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UniFOA

Grupo 4: Sustentabilidade urbana


GABRIEL DE SOUZA NASCIMENTO
MATHEUS DOMINGUES MOTTA
MARIA EDUARDA PEREIRA DA COSTA CAMPOS- 202320094
CARLOS EDUARDO TELEMACO PEREIRA DE CARVALHO- 202320446
LEONARDO ESTEVAM E SILVA
GABRIEL FERNANDES DE MORAES- 202320494
LUIS FILIPE SANTOS FERREIRA- 202320627
DÉBORA FINAMOR MELO TRINDADE- 202320100

A sustentabilidade urbana é um conceito crucial na busca por cidades mais


justas e ambientalmente responsáveis, incluindo a conservação da fauna e
flora local. Desse modo, possibilita que a população se mantenha mais
próxima da natureza sem degradá-la, por meio de ações de
conscientização. Como os grandes centros de urbanos podem garantir
isso? Mais áreas verdes nas cidades, as árvores são fundamentais para
garantir mais saúde tanto no meio ambiente quanto da população que ali
vive. De acordo com autores como Jane Jacobs e Richard Florida, a
vitalidade urbana está diretamente ligada à diversidade, interconexão e
acessibilidade dos espaços urbanos. Além disso, o desenvolvimento
sustentável nas cidades é amplamente discutido nos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente no que diz respeito
à redução das desigualdades (ODS 10) e às cidades e comunidades
sustentáveis (ODS 11).
A implementação de práticas sustentáveis, como transporte público
eficiente, uso racional de recursos, design urbano centrado nas pessoas e
áreas verdes, é apontada por especialistas como Richard Register e Jan
Gehl como essencial para criar ambientes urbanos mais resilientes e
amigáveis ao meio ambiente. Estudos como o "Relatório de Cidades
Sustentáveis" do Banco Mundial destacam a necessidade de políticas
urbanas integradas, envolvendo governos locais, comunidades e setor
privado.
As áreas verdes nos grandes centros urbanos refrescam o ambiente na
medida em que modificam o grau de umidade local através da liberação
do vapor d’água para a atmosfera por meio do processo de
evapotranspiração, diminuindo assim o calor superficial. Além disso, as
copas das árvores refletem uma parte da radiação solar que seria
transformada em calor caso incidissem diretamente no solo asfaltado.
Servindo também de habitat natural para muitas espécies de animais,
como pássaros.
O crescimento e avanço da sociedade é necessário e inevitável, mesmo
que muito disso possa prejudicar o meio ambiente. Mas diante disso,
torna-se uma responsabilidade pensar em formas de criar e preservar
espaços ecológicos em meios urbanos.
Trazer essa ideia para o meio urbano relaciona todos os âmbitos de uma
cidade, desde o transporte até a construção de novas edificações. Pensar
em sustentabilidade urbana é analisar conjuntos de ações que podem
preservar e cuidar daquele meio, proporcionando, consequentemente, a
possibilidade da população se manter próxima ao natural. Essa
preservação deve ser estimulada para conscientizar toda a comunidade
por meio de ações simples e diárias.
No contexto brasileiro, a Agenda 2030 da ONU influencia discussões
sobre sustentabilidade urbana, especialmente considerando os desafios
enfrentados em megacidades como São Paulo e Rio de Janeiro. A
promoção de habitação acessível, revitalização de áreas degradadas e
gestão eficiente de resíduos são temas recorrentes nas estratégias
municipais. Entretanto, críticos apontam desafios na implementação,
como a resistência a mudanças e a falta de investimentos em
infraestrutura sustentável.
Então, a sustentabilidade urbana transcende a mera gestão ambiental,
abrangendo aspectos sociais e econômicos. A integração de políticas
eficazes e o envolvimento da comunidade são fundamentais para moldar
cidades que atendam às necessidades do presente sem comprometer o
futuro.
Qual é a importância da sustentabilidade urbana?
O conceito de sustentabilidade urbana é globalizado e cada país possui a
missão de estabelecer políticas específicas para o desenvolvimento
urbano sem gerar impactos negativos para o meio ambiente. Porém, esse
não é único objetivo da sustentabilidade urbana. Confira a seguir outras
finalidades.
