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Jessica Gadziala
#3 Mark
Leitura: Mari
Data: 06/2018
~2~
SINOPSE
Mark
Por que ela era diferente? Não poderia dizer com certeza. Talvez
fosse o fato de que ela era a mulher mais linda que já tinha visto. Talvez
fossem as arestas afiadas que ela usava como um escudo que me fazia
querer ver o que estava por baixo. Ou talvez tenha algo a ver com
qualquer segredo que ela estivesse tentando desesperadamente
esconder.
Scotti
~3~
A SÉRIE
Jessica Gadziala
~4~
Um
MARK
~5~
pelagem fodida assim. — Eu me abaixei para acariciá-lo, surpreendido
quando ele se virou e disse. — A melhor aposta é que seja como uma
mistura de border collie e husky. Realmente perdido na loteria genética.
— Coop.
— É macio e têm quatro pernas, elas vão ficar em cima dele. Você
recebeu a mensagem do pai? — perguntei, voltando aos negócios. —
Shane já falou com o merdinha na semana passada. É a sua vez.
Meu pai fazia os negócios. Ryan fazia uma visita mais civilizada se
você estivesse devendo e ainda não pagou. Então, eu era chamado para
ficar um pouco mais firme, às vezes derramando algum sangue, mas,
na maior parte das vezes, não. Então, se não fosse o bastante, vinha
Shane que manchava seus tapetes com seu próprio sangue. As chances
de você pagar depois que Shane terminasse eram grandes. Quem se
submeteria a mais disso? Então, Eli estaria livre e limpo na maior parte
do tempo para fazer o que quisesse, lidar com seus negócios, fazer sua
merda artística. Se ele recebesse uma ligação por mês do pai, era muito.
O que, na opinião de todos nós, era melhor. Quando Eli surtava, não
era bonito.
— O pai disse que está de marcação dessa vez. Ele odeia esse
bastardo.
~6~
controle. Normalmente, era eu. Ocasionalmente, Shane interviria.
Raramente Ryan. Meu pai quase nunca ia a um trabalho. Mas este
vacilão supostamente estava usando o dinheiro que emprestou para
cuidar de sua filha doente, deixando meu pai muito mais tolerante com
os juros e o prazo. Acontece que o fodido nem tinha filhos.
Jantar de domingo.
Sem desculpas.
Então, saí pela porta dos fundos, admirando meu novo bebê
enquanto avançava até ele. Uma pick-up novinha em folha, toda de
titânio, pintura preta perolizada brilhante e todos os acessórios que a
concessionária poderia me dar.
~7~
constante de carregar e descarregar ferramentas, à propensão de usar
meu veículo pessoal para puxar árvores do chão em vez de uma das
minhas caminhonetes de jardinagem e toda merda que rola quando
você era o tipo de cara que usa sua caminhonete e não do tipo que só
gosta de olhar.
— Entendi.
Uma hora depois, estava cheio de DVDs com desconto. Por quê?
Essa era uma boa pergunta. Literalmente, cada DVD na maldita coisa
estava disponível para streaming, o que significava que nem teria que
sair do sofá para assistir a fodida coisa que, como todos sabemos, é o
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maldito sonho. Aqueles dias de “levantar para colocar um filme” foram
difíceis.
~9~
Obviamente alheia a mim, ela recuou quase se encostando em
mim, deixando apenas alguns centímetros entre nós dois.
— Shh, — fiz, quando meu outro braço passou por seu estômago,
puxando-a contra o meu peito, tirando-a fora da vista se alguém
passasse.
Não.
~ 10 ~
E merda profissional significava que eles provavelmente estavam
lá para roubar.
Sabe quanta grana devia ter nos doze caixas ou mais em uma loja
dessas? Bastante. Bastante para correr o risco de fazer um assalto à luz
do dia. Basta descobrir como cortar as luzes. E se eles soubessem como
cortar as luzes, eles sabiam cortar as câmeras.
Tudo o que poderia dizer com certeza era que eram altos, de
cabelos escuros e em forma. Era isso. E estava bem perto para perceber
mais, para perceber tudo se houvesse uma luz melhor.
~ 11 ~
Porque, como eu disse, eles eram profissionais. Eles sabiam que
havia a chance de um alarme silencioso ter sido acionado ou pelo
menos dez chamadas feitas por compradores assustados para a polícia.
— Scott!
Para onde?
Tudo o que sabia era que eles não saíram pelas portas da frente
que estavam literalmente a cinco metros de distância deles.
Deus sabia que mais tarde estaria indo direto para o Chaz’s, ou
talvez procurasse entre meus contatos uma amiga que sempre fazia
algo casual.
~ 12 ~
Distraído, fui apanhado completamente de guarda baixa quando
um daqueles pés com botas de combate chutou forte o meu. Não era a
maneira hesitante e cuidadosa que a maioria das mulheres faria,
programada desde o berço pela sociedade para ser mais suave, mais
doce e aceitável. Ouvi em algum lugar que esse era o maior problema
que as mulheres tinham no treinamento de autodefesa, o fator
constrangimento, o instinto profundo de nunca machucar ninguém,
para sempre ser acolhedora. Esta mulher, sim, ela não sofria com a
necessidade de ser suave, doce ou acolhedora. E se não estivesse
chiando e me perguntando se precisava fazer um maldito raio-X no meu
pé, acharia isso sexy como o inferno.
E porra.
~ 13 ~
peito com força. O que, devido ao meu pé quase alarmantemente
latejante, me enviou a quase cinco metros no impacto.
Qualquer coisa que ela quisesse dizer foi interrompida pelos gritos
dos policiais quando invadiram, armas em punho, olhos atentos,
espalhando-se de um jeito militar que eu não sabia que eram tão bem
treinados para saber como fazer isso. Porque, fala sério, a maioria do
departamento de polícia estava nos bolsos de uma ou mais das
organizações criminosas na área. Eles realmente não precisam de
treinamento para saber como “perder” papelada ou provas
contundentes.
— Mallick, — uma voz familiar chamou, fazendo com que nós dois
déssemos um sobressalto e nos virássemos para o corredor onde um
policial estava abaixando sua arma. — Que parte de “saiam da loja” foi
tão difícil de entender?
Era o detetive Lloyd. Ele era, pelo que ouvi, o mais novo detetive
do departamento de polícia de Navesink Bank. Também não estava no
bolso de ninguém, o que realmente dizia algo sobre seu caráter. Às
vezes também era um pouco babaca. Bem, só para mim e para os meus
colegas criminosos. Não poderíamos realmente culpá-lo por isso.
~ 14 ~
Alto, sombrio e atraente. Ele poderia ter qualquer mulher que
quisesse, mas nunca o vi na cidade à procura de qualquer uma.
~ 15 ~
— Sim, era tudo o que a minha pressão precisava hoje. Onde você
estava quando isso aconteceu? — Ele perguntou, puxando um pequeno
caderno caindo aos pedaços e caneta, pronto para anotar.
~ 16 ~
deles na loja antes que as luzes se apagassem. Ele apenas me lembrou,
— disse ela, acenando casualmente comigo. — No calor do momento,
não me toquei desse lance de Scott. Mas agora que ele tocou no
assunto, vi dois caras caminhando e um deles chamou o outro Scott.
Ambos eram altos e em forma, como ele disse. Mas seus cabelos eram
mais claros. E também tinham olhos claros. Talvez verde ou azul? Ela
perguntou, olhando-me com olhos franzidos, como se me pedisse
confirmação. Mas eu não os tinha visto. E estava certo pra caralho que
os três que vi na frente tinham cabelos escuros. Mas talvez houvesse
cinco deles. Quem sabia.
~ 17 ~
— Acho que isso é coisa de Lex Keith. — eu disse, suspirando.
Não era muito a favor de assassinato, mas algumas pessoas não
mereciam continuar respirando. Lex Keith era uma delas.
Só o tempo diria.
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relativamente pacífico. Faça-me um favor e preencha um relatório com,
ah, aquele bastardo do Marco, — ele disse, apontando uma mão a um
homem de uniforme, alto, em forma, mas magro, boa aparência, com
tom e características de pele italiana. Alguma coisa nele parecia gritar
“dinheiro”, mas dei de ombros, visto que os policiais não ganhavam
tanto dinheiro. Quando olhei de volta para Collings, ele me deu um
olhar dolorido. — Para constar, ele é meu novo parceiro. Por que é
exatamente o que a minha velha e cansada bunda precisa, sangue novo
para treinar. Vá em frente, — disse ele, balançando a cabeça em sua
própria autopiedade.
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E talvez eu estivesse procurando por ela.
Angela.
E o sexo com ela, sim, meu instinto me dizia que seria demais.
Uma coisa eu tinha certeza. Nunca cruzei seu caminho antes. Ela
era o tipo de mulher que um homem perceberia, quisesse ou não. Não
havia nenhuma maneira de ela ter fugido de minha vista nesta cidade.
Eu tinha um nome.
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gostava de uma caçada de vez em quando. Mas tinha que gastar sola de
sapato e tinha que perseguir.
Esse bairro era meio que uma favela e nenhum de nós vivia por
perto.
~ 21 ~
Dois
Scotti
Merda.
Admito, pelo menos ele teve o bom senso de dizer Scott e não
Scotti, mas ainda assim. Isso foi uma porra épica.
Porque, porra.
Pra começar, ele era alto. Era sempre o que reparava primeiro em
um homem, porque eu mesma era alta. Nem o vi, mas podia senti-lo
contra minhas costas. Ele tinha no mínimo, 1,85 com um porte forte,
mas não excessivamente volumoso. No escuro, tudo o que consegui
notar, além disso, era que ele cheirava bem. Viril. Não todo encharcado
de colônia. Havia uma sugestão do que era ou gel de banho ou
desodorante. Além disso, uma pitada de suor, mas não cecê, e uma
mistura de substâncias incomuns de óleo, gasolina e grama. Como
coisas do chão, não vaso. Ele cheirava à grama fresca cortada.
Mas quando as luzes voltaram e olhei para ele, bem, sim. Ele era
um tipo alto, moreno e bonito, mas de uma maneira áspera. Nunca fui o
tipo de mulher caidinha por homens de ternos. Eles eram muito limpos,
muito arrumadinhos, muito sem graça para o meu gosto. Achei que eles
fossem do tipo que se irritavam se eu bagunçasse seus cabelos durante
o sexo. Mas o cabelo desse Mallick já estava bagunçado. Escuro,
perfeito e bagunçado. Ele não se oporia a um pouco mais de bagunça.
Depois, havia a estrutura óssea absolutamente perfeita. Clássica. Ele
era classicamente bonito. Ah, e tinha que mencionar aqueles olhos.
Aqueles olhos azuis claros e quase transparentes. Havia algumas boas
tatuagens por seus braços também. Outra coisa que eu gostava.
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Quero dizer, não que isso significasse qualquer coisa. Exceto
talvez que estivesse focada demais no trabalho para trepar nos últimos
dois meses. Ou talvez mais. Oh, Deus, tinha sido muito mais tempo. O
último homem havia retornado de alguma cidade no meio do nada do
Mississippi. O que posso dizer, ele tinha aquele lance de sotaque do sul
e eu tinha cerca de cinco bebidas em mim. E era um agricultor real com
uma vida real. Tipo ele cultivou sua terra com suas próprias mãos. Isso
foi irritantemente atraente para mim.
~ 24 ~
de passagens em lugares com apenas banheiros de paradas, decidi
estabelecer a lei sobre o encanamento funcionando. Nada contra
banheiros de paradas. Sabia que eram a coisa do futuro e tudo isso.
Mas este era o presente. E essa mulher já lidou com comida de fast food
e dormiu na traseira de carros desde que tinha dezessete anos. Ganhei
o direito de ter privacidade sobre algumas pequenas coisas. Como dar
descarga. Dar descarga era uma coisa boa.
Outra coisa que não era completamente incomum era que havia
fogo na lareira, sendo a única fonte de aquecimento. A única parte
incomum disso era que havia muito pouca madeira na lareira. Não, em
vez disso, tinha uma grande quantidade de roupas masculinas.
~ 25 ~
— Puta merda, Scotti, — disse Kingston, abaixando a arma, o
alívio era visível em seu rosto sempre sério. Ele era o cara que Mallick
mencionou, aquele que procurava Scott. Bem, eu. Foi Nixon, o segundo
mais velho, que teve que forçá-lo a seguir o plano. Não porque ele me
amasse menos. Ele só sabia que não seria bom para qualquer um ser
preso. Se eles estivessem presos, não havia como descobrir o que
aconteceu comigo e fazer algo a respeito.
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Esse era Kingston para você. Como era o mais velho, muita
responsabilidade foi deixada em seus ombros antes mesmo de chegar
aos trinta. Foi forçado a receber seus três irmãos adultos e sua irmã de
dezessete anos em seu apartamento de um quarto. Suas contas de luz,
de água e de comida triplicaram. Na época, ele trabalhava como
segurança durante a noite em uma loja. Mas, depois de um tempo, ele
também precisou trabalhar de dia, lavando louça em um restaurante.
Ele fez tanto por todos nós. Nos primeiros anos, na maioria das vezes,
retribuíamos com reclamações e resmungos.
Dez anos depois, ele ainda ocupava esse papel na maior parte de
nossas vidas.
Daí o sermão.
— Bem, se ele é um criminoso, não vejo por que ele tem algum
interesse em tentar nos derrubar. Tipo, vai contra toda a honra entre os
ladrões, não é? — Isso veio de Rush, o mais novo dos meus irmãos. Era
apenas dois anos mais velho do que eu. Também era nosso motorista. E
se você estava se perguntando, sim, Rush era o seu verdadeiro nome.
Ele tinha tanta pressa para chegar ao mundo que nasceu dois meses e
meio prematuro. Aconteceu que o nome era que trazia um pouco de
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premonição, porque Rush sempre foi e sempre curtiu de tudo rápido e
imprudente. Ele estava marcado de cicatrizes para provar isso. E era o
melhor motorista que já vi.
