sector empresarial nacional no quadro do
desenvolvimento económico do país; e cria os incentivos destinados a proporcionar o
crescimento do empresariado nacional em todo o país." Nessa senda, o Conselho de Ministros
aprovou, em 2007, a Estratégia para o Desenvolvimento das Pequenas e Medias Empresas em
Moçambique (EDPME’s) onde as PMEs são vistas como o centro de desenvolvimento do
país, na medida em que contribuem na geração de emprego, na provisão e distribuição de
produtos, aumentando desta forma a competitividade da economia (EDPME’s,2007:25).
Ainda no âmbito de promover o crescimento empresarial, o Governo criou, em 2008, o
Instituto para a Promoção das Pequenas e Medias Empresas (IPEME). E com objectivo de
corrigir diversos constrangimentos, como por exemplo: as barreiras regulatórias, falta de
acesso aos mercados, falta de acesso ao financiamento, falta de ligações horizontais e
verticais entre empresas, carga fiscal e custo dos procedimentos elevados, o Governo cria, em
2011, Estatuto das Micro, Pequenas e Médias Empresas em Moçambique (EMPME), através
do Decreto noº 44/2011, de 21 de Setembro.

A presente pesquisa insere-se num contexto em que o sector das PME apresenta se como um
sector em que engloba maior parte da mão-de-obra em toda parte do mundo, principalmente
em países em desenvolvimento, No entanto, a maioria das PME nos países em
desenvolvimento, como o caso de Moçambique são, segundo a OIT (2015), "microempresas
informais de baixa produtividade que não são nem produtivos nem dignos."

O tema insere-se num momento em que Moçambique enfrenta, de acordo com Ali (2020),
situações indesejáveis como: a multiplicação da precariedade do trabalho e das condições
sociais, o crescente desemprego, o declínio dos rendimentos, a destruição dos modos de vida,
o não acesso a bens e serviços básicos e o aumento da pobreza e da fome, que intensificam as
desigualdades, agravando as crises como a do novo coronavírus (COVID-19) e, assim,
bloqueando a reprodução social da força de trabalho e do sistema socioeconómico global.

1.3. Justificativa

A escolha do presente tema deve-se primeiramente ao facto do pesquisador contemplar com


frequência os assuntos "desenvolvimento socioeconómico local" e " Pequenas e Médias
Empresas" nos debates sociopolíticos nos países em desenvolvimento, particularmente em
Moçambique, o que o levou a almejar fazer uma abordagem que relaciona os dois assuntos
formando um tema. Outra razão pessoal, deve-se a observação do crescimento acentuado do
número de empresas em Moçambique, e o desenvolvimento notório de alguns distritos e
localidades do país, o que levou o pesquisador a reflectir se há uma relação entre as empresas
e o desenvolvimento dos distritos e localidades.

O tema em estudo mostra relevância, primeiramente a nível político e social, na medida em


que a compreensão do contributo do sector empresarial, em concreto das PMEs, na
dinamização do desenvolvimento socioeconómico local, poderá levar o governo a formular
melhores politicas para apoiar este sector, a fim de promover o desenvolvimento a nível local
e consequentemente o desenvolvimento do país como um todo. As PMEs promovem
emprego, e este exerce um papel fundamental na situação económica, social e política do
país. A falta de emprego e renda implicam em aumento da pobreza, redução da qualidade de
vida, acarretando problemas de ordem socioeconómica. Por esse motivo o presente tema
torna-se relevante para a Administração Pública.

Para a comunidade científica, o tema poderá trazer novos conhecimentos que inspirarão a
criação de novas teorias e modelos nas áreas de economia e administração. Uma vez que há
pouca manifestação literária sobre o assunto, o presente tema poderá trazer uma inspiração
para a realização de pesquisas sobre o sector empresarial, em destaque para o sector das
PMEs, e o seu papel na solução de problemas socioeconómicos como o desemprego, fome e
pobreza.

Outra razão da escolha do tema, deve se ao facto de que, por conta do fenómeno da Covid-19,
várias PME foram encerradas em Moçambique, por conta das medidas de prevenção contra o
novo vírus pandémico, levando o pesquisador a reflectir sobre o contributo deste sector na
economia do país, sobretudo a nível local.

1.4. Problematização

Segundo Mosca (2001), o desenvolvimento socioeconómico de um país surge como fruto do


desenvolvimento das regiões, do espaço regional ou local, reconhecendo a importância dessa
esfera para alavancar o desenvolvimento do país como um todo.

Nas últimas décadas, o debate sobre o desenvolvimento local tem ganho maior espaço e
importância, por este contribuir para o desenvolvimento das populações e na redução da
pobreza absoluta. Sendo assim, reconhece-se a importância do sector privado, concretamente
das PME, para o alcance de objectivos recorrentes para a dinamização do desenvolvimento,
como a provisão do emprego para as populações.

Emprego é uma palavra-chave nas políticas públicas em Moçambique, frequentemente usada


para justificar políticas e estratégias, e para defender projectos de investimento e quaisquer
que sejam as decisões. O Plano Quinquenal do Governo para 2015-2019, enfatiza a
prioridade de criar emprego como caminho para a redução da pobreza (PQG 2015-2019).

O Estado moçambicano promove e apoia a participação activa do sector empresarial nacional


na prossecução da política de económica e social e cria os incentivos destinados a
proporcionar o crescimento do empresariado nacional em todo o país. Nesta senda, o governo
tem criado politicas de apoio as Pequenas e Medias empresas (PME) baseado em duas
justificações económicas: (1) compensar as falhas de mercado específicas do segmento desta
dimensão; e (2) promover os contributos especiais das PME para a economia (OIT, 2015).

Segundo o Relatório IV da OIT 1 (2015), existem evidências empíricas e consistentes que


confirmam que as Pequenas e Médias Empresas são um importante motor do
desenvolvimento, através da criação de postos de trabalho. No entanto, o relatório também
demonstra que o sector é muito diversificado, o que constitui um sério entrave à formulação
de políticas destinadas a esta classe de dimensão empresarial como um todo.

As PMEs representam cerca de 98,7% do número total 26.624 de empresas registadas em


Moçambique, empregando 24,1%(121.036) da força de trabalho formal total do país. Apesar
de seu reconhecido potencial como motor de crescimento, a contribuição das PME para o
Produto Interno Bruto (PIB) é baixa, por conseguinte tem níveis de produtividade ainda
baixos (Sebrae, 2016).

Existe o risco de que a promoção das PME, devido ao seu contributo para o emprego, sem
uma diferenciação adicional por sub-segmentos, privilegie a quantidade face à qualidade do
emprego. Isto é, porque as PME incluem também um grande número de microempresas que
criam postos de trabalho que não são nem produtivos nem dignos (OIT, 2015).

Apesar do optimismo do governo quanto à sua política e acções de reforma do ambiente


empresarial, o crescimento das PMEs e a criação de emprego tem sido mínimo e limitado aos
sectores dominados por grandes investidores internacionais (por exemplo, a indústria
extractiva e os serviços financeiros). As empresas continuam a se apresentar negativamente
afectadas pela incerteza no ambiente de negócios, pela imprevisível aplicação da legislação e
por outras barreiras ao investimento (SEBRAE, 2016).

Segundo o relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2020), sobre os resultados do


"Inquérito sobre o Impacto da Covid-19 nas empresas", pouco mais de 43 mil pessoas em
Moçambique perderam emprego devido ao impacto das restrições impostas para travar a
propagação do novo coronavírus. Segundo o documento, as pequenas empresas foram as que
mais encerraram actividades durante este período, afectando, só nesta classe, 41.394
trabalhadores de todas as províncias do país. As restrições impostas pela pandemia em

1
Organização Internacional do Trabalho
Moçambique afectaram um total de 80 mil empresas, instituições que foram obrigadas a
encerrar as portas, rescindir ou suspender contratos.

Dadas as acepções acima colocadas, surge a seguinte questão: Até que ponto as Pequenas e
Medias Empresas contribuem na dinamização do desenvolvimento socioeconómico local
em Moçambique?

1.5. Objectivos

1.5.1. Objectivo Geral

Analisar o contributo das Pequenas e Médias Empresas na dinamização do desenvolvimento


socioeconómico local em Moçambique.

1.5.2. Objectivos Específicos

 Identificar os principais constrangimentos que as PME no Posto Administrativo de


Infulene enfrentam;
 Aferir a eficácia das políticas de melhoramento do sector das PME no Posto
Administrativo de Infulene;
 Avaliar o contributo das PMEs na dinamização do desenvolvimento socioeconómico
do Posto Administrativo de Infulene.

1.6. Questões de pesquisa

 Quais são os principais constrangimentos que as PME do Posto Administrativo de


Infulene enfrentam?
 Qual é a eficácia das políticas de melhoramento do sector das PME no Posto
Administrativo de Infulene?
 Qual é o contributo das PME na dinamização do desenvolvimento socioeconómico do
Posto Administrativo de Infulene?

1.7. Hipóteses

 Os principais constrangimentos que as PME do Posto Administrativo de Infulene


enfrentam são: o fraco acesso ao financiamento, má formação profissional dos
trabalhadores, fraco acesso a electricidade, a concorrência de empresas informais, e a
alta taxa de tributação fiscal.
 As políticas de melhoramento do sector das PMEs têm eficácia positiva no PA de
Infulene. No tocante a problemas como falta de acesso ao financiamento e formação
profissional, o governo cria plataformas de formação e prestação de aconselhamento
aos intermediários financeiros sobre como lançar novos produtos financeiros e como
adaptar os produtos existentes às necessidades das PME; também são concedidos
empréstimos as start-ups e PMEs, e são disponibilizados outros produtos financeiros,
como aumento de subsídios e garantias às empresas iniciais para seu incentivo.
 As PME contribuem positivamente no desenvolvimento socioeconómico local,
promovendo a redução da pobreza através da criação de emprego, geração de renda,
mobilização de recursos sociais e económicos, estimulação a produção e
concorrência.

1.8. Metodologia do trabalho

"Metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos na busca do


conhecimento” (Andrade, 2007:122). É o conjunto de procedimentos, técnicas e instrumentos
necessários para a construção da pesquisa.

Para a realização deste trabalho foram empregues diversos métodos e técnicas cuja escolha
deveu- se a natureza, características e objectivos da própria pesquisa.

1.8.1. Classificação e caracterização da pesquisa

a) Quanto à natureza

Quanto a natureza a pesquisa é aplicada, pois tem como objectivo gerar conhecimentos para
aplicação prática, dirigidos a solução de problemas específicos, envolve verdades e interesses
locais (Gil, 1999:30). Este tipo de pesquisa permite o pesquisador encontrar possíveis
soluções aplicáveis ao problema identificado no que diz respeito ao contributo das PMEs no
desenvolvimento socioeconómico local.

b) Quanto aos objectivos

No que se refere aos objectivos a pesquisa é explicativa: este tipo de pesquisa caracteriza-se
pela identificação dos factores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos
fenómenos, aprofunda o conhecimento da realidade pois explica a razão, ou seja, o porquê
das coisas (Gil, 2010). Este tipo de pesquisa permitirá explicar a questão do desenvolvimento
socioeconómico local do Posto Administrativo de Infulene a partir do contributo das PME.
c) Quanto a abordagem do problema

Quanto a abordagem do problema a pesquisa é quali-quantitativa: este tipo de pesquisa


representa, por um lado, a relação entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que
não pode ser traduzido em números - ideias e percepções; e por outro lado a elaboração ou
uso de técnicas da estatística (tabelas, gráficos, calculo percentual) para maior compreensão
da pesquisa (Lundin (2016:117). Para a presente pesquisa, a abordagem quali-quantitativa
será útil para simplificar as opiniões e percepções nos cidadãos do Posto Administrativo de
Infulene e os dados das empresas seleccionadas sobre o contributo das PMEs
desenvolvimento socioeconómico local.

d) Quanto aos procedimentos técnicos

Pesquisa bibliográfica: a Pesquisa Bibliográfica é desenvolvida com base em material já


elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Esta pesquisa vai
permitir a consulta de livros e artigos científicos que abordam sobre as variáveis do tema, a
fim de garantir a compreensão do trabalho antes de recorrer ao campo para a recolha de
dados.

Pesquisa Documental: esta técnica vale-se de variedade de tipos de documentos desde os de


primeira mão sem qualquer tipo de tratamento analítico: documentos oficiais, reportagem de
jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações, até aos de segunda mão – que
de alguma forma foram analisados: relatórios de instituições públicas e privadas e relatórios
de pesquisas (Gil, 2010). Este procedimento permitirá o pesquisador utilizar, documentos e
vários artigos para melhor compreensão do trabalho, pois, na falta ou escassez de material
bibliográfico, os documentam ajudam a sustentar a credibilidade do trabalho, trazendo maior
clareza sobre a questão do desenvolvimento local e seus mecanismos de promoção e acerca
das PMEs.

1.8.2. Métodos de pesquisa

a) Método de abordagem

Método Hipotético-dedutivo: de acordo com Gil (1999:30), este método se inicia pela
percepção de uma lacuna nos conhecimentos, dai que se formula hipóteses e, pelo processo
de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos pela hipótese.
Este método será aplicado nas PME do Posto Administrativo de Infulene, com vista a
verificar a validade e veracidade das hipóteses levantadas, no que diz respeito ao seu
contributo no desenvolvimento socioeconómico.

b) Método de procedimento

Método Monográfico: de acordo com Marconi & Lakatos (2003), este método parte do
princípio de que qualquer caso, estudado com profundidade pode ser considerado
representativo de muitos outros, ou até de todos os casos iguais ou semelhantes. O método
consiste em estudar indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos sociais ou
comunidades. O método monográfico possibilitará ao pesquisador deslocar-se ao Posto
Administrativo de Infulene, com vista a verificar a validade e veracidade das hipóteses
levantadas, no que diz respeito ao contributo das PMEs no seu desenvolvimento.

