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2019
São Paulo / Brasil
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Internacional.
CC BY-NC-ND.
Nota:
Palavras gregas e o seu significado, usadas neste livro
mikró – pequena
agapi – amor
Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Epílogo
CENA EXCLUÍDA
Todo o resto foi embora, roupas, joias, carros, imóveis e o seu lar. Seu
pai faliu na quebra da Bolsa de Valores, que aconteceu aquele ano e acabou
cometendo suicídio, junto com sua mãe.
Isso aconteceu há cinco meses e ela agora lutava dia a dia para
sobreviver. Henry tinha alguns meses de mensalidades adiantados, o que lhe
deu algum tempo, mas Anne não teve a mesma sorte, precisou abandonar a
faculdade de moda, que havia acabado de começar conseguindo um emprego
como garçonete em um bar no bairro Soho e um lugar para dormir com outras
funcionárias de lá.
O baque a jogou no chão frio, sobre a neve fofa, que levou apenas
alguns segundos para penetrar o tecido de sua roupa e deixá-la sem ar.
Demétrius saltou do carro assim que viu a pequena figura cair na
frente do seu carro, indo socorrê-la.
Anne ficou alerta imediatamente, ela não tinha como pagar por um
atendimento na emergência, hospital estava fora de cogitação.
— Por favor senhor, estou bem, eu juro, apenas pare o carro para que
eu possa ir, a culpa foi minha. – ela falou em pânico.
— Não se preocupe com isso. Sua saúde em primeiro lugar. – ele falou
enquanto o carro era colocado em movimento.
As luzes dos outros veículos passando, de repente pareciam tão fortes
e brilhantes, Anne tentava se manter lúcida.
Tudo estava certo, não estava? Mesmo assim, Anne se perguntava por
que se sentia tão insatisfeita. Demétrius cuidou de tudo e vinha cumprindo sua
parte no acordo. Ela tinha onde morar, recebia uma mesada que lhe permitia
manter o irmão no colégio, e tinha tudo o que queria, era só pedir.
Entretanto, não era nada daquilo que sonhou para a sua vida e se
sentia como um pássaro enjaulado, não podia dar um passo sem que ele fosse
informado.
Anne sabia o que esse aviso significava, ela deveria se aprontar para a
sua chegada. Suas mãos começaram a suar e o coração a bater mais rápido
enquanto se levantava.
— Ele disse quanto vai demorar? – ela perguntou passando pelo velho
senhor.
— Não, senhora.
Ela deveria estar feliz, seu homem estava vindo vê-la e ele a
sustentava exatamente para isso, que estivesse disponível quando ele
chegasse.
Suspirando, Anne foi direto para o quarto que dividia com ele quando
Demétrius estava em Nova Iorque.
Um banho, uma roupa sexy, perfume e ela estava pronta para ele,
exatamente quando ouviu sua voz dentro da cobertura.
Anne sentiu o coração bater forte no peito, a porta do quarto foi aberta
e ele entrou.
Tão poderoso.
Nunca imaginou dividir a cama com um milionário grego e só o seu
forte sotaque já a excitava.
— Aqui está você, agapi mou. – ele falou andando até ela.
Ele vinha a chamando assim com uma frequência cada vez maior e
não sabia que logo depois que se conheceram, ela procurou um curso aonde
vinha aprendendo grego, desde então.
E por isso ela se sentia confusa, Anne não entendia por que Demétrius
vinha chamando-a de “meu amor”. Ela não era e nem nunca seria o “seu
amor”.
Anne estremeceu com o que ouviu, mas ficou imóvel enquanto o colar
era colocado em seu pescoço, foi preciso duas voltas para que ele ficasse na
altura de sua cintura, talvez um pouco mais abaixo.
— Quase perfeito. – Demétrius sussurrou enquanto a olhava.
Anne tinha agora seu membro latejante entre seus dedos e beijava sua
extensão.
Sem forças nas pernas, o homem caiu sentado na cadeira e viu Anne
se encaixar junto ao seu corpo.
A suave boca desceu sobre seu sexo, engolindo pelo menos metade da
sua extensão.
Foram longos quinze dias sem tê-la, sem poder se perder dentro de seu
doce corpo e Demétrius sabia que não demoraria a gozar.
Trincando os dentes, ele acariciou os longos cabelos loiros de sua
amante, tirando-os do seu rosto para que pudesse assistir ao espetáculo que
era aqueles doces e vermelhos lábios se fecharem sobre seu sexo.
As duas mãos dela seguraram a base de seu sexo e ele pode sentir a
sua língua deslizar sobre o seu membro e ela o abocanhou em seguida.
— Anne, eu não vou aguentar mais tempo.
Demétrius mal acabou de falar e explodiu em um gozo fantástico,
sentindo ainda a boca de Anne ao seu redor.
Seus gemidos ecoaram no grande quarto, levando Anne a um nível tão
alto de excitação que sua calcinha incomodava.
Anne não possuía pelo algum, ela se mantinha depilada para ele.
Anne olhou para o reflexo dos dois e viu o corpo enrubescer diante da
visão de seus corpos nus, o colar pendia entre seus seios, até seu quadril.
— Olhe para mim, agapi. – ele pediu quando Anne cerrou os olhos.
Ela os abriu novamente e encontrou os dele através do espelho.
Anne estava quase gozando, então ele empurrou um dedo dentro dela,
abocanhando seu clitóris ao mesmo tempo e sua pequena gozou gritando o
seu nome.
Tremendo, suada, e sem forças, Anne ainda respirava com dificuldade
quando Demétrius a possuiu.
Seu sexo estava duro novamente e se encaixou perfeitamente dentro
dela.
— Oh, Deus! – ela gemeu sem ar, enquanto sua boca era coberta pela
dele.
Foi um beijo intenso, de posse, cheio de desejo. Sua boca deslizava
sobre a dela, enquanto suas línguas se acariciavam.
Demétrius estava parado, esperando a hora certa de se mover, e ainda
sentia os espasmos do recente orgasmo dela pulsando ao redor de seu sexo.
Beijando seu rosto, ele ficou de joelho na cama e investiu contra seu
corpo de forma intensa e firme.
Ele sabia que se continuasse lá, voltaria para a cama e não deixaria seu
pequeno anjo loiro descansar.
Anne White. Ele soube tudo sobre ela pouco depois dela cair na frente
do seu carro, bastou um telefonema e em poucas horas ele sabia quem ela era,
assim como, quem foram seus pais e sobre seu pequeno irmão, que ainda era
mantido em um colégio interno graças a mesada generosa que depositava em
sua conta todo mês.
Seu irmão Petrus não tinha o menor tino para os negócios e quase
afundou a empresa, deixando-a ainda pior do que quando assumiu no lugar do
pai.
Depois que seu irmão abandonou tudo para ir embora com Thula,
Demétrius assumiu o comando da Companhia Karedes de Navegação e
triplicou o patrimônio da família. O preço foi esquecer sua vida amorosa, mas
isso não foi difícil, ele queria esquecer a humilhação de ver sua noiva
interesseira fugindo com seu irmão mais velho. Não que ele a amasse, apenas
não gostou do gosto amargo da traição.
No entanto, agora Demétrius via que estava faltando algo, na verdade
ele sentia que estava perdendo algo muito importante, ele estava perdendo
Anne.
A cada visita, ela o recebia mais distante, não na cama, lá eles eram
puro fogo, mas fora dela, Anne se fechava cada vez mais e ele temia que seu
amor estivesse indo embora, mas o que mais ele poderia oferecer que já não
tivesse dado?
Havia uma coisa que ele podia dar à Anne, algo que foi tirado dela três
anos atrás.
Levantando-se do sofá, ele foi em direção ao quarto, para tirar Anne
da cama.
Seu anjo dourado era tão lindo e vibrante, apesar de não querer
admitir, ela era a melhor coisa que já aconteceu em sua vida.
— Mon dieu, se não é a senhorita White, por onde tem andado mon
cher? Afastei-me por uns tempos e quando voltei à América, você havia
sumido.
— Oh, sim. Claro. Se estava com o senhor Karedes, sei que estava
bem cuidada. E em que posso ajudá-los? – A mulher mudou de assunto
discretamente.
Uma moça veio perguntar se eles desejavam algo e voltou com café
para ambos.
Os dois vestidos eram divinos e Anne não sabia qual provar primeiro.
— Está indecisa, menina?
Ele era perfeito, coube como uma luva e deixou seu corpo incrível, o
tecido era aveludado e o modelo possuía decote canoa, mangas, e um suave
decote nas costas.
— Está perfeito.
— Você ficou incrível neste vestido, mas se quiser prove o outro, sei
que vai concordar comigo no final. – Demétrius falou de forma arrogante,
deixando Anne irritada.
— Certo, eu vou provar. – ela respondeu olhando para ele.
— Você mudou Anne e aposto que irá escolher o outro apenas para me
desafiar, vamos levar os dois e depois você escolhe qual usar. – ele respondeu
à Anne e se afastou, chamando por Eliseé.
— Ela é uma joia que passou por maus bocados, pelo que eu soube. –
Madame Eliseé falou para o grego à sua frente.
— Eu sei madame, sei tudo sobre o passado dela e não estou ao seu
lado para trazer sofrimento, ao contrário, eu a quero feliz e acho que voltar a
circular entre amigos lhe fará bem.
— Pode ser que sim, mas pode ser que não. Fique atento, essas
mulheres podem ser verdadeiras aves de rapina. – A senhora o alertou.
E como que por milagre, uma hora depois, quando Demétrius cruzou a
porta do estabelecimento, ela estava pronta para ir.
O celular de Anne tocou assim que entraram no carro, apavorada ela
viu o nome de Henry aparecer no visor e se lembrou que deveria ter ido ver o
irmão aquele dia.
Sem saber o que fazer, ela deixou a ligação cair na caixa postal.
— Você sabe que eles se apaixonaram, mas ela está sozinha desde que
seu irmão se foi. Você deveria dar outra chance a ela.
— Por que não casa Stravos com ela? Seria o casal ideal.
— Corte sua linha de crédito, e avise que meu pai o espera em casa,
meu secretário entrará em contato para saldar a dívida dele.
Anne se sentia fraca e impotente diante dele, mas toda vez que ele
partia, era como se sua força vital tivesse sido drenada.
Já no carro, ela finalmente processou para onde estava indo, ela iria
encontrar com todos aqueles que lhe viraram as costas quando precisou.
E sentiu o tremor correr seu corpo.
Maldosos e invejosos.
Sem falsa modéstia, ele sabia que fazia uma bela figura e Anne não
tinha noção do quanto era bela, e a cada dia ficava ainda mais.
Aos 22 anos, ela era uma linda e jovem mulher que despertaria a
inveja das mais velhas ali presentes, com suas várias plásticas para tentarem
preservar a juventude.
— Senhor Karedes, finalmente temos a honra de sua presença em um
de nossos jantares. – A anfitriã o saudou.
— Boa noite, madame La Fountaine. – Demétrius a cumprimentou
beijando sua mão.
— Sim, a senhorita…
— Mas é a menina White, por onde tem andado menina? Você está tão
linda, parece muito com sua mãe. – a senhora interrompeu Karedes, surpresa
em ver Anne em sua companhia.
— É só champanhe, Anne.
— Ainda assim…
— Claro, vamos combinar sim. Será muito bom almoçar com vocês. –
Anne respondeu sem a menor intenção de encontrá-las novamente.
Alegando ter visto um amigo, Demétrius levou Anne para longe delas.
— Você está bem? – ele perguntou preocupado, maldizendo mais uma
vez sua ideia de levá-la ao jantar.
— Oh, deixe disso criança. É tia Jud, lembra? Por onde você tem
andado? Eu te procurei tanto quando soube do acontecido, eu estava
hospitalizada naquela época e, ninguém sabia me dizer como te encontrar.
— Tudo aconteceu muito rápido, mas eu estou bem agora e vejo que a
senhora também.
— Sim querida, eu consegui vencer aquela doença horrorosa. Eu
preciso ver você, como eu te encontro?
— Claro meu rapaz, pode deixar que não deixarei essas aves de rapina
se aproximarem dela.
Demétrius riu por ouvir aquela gente ser chamada de ave de rapina
novamente no mesmo dia.
— Obrigado.
Assim que Demétrius se afastou, Judith levou Anne até à sua mesa,
querendo saber sobre sua vida.
— Agora me conte o que você está fazendo ao lado daquele grego
maravilhoso. – a senhora perguntou rindo.
Anne se viu rindo com ela, apesar do rubor que subiu por seu rosto.
— Demétrius foi um anjo que me amparou quando precisei tia Jud, a
única pessoa a me estender a mão.
Ela fechava sua bolsa, quando ouviu seu nome ser mencionado e
passou a prestar a atenção na conversa.
— Minha menina, você foi ao fundo, não é? E aquele grego lindo tirou
você de lá. Tente descobrir o que sente, O.k.? Eu vou procurar por você.
Agora vamos sair daqui seu grego deve estar a nossa procura. – Judith falou a
abraçando e em seguida voltaram para o salão.
Ele se sentia culpado e puxando Anne para o seu colo, beijou sua
cabeça enquanto ela se deitava em seu ombro.
— Eu peço que me perdoe pequena, eu pensei em te fazer uma
surpresa, levando você de volta ao seu mundo.
— Esqueça isso, uma boa noite de sono e tudo será deixado para trás.
Demétrius ficou olhando para a linda mulher à sua frente, se
perguntando o que poderia fazer por ela.
— Sim?
— Como você costuma dormir?
— Não entendi.
Anne ficou sem jeito, mas não podia imaginar o quanto Demétrius
gostou de vê-la daquela forma.
Ainda levou algum tempo até ele sentir que Anne relaxava contra o
seu corpo, dormindo finalmente.
Era a primeira vez em três anos que eles dividiam uma cama sem ter
transado antes.
Capítulo 4
Anne estava deitada de lado e Demétrius deixou que sua mão entrasse
por debaixo da camisa dela, afagando a pele macia até encontrar um de seus
seios.
Ela gemia seu nome, enquanto Demétrius afundava em seu corpo com
força, com estocadas intensas.
O short estava enrolado nas pernas de Anne, impedindo que ela se
ajeitasse e estranhamente, quando percebeu que estava parcialmente
imobilizada, sua excitação aumentou a um nível absurdo, provocando um
tremor que correu seu corpo e a levou ao encontro de um orgasmo intenso.