Garantir qualidade de vida
A qualidade de vida nas cidades é um dos pilares para a sustentabilidade
urbana. Isso porque um ambiente seguro e bem desenvolvido que garanta
todas as condições básicas de vida auxilia os habitantes a viverem
tranquilos e saudáveis. As políticas ambientais das cidades devem garantir
aspectos como:

saneamento básico;
energia;
transporte público;
saúde;
educação.
Todos esses serviços devem ser oferecidos para a população de maneira
acessível, independentemente da localização e da renda. Além disso, a
cidade deve promover medidas para reduzir ao máximo a poluição e a
utilização de tecnologias limpas, ou seja, recursos que buscam minimizar o
uso de recursos naturais e matérias-primas.
Essas tecnologias também podem ser resumidas em processos que fazem
parte das práticas de sustentabilidade como a redução do consumo de
energia, produção de energia renovável, tratamento de esgotos,
reciclagem, redução de impactos causados pela mobilidade urbana e
muito mais.
Reduzir desigualdades sociais
Outros exemplos de sustentabilidade urbana se baseiam em práticas
voltadas para a redução da desigualdade social em uma cidade. Essa
equidade tem como objetivo garantir que todas as pessoas tenham acesso
aos mesmos recursos, serviços e oportunidades, sem que haja restrições
de acordo com a condição econômica.
Esse é um dos grandes desafios da sociedade e afeta muitas cidades ao
redor do mundo. Investimento em infraestrutura adequada e de
qualidade, acesso à moradia, empregos, serviços de saúde, educação e
segurança são os principais fatores que potencializam a qualidade de vida
dos habitantes de um determinado local.
No Brasil, alguns programas sociais visam garantir a moradia para muitas
pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade, como é o caso
do Programa Minha Casa Minha Vida, criado em 2009 para construir
habitações para famílias com limite de renda de até R$ 7.000,00.
Resiliência urbana
A resiliência urbana também é extremamente importante para a garantia
da sustentabilidade urbana. Trata-se de um conceito que busca oferecer
toda a estrutura necessária para as cidades se recuperarem de diversos
impactos negativos, como crises econômicas, desastres naturais e outros
acontecimentos.
O combate às mudanças climáticas faz parte da agenda de muitos países,
com objetivo de combater o aquecimento global e a emissão de gases de
efeito estufa. Essas mudanças têm sido as principais causadoras de uma
série de desastres naturais, como tempestades e outros eventos que
podem trazer impactos para a infraestrutura de uma cidade.
Incluir a comunidade na tomada de decisão e na promoção das políticas
públicas também é um aspecto importante para a garantia de um bairro
sustentável. Dessa forma, garante-se que todos os habitantes de uma
determinada região estejam de acordo com as mudanças que vão fazer
diferença na qualidade de vida.
Limpeza urbana
A gestão de limpeza de uma cidade deve ser eficiente para a garantia de
qualidade de vida do local. Isso porque, além de afetar a vida das pessoas,
os resíduos não dispensados de forma correta são extremamente
prejudiciais para o meio ambiente. Além disso, é uma prática que também
auxilia na geração de empregos.
Sendo assim, algumas medidas adotadas por cada região podem ajudar
no impacto do descarte de resíduos, como a criação de um programa de
coleta seletiva, onde se separam os resíduos recicláveis dos não
recicláveis. Esse tipo de sustentabilidade é importante para o
reaproveitamento de uma série de matérias-primas.
Construída de forma participativa pelas experiências acumuladas desde a
edição do Relatório Nosso Futuro Comum (ONU, 1991), a Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, editada pela Organização das
Nações Unidas em setembro de 2015, consolida o que há de mais
avançado em sustentabilidade, fixando 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), a serem concretizados por países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Como signatário da Agenda 2030, o Estado brasileiro
assumiu o compromisso de formular e efetivar políticas públicas que
garantam o cumprimento dos 17 ODS em todos os níveis apropriados.
Nesse contexto, este artigo apresenta, por meio de extensa revisão
bibliográfica e reflexões, alguns temas relevantes à implantação da
Agenda 2030 pelas cidades brasileiras. Pretende, assim, contribuir para a
orientação de pesquisas transdisciplinares, articuladas com formulação,
execução e avaliação de políticas públicas no contexto urbano.
