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Copyright © 2021 Alíssia Khalyne

Dominic | Trilogia D’Saints - Livro I

1ª Edição

REVISÃO: Carina Barreira e Alíssia Khalyne

DESIGN CAPA: Ester Costa

DIAGRAMAÇÃO: Alíssia Khalyne

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos
da imaginação da autora. Qualquer semelhança
com nomes, datas e acontecimentos
reais, é mera coincidência.

São proibidos o armazenamento e/ou a


reprodução de qualquer parte desta obra através
de qualquer meio — tangível ou intangível —
sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido pela lei nº 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.

Todos os direitos reservados.

Edição Digital | Criado no Brasil.

Uma obra de Alíssia Khalyne


Sumário
Sinopse
Contato com a autora
Dedicatória
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo Extra 1
Capítulo Extra 2
Epílogo
Contato com a autora
Agradecimentos
Sinopse

Valentina Mendes, uma moça dedicada e estudiosa, estudante de


fisioterapia, mora com sua tia em um dos morros mais perigosos do Rio de
Janeiro. Perdeu seus pais ainda jovem, o que a levou a abrir mão da sua
juventude para trabalhar e ter o que comer. Sempre dedicada e trabalhadora,
sempre se esforçou para conciliar trabalho, faculdade e cuidar da sua filha,
que foi gerada em um relacionamento que não teve futuro.
Dominic D'Saints, o irmão mais velho dos trigêmeos, um italiano sexy,
cafajeste e bonito, chama atenção por onde passa. Bilionário e de uma
aparência de um deus grego, as mulheres se jogam em seus braços, para
garantir apenas uma noite. Em uma viagem ao Rio de Janeiro, para abrir a
nova filial da Vintage Essence, uma das empresas de perfumes mais
lucrativas, ele procura uma mulher que se enquadre nos padrões exigidos
para ser a garota propaganda do lançamento do novo perfume, e Valentina é
uma das selecionadas na seleção para garota propaganda da Vintage Essence.
Quando bate seus olhos em Valentina, sua vida muda completamente.
Aqueles lindos olhos ímpares, faz com que seu coração bata mais forte e uma
vontade imensa de tê-la por perto, aflora. Dominic é um homem que sabe o
que quer, e ele a quer. Um D’Saints não é de desistir facilmente, e Dominic
fará de tudo para ter Valentina o mais perto possível.
Será que Valentina vai ceder aos encantos de Dominic?
Contato com a autora

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Wattpad
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Dedicatória
Dedico esse livro ao meu esposo que me incentivou a continuar
escrevendo, me dando dicas e sugestões, acompanhando tudo de perto, me
dando todo o apoio e suporte. A minha mãe que leu meu livro, e me ajudou
bastante com dicas para melhorar minha escrita, com alguns pontos soltos e
me deu total apoio, dizendo que sou capaz de escrever um livro.
Dedico também as minhas parceiras que são maravilhosas, com
divulgação e tudo mais.
Isabella, Aline, Cíntia, Daiany, Ella, Hylanna, Íris, Isis, Jhessica,
Karine, Lais, Lorena, Luana, Paty, Skarlat, Susana, Érica, Juliana,
Giovanna, Ketley, Autora Candy Boss, Day, Zayra, Susana.
A Carina Barreira que fez a revisão, que ficou maravilhoso.
A Jéssica, que me ajudou muito com dicas e opiniões
(@autorajessicasouza)
As minhas betas maravilhosas, que betaram esse meu livro com muito
carinho: Isabella (@louca_por_livros_hot), Lorena (@leituradourada), Isis
(@butterflies_bookss) e Skarlat (@somaisumapagina2), que me ajudam
muito com meus livros, postagens, dicas, surtos e altos papos no grupo do
WhatsApp.
A neném ama vocês e será eternamente grata.
Capítulo 1

— Vamos filha, acorde. — Tento acordá-la.


— Quero durmi mais, mamãe — fala manhosa.
Minha filha é a coisinha mais linda que já vi.
— Vai dar seis e meia, vamos nos atrasar. — Passo a mão em seu cabelo
loiro.
— Tá bom. — Senta na cama, esfregando os olhinhos.
A levo até o banheiro, ela faz sua higiene e a ajudo no banho, lavando
seus cabelos, a coloco em pé no quarto e a enxugo. Coloco sua calcinha e o
uniforme da escolinha, faço um rabo de cavalo no cabelo para não pegar
piolho.
— Estou com fome, mamãe. — Estica os bracinhos, bocejando.
— Vamos comer. — Seguro sua mão.
Vou com ela até a cozinha e a coloco sentada na cadeira e pego
sucrilhos e leite, despejo numa tigela e entrego para Lorena comer. Enquanto
ela come, asso uns ovos para comer com pão. Já preparado, coloco os ovos
no pão e coloco em cima da mesa, e pego a garrafa de café em cima da pia.
Abro a garrafa e despejo o café na xícara e percebo que está bastante quente.
Isso é obra de dona Maria Flor.
Maria Flor é minha tia, vive comigo e me ajuda bastante com minha
filha. Meus pais morreram faz cinco anos num acidente de carro. Sinto muita
falta deles, eram meus alicerces. Antes de morrerem, descobriram que eu
estava grávida, ficaram muito felizes, mas também ficaram tristes, pois eu era
nova, estava com vinte anos. Hoje minha filha tem quatro aninhos, e é meu
orgulho, minha vida.
Sempre fui estudiosa, meus pais nunca tiveram condições de me colocar
em uma escola particular. Sempre estudei em escolas públicas e fico feliz,
pois tive uma boa educação, tanto dentro da escola quanto em casa. Sempre
fui um orgulho imenso para meus pais.
Me envolvi com Pedro Henrique quando eu tinha dezenove anos, foi
meu primeiro amor, ele sempre ficava comigo, e era carinhoso, mas quando
brigávamos ele saía com outras mulheres e bebia. Isso acabava comigo. Ele
sempre me traía com outras mulheres, Pedro tinha mais condições do que eu.
Eu moro no Morro, e não tenho vergonha disso, já Pedro, morava em um
apartamento em Ipanema, acreditava que ele realmente gostava de mim, mas
não era. Ele só queria ficar comigo para tirar minha virgindade, e apostou
com seus amigos, dinheiro e uma grade de cerveja.
Imagina como eu fiquei? Arrasada! Meus pais não souberam disso, só
quem soube foi minha tia Flor e meus dois amigos, Alicia e Miguel. Sofri
bastante, não queria comer, não queria sair de casa, só queria ficar trancada
no quarto escutando músicas deprimentes que me faziam ficar ainda mais
triste. E ele fingiu que nada aconteceu.
Simplesmente peguei ele na cama com outra, com seu pau enfiado na
morena. Ele fingiu que não era nada, que tinha sido só uma vez, que me
amava, mas sabia que era mentira, Alicia e Miguel sempre me alertaram de
que ele não valia nada. Miguel me contava que quando estava voltando da
faculdade à noite, via Pedro com seus amigos e mulheres nos barzinhos em
Ipanema. Eu sabia que eles falavam a verdade, eu só não queria acreditar. Via
mensagens picantes em seu celular e não fazia nada a respeito. Até que um
dia, tia Flor mandou eu ir em seu apartamento para que eu abrisse os meus
olhos, e foi o que vi.
Ele transando com outra.
Passei dois meses distante, sem contato algum com ele, estava
começando a me sentir bem..., mais viva, e foi quando notei que minha
menstruação não tinha descido, eu sentia enjoos e meus seios estavam
doloridos. Conversei com minha mãe e fomos até um lugar que fizesse exame
de sangue. Com dois dias recebi o resultado, e lá estava, escrito em negrito:
positivo. Faltei ter um troço na clínica, passei mal e desmaiei. Minha mãe e
meu pai estiveram o tempo todo comigo me dando força e dizendo que iria
ficar tudo bem, ficaram tristes por eu ser mãe solteira tão jovem, mas me
deram todo o apoio que precisei.
Sempre fui estudiosa, e esforçada. Meu sonho era um dia ter condições o
suficiente para sairmos do morro e dar uma vida digna e merecida para eles.
Assim que terminei meus estudos, fui ajudá-los na lanchonete que tinham.
Conheci o Pedro num barzinho junto com Miguel e Alicia, e depois seguimos
com o namoro. Meus pais me deram força e me falaram que eu deveria falar
com ele.
Lembro-me como se fosse hoje. Isso nunca vai sair da minha cabeça.
(...)
— Esse filho não é meu! — berrou Pedro
— Esse filho é seu, sim! Eu só tive você, mais ninguém. — Limpo
minhas lágrimas.
— Sinto muito, mas não acredito em você. — Me olha, sério.
— O que está acontecendo aqui? — Sebastian, pai de Pedro, aparece na
sala.
— Ela está dizendo que está grávida de mim. — Pedro passa a mão no
rosto
— Tem provas? — Sebastian pergunta, desconfiado.
— O senhor está pensando o quê? Só porque moro no morro, sou
mentirosa e desonesta? — pergunto, furiosa.
— Sim — responde naturalmente.
— Eu nunca estive com outras pessoas, mas se você quer a prova... —
Abro minha bolsa e retiro o envelope de dentro. — Tome a prova. — Entrego
o envelope a ele.
A mãe de Pedro pega o envelope das minhas mãos, e o abre, retirando
os exames de dentro.
— Você é pai, meu filho. — Ela olha seu filho.
— O que vou fazer agora? Minha faculdade vai para o espaço — Pedro
grita.
Sebastian me fita, colocando o exame dentro do envelope e me entrega.
— Quanto você quer? — pergunta, me fitando.
— Sebastian! — protesta a mãe de Pedro.
— Cala a boca, Carina! — Sebastian grita com ela.
— Eu não aceito você querer suborná-la. Isso é errado! — Carina fala,
fazendo gestos com as mãos.
— Quanto você quer? — Sebastian me olha, irritado, ignorando sua
esposa.
— Do que o senhor está falando? — Gaguejo, nervosa.
— Você se relacionou com meu filho por dinheiro, engravidou por
dinheiro. É dinheiro que você quer!
— Não. — respondo, surpresa.
— Admite logo, Valentina. — Pedro me fita. — Quanto você quer?
— Eu não quero dinheiro. Só quero que você assuma a
responsabilidade junto comigo — digo magoada.
— Isso não vai acontecer. Tenho um futuro a zelar! Não vou assumir
essa criança. Aceite o dinheiro. — Pedro diz. — Você faz o que quiser. Se
quiser, pode dar a criança quando ela nascer, ou você pode assumir sozinha,
ou pode tirar.
— Nunca irei tirar essa criança. Você está louco? — grito com ele,
incrédula.
— Só me diga quanto você quer. — Sebastian insiste.
— Sabe de uma coisa? Enfie o dinheiro no seu cu. E você Pedro, vá
para o inferno. Foda-se vocês dois — grito.
— Ótimo. — Pedro cruza os braços, sem muita importância.
— Só não quero que venha nos procurar depois — Sebastian fala.
— Pode ter certeza que vocês nunca mais irão me ver. — Enxugo
minhas lágrimas e saio por aquela porta, decidida a nunca mais voltar.

E foi assim que Pedro reagiu, não assumiu nossa filha. Ela é registrada
como filha de mãe solteira, nunca me envergonhei disso. Mas por amar tanto
minha filha e com medo de perdê-la, para muitos, Lorena é filha da minha tia
Flor, pois se Pedro um dia quiser sua guarda, com certeza o juiz vai conceder
a ele, porque ele tem mais condições que eu, e eu nunca vou querer isso, ficar
longe da minha menina.
No mês seguinte, meus pais morreram me deixando sozinha. Meu
mundo caiu de vez, não tinha mais ninguém, apenas meus amigos e minha
tia. Maria Liz e Túlio Mendes, nunca serão esquecidos, eles me ensinaram a
ser uma pessoa melhor, trabalhadora e honesta.
Depois que meus pais morreram eu tive que vender a lanchonete, pois
não iria dar conta sozinha. Depois que vendi, consegui comprar as coisas de
Lorena, e ajeitar a casa. Não tenho condições de sair do Morro, nem tão cedo.
Depois que minha filha nasceu, me dediquei ao máximo a ela.
Eu tenho Heterocromia[1], herdada do meu pai. Meu olho esquerdo é
azul e o direito, castanho. Já Lorena, herdou os olhos azuis de Pedro, porém
com uma manchinha marrom pequena no olho direito.
— Bom dia, minhas filhas. — Tia Flor aparece na cozinha.
— Bom dia, vó. — Lorena termina de comer.
Lorena tem tia Flor como avó, e depois que meus pais morreram, ela se
tornou minha segunda mãe, mas eu só consigo a chamar de tia, mas todo meu
sentimento por ela é de filha.
— Obrigada tia, pelo café. — A olho.
— Que nada, minha filha. — Beija a cabeça de Lorena.
— A senhora estava aonde?
— Fui lá na barraca pegar um pacote de arroz — coloca a sacola em
cima da pia.
— Vou receber essa semana, tia. Aí pago o senhor Arthur — levanto-me
da cadeira.
— Eu disse, mas ele mandou avisar que não precisava se preocupar —
avisa.
— Quando eu descer eu falo com ele. — Coloco os pratos na pia,
começando a lavar.
— Deixe aí, minha filha, vai se atrasar. — Tira os pratos da minha mão
— Tudo bem. Vamos, meu amor? — pergunto a Lorena, que se levanta
para pegar sua bolsinha no quarto.
Vou ao banheiro, escovo meus dentes e pego minha bolsa. Lorena já
estava sentada no sofá me esperando.
— Tchau, vovó. — Abraça tia Flor.
— Tchau, princesa. — Tia Flor beija sua bochecha.
Me despeço dela e saio pelo morro com ela nos meus braços. Coloquei
minha filha numa escola particular, pois queria dar um futuro melhor para
ela. Eu trabalho numa cafeteria em Ipanema, e faço faculdade de fisioterapia,
com bolsa integral, só contribuo com uma pequena quantia todo mês. Recebo
apenas um salário, e faço de tudo para fazer horas extras, são elas que me
ajudam a pagar a escola de Lorena. O restante é para as despesas da casa.
Faço faculdade de manhã e trabalho na parte da tarde até a noite. Largo às
seis e volto para casa. Essa é minha vida. Tudo por minha filha.
Passo na barraca de seu Arthur que está sentado, fumando seu cigarro.
— Bom dia, seu Arthur. — O cumprimento, com um sorriso.
— Bom dia, menina. — Solta a fumaça do cigarro e sorri.
— Seu Arthur, eu recebo essa semana, e venho lhe pagar — digo, um
pouco envergonhada. Odeio ficar devendo dinheiro.
— Deixa disso menina, confio em você e sua tia. Sempre me pagaram
certinho. — Joga o cigarro fora. — Quando receber, você vem aqui. Não se
preocupe.
— Obrigada pela confiança, seu Arthur. Agora preciso ir. — Ele acena
para mim.
Termino de descer o morro com Lorena em meus braços. A escolinha
fica bem pertinho do morro e é caminho para a parada de ônibus. Ao chegar,
coloco Lorena no chão, ajeitando seus cabelos.
— Tchau, mamãe. — Ela dá um beijo gostoso na minha bochecha.
— Até mais tarde, meu amor. — Beijo sua bochecha.
Segurando sua bolsinha de rodinhas com a lancheira nas costas, ela entra
na escola, junto com as outras crianças. Olho o relógio em meu pulso vendo
que meu ônibus irá passar em cinco minutos. Corro para a parada e lá está ele
parado. Corro e subo nele, agradecendo ao motorista por ter me esperado.
Durante o caminho, tiro um tempinho para dar uma olhada nos assuntos da
prova que irei fazer hoje. Perto da minha parada, arrumo tudo e desço do
ônibus, seguindo para a faculdade.
Não dormi quase nada. Só dormi, porque tia Flor passou na sala e me
viu estudando, ela pegou meu caderno e o livro fechando-os e mandou ir para
o quarto. Acordei morrendo de sono, cansada ao extremo, mas faço minha
prova confiante, sabendo que me saí muito bem.
Assim que acabo, vou caminhando até a cafeteria, que é próximo à
faculdade. Passo direto para o vestiário e coloco meu uniforme.
— Ela chegou! — Maria Helena aparece.
Foi ela quem conseguiu esse trabalho para mim, nos conhecemos na
faculdade, e ela trancou logo em seguida, pois não se adaptou. Se não fosse
por ela, eu estaria vendendo água na praia, sem nenhuma vergonha.
— Boa tarde. — Sorrio, colocando meu uniforme.
Saio do vestiário com ela, e seguimos para o balcão, que já tem clientes
esperando.
— Cadê a bebezinha? — Entrega um pedaço de papel com pedido, ao
rapaz que é responsável pelos pedidos.
— Acho que já está em casa. — Limpo o balcão.
— Ela é um doce. — Helena sorri.
— Meu amorzinho. — Sorrio boba.
A cafeteira Rustic Coffee fica na rua principal de Ipanema. Aqui vem
muitas pessoas com boas condições, é cansativo, mas agradeço a Deus por ter
esse emprego. Aqui sempre é corrido, eu almoço besteira na rua e venho
direto para a cafeteria. O patrão é amigável comigo, sempre que aparece um
imprevisto, ele não reclama, pois sabe como é minha vida.
Assim que concluo o trabalho, troco de roupa e pego o ônibus de volta
para casa. Começo a subir o morro, marota de cansada, e vejo Ítalo me
olhando.
— Boa noite, linda. — Me cumprimenta.
Ítalo é um dos traficantes do morro, vive andando com armas. Ele até
que é bonitinho, mas eu nunca iria me envolver com um traficante. Nada
contra, cada um faz o que quer. Mas eu não quero ficar apreensiva, querendo
saber se meu marido vai chegar vivo em casa. E não quero essa vida para
minha filha. Eles matam, roubam sem se importar, e eu sou uma pessoa
honesta, quero um futuro melhor para mim e minha filha.
— Olá, Ítalo. — O cumprimento, sem dar muita importância.
— Calma gata, estou de boa — coloca o fuzil para trás.
— Só estou cansada. — Subo as escadas.
— Você sabe que posso te dar uma vida melhor. Não vai precisar
trabalhar tanto. — Me fita, com seus olhos escuros.
— Ítalo, não quero essa vida para mim e minha filha. Eu te considero
apenas um amigo. — O olho.
— Assim tu me deixa bolado. — Olha pro chão.
Paro em frente à minha casa, tirando a bolsa do meu ombro, que por
sinal, está pesada demais.
— Prefiro ser verdadeira, Ítalo. Boa noite. — Me despeço dele.
— Boa noite, Tina. — Se afasta e vai embora.
Abro a porta da minha casa, e entro.
— Finalmente — Miguel fala.
Miguel é um dos meus melhores amigos. Nos conhecemos desde
pequenos, junto com Alicia — moram aqui no morro também —, sempre
estiveram comigo em todos os momentos, eles se davam bem com meus pais
e os chamavam até de tios. Eles viviam direto aqui em casa, íamos para
escola juntos e brincávamos. Miguel é um homem bom, nunca tivemos nada
mais que amizade, ele é lindo na verdade, moreno, alto e forte. Chama
atenção da mulherada.
— O ônibus que demorou — coloco a bolsa no sofá.
— Mamãe! — grita Lorena, correndo em minha direção.
— Oi, meu amor. — Me agacho, e a abraço.
— Olha o que eu fiz. — Me entrega um papel. Nele está desenhado eu e
ela.
— É lindo, filha. — Beijo sua testa.
— Não tem para o tio? — pergunta Miguel, colocando a mão no peito
fazendo drama.
— Vou pegar, tio. — Ela sai da sala correndo.
— Vi Ítalo falando com você. — Se senta no sofá.
— Ele não cansa. — Reviro os olhos.
— Ele gosta de você. Acho que o morro todo sabe. — Ele sorri.
— Gosto dele apenas como amigo. — Apoio minha cabeça no encosto
do sofá.
— Eu sei.
— E você sabe que não quero me envolver com pessoas erradas, não
quero esse futuro para mim e muito menos para Lorena. As únicas pessoas
com quem eu tenho amizade aqui no morro são: você, Alicia e seu Arthur.
São pessoas honestas. — Assente. — Tem Maurício também, ele comanda o
morro, mas deu ordem de ninguém mexer com a gente. Ele nos ajuda com
algumas coisas sem receber nada em troca. Um lado dele é honesto, gosto
dessa parte da amizade dele.
— Mauricio é um paizão pra gente — fala.
— Toma, tio. — Lorena entra na sala, entregando o papel a Miguel, que
olha.
— Que lindo, princesa. — Beija a cabeça dela.
— Fiz para tia Alicia também. — Ela sobe no sofá, e se senta em meu
colo.
— Ela não pôde vir hoje, mas amanhã vamos passar o dia, juntinhos. —
Miguel faz cócegas nela, a fazendo sorrir.
— Sabe que não precisa, né, Miguel. — O olho.
— Amanhã você passa literalmente o dia todo no trabalho. Sábado é dia
de muito movimento, passo o dia com ela. Alicia chega meio-dia e tudo certo
— explica. — Passa direto lá pra casa quando chegar. — Se levanta do sofá.
— Está bem. — Assinto.
— Amanhã venho buscar Lena, logo cedo com sua Tia Flor. Separa os
brinquedos dela e roupa — pede.
Assinto.
— Tchau, princesa. — Beija o rosto de Lorena.
— Tchau, Tio. — Ela beija a bochecha dele.
— Que beijo gostoso. — Faz cócegas nela, fazendo-a sorrir.
— Me deixa levar seu tio na porta. — Coloco-a sentada no sofá e vou
com Miguel até a porta.
— Teve notícias de Pedro? — pergunta cruzando os braços.
— Graças a Deus, não — digo, encostando na parede.
— Você trabalha perto do apartamento dele e nunca o viu — fala
pensativo.
— Pois é. — Dou de ombros.
— Lena pergunta pelo pai? — Me olha.
— Às vezes sim, mas ela sabe da verdade — digo, triste.
— Sabe que eu, Alicia e Tia Flor somos sua família, o que precisar
contará com a gente. — Me abraça.
— Obrigada mesmo. — Retribuo o abraço.
— Agora preciso ir. Nos vemos amanhã. — Se despede e entro em casa.
Capítulo 2

