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AVALIAÇÃO DOS PRINCÍPIOS SUSTENTÁVEIS E NOVAS DIRETRIZES

PROJETUAIS DE EMPREENDIMENTO COM USO MISTO:


ESTUDO DE CASO EM TERESINA-PI.

Jadiane Beilfuss (1); Gustavo de Luna Sales (2)


(1) Bacharel, Engenheira Civil, jadi.beilfuss@outlook.com, Centro Universitário Uninovafapi
(2) Doutor, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, gustavoluna@unb.br, Universidade de Brasília

RESUMO
A Agenda 21, para a construção sustentável em países em desenvolvimento, apontou como
aspectos para atendimento aos objetivos ambientais, o estabelecimento de metas para o desempenho
ambiental das edificações, as mudanças nas práticas de gestão do processo de projeto e construção, e a
implantação de uma nova cultura dentro do setor da construção civil para valorizar e minimizar o uso
de recursos naturais e considerar as possibilidades de reciclagem e de reuso dos materiais. Além disso,
com o acirramento do debate sobre sustentabilidade na década de 90, diversos produtos, serviços e
empreendimentos, tem se denominado sustentáveis, promovendo sua publicidade. Nesse contexto, a
presente pesquisa tem como intuito a análise criteriosa do projeto arquitetônico do empreendimento de
uso misto denominado Viverá, localizado em Teresina-PI, com o objetivo de identificar possíveis
lacunas projetuais e analisar a viabilidade de implantação de estratégias mais sustentáveis para o
contexto local. Para o desenvolvimento do trabalho será realizado levantamento bibliográfico
pertinente ao tema e o estudo do desempenho luminíco do projeto arquitetônico tendo em vista as
premissas da NBR 15.575 e da NBR ISSO/CEI 8995. Como resultados, espera-se identificar possíveis
correções dos problemas encontrados e indicar estratégias de projeto mais adequadas à realidade
climática de Teresina tendo em vista a sustentabilidade ambiental, possibilitando assim traçar
diretrizes para execução de construções efetivamente sustentáveis.
Palavras-chave: Construções sustentáveis, edifícios de uso misto, diretrizes sustentáveis,
NBR 15.575.

