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Copyright© 2021 Gabby Santos

Todos os direitos reservados


Criado no Brasil
Capa: Katiucia Branco
Revisão: E. A. Campos
Diagramação: Gabby Santos (imagens by pngtree)

Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com datas, locais,


nomes e acontecimentos reais são mera coincidência.

É proibido o armazenamento e/ou reprodução total ou parcial de


qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios sem o consentimento
por escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei Nº


9.610/98 e punido pelo artigo 184 do código penal.
Sumário
Nota da autora
Sinopse
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Agradecimentos
Uma olhadinha no próximo livro da série
Sobre a autora
Nota da autora
Este conto faz parte de uma série chamada “Os príncipes”, sendo “O
príncipe prometido” o primeiro conto. Trata-se de um romance LGBT, com
cenas de sexo explícito, uma leve pegada de fantasia e alguns contos da série
possuem Mpreg, gravidez masculina, não sendo este o caso de “O príncipe
prometido.”

Ademais, o conto se passa em um universo fictício, criado pela autora,


sem compromisso com a realidade.

Um beijo para todos, que cientes desses fatos desejam continuar a


leitura.

Gabby Santos.
Sinopse
Hani é o príncipe de Cadhian, um reino próspero e feliz. Sendo criado
desde o seu nascimento como um ser feito de porcelana, o jovem príncipe
jamais teve a chance de conhecer o mundo fora dos muros do seu castelo.

Hani sempre soube que era prometido em casamento ao futuro rei de


um reino muito distante, mesmo conformado, nunca deixou de se sentir triste
por isso. Até porque jamais teria a chance de conhecer o amor, uma vez que
seu destino havia sido traçado para ele. Como um príncipe, era seu dever
selar a paz entre seus reinos, se casando com um desconhecido.

Um dia antes do fatídico casamento, o jovem príncipe, em um ato de


rebeldia foge do castelo para viver seu último dia de liberdade e conhecer o
seu reino. Mas como não se manda no coração, Hani acaba se apaixonando
perdidamente por um rapaz de sorriso fácil e misterioso, que em uma única
noite deixa sua vida de cabeça para baixo.

O que ele fará agora? Vai desistir do amor, pelo bem do seu reino? Ou
vai desistir do seu reino, por amor?
— É preciso, disse baixinho o príncipe, que cumpras a tua promessa.

“O pequeno príncipe, de Saint-Exupéry.”


Parte 1
Hani

Com um olhar curioso e ao mesmo tempo triste, o jovem príncipe Hani


de Cadhian, olhava para a cidade. Que parecia tão pequena da janela do seu
quarto.

Um suspiro deixa seus lábios quando ele se afasta da janela, não valia a
pena ficar sonhando com algo que nunca aconteceria. Hani é um príncipe,
como tal, é seu dever fazer sempre o que é melhor para o seu povo e seu
reino. Mesmo que isso não seja o melhor para ele.

Um príncipe não tem sonhos, ele tem deveres. Os dois lados de uma
moeda, ele tem tudo que alguém poderia querer, mas nunca poderia querer
nada além do que lhe é permitido ter.

— Meu querido. - Seu olhar foi em direção a porta do quarto, onde sua
mãe, a bela rainha Aramina, estava. — Seu pai deseja que você desça para o
jantar.

— Eu não quero, mamãe. Esta é minha última noite.

A rainha o olhou triste e foi até ele, tomando-o em seus braços,


confortando o filho.

— Você vai se casar, meu amor. Não é como se fosse morrer.


— Para mim é a mesma coisa, mãe. Vou me casar com alguém que não
conheço e não amo. Serei o ser humano mais infeliz do mundo. — Lágrimas
começaram a manchar o belo rosto do príncipe. Na mesma hora, a rainha
enxugou as lágrimas com todo o carinho do mundo.

— Meu querido, eu sou a prova viva de que um casamento por


conveniência pode sim terminar em amor. Seu pai e eu, também, fomos
prometidos em casamento, mesmo assim o amor surgiu entre dois corações
estranhos.
Hani já tinha ouvido aquela história diversas vezes durante a sua
infância, sua mãe sempre lhe contava sobre ela quando queria diminuir o
peso em seu coração. Lhe dando um pouco de conforto e esperança.

— Não é porque meu pai e a senhora hoje se amam, que eu também


vou amar o meu futuro marido. Irei viver em um reino estranho, ao lado de
um desconhecido. Quem me garante que vou amá-lo ou que ele vai me
amar?

— Tenha um pouco de fé. — Disse a rainha sem saber mais o que dizer
para consolar o filho. — Por esta noite, você pode descansar. Vou falar com
seu pai, mandarei que tragam seu jantar no quarto. Boa noite, querido.

Dando um beijo na testa do jovem príncipe, a rainha sai deixando-o


sozinho com sua tristeza.

Horas depois, quando o silêncio já reinava em todo o castelo, Hani


ainda se mantinha acordado e achava pouco provável que pregasse os olhos
naquela noite. De repente, o barulho da porta de seu quarto chamou sua
atenção e um sorriso pequeno se formou em seus lábios quando viu seu
irmão mais velho e futuro rei, Feathy, entrando no quarto.

— Ei baixinho, como está? Mamãe disse que você não iria jantar
conosco.

— Não estou com fome. — A tristeza era tão clara no jovem que seu
irmão o olhou cheio de pena.

— Se eu pudesse mudar isso, eu mudaria, Hani. Mas você sabe que é


para o bem do nosso reino e do nosso povo. Eu mesmo terei que me casar
por conveniência com um príncipe de outro reino. — Nesse momento, Hani
olhou bem para os olhos do irmão e viu grande tristeza neles.

Feathy costumava ser muito forte e determinado, o tipo de pessoa que


nunca demonstra fraqueza. Como futuro rei, sempre soube mascarar as suas
emoções, mas naquele momento, Hani viu a tristeza em seu olhar, então foi
até o irmão abraçando-o.
— Também sinto muito por você, irmão. — Hani sabia que seu irmão
amava uma pessoa muito especial. Eles haviam se amado a vida inteira. Era
muito triste saber que aquele amor não iria em frente, por causa de um
casamento arranjado. Às vezes ele queria ter nascido uma pessoa comum, ao
invés de um príncipe que não é dono das suas próprias vontades.

— Vamos parar de tristeza, sim? Eu vim aqui para te fazer um convite.

— Convite? — perguntou o jovem príncipe, confuso e curioso.

— O que acha de sair do castelo? Uma última noite de liberdade, vou te


levar na cidade e você vai poder conhecer o que há fora dos muros desse
castelo.

— Nossos pais jamais permitiram.