Seu gemido foi tão excitante que puxou Demétrius na mesma direção,
sem acreditar que Anne havia gozado tão rápido, ele se viu fazendo o mesmo
caminho e gozando dentro de sua bela amante.
Anne foi conduzida a sala onde os alunos recebiam suas visitas e ficou
aguardando a vinda do irmão que exatos vinte minutos depois entrou na sala.
— Havia pessoas a minha volta que eu não queria que ouvisse nossa
conversa, você pode me desculpar?
— Tudo bem. – ele falou dando de ombros, olhando para o presente
em suas mãos.
— Henry?
— Por que eles fizeram isso, Anne? Digo, o dinheiro era mais
importante do que nós?
— Quer deixar a escola? Você sabe que em breve terá que trocar de
qualquer modo.
— Sim, eu prometo.
O som da sirene ecoou por todo o colégio e o menino se levantou.
— Não foi isso que encomendei, veja, está torto, parece inacabado.
— Por isso pedi a prova, senhora Wonder. E a senhora não veio. –
Madame Eliseé se justificou.
— Sim, eu só o levei para não dar o braço a torcer, mas que ele não
saiba disso. – Anne confessou rindo.
— Depois do que você fez por mim hoje, querida, minha boca é um
túmulo. – Eliseé respondeu separando algumas peças em uma arara.
— Esqueça, já falei.
— Bem, dê uma olhada nestes vestidos e depois quero sua opinião
sobre uma outra peça que tem me dado dor de cabeça.
— O.k.
— A senhora marcou essa saída? Se quiser posso passar o dia com ele.
– O mordomo se ofereceu.
— Eu já marquei Alfred, mas obrigada.
Ela só teve tempo de ver o sangue descendo por suas pernas, antes de
desmaiar.
Capítulo 5
— Aqui mesmo.
O rapaz estava com ele há um ano, foi contratado depois que sua
última assistente resolveu que deveria ocupar o lugar de Anne em sua vida.
Alfred tentava se manter calmo, ele teria que lidar sozinho com a
senhorita White, as duas únicas funcionárias do apartamento já haviam ido
embora, pois só trabalhavam na parte da manhã.
Depois que tentou falar com o senhor Karedes, ele resolveu chamar
uma ambulância por conta própria, a menina estava desmaiada e perdendo
sangue demais. Preocupado, aguardou a chegada do socorro, que os levou
para o hospital.
— Entendi, ela deve ficar em repouso por alguns dias e logo estará
bem, o senhor quer vê-la?
— Eu posso?
— Sim, ela está no quarto, vai dormir pelas próximas horas, mas
receberá alta pela manhã.
— Certo. Obrigado.
Alfred foi levado ao quarto de Anne que abriu os olhos quando ele
entrou.
— Não se preocupe Alfred, ele deve estar fora do país já, deixe isso
para lá.
— Eu vou tentar de novo amanhã.
— Que diabos aconteceu aqui? Por que não fui chamado? – Demétrius
praticamente gritou, andando até eles.
Anne estava branca feito papel e olhou assustada para ele.
Alfred deixou a sala para fazer o que fora solicitado e, com Anne em
seus braços, Demétrius foi para outro quarto.
Já era início da tarde quando ele acordou e percebeu que sua agapi
estava acordada também.
— Como você está? – perguntou preocupado.
Depois que falou, Demétrius se deu conta que não fazia ideia de quem
era o médico de Anne, aliás, ele sabia bem pouco sobre ela, fora a
investigação que fez quando a conheceu.
— Sim, senhor.
— Ótimo. Obrigado.
— Por nada, senhor.
Alfred os deixou sozinhos e Anne foi levada para o quarto, onde pôde
tomar banho e depois voltar para a cama.
Logo ela estava dormindo de novo e Demétrius buscou seu notebook
para que pudesse trabalhar velando o seu sono.
Capítulo 6
Por dois dias, Anne apenas existiu, uma depressão ameaçava tomá-la,
deixando-a fraca e fazendo-a questionar suas decisões no passado.
— Você perdeu muito sangue, está fraca, me diga por que você precisa
tanto sair? – Demétrius perguntou a deitando novamente na cama, pois
quando levantou suas pernas falharam.
— Você não quis sair nem para passar por sua médica, seja o que for,
fica para a semana que vem.
— Não Anne, você não vai a lugar algum. – ele sentiu que estava
perdendo a calma.
— Diga logo Alfred, tenho que segurar uma certa teimosa que quer
sair sozinha.
— O senhor Henry ligou perguntando se a irmã vai mesmo buscá-lo,
ele não conseguiu ligar para ela.
— Sim, senhor.
— Vá buscá-lo, Alfred.
— Senhor?
— Traga-o para cá, fará bem a Anne, assim ela se acalma e acaba essa
história de esconder o irmão.
— Sim, senhor.
Alfred o deixou sozinho e Demétrius voltou ao quarto, onde encontrou
Anne sentada na cama.
— Alfred foi buscar o seu irmão no colégio, logo eles estarão aqui.
O silêncio que se seguiu fez com que ele se virasse e olhasse em
direção a ela.
Seu olhar espantado fez com que Demétrius se aproximasse, até poder
tocar seu rosto em uma leve carícia.
Decidido a colocar alguma ordem em sua vida de novo, ele foi até o
banheiro da suíte do quarto de hóspedes e tomou um banho rápido, em
seguida se aprontou para sair.
— Você vai sair? – a pergunta escapou antes que ela pudesse segurar.
— Eu sempre soube da existência dele, Anne, assim como sei que ele
é o motivo de você ter aceitado minha proposta. Alfred tem o meu telefone
pessoal agora, qualquer problema me liguem.
Uma nuvem pareceu passar por seu semblante antes que ele
respondesse.
No meio da tarde ela ouviu Alfred ao telefone e ela tinha certeza que
falava com Demétrius, pois o mordomo perguntou a Henry que horas ele
tinha que estar de volta ao colégio.
Anne não sabia o que deveria sentir, deveria ficar chateada? Irritada?
Agradecida pela saída dele, que evitou mais perguntas do irmão?
Contudo, ela sabia que a saída de Demétrius foi por culpa sua, ela
tentou esconder a existência de seu irmão e por isso ele não se sentiu à
vontade para ficar e conhecê-lo.
— Ache o hotel, você não vai ficar na minha casa. – Demétrius avisou
desligando em seguida.
Olhando no relógio, ele viu que eram quase 5 h da tarde, seus planos
de voltar para casa às 6 h estavam indo embora.
Stravos chegou somente meia hora depois e seu entusiasmo era
gritante. Abrindo sua bolsa, ele tirou uma infinidade de papéis com as
informações que o irmão mais velho pediu.
— Sim, eu sei. Você vai me acompanhar nas visitas que farei aos
estaleiros?
— Você já agendou?
— Tudo bem, terei mais liberdade, mas eu não vim sozinho, uma
pessoa me acompanhou querendo vê-lo.
— Você sabe que ela não vai embora enquanto não te ver.
— Bem, então diga que minha namorada esteve doente e não tenho
tempo para vê-la. – Demétrius respondeu impaciente.
— Alfred…
Tarde demais, o velho senhor já havia sumido.
— Não tive tempo, estava preso com meu irmão desde o final da
tarde, em reunião, ele chegou sem avisar e ficamos trabalhando até agora.
Pela manhã, ele foi acordado pelo toque de seu celular e o atendeu
resmungando.
— Eu preciso falar com você. – Stravos falou assim que a ligação foi
completada.
— Não sei, ela queria seu endereço e como não conseguiu se trancou
no quarto, quando acordei hoje, já havia partido.
— Será que desistiu?
— Obrigada.
— Tudo bem.
— Mas?
— Em minha última visita, ele me pediu para sair de lá. No começo eu
tinha medo de que algum menino implicasse com ele pelo que aconteceu, mas
agora, depois de tanto tempo, não sei o que fazer.
— Você conversou com o diretor da escola?
— Ainda não, mas vou voltar lá para isso.
Por cinco segundos Anne pensou em pedir que ele não fosse, mas que
direito ela tinha de fazer isso?
Demétrius era seu amante e pagava suas contas para tê-la em sua
cama, não havia um compromisso real entre eles.
— Estou bem e tenho o Alfred aqui comigo para cuidar de tudo. – ela
garantiu.
— Eu pensei em ficar mais um tempo aqui, mas preciso acompanhar
Stravos, ele quer que comecemos um novo negócio e quero ter certeza de que
é viável.
— Tudo bem, eu acho que vou ficar exatamente aqui. – Anne brincou
se recostando nas almofadas e fechando os olhos.
Anne foi deixada sobre a colcha com várias almofadas junto ao seu
corpo e sorriu satisfeita.
Demétrius suspirou olhando suas pernas, seu vestido subiu até quase o
quadril e ele decidiu sair logo dali, afinal Anne precisava se recuperar do
aborto e sexo estava fora de cogitação.
O que era novo para ele, mas estava gostando de poderem se conhecer
de verdade, afinal agora, eles conversavam.
Capítulo 8
Depois do café da manhã, ela se viu mais uma vez andando pelo
apartamento, sem saber o que fazer até se lembrar do bloco que Eliseé lhe
deu.
— Parece que faz tanto tempo Alfred, uma outra vida. – Anne falou
olhando para os desenhos espalhados sobre a mesa à sua frente.
— Talvez a vida fosse outra, mas seu talento ainda está aí, o que
pretende fazer com eles?
— Não sei, uma antiga conhecida pediu que eu tentasse desenhar algo
e foi isso que saiu.
— Então a senhorita deve mostrar a ela, acredito que seja conhecedora
do assunto.
— Sim, é dona de um ateliê que eu frequentava com a minha mãe.
— Fica na 5ª avenida.
— Se a senhora se apressar, eu vou chamando o táxi. – Alfred falou
sorrindo.
— Ai meu Deus, Anne, o que você fez escondida esse tempo todo? –
madame perguntou alto.
Anne foi embora sem acreditar no que havia acontecido, ela queria ter
com quem comemorar aquela conquista, mas nem Alfred estava em casa, pois
havia pedido folga aquela noite.
— Você pode fazer isso outra hora, vá para casa, vá ver sua agapi, de
que adianta seguir viagem se sua cabeça não estará nos negócios?
— Lembre-se que logo terá que viajar de novo, em breve você estará
sendo esperado em Syros para o aniversário do papai. – Stravos lembrou.
Demétrius fez uma careta involuntária, ele sabia que o aniversário do
pai estava próximo, mas voltar a Syros não o animava, principalmente porque
o velho Arghos começaria a lhe fazer cobranças.
— Não, esse tecido deve cair de lado, assim, olha. – Anne explicou
para a costureira, enquanto retocava um croqui.
Era a terceira peça sua que estava saindo do papel, o vestido de baile
estava pronto e foi levado para frente da loja no dia anterior.
— Entendi.
— Anne querida, você não vai acreditar, seu vestido foi vendido por
uma pequena fortuna. – Madame Eliseé falou, entrando na sala.
Rindo, Anne deixou o ateliê rumo a sua casa, feliz com a venda de sua
criação. Era um sonho que ela havia desistido.
Deixando a bagagem de lado, ele ligou para Alfred que avisou ter
saído para comprar algumas coisas a pedido de senhorita White.
Anne foi pega de surpresa mais uma vez no dia, Demétrius estava de
volta e sua vontade era se jogar em seus braços, mas pela sua expressão, algo
estava errado.
Anne não sabia o que significava aquilo, mas sabia que não gostaria
da resposta.
— O que é isso?
Demétrius era mais velho que ela, mas estava na casa dos trinta ainda
e era um homem fascinante.
Tensa, ela tirou toda a roupa e se deitou a sua espera. Há dias que o
sangramento havia parado e ela acertou que mudaria seu anticoncepcional
para injeções, mas por hora, teriam que usar camisinhas, que Anne deixou
sobre o criado-mudo.
Anne olhou para o homem a sua frente, do alto de seus quase dois
metros, Demétrius era perfeito, braços e coxas musculosas, peitoral e
abdômen trabalhados e seu pênis era de um tamanho considerável. O homem
era lindo e muito bom de cama.
— Você tem cumprido sua parte direitinho, já eu tenho deixado de
cumprir a minha. – ela explicou depois que acabou de avaliá-lo.
— Sim, eu voltei para Nova Iorque mais cedo a fim de ter uma noite
agradável, e parece que não terei isso aqui.
Demétrius olhou mais uma vez para o corpo nu a sua frente e sentiu a
fisgada do desejo, mas sabia que era melhor sair, ir para a cama com ela
naquele momento, só pioraria as coisas.
— Boa noite. – ele ainda falou, antes de deixar o quarto.
Anne puxou a colcha sobre o corpo e se perguntou como eles
chegaram àquele ponto.
Encolhida, ela virou de lado e deixou que as lágrimas corressem
livremente.
Capítulo 9
Demétrius saiu sem um destino certo, ele apenas dirigiu pelas ruas da
cidade a fim de se acalmar, e depois de rodar por algum tempo, se viu
entrando de novo com o carro na garagem do prédio em que moravam.
Sim, ele finalmente admitiu para si mesmo que ali era a sua casa e não
havia para aonde ir, se onde ele queria estar era lá.
O problema era que algo nele pedia mais, e ainda havia Anne, ela
estava mudando, se tornando mais forte, madura, e ele se perguntou se
conseguiria vê-la partir quando chegasse a hora, e a resposta foi não.
Ele já não saberia viver sem ela e isso significava dar um rumo a
relação deles, foi doloroso vê-la se comparando a uma prostituta, ele não a via
assim, nunca foi assim.
Anne o encantou desde o primeiro segundo que a viu. Sua beleza, sua
fragilidade, seu olhar perdido, talvez ele tenha feito tudo errado, mas ela não
tinha tempo para sutilezas, uma rápida investigação e Demétrius sabia o
quanto ela precisava de ajuda.
Em dois dias ela estava de volta e a partir dali ele assumiu todos os
seus problemas e os resolveu, conseguindo inclusive recuperar algumas das
joias que pertenceram a sua família por gerações.
Com um suspiro cansado, ele olhou em seu relógio e viu que a noite já
se fazia bem avançada.
— Sim, agapi mou, estou aqui. Agora volte a dormir. – ele falou
beijando levemente seus lábios.
Anne se ajeitou contra o corpo dele e percebeu que sentiu sua falta
durante o tempo em que ele esteve fora.
