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A questão ambiental:

estudando de forma integrada as


questões ambientais, buscando a
compreensão dos espaços para um
desenvolvimento harmônico

A questão ambiental no planejamento urbano


No processo de urbanização, o homem realiza mudanças no ambiente a fim de possibilitar sua uti-
lização para um melhor desempenho das diversas atividades humanas. Algumas dessas mudanças vêm
acontecendo de forma desenfreada e sem a devida preocupação com o meio natural, que é finito e frágil.
Como exemplo, podemos citar os desmatamentos, as modificações nos diversos ecossistemas, a imper-
meabilização e a erosão do solo, a poluição e posterior canalização dos rios, tendo como consequências
as diversas catástrofes naturais ocorridas atualmente e as alterações climáticas num nível global.
A melhora na qualidade de vida da população está diretamente ligada ao desenvolvimento
econômico e à transformação da natureza em bens materiais e de consumo. A urbanização implica
em transformar o ambiente natural em ambiente construído; por isso, muitas vezes, a defesa do meio
ambiente é vista como antidesenvolvimentista. Bens são projetados e construídos, e seus resíduos são
depositados no meio, com a visão de que os recursos naturais são infinitos e que a natureza é capaz de
absorver quantidades ilimitadas de entulhos.
O processo de urbanização acelerado pelo qual passa a sociedade nas últimas décadas e a
maior estabilização da economia colocaram em evidência o enorme volume de resíduos gerados e a
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degradação intensa da natureza. As consequências ambientais dessas ações passaram a ser objeto de
maior atenção por parte dos governos e das organizações como um todo, elevando o grau de consciên-
cia da sociedade sobre tal tema.
O rápido adensamento das cidades brasileiras de médio e grande porte e a concentração de pes-
soas nos centros urbanos têm provocado inúmeros problemas para a destinação do grande volume
de resíduos gerados em atividades de construção e demolição de edificações e infraestrutura urbanas,
condicionando os gestores públicos a adotarem soluções mais eficazes na gestão das cidades.
A Conferência sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente das Nações Unidas (Rio 92) contribuiu,
por meio da Agenda 21, para consolidar a ideia de que o desenvolvimento sustentável não demanda
apenas a preservação dos recursos naturais a fim de garantir às gerações futuras condições de desenvol-
vimento condizentes com as atuais, mas também a garantia de equidade no que diz respeito ao acesso
aos benefícios do desenvolvimento.
Para que isso fosse possível, alguns acontecimentos foram fundamentais: a) a Declaração de
Estocolmo (1972), instituída durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano;
b) o documento “A Estratégia Mundial para a Conservação” (Nova Iorque, 1980), elaborado pelo Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), pela União Internacional para a Conservação da
Natureza (UICN) e pelo Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF); c) o documento “Nosso Futuro
Comum”, (1982) conhecido como “Relatório Brundtland”, desenvolvido pela Comissão Mundial sobre o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas e presidida pela primeira-ministra da
Noruega, Gro Brundtland; e d) a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (dezembro de 1989),
onde houve a solicitação para a organização de reunião mundial (CNUMAD – Rio 92) para desenvolver
estratégias com o objetivo de conter e reverter os processos de degradação ambiental, promovendo o
desenvolvimento sustentável e ambientalmente racional.
Existem diferentes interpretações para o termo desenvolvimento sustentável. No entanto, o governo
brasileiro adota a definição apresentada no documento “Nosso Futuro Comum”, ou Relatório Brundtland,
no qual desenvolvimento sustentável é concebido como “o desenvolvimento que satisfaz às necessidades
presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”1.
Esse conceito parece, em termos práticos, um tanto contraditório, visto que para ser sustentável
o conceito implica em algo que possa ser mantido indefinidamente, e desenvolvimento está ligado a
transformações. Porém, independente de significados precisos, o desenvolvimento sustentável certa-
mente implica em produções de grandes quantidades de bens com cada vez menor quantidade de
recursos naturais e poluição, exigindo a desvinculação entre crescimento, consumo de materiais naturais
e geração de impactos ambientais. Isso pode ser atingido com a redução e a reciclagem dos resíduos,
emprego de novas tecnologias industriais, substituição de certos materiais tradicionais por outros com
uma maior eficiência e também com o aumento da durabilidade dos produtos; tudo isso aliado a uma
distribuição mais igualitária das benfeitorias do desenvolvimento.
Vale salientar que a sustentabilidade do desenvolvimento requer que se contemple a sustentabili-
dade da sociedade. Atualmente, o planejamento urbano está procurando curar a marca do crescimento
desordenado das grandes cidades, com suas ocupações irregulares em locais de preservação ambiental
e próximas a mananciais de abastecimento.

