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Universidade São Tomás de Moçambique

Bensa Vandra Alberto Muhacha

CONTRIBUTO DO SISTEMA DE CONTROLO INTERNO NA PREVENÇÃO DE


FRAUDES NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS EM MOÇAMBIQUE: Caso do
Departamento Financeiro do Ministério da Economia e Finanças (2018 – 2020)

Maputo - 2022

Universidade São Tomás de Moçambique


Bensa Vandra Alberto Muhacha

CONTRIBUTO DO SISTEMA DE CONTROLO INTERNO NA PREVENÇÃO DE


FRAUDES NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS EM MOÇAMBIQUE: Caso do
Departamento Financeiro do Ministério da Economia e Finanças (2018 – 2020)

Monografia apresentada à Faculdade de


Ciências Económicas e Empresariais, como
requisito para a obtenção do grau de licenciatura
em Gestão Financeira e Bancária, sob a
supervisão do Mcs. Nassone Raimundo.

ii
Maputo – 2022

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CI Controlo Interno
COSO Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission
CP Contabilidade Pública
EOIGFOrgânico da Inspecção-Geral de Finanças
IGF Inspecção-Geral de Finanças
INTOSAI Organização Internacional das Entidades Fiscalizadoras Superiores
IPs Instituições Públicas
MEF Ministério da Economia e Finanças
SCI Sistema de Controlo Interno
SISTAFE Sistema de Administração Financeira do Estado
TA Tribunal Administrativo

iii
LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS

Lista de tabelas

Tabela 1:casos de fraudes registados de 2018 a 2020 no MEF………….….……….…..…..36

Lista de gráficos

Gráfico 1:avaliação do Sistema de CI pelos inquiridos…………..………………...........…….….35

Gráfico 2: tendência de registo de casos de fraude no MEF (2018-2020) ...…………………….. 36

iv
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Bensa Vandra Alberto Muhacha, juro por minha honra que o presente trabalho é da
minha autoria, e que nunca foi anteriormente apresentado, para avaliação em nenhuma
Instituição de Ensino Superior para obtenção de qualquer grau académico, cujas fontes
bibliográficas utilizadas encontram-se patentes no presente trabalho.

Maputo, Junho de 2021

___________________________________

(Bensa Vandra Alberto Muhacha)


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe, Ana Américo Mahumane e a minha avó, Maria
Zefanias Mucavel, pelo amor incondicional e ensinamentos da vida transmitidos durante
a minha caminhada académica.
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus pela protecção e coragem para lutar pelos meus sonhos, por ser a
certeza de que estará sempre comigo caminhando e iluminando os meus caminhos
incondicionalmente.

À minha mãe, Ana Américo Mahumane, e avó, Maria Zefanias Mucavel, mulheres
exemplares, pela força, coragem e fé para que alcançasse os objectivos pretendidos na
vida.

Aos meus irmãos, Recildo Percio; Leovelgilda Prescila; Precioso Telço; Hélio Jorge;
Anastácio Milton e Artiel Nilton pelo amor, carinho e o apoio prestados.

Ao meu supervisor, Dr. Pedro Samissone, pela abertura, orientações, correcções e


sugestões sem as quais não seria possível a efectivação deste trabalho.

Ao Ministério da Economia e Finanças, pela abertura na cedência de dados que


permitiram fazer o estudo de caso.

Por fim, os agradecimentos são extensivos a todos que directa ou indirectamente


contribuíram durante a minha vida académica, entre eles amigos, colegas e corpo
docente da USTM. Obrigado!
ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

1.3. Problema de pesquisa..........................................................................................5

1.7. Delimitação do tema...........................................................................................7

II. REVISÃO DA LITERATURA..................................................................................8

2.1. Conceitos............................................................................................................8

2.1.2. Controlo Interno...................................................................................................9

2.1.2.1. Tipos de Controlo Interno...........................................................................10


2.6. Conceito de Fraude...........................................................................................19

2.6.1. Práticas de Controlo Interno Para a prevenção de Fraudes........................20


2.7. Conceito de Instituições Públicas.....................................................................21

2.8. Controlo interno na administração pública.......................................................21

2.9. Princípios da Administração Pública................................................................22

2.10. Contabilidade Pública e Inspecção Financeira.................................................24

2.11. Funções do Controlo Interno............................................................................25

III. METODOLOGIA DA PESQUISA.........................................................................27

3.1. Caracterização da Pesquisa...................................................................................27

3.2. Métodos de procedimentos...............................................................................27

3.2.1. Instrumentos de recolha de dados.....................................................................28

3.2.2. População e Amostra........................................................................................29

3.3. Tratamento de dados.........................................................................................29

IV. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE DADOS DA PESQUISA.............30

4.1. Caracterização do local da pesquisa.................................................................30

4.2. Normas que regulam a administração financeira do Estado.............................34

4.3. Políticas e modelos de Controlo Interno e de Execução Financeira do


Departamento Financeiro - MEF.................................................................................35
4.4. Avaliação da Eficiência e Eficácia do Sistema de Controlo Interno Aplicado
para prevenção de fraudes no Departamento Financeiro - MEF.................................36

V. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.................................................................41

5.1. CONCLUSÃO..........................................................................................................41

5.2. RECOMENDAÇÕES..............................................................................................41

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................43


RESUMO

A presente pesquisa aborda sobre o “Contributo do Sistema de Controlo Interno na


Prevenção de Fraudes nas Instituições Públicas em Moçambique: Caso do Ministério da
Economia e Finanças (2018 – 2020) ”. Pretendeu-se com a pesquisa, analisar de que
forma o controlo interno contribui para a prevenção de fraudes. Sendo a pesquisa de
natureza aplicada e sua abordagem qualitativa, aplicou-se como procedimento técnico o
estudo de caso. Para a recolha de dados, recorreu-se a entrevistas e questionário, cuja
amostra, foi retirada através da amostragem não probabilística por acessibilidade. Nas
instituições do Estado, qualquer operação financeira feita deve obedecer rigorosamente a
lei, sendo que qualquer acção à margem desses instrumentos incorre numa fraude
financeira. Como forma de manter maior controlo e evitar fraudes, no MEF são aplicadas
políticas e modelos de controlo interno, para operações contabilísticas em livros
apropriados e previamente aprovados por lei, entre eles, o livro de controlo orçamental e
controlo bancário. De acordo com os dados o MEF, apurou um total de 11 casos de 2018
a 2020, com uma tendência de redução. Apesar da redução nota-se que ainda existem
funcionários que enveredam pelo caminho da fraude financeira, ao que se pode concluir
que, o Sistema de Controlo Interno aplicado no MEF, ainda não é totalmente eficaz na
medida que, ainda permite que casos de fraude aconteçam. Apesar dos constrangimentos
do SCI pode-se concluir também que, o SCI nas instituições do Estado em Moçambique
contribui grandemente para a prevenção de fraudes. Através dos resultados obtidos
recomenda-se ao Governo, recomenda-se maior fiscalização no cumprimento da
legislação de modo que não haja nenhum caso de fraude bem como o aprimoramento do
actual SCI através da introdução de auditorias internas de forma periódica.

Palavras-chave: Auditoria Controlo Interno; Fraude; Prevenção.


ABSTRACT

The present research addresses to “Contribution of the Internal System in Preventing


Fraud in Public Institutions in Mozambique: Case of Ministry of Economy and Finance
(2018 – 2020)”. The purpose of the research is to analyze how the internal control
contributes to fraud prevention. Considering that the research is of an applied nature and
its approach is qualitative, the case study was applied as technical procedure. For data
collection, was made interviews and questionnaire, whose sample was drown through
means of non-probabilistic accessibility sampling. In the Public institutions any financial
operation made must strictly obey the law and any action outside the law incurs in
financial fraud. As a way to maintain greater control and avoid fraud, in MEF internal
control policies and models are applied, for accounting operation in appropriate books
and previously approved by law. Among them, the book of budgetary control and the
banking control.

According to the data, MEF ascertained a total of 11 cases from 2018 – 2020, meaning a
downward trend. In spite of the reduction, is noted that there still employees who follow
the path of financial fraud. Which leads to the conclusion that the Internal Control System
used in MEF is not yet fully effective, as it still allows fraud cases to occur. Despite the
constraints of ICS it can also be concluded that the ICS in the Public institutions in
Mozambique contributes greatly to fraud prevention. Through the results obtained it is
recommended to the Government, greater supervision in the compliance of the legislation
as well as the improvement of the current ICS through the introduction of internal audits
on a period basis, so that there are no cases of fraud.

Word-keys: Audit; Internal Control; Fraud; Prevention.


I. INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos, com a dinâmica do mundo, os avanços tecnológicos, entre outros, as
organizações tornam-se mais eficientes, mas ao mesmo tempo tornaram-se vulneráveis a
situações fraudulentas.

As fraudes, por exemplo, podem ser cometidas com o objectivo de subtrair mercadorias,
matérias-primas, produtos e resíduos, subtrair dinheiro, subtrair títulos, fuga ao fisco,
entre outros. Diante deste cenário, as organizações precisam de se prevenir para defrontar
novos desafios de gestão e da vulnerabilidade dos sistemas tecnológicos e que exigem
cada vez mais profissionais competentes para efectuar o controlo.

Em Moçambique, muito tem-se falado da corrupção, fraudes e lavagem de dinheiro. E,


nos últimos anos, nas instituições públicas, em especial, tem havido ocorrência de
denúncias que levaram a instalação de comissões de inquéritos e até a julgamentos. Na
extensão privada, por sua vez, as estatísticas são frequentes sobre os casos de corrupção,
as empresas têm divulgado vários casos de fraude.

Os casos de fraudes só vêm à tona através de denúncias, seja por parte de um empregado
insatisfeito, algum oportunista ou até mesmo de familiares, o que geralmente ocorre
quando o montante envolvido em actos ilícitos já atingiu a casa dos milhões de meticais.
Esta realidade denuncia a fragilidade ou a falta de um sistema de controlo interno
eficiente nas instituições.

O controlo interno de uma organização é um plano de organização ou um conjunto de


métodos que tem por objectivo verificar a exactidão e o grau de confiança de seus dados
contabilísticos, também como dado para promover a eficácia operacional. É através do
controlo interno que se podem levar a cabo acções de prevenção de fraudes financeiras
nas instituições.

As instituições do Estado moçambicano dispõem de um órgão (Inspecção Geral de


Finanças), além do Sistema de Administração Financeira do Estado que garantem o
controlo das operações financeiras das instituições do Estado.

Neste âmbito, este trabalho será desenvolvido subordinado ao tema “Contributo do


Sistema de Controlo Interno na Prevenção de Fraudes nas Instituições Públicas: caso do
Ministério da Economia e Finanças (2018 – 2020) ”, buscando-se analisar o contributo do
controlo interno na prevenção e detenção de fraudes nas instituições públicas.
1
1.1. Contextualização

Na clássica obra “O espírito das Leis”, de Charles-Louis de Secondat (comumente


conhecido como Montesquieu), revela que “todo o homem que tem em mãos o poder é
sempre levado a abusar dele, e assim irá seguindo, até que encontre algum limite”. É com
essa concepção idealista aliada a pouca preocupação do gestor em controlar sua própria
actuação, a evolução do Estado e o agir estatal que a noção de controlo tem evoluído.

Historicamente, é possível detectar que as primeiras formas de controlo surgiram ainda na


Grécia antiga, quando em Atenas foi instaurada uma corte de contas constituída por 10
oficiais, eleitos anualmente pela Assembleia Popular, encarregada de fiscalizar as contas
públicas, onde perante ela compareciam arcontes, senadores, embaixadores, sacerdotes,
comandantes de galeras, a fim de prestarem contas do dinheiro recebido e gasto
justificando suas despesas”.

