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1ª Edição
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Dedicatória
Dedico esse livro ao meu esposo que me incentivou a continuar
escrevendo, me dando dicas e sugestões, acompanhando tudo de perto, me
dando todo o apoio e suporte. A minha mãe que leu meu livro, e me ajudou
bastante com dicas para melhorar minha escrita, com alguns pontos soltos e
me deu total apoio, dizendo que sou capaz de escrever um livro.
Dedico também as minhas parceiras que são maravilhosas, com
divulgação e tudo mais.
Isabella, Aline, Cíntia, Daiany, Ella, Hylanna, Íris, Isis, Jhessica,
Karine, Lais, Lorena, Luana, Paty, Skarlat, Susana, Érica, Juliana,
Giovanna, Ketley, Autora Candy Boss, Day, Zayra, Susana.
A Carina Barreira que fez a revisão, que ficou maravilhoso.
A Jéssica, que me ajudou muito com dicas e opiniões
(@autorajessicasouza)
As minhas betas maravilhosas, que betaram esse meu livro com muito
carinho: Isabella (@louca_por_livros_hot), Lorena (@leituradourada), Isis
(@butterflies_bookss) e Skarlat (@somaisumapagina2), que me ajudam
muito com meus livros, postagens, dicas, surtos e altos papos no grupo do
WhatsApp.
A neném ama vocês e será eternamente grata.
Capítulo 1
E foi assim que Pedro reagiu, não assumiu nossa filha. Ela é registrada
como filha de mãe solteira, nunca me envergonhei disso. Mas por amar tanto
minha filha e com medo de perdê-la, para muitos, Lorena é filha da minha tia
Flor, pois se Pedro um dia quiser sua guarda, com certeza o juiz vai conceder
a ele, porque ele tem mais condições que eu, e eu nunca vou querer isso, ficar
longe da minha menina.
No mês seguinte, meus pais morreram me deixando sozinha. Meu
mundo caiu de vez, não tinha mais ninguém, apenas meus amigos e minha
tia. Maria Liz e Túlio Mendes, nunca serão esquecidos, eles me ensinaram a
ser uma pessoa melhor, trabalhadora e honesta.
Depois que meus pais morreram eu tive que vender a lanchonete, pois
não iria dar conta sozinha. Depois que vendi, consegui comprar as coisas de
Lorena, e ajeitar a casa. Não tenho condições de sair do Morro, nem tão cedo.
Depois que minha filha nasceu, me dediquei ao máximo a ela.
Eu tenho Heterocromia[1], herdada do meu pai. Meu olho esquerdo é
azul e o direito, castanho. Já Lorena, herdou os olhos azuis de Pedro, porém
com uma manchinha marrom pequena no olho direito.
— Bom dia, minhas filhas. — Tia Flor aparece na cozinha.
— Bom dia, vó. — Lorena termina de comer.
Lorena tem tia Flor como avó, e depois que meus pais morreram, ela se
tornou minha segunda mãe, mas eu só consigo a chamar de tia, mas todo meu
sentimento por ela é de filha.
— Obrigada tia, pelo café. — A olho.
— Que nada, minha filha. — Beija a cabeça de Lorena.
— A senhora estava aonde?
— Fui lá na barraca pegar um pacote de arroz — coloca a sacola em
cima da pia.
— Vou receber essa semana, tia. Aí pago o senhor Arthur — levanto-me
da cadeira.
— Eu disse, mas ele mandou avisar que não precisava se preocupar —
avisa.
— Quando eu descer eu falo com ele. — Coloco os pratos na pia,
começando a lavar.
— Deixe aí, minha filha, vai se atrasar. — Tira os pratos da minha mão
— Tudo bem. Vamos, meu amor? — pergunto a Lorena, que se levanta
para pegar sua bolsinha no quarto.
Vou ao banheiro, escovo meus dentes e pego minha bolsa. Lorena já
estava sentada no sofá me esperando.
— Tchau, vovó. — Abraça tia Flor.
— Tchau, princesa. — Tia Flor beija sua bochecha.
Me despeço dela e saio pelo morro com ela nos meus braços. Coloquei
minha filha numa escola particular, pois queria dar um futuro melhor para
ela. Eu trabalho numa cafeteria em Ipanema, e faço faculdade de fisioterapia,
com bolsa integral, só contribuo com uma pequena quantia todo mês. Recebo
apenas um salário, e faço de tudo para fazer horas extras, são elas que me
ajudam a pagar a escola de Lorena. O restante é para as despesas da casa.
Faço faculdade de manhã e trabalho na parte da tarde até a noite. Largo às
seis e volto para casa. Essa é minha vida. Tudo por minha filha.
Passo na barraca de seu Arthur que está sentado, fumando seu cigarro.
— Bom dia, seu Arthur. — O cumprimento, com um sorriso.
— Bom dia, menina. — Solta a fumaça do cigarro e sorri.
— Seu Arthur, eu recebo essa semana, e venho lhe pagar — digo, um
pouco envergonhada. Odeio ficar devendo dinheiro.
— Deixa disso menina, confio em você e sua tia. Sempre me pagaram
certinho. — Joga o cigarro fora. — Quando receber, você vem aqui. Não se
preocupe.
— Obrigada pela confiança, seu Arthur. Agora preciso ir. — Ele acena
para mim.
Termino de descer o morro com Lorena em meus braços. A escolinha
fica bem pertinho do morro e é caminho para a parada de ônibus. Ao chegar,
coloco Lorena no chão, ajeitando seus cabelos.
— Tchau, mamãe. — Ela dá um beijo gostoso na minha bochecha.
— Até mais tarde, meu amor. — Beijo sua bochecha.
Segurando sua bolsinha de rodinhas com a lancheira nas costas, ela entra
na escola, junto com as outras crianças. Olho o relógio em meu pulso vendo
que meu ônibus irá passar em cinco minutos. Corro para a parada e lá está ele
parado. Corro e subo nele, agradecendo ao motorista por ter me esperado.
Durante o caminho, tiro um tempinho para dar uma olhada nos assuntos da
prova que irei fazer hoje. Perto da minha parada, arrumo tudo e desço do
ônibus, seguindo para a faculdade.
Não dormi quase nada. Só dormi, porque tia Flor passou na sala e me
viu estudando, ela pegou meu caderno e o livro fechando-os e mandou ir para
o quarto. Acordei morrendo de sono, cansada ao extremo, mas faço minha
prova confiante, sabendo que me saí muito bem.
Assim que acabo, vou caminhando até a cafeteria, que é próximo à
faculdade. Passo direto para o vestiário e coloco meu uniforme.
— Ela chegou! — Maria Helena aparece.
Foi ela quem conseguiu esse trabalho para mim, nos conhecemos na
faculdade, e ela trancou logo em seguida, pois não se adaptou. Se não fosse
por ela, eu estaria vendendo água na praia, sem nenhuma vergonha.
— Boa tarde. — Sorrio, colocando meu uniforme.
Saio do vestiário com ela, e seguimos para o balcão, que já tem clientes
esperando.
— Cadê a bebezinha? — Entrega um pedaço de papel com pedido, ao
rapaz que é responsável pelos pedidos.
— Acho que já está em casa. — Limpo o balcão.
— Ela é um doce. — Helena sorri.
— Meu amorzinho. — Sorrio boba.
A cafeteira Rustic Coffee fica na rua principal de Ipanema. Aqui vem
muitas pessoas com boas condições, é cansativo, mas agradeço a Deus por ter
esse emprego. Aqui sempre é corrido, eu almoço besteira na rua e venho
direto para a cafeteria. O patrão é amigável comigo, sempre que aparece um
imprevisto, ele não reclama, pois sabe como é minha vida.
Assim que concluo o trabalho, troco de roupa e pego o ônibus de volta
para casa. Começo a subir o morro, marota de cansada, e vejo Ítalo me
olhando.
— Boa noite, linda. — Me cumprimenta.
Ítalo é um dos traficantes do morro, vive andando com armas. Ele até
que é bonitinho, mas eu nunca iria me envolver com um traficante. Nada
contra, cada um faz o que quer. Mas eu não quero ficar apreensiva, querendo
saber se meu marido vai chegar vivo em casa. E não quero essa vida para
minha filha. Eles matam, roubam sem se importar, e eu sou uma pessoa
honesta, quero um futuro melhor para mim e minha filha.
— Olá, Ítalo. — O cumprimento, sem dar muita importância.
— Calma gata, estou de boa — coloca o fuzil para trás.
— Só estou cansada. — Subo as escadas.
— Você sabe que posso te dar uma vida melhor. Não vai precisar
trabalhar tanto. — Me fita, com seus olhos escuros.
— Ítalo, não quero essa vida para mim e minha filha. Eu te considero
apenas um amigo. — O olho.
— Assim tu me deixa bolado. — Olha pro chão.
Paro em frente à minha casa, tirando a bolsa do meu ombro, que por
sinal, está pesada demais.
— Prefiro ser verdadeira, Ítalo. Boa noite. — Me despeço dele.
— Boa noite, Tina. — Se afasta e vai embora.
Abro a porta da minha casa, e entro.
— Finalmente — Miguel fala.
Miguel é um dos meus melhores amigos. Nos conhecemos desde
pequenos, junto com Alicia — moram aqui no morro também —, sempre
estiveram comigo em todos os momentos, eles se davam bem com meus pais
e os chamavam até de tios. Eles viviam direto aqui em casa, íamos para
escola juntos e brincávamos. Miguel é um homem bom, nunca tivemos nada
mais que amizade, ele é lindo na verdade, moreno, alto e forte. Chama
atenção da mulherada.
— O ônibus que demorou — coloco a bolsa no sofá.
— Mamãe! — grita Lorena, correndo em minha direção.
— Oi, meu amor. — Me agacho, e a abraço.
— Olha o que eu fiz. — Me entrega um papel. Nele está desenhado eu e
ela.
— É lindo, filha. — Beijo sua testa.
— Não tem para o tio? — pergunta Miguel, colocando a mão no peito
fazendo drama.
— Vou pegar, tio. — Ela sai da sala correndo.
— Vi Ítalo falando com você. — Se senta no sofá.
— Ele não cansa. — Reviro os olhos.
— Ele gosta de você. Acho que o morro todo sabe. — Ele sorri.
— Gosto dele apenas como amigo. — Apoio minha cabeça no encosto
do sofá.
— Eu sei.
— E você sabe que não quero me envolver com pessoas erradas, não
quero esse futuro para mim e muito menos para Lorena. As únicas pessoas
com quem eu tenho amizade aqui no morro são: você, Alicia e seu Arthur.
São pessoas honestas. — Assente. — Tem Maurício também, ele comanda o
morro, mas deu ordem de ninguém mexer com a gente. Ele nos ajuda com
algumas coisas sem receber nada em troca. Um lado dele é honesto, gosto
dessa parte da amizade dele.
— Mauricio é um paizão pra gente — fala.
— Toma, tio. — Lorena entra na sala, entregando o papel a Miguel, que
olha.
— Que lindo, princesa. — Beija a cabeça dela.
— Fiz para tia Alicia também. — Ela sobe no sofá, e se senta em meu
colo.
— Ela não pôde vir hoje, mas amanhã vamos passar o dia, juntinhos. —
Miguel faz cócegas nela, a fazendo sorrir.
— Sabe que não precisa, né, Miguel. — O olho.
— Amanhã você passa literalmente o dia todo no trabalho. Sábado é dia
de muito movimento, passo o dia com ela. Alicia chega meio-dia e tudo certo
— explica. — Passa direto lá pra casa quando chegar. — Se levanta do sofá.
— Está bem. — Assinto.
— Amanhã venho buscar Lena, logo cedo com sua Tia Flor. Separa os
brinquedos dela e roupa — pede.
Assinto.
— Tchau, princesa. — Beija o rosto de Lorena.
— Tchau, Tio. — Ela beija a bochecha dele.
— Que beijo gostoso. — Faz cócegas nela, fazendo-a sorrir.
— Me deixa levar seu tio na porta. — Coloco-a sentada no sofá e vou
com Miguel até a porta.
— Teve notícias de Pedro? — pergunta cruzando os braços.
— Graças a Deus, não — digo, encostando na parede.
— Você trabalha perto do apartamento dele e nunca o viu — fala
pensativo.
— Pois é. — Dou de ombros.
— Lena pergunta pelo pai? — Me olha.
— Às vezes sim, mas ela sabe da verdade — digo, triste.
— Sabe que eu, Alicia e Tia Flor somos sua família, o que precisar
contará com a gente. — Me abraça.
— Obrigada mesmo. — Retribuo o abraço.
— Agora preciso ir. Nos vemos amanhã. — Se despede e entro em casa.
Capítulo 2
— Deixa de babar esse carro — digo sorrindo para Dimitri, meu gêmeo
caçula.
Eu sou o mais velho, sou o primeiro a sair, Demétrio foi segundo e
Dimitri o último. Somos trigêmeos, os famosos trigêmeos D’Saints. Dimitri
comprou seu novo carro, uma Lamborghini esportiva azul, que não deixa de
passar pano nela deixando-a mais brilhosa.
— Ele não é lindo? — Pergunta admirando o carro.
— Acho que as mulheres que você pega são mais bonitas. — Sorrio,
colocando as mãos no bolso.
— É não! — Murmura, divertido.
Sacudo a cabeça sorrindo.
— Cadê Elizabete? — Me aproximo.
— Dispensei. — Vem andando até mim.
— Mas já? — Pergunto surpreso. — Você sempre permanece com uma
mulher durante um mês.
— Ela quer mais e eu não. — Dá de ombros.
— Pelo visto, só quem quer se enforcar é Demétrio. — Digo o óbvio.
— Escutei isso viu. — Escuto Demétrio gritar.
Eu e Dmitri olhamos para cima e sorrimos, ao vê-lo na varanda do seu
quarto.
— Ele dispensou Elizabete — digo.
— Nem fez um mês ainda. — Ergue a sobrancelha.
— Ela quer mais que uma transa. O único que quer se enforcar é você,
fratello[2]. — Dimitri sorriu.
— Estou muito feliz com a Manuela. — Toma seu uísque.
— Por falar nela, cadê minha cunhada preferida? — Pergunto e ele sorri.
— É a única que você tem, stronzo[3]. — Dimitri dá um soco no meu
braço.
— Vem hoje para jantarmos. Tem falado com Emily? — Pergunta
Demétrio.
— Não e nem quero. — Reviro os olhos.
Emily era minha namorada, nos dávamos muito bem na cama, mas fora
dela, Emily era insuportável, arrogante, metida e pedante. Gostava de se
amostrar, porque namorava um D’Saints. Várias mulheres nos desejam,
somos os trigêmeos fodões. Nós três dividíamos mulheres sem pudor algum,
mas Demétrio resolveu se enforcar. Dimitri continua pegando duas ou mais
mulheres e eu continuo na minha, me saciando apenas com uma, por
enquanto. Quando me der vontade de dividir sei que Dimitri vai topar.
Nós três somos um estrago para a sociedade, somos bastante bonitos.
Está pensando o quê? Somos os D’Saints! As mulheres nos chamam de
deuses gregos. Também não é pra menos.
Somos bastante parecidos, muito mesmo. Temos olhos azuis e cabelos
quase loiros. Nós três somos fortes, com abdômen com oito gominhos de
respeito, com um e noventa de altura. Não é à toa que as mulheres nos
chamam de deuses gregos.
— Foi bom ela ter ido embora — Dimitri resmunga.
— Concordo com você. — Demétrio sorri.
Nos três moramos numa mansão em Milão, junto com nossos pais.
Temos rios de dinheiro, poderia comprar uma cobertura ou uma mansão para
mim, mas é bom morar com meus pais, meus irmãos dizem a mesma coisa.
— Senhor, a senhorita Fisher está lhe esperando — diz Betânia, a
governanta da casa.
— Obrigado Betânia. _ Agradeço e ela se retira. — Vou lá falar com ela
— aviso e eles acenam.
Saio andando do jardim, subo os degraus da varanda e sigo para a sala,
onde encontro Hannah sentada no sofá.
— Você vai viajar para o Brasil e não me disse? — Hannah se levanta
do sofá.
— Vou a trabalho. — Dou um sorriso.
Hannah é filha de um amigo do meu pai há muitos anos, nos
conhecemos na adolescência e viramos amigos, nunca passou disso, nem
comigo e, nem com meus irmãos, ela é considerada como parte da família.
