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Cativada pelo

Visconde
Emily Windsor

(Série As Debutantes Cativantes 01)

Sol, Cina, Magui

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Sinopse

Muita coisa pode mudar em quatro noites…

A ruína e o sequestro não estavam na lista de eventos planejados pela


Srta. Lucy Lazenby para aquela semana… mesmo que pareçam ser para
seu próprio bem. Presa nas mentiras e na paixão de Lorde Danbury, Lucy
descobre que a verdade nunca pode ser escondida por muito tempo.

Jasper Carnforth, o Visconde Danbury está realmente fazendo um


favor à garota ao arruiná-la… se isso coincidir com sua própria
necessidade de vingança, melhor ainda. No entanto, manter a deliciosa
Lucy em sua casa é um desafio maior do que ele imaginava.

A retribuição pode tê-los unido, mas o desejo tem sua própria agenda.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Capítulo 1

"Alguém tentou sequestrar meu pug Blinky uma vez. Eu o acertei


nos impronunciáveis. Nunca falha minha garota.”
Tia Augusta

Uma mansão na Inglaterra, 1813.

Lucy recuperou a consciência com um gemido e tentou abrir os olhos. Eles


pareciam pesados e pegajosos e sua cabeça doía. Ela não sentiu nenhuma luz no
quarto e tentou mover as mãos para esfregar os olhos. Elas não se moveram e a dor
escorria por seus pulsos. Ela percebeu atordoada que suas mãos estavam amarradas
atrás das costas, não com força, mas o suficiente para que ela não pudesse movê-las
e a posição as fez endurecer. Ela lambeu os lábios que não tinham umidade e tentou
novamente abrir os olhos. O pânico crescendo dentro dela ajudando-a a levantar
suas pálpebras pesadas.

O quarto estava escuro, mas uma luz suave e escura brilhava o suficiente pela
janela para ver que ela estava em um quarto grande; um fogo no canto estava
brilhando suavemente. Estávamos em meados de maio, mas fora novamente um
inverno extremamente gelado e o frio que ainda persistia na primavera; no entanto,
o fogo ajudava a aquecer o lugar bastante decrépito. Ela estava deitada em uma
grande cama de dossel, que apesar da sensação geral de negligência e umidade no
quarto, tinha lençóis que cheiravam a frescos e secos. As paredes pareciam nuas, e
grandes móveis escuros se alinhavam nas bordas da sala. Vendo que não havia
ameaça imediata, Lucy lutou para se sentar um pouco, dando às suas pobres mãos a
liberdade necessária. Ela fechou os olhos novamente e passou em sua mente o que
ela conseguia se lembrar.

Ela estava saindo da modista. Harry, o lacaio, correu antes dela para a
carruagem para que os pacotes não ficassem molhados. Colette de Montmarron, a
proprietária francesa, teria algumas palavras para dizer sobre suas criações ficarem
encharcadas. Lucy decidiu não esperar por Harry e começou a correr para fora da
loja quando braços a agarraram pela lateral. Ela estava prestes a gritar quando uma
grande mão carnuda cobriu sua boca e ela se viu lançada em outra carruagem.

Assim que foi jogada no banco, ela tentou se arrastar para a outra porta, mas
aquela mão forte agarrou seu ombro puxando-a para trás. A dor a atravessou
quando sua cabeça bateu na lateral da carruagem, o mal-estar a percorreu e por um
momento o mundo ficou muito claro antes de começar a cair na escuridão.

Ela lutou contra a sensação de abrir a boca para gritar enquanto golpeava
com a mão, encontrando apoio com as unhas que ela havia agarrado no que
encontrou. Ela ouviu um grunhido baixo, mas então ela foi empurrada para trás

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rudemente contra o assento, a parte de trás de sua cabeça batendo fortemente
contra a carruagem. Um pano áspero e fedorento foi colocado sobre sua boca para
parar seus gritos e seu corpo perdeu a luta contra a escuridão.

Lucy não tinha certeza do que fazer, considerando que ela nunca tinha sido
sequestrada antes. Sua cabeça parecia tonta e sua mente vagava. Uma ideia
irracional de que ela estava sonhando passou por sua cabeça, especialmente porque
ela estava lendo um romance bastante lúgubre da Sra. Whittaker que envolvia uma
heroína um tanto sem brilho sendo sequestrada por piratas. No entanto, a heroína
recuperou a consciência para se encontrar em um navio decadente com destino às
Jamaicas, não um quarto escuro e velho que cheirava a umidade.

Ela também não podia ver nenhum sinal de um herói moreno escuro, embora
mesmo um loiro pálido teria servido. Lucy instantaneamente imaginou o Visconde
Danbury em sua mente. Ele a estivera cortejando no último mês e certamente seria
um herói arrojado. Embora, para ser honesta, com seu cabelo preto como carvão e
olhos que pareciam se aprofundar na mesma escuridão de vez em quando, ele seria
um pirata melhor.

O relincho de um cavalo fez Lucy ofegar e arregalar os olhos.

Não era um sonho que ela teve e isso não era nenhum romance. Ela sentiu a
escuridão do quarto começar a se aproximar dela. Quem a havia sequestrado e por
quê? Eles queriam fazer mal a ela?

A respiração de Lucy ficou rasa quando começou a entrar em pânico e ela


podia ouvir um zumbido em seus ouvidos. Eles pretendiam matá-la? Sua cabeça
parecia leve com o pensamento. — Acalme-se Lucy, — ela sussurrou. Ela tentou
desacelerar as respirações rápidas, mas seus pensamentos se espalhavam
incontrolavelmente, fazendo com que a respiração fizesse exatamente o oposto. Ela
sentiu seu peito ficar apertado. Ela precisava pensar em outra coisa para acalmar
sua mente.
— Pense em… pense em Lorde Danbury novamente. — Lucy disse para si
mesma.
Lorde Danbury era… Lucy soltou um suspiro longo e lento. Lorde Danbury
(ou Jasper como gostava de chamá-lo… em particular e apenas para ela mesma)
provavelmente estava se preparando para ir ao baile dos Thornwood, onde
certamente encontraria alguma outra debutante com quem flertar. Não, era injusto
rotular Jasper de paquerador, pois ele tinha sido muito atento nos últimos meses.

Lucy sentiu sua respiração se estabilizar e forçou seus pensamentos a


continuar, por mais triviais que fossem. Ele tinha sido tão atencioso que às vezes ela
não conseguia acreditar na sua sorte, o que a deixava tímida em sua presença. Afinal,
ela era apenas a filha de um baronete, um título que seu irmão agora detinha, e Lucy
só se considerava razoavelmente bonita. Ela certamente não era uma grande beleza,

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mas tinha grandes olhos azuis, o resto de suas características ela considerava
“normal”.
Em suas fases mais autoconfiantes, ela chamava seu cabelo de castanho ao
invés de cor de rato – não era tudo de uma cor, mas sim uma seleção de loiro e
marrom que clareava e aprofundava de acordo com a estação.

Ela não era nem gorda nem magra, embora seus seios fossem bastante
grandes para a moda atual. O olhar de Jasper sempre parecia pausar
prazerosamente em seu peito, o que sempre causava um arrepio delicioso em sua
espinha. Talvez a moda atual não afetasse as inclinações pessoais de um homem.

Lucy se mexeu para sentar-se ainda mais na cama. A distração tinha ajudado
e agora ela se sentia… com raiva. Ela veria Jasper novamente e em breve. Ela não era
uma senhorita frágil para se esconder no canto diante de seus sequestradores. Ela
encontraria uma saída.

A julgar pela luz, deveria ser por volta da sétima hora, ela pensou. Feliz que
suas pernas não estavam amarradas, ela se arrastou para o lado da cama e deixou
cair os pés no chão. Ela notou que não estava usando sapatos — que estranho. Lucy
absolutamente odiava sapatos, não importava quanto tempo o sapateiro levasse
para fazê-los, ela sempre se sentia desconfortável com eles, e andar de meias ou de
preferência de pés descalços era um prazer inatacável para ela. Seus sapatos, ela
notou, estavam do outro lado da câmara.

— Hmmm, um sequestrador que não gosta de sapatos nos lençóis — Lucy


murmurou enquanto se levantava da cama.
Perambular pela câmara provou ser uma perda de tempo, produzindo nada
além de espirros abafados por causa da poeira e o fato de que o proprietário gostava
de ler sobre raças raras de porcos. Ela descobriu um espelho sujo, mas com as mãos
amarradas ela não podia fazer nada sobre seu cabelo que agora tinha caído de seus
grampos e cascateado por suas costas em uma enxurrada de cachos um tanto
flácidos. Ela tinha uma mancha escura na testa e seu vestido estava amassado e sujo.

— Eu realmente não deveria me preocupar com minha aparência — ela se


repreendeu. — Cachos flácidos são o menor dos meus problemas.

De repente, ela ouviu vozes no corredor vindo em sua direção. Ela poderia
descobrir o que estava acontecendo se eles pensassem que ela ainda estava
dormindo, então ela correu para a cama e se jogou nela, o colchão balançando com
sua chegada repentina. O cabelo escorria sobre seu rosto, mas sem as mãos tudo o
que ela podia fazer era cuspir os fios ofensivos de sua boca, ainda respirando e
esperando.

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A porta estava destrancada e Lucy sentiu como se toda a câmara ouvisse seus
batimentos cardíacos. Ela viu luz atrás de suas pálpebras e passos vieram em sua
direção.

Ela tentou manter sua respiração profunda e lenta, mesmo assim ela sentiu o
mundo escuro ligeiramente inclinar quando ela percebeu os estranhos
desconhecidos olhando para ela.
Ela quase se encolheu quando uma mão empurrou o cabelo de seu rosto. Ela
esperava que um beliscão forte ou um tapa a despertasse, mas a mão foi gentil
enquanto acariciava o lado de seu rosto, afastando mais fios. A mão seguiu o fluxo
de mechas em seu pescoço, acariciando sua sedosidade. Moveu-se para o ombro
dela, os dedos arrastando preguiçosamente o fluxo de cachos. Ele então parou em
seu seio. Lucy tentou desesperadamente parar o engate em sua respiração. Não era
como se ela estivesse mais com medo, ela sentiu uma antecipação quase prazerosa
de onde os dedos suaves iriam em seguida.

Ela ouviu a respiração repentina e áspera do homem estavando ciente da


remoção abrupta das mãos.

— Você teve que bater nela? — ela ouviu o homem perguntar — ela está
corada e respirando de forma irregular.
— Ela foi uma gata infernal, quase arrancou meus olhos, e eu também não fiz
exatamente isso. Jus deu-lhe um empurrão e ela se nocauteou. Deixe até de manhã
ela vai ficar bem, — foi a resposta bastante indiferente.

— E se ela estiver doente e inconsciente? E não há uma maldita água aqui


também.

— Não adianta, — foi a resposta —as mãos delas estão amarradas.


Um palavrão bastante rude foi a única resposta, ela somente tinha ouvido de
seu irmão quando ele estava de mau humor.

Ela se sentiu sendo gentilmente virada para o lado, tentou deixar seu corpo o
mais mole possível, porém não conseguiu evitar o pequeno gemido de dor que
escapou dela quando suas mãos ficaram livres. Outro palavrão escapou da boca do
homem e ela o sentiu movê-la para uma posição mais confortável. Ela sabia que
deveria estar pensando em chutá-lo e correr, mas havia o outro homem para
enfrentar e ele parecia menos interessado em seu bem-estar. Ela também não
conseguia conter o aspecto prazeroso de fingir estar inconsciente enquanto o
homem cuidava dela.

Ele estava agora esfregando as mãos dela, demorando-se na vermelhidão que


devia envolver seus pulsos por causa da corda. Ele colocou as mãos dela suavemente
ao seu lado.

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— Pegue um pouco de água Bill, agora — disse a voz rouca. Ela ouviu o outro
homem resmungando e depois passos recuando.
Agora era a hora de chutar e escapar, Lucy pensou, quando de repente ela
sentiu o homem se inclinar sobre ela, e então uma mão calosa e quente em seu
pescoço.

Oh Deus, Lucy pensou, ele estava apenas fingindo ser gentil e agora que o
outro homem se foi, vai me estrangular. Chute e fuja. Então ela percebeu que ele
estava sentindo o pulso em seu pescoço. Seu coração estava acelerado e ela pensou
que ele certamente sabia que ela estava acordada, mas os dedos seguiram em frente.
Eles se moveram para cima, passando por sua orelha, sua bochecha e finalmente até
sua testa, onde ele pressionou a palma da mão procurando por qualquer sinal de
febre. Por fim, ela o sentiu inclinar-se sobre ela, sua camisa farfalhando, e novamente
aquela sensação horrível, mas prazerosa, a invadiu.

Ela podia ouvir sua respiração áspera, seu rosto cheirava a canela e álcool, e
ela podia sentir o cheiro de colônia de sândalo. A familiaridade tomou conta de Lucy,
ela conhecia aquela colônia, até a voz agora parecia familiar. Ela sentiu o rosto se
aproximar. Não abra os olhos Lucy, não abra os olhos ela repetiu para si mesma em
sua cabeça.

— Aqui está sua água, — a voz veio de repente e quebrou a tensão. Ela estava
ciente de que nenhum deles tinha ouvido seus passos. Os dedos foram removidos de
sua testa e ela sentiu o homem recuar. Ela ouviu os sons de um copo sendo colocado
ao lado de sua cama, uma colcha foi puxada sobre ela e então os dois homens foram
embora. No último momento ela levantou as pálpebras ligeiramente, o homem na
porta segurava um castiçal e embora seus olhos estivessem um pouco embaçados,
ela podia facilmente distinguir suas feições.

Alto, com cabelo preto curto e maçãs do rosto salientes, lábios finos e uma
linha de mandíbula distinta tornavam o rosto duro à luz do lampião, mas não havia
dúvida de que era Jasper Carnforth, visconde Danbury.

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Capítulo 2

“Quando os cachorros fazem uma bagunça, alguém sempre tem que


limpar… geralmente o lacaio, mas você entende o ponto, não é?” –
Tia Augusta

Cristo, que bagunça total, porque eu pensei que isso era uma boa ideia, Jasper
pensou consigo mesmo. Ele se recostou em uma grande poltrona no escritório
quente. Uma miniatura de um jovem sorria para ele da mesa, um brilho malicioso
em seus olhos. Jasper não ficaria surpreso se a miniatura não piscasse para ele, seu
irmão mais novo sempre gostou muito de mulheres e ele teria aprovado de coração
o pequeno e delicioso pacote lá em cima. Essa foi a queda de Simon, facilmente
satisfeito, facilmente persuadido e, finalmente, facilmente conduzido.
— Segure esse pensamento — Jasper disse para si mesmo com determinação.
A garota, como Bill disse, ficaria bem. Ela só ficaria aqui por um tempo e então ele
poderia deixá-la ir. Fisicamente ela estaria ilesa, em termos de reputação… Não,
Jasper argumentou consigo mesmo que ele estava realmente fazendo um favor a ela.
Jasper serviu-se generosamente de um uísque e recostou-se para apreciar o
sabor turfoso, mas altamente ilegal. Depois de alguns momentos apreciando o rastro
ardente da bebida em sua garganta, seus pensamentos involuntariamente se
tornaram negativos. Ele refletiu de volta ao momento mais terrível de sua vida. Ele
achava que lutar na Espanha contra as tropas de Napoleão tinha sido o pior
pesadelo. Levou um tiro na coxa direita durante o cerco de Ciudad Rodrigo e, depois
de se recuperar, renunciou ao cargo. Suas razões para renunciar foram duas.
Embora ele não mancasse, sua perna doía e se tornava um risco no conflito, além
disso, embora ele acreditasse nos ideais da guerra, os saques e pilhagens que
ocorreram após o cerco o horrorizaram. E assim voltou para casa. E voltou para
descobrir seu irmão mais novo morto por quase um ano e seu pai quase sem vida
por causa de uma apoplexia. Um despacho foi enviado por seu pai com a notícia, mas
Jasper nunca o recebeu. Muito provavelmente estava em alguma vala espanhola em
algum lugar. As últimas palavras de seu pai para Jasper apodrecendo.
Seu pai nunca recuperou a consciência. Nunca foi capaz de ver seu filho mais
velho voltar da guerra e ouvir o pedido de perdão de Jasper, ele deveria ter ficado
em casa.

Seu irmão, ele descobriu de várias fontes, morreu em um antro de ópio nas
docas. Mesmo agora, ele nunca poderia imaginar Simon em um desses lugares. Eles
eram relativamente pequenos em número e eram visitados principalmente por
marinheiros; eles não eram um lugar em que alguem acidentalmente tropeçava.
Para Jasper eles eram o refúgio dos desesperados e necessitados que buscavam o
esquecimento da vida. Simon tinha sido o oposto; a vida o deleitava a cada gradação.

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No entanto, Jasper conhecia o homem que acompanhou Simon naquela noite… e o
deixou ali.

Sir Richard Lazenby.

Oh, Jasper tinha certeza de que o homem não tinha arrastado Simon até lá,
pois seu irmão sempre teve a curiosidade de um gato. No entanto, as histórias que
ouvira sobre a bajulação de Lazenby, o uso de Lazenby do nome e do dinheiro de seu
irmão e a deserção de Lazenby quando seu irmão quando adoeceu fizeram Jasper
querer saber mais sobre o homem.
Jasper se inclinou para frente e derramou mais uísque em seu copo. A cor o
lembrou do cabelo de Lucy. Anteriormente, ele só o tinha visto confinado e torturado
em cachos e coques. Esta noite tinha estado gloriosamente livre, um tumulto grosso
de ondas caindo. Embora estivesse escuro na câmara, a lâmpada iluminara seu
cabelo em mil cores diferentes. Muito uísque, pensou Jasper, estava fazendo dele um
romântico, quando o único fato difícil de lembrar era que Lucy era a irmã de
Lazenby.

Três meses atrás, ele honestamente não tinha ideia do que deveria fazer.
Jasper se insinuou no círculo de Richard precisando saber mais. Não tinha sido
difícil, um visconde era sempre bem-vindo e Jasper fingia não ter noção da amizade
de seu irmão mais novo. Talvez ele achasse que Lazenby era apenas um infeliz
bêbado. Em vez disso, ele encontrou um homem muito inteligente, manipulando seu
círculo com desonestidade e astúcia. O dinheiro parecia sempre fluir em seu
caminho, seja em cartas ou apostas, nomes eram usados para abrir portas exclusivas
e mulheres eram perseguidas, usadas e descartadas.
Quando Jasper implorou ao pai para ir lutar contra Bonaparte, apesar de ser
o filho mais velho, ele disse que sentiu a necessidade de proteger os inocentes dos
franceses. No entanto, em retrospectiva, era sua família em casa que precisava de
proteção contra a insidiosidade do vício que era Richard Lazenby.
Foi no início da temporada que ele conheceu Eloise Hamilton, uma viúva que
havia sido uma das mulheres descartadas por Lazenby. Ela queria ferir o homem por
humilhá-la, e embora ele achasse seu motivo de vingança um tanto insignificante,
ela conhecia bem Lazenby e seus hábitos. Jasper não tinha a ideia clara de um plano
além de assistir, absorver e esperar. Eloise, por outro lado, sabia que Lazenby
esperava um marido rico para sua irmã Lucy e juntos formularam planos de
vingança.

No entanto, os planos podem dar errado, como Jasper aprendeu no exército,


e foi o que aconteceu. A ideia parecia bastante simples. Ele deveria cortejar Lucy,
persuadi-la a fugir para Gretna Green com ele, ela parecia bastante maleável, e
depois a abandonaria antes do casamento. Três ou quatro dias a sós com ele em uma

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carruagem seria suficiente, diabos, uma hora era suficiente, mas ele gostava de ser
minucioso.

Ela estaria arruinada.

O humilhado Lazenby ficaria sem os fundos esperados e com uma irmã que
não se casaria. O nome Danbury ficaria manchado, mas ele realmente não dava a
mínima. O plano não era honroso e não era moral, mas Jasper tinha aprendido que
você tinha que lutar “de igual para igual” de vez em quando. O único princípio que
ele impôs a si mesmo é que não corromperia a inocência de Lucy. Sua vida entre a
alta sociedade poderia acabar, mas ela permaneceria intocada.

No entanto, o astuto Lazenby havia superado todos eles. Apesar das atenções
de Jasper para com Lucy, o bastardo havia feito um acordo com o esquecido Duque
de Ketridge pela mão de Lucy. Jasper mudou o plano. Ainda não era honroso, mas
ele sentia uma certa justificativa de que também estava salvando Lucy das intrigas
de seu irmão.

Depois havia o problema da própria Lucy.

Jasper tomou outro gole de uísque antes de deixar sua mente meditar sobre
Lucy. Ele esperava uma harpia manipuladora sendo irmã de Lazenby, mas ela era
um contraste marcante, doce, oh tão doce. Uma inocência aparentemente imaculada
pelas maquinações de seu irmão. Ela era um pouco tímida quando ele se lembrava
de seus olhos baixos, mas igualmente ela enfrentava sua conversa com tanto humor
e inteligência, e seus lábios… eles estavam sempre se curvando em um sorriso
pronto, o que o fez sentir… ela o fez se sentir alegre, caramba, ele não se sentia assim
há muito tempo. Eles haviam discutido livros, teatro, sempre encontrando um fio
comum entre eles.

Ela era uma menina bonita com um rosto calmo cercado por uma cabeça de
cabelo cor de mel. Grandes olhos azuis dominavam seu rosto e ele apostava que
ninguém poderia negar um apelo deles. Ela sempre cheirava a… jasmim. Era um
perfume bastante exótico para uma debutante e ele sempre quis enterrar o nariz em
seu pescoço, respirar a doce essência nela. Sua figura era quase perfeita; a atual
moda abandonada não fez nada para excitá-lo, mas Lucy. Lucy era esbelta na cintura,
mas cheia nos quadris e nos seios. Jasper tentou repetir mentalmente sua promessa
de não tocá-l, mas em vez disso ele pensou nela como a tinha visto no quarto acima.
Deitada como um sacrifício na cama, mesmo em seu estado inconsciente, ele queria
atacar a oferenda como um leão sobre uma corça. Ele queria devorar, consumir.

Em vez disso, ele apenas tocou levemente seu pescoço, sua testa e ficou tão
tentado… tão tentado que nem ouviu Bill chegar com a maldita água.

Ele desejou naquele momento que ela não fosse a irmã de Lazenby. Mas
também desejou ter voltado para casa, para a risada de seu irmão e a rispidez de seu
pai. Alguém tinha que destruir a vida de Richard Lazenby e infelizmente Lucy era o

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dispositivo com o qual ele faria isso. Ele teve que se lembrar de novo e de novo que
ela era apenas uma ferramenta, uma ferramenta doce, mas ainda assim uma
ferramenta.

Jasper fechou os olhos, o uísque finalmente estava fazendo efeito, seus


últimos pensamentos foram de Lucy, imaginando-a amarrada a uma rocha como um
sacrifício de Andrômeda, e ele se perguntando se ele era o monstro marinho ou
Perseu?

***

Assim que os homens se foram, Lucy se mexeu. Por que diabos Lorde
Danbury a sequestraria? Jasper! Lucy sentiu vontade de gritar… bem alto. Ele
parecia tão atencioso, tão, tão gentil. Ela se deleitava em sua companhia e achava
que ele fazia o mesmo. Ele a estava usando? E para que fim!? Ela não tinha dote para
que um homem pudesse sequestrar uma noiva, e certamente ela era muito simples
para ser sequestrada por razões mais nefastas. Ainda assim, pelo menos, ele foi mais
solícito com as necessidades dela do que o outro grande imbecil. A bondade dele
também foi a favor dela, pois não apenas ele desamarrou suas mãos, mas também
deixou a porta destrancada, supondo-a morta para o mundo. Ela precisava escapar
da casa, de seu dono e encontrar ajuda.

Lucy esperou até que os corredores ficassem em silêncio.

A maldita porta rangeu quando ela a abriu, não surpreendentemente pensou


Lucy, considerando a sensação geral de negligência ao redor do lugar. Ela se
esgueirou pelo corredor, agradecida por alguém ter deixado uma vela acesa em uma
lâmpada na mesa lateral. Imagens de parentes empoeirados flanqueavam as
paredes, seus olhos aparentemente desaprovando sua fuga para a liberdade. Se eles
pudessem falar, ela tinha certeza de que estariam gritando sobre sua fuga. No final
do corredor ela avistou escadas e na parede havia o retrato de um jovem. Em vez de
um olhar de desaprovação, ele tinha um sorriso travesso e um brilho diabólico nos
olhos, aparentemente gostando de toda a situação.

— Não é engraçado, — Lucy sussurrou para o retrato — pelo menos você


poderia me dizer qual degrau da escada estala. — O retrato não se dignou a
responder, mas continuou a parecer divertido. Lucy olhou para ele e começou a
descer as escadas.

Ela estava indo muito bem até o penúltimo degrau, a prancha gemeu alto de
sofrimento como se seu peso fosse quase sua ruína, Lucy parou e calmamente
deslizou para o lado da escada, escondida nas sombras, ela esperou para ver se
alguém a tinha ouvido.

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***

Jasper acordou de seu cochilo de repente. Seus pensamentos pareciam


confusos até que ele olhou em volta e percebeu onde estava. No escritório, em
Danbury Manor, quente e ligeiramente embriagado. Em suma, um estado agradável
para se estar.
Então ele se lembrou de tudo o que estava acontecendo e seus sentidos de
repente ficaram alertas. O que tinha feito aquele barulho? Ele tinha alguns criados
no momento, mas apenas o essencial e, claro, Bill. Ele tinha jantado naquela noite no
início da hora do campo, e depois Bill foi para a taverna local. Jasper havia informado
Robinson, o mordomo, para colocar uma bandeja de jantar no escritório e que ele
não precisaria mais de mais ninguém esta noite. Todos deveriam ter seguido
caminhos diferentes agora.

Exceto, isto é, talvez para uma pessoa, já que agora de repente ele não
conseguia se lembrar de ter trancado a porta de Lucy. Certamente ela não teria
despertado tão rapidamente ele pensou olhando para o relógio na lareira, apenas
algumas horas se passaram desde que ele esteve em seu quarto.

Ele se levantou da cadeira confortável e abriu a porta do escritório, espiando


na escuridão. Havia um candeeiro solitário no salão principal, mas as sombras se
agarravam a todos os cantos e recantos, tornando impossível ver qualquer coisa com
clareza. Ele balançou a cabeça, uísque demais. Ele deveria se ater ao conhaque,
exceto que se sentia decididamente antipatriótico alimentando os cofres franceses
bebendo a bebida. Ele se virou quando um lampejo de algo na escada chamou sua
atenção.