Outrossim, na Roma Antiga, com os Códigos Justinianos se consolidaram e se estruturam


controlos que tinham como objecto a análise dos gastos de todo o Império, que naquela
época era realizado por meio de servidores com funções denominadas de “tabulari” e
“numerarii” que actuavam como fiscais das contas do império e como uma espécie de
assistentes dos magistrados no exercício de suas actividades, apurando a responsabilidade
do Senado da época e dos agentes públicos.

Na Idade Média, precisamente entre os séculos IX e XII, deu-se o momento histórico de


maior involução do controlo da Administração Pública, com o surgimento do sistema ou
regime feudal. O modelo absolutista, em decorrência da experiência do modelo feudal,
instaurou-se sobre a ideia de centralização do poder nas mãos do governante, fazendo
com que o soberano concentrasse todos os poderes e ficasse insubmisso a qualquer forma
controlo.

Porém, ainda no Estado absolutista voltaram a aparecer estruturas similares aos Tribunais
de Contas, quando em 1661, o Império Austríaco criou sua Corte de Contas; e em 1714,
foi seguido pela Prússia e em 1767, e pela Espanha.

De salientar que a criação dessas Cortes, nunca foi a de controlar os gastos do Estado, ao
contrário, servia para justificar, legitimar, validar, a actuação do poder central. Ou seja, as
cortes de contas neste modelo de Estado formatavam uma espécie de “contabilidade do

2
soberano”, isso porque a intenção não era o controlo das contas públicas e sim o controlo
do património do governante/Estado, daí o contexto da expressão.

Com a transformação do Estado patrimonialista para o estabelecimento das bases de um


modelo burocrático, a separação entre o tesouro do príncipe e os Recursos do Estado, o
controlo “sofreu ainda outra transladação de sentido, como exemplo, em Portugal, na
época de D. Fernando, surgiram os Vedores da Fazenda (1370). A estes cabiam a
administração superior do Património Real e da Fazenda Pública (fiscalizavam
localmente as receitas e despesas efetuadas). Estabelece-se, então, a distinção entre os
“Contos” de Lisboa e os “Contos” do Rei: os primeiros com a função de verificar as
despesas e receitas de todos os almoxarifados do país e os segundos, os da Casa Real.

Foi com o surgimento do Estado Democrático, que se concretizou de forma mais ampla e
clara que os bens e as receitas do Estado “deixaram de ser vistos como pertences do
soberano para ser encarados como propriedade de toda a colectividade, com direito ao
seu usufruto no atendimento de necessidades fundamentais”.

Assim, o controle assume importante papel na gestão da coisa pública, já que para todas
as actividades da administração havia a previsão de um controlo, pontual (quando se
estabelecem controlos para certa actividade), ou em abstracto (quando a actividade não
fora prevista e se controla de maneira genérica).

Em Moçambique, temos o Tribunal Administrativo que é o órgão superior da hierarquia


dos tribunais administrativos provinciais e da Cidade de Maputo, dos tribunais fiscais e
dos tribunais aduaneiros, que de acordo com a Constituição da República, no seu artigo
230, conjugado com o artigo 4 da Lei n.º 24/2013, de 1 de Novembro, alterada e
republicada pela Lei n.º 7/2015, de 6 de Outubro, é uma de suas competências: emitir o
relatório e o parecer sobre a Conta Geral do Estado.

Sendo a transparência da gestão do património material e financeiro das organizações,


considerado um elemento fundamental para o sucesso de qualquer organização,
principalmente na satisfação dos seus beneficiários, a preocupação com a questão do
controlo interno nas instituições, sejam privadas ou do Estado, tem constituído uma das
maiores preocupações nos últimos tempos, como forma de evitar fraudes e Moçambique
não está alheio a essa questão, daí a preocupação do Governo em aprimorar o controlo,
tendo aprovado em 1999 e 2000, o Estatuto Orgânico da Inspecção-Geral de Finanças

3
(EOIGF), através do Decreto n.º 40/99, de 29 de Junho e o Regulamento, expresso no
Diploma Ministerial n.º 57/2000, de 21 de Junho, respectivamente.

Com a aprovação do EOIGF e do respectivo regulamento pode-se considerar um avanço


no que diz respeito ao fortalecimento do Controlo Interno (CI) nas instituições públicas
em Moçambique, pois, uma vez que a observância rigorosa da disciplina financeira do
Estado e outros entes públicos foi conferida a um órgão claramente definido.

Assim, o controlo interno passou a dar ao administrador suporte e confiança na gestão do


património do Estado e/ou, dos entes públicos. Este compreende uma relevante
ferramenta no domínio preventivo, detectivo e correctivo, que deve ser operado com todo
o rigor e independência, a fim de cumprir os objectivos e finalidades a que se propõe.

Neste âmbito, o presente tema de pesquisa insere-se no contexto do reforço e aplicação de


medidas de controlo interno pelo Governo, traduzidas em vários instrumentos, com
destaque para o Estatuto e regulamento referenciados anteriormente, como forma de
prevenir fraudes nas instituições públicas. Por isso, a pesquisa tem como foco abordar
sobre o contributo do CI na prevenção de fraudes nas instituições públicas tendo como
estudo de caso o Ministério da Economia e Finanças (MEF). Estudo de caso o Ministério
da Economia e Finanças (MEF).

1.2. Justificativa da escolha do tema

A abordagem sobre o contributo do CI na prevenção de fraudes nas instituições públicas


é relevante na medida em que permite perceber a eficácia e eficiência dos modelos e
politicas de todo um sistema de controlo interno bem como perceber o porque da
ocorrência de fraudes nas instituições públicas em Moçambique. Assim, justifica-se o
tema pela importante contribuição que o controlo interno tem nas instituições, na
prevenção de fraudes financeiros e patrimoniais. A escolha do tema justifica-se
igualmente com o interesse da pesquisadora em aprofundar os conhecimentos na área em
estudo assim como, a nível institucional, pode servir de instrumento auxiliar para a
adopção e aprimoramento de políticas de controlo interno.

Para a comunidade académica da Universidade São Tomás de Moçambique e de outras


instituições de ensino superior, o presente tema revela-se pertinente na medida em que
pode servir de instrumento para a reflexão sobre o tema ou temáticas que estejam ligadas
ao estudo.

4
Socialmente, a pesquisa poderá contribuir como instrumento de consulta e informação
para o cidadão, como contribuinte de impostos, de modo a perceber de que forma se
efectiva o CI na prevenção de fraude nas IPs.

I.3. Problema de pesquisa

Nos últimos tempos, Moçambique tem sido marcado por vários casos de julgamento de
agentes e funcionários do Estado indiciados de desvio de fundos e uso do património do
Estado para fins particulares.

Os inúmeros casos de incompetência, impropriedades, nepotismo, fraudes, práticas


perversas sobre a gestão de fundos públicos, continuam abalando a confiança e a
credibilidade da sociedade/população, em relação as instituições públicas moçambicanas.
Tais factos demonstram que os sistemas de controlo interno possuem deficiências que os
impedem de garantir de forma razoável, eficiente, eficaz e qualitativa, a gestão e a
prestação de serviços pelos órgãos públicos.

Esta situação fez despertar entre vários actores da sociedade, diversos debates,
colocando-se em causa a eficácia e eficiência dos instrumentos de controlo interno
legalmente aprovados pelo Estado, bem como os sistemas de controlo interno em vigor
nas instituições públicas, pois, via-se no EOIGF e no seu regulamento instrumentos que
transmitiam confiança no fortalecimento do sistema de controlo interno nas IPs.

Diante do cenário acima exposto surge a seguinte pergunta de pesquisa: De que forma o
controlo interno contribui para a prevenção de fraudes nas instituições públicas em
Moçambique e em particular no Ministério da Economia e Finanças?

I.4. Objectivos
I.4.1. Objectivo Geral

 Analisar o contributo do controlo interno na prevenção de fraudes no


Departamento Financeiro do Ministério da Economia e Finanças em
Moçambique.

I.4.2. Objectivos específicos

 Identificar as normas que regulam a actividade administrativa e financeira do Estado;

5
 Explicar os procedimentos do controlo interno;

 Descrever os tipos de controlo;

 Explicar a relação entre Auditoria Interna e Controlo Interno;

 Identificar os factores que contribuem para a existência de fraudes; e,

 Descrever as práticas de Controlo Interno que ajudam na prevenção de fraudes;

I.5. Questões de Pesquisa

 Quais são as normas que regem o Controlo Interno em Moçambique?

 Quais são os procedimentos do Controlo Interno?

 Quais os tipos de Controlo Interno Existentes?

 Qual é a relação entre Auditoria Interna e Controlo Interno?

 Quais são as práticas que do Controlo Interno que ajudam a prevenir as fraudes?

I.6. Estrutura do trabalho

Metodologicamente, este trabalho é constituído por cinco partes dispostas em capítulos,


onde:

O capítulo I é composto pelos aspectos introdutórios, onde fazem parte, a


contextualização, o problema, os objectivos da pesquisa, justificativa da escolha do tema
e as hipóteses do trabalho.

O segundo capítulo é reservado a metodologia, onde descreve-se os métodos utilizados


para a elaboração da pesquisa.

O terceiro capítulo é constituído pela revisão bibliográfica, onde são debruçados todos os
conceitos que norteiam o trabalho.

No quarto capítulo é reservado a apresentação, interpretação e discussão dos resultados


da pesquisa.

A seguir são apresentadas as conclusões e recomendações e por fim as referências


bibliográficas usadas na consulta para a elaboração deste trabalho.

6
I.7. Delimitação do tema

A presente pesquisa será realizada no Ministério da Economia e Finanças, como uma das
instituições do Estado que pode servir de caso para compreender como é
operacionalizado o controlo interno na prevenção de fraude. A escolha deste espaço
prende-se com o facto, não só de ser uma instituição do Estado, mas principalmente pelo
facto de ser a principal instituição que faz a gestão financeira do Estado.

O período escolhido para o estudo justificou-se pelo facto de corresponder ao período da


execução do Programa Quinquenal do Governo (2018 – 2020), ao que pode permitir uma
melhor analise findo período quinquenal em relação as principais realizações me termos
de prevenção de fraudes nas instituições do Estado, em particular para o Ministério em
causa.

I.8. Limitações da pesquisa


No âmbito da realização do presente trabalho várias foram as limitações que a
pesquisadora enfrentou. Durante o processo da recolha de dados, a pesquisadora
pretendia ter mapas de registo de casos de fraude por forma a ter números concretos para
aferir o estágio e medir com precisão o contributo do SCI na prevenção de fraudes.

Foram ainda limitações para esta pesquisa, obter dados sobre as sanções impostas aos
infractores.

Apesar das limitações encontradas na efectivação deste trabalho, para contornar a falta de
dados sobre o registo de fraudes recorreu-se aos dados cedidos na entrevista pelo
funcionário do MEF.

7
II. REVISÃO DA LITERATURA

No presente capítulo aborda-se sobre o quadro bibliográfico, onde são discutidos os conceitos
fundamentais que nortearam o trabalho bem como todo conteúdo trazido por diferentes autores
sobre a temática do trabalho.

2.1. Conceitos Básicos

2.1.1. Auditoria

Etimologicamente, a palavra auditoria tem origem no verbo latino audire que significa
ouvir, sendo portanto o auditor reconhecido como aquele que ouve, o ouvinte. Nos
primórdios da auditoria, as conclusões dos auditores fundamentavam-se principalmente
nas informações verbais que lhes eram transmitidas.