— Eles não precisam saber. — Disse Feathy com um sorriso malandro.


Hani logo se animou, era sua chance de ser livre, pelo menos por uma noite.

— Então vamos. — Sorrindo por ter conseguido animar o pequeno


irmão, Feathy tratou de seguir com ele pelos corredores do castelo,
despistando os guardas até que chegassem à cozinha. Onde se encontrava
uma única pessoa, que ambos os príncipes conheciam muito bem.

Samir era um jovem de 22 anos, com 1.72 de altura e um corpo magro,


tinha longos cabelos escuros que sempre ficavam presos em uma trança. Os
olhos eram pretos como a noite e sua pele branca como a neve. O que o dava
um toque bem exótico no lugar, uma vez que todas as outras pessoas,
incluindo os dois príncipes, possuíam um tom de pele mais escuro, herança
de seu povo.

Samir era sem dúvidas muito bonito, e tinha sempre um sorriso


acolhedor no rosto. Ele era também o braço direito de Feathy, um sempre
estava ao lado do outro.

— Conseguiu as roupas, Samir? — Perguntou Feathy em um tom de


voz doce, que não era costumeiro no príncipe herdeiro.
— Sim. — Respondeu o moreno entregando um saco com algumas
roupas velhas, de servos do castelo.

— Para que isso, Feathy? — Perguntou Hani, confuso.

— Disfarces, irmãozinho, ou vai querer que nosso pai fique sabendo da


nossa pequena aventura?

Rapidamente, Hani agarrou as roupas, pois nada, nem ninguém iria lhe
tirar a chance de ter pelo menos uma noite de liberdade.

Os três, vestidos em roupas simples, seguiram para fora do castelo.


Escondidos e passando por lugares desconhecidos por Hani, passagens entre
os muros e paredes. Feathy e Samir faziam aquilo com tanta maestria que o
jovem príncipe tinha suas suspeitas de que os dois faziam aquilo com certa
frequência.

Quando estavam longe dos muros do castelo, Hani parou por um


momento, fechou os olhos e respirou o ar com força, deixando que uma
lágrima caísse por sua bochecha esquerda. Aquela era a sensação da
liberdade? Se questionou deixando que um grande sorriso tomasse conta de
seu rosto. Por fim, saiu correndo atrás do irmão e de Samir que já seguiam
mais à frente.

"Toca do Lobo", Era um nome bem estranho, pensou Hani ao seguir seu
irmão e Samir, para uma espécie de taberna. O lugar era quente em
comparação ao frio que fazia do lado de fora, também era bem limpo. Além
disso, a música que tocava era a mais animada que ele já tinha ouvido em
sua vida, o lugar estava cheio de pessoas de todos os tipos.

Caminhando por todos os lados, seus olhos tentavam capturar o


máximo de informação possível. Quando uma mão o puxou para o meio de
uma roda, onde várias pessoas dançavam alegremente, primeiro ele ficou
assustado, mas logo se soltou e deixou que a música o levasse. De início
com passos desajeitados, que logo foram pegando o jeito.

Quando mãos fortes seguraram em sua cintura, enquanto ele dançava,


Hani pensou que fosse parte da dança, até que uma voz com hálito forte de
bebida chegou a ele.
— Olha que coisinha bonita que eu encontrei aqui. Está afim de alguma
diversão, bebê?

Assustado, Hani tentou se soltar, mas o homem que o segurava era


muito grande e assustador, concluiu Hani em pânico, olhando para os lados
ele procurava pelo irmão e Samir. No entanto, ambos pareciam ter
desaparecido.

— Me solte, por favor.

Disse sentindo sua voz falhar, o homem grande, que mais parecia um
urso, apenas sorriu com malícia para ele.

— É melhor fazer o que ele pede. — Hani ficou surpreso com a voz
firme que veio de trás do homem enorme que o segurava. Este se pôs mais
para o lado para ver quem o estava desfiando e assim Hani também pode vê-
lo. O príncipe quase perdeu o fôlego. Quem era aquele?

O estranho misterioso era tão alto quanto o homem assustador que o


segurava, mas de assustador ele não tinha nada. Era na verdade, lindo. O
homem mais lindo que Hani já vira, deveria ter a idade de seu irmão, uns 20
e poucos anos, seu corpo tinha músculos firmes e salientes na roupa simples
que este usava. Talvez fosse um servo, ou um viajante, o que era mais
provável pela sua aparência bela e exótica.

Seus cabelos eram vermelhos, uma cor que Hani jamais tinha visto nos
cabelos de ninguém de seu reino, eles iam até abaixo do seu queixo, grandes
e cheios, sem falar no brilho que possuíam, o príncipe podia jurar que
deviam ser macios também.

Seus olhos eram grandes, em um tom de verde escuro, muito bonito.


Para completar haviam seus lábios finos, dentes brancos e enfileirados que
sorriam com confiança para seu agressor. Aquele homem era quase uma
miragem de tão perfeito. Seria tudo aquilo real? Ou não passava de um
sonho e Hani logo acordaria em seu quarto?

— Não se meta, forasteiro. — Disse o gigante que o segurava com


agressividade. Isso não pareceu abalar o desconhecido, que em um
movimento rápido acertou o homem com uma garrafa, fazendo este cair no
chão. Uma confusão começou quando os amigos do brutamontes, que devia
ser o líder de algum bando, resolveram interferir atacando o desconhecido de
cabelos cor de fogo.

Hani não fazia ideia de como, mas quando se deu conta já estava
correndo para fora da taberna, sendo puxado pelo seu salvador. Só então ele
se lembrou do irmão e tentou se soltar do outro e voltar para procurá-lo,
contudo, o ruivo não deixou o segurando mais firme pelo braço.

— Você está maluco, baixinho? Podia ter sido violentado por aquele
brutamontes e ainda quer voltar lá?

— Meu irmão está lá. — Disse desesperado.

— Ele é pequeno como você? — Hani decidiu ignorar o “pequeno”,


apenas negou com um aceno de cabeça. Seu irmão era o futuro rei e um
exímio guerreiro, talvez o seu salvador estivesse certo e ele não precisava
temer por Feathy. Sua maior preocupação no momento deveria ser salvar sua
própria pele.

— Tudo bem.

Eles correram para o mais longe que puderam, alguns homens do bando
do brutamontes que o forasteiro agrediu, ainda os seguiram por algum
tempo. Sendo mais ágeis, eles conseguiram despistá-los. Quando finalmente
pararam para descansar, Hani quase não sentia mais as duas pernas. Seu
coração parecia a ponto de pular para fora do peito.

