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SAMUEL UAMUSSE

BOQUISSO é um dos bairros do município da Matola, província de Maputo, que se tornou, nos
últimos anos, destino para quem procura espaço para construir, demanda que não tem
estado a ser acompanhada pela urbanização e implantação de infra-estruturas básicas, como
unidade sanitária, mercado formal, serviços de recolha do lixo, distribuição de água e rede
eléctrica.

A rápida ocupação deveu-se à intensa demanda dos munícipes por espaços para a fixação de
habitações, instalação de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços.

A maioria dos requerentes são provenientes das cidades de Maputo e Matola, resultando
numa pressão às autoridades para dar resposta aos problemas.

Neste contexto, para responder de forma sustentável ao aumento populacional nesta zona
residencial, a edilidade da Matola tem o desafio de providenciar infra-estruturas públicas,
para o fornecimento de serviços básicos aos munícipes.

Boquisso é, desta forma, um espelho do que acontece na maioria dos bairros em expansão,
em que a intervenção das autoridades acontece depois de instalado o problema.

Neste caso, trata-se de urbanizar um local já ocupado de forma desordenada, o que dificulta
o planeamento e ordenamento territorial, para a fixação de empreendimentos públicos,
como estradas, a rede de abastecimento de água, electricidade e manter as reservas
municipais.

A maioria dos residentes diz ter adquirido o espaço de pessoas que se declararam como
sendo nativos, sem a observância da postura urbanística.

Por esta razão, algumas residências não têm acesso para viaturas, o que significa
dificuldades acrescidas quando se trate, por exemplo, do combate a incêndios, transporte de
doentes ou mesmo em caso de infortúnio que signifique a remoção do cadáver.

Apontaram que a ocupação desordenada contribui, em grande medida, para o surgimento de


focos de concentração de águas da chuva, originando inundações.

Faustino Cossa, residente local, disse que fez dois pedidos de terreno, nos municípios de
Maputo e Matola e ficou 15 anos à espera da resposta que infelizmente nunca teve.
“Foi por esta razão que optei por comprar um terreno, sob todos os possíveis riscos, desde os
administrativos a ambientais,” confessou.

Na sua óptica, o município devia procurar espaços, parcelar, abrir as ruas, instalar energia,
sistema de água e abrir candidaturas para os interessados, ao invés de tentar corrigir os
erros, o que é quase impossível.

Recolha de lixo e mercado formal preocupa residentes

As pessoas queixam-se ainda da indisponibilidade de serviços de depósito e recolha de lixo e


temem que a zona se torne foco de proliferação de doenças.

Afirmaram que enterrar lixo nos quintais já se mostra impraticável, uma vez que os solos já
estão saturados, para além de que coloca em risco as suas casas, que ficam vulneráveis à
erosão.

Cândido Matola disse que as pessoas pagam a taxa de lixo e estão na expectativa de ver as
autoridades a prestarem o devido serviço.

Referiu que por falta de contentores, os residentes depositam o lixo nas bermas das estradas,
concorrendo para a proliferação de moscas e outros vectores de doenças.

Mevesse Thausene, outro residente, acrescentou que algumas pessoas de má fé colocam os


resíduos sólidos em terrenos alheios, ainda em obras, uma acção que pode suscitar conflitos
entre os moradores.

A falta do mercado formal com as mínimas condições sanitárias e de segurança, é também


um problema que aflige os munícipes, razão pela qual a comercialização de hortícolas e
outros produtos da primeira necessidade funciona no pequeno mercado informal, situado na
berma da estrada principal.

Aqui, os vendedores estão perfilados ao longo da estrada, disputando o mesmo espaço com
passageiros e viaturas, visto que se trata de um local com uma paragem de semi-colectivos.

Mevesse Thausene, comerciante na berma da estrada, reconheceu que a prática do comércio


no local represente um risco, mas diz não ter alternativa por falta de um mercado formal.

“Precisamos de um mercado com condições básicas, como água, sanitários e armazém para
guardar os produtos”, disse.
Em curso projectos para responder às necessidades
O Conselho Municipal da Cidade da Matola está a executar vários projectos visando
responder às necessidades dos residentes. As acções incluem asfaltagem da estrada principal
que liga Boquisso à Estrada Nacional Número 1 (EN1), a expansão da rede eléctrica,
instalação do posto policial, mercado municipal entre outros serviços.

Noémia Ngovene, chefe dos serviços municipais em Boquisso, disse que algumas queixas dos
munícipes são justas, tendo em conta que o bairro registou um crescimento populacional
brusco.

Neste contexto, acrescentou, não é tão rápido e brusco ter como providenciar serviços à
altura de satisfazer a demanda, como as pessoas gostariam.

Explicou que cada projecto tem o seu tempo de execução e tudo está a ser acautelado, tendo
em vista que as iniciativas são condicionadas pela disponibilidade de financiamentos.

“O governo está atento às necessidades do povo, exemplo claro é a esfaltagem da estrada,


cujas obras estão numa fase avançada. A ligação de energia é uma realidade que se
testemunha todos os dias, em resultado de várias novas ligações efectuadas,” clarificou.

Continuando, a chefe dos serviços garantiu que a autarquia tem muitos planos em manga
para Boquisso, destacando a construção de um mercado formal, para combater ou reduzir a
venda informal que coloca em causa a segurança rodoviária.

Para o efeito, disse que já foi identificado o espaço, no quarteirão oito, estando neste
momento em curso os procedimentos legais e a procura de financiamento para as obras.

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