Contudo, o conceito de auditoria foi evoluindo com o decurso do tempo, reflectindo a


evolução verificada nas organizações. Hoje em dia, existem vários tipos e conceitos de
auditoria com aceitação generalizada, nomeadamente a auditoria interna.

De acordo com o Auditing Concepts Committee [ACC] (1992), auditoria como o processo
sistemático de obter e avaliar prova acerca da correspondência entre informações,
situações ou procedimentos e critérios pré-estabelecidos, assim como, comunicar
conclusões aos interessados.

Segundo o The Institute of Internal Auditors [IIA], traduzido pelo Instituto Português de
Auditoria Interna [IPAI], a auditoria interna é definida como uma actividade
independente, de garantia e de consultoria, destinada a acrescentar valor e a melhorar as
operações de uma organização. Ajuda a organização a alcançar os seus objectivos, através
de uma abordagem sistemática e disciplinada, na avaliação e melhoria da eficácia dos
processos de gestão de risco, de controlo e de governação.

Efectivamente a auditoria é um processo sistemático pois consiste numa sequência de


procedimentos lógicos e organizados sendo a prova a essência da auditoria. Auditar é
assim atestar a conformidade das informações, situações ou procedimentos com os
critérios pré-estabelecidos que correspondem aos princípios ou normas, regulamentos ou
acordos.

O principal resultado da auditoria será assim divulgar, através de um relatório escrito,


com um determinado grau de confiança, as conclusões resultantes do trabalho efetuado a

8
todos os que necessitam da informação do auditor, tais como, clientes, Estado,
funcionários, público em geral, etc.

2.1.2. Controlo Interno

Em várias literaturas é possível encontrar vários prismas trazidos sobre o conceito de


controlo interno.

Assim, de modo geral, segundo a definição da Organização Internacional das Entidades


Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI), o “controlo interno é um instrumento de gestão
que é utilizado para proporcionar uma garantia razoável de que se cumpram os objectivos
estabelecidos pela direcção.”

O controlo interno compreende o plano de organização e todos os métodos adoptados na


empresa para salvaguardar seus activos, verificar a exactidão e confiabilidade de dados
contabilísticos, promover a eficiência operacional e fomentar o respeito pelas políticas
administrativas fixadas pela gestão (AICPA1).

O controlo interno é uma entidade que tem por objectivo, a segurança do património,
além de gerar eficiência no alcance do objectivo social o que se manifesta como resultado
e obviamente ferramenta de apoio à contabilidade. Sendo que a partir de um sistema de
controlo interno, procura-se evitar desvios, perdas e desperdícios, assegurando de uma
forma razoável o cumprimento de normas administrativas e legais e proporcionando a
identificação fraudes e seus respectivos responsáveis.

Segundo o Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission


(COSO), citado por Attie (1998), entende que o Controlo Interno é definido como sendo
o processo levado a cabo pelo Conselho de Administração, Direcção e outros membros
de uma organização, com o objectivo de proporcionar um grau de confiança razoável na
concretização dos seguintes objectivos:

a) Eficácia e eficiência dos recursos – objectivo do alcance básico das metas de


desempenho e rentabilidade da entidade, com menção a salvaguarda dos activos;

b) Fiabilidade da informação financeira – para este objectivo, as demonstrações


financeiras devem reflectir transacções reais, consignadas pelos valores reais e
enquadramentos correctos; e,

1
Sigla em Inglês que traduzindo significa Comité de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano
de Contabilistas Públicos Certificados (CPAIA).

9
c) Cumprimento das leis e normas estabelecidas – observância da aplicabilidade das
normas que a entidade está sujeita (Compliance).

Por sua vez, Franco (2001) define controlo interno como o conjunto de métodos e
medidas adoptadas pela empresa para proteger seu património, verificar a exactidão e o
grau de confiança de seus dados, bem como promover a eficiência operacional. Assim,
percebe-se que a grande relevância do CI é de que precisa possuir qualidade, pois, uma
das suas funções e de prevenção de fraudes nas organizações.

Numa acepção do controlo interno na administração pública, o foco desta pesquisa, pode-
se definir como aquele que o executivo exerce sobre as suas próprias actividades. Seu
objectivo é assegurar a execução de acções diárias, dentro dos princípios básicos da
administração pública definidos por diversos instrumentos legais e pela Lei mãe, a
Constituição da República (Idem.).

Com as definições apresentadas pode-se perceber que o CI deve ser visto não de forma
isolada, como simples conjunto de actos destinados a evitar perdas de activos da
organização, mas sim como um sistema (interligação de todas as partes).

2.1.2.1. Tipos de Controlo Interno

Entre vários autores é possível encontrar várias classificações ou tipologias de controlo


interno. Contudo, baseando-se em Costa (2004), olha-se para os tipos de CI no sentido
amplo onde se encontram dois grupos: Controlo Interno Administrativo e Controlo
Interno Contabilístico.

a) Controlo Interno Administrativo – Inclui, embora não se limite, o plano de


organização e os procedimentos e registos que se relacionam com os processos de
decisão que conduzem à autorização das transacções pelo órgão de gestão.

b) Controlo Interno Contabilístico – Compreende o plano da organização


relacionado com a protecção dos bens, direitos e obrigações da empresa e a
fidedignidade dos registos financeiros. De modo que, consequentemente,
proporcionem uma razoável certeza de que:
 As transacções são executadas de acordo com uma autorização geral ou
específica do órgão de gestão;
 As transacções são registadas de modo a permitirem a preparação de
demonstrações financeiras e manterem um controlo sobre os activos;
10
 O acesso aos activos é apenas permitido de acordo com autorização do órgão
de gestão;
 Os registos contabilísticos dos activos são periodicamente comparados com
esses mesmos activos, sendo tomadas acções apropriadas sempre que se
encontrem quaisquer diferenças.

2.2. Normas que regem o Controlo Interno

Com a excepção do número 1 do artigo 1, relativo a criação do Sistema de Administração


Financeira do Estado (SISTAFE), é revogada a Lei n.˚ 9/2002, de 12 de Fevereiro, pela
Lei n.˚ 14/2020 de 23 de Dezembro, que estabelece os princípios e normas de
organização e funcionamento do Sistema de Administração Financeira do Estado,
abreviadamente designado por SISTAFE.
Em conformidade com a Lei n.˚ 14/2020, no seu artigo 4, alíneas e) e f), são objectivos
deste sistema, no que refere ao Controlo Interno, estabelecer, implementar e manter, em
todos os subsistemas, normas de controlo interno eficientes, eficazes e
internacionalmente aceites; e, estabelecer, implementar e manter normas de auditoria
interna internacionalmente aceites.
Tornando-se necessário regulamentar o exercício da actividade de auditoria interna pelas
Unidades de Auditoria Interna do Sector Público, designados Órgãos de Controlo Interno,
cujas funções estão definidas nos artigos 33 e 34 do Decreto n.º 23/2004, de 20 de
Agosto, conjugados com as alterações introduzidas pelo Decreto n.º 6/2017, de 6 de
Março, ao abrigo do disposto na alínea f) do n.º 1 do artigo 203 da Constituição da
República, o Conselho de Ministros aprovou aos 23 de Julho de 2019, o Decreto n.º
81/2019 de 20 de Setembro. Esse Regulamento, define os princípios e as regras do
exercício da actividade de auditoria interna pelas Unidades de Auditoria Interna (UAI),
designadas por Órgãos de Controlo Interno, que integram o Subsistema de Controlo
Interno (SCI), previstas no Regulamento do SISTAFE, aprovado pelo Decreto n.º
23/2004, de 20 de Agosto, com as alterações introduzidas pelo Decreto n.º 6/2017, de 6
de Março.

2.3. Procedimentos do Controlo Interno

Os procedimentos do controlo interno, estão definidos Decreto n.º 81/2019de 20 de


Setembro, que aprova o Regulamento da Actividade de Auditoria Interna do Sector
Público, que no seu artigo 7, atribui as Unidades Intermédias (UI) do SCI, as

11
competências de estabelecer a ligação entre as Unidades Gestoras Executoras (UGE) e a
Unidade de Supervisão (US) deste Subsistema, as quais compete:

a) Executar e controlar os procedimentos da sua responsabilidade, estabelecidas pela


Unidade de Supervisão;
b) Coordenar a execução da Programação de Auditoria Interna (PAI) das Unidades
Gestoras Executoras a si vinculadas;
c) Programar, executar e coordenar as auditorias nos órgãos e instituições do Estado
do respectivo nível (central ou provincial) e responsabilidade;
d) Emitir pareceres em relação às Contas de Gerência dos órgãos e instituições
tuteladas do respectivo sector no correspondente nível; e
e) Consolidar e remeter a proposta da Programação de Auditoria Interna à Unidade
de Supervisão do Subsistema de Controlo Interno.

O capítulo IV do decreto acima citado, são estabelecidos os procedimentos nas acções de


auditoria interna, devendo esses reger-se por normas e regulamentos em vigor no
ordenamento jurídico moçambicano, bem como observam as práticas profissionais
internacionalmente aceites, aprovadas pelo IIA – Instituto de Auditores Internos,
conforme o artigo 25.

2.4. Modelos de Controlo Interno

Em termos gerais, Costa (2000) e Cavalheiros e Flores (2007), pode dizer-se que os
modelos de controlo interno variam entre os vários países membros da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), contudo, para este trabalho
baseia-se em dois principais modelos, o Centralizado e Descentralizado. Os dois modelos
marcam a tradição no que toca ao controlo interno, pelo menos entre os países europeus,
daí merecerem uma breve abordagem.

a) Modelo de Controlo Interno Centralizado

Este modelo tem como referência “um controlo prévio por uma terceira parte”, sendo
encontrado em países como Portugal, França e Espanha, e que deriva da tradição legal
baseada no Código Napoleónico, o Ministério da Economia e Finanças, além de ter de
elaborar os orçamentos e alocá-los aos outros ministérios, intervém directamente no
controlo prévio, colocando o seu próprio pessoal nessas instituições.

12
Neste ambiente o controlo interno tem como ponto focal numa organização ou órgão
criado para desempenhar certas funções de controlo, podendo ser um inspector-geral ou
um serviço externo de controlo do Tesouro.

b) Modelo de controlo Interno Descentralizado

Países como a Holanda e Reino Unido, usam o modelo de controlo interno


descentralizado e baseia-se naquilo que se pode chamar de management responsibility
approach2. Aqui as instituições beneficiárias dos fundos públicos tomam a
responsabilidade total pela efectivação das despesas e pela implementação de todo o
sistema de controlo dessas despesas.

Neste ambiente, o controlo interno focaliza-se em todo o sistema organizativo, nas


normas, procedimentos e demais regulamentos internos que são elaborados de modo a se
assegurar o uso dos recursos ou fundos alocados às respectivas instituições, de maneira
económica, eficiente e efectiva. Para tal, o sistema de controlo interno nos moldes aqui
expostos inclui uma gama de controlos “a priori”, de fiscalização do desempenho,
auditorias aos sistemas informáticos e outros.

2.4.1. Sistema de Controlo Interno

De acordo com Costa (2000) entende-se por Sistema de Controlo Interno (SCI) o
processo que é levado a cabo desde os níveis mais altos de uma organização até aos
níveis mais baixos, envolvendo deste modo o Conselho de Administração, as direcções e
outros membros da organização.

"Um SCI estende-se para além das matérias que se relacionam directamente com as
funções do sistema contabilístico e compreendem o ambiente e procedimentos de
controlo" (Costa, 2004, p.36).

