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Ela estava em perigo e ele lutava por protegê-la. Mas aquela doce
beleza texana desejava muito mais. Sally Johnson sonhava com uma
vida inteira de amor nos poderosos braços do Ebenezer Scott. Poderia
derrubar suas defesas de ferro e converter-se na esposa do mercenário?
Capítulo 1
Tinham passado seis anos da última vez que se viram. Ela tinha vivido em
Houston até o mês de julho, quando havia tornado com sua tia e sua primo ao
Jacobsville, Telhas. Tinha-a visto várias vezes após, mas ela não tinha querido lhe
dirigir a palavra. E Eb não podia culpá-la porque sabia que lhe tinha feito muito
dano.
Era esbelta, mas sua magra figura fazia que seu coração se acelerasse. Eb sabia o
que havia debaixo dessa blusa. Com prazer recordou o brilho de surpresa nos olhos
cinzas da jovem quando ele a tinha beijado naquele sítio secreto. Seu impulsivo
intento de desanimá-la tinha funcionado muito bem e ela tinha fugido espavorida,
como esperava.
Eb se lamentava pelo que tinha podido ser se ela tivesse sido um pouco major e
ele não tivesse estado recém-chegado do pior banho de sangue de sua carreira. Um
mercenário não era um homem aceitável para uma menina inocente. Mas então Sally
não conhecia sua autêntica vida, a que se escondia depois da fachada do rancho.
Quase ninguém naquela pequena cidade a conhecia.
Tinham passado seis anos daquilo e Sally era uma mulher, uma professora de
primário. Ele estava…retirado, ou assim o chamavam. Em realidade, seguia em ativo,
mas a maior parte de seu tempo a passava treinando homens em táticas de
combate. Embora a gente do Jacobsville acreditava que era simplesmente o
proprietário de um rancho, seguia tendo inimigos e um deles tinha saído do cárcere
pouco tempo atrás. E aquele homem procuraria vingança disso estava seguro.
Sally tênia dezessete anos aquela tarde da primavera que ele a tinha feito sair
correndo. Em uma vida cheia de remorsos, ela era o maior de todos. A situação tinha
sido impossível, é obvio. Mas Eb não tinha querido lhe fazer danifico e o que
ocorreu seguia pesando em sua consciência.
Admirava sua responsabilidade, embora lhe preocupava sua situação. Ela não
tinha nem idéia de qual era a razão pela que sua tia se ficou cega nem sabia que
toda a família estava em perigo. Por isso Jessica tinha persuadido a Sally de que
abandonasse seu trabalho como professora dêem Houston e voltasse com ela e seu
filho ao Jacobsville.
Jessica sabia que ele poderia protegê-los. Sally não sabia qual era a profissão da
Jessica, nem sabia o que seu defunto marido, Hank Myers, fazia para ganhá-la vida.
Mas, embora o tivesse sabido, não teria voltado para o Jacobsville se Jessica não o
tivesse rogado. Sally, tinha razões para odiá-lo, mas ele era sua única oportunidade
para sobreviver. Embora ela não sabia.
Nos cinco meses que levava no Jacobsville, tinha conseguido evitá-lo. Em uma
cidade tão pequena, aquilo era muito difícil, e indevidamente se viam de vez em
quando. Mas ela o esquivava. Era a única indicação da penosa lembrança que
ambos compartilhavam.
Eb a observou suar sobre o capô e decidiu que aquele era tão bom momento
como qualquer outro para aproximar-se.
Sally levantou a cabeça bem a tempo para ver o extenso e forte homem com
jaqueta de ante e chapéu Stetson cruzando a rua. Não tinha trocado, pensou
amargamente. Seguia caminhando com aquela tranqüilidade que o fazia tão atrativo.
Sally Odiava a sensação de ligeireza no coração que experimentava ao vê-lo. A sua
idade, deveria ter acontecido a fase de amor adolescente, pensava. Especialmente,
depois do que lhe tinha feito aquela tarde da primavera. Ainda seguia ficando tinta
ao recordá-lo…
Quando chegou a seu lado, Eb se jogou o chapéu para trás e cravou nela seus
olhos verdes.
Sally o olhou são dissimular sua hostilidade.
-Não me olhe assim -sorriu ele-. Teria pensado que tinha suficiente julgamento
como para não comprar uma caminhonete ao Turkey Sanders.
-É minha primo -recordou-lhe ela.
-É um canalha - replicou o-. Faz uns anos, Moss Hart lhe deu uma surra porque
lhe tinha vendido a sua mulher um carro que caía a pedaços. E à senhora Bate lhe
vendeu um carro lhe dizendo que o motor era “opcional”.
Sally se levantou, estirando-se tudo o que pôde, de modo que sua cabeça ficava à
altura do queixo dele. Aquele homem era exageradamente alto…
Sally fez uma careta. Incomodava-lhe não ser capaz de arrumá-lo ela mesma e
ter que depender daquele homem. Olhar suas grandes e capazes mãos fazia que
recordasse muitas coisas…Conhecia a ternura dessas mãos e a lembrança fez que
sentisse um calafrio.
Cinco minutos depois, o voltou a guardá-la navalha.
Sally ficou tão confusa que demorou uns segundos em encontrar a voz.
-O que?
-Uma pistola -repetiu ele-Tem alguma arma?
-Eu não gosto das armas.
-Conhece técnicas de defesa pessoal?
-Sou professora de primário -replicou ela, irônica-. Meus alunos não revistam me
atacar.
-Não estou preocupado por seus alunos. Já te hei dito que eu não gosto de seus
vizinhos -insistiu Eb. O que não lhe explicou foi que os conhecia e sabia porquê
estavam no Jacobsville.
-A mim tampouco. Mas isso não é tua coisa…
-É-o-a interrompeu ele -.Prometi ao Hank que cuidaria de sua mulher e penso
fazê-lo.
-Eu posso cuidar de minha tia.
-Não acredito. Irei a sua casa amanhã.
-Não estarei.
-Mas Jessica sim. Além disso amanhã é sábado e não tem classes -disse Eb, como
se fora seu dono ou algo assim.
-Senhor Scott… -começou a dizer Sally, incrédula.
-Só meus inimigos me chamam senhor Scott
-Muito bem senhor Scott…
Eb suspirou pesadamente.
-Foi tão jovem. O que esperava, que te seduzira no assento traseiro de um carro
a plena luz do dia?
Eb sorriu, mas não era um sorriso alegre. Depois se deu a volta e voltou para seu
jipe com aquele passo tão peculiar.
Sally estava tão turvada que com muita dificuldade conseguiu conduzir a
caminhonete sem destroçar as marchas
-Que menino tão bom. Olhe, trouxe pêras e maçãs. Não quer uma? A fruta é
muito boa.
-Bom. Mas eu não gosto tanto como o sorvete.
Enquanto o menino lavava uma pêra. Sally foi ao dormitório para saudar a
Jessica. Os olhos da mulher olhavam ao vazio, mas reconheceu os passo de sua
sobrinha.
-ouvi a caminhonete -sorriu-. Sinto muito que tenha tido que ir à compra depois
do colégio, Sally.
-Eu gosto de ir à compra, não se preocupe. Como te encontra?
Jessica se incorporou um pouco, apartando o cabelo loiro da cara. Não tinha bom
aspecto.
-Oxalá não tivesse ocorrido isto, mas não o posso evitar. Um homem muito
perigoso está me buscando.
-Um homem ao que eu ajude a meter no cárcere e que saiu que ela por um
truque legal.
-Você colocou a um homem no cárcere? Como? -perguntou Sally, atônita.
-Você sabia que trabalhava para o governo não?
-Pois sim. Como secretária.
-Não carinho. Não era uma secretária, era um agente especial. Através do Eb,
consegui me pôr em contato com um dos homens do Manuel López, o chefe de uma
banda internacional de narcotraficantes, e ele me conseguiu provas suficientes para
colocá-lo no cárcere. Mas havia um pequeno problema legal e seu advogado o
aproveitou -explicou, observando a expressão de perplexidade na cara de sua
sobrinha-. Agora, López está na rua até que volte a celebrar o julgamento e quer
matar à pessoa que o traiu. E como solo eu conheço essa pessoa, está me
buscando.
Sally estava boquiaberta. Essas coisas só ocorriam nos filmes, não na vida real.
Jessica negro com a cabeça. Seguia sendo uma mulher muito atrativa aos trinta e
cinco anos. Era esbelta e tinha uns rasgos muito doces. Stevie, de cabelo loiro e
olhos escuros, não se parecia com ela. E tampouco se parecia com seu defunto
marido, Hank, moreno e de olhos azuis.
-Sinto muito, carinho -desculpou-se Jessica-. Não estou de brincadeira. Por isso
decidi procurar ajuda. Eb nos protegerá até que Manuel López volte para o cárcere.
- Eb também é um agente do governo?
-Eu não gosto de te contar isto e se que o tampouco vai gostar de lhe, assim tem
que me jurar que não o contará a ninguém, Sally.
-Juro-o -murmurou ela.
-Eb era um mercenário. O que está acostumado a chamar um soldado de fortuna.
lutou com comandos especialmente treinados por todo mundo. Agora está retirado,
mas segue sendo muito solicitado como instrutor por vários governos -explicou
Jessica-. Seu rancho é muito conhecido em círculos secretos como uma das melhores
academias de táticas de guerra -acrescentou. Sally não disse uma palavra. ficou-se
estupefata. Por isso Eb se mostrou tão distante, tão pouco disposto a manter uma
relação com ela. Por isso não tinha querido…-. Espero não ter destroçado suas
ilusões, Sally. Sei o que sentia por ele.
-Você sabia?
Jessica assentiu.
Sally sentiu que sua cara ardia. sentia-se humilhada. Eb tinha sabido o que sentia
e ela que acreditava ter dissimulado tão bem! Mas era óbvio. Encontrava qualquer
desculpa para vê-lo e tinha subido a seu jipe uma tarde da primavera para lhe pedir
que a levasse dar um passeio. Ele tinha aceito, mas meia hora mais tarde, Sally
saltava do assento e corria três quilômetros até sua casa. Nunca o tinha contado a
ninguém, mas Jessica sabia.
Sally, que sabia muito sobre amores não correspondidos, tinha suas dúvidas. Ao
fim e ao cabo, ela seguia sentindo algo pelo Eb…
-por que alguma vez me tinha contado qual era sua verdadeira profissão, Jessica?
-Não fazia falta que soubesse.
-O tio Hank também era mercenário?