— Deixa de babar esse carro — digo sorrindo para Dimitri, meu gêmeo
caçula.
Eu sou o mais velho, sou o primeiro a sair, Demétrio foi segundo e
Dimitri o último. Somos trigêmeos, os famosos trigêmeos D’Saints. Dimitri
comprou seu novo carro, uma Lamborghini esportiva azul, que não deixa de
passar pano nela deixando-a mais brilhosa.
— Ele não é lindo? — Pergunta admirando o carro.
— Acho que as mulheres que você pega são mais bonitas. — Sorrio,
colocando as mãos no bolso.
— É não! — Murmura, divertido.
Sacudo a cabeça sorrindo.
— Cadê Elizabete? — Me aproximo.
— Dispensei. — Vem andando até mim.
— Mas já? — Pergunto surpreso. — Você sempre permanece com uma
mulher durante um mês.
— Ela quer mais e eu não. — Dá de ombros.
— Pelo visto, só quem quer se enforcar é Demétrio. — Digo o óbvio.
— Escutei isso viu. — Escuto Demétrio gritar.
Eu e Dmitri olhamos para cima e sorrimos, ao vê-lo na varanda do seu
quarto.
— Ele dispensou Elizabete — digo.
— Nem fez um mês ainda. — Ergue a sobrancelha.
— Ela quer mais que uma transa. O único que quer se enforcar é você,
fratello[2]. — Dimitri sorriu.
— Estou muito feliz com a Manuela. — Toma seu uísque.
— Por falar nela, cadê minha cunhada preferida? — Pergunto e ele sorri.
— É a única que você tem, stronzo[3]. — Dimitri dá um soco no meu
braço.
— Vem hoje para jantarmos. Tem falado com Emily? — Pergunta
Demétrio.
— Não e nem quero. — Reviro os olhos.
Emily era minha namorada, nos dávamos muito bem na cama, mas fora
dela, Emily era insuportável, arrogante, metida e pedante. Gostava de se
amostrar, porque namorava um D’Saints. Várias mulheres nos desejam,
somos os trigêmeos fodões. Nós três dividíamos mulheres sem pudor algum,
mas Demétrio resolveu se enforcar. Dimitri continua pegando duas ou mais
mulheres e eu continuo na minha, me saciando apenas com uma, por
enquanto. Quando me der vontade de dividir sei que Dimitri vai topar.
Nós três somos um estrago para a sociedade, somos bastante bonitos.
Está pensando o quê? Somos os D’Saints! As mulheres nos chamam de
deuses gregos. Também não é pra menos.
Somos bastante parecidos, muito mesmo. Temos olhos azuis e cabelos
quase loiros. Nós três somos fortes, com abdômen com oito gominhos de
respeito, com um e noventa de altura. Não é à toa que as mulheres nos
chamam de deuses gregos.
— Foi bom ela ter ido embora — Dimitri resmunga.
— Concordo com você. — Demétrio sorri.
Nos três moramos numa mansão em Milão, junto com nossos pais.
Temos rios de dinheiro, poderia comprar uma cobertura ou uma mansão para
mim, mas é bom morar com meus pais, meus irmãos dizem a mesma coisa.
— Senhor, a senhorita Fisher está lhe esperando — diz Betânia, a
governanta da casa.
— Obrigado Betânia. _ Agradeço e ela se retira. — Vou lá falar com ela
— aviso e eles acenam.
Saio andando do jardim, subo os degraus da varanda e sigo para a sala,
onde encontro Hannah sentada no sofá.
— Você vai viajar para o Brasil e não me disse? — Hannah se levanta
do sofá.
— Vou a trabalho. — Dou um sorriso.
Hannah é filha de um amigo do meu pai há muitos anos, nos
conhecemos na adolescência e viramos amigos, nunca passou disso, nem
comigo e, nem com meus irmãos, ela é considerada como parte da família.
Hannah com seus um e setenta de altura, sua pele bronzeada, um corpo
curvilíneo, cabelos loiros e olhos pretos, chama bastante atenção
Ela namorava um ator de Hollywood, mas terminaram semana passada,
disse que não dava, que é chato demais, paparazzi atrás o tempo todo. Mas
com a família D’Saints é a mesma coisa, e mesmo assim ela continua
próxima de nós, isso foi uma desculpa, acho que ela não gostava dele.
— Mesmo assim, fiquei chateada. — Faz drama.
— Menos Hannah. — Sorrio.
— Os gêmeos vão? — Pergunta se sentando no sofá.
— Como donos da Vintage Essence, eles precisam ir. — Explico.
— Tio Nathaniel e Tia Michele vão? — Me fita.
— Vão sim, mas só vão na terça — informo.
— E vocês vão quando?
— Amanhã ao meio-dia.
— Queria ir — diz. — Nunca fui ao Brasil.
— Amanhã vai ficar muito em cima, você pode ir com meus pais na
terça — digo.
— Sério? — Me fita, animada.
— Sim, fale com meu pai e combine com ele. — Ela pula em cima de
mim, me abraçando.
— Te amo, amigão. — Beija minha bochecha.
— Quer ficar para o jantar? — pergunto, quando sai do meu colo. —
Manuela vai vir jantar hoje e ela também vai na terça. Ela já foi cinco vezes
para o Rio de Janeiro, ela te ajuda com algo.
— Maravilha. — Bate palmas, empolgada.
— Que felicidade é essa? — pergunta Demétrio entrando na sala.
— Vou para o Brasil. — Sorri.
— Que bom! — Dimitri a abraça. — Vai ser legal.
— Manu também vai, vocês combinam que roupas vão levar, e o que
precisar. — Demétrio a abraça.
— Lembrando que no Rio de Janeiro é quente, leve roupas frescas —
Dimitri avisa, depois de beijar sua bochecha.
— Hoje mesmo falo com ela — fala empolgada.
— Bom, já está perto do jantar, vou subir para tomar banho — digo me
levantando, deixando-os sozinhos.
Subo as escadas indo em direção ao meu quarto. Entro e fecho a porta.
Vou até meu closet e separo minha roupa, coloco-as em cima da cama e vou
para o banheiro. Tomo um banho rápido e me enrolo na toalha, vou até à pia
e me olho no espelho, minha barba já está crescendo, resolvo apará-la
deixando-a rala. Assim que termino, vou até meu quarto, visto minha calça
jeans, coloco meu suéter preto e calço meus sapatos. Vou até a ilha do meu
closet, coloco meu Rolex, borrifo meu perfume e saio do quarto.
Desço as escadas e encontro Manuela conversando com Hannah.
— Olá, cunhada. — Sorrio para ela.
— Dominic! — levanta do sofá e me abraça.
Manuela é uma mulher gentil, uma modelo famosa de Nova York.
Demétrio a conheceu em um jantar beneficente, em Nova York. Naquela
época, Demétrio, eu e Dimitri tínhamos ido à cidade para abrir a nova filial.
Gosto muito de Manu, ela é uma pessoa amigável, aconselhadora e faz meu
irmão feliz, é isso que importa.
— Como está? — pergunta sorrindo.
— Estou ótimo. Como foi a viagem?
— Cansativa. — Bufa, passando a mão no seu cabelo ruivo. — Estou
sabendo que Hannah vai para o Brasil conosco.
— Vai sim. E você está escalada para ajudá-la com as roupas — Dimitri
diz.
— Eu já disse para que leve pouca coisa, que vamos comprar o restante
lá. — Manu sorri.
— Boa noite, meus queridos. — Mamãe entra na sala, e quando vê as
meninas, se anima. — Hannah... Manu, minhas queridas!
— Olá sogrinha. — Manu a abraça.
— Como foi a viagem? — pergunta minha mãe.
— Longa e cansativa — Manu diz.
— Tia Michele. — Hannah abraça minha mãe.
— Saudade de vocês, minhas meninas. Essa casa está cheia de
testosterona. — Mamãe sorri.
— Assim você me machuca, querida — meu pai fala, entrando na sala.
— Estou mentindo? — Mamãe o olha.
— Está não, tia. — Hannah sorri.
— Até você, Hannah? — pergunta Dimitri.
— Vocês dois, tratem de arrumar uma noiva. Tenho Hannah e Manuela
como filha, preciso de mais duas. — Mamãe olha pra mim e Dimitri.
— Lá vem ela com as pragas. — Bufo, me jogando na poltrona.
— Irmão, isso pega. Ela jogou certeiro em Demétrio — Dimitri
resmunga.
— Me deixem fora dessa. — Demétrio revira os olhos.
— Meninos, vocês vão ficar por aí com mulheres sem nenhum
relacionamento? — pergunta minha mãe colocando as mãos no quadril.
Eu e Dimitri nos olhamos, e olhamos para nossa mãe.
— Sim — respondemos, em uníssono.
— Vocês ainda vão arrumar uma moça e vão se apaixonar por ela —
Dona Michele fala.
— É melhor quando só tem testosterona! — Bufo.
— Pare dona Michele, somos blindados. — Dimitri sorri e batemos
nossas mãos.
— Vocês têm que criar juízo — Hannah diz revirando os olhos.
— Demétrio já vai casar. — Mamãe nos olha.
— Casar não. Se enforcar. — Gargalho.
— Palhaço! — Manuela joga uma almofada em mim.
— Cunhada, me ajuda! — imploro sorrindo.
— Ajudo jogando uma praga em você, junto com Michele. — Cruzo os
braços.
— Irmão, vamos logo para o Brasil apreciar a mulherada lá? — pergunta
Dimitri.
— Só se for agora. — Sorrio.
— Chega, vocês dois! — nosso pai fala.
— Vamos jantar. — Mamãe nos chama.
Seguimos para a sala de jantar, Betânia avisa as cozinheiras para nos
servir. Conversamos sobre a viagem, os pontos turísticos para as meninas
irem. Não iremos ficar em um hotel, já que temos nossos apartamentos. Eu
tenho uma cobertura em Ipanema, com vista privilegiada para a praia. Meus
pais e meus irmãos têm um apartamento embaixo. Comprei a cobertura, pois
estamos abrindo uma filial da Vintage Essence no Rio, e vou precisar ir à
cidade com mais frequência.
Ao finalizar o jantar, Hannah se despede e diz que nos verá na terça-
feira, no Brasil. Manuela vai dormir aqui junto com Demétrio e ir com meus
pais e Hannah na terça. Ela veio direto de Nova York. Vou até meu quarto e
faço umas ligações para o Brasil, para saber se está tudo em ordem. Verifico
minha mala mais uma vez e está tudo certo, se caso falte algo, pedirei a
minha mãe para levar.
Capítulo 3

Após subir o morro, morta de cansada e ofegante, subo o batente da casa


de Miguel e abro a grade da casa.
— Cheguei! — grito, fechando a grade.
Tiro meus sapatos, deixando-os no terraço e passo pela porta.
— Ela chegou. — Alicia sorri.
Sorrio e vou até ela.
— Oi, amiga. — A abraço forte.
— Mamãe! — Escuto a voz de Lorena.
Saio dos braços de Alicia, e viro-me vendo minha pequena correndo até
mim. Me agacho e abro os braços.
— Oi, meu amor. — Ela se pendura no meu pescoço.
Lhe encho de beijos, morrendo de saudades.
— Tia Alicia fez bligadeilo comigo — fala animada.
— Deixaram para mim? — pergunto sorrindo.
— Vou pegar — minha menina fala.
Ela sai dos meus braços e sai correndo pela casa.
— Tem cerveja — Miguel avisa.
— Uma, por favor! — Me jogo no sofá.
Ele assente e sai da sala indo até a cozinha. Deixo minha bolsa pesada
no chão ao lado do sofá e estico as pernas, apoiando-as em cima da mesinha
de centro. Vejo Miguel vindo com uma latinha de cerveja, e me entrega.
— Vamos à praia amanhã? — Miguel me olha, se sentando no sofá à
minha frente.
Vejo Lorena vindo toda desengonçada com um prato de brigadeiro nas
mãos, acompanhada de Alicia.
— Toma mãe. — Me entrega, toda sem jeito.
Sorrio e Alicia me entrega uma colher. Pego a colher e raspo no
brigadeiro e levo até à boca.
— Que gostoso, filha. — falo de boca cheia, e ela sorri orgulhosa.
— Tia Alicia me ensinou. — Se senta ao meu lado e sorrimos.
— Então? Vamos à praia amanhã? — Alicia pergunta, se sentando no
chão.
— Que horas? — pergunto.
— Umas nove — Miguel diz.
— Pode ser. — Bebo minha cerveja.
— Está tendo uma seleção para um novo comercial, do perfume novo da
Vintage Essence — Alicia comenta.
— Mas essa loja não é em Milão? — pergunto confusa.
— Milão, Paris, Nova York, Roma, Londres, Buenos Aires e agora no
Brasil — ela informa.
— Uau! — digo surpresa.
— Pelo que pesquisei, eles querem colocar mais lojas pelo mundo — diz
e pega o celular. — Os próximos lugares que pretendem abrir mais filiais são:
Las Vegas, Miami e Cancún. Me candidatei para a vaga de gerente de mídias
sociais. A minha entrevista é segunda.
— Você vai conseguir, tenho certeza! — Dou um gole na cerveja. —
Quem for o dono, é podre de rico.
— Não é apenas um, são três — fala se abanando.
— Sorte deles. Quem são os sortudos? — pergunto.
— São os trigêmeos D’Saints. — Se abana.
— Sei quem são — Miguel comenta.
— Não faço a mínima ideia de quem sejam. — Dou de ombros.
— Vou te mostrar. — Alicia pega o celular.
— Boa noite, crianças. — Maurício entra na casa de Miguel.
Maurício é o chefão do morro. Nunca tivemos problema com ele, ao
contrário, ele nos viu crescer, e está sempre nos ajudando.
— Tio Maurício. — Lorena sai do sofá, eufórica.
Ele sorri e se abaixa, pegando Lorena nos braços.
— Olá, pequena. — Ele sorri.
— Cerveja, tio? — pergunta Miguel, erguendo a mão mostrando a
cerveja. Ele nega com a cabeça.
— Tina, é melhor você ir para casa, e você também Alicia. — Ele nos
olha.
— O que foi? — pergunto, me levantando do sofá.
— Tem um homem estranho circulando pelo morro, melhor irem para
casa — coloca Lorena no chão.
— Eita! — Miguel faz uma careta.
— Fernando vai levar vocês para casa. Hoje pegamos ele para saber o
que quer — Maurício avisa.
— Tudo bem! Vamos, meu amor — digo, pegando minha bolsa.
— Tchau, tio. — Lorena acena.
— Tchau, princesa. — Maurício bagunça o cabelo dela.
— Não bagunça meu cabelo, tio. — Faz bico, nos fazendo sorrir.
— Tudo bem, princesa. — Ele faz mais bagunça no cabelo dela e rimos.
— Tio! — Cruza os bracinhos, com um bico.
Vejo Fernando entrando na casa de Miguel.
— Vamos? — pergunta Fernando.
— Sim. Nos vemos amanhã. — Pego Lorena nos braços.
Nos despedimos e Fernando é quem vai me levar para casa. Fernando é
um rapaz simpático, o bom dele é ser gentil com todos ao seu redor. Ele é da
parte do alto escalão, aqueles que ficam posicionados em lajes e barracos,
com fuzil nas mãos. Ítalo é o que fica rondando o morro junto com outros.
Fernando é bem calado e atento. Assim que chego na porta de casa, Fernando
fica olhando ao redor.
— Entre e se tranque. Não saiam. — Pede, ajeitando o fuzil em sua mão.
— Obrigada, Fernando. — Sorrio.
— De nada, Tina. Tchau, pirralha — fala e sorri para Lorena.
— Tchau, tio — fala sonolenta.
Entro em casa e rapidamente tranco as portas. Coloco Lorena no sofá, já
que ela já tomou banho, vou ao meu quarto e deixo minha bolsa lá.
— Chegou, menina. — Tia Flor entra no meu quarto.
— Tia, Maurício apareceu lá na casa de Miguel, e mandou Fernando me
trazer, pois tem um homem estranho rondando o morro. — Tiro meu sapato.
— Minha nossa senhora — fala se benzendo. — Toda vez que vem
alguém estranho, tem tiroteio e morte.
— Pois é tia, vim no mesmo instante — suspiro.
— Lena já tomou banho? — pergunta.
— Já sim e comeu também. — Ela assente.
— Vou deixar você se trocar e vou fechar a porta de trás e as janelas —
fala e se retira.
Pego minha roupa de dormir e vou até o banheiro, faço minha higiene e
tomo um banho rápido. Visto minha roupa e saio do banheiro. Coloco minha
roupa do dia no cesto de roupa suja e volto para sala. Vejo Lorena dormindo
no sofá e sorrio. Minha filha é tão linda. Vou até o sofá e a coloco em meus
braços e a levo até meu quarto, a coloco deitada na cama e vou até a cozinha
beber água.
— Vou dormir — minha tia diz, fechando a porta de trás.
— Boa noite, tia. — Me despeço dela.
Volto para meu quarto e a vejo deitada de lado com a chupeta na boca.
Os cabelos jogados no travesseiro e ronrona tranquila. Tão inocente minha
menina, nem sabe a realidade de onde moramos. Eu não a quero nessa vida
de traficantes, tiros e mortes, quero que ela cresça e arrume alguém digno
para ela. Um homem honesto e que a ame. Fico insegura quando saio com ela
pelo morro, as trocas de tiros podem acontecer a qualquer momento e eu não
sei o que faria se algo acontecesse com ela.
Adormeço logo, mas não demora e acordo com a gritaria na rua. Me
levanto e vou até a janela do quarto e vejo os homens de Maurício correndo,
uns subindo e outros descendo. De repente, escuto troca de tiros e sinto meu
coração gelar, rapidamente corro para a cama e seguro Lorena em meus
braços e me deito no chão, colocando meu corpo sobre ela.
— Mamãe estou com medo — fala com a voz trêmula.
— Estou aqui, meu amor — digo beijando sua testa.
E a troca de tiro não para. Meu coração está quase saindo pela boca,
Lorena não para de chorar e se segura em meu pescoço. Os tiros atravessam
as paredes da casa, me deixando ainda mais aflita.
— VALENTINA, FIQUE NO CHÃO! — grita minha tia do quarto.
— Faz palá, mamãe. — Lorena coloca as mãos nos ouvidos, chorando.
Meu Deus, nos ajude!
— VALENTINA RESPONDE OU EU VOU AÍ! — grita minha tia.
— ESTOU NO CHÃO, TIA! — grito de volta.
Estou desesperada, Lorena não para de chorar com medo. Meu Deus,
como eu não queria essa vida. Meu coração está partido por vê-la chorar e
não poder fazer nada. Irei lutar dia e noite para sair desse morro, não quero
passar o resto da minha vida aqui com ela e minha tia.
Uns trinta minutos depois, tudo está calmo. Não tem mais tiros e nem
gritaria na rua.
— Valentina... Lorena. — Minha tia chega ofegante no quarto.
Então eu choro, choro, choro. Me sinto angustiada por Lorena ter
presenciado tudo isso, mais uma vez. Deus me ajude a sair daqui!
— Mamãe, não chola. — Lorena enxuga minhas lágrimas.
— Estão bem? — pergunta tia Flor.
— Estou sim. — Me levanto.
— Vão dormir — fala olhando a janela.
Assinto.
— Vem, mamãe. — Lorena sobe na cama.
Tia Flor sai do quarto e fecha a porta. Vou até a cama e me deito ao seu
lado e puxo Lorena para mim. Beijo sua cabeça e ela se aconchega em meus
braços.
— Filha, eu prometo que vamos sair dessa vida — sussurro, segurando o
choro.
— Te amo, mamãe. — Beija minha bochecha.
— Também te amo..., muito filha. — Meu queixo fica trêmulo, mas
seguro o choro.
Tenho que ser forte para minha filha.

Hoje, fomos à praia, como combinado. Ficamos a manhã toda, nos


divertindo e bebendo. Lorena está uma graça, com seu maiô vermelho com
bolinhas brancas, o rosto branco de protetor, brincando na areia. Fez um
castelo de areia e ficou chamando quem passasse para ver sua obra de arte.
Rimos com a sua interação com todos.
— Se liga, tem um gato te olhando — Alicia fala, bebendo sua cerveja.
— Onde? — pergunto.
Então ela aponta para um homem moreno, sarado com uma sunga
vermelha, com óculos escuro e uma cerveja na mão. Quando me vê sorri, e eu
sorrio de volta.
— Que gato — Alicia comenta.
— Estão falando de quem? — pergunta Miguel.
— Daquele homão olhando para Valentina — Alicia aponta para o
homem.
— Vai lá. Você está na pista. — Miguel sorri.
— Nem tenho tempo para isso. — Me encosto na cadeira de praia.
— Ficamos com Lorena — Alicia diz.
— Nãooo! — Eles sorriem.
— Ele não para de olhar para você. — Miguel me cutuca com o
cotovelo.
— Nem sou tão bonita. — Alicia revira os olhos.
— Nem vem com essa! Você tem um corpão. Eu queria ter esse corpo,
após ter um filho. — Alicia joga o cabelo para trás. — Você é linda. Tem um
corpo bonito e é uma gata heterocromática.
— Se eu não fosse seu amigo, te pegava. — Miguel pisca o olho.
— Vocês não prestam! — Sorrio.
— Troca uma ideia — Alicia fala, ajeitando o cabelo.
— Não estou com cabeça para isso. Sério mesmo — digo.
Ficamos até meio-dia, em seguida vamos a uma lanchonete, comemos
hambúrguer e voltamos para casa. Aproveito meu domingo com minha filha,
assistindo desenhos com ela, à tarde toda.
Capítulo 4

— Vamos aproveitar as brasileiras? — pergunta Dimitri.