1.8.3. Técnicas de recolha de dados

As técnicas de colecta de dados são ferramentas indispensáveis para obtenção de informações


úteis para este trabalho, desta feita, as técnicas utilizadas para pesquisa são:

a) Técnica de Entrevista_ Segundo Marconi e Lakatos( 2003), a entrevista é um


encontro entre duas pessoas, afim de que uma delas obtenha informações a respeito de
determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. Para a
presente pesquisa, recorrer-se-á a entrevista semi-estruturada, que constitui uma
entrevista com questões dirigidas ao entrevistado onde existe um guião previamente
elaborado pelo pesquisador para ser aplicado e não existe rigidez na sequência de
questões e abre espaço para se acrescentar outras questões no decurso da entrevista.
Este tipo de entrevista permitirá o pesquisador explorar informações acerca do
contributo das PME no desenvolvimento socioeconómico local, nas empresas do PA
de Infulene, e no encontro com os cidadãos.
b) Questionário – Markoni e Lakatos (2003), afirmam que o questionário é um
instrumento de colecta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas,
que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Este será
aplicado a alguns trabalhadores das empresas e aos cidadãos do PA de Infulene.
c) Técnica de observação_ consiste no uso dos sentidos com vista a adquirir os
conhecimentos necessários para o quotidiano (Gil, 1999:110). Com esta técnica o
pesquisador poderá confrontar as informações dos manuais, dos questionários com a
realidade observada a olho nu, no que se refere a questão da empregabilidade das
PMEs no Posto Administrativo de Infulene, e seu contributo no crescimento
económico.

1.8.5. População e Amostra

De acordo com Silva e Meneses (2001), População ou Universo é um conjunto definido de


elementos que possuem determinadas características comuns, onde se extrai uma amostra,
que é uma parcela de uma população, isto é, constitui-se em um subconjunto do universo
desta e, devido a características específicas, retrata com grande fidelidade a realidade dessa
população. Portanto, amostra é "uma parcela convenientemente seleccionada do universo e
população é um subconjunto do universo" (Marconi & Lakatos, 2009:163).

Para a presente pesquisa, o tipo de amostragem usado é a amostragem por acessibilidade ou


conveniência, que, segundo Gil (2008:94), constitui um tipo de amostragem não
probabilística e menos rigorosa, em que o pesquisador selecciona os elementos simplesmente
porque eles são acessíveis admitindo que estes possam, de alguma forma representar o
universo.

O Posto Administrativo de Infulene conta com uma população de aproximadamente 135.000


habitantes2. Destes, serviram de amostra para a pesquisa 60 pessoas. Foram entrevistados 3
funcionários do PAMI e 4 proprietários/gerentes de PMEs, e foram inqueridos 53 cidadãos,
onde 3 são representantes das estruturas administrativas dos bairros (chefes de quarteirão e
secretários dos bairro), 20 trabalhadores de PMEs, e 30 residentes do Posto Administrativo de
Infulene (comerciantes, agricultores, estudantes e outros).

1.9. Estrutura do Trabalho

Este presente trabalho é composto por quatro capítulos. O primeiro capítulo aborda a
introdução do trabalho, onde encontramos elementos como: a delimitação espácio-temporal, a
contextualização da pesquisa, a justificativa do tema, a problematização, os objectivos do
trabalho, as questões de pesquisa e suas hipóteses, e a metodologia do trabalho.

O segundo capítulo se ocupa do quadro teórico e conceptual, onde no quadro teórico


apresentam-se as teorias que sustentam o tema em estudo, envolvendo as duas variáveis do
tema. No quadro conceptual são apresentados os conceitos-chave para a compreensão das
variáveis do trabalho, abordados na óptica de vários autores.

2
Recenseamento Geral da População e Habitação, 2018. INE, Maputo
No terceiro capítulo, apresenta-se a revisão de literatura. Aqui busca-se abordar, de forma
exaustiva, os tópicos relacionados ao contributo das PME no desenvolvimento
socioeconómico local, trazendo abordagens literárias que sirvam de suporte para a pesquisa e
sirvam de base para se realizar o estudo de caso.

No quarto capítulo, é a feita a apresentação, análise e interpretação dos dados colhidos no


local de estudo, neste caso no Posto Administrativo de Infulene. É neste capítulo onde busca-
se responder as questões de pesquisas levantadas no princípio, onde valida-se ou invalida-se
as hipóteses levantadas.
CAPITULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO E DEBATE CONCEPTUAL

O presente capítulo se ocupa do referencial teórico e do debate conceptual, onde serão


apresentadas as teorias que sustentam a pesquisa, e os conceitos básicos que permitem melhor
compreensão das variáveis deste estudo.

2.1. Referencial Teórico

O referencial teórico consiste, na escolha de teorias que ajudem a explicar a relação entre as
variáveis do tema em estudo. Dada a natureza do tema, o presente estudo foi analisado a luz
da Teoria do Desenvolvimento Endógeno (TDE) e da Teoria dos Stakeholders.

2.1.1. Teoria do Desenvolvimento Endógeno (TDE)

2.1.1.1. Origem da Teoria do Desenvolvimento Endógeno

Os modelos de desenvolvimento adoptados pelos países industrializados na Europa e


América, após a Segunda Guerra Mundial, permitiram elevadas taxas de crescimento
económico e acumulação de riquezas. Porém, situações de desigualdade social, espacial, de
renda e sectorial, assim como pobreza, também se manifestavam nesses países.

No entanto, nos finais da década de 1970 e início da década de 1980 surgiu uma colectânea
de trabalhos, inicialmente dispersos, que viriam a convergir, no fim dos anos 80, em uma
nova ortodoxia. Segundo essa nova ortodoxia, o êxito e o crescimento das regiões industriais
implicam em impactos consideráveis, em termos de reestruturação funcional do espaço,
devido ao processo de flexibilização e descentralização, dentro e fora das organizações
produtivas. O argumento se baseava na suposição de que as regiões dotadas de factores de
produção, ou estrategicamente direccionadas para desenvolvê-los internamente, teriam as
melhores condições de atingir o seu desenvolvimento (Campos, Callefi & Sousa, 2005).

Sendo assim, surgem então novos paradigmas no campo da economia regional, marcados
pelo aspecto endógeno das fontes de desenvolvimento. O aspecto endógeno refere-se ao fato
de o desenvolvimento ser determinado por atores internos à região, sejam eles empresas,
organizações, sindicatos ou outras instituições (idem).

A teoria do desenvolvimento endógeno surgiu, então, como uma nova concepção que viria a
responder aos desafios contemporâneos. O surgimento do paradigma do desenvolvimento
endógeno se deveu à insatisfação provocada pelo enfraquecimento e ineficiência do modelo
de desenvolvimento ‘a partir de fora’ proposto nos anos 1960 e 1970” (Barquero, 2002).

Em diversos casos, as políticas de desenvolvimento regional passaram a ser pensadas sob


uma perspectiva regional e endógena, na qual se busca valorizar as potencialidades internas e
aproximar atores de uma determinada região. Nesses preceitos, considera-se que são os
agentes da própria localidade que, ao adoptarem estratégias a partir do potencial de
desenvolvimento existente, controlam o processo objectivando aumentar a qualidade de vida
(idem).

Desse modo, segundo Amaral Filho (20023, citado por Campos et al. 2005), o
desenvolvimento endógeno pode ser entendido como um processo de crescimento económico
que implica em uma contínua ampliação da capacidade de geração e agregação de valor sobre
a produção, bem como da capacidade de absorção da região, na retenção do excedente
económico gerado na economia local e na atracção de excedentes provenientes de outras
regiões. Esse processo tem como resultado a ampliação do emprego, do produto e da renda
local/regional gerada por uma determinada actividade económica.

2.1.1.2. Principais precursores da Teoria

A TDE é fruto dos trabalhos de vários estudiosos das áreas de Economia e Administração,
como Kenneth Arrow (1962), Hirofumi Uzawa (1965) e Miguel Sidrauski (1967); porém as
abordagens mais destacadas são de Paul Romer (1986) e Robert Lucas (1988). (Araújo,
2014).

Os defensores da TDE dão especial ênfase à acumulação de capital humano e de


conhecimento, uma vez que estes factores geram externalidades positivas que favorecem o
crescimento das regiões e dos países (Silva, 2012).

Romer e Lucas defendem que as empresas e os indivíduos devem investir no


desenvolvimento da tecnologia e na acumulação do capital humano e não apenas em capital
físico, uma vez que, para eles o crescimento económico surge também pelo desenvolvimento
do conhecimento e acumulação de capital humano e não apenas pela acumulação de capital

3
Amaral F. J. (2002) Desenvolvimento regional endógeno: (re)construção de um conceito, reformulação das
Estratégias, Revista Económica do Nordeste, v. 26, n. 3: Fortaleza.
físico. Estes autores estabelecem uma relação directa entre o conhecimento e o crescimento
económico (Silva, 2012 citando Baleiras 20114).

2.1.1.3. Pressupostos da Teoria

Na visão dos defensores da Teoria do Desenvolvimento Endógeno, o Estado actua como


moderador e facilitador, com a tarefa de apoiar na criação de vantagens potenciais endógenos
e competitivas, olhando o desenvolvimento do país como fruto do desenvolvimento das
regiões (Braga, 2002).

A Teoria do Desenvolvimento Endógeno baseia-se nos seguintes fundamentos (Araújo,


2014):

 Crescimento económico é um resultado endógeno de um sistema económico, e não o


resultado de forças que afectam a partir do exterior (Romer 1994 5, citado por Araújo
2014).
 O desenvolvimento económico ocorre em consequência da utilização do potencial e
do excedente gerado localmente (Barquero 20016 citado por Araújo 2014).
 O Desenvolvimento endógeno está relacionado à utilização, execução e valorização
de recursos locais e à capacidade de controlo do processo de acumulação (Garofoli
(19927, citado por Araújo 2014).
 O crescimento económico é impulsionado através de externalidades positivas
(spillovers) geradas quer pela acumulação de capital humano quer pelo conhecimento
ou progresso tecnológico. (Silva, 2012 citando Romer 19868 & Lucas 19889)
 O desenvolvimento endógeno é fruto da existência de um sistema produtivo capaz de
gerar rendimentos crescentes, mediante o uso de recursos disponíveis e a introdução
de inovações, garantindo criação de riqueza e melhoria do bem-estar (Barquero 200110
citado por Araújo 2014).

4
Baleiras, R. (2011). Introdução: Economia e política do desenvolvimento regional. In R. BALEIRAS (coord.),
Casos de desenvolvimento regional (pp. 13-78). Cascais: Princípia.
5
Romer, P.M. (1994), Origins of Endogenous Development. Journal of Economic Perspectives, vol.8, n.1.
6
Barquero, A. V. (2001), Desenvolvimento Endógeno em tempos de globalização. Tradução: Ricardo Brinco.
Fundação de Economia e Estatística.
7
Garofoli, G. (1992), Endogenous Development and Southern Europe, Avebury, Aldershot, UK.
8
Romer, P. (1986). Increasing Returns and Long-Run Growth. Journal of Political Economy, 94 (5), 1002-1037.
9
Lucas, R. (1988). On the mechanics of economic development,University of Chicago: Chicago.
10
 O desenvolvimento exige a flexibilidade produtiva, no sentido de ser aberto um
espaço para inserção competitiva de pequenas e médias empresas na dinâmica da
acumulação de capital (idem).

2.1.1.4. Críticas á Teoria

Os modelos que materializam a Teoria de desenvolvimento endógeno procuram as suas bases


nos modelos de crescimento neoclássicos tradicionais, mas, nestes últimos, o progresso
tecnológico e o crescimento populacional são considerados variáveis exógenas ao modelo,
enquanto agora essas variáveis são consideradas endógenas. Para além de tornar endógenas
essas variáveis, os modelos de crescimento endógeno passam também a considerar
rendimentos marginais constantes ou crescentes, em vez de considerar os rendimentos
marginais decrescentes presentes nos modelos de crescimento neoclássicos tradicionais
(Silva, 2012).

Assim, estes modelos denotam algum afastamento dos pressupostos neoclássicos tradicionais.
No entanto, persistem com a hipótese de existência de equilíbrio geral, e portanto, são
considerados modelos de aprofundamento à teoria neoclássica. (idem).

Paul Krugman (1998) criticou a teoria do crescimento endógeno como quase impossível de
ser verificada por evidências empíricas; declarando que “Muito disso envolvia fazer
suposições sobre como coisas imensuráveis afectavam outras coisas imensuráveis."

2.1.1.5. Aplicabilidade da teoria no estudo

A TDE foi aplicável para o estudo primeiramente por ajudar na compreensão da variável
Desenvolvimento Local, pois nos moldes desta teoria, o Desenvolvimento é alcançado na
medida que em que se faz a alocação de esforços económicos e sociais locais e a partir da
valorização e utilização dos recursos gerados localmente. Sendo assim, esta teoria serve de
suporte para um estudo orientado ao Desenvolvimento local.