-Durante algum tempo. Mas ao Hank não gostava de arriscar sua vida. Foi uma
ironia que muriese em uma trincheira, mas por causa de um problema de coração
que ninguém sabia que padecesse.
-Sei que Dallas foi ferido em um tiroteio o ano passado. Mas não nos falamos.
Tivemos um…enfrentamento faz anos.
Sally saiu da habitação. A cabeça lhe dava voltas com tudo o que acabava de
descobrir. A vida estava cheia de surpresas.
Capitulo 2
Ebenezer era um homem de palavra e chegou a sua casa na sábado pela manhã,
quando Sally estava no curral. Tinha comprado duas vacas para as criar e as comer,
mas tinha terminado por lhes pôr nomeie. A vaca de cara branca se chamava Bonnie
e a de pele-vermelha, Annie. Eram seus mascotes e não podia imaginar em seu
prato.
O familiar jipe negro parou frente à grade e Eb saltou do veículo com agilidade.
Levava jeans, uma camisa de quadros azuis e o mesmo chapéu Stetson do dia
anterior.
-Como se chamam?
-Bonnie e Annie -respondeu Sally, ficando tinta. Ele não disse uma palavra, mas
sua expressão o dizia tudo-. São vacas de ataque.
-Como?
-Vacas de ataque -sorriu Sally-. Se alguém me atacasse, defenderiam-me.
sentia-se estranha a seu lado. Nervosa, excitada e segura de uma vez. Estava
muito perto dela, forte, musculoso, vibrante de masculinidade. Sally tivesse querido
estar mais perto, sentir seus braços rodeando-a… O pensamento fez que se
envergonhasse. depois de seis anos, a atração que sentia pelo homem não tinha
diminuído.
Ele a olhou então e seus olhos verdes relampejaram.
Era um alívio que Sally se sentisse tão atraída por volta dele como o tinha estado
seis anos atrás. Fazia que se sentisse orgulhoso.
Sally sentiu o impacto de seu olhar nos lugares mais secretos de seu corpo. Não
tinha experiência para esconder seus sentimentos e ficou olhando-o, com toda a
insegurança, todos os medos refletidos em seus quentes olhos cinzas.
Em silêncio, Eb se inclinou e roçou seu nariz com a dela.
Os olhos da Sally estavam cravados na boca do homem e sob suas mãos podia
sentir o espesso e suave pêlo de seu torso. Quando ele cobriu sua boca com a sua,
pensou que ia deprimir se.
Eb sentiu que ela se rendia e a esmagou contra seu corpo enquanto explorava
seus lábios, saboreando-os, desfrutando da experiência.
Eb riu brandamente.
-Jessica queria que fora assim. Pensava que desse modo estaria mais segura.
Tivesse-lhe gostado de lhe perguntar mais costure, mas não se atrevia. sentia-se
tímida com ele.
Eb voltou a cravar seu olhar em suas bochechas ruborizadas, os lábios inchados,
os olhos brilhantes. Aquela mulher alegrava seu coração. Só vendo-a-se sentia bem-
vindo, cômodo, querido. Tinha jogado isso de menos. Em toda sua vida, Sally Jonson
tinha sido a única pessoa que podia lhe alegrar a vida. Inclusive quando vivia em
Houston se manteve em contato com a Jessica para que lhe falasse dela: que fazia,
com quem saía. Sempre tinha sabido que Sally voltaria para ele algum dia, ou que
ele iria a ela. O amor, se existia, era uma força poderosa, imune ao tempo e a
distância.
Sally não podia esconder o que sentia e ao Eb adorava vê-lo em seus olhos. As
mulheres o desejavam desde que era um adolescente. Uma delas o tinha rechaçado
por sua forma de ganhá-la vida e isso tinha destroçado seu orgulho. Mas solo Sally
fazia que seu coração pulsasse acelerado.
Eb alargou a mão para acariciar os lábios que tinha beijado uns minutos antes.
Sally abriu a boca para protestar, mas nesse momento Stevie saiu da casa e
correu para eles alegremente.
-Tio Eb!
Nesse momento, Sally se deu conta de que embora ela não havia tornado a ver o
Eb durante seis anos, Jessica e seu filho se o tinham feito.
-Olá, tigre -sorriu ele, tomando ao menino em braços-. Quer vir a minha casa a
aprender karate?
-Como as tartarugas ninjas? Que bem! -exclamou o menino.
-Karate?-repetiu Sally.
-Só um par de movimentos de defesa pessoal -assegurou ele-. Quero que os dois
aprendam a fazê-lo. É necessário, Sally.
-De acordo.
Quando Sally se deu a volta, viu um homem loiro de olhos escuros. Caminhava
com a ajuda de um fortificação e ia vestido com calças de camuflagem e uma
jaqueta de couro.
-Sally, apresentou a Dallas Kira -disse Eb.
-Prazer em conhecê-lo -disse o homem alto e magro.
-A Jessica já a conhece.
-Sim. Conheço-a -murmurou ele. Jessica se havia posto pálida.
-Suponho que poderão lhes levar bem durante uma hora -disse Eb, impaciente-.
Não posso te deixar sozinha, Jessica.
-Importa-te me dizer por que? -perguntou Dallas-. Ela tem melhor pontaria que
eu.
-Que estou cega -disse, quase com satisfação, como se soubesse que aquilo ia
fazer lhe danifico.
Sally tragou saliva. Ela acreditava que tinha sido sozinho um acidente.
Sally se tinha dado conta do enorme parecido que havia entre o Stevie e Dallas
Kirk. Tão grande que não se atrevia a mencioná-lo.
Dallas não disse nada e quase era uma sorte que Jessica não pudesse ver a
expressão que havia em seu rosto.
Tanto o menino como ela ficaram impressionados ao entrar no rancho Scott. A
casa era de dois pisos e havia várias garagens, um hangar, uma pista de
aterrissagem para helicópteros, uma piscina… Também havia uma zona de tiro,
casitas baixas para os convidados e um grande ginásio, além de antenas parabólicas
e câmaras virtualmente em todos os edifícios.
Eb sorriu.
-Você gostaria de levar em seu ventre o filho de um homem ao que não conhece?
-perguntou. Sally se mordeu os lábios-. Um filho tem que nascer de amor, de forma
natural, não em um tubo de ensaio -acrescentou brandamente, procurando seus
olhos-. A menos que seja a única solução para um matrimônio. Mas isso é muito
diferente.
-Não sei se…-começou a dizer Sally- se quero estar tão perto de alguém.
-Sally, não pode deixar que o passado te converta em uma mulher solitária. Eu te
assustei porque a tentação era muito forte para mim e tinha que te desiludir. Foi
uma menina -explicou Eb-. O que ocorreu não teria sido tão aterrador se tivesse
tido alguma experiência com os homens. É que não tinha saído com nenhum menino
do instituto?
Sally nunca tinha tentado ver as coisas desde seu ponto de vista. sentia-se muito
amargurada, muito ferida. Mas quando o olhou, viu no rosto do Eb, a dor das
lembranças.
Ela deu um passo atrás. Stevie seguia sem lhes emprestar atenção e Eb seguia
olhando descaradamente seus peitos, com um sorriso travesso.
-Deixa de me olhar assim. Seguro que você não nasceu sabendo-o tudo.
-É verdade -riu ele-. E tampouco tive uma mãe que me separasse das garotas.
Justamente o contrário. Meu pai dizia que não havia mulher boa.
Capítulo 3
Sally olhou aqueles olhos verdes cheios de dor e, sem pensar, levantou a mão
para acariciar sua cara. Mas quando se deu conta do que estava fazendo, apartou-a.
-Não, não acredito que a de mercenário seja uma profissão perversa. Há muitos
países cujos governos não têm recursos para proteger a sua gente. Não acredito que
seja algo mau se a causa for justa.
Eb parecia surpreso por sua resposta. Durante anos, perguntou-se como reagiria
quando lhe dissesse como ganhava a vida. Tinha esperado desde desprezo até ódio,
sobre tudo recordando como tinha reagido sua ex prometida. Mas Sally não parecia
julgá-lo.
Tinha visto como apartava a mão e lhe tinha doído. Mas ao escutar sua opinião
sentiu que seu coração se aliviava.
Sally sorriu.
-Eu pensei que seria como na televisão, mas Jessica me há dito que não é assim.
-Em parte, é-o.
-Por exemplo?
-Nós tínhamos um tipo ao que terei que embebedar para colocá-lo em um avião,
como o da equipe A.
-Sério? -riu ela.
Jessica e Dallas tinham começado a briga assim que o jipe se afastou da casa.
O homem tivesse desejado que Jessica pudesse vê-lo porque seus olhos estavam
cheios de fúria e amargura.
Jessica se cobriu a cara com as mãos, tremendo. A lembrança lhe tinha feito
chorar. apaixonou-se pela primeira vez em sua vida e não era de seu marido. Dallas
tinha estado presente em suas lembranças durante cada dia após. Stevie era seu
viva imagem.
O suave tom de sua voz, aquela deliciosa preocupação eram muito para ele.
Dallas tomou sua mão e a apertou com delicadeza.
-Estou melhor do que parece estar tú-murmurou-. Que alto preço pagamos por
uma noite, Jessica.
-Muito alto -admitiu ela, tocando a cara do homem-. Stevie se parece com ti.
-Sim.
Jessica parecia procurar na escuridão a cara do homem que nunca voltaria a ver.
Jessica assentiu.
-Eb me há dito que está trabalhando para ele e quero que… conheça o Stevie. No
caso de.
-Não diga isso! -explorou ele, levantando-se torpemente da cadeira-. López não
conseguirá aproximar-se de ti. Não o permitiremos -acrescentou. Ela se deixou cair
sobre o respaldo do sofá sem dizer nada. Os dois sabiam que López tinha contatos
em todas partes e que, se a queria morta, conseguiria-o-. vou fazer um pouco de
café -disse Dallas então com voz tensa.
Enquanto ele estava na cozinha, Jessica olhava para frente sem ver, pensando na
direção que tinha tomado sua vida.
-Claro que o faz bem. É mais baixinho que eu. E mais jovem.
-Pobre viejecita -riu Eb.
-Não sou velha. Mas não estou em forma -disse Sally, atirando-se de novo sobre
o tatami.
-Crie que Dallas e Jessica se atiraram os pratos à cabeça? -perguntou, para trocar
de conversação.