O vejo tirando seu paletó, pondo-o em cima da poltrona. Suspiro e me
sento no sofá, olhando a bela vista do mar em Ipanema.
— Se alguma nos interessar... — Jogo a cabeça para trás, morto de
cansado.
— Ótimo! Primeiro vamos resolver a questão do trabalho e depois
vamos nos divertir. — Vejo-o indo até o pequeno bar, próximo à janela.
— Quando será a seleção? — pergunto, afrouxando minha gravata e ele
vem até mim com dois copos com dose de uísque.
— Amanhã, por volta das dez da manhã. — Me entrega um copo.
Assinto e beberico meu uísque.
— Já sabe quantas são? — me levanto, indo até a enorme janela, vendo
o grande mar à minha frente.
— Trinta.
— Muitas. — Fico um tempo em silêncio. — Espero que alguma se
enquadre para o novo comercial do novo perfume.
— Também espero — meu irmão murmura.
— Falou com nossos pais? — Olho para ele.
— Sim, tudo certo para chegarem amanhã — avisa e bebe seu uísque.
— Nem te falei, Emily me ligou pedindo pra voltar. — Ele revira os
olhos.
— Essa mulher é um saco — comenta.
— Trocou de número e me ligou — explico.
— Troca de número. — Dá de ombros.
— Não posso. Muitas pessoas têm meu número.
— Temos uma reunião em uma hora. Tem pessoas para a vaga de
gerente de Mídias Sociais. Te vejo lá embaixo. — Bate em meu ombro e sai.
Coloco meu copo de uísque em cima da mesinha e vou em direção ao
meu quarto. Pego meu terno que já está passado, o que trouxe no jatinho para
usar nessa reunião. Preciso de alguém para passar esses ternos. Pego meu
celular e resolvo ligar para um velho amigo para me ajudar nisso.
— Meu velho amigo! Finalmente. — Rafael atende.
— Meu querido, quanto tempo!
— Eu que o diga. Está no Rio?
— Cheguei, faz algumas horas.
— Passe lá no Rustic Coffee, para tomarmos um café.
— Claro. Na quarta?
— Está ocupado, hein? Soube da sua filial aqui no Rio.
— Muito. Tenho uma reunião em uma hora. Amanhã será a seleção das
modelos para o comercial do novo perfume.
— Entendo. Espero que eu receba o convite para a inauguração.
— Claro, meu amigo. Agora eu preciso de uma ajuda sua.
— Mande as ordens.
— Preciso de uma pessoa para vir passar meus ternos e arrumar meu
closet. Conhece alguém?
— Conheço sim. Ela trabalha aqui, mas aceita fazer qualquer bico.
Falarei com ela ainda hoje.
— Preciso ainda hoje, Rafael.
— Hoje mesmo falo com ela.
— Ótimo! Assim que falar com ela, me diga que passo os detalhes por
mensagem.
— Aquele mesmo valor?
— Sim. Agora preciso ir, nos falamos depois.
— Até mais, Dom.
Finalizo a ligação e vou tomar meu banho. Visto meu terno italiano, e
meu sapato. Ajeito meu cabelo, borrifo meu perfume e saio para a reunião.
— Boa tarde, Helena. — Cumprimento minha amiga.
Retiro a chave do bolso da calça, para abrir meu armário.
— Está bronzeada, hein! — Ela sorri.
— Fui à praia com Lorena, Alicia e Miguel, ontem — explico, abrindo a
porta do armário.
— Soube da seleção para o Vintage Essence? — pergunta.
— Soube. — Prendo meu cabelo.
— Não vai participar? — pergunta franzindo a testa.
— Não. Essas coisas não são para mim. — Fecho meu armário.
Vamos andando até o balcão, onde já tem pessoas sendo atendidas e
outras esperando.
— Eu já te inscrevi — avisa, na maior tranquilidade.
Solto o bloquinho de anotações em cima do balcão e a olho, incrédula.
— Você o quê? — Ela sorri.
— Isso que você escutou. — Maneia a cabeça.
— Helena...
— Helena nada! Essa é uma oportunidade para você se reerguer — fala
esperançosa.
Suspiro e anoto o pedido da senhora que está na vez. Após anotar,
entrego o papel ao rapaz atrás da parede, por uma pequena abertura, para
fazer o pedido.
— Ontem fiquei desesperada. — Me sento no banco atrás do balcão. Ela
termina de realizar o pagamento de um rapaz e se vira para mim.
— Soube do tiroteio — fala um pouco baixo.
— Você acha que eu passo nessa seleção? — pergunto, angustiada.
Ela se inclina e sorri para mim.
— Você é linda, você se sairá bem! — Segura minha mão e vejo meu
patrão vindo até nós.
— Valentina, preciso falar com você — avisa.
— Sim, senhor — digo me levantando, e ele acena. — Depois nos
falamos — sussurro para Helena.
Me levanto e sigo meu patrão até seu escritório. Fecho a porta e me
sento na cadeira de frente para ele.
— Tem um amigo meu que acabou de chegar de Milão, e precisa de
alguém para arrumar suas roupas, passar seus ternos, arrumar o closet... — o
interrompo.
— Eu quero — digo depressa e ele sorri assentindo.
— Ele paga bem, e precisa para hoje ainda. Posso liberar você por hoje,
pois ele é um velho amigo.
— Tudo bem. Eu quero! — Ele assente.
— Só um instante que vou ligar pra ele — informa e eu assinto.
Vejo-o retirar seu telefone do bolso da sua calça jeans, digita algo e leva
até o ouvido.
— Dom, acabei de confirmar com a moça. Ela vai querer.... — Fica um
tempo em silêncio e assente. — Ótimo! Me mande que eu mostro agora para
ela. — Ele se despede e desliga o telefone. — Ele vai me mandar a proposta
em um minuto.
— Está certo. — Assinto.
Em um minuto contado, o celular do meu patrão apita e ele me mostra.
Arregalo os olhos com o valor, só para passar seus ternos e arrumar o closet.
— S-senhor, é um v-valor muito alto — aponto para a tela do celular,
com o dedo trêmulo.
— Sim. Eu disse que ele pagava bem — Diz, recolhendo alguns papéis
em cima da mesa.
— Nossa — suspiro, me encostando na cadeira.
— Aqui está o endereço. — Me entrega um pedaço de papel. — Se
quiser já pode ir, seu dinheiro será depositado em sua conta — avisa e eu
assinto. — Me passe os dados da sua conta.
— Ok.
Pego uma folha de papel e uma caneta, anoto todos os meus dados
bancários e entrego a ele. Após acertarmos tudo, vou até o vestuário, pego
minha bolsa, me despeço de Helena e vou até o local onde o homem mora.
Saio de lá com o endereço em mãos. É em Ipanema, então irei andando
mesmo. Com esse valor, dá para uns três meses de uma boa feira, e sobrará
dinheiro para comprar umas roupinhas melhores para Lorena. Ligo para tia
Flor e falo para ela. Ela fica muito feliz e vai me esperar no mercadinho para
fazermos a feira.
Passo pela calçada do enorme condomínio de luxo, e vou direto à guarita
que divide a entrada de pedestres e veículos. Paro em frente ao rapaz.
— Boa tarde. Eu vou para o apartamento de Dominic — informo.
O homem desvia seu olhar do computador, retira seu fone Bluetooth e
sorri gentilmente para mim.
— Boa tarde. Qual é o seu nome? — pergunta.
— Valentina. — Ele assente e mexe no computador.
— Sim. Ele liberou a entrada da senhorita. Me dê sua identidade e assine
aqui, por favor — pede.
Pego minha identidade e entrego para ele. Assino o papel e o entrego.
— A senhorita vai pelo elevador dos funcionários, vai para o edifício C,
lá você entra e vai direto na recepção. Você tem três horas para fazer o que
foi mandando. Caso não tenha concluído, volte até a recepção do edifício C,
que vão acrescentar mais uma hora — explica.
— Tudo bem. — Assinto.
— Só um momento. — Me devolve a identidade.
Coloco minha identidade na bolsa, enquanto ele se levanta para pegar
algo.
— Estique seu braço, por favor — pede.
Estico meu braço, onde ele coloca uma pulseira de identificação; nome,
cpf e qual edifício estou indo.
— Obrigada. — Agradeço.
Ele destrava a grade e eu passo por ela.
Que chique!
Um segurança me guia e me leva até o edifício C. A recepção é divina,
pura ostentação, de gente rica mesmo! Entro no elevador de funcionários e o
segurança coloca uma senha, e as portas se fecham. Assim que as portas
metálicas do elevador se abrem, entro e dou de cara com uma dispensa, muito
bem organizada. Saio andando por um grande corredor, com paredes na cor
branca e piso de porcelanato.
— Gente do céu! — Estou pasma com a beleza da sala.
A sala é enorme, com móveis caros. Um sofá grande retrátil em L, com
uma mesinha de vidro, e quatro poltronas. Uma janela enorme do teto ao
chão, com a vista para a praia de Ipanema. Um lustre enorme, acho que uma
vida não seria suficiente para pagar. Pelo menos não a minha vida, não é?
Volto para o corredor e dou de cara com uma bela cozinha, estilo
americana.
— Uau! — Assobio.
Os armários em tom de marfim, com uma ilha no meio da cozinha, pia
de inox e ao lado, o fogão no estilo cooktop. A enorme geladeira inox, um
micro-ondas num armário com divisórias e um forno também de inox
embaixo. Isso que é cozinha. Ao redor da ilha tem quatro bancos com
encosto.
Que cobertura, viu!
Vamos aos trabalhos.
Subo as escadas e tem um corredor grande com várias portas. Abro as
quatro portas, até achar a do dono. Tem mala e algumas roupas em cima da
cama. Entro e fecho a porta. Coloco minha bolsa em cima da cômoda quando
escuto um barulho de papel. Levanto minha bolsa e vejo um papel em cima
dela.

Olá, me chamo Dominic.


Quero meus ternos pendurados por cores. As camisas sociais à direita,
paletó e calças à frente das camisas.
Minhas roupas casuais também; calças da clara à escura, bermudas e
camisas da mesma forma, por cores. Camisa com camisa, regata com
regata...
Com minhas cuecas não precisa se preocupar.
Gravatas, as quero enroladas com a ponta à mostra na gaveta da ilha
do closet. Também por tonalidade de cores.
Cintos enrolados na terceira gaveta da ilha.
Minhas abotoaduras quero nas divisórias da ilha também. Você vai
notar logo, meus relógios estão logo em cima, já que a tampa é de vidro.
Quero também por cores.
Sapatos nas divisórias do closet.
Desculpe as minhas exigências, sou assim. Espero gostar do seu
trabalho, são poucos que eu gosto.
Tudo que precisar, está na dispensa!
Dominic

Nossa que letra linda!


E que homem para gostar de tudo no seu devido lugar. Será que sofre de
TOC? Deve ser. Bom, vou começar pelos ternos. Vou até à dispensa e pego o
que preciso e volto para o quarto. Passo seus ternos e faço exatamente o que
ele mandou no bilhete. Arrumo as calças e bermudas onde mandou e como
mandou. Faço a mesma coisa com as camisas.
Pego as gravatas e levo-as até a ilha. Abro a primeira gaveta e coloco em
ordem de cores. Faço a mesma coisa com os cintos em outra gaveta. Pego um
saquinho que tem as abotoaduras e coloco em cima da ilha e arrumo-as em
pares. Todos elas têm pedras brilhantes. Será que é diamante?
— Claro que é!
Abro a gaveta e coloco as abotoaduras em seu devido lugar do jeito que
pediu e coloco os sapatos nas divisórias.
— Pronto. Tudo certo — suspiro.
Fecho a mala e coloco no canto, dentro do closet e levo as coisas de
volta para a dispensa. Pego minha bolsa, verificando se tem algo fora do
lugar. Após ver que tudo está certinho, vou até o elevador e desço para a
recepção. Passo pela recepção, e vou andando pelo enorme condomínio, que
é igual a um resort. É lindo demais. Após chegar na guarita o rapaz me olha.
— Nossa, que rápida. — Sorrio.
— Pois é. — Assente.
Ele retira minha pulseira, assim que vou para o lado de fora do portão.
— O senhor Dominic acabou de subir, deseja falar com ele? —
pergunta.
— Não. Já fiz o que tinha que fazer. Obrigada. — Agradeço e ele
assente.
Saio andando pela calçada movimentada e vou encontrar minha tia no
mercadinho. Noto que minha pulseira não está em meu pulso. Merda! Eu
tenho uma e Lorena outra, que mandei fazer com a ajuda de Maurício, para
ter um desconto bom na loja do conhecido dele, que trabalha legalmente, é
claro. Até hoje estou pagando essas pulseiras, dividi em muitas vezes, para
ficar suaves parcelas.
— Merda! — resmungo e vou me encontrar com minha tia.
Fazemos uma bela feira, compro de tudo um pouco, que vai dar para uns
três meses, sem me preocupar. Deixo a feira em casa e guardo a comida no
armário, tudo certinho, com a ajuda da tia Flor, coloco as coisas na geladeira
para não estragar e desço para a barraca de seu Arthur.
— Olá, menina. — Me cumprimenta.
— Vim pagar a dívida — digo com um sorriso.
Tiro meu cartão do bolso e coloco na maquineta, quitando minhas
dívidas.
— Não precisa ficar envergonhada, menina. Você sempre pagou
certinho. Se precisar de colocar algo na conta, é só avisar. — Me devolve o
cartão.
— Obrigada, seu Arthur. — Ele acena.
Desço o morro e resolvo fazer uma surpresa para a minha filhota. Hoje é
dia dela passar o dia todo na escola. Assim que chego na escola, o sino toca
avisando que é a hora da saída. Encosto na parede e fico olhando as crianças
saírem, quando eu a vejo com sua bolsinha nas costas.
Ela me olha sorrindo e vem correndo. Sorrio e me agacho abrindo os
braços.
— Mamãe! — grita, pulando nos meus braços.
— Minha princesa. — Beijo sua bochecha.
— Não foi tabaiá? — pergunta, se afastando me olhando com seus
olhinhos azuis.
— Larguei cedo e vim te buscar. — Ela me abraça forte.
Tiro sua bolsa e coloco em meu ombro e saio andando com ela até em
casa. Um tempo depois, ela já está cansada e a coloco em meus braços.
— Paticia bincou comigo hoje — fala com a cabeça apoiada em meu
ombro.
— E como foi? — pergunto, um pouco ofegante. Ela se afasta e me
olha. — Foi bom. Ela não é tão chata assim. — Sorrio.
— Que bom, meu amor. — Beijo sua bochecha. — Tenho uma surpresa
para você. — Seus olhinhos começam a brilhar.
— Supesa. — Bate palmas, bem feliz.
Assim que chego na porta de casa, vejo ítalo me olhando de longe. Ele
me olha estranho, olho para trás, mas não tem ninguém. Aceno com a mão e
ele balança a cabeça. Deve estar bem drogado. Destranco a porta e entro com
Lorena em meus braços.
— Vovó... Vovó, mamãe disse que tem uma supesa pá mim — grita
eufórica, correndo para os braços da tia Flor.
— Tem sim, meu amor. — Tia Flor sorri.
— Me mosta, mamãe. — Bate palmas.
Sorrio e vou até à geladeira, pego o chamyto e vou até à sala mostrar a
ela.
— TUTU! — grita sorrindo.
Sinto até uma lágrima escorrendo pelo meu rosto e a enxugo rápido. Não
tem coisa melhor do que ver minha filha feliz. Ela chama chamyto de tutu.
Uma graça. Infelizmente, não tenho condições de comprar muitas coisas para
ela. O dinheiro que recebo, é para pagar aluguel de casa, conta e feira. O
pouco que sobra da hora extra que faço, é para pagar a taxa da faculdade, sua
escola e sobra algum trocado para me divertir em barzinhos com meus
amigos.
— Bigado, mamãe. — Pega o chamyto.
— De nada, meu amor. — Beijo sua cabeça, e ela corre para sala e vai
se sentar no sofá.
— Quer dizer que ganhou um bom dinheiro apenas para passar e
organizar o closet do ricaço? — pergunta minha tia Flor, limpando a mesa.
— Sim. Rafael disse que ele é da Itália, está aqui no Rio a trabalho, E
precisava de alguém para passar seus ternos.
— Interessante. Você o viu?
— Não. Ele tinha liberado minha entrada, mas não estava na cobertura.
— Jogo minha cabeça para trás.
Olho para minha tia e ela está pensativa, olhando para o nada.
— O que está pensando, tia? — pergunto.
— Tive umas vibrações — fala pensativa.
Tia Flor e suas vibrações...
— Que vibrações, tia? — pergunto curiosa.
Minha tia sempre teve essas coisas de vibrações. É raro suas vibrações
darem errado, quase sempre são certeiras. Minha mãe dizia que ela sempre
foi assim. Lembro-me do dia em que meus pais morrem, ela passou o dia
angustiada, e más vibrações rondavam-na. E olha no que deu!
— Vibrações boas. — Me olha.
— O que a senhora sentiu? — pergunto bem curiosa.
— Que você vai ser muito feliz e vai sair dessa vida. — Me dá um
sorriso.
— Vai demorar, tia — digo desanimada.
— Vai não, está perto! — Ela sorri e eu assinto muito esperançosa.
Escuto a porta ser aberta e vejo Miguel entrando.
— Olá, família! — grita.
— Tio Miguel, eu ganhei tutu. — Lorena sai do sofá e vai até ele.
— Me dá um pouquinho? — pergunta Miguel se abaixando.
— Não! É só meu. — Faz bico toda lambuzada.
Ele sorri e beija sua cabeça.
— E aí gata, de boa? — pergunta se sentando no sofá.
— Fiz um trabalho extra para um homem, ganhei um bom dinheiro e fiz
a feira para três meses — digo mega feliz.
— Que tipo de trabalho? — Arqueia a sobrancelha.
Miguel é ridículo.
— Nem vem, Miguel. — Reviro os olhos. — Não sou puta.
— O que é puta, mamãe? — pergunta Lorena, com o canudo do
chamyto na boca. Já é o terceiro que ela toma.
— Aí, meu Deus! — Miguel gargalha.
— Eu disse pura filha, pura! — digo nervosa, e Miguel sorri. Pego uma
almofada e jogo nele.
— O que é pula? — pergunta.
— Pura é uma pessoa inocente, como você — digo e ela sorri.
— Eu sou pula, tio — fala animada, para Miguel.
— Claro que é, docinho. — Miguel sorri.
— Passei seus ternos e arrumei o closet. — Limpo a boca de Lorena.
— Legal. Hoje fiquei com uma morena — comenta.
— O que é ficar, tio? — Lorena pergunta.
— Conversar e brincar com alguém. — Miguel explica.
Ridículo!
— Tipo pula-pula? — Lorena se anima.
— Isso, pula-pula — fala cheio de malícia.
Bufo.
— Meu amor, vá com vovó tomar banho — digo, e ela assente. — Já
voto, tio — fala, e sai andando tomando seu tutu. Assim que ela se afasta,
pego uma almofada e jogo nele.
— Deixa de brincar com a inocência dela, palhaço. — Ele sorri,
pegando a almofada.
— Mas estávamos brincando — diz entre risos.
— Claro, brincando de pular no seu pau — murmuro, para Lorena não
escutar.
— Brincadeira de adulto. — Pisca pra mim.
— Você é impossível! Me conta logo quem é ela. — Se ajeita no sofá.
— Ela é lá do trabalho. Marcamos de sair amanhã. — Passa a mão no
cabelo.
— E o que pretende?
— Nada demais. Apenas algo casual. — Dá de ombros.
— Safado. — Ele sorri. — Viu a Alicia?
— Não, ela está bem nervosa sobre a entrevista de hoje, vai saber
amanhã.
— Nem te conto, Helena me inscreveu para fazer a seleção do Vintage
Essence. — Ele abre um sorriso.
— Tenho certeza que vai passar. Principalmente com esses olhos
divinos — comenta com um sorriso.
— Tia Flor disse que sentiu boas vibrações em relação a mim. Que eu
iria ser feliz e iria sair dessa vida. — Me encosto no sofá.
— Tudo a ver com a seleção — fala.
— Ela não disse em relação ao comercial, eu nem falei com ela sobre
isso — explico.
— As vibrações de tia Flor nunca erram. — Apoia os cotovelos nos
joelhos.
— Mas ela só sente as vibrações quando contam as coisas a ela, e
ninguém disse sobre a seleção.
— E qual foi o motivo das vibrações?
— Eu disse que fui para o apartamento desse italiano e fiz o serviço. Aí
ela me perguntou se eu o vi, quando disse que não, ela ficou pensativa. — Ele
assente.
— Tia Flor e suas vibrações.
— Pois é. — Sorrimos.
Capítulo 5