Hannah com seus um e setenta de altura, sua pele bronzeada, um corpo
curvilíneo, cabelos loiros e olhos pretos, chama bastante atenção
Ela namorava um ator de Hollywood, mas terminaram semana passada,
disse que não dava, que é chato demais, paparazzi atrás o tempo todo. Mas
com a família D’Saints é a mesma coisa, e mesmo assim ela continua
próxima de nós, isso foi uma desculpa, acho que ela não gostava dele.
— Mesmo assim, fiquei chateada. — Faz drama.
— Menos Hannah. — Sorrio.
— Os gêmeos vão? — Pergunta se sentando no sofá.
— Como donos da Vintage Essence, eles precisam ir. — Explico.
— Tio Nathaniel e Tia Michele vão? — Me fita.
— Vão sim, mas só vão na terça — informo.
— E vocês vão quando?
— Amanhã ao meio-dia.
— Queria ir — diz. — Nunca fui ao Brasil.
— Amanhã vai ficar muito em cima, você pode ir com meus pais na
terça — digo.
— Sério? — Me fita, animada.
— Sim, fale com meu pai e combine com ele. — Ela pula em cima de
mim, me abraçando.
— Te amo, amigão. — Beija minha bochecha.
— Quer ficar para o jantar? — pergunto, quando sai do meu colo. —
Manuela vai vir jantar hoje e ela também vai na terça. Ela já foi cinco vezes
para o Rio de Janeiro, ela te ajuda com algo.
— Maravilha. — Bate palmas, empolgada.
— Que felicidade é essa? — pergunta Demétrio entrando na sala.
— Vou para o Brasil. — Sorri.
— Que bom! — Dimitri a abraça. — Vai ser legal.
— Manu também vai, vocês combinam que roupas vão levar, e o que
precisar. — Demétrio a abraça.
— Lembrando que no Rio de Janeiro é quente, leve roupas frescas —
Dimitri avisa, depois de beijar sua bochecha.
— Hoje mesmo falo com ela — fala empolgada.
— Bom, já está perto do jantar, vou subir para tomar banho — digo me
levantando, deixando-os sozinhos.
Subo as escadas indo em direção ao meu quarto. Entro e fecho a porta.
Vou até meu closet e separo minha roupa, coloco-as em cima da cama e vou
para o banheiro. Tomo um banho rápido e me enrolo na toalha, vou até à pia
e me olho no espelho, minha barba já está crescendo, resolvo apará-la
deixando-a rala. Assim que termino, vou até meu quarto, visto minha calça
jeans, coloco meu suéter preto e calço meus sapatos. Vou até a ilha do meu
closet, coloco meu Rolex, borrifo meu perfume e saio do quarto.
Desço as escadas e encontro Manuela conversando com Hannah.
— Olá, cunhada. — Sorrio para ela.
— Dominic! — levanta do sofá e me abraça.
Manuela é uma mulher gentil, uma modelo famosa de Nova York.
Demétrio a conheceu em um jantar beneficente, em Nova York. Naquela
época, Demétrio, eu e Dimitri tínhamos ido à cidade para abrir a nova filial.
Gosto muito de Manu, ela é uma pessoa amigável, aconselhadora e faz meu
irmão feliz, é isso que importa.
— Como está? — pergunta sorrindo.
— Estou ótimo. Como foi a viagem?
— Cansativa. — Bufa, passando a mão no seu cabelo ruivo. — Estou
sabendo que Hannah vai para o Brasil conosco.
— Vai sim. E você está escalada para ajudá-la com as roupas — Dimitri
diz.
— Eu já disse para que leve pouca coisa, que vamos comprar o restante
lá. — Manu sorri.
— Boa noite, meus queridos. — Mamãe entra na sala, e quando vê as
meninas, se anima. — Hannah... Manu, minhas queridas!
— Olá sogrinha. — Manu a abraça.
— Como foi a viagem? — pergunta minha mãe.
— Longa e cansativa — Manu diz.
— Tia Michele. — Hannah abraça minha mãe.
— Saudade de vocês, minhas meninas. Essa casa está cheia de
testosterona. — Mamãe sorri.
— Assim você me machuca, querida — meu pai fala, entrando na sala.
— Estou mentindo? — Mamãe o olha.
— Está não, tia. — Hannah sorri.
— Até você, Hannah? — pergunta Dimitri.
— Vocês dois, tratem de arrumar uma noiva. Tenho Hannah e Manuela
como filha, preciso de mais duas. — Mamãe olha pra mim e Dimitri.
— Lá vem ela com as pragas. — Bufo, me jogando na poltrona.
— Irmão, isso pega. Ela jogou certeiro em Demétrio — Dimitri
resmunga.
— Me deixem fora dessa. — Demétrio revira os olhos.
— Meninos, vocês vão ficar por aí com mulheres sem nenhum
relacionamento? — pergunta minha mãe colocando as mãos no quadril.
Eu e Dimitri nos olhamos, e olhamos para nossa mãe.
— Sim — respondemos, em uníssono.
— Vocês ainda vão arrumar uma moça e vão se apaixonar por ela —
Dona Michele fala.
— É melhor quando só tem testosterona! — Bufo.
— Pare dona Michele, somos blindados. — Dimitri sorri e batemos
nossas mãos.
— Vocês têm que criar juízo — Hannah diz revirando os olhos.
— Demétrio já vai casar. — Mamãe nos olha.
— Casar não. Se enforcar. — Gargalho.
— Palhaço! — Manuela joga uma almofada em mim.
— Cunhada, me ajuda! — imploro sorrindo.
— Ajudo jogando uma praga em você, junto com Michele. — Cruzo os
braços.
— Irmão, vamos logo para o Brasil apreciar a mulherada lá? — pergunta
Dimitri.
— Só se for agora. — Sorrio.
— Chega, vocês dois! — nosso pai fala.
— Vamos jantar. — Mamãe nos chama.
Seguimos para a sala de jantar, Betânia avisa as cozinheiras para nos
servir. Conversamos sobre a viagem, os pontos turísticos para as meninas
irem. Não iremos ficar em um hotel, já que temos nossos apartamentos. Eu
tenho uma cobertura em Ipanema, com vista privilegiada para a praia. Meus
pais e meus irmãos têm um apartamento embaixo. Comprei a cobertura, pois
estamos abrindo uma filial da Vintage Essence no Rio, e vou precisar ir à
cidade com mais frequência.
Ao finalizar o jantar, Hannah se despede e diz que nos verá na terça-
feira, no Brasil. Manuela vai dormir aqui junto com Demétrio e ir com meus
pais e Hannah na terça. Ela veio direto de Nova York. Vou até meu quarto e
faço umas ligações para o Brasil, para saber se está tudo em ordem. Verifico
minha mala mais uma vez e está tudo certo, se caso falte algo, pedirei a
minha mãe para levar.
Capítulo 3
Saio da faculdade e vou direto para a cafeteria. Hoje está terrível, Rio de
Janeiro está um forno, nublado é ainda pior. Chego na cafeteria e vou direto
guardar minha bolsa no armário. Saio e vou direto para o balcão onde
encontro Helena entregando um café ao cliente.
— Me conta. Como foi ontem? — pergunta curiosa.
— Foi bom. Só acho que não vão me querer — digo um pouco triste.
Uma moça aparece no balcão.
— Um croissant e um suco de laranja, por favor — pede.
— Eu levo em sua mesa. — Ela assente e se retira.
Pego o croissant e faço a solicitação do suco e levo para a mulher na
mesa.
— Por quê? — pergunta Helena assim que volto para o balcão.
Assim que estaciono meu carro na garagem, Theo vem até mim. Meu
melhor segurança, junto com Daniel.
— Meu nego, preciso de um favorzinho. — Abro meu paletó.
— Dispenso esse tipo de formalidade, senhor — Theo fala bem sério.
— Dispenso esse tipo de formalidade, senhor. — O imito, fazendo a
mesma pose que ele. Ele nega com a cabeça, e sorri.
— Finalmente consegui um sorriso do Theo. — Vibro e ele dá um outro
sorriso de leve.
— Menos, senhor. — Maneia a cabeça com um sorriso.
— Ok! Ok! Preciso de um favor, urgente. — Entramos no elevador.
— Diga.
— Sabe aquela moça que estava comigo? — Assente. — Quero saber
tudo sobre ela.
— Sim, senhor.
— Mande o mais rápido possível. Se possível ainda hoje! — Peço e ele
assente em concordância.
Entro em minha cobertura e ele aperta o botão, descendo de volta para o
térreo. Passo pelo hall da cobertura, me sento na poltrona e afrouxo minha
gravata.
— Figlio[8]. — Meu pai me cumprimenta, entrando na sala.
Sorrio e ele se senta no sofá, próximo de mim.
— Oi, pai. Cadê as mulheres da casa?
— Foram ao shopping fazer compras, já estão voltando — informa.
— Está tão bom o silêncio. — Jogo a cabeça para trás e o escuto sorrir.
Rapidamente lembro-me de Valentina. A mulher vai me enlouquecer.
Seu sorriso me faz sentir tranquilo e louco por ela. Minha doce e linda
Valentina. Eu disse minha?
Sim, seu tapado! Ela vai ser minha ou não me chamo Dominic D’Saints!
— Chegamos! — Manu sai do elevador
— Estamos morrendo de fome — Hannah suspira.
Dois seguranças entram cheios de sacolas. As meninas colocam as
sacolas próximo à parede e pedem para os seguranças também deixarem lá.
— Olá, figlio. — Minha mãe me cumprimenta.
Poxa, estava tão bom o silêncio...
— Que cara são essas? — pergunta Hannah, se sentando ao meu lado.
— Estávamos aproveitando o silêncio — meu pai fala.
— Pois, é. — Bufo.
— Admitam que sentiram nossa falta. — Manu sorri.
— Eu senti sua falta, bambina. [9]— Demétrio sai do elevador com
Dimitri, e vai até ela.
— Amore mio[10]. — Manu vai até ele, com um largo sorriso nos lábios.
Acho tão lindo o amor deles, lutaram tanto para ficarem juntos. Manu
sofreu bastante com seu antigo namorado, Enrico, ele fazia chantagem
emocional, humilhava e ainda a traía. Era um relacionamento muito abusivo
que eles tinham. Mas assim que Manu e Demétrio se conhecerem tudo ficou
bem.
Um tempo depois, anunciaram o namoro, e foram alvos de paparazzi em
Nova York e Milão. Houve uma situação em que Enrico aparecei bêbado e
drogado, querendo voltar com ela. Mas ela não quis. Foi um inferno. Todos
nós ficamos envolvidos com tudo. Manu já fazia parte da família.
— Fratello? — Dimitri chama minha atenção, acenando para
acompanhá-lo.
Me levanto e o sigo até a varanda da cobertura. Assim que entramos ele
me dá um copo de uísque, pego de sua mão e apoio meus antebraços no vidro
e olho a linda vista para o mar. Levo o copo até a boca e tomo um gole do
uísque.
— Me conta — pede.
Estava demorando...
— Dimitri... — Ele me corta.
— Nem tente negar. Não vou rir e nem debochar de você. Pode me
contar. Quem é a moça? — pergunta e eu o olho.
— Valentina. — Bebo outro gole do uísque.
— Notei desde a entrevista. — Bebe seu uísque. — Por que não falou
comigo?
— Porque você perde um amigo, mas não perde a piada. — Sorrimos.
— Nisso você tem razão. — Sorrio. — Estou estranhando você não ter
dado seu bote ainda.
— Ela mexe comigo, é estranho. Sua presença me conforta, mesmo que
seja uma troca de poucas palavras.
— Notei isso hoje. Saiu enfurecido, mas foi só ver a nobre donzela que
o coração se acalmou. — Sorrio, assentindo. — É bem na dela. As poucas
palavras que trocamos na seleção, me mostrou que é uma boa moça.
— Sim. Estudiosa e dedicada. Me disse que entrou na universidade
através de uma prova para ganhar bolsa integral. E conseguiu passar com
nota máxima.
— Wow!
— Também foi a minha reação. — Rimos.
— Você está caidinho por ela. Quero uma dessa pra mim!
— Ei! Essa é minha. — Dou um soco em seu braço.
— Sua? Então vá atrás dela. — Dá de ombros. — Vi que Pedro a
conhece.
— Pelo visto, sim. — Reviro os olhos.
— E se ele for atrapalhar? Vai desistir dela? — questiona me olhando.
— Não. — Ele assente.
— O que minhas lindas estão conversando? — pergunta Demétrio
ficando no meio de nós dois.
— Sobre paixão e amor. — Dimitri dá um sorriso.
Bufo e reviro os olhos.
— O amor é tão lindo, meus queridos — Demétrio diz.
— É tão estranho ver você meloso. — Dimitri sorri alto.
— Estranho é ver Dominic de quatro por Valentina. — Gargalha
Demétrio.
— Se rastejando. — Gargalha Dimitri.
Reviro os olhos e bebo o uísque.
— Vamos parar? Vão me ajudar ou não? — pergunto.
— Claro que vou! Enquanto você estava babando por ela no hall da
empresa, eu falei com Agatha para conseguir três ingressos para Alicia no
Mix Night, para hoje à noite. Com toda certeza, Alicia levará Valentina. —
Dimitri me olha.
— E como vamos saber que elas vão? — pergunto.
— Estou esperando a resposta de Agatha — Demétrio diz.
Conversamos mais um pouco, sobre trabalho e o amor de Demétrio.
Dimitri afirma que está atraído por Alicia. Ela é louca, todo mundo sabe,
Dimitri também. Será que vão se dar bem juntos? Enfim, ele fez isso para ter
uma chance com ela hoje à noite, mas juntou o útil com o agradável. Mas eu
sei que Dimitri só quer levar Alicia para a cama, mais nada. Se Alicia for,
com certeza vai levar a amiga, e é aí que eu entro. Não quero forçar nada,
quero que seja por livre e espontânea vontade. Se rolar beijo, tudo bem, se
não rolar, tudo bem também. Mas não vou desistir, é notável nossa atração.
De repente, Theo sai do elevador com um envelope em mãos e vem até
mim.
— Trouxe o que pedi? — pergunto.
— Sim. — Me entrega o envelope.
— Obrigado. — Ele assente e se retira.
Abro o envelope e tiro o papel de dentro.
Tem nome completo, idade e ano de nascimentos, onde mora, que é no
morro. Mora com uma tia que se chama Maria Flor, e uma criança chamada
Lorena, com quatros anos de idade. Será que é irmãzinha dela? Filha da
Maria Flor? Ou filha de Valentina? Se ela for filha de Valentina..., nossa.
Valentina é jovem para ser mãe. Mas será que essa Lorena é filha mesmo
dela? Isso vou descobrir depois. E se for, elas moram no morro, onde é
extremamente perigoso.
Meu Deus, como deve ser morar em um local que tem tiroteios a
qualquer momento quase todos os dias, onde tem tráfico de drogas? Ela mora
lá não por opção, certeza! Tão inteligente, estudou em escola pública desde
nova, e conseguiu fazer os dois cursos de graça e agora faculdade. Faculdade
de manhã e trabalho na parte da tarde.
Jesus... Eu nem sei o que pensar.
Os pais, Maria Liz e Túlio Mendes, morreram há cincos anos. Ela se
vira sozinha? Não teve nenhum relacionamento? Deve ter namorado alguém.
E agora eu descobri que o L da pulseira, possa ser da Lorena. É filha dela.
Ah, Valentina...
Capítulo 9
Depois que me acalmo, trocamos de roupa, pois ele disse que temos a tal
reunião sobre o comercial do novo perfume. Coloco uma calça jeans colada,
com uma blusa de botões com as mangas dobradas nos cotovelos, e um
scarpin nude. Faço um rabo de cavalo e uma maquiagem leve.
Vejo Nick entrando no closet, lindo e gostoso, vestido de terno.
— Que mulher linda eu tenho. — Me abraça por trás e beija meu
pescoço.
— Você fica delicioso de terno. — Sorrio, olhando-o através do espelho.
— Hm... Vou ficar mais de terno — fala no meu ouvido. Sorrio e ele se
afasta.
— Falou com Lorena? — O olho.
— Sim. — Ele abre um sorriso. Um sorriso tão lindo, de orgulho. —
Ficou feliz da vida por me chamar de pai.
Meus olhos começam a ficar marejados.
— Meu anjo, não chora! Vai borrar a maquiagem. — Me abraça e
assinto, me recompondo. — Troquei a roupinha dela e ela está nos esperando.
Vamos?
Assinto.
Descemos as escadas e ela está fofa, com uma boneca na mão, vestida
com um shortinho e uma blusinha, junto com o sapato. Cabelo em rabo de
cavalo.
— Vamos, pequena? — Dom a chama e a coloca no braço.
— Mamãe, meu papai agola é ele. — Bate as mãozinhas.