— Isso foi a maior loucura que fiz na vida. — Disse recuperando o


fôlego, o belo forasteiro o olhou com diversão antes de cair sentado na
calçada de pedras, se escorando em uma parede que parecia ser de uma
padaria que estava fechada, assim como a maioria das casas em volta.

— O que te deu para dançar daquele jeito em uma taverna, cercado de


homens de todos os tipos, nanico?

Hani se sentiu logo irritado por ser chamado de nanico. Ora essa, ele
tinha 1.70 uma altura, perfeitamente normal. O que podia fazer se aquele
estranho de cabelos cor de fogo tinha quase 2 metros de altura?
— Eu estava dançando da mesma forma que todos ali. —Respondeu de
nariz em pé.

— Até pode ser que sim, mas nenhum deles era um pecado em pessoa.

— Como? — Hani realmente não entendeu e ao olhar para o outro


sentiu seu coração bater que nem louco em seu peito. Os olhos de ambos se
encontraram e ficaram se encarando por vários minutos.

“O que será que eu tenho? Estou me sentindo quente e meu coração


parece que vai sair pela boca a qualquer momento.” Pensou Hani sem tirar
os olhos do seu misterioso salvador.

— Kaled. — Disse o estranho rompendo o longo e confortável silêncio.


— Meu nome é Kaled.

Kaled, um nome perfeito para um homem tão lindo.

— E você baixinho? Como é o seu nome?

Hani pensou por um momento se deveria falar seu nome real, mas
decidiu que era muito arriscado se qualquer um descobrisse que ele era o
príncipe, enquanto estava ali desprotegido.

— Meu nome é... Samir, meu nome é Samir.

— Bem, acho que é melhor você ir para casa, Samir.

Hani se sentiu triste na mesma hora, então Kaled não estava gostando
da sua companhia e queria se livrar dele? Por que estava tão triste com
aquilo? Por que sentia tanta vontade de chorar?

— É perigoso para alguém tão belo andar por aqui sozinho durante a
noite, Samir. — Disse Kaled, como se pudesse ouvir os pensamentos do
menor. — Eu tenho que voltar para o meu povo, por mais que eu queira
conhecê-lo melhor, receio que não seja possível. —Completou o ruivo se
levantando e parando em frente ao príncipe. Uma de suas mãos acariciou o
rosto de pele macia e um pouco mais escura que a sua. — Você é lindo,
pequeno.
As bochechas de Hani coraram como nunca antes, é claro que ele já
havia recebido elogios em outros momentos, mas nenhum deles o fizeram se
sentir tão lindo e especial. Ele gostou de se sentir assim e queria continuar a
sentir tudo o que Kaled parecia estar lhe prometendo com um único olhar.

— Eu...

— Eles estão ali! — Gritou um cara grande, com uma aparência


assustadora. Logo atrás dele estavam vários outros. Praguejando, Kaled
correu puxando Hani pelo braço.

Ao que parece, nenhum dos dois voltaria tão cedo para casa, pensou
Hani. Estranhamente, a alegria se apoderou do pequeno príncipe que corria
com um sorriso no rosto.
Parte 2

Foi preciso bastante tempo para que os dois pudessem despistar de uma
vez por todas os grandalhões que os seguiam. Para isso foi preciso que
entrassem em uma outra taverna, sendo que esta parecia mais algum tipo de
hospedaria, tinha muita gente bebendo e música animada tocando, mas
também tinha um andar acima onde o dono disponibilizava pequenos quartos
para viajantes passarem a noite.

— Que lugar é esse? — Perguntou Hani curioso enquanto olhava ao


redor.

— É aqui que estou dormindo por essa semana, antes que tenha que
voltar para casa.

— Então é um viajante?

— Pode se dizer que sim. — Respondeu sorrindo. Segurando a mão do


menor, o guiou para o andar de cima. — Vamos, acho melhor ficarmos no
quarto que estou alugando, pelo menos por um tempo até que seja seguro te
levar para casa. Aqueles caras são encrenqueiros natos, mas também adoram
beber a noite toda, então uma hora eles desistem de nos perseguir e voltam à
taberna para beber.

Sem ter mais o que fazer e estranhamente confiando naquele ruivo


misterioso, Hani o seguiu até um quarto pequeno, com uma cama velha, sem
luxo ou comodidade alguma. Apesar do quarto ser bem limpo para um
quarto barato de hospedagem. Talvez, Kaled tivesse pago um pouco mais
para receber toda essa comodidade.

Agora, se ele pudesse pagar por isso, por que não ficar logo em um
lugar melhor?

— Você pensa demais, nanico. Juro que às vezes penso que vai sair
fumaça dessa sua cabecinha. — Disse Kaled rindo e se jogando na cama,
Hani arregalou os olhos com o estalar que ela fez. O príncipe viu a hora em
que a velha cama de madeira quebraria com Kaled em cima dela.
Rindo da cara que o moreno fazia, Kaled falou.

— Não se preocupe, pequeno. Ela parece velha, mas ainda aguenta


muita coisa. Afinal, tem que aguentar mesmo, ela é uma cama de hospedaria
barata.

O sorriso que Kaled lhe deu, fez com que o moreno corasse até a raiz
do cabelo, pois algo lhe dizia que o ruivo estava querendo dizer que a cama
não era usada apenas para dormir. Hani podia ser ingênuo nessas coisas, mas
ele era irmão de Feathy. Seu irmão era, digamos, muito experiente no que
diz respeito aos prazeres da carne.

— Algo me diz que você não é um jovem comum, não falo só da sua
beleza extravagante, e sim do conjunto todo. Apesar das vestes simples, seus
modos são elegantes e diria que até refinados, suas mãos. — Kaled agarrou
as mãos de Hani, sem que este pudesse se soltar, e as acariciou adorando a
maciez das mesmas. — São como se fossem feitas de algodão, sua pele é
inteira sedosa e limpa, até seu cheiro é sublime. — Um arrepio tomou conta
do corpo de Hani ao sentir a ponta fria do nariz de Kaled cheirando a
delicada pele do seu pescoço.

— Você não me parece um simples aldeão, Samir.

Apesar do seu corpo se sentir mole ao toque do outro, Hani arrancou


forças para se afastar, envergonhado de sua entrega tão fácil para aquele
estranho. Afinal, o que estava acontecendo com ele?

— Esse rubor em sua face, isso não é algo comum em jovens aldeões.
Eles não costumam carregar tanta ingenuidade, meu querido.

— Não seja atrevido! — Quase gritou, Hani, ao ver que seu segredo
estava em perigo.