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estar. Ficaram opções como África e alguns países asiáticos. Nós
estávamos debatendo entre a Rússia e a China, em ambos os lugares
poderíamos desaparecer facilmente.
— Então, o que você está dizendo é que a gente fica aqui um par
de dias e partimos para o próximo trabalho, — pensou Nixon.
~ 29 ~
Lar doce barraco.
Não.
Eu não.
~ 30 ~
Três
MARK
Pelo que vi, o assalto não deu em nada. Foi notícia nos noticiários
e nos jornais duas vezes naquele dia, nada na página principal
novamente. Afinal, havia traficantes de drogas, estupradores e
assassinos para serem notícias.
Esse era o preço que você tinha que estar disposto a pagar para
viver em um lugar onde ficasse fora do radar da polícia quando você era
um criminoso.
Bem, diabos.
~ 32 ~
da rua em frente ao prédio deles. Estava vindo do barraco
aparentemente abandonado algumas casas abaixo.
—... Scotti...
Não.
Porra.
~ 33 ~
Claro.
Estava bem.
~ 34 ~
Balancei minha cabeça, afastando meus pensamentos. — Estou
no meio de colocar uma calçada aqui, — falei, não querendo
compartilhar a informação que acabei de saber. Eu não era assim, em
geral, era o mais boca aberta. Mas essa informação, essa situação, essa
mulher intrigante, queria manter em segredo.
Ele não estava exatamente errado sobre isso. Na verdade, ele não
estava errado sobre isso, afinal. Aquela também foi uma boa mulher.
Valeu a pena e a tontice. Na verdade, poderia ter desistido do meu
cartão de mulherengo para sair com ela se ela já não tivesse sacado
qual era a minha intenção e decidido que só me queria para uma
aventura.
~ 35 ~
Ele riu com isso, balançando a cabeça. — Certo, tudo bem. Fico
quieto sobre sua garota não-sou-uma-donzela-em-perigo, tudo o que
quiser. Não diga que não avisei que esse período de celibato
provavelmente vai fazer você explodir no instante em que entrar nela,
porque eu simplesmente fiz isso, porra.
Corri para o outro lado da rua, limpando minhas mãos pelo jeans,
sabendo que não havia nada que pudesse fazer com elas e não me
importando muito. Na minha experiência, as mulheres gostavam de um
homem em roupa de trabalho, tanto quanto gostavam de um homem de
terno. E, não quero parecer arrogante, mas podia fazer os dois.
~ 36 ~
Mesmo que o choque estivesse deixando seu rosto pálido, ele
estava sendo substituído por um tipo de aborrecimento. Como se eu
fosse um problema e ela não quisesse lidar com isso.
Não me sentia mal pelo meu trabalho. Na verdade, nada que ela
pudesse dizer poderia me fazer sentir desse jeito. O fato era que não era
como se emprestássemos dinheiro a mães solteiras com filhos doentes e
que não conseguem pagar. Na verdade, não fizemos nenhum lance de
empréstimo com as mulheres, porque nenhum de nós jamais colocaria
as mãos sobre uma mulher. Os caras que vieram até nós, foram os
merdas que perderam tudo nos jogos da hexagonal ou nos cassinos de
Atlantic City ou quando escolheram a equipe errada no Fantasy
Football. Nós emprestamos dinheiro a pessoas que, desde o começo,
eram irresponsáveis com isso.
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Mas também não era tão sujo quanto parecia.
Além disso, no final das contas, ser executor era apenas uma
parte da minha renda nos dias de hoje. Com a empreiteira e a empresa
de paisagismo cada vez maior, eu estava, francamente, saindo disso.
Assim como todos os meus irmãos com seus diversos
empreendimentos. A agiotagem, era apenas, sei lá, uma tradição. Uma
homenagem ao nosso pai que trabalhou duro para conseguir
proporcionar recursos à nossa mãe e a nós quando éramos pequenos.
Foi a única coisa que, por fim, nos permitiu ter práticas empresariais
legítimas.
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idêntica à que eu estava pensando em relação à outra mulher apenas
alguns minutos antes. Mas, independentemente do que fosse, provocou
um desafio dentro de mim, fosse sua intenção ou não.
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não me segurando, nem me aproximando. Suas mãos ainda estavam
apertadas, aparentemente, lutando entre a mente e o corpo.
— Tais como você ser um agiota que sabe que sou uma assaltante
procurada. Como você saber onde é meu esconderijo. Como, apesar
disso, essa coisa do cimento e da grama fresca faz algo comigo por
razões que não quero explicar. E esse sorriso é uma distração. Se você
pudesse simplesmente... parar, tipo... tirar isso do seu rosto. Tire. —
Ela mandou quando sua brincadeira acabou de tornar o sorriso mais
aberto. Sua mão estendeu, pressionando meus lábios por um segundo.
— Entendo, você é quente. Não precisa continuar me dando esse
maldito sorriso.
~ 40 ~
— Acha que sou quente, hein? — Perguntei, ignorando o pedido,
sorrindo como ela queria.
— Oh, por favor. Você sabe que é quente. Você contou com isso.
Bem, merda!
Droga.
E acho que era um idiota por não ter visto isso dessa maneira
antes.
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ombros. — Tive que engolir uma dessa na oitava série, mas acho que é
mais difícil para os garotos aprenderem. Não preocupe sua linda cabeça
com isso, — disse ela, tocando minhas têmporas enquanto avançava
pelo meu ombro como pensei que faria quando subi pela primeira vez.
Foi assim, então, que me dei conta que assalto à mão armada e
mentir para a polícia não eram seus únicos talentos.
Não, Scotti era uma maldita ninja mental. Ela entrou lá com uma
espada toda silenciosa, esgueirada e cortou-a. Apenas para que pudesse
fazer uma fuga limpa.
E, pela primeira vez, era uma aposta que tinha certeza de que
venceria.
Mas veja, ela esqueceu uma coisa. Não era a única que cresceu
com um grupo de irmãos. Lidei com as piores formas de tormentos
mentais, emocionais e físicos desde que tinha idade suficiente para
entender as palavras. Porque, vamos ser realistas, ninguém poderia te
machucar tanto quanto a família, já que ninguém o conhecia tanto
quanto a família. Estava com um nocaute técnico aos meus pés em
segundos, graças a esse histórico.
— Então, o que você está dizendo aqui é, quer me foder, mas não
quer admitir isso, então está desviando do assunto tentando magoar
meu ego.
~ 42 ~
Eu queria que ela admitisse.
Ela estava de volta a seus pés, suas mãos estavam ao seu lado.
~ 43 ~
voltei para o outro lado da rua, me jogando de volta ao trabalho como
uma distração muito necessária.
Uma coisa era certa, se ela não desse uma de covarde e saísse da
cidade, eu e Scotti, sim, nós tínhamos algum negócio inacabado.
Não.
~ 44 ~
Quatro
Scotti
Ok.
Bem.
Sei lá, não que toda a interação não deu uma injeção de ânimo
para pensar e ficar obcecada com isso. Mas isso não significava nada.
Eu o queria.
Ele não podia cheirar cecê ou Bozzano e arruinar isso para mim?
Ou, melhor ainda, cecê tentando ser mascarado com uma abundância
excessiva de Bozzano.
~ 45 ~
Oh, sim.
Mas não. Claro que não. Ele apareceu cheirando concreto, suor e
apenas a sugestão mais estranha dessa coisa de lubrificante que
usavam em objetos metálicos.
Foi por isso que não consegui tolerar uma casa que usasse esses
horríveis aromatizadores de tomada ou sprays. Os cheiros devem ser
orgânicos, caso encerrado. Não havia nada orgânico sobre tempestade
de chuva de baunilha tropical ou qualquer que fosse o nome do inferno
que eles colocavam nos bonitos e brilhantes recipientes.
Oh, sim.
Ok.
Para ser justa, tentei acabar com isso. Fui uma filha da puta e
usei todas as armas que aprendi por ter crescido em torno de quatro
provocações, pé no saco, irmãos mais velhos. A maioria dos indivíduos
teria recuado.
Veja, o que a maioria das pessoas não sabe sobre lojas é que não
há muito dinheiro nos caixas. Hoje em dia a maioria das pessoas paga
com cartões. E nosso esquema não era com cartões. Não tínhamos nada
contra os clientes das lojas. Eram as próprias lojas que tinham que
pagar. Então, se os caixas começassem com cerca de quinhentos em
uma parte da manhã e dobrassem isso durante o dia, se você roubasse
nos horários de pico quando todos os caixas estavam abertos, mas
antes da mudança de turno, então você estaria contando com dez a
quinze mil dólares. Não eram tão pouco, mas também não era o que
levaria se roubasse um banco. Não é o tipo de dinheiro que vai te deixar
rico para o resto da vida.
~ 47 ~
igual da ansiedade dentro de mim era que, ao parar o trabalho,
estaríamos deixando uma grande parte de nós mesmos para trás. Não a
de criminosos, mas a razão pela qual nos tornamos criminosos, a
missão que nos levou a essa vida, o vínculo que nos manteve unidos em
todas as noites sem dormir, em todos os erros que poderiam ter nos
mandado para a prisão, em cada cuidadosa saída da cidade, rezando
para conseguir fugir.
No ano que vem, todos estaríamos fora dessa vida, longe dessa
preocupação, tentando desesperadamente aprender como xingar uns
aos outros de “inúteis” e outros insultos em russo ou chinês.
~ 48 ~
máquinas que lhe diziam como fazer os movimentos. Para meus irmãos,
aparentemente, isso era para “garotas” e caras que “precisam se
flexionar”. Eles não faziam academias. Eles faziam treinamento militar
em parques ou bosques ou onde quer que pudessem encontrar colinas,
áreas planas e lugares para correr e fazer as flexões sempre detestáveis
que eles gostavam tanto.
Com isso, entrei nas sapatilhas e saí para a rua, fazendo meu
caminho a pé. Tínhamos o carro, mas tentávamos evitar dirigir sempre
que possível, porque não deveríamos legalmente fazer isso. Qualquer
coisa que pudéssemos fazer para evitar a suspeita seria bom.
~ 49 ~
conexões pessoais próximas não eram apenas indesejáveis, elas eram
verdadeiramente arriscadas.
~ 50 ~
quando você descobre que são seres humanos que fazem coisas comuns
e desordenadas, como cortar as unhas dos pés e recolher os pedaços.
Talvez isso não soe romântico para pessoas normais, mas para
mim era como um buquê de flores, caixa de chocolates, e brincos de
diamante gigante.
Algum dia.
E já que hoje não era esse dia, eu levava meu crachá de visitante
e queimaria calorias com toda a minha energia incansável em uma
esteira até as oito.
Os irmãos Mallick.
Ótimo.
— Porra, sabia que você deu em cima dela, seu merda, — disse
um dos outros. Dos cinco, ele era o mais amplo. Ele definitivamente
~ 51 ~
passou uma boa parte de seu tempo na academia pegando e puxando
peso.
Esquisito, eu sei.
~ 52 ~
— Somente para provar uma coisa, — respondi, o queixo erguido.
— Provar, querido, que você não é tão irresistível como pensa que
é. E agora, se me der licença, você meio que arruinou o encanto da sala
de musculação, — falei, correndo em direção à parede em curva e ao
corredor que achei que levava aos vestiários. Mas devo ter me virado em
algum lugar, porque estava de pé na frente de uma porta que dizia que
isso levava à piscina.
Falando sério, não era como se Navesink Bank fosse uma cidade
pequena. Na verdade, para ser honesta, era bastante grande. Tinha um
monte de grupos diferentes, diferentes culturas, diferentes tipos de
casas. Eu deveria ser capaz de andar livremente sem encontrar-me com
ele novamente.
Mas não.
~ 53 ~
Foi exatamente aí que fiquei muito infeliz comigo mesma por
escolher um top rosa. Porque, fala sério, os mamilos ficavam imensos
em um top assim e o preto teria escondido essa situação melhor.
Eu gostava do áspero.
~ 54 ~
minha barriga, conseguindo, de alguma forma, transformá-la em
prazer. Quando consegui desviar meus olhos de sua mão, o que tinha
certeza de ser cerca de vinte minutos depois, achei que ele me
observava com aqueles olhos claros ilegíveis, algo intenso que não
conseguia nomear seja lá o que fosse.
— Para isso.
Não havia nada hesitante, nada de incerto sobre ele. Seus lábios
se queimaram sobre os meus, tanto que podia jurar que ele estava
deixando uma marca, como se me reivindicasse para que todos vissem
depois que ele terminasse comigo. De alguma forma, eu estava bem com
isso.
~ 55 ~
fechar em torno da minha parte inferior das costas, me puxando para a
frente, esmagando meu corpo inteiro contra o dele, completamente
despreocupado se eu o estivesse encharcando.
Essa foi a última coisa que ele disse, o último consolo que ele me
deu no segundo antes de sua boca se fechar em torno do meu mamilo
endurecido, sugando-o com força, fazendo meu corpo inteiro se
abandonar nesse contato inesperadamente. Uma das minhas mãos
~ 56 ~
bateu em seu ombro, principalmente para me permitir me manter em
meus próprios dois pés. A outra pousou na parte de trás de seu
pescoço, trazendo-o para mim, implorando silenciosamente por mais do
lindo tormento. O que ele me deu de bom grado, trabalhando sua língua
sobre o pico em círculos torturantemente lentos. Então, assim que a dor
requintada de seus dentes na carne sensível começou a explodir através
do meu corpo, pelo som de meus batimentos de coração trovejante, eu,
de alguma forma, ouvi um grito.
Sim.
~ 57 ~
— S... Angela, — imediatamente tentei disfarçar, olhos grandes,
coração frenético. Jesus. Estava perdendo o jeito. O que estava errado
comigo, porra? Nunca ferrei um disfarce. Nós pagamos uma pequena
fortuna por eles. Seria tolo fazer isso.