Ai meu Deus...
— Ai, anjo, não chora. — Dominic se aproxima de mim.
— É mamãe, não chola. Papai tem razão. — Passa suas mãozinhas no
meu rosto, limpando as lágrimas.
Papai tem razão... Eu aguento uma coisa dessas?
— Vamos. — Nick me chama.
Pego a bolsa de Lorena que está no sofá e saímos da cobertura descendo
para o hall do prédio. Dominic segura Lorena no braço direito, e com a mão
esquerda segura minha mão. Theo e Daniel estão em frente à SUV preta, e
tem a Mercedes de Nick na frente. Nick coloca Lorena na cadeirinha atrás do
banco do motorista. Coloco a bolsa dela atrás e me sento ao lado de Nick no
banco da frente.
Valentina está se dedicando cem por cento para fazer esse comercial.
Lorena está em uma escola boa, que de manhã é aula, e na parte da tarde são
atividades para incentivá-la, como; cursos de língua, brincadeiras que a
ajudam evoluir..., assim eu e Valentina ficamos tranquilos e sossegados. Eu
não sou o pai biológico dela, mas porra, é uma sensação inexplicável tê-la
como filha, buscá-la na escola, comprar coisas que ela gosta, ter o prazer de
ter responsabilidade por ela, em tudo. Plano de saúde, escola, brinquedos...
Valentina sempre me pede para não fazer muito, que não é preciso, mas
eu não dou ouvidos. Faço com gosto, mas também a educo para não ser essas
filhinhas mimadas, que me dão nos nervos. Sempre saio para jantar com elas,
ou até um almoço, ligo para a escola pedindo a liberação dela por uma hora e
meia, e saímos nós três para almoçarmos, e é maravilhoso.
Meus pais dizem que são avós babões, não podem vê-la que se
desmancham. Meu pai está orgulhoso de mim, dizendo que não é vergonha
assumir uma mulher que já tenha um filho de outro homem, que isso é muito
importante, mostra que tenho caráter. Minha mãe baba por ela, meu pai teve
que ir à Itália e vai voltar em duas semanas, mas minha mãe quis ficar, para
conviver mais com Valentina e Lorena.
Meus irmãos só faltam colocar Lorena em um pedestal, brincam com ela
o tempo todo, dão presentes, fazem tudo para agradá-la. Minha cunhada
Manuela, um amor, infelizmente teve que ir para New York a trabalho, mas
voltará em breve, Hannah também foi com ela, mas todos os dias fazem
videochamada para falar com Valentina e Lorena.
De repente, o telefone do meu escritório toca.
— Pode falar — digo ao atender.
— Sr. Tavares já está aqui — fala, minha secretária.
— Ok. Mande-o entrar, procure Valentina e peça para vir até minha sala.
— Sim, senhor. — Desliga o telefone.
Arrumo alguns papéis sobre a mesa, e minha secretária abre a porta.
Logo vejo o advogado entrar por ela, com um sorriso em seus lábios.
— Bom dia, Dominic. — Me cumprimenta.
Minha secretária fecha a porta, nos dando privacidade. Me levanto com
um sorriso em meus lábios e aperto sua mão.
— Como vai, Tavares? — Faço um gesto com a mão para ele se sentar.
Ele assente, coloca sua pasta em cima da cadeira ao lado, abre o paletó e se
senta.
— Vou bem. E você? — Me olha.
— Muito bem.
— Se me chamou aqui, é algo extremamente sério.
— Sim. Mas deixe minha mulher chegar que iniciamos. — Dou um
sorriso de comercial de pasta de dente, muito orgulhoso. — Só chamo você
em casos sérios, só pelo fato de ser o melhor advogado do Rio. — Ele sorri.
— Fico lisonjeado, Dominic. Mas me diga..., como está indo o processo
do lançamento do novo perfume? — pergunta.
— Está cainhando muito bem. Minha mulher será a garota propaganda
do perfume, e está agora mesmo ensaiando para o comercial, mas virá logo.
— Sorrio.
Ele sorri e desvia seu olhar para meu porta-retrato, que está em cima da
minha mesa, com a foto de Lorena, sentada em um balanço no parquinho,
sorrindo, num vestido de bolinhas e o cabelo preso em um rabo de cavalo.
— Quem é essa doçura? — aponta para o porta-retrato. — E que olhos
bonitos...
Sorri.
— É minha filha — respondo orgulhoso.
Ele rapidamente me olha com os olhos arregalados.
— Sua filha? Não sabia que tinha — fala surpreso.
— Tenho sim. É o meu orgulho. — Ele sorri.
Escuto alguém bater na porta duas vezes e abri-la, e o amor da minha
vida entra por ela. Valentina está linda, como sempre. Eu nunca vou me
cansar de dizer o quanto ela é linda.
— Boa tarde. — Nos cumprimenta, tímida.
Tavares se levanta e estende a mão para ela.
— Sou Tavares. — Meu advogado se apresenta.
— Valentina. — Ela sorri de forma simpática e aperta a mão dele.
— Nossa, seu olho é realmente bonito — Tavares fala, olhando-a.
Levanto-me da cadeira, ajeitando meu paletó.
— Sem elogiar muito, Tavares. — Contorno a mesa, com um sorriso.
Ele sorri e Valentina cora. Vou até ela e beijo sua bochecha, que sorri
para mim.
— O que você quer? — me pergunta.
Coloco minha mão em sua cintura e a conduzo até à mesa de vidro com
quatro cadeiras, perto da janela com vista para o mar. Tavares pega sua pasta
e vai até a mesa e se senta conosco.
— Lembra que eu tinha lhe falado que iria falar com um bom advogado
amigo meu, sobre Lorena? — A olho.
— Lembro sim. Tavares é o advogado? — pergunta colocando as mãos
em cima da mesa.
Assinto.
— Posso saber o motivo da minha chamada até aqui? — pergunta
Tavares. — E quem é Lorena? — Me remexo na cadeira.
— Lorena é nossa filha. — O olho.
— E posso saber por que o motivo de me chamar seja ela? Já que ela é
sua filha, e Valentina é sua mulher, não vejo nada de mais nisso — fala
franzindo a testa.
Faço um barulho na garganta e o olho.
— Infelizmente eu tenho que falar. — Faço uma pausa agoniante. —
Lorena não é minha filha de sangue.
— Entendi. — Tavares assente.
— E não venha falar nada. Pode guardar sua opinião para si, não quero
escutar você falar que eu não sou o pai dela. Sou sim e ponto final. — Sou
grosso.
— Dominic! — Valentina me repreende, e permaneço com a minha
expressão séria.
— Pode deixar, Valentina. — Ele sorri. — Conheço Dominic, e eu sei o
que ele quis dizer. Da maneira mais educada e compreensível possível é que
ele não irá admitir que eu diga que Lorena não é filha dele, e que
independente de ser de sangue ou não, ela vai ser filha dele de qualquer
forma.
Continuo calado, ainda sério.
— Peço desculpas por ele — fala Valentina.
— Nada disso. — A olho. — Não retiro o que eu disse.
— Já entendi, Dominic. Te conheço bem. — Ele se remexe na cadeira,
nem um pouco desconfortável, já que é bem acostumado com meu humor. —
O que você deseja?
— Lorena, é filha de um relacionamento que Valentina teve há alguns
anos. — Ele fica atento ao que falo. — Não era nada tão sério, ao ponto de
eles morarem juntos, mas um namoro de jovens.
Ele assente, e começo a contar a história deles, com a ajuda dela, em
alguns pontos que são particulares entre eles, nada envolvendo sexo, mas o
dia a dia, como eles interagiam um com o outro, o acontecimento dela ter o
visto com outra mulher, sobre a aposta e a rejeição dele quando soube da
gravidez.
— Nossa. E esse rapaz, só veio querer saber dela agora? — pergunta
Tavares.
— Sim. E tenho minhas dúvidas, já que ele só veio querer entrar na
justiça, só porque Dominic disse que é o pai dela — Valentina diz.
— Vocês não se dão bem? Mesmo ele trabalhando aqui? — Tavares me
pergunta.
— Não. Eu e meus irmãos só não o colocamos para fora, porque o
desgraçado é bom no que faz, apenas isso. — Ele assente. — Sempre
mantemos lado pessoal do profissional, distantes um do outro.
— E isso foi a poucas semanas, quando ele escutou Lorena o chamar de
pai? — Assinto. — Bem interessante. O objetivo dele é apenas te confrontar,
e de saber que poderá também ter a guarda dela.
Rapidamente Valentina me olha e seus olhos começam a ficar
marejados, e isso me parte o coração. Seguro sua mão.
— Ele também tem direito, é o pai biológico. Independente dele a ter
rejeitado, ele tem o direito. Infelizmente. — Tavares faz uma cara de
desgosto.
— Quando poderá ser a audiência? — Valentina pergunta, preocupada.
— O mais rápido possível, quando eu disser que é em nome de um
D’Saints, será o mais breve possível.
— Você ficará com o caso? — pergunto.
— Contem comigo. Preciso conversar com seus irmãos, Dominic, e a tal
moça que esteve nesse dia em que ele viu Lorena com você, dizendo que
você é o pai dela — comunica.
— Você fala com Alicia, e eu falo com meus irmãos — peço, olhando
Valentina e ela assente.
— Valentina, você tem certeza de que o Pedro Henrique nunca te
procurou? — pergunta, meu advogado.
— Tavares, quando eu ainda morava no morro e tinha um
relacionamento com ele, Pedro Henrique sempre foi lá me visitar, e se ele
negar isso, eu tenho provas de que ele foi visto, e de que sempre morei
naquele lugar. Saí do morro há algumas semanas, e antes de eu sair foi que
ele começou a me procurar para saber dela.
— Isso é bom, eu vou querer falar com algumas pessoas, para
confirmarem e falar ao juiz, e ter provas contra ele — informa.
— Eu também tenho o exame de DNA e o exame de gravidez, ainda
com as datas intactas, que recebi no dia que fui falar com ele. — Valentina
diz.
— Preciso que me entregue isso. Sabe me dizer se a clínica ainda
funciona? — Ela assente. — Irei lá para buscar no sistema seus exames
feitos, para comparar com os que você tem — avisa.
Valentina conversou com ele mais um pouco, e eu dei total liberdade,
apenas fiquei atento ao que eles falavam. Depois da conversa, Valentina se
retirou e pude conversar com ele em paz. Pedi que ele se empenhasse
bastante nesse caso, que é muito importante para mim.
Valentina e Lorena são importantes, são minhas prioridades, são a
minha família.
Capítulo 23
— Tenho provas de que minha cliente foi subornada pelo pai do Pedro
Henrique — Tavares diz.
— Duvido muito. — O advogado de Pedro Henrique bufa.
Pedro me fuzila com um olhar mortal, mas mantenho minha pose.
Respiro fundo, e tento me tranquilizar.
— Aqui está! — fala meu advogado.
Tavares pega o pen drive, que eu tinha guardado no dia que gravei pelo
meu celular, a conversa sobre a notícia da gravidez. Gravei, e quando cheguei
em casa coloquei em um pen drive e guardei. Na verdade, é um vídeo, onde
dá para ver claramente, Pedro e seu pai, principalmente seu pai tentando me
subornar e Pedro aceitando numa boa.
— Dá para ver claramente, quando o pai de Pedro Henrique oferece
dinheiro para minha cliente, e Pedro aceita a decisão do pai — Tavares fala
sério.
Pedro e seu advogado, permanecem calados.
— Quero saber quando ela terminar com aquele riquinho de merda, e
voltar para o morro. Valentina mesmo disse que passou necessidades. Ela não
está apta a criar minha filha. Sabemos que esse relacionamento não vai durar,
Dominic vai voltar para a Itália. Eu tenho condições, eu sou um engenheiro
químico formado, tenho um trabalho fixo, e moro em um belo apartamento
de frente para o mar, em Ipanema — Pedro diz ao juiz.
— Nesse caso, Pedro Henrique está com razão. Como ficará Lorena? Se
nem tem algo fixo com o Dominic D’Saints — fala o juiz.
— Senhor juiz, quero informar que minha cliente está noiva do senhor
D’Saints. — Tavares se mantém sério.
— Noiva? — Pedro faz cara de surpresa.
— Conte-me sobre essa história — pede o juiz.
— Foi em um jantar de família, no atual apartamento do senhor
D’Saints, na sua cobertura luxuosa de frente para o mar, em Ipanema. Sua
família estava presente e o senhor D’Saints fez o pedido, pegando todos de
surpresa. — explica, Tavares.
— Como ninguém sabia disso? Isso é mentira! Ninguém da empresa
sabe disso! — Pedro quase grita.
— Só os mais próximos sabem, Pedro. Os amigos mais íntimos, e você
não se enquadra nos “amigos íntimos”. Eu e Dominic não te devemos
satisfações alguma — digo com um sorriso.
— Senhor juiz, a pequena Lorena já está apegada ao senhor D’Saints,
até o chama de pai. Ele a colocou na melhor escola no Rio de Janeiro, no
melhor plano de saúde, fora as obrigações de um pai que se deve ter —
informa Tavares. — Lorena não passa necessidades, nunca que o meu cliente
iria fazer isso, tanto é que, quando soube onde Valentina e Lorena moravam,
agiu imediatamente, comprando um bom apartamento na Barra da Tijuca, e
um carro para Valentina. E sem contar que, a tia de Valentina veio junto com
ela, e Dominic D’Saints não deixa faltar nada para nenhuma das três.
Valentina também assinou um contrato recente, com a empresa do D’Saints,
em que seu salário é mais do que o suficiente para manter uma boa qualidade
de vida para ela e sua filha.
— E o casamento? Será mesmo que vai acontecer? — pergunta o
advogado de Pedro com um sorriso cínico no rosto.
— Ah, sim. Sabe a cunhada e a amiga do meu cliente? Estão hoje, na
Itália, falando com uma das melhores decoradoras de casamento do país.
Sabe aquelas que são colocadas em capas de revistas famosas? São essas. O
casamento está previsto para o ano que vem, não tem data, mas irá acontecer
na mansão da família D’Saints. — Tavares sorri.
Pedro e o advogado bufa de raiva.
— E sem falar que a cobertura atual do meu cliente, está no nome de
Valentina. Se quiser, posso até mostrar a escritura — fala Tavares.
Como assim?
O juiz faz um aceno para Tavares lhe entregar a escritura, que vai até lá
e o mostra. O juiz lê atentamente e acena em concordância. O juiz pede um
pouco de silêncio, e minutos depois volta a falar.
— Valentina continuará com a guarda de Lorena, e Pedro poderá vê-la
aos domingos. Sem sair da cidade com a criança, Pedro. Como responsável
legal e portadora da guarda permanente da criança, Lorena tem autorização
para viagens e moradias fora do país, visto que o pai biológico tem condições
financeiras para visitas esporádicas. Fora a pensão que ele vai dar todo mês
na data certa. — afirma o juiz.
Obrigada, meu Deus. Obrigada...
— Isso é um absurdo! Eu sou o pai, tenho direito! Só aos domingos? —
grita Pedro, batendo na mesa.
— Peço que se acalme. Você não está na casa da mãe Joana — o juiz
diz, sério.
— Você foi comprado, tenho certeza! Não pode negar isso a mim! —
grita descontrolado.
— Fale mais uma coisa que não deve, e será preso por desacato à
autoridade — o juiz brada, se levantando. — E se você fosse o tal pai quem
diz ser, deveria ter assumido sua filha. Portanto, baixe sua bola e se contenha.
Pedro respira fundo e me olha, com os olhos vermelhos de raiva.
— Sessão encerrada!
Saio da sala com um sorriso nos lábios, me sentindo muito feliz, por
minha filha continuar comigo. Tavares sorri comigo, contente com seu
desempenho. Avisto Pedro Henrique falando com seu pai, que quando me
olha, vem em minha direção.
— Só procura rico, não é? — Sebastian me dá um sorriso cínico.
— Eu não estava procurando ninguém, Sebastian — respondo com
raiva.
Ele dá um passo à frente.
— Escute bem, sua pobrezinha de merda. Você não vai tirar Lorena do
meu filho. Irei lutar junto com ele para tirá-la de você — fala bem perto de
mim.
— Para quem me ofereceu dinheiro para nunca o procurar, está fazendo
muita questão. — O fito.
— Achei que estaria mentindo. — Pedro me fita.
— Com o teste de paternidade em mãos? — O olho. — Vocês queriam
mesmo era me subornar. Ainda não sei o motivo de quererem tirar Lorena de
mim, mas não vão conseguir, eu sou uma ótima mãe para ela. — Pedro me
olha com raiva.