— Calma, querido. Não precisa se irritar, sei que deve ser filho de
algum nobre e que escapou sem a permissão de seus pais junto de seu irmão.
Devem querer conhecer como é a vida dos meros súditos. —Fez uma
reverência exagerada e riu, Hani quis dizer que ele estava errado, mas não
pode, Kaled quase havia acertado.
— Certo, não fique com raiva, menino bonito. Não vou mais irritá-lo
com isso. Todos temos os nossos segredos, certo?

Meio relutante, o moreno concordou e se sentou na beirada da cama,


ainda com receio dela cair.

— Você já amou alguém, Kaled?

— Amor? — Perguntou o outro, curioso com a pergunta do moreninho.


Hani se sentiu bobo, não é porque ele sonha em se casar por amor e não por
conveniência, que os outros vão ter o mesmo sonho. Ainda mais alguém
como Kaled que devia viajar pelo mundo e ser experiente em muitos
quesitos da vida. O ruivo devia conhecer coisas que Hani jamais imaginaria
que pudessem existir. Para que alguém assim iria pensar em amor?

— Esqueça isso é besteira...

— É besteira para você? Pois eu acho que não seja, ou não estaria tão
aflito dessa forma. Para mim, o amor é uma coisa maravilhosa e que poucos
no mundo são privilegiados com ele. — Hani olhou com interesse. — Eu
nunca amei alguém, não dessa forma que você perguntou, eu amo meus pais
e meus irmãos, mas acredito que esse amor entre duas pessoas talvez ele não
seja para mim.

— Por quê?

— Existem coisas mais importantes no mundo do que o amor. —Disse


simples e conformado, isso deixou Hani furioso.

— Não pense assim, muitas pessoas querem ter o direito de amar


livremente, e não lhes é permitido isso. Então se você pode amar, não seja
covarde, não arranje desculpas, apenas ame.

Ele só percebeu que estava chorando quando foi abraçado pelo ruivo,
seu rosto pressionado no peito dele molhou as roupas de Kaled de lágrimas.

— Ei querido não precisa chorar, eu te entendo, juro que entendo. Ah


querido, se eu pudesse juro que faria qualquer coisa para tirar essa tristeza
dos seus olhos. — Se afastando um pouco de Hani, Kaled enxugou os seus
olhos, beijou a sua bochecha e o seu queixo. Hani fechou os olhos em
expectativa para que os lábios de Kaled também tocassem os seus lábios, no
primeiro beijo que o jovem príncipe iria receber.

Eram quentes e molhados, a língua de Kaled pincelou seus lábios e


quando ele suspirou abrindo levemente a boca, o ruivo aproveitou para
adentrar sua língua na boca de Hani. Suas línguas brincavam uma com a
outra, suave e lento, foi assim o beijo. Kaled respeitou a sua falta de
experiência e com calma o ensinou a melhor forma de beijar. O ruivo era um
ótimo professor, uma vez que no segundo beijo que trocaram, Hani já se
soltou muito mais.

— Hum... Kaled. — As mãos firmes de Kaled, deixaram o corpo de


Hani mole contra o seu, ele desejava sentir coisas desconhecidas para o seu
corpo, mas que inconscientemente ele sabia o que eram.

— Samir o que você está fazendo comigo, querido? Isso não é certo...
— Disse Kaled em um momento de consciência.

— Por quê?

— Eu não...

— EU SEI QUE ELES ESTÃO AQUI! — Hani tremeu contra o corpo


de Kaled.

— Esses malditos não vão desistir? — Irritado, Kaled foi até a porta do
quarto e viu que os brutamontes que os seguiram desde a taverna estavam no
começo do corredor arrombando quarto por quarto os procurando. Seus
olhos varreram o cômodo à procura de uma saída e não viu nenhuma, exceto
a janela do quarto. Eles estavam no segundo andar, talvez desse para pular.

Kaled abriu a porta às pressas.

— Vamos, querido, passe pela janela...

— É muito alto! — Disse Hani em pânico, enquanto ouvia a voz dos


homens que os perseguiam chegar cada vez mais perto.
— Confie em mim, Samir. Nós não temos outra saída, não temos como
enfrentar todos eles de uma única vez.

Mesmo com medo, Hani viu que Kaled tinha razão. Com cuidado, eles
saíram pela janela e andaram pelo telhado, até que chegassem à parte de trás
da hospedagem. Local onde ficava uma espécie de estábulo, as montarias
dos hóspedes e viajantes estavam descansando e sendo alimentadas ali.

Kaled foi o primeiro a pular e com maestria caiu de pé e estendeu os


braços para Hani.

— Vamos, querido, pule! Eu vou segurar você, eu prometo. —Vozes


foram ouvidas e ambos sabiam que seus perseguidores não haviam desistido
de encontrá-los. Então, fechando os olhos, Hani se jogou do telhado e
respirou aliviado quando foi segurado pelos braços fortes de seu salvador.

— Isso querido, você conseguiu. — Disse Kaled rindo e lhe dando um


selinho. — Agora vamos que eu já vi que esses caras não vão desistir tão
fácil.

Eles se aproximaram das baías onde tinham alguns cavalos, Kaled tirou
algum objeto do bolso, Hani não viu o que era graças a pouca luz do lugar.
Mas algo parecia brilhar, talvez algum objeto valioso. Kaled o deixou em
uma das baías como uma recompensa por ele estar prestes a roubar um dos
cavalos.

— Vamos. — Com um único movimento, Kaled já estava sobre o belo


animal cor de chocolate com manchas brancas. Então estendeu uma mão
para Hani, que logo a pegou e foi puxado com facilidade para cima do
animal, sendo colocado na frente de Kaled, com suas costas pressionadas no
peito firme do ruivo.

Eles saíram a galope da hospedaria. O cavalo correu pelas ruas da


cidade fazendo um barulho alto dos cascos do animal batendo no chão de
pedras, com certeza seus perseguidores os ouviram, por isso eles precisavam
ser rápidos.

A galope eles deixaram as ruas da cidade e entraram no bosque, que


cercava a cidade e quase todo o reino. Hani conhecia bem aquele bosque,
pois na sua infância aquele era um dos poucos lugares que seus pais
permitiam que ele fosse brincar, junto de Feathy e o pequeno Samir, mesmo
que cercados por diversos guardas.

— Por ali. — Disse Hani apontando para uma trilha pouco conhecida,
mas que ele sabia que dava em um lago de águas cristalinas, o seu lugar
preferido no reino e para onde não ia desde criança.

Quando eles chegaram ao lago, Kaled desceu do cavalo, ajudando Hani


a fazer o mesmo. Enquanto o moreno olhava tudo ao seu redor com alegria e
satisfação, o ruivo foi amarrar o animal e tratou de procurar algumas cascas
de árvore para poder dar água ao cavalo.