— Lucy, é você?
Lucy amaldiçoou baixinho. Sua saia estava para fora, então ela tentou puxá-
la sorrateiramente para trás. Não sub-repticiamente o suficiente, parecia. Ela ficou
quieta; talvez o homem tivesse um gato e pensasse que ele estava se esgueirando
pelas escadas. Jasper deu um passo à frente e seu rosto foi iluminado pela luz das
velas.

— Lucy, saia das escadas — disse Jasper.

Droga, nenhum gato obviamente e ele não iria embora. Lucy saiu das sombras
e viu um olhar de alívio no rosto de Jasper.

— Você está se sentindo melhor Lucy? Espero que sua cabeça não esteja
doendo muito. Eu espero que você tenha algumas perguntas para mim?

— Algumas! Isso não chega nem perto disso, Lorde Danbury. E você pode me
chamar de Srta. Lazenby, — Lucy retrucou.

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— Você não parece surpresa em me ver… Lucy. — Jasper respondeu
suavemente.
Lucy mordeu o lábio; ela não ia deixar transparecer que estava acordada no
andar de cima.

— Eu vi você quando saiu do escritório, é tudo e estou chocada. Embora você


seja amigo do meu irmão, qualquer devassidão não deve ser surpresa. Isso é algum
tipo de aposta?

— Devassidão — Jasper sussurrou lentamente, sua voz baixa e rouca. A


maneira como ele disse a palavra a fez estremecer. — De onde você tirou essa ideia?

Lucy sentiu-se decididamente desconfortável e decidiu que o ataque era a


melhor defesa.
— Um homem me deixou inconsciente, e eu acordo aqui Lorde Danbury,
talvez você possa esclarecer a situação então?

Uma carranca apareceu na testa de Jasper com a referência ao seu ataque,


hah então ele deveria sentir remorso pensou Lucy quando ela estendeu a mão e
tocou o nó na parte de trás de sua cabeça.

— Isso foi lamentável Lucy; Só posso implorar seu perdão. Disseram-me que
você lutou admiravelmente, talvez devêssemos tê-la enviado para enfrentar as
tropas de Napoleão. — Ele sorriu.

— Não me venha com essa bobagem de Lorde Danbury, — Lucy disse ficando
irritada. Que pena, ele pode ser bonito em seu pedido de desculpas floreado, mas
elogios como esse estavam além do pálido, considerando o dia que ela teve. — Estou
com fome, estou cansada e desejo ir para casa.

Jasper franziu a testa novamente quando Lucy rejeitou seu lindo pedido de
desculpas. Ele sempre considerou Lucy uma doce garota tímida, mas ela estava
mostrando um lado de sua personalidade que ele não tinha visto anteriormente.
Infelizmente, considerando que ele a estava usando, ele gostou, gostou muito.
Tentando reprimir um sorriso, ele respondeu: — Isso não é possível, mas eu tenho
alguma refeição no escritório, e então você poderá descansar.
Ele virou-se antes que Lucy pudesse fazer mais comentários, então ela teve
que segui-lo até o escritório.

A sala era a mais bonita que ela tinha visto na casa. Um fogo crepitava em vez
de gemer na lareira, e a sala estava confortavelmente mobiliada com livros, quadros
de parentes e cortinas compridas e profundas que deviam levar a portas francesas.
Havia também uma bandeja de pão, carnes frias e queijos e uma tigela de morangos
com aparência bastante deliciosa.

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Lucy apenas conseguiu evitar pegar um pouco de pão e, em vez disso, sentou-
se em uma pequena espreguiçadeira ao lado da mesa de comida.

— Por favor, sirva-se Lucy. Eu comi algo mais cedo.

— Assim entendo — Lucy retrucou, olhando para a garrafa meio vazia sobre
a mesa. Sua tia Augusta gostava de uma pequena dose de uísque, já que o ramo
materno de sua família vinha da Escócia, no entanto, era mais raro um inglês beber.

Ela se serviu de uma seleção de tudo. Rapidamente passou pela sua cabeça
que a comida poderia estar drogada, mas ela estava honestamente com fome demais
para se importar. Jasper sentou-se para beber o resto de seu uísque em sua cadeira,
seus olhos estavam semicerrados, mas ela duvidava que ele estivesse cochilando, ela
quase podia sentir seu estado de alerta. Ele parecia terrivelmente bonito. Em algum
momento da noite ele disse adeus à decência e tirou o casaco e o colete, era muito
impróprio. Ele estava agora preguiçosamente relaxado em sua cadeira. Ele havia
afrouxado a gravata deixando à mostra a garganta, que tinha um bronzeado como
seu rosto. A maioria dos homens que ela conhecia eram brancos como um lírio, o sol
um anátema para a existência noturna da alta sociedade, especialmente durante a
temporada. No entanto, Danbury esteve no continente na guerra e adquiriu um tom
bronzeado permanente em sua pele. Ela se perguntou se ele era todo daquela cor e
então corou com seus próprios pensamentos, assim que o homem abriu seus olhos
escuros inquisitivamente. Ou o homem irritante a estava estudando o tempo todo,
assim como ela estudava ele. Lucy olhou para baixo e mordiscou um pouco mais de
queijo tentando não olhar para aquela garganta novamente.

Jasper observou Lucy comer. Ele gostava do jeito que ela comia. Pequenas
mordidelas na comida muito parecidas com um rato. Ele se perguntou como seria
ter aqueles dentes afiados mordiscando seu pescoço. Ele não tinha ideia do que a fez
corar, embora apenas estar em uma sala sozinha com um homem fosse o suficiente
para deixar algumas debutantes desmaiadas. Ele achava que não era mais o caso de
Lucy depois de sua tentativa de fuga e perguntas raivosas. Ela não tinha medo dele.
Ele estava atualmente debatendo o quanto dizer a ela. Ele havia considerado
apenas trancá-la em seu quarto por uma semana sem explicação, mas porque ele
deveria renunciar ao prazer de sua companhia?

Ele decidiu por uma meia verdade.

Desde a mudança do plano original ele podia se dar ao luxo de ser generoso,
o sequestro tinha sido mais rápido e fácil. Claro que ele não mencionaria sua própria
busca pessoal por vingança, mas se concentraria no problema atual de Lucy. Ora, ela
quase veria Jasper como seu… salvador.

— Você sabia que seu irmão assinou contratos para seu noivado? — Jasper
perguntou enquanto Lucy começava a comer os morangos. Ele achou isso mais
perturbador.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Lucy parou de comer morango no meio. Não, ela não sabia. Seu irmão
raramente lhe contava alguma coisa e eles nunca foram próximos. Seus pais
morreram juntos em um acidente quando ela tinha cinco anos, Richard tinha dez.
Foi decidido às pressas que eles viveriam em partes separadas da família,
especialmente porque Richard tinha que começar Eton em algum momento. Lucy foi
despachada para sua tia solteirona Augusta em Dorset e Richard acabou com o tio
Cosmo em Londres. Particularmente, Lucy pensou que tinha acabado com a melhor
parte do negócio; Tio Cosmo, que ela sempre suspeitou, não era um homem muito
gentil.

— Não, eu não sabia — ela respondeu ao perceber que Jasper ainda estava
esperando por uma resposta. Ela estaria condenada se fosse perguntar ao porco
arrogante quem era este noivo. Ele parecia deleitar-se em mantê-la em suspense. Ela
terminou o resto de seu morango em aceitação calma.

— Quer saber quem é? — ele pareceu sorrir.

— Tenho certeza de que você vai me contar no seu próprio tempo — Lucy
disse e começou a comer outro morango.

Jasper sorriu e afrouxou sua gravata ainda mais, ele se sentiu


inexplicavelmente quente enquanto a observava devorar outra fruta. Ele nunca
esperou que Lucy fosse tão obstinada, era delicioso. Ela sempre foi tão educada na
companhia dele. Ele sabia que gostava do humor dela, mas saber que ela também
podia ser teimosa era uma alegria. Seu irmão Simon a teria amado; ele sempre disse
que Jasper tinha uma atração perversa por mulheres voluntariosas.

No entanto, o pensamento de seu irmão limpou o sorriso de seu rosto. Esta


era a irmã de Lazenby. Ela pode ser encantadora, mas ela compartilhava o sangue
com o homem que levou à morte de seu irmão e, finalmente, à morte de seu pai
também. Ela já estava arruinada apenas por estar sozinha no escritório com ele, mas
pelo menos ele poderia salvá-la de um destino ainda pior.

— O Duque de Ketridge. — Jasper anunciou.

— Quem? — Lucy não pôde deixar de gaguejar, ela nunca tinha ouvido falar
dele.

— Não, ele não sai muito, — Jasper respondeu, — e há uma razão para isso.
— Ele fez uma pausa como se estivesse ganhando coragem. — Desculpe minha
grosseria Lucy, mas é necessário. Você já ouviu falar em Sífilis?

Lucy corou novamente e olhou para baixo. Ela não deveria saber nada sobre
a condição, exceto que ela havia escutado sua tia e uma amiga uma vez falando sobre
um nobre local.
— As coisas caem, — ela deixou escapar.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Essa não era bem a resposta que Jasper esperava e uma gargalhada escapou
dele antes que ele pudesse reprimi-la. Ela não deveria saber de nada, e ele esperava
chocá-la com uma explicação, garantindo assim sua submissão.

— Algo mais? — ele cutucou. Ele estava quase com medo de perguntar.

— Eu sei… eu sei que é uma doença muito desagradável que geralmente é


fatal. — Jasper ergueu uma sobrancelha como se esperasse mais. Oh inferno Lucy,
pensou apenas dizer isso. — Eu sei que é apanhado… através das relações entre um
homem e uma mulher. — Ela se apressou. — Especialmente prostitutas —
acrescentou ela para completar, lembrando-se de onde sua tia havia imaginado que
o nobre havia pegado.

— Atrevo-me a perguntar como você conseguiu essa informação?

— Eu… erm… ouço coisas.

— Ah, — Jasper disse — Vou ter que lembrar que você é uma bisbilhoteira
então.

Lucy sentiu seu rosto ficar vermelho, lembrando como ela havia escutado no
andar de cima enquanto fingia estar dormindo.

Jasper limpou a garganta. — Bem, eu não sei quanta informação você já ouviu,
mas há um conceito nojento de que dormir com uma donzela vai curar a doença, —
ignorando o suspiro de Lucy ele continuou. — Você foi prometida ao duque para
resolver seu “pequeno” problema e lhe dar um filho. Matar dois coelhos com uma
cajadada só, por assim dizer. Em troca, seu irmão, no dia do seu casamento, receberá
uma grande quantia de dinheiro. — Isso silenciou Lucy, e Jasper sentiu uma pontada
de arrependimento pela traição colocada diante dela e pela traição que ele
continuaria por não lhe contar toda a verdade. Ele reprimiu a dor impiedosamente
e cerrou os punhos. Richard precisava aprender uma lição e infelizmente Lucy
estava no fogo cruzado. Ele sabia que em toda guerra havia baixas inocentes, era
uma verdade irrefutável. Ele continuou. — Eu não podia ver isso acontecer com você
Lucy. É mais provável que você também contraia a doença e tenha uma morte
agonizante.

Não há necessidade de deitá-la, Jasper pensou consigo mesmo, vendo Lucy


ficar branca.

— Por que eu? — Lucy sussurrou.

— Ketridge acredita que a donzela precisa ser de sangue puro, assim como
um corpo puro. Embora seja apenas um baronete, sua linhagem é longa. A doença
enlouquece Lucy e Ketridge está a caminho desse ponto. Sua condição é bem
conhecida e a maioria dos pares mantém suas filhas longe dele. Seu irmão… viu uma
oportunidade. Eu sinto muito.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Lucy se sentiu mal — Por que estou aqui então?

— Passei a gostar de você Lucy… como amiga. Eu não podia ver isso acontecer
com você. Ketridge já tem uma licença de casamento, então não havia tempo para
fazer outra coisa além de sequestrar você. — Isso pelo menos também era a verdade.
— Você pode ficar aqui por um tempo e depois voltar para casa. O duque vai
considerá-la arruinada. Ele não vai querer alguém que está arruinado aos olhos da
alta sociedade, e especialmente se ele suspeitar que você não é mais pura, — ele
explicou.

— Então eu vou ser arruinada aos olhos de todos ou me casar com um homem
que quer me infectar com uma doença mortal? — A voz de Lucy havia vacilado no
início, mas agora ganhou força. Força e raiva. — Não é tudo um pouco gótico? — ela
exigiu. — E o que acontece depois? Como posso simplesmente “ir para casa”?

Jasper fez uma pausa. Ele esperava que Lucy fosse grata a ele de alguma
forma por salvá-la das garras de Ketridge, mas ela estava furiosa com qualquer uma
das opções, e foi tão franca que ele não a culpou.

— Tenho certeza de que a fofoca vai acabar eventualmente. — Ele sabia que
não.

— Eventualmente, — Lucy sussurrou. — Suponho que deveria estar


agradecida por você ter me salvado disso, mas também acho essa opção
insustentável, especialmente porque a escolha foi tirada de minhas mãos. Talvez eu
tivesse pensado em outra saída.

— Ele é um duque, Lucy. — Jasper respondeu. — Não há muitos lugares que


ele não possa alcançar.

Jasper se levantou e foi ficar ao lado de Lucy, colocando a mão em seu ombro.
— Desculpe-me, Lucy.

Lucy não queria a mão dele em seu ombro. Embora horrorizada com a
situação, a frase que não parava de tocar em sua mente era “Gosto de você como
amigo”. Que emoção insípida. Ela “gostava” de seu piano forte em casa, ela “gostava”
da cor azul, e ela até “gostava” de dançar, embora sua tia dissesse que ela parecia um
pato. Ela não queria que Jasper gostasse dela. Ela queria que ele a sequestrasse
porque ele a queria, porque ele sentia algo mais do que “gostar”. Deus, ele
provavelmente começaria a falar sobre honra em um momento e Lucy teria que
cerrar os dentes e dizer obrigada.

— Bem, — Lucy disse encolhendo os ombros e se levantando. — Não há


realmente muito mais a dizer, então é isso. Vou me retirar. Eu preciso pensar.

Jasper estava mais perto do que ela pensava e esbarrou nele enquanto se
levantava. Seus corpos quase se tocando. A autopiedade tomou conta dela por um
momento, seu irmão queria vendê-la e Lorde Danbury, ele estava apenas sendo

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


compassivo com ela. Ela sentiu lágrimas ardendo atrás de seus olhos, e não
querendo que Jasper visse se virou rapidamente. Mas não foi rápida o suficiente e
sentiu a mão dele em seu rosto. Ele embalou sua bochecha e tentou mover sua
cabeça para cima, mas ela resistiu. Sua outra mão subiu por trás de sua cabeça e
descansou em seu couro cabeludo, descendo pela parte de trás até sua nuca, os
dedos acariciando suavemente. Lucy suprimiu um calafrio, repetindo a palavra
como, eu gosto de você Lucy… como uma maldita amiga.
— Se houvesse outro jeito… — Jasper murmurou, ele parecia sincero. Lucy
não se conteve e se inclinou para o conforto diante dela. — Foi a única coisa
honrosa… — começou a dizer. Lucy se afastou de Jasper.

— Não há necessidade de frisar o ponto Lorde Danbury, eu o verei pela


manhã, boa noite, — e com isso Lucy saiu da sala.

Jasper ficou olhando para a porta. — Sou um bastardo — disse a si mesmo.


— Sou um bastardo mentiroso e desonroso que também quer Lucy Lazenby na
minha cama, nua, disposta e definitivamente não como amiga.

Ele suspirou repugnantemente para si mesmo, agarrou a garrafa e afundou


de volta em sua cadeira.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Capítulo 3

“Todo mundo mente… exceto cachorros.” – Tia Augusta.

Lucy abriu os olhos incrustados de sal lentamente e olhou embaçada ao redor


da sala. Por um momento ela entrou em pânico se perguntando onde ela estava.
Então tudo voltou a sua mente e ela fechou os olhos novamente. A traição de seu
irmão, o sequestro “honroso” de Jasper e o fato de que ela estava totalmente
arruinada… embora ela nem tivesse tido aquele prazer total.

Pelo menos não estava morta, o que estaria se tivesse casado com o “Duque
da Morte” como ela gostava de chamá-lo. Sua tia sempre disse que o humor ajudava
em todas as situações, mas um calafrio a percorreu ao pensar em se casar com um
homem assim.

Ela supôs que Jasper a tinha salvado, embora não soubesse por que ele não
tinha falado com ela primeiro, ou estado na carruagem e explicado a situação. Ela
poderia ter mais opções. Ela poderia ter apelado para seus outros parentes na
Escócia ou partido para o continente (embora ela não tivesse dinheiro, na verdade)
ou… ou se tornar uma cortesã bem paga (sendo uma garota do campo ela tinha visto
animais acasalando, certamente não poderia ser muito difícil).

Mas agora ela estava presa.

Quando Jasper mencionou as intenções do duque, seu primeiro pensamento


foi que Jasper a havia roubado para si mesmo, que ele proporia casamento, que
tolice. Viscondes não se casavam com as irmãs humildes de um baronete…
especialmente com uma de cabelo ratinho.

Ele “gostava dela como amigo”, que humilhante. Ela havia pensado que ele a
estava cortejando anteriormente, como ela poderia estar tão errada.

Ela disse “maldito” novamente apenas para aplacar sua raiva. Sua tia sempre
teve um vocabulário colorido, mas disse a Lucy que ela só podia dizer palavras como
“maldito” em voz alta, pois era solteirona, tinha mais de quarenta anos e não dava a
mínima para sociedade. No entanto, Lucy, sendo jovem, delicada (Lucy bufou) e com
maior probabilidade de se casar (ela bufou novamente) só podia dizer essas
palavras em sua cabeça… então Lucy dizia… frequentemente.

A mente de Lucy girou e ela se lembrou do mês passado. Não fazia sentido, e
Jasper tinha “agido” como se a estivesse cortejando. Mandando ramalhetes,
dançando com ela e geralmente sendo muito atencioso. Não, algo mais estava
acontecendo, algo esfumaçado, ela tinha certeza disso. Ela se perguntou se seu irmão
tinha algo a ver com isso. Ela ainda não podia descartar uma aposta estúpida, ou
talvez que dinheiro estivesse envolvido. Seu irmão estava procurando por ela? Será
que ele tinha notado que ela estava desaparecida?

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Lucy rolou e abriu os olhos novamente, apenas para ser recebida com um par
de querubins lúgubres pairando sobre ela nas bordas da cama de dossel.
Deus, onde o homem conseguia seus móveis. Ela olhou ao redor da câmara
agora que estava claro, não parecia nada melhor. À luz do dia, ela podia ver o papel
de parede descascando e as manchas úmidas nos cantos do quarto. Ela enterrou o
rosto no travesseiro, se perguntando se valia a pena levantar-se quando bateram na
porta.

— Quem é? — Lucy perguntou


— Tis Elspeth, senhorita. Venho ajudá-la a se vestir e eu tenho chocolate e
torradas para o seu desjejum.

Finalmente, Lucy pensou, algo para se levantar, e ela poderia interrogar a


criada para obter informações. Ela a convidou a entrar e uma jovem de rosto fresco,
que conseguiu a tarefa nada invejável de abrir a porta com uma bandeja de café da
manhã equilibrada em uma mão, entrou na câmara.

Lucy correu para a cama e começou o banquete. Por fim, ela se sentiu melhor
uma vez que foi alimentada e cuidada. Ela tentou fazer perguntas à criada, mas
apesar de seu ar geral de inocência, ela se recusou a responder qualquer coisa. A
única informação que ela recebeu foi que Jasper (ela havia desistido totalmente de
chamá-lo de Lorde Danbury em sua cabeça) estaria fora a maior parte do dia vendo
inquilinos e organizando reparos na vila.
Se a aldeia estava de alguma forma parecida com a casa, provavelmente eram
reparos urgentes.

A criada a informou que um banho seria preparado à tarde e Lucy percebeu


o quão suja ela se sentia. Ela murmurou que uma mudança de vestido seria boa e a
criada possivelmente com o ouvido de um gato abriu o armário para mostrar uma
pequena variedade de vestidos, camisas dobradas, anáguas e meias. Lucy tocou o
lindo vestido de musselina mais próximo.

— De onde eles vieram? — ela perguntou. E então desejou que não tivesse
perguntado. E se eles pertencessem a uma “amiga” de Jasper?

— Sua Senhoria mandou fazer pela costureira nos últimos dias, ela trabalhou
depressa também, tinha que trabalhar todas as horas. Ainda há algumas peças
esperando.

— É tão… gentil. — Lucy finalmente saiu com isso. Ela realmente não sabia o
que pensar.

A criada fez um barulho e fechou a porta do armário, obviamente não


pensando muito no mestre ter roupas feitas para mulheres estranhas.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Foi então informada de que não deveria sair do perímetro do jardim e que o
almoço seria servido no terraço. Ela também poderia, graças a Deus, fazer uso da
biblioteca, porque certamente de outra forma Lucy sentiria que enlouqueceria
enclausurada por… quanto tempo ela estivesse sepultada aqui.

***

O dia passou surpreendentemente rápido, e Lucy percebeu quão pouco


tempo ela realmente tinha para si mesma em casa. Ela acabou administrando a casa
para seu irmão, o que incluía fazer os livros de contabilidade. Ele não tinha interesse
e, sem o seu cuidado no último ano, ela suspeitava que todos estariam na rua.

Ela tomou banho, o que foi delicioso, pois havia um sabonete em barra
perfumado de jasmim. Seu perfume favorito. A mente de Lucy estava ainda mais
confusa. Só podia ser Jasper quem havia pedido suas coisas favoritas: sabonete de
jasmim, vestidos azuis e até os sapatos de couro mais macios. Por que ele tinha ido
a tais extremos de bondade? Ela soltou um suspiro confuso; talvez ela recebesse
mais respostas esta noite.

Ela se vestiu para a noite com um vestido de crepe azul vibrante. Era um
pouco ousado para uma debutante, mas a cor a hipnotizou e ela se encantou com a
roupa nova que caiu surpreendentemente bem.

O jantar seria muito interessante.

Ela foi informada de que o jantar era às sete e concluiu que o dia de Jasper
deveria ter demorado mais do que o normal, já que era uma hora relativamente
tarde para o campo. Ela desceu as escadas uma hora antes esperando por ler um
capítulo rápido de “Razão e Sensibilidade” antes do jantar, quando ouviu vozes no
escritório. Ela mordeu o lábio. Ela sabia que os bisbilhoteiros nunca ouviam bem de
si mesmos, mas ela sempre achava que os não bisbilhoteiros também nunca
descobriam nada. Isso decidiu que ela se inclinasse perto da porta.
— Estou cuidando da situação Eloise — ela ouviu Jasper dizer com firmeza.

— Você não me informou da mudança de planos — ela ouviu uma voz de


mulher dizer. Era culta e alta, mas com uma boa dose de vespa.

— Não houve tempo. Ele tinha uma licença especial e eu tive que agir
rapidamente. Eu não respondo a você Eloise. — Jasper disse a última frase com
firmeza que não tolerava discussão.

— Claro que não querido — respondeu agora a mulher, soando mais


conciliadora. — Eu só quero ter certeza de que ainda temos a mesma opinião.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Nada mudou; o resultado ainda é o mesmo. Agora, estive com os inquilinos
o dia todo e preciso me trocar e me refrescar rapidamente para o jantar. Devo
chamar sua carruagem?

— Mandei meu cavalariço para a taverna; pensei em passar a noite. Tenho


certeza de que você tem uma cama livre, não é Jasper? — A mulher ronronou.

O rosto de Lucy ardeu quando ela ouviu um farfalhar e o que soou


distintamente como um beijo.

— Eloise… — Jasper começou a dizer, mas Lucy não ouviu o resto quando de
repente o “grande imbecil” entrou por uma porta lateral. Ele não era um homem feio;
apenas um bem grande e ele a pegou parada na porta da biblioteca. Ela pensou em
vestir uma expressão de inocência e imediatamente a rejeitou. Por que ela deveria?
Ela não estava fazendo nada de errado e pelo que tinha acabado de ouvir, algo mais
estranho estava acontecendo.

Bill estava olhando para ela, mas Lucy apenas deu a ele um olhar superior e
foi até a biblioteca. Ele podia olhar o quanto quisesse, mas ela se satisfez com os três
arranhões em seu rosto. Maldita gata mesmo!
Lucy leu um pouco e depois colocou o marcador de volta no início do capítulo.
Ela não conseguia se lembrar de nada que supostamente acabara de ler. Ela estava
muito preocupada ruminando sobre a conversa que acabara de “ouvir”. Em vez
disso, esperou na sala de estar, silenciosamente fervendo, por Jasper e sua… sua…
amante. Que planos eles tinham anteriormente e como isso mudou, e de que forma
isso a envolvia.
Depois de uns bons vinte minutos em que ela tentou não imaginar o que
Jasper estava aprontando com a prostituta, Jas… não, Lorde Danbury ela emendou,
finalmente fez sua entrada. Ele obviamente tomou banho, e um cheiro adorável de
sândalo invadiu a sala. Lucy cerrou os dentes em resposta ao cheiro e à visão de seu
cabelo ainda úmido.

Ele estava vestindo um lindo casaco verde garrafa; o colete era da mesma cor,
mas com uma fina tira de prata atravessada verticalmente. Sua gravata branca como
a neve era de um branco imaculado, mas simples, sem gravatas orientais
complicadas para Jasper. Lucy não olhou mais para baixo.

— Lucy, minhas desculpas pelo atraso, os inquilinos demoraram mais do que


eu pensava. Uma cerca quebrada e vacas saqueadoras foram os culpados.

Lucy cerrou as mãos para não responder às brincadeiras leves e ao sorriso


torto impossivelmente atraente que acompanhava essa afirmação. Como se pudesse
encontrar algum espaço em sua cama para mais uma amante, Lucy pensou.
— Realmente, milorde. Que fascinante, — ela conseguiu em seu melhor tom
entediado. Ela ficou satisfeita ao ver o sorriso de Jasper cair um pouco, mas ele

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


segurou seus olhos e ela não conseguiu desviar o olhar. Um silêncio tenso desceu
pela sala e, olhando nos olhos dele, Lucy sentiu uma sensação de calor horrível, mas
excitante, percorrer seu corpo.