— Vamos, Valentina? Seu noivo lhe espera lá fora. — Tavares me olha,
assinto e olho para os dois seres desprezíveis em minha frente.
— Passar bem.
Me viro e ando com Tavares pelo fórum. Ao sair, vejo o homem que eu
amo, de terno, todo gostoso com Lorena nos braços, agarrada ao seu pescoço.
Quando me vê, abre um sorriso e vem até mim com ela nos braços.
— Está linda, mia bella [22]— fala em seu perfeito italiano.
Amo quando ele fala comigo em italiano, ele fica tão... gostoso.
— Olá, amore mio. — Sorrio.
— Mamãe. — Lorena estende os bracinhos.
Nick pega minha bolsa e seguro Lorena em meus braços, dando um
cheiro bem demorado nela.
— Como foi na escola? — pergunto, ajeitando seus cabelos.
— Foi bom, mamãe. — Sorri.
— Como foi, Tavares? — pergunta Nick ao advogado.
— Foi ótimo. Mas Pedro terá Lorena aos domingos, apenas aos
domingos. Não terá direito de levar Lorena para viajar, apenas Valentina, que
é a sua “noiva”, e que se casará em breve e vai embora do Brasil — informa
Tavares.
— Perfeito. Passe amanhã na empresa. — Nick aperta a mão dele.
— Obrigada, Tavares. — Agradeço.
— Se precisarem de algo é só chamar, que estarei à disposição — avisa.
Nos despedimos, ele entra em seu carro e vai embora.
— Vamos jantar, principessa? — Nick olha para Lorena.
— Quelo pizza, papai. — Ela se anima.
— Pizza, meu amor? — Nick sorri.
— Unhum. — Lorena balança a cabeça.
— Tudo bem. — Ele sorri para ela. — Vamos para um restaurante que
tenha pizza.
O semblante dele muda e olha algo atrás de mim. Viro-me vendo
Sebastian e Pedro Henrique nos olhando, o olhar de Pedro desce, e ele vê a
mão de Nick em minha cintura e a outra segurando minha bolsa.
— Vamos embora. — Escuto Nick falar.
Vou com ele até o carro, Theo abre a porta e nos acomodamos no carro
indo para o restaurante.
— Olha, tia Alicia. — Lorena se levanta do chão e vai até minha amiga.
Miguel vai até a cozinha pegar cerveja, e Alicia está sentada no chão,
porque adora o frio da cerâmica. Estou sentada no sofá, fazendo meu TCC,
porque não posso perder tempo.
— Cadê Dominic? — Miguel aparece na sala, com uma long neck na
mão.
— Está em casa, quis me deixar livre hoje com vocês — respondo, ainda
concentrada no TCC.
— Hum... Tem falado com o Dimitri? — Alicia me olha desconfiada.
Maneio a cabeça, franzindo a testa.
— Bom..., o vi hoje pela manhã no local onde será a gravação do clip.
Mas você trabalha no mesmo ambiente que ele. Não se veem? — ela nega.
— Deixa para lá. — Volta sua atenção à Lorena.
A olho desconfiada. Alguma coisa aconteceu e ela não vai me dizer,
porque esse tipo de coisa ela costuma não compartilhar. Volto minha atenção
à tela do MacBook. Tia Flor saiu para o barzinho com seu namorado
misterioso e secreto, ninguém sabe quem ele é.
— E Pedro? Tem falado alguma coisa? — Miguel pergunta.
— Não o vi desde a semana passada quando fui buscar Lorena —
suspiro, aliviada.
— Que bom! Não entendo qual é a do cara, querer a guarda de Lorena
só agora. — Bebe a cerveja.
Assinto, digitando no MacBook.
— Pois é. Mas, infelizmente, tenho que seguir as regras. Tenho que ficar
aliviada, porque é só aos domingos, não é o final de semana inteiro. — Ele
assente.
— Com certeza. E como Lorena ficou após chegar no domingo? —
Alicia pergunta, enquanto vê algo que Lorena fez para ela em um papel.
— Ela não gostou, é claro. Pedro é uma pessoa estranha para ela, não o
conhece.
Meu celular toca, e vejo que é uma videochamada de Dominic. Clico e
atendo.
— Oi! — Ele sorri.
— Oi, está em casa? — pergunto, assim que ponho os fones Bluetooth.
— Estou sim, acabei de chegar. — Passa a mão no rosto. — A tarde foi
cheia de reuniões.
— Hum... O que vai fazer agora?
— Tirar essa roupa, tomar um banho e cair na cama. Estou muito
cansado.
— Como foi seu dia?
Lorena gargalha de algo que faz a gente sorrir.
— O que a pequena achou graça? — Ele ri.
— Não sei bem, só sei que a risada dela foi bem engraçada. —
Sorrimos.
— Miguel e Alicia estão aí?
— Estão sim. Ela gosta da algazarra. — Ele sorri, assentindo.
— Pois é. Cadê ela?
— Está aqui. — Viro a tela e olho para Lorena.
— Olha quem está aqui. — Chamo sua atenção.
Ela olha para o celular e se levanta do chão cambaleando e vem
correndo.
— Papai!
— Oi, filha. Que animação toda é essa, hein? — Dominic sorri.
— É tia Alicia, papai. — Ela sorri, manhosa.
— Fez suas tarefinhas direito? — Ela assente, mexendo suas mãozinhas
umas nas outras.
— Muito bem. Amanhã passo aí para jantarmos. Quer?
— Quelo pizza! — Pula, toda animada.
— De novo, filha? — Ele sorri.
— É papai. Pizza é boooom. — Todos sorrimos com sua animação.
— Está bem, pequena. Deixe-me falar com sua mãe. Te amo, pequena.
— Te amo, papà.
Dominic abre um sorriso tão lindo de se ver. Ele ficou tão orgulhoso por
saber que ela quis aprender sua língua.
— Ti amo, figlia.
Ela acena para ele e vai para perto de Alicia e Miguel que estão sentados
no chão. Viro a tela do celular para minha frente.
— O que está fazendo?
— Estou escrevendo meu TCC, estou quase terminando, na verdade.
— Ah, sim. E sua formatura? Vai participar, não é? — pergunta
esperançoso.
Suspiro.
— Ah..., não sei, Nick. — Ele maneia a cabeça, me olhando confuso.
— Por que não? É uma formatura, Valentina. Sua formatura. A
formatura que você sempre sonhou. Você não quer mais?
— Eu sei, Nick. Mas...
— Querida, depois conversaremos melhor sobre isso — fala
calmamente.
Faço menção de abrir a boca, mas ele é mais rápido.
— Não adianta discutir comigo, meu anjo. Depois vamos conversar. —
suspiro e assinto, mordendo de leve minha unha.
— Agora eu vou tomar um banho, e dormir. Estou muito cansado.
— Uhum! Até amanhã!
— Até amanhã, mio angelo.
Respiro fundo, sentindo meu coração bater forte.
— Nick?
Ele me olha.
— O que foi, querida?
— Eu... — Engulo em seco e ele fica me olhando com a testa franzida.
— Fale, meu anjo — pede.
— Não é nada. — Dou um sorriso forçado. — Boa noite, Nick. — Ele
sorri de lado.
— Boa noite, bella.
Theo estaciona em frente à empresa dos trigêmeos, e desço do carro
após me despedir dele. Penduro minha bolsa no ombro e sigo para dentro do
prédio. Aceno para a recepcionista, que me dá um sorriso simpático. Escuto o
apito do elevador e sigo até ele. Parada em frente ao elevador, as portas se
abrem e vejo Pedro Henrique dentro dele. Ele me olha de cima a baixo, me
analisando. Hoje eu não consigo o achar atraente como antes, mas não posso
negar que Pedro é muito bonito, seus cabelos loiros bem penteados e
alinhados, seus olhos azul-claros que um dia me apaixonei, mas que hoje só
sinto ódio e raiva por ele.
Ele sai do elevador e se aproxima de mim.
— Oi! Eu quero conversar com você, pretendia te ligar — fala.
— Não quero conversar com você. A única conversa que teremos é
sobre Lorena, mais nada. — Ele assente, passando seus dedos na sua barba.
— É sobre ela. Não a conheço bem e preciso de sua ajuda. — Me olha.
— Ok. O que quer falar? — Cruzo os braços.
— Será que podemos almoçar ou jantar juntos? Assim poderíamos
conversar melhor — sugere.
— Nem pensar! — Me exalto. — Eu não vou sair com você.
— É pela Lorena. — Passa a mão no rosto.
— Pela Lorena? — Dou uma risada. — Pedro, que joguinho é esse?
— Não tem jogo, Valentina. Estou falando sério. — Me olha.
Ele desvia os olhos do meu e olha para trás de mim. Acompanho seu
olhar e vejo uma mulher negra, de cabelos afro e bem vestida, ela é bonita e
elegante. Ao nos ver, ela sorri e vem até nós, quer dizer, até Pedro. Ela o
abraça forte e lhe dá um beijo nos lábios.
— Oi, meu amor. — Ela sorri para ele.
Ele me olha sem graça.
— Oi, querida. — Ele olha para ela.
Ela desvia seu olhar e me olha, de cima a baixo.
— Quem é você? — Faz uma careta, ao olhar meus olhos.
— Essa é a mãe da Lorena, Valentina. — Pedro Henrique a olha.
— Sou Isabela, esposa do Pedro — fala rapidamente, estendendo a mão.
Dou uma risada irônica, e ela me olha sem jeito ao ignorar sua mão
estendida.
— Isabela, não precisa se apresentar como esposa dele, como se eu
fosse uma ameaça ao seu casamento, só porque ele é o pai da minha filha. —
Maneio a cabeça.
Ela engole em seco. Olho para Pedro, que nos olha atentamente.
— Pedro, eu dispenso nosso almoço ou jantar. — Dou um sorriso
forçado.
Estico meu braço e aperto o botão do elevador, já que esse idiota me
atrapalhou e me impediu de entrar.
— Você a chamou para sair? — A escuto falar, mas não me viro.
— Eu a chamei para falarmos sobre nossa filha — ele diz.
— Pra quê? Ela não deu um caderninho com tudo anotado sobre aquela
menina. — Escuto-a falar.
Respiro fundo e a olho.
— Aquela menina tem nome, e se chama Lorena. Não se refira a minha
filha como aquela menina — digo irritada, e ela engole em seco. — Você
entendeu? — Me aproximo dela e ela assente, rapidamente.
As portas do elevador se abrem e eu entro, apertando o botão para as
portas se fecharem. Suspiro, quando sinto o elevador subir. Quem ela pensa
que é para se referir à minha filha como aquela menina? Doida para levar uns
tapas. Segundos depois as portas se abrem no andar de Dominic, e vejo
Morgana mexendo no computador, atrás do pequeno balcão.
Caminho até ela, que ao me ver sorri.
— Oi, Valentina. — Me cumprimenta.
— Como vai, Morgana? — Dou um sorriso.
— Cansada, seus cunhados e seu namorado me dão uma canseira. Esses
meninos não param. — Sorrimos.
— Pois é, não param um minuto. — Sorrio. — Dominic está?
— Está sim. Vou ligar. — Assinto. Ela pega o telefone e liga para o
escritório dele. — Dominic, Valentina está aqui. Posso mandá-la entrar?...
Sim, senhor. — Desliga o telefone e me olha. — Pode entrar.
— Obrigada, Morgana. — Agradeço.
— Por nada, querida. Cadê a menina? — pergunta com um sorriso.
— Está na escola — respondo e ela assente.
Ajeito minha bolsa no ombro e sigo para o escritório de Dominic, dou
duas batidas e abro a porta. Passo pela porta e o vejo olhando para mim com
cara de poucos amigos. A tela do seu computador está totalmente virada para
ele, e suas mãos estão entrelaçadas em cima da sua mesa. Fecho a porta
devagar e o olho, com seu indicador ele me chama, sem dizer uma palavra.
Deixo minha bolsa no sofá e vou até ele, em passos calmos. Dominic arrasta
a cadeira e me faz sentar em seu colo, de frente para ele.
Ele não fala nada, apenas me olha, muito sério, mas vejo desejo em seus
olhos quando percorre meu corpo. Meu vestido é simples, de alças finas e um
decote em formato de coração que realça meus seios. Ele ergue a mão e tira
alguns fios de cabelo da frente e me analisa mais, muito mais, chegando a ser
um pouco desconfortável, porque ele não fala absolutamente nada, só me
olha.
— Dominic? — Seus olhos azuis me fitam. — O que você tem? — Ele
maneia a cabeça e segura minha cintura, levemente.
— O que Pedro Henrique quer com você? — Sua voz sai muito contida.
Abro a boca, muito surpresa por ele saber que eu falei com o Pedro.
— Como... — Ele me interrompe.
— O que ele quer com você? — Trinca o maxilar.
Viro meu rosto, olhando a tela do computador e vejo vários quadrinhos
de câmeras de muitas áreas do prédio, principalmente do hall, onde eu estava
há poucos minutos falando com o Pedro.
Viro-me para Dominic, que mantém seus olhos em mim.
— Você está me vigiando agora? Monitorando meus passos? —
levanto-me de vez do seu colo, completamente exaltada. — Isso eu não
aceito, Dominic!
— Não estou monitorando você, Valentina. Theo me informou que a
deixou em frente à empresa e a esperou entrar para poder ir embora, e achei
estranha sua demora. — Se explica, mantendo sua calma. — Portanto, achei
interessante saber o que estava acontecendo.
Ele se levanta, colocando as mãos nos bolsos da sua calça social e
começa a andar pelo escritório, sem me olhar.
— O que eu pensei foi que: o elevador poderia ter parado e você ter
ficado presa nele, ou que você estivesse falando com alguém... Morgana
talvez, ou Alicia... — Olha para mim. — Só não pensei que estaria falando
com o Pedro Henrique — fala entredentes.
— Eu não tive culpa! Ele saiu do elevador quando eu ia entrar nele, e
logo começou a querer falar de Lorena. — Me defendo.
Ele assente, passando a mão na barba.
— Ele queria saber mais o quê? Você anotou tudo na porra daquele
maldito caderno para ele saber o que ela gosta e o que não gosta, já para
evitar falar com ele. — Se exalta um pouco, mas volta a se controlar.
— Não dei muito tempo de ele falar, até a esposa dele chegar. — Cruzo
os braços.
— Ah, aquele figlio di puttana tem mulher? — Ele sorri, sem humor. —
Por que ele não deixa a minha em paz?
— Não sei bem o que ele quer, mas ele me chamou para um almoço ou
jantar — informo.
Ele maneia a cabeça, totalmente surpreso.
— Ah, é? — Sorri. — E o que você disse? Você aceitou?
— Claro que não. — O olho. — Nick, você está muito estranho.
— Estou estranho? Estou puto, Valentina! A ponto de dar um soco bem
dado naquele filho da puta, que está insistindo em dar em cima da minha
mulher. — Explode, e eu pulo de susto. — E eu não posso fazer isso, porque
a guarda da nossa filha está em jogo. O juiz não vai querer deixar uma
criança perto de um homem violento, não é?
Tive que assentir, porque é verdade.
— Sendo assim, estou me controlando o máximo que posso para não dar
uma surra nele. Porque eu o odeio! — Soca a parede. — Odeio por ele ser tão
cínico. — Soca mais uma vez. — Odeio porque eu não suporto olhar para a
cara dele. — Outro soco. — Odeio a presença dele. — Mais um soco. — O
odeio por ele ser o pai da Lorena. — Soca novamente a parede. — Odeio...
por vocês terem ficado juntos. — Soca uma última vez e respira fundo, se
apoiando na parede.
Engulo em seco, totalmente surpresa por essa sua atitude. Nunca o vi
dessa forma, sempre foi tranquilo, carinhoso, amável... agora estou vendo
uma outra parte dele, uma parte totalmente furiosa e cheia de ódio. Mas isso
não vai me fazer ficar afastada dele. Caminho até ele, lentamente, com
cuidado para que se fizer qualquer movimento, não me machucar sem querer.
Toco em seu ombro e ele me olha de soslaio.
— Valentina, é melhor você se afastar. Eu estou com muita raiva e não
quero te machucar — murmura.
— Você não vai me machucar, você nunca me machucaria — sussurro.
Ele se vira e me olha respirando fundo. Rapidamente o clima muda, e
me vejo excitada por vê-lo assim, tão gostoso, totalmente irritado e cheio de
raiva. Sem pensar duas vezes, pulo em seus braços, o pegando de surpresa,
abraçando sua cintura com minhas pernas e ataco sua boca. Ele demora um
pouco até me acompanhar num beijo feroz.