No começo, quando ela se sentiu protegida, cuidada e apaixonada, ela
queria muito dormir e acordar dessa forma, mas Demétrius ia e vinha, sem
qualquer rotina.
Anne não costumava tomar a iniciativa, mas ela sabia como agradar a
Demétrius, sabia onde tocar e como fazer, sabia como tê-lo rendido ao desejo
e não hesitou em usar tudo o que aprendeu.
Seu sexo latejou entre seus dedos, conforme ela o tocou sobre o tecido
macio de seda.
Anne foi puxada sobre o seu corpo, para que se sentasse em suas
coxas.
— Não sei se vou conseguir aguentar por muito tempo. – ela avisou
ficando de joelhos para levantar o corpo e voltando a se sentar firme sobre
Demétrius.
Seu sexo quase saiu de dentro dela e então afundou novamente, até
sumir.
Duro e rápido, ele se perdia cada vez mais dentro dela, provocando
um gemido longo e rouco.
Anne estava perto, ela sentia o orgasmo vindo, forte, intenso, suas
pernas tremiam e seu ar faltava.
— Demétrius, eu vou…
Ela não terminou de falar, seu corpo de retraiu e explodiu em seguida,
lançando sua mente fora do ar.
Não foi a primeira vez que ela se rendeu ao choro daquela forma,
desde que sofreu o aborto.
Até então ele não havia se deixado invadir pela frustração e tristeza de
ter perdido um filho que ele nem sabia que queria, mas agora via que sim,
queria que Anne tivesse levado a gravidez adiante e o bebê ainda estivesse
vivo, logo o corpo de Anne começaria a mudar, ficar mais arredondado com o
bebê crescendo dentro dela.
E ele percebeu que aquilo doeu.
— Calma. – ele repetia sentindo que aos poucos ela relaxava.
Como ela ainda dormia, ele pensou em pedir um bom café da manhã
para os dois antes de acordá-la, mas Alfred se adiantou e batia à porta do
quarto quando ele saiu do banheiro.
— Foi grave?
— Não, eu estou bem, é só… – mais uma vez Stravos foi vago e
deixou o irmão mais velho ainda mais irritado.
— Agora, Stravos.
— Alô.
— Quem está falando? – Demétrius perguntou autoritário.
— Eu me chamo doutora Becker. – a mulher respondeu com um
sotaque que ele não soube identificar.
— O que houve com meu irmão?
— O senhor Karedes deu entrada na emergência após um incidente
dentro de um estaleiro.
— Merda. – Demétrius falou sem perceber.
— Senhor, modere a linguagem. – a mulher chamou a sua atenção.
— Eu sinto muito ter que partir de novo, mas espero estar de volta em
breve.
— Demétrius…
O celular dele voltou a tocar e era Theo, avisando que seu voo sairia
em breve.
Demétrius se levantou e abraçou Anne, beijando seus lábios com
carinho.
Anne ficou olhando para a porta depois que Demétrius saiu, ela temia
essa tal conversa que ele queria ter.
— Sim, senhora.
Ela não desenhou nada aquela noite, mas havia muito trabalho a fazer,
um novo vestido seu estava sendo cortado.
— Algo especial?
— Não sei ao certo, ela ficou de explicar quando chegasse.
Pouco depois a porta do ateliê foi aberta e Judith Mortimer entrou
sorrindo.
— Eu sabia que encontraria você em breve. – a senhora falou quando
viu Anne.
— Jantar ou festa?
— Por Deus! Isso é perfeito Anne, e por que não assina seus croquis?
Tem que assinar.
— Eu nem pensei nisso, Jud. Foram apenas alguns desenhos.
— Pois pode assinar, começando por essa maravilha, se não quer usar
o seu nome, crie um pseudônimo.
— É perfeito.
— Pela manhã ele será examinado novamente, mas acredito que ele
fique mais dois ou três dias pelo menos.
— Certo, obrigado.
— Para onde você quer ir quando sair daqui? Papai quer você em
Syros.
— Meu apartamento em Londres, providencie um enfermeiro para
ficar comigo. – Stravos respondeu.
— Ótimo.
— Por que não fica com o meu quarto? Minha reserva vai até depois
de amanhã e minhas coisas ainda estão lá.
— Tudo bem, me diga o nome do hotel.
— Ele mora lá e tudo o que quer é ir para casa, eu entendo isso e vou
ajudá-lo, só depois voltarei para Nova Iorque.
— Eu entendo. Obrigada por me avisar, você está bem?
Anne ouviu aquela bendita palavra mais uma vez, ela queria muito
saber por que Demétrius a chamava daquela forma, se não a amava.
Na primeira aula, tudo o que ela queria saber, era o que significavam
algumas palavras que Demétrius falava para ela.
— Você fisgou um grego querida, ele fala muito isso para você?
Anne ficou vermelha antes de afirmar que ela ouvia aquilo com uma
frequência cada vez maior.
— Acho que você já deduziu, não é? Agapi mou seria “meu amor”.
Engolindo em seco, ela falou a terceira palavra que Demétrius
costumava usar com ela.
Depois disso, ela passou a frequentar a casa de Dravas duas vezes por
semana e aprendeu bastante sobre a língua natal de Demétrius.
— Anne parece estar ocupada, não tem tempo para isso, Joan. – Jane
falou segurando o braço da irmã.
— Imagine, tenho certeza de que ela vai querer ver isso. – ela
respondeu retirando uma revista de sua bolsa e entregando à Anne.
Jane sabia que sua irmã não era uma boa pessoa, mas as vezes ela
conseguia ser ainda pior.
— Joan, não…
Mas era tarde demais, Anne já estava com a revista nas mãos e lia a
manchete que chamou a atenção das irmãs momentos antes.
— Joan, a última vez em que a vi, você foi bem clara quando disse
que sou apenas a amante de Demétrius, lembra? No banheiro do jantar de
madame La Fontaine? Então por que deveria me importar com isso?
— Será que você consegue que ela esteja na loja? Ninguém viu essa
mulher ainda e seu vestido já é um sucesso. – Jane pediu.
— Mas a foto é real, ele está com essa mulher de quem nunca ouvi
falar, e a própria revista diz que eles já tiveram algo.
— Certo, mas não tire conclusões precipitadas, essa foto pode ser
antiga, espere seu grego voltar. Ele está aonde agora?
Com um sorriso triste, Anne apontou para a revista que ficou sobre o
balcão.
Respirando fundo, Demétrius passou por ela, indo para o quarto onde
estava sua bagagem.
— Demétrius, você não vai falar nada? – ela perguntou indo atrás
dele.
— Não.
— Isso quer dizer que finalmente você se rendeu ao meu amor e
vamos anunciar nosso casamento? Que tal aproveitarmos o aniversário do seu
pai?
— Não Thula, significa que eu não vou perder tempo com você.
— Como assim? Eu voei até a Alemanha só para te encontrar, assim
que seu pai contou do acidente.
— Você foi porque quis Thula, mas agradeço a ajuda, meu irmão vai
gostar de sua companhia. Eu estou de partida.
Substituindo a mão por sua boca, ele se deliciou com a carne macia,
enquanto abraçava a cintura de Anne com uma das mãos e descia a outra mão
até seu sexo.
Bastou um dedo tocar em seu clitóris para que ela explodisse em uma
nuvem de prazer.
Anne perdeu totalmente a capacidade de se manter em pé, e Demétrius
a segurou no colo, levando-a para o quarto, onde a deitou na cama.
Seu sexo latejava, enquanto olhava a mulher nua na sua frente, mas
ele procurou ter calma, por mais que quisesse estar dentro de Anne, ele não
esqueceu a experiência traumática que haviam passado há quase um mês e
com cuidado se deitou ao lado dela, beijando sua testa.
Levantando uma das mãos, ela tocou uma mecha de cabelo molhado
que insistia em cair sobre a testa dele.
Seu membro parecia ter ficado ainda mais duro e lentamente ele
começou a investir contra seu corpo, ela estava tão molhada, que a cada
estocada, um barulho molhado podia ser ouvido ecoando no quarto.
Foi necessário pouco tempo para que Demétrius sentisse que estava na
borda. O orgasmo que se aproximava prometia ser devastador.
Anne gemia embaixo dele, seu corpo estava molhado de suor e ela
empurrava o quadril contra ele, tentando aumentar o prazer que sentia.
Deixando Anne ainda dormindo, ele vestiu uma calça jeans e foi para
a sala ligar para Stravos, pois queria saber se estava tudo bem com o irmão.
O apartamento estava silencioso e escuro, pois já era madrugada e,
após checar o irmão ele foi até a cozinha em busca de um copo de água, na
volta, quando passava pela sala de jantar, se deparou com a maldita revista
que Thula sacudiu na sua frente, ainda em Londres.
Ela usava sua camisa, que ficou no chão do quarto, quando ele
chegou.
— E eu iria para aonde no meio da noite?
— Eu não sei, talvez seu apartamento aqui de Nova Iorque. Pensei que
não iria mais querer ser visto comigo.
— Preste bem a atenção no que vou falar, O.k.? – ele falou apoiando
as mãos sobre a mesa, uma de cada lado dela.
Anne assentiu com a cabeça.
— Ótimo. Eu só tenho um endereço em Nova Iorque, que é este aqui,
esta é a minha casa, aqui com você, entendeu?
— Não, meu irmão mais velho, Petrus. Ele faleceu há alguns anos.
— Eu sinto muito.
— Mas você não o culpou. – Anne concluiu pela forma que Demétrius
falou.
— Não, nosso casamento era mais para agradar nossas famílias do que
por outro motivo. Quando Petrus morreu em um acidente de carro, Thula
estava com ele, mas saiu sem um arranhão, ela voltou para a casa dos pais e
tenta reatar desde então.
— Você a culpa pela morte do seu irmão?
— Não vai acontecer. Nunca. Nem para fazer a vontade dos nossos
pais. Entendeu?
— Entendi.
— Esqueça essa foto, com certeza é coisa dela, Thula foi atrás de nós
na Alemanha e depois para Londres, mas eu a deixei no apartamento do meu
irmão quando vim embora. Eu não vou reatar, não é ela quem eu quero
encontrar em minha cama toda noite.
— Demétrius…
— Não é o corpo dela que eu quero me afundar todo o tempo. – ele
completou puxando Anne para a ponta de mesa, se encaixando entre as suas
pernas.
Demétrius ainda tentou resistir, mas quando seu sexo foi apertado pelo
corpo quente, ele se rendeu, gozando também.
Ele saiu de dentro dela e a apanhou no colo, Anne abraçou seu
pescoço, descansando a cabeça em seu ombro.
Antes de deixar a sala de jantar, ele viu a revista sobre a mesa e a
apanhou, jogando-a no lixo enquanto voltavam para o quarto.
Anne se aconchegou a ele, assim que se deitaram e logo os dois
estavam dormindo, esquecidos completamente de que não haviam usado
camisinha.
Capítulo 12
Sua vontade era passar o dia na cama com Demétrius, mas ela não
sabia de seus planos, provavelmente ele teria que ir ao escritório.
— Tudo bem.
Anne tomou um banho rápido, ela se sentia eufórica, Demétrius nunca
a levou ao seu escritório, na verdade, ele nunca havia saído com ela antes, e
de umas semanas para cá, isso vinha acontecendo cada vez com uma
frequência maior.
Voltando ao quarto, ela viu que ele não estava mais lá e depois de se
arrumar, foi ao seu encontro.
— Estou pronta.
Ele desviou o olhar dos desenhos e apontou para eles.
— São seus?
— Anne?
Ele olhou para Anne, sentada no sofá, folheando uma revista e fez o
convite sem parar muito para pensar, ele só sentia que não queria ficar longe
dela tão cedo.
— Eu preciso ir à Grécia, você gostaria de me acompanhar?
Anne parou no ar o movimento de virar a página e olhou espantada
para ele sem responder de imediato.
Ela na verdade estava tentando entender o que ele falou e se
perguntava se ouviu errado.
— Sim, se estiver tudo bem para você, quero conhecer seu irmão.
— Não planejei ainda, preciso conversar com ele sobre isso, ele…
— O quê?
— Entendo.
Com o semblante sério, ele avaliou Demétrius dos pés à cabeça, antes
de falar.
— Você é o que da minha irmã?
— Henry. – Anne brigou com o irmão.
— Nunca querido, ficarei alguns dias fora, mas Alfred vai ficar de
olho em você.
— Ele não vai?
— Certo, eu não sei ainda para onde vou, só pedi pra Anne para deixar
de ser interno.
— Sim, é sempre bom estar com ele. – ela respondeu com um sorriso
triste.
— Precisamos resolver o problema da nova escola.
— Sim.
— Vamos ver isso quando voltarmos.
— O.k.
Anne estava preocupada com o que levar, mas antes de tudo, ela
precisava avisar Eliseé sobre sua viagem.
Eliseé percebeu que Anne tinha pressa assim que a garota atravessou
as portas.
— Algum problema, querida?
— Não, quer dizer, sim. Eu vou viajar com Demétrius e quis deixar
esses novos desenhos com você.
— Seu grego vai te levar para viajar? Isso é perfeito querida, para
aonde vão? Algum paraíso tropical?
— Grécia.
— Grécia? Ele vai te levar para conhecer a terra dele?
— Parece que sim. – Anne respondeu ainda sem acreditar.
Eliseé olhou os croquis e sorriu.
— Eu preciso ir.
— Claro querida, mas tenho uma coisa para você, será perfeito para
levar na viagem, espere um segundo.
Madame Eliseé sumiu dentro do ateliê e voltou pouco depois com uma
sacola na mão.
— Leve isso com você, é perfeito para usar à noite, caso tenha algum
jantar importante e, tenha uma boa-viagem.
— É mesmo?
— Sim, mas eu era tão pequena que não lembro de quase nada.
— Você deve estar cansada, vamos direto para casa, haverá tempo de
conhecer a cidade depois. – Demétrius falou enquanto suas bagagens eram
guardadas.
Deixaram o aeroporto pouco depois, saindo para o sol morno e o vento
fresco.
Uma fusão com a empresa dos pais de Thula poderia colocar todo o
seu esforço em levantar a empresa da família por água abaixo. E os velhos
estavam tramando isso sem o seu conhecimento, pelo menos era o que eles
pensavam.