Hoje é o dia da seleção para a candidata ideal para o comercial. Espero


que alguma sirva, pois eu não tenho paciência para essas coisas. Ontem
quando cheguei em minha cobertura, notei tudo no seu devido lugar. Até o
copo de uísque que estava na mesinha, a moça lavou e colocou de volta no
lugar. Meu closet está impecável, e ela fez do jeito que pedi.
Grazie Dio![4]
Queria conhecer a moça e agradecê-la pessoalmente. São poucas que
conseguem fazer o que peço, e ela fez do jeito que pedi. Senti um cheiro de
mulher no quarto, um cheiro adocicado e delicado. Achei uma pulseira no
chão do corredor em direção à cozinha. Nele tem um símbolo do infinito com
as iniciais V&L. Quem será? Guardei no meu bolso do terno, para entregar
para Rafael, já que a moça trabalha com ele na Rustic Coffe. Tiro meu celular
do bolso e ligo para ele.
— Fala, Dom.
— Olá Rafael. Queria confirmar minha ida à sua cafeteria amanhã pela
tarde. — Olho a pulseira em minha mão.
— Que ótimo. Gostou do que Valentina fez?
— Quem é Valentina? — Franzo a testa.
— A moça que foi arrumar seus ternos e seu closet.
— Ah, sim. Você não tinha me dito o nome dela.
Então o V é de Valentina. O L seria de quem?
— Ela é uma moça gentil e honesta. Trabalhadora e o que aparecer na
frente para ganhar um trocado, ela faz. É minha melhor funcionária. Sempre
faz horas extras para ajudar com as coisas em casa. Uma moça linda e
simpática.
Interessante...
— Então, gostou?
— Muito, fez do jeito que pedi. Queria agradecê-la pessoalmente.
— Ela trabalha na parte da tarde. A partir de uma e meia.
— Ótimo! Estarei aí. Agora tenho que ir à empresa.
— Nos vemos amanhã, Dom.
Finalizo a ligação e fico olhando a pulseira. Como será que Valentina é?
Bonita, feia, metade dos dois... Nunca tive tanto interesse em conhecer
alguém, como quero conhecê-la. Alguma coisa nessa mulher mexe comigo.
Olho meu relógio e já são nove e meia. Coloco a pulseira e o celular no bolso
e vou em direção ao elevador. Assim que chego na recepção vou direto falar
com Paulo, na recepção.
— Bom dia, senhor D’Saints. — Me cumprimenta.
— Bom dia, Paulo. Sabe me dizer quanto tempo a moça que veio ontem,
passou na cobertura? — pergunto, colocando meu Ray-Ban.
— Ah, sim, Valentina — fala pensativo.
— O que foi? — O olho.
— Uma moça bastante bonita, simpática, educada... — Ele para de falar
e se recompõe, envergonhado. — Me desculpe, senhor. Ela chegou às duas e
saiu às três.
— Apenas uma hora? — pergunto curioso.
Ela fez tudo aquilo em uma hora? E ainda diz que é bonita? Preciso
conhecê-la.
— Sim. Algum problema, senhor?
— Não. Obrigado, Paulo.
— Por nada, senhor. — Assente e volta a fazer seu trabalho.
Saio da recepção e lá está Pietro, meu motorista particular, em pé junto
com Daniel e Theo, meus seguranças pessoais.
— Bom dia, senhor. — Me cumprimentam.
— Bom dia. Vamos para a empresa. — Assentem.
Vou em direção à minha Ferrari branca, enquanto os três entram na
SUV preta, para fazer minha escolta. Entro e dou partida pela avenida
movimentada do Rio. Olho pelo retrovisor interno e vejo a SUV atrás de
mim. Dez minutos depois, estaciono meu carro em frente à empresa e saio.
Jogo a chave para o manobrista enquanto Daniel e Theo andam atrás de mim.
Minha mãe que arquitetou o prédio nos mínimos detalhes, como todas as
lojas. Ela tem uma empresa de arquitetura e designer de interiores com meu
pai, com pessoas bem qualificadas, sua empresa é reconhecida em vários
lugares do mundo. Por isso, eu e meus irmãos contratamos a empresa deles,
para arquitetar todas as filiais.
— Bom dia, senhor D’Saints. Seus irmãos estão à sua espera na sala da
seleção — a recepcionista me informa.
— Obrigado, Agatha. — Agradeço.
Entro no elevador e subo até o quarto andar. Assim que as portas se
abrem, entro pelo corredor e vou andando até a última sala, viro meu rosto e
vejo uma sala, com a parede de vidro cheia de mulheres. Muito bonitas por
sinal! Assim que me veem ficam se abanando.
Sei que sou lindo, gatas!
Aceno com a cabeça e elas ficam eufóricas. Mas o meu olhar vai para
uma moça no canto, sozinha, com a cabeça encostada na parede. Ela não
parece ligar para euforia das outras mulheres, e isso me deixa curioso. Passo
direto e entro na sala, onde Demétrio e Dimitri estão sentados atrás de uma
mesa.
— Finalmente! — Dimitri murmura.
Entro e fecho a porta. Olho para o relógio e sorrio.
— Tenho cinco minutos ainda — digo, abrindo meu paletó.
— Fratello, são trinta mulheres. Vamos sair daqui hoje? — Demétrio
me olha.
— Bom, dez para cada. — Dou de ombros.
Arrasto a cadeira e me sento no meio deles.
— Aqui estão as suas. — Dimitri me dá uma pasta.
Abro a pasta para verificar os nomes, quando o celular de Demétrio
apita. Ele olha para o celular e sorri.
— Manu e o pessoal acabaram de pousar, estão indo para o apartamento
— avisa.
— Grazie Dio — suspiro e escutamos alguém bater na porta.
— Entre — Demétrio fala alto.
A porta é aberta e aparece Morgana, nossa assistente pessoal e
secretária.
— Podemos começar? — pergunta com um iPad em mãos.
— Mande a primeira — peço.
Tiro meu celular do bolso e coloco em cima da mesa. Retiro os papéis
de dentro da pasta, colocando-os em cima da mesa.
— Já decidiu quem será a nova gerente de mídias sociais? — pergunta
Demétrio.
— Poderia ser a tal Alicia Albuquerque, ela é gostosa — fala Dimitri,
abrindo o paletó.
— Dimitri, isso é trabalho. Nada de ficar pegando funcionárias. Alicia
tem um currículo bom, eu optaria por ela — Demétrio fala sério.
— Bem recheado, eu aprovaria — murmuro.
— Bom, então ficaremos com ela — Demétrio diz e assentimos.
Começa a entrar as candidatas, cada uma mais cabeça de vento do que a
outra. Ficaram se insinuando para nós três o tempo todo. Será que elas não
sabem que aqui é um ambiente de trabalho? Certo que tem umas bem bonitas
e se encaixam no padrão do comercial. Nem alta e nem baixa, corpo com
muitas curvas e simpáticas. Mas tem umas que se o vento bater, elas saem
voando de tão magras que são.
Teve umas que já vieram preparadas para deixar seus números anotados
em papéis para nós. Dimitri está gostando, cada uma que o interessa, ele
guarda o número. Demétrio só faz sorrir da audácia delas. E eu já estou com a
paciência esgotada, já estou no meu limite.
— Próxima! — falo impaciente para Morgana, e ela assente.
— Não gostou de mim? — pergunta a loira oxigenada à minha frente.
— Não! Pode sair. — Faço um gesto com as mãos, e ela sai cabisbaixa
da sala.
— Que mau humor. — Dimitri me olha.
— Só resta uma — Morgana avisa.
— Mande entrar, por favor — peço fazendo um gesto com a mão.
— A última é sua — Demétrio avisa.
Pego a última folha e coloco em cima dos outros papéis, quando levanto
o olhar e vejo a mulher entrando pela porta, olhando para nós.
Linda!
Altura mediana, deve ter 1,65 de altura, com belas curvas, cabelos
castanhos e os olhos...
— Bom dia. — Nos cumprimenta com a voz baixa.
Um olho azul e o outro castanho. Sua boca bem desenhada, um rosto de
menina mulher. Bem vestida e educada, delicada e simpática. Maquiagem
leve, que dá para mostrar sua pele sem imperfeições alguma. Se senta à nossa
frente e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Ela está nervosa, e não era por causa de nós três.
Ela esfrega sua mão em seu vestido, aposto que estão molhadas. Ela tira
a bolsa do ombro e coloca na cadeira ao lado, quando nossos olhos se
encontram. Que olhos lindos. Nunca vi pessoalmente uma pessoa com
Heterocromia, apenas por fotos em sites... É ainda mais bonito pessoalmente.
— Qual é seu nome? — pergunta Demétrio.
Ela ainda está me olhando.
— Valentina Cecília Liz Mendes. — Olha para meu irmão.
Não é possível.
Será que ela é a tal Valentina que Rafael citou?
Deus, como ela linda...
— Trabalha? — Demétrio pergunta, anotando algo no papel.
Eu não consigo fazer pergunta alguma, ela é a minha candidata no papel,
era para eu estar fazendo as perguntas, mas eu não consigo, só consigo olhar
para ela. O jeito de falar doce, o jeito que me olha não transmite interesse
como as outras. Ela é mais centrada e tímida.
— Numa cafeteria em Ipanema — responde.
Muita coincidência.
— Qual é a conduta que mais desagrada em colegas de trabalho e
superiores no ambiente de trabalho? — Dimitri pergunta.
— Acho que a falta de respeito e desonestidade. Se eu sou honesta e
respeito as pessoas ao meu redor, mereço o mesmo retorno. — Ela sorri.
Ainda é mais linda sorrindo.
Dio aiutami.[5]
— Ótima resposta. — Dimitri sorri, gentilmente
— O que você sabe sobre a empresa? — pergunto e ela rapidamente me
olha e ela sorri.
Puta que pariu!
— Sei que são donos de uma empresa de perfume muito famosa pelo
restante do mundo. Sei onde pretendem abrir novas filiais. — Me olha, com
seus olhos ímpares, perfeitos.
— Andou pesquisando. — Ela sorri, ficando corada.
Cristo! Ela é muito linda.
— Você está participando de processos de seleção em outras empresas?
— pergunta Demétrio.
— Não, senhor — nega com a cabeça.
Eu não consigo tirar meus olhos dela. Sinto o cheiro do seu perfume
adocicado e delicado daqui de onde estou, e parece com o que senti em meu
closet.
— Como você lida com estresse e trabalho sob pressão? — meu irmão
caçula pergunta.
— Eu sou calma, é raro eu me estressar. — Ela sorri.
É o sorriso mais lindo que eu já vi.
— O que motiva você? — pergunto e ela me olha novamente.
Que olhos...
Toda vez que ela me olha, me faz sentir coisas que nunca senti antes.
— Força de vontade — fala com firmeza.
— Cite dois pontos que seu ex-chefe gostaria que você melhorasse? —
pergunta Demétrio.
— É difícil, ele diria para que eu diminuísse, porque sou uma excelente
funcionária. — Ela olha para meu irmão.
— Por exemplo? — pergunto cruzando os braços.
— Sou bem espontânea e criativa demais — coloca uma mecha de
cabelo atrás da orelha.
— Gostei dela. — Dimitri sorri.
— Obrigada. — Ela cora.
Nossa... Ela é perfeita.
— Como ficou sabendo dessa vaga? — pergunto.
— Através de duas amigas — fala.
— Qual sua disponibilidade? — pergunta Demétrio.
Ela suspira.
— Aos domingos — murmura.
— Então o que te trouxe até aqui a empresa, se só está disponível aos
domingos? — Dimitri a olha.
— Quero mudar de vida. Trabalho muito, faço hora extra direto e recebo
só um salário. E ainda tenho faculdade pela manhã. Só tenho o domingo —
explica.
— Entendo. Faz faculdade de quê? — pergunto.
— Fisioterapia.
— Ramo totalmente diferente dessa entrevista. — Demétrio fecha a
pasta.
— Como você paga sua faculdade? — pergunto sem tirar os olhos dela.
Eu só tenho olhos para ela. Sua pele clara, o jeito que mexe no cabelo, o
jeito que fica nervosa, o modo como me olha, como morde o lábio... Aqueles
lindos olhos ímpares, estão mexendo comigo de uma forma inexplicável...
— Recebi uma bolsa integral, só pago uma pequena quantia por mês —
explica.
— Inteligente. Muito bom — Dimitri fala.
— Valentina, você pode se retirar. Assim que tivermos o resultado,
vamos te informar — Demétrio anota algo na ficha dela.
— Obrigada! — se levanta e meus irmãos acenam.
— Até mais, Valentina. — Minha voz sai tão rouca, que eu estranho.
Pega a bolsa e sai andando. Seu vestido solto balança enquanto anda, o
vestido é justo em cima e folgado embaixo. Ela abre a porta e vira o rosto e
me olha mais uma vez e sai fechando a porta.
— Qual é a tua? — Demétrio me olha.
— O quê? — Franzo a testa.
— A troca de olhares intensa de vocês. — Dimitri sorri, recolhendo os
papéis.
— O olho dela é bonito — digo pensativo.
— Conta outra. — Demétrio bufa.
A porta é aberta e Morgana aparece na sala.
— Já decidiram qual vai ser a nova gerente de Mídias Sociais? —
pergunta.
— Alicia Albuquerque — Demétrio diz.
— Vou ligar hoje mesmo para ela — avisa e se retira.
— O que acharam dela? — pergunto.
— Totalmente nos padrões do que queremos, mas o que fodeu é ela
fazer fisioterapia. — Demétrio fecha o paletó.
— Mas ela é bem espontânea como disse, e tem algo diferente nela —
digo.
— Os olhos? — perguntaram ao mesmo tempo.
Assinto.
— Vai chamar atenção — Dimitri afirma.
— A ideia é essa — digo o óbvio.
Queria conversar com ela, ficar perto dela. Beijá-la, jogar na cama e
foder com ela, até perdemos a consciência. Como posso pensar desse jeito,
por uma mulher que só estive perto por vinte minutos?
— Ela só tem disponibilidade aos domingos — Demétrio informa.
— Podemos dar uma chance para ela, ela é diferente — falo.
E que diferente...
— Está apaixonado pela gata heterocromática, fratello? — Dimitri sorri.
— Quê? Eu não estou nada de apaixonado. Só que temos o olho dela a
nosso favor — me levanto da cadeira.
— Anham! Vou fingir que não ouvi isso — Demétrio murmura.
— Também — Dimitri diz.
— Vão se foder! — Eles gargalham.
Saio da sala com eles e caminhamos até o laboratório no quinto andar,
para vermos o andamento do Ottimizzare La Francia N°5, nosso novo
perfume que será lançado aqui no Brasil. A mulher que for escolhida, vai
fazer um comercial com o novo perfume.
Assim que chegamos no quinto andar, vamos para uma sala, onde tem
vários equipamentos e pessoas trabalhando no novo perfume, o laboratório.
— Bom dia, senhores D’Saints. — Um rapaz alto e loiro, nos
cumprimenta.
— Bom dia. — Meus irmãos o cumprimentam e eu apenas aceno.
— Me chamo Pedro Henrique, sou o engenheiro químico do laboratório.
— Estende sua mão.
Não sei..., mas não fui com a cara dele. Não sei dizer, mas está escrito
na testa que é falso, enfim, recuso sua mão e saio andando pelo laboratório
olhando cada equipamento, detalhadamente.
— Dominic, precisamos saber como será a nova embalagem.
Paro de andar e viro-me para olhar o homem.
— Quem te autorizou a me chamar pelo meu nome? — pergunto bem
sério. Ele se remexe envergonhado.
— De-desculpa, senhor. Isso não vai se repetir mais — fala nervoso.
Juro que não fui com a cara dele!
— Acho bom. — Ele assente rápido. — A mulher que contratamos
chega amanhã para fazer uma amostra da nova embalagem.
— Sim, senhor. — Assente.
— E organize esse laboratório, está uma bagunça! — digo.
Saio de perto dele e passo pelos meus irmãos e saio do laboratório indo
em direção ao corredor.
— Ei, fratello! — grita Dimitri.
— Ei cara! O que foi isso? — pergunta Demétrio, segurando meu braço.
— Quem ele pensa que é para me chamar pelo meu nome? — pergunto
irritado.
— O porquê disso? — pergunta Dimitri.
— Só quem nos chamam pelo primeiro nome, são amigos e família. —
argumento.
— Me diga o real motivo dele ter te irritado tanto? — pergunta
Demétrio.
— Não fui com a cara dele. Simples! — Dou de ombros.
Retiro meu celular do bolso, vendo o nome de Theo na tela. Atendo e
levo o telefone até o ouvido.
— Senhor, estamos à sua espera para irmos para o restaurante
encontrar sua família.
— Estou descendo. — Desligo o telefone.
— Vamos, nossa famiglia[6] nos espera — coloco meu celular no bolso.
Entramos no elevador em silêncio e descemos até o hall do prédio. As
portas se abrem, meu motorista e meus seguranças estão à minha espera.
Assim que coloco os pés na calçada, Theo vem até mim.
Olho para o lado e vejo uma moça na parada de ônibus, no outro lado da
calçada, de cabeça baixa. Então ela levanta o rosto e nossos olhares se
encontraram, é ela. A mulher de olhos ímpares.
Está sentada no banco com a perna cruzada, com o celular em mãos.
Ela está com um coque alto, despojado, com alguns fios soltos, a deixando
mais linda. Ela desvia o olhar e depois olha novamente.
— Senhor? Alguém estranho? — pergunta Daniel, colocando a mão no
coldre dentro do paletó.
— Não! — Faço um gesto com a mão sem tirar os olhos dela.
— Você está olhando para onde? — Demétrio vem até mim.
Ela se levanta, assim que o ônibus se aproxima.
— Vamos — digo assim que o ônibus para.
Antes de entrar no meu carro, olho para trás e ela não está mais lá.
— Entra, Dominic. — Grita Demétrio, chamando minha atenção.
— Estou morrendo de fome! — Mostro o dedo do meio para Dimitri.
Preciso vê-la de novo!
Entro no carro e dou partida indo em direção ao restaurante.
Capítulo 6

Depois que eu e meus irmão chegamos no restaurante, cumprimentamos


nossos pais, minha cunhada e minha amiga Hannah. Ela está muito feliz por
ter vindo para o Rio de Janeiro. Ela tem um largo sorriso em seus lábios.
— Aqui é tão lindo. — Fecha os olhos, sentindo o vento vindo do mar.
— Vou te levar para conhecer o Cristo Redentor. — Manu toma seu
suco. — E depois vamos fazer compras.
— Vamos, Dom? — pergunta minha amiga.
— Não dá, Hannah, estou cheio de trabalho. Mas poderíamos ir para
algum lugar, sexta à noite — digo.
— Bom, eu posso chamar Rafael e sua esposa para jantarmos. — Meu
pai sugere.
— Maravilha! — Minha mãe sorri.
Conversamos sobre o prédio onde fica o escritório e o laboratório. Tem
a loja também, mas ainda não vi como está o andamento. Sei que ainda está
em construção, faltam alguns detalhes.
Volto para a empresa com meus irmãos, e os outros vão para o
apartamento desfazer as malas. Temos que voltar, pois queremos ver o
andamento no laboratório. Só de pensar que tenho que ver aquele cínico do
Pedro Henrique, já me causa um desconforto. Odeio pessoas que acham que
tem intimidade comigo, que nem trocou dez palavras comigo, e ainda me
chamar pelo meu nome, perante todos meus funcionários, inadmissível! Eu
sou um dos donos, quero ordem e respeito. Quem ele pensa que é? Quero que
me chamem pelo sobrenome, assim mantém o respeito e o emprego
garantido. Eu não gosto daquele garoto, se acha, só porque é formado em
química. Deveria colocar uma melancia na cabeça, assim chamaria atenção
de todos.
Não o suporto!
A inauguração está mais perto, e precisamos resolver a mulher que
representará o perfume. Torço para que seja Valentina. Aqueles olhos... me
hipnotizaram de uma forma, que nem sei explicar. Eu só conseguia olhá-la.
Seus cabelos castanhos até a cintura, dava vontade de amarrá-lo em minhas
mãos enquanto a fodo de quatro em minha cama.
Falei minha cama?
Eu não levo mulheres para minha cama!
Nem Emily, que foi minha noiva, eu a levava para transarmos em hotel
ou motel. Quando dormia lá em casa, ela ficava em um quarto de hóspedes.
As únicas mulheres que entram em meu quarto são: Betânia, minha mãe,
Hannah e Manuela. As únicas! A única que irá entrar, será a minha mulher,
mãe dos meus filhos.
Mas Valentina é diferente, por mais que nossa conversa tenha sido
profissional, eu a enxergo em minha casa, gemendo e se contorcendo
chamando por mim, implorando pra gozar. Seu jeito de menina mulher me
encantou.
Isso é a praga certeira da minha mãe! Só pode!

Acordo às cinco, morrendo de sono como sempre. Levanto-me enquanto


Lorena aproveita os últimos minutos de seu sono, e vou tomar um banho
rápido. Visto minha calça jeans e uma blusa de manguinha. Amarro meu
cabelo e calço minha sapatilha.
Vou até à cozinha, pego o pão no armário e sorrio quando o vejo cheio
de comida. Fazia tempos que ele não ficava assim. Lembro-me das vezes que
fiquei sem comer, por falta de alguma comida para mim e ceder para Lorena.
Enchia minha barriga de água, só para amenizar a fome que sentia. Acordava
de noite, morrendo de fome e chorava, pois não queria isso para minha filha.
Tudo isso por causa do filho da puta do Pedro Henrique, que disse que o filho
não era dele, e ainda queria me dar dinheiro para sumir da vida dele. Mas
como eu sou honesta, sai de lá com a minha dignidade intacta. Se ele tivesse
assumido sua responsabilidade de pai, Lorena não tinha passado tanta
necessidade. Mas eu prometi a mim mesma que Lorena nunca irá ficar uma
noite sem comer, eu posso ficar sem comer, mas ela não. Nunca.
Faço meu café e a papinha de Lorena, do jeitinho que ela gosta, de
morango. Asso queijo e coloco no pão e vou chamar minha menina. Acorda
manhosa, como todos os dias. Dou um banho nela e lavo seus cabelos.
Enxugo-a, coloco sua calcinha e seu uniforme. Faço um rabo de cavalo, após
o cabelo secar e levo-a para a cozinha.
— Eba! Papa de molango. — Bate as mãozinhas.
— Coma tudinho. — Aliso seu cabelo, ela assente, pega a colher e
começa a comer.
— Mamãe, a senhola vai me busca de novo? — pergunta de boca cheia.
— Hoje vou chegar tarde, meu amor — falo cabisbaixa.
— Volto com a vovó — coloca uma colher de papa na boca.

Saio da faculdade e vou direto para a cafeteria. Hoje está terrível, Rio de
Janeiro está um forno, nublado é ainda pior. Chego na cafeteria e vou direto
guardar minha bolsa no armário. Saio e vou direto para o balcão onde
encontro Helena entregando um café ao cliente.
— Me conta. Como foi ontem? — pergunta curiosa.
— Foi bom. Só acho que não vão me querer — digo um pouco triste.
Uma moça aparece no balcão.
— Um croissant e um suco de laranja, por favor — pede.
— Eu levo em sua mesa. — Ela assente e se retira.
Pego o croissant e faço a solicitação do suco e levo para a mulher na
mesa.
— Por quê? — pergunta Helena assim que volto para o balcão.