Ele gira seu corpo e me prensa na parede sem parar de me beijar.
Minhas mãos vão direto para sua gravata e começo a desfazê-la, com certa
urgência.
— Você tem certeza? — sussurra em meus lábios, e eu assinto. — Eu
não quero parar, mas se me pedir eu paro. Se quer ficar só nos amassos, nós
ficaremos.
— Eu quero você dentro de mim, Nick. — Volto a beijá-lo.
Ele me segura com mais força e anda comigo e me senta na mesa, ao
lado da enorme janela de vidro. Pelo menos por fora o vidro é totalmente
espelhado, ninguém nos verá aqui. Sentada na mesa, ele se afasta e desce as
alças do meu vestido, e solta um gemido ao me ver sem sutiã. Sem ao menos
esperar, ele se inclina e chupa meus seios. Solto um gemido e puxo seus
cabelos da nuca.
Não falamos nada, só faço gemer, não muito alto para que ninguém nos
escute. Minhas mãos descem pelo seu pescoço e começo a desabotoar sua
camisa social. Ele larga meus seios e volta a me beijar. Meus gemidos são
engolidos por seu beijo, que está me deixando muito, mas muito molhada.
Suas mãos descem pelas minhas costas e encontra o zíper do meu
vestido e o abaixa, me deixando nua da cintura para cima. Levo minhas
mãos, até seu cinto e começo a desafivelá-lo, desço o zíper da sua calça e
enfio minha mão dentro da sua cueca, sentindo-o duro e pulsante. Ele solta
um gemido e me olha.
— Levanta um pouco — pede, com a voz rouca.
Faço o que ele pede e tira meu vestido, jogando-o na mesa. Com meus
próprios pés, retiro minhas sapatilhas, deixando-as cair no chão, próximo dos
seus pés. Ele faz menção de tirar o paletó, junto com a camisa, mas o
interrompo.
— Não tira. Eu quero você assim, apenas com seu peitoral e o pau de
fora. Isso me excita muito — digo sincera. Nossa..., nem estou me
reconhecendo.
Ele solta um gemido e se aproxima mais de mim. Puxa minhas pernas,
deixando-me na beirada da mesa e olha minha calcinha de renda.
— Não estou com paciência para tirá-la. — Pelo cós da calcinha, ele
puxa de vez, rasgando-a no meio.
Ele joga minha calcinha longe, retira sua carteira do bolso traseiro e tira
um preservativo, colocando-o em cima da mesa, se afasta um pouco e abaixa
sua cueca deixando seu membro duro para fora, completamente babado. Ele
pega o preservativo, e veste seu membro com o látex e vem até mim, abaixa
sua mão e toca na minha intimidade.
— Porra, como você está molhada — ele sussurra.
Ele me olha, mordendo o lábio. Nick segura seu membro, colocando-o
na minha entrada e soca de vez, me fazendo gemer alto. Ele não espera, e
começa a me socar forte. Seguro-me em seus braços, soltando gemidos e
jogando a cabeça para trás.
Eu o olho, vendo seu rosto completamente vermelho, pelo esforço.
Passo minhas mãos pelo seu peitoral indo até sua bunda exposta e cravo
minhas unhas nela.
— Oh... que delícia. — Morde o lábio.
Dominic está colocando toda sua raiva em mim, e isso está me deixando
muito excitada. Nunca pensei que sexo selvagem fosse me deixar
completamente excitada, tudo com Dominic é excitante e gostoso demais.
Sinto que meu orgasmo está próximo, e ele solta um gemido. Se inclina e
beija meus lábios, apertando meu peito, com força
— Goza para mim..., goza — sussurra em meus lábios. — Preciso que
você goze.
Puxo sua nuca para um beijo forte, sentindo-o ir mais rápido e forte
dentro de mim. Ele se afasta, coloca a mão no meu colo e me faz deitar na
mesa. Passando suas mãos pelos meus seios, indo até minha perna, ele as
abre mais, me deixando mais exposta e pressiona meu clitóris, me
incentivando a gozar.
Não duro muito, até sentir minha visão turva e me contorcer na mesa.
Dominic não para de me estimular, o que faz meu orgasmo se prolongar.
Grito sem pudor algum, sentindo o orgasmo me consumir por completo. Vejo
Dominic morder o lábio, aumentando a velocidade de suas estocadas e goza,
jogando a cabeça para trás.
Ele me olha ofegante, diminuindo seus movimentos, até parar. Fecho os
olhos, respirando com dificuldade, até senti-lo segurar minha cintura.
— Vem cá. — Me chama, ofegante.
Com dificuldade me sento na mesa, e ele me puxa para seus braços, sem
sair de dentro de mim, caminha comigo até o sofá. Se senta nele, e continuo
sentada em seu colo, com ele ainda dentro de mim. Nick me abraça forte e
ficamos assim por um tempo interminável, até ele sussurrar:
— Você é minha.
Capítulo 28
Olho para uma mesa um pouco distante de nós, vendo Theo e Daniel
tomando água com gás, esperando qualquer aceno meu. Tiro meu celular do
bolso e envio uma mensagem para eles, avisando que irei caminhar um pouco
com Valentina na areia da praia.
Aceno para o garçom e peço a conta. Fecha o meu pedido e o pedido da
mesa dos meus seguranças, faço o pagamento e saio do restaurante com
Valentina, segurando sua mão. Ela franze a testa, quando começamos a andar
pelo calçadão da praia, ao invés de irmos para o estacionamento.
— Para onde estamos indo? — Me olha.
— Resolvi dar um passeio com minha namorada na praia. Quer? — A
olho.
— E seus seguranças? — Olha para trás, vendo Theo e Daniel, vindo a
uma certa distância.
— Vão se manter distantes, não se preocupe. — Dou um sorriso para
ela.
Ela assente com um sorriso, e quando estamos perto de andar pela areia,
ela se apoia em meu ombro e tira suas sandálias. Segurando sua mão,
começamos a andar pela areia, escutando as ondas, sentindo o vento forte e o
cheiro do mar.
— Gosto de escutar o barulho do mar — ela comenta.
— É tranquilizante, às vezes — digo.
— Sim. Quando os meus pais morreram, eu sempre vinha para a praia, e
ficava um bom tempo tentando entender o porquê de eles terem morrido. —
Ela me olha. — Por que pessoas boas sempre morrem? Era a pergunta que eu
sempre me fazia, quando vinha pra cá.
Assinto, um pouco surpreso, pois eu queria iniciar essa conversa.
— Acho que nunca vamos entender. — Entrelaço nossos dedos. — Mas
me conta, como eles eram? — Ela abre um sorriso, pensativa.
— Eram maravilhosos. Eu sentia orgulho de ser filha deles. Não tinha
vergonha por eles serem donos de uma simples lanchonete. — Assinto. —
Isso me fazia sentir mais orgulho deles, por eles estarem se esforçando, e não
fazendo coisas erradas.
— Eles tinham uma lanchonete? — A olho.
— Sim. Era no centro, bem movimentado por vender lanches baratos.
Eles não tinham os estudos completos. — Ela sorri triste. — A vida já era
dura para eles, ao invés de estudarem e terem um futuro, eles tiveram que
trabalhar desde cedo, para poder comer.
— Entendo. Bem difícil a vida deles — comento.
— Sim. Minha mãe vendia picolé na praia e meu pai, água.
— Então se conheceram na praia? — A olho.
— Exatamente nessa praia. — Assinto. — Todos os dias eles se viam,
até descobrirem que eram praticamente vizinhos no morro. — Sorri,
pensativa. — Eles começaram a conversar e logo namoraram. Não demorou
muito para eu vir ao mundo, então, eles alugaram uma casinha no morro.
— Aquela onde você morou? — Ela assente.
— Sim. Me doeu bastante sair de lá, eles lutaram dia e noite para pagar
o aluguel daquela casa em dia, para não sermos despejados. — Ela desvia o
olhar, para evitar chorar. — Cresci naquela casa, com todo o amor, carinho e
respeito deles. E eu sinto muita falta deles.
Ela me olha, e vejo lágrimas caindo em seu rosto. Me aproximo,
enxugando suas lágrimas com os meus polegares.
— Lembro-me como se fosse ontem, quando soube que estava grávida e
eles me deram apoio total. Não me julgaram e nem forçaram a barra para eu
trabalhar, mas ficaram um pouco tristes por eu ser um pouco nova. — Passa o
dorso da mão no rosto, limpando as lágrimas. — Mamãe estava muito
ansiosa pelo ultrassom, onde iríamos saber o sexo do bebê.
Faz uma pausa e se vira para olhar o mar.
— Eu não estava entendendo o porquê da sua pressa, em querer saber o
sexo. Então, eu fui ao posto de saúde, e marquei para o mais breve possível.
Papai também estava bem eufórico. — Ela sorri tristemente. — No dia do
ultrassom, eles fecharam a lanchonete por uma hora, para poder ir comigo.
— E como foi? — A incentivo.
— Quando chegou a minha vez, eles choraram, ficaram muito felizes ao
saber que era uma menina. — Ela soluça. — Choramos nós três dentro do
consultório. Até a médica se emocionou. — Ela sorri entre o choro. — Após
a consulta viemos para casa, pegamos um ônibus e viemos conversando sobre
nomes para a minha filha.
— De quem foi a ideia, dela se chamar Lorena? — A olho.
Seus olhos estão vermelhos, por causa do choro.
— Minha mãe e meu pai. Eles eram loucos por esse nome, meu nome
iria ser Lorena, mas meus pais disseram, que quando eles me seguraram pela
primeira vez, o nome Valentina surgiu de repente e que combinava
perfeitamente comigo. — Enxuga suas lágrimas, e cruza os braços. — Então
por eles, minha filha iria se chamar Lorena. Eles ficaram muito emocionados
e choraram ainda mais, quando aceitei a escolha deles.
— Nossa, Valentina, eu nem sei o que dizer — sussurro, também um
pouco emocionado pela atitude dela.
— Eu nunca pensei que um dia tão feliz para nós, iria terminar em uma
tragédia. — Engulo em seco, me preparando. — Nos despedimos dentro do
ônibus, onde eles iriam voltar ao trabalho. Eles não podiam se dar ao luxo de
um dia inteiro de folga. Um dia de folga, seria o dia que não teria o pão.
Faz uma pausa.
— Ao chegar em casa, tia Flor estava estranha, muito estranha. Minha
tia sempre foi de sentir sensações, sejam elas boas ou ruins. E naquele dia, ela
estava muito angustiada. — Ela me olha. — Foi quando o telefone tocou e
recebemos a notícia. — Seu queixo treme. — Que meus pais tinham sido...
atropelados na faixa de pedestre e... morreram no local.
Ela solta um soluço e a abraço forte, enquanto chora em meus braços.
Ela segura minha camisa, chorando muito, soluços atrás de soluços. Theo e
Daniel faz um aceno, perguntando se precisa de alguma coisa e eu nego. Olho
para os lados e vejo que tem um banquinho de cimento, e caminho com ela
até lá. Nos sentamos, e vejo sua maquiagem borrada. Limpo seu rosto com
meus dedos, enquanto ela funga.
— Se não quiser mais falar, eu vou compreender. — Seguro seu rosto,
fazendo-a me olhar. — Ela nega com a cabeça e respira fundo.
— Foi... muito difícil para mim. Acabei perdendo os dois no mesmo dia,
na mesma hora. Fiquei sem chão, completamente em choque. Eu e minha tia
fomos imediatamente até o local, e quando os vi... desabei — coloca alguns
fios atrás da orelha, soluçando sem parar. — Passei mal e fui levada ao
hospital. Eu estava grávida, então todo cuidado era pouco.
Me aproximo dela, e coloco meu braço em seu ombro, fazendo-a deitar
sua cabeça em meu peito, e Valentina abraça minha cintura.
— E o motorista? Foi preso? — Acaricio seu ombro.
— Sim. Estava dirigindo embriagado, não teve escapatória. — Ela
funga. — Eu não tinha condições de preparar o enterro, eu só sabia chorar e
dormir, pelos calmantes que me davam. — Faz uma pausa. — Quem
preparou tudo foi Alicia, Miguel e minha tia. Nossas famílias moravam
distantes e não puderam vir para o enterro, ou não tinha contato algum com
eles, que são muito distantes.
Beijo sua cabeça e acaricio seu braço.
— As únicas pessoas de fora que foram para o enterro, foram Fernando
e Mauricio, mais ninguém. Foi um enterro simples, mas muito significativo.
Mauricio fez questão de fazer o melhor, comprou flores e pagou por tudo.
— Ele é uma boa pessoa — digo sincero.
— Ele é, sim. Ele pode ser um cara errado, faz coisas erradas, mas o
coração dele é bom. Ele nos ajudou muito nessa época e após todo o
ocorrido, foi ele quem conseguiu móveis para Lorena, mesmo usados, mas
arrumou de bom grado. — Ela funga. — Ajudou bastante com tudo. Devo
muito a ele.
— Você tem se comunicado com ele? — pergunto.
— Sim. Nos falamos uma vez por semana. Devo muito a ele.
— E sobre a faculdade? — Ela levanta a cabeça e me olha.
— Eles queriam que eu fosse alguém na vida, queriam que eu saísse do
morro e construísse minha vida. Então eu prometi que iria ser alguém na
vida, por mim e por eles. Eu tinha feito uma promessa de tirá-los do morro.
Mas aconteceu... — Ela trava. — Então eu consegui, passei na universidade e
estou concluindo a faculdade que eu sempre quis fazer.
— Tenho muito orgulho de você. — Beijo sua testa.
Ela sorri e enxugo suas lágrimas.
— Então Dominic, eu irei participar da formatura. — Sua voz sai firme
e meu coração acelera. — Irei por eles. Todo meu esforço foi por eles e pela
minha filha, por eles, irei nessa formatura. — Ela me olha. — Você quer ir?
— Abro um sorriso enorme e assinto.
— Estarei lá.
— Para onde você vai? — Demétrio me pergunta.
Saímos do elevador e verifico a hora no relógio em meu pulso.
— Valentina fará sua apresentação na faculdade, onde os melhores
médicos estarão presentes. Farei uma surpresa para ela — informo.
— Tudo bem. Vou resolver aquele negócio que me pediu. — Me olha.
— Peça para que esteja tudo pronto para amanhã, à uma hora — peço.
— Está bem. Qualquer coisa envio uma mensagem para você.
— Grazie, Fratello[25]. — Aperto seu ombro.
Ele assente e vou até Daniel, que está com a porta da SUV aberta. Entro
e seguimos para a faculdade de Valentina. Pelo que ela me disse, ela e sua
colega de faculdade, foram selecionadas para fazer uma última apresentação,
na frente de muitas pessoas importantes.
Semana que vem, será a gravação do clip, e ela está bem ansiosa. Mas
pelo pouco que conversamos a respeito, ela está preparada, e isso me
tranquiliza um pouco. Ela tem falado constantemente com Hannah e Manu,
que são acostumadas com câmeras, gravações..., até Miguel e Alicia estão
ajudando-a.
Daniel estaciona em frente à faculdade. Desço do carro e Theo vem até
mim.
— Quer que eu entre? — pergunta.
— Não precisa. Mas se quiser, pode ir. — Dou de ombros e verifico a
hora em meu relógio. — Preciso entrar, em vinte minutos começa.
Ele assente e viro-me para entrar. Ao passar pelos portões junto com
Theo, com olhares curiosos sobre mim, não me intimido e sigo em frente,
adentrando no grande prédio, seguindo pelos corredores, ando até o pátio da
faculdade. A parte de trás da faculdade aparece e vejo o quão lotado está. Não
tem muitas cadeiras sobrando, mas isso não importa. Ficarei de pé, vendo
minha namorada dar um show.
Andamos e ficamos de frente para o palco, onde tem duas cadeiras
vazias, que não tínhamos visto. Estamos na segunda fileira, na ponta, onde
ela poderá me ver. Sento-me ao lado de Theo, abrindo meu paletó e cruzo as
pernas. Logo ela aprece, subindo no pequeno palco projetado, trajando uma
calça jeans clara, com uma blusa de botões e sapatilhas.
Sorrio orgulhoso.
Ela veste o jaleco, e fala algo com sua colega que apresentará o trabalho
com ela, que também está de jaleco. Um rapaz vai até elas e as ajuda a pôr o
microfone em suas roupas, para todos poderem escutar perfeitamente.
Não demora muito, até que elas se apresentam e todos batem palmas,
inclusive eu. A apresentação se inicia, e todos ficam atentos. Na primeira
fileira, só vejo médicos renomados e dois de fora, que já os vi em sites.