~ 58 ~
— Chance? — repeti, as sobrancelhas juntas. — Não pode haver
chance. Estou indo embora, Mark. Estou dando o fora daqui alguns
dias.
— Um o quê?
— Um dia. É tudo o que vou pedir. Um dia em que você não vai
estar no seu lance “quero ele, mas não”.
— Dê uma chance para um dia. Veja onde vai dar. Se você quiser
mais depois disso, então, iremos dali. — Quando não respondi, ambos
querendo isso mais do que eu poderia dizer, mas também apavorados
com isso, sua cabeça abaixou um pouco, aproximando-se de mim. —
Diga sim, Scotti.
— Sim.
— Amanhã ao meio-dia.
~ 59 ~
Foi talvez dois minutos depois, quando o estúpido sorriso
feminino deixou meu rosto, que me dei conta de uma coisa.
Ele ia me buscar.
No barraco.
Maravilha.
~ 60 ~
Cinco
Scotti
No entanto, uma parte de mim não estava a fim de ouvir isso. Por
mais errado que isso poderia ser, estava tão animada que senti que
estava zumbindo. O que era bobo, mas eu estava indo em um encontro
de verdade. Eu não tinha tido um encontro há anos.
~ 61 ~
— E daí?— - perguntou Atlas, quase ofendido. — Você vai dar pra
ele para impedir talvez, de ele nos delatar para os tiras? Scott, a gente
nunca vai deixar isso acontecer. Preferimos ir embora.
— Oh, pelo amor de Deus. Eu não iria dormir com ele para evitar
de entregar a gente. Jesus. Você realmente pensa tão baixo de mim?
Veja, a coisa sobre Kingston era, ele podia ver através de mim. E
por isso nunca me safei de minhas merdas desde que fiquei
inteiramente sobre seus cuidados. Sem sair escondida. Sem faltar na
escola. Sem encontro com meninos. Nada.
~ 62 ~
Mesmo que fiquei adulta, nunca consegui descobrir como deixá-lo
de fora.
— Kings...
~ 63 ~
certeza de que eu estava segura nas mãos de qualquer homem com
quem eu ficava.
— Mas sei que ele devolveu um pouco de vida em você com essa
oferta. Isso é importante para mim. E nem vou tentar negar a você algo
que te deixou animada. Nem vou falar que é arriscado. Você não é
estúpida. Sabe quais são os riscos que podem ou não ocorrer. Nem vou
falar que é perigoso porque se está tão entusiasmada desde o início,
talvez seja melhor tirar isso da cabeça e apenas deixar de lado. Você
sabe disso. Em vez disso, vou falar que, — ele continuou, me dando um
pequeno sorriso,— quero que você se divirta. E espero que ele seja
digno de você, criança.
Fazia tanto tempo que eu não saía com alguém que me esqueci de
esclarecer os parâmetros do encontro.
Mas, enfim.
~ 64 ~
Geralmente, na minha vida, o desconhecido era aterrorizante, o
melhor era nunca permitir que acontecesse. Por isso planejávamos tudo
em detalhes. Para nos salvar de qualquer imprevisto que pudesse nos
levar a uma cela ou para um caixão.
~ 65 ~
— Fazendo o quê?— Nixon perguntou.
— Meio que uma pena que temos apenas uma semana antes de
partimos, hein?— ele perguntou, me dando um sorriso simpático.
~ 66 ~
Concordando talvez até demais com isso, já que não tinha
passado mais de cinco minutos com o homem, rechacei. — Não vamos
nos precipitar. Vai que ele mastiga com a boca aberta ou me faz tirar os
sapatos antes de entrar em seu carro.
— Do quê?
~ 67 ~
— Se você vai me fazer tirar os sapatos antes de entrar no seu
carro.
Para isso, Mark riu, voltando-se para o meu irmão mais velho. —
Ela não vai precisar disso. Ela quase quebrou meu maldito pé na loja
quando a conheci. — Então, seu rosto ficou um pouco mais sério,
provavelmente apontando o quanto isso era importante para ele e
respeitando isso. — Sua irmã está segura comigo, Kingston. Sei que
você vai, mas não precisa se preocupar com ela.
— E farei tudo o que estiver ao meu alcance para não foder isso,
— disse Mark, voltando-se sério por um segundo antes de um grande
sorriso começar a surgir em seus lábios. — Você vai subir essa bunda
bonita ou precisa de ajuda?
~ 68 ~
— Mercado, — ele me informou, casual como podia ser. E antes
que eu pudesse até mesmo desenroscar minha língua e perguntar o
que, senti suas mãos fortes se afundando em meu quadril e levando-me
para cima, levantando-me de meus pés e depositando-me dentro da
caminhonete. A porta bateu e fiquei sozinha no carro por um momento.
~ 69 ~
Seis
MARK
~ 70 ~
— Mercado?— ela perguntou enquanto meus olhos pegavam os
dela.
— Você cozinha?
— Ou, quer saber, diga para eles cozinharem para eles mesmos se
vão ser um pé no saco, porra, — eu sugeri.
— Você assa?
~ 71 ~
Seu sorriso ficou um pouco melancólico com isso, seus olhos
aparentemente longe. — Às vezes. Principalmente perto dos feriados.
Essa era uma tradição na minha família há tanto tempo quanto me
lembro.
~ 72 ~
orelha, sentindo-a estremecer um pequeno enquanto meus lábios
roçavam seu lóbulo.
— Ah, bem... isso não foi a coisa mais esperta para falar, — disse,
sorrindo. — Porque agora preciso mostrar-lhe o que é uma cena real, —
acrescentei enquanto abraçava sua parte inferior das costas,
arqueando-a para trás quando eu avançava.
— Ah... o quê?
Sim, não tinha como parar o sorriso que ameaçava dividir meu
rosto naquele momento. Beijei a mulher enlouquecidamente.
~ 73 ~
— Eu, ah, sim. Volto logo. Preciso de maçãs e outras coisas.
Oh sim.
~ 74 ~
Sete
Scotti
Então... aconteceu.
Acho que me deixei levar pelo seu, com ele disse, encanto
travesso. Ele nem ligava para o que as pessoas pensavam de suas
divertidas e meio exageradas palhaçadas. E talvez a ele fosse permitido
fazer isso, pois era tão loucamente lindo que tudo o que precisava fazer
era sorrir e tudo estava perdoado.
Esse beijo, por mais pateta que tenha sido, foi eficaz. Quase não
sendo capaz de obrigar minhas pernas a andar enquanto me afastava
dele, certifiquei-me de ficar fora da sua vista antes de me encostar no
final de uma prateleira e me recompor. Se não fizesse isso, eu ia cair
matando em cima dele assim que entrarmos pela porta. E, embora isso
seja verdade, eu queria mesmo fazer isso, também não queria apressar
as coisas. Queria aproveitar o dia, ver o que ele tinha planejado, não ir
direto para as coisas físicas.
~ 75 ~
— Ei, você sabia que nosso senador é um zumbi? Aparentemente,
esse reconhecido “jornal” tem uma prova empírica.
— Baby, fico feliz com você encarando minha bunda sexy o dia
todo, — disse Mark, fazendo com que eu me afastasse dos meus
pensamentos para encontrá-lo olhando para mim enquanto colocava
algumas sacolas no carrinho. De alguma forma, ele colocou as compras
na esteira do caixa, registrou-as e empacotou sem que eu percebesse. —
Mas temos que ir, — ele acrescentou quando eu apenas fiquei de pé
olhando para ele como uma psicótica.
~ 76 ~
— Flores de maçã.
Foi quando me dei conta que não tinha feito flores de maçã desde
que minha mãe morreu. Meus irmãos me pediram várias vezes, mas
isso sempre foi um carinho de minha mãe, um mimo que ela fazia
quando eu tinha um dia ruim. Sempre doeu demais pensar em fazê-las.
Por que, então, nem pensei duas vezes para fazer isso para Mark?
Praticamente um estranho?
— Ah, sim. Foi mal. Acho que estou com fome, — menti. Em vez
disso, notei uma mudança estranha e significativa na minha vida que
me deixou inquieta e sem saber o que pensar. E isso era muita
informação para um primeiro encontro.
Não estava mentindo quando disse a ele que imaginava sua casa
como uma república universitária. E com isso, eu quis dizer nada
suave, sem decoração, somente com o que é indispensável, ou, no caso
dos eletrônicos, dispensável mas em enorme quantidade.
~ 77 ~
com quase dois hectares. Era uma encantadora construção azul
profundo com vigas e suportes brancos, toda a pintura precisando
desesperadamente uma atualização, uma pequena varanda dianteira
sob um telhado pendendo profundamente, grandes colunas quadrada
apoiando o telhado, janelas de duas colunas e uma torre de janela
individual.
— Construção.
~ 78 ~
arranhada, como se muitos tivessem descansado suas botas lá em
algum momento ou outro. A TV, bem, era enorme. E que homem não
tinha uma TV enorme?
Havia uma mesa de café da manhã branca perto das janelas com
quatro lugares e uma cesta de batatas no centro.
Encantador.
~ 79 ~
loira com olhos verdes. E, finalmente, havia uma com seu irmão coberto
de tatuagens, juntamente com uma mulher coberta com elas também,
de cabelos loiros, impecavelmente vestida.
Todos, dos pais aos irmãos, todos pareciam felizes com seus
parceiros.
— Não. Eli ainda não sossegou. Não sei por que. Ele nunca foi um
mulherengo. Gosta da ideia de esposa e filhos. Simplesmente não
encontrou isso ainda. Ele está namorando alguma garota agora, mas...
— Isto é sério?
— O quê?
Tinha certeza de que estava claro que seja lá o que for que rolou
com a gente, seja lá o que quisesse chamar, era casual. Não poderia ser
sério. Eu estava só ficando. Sempre estaria ficando. Essa era a vida que
~ 80 ~
levamos. Não havia como contornar isso. Não havia como continuar um
relacionamento por isso. Especialmente quando minha última jogada
estava na Rússia ou na China. A única maneira de funcionar seria se o
cara quisesse entrar nisso. E como ele era superligado com sua família,
não havia chance disso. Então, por que se preocupar em tentar
conhecer minha história? Por que tentar trazer à tona todos os meus
segredos e ver como eles pareciam na luz?
— Por quê?
Sem camisa.
Primeiro, não tinha notado que ele tinha tanta tatuagem. Mas
com nada o cobrindo, eu podia ver duas nos braços até o cotovelo, uma
no peito e alguma coisa serpenteando pelas costas. Ele, felizmente,
~ 81 ~
deixou toda sua área de estômago livre. O que era bom porque você
realmente podia apreciar os sulcos profundos e recuados de seus
músculos abdominais e os deliciosos (sério, eu queria lamber) os
músculos do cinturão de Adônis que desapareceram na cintura do
jeans.
Ai Jesus.
Dito isto, Mark sabia exatamente como isso era para ele ou para a
família dele.
~ 82 ~
Lembrei-me da devastação, com certeza. Era algo que todos
sentimos, algo que todos experimentamos, cada um à sua maneira.
Mas, por algum motivo, lembrei mais do pânico. Lembrei-me dos olhos
ferozes quando ela olhava para uma parede ou para uma pilha de
correspondência. Lembrei-me da forma como, do dia para a noite, seu
rosto jovem e adorável ficou dez anos mais velho e afundado. Lembrei-
me das ligações completamente desesperadas para todas as empresas
locais, de todas as tardes depois da escola quando ficávamos sentados
na parte de trás da van fazendo lição de casa enquanto ela fazia
entrevistas. Lembrei-me da forma como ela levava uma calculadora
para a mercearia e teria que escolher entre o sabão para roupa e as
toalhas de papel. É por isso que temos tantos panos de prato! Além
disso, é melhor para o meio ambiente! Mesmo para uma menina de nove
anos, esse entusiasmo parecia falso.
Nada.
Zero.
Mas três meses depois que nosso pai foi enterrado, ela finalmente
recebeu uma ligação. Então, três dias depois do teste de droga, ela teve
um emprego.
~ 83 ~
Mas as luzes ficaram e nunca passamos fome.
— Scotti...
~ 84 ~
Mark colocou a faca, observando-me com um olhar que não
conseguia ler, mas era intenso. — Aposto que posso adivinhar para qual
empresa de merda ela trabalhou.
— Apenas tímidos cinco mil pela primeira vez. Mas para nós, isso
foi muito.
— E daí?
— E depois?
— Depois, dar o fora daqui antes que qualquer coisa mais cedo ou
mais tarde nos denuncie. Quero dizer, somos cuidadosos. Identidades
2 Do original shower, rinse, repeat. A personagem faz referência a um antigo comercial de televisão para
xampu. Na cultura americana, é adicionado a frases em que algo é feito repetidamente (N.T.)
~ 85 ~
falsas até o fim e todos os meus irmãos usam narizes protéticos ou
tatuagens falsas ou cicatrizes falsas durante assaltos, apenas o
suficiente para despistar qualquer coisa que pareça semelhante.
Algumas vezes, só teremos um de nós agindo. Às vezes, sou a única a
gritar e atirar. Tentamos ser originais.
— Não há extradição.
Isso me fez sentir menos uma aberração por saber disso também.
— Exatamente.
— Então, isso é tudo o que você conhece desde que sua mãe
morreu? A estrada, o planejamento, vivendo inseguros.
Porque a próxima coisa que saiu de sua boca foi — Então você vai
assar essas fodidas coisas ou vou ter de comê-las cruas? Não é que não
vou comer, mas acho que ficarão melhores assadas.
~ 86 ~
Esse último, sim, trouxe consigo uma tristeza que era muito
intensa.
Eu arrumei a mesa.
Bem, então.