É uma teoria relacional, que permite fazer ligação entre as duas variáveis do Estudo (PME e
Desenvolvimento socioeconómico local), pois esta propõe uma série de possibilidades de
desenvolvimento a partir da utilização dos potenciais económicos, humanos, naturais e
culturais internos a uma localidade; e nas potencialidades económicas é onde encontramos o
contributo das Pequenas e Medias empresas.
2.1.2. Teoria dos Stakeholders

2.1.2.1. Origem

A teoria dos Stakeholders teve como principais defensores Thomas Donaldson e Lee Preston,
nos finais do século XX (Gama et al, 2008).

Segundo Donaldson e Preston (199511, citados por Gama et al 2008), o termo stakeholder foi
inicialmente empregado na área de administração em um memorando interno do Stanford
Research Institute – SRI em 1963. O conceito inicial do termo era designar todos os grupos
sem os quais a empresa deixaria de existir. De acordo com este memorando, os grupos de
stakeholders incluiriam acionistas, empregados, clientes, fornecedores, credores e a
sociedade. Este memorando ainda propõe que os gestores deveriam compreender os
interesses dos stakeholders e então desenvolver objectivos compatíveis com estes.

A definição mais empregada na literatura do termo stakeholder é a de Freeman (198412),


segunda a qual stakeholder é qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar a obtenção dos
objetivos organizacionais ou que é afetado pelo processo de busca destes objetivos. Freeman
(1984) acrescenta que stakeholders são grupos que têm direito legitimado sobre a organização
(idem).

2.1.2.2. Premissas da teoria

Os aspectos envolvendo os stakeholders podem ser usados de formas distintas pelas empresas
e reconhecem três tipos de uso: descritivo, instrumental e normativo. O aspecto descritivo
ocorre quando a empresa utiliza o modelo para representar e entender as suas relações e
papéis nos ambientes: externo e interno. O aspecto instrumental é evidenciado quando o
modelo é usado como uma ferramenta de gestão para os administradores. Já o uso normativo
surge quando a administração reconhece os interesses de todos os stakeholders, conferindo a
estes uma importância intrínseca (Neto,2019).

Segundo esta teoria, o verdadeiro propósito da empresa é servir de veículo para coordenar os
interesses dos stakeholders, e criar e distribuir riqueza aos stakeholders primários (Gama et al
2008).

11
DONALDSON T. PRESTON L E. (1995), The stakeholder theory of the corporation:
concepts, evidence and implications. Academy of Management Review. Ada, v.20, n.1, p.65-
91.
12
FREEMAN, R. E. (1984), Strategic management: a stakeholder approach. Boston: Pitman.
Defensores da teoria fundamentam que, os stakeholders tem poder suficiente para mudar a
empresa, trazendo impacto positivo ou negativo, dai que os seus interesses devem ser levados
em conta na formulação de decisões estratégicas da empresa (Neto, 2019).

Outra característica da teoria dos stakeholders é seu carácter relacional. Neste sentido, a
teoria dos stakeholders apresenta-se como uma teoria das organizações que propõe um
modelo relacional, interligando indivíduos, grupo, comunidade, empresa, instituições e o
Estado (idem).

2.1.2.3. Críticas a teoria

Em diversos estudos observam-se muitos argumentos favoráveis à teoria dos stakeholders,


afirmando que com esta teoria a organização possui uma postura administrativa mais
estratégica, favorecendo a geração de inúmeros benefícios para a empresa. Neste sentido,
como a teoria dos stakeholders é explicativa e normativa, segundo Jones e Wicks (1999,
citados por Gama et al 2008), esta se constitui em um importante recurso para demonstrar
como os gestores devem agir em relação aos negócios (Gama et al, 2008).

Defensores da teoria dos stakeholders, como Donaldson e Preston, afirmam que há


necessidade dos administradores reconhecerem os diferentes grupos envolvidos com a
organização e seus interesses específicos e neste sentido a teoria dos stakeholders constitui-se
uma importante referência, uma vez que permite verificar a influência de cada um dos grupos
envolvidos com a organização, entendendo como esta influência acontece (idem).

As críticas apresentadas em relação à teoria dos stakeholders são normalmente oriundas de


pesquisadores da área de finanças e fundamentadas nos mesmos aspectos que tais autores
utilizam para defender a teoria da maximização do valor da empresa (Neto, 2019).

Alguns autores criticam a teoria dos stakehoders por não oferecer objetivos claros aos
gestores. De acordo com Dufrene e Wong (1996 13 citados por Gama et al 2008) os interesses
dos stakeholders são em muitos casos incompatíveis entre si, fato que não permitiria uma
decisão clara por parte dos gestores (Gama et al 2008).

2.1.2.4. Aplicabilidade da Teoria dos Stakeholders

13
DUFRENE U. WONG, A, (1996) Stakeholders versus Stockholders and Financial Ethics:
ethics to whom? Managerial Finance. Patrington, v.22, n.4, p.1-11.
A teoria dos Stakeholders é aplicável neste estudo, primeiramente por ser uma teoria
organizacional, que retrata a organização empresarial, servindo de referência para
compreensão da variável Pequenas e Medias Empresas. Além disso, a teoria permite
estabelecer uma relação entre as duas variáveis da pesquisa (PME e Desenvolvimento Local),
na medida em que considera que o sucesso das empresas é condicionado pela satisfação
directa e indirecta dos interesses dos Stakeholders, onde encontramos accionistas,
empregados, clientes, fornecedores, credores e a sociedade. Em outras palavras, esta teoria
nos faz perceber que as PME alcançam seu sucesso quando conseguem contribuir para a
sociedade, na eliminação de alguns problemas como fome, escassez de recursos, pobreza e
desemprego; e assim promovendo o seu desenvolvimento.

2.1.3. Complementaridade entre as teorias

As teorias escolhidas para o estudo complementam-se entre si. A Teoria do Desenvolvimento


Endógeno da mais enfâse a variável Desenvolvimento Local, ajudando assim na sua
compreensão, pois defende a utilização e valorização de potencialidades locais para o alcance
do desenvolvimento no seu sentido mais abrangente. Por seu turno, a Teoria dos Stakeholders
está mais ligada a compreensão da variável PMEs, pois é uma teorias das organizações, e
defende que as empresas, na definição dos seus objectivos e políticas, devem ter em conta a
satisfação dos envolvidos, onde além dos trabalhadores, accionistas e outros colaboradores da
empresa, há que se preocupar com a sociedade; daí a importância do seu contributo no
desenvolvimento da sociedade.

Embora a abordagem inicial das duas teorias incida sobre cada uma das variáveis em
separado, essas teorias tem em comum uma abordagem relacional, na medida em que a TDE
advoga que o desenvolvimento local será alcançado quando se reúnem esforços económicos,
tecnológicos e sociais, onde nos esforços económicos encontramos as PMEs e seu contributo.
E a Teoria dos Stakeholders defende que o sucesso da empresa não depende somente dos
colaboradores internos a organização, mas da busca em satisfazer também as necessidades da
sociedade que cerca esta empresa.

2.2. Debate conceptual

Após o referencial teórico, onde foram apresentadas as teorias que sustentam o estudo, segue-
se o debate dos conceitos-chave que ajudam na melhor compreensão da pesquisa. Tais
conceitos fundamentais são: empresa, empresa privada, PME, desenvolvimento,
desenvolvimento local.

2.2.1. Empresa

Segundo Maximiano (2008), empresa é uma iniciativa que tem o objectivo de fornecer
produtos e serviços para atender as necessidades das pessoas, ou dos mercados, e por via
disso obter lucro.

Chiavenato (2004), traz uma definição mais integral ao afirmar que, empresa é todo
empreendimento humano que procura reunir e integrar recursos humanos e não humanos
(como os financeiros, físicos, tecnológicos e mercadológicos), no sentido de alcançar
objectivos de auto-sustentação e de lucratividade pela produção e comercialização de
produtos ou serviços.

Perroux (1961:50) concorda com a afirmação acima defendendo que " empresa é uma
organização de produção na qual se combinam os preços de diversos factores de produção,
traduzidos por agentes distintos do proprietário, visando a venda de um bem ou serviço, para
obter a diferença entre os dois preços (do custo e da venda), tirando o maior proveito
monetário possível".

Considerando os conceitos acima apresentados, podemos concluir que empresa é uma


organização de iniciativa humana que faz combinação de recursos humanos e materiais, com
o objectivo de alcançar auto-satisfação e ao mesmo tempo atender as necessidades das
pessoas ou dos mercados, através da comercialização e serviços, obtendo por meio disso o
lucro.

2.2.2. Empresa privada

Empresa privada é uma unidade de produção de mercadorias e/ou prestação de serviços, que
reúne um conjunto de recursos físicos, humanos e financeiros, cujo capital e autoridade são
detidos por um individuo ou um grupo de indivíduos, e que visa a prossecução de um
conjunto de objectivos, mediante a aquisição, combinação e transformação de factores de
produção (Ferreira et al, 2017).

Maximiano (2008), traz uma definição mais sintética ao afirmar que, empresa privada é uma
organização de produção ou prestação de serviços, regida por indivíduos do direito privado,
cuja finalidade é maximização do lucro.
Dada a posição dos autores acima citados, podemos compreender empresa privada como uma
unidade organizacional de produção e/ou prestação de serviços, cujo autoridade e capital é
detido por pessoas do direito privado, que têm o objectivo final de maximizar o seu lucro.

2.2.3. PME

As definições de PME variam muitas vezes de país para país e baseiam-se geralmente no
número de trabalhadores, no volume anual de negócios ou no valor do activo das empresas.

Definindo de forma geral, PMEs são empresas com características distintas, tendo uma
dimensão com determinados limites de empregados e financeiros fixados pelos Estados ou
regiões administrativas. São agentes com lógicas, culturas, interesses e espirito empreendedor
próprios. 14

Tedo como base a legislação moçambicana, podemos nos referir a PME como qualquer
empresa com um intervalo de cinco a cem trabalhadores e com um volume anual não superior
a trinta milhões de meticais. Incluem-se todos os tipos de empresas, independentemente da
sua natureza jurídica (como empresas familiares, sociedades unipessoais ou cooperativas) ou
do facto de serem empresas formais ou informais (EGPMEs,2008).

2.2.4. Desenvolvimento

Segundo Furtado (1961), desenvolvimento é entendido como um processo complexo de


mudanças e transformações de ordem económica, política e, principalmente, humana e social.
É o crescimento económico (incrementos positivos no produto e na renda) transformado para
satisfazer as mais diversificadas necessidades do ser humano, tais como: saúde, educação,
habitação, transporte, alimentação, lazer, dentre outras.

Sandroni (199415, citado por Oliveira 2002), assim como Furtado, considera desenvolvimento
como crescimento económico acompanhado por melhorias do nível de vida dos cidadãos e
por alterações estruturais na economia. Para ele, o desenvolvimento depende das
características de cada país ou região; isto é, depende do seu passado histórico, da posição e
extensão geográficas, das condições demográficas, da cultura e dos recursos naturais que
possuem.

14
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Pequena_e_m%C3%A9dia_empresa acessado ao 13/03/2023 as 12:10
15
Sandroni, P. (1994), Dicionário de economia, Atlas: São Paulo.
Sen (2010), traz uma definição mais social do desenvolvimento, ao afirmar que
desenvolvimento é, um processo de transformação social, que visa eliminar privações de
liberdade que limitam as escolhas e oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente
sua condição de agir, trazendo igualdade de oportunidades de índole social, político e
económico, e dando aos indivíduos a liberdade de tomar decisões que se traduzam no seu
bem-estar.

Dada a posição destes autores, podemos compreender o desenvolvimento como a tradução do


crescimento económico em melhoria de nível de vida das populações. Ou seja, o
desenvolvimento é um processo de transformação das estruturas políticas, económicas, e
sociais, que resulta na satisfação das necessidades dos cidadãos e seu bem-estar.

2.2.5. Desenvolvimento Socioeconómico Local

Segundo Nhangombe (2012, citando Gwen et al,200616), o desenvolvimento socioeconómico


local é o melhoramento da perspectiva económica e qualidade de vida de todos a partir dos
recursos existentes fruto da acção colectiva dos actores de desenvolvimento (as entidades
públicas, privadas e a sociedade civil) construindo a capacidade económica de determinada
unidade territorial.

Bartik (2003), define DSEL como o aumento das capacidades da economia local visando
criar riqueza para os seus residentes, se os recursos locais disponíveis forem usados de forma
produtiva, especialmente no que se refere à utilização da mão-de-obra desempregada. Já o
relatório da OIT (2015) enfatiza no DSEL a geração do emprego como o seu objectivo
último, fruto de uma intervenção participativa que proporcione uma parceria entre os
principais actores públicos e privados no território definido na implementação conjunta duma
estratégia concertada, utilizando os recursos locais e as vantagens competitivas num contexto
global.

Barquero (2002:42), traz uma definição mais integral ao afirmar que:

Desenvolvimento Socioeconómico Local é o processo de crescimento e mudança estrutural


que ocorre em razão da transferência de recursos das actividades tradicionais para as
modernas, bem como pelo aproveitamento das economias externas e pela introdução de
inovações, determinando a elevação do bem-estar da população de uma cidade ou região. Este
conceito está sustentado na ideia de que localidades e territórios dispõem de recursos

16
Gwen et al, (2006) - Manual para Desenvolvimento Económico Local – Banco Mundial.
humanos, económicos, institucionais e culturais, bem como de economias de escala não
aproveitadas, que formam seu potencial de desenvolvimento.