1 Disponível em: <http://www.mma.gov.br>.

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Esses foram os locais encontrados pela grande parcela da população que veio para os grandes
centros em busca de trabalho e de uma vida melhor, não conseguindo, porém, se estabelecer de maneira
digna. As ações baseiam-se então em formas corretivas com o provimento de infraestrutura básica como
abastecimento de água, tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos.
O futuro de nossas cidades depende dessas ações e de uma maior conscientização de toda a
população para os cuidados com o ambiente natural que nos cerca, podendo, dessa forma, garantir o
mínimo de recursos necessários para as gerações futuras.
Quem pensa que construção sustentável é uma casa de pau a pique no meio do mato está redondamente enganado. A
China está levantando a primeira cidade ecológica do mundo. Dongtan irá ocupar uma área equivalente a três quartos
da ilha de Manhattan ao lado do aeroporto da moderna Xangai. A primeira fase da empreitada deve ficar pronta em
2010 para abrigar, inicialmente, 50 mil pessoas, e em 2040 deverão ser 500 mil. E nem pense numa vila povoada por
hippies, mas sim em casas, hospitais, escolas e indústrias high-tech erguidas de forma sustentável. Até 80% do lixo só-
lido será reciclado, os ônibus serão alimentados por baterias elétricas, a água será reaproveitada e a energia elétrica,
gerada por fontes alternativas. A comida virá quase toda das fazendas vizinhas. Casas e prédios terão suas telhas
cobertas por gramados ou hortas para manter os lares frescos e absorver a água da chuva. Dongtan está na ponta de
lança de uma tendência que ganha coro por todos os cantos do planeta, inclusive no Brasil. Em São Paulo, acaba de ser
inaugurado o primeiro prédio sustentável do país para abrigar uma agência bancária. Mais dez edifícios no modelo já
foram encomendados. É a preocupação ecológica batendo à porta dos cidadãos. (SANTOS, 2007)

(Revista Superinteressante – ago. 2007.)

Dongtan – China.

Legislação ambiental
No início do século XX, iniciou-se no Brasil uma maior preocupação com o meio natural. O Código
Civil de 1916 sugeria a proteção legal do meio ambiente, previsto em seus artigos 554 e 584.
O Regulamento de Saúde Pública (Decreto 16.300, de 31 de dezembro de 1923) criou uma inspetoria
de higiene industrial e profissional que tinha, entre suas finalidades, impedir que as fábricas e oficinas
prejudicassem a saúde dos moradores de sua vizinhança, possibilitando o isolamento e o afastamento
de indústrias nocivas ou incômodas.
Na década de 1920, por meio do Decreto 23.793, de 23 de dezembro de 1923, foi aprovado o
Código Florestal Brasileiro com a preocupação a respeito do desmatamento e o Decreto 24.643, de 10 de
julho de 1934 instituiu o Código de Águas para o disciplinamento das águas.