O artigo é composto de oito seções, contando com esta introdução. A
seção seguinte trata das definições, dimensões e características desses
dois termos, ressaltando as pretensões apresentadas na Agenda 2030; a
terceira seção discorre sobre a importância das cidades para o
Desenvolvimento Sustentável, dando destaque às mudanças climáticas
como desafio central à sustentabilidade urbana. A quarta seção destaca
importantes legislações nacionais e instrumentos aplicáveis ao processo
de planejamento e gestão urbana; a quinta seção aborda a centralidade
do planejamento e da governança para atingir o desenvolvimento
sustentável, bem como as dificuldades do planejamento e da governança
no contexto urbano. A sexta seção examina algumas estratégias de
mitigação e adaptação urbana para enfrentamento de riscos de ordem
ambiental, social, política, tecnológica e econômica. A sétima seção
apresenta uma reflexão sobre as transformações estruturais que o
paradigma do Desenvolvimento Sustentável, tal como apresentado pela
Agenda 2030, traz à universidade. Finalmente, a oitava e última seção
oferece uma síntese das reflexões na forma de considerações finais.
As cidades no contexto global do desenvolvimento sustentável: as
mudanças climáticas
O Brasil, como o restante do planeta, passa por intenso processo de
urbanização. Em 2015, 54% da população mundial ou quatro bilhões de
pessoas habitam as cidades, e projeta-se que a população urbana dos
países em desenvolvimento duplicará até 2030, enquanto a área coberta
por cidades triplicará (UN-Habitat, 2016, p.6 e 7). No Brasil, em 1995,
77,6% da população total eram urbanas; em 2015, esse percentual
alcançou 85,7% (ibidem, p.200).
A intensa urbanização, somada aos efeitos adversos das mudanças
climáticas, opõe às cidades grandes desafios de sustentabilidade. Em que
pesem sejam as mudanças do clima um fenômeno global, capaz de
ameaçar o bem-estar e a sobrevivência das presentes e futuras gerações,
os riscos, vulnerabilidades e danos causados pelos eventos climáticos
extremos são e serão vividos pela população em escala local, ou seja, nas
cidades.
Segundo o AR5, primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças do Clima (IPCC) a ter um capítulo especificamente dedicado às
questões urbanas, as mudanças climáticas nas cidades deverão aumentar
os riscos para pessoas, bens, economias e ecossistemas, incluindo riscos
de estresse por calor, tempestades, precipitações intensas, inundações,
deslizamentos, poluição do ar, seca, escassez hídrica e aumento do nível
dos oceanos, riscos especialmente maiores para aqueles que habitam
áreas sem infraestrutura ou expostas (IPCC, 2014, p.69).
Estima-se que as cidades consumam dois terços de toda a energia gasta
no planeta, gerando 70% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEES)
pelo uso de combustíveis fósseis (UN-Habitat, 2016, p.6). O AR5 aponta
que as próximas duas décadas são uma janela de oportunidade para a
mitigação urbana, uma vez que uma grande parte das áreas urbanas do
mundo estará se desenvolvendo no período (IPCC, 2014, p.99). Nesse
contexto, o engajamento das cidades é indispensável ao cumprimento do
objetivo, fixado pelo Acordo de Paris, de manter o aumento da
temperatura média global abaixo de 2º C em relação aos níveis pré-
industriais.
A Declaração “O Futuro que Queremos”, aprovada na Conferência Rio+20
em 2012, reafirmou o papel estratégico das cidades para a
sustentabilidade, reiterando os compromissos da Convenção Quadro das
Nações Unidas para as Mudanças do Clima (UNFCCC). A edição da Agenda
2030 com a fixação dos ODS, em setembro de 2015, representa a
concretização de um dos compromissos globais fixados na Rio+20.
O combate às mudanças climáticas constitui o ODS-13. Por esse objetivo,
os Estados assumiram o compromisso de tomar medidas urgentes para
enfrentar a questão do clima e seus impactos, inclusive em âmbito local. O
ODS-11 veicula, por sua vez, o compromisso de tornar as cidades e os
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Entre os eixos de ação previstos, destaca-se a meta de expandir o número
de cidades e assentamentos humanos dotados de políticas e planos
integrados para a mitigação e adaptação climáticas e a resiliência a
desastres.
