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Valy Alfredo Ismael

O Contributo das Instituições das Microfinanças no Desenvolvimento do Comércio


Informal Caso: Mercado Municipal de Xhikelene Cidade de Maputo de 2017 à 2019

Licenciatura em Gestão de Comércio com habilitação em Gestão Financeira

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo

2022
Valy Alfredo Ismael

O Contributo das Instituições das Microfinanças no Desenvolvimento do Comércio


Informal caso: Mercado Municipal de Xhikelene Cidade de Maputo de 2017 à 2019

Monografia científica apresentada ao


Departamento de Economia e Gestão,
Faculdade de Economia e Gestão, para
obtenção do grau académico de Licenciatura
em Gestão de Comércio com habilitação em
Gestão Financeira.

Supervisor:
Dr. Arnaldo Narrupaca

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo

2022
ii

Índice
LISTA DE GRÁFICOS ..................................................................................................................iv

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................................ v

DECLARAÇÃO .............................................................................................................................vi

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... vii

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................ viii

RESUMO .......................................................................................................................................ix

ABSTRACT .................................................................................................................................... x

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1.1. Problema de pesquisa ........................................................................................................ 2


1.2. Objectivos ............................................................................................................................. 3
1.2.1. Geral ............................................................................................................................... 3
1.2.3. Específicos ..................................................................................................................... 3
1.3. Hipóteses ............................................................................................................................... 3
1.4. Justificativa ........................................................................................................................... 3
CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 5

2.1. Historial das microfinanças .................................................................................................. 5


2.2. Microfinanças ....................................................................................................................... 6
2.3. Características de microfinanças .......................................................................................... 7
2.3.1. Público-alvo ................................................................................................................... 7
2.3.2. Tipo de Serviços ............................................................................................................. 7
2.3.4. Tipo de produtos............................................................................................................. 8
2.4. Microcrédito.......................................................................................................................... 8
2.5. Metodologias de microcrédito .............................................................................................. 8
2.6. Diferença entre microfinanças e microcrédito .................................................................... 10
2.7. Desempenho social das instituições de microfinanças ....................................................... 11
2.8. Razões da preferência das instituições microfinanceiras .................................................... 12
2.9. Impacto de microfinças sobre o nível de bem-estar das familias ....................................... 13
2.9.1. Económicos .................................................................................................................. 13
iii

2.9.2. Sócio-políticas e culturais ............................................................................................ 13


2.9.3. Pessoais e psicológicos................................................................................................. 13
2.10. Importância de microfinanças ........................................................................................... 14
2.11. Vantagens de microfinanças ............................................................................................. 14
2.12. Desvantagens de microfinanças ........................................................................................ 15
2.13. Microfinanças em Moçambique ....................................................................................... 16
2.14. Desenvolvimento .............................................................................................................. 17
2.15. Comércio informal ............................................................................................................ 17
CAPÍTULO III: METODOLOGIA ............................................................................................... 19

3.1. Metodologia ........................................................................................................................ 19


3.2. Quanto aos procedimentos técnicos .................................................................................... 19
3.2.1. Bibliográfica ................................................................................................................. 19
3.3. Quanto a abordagem ........................................................................................................... 19
3.4. Quanto aos objectivos ......................................................................................................... 20
3.5. Quanto as técnicas de recolha de dados .............................................................................. 20
3.5.1. Questionário ................................................................................................................. 20
3.6. Quanto aos métodos de procedimentos metodológicos ...................................................... 20
3.6.1. Estudo de caso .............................................................................................................. 20
3.6.2. Monográfico ................................................................................................................. 21
3.7. População e amostra ........................................................................................................... 21
CAPÍTULO IV ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 22

4.1. O Mercado xhikelene .......................................................................................................... 22


4.2. Análise e interpretação de resultados .................................................................................. 23
5. CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 34

6. REFERENCIAS BIBLIGRAFICAS ......................................................................................... 36

APÊNDICES ................................................................................................................................. 38

ANEXOS ....................................................................................................................................... 40
iv

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Quanto ao sexo?………………………………….…………….…………………. 22


Gráfico 2: Quanto a tempo está no negócio?…………….….……….………………………. 23
Gráfico 3: Já fez um empréstimo?……………………….……. 24
Gráfico 4: O que motivou-lhe a efectuar empréstimo nas microfinanças?…………….…….. 25
Gráfico 5: Quanto a taxa de juro…………….……….…….……. 26
Gráfico 6: Quanto a melhoria do empréstimo efectuado …………………….….………….. 27
Gráfico 7: Quanto a melhoria das condições de vida a partir das microfinanças.…………… 28
Gráfico 8: Quanto as vantagens das microfinanças……….…………………………………. 29
Gráfico 9: Já ofereceu emprego no seu negócio?…………………………...……………….. 30
Gráfico 10: quanto a renda média mensal das actividades……….….…………...………….. 31
Gráfico11: Quanto a avaliação das microfinanças em termos de burocracia ………….…… 32
v

LISTA DE ABREVIATURAS

BM - Banco de Moçambique
BM - Banco Mundial
INE - Instituto Nacional de Estatística
ONG - Organização não Governamental
ONU - Organização das Nações Unidas
vi

DECLARAÇÃO

Valy Alfredo Ismael, declaro por minha honra que esta Monografia é resultado da minha
investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as
fontes consultadas estão devidamente no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, _____de_______________ de 2021

______________________________

(Valy Alfredo Ismael)


vii

DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho aos meus pais Alfredo Ismael e Glória Inácio, pelo amor deles
concretizaram a minha existência.

Ao meu querido irmão Abdul Alfredo Ismael (em memória), que nos deixou há pouco tempo,
mas fez tanto por mim ao longo da sua vida e continua sendo minha maior força e inspiração da
vida.
viii

AGRADECIMENTOS

Agradecer a Universidade Pedagógica de Maputo, enquanto instituição de ensino superior, por ter
proporcionado todas as condições necessárias para a realização desta Licenciatura. Ao corpo
docente, com capacidades únicas e com conhecimentos ímpares, que sempre motivados
conseguiram transmitir o máximo de informação de forma intuitiva e prática.

Vai os meus agradecimentos a minha família, em especial ao meu irmão Abdul Ismael (em
memória) e minha cunhada Gertrudes Fernando (que me receberam na sua casa, cuidando de
mim, não deixando que faltasse nada); aos meus irmãos Isaura, Ismael, Omar, Taibo e Ussene
Ismael; aos meus sobrinhos Ahmad Ismael e Chaquil Ismael.

Endereçar os meus agradecimentos ao meu Supervisor Arnaldo Narrupaca pelo empenho em


acompanhar-me na elaboração do presente trabalho.

Também aos meus colegas da turma, em especial ao David Chemane, Edma Biatriz, Eusébio
Manjate, Flor Xerinda, Leonel Nzango, Lourenço Zimba, Marta Manhiça, Mauro Uamba,
Miriamo Ngove, Muanacha Cassimo, Natalino Simango e Ricardina Chaúque.

A todos vocês vai o meu NDATENDA!


ix

RESUMO

O presente trabalho tem como tema: O Contributo das Instituições das Microfinanças no
desenvolvimento do comércio informal caso: mercado municipal de xhikelene cidade de Maputo
de 2017 a 2019, foi realizado no âmbito da culminação do curso de licenciatura em gestão de
comércio na Universidade Pedagógica de Maputo e tem como objectivo Analisar o contributo das
instituições de microfinanças no desenvolvimento do comércio informal no mercado municipal
de xhikelene no período entre 2017 - 2019. Para o alcance deste objectivo, a pesquisa adoptou
uma metodologia qualitativa com uso de métodos e técnicas que permitiram recolher e analisar os
dados com vista alcançar os resultados expostos no trabalho. A análise e interpretação de dados
basearam-se no cruzamento entre as teorias defendidas pelos autores com as informações obtidas
no local onde foi realizada a pesquisa. Da análise de dados chegou-se a conclusão de que as
instituiçoes de microfinanças contribuem no desenvolvimento do comércio informal. Pois este é
uma ferramenta de extrema importância para o crescimento do comércio informal,
informalidades são todas as relações de natureza económica, jurídica, social ou burocrática que,
não estando reguladas parcial ou totalmente, existem e fazem parte das regras de funcionamento
da sociedade e contribuem para que os padrões de reprodução da sociedade e economia
persistam.