Ele sorriu, pegando uma cerveja que estava cuidando desde que
nos sentamos. — Minha mãe nos forçou a fazer todas as atividades
extraclasses. Por toda a nossa vida. Acho que tentando nos manter fora
de problemas. O que não adiantou nada. Mas de qualquer forma, no
ensino médio, tudo o que queria saber era qual seria a próxima garota
que eu ia correr atrás. Desperdiçar inúmeras horas por semana no
campo de futebol ou de beisebol ia foder com o meu estilo.
~ 88 ~
trabalho nesse campo, — disse enquanto caminhava em direção à pia,
abrindo a torneira e pegando o sabão.
— Pressionei um botão. Não sei qual é, mas quero saber para não
pressioná-lo novamente.
— Não.
~ 89 ~
— Boba?— Eu repeti, sorrindo apesar de mim mesma. Que tipo
de homem adulto usava a palavra “boba”?
Agora que parei de pensar bobagens, notei como era bom sentir
seu corpo forte atrás do meu, seus braços me segurando forte.
Assim que livrou meus pés das meias pretas, seu dedo se moveu
para massagear a sola de meu pé, que, para uma mulher normal,
poderia ter sido um pouco - ou descontroladamente - erótico, mas para
mim era tortura. Porque eu, sim, eu tinha ridiculamente cócegas em
lugares estranhos como meus pés e minhas costelas. Então, não havia
como segurar a risada que gritava, soltei-me enquanto meu corpo
inteiro sacudiu, fazendo com que o olhar de Mark se levantasse para o
meu, fazendo meus olhos se arregalarem. Porque eu conhecia esse
olhar. Era o mesmo que meus irmãos fizeram quando perceberam pela
primeira vez que poderiam usar isso contra mim em uma briga. — Fala
sério, — ele disse, os dentes brancos piscando por toda parte.
~ 90 ~
— Não o quê? Não faça... isso? — perguntou, agarrando meu
tornozelo, puxando-o para cima enquanto ele estava de pé e indo para a
minha sola. Até que eu estivesse perdendo o fôlego enquanto
inutilmente golpeava suas mãos, até estar deitada de costas,
implorando que ele parasse.
Pensar?
Nem tinha certeza se era capaz de pensar. Pelo menos nada que
não envolvesse o caos percorrendo-me ao seu toque.
~ 91 ~
desesperado e suplicante. Ele levantou e tomou posse do meu outro
mamilo até que a pressão sobre a minha barriga se tornasse
extremamente dolorosa, o desejo entre minhas coxas intolerável, e
afundei minhas mãos em seus cabelos, puxando forte até que ele se
levantou e selou seus lábios sobre os meus.
Quando pensei que não seria capaz de aguentar mais, suas mãos
deslizaram sob minhas costas arqueadas, cruzando-me, segurando-me
apertado enquanto ele se endireitava, puxando-me e levantando-se
comigo enrolada ao seu redor. Um de seus braços ficou no meio das
minhas costas, o outro vagou para baixo até afundar em minha bunda,
segurando-me, quando ele começou a caminhar pela cozinha, depois
pela sala de estar.
Não saberia dizer como era o corredor, onde ficava seu quarto,
como era o piso, se havia uma suíte. Tudo o que sabia era que sua pele
cheirava a uma pitada de gel de banho e fumaça da churrasqueira, e
sua pele parecia estar superaquecida como a minha, e sua respiração
não estava tão controlada quanto eu pensava, indicando que ele estava
se segurando para se manter no controle.
~ 92 ~
Então, assim que senti o minha bunda encostar-se na cama,
soltei-me dele e pulei para fora da cama, ajoelhando-me diante dele e
alcançando a cintura do jeans. Eu o soltei e me aproximei para agarrar
seus jeans e cueca boxer, minha cabeça inclinando-se para cima para
encontrá-lo olhando-me, intenso e pesado. E isso, essa desejo, era tudo
o que eu precisava quando suas calças caíram e seu pau duro
finalmente apareceu. Minha mão avançou para envolver o rígido
comprimento macio e aveludado, parando na base assim que me
inclinei, movendo minha língua provocativamente na cabeça,
observando seus olhos. Meu sexo apertou ao som de sua respiração
sibilando entre seus lábios, me animando.
~ 93 ~
Ele não perdeu tempo nos meus seios ou na barriga novamente.
— Oh, meu Deus. Oh, meu... oh... — gritei enquanto ele voltava a
sugar meu clitóris ao mesmo tempo em que seu dedo empurrava para
dentro, curvando-se e varrendo meu ponto G, e enviando um orgasmo
cegante e intenso pelo meu corpo. Ele fez um ruído baixo de grunhido
enquanto continuava me excitando, prologando, tirando o máximo que
conseguia.
E eu simplesmente... o segurei.
Porque sabia que não teria tempo. Na ordem natural das coisas,
apenas alguns minutos com ele. Então iria segurá-lo enquanto eu o
tinha. Para mim enquanto eu o tinha.
~ 95 ~
— Fez o que comigo?— Perguntei entorpecidamente, o cérebro
completamente coberto com uma satisfação pós-orgasmo que fazia tudo
o mais distorcido.
Uma risada rolou através de seu peito, vibrando pelo meu corpo.
— Adivinha o que isso prova, — ele disse, levantando um pouco,
encontrando resistência enquanto eu o abraçava mais apertado. —
Deixe-me levantar, querida. Tenho que lidar com o preservativo, — ele
me informou, fazendo-me soltar um grunhido quando minhas pernas se
desdobraram e caíram pesadamente sobre o colchão. Meus braços o
libertaram em seguida e ele rapidamente se flexionou, rolando para sair
da cama, afastando-se de mim em direção a uma porta ao lado do
quarto, fechando-a depois que entrou.
~ 96 ~
balançar? A intensidade com que ele me olhou? O sentimento de
possessividade que tive ouvindo-o gozar com meu nome em seus lábios?
Quase.
~ 97 ~
O quarto não era um espaço enorme, considerando a pequena
casa em geral. Mas os pisos eram como os do andar de baixo. As
paredes eram de um chocolate profundo. A cama de madeira era
enorme de tamanho king-size, encantadoramente amassada em
lugares, mas bonita. Descobri que gostava desse estilo de decoração.
Ele parecia não gostar do novo e brilhante. Preferia peças com um
passado, com personalidade, com uma história a contar. Não havia TV,
um pouco surpreendente para mim, e um muito peculiar conjunto de
criados e cômodas de madeira escura.
Mas desta vez não tinha nada a ver com a conclusão de uma
missão de uma década, com a preocupação com novos costumes, em
aprender novas línguas, em encontrar emprego remunerado.
Então, antes que ele pudesse dizer algo que tornasse esse
sentimento mais profundo na minha alma, virei-me para encará-lo,
passando minha mão sobre a tatuagem de seu braço. — Ele fez todo
esse trabalho em você?
~ 98 ~
— Sim. Também é seu nome de batismo. Ele fez esse braço, — ele
disse, gesticulando. — E as minhas costas. O resto disso é Hunt.
~ 99 ~
— Ei, — ele disse quando fui abrir minha porta, deslizando um
braço em meus ombros e me puxando de volta para ele, fazendo meu
estômago pressionar contra o console central. — Nem vai me dar um
beijo pelo jantar e dois orgasmos?
Mas, assim como não havia como negar a forma que essas
palavras enviavam uma severa dor através do meu corpo, também não
havia como negar a verdade delas.
~ 100 ~
Oito
MARK
— Estou falando que fui para a casa depois de não ter notícias
dela por três dias, mesmo depois que liguei e enviei mensagens, e o
barraco estava vazio. Não há rastro deles. Nada, porra, literalmente. O
lugar estava limpo. Duvido que haja até mesmo uma impressão digital
em qualquer lugar.
~ 101 ~
— É claro que liguei. — E não era como eu não fizesse essa
merda. Nem sempre era o tipo de cara que dá uma rapidinha e cai fora.
Havia muitas mulheres com quem conversei depois, que mantive
contato para algo casual, mas amigável. Mas se ligava uma vez e não
tinha retorno, acabava ali. Não queria implorar a ninguém por atenção.
Mas mandei mensagens para Scotti. E quando a última mensagem não
foi enviada, continuando a me dar notificação de falha, liguei também.
— Sim.
— Acho que eu não fazia parte dos planos dela, cara. Acho que
apareci e estraguei seu esquema. Acho que nunca ficaram tanto tempo
em uma cidade depois de um golpe como ficaram aqui. Tinha alguma
coisa os segurando. Pra começar, essa foi a única razão que posso
imaginar para ela concordar em vir aqui. Acho que logo depois,
qualquer que seja o motivo para prendê-los aqui, terminou, e eles
tiveram que ir.
Realmente.
~ 102 ~
Talvez fosse porque nunca conheci uma mulher como ela antes. E
isso significava algo porque conheci muitas mulheres. Já conheci
mulheres fodonas e incríveis. Mas ela estava em uma classe própria.
Fora as mulheres que eu não conhecia tão bem, tipo a Lo e a Janie do
Hailstorm, não poderia dizer que já encontrei uma mulher com uma
mente tão honesta, como conduzir a realizar sua própria versão de
justiça, tal era sua dedicação à causa. E mesmo com tudo isso, por trás
da máscara que ela usava como escudo, ela não era fria, distante ou
solitária. Na verdade ela tinha vínculos mais fortes com sua família do
que qualquer outra pessoa que eu já tenha visto, além de mim.
Ela era franca, mas de uma maneira sarcástica que não era
ofensiva. Ela era confiante, mas tinha uma vulnerabilidade escondida
também. Ela era uma criminosa experiente, mas não endurecida.
Isso era diferente de mim. Eu não era esse tipo de sujeito. Não
olhava para uma mulher e via um futuro.
Mas talvez fosse porque nunca tinha olhado para uma mulher
como Scotti.
O mesmo poderia ser dito de Ryan, que sempre esteve casado com
seu trabalho, muito ocupado para notar a maioria das mulheres. E
então havia uma doce e problemática Dusty. Toda a sua vida tornou-se
focada nela, deixando-a confortável a redor dele, deixando-se tornar-se
um “lugar seguro” para ela e sua ansiedade. E, embora nenhum de nós
viu como isso começou, Hunter e Fee tinham um vínculo tão profundo
como qualquer um que eu já tinha visto. Ele conheceu as partes mais
trágicas de Fiona e nunca as encontrou menos atraentes ou não
amáveis. Na verdade, ele a amava mais justamente por essas partes.
~ 103 ~
Todos eles conheceram suas mulheres quando as viram.
— O quê?
~ 104 ~
— Acho que é um pouco forçado, cara. — eu disse com uma
risada. — Coop, Jesus, sente-se por dois minutos. — eu disse, pegando
o cachorro e puxando-o entre nós, tentando distraí-lo com afagos. Isso
não funcionou, caso você quiser saber. Ele se debateu até que se
afastou e voltou a implorar que a bola fosse jogada.
— Sei lá. Acho que você pode se livrar disso. Apenas uma vez.
Apenas para enfrentá-la e ver o que ela tem a dizer. Qual o pior que
pode acontecer? Ela contou a seus irmãos sobre você? Você sobreviveu
a golpes de todos nós. Acho que você pode lidar com isso. — Ele desviou
o olhar por um longo minuto. — Sabe... Apenas para você não ter
sempre esse “e se” pendurado sobre sua cabeça. Isso não é jeito de
viver, Mark.
Mas acho que ele se sentiu assim sobre suas escolhas de vida,
sua carreira, sua constante colocação de seus desejos em um segundo
plano para lidar com negócios familiares, sendo forçado a ser um
monstro de raiva quando era necessário.
E quem conhecia Eli sabia que ele gostava de seu café. Ele passou
por duas cidades até encontrar um café decente.
~ 105 ~
— Depois me conte como foi, cara. — falei quando ele se levantou
e assobiou. E, selvagem como aquele cachorro era, ele parou
imediatamente e correu em direção a Eli, deixando sua corrente ser
presa à sua coleira. — Ele só está sendo bom porque sabe que temos
uma meia hora a pé para casa.
~ 106 ~
Nove
Scotti
Mas o fato era que todos nós sabíamos disso porque trabalhamos
em tantas dessas lojas, que o sensacionalismo se perdia facilmente na
labuta diária do trabalho.
~ 107 ~
social, graças ao salário de escravos. Provavelmente, mais do que
ninguém, queriam que os lugares pegassem fogo.
Era lindo aqui. Não havia poluição sonora para acordar você de
noite, apenas o som distante de uma coruja cantando através dos céus.
O ar era fresco. As paisagens eram absolutamente adoráveis. Eu deveria
ter amado isso.
Parecia errado.
Mas talvez seja por isso que eu mordia tão forte o meu lábio
inferior para deixar um hematoma e não disse nada, guardando minha
decepção e tristeza para mim mesma, fingindo que deixar Navesink
Bank não parecia ser o maior erro da minha vida.
Porque era tudo tão ridículo, tão irracional, então tão diferente de
mim.
~ 108 ~
Um dia perfeito e maravilhoso, quando me senti mais confiante,
mais livre, mais feliz do que já estive desde... porra, nem sabia. Talvez
desde que minha mãe estava viva.
Eu superaria isso.
Era meu coração que não estava a fim de mais nada com isso.
~ 109 ~
Acabamos de criar uma pequena bolha isolada para viver sem
nenhum maldito motivo.
Era triste.
Talvez não fosse mais a vida que queria para mim, mas eles ainda
a queriam. E eu não iria tirar isso deles, pelo menos não tão perto da
linha de chegada. Parecia cruel e sem sentido fazer isso com eles.
~ 110 ~
A mesma merda, dia diferente.
Estas eram as escolhas que fiz. Eu não tinha o direito de estar tão
incomodada com elas.
— Por quê? Com todo esse barulho na casa, acho que você
gostaria de toda essa solidão aqui.
~ 111 ~
que talvez não seja tão bom como ter uma mãe ou uma amiga por perto,
mas estou aqui e me importo. Fale comigo.