— Bom garoto. — Alisando o pelo do animal, Kaled falou com Hani.


— Fique aqui, Samir. Vou até a entrada da trilha para ver se eles nos
seguiram.

Hani concordou e viu quando o ruivo sumiu pela trilha, então continuou
olhando em volta, tudo estava mais lindo do que se lembrava. A pequena
clareira era iluminada pela lua e esta se refletia nas águas cristalinas do lago,
uma visão realmente maravilhosa.

— Nenhum sinal deles, acho que os despistamos ainda na cidade.

Hani respirou aliviado.

— Bem, eu vou fazer uma fogueira e procurar algo para comermos.


Vamos fazer um acampamento aqui e passaremos a noite, amanhã quando o
sol nascer eu prometo te levar para casa. — Hani concordou, ele não tinha a
mínima pressa para voltar para casa e ter que seguir o seu destino cruel ao
lado de um homem que não conhecia, nem amava. Um homem que jamais
amaria, pensou olhando para Kaled que reunia gravetos para uma fogueira.

O ruivo saiu a procura de algumas frutas e talvez algum pequeno


animal, Hani ficou sentado perto da fogueira. Ele estava triste, em seus 18
anos de vida nunca tinha conhecido nada que chegasse perto do amor. Justo
em sua última noite de liberdade, conheceu alguém como Kaled. Um homem
que mal conhecia, mas que sentia como se pudesse segui-lo para qualquer
lugar.
Seu peito doía só de pensar que depois daquela noite, jamais o veria
novamente. Seu destino era ao lado de alguém que ele não amava.

Por que a vida tinha que ser tão cruel? Se ele não poderia ficar com
Kaled, por que o destino fez isso com ele? Por que lhe mostrar alguém com
quem nunca poderia ficar?

Sentindo as lágrimas manchar seu rosto mais uma vez naquela noite, ele
se levantou se despindo de suas roupas e entrou dentro das águas cristalinas.
Queria lavar toda a sua dor e tristeza de jamais poder estar com o homem
que era rei supremo de seus pensamentos e do seu coração.

Distraído, ele não percebeu quando Kaled voltou e o viu ali nadando
completamente nu, o ruivo que já estava atormentado com os sentimentos
que o moreno lhe despertava e consumido pelo desejo que sentia por ele, não
aguentou mais. Diante de tal visão, ele se desfez de suas roupas e entrou na
água seguindo até o corpo pequeno de formas tão sedutoras.

Apesar de não ter percebido a aproximação de Kaled, Hani não se


assustou quando o corpo firme dele se chocou contra o seu e os lábios
quentes do ruivo tomaram conta da pele imaculada do seu pescoço. Ele se
derreteu contra o corpo excitado do maior, gemendo baixinho com o toque
das mãos de Kaled em sua cintura, quando este o virou de frente para ele.

Kaled prendeu a respiração, depois a soltou com força, ao ver o mar de


sentimentos nos olhos azulados do pequeno homem em seus braços. Suas
mãos alisam os cabelos castanhos escuros do rapaz, descendo para os
grossos lábios vermelhos como sangue. A verdadeira face do pecado.

— O que pretende? Quer me seduzir seu feiticeirozinho? — A voz


rouca de Kaled arrancou outro gemido de Hani, ele sentia seu corpo em
chamas, seu membro estava duro e desejoso. Hani sentia como se fosse
morrer caso não fosse tocado logo pelo ruivo.

— Kaled, por favor...

— Tem ideia do que está me pedindo, querido? Se eu começar não


conseguirei parar. Eu não posso te oferecer nada, Samir. Não é certo... Eu...
— Por favor, só me toque. Me deixe sentir pelo menos uma vez o que é
ser tocado com paixão, me deixe experimentar o amor pelo menos uma vez,
Kaled...

Com um gemido profundo, Kaled se apossou da boca do menor, lhe


tirando todo o ar, tomando para si tudo que Hani poderia lhe oferecer.

Suas mãos ganharam vida nas curvas do moreno, seus dedos


percorrendo cada parte do corpo tentador em seus braços.

Kaled não separou os seus lábios dos de Hani, nem quando enganchou
as pernas do menor em sua cintura e o tirou do lago, o erguendo em seus
braços até que estivesse em um lugar seco. Colocando o menor sobre suas
roupas, se colocou sobre ele.

— Você é perfeito, querido. Poderia olhar para você por toda a


eternidade.

Hani se sentiu constrangido com o olhar devorador de Kaled para o seu


corpo completamente exposto, fez movimentos para fechar as pernas, mas
Kaled não deixou, se colocando no meio delas e segurando a ereção pulsante
de Samir.

— Isso é bom, não é? — Perguntou acariciando o membro necessitado


do menor.

— A melhor coisa que já provei. — Disse quase sem fôlego, aquela


sensação era realmente sublime, nada podia se comparar às mãos fortes de
Kaled acariciando e punhetando seu pênis.

— Você é tão inocente, querido. Aposto que nunca se tocou dessa


forma, não é? — Com as bochechas coradas pela excitação e pela vergonha,
Hani negou com um aceno. — Terei o maior prazer em te ensinar, você vai
aprender a dar e a sentir prazer, meu doce.

A boca habilidosa de Kaled se apossou de um dos mamilos de Hani


sugando e mordendo um e depois o outro, enquanto a sua mão na ereção do
menor se movia ainda mais rápido. Vendo que o moreninho estava no seu
limite, Kaled intensificou ainda mais seus estímulos, até ter Hani gritando e
se desfazendo embaixo dele.

— Tão lindo. — Disse Kaled acariciando a face afogueada do moreno,


que respirava com força, se recuperando do momento mais prazeroso da sua
vida até ali.

— Isso foi maravilhoso, Kaled, nunca pensei que seria assim.

— Quando é com alguém com quem nos sentimos bem e se apreciamos


todo o momento sem dor e sem egoísmo, de nenhuma das partes, é a coisa
mais deliciosa que existe. Mas não se engane, meu doce querido, não
terminou ainda.

Com os olhos arregalados, Hani deixou a cabeça cair para trás,


enquanto seus olhos se reviraram e um grito deixava seus lábios. Ele sentia
que ia desmaiar com a sensação maravilhosa que era ter a boca de Kaled em
seu pênis, que aos poucos foi ganhando vida novamente.

— Eu vou morrer... — Choramingou Hani se contorcendo e se


empurrando mais na boca de Kaled, que com maestria o levava inteiro em
sua boca, sugando e lambendo com gosto. — Kaled...

— Calma querido, eu vou te fazer gozar novamente. Garanto que será


ainda melhor do que foi da primeira vez.