Ambos os ODS-11 e 13 integram-se a metas e ações estratégicas firmadas
pela Nova Agenda Urbana (NAU), aprovada em 2016 (ONU, 2016 ). A NAU
veicula uma visão de cidades e assentamentos humanos voltados a
redução e gestão de risco de desastres e vulnerabilidade, construção de
resiliência e promoção da mitigação e adaptação climáticas, consagrando
a sustentabilidade ambiental como um dos seus princípios fundantes.
No Brasil, as ações climáticas em âmbito nacional foram estruturadas pela
Política Nacional contra as Mudanças do Clima (PNMC) - Lei Federal
n.12.187/2009 (Brasil, 2009), que prevê expressamente entre seus
objetivos, artigo 4º, inciso V, a adoção de medidas de adaptação climática
pela união, estados e municípios, com a participação e a colaboração da
sociedade civil, em particular aqueles especialmente vulneráveis aos seus
efeitos adversos. Ao firmar o Acordo de Paris, o governo brasileiro
comprometeu-se, nos termos da sua Contribuição Nacionalmente
Determinada (iNDC, na sigla em inglês), a reduzir suas emissões de gases
com efeito estufa em 37%, até 2025, abaixo dos níveis de 2005, com o
compromisso adicional de redução de 43%, abaixo dos níveis de emissão
de 2005, até 2030. Assumiu, igualmente, compromissos atinentes à
adaptação, inclusive em meio urbano consubstanciados em seu Plano
Nacional de Adaptação (PNA), aprovado pela Portaria n.150/2016 do
Ministério do Meio Ambiente.
Matriz de indicadores de sustentabilidade para a gestão de resíduos
sólidos urbanos. O artigo apresenta uma matriz de indicadores de
sustentabilidade para a gestão de resíduos sólidos urbanos e a forma de
sua construção. A construção foi realizada baseando-se em informações
adquiridas em referências nacionais e internacionais. Os indicadores
foram organizados em uma matriz preliminar, a qual passou por um
processo de validação externa, com especialistas, por meio do método
Delphi. Para a realização deste método foram necessárias duas rodadas. A
matriz final possui 6 dimensões de sustentabilidade: política, tecnológica,
econômica/financeira, ambiental/ecológica, conhecimento e inclusão
social, contemplando 42 indicadores e 126 descritores. A matriz elaborada
poderá ser utilizada como instrumento de avaliação e planejamento da
gestão dos resíduos sólidos em municípios.
A intensa geração de resíduos sólidos urbanosé um dos grandes
problemas ambientais na atualidade. A gestão desses resíduos tem sido
foco da preocupação de pesquisadores das mais diversas áreas de estudo,
além de se tornar um dos grandes desafios para as cidades ao longo das
próximas décadas.
Os resíduos sólidos urbanos (RSU) englobam os resíduos provenientes de
atividades domésticas em residências e os resíduos da varrição, limpeza
de logradouros e vias públicas, além de outros serviços de limpeza urbana.
Esses resíduos sofreram alterações quantitativas e qualitativas ao longo do
tempo, contudo suagestão não acompanha a evolução das tecnologias de
produção (DIAS, 2009; STRAUCH, 2008).
Assim, as consequências e os impactos decorrentes desse fato são
significativos tanto no meio ambiente quanto na saúde pública.Conforme
a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008 (BRASIL, 2010a),
apenas 27,7% dos municípios brasileiros dispõem seus resíduos em aterro
sanitário e 7% dos municípios tem programas de coleta seletiva.
Conforme Agamuthu, Khidzir e Fausiah (2009), uma política de gestão de
resíduos só pode ser considerada eficaz quando os resíduos são geridos de
forma consistente, isto porque a gestão dos RSU (GRSU) é complexa. Deve
contemplar questões relacionadas ao ciclo de vida do produto, ou seja, a
minimização do uso dos recursos da natureza e a não geração dos
resíduos. Isso pode ser atingido com o combate ao desperdício, o
incentivo à minimização e também pela coleta seletiva, visando à
salubridade local pela eficiência na prestação dos serviços.
Esta complexidade da gestão exige a intersetorialidade, ou seja, o
envolvimento das diversas secretarias municipais, como a de Meio
Ambiente, de Educação, de Assistência Social, entre outras, além de
necessitar de uma constante fiscalização dos serviços prestados e é
dependente da disponibilidade de recursos financeiros.
