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BY DIANA PALMER
— Não tenha medo de mim, — ele respondeu, sua voz tão suave
e sensual agora quanto tinha sido áspera antes. — Eu costumava
te segurar assim quando você tinha apenas oito anos de idade, e
ouvíamos os cães latindo à distância e conversávamos sobre
pesca. Lembrar?
Os músculos tensos dela começaram a relaxar um pouco. —
Você não gritava tanto comigo então, — ela disse acusadoramente.
Seus lábios roçaram sua testa. — Você não detonava meu
temperamento tão frequentemente, também. Relaxe, pelo amor de
Deus, tudo o que posso sentir são ossos!
— Eu não posso deixar de ser magra...
— Aqui, — ele resmungou, mudando-a de lugar para que sua
cabeça e seios descansassem contra seu peito largo e quente, o
braço dela preso em seu ombro. — Você ainda é toda joelhos e
cotovelos.
Ela se aninhou contra a camisa macia de algodão. Isso era
estranhamente familiar, a sensação e o cheiro dele, tão grande,
quente e protetor no frio e no silêncio da noite e da escuridão. Ela
se sentia segura com Russell como nunca se sentiu segura com
ninguém ou qualquer outra coisa. Só saber que ele estava em casa
quando já estava escuro e ela sozinha era sempre suficiente para
fazê-la dormir.
— Você me faz sentir tão segura... — Ela murmurou as
palavras em voz alta, sonolenta enquanto ele a segurava.
Uma risada profunda ecoou em seu ouvido. — Se você fosse
alguns anos mais velha, seria a coisa menos lisonjeira que poderia
me dizer, — disse ele.
— Por quê? — Ela perguntou inocentemente.
— Você vai dormir? — Ele perguntou.
— Eu poderia. Você é tão quente, Russell.
— Quente não é a palavra certa, — disse ele. Seu braço a
puxou suavemente para mais perto. — Conte-me sobre Tyler e a
praia. O que vocês fizeram?
— Nadar, conversamos, ouvi sua mãe, jogar xadrez, ouvi sua
mãe, ir às compras, ouvir...
— ... a mãe dele, — ele riu. — Ela parece o tipo. Possessiva?
— Muito. E melhor do que qualquer pessoa também, — ela riu
suavemente, com um suspiro pesado. — Quando ela descobriu
que eu era uma desses Curries, ela não conseguiu fazer o
suficiente para me juntar a Frank. É por isso que fui convidada
para a costa.
— Você foi? — Ele perguntou sombriamente. — Ou seu nome?
Ela sabe…?
— Não! — Ela disse rapidamente. — E se você…!
— Quer calar a boca? — Ele perguntou impaciente. — Meu
Deus, eu não trouxe você para casa para passar os malditos dois
meses trocando golpes com você.
— Por que você me trouxe para casa? — Ela perguntou, seus
olhos lutando contra a escuridão enquanto ela olhava para ele. —
Foi realmente só por causa de Eileen?
Seu dedo tocou sua boca suavemente, delicadamente. — Talvez
eu tenha sentido sua falta, pirralha.
— Eu também senti sua falta, Russ, — ela disse honestamente.
Ele a puxou contra ele com força e sentou-se apenas
segurando-a, embalando-a em seus braços apertados, o rosto dele
enterrado no cabelo macio em sua garganta. As sensações que
nadaram por seu corpo a intrigaram; fomes vagas, agitações
inquietas fizeram seu jovem sangue correr em suas veias. Suas
unhas curtas e afiadas cravaram-se nele quando ela o sentiu a
aproximando implacavelmente de seu corpo rígido, cada vez mais
perto até que ela sentiu as costelas dele através do músculo
quando o abraço se tornou não mais suave ou afetuoso, mas
profunda e francamente faminto.
— Tish, você está aqui? — A voz de Eileen veio arremessada
através do silêncio doce e inebriante, quebrando-o em estilhaços
adoráveis.