~ 112 ~
— Você já?
Foi então que senti uma onda de culpa quase irresistível. Não só
por ter sido um bebê chorão nas últimas semanas, mas porque estava
tão obcecada com meus próprios dramas durante a última década que
nem me dei conta que meu irmão também não estava feliz. Claro que
ele sentiu o peso mais do que o resto de nós, sobretudo mais do que eu,
a mais jovem. Sacrificou sua vida sem hesitação, levando-nos todos um
a um. Pelos meus irmãos, conforme eles apenas envelheciam e queriam
um pouco mais de liberdade. Por mim, quando fui empurrada para ele
pela morte prematura da nossa mãe. E ele nunca se ressentiu. Nunca
me fez sentir como se fosse um fardo, embora soubesse que havia dias
em que era exatamente o que eu era. Nunca conseguiu encontrar uma
mulher, ter uma casa, filhos, um trabalho normal. E, ao contrário de
mim, ele não era tão jovem.
Deus, todos nós perdemos tanto, tanto, sem mesmo perceber isso.
— Mas todos nós crescemos agora, King. Não estou dizendo que
não precisamos de você, porque precisamos. Eu especialmente. Mas se
isso não é o que você quer mais, descubra o que quer e vá atrás.
~ 113 ~
— Ei, olha, estou realmente feliz por você ter estado com um
humor de merda. Não, — ele disse, erguendo a mão quando fui falar
algo. — Não porque gosto de te ver infeliz. Longe disso. Mas porque é a
primeira vez que vejo você sentir algo profundamente, porra, nem sei
por quanto tempo. Odiaria pensar que, ao escolher este estilo de vida,
atrapalhou seu crescimento, fez você endurecer ou incapaz de
experimentar o desejo por algo mais. Fico feliz que não seja isso, —
disse ele, ficando de pé e limpando os jeans. Depois, me puxou de pé ao
seu lado e me apertou contra ele em um abraço firme, que não percebi o
quanto precisava até que ele me deu. — Mais três assaltos. — ele disse
com uma voz reconfortante.
King colocou seu nariz falso e uma verruga horrorosa sobre isso,
e pintou seus cabelos com uma tinta temporária lavável que deu aos
seus cabelos castanhos escuros uma tonalidade avermelhada feia. Eu
tinha o meu cabelo preso sob uma peruca loira levemente avermelhada,
lentes de contato azul claras e passei mais de uma hora fazendo um
contorno pesado no meu rosto, o que me fazia parecer ter uma
estrutura óssea completamente diferente do que eu realmente tinha.
Também aumentei meu sutiã e usei três camadas apertadas de roupa
por baixo para fazer parecer que eu era maior. Estava sendo
excessivamente cautelosa já que precisei mostrar meu rosto no último
assalto.
~ 114 ~
responsável pela compra de roupas desta vez, já que eu estava com um
humor do cão.
E... Nada.
Eu seria livre.
~ 115 ~
Mas a maior parte de mim queria tomar um longo banho, lavar o
dia, talvez passear pela horta que achei ser catártico. Nunca fiquei em
um lugar tempo o suficiente para pensar em ter uma planta, muito
menos uma horta. E percebi, enquanto colocava as mãos e joelhos na
terra e puxava ervas daninhas, enquanto pegava ovos, colhia verduras
para saladas verdadeiramente frescas, que era algo que eu gostava
muito.
Talvez tenha sido a primeira coisa que descobri algo que gostava
de fazer, já que foi a única coisa que realmente consegui explorar.
Pelo menos isso me deu algo além dos assaltos e família para me
apaixonar.
~ 116 ~
dando-lhes um sorriso provocante por pensar que eu estava tão
indefesa que não poderia passar uma noite sozinha. — Vou me
certificar de que tranquei as portas e verificar as janelas antes de ir
para a cama.
Não sei o que me possuiu para dizer isso, mas eu disse. — Sim,
você pode me trazer um vaso e um saco de adubo.
~ 117 ~
as malas. Então, entrei no banheiro, tomei um banho bem demorado,
porque ninguém começou a bater na porta, dizendo-me para apressar-
me, porque eles precisavam entrar. Vesti uma das camisas de King, que
ficou enorme, e calças de pijamas, depois me enrolei no sofá com um
livro de jardinagem que encontrei numa prateleira na sala de estar.
~ 118 ~
Dez
Scotti
Ok.
Bem.
Sim.
— Não posso dizer que isso não me faz sentir melhor. — ele
concordou. — Esta pequena coisa é permitida dentro da casa? Ele
parece pensar que é. Estava batendo quando me aproximei.
— Acho que ele poderia ter, hum, se apegado em mim algo assim.
— expliquei, soltando a arma e pegando o bichinho, com cuidado para
não deixar nossos dedos se encostarem. Sabia que contato físico não
seria bom. Porque eu gostaria de mais e mais disso e isso só
complicaria tudo.
~ 119 ~
Eu me forcei a afastar-me dele, olhando ao redor enquanto levava
o frango para a cozinha, onde peguei um punhado do arroz que fiz na
noite anterior e dei-lhe.
— Você não poderia nem dizer que você estava saindo da cidade,
Scotti?
— E ainda...
— E ainda assim, tive de ir. Você sabia disso. Eu sabia disso. Não
tinha como ficar em Navesink Bank. Inferno, não tem nem como eu
ficar neste país.
~ 120 ~
Pessoas que ganham a vida pisando no pescoço dos outros. Não sentem
que precisam ir para a porra da Rússia. Eles molham a mão certa. São
inteligentes. Confiam em poucos com a verdade. Mas eles ficam.
~ 121 ~
Suspirei. — Por que estamos falando sobre isso? Por que você
está aqui? — Parei então, a sensação de meu estômago subindo pela
boca. Não, sério. Por que ele estava aqui? Como ele chegou aqui? Como
sabia onde procurar por mim? Se ele pode nos encontrar com tanta
facilidade, então qualquer um poderia, certo? Nós teríamos que partir.
Eu precisaria deixar minha amada horta e meu bebê frango.
— Eu tenho que arrumar. Nós temos que ir. — falei, passando por
ele para entrar no banheiro.
Ok.
~ 122 ~
Mas ainda não estava convencida.
— Que fugir não é sua única opção no mundo. Você poderia ficar
fora de vista por um tempo, ter certeza de que todos esqueçam sobre
isso, então construir uma vida aqui. Como Scotti, não Angela ou
qualquer outro nome que você use. Presumo que sua ficha está limpa.
Assim como a de seus irmãos.
~ 123 ~
cidades em que ficamos foram planejadas. O orçamento foi mapeado. E
o objetivo final sempre foi o mesmo.
Respirei fundo, sabendo que não havia como ele acreditar, mesmo
que eu mentisse. — Eu queria mais com você.
— Viu? Sabia que tudo o que tinha que fazer para fisgar uma
mulher era fazer uma boa comida. E, sabe né, o orgasmo provavelmente
ajudou.
~ 124 ~
— Talvez eu devesse te dar mais. Sabe, apenas para ter certeza.
Pela ciência.
~ 125 ~
e eu saí das calças e da calcinha. — Mas você terá que se resignar a
esta realidade. — ele me disse enquanto a cabeça dele se abaixava, seus
dedos me espalhavam e sua língua deslizava entre minhas dobras.
— Eu odeio você. — gritei quando ele pôs-se de pé, mãos indo aos
meus quadris, levando-me para a cama, depois me pressionando contra
ela.
E realmente, com ele olhando para mim com aqueles lindos olhos,
falando comigo naquela voz sensual, de pé, parecendo um deus com
todos aqueles músculos, havia alguma forma de negar o que ele queria?
— Agora, Scotti. — ele exigiu em um som que não era mais do que
um grunhido.
Assim como ele ordenou, meu dedo deslizou enquanto sua mão
enrolava seu pênis, acariciando-o até a base.
Depois disso, bem, tudo o que soube era o desejo que senti por
dentro de ver seu pênis, ao imaginar que estaria enterrado dentro de
~ 126 ~
mim novamente. Nunca notei antes como era quase insuportavelmente
sexy assistir a um homem se tocar, especialmente quando o fazia ao
mesmo tempo em que observava você ficar ainda mais inebriante.
~ 127 ~
Mal houve uma pausa antes que seu pau estivesse dentro de
mim, incrivelmente profundo, com pressão suficiente para que todo o
meu corpo se movesse para frente. Ele deslizou sua mão pelas minhas
costas para afundar as mãos nos meus cabelos, enrolando,
embrulhando e puxando, usando isso para me segurar no lugar quando
ele começou a me foder.
~ 128 ~
Parecendo que ele mesmo sentia esse peso - ou possivelmente era
só eu projetando meus próprios sentimentos sobre ele - Mark abaixou
minhas pernas, envolvendo-as ao redor de sua cintura, depois se
inclinou para frente, pressionando seu corpo completamente no meu.
Foi a primeira vez que percebi o quanto eu queria esse contato.
Ele estava fazendo algo que tinha certeza de que nunca ter
experimentado antes.
Era fantástico.
Quase esmagador.
Enquanto ele me levava ao limite, desta vez eu sabia que ele iria
me deixar chegar lá, enquanto seus lábios suavemente pertenciam aos
meus, senti uma picada de lágrimas nos meus olhos que eu tive que
lutar para mantê-las longe, ao mesmo tempo em que Mark me
pressionava no vazio suspenso.
~ 129 ~
O rosto dele enterrou-se no meu pescoço e minhas pernas e meus
braços o envolveram, segurando-o talvez muito apertado.
Eu não queria arruinar o que estava parecia ser uma coisa boa,
por ir fundo rápido demais.
~ 130 ~
— Tentando me torturar mais um pouco? — perguntei quando ele
afastou os lençóis e deslizou, sentando-se levemente contra a cabeceira
da cama e puxando-me para que minhas costas estivessem contra seu
peito, seus braços em minha frente.
— Você é ridículo.
~ 131 ~
— Então, você vai falar com seus irmãos sobre ficar?
~ 132 ~
Eu sorri largamente porque estava bastante segura de que ele não
podia ver, e assenti com a cabeça. — Combinado. — concordei.
Ridículo? Sim.
~ 133 ~
Onze
MARK
Mas seriamente.
Mudei meu pênis entre nós para acariciar sua fenda depois que
ela puxou as pernas debaixo dela, ajoelhada, as mãos na beira da
banheira enquanto lutava para recuperar o fôlego.
~ 134 ~
— Trazer o quê? — Ela perguntou, soando um pouco sonhadora,
completamente contente com os quatro orgasmos sólidos que já tinha.
— Ah.
— Eu acredito em você.
Obrigado porra.
Nunca, na minha vida, nunca tive a ideia de que gozar sem algo
entre mim e uma mulher parecia ser tão atraente. Na verdade, eu tinha
certeza de que não era algo sobre o qual eu pensava, exceto de
passagem. Quando você não era um cara de relacionamentos, você
nunca fodia sem proteção. Para você, claro, e para a mulher. Ninguém
queria qualquer surpresa desagradável ou um bebê não planejado de
uma ficada de uma noite.
Eu queria senti-la.
~ 135 ~
Eu queria que ela me sentisse.
Sua cabeça caiu no meu ombro, suas mãos subindo e indo para
envolver a parte de trás do meu pescoço. Minhas próprias mãos
deixaram seus quadris para deslizar pela barriga e agarrar seus seios,
rolando seus mamilos endurecidos até que seus quadris começaram a
se contorcer contra mim, até que ela estivesse tão carente quanto eu
estava sentindo naquele momento.
~ 136 ~
E, tão doido como pode ter sido pensar assim antes, nada parecia
ser tão certo.
Me apaixonando?
Não havia como negar. Por que outra razão, caralho, eu teria
parado o que estava fazendo durante o horário de trabalho, para checar
meu telefone, que já tinha preparado para me alertar com notícias sobre
uma determinada loja de departamentos? Por que mais eu teria pulado
o jantar com Shane e Lea para entrar na minha caminhonete e arrastar
a bunda fora da cidade enquanto ligava para todos os criminosos que
conhecia sobre possíveis esconderijos na área do Estado de Nova
Iorque? Por que mais eu exigiria que ela mudasse todo o curso que ela
tinha estabelecido para sua vida? Por que mais eu sentiria uma
profunda necessidade de estar cru dentro dela? Para preenchê-la com
meu gozo? Para reivindicá-la de uma maneira que nunca quis antes?
Eu estava me apaixonando.
~ 137 ~
Não precisamos passar semanas ou meses sentados em frente a
alguém em restaurantes antes de percebermos que estavam certos. Não
precisamos fazer listas de prós e contras. Não precisávamos pesar as
opções.
Talvez a situação não fosse a ideal? Bem, ela era uma porra de
assaltante armada, indo embora do país, então... sim.
~ 138 ~
possível. Também decidi que isso precisava ser uma forma de
preliminares em algum momento no futuro. Mas não está certo.
Naquele momento precisávamos nos vestir antes de sermos invadidos.
— Como elas estão se sentindo agora?
Ela riu disso, avançando para tirar a toalha de mim e ficar de pé.
— Bem, acho que posso te alimentar então, — declarou, afastando-se
de mim e em direção ao quarto. Ela vestiu um jeans e um top preto,
deixando os pés descalços, e se afastou em direção à cozinha. — Oh,
merda. Literalmente.
Então, fui, com o pintinho pulando na cesta, feliz como podia ser.
Realmente era um lugar agradável. Especialmente depois de uma vida
em lugares como o barraco em que ela tinha ficado por tanto tempo. A
terra estava esparramada, fazendo com que os dois acres, da minha
área fossem praticamente uma quantidade desagradável de terra, como
se fosse um quintal muito pequeno em uma grande cidade. O ar estava
limpo. Não havia sons de carro ou vizinhos.