Foi Jasper que quebrou o silêncio na sala. Ele pegou a mão dela e levou-a até
a boca, suavemente roçando as costas com os lábios, escovando para frente e para
trás, para frente e para trás. Ele olhou para cima; seus olhos quase escureceram
como uma obsidiana.

— Fiz algo para desagradar você Lucy? Eu sou muito sincero em minhas
desculpas pelo meu atraso, — ele murmurou, sua voz soou profunda e gutural. Lucy
se sentiu paralisada tanto pelo toque dele quanto pelo som de sua voz. Seus lábios
encontraram a mão dela novamente, mas desta vez ele a virou, pousando um beijo
suave na palma sensível. Ele estava prestes a dizer mais alguma coisa quando a porta
se abriu.

— Jasper querido, me apresente. — Os dois se viraram, Jasper baixou a mão


ao ouvir a nova voz e Lucy viu a mulher pela primeira vez.

Ela era… deslumbrante. Irritantemente, terrivelmente impressionante. Ela


tinha o cabelo loiro adequado. Esse foi o primeiro pensamento de Lucy. Uma linda
cor clara, como um raio de sol, ela pensou com repugnância. Os olhos castanhos
gateados olharam para ela interrogativamente, sobrancelhas levantadas. Sua figura
era requintada, uma magra esbelta vestida com um vestido verde escuro que
combinava com o casaco de Jasper. Mostrava um busto de tamanho normal, com
cintura e quadris esbeltos. Ela também parecia vagamente familiar, mas de onde ela
não podia dizer.

Levou um momento para perceber que Jasper as estava apresentando.

— Lucy esta é a Sra. Eloise Hamilton, uma amiga de Londres. Ela estava a
caminho, mas foi atrasada por um obstáculo na estrada. Ela tem viajado o dia todo.
Considerando o adiantado da hora e sabendo que a mansão estava por perto, ela
pensou em abreviar o resto da viagem até amanhã. — Jasper disse suavemente.

Mentiroso, mentiroso, mentiroso passou pela mente de Lucy. Embora ela


achasse que ele dificilmente poderia apresentá-la como “Sra. Hamilton, meu pedaço
de musselina” ou “Sra. Hamilton, a prostituta” (Lucy gostou bastante dessa). No
entanto, o que a impressionou foi que, se o homem podia mentir tão bem, sobre o
que mais ele mentiria tão bem.
— Prazer em conhecê-la Sra. Hamilton, seu marido não está com você? —
Lucy perguntou, alisando o rosto para uma preocupação inocente.

— Infelizmente sou viúva. Meu pobre James morreu em batalha há alguns


anos atrás, — a mulher sorriu benignamente, — mas o querido Jasper aqui mantém
meu ânimo. — Ao dizer isso ela passou o braço por Jasper.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Tenho certeza — Lucy murmurou baixinho.

Ela olhou para Jasper que realmente parecia… com raiva. Lucy ficou surpresa;
ela pensou que ele ficaria feliz em ter sua prostituta para passar a noite, mas seu
rosto parecia contar uma história diferente. Ao contrário de quando ele entrou na
sala, seu corpo agora estava tenso e ele olhou para a Sra. Hamilton com algo parecido
com antipatia. Alguma coisa estava podre no reino da Dinamarca, Lucy pensou
presunçosamente para si mesma.

O jantar foi felizmente chamado pelo mordomo, pondo fim às incômodas


apresentações.

Eles estavam sentados muito informalmente com Jasper na cabeceira da


mesa, ela e a Sra. Hamilton de cada lado. Como eram apenas os três, o jantar foi
servido em uma ponta para que não precisassem gritar para serem ouvidos sobre a
enorme mesa que devia acomodar umas trinta pessoas. Para ser honesta, Lucy teria
preferido assim do que estar sentada tão perto de Jasper e ter o rosto zombeteiro da
Sra. Hamilton à sua frente.

A conversa fluiu principalmente sobre ela, a Sra. Hamilton falando sobre as


fofocas atuais para Jasper com insinuações ocasionais. Jasper parecia decididamente
entediado. Ocasionalmente, ela sentia os olhos dele pousarem nela e, embora
precisasse de todas as suas forças, ela apenas se sentou serenamente comendo seu
jantar. Ela honestamente não tinha ideia do que comia.

Durante a sobremesa houve uma tosse educada da porta.

— Há um Sr. Edwards para vê-lo, milorde — disse o mordomo Robinson. —


Suas desculpas pela interrupção, mas ele só quer ter algumas palavras sobre o
moinho de água.
Jasper olhou para as duas antes de pousar o guardanapo da mesa. — Com
licença senhoras, não vou demorar.

A porta se fechou atrás dele, e Lucy de repente se sentiu como um pequeno


rato diante de um gato grande e cheio de dentes. — Bem, minha querida — ronronou
a Sra. Hamilton reclinando-se na cadeira. — E como você está? Pobre criança. Jasper
me contou tudo sobre sua… bem, sua situação.

— Não é do meu agrado, Sra. Hamilton, mas parece que tenho pouca escolha
no assunto.

— Hmmm, Jasper falou de você nos últimos meses. Espero que você não
tenha percebido as atenções dele como nada além de… amigáveis. Ele é tão bonito e
poderia deixar qualquer garota tonta.

Lucy sentiu como se estivesse esticada sobre uma prateleira.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Eu sou tudo menos uma garota tonta, Sra. Hamilton. Eu entendo as ações
de Jasper e sou grata a ele por sua intervenção.
— Bom. Bom. Nas noites em que Jasper e eu estávamos… juntos, — ela disse
suavemente, prolongando as sílabas da palavra “juntos” como se Lucy precisasse de
mais referência ao relacionamento dela e de Jasper. Lucy queria estar doente. — Ele
mencionou você e seu irmão. — A mulher hesitou, — Como está seu irmão, criança?
Eu suponho que você não está mais satisfeita com ele no momento? — a Sra.
Hamilton parecia dizer com alegria.

Lucy se sentiu confusa com a mudança repentina de questionamento. Então


ela de repente se lembrou de onde ela tinha visto a mulher antes.

— Você era amante de Richard — ela deixou escapar.

O rosto da Sra. Hamilton endureceu, seus lábios se contraíram e ela pousou a


taça de vinho com força, derramando o líquido vermelho sobre a mesa.

— Amante? Foi isso que o bastardo disse, — ela gritou. — Quando você me
viu com Richard? Ele nunca foi visto comigo, exceto na cama.
— Você estava em uma chapelaria na New Bond Street. Eu estava andando
com Richard e um de seus amigos, eu o ouvi se gabar de… de…

— Sim, se gabando do que… — ela exigiu.


— Como você era disposta, — Lucy deixou escapar novamente, toda a
serenidade agora foi.
— Filho da puta. Eu fiz tudo por ele. Eu esperava ser a futura Lady Lazenby,
mas como ele me retribuiu… com nada, — ela cuspiu as palavras fazendo Lucy se
recostar na cadeira contra a veemência quase física. — Bem, — ela continuou — nós
teremos nossa vingança e você menina é o peão, e você pode parar com esse olhar
de ovelha ao seu precioso Jasper quando ele é tão…

A porta se abriu e Jasper entrou. Seus olhos giraram entre o rosto agressivo
de Eloise e o chocado de Lucy.

— Está tudo bem senhoras? Eloise? Espero que você esteja se comportando
na frente da nossa convidada? — As palavras continham um aviso que até Lucy
poderia avaliar.

Eloise respirou fundo e depois se recostou languidamente na cadeira, todo o


ódio agora apagado de seu rosto. — Só tendo uma conversa de mulher, querido, você
sabe como somos nós mulheres.

— Não, não realmente — Jasper afirmou categoricamente. — E ficarei muito


infeliz se você chateou Lucy.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— B…bem, — Eloise gaguejou. Ela se levantou da mesa elegantemente, —
Estou muito cansada da viagem, então acho que vou me retirar.
— Boa ideia, Eloise — Jasper respondeu. Lucy percebeu que ele estava
zangado, embora não soubesse o que havia sido dito. Eloise saiu graciosamente da
sala. No entanto, ela parecia incapaz de sair sem algum tipo de tiro de despedida.

— Vejo-o mais tarde então… Jasper, — ela ronronou e fechou a porta.

Lucy também se levantou. Ela teve o suficiente esta noite e só queria ir para
seu quarto. — Também vou me retirar, Lorde Danbury.

— Jasper, — ele disse

— Eu imploro seu perdão? — Lucy respondeu.

— Você deveria me chamar de Jasper, considerando… as circunstâncias.

Lucy apenas olhou para ele e ele se mexeu desconfortavelmente. — Espero


que a Sra. Hamilton não tenha dito nada para aborrecê-la esta noite. Ela não está
sendo ela mesma. Deve ter sido a viagem cansativa.

Lucy queria rir na cara dele, mas apenas se sentia muito cansada. — Tenho
certeza que ela só falou a verdade… Lorde Danbury, boa noite. — Lucy saiu sem
olhar em volta. Seu único pensamento era que quando eles estivessem “ocupados”
ela sairia deste lugar… esta noite.

Jasper observou Lucy quase sair correndo da sala e esfregou o queixo. Deus,
que maldita confusão. Lucy estava obviamente chateada e Deus sabe o que Eloise
disse a ela. Será que ela deixou Lucy saber de seu plano de vingança, ou ela apenas
foi uma cadela maliciosa. Ele não tinha vontade de ir vê-la para obter respostas ou
qualquer outra coisa.
Ele passou a mão frustrado pelo cabelo. Quando ele mentiu para Lucy esta
noite sobre Eloise, foi a primeira vez que ele sentiu… vergonha. Ele tentou se
lembrar de seu irmão e todas as razões pelas quais ele estava fazendo isso, mas
aqueles malditos olhos azuis dela o encararam, tão arregalados. Era quase como se
ela soubesse que cada palavra que saía de sua língua era uma falsidade. Ele se sentiu
culpado esta noite.

Culpado e um maldito covarde por seu tratamento à Lucy. Ele caminhou para
seu santuário, trancou a porta e se serviu de mais uísque.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Capítulo 4

“Blinky fugiu uma vez. Ele voltou pelo queijo. Todo mundo tem seu
calcanhar de Aquiles.” – Tia Augusta.

Lucy deitou-se na cama completamente vestida. Ela tinha pedido à criada que
simplesmente desamarrasse seu vestido de noite e depois a dispensou. Ventindo
seu velho vestido de caminhada com o qual havia chegado, embora os laços ainda
estivessem um pouco soltos. Agora ela apenas fazia planos em sua cabeça e esperava
a casa dormir.
Lembrou-se da querida tia Augusta, a quem fora levada com a tenra idade de
cinco anos. Sua tia a ensinou a cuidar de si mesma, mas ela honestamente não achava
que poderia imaginar que Lucy acabaria em uma situação como esta. Memórias dela
vieram à tona. Ela havia morrido há mais de um ano e Lucy sentia muita falta dela.
Gentil e amorosa, ela tinha sido tudo o que Lucy poderia querer enquanto crescia.
No entanto, sua tia também tinha sido bastante rígida, teimosa e ferozmente
independente, esta última uma característica que Lucy sabia que ela havia herdado.
Sua tia felizmente tinha uma renda privada de uma propriedade modesta na Escócia
que depois de sua morte voltou para o ramo materno da família escocesa de Lucy.
Seus outros parentes, ainda residiam na Escócia e Lucy tinha certeza de que seria
bem-vinda lá, arruinada ou não.
Na época da morte de sua tia Augusta, sua outra tia perguntou se ela desejava
vir para a Escócia, mas Lucy estava ansiosa para ver seu irmão Richard, que ela não
via desde os cinco anos. Ele era oficialmente seu guardião agora e Lucy esperava que
eles se tornassem próximos. Richard havia concordado, e ela também finalmente
teria uma temporada em Londres. Tia Augusta nunca se interessou muito por esse
tipo de coisa; mais em casa com seus cachorros, cavalos e uma variedade de animais
sem-teto e assim o debute de Lucy passou por elas. Sua tia dissera uma vez que
preferia cachorros a pessoas, eles não mentiam e comiam menos. Lucy sempre
pensou que tia Augusta poderia ter tido uma decepção em sua juventude.
Lucy passou por suas opções. Ela não podia voltar para a casa do irmão e não
tinha dinheiro. Ela também não tinha certeza de sua localização, mas sabia que a
principal casa de Jasper era apenas nos arredores de Londres, em Surrey, embora
ela nunca a tivesse visitado antes. Eles não poderiam ter ido tão longe de carruagem
no dia em que Bill a sequestrou, então ela supôs que seria possível voltar para
Londres rapidamente, seja a cavalo ou de carroça.

A única solução em que conseguia pensar era falar com Rosalind ou Clara, as
duas únicas amigas sérias que fizera em Londres. Rosalind tinha vinte e cinco anos,
quatro anos mais velha que Lucy, mas também era sua primeira temporada, e assim
elas formaram uma amizade íntima. Rosalind era um pouco tímida, mas tinha um

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jeito estranho de saber o que estava acontecendo o tempo todo, talvez ela também
fosse uma bisbilhoteira secreta. A última vez que se viram, Rosalind deu a ela um
pequeno canivete para bolsa, “só em caso de”, ela murmurou. Infelizmente, a
referida faca estava na bolsa que ela havia deixado na carruagem na modista naquele
dia fatídico.

Clara tinha uma personalidade doce e não era tão tímida quanto Rosalind, no
entanto, em situações sociais, ela ocasionalmente se tornava desajeitada e
atrapalhada. Clara, ela se lembrava, estaria em alguma festa terrível esta semana
organizada pelo Conde de Rookdean. O homem era tão bonito quanto o pecado com
uma reputação à altura, mas Lucy nunca o tinha visto sorrir e rezou para que Clara
não esbarrasse (literalmente) nele com muita frequência. Rosalind era sua única
esperança então.

Lucy suspirou, se ao menos pudesse voltar no tempo. Por que Richard não
podia ser o irmão amoroso que ela esperava? Sua venda dela, embora um choque
repentino não a surpreendeu abertamente. No começo, ela pensou que eles
poderiam se tornar amigos. No entanto, ela logo percebeu o erro nessa presunção.

Quando ela foi morar com Richard pela primeira vez, era outono e eles
passaram o tempo na casa da família em Kent. Ela não o tinha visto muito, pois ele
estava sempre “fora”. Ele a tratou com um mínimo de respeito, mas às vezes quando
seu olhar caía sobre ela; ela sentia que ele quase… não gostava dela. Quando o tempo
permitiu, eles vieram a Londres para a temporada e seus modos mudaram
consideravelmente.

Lembrou-se dos terríveis acontecimentos da última vez em que falara com


Richard, fora realmente apenas uma semana atrás? Ela sentiu como se um ano
tivesse passado nos últimos dias. Ela tinha ouvido barulhos tarde da noite e se
perguntou o que estava acontecendo, vestiu um xale e desceu as escadas. Richard
estava no corredor. Ela pensou que ele estava profundamente estranho. Seus olhos
estavam vidrados e ele parecia incapaz de tirar a jaqueta. Um cheiro doce e doentio
exalava de sua pessoa. Ela correu para ajudá-lo, mas ele se virou antes que ela
conseguisse.

— O que você está fazendo fora da cama? Não está encontrando um lacaio
para uma refeição rápida, não é? Preciso de você pura, minha gatinha. — Ele a
beliscou debaixo do queixo não muito gentilmente e o temperamento de Lucy
explodiu.

— Você é um bêbado, Richard Lazenby. Como você se atreve a dizer coisas


tão grosseiras para sua irmã… — o resto do discurso foi interrompido quando seus
braços foram agarrados por dedos e ela foi sacudida para frente e para trás
violentamente.

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— Cale a boca sua putinha, você estava bem nos últimos 15 anos, agora é a
minha vez. — Ele a empurrou violentamente, enviando-a cambaleando para a
pequena mesa lateral no corredor. As pernas finas da mesa não aguentaram seu peso
e desabou. Ela sentiu todo o seu lado direito bater no chão com um baque
retumbante, pedaços da mesa quebrada cravando-se em seu quadril com força.

Lucy agarrou seu lado e ficou imóvel. Não era de sua natureza se encolher,
mas nada em sua vida a havia preparado para tal violência. Ela ouviu Richard
resmungando baixinho e observou com o canto do olho enquanto ele se arrastava
escada acima. Lucy se levantou lentamente, estremecendo em seu lado machucado.

Desde então, seu irmão a evitava e ela esperava que fosse apenas a bebida
que havia causado tanta violência. Talvez ela não devesse ter repreendido seu irmão
por estar tão bêbado, mas certamente isso não merecia uma resposta tão violenta.
Ela suspirou. Tudo era muito mais complicado hoje em dia em comparação com sua
vida no campo com sua tia. “Tudo muda”, sua tia costumava dizer. “Nem sempre para
melhor, tia, nem sempre melhor”, Lucy sussurrou para si mesma.
Finalmente ela se levantou da cama e escutou na porta. A casa inteira parecia
silenciosa e o relógio da lareira lhe disse que eram quase onze horas.

Lucy calçou umas botas resistentes e uma capa grossa que encontrara no
armário e abriu a porta devagar. As velas foram todas apagadas no corredor, então
ela levou a sua para iluminar o caminho. Felizmente, apesar da casa estar
abandonada, as velas eram de cera de abelha da melhor qualidade e Lucy não teve
escrúpulos em manter a luz acesa com duas velas esta noite. Ela passou pelo
corredor e então parou quando ouviu um alto gemido masculino.
— Sim… sim… mais forte, — uma voz feminina gritou, sua voz subindo em
um crescendo. Lucy fez uma careta e se sentiu bastante enjoada. Bem, Jasper e sua
amante nem a ouviriam se ela estivesse galopando escada abaixo a cavalo. Ela
correu, reconhecendo para si mesma que pela primeira vez ela não estava parando
para espionar.

Ela desceu as escadas, felizmente lembrando no último momento de pisar na


penúltima tábua do piso. O salão estava às escuras, as bordas se confundindo de
modo que parecia uma enorme caverna, esperando o desavisado viajante cansado,
ou neste caso a donzela em fuga.

Ela andou na ponta dos pés pelo corredor, colocou o castiçal na mesa lateral
e gentilmente começou a abrir os ferrolhos na porta principal.

Ela poderia tentar as outras portas no andar de baixo na cozinha, mas havia
mais chance de cair sobre alguma coisa. O último ferrolho normalmente rangia
ruidosamente. Lucy esperou, mas nada aconteceu. — Ah Jasper pensei ter ouvido
alguma coisa… não, quem se importa… mais forte — Lucy sussurrou para si mesma,

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imitando a voz aguda da Sra. Eloise Harlot Hamilton. E, de fato, quem realmente se
importava, ninguém nesta casa.
Lucy saiu, fechando a porta atrás dela com um clique suave. Seu plano era
dirigir-se ao estábulo onde esperava encontrar uma égua complacente. Algumas
gotas de chuva caíram em seu rosto, que era tudo que ela precisava. Por que não
apenas granizo para completar seu dia de aflição?
Ela se esgueirou pela beirada da porta do estábulo, mas, para sua decepção,
encontrou um dos cavalariços dormindo profundamente no feno do lado de fora dos
piquetes principais, com a cabeça apoiada em uma sela. Ela tentou ao máximo ficar
quieta, mas ao seu passo o homem bufou e se virou para ela, felizmente sem abrir os
olhos. Ela sentiu seu batimento cardíaco acelerar e temeu que o próprio som o
acordasse. Ela percebeu que nunca seria capaz de encontrar e selar uma égua sem
perturbá-lo e então ela recuou deixando o cavalariço para seus sonhos.

Ela fugiu de volta para o pátio na frente da mansão novamente. E agora? Ela
entrou em pânico… Ela teria que ir para a floresta. Poderia passar a noite lá e depois
ir para a aldeia ao amanhecer, esperançosamente tentar pegar a carroça de um
fazendeiro ou algo assim. Pelo menos ela tinha uma capa quente e poderia encontrar
uma cabana para passar a noite… Ela só podia esperar… mas realmente não havia
outras opções.
De repente, a porta principal se abriu, permitindo que uma luz fraca caísse
sobre o pátio. Ela se engasgou. Incapaz de ver quem era, ela se virou e fugiu, indo
para a floresta.

***

Jasper acordou em seu escritório sentindo-se decididamente de cabeça


inchada. Adormecer ali parecia ter se tornado uma ocorrência noturna. As velas
haviam se apagado deixando-o na escuridão, exceto pela queima maçante de
madeira da lareira. Por um momento ele apreciou o vazio que isso proporcionava.
Sem problemas, sem vingança e sem garotas curvilíneas com olhos azuis. Ele
estendeu a mão para a mesa, tateando por seu copo. Graças a Cristo ainda tinha um
pouco de bebida nele. Ele não precisava apenas do álcool, mas tirar o maldito gosto
horrível em sua boca. Ele engoliu o líquido. Ele deveria simplesmente esquecer tudo.
Diga a verdade a Lucy e depois… e depois o quê. Devolva-a ao irmão, não é provável.

Ele esfregou a mão no rosto. Lazenby receberia sua punição se não nesta vida,
então na próxima.

Teve que admitir que fora influenciado por Eloise; as constantes reclamações
dela alimentaram seu ódio e o levaram a tomar decisões precipitadas. Não. Era
covardia simplesmente culpar Eloise. Ele era dono de si mesmo e tinha decidido

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precipitadamente ser juiz e júri sobre onde estava a culpa pela morte de Simon. Ele
poderia culpar várias outras coisas, mas na verdade ele mesmo deveria assumir o
peso da culpa.

Talvez ele pudesse ter encontrado outra maneira de ajudar Lucy sem
arruiná-la; certamente ela tinha outros parentes para quem ele poderia mandá-la.
Se Lazenby não tivesse intermediado aquele acordo com Ketridge, talvez a
necessidade de vingar a morte de Simon tivesse diminuído com o tempo. Talvez
Lucy e ele pudessem ter…

De repente, ele ouviu o clique da porta principal. Ele sabia que Bill estava em
algum lugar da casa, mas geralmente fechava a porta com mais força. Jasper
tropeçou procurando por mais velas, e finalmente acendeu uma depois de mais
tentativas desajeitadas tentando acendê-la das brasas do fogo, pelo menos não tinha
morrido completamente, já que ele não conseguia ver o isqueiro em lugar nenhum.

É melhor ele dar uma olhada lá fora.


Encontrou os sapatos, mas não se deu ao trabalho de calçá-los, o casaco e o
colete não estavam a lugar nenhum. Amaldiçoando sua própria desordem e a
arrumação de Robinson, ele foi até a porta, franzindo a testa para a vela não apagada
na mesa do corredor. Os ferrolhos foram todos abertos e os sentidos de Jasper
ficaram em alerta. Um barulho no pátio do lado de fora o fez abrir a porta
rapidamente.

A luz bruxuleante da vela lutava para iluminar a escuridão à frente, mas


mesmo através da escuridão ele podia ver Lucy. Ela estava parada a uns trinta
metros de distância. Ela brilhava foi o primeiro pensamento de Jasper. Em segundo
lugar, ele notou o olhar de horror no rosto dela. Antes que ele pudesse falar, ela se
virou e fugiu como uma corça confrontada com um cão.
— Lucy, — ele gritou — que diabos. — Jasper calçou os sapatos, tropeçando
enquanto os colocava nos pés, e começou a correr atrás dela, jogando a vela no
quintal. Estava escuro como breu, mas seus olhos já haviam se ajustado. Ele podia
apenas ver o flash de suas anáguas sob a capa. Ela estava indo para a floresta.
— Deus, não, Lucy, — ele chamou. Ele não estava aqui para guardar a floresta
próxima, e os caçadores furtivos eram predominantes. Sua principal maneira de
pegar o jantar era com armadilhas. Pensamentos em Lucy, seu rosto contorcido em
agonia, uma armadilha presa em sua perna o repeliu.
Ela era rápida, e antes que ele pudesse respirar, ela estava correndo. Os céus
decidiram naquele momento dificultar ainda mais seus esforços, e a chuva começou
a cair para valer. Sua falta de roupas, no entanto, ajudou sua busca. Livre das roupas
encharcadas, ele continuou se esquivando das árvores. Finalmente ele viu Lucy à
frente lutando para soltar o fecho de sua pesada capa presa.

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— Lucy — gritou ele. Ela olhou para cima e se virou para correr novamente.
Jasper não podia suportar que ela se movesse mais um centímetro, sabendo que ela
poderia cair em uma armadilha a qualquer minuto. Ele se lançou sobre ela,
agarrando-a pela cintura, suportando o peso da queda torcendo o corpo para que
Lucy caísse em cima dele. Ela continuou lutando e ele se virou, seu corpo pesado
prendendo-a na cama frondosa. Ele tirou um pouco do peso e as unhas dela tentaram
arranhar seu rosto.
— Solte-me, deixe-me ir — gritou ela. Jasper finalmente agarrou seus pulsos,
prendendo-os em ambos os lados de sua cabeça. Ela ainda lutava, seu corpo se
contorcendo sob o dele em uma tentativa de ser livre. Ela não tinha esperança de
escapar. Ele era mais pesado, mais forte e poderia mantê-la subjugada apenas com
a força de seu corpo. Ele a deixou lutar até que ela estivesse exausta e finalmente ela
suavizou, toda a luta se esvaindo dela.

Jasper enterrou a cabeça em seu cabelo molhado que se soltou em seu


pescoço, deixando seu corpo firme afundar em sua suavidade. Ela cheirava a jasmim,
chuva e… Lucy, e ele respirou fundo. Deus, ele estava com tanto medo de que ela se
ferisse. Lentamente, ele levantou a cabeça e virou-se para o rosto de Lucy. Seus
lábios sussurraram sobre sua bochecha e ele sentiu gosto de sal e chuva.

Lucy estava chorando silenciosamente.


Ela abriu os olhos e seus olhares se encontraram. Tudo pareceu ficar quieto
naquele momento. A chuva. Suas respirações. Jasper até sentiu como se seu
batimento cardíaco acelerado parasse naquele momento. Ele se tornou tão
consciente de seu rosto perto do dele, de seu corpo firmemente pressionado contra
o dele. Seus seios, quadris e pernas entrelaçados com os dele. A luxúria rugiu em
suas veias. Era ali que ele queria que Lucy Lazenby estivesse, e era um tolo consigo
mesmo se inventasse qualquer outro motivo. Ele inclinou a cabeça e levemente
roçou os lábios sobre os dela. Ela não se moveu, mas também não começou a lutar
contra ele, ela simplesmente aceitou o resultado como se fosse inevitável.

Era, e ele abaixou a cabeça novamente.