ABSTRACT
Agenda 21, for sustainable construction in developing countries, pointed to aspects related to
meeting environmental objectives, setting targets for the environmental performance of buildings,
changes in management practices in the design and construction process, and the implementation of a
new culture within the civil construction sector to value and minimize the use of natural resources and
consider the possibilities of recycling and reuse of materials. In addition, with the intensification of the
sustainability debate in the 1990s, several products, services and enterprises have been called
sustainable, promoting their publicity. In this context, the present research aims at the careful analysis
of the architectural design of the sustainable mixed use project called Viverá, located in Teresina-PI,
with the objective of identifying possible design gaps and analyzing the feasibility of implementing
more sustainable strategies for the local context. For the development of the work will be carried out a
bibliographical survey pertinent to the theme and the study of the thermal, luminous and acoustic
performance of the architectural project taking into account the premises of NBR 15.575. As results, it
is hoped to identify possible corrections of the problems encountered and to indicate design strategies
that are more appropriate to Teresina's climatic reality in view of environmental sustainability, thus
making it possible to draw up guidelines for the execution of effectively sustainable constructions.
Keywords: Sustainable buildings, mixed-use buildings, sustainable guidelines, NBR 15.575.
1. INTRODUÇÃO
A relação da sociedade com a natureza, sempre presente na história da humanidade, baseou-se
inicialmente na adequação do homem aos condicionantes naturais como forma de sobrevivência e
contemplação social. Posteriormente, com a chegada da revolução industrial, os recursos naturais
passaram a servir como ferramenta para suprir os interesses e exigências do modo de vida urbano,
estando sujeitos à exploração constante. No contexto atual estão presentes dois cenários que definem a
nova relação tomada pelo urbano e o natural: o primeiro, o modo de consumo capitalista que se
sobrepõe ao natural através da superioridade do dinheiro, e o segundo, a sustentabilidade, buscando
inovar com propostas integradores e desafiadoras apesar dos desafios quanto a sua fragilidade teórica
(ABREU, 2004).
O conceito sustentabilidade está em constante construção, inicialmente estava ligado apenas
ao campo ambiental, e atualmente tem abrangido questões econômicas, sociais e políticas (SILVA e
SHIMBO, 2001), devendo-se garantir uma inter-relação equilibrada dessas dimensões. Foi adotado
nesta pesquisa, como conceito de desenvolvimento sustentável, o processo capaz de atender às
necessidades das atuais gerações sem comprometer os direitos das gerações futuras (BRUNDTLAND,
1987, p. 16, tradução dos outros).
No que tange à construção civil, a Agenda 21 para a construção sustentável em países em
desenvolvimento (INTERNATIONAL..., 2002), apontou como aspectos a serem considerados no
atendimento aos objetivos ambientais, o estabelecimento de metas para o desempenho ambiental das
edificações, as mudanças nas práticas de gestão do processo de projeto e construção, e a implantação
de uma nova cultura dentro do setor da construção civil, onde todos passariam a valorizar e minimizar
o uso de recursos naturais e considerar as possibilidades de reciclagem e de reuso dos materiais.
Com o acirramento do debate sobre sustentabilidade urbana na década de 90, o discurso
ecológico foi incorporado pelos empreendedores imobiliários que passaram a adotar iniciativas como
coleta seletiva, sistema de água mais eficientes, economia de energia, tratamento de esgoto, com o
intuito de suprir a demanda dos consumidores por edifícios verdes 1. Assim, devido à disputa
mercadológica diversos produtos, serviços e empreendimentos, tem se denominado sustentáveis,
promovendo a publicidade de seus empreendimentos (GUERRA, 2012).
Nesse sentido, este trabalho possui como objetivo geral, identificar possíveis lacunas
projetuais e analisar a viabilidade de implantação de estratégias mais sustentáveis para o contexto local
no futuro empreendimento de uso misto sustentável denominado Viverá. A metodologia utilizada
baseia-se em amplo levantamento bibliográfico, consulta de legislações e de profissionais que
trabalham e/ou realizam estudos de construções sustentáveis. A partir dessas etapas, serão realizados
estudos do desempenho térmico e lumínico do projeto arquitetônico tendo em vista as premissas da
NBR 15.575.

IMPORTÂNCIA / CONTEXTULIZAÇÃO
O processo de urbanização da cidade se intensificou a partir da revolução industrial,
consolidando-o como opção para organização da sociedade. A população urbana global ultrapassou a
população rural, assim, mais da metade da humanidade passou a viver em cidades. No Brasil, 84,4%
da população reside em áreas urbanas, cerca de 161 milhões de habitantes, enquanto apenas 15,6% da
população permanecem em zonas rurais. Na cidade de Teresina-PI, a diferença torna-se ainda maior
pois 94,3% da população mora na zona urbana e apenas 5,75% mora na zona rural (IBGE, 2010).
Neste contexto, a construção civil tornou-se responsável pela oferta de infraestrutura e verticalização
das moradias para a população das cidades, sendo assim, grande responsável pelo crescimento
econômico do país.