-Agora cresceste e deveria saber algo mais sobre os homens, Sally. Eu estava
muito excitado aquele dia. Levava muito tempo sem ter uma mulher e você tinha
dezessete anos. Entende-o? -perguntou. Sally assentiu com a cabeça-. Pode voltar a
tentá-lo.
-Tentar o que?
-O que tentou aquela tarde -murmurou ele com ternura-. Poderia passar algo.
-Já não sou a mesma pessoa, Eb. Mas você sim.
Eb parecia estar tentado lhe dizer algo, mas antes de que pudesse lhe pedir que o
esclarecesse, Stevie voltou com os refrescos.
Jessica teve que dissimular a emoção enquanto beijava a seu filho na frente.
-Seguro que o tem feito muito bem. E seu tio é um professor excelente.
-Os dois são muito bons alunos -disse Eb-. Bom, tenho que voltar para rancho.
por agora, todo esta controlado, mas pedi a Sally que não saia de noite.
-Não o farei-disse ela.
-Seguiremos com as lições ao menos três vezes por semana.
-Muito bem.
-Não se preocupe. Tudo vai sair bem. Sei o que estou fazendo.
-Sei.
-me acompanhe à porta -disse-lhe então-. Até mais tarde, Jessica.
-te cuide, Eb -despediu-se ela.
-A casa está vigiada, mas deve tomar cuidado. Não abra a porta a nenhum
estranho e fecha bem as janelas de acordo?
Ela observou seus rasgos profundos e as cicatrizes da violência que tinha tido que
viver e soube então que Eb nunca lhe mentiria. A confiança que depositava nela a
fazia sentir-se capaz de algo.
-Tentarei-o.
-Se Stevie não fora tão imprevisível, beijaria-te -murmurou Eb então. Sally se
engasgou. Ninguém mais que ele conseguia lhe fazer sentir-se tão excitada-. Estava
acostumado a sonhar com aquela tarde. Despertava suando e amaldiçoando pelo
que te fiz- acrescentou. Sally apartou o olhar, mas Eb tomou sua cara entre as mãos.
Estava muito sério-. Nenhum homem poderá ter o que eu tive de ti aquela tarde. Foi
tão inocente…
Os lábios femininos se abriram ante a intensidade de sua voz e o brilho dos olhos
verdes.
Se antes se pôs tinta, Sally ficou então lívida. A imagem que ele acabava de
evocar era surpreendente. Nunca lhe tinha ocorrido pensar que ele tivesse querido
despi-la, que tivessem podido…
-Não ponha essa cara, não te tinha ocorrido pensar o que podia ter passado?-
perguntou ele. Sally negou com a cabeça-. Alguém deveria ter um sério bate-papo
contigo.
-Você o fez -murmurou ela, nervosa.
-É verdade. Um bate-papo largo e explícito ao dia seguinte -assentiu ele-. Você
não queria me escutar, mas te obriguei a fazê-lo. Eu gostaria de pensar que isso te
salvou de alguma outra má experiência.
-Não foi exatamente uma má experiência -sussurrou ela, envergonhada-. Esse é o
problema.
-Sally…- murmurou ele. Um segundo depois, atraía-a para si. Sally ficou nas
pontas dos pés para estar mais perto, perdida nas lembranças daquela tarde. Sentia
as mãos dele obrigando-a a rodear seu pescoço antes de tomá-la pelos quadris para
esmagá-la contra seu corpo.
Ela abriu a boca então, surpreendida, lhe oferecendo o que ele desejava. Sally
sentia a exploração da língua masculina, o suave roce de seus dentes. Sentia uma
sensação ardente em seu abdômen que a obrigava a apertar-se contra ele. Era como
se seu corpo lhe dissesse que não podia pertencer a nenhum homem mais que a
aquele.
Eb deslizou o olhar até sua blusa, onde as cúpulas duras se marcavam através do
tecido e Sally sentiu o poder daquele olhar em suas partes mais secretas.
-Você sabe tão bem como eu que é só uma questão de tempo. Sempre o foi -
sussurrou ele, acariciando seus peitos por cima da blusa. Sally abriu a boca, atônita,
mas o som se converteu em um gemido de prazer-. Não vou fazer te danifico -
acrescentou Eb, antes de tomar sua boca com ânsia. Foi o beijo mais apaixonado e
mais adulto de sua vida, eclipsando inclusive o beijo anterior. Eb introduziu a mão
sob sua blusa e a acariciou por cima do sustento. Ela respondeu imediatamente a
sua carícia, apertando-se contra ele, total-. Daria algo por desabotoar isto, mas
estou seguro de que se o fizesse, Stevie apareceria no alpendre.
A idéia o fez sorrir e quando olhou a Sally, ela também estava sonriendo.
Jessica estava muito triste depois de ter visto Dallas. Tentando animá-la Sally
esqueceu que tinha uma reunião de pais na terça-feira seguinte e quando chamou o
rancho do Eb para avisá-lo só pôde lhe deixar uma mensagem na secretária
eletrônica. Mas, apesar de que lhe havia dito que estava em perigo, não acreditava
que pudesse lhe ocorrer nada por ir sozinha.
Reuniu-a foi larga e cheia de problemas e saiu muito mais tarde que o habitual.
Só pensava em meter-se na cama enquanto conduzia pela escura estrada, mas
quando passou por diante da casa que ocupavam seus novos vizinhos, sentiu um
calafrio. Três deles estavam no alpendre e quando viram sua caminhonete, ficaram
olhando-a.
Sally pisou no acelerador. Uns minutos mais e estaria em casa…
De repente, escutou o som de uma roda cravada e seu coração deu um tombo.
Não tinha roda de reposto. Tinha-a tirado da caminhonete para colocar a comida do
gado no dia anterior. De modo que teria que chegar a casa a pé. E o pior era que
estava escuro e aqueles homens a estavam olhando…
Mas não se meteriam com ela, pensou, enquanto saía com a bolsa ao ombro.
Levava um apito e não pensava deixar-se amedrontar. Confiada, apesar das
advertências do Eb, fechou a caminhonete e começou a caminhar.
O som de uns lhes passe atrás dela fez que Sally voltasse a cabeça. Dois dos três
homens se aproximavam correndo para ela. Devia permanecer tranqüila, dizia-se,
levantando o queixo para lhes demonstrar que não tinha medo. Mas ao dar-se conta
do tamanho dos homens, levo-se a mão à bolsa, se por acaso precisava usar o apito.
-Certamente!
-Não tenho roda de reposto, mas muito obrigado.
-Levaremo-lhe a casa -insistiu o alto.
-Não, obrigado -tentou sorrir Sally-. Eu gosto de passear. boa noite.
-Só dez dólares -murmurou, atirando a bolsa ao chão-. Pelo menos, poderemos
comprar uma caixa de cervejas.
-me solte! -exclamou Sally, tentando lhe dar uma cotovelada. Mas o homem lhe
retorceu o braço com tal força que a dor a fez desistir.
Sally tinha um medo atroz e o nome do López a assustou ainda mais, mas seguia
tentando soltar-se. Aqueles homens eram maiores e fortes que ela e não podia fazer
nada. Não podia procurar seu apito e embora tentava defender-se a patadas, eles a
evitavam. Muito tarde, pensou, para recordar o que Eb lhe havia dito sobre o
excesso de confiança.
Seu coração pulsava furiosamente enquanto a arrastavam até a sarjeta coberta
de erva. Lutaria, faria o que pudesse, mas sabia que não poderia contra aqueles dois
homens. Lágrimas de impotência começaram a rodar por seu rosto quando um deles
rasgo sua blusa.
Nesse momento, escutou um som e ao princípio pensou que se deprimiu. Mas
não era assim. O som se aproximava cada vez mais. Era um jipe. As luzes
iluminavam a estrada, mas não a luta que estava tendo lugar na sarjeta.
Era como se o condutor soubesse o que estava passando porque o jipe parou
com um frenazo seco e um homem muito alto e com chapéu Stetson se dirigiu a
grande velocidade para seus captores, que a soltaram imediatamente. Eb!
-Nem o sonhe.
-vais desejar havê-lo feito -replicou o mais alto, dando um passo para ele com a
faca escondida à costas.
Eb a estudou solenemente.
-Sally, você não podia fazer nada contra esses dois homens.
-Eles não puderam te tocar.
Os olhos verdes do homem tinham uma frieza que lhe produziu um calafrio.
-Vêem aqui, carinho -disse meigamente, tomando-a em seus braços. Sally deixo
escapar então toda sua angústia e rompeu a chorar.
-Estou tão…zangada! Tão zangada! Sinto-me como uma boneca de trapo!
-Qualquer pode perder uma briga.
-Seguro que você nunca perdeste nenhuma.
-No acampamento, um tipo que media a metade que eu me pegou uma surra.
Isso me ensino uma boa lição.
Eb abriu a jaqueta e assinalou sua pálida pele nua. Sally não protestou, nem
sequer tentou cobrir-se. ficou muito quieta e deixou que a olhasse.
Sally quase se engasgou recordando aquilo. Os dois tinham estado nus até a
cintura. Podia fechar os olhos e sentir o pêlo de seu musculoso torso contra o seu
enquanto a beijava e beijava…
-Não vou deixar que ninguém volte a te fazer danifico -murmurou-. Vamos, será
melhor que entre.
-Suponho que sim -sorriu ela, tocando sua jaqueta-. Devolverei-lhe isso.
-Não faz falta.
-Eb, tenho que ir amanhã a falar com o delegado?
-Sim. Irei te buscar depois do colégio. Não se preocupe, não vai comer te -disse
ele-. Não podemos deixar que os homens do López se vão de rositas.
-Está-te perguntando se estiver bem que a uma mulher moderna goste que a
protejam? -perguntou Eb, como se tivesse lido seus pensamentos.
-Você mesmo há dito que ninguém é invencível. Não me parece mal admirar a
força de um homem, especialmente quando acaba de me salvar o pescoço -
respondeu ela, olhando para a estrada-. Não virão esta noite para me buscar?
-Em sua condição, não acredito que lhes resulte fácil. E tiveram sorte -disse Eb,
com expressão tensa-. Faz dez anos não tivesse sido tão suave. Já sabe que classe
de vida vivi. Mas nunca te faria mal a ti, Sally.
-O que quer dizer, Eb?
-Estou deixando claras minhas intenções.
-Intenções?
-A última vez me detive. A próxima, não o farei.
-Refere a esses homens…?
-Refiro a ti -interrompeu-a ele-. Desejo-te com todas minhas forças e a próxima
vez não me deterei.