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Nas décadas de 1950 e 1960, sob influência dos grandes movimentos mundiais ambientalistas,
ocorreu uma maior percepção sobre os efeitos da industrialização acelerada e da exploração dos recursos
hídricos.
Em 30 de novembro de 1964 foi aprovado o Estatuto da Terra – Lei 4.504, dispondo sobre as ques-
tões da política agrícola no país.
Na década de 1960, com a intensa urbanização chegando ao patamar de 45% (população morando
em cidades) a necessidade de legislar a respeito das áreas de preservação permanente ao longo de rios,
córregos, lagos e nascentes, o Código Florestal foi revisto e um novo foi aprovado em 15 de setembro de
1965, por meio da Lei 4.771.
Algumas leis e decretos foram aprovados para a proteção da fauna e para o controle ambiental.
Mas foi em 1979, com a aprovação de uma das mais importantes leis para a questão urbana – a Lei 6.766 –
que, ao regulamentar o parcelamento do solo urbano, também definiu as formas de preservação e con-
servação ao longo dos cursos d’água para o restabelecimento da mata ciliar, assim como a restrição à
ocupação das encostas dos morros.
A década de 1980 foi marcada pela busca de uma regulamentação unitária, criando a visão global
do meio ambiente. Nesse sentido, o Decreto 86.028 de 1981 instituiu em todo o território nacional a
Semana Nacional do Meio Ambiente e a Lei 6.938, de 31 de agosto do mesmo ano, definiu o conceito de
meio ambiente e aprovou a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação
e aplicação. O artigo 7.º cria o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que foi considerado um
grande marco para e Legislação Ambiental Brasileira, sendo baseado nos princípios da Declaração de
Estocolmo e nos objetivos do desenvolvimento sustentável.
Em 1988, como pioneira na história, a Constituição Brasileira aborda o tema meio ambiente,
contemplando não somente seu conceito normativo, mas também reconhecendo outras faces: meio
ambiente artificial, meio ambiente do trabalho, meio ambiente cultural e do patrimônio genético. O
seu artigo 225 exerce função de norteador do meio ambiente, determinando ao Estado e à sociedade
a garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, tratando-se de um bem de uso comum,
devendo, dessa forma, ser preservado e mantido para as atuais e futuras gerações.
A Constituição de 1988, ao definir competências aos entes da federação, disciplinando a compe-
tência para legislar e para administrar, objetivou promover a descentralização da proteção ambiental,
ficando assim a União, os estados e os municípios com ampla competência para legislar.
Para orientar a ocupação e a utilização racional dos recursos nas zonas costeiras foi aprovado o
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, Lei 7.661, de 16 de maio de 1988, de forma a contribuir para
elevar a qualidade de vida da população dessas zonas e a proteção do seu patrimônio natural, histórico,
étnico e cultural.
A aprovação da Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, denominada Lei dos Crimes Ambientais,
objetivou a preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos para a manutenção ou a recuperação
da qualidade de vida. São considerados crimes os que se caracterizam agressões contra: a fauna e a flora, o
ordenamento urbano e o patrimônio cultural e a administração ambiental. Fica igualmente caracterizada
como crime a poluição ambiental.
Todas as condutas que anteriormente à lei eram consideradas infrações administrativas, agora são
consideradas crime. A Lei 9.605 concebeu também três aspectos para o meio ambiente: natural, artificial
e cultural.