Com as diferentes concepções acima trazidas, podemos definir o DSEL como um processo
que faz uso das potencialidades localmente encontradas para gerar riqueza e bem-estar ás
populações, valorizando iniciativas empreendedoras e mobilizadoras da comunidade, que
resultam na criação de emprego digno e crescimento das estruturas económicas.

Conclui-se desta forma o segundo capítulo, que aborda sobre o referencial teórico e debate
conceptual, onde no referencial teórico, fez-se uso da Teoria dos Stakeholders e da Teoria do
Desenvolvimento Endógeno. No debate conceptual, foi trazida uma discussão dos conceitos
de: Empresa, Empresa privada, PME, Desenvolvimento e Desenvolvimento Local. O capítulo
que se segue é o terceiro e nele faz-se a revisão da literatura, para abordar as variáveis do
trabalho de forma aprofundada.
CAPITULO 3: ABORDAGEM SOBRE AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS E
DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÓMICO LOCAL

3.1. Breve introdução do capítulo

O advento da era da informação, provocou o reconhecimento da importância das pequenas e


médias empresas (PME) na economia mundial. Segundo La Rovere (1999:145 17, citado por
Oliveira e Bertucci 2003), “até meados dos anos 70, as PMEs tinham papel pequeno sobre o
desenvolvimento económico devido ao predomínio do paradigma de produção em massa”.
Era a época do que se conhece por modelo fordista de produção.

A partir da década de 1980, influenciado por uma nova conjuntura politica e económica,
movido pelo movimento da globalização financeira, e associado às novas tecnologias de
informação e comunicação, surge um novo modelo económico, que permite a coexistência de
diferentes sistemas de produção: a produção em escala em alguns sectores e, em outros, o
modelo de especialização flexível, baseada numa economia personificada, conforme o perfil
do cliente e cujo principal capital está baseado em informação (Oliveira & Bertucci 2003).

As novas tecnologias de informação e comunicação têm papel relevante nesse novo modelo
de produção e atribuem à informação um papel nunca visto anteriormente o qual segundo
Albagli (199918) revoluciona as relações económicas e socioculturais e gera implicações de
várias ordens. É nesse contexto que as PMEs passam a ter papel relevante, em virtude de sua
capacidade de gerar empregos, de mobilizar o crescimento regional e também do movimento
de downsizing, de terceirização e da inovação em busca de uma vantagem competitiva (ibid).

3.1.1. Enquadramento legal das PMEs em Moçambique

A existência, actuação e desenvolvimento das PMEs em Moçambique é justificada pela


legislação seguinte:

a. Constituição da Republica de Moçambique de 2004, alterada pela lei 1/2018 de 12 de


Junho (Lei da Revisão Pontual da CRM).
b. Estratégia para o Desenvolvimento das PMEs em Moçambique (EDPME 2007-2022)

17
LA ROVERE, R. L. (1999) As pequenas e médias empresas na economia do conhecimento, P. 145-163,
LASTRES: Rio de Janeiro.
18
ALBAGLI S. (1999). Novos espaços de regulação na era da informação e do conhecimento, Campus,
LASTRES: Rio de Janeiro.
c. Estratégia para Melhoria do Ambiente de Negócios (EMAN)
d. Estatuto Geral das Micro, Pequenas e Médias Empresas
e. Regulamento do Licenciamento da Actividade Comercial,
f. Política e Estratégia Industrial (2016-2019)

Existem, para além dos acima mencionados, outros documentos legais que suportam a
criação, actividade e desenvolvimento das PMEs em Moçambique.

3.2. Critérios de classificação das PME

Segundo Oliveira e Bertucci (2003), a classificação de pequenas e médias empresas varia


conforme o critério adoptado pelos países ou pelas instituições. O critério mais utilizado é em
função do número de trabalhadores. Outro padrão é o facturamento, receita anual ou mesmo o
capital aplicado. O limite máximo de trabalhadores também varia muito conforme os
sistemas estatísticos dos países. Segundo dados da OCDE (2008), o limite máximo e mais
frequente de empregados é de 250 para a União Europeia e de 500 para os Estados Unidos,
enquanto que para as pequenas empresas este número não ultrapassa 50 funcionários.

Kaufmam (2020) afirma que o tamanho e a estrutura das empresas dos países industrializados
e das em vias de desenvolvimento não são comparáveis. Não existe uma relação ou um
padrão ideal.

Em Moçambique, ainda existem diferentes definições de tamanho de empresas. Por exemplo:


O Instituto Nacional de Estatística (INE) define como pequena empresa aquela que emprega
entre 1 a 9 trabalhadores e a média empresa aquela que emprega entre 10 a 99 trabalhadores.
Ministérios e instituições também usam outras definições ou limites para definir politicas, por
exemplo nas leis e decretos (ibid:21).

O Estatuto Geral das MPME, (aprovado pelo Decreto n.º 44/2011, de 21 de Setembro),
oferece uma classificação e definição de caracter uniforme para todas PME em Moçambique.
O Estatuto de 2011 define as MPME em termos de volume de negócios e do número de
empregados, como está contemplado na tabela abaixo.
Tabela 2- classificação quantitativa das PMEs em Moçambique

Classificação Número de Volume de negócios (MZN)


trabalhadores
Micro Empresa 1-4 Até 1,200,000.00
Pequena Empresa 5-49 1,200,000.00 ≤ 14,700,000.00
Media Empresa 50-99 14,700,000.00 ≤ 29,970,000.00
Fonte: Estatuto Geral das MPME em Moçambique, 2011.

3.2.1 Características das PMEs

Os critérios quantitativos são os que geralmente são invocados para compreender a diferença
entre uma pequena empresa e uma média empresa, e dessas com as mini/micro empresas
assim como as grandes empresas. Porém, para uma compreensão integral é importante nos
referimos a critérios de qualidade ou qualitativos (Kaufmam, 2020).

As consequências económicas das características qualitativas reflectem-se muitas vezes na


escolha de formas jurídicas, na gestão de financiamentos, nas acções de inovação, e na
actividade política local. Em geral, nas PMEs as transacções acarretam menos custos
internos. Para fins práticos, as características qualitativas, muitas vezes, são mais importantes
do que as quantitativas. O tamanho em si não explica tudo sobre a empresa, porque tudo
depende do sector e do nível do desenvolvimento da economia e de outras estruturas
dominantes (ibid:39).

Apoiando-se em Oliveira e Bertucci (2003), as características gerais das PMEs são:

 Reacção rápida ao mercado devido a estrutura simples e agilidade. Mas por outro
lado, maior propensão ao risco, causado pela falta de informações sobre o ambiente
externo, oportunidades e ameaças, e pela dificuldade de acesso à tecnologia.
 Ausência de burocracia, ciclo decisório curto e estrutura Informal.
 No que concerne aos Recursos Humanos, há maior fortalecimento da relação entre a
direcção e a propriedade, pois os proprietários assumem várias atribuições
simultâneas. No, entanto, há falta pessoal especializado para atender a todas as
necessidades internas.
 A agilidade, flexibilidade, relação próxima com os clientes. Mas por outro lado,
dificuldade de capital para expansão em novos mercados, e liderança com pouca
experiência para lidar com situações mais complexas.

Segundo Carmo e Pontes (199919 citados por Oliveira e Bertucci 2003),as PMEs pertencem
normalmente a um indivíduo, a grupos familiares ou a pequenas sociedades comerciais.
Normalmente não recorrem ao mercado de capitais, possuem um tipo de administração pouco
especializada e são muito ligadas às características e personalidade de seus proprietários,
como talento, sensibilidade, vontade de realização, dentre outras.

De acordo com a EDPMEs (2007 – 2022), as PMEs em Moçambique têm as seguintes


características: crescimento numérico não satisfatório para oferecer uma contribuição
significativa para a economia; oportunidade não suficientes perante a demanda por emprego;
em termos numéricos as microempresas constituem a maioria das PMEs e há uma notória
assimetria regional em termos de dimensão (concentração na província e cidade de Maputo
seguida da província de Sofala); a manufactura e o comércio são as áreas que sustentam o
sector das PMEs.

3.3. Distribuição das PMEs em Moçambique

É de comum consenso que as PMEs constituem a maioria das empresas em Moçambique,


mas torna-se importante percebermos que o termo PME engloba duas categorias de empresas:
as pequenas empresas e as médias empresas. As PME juntas formam 96,9% das empresas no
total, mas dividindo elas, notamos que as pequenas empresas constituem 92,7% e as médias
empresas apenas 4,2%. No que refere a forma jurídica das empresas, em Moçambique, a
maior parte das empresas no geral são do regime de empresa individual, com 58.2% (24 049
empresas), onde as PMEs constituem maior numero. Nas sociedades, que são constituídas por
17 920 empresas (41.6%), acontece o mesmo cenário, as PMEs superam as Grandes
empresas, em número (CEMPRE, 2014-2015).

No que concerne ao número de trabalhadores, as PMEs somam 45% do total de trabalhadores


no sector empresarial, sendo as grandes empresas detentoras de mais trabalhadores, com
55%. Apesar das PMEs constituírem a maioria das empresas em termos de unidades, o seu

19
Carmo V. B., Pontes C. C. Cunha, (1999), Sistemas de informação gerenciais para programa de qualidade
total em pequenas empresas da região de Campinas, Ciência da Informação, v. 28, n. 1, p. 49-58, jan./abr:
Brasília.
volume anual de negócios é de apenas cerca de 25% (equivalente a 198.000.000 Mt 10ᵌ),
sendo que as grandes empresas detêm 75% (idem).

3.3.2. Distribuição por sector de actividades

De acordo com os dados do segundo CEMPRE (2014-2015), no sector das PMEs, o comércio
é a actividade dominante, ocupando 51% (24 876 empresas) do número total de PMEs,
seguida de actividade de serviços. A indústria processamento (manufactura) também é um
sector de destaque nas PMEs.

Actividades de alojamento e actividades de restauração têm ganho mais espaço nas PMEs
moçambicanas. No tocante aos serviços de transporte, ainda é fraca a afluência das PME; este
serviço geralmente esta á cargo das Grandes Empresas em parceria com o Estado. A
agricultura, que é declarada como a base do desenvolvimento do nosso país, ainda não detém
um número considerável de PMEs, estando apenas com 2.4% (355 PMEs).

Gráfico 2: Distribuição das PMEs por sector de actividades

5% 2%

9% Agricultura, caça, florestas e Industria transformadora


14% pesca
7%
Construção Comercio e reparação de au-
9% tomoveis e motos
Transportes e armazenamento Alojamento, restauração e simi-
lares
3
% serviços Outros
51%

Fon
te: CEMPRE 2014-2015

3.4. Importância das PME para desenvolvimento socioeconómico local

De acordo com Valá (2009:03), as PMEs constituem verdadeiros hospedeiros da inovação e


empreendedorismo, alem de possuírem uma relevância marginal no ambiente económico
nacional, sobretudo a nível local (ibid:02).

Por sua vez, a EDPME’s (2007 – 2022), declara as PME tem importância para
desenvolvimento socioeconómico, em quatro dimensões:
 As PME’s geram o emprego: partindo do princípio de que uma grande empresa e
uma pequena empresa produzem o mesmo artigo ao mesmo valor, a grande empresa
tem a característica de ser de capital intensivo (maquinaria, tecnologias avançadas),
enquanto a pequena, de mão-de-obra intensiva. Isto implica que as PME’s oferecem
maiores oportunidades de emprego à força de trabalho de um país, ao contrário das
grandes empresas.
 As PME’s são cruciais para a competitividade do país: elas encorajam a
concorrência e a produção e inspiram inovações e o empreendedorismo. As PME’s
são inerentemente guiadas para o mercado, procurando capturar as oportunidades de
negócio criadas pela procura de mercado. As PMEs, sólidas e competitivas, tornam-se
em grandes empresas sólidas e competitivas, que podem ser traduzidas em
competitividade nacional como um todo.
 As PME’s diversificam as actividades, estimulam a inovação e a criatividade: as
PME’s diversificam as actividades económicas oferecendo produtos e serviços que o
mercado procura num determinado momento, disponibilizando assim novas linhas de
produtos e serviços que ainda não foram introduzidos no mercado. Deste modo, as
PME’s estimulam a inovação e a criatividade.
 As PME’s mobilizam recursos sociais e económicos: as PME’s são os agentes
sociais que mobilizam recursos sociais e económicos nos distritos e localidades que
ainda não tenham sido explorados. Daí o papel chave desempenhado pelas PME’s no
desenvolvimento socioeconómico local.

3.5. Constrangimentos das PMEs em Moçambique

A vasta literatura sobre os constrangimentos das PMEs aponta como principais os seguintes:
Acesso a financiamento, tributação, dificuldades de gestão empresarial, qualificação de mão-
de-obra, as infra-estruturas, o acesso a mercados e a coordenação das várias partes
intervenientes (kaufann,2020:47).

Outos desafios complementares aos acima trazidos são: a obtenção de fundos e financiamento
bancário, a falta de pagamento/atraso dos clientes, e os recursos da empresa (equipamento,
transporte, electricidade e armazenagem).

a) Acesso ao financiamento
Segundo a OIT (2015), o acesso ao financiamento está no topo da lista de constrangimentos
que afectam as PMEs em todo mundo, principalmente nos países subdesenvolvidos, como
Moçambique.