— Falei que minha disponibilidade é só aos domingos e que faço


faculdade de fisioterapia. — Ela assente. — Um irmão dele, acho que se
chama Demétrio, disse que estava totalmente fora do ramo da entrevista.
— Relaxa, tenha fé. Mas me conta uma coisa, eles são mais bonitos
pessoalmente? — pergunta sorrindo.
— E como são... — Mordo meu lábio.
Só de lembrar daqueles lindos olhos azuis da cor do mar, me secando na
entrevista, me causa até arrepios. O jeito que coçava a barba sem tirar os
olhos de mim, o jeito que olhava cada detalhe meu. Seu maxilar quadrado, a
leve barba por fazer. Seu terno apertado em seus braços, mostrando o quanto
são musculosos.
Deus..., que homem é aquele? Roubou toda a beleza do planeta terra. O
jeito que me olhou quando eu estava na parada de ônibus. Homens falavam
com ele, mas ele não deu a mínima, só ficou me olhando, mesmo de longe. O
jeito que passou a mão em seu cabelo quase loiro..., então eu o vi de corpo.
Alto, forte e lindo! Os irmãos também são lindos, mas ele...
Um cliente me tira dos meus devaneios, e anoto seu pedido. Quando dá
a hora do intervalo, vou para os fundos da cafeteria e procuro meu celular
para ver se tem alguma mensagem ou chamada de alguém. Tem uma
mensagem de Alicia no grupo dos amigos onde só são: eu, ela e Miguel.
Alicia: Genteeeee, eu consegui o trabalho na empresa dos trigêmeos
gatos! Estou tão feliz.
Miguel: Que bom Alicia, fico bastante feliz! Agora só falta a resposta
da Valentina.
Sorrio e envio uma mensagem.
Eu: Nem sei como vai ser. Depois que eu disse que fazia faculdade de
fisioterapia e da minha disponibilidade aos domingos, um dos gêmeos disse
que eu estava totalmente fora do ramo da entrevista.
Miguel digitando....
Miguel: Tenha fé, cara de rabo! Vamos rezar para tudo dar certo.
Eu: Está bem! Parabéns amiga! Vou voltar para o trabalho. Beijos.
Miguel: Beijoos.
Guardo meu celular na bolsa quando meu patrão aparece.
— Senhor, já estou voltando.
— Deixe de bobagem. Tem uma pessoa que quer te ver — avisa com
um sorriso.
— Quem? — pergunto curiosa.
— Venha. — Acena com a mão, para acompanhá-lo.
Saio andando atrás dele, nervosa. Quem poderia querer me ver?
Rapidamente, refaço meu rabo de cavalo e ajeito minha blusa. Vamos até o
meio da cafeteria até encontrar um homem de terno cinza e gravata vinho
bebendo um café e mexendo no celular, no canto da mesa. Rafael está indo
em direção a ele.
— Dom, essa é a Valentina! — Rafael chama atenção do homem.
É quando ele coloca o celular em cima da mesa, e levanta a cabeça que
vejo seus olhos azuis.
Ah, não! É o Dominic D’Saints.
Rapidamente nossos olhares se encontram e ele arregala os olhos e me
olha de cima a baixo, quando deixa a xícara cair na mesa sem tirar os olhos
de mim. Desviamos nossos olhos para a mesa, vendo a xícara quebrada e o
café escorrendo pela mesa.
— Eu... vou pegar algo para limpar — falo com certo nervosismo e saio
de perto deles.
Merda, merda, merda! O que ele faz aqui? Pego o pano e vou até à mesa
onde ele já está de pé.
Como ele é alto! Gostoso...
— Deixa que eu limpo. — Ele tenta pegar o pano, é quando sua mão
toca a minha.
Uma conexão forte bate em mim, e posso ver em seus olhos que ele
sentiu o mesmo. Minha nossa, meu coração quer sair pela boca. Sinto minha
boca secar, fitando aquela imensidão azul, que são seus olhos.
Desvio meu olhar do seu, porque eles estão muito intensos.
— N-não precisa, esse é o meu trabalho, senhor — digo sem olhá-lo.
Passo perto dele e sinto seu cheiro. Um cheiro amadeirado e
concentrado, invade minhas narinas. Fecho os olhos, me livrando desses
pensamentos, e começo a limpar a mesa e o sinto me olhar, mas não o olho.
— Me desculpe, Rafael, eu pago. — Escuto-o falar.
— Que isso, amigo. Não precisa, sem problema — meu patrão diz.
— Faço questão — Dominic insiste.
— De jeito nenhum — Rafael fala.
— Pronto, senhor. Tudo limpo. — Recolho os pedaços da xícara.
— Obrigada, Valentina. Leve a sujeira lá para dentro e volte aqui, por
favor — meu patrão pede.
Olho para Dominic, que ainda está me olhando. Saio e levo a sujeira
para dentro da cafeteria. Minhas mãos estão trêmulas. Gente, ele está aqui! O
Deus grego do Dominic D’Saints. Vocês têm noção do quanto esse homem é
lindo?
Deus do céu!
Limpo minhas mãos e volto para lá, e novamente o olhar de Dominic
busca o meu.
— Sente-se, Dominic quer falar com você. — Meu patrão acena para a
cadeira.
— C-comigo? — pergunto nervosa, sentando junto com eles na mesa.
— Sim. Ele é o dono da cobertura onde você fez a arrumação. — Rafael
explica.
É O QUÊ? Eu arrumei seus ternos! Entrei em sua casa...
— S-senhor, e-eu não fiz nada de errado. — O olho rapidamente.
Ele sorriu.
ELE SORRIU!
O sorriso mais lindo que eu já vi.
— Não fez. Vim agradecer pessoalmente pelo que fez. São poucas
pessoas que me agradam. — Seus olhos azuis brilham.
Que sorriso lindo! Minha calcinha acabou de ficar encharcada. Sinto-
me desmanchar por completo, só por esse sorriso.
— Obrigada? — murmuro com um sorriso.
— Gostei do que fez. Rafael me conhece a um bom tempo e sabe que
odeio minhas coisas fora do lugar. — Põe suas mãos em cima da mesa, sem
desviar seus olhos de mim.
Eu já disse que os olhos deles são lindos?
— Por isso indiquei você. — Meu patrão sorri para mim.
— Obrigada. — Sorrio gentilmente.
— Eu que agradeço. — Me olha.
Assinto muito nervosa.
— Bom, eu preciso voltar ao meu trabalho. — Ele assente. — Precisam
de algo?
— Traga, por favor, outro café para ele e um para mim — pede meu
patrão.
— Sim, senhor. — Assinto e me retiro.
Rapidamente, separo dois pires e coloco uma xícara de café em cada
uma e levo até a mesa deles.
— Obrigado. — Meu patrão agradece.
Coloco a xícara de Dominic à sua frente, quando nossas mãos se tocam
novamente. Olho e ele está me olhando e dá um sorriso de lado. E mais uma
vez, sinto esse choque, e vejo que ele também sentiu, porque me dá um
sorriso, que nossa...
Vou trocar de calcinha!
— Com licença. — Me despeço.
Saio andando e sinto seu olhar em mim. Volto para o balcão com um
sorriso no rosto, quando vejo Helena sorrindo.
— Isso é mentira, não é? — ela pergunta sorrindo.
— O quê?
— Dominic D’Saints, aqui e você sentou com ele. — Se abana.
— Você acredita que ele é o dono da cobertura onde fui? — digo baixo,
quando um cliente aparece no balcão.
— Nem passada estou, eu estou é torrada — coloca a mão na boca.
— Pois é!
— Você esteve na casa dele? Você viu as cuecas dele? Deve ser aquelas
da Calvin Klein, Hugo boss... — fala eufórica.
— Não vi suas cuecas. — Olho feio para ela, mas acabo sorrindo.
— Dizem que ele tem uma protuberância exuberante. — Olha
discretamente para onde ele está.
— Onde viu isso? — pergunto curiosa.
— Quer saber também, não é? Safada! — Sorrimos. — Vi relato de
mulheres com quem ficou. Sentaria fácil, fácil.
Ele tem cara de golpe. Eu cairia fácil demais nesse golpe.
— Amiga do céu, cria juízo. — Bato de leve no seu ombro.
— Amiga do céu, digo eu. Esse tempo todo que estamos falando, ele
não tira os olhos de você — sussurra.
— Mentira. — Olho bem para ela.
— Então veja você mesma — fala e se retira para atender um cliente.
Me viro e, sem querer, nossos olhos se encontram. Rafael fala com ele,
mas ele não está dando ouvidos, apenas me olhando. Parece que só existem
nós dois.
Esse homem não é de Deus.
Gente, como ele é lindo! Nossa senhora, me ajude!
Ele dá um sorriso para mim. Minhas pernas estão trêmulas, meu coração
está acelerado. Se levanta junto com meu patrão fechando seu paletó, de um
jeito bem sexy. Meu patrão acena para mim, e vou até ele, sentindo minhas
pernas trêmulas.
— Queria lhe agradecer mais uma vez. — Dominic me olha.
— Não precisa me agradecer. Fiz o que mandou — digo tentando ficar o
mais séria possível.
— Aceite meu agradecimento, por favor — insiste com sua voz rouca.
Que voz...
— Agradecimento aceito com sucesso. — Ele sorri.
Gente, ele é lindo demais!
— Obrigado. — Estende sua mão.
Olho para ele, olho sua mão e a aperto de leve. Mas ele aperta um pouco
mais forte, como se quisesse sentir minha pele. Me arrepio no mesmo
instante que ele passa seu polegar no meu pulso. Ele dá um sorriso, ao sentir
minha pulsação forte. Olho para ele que tem os olhos em mim. Sua mão é
macia e meu Deus...
— Bom, preciso ir. Até mais, Valentina. — Beija o dorso da minha mão.
Que lábios macios e molhados...
Minhas pernas parecem gelatinas.
— Até s-senhor. — Largo sua mão.
Saio de perto, indo em direção ao balcão, assim que me viro, ele está em
frente a uma Ferrari branca, conversando com Rafael, e tem mais dois
homens altos e bonitos, vestidos com terno preto e gravata preta. Ele aperta a
mão de Rafael e dá a volta no carro, para do lado do motorista, levanta a
cabeça e me olha.
Olho para trás, mas não tem ninguém, mais uma vez ele está me
olhando. Giro minha cabeça e o olho novamente, ele dá um sorriso de canto,
entra no carro e sai pela avenida, com uma SUV preta o acompanhando.
Meu coração está quase saindo pela boca. Merda! Estou parecendo uma
adolescente, que nunca viu um homem lindo. A boca de Dominic é bem
desenhada, carnudinha, vermelhinha, e tão...
Beijável...
— Você está bem? — pergunta Helena se aproximando.
Estou bem?
— N-não sei — murmuro com um sorriso.
— Claro que não está. Depois de ser secada por um D’Saints — fala o
óbvio.
Nunca me senti assim por alguém, nem mesmo namoricos de
adolescência. Sempre fui de namoricos, aproveitei bem os amassos, mas eu
só consegui me entregar para uma pessoa, Pedro Henrique! Depois dele eu
acho que tive três homens, com grandes intervalos. Miguel e Alicia dizem
que minha xereca está com teias de aranha. Rio com isso, mas é verdade. Eu
não consigo deixar Lorena com minha tia, para transar com outro homem.
Não é justo com ela.
O restante do dia passa tranquilo, muitos clientes. Consigo esquecer o
italiano gostosão, mas o meu chefe faz questão de lembrar que ele gostou
muito dos meus serviços. Meu expediente encerra e vou direto para casa. Mas
eu só consigo pensar em Dominic. Só de lembrar daqueles olhos azuis
intensos, me causa até arrepios.
Capítulo 7

Vou para faculdade e apresento um seminário excelente com direito a


prática no pátio da faculdade. Tiro um A bem grande com trabalho escrito e
apresentável. Sou umas das melhores alunas da sala, sempre dedicada e
esforçada. Meus professores se orgulham de mim, e fazem questão de
conversar comigo e tirar minhas dúvidas pelos corredores da faculdade. Só
falta um ano para encerrar, fico até feliz. Assim vou ter um emprego decente
para sustentar minha filha.
O restante do dia passa tranquilo, vou para a cafeteria, muita gente por
sinal, mal tive tempo de respirar. Helena não perde a oportunidade de falar de
Dominic para mim. Mostra fotos dele, tiradas ontem e hoje pelas ruas do Rio
de Janeiro, acompanhado de mais dois homens, que são os seus irmãos. Esses
três juntos são um estrago para a humanidade. São orgasmos ambulantes.
Helena comenta que fontes revelaram, que eles faziam orgias, juntos.
Imagina ter esses três Deuses gregos na mesma cama? Um estrago total!
Soube que Demétrio é noivo e saiu das orgias, mas Dominic e Dimitri
continuam. Mas ela diz que há tempos que não sabe de nada. Deve ser porque
eles não estão fazendo mais. Fico até aliviada...
Aliviada?
Acorda Valentina. Esse homem só vai querer te comer e ir embora!
Talvez ele queira isso, só talvez.
Assim que acaba meu turno, volto para casa ansiosa para ver minha
menina. Sou recebida com muitos beijos molhados e abraços. Miguel e Alicia
vieram e jantamos. Conversamos e Alicia diz que hoje mostrou os logotipos e
as embalagens do novo perfume para os D’Saints, que ficaram felizes com o
resultado. Ela também não perde a oportunidade de falar de Dominic e
Dimitri, principalmente de Dimitri. Ela diz que ele não perde a oportunidade
de piscar o olho para ela. Não vou nem comentar que ela está parecendo uma
manteiga derretida.
Depois que eles vão embora, Lorena já está dormindo na cama e tia Flor
também foi se deitar. Pego minha camisola e vou para o banheiro, faço minha
higiene e tomo um banho rápido. Coloco minha camisola e vou me deitar.
Ao me deitar, aqueles olhos azuis vêm em minha mente, tirando todo
meu sono. O jeito que me olhava, Deus...
Preciso tirar ele da cabeça, ele nunca vai me querer e muito menos com
uma filha a tiracolo. Um homem rico, lindo e famoso, querer algo com uma
menina do morro e ainda com uma filha?
Muito difícil...

Acordo no mesmo horário de sempre, às cinco da manhã. Levanto-me,


faço minha higiene e tomo um banho. Coloco meu vestido soltinho até
metade do joelho, de alcinhas finas, minhas sapatilhas, um meio coque
despojado e faço meu café. Em seguida, coloco uma calça jeans e uma blusa
de manguinha na bolsa, mesmo tendo uma reserva no trabalho. Acordo
Lorena, dou um banho nela e tomamos café.
Saímos de casa, a deixo na escola e sigo para a faculdade. Ao chegar,
tenho uma prova surpresa, e que surpresa! Sinto que fui bem, sempre que
tenho oportunidade pego meu livro e estudo. Assim que as aulas acabam,
pego minhas coisas colocando tudo na bolsa, pego meus livros e levo-os em
meus braços. Assim que me aproximo perto do portão da faculdade meu
celular toca. Tiro meu telefone da bolsa, é Alicia.
— Já está com saudades? — falo ao atender.
— Cheia de graça. Estou sim, mas preciso de sua ajuda.
— Manda!
— Preciso de uma blusa com urgência. Um imbecil passou por mim e
derramou café em mim. Me socorre, amiga.
— Sorte a sua que estou com uma blusa na bolsa.
— Te amo, amiga. Sempre me socorrendo.
— Também te amo, doida. Já estou indo.
— Eu fico no quinto andar. Eu já vou avisar a Agatha que você está
vindo, assim ela te libera para subir.
— Preciso mesmo subir?
— Claro! Ou você acha que vou descer assim?
— Tá. Deixa de drama, já estou indo.
— Te espero.
Finalizo a ligação e guardo o celular no bolso. Saio da faculdade e vou
direto para a parada de ônibus. Demora bem uns trinta minutos e ainda o
pego cheio, pra variar, e o trânsito está infernal, horário da saída das escolas.
Quase uma hora depois, consigo descer do ônibus. Só faço atravessar, pois a
parada é de frente para o Vintage Essence. Atravesso a rua, e saio andando
até o hall da empresa. Vou direto até a recepcionista.
— Olá, boa tarde. Sou Valentina, vim ver Alicia Albuquerque — aviso.
— Boa tarde, Valentina. O andar de Alicia é no quinto andar. Assim que
estiver lá, siga pelo corredor e terá uma porta no lado esquerdo. O lado
direito é o laboratório. — Me entrega um cartão de visitante, para passar
pelas catracas.
— Obrigada. — Agradeço.
Vou até a catraca, encosto meu cartão no leitor que libera minha entrada.
Entro no elevador, aperto o botão para o quinto andar e as portas se fecham.
Segundos depois o elevador apita e as portas se abrem. Meu celular começa a
vibrar na bolsa e começo a catar ele dentro da bolsa.
Cadê essa merda?
Quando acho, digito rápido dizendo que estou no corredor e envio,
quando bato em uma muralha e caio no chão junto com os livros.
— Ai! — Sinto uma dor na minha mão, quando sustento a queda.
— Você está bem? — pergunta uma voz masculina.
— Você acha que estou bem? — digo irritada segurando minha mão
direita que está machucada.
— Me desculpe. — O homem se abaixa.
Quando levanto minha cabeça para olhar o idiota que me fez cair, é ele,
Dominic D’Saints.
— Valentina — sussurra.
Eu ainda estou sentada no chão, do mesmo jeito que caí. Ele está
absolutamente lindo em seu terno cinza e gravata preta. Seus cabelos
levemente penteados para trás, o deixando mais lindo. Seus olhos estão em
mim e minha boca entreaberta.
Ele ergue sua mão para me segurar e me ajuda a levantar, sem tirar os
olhos de mim. Ele olha o azul e depois o castanho dos meus olhos, com total
admiração.
— Me desculpe — sussurra sem tirar os olhos de mim.
— E-eu que peço, senhor. Estava distraída. — Gaguejo nervosa.
Nossa... esse homem me deixa nervosa!
Ele se abaixa e recolhe meus livros, minha bolsa e se levanta. Ele
estende os livros para mim e nossas mãos se tocam de novo, me fazendo
arrepiar.
— Apenas Dominic. — Dá um sorriso de lado.
— Me desculpe. Estava distraída, com o celular na mão... — Ele me
interrompe.
— Não precisa se desculpar. — Ele sorri.
Ficamos nos olhando um tempo. Eu fico perdida naqueles olhos azuis
tão... intensos, que poderia passar o dia todo olhando para ele. Admirando sua
beleza.
— Oh, doida! Você demorou... — Eu e Dominic desviamos nossos
olhares para Alicia que está vindo pelo corredor. Ao notar Dominic, ela se
recompõe e engole em seco. — Senhor D’Saints.
Me afasto um pouco de Dominic, sem que eles percebam.
— Me perdoe pela forma que falei, senhor — Alicia fala.
Dominic assente e desce seu olhar para sua blusa, manchada de marrom.
— O que aconteceu com sua roupa? — Dominic aponta para sua blusa
— Uma pessoa derramou café em mim sem querer, e pedi para
Valentina trazer — se explica e o par de olhos azuis me fita, curioso.
— Vocês se conhecem? — pergunta me olhando.
— Ah... Sim. — Assinto
— Não queria atrapalhar e me perdoe pelo meu linguajar na empresa.
Isso não irá mais se repetir. — Alicia reforça sua desculpa.
Dominic a olha e assente.
— Não se preocupe. Vocês se conhecem há muito tempo? — pergunta
Dominic, colocando as mãos no bolso.
— Sim. Desde criança — Alicia diz.
— Me desculpe aparecer assim — digo o olhando e ele sorri de leve.
Um sorriso lindo de se ver.
— Não tem problema. — Assinto e ele olha para Alicia. — Senhorita
Albuquerque, é melhor se trocar — Dominic aponta para sua roupa.
— Sim, senhor. Vamos Valentina? — Acena para mim.
— Vamos. — Me viro e olho para o Deus grego em minha frente. —
Mais uma vez eu...
— Sem desculpas. Até mais, Valentina. — Ele sorri.
Deus, como ele é lindo...
— Até senhor D’Saints — digo e saio, quando o escuto dizer baixinho,
apenas para que eu escute:
— Apenas Dominic. — Sorrio e vou com Alicia até o banheiro. Mal
entramos e ela já vem, eufórica.
— O que estava acontecendo no corredor? — Tira sua blusa.
— Eu acabei esbarrando nele, quando saí do elevador — explico.
— Queria esbarrar em um D’Saints, de preferência no Dimitri. — Pega
a blusa limpa da minha mão.
— Foi sem querer. — Reviro os olhos.
— Notei o olhar dele para você. — Veste a blusa.
— Ele não é cego. — Bufo.
— Deixa de ser tonta! Ele estava te olhando de outro jeito. — Me olha
através do espelho.
— Sem chance — murmuro.
— Motivo? — Cruza os braços.
— Sou pobre, trabalho numa cafeteria, embora seja de pessoas ricas,
mas só recebo um mísero salário, e tenho uma filha — sussurro, segurando
minha bolsa. — Ele é rico, é dono da Vintage Essence, mora em uma
cobertura que...
— Deixa de se rebaixar, menina. Pelo amor de Deus. Você é
maravilhosa, uma mulher incrível, trabalhadora, honesta. Muito esforçada
também, sensacional. — Ela me fita com seus olhos escuros. — Você é
gentil, educada e inteligente. Homens gostam de mulheres inteligentes e
educadas, e Dominic, com certeza está de olho em você.
Assinto, com um sorriso. Minha amiga é maravilhosa.
— Você me espera para almoçarmos juntas? Largo em vinte minutos —
pede.
— Espero sim. — Sorrio para ela.

Ela está aqui! Na empresa.


Desde que conversei com ela na cafeteria, eu não consigo tirá-la da
cabeça. Seu cheiro de lavanda invadindo minhas narinas, seu nervosismo
diante de mim... também fiquei nervoso, mas soube me controlar. Aqueles
lindos olhos, um azul e outro castanho não saem da minha cabeça.
Ela não sai da minha cabeça, desde a entrevista. E quando Rafael nos
apresentou, fiquei sem reação, até deixei cair a xícara, de tão surpreso que
fiquei com a mulher na minha frente. Ela trabalha atrás de um balcão? Não
estou desmerecendo seu trabalho, qualquer trabalho é digno, mas sua
educação e sua beleza, me fez pensar que... Merda, eu fico nervoso só de
pensar nela.
Se ela trabalha atrás de um balcão é porque ela é... pobre. Será? Se fosse
de classe média, ela estaria em outro ambiente de trabalho, não atrás de um
balcão. Mesmo que a cafeteria seja de pessoas com mais condições, os
funcionários não têm nada a ver, é comércio, é diferente. Uma moça simples,
simpática e linda.
Céus, como ela é linda...
Estava distraído falando com meus irmãos no telefone, quando uma
pessoa esbarrou atrás de mim e caiu no chão com seus livros espalhados e
abertos. Não a reconheci logo, mas quando aqueles lindos olhos ímpares me
olharam, meu coração bateu forte. Estava com um vestido florido que deixou
suas pernas claras à mostra.
Nem preciso dizer que meu pau reagiu.
Seu cabelo despojado, dando um volume bonito nele. Sua pele clara,
sem nenhuma ruguinha ou mancha, simplesmente pálida e linda. Assim que
peguei sua mão, senti algo estranho, uma coisa que não tinha sentido antes.
Vi que ela se arrepiou ao meu toque e ficou nervosa. O jeito que arrumou seu
vestido, me deu a bela visão do seu pequeno decote, seus seios levemente
redondos, nem grandes, e nem pequenos. Nossas trocas de olhares foram
intensas, seus olhos brilhavam diante dos meus.
Que olhos lindos...
— Diga, Fratello. O que lhe aflige? — pergunta Demétrio.
Maldito cordão de ligação. É assim, quando um não está bem, todos
sentimos.
— Ela está aqui — digo pensativo.
Eu confidencio mais a Demétrio do que a Dimitri. Demétrio é o mais
sensato de nós dois, ele pensa antes de agir, mas quando explode, sai de
perto. Dimitri, é o que faz as coisas de cara, sem pensar, faz o que der na
telha. Eu, sou um pouco dos dois e explosivo. Então coisas desse tipo, prefiro
falar para Demétrio, ele vai me aconselhar. Dimitri só iria rir da minha cara e
não dar conselho nenhum, apenas ir fundo. Literalmente, no duplo sentido.
— Ela quem? — pergunta, colocando as mãos no bolso.
— Valentina. — Olho para ele.
— Você gostou dela, não é? — Ele dá um sorriso de lado.
— Não sei. — Coço a barba.
— O que ela veio fazer aqui?
— Sabe, Alicia Albuquerque, do setor de Mídias Socias? — Assente. —
Ela sujou a roupa de café e chamou sua amiga para trazer outra blusa.
— Quem?
— Ué, Valentina!
— Se conhecem?
— Alicia disse que desde criança.
— Caralho!
— Pois é, muita coincidência. — Sorrio.
Ficamos um tempo em silêncio.
— Os olhos dela são lindos — fala de repente.
É o quê?
— Que porra! Eu te digo algo para me ajudar, e tu vem me dizer que os
olhos dela são lindos? — rosno irritado e ele sorri.
— Você gosta dela. — Bate no meu ombro.
O desgraçado, está me testando.
— Fratello, você é o mais sensato de nós três. Me ajuda cara! — Ele ri
alto.
Filho da puta!
Desculpa, mamma, mas sabe que não é a senhora.
— Se aproxime dela, chame para conversar. Desaprendeu, D’Saints? —
Aperta meu ombro sorrindo e eu reviro os olhos.
— Não sei como chegar nela — murmuro.
— Está pior do que imaginei! — Gargalha. — Você está gostando dela,
sim. Admite logo.
— Nem a conheço — sussurro.
— E já está apaixonado. Imagina conhecendo-a de verdade? — Sorri.
— Não estou apaixonado por ela. — Reviro os olhos.
— Dona Michele, sua praga bateu certeiro no meu fratello. — Gargalha.
Suspiro e acabo sorrindo.
— Estou fodido, não é? — pergunto entre risos.
— Muito! — Gargalha.
— Ajudou e muito. — Reviro os olhos.
— Não é tão ruim assim. — Me olha. Suspiro e acabo sorrindo.
— Agora vá atrás dela. — Me empurra indo em direção ao elevador.
— Você acha que devo ir? — Ele arqueia a sobrancelha.
— Deixa de ser frouxo. Você é um D’Saints, tenha atitude porra! Vá lá e
converse com sua garota. — Aperta o botão do elevador, para ele parar no
nosso andar. Respiro fundo e assinto.
— Ok. Vou atrás dela — digo firme.
— Fratello, você saiu primeiro. Você é o irmão mais velho. Esse
conselho deveria ser o contrário. — Sorrimos.
— Não posso fazer nada, se o do meio é o mais sensato de nós três —
Sorrimos de novo.
— O que minhas bonecas estão conversando? — pergunta Dimitri, se
aproximando.
— Besteira! — respondemos.
— Bom, temos que decidir quem vai ser a nova garota propaganda do
novo perfume — Dimitri avisa.
Demétrio me olha, analisando, como se já soubesse minha resposta.
— Valentina — falo.
— Sério? Ela só tem os domingos. — Dimitri franze a testa.
— Daremos um jeito. Ela se enquadra nos padrões — Demétrio explica.
— Bom, então vou mandar Morgana entrar em contato com ela. —
Assentimos. — Vejo vocês depois.
Capítulo 8