Pode-se igualmente tomar um Sistema Controlo Interno como:

Todas as políticas e procedimentos (CI) adoptados pela gerência de uma entidade para
contribuir para a obtenção do objectivo da gerência de assegurar, tanto quanto praticável
a condução ordenada e eficiente do seu negócio, incluindo a aderência às políticas de
gestão, a salvaguarda de activos, a prevenção e detecção de fraudes, e o rigor da plenitude

2
Abordagem da responsabilidade da gerência

13
dos registos contabilísticos, e preparação tempestiva de informação financeira credível.
(NIR3 400, p.8).

De acordo com as citações acima, pode-se sinteticamente, concluir que um sistema de


controlo interno possibilita a manutenção de um procedimento célere e actualizado de
informações administrativas e financeiras que torna eficiente e segura a tomada de
decisões e proporciona maior tranquilidade ao gestor público em relação aos actos que
possam ser praticados por seus subordinados (Idem.).

Em suma, o CI, segundo Attie (1998:114), sob perspectiva empresarial, visa os seguintes
objectivos: Salvaguardar e proteger seus activos; Verificar o grau de confiabilidade e
exactidão dos registos contabilísticos; Promover a eficiência operacional.

Como afirma Costa (2000), a dimensão e o tipo de organização determinará, de forma


significativa, o tipo de SCI a implementar, pois a estrutura (número de trabalhadores),
tipo de actividades e o volume de negócios ou valores movimentados conta para
implantação de um SCI.

2.4.1.1. Elementos do Sistema de Controlo Interno

Segundo o COSO (1992) o sistema de controlo interno é constituído por cinco


componentes interrelacionadas, que derivam da forma como a gestão gere a empresa e de
como são integrados no processo todo de gestão e que reage dinamicamente, face a
condições de mudança.

a) Ambiente de controlo que significa a atitude geral, a consciencialização e as acções


da gestão e do órgão de gestão a respeito do sistema de controlo interno e a sua
importância dentro da entidade e que dá a tónica a uma organização, influenciando a
consciência de controlo do seu pessoal. É o ponto de partida para os outros
componentes do controlo interno, proporcionando disciplina e estrutura;

b) A avaliação do risco é a identificação e análise pela entidade dos riscos relevantes


para a realização dos seus objectivos, formando a base para a determinação de como
os riscos devem ser geridos;

c) As actividades de controlo são as políticas e os procedimentos que ajudam a assegurar


que os objectivos da gestão são executados, minimizando o risco. As actividades de

3
Norma Internacional de Revisão/Auditoria. IFAC

14
controlo incluem controlos do tipo prevenção, detecção, orientação, correcção,
compensação, informáticos e de gestão;

d) A informação e comunicação é a identificação, recolha e troca de informação de


forma a permitir a todos levarem a cabo as suas responsabilidades; e,

e) A Supervisão que é o processo que avalia a qualidade do desempenho do controlo


interno ao longo do tempo. A auditoria interna desempenha um papel importante
como órgão ideal de supervisão.

2.4.1.2. Riscos nos Sistemas de Controlo Interno

De acordo com Cavalheiros e Flores (2007), o CI não pode ser considerado a salvação da
organização, mas garante o sucesso dessa entidade, ao mesmo tempo, pode incorrer no
insucesso caso não mantenha um SCI estável ou adequado.

Neste sentido, Cavalheiros e Flores (2007) avançam alguns riscos que qualquer sistema
de controlo pode correr:

 Obsolescência do SCI – Mesmo um bom sistema de controlo interno deteriora-se sem


melhorias constantes, seja por alterações em legislações, seja por melhores práticas,
evolução tecnológica; logo, o risco é sempre presente e o antídoto é a revisão
periódica.

 Crença em sistemas perfeitos – Não existe sistema de controlo isento de falhas, até
porque a manutenção dos sistemas é feita por pessoas e estas estão sujeitas a falhas.

 Rotina – A acção rotineira das pessoas quanto aos controlos pode impedir que se
preste atenção em determinadas actividades que se afastam das melhores práticas,
devido à fadiga, ao mau julgamento, à distracção.

 Má-fé – Os mais perfeitos controlos podem ser estudados no sentido de encontrar


falhas por deliberação das pessoas que fazem parte ou supervisionam os controlos,
para a satisfação de interesses pessoais.

 Conluio – Duas ou mais pessoas agindo deliberadamente para fraudar é o maior


inimigo de qualquer sistema de controlo. O conluio pode envolver pessoas de dentro e
de fora da organização.

15
 Custo/benefício dos controlos – O benefício advindo do controlo deve ser maior que o
custo do próprio controlo, sob pena de inviabilizá-lo no ponto de vista económico.

Contudo, alguns controlos estratégicos, mesmo que um pouco onerosos, podem ser
mantidos se houver objectivo de preservação da cultura dos controlos, e estudado caso a
caso.

2.4.1.3. Pagamento em dinheiro

De uma forma geral, como defende Costa (2000), os pequenos pagamentos como selos
fiscais e de correios, transportes públicos, táxis, devem ser efectuados apenas em
dinheiro, devendo neste caso os pagamentos normais a terceiros serem realizados via
bancos.

a) Fundo fixo de caixa

Dever-se-á constituir um “fundo fixo de caixa” o qual deverá ser reposto periodicamente
quando o numerário em caixa atinja um limite que se considere mínimo. Sempre que cada
pagamento for feito da caixa pequena, o seu responsável deverá constatar a autenticidade
do documento que origina e verificar se o mesmo foi devidamente aprovado, após isso é
que o poderá registar na chamada “folha de caixa”, depois de lhe ter confirmado como
pago (um carimbo de “PAGO”).

Na altura da reposição do fundo dever-se-á emitir um cheque nominativo, à ordem do


responsável do fundo (o qual deverá ser apenas uma pessoa), pelo valor correspondente
aos documentos entretanto pagos. Os documentos serão devidamente contabilizados nas
respectivas contas de custo nessa data.

Por tal motivo, e independentemente do período estabelecido para a reposição do fundo,


dever-se-á estabelecer que o mesmo será reposto no último dia de cada mês para que,
àquela data, não sejam considerados em disponibilidades custos já incorridos.

O uso da caixa pequena em sistema de fundo fixo possibilita ganhos para a instituição,
pois, limita um valor determinado (dependendo do tipo de empresa e/ou do volume de
transacções) o máximo do numerário existente em caixa e facilita as contagens de
surpresa à caixa uma vez que, em qualquer momento, o somatório do numerário existente
com os documentos pagos e não resgatados terá de ser, forçosamente, igual ao limite
estabelecido.

16
2.4.1.4. Pagamento via banco

As empresas devem efectuar os seus pagamentos normais a terceiros (fornecedores,


empregados, administração fiscal, segurança social, entre outros) através dos bancos,
utilizando uma das seguintes formas: cheques, transferências bancárias ou ordens
permanentes de pagamento.

a) Pagamento por cheques

A emissão dos cheques relativos a pagamentos a terceiros deve estar a cargo de um


empregado responsável o qual deverá providenciar no sentido de ficar com uma cópia de
cada cheque emitido.

Todos os cheques deverão ser emitidos ao nominado e cruzados ou barrados, devendo o


espaço à frente do nome do beneficiário ser inutilizado com um traço horizontal. Cada
cheque deverá ser assinado por duas pessoas, cujas funções sejam independentes. Os
cheques só devem ser assinados na presença dos respectivos documentos de suporte,
previamente conferidos, devendo a primeira pessoa que assina verificar, rubricando, a
concordância do valor e o beneficiário e a segunda pessoa proceder (ou mandar proceder
na sua presença) à aposição de um carimbo de “PAGO” em tais documentos a fim de
evitar que os mesmos possam ser apresentados, com outro cheque, a outras pessoas com
poderes de assinatura.

Os cheques em branco devem estar à guarda de um empregado responsável e em lugar


seguro. Quando por qualquer motivo, se anula um cheque já emitido deve o mesmo ser
arquivado depois de se lhe destruírem as assinaturas, no caso de o mesmo já estar
assinado.

Por razões de segurança, nunca devem ser assinados cheques em branco. A alternativa
será alargar o número de pessoas com poderes de assinatura. Nos casos em que for de
todo impossível seguir este procedimento, a forma de minimizar o perigo será cruzar e
escrever o nome do beneficiário.

b) Pagamento por transferência bancária ou por conta.

Para além de recorrer ao cheque para efectuar pagamentos a terceiros, a empresa poderá
recorrer à transferência bancária, que também tem os seus benefícios: A ordem de
transferência pode ser feita através de uma carta previamente preparada e padronizada; a
ordem de transferência pode ser colectiva, isto é, a empresa dá instruções ao seu banco
17
para transferir, por débito da sua conta e para crédito das contas dos diversos
beneficiários, as importâncias mencionadas; as pessoas que assinam a ordem de
transferência só têm de assinar uma vez, ao contrário do que acontece no caso de os
pagamentos serem feitos por cheques; o lançamento a crédito da conta de depósitos à
ordem é feito pelo total das transferências, diferentemente, no caso de cheques terão de
ser feitos tantos lançamentos; como resultado da alínea anterior, as reconciliações
bancárias serão muito mais fáceis de efectuar.

Costa (2000) chama atenção para que se observem cuidados a ter com as assinaturas
deste tipo de transferência devem ser idênticos aos que se vê no caso de os pagamentos
serem efectuados por cheques.

c) Ordens permanentes de pagamento

Os pagamentos de determinados serviços de tipo repetitivo podem ser efectuados através


dos bancos desde que a empresa lhes dê instruções precisas neste sentido e avise de tal
facto as entidades prestadoras dos serviços.

Para o pagamento das despesas de água, electricidade, telefone, telefax, rendas, seguros,
quotas, assinaturas de jornais e revistas, entre outras, poderá se usar ordens permanentes
de pagamento. Assim, há no entanto, que ter atenção o facto de ser usual mediar um lapso
de tempo apreciável, entre a data do débito na conta por parte do banco e a data de
recepção do respectivo recibo ou borderaux. O controlo de tais situações deve ser feito
através da análise das reconciliações bancárias mensais. É no entanto, aconselhável
existir uma conta bancária específica para este tipo de pagamentos.

2.4.1.5. Reconciliações bancárias

As reconciliações bancárias serão elaboradas mensalmente por um empregado que não


pertença à área de tesouraria e que mesmo na área de contabilidade não tenha acesso às
contas correntes. Para tal dever-lhe-ão ser remetidos, directamente do Sector de Correio
ou da secretária-recepcionista, os respectivos extractos bancários. Tais reconciliações
deverão ser feitas previamente com a posição diária dos bancos, devido ao atraso, muito
usual, da escrituração das contas correntes.

As reconciliações bancárias devem ser feitas de maneira normalizada e devem ser visadas
pelo responsável da contabilidade ou pelo director financeiro. Os itens de reconciliação
que apareçam dois meses consecutivos na reconciliação deverão ser adequadamente

18
investigados. No caso de se tratar de débitos e/ou créditos do banco que não tenham sido
contabilizados na empresa haverá que detectar a razão do sucedido e, se não existirem ou
tiverem sido extraviados os respectivos documentos de suporte, solicitar ao banco as
respectivas segundas vias.

No caso de cheques que há vários meses permaneçam pendentes de levantamento haverá


que contactar por escrito o beneficiário, e se tal não resultar, dever-se-á proceder ao seu
estorno e instruir o banco no sentido de não proceder ao seu pagamento. Será emitido um
novo cheque caso o beneficiário reclame.