Nesta senda, a EDPME’s (2007 – 2022) revela que o ambiente de negócios das PME’s é
caracterizado pela existência de dois tipos de instituições financeiras: os bancos e as
instituições financeiras não bancárias. Este documento refere ainda que os bancos são a fonte
tradicional de financiamento das actividades das empresas, não obstante a maior parte das
PME’s não use créditos bancários como fonte de financiamento devido ao elevado custo e ao
problema de acessibilidade, recorrendo, para o efeito, às instituições não financeiras, tais
como os fundos e as instituições de microcrédito.

Na mesma linha pensamento, a EMAN (2008) destaca que o problema de acesso ao crédito
foi sempre e repetidamente, colocado como sendo um dos sérios obstáculos ao
desenvolvimento da economia e do sector privado em Moçambique. Devido a elevados
custos de juros, do acesso limitado aos serviços bancários, o empresário moçambicano realiza
os seus investimentos com recurso a fundos próprios e empréstimos a amigos ou familiares.
Um outro constrangimento não menos importante é a insuficiência em quantidade e qualidade
de serviços financeiros no País e a sua concentração na capital do país.

b) Tributação

De acordo com a EDPME’s (2007 – 2022), o ambiente de negócios das PME’s apresenta um
sistema de tributação que dificulta o cumprimento das obrigações fiscais, ou seja, não
favorece o desenvolvimento empresarial.

Ainda segundo a Estratégia, 86% das empresas actuam na informalidade, sem efectuar o
licenciamento das suas actividades. Verifica-se, então que não obstante ao incentivo, a
maioria das PMEs continuam fora do sistema (idem).

A EMAN (2008) demonstra que o sistema fiscal vigente em Moçambique, para além de se
destacar como um dos mais caros do mundo, tem elevados custos administrativos que pesam
no sistema de coleta. Ademais, por causa da existência de diversos tipos de impostos (cerca
de 36), o tempo médio gasto por ano no preenchimento de formulários, deslocações para os
postos de cobrança e outros, é estimado em cerca de 230 horas, o que pesa bastante para o
desenvolvimento do sector das PMEs.
c) Dificuldade de gestão empresarial

A EDPME’s (2007-2022) aponta como um dos maiores constrangimentos das PMEs as


dificuldades em termos de gestão de negócios. A Estratégia mostra que mais de 60% dos
empresários tem ensino primário ou menos. Neste cenário, matérias de gestão empresarial
como planificação, relação com fornecedores, marketing, finanças, stocks, entre outros, não
são do domínio dos gestores das PMEs devido ao seu nível educacional.

d) Qualificação da mão-de-obra

A EDPME’s (2007 – 2022) mostra que o ambiente de negócios das PMEs é caracterizado
pela inexistência de qualidade e produtividade da força de trabalho que é, por tanto,
insatisfatória. A Estratégia revela ainda que a qualidade e produtividade da mão-de-obra
dependem, sobretudo, da educação e cultura; da nutrição e qualidade dos serviços de saúde.

Kaufmann (2020:49) declara que muitas PMEs nacionais não dispõem de políticas de
desenvolvimento de Recursos Humanos e nem de recursos financeiros para investir na
formação dos colaboradores.

e) Infra-estruturas

Segundo Ali (2020:257), devido a estrutura colonial da economia, os corredores de


desenvolvimento em Moçambique favorecem os países da Hinterland, o que significa que o
sistema de transportes (rodoviários, ferrovias) esteve mais virado a esses países mesmo
depois da independência. Com a Guerra dos 16 anos nota-se destruição das infra-estruturas já
debilitadas, vias de comunicação e o sistema de transporte de energia.

Actualmente o sistema de transporte continua beneficiando os países do hiterland, e o actual


estado das estradas sul-norte compromete a flexibilidade e os níveis de produtividade de
várias instituições empresariais, onde, naturalmente, as PMEs são as mais afectadas, cuja
capacidade de contornar esta situação é muito fraca. Tal fraqueza reflecte-se negativamente
na estutura de custos de transporte das PMEs que necessitem destas vias de transporte (idem).

Outro factor de desenvolvimento em Moçambique é a energia. O país ainda se encontra no


processo de electrificação rural garantindo acesso aos que têm e melhorando a qualidade para
os que já têm. Segundo a OIT (2015) o acesso a electricidade é um desafio para muitas PMes
em Moçambique. Bila (2007:41), realça que uma das mais importantes infra-estruturas
ausentes no mercado nacional é o próprio mercado, não somente o lugar físico para o
comércio de bens e serviços, mas também as ligações económicas mais complexas de troca
de bens e serviços.

Ali (2020) afirma que a pandemia da Covid-19 veio revelar a fraqueza das infra-estruturas
das PMEs moçambicanas. Por falta de condições estruturais e higiénicas apropriadas, muitas
PMEs foram enceradas, o que trouxe uma queda considerável nos níveis de emprego,
principalmente na vigência do estado de emergência.

f) Acesso aos mercados

De acordo com a EDPME’s (2007 – 2022), o mercado nacional mostra-se pequeno para que
os empresários corram quaisquer riscos de abertura de novos negócios. Mas uma soma
considerável é gasta mensalmente na vizinha Republica da Africa do Sul. O mercado
nacional é fraco em termos de disponibilidade de produtos, da provisão contínua e profunda
do produto bem como do seu preço, levando a um baixo nível de respostas ao cliente. Este
problema surge da combinação de alguns factores, como a má infra-estrutura e a
competitividade das empresas comparativamente com as empresas da RAS.

Kaufmann (2020:52) argumenta que "a inconsistência da qualidade dos produtos e serviços
prestados pelas PMEs nacionais implica, em muitos casos, que sejam preteridos por produtos
que vêm de economias mais industrializadas da região e do resto do mundo que possuem
padrões internacionais de maior qualidade."

g) Coordenação de vários intervenientes

Apesar do segmento das PMEs ser considerado como prioritário nos programas orientadores
do Governo, actualmente falta uma coordenação eficaz entre os vários intervenientes no
apoio e desenvolvimento das PMEs, o que leva a uma assimetria de informação e a
duplicação de acções tanto por parte do Governo como por parte dos parceiros de
cooperação.

Esta falta de coordenação pode implicar o uso de recursos de forma excessiva em alguns
sectores e/ ou a não abrangência de sectores importantes. Além disso, a nova classificação
das PMEs, definida pelo Estatuto Geral das MPME’s ainda não foi adoptada em algumas
instituições do Governo e dos parceiros de cooperação facto que pode levar a que alguns
estudos e/ou políticas desenvolvidas não sejam comparáveis e possam criar alguma confusão
e ineficácia na sua implementação.
3.5.1. Acções e medidas de melhoramento do sector das PMEs em Moçambique

Criar condições favoráveis para o sector privado em geral é o grande desafio e a grande
necessidade em Moçambique desde há décadas. O ambiente de negócio ainda não está
favorável para PMEs. Dai a necessidade de haver politicas e acções destinadas a enriquecer o
sector das PMEs (Kaufmann, 2020:28).

Muianga (2012), avança como medidas, face aos desafios que se colocam ao
desenvolvimento das PME’s em Moçambique, a criação de um ambiente de negócios
favorável à constituição e desenvolvimento de projectos empresariais, que se resume na
simplificação dos procedimentos de licenciamento de actividades económicas, e de
pagamento de impostos – incentivos fiscais, entre outros.

O Governo moçambicano, através da Estratégia para o Desenvolvimento das PMEs (2007 –


2022), almeja proporcionar a redução dos constrangimentos e melhorar o ambiente de
negócios no qual atuam as PME’s, através do desenvolvimento das seguintes acções:

 Introdução de um sistema de licenças negativas;


 Criação de um ambiente simplificado de inspecções;
 Introdução de um sistema de garantia de crédito;
 Implementação de um sistema de leasing;
 Encorajamento do funcionamento dos financiadores de fundos de investimento;
 Estímulo aos esforços dos bancos no sentido de aumentarem o financiamento e outros
serviços destinados às PME’s;
 Encorajamento aos bancos para que fortaleçam as ligações e as redes com as
instituições de crédito rural e de micro -crédito;
 Concessão de créditos do governo para o refinanciamento das instituições de crédito
rural e de micro -crédito;
 Estudos sobre o regime fiscal e criação de uma infra-estrutura fiscal sólida; aumento
da dimensão do mercado através da promoção das exportações e das aquisições do
Governo;
 Melhoria do fluxo da informação sobre os mercados;
 Promoção do nicho de PME’s; e criação de um ambiente de negócios que incentive o
empreendedorismo.
3.6. Contexto do Desenvolvimento Económico Local em Moçambique

Em 1992, ano da assinatura do Acordo Geral de Paz, Moçambique era considerado o país
mais pobre do mundo, devido a factores como: uma colonização de cerca de 500 anos que
não permitiu criação de capital humano na população moçambicana; as falhas do socialismo
adoptado; e uma guerra civil de 16 anos que desestruturou completamente o tecido
económico e social. Porém, desde 1994-95 a sociedade e a economia moçambicana
transformaram-se profundamente, fruto de ambiente de paz, novas estratégias económicas,
implantação de infra-estruturas básicas nas zonas rurais, estabilidade macroeconómica e a
operacionalização mais consistente duma economia de mercado (Vala,2009).

A concepção de Desenvolvimento do país para Governo moçambicano, traduz-se na elevação


da economia nas localidades e distritos, através da erradicação da pobreza nas populações:
criando emprego em número significativo nos sectores da indústria, comércio e serviços; e
aumentando a produtividade das explorações agrarias, sobretudo para o sector familiar
(PARPA II, 2006-2009).

Na visão do Governo, a pobreza é o principal problema a solucionar nos distritos. Dai a


criação de varias estratégias com vista a promover esse desenvolvimento nas localidades,
como o PARPA, o PQG, o Plano Económico e Social e Orçamento do Distrito (PESOD) e
outros de mesmo carácter. O Governo engloba o sector empresarial privado como actor na
promoção do desenvolvimento nos distritos, sobretudo actuação da PMEs, pela sua
flexibilidade em mobilizar recursos sociais e económicos para o sector produtivo.
Actualmente tem sido desencadeado um conjunto de esforços governamentais para
enriquecer o sector das PMEs, com vista a trazer mais dinamização no desenvolvimento
local.

3.6.1. Factores do Desenvolvimento socioeconómico Local

O desenvolvimento Local é visto como o aumento das capacidades da economia local


visando criar riqueza para os seus residentes, se os recursos locais disponíveis forem usados
de forma produtiva. O desenvolvimento local é determinado pelos seguites factores (Prearo &
Romeiro, 2015):

 Uma política macroeconómica abrangente e eficiente;


 Estabilidade sociopolítica;
 Participação política da população;
 Longevidade;
 Acesso ao conhecimento e á tecnologia;
 Padrão de vida da população- renda, saúde e educação.
 Grau de empreendedorismo;

3.6.2. Indicadores do Desenvolvimento socioeconómico local

A consolidação do conceito de desenvolvimento como um processo de mudanças


socioeconómicas trouxe como consequência o desafio da sua mensuração, ou seja,
questionava-se como medir o desenvolvimento.

Dai que na década de 1960 a ONU sugere a necessidade de atrelar ao PIB (Produto Interno
Bruto) alguns indicadores da área da saúde, educação, ocupação e habitação para melhor
definir desenvolvimento. Mas só foi em 1990, quando o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) apresentou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que se
considerou este como indicador para medir o desenvolvimento duma nação ou das regiões.

Desta forma, considera-se como principais indicadores do desenvolvimento socioeconómico


local o PIB e o IDH.

3.6.2.1. Produto Interno Bruto

O PIB serve para medir a actividade económica, tendo como base a análise do resultado do
crescimento da região em questão. Ao calcular o PIB, possibilita-se não só analisar o
crescimento económico, mas também permite fazer comparações com outras localidades. Os
níveis de crescimento apresentados podem indicar possíveis problemas (no caso de resultados
não satisfatórios), permitindo assim, diagnósticos que abram caminhos para a melhoria da
economia. O PIB também possibilita analisar quais sectores da economia geram mais ou
menos renda, o que ajuda a identificar fragilidades económicas e perceber em quais sectores
seve-se investir. 20

Apesar do PIB ser eficaz para medir o desenvolvimento, ele apresenta algumas de lacunas: o
facto de considerar relações extra mercado, ou seja, não olha para a economia de subsistência
no meio rural, e o sector infomal, que por ventura compõe a maior parte da população

20
Sousa, R. "O que é PIB?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-
que-e-pib.htm. Acesso em 20 de agosto de 2022.
nacional ; e muitas das vezes a renda per capita das publicações oficiais não reflecte o
verdadeiro poder de compra das populações, pois o PIB muitas vezes não considera o nível
de desigualdades de renda de uma sociedade (Siedenberg, 2003:49).

Apesar das lacunas e das críticas levantadas, o PIB não perde completamente sua importância
como indicador de desenvolvimento. Entre todos indicadores, o PIB ainda dêem o papel de
indicador-chave. Mas para que haja uma análise completa do desenvolvimento, o PIB alia-se
ao IDH.

3.6.2.2. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Para dar complementaridade ao indicador PIB, a ONU através do PNUD, estabeleceu o IDH
como um indicador essencial do desenvolvimento.

O IDH é uma medida utilizada para aferir o grau de desenvolvimento de uma determinada
sociedade sob os componentes de saúde, educação e renda.

