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Planejamento
urbano sustentável
Introdução
ambientes especialmente dos naturais, pressionando cada vez mais os recursos naturais pre-
sentes nos ecossistemas. Também por falta de planejamentos inclusivos, que levam em conta
os interesses difusos da coletividade, os problemas gerados pela urbanização desordenada
terão como consequências altas densidades populacionais, escassez de habitação, redução
da biodiversidade, poluição das águas e do ar, formação de ilhas de calor, etc.
O que percebemos é que o meio urbano é insustentável e há a necessidade urgente da
busca por soluções de eliminação e/ou redução dos impactos nos ecossistemas e na própria
estrutura urbana. Não há dúvidas que este processo tem início na tomada de consciência da
importância de se fazer planejamentos urbanos que vão de encontro com a sustentabilida-
de. Assim, a partir do comprometimento com políticas públicas planejadas das instituições
legisladoras e gestoras públicas, e também da sociedade civil, as soluções e resoluções co-
meçam a aparecer.
A ideia do planejamento urbano sustentável deve ter como base incorporar os princí-
pios da ecologia como, por exemplo, fluxo energético e ciclagem de nutrientes nos espaços
urbanos. A vida nas cidades trouxe de certo modo um conforto para as pessoas com relação
aos acessos aos serviços de saúde, alimentação entre tantos, no entanto o planejamento é
algo fundamental para a manutenção desse conforto na busca da redução dos impactos
ambientais negativos nos recursos naturais que a sustentam como água, solo, florestas etc.
Para o planejamento urbano que visa à sustentabilidade, de acordo com Hussain (2015),
é importante levar em consideração quatro funções estruturais, apresentadas no quadro 2.
A mesma autora enfatiza que para o planejamento sustentável deve-se priorizar a pro-
jeção de espaços livres urbanos, os quais possuem funções essenciais para o equilíbrio am-
biental como o acolhimento à biodiversidade, permeabilidade adequada de água de chuva,
regulação do microclima etc. Esses espaços livres urbanos devem ser ricos em bosques e
praças, canteiros centrais e ruas arborizadas, possuir amplos espaços de lazer e prioridades
na mobilidade sustentável como ciclofaixas e múltiplos transportes coletivos públicos.
1) Descrição.
2) Proposição.
3) Prescrição.
Fonte: Elaborado pelo autor.
8.2.3 Descrição
A etapa da descrição é a primeira a ser desenvolvida, pois ela faz o delineamento de
uma base descritiva composta por diagnósticos, levantamentos e inventários de dados pri-
mários e secundários que irão compor o banco de dados.
Uma vez sistematizado o banco de dados, tem início o momento analítico das informa-
ções visando à compreensão e a correlações interdisciplinares dos setores, como a mobilida-
de, lazer, arborização urbana, saneamento, saúde etc.
Com o auxílio de diversas metodologias e instrumentos analíticos é gerado o planeja-
mento urbano voltado para a sustentabilidade, devendo ficar claro, tanto para os gestores
como para a população, as inter-relações das áreas, bem como as propostas de ações.
Nesta etapa, o envolvimento e participação da comunidade é muito importante e pode
ocorrer de várias maneiras como conferências municipais, audiências públicas ou workshops.
A participação proporciona legitimidade e identidade com as propostas, facilitando bastan-
te o sucesso da implementação. Quando ocorre a participação em processos de tomadas de
decisões de interesses da coletividade, ocorre o exercício da cidadania por parte dos indiví-
duos e o fortalecimento democrático das instituições.
Quando o processo de planejamento é feito com a participação da sociedade e se tor-
na transparente, também ocorre a qualificação das questões diagnosticadas e planejadas,
levando ao maior esclarecimento da efetividade da resolução dos problemas levantados,
apontando as principais condicionantes, deficiências, potencialidades e as ações necessárias
de enfretamento das fragilidades.
8.2.5 Prescrição
Esta terceira etapa é o momento da consolidação do planejamento urbano sustentável.