Valentina explica, tira dúvidas, mostra..., tudo com cuidado, cautela e firmeza
em suas respostas. Percebo que os médicos fazem perguntas dificílimas,
talvez para testá-las e ver se estão se saindo bem.
Valentina dá um show, e não tiro meu sorriso dos lábios, estou
completamente orgulhoso dela. Noto que Theo me olha de soslaio, surpreso
pela tamanha firmeza e inteligência dela. Tudo foi equipado com cuidado,
vejo várias pessoas com câmeras em mãos, tirando fotos, talvez para o site da
faculdade, mas muitas pessoas já sabem que ela será a nova garota
propaganda da minha empresa e dos meus irmãos, talvez alguns deles sejam
paparazzi.
Vejo os médicos bastante concentrados e escuto alguns médicos falarem
muito bem da minha menina. Cada dia que se passa, eu sinto mais orgulho
dela. As horas se passam, e penso que ela vai falhar, ou cansar, mas ela está
mais firme do que antes. Olho a hora em meu relógio e vejo que são cinco
horas. Todos batem palmas, quando finaliza a apresentação. Sou o primeiro a
levantar e bato palmas atraindo sua atenção, e quando ela me vê, meu coração
acelera. Valentina me olha surpresa e logo abre um largo e lindo sorriso.
Espero todos irem falar com ela, e demora uma eternidade. Ela recebe
vários parabéns pela perfeita apresentação, onde os médicos vão prestigiá-la.
Após todo mundo falar com ela, me aproximo aos poucos e ela sorri, vindo
até mim.
Eu a abraço forte, sentindo seu cheiro doce.
— Estou muito feliz por você estar aqui. — Seus olhos ímpares me
fitam.
— Quis fazer uma surpresa. — Sorrio.
— Adorei, Nick. De verdade. — Ela sorri e olha para Theo, que aperta
sua mão.
— Você foi espetacular, meu anjo — digo sincero.
Ela retira o jaleco e o pendura no braço.
— Eu estava muito nervosa. — Passa a mão na nuca. — Tremendo
muito, um frio na barriga interminável.
— Mas você se saiu muito bem. Meus parabéns. — Theo a elogia, com
um sorriso.
— Obrigada, Theo. — Agradece, gentilmente.
— Então... — Alguém nos interrompe.
— Olá, Valentina Mendes. — Um rapaz alto se aproxima de nós.
Valentina se vira e fita o homem.
— Sou Renato Boaventura, tudo bem? — Estende sua mão.
— Tudo, e com o senhor? — Ela sorri, apertando sua mão.
— Vou bem. — Ele sorri para ela e me olha, estendendo sua mão. —
Prazer em finalmente te conhecer, Dominic D’Saints.
— O prazer é meu, Renato Boaventura. — Aperto sua mão.
— Vi sua apresentação e fiquei impressionado, uma moça tão jovem
comandou uma boa parte da apresentação — fala para minha namorada.
— Estudei e me esforcei muito para isso — diz, simpática.
— Estou à procura de pessoas como você, uma pessoa esforçada e que
ama o que faz. — Ela o olha sem entender. — Eu sou o atual dono do
Hospital Márcio Boaventura, e gostaria muito que trabalhasse no meu
hospital.
Valentina me olha completamente surpresa e vejo felicidade em seus
olhos. Renato Boaventura é bisneto do Márcio Boaventura, que fundou o
hospital no Leblon, hoje é um hospital de alto padrão social, com destaque
em excelência em diversas especialidades, entre elas a fisioterapia. Esse
hospital é muito almejado, a maioria entra por indicação, porque são poucos
os que passam pela fase de contratação. Lá é jogo duro, fica quem é
competente, e Valentina é totalmente competente.
— Minha nossa! Ai, meu Deus! — Fica eufórica.
Ela abraça o Renato, que se assusta, mas a abraça. Ao se afastar, ela
enxuga as lágrimas que desceram em seu rosto, tentando se recompor.
— Oh, meu Deus! Me desculpe, eu não tive intenção. — O olha,
nervosa.
Renato nega com a cabeça, sorrindo.
— Imaginei que teria essa reação. Não se preocupe, que minha decisão
ainda está valendo. Então, você quer entrar para um dos hospitais mais
renomados do Brasil? — Renato a olha.
Olho para Valentina, que já está chorando de felicidade.
— Com certeza. — Lágrimas caem em seu rosto.
Puxo-a para um abraço. Porra, eu tenho muito orgulho dela! Ela se
afasta um pouco e olha para Renato, se recompondo.
— Você vai fazer alguma pós-graduação? Tem algo em mente? —
Renato pergunta.
— Sim. Quero fazer traumato-ortopédica — ela responde. — Quero
fazer online, mas com algumas aulas presenciais. Mas eu quero fazer outras
pós-graduações.
— Isso é muito bom. Muitas pessoas estão procurando fazer a pós-
graduação online, apenas com algumas aulas presenciais. Procurei saber com
alguns alunos aqui, e obtive a mesma resposta. — Ela assente.
— É mais fácil para se adaptar enquanto está trabalhando — explica.
— Pois é, mas me passe seu telefone que entrarei em contato com você
— Renato pede.
Tira de seu terno um bloquinho pequeno e uma caneta, entregando à
Valentina, que anota seu número e devolve para ele.
— Estarei na formatura, entregando seu diploma. Até mais, Valentina.
— Ele aperta a mão dela e me olha. — Até mais, D’Saints.
Aperto sua mão, firme. Após se afastar, Valentina se joga em meus
braços mais uma vez.
— Tenho muito orgulho de você — sussurro em seu ouvido.
Ela me olha, com seus olhos marejados.
— Estou tão eufórica, tão feliz... Nem sei explicar. — Faz gestos com as
mãos.
— Eu só sei que teremos o final de semana inteiro para comemorar. —
Sorrio.
— Para onde vamos? — Me olha, curiosa.
— Surpresa. — Pisco o olho.
Capítulo 30
Minha formatura está sendo tão perfeita, tão linda, tão... são tantas
palavras para expressar esse momento. Tudo está perfeito, como sempre
sonhei. Todas as pessoas que eu amo estão aqui comigo, vendo minha
felicidade transbordar. O momento mais especial para mim foi quando peguei
meu diploma, senti algo, um calafrio, não sei. Mas eu senti mãos tocarem as
minhas quando eu peguei meu diploma, e pude sentir que eram meus pais.
Eles estavam comigo, distantes, mas estavam, eu senti isso. Os senti ao
meu lado enquanto eu fazia meu juramento, e cada lugar desse local. E isso
está me deixando tão bem, que me diverti como se eles estivem realmente
aqui, se divertindo comigo. Tudo isso é por eles e minha filha, que não para
de rir dançando com os irmãos de Dominic na pista de dança. Não sei o que
tanto Dominic fala com minha tia Flor. Eles estão sentados na minha mesa,
falando coisas que não consigo escutar e entender.
Volto a dançar com as meninas, que não param um minuto. O jantar
começa a ser servido, mas não estou com fome, quero aproveitar cada minuto
dessa formatura. Só me formarei uma única vez, na profissão que sempre
sonhei, então sim, irei aproveitar o máximo que eu posso. Estou muito suada,
descabelada e descalça, sem me importar com nada.
Lorena não para um minuto, de tão animada que está. Miguel, Demétrio
e Dimitri estão bem ocupados com ela, fazendo-a gritar e sorrir de felicidade,
e vê-la desse jeito, me deixa muito feliz. Hannah, Alicia, Manu e Helena vão
para mesa comer algo, e beber. Dominic vem até mim, quando começa a
tocar uma música lenta e romântica. Ele me puxa para pista e começa a
dançar comigo.
— Saiba que estou muito orgulhoso de você. — Fala no meu ouvido.
Deito minha cabeça em seu ombro, ainda dançando com ele.
— Também estou muito orgulhosa de mim — digo, com a voz
embargada.
Ele me afasta e me olha.
— Não precisa chorar. — Enxuga uma lágrima solitária.
— É de felicidade. — Fungo, não querendo chorar.
Ele assente e volta a dançar comigo. Ficamos um tempinho assim,
aproveitando as músicas lentas que tocam uma atrás da outra, sem pararmos
de dançar. Eu quero aproveitar cada minuto com ele, até a minha volta de
Milão.
Capítulo 36
Desço as escadas, vendo minha mãe sentada no sofá, lendo uma revista
de moda, que Manuela está na capa. Ela me olha e se levanta, colocando a
revista no sofá.
— Vai para o aeroporto buscá-las? — pergunta.
— Vou sim. Já devem estar chegando. — Olho o relógio no meu pulso.
— Então vá logo, a torta de morango já está pronta, esperando por elas.
— Ela sorri.
Beijo sua bochecha, pego minha SUV na garagem e sigo para o
aeroporto, com Theo e Daniel em outro carro atrás de mim. Alguns minutos
depois, chegamos no aeroporto e fomos procurá-las. Não demora muito, até
que encontramos Valentina, Lorena, dona Flor, Alicia e Miguel, sentados no
banco, nos esperando.
Lorena me vê e sai do colo de Valentina toda eufórica, correndo até
mim. Com um sorriso grande nos lábios, me agacho e a coloco em meus
braços abraçando-a forte, morrendo de saudades.
— Estava com saudades, papà[26]. — Beija minha bochecha.
— Também estava com muita saudade, minha filha. — Sorrio,
abraçando-a.
Vejo o pessoal se aproximando, carregando as malas. Vou até Valentina
que está com um sorriso nos lábios e me abraça. Beijo seus lábios, morto de
saudades dela. Logo nos afastamos e cumprimento Alicia, Miguel, e depois
dona Flor.
— Como foi a viagem? — pergunto.
— Estou louca para esticar minhas pernas — Alicia fala, arrastando sua
mala.
— Para mim, foi tranquilo, mas cansativo. — Miguel aperta minha mão.
— Tudo perfeito, mas tenho que concordar com Alicia, preciso esticar
as pernas. — Dona Flor sorri para mim e sorrio de volta.
Segurando a mão de Valentina e com Lorena em meu braço, seguimos
para o carro com Theo. Colocamos as malas nos carros, e seguimos para
minha casa. Valentina não para de olhar a janela, vendo tudo de Milão passar
por ela. Ela nunca tinha saído do Brasil, então é novidade para ela.
Não demora, e logo chegamos na mansão e estacionamos os carros em
frente à entrada da casa. Descemos e logo meus pais aparecem com grandes
sorrisos, vindo cumprimentar a todos. Meus irmãos aparecem em seguida,
cumprimentando a todos e nos ajudando a colocar as malas dentro de casa.
— Nossa, a casa de vocês é linda. — Valentina olha o interior da casa.
— Realmente. Que casa, Michele — dona Flor elogia.
— Obrigada, querida. — Minha mãe agradece.
— Vocês devem estar cansados. Por que não sobem para seus quartos
para descansarem um pouco? — Meu pai sugere.
— Estou precisando — dona Flor fala, envergonhada.
— Então vamos subir para mostrar seus quartos. — Demétrio chama.
Ajudamos a subir com as malas, Demétrio leva Alicia e Miguel para
seus quartos e eu levo dona Flor até o dela.
— Aqui é o seu. Pode ficar à vontade. — Deixo sua mala encostada na
parede.
— Nossa, o quarto é muito grande. — Dona Flor olha todo o quarto.
— Fique à vontade. Aqui tem um pequeno closet para deixar suas
roupas organizadas enquanto estiver aqui, um banheiro com uma banheira se
quiser usá-la. — Ela assente. — Lá tem todos os produtos de higiene que vá
precisar, qualquer coisa é só pedir.
— Que nada, menino. Para mim é mais que o necessário. — Ela sorri.
— Vovó, eu quelo domi com a senhola nessa cama gigante. — Lorena
sobe na cama.
Sorrio vendo-a pular na cama.
— Desce daí menina. Quer se machucar? — Dona Flor vai até ela.
— Deixa, vovó! — ela insiste.
— Deixo sim, sente nessa cama, para não se machucar. — Dona Flor a
pega pelo braço, sentando-a na cama.
— Vou levar Valentina para o quarto. — Me despeço.
Saio do quarto, fechando a porta e sigo pelo corredor, vendo Valentina
encostada na parede.
— Oi! — Ela me olha e sorri. — Sua tia e Lorena já estão no quarto.
— Obrigada. — Me abraça.
— Venha, vamos para meu quarto. — Pego sua mala, arrastando-a.
— Seu quarto? — Ela me olha.
Assinto. Nunca ninguém entrou em meu quarto, nem mesmo Emily. As
únicas pessoas que entraram foram Manu, Hannah, minha mãe e Betânia,
mais ninguém, fora meus irmãos e meu pai. E eu quero muito que Valentina
entre, e que deite na cama comigo. Ao abrir a porta, dou espaço para ela
entrar e entro em seguida.
Arrasto sua mala para o canto da parede, vendo-a olhar todo meu quarto
com cautela, cada detalhe. Meu quarto é grande, totalmente espaçoso. Ela
retira o casaco e pendura em seu braço.
— Gostou? — Fecho a porta.
Ela se vira e me olha.
— Muito bonito. — Me dá um sorriso. — Esse é mais bonito do que o
do Rio.
Coloco as mãos nos bolsos.
— Gosto mais desse, porém o outro se tornou especial. — Me aproximo
dela.
— Por quê? — pergunta.
— Porque você esteve lá, em cada canto. — Me aproximo dela e seguro
seu rosto. — Você encostou, se sentou em cada lugar. Fizemos amor em cada
canto daquele quarto — sussurro em seus lábios.
Ela apoia suas mãos em cima das minhas que estão em seu rosto.
— Posso ficar em cada canto daqui também, se quiser. — Morde meu
lábio.
— Pode apostar que sim. — Dou um sorriso.
Segurando seu rosto, aproximo mais nossos lábios e lhe dou um beijo,
um beijo lento, sem pressa, mas cheio de paixão e amor. Dou um selinho
nela.
— Vamos, que minha mãe quer que vocês provem da sua torta de
morango. — A chamo.
Ela assente com um sorriso e saímos do quarto de mãos dadas.
Saio do quarto com Dominic segurando minha mão, olho o corredor
com vários quadros caríssimos, um tapete elegante na cor vinho com alguns
detalhes dourados, que não sei bem o que é. Passamos pelo quarto de tia Flor,
que não está mais no quarto com Lorena e descemos as escadas.
A casa é linda demais, muito chique, a mansão em si, é bem moderna,
mas o exterior é bem característico da arquitetura que Milão oferece, que é
linda demais. O interior da casa é super moderno, com móveis, lustres e
objetos modernos, que deixam a casa belíssima.
— Querida, eu fiz uma torta de morango para todos vocês, espero que
gostem. — Michele segura minha mão e me arrasta para a cozinha.
E... uau, a cozinha é um espetáculo. Um chefe de cozinha iria babar,
nunca mais iria querer sair daqui. Ela é enorme, com diversos armários, os
eletrodomésticos todos em inox, embutidos nos armários, um fogão daqueles
de mesa que eu acho super chique no meio do balcão da ilha da cozinha, ao
lado uma pia lindíssima com uma torneira comprida dourada, que não duvido
ser de ouro, tudo em mármore com detalhes dourados, que combina
perfeitamente com os móveis marrons.
— Acho que gostou da cozinha — ela comenta, com um sorriso.
— Nossa..., é muito linda.
— Muito obrigada! — Ela tira a torta da geladeira. — Betânia querida,
leve tudo para a mesa do jardim, que vamos para lá, por favor.
Betânia assente e se retira pegando a torta e mais duas pessoas a ajudam
a levar os talheres, copos, xícaras, pratos..., parece que vamos ter um
banquete.
— Vamos, que a casa é grande e quero te mostrar tudo. — Michele
sorri.
Entrelaçamos nossos braços e saímos da cozinha, andando por toda a
casa, vendo tudo, cada cômodo, cada objeto, quadros..., tudo mesmo, e a casa
dela realmente é bonita. Descemos alguns degraus e olho o grande jardim da
casa.
— Eu e Nathaniel temos uma empresa de arquitetura moderna, com sede
aqui em Milão, na França e em New York. — Assinto, enquanto andamos
pelo jardim. — Quando compramos essa casa, eu sentia que faltava algo
dentro dela, e arquitetei tudo dela. Os meninos não se importaram, e me
deram carta branca para fazer o que eu quisesse.
— A senhora fez um bom trabalho. — Sou sincera. — Sua casa é linda.
E esse jardim? Lindo demais.
— Obrigada, querida. — Ela sorri para mim. — Mais pra frente, tem um
pequeno lago com uma ponte linda sobre ele. Temos um orquidário também.