Eu e meus irmãos, decidimos ir até ao laboratório, para vermos o


andamento das coisas. Chegamos lá e o imbecil do Pedro Henrique não está
usando seus devidos EPIs; Jaleco, óculos de proteção...
— Boa tarde — Demétrio diz, bem sério.
Todos assentem, menos Pedro Henrique que está concentrado em algo
no celular.
— BOA TARDE! — Praticamente grito.
É quando ele levanta a cabeça e olha para mim e sorri. Cínico, filho da
puta!
— Boa tarde, chefe. — Sorri, colocando o celular no bolso da calça
jeans.
— Qual é a graça? — pergunta Dimitri cruzando os braços.
— Nenhuma. Só feliz que vou almoçar, estou morrendo de fome... — O
interrompo.
— Não me interessa o que vai fazer ou o que deixa de fazer — digo bem
sério.
— Calma, chefe — levanta as mãos.
Ele está me testando!
— Por que não está com o jaleco e os óculos? — pergunta Demétrio,
sério.
— Ué, estava saindo para almoçar. — Dá de ombros.
Respira, inspira, respira, inspira....
— Acho bom mudar seu modo de falar — Demétrio o adverte.
— Você sabe muito bem que deve usar todos os equipamentos —
Dimitri diz e todos já estão olhando nossa conversa nada discreta.
— Como eu tinha falado, estava indo almoçar — avisa.
Levanto meu braço e olho o relógio. Sorri.
— Faltam dez minutos — digo.
— Não prestou atenção, pois estava concentrado demais no celular. —
Demétrio cruza os braços.
— Olho o horário do meu...
— Não está vendo aquele enorme relógio na parede, marcando onze e
cinquenta? — pergunto irritado, apontando para a parede.
Ele assente nervoso e olha para o relógio e volta seu olhar para nós três.
— Isso não vai mais se repetir — murmura.
— Acho bom. Se tem amor ao seu emprego... — Ele me olha.
— Isso é uma ameaça? — pergunta cerrando os olhos.
— Olha aqui! Você está totalmente errado, mexendo no celular em
horário de trabalho e sem o traje correto, e ainda fica rindo, achando graça...
Por acaso, estamos com alguma melancia na cabeça? — Ele fica calado. —
Responda!
— Não, senhor. — Muda sua postura, para o profissional.
— Agora, volte para seu trabalho e espere a hora correta para seu
almoço. — Ele assente. — E se eu ver você sem o EPI correto e mexendo no
celular, será demitido! — aviso e me retiro da porra do laboratório.
Quem ele pensa que é?
— Que cara abusado! — Dimitri resmunga.
— Muito! — Demétrio diz e entramos no elevador.
— Quem aquele figlio di puttana [7] pensa que é? — Fecho meus
punhos, doido para socar a cara daquele imbecil.
— Vamos manter a calma. Já demos um aviso — Demétrio fala.
Sempre sábio!
— Ele é nosso melhor químico. — Dimitri nos olha.
— Por isso mesmo, vamos manter a calma — Demétrio pede.
É quando as portas do elevador se abrem no hall da empresa, e a vejo
sentada na cadeira lendo algum livro, do qual derrubou quando caiu. Está
linda, de pernas cruzadas, concentrada em seu livro. Demétrio bate em meu
ombro, como se dissesse “Vai lá!”, olho para ele que pisca o olho. Sorri e
Dimitri já foi dar em cima da recepcionista, como sempre!
Ele vai em direção ao Dimitri e respiro fundo. Merda, estou parecendo
um adolescente apaixonado!
Saio de onde estou, e vou na direção de onde ela está sentada. Me sento
em uma poltrona de frente para ela. Levanto minha perna esquerda, apoio na
direita, entrelaço minhas duas mãos em meu colo, e fico olhando para ela.
Ainda não notou minha presença, está bem concentrada em sua leitura.
Ela lê algo, e escreve algo no livro com um lápis. Como pode ser tão linda
assim? Já fui para cama com diversas mulheres, e todas elas eram lindas, mas
Valentina é diferente, não sei explicar, seus lindos olhos brilham quando me
veem, sua timidez faz meu coração acelerar.
— Como está sua mão? — pergunto e ela se assusta.
— Que susto! — Coloca a mão no peito.
— Desculpa. — Sorrio.
— Não tem problema. — Seus olhos brilham e sorri para mim.
Que sorriso lindo...
— Então, como está o braço? — pergunto.
— Ah... está melhor. Caí de mal jeito. — Sorri de leve.
Céus... Ela é muito perfeita.
— Estudando? — Mudo de assunto.
— Sim. Tenho uma prova na segunda. Aproveito cada segundo. —
Fecha o livro.
— Faz fisioterapia a quanto tempo?
— Ainda lembra? — pergunta sorrindo.
E como me lembro...
— Impossível não lembrar. Esses olhos são difíceis de esquecer, são
únicos. — Boa Dominic!
Ela cora. Merda!
— Pensei que já tinha esquecido. Foram tantas mulheres — coloca uma
mecha de cabelo atrás da orelha.
— Você encerrou com chave de ouro. Sem contar que é a mulher mais
bonita que eu já vi. — Nossos olhares não se desviam nem se quer por um
segundo. — A quanto tempo estuda fisioterapia?
— Quatro anos, mas já estou no último ano. — Se acomoda melhor na
poltrona.
— Você disse que tem uma bolsa integral. Como conseguiu?
— É... teve uma prova, os alunos com maiores notas ganhariam a bolsa,
e eu consegui. Tem um limite máximo e eu consegui — diz sorrindo e
confiante.
Inteligente....
— Nossa... Parabéns. — Ela cora novamente.
— Obrigada. — Sorri tímida.
— O que gosta de fazer no seu tempo livre? — Quero saber mais dela.
— Ler, estudar... — Dá de ombros. — Gosto de escutar músicas,
assistir... — Ela é interrompida.
— Valentina?
Escuto alguém chamando-a. Viro-me e vejo Pedro Henrique de pé,
olhando Valentina com um enorme sorriso. Fala sério! Ele de novo, não.
— Pedro Henrique — sussurra, pálida.
Me viro e ele ainda está parado com um largo sorriso.
— O que faz aqui? Tentei te procurar em vários lugares — diz se
aproximando dela.
Hã? Eles se conhecem?
— Continuo no mesmo lugar de sempre, você que não apareceu —
Valentina diz rude.
Estou gostando...
— Quero muito conversar com você — fala se sentando ao seu lado.
Travo o maxilar e trinco os dentes. Sai de perto dela ou...
— Não tenho nada para falar com você! — Valentina se levanta.
— Amiga, vamos... Pedro? — Escuto uma voz feminina atrás de mim.
Me viro e vejo Alicia, estática.
Ótimo, eles também se conhecem.
— Está trabalhando aqui? — pergunta Pedro.
— Claro, idiota! — Me vê e trava. — Desculpa, senhor D’Saints.
Tirou as palavras da minha boca!
— Dominic, foi um prazer conversar com você. Mas agora estou de
saída. — Valentina pega seus livros do sofá.
— O prazer foi meu Valentina. — Sorri.
Literalmente...
— Vocês se conhecem? — Pedro pergunta, sério.
— Garanto que isso não é da sua conta — Valentina resmunga.
— Vamos amiga. Até daqui a pouco, senhor D’Saints. — Alicia sai
arrastando Valentina.
O melhor disso tudo é a cara de tapado de Pedro Henrique. Olho para
meus irmãos que estão em pé segurando o riso. Me levanto e vou até eles.
— Vamos, que isso me deu fome — Dimitri diz e gargalhamos.
Assim que saio, escuto alguns gritos e viro minha cabeça no lado direito
e vejo Alicia e Valentina gritando uma com a outra sorrindo. Mulheres! Ela
me vê e fica me olhando até seus livros caírem no chão.
Será que esses livros vão chegar inteiros em sua casa?
— Oh, sua tapada, deixa de ser desastrada — grita Alicia.
Que louca...
— Fala logo. — Valentina recolhe os livros do chão.
— Estou apaixonada. Preciso de apoio moral. — Alicia ajuda com os
livros.
— E o que eu tenho a ver com isso ciclope? — pergunta Valentina e eu
sorrio.
Jesus Cristo, essas duas juntas são um furacão.
— Fecha seu rabo, você tem um olho de cada cor. Miguel vareta, nem
serve para me dar apoio moral. — Alicia joga o cabelo para trás.
Alicia a arrasta e começam a andar e continuam conversando.
— Elas são normais? — pergunta Dimitri gargalhando.
Não respondo, ainda rindo, elas continuam andando, até Valentina virar
e me olhar. Nesse momento, vem um vento da sua direção, e consigo inalar
um cheiro de lavanda. Fecho os olhos e sinto seu cheiro, quando abro, ela
sorri para mim e Alicia a arrasta para atravessarem a avenida.
— Vai ficar aí parado? — pergunta Demétrio de dentro do carro.
Me viro e vou até a minha Ferrari, entro, dou partida e volto para a
minha cobertura.

Assim que estaciono meu carro na garagem, Theo vem até mim. Meu
melhor segurança, junto com Daniel.
— Meu nego, preciso de um favorzinho. — Abro meu paletó.
— Dispenso esse tipo de formalidade, senhor — Theo fala bem sério.
— Dispenso esse tipo de formalidade, senhor. — O imito, fazendo a
mesma pose que ele. Ele nega com a cabeça, e sorri.
— Finalmente consegui um sorriso do Theo. — Vibro e ele dá um outro
sorriso de leve.
— Menos, senhor. — Maneia a cabeça com um sorriso.
— Ok! Ok! Preciso de um favor, urgente. — Entramos no elevador.
— Diga.
— Sabe aquela moça que estava comigo? — Assente. — Quero saber
tudo sobre ela.
— Sim, senhor.
— Mande o mais rápido possível. Se possível ainda hoje! — Peço e ele
assente em concordância.
Entro em minha cobertura e ele aperta o botão, descendo de volta para o
térreo. Passo pelo hall da cobertura, me sento na poltrona e afrouxo minha
gravata.
— Figlio[8]. — Meu pai me cumprimenta, entrando na sala.
Sorrio e ele se senta no sofá, próximo de mim.
— Oi, pai. Cadê as mulheres da casa?
— Foram ao shopping fazer compras, já estão voltando — informa.
— Está tão bom o silêncio. — Jogo a cabeça para trás e o escuto sorrir.
Rapidamente lembro-me de Valentina. A mulher vai me enlouquecer.
Seu sorriso me faz sentir tranquilo e louco por ela. Minha doce e linda
Valentina. Eu disse minha?
Sim, seu tapado! Ela vai ser minha ou não me chamo Dominic D’Saints!
— Chegamos! — Manu sai do elevador
— Estamos morrendo de fome — Hannah suspira.
Dois seguranças entram cheios de sacolas. As meninas colocam as
sacolas próximo à parede e pedem para os seguranças também deixarem lá.
— Olá, figlio. — Minha mãe me cumprimenta.
Poxa, estava tão bom o silêncio...
— Que cara são essas? — pergunta Hannah, se sentando ao meu lado.
— Estávamos aproveitando o silêncio — meu pai fala.
— Pois, é. — Bufo.
— Admitam que sentiram nossa falta. — Manu sorri.
— Eu senti sua falta, bambina. [9]— Demétrio sai do elevador com
Dimitri, e vai até ela.
— Amore mio[10]. — Manu vai até ele, com um largo sorriso nos lábios.
Acho tão lindo o amor deles, lutaram tanto para ficarem juntos. Manu
sofreu bastante com seu antigo namorado, Enrico, ele fazia chantagem
emocional, humilhava e ainda a traía. Era um relacionamento muito abusivo
que eles tinham. Mas assim que Manu e Demétrio se conhecerem tudo ficou
bem.
Um tempo depois, anunciaram o namoro, e foram alvos de paparazzi em
Nova York e Milão. Houve uma situação em que Enrico aparecei bêbado e
drogado, querendo voltar com ela. Mas ela não quis. Foi um inferno. Todos
nós ficamos envolvidos com tudo. Manu já fazia parte da família.
— Fratello? — Dimitri chama minha atenção, acenando para
acompanhá-lo.
Me levanto e o sigo até a varanda da cobertura. Assim que entramos ele
me dá um copo de uísque, pego de sua mão e apoio meus antebraços no vidro
e olho a linda vista para o mar. Levo o copo até a boca e tomo um gole do
uísque.
— Me conta — pede.
Estava demorando...
— Dimitri... — Ele me corta.
— Nem tente negar. Não vou rir e nem debochar de você. Pode me
contar. Quem é a moça? — pergunta e eu o olho.
— Valentina. — Bebo outro gole do uísque.
— Notei desde a entrevista. — Bebe seu uísque. — Por que não falou
comigo?
— Porque você perde um amigo, mas não perde a piada. — Sorrimos.
— Nisso você tem razão. — Sorrio. — Estou estranhando você não ter
dado seu bote ainda.
— Ela mexe comigo, é estranho. Sua presença me conforta, mesmo que
seja uma troca de poucas palavras.
— Notei isso hoje. Saiu enfurecido, mas foi só ver a nobre donzela que
o coração se acalmou. — Sorrio, assentindo. — É bem na dela. As poucas
palavras que trocamos na seleção, me mostrou que é uma boa moça.
— Sim. Estudiosa e dedicada. Me disse que entrou na universidade
através de uma prova para ganhar bolsa integral. E conseguiu passar com
nota máxima.
— Wow!
— Também foi a minha reação. — Rimos.
— Você está caidinho por ela. Quero uma dessa pra mim!
— Ei! Essa é minha. — Dou um soco em seu braço.
— Sua? Então vá atrás dela. — Dá de ombros. — Vi que Pedro a
conhece.
— Pelo visto, sim. — Reviro os olhos.
— E se ele for atrapalhar? Vai desistir dela? — questiona me olhando.
— Não. — Ele assente.
— O que minhas lindas estão conversando? — pergunta Demétrio
ficando no meio de nós dois.
— Sobre paixão e amor. — Dimitri dá um sorriso.
Bufo e reviro os olhos.
— O amor é tão lindo, meus queridos — Demétrio diz.
— É tão estranho ver você meloso. — Dimitri sorri alto.
— Estranho é ver Dominic de quatro por Valentina. — Gargalha
Demétrio.
— Se rastejando. — Gargalha Dimitri.
Reviro os olhos e bebo o uísque.
— Vamos parar? Vão me ajudar ou não? — pergunto.
— Claro que vou! Enquanto você estava babando por ela no hall da
empresa, eu falei com Agatha para conseguir três ingressos para Alicia no
Mix Night, para hoje à noite. Com toda certeza, Alicia levará Valentina. —
Dimitri me olha.
— E como vamos saber que elas vão? — pergunto.
— Estou esperando a resposta de Agatha — Demétrio diz.
Conversamos mais um pouco, sobre trabalho e o amor de Demétrio.
Dimitri afirma que está atraído por Alicia. Ela é louca, todo mundo sabe,
Dimitri também. Será que vão se dar bem juntos? Enfim, ele fez isso para ter
uma chance com ela hoje à noite, mas juntou o útil com o agradável. Mas eu
sei que Dimitri só quer levar Alicia para a cama, mais nada. Se Alicia for,
com certeza vai levar a amiga, e é aí que eu entro. Não quero forçar nada,
quero que seja por livre e espontânea vontade. Se rolar beijo, tudo bem, se
não rolar, tudo bem também. Mas não vou desistir, é notável nossa atração.
De repente, Theo sai do elevador com um envelope em mãos e vem até
mim.
— Trouxe o que pedi? — pergunto.
— Sim. — Me entrega o envelope.
— Obrigado. — Ele assente e se retira.
Abro o envelope e tiro o papel de dentro.
Tem nome completo, idade e ano de nascimentos, onde mora, que é no
morro. Mora com uma tia que se chama Maria Flor, e uma criança chamada
Lorena, com quatros anos de idade. Será que é irmãzinha dela? Filha da
Maria Flor? Ou filha de Valentina? Se ela for filha de Valentina..., nossa.
Valentina é jovem para ser mãe. Mas será que essa Lorena é filha mesmo
dela? Isso vou descobrir depois. E se for, elas moram no morro, onde é
extremamente perigoso.
Meu Deus, como deve ser morar em um local que tem tiroteios a
qualquer momento quase todos os dias, onde tem tráfico de drogas? Ela mora
lá não por opção, certeza! Tão inteligente, estudou em escola pública desde
nova, e conseguiu fazer os dois cursos de graça e agora faculdade. Faculdade
de manhã e trabalho na parte da tarde.
Jesus... Eu nem sei o que pensar.
Os pais, Maria Liz e Túlio Mendes, morreram há cincos anos. Ela se
vira sozinha? Não teve nenhum relacionamento? Deve ter namorado alguém.
E agora eu descobri que o L da pulseira, possa ser da Lorena. É filha dela.
Ah, Valentina...
Capítulo 9

Já na hora de ir me arrumar, vou até meu quarto, tiro meu terno e


caminho até o banheiro. Tomo um banho relaxante e vou para o closet.
Coloco minha boxer preta, uma calça jeans preta, uma camisa de gola V
vinho e coloco meu tênis preto. Arrumo meu cabelo e ponho meu Rolex
dourado. Borrifo perfume, coloco a carteira e o celular no bolso, e me olho no
espelho.
— Hoje eu te beijo, Valentina. — Pisco o olho.
Besta!
Saio do quarto e desço as escadas, onde encontro meus irmãos, minha
cunhada e minha amiga.
— Está cheiroso. — Hannah me olha desconfiada.
— Por acaso sou fedido, Hannah? — Faço uma careta.
— Claro que não, cunhado. — Manu revira os olhos. Sorrio e pisco o
olho para ela.
— Felipe me ligou, avisando que elas já entraram — Dimitri avisa,
guardando o celular no bolso de sua calça.
— Vamos. — Hannah se levanta.
Entramos no elevador e vamos direto para o estacionamento, onde se
encontra as duas SUV’S, meus seguranças e os seguranças dos meus irmãos,
nos cumprimentam e entramos nos carros. As meninas ficam com Demétrio
no primeiro carro e eu e Dimitri no de trás. Theo dá partida e sai da garagem
indo em direção ao Mix Nitght.
— Quando vai contar para ela que foi escolhida para ser a nova garota
propaganda? — pergunta Dimitri.
— Quando a chamar para almoçar ou jantar comigo — digo e ele sorri.
— Acha que vai ser fácil? — pergunta.
— Não sei. — Dou de ombros.
Minutos depois, Theo estaciona o carro em frente à boate e já tem vários
paparazzi. Theo abre a porta e descemos, Demétrio vem até nós com as
meninas, com a ajuda de Daniel e mais dois seguranças. Tem uma fila
imensa, assim que passamos para entrar sem enfrentar a fila, muitas mulheres
gritam “Delícias”, sorrio com isso, mas só tenho olhos para uma única
mulher no momento.
O segurança libera a cordinha e entramos. Um rapaz nos guia até o
primeiro andar, onde é a área vip. Assim que subimos, encontramos uma
mesa e nos acomodamos lá, um garçom vem, fazemos nossos pedidos e ele se
retira. Fico olhando ao redor e não a encontro.
— Deixa de procurar por ela. — Demétrio me fita.
— Está tão na cara assim? — pergunto.
— E como. — Ele sorri.
— Vamos, Dimitri? — levanto-me do pequeno sofá confortável.
— Daqui a pouco a gente volta. — Dimitri deixa seu copo em cima da
mesa.
Tomo a última dose do uísque e saio com ele até a meia parede de vidro,
olhando tudo ao redor. Tem muita gente dançando, corpos quentes e suados.
Toca algum tipo de música eletrônica. Passo meu olhar por toda boate, mas
nada de encontrá-la, até ver uma mulher com uma blusa curta verde e short
preto dançando com... Alicia.
É ela!
Ela dança com Alicia, e conversam com um outro rapaz alto. Ambos
sorriem do que falam, e não gosto nada disso, dela estar perto de outro
homem, tão íntima. Não deveria me sentir assim, mas estou com ciúmes.
Admito. Sou um homem feito e não preciso estar fazendo rodeio algum. Tiro
esse pensamento da minha cabeça e a vejo feliz dançando música eletrônica.
Está linda...
O short curto mostra suas pernas claras, um pouco grossas. A bunda
redondinha e empinada em seu short. Delícia...
Uma blusa um pouco curta mostrando um pouco sua barriga retinha.
Noto vários homens de olho nela, olhando cada movimento seu, cada
balançada de sua bunda e sua sensualidade. Olhos cobiçados para minha
Valentina.
Não estou gostando disso! Vou marcar meu território.