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Mas tendo em vista as contínuas agressões ao meio ambiente, apesar de todo o conjunto de leis e
decretos instituídos até 1998, em 27 de abril de 1999 foi aprovada a Lei 9.795, que dispõe sobre a Educação
Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental.
A questão ligada à educação ambiental já estava prevista desde 1988 pela Constituição2, porém
somente a partir de 1999 a promoção da cultura ambiental nacional fica efetivada. Isso vem a se cons-
tituir como um instrumento para a compreensão dos problemas e soluções ambientais, na medida em
que todo cidadão possa ter a participação nas decisões ambientais com o devido conhecimento sobre
o assunto.
Nos anos 2000, o Decreto 4.297 regulamenta o artigo 9.º da Lei 6.938 de 1981, e estabelece crité-
rios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil (ZEE); o Decreto 4.339 institui princípios e dire-
trizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade; e a Lei 9.985 cria o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação.
Em 2004 é criada, na Câmara de Políticas dos Recursos Naturais e do Conselho de Governo, a
Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e a consolidação da Agenda 21 Brasileira.
Para regulamentar os incisos II, IV e V do artigo 225, §1.º da Constituição Federal de 1988, é apro-
vada a Lei 11.105, em 25 de março de 2005, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fis-
calização de atividades que envolvam Organismos Geneticamente Modificados (OGM). Essa lei passa a
regulamentar todas as questões relativas à engenharia genética.
Em 2006, o Decreto 5.794 altera e acresce dispositivos ao Decreto 3.420, que dispõe sobre a criação
do Programa Nacional de Florestas (PNF); o Decreto 5.795 dispõe sobre a composição e o funcionamen-
to da Comissão de Gestão de Florestas Públicas; a Lei 11.284 dispõe sobre a gestão de florestas públicas
para a produção sustentável e institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal
Brasileiro (SFB), criando o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF).
O Direito Ambiental brasileiro pode ser considerado um dos mais desenvolvidos, servindo até
mesmo de referência para outros países. Porém, é preciso saber que a preservação ambiental necessita
ser compatibilizada com a necessidade de desenvolvimento. Mas a busca de compensações deve ser
rigorosa quando a agressão à natureza for inevitável.

Bacias hidrográficas/impactos ambientais


Para se estabelecer um ambiente urbano, é preciso que o homem realize modificações no
ambiente natural. Alguns produtos que o homem utiliza para a sua sobrevivência podem ser dispen-
sáveis e são depositados novamente na natureza, dessa vez na forma de resíduos. Isso acaba por gerar
impactos nas áreas das próprias cidades e também em suas áreas de direta influência.
Em grande parte dos processos de urbanização, as ações humanas acabam por remover a
importante cobertura vegetal dos espaços, principalmente nas margens dos rios. Estes por sua vez não
possuem a finalidade de drenar toda a água da chuva, somente o excedente dessa água; com a falta da
mata ao longo do seu curso, denominada mata ciliar, e a consequente ausência da faixa permeável, o leito

2 Constituição Federal de 1988 – Art. 225, §1.º, VI.

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do rio fica sobrecarregado causando enchentes,

MMA.
tão comuns em nossas cidades. Também a exten-
siva impermeabilização advinda da construção das
edificações e da pavimentação das vias constitui
ações de modificações drásticas no meio ambiente
urbano, assim como os diversos movimentos de ter-
ra realizados, como aterros e escavações.
Esses fatores acabam por contribuir com inú-
meros impactos no meio ambiente, causando ero-
sões, assoreamento dos recursos hídricos e inunda-
ções, ocorridos pela diminuição da permeabilidade

Istockphoto.
natural do solo e pela ocupação das áreas de amor-
tecimento de cheias, assim como pelo rebaixamento
do lençol freático.
Mata ciliar é a formação vegetal nas margens dos cór-
regos, lagos, represas e nascentes. Também é conheci-
da como mata de galeria, mata de várzea, vegetação
ou floresta ripária. Considerada pelo Código Florestal
Federal como “área de preservação permanente”, com
diversas funções ambientais, devendo respeitar uma
extensão específica de acordo com a largura dos rios,
córregos, lagos, represas e nascentes. (PORTAL)3
Exemplos de mata ciliar.

O Código Florestal atual (Lei Federal 7.803/89) e a Lei 6.766/79 definem as faixas de preservação ao
longo dos rios e nascentes que devem ser respeitadas, ou seja, que não se pode interferir de forma alguma.
O dimensionamento dessas faixas irá depender, de acordo com a lei, da largura de cada curso d’água,
como disposto no artigo 2.º do Código Florestal:
Lei Federal 7.803, de 15 de agosto de 1989
Art. 2.°
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima
seja:
1) de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
2) de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham 10(dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
3) de 100 (cem) metros para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d’água que tenham 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;
[...]
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica,
num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;
[...]

