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Atividade 12

A implantação do BRT de Salvador voltou a ser criticada por parte da


população, técnicos ambientais e urbanísticos. Iniciada no dia 29 de março, a
obra deve sacrificar 579 árvores entre as avenidas Juracy Magalhães Jr. e
ACM, de acordo com um levantamento feito pelo grupo Salvador Sobre Trilhos.

Pelas redes sociais circula um abaixo-assinado que, até o final da


manhã da última segunda-feira (2), havia coletado mais de 13,5 mil
assinaturas, pedindo que os vegetais sejam preservados ao longo do trajeto do
BRT que pretende ligar a Rodoviária à Estação da Lapa. A petição reclama
ainda que a obra vai “tapar os rios” Lucaia e Camarajipe.

A Prefeitura esclareceu por meio de nota que, durante a implantação do


primeiro trecho do BRT, que irá ligar a região do Parque da Cidade à estação
de integração do metrô na área da rodoviária e Shopping da Bahia, serão
retiradas 9 árvores que estão mortas, 15 precisão ser podadas, 154 suprimidas
e 159 transplantadas. Em função da retirada dos vegetais, haverá uma
compensação com o plantio, durante dois anos, de 2 mil mudas de árvores
exóticas e nativas da Mata Atlântica, com altura de 2,5 m e diâmetro de, no
mínimo, 8 centímetros.

Críticas ao projeto

“O metrô já cumpre a função de transportar da Estação da Lapa à Estação


Rodoviária. O projeto destrói a natureza e acrescenta muito cimento, deixando
tudo muito feio. Há outras alternativas possíveis com custo consideravelmente
inferior, preservando assim as 579 árvores e os rios tão necessários para a
natureza da cidade de Salvador”, defende o texto do abaixo-assinado.
Em entrevista à Tribuna da Bahia, o coordenador do S.O.S Vale
Encantado, Virgílio Machado, comentou a gravidade de retirar árvores
centenárias da Juracy Magalhães, considerada uma das avenidas mais
arborizadas da cidade.

“São muitas árvores grandes, frondosas. É muito difícil compensar isso para a
cidade. A questão dos rios também é muito grave. Apesar de ser muito
importante o plantio de novas árvores, elas demoram muito para alcançar um
estágio de desenvolvimento. Salvador tem um déficit grande de árvores. Está
entre a que tem o menor número por habitantes, dentre as cidades brasileiras”,
avaliou.

Para ele, falta mais diálogo entre o poder público e a sociedade civil, de
modo a debater as políticas públicas abertamente, se apropriando de estudos
de “especialistas que doam seu tempo para fazer análise técnicas por amor à
cidade”.

“Não se aproveitam dos institutos de arquitetos, engenheiros, biólogos. Das


instituições que produzem conhecimento científico e trazem melhores práticas.
Tanto a prefeitura quanto o governo do Estado se fecham e decidem a quatro
paredes o que é melhor para a cidade. Uma pena que vemos um montante de
obras, mas não conseguimos enxergar proposta clara de melhora no
urbanismo e na proteção dos recursos naturais.”

Preservar a natureza

O ambientalista Alberto Peixoto também lamenta a derrubada dos


vegetais e faz uma forte crítica à preservação do ambiente em toda a cidade.
“As ruas estão perdendo o verde. Sabemos que o sistema de transporte é
caótico, mas a grande discussão não é a necessidade de fazer. É como fazer,
onde vai fazer. É preciso pensar a cidade com responsabilidade, sentar e
conversar. Não deve ser uma medida que venha de cima para baixo”, afirmou.

Especialista de Planejamento Urbano e Gestão de Cidades, Hendrik


Aquino lembrou, em entrevista à Tribuna, que toda ação humana gera impactos
ao ambiente.
“Gestores e legisladores não deveriam pensar a cidade de maneira
fragmentada, pois muitas vezes uma solução aparentemente muito boa para
determinada área, pode trazer danos irreversíveis a outras. Acreditar na
melhora da mobilidade, desprezando o meio ambiente, por exemplo, é uma
visão imediatista. Os prejuízos a curto, médio e longo prazo, causados pela
substituição da fauna e da flora por concreto e aço, refletem diretamente na
qualidade de vida”, alertou. De acordo com Hendrik, “o tamponamento e
canalização de rios é também algo que precisa ser revisto, uma vez que abre
espaço para maior ocupação com concreto e aço, tornando, aos poucos o
ambiente desagradável”...Finaliza.

Texto adaptado da resportegem publicada no site Mobilize:


https://www.mobilize.org.br/noticias/10909/obra-do-brt-de-salvador-vai-derrubar-centenas-
de-arvores.html

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