Resta eu e Alicia no meio daquela multidão de pessoas. Tem vários


homens de olho em nós duas, cada um mais lindo que o outro. A música
eletrônica é perfeita, amo de verdade. Me sinto livre dançando, as batidas, a
sincronia da música, é perfeito. Eu estou um pouco suada e ofegante demais.
Desde que cheguei, não parei um minuto. Fazia muito tempo que eu não saía
para me divertir assim.
— Amiga, você não vai acreditar quem está aqui — Alicia fala alto em
meu ouvido.
— Quem? — Ela olha para trás de mim e depois volta seu olhar para
mim.
— O gostosão do Dimitri... e... Dominic. — Me olha surpresa.
— Oi? — Franzo a testa.
Ela já está bêbada. Ela tem essa paixão toda por Dimitri, e já está
vendo coisas.
— Você bebeu demais. — Ela nega com a cabeça.
— Dominic está aqui com Dimitri, Valentina — fala séria.
Meu corpo gela, meu coração acelera, minhas pernas fraquejam e minha
cabeça gira. O que ele está fazendo aqui?
— Olha — aponta discretamente.
Como se fosse em câmera lenta, me viro, que até meu cabelo se move, e
lá está ele, parado ao lado de Dimitri. Nossos olhares se encontram
imediatamente.
Ele está... lindo! Céus... como ele é lindo.
Parece um transe, só nós estamos aqui, nos olhando. Parece até uma
guerra de olhares. Pessoas passam em nossa frente, mas eu só tenho olhos
para ele, e é recíproco.
— Ele está tão lindo — Alicia diz, se referindo ao Dimitri
— E como está. — Ainda olho para Dominic.
Dimitri fala algo para ele, que assente, responde sem tirar os olhos de
mim. Quando uma mulher, muito bonita por sinal, pula em seu pescoço
sorrindo.
Ai senhor...
— A fila está grande. — Miguel aparece com nossas bebidas.
— Demorou, hein. — Desvio meu olhar de Dominic. A mulher loira
ainda está pendurada no pescoço dele.
— Muito, estava quase desistindo. — Miguel entrega nossas bebidas.
— Isso aqui está bom, viu. — Alicia prova da bebida.
Levo o copo até a boca e provo.
— Realmente é muito bom. — Passo a língua nos lábios.
— Por que estão nervosas? — pergunta Miguel, desconfiado.
Está tão na cara assim?
— O meu amor platônico está bem ali. — Alicia aponta discretamente.
Miguel se vira e olha para eles. Nem ouso olhar. Sinceramente, não
gostei de a mulher ter pulado em cima dele.
— Eles estão vindo — Miguel fala.
Céus... Senhor dá uma ajudinha aí!
— Olha quem está aqui... — Uma voz masculina soa perto de mim.
Me viro e dou de cara com Dominic à minha frente. Nossos olhares se
encontram de novo. Ele me olha de cima a baixo, observando cada detalhe.
Claro que faço o mesmo. A calça jeans justa, mostrando suas pernas
grossas, a blusa mostrando seus braços definidos, não tanto, mas são grossos.
O homem é todo lindo, meu pai. Como pode ter um homem tão lindo e
gostoso assim?
— Olá, Valentina. — Dá um sorriso de lado.
Como consegue ser tão lindo?
— Olá, Dominic. — Dou um sorriso, porém, nervosa.
Ele sorri e me puxa pela cintura e me abraça.
Jesus, que braços...
Tive que ficar na ponta dos dedos para poder retribuir, e ainda assim, ele
se curva. Ele envolve seu braço ao redor de mim. O abraço pelo pescoço e
posso sentir seu cheiro amadeirado entrando em minhas narinas. Fecho os
olhos ao sentir seus lábios em meu pescoço, me dando um leve beijo que me
faz arrepiar. O abraço é de encaixe perfeito, nossos corpos se moldam
perfeitamente. Desfaço o abraço e nossos rostos estão bem próximos, se fosse
para beijar, era só inclinar um pouquinho e tudo certo. Engulo em seco e
pego minha bebida na mesa. Viro de uma vez, sentindo queimar em minha
garganta.
— Ei, gata heterocromática, vai devagar. — Miguel sorri. Coloco meu
copo em cima da mesinha redonda.
— Preciso de mais. — Respiro fundo, sobre o olhar de Dominic. —
Com licença.
Saio andando sem direção alguma, até que vejo o balcão de bebidas.
Preciso beber com urgência para tirar Dominic da minha cabeça o mais
rápido possível.
Assim que chego no balcão e peço minha bebida, me sento no banco,
com os braços apoiados, abaixo minha cabeça, e novamente ele vem em
minha cabeça. Aqueles olhos azuis me olhando profundamente, sinto frio na
barriga, ansiosa... Por que eu não desconfiei que ele poderia vir? Já que a
empresa tem uma parceria com a boate...
O rapaz me traz a bebida e se retira.
— Por que está fugindo de mim? — Escuto a voz de Dominic.
Sinto um frio na barriga e minha boca seca instantaneamente.
— Não estou fugindo de ninguém — respondo.
Levo meu copo até a boca e dou um gole na minha bebida.
— Está mentindo. — Se senta no banco ao meu lado.
— Me dê um motivo para estar fugindo de você. — Olho aqueles lindos
olhos azuis, e ele dá um sorriso.
— Você bebe muito? — pergunta olhando para meu copo e volta seu
olhar para mim.
— Às vezes, só o suficiente para olhar duas fechaduras na porta de casa.
— Sorrimos.
— Você vem muito aqui? — pergunta fazendo um sinal para o barman.
— Uísque puro.
— Não. Primeira vez que venho. Não costumo frequentar esse tipo de
lugar. — Apoio meus braços no balcão.
— Com muita gente? — Pega sua bebida com o barman.
— Não. Estou aqui, porque os meus amigos me chutaram de casa. —
Sorrimos.
— Entendo. Que tipo de lugar frequenta? — pergunta e dá um gole de
sua bebida.
— Barzinhos, pagodes...
— Deve ser bom esses barzinhos e esses pagodes — comenta. —, tenho
vontade de conhecer outros lugares. Eu frequento lugares refinados e
luxuosos. — Bebe seu uísque. — Você frequenta muito esses barzinhos?
— Não muito, minha vida é corrida. Costumo ir mais nos finais de
semana. — Assente e coloca seu copo vazio de uísque no balcão.
— Quero te apresentar para algumas pessoas. — Se levanta.
Me levanto e saio andando com ele. Ele chama Dimitri, que vem com
Alicia e Miguel. Subimos para a área vip. Uau! Pura ostentação. Ele nos
guia até uma mesa no canto, onde tem uma ruiva linda de morrer, abraçada
com Demétrio, e uma mulher linda... a mesma que pulou no pescoço de
Dominic.
Chegamos perto deles, que nos olham.
— Gente, essa é Valentina. — Dominic nos apresenta. — Essa é
Manuela, noiva de Demétrio, e essa é Hannah, nossa irmã postiça.
— Não precisa dizer que sou irmã postiça, stronzo. — A tal Hannah fala
e me olha — Prazer, minha querida. Então, você é a Valentina que meu irmão
fala?
— Cala a boca, Hannah — Dominic fala.
— Se tiver alguma outra Valentina, me digam. — Sorrimos.
— Você é linda. — Manu me olha de cima a baixo.
— E esses olhos? — Hannah me olha atentamente.
— Bem que Dom disse que os olhos dela são lindos. — Manu sorri para
mim.
— Só os olhos? — pergunto curiosa, já sabendo da resposta.
— Claro que não. Já nem aguento mais ouvir ele falar de você. —
Dimitri revira os olhos.
Ele fala de mim?
— E você de Alicia — Dominic devolve.
Olho para Alicia que me olha, chocada. Vejo Miguel só de olho em
Hannah, que está flertando com ele.
— Sentem conosco — Manu fala.
Nos sentamos e começamos a conversar, enquanto os homens estão de
pé, bebendo e conversando.
— Me contem, vocês são daqui do Rio? — pergunta Hannah, bebendo
seu drink.
— Somos sim. E vocês? — pergunta Alicia.
— Eu e Hannah somos de Nova York, mas como sou noiva de Deme,
estou sempre em Milão — Manuela explica.
— Eles vão passar muito tempo aqui? — pergunto.
— Está doidinha pelo meu cunhado, não é? — Manu sorri, me fazendo
corar. — Vamos ficar alguns meses aqui.
— Vamos dançar? — Dominic vem até mim. Assinto com um sorriso.
Me levanto e deixo minha bolsa com as meninas e ele puxa minha mão,
vamos para um lugar pouco movimentado da área vip. De mãos dadas ele nos
guia até lá. Ao chegarmos, ele me puxa e sua mão fica em minhas costas e a
outra segura minha mão e começamos dançar a música sertaneja “Espaçosa
Demais” do Felipe Araújo
— Essa música foi certeira — sussurra no meu ouvido.
— Por quê? — pergunto curiosa.
— Se refere a você.

O coração tava cheio, cheio, cheio


Não tinha espaço pra eu me apaixonar
Foi só você me dar um beijo, um dengo, um cheiro
Pra chegar de vez e bagunçar
Não aperta o povo, não
Tem mais gente no meu coração
Mamãe 'tá num cantinho
Papai, apertadinho
Tem amigo indo parar lá no pulmão
Tem como ser um pouco menos linda?
Tem como eu ser o dono da minha vivida?
Tem como não ser assim tão perfeita?
Já tomou meu coração e 'tá subindo pra cabeça
Tem como ser um pouco menos linda?
Tem como eu ser o dono da minha vida?
Tem como não ser assim tão perfeita?
Já tomou meu coração e tá subindo pra cabeça
Espaçosa demais

Nossos rostos estão colados, enquanto dançamos juntinhos, no ritmo do


sertanejo. Ele dança tão bem. Ele me puxa para mais perto dele. Com a mão
apoiada em seu braço afasto meu cabelo, que já está bastante suado, por
causa do calor. Ele quis dizer o que com essa música?
Ele larga a minha mão, segura meu rosto, olha nos meus olhos, passa o
polegar em minha boca, e fecho os olhos para sentir o contato dele. Já
tínhamos parado de dançar, mas era mesmo que nada. Eu não estou
escutando mais nada, a não ser nossa respiração. Abro meus olhos e ele está
me olhando cheio de desejo e paixão.
— Você tem noção do quanto é linda? — sussurra tirando uma mexa de
cabelo do meu rosto, sem tirar os olhos de mim. — Da quando ti ho
conosciuto, sei nella mia testa.[11]
— É tão lindo você falando em italiano. — Sorrio tímida.
— Potrei fissarti tutto il giorno. [12]— Olha em meus olhos.
— Anch’io. [13]— Ele me dá um sorriso tão lindo.
Dominic se aproxima e fechamos os olhos, quando sinto seus lábios nos
meus. Minha barriga está cheia de borboletas, estou parecendo uma
adolescente apaixonada pelo seu primeiro amor. Abrimos a boca e ele
introduz sua língua de leve e faço o mesmo. Ele tira a mão da minha cintura e
segura meu rosto, enquanto eu o abraço pela cintura.
Nem parece que estamos em uma boate lotada de gente e música muito
alta, pois parece que estamos em um lugar fechado sem barulho algum.
Nosso beijo é suave e lento, assim aproveitamos o momento. Sinto vários
frios na barriga com frequência. Ele morde de leve meu lábio e volta a me
beijar de novo. Sua mão esquerda vai para a minha nuca e puxa de leve meu
cabelo e geme baixinho.
Gente, esse homem beija super bem.
Ele finaliza o beijo com um selinho e sorrimos juntos. Ele me vira e me
abraça por trás e ficamos assim por um bom tempo, olhando as pessoas
dançarem. Dançamos juntos outra vez e nos beijamos outra vez. Não acredito
que estou ao lado desse homem. Têm olhares direcionados a nós dois, mas
Dominic não liga. Voltamos para a mesa onde o pessoal está, e as meninas
estão rindo. Já sei o motivo.
— Eu vi. — Manu sorri.
— Eu também — Hannah diz, bebendo seu drink.
— Claro que viram. — Reviro os olhos sorrindo.
— Que química! — Alicia cochicha.
— Foi só um beijo, gente — murmuro.
Quem eu queria enganar? Não foi simplesmente um beijo.
— Nada disso, sei muito bem quem beija daquele jeito. — Manu me
olha.
— Claro que sabe. — Hannah revira os olhos.
— Beijo apaixonado. — Manuela beberica sua bebida.
Será?
Admito que estou muito atraída por ele. Mas será que Dominic está
apaixonado por mim? Olho para ele que está conversando com seus irmãos e
Miguel, quando ele vira o rosto e me olha, sorri e pisca o olho pra mim.
Eu já disse o quanto ele é lindo?
Pego meu celular da bolsa e vejo que já são quase três da manhã. Alicia
se despede das meninas e faço o mesmo. Pego minha bolsa e vou até
Dominic. Ele se afasta dos meninos e fica perto de mim.
— Eu já vou — digo.
— Já? — Se aproxima mais.
— Trabalho amanhã. — Ele assente.
— Coloque seu número aqui. — Me entrega seu celular. Anoto meu
número e entrego a ele.
— Eu te levo lá fora — coloca o celular no bolso.
O pessoal decide ir embora também. Os meninos decidiram pagar toda
nossa conta, sem deixar com que eu, Alicia e Miguel paguem por nosso
consumo. Ao sairmos da boate, Miguel encosta na parede, ele não se aguenta
mais ficar de pé. Alicia ria de tudo, Dimitri ri junto com ela, eu só os vi aos
beijos o tempo todo.
— Quer que eu peça para meu segurança te levar? — Se aproxima de
mim.
— Não precisa.
Ele se inclina e me dá um selinho demorado, segurando meu queixo.
— Tem certeza? É perigoso sair por aí a essa hora. — Tira uma mecha
de cabelo do meu rosto.
— Estou com Miguel e Alicia. — Ele olha para os dois.
— Os dois bêbados. — Sorrimos.
— Vamos de táxi, não precisa. — Ele revira os olhos.
— Dimitri, chama um táxi aí, por favor. — Grita e me olha. — Quero
que chegue bem em casa. Vou te enviar uma mensagem e você salva meu
número. Quando chegar em casa, me avise que chegou.
Ele digita algo no celular, que rapidamente o meu vibra e tiro-o da bolsa,
vendo sua mensagem. Abro um sorriso.
Número desconhecido: Linda!
— Bobo. — Ele sorri.
Se aproxima de mim, segura meu queixo e cola nossos lábios. O abraço
pela cintura, o beijando com vontade. Puxo sua camisa, trazendo-o mais para
mim, sentindo sua língua percorrer minha boca, me beijando suavemente,
sem pressa. Suas mãos seguram meu rosto, mordendo meu lábio e volta a me
beijar, sem se importar com as pessoas nos vendo.
— Desculpa atrapalhar o momento de vocês, mas o táxi está esperando.
— Escutamos Dimitri gritar.
Sorrimos durante o beijo, e ele me dá um selinho.
— Apareça lá na empresa segunda. — Me dá outro selinho.
— Por quê?
Ele afasta seu rosto e me fita, colocando algumas mechas de cabelo atrás
da minha orelha.
— Surpresa. Pode ir um pouco antes do almoço? Umas dez e meia,
talvez. — Acaricia meu rosto.
— Posso sim. Eu vou ter uma prova, e assim que terminar e der a hora,
vou até a empresa.
— Depois de conversarmos, você quer almoçar comigo? — Caminha
comigo até perto do táxi.
— Eu preciso ir para o trabalho às uma e meia.
— Eu levo você. Só quero que almoce comigo. — Me olha, me fitando
com seus lindos olhos azuis.
Assinto com um sorriso.
— Cuidado. Quando chegar me avise. — Segura meu queixo e me dá
um selinho. — Vou ficar bastante preocupado se não me enviar uma
mensagem avisando que chegou.
— Eu aviso, sim. — Sorrio. Ele é todo lindo.
— Avise mesmo. Tem certeza que não quer ir com meu segurança? —
insiste.
— Tenho certeza, sim. Pode ficar tranquilo.
— Se eu estivesse dirigindo, eu mesmo a levaria, mas eu bebi. — Olha
meus olhos. — Mas me avise, por favor.
— Pode deixar que irei te avisar! — Ele assente e me dá outro selinho.
Me afasto dele, e entro no táxi junto com os meninos. O caminho é
rápido, já que não tem trânsito algum. Miguel ri de qualquer coisa junto com
Alicia, até o motorista ri da diversão deles, que nem eu sei qual é. Eu bebi
muito, e estou aqui de boa. Já eles...
Ao chegarmos em frente à minha casa, descemos do carro e entrego o
dinheiro a ele.
— Obrigada por ter subido até aqui. E pode voltar tranquilo, Fernando já
ligou para alertar que sou eu, e que pode descer, ninguém vai mexer com o
senhor.
— Obrigado, moça. Boa noite.
— Obrigada. Tenha uma ótima noite.
Me afasto do carro e arrasto Miguel de um lado e Alicia do outro.
Entramos em casa e tranco a porta em seguida. Corro para o quarto sem fazer
barulho algum, pego cobertores e volto para a sala. Forro os lençóis no chão e
coloco as almofadas do sofá e eles caem duros no chão.
Volto para o quarto e pego minha roupa de dormir e vou até o banheiro.
Faço minhas necessidades, tomo um banho rápido e volto para o quarto.
Lorena está no quarto de tia Flor, se eu for até lá, talvez a acorde, portanto,
decido não ir. Meu celular apita dentro da bolsa em cima da cadeira. Vou até
ela e vejo uma mensagem de Dominic.
Dominic: Diz que já chegou em casa. Estou preocupado!
Sorrio boba e escrevo uma mensagem.
Eu: Cheguei sim. É que fui colocar os bêbados para dormir. Fique
tranquilo, já pode ir dormir.
O vejo digitar.
Dominic: Nosso beijo não sai da minha cabeça.
Suspiro, com um sorriso bobo, vendo-o digitar novamente.
Dominic: Infelizmente, só te vejo segunda. Queria ver você amanhã ou
domingo, mas viajo amanhã para Buenos Aires a trabalho. Viajo logo cedo e
volto segunda de manhã. Tivemos problemas na filial de lá e nós três temos
que estar lá.
Eu: Tudo bem, então. É melhor ir dormir já que vai acordar cedo.
Dominic: Não consigo te tirar da cabeça.
Sinto um friozinho na barriga.
Eu: Também não consigo. Mas você precisa descansar e eu trabalho
amanhã.
Dominic: Linda! Boa noite, anjo.
Eu: Boa noite
Sorrio toda boba e acabo adormecendo, pensando no nosso beijo. O
beijo mais incrível que eu já recebi.
Capítulo 10

Acordo sentindo minha cabeça explodir e sou acordada com vários


beijos molhados no rosto, de Lorena. A encho de beijos, morrendo de
saudades, por não ter dormido com minha menina, como todas as noites.
Depois que me levanto, vou até à sala amarrando o cabelo, Alicia e Miguel
estão com cara de poucos amigos.
— Bom dia, pessoal.
— Para de gritar — Miguel murmura, colocando a mão na cabeça.
— Eu não estou gritando.
— Vai à merda. Deixa a gente em paz. — Grita Alicia, jogando a
almofada em mim.
— Olha a boca. Tem criança em casa. — Devolvo a almofada.
Rimos e vamos comer algo. Lorena já está ativa, correndo pela casa,
pois eu disse que hoje iria largar cedo. Tomamos café e vou tomar banho.
Volto para o quarto quando meu celular toca. Vou até a cama e atendo a
ligação.
— Alô?
— Bom dia, anjo.
— Dominic... — Sorrio, boba.
— É tão bom escutar sua voz... — Escuto-o suspirar. — Dormiu bem?
— Pouco.
— Posso saber o motivo?
— Pensando sobre ontem. — Mordo o lábio.
— Nem me fale, quase não dormi pensando em você. O que está
fazendo?
— FAZENDO SEXO POR TELEFONE? TENHA VERGONHA,
VALENTINA! — grita Alicia entrando no quarto.
— Eu vou te matar — Olho para Alicia, incrédula, escutando os risos
abafados de Dominic.
— LIGA NÃO, DOMINIC. ELA SÓ ESTÁ COM VERGONHA. —
Alicia sorri, falando alto.
— Me deixa. — Jogo meu travesseiro nela, que sai do quarto rindo.
— Escutei tudinho — Dominic diz sorrindo.
— Ela só está assim, porque acordei ela e Miguel cedo.
— Tudo bem. Só liguei para saber como está.
— Estou bem e você?
— Com saudades.... Tenho uma reunião em poucos minutos.
— Você já chegou?
— Sim. Viajei às quatro da manhã.
— Nossa, nem dormiu então?
— O pouco tempo que eu tive, fiquei pensando em você.
— Interessante, esse foi o mesmo motivo da minha insônia. Só que ao
contrário.
— Fico feliz em saber. Queria passar mais tempo conversando com
você, mas tenho uma reunião e preciso agilizar algumas coisas e você
precisa trabalhar.
— Tudo bem. Bom trabalho.
— Pra você também, Bella.[14]
Finalizo a ligação com um sorriso. É tão bom quando alguém se importa
com você. Os poucos homens que fiquei, nem ao menos me ligaram no outro
dia para saber como eu estava. Até hoje eu não vejo mais a cara de nenhum.
Mas eu não queria um relacionamento sério mesmo, então não dei muita
importância. Com Dominic eu não sei exatamente o que está acontecendo,
mas eu vou deixar rolar até saber o que é isso que nós estamos tendo.
Alicia conversa empolgada comigo, diz que Dimitri está atraído por ela,
e que quer conhecê-la melhor. Nem falo da empolgação da conversa. Notei
Miguel de olho em Hannah o tempo todo, só vi as trocas de olhares dos dois.
Miguel não é homem de se jogar fora, e Hannah é um espetáculo de mulher,
com certeza vai rolar algo. Em uma conversa rápida com Hannah, fico
aliviada em saber que ela é muito amiga dos meninos, e disse que nunca teve
algo com nenhum deles, e não havia possiblidades de ter.
Após me trocar, e me despedir do pessoal e da minha filha, vou para a
cafeteria e conto a Helena o que rolou ontem. Ela fica animadíssima e muito
feliz, me incentivando muito. Depois do meu turno acabar, volto para casa
feliz, pois vou ficar com Lorena o restante da tarde e o domingo todo com
ela.
Brincamos, assistimos tv a tarde toda. Alicia e Miguel chegam com
algumas coisas para comermos. Trouxeram sorvete, cerveja e algo para
petiscarmos. Conversamos sobre várias coisas. Conto para tia Flor sobre
Dominic e ela passa boa parte do tempo, pensativa com suas vibrações, como
sempre. Tia Flor e suas vibrações.