3 PORTAL do Meio Ambiente do Estado do Paraná.

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g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem)
metros em projeções horizontais;
h) em altitude superior a 1 800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
Parágrafo único – No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos
por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á
o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere
este Artigo.”

Uma bacia hidrográfica pode ser definida como uma porção de terras drenadas por um rio prin-
cipal, seus afluentes e subafluentes. O que caracteriza uma bacia hidrográfica é a existência de nascen-
tes, divisores de águas e as características dos cursos de água – principais e secundários denominados
afluentes e subafluentes.
As bacias hidrográficas em sua grande parte abrangem mais do que um município e, às vezes, até
diversos estados e países diferentes. A água de alguns rios serve como abastecimento para a população
como também para a geração de energia. Sendo assim, a qualidade do manancial depende das diver-
sas atividades desenvolvidas ao longo dele e da importância dada pelos vários atores envolvidos na
sua conservação e preservação. Um adequado plano de manejo para as principais bacias hidrográficas,
principalmente as utilizadas como manancial de abastecimento, constitui-se em relevante ação para a
preservação e a conservação do meio ambiente e para a vida da população. A água para abastecimento
é fator para várias formas de gestão. Os consórcios intermunicipais se constituem, em especial, como um
instrumento de gerenciamento para o manejo e controle das bacias hidrográficas.
Toda ocupação urbana terá como resultado a modificação de diversos fatores do meio natural.
Entretanto, se houver preocupação em se manter as principais características ambientais, essenciais
para a continuidade dos ecossistemas naturais, principalmente por meio da utilização do solo de forma
ordenada, os efeitos sobre o meio poderão ser minimizados e os resultados benéficos sobre este pode-
rão ser aproveitados a favor do homem e de todas as formas de vida incluídas no meio antrópico4.
Objetivando respeitar as diversidades sociais, econômicas e ambientais no Brasil, o Conselho
Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) aprovou, em 15 de outubro de 2003, a Resolução 32 que institui
doze regiões hidrográficas no Brasil.
A distribuição da água no território nacional não é uniforme e as regiões que possuem mais po-
pulação e que são mais industrializadas apresentam menor disponibilidade de recursos hídricos. Esse
fator faz com que seja adotado um sistema nacional de recursos hídricos, com gestão integrada e onde
a bacia hidrográfica é tratada como unidade de gerenciamento.
As regiões hidrográficas brasileiras são: Amazonas, Tocantins/Araguaia, Atlântico Nordeste Oci-
dental, Parnaíba, Atlântico Nordeste Oriental, São Francisco, Atlântico Leste, Atlântico Sudeste, Paraná,
Paraguai, Uruguai e Atlântico Sul.
Sabe-se que a maioria das Leis Orgânicas Municipais contempla em seus textos a preocupação
ambiental, seja quanto a estudos de impacto ambiental, ou mesmo quanto ao relatório de impacto
ambiental. Também os projetos de parcelamento do solo urbano são objetos da preocupação quanto ao
seu traçado, à taxa a ocupação dos lotes e principalmente à taxa de permeabilidade do solo.