Palavras-chave: Microfinanças, Desenvolvimento e Comércio informal.


x

ABSTRACT

The present work has as its theme: The Contribution of Microfinance Institutions in the
development of informal commerce case: municipal market of xhikelene city of Maputo from
2017 to 2019, was carried out as part of the culmination of the degree course in trade
management at the Pedagogical University of Maputo and aims to analyze the contribution of
microfinance institutions in the development of informal trade in the municipal market of
xhikelene in the period between 2017 - 2019. To achieve this objective, the research adopted a
qualitative methodology using methods and techniques that allowed the collection of and analyze
the data in order to achieve the results exposed in the work. The analysis and interpretation of
data were based on the intersection between the theories defended by the authors and the
information obtained in the place where the research was carried out. Data analysis led to the
conclusion that microfinance institutions contribute to the development of informal commerce.
As this is an extremely important tool for the growth of informal commerce, informalities are all
economic, legal, social or bureaucratic relationships that, not being partially or totally regulated,
exist and are part of the rules of operation of society and contribute so that the reproduction
patterns of society and economy persist.

Keywords: Microfinance, Development and Informal Commerce.


1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Geralmente nos países em via de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique, o mercado


financeiro formal é praticamente inacessível aos pobres, que perfazem cerca de 80% do agregado
populacional desse grupo de países. Esta exclusão no acesso aos serviços financeiros básicos,
para além de aumentar os níveis da pobreza absoluta, contribui de certa forma para o surgimento
de monopólios informais, cujas taxas de juros cobradas pela prestação destes serviços são
excessivamente elevadas. Por isso o presente trabalho debruça-se sobre: O Contributo das
Instituições das Microfinanças no desenvolvimento do comércio informal.

Daí que, a inclusão financeira torna-se um elemento fundamental para o crescimento,


desenvolvimento e estabilidade económica. Sendo assim, torna-se relevante promover soluções
que permitam ultrapassar as barreiras que de forma natural e sistemática tendem a excluir parte
da população.

A experiência internacional de programas microfinanceiros bem-sucedidos como o Banco


Grameen no Bangladesh, sugere que o desenvolvimento deste tipo de actividades, por instituições
financeiras sustentáveis, pode contribuir de forma positiva para a introdução de mudanças
graduais no nível de vida da população de baixa renda, pois os recursos financeiros constituem
condição básica para um desenvolvimento económico-social harmonioso e sustentável.

Visando cumprir o objectivo proposto, o trabalho está organizado com a seguinte estrutura: no
primeiro capítulo é apresentada a introdução do trabalho, aspectos relacionados a definição do
problema de pesquisa, de seguida são apresentados os objectivos geral e específicos, as hipóteses
levantadas, segue-se a delimitação do tema, e por fim é apresentada a justificativa da escolha do
tema e sua relevância. No segundo capítulo é realizada uma revisão da literatura sobre as
variáveis microfinanças, inclusão financeira e desenvolvimento económico local, suas
características, as metodologias adoptadas pelas instituições microfinanceiras para concessão do
crédito, diferença do termo microcrédito e microfinanças, ainda neste capítulo é feita uma breve
contextualização histórica dos principais acontecimentos a nível mundial e de forma particular no
contexto moçambicano em torno das microfinanças.
2

1.1.Problema de pesquisa
Nos últimos séculos deparamo-nos com uma crise económica profunda que, por sua vez, trás
consequências negativas para as camadas da sociedade mais pobres, principalmente ao nível do
desemprego, tornando as sociedades cada vez menos sustentáveis e competitivas (ARAÚJO,
2010).

Segundo o BM (2013), população moçambicana enfrenta grandes desafios para superar a


exclusão financeira que se verifica pela dificuldade no acesso e uso efectivo dos serviços
financeiros fornecidos pelas instituições que operam no sistema financeiro nacional.

A mesma fonte aponta que o índice de desenvolvimento humano da população de baixa renda
tem sido afetado negativamente pela má qualidade de vida, realçando que apesar do aumento de
instituições que operam no sistema financeiro nacional bem como os respectivos pontos de
acesso a serviços financeiros, o índice de inclusão financeira continua baixo.

Em Moçambique particularmente, nota-se a necessidade de aumentar a relação entre a prestação


de serviços financeiros e redução da pobreza, o que pressupõe também permitir o acesso destes
serviços às pessoas praticamente excluídas do sistema financeiro tradicional. As microfinanças é
construir um mundo em que o maior número possível de famílias pobres e quase pobres tenham
acesso permanente a um conjunto adequado de serviços financeiros de alta qualidade. Essa visão
envolve quatro objectivos comuns:
Amplitude do alcance: proporciona o acesso ao maior número possível de pessoas excluídas do
sistema tradicional financeiro com vista a melhorar sua condição de vida. Profundidade do
alcance: alcançar dentro dos limites prático o cliente nos estratos mais baixos de renda, os
excluídos do tradicional sistema financeiro de modo a melhorar o acesso a estes serviços.
Qualidade do serviço: oferecer uma variedade adequada dos produtos financeiros (poupança,
empréstimo e seguros), que atendam as necessidades reais dos clientes. Auto-sustentação
financeira: estabelecer os preços para os serviços financeiros que cubram os custos e mantenham
os tais serviços quando os doadores ou governos não estiverem mais dispostos ou não poderem
mais subsidiá-los. (PNUD:2000)
É neste contexto que se conduz a presente pesquisa com a seguinte pergunta de partida:

Em que medida as instituições de microfinanças contribuem no desenvolvimento do comércio


informal?
3

1.2. Objectivos

1.2.1. Geral

Analisar o contributo das instituições de microfinanças no desenvolvimento do comércio


informal.

1.2.3. Específicos

➢ Identificar as vantagens e desvantagens das microfinanças no desenvolvimento do comércio


informal;
➢ Explicar a Importância das microfinanças no desenvolvimento do comércio informal;
➢ Descrever as causas de aderência dos comerciantes informais às microfinanças.

1.3. Hipóteses
H1: As instituições de microfinanças contribuem no desenvolvimento do comércio informal, é
instrumento de redução de desemprego no sector informal, cria posto de trabalhos, gera rendas e
melhora a vida das famílias;
H2: As instituições de microfinanças não contribuem no desenvolvimento do comércio informal,
não é instrumento de redução de desemprego no sector informal, não cria posto de trabalhos, não
gera rendas e nem melhora a vida das famílias.

1.4. Justificativa
Tomando em análise, o tema desta pesquisa convém mencionar a relevância do assunto em
destaque na medida em que o fundamento da escolha deste é de grande importância, tendo em
conta que as microfinanças.

Diante dos aspectos acima arrolados viu-se a necessidade de estudar este tema para aferir a
importância do contributo das microfinanças no desenvolvimento do comércio informal.

A razão da escolha deste tema bastante actual e relevante para a pesquisa, prende-se com o facto
de procurar aliar o aprendizado teórico com a realidade prática dentro das organizações e de
forma particular aferir como as instituções de microfinaças tem gerido este processo que é
indispensável para mantê-la em funcionamento efectivo e sustentável.
4

Para a academia, esta temática reveste-se de grande relevância na medida em que servirá de fonte
de consulta para efeitos de prosseguimento de outras pesquisas relacionadas com o objecto da
presente pesquisa.