O domingo, está bem desanimado. Passo o dia com uma enorme


preguiça. Lorena agitada como sempre, fica brincando. Passo o dia, deitada
no sofá, tentando estudar para minha prova de amanhã, só me levanto para
ajudar tia Flor com a comida e com os pratos.
Na parte da tarde, a turma do barulho chega aqui, de novo. Lorena já
gosta da algazarra, fica toda feliz com Alicia e Miguel. Tia Flor saiu para
encontrar uma amiga, e ficamos nós quatro em casa. Dominic não me ligou,
mas tem enviado mensagens dizendo que voltará manhã e que está com
saudades. Como ele está falando o que está sentindo, eu não irei me privar
disso, e também digo que estou com saudades.
Me arrumo, tomo café com Lorena e saio de casa com ela, após me
despedir de tia Flor. Deixo-a na escola e vou direto para faculdade. Faço a
prova tranquila, sem pressa. Tem várias questões fáceis e algumas difíceis,
mas sempre dou conta. Fico na faculdade estudando algumas matérias, e
decido fazer apenas um lanche rápido por lá, já que Dominic disse que quer
almoçar comigo. Saio da faculdade, indo em direção ao ponto de ônibus, para
ir até à empresa. Não demoro muito, e chego na empresa em meia hora, que
fica de frente à parada de ônibus. Atravesso a avenida e entro na empresa,
indo em direção à recepção.
— Bom dia! Dominic D’Saints está me aguardando. Me chamo
Valentina. — Me apresento.
— Bom dia! Último andar, primeira sala à direita. — Me entrega um
cartão.
Agradeço e caminho para a catraca, onde passo o cartão que libera
minha entrada, e vou direto para o elevador. Ao chegar no sexto andar, vejo
uma moça mexendo no computador em um balcão improvisado, e caminho
até ela.
— Bom dia, sou Valentina. Dominic está me aguardando. — Dou um
sorriso para ela.
— Bom dia, sou Morgana, assistente e secretária dos trigêmeos. Ele
disse que você poderia entrar e não precisa bater. — Ela me dá um sorriso
Sorrio de volta e me afasto do balcão. Vou em direção à porta de
Dominic e abro devagar após dar duas batidas. Ao abrir o vejo com o celular
no ouvido em pé de frente à enorme janela de vidro, que tem vista para a
praia de Ipanema. Entro e fecho a porta devagar para não interromper. Me
encosto na parede e fico admirando sua beleza.
Dominic está sem o paletó, só com a camisa social branca e gravata
vermelha, calça social cinza e sapato preto. Está com mão esquerda enfiada
no bolso, olhando o mar, enquanto fala ao telefone.
Ele de costas assim, me dá uma visão privilegiada da sua bunda.
Que bunda, Brasil.
Através do espelho, vejo seus olhos azuis me olhando com um sorriso
contido nos lábios. Gira seu corpo para me olhar e abre um largo sorriso, me
fazendo morder o lábio, com um sorriso contido. Dominic faz um gesto para
colocar a bolsa e os livros em cima do sofá, e assim eu faço. Vou até o sofá e
deixo minhas coisas lá, vendo-o me chamar com o indicador, falando ao
telefone em italiano.
Assim que chego perto dele, ele segura minha cintura, girando meu
corpo para ficar de costas para ele, e encosta seu corpo no meu. Repouso
minha mão sobre a sua que está em minha barriga, e apoio minha cabeça em
seu peito, olhando o mar.
— Sim... Tenho um compromisso inadiável na hora do almoço... Certo...
Pode ser às duas?... Ótimo.
Ele encosta seu rosto na minha cabeça enquanto fala ao telefone.
— Comunicarei sobre a videoconferência com Dimitri e Demétrio.
Agora preciso desligar, estou com uma pessoa importante na minha sala. —
Acaricia minha cintura.
Uau!
— Mio angelo. [15]— Cheira meu pescoço. — Estou morrendo de
saudades.
— Também estou. — Dou um sorriso.
Ele me puxa até a mesa e me coloca sentada nela, se enfiando no meio
das minhas pernas.
— Estava contando as horas, minutos e segundos para te ver — sussurra
perto da minha boca.
Ele segura minha nuca e me puxa para um beijo. Sua mão direita está
em minha cintura, e as minhas estão em seus braços fortes. Nossas bocas se
abrem e a minha é preenchida por sua língua. Não é um beijo leve como no
sábado, suave e lento, estamos nos beijando como se precisássemos um do
outro. Ele devora minha boca e eu faço o mesmo, com a respiração ofegante.
Cruzo minhas pernas em seu quadril e o puxo mais para mim, sentindo sua
ereção na minha barriga. Sinto frios na barriga, arrepios até o último fio de
cabelo, e meu coração falta pouco sair pela boca, de tão forte que está
batendo.
— Acho que nunca vou me cansar de você — sussurra em meus lábios.
— Acha ou tem certeza? — Fito seus olhos azuis.
— Tenho certeza — coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Desculpa ter interrompido sua ligação. — Fito seus olhos azuis.
— Você nunca me atrapalha. — Beija minha testa.
Esse pequeno gesto além de preencher meu peito, me dá esperança. É
um gesto simples, porém, significativo demais.
— Como foi a reunião no final de semana? — pergunto quando ele se
afasta.
— Cansativa. Mas conseguimos resolver. — Pega o telefone em cima da
mesa.
— Qual é a surpresa? — O olho.
— Venham aqui. — Fala no telefone e desliga. — Deixa meus irmãos
chegarem.
— Tudo bem.
Ele caminha até mim, me tira de cima da mesa, e me leva até o sofá.
— Como foi a prova? — Se senta ao meu lado.
— Complicada. Mas dei conta. — Ele sorri, talvez orgulhoso. Não sei.
— Claro que deu conta. — Puxa minha nuca para um beijo mais
profundo. Mas quando o beijo ia avançar, os irmãos entram na sala.
— OPA! — Escuto a voz de Demétrio.
Rapidamente me afasto de Dominic, completamente envergonhada.
— Olá, pombinhos. — Dimitri fecha a porta.
— Me desculpe, senhor... — Dimitri me interrompe.
— Nem termine. — Dimitri me olha feio.
— Pelo amor de Deus, você está com nosso irmão. — Demétrio revira
os olhos.
Eles são muito parecidos. Nossa...
— Olá, Valentina, sou Dimitri sem o D’Saints. — Pisca o olho e sorri.
— Olá, sou Demétrio sem o D’Saints. — Demétrio me abraça.
— Ok. Só Dimitri e Demétrio. — Sorrimos.
— Está vendo? Não é difícil. — Demétrio me olha com divertimento.
— Vamos começar a reunião — Dominic fala.
Me sento na cadeira em frente a Dominic e os irmãos ficam ao lado dele,
de pé.
— Chamamos você, para conversarmos algo relacionado ao comercial
do lançamento do nosso perfume. — Demétrio me olha.
Sinto meu coração gelar, vendo os três pares de olhos azuis idênticos,
me fitando.
— Você é a nossa garota propaganda do novo perfume — Falam em
uníssono.
— O quê? — Arregalo os olhos.
— Você vai estar no comercial com o nosso perfume — Demétrio diz,
bem tranquilo.
— Vocês estão brincando, não é?
Engulo em seco, sentindo minhas mãos trêmulas e o coração batendo
descompensado dentro de mim.
— Não, Bella. — Dominic me dá um sorriso.
Sinto meus dedos ainda mais trêmulos.
— É... — Olho para eles que estão rindo. — Vocês estão brincando
comigo!
— Não estamos, não — respondem.
— E por que estão rindo de mim? — pergunto, nervosa.
— Você está pálida. — Dimitri me olha.
— Não brinquem comigo — coloco a mão no peito, sentindo meu
coração bater rapidamente.
— Não estamos brincando. — Demétrio fala bem sério.
Isso está mesmo acontecendo? Eu vou poder sair mesmo do morro? Meu
Deus...
— Bella, você está bem? — Dominic se aproxima de mim.
— E-eu... preciso de á-água. — Minha visão começa a ficar turva.
Dimitri corre até uma mesinha onde tem uma jarra com água e enche um
copo e entrega a Dominic.
— Tome. — Me entrega. Pego o copo e levo até os lábios e bebo a água
de uma só vez, com as mãos trêmulas.
— Nossa... — sussurro, passando a mão na nuca, sentindo-a molhada.
— Gostou? — Dominic se agacha, para ficar do meu tamanho.
— Se eu gostei? Eu nem sei o que dizer. — Me encosto na cadeira.
— Bom, já que demos a notícia, você quer assinar o contrato? —
Demétrio me olha, ansioso.
— Já? — pergunto, surpresa.
— Sim. Decidimos na sexta. — Dimitri me fita.
Será que é por que estou ficando com Dominic? Olho Dominic, que está
me olhando.
— Dominic, não é por causa do que aconteceu entre a gente...
— Nem ouse terminar essa frase. — Faz um gesto, fazendo-me calar. —
Claro que não foi. Decidimos na sexta de manhã. — Segura minha mão e
suspiro, sentindo o alívio percorrer meu corpo.
— Vimos que é diferente — Demétrio fala.
— Seus olhos chamam atenção, será uma boa. — Dimitri se senta ao
meu lado.
— Obrigada. — Sorrimos. — Mas vocês me disseram que eu não me
enquadrava, pois faço faculdade de fisioterapia, totalmente fora do ramo da
entrevista, e por minha disponibilidade ser só aos domingos.
— Vamos te mostrar o contrato e você decide. Tenho certeza que irá
concordar — Dominic fala e eu assinto.
Sinto uma felicidade que não cabe dentro de mim, vou poder dar uma
vida digna para minha filha. Não vou mais precisar de ter meu dinheiro
contado todos os meses ou às vezes, até faltar. Não passarei mais fome para
poder dar a única comida para a minha filha. Longe de tiroteios e aflições, o
medo de Lorena com os tiroteios, arriscando nossas vidas subindo e descendo
aquele morro, que a qualquer momento pode ter tiroteio. Tia Flor vem
comigo para onde eu for.
Demétrio entrega um envelope para Dominic, que abre e tira alguns
papéis de lá e coloca em cima da mesa, empurrando em minha direção.
— Leia e se não concordar com alguma coisa, podemos negociar —
Dimitri me diz.
— Ok. — Assinto e pego o papel.
Começo ler, mas é muita coisa, chega dá agonia. Não estou entendendo
algumas coisas, mas Dominic me auxilia ao meu lado, explicando o que não
compreendo. Leio cada cláusula com cautela, atenta a cada palavra,
explicando nos mínimos detalhes, para não restar dúvida.
— Eu vou precisar sair do meu emprego? — Olho para eles.
— Sim. — Demétrio assente.
— Mas... eu preciso dele. — Engulo em seco.
— Termine de ler. — Dimitri pede.
— Você entenderá o motivo de sair do seu atual emprego. — Dominic
me olha.
Assinto e volto a ler. Não queria sair do meu trabalho, é com ele que
ponho meu pão todos os dias em minha mesa, é por causa dele que minha
filha come e tem estudo. É com ele que pago minhas contas e despesas. Mas
tem uma parte que leio, e minha vista fica embaçada.
— O v-valor — gaguejo nervosa.
— Qual o problema? — pergunta Dominic.
— É pouco? Podemos negociar. — Dimitri se aproxima.
— Pouco? Isso é demais. Tem certeza que é esse o valor? — Entrego o
papel a ele.
— Sim — respondem
— Alguém errou ao digitar — digo nervosa.
— De jeito nenhum. Lemos o contrato também. — Demétrio vê o
contrato.
— Eu vou ficar milionária, assinando apenas esse contrato? — Eles
assentem, tranquilamente.
— Por isso que no contrato está dizendo que você deverá sair do atual
trabalho — Dimitri fala.
— Você terá que ter total disponibilidade para nós. — Demétrio me
entrega o papel.
— E com esse valor, você não precisará se preocupar com nada, além de
vir e fazer o seu trabalho aqui. — Dominic me olha.
Meu Deus.... Isso está acontecendo? Minha cabeça começa a doer,
minha vista fica turva e tudo começa a girar.
— Bella, está se sentindo bem? — Dominic segura meu braço.
Mas a voz dele está distante, e sinto meu corpo mole.
Distante....
Dist...
Capítulo 11

Acordo escutando vozes, mas não estou conseguindo distinguir de quem


é. Abro os olhos devagar e vejo três Deuses na minha frente. Ambos estão de
pé conversando. Dominic está com a mão direita no bolso e a outra passando
pelos seus cabelos, falando em italiano com os irmãos, um pouco
preocupado. Eu não estou mais sentada na cadeira de Dominic, estou deitada
no sofá.
Fecho os olhos e tudo vem à minha cabeça de novo. Me apoio no sofá e
tento me sentar, quando sinto mãos grandes em minha cintura me ajudando.
— Se sente melhor? — Demétrio e Dimitri perguntam.
Olho para eles dois e volto meu olhar para Dominic, que está bem
próximo a mim, e sua aparência é de preocupação.
— Ei... — Segura meu rosto. — Quer ir ao hospital?
— Não... estou bem. — Coloco a mão na testa.
— Vou pegar água. — Dimitri se afasta.
— Vou chamar alguém do departamento médico — Demétrio avisa.
Saem do escritório, me deixando sozinha com Dominic, que se senta ao
meu lado. Dimitri logo chega com a água e me dá o copo para eu beber.
Demétrio chega com um senhor alto de jaleco, que afere minha pressão, e faz
várias perguntas.
— Evite o sol. Ok? Está muito quente, pode sentir outra tontura — diz e
se levanta.
— Obrigada.
— Fez exames recentemente, ou está com suspeita de gravidez?
Sinto o olhar de Dominic sobre mim, e sinto que não é uma expressão
boa, pela pergunta do médico.
— Só se for do vento, doutor. — Ele sorri.
— Tudo bem. Melhoras.
Agradeço e ele recolhe suas coisas, e sai da sala, após se despedir de
nós.
— Você nos assustou. — Dominic segura minha mão.
— Lembra de alguma coisa? — pergunta Demétrio.
— Muito bem. Acho que o que vi, foi a causa do meu desmaio. — Passo
a mão na nuca.
Eles riem.
— Não é todo dia que alguém chega com uma proposta para me tornar
milionária. Principalmente para mim.
— O que quer dizer com isso? — pergunta Demétrio.
Suspiro, e passo minhas mãos no tecido da minha roupa.
— Que sou pobre — digo e olho para eles —, não sou do mesmo círculo
de vocês. Isso não daria certo.
— Classe social não nos interessa, nem se preocupe. Vamos te auxiliar
em tudo. — Dominic aperta minha mão.
— Temos os melhores funcionários para fazer isso dar certo. —
Demétrio coloca as mãos nos bolsos.
— O processo se inicia semana que vem — Dimitri avisa.
— Portanto, eu só teria essa semana para trabalhar na cafeteria? —
pergunto.
— Sim. — Dominic assente.
— E depois? Como eu fico? Faço o processo para a gravação do clip,
recebo o dinheiro. E quando acabar? — Olho para eles.
— Vamos te explicar. Você nem terminou de ler o contrato. Parou no
valor e desmaiou. — Demétrio dá um sorriso.
— Quando se entra nesse meio, não tem mais volta. As pessoas notam
você e te procura. É só fazer o seu papel e seguir em frente. — Dimitri me
explica.
— Mas estou fazendo fisioterapia — digo.
— Você faz o clipe, que vai receber bem. Quando encerrar, outras
marcas já vão te procurar para fazer o mesmo. É o tempo para que você
termine sua faculdade, e siga com sua profissão. — Demétrio me olha. —
Você terá muito dinheiro para se preocupar com trabalho. Só se concentre no
clip e na sua faculdade.
— Já sei que vou receber tratamento de graça. — Dimitri sorri.
Reviro os olhos com um sorriso.
— Você perde o amigo, mas não perde a piada. — Ele sorri.
— É o que digo a ele — Dominic diz com divertimento.
— E então? — Demétrio pergunta.
— Posso falar cinco minutos com Dominic a sós? — pergunto e eles
assentem. Saem e fecham a porta em seguida, nos dando privacidade.
— O que quer falar? — Segura minha mão.
— É onde eu moro. — Ele me olha.
— O que tem? — pergunta, franzindo a testa.
— Eu moro no morro, Dominic. — Desvio meu olhar do seu.
Não sinto vergonha de onde eu moro, mas Dominic é bilionário. Será
que ele ainda vai continuar comigo?
Espera, eu não tenho nada com ele. Foram só uns beijos.
Olho para Dominic que está olhando para mim.
— Desculpa, mas não dá — me levanto.
Então ele se levanta e puxa minha cintura. Leva sua mão até meu rosto
sem tirar os olhos do meu.
— Não importa onde você mora. O que me importa é você. — Me fita,
com seus olhos azuis.
Ele coloca sua mão atrás da minha nuca e segura meu cabelo, me
causando arrepios. Ele olha para minha boca como se fosse sua refeição
predileta. Ele se aproxima e nossos lábios se juntam. Coloco minhas duas
mãos em seu pescoço e ele me puxa para mais perto dele. Abro minha boca
dando espaço para sua língua que entra com maestria. Nosso beijo é lento e
saboroso. Me causando frios na barriga e arrepios.
— Tem certeza? — sussurro em seus lábios.
— Sim. Onde mora não importa. — Me olha.
— Eu não quero seu dinheiro...
— Nem ouse terminar essa frase. O pouco que nos conhecemos, você já
me mostrou que é simples e honesta. Isso nunca passou pela minha cabeça.
— Acaricia minha bochecha.
— Obrigada por confiar. — Dou um sorriso.
Ele segura meu queixo, e me dá um beijo casto, demorado, bem
delicado.
— Vai assinar o contrato? — pergunta.
— Vou. — Assinto, com os olhos marejados.
— Fico feliz. — Me dá um selinho.
— Tenho que assinar hoje? — pergunto.
— Não. Mas se quiser...
— Assino hoje — digo firme e seus olhos brilham.
— Entrem! — grita.
Dimitri e Demétrio entram. Conversamos um pouco enquanto assino os
papéis. Me falam que tenho que encerrar meu trabalho na cafeteria essa
semana, visto que terei que me dedicar totalmente ao meu novo trabalho. Eles
dizem que o dinheiro que irei receber, posso usufruir dele a partir de
segunda-feira. Todo o processo irá começar na terça-feira pela tarde. Assim
que terminam de me explicar tudo, Dominic pede para esperá-lo no hall do
prédio, pois ele tem uma videoconferência de trinta minutos.
Desço para o hall da entrada e me sento na poltrona. Começo a ler
alguns livros da faculdade quando alguém me chama.
— Valentina? — Olho e dou de cara com Pedro Henrique.
— O que quer? — pergunto com raiva.
— Precisamos conversar. — Se senta em minha frente.
— Não temos nada para conversar. — Volto minha atenção para o livro.
— Quero te pedir perdão pelo que fiz no passado — fala baixo.
O olho sem muita emoção.
— Não quero saber. Você me mostrou quem realmente é, um mau-
caráter infeliz — o acuso e ele fica um tempo em silêncio.
— Só me responde uma coisa. Nosso filho ainda está vivo? — pergunta.
— Isso não é da sua conta. — O olho, séria.
Ele não vai saber de Lorena.
— Claro que é. Você apareceu na minha casa e disse que estava grávida
de mim, e ainda levou o teste comprovando a paternidade. — Passa a mão no
cabelo.
— Isso aconteceu há alguns anos, Pedro. Você quer saber agora? Você
nem se preocupou comigo, nem se quer ficou ao meu lado. Você só se
preocupou com seu futuro — aponto para ele, puta da vida.
— Meu futuro estava em jogo...
— E o meu? Você pelo menos tinha dinheiro e não precisava se
preocupar com nada. Eu não. — Sinto meus olhos arderem.
— Me perdoa. Eu fui um idiota — implora.
— Continua sendo. Você só veio falar comigo, porque eu apareci aqui
— digo furiosa.
— Eu tentei te achar, mas sua tia impediu — argumenta.
— Irei me lembrar de agradecê-la — digo.
— Eu sempre te amei, só agi igual a um moleque. Não fui capaz de
respeitá-la o suficiente. A tratei mal, traí e humilhei. Quero apenas seu perdão
e podemos recomeçar. — Tenta se aproximar de mim.
Levanto, me afastando dele.
— Não chegue perto de mim. Esse seu discurso patético não mexe
comigo. Só me dá mais raiva. Você não sabe o quanto sofri dia e noite com
ela no hospital, doente, precisando de cuidados. O quanto lutei para colocar o
pão na mesa todos os dias. Passei até fome para dar de comida a ela. — Grito,
sentindo lágrimas escorrem pelo meu rosto.
E nem me importo de todos estarem vendo esse meu show. Ele merece
mais que isso.
— Eu entendo...
— Entende porra nenhuma. Suma da minha vida. — Lágrimas escorrem
pelo meu rosto.
— O que está acontecendo aqui? — Dominic aparece, com cara de
poucos amigos.
— Por favor, Valentina, uma chance. Só te peço isso. — Pedro se
aproxima, mas eu me afasto.
— É muita cara de pau a sua — digo irritada.
— Precisamos conversar — insiste.
— Some da minha frente, Pedro Henrique. — Exijo, descontrolada.
Pedro está com uma expressão de mágoa e tristeza. Ele passa a mão no
cabelo direto, nervoso e aflito. Mas eu não quero saber, muita cara de pau
dele chegar até mim e querer saber da minha filha, depois de todos esses
anos. Lorena é minha filha, só minha!
— Bella? — Dominic me olha.
Passo o dorso da minha mão em meu rosto, limpando as lágrimas.
— Nick, me tira daqui, por favor! — Olho para ele, que assente
imediatamente, vindo até mim.
— É por isso que não me quer? Está com ele? — Pedro me olha furioso.
— Isso não é da sua conta. Não te devo satisfação. — Pego meus livros
e minha bolsa.
— Está trinta minutos atrasado para seu trabalho, Pedro. Acho bom
voltar. — Dominic o olha muito sério, e sua voz sai tão fria, que fico
arrepiada.
Dominic pega minha bolsa e meus livros e sai andando comigo até uma
SUV preta em frente ao prédio. Dois homens o cumprimentam e abrem a
porta para entrarmos. Ficamos em silêncio, enquanto tento controlar minha
raiva. Dominic segura minha mão o trajeto todo sem falar nada. Ele sabe que
preciso de tempo.

Queria saber o que estava acontecendo no hall da entrada da minha


empresa. Eu só escutei gritos de Valentina para Pedro, e uma conversa
estranha sobre chance de alguma coisa. Lembro-me na sexta-feira, quando
Pedro nos interrompeu, Valentina tinha sido curta e grossa com ele. Ela
estava desconfortável com sua presença insignificante. Vi a expressão de
Pedro ao ver Valentina, uma expressão de surpresa. Como se se conhecessem
há vários anos.
Não fiquei nada feliz com isso, na verdade, senti ciúmes. Já não vou
com a cara desse mimadinho de merda, agora vem com essa hoje de novo.
Valentina estava fora de si. Nunca pensei que iria ver uma mulher tão doce e
gentil, com tanta raiva e fúria. Seus olhos estão vermelhos, e não é pela raiva
e sim pelo choro.
Notei no seu tom de voz me pedindo para tirá-la de lá, estava
implorando. Quero saber o motivo disso tudo. O que ele falou para magoá-la
tanto? Infeliz! Não estou gostando nada disso.
Seguro sua mão o trajeto todo até o restaurante, sei que precisa de um
tempo com seus pensamentos. Mas seguro sua mão para mostrá-la que estarei
sempre com ela. Noto que ela enxuga algumas lágrimas do rosto com o dorso
da mão esquerda.
Por que está chorando?
— Senhor, chegamos — Daniel, meu segurança, avisa.
Olho para a janela e vejo que chegamos ao restaurante onde fiz a reserva
para almoçar com Valentina hoje.
— Bella, quer ir? Se você não quiser não tem problema. — Acaricio sua
mão com o meu polegar. Ela me olha e assente.
— Tudo bem. Vamos almoçar.
Theo abre a porta, saio e a ajudo a sair. Apoio minha mão nas suas
costas e a guio para dentro do restaurante. Tive que mudar a reserva, pois a
mesa que reservei era muito pública, então mudo para uma mais reservada.
Capítulo 12

Ao chegarmos no restaurante, muito chique por sinal, nunca pensei que


iria entrar nesse restaurante — um dos restaurantes mais caros do Rio de
Janeiro pelo que já ouvi —, Dominic tem uma mesa reservada em frente à
praia. O gerente nos guia para uma mesa com menos movimento. Nos
sentamos e o gerente nos entrega um cardápio e sai nos deixando sozinhos.
Olho o cardápio e quase tenho um colapso.
— Algum problema? Se não gostou de algum prato, podemos ir para
outro restaurante. — Dominic coloca sua mão sobre a minha na mesa.
— Não é isso. — O olho.
— Quer ir embora?
— Não. Não é isso. — Olho o cardápio. — É o valor absurdo.
— É bom se acostumar. — Me olha com um sorriso.
— O que quer dizer com isso? — pergunto curiosa.
Mas ele não responde. O garçom vem até nós e Dominic faz o pedido
tranquilamente, como se um valor desse fosse centavos para ele. Após o
garçom se retirar, Dominic fala no telefone resolvendo algo relacionado ao
trabalho, enquanto olho tudo ao redor do restaurante.
O garçom chega poucos minutos depois, trazendo nosso pedido.
Dominic finaliza a ligação, enquanto o garçom nos serve. Assim que o
garçom sai, começamos a comer em silêncio. Eu tinha que falar sobre Pedro
para ele, sei que ele está querendo respostas, mas não quero incomodar.
Quero muito falar sobre Lorena, mas está cedo. Não quero envolvê-la, é um
relacionamento que mal começou, apesar de que não estarmos namorando.
Eu quero protegê-la, não quero pôr um homem entre nós e depois ele ir
embora. Como Hannah e Manuela disseram, ele só vai ficar por alguns
meses.
— Quero te dar algo. — Dominic quebra o silêncio.
Ele coloca a mão no bolso e tira algo de dentro. Estende sua mão e abre,
mostrando a minha pulseira perdida.
— Minha pulseira. — Largo o talher no prato.
Pego a pulseira ainda sem acreditar. Pensei que a tinha perdido para
sempre.
— Onde a encontrou? — O olho.
— Foi você quem arrumou meu closet. Esqueceu? — Sorrimos. —
Estava no chão do corredor. Peguei e guardei para te entregar. Falei com
Rafael sobre você, e marcamos de eu ir na cafeteria naquele dia. Foi aí que te
encontrei, mas não tive coragem de te entregar. Eu suspeitava que era você
desde o dia da entrevista.
— E, porque não me entregou? — pergunto curiosa.
— Queria te ver de novo. Tinha desistido de te entregar, pois arrumaria
outro jeito de te ver e conversar com você. Mas o destino deu uma forcinha e
fez com que você caísse na minha frente, literalmente. — Sorrimos.
— Pois é. Mas por que queria me ver de novo?
— Você mexeu comigo desde a sua arrumação no closet. Não ria de
mim. — Eu gargalho.
— Sério isso?
— Sim. Seu cheiro ficou em meu quarto e despertou uma vontade de
conhecê-la. Liguei para Rafael para saber seu nome, mas aí você chegou na
entrevista com o mesmo nome que Rafael tinha me dito. — Segura minha
mão. — Valentina, linda, simpática e bastante eficiente no que faz. Essas
foram as palavras dele. E me despertou a vontade de te conhecer. — Ele me
olha, com seus olhos azuis. — Você mexe comigo, você não sai da minha
cabeça, Valentina. Passei dia e noite pensando em você, em quando poderia
te ver de novo.
Sinto meu coração acelerar.
— Também não parei de pensar em você. — Aperto sua mão.
— Não tive coragem de entregar a pulseira na cafeteria do Rafael.
Queria conversar com você, sobre o que faz, o que gosta de fazer. Portanto,
meus irmãos deram um empurrãozinho para eu falar com você naquele dia.
— Por que um empurrãozinho? Você é um homem experiente, já esteve
com várias mulheres.
— É diferente. Já estive com várias mulheres, mas eu nunca tinha me
apaixonado por nenhuma delas, até aparecer você. — Me olha com muita
intensidade.
Ai meu Deus...
— Dominic... — sussurro.
— Valentina, você mexeu bastante comigo, desde o nosso beijo na