1
Segundo Bauer (2009), edifícios verdes ou edifícios de alta performance, são ambientalmente
responsáveis e preservam a eficiência da utilização dos recursos no seu ciclo de vida, isto é, durante as fases de
projeto, construção, operação, manutenção, reabilitação e demolição.
Em contrapartida, a execução de obras consome mundialmente a cada ano mais de 50% dos
recursos naturais utilizados (PACHECO-TORGAL; JALALI, 2012; MATEUS; BRAGANÇA, 2011).
Estima-se que os resíduos da construção e demolição variam no mundo de 163 a 3658 kg por capita,
com valores típicos de 400 kg por capita, que são valores característicos de resíduo doméstico sólido
(JOHN, 2000). É necessário adicionar a este total todos os resíduos gerados durante a produção de
materiais de construção.
A construção civil também consome uma quantidade significativa de energia. De acordo com
Adam (2001), a Construção Civil consome 50% de toda a energia produzida no planeta, impactando
assim, significativamente o meio ambiente. Segundo Pessarello (2008) para a confecção de um metro
cúbico de concreto, se gasta em média 160 a 200 litros de água, e ainda na compactação de um metro
cúbico de aterro podem ser consumidos até 300 litros de água. Percebe-se assim, que o setor é
responsável pelo consumo de grande parte de energia, água, insumos e geradora de resíduos.
Ao considerar o desempenho das edificações é relevante observar sua vida útil, os quais
tendem a durar mais de cinquenta anos e as infraestruturas viárias e ferroviárias até mais de cem anos.
A construção de edificações duráveis pode significar menor necessidade de investimento com sua
recuperação com o passar dos anos assim como uma elevada vida útil, evitando o uso dos recursos
naturais destinados ao processo de demolição e reconstrução de uma dada edificação ao final do seu
tempo de serviço (MEDEIROS et al., 2011).
Além disso, Olgyay (2006) destaca que a edificação deve proporcionar conforto ao usuário
associado com baixo custo de manutenção, reduzindo a necessidade de condicionamento mecânico
através do aproveitamento dos recursos naturais.
A cidade de Teresina, conhecida pelas altas temperaturas, principalmente entre os meses de
setembro a novembro, chega a 40°C nos horários mais quentes do dia, além de possuir 14 UIV, ou
seja, o maior índice de Ultravioleta existente, podendo causar danos a pele da população
(CLIMATEMPO, 2016). Outras problemáticas existentes são a pouca eficiência da drenagem urbana
na Zona Leste da cidade, a legislação falha perante a preservação da vegetação existente na zona
urbana da cidade, além de a relevante quantidade de entulho gerado nas obras e descartados de forma
irregular no meio ambiente.
O fato é que, a importância da redução do impacto ambiental das construções é uma tendência
mundial, impulsionada pelas exigências governamentais o até por estratégias de mercado. Constata-se
então, que o planejamento e desenvolvimento de diretrizes projetuais adequadas as condições
climáticas de Teresina, será de grande relevância não só para o bem-estar da moradores e empresários
instalados no edifício, como também, um exemplo de como podem ser realizadas mudanças nas
técnicas projetuais e construtivas das novas construções da cidade de Teresina através de
investimentos públicos e/ou privados.

2. OBJETIVO
GERAL:
Identificar lacunas projetuais relacionadas à tipologia residencial - conforme os critérios da
NBR 15.575 -, elencando possíveis estratégias mais sustentável para a cidade de Teresina-PI.
Análise do estudo de caso e identificação de estratégias para o elevar desempenho lumínico de
tipologias semelhantes para o contexto climático de Teresina-PI.

3. MÉTODO
3.1 - Caracterização do Estudo de Caso: (abordar a localização e caracterização climática da
cidade, caracterização do estudo de caso);
3.2 - Critérios de Análise: (abordar sobre os critérios de análise da NBR 15.575 para o
desempenho lumínico);
3.3 - Análise do estudo de caso com base nos critérios da NBR.