 Indicador de saúde – uma vida longa e saudável. É medida principalmente pela


expectativa de vida;
 Indicador de educação - O acesso ao conhecimento. É medido considerando a taxa
de alfabetização de adultos e a taxa total de matrícula nos níveis Fundamental, Médio
e Superior, de ensino.
 Indicador de renda – padrão de vida. É medido pelo PIB per capita, expressa em
poder de paridade de compra (PPP) entre os países.

Pode-se dizer que a partir do IDH o conceito de desenvolvimento passou a integrar a


concepção do desenvolvimento humano, mensurando e quantificando aspectos relacionados à
qualidade de vida. Com a adopção do IDH como indicador do desenvolvimento pela ONU,
outros indicadores ganharam vida, como o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado a
desigualdade (IDHAD), o índice de Desigualdade de Género(IDG), e o Índice de Pobreza
Multidimensional (IPM).
3.7. Relação entre as Pequenas e Médias Empresas e Desenvolvimento socioeconómico
local

Segundo Bila (2007:21), no decorrer dos anos, notou-se que um sector privado em
florescimento, flexível, construído numa base empresarial que inclui as PMEs, tem sido a
chave para a distribuição do crescimento económico nos distritos, cujo um dos objectivos é
retirar pessoas da pobreza. As PMEs correspondem a emergência do sector privado nas
localidades, formando uma base para o seu desenvolvimento.

A relação entre o desenvolvimento socioeconómico local e as PMEs é notória. O DSEL é


visto como um processo que faz uso das potencialidades localmente encontradas para gerar
riqueza e bem-estar às populações, valorizando iniciativas empreendedoras e mobilizadoras
da comunidade, que resultam na criação de emprego digno e crescimento das estruturas
económicas. As PME apresentam-se, então, como um factor chave para a mudança estrutural,
reduzindo a marginalização e atingindo uma distribuição mais equitativa do rendimento.

O desenvolvimento local é verificado também pela autonomia do distrito ou da localidade. As


PMEs estimulam a diversificação de actividades económicas, e estimulam inovação e
criatividade, oferecendo produtos e serviços que o mercado procura num determinado
período de tempo, disponibilizando assim novas linhas de produtos e serviços que ainda não
foram introduzidos no mercado. Um bom funcionamento de PMEs nos distritos é um factor
de desenvolvimento para a economia local.

Dá-se, desta forma, o fim do capítulo terceiro, que fez uma abordagem profunda sobre as
PMEs e sobre o Desenvolvimento socioeconómico local, mostrando de forma sucinta a
relação entre essas duas variáveis. Segue então para o quarto capítulo que irá se desenrolar
em torno da interpretação, análise e interpretação dos dados obtidos no campo.
CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS DA
PESQUISA

O presente capítulo tem como objectivo fazer a apresentação, análise e interpretação dos
dados obtidos no Posto Administrativo de Infulene, para deste modo responder as questões de
pesquisa levantadas no primeiro capitulo e mostrar a relação entre as variáveis da pesquisa.
Com isso, far-se-á a verificação das hipóteses durante a abordagem dos resultados, e no fim
trazer as recomendações e conclusões tiradas com a realização do trabalho.

4.1. Perfil do Posto Administrativo de Infulene

Historicamente, o PA de Infulene surge a partir de bairros que inicialmente se desenvolvem a


volta de três pontos: a cadeia, o Estádio de futebol e a margem direita do vale do Infulene.
Estes bairros aparecem mais como uma extensão da cidade de Maputo que da Matola. Foram
por muito tempo bairros mais precarizados que recebiam população imigrante de fracos
recursos económicos.

O PAI situa-se no Município da Matola ocupa uma área de 153,55 Km2 com 12 bairros, que
vão de bairro T3 ate intaka 1. Tem 132.073 habitantes, com uma densidade populacional de
860,1. As principais actividades económicas desenvolvidas são o comércio e agricultura.

4.1.1. Perfil das PMEs do Posto Administrativo de Infulene

Até finais de 2020, o PA de Infulene tem registrada aproximadamente 800 PMEs, dos quais
86% são micro e pequenas empresas e 14% médias empresas. As PMEs no PA de Infulene
são maioritariamente estabelecimentos comerciais, de venda variados tipos de bens e
prestação de diversos serviços considerados necessários para a população dos seus bairros.
No que concerne ao género nas PMEs, há mais presença de mulheres que de homens (62% e
38% respectivamente).

4.1.2. Perfil da amostra da pesquisa

A pesquisa foi realizada no Posto Administrativo de infulene, com uma amostra de 60


cidadãos, dos quais foram entrevistados 3 funcionários do PAMI, e 4 proprietários/gerentes
de PMEs, e aplicados um inquérito 53 cidadãos, dos quais 3 são representantes das estruturas
administrativas dos bairros (em Zona verde, T3 e 1 de Maio), 20 trabalhadores das PMEs
(empresas localizadas nos bairros de: T3, Zona verde e Kongolote), e 30 residentes do Posto
Administrativo de Infulene nos seguintes bairros: T3, Zona verde, 1 de Maio, Kongolote e 1ª
Rotunda.

Para esta pesquisa foram seleccionadas como amostra quatro (4) PMEs, que actuam em
diferentes actividades, nomeadamente: (1) Ferragem Ka Moiane, uma loja que se dedica na
venda a grosso e a retalho de variado tipo de material e ferramenta de construção; (2) um
mini restaurante e bar Kadiwa Ka Vovo Gina; (3) CasteloBranco Lda (ZIZA), uma loja de
comercio a retalho de Calçado e artigos de couro; (4) Bassissa Kamantsolo, uma empresa de
recolha de lixo e variados serviços de limpeza.

A amostra foi caracterizada considerando três variáveis: o género, a idade e o nível


académico.

a) Caracterização da amostra por género

No que diz respeito a distribuição por género, a maior parte da amostra é do sexo masculino,
representando 53% e o sexo feminino com 47%. Essa disparidade na percentagem do género
deve-se sobretudo a disposição em responder as questões dos inquéritos; os homens
mostraram-se mais abertos a receber os questionários. Nas PMEs seleccionadas, os
questionários foram distribuídos de forma equitativa entre os trabalhadores de forma a
alcançar maior equilíbrio no género.

Tabela 1: Distribuição da amostra por género

Nº de entrevistados e Homens % Mulheres % Total em


inqueridos %

Entrevistados 7 4 6,66 3 4,99 11,66

Inqueridos 53 28 46.66 25 41.66 88,33

Total 60 32 53,32 28 46,56 100


b) Caracterização da amostra por idade

Gráfico 1: Distribuição etária da amostra

Distribuição etária da amostra

18 a 24 anos
25 a 34 anos
35 a 44 anos
mais de 45 anos

c) Caracterização da amostra por nível académico

Segundo o observado nos inqueridos do PA de Infulene, a maioria dos mesmos têm o ensino
médio concluído, poucos são com formação técnica e superior- isso inclui os trabalhadores
das PMEs visitadas.

Gráfico 2: Nível de escolaridade da amostra

40
35
30
25
20
Nivel de Escolaridade(%)
15
10
5
0
Basico Medio Tecnico Superior

4.2. Apresentação e discussão dos resultados da pesquisa

Nesta secção do trabalho apresenta-se os resultados obtidos no campo, fazendo interpretação


dos mesmos com auxílio da literatura e das teorias-base no trabalho, com vista a responder
cabalmente as questões de pesquisa levantadas e confirmar as hipóteses trazidas, realizando
assim os objectivos da pesquisa.
4.2.1. Constrangimentos enfrentados pelas PMEs do Posto Administrativo de Infulene

Num contexto de Desenvolvimento, as PMEs podem ser consideradas como fundamentais


para a actividade económica de qualquer País, seja este desenvolvido ou em via de
desenvolvimento, como Moçambique; e representam um instrumento importante para a
criação de empregos e para a inovação (Muchanga, 2020). Porém, apesar da sua importância
na economia, o sector das PMEs está limitado por uma variedade de factores, desde a rigidez
das políticas estatais, á limitada capacidade inovadora para gerar novos produtos ou
processos que resultem numa produção comercial bem-sucedida.

De acordo com os inquiridos no PA de Infulene (funcionários do PAMI, trabalhadores e


proprietários de PMEs, e cidadãos residentes dos bairros), os principais constrangimentos
enfrentados pelas PMEs são:

 Tributação (taxas elevadas)


 Dificuldade de acesso ao financiamento
 Mão-de-obra sem qualificação profissional ou com educação insuficiente
 Segurança (roubos, criminalidade)
 Fraco acesso a electricidade e tecnologia
 Concorrência de empreendedores informais
 Falta de pagamento/atraso dos clientes
 Dificuldade de resposta á crises (exemplo da Covid-19)

Dos desafios supracitados, a tributação é o que foi mais mencionado pelos entrevistados.
Segundo Namburete (202221), os contribuintes que mais reclamam no acto de pagamento de
impostos e taxas, são os proprietários de PMEs, que alegam que as taxas são elevadas e
superam sua dimensão como Pequenas Empresas; e afirmam que, se o Governo quer ver esse
sector a crescer deve rever a questão da tributação. A mesma entrevistada concorda com a
posição negativa dos pequenos empresários, mas argumenta, que o PAMI tem criado
mecanismos de aliviar a carga fiscal, através redução das taxas para as PMEs localizadas em

21
Namburete, Cidalia (2022), Chefe do departamento de atividades economicas no PAMI.
zonas menos desenvolvidas, e uma espécie de isenção fiscal para as PMEs nos seus primeiros
meses de actividade.

A dificuldade de acesso a financiamento é outro constrangimento que limita o


desenvolvimento das PMEs no PAMI. Segundo os empresários entrevistados, o
financiamento vem geralmente de fundos próprios ou empréstimos de particulares. Dona
Gina (202222), proprietária do mini restaurante e Bar, afirma que os bancos comerciais
aplicam condições difíceis para conceder o crédito, se referindo as altas taxas de juro e a
burocracia. Isso nos remete a afirmação de Alfazema (2021:09), que diz que " a falta ou fraco
acesso ao financiamento bancário pode fortemente inibir o desenvolvimento formal das
PMEs em Moçambique; por se tratar de uma sector de iniciativa privada, necessita de maior
apoio financeiro das instituições financeiras, para que sua contribuição para a economia
nacional seja mais notória, como acontece em economias desenvolvidas como da RSA,
Brasil, EUA e outros em que o governo apoia de forma significativa o sector empresarial".

No que diz respeito a qualificação profissional, a maioria dos trabalhadores de PMEs no PA


de Infulene tem somente o nível médio ou técnico. Segundo Massango (202223), proprietário
da Bassissa, essa situação acontece por algumas razões: (1)por serem pequenas empresas, não
detém de capacidade financeira para pagar profissionais altamente qualificados; mas além
disso, (2) pela natureza das suas actividades, não há muita exigência em ter muitos Recursos
Humanos com alto grau académico, só o suficiente para saber executar as tarefas da empresa.
Outra razão da fraca qualificação da mão-de-obra, é o mecanismo de contratação, que é feito
muitas das vezes por afinidade ou familiaridade (3).

Segundo os empresários, a questão dos problemas de acesso a electricidade vem mesmo pela
elevada taxa de energia, que por vezes limita a empresa de adquirir material mais moderno
para suas actividades, assim como maior iluminação no exterior da empresa para, de entre
outras funções, espantar ladroes, uma vez que nem todas zonas dispõem de iluminação nos
postes. Outra situação constrangedora são os cortes exagerados durante o dia, o que atrapalha
as suas actividades, e a noite, pondo em causa a segurança, segundo afirmam os trabalhadores
da Ferragem Ka Moiane,, em kongolote.

A concorrência de empreendedores informais é, na realidade actual de Moçambique, algo


inevitável, uma vez que grande parte da população está ainda no sector informal. Massango

22
Gina (2022), Proprietária e gerente do mini restaurante e bar Kadiwa Ka Vovo Gina: T3.
23
Massango Nino (2022), proprietário da empresa Bassissa Kamantsolo: Zona Verde.
(2022), face a concorrência de empreendedores informais na área de recolha de lixo, declara
que este é um ponto negativo e positivo ao mesmo tempo, negativo porque sua empresa paga
impostos por realizar essas actividades, enquanto há quem o faz livre disso; e positivo porque
no final das contas a comunidade fica mais limpa e desenvolve mais.

Segundo Namburrete (2022), existem ainda várias PMEs que operam na informalidade;
pequenas empresas que realizam actividades sem sequer se registrar, de forma a fugir de suas
obrigações tributarias. Contudo, a Administração Pública no PAMI, tem movido esforços
para combater tais irregularidades, através de campanha de fiscalização nos bairros com vista
a identificar PMEs que operam sem licença ou sem cumprimento das obrigações tributarias.

A dificuldade de resposta a crise da Covid-19

Segundo Oliveira e Berticci (2003), as PMEs têm maior propensão ao risco. Em outras
palavras, devido a sua dimensão e capacidade económica, a ocorrência de crises (sejam de
ordem económica, ambiental, politica ou social) afecta o crescimento efectivo e continuo
deste sector.

De acordo com o INE (2020) nos resultados do inquérito sobre o Impacto da COVID-19 nas
empresas, para lidar-se com o estado de emergência, mais de metade (56%) das empresas
afectadas adoptou o regime de rotatividade, seguido de redução de horas de trabalho e
teletrabalho. Os resultados do inquérito indicam ainda uma queda do número de
trabalhadores, horas trabalhadas per capita, Dias trabalhados per capita e volume de
negócios nas empresas afectadas. O impacto da COVID-19 no emprego foi mais severo em
trabalhadores do sexo feminino, ao reduzir 7% face aos homens que reduziram 5,5%.