Para a Instituição pesquisada, esta pesquisa será de capital relevância na medida em que as
constatações que serão obtidas com base no trabalho de campo, pode auxiliar no aprimoramento
das estratégias de desenvolvimento do sector informal.

No contexto sociocultural, este tema constituiu elemento importante na medida em que vai
estimular o desenvolvimento do comércio informal, ao permitir que a população que não tem
acesso ao crédito bancário, o tema vai estimular o interesse por parte da população em usar os
serviços que melhor se adequem às suas necessidades, o que vai permitir desenvolver novos
negócios, investimentos, e melhoria das condições de vida desta população.
5

CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Historial das microfinanças

A primeira manifestação de serviços microfinanceiros surge quando é criada a Associação de


Pão, esta associação alemã, criada em 1846, pelo pastor Rauffeinsen, surge com o objectivo de
ajudar os fazendeiros locais que ficaram endividados e dependentes dos credores locais, após um
inverno rigoroso e destrutivo. Com o passar do tempo, esta associação evoluiu e transformou-se
numa cooperativa de crédito para a população pobre (PSICO 2010, 15).

“Na sua plenitude, o microcrédito surge com a experiência iniciada em 1976, no Bangladesh por
Muhammad Yunus” (YUNUS, 2003).

Muhammad Yunus formado em economia pela universidade de Vanderbilt, Estados


Unidos da América, no seu regresso a Bangladesh apercebe-se do aumento da fome e da
pobreza, provocado pela guerra de independência, que levou à destruição de
infraestruturas e ao colapso da rede de transportes do seu país, também pela serie de
catástrofes naturais que em meados dos anos 70 se abateu sobre Bangladesh. Havendo
esta necessidade, Yunus criou um programa para desenvolver a agricultura de irrigação,
este projecto desenvolvido em Jobra, consistiu em criar uma associação de agricultores
que iria operar usando a técnica de furos e com um sistema de distribuição de água bem
delineado, o que permitiu que em épocas de seca onde a terra não era usada, se criasse a
chamada terceira colheita, o que permitiu o aumento da sua productividade naquela região
e os proprietários tiveram benefícios rapidamente (YUNUS, 2003 citado por PSICO,
2010).

Rapidamente Yunus, apercebeu-se que os resultados da sua estratégia não eram suficientes e não
abrangiam os mais necessitados. Decidiu então estar em contacto permanente com aqueles que
mais necessitavam para perceber a real natureza do problema, visto que estes faziam de tudo para
sir da extrema pobreza em que se encontravam.

Yunus percebeu que o problema residia no financiamento a que estas pessoas recorriam para
comprar as matérias-primas, as taxas cobradas nos empréstimos realizados eram demasiado altas
e o dinheiro da venda da produção servia inteiramente para o pagamento do empréstimo e dos
6

juros, não sobrando deste modo recursos para conseguirem criar a auto-suficiência do seu
negócio, tornando assim os devedores dependentes dos seus credores.

Yunus decidiu financiar como seu próprio dinheiro estas pessoas, permitindo-lhes a compra de
matéria-prima e venda dos produtos a quem lhes oferecesse melhor valor. Dada esta
oportunidade, os devedores se tornaram independentes das instituições financeiras a quem tinham
recorrido anteriormente, dando-lhes a possibilidade de criarem fundos para sustentarem os seus
negócios e suas famílias. Então pela primeira vez, Yunus criou o Microcrédito.

Muhammad Yunus, ao verificar o sucesso da sua experiencia, teve vontade de expandir seu
projecto para uma escala mais alargada, com objectivo de proporcionar a cada vez mais famílias
a ajuda necessária para estes saírem da situação de pobreza em que se encontravam. Sem sucesso,
Yunus buscou ajuda junto d vários banqueiros, visto que o microcrédito era baseado em
confiança, não existindo deste modo garantias para os bancos em torno do reembolso total e
dentro do prazo por parte dos devedores (Idem, pp.16).

Em 1983, Yunus cria a primeira instituição para a prática do microcrédito. Surge então o
Grameen Bank, vocacionado para aqueles que mais necessitavam, implementando uma nova
forma de emprestar dinheiro. E com o passar dos anos foram surgindo várias instituições que se
inspiravam na perspectiva de Muhammad Yunus, enraizando deste modo o sector de
microfinanças a nível mundial.

2.2. Microfinanças

Segundo PSICO (2010:15) “microfinanças é a prestação por instituições financeiras rentáveis e


sustentáveis, de serviços financeiros, envolvendo montantes unitários reduzidos, às pessoas e
pequenas empresas, formais e informais, de baixo rendimento e que por esta razão estão
excluídas ou têm dificuldade de acesso ao sistema financeiro tradicional”.

“Microfinanças é o conjunto de serviços financeiros (poupança, créditos e seguros), prestados por


instituições financeiras ou não, para indivíduos de baixa renda e microempresas (formais e
informais) excluídas (ou com acesso restrito) do sistema financeiro tradicional” (MONZONI,
2008:30).
7

2.3. Características de microfinanças

As organizações de microfinanças seguem um padrão de pequenas agências, localizadas próximo


dos clientes, com estruturas que oferecem serviços rápidos e adequados para o tipo de clientes a
que se destinam, sendo caracterizado pelos seguintes aspectos:

2.3.1. Público-alvo

➢ Pessoas excluídas do serviço bancário tradicional;


➢ Microempreendedores e indivíduos de baixa renda ou mesmo pobres, mas ocupados com
alguma actividade que dê rendimentos;
➢ Indivíduos ou grupos solidários;
➢ Pequenas associações;
➢ Indivíduos com um mínimo de capital fixo, não há uma separação clara entre as finanças
dos negócios e as da família.

2.3.2. Tipo de Serviços

➢ Os primeiros empréstimos são de pequenos valores, crescendo gradualmente de acordo


com a capacidade de absorção e pagamento;
➢ Tratamento personalizado, com tramites ágeis, oportunos e atendimento ao cliente muitas
vezes no seu próprio empreendimento;
➢ Condições de empréstimos, em termos de valor, prazo e garantias, adequadas ao tamanho
do negócio, ao tipo de actividade, à necessidade de crédito e à capacidade de pagamento;
➢ Paralelamente ao crédito, são oferecidos serviços complementares, como a capacitação
técnica e de gestão ao cliente, contribuindo para a sustentabilidade de seu
empreendimento;
➢ Utilização da metodologia dos grupos solidários como garantia do retorno dos créditos;
➢ Prazos relativamente curtos, adequados às actividades do tomador;
➢ Não há mais de um crédito simultâneo para um mesmo cliente.
8

2.3.4. Tipo de produtos

Assim como no sector bancário tradicional, o sector microfinanceiro, de acordo com o grau do
seu desenvolvimento de região para região, possui um conjunto variado de produtos virados para
o cliente, contudo, os produtos mais comuns são:

➢ Créditos individuais e grupais;’


➢ Poupança;
➢ Microseguro;
➢ Acessória empresarial ao cliente;
➢ Cartões de crédito;
➢ Capacitação de clientes.

2.4. Microcrédito

Segundo DE SOUSA (2012) “microcrédito consiste em serviços financeiros de pequena escala,


isto é, que envolvam valores baixos”.

“Microcrédito é a concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos empreendedores


informais e microempresas sem acesso formal ao sistema financeiro tradicional, principalmente
por não terem como oferecer garantias reais. É um crédito destinado à produção (capital de giro e
investimento) e é concedido como uso específica (MONZONI, 2008:31) ”.

Salientando a ideia do autor, o termo microcrédito consiste no processo de concessão de


empréstimos de baixo valor a pessoas de baixa renda.