-Você e quantos mais? -tentou brincar ela.
-Eu sozinho. Mas pode que você necessite ajuda -sorriu ele-. Vamos, entra.
-Obrigado, Eb.
-Tenta dormir.
-Seu também.
Eb a observou entrar na casa e esperou que Dallas saísse, tão sério como
sempre.
Uns minutos depois, chegaram onde estava a caminhonete da Sally, mas os dois
homens tinham desaparecido e a casa estava às escuras.
-A menos que algum de vocês necessite assistência médica, vamos -disse um dos
enfermeiros, irônico.
-Esses homens a necessitavam. Um deles tinha vários ossos quebrados.
-Parece que não as pernas.
-Não. Não tinham as pernas rotas.
-Nessa casa ocorre algo estranho -disse o ajudante do delegado-. E isso não é
tudo. No Jacobsville estão começando a ocorrer coisas que eu não gosto de nada.
Uma imobiliária comprou o terreno que linda com o rancho do Cy Parks e o está
enchendo de material. Parece que querem abrir um negócio.
-O que sabe da pessoa que alugou esta casa?-perguntou Eb.
Rich se encolheu de ombros.
-Não tanto como eu gostaria. Mas meus contatos me informaram que são
homens da banda de um tal Manuel López, um narcotraficante mexicano.
Capítulo 5
Cy Parks estava de mau humor. Não tinha dormido bem e parecia esgotado.
Quatro anos depois, seguia tendo pesadelos sobre o incêndio no que tinha perdido a
sua mulher e a seu filho. depois disso, mudou-se ao Jacobsville porque ali vivia
Ebenezer Scott, seu único camarada e amigo. Cy podia falar com ele sobre a morte
de sua família à mãos dos homens do López e Eb o ajudava a exorcizar os pesadelos
de um passado que compartilhavam.
Quando estava servindo uma segunda taça de café, escutou um golpe na porta.
Provavelmente seria seu capataz, pensou. Harley Fowler, um aprendiz de aventureiro
que se passava o dia lendo revistas bélicas sem saber que seu chefe tinha sido um
autêntico mercenário., E não saberia nunca.
Nenhum de seus homens sabia estavam inteirados que tinha perdido a sua família
em um incêndio, mas ninguém sabia que tinha sido um mercenário e que o incêndio
tinha sido causado pelo Manuel López. E Cy preferia que seguisse sendo assim.
Estava cadeado de sua antiga vida.
Mas quando abriu a porta não se encontrou com o Harley, a não ser Ebenezer
Scott.
-Brigar cara a cara não é o etilo do López. Ele é dos que lhe cravam uma faca
pelas costas.
-Sei. Isso é o que me preocupa -disse Eb-. Ontem à noite tentaram violar a Sally.
-A garota se encontra bem?
-Felizmente, cheguei a tempo. Os dois assaltantes terminaram com alguns ossos
quebrados, mas desapareceram. O que me diz da atividade ao norte de suas terras?
-Há todo tipo de veículos entrando e saindo-contestó Cy-. montaram uma espécie
de armazém, pelo visto para construir uma fábrica de mel -acrescentou furioso-.
Matt Caldwell levava anos tentando conseguir uma permissão de construção e agora
o dão a uma gente que ninguém conhece. E isso não é tudo. investiguei um pouco
por minha conta e a imobiliária que comprou os terrenos tem uma base no Cancún,
México.
-Cancún? -repetiu Eb-. Que interessante. O último que se sabe do Manuel López é
que comprou uma vila precisamente no Cancún.
-E que demônios tem que ver López com um negócio de mel?
-Obviamente, é uma coberta -assegurou Eb-. Pode que tenha eleito Jacobsville
porque é uma cidade pequena, isolada e em que os federais não se colocaram
nunca.
-Vi-as antes, Cy. Se por acaso não o recorda, estive contigo no hospital.
-Não recordo muito daquela época. Consegui me salvar, mas já não seria de
muita ajuda se me visse encurralado.
-Não o estará.
-Embora pudéssemos enviar ao López ao cárcere outra vez, isso não impediria
que algum de seus homens de confiança seguisse dirigindo seu império. Já sabe
como estão organizadas estas bandas -disse Cy-. Operam como se fossem uma
multinacional.
-Sei. São eficientes e não têm piedade. Só Deus sabe quantos agentes perdeu a
brigada de estupefacientes, por não falar do departamento de polícia. Os
narcotraficantes não têm escrúpulos. Mas um dos homens do López se atreveu a
reunir provas contra ele. Só Jessica Myers conhece seu nome e não espero que
López abandone sua busca.
-Eu tampouco. Tem algum plano?
-Ainda não. Não podemos fazer nada sem ter provas e López terá muito cuidado
esta vez. Estava em liberdade sob fiança, mas se partiu a México -explicou Eb,
servindo uma taça de café-. Se podemos conseguir autorização para cravar as linhas
telefônicas do armazém uma vez esteja em marcha, poderemos conseguir provas.
Não sei se sabe, mas um de seus vizinhos pertence à brigada de estupefacientes e
se infiltrou em bandas organizadas muitas vezes.
-A maioria dos homens do López são hispanos.
-Este tipo poderia passar por hispano. Um tipo muito bonito, além disso. O pai de
sua mulher lhes deixou um pequeno rancho…
-Lisa Monroe -interrompeu-o Cy, apartando o olhar-. Poderíamos nos aproximar
do armazém. Se formos a cavalo, pareceria que estamos dando um passeio.
Eb foi procurar seus prismáticos ao jipe e quando chegou ao estábulo, o jovem
capataz do Cy tinha dois cavalos selados.
-Vê algo?
-Não conheço nenhum desses homens. Mas seguro que todos estão fichados.
López não é muito exigente e gosta dos homens sem escrúpulos -suspirou Eb-. E te
asseguro que não quero ter uma rede de distribuição de droga no Jacobsville.
-Eu tampouco.
-Será melhor que vamos. Acredito que nos viram.
-Pior para eles -sorriu Cy.
Eb sorriu também. Fazia tempo que não via sorrir a seu amigo.
Aquela tarde, Eb foi procurar a Sally e Stevie para sua lição de artes marciais.
Os olhos da Sally se iluminaram ao vê-lo e ele sentiu que lhe alegrava o coração.
-Como está Jessica?
Para a Sally, o treinamento começou a resultar mais fácil quando passaram das
quedas aos movimentos de defesa. Era excitante aprender e, além disso, desfrutava
de do contato físico com o Eb. E não podia escondê-lo.
Ao Stevie também divertia o treinamento. Mas, inclusive a sua curta idade,
entendia que as artes marciais não eram para as praticar no recreio a não ser em
caso de perigo.
-Muita gente acredita que o que estuda artes marciais é uma pessoa violenta,
mas não é assim. O que tentamos é fazer que a gente tenha confiança em si
mesmo. Se souber que pode te defender, é muito estranho que vá por aí provocando
brigas.
Sally recordou então as cicatrizes de sua cara aquela tarde, cicatrizes que ela
tinha atribuído erroneamente a seu trabalho no rancho. Eb se aproximou, obrigando-
a a levantar a cara. Não era tanto a proximidade como sua forma de olhá-la-o que
fez que seu coração se acelerasse e Sally deu um passo atrás, olhando ao Stevie,
que seguia lhe dando murros a um saco de areia.
- Tio Eb, olhe o que faço!- gritou Stevie, lhe dando uma patada ao saco de areia.
- Muito bem! Aprende muito rápido.
- Tenho que aprender rápido-disse o menino.
- Para que?
- Para lhe dar uma patada a esse senhor que faz chorar a meu madre-respondeu
Stevie.
- Dallas?
- Esse. Minha mãe estava chorando ontem à noite e quando lhe perguntei por
que me disse que era porque esse homem a odiava.
Eb se aproximou do pequeno.
- Sua mãe e Dallas se conheceram faz muito tempo, Stevie. Tiveram uma briga e
nunca voltaram a falar-se. Por isso chora.
- por que se zangaram?
- Não sei. Se quiserem, eles mesmos lhe dirão isso. Mas Dallas não é má pessoa.
- Está cheio de feridas -disse Stevie.
- Foi ferido em um tiroteio.
- De verdade? Quem lhe deu um tiro?
- Uns homens muito maus -respondeu Eb-. Esteve a ponto de morrer. Por isso
agora tem que caminhar com fortificação e por isso tem cicatrizes.
- Seu também tem cicatrizes -murmurou o menino, tocando sua cara.
- Sim, é verdade.
- Dispararam-lhe alguma vez?
- Várias vezes -respondeu Eb com sinceridade-. As pistolas são muito perigosas,
Stevie. Espero que saiba.
- Sei -disse o menino-, Um de meus amigos se pegou um tiro em um pé quando
jogava com a pistola de seu pai. Eu não vou jogar nunca com pistolas.
- Me alegro
- Mas a esse homem não gosta de minha mãe -insistiu Stevie-. A olhe com a
frente enrugada, assim…-explicou-. Ela não o vê, mas eu sim.
- Nunca lhe faria mal. Está ali para protegê-la quando você está no colégio.
- Claro. Porque eu a protejo quando estou em casa. Sou muito forte. Viu o que
tenho feito com o saco?
- claro que sim! -sorriu Eb-. Golpeia muito bem, mas tem que tomar cuidado com
os joelhos. Deixa que te ensine.
Sally os observava, encantada. Era uma pena que ao Stevie não gostasse de
Dallas porque algum dia teria que saber a verdade.
- Sinto falta de conversações como esta. Embora alguns de meus homens têm
boa formação. De fato, Micah Steele era médico quando se uniu a meu grupo.
- por que abandonou a medicina?
- Ninguém sabe e ele não o há dito nunca.
Sally olhou a seu sobrinho, que seguia tomando o sorvete enquanto observava as
quinquilharias na cristaleira.
- As coisas tampouco foram fáceis para ti, verdade? Sua vida se complicou a
partir dos dezessete anos.
- Trocou muito. Mas se tiver aprendido algo é que tudo troca.
- Suponho que assim é -murmurou ele-. Eu também aprendi algumas costure.
- Por exemplo?
Eb olhou suas mãos entrelaçadas.