4. RESULTADOS
(identificar quais são os principais problemas e as possíveis soluções/estratégias de projeto para elevar
o desempenho térmico e lumínico para esta tipologia – em Teresina-PI)
4.1 – Caracterização do Estudo de Caso: (abordar a localização e caracterização climática da
cidade, caracterização do estudo de caso);
DADOS CLIMÁTICOS TERESINA
Segundo os dados climáticos visualizados no site do grupo Projeteee (Projetando Edificações
Energeticamente Eficientes) (2018), entre os meses de agosto e novembro a radiação solar média
mensal (wh/m²), as temperaturas se elevam e a umidade do ar cai consideravelmente nesse período,
fazendo com que os moradores da cidade tenham que sofrer com condições fora da zona de conforto
do usuário. A precipitação das chuvas possui altas concentrações entre os meses de dezembro a abril,
causando alagamento em Teresina-PI devido o mal dimensionamento e distribuição de bueiros
principalmente na Zona Leste da cidade.
Além desses dados climáticos, ao observarmos o desempenho térmico de edificações que está
na Norma 15.220-3, constatamos que Teresina-PI está inserida na Zona Bioclimática 7. A carta solar e
as estratégias recomendadas para condicionamento térmico passivo para essa zona, são o resfriamento
evaporativo e massa térmica para resfriamento, e a ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a
temperatura interna seja superior à externa).
As aberturas para ventilação recomendadas são de 10 a 15% da área do piso do cômodo e que
as mesmas sejam sombreadas. As vedações externas como paredes e coberturas devem ser pesadas e
os valores admissíveis são:
Tabela 1 - Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis
Vedações externas Transmitância Térmica - U Atraso Térmico - ᵠ Fator Solar – FSₒ
(W/m².K) (horas) (%)
Paredes pesadas U ≤ 2,20 ᵠ ≥ 6,5 FSₒ ≤ 3,5
Coberturas pesadas U ≤ 2,00 ᵠ ≥ 6,5 FSₒ ≤ 6,5
Fonte: (ABNT, 2003).
Esses dados foram coletados com o intuito de dar embasamento ao projeto conforme descrito e
especificado seguir.
CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
O terreno escolhido abrange aproximadamente metade de um quarteirão, que está localizado
na Avenida Jóquei Clube - Rua Demerval Lobão - Rua Senador Cândido Ferraz, no Bairro Jóquei,
Zona Leste da cidade de Teresina, Piauí.
O terreno possuí topografia consideravelmente plana, é propricio a inundação devido a sua
localização próxima ao rio e sua vegetação é predominantemente rasteira, havendo quatro árvores
implantadas em seu interior as quais devem ser preservadas. Além disso, o terreno escolhido compõe
aproximadamente metade do quarterão e assim é composto por três testadas, forma quadrada com
dimensões aproximadas de 79x76m e área de 6 mil m², os ventos dominantes vem da direção Nordeste
e Sudeste, a insolação inicia-se na direção Leste e finaliza-se no Oeste (Figura 33 ).
Figura 1 – Estudo da Insolação e Ventos Dominantes do Terreno Escolhido.
Fonte: Google Earth com modificações da autora, 2017.
A fachada leste, voltada para a Rua Demerval Lobão, e a fachada Oeste, divisa com o
estacionamento do Shopping Riverside, possuem grandes dimensões, proporcionando alta incidência
solar principalmente no lado Oeste. O terreno não possui grandes barreiras para impedir a ventilação
adequada devido a inexistencia de construções de grande gabarito no seu entorno, visto que as
edificações vizinhas possuem em sua maioria apenas um pavimento, permitindo a circulação do vento.
Este terreno foi escolhido, apesar da característica negativa de possuir uma grande fachada
voltada para o oeste, para demostrar, tanto para os profissionais e estudantes de Arquitetura e
Urbanismo, quanto para a população como um todo, que é possivel projetar nessas condições um
edificio de uso misto (comercial e residencial), e ao mesmo tempo, minimizar as consições climáticas
em um edificio localizado na cidade de Teresina, através do desenvolvimento adequado do projeto
arquitetônico, inserção da sustentabilidade social e seguindo algumas exigências das certificações
LEED e AQUA.
JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO
O Empreendimento Viverá foi projetado é composto sucintamente por uma praça localizada
entre 2 blocos paralelos à Avenida Jóquei Clube. Ambo blocos possuem uso misto, sendo um deles