No PAMI as PMEs tiveram o mesmo comportamento. Nos empresários entrevistados, a


maioria teve, de facto, que reduzir a massa laboral; não pela demissão ou rescisão de
contrato, mas dando a alguns trabalhadores "férias". Gina (2022), por exemplo, tendo sido
bastante afectada negativamente pelas restrições do estado de emergência, teve de optar,
depois da reabertura do mini restaurante (aquando do alivio de algumas medidas), por
conceder férias a duas de suas ajudadoras, e manter três consigo, mas com redução do
pagamento. Situação semelhante na Ferragem e na Gráfica, onde houve redução de alguns
trabalhadores, redução de salario para os que ficaram e uso do sistema de rotatividade e
trabalho online (encomendas online).
No caso da empresa de recolha de lixo e serviços de limpeza, Bassissa, não houve corte de
trabalhadores. Os trabalhadores concordaram em se sacrificar e trabalhar sem remuneração,
esperando uma boa compensação do valor assim que as condições da empresa estivessem
favoráveis para tal, uma vez que a empresa durante o período de crise não recebia mais
pagamentos por parte dos seus clientes, mas estes contraiam dividas com a empresa.
Massango (2022) afirma que estas medidas adoptadas pela empresa mostram o lado humano
do empresário, por não paralisar as actividades que melhoram o ambiente da comunidade,
mesmo isso acarretando constrangimentos á empresa. Aí verificamos um exemplo de
Responsabilidade Social Empresarial.

Hipótese 1: "Os principais constrangimentos que as PME do Posto Administrativo de


Infulene enfrentam são: o fraco acesso ao financiamento, má formação profissional dos
trabalhadores, fraco acesso a electricidade, a concorrência de empresas informais, e a alta
taxa de tributação fiscal. Esta hipótese é válida. Há que notar que pelos dados da pesquisa
notou-se outros constrangimentos como falta de segurança, atraso de pagamento por parte
dos clientes e a dificuldade de resposta a crise da Covid-19.

Estratégias de melhoramento do sector das PMEs e sua eficácia no Posto


Administrativo de Infulene

Sistema de cobrança do PAMI24

Desde início de 2016 o PAMI introduziu um novo sistema de cobrança das taxas às empresas
(uma plataforma digital). Esse sistema divide as zonas em índices de acordo com o seu grau
de desenvolvimento (de índice 1 a 1.5), onde temos o índice 1 para zona rural, e índice 1.3
para a zona suburbana, desta forma as empresas são cobradas de acordo com a sua
localização, isso com o objectivo de aliviar a carga fiscal das PMEs nas zonas mais
recônditas e economicamente mais fracas.

Esse sistema, olhado numa primeira fase, mostra-se eficiente no auxílio às novas empresas
nas zonas rurais, por cobrar menos as PMEs localizadas em zonas menos desenvolvidas,
promovendo desta forma o desenvolvimento dessas localidades. No entanto, também cria
desvantagens para as PMEs localizadas nas zonas mais "desenvolvidas" do PA de Infulene, e

24
Namburrete C. (2022), Chefe do Departamento de Actividades Económicas do PAMI.
os novos empreendedores, sabendo desse sistema de cobrança, constroem suas empresas nas
zonas de índice 1.3 para ter menor carga fiscal possível.25

Desde meados de 2020, o PAMI tem registrado um volume crescido de licenciamento de


empresas na "zona rural" (zonas de índice 1). Cerca de 90% dos novos licenciamentos são
dessas zonas, o que se explica dentre vários factores, pela fuga da alta carga fiscal que as
zonas suburbanas têm, por parte dos novos empresários. O que de certo modo acaba criando
mais desenvolvimento nas comunidades rurais do PAMI, olhando de modo positivo.

O sistema de cobrança por índice do PAMI, apesar da sua contribuição para alavancar a
economia rural (pela redução tributária das PMEs localizadas ai), falha por ser estático; pois
desde a sua concepção em 2016 nunca sofreu alterações, o que reflecte alguma injustiça na
sua abordagem. Porque algumas zonas consideradas rurais aquando da separação das zonas,
hoje são aproximadamente desenvolvidas como as zonas de índice 1.3, mas têm carga fiscal
reduzida e as zonas suburbanas continuam a pagar taxas elevadas (Namburrete, 2022).

Sobre esse aspecto a Teoria do Desenvolvimento endógeno já afirmava que crescimento


económico é um resultado endógeno de um sistema económico, e não o resultado de forças
que afectam a partir do exterior. E defende ainda que o desenvolvimento exige a flexibilidade
produtiva, no sentido de ser aberto um espaço para inserção competitiva de pequenas e
médias empresas na dinâmica da acumulação de capital (Romer, 1994 26, citado por Araújo
2014).

Outro aspecto a destacar são os métodos de pagamento adoptados pelo PAMI, que se aplicam
no pagamento das taxas anuais por actividade económica, para as PMEs e pequenos
estabelecimentos comerciais.

O pagamento da taxa por actividade económica no PAMI é feito faseado e com redução. O
valor anual da taxa por actividade económica na área do comércio, que corresponde Janeiro a
Dezembro, é de 4639Mt, e é feito entre Janeiro e Março, para as empresas já cadastradas; e
pagam com multa se o fizerem depois desse prazo. As novas empresas pagam a partir de
Abril, com alguma redução, porque nesse sistema a taxa por actividade económica vai
reduzindo conforme os meses que faltam para o fim do ano. Ora, se uma empresa é registrada
em Outubro por exemplo, ela só pagará como taxa anual aproximadamente 2000Mt (se tiver

25
Por causa da reduzida carga fiscal, cerca de 80% dos novos licenciamentos de empresas são de zonas rurais.
26
Romer, P.M. (1994), Origins of Endogenous Development. Journal of Economic Perspectives, vol.8, n.1.
como valor anual 4639Mt). E se uma empresa tem como taxa anual 3000Mt, e é registrada
em Outubro paga apenas cerca de 500Mt, por conta da redução mensal.

Esse modo de cobrança mostra-se eficiente no primeiro ano da empresa, mas isso se empresa
se registar a partir de Abril, para beneficiar da redução. Mas no ano seguinte, de Janeiro a
Março, paga o valor total como as outras PMEs. Infelizmente muitas PMEs não tem
conhecimento dessa facilidade, e muitas vezes isso traz reclamação nos contribuintes, no
sentido de pagar, por exemplo, 500Mt em Dezembro, mas entre Janeiro e Março pagar
5000MT. "Este sistema não se mostra eficaz para promover o desenvolvimento das PMEs;
pelo menos não no Posto Administrativo de Infulene" (Namburrete, 2022).

Tributação no contexto da Covid-19

No eclodir da Covid-19, o Governo anunciou uma série de medidas, facilidades e benefícios


ao sector empresarial, a fim de mitigar os problemas dai decorrentes. No que diz respeito a
tributação, o Governo prometeu dar uma suspensão de obrigações tributárias ou contributivas
ou o alívio dessas para as empresas, incluindo as PMEs. Sobre o assunto, todos os
empresários entrevistados no PA de Infulene afirmaram unanimente que não chegaram de
beneficiar de algum alívio ou suspensão no imposto e nas taxas pelas actividades
desenvolvidas. Nisso Massango (2022) afirma que "esse conjunto de facilidades e benefícios
só termina nos papeis e regulamentos, não chega a se materializar".

Licenciamento empresas

Segundo Simango (2022), o número de novas empresas no PAMI vem aumentando


consideravelmente a cada ano. O município da Matola, no PAMI, tem realizado campanhas
de vistorias e fiscalização nos bairros com vista a identificar PMEs que actuam na
informalidade e outras situações irregulares nesse sector. Nesta situação, essas PMEs vêem se
em duas opções: (1) encerrar suas actividades (se não quiserem legalizar sua situação), ou (2)
se registrar e beneficiar do alvará e outras facilidades legais, assim como cumprir com suas
obrigações tributarias.

Segundo os empresários entrevistados, a motivação para os empreendedores correrem a


registrar suas pequenas empresas deve-se, por um lado, ao medo de ser descoberto e
sancionado por actuar na informalidade enquanto têm dimensão considerável para se
qualificar como PME; e por lado, pela vantagem de poder obter o alvará e as licenças
necessárias para publicar seus produtos ou serviços a vontade, e assim aumentar o número de
clientes.

Vejamos no quadro abaixo a variação do cadastro de PMEs entre 2016 a 2020 no PAMI.

Nr de Ano Número de Incremento Total de cadastrados


ordem cadastrados no período actual
(meados de 2022)
1 2016 510 -
2 2017 580 70
3 2018 603 23 845

4 2019 712 109


5 2020 800 88
Fonte: CM da Cidade da Matola – PAMI (2022)

Conforme ilustrado no quadro, há um notório crescimento do número de Pequenas e Medias


empresas nos bairros do PAMI ao longo dos anos, com destaque para 2019, onde houve mais
registros de empresas. O aumento do número de empresas no PAMI não é linear, mas sim
variável; como podemos ver, de 2017 para 2018 houve um decréscimo no incremento anual
de novas empresas, de 70 para 23; situação similar entre finais de 2019 a finais de 2020 que
houve uma variação de 109 para 88, situação tal que pode ser explicada, de entre outros
factores, pela propagação da Covid-19 no país.

Para melhor compreensão do impacto da Covid-19 no registro de novas empresas no PAMI


vejamos o gráfico abaixo:

Gráfico 4: variação de registro de novas PMEs no PAMI

120
100
80
60
40
20
0
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Fonte: CM da Cidade da Matola – PAMI (2022)


Pela ilustração do gráfico, podemos perceber claramente que a Covid-19 tornou se um
constrangimento para o surgimento de novas empresas, não só no PAMI mas nos vários
distritos e localidades da província de Maputo e em Moçambique no geral.

Financiamento

O governo de Moçambique, no que toca ao desenvolvimento das PMEs, tem como meta
prover e facilitar o acesso ao crédito. Porém, na realidade, segundo afirmam os pequenos
empresários entrevistados, isso ainda constitui um sonho, pois o acesso ao crédito é um dos
maiores constrangimentos para eles. Umas das formas de materialização do objectivo de
facilitar acesso ao crédito às PMEs é a criação de uma instituição de garantia de crédito. Este
sistema serve para se conseguir uma solução em que tanto as PMEs, como os bancos saem a
ganhar.

Para mitigar o problema da falta de financiamento das PMEs, muitos países adoptaram o
sistema de garantia de crédito como um meio de assistência às PMEs. Mas infelizmente, em
Moçambique ainda não há um sistema eficaz de garantia de crédito. Simango (2022), afirma
que ainda não há muita motivação por parte dos bancos comerciais em conceder crédito aos
pequenos empresários. O que se explica, dentre outros factores, pela fraca estabilidade
económica das PMEs a longo prazo, e pela grande vulnerabilidade dessas perante crises, o
que gera falta de confiança por parte dos bancos bancos, e preferência desses em investir nas
grandes empresas.

Nos meados de 2020, no decorrer da pandemia da Covid-19, o governo anunciou um novo


crédito bancário com juros bonificados ou garantias do Estado, para as empresas, desde as
grandes às PMEs. Porém, segundo o INE (2020) nos resultados do inquérito sobre o Impacto
da COVID-19 nas empresas, essa medida foi adoptada por 15,2% das empresas afectadas.
Isso pode ser explicado pela falta de conhecimento por parte da maioria das PMEs sobre
esses beneficios. Sobre o assunto, Nhambire (2020)27, alega que soube desse conjunto de
facilidades, pelos jornais e Televisão, mas não chegou de beneficiar de nenhuma redução
tributária ou financiamento, quando sua empresa precisou. Essa é a situação da maioria das
PMEs no Posto Administrativo de Infulene.

Sobre a provisão do Estado, Ali (2020), argumenta:

27
José Nhambire, gerente da Ferragem Ka Moiane em Kongolote
O sistema de previdência social, ao assegurar o apoio em casos de risco como a perda de
rendimentos (por exemplo, doença, velhice, desemprego), é um canal importante para a
reprodução social da força de trabalho, porém conflituoso. As tensões nas possibilidades de
acesso a benefícios sociais realçam-se, num contexto em que várias formas de trabalho,
embora fundamentais para a reprodução da sociedade, são tratadas como residuais nos
processos de acumulação.

Hipótese 2: "As políticas de melhoramento do sector das PME têm eficácia positiva no
PAMI. No tocante a problemas como falta de acesso ao financiamento e formação
profissional, o governo cria plataformas de formação e prestação de aconselhamento aos
intermediários financeiros sobre como lançar novos produtos financeiros e como adaptar os
produtos existentes às necessidades das PME; também são concedidos empréstimos as start-
ups e PME, e são disponibilizados outros produtos financeiros. São aumentados subsídios e
garantias as empresas iniciais para seu incentivo." Esta hipótese é inválida. Contudo, viu-se
algum esfoço do governo em melhorar o sector das PMEs, através de campanhas de
licenciamento de empresas informais, e introdução de sistema de cobrança por índice de
localização. Porém, esse sistema não mostra eficácia na melhoria deste sector, apesar de em
parte promover o desenvolvimento das zonas mais fracas economicamente.