Lucy sentiu a boca de Jasper descer sobre a dela e os horrores dos últimos
dias começaram a escapar. Sua mente se esvaziou, incapaz de lidar tanto com a
sensação quanto com o pensamento. A boca dele era firme, moldando os lábios dela
aos dele, movendo-se em um movimento requintado e atemporal. Ele se afastou um
pouco, mas apenas para beliscar seu lábio inferior em repreensão.

— Beije-me de volta, — ele murmurou contra sua boca com voz rouca.
Lucy abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu. Jasper olhou para sua boca
aberta, murmurou algo ininteligível e a beijou novamente. Desta vez, sua língua
acariciou suavemente seus lábios como se pedisse permissão antes de começar a
explorar mais.

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Lucy não pôde conter o pequeno gemido enquanto o prazer percorria seu
corpo, aparentemente tocando cada parte dela. Ela encontrou a língua dele com a
sua e Jasper fez seu próprio gemido baixo, suas mãos apertando reflexivamente em
seus pulsos. Seu corpo se deslocou ligeiramente e cada terminação nervosa parecia
iluminada com a sensação. A boca dele se afastou e ela se sentiu desolada, mas ele
continuou sobre sua bochecha e descendo até seu pescoço. Ela estava tão sensível e
não pôde evitar arquear as costas e mover o pescoço para o lado, uma oferta
voluntária para o saqueador ganancioso.

Ela estremeceu quando ele puxou o lóbulo da orelha em sua boca, puxando
suavemente. Então sua boca se moveu, procurando um novo terreno. Encontrou o
ponto de pulsação descontroladamente responsivo em seu pescoço que batia
violentamente contra o colo de sua língua. Ele puxou a pele em sua boca e ela sentiu
seus dentes roçando a carne; sua língua, em seguida, lambendo a dor.

Ele fez isso de novo e de novo e Lucy sentiu vontade de gritar de prazer, não
era suficiente e ainda assim era demais. Seus quadris se moveram sob os dele, ela
não conseguiu evitar; não tinha controle sobre o movimento de seu corpo.

Jasper grunhiu com suas ações, mas sua boca nunca se moveu de seu pescoço.
Em vez disso, seu corpo se arrastou sobre o dela e ela sentiu toda a força de seus
quadris, empurrando-a para a camada macia de folhas abaixo dela. Ele empurrou
novamente e Lucy gritou, seu corpo arqueando. Ela podia senti-lo através de suas
calças molhadas, duro e ansioso pressionando contra sua suavidade. Ele empurrou
novamente, mas desta vez foi Jasper quem gemeu, ele soltou o pescoço dela e
levantou o rosto de seu porto seguro. Seu rosto estava tenso de prazer.

— Deus, Lucy, por favor… — suas palavras guturais e laboriosas.

Foi a voz de seu nome que a trouxe a seus sentidos. A imagem de Jasper
dizendo que ela era uma amiga veio em sua cabeça seguida de perto pela imagem de
Eloise Hamilton agarrada a ele, e então… Eloise gritando de prazer.
Jasper estava beijando sua clavícula agora através do tecido molhado de seu
vestido e sua boca mordiscando estava indo para baixo. Ela sabia que se ele tocasse
seu seio ela nunca seria capaz de detê-lo, eles já pareciam doer muito por seu toque.

— J-Jasper, — Lucy disse calmamente, mas determinada. — Jasper, não


podemos fazer isso. Solte meus braços. Jasper?

Suas mãos se apertaram em seus pulsos, mas Lucy não sentiu medo, na
verdade ela se sentiu no controle. Era Jasper que agora precisava ser acalmado.

— Não. — A palavra soou quase selvagem. Um lobo que não está disposto a
deixar sua presa.
— Jasper, eu vou voltar para casa, mas estou com frio e molhada, — e de fato
seu corpo começou a tremer em conjunto com suas palavras.

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Jasper levantou a cabeça, seus olhos ainda vidrados de paixão, mas ele viu os
arrepios começando a atormentar seu corpo.

— Lucy eu… — ele ofegou.

— Vamos voltar Jasper; vamos conversar em casa.

Ele finalmente assentiu e Lucy suspirou de alívio. As mãos dele soltaram os


pulsos dela relutantemente descendo pelos braços, e então ele se levantou. Lucy
sentiu-se instantaneamente fria, desolada e com vontade de chorar, embora não
fosse seu hábito fazê-lo. Ela aceitou suas mãos estendidas e foi puxada para seus pés.
Jasper se virou e ficou de costas, sua respiração ainda pesada no silêncio da floresta.

Apenas um momento, e ele se virou, seu rosto ilegível. Ele se inclinou e


quebrou um longo galho de uma árvore.
— Siga atrás de mim Lucy, exatamente nos meus passos, você entende? Há
armadilhas nesta floresta.

— Claro, Jasper — Lucy sussurrou.


Ela o seguiu enquanto Jasper varria a longa vara diante dele. Era por isso que
ele estava tão preocupado com ela? Que seu peão pudesse ser mutilado por uma
armadilha. Uma sensação de mal-estar entrou em seu estômago. Quando ele a beijou
tão ferozmente, ela pensou… um arrepio violento a atingiu e ela não sabia dizer se
era um calafrio ou o pensamento de voltar para a casa.

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Capítulo 5

“Honestidade é sempre a melhor política. Não conte aos seguranças.


Se você roubou aquele biscoito, é melhor me dizer agora, Blinky.” –
Tia Augusta

— Desça as escadas quando tiver se trocado, Lucy, você vai precisar de algum
sustento para se aquecer.
Lucy assentiu, ela estava terrivelmente cansada e calafrios a arruinavam, mas
ela sabia que precisava de algo mais do que apenas roupas secas.

Ela não tinha energia para colocar outro vestido de dia e pediu desculpas
silenciosas para a criada que iria encontrar o vestido molhado, anáguas, espartilhos
e meias no canto do quarto amanhã. Vestiu uma regata nova e depois um roupão cor
de vinho bastante grande que encontrara no fundo do armário e que conseguiu se
enrolar várias vezes. Ela olhou-se no espelho. Cobria-a do queixo aos pés e, de fato,
cobria mais do que a maioria dos vestidos de noite, mas ela ainda se sentia bastante
nua. Ainda assim, e o que importava mais, ela não poderia estar mais arruinada do
que já estava. Uma vozinha disse que sim, mas ela optou por ignorá-la e desceu as
escadas, entrando no escritório.

Jasper tinha mudado de roupa também e usava um banyan solto sobre sua
camisa e calções, era de uma cor azul profundo e ele parecia glorioso. Ela sentiu a
força dele esta noite e percebeu que o corpo de Jasper embora magro também era
forte e firme.

Seus olhos negros brilharam quando ela entrou na sala e ele olhou para suas
roupas. O fogo queimava ferozmente com novos troncos e Lucy foi até lá, estendendo
as mãos para tentar absorver um pouco de calor em seu corpo. Ela sentiu Jasper
atrás dela, perto, seu corpo quase se tocando.

— Você fica atraente no meu roupão. — Lucy engasgou, ela realmente se


sentia nua agora e dessa vez um arrepio de prazer percorreu seu corpo. Este era o
roupão de Jasper; estava ao lado de sua pele nua… ela se sentiu… febril.

Um copo apareceu na frente dela.

— Beba devagar, é conhaque. Eu não costumo beber essas coisas, mas eu não
acho que uísque seria para você.

Ela tomou um gole. Ela havia bebido conhaque e uísque com a tia antes e
gostava bastante de ambos, mas ficou quieta. Geralmente, o alto teor de álcool
primeiro a fazia soltar comentários impróprios e, em segundo lugar, a fazia dormir.
Ela começou a se aquecer, no entanto, embora fosse devido ao conhaque, ou a
proximidade de Jasper, ela não saberia dizer.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Por que você correu Lucy? — Jasper perguntou.

Por onde começar? Lucy considerou por um momento. O conhaque estava


fazendo sua cabeça girar levemente. Ela seria honesta, pensou.

— Eu corri porque todas as outras opções foram tiradas de mim. — Ela virou-
se para encará-lo.
— Corri porque sei que não estou aqui apenas para ser salva do Duque de
Ketridge. Há algum outro motivo, não há? — Jasper assentiu lentamente.
— Eu corri porque… – Lucy pensou em Eloise agarrada a Jasper, não… ela não
ia ser tão honesta. Mas então ela franziu a testa de repente. Como ele chegou à porta
tão rápido, e como ele a ouviu sobre Hamilton, a Prostituta.

— Jasper, como você conseguiu me ouvir saindo de casa?

A mudança repentina de conversa o fez olhar para cima com surpresa.


— Eu estava dormindo no escritório e acho que os ferrolhos que estavam
sendo puxados me acordaram. Então ouvi distintamente o trinco, mas demorei um
pouco para encontrar meus sapatos. Por quê?

— Dormindo no escritório — Lucy repetiu com ceticismo. Jasper parecia um


pouco envergonhado.

— Bem, sim, parece ter se tornado um episódio noturno. Preciso eliminar o


uísque. — Ele sorriu timidamente.

Lucy não pôde evitar. — Você não estava com Eloise? — ela questionou.

Isso surpreendeu Jasper. Por que diabos ele estaria com Eloise? Ele sabia que
a mulher tinha insinuações suficientes na manga para escrever uma peça obscena,
mas certamente Lucy podia ver que ele não estava interessado.

— Por que eu estaria com Eloise? — disse ele cuidadosamente.


— Ela é sua amante, e eu ouvi, erm… alguém no quarto dela. — Lucy sentiu o
rosto corar e olhou para baixo, ai que vergonha.

Ela sentiu dedos sob o queixo levantarem sua cabeça.

— Olhe para mim Lucy. — Ela sem querer arrastou os olhos para Jasper.

— Eu nunca me deitei com Eloise. Ela não é minha amante. Não tive uma
amante, nem mesmo nenhuma outra mulher desde que voltei da Península.
Considerando que Bill também está desaparecido, eu presumo que é ele que está
com Eloise. Diga que acredita em mim.

A boca de Lucy se abriu ligeiramente ao pensar na elegante Eloise e… bem,


Bill.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Eu… eu acredito em você, — e ela acreditou. — Mas porque você está
conspirando com ela. Tem algo a ver com meu irmão?
Ah, o momento da verdade pensou Jasper. Ele havia percebido, enquanto a
esperava no escritório, que não podia mais mentir para Lucy. Ela queria dizer… mais.
O choque dela fugindo dele, dela quase se machucando, isso clareou sua mente.

— Por favor, sente-se Lucy — disse ele, conduzindo-a até o sofá perto da
lareira. Ele a acomodou e depois de encher seu copo com mais conhaque, certamente
isso ajudaria, ele pensou, ele puxou uma cadeira em frente a ela.
Ela estava linda. Ela deixou o cabelo solto e estava gradualmente secando em
cachos macios. O conhaque também estava fazendo seu trabalho e um leve rubor
aquecia suas bochechas. Seus olhos eram grandes e ela estava mordendo o lábio
entre os dentes. Ele queria beijá-la novamente, pensou, e uma onda de calor o
percorreu quando se lembrou do corpo dela sob o dele.

Ele quase a tinha tomado.

Ele a teria tomado se ela não tivesse pedido que a soltasse.


Ele se sentiu um pouco envergonhado agora; ele não sabia o que tinha
acontecido com ele. Ele se sentiu… selvagem. Seus olhos deslizaram por sua
bochecha e descansaram em seu pescoço. Ela viu seu foco e puxou o roupão para
cima, mas não antes que ele visse a marca vermelha brilhante que seus dentes
haviam causado, agora estava lentamente ficando roxo. Na hora, ele só queria
marcá-la.

Ele a perseguiu, a pegou e a subjugou e ela era dele.

Ele limpou a garganta com esta auto admissão embaraçosa. Ele nunca se
considerou particularmente um homem possessivo. Ele gostava de mulheres, mas
nunca sentiu a necessidade irresistível de algo permanente.
O que ela deve pensar dele no momento? Uma fera? Um libertino? Ou vendo
o rubor em suas bochechas, ela gostou? Esse pensamento deu outra sacudida
prazerosa em seu corpo. Ele se lembrou da resposta apaixonada ao seu beijo, suas
costas arqueadas, seus quadris roçando inquietos contra os dele. Quando ela fez isso,
ele quase perdeu o controle.

— Algo está errado? Você parece… com raiva? — Lucy perguntou hesitante.
Jasper percebeu que estava cerrando os dentes em uma careta; mal sabia ela que
não era de raiva, mas de desejo incontrolável e absoluto. Ele forçou o rosto a relaxar
e tomou um gole de uísque.

— Não, não com raiva. Exceto de mim mesmo. Espero não ter te assustado
esta noite?

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Lucy olhou para baixo — não… sim… não, eu erm realmente não sei, eu não
senti nada assim antes, — ela admitiu.
Jasper suspirou, nem ele, mas ao contrário de Lucy ele não ia admitir isso, não
até que ele tivesse dito a ela toda a verdade.

— Eu preciso lhe contar tudo Lucy por favor… apenas me escute, você pode
fazer qualquer pergunta no final. — Lucy assentiu.

Ele começou do início. Não há um ano, mas em sua infância, com Simon. Então
ela poderia entender. Ele a fazia rir com suas travessuras; ele a fez chorar ao contar
a ela sobre seu retorno para encontrar seu irmão morto. Quando ele chegou ao
envolvimento de seu irmão, ela ficou quieta.

— Admito que cortejei você para me aproximar de seu irmão e ter uma visão
da situação.

Isso estava ficando muito pior, Lucy pensou. Anteriormente, ele estava pelo
menos “ajudando” a escapar de Ketridge. Agora ele estava admitindo que só fez isso
para se vingar do irmão dela. Ele continuou descrevendo o plano ultrajante de
cortejá-la e abandoná-la, o envolvimento de Eloise e o sequestro final. Ela bebeu
mais conhaque.

Lucy agora se sentia doente. Ele mentiu para ela. Não só isso, ele planejou
arruiná-la, que tipo de homem fazia isso? O conhaque deve tê-la deixado suave
quando seu coração respondeu “alguém que amava muito seu irmão”.

Ela não tinha energia para invocar qualquer indignação, na verdade agora ela
só se sentia um pouco entorpecida. Entorpecida e um tanto… confusa. Jasper ainda
estava explicando algo e ela percebeu que não estava ouvindo.
— Por que você me beijou? Esta noite… na floresta? — Lucy desabafou.
Maldito conhaque, pensou, estava subindo à cabeça e ela mordeu a língua.
Jasper pareceu surpreso; ela teve a impressão de que poderia ter
interrompido um monólogo sobre algum ponto importante.

Um arrepio violento sacudiu Lucy enquanto ela esperava sua resposta. Ela
notou que as maçãs do rosto dele estavam coradas e ele estava esfregando o pescoço.
Seus pensamentos ficaram confusos, surpreendentemente, ele estava
envergonhado. Ela fechou os olhos sentindo-os pesados enquanto esperava a
resposta, abafando um bocejo. Puxando o roupão para perto de seu corpo respirou
o cheiro de Jasper que ela podia detectar fracamente no tecido. Parecia quente…
quente e aconchegante.

Jasper olhou para sua bebida e hesitou; ele não podia olhar em seus olhos
feridos enquanto dizia isso. Sua voz era baixa e suave, como se falar mais alto fosse
assustá-la demais.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Lucy, serei franco. Gostei de sua companhia no último mês, o que tornou
minhas ações em relação a você ainda mais desprezíveis. Eu também….eu sinto….
mais do que apenas uma afeição amigável, — ele se apressou. — Eu quero você Lucy,
no sentido físico, e na floresta ao sentir você debaixo de mim, e finalmente ter você
tão perto depois de todo esse tempo, eu quase explodi. Eu não queria ser tão…
selvagem e assustá-la. Você entende?

Ele olhou para cima bem a tempo de ver o copo cair da mão de Lucy e rolar
no tapete grosso. Estava vazio. Sua cabeça pendeu para o lado, sua boca ligeiramente
aberta.

— Maldito Cristo, — ele amaldiçoou. Ele tinha acabado de contar a ela


provavelmente a parte mais importante da noite, e de fato ele pretendia expandir
isso, mas ela tinha adormecido. Ela acordaria amanhã ainda pensando que ele era
um bastardo que não se importava com ela e isso estava longe de ser verdade.

Ele se levantou e a pegou; ela não se mexeu, embora um leve arrepio


percorresse seu corpo. Ele a abraçou e a carregou para o quarto, deitando-a na cama.
Jasper puxou os cobertores ao redor dela e alisou as mechas de mel para longe de
seu rosto. Tinha sido realmente ontem que ele a raptou? Ela parecia tão firmemente
entrincheirada sob sua pele. Ele pressionou a mão na bochecha dela, ainda estava
quente e ele franziu a testa, removendo um cobertor.
Seus olhos caíram sobre a marca de amor em seu pescoço novamente. De
todas as coisas para se arrepender esta não era uma delas, ele sorriu. Ele ainda podia
saboreá-la, limpa e deliciosa. Ele quis marcá-la em todos os lugares e, quando o fez,
percebeu que nunca a deixaria ir.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Capítulo 6

“Um homem leal, como um cão leal, deve ser acarinhado, desde que
não morda o lacaio. Pode ser o diabo conseguir bons… homens, não
cães.” – Tia Augusta

Lucy ouviu gritos. Um casal estava discutindo e isso fez sua cabeça doer.

Na verdade, tudo doeu.

As cortinas ainda estavam fechadas, mas estavam bastante surradas e a luz


do dia a espreitava. Ela puxou o cobertor sobre a cabeça, mas não ajudou. Agora ela
se sentia sufocantemente quente. Ela jogou de lado a coberta e tentou se levantar. O
mundo se estendeu de uma maneira bastante desagradável quando ela balançou as
pernas para o chão. Maldito conhaque, horrível e repugnante poção do diabo, ela
pensou com maldade.
Sua boca parecia que o velho pug de sua tia Augusta, Blinky, havia enfiado a
língua nele. Ela catalogou outros sentimentos. Sua cabeça estava latejando, sua
garganta doía e ela se sentia totalmente… péssima. Ela registrou que as vozes ainda
estavam altas, então ela se atrapalhou até a janela.
— Você vai se arrepender disso Jasper. Vocês homens são todos iguais, acham
que podem me usar e descartar à vontade.

— Eloise, você estava me usando também para fazer seu trabalho sujo e não
há descarte. Nós éramos e ainda somos amigos.

— E mesmo assim você quer abandonar todos os nossos planos, e depois?


Você vai viver feliz para sempre com a senhorita olhos de ovelha, não se eu tiver algo
a ver com isso. Eu sei das coisas Jasper e eu serei amaldiçoada se eu for usada
novamente por um homem.

— Não me ameace Eloise. Aconselho-a a deixar tudo em paz agora. — Jasper


disse em um tom de aço.

— Para o inferno com você… seu… seu idiota, — ela ouviu Eloise gritar. Uma
porta se fechou seguida pelos sons de uma carruagem se afastando.

Lucy não sabia o que pensar. Ele tinha mandado Eloise embora e tinha
“abandonado” seus planos… isso era bom, mas onde isso a deixava.

O que Jasper planejava fazer com ela agora?

Lucy caminhou lentamente até o espelho e fez uma careta para seu reflexo.
"Senhorita olhos de ovelha", ela repetiu. Eu nunca olhei para ninguém com olhos de
ovelha na minha vida. Sua aparência, ela tinha que admitir para si mesma, era…
horrível. Seu rosto estava branco, seus olhos sombreados. Jasper provavelmente

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


pensaria que ela parecia mais uma ovelha hoje, toda branca com olhos lanosos.
Ainda assim, pelo menos ela não era uma megera. Ela não tinha certeza do que era,
mas parecia um insulto muito bom, um que sua tia teria gostado.

A criada havia deixado um pouco de sabão e um jarro de água em algum


momento e Lucy despejou um pouco na bela bacia pintada de rosa. Ela enxugou o
rosto e o pescoço, apreciando a frescura da água.
Ela então viu a marca em seu pescoço. Meu Deus, era enorme. O que diabos
ele tinha feito com ela? Ela se lembrou da sensação incrivelmente sensual de seus
lábios, língua e dentes sobre ela, mas ela nunca percebeu que pareceria que alguém
a havia socado. Minha nossa. Ela se perguntou se a mesma coisa aconteceria com um
homem. Ele se machucaria com a mesma facilidade? Ela pensou em fazer isso com
Jasper. Sugando em seu pescoço, mordendo a pele bronzeada, puxando-a em sua
boca até que ele gemesse.

Lucy olhou para suas feições coradas e mergulhou o rosto na bacia desejando
que a água estivesse mais fria.

Ela desceu as escadas e tomou um café da manhã muito tarde, dizendo à


empregada que não precisava almoçar. Jasper havia deixado um bilhete para ela.
Apenas dizia que ele tinha que ir à aldeia com urgência e ver um inquilino cujo
telhado havia caído. Ele explicou na noite passada que seu pai entrou em um rápido
declínio após a morte de seu filho mais novo. Aparentemente, ele considerou Jasper
como morto lutando contra os franceses e sem herdeiros diretos deixou a casa e a
terra em ruínas.

Parecia que ele tinha muito o que fazer.

Ela passou o resto da manhã na biblioteca, mas as palavras ficaram borradas


diante de seus olhos e ela finalmente admitiu para si mesma que poderia ter pegado
um resfriado, no mínimo, ela estava exausta.

Ela fez seu caminho para a cama. Um breve descanso e ficaria bem, mas o
cochilo foi agitado, seus pensamentos se misturando até que ela acordou
sobressaltada.

Eram quatro da tarde e o som dos cascos do cavalo a perturbou. Ela


cambaleou e sentiu o quarto girar. A mobília monstruosa já era ruim o suficiente,
mas tropeçar da mobília nela era ainda pior.
Seus pensamentos a deixaram agitada, ela precisava ver Jasper, ela precisava
perguntar coisas a ele, ela precisava saber se ele se importava com ela. Ela era
prática o suficiente para perceber que embora ele pudesse sentir luxúria, isso não
era suficiente.. Ela abriu a porta e foi até o topo da escada.
Ela se inclinou sobre o parapeito e então realmente desejou não ter feito isso.
A altura fez sua cabeça latejar e ela teve que fechar os olhos por um momento. Ela

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


ouviu uma voz falando com a criada; era muito baixa e ligeiramente rouca, como se
falar lhe desse dor. Não era Jasper então. Ela abriu os olhos para ver um homem
entrar no corredor. Ele era incrivelmente alto, mais alto que Jasper e ela o achava
grande.

Ele havia dado seu chapéu de castor para a criada e ela podia ver uma mecha
de cabelo loiro sujo. Ele se virou para tirar o casaco e ela viu seu rosto pela primeira
vez. Era um rosto bonito, mas também cansado e desgastado. Linhas de fadiga
cruzaram seu rosto e as sombras sob seus olhos pareciam piores que as dela. Ele se
virou novamente e Lucy viu que em algum momento ele foi queimado, com
queimaduras marcando sua bochecha esquerda, descendo por sua garganta para
passar por baixo de sua gravata.
Que dor, Lucy pensou. Certa vez, ela queimou a mão em uma chaleira quente
quando criança. Ela pensou em entrar furtivamente nas cozinhas para tentar roubar
alguns biscoitos. Uma chaleira estava no caminho e ela simplesmente colocou a mão
em volta da alça para movê-la para um lado. A dor foi insuportável e ela ainda tinha
uma pequena cicatriz. Os médicos aparentemente não puderam fazer nada além de
lhe dar láudano até que a pele se curasse.

Este pobre homem deve ter estado incapacitado durante meses.

Era melhor ir cumprimentá-lo, talvez Jasper também tivesse voltado. Ela se


levantou curvando-se sobre o corrimão, mas o movimento súbito fez sua dor de
cabeça rugir abruptamente de volta à vida. A dor quase a fez vomitar e o salão girou
diante de seus olhos. Ela se afastou do corrimão, pois sabia que ia desmaiar. Seu
corpo estava quente e pesado. A inconsciência demorou um pouco, ela podia senti-
la descendo como uma névoa negra, mas ao invés de lutar contra ela, ela deu as boas-
vindas à escuridão entorpecente e desabou no chão.

***

Jasper finalmente chegou em casa por volta das seis. Ele estava
completamente exausto. Depois de levar Lucy para a cama na noite anterior, ele não
conseguira dormir. Imagens do dia passaram por trás de suas pálpebras. E pior,
imagens de Lucy na floresta, exceto que sua mente preenchia lacunas e parecia
perder a parte em que Lucy havia protestado contra suas atenções.
Ele finalmente cochilou, mas acordou duro e dolorido. Sua mão se abaixava
para resolver o problema quando ouviu Eloise gritar com a criada. Isso por si só
extinguiu seu ardor e ele se preparou para o dia.

Tomar café da manhã com Eloise e dizer a ela que não tinha intenção de
abandonar Lucy tinha sido… libertador. Simon teria aprovado. No entanto, Eloise
não tinha ido sem lutar e o que ela poderia fazer agora o preocupava.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Ele estava prestes a encontrar Lucy quando Samuel, o gerente da
propriedade, chegou, dizendo-lhe que um dos telhados de seu inquilino havia
desmoronado. Normalmente ele teria deixado Samuel lidar com isso, mas a filha do
inquilino estava ferida e o trabalho exigia homens e direção.

Por sorte, um médico decente estava por perto, seu velho amigo de escola
Mainwaring estava hospedado na casa de um vizinho e ele enviou um Bill bastante
desgastado para buscá-lo. Mainwaring tinha se formado em medicina quando voltou
da França há alguns anos.

Jasper nunca teve certeza de qual era o papel do homem na guerra. Ele era
oficialmente um Major, mas Jasper tinha quase certeza de que ele era algum tipo de
espião. No entanto, não se faz esse tipo de pergunta a um cavalheiro, especialmente
considerando que ele foi terrivelmente ferido durante seu tempo lá.

Jasper ainda estava servindo na Espanha na época da recuperação de


Mainwaring na Inglaterra, e ele gostaria de estar lá para ajudar a manter seu ânimo.
Durante sua recuperação, eles o injetaram com láudano e, em seguida, o homem
passou outra quantidade substancial de tempo se recuperando do vício. No entanto,
enquanto estava escondido por quase um ano, seu amigo havia lido tudo o que podia
sobre medicina e agora ele era muito bom, mesmo que sua família não aprovasse.
Ele recebeu o título de Conde com a morte de um primo, seis meses atrás, mas ainda
preferia “Major” ou “Doutor” ao seu título, para grande aborrecimento de sua mãe.

Mainwaring foi capaz de colocar uma tala na perna da garota em pouco tempo
e demonstrou um cuidado e ternura que Jasper raramente via.