No entanto, seu pai não havia entendido que seu papel era figurativo
na empresa, nada que ele fizesse teria validade sem a sua assinatura.
Todo mundo sabia que Arghos Karedes odiava aquilo, ele podia ter
erguido a empresa do nada, mas odiava lidar com números.
— Dos que consegui sobre sua empresa, estarei na minha sala e papai,
sabe que qualquer coisa que assinar aqui, não terá nenhum valor legal.
— Mas terá valor moral, sei que vai honrar minha palavra.
— Se for para prejudicar a empresa, não vou, não. – Demétrius
respondeu deixando a sala.
Irritado com toda aquela situação, Demétrius foi para a sua sala, a fim
de analisar os dados, mesmo seu sexto sentido lhe avisando que não bateriam
de forma alguma.
Não levou nem dez minutos para ele confirmar suas suspeitas, e logo
depois seu pai entrou na sala atrás dele.
— Se você vai mais uma vez me falar do meu casamento com a Thula,
lembre-se que não fui eu quem fugiu.
— Mas você não fez nada para impedir.
— Impedir o quê? Meu irmão estava apaixonado, por sorte ele não
teve tempo de se desiludir.
— Não fale assim da menina Thula, ela é uma boa garota, por que
você não a aceitou de volta?
— É melhor assim filho, e sobre Thula? Você vai repensar sobre isso?
— Meu amigo está falindo, a empresa dele não aguentará por muito
tempo.
— Você é bom no que faz, eu sei que não deixaria isso acontecer.
— Eu não faço milagres, pai.
— Ele nunca será capaz de dizer não a filha, falando nisso, a essa
altura, Zola já deve ter avisado a filha que você está aqui.
— Deixei Thula em Londres, com Stravos.
— Ela está em Syros, chegou ontem. Não duvido nada que você não a
encontre te esperando em sua casa.
— Inferno. – Demétrius resmungou se levantando e guardando os
relatórios em sua pasta.
— Olhe a boca. Por que essa pressa?
— Você vai levá-la para casa? Você sabe que gostaria de te ver casado
com uma grega.
— Sozinho?
— Até mais, papai.
Anne até que tentou dormir após a saída de Demétrius, mas se sentia
tão ansiosa que foi impossível relaxar, tomada por um impulso, ela deixou a
cama e trocando sua roupa por um vestido floral leve, se aventurou por
aquelas ruas de valor histórico tão grande.
Ela queria conhecer a praça que viu a uma quadra do prédio, quando
chegou horas antes.
Andando pela rua, Anne sentia que o ar, o vento, o sol eram
diferentes, as pessoas pareciam felizes, nada de rostos sisudos e caras
fechadas.
Sorrindo quando era cumprimentada, Anne viu uma loja onde vendia
souvenires e se encantou com um chapéu para proteger do sol, o modelo era
delicado em tons de rosa claro, e sem resistir, Anne o comprou e já saiu da
loja com ele na cabeça.
Mais adiante, ela achou a praça que procurava e viu que havia vários
cafés, era só escolher um e foi o que Anne fez, sentou-se à mesa de um café e
lá saboreou a bebida enquanto olhava o movimento.
— Obrigada…
— Steve.
— Ei, quando tiver outro tempinho livre, volte à praça para conversar,
é sempre bom encontrar algum americano longe de casa.
— Como sabe que sou americana?
— Nosso inglês é inconfundível senhorita, sempre que encontro com
um turista aproveito para matar a saudade.
— Você mora aqui?
— Sim, sou dono do café em que você estava e do lugar onde
comprou esse chapéu horroroso.
Anne riu, pois havia achado o chapéu encantador.
— Eu gostei do chapéu. – Anne defendeu sua aquisição.
— Então retiro o que disse. Você não me disse seu nome e nem de
onde é.
Anne olhou em direção ao seu destino e de lá para o alto, tentando
adivinhar qual varanda era a do apartamento de Demétrius.
— Ei, só um nome, não é como se eu fosse fazer você assinar algum
documento importante. A não ser que você queira me doar alguma fortuna.
— Anne.
— Certo, Anne de onde?
— Você primeiro.
— Ei, você ouviu meu sotaque, sabe o que dizem, você pode deixar o
Kansas, mas o Kansas nunca vai deixar você. – ele respondeu sorrindo. —
Sua vez.
— Sou de Nova Iorque e agora estou indo, já demorei demais. Adeus,
Steve do Kansas.
Thula olhou de um para o outro alguns segundos e foi tomada por uma
ira tamanha que apanhou um vaso de vidro e o atirou contra a parede, fazendo
voar estilhaços para todo lado.
— O que pensa que está insinuando? Você não sabe de nada menina.
Foi um acidente.
Quando trocou Demétrius pelo seu irmão, foi porque queria ser esposa
de quem comandava a empresa da família, os Karedes eram donos da maior
empresa de navegação do país, estavam no topo da lista como a mais rentável,
e Petrus era a pessoa no comando, mas então ele abandonou o cargo, pois se
sentia culpado por trair o irmão. Imbecil.
— Duvido que ela vá fazer algo contra mim, mas acho que você
deveria investigar melhor a morte de seu irmão.
— Não é a primeira vez que esse assunto vem à tona, acho que está na
hora de acabar com essa dúvida, vou providenciar isso, mas primeiro vou
cuidar de te manter segura. – Demétrius falou pegando o celular no bolso.
Anne foi para o quarto, onde deixou sua bolsa e chapéu e saiu a
procura de Demétrius que acabava de desligar o celular quando ela o
encontrou.
— Eu pensei que ia te encontrar dormindo. – ele falou segurando suas
mãos.
— Não consegui, estava ansiosa demais, por isso fui até a praça onde
tem os cafés.
— Ótimo lugar, mas eu prefiro que não saia sozinha daqui por diante,
O.k.?
— Não me aconteceu nada na rua.
— Eu sei, mas agora temos que nos preocupar com Thula, pelo menos
enquanto estivermos aqui.
— Entendi, mas como vamos fazer? Você tem que trabalhar.
— Perfeito.
Ela foi deitada sobre a cama e Demétrius empurrou seu vestido até a
cintura, se deliciando com a vista, a pequena calcinha de renda negra, mal
cobria seu sexo.
Apressado, ele se livrou de sua roupa e se encaixando entre suas
pernas, apoiando um dos joelhos na cama, junto a suas coxas, ele empurrou
seu sexo dentro dela.
— Você foi feita para mim, agapi. – ele sussurrou beijando sua boca e
se movendo dentro dela.
— A camisinha. – Anne o lembrou.
Ele sabia que estava perdido, era só questão de tempo até confessar o
que sentia, mas antes, ele precisava saber se ela sentia o mesmo.
Ela o amava tanto que tinha medo do dia em que ele dissesse que iria
se casar com outra mulher, e questionava se caso seus pais fossem vivos, as
coisas seriam diferentes.
Sentindo o corpo pesado contra a cama, Demétrius pensou na
conversa que vinha sendo adiada, Anne parecia estar tentando evitá-la e ele
não imaginava por quê.
Depois que Demétrius partiu, Anne lembrou que precisava falar com
Eliseé e Jud, saindo em busca de seu celular que ficou carregando no quarto.
— Aonde nós vamos? Devo usar roupa formal? Não trouxe quase
nada.
Demétrius percebeu que Anne estava certa, ele mesmo falou para que
levasse pouca coisa e o guarda-roupa estava quase vazio.
— Diabos, não.
Anne riu a princípio, mas logo seu corpo estava aceso, e ela sentiu a
necessidade chegar.
— Isso vai ser rápido, mikró. – ele avisou com a voz engasgada.
Investindo com força contra o sexo de Anne, ele sentia o seu orgasmo
chegando rapidamente.
Demétrius parecia ter mudado desde que pisaram em solo grego, estar
em seu habitat natural o deixou mais intenso.
Anne estava por um fio, bastou mais umas poucas investidas para ela
gozar intensamente e seu aperto sobre o sexo de Demétrius o puxou na
mesma direção.
— Exatamente.
Anne foi colocada no chão do box e o chuveiro foi ligado.
— Meu cabelo. – ela gritou tarde demais, todo o trabalho que teve
momentos antes para arrumá-lo, havia ido embora com a ducha que caiu
sobre ela.
Demétrius segurou o riso para não a aborrecer mais ainda.
— Desculpe-me, querida.
Quase uma hora depois, foi que eles finalmente deixavam o prédio a
pé, com Anne ainda tentando recuperar o bom humor.
O vestido havia sido passado novamente, mas seu cabelo não teve
jeito, as ondulações que havia conseguido a duras penas haviam ido embora e
agora ele caía pesado como uma cortina lisa sobre seus ombros.
O lugar estava bem cheio, Anne olhava para dentro pensando como
entrariam ali, quando um casal saiu para recebê-los.
— Sentem, vou mandar trazerem as bebidas, tão cedo vocês não saem
daqui hoje. – Zorba falou rindo, descendo as escadas.
— Digo o mesmo, quero saber tudo o que aconteceu nos últimos
tempos, senhor Karedes. Você sumiu. – a mulher brincou.
Zorba voltou trazendo duas garrafas de vinho tinto e logo depois mais
dois casais chegaram para se juntar a eles, todos amigos de longa dada, que
Demétrius não via a bastante tempo.
Demétrius disse a todos que Anne era sua namorada, e que morava em
Nova Iorque e que se conheceram quando ele a atropelou anos atrás e
ninguém fez mais perguntas sobre ela e nem questionaram o fato dela
entender a lingua deles.
Anne teve receio quando Demétrius disse que apresentaria alguns
amigos, mas ela adorou cada um ali, tanto que nem viu a noite passar, o dia
estava quase amanhecendo quando eles deixaram o restaurante.
Ela se sentiu acolhida por todos eles e adorou cada prato que provou.
Era dia claro quando cruzaram a praça dos cafés e viram que alguns
estavam abertos.
Ele não gostou nada do rapaz parecendo tão amigável com Anne, que
sentindo o seu humor mudar, tentou consertar as coisas explicando como se
conheceram no dia anterior.
Demétrius sabia que teria que ir à empresa, nem que fosse apenas na
parte da tarde, mas naquele momento tudo o que queria era dormir.
Assim que se deitaram, Anne mais uma vez se aninhou em seus braços
e logo ressonava. Demétrius a abraçou e dormiu em seguida.
Capítulo 16
Os quatro estavam sentados na sala e Anne viu que não se sentia nem
um pouco feliz com aquilo, mesmo sendo necessário.
— Eu preciso sair agora, qualquer problema, me liguem. – Demétrius
avisou.
Olhando os croquis que havia espalhado sobre a mesa, ela sentiu falta
de madame Eliseé e ligou para ela.
Ainda sorrindo, Anne voltou aos seus desenhos, não era a primeira vez
que Eliseé falava em vestidos de noiva, estava na hora de desenhar ao menos
um.
— Irei aguardar.
A ligação foi encerrada assim, sem nenhuma despedida.
Com o pensamento de que ele não seria o único a ter que se aborrecer
com as vontades do pai, Demétrius ligou para Stravos imediatamente.
— Alô. – A voz de sono do irmão deixou claro que ele foi acordado.
— Papai ligou para você?
— Merda.
— Stravos.
Demétrius olhou bem para ela e percebeu que em sua idade, era
exatamente isso que deveria estar fazendo, se divertindo com amigos nas
boates de Nova Iorque.
Mas Anne perdeu seus amigos junto com tudo o que tinha, e só lhe
restou ele, um homem com quase o dobro da sua idade.
— Claro que vou levá-lo. Você vai ficar fora todo o fim de semana?
— Nós vamos sim, vamos para Syros de barco depois de amanhã,
logo cedo.
— Você tem certeza? Quero dizer, e seu pai? O que vai dizer?
— Eu não sei…
— Não se preocupe tanto, agapi, eu decido o que fazer da minha vida,
apenas tento atender as vontades do meu pai por respeito.
Anne levantou a mão empurrando uma mecha que caia na testa dele.
— Preste a atenção, O.k.? Eu sei que você deveria ter feito exames e
não fez, assim que voltarmos a Nova Iorque, você vai cuidar disso,
precisamos saber se está tudo bem com você, para que isso não aconteça de
novo.
— Eu vou trocar o anticoncepcional, já acertei com a minha médica. –
Anne explicou com a voz rouca pelo choro.
— Você entendeu errado, agapi, temos que nos certificar de que da
próxima vez, nosso bebê tenha uma chance. – Demétrius falou estreitando-a
em seus braços.
Ela não falou mais nada, mesmo não tendo certeza do que ele quis
dizer.
— Sim, era isso ou papai viria e você sabe que ele não tem mais saúde
para essas loucuras.
— Então você faz as loucuras por ele. – Stravos falou mostrando o seu
desagrado.
— Poupo o estresse, só isso. Bem, já tenho tudo marcado, inclusive
falei com o seu médico, falta apenas você decidir se vai levar um dos
enfermeiros ou contratamos alguém temporariamente lá mesmo.
— Melhor contratar lá, eles não podem deixar a cidade assim, de uma
hora para outra. – ele falou irônico.
— Não acredito que eu esteja atrapalhando sua vida social, então pare
de reclamar.
— Não estou reclamando.
— Certo, então avise seus enfermeiros que eles terão alguns dias de
folga, e peça que arrumem sua bagagem, vou dar uma saída, devo estar de
volta em uma hora.
— Certo, vossa alteza.
— Deixe de gracinhas, eu não estou aqui porque quero. – Demétrius
falou se afastando.
— Esse vestido veio direto de Nova Iorque, uma nova estilista tem
abalado a cidade, e ninguém sabe quem é ela, o que dá um charme maior a
peça. Ele vale cada centavo. – Uma vendedora se aproximou explicando.
— Espere por mim, querido, podemos almoçar juntos, que tal você me
acompanhar enquanto escolho um colar para usar com o vestido? – Thula
perguntou praticamente correndo atrás dele.
— Você está brincando com aquela menina, sabe disso, ela não é para
você, é só uma criança. – Thula falou segurando seu braço.
— Eu já volto.
Anne usou rapidamente o banheiro e voltou ao quarto, encontrando
Nina parada onde a havia deixado.
— Isso deve estar pesado. – ela comentou voltando para a cama.
— Os seguranças querem saber se a senhorita pretende sair hoje. –
Nina perguntou se aproximando da cama.