dos de uso comercial e uso corporativo e o outro com uso comercial (restaurantes) e residencial,
totalizando um Índice de Aproveitamento de 1,74 e uma Taxa de Ocupação de 53%.
Os setores descritos acima estão dispostos em dois blocos, sendo um dos blocos de uso
comercial no térreo e uso corporativo no primeiro pavimento, e no térreo do outro bloco estão
localizadas lojas comerciais e a administração do empreendimento, o primeiro pavimento possui a área
de lazer e os demais pavimentos são compostos por 8 apartamentos por andar. A seguir está a
descrição mais detalhada de cada cômodo do empreendimento e sua devida localização:
 Bloco 01: Térreo: 21 pontos comerciais e recepção para o setor corporativo.
 Bloco 01: 1̊ pavimento: área corporativa, 1 corredor e banheiros acessíveis masculino e feminino.
 Bloco 02: Térreo: 7 pontos comerciais, sendo 2 destinados para restaurantes e 2 para lanchonetes.
Bateria de banheiros públicos, recepção setor residencial, vestiários femininos e masculinos, sala
de reuniões, depósito, zeladoria, lixeira residencial e comercial/corporativa.
 Bloco 02: 1̊ pavimento: guarita e área de lazer composta por: circulações verticais e horizontais,
salão de festa adulto e infantil, sala de jogos adulto, cinema, brinquedoteca, home office,
academia, área de piscina, área churrasqueira e playground;
 Bloco 2: Os pavimentos residenciais são compostos por 4 apartamentos tipo 1, 4 apartamentos do
tipo 2, circulações verticais e horizontais: Apt. tipo 01: 3 suítes, 1 sala de estar/jantar, 1
cozinha/lavanderia, 1 corredor e 1 varanda; Apt. tipo 02: apartamento duplex onde o térreo é
composto por 1 sala de estar/jantar, 1 cozinha/lavanderia, 1 lavabo e 1 varanda, e o primeiro
pavimento é composto por 2 suítes e o 1 corredor.
MEMORIAL DESCRITIVO
FECHAMENTOS: As paredes externas da área residencial serão executadas com parede dupla
de tijolos de 6 furos circulares, assentados na menor direção. O tijolo possui dimensões de
10x15x20cm, a espessura da argamassa de assentamento é 1cm e a espessura da argamassa de emboço
é 2,5 cm, totalizando uma parede de espessura de 26cm, com as seguintes características e se
adequando conforme a o valor exigido pela NBR 15.220/3 descrita no tópico dados climáticos
Teresina.
Transmitância Térmica (U) = 1,52 W/ (m². K) (valor exigido U ≤ 2,20)
Atraso térmico () = 6,5 horas (valor exigido j ≥ 6,5)
Nas paredes externas da área comercial serão utilizados os vidros duplos laminados, pois os
vidros duplos proporcionam maior conforto térmico e acústico do cômodo e o vidro laminado possui
maior resistência e não deixa que seus estilhaços se espelham em possível quebra. Já nas paredes
internas tanto das áreas residenciais, comerciais e corporativas, serão utilizadas paredes drywall com o
intuito de promover futuras mudanças com a integração de cômodos, apartamentos e até mesmo haver
a possibilidade de mudança da funcionalidade do edifício. Na circulação dos pavimentos tipos serão
utilizados elementos vazados em cerâmica para promover maior iluminação natural e ventilação
cruzada no hall dos apartamentos, e consequentemente proporcionará maior ventilação cruzada nos
apartamentos caso o morador deixe a porta da sala aberta.
COBERTURAS E IMPERMEABILIZAÇÕES: No bloco comercial/residencial será utilizada
telha termoacústica na cor branca com inclinação de 10%. O bloco comercial/corporativo possuirá
um telhado verde da marca Ecotelhado, com Sistema Alveolar Leve em cima da laje
impermeabilizada, onde poderão ser plantadas gramíneas (Figura 36). Desse modo será possível
maior drenagem urbana, melhora no microclima local e menor absorção da radiação solar
incidente na cobertura.
ESQUADRIAS: Janelas: As janelas do setor corporativo e do setor residencial serão com
folhas de vidro duplo laminado reflexivo com moldura em alumínio anodizado na cor branca. Essas
três características devem estar inseridas nos vidros das esquadrias pois os vidros duplos
proporcionam maior conforto térmico e acústico do cômodo, o vidro laminado possui maior
resistência e não deixa que seus estilhaços se espelham em possível quebra, e o vidro reflexivo, reflete
os raios solares e assim reduz a passagem de calor. Portas: As portas externas serão em folhas de
