Você está na página 1de 54

Técnicas de

Sustentabilidade
Aplicadas ao
Projeto
2º semestre
Mestrado em Arquitetura Paisagista

Vera Ferreira
E-mail: vlferreira@ualg.pt
Organização

 6 aulas teóricas

 Teste: 18 de Abril

 Bibliografia:
 Thompson, J.W. e Sorvig, K. 2000. Sustainable Landscape
Construction. Island Press, Washington D.C.- Covelo,
California, USA.
 Não há uma definição clara
e incontestada.
 Provavelmente uma que
gera mais consenso é:
O que é conseguir satisfazer as
necessidade de hoje sem
sustentabilidade? diminuir a possibilidade das
gerações futuras poderem
satisfazer as suas (usar
recursos sem diminuir a sua
disponibilidade futura)
Ecologicamente correto Economicamente viável

Princípio da
sustentabilidade

Socialmente justo Culturalmente diverso


Russian doll model

Venn diagram
Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no
qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a
orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão
em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as
aspirações e necessidades humanas". Para isso, são priorizadas ações em prol
de uma sociedade mais justa, igualitária, consciente, de modo a trazer
benefícios para todos
A evolução da sustentabilidade na agenda internacional

2002: Conferência
2000: Objetivos de Mundial sobre o
1968: Criação do
Desenvolvimento do Desenvolvimento
clube de Roma
Milênio Sustentável (Rio +
10), em Joanesburgo

1997: 3 ª Conferência 2012:


1972: Conferência
das Nações Unidas Conferência das
sobre o Ambiente
sobre as Alterações Nações Unidas sobre
Humano das Nações
Climáticas – Protocolo Desenvolvimento
Unidas (Estocolmo)
de Quioto Sustentável (Rio+20)

1992: Cimeira da
1987: Relatório Terra (Rio de Janeiro,
Brundland (“O nosso Brasil); Agenda 2021;
Futuro comum”) Convecção sobre as 2015: Agenda 2030
alterações climáticas
ODS
Objetivos em 2000
Objetivos de
desenvolvimentos sustentável
Recursos naturais

Recursos
naturais

Não
Renováveis
renováveis

As gerações atuais estão assim perante a ‘obrigação moral’ de


preservar o ambiente e os recursos naturais, já que as gerações
vindouras estão impossibilitadas de participarem nas decisões
que os hão de vir a afetar
Ciclo dos recursos

 No extremo todos os recursos são renováveis


(até os combustíveis fósseis se renovam, mas
com um ciclo que dura eras)
 Se gastamos os recursos mais rapidamente do
que eles se renovam, as gerações futuras vão
ter menos recursos
 Alguns recursos não desaparecem mas por
alguma causa deixam de estar acessíveis
(alteração de solos férteis,…), i.e. na prática
deixam de ser utilizáveis
Politica dos 4 Rs
Solo
Qual a importância da conservação do
solo?
Em 2020, a ONU, (Organização das Nações Unidas), alertou que a
degradação dos solos afeta 3,2 bilhões de pessoas

 A superfície da terra não aumenta


 Solo estéril (ou área que volta a ser rocha) tem pouca
utilidade para o ser humano
 O solo é a base para produzir alimentos, fibras e para
capturar energia do sol
 O ecossistema do solo (como os outros) é muito
complexo e depois de degradado é muito difícil reverter

Esforços no sentido de conservação e recuperação de alguns solos


torna as comunidades mais resilientes, garante a biodiversidade, e
pode reduzir os efeitos da mudança climática.
Energia
Energia
Energia
(cont)
 In 2019, fossil fuels still
accounted for
approximately 84
percent of the world’s
primary energy use, but
this is expected to fall
to 74 percent by 2050,
meaning that the use of
fossil fuels is expected
to be on a decline
Energia Renováveis

Solar: A produção de eletricidade usando o sol é possível


através de painéis solares fotovoltaicos ou de painéis solares
térmicos.

Bioenergia é energia proveniente da biomassa, ou seja da


matéria orgânica vegetal ou animal, que pode ser usada para
gerar eletricidade ou para produzir biocombustíveis.