- A não dar nada por descontado -respondeu. Ela o olhou, confusa-. Hei-te dito
que estive prometido uma vez? -perguntou. Sally assentiu com a cabeça-. Nunca lhe
contei o que fazia para ganhar a vida e ela nunca me perguntou -começou a contar
ele, apoiando-se no respaldo da cadeira-. Seus pais tinham morrido e ela e outro
menino de sua idade foram adotados por uma mulher muito rica. Eu me sentia
incômodo com meu segredo e o dia antes das bodas o contei. Maggie deixou o anel
sobre a mesa, recolheu todas suas coisas e parto. Três meses depois, casou-se com
outro homem.
Sally sabia que tinha estado prometido, mas não sabia que aquela mulher lhe
tinha importado tanto. A expressão de seus olhos lhe dizia que a dor não tinha
desaparecido.
- Viu-a em Houston?
O assentiu, sem precaver-se de sua expressão de surpresa.
Eb não disse nada. Estava começando a sentir claustrofobia e não sabia por que.
Não falaram muito de volta a casa e Sally pensou que as lembranças de sua
prometida o tinham entristecido. Possivelmente ela o tinha amado mas o constante
perigo ao que o submetia sua profissão deveu ser mais do que podia suportar. Mas
Eb se retirou e isso já não era um obstáculo.
Aquele era um pensamento deprimente. Sua ex prometida era viúva., ele tinha
uma profissão segura e… acabavam de ver-se. Aquilo foi suficiente para que Sally
saísse do jipe e se despedisse a toda pressa com um sorriso forçado.
Enquanto conduzia para sua casa, Eb se sentia confuso. De repente, Sally se
comportava distante e não podia entender por que.
Eb se tinha posto em contato com a brigada de estupefacientes para informar
sobre os movimentos do López e seus levantes no Jacobsville. E também tinha
perguntado se havia possibilidades de infiltrar a um homem na banda. Não tinham
querido lhe dar uma resposta e, como Eb conhecia bem como trabalhavam, tinha
assumido que já havia alguém infiltrado, mas não pensava contar-lhe a ninguém.
Aquela noite, além disso, alegrou-se de ter cravado o telefone da Jessica.
Às duas da madrugada, o telefone começou a soar e Sally despertou
sobressaltada.
- Tem uma última oportunidade -seguiu dizendo o homem-. Deve chamar a este
número de telefone na sábado a meia-noite e nos dar o homem. Se não, todos
sofrerão as conseqüências -acrescentou. Depois, deu um número de telefone e
pendurou. Sally soltou o auricular e o olhou horrorizada. Sabia que havia homens
vigiando, mas também estariam escutando?
O telefone soou uma terceira vez e ela desprendeu, aterrada.
Sally voltou a meter-se na cama e ficou olhando ao teto quase até o amanhecer.
Justo antes de levar-se ao Stevie ao colégio contou a Jessica o que tinha passado.
Capítulo 7
Eb estava preocupado pela mensagem do López porque sabia que não era uma
mera ameaça. López não tinha piedade. Tinha neutralizado a incontáveis inimigos e
não se deteria porque Jessica fora uma mulher.
Dallas e ele começaram a procurar um plano, sabendo que López ia atacar. Eb
pretendia ter gente em lugares estratégicos antes que os homens do López
encontrassem a forma de entrar na casa e levar a cabo as ordens daquele louco.
Algo era impossível, já que Jessica jamais lhe daria o nome de seu informador, nem
sequer para salvar sua vida.
-López sabe que estou aqui e que tenho profissionais treinados, assim enviará a
seus melhores homens.
-Poderíamos trazer para os três a seu rancho.
-Poderíamos, mas isso só pospor o inevitável. López não abandona nunca e não
podem ficar aqui. Sally tem que trabalhar e Stevie tem que ir ao colégio.
-Ao Stevie não gosta -murmurou-. Há-lhe dito a sua mãe que está aprendendo
karáte para me dar uma lição -acrescentou, olhando ao Eb com um brilho divertido
nos olhos-. Um menino com muito caráter.
-É verdade. É uma pena que tenha que crescer sem um pai. E antes de que me
diga nada -interrompeu-o quando Dallas ia replicar- já se que Jessica não te disse
quem era o pai, mas agora sabe.
-Sei -murmurou Dallas, irritado-. Mas não me vale de nada. Ela nem sequer quer
falar comigo. Assim que entro na casa, encerra-se em si mesmo e fica assim até que
me parto. Se logo que posso lhe dizer olá e adeus…
-E depois se vai à cama chorando porque acredita que a odeia.
-O que?
-Por isso Stevie quer te pegar -respondeu Eb-. É um menino muito protetor.
-Vá. Então, Jessica não é tão indiferente como aparenta -murmurou Dallas,
apoiando-se na parede.
-Está preocupado, não é assim?
-Claro que o estou -respondeu Dallas-. Conheço o López e sei que contra esse
homem não há amparo possível.
-Então a nossa fará história -prometeu-lhe Eb-. Vamos a casa do Cy Parks. Quero
saber se pode ficar em contato com um grupo de comandos que estava acostumado
a infiltrar-se nas bandas de narcotraficantes.
-O chefe desse grupo era Bretman -sorriu Dallas-. Agora é juiz no estado de
Illinois. Imagina!
-Também estavam Vão Meer, que agora vive nas montanhas Rochosas com sua
família e Diego Laremos. Sabe algo dele?
-Vive no Yucatán e deixou o ofício. Esses tipos eram mais jovens que nós quando
começaram e fizeram uma fortuna.
-Então era um jogo diferente. As coisas trocaram muito. E as regras também. Nós
nunca tivéssemos podido fazer muitas das coisas que eles fizeram -disse Eb,
tomando as chaves do jipe-. Cy conhecia muito ao Diego e pode que este siga tendo
contato com um tipo que estava acostumado a trabalhar em México.
-Quem é?
-Canton Rourke.
-O rei dos ordenadores? -riu Dallas.
-O mesmo. É uma larga história, mas Rourke tem um amigo em México que seria
de grande ajuda nesta operação. Fez muitos trabalhos infiltrando-se em bandas de
narcotraficantes e viveu para contá-lo.
-Se queria nos ajudar seria perfeito.
Quando voltaram para rancho, Eb chamou o número que Cy lhe tinha dado.
Alguém desprendeu ao outro lado do fio e lhe deu umas instruções. Tinha que deixar
seu número de telefone e seu nome e pendurar imediatamente. Fez-o e uns minutos
depois, seu telefone começou a soar.
O homem se lançou então a descrever o que pensava do Manuel López, seus pais
e todos seus ancestros em espanhol e em inglês.
-Estou contigo.
-Uma só coisa mais. López te conhece?
-Não me viu nunca. Veremos-dijo-nos o homem antes de pendurar.
Eb levou a Sally para jantar aquela noite, no novo Jaguar que estava acostumado
a usar quando ia à cidade.
-Gosta de ir a Houston?
Ela assentiu, incômoda. prometeu-se a si mesmo não voltar a sair com ele depois
de saber que tinha visto sua ex prometida e, entretanto, ali estava. Mas não queria
voltar a arriscar seu coração e decidiu ser agradável, mas distante.
Eb o notou, mas não entendia a razão. Com muita dificuldade podia apartar os
olhos dela aquela noite. Levava um vestidito negro decotado e estava preciosa.
-Seguro que esta é uma boa idéia? -perguntou ela-. Sei que Dallas cuidará da
Jessica e Stevie, mas…
-López é um demônio, mas um demônio muito previsível -interrompeu-a ele-.
Dará a Jessica exatamente até na sábado a meia-noite e não fará nada até então.
Às doze e cinco, começaremos a nos preocupar.
-Do que vai servir ao López matar a Jessica? Se estiver morta, não poderá lhe dar
o nome de seu informador.
-Faz-o para dar o exemplo. Mas acredita que lhe dará o nome para salvar a seu
filho. Faria-o você?
-É uma decisão terrível -admitiu Sally-. A idéia de que alguém faça mal ao
Stevie…
-Ninguém lhe fará mal -assegurou Eb-. Os homens do López não poderão dar um
passo sem que alguém se o límpida.
-Oxalá seja certo.
-A vida é assim, Sally. Terá que aceitar as coisas boas e as más. Os bons tempos
não nos fazem mais fortes.
-Suponho que tem razão -murmurou ela, apoiando a cabeça no respaldo de
couro-. eu adoro o aroma dos carros novos.
-Este tem algumas modificações.
-Não me diga que tem uma metralleta no escapamento?
-Tem de deixar de ver filmes do James Bond-riu Eb.
Sally olhou seu perfil. Seguia sendo um homem muito atrativo aos trinta e seis
anos. Sabia que não podia esperar nada permanente com ele, mas às vezes olhá-lo
era suficiente para fazê-la feliz.
Eb se deu conta de que o estava observando e a olhou, desfrutando da tímida
admiração nos olhos cinzas.
Sally teve que apartar o olhar. Mas adorava a idéia de dançar com ele, estar entre
seus braços… Era algo com o que tinha sonhado quando estava no instituto, mas
que nunca se feito realidade.
O restaurante era tão discreto que quão único chamava a atenção eram os carros
de luxo estacionados frente à porta.
CAP 8
-Olá, Maggie -disse Eb, levantando-se para saudar a bela moréia de olhos verdes
que em seguida se pendurou de seu braço.
-Me alegro muito de voltar a verte -sorriu a mulher, apaixonada-. Recorda a meu
meio-irmão, Cord Romero? -perguntou, assinalando a um homem alto e moreno que
ia com ela.
-Claro. Como está, Cord?
O homem, tão alto e forte como ele, saudou-o com um movimento de cabeça.
-Sally, apresento ao Maggie Barton e Cord Romero. Querem lhes sentar conosco?
-Uma de meus amigas vai dar uma festa no Cancún em Natal -murmurou Maggie,
roçando com um dedo a mão do Eb-. por que não vem comigo?
-Não posso. Tenho muito trabalho -respondeu ele, com um sorriso amável.
-Poderia te retirar definitivamente. Estou segura.
-E que faria? Tomar o sol no alpendre de minha casa?
-Não quis dizer isso. Queria dizer que poderia deixar de viver dessa forma tão…
perigosa.
-É uma velha discussão e já sabe qual é a resposta, Maggie.
Sally se sentia incômoda. Olhava suas unhas curtas e as comparava com as largas
e sofisticadas unhas do Maggie. A diferença era quão mesma havia entre elas;
Maggie era elegante e chamativas, ela discreta, pratica e…aborrecida. Ao lado da
exótica Maggie, sentia-se insignificante.
Eb chamou o garçom com gesto sério. Foi o jantar mais tenso que Sally tinha tido
que sofrer em sua vida. Maggie e Eb falavam sobre gente que só os dois conheciam,
enquanto ela se concentrava na comida.