4 Relativo às modificações provocadas pelo homem no meio ambiente (Houaiss).

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Outro fator para o cuidado com as ba-


cias hidrográficas diz respeito à intensa urba-

Agência Nacional de Águas.


nização e a questão do lançamento final dos
esgotos. Estes, se não forem muito bem ge-
renciados nem tampouco objeto de um trata-
mento específico, vão determinar uma grave
degradação ambiental. A falta de vegetação
nas encostas dos morros também provoca
um assoreamento nas águas, comprometen-
do as bacias, além de expor as superfícies às
intempéries, causando erosões.
A ausência da arborização urbana, em
áreas públicas como praças, parques ou jardi-
netes, pode provocar uma insustentabilidade
urbana, na medida em que representa um as- Legenda
pecto negativo para a amenização urbana. Regiões hidrográficas

Unidades hidrográficas
O planejamento urbano deve resul- Limites estaduais
tar, portanto, na conservação dos recursos Limitas internacionais
naturais, entendida como o uso apropriado
do meio ambiente dentro dos limites capazes Divisão hidrográfica do Brasil segundo a Agência Nacional de Águas
(2003).
de manter sua qualidade e seu equilíbrio, em
níveis aceitáveis (MOTA, 2003, p.100).

Texto complementar
Educação ambiental e cidadania
(JACOBI, 1998)
A questão ambiental está cada vez mais presente no cotidiano da população das nossas cida-
des, principalmente no que se refere ao desafio de preservar a qualidade de vida.
Entretanto, a dinâmica de urbanização predatória tem provocado o aumento dos problemas
ambientais nas nossas cidades. Todos têm sido afetados pelos problemas, em particular os setores
mais carentes da população.
Isso ocorre porque no contexto urbano metropolitano brasileiro os problemas ambientais têm
se avolumado a passos agigantados e sua lenta resolução causa sérios impactos sobre a população.
Os problemas não são novos. Destacam-se a contaminação das fontes de água, o aumento des-
mesurado do número de enchentes, a exiguidade da rede de esgotos, as dificuldades em gerir os

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resíduos sólidos e a interferência crescente do despejo inadequado de lixo em áreas potencialmente


degradáveis em termos ambientais e naturalmente os problemas da poluição do ar.
Como enfrentar todos esses problemas? O maior acesso à informação potencializa mudanças
comportamentais necessárias para um agir orientado para a defesa do interesse geral.
Nesses tempos em que a informação assume um papel cada vez mais relevante, o ciberespaço,
a multimídia, a internet e a educação para a cidadania representam a possibilidade de motivar e
sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação na defesa da qualidade
de vida.
Os impactos negativos do conjunto de problemas ambientais resultam principalmente da preca-
riedade dos serviços e da omissão do Poder Público em relação à prevenção das condições de vida da
população, porém é também reflexo do descuido e da omissão dos próprios moradores, inclusive nos
bairros mais carentes de infraestrutura, colocando em xeque aspectos de interesse coletivo.
Nesse sentido, a Educação Ambiental (EA) representa um instrumento essencial para superar os
atuais impasses da nossa sociedade.
O grande salto de qualidade tem sido dado pelas ONGs e organizações comunitárias, que têm
desenvolvido ações não formais centradas principalmente em ações com a população infantil e
juvenil.
Um dos grandes desafios é ampliar a dinâmica interativa entre a população e o Poder Público,
uma vez que isso pode potencializar uma crescente e necessária articulação com os governos locais,
notadamente no que se refere ao desenvolvimento de práticas preventivas no plano ambiental.

Pedro Jacobi. Professor Associado da Faculdade de Educação da USP


e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP.

Atividades
1. Cite três atividades do homem capazes de degradar o meio ambiente.

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2. Conceitue mata ciliar.

3. Qual a importância das bacias hidrográficas para o planejamento urbano?

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Gabarito
1. Ocupação de áreas de fragilidade ambiental como áreas sujeitas à inundação e encostas de morros;
Desmatamentos em geral, mas principalmente em encostas de morros e mata ciliar;
Falta de local apropriado para a disposição final do lixo.

2. Mata ciliar é a formação vegetal nas margens dos córregos, lagos, represas e nascentes.

3. O conhecimento das possibilidades de cada bacia hidrográfica para que a cada uma delas possa
ser equacionada uma função específica, ou seja, manancial para abastecimento d’água, para o
lançamento dos efluentes líquidos ou para a geração de energia elétrica.

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