2.5. Metodologias de microcrédito

A metodologia designa a forma, através da qual a instituição irá oferecer os seus produtos e
serviços aos clientes que pretende atingir, esta metodologia deve ser concebida tendo em vista a
realização plena dos seus objectivos, quer seja, económicos, sociais entre outros, a metodologia
por si deve permitir a minimização do risco, ir ao encontro das espectativas dos clientes.

A grande maioria das instituições de microfinanças concede crédito na base de empréstimos a


grupos solidários sem garantias colaterais. Algumas começam com uma metodologia e mais tarde
9

mudam ou diversificam para outra, de modo a não excluir certas categorias socioeconómicas de
clientes (ONU, 2012).

➢ Empréstimos de grupos

Os empréstimos de grupos são uma abordagem moderna que permite emprestar pequenas
quantias de dinheiro a um grande número de clientes que não possuem garantias colaterais. A
composição dos grupos vária, mas a maioria tem entre quatro e oito membros, o grupo alvo elege
os seus membros antes de pedirem o empréstimo.

➢ Empréstimos individuais

Apenas um conjunto de instituições financeiras convencionais (por exemplo os bancos) concede


empréstimos individuais para pessoas com baixo rendimento. Isto simplesmente porque os
clientes mais pobres são considerados de alto risco, devido à sua falta de garantias colaterais,
associada à natureza da exigência de recursos destes créditos e por conseguinte a falta de
proveitos de um grande número destes pequenos créditos. Actos de usura miúde definem um teto
para as taxas de juros, que podem estar abaixo das taxas exigidas pelas microfinanças, limitando
ainda mais a probabilidade dos empréstimos individuais serem concedidos aos clientes
microfinanceiros mais pobres.

➢ Uniões de Crédito

As uniões de crédito são organizações populares que operam como cooperativas de poupança e
empréstimos baseadas num sistema de sociedade financeira. Estas organizações recolhem as
poupanças e fornecem créditos à curto prazo, a procura de empréstimos dos associados costumam
ser limitados a um múltiplo baixo das poupanças. Na maioria das áreas rurais, as uniões de
crédito são ainda a única fonte de serviços de depósito e de crédito, para além do mercado
financeiro paralelo, por terem tanto objectivos sociais como comerciais, as uniões de crédito
desenvolvem um papel chave na concessão de serviços financeiros para os mais carenciados.

➢ Village banking (Bancos comunitários)

Os bancos comunitários são modelos de serviços financeiros que permitem às comunidades


pobres estabelecerem as suas próprias associações de crédito e poupança. Os bancos comunitários
10

fornecem linhas de crédito sem garantias colaterais para os empréstimos dos seus membros e
ainda um lugar onde investir as poupanças e promover a solidariedade social.

A agência que patrocina concede um empréstimo ao banco comunitário, o qual por sua vez,
concede empréstimos individuais aos seus membros, o banco concede este empréstimo porque
confia na pressão e apoio da sociedade entre os membros para assegurar as amortizações. O
crédito é associado às poupanças, e na maioria dos casos, o volume dos empréstimos está
relacionado com a quantia que cada beneficiário conseguiu poupar. As poupanças são guardadas
no banco e posteriormente emprestadas ou investidas para aumentar os recursos do banco.

➢ Associações de grupos de ajuda mútua

As associações de poupanças e créditos em circulação existem em muitas partes do mundo e são


denominadas de diferentes maneiras. São muitas vezes organizações geridas por mulheres, que
poupam pequenas quantias e que podem assim beneficiar de empréstimos dos valores comuns
numa base circulatória. As outros grupos de ajuda mútua têm sido utilizados pelas instituições de
microfinanças para empréstimos de grupos.

2.6. Diferença entre microfinanças e microcrédito

Segundo MONZONI (2008), microfinanças “é um conjunto de serviços financeiros (poupança,


crédito, seguro, etc), prestados por instituições financeiras ou não, para indivíduos de baixa renda
e microempresas (formais e informais) excluídas (ou com acesso restrito) do sistema financeiro
tradicional”.

O microcrédito refere-se concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos empreendedores


informais e microempresas sem acesso formal ao sistema financeiro tradicional, principalmente
por não terem como oferecer garantias reais, ou seja, é um crédito destinado à produção (capital
de giro e investimento) e é concedido com uso de metodologia específica (ARAÚJO,2010).

Contudo, microfinanças é um conjunto de serviços incluindo o microcrédito. Microcrédito no


contexto das microfinanças é a concessão de crédito de pequeno montante, e distingue-se dos
demais tipos de empréstimos essencialmente pela metodologia utilizada, bastante diferente
daquela adoptada para as operações de crédito tradicional.
11

O microcrédito difere do crédito convencional pelos seguintes aspectos:

➢ Não é operado por instituições financeiras convencionais, mas também por cooperativas,
associações, ONG’s e instituições especializadas em microcrédito;
➢ Está direcionado principalmente a clientes de baixa renda e tem como objectivo último a
melhoria das condições sociais e económicas destes clientes, de suas famílias e das
comunidades onde se encontram inseridas;
➢ Adota metodologias específicas, diferentes das práticas bancárias tradicionais, na análise,
liberação, acompanhamento e cobrança dos créditos, bem como formas alternativas de
garantia (como a fiança solidária), compatíveis com o perfil socioeconómico dos clientes;
➢ Buscar reduzir ao máximo o custo de transação para o cliente através de:
i) Localização de pontos de atendimento na proximidade espacial dos clientes;
ii) Simplificação e desburocratização dos procedimentos de crédito;
iii) Garantir agilidade na análise e liberação do crédito.

2.7. Desempenho social das instituições de microfinanças

Segundo PSICO (2010), o desempenho social é a tradução efectiva da missão social da


instituição na prática. O valor social de uma instituição microfinanceira diz respeito á maneira
como os serviços financeiros, que oferece, melhoram as condições de vida dos clientes pobres e
excluídos e das suas famílias, ampliam o leque de oportunidades para as comunidades. Para criar
este valor, a instituição microfinanceira deve traçar objectivos sociais que:

➢ Sirvam um número crescente de pessoas pobres e excluídas de uma forma contínua e


sustentável, tanto pela abrangência, quanto pela profundidade de alcance;
➢ Melhorarem a qualidade e adequação dos produtos e serviços financeiros disponíveis para
os clientes alvo, através de uma avaliação sistemática das suas necessidades específicas;
➢ Criarem benefícios para os seus clientes e suas famílias, reforcem o capital e os laços
sociais das comunidades a quem servem, criem activos, reduzam a vulnerabilidade,
aumentem os rendimentos e o acesso aos serviços e que satisfaçam as necessidades
básicas dos seus clientes e das comunidades onde operam;
12

➢ Melhorem a responsabilidade social da instituição de microfinanças com relação aos seus


empregados e a comunidade que dela se serve.

Ainda segundo o autor, o desempenho social não é apenas a mensuração destes objectivos e
resultados mas é também o conjunto de ações e medidas corretivas tomadas pela instituição de
microfinanças para gerar estes resultados.

O desempenho social não focaliza apenas o impacto final, o objectivo é determinar se a


instituição de microfinanças dispõe de meios próprios para alcançar as suas metas sociais, através
de monitoração progressiva em direcção às suas metas e compreender como usar a informação
que possuí para melhorar as suas operações.

O funcionamento de uma organização segue uma cadeia lógica entre: intenção, acções e efeito. E
o desempenho de uma instituição reflete-se nos resultados obtidos em cada componente de cadeia
de actividades, o que vai corresponder às possibilidades óptima da organização, ou seja,
corresponde aos resultados obtidos em termos de definição de objectivos e do impacto de acções
face aos meios envolvidos.