Hidroeléctrica, obtidas nas barragens, resultado da energia


do sol que impulsiona o ciclo da água . Com o seu peso faz
funcionar turbinas que produzem electricidade.
Energia Renováveis

Energia eólica: Energia proveniente do vento. O vento é o


movimento de massas de ar, provocado por um aquecimento
diferenciado das zonas da atmosfera ou pela orografia do terreno

Energia geotérmica: obtida a partir do calor do interior da terra


(vulcões, geisers, fumarolas,…) também renovável

Oceanos: Energia limpa que pode ser obtida através das marés
ou das ondas dos mares.
Nos EUA
Portugal
Evolução das percentagens das fontes de
produção elétrica em Portugal
Energia – Agenda 2030
Garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e
modernas para todos

- assegurar o acesso universal, de confiança e a preços acessíveis aos serviços


de energia;
- aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz
energética global;
- duplicar a taxa global de melhoria da eficiência energética;
- reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso à investigação e
às tecnologias de energia limpa, incluindo energias renováveis, eficiência
energética e tecnologias de combustíveis fósseis avançadas e mais limpas.
- expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o fornecimento de
serviços de energia modernos e sustentáveis.
Água
Água
 Tem um ciclo rápido mas para uma dada zona a produção
(precipitação) é fixa, ou nalguns casos tende a baixar
(desertificação)
 Apenas 3% é doce e disponível para consumo humano, e
destes, apenas 0.5% estão imediatamente disponíveis;
 Segundo a ONU, cerca de 5 bilhões de pessoas podem
sofrer com a falta de água em 2050.
 A água é fundamental para o desenvolvimento
socioeconómico, para a produção de energia e alimentos,
para a construção de ecossistemas saudáveis e para a
sobrevivência da espécie humana.
 A escassez deste bem universal tende a aumentar até 2050
devido à procura do setor industrial e doméstico das
economias emergentes e devido ao aumento da população
mundial, e devido às alterações climáticas.
Água
 Existe, portanto, uma necessidade crescente de
equilibrar a procura dos recursos hídricos com a
necessidade das comunidades
 Podemos reutilizá-la ou reciclá-la, podemos diminuir o
que chega ao mar sem ser usado (aumentando a
infiltração) (ou captando em charcas e barragens de
rega, muita da que corre nos cursos de água, com algum
risco para os ecossistemas fluviais) e podemos também
tentar contrariar a desertificação.
 É necessário incentivar ações para preservação
ambiental, reflorestamento em áreas de nascente,
zoneamento urbano, uso de práticas sustentáveis na
agricultura e redução de emissão de gases do efeito
estufa.
Água

 A água está no centro do desenvolvimento sustentável e


diz respeito à promessa central do Objetivo 6 da Agenda
2030 para o Desenvolvimento, que defende o acesso
universal e equitativo à água potável e ao saneamento
até 2030.
Diversidade biológica

 A perda de biodiversidade tornou-se um problema


central em todo o mundo
 A pressão socio-económica tem conduzido à destruição
de habitats, ao uso excessivo dos recursos naturais, à
introdução de espécies invasoras e à poluição com
consequências na perda de organismos.
 A variação genética que existe tanto dentro quanto
entre espécies formam outro componente importante
da diversidade biológica, e é a base para as mudanças
evolutivas
 Todas as espécies estão interligadas e dependem umas
das outras pelo que a perda de biodiversidade
enfraquece essas conexões e muitas vezes determina a
sua quebra, prejudicando todas as espécies no
ecossistema;
Diversidade biológica

 Cerca de 80% das necessidades dos povos e 40% da economia mundial


dependem dos recursos biológicos, razão mais do que suficiente para dizer
que a sobrevivência dos seres humanos assenta na biodiversidade.
 Na União Europeia, as prioridades de ação estão definidas na Estratégia de
Biodiversidade da UE para 2030.
Diversidade biológica
 Procura minimizar o impacto ambiental
negativo dos projetos através da melhoria
da eficiência e moderação no uso de
materiais, energia, recursos, espaço e o
ecossistema em geral.
 Alcançar sustentabilidade num projeto
Arquitetura significa procurar uma relação precisa
entre vontades e custos, desejos e
paisagista manutenção, expectativas e estratégias
eficientes.
sustentável  Um projeto deve respeitar princípios
ecológicos de gestão sustentável dos
recursos naturais e promoção da
biodiversidade, e ter uma função e
estética adequadas ao público-alvo
 Sustentabilidade implica maior eficiência e
nunca menor qualidade.
Num projeto sustentável é necessário
termos também em consideração que o
território não é todo igual. Assim sendo, é
preciso planear e implementar de acordo
Arquitetura com as características do território. Deve
ter-se em conta as espécies autóctones,
paisagista bem como a redução do consumo hídrico, a
redução do desgaste do solo e a
sustentável minimização da utilização de espécies
exóticas, que muitas vezes são invasoras,
prejudicando o equilíbrio da paisagem.
 Maximizar o uso sustentável dos
recursos, causando menos poluição e
resíduos;