Tendo as informações estudadas e analisadas – que são a base para as proposições que acon-
tecem em momentos de ampla discussão pública e que são apontadas situações para cada
setor envolvido das potencialidades e identificação das fragilidades, chega a hora definitiva
da aprovação das propostas.
Nesta etapa são descritas todas as ações definitivas a serem implantadas com um crono-
grama físico e se possível financeiro bem claro. Uma vez definidas as ações, vinculam-se as
condicionantes de aplicabilidade, que têm como os principais indicadores:
• os conflitos e aspectos políticos da localidade;
• aspectos financeiros e técnicos;
• aspectos estruturais;
• outros (identificados nas etapas anteriores).
Desta forma, é possível definir as situações reais de implantação do planejamento urba-
no sustentável, definindo as metas alcançáveis e as desejáveis.
8.2.6 Implementação
A implementação é a realização do planejamento executado tendo as 3 etapas descritas
acima como estruturantes. São ações e projetos que viabilizam as propostas consolidadas.
Para a implementação é necessário que se organize uma estrutura de comando e contro-
le, a fim de monitorar e avaliar a sua efetividade e real aplicabilidade.
Os indicadores que compõem a estrutura de implementação estão detalhados no quadro 4.
Indicadores Descrição
Resolutiva Verifica a viabilidade executiva através das ações
físico-territoriais, sociais, econômicas e/ou insti-
tucionais e também os conteúdos das propostas
condicionadas ao grau de governabilidade dos
grupos políticos vigentes, condições sociopo-
líticas e nível de participação comunitária;
Monitoramento Verifica a manutenção e/ou manejo das áreas de
intervenção com coleta, tratamento, arquivamento,
manutenção e operação de indicadores de quali-
dade, que podem servir para a revisão de ações;
Controle Desenvolve a fiscalização das ações propostas,
promove ações educativas visando à conscienti-
zação para melhor viabilização do planejamen-
to e avaliação global do processo de gestão;
Revisão Com base nas informações geradas pelos in-
dicadores descritos acima, envolve a adoção
das medidas necessárias à atualização constan-
te, total ou parcial, das diretrizes adotadas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Este fator se reflete, por exemplo, no fato de que nos últimos 35 anos
as cidades chinesas receberam mais de 560 milhões de habitantes pro-
venientes das áreas rurais, quantidade equivalente a população total
da América Latina, segundo o informativo “Urbanización Rápida y
Desarrollo: Cumbre de América Latina y China”, elaborado pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A chegada de novos habitantes nas cidades traz consigo uma maior demanda
de serviços urbanos. Contudo, se os governos não os proporcionam, abrem-
-se caminhos para a criação de serviços que abastecem os bairros informais,
que na América Latina acolhem um terço da sua população urbana, ou seja,
160 milhões de pessoas segundo o informativo do BID. Na China, a porcenta-
gem é a mesma, representando 234 milhões de habitantes.
Casos como a recuperação e conservação do rio Erren (Taiwan) por parte dos
seus habitantes e a revitalização de um espaço subutilizado na área de jogos
sustentável para as crianças de Uraycamuy (Bolívia), são alguns dos exem-
plos do que pode acontecer quando diversas organizações trabalham junto
com os habitantes, fazendo com eles valorizem e reconheçam seu entorno.
Neste sentido, há alguns meses, Santiago integra uma rede que procura
cumprir com o intercambio de conhecimento, focada em desenvolver
estratégias para que as cidades saibam como se recuperar de uma crise
que pode ser econômica, física e social.
Atividades
1. Relacione possíveis ações de um planejamento ambiental relativos a:
• Proteção da biodiversidade.
• Proteção dos processos hidrológicos.
• Promoção da estabilidade climática.
Referências
ACSELRAD, Henri. Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira de Estudos Urbanos
e Regionais. Disponível em: <http://unuhospedagem.com.br/revista/rbeur/index.php/rbeur/article/
view/27>. Acesso em: 29 nov. 2016.
BRASIL. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,
estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 13 nov. 2016.