2.5. Relação entre Auditoria Interna e o Controlo Interno

A responsabilidade pela implementação e manutenção do sistema de controlo interno


cabe ao órgão de Gestão. O ambiente de controlo interno em qualquer organização é
iniciado pelo próprio Conselho Directivo. É este que deve saber transmitir a mensagem
de que a integridade e o controlo efectivo não podem ser colocados em causa e que deve
estruturar de forma clara o sistema de controlo interno e seleccionar os tipos e métodos de
controlo que privilegia. É a gestão que deve planear e organizar o controlo interno de tal
forma que este possa garantir razoavelmente que os riscos organizacionais são bem
geridos e os objectivos e metas da organização estão a ser alcançados de forma eficiente e
económica.
No que diz respeito ao controlo interno, a auditoria interna apenas intervém na respectiva
avaliação, assumindo neste âmbito o papel de identificar potenciais falhas e desvios ao
nível do sistema de controlo interno e ajudar o Conselho Directivo através das
recomendações de melhoria que venha a conceber. (CICL e MINE, 2014)
Morais e Martins (2013), citados por Reinote (2014), referem que, o controlo tem uma
perspectiva dinâmica na organização, permitindo-lhe manter o domínio enquanto a
auditoria avalia esse grau de domínio atingido.
Por outro lado, o IIA, citado por Reinote (2014), define que a actividade de auditoria
interna deve auxiliar a organização a manter os controlos efectivos através da avaliação
da sua eficácia e eficiência, promovendo a melhoria contínua.
Em suma, a auditoria assume uma função de supervisão do controlo interno, enquanto
este assume uma função com carácter preventivo.

2.6. Conceito de Fraude

19
"Fraude é uma acção premeditada cujo objectivo é de lesar alguém. Por tanto, a
corresponde ao dolo, ou seja, aquela acção premeditada que visa ao proveito de alguma
forma para si ou terceiros" (Costa, 2000, p.222).

No âmbito institucional, pode-se entender fraude o acto intencional praticado por uma ou
mais pessoas entre os membros do órgão de gestão, empregados ou terceiros que resultem
numa representação indevida das demonstrações financeiras.

As fraudes, segundo Sá (1998), são praticadas quase sempre por pessoas que possuem
autoridade, sobretudo quando acumula funções. Quando implicam maiores, as fraudes,
geralmente ocorrem mediante uma formação de conluio, sendo desta forma, mais difícil a
detecção.

Nos casos mencionados por Sá (1998), a fraude tende a perdurar se não existirem
controlos adequados e independência da auditoria.

As fraudes podem envolver a manipulação ou alteração de registo ou dos documentos,


apropriação indevida de activos, supressão ou omissão dos efeitos de transacções dos
registos ou dos documentos, registos de transacções sem subsistência e aplicação
indevida de políticas contabilísticas (Idem.).

As fraudes podem ser cometidas para subtrair mercadorias (matérias-primas, produtos e


resíduos), dinheiro, títulos, iludir o fisco, encobrir a falta de pagamentos a terceiros, entre
outros.

2.6.1. Práticas de Controlo Interno Para a prevenção de Fraudes


Muitas vezes tem-se confundido a responsabilidade do auditor, atribuindo-lhe a
responsabilidade de prevenção e detecção de fraudes, o que não confere a verdade, pois,
constitui responsabilidade do auditor, segundo Sá (1998), avaliar, emitir opinião quanto a
veracidade das demonstrações contabilísticas, onde pode detectar fraudes, onde deve
comunicar de imediato a administração, sugerindo correcções.

Percebe-se desta explanação que a detecção de fraudes pelo e auditor pode ou não
acontecer no exercício das suas atribuições, mas detecta-los não é seu fim último.

De acordo com Sá (1998) a responsabilidade pela prevenção ou detecção de cabe ao


órgão de gestão através da implementação e do funcionamento continuado de sistemas
contabilísticos e de controlo interno adequados os quais reduzem, mas não eliminam a
possibilidade de fraudes que ocorrem na organização.
20
Em relação a prevenção, Sá (1998) avança que para prevenir fraudes é necessário que
haja:

 Uma forte concepção dos sistemas contabilísticos e de controlo interno;


 Cumprimento de controlos internos identificados;
 Competência e integridade dos gestores;
 Transacções habituais e não fora do comum;
 Facilidades na obtenção de prova de auditoria apropriada e suficiente.

2.7. Conceito de Instituições Públicas

Antes de abordar o conceito de instituição pública, importa tomar o termo instituições na


sua acepção geral, não de âmbito sociológico, pois, segundo Conceição (2002) o termo
abrange grande variedade de coisas que vão desde normas, leis, comportamento até
organizações (objecto deste trabalho), firmas, etc.

Neste contexto, chama-se instituição toda a forma como se dispõe um sistema para atingir
os resultados pretendidos. Normalmente é formado por uma, duas ou mais pessoas que
executam funções de modo controlado e coordenado com a missão de atingir um
objectivo em comum com eficácia. Falar de instituição, no sentido organizacional, acaba-
se definindo tendo como perspectiva o conceito de organização. Instituição pode ser
empresa, escola, a prisão, igreja, etc. (Idem.)

A partir desta definição pode-se distinguir instituições privadas das públicas, estas
últimas que são o foco desta pesquisa.

Assim uma instituição pública:

Define-se como uma organização do Estado ou sob gestão do Estado que tem
por finalidade a prossecução das necessidades das populações no âmbito para
o qual foi criado. Uma instituição pública está enquadrada no âmbito das
funções das Administração pública em garantir serviços públicos aos
cidadãos, como são os casos de saúde, educação, justiça, entre outros
(Conceição, 2002, p. 31).

2.8. Controlo interno na administração pública

O controlo interno não é uma matéria exclusiva das empresas ou instituições privadas
mas também do sector público. A finalidade do controlo da Administração Pública, em
sentido amplo, é de verificar se o gestor aplica os recursos que lhes são repassados de

21
maneira responsável, eficiente e moral. Contudo, o controlo não se restringe apenas às
aplicações de recursos, ele tem enfoque também sobre a gestão da coisa pública.

Como se referem Cavalheiro e Flores (2007) o CI deve actuar também na avaliação de


resultados no que diz respeito à eficácia e eficiência da gestão financeira, orçamentária e
patrimonial das instituições públicas, directa ou indirecta, assim como na verificação da
eficácia e eficiência da aplicação de recursos por entidades privadas, quando aqueles são
oriundos de ente público.

Nesta ordem de ideias, Cavalheiro e Flores (2007) citam vários princípios e regras que
concorrem para uma plena organização do sistema de controlo interno.

2.9. Princípios da Administração Pública


De acordo com Meirelles (1990) a função administrativa do sector público submete-se a
tratamento especial doutrinado em princípios jurídico-administrativos. Sua característica
essencial reside, de um lado, na admissibilidade da ideia de que a execução da lei por
agentes públicos exige o deferimento de necessárias prerrogativas de autoridade, que
façam com que o interesse público juridicamente predomine sobre o interesse privado.

"Na administração pública, o controlo interno deve estar presente, actuando de forma
preventiva, em todas as suas funções, administrativa, jurídica, orçamental, contabilística,
financeira, patrimonial, de recursos humanos, dentre outra, na busca da realização dos
objectivos a que se propõe" (Idem.).

Diante do que foi aludido anteriormente, entende-se que o controlo interno nas
instituições públicas tem vista garantir o cumprimento dos princípios que norteiam as
actividades da administração pública, no geral.

Assim, de acordo com o artigo, do Decreto no. 30/2001, de 15 de Outubro, são princípios
da Administração Pública:

 Legalidade – actuação do gestor público e a realização de procedimentos


administrativos na forma da lei;
 Razoabilidade – enuncia-se com este princípio que a Administração, ao actuar no
exercício de discrição, terá de obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista
racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas
das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida;

22
 Economicidade – pressupõe na utilização dos recursos (humanos, materiais e
financeiros) compatíveis com as necessidades e resultados esperados,
considerando-se a relação custo/benefício;
 Eficácia – pressupõe que os resultados obtidos estejam dentro dos objectivos
propostos para a entidade. Obtém-se da relação entre a produção e os resultados,
não está ligada às actividades, mas sim aos resultados;
 Publicidade – acto de tornar públicos actos administrativos;
 Eficiência – pressupõe na obtenção de níveis máximos de produção com mínimos
de recursos possíveis. A eficiência obtém-se da relação entre produção e os
recursos aplicados;
 Igualdade – tratamento de igualitário, proibição de actos que levam a
discriminação. Num processo licitatório o gestor não pode incluir cláusulas que
restrinjam ou frustrem o carácter competitivo favorecendo uns em detrimento de
outros, que acabam por beneficiar, mesmo que involuntários determinados
participantes;
 Impessoalidade – o interesse público está acima dos interesses pessoais. Será
dispensado a todos os interessados tratamento igual, independente se a
organização é pequena, média ou grande;
 Moralidade – a licitação deverá ser realizada em estrito cumprimento dos
princípios morais, de acordo com a Lei, não cabendo nenhum deslize, uma vez
que o Estado é custeado pelo cidadão que paga seus impostos para receber em
troca os serviços públicos;
 Probidade Administrativa – o gestor deve ser honesto em cumprir todos os
deveres que lhe são atribuídos por força da legislação;
 Vinculação ao Instrumento Convocatório – A Administração, bem como os
licitantes, ficam obrigados a cumprir os termos do Edital em todas as fases do
processo: documentação, propostas, julgamento e ao contrato;
 Julgamento Objectivo – Pedidos da Administração em confronto com o oferecido
pelos participantes devem ser analisados de acordo com o que está estabelecido
no Edital, considerando o interesse do serviço público e os factores de qualidade
de rendimento, durabilidade, preço, eficiência, financiamento e prazo.
Apoiando-se na ideia de Meirreles (1990) e nos princípios atrás arrolados e considerando
que a Administração Pública deve rigorosamente servir aos fins para os quais o Estado
foi criado, evidencia-se a necessidade de permanente incidência do controlo sobre toda e

23
qualquer actividade administrativa, zelando pela responsabilidade e transparência na
gestão pública.

Com a criação do Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE), através da


Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, houve necessidade de estabelecer os comandos
operativos para a sua melhor funcionalidade, o que se concretizou com a aprovação do
respectivo regulamento por via do Decreto n.º 17/2002, de 27 de Junho.

De acordo com a Lei n.º 9/2002, o SISTAFE tem em vista “estabelecer, de uma forma
global, mais abrangente e consistente os princípios básicos e normas gerais de um sistema
integrado de administração financeira dos órgãos e instituições do Estado.”

O SISTAFE abarca o subsistema de controlo interno que segundo o plasmado na alínea


e), n.º 1, artigo 1 da Lei n.º 9/2002, “compreende os órgãos e entidades que intervêm na
inspecção e auditoria dos processos de arrecadação, cobrança e utilização dos recursos
públicos e abrange as respectivas normas e procedimentos.”

O regulamento do SISTAFE, por sua vez, tem por objectivo estabelecer um sistema
integrado, que proporcione informação oportuna e fiável, e que assegure a uniformização
e harmonia da aplicação dos princípios universalmente aceites e a instituição de regras e
procedimentos.

2.10. Contabilidade Pública e Inspecção Financeira


A contabilidade pública (CP) constitui um dos subsistemas do controlo interno na
administração pública e as suas atribuições vão desde a criação de procedimentos para as
unidades orgânicas do sector púbico, consolidação de registos.