Com a pessoa feridas atendida, Jasper convidou seu amigo para ir a sua casa
jantar e passar a noite, era o mínimo que ele podia fazer. Isso significava que mais
uma noite ele não seria capaz de falar direito com Lucy. Ele pensou em ir ao quarto
dela mais tarde, mas Mainwaring era um bebedor decente e invariavelmente eles se
tornavam exagerados.
Ver seus inquilinos reassentados e a promessa de consertar o telhado de
palha levou mais algumas horas e Jasper estava ansioso para pelo menos ver Lucy.
Ele pediu que um banho fosse preparado e então foi ao escritório para um gole
rápido de uísque para beber no banho. Mainwaring estava de frente para a janela,
também com uma bebida na mão.

— Lucas, bom ver que você começou sem mim. Não posso agradecer o
suficiente por me ajudar hoje. — Lucas virou o rosto com raiva.

— O que há de errado? — Jasper sentiu sua garganta apertar de preocupação.


— É Lucy?

— Por assim dizer, — Lucas murmurou.

Jasper franziu a testa. — Onde ela está?

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Lucas colocou o copo suavemente sobre a mesa, mas Jasper percebeu que o
homem estava muito chateado.

— Ela está bem?

— Cheguei e encontrei a mocinha caída no corredor do andar de cima,


ouvimos o baque vindo da entrada. Provavelmente desmaiou pelo resfriado que ela
parece ter contraído e pela exaustão.

— Deus, ela vai se recuperar? Devo ir vê-la. — Jasper se virou rapidamente.


Cristo, ele não poderia suportar se algo acontecesse com Lucy.

No entanto, ele não foi a lugar nenhum quando de repente foi puxado para
trás pelo colarinho da camisa e jogado de volta contra a parede.

Ele olhou para Mainwaring — Que diabos…

— Você não vai a lugar nenhum até que eu tenha algumas respostas, — Lucas
cuspiu nele. Ele lutou contra o aperto de Lucas. Jasper era forte e rijo, mas Lucas o
pegou de surpresa e o segurou com firmeza. Ele poderia chutá-lo nas bolas, e embora
ele não hesitasse em fazer isso na batalha, fazer isso com Lucas parecia francamente
pouco cavalheiresco. Ele também queria saber o que diabos estava acontecendo.

— Eu sei que a guerra pode mudar um homem Jasper. Eu, melhor do que
ninguém sei. Então me diga agora se foi você que colocou hematomas naquela
garotinha lá em cima?

Jasper franziu a testa; ele quis dizer o hematoma em seu pescoço?


Certamente não. Ela poderia ter se machucado com o sequestro, mas Bill havia
prometido que havia apenas uma batida na cabeça. O tombo que eles levaram na
floresta veio à mente, mas novamente ele rolou de modo que Lucy simplesmente
caiu sobre ele. Se alguma coisa estive ferida era sua bund. Ele sentiu Lucas empurrá-
lo contra a porta novamente em sua hesitação.
— Eu não machuquei Lucy fisicamente, Lucas, eu prometo. Esta noite é
apenas sua terceira noite aqui comigo.

— Ela só esteve aqui duas noites até agora? — Lucas questionou.


— Sim, desde terça-feira. — a sobrancelha de Lucas clareou e ele soltou
Jasper.

— Desculpe-me por ter pensado mal de você Jasper, mas a batalha pode
alterar um homem, até mesmo o melhor. Vou explicar.

— Não se preocupe Lucas, você sempre foi protetor com as mulheres. Mas
me fale de Lucy, o que há de errado?
— Ela está bem, essa é a primeira coisa. Como posso ver você está
preocupado com a pequena. Ela tem um resfriado, nada sério que um dia na cama

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


não resolva. Ela está com uma leve febre, mas não espero que ela se desenvolva. O
sono é o principal. Ela parece muito cansada, — Lucas disse acusadoramente.
Ele então hesitou. — Ela tem uma grande quantidade de hematomas em um
lado — sua coxa, quadril e braço direito. Ela poderia ter caído, mas se você me
perguntar, ela foi empurrada violentamente contra alguma coisa. As contusões estão
cicatrizando bem; elas estão atualmente amarelas, o que significa que aconteceu há
mais de três ou quatro dias.

— Ela poderia ter caído de um cavalo? — Jasper interrompeu.


— Pare de interromper Jasper, — Lucas sorriu para o homem, ele estava
mastigando o pedaço de notícias sobre a garota. — Ela também tem hematomas em
seus braços, feitos ao mesmo tempo… hematomas tipo dedo.

Jasper sentiu a raiva correr por ele. — Foda-se, — ele cuspiu. A única pessoa
que ele poderia pensar que colocaria as mãos em Lucy era seu irmão. Um copo foi
pressionado em suas mãos e sem olhar para ele Jasper bebeu o conteúdo de um
conhaque muito grande. Ele estremeceu. — Não me dê essa babaquice francesa, me
dê uma bebida decente. — Lucas lhe passou um uísque, e Jasper apenas tomou um
gole dessa vez, apenas o suficiente para livrá-lo do gosto de conhaque.

— Deve ter sido o irmão dela, ele é um bastardo.

— Conte-me mais, — Lucas pediu.


— Eu vou contar esta noite, mas eu preciso ver Lucy primeiro e depois tomar
banho.

— Concordo — Lucas assentiu. — Mas faça o último primeiro, seu fedorento,


e não a acorde. Ela tomou uma poção para dormir feita de ervas, mas mesmo assim,
o fedor pode acordá-la.

— Muito bem seu tolo — Jasper retaliou, — Vejo você em cerca de uma hora.

— Ah, a propósito, — Lucas gritou. Jasper olhou para trás, — Parece que ela
também foi atacada por algum tipo de animal, mordida feia no pescoço, selvagem se
você me perguntar.
Jasper fez um gesto rude por cima do ombro e deixou o escritório com o riso
de Lucas.

***

Jasper e Lucas estavam descansando no escritório. Gravatas e botas tinham


sido abandonadas e ambas pareciam surradas. Ele tinha visitado Lucy e ela estava
dormindo profundamente. Elspeth o informou que a febre estava felizmente baixa.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


A raiva ainda pulsava em suas veias, não apenas pelo irmão dela, mas também por
ele tê-la colocado no pesadelo dos últimos dias. No entanto, o que ficou claro foram
seus planos para o futuro. Ele apreciou a mordida de uísque enquanto pensava em
Lucy em seus braços, em sua cama, debaixo dele…

— Você está com aquela cara de novo… mais… mais nojento velho, — Lucas
gaguejou.
Jasper contou tudo a Lucas que não disse uma palavra até o final, quando
chamou Jasper de cabeça de carneiro. Jasper não se ofendeu.

— E você Lucas? Você precisa de uma esposa.

— Lucy é muito bonita, mas não sinto que minha vida seja propícia para uma
esposa no momento. Embora eu tenha visto Lucy sem muitas roupas, — Lucas sorriu
maliciosamente.

— Estou ciente disso e estou tentando esquecê-lo. No entanto, se você


mencionar isso de novo eu vou matar você — Jasper disse amavelmente.

— O mesmo vale para mencionar a palavra esposa para mim. Estou uma
bagunça Jasp, fisicamente e mentalmente. Nenhuma mulher em sã consciência me
aceitaria.

— Tente encontrar uma que não esteja em sã consciência então! — Jasper


bufou.

Eles se sentaram em um silêncio contemplativo, mas sociável, olhando para


o fogo.

— Mais cedo eu poderia ter dado uma joelhada nas suas bolas, sabe, — Jasper
grunhiu
— Hah, eu tenho bolas de ferro, não faria diferença, já levei bastante chute
nelas na França.

— Bolas de ferro! Soberbo, — Jasper riu. — Eu nunca vou deixar você


esquecer isso. Será seu novo apelido.
— Faça o seu pior Jasp, faça o seu pior… — os dois homens caíram em suas
cadeiras, vagamente conscientes de que ainda estariam ali pela manhã.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Capítulo 7

“Prefiro ouvir meu Blinky latir para um gato, do que um homem


jurar que me ama… Posso ter citado algo errado.” – Tia Augusta.

Jasper acordou sentindo-se revivido no dia seguinte. Ele e Lucas foram para
a cama cambaleando às quatro depois que Lucas o acordou roncando. Eram dez,
bastante tarde para Lucas se levantar, mas ele se sentia bem. Esperançosamente
hoje Lucy se recuperaria e ele poderia colocar seus planos em ação.

Ele tomou o café da manhã com Lucas rapidamente, então se despediu. Ele
mencionou “bolas de ferro” que fez Lucas sair em gargalhadas. Foi bom vê-lo feliz
pela primeira vez, austeridade não combinava com o amigo.

Ele correu para ver Lucy. Lucas tinha a visto assim que levantou e proclamou
que sua respiração estava mais fácil. No entanto, ele havia dado a ela outra poção
para dormir pela manhã. Jasper veio preparado com um livro já que ela estava
dormindo e mandou a criada embora, decoro que se dane. Já era tarde demais e,
além disso, a criada parecia exausta.

Ele se sentou ao lado de Lucy. Ela parecia melhor. As sombras já não


assombravam seus olhos e o rubor intenso havia deixado suas bochechas. Se era o
resfriado, ele não sabia dizer, mas ela gostava de dormir esparramada na cama. A
criada amarrou o cabelo para trás com uma tira de pano, mas ele escapou dos limites
e grandes porções estavam espalhadas sobre os travesseiros. Um braço estava
jogado sobre sua cabeça puxando sua camisa provocativamente sobre seus seios; o
outro braço estava estendido ao seu lado. Ele se inclinou para cobrir a vista deliciosa.

— Jasper, — ela murmurou.

— Estou aqui querida, você só melhora. — Ele afastou o cabelo do rosto dela
e ela sorriu sonolenta, virando de lado. Ela fez uma careta e se virou. Jasper percebeu
que ela devia estar do lado machucado. Ele sentiu a fúria crescer novamente por
seus maus-tratos.

Quando ela se virou novamente, a alça de sua camisa caiu de um ombro e ele
foi presenteado com uma visão bastante adorável de sua pele branca. Ele sabia que
não deveria, mas não pôde deixar de passar a mão pelo pescoço e depois pelo ombro,
ela se sentiu sedosa e delicada. Ele franziu a testa ao ver as bordas do hematoma em
seus braços. Ele puxou a manga um pouco para baixo e fez uma careta ao ver o
amarelecimento lívido das marcas. Ele sabia que alguns homens eram simplesmente
maus, mas o que aconteceu com Richard Lazenby para fazer isso.

Quando Jasper estava cortejando Lucy, ele considerava seu irmão desonesto
e astuto, mas nunca o imaginou violento. Jasper se considerava um astuto juiz de
caráter, ele nunca teria envolvido Lucy se pensasse que ela poderia se machucar.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Deus, originalmente ele estava planejando mandá-la de volta para Richard
arruinada, o que o homem teria feito com ela? Jasper suspirou e balançou a cabeça.
Ele lamentavelmente recolocou a manga de Lucy e pegou seu livro.

***

Lucy acordou com uma sede horrível e um gosto ainda mais horrível na boca.
Ela ficou imóvel e se perguntou por que ela sempre acordava se sentindo mal
ultimamente. Ela bebeu demais de conhaque de novo? Não, ela achava que não, sua
cabeça não doía tanto, mas sua garganta sim. Um calafrio. Foi isso que sentiu. Ela
abriu os olhos e felizmente, embora brilhante, a câmara parecia normal.

Tão normal quanto poderia ser quando querubins estavam sorrindo para
você.

Ela moveu a cabeça para a esquerda e ficou grata quando a câmara ficou como
deveria. Jasper estava em uma cadeira lendo. Bondade. Lucy fechou os olhos e os
abriu novamente. Sim, ele ainda estava ali. Ele parecia delicioso, bom o suficiente
para comer, todo bronzeado como… bolo. Seu estômago roncou bastante alto. Talvez
ele fosse uma miragem e ela estivesse imensamente faminta, mas a miragem olhou
e sorriu.

— Você está acordada, como você se sente? — Ele se inclinou.

Lucy particularmente não queria abrir a boca. Parecia horrível o suficiente


para ela, muito menos respirar sobre Jasper

— Com sede, — ela conseguiu, murmurando as palavras.

Ele derramou um pouco de água, ajudou-a a se sentar e depois levou a água


aos lábios dela. Ela engoliu em bocados gananciosos.

— Devagar, devagar, ou vai ficar doente. — Ele estava certo, e seu estômago
parecia concordar enquanto fazia barulhos gorgolejantes. Lucy corou de vergonha.
— Com fome? — Jasper sorriu para ela. Lucy assentiu, a água não havia melhorado
o gosto em sua boca, apenas a diluído.

— Vou pedir para a empregada trazer algo e lhe ajudar a comer. São duas da
tarde e eu preciso de algo para comer também. Eu vou descer agora. Talvez se
estiver sentindo-se melhor, você pode juntar-se a mim para jantar?
Lucy assentiu novamente. Jasper franziu a testa. — Sua garganta dói Lucy? —
Ela assentiu novamente. — Não desça para jantar a menos que se sinta bem o
suficiente, sim?

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Lucy assentiu um pouco mais. Ele se inclinou e deu um beijo suave na testa
dela. Era para ser um beijo suave e reconfortante, mas os lábios dele demoraram e
Lucy sentiu o calor inundar seus membros.

Depois de um caldo de almoço, queijo e frutas Lucy se sentiu muito melhor.


Outra soneca, embora ela não tivesse certeza de que um descanso de quase três
horas poderia ser considerado uma “soneca” e havia apenas a dor de garganta que
perdurava.

Com a ajuda da criada, preparou-se para o jantar. A criada resmungou sobre


outro banho sendo preparado tão cedo, mas Lucy estava grata a Jasper. Ela usou
bastante pó de dente e vestiu outro dos lindos vestidos de noite. Lucy normalmente
não gostava de rosa, mas este era um rosa profundo com uma guarnição branca. A
cor fez sua pele brilhar.

Lucy queria estar no seu melhor, pois precisava de um pouco de coragem esta
noite. Ela sabia o que queria dizer a Jasper e tinha certeza de que ele entenderia.
Ele já estava na sala de visitas quando ela entrou. E estava parecendo muito
elegante esta noite em um colete azul escuro e casaco combinando, sua cor favorita.
Sua gravata era elegante em sua simplicidade, um branco como a neve contra seu
rosto bronzeado.

— Xerez? Ou temos limonada se você quiser algo mais simples.

— Um xerez muito pequeno, por favor — respondeu Lucy. Ela provavelmente


não deveria, considerando a quantidade de poções para dormir que a criada
despejou em sua garganta durante a noite e o pensamento de conhaque a fez
estremecer, mas ela sentiu que precisava de uma leve influência calmante e uma
dose de coragem para jantar sozinha com Jasper.
Não houve tempo para mais do que um gole quando Robinson anunciou o
jantar e eles foram para a sala de jantar. A última vez que estivera naquela sala fora
no desastroso jantar com Eloise. Ela esperava que este tivesse um resultado melhor.

A comida estava muito boa. Jasper obviamente ordenou que o cozinheiro


mantivesse coisas leves considerando sua doença, e Lucy irracionalmente se
perguntou por que ele tinha que ser tão atencioso, então ela não iria amar… não, não,
Lucy balançou a cabeça para si mesma, gostar… GOSTAR tanto do homem. Nenhuma
garota em sã consciência amaria um homem que a sequestrou, mentiu e depois a
beijou até a submissão de uma maneira tão… primitiva… certamente…

Jasper observou Lucy balançar a cabeça para si mesma. Ela estava franzindo
a testa. Isso não era um bom presságio para a linha de questionamento que ele
estava prestes a tomar. Ele precisava de respostas.
— Lucy, tenho uma pergunta bastante delicada para você, espero que não se
ofenda. — Ela olhou para cima, o rosto inclinado para o lado de forma expectante.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Ele fez uma pausa. Ele tentou formular isso em sua cabeça tantas vezes e ainda assim
todas as suas perguntas pareciam intrusivas.
— Bem, eu não vou saber até que você me pergunte — disse ela, levantando
uma sobrancelha. Ela parecia tão doce, Jasper pensou. Talvez ele não devesse se
incomodar e apenas puxá-la em seu colo e beijá-la até perder os sentidos. Mas não,
ele tinha que saber tudo. Ele respirou fundo.
— Seu irmão a machucou no passado Lucy? No sentido físico. — Ele viu a
boca dela abrir e fechar sem que nada saísse. Ela olhou para baixo, levou o
guardanapo à boca, enxugou e depois o colocou sobre a mesa, devagar e com
cuidado.

— Por que você pensaria isso?

— O médico mencionou hematomas extensos em seu lado. Algo que


aconteceu antes de você vir aqui. — Ela abriu a boca novamente para falar mas ele
a impediu caso ela culpasse uma queda. — Ele também mencionou os hematomas
em seu braço. Em forma de dedos.

Jasper não tinha certeza do que esperar. Ele sabia que Lucy era forte, mas
certamente ela gostaria de ter um confidente, um amigo com quem falar. — Pode
falar comigo Lucy, se não foi seu irmão, quem foi? Eu posso proteger você.

— Eu tive um resfriado. O que o médico estava fazendo examinando meu


corpo, é isso que eu quero saber? — Jasper não esperava por isso. Um rubor de raiva
estava crescendo em suas bochechas.

— Você foi encontrada no andar de cima Lucy. Imagino que não se lembre
porque estava febril. Ele tinha que se certificar de que você não tinha se machucado.
O doutor Mainwaring é um amigo pessoal e um homem de extrema discrição.
— Exceto para você, parece — Lucy retrucou com raiva. — Ele lhe deu
minhas medidas também? Ou você ficou no quarto enquanto ele fazia o “exame”?

Jasper não tinha certeza de como a conversa ficou tão fora de controle.

— Eu nunca estive na câmara Lucy quando você foi examinada. Só hoje me


sentei com você um pouco, e isso foi porque a criada estava exausta. O médico estava
preocupado com você, ele pensou… ele pensou que eu poderia ter causado os
ferimentos e estava defendendo você.

Ele observou enquanto Lucy se recostava na cadeira e decidiu continuar.

— Seu irmão Lucy… eu preciso saber…

— Não é da sua conta Jasper. Eu entendo sua necessidade de vingança contra


ele, eu realmente entendo. No entanto, você não vai mais me usar para isso. Sempre
que penso… ah, não importa. — Lucy se levantou, ela estava tão irritada. — Você

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


sempre vai olhar para mim e pensar no que meu irmão fez Jasper. Eu acredito que
você nunca vai deixar isso de lado. — Lucy respirou fundo e se acalmou.
— Tenho parentes na Escócia e gostaria de partir para ficar com eles o mais
rápido possível. A diligência está bem. Se você puder me levar para a pousada mais
próxima, eu irei de lá. Eu também gostaria de receber alguns fundos, minha tia irá
reembolsá-lo assim que eu estiver na Escócia.
Jasper ficou sem palavras. A retribuição contra seu irmão nem tinha sido um
problema. Ele só a queria segura.

— Lucy por favor, Vingança agora é a coisa mais distante em minha mente…

— Amanhã se possível — ela o interrompeu e se levantou da cadeira.

Jasper se levantou também. Ele não conseguia pensar em mais nada para
dizer a não ser obedecer a ela. — Muito bem Lucy, se é isso que você realmente quer.

— É isso. Não quero mais estar na sua companhia.


Machucado com suas palavras, Jasper atacou. — Você não se opôs à minha
companhia quando eu estava lhe cortejando, ou na floresta quando você estava
arqueando seu corpo para o meu toque. Você estava Lucy?
Ela ainda acreditava no pior dele; que tudo o que lhe interessava era vingança
e isso o tornava duro. — Eu poderia ter tido você…

— Foi tudo mentira Jasper — gritou ela. — O namoro, a sedução… tudo.

— Não, Lucy, por favor, isso não saiu como eu planejei. Escute-me.

— Não. Cansei de ouvir. Minha garganta está doendo muito. Acredito que vou
me retirar.
Ela saiu da sala e Jasper não a impediu.

Por que ela não deveria odiá-lo? Ele tinha feito todas as coisas de que ela o
acusou. Exceto que ele também era culpado por se apaixonar por Lucy. Ele ia dizer
a ela esta noite, uma vez que ele soubesse a verdade de seu irmão. Diga a ela que
ninguém jamais a machucaria novamente, que ele a estimaria até que estivessem
grisalhos e velhos.

Ele estragou tudo.

Lucy chegou em seu quarto calma e controlada. Ela queria ir para a Escócia.
Queria visitar sua tia. Jasper não se importava com ela dessa forma; ele ainda tinha
que falar sem parar sobre o irmão dela. Não era a preocupação com o bem-estar
dela, mas a vingança que o impulsionava. Ela sentiu seus olhos arderem e piscou
rapidamente. A Escócia poderia trazer novas possibilidades. Uma lágrima caiu e ela

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


a limpou. Ela poderia conhecer novos pretendentes, honestos e decentes. Mais
lágrimas caíram e ela desistiu, deitou na cama e chorou.

***

Jasper foi para seu quarto por volta da meia-noite. Ele esperava que o uísque
ajudasse com o aperto quase físico que sentia no peito toda vez que pensava na
partida de Lucy.

Depois de dois copos ele se sentiu pior, o álcool não iria funcionar… não desta
vez. Em vez disso, ele apenas olhou para o fogo com arrependimento e relembrou o
passado. Ele soube que Lucy era especial assim que a conheceu, tão diferente de seu
irmão quanto a lua e o sol. Sim, ele deveria ter fugido com ela para Gretna Green, e
depois que se casasse com ela, a trouxesse para Danbury Hall como sua esposa.

Ele parou na porta de seu quarto. Ela provavelmente estava dormindo


profundamente, feliz por saber que estava indo para a Escócia em breve e esqueceria
tudo sobre esse episódio infeliz em sua vida.

De repente, ele ouviu um grito abafado. Ele acalmou. Houve outro, desta vez
soou como um — não. — Havia alguém ali? De repente, ele teve uma visão sombria
de Bill e sua raiva de Lucy pelos arranhões que ela havia causado. Ele estava ali
recebendo sua retribuição? Certamente não, ele sempre confiou em Bill.

— Lucy, você está bem? — ele exigiu na porta, batendo forte. Não houve
resposta, exceto por outro grito baixo. Ele tentou abrir a porta e felizmente não
estava trancada. Não havia vela acesa, mas uma lua brilhante brilhava pela janela
para mostrar Lucy na cama. As cobertas estavam jogadas inquietas e ela estava
jogada diagonalmente na cama, seu corpo girando inquieto de um lado para o outro.
Seu cabelo estava um emaranhado sobre seu rosto e sua camisa emaranhada em
torno de suas coxas mostrando suas pernas brancas e macias. Ela estava sozinha.

— Deixe-me ir, — ela deturpou. Jasper foi se sentar ao lado da cama


instantaneamente e sentiu sua testa em busca de sinais de febre. Graças a Deus
estava fria. Ele afastou o cabelo dela para que ela pudesse respirar melhor.
— Não… Richard… não… me machucando… — ela gritou. Jasper cerrou os
dentes. Então tinha sido ele. E ele provavelmente trouxe as más lembranças com
suas perguntas quando eles jantaram. Ele se sentiu responsável por seu pesadelo.

— Lucy, minha querida, — ele se inclinou acariciando sua testa, sua


bochecha, seu pescoço. — Acorde, é Jasper, ninguém vai lhe machucar aqui, você
está segura. Lucy, acorde. — Ele beijou sua boca suavemente e seus olhos se abriram.

— J… Jasper, — ela sussurrou.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Sim, amor. — Ele a beijou novamente. Um pouco menos gentil desta vez,
mas suave. — Estou aqui — sussurrou ele entre beijos. O bom senso de Jasper fugiu
no momento que ele entrou no quarto e viu Lucy deitada na cama. E agora ela estava
em seus braços, flexível, cedendo e querendo. Ele a beijou novamente, mordiscando
seu lábio inferior. — Abra para mim Lucy. — Lucy obedeceu ao seu comando e sua
língua a varreu para reivindicar sua doçura.

Ele estava apoiado na mão direita, mas com a outra começou a explorar. O
comprimento suave de seu pescoço, o ombro arredondado. Ele gemeu em sua boca
quando encontrou seu seio coberto com um mamilo apertado. Ele passou o polegar
sobre ele, roçando o pico. Ela gritou debaixo dele, seu corpo arqueando em súplica
e desejo. Ela o beijou de volta. Forte, exigente e de todas as maneiras que ele jamais
imaginou.

Os dedos de Lucy estavam em sua nuca sensível, e ele sentiu o roçar duro de
suas unhas ali, a sensação foi até sua virilha, apertada e abrasadora. Sua mão
continuou sua exploração, o tempo todo suas bocas se encontravam e se separavam
apenas para se encontrar novamente em apreciação calorosa.

Ele seguiu o caminho do peito ao estômago, sentindo o material sedoso. Suas


coxas estavam ligeiramente separadas e Jasper deu as boas-vindas ao convite
aberto, deslizando a mão para baixo em antecipação ansiosa. Ele foi um pouco
áspero, muito ansioso enquanto a acariciava, mas todo o seu corpo se curvou contra
a sensação. Ela estava tão molhada que fez o corpo inteiro de Jasper apertar. Ele não
podia fazer amor com ela. Não aqui e não agora. Ele a queria como esposa, e queria
que fosse adequada, decente e honesta.

— Por favor Jasper… eu preciso de você, — ela respirou. Suas palavras


fizeram seu corpo queimar. Ele daria a ela tudo que ela implorasse, talvez ele
pudesse atá-la a ele com essa paixão que eles tinham, mas ele não se conteria de tirar
a virgindade dela enquanto todo o mal-entendido estivesse entre eles.

Ele a virou de lado e deslizou atrás dela. Desta forma, ele poderia resistir.
Resista à doçura de seus lábios, suas súplicas e seu calor. O braço sob ela acariciou
seu seio enquanto o outro retornou ao seu núcleo.