Cord era amável, mas não tentou retomar a conversação. Ao final do jantar,
quando os dois casais se separavam, Maggie apertou a mão do Eb com força.
-Prazer em conhecê-lo
-O mesmo digo -disse ela.
Quando estiveram dentro do Jaguar, Eb a olhou com uma expressão que a deixou
geada.
Ele seguiu acariciando-a com um ritmo lento e sensual que a fez abrir a boca para
lançar um gemido e que ele aproveitou para aprofundar o beijo de uma forma tão
claramente possessiva que Sally perdeu a cabeça. Eb sentiu os dedos nervosos dela
tentando desabotoar os botões de sua camisa e, impaciente, desabotôo-se três
botões e levou sua mão sobre um torso peludo até um diminuto mamilo tão duro
como o que ele acariciava com seus dedos.
Sally estava aturdida pela paixão que se desatou tão repentinamente e não
encontrava forças para questionar as liberdades que se estavam tomando em um
estacionamento público. Em realidade, não lhe importava nada exceto ele não
parasse. Eb não podia parar, mas devia fazê-lo…
E o que fez, de repente. Tomou suas mãos entre as suas e respirando
entrecortadamente se apartou.
-Não -murmurou.
Ela olhou seus olhos obscurecidos, confusa. Eb deslizou o olhar por seu vestido e
ao observar os gestos visíveis de sua excitação apertou a mandíbula. Seu próprio
corpo sofria uma agonia, mas seria muito pior se não paravam imediatamente. Ela
era muito tentadora e aquele era o pior momento. Se perdia a cabeça por ela
naquele momento, poderia lhes custar a vida.
Sally assentiu. Tinha a garganta seca e quão único podia fazer era olhar pela
janela.
Foi uma viagem de volta silencioso e triste para os dois. Ele estava preocupado,
distante, e Sally se perguntava se estaria lamentando a decisão que tinha afastado
ao Maggie de sua vida. Maggie devia ter quase a mesma idade que Eb, mas seguia
sendo uma mulher muito atrativa e não terei que ser muito preparado para dar-se
conta de que seguia apaixonada por ele. O que Eb sentia por ela era mais difícil de
saber.
Sally duvidou um instante. Uma coisa era que ocorresse de forma espontânea,
mas planejar fríamente um interlúdio sensual com o Eb… Sabia que se deixaria levar
até o final e possivelmente não estava preparada.
-Não há pressa. Temos todo o tempo do mundo -sorriu ele ao ver que duvidava.
-Você crie?
-Não vou deixar que te ocorra nada. Jamais, Sally.
-Dá-me pânico esse López.
-Ninguém pode aproximar-se da casa sem que o vejamos. Meus homens levam
umas equipes muita sofisticadas.
-Mas é um homem tão diabólico…
-vou provar lhe de uma vez por todas que não pode sair-se com a sua.
-Como se leva aos tribunais a um homem que pode comprar um país inteiro?
-Cortando a fonte do dinheiro -respondeu Eb-. Sem cabeça, a serpente não pode
ir muito longe.
-Já entendo.
-Deixa de preocupar-se, Sally.
-Tentarei-o.
-Aconteceste-lo bem?
-Muito bem -respondeu Eb-. O que faz aqui?
-Jessica tem tosse e não queria irritá-la com o cigarro.
-Falam-lhes?
Jessica suspirou.
Jessica assentiu.
Sally ficou olhando pela janela, perguntando-se como se sentiria ela nas mesmas
circunstâncias. Sabia que poderia adaptar-se à vida do Eb, mas a questão era
convencer o de que era assim… e de que ele a necessitava tanto como o necessitava
ela.
Capítulo 9
-Tem que confiar no Eb -disse-lhe Jessica-. Ele sabe o que faz. López não poderá
nos fazer nada.
-Perdemos contato quando López foi detido. Acredito que voltou para México.
-E se o informador se traísse a si mesmo?
-Isso não vai ocorrer, Sally. E não vou lhe dar ao López seu nome porque sei que
o mataria a sangue frio.
-Sei que não o fará. Eu tampouco o faria. Mas tenho medo.
-Passará logo, não se preocupe. O que tenha que ser, será. Mas não posso me
trair a mim mesma nem trair meus ideais para tentar me salvar.
-Entendo-te.
-Sally, Eb é um dos melhores em seu trabalho e López sabe. Não se lançará de
cabeça a nos atacar porque sabe que estamos protegidos.
-E se tiver mísseis ou armas parecidas?
Manuel López era um homem pequeno com grandes ambicione. Tinha quarenta
anos, estava começando a ficar cravo e era cínico e cruel dos pés à cabeça. Frente a
uma das janelas de sua mansão em México, estava lançando maldições. Um de seus
subordinados, nervoso, acabava de lhe dar más notícias.
-Ela nunca nos dará o nome. Nem sequer para salvar a vida de seu filho.
-Porque até agora as ameaças não foram mais que palavras. Terá que fazê-lo
real, entende-me? Esta noite, exatamente às doze e cinco, um helicóptero
sobrevoará essa casa e lançará uma bomba de fumaça. Esse será o ataque que
anteciparam…mas não o verdadeiro.
-Provavelmente terão mísseis -objetou o homem.
-São muito brandos para usá-los -sorriu López, sarcástico-. Por isso ganharemos
nós. Não temos escrúpulos e eles sim. E agora, escuta. Desfarão-lhes de um dos
zeladores do colégio como é e um de vós se fará pára por ele. Tem que ser um
homem que conheça a cara do menino.
-Quer que o seqüestremos?
-Isso.
-E onde o levamos?
-À casa que alugamos ao lado dos Jonson. Não seria essa a maior das ironias? -
sorriu López fríamente-. Mas ninguém lhe fará mal ao menino. Espero que não
tenham esquecido o que lhe passou ao homem que acendeu a casa do Parks em
Wyoming. Está claro? -perguntou. O outro homem tragou saliva-. Se alguém lhe
tocar um cabelo a esse menino, eu pessoalmente me encarregarei de castigá-lo. Não
estou neste negocio para matar meninos. Possivelmente essa minha única virtude -
acrescentou voltando-se para a janela-. Me faça saber quando tudo está preparado.
-Sim, senhor.
López olhou para baixo, para a praia, recordando o vestido branco, a cara pálida
e os olhos mortos da mulher que tinha amado mais que a nada no mundo. Isabella
Medina, recordou, angustiado. Nunca antes tinha amado a uma mulher. E aquela se
converteu no mais importante de sua vida, mas quando tinha tentado beijá-la
durante uma festa em seu iate, Isabella se apartou com expressão de asco e ele,
furioso, tinha-a empurrado. Isabella tinha cansado pela amurada, desaparecendo
sob a água.
Seus homens a tinham procurado até o amanhecer e depois uns pescadores
tinham encontrado seu corpo flutuando na praia. A morte da Isabella tinha arruinado
para sempre sua vida. López lamentava profundamente que seu temperamento o
tivesse feito reagir daquela forma e que isso lhe houvesse flanco o mais precioso de
ou vida. Tinha-a matado. Estava maldito, pensava. Maldito para sempre. E
provavelmente o merecia.
Desde aquela noite quão único pensava era em encontrar ao homem que o tinha
delatado. Nada o tinha feito feliz após. Nada poderia fazê-lo feliz jamais.
López pensou na Jessica Myers e em seu filho, no medo que ela sentiria quando
soubesse que o tinha seqüestrado. Então lhe daria o nome do informador. Teria que
fazê-lo. E ele, por fim obteria sua vingança.
Jessica se limitou a assentir. Como Sally, sua postura era um pouco rígida. Tinha
tomado uma decisão e todos foram pagar por ela. Seu filho, sua sobrinha…
Nesse momento, escutaram o som de um helicóptero sobre suas cabeças.
-Ao chão! -gritou Jessica. Nesse momento, escutaram uma explosão e, através da
chaminé, começou a entrar uma fumaça espessa. Fora, escutavam o helicóptero e
ruído de disparos se chocando contra o metal. Imediatamente depois, um som como
o de um foguete seguido de uma terrível explosão. Tinham derrubado ao
helicóptero-. Sally, encontra-te bem?
-Sim. Temos que sair daqui -disse ela, tossindo-. A fumaça vai afogar nos!
Sally ajudou a Jessica a levantar-se e a deixou na porta antes de correr para tirar
o Stevie da cama. Era como um pesadelo, mas não havia tempo para pensar.
Os três saíram ao alpendre a toda pressa e Sally viu que Eb se dirigia correndo
para elas, mas era um Eb que logo que reconheceu. Ia vestido de negro com a
cabeça coberta por um pasamontañas e levava uma arma automática na mão.
Outros homens, vestidos como ele, dirigiam-se correndo para a parte traseira da
casa.
-Venham comigo -disse Eb, levando-os para seu jipe-. Esperem aqui até que
comprovemos toda a casa.
Sally não disse nada, mas sabia que sabia que alguém devia ter pilotado o
helicóptero. A idéia de que um homem tivesse morrido ali mesmo a fazia sentir-se
doente.
-Não sou nenhuma covarde, de verdade -sussurrou ela depois-. Mas não estou
acostumada a que minha casa se bombardeada.
Eb riu brandamente.
Eb levou a Sally até o dormitório para que colocasse algumas costure em uma
bolsa de viagem.
-Temos que esperar ao delegado. Esta é sua jurisdição e me temo que vou ter
que lhe dar muitas explicações.
-vou ter que pagar uma fiança por ti? -tentou brincar ela.
-Faria-o?
-É obvio.
Sally não tinha imaginado que Eb tivesse medo por ela. Era maravilhoso.
Abraçou-o com mais força e sentiu que o homem tremia.
Sally se ruborizou.
-Faz seis anos sábia que foste ser um problema -sussurrou beijando-a de novo,
ferozmente, antes de apartar-se para tentar recuperar o controle. Ela estava
tremendo depois do encontro mais explosivo que tinha vivido em sua vida-.
Tampouco você havia isto sentido, verdade? -perguntou em voz baixa. Sally negou
com a cabeça, incapaz de falar-. Se te consolar, a partir de agora será pior. Pensa
nisso.
O delegado Bill Elliott, e dois de seus ajudantes chegaram uns minutos depois e
interrogaram brevemente a Sally. Depois, Eb a levou a rancho, deixando alguns
homens na casa.
-Não acredito que López vá tentar o outra vez esta noite, mas não vou arriscar
me.