Anne já ia responder que não quando lembrou da festa que Demétrius
falou, ela precisava de roupa, aliás, ela precisava de algumas roupas e ponto,
as poucas que levou não durariam nem mais três dias.
— Sim, diga a eles que saímos dentro de meia hora, por favor.
— Sim, senhorita. – Colocando a bandeja sobre o colo de Anne, a
jovem deixou o quarto.
Mais uma vez saíram a pé, o apartamento de Demétrius era muito bem
localizado e Anne comentava isso com seu segurança quando ele contou que
o palácio presidencial ficava a cerca de 20 km de onde estavam.
Anne realmente estava impressionada.
Cheia de sacolas, Anne deixou o lugar uma hora depois, tinha fome e
ainda precisava encontrar uma sandália.
— Acho que já conheço essa praça, é mais perto ir até ela ou voltar
para casa?
— Anne de Nova Iorque, de novo? – só uma pessoa a chamava assim
e sorrindo, ela se virou para ver Steve se aproximando.
— Eu vou avisar, sim. Agora que tal me mostrar aonde posso comprar
uma sandália e voltarmos logo para casa?
— Desistiu da praça?
Anne, não sabia o quanto estava sentindo a falta dele, até ouvir sua
voz do outro lado do telefone.
— Também sinto sua falta senhorita, estive com seu irmão ontem, ele
perguntou da senhorita e do senhor Karedes.
— Está tudo bem por aqui, diga ao Henry que sinto muito a falta dele
e que logo estarei de volta.
Deixando o prato de lado, ela foi para o quarto, aonde Nina, a mesma
empregada que a acordou pela manhã, guardava suas compras nos cabides.
— Não precisava se incomodar com isso.
Anne olhou surpresa, era um de seus vestidos, mas ela não tinha visto
pronto, madame Eliseé o aprontou antes de sua viagem e não falou nada,
então ela lembrou que sua amiga havia lhe entregue uma sacola quando se
despediram em Nova Iorque.
— Eu não sabia que ele estava aí. – Anne falou olhando o vestido.
Por sorte a sandália prata que comprou serviria para ser usado com o
vestido longo verde.
— Certo. Pode guardar os dois, eu vou tomar um banho. – Anne
avisou. — Obrigada Nina, você foi uma ótima ajuda.
— Obrigada.
— Agora vou tomar o meu banho, Demétrius deve estar de volta em
breve.
— Desculpe.
— Thula estará aqui e vários outros parentes conservadores.
— E agora está?
— Se não fizer algo vou perdê-la, e não estou preparado para isso.
— Exatamente.
— Não acha que você deveria deixá-la ir? Lembre-se do ditado, se ela
voltar, é porque quer estar com você.
— Certo, vou tratar bem sua garota, não se preocupe. Boa noite filho,
até amanhã.
O dia seguinte começou frenético, Anne preparou sua bolsa com o que
pretendia levar e logo depois eles deixaram a cidade.
Dessa vez o destino não era tão perto para ir a pé, e ainda tinha a
bagagem para levar. Quando Anne perguntou se Demétrius não levaria nada,
ele explicou que tinha roupa na casa do pai.
— Entendi.
— Tudo bem, vou adorar conhecer sua casa. – Anne falou olhando
para frente. — Quantas casas você tem, afinal?
Ele sentia o desejo o dominando, Anne era um vício cada dia maior e
fazia mais de 24 horas que ele tinha estado dentro dela.
Anne via apenas as costas dele e sua bunda, pois seu cabelo cobria
todo o resto.
Segurando-se para não apalpar a bunda dele, Anne apoiou a mão nas
costas de Demétrius e levantou a cabeça, para olhar em volta.
— Com certeza.
Demétrius segurou sua mão mais uma vez e juntos deixaram o quarto
seguindo em direção ao som das rodas da cadeira.
— Certo. Olá moça encantadora que não sei o nome, eu sou Stravos,
irmão mais novo e mais charmoso de Demétrius.
Anne sorriu da apresentação e apertou a mão que estava estendida
para ela.
— Vê? Ele age como se a casa fosse dele. – Anne viu Demétrius
reclamando enquanto voltavam para dentro da casa.
— Às vezes.
— E o que é feito?
— Por quê?
— Precisa de luz para tudo funcionar, se a travas não estiverem bem
presas, tudo se solta e voa com o vento. – Stravos entrou na conversa.
— É realmente incrível.
— Vamos lá fora, para você ver como tudo fica. – ele convidou e os
três saíram.
Demétrius olhou mais uma vez para o cabelo e ficou satisfeito com
seu trabalho.
— Não, nenhum. Acho que não pensei em você quando quis vir pra
cá.
— Como assim?
— Helicóptero?
— Sim, é mais rápido e depois o seu cabelo não iria resistir ao vento
se fossemos de lancha.
— Verdade. – ela respondeu retocando a maquiagem.
— Eu já volto.
Sorrindo, Anne pegou o celular, ela tirou uma foto e enviou para
madame Eliseé, logo em seguida, a porta do banheiro se abriu e Demétrius
parou quando voltava ao quarto.
Anne estava linda demais, quando disse que não se preocupasse com o
vestido, ele não imaginou que ela tivesse algo tão lindo guardado.
— Você está perfeita. – ele sussurrou parado atrás dela, que se olhava
no espelho.
Sua prática em vestir um smoking foi útil, pois em poucos minutos ele
estava pronto e Anne olhava embevecida para o homem à sua frente.
— Que tal estou? – Demétrius perguntou se virando para ela.
— Sim, essa é Anne White. Querida, esses são Zola e Irma Mavros.
Pais de Thula, que você já conhece.
— Muito prazer.
Todos ali sabiam que ele não era nem um pouco econômico com as
palavras e deram risada.
— Vou ignorar os risos. – ele avisou também sorrindo. — Eu quero
apenas agradecer a presença de todos esta noite. Vocês são muito importantes
para mim. – As palmas o interromperam por alguns segundos.
— Eu tive algumas perdas que me doem até hoje, mas ganhei muito
também. – Ele parou alguns segundos olhando para os convidados.
Demétrius abraçou Anne, emocionado com o discurso do pai.
— Deus me deu a felicidade de ter uma esposa incrível, que nos
deixou antes da hora e também três filhos maravilhosos e eu ousei sonhar que
eles seriam os donos do mundo. Bem, em meu mundo eles sempre serão,
mesmo que um deles não possa estar conosco esta noite, meu Petrus está ao
lado da mãe, olhando por nós, mas eu ainda tenho Demétrius e Stravos para
me fazer feliz e peço ao Senhor lá de cima. – ele falou apontando para o céu.
— A alegria de ver um neto correndo por essa ilha antes de partir.
Anne colocou a mão sobre a barriga nesse momento, sentindo uma
lágrima escorrer por seu rosto, enquanto Demétrius a apertava em seus
braços, abraçando sua barriga também. O bebê que perderam poderia ter sido
esse neto que Arghos pedia e os dois se emocionaram.
A casa com dois andares era imensa, com várias salas, biblioteca,
escritório, e o andar de cima abrigava os vários quartos.
Demétrius mostrou alguns cômodos, até que abriu a porta do quarto
dele e deixou que Anne entrasse.
— Eu saí daqui há anos, mas meu pai o mantém para quando venho
visitá-lo. – Ele explicou olhando em volta. — Ele não mudou muita coisa
aqui.
— Menos do que você está pensando. Meu pai sempre foi linha dura,
Petrus ainda conseguia trazer as namoradas escondido. – Demétrius contou
sorrindo.
Anne olhava tudo, curiosa e foi pega de surpresa quando ele a pegou
no colo.
Anne sentia o corpo aquecer sob suas carícias e apertou os dedos nos
ombros dele, gemendo baixo.
Seu vestido havia subido por suas pernas e Demétrius aproveitou para
empurrá-lo por seu quadril, encontrando enfim o delicado tecido da calcinha
dela, que foi empurrado para o lado enquanto ele se encaixava entre suas
pernas.
— Rápido. – Anne pediu quase sem ar, descendo a mão a procura do
zíper da calça de Demétrius.
Ele beijou seus lábios e firmou o peso nas mãos para não cair sobre
Anne.
— Não demoro, precisamos voltar antes que deem por nossa falta.
— Soltou e não sei o que fazer, as pessoas vão notar e não temos
tempo para prender de novo. – Ela explicou olhando no espelho, nervosa.
— Se acalme, O.k.? Eu gosto do seu cabelo assim. Podemos ir?
— Agora não Demétrius, me deixe tirar essa linda senhorita para uma
dança. – o senhor Karedes falou enroscando o braço de Anne no seu e a
levando para o tablado onde outras pessoas dançavam.
— Anne White, finalmente estou conhecendo você pessoalmente. –
Foi a primeira coisa que Arghos falou, assim que começaram a dançar.
— Claro que sim, desde que entrou na vida do meu filho. – o velho
senhor falou girando Anne pela mão.
— Então o senhor sabe que foi o seu filho quem entrou na minha vida.
— O senhor quer que eu saia da vida do seu filho, é isso que vai dizer
em seguida? – Anne perguntou parando de dançar.
— Como assim?
— Não, eles são mais sensatos. Draco diz que está na hora dessa briga
acabar, eu acho que nem deveria ter começado.
Anne ouvia a conversa sem entender nada e Demétrius lhe explicou
que a família de Draco e a sua eram inimigos há muitos anos.
— Na verdade, nossos pais já foram grandes amigos, junto com
Mavros, até nossa mãe voltar à ilha e despertar o interesse dos dois, quando
ela escolheu se casar com nosso pai, a amizade acabou. – Stravos completou.
— Ela acha que vamos nos importar com isso? – Stravos perguntou
rindo.
— Você vai ficar aqui ou vai voltar para a ilha? – Anne perguntou.
— Deveria, mas não vou. Meu pai foi teimoso em forçar a vinda de
Stravos, deixe que ele se preocupe um pouco.
— Entendo, na verdade estou um pouco cansada também.
— Por mim podemos ir, quer voltar para Atenas agora? Ou ficamos
aqui e voltamos amanhã?
— Não é perigoso andar de lancha a essa hora?
— Espere só mais um minuto, preciso que você faça uma coisa para
mim.
— Tudo bem, vou pedir que tragam sua mala para dentro.
— Onde ficou a bagagem dela? – o senhor Arghos perguntou curioso.
— Pedi que levassem para a lancha, minha intenção era voltar para
Atenas ainda hoje.
— Bobagem, pra que navegar a noite sem necessidade? – ele virou
para Anne e continuou. — Peça a um dos empregados para mostrar o quarto,
e depois buscar sua mala, vou apenas apresentar Demétrius a um possível
cliente. Infelizmente ele chegou agora.
Anne assentiu e deixou os dois sozinhos na sacada.
Abaixando a cabeça, ela parou aos pés da escada. Mais cedo não lhe
pareceu ser tão alta, ou então, ela não se sentia tão cansada.
Já no topo, ela pensou ter ouvido alguém chamar seu nome nos pés da
escada e se virou olhando para baixo.
Foi justamente quando o médico de plantão estava indo até eles com
os resultados, que o doutor Pallas entrou na emergência apressado.
— Sim doutor, ela sofreu uma concussão, mas felizmente nada mais
grave.
— Certo, eu assumo daqui. – Draco avisou ao outro médico.
— Todo o meu corpo está doendo, mas minha cabeça, e meu tornozelo
direito são os piores.
— Você tem um hematoma na cabeça e seu tornozelo parece ter
sofrido uma torção. Levando-se em conta a altura daquela escada, você está
bem.
— Então posso ir embora?
— Não sei o que pensar, eu só sei que deveria estar ao seu lado. Eu
coloco seguranças atrás de você e me descuido quando eu fico responsável
por sua segurança. – Demétrius suspirou fechando os olhos por alguns
segundos, enquanto encostava a própria testa na dela. — Eu não vou deixar
que nada assim se repita, eu prometo.
— Não foi culpa sua, se ao menos eu me lembrasse como aconteceu. –
Anne lamentou.
— Vai lembrar, não se preocupe, você ouviu o médico.
— Eu quero saber como a menina está. – Arghos falou assim que foi
atendido.
— Entendo, quer que alguém vá te buscar ou você vai ficar por aí?
A voz baixa e rouca, mostrou que ele acordou Chris Kollias, o detetive
que havia contratado, na reunião que tiveram ele contou sobre a ameaça de
Thula.
— Acordei você?
— Você sabe que sim, o que quer uma hora dessas, Demétrius?
— Apenas diga.
— Minha namorada rolou pela escadaria da casa do meu pai, pode ter
sido apenas um acidente.
— Não se lembra.
— Isso não ajuda, o que quer de mim, Demétrius?
— Obrigado.
Demétrius se despediu e encerrou a ligação, voltando para perto da
cama.
— Com o quê?
— Devia ter deitado um pouco na outra cama, assim não estaria tão
dolorido. – o médico falou se referindo ao outro leito que havia no quarto.
— Eu estou bem. – Demétrius respondeu emburrado.
— Como falei ontem, ela deve voltar em alguns dias, senhorita White,
é muito importante que observem certos sintomas, se você sentir alguma
incapacidade de manter um fluxo de pensamento coerente, confusão,
dificuldade de concentração, qualquer coisa assim, eu preciso ser avisado,
tudo bem?
— Sim.
— Ótimo, contra a minha vontade, vou te dar alta, mas antes vamos
colocar a bota nesse pé, ele deve ficar imobilizado pelos próximos dias.
— Pode deixar.
— Fique onde está agapi, quero ter você nos braços um pouco, logo
chegaremos.
Realmente não demorou muito para eles estarem cruzando os portões
da mansão Karedes, Demétrius a levou para o quarto, onde a ajudou a se
trocar, e depois de acomodá-la sobre almofadas e travesseiros, sentou-se ao
seu lado na cama.
— Mas …?
Mesmo não querendo ficar sozinha, ela não falou nada, apenas se
recostou nos travesseiros e pouco depois voltava a dormir.
— Vamos, coma algo e volte para o quarto, você será mais útil depois
que descansar. – seu pai insistiu.
Mesmo não querendo admitir, Demétrius sabia que o pai estava certo,
ele precisava dormir.
Um braço apertou sua cintura a fazendo notar que não estava sozinha
na cama, foi quando Anne abriu os olhos imediatamente.
— O que preciso fazer, pode ser resolvido daqui mesmo, você ficará
bem enquanto vou providenciar o remédio?