Arquitetura  Melhorar a qualidade de vida das


populações locais;
paisagista  Oferecer flexibilidade e permitir futuras
sustentável alterações
 Proporcionar ambientes e habitats
naturais;
 Gerar lucro
 Tecnologias de irrigação conservativas que
podem optimizar taxas de precipitação do
sistema de rega adequadas à evapotranspiração ;

Arquitetura  Posicionamento e dimensão estratégicos das


áreas de relvados bem como árvores e arbustos
bem adaptados ao clima;
paisagista  Reciclagem de resíduos orgânicos in situ através
de mulches orgânicos que incentivam a retenção
sustentável de água no solo, formação de solo, reciclagem
de nutrientes e impedem o aquecimento
excessivo do solo;
 Execução de podas conservativas ocasionais.
Recusar (ou reduzir),
Reutilizar, Reciclar e recuperar
 Será mesmo necessária essa
intervenção?
 Será que temos de intervir de uma
forma tão drástica (pavimentando,
removendo árvores, colocando
Recusar (ou construções, modificando o
relevo, as linhas de água…)
reduzir o  Será que temos de intervir na área
consumo) toda, ou basta actuar em locais
pontuais, deixando uma boa parte
intocada?
 Temos uma ideia da quantidade de
energia fóssil que a nossa
intervenção acarreta?
Avaliar a necessidade de um
projeto
 Normalmente fala-se de diminuir os desperdícios
(lixo,etc.), poluição e degradação do ambiente.
 Raramente se põe a questão se precisamos mesmo de
fazer essa intervenção...qual é o papel dessa
intervenção, qual a influência no habitat e na
biodiversidade?
 No campo politico e de tomada de decisões, ao planear
uma construção, é bom analisar o porquê, o quando e o
se vale a pena fazer essa construção! São questões
politicas, sociais, éticas e também técnicas.
 É usar o mesmo local ou material
(sem grandes transformações)
 Porque não tentar usar outra vez
uma área que já foi utilizada e
deixar áreas puras ou
ecologicamente saudáveis sem
intervenção? (aqui estamos a recusar
e a reutilizar e possivelmente a
recuperar)

Reutilizar  Temos de utilizar materiais novos ou


podemos usar alguns que não estão a
ser usados (postes de electricidade,
ladrilhos usados, pedra,…)
 Os materiais que usamos vão poder
ser reutilizados (ex: ladrilhos no
pavimento…)
 Temos ideia do consumo de energia
fóssil de cada material que
propomos?
 Reutilizar, com transformação
considerável, a mesma área, ou o
mesmo material. Porque não usar
locais sem utilização, renovando-
os e adaptando-os aos novos usos?
Utilização de materiais reciclados.
Reciclar 
Ex: betão triturado (em vez de
brita), tijolo partido (em vez de
brita, ou inerte ornamental,…),
vidro moído (em vez de areia),
portas antigas, plástico reciclado.
 Tornar o que estava inutilizado em
algo utilizável.
 Porque não devolver a
funcionalidade e a utilização a
Recuperar áreas que neste momento não
podem ser usadas.
 Ex: recuperar antigas
pedreiras/zonas industriais e
reestabelecer o ecossistema.
Há custos ambientais ao converter
ecossistemas autossustentáveis em
paisagens construídas!

- perda de solo
- degradação da água,
- introdução de materiais tóxicos e não renováveis
- uso não sustentado de energia
- introdução de espécies exóticas

Ao construir uma casa, os efeitos ambientais afetam uma área


5,5 vezes a da casa (USA). Pior se houver introdução de
materiais tóxicos, doenças ou plantas invasivas...)
Espaços verdes /Jardins

 É um mito que os jardins são 100% naturais!