Entregue ao prazer, Hani se deixou levar, sendo sugado, até que Kaled
deixou a sua ereção partindo para beijar as suas coxas, trilhando um caminho
até a sua entrada virgem. Quando sentiu a língua de Kaled circular naquele
ponto tão íntimo, Hani tentou se afastar, mas teve suas pernas seguradas
pelas mãos rápidas de Kaled. Que trataram de mantê-lo no lugar, enquanto
sua língua começava a explorar a entrada de Hani.

— Kaled! — Hani achou que não aguentaria mais, como um lugar tão
incomum poderia trazer tanto prazer se estimulado?

Junto a língua de Kaled foram se juntando seus dedos, até que três deles
estivessem esticando Hani, estimulando o seu ponto doce.
— Eu não vou aguentar. — Disse Hani sentindo lágrimas quentes
rolarem pelo seu rosto. Aquilo não podia ser real, algo como aquilo não
podia lhe dar tanto prazer. Mas era real e Hani queria cada vez mais, mesmo
que sentisse que iria desmaiar a qualquer momento.

— Acho que está bom, não vou te machucar agora. — Hani não
entendeu o que o ruivo queria dizer até que seus dedos e sua boca o
abandonaram. Antes que ele pudesse reclamar por causa do vazio que sentiu,
Kaled se colocou bem entre as suas pernas e o moreno sentiu o pênis dele
cutucando o seu buraquinho.

“Então é assim que funciona”, pensou o príncipe de olhos arregalados,


momentos antes de começar a ser penetrado. Não doeu tanto quanto Hani
achou que ia doer, pois ele tinha noção de que Kaled era bem dotado, talvez
porque o ruivo teve o cuidado de prepará-lo com sua língua e seus dedos.

— Ah! Isso é o céu — Disse Kaled de olhos fechados, enquanto


respirava com dificuldade e tentava se controlar para não se mover de uma
vez. O que era quase impossível, uma vez que o menor era apertado demais
e arrancava cada fibra de controle do ruivo ao ter seu membro apertado no
interior do moreno.

— Kaled, por favor... —Com as súplicas de Hani, Kaled colocou as


suas pernas em seu ombro e achando um bom ângulo, ele começou a se
mover com rapidez e força, arrancando todo o controle do menor. Este se
rendeu ao prazer carnal, se movendo junto do seu salvador.

Kaled o penetrou nessa posição até sentir que o menor estava quase
gozando, então mudou de posição colocando o moreninho de quatro em sua
frente. Logo voltou a penetrá-lo com ainda mais vontade e desejo,
arrancando gemidos e urros de ambos até que o menor voltasse a gozar,
dessa vez sem ao menos se tocar. Com mais algumas estocadas, ele próprio
gozou no interior do moreno, que caiu no chão sobre as roupas de Kaled.

O ruivo se deitou ao seu lado e o puxou para os seus braços, onde o


moreno usou o seu peito como travesseiro e ficou parado tentando
normalizar sua respiração.
— Você só me conheceu para te trazer problemas. — Disse Hani, Kaled
riu.

— Disso eu tenho certeza. — De repente ele ficou sério e puxou o


menor para mais um beijo. Ao final, disse com um semblante pesado. — Eu
só queria poder te oferecer mais do que uma noite no meio de um bosque,
sobre roupas velhas.

— Não fale nada, sim? Só me deixe sonhar mais um pouco.

— Não importa o que aconteça, eu jamais vou te esquecer, meu


querido.

As palavras doces de Kaled encheram os olhos de Hani de lágrimas, ele


se aconchegou mais ao corpo do ruivo, de onde nunca queria sair.

— Obrigado. — Respondeu Hani sentindo seus olhos pesarem.

Ele sentiu os braços de Kaled o puxarem ainda mais para junto de si,
deixou que seus olhos se fechassem se rendendo ao sono.
Parte 3

Hani acordou com o som de pássaros cantando em algumas árvores por


perto. O sol já estava alto no céu, ele percebeu que já devia ser umas nove
horas da manhã. O príncipe riu se espreguiçando, mesmo sendo um príncipe
estava acostumado a acordar cedo para tomar café com sua família e depois
se dedicar aos seus estudos. Suas mãos procuraram o corpo de Kaled ao lado
do seu e se sentou com tudo ao perceber que o ruivo não estava ao seu lado.

Hani percebeu que seu corpo estava coberto pela camisa de Kaled, e se
encontrava dolorido, principalmente a sua bunda, lembrando ao jovem
príncipe que sua maravilhosa noite com seu salvador ruivo não havia sido
fruto da sua imaginação.

Seus olhos procuraram por todos os lados, mas não encontrou nenhum
sinal de Kaled, muito menos do cavalo que os tinha levado para aquele
bosque. Respirando fundo, Hani se vestiu tentando se acalmar e não pensar
besteira, Kaled podia até não querer ficar com ele para a vida toda, mas não
seria canalha suficiente para deixá-lo sozinho no meio do bosque depois de
tudo que eles tinham vivido na noite anterior. Não, Kaled não faria isso, ele
não era assim.

“O que você sabe sobre esse tal de Kaled? Esse é o seu nome de
verdade? Porque você mentiu sobre seu nome, quem garante que ele não fez
o mesmo? Você foi um idiota de se entregar tão facilmente a ele.”

Dizia a sua consciência martirizando-o por suas ações, chorando ele se


sentou à beira do lago, esperando pela volta de Kaled. Porque ele queria
acreditar que Kaled não tinha o deixado ali e que voltaria para buscá-lo.
Quem sabe eles poderiam fugir juntos, afinal, Hani sabia que depois daquela
noite não poderia ser feliz ao lado de outra pessoa. Não podia se imaginar
fazendo as coisas que fez com Kaled com outra pessoa. Simplesmente não
podia.

— Hani! — O príncipe deu um pulo e se pôs de pé, por um momento


achou que podia ser Kaled, que este tinha vindo lhe buscar, mas logo
lembrou que o ruivo não sabia seu verdadeiro nome. —Hani!
Voltou a gritar a voz que Hani logo reconheceu.

— Feathy. — O barulho de cascos de cavalos vindo em sua direção se


fez presente por toda a clareira. Em poucos minutos, Feathy em seu cavalo
negro apareceu. Ele pulou do cavalo agarrando Hani e o abraçando até quase
deixá-lo sem ar.

— Hani! Me perdoe, eu deixei você sozinho e depois teve aquela


confusão. Eu não te encontrei, passei o dia todo procurando. Jamais me
perdoaria se algo te acontecesse, nossos pais estão tão preocupados, achamos
que você tivesse sido sequestrado.