A solução pode estar no desenvolvimento de modelos integrados e
sustentáveis que considerem desde o momento da geração dos resíduos,
a maximização de seu reaproveitamento e reciclagem, até o processo de
tratamento e disposição final, ou seja, a gestão integrada e sustentável de
RSU (DIAS, 2003).
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010c), a
gestão integrada de resíduos sólidos é caracterizada como o conjunto de
ações voltadas para a busca de soluções para esses resíduos, de forma a
considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social,
com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável.
Esta gestão deve ser constantemente avaliada. Neste caso, os indicadores
de sustentabilidade para a GRSU tornam-se instrumentos importantes
para que os gestores públicos possam avaliar e monitorar a
sustentabilidade ambiental e planejar estratégias que favoreçam a
melhoria na qualidade de vida da população.
Conforme Borja e Moraes (2001), Veleva et al. (2001) e Rametsteiner et
al. (2011), os indicadores são ferramentas importantes para a
comunicação de informações estatísticas, científicas e técnicas produzidas
por diferentes órgãos e instituições públicas e privadas, para a população.
São normalmente medidas numéricas que têm a função de estruturar e
dar informações sobre questões-chave e suas tendências consideradas
relevantes para o desenvolvimento sustentável.
Segundo Bertoline (2008), Bringhenti et al. (2003) e Milanez, (2002), os
indicadores devem ser facilmente compreensíveis e seu método de
cálculo deve ser relativamente simples permitindo comparações entre o
que está sendo avaliado. Para estes autores, os indicadores geralmente
são utilizados com propósito de se conhecer adequadamente uma
situação existente, tomar decisões e monitorar sua evolução.
Para Philippi Jr., Malheiros e Aguiar (2005) e Miranda e Teixeira (2004), a
função de um indicador é fornecer uma pista de um problema de grande
importância ou tornar perceptível uma tendência que não está
imediatamente visível, favorecendo maior dinamismo no processo de
gestão. Além disso, devem propor dados de forma a possibilitar análises e
avaliações da transformação do meio físico e social, buscando a
elaboração e formulação de políticas e ações urbanas.
A escolha dos indicadores não é uma tarefa fácil. Devido à complexidade
dos assuntos que abordam, normalmente é necessária uma lista ampla e
abrangente de indicadoresque tenha relação com as atividades da
sociedade relacionadas com o objeto de estudo. De forma geral, os
indicadores tentam integrar as diferentes dimensões da sustentabilidade
tornando possível, por meio de sua interpretação, a análise da real
situação e perspectivas da comunidade (MILANEZ, 2002).
Miranda e Teixeira (2004) informam que para avaliar a sustentabilidade
em um determinado local é preciso a reunião de diferentes informações
que possam traduzir o grau que se encontra. Para tanto, os indicadores
são importantes ferramentas de avaliação, desde que seja possível
relacioná-los aos conceitos e princípios de sustentabilidade.
Diante da importância dos indicadores de sustentabilidade para a GRSU
foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a respeito do assunto em
trabalhos desenvolvidos nos últimos dez anos. Dentre os estudos
analisados encontram-se o de Milanez (2002), o de Bossel apud Milanez
(2002), Borja e Moraes (2003), Dias (2003), Günther et al. (2007), Polaz e
Teixeira (2007), Bringhenti et al. (2007), Bertoline (2008) e Dias (2009).
As dimensões da sustentabilidade utilizadas para englobar os indicadores
de sustentabilidade da GRSU neste trabalho foram em número de seis,
conforme
Pereira (2010), Moraes e Borja (2010), Santiago e Dias (2010), Furiam e
Günther (2006) e Dias (2003) a saber:
1. Dimensão política: está relacionada com a adoção de atos
regulatórios/normativos em políticas de gestão de resíduos sólidos uma
vez que tais atos ou normas norteiam e definem diretrizes e arranjos
institucionais em conformidade com as orientações internacionais e
nacionais, em atenção às demandas locais para o gerenciamento de
resíduos.
2. Dimensão tecnológica: consiste na utilização de tecnologias limpas e
apropriadas de processamento de resíduos de acordo com o contexto
socioeconômico, cultural e ambiental local. As tecnologias apropriadas
devem buscar privilegiar a não produção de mercadorias que não possam
retornar ao processo produtivo, o controle na geração, a minimização, o
reuso e a reciclagem dos resíduos sólidos.