2.8. Razões da preferência das instituições microfinanceiras

Nas instituições microfinanceiras, os termos e as condições de empréstimos são livres e bastante


limitadas, sendo rápidas e imediatas ao mesmo tempo em que as garantias são verbais, o que
contrasta com a burocracia e procedimentos exigidos pelo sector formal.
A despeito deste assunto, a maioria dos entrevistados revelou que preferem as instituições
microfinanceiras, por estas serem flexíveis na concessão do crédito, a ausência de burocracias,
bem como pela crescente presença de balcões das instituições microfinanceiras nos mercados
informais.

Portanto, as instituições microfinanceiras, encaram o risco, através da adopção de novas


tecnologias que substituem a falta de garantias e a falta de registos de contabilísticos por relações
de confiança e solidariedade entre os clientes e entre estes e a organização. As informações são
colectadas de maneira informal e no local pelos agentes do crédito que são peças-chave nessa
nova tecnologia financeira (Mussagy, 2005). Nesta perspectiva, as instituições microfinanceiras
13

baseiam-se na confiança pessoal e grupal, no conhecimento informal sobre o cliente e seu


negócio, e nas relações pessoais entre os agentes e os clientes (ibidem).

2.9. Impacto de microfinças sobre o nível de bem-estar das familias

O impacto da actividade financeira pode ser agrupado em três categorias:

2.9.1. Económicos

➢ Expansão dos negócios ou transformação da empresa beneficiária;

➢ Aumento do rendimento num subsector da economia informal;

➢ Acumulação agregada de riqueza por parte das famílias e comunidades;

2.9.2. Sócio-políticas e culturais

➢ O crescimento do negócio permitirá um movimento colectivo do sector informal para o


formal;

➢ Cria mudanças nas relações de poder;

➢ A redistribuição do poder ao nivel das familias (por exemplo, aumentando o poder de


decisão económica por parte das mulheres);

➢ Mudanças ao nivel educacional e nutricional das crianças, como resultado da concessão


de créditos às suas mães;

2.9.3. Pessoais e psicológicos

➢ Aquisição de maior poder na familia ou comunidade como resultado de serviços


financeiros;

➢ Abertura de novos horizontes, no caso em que o investimento é feito através de fundos


obtidos (empréstimos, donativos, herança, etc) (Mussagy, 2005);
14

2.10. Importância de microfinanças

O papel do crédito é “considerado historicamente como fundamental e indispensável para a


manutenção e desenvolvimentos das civilizações. Dois valores interagem na formação do crédito:
o tempo, que se refere ao período entre aquisição e liquidação do crédito, e a confiança, que deve
haver entre credor e devedor. Tais valores são utilizados pelo Banco Central como forma de
contabilizar os dados referentes ao mercado de crédito no país”. (CARDIM etall 2001;212)

O risco é ”consequentemente a taxa de risco é um dos componentes que formam o custo do


crédito. O risco de crédito define a probabilidade de perda no negócio e como inerente à
actividade do negócio não pode ser eliminado, contudo, podem ser diminuídas as probabilidades
de perda ao ser reduzida a incerteza. O risco pode ser calculado com base em informações e
dados históricos fundamentados, a fim de que a decisão seja tomada a partir de estimativas
julgadas aceitáveis”. (PEREIRA;2000:123)

Em todas as operações de crédito está presente o risco, que de acordo com Schrickel (1998,:.25)
“pelo facto de esta cessão patrimonial envolver expectativas quanto ao recebimento de volta da
parte cedida, é imperativo reconhecer que a qualquer crédito está associada à noção de risco”.

Para se chegar ao risco do crédito são estimadas as probabilidades de que os recursos cedidos não
sejam honrados, para tal consideram-se factores internos e externos que podem interferir no
pagamento ou não por parte do tomador.

A taxa de risco é uma parte incorporada ao spread com o intuito de formar um fundo que possa
garantir ao investidor o pagamento quando se tem tomadores inadimplentes, dessa forma quando
os bancos têm que devolver aos investidores o capital utilizado na concessão de empréstimos
recorrem a esse fundo para saldar o importe referente aos inadimplentes.

2.11. Vantagens de microfinanças

➢ Voltado a pequenos negócios


O objectivo da microfinança é fomentar micro e pequenos empreendedores, formais e informais,
profissionais liberais e autônomos. Por isso, ele proporciona oportunidades que atendam a
15

qualquer um destes profissionais, desde os que estão apenas começando até aqueles que precisam
investir em estoque, reformas, novos equipamentos, entre outras necessidades do negócio.

➢ Exige garantias mais simples


Por trabalhar com valores menores e prazos mais curtos, exige menos garantias na hora de obter o
empréstimo. As garantias raramente envolvem patrimônio, exigindo apenas fonte de renda e
avalista em alguns casos.

➢ Processo mais ágil


Além de não exigir garantias reais, o processo para obter o microcrédito é mais simples e menos
burocrático. Esta vantagem permite que o empreendedor possa aproveitar a oportunidade de
negócio, sem atrasos causados pela demora na liberação do empréstimo. Também exige menos
documentos do solicitante do crédito.

➢ Atendimento personalizado e mais próximo


Um diferencial é a figura do agente de crédito, que visita o empreendedor, conhece o negócio,
presta assessoria empresarial e avalia cada caso de forma única. Nada de instituições frias e sem
rosto, são pessoas atendendo pessoas e ajudando-as a crescer.

➢ Promove o empreendedorismo
Diferentemente do crédito tradicional, que pode servir a qualquer propósito, o microcrédito tem o
objetivo de diminuir a desigualdade social por meio do empreendedorismo. Por isso, a cada
solicitação de crédito é necessário ter um objetivo específico para aquele capital. Isso ajuda
empreendedores a crescerem com o seu negócio e gerarem renda para a sua família.

2.12. Desvantagens de microfinanças

➢ O reembolso dos valores utilizados continua a ser necessário, pois trata-se de um crédito,
logo, não é uma dádiva mas sim um serviço prestado em troca da remuneração
considerada justa pelo que é concedido;
➢ Embora possuidor de custos substancialmente mais vantajosos face ao comum
dos financiamentos também implica o pagamento de juros, comissões e outras despesas.
16

➢ E como os gastos adicionais raramente são vistos de bons olhos, tal significa um ponto
desfavorável no cômputo geral;
➢ Outra das desvantagens destes tipos de empréstimos é na verdade algo inerente à sua
divulgação, não correspondendo, por isso, a um aspecto negativo propriamente dito.

2.13. Microfinanças em Moçambique

O sector de microfinanças tem recebido uma atenção especial e crescente por parte do Governo
Moçambicano e dos vários intervenientes, a nível nacional e internacional dada a sua importância
na prestação de serviços e produtos financeiros para a população de baixo rendimento. O
Governo considera que um sistema financeiro descentralizado e adequado à camada da população
que menos acesso tem a produtos e serviços financeiros, representa uma ferramenta ímpar no
combate à pobreza absoluta. Como resultado, o Governo de Moçambique iniciou um programa
de apoio à actividade de microfinanças através da criação do “Programa de Microfinanças”, em
1998.

O governo tem assumido o seu papel de facilitar a criação de um ambiente macroeconómico e


regulador favorável, de criar capacidades do lado da procura e oferta de serviços
microfinanceiros com vista a estimular um crescimento económico sustentável e reduzir a
pobreza. Em Moçambique o sector de microfinanças é ainda pouco desenvolvido, e para
encontrar meios de resposta a este desafio, estas instituições não devem ser tomadas apenas como
instituições fornecedoras de serviços financeiros, mas também como potenciadoras dos seus
beneficiários, na sua dimensão social (PSICO 2010, 173).

Presentemente, os esforços conjugados dos operadores de microfinanças, instituições de


cooperação internacional e outros intervenientes na indústria microfinanceira, têm como
perspectiva a obtenção de maior abrangência, em termos de profundidade, escala e qualidade de
serviços prestados para maior impacto, sobretudo no meio rural (Idem).