-O que vamos fazer agora?
-Até que isto termine ficarão em minha casa. Ao menos ali há uma habitação que
não está <<cravada>> -respondeu Eb, olhando seus peitos descaradamente. Sally
sabia por que o dizia e seu coração começou a pulsar desbocado-. Não se preocupe.
Não deixarei que as coisas vão muito longe.
Ela não estava preocupada por isso. O que se estava perguntando era como
poderia seguir vivendo se lhe fizesse o amor e depois a abandonasse.
Eb mostrou suas habitações a Dallas, Jessica e Stevie e depois lhes deu as boa
noite, afastando-se com a Sally pelo corredor.
-Onde vamos?
-À cama. Estou cansado. Você não?
-Sim.
Sally imaginou que a levava a habitação que ela ia ocupar, mas Eb entrou com
ela em um enorme dormitório e fechou a porta.
-Não vou fazer te danifico -sussurrou Eb-. Mas esta noite vais dormir entre meus
braços.
-De acordo.
Os olhos de homem se iluminaram.
Sally o observou sair da habitação, sem saber que significava aquela despedida.
Estava tão cansada que dormiu quase assim que fechou os olhos.
Capítulo 10
-Eb! -exclamou.
-Não passa nada. Só estas sonhando -sussurrou ele, incorporando-se para tomar
sua boca. Sally sentiu o pêlo masculino roçando seu peito nu e notou que ele
enredava as pernas com as suas. Sentiu o calor de seu corpo, a ternura de suas
mãos e sua boca.
-Sonhando?
-Isso -respondeu ele, olhando-a aos olhos-. E é um sonho precioso -acrescentou
em um sussurro, admirando tudo o que o pijama aberto não cobria-. Mais bonita do
que tinha imaginado.
-Que horas são? -perguntou ela, confusa.
-Está amanhecendo -respondeu Eb, apartando o cabelo de sua cara-. E todos
dormem -acrescentou, tombando-se de costas e colocando-a sobre ele-. ia deixar
que e despertasse sozinha, mas não pude. Com a camisa do pijama médio
desabotoada, o cabelo sobre meu travesseiro…Não imagina quão preciosa está ao
amanhecer. Como uma fada, rodeada de um halo dourado. Irresistível para um
homem que jejuou durante tanto tempo como eu.
-Quanto tempo jejuaste? -perguntou ela, acariciando seu peito.
-Anos -respondeu ele, procurando seus olhos-. E por isso hei posso o despertador
na habitação de Dallas e soará dentro de…cinco minutos. Ele despertará a Jessica e
ao Stevie e seu sobrinho virá a te buscar. dá-se conta de que estou cuidando de sua
virtude, senhorita Johnson? -brincou. Sally olhou seu peito nu e levantou uma
sobrancelha irônica-. Hei dito virtude, não modéstia. Eu não seduzo vírgenes, em
caso de que o tenha esquecido-aclaró, ficando sério-. Sally, o mas difícil que tive que
fazer em minha vida foi me apartar de ti aquela tarde faz seis anos- tive sonhos
apaixonados, te recordando. E sigo teniéndolos-acrescentou, acariciando seu peito-.
E você também, a julgar pelo que vi quando subi faz dez minutos. Tombei a seu lado
e você começou a me tocar de uma forma que… melhor não lhe digo isso.
-Que eu tenho feito o que? -perguntou ela, assustada.
-Quer sabê-lo? Muito bem -sorriu Eb, inclinando-se para lhe dizer ao ouvido. Sally
lançou um grito horrorizada-. Não tem porque te assustar. A meu encantou.
Sally se tinha posto tinta até a raiz do cabelo, mas ele parecia estar acontecendo-
o em grande.
-Por uns segundos, esqueci-me do López e todo o resto -murmurou Eb, com os
olhos obscurecidos-. vivi que sonhos durante muito tempo, Sally.
-Sonhos?
-Desejava-te faz seis anos. E sigo fazendo-o, mais que nunca -murmurou-. Eu sou
seu lar. Onde eu vá, irá você -acrescentou. Sally não entendia aquilo e o olhou com
os olhos interrogantes-. Por isso sei de ti, meu estilo de vida não te assusta. Tem
espírito e coragem e não tem medo de dizer o que pensa. Não penso voltar a partir
do país e vou seguir ensinando táticas de combate, mas deixarei de fazê-lo quando
chegarem os meninos.
-Os meninos?
-O resultado do que estamos fazendo são os meninos -sorriu Eb-. Bom, não
exatamente, não o que estamos fazendo agora, mas se levássemos menos roupa e
fizéssemos algo mais, esse seria o resultado.
Sally o olhou com o cenho franzido. Ele não tinha falado de amor, nem de
matrimônio.
-O que ocorre?
-Minha reputação no colégio…
-Crie que te estou pedindo que vivamos em pecado?-perguntou ele com fingida
indignação.
-Não há dito nada de nos casar.
-De verdade crie que passo tanto tempo contigo para te ensinar karáte? -riu
Eb-.Querida, demoraria anos em aprender técnicas suficientes para te defender dos
homens do López. Traga-te aqui só para poder te tocar.
-De verdade? -sorriu Sally.
-Vê o baixo que tenho cansado? Tinha que te dar tempo de maturar. Não queria
uma adolescente louca por mim, queria uma mulher adulta que pudesse me olhar
frente a frente.
-Acredito que posso fazer isso -murmurou ela, acariciando seus ombros.
-Eu também acredito. Você molesta o que faço para ganhar a vida, Sally?
-Não -sorriu ela.
Eb respirou profundamente e cravou nela um olhar mais possessivo que nunca.
Uns segundos mais tarde, estavam tão perto que Sally não estava segura de
poder apartar-se. Felizmente, alguém bateu na porta.
-Tia Sally! -escutou a voz do Stevie-. Quero tomar o café da manhã mas não
encontro os cereais de chocolate!
-Irei em seguida!
-por que está fechada a porta? -perguntou o menino.
-Vamos Stevie, seguro que encontramos algo rico na cozinha -escutaram a voz de
Dallas.
-Vale!
Ele olhou a camisa aberta do pijama uma vez mais e, com decisão, incorporou-se
para grampear os botões.
Vários acalorados minutos mais tarde, reuniram-se com outros na cozinha, mas
Eb não mencionou seus planos de bodas. Esteve falando sobre as regras que terei
que seguir a partir de então, começando pela segurança que necessitavam Sally e
Stevie para ir ao colégio na segunda-feira.
-Stevie pode deixar de ir ao colégio até que isto se termine -sugeriu Dallas-. Não
quero me arriscar, Eb.
-Eu tampouco -disse Jessica-. Mas a verdade é que López tem debilidade pelos
meninos. O que ocorreu com o filho do Cy Parks é algo que ninguém pode explicar-
se. Não acredito que faça mal ao Stevie.
-Estou de acordo com isso -disse Eb.
-Então, o melhor será seguir fazendo as mesmas coisas de sempre e esperar a
que López cometa um engano.
-O que acontece Rodrigo?
-Chamou-me ontem à noite. Parece que tem um parente que trabalha para o
López em Houston, um parente longínquo que não sabe qual é a profissão do
Rodrigo, e lhe conseguiu trabalho de condutor para a operação que estão levando
aqui -explicou Eb-. Assim que consigamos que López deixe de emprestar atenção a
Jessica, essa operação será nosso seguinte objetivo.
-Não pode falar com o delegado para que prenda a esses homens?-perguntou
Sally.
-por agora o único que temos contra eles é uma conexão longínqua com o jede
de uma banda de narcotraficantes, mas não podemos prová-lo. A menos que os
pilhemos com droga, do que poderíamos acusá-los? Construir um armazém é legal
neste país.
-Por isso vamos cravar o assim que tenhamos oportunidade -disse Dallas, olhando
a Jessica e ao Stevie com expressão preocupada-. Mas primeiro terá que resolver os
problemas imediatos.
-Tudo se arrumará -murmurou-. Não podia lhe entregar ao López a vida desse
homem. Essa pessoa o arriscou tudo para me dar as provas.
-Não será fácil encerrar ao López uma segunda vez, Jessica. Tem suficiente poder
com o governo mexicano para evitar sua extradição -disse Eb-. Bom, amanhã pela
manhã eu seguirei a Sally até o colégio e Dallas os seguirá à volta. Estaremos em
contato todo o tempo e esperaremos o melhor.
-O melhor seria que López abandonasse-dijo Dallas.
-Mas isso não vai ocorrer.
-pensaste em te pôr em contato com seu informador? -perguntou Dallas a
Jessica-. Se pudéssemos conseguir que voltasse para os Estados Unidos…
-Não sei onde está, Dallas. E a gente que poderia me ajudar a encontrá-lo
morreu.
-Todos eles?
-De acordo -disse por fim-. Mas tem que prometer que não dará a ninguém essa
informação. Posso confiar nele?
-Fui-contestó Eb.
-De acordo então. Quando podemos fazê-lo?
-Amanhã, depois do colégio. Farei que Cy Parks se encontre com ele de forma
<<acidental>> e lhe aconteça uma nota. Desse modo, López não suspeitará.
-Tudo vai sair bem, verdade, tia Sally? -perguntou o menino na porta de sua
classe.
-Eu acredito que sim -respondeu Sally, acariciando seu carita.
-Senhorita Johnson, aqui cheira muito mal! -disse então um dos meninos.
Sally comprovou que o que o menino dizia era certo. Era muito estranho, pensou.
Encarregado-los da limpeza sempre mantinham as salas-de-aula muito limpa.
Sally observou ao menino desaparecer pelo corredor ao lado do homem, sem lhe
dar importância ao incidente. Até cinco minutos depois, quando Stevie não havia
tornado.
Assustada, baixou ao quarto de limpeza. Ali estava o cubo com a roda rota, mas
não havia rastro do Stevie. Harry, entretanto, sim estava ali. No chão. Alguém o
tinha golpeado na cabeça. Sally correu ao escritório para chamar o Eb e a uma
ambulância. Deveria haver-se imaginado que aquilo podia passar, dizia-se. Como
podia ter sido tão ingênua?
Eb chegou ao colégio com o chefe da polícia uns minutos depois. Procuraram por
todo o colégio, mas Stevie não aparecia por nenhuma parte. Outro dos zeladores
recordava ter visto um homem levando um menino da mão até uma caminhonete
marrom.
Com esta informação, a policita lançou um boletim urgente. Mas era muito tarde.