3. Dimensão econômica/financeira: se caracteriza pela ação preventiva no
sentido de evitar as possibilidades de danos ou riscos ambientais. Está
relacionada com a fonte, a destinação e a administração correta dos
recursos financeiros disponibilizados para a manutenção da GRSU. O
Decreto nº 7.217/2010, em seu artigo 46, institui taxas e outros preços
públicos para os serviços públicos de saneamento básico (BRASIL, 2010b).
4. Dimensão ecológica/ambiental: consiste na limitação do uso dos
recursos naturais não renováveis, na preservação da capacidade de
autodepuração dos ecossistemas, encaminhamento de rejeitos para os
aterros, na minimização da geração, no reaproveitamento, reciclagem e
tratamento de resíduos antes da sua disposição final.
5. Dimensão do conhecimento (educação ambiental e mobilização social):
destaca-se por envolver todos os aspectos relacionados à problemática
dos resíduos sólidos e por ocupar sempre a posição de base para todos os
demais princípios. Envolve também as informações trocadas com a
comunidade e a sensibilização dessas pessoas frente aos problemas
relacionados à GRSU.
6. Dimensão da inclusão social: permite a inclusão de alguns atores
sociais, a exemplo de catadores de materiais recicláveis, desde que lhes
garantam condições dignas de trabalho e de educação, contribuindo,
desta forma, para o estímulo à cidadania, à redução da pobreza e geração
de emprego.
Nesse sentido, o presente artigo teve como objetivo geral formular uma
matriz de indicadores de sustentabilidade aplicável na GRSU.
Há grandes vantagens em se estudar a sustentabilidade partindo-se do
meio urbano e fica perceptível também, a necessidade de uma mudança
direcional das ações de desenvolvimento e na mentalidade visando a
elaboração de novas políticas locais e globais.
A percepção sobre as cidades tem mudado em relação há anos atrás. Uma
vez que não há como parar o seu crescimento, muitos esforços têm sido
voltados para o estudo da delimitação do conceito de sustentabilidade
urbana e da sua aplicabilidade. Os pesquisadores da atualidade enxergam
a cidade como um centro de inteligência, cultura, inovação e não mais
como um problema decorrente do êxodo rural. A grande diversidade das
cidades e das realidades urbanas faz com que a tarefa de torná-la
sustentável seja um pouco mais complicada, mas é justamente aí que
reside a necessidade dos estudos locais; e não a aplicação de medidas
globais em cidades com realidades significativamente distintas. Além
disso, a abordagem local viabiliza a participação popular de maneira mais
efetiva pelo grau e pela facilidade de reunião do conhecimento sobre a
realidade local e sobre as peculiaridades da sua população.
A diversidade e a complexidade da cidade e das suas relações internas é o
que se tem de mais complicado para a análise e o alcance da
sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável. Uma sociedade mais
democrática, com políticas públicas justas e igualitárias, com educação de
qualidade e qualidade de vida para os cidadãos é bem mais fácil de ser
gerida, pessoas que estudam e são bem tratadas pelos seus governos
correspondem melhor à mudanças de padrão, ainda que seja com
questionamentos buscando a melhor alternativa.
Dessa maneira, o conceito de sustentabilidade urbana tão debatido pode
se tornar aplicável e de sucesso.
O estudo dessa complexidade deve ser representado, estudado e gerido
por planejamentos através do uso de indicadores que mostrem as
tendências de comportamento e estado das cidades e deem respaldo às
tomadas de decisão. Esses indicadores devem representar,
preferencialmente de maneira equilibrada, as dimensões social, ambiental
e econômica da cidade e seus subsistemas, devem ser claros para o
público alvo e ter fidelidade à realidade que representam.
A ecologia de paisagem é um viés de estudo da sustentabilidade ainda
pouco explorado. No que diz respeito, sobretudo, ao meio urbano, o
maior debate na atualidade é sobre o conceito da paisagem sustentável;
no entanto, muitas vezes, a ecologia de paisagem é apenas citada e pouco
explorada. Apesar disso, com os estudos apresentados foi possível
perceber que a ecologia de paisagem é uma vertente otimizadora dos
processos de sustentabilidade urbana uma vez que pode retratar
pequenas superficies, acompanhar temporalmente as mudanças, estudar
os padrões de distribuição espacial dos elementos da paisagem e suas
interrelações por meio de uma tecnologia que tem crescido em
aplicabilidade.

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