A maior parte das operações microfinanceiras baseiam-se no financiamento às actividades na


área do comércio, maioritariamente, o informal- 57%, agricultura (pequenos agricultores e
comerciantes de produtos agrícolas) - 18%, transformação e/ ou manufatura- 15% e serviços
10%. As mulheres representam em média 58% dos clientes das instituições microfinanceiras e os
17

empréstimos variam, em geral, entre US 20,00-UA 3.000,00 com um período máximo de vida de
um ano. É importante sublinhar que maior parte das instituições de microfinanças no país oferece
um leque limitado de produtos financeiros, nomeadamente: o crédito e poupança. Mas, apesar da
maior parte da população moçambicana ser de baixo rendimento tem necessidade de uma grande
diversidade de serviços financeiros. Nos dias actuais, a actividade das microfinanças em
Moçambique vem ganhando destaque devido ao reconhecimento da capacidade latente dos
pobres em desenvolver pequenos empreendimentos, desde que devidamente encorajados para o
efeito. Para além de contribuir para a criação do emprego, incluindo uma maior participação das
mulheres pobres e donas de casa na vida económica ativa, estas instituições podem contribuir
para o surgimento de uma nova classe empresarial formal.

2.14. Desenvolvimento

Desenvolvimento é toda acção ou efeito relacionado com o processo de crescimento, evolução de


um objecto, pessoa ou situação numa determinada condição. O acto de desenvolver resultados na
acção de estar opto para o próximo passo, direcção, indicação ou etapa superior a que se encontra
na fase actual. (PNUD; 2000).
As microfinanças em Moçambique assumem papel fundamental no desenvolvimento do país,
sobretudo para permitir que as populações de baixa renda possam ter acesso a estes serviços de
forma contínua e abrangente. Actividade microfinanceira é de primordial importância para o
desenvolvimento do país, pois, a meta das instituições de microfinanças como organizações para
o desenvolvimento e responder às necessidades financeiras dos grupos que não tem acesso, ou
por outra tem acesso limitado a serviços financeiros formais. Este papel tem particular
importância nas zonas rurais onde vive cerca de 75% da população do país com maior incidência
da pobreza (PNUD 2000).

2.15. Comércio informal

Para o INE (2005), comércio informal é toda actividade comercial não registada na Repartição de
Finanças. Fazem parte deste grupo unidades não licenciadas, vendedores de rua, de esquina, de
mercado, etc.
Lopes (2003) citando De Soto (1994) caracteriza o comércio informal como aquele que se realiza
à margem das normas estatais que regulam a actividade comercial, e até mesmo contra elas.
18

Identifica dois tipos essenciais de comércio informal: O comércio realizado na rua que se
subdivide em comércio fixo e comércio itinerante (ambulante) e o comércio que se efectua nos
mercados.
O comércio informal está dentro da economia ou sector informal, sua especificação como
comércio informal se dá pelo facto de comerciaizar produtos ou serviços fora de um marco
regulatório estatal (CATALÁN, 2012).
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 1996), o comércio informal como uma
actividade da economia informal “é todo um vasto leque de comportamentos conómicos,
socialmente admissíveis, realizados fundamentalmente com finalidades de sobrevivência e que
escapam quase total ou parcialmente ao controlo dos órgãos de poder público local ou regional ou
nacional em matéria fiscal, laboral, comercial, sanitária ou de registo estatístico”.
19

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

3.1. Metodologia
A metodologia segundo Gil (2008), methodos significa organização, e logos, estudo sistemático,
pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem
percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência.
Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma
pesquisa científica.

3.2. Quanto aos procedimentos técnicos

3.2.1. Bibliográfica

Esta técnica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de


livros e artigos científicos. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no facto de
permitir ao investigador a cobertura de uma vasta gama de fenómenos muito mais amplos do que
aquela que poderia pesquisar directamente, (Gil, 2002:44). Esta técnica permitiu a efectivação
das leituras críticas e interpretativas dos dados colhidos sobre o tema em estudo. O contributo das
instituições das microfinanças no desenvolvimento do comércio informal.

3.3. Quanto a abordagem


Para a realização deste trabalho optou-se pelo método qualitativo. De acordo com Gil (2008) “A
pesquisa qualitativa é aquela que proporciona melhor visão e compreensão do contexto do
problema”. Assim a pesquisa qualitativa que é a base a qual comanda o estudo, caracteriza-se
pelo seu carácter descritivo, sendo o ambiente natural à fonte dos dados e o investigador o
elemento fundamental para captar os significados que as pessoas dão as coisas e a sua vida.
Quantitativa, considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números
opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas
estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação,
análise de regressão etc.). O contributo das instituições das microfinanças no desenvolvimento do
comércio informal.
20

3.4. Quanto aos objectivos


Segundo Gil, (2008), a pesquisa, sob o ponto de vista de seus objetivos, ela é exploratória, tem
como finalidade proporcionar mais informações sobre: O contributo das instituições das
microfinanças no desenvolvimento do comercio informal: caso mercado municipal de xhikelene,
possibilitando sua definição e seu delineamento sobre o tema da pesquisa; orientar a fixação dos
objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto.
Usou-se a bibliográficas, estudos de caso e o questionário. E a descritiva, visa descrever as
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação
sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento de livros, trabalhos, referências
relacionado com o tema em estudo. O contributo das instituições das microfinanças no
desenvolvimento do comércio informal.

3.5. Quanto as técnicas de recolha de dados

3.5.1. Questionário

Segundo Gil (2008), pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por
um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações
sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores,
comportamento presente ou passado etc. Nesta pesquisa usou-se o questionário para a recolha de
informação a partir dos comerciantes do mercado municipal de xiquelene.

3.6. Quanto aos métodos de procedimentos metodológicos

3.6.1. Estudo de caso

Estudo de caso, quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos de


maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. O estudo de caso possui uma
metodologia de pesquisa classificada como aplicada, na qual se busca a aplicação prática de
conhecimentos para a solução de problemas sociais. Para Gil (2008), o estudo de caso consiste
em colectar e analisar informações sobre determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma
comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da
21

pesquisa. O contributo das instituições das microfinanças no desenvolvimento do comércio


informal.

3.6.2. Monográfico

“O método parte do princípio de que o estudo de um caso em profundidade pode ser considerado
representativo de muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes. Esses casos podem ser
indivíduos, instituições, grupos, comunidades etc” (GIL,2008:18).

3.7. População e amostra


Para Gil (2008), é um conjunto definido de elementos que possuem determinadas características.
Comumente fala-se de população como referência ao total de habitantes de determinado lugar.
Nesta pesquisa, constitui como universo populacional de 5176 a (quinhetos) vendedores.

Para garantir a representatividade e a qualidade da informação que foi colhida, recorreu-se ao


método de Amostragem aleatória simples, que segundo Gil (2008), consiste em atribuir a cada
elemento da população um número único para depois seleccionar alguns desses elementos de
forma casual. Deste feito foram abrangidas todas áreas comerciais que constituem o mercado. Do
universo da população a amostra foi de 60 vendedores de ambos os sexos.