Constituem ainda atribuições da contabilidade pública, segundo o Regulamento do


SISTAFE:

 Preparar e propor normas e instruções sobre os procedimentos contabilísticos para


serviços ou unidades orgânicas do sector público;
 Preparar e propor medidas que visem melhorias nos procedimentos de
implementação e desenvolvimento dos instrumentos de gestão pré-definidos;
 Proceder à liquidação das despesas públicas e autorizar a libertação de créditos;
 Desenvolver uma correcta gestão de processos relativamente ao registo
contabilístico da execução do orçamento do Estado, garantindo a correcta
aplicação das normas e procedimentos legais estabelecidos;

24
 Tratar e consolidar todos os registos contabilísticos produzidos pelo SISTAFE;
 Preparar e propor normas e instruções para a produção de relatórios e mapas
necessários à avaliação dos procedimentos legais inerentes ao desempenho das
actividades prosseguidas pelos serviços ou unidades orgânicas.
 Fiscalizar e fazer cumprir todas as normas e procedimentos legalmente definidos
no que respeita à disciplina de execução orçamental;
 Estabelecer os mecanismos necessários aos procedimentos de abertura e
encerramento do exercício;
 Elaborar a Conta Geral do Estado; e,
 Preparar e propor medidas que visem melhorar os procedimentos contabilísticos
relativos aos processos de gestão orçamental, financeira e dos bens do património
do Estado em colaboração com os restantes subsistemas.
Com estas atribuições, fica claro que o subsistema de CP desempenha funções que se
enquadram no âmbito preventivo do controlo interno.

Quanto à inspecção financeira, a Inspecção Geral de Finanças (IGF) é um órgão de


controlo financeiro do Estado e auxilia o ministro da economia e finanças no âmbito da
gestão dos fundos públicos e controlo patrimonial, do tipo centralizado, sendo, por tanto,
parte integrante do MEF (n.ºs 1 e 2, artigo 1, Decreto n.º 40/99).

A IGF cabe, entre outras funções, realizar inspecções aos órgãos do Estado, suas
instituições e pessoas colectivas de direito público, incluindo as autarquias locais.
Procede ainda com inspecções ou auditorias a empresas públicas, estatais e mistas onde o
Estado comparticipa no capital, exceptuando instituições de crédito, bancários e de
seguros (n.°1, artigo 5, decreto n.º 40/99).

2.11. Funções do Controlo Interno


De entre as várias funções de controlo interno, está a avaliação da sua própria actividade.
Sabendo-se que as funções convivem na administração com todas as demais funções,
resulta que se encontra presente em cada desdobramento da organização.

Assim, essas funções podem ser verificadas na actividade de triagem de


ingresso e saída de pessoas, veículos, bens e mercadorias; no
acompanhamento das condições de qualidade dos serviços e produtos; na
elaboração de estatísticas e na contabilização física e financeira; nos registos
de pessoal, de seus dados cadastrais, situação funcional e remuneração, entre
inúmeras outras situações. Importa afirmar, por isso, a necessidade de auto-
avaliação do controlo interno a fim de preservar seu funcionamento com
eficiência. (Costa, 2000).

25
As outras funções de controlo interno estão basicamente voltadas aos objectivos. O
tamanho e a complexidade das organizações modernas, porém, têm dificultado e, por
vezes, impossibilitando a supervisão directa de todas operações por parte dos dirigentes
superiores, obrigando-os a delegar por parte dessas funções a outros profissionais (Idem.).

Estes, com a devida independência, colectam dados estratégicos, analisa-os e colocam à


disposição da direcção as informações finais sobre o comportamento operacional da
entidade.

Assim, segundo Costa (2000), serão funções básicas do Controlo Interno: Prestar
informações permanentes à administração superior sobre todas as áreas relacionadas com
o controlo, seja contabilístico, administrativo, operacional ou jurídico; Preservar os
interesses da organização contra ilegalidades, fraudes ou outras irregularidades; Velar
para a realização das metas pretendidas; Recomendar os ajustes necessários com vista à
eficiência operacional.

26
III. METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1. Caracterização da Pesquisa

3.1.1. Quanto à natureza


Esta pesquisa, tem por finalidade gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à
solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais. Assim, quanto
à natureza, a pesquisa classifica-se como sendo aplicada.

3.1.2. Quanto à abordagem do problema


Em relação a abordagem do problema a pesquisa é de carácter qualitativa. Este tipo de
pesquisa tem em vista:
Estabelecer uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um
vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito
que não pode ser traduzido em números. Nestes termos, a interpretação dos
fenómenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa
qualitativa. (Silva & Menezes, 2001, p.20).

3.1.3. Quanto aos objectivos


Quanto aos objectivos a presente pesquisa, classifica-se como sendo exploratória, visto
que, de acordo com Gil (2008), consiste em ampliar o conhecimento a respeito de um
determinado fenómeno. Esta pesquisa explora a realidade, buscando maior conhecimento
para depois planear uma pesquisa descritiva.

3.1.4. Quanto aos procedimentos técnicos


Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa classifica-se como sendo estudo de caso.

3.2. Métodos de procedimentos


Foi aplicado para a presente pesquisa o método de procedimento indutivo, que é aquele
que se baseia na experiência. A partir de dados particulares, tiram-se conclusões gerais
sobre um assunto. Ou seja, parte do específico para o geral, no caso, espera-se que dos
resultados obtidos no objecto de estudo, possa extrapolar-se para as instituições públicas
em geral.

Outrossim, foi aplicado para a pesquisa o método monográfico, como considera Gil
(1999), parte do princípio de que o estudo de um caso em profundidade pode ser
considerado representativo de muitos outros ou mesmo de todos casos semelhantes –

27
indivíduos, instituições, grupos, comunidades, etc.. Através deste método, buscou-se
analisar a situação do MEF de modo trazer resultados generalizados aplicáveis a todas as
instituições públicas.

3.2.1. Instrumentos de recolha de dados

Para o processo de recolha de dados recorreu-se a entrevista estruturada, onde seguiu-se


um roteiro previamente estabelecido. Outrossim, aplicamos o questionário misto, ou seja,
perguntas com respostas em alternativas (sim ou não), e abertas.

A pesquisa bibliográfica "serve-se de material já publicado, constituído basicamente por


livros, artigos científicos, teses e, actualmente, de informações disponibilizadas na
internet. Esta procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em
documentos" (Severino, 2009, p.122). Esta técnica serviu de suporte para a revisão da
literatura.

A pesquisa documental é uma técnica de pesquisa muito usada, ela:


Vale-se de variedade de tipos de documentos desde os de primeira mão, sem
qualquer tipo de tratamento analítico: documentos oficiais, reportagem de
jornal, cartas, contractos, diários, filmes, fotografias, gravações; até aos de
segunda mão – que de alguma forma foram analisados: relatórios de
instituições públicas e privadas e relatórios de pesquisas. (Gil, 2006, p.50).

A técnica documental permitiu trazer dados sobre a MEF, seja no que tange a aplicação e
historial do CI, desde os modelos e resultados do CI que permitiram aferir o seu
contributo na prevenção de fraudes.

A entrevista, como definem Marconi e Lakatos (2007), é um instrumento que consiste


num encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informações sobre um
determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É
procedimento utilizado na investigação social, para a colecta de dados ou no diagnóstico
ou tratamento de um problema social.

Para a este trabalho foi aplicada a entrevista semi-estruturada que permitiu melhor
explorar todas as informações do entrevistados sem limitações, pois, de acordo com May
(20044) citado por Zapelini (2013:117), o entrevistador prepara uma lista padronizada de
perguntas, mas acrescenta, em cada entrevista, perguntas que porventura permitam maior
atingimento dos objectivos, de acordo com os comentários e as respostas do entrevistado.
4
May, T.(2004), Pesquisa social:Questões, métodos e processos, 2a ed., Artmed: Porto Alegre.

28
"O questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito
pelo informante e acompanhadas de instruções que esclareçam o propósito e importância
da sua aplicação" (Silva & Menezes, 2001, p.25). A aplicação deste instrumento consistiu
no reforço à entrevista na recolha de informações.

3.2.2. População e Amostra

A população, na óptica de Silva e Menezes (2001), constitui a totalidade de indivíduos


que possuem as mesmas características definidas para uma determinada pesquisa, onde se
extrai uma amostra, que a seguir se define.

"Uma amostra é uma parcela convenientemente seleccionada no universo da população e


acrescentam que é um subconjunto do universo" (Lakatos & Marcone, 2010).

Este trabalho definiu uma amostra composta por 10 funcionários do sector financeiro e
patrimonial do MEF. A selecção dos entrevistados obedece ao método não-probabilístico
por acessibilidade ou conveniência, onde o pesquisador apenas obtém os elementos a que
tem maior facilidade de acesso. (Beuren, 2004)

3.3. Tratamento de dados

Embora a pesquisa não seja de carácter quantitativo, os dados obtidos necessitam


tratamento estatístico foram analisados com recurso ao Microsoft Excel, através do
método de tabulação. Este método, normalmente, é utilizado em pesquisas realizadas por
meio de questionários impressos. Os questionários são compostos na sua maioria por
questões objectivas e subjectivas, ou seja, por questões nas quais já estão disponíveis
opções de resposta. A tabulação, que consiste na digitação sistemática das informações de
questionários, permitiu que as respostas fossem analisadas e interpretadas.

IV. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE DADOS DA PESQUISA

29
Neste capítulo faz-se a apresentação, interpretação e discussão dos dados obtidos no
estudo de campo. Para tal, é feita uma breve caracterização do local de estudo (Ministério
da Economia e Finanças), desde a sua génese, sua natureza, missão e visão, bem como os
objectivos que nortearam a sua criação e actuação. Ainda neste capítulo, são apresentados
as normas que regulam a actividade administrativa e financeira do Estado bem como as
políticas e modelos do sistema do controlo interno aplicado no Ministério da Economia e
Finanças; e por fim, faz-se a avaliação da eficiência e eficácia do sistema de controlo
interno aplicado.

4.1. Caracterização do objecto de estudo.

Havendo necessidade de definir as atribuições e competências do Ministério da Economia


e Finanças, criado pelo Decreto Presidencial n.° 1/2015, de 16 de Janeiro, ao abrigo do
disposto na alínea c) do n.° 1 do artigo 160 da Constituição da República e do n.° 1 do
artigo 46 da Lei n.° 7/2012, de 8 de Fevereiro, o Presidente da República, de acordo com
o portal do MEF5, decreta:
 
a) Natureza
O Ministério da Economia e Finanças é o órgão central do aparelho do Estado que, de
acordo com os princípios, objectivos e tarefas definidos pelo Governo, orienta a
formulação de políticas de desenvolvimento económico e social, coordena o processo de
planificação e superintende a gestão das finanças públicas.
 
b) Atribuições
Estão entre atribuições do Ministério da Economia e Finanças:

 Formulação de propostas de políticas e estratégias de desenvolvimento integrado,


macro-económicas, tributárias, aduaneiras, orçamental, de seguros, de previdência
social dos funcionários e agentes do Estado e dos combatentes, bem como a
garantia da sua implementação;

 Orientação da elaboração de políticas, estratégias e programas nacionais, sectoriais


e territoriais, em coordenação com os órgãos relevantes;

5
www.mef.gov.mz

30
 Formulação de políticas de promoção, atracção, facilitação e retenção dos
investimentos público e privado nacional e estrangeiro e desenvolvimento das
zonas económicas especiais;

 Representação do Estado em instituições e organizações financeiras e económicas


internacionais; 

 Coordenação e orientação do processo de planificação integrada, monitoria e


avaliação da actividade económica e social e da afectação de recursos financeiros
aos níveis sectorial e territorial; 

 Consolidação do Sistema de Planificação e de Administração Financeira do


Estado; 

 Superintendência e execução do Orçamento do Estado; 

 Gestão do Património e das Participações do Estado; 

 Coordenação da actividade inspectiva dos órgãos e instituições do Estado,


autarquias, empresas públicas e pessoas colectivas de direito público; 

 
c) Competências
Para a concretização das suas atribuições, o Ministério da Economia e Finanças tem as
seguintes competências:

Na área da Economia: Formular e orientar políticas de desenvolvimento económico,


social e territorial sustentável; Assegurar a implementação da estratégia de
desenvolvimento integrado do País; Promover, atrair, facilitar e reter o investimento
público e privado nacional e estrangeiro; Estimular a utilização racional e eficiente dos
recursos em prol do desenvolvimento nacional; Promover a bancarização da economia e
expansão de serviços financeiros, em particular nas zonas rurais. 