— Pode fechar as cortinas, por favor? Meus olhos parecem que estão
sensíveis.
Demétrius atendeu ao seu pedido, mas deixou abertas as portas que
davam para a varanda que circundava todo o segundo andar, permitindo que
se circulasse entre os quartos.
— Como assim?
Preocupado, ele não havia percebido que vestia apenas uma cueca.
— Boa tarde. - ele saudou ao pai, que estava sentado na sala, lendo.
— Obrigado.
Demétrius se sentia inquieto, ele precisava falar com alguém sobre o
que Anne contou.
Essa era uma pergunta que Demétrius ainda não sabia como
responder.
— Eu não sei.
— Bem, você a trouxe para conhecer a família por algum motivo,
não?
— Acho que você já tem tudo aí dentro dessa cabeça, só não colocou
pra fora ainda, ou ela não estaria aqui.
Ele riu das palavras da senhora à sua frente.
— Você sabe que estou sempre ocupada, mas mais tarde eu dou um
jeito de subir até o seu quarto.
— É verdade.
— Mas teremos tempo, eu trouxe algo para você comer, está aqui na
mesa.
— Obrigada.
— Diga a ele que daqui a pouco eu vou até o seu quarto, obrigado.
O rapaz assentiu com a cabeça e saiu.
— Também com dor, confusa, sua memória não está muito boa.
— Como assim?
— Por que não a leva de volta a Kantus? Com certeza será mais fácil
zelar por sua segurança.
— Me sinto melhor.
Anne fez uma careta e Demétrius entendeu que nada mudou quanto a
isso.
— Certo.
— Mariah estará lá embaixo, qualquer coisa, basta chamá-la.
— Estou cansada de ficar nesta cama. – Anne reclamou.
— Aqui você estará protegida enquanto não soubermos o que houve.
— Seu irmão já foi?
— Não, Stravos está no quarto ao lado, ele terá que ficar alguns dias
aqui, antes de voltar a Londres.
— Por quê?
— Entendi.
— Tome seu café. Se quiser ler, tem uma biblioteca aqui nesse andar
também, fica no final do corredor. – a senhora sugeriu.
— Obrigada.
— Certo. Obrigada.
Anne se viu sozinha novamente e vestindo uma roupa confortável,
colocou novamente a bota ortopédica e foi até a mesa que havia perto das
portas abertas, lá ela descobriu que podia ver o mar bem a sua frente, o azul
intenso parecia se estender até aonde a vista alcançava.
Anne tomou seu café e percebeu que não criava nada há alguns dias.
— Você pode não acreditar, mas entendo você. Mariah falou que não
almoçou ainda. – ele falou mudando de assunto.
— E agora tem?
— Bem, melhor.
— Então venha comigo, tem uma mesa nos esperando lá fora. –
Stravos falou apontando para a varanda.
— Petrus era um cara incrível, a paixão dele era navegar, nunca quis
ficar preso em um escritório, mas mesmo odiando, fez para não desagradar
nosso pai.
Anne ficou em silêncio, deixando que ele falasse.
— Eu sinto muito.
Demétrius não falou nada e Anne deu um leve sorriso para o cunhado.
— Se cuide, e corra atrás de seus sonhos. – ele falou piscando para
Anne. — Estou voltando ao meu quarto, um bom fim de tarde para vocês.
— Stravos…
— Nem toda mulher vai se derreter por seus irmãos. Stravos se
comportou muito bem e me distraiu por algumas horas, apenas conversando,
que mal há nisso? – ela perguntou irritada.
Quando voltou, Anne estava encolhida na cama e sem dizer nada, ele
se deitou com ela, abraçando seu corpo frágil.
Capítulo 23
— Eu sinto muito.
— Não posso fazer nada por sua memória, e precisamos ficar mais
alguns dias, mas coloque sua perna aqui. – ele pediu sentando-se ao lado dela
e segurando sua perna com cuidado, puxou o velcro e soltou a bota.
Demétrius olhava para ela, seus olhos cinzas pareciam refletir o azul
escuro do mar.
— Agora vamos ver como ele está. – ele falou se levantando.
Coxas, costelas, lateral dos seios, a cada beijo, Anne sentia o corpo
mais quente, mais necessitado.
— Deite-se de bruços. – ele pediu se afastando.
— Como?
— Gire o corpo, deixe-me ver como está suas costas.
Atendendo seu pedido, Anne girou o corpo, e sentiu Demétrius
encaixar o corpo sobre o dela, distribuindo beijos e carícias por suas costas,
sempre descendo em direção a sua bunda em forma de coração.
— Você está tão molhada, agapi, deixe vir, goze querida. – ele falou
tocando seu centro nervoso e fazendo com que Anne explodisse em um
orgasmo intenso.
— Ele foi arremessado para fora do carro e ela estava ao lado dele
quando as primeiras pessoas chegaram, era uma estrada deserta, quase sem
movimento, ninguém presenciou o acidente e ela disse que ele estava
dirigindo, que haviam bebido durante o jantar e ele estava em alta velocidade.
— Ninguém questionou?
— Petrus sempre foi cuidadoso, nós duvidamos da versão dela, mas
meu pai se deixou levar pela conversa de Mavros.
— Entendo, e por que agora vocês têm certeza sobre quem dirigia?
— Bastou checar algumas câmeras de monitoramento, temos quase
certeza de que ela jogou o carro contra a árvore de propósito, a estrada onde
estavam é muito sinuosa, foi feita uma perícia no carro na época, mas o laudo
desapareceu, assim como a autópsia de Petrus, estamos acionando alguns
contatos para descobrirmos o que havia naqueles relatórios.
— Não entendi. Que importância tem esses laudos se quem dirigia era
a Thula?
— Como eu falei, conseguimos nos arquivos as gravações das
câmeras de monitoramento daquela noite, temos gravado o momento em que
alguém a ajudou a colocar meu irmão desacordado no banco do passageiro e
por isso agora sabemos que ela tem um cúmplice.
— Um cúmplice?
— Sim, alguém a ajudou, talvez até um amante, estamos verificando
quem é esse homem, não deu para identificar nas filmagens.
— Certo, mas ficar preso aqui, não vai prejudicar seus negócios?
— Adoraria ver.
— Eu te levo lá assim que der.
— E a vila dos pescadores?
— Não, obrigada.
A cada dia ela se sentia melhor, mais forte, seu tornozelo estava
praticamente bom e a praia continuava parecendo chamar por Anne.
Trocando a roupa por um discreto biquíni azul, que abraçou seu corpo
como uma luva e deixou Demétrius excitado assim que a viu, Anne o
encontrou a aguardando no quarto, usando apenas uma sunga.
— Vamos apenas até as pedras, para não forçarmos demais sua perna.
– ele falou apontando as pedras que entravam mar adentro, a alguns metros de
onde estavam.
— Está quente porque o sol estava batendo aqui até agora a pouco. –
Demétrius explicou ao sentirem a pedra morna quando se sentaram.
— Não, espero por você aqui, vou entrar no mar quando voltarmos
para casa.
— Tudo bem, eu já volto.
— Desculpe.
Anne foi pega de surpresa pelo beijo, mas bastou alguns segundos
para que ela sentisse a excitação de Demétrius contra seu corpo e ofegou.
Ela sentiu que era observada e olhou para a borda da piscina, onde ele
estava parado, olhando-a.
Anne engoliu em seco antes de nadar até ele, ela sabia que cada
centímetro do seu corpo estava marcado para sempre.
— Algum problema?
Seu celular tocou e Anne correu para buscá-lo na sala, atendendo feliz
quando viu que se tratava de Eliseé.
— Na verdade, acho que vamos nos ver muito em breve, mon amour.
— Como assim?
— Estou indo para Paris meu anjo, me chamaram para conversar
sobre a Semana da Moda, na verdade, é um convite de última hora.
— Isso é incrível Eliseé, fico muito feliz por você, mas aconteceram
algumas coisas e não sei se consigo sair agora daqui para assistir aos desfiles.
— De quantos precisa?
— Pelo menos seis.
Anne ligou para ele de volta enquanto saía da casa, torcendo para
poder vê-lo se aproximando da costa com a lancha.
— Não. Não faça isso, você não pode. Fique em segurança, eu vou
fazer o que mandou.
— Anne.
— Estou aqui, eu vou fazer o que mandou. Eu vou. – ela balbuciou
tentando ordenar os pensamentos.
Dessa vez não houve resposta e Anne percebeu que a ligação havia
caído, ela ainda tentou ligar novamente, mas não havia mais sinal no aparelho
celular.
Demétrius sentiu a adrenalina diminuir e com isso veio o frio, ele por
pouco não conseguiu chegar, o mar alto e revolto quase virou sua lancha mais
de uma vez.
Ele tratou com todo o cuidado das feridas e novamente seus pés foram
enrolados nas bandagens.
— Obrigada.
Vozes foram ouvidas do lado de fora da casa e logo elas puderam ver
mais homens chegando junto com o filho de Rita, para ajudar na limpeza do
terreno.
— Esse meu menino vale ouro, deve ter chamado os homens para
ajudar. – ela falou orgulhosa de Túlio.
O resto do dia foi dedicado a isso, limpeza ao redor da casa, Anne teve
que poupar os pés um pouco e Rita se prontificou em acabar de limpar dentro
da casa. Felizmente o estrago lá dentro era pouco, por causa das vidraças
quebradas, algumas coisas haviam se molhado enquanto Anne acionava as
placas.
No início da noite eles finalmente tiveram a comunicação
restabelecida e Demétrius pôde conversar com o pai rapidamente, garantindo
que estavam bem e voltou ao trabalho, havia ainda muito para ser feito.
Horas mais tarde, ele se sentia exausto quando entrou em casa, Rita
providenciou um lanche para todos e agradecendo a ajuda, eles se
despediram.
— Preciso de um banho, estou morto.
— Eu imagino, porque não… – Anne foi interrompida pelo telefone
que tocava.
Arghos ligou mais uma vez naquele momento e enquanto Demétrius
atendia ao pai, Anne finalmente lembrou de sua conversa com Eliseé e
decidiu falar sobre Paris na primeira oportunidade.
— Eu… – Anne ponderou sobre o que contar e percebeu que era hora
de contar o que estava acontecendo, afinal, precisava deixar a ilha.
— O que houve? – Demétrius perguntou se preocupando quando viu
sua hesitação.
— Tenho que ir a Paris. – Anne falou de uma vez só, pulando toda a
preparação que vinha fazendo mentalmente para se explicar.
— Tudo bem, vou providenciar para estarmos lá mês que vem,
pegamos a entrada da primavera. – Aliviado, Demétrius concordou, jogando a
toalha aos pés da cama e procurando uma roupa no armário.
— Você não entendeu, tenho que estar lá em dois ou três dias, não
tenho certeza ainda. – ela explicou.
Demétrius se virou para olhar e Anne viu que ele estava pálido.
— Não. – ele respondeu simplesmente, deixando Anne confusa.
— Não entendi.
— Demétrius…
— Anne, eu não vou discutir isso, deixar essa ilha está fora de questão
no momento, entendeu?
Sua ida a Atenas foi proveitosa e se tudo desse certo, logo teriam
Thula no lugar em que deveria ter estado desde a morte de Petrus. Na prisão.
Sua agapi estava irritada, e cada vez mais Demétrius se via gostando
dessa mudança de comportamento.
Anne sentiu quando a calcinha foi rasgada e olhou incrédula para ele,
descobrindo Demétrius abrindo a própria calça e alcançando seu membro
pronto para ela.
Empurrando a calça e a cueca, ele fez com que Anne sentasse sobre
seu sexo, deslizando todo ele para dentro de seu corpo.
Nunca haviam feito sexo brigados, aliás, eles nunca haviam brigado
antes e, talvez isso explicasse o fogo que a queimava.
Segurando as pernas dela juntas, ele as dobrou para cima para que
assim pudesse ver seu pau afundando cada vez mais rápido dentro dela, que
gemia alto o seu nome, enquanto apertava seus seios, ainda sob a camisa.
Não houve tempo de mandá-la se desfazer da camisa para que ele
pudesse apreciar seus deliciosos seios, e nem ele estava preparado para o
orgasmo que rasgou seu corpo, fazendo seus joelhos se dobrarem.
Anne ainda não havia gozado, ela esteve perto, mas se perdeu quando
ele encontrou o próprio prazer.
Sem fôlego, Demétrius se recriminou por ter perdido o controle e
puxou Anne para os seus braços.
— Perdão querida, eu nunca perdi o controle dessa forma.
— Esqueça, me deixe levantar. – ela pediu tentando sufocar a
frustração que sentia.
— Não assim. – ele respondeu se levantando com ela no colo.
Antes que ela respondesse, ele pulou dentro da piscina de roupa e
tudo, e com ela nos braços.
— Demétrius! – Anne gritou quando voltaram à tona e novamente ele
a tinha nos braços.
Seu corpo estava pesado dentro da água e ela sentiu que poderia
afundar se ele a soltasse.
Demétrius gozou em seguida e ainda com Anne em seu colo, saiu da
piscina e entrou na casa, deixando um rastro de água por onde passava.
Indo direto para o banheiro, ele ligou o chuveiro quente e entrou com
Anne embaixo da ducha.
Ela estava sem forças, mas se apoiou na parede para que ele
finalmente pudesse se livrar da própria roupa.
Quando se viu nu, Demétrius puxou sua agapi para seus braços e a
manteve junto ao seu corpo por algum tempo, até sentir que suas peles não
estavam mais frias.
— Demétrius…
Preocupada, ela ainda tentou falar com ele pelo celular, mas não
conseguiu e não sabia usar o equipamento de rádio recém-instalado na casa
para chamar no rádio da lancha.
Nervosa, ela passou as horas seguintes andando pela casa, até o
cansaço a vencer e ela dormir no sofá da sala.
Demétrius enfrentou o mar revolto até Atenas porque Chris tinha uma
novidade importante e urgente.
Durante todo o caminho, ele sabia que não ia gostar do que iria ouvir.
— Muito bem, o que está havendo? – Demétrius perguntou cerca de
uma hora depois, sentado em frente ao detetive em seu escritório.
Chris então empurrou uma pasta em sua direção.
— Claro que não, por que eu andaria com ele no bolso? Deixei no
meu apartamento quando cheguei. – Demétrius explicou torcendo a boca.
— Sim.
— Vou buscar o meu passaporte, você pode vir comigo para Nova
Iorque?