vidro duplo laminado, com moldura em alumínio anodizado na cor branca. As portas internas serão de
madeira de reflorestamento tratadas com óleo de madeira Kröten. A porta da varanda será de vidro
duplo laminado reflexivo do tipo sanfonado para proporcionar maior integração entre os
apartamentos e o ambiente externo.
REVESTIMENTOS: Os revestimentos do Empreendimento Viverá são predominantemente da
empresa Portobello, devido suas atitudes sustentáveis, como o reaproveitamento de 100% da água
utilizada em seu processo produtivo. A outra parcela das paredes externas e as paredes internas (que
não possuem revestimento), receberão pintura na cor branca da ecotinta Kröten, que é feito de
produtos minerais e isentos de COV´s. Além disso, as paredes que devem ser rebocadas e emassadas
serão feitas com massa corrida ecossílica, também da marca Kröten.
PISOS: Na parte interna dos cômodos da área de lazer como salão de jogos adulto e infantil,
academia, etc., foi utilizado o piso vinílico feito com PVC 100% reciclável, da marca Interfloor. Os
decks foram projetados em madeira plástica da Ecopex que é fabricado com sobras de madeira e
resíduos de plástico. Nas áreas externas térreas foram utilizados pisos drenantes da marca Braston,
cor gergelim, que utilizam na sua composição resíduos de porcelana, concreto, pneu e fibra de
coco.
FORROS: Nas áreas comerciais, corporativas e nos cômodos das áreas comuns do setor
residencial, será utilizado o Forro Mineral Ocean da marca OWA Sonex, que é um produto 100%
reciclável, produzido em pura fibra mineral branca biossolúvel e compostos naturais, além disso, não
emite VOC’s (Compostos Orgânicos Voláteis). No interior dos apartamentos deve ser utilizados o
forro de PVC da Marca Plasbil na cor branca, que é feito de material retornável, sendo 100%
reciclável, requer baixa quantidade de energia elétrica para ser fabricado e possui boa durabilidade. Os
forros das varandas dos apartamentos, e área de convivência serão em madeira de eucalipto com
certificação do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, tratados com óleo madeira Kröten.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS: Na cobertura do edifício residencial/comercial, será instalado
um sistema com placas fotovoltaicas para geração de energia para as áreas comuns do setor residencial
e na praça do empreendimento. Toda a iluminação artificial do empreendimento será produzida pela
última tecnologia desenvolvida para que as lâmpadas LED Philips, que possuem menor potência e
gerem maior luminância. Nos setores comerciais, corporativos e na praça, a iluminação possuirá
dimmers para controle da intensidade da luz, gerando maior ou menor luminosidade, e consequente
meior conforto do usuário. Na praça também serão utilizados timers para que em determinadas horas
do fias as luzes sejam acessas ou desligadas (18hrs e 6hrs consequentemente). Já nas áreas comuns dos
pavimentos tipo serão utilizados sensores de presença para redução do consumo energético.
Área Externa: Irrigação para jardins através sistema de gotejamento Ceta e de aspersão Rotor
Spray, ambos da marca Asten. Esses sistemas estarão conectados aos sistemas controladores
temporizadores Krain RPS 469 127 V ou 220 V 9 estações, da marca BioSementes.
OUTRAS SOLUÇÕES SUSTENTAVEIS
Nos setores residenciais e corporativos foram incluídas aberturas para promover a ventilação
entre o forro e a laje do pavimento superior, e dessa forma reduzir a temperatura dos ambientes
construídos. Para que esse método fosse desenvolvido, todas as paredes internas de drywall foram
projetadas com altura para alcançar o forro (2.80m) e nas circulações comuns de cada setor não haverá
forros, fazendo com que essa ventilação circule por todo o pavimento do edifício com maior
eficiência.
Devido fatores bioclimáticos da região, evitou-se ao máximo aberturas para as fachadas leste e
oeste devido à alta incidência da radiação solar sobre elas (Figura 38). Entretanto, uma suíte teve uma
janela voltada para tais fachadas e dessa forma foi incorporado um brise horizontal móvel para maior
proteção dessa abertura (Figura 39). Conforme especificado no projeto, o brise foi dimensionado para
que tanto no solstício de inverno quanto no de verão, a radiação solar só comece a incidir dentro da
suíte a partir das 15-16hrs.