Ele acariciou, bajulou e esfregou até que ela estava ofegante em seus braços.
Seu corpo pegou o ritmo, moendo contra sua mão. A mente de Jasper estava focada
em seu prazer, mas seu corpo tinha sua própria agenda. Suas nádegas roçaram
contra sua virilha e seus quadris começaram sua própria dança, empurrando contra
sua suavidade. Ela se desfez de repente em seus braços, seu grito alto no silêncio da
câmara. Quadris arqueados, sua bunda esfregada contra ele em requintada agonia.
Jasper tentou parar, ele cerrou os dentes, mas sem sucesso, seu corpo estava muito
longe, seus quadris continuaram bombeando até que veio.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Difícil, rápido, satisfatório. Seu grito abafou quando ele afundou os dentes na
curva de seu ombro.
Quando ele conseguiu levantar a cabeça, ele se afastou. Suas roupas
grudadas, pegajosas e suadas. Ele a puxou de costas; ele precisava ver o rosto dela.
Ela abriu os olhos lentamente. Ela era bonita. Seus olhos estavam ligeiramente
vidrados e sua respiração era rápida e alta através dos lábios que estavam inchados
e vermelhos. Jasper acariciou seu rosto.

— Que sonho lindo… — ela ofegou baixinho. A mão de Jasper vacilou.


— Não é um sonho meu amor, eu sou real. Sinta-me. — Ele levou as mãos à
bochecha dela, mas o rosto dela se contraiu.

Ela balançou a cabeça fechando os olhos — apenas um sonho.


— Não, eu sou real, Lucy. Prove-me. — Ele se abaixou para tomar sua boca
novamente, mas ela murmurou e virou a cabeça.

De repente, nada parecia certo. Ele se afastou, e seu olho avistou o vidro no
armário de cabeceira.

— Lucy, Lucy você tomou um sonífero esta noite? — mas era óbvio que ela
tinha. Ele se jogou de costas. Deus, ela estava meio louca com essas coisas, não
admira que ela pensasse que era um sonho. Por que ele nunca considerou isso? Ele
colocou o braço sobre os olhos. Ele quase tirou a virgindade dela quando ela estava
muito drogada para saber o que estava acontecendo. Ele estava a apenas alguns
momentos de distância.

O mal-estar surgiu dentro dele. Ele não podia fazer nada certo por Lucy? Ele
tinha que sair. Ele começou a se levantar quando de repente sentiu uma mão macia
em seu peito; o movimento enviou calafrios eróticos por seu corpo que ele tentou
sufocar.
— Não me deixe Jasper, eu estava com tanto medo… não me deixe de novo,
— ela sussurrou, as palavras distorcidas. O corpo de Jasper, que havia sido saciado
tão cedo, ficou quente novamente. Ele reprimiu impiedosamente o sentimento e a
tomou em seus braços e fechou os olhos.
— Eu não vou deixar você Lucy, eu vou cuidar de você, — Jasper jurou.
Mesmo que isso significasse que ele tinha que levá-la para a Escócia como ela
desejasse.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Capítulo 8

“O gato vai miar, e o cachorro vai ter o seu dia. Eu não citei isso
errado. E não diga a Blinky essa frase; vai para a cabeça do pug.” —
Tia Augusta.

Lucy despertou lentamente e abriu os olhos para o amanhecer. Ela se sentiu…


bem. Isso foi uma surpresa. Ela também se sentia aquecida, segura e… e… havia um
braço masculino em volta de sua cintura. Que… indecoroso. Também se sentiu
muito, muito, muito bem, ela admitiu para si mesma. Ela sabia que era Jasper. Ela
sabia pelo cheiro de sândalo, pelo formato de sua mão e um conhecimento inato que
ela não conseguia explicar.

Ela também sabia por que se lembrava da noite passada. Ela se lembrava de
tudo.

Ela queria ficar, mas a necessidade do banheiro estava se tornando uma


questão premente. Ela tentou se desvencilhar do braço, mas ele o apertou ao redor
dela e ela sentiu uma boca murmurar em seu cabelo, soou como “Lucy amor”, mas
ela não ousou ter esperança. Ela se contorceu novamente, mas desta vez ela o ouviu
fazer um zumbido distinto e, em seguida, mover seus quadris contra a parte inferior
de suas costas.

Ela congelou quando sentiu aquela “coisinha” de seu impulso contra ela. Ela
gostaria de saber como chamá-lo, pois usava “coisinha” para significar outras
coisas… bastante e bem… agora não podia, pois sempre pensaria nisso… NISSO. E se
ela esquecesse a palavra para sal no jantar e pedisse a alguém para “passar a coisa”
e então ela pensasse NISSO. Ela coraria e depois derreteria em uma poça de
vergonha. E embora tia Augusta tivesse sido bastante liberal, elas nunca discutiram
os detalhes do corpo de um homem. Ela conhecia a mecânica, afinal cresceu no
campo, mas nunca tinha sido discutido abertamente. Ela também não sabia que
ficava maior quando eles estavam dormindo, que notável, tinha uma mente própria.
Lucy sentiu-se ficar bastante corada e tentou se afastar, gentil, mas
rapidamente. A mão agarrou-se a ela, mas ela foi muito rápida, e em vez disso, ela
empurrou o travesseiro para ele. Ele a agarrou possessivamente. Lucy não tinha
certeza se não deveria ficar chateada por um travesseiro ser um substituto aceitável.

Ela fez suas abluções matinais, vestiu-se simplesmente porque estava sem a
criada e depois olhou pela janela. O jardim brilhava com o orvalho. Tudo parecia
limpo e fresco. Com cuidado para não perturbar Jasper, ela decidiu dar um passeio
cedo pelos jardins para limpar os pulmões. Ela desceu as escadas na ponta dos pés
e gentilmente puxou os ferrolhos que abriam a porta principal.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Ela caminhou pela lateral da casa até a antiga horta. Estava um pouco
negligenciada e tinha mais do que algumas ervas daninhas entre os vegetais em
crescimento. Ela havia descoberto o jardim antes de ficar doente; embora mal
cuidado, era pacífico, calmo e virado ao sul recebendo o seu quinhão de sol.

Abelhas madrugadoras zumbiam no ar em busca do café da manhã e Lucy


sentou-se em um dos bancos apreciando o nascer do sol, banhando o rosto com seu
fraco calor.

Foi a voz da criada que a atraiu primeiro para este jardim. Elspeth estava
tentando dar um pouco de vida a uma salsa bastante mole, dizendo-lhe que, se não
se animasse, ela plantaria um pouco de hortelã em seu lugar. Depois de receber as
ameaças de Elspeth sobre seus soníferos, Lucy tinha poucas dúvidas de que a salsa
obedeceria.

Uma leve brisa soprou pelo jardim e Lucy estremeceu, embora não tivesse
certeza se era o frio ou a lembrança da noite anterior.
Um pesadelo a assediara. Ela estava de volta no corredor com seu irmão, mas
desta vez uma figura sombria estava lá também. Richard a estava sacudindo com
força, dizendo que ela deveria se casar com a figura encapuzada. Ela recusou e ele a
esbofeteou. Ela caiu no chão e foi confrontada pela bainha da capa. Nervosa, ela
olhou para cima, apavorada. A capa caiu lentamente do corpo e diante dela estava
um esqueleto.

Se ela não soubesse melhor, teria jurado que estava lendo um conto gótico da
Sra. Radcliffe antes de dormir.
Ela gritou de terror e, de repente, Jasper estava ali. Ele estava acariciando seu
cabelo e beijando-a suave e docemente. Dizendo que nunca deixaria ninguém a
machucar. Ela sentiu tanta alegria, este era o Jasper que ela queria, protetor,
apaixonado e doce.

A necessidade dele queimou através de seu corpo, mas por alguma razão ele
se conteve em tomá-la completamente e em vez disso — Lucy corou mesmo que não
houvesse ninguém para ver isso. Ela se lembrou de sua mão suave e gentil no início
e depois ficando mais áspera enquanto ele descia por seu corpo. Ela tinha sido
positivamente uma libertina, arqueando-se em suas carícias, na escuridão da noite,
livre de engano, sentindo o desejo de Jasper.

E ele queria.

Ela não era tão inocente. Jasper continuou a empurrar seus quadris contra a
suavidade de seu traseiro. Seus movimentos — ásperos e erráticos, até que ele
também gemeu sua liberação, seus dentes beliscando nela. Ela nunca sentiu nada
tão sensual em toda sua vida.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Naquela noite ela havia bebido alguns goles do sonífero, mas apenas o
suficiente para fazê-la dormir, não para deixá-la grogue (o resto foi para o penico,
que se dane Elspeth), e depois o cansaço do prazer combinado com o conforto a
deixou sonolenta.

Ela abriu os olhos com relutância enquanto Jasper a colocava de costas. Ele
estava olhando para ela. E com tanta ternura e amor que ela fechou os olhos
novamente. Vagamente ela se lembrava de ter murmurado que tudo devia ter sido
um sonho. Enquanto Jasper protestava com mais beijos, seus pensamentos
começaram a escapar.

As mãos de Morfeu estavam em suas bochechas, arrastando-a para uma


escuridão quente, então sua boca estava na dela, exalando sua respiração indutora
de sono.

Então ela não se lembrava de mais nada.

Lucy começou a voltar para a casa. Ela precisava voltar para Jasper, para ver
se aquele olhar de ternura e amor tinha sido real, para saber se seus carinhos de
“Lucy amor” eram verdadeiros. E se fosse verdade, então ela deixaria seus próprios
sentimentos serem conhecidos.

Ela tinha sido dura na noite passada no jantar. Talvez ele tivesse o bem-estar
dela em mente, mas na época parecia que ele continuava perseguindo seu irmão,
sem se importar que a machucasse no processo. Quaisquer que fossem as razões…
eles só precisavam conversar.

Ela se levantou do banco e começou a atravessar o caminho da horta de volta


para a casa. O jardim era murado e tinha duas entradas. Uma levava à casa principal,
a outra era uma pequena porta lateral que dava para a propriedade aberta e
abandonada. Lucy franziu a testa, a porta lateral estava aberta. Ela poderia jurar que
estava fechada quando ela entrou. Ela atravessou o caminho de tijolos para protegê-
la, pois só podia imaginar a devastação que um cervo selvagem poderia causar no
jardim, que já estava em um estado bastante ruim.

Ela estava quase comendo a salsa de Elspeth, e realmente parecia saudável.


Quando de repente uma mão enluvada se fechou em torno de sua boca. Apertada.
Ela lutou para respirar. Então uma voz falou perto de seu ouvido, sussurrando com
ameaça.

— Você não é uma irmã chorona querida. Tenho uma faca bem afiada nas
suas costas. — Lucy sentiu a verdade de repente cutucar com força a parte inferior
de sua coluna. — Você vai ficar quieta quando eu retirar minha mão? Mesmo
pequenos cortes podem doer consideravelmente, você sabe.

Lucy assentiu, a mão enluvada de couro a estava sufocando, e ela mal


conseguia respirar enquanto cobria tanto a boca quanto o nariz. Richard tirou a

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


palma da mão do rosto dela e Lucy engoliu o ar fresco e puro. Ainda sentindo a
pressão da faca.
— Você sempre foi madrugadora. Eu estive esperando por você. Agora mova-
se lentamente para a porta lateral e sem gritar por socorro. Eu também tenho uma
pistola e não hesitaria em usá-la em qualquer um que pudesse vir em seu auxílio.

Lucy queria gritar… bem alto. No entanto, ela sabia que Jasper estava
dormindo do outro lado da mansão e que tão cedo, provavelmente apenas Elspeth
ou Robinson estariam acordados e ela não tinha dúvidas de que Richard cumpriria
sua ameaça.

Ele era perigoso, ela podia sentir isso. Um perigo desesperado que parecia
escorrer dele como um miasma destruidor e fez seu coração bater descompassado.
Ela olhou para a casa, mas a horta só dava para cômodos não utilizados, habitados
apenas por fantasmas invisíveis da família.

— Mexa-se, Lucy, — a faca cutucou novamente. Tropeçando em suas saias


quando ele a empurrou para frente, ela caiu sobre as mãos no caminho de tijolos,
raspando as palmas das mãos. — Megera estúpida, levante-se. — Lucy sentiu a mão
dele na parte de trás do vestido puxando-a para cima, mas ela se fez de um peso
morto. Quando suas mãos caíram no caminho, o bracelete de sua mãe brilhou para
ela e uma ideia lhe ocorreu. Quando Richard a puxou para cima, ela arrancou o
bracelete de seu braço e deixou cair no caminho, movendo as saias para cobri-lo da
vista de seu irmão. O braço de Richard passou ao redor de sua cintura puxando-a
para cima e desta vez ela sentiu a faca na parte de trás de seu pescoço, ela podia
sentir a lâmina mordendo sua nuca. — Eu não acho que você está levando isso a
sério Lucy, — e ele apertou a faca com mais força.

— Desculpe Richard, só estou com medo. — ela sussurrou. Ela sentiu a faca
recuar ligeiramente.

— Então mexa-se, e rapidamente. Estamos aqui há muito tempo. — Ele a


empurrou novamente e desta vez Lucy fez o que lhe foi dito, caminhando até a porta
lateral do jardim. Do outro lado, um cavalo amarrado os olhava preguiçosamente
enquanto mastigava a grama alta até o joelho. Este lado da propriedade não tinha
sido cuidado por muito tempo. Era uma terra arável aberta com floresta além, e
algumas árvores que pontilhavam a cena bucólica.

Richard colocou Lucy no cavalo e ela quase deslizou novamente, mas ele
rapidamente montou no cavalo atrás dela, segurando-a firmemente no lugar diante
dele. Ele sempre foi um cavaleiro experiente e colocou o cavalo castrado em um
ritmo contundente através do prado, dirigindo-se a um bosque de árvores ao longe.
Lucy olhou para a mansão, mas nada se mexeu. Era como se toda a habitação
estivesse ignorando sua situação, virando as costas para ela.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Não devidamente sentada no cavalo, ela podia sentir cada batida dos cascos
reverberando por seu corpo, mas ainda assim ela tentou falar com seu irmão. —
Richard, porque… — ela começou a implorar.

— Cale a boca, cale a boca, — ele gritou agora, sem fôlego e livre de ter que
sussurrar. — O problema que você causou. Eu preciso da Lucy tímida, você não
consegue entender. Eu preciso disso. Se você fosse uma irmã amorosa, faria isso por
mim. — Lucy fechou os olhos contra o estremecimento dos movimentos do cavalo e
a… loucura de Richard. Não havia raciocínio com ele e ela agora sabia.

Assim que chegaram ao pequeno bosque de árvores, ela pôde ver uma grande
porta velha e acabada inserida no limite do muro de tijolos da propriedade. Ao som
de cascos, um homem deslizou de trás de uma das árvores e abriu a porta. Ele estava
vestido com uma capa preta e chapéu e Lucy sentiu que o porteiro do inferno não
poderia parecer mais ameaçador. Ambos tiveram que se abaixar enquanto
passavam e então ela pôde ver que uma pista escura e úmida que corria entre a
parede e a floresta. Parada, parecendo deslocada, estava uma carruagem fechada
com um par de cavalos.

Richard desmontou e Lucy deslizou ignobilmente. O desconhecido abriu a


porta da carruagem e, antes que ela pudesse protestar, foi empurrada para dentro.
Lucy olhou seu irmão com cautela quando ele se sentou a sua frente. Ele bateu no
teto e a carruagem partiu, balançando precariamente no caminho esburacado.

Lucy deu sua primeira boa olhada em Richard. Seu rosto estava branco com
grandes anéis pretos ao redor dos olhos. Ele estava suando profusamente e parecia
que tinha dormido com as mesmas roupas por dias. Lucy gostaria de pensar que ele
estava preocupado com ela, mas ele estava preocupado somente com o dinheiro.
Ainda assim, ele parecia muito… doente. — Richard, você não parece bem.

— É surpreendente. Eu estive sem… não importa. Em breve você será o


problema de outra pessoa.

— O que está acontecendo? — Lucy perguntou, tentando manter a voz forte.

Richard de repente pareceu astuto. — Disse a Ketridge que você estava um


pouco relutante. Tive que atrapalhá-lo de alguma forma até encontrar você. Deixei-
o saber que você correu para os amigos. Ele não tem nenhum problema com a parte
relutante, na verdade eu acho que ele vai gostar disso, — ele sorriu maliciosamente
e o estômago de Lucy revirou com o mal-estar. — No entanto, a pureza é um
problema. Mas você ainda é, não é Lucy? Uma defensora da moral como você
transando antes do anel estar no dedo, acho que não, apesar do que Eloise disse.

— Eloise, — Lucy ofegou em choque.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Ah sim, ela foi muito direta. Mulher estúpida. Ainda parecia pensar que eu
estava interessado nela. E quanto a Danbury, bem, Ketridge vai se certificar de que
ele seja destruído.

— Para onde vamos agora?

Sorrindo, ele olhou para ela. — Indo conhecer seu futuro marido, Lucy. Não
há necessidade de esperar agora, Ketridge está trazendo um pároco.

— Mas os proclamas… — protestou Lucy.


— Não há necessidade deles se você tiver a licença especial, e Ketridge está
nadando em banha. Agora calma, eu preciso dormir um pouco, eu não dormi ontem
à noite. — Ele abriu um olho. — E não há como escapar Lucy. Estamos indo muito
rápido, e é provável que você se machuque se pular. Você viu meu condutor Nick?
Ele também é muito habilidoso com uma pistola. Só para você saber.

Lucy se acomodou. Não, ele estava certo, ela não escaparia agora e arriscaria
se machucar. Ela deveria esperar seu tempo e aguardar uma oportunidade.

***

Jasper bocejou e lentamente voltou à vida quando sentiu os raios de sol


aquecerem seu rosto. Ele não estava em seu próprio quarto, ele também não estava
no escritório. Ele também estava segurando um travesseiro como uma criança
segurando seu brinquedo favorito, ele o soltou rapidamente. Que diabos… o cheiro
de jasmim o envolveu e com isso veio tudo o que havia acontecido na noite anterior.
Ele rolou xingando. Ele era um completo bastardo, sim, ele queria Lucy, mas não
naquelas circunstâncias. A única coisa pela qual agradecer era que ele não a tinha
tomado. Nenhum dano duradouro… exceto para ele.
Sentiu falta de sua presença na câmara e o frio penetrou em seus ossos. O que
Lucy pensou quando acordou. Ele se sentou de repente; ela não tentaria sair com
certeza. Ele tinha feito uma promessa de que a levaria para a Escócia, mas depois de
encontrá-lo em sua cama esta manhã ela poderia ter pensado o pior dele e fugido
novamente.

Ele se levantou e correu para seu próprio quarto. Não se preocupou em lavar,
mas vestiu calças limpas, camisa e botas. Seu valete poderia ficar horrorizado em
outra ocasião, ele precisava encontrar Lucy. Jasper desceu as escadas em direção à
sala de café da manhã. Ele esperava fervorosamente encontrar Lucy comendo ovos
e chá, ele até ficaria feliz se ela estivesse cuspindo fogo nele por cima da mesa, desde
que ela estivesse ali.
— Elspeth, você viu a Srta. Lazenby? — ele pegou a criada a caminho da sala
de café da manhã com sua dose matinal de café.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Não, milorde. Achamos que ela ainda estava na cama e, com a poção para
dormir que dei a ela ontem à noite, pensei em acordá-la mais tarde. — Jasper fez
uma careta com a menção da maldita poção.

— Eu… er… coloquei minha cabeça pela porta, ela não está lá. — Jasper
rebateu.

— Oh, bem, talvez ela tenha ido passear, está uma manhã linda, se ela
quisesse clarear a cabeça.

— Sim, sim uma caminhada. Vou verificar. Você também pode perguntar a
todos se eles a viram? Peça a Robinson que me informe, estarei no jardim.

Elspeth fez uma reverência. Ela gostava de seu mestre e ela também gostava
da Srta. Lazenby, ela só queria que eles resolvessem suas diferenças. Qualquer um
podia ver que eles estavam apaixonados um pelo outro. Ela suspirou e foi em busca
do Sr. Robinson, janotas tornavam tudo tão difícil para eles.

Jasper correu para os jardins principais na parte de trás da casa, mas tudo
estava quieto e calmo na manhã imaculada. Ele tentou o pátio, enfiou a cabeça pela
porta da horta, os estábulos (nenhum cavalo faltando) e até enfrentou a gruta em
ruínas, ela não estava em lugar algum. Certamente ela não teria chegado perto da
floresta, não agora que ela sabia sobre as armadilhas. A única outra alternativa era
que ela havia atravessado o parque tentando ir para a aldeia. Jasper suspirou e
passou a mão pelo rosto áspero da barba por fazer, ele supôs que era possível. Se ela
não pudesse ser encontrada ali dentro, ele vasculharia a paisagem circundante,
William, o cavalariço, poderia ajudar.
Robinson o encontrou na porta para transmitir a informação de que Lucy não
estava lá dentro.
— Nós vasculhamos a casa inteira milorde, e a Srta. Lazenby não foi
encontrada. Notei que os ferrolhos já estavam abertos esta manhã. Posso sugerir
que ela pode ter caminhado até a vila?

— Meus pensamentos, Robinson. Deixe Will saber que eu quero Morgan


selado e um cavalo para ele, ele pode me ajudar a procurar.

— Claro, vou pedir ao cozinheiro que forneça alguma comida para levar com
você.

— Eu não quero… — o mordomo interrompeu a resposta de Jasper.

— O estômago vazio não é propício para uma mente clara… milorde —


acrescentando o último como se de repente se lembrasse com quem estava falando…
e com quem havia interrompido.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Gostaria que tivéssemos você na península, Robinson. Nunca teria passado
fome — Jasper respondeu despreocupado com a interrupção do homem. — Como
você quiser então, diga ao Will que estarei lá logo.

Robinson balançou a cabeça enquanto observava seu mestre subir as escadas


de dois em dois. Ele se juntou à casa quando o jovem Lorde estava na guerra e
Robinson agora tinha uma forte ligação com a casa e seus ocupantes. Ele também
gostava da Srta. Lazenby e achava que ela seria uma boa dona da casa. Ele se virou
balançando a cabeça; era o namoro “mais estranho” que ele já tinha visto.

***

Duas horas. Jasper e Will passaram duas horas procurando e não havia sinais
de Lucy. Ele havia visitado os inquilinos e a aldeia e não havia indicação de que Lucy
estivesse por perto.
A única coisa que aconteceu naquela manhã foi que uma das crianças da
aldeia disse que tinha visto uma carruagem, viajando na estrada para Londres. Não
era uma visão muito incomum, mas era cedo e algo… algo não parecia certo. Lucy
poderia ter pedido para a levarem ao ocupante da carruagem? O menino havia dito
que estava em um ritmo razoável, então parecia improvável que tivesse parado. O
cavalo de Jasper jogou a cabeça em desgosto quando ele puxou as rédeas com muita
força.

— Desculpe, meu velho. Apenas estou muito preocupado com ela, — Jasper
disse enquanto acariciava o pescoço de Morgan. Ele voltaria para casa para ver se
havia alguma notícia, se não reuniria mais homens e vasculharia a floresta.

Robinson o encontrou na porta.

— Ela foi encontrada? — Jasper gritou enquanto se jogava do cavalo.

— Não, milorde. No entanto, Elspeth, a criada, encontrou algo.


Jasper foi até o escritório pedindo a Robinson para buscar Elspeth. Deus, ele
esperava algumas boas notícias. Houve uma batida e tanto Elspeth quanto Robinson
entraram fechando a porta atrás deles.

— O que você encontrou Elspeth? — Jasper perguntou. Ele estava muito


impaciente para se preocupar com sutilezas.
— Eu estava na horta, milorde. Cuidando da salsa. Tem estado muito mal
ultimamente e eu estive… — uma garganta limpa de Robinson interrompeu a
diatribe de Elspeth sobre problemas da salsa. Ela não parecia devidamente
castigada. — Como eu estava dizendo… eu estava cuidando da salsa quando vi algo
brilhando no caminho em frente a ela. Acho que é a pulseira da Srta. Lazenby, mas

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


não sei se ela acabou de perder. Só me lembro de ver isso nela quando ela estava
mal.
Elspeth estendeu uma pulseira de ouro, era uma peça robusta, mas parecia
delicada em contraste com a mão áspera e calejada de Elspeth, e Jasper
imediatamente a reconheceu. Era incomum em seu desenho, tendo juntado as mãos
para um fecho.
Jasper o pegou da criada e a inspecionou. De uma coisa ele tinha certeza: Lucy
a estava usando na noite anterior. Lembrou-se de senti-la na nuca quando os dedos
dela o acariciaram ali. Também estava quebrada. O fecho estava intacto, mas os elos
estavam quebrados. Ele supôs que ela pode ter ficado presa em seu vestido ou algo
assim esta manhã enquanto estava no jardim, mas os elos eram fortes e era como
se…

— Acho que foi arrancada… ou por Lucy ou… — ele não terminou. — Onde
está localizada a sua salsa na horta Elspeth?

— Do outro lado, junto à parede.

— Leve-me até lá — Jasper exigiu. Ele não achava que realmente andava pela
horta desde que era um rapaz. Uma vez lá, eles se dirigiram para a porta lateral. O
caminho parecia imperturbável, mas as ervas daninhas ao lado da velha porta
haviam sido empurradas para trás como se tivessem sido abertas recentemente.
Jasper destrancou a porta e todos eles entraram. Do lado de fora, tudo parecia
repousante e silencioso, mas um pedaço de grama perto do muro havia sido
achatado e parcialmente comido.
— Algum dos inquilinos pasta seus animais aqui? — Jasper perguntou. Mas
ele já sabia a resposta.
— Não, milorde. Provavelmente vai esperar até fazer feno agora. — Jasper
assentiu distraidamente. Ele olhou para a paisagem e seus olhos se detiveram no
bosque de árvores ao norte.

— Aquele velho portão de caça ainda está perto daquele bosque de árvores?
— Jasper perguntou.

— Não sei disso, milorde — respondeu Robinson, mas Elspeth interrompeu.

— Sim, milorde. Os caçadores furtivos às vezes o usam, pois há bons coelhos


à disposição… aparentemente… pelo que ouvi dizer, — ela parou.

Jasper olhou para longe, seus olhos vidrados com memórias. — E depois há
uma pista que leva à estrada principal para Londres, correto?

— Sim, milorde — respondeu Elspeth. Por uma vez, sendo sucinta.

Então Jasper soube.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Aquele sentimento mesquinho sobre a carruagem. A pulseira arrebentada. A
vegetação perturbada. Lucy não tinha fugido novamente. Quando ela acordou, se ela
estivesse descontente, ele teria sido acordado por um tapa. Não, Lucy tinha sido
levada, provavelmente enquanto caminhava no jardim.

Era Ketridge ou seu irmão.