— Claro, e é bom que seu advogado esteja presente.
— Vou entrar em contato imediatamente e pedir que nos encontre na
empresa.
— Ótimo.
— Me encontre no aeroporto em duas horas, vou providenciar nossas
passagens.
— O.k.
Despedindo-se, Demétrius foi até a sede da empresa, onde apanhou
alguns documentos e pediu que a secretária conseguisse um voo urgente para
ele, nem que fosse necessário fretar um jato particular.
— Me ligue quando tiver tudo resolvido, são duas passagens e Atna,
ninguém em Nova Iorque deve saber que estou voltando, entendeu? Se eu
chegar lá e perceber que estavam me aguardando, saberei que foi você. –
Demétrius advertiu a senhora, sentindo o amargo sabor de não saber em quem
confiar.
— Sim, senhor.
— Certo.
Abrindo a pasta que Chris lhe deu mais cedo, retirou um extrato
bancário.
— Eu não…
— Não perca tempo tentando negar.
— De quem foi a ideia? De Thula? Não diga que foi sua, eu não vou
acreditar. – Demétrius voltou a falar.
— Da própria Thula, ela sabia que você precisava de um assistente
pessoal e falou com o meu tio. – Farto de tudo aquilo, Theo decidiu abrir o
jogo e contar tudo.
— Que concordou prontamente. – Demétrius concluiu.
O rapaz assentiu antes de continuar.
— Sim, na verdade parte desse dinheiro está sendo usado para tentar
salvar a Mavros Marítima.
— Meu departamento não tem nada a ver com esse desvio. – Jonson
falou, defendendo-se.
— Certo, eu entendo.
— Eu posso providenciar isso, mas você terá que colocar alguém para
acompanhar o trabalho dos auditores, alguém de sua total confiança.
— Muito bem, aqui estou. Agora eu quero saber por que fui arrancado
as escondidas de minha casa na calada da noite. – Arghos perguntou ao filho,
quando o encontrou no escritório na tarde seguinte.
Demétrius olhou para o pai sentado à sua frente, ele pretendia voltar a
Atenas assim que tivesse tudo encaminhado e para isso precisava da
colaboração dele.
— Reservei um quarto no hotel Plaza para você, sei que vai gostar.
— O quê? Ainda vou ter que ficar em um hotel? Que diabos está
acontecendo?
Mais uma vez Demétrius pensou na notícia que precisava dar ao pai e
se preocupou com seu velho coração.
Stravos já estava a par de tudo, pois ele mesmo contou enquanto
aguardava a chegada do pai em Nova Iorque.
— Papai… – Demétrius começou a falar, mas parou. Alarmando o pai.
— Já vi que é sério, fale logo.
— Canalha, pode deixar que eu mesmo falo com Zola, ele dará um
sermão no rapaz e o fará devolver o dinheiro.
Demétrius suspirou profundamente, ele sabia que seria uma conversa
difícil, mas não tanto.
Apanhando novamente a pasta com as informações sobre o roubo, ele
entregou ao pai, junto com a gravação, que fez escondido, da conversa do dia
anterior, quando Theo confessou tudo.
Arghos estava pálido quando o filho acabou de falar, um dia ele jurou
ajudar o amigo, mas nunca imaginou que chegaria a tal ponto.
— Ninguém pode ser tão cego assim. Eu quero saber o que está
acontecendo. Agora. – Demétrius exigiu, recostando na cadeira.
— Acho que essa dívida está mais do que paga, papai. De agora em
diante as coisas estarão fora do seu alcance.
— Como assim? – Arghos perguntou surpreso.
— Oh, certo. Zola vai entender que não pude fazer nada. – o senhor
falou dando de ombros.
Foram anos pagando aquele favor, o amigo poderia ter perdido a vida
tentando salvá-lo e ele sempre o lembrava disso.
— Não pode ser. Ele sabe que Petrus era… – o velho senhor parou,
sentindo falta de ar.
Puxando uma cadeira para o pai, Demétrius segurou o seu braço.
— Você está certo. Eu quero que a justiça seja feita, aquela vagabunda
tem que pagar.
— Zola também, o preço por minha vida ficou alto demais. – Arghos
falou sentindo o mal-estar passar aos poucos.
Demétrius percebeu que seu pai melhorava, sua cor voltava ao normal.
— Foi para isso que me chamou aqui?
— Thula deve ser presa ainda hoje, estou voltando a Atenas para
resolver isso e, para buscar Anne.
Anne estava angustiada, eram dois dias sem notícias, Demétrius saiu
de Kantus dizendo, não, na verdade ele ordenou que Anne ficasse à sua
espera, mas não deu mais sinal de vida, a antena localizada no topo da ilha
voltou a dar problema e eles ficaram incomunicáveis outra vez.
Uma ideia finalmente surgiu e ela ligou para a única pessoa ali que
não tinha que cumprir as ordens dos Karedes.
— É claro que eu ajudo, Anne de Nova Iorque, logo estarei aí.
Anne correu para arrumar sua bagagem, ela sabia que teria que
enfrentar a ira de Demétrius depois, mas não podia perder áquela
oportunidade.
— Qual?
— Ainda não temos o cúmplice de Thula.
— Nenhuma pista?
— Só a filmagem, não quer olhar mais uma vez? Quem sabe você o
reconheça, olhando com calma. – Chris sugeriu.
— Inferno, bem que ela podia facilitar a nossa vida e entregar o cara.
Foi na terceira vez que ele jogou o corpo para trás na cadeira,
maldizendo todos os antepassados de Thula.
— Puta que pariu. - Demétrius xingou, percebendo que sabia quem era
o cara finalmente.
— O que foi? Você reconheceu ele?
Demétrius não ficaria nada contente com sua partida, Anne tinha
certeza disso enquanto olhava para a lancha parada na lateral do pequeno píer.
Ela mandou uma mensagem avisando para onde estava indo e com
quem, em seguida foi ao encontro de Steve que a aguardava.
— Olá, Steve do Kansas. Sim, eu estava aqui todo esse tempo. – ela
respondeu sorrindo. — E obrigado pela ajuda.
— Você pretende voltar? Parece até que você está fugindo. – o rapaz
perguntou alto, para sua voz sobrepor o barulho do motor.
Foi como se um túnel se abrisse dentro de sua mente e Anne reviu sua
queda semanas atrás, desde o momento em que chegou ao topo da escada e
deu de cara com Steve parado lá em cima. Anne ainda sorriu, antes dele dizer
“Desculpe por isso, querida” e a empurrar escada abaixo.
— Por que quer me matar? Eu nem sequer conhecia você até chegar
aqui. – Anne perguntou tentando ganhar tempo.
— E quem disse que ele vai sofrer se eu morrer? Sou apenas mais uma
de suas amantes, sua boneca de luxo como já fui chamada.
— Desculpe querida, mas você não deve ter reparado na forma como
ele te olha. Eu realmente preciso fazer isso. – Steve falou, pegando a arma na
cintura.
Olhando a água escura, Anne fechou os olhos e deu um passo para
trás, afundando em seguida.
A luz forte bateu sobre Steve e ele viu que três embarcações os
alcançaram enquanto estava distraído com Anne.
— Nem pense em pular, você vai ser atingido por vários tiros antes de
chegar à água.
Um sorriso cínico surgiu nos lábios de Steve, antes dele apontar para o
mar, com a cabeça.
Anne não parava de tremer, ela sabia que a água estaria fria, mas
estava muito mais do que isso, estava congelante, o que a impediu de nadar
mais do que alguns metros para longe da lancha de Steve.
— Eu estou aqui, querida, agora acabou. – Demétrius sussurrou.
Sem dizer nada, ele a abraçou, deixando a água quente cair sobre eles.
— Estão me esperando em Paris. – Anne falou pouco depois.
Contrariado, Demétrius lembrou da mensagem que recebeu quando
Anne deixou a ilha, se ela tivesse obedecido, não teria se colocado em perigo.
— Você poderia ter sido morta por causa dessa história. – ele falou se
afastando e saindo do box.
— Vou encontrar com Eliseé, devo ficar com ela. – Anne respondeu.
— Certo. Muita coisa aconteceu nesses últimos dois dias, por isso
fiquei fora.
Mesmo estando frente a frente com Eliseé, ela não estava conseguindo
se concentrar.
— Querida, o que está havendo? Achei que você estivesse empolgada
com tudo isso. – a amiga perguntou, preocupada.
Anne sabia que Eliseé estava certa, mesmo porque, aquela era sua
oportunidade de conquistar sua tão sonhada independência.
Três dias haviam se passado desde que Anne partiu, foi quando
Demétrius finalmente pôde deixar Atenas. Thula e Steve estavam presos e
suas condenações eram certas, afinal, a devoção do rapaz acabou quando
Thula tentou jogar tudo em suas costas.
A partir daí seu celular virou uma ótima fonte de provas contra Thula,
assim como o HD de seu computador em sua casa.
— Que susto cara, o que faz aqui? – Stravos perguntou enquanto via o
irmão dar a volta na mesa e se jogar sentado em uma das cadeiras estofadas
que havia ali.
— Como assim?
— Explique melhor.
— Paris.
— Está perfeito, querida. Perfeito. – Eliseé falou batendo palmas para
o último vestido que seria apresentado no desfile.
Anne a ouviu e elas tinham um vestido de noiva realmente perfeito.
Que por sinal já estava vendido por uma pequena fortuna.
— Você deveria ter ligado para ele e avisado sobre hoje. – A amiga a
recriminou.
— Ele está ocupado. – Anne respondeu suspirando.
Várias ligações foram feitas para o seu celular, mas Demétrius ignorou
cada uma delas, se permitindo aqueles momentos para decidir o próximo
passo.
Isso o lembrou que ela tinha uma garrafa em uma das mãos e duas
taças na outra e ele se afastou, olhando para a garrafa.
— Imagine, eu não bebi quase nada, nos íamos para um coquetel, mas
quando Eliseé falou que você estava aqui, eu vim para o hotel te procurar.
— Anne… – Demétrius tentou falar que a viu com o outro homem,
mas ela estava eufórica demais para perceber que ele estava sério.
Anne sentiu o fogo queimar dentro do seu corpo e andou até a cama,
rastejando para o meio dela.
Sem tirar a boca de seus seios, ele finalmente a livrou de sua calcinha
e após dar alguma atenção ao outro seio, escorregou para o meio de suas
pernas, repetindo o ritual de molhá-la com o champanhe e em seguida
degustando do seu sabor sobre a pele de sua agapi.
— Meu voo sai em breve, vim apenas para assistir ao seu desfile. – ele
explicou olhando em seus olhos.
— Eu entendo.
Puxando uma passagem do bolso, ele a entregou em suas mãos.
— Demétrius…
— Você não precisa deixar a cobertura, vou passá-la para o seu nome
e pretendo continuar a pagar os estudos do seu irmão, se você não se importar.
Fazia uma semana que ela estava de volta a Nova Iorque e ela ainda se
sentia em uma realidade paralela. Apesar de sempre ter a certeza de que
Demétrius a abandonaria em algum momento, isso não diminuía a dor que
não a deixava fazer nada.
Eliseé falou para que ela ficasse em casa alguns dias, mas não estava
funcionando, elas ficaram apenas mais um dia em Paris e desde que voltaram,
enquanto sua amiga estava trabalhando a todo vapor, produzindo novos
vestidos, Anne estava em casa, lutando para sair da depressão.
— O senhor Karedes não tem mais nada a ver com a minha vida. – Ela
o cortou, levantando-se irritada.
O gesto repentino lhe causou uma forte vertigem e Alfred precisou
ampará-la.
— Ótimo, senhorita.
Anne deixou o apartamento na companhia de seu mordomo que
insistiu em acompanhá-la, durante todo o caminho, ela sentia o estômago
revirar, e agradeceu aos céus pela insistência de Alfred.
Ela passou rapidamente pela recepção e logo estava de frente para sua
médica, que estava de plantão na emergência aquele dia.
Demétrius não estava usando camisinha, quando ele falou para que ela
não se preocupasse, achou que ele tinha encontrado alguma outra solução.
— Sua outra gestação foi ectópica[2], temos que dar graças a Deus que
você passou mal antes que algo pior acontecesse, vamos fazer esses exames e
confirmar nossa suspeita, quero saber se está tudo bem com você também.
Alfred estava confuso, e preocupado, ele ficou ali sentado por mais de
uma hora, esperando notícias de Anne, mais de uma vez ele se viu tentado a
ligar para Demétrius, mas desistiu, pois, essa decisão deveria ser de sua
patroa.
— E Demétrius?
— A senhorita vai saber o que fazer quando estiver mais calma.
Conduzindo Anne até o carro, Alfred a levou para casa e a deixou
deitada no sofá, enquanto providenciava seu almoço.
Após se alimentar, Anne se deitou novamente no sofá e dormiu pelas
horas seguintes. Quando finalmente acordou, parecia que suas energias
haviam sido recarregadas.
— Anne, mon Dieu. Finalmente está voltando para nós. – Eliseé falou
a abraçando feliz.
— Exatamente.
Anne mostrou o vestido que fez na noite anterior e mais dois desenhos
que havia ficado no apartamento quando viajou.
— Perfeito como sempre. Escute, eu pensei … talvez seja hora de
você montar o seu ateliê, o que acha?
— Eu confio em você.
— Essa não é a questão, você não precisará dividir com ninguém seus
lucros, caso tenha o seu próprio ateliê. – Eliseé argumentou.
Anne pensou um pouco em sua insistência e de repente a possibilidade
de ser demais ali a deixou em alerta.
— Eliseé, seja sincera, estou te atrapalhando?
Percebendo que ele esperava sua resposta, Anne negou com a cabeça,
ela ainda não tinha tido tempo de procurar a nova escola para o irmão e se
sentiu relapsa por isso.
— Por quê?
— O senhor Karedes quer garantir que a senhorita não passe por
nenhuma necessidade.
Ela não queria mais ser sustentada por ele, e não precisava, não seria o
mesmo padrão, mas ela precisava dessa independência.
Ainda havia isso, ela teria que lidar com ele, quando descobrisse a
gravidez.
— É, já me falaram isso.
— Não está se cuidando direito, isso não é certo. Agora escute, se meu
filho tivesse se cansado de você, não estaria isolado naquela maldita ilha, sem
falar com ninguém. Então vou perguntar de novo. O que aconteceu?