Figura 2 - Carta solar radiação na suíte


Fonte: Autoria própria, 2018 Fonte: Autoria própria, 2018
Figura 3 - Proteção brise horizontal na suíte
Na sala dos apartamentos, nos cômodos da área de lazer e no setor corporativo, foram
inseridas prateleiras de luz nas aberturas voltadas para as fachadas norte e sul, sendo uma simples e
importante técnica para promover a iluminação natural e evitar a radiação solar direta no ambiente.
No setor corporativo será inserido no telhado verde lanternins, para maior uso de luz natural e
consequente redução no consumo de energia elétrica (Figura 42).
Instalação de muxarabis para promover a proteção solar do setor corporativo nas fachadas
norte e sul, pois apesar de não receberem a incidência direta do sol, em determinadas épocas do ano a
radiação solar incide nessas fachadas.
INDICAÇÃO DA VEGETAÇÃO UTILIZADA E/OU APROVEITADA: O paisagismo
desenvolvido preservou as árvores existentes no terreno e as valorizou, com a integração a partir com
plantas nativas conforme especificado no projeto, pois são adaptadas ao clima quente e ao solo
predominante. A vegetação tratou-se de um elemento fundamental no desenvolvimento do projeto,
visto que a questão de sustentabilidade e criação de um microclima agradável na área foram
elementares.