Tabela n˚1: Amostra dos vendedores

Descrição Masculino Feminino Total


Vendedores 24 36 60
22

CAPÍTULO IV ESTUDO DE CASO

4.1. O Mercado xhikelene

O Mercado Xhikelene (palavra tsonga que significa um local onde existe um buraco de grandes
dimensões, uma vez que a zona foi uma câmara de empréstimo de terras para a construção de
estradas), oficialmente conhecido por Mercado da Praça dos Combatentes, é considerado um dos
maiores mercados informais da cidade, onde o nível de investimentos realizados, a diversidade da
oferta de produtos e o movimento de pessoas que aí circulam, tem crescido nos últimos anos, de
forma absolutamente impressionante.
Situado na Praça dos Combatentes, o mercado está implantado numa zona desenhada para ser
uma confluência de várias estradas que ligam o aeroporto a zonas industriais, e à zona
habitacional de cimento, por vias mais rápidas que circundam as artérias mais movimentadas da
cidade. A sua formação inicial data de 1987, por razões e processos idênticos aos que levaram à
criação de outros mercados informais. Com um crescimento explosivo, em poucos anos
transformou-se num mercado com cerca de 5176 vendedores, entre grossitas e retalhistas. A zona
onde se situa este mercado, é também uma terminal de transportes semi-colectivos, com ligações
para todos os pontos da cidade, imprimindo assim a este local uma grande centralidade.
Embora tenha todas as características físicas de um mercado com estatuto de provisório, a avaliar
pela maior parte das construções existentes, ficaram-nos algumas dúvidas sobre o seu estatuto
real.
23

4.2. Análise e interpretação de resultados


1. Quanto ao sexo

Sexo

40%
Homem
60%
Mulher

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

Antunes (2000), as mulheres são elas que contribuem com o maior bolo do orçamento familiar,
mas não são reconhecidas por isso; têm menos formação, mas as políticas de educação e de
formação são discriminatórias; não estão inseridas na política, e não existem incentivos ou quotas
equitativas; e são relegadas para as tarefas menos remuneradas e muitas vezes sem qualquer tipo
de remuneração. E Antunes e Cavalcanti (2006), em muitas famílias o número de mulheres que
trabalha é igual ou superior ao número de homens, chegando em alguns casos a acontecer que são
elas que sustentam a família. A divisão sexual do trabalho mantém a designação quase exclusiva
das mulheres nas tarefas domésticas, reprodutivas e de lideres da casa e família. A isto
acrescentam-se as transformações sociais e demográficas que estamos a assistir, como a
imigração, o aumento da taxa de divórcio, e o aumento de mulheres chefes de família.
Em termos gerais, Banco Mundial (1990) demonstra que as mulheres não foram incluídas nas
estratégias do desenvolvimento impulsionadas na década precedente e, pior que isso, a sua
posição social deteriorou-se com estas estratégias de desenvolvimento, centradas em modelos de
desenvolvimento próprios de sociedades.
24

2. Há quanto tempo está no negócio?

Tempo

10% 1 a 5 anos

30% 6 a 10 anos
40%
20% 11 a 15 anos

16 anos em
diante

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

De acordo com os dados obtidos a maior parte dos comerciantes tem muita experiencia no
negócio, isto justifica-se pelo facto do mercado ser predominada na sua maioria por indivíduos
com mais de 5 anos. A partir dos dados acima pode se afirmar que os comerciantes têm muito
conhecimento do mercado. Assim sendo, há uma necessidade de criar certas condições bem como
promoção de negócio que possam permitir o desenvolvimento da experiência olhando para a
dinâmica do mercado.

Para Robbins (2005), o tempo de serviço é também uma variável importante para explicar a
rotatividade e desenvolvimento do capital humano e o relacionamento laboral. Quanto mais
tempo uma pessoa fica em um emprego maior é a probabilidade de desenvolver
profissionalmente e menor a probabilidade de ela se demitir.
25

3. Já fez um empréstimo?

Empréstimo

0%

Sim

100% Não

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

O empréstimo para aplicar no comércio informal é necessário como mostra o gráfico.


Actividade microfinanceira é de primordial importância para o desenvolvimento do país, pois, a
meta das instituições de microfinanças como organizações para o desenvolvimento e responder às
necessidades financeiras dos grupos que não tem acesso, ou por outra tem acesso limitado a
serviços financeiros formais.

Silva (2008), para concessão deste tipo de crédito é levado a cabo um processo de análise que
inclui o preenchimento de fichas, entrevista e visitas a casa e ao negócio do futuro cliente. Este
procedimento é feito pelo agente de crédito e em caso de atraso de pagamento o cliente é
pressionado por este mesmo agente que faz a utilização de todos os mecanismos legais para
recuperação do crédito.
26

4. O que motivou-lhe a efectuar empréstimo nas microfinanças?

Motivos

30%
Taxa de juro
70%
Pouco tempo

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

Olhando para o gráfico acima sobre o que motivou-lhe a efectuar empréstimo nas microfinanças,
70% apontaram que leva pouco tempo na tramitação do processo no empréstimo e devolução.
As microfinanças são de certo modo criadas com objectivo de impulsionar a economia e promover o
emprego melhorando a inclusão financeira de espírito empreendedor. Para Rubbins (2005), a
hierarquia das necessidades de Maslow, o ser humano possui diversas necessidades que podem
ser separadas em categorias hierarquizadas. Para motivar uma pessoa, você deve identificar qual
é a categoria mais baixa na qual ela tem uma necessidade, e suprir estas necessidades antes de
pensar em outras em categorias mais altas.
27

5. A taxa de juro é satisfatória?

Satisfação

10%

30%
Sim
Razoável
60%
Não

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

Daí que, a taxa de juro anunciada pelo emitente será tanto maior quanto maior for o risco de
incumprimento. Convém referir que no caso dos riscos de incumprimento é zero. Para calcular o
valor de juros ou de cupão, estes são iguais ao produto do valor nominal da obrigação, pela
respectiva taxa de juro. As taxas de juro podem ser fixas e indexadas. No caso de serem fixas,
estas são constantes ao longo da vida do empréstimo. Sendo indexadas, variam ao longo da vida
do empréstimo.
28

6. Do empréstimo efectuado teve melhoria no negócio?

Melhoria

10%

Sim
90% Não

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

Questionado se o empréstimo efetuado teve melhoria no negócio, 90% afirmam que sim tiveram
melhorias como mostra o gráfico acima. De acordo com Mosca (2009:71), o microfinanças traz
algumas desvantagens, relacionadas a “ambição de quem quer investir num projecto que gere
retornos e não tentativa de sobreviver; está exposto ao risco, nomeadamente ao risco de crédito;
não existe uma entidade reguladora, que influencia actividades dos intervenientes do
microfinanças, através da criação de normas, supervisão dessas normas, como formas de evitar
que os intervenientes actuem como bem entenderem, também como forma de servir como último
pessimista.

Porem, todas as aparentes melhorias da utilização de indicadores monetários tornaram-se, de


facto uma quimera tendo em conta que a fungibilidade é uma das principais características do
dinheiro. Os diversos problemas deem resultantes não se restringem a discrepância muito
frequente entre a utilização declarada e o real emprego do cré obtido. Independente da
confiabilidade difícil ou mesmo impossível detectar de forma precisa o emprego da liquidez
adicional proporcionada pelo empréstimo, ou seja, ordenar a um passivo determinado activo.
29

6. As microfinanças melhoram as condições de vida (educação, saúde, bem estar)?

Melhorias das condições de vida

0%

Sim

100% Não

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

O grande mérito das microfinanças é o facto de serem capazes de transformar negócios,


empreendimentos e a vida das pessoas de baixos rendimentos, que devido à falta de garantias
tradicionais (bens ou rendimentos relevantes), estão excluídas do sistema financeiro e do sector
bancário tradicional. Por não terem património ou empreendimentos formais suficientes para
serem oferecidos como garantia nas operações de crédito, fica à margem do sistema financeiro.