O peito de Russell se ergueu em um suspiro áspero enquanto
ele aliviava o aperto doloroso de seus braços. — Estamos aqui,
Lena, — gritou ele. — O que foi?
Ela seguiu o som de sua voz e parou quando viu as duas
formas sombreadas no sofá. — Puxa vida, — ela murmurou
travessamente. — Não é fofo? Russell e sua baby...
— Vou te afogar em água gelada enquanto dorme, — ameaçou
Tish enquanto se levantava rapidamente, deixando seu senso de
humor afugentar as fomes não satisfeitas que Russell havia
despertado. — Vou pregar seus sapatos no chão. Vou… ! — Ela
correu em direção à adolescente rindo e recuando, e o riso flutuou
de volta para a varanda enquanto elas corriam para a casa.
Três
Fazia dois dias desde que ela viu Lisa quando a menina se
esgueirou em seu quarto uma noite antes de dormir. Recém-saído
do banho, com o cabelo ainda um pouco úmido, ela se aproximou
timidamente da cama.
— Papai vive me dizendo que não devo incomodá-la, — ela
sussurrou para Tish, — mas quero desenhar um pônei e não sei
como. — Ela pegou um bloco e um lápis. — Tish...?
— Não sou muito boa nisso, sabe, — Tish sussurrou de volta
com um sorriso. — Tem certeza que quer que eu bagunce seu
trabalho?
— Por favor.
— Tudo bem. Você gostaria de se sentar aqui? — Ela
perguntou, e se moveu para deixar a criança debaixo das cobertas
com ela. — É assim...
— Isso é muito bom, — disse Lisa quando Tish deu os toques
finais no pônei de crina longa. — Vou chamar meu pônei de
Windy, porque ele vai muito rápido.
— Como ele é?
— Ele é amarelo, tem uma crina e é muito bonito, como um
collie, — disse a menina com grandes olhos escuros e brilhantes.
— Ele é um melomino.
— Um palomino, — Tish riu.
— Sim, é isso, — Lisa concordou. — Eu queria um pônei de
todas as cores, mas papai disse que ninguém nunca mais
montaria em um daqueles pôneis, e então ele disse um palavrão.
Por que não posso ter um pônei de todas as cores, Tish? — Ela
perguntou.
— Eu... eu não sei, — disse Tish calmamente. Será que foi
porque ela estava andando de malhado quando se machucou? Isso
poderia ter afetado tanto Russell?
— Olha, eu sei desenhar um coelho, — disse Lisa. — Olha,
Tish! — E ela desenhou um círculo com orelhas e bigodes e riu.
Observando-a, estudando aquela beleza duende, de repente
ocorreu a Tish que a criança devia ter tido uma mãe. Russell tinha
que ser seu pai; ela era a imagem dele. Mas... ele nunca foi
casado, ela tinha certeza disso. Um filho ilegítimo pode ser rotina
para alguns homens, mas Russell tinha um grande senso de
responsabilidade para recusar o casamento com uma mulher que
estava grávida. Ela se lembrou dos rumores antigos, quando ele
estava no Vietnã, sobre uma mulher de quem estava noivo.
— Então aí está você, mocinha, — Mindy disse com um sorriso
enquanto espiava pela porta. — Hora de dormir. Diga boa noite
para Tish.
— Devo, vovó? — Ela suspirou. — Oh, muito bem. Mas você
não deve dizer a papai que estive aqui, certo, porque ele não quer
que eu incomode Tish e ficará furioso.
— Tudo bem, querida, — Mindy riu. — Vamos.
— Boa noite, Tish, obrigada pelo meu pônei, — disse Lisa.
— De nada, querida, — respondeu Tish, e uma onda de afeto a
invadiu. — Boa noite.
Com uma sensação de decepção, ela observou a menina seguir
Mindy pelo corredor. Por que Russell não as queria juntas?