Jasper começou a voltar para a casa, sua comitiva trotando atrás dele. A única
coisa que o incomodava era como qualquer um daqueles homens sabia que Lucy
estava aqui. Sua equipe era leal, eles haviam lhe mostrado isso. A Bill confiaria sua
vida, pois havia lutado com ele na Espanha. Só restava… Eloise. Certamente ela não
iria…, mas Jasper sabia melhor do que isso. Ele se lembrou de suas amargas ameaças,
sua raiva por ter sido frustrada. Bem, só havia uma maneira de descobrir. Eloise
estava em Londres e essa foi a direção que a carruagem também tomou.

— Diga a Will para selar… — Maldito inferno, ele gastou seu cavalo mais
rápido procurando na propriedade e na vila esta manhã. No entanto, se Lucy tivesse
sido levada de carruagem, não importava que ele pudesse chegar a Londres mais
rápido a cavalo. As estradas estavam esburacadas pelas chuvas da primavera e, por
mais forte que o motorista estivesse com o chicote, eles não poderiam ir tão rápido.

— Diga a Will para selar Black Bart; e Robinson, encontre-me na sala de


armas.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Capítulo 9

“Até os cachorrinhos mais desagradáveis podem mudar com o


manuseio gentil, ossos carnudos e muito ar fresco. Não é diferente
com humanos… seu primo Wilberforce até gostava dos ossos
carnudos.” – Tia Augusta.

Jasper chegou a Londres em boa hora. Fazia um tempo desde que ele montou
seu cavalo árabe Black Bart e era bom deixá-lo exercitado. Eloise tinha uma casa na
rua Henrietta, uma área surpreendentemente respeitável da cidade. Ele deu uma
moeda a um rapaz de aparência desalinhada para passear com seu cavalo e foi até a
porta de Eloise.

Ele estava ciente de que ele não parecia o seu melhor. Durante a viagem ele
ficou empoeirado, sua gravata agora estava torta e ele cheirava a cavalo e couro, ele
duvidava que o mordomo o deixasse passar pela porta.
— Visconde Danbury para ver a Sra. Hamilton — Jasper informou ao
mordomo de aparência bastante bonita, entregando seu cartão de visita ao mesmo
tempo.

— A Sra. Hamilton está indisposta e não vai receber visitas nos próximos dias.
Vou informá-la de sua chegada… e partida.

O maldito insolente pensou Jasper. Ele avaliou o homem, embora jovem, ele
não parecia particularmente forte. Eloise parecia gostar da aparência pálida e
tímida, se seu mordomo e Lazenby eram algo para considerar.

O sujeito estava fechando a porta quando Jasper enfiou o pé para impedir que
ela fechasse. Ele empurrou a porta para trás, pegando o mordomo de surpresa; o
pobre homem quase foi nocauteado pelo peso da porta batendo em seu rosto.

— Milorde… — mas as palavras foram abafadas pela mão segurando o nariz


que começava a sangrar. Jasper lhe entregou um lenço e então entrou no salão de
recepção gritando o nome de Eloise.

— Porque toda essa comoção, Albert, eu lhe disse… — Jasper viu Eloise parar
no topo da escada.

— Jasper, — ela engasgou em choque.

— Não sei por que você está tão surpresa ao me ver Eloise; você devia saber
que este seria o primeiro lugar que eu procuraria por ela. Onde ela está? — ele
manteve a voz calma e controlada. Ele ainda não tinha certeza se Eloise tinha alguma
participação no desaparecimento de Lucy, mas ele tentaria o blefe.

— O…quem Jasper? — sua voz trêmula.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Não brinque, Eloise. Não finja que não sabe por que estou aqui. Agora você
vai descer ou devo transmitir sua roupa suja para os criados?

— Suba, Jasper.

— Sem truques, — ele disse asperamente — não há tempo.

— Não, sem truques — respondeu Eloise. Ele ficou surpreso ao ouvir


capitulação na voz dela, e agora tinha certeza de que ela sabia de alguma coisa.
Jasper subiu as escadas de dois em dois. Quando ele finalmente chegou ao topo,
Eloise já havia se virado e se dirigia para seu boudoir. Se isso fosse um truque para
seduzi-lo, ele nunca a perdoaria.

Rangendo os dentes, ele a seguiu. Eloise se virou assim que entrou no quarto
e pela primeira vez ele viu seu rosto. Um hematoma roxo estava se formando sob
seu olho esquerdo e seu lábio estava rachado e inchado.

— Deus Eloise, o que aconteceu?

— Eu, eu pensei que poderia trazer Richard de volta. Achei que ele ia gostar
da informação que eu tinha, — ela soluçou. — Eu disse a ele que estávamos bem
juntos, tínhamos coisas em comum. Aquelas matronas da alta sociedade, olhando
para mim com desprezo, elas não são melhores do que eu. E Richard, ele odiava seus
modos esnobes também, mas ele mudou. Ele me chamou de prostituta intrigante,
e… e ele me acertou Jasper. Ele nunca me bateu antes. — Eloise desabou soluçando
em suas mãos.

Isso não era nenhum truque.

Ele foi até Eloise e a sentou na espreguiçadeira. Ele se agachou diante dela e
tirou as mãos dela do rosto. Lágrimas escorriam por suas bochechas e ele sabia que
eram reais. Seus olhos estavam vermelhos e seu nariz estava molhado, Eloise nunca
deixaria isso acontecer a menos que estivesse honestamente angustiada. Ele tirou o
segundo lenço e secou as lágrimas dela.

Eloise fungou alto

— Você vai curar Eloise. Você é incrivelmente linda, espirituosa e, quando


quer ser, gentil. Qualquer homem ficaria feliz em ter você.

— Você não me queria Jasper — ela rebateu

— Eu não queria nenhuma mulher naquela época, Eloise; Helena de Tróia não
poderia ter me tentado.

— Mas você se apaixonou por aquela senhorita, não é? Eu vi o jeito que você
olhou para ela durante aquele jantar. Eu disse que ela olhava para você com “olhos
de ovelha”, mas não disse que você olhava para ela como um lobo.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


“Olhos de ovelha” ele adoraria ter visto o rosto de Lucy com aquele insulto.
Ele nunca tinha considerado Lucy como tal. Ele poderia se considerar o “lobo” como
uma descrição adequada, mas Lucy era mais como uma corça. Graciosa e calma, mas
forte, e grandes olhos brilhando com inteligência.

— Hmm, — Jasper respondeu — e eu teria escolhido me apaixonar pela irmã


do mesmo homem que considero responsável pela morte do meu irmão. Não. Mas
ela é inocente em tudo isso, Eloise. Eu fiz mal a ela e se ela puder me perdoar eu me
consideraria o mais sortudo dos homens. Por favor, Eloise, se você souber de alguma
coisa…

— Eu disse a Richard onde ela estava, ele estava tão bravo. Eu disse que
seríamos uma boa parceria, mas ele apenas riu e me bateu. Você tem que ter cuidado
Jasper. Ele não costumava ser violento. Falei com alguns de sua turma. Há rumores
de que há credores nas costas dele e alguns não muito bons também. Ouvi dizer que
ele foi visto em antros de ópio.

Jasper suspirou. — O ópio pode fazer coisas desagradáveis Eloise. A forma


em láudano ajuda com a dor, mas se você tomar muito… bem, parece-me que
danifica a mente também. Um dos meus amigos ficou viciado nisso quando estava
muito doente. Aqueles próximos a ele disseram que ele se tornou… diferente.
Ninguém mais importava para ele, ele estava quase melhor morto.

— Ele sobreviveu? Seu amigo?

Jasper pensou em Mainwaring agora. Ele ainda estava se recuperando, mas


“bolas de ferro” trouxeram um sorriso ao seu rosto. E quem poderia realmente
culpá-lo por seu vício nas coisas quando ele foi tão queimado.

— Sim, ele se curou, e está quase de volta ao seu antigo eu.


— Talvez Richard pudesse ser persuadido… — Eloise tentou. Jasper pensou
o contrário, mas não gostava de decepcioná-la.

— Talvez, mas eles têm que querer desistir. Meu amigo, ele atacou um criado
por ter deixado cair o jantar nele. Horrorizou-o perceber que havia batido em uma
criança; ainda havia o suficiente de “si mesmo” para mudar. Você entende Eloise? —
Ela assentiu, enxugando os olhos.

— Você tem alguma ideia de onde eles estão? Ele pode estar machucando
Lucy.

— Richard ainda espera que o duque de Ketridge se case com ela, então
duvido que ele a machuque. Ouvi rumores de que Richard se alojou em uma taverna
para escapar de seus credores. Mas tome cuidado Jasper, acredito que seja em St.
Giles.

— Você sabe o nome da taverna?

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Não tenho certeza, mas Albert ouviu Richard e seu cocheiro, algo sobre um
“pato”…
— Bem, é um começo. Eu vou imediatamente. Devo chamar sua criada? Ou
talvez Albert? — Jasper piscou.

Eloise soltou um meio soluço, meio riso. — Albert e a criada também, por
favor, Jasper. Acredito que meu mordomo pode precisar de alguns mimos depois
que você forçou a porta na cara dele. E eu odiaria tanto perdê-lo. Ele tem
maravilhosas… mãos.
— Eloise, você é incorrigível. Cuide-se e se precisar de alguma coisa, mande
mensagem. — Vendo Eloise acenar com a cabeça, Jasper se virou e desceu as escadas
correndo, com a intenção de encontrar Lucy.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Capítulo 10

“Oh, algum poder nos daria a dádiva, para nos ver como os
outros nos veem. Ah, um patife meu Robbie Burns, mas ele tinha
jeito com as palavras.” — Tia Augusta

— Eu não vou casar com a garota até que um médico a tenha visto e verificado
que ela ainda é pura. — O Duque de Ketridge exigiu.

— Eu… eu posso lhe prometer… — Richard gaguejou.

— Eu não ligo para as promessas de um fumante de ópio viciado. Qualquer


coisa poderia ter acontecido enquanto ela estava com amigos. Existem outras
mulheres que você conhece, mas eu escolhi essa garota porque você prometeu, —
ele zombou a palavra lentamente, — que tudo poderia ser feito de forma rápida e
discreta. Tempo é essencial. Agora saia da minha vista e traga um médico de volta
com você. Um respeitável. Não quero nenhum charlatão sujo acariciando minha
noiva — gritou. Uma porta bateu.
Lucy afastou-se rapidamente da parede contígua à qual tinha encostado o
ouvido e sentou-se empertigada na pequena cadeira junto à janela. Dava para um
beco lateral que atualmente abrigava duas prostitutas conversando sobre seus
últimos clientes, em voz alta, e um homem… bem, fazendo xixi na parede.
Lucy torceu o nariz e tentou desesperadamente encontrar uma saída. A porta
estava trancada e a janela tinha grades. O quarto também ficava no andar de cima
de uma taverna bastante revoltante chamada “O Sujo… alguma coisa”, ela não
conseguiu ver o nome completo e não entendeu a foto na placa.
Ela vagamente pensou que estava em St. Giles Rookery. Ela nunca tinha
estado ali antes, mas pelas histórias, ela imaginou que seria assim. Richard havia
fechado as cortinas da carruagem quando se aproximaram de Londres e, quando
pararam, ela foi empurrada sem cerimônia para a taverna. Ela apenas vislumbrou
um grupo bastante heterogêneo de homens no bar. Ela havia pensado em pedir
ajuda assim que chegassem ao seu destino, mas vendo os clientes da taverna, ela
percebeu que uma mulher sequestrada provavelmente era uma ocorrência diária. E
mesmo que eles a “resgatassem”, eles provavelmente a estuprariam ou a venderiam
para um bordel, nenhum deles a ajudaria. Embora nem Ketridge, o Duque da Morte.
Quando chegaram à taverna, Richard a empurrou para dentro da sala e saiu,
trancando a porta atrás de si. Ela procurou por uma arma, mas o quarto estava vazio,
exceto uma cama suja, a cadeira e uma pequena mesa. Ela podia ver o lado de um
penico debaixo da cama, mas ela não se arriscaria a olhar lá embaixo. Sua única
opção no momento era bater na cabeça de alguém com a cadeira.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Infelizmente, Richard voltou com Ketridge e um guarda bastante grande. Isso
fazia três homens, e ela tinha certeza de que só conseguiria dar conta de um com a
cadeira. Ketridge a rodeou lentamente.

Ele beliscou o rosto dela com a mão ossuda e exigiu: — Olhe para mim, garota.
— Ela queria cuspir na cara dele, mas o desespero de sua situação a atingiu e ela se
sentiu assustada e desamparada. Ela olhou para cima.
O rosto de Ketridge estava magro e abatido. Suas feições eram levemente
deformadas de um lado e do outro ele tinha cicatrizes cruéis. Os sinais de uma vida
dissipada estavam por todo o seu rosto. Ele sorriu para seu olhar de desgosto.

— Eu gosto dela, a miniatura que você mandou não faz jus a ela. — Ele havia
soltado o rosto dela e se virou para falar com o irmão.

— Eu não quero me casar com você… Vossa Graça — Lucy teve coragem de
dizer ainda que em um sussurro. Ele se virou para olhar para ela novamente.

— Você vai lutar comigo menina bonita? Eu espero que sim. Eu tinha uma
escolha de várias mulheres e você está me custando bem caro, mas sua miniatura
chamou meu coração, — ele apertou a mão no peito em deleite fingido.

— Eu vou odiá-lo.

Todo falso romance deixou seu rosto e ele agarrou seus ombros, suas unhas
cravando em sua pele dolorosamente.

— Eu não dou a mínima, você entende. É melhor você me curar, é melhor


você me dar um filho, e eu não me importo se você lutar comigo até o túmulo. Na
verdade, vá em frente; isso tornará a vida muito mais interessante.

Um soluço ficou preso na garganta de Lucy e seu aperto relaxou.


— Vejo que nos entendemos. Não há escapatória. O pároco está lá embaixo e
assim que eu falar com seu irmão sobre um pequeno assunto, vamos nos casar. Mal
posso esperar meu coração. — E com isso eles saíram da sala.

Lucy enterrou a cabeça nas mãos, não era propensa ao desespero, mas não
via saída. “Acalme-se”, ela quase podia ouvir sua tia dizer, “nunca é tão ruim quanto
você pensa”. Lucy soltou um soluço, desta vez foi mesmo.

***

Jasper ficou observando a estalagem “O Pato Sujo”, indiferentemente


encostado em um carrinho. Este deveria ser o lugar que Eloise quis dizer. Até agora
ele havia recebido propostas de quatro putas, dois rapazes e algumas “jóias”, ele não

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


tinha certeza se isso era um eufemismo. Ele teve que perguntar sobre a localização
exata da taverna e descobriu que estava em uma das piores ruas de Seven Dials.
Ele não sabia se Richard ou Lucy estavam na taverna, mas era exatamente o
tipo de lugar onde ninguém fazia perguntas. Ele enviou Bill para a pilha de pedras
de Ketridge, que ficava mais perto de Kent, para o caso dele a ter levado para lá. Se
não houvesse sorte em Kent, eles se encontrariam na casa de Lazenby em Londres.
Jasper era conhecido por sua estratégia calma no exército e ele precisava
disso agora mais do que nunca. Ele tinha estocado armas antes de deixar Danbury
Manor. Tinha uma faca em cada bota, uma pistola na calça e mais duas facas
escondidas no colete, não queria correr nenhum risco. Ele também se lembrou de
trazer sua velha capa do exército com ele e felizmente isso escondia suas roupas
finas e sua pistola.

Antes que outra mulher de aparência esguia que estava cambaleando em seu
caminho pudesse tentar a sorte com ele, ele foi para a pousada.
A taverna estava lotada no bar, mas algumas mesas sujas estavam
espalhadas. Jasper pegou uma com uma parede atrás dele e de frente para a porta.
Havia escadas à direita que ele imaginou levar aos quartos. O pensamento de Lucy
estar neste lugar fedorento fez seu sangue ferver, e ele teve que forçar o punho para
abrir. Uma garçonete ainda mais suja do que as mesas fez seu caminho até ele.

— O que posso lhe pegar?


— Cerveja e informação. — Ele colocou algumas moedas na mesa. Uma mão
gananciosa as agarrou.

— De volta em um instante, amor — ela piscou. Jasper olhou ao redor. Alguns


homens olharam quando ele entrou, mas nesses lugares perguntas ou até mesmo
um olhar errado podiam levar uma faca à sua garganta, então ele era praticamente
ignorado. Ele sempre teve a altura como vantagem e, embora esbelto, era
fisicamente extremamente apto. Os homens muitas vezes subestimavam sua força
e, embora quando jovem impetuoso isso o incomodasse, hoje em dia ele via como
benefício.

— Aqui está, amor. — Um caneco do que parecia ser despejo foi colocado na
frente dele, o líquido espirrando sobre a mesa. A garota prontamente sentou em seu
colo surpreendendo-o, e seu braço a rodeou para impedi-la de cair no chão. Um
hálito rançoso sussurrou em seu ouvido, — Se você quer informação querido, tem
que ser assim. Não quero problemas, apenas mais moedas. — Jasper podia ver seu
ponto. Se você traísse um homem aqui, estaria olhando para a ponta afiada de uma
lâmina. Jasper se forçou a acariciar sua orelha e agarrar sua bunda esquelética em
uma paródia de paixão.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Um cavalheiro, loiro escuro, olhos castanhos. Possivelmente com uma
garota, também loira escuro, pequena. — Ela riu como uma menina e enfeitou o
rosto dele com bicadas; Jasper teve que prender a respiração contra o cheiro de
dentes podres e suor. Ele podia sentir a mão dela contra seu peito e a agarrou antes
que pudesse procurar sua bolsa de dinheiro. — Ainda não, gatinha — ele murmurou.

— No andar de cima, eles ocuparam os dois quartos à esquerda. Tem outro


homem também, cara feio, nem eu toco nele, parece que ele está com varíola, — ela
sussurrou, — mas você, eu faria você de graça se você tiver tempo? — Graças a Deus
eles estavam ali foi o primeiro pensamento de Jasper, mas então ele sentiu a outra
mão da garçonete procurando um pouco mais para baixo e ele a afastou
rapidamente; ele honestamente não a queria perto de suas extremidades. A taverna
parecia ter um nome apropriado.

— Não dá tempo, minha querida, mas obrigado pela informação. Aconselho-


a a tornar-se escassa em breve. Mais uma coisa, eu preciso de uma distração. — Ela
não parecia muito satisfeita até que ele colocou mais moedas em sua mão.
— O homem com cabelo vermelho no bar e o velho Taggart, com certeza você
pode pensar em alguma coisa, — ela sussurrou enigmaticamente. — Agora é melhor
fazer com que pareça bom então, — ela resmungou. Ele não sabia o que ela queria
dizer até que ela se levantou de repente, agarrou sua cerveja e despejou a maior
parte do conteúdo em suas calças. — Seu avarento, — ela gritou para ele, — mesmo
eu não sou tão barata. — Com isso ela se afastou com toda a arrogância de uma
condessa.

Os clientes obviamente já tinham visto tudo isso antes e não pestanejaram.


Este lugar era certamente mais divertido que o Brook’s, Jasper pensou.

Nesse momento a porta se abriu e ninguém menos que Richard Lazenby


correu pela entrada. Jasper puxou o chapéu para baixo e enterrou o nariz no que
restava de sua cerveja. Richard estava atrás de um homem gorducho de aparência
bastante atormentada que realmente não parecia pertencer a este lugar. Ele estava
vestindo um casaco verde grama e um colete amarelo para começar, e este se
estendia, ou melhor, mal esticado sobre um estômago rotundo. O olhar do homem
agitado disparou para a esquerda e para a direita como um coelho enfrentando uma
raposa, especialmente porque alguns homens no bar começaram a assobiar e a
uivar.

Então, uma mulher sequestrada e uma garçonete descontente não tinham


nenhum efeito sobre os clientes, mas um colete amarelo sim, que maravilha.

Richard levou o homem escada acima, nem mesmo olhando para a mesa de
Jasper. Foi então que Jasper viu que o homem estava carregando uma maleta de
médico. Seu sangue gelou. Lucy tinha se machucado no caminho? Era a única

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


explicação. Ele tinha que agir agora. Ele olhou para cima e a garçonete olhou em sua
direção, ele assentiu discretamente e ela desapareceu em uma sala dos fundos.
Jasper se levantou e caminhou até o bar. Ele gostaria de ter Mainwaring aqui.
Não só o homem sempre o apoiava, mas era capaz de começar uma briga mais rápido
do que uma prostituta puxar a saia para cima. Ele tinha ouvido falar que os homens
de Mainwaring costumavam apostar nisso.
— Essa garçonete é um pouco mal-humorada, — ele falou arrastado para o
ruivo. Mesmo sentado, ele era muito… grande.

— Ela é minha irmã — respondeu o homem. Perfeito, pensou Jasper.

— Puta maldita. — O homem se virou para ele e Jasper se preparou.

— Sim, isso não é verdade — o homem sorriu um sorriso cheio de dentes


para Jasper e continuou bebendo seu gim. Jesus, pensou Jasper, o que seria
necessário para insultar o homem?

— Talvez você possa me ajudar em vez dela — Jasper disse piscando


sugestivamente para ele. — Estou procurando algo um pouco mais áspero? — O
homem virou a cabeça incrédulo.

— Está me chamando de viado? — Sim, foi o que pensou Jasper. Sempre


insulte a masculinidade de um companheiro. Esse deve ser o truque de Mainwaring.
— Tenho certeza de que podemos chegar a um acordo mútuo. — Jasper
adicionou para uma boa medida. O Golias ruivo virou-se para o homem à sua
esquerda.

— O cabeça de bacalhau acabou de me chamar de viado.

— Não deve gostar do seu rostinho bonito então se ele quer um soco nele.
Jasper interrompeu rapidamente, — Mas o homem ali me disse para me
aproximar de você.

— Quem? — o ruivo rosnou.

— Taggart, acho que era o nome dele.

— Maldito Taggart, vou matá-lo, e quanto a você, seu jogador de gamão. —


Jasper fingiu um pouco para a esquerda embora o punho o acertou não foi com força
total. Ainda assim, o Golias não sabia disso quando Jasper colidiu com vários homens
e se fingiu de morto.

Ele ouviu um rugido “Taggart” e a briga começou. Incrível, pensou Jasper.


Realmente tinha sido tão fácil. Parecia que o bar já estava dividido em duas facções
e uma briga era uma ocorrência regular. Jasper tentou se esquivar dos punhos, mas
sofreu alguns golpes de raspão enquanto caminhava para a escada.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


***

Lucy se encolheu no canto da sala.

— Não me toque — gritou ela enquanto o médico se aproximava dela.

— Agora, agora, seja uma boa menina. Eu não vou lhe machucar. Apenas
deite-se na cama e tudo acabará em pouco tempo, — ele disse enxugando a testa.
Estava claro que ele também não gostava da situação. Lucy estreitou os olhos.
— Toque-me e eu arranco seus olhos — ela rosnou. Aqueles mesmos olhos
se voltaram alarmados.

— Bem, vou falar com seu irmão. — Ele saiu pela porta e Lucy correu para
ouvir.

— Você nunca me disse que a senhora era relutante Sir Richard. Eu realmente
não posso tolerar… — Suas palavras foram cortadas pelo duque.
— Você vai fazer o que lhe mandaram Leech ou mandarei meu homem John
aqui torcer seu pescoço. Qual é o problema?

— Ela não quer deitar — gaguejou o médico — e está ameaçando arrancar


meus olhos. A mulher é louca na minha opinião.

— Ou está tentando esconder alguma coisa — murmurou o duque. —


Lazenby, agarre-a e segure-a enquanto o bom doutor faz sua inspeção.

— Eu não vou, ela é minha irmã. Eu não quero ver isso.

Bom momento para ser melindroso, pensou Lucy.

— Eu realmente não sei por que eu não o mato Lazenby, você é um inútil. —
Ketridge falou lentamente. — John, segure a garota e vamos resolver isso.

Lucy se afastou da porta aterrorizada. Os homens entraram na sala sem


Richard, que aparentemente havia se tornado pudico. Ela recuou e o homem
chamado John se adiantou.

— Agora garota, venha até mim. Você vai se machucar de outra forma.
Lucy percebeu que seu único recurso agora era gritar o mais alto possível
para ver se alguém se importava o suficiente para encontrar a fonte. Ela tinha
acabado de abrir a boca quando os sons de vidro quebrando podiam ser ouvidos no
andar de baixo. Baques abafados, palavrões e móveis sendo destruídos quebraram
a tensão na sala.

O duque passou a mão no rosto. — Deus, e agora? Estarei morto antes de me


casar — amaldiçoou. — Lazenby, — ele gritou para o corredor. — O que diabos está
acontecendo? — Não houve resposta.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— John, vá logo com isso. — Ketridge saiu da sala para determinar do que se
tratava todo aquele barulho.
Lucy se encolheu quando o homem agarrou seus braços. Ela tentou afastá-lo,
mas os braços dele a envolveram, apertados e sufocantes, e ele começou a puxá-la
para a cama. Ela se contorceu e arranhou, mordeu e chutou com tudo o que tinha,
rosnando de satisfação quando o ouviu grunhir de dor.
— Cadela, — ele gemeu e ela foi jogada na cama. — A única maneira de
mantê-la quieto é um murro na cabeça. — Seu punho de repente apareceu e Lucy
sabia que tudo finalmente tinha acabado.

Ela fechou os olhos e ouviu um grande estrondo. O punho nunca veio. Ela
abriu um olho cautelosamente. John estava caído na beirada da cama. A cadeira que
ela planejava usar estava em pedaços, partes dela no corpo caído e partes dela
espalhadas no chão. O sangue escorria de um corte particularmente desagradável
na parte de trás de sua cabeça.

— Lucy… graças a Deus? — Ela olhou para cima.

— Jasper, como você…

— Sem tempo. A briga está chegando aqui em cima. Você está machucada? Eu
vi o médico chegar. — O homem em questão estava tremendo no canto.

— Não, ele estava aqui para… outra coisa. — Jasper franziu a testa.

— Mais tarde, temos que ir. Você pode andar? — Lucy pulou em resposta e
eles correram para a porta.

No corredor estava o duque de Ketridge — deitado inconsciente e sangrando


pelo nariz. Dois homens estavam tirando seu anel, relógio e bolsa de dinheiro.
Enquanto passavam, os homens começaram a vestir as sedas que ele usava. Ele
provavelmente estaria nu quando terminassem com ele.