Anne sentiu suas forças irem embora e a primeira lágrima rolou por
seu rosto.
— Eu não entendo.
— Dói até respirar, pensar que não o verei mais. – Anne confessou.
— Então vá atrás daquele cabeça dura, menina. Meu filho achou que
estava fazendo a coisa certa te deixando livre, ele entendeu que você não
precisava mais dele.
Demétrius deixou o mar com passos lentos, seu corpo estava pesado
por ter nadado até quase a exaustão.
Se jogando sobre a areia, ele ficou sentado, olhando para o mar a sua
frente, sem realmente vê-lo.
Mais um dia se acabava, e ele já não sabia há quanto tempo estava ali,
mas de uma coisa ele tinha consciência, na tentativa de não pensar em Anne,
nunca trabalhou tanto como nos últimos dias, pelo menos não braçalmente,
seus membros estavam doloridos, havia calos em suas mãos e seu corpo pedia
uma pausa.
— Algum problema?
— Meu pai mandou avisar que vai pescar em alto mar amanhã, e quer
saber se o senhor quer vir com a gente. – Túlio avisou respirando fundo para
recuperar o fôlego, pois ele chegou ali correndo.
— Cinco da manhã.
Era fim de tarde quando Anne pisou em solo grego, ela estava ansiosa
para rever Demétrius, mas sabia que ainda tinha a última parte de sua viagem
ainda pela frente.
— Isso é ótimo, fico feliz por você, mas e o outro motorista? – Anne
perguntou curiosa.
— Sim, estamos tendo uma semana de muito sol, o que não é normal
para essa época. – o rapaz respondeu abrindo o carro para que ela entrasse.
Quanto sua bagagem foi guardada, Anton entrou ligando o ar
condicionado enquanto colocava o carro em movimento.
— Daqui a pouco a senhorita poderá se refrescar e descansar da
viagem.
— Obrigada, Nina.
— Senhorita White, eu posso perguntar uma coisa?
— Claro, pergunte. – Anne respondeu bebendo o suco devagar.
— Como foi em Paris? – ela perguntou com olhar sonhador e Anne
lembrou de seu sonho de desfilar.
— Uma loucura, mas é algo que você tem que ver por você mesmo,
que tal desfilar para mim? Vou precisar montar um desfile em alguns meses.
Uma vez sozinha, Anne pegou seu celular enquanto terminava seu
suco, e enviou algumas mensagens avisando que havia chegado bem, em
seguida ela se deitou para aguardar o jantar, e adormeceu logo em seguida.
Ela foi acordada, pois a comida estava servida e logo depois estava
dormindo novamente, só acordando na manhã seguinte.
Anton a esperava para saírem e, após um leve café da manhã, eles
deixaram o apartamento. Haviam se distanciado apenas duas quadras quando
Anne viu uma loja e pediu que o motorista parasse.
Vinte minutos depois, ela estava de volta, feliz com sua compra
cuidadosamente guardada em sua bolsa.
— O helicóptero está à sua espera, senhorita White. – Anton avisou.
Surpresa, Anne viu que tudo havia sido arrumado, a não ser pelas
árvores novas, ninguém dizia que haviam passado por tamanha destruição há
tão pouco tempo.
Ela se aproximou cautelosa, estranhando que o barulho do helicóptero
não tivesse atraído Demétrius para fora e descobriu que as portas estavam
abertas, mas a casa vazia.
Uma vez lá dentro, viu que os vidros e os painéis também haviam sido
trocados enquanto procurava por algum sinal de Demétrius.
Deixando suas coisas na sala, Anne desceu até a praia, a procura dele
e, também não o encontrou.
— Droga, será que ele foi embora? – Anne falou consigo mesma,
voltando para a casa.
De lá, ela ligou para Rita, perguntando por Demétrius e descobriu que
ele havia saído para o mar com os pescadores.
— Eles só voltam amanhã, Anne, quer que eu avise que você ligou?
— Eu estou aqui na ilha Rita, vim para conversarmos, mas parece que
perdi a viagem. – Anne explicou frustrada.
— Tem certeza de que não quer ficar na minha casa essa noite? – Nico
ofereceu assim que se viram na areia da praia.
— Está de partida?
Rita os viu conversando e deixou sua casa apressada, mas não chegou
a tempo de conseguir falar com Demétrius, pois ele já havia sumido de vista
quando ela alcançou o marido que sorrindo, a abraçou e cobriu seus lábios.
— Ei, tem gente aqui, O.k.? – Túlio reclamou passando por eles e os
fazendo rir.
Nico largou a cintura de Rita e sem deixar de sorrir, pegou em sua
mão enquanto caminhavam até a casa deles.
Alguns pescadores ficaram no barco, limpando a sujeira, eles tinham
uma escala para isso e Nico estava livre aquele dia.
— Agora?
A princípio ele pensou que sua vista estava lhe pregando uma peça,
mas conforme descia das pedras em direção a areia, teve certeza de que era
Anne e aumentou os passos.
Anne parecia tão frágil que ele implorou em pensamento que não
fosse ele a causa de seu estado.
Demétrius só queria chegar logo até ela e sem prestar a atenção nas
pedras molhadas pelo mar, escorregou, caindo sobre elas e batendo a cabeça.
Chocada, Anne assistiu sua queda e correu até ele, temendo que seu
corpo inerte escorregasse para dentro d’água.
Segundo os médicos sua recuperação estava sendo ótima, mas ele não
acordava, e isso estava deixando Anne desesperada.
Arghos deixou Nova Iorque assim que recebeu a notícia e junto com
Stravos, estava também aguardando que Demétrius acordasse.
— Não, você está exausta e Demétrius vai brigar com a gente quando
acordar.
Anne sabia que estava forçando seu corpo além do limite, mas ela não
queria sair do lado dele. Nunca mais.
Apanhando sua bolsa, que ainda tinha o pequeno embrulho que ela
comprou quando chegou, Anne saiu do quarto e foi a procura do motorista.
As lágrimas desciam pelo seu rosto pálido durante todo o percurso até
o apartamento de Demétrius. Seu coração não queria se afastar dele, mas ela
estava tão cansada e precisava pensar em seu bebê também.
— Se acalme, senhorita, tudo vai dar certo. – ele garantiu fazendo com
que ela se sentasse.
— Sim.
— Justo quando consegui tirar Anne daqui.
— Apesar de abatida, a gestação dela está ótima, ela pediu para ver
nosso obstetra e fez alguns exames, está tudo bem.
— Isso é ótimo. – Arghos respondeu feliz.
— Anne…
A voz rouca veio da cama, os alertando de que Demétrius havia
pulado algumas etapas em seu despertar.
— Estou aqui, meu amor. – Anne falou beijando o rosto áspero pela
barba que crescia.
Ela mesma vinha mantendo seu rosto barbeado, mas ainda não tinha
tido tempo naquele dia.
— Você deve ter bastante sono, não se preocupe com isso, também é
normal.
— Certo.
— Está dolorida, não é? Você estava entubado, é por isso e sua voz
ficará rouca ainda um tempo. – a enfermeira explicou a Demétrius e em
seguida virou para seus acompanhantes. — Podem dar água a ele. Vou deixá-
los a sós, não o cansem e qualquer coisa me chamem. – ela completou saindo
também.
Depois que seu pai foi descansar, Anne se sentou na cadeira ao lado da
cama.
Demétrius sabia que não poderia viajar de imediato e que Anne iria
querer ver o irmão.
— Anne, você tem algum compromisso imediato com Eliseé?
Anne parou para pensar alguns segundos, antes de responder.
— Não, ela sabe que vou ficar mais alguns dias afastada.
— Certo, então Alfred, você pode ir a Nova Iorque, mas você vai
voltar trazendo Henry com você, acho que o garoto vai gostar de passar
algum tempo por aqui, o que acham?
Um enorme sorriso brilhou no rosto de Anne e o mordomo recebeu
ordens para entrar em contato com a secretária de Demétrius, para
providenciar as passagens, deixando-os a sós novamente.
— Venha aqui, agapi, eu preciso de você. – Demétrius pediu.
Sem resistir mais tempo, Anne deixou o vestido que usava cair no
chão, ela estava recuperando seu peso e seu corpo ganhava alguns contornos a
mais por causa da gravidez.
Estavam maiores e pelos gemidos de Anne ele podia apostar que mais
sensíveis, foi quando ele lembrou das conversas sobre gravidez que ouviu no
hospital.
Nunca havia sido tão bom e nem tão intenso, Anne pensava de olhos
fechados.
— Achei que estava fazendo a coisa certa, você parecia estar lutando
para se livrar de mim.
— Fernand?
— Não sei o nome dele.
Abrindo sua bolsa ela pegou o pequeno embrulho que estava há dias lá
dentro e com a pequena caixa na mão, voltou para a cama, ajoelhando ao lado
dele.
Demétrius viu que ela estava muito séria e se sentou na sua frente.
Anne então mostrou a caixa a ele, que a abriu, para surpresa de
Demétrius, um par de alianças de ouro brilhava lá dentro.
— Anne…
— Demétrius Karedes, você aceita se casar comigo? – Anne
perguntou com voz embargada.
Anne sabia que o irmão se apaixonaria pela Grécia, mas não àquele
ponto. Henry andava na sua frente, descobrindo cada detalhe do Pathernon
com Alfred, tirando foto de tudo ao seu redor, em sua estada anterior, por
conta da recuperação de Demétrius, eles ficaram em Kantus todo o tempo.
O dia estava cada vez mais abafado e ele estava preocupado com
Anne, que andou desmaiando no dia anterior.
— Não. Mas acho melhor que ele esteja por perto durante o
casamento. – Arghos falou pensando na queda de Anne em sua festa.
O dia foi exaustivo, seu pai cumpriu à risca o que prometeu e deu uma
festa maior do que a de seu último aniversário.
Anne mudou de posição, dessa vez seu quadril nu que foi apertado
contra o dele, fazendo Demétrius desejar sua mulher mais uma vez.
— Agapi? – ele a chamou.
— Hum?
Na manhã seguinte eles voaram para Paris, para uma curta lua de mel,
e dessa vez tudo seria diferente.
FIM
CENA EXCLUÍDA
(Antes do primeiro capítulo)
Anne sentiu que seu corpo tremia por dentro, era algo que ela não
conseguia controlar, estava ansiosa demais.
A noite foi perfeita até ali, mas conforme o jantar chegava ao fim,
Anne se viu cada vez mais nervosa. O que não passou despercebido por
Demétrius.
Ela olhou uma última vez para as luzes da cidade, tentando se
controlar antes de se virar para encará-lo.
Anne levou uma das mãos sobre a boca, cobrindo-a enquanto tentava
respirar normalmente.
— Desculpe. – ela falou com os olhos marejados, finalmente o
encarando.
Demétrius sabia que deveria mandá-la para casa, mas ele já havia
adiado demais aquele momento, justamente para que Anne se adaptasse a sua
nova situação.
Anne estava uma pilha de nervos e apesar de romance não fazer parte
do contrato que assinaram, Demétrius sentiu que ela precisava disso e não de
um homem tomado de desejo, como ele estava desde que botou os olhos nela.
Depositando as duas taças sobre a bancada que havia junto a uma das
paredes, ele voltou para perto dela e acariciou seu rosto levemente.
Sua pele ficou vermelha, e Anne sentiu que todo o seu corpo
esquentava.
— Eu… não precisa… – mais uma vez Anne não conseguiu terminar
sua frase.
— Venha, Anne. – Demétrius chamou mais uma vez.
Sem saber se aquilo era um chamado ou uma ordem, Anne sentiu que
não podia ignorá-lo mais e se juntou a Demétrius no meio da suíte.
Tensa, ela sentiu um de seus braços enlaçar sua cintura, enquanto o
outro pegava sua mão e entrelaçava seus dedos, encostando sobre seus
corações, levou alguns segundos para Anne levantar seu braço livre e colocá-
lo sobre o ombro largo de Demétrius, sentindo os músculos rijos sob seus
dedos.
— Não. Eu não vou agir feito um ogro, tomando o que quero, sem me
importar com você. Talvez seja melhor eu te mandar de volta para casa. – ele
falou lutando contra a frustração.
Anne estava confusa, ardendo e em pânico, mas ir embora naquele
momento poderia significar o fim do contrato que assinaram e nunca mais ver
Demétrius outra vez.
— Não. – ela falou negando também com a cabeça.
Anne pensou que fosse desmaiar, seu corpo estava mole e se não fosse
pelo braço forte dele em sua cintura, ela tinha certeza de que cairia no chão.
Os lábios de Demétrius eram macios e exigentes ao mesmo tempo,
não permitindo que Anne conseguisse pensar, era como ser engolida por um
furacão, não que ela já tivesse sido engolida por um, mas estar nos braços de
Demétrius lhe dava essa sensação.
Afastando sua boca da dela, Demétrius passou a beijar seu pescoço,
descendo até seu ombro, onde encontrou a fina tira da alça do vestido que ela
usava e o afastou de seu caminho.
A outra alça também foi empurrada e o caro vestido de seda branca, se
amontoou no chão, esquecido aos pés dela.
Os olhos dele imediatamente estavam em seu corpo, devorando o que
via. Anne não usava sutiã, restando apenas a calcinha de renda branca e as
meias de seda que terminavam no meio de suas coxas. Demétrius engoliu em
seco quando se viu diante de tamanha perfeição, ele chegou a salivar
enquanto olhava seu corpo e se sentiu o lobo mau, mas ele duvidou que a
Chapeuzinho Vermelho fosse tão linda e sexy.
Eram tantas sensações novas, ao mesmo tempo, que ela se viu abrindo
os olhos para ver Demétrius e, a visão que teve daquele homem sobre ela,
tocando seu corpo, perdido em uma nuvem de prazer fez com que Anne
sentisse a tensão aumentar dentro dela e sem perceber, empurrou o quadril
contra a mão dele, buscando algo que ainda não sabia o que era.
Demétrius trocou de seio, enquanto se encaixava entre suas pernas,
empurrando sua calcinha fora do caminho.
Dessa vez o calor que a invadiu foi maior, junto com uma tensão tão
grande que Anne se viu implorando por mais.
FIM
Demais obras da autora
Instagram: @tati_dias_Autora
[1]
Lugar fictício
[2]
Gravidez ectópica é uma complicação da gravidez em que o embrião se forma fora do útero