Lembrando-se de seu próprio desprezo áspero pela “mulher”
chamada Lisa, ela de repente entendeu.
A partir de então, Lisa Marie adquiriu o hábito de visitar Tish
quando o pai estava fora na fazenda e pouco antes de dormir. As
duas eram conspiradoras, mantendo sua amizade em segredo de
Russell. Para Tish, era como ser uma criança de novo, pois ela deu
à menina todo o amor que ela queria dar a Russell.
Na mesa do café da manhã, quando Tish estava começando a
se movimentar de novo, Russell casualmente mencionou que
levaria Lisa para pescar naquela tarde.
— Quer ir junto? — Ele perguntou a Tish descuidadamente
enquanto bebia seu café e fumava um cigarro. — Vamos nos
manter perto da estrada para que você não tenha que andar
muito.
Seu coração deu um salto. — Eu... eu gostaria disso, — ela
murmurou.
— Você pode muito bem pescar mais uma vez antes de ir.
Sua cabeça apareceu. — Ir?
Uma sobrancelha escura se ergueu. — Você se lembra do que
me disse no dia em que saí para trazer Lisa para casa? — Ele
perguntou friamente.
Ela corou até a raiz do cabelo ao se lembrar de ter dito: “Não
ficarei sob o mesmo teto que ela!” Deus a perdoe, ela se lembrava
muito bem. Como ela poderia contar a ele?
— Baker, você e Mindy vão voltar para Miami em breve, não
vão? — Ela perguntou ao homem mais velho, que estava
assistindo o confronto com interesse silencioso.
— Vamos, — disse Baker com um olhar sorridente para Mindy.
— Este fim de semana, na verdade, embora estaremos de volta no
Natal.
— Então, como você vai conseguir cuidar de Lisa Marie e da
fazenda com o seu tempo mais ocupado chegando? — Tish
perguntou a Russell. — Eileen vai para a escola e Mattie vai para
casa às seis. Às vezes você nem chega antes das oito ou nove
horas.
Algo nos olhos de Russell começou a brilhar, mas pode ter sido
o reflexo do lustre, porque nada apareceu em seu rosto.
— Se você quiser ir em frente e ficar até depois do Natal, isso
depende de você, — Russell disse a ela em meio a uma névoa de
fumaça exalada. — São apenas algumas semanas.
Ela olhou para seu prato. — Os dormitórios estão todos vazios
para o Dia de Ação de Graças agora. É amanhã.
— Dois perus na geladeira, mas não percebi, — provocou
Baker.
Tish esboçou um sorriso pálido enquanto tomava um gole de
café.
— Você quer vir pescar ou não? — Russell perguntou.
— Tish, por favor, venha, — Lisa implorou com olhos que
poderiam ter derretido um coração muito mais frio do que o de
Tish.
Ela se sentiu sendo impelida. — Tudo bem, se você quiser, —
ela disse gentilmente.
Lisa sorriu. — Podemos ir cavar minhocas, como você me disse
que costumava fazer quando você e papai iam pescar?
Tish desviou o rosto da curiosidade carrancuda de Russell.
— Claro que podemos, — disse ela a Lisa. — Você terá que
fazer a maior parte da escavação, no entanto. Ainda estou um
pouco dolorida.
— Eu sou uma menina, — disse Lisa e caiu na gargalhada.
— Ouçam isso, — brincou Tish. — Oito anos e já é uma ameaça
para Bob Hope.
— Quem? — Lisa perguntou, com os olhos arregalados.
Tish riu. — Esquece.
Russell recostou-se na cadeira, observando-as enquanto Baker
se afastava da mesa e começava a contar velhas histórias de
peixes.
O vento soprava frio quando Lisa e Tish foram para os
estábulos com uma lata de isca e uma pá.
— Fique bem quieta, — advertiu Tish em um sussurro alto. —
Teremos que esgueirar-nos sobre elas.
— Minhocas podem ouvir? — Lisa sussurrou de volta com
curiosidade.