Encontraram a caminhonete cinco minutos depois, abandonada. Mas Stevie não
estava por nenhuma parte.
Aquela tarde, esperaram uma chamada que sabiam ia chegar. E quando soou o
telefone, foi Eb quem respondeu. Sally e Jessica estavam desfeitas em lágrimas.
-Agora a mãe do Stevie me dará o nome que quero -disse uma voz, geada-. Ou
seu filho não voltará para casa.
-tiveram que sedá-la. Está desfeita -disse Eb.
-Tem uma hora. Nem um segundo mais -disse o homem antes de pendurar.
Eb chamou o Cy Parks.
Eb pendurou e marcou o número que Cy lhe tinha dado. O telefone soou uma
vez, dois, três, quatro vezes.
Eb deu o auricular a Jessica e lhe fez um gesto a todo mundo para que saísse da
habitação.
-O que passou?
-Meu informador está morto.
-E agora que fazemos? -perguntou Rally.
-Vou dar o nome ao López -disse Jessica-. Agora não poderá lhe fazer danifico.
Era uma mulher tão valente… Seus pais tinham sido assassinados pelo López e teria
feito o que fora para reunir provas contra ele.
-Sinto muito -disse Eb.
-Eu também -murmurou Jessica-. E se López não me crie?
-Acreditará-te.
-Esperemos -disse Dallas.
-Conseguiremos que não devolva ao Stevie, Jessica -disse Sally, abraçando a sua
tia-. Não se preocupe.
-O que faria sem ti? -soluçou Jessica.
-Logo saberá -sorriu Sally-. vou ser sua dama de honra.
-Possivelmente seja umas bodas dobro -disse Eb.
-O que?
-vou casar me com sua sobrinha, Jessica. Sempre quis fazê-lo -disse ele, olhando
a Sally com olhos cheios de amor.
Lhe devolveu o olhar, mas estava muito preocupada com a Jessica para fazer o
que tivesse desejado nesse momento.
Sally olhou a Jessica, que tinha a cabeça apoiada sobre o peito de Dallas. Parecia
que sempre tivessem estado assim. As coisas tinham que sair bem. López tinha uma
só virtude; não gostava de fazer machuco aos meninos. Mas Sally não estava segura
de tudo. Só rezava para que estivesse a seu lado são e salvo.
Capítulo 11
Exatamente uma hora depois, o telefone voltou a soar e aquela vez foi Jessica
quem respondeu.
-me diga.
-O nome -escutou uma voz geada.
-Quero que entenda que nunca tivesse dado o nome de meu informador em
outras circunstâncias. Mas nada do que diga pode danificá-la agora.
-me dê o nome -insistiu López.
-Isabella Medina.
O gemido rouco que escutou ao outro lado do fio lhe assegurou que Rodrigo
havia dito a verdade.
-Isabella… -repetiu o homem. López não disse nada mais e seu silêncio durou
tanto que Jessica pensou que tinha pendurado-. Eu a amava, mas ela não queria
saber nada de mim. Deveria me haver dado conta!
-Você a matou, verdade? -perguntou Jessica, com frieza.
-Sim -respondeu López. Mas sua resposta não tinha divulgado violenta,
justamente o contrário-. Foi um acidente, mas já não posso fazer nada para lhe
devolver a vida. Ela sabia coisas sobre mim que não sabia ninguém mais. Me ocorreu
que fazia muitas perguntas, mas fui tão estúpido que pensei que ela… -López fez
uma pausa-. O menino será devolvido são e salvo. Estará na loja de brinquedos
dentro de dez minutos e não voltarei a ser uma ameaça para você nem para seu
filho. Lamento…tantas coisas -a voz do homem tinha trocado tanto que Jessica
pensou que falava com uma pessoa diferente. Um segundo depois, pendurou o
telefone.
Jessica logo que podia falar e apertava ao Stevie entre seus braços, como se não
queria voltar a deixá-lo ir jamais.
-Agora não tenho papai, mas você será um estupendo, Dallas. Iremos aos
combates de luta livre e os descreveremos a mamãe, verdade?
-Sim - respondeu o homem com os olhos brilhantes-. Faremo-lo, Stevie.
-Poderia nos deixar em casa, Eb? -perguntou Jessica. Eb duvidou segundo-. López
há dito que deixaria de me incomodar e a verdade é que sua voz soava… não sei,
quase diria arrependida. Quem sabe? Até os criminosos têm alma.
-Um dia o apanharemos -disse Dallas-. Isto não se terminou e vai pagar por tudo
o que tem feito. De alguma forma evitaremos que mote um negócio de drogas no
Jacobsville.
-Rodrigo e Cy estão vigiando a operação. Se podemos lhe cortar a cabeça, a
serpente morrerá.
-Amém -assentiu Dallas.
-De verdade crie que López não voltará a incomodar a Jessica? -perguntou Sally
quando estiveram sozinhos.
-Sim. É um criminoso, mas sua palavra é de ouro -respondeu Eb. Sally estudou
seu perfil, fascinada-. ocorreram muitas coisas desde ontem à noite. Segue sendo
verdade o que me disse ao amanhecer?
-O que me casaria contigo?
-Sim.
-É obvio. Quero viver contigo durante toda minha vida.
-E não te incomodará ter mercenários correndo por toda parte? -brincou ele.
-por que ia incomodar me? depois de tudo, serei a mulher de um mercenário.
-Me alegro de que me tenha esperado, Sally.
-Eu também -disse ela, apertando sua mão.
-Quer que nos casemos pelo civil ou pela igreja?
-Pela igreja -disse ela imediatamente-. Quero um matrimônio para sempre.
-Eu também. E terá que comprar um vestido branco e um véu. Não só vais ser a
esposa de um mercenário, mas também a virtuosa esposa de um mercenário. Quero
verte percorrer o corredor com um véu sobre a cara para poder levantá-lo depois de
nos haver prometido amor eterno.
Foi o evento social do ano no Jacobsville. Na primeira fila estavam a mãe da Sally,
Dallas, Jessica e Stevie. Nas demais, Maggie, Cord Romero e dúzias de elegantes
convidados que formavam parte do passado do Eb.
Sally caminhou pelo corredor do braço de seu pai, com um precioso vestido
branco de raso e um véu que acentuava seu aspecto virginal.
Eb estava esperando-a no altar, com um traje cinza e uma rosa na lapela. voltou-
se para escutar o rumor dos convidados e cravou nela um olhar que fez que lhe
dobrassem os joelhos.
A cerimônia foi breve, mas emocionante e quando Eb levantou seu véu para
beijá-la pela primeira vez como seu marido, seus olhos se encheram de lágrimas.
Na porta da igreja, Sally atirou o ramo e Dallas o apanhou para dar-lhe a Jessica.
Depois, entraram em uma limusine e foram ao rancho para trocar-se de roupa
antes de tomar um avião de pequeno porte que os levaria a Porto Vallarta para uma
breve lua de mel.
A viagem foi fatigante e Sally decidiu relaxar-se no jacuzzi enquanto Eb reservava
mesa no restaurante. Depois, seu marido se meteu na banheira com ela. Eb teve
que rir ao ver sua expressão, mas logo Sally esqueceu a surpresa de ver seu marido
sem roupa pela primeira vez e se perderam em um abraço que não conhecia
obstáculos.
Eb a beijou até que ela teve que separar-se para procurar ar.
Eb saiu da banheira e a tirou braços, colocando-a sobre seus joelhos para secá-la
com uma toalha.
Sally sabia que a primeira vez sempre era dolorosa, embaraçosa e incômoda, mas
a sua deveu ser uma exceção. Eb era um homem com muita experiência e a excitava
até voltá-la frenética. Quando por fim começou a acariciá-la intimamente, Sally se
arqueava para ele, lhe rogando que a possuísse.
E ficou sem fôlego quando sentiu pela primeira vez a invasão do homem.
Escutava o som de sua dificultosa respiração mesclando-se com seus gemidos de
prazer, que se incrementavam com cada investida.
Banha teve que afogar um grito quando ele se apartou um pouco e começou a
acariciá-la com um dedo sem deixar de mover-se.
Eb riu brandamente enquanto aumentava o ritmo e seguia acariciando a da forma
mais íntima possível, sem deixar de sussurrar palavras que a faziam ruborizar-se.
Sally se encontrou a si mesmo suspensa em alguma parte, fora do mundo, enquanto
lhe parecia estar caindo por um escarpado imaginário.
E o sentiu a ele caindo com ela, sentiu o prazer que recebia o homem de uma vez
que o seu, parecia não terminar nunca. Sally se perguntou bobamente se
sobreviveria a aquilo. Todo seu corpo tremia enquanto a envolviam ondas de prazer
e se apertava contra seu marido, lhe rogando que não parasse.
Quando estava exausta, ele a apertou entre seus braços e a cobriu com o lençol.
A reserva que tinha feito para jantar, esquecida, Eb dedicou toda a noite a
ensinar a sua esposa mais do que ela tivesse podido imaginar sobre a arte do amor.
Tomaram o café da manhã na cama e depois saíram a explorar a antiga cidade.
Mas de noite se exploraram uma ao outro de novo.
Uma semana mais tarde, voltaram para rancho e se encontraram com algo
inesperado. O agente da brigada de estupefacientes que vivia perto do rancho do Cy
Parks tinha sido assassinado. Aparentemente, infiltrou-se na organização do López e
o tinham descoberto. Rodrigo seguia infiltrado na operação e Eb estava preocupado
por ele. As coisas começavam a esquentar-se no Jacobsville.
-Ao menos tivemos uma lua de mel -disse Eb, abraçando a sua nova esposa.
-É verdade -assentiu ela, olhando a seu marido com amor-. E agora, de volta às
aventuras.
-Você também. depois de tudo, dar classe a meninos primário todos os dias é
uma aventura, verdade?
-Estar casada contigo é a maior aventura de minha vida, mas tem que me
prometer que não voltarão a te disparar.
-Dou-te minha palavra -sorriu ele.
-Se te meter em uma confusão, ali estarei eu para te ajudar. Onde seja e como é.
-Certamente, é uma mulher de caráter -sorriu Eb.
-Me alegro que o tenha notado.
-Que afortunado sou! -riu ele, beijando a sua esposa.
Sally o abraçou com força, tão embriagada de prazer como ele. Sempre existiria a
ameaça do perigo, mas nada que o mercenário e sua esposa não pudessem
suportar. E, no momento, tinha a aquele mercenário onde queria, entre seus braços.
Fim