~ 139 ~
E foi exatamente isso que eu esperava que ela e seus irmãos
fizessem naquela manhã. Porque eu sabia que estava certo. Estava tão
certo, maldição. Eles não tinham que ir embora. Na verdade, ao
procurar por notícias de novos assaltos, segui adiante e pesquisei todos
os antigos. Ela estava certa quando disse que se disfarçavam. Nenhum
relatório era o mesmo. Às vezes, havia ruivas, morenas. Às vezes, havia
olhos azuis, verdes, cinza. Às vezes, ela e seus irmãos eram magros,
sarados, gordos. Às vezes eles falavam em malditos gestos ou outras
línguas que ninguém mais entendia, o que eu achava ser inventado.
Eles despistavam seus rastros. Um cão de caça treinado não seria capaz
de cheirá-los. Não havia qualquer suspeita de haver cinco deles.
~ 140 ~
Doze
Scotti
— Disse que pode para por aí. Não preciso saber mais, — disse
Rush, pegando o suco de laranja. — Estou dentro. Navesink Bank foi
foda!
~ 141 ~
— Tipo assim, aquele barraco não é uma fodida opção, —
continuou Atlas.
Muito bom.
— Tipo, a gente vai precisar ficar atento por um tempo, mas talvez
dê certo, — disse Nixon.
~ 142 ~
Não estávamos negociando um negócio ilegal por outro. Se fôssemos
fazer isso, faríamos direito. Assunto encerrado. Eu não ligava se isso
significasse que eles tinham que ser frentistas ou fazer hambúrgueres
em lanchonete para ganhar a vida.
~ 143 ~
— Alguns pedaços de madeira e algumas telas, querida, e você
tem um galinheiro.
— Oh, hum, tudo bem. Bem... ah... acho que vou te ver...
~ 144 ~
Um grande e ridículo sorriso surgiu meus lábios por um minuto,
fazendo seus olhos mais quentes, antes de deixar minha boca em uma
linha reta, tentando me fingir de séria. — Bem, suponho que isso
poderia funcionar.
E, maldição, eu adorei.
Eu realmente adorei.
***
~ 145 ~
— Nugget estava tendo ansiedade de separação, — explicou Mark,
casual como poderia ser, quando alcançou atrás dele para pegar a
pequena caixa de papelão e me entregar. — Ele me disse que, já que
sou um grande, sarado e sexy proprietário de uma empreiteira, posso
com uma puta certeza construir um galinheiro para ele.
***
~ 146 ~
— Estamos sendo invadidos, — ele me informou, fazendo meu
coração disparar na minha garganta.
— Você me deixa te foder sem nada entre a gente. Para mim, isso
não é “mal estamos” qualquer coisa, e tenho certeza de que também não
é “mal estamos” para você. Então pegue sua xícara de café, beba-o,
tome banho, se recomponha. Quando terminar e estiver pronta, leve
sua bela bunda para baixo e conheça minha família louca, ok?
~ 147 ~
Havia uma espécie de intensidade, uma necessidade em seu rosto
naquele momento, que me fez perceber como era grande para ele me
apresentar para eles. Ouvi falar muito sobre a família Mallick, como ele
ouviu falar muito sobre meus irmãos. Toda vez que falava sobre eles,
mesmo que ele estivesse reclamando ou tirando sarro deles, era com
amor, com um vínculo profundo e inabalável. Entendia o quanto isso
significava porque era exatamente como eu falava de minha própria
família.
— Sem pressa. Vai por mim, essa tempestade demora uma meia
hora. E aposto o meu braço esquerdo que Eli trouxe o vira-lata, o que
significa que ele e as meninas vão bajulá-lo. Posso mostrar-lhes seu
pintinho também se você demorar muito. — Ele se moveu para se
levantar, depois se virou, esticou-se, segurou-me pela nuca e me deu
um beijo duro e rápido. — Obrigado, baby.
~ 148 ~
— Que merda é essa pequena merda penugenta? — Era uma
frase que me fez abrir um sorriso enorme sozinha na cama enquanto
terminava meu café.
Amor.
Oh Deus.
~ 149 ~
— Eu era agorafóbica, e agora, bem, é apenas... um processo.
Progresso e regressão. Como agora, estou regredindo um pouco, e então
vou progredir e volto a minha bunda lá outra vez. Eu sou Dusty, — Ela
disse, me oferecendo um sorriso gentil.
— Você espera que todos nós... ah, aí está ela. — Isso veio do que
conheci como Shane, o maior, o dono da academia. — Esperava que
você colocasse essa mer... — ele começou, apenas para cortar quando
Fee lhe deu um olhar duro, — este chá gelado com açúcar e mel por
pelo menos outros vinte minutos.
~ 150 ~
— Pessoal, — disse Mark, me dando um sorriso enquanto
caminhava em minha direção. — Esta é Scotti. Scotti, estes são, bem,
todos. Mas vamos começar com meus pais. Esta é Helen e Charlie, —
ele apresentou, levando-me a uma versão mais antiga de si mesmo e
uma mulher maravilhosa com um corpo muito bom para quem deu à
luz cinco filhos gigantes.
~ 151 ~
Não era uma pergunta, mas respondi de qualquer maneira. —
Parece um bom lugar para um criminoso se aposentar. Ou, um grupo
inteiro deles para ser exata.
~ 152 ~
esse tipo de coisa, me inclinei mais perto, abaixei minha voz e admiti, —
Sinto falta da minha mãe.
~ 153 ~
minhas meninas animadas no mês passado com uma máquina de
karaokê. Amo minhas meninas, mas Deus do céu, nenhum delas é
capaz de cantar. Fizeram todos os cães no bairro gritarem de
sofrimento. Então, você é Scotti.
— Vou ser sincera com você, não pensei que Mark iria encontrar
uma garota. Ainda mais um assaltante fodona. Você realmente
aumentou nosso índice de popularidade. Navesink Bank tem muitas
mulheres fodásticas desde fabricantes de bombas até gurus da
autodefesa e assim por diante. Precisamos que todas as outras
saibam...
— Você pode não fazer bombas, mas parece ser muito boa no que
faz do seu jeito. Quem mais poderia dominar os homens Mallick? —
perguntei.
Ela sorriu com isso quando Lea se virou para mim. — Então,
agora que você está se aposentando, o que planeja fazer? Porque, ah,
nós acabamos de perder outra garota para a licença de maternidade.
Sei lá, você fica bem dizendo aos homens que o pau minúsculo deles é a
coisa mais patética que você já viu e não é digno de sua linda e rosada
xaninha, certo?
Mas não pude evitar, estava rindo. — Oh, sim, totalmente. Digo
isso o tempo todo.
~ 154 ~
— Todos mesmos, — eu disse, encolhendo os ombros.
Não conseguia ver Kingston, Nixon ou Atlas, mas por uma razão
estranha, pensei que talvez Rush achasse isso interessante. Talvez eu
mencionasse isso. Ele era o que mais me preocupava. Sabia que King
teria os pés no chão. Nixon e Atlas provavelmente ficarão perdidos por
um tempo, mas também encontrarão o caminho. Mas, como Rush era
um bom motorista, havia uma preocupação de que ele pudesse
considerar a possibilidade de usar essa habilidade, prestando serviços
para a quantidade aparentemente interminável de criminosos em
Navesink Bank. Ele era tão jovem que isso ainda podia o atrair. E o
dinheiro, bem, digamos que, uma vez que o motorista é o que te
mantinha fora da cadeia, eles pagavam bem.
Seria tentador para ele ir por esse caminho, assim que percebesse
as restrições de uma renda que recebe sendo correto e tendo muito
pouca experiência no trabalho tradicional.
~ 155 ~
— Não deixe que ela te engane com sua doçura, — declarou Fee,
dando a Dusty um empurrão de ombro. — Quando a levamos num
sexyshop, ela se abasteceu. Na verdade, eu vi um par de...
Ai credo.
~ 156 ~
comigo acabou me perguntando se eu gostava do seu doggy-dick4 em
vez de, acho, donkey-dick. O que é igualmente terrível, mas ri na cara
porque, bem, fala sério! E ele ficou puto, mole e puxou para fora, subiu
suas calças e saiu. E isso, minhas queridas senhoras, foi a minha
gloriosa primeira vez, — ela terminou, girando uma mão no ar enquanto
formava um arco.
— Vou ver o que Mark tem aqui para cozinhar, — declarou Lea. —
Dusty, quer ajudar? — Ela perguntou com força. Não havia nada de
sutil ao entrar e fechar a porta para Mark e para mim.
4Doggy-dick é uma gíria para pênis não circuncidado. Enquanto que donkey-dick (donkey=jumento) é uma
gíria para pênis excessivamente grande, tão grande que pode machucar alguém. Daí a confusão entre as
palavras que causou a graça.
~ 157 ~
— Eu gosto muito delas, — continuei querendo que ele soubesse,
querendo aliviar qualquer estresse que ele estivesse sentindo sobre eu
me dando bem com seu povo. — Fee vai entrevistar Rush para um
emprego como operador masculino de sexo por telefone para mulheres
solitárias.
Dito isso, uma risada baixa passou por ele. — Tenho que amar a
Fee, sempre procurando novas oportunidades de negócios. Odeio te dar
essa notícia, — disse ele, um pouco culpado. — Mas isso parece que vai
ser uma coisa de um dia inteiro. Geralmente é como minha família é.
— Deixe, — Mark disse, quando fui para pegar uns pratos na ilha
e levá-los para a pia. — Eles podem esperar. Eu não posso, — ele me
informou, agarrando minha mão e me puxando em direção ao seu peito.
A tímida sumiu pela janela assim que suas mãos desceram até a
minha bunda, apertando. Ele me levantou fora de meus pés, me
envolveu ao seu redor, me empurrou contra a parede e anunciou —
Para ter meu pau de volta na quente e apertada boceta que você tem.
~ 158 ~
Então, depois de um lindo dia conhecendo sua família, já me
sentindo quase parte dela, fazendo amigos, ele me fodeu contra a
parede da sua cozinha. Depois nos arrastamos até a cama onde ele caiu
sobre mim até que eu ter certeza de que acordei todo mundo na rua,
então ele me envolveu e dormimos.
Perfeito.
E acordei para ver que Mark não fazia nada pela metade.
~ 159 ~
Treze
Scotti
Dez vezes.
~ 160 ~
Teria que ter levado todas as margaridas de todas as floriculturas
em Jersey para fazer essa exibição. Em vez disso, havia flores de todo
tipo de cor e variedades. Rosas cor-de-rosa, lindos lírios brancos,
crisântemos no canto.
Que tipo de homem faz um gesto tão grande assim e não fica para
ver sua reação?
S-
-M
— Alô?
~ 161 ~
— Essa porra de arrancar ervas daninhas é para os pássaros. —
Nixon cumprimentou-me, trazendo um sorriso no meu rosto. Claro, ele
era grosseiro, como Nixon costumava ser, mas eu não o tinha visto em
quase dois dias completos. Literalmente nunca estive longe deles por
tanto tempo antes. Eu poderia ter desfrutado um pouco de paz, alguma
normalidade, algum relaxamento e diversão. Mas realmente senti falta
deles. Esta seria uma transição lenta, penso para todos nós, para poder
viver vidas totalmente independentes.
~ 162 ~
— Atlas cobriu a horta com uma tela de arame extra ao redor. A
gente acha que, desde que a fique bem fechada, tudo bem se ficarmos
um dia fora.
~ 163 ~
Mark até colocou algumas rosas cor-de-rosa dentro e em frente a
isso, outro pequeno presente inacreditável que mostrava a inegável
doçura que ele tinha para oferecer.
***
~ 164 ~
Mas nós estaríamos comendo.
***
— Sim, mas o cara médio só quer ouvir que ele tem um pau
monstro e que você quer que ele destrua sua boceta até você gozar mil
vezes. — disse Nixon, revirando os olhos.
~ 166 ~
trabalho, com horas fáceis e benefícios, que ficaria feliz em me ter. Mas
não me vi fazendo isso. Uma coisa era falar sujos no calor do momento.
Outra coisa era fazer isso em um ambiente de escritório. Mesmo se ela
oferecesse odontologia e oftalmo.
Não seria estranho viver com um salário. Não seria difícil se tiver
paz e liberdade para fazer todas as coisas que sempre quis fazer.
— O quê?
~ 167 ~
Éramos criminosos. Estávamos fugindo da lei há uma década.
Nenhuma quantidade de pensamento ilusório poderia mudar isso.
É por isso que decidimos sair, sabendo até então que não havia
maneira de realmente sermos livres se houvesse a menor chance de
sermos presos. E nos EUA, sempre haveria essa chance.
~ 168 ~
Enquanto nos olhávamos um para o outro, a realidade de ter que
fazê-lo esvaziou todos nós simultaneamente.
Mas não havia tempo para palavras, sem tempo para conforto,
para possíveis despedidas.
Em direções diferentes.
Ou seja, Mark.
~ 169 ~
Talvez estivéssemos errados.
Explodi em lágrimas.
~ 170 ~
Sentada tão perto, conseguia ouvir a voz de Rush dizendo a King
que ele tinha entrado no trem atrás do nosso que estava levando para a
costa em vez da cidade. Nixon e Atlas aparentemente chegaram ao carro
e estavam voltando para a cabana.
Como a prisão.
— Ligue para ele. — disse King, a voz firme, mas doce ao mesmo
tempo.
— O quê?
Isso.
Era o que tinha que ser feito. Esta era a realidade da vida que eu
tinha escolhido viver. Não era algo com o qual ele devia lidar - a
incerteza, a possibilidade de eu acabar na prisão ou precisar fugir.
~ 172 ~
Quatorze
MARK
Por quê?
Não havia uma única pista de que ela estava pensando em fugir.
Na verdade, ela nem sequer levou sua merda com ela. Pelo amor de
Deus, Nugget ainda estava lá. Quero dizer, não que seu estilo de vida
permitisse levar uma galinha com ela, mas era apenas mais alguma
coisa que não fazia sentido.