4.2 – Critérios de Análise: (abordar sobre os critérios de análise da NBR 15.575 para o
desempenho lumínico);
1. ILUMINAÇÃO NATURAL
Segundo a NBR 15.575 (2013), durante o dia, contando unicamente com iluminação natural, os
níveis gerais de iluminância nas diferentes dependências das construções habitacionais devem atender
ao disposto na Tabela 13, que são os níveis mínimos de iluminação natural exigidos. Já o Anexo E,
contém recomendações para alcançar os níveis intermediários e superiores de desempenho relativos a
estes critérios.
Tabela 13.1* – Níveis de iluminância geral para iluminação natural
O primeiro Critério de Simulação descrito na norma, é para avaliar os Níveis mínimos de
iluminância natural. O Método deve ser realizado são as simulações para o plano horizontal,
períodos da manhã (9:30h) e da tarde (15:30h), respectivamente para os dias 23 de abril e 23 de
outubro e sua avaliação deve ser realizada com emprego do algoritmo apresentado na ABNT NBR
15215 –3, atendendo as seguintes condições:
- considerar a latitude e a longitude do local da obra, supor dias com nebulosidade média (índice de
nuvens 50
%);
- supor desativada a iluminação artificial, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas
abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc);
- simulações para o centro dos ambientes, na altura de 0,75m acima do nível do piso;
- simulações nos pontos centrais de corredores internos ou externos à unidade, a 0,75m do nível do
piso;
- para escadarias, simulações nos pontos centrais dos patamares e a meia-largura do degrau central de
cada lance, a 0,75m acima do nível do piso;
- para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por casas ou sobrados, considerar todas as
orientações típicas das diferentes unidades;
- para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por edifícios multipiso considerar, além das
orientações típicas, os diferentes pavimentos e as diferentes posições dos apartamentos nos andares;
- em qualquer circunstância, considerar os eventuais sombreamentos resultantes de edificações
vizinhas, taludes, muros e outros possíveis anteparos, desde que se conheçam o local e as condições de
implantação da obra.
Outro critério existente, é a Medição in loco: Fator de Luz Diurna (FLD). Esse método é
realizado através do luxímetro portátil, entretanto como se trata apenas de um projeto ainda não
executado, dispensa-se a explicação desse método pois o mesmo não será aplicado.
Premissas de projeto
- os requisitos de iluminância natural podem ser atendidos mediante adequada disposição dos cômodos
(arquitetura), correta orientação geográfica da edificação, dimensionamento e posição das aberturas,
tipos de janelas e de envidraçamentos, rugosidade e cores dos elementos (paredes, tetos, pisos etc),
inserção de poços de ventilação / iluminação, eventual introdução de domus de iluminação, etc;
- a presença de taludes, muros, coberturas de garagens e outros obstáculos do gênero não podem
prejudicar os níveis mínimos de iluminância especificados;
- nos conjuntos habitacionais integrados por edifícios, a implantação relativa dos prédios, de eventuais
caixas de escada ou de outras construções, não podem prejudicar os níveis mínimos de iluminância
especificados.
Comunicação com o exterior: Recomenda-se que a iluminação natural das salas de estar e
dormitórios, seja provida de vãos de portas ou de janelas. No caso das janelas, recomenda-se que a
cota do peitoril esteja posicionada no máximo a 100cm do piso interno, e a cota da testeira do vão no
máximo a 220cm a partir do piso interno, conforme figura abaixo.
2. ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL
Para o período noturno, devem ser proporcionadas condições de iluminação artificial interna
satisfatórias, segundo as Normas Brasileiras vigentes, para ocupação dos recintos e circulação nos
ambientes com conforto e segurança.
Critério – Níveis mínimos de iluminação artificial: Os níveis gerais de iluminação
promovidos nas diferentes dependências dos edifícios habitacionais por iluminação artificial devem
atender ao disposto na Tabela 13.3. O Anexo E contém recomendações de outros níveis de
desempenho relativos a estes critérios.
Tabela 13.3 — Níveis de iluminamento geral para iluminação artificial

Análise de projeto ou inspeção em protótipo, utilizando o Método de cálculo para iluminação


artificial. De acordo com a ABNT NBR 5382, para o período noturno, calculando o nível de
iluminamento para o plano
horizontal sempre a 0,80 m acima do nível do piso, nas seguintes condições:
- Calculos sem nenhuma entrada de luz externa (portas, janelas e cortinas fechadas);
- Calculos realizadas com a iluminação artificial do ambiente totalmente ativada, sem a presença de
obstruções
opacas (Exemplo: roupas estendidas nos varais);
- Calculos no centro dos ambientes;
- Calculos nos pontos centrais de corredores internos ou externos à unidade;
- para escadarias, Calculos nos pontos centrais dos patamares e a meia largura do degrau central de
cada
lance.

4.3 – Análise do estudo de caso com base nos critérios da NBR.

5. CONCLUSÕES
I CONGRESSO REABILITA
Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística

PPG-FAU UnB | Brasília


13, 14 e 15 de dezembro de 2018

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, J. L. N. Sociedade Urbana e conflitos sociais na Idade Média. Mneme – Revista Virtual de
Humanidades, n. 11, v. 5, jul./set.2004. ISSN 1518-3394.

ADAM, R. S. Princípios do Ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e edifício. São Paulo:
BBBBJriana, 2001. 128p.

BRUNDTLAND, G. H. Report of the World Commission on Environment and Development: our common
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