 Há que saber avaliar as técnicas e materiais usados
 Os espaços verdes poderão desempenhar um papel
importante nos recursos naturais e na
biodiversidade, quando baseados em modelos
naturais.
 A seleção do material vegetal é determinante para
concretizar um jardim sustentável, ao nível da
gestão da água, da fertilização e adubações
necessárias, assim como nas necessidades de
tratamentos no controle de pragas e doenças.
 Os novos desafios ambientais, ao nível dos espaços
verdes, centram-se principalmente na redução do
consumo hídrico, na redução do desgaste do solo e
também na minimização da utilização de espécies
exóticas, que prejudicam o equilíbrio da paisagem
Sustentabilidade suficiente?

 Podia-se ir mais longe e falar, não de sustentabilidade mas


de regeneração, isto é capazes de regenerar/recuperar a
energia e os materiais degradados.
 É necessário ir além do impacto neutro, de não causar
impacto.
 É necessário uma nova forma de se fazer arquitetura,
engenharia, paisagismo, urbanismo, processos industriais,
agricultura, políticas públicas e outras formas de design.
 Economia regenerativa - Focada na natureza, baseia-se em
dois pilares: não usar recursos que não possam ser
recuperados e não utilizar os recursos mais rapidamente do
que eles possam ser restaurados, e regenerados.
Sustentabilidade Regenerativa

 Abordagem consciente de que a


saúde de um ecossistema depende
da saúde humana e de que a saúde
humana depende da saúde de toda
a ecologia.

 Ambientes construídos podem


produzir mais energia e recursos do
que consomem e que podem
funcionar como catalisadores da
saúde dos lugares em que estão
inseridos.
Nature-based Solutions

 São soluções inspiradas e


sustentadas pela natureza,
que são economicamente
viáveis, proporcionam
benefícios simultaneamente
ambientais, sociais e
económicos e ajudam a
aumentar a resiliência

 Estas soluções trazem um


número maior e mais
diversificado de
características e processos
naturais e da natureza às
cidades.
Pegada ecológica
 A pegada ecológica total é uma medida da
área de terra biologicamente produtiva e
de água que a população necessita para
satisfazer o consumo, num dado momento,
tendo em conta todos os recursos
materiais e energéticos.

 Desde 1970, a pressão do consumo


humano excede a capacidade de
regeneração dos ecossistemas naturais.

 Para viver dentro dos limites dos recursos


do planeta, a pegada ecológica mundial
teria de ser igual à biocapacidade da Terra
Pegada ecológica
 A pegada ecológica é atualmente usada ao
redor do globo como um indicador de
sustentabilidade ambiental. Pode ser usado
para medir e gerenciar o uso de recursos
através da economia. É comumente usado
para explorar a sustentabilidade do estilo
de vida de indivíduos, produtos e serviços,
organizações, setores industriais,
vizinhanças, cidades, regiões e nações.
 A pegada ecológica de uma população
tecnologicamente avançada é, em geral,
maior do que a de uma população
subdesenvolvida.
Mapa da pegada ecológica gerada, em média, por pessoa
nos diferentes países (2017)
Para calcular a Pegada ecológica é necessário somar
todas os componentes que podem causar impactos
ambientais, tais como:

 área de energia fóssil (representa a área que


deveríamos reservar para a absorção do CO2 que
é libertado em excesso )

Pegada  terra arável (representa a área de terreno


agrícola necessária para suprimir as necessidades
alimentícias da população)
ecológica  pastagens (representa a área necessária para
criar o gado em condições minimamente
"razoáveis")
 floresta (representa a área de floresta
necessária para fornecer madeira e seus
derivados e outros produtos não lenhosos)
 área urbanizada (representa a área necessária
para a construção de edifícios)
Diminuir a pegada ecológica

 O movimento das ecovilas e das Cidades em Transição constitui


um exemplo de como reduzir a pegada ecológica de um individuo,
família ou comunidade. É possível integrar harmonicamente uma
vida social, económica e cultural a um padrão de vida sustentável
em todos sentidos.
 Começando pelo tipo de materiais de construção numa casa, uma
redefinição de padrões de consumo, e o simples ato de
compartilhar e cooperar com as pessoas ao redor, tudo isso pode
diminuir muito o impacto de um individuo.
 Por exemplo, na Ecovila Sieben Linden, na Alemanha
https://www.footprintcalculator.org/home/pt

Você também pode gostar