Tish assentiu. — Não, temos que ouvir com muita atenção para
que possamos ouvi-las espirrar. É assim que os encontramos!
— Ah, você! — Lisa fez uma careta e se virou para ela com a
mão pequena e aberta. — Você é tão ruim quanto o papai.
— O que ele faz? — Perguntou Tish.
— Uma vez, quando eu era pequena, — disse ela seria, — ele
me disse que eu poderia plantar uma pena de gaio azul e ela me
faria crescer um filhote de passarinho. E eu era pequena, então
acreditei nele.
Tish riu. Era exatamente o tipo de coisa que Russell adoraria
fazer. Ela se lembrou de uma vez, há muito tempo, ouvi-lo dizer a
Eileen quase a mesma coisa. Ela suspirou. Sua própria infância
tinha sido cheia de brincadeiras e passeios em seus ombros largos
e jogos de beisebol no gramado da frente. Tudo isso parecia muito
tempo atrás agora. Russell tinha sido pai, mãe e irmão. Para uma
órfã, ele era o mundo inteiro. E agora... seus olhos nublaram.
Agora, ele não queria nada com ela. Ele estava tão distante e frio
que poderia ser um estranho.
— Por que você parece tão triste, Tish? — Lisa perguntou.
— Estou com pena das pobres minhocas, — respondeu Tish,
parecendo mais triste.
— Mas, está tudo bem...
— Não, não está, — disse Tish tristemente. — Suas pobres
famílias, tendo que dizer adeus para sempre, e as despesas do
funeral...!
— Você está partindo meu coração, — disse Russell da porta do
celeiro, observando Tish congelar com uma pá cheia de terra preta
sob sua bota no meio do canteiro de minhocas.
— Você não tem coração, — ela disse a ele presunçosamente. —
Qualquer homem que manda um dente-de-leão para uma
mulher...
— Mulher? — Ele questionou com uma implicação que a Lisa
passou despercebida.
Ela enrubesceu e voltou sua atenção para o canteiro de
minhocas. — Lisa, você vai segurar a lata de isca para mim?
— Dê-me aquela pá antes de se colocar de volta no hospital, —
Russell resmungou, tirando-a para colher duas pás enormes e
jogá-las no balde. A terra negra estava se contorcendo com
minhocas rosadas e finas.
— Onde está Tyler? — Ele perguntou friamente. — Não o tenho
visto ultimamente.
— Não sei, mas ficarei feliz em registrar um relatório de pessoa
desaparecida com o FBI se você não puder viver sem saber... —
Ela começou seriamente.
Ele olhou para ela com uma luz divertida brilhando em seus
olhos escuros. — Pirralha, — ele murmurou, e soou como um
carinho.
— A agonia do envelhecimento, — disse Tish a Lisa. — Quando
eu tinha a sua idade, era a baby dele. Agora que cresci, sou sua
pirralha. Acho que gostava mais quando era pequena.
— As coisas eram mais fáceis, — disse Russell
misteriosamente. Ele pegou a lata de isca. — Só resta uma coisa
para você ser agora.
— O que é? — Tish perguntou inocentemente.
— Minha mulher.
Ela corou até a raiz do cabelo. Seus olhos se voltaram para os
dele e congelaram com a risada ali. — Você adora me envergonhar,
não é? — Ela perguntou.
— Prefiro isso a nada. Você cora lindamente, Santa Joana.
— Não me chame assim! — Ela resmungou.
Mas ele apenas riu. — Venha, vamos. Não tenho tempo, mas
vou aproveitar.
— Se você preferir, — disse Tish ironicamente, — poderíamos
passar algumas horas esmagando vermes do gado.
Seus olhos se estreitaram, brilhando para ela. — Você está
entrando em águas profundas, baby, — disse ele com raiva
simulada.
Ela levantou a barra da calça jeans rapidamente, e ele jogou a
cabeça para trás e rugiu.
FIM