Na área da Planificação e Finanças Públicas: Elaborar a proposta do Programa


Quinquenal do Governo, do Cenário Fiscal de Médio Prazo, do Plano Económico e
Social e do Orçamento do Estado; Estabelecer o Sistema de Planificação e de
Administração Financeira do Estado; Orientar a fixação da previsão plurianual das
receitas e do financiamento do Orçamento do Estado e comunicar os limites da despesa
anual dos órgãos e instituições do Estado; Elaborar normas e instruções sobre a execução

31
do Orçamento do Estado; Acompanhar, controlar e avaliar a execução do Orçamento do
Estado, garantindo a aplicação racional dos recursos financeiros; 

Na área da Monitoria e Avaliação: Coordenar a avaliação da execução das políticas


macroeconómicas e sectoriais; Monitorar as políticas e estratégias nacionais e programas
de investimentos conducentes ao crescimento económico e outros instrumentos de
avaliação nacionais e internacionais; Acompanhar e avaliar a execução dos instrumentos
de programação de curto, médio e longo prazo, propondo e adoptando medidas
correctivas que assegurem a prossecução dos objectivos e prioridades definidos.

Na área do Mercado Monetário, Financeiro e Cambial: Assegurar a coordenação entre as


políticas fiscais e orçamental, e destas com a monetária e cambial, visando garantir a
estabilidade macroeconómica; Propor políticas financeiras e zelar pela sua
implementação.

Na área da Cooperação Internacional: Celebrar acordos bilaterais de financiamento;


Celebrar, em representação do Estado, acordos com instituições financeiras internacionais
e o controlo da sua implementação; Celebrar, em representação do Estado, contractos ou
acordos que impliquem assunção de responsabilidades financeiras ou envolvam matéria
fiscal; Coordenar a inventariação dos recursos externos disponíveis; Participar nas acções
relativas à negociação e celebração de acordos de cooperação financeira; 

Na área do Património do Estado: Elaborar normas e emitir instruções sobre a contratação


pública, gestão e controlo do património do Estado e zelar pela sua implementação;
Garantir a gestão dos bens patrimoniais do Estado e formular instruções sobre o
respectivo seguro; Coordenar os processos de alienação, cedência e constituição de
sociedades, envolvendo património do Estado; Emitir títulos de adjudicação ou quitações,
referentes à alienação do património do Estado.

d) Unidades orgânicas
Constituem unidades orgânicas do MEF as seguintes: Direcção Nacional de Tesouro
(DNT), Direcção Nacional de Planificação e Orçamento (DNPO), Direcção Nacional de
Contabilidade Pública (DNCP), Direcção Nacional do Património do Estado (DNPE),
Direcção Nacional de Monitoria e Avaliação (DNMA), Direcção de Coordenação
Institucional e Imagem (DCII), Direcção de Cooperação (DC), Direcção de Estudos
Económicos e Financeiros (DEEF), Direcção de Assuntos Jurídicos e Notariais (DAJN),

32
Direcção de Administração e Recursos Humanos (DARH), Gabinete de Gestão do Risco
(GGR), Gabinete do Ministro (GM), Departamento de Organização e Gestão do Sistema
de Informação (DOGSI), Departamento de Aquisições (DA).

e) Organigrama

Fonte: Regulamento Interno do MEF.

f) Instituições tuteladas
Inspecção-Geral de Finanças (IGF), Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze
(AdZ), Autoridade Tributária de Moçambique (ATM), Instituto de Gestão das
Participações do Estado (IGEPE), Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique
(ISSM), Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), Fundo de Apoio à Reabilitação
da Economia (FARE), Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Inspecção-Geral de
Jogos (IGJ), Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças
(CEDSIF), Secretariado Nacional do Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP).

g) Missão, Visão e Valores


Missão: Conceber, formular, executar e avaliar as políticas de desenvolvimento
económico e social sustentável e inclusivo, assegurando a mobilização e alocação

33
criteriosas, bem como o controlo da utilização eficiente, eficaz e transparente dos
recursos públicos.
Visão: Impulsionar o desenvolvimento socioeconómico do País através da prestação de
serviços de excelência na gestão de políticas económicas e sociais integradas e de
prestação de contas, em prol do progresso e bem-estar do povo moçambicano.

Valores: Meritocracia, Eficiência e Focalização.

4.2. Normas que regulam a administração financeira do Estado


De acordo com a Lei número 9/2002, de 12 de Fevereiro, o Sistema de Administração
Financeira do Estado vigente assenta em normais em normas legais que remontam de há
mais de cem anos, destacando-se o Regulamento da Fazenda, de 1901 e o da
Contabilidade de Pública, de 1881.

A conquista da independência e a necessidade de introduzir modelos de gestão mais


adequados as necessidades actuais de administração do erário público obrigou o Estado
moçambicano a adoptar algumas reformas (Idem.).

Neste contexto, foi possível apurar no âmbito do presente trabalho que na actualidade a
administração financeira do Estado moçambicano é alicerçada nos seguintes instrumentos
normativos: SISTAFE (Sistema de Administração Financeira do Estado), criado através
da Lei número 9/2002, de 12 de Fevereiro; Regulamento do SISTAFE, Diploma número
181/2013; Inspecção-Geral de Finanças (IGF), criada através do Decreto número
60/2013, de 29 de Novembro; Estatuto Orgânico da Inspecção-Geral de Finanças criado
pela Comissão Interministerial da Administração Pública, através da Decreto Presidencial
número 3/2015, de 26 de Junho; O Decreto nº 23/2004.

Como já se fez referência no capítulo anterior, o SISTAFE estabelece e harmoniza regras


e procedimentos de programação, gestão, execução e controlo do erário público, de modo
a permitir o seu uso eficaz e eficiente dos recursos financeiros […] (artigo 1).

No que tange a IGF, tutelada pelo MEF, foi criada com a finalidade principal de exercer
actividades de controlo interno da Administração Financeira do Estado nos domínios
orçamental, financeiro e patrimonial, através da realização de actividades de verificação
do cumprimento da legalidade, regularidade, economicidade, eficiência e eficácia (artigo
3, Decreto no. 60/2013).

34
4.3. Políticas e modelos de Controlo Interno e de Execução Financeira do
Departamento Financeiro - MEF

Como já se fez perceber anteriormente, qualquer movimentação ou execução financeira


nas instituições do Estado é feita mediante instrumentos e orientações legais.

Assim, no MEF o processo de registo das operações contabilísticas e efectuado em livros


apropriados e previamente aprovados por lei, entre eles o livro de controlo orçamental e
controlo bancário.

De acordo com o entrevistado A6, "Existem normas e procedimentos bem claros sobre a
execução dos processos de gestão financeiras e existe uma aplicação informática (e-
SISTAFE) que contem pontos fortes de controlo, baseados num princípio de segregação
de funções e controlo de acesso."

Os mapas referentes às demonstrações financeiras no MEF são automaticamente gerados


pelo e-SISTAFE na componente de recolhimento da receita e execução da despesa.
Todavia, eles são consolidados e disponibilizados trimestralmente (Idem.).

A contabilização dos factos é feita diariamente e obedece, primeiro, a classificação das


despesas por rubricas orçamentais são contempladas com as suas dotações ou seja com os
seus limites.

Feita a classificação das despesas, procede-se com o lançamento no livro de conta


orçamental por ordem e datas e simultaneamente no livro de controlo da conta bancária.
No livro de controlo da conta bancária as despesas são lançadas sequencialmente dado
que este livro não carece de classificação orçamental. No fim de cada mês, somam-se as
rubricas orçamentais para que se apure os saldos que transitaram para o mês seguinte bem
como o somatório global da despesa mensal.

Por sua vez, soma-se o livro de controlo de conta bancária para permitir a obtenção do
somatório dos valores gastos no mês. Mensalmente o banco fornece o extracto da conta
bancária que é conferido e confrontado com os livros de controlo orçamental e controlo
da conta bancária, operação que permite aferir que as contas e o saldo que transita para o
mês estão conforme.
6
Funcionário do MEF entrevistado no dia 5 de Outubro de 2018, em Maputo.

35
Quanto aos pagamentos, eles são efectuados através de transferências bancárias, conta a
conta e quem emite as cartas das referidas transferências bancarias e um dos funcionários
encarregues na administração e finanças e, posteriormente, o chefe administrativo e
financeiro assina a carta de transferência que de seguida é levada ao segundo assinante.

Importa sublinhar que a conta obriga-se a duas das três assinaturas: Ministro, vice-
ministro e o chefe do departamento de finanças. Não existe uma assinatura obrigatória,
apenas basta no mínimo estar assinada por dois assinantes que obrigam a conta.

Relativamente a movimentação do expediente da conta bancária junto do banco de


Moçambique, está apenas credenciado um funcionário que procede com a tramitação de
todo o expediente inerente a conta e este não é o mesmo que emite as cartas de
transferências e pedidos de levantamento estando isso sob responsabilidade de um outro
funcionário.

4.4. Avaliação da Eficiência e Eficácia do Sistema de Controlo Interno Aplicado


para prevenção de fraudes no Departamento Financeiro - MEF

A avaliação da eficiência e eficácia do SCI aplicado no MEF tem como ponto de partida
a aplicação da entrevista aos funcionários na área de finanças e questionário a outros
funcionários de outras áreas.
O CI É feito de conformidade com as normas, regras e procedimentos implantados pela
Gestão do Ministério, sendo que cada nível faz o controlo de aderência a essas normas e
reporta sempre ao nível superior.

Em relação a regularidade com é feita actividade de controlo interno, sublinha-se o facto


de ser permanente. Contudo, o controlo financeiro no MEF é feito de forma permanente.
Todavia, o controlo financeiro é feito através de auditorias e obedece a critérios de
anualidade, tendo em conta uma matriz de risco (Idem.).

Assim, de acordo com o entrevistado C: o controlo financeiro no MEF é feito cinco vezes
por ano de forma distribuída pelo IGF, Tribunal Administrativo (TA) e pelo auditor
externo: A IGF faz o controlo duas vezes por ano; o TA faz uma vez por ano, quando
verifica toda a execução ou todos os processos; e o auditor externo. O auditor externo
verifica a conta gerência e faz a amostra e exige todos os processos.

36
Os procedimentos do SCI do MEF vão de encontro com a lógica de Costa (1996:35)
dentro das características do controlo interno segundo a qual "o CI em sentido lato
caracteriza-se por dois tipos de controlo: controlo interno administrativo (realizado pelo
TA) e controlo interno contabilístico (realizado pelo IGF)."

Os dados fornecidos pelo entrevistado C são justificados pelas informações prestadas


pelos inquiridos, que na sua maioria considera o controlo interno no MEF como sendo
bom, pois, 57% dos entrevistados quando questionados como era o CI no MEF
consideraram-no bom, como ilustra o gráfico a seguir.

Gráfico 1:avaliação do Sistema de CI pelos inquiridos

14%

29% 57%

Muito bom Bom Razoável Fraco

Fonte: Própria.

Tal como ilustra o gráfico 1, do total de inquiridos há também quem considera o CI em


vigor no MEF razoável e outros ainda, fraco.