As instituições de microfinanças têm como objectivos incentivar o empreendedorismo, criação de


novas oportunidades de negócio e oferecer serviços financeiros a pessoas mais carenciadas.
Ainda almejam aumentar a amplitude de alcance dos clientes, ou seja, expandir os seus serviços
em todo país essencialmente aos mais carenciados que são o seu público-alvo. Por um lado estes
objectivos das microfinanças são de certo modo criados com objectivo de impulsionar a
economia e promover o emprego melhorando a inclusão financeira de espírito empreendedor.
30

7. As microfinanças apresentam vantagens?

Vantagens

0%

Sim
Não
100%

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

Questionado se o comércio informar tem vantagens 100% respondeu sim que tem vantagens. O
comércio informal tem vantagens, os comerciantes assim como as famílias que não tem
condições de fazer as suas compras nos mercados formais recorrem ao mercado informal. Este
comércio tem vantagem para essas famílias porque adquirem esses produtos a preços baixos e
bastante acessíveis para os comerciantes porque não pagam impostos. Segundo MUCAVELE
(1999), uma das maiores vantagens é ter liberdade para organizar o horário de trabalho, sem que
haja a necessidade de assinar o livro de ponto, ou dar satisfação para o patrão caso não possa ir
trabalhar, por motivo de força maior. Essa flexibilidade no horário de trabalho permite com que o
trabalhador informal tenha maior qualidade de vida, já que não existe a pressão diária que,
inevitavelmente, muitas empresas colocam sobre o seu funcionário. Para De Valter (1996), diz
que o sector informal que contrata um trabalhador informal, também tem suas vantagens, pois,
ela pode negociar com o seu prestador de serviços os salários, sem que uma tabela de pagamentos
tenha que ser cumprida. Além disso, ele não tem a obrigação de pagar os tributos exigidos por lei.
Claro que isso é ilegal, mas de certa forma não deixa de ser um benefício.
31

8. Já ofereceu emprego no seu negócio?

Empregar

35%
Sim
65%
Não

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

Mosca (2009), em Moçambique, grande parte da população está envolvida no sector informal. O
facto é que um número elevado de agentes económicos cria ou encontra o emprego lá, constitui
talvez a consequência mais importante do sector informal.

O sector informal oferece emprego maior parte de toda a força de trabalho, como refere o gráfico
9, olhando pelas dificuldades imposta pela conjuntura actual, os vendedores informais conseguem
criar os postos de trabalhos empregando os outros.
32

10. Qual é a renda média mensal das actividades?

Rendimento

20%
Bom
55% 25% Baixo
Razoável

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

Segundo Munguambe (1988), ter um conhecimento sólido sobre rendimento mensal do comércio
informal na produção e comercialização tem desempenhado um papel importante no actual
estágio de desenvolvimento da sociedade Moçambicana; intervém na oferta de bens e serviços
adequados aos rendimentos e ao poder de compra de vasta camada da população desfavorecida.
O gráfico 10 apresenta as percentagens dos rendimentos mensais, isso depende com o
desempenho e movimentos da compra dos clientes, nos dados apresentados acima o rendimento é
positivo, eles conseguem sustentar as suas famílias.
33

11. Como avalia as microfinanças em termos de burocracia?

Burocracia

0%

Sim
Não
100%

Fonte: Extraído do inquérito 2022.

A importância dos serviços financeiros na dinamização da actividade económica é


inquestionável. A promoção de hábitos de poupança tem o potencial de aumentar o volume de
recursos disponíveis para o investimento, com impacto no aumento da actividade económica,
geração de emprego, valor acrescentado e o bem-estar económico e social. Para que a economia
seja mais dinâmica, é fundamental que funcione um sistema financeiro forte, sólido, social e
territorialmente abrangente. Estes autores são unânimes ao descrever o papel das microfinanças
para o desenvolvimento da economia com a dinamização da actividade económica bem como na
melhoria das condições de vida da população mais carenciada, o MUHAMMAD YUNUS (2001)
enaltece o papel destas afirmando que tem papel crucial para geração de emprego bem como
incentivar hábitos de poupança.
34

5. CONCLUSÃO

O presente trabalho tem como foco principal: o contributo das instituições das microfinanças no
desenvolvimento do comércio informal caso: mercado municipal de Xhikelene. No período
compreendido entre 2017-2019, procurou-se perceber em que medida as instituições de
microfinanças contribuem no desenvolvimento do comércio informal.

As instituições de microfinanças em Moçambique assumem papel fundamental no


desenvolvimento do país, sobretudo para permitir que as populações de baixa renda possam ter
acesso a estes serviços de forma contínua e abrangente. Actividade microfinanceira é de
primordial importância para o desenvolvimento do país, pois, a meta das instituições de
microfinanças como organizações para o desenvolvimento e responder às necessidades
financeiras dos grupos que não tem acesso, ou por outra tem acesso limitado a serviços
financeiros formais.

Analisando as respostas dos entrevistados, foram observados alguns pontos compatíveis com a
abordagem apresentada no referencial teórico e alguns elementos que ainda não haviam sido
contemplados, mas que merecem destaque para a conclusão sobre os principais aspectos que
contribuem no desenvolvimento do comércio informal bem como do próprio mercado municipal
de xhikelene.

Ao longo do trabalho faz -se a verificação das hipóteses levantadas, onde a partir dos resultados
desta, confirmou-se a validação da primeira hipótese que, refere que, as instituições de
microfinanças contribuem no desenvolvimento do comércio informal, é instrumento de redução
de desemprego no sector informal, cria posto de trabalhos, gera rendas e melhora a vida das
famílias; e refutou-se a segunda que: as instituições de microfinanças não contribuem no
desenvolvimento do comércio informal, não é instrumento de redução de desemprego no sector
informal, não cria posto de trabalhos, não gera rendas e nem melhora a vida das famílias.
Assim sendo, este contribui positivamente no desenvolvimento do comércio informal e cria o
auto emprego, na medida em que, os povos da renda mais baixa que procuram emprego no sector
formal e não encontram.
35

Olhando para as informações obtidas a partir dos questionários constatou-se que a acção do
comércio informal torna-se um elemento fundamental na criação de emprego e desenvolvimento
do capital humano. A questão de saber como fazer das instituições de microfinanças contribuem
no desenvolvimento do comércio informal.
36

6. REFERENCIAS BIBLIGRAFICAS

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ARAÚJO, Verónica Abreu. Microcrédito: Novo Paradigma de Financiamento. UTL. Tese
de Mestrado. Lisboa, 2010.
BANCO DE MOÇAMBIQUE. "Desafios da Inclusão Financeira em Moçambique- Uma
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1990.
CATALÁN, Baptista, De “sector” para “economia informal”: Aventuras e desventuras de um
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MOSCA, Joao, Agricultura e Desenvolvimento em África. Instituto Piaget, Lisboa, 2009.
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YUNUS, Muhammad. Banker to The Poor: Micro-lending and the battle aginst world
poverty3.2003.
38

APÊNDICES
39

7.1 Apêndice I: Questionário aplicado aos vendedores do Mercado Xhikelene

O presente inquérito por questionário é da autoria de Valy Alfredo Ismael, estudante da


Universidade Pedagógica de Maputo, e tem como objectivo a recolha de dados para suporte ao
trabalho de final do curso. Os dados disponibilizados serão tratados com confidencialidade e os
mesmos serão apenas utilizados para a presente investigação. Agradeço antecipadamente pela
colaboração e disponibilidade de resposta ao presente questionário.

Dados dos vendedores que contraíram empréstimo:

1. Quanto ao sexo?
2. Há quanto tempo está no negócio?
3. Já fez um empréstimo?
4. O que motivou-lhe a efectuar empréstimo nas microfinanças?
5. A taxa de juro é satisfatória?
6. Do empréstimo efectuado teve melhoria no negócio?
7. As microfinanças melhoram as condições de vida (educação, saúde, bem estar)?
8. As microfinanças apresentam vantagens?
9. Já ofereceu emprego no seu negócio?
10. Qual é a renda média mensal das actividades?
11. Como avalia as microfinanças em termos de burocracia?
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ANEXOS
41

8.1 Anexo A: Credencial passada pela faculdade


42

8.2 Anexo B: Registro de imagens durante o estudo de caso

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