Uma quadra de tênis, futsal e uma piscina. Mas o tempo não está tão
favorável, para ficarmos expostos, mas se quiser, temos uma piscina interna,
aquecida.
— Uau! Nossa, tem tudo isso aqui? — A olho surpresa.
— Ainda falta a garagem subterrânea, onde os meninos guardam suas
coleções de carros. Com certeza Dominic irá lhe mostrar. — Ela pisca o olho.
— Dominic tinha me falado em algum momento sobre a coleção de
carros — comento.
— Os três fazem. A garagem subterrânea está repleta de vários carros,
você vai ficar de boca aberta. — Ela sorri.
Sorrimos e vejo Dominic andando com tia Flor mostrando a casa a ela, e
vamos até eles.
— Gostou da casa, Flor? — Michele pergunta.
— Muito bonita sua casa. — Tia Flor sorri.
— Então vamos provar agora minha torta. — Dona Michele nos puxa, e
vejo Dominic sorrir.
Andamos para uma mesa no jardim, com mais de dez cadeiras e uma
grande mesa redonda, e logo vejo Dimitri correndo de Lorena, que corre até
ele, tenta, na verdade. Sorrio e ela chega ofegante perto de mim.
— Tio Dimi é chato, nem me deixou pegá ele — faz bico.
— E eu iria deixar você me pegar, principessa? — Dimitri aperta o nariz
dela e ela sorri.
Nos sentamos todos, logo Alicia e Miguel aparecem acompanhados de
Demétrio e Nathaniel e todos se sentam e começamos a comer a torta de
morango, que está gostosa demais. O café está uma delícia também, e tem
uns biscoitinhos, que Lorena acaba comendo todos.
— Agora eu sei que a principessa gostou desses biscoitos, vou fazer
todos os dias enquanto estiver aqui. — Michele dá um sorriso.
— Bigado tia Michele, é gostoso — Lorena fala de boca cheia.
— Sem falar de boca cheia, querida. — Limpo sua boca.
Ela assente e volta a comer. Ficamos um bom tempo comendo, até que
Manu chega com Hannah, que estava em New York e nós a recebemos com
sorrisos e abraços. Manu já foi logo me convidando para ser uma de suas
madrinhas ao lado de Dominic, que aceita de imediato. Fico feliz demais,
nunca fui a um casamento, e na primeira vez que irei, serei madrinha, e
Lorena daminha de honra.
Capítulo 37
Estou andando com Nick pelo jardim, onde ele me mostrou a quadra de
tênis, e a de futsal, que são enormes. O orquidário é lindo, fiquei encantada, e
a piscina enorme, com uma cozinha gourmet maravilhosa. O jardim é lindo
demais. O pequeno lago também, é pela ponte onde temos acesso à quadra de
tênis e futsal. As árvores são lindas, as plantas com flores coloridas e a grama
bem cuidada, bem verdinha, com mangueirinhas rodando, molhando tudo ao
redor.
— Poderíamos nadar na piscina interna da casa. O que acha? Ela é
aquecida. — Nick sugere.
— Não trouxe biquínis para mim e Lorena. — O olho.
— Vamos fazer assim. — Ele para e me olha. — Amanhã, como está no
meu cronograma levar vocês para conhecer Milão, podemos passar em
alguma loja e comprar.
— Vou conhecer Milão? — Me empolgo.
Ele sorri e beija meus lábios.
— Com certeza. Amanhã vamos passar o dia fora, não sei se dona Flor
vai querer ir, mas eu quero muito levar você e Lorena. — Entrelaça nossos
dedos e voltamos a andar.
Sorrio e assinto. Entramos na casa e seguimos por um corredor, e ao
abrir a porta, vejo que é uma biblioteca, repleta de livros em enormes estantes
nas paredes, uma grande mesa, com algumas cadeiras confortáveis.
— Nossa, são muitos livros. — Paro no meio da biblioteca.
Vejo Dominic ir até uma estante, e afastar alguns livros para os lados.
— O que está fazendo? — Me aproximo dele.
— Vou te mostrar o meu lugar favorito da casa. — Ele sorri.
Assinto e o vejo encostar toda a sua mão em um painel atrás dos livros,
que no início fica vermelha e logo fica verde. Escuto algum lugar ser
destrancado, e uma porta na estante é levemente aberta.
— Uma parede falsa? — aponto, surpresa.
Ele estende sua mão e eu a seguro. Ele abre mais a porta e entramos
nela, vendo tudo escuro. O vejo colocar sua mão mais uma vez no painel na
parede, onde a porta atrás de nós se fecha e uma luz é acesa. Descemos as
escadas e outra porta é aberta automaticamente.
Passamos pela porta, e vejo o local todo escuro.
— Espere aqui. — Escuto-o falar.
Fico calada, e o espero. Vejo uma luz verde no painel, que dá para ver o
reflexo de Dominic ao digitar uma sequência de números e as luzes do teto
sendo ligadas em sequência.
Abro a boca, totalmente surpresa com o que eu vejo.
— Oh, meu Deus! — coloco a mão na boca.
Vejo diversos carros, de várias cores, de vários modelos, algumas
SUV’s, conversíveis e esportivos, tudo lado a lado, tudo certinho. As cores
também, a sequência de carros pretos de vários modelos, na cor amarela
também, vermelho, cinza... Minha nossa!
— Bem que você disse que coleciona carros. — O olho, ainda em
choque.
Ele sorri e se aproxima de mim, com as mãos nos bolsos.
— O que esperava? — perguntou, com um sorriso.
— Um quarto vermelho, igual ao do Christian Grey? — Brinco,
sorrindo.
— Olha, o quarto vermelho eu ainda não tenho, mas posso providenciar,
se quiser. — Ele pisca o olho. — Mas tenho diversos acessórios, você usou
alguns lá no Rio e gostou bastante deles.
Coro imediatamente ao me lembrar de cada um que usamos em sua
cobertura. Ele puxa minha cintura e beija meus lábios. Nos afastamos e me
aproximo mais dos carros. Nossa, são muitos carros.
— Quantos carros tem aqui? — pergunto.
— Em torno de cem, eu acho. — Dá de ombros.
— Minha nossa, Dominic. São muitos carros. Você já usou todos? — O
olho.
— Não todos. Mas nem todos são meus. — Ele sorri. — A primeira
fileira lá atrás é a minha. Do meio é de Demétrio e essa última aqui é de
Dimitri.
Assinto, ainda chocada com todos esses carros. Ele me chama e eu o
acompanho. Vejo uma parede, com um armário grande de vidro, onde tem
diversos troféus de corrida de carro.
— Você já participou dessas corridas? — Me aproximo do armário,
vendo os troféus.
— Sim. Nós três participamos muito, mas já faz alguns meses que não
participamos — ele explica.
— Quando foi a última vez que você correu?
— Foi no início do ano passado, mas paramos porque tínhamos muitas
coisas na empresa para serem resolvidas. — Assinto.
Ele se aproxima do armário e tenta abri-lo, mas quando ele tenta uma
próxima vez, um som de alarme ecoa no lugar e luzes vermelhas começam a
piscar.
— Esqueceu a senha, de novo, Dominic? — Uma voz soa no local.
Olho para os lados e não encontro ninguém, e logo reconheço a voz de
Theo no alto-falante.
— Esqueci, Theo — Dominic grita.
— Pela... sei lá quantas vezes? Desde o início que você esquece —
Theo fala.
Escondo um sorriso ao ver Dominic fazendo careta.
— Saiba que estou vendo sua cara feia fazendo careta — Theo fala de
novo.
Começo a sorrir.
— Eu sei que está vendo, mas eu sei que você me ama. — Dominic sorri
e vai até o painel, para destravar o armário.
— Destranque logo isso aí, antes que eu bloqueie geral e deixe você
preso, aí dentro — Theo diz.
— Valentina está aqui — Nick grita.
— Garanto que ela não vai reclamar de ficar presa aí dentro com você.
Não é, Valentina?
— De maneira alguma, Theo — falo um pouco alto, com sorriso.
— Olha aí. Não se esqueça — Theo avisa.
— Và bene, Theo. — Dominic sorri.
Theo não fala mais, mas escuto seu sorriso abafado. Dominic me olha e
sorri.
— Venha, vou te mostrar nossos troféus. — Me chama.
Capítulo 38
Chegamos ao hotel do Aaron faz algumas horas, acho que umas duas
horas, mais ou menos, e eu disse a Valentina que vamos jantar fora. Quero
fazer uma grande surpresa para ela, que acho que vai gostar. Eu tinha
combinado com meus pais para que eles ficassem com dona Flor e Lorena
hoje, para irem jantar fora, ou no hotel mesmo, enquanto levo Valentina para
jantar.
Estou de pé, com as mãos no bolso da minha calça social em frente à
janela, vejo claramente a Torre Eiffel, iluminando um pouco o quarto. Estou
ansioso, não sei se ela vai gostar do vestido que mandei Pierre fazer para ela
usar hoje. Valentina não provou, apenas com as medidas que ele tirou, fez o
vestido.
Escuto a porta do closet ser aberta e sinto o cheiro do seu perfume, que
me faz fechar os olhos e respirar fundo, inalando o cheiro. Viro-me e meu
coração acelera. Ela é absurdamente linda. Perfeita demais. O vestido caiu
super bem nela. Um dress perfeito, todo justo que vai até os joelhos, de alças
finas e decote reto. Os saltos do Christian Louboutin na cor bege com o
famoso solado vermelho, deixou suas pernas lindas, torneadas e longas, o
diferencial dele é a abertura na lateral interna dos pés, que deixam as curvas
internas dos seus pés livres e que talvez não aperte tanto.
Seus cabelos estão lindos, e ondulados, caem em forma de cascatas. Pedi
um dos serviços do hotel, um cabeleireiro para ajeitar seu cabelo e a maquiar,
caso ela quisesse. Sua maquiagem está simples, deixando sua beleza natural à
mostra.
— Você está linda. — A olho de cima a baixo. — Perfeita.
Ela cora e sorri, tímida.
— Dá uma voltinha para mim? — peço.
Ela assente e gira lentamente, onde posso ver que o vestido ficou lindo
nela, e deixou sua bunda maior e mostra perfeitamente sua cintura fina.
Valentina nunca gostou de praticar exercícios físicos, mas seu corpo é
perfeito assim, perfeito para mim.
— O que achou? — pergunta.
— O que você achou? — Devolvo a pergunta, me aproximando dela.
— Estou me sentindo sexy com esse vestido colado — diz, sincera e
assinto em concordância.
— Demais. Mas era essa a minha intenção, fazer com que você se
sentisse sexy e confiante nele. — Beijo seus lábios.
— Obrigada. — Sorri.
— Cadê seu sobretudo? — pergunto.
— Ali! — ela aponta.
Vejo seu sobretudo preto pendurado na poltrona, pego e a ajudo a
colocar. Ela fecha o cinto de tecido fazendo um nó bem feito e solta seus
cabelos por cima dele. Pego o meu e o visto, estendo minha mão, ela pega
sua bolsa e saímos do quarto.
Ao sairmos do hotel, andamos tranquilamente em direção à Torre Eiffel,
seria perfeito aqui, mas não, será apenas nós quando voltarmos. Ela olha tudo
ao redor, vendo tudo iluminado e perfeito. Realmente, a torre é perfeita à
noite. Ela me olha intrigada.
— Vamos subir? — Ela me olha, com um brilho nos olhos.
— Vamos jantar na torre, amor. — Dou um sorriso.
Ela arregala os olhos e entramos no elevador. O elevador para no
segundo andar e vamos direto para o Le Jules Verne, um dos melhores
restaurantes da Torre Eiffel. Somos muito bem recepcionados e guiados até a
mesa onde reservei.
Ao chegarmos na nossa mesa de dois lugares, ao lado da janela, ajudo a
tirar seu sobretudo e arrasto sua cadeira para ela se sentar e me sento à sua
frente. Somos servidos com uma taça de champanhe como entrada.
— O que quer? — Pergunto.
Ela engole em seco, sem saber o que pedir.
— Peça. Você sabe do que eu gosto.
Assinto e tomo a liberdade de pedir dois pratos iguais, e um vinho
branco que combinará perfeitamente com o prato. Após o rapaz se afastar,
volto minha atenção a ela, que está olhando a vista linda que tem daqui de
cima.
— Gostou? — Seguro sua mão, sobre a mesa.
Ela me olha e me dá um sorriso lindo.
— Eu não sabia que tinha restaurante aqui na Torre. Aqui é muito lindo,
Nick. — Volta a olhar a vista.
— Aqui é lindo mesmo. Muitos casais devem vir aqui — comento e dou
um gole no champanhe.
— É lindo demais, meu Deus. Nunca pensei que viria aqui. Nunca
pensei que viria à Paris — fala com um sorriso.
— Que bom que fui eu a proporcionar tudo isso. — Acaricio sua mão,
com meu polegar.
— Obrigada, Nick. Eu nunca pensei que um dia eu poderia sair do Brasil
e vir para outro país. — Seus olhos ficam marejados.
Levanto-me e pego minha cadeira colocando ao seu lado e me sento,
passo meu braço em seu ombro e puxo seu queixo para um beijo demorado,
acariciando seu rosto. Ela apoia sua mão em meu braço, retribuindo o beijo.
— Não precisa me agradecer..., só fique comigo. — Dou outro beijo
nela.
Ela sorri e acaricia minha mão.
— Minha tia e Lorena, ficaram com quem? — Dá um gole no seu
champanhe.
Pego minha taça e dou um gole.
— Ficaram com meus pais. Antes de sairmos, meu pai me enviou uma
mensagem dizendo que iria para um restaurante do amigo dele, e que iriam
jantar lá — informo.
— Entendi. Você vem muito à Paris? — me pergunta.
Acaricio seu ombro com meu polegar.
— Sim e não. Venho a trabalho, e às vezes venho quando Manu recebe
alguma proposta de desfile, ou algo do tipo — respondo e ela assente.
Somos interrompidos quando o garçom reorganiza a mesa e coloca
nossos pratos e nos servem com o vinho e deixa a garrafa gelando. Me afasto
só um pouco e começamos a comer.
— Manu vai morar com vocês na mansão? — Valentina me olha.
Termino de engolir a comida e dou um gole do vinho.
— Estamos com um projeto, não sei se minha mãe lhe contou.
Queremos morar aqui em Paris. Comprar quatro casas, uma ao lado da outra,
ou de frente — explico.
— Ah, sim, entendi. Um pequeno condomínio, não é? — Toma seu
vinho.
— Sim. Mas se viermos para Paris, nossa sede vem para cá. Eu e meus
irmãos estávamos conversando sobre isso, e o melhor seria a sede aqui.
Como você sabe, temos a sede em Milão e duas lojas por lá, e aqui temos três
lojas espalhadas, aqui vendemos muito mais, e com a sede aqui, seria muito
bom.
— Sim. Paris é bem visitada — comenta.
— Muito, e isso iria ajudar muito a empresa — afirmo.
— Pretende abrir novas filiais? — Me olha.
— Em Cancún e Los Angeles — respondo. — Temos uma casa em Bel
Air, em Los Angeles. — Ela assente. — Mas tínhamos outros lugares na
frente, como o Rio. A gente tinha ido para lá antes do meio do ano, pouco
depois do carnaval, para vermos o local, funcionários..., tudo para quando
voltarmos estar tudo certinho.
— E como estão as vendas de lá? — Mastiga sua comida.
— Bem lucrativas. Não esperávamos muito, mas estamos tendo um
retorno significativo. — Dou um sorriso.
— Que bom! — Ela sorri.
— E como vai ser com o seu trabalho? — Sondo-a.
Ela fica calada por um bom tempo e me olha.
— Irei aceitar o trabalho que Renato ofereceu, no hospital — responde e
isso me deixa triste. — Enquanto eu estiver trabalhando por lá, irei fazer a
minha pós-graduação online e quem sabe, depois eu abro o meu consultório?
— No Rio? — A olho, com certa esperança.
Ela me olha e assente, triste.
— É onde eu moro.
Capítulo 40
Não é possível, acho que estou sonhando, só pode. Valentina está aqui,
na minha frente, na minha casa, em Milão, com um sorriso lindo nos lábios.
Fecho a porta sem tirar os olhos dela, e posso ver que ela está diferente. Seu
cabelo está na altura dos ombros, antes era comprido, agora está curto,
deixando-a mais jovem e mais linda. Desço meu olhar pelo seu corpo,
notando que está mais magra. Veste uma calça jeans, um suéter e um coturno
sem salto, do jeito que ela gosta.