Contributo das PMEs na dinamização do desenvolvimento socioeconómico do posto


administrativo de Infulene

Na visão de Kaufmann (2020), o sector das micro, pequenas e médias empresas é um


contributo importante e um segmento imprescindível para o desenvolvimento económico e
social. Apresenta-se como motor de crescimento, forma redes e cadeias de valor com grandes
empresas e é visto como um dinamizador de emprego, da produção e da exportação, e um
instrumento importante para o combate a pobreza.

As empresas privadas são, na opinião de Chiavenato (2003), independentemente da sua


dimensão ou área de actividade, cruciais para a economia de um país, por produzirem bens e
prestarem serviços de forma eficiente e excelente.

Dito isto, importa agora perceber a opinião dos cidadãos inqueridos, sobre o contributo das
PMEs na dinamização do desenvolvimento do Posto administrativo de Infulene.

Gráfico 6: Opinião dos inqueridos no PAMI sobre o contributo das PMEs.


As PMEs contribuem no Desenvolvimento
do PA de Infulene?
Sim
16%
Não

84%

Fonte: dados da pesquisa, (2022).

Como podemos contemplar pelo gráfico acima, as PMEs contribuem na dinamização do


desenvolvimento do PAMI. 84% dos cidadãos inqueridos têm essa opinião. Porém 16% dos
cidadãos negam o contributo das PMEs na dinamização do Desenvolvimento do PAMI.
Sobre essa posição negativa, um dos inqueridos afirma que " o desenvolvimento
socioeconómico local depende mais das acções do Governo e das grandes empresas, através
de criação de hospitais, escolas, construção de infra-estruturas e vias de acesso; algo que as
PMEs não têm ainda capacidade para realizar".

Essa é uma posição a considerar, porém, visto que a maioria (84%) defende positivamente o
contributo das PMEs, nos focaremos em perceber os argumentos que sustentam esse
posicionamento positivo. Em outras palavras, busca-se a seguir abordar as formas de
contribuição das PMEs na dinamização do desenvolvimento do PAMI.

Gráfico 7: Formas de contribuição das PMEs na dinamização do Desenvolvimento


socioeconómico do PAMI.

Formas de contribuicao das PMEs no PAMI


Formas de contribuicao das PMEs no PAMI
45%
20%
10% 7% 8% 5% 5%
De acordo com os dados da pesquisa, as PMEs contribuem maioritariamente pela provisão de
variados bens e prestação de serviços diversos, segundo a necessidade dos cidadãos do
PAMI. Outra contribuição notória das PMEs no PAMI é a criação de postos de trabalho. As
PMEs tem trazido rendimento para as receitas do Estado, através das taxas pagas e outros
meios. A sua contribuição também é vista na área da educação e na saúde, assim como na
conservação do meio ambiente e no desenevoamento da agricultura. Alem desses há outras
formas que as PMEs têm para contribuir no desenvolvimento da economia e da sociedade,
com os serviços de recreação, desporto e cultura.

Far-se-á a seguir a abordagem de cada um dos pontos apresentados no gráfico, de forma


detalhada e fazendo uma confrontação com as teorias e a literatura, de forma a trazer maior
percepção e solidez dos argumentos.

 Provisão de bens e serviços

As PMEs no PAMI têm sua contribuição notória no que diz respeito a provisão de bens e
serviços. Como já referido anteriormente, as PMEs no PAMI actuam em várias actividades
económicas, com destaque para o comércio (de produtos alimentares, artigos de roupa,
material de construção, e vários outros produtos), e prestação de serviços (de restauração,
reparação de veículos, trabalhos académicos, tratamento e recolha de lixo, e outros).

A provisão de bens e serviços pelas PMEs trouxe, nos últimos anos, um conjunto de
benefícios para o PAMI. Primeiro, nota-se uma melhoria na problemática da concentração de
produção de bens e prestação de serviços na cidade de Maputo, pois agora, os cidadãos
podem adquirir vários bens e serviços de primeira necessidade sem precisar de deslocar a
cidade. Como afirma Hélio (2022), gestor da loja Ziza em T3, as actividades das lojas nessas
localidades minimizam os gastos para aquisição dos produtos (gastos de tempo e dinheiro
com transportes), pois antes os cidadãos dependiam das lojas da cidade; alem disso, a loja
Ziza opta por vender os seus bens a preços acessíveis, por conhecer a realidade económica
dos munícipes do PAMI, mas claro sem comprometer o seu lucro.

A posição estratégica da empresa Ziza perante os cidadãos do PA de Infulene, nos remete ao


pensamento trazido na Teoria dos Stakeholders. Segundo a teoria, o sucesso da firma é
comprovado pelo bem que esta faz aos seus stakeholders, desde os seus trabalhadores até a
comunidade em que a empresa se encontra instalada (Neto, 2019 citando…).
Uma boa prestação das PMEs na comunidade, melhora a postura económica da mesma, pois,
além de gerar grande fluxo de capital a nível interno, atrai mais cidadãos a residirem naquelas
proximidades, e empreendedores a instalarem suas empresas; e numa situação óptima, atrai
também o olhar do governo a providenciar mais serviços públicos, por ver a densidade
populacional e a densidade de empresas, com vista a regular melhor o território e trazer o
bem-estar a comunidade. Concordando com isso, a TDE declara que o Desenvolvimento
endógeno está relacionado à utilização, execução e valorização de recursos locais e à
capacidade de controlo do processo de acumulação.

 Geração de emprego e renda

O emprego em Mozambique é um termo de destaque nas políticas públicas. Porém, o Estado


por si só não tem capacidade de prover emprego a toda população nacional, dai que conta
com a prestação do sector privado. Como já declara o artigo 17 da Constituição da República
de Moçambique de 2004,"o Estado promove e apoia a participação activa do sector
empresarial nacional no quadro do desenvolvimento económico do país […].

A contribuição das PMEs na promoção do emprego em Moçambique ainda não é satisfatória,


mas há que referir que houve uma redução da taxa de desemprego nos últimos anos devido a
existência e prestação das PMES nos bairros suburbanos.

O primeiro ponto a destacar diz respeito as formas de contratação ou aquisição de


trabalhadores pelas PMEs no PAMI. Segundo afirmam os proprietários e gestores das PMEs,
em unanimidade, os critérios de contratação muitas das vezes não são de mérito, mas de
afinidade ou por familiaridade, dando primazia aos seus familiares e conhecidos na
comunidade, mas tendo também em conta a capacidade desses de executar as tarefas e
funções requeridas na empresa. Esse fenómeno olhado numa perspectiva de oportunidades
para todos não parece justo, mas ao considerar a questão do desenvolvimento local, essa
forma de contratação acelera o desenvolvimento, por criar renda nos munícipes locais através
do emprego.

Um dos indicadores de desenvolvimento actualmente é a igualdade de género nos sectores da


economia. E felizmente as PMEs do PAMI se aprovam nesse quesito. Segundo o observado
nas PMEs visitadas, o número de mulheres a trabalharem equilibra-se a dos homens, e em
alguns casos supera (dado o tipo de serviço prestado pela empresa). Em empresas como
ferragens e serviços de reparação de veículos ainda é bastante mínima a presença do género
feminino, mas em empresas comerciais o género é mais equilibrado. No caso da Dona Gina
(2022), dos seus sete trabalhadores no mini restaurante, apenas dois são homens. Perguntada
a causa, ela apontou que se sente mais confiante em trabalhar com mulheres, pois num
passado não distante já sofreu roubo de vários produtos por parte de alguns colaboradores do
sexo masculino.

A qualidade de emprego nas PMEs do PAMI é normalmente boa. Dos trabalhadores


inquiridos, nenhum queixou-se de mau pagamento ou atrasos consecutivos dos salários; as
horas de trabalho também não representam motivo de reclamação e as condições de higiene e
segurança no trabalho são até certo ponto normais para se trabalhar, segundo apontaram os
trabalhadores.

 Aumento da economia do Município (receitas)

A actividade das PMEs traz benefícios aos cofres do município e consequentemente a


economia nacional. Vejamos no quadro abaixo o comportamento da arrecadação de receita
nas PMEs do PAMI, no período 2016-2020.

Quadro 6: Arrecadação de receita das PMEs pelo PAMI no período de 2016-2020

Nr. De Licenças de Licença de Taxa por Taxa de Taxa mensal de


ordem Estabelecimento Publicidad Actividades publicidade estabelecimento
s comerciais e Económicas s
01 1.154.971,00 194.784,20 5.206.533,0 1.125.924,4 7.988.212,05
7 8
TOTA - - - - 15.670.425,25
L
Fonte: Hanifa Ramadane Simango – Chefe de Serviços Económicos do PAMI.

Como podemos ver no quadro acima, as PMEs geram receitas para o Município em
diferentes modalidades, desde pela licença para iniciar as actividades até ao pagamento de
taxas mensais pelo desempenho de suas actividades. Consta pelo quadro, que as taxas
mensais geram mais receitas, seguidas das taxas por actividade económica que são pagas
anualmente.

De 2016 a 2020 as PMEs geraram para os cofres do Município, aproximadamente 16 mil


meticais. Essas receitas, convertem-se, em norma, no suprimento das necessidades da
colectividade através de serviços públicos e construção de infra-estruturas para o
desenvolvimento. Mas, muitos contribuintes reclamam porque não vêem a concretização
desse fim: não há serviços de saúde e educação suficientes para a população; as estradas
apresentam-se ainda precárias; as PMEs não recebem apoio financeiro ou facilidade de
adquiri-lo; entre outros.

Kaufmann (2020) afirma que há evidências consistentes de que uma elevada percentagem de
PMEs estimula o crescimento a nível dos sectores de actividade ou a nível subnacional, mas
não há clareza quanto ao seu impacto a nível nacional.

 PMEs e meio ambiente

As PMEs no PAMI trouxeram também melhoria no meio ambiente. As empresas de recolha


de lixo e serviços de limpeza como a Bassissa, tem contribuído para deixar os bairros limpos
e seguros. Segundo afirma Massango (2022), antes da existência dessas empresas, os
munícipes só dependiam dos serviços do Município, e esses não alcançavam a maioria. Na
maioria das residências, faziam-se covas para o depósito do lixo, e os poucos que optavam
por depositar nos poucos contentores existentes, tinham que percorrer longas distâncias para
tal. Os serviços de limpeza e recolha de lixo trazidas pelas PMEs, tornaram muitas
residências mais limpas, mais habitáveis, com mais espaços livres (porque antes faziam-se
covas em quase todo quintal, de tempo em tempo), e reduziram exponencialmente as
situações de erosão nos solos, e a poluição do ar e das estradas.

 Educação, saúde e agricultura

A contribuição das PMEs no desenvolvimento do PAMI verifica-se também nas áreas de


grande importância socioeconómica: a educação, a saúde e agricultura. No que diz respeito a
educação, a partir dos meados de 2018, tem-se verificado o surgimento de vários pequenos
institutos e centros de formação, leccionando cursos bastante exigidos para o mercado de
trabalho. Essa situação ainda não trouxe muita melhoria na mão-de-obra local, mas espera-se
que em pouco tempo haverá um crescimento notório de mão-de-obra qualificada nos bairros
do PAMI, segundo afirma Hélio (2022). O desenvolvimento na área da saúde no PAMI é
explicado pela existência de uma número adequado de farmácias e pequenas clinicas. Isso
retirou dos munícipes a dependência pelas farmácias dos hospitais locais ou das farmácias da
cidade da Matola e cidade de Maputo. A prestação das PMEs na educação e na saúde
melhora o IDH, que é um dos indicadores do desenvolvimento nacional assim como local.
No que que diz respeito a agricultura, as PMEs ainda não actuam em peso. Mas as poucas
que actuam aí, tem trazido melhoria neste sector, através da venda de sementes e outros
insumos agrícolas, assim como de variado tipo de material que tem auxiliado os camponeses
nas suas actividades. Ainda impera, nas áreas com potencialidades agrícolas, a agricultura de
subsistência. Mas o governo tenciona introduzir um mecanismo de formalização dessas
actividades de forma a gerar mais receitas para o Estado.

Perante o impacto que as empresas têm na sociedade, existe uma consciencialização em


relação ao papel que estas devem assumir na sociedade. O concepção de Responsabilidade
Social nas PMEs é diferente das grandes empresas. A RSE nas PMEs tem maior enfoque nos
colaboradores internos, e os ganhos que a sociedade tem com a empresa são consequência
das actividades normais que esta desenvolve, e não de acções voluntarias para desenvolver a
comunidade.

Uma definição de Responsabilidade Social das PMEs é trazida pela Comissão Europeia na
sua publicação "Responsible Entrepreneurship" de 2003, em que se define "empreendedor
responsável" como aquele que: 1) trata os clientes, os fornecedores e os concorrentes com
justiça e honestidade; 2) se preocupa com a saúde, segurança e o bem-estar dos trabalhadores
e dos clientes; 3) motiva os seus trabalhadores através da formação e do desenvolvimento de
competências; 4) actua como um "bom cidadão" na comunidade local; 5) respeita e preserva
os recursos naturais e o ambiente (CE, 2001:04).

Hipótese 3: "As PME contribuem positivamente no desenvolvimento socioeconómico local,


promovendo a redução da pobreza através da criação de emprego, geração de renda,
mobilização de recursos sociais e económicos, estimulação a produção e concorrência." Está
hipótese é válida. Foi observado que as PMEs no PAMI contribuem nos vários sectores da
economia, promovem o emprego, melhoram a renda dos munícipes, facilitam a aquisição de
bens e serviços, promovem a boa educação e saúde e melhoram em geral a postura
económica local.
Conclusão


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