— Calma, eu estou bem, só precisei fugir de uns homens assustadores,


mas estou bem.

— Jura? Não te aconteceu nada? Você está bem? Está ferido? Alguém
te machucou?

— Eu estou bem, juro que estou bem. — “Pelo menos fisicamente”,


pensou o príncipe tristemente ao olhar para o lago e se dar conta de que
Kaled não voltaria. — Você disse que me procurou o dia todo?

— Sim, não percebeu? Já são 3 horas da tarde, Hani. Dentro de duas


horas, você estará se casando. Seu noivo já está à sua espera e nossos pais
estão desesperados com seu sumiço, precisamos ir.

Hani não fez objeção, seu coração estava partido com o abandono de
Kaled, não importava mais se teria que se casar com alguém que jamais
amaria.

Então deixou que seu irmão o ajudasse a subir no cavalo e os dois


seguiram rumo ao Castelo. A rainha correu até os dois príncipes logo que foi
avisada que eles estavam de volta ao castelo. Ela também agarrou Hani em
um abraço sufocante, queria fazer dezenas de perguntas ao filho mais novo,
mas o rei os lembrou que o casamento aconteceria dentro de poucas horas e
que todos já esperavam por Hani. Então Aramina guiou o filho para o quarto
dele, onde um banho já o esperava. Sem dizer nada, Hani se despiu e se
lavou.
Quanto viu a roupa escolhida para ele usar na cerimônia, sentiu vontade
de chorar novamente, era em um azul muito bonito, adornado de joias.
Digno de um rei, o futuro rei que ele seria logo que se casasse com o
príncipe herdeiro de Sparkes e este assumisse o trono de seu pai.

O problema era que o tom de azul da roupa era praticamente o mesmo


tom das águas do lago, onde na noite anterior se entregou ao homem que o
abandonou levando seu coração junto.

— Tudo bem, meu querido? — Perguntou a rainha notando a tristeza do


filho.

— Não, mas não quero falar sobre isso. Já basta ter que me casar com
um completo desconhecido.

— Meu querido...

— Me deixe sozinho, mãe. Por favor.

— Tudo bem... — Disse a rainha triste, mas saiu ainda assim.

Pouco tempo depois a porta do quarto foi aberta novamente, dessa vez
era Samir, seu amigo Samir, que lhe dirigiu um sorriso triste.

Samir era lindo, mas aquela noite estava mais lindo ainda. Seu cabelo
estava em uma trança mais trabalhada, com alguns fios soltos e adornada
com alguns enfeites, que Hani desconfiou serem joias. Ele sabia exatamente
quem tinha dado a Samir aquelas joias, no entanto, não disse nada.

Suas vestes finas, desenhavam o belo corpo de seu amigo, sendo estas
na cor dourada, ele parecia um príncipe, talvez se ele fosse mesmo um
príncipe as coisas seriam diferentes. Hani sorriu triste se lembrando que seu
amigo e seu irmão viviam sua própria história de amor fracassada por causa
dos deveres de Feathy como futuro rei.

— Eu sinto muito, Hani, você já tem que ir. Feathy está esperando por
você junto de seu noivo.
Engolindo em seco, Hani se pôs de pé, erguendo a cabeça e deixou que
Samir o guiasse até onde seu irmão e seu futuro marido o esperavam.

Quando se aproximaram de uma das salas do castelo, onde


supostamente seu irmão e seu noivo estavam, tanto Hani quanto Samir
ouviram o barulho de coisas caindo e se quebrando, junto do som de socos.
Como se fosse uma espécie de briga.

Assustados, os dois mais jovens correram e adentraram a sala, parando


ao verem a cena que se desenrolava. Dois homens, sendo um deles Feathy,
brigavam e trocavam socos entre si.

— Feathy! — Gritou Samir, quando Feathy foi acertado por um soco,


caindo no chão logo em seguida. O jovem de cabelos escuros correu até o
príncipe herdeiro, se colocando ao lado dele preocupado, tocando seu rosto
vermelho por causa do soco.

Já Hani, mesmo que estivesse preocupado com o irmão, estava em


choque ao olhar para o homem com quem Feathy brigava. Vestido em trajes
finos e com uma coroa na cabeça, estava parecendo com um rei naquele
momento, ainda assim, Hani o reconheceu. Kaled!

— Por que está brigando com ele, Feathy? Não vê que isso pode ser um
problema para você, uma vez que ele é seu futuro cunhado.

O queixo de Hani caiu ao ouvir aquilo, como assim futuro cunhado?


Quer dizer que aquele simples forasteiro que ele conheceu, era seu noivo? O
homem a quem ele tinha sido prometido em casamento desde que nasceu.

— Esse estúpido teve a cara de pau de dizer que não pode se casar com
Hani, porque está apaixonado por um nobre que conheceu noite passada.

Cuspiu Feathy com raiva, Hani segurou a respiração. Kaled ainda não
tinha notado a sua presença, pois seus olhos não saiam de Feathy e Samir.

— Mas como? Esse casamento é muito importante para os dois reinos.

— Eu não sei. — Disse Feathy se levantando, ainda irritado. — Agora,


você não vai acreditar com quem é que esse infeliz disse que passou a noite.
Samir ficou confuso olhando de um para o outro.

— Ele disse que passou a noite com você Samir! — Samir olhou de
olhos arregalados para o príncipe herdeiro de Sparkes, enquanto Feathy
também olhava para ele, com raiva.

— Espere, esse não é o meu Samir. — Se defendeu Kaled. Hani viu que
era hora de interferir.

— Kaled... — O ruivo olhou pela primeira vez para a porta da sala e


viu, com espanto, o jovem de cabelos castanhos, vestidos em roupas nobres
e usando sua coroa.

— Samir? — Perguntou confuso, sem poder acreditar que seu amado


estava ali em sua frente.

— Esse não é Samir, seu idiota! Ele é o meu irmão, Hani. Príncipe
Hani, seu futuro marido.

Disse Feathy irritado por não estar entendendo nada, mas antes que
pudesse dizer mais alguma coisa, foi sendo puxado para fora da sala por
Samir, que entendeu o que estava acontecendo e viu que os dois precisavam
de um tempinho a sós para se resolverem. Afinal, tinha um casamento para
ser realizado e se os dois príncipes, Kaled e Hani, estivessem felizes seria
ainda melhor.

Feathy foi, mesmo inconformado, assim apenas Kaled e Hani ficaram


na sala.

— Hani? — Perguntou Kaled confuso.