Para o entrevistado C, "o sistema de controlo interno é eficaz e eficiente pois permite que
sejam alcançados os resultados esperados e facilita as operações financeiras, permitindo a
prevenção e detenção de fraudes com pouco tempo de investigação.

Visto que maioritariamente o SCI é considerado bom, através da presente pesquisa foi
possível apurar junto dos inquiridos o nível de satisfação em relação ao controlo
financeiro aplicado no MEF.

Assim, de acordo com dados colectados, o actual sistema de controlo é satisfatório, pois,
71% dos inquiridos dizem-se satisfeitos com o actual SCI e outros 29 dizem-se

37
insatisfeitos, visto que, segundo eles, justificando o porquê da sua resposta, ainda há
registo de casos de fraudes dentro da instituição.

Sobre casos de fraudes, houve por parte da instituição limitação em fornecer documentos
de registos de casos de fraudes, contudo, o entrevistado B avançou os dados abaixo.

Tabela 1: casos de fraudes registados de 2018 a 2020 no MEF.

Período 2018 2019 2020 TOTAL

Casos de 6 3 2 11
fraudes

% 55 27 18 100
Fonte: Própria

Como pode-se ver na tabela acima, durante o período em análise foram registados um
total de 11 casos de fraudes no MEF. O ano de 2018 destaca-se negativamente por ter
sido o ano que mais teve casos de fraude, o correspondente a 55% do total de casos
registados durante o período. Situação contrária deu-se no ano de 2020 onde foram
apenas registados dois casos, em 18% do total de casos registados durante o período em
análise.

Fazendo-se uma análise dos dados da tabela percebe-se uma tendência de redução de
casos de fraudes (Gráfico 2). De 2018 a 2020 houve redução em cerca de 67% em relação
ao maior número de casos registados (2018) e corresponde igualmente a uma redução em
36% em relação ao total de casos registados em todo o período em análise. Este cenário
deve-se a cada vez sensibilização e responsabilização criminal que têm sido levadas a
cabo pelo Governo a partir de 2019.

Gráfico 2: tendência de registo de casos de fraude no MEF (2018-2020).

38
7

0
2018 2019 2020
Fonte: Própria.

A tendência dos dados, a demonstrarem cada vez redução de casos de fraudes, mostraram
cada vez eficiência no sistema de controlo interno do MEF, pois, segundo o entrevistado
C, O actual SCI no MEF "dificulta em grande medida as acções de fraude através de
controlo de acesso e de segregação de funções; permite o rastreio de todo o ciclo de um
processo identificando o autor de cada acto, o que facilita a identificação e
responsabilização dos prevaricadores."

Na mesma linha de pensamento, estão os inquiridos, pois do total, a maioria,


correspondente a 71% considera que o actual SCI tem prevenido situações de fraudes na
instituição. Já os restantes 29% não mostram confiança no actual SCI na prevenção de
fraudes no MEF.

Do total dos inquiridos todos afirmaram nunca ter-se envolvido em situação de fraude o
que é justificado pelo facto das operações financeiras merecer registo por todos eles, tal
como responderam positivamente quando questionados se justificavam todos os gastos
por eles feito em nome da MEF com frequência.

Por outro lado, a redução de casos de fraudes, deve-se igualmente ao desenho e


implantação de um sistema de controlo interno fiável e operacional; através de formação
dos seus executores; através de submissão dos processos à avaliação da auditoria interna
e externa; através de punição dos prevaricadores (Entrevistado C.).

Mas por outo lado, como pode-se ressalvar de Sá (1996), as fraudes perduram quando
não existem controlos adequados e independência da auditoria. O que significa que a

39
prevalência de casos de fraude no MEF, embora esteja a reduzir, pode denunciar uma
situação de um SCI não adequado e uma auditoria dependente.

40
V. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1. CONCLUSÃO

De acordo com os dados sobre o registo de casos de fraudes no MEF, apurou-se um total
de 11 casos de 2018 a 2020, com uma tendência de redução. Apesar da redução nota-se
que ainda existem funcionários que enveredam pelo caminho da fraude financeira, ao se
pode concluir que o Sistema de Controlo Interno aplicado no MEF, ainda não é
totalmente eficaz na medida em que ainda permite que casos de fraude aconteçam, o que
faz com que parte dos funcionários inquiridos (29%) se mostre sem confiança no actual
SCI na prevenção de fraudes no departamento financeiro do MEF.

Conclui-se ainda que, a existência de fraudes no Ministério da Economia e finanças não está
relacionada exclusivamente associada a fragilidade do Sistema de Controlo Interno, mas
também a ignorância dos instrumentos legais que regem a instituição, por parte dos
funcionários, o que fragiliza o próprio sistema.
Apesar dos constrangimentos do SCI pode-se concluir que o SCI nas instituições do
Estado em Moçambique contribuem grandemente para a prevenção de fraudes, dados a
série de instrumentos e políticas de controlo financeiro desenhados pelo como o número
limitado em cada instituições que intervêm nas operações financeiras.

5.2. RECOMENDAÇÕES

Com a realização desta pesquisa, foi possível notar alguns aspectos dignos de
recomendação:

Ao Governo, recomenda-se maior fiscalização no cumprimento da legislação de modo


que não haja nenhum caso de fraude.

Aprimoramento do actual SCI através da introdução de auditorias internas de forma


periódica.

Desta feita, pode-se concluir que qualquer operação financeira feita deve obedecer
rigorosamente a esses instrumentos, qualquer acção a margem desses instrumentos
incorre numa fraude financeira, daí a necessidade de um controlo interno mais eficiente e
eficaz.

41
Como forma de manter maior controlo e evitar fraudes, no MEF são aplicadas políticas e
modelos de controlo interno. Por isso, o processo de registo das operações contabilísticas
e efectuado em livros apropriados e previamente aprovados por lei, entre eles o livro de
controlo orçamental e controlo bancário.

42
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Attie, W. (1998), Auditoria: Conceitos e Aplicações; 3ª.edição, São Paulo: Atlas.

Cavalheiro, J. B. & Flores, P. C. (2007):Organização do Sistema de Controle Interno


Municipal; 4ª edição, Rio Grande de Sul: Conselho Regional de Contabilidade.

Conceição, O. (2002): O Conceito de Instituição nas Modernas Abordagens


Institucionalistas, fapers.

Costa, C. B. (2000):Auditoria Financeira-teoria e prática, 7ª edição, Lisboa: Editora Rei


dos Livros.

Costa, C. B. (2004):Auditoria Financeira-teoria e prática, 7ª edição, Lisboa: Editora Rei


dos Livros.

Gil, A. C. (2006):Métodos e técnicas de Pesquisa social, 5ª ed., São Paulo: Atlas.

Gil, A. C. (1999):Métodos e Técnicas de Pesquisa Social, 5ª.ed., São Paulo: Atlas.

Gil, A. C. (2008): Métodos e Técnicas de Pesquisa Social, 6ª ed., São Paulo: Atlas.

Guambe, A. J. (2011):Metodologia de Investigação Científica – Manual do Estudante. 1ª


Edição, Maputo: ISRI.

Marconi, M. de A. e Lakatos, E. M, (2007): Metodologia do Trabalho Científico, 4ª


edição, São Paulo: Atlas.

Sá, A. L., (1998): Curso de Auditoria, 8ª edição, São Paulo: Atlas.

Severino, A. J., (2009):Metodologia do Trabalho Científico, 23ª ed. revista, São Paulo:
Cortez Editora.

Silva, E. L. & Meneses, E. M., (2001): Metodologia da Pesquisa e Elaboração de


Dissertação, 3ª ed., São Paulo: Florianópolis, Laboratório de Ensino à Distância da
UFSC.

Beuren, I. M. (2004): Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e


Prática. 2ª ed., São Paulo: Atlas.

IFAC. Norma Internacional de Revisão/Auditoria – 400 (NIR 400).

43
Decreto n.º 40/99, de 29 de Junho, aprova o Estatuto Orgânico da Inspecção-Geral de
Finanças;

Diploma Ministerial n.º 57/2000, de 21 de Junho, Regulamento Interno do Estatuto


Orgânico da Inspecção-Geral de Finanças;

Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro: Sistema de Administração Financeira do Estado –


SISTAFE;

44
Apêndices

v
Apêndice 1:Guião de entrevista destinado ao Ministério da Economia e Finanças
UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOCAMBIQUE

Guião de entrevista destinado ao Ministério da Economia e Finanças para efeitos de


recolha de dados para o Trabalho de Conclusão de Licenciatura

O presente guião de entrevista tem em vista a obtenção de informações destinadas a


composição do Trabalho de Conclusão de Licenciatura em Gestão Financeira e Bancária
com tema, “CONTRIBUTO DO SISTEMA DE CONTROLO INTERNO NA
PREVENÇÃO E DETENÇÃO DE FRAUDES NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS EM
MOÇAMBIQUE: Caso do Ministério da Economia e Finanças (2018 – 2020)”. Neste
âmbito, sublinha-se que o trabalho tem apenas uma finalidade científica, sendo que a
pesquisadora compromete-se a observar os princípios éticos e profissionais.

1. Que normas regulam a actividade administrativa e financeira do MEF?


2. Que políticas e modelos do sistema de controlo interno são aplicados no Ministério da
Economia e Finanças?
3. Como é feito o controlo interno na instituição?
4. Com que regularidade é feito o controlo financeiro no MEF?
5. Com que frequência tem havido fraudes financeiras no MEF?
6. De que forma a instituição tem garantido a prevenção de fraudes no MEF?
7. Até que ponto o actual sistema de controlo interno tem influência na prevenção de
fraude?
8. Como é feita a execução e demonstrações financeiras no Ministério da Economia e
Finanças?
9. Como avalia a eficiência e eficácia do sistema de controlo interno na prevenção de
fraudes financeiras?

Elaborado por: Bensa Vandra Alberto Muhacha

vi
Apêndice 2:Questionário dirigido aos funcionários do MEF.
UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOCAMBIQUE

Pesquisa sobre o“Contributo do Sistema de Controlo Interno na Prevenção e Detenção de


Fraudes nas Instituições Públicas em Moçambique: caso do Ministério da Economia e
Finanças (2018 – 2020)”.

Questionário
O presente questionário tem em vista a obtenção de informações que possibilitarão
a composição do trabalho de conclusão de licenciatura em gestão financeira e
bancária com tema. Neste âmbito, a sua opinião é muito importante para garantir
um trabalho fidedigno. Tendo uma finalidade científica, o pesquisador compromete-
se a observar os princípios éticos de forma a proteger a identidade do respondente.
Desde já agradecemos o tempo dispensado no preenchimento do presente
questionário.
Nome7:___________________________________________________________
Idade: _____ Sexo: Masculino____Feminino____ Nível académico___________

Função: ____________________________________________

Tempo de serviço no MEF___________

1. Como tem sido o controlo interno no MEF?

Fraco____ Razoável____ Bom____ Muito bom____


2. Está satisfeito com o actual sistema de controlo contabilístico existente no MEF?
Sim____ Não____
a) Se “não” porque?
____________________________________________________________
3. Sente que o actual sistema de controlo contabilístico no MEF tem prevenido fraudes?
Sim____ Não____

a) se não, porque?
____________________________________________________________

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Preenchimentonãoobrigatório

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3. Já esteve envolvido em esquema de fraude?
Sim____ Não____
a) Se sim, quantas vezes?

1 vez ____ 2 vezes ____ 3 vezes ____ Mais de 3 vezes____


4. Têm justificado os gastos feitos em nome da instituição?
Sim____ não____
Se sim, com que regularidade?
Sempre____ não sempre____ apenas quando exigido____

Elaborado por: Bensa Vandra Alberto Muhacha

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