Será que ela voltou para mim? Que desistiu da ideia louca de preservar
minha imagem e se importar apenas com o nosso amor e a família que
poderemos construir? Meu coração acelera e sinto uma felicidade imensa,
que mal cabe em mim.
— É o que eu estou pensando? — Me aproximo dela.
Ela assente e enxuga as lágrimas que descem.
— Eu quero... — A interrompo e a beijo.
Seguro seu rosto sentindo seus lábios macios. Como eu senti falta deles.
— Não precisa dizer nada — sussurro em sua boca.
— Preciso, Nick. — Ela segura meus braços e me olha. — Eu quero te
pedir desculpa por tudo que fiz. Eu fui uma burra, mas eu só estava pensando
em você e na Lorena.
— Está tudo bem. — A abraço. — Agora você está aqui, comigo.
— Me desculpa. — Ela funga.
— Claro que desculpo você, meu amor. Eu amo você. — Beijo sua
cabeça.
— Amo você. — Me abraça mais forte.
Um sentimento de alívio passa por todo meu corpo, que eu nunca tinha
sentido antes. Ficamos um bom tempo assim, aproveitando a companhia um
do outro. Senti muito sua falta. De cada toque, cada sorriso, cada olhar. Seu
cheiro... Nossa, eu preciso dela todos os dias.
— Eu não podia ficar mais um dia sequer, longe de você. — Ela me fita.
— Me perdoa, amor. Me perdoa por ter feito você sofrer, por ter rejeitado seu
pedido de casamento e de querer registrar Lorena. — Lágrimas escorrem em
seu rosto, e eu as limpo com meu polegar, sentindo as minhas escorrem em
meu rosto. — Estava tentando agir da maneira certa, mas eu vi que estava
errada.
— Agora você está aqui. — Fito seus olhos ímpares, que eu amo
demais. — Vamos construir nossa vida, nossa família.
Ela sorri e eu beijo seus lábios, eufórico.
— Espera, você veio sozinha? — Me afasto para olhá-la.
— Lorena está lá embaixo, comendo os biscoitinhos da sua mãe. — Ela
sorri.
Sorrio e puxo sua nuca para um beijo cheio de amor.
— Eu te amo tanto — sussurro em seus lábios. — Fiquei mal quando
você foi embora. Foi horrível passar todo esse tempo sem você, sem te sentir,
sem te tocar, olhar para você.
— Pra mim também não foi nada fácil, Nick. Eu me sentia culpada a
cada dia, por ter tomado uma decisão errada e por ter feito você sofrer. Não
queria ter feito isso, eu estava apenas tentando cuidar da sua reputação, mais
nada.
— Meu amor, o que eu mais quero na minha vida, é ter você e Lorena
comigo, sempre. — Acaricio seu rosto.
Ela assente com um sorriso.
— Eu recusei o trabalho no hospital. — Me olha.
— Como assim? Você recusou a grande oportunidade que sempre quis.
— A olho.
— Sim, eu recusei. Não faz mais sentido para mim, Nick. Não adianta
ter o emprego que eu sempre quis, e não ter o homem que amo ao meu lado.
— Seus olhos brilham. — Minha vida não é mais no Rio, minha vida é aqui,
em Milão, ao seu lado.
Sorrio, sentindo meu coração se encher de alegria.
— Cadê suas coisas? — pergunto, eufórico.
— Trouxe apenas uma mala, com algumas roupas minhas e de Lorena.
Mas tudo meu ainda está no Rio — informa.
Puxo-a para um abraço, não querendo soltá-la mais.
— Eu te amo — confessa.
Meu coração está batendo forte de tanta alegria.
Desço de mãos dadas com Dominic, que tem um sorriso nos lábios.
Vejo seus pais chegando na sala e ao nos ver, abrem um sorriso.
— Espero que tenham se acertado — seu pai diz.
Terminamos de descer as escadas e Dominic sorri e assente.
— Estamos juntos novamente, e dessa vez é pra valer. — Ele me olha e
eu assinto, com um sorriso.
— Ah, que coisa boa. É maravilhoso ter você como nora, de novo. —
Michele me abraça, e Dominic não larga minha mão de jeito nenhum.
— Papai! — Escutamos o gritinho de Lorena.
Dominic sorri e se agacha, abrindo os braços para receber Lorena. Ela
agarra seu pescoço com força e ele retribui o abraço.
— Que saudade, minha filha. — Ele beija a cabeça dela.
— Gostou da suplesa, papai? — pergunta, com um sorrisinho nos
lábios.
— Eu amei a surpresa, meu amor. — Nick sorri, ajeitando seus cabelos.
— Vovó Michele, tem mais biscoitos? — Lorena pede. — Eu posso te
chamar de vovó, né? — Fita Nathaniel. — E você de vovô.
Michele e Nathaniel ficam com os olhos marejados e abraçam Lorena.
Uma lágrima escorre em meu rosto e Nick segura forte minha mão, com um
sorriso emocionado.
— Claro que você pode nos chamar assim. Somos seus avós,
principessa. — Nathaniel beija sua cabeça.
— Ai, meu Deus! Só alegria nessa casa. — Michele comemora,
emocionada. — Vamos para a cozinha, meu amor. Tem muitos biscoitos para
você. — Michele segura sua mão e a leva para a cozinha.
— Essa casa será repleta de alegria. — Nathaniel me abraça e abraça seu
filho. — Vou para a cozinha ficar com elas. Desejo a vocês toda felicidade do
mundo.
Sorrio gentilmente para ele. Nathaniel vai para a cozinha e Nick me
abraça forte, beijando meu pescoço. Inalo seu cheiro e fecho os olhos. O
abraço forte, não querendo largá-lo mais. Nos afastamos e o olho.
— Acho que vou ligar para minha tia. Preciso conversar com ela.
Ele assente e acaricia meu rosto, olhando em meus olhos.
— Tudo bem. — Se inclina e beija meus lábios. — Vou ficar com
Lorena. Depois você vai para lá. — Assinto e ele se afasta indo para a
cozinha.
Retiro meu celular do bolso saindo da sala, caminhando para o jardim da
mansão. Disco o número da tia Flor e ligo para ela.
— Oi, querida. Como está por aí?
— Tudo bem, tia. Chegamos bem, com a graça de Deus.
— Amém, filha! Presumo que tenha sido tudo bem com o Dominic.
— Sim. Estamos juntos novamente. — Sorrio.
— Que maravilha. Minhas vibrações nunca me enganam. E como
Dominic reagiu?
— Ficou eufórico, muito feliz. Nem acreditou que eu estou aqui. Foi só
emoção. — Sinto meus olhos marejados.
— Que bom, Tina. E Lorena, como ela está? Deve estar fazendo a
maior algazarra.
— Sim. Na maior felicidade. Está agora lá na cozinha com o pessoal,
comendo os biscoitinhos que Michele fez. — Sorrimos.
— Como o pessoal está? Estão bem?
— Estão todos bem. E tia, preciso conversar com a senhora.
— Diga, minha filha — suspiro e olho o jardim.
— Eu vou morar aqui em Milão.
— Algum problema nisso?
— Eu que lhe pergunto se tem algum problema? Eu deixarei a senhora
sozinha aí...
— Eu não vejo problema nisso, construa sua vida, minha querida.
— Mas a senhora vai ficar sozinha no Brasil.
— Eu me viro, Valentina. Não se preocupe com isso. Estarei bem aqui,
poderei visitar você e você poderá me visitar quantas vezes quiser.
— Tem certeza, tia?
— Claro que eu tenho. Se preocupe com seu futuro, filha. Você já sofreu
demais, esperou demais para ter a vida que sempre quis. Não serei um
empecilho na sua vida, ao contrário, quero você feliz, vivendo sua vida ao
lado da minha neta e do homem que você ama, meu amor. Tenho certeza que
Dominic lhe fará feliz, tenho ótimas vibrações. Elas nunca me enganam.
Suspiro, sentindo meu queixo trêmulo.
— Já falei com Tavares, vou colocar o apartamento no seu nome.
— Não precisa, Tina...
— Precisa. Eu não vou voltar a morar no Rio, então ele ficará no seu
nome, por garantia mesmo. Com o dinheiro que sobrou do comercial que fiz,
irei montar a minha tão sonhada clínica aqui ou em Paris. Vou mandar um
dinheiro mensalmente para a senhora poder se manter tranquilamente,
deixando seu dinheiro livre para a senhora se divertir. Comprarei passagens
aéreas por mês para a senhora vir para onde eu estiver, ou eu vou até o Rio,
para você ficar com Lorena e eu poder rever meus amigos. Já está decidido,
tia. Não vou deixar a senhora na mão e necessitada.
— Que Deus abençoe você, Tina. Seus pais estão orgulhosos demais de
você! — suspiro, olhando para o céu.
— Eu sei que sim, tia. Tenho certeza disso.
Capítulo 45
Pego minha bebida no bar junto com a bebida de Valentina e volto para
a piscina, vendo minha esposa gostosa saindo da piscina enxugando seus
cabelos, chamando atenção de vários homens que estão na piscina. Valentina
nunca foi de praticar exercícios físicos, muitas vezes eu a deixo dormindo em
nossa cama, para praticar meus exercícios logo cedo, porque ela não gosta.
Mas admito que o corpo dela está maravilhoso. Ela é pequena, mas bem
gostosa. Sinto muito ciúme dela, mas tenho que me controlar, porque do
mesmo jeito que ela se controla quando sou comido por olhos femininos e até
masculinos, eu tenho que me controlar quando acontece com ela. Confio
cegamente na minha esposa, sei que ela nunca irá me trair, e eu nunca vou
traí-la, amo-a demais para cometer esse erro. Tudo está em suas mãos, todo
meu dinheiro, cartão de crédito..., tudo fica com ela. Vários imóveis — que
ela nem sabe — estão em seu nome, como garantia caso algo aconteça
comigo, não quero deixar minha mulher e minha filha, desamparadas. Jamais.
Ela abre um sorriso ao me ver e caminha até mim, rebolando seu
quadril. Entrego seu drink sem álcool, como sempre, já que ela não ingere
muita bebida alcoólica, e nos sentamos nas espreguiçadeiras. Ela põe os
óculos de sol e leva o canudo até a boca, tomando seu drink.
— Aproveitando? — A olho.
— Muito. Aqui é lindo, um resort mesmo. — Sorri. — Tem muita coisa
para se fazer nesse lugar, o tédio passa longe.
Assinto, com um sorriso. Já estamos aqui há alguns dias, aproveitando o
máximo que o resort pode nos oferecer.
— E minha surpresa? — Ela ri e toma seu drink.
— Hoje à noite você saberá. — Pisca o olho.
Porra, eu sou fascinado nesses olhos ímpares dela. São perfeitos.
— Vou gostar? — Sorrio de lado.
Ela põe o copo na mesinha e se inclina na espreguiçadeira.
— Com toda certeza. Pode passar o hidratante em mim? Não gosto de
ter minha pele ressecada. Passei o dia todo no sol.
— Claro, meu anjo — digo.
Coloco meu copo na mesa, pego o hidratante em cima da mesinha e
passo em todo seu corpo, como me pediu.
— Vou dar um mergulho na piscina — aviso e ela assente, deitando a
cabeça me olhando retirar a camisa.
Valentina morde o lábio e fica de lado, me olhando de cima a baixo.
— Meu anjo, não fique me olhando assim. — Valentina morde a unha
de leve, e continua me olhando cheia de desejo. — Estamos em um lugar
público, tá bem? Quando chegarmos no quarto faremos o que você está
pensando.
Ela morde o lábio, sorrindo e vou para a piscina dar um mergulho.
Adoro nadar, me faz relaxar e pensar em outras coisas, exceto trabalho.
Minha vida é super corrida, e mal tenho tempo para relaxar durante o dia,
mas quando chego em casa e vejo minhas meninas, fico apenas com elas, o
trabalho pode esperar. Eu e meus irmãos, resolvemos lançar perfumes
infantis, pois só temos perfumes para adultos, e pensei em colocar Lorena
como a menina propaganda do nosso primeiro perfume infantil, junto com
Alessandro, Giovani, Henrique, Sophie, Damien e Marlon. O foco principal
será Lorena e Damien, por serem os mais velhos.
Valentina concorda e apoia totalmente. Claro que eu e Valentina vamos
participar de tudo, pois ela é uma criança e estou muito feliz por ser seu
primeiro trabalho. Recebemos propostas de várias empresas para Lorena ser o
rostinho de algumas marcas infantis, eu e Valentina estamos analisando com
cautela cada empresa. E nossa filha também foi capa de algumas revistas
infantis que circularam em vários países. Ela é uma D’Saints, a fama inicia
logo cedo.
Dou um último mergulho e saio da piscina sacudindo o cabelo, retirando
o excesso de água e vou até minha esposa, que está sentada na
espreguiçadeira.
— Quer subir? — Pego a toalha e enxugo meu corpo. — Está
começando a anoitecer, e vamos nos preparar para jantarmos.
— Sim. Eu ainda vou passar no salão — minha esposa se levanta da
espreguiçadeira e põe sua saída de praia. — Não vou demorar muito, apenas
hidratar o cabelo rapidinho e escovar.
— Vou te deixar no salão e subo para o nosso quarto. — Pego sua bolsa.
Ela assente e eu seguro sua mão, levando até meus lábios, beijando seus
dedos.
Fim!
Demétrio
Trilogia D’Saints - Livro II
Manuela Peterson, uma moça gentil e sonhadora, uma modelo que está
no ramo desde pequena, hoje, faz muito sucesso nas passarelas das maiores
lojas de grifes. Sempre esteve com um sorriso no rosto, até se relacionar com
seu atual namorado, um abusador, que não a deixa fazer o que mais gosta,
desfilar. Manuela não tem forças para sair desse relacionamento conturbado,
que só a desgasta a cada dia psicologicamente e fisicamente, até Demétrio
D'Saints aparecer, e ocupar seus pensamentos e tudo mudar.
Demétrio D'Saints, o gêmeo do meio dos trigêmeos, é o mais observador
e sensato, quando quer. Leva uma vida de solteiro muito bem, obrigado, e se
sente confortável em ter sexo casual, sem compromisso algum. Junto com
seus outros gêmeos, fundaram uma das empresas mais lucrativas de Milão,
com suas fragrâncias únicas e exclusivas.
Os trigêmeos D'Saints são conhecidos pelo mundo dos negócios e pelas
revistas de fofocas. Apesar da vida de solteiro que vive, pensa em um
relacionamento sério, e quando bate seus olhos em Manuela, sabe que ela é a
mulher certa.
EM BREVE.
Contato com a autora
Instagram
https://www.instagram.com/autora_alissiakhalyne/
Facebook
https://www.facebook.com/autoraalissiakhalyne.3/
Wattpad
https://www.wattpad.com/user/Alissiakhalyne
Agradecimentos
Quero primeiramente agradecer a Deus, por iniciar essa nova jornada em
minha vida, que é ser escritora, agradecer à família que me apoiaram, meu
esposo, minha mãe e minha amiga. Quero agradecer a todos por lerem meu
livro, aos leitores do Wattpad, esperando cada capítulo novo, as minhas
leitoras fiéis que amaram esses meninos, que moram em meu coração.
Não tenho muito o que falar, apenas agradecer a todos vocês.
Beijos da pitchuca.
[1] A heterocromia ocular é definida como uma anomalia genética na
qual o indivíduo apresenta olhos de cores distintas (um olho de cada cor), ou
duas cores em um mesmo olho.
[2] Irmão.
[3] Idiota.
[4] Graças a Deus.
[5] Deus me ajude.
[6] Família.
[7] Filho da puta.
[8] Filho.
[9] Menina.
[10] Meu amor.
[11] Desde que te conheci, estás na minha cabeça.
[12] Podia olhar para ti o dia todo.
[13] Eu também.
[14] Bela, bonita.
[15] Meu anjo.
[16] Princesa.
[17] Merda, Porra.
[18] Minha filha.
[19] Te amo, papai.
[20] Te amo, minha filha.
[21] BDSM é um conjunto de práticas consensuais envolvendo Bondage,
disciplina, dominação, submissão e sadomasoquismo.
[22] Minha linda, minha bela.
[23] Tapete vermelho.
[24] Tudo bem, está bem, muito bem.
[25] Obrigado, irmão.
[26] Papai.
[27] Pelo amor de Deus. (Francês)
[28] Como está, Pierre?
[29] Veja quem está aqui, Dominic D’Saints.
[30] Querido.
[31] Querida.
[32] Obrigado.
[33] Está bem.
[34] Perfeito.
[35] Meu amor.
[36] Meu Deus.