— Eu tinha fugido para viver minha última noite livre fora dos muros
do Castelo, por isso disse que meu nome era Samir. — Confessou
envergonhado — Eu ia te contar a verdade, que meu nome é Hani e que sou
um príncipe, mas quando acordei você não estava mais lá.

Completou com amargura e Kaled riu deixando o mais novo confuso e


irritado.
— Se tivéssemos sido claros um com o outro, nada disso teria
acontecido. Não percebe, Hani? Ambos estamos apaixonados um pelo outro
e fomos prometidos em casamento. Se tivéssemos dito quem somos, nada
disso teria acontecido.

— Não sei se foi bom ou ruim, afinal, você me deixou sozinho depois
de tudo. — Seus olhos se encheram de lágrimas, Kaled se precipitou em sua
direção sendo afastado por Hani.

— Querido, se você soubesse, eu estava em uma guerra dentro de mim


desde que te vi dançando naquela taverna, soube ali que você seria a minha
perdição. Eu até tentei fugir, mas não funcionou.

— Se realmente se apaixonou por mim, por que me deixou lá?

— Eu estava fugindo quando te encontrei. Sempre vivi livre, viajando,


conhecendo o mundo. Meus pais sempre me deram muita liberdade, hoje eu
entendo que era uma recompensa pelo que me esperava. Quando voltei para
casa alguns meses atrás, para meu aniversário de 24 anos, meus pais jogaram
a bomba de que eu iria ter que me casar com um príncipe desconhecido para
unir forças com seu reino. Fiquei inconformado e quando estávamos a
caminho do seu reino, eu fugi. Por isso as roupas simples e o quarto na
hospedagem, eu estava em fuga. Queria me esconder até poder fugir.

Hani percebeu que fazia sentido, ele achou que tinha algo de muito
misterioso em Kaled, desde o momento em que o conheceu.

— Mas então, você apareceu e virou a minha vida de cabeça para baixo
em uma única noite. — Kaled tentou se aproximar novamente de Hani, dessa
vez o jovem príncipe permitiu a aproximação — Sabia que você era algum
nobre e que estava acostumado a ter uma vida de luxos. Não tinha nada para
te oferecer naquele momento, então achei melhor me afastar, mas você me
seduziu seu pequeno feiticeiro e eu caí nos seus encantos. — O ruivo tomou
o corpo menor em seus braços e o beijou. — Eu não te abandonei, querido,
só estava voltando para a hospedagem. Pegaria as minhas poucas coisas e
partiria. Se você aceitasse ir comigo, juro que seria a pessoa mais feliz do
mundo.
— Mas eu te esperei o dia todo e você não apareceu.

— Os soldados do meu pai me encontraram assim que eu entrei na


hospedagem. Não pude lutar contra todos eles, me trouxeram a força e meu
pai me obrigou a casar com um certo príncipe. — Kaled abriu um largo
sorriso que foi imediatamente correspondido por Hani. — Eu estava justo
dizendo para seu irmão que não podia me casar com ninguém que não fosse
o meu nanico.

Hani estava tão feliz que não se irritou por ser chamado de nanico.
Talvez, o destino não seja tão filho da puta assim, afinal ele lhe deu a chance
de conhecer e se apaixonar por seu futuro marido antes de se casar com ele.
O que sempre foi o desejo de Hani.

O casamento do príncipe Hani de Cadhian e do príncipe herdeiro de


Sparkes, Kaled, foi grandioso. Cercado de todo o luxo que os dois reinos
podiam oferecer, mas o que realmente importava para ambos era a pessoa
com eles estavam se casando, era saber que apesar do casamento por
conveniência eles também teriam o amor.

— Eu te amo Hani de Sparkes. — Disse Kaled em um tom apaixonado


no final daquela noite, depois de terem aproveitado a suas núpcias.

— Eu sei. Eu também te amo, Kaled de Sparkes. — Respondeu feliz, se


aconchegando mais ao corpo do marido.

"Só espero que meu irmão tenha a chance de desfrutar de um amor


assim como o meu, sem medo de perdê-lo. Espero verdadeiramente que meu
irmão e Samir possam ter um final feliz."

— Meu doce querido, acredito que nossa vida vá ser muito feliz.

— Eu tenho certeza disso, meu rei. — Respondeu Hani com um sorriso


nos lábios, ao se entregar a um mundo de seus sonhos que eram quase tão
doces quanto a realidade.
Agradecimentos
Obrigada a cada um de vocês que chegaram até aqui, espero que a
experiência de leitura de “O Príncipe Prometido" tenha sido para vocês tão
boa quanto foi para mim escrevê-lo.

Agradeço aos meus maravilhosos leitores do wattpad que me


acompanharam até aqui, meu coração todinho para vocês.

Por último, obrigada a cada um que me ajudou a trazer “O príncipe


Prometido” para a amazon, em especial minha maravilhosa revisora E. A
campos, beijão, meu amor.

Se você chegou até aqui, gostou do livro e puder deixar uma resenha,
eu agradeço ainda mais. Isso me ajuda muito! Sempre que possível marque a
autora nas suas redes sociais quando estiver lendo o livro. Obrigada e um
beijão!
Uma olhadinha no próximo livro da série
“O Príncipe Herdeiro”

Feathy é o príncipe herdeiro de Cadhian, como tal, ele tem o dever de


fazer sempre o que é melhor para o seu reino e seu povo.

Mas o que fazer quando seu coração está em jogo?

Samir sempre foi o seu braço direito. Seu amigo. Seu amante. Seu
amado. O único homem que possui seu coração, mas como futuro rei, é
dever de Feathy se casar com um príncipe de um reino vizinho e selar a paz
entre seus povos.

A decisão é difícil quando se está entre o amor e o dever.


Sobre a autora
Gabby Santos é um sonho, um desejo, uma amiga, uma escritora, o
pseudônimo de uma jovem pedagoga de 23 anos. Alagoana de nascimento,
se dedica à escrita desde de muito cedo, mas foi na literatura LGBT que
encontrou sua grande paixão.
Com mais de 30 obras escritas, disponíveis no wattpad, Capa vermelha
e o lobo mau foi sua primeira experiência com publicação na Amazon.
Algumas de suas obras publicadas na Amazon, são:

●Capa vermelha e o lobo mau;


●O príncipe prometido;
●O Príncipe herdeiro;
●Primeira vez no carnaval;
●O bebê do meu alfa;
●Doce Coelhinho de chocolate;
●Revelações na páscoa;
●Meu pequeno milagre
●Bear Family;
●Encontrei você.

Para mais informações acompanhe as redes sociais da autora:

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Table of Contents
Nota da autora
Sinopse
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Agradecimentos
Uma olhadinha no próximo livro da série
Sobre a autora

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