Tudo o que sabia era que ela estava se encontrando com seus
irmãos.
~ 173 ~
Mas ela nunca voltou para casa.
— Você sabe o que faço para viver. Sabe que vou te foder pra
caralho se não abrir a porra da sua boca e me dar algumas respostas.
Estou preocupado todo o fodido dia. Cadê ela?
~ 174 ~
— Nova Iorque, — ele informou um pouco com facilidade. E eu
sabia que não tinha nada a ver com a ameaça de danos corporais
porque a) ele era um cara que poderia lidar com isso e b) era muito leal
para ceder com tanta facilidade. Provavelmente, ele sentiu o desespero
que escorreria de mim, direto do fundo dos meus ossos. — Ela está em
Nova Iorque com King.
— Por que diabos ela estaria em Nova Iorque com King sem
atender seu telefone quando ela deveria estar em casa comigo e com seu
frango?
Ok.
— Desembucha.
Bem.
Isso explicava.
Então, por que não me ligar? Por que não compartilhar o plano?
Por que desaparecer e desligar o telefone?
— Ela acha que vai arrastá-lo para baixo de sua sujeira com ela.
— anunciou Rush, de alguma forma lendo meus pensamentos rebeldes.
~ 175 ~
preocupasse de ela trazer a polícia pra cima de você. Mas é isso que ela
pensa. Acha que, ficando longe, está protegendo você.
Ele riu com isso, balançando a cabeça. — Você sabe que vou
estar em apuros por isso, né? Mas ela está no Midtown Hilton. Quarto
142. Certamente King o deixará entrar. Ele contou que ela soluçava a
metade da viagem para a cidade. O que, agora que você a conhece, sabe
que ela não é assim. Ele está preocupado.
~ 176 ~
— Bem, ele não terá que se preocupar em tentar convencê-la a
voltar. Essa é a porra do meu trabalho. Obrigado, Rush.
— Sim?
— Use o seu melhor jogo, ok? Eu meio que gosto aqui. Tenho
certeza de que é melhor que a Rússia.
Quando cheguei lá, era quase uma da manhã, havia uma dor
insistente na minha cabeça e estava tentando muito me convencer a
engolir o poço de incerteza que se encaixava na garganta.
Houve um barulho e passos, muito alto para ser Scotti, antes que
a corrente deslizasse e a porta fosse aberta.
~ 177 ~
Talvez, pela descrição de seu choro no caminho da cidade, eu a
imaginei enrolada na cama.
E ela estava na cama, com certeza. Mas ela não estava enrolada.
Ela não estava chorando.
Ah.
~ 178 ~
desaparecidas ao redor de toda maldita Navesink Bank quando vi um
rosto familiar ao lado do Chaz’s.
— Acho que você está dando muito crédito à polícia. Isso acabou.
O seguro foi pago. Os policiais não estão desperdiçando seu precioso
tempo rastreando ladrões que nunca machucaram ninguém e só
roubaram uns dois mil dólares a cada vez. Eles têm estupradores e
chefes e assassinos para correr atrás. Não vão desperdiçar seu aparato
com sua família, Scotti. Isso não está acontecendo. O fato de você não
conseguir seguir em frente não tem nada a ver com enfrentar as
consequências de suas ações.
— Isso não é uma coisa objetiva, Mark. Nós somos todos ladrões.
É isso que nós...
~ 179 ~
— E você pode ser uma irmã, uma esposa, uma tia, uma
empresária. Você pode ser todas essas coisas se conseguir parar de
pensar nos problemas ao seu redor e ver que não há nada de errado
com você querer e batalhar por eles. — Afastei-me da cômoda e andei
em direção à cama, erguendo-me sobre ela, de modo que ela teve que
inclinar a cabeça para cima para me olhar. Quando me olhou, podia ver
uma grande vulnerabilidade nos olhos dela, como se quisesse acreditar
em mim, como se quisesse acreditar em minhas palavras, mas não
conseguisse esquecer os dez anos em que se viu como nada além de
uma criminosa. — Você nem sequer deu uma fodida chance, baby. Na
primeira prova você fugiu morrendo de medo. Sei que não nos
conhecemos há tanto tempo, Scotti, mas acho que a conheço tempo
suficiente para saber que você é não é uma covarde. — Seus olhos
brilharam nisso, deixando claro que ela não queria ser vista como uma
covarde. — Então pare de agir assim.
— Ele está gostando da sua mansão. Pedi para Lea dar alguma
comida se não estiver de volta amanhã à tarde. Mas tenho a sensação
de que voltarei. — falei, braços deslizando em torno de seus quadris,
dobrando na parte inferior das costas, puxando-a mais perto. — E que
não estarei sozinho.
Acho que tinha que fazer isso. Talvez ela não achasse que eu
estivesse falando tão sério quanto eu sentia. Talvez não tivesse sido
claro com essa merda. Achei que minhas ações falavam muito - as
flores, o convite para que ficasse o tempo que quisesse, a construção do
galinheiro. Mas talvez ela fosse alguém que precisasse ouvir as
palavras.
~ 181 ~
— Estou bem com crianças bilíngues. — falei, dando de ombros.
— O espanhol pode ser mais útil, mas o russo seria mais foda. Já ouviu
alguém falar com você em russo? Assustador.
— Sei lá, baby. Você ouviu Fee sobre a Becca. Se acharmos que
nossos filhos não terão uma boca suja, estamos sonhando, porra.
Então eu atendi.
— Eli.
Eu sabia.
Eu sabia, porra.
~ 182 ~
Caí na beira da cama, meu estômago em nós dolorosos, tendo que
engolir através de um nódulo do tamanho da fodida Rússia na minha
garganta. — Diga-me, — pedi, as palavras mal saíam com o meu
maxilar dolorosamente apertado.
— Porra, você quer dizer que ele está preso desde esta manhã? —
perguntei enquanto entramos no corredor. — Por que ele não ligou
antes?
~ 183 ~
— Como assim ele não ligou? — Por que ela estava me dando
tudo em pedaços? Senti como se estivesse sendo despedaçado com cada
nova revelação.
Tudo o que conseguia pensar era: não Eli. Não Eli, porra. Não o
único merda de nós que, para começo de conversa, nunca deveria ter
entrado na porra negócio. Ele não era para isso. Ele foi forçado a entrar
nisso.
Assim que pensei assim, tudo o que podia imaginar era a culpa
que meus pais deveriam estar sentindo naquele momento, pois sabiam
como eu que ele não foi talhado para a vida de executor, e
dolorosamente conscientes de que foram os únicos a empurrá-lo para
isso.
— Exatamente.
~ 184 ~
Quinze
Scotti
Mas quando eu digo que era sério, quero dizer o suficiente para
deixar um criminoso de carreira adulto e forte completamente sem
chão.
Família.
Alguém foi preso. E, dadas as suas profissões, assumi que era por
algo relacionado ao menos à agressão.
Mas também sabia que a última coisa que ele precisava agora
eram mais perguntas. Ele precisava de respostas.
~ 185 ~
— Eu sei, — concordei, partindo.
Eli.
~ 186 ~
excepcional para você, precisava que você pisasse dentro da boca do
lobo, você só tinha que ser corajosa e fazer essa merda.
— E por que ele não nos recebe, — Ryan colocou, a sua voz um
silvo baixo e ameaçador. Admito, não o conhecia assim tão bem, mas,
desde o momento em que partilhei com ele, sempre foi um pouco
distante. Conseguiu emitir uma aura de competência e controle. Mas
também não havia nada de controlado nele naquele momento. Ele
parecia como se fosse um engano conseguir a sua própria acusação de
agressão.
~ 187 ~
pela forma como Fee moveu-se para mais perto quando ele falou, as
aparências estavam obviamente erradas. Se ela estava preocupada com
ele, indo para lá por via das dúvidas, ele estava obviamente perto de se
perder também.
Não conhecia Collings. Ele nem parecia ser o tipo de homem que
tinha uma filha, parecia mais do tipo que se casou com o trabalho. Mas,
vendo como os ombros de Helen relaxaram um pouco enquanto ela se
inclinava para o marido, entendi que ele não só tinha uma filha, mas
que ela significava muito para ele. Os homens que amavam os seus
filhos não juram pelas suas vidas, a menos que tivessem cem por cento
de certeza.
Eu não poderia estar brava. Não poderia culpá-lo por esse deslize.
Ele estava fora de si de preocupação.
Mas assim que meus olhos se dirigiram para Collings, pude ver o
entendimento lá.
— Que tal você me ajudar a buscar café para todos eles? — Ele
sugeriu, acenando uma mão em direção ao outro lado da sala, onde um
sistema de quatro potes estava instalado. — Scotti, não é? — Ele
acrescentou, os lábios se contorcendo, sem parecer tão chateado pela
mentira, algo que de forma alguma aliviou a minha preocupação.
~ 188 ~
Mas o que eu poderia fazer? Não poderia recusá-lo. Isso
provavelmente só pioraria as coisas. — Claro, — concordei, dando-lhe
um aceno de cabeça enquanto ele me convidou para ficar ao lado dele
quando começamos a andar.
— Mas este não foi um trabalho tanto quanto posso dizer, — falou
Collings, me surpreendendo com a vontade de compartilhar enquanto
ele metia tampa em todos os copos. — Aconteceu há três dias numa
cidade vizinha. Demoraram até esta manhã para prendê-lo.
Há três dias.
~ 189 ~
Merda.
— Oh, eu...
— Você vai fazer isso sob seu nome real? Seus irmãos também?
Oh Deus.
Ok.
Bem.
Puta merda.
Ok.
Pelo menos era apenas eu, certo? Meus irmãos poderiam sair
todos limpos.
~ 190 ~
de toda a pesquisa que fiz sobre isso. E confie em mim, ninguém se
importou em fazer metade da investigação que fiz, então vocês não
precisam se preocupar com isso. — Quando não consegui imaginar um
pensamento consciente, muito menos fazer minha boca se mexer e fazer
algum som, ele encolheu os ombros. — Sei que eu não deveria dizer
isso, mas tenho homens nesta cidade que estupram violentamente as
mulheres. Tenho traficantes que estão distribuindo overdose como
doces no pátio da escola. Tenho merda muito mais importante para me
concentrar do que em vocês. Então, se você puder me dizer que vocês
estão se aposentando, posso fazer isso para que morem aqui em paz.
Todos vocês, — acrescentou.
— Bom, — ele disse, todo o seu rosto caindo enquanto olhava pela
sala em direção ao Mallicks. — Espero que eles possam passar por isto.
A situação não está boa. Eli realmente fodeu tudo, batendo no filho de
um político. Ele tinha que ir preso por isto. Não há chance de ele sair
daqui.
Oh Deus.
— Fortes, claro. Mas isso é um golpe. Eles não estarão bem por
um longo e longo tempo. Estou feliz que Mark tenha você ao seu redor,
— disse ele, virando-se para meter os cafés em bandejas, empilhando-
os e indo em direção ao grupo que estavam ficando muito barulhento,
~ 191 ~
arriscando as suas próprias chances de um telefonema. — Ele vai
precisar de você.
Algemado.
A cabeça dele estava erguida, olhando para onde estava indo, até
vislumbrar a sua família.
Vergonha.
Talvez fosse por isso que não os havia chamado, porque ele não
havia chamado um advogado. Talvez pensasse que merecia o que estava
recebendo.
— Eli, — Helen chamou, seu tom tão dolorido que fez um disparo
por todo o meu peito.
Seus olhos se deslocaram para ver sua mãe, seus olhos ficando
tristes por um breve momento antes que parecesse puxar um escudo
sobre eles, bloqueando tudo, fazendo-o parecer assombrosamente vazio.
~ 192 ~
Então aconteceu algo que ninguém que conhecesse Helen Mallick
pensaria que ela fosse capaz de fazê-lo.
Ela quebrou.
Eu mal a conhecia.
Então ele não estava apenas olhando para mim, ele estava
caminhando em minha direção.
— Eu não posso fazer nada, — ele admitiu, sua voz dura. — Eles
vão levá-lo... e não posso fazer nada, merda.
~ 193 ~
vocês não podem tentar forçá-lo. Ele deve ter um advogado para ir a
julgamento.
Foi quase uma hora mais tarde quando Fee e Lea caíram nos
banco ao meu lado, todos os homens ainda se apinhavam ao lado,
falando. Charlie confiou coisas aos seus filhos e levou para casa uma
Helen muito pálida e muito quebrada para tentar acalmá-la.
— Não acho que ele está vendo isso dessa maneira, infelizmente,
— disse Lea, não tentando ser Debbie Downer5, apenas sendo sincera.
— Você conhece Eli. Ele entra em uma espiral descendente depois que
percebe que deixou a raiva vencer. Demora um pouco para sair da
depressão. Quero dizer... não sabemos o quanto ele machucou o idiota
que bate na mulher, — continuou ela. — Sua acusação é apenas lesão
corporal agravada, então ele não o matou. Mas ele esteve perto? Sei que
vendo um homem gritar com uma mulher foi provavelmente um gatilho
que ele nunca conheceu antes, de modo que não me surpreenderia.
Sem um dos seus irmãos para afastá-lo, isso poderia ter ido muito mal,
muito rápido. Por isso, ele não vai falar com nenhum de nós, quase
dificilmente irá olhar para qualquer um de nós.
— Vou perguntar a ele, mas não acho que ele diria não.
5Personagem do programa televiso Saturday Night Live, virou meme e referência para dizer que a pessoa é
pessimista, sempre olhando o lado negativo da vida.
~ 195 ~
— Mas nos avise. Se Eli foi preso esta manhã, essa besta ficou
solta na sua casa durante quase um dia. Ele precisa sair para passear,
ser alimentado e ter um sério controle de danos feito em seu lugar.