Eles desceram as escadas, mas a taverna estava um caos. Jasper não queria
arriscar puxar Lucy pela confusão e hesitou. Felizmente, a garçonete gesticulou para
eles de trás do bar e ele se abaixou sob a aba do balcão, puxando Lucy atrás dele.
— Você pode pegar a porta lateral… por uma taxa, é claro — ela ronronou.
Jasper tirou duas moedas, a mulher era extorsionária. Ela os enfiou em seu corpete
enquanto examinava lentamente o corpo de Jasper. — Prazer em fazer negócios com
você, se você está procurando um pouco de prazer também… — Ela deixou o convite
aberto e Lucy olhou para ela enquanto saíam pela porta do beco lateral que seu
quarto tinha. Eles seguiram em direção à avenida principal.

— Aquela garota Jasper… — Ela foi interrompida pela boca de Jasper, dura e
feroz na dela.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Lucy, pensei que tinha perdido você, Cristo mulher… — E sua boca desceu
mais uma vez. Foi duro e brutal e a coisa mais excitante que Lucy já sentiu. Ela não
sabia se era o choque de tudo, mas de repente ela se sentiu faminta por Jasper, ela
jogou os braços em volta do pescoço dele puxando-o para mais perto.

Sua boca deixou a dela apenas brevemente para murmurar, — Eu te amo,


Lucy, — antes que uma de suas mãos que estava torcida nos cachos emaranhados
de seu cabelo a apertasse e a puxasse para outro beijo. Sua outra mão estava agora
apertada em sua nádega, puxando seu corpo com tanta força contra o dele; era como
se ele quisesse absorvê-la.

De repente, Jasper sentiu Lucy ser arrancada violentamente de seus braços;


ele ouviu o rasgo de seu vestido. Ele olhou para cima e viu Richard Lazenby com o
braço em volta da cintura de Lucy, uma faca encostada em sua garganta.

— Você estragou tudo. Porque você tinha que estragar tudo, — ele soluçou.
Ele parecia enlouquecido agora, lágrimas escorriam pelo seu rosto e sangue
manchava suas roupas.

Jasper sabia que o homem era capaz de qualquer coisa. Ele não estava mais
em seu juízo perfeito e não havia nenhum raciocínio. Se ele pudesse apenas tirar
Lucy ilesa, ele poderia então subjugar o homem.
— Richard, me desculpe. Você não quer machucar sua irmã, não é? Ela ama
você.
— Se ela me amasse, ela teria me ajudado. Ela sempre teve tudo e eu fiquei
com… – Seu braço apertou com força a cintura de Lucy e a faca balançou em sua
garganta.

— Talvez o Duque ainda a tenha. — Richard começou a murmurar. — Ele


pode tê-la sem casamento desde que me pague alguma coisa.

Enquanto Richard falava consigo mesmo, Jasper lentamente enfiou a mão na


parte de trás de sua calça e desamarrou a adaga que estava pendurada ali. Ele baixou
a mão lentamente, sempre observando. Richard não percebeu, mas Lucy sim e seus
olhos se arregalaram. Jasper rezou para que Lucy não fizesse nenhuma tolice para
distrair o louco.

— Richard, — Lucy sussurrou. — Eu… posso ver que o machuquei. Serei uma
boa irmã agora e o ajudarei. Richard. Irmão. Olhe para mim.

Richard, sem pensar, olhou para baixo em reação ao apelo sincero, sua faca
movendo-se ligeiramente para longe de sua garganta. Jasper aproveitou a chance e
jogou sua adaga rezando para que Lucy não movesse um músculo. A mira foi certeira
e Richard caiu para trás, soltando Lucy quando a lâmina penetrou em seu ombro.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Não, — ele engasgou, largando sua arma para agarrar o punho da faca
saliente em seu ombro.
Richard cambaleou para trás na rua principal que ainda estava um caos por
causa da briga que agora havia saído da taverna. Jasper correu para Lucy e a abraçou.
Ambos olharam para seu irmão.

— Richard, — Jasper gritou, — cuidado, — seu braço erguido como se


quisesse agarrar Richard mesmo que não houvesse chance de alcançá-lo. Lucy gritou
quando Richard colidiu com um cavalo. Já assustado com a comoção na rua, o cavalo
da cervejaria empinou, seus olhos rolando de medo, seus cascos batendo. Homens
se espalharam em todas as direções, mas Richard foi muito lento e foi jogado para
trás por um casco.

Lucy tentou correr para frente, mas Jasper a agarrou pela cintura até que o
cavalo fosse controlado. Ele a soltou e ambos correram para o corpo caído de seu
irmão. O sangue vazava copiosamente na estrada debaixo de sua cabeça. Jasper tinha
visto a morte o suficiente para saber que não havia nada que eles pudessem fazer,
mas Lucy se arrastou para puxar sua cabeça em seu colo, acariciando seu rosto.

— Jasper, Jasper, precisamos de um médico — lágrimas escorriam pelo seu


rosto.
— Lucy — disse ele segurando o rosto dela entre as mãos. — Não há nada
que possamos fazer por ele.

— Deve haver algo que você possa fazer Jasper… por favor, — ela gritou.

Mas não havia. Tudo o que Jasper podia fazer era segurar Lucy e embalá-la
enquanto ela chorava de dor por seu irmão na sujeira da rua.

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Capítulo 11

“Se você encontrar a felicidade, nunca a deixe ir. Lute por ela. Eu
tenho meus animais; você pode encontrar um homem para lhe dar
felicidade. Blinky tem uma bola listrada rosa e laranja… o lacaio
tentou tirá-la dele uma vez. Nunca mais vimos… o lacaio.” — Tia
Augusta.

Jasper enfiou a cabeça de Lucy em seu peito enquanto a carruagem os


balançava para seu destino. Lucy pediu para ser levada à casa de sua amiga Rosalind.
Ela estava sentada com os olhos secos e em silêncio quando o corpo de Richard foi
removido da rua, e ele reconheceu que o choque a havia tomado. Ele não podia
suportar a ideia de se separar dela, mas tentou entender que ela precisava da
compaixão e companhia de sua amiga.
A carruagem parou na residência de Stonebridge onde Rosalind estava
hospedada. Ela era prima do atual Conde, e Jasper esperava que Stonebridge não se
incomodasse com sua súbita imposição. Quando Jasper abriu a porta da carruagem,
uma pequena figura escura vestida de verde voou escada abaixo.
— Lucy, minha pobre Lucy. Entre. Eu sabia que algo terrível poderia
acontecer, mas nunca pensei…
Jasper soltou Lucy de seu abraço e ela saiu da carruagem para os braços de
sua amiga Rosalind. Seu corpo ficou frio com a perda do calor dela, ele se sentiu…
abandonado. Um sentimento totalmente egoísta, ele reconheceu. Lucy precisava de
sua amiga e de um lugar para se recuperar.
Ele saiu da carruagem e assistiu impotente, enquanto Rosalind conduzia uma
soluçante Lucy escada acima até a porta da frente. Lucy virou-se quando chegou ao
topo, — Jasper?

Sua voz era suave. — Vá com Rosalind, Lucy. Venho visitar você em breve. —
Ela assentiu e se virou, o sobrado engolindo as duas. Ele sabia que ela estava em
choque, ele sabia que ela precisava de um pouco de tempo para superar os horrores
do dia e a morte de seu irmão, mas ele queria ser o único a enxugar suas lágrimas e
acalmar seus pesadelos.
Ele se virou para voltar para a carruagem quando ouviu o pigarro de um
homem. Ele olhou para trás para ver o conde de Stonebridge olhando para ele do
degrau mais alto. Eles se conheciam e haviam trocado civilidades no passado, mas
isso era tudo.
— Importa-se de me dizer por que estou hospedando outra jovem em minha
casa Danbury? — Stonebridge gritou. Jasper não queria explicar nada, mas supôs

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que devia uma explicação ao homem. Jasper suspirou e subiu os degraus, ignorando
o mordomo rígido que deu uma fungada desdenhosa ao seu traje. Ele fedia.
Ele seguiu Stonebridge até o escritório. Felizmente, o homem foi direto para
as garrafas que estavam convidativamente ao lado da mesa de carvalho. — Brandy,
uísque, porto? — Jasper soltou um suspiro de alívio. Ele podia falar com um homem
que tinha uísque em seu armário de bebidas.

— Então… — Stonebridge deixou a palavra no ar.

Jasper não tinha certeza do quanto dizer sem sair da história como um
completo maluco. Ele também não estava disposto a expor seus sentimentos por
Lucy para um homem que mal conhecia. Ele decidiu não mentir exatamente, mas
talvez omitir um ou dois detalhes.

Jasper tomou um gole de uísque e o reteve. Explicando que ele estava


cortejando Lucy, mas depois descobriu que seu irmão estava planejando casá-la com
o Duque de Ketridge. Stonebridge amaldiçoou ao ouvir o nome e Jasper se viu
gostando cada vez mais do homem. Ele contou como Richard e Ketridge levaram
Lucy à força e como ele conseguiu impedir o casamento. Pelo menos a partir de então
ele foi capaz de contar toda a verdade, incluindo a morte de Richard.

— Pobre menina. Ela é bem-vinda para ficar aqui o tempo que precisar.
Temos muito espaço e fará bem a Rosalind também.

— Como ela sabia que Lucy estava… – Jasper começou, mas Stonebridge o
interrompeu.

— Ela só tem… uma intuição muito boa, Danbury. — Jasper abriu a boca para
perguntar mais, mas Stonebridge virou as costas para servir mais álcool. Ficou claro
que o assunto estava encerrado. Ele honestamente não se importava agora. O
cansaço penetrava em seus ossos enquanto o uísque fazia seu trabalho.

— Presumo que pretende oferecer pcasamento a Srta. Lazenby? —


Stonebridge se virou, com uma sobrancelha erguida diante da pergunta. Jasper
terminou seu uísque antes de responder. Sim, por Deus, ele queria Lucy, mas não
tinha certeza absoluta de que esse sentimento fosse recíproco.

— A Srta. Lazenby é a única pessoa com quem vou discutir esse assunto.

Stonebridge assentiu. — Você vem visitá-la logo então? Aconselho deixá-la


ter um pouco de tempo para descansar e se recuperar. — A diversão tingiu sua voz
quando ele acrescentou, — Você parece que precisa de alguns dias na cama também.
E alguns dias no banho.

Jasper olhou para si mesmo. Ele estava coberto de suor, sangue e algum
líquido não identificável das sarjetas das ruas. Ele estava nojento; não admirava que

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o mordomo o tivesse desaprovado. Era hora de ir para sua casa, limpar-se e esperar
por Lucy.

***

Mais de duas semanas depois…

Jasper pensou. Ele estava ficando muito bom nisso, ele percebeu, quase tão
bom quanto Mainwaring. Em breve ele teria aperfeiçoado a carranca permanente, o
cabelo desgrenhado e os olhos cansados. Talvez ele devesse começar a escrever
como aqueles malditos poetas também. Exceto como Mainwaring seu tédio não era
afetado, era real.

Ele se recostou na grande cadeira de seu escritório tentando encontrar uma


posição confortável. O estúdio da casa não era tão confortável quanto o do campo.
Seu pai sempre teve um gosto gótico em móveis, Jasper estremeceu, gosto gótico
ruim e ele ainda não teve a chance de atualizar a casa, no entanto, combinava com
seu humor quando ele olhou para a gárgula esculpida em madeira bastante feia que
se projetava da estante.

Ele se sentou para frente apontando o dedo. — Duas semanas. Faz mais de
duas malditas semanas desde a última vez que vi Lucy, — sua divagação dirigida à
dita gárgula feia.
Ele caiu para trás novamente na cadeira quando a gárgula se recusou a
simpatizar.

Ele não tinha visitado Lucy imediatamente, pois achava que ela precisava de
algum tempo para se recuperar sem que suas declarações de amor a confundissem,
ele havia enviado flores, mas pareceu banal, eles não estavam na fase inicial do
namoro.
Stonebridge, que Jasper achara um excelente sujeito, informou aos parentes
de Lucy na Escócia e com bom tempo eles chegaram depois de alguns dias para
organizar a propriedade. Jasper ficou longe do funeral; ele sentiu que teria sido
grosseiro, considerando o papel que ele desempenhou na morte prematura de
Richard.

Foi então que tudo pareceu dar errado. Primeiro Stonebridge foi chamado
por questões na propriedade, e então, quando Jasper visitou Lucy pela primeira vez,
foi-lhe dito que ela estava “indisposta”. Ele visitou de novo e ela estava com uma
“leve” febre, que durou uma semana.

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Ele mandou mais flores, tantas que deveria ter comprado o maldito florista.
Ela havia enviado um bilhete para ele, mas era curto e sem detalhes, apenas dizendo
a ele para esperar até que ela estivesse melhor.

A frustração percorria seu corpo toda vez que ele era afastado e as dúvidas
começaram a surgir. Embora Lucy respondesse a ele em um nível sexual, talvez isso
fosse tudo o que ela sentia por ele e, uma vez que se separaram, até isso havia
diminuído. Talvez ela o culpasse pela morte de seu irmão, ou até mesmo por todo o
maldito fiasco na pousada. Talvez, apenas talvez ela não estivesse doente e
simplesmente não quisesse vê-lo, não queria ser lembrada de um homem que a
sequestrou, abusou de sua confiança e finalmente contribuiu para a morte do irmão
dela.
Ele tentou uma última vez em sua porta, para ser informado… ela estava
fazendo compras. Isso tinha doído… profundamente. Durante o dia ele estava
arrancando os cabelos de frustração por não a ver. Nas noites ele era assombrado
por sonhos de seu corpo seminu se agarrando ao dele.
Ele estava ficando meio louco e ela estava fazendo compras.

Então ele parou de visita-la e de mandar flores, apenas o florista pareceu


desapontado. Ele não tinha ouvido nenhuma palavra de Lucy.
Então aqui estava ele. Embriagado e sozinho. Ele ergueu o copo para a gárgula
e depois para uma pintura de seu irmão que estava pendurada no canto da sala. Ele
teve muito tempo para pensar enquanto estava escondido em seu escritório.
Richard poderia ter levado Simon até a água, mas Simon não tinha que beber. Jasper
reconheceu que seu irmão sempre teve curiosidade por tudo, bom e ruim, e que a
indulgência o levou à morte.

Jasper percebeu assim que pôs os pés no campo de batalha como a morte era
real e como era difícil lutar pela vida, não apenas fisicamente, mas mentalmente.
Simon tinha sido um homem com tudo diante dele: juventude; boa aparência;
dinheiro, ele deve ter se sentido como se estivesse bebendo do cálice da
imortalidade.
Ele bocejou. Ele se sentia cansado esta noite, ele se sentia cansado o tempo
todo sem Lucy. Ele se levantou e, pegando o castiçal, deu boa noite à gárgula e foi
cambaleando para a cama.

Robinson o observava com olhos preocupados do corredor. Lorde Danbury


tinha mandado chamar o pessoal da propriedade rural há duas semanas e, durante
esse tempo, eles viram o mestre declinar lentamente. Agora ele estava falando com
as esculturas. Ele balançou a cabeça e apagou a vela do salão.

***

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Jasper recuperou a consciência com um gemido e tentou abrir os olhos. Eles
pareciam pesados e pegajosos e sua cabeça doía. Ele não sentiu nenhuma luz no
quarto e tentou mover as mãos para esfregar os olhos. Eles não se moviam e a dor
escorria por seus pulsos. Ele percebeu atordoado que suas mãos estavam amarradas
acima de sua cabeça aos postes da cama, não com força, mas o suficiente para que
ele não pudesse movê-las e a posição as fizesse endurecer.

Maldito inferno… Jasmim, ele podia sentir o cheiro de jasmim e de repente


ele não queria abrir os olhos… mas ele abriu.

Lucy estava inclinada sobre ele.

— Você é um sonho — disse ele com firmeza e os fechou novamente. Estava


escuro e obviamente ainda no meio da noite. Seus sonhos estavam ficando eróticos;
ele nunca esteve preso neles antes… é claro que Lucy era uma questão diferente. Ele
sentiu um par de mãos de cada lado de seu rosto.

— Eu sou real — sussurrou a voz. — Prove-me. — Jasper esperou em


requintada agonia, e então finalmente um par de lábios encontraram os dele. Eles
começaram suaves. Beijos leves flutuando sobre suas bochechas, seus olhos e sua
boca. Ele se virou para capturá-los completamente e então abriu os olhos.

— Você estava acordada! — foram suas primeiras palavras de acusação


quando ela ergueu a boca da dele. — Naquela noite em seu quarto, essas foram as
minhas palavras para você.

Lucy tentou não parecer culpada, mas uma risadinha surgiu.

— Por que você fingiu que eu era um sonho? — Jasper olhou ferozmente para
ela — Eu pensei que eu… eu… eu…
Lucy colocou o dedo sobre a boca dele. Ele lutou para tentar se sentar, mas
Lucy o empurrou firmemente para baixo novamente. Finalmente ela o tinha
exatamente onde ela o queria.

— Eu estava acordada, mas estava tudo tão lindo e me convenci de que você
não poderia ser real.

— Lindo? Desamarre-me e eu vou lhe mostrar mais do lindo, — sua voz


rouca.

— Ainda não, Jasper, temos algo para conversar.

Lucy perguntou séria. — Por que você não me visitou de novo Jasper? Faz
dias. E você não foi ao funeral, ou veio me ver antes. — Sua voz falhou.

— Oh Lucy, me perdoe. Pensei em lhe dar tempo para se recuperar. Achei que
um tempo a sós com Rosalind, uma amiga íntima, seria benéfico, tanta coisa

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aconteceu. E então eu pensei que você não iria me querer no funeral. Foi minha
culpa….
Desta vez Lucy colocou a mão inteira sobre a boca dele e sentiu os lábios dele
ainda murmurando sob ela. Fez cócegas de uma maneira deliciosa e enviou arrepios
na espinha. De repente, ela sentiu a intensidade do momento. Sozinha com Jasper,
em seu quarto, as mãos atadas, a boca abaixo da mão dela, o peito dela encostado no
peito dele, os olhos dele brilhando ao luar. De repente, ela sentiu a lambida de sua
língua em sua palma.

Ela se engasgou e tirou a mão. Fale primeiro, isso… depois.

— Jasper, eu nunca jamais vou culpá-lo pela morte de Richards. Ele segurou
uma faca contra mim, Jasper. Meu próprio irmão. E mesmo assim, você apenas
apontou sua faca para feri-lo. Mas ele já estava muito louco. Nem foi culpa do cavalo.
Sua morte foi horrível e triste, mas ninguém tem culpa. — Ela fez uma pausa, sua
mão traçando um padrão na camisa de Jasper.
— Você sabe que Richard foi mandado para o tio Cosmo quando nossos pais
morreram e eu fui para a tia Augusta. — Jasper assentiu. — Bem, minha tia escocesa
diz que eles tentaram fazer com que Cosmo liberasse a guarda de Richard para eles.
Aparentemente, quando o visitaram pela primeira vez, viram sinais de negligência.
Ele estava meio faminto e magro, e depois… eles viram hematomas. Cosmo riu disso,
dizendo que era normal um menino entrar em brigas, mas eles tiveram uma grande
briga e a tia e o tio foram banidos da casa. Não estou dizendo isso como desculpa,
pois todos nós temos problemas, mas… sinto que Richard não recebeu o melhor na
vida, especialmente em uma idade tão precoce. Ele não era ele mesmo no final. O tio
me explicou sobre o ópio. Acredito que Richard buscou esquecimento, mas no final
isso o prejudicou de alguma forma.

Jasper assentiu. Ele julgou Richard como um descontente descuidado, mas


com as palavras de Lucy ele podia ver que os problemas de Richard podiam ter sido
maiores do que mera ganância.

— Ele precisava de ajuda para superar seus problemas, não de um visconde


de cabeça inchada empenhado em vingança. — Jasper suspirou.

Lucy balançou a cabeça. — Acabou Jasper. Em última análise, só podemos


aprender com a vida e seguir em frente. Caso contrário, nós nos destruiríamos…
assim como Richard. — Uma lágrima rolou pelo rosto de Lucy e Jasper tentou se
inclinar para lambê-la com a língua. As cordas se esticaram com o movimento e ele
ouviu os postes rangerem ameaçadoramente.

— Quando você se tornou tão sábia? — ele sussurrou.

— Quando você me deixou sozinha por mais de duas semanas, — ela acusou,
batendo no peito dele com a mão para que ele caísse de volta.

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— Lucy, me desculpe. No entanto, a última vez que fui vê-la, você estava
fazendo compras. — Pronunciando as três palavras de forma lenta e acusadora. —
E antes disso alguma bobagem como um resfriado. Você teve um resfriado na minha
propriedade e mal a manteve na cama por um dia.

— Eu realmente tive um resfriado forte e foi horrível. Eu estava… eu estava…


– Jasper esperou com antecipação.

— Feia, — ela deixou escapar.

— Feia, — Jasper repetiu em uma voz perplexa. — Não entendo.

— Nariz vermelho, olhos lacrimejantes, parecia um porco, espirrava sem


parar, cabelo escorrido. — Lucy desabafou toda apressada.

Jasper soltou uma gargalhada.

— Você me deixou esperar mais de duas semanas para vê-la, me fazendo


duvidar de mim mesmo, duvidar que você se importasse comigo, por que VOCÊ
achou que estava feia?
— Bem, sim — Lucy respondeu. Ela se sentiu bastante patética sobre isso
agora, mas na época ela se sentia tão mal, parecia tão horrível e suas emoções
estavam todas emaranhadas. Ela havia enviado um bilhete, mas sua tia ficou
observando enquanto ela o escrevia. Ela estava ciente de que não tinha dito muito,
mas ela tinha certeza de que eles iriam se ver em breve.

— Você sempre parece me ver machucada, enrolada, doente ou assustada. Eu


queria ser bonita para você Jasper. Então, no primeiro dia em que me senti melhor,
fui comprar roupas novas com Rosalind. E então eu esperei… e você nunca mais
voltou.

— Achei que você não queria me ver, Lucy tola.

— Tola, — ela fez beicinho.

— Sim, tola. Eu a quis desde a primeira vez que a vi. Feia, machucada ou
doente, não faz diferença para mim. No começo minha cabeça veio com desculpas,
mas considerando os sonhos que eu tive com você… bem, o resto de mim sabia a
verdade. — Ele levantou a cabeça para capturar seus lábios novamente em um beijo
feroz.

— E o que você disse do lado de fora da taverna, antes de Richard aparecer


— Lucy sussurrou.

— E o que foi isso, hum? — ele murmurou as palavras contra a bochecha dela.
Ele sabia o que ela queria ouvir, mas ele sofreu por duas semanas porque ela estava
com o nariz escorrendo, ele não estava disposto a deixá-la escapar tão facilmente.

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Jasper caiu de costas contra o travesseiro; ele só conseguia manter a cabeça
erguida por tanto tempo com os braços amarrados.
— Você disse… você disse que me amava Jasper. Eu não teria coragem de vir
aqui se não fosse por essas palavras. Eu as ouço em meus sonhos, e de repente você
se foi.

— Eu a amo, Lucy — interrompeu Jasper. — Eu a amo com cada fibra do meu


ser. Eu amo sua bondade, sua inteligência, seu humor. Eu poderia continuar, mas o
mais importante é que você me faz tão feliz, Lucy. Eu estava envergonhado com
meus planos e estava preparado para deixar você ir para a Escócia se fosse isso que
você quisesse.

— Você não teria lutado por mim? — ela brincou.

— Meu plano era levá-la para a Escócia eu mesmo. Eu pensei que com alguns
dias em uma carruagem comigo, eu poderia ter sido capaz de convencê-la de minha
devoção servil, — ele brincou. — Agora Lucy, minha bela, me diga que você promete
me amar pelo resto da vida? — Seu rosto ficou sério. — Eu a faço feliz, Lucy?

— Eu acho que posso ter sido um pouco apaixonada por você quando você
era meu pretendente e, embora eu não recomende o sequestro a todos os possíveis
casais, não pude deixar de me apaixonar mais por você, mesmo quando descobri
tudo.

— Eu a enganei, Lucy — disse Jasper ainda não querendo se desfazer do


passado.

— Você se arrepende?

— Deus, sim.

— Então vamos em frente. E sempre seremos honestos um com o outro. —


Lucy se abaixou e o beijou. Um beijo que ele retribuiu com todo o coração.

Um pensamento ocorreu a Jasper: — Como você entrou na casa? Ouvi


Robinson trancar as portas.

Ela sorriu um sorriso sagaz. — Bem… Rosalind e eu podemos ter pegado


“emprestada” a carruagem de Stonebridge. Eu não tinha certeza de como eu ia entrar
aqui, mas então eu vi Bill espreitando lá fora. Ele foi muito útil. Além de sequestrar,
o que esse homem realmente faz?

— Guarda a casa para evitar que mulheres loucas entrem no meu quarto à
noite e me amarrem. —-Jasper sorriu. Lucy bufou, e Jasper decidiu que eles tinham
falado o suficiente.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


— Desamarre-me Lucy — disse ele com voz rouca. — Eu quero tocar você,
quero despi-la de todas as peças de roupa e finalmente sentir sua pele nua contra a
minha. Case comigo, Lucy? Case-se comigo amanhã, mas não me deixe esta noite.

Lucy levantou a cabeça e sorriu — Eu vou casar, Jasper, mas primeiro…


enquanto eu tenho você assim… e falando honestamente…

Lucy arrastou a mão sobre seu peito e a respiração de Jasper engasgou, seus
braços esticando contra as cordas. Ele observou a mão dela deslizar sobre seu
estômago, deslizar sobre seu quadril e finalmente se encaixar em sua dureza. Ele
deu um gemido estrangulado.

— Como eu chamo isso Jasper? Eu não acho que “coisa” é correto. — Sua mão
apertou suavemente.

De repente, houve um estalo alto e Lucy se viu deitada de costas, Jasper


pairando sobre ela, seus quadris se esfregando nela. Ela olhou acima de sua cabeça.
Ele havia quebrado os malditos postes da cama.

— Você faz as perguntas erradas, docinho. — Lucy abriu a boca para fazer
outra pergunta, com um sorriso malicioso no rosto, mas Jasper o sufocou com um
beijo quente. Ele teve o suficiente de perguntas.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor


Sobre a Autora

Emily cresceu no norte da Inglaterra em uma dieta de romance histórico e


mitologia clássica.

Infelizmente, como não poderia estudar gíria georgiana ou a temporada da


Regência de Londres, ela fez a segunda melhor coisa e se formou em Clássicos e
História. Isso "levou" a um período de oito anos na engenharia.
Tendo deixado a vida na cidade, ela agora mora em uma casa de fazenda em
ruínas no interior, onde passa os dias escrevendo, consertando o telhado gotejante,
lutando contra a vegetação infinita e encontrando fotos de gravatas bem amarradas.

Cativada pelo Visconde – Emily Windsor

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