~ 196 ~
— É claro que vamos cuidar de Coop, — ele respondeu, colocando
um braço ao meu redor, e me puxando para perto para beijar a minha
testa. — Não há mais nada a fazer agora. Ellis precisa entrar para ver
Eli, então ele vai voltar para nós. Agora, devemos ir buscar Coop, limpar
a casa de Eli e conseguir algum alimento ou cafeína para nós.
Sem dormir.
Estava bastante segura de que ele teria muitas noites sem dormir
à sua frente.
Ele não lutou contra isso, insistindo em fazê-lo ele mesmo. Acho
que o estresse estava chegando a ele. — Vou enviar-lhe uma foto de Eli
para enviar para ele, — ele concordou, então, fez exatamente isso.
E outra mulher.
~ 197 ~
Epílogo
MARK
Dois dias
~ 198 ~
claro que eu precisava disso. Ela fez comida, mas não me implorou para
comer. Apenas me deixou passar por isto, mas estava lá para mim
quando eu caía no sofá, completamente vazio. Ela se curvou. Ela porra
me segurou.
~ 199 ~
casa agora também, Scotti. Seus irmãos são importantes para você,
assim como os meus são para mim. Nenhuma razão pela qual eles não
podem estar todos aqui de uma vez.
Eu era homem o suficiente para admitir que não senti nada físico
desde que voltamos da delegacia. Estava muito cansado, por todo o
lado, muito zangado com o mundo para pensar em algo assim. Mas com
a dissipação do nevoeiro, com a aceitação da minha própria impotência
na situação, não havia como negar que eu estava tendo algumas ideias.
Scotti
~ 200 ~
A evidência tinha sido condenatória. O testemunho de Eli tinha
sido robótico. As imagens da chamada “vítima” no hospital eram
horríveis, na melhor das hipóteses.
Mesmo que fosse apenas cinco, sabia que era demais para a
família Mallick. Cinco anos quando eles nunca ficaram cinco dias sem
se verem.
~ 201 ~
mãe, Fee, Lea e Dusty. Nem mesmo quando o seu pai, o durão, o agiota
de carreira que ele era, teve que limpar algumas lágrimas. Nem quando
os seus irmãos o xingaram e o chamaram, praticamente implorando
que ele olhasse para eles.
Não conhecia bem Eli, mas eu tinha a sensação de que ele nunca
deixaria a sua família levar as crianças para uma prisão para vê-lo
encarcerado atrás do vidro. De jeito nenhum.
~ 202 ~
Vivi tempo suficiente ao redor dos homens para saber que eles
não queriam você na sua bunda quando estavam lidando com algo. Sua
melhor aposta era apenas estar por perto, para estar lá quando eles
finalmente precisassem de uma opinião, ou um abraço, ou o que fosse.
Comecei a me preocupar que talvez o método não fosse o mesmo para
os namorados depois que deixamos a delegacia naquela primeira noite,
mas, por fim, provou ser o método certo. Depois que ele tinha se
enfurecido e se embriagado e resolvido tudo na sua cabeça, ele voltou
para mim, me segurou, me fodeu semiconsciente no chão da cozinha.
Foram uns bons dois dias antes de conseguirmos falar sobre isto,
por tudo para fora. Mas era o que ele precisava, esses dois dias, então
foi o que eu lhe dei.
MARK
Um ano
~ 203 ~
Não houve chamadas telefônicas.
Meu pai e o resto de nós, não sabíamos se ele se meteu com uma
gangue, se ele estava sendo espancado, se ele estava deixando sair a
raiva e recebendo mais tempo adicionado à sua sentença ou passando
demasiado tempo na solitária.
E deixou um vazio.
Então, ainda que toda a vez que olhava para baixo e via aquele
anel de diamante de corte quadrado na mão de Scotti, sabendo o
quanto era uma loucura insana ter uma mulher que esteve lá por mim
através do meu pior e ainda assim queria inscrever-se para mais, não
conseguia me sentir cem por cento feliz.
Scotti lançou a revista de noivas que Fee tinha deixado, junto com
cerca de cinquenta outras, com um bufar.
— Hum...
~ 204 ~
— Porque, aparentemente, para o meu formato retangular, que é
realmente apenas uma maneira matemática de se dizer que eu não
tenho seios, quadris, ou bunda, — disse ela, revirando os olhos — esse
é um bom tipo de vestido para mim.
Ela era bonita; ela era brilhante; ela era engraçada de uma
maneira sarcástica, que, por acaso, era meu favorito; ela se doava; ela
era leal; ela era incrível na cama; ela era uma boa cozinheira, além de
uma jardineira profissional. Uma coisa que absolutamente ela não era,
era uma menina feminina.
~ 205 ~
preocupar, é que você escolha um vestido em que você se sinta bem. É
isso. Não me importo se é um maldito vestido de baile rosa choque que
passarei duas horas para tentar chegar debaixo para encontrar a sua
doce boceta. — Ela riu então, seu rosto perdeu toda a tensão em um
piscar de olhos.
— Meu ponto é, baby, não quero você nervosa com esta merda. É
para fazer-nos felizes, não em pânico. Não leia essa merda, — falei,
apontando para a pilha na mesa. — Apenas descubra o que você quer.
Você quer um juiz de paz? Tudo bem. Você quer um salão de festas e
todos os criminosos nesta cidade presentes, talvez precisaremos de
segurança privada, mas tudo bem também. Você quer voar para Las
Vegas... Bem, teríamos que levar a minha família e a sua, porque nunca
ouviríamos o fim se não o fizéssemos, mas também podemos fazer isso.
Tudo o que quiser.
Eu sabia que ela tinha um ponto fraco pela casa de meus pais.
Talvez fosse porque era o primeiro lar de verdade, com uma mãe e um
pai que conhecia em uma década. Talvez fosse porque foi o primeiro
lugar onde sua família e a minha família compartilharam um Dia de
~ 206 ~
Ação de Graças juntos, depois Natal, Ano Novo. Foi um lugar onde
fizemos muitas memórias.
Seu sorriso ficou um pouco divertido com isso. — Sei que Scotti
não gostaria de ser discutida como um bem móvel, mas aprecio que
você tenha vindo aqui.
~ 207 ~
Ele assentiu com a cabeça. — Não consigo pensar em nada que a
fez sorrir do jeito que você faz, Mark. Se isso for tudo o que você pode
oferecer, e vamos ser reais, nós dois sabemos que você tem muito mais
do que isso, mas se for tudo o que houver, fico feliz por ela ter isso pelo
resto de sua vida.
Inferno, por tudo que juntei sobre o tempo em que eles passaram
na cabana quando Scotti estava numa depressão sobre fugir, King tinha
sido o único a tentar argumentar com ela.
Esse é um homem muito bom, meu pai havia dito depois de passar
uma noite conversando com Kingston, contando toda a história sobre
como assumiu o papel de pai de todos os seus irmãos mais novos,
sacrificando todas as coisas que ele talvez tivesse planejado para sua
própria vida. Hoje em dia, você não vê esse tipo de altruísmo.
Dê-lhe tempo. Isso era Dusty, sempre aquela que acreditava que
pouco de tempo, um pouco de fé, e talvez alguma respiração profunda
faziam maravilhas, não importava a situação.
~ 208 ~
que estava mostrando como isso era importante para ela. — Você acha
que Fee, Lea e Dusty vão...
— Algum dia, querida, você vai perceber que merece tudo de bom
que veio ao seu caminho, — eu disse a ela puxando-a contra o meu
peito para que ela pudesse se recompor. A coisa das lágrimas nem
sempre acabava conduzindo à imersão na minha camisa, embora
definitivamente acontecesse. Às vezes, ela só precisava ter um
momento.
— O quê?
Houve muitas e muitas vezes ao longo dos anos, quando ele tinha
o suficiente para me arrastar ou aos meus irmãos para lá, mas nunca o
fez. E, inferno, depois de toda essa merda caiu com Lex Keith e The
Henchmen, ele tinha sido o único a ajudar Jstorm, tirar Wolf e salvar
pelo menos uma pequena dignidade no departamento de polícia.
~ 210 ~
Scotti
Dois anos
~ 211 ~
Dentro de duas semanas, precisei contratar ajuda.
— Ok. Esqueça. Não preciso disso. Vou pedir on-line, — disse ele,
levantando as mãos, dando meia volta em direção à porta.
~ 212 ~
— Então, ela gosta de lilás, — ele disse, voz baixa. — Você tem
lilases?
Porque havia uma garota, uma garota solteira que trabalhava lá.
Mas ela não era uma operadora. Ah não. Ela era a garota doce, meio
tímida, muito fora do lugar, a garota da recepção.
MARK
Três anos
~ 213 ~
Mas quase apostei mil dólares que meu primeiro seria um
menino.
Não fiquei desapontado por ser uma menina, é claro. Fiquei feliz,
não importava o que queríamos. Mas, porra, eu precisava de um fodido
retorno no departamento de apostas.
Scotti foi uma paciente, bem, terrível durante o parto, algo que
me deixou encantado. Era uma lutadora. Ela se irritou com minhas
cunhadas quando tentaram dizer-lhe para respirar. Ela disse a seus
irmãos para fazerem vasectomias porque nunca deveriam fazer isso com
uma mulher. Ela implorou às enfermeiras pelas drogas. Infelizmente,
estava avançado o trabalho de parto para as drogas.
Tudo o que sabíamos era que ele ainda estava vivo e que usava o
dinheiro para compras que depositávamos em sua conta a cada
semana. Para que ele usava - comida, itens para sua cela, subornos,
não tínhamos nenhuma fodida ideia. Mas ele usou. Então, pelo menos
era algo.
~ 214 ~
Eu também sabia que Fee, o gênio que era essa mulher, tinha
encontrado uma pequena lacuna em sua regra de “retorno ao
remetente” para todas as nossas cartas. Ele não devolveu as cartas
escritas na caligrafia de Becca ou Izzy ou as fotos da pequena Mayla.
Essas ele guardou. Essas conexões ele não foi capaz de colocar de lado.
— Se você diz isso, cara. Antes eu do que você, é tudo o que posso
dizer.
~ 215 ~
torno de seu dedo mindinho e ela mudaria completamente tudo para
eles, até suas ideias sobre possível paternidade.
Mas sabia que ele talvez fosse o mais empolgado de todos eles por
ter uma sobrinha. Ficou claro que era um homem que queria filhos,
mas nunca teve a chance de tê-los ainda.
— Você tem algum trabalho a fazer nesta casa agora. Não temos
espaço para cinco.
— E uma galinha.
— E você sabe que eles vão implorar por um cachorro algum dia.
~ 216 ~
— Desde que não esteja relacionado com Coop, — concordei. —
Onde quer que esse vira-lata acabou.
Scotti
Seis anos
A única razão pela qual nós soubemos era porque quando Ryan
ligou para a prisão para depositar dinheiro de suas compras, ele foi
rejeitado.
~ 217 ~
Becca tinha idade suficiente para se sentar e conversar sobre
isso. Na verdade, Fee e Hunter lhe contaram o que o detetive Lloyd lhes
contou, informação que ela aceitou com a sabedoria de uma criança
que cresceu em um mundo não tradicional. Izzy e Mayla não ficaram
muito atrás de Becca, mas não se lembravam tanto do tio Eli como
Becca.
~ 218 ~
Se eles o tivessem, se ele estivesse com eles, eles teriam, pelo
menos, mandado uma mensagem de texto para que todos parassem de
se preocupar. E eu duvidava que a prisão solta alguém depois das cinco
ou seis da tarde.
Não era.
Foi sempre o meu medo mais profundo. Não para mim. Eu sabia
que iria ficar bem o suficiente. Era que sempre me preocupei com o
meus irmãos. Eu me preocupava que seria difícil para Kingston,
retiraria a bondade. Eu me preocupava que roubaria o humor do Rush.
Eu me preocupava que iria transformar Nixon e Atlas, transformando-
os em criminosos realmente endurecidos.
Então, embora não conheci Eli por tempo suficiente antes de seu
encarceramento para realmente sentir como eles sentiam, eu poderia
comparar.
~ 219 ~
Vinte minutos depois o modelo SUV preto de Charlie e Helen
estacionou.
Um segundo.
Dois.
Três.
Cinco.
~ 220 ~
— Aonde ele iria? — Helen perguntou. — Voltar para sua casa?
~ 221 ~
Havia os Grassis e suas docas.
Medo.
Era Lea que parecia mais preocupada e Lea que falou pela
primeira vez.
~ 222 ~
— E Janie foi para os Grassis uma vez que este é o território deles
e nenhuma outra gangue deveria entrar. Os Grassis pareciam cuidar
disso.
~ 223 ~
— Prometo que estarei em casa na hora de dormir, não importa o
que, — disse ele, tocando o topo da cabeça de Natalie.
Seis anos e ele ainda pode fazer meu coração fazer algo como
inchar, às vezes. — Ok, — concordei, inclinando-me quando ele me deu
um beijo na minha testa.
~ 224 ~
Ela não se preocupava com todos os balcões, pisos e paredes
ficando cobertos de comida. Ela não se importava em ter que esfregar as
crianças depois.
Foi a primeira vez durante todo o dia que consegui sair e respirar
por um momento. Então foi o que fiz. Saí e alimentei Nugget e seu
companheiro de galinheiro, Chicka. Chequei meu telefone, mas não
tinha nada de Mark ou dos meus irmãos.
Era quase oito, quase hora de dormir, fazendo-me pensar que ele
quebraria a sua promessa, quando vi as luzes de sua caminhonete
estacionando na garagem, seguida pelo golpe de sua porta, e então os
passos no caminho.
— Natalie está dormindo, mas ela vai querer o seio daqui a meia
hora. Elizabeth e Jules estão brincando com blocos. Eu só... precisava
respirar.
— Sim.
~ 225 ~
Era como se uma pedra fosse tirada dos meus ombros. Não
importava de repente que ele estivesse talvez quebrado de anos no
sistema, que ele estivesse ativamente tentando se distanciar de nós, a
sua família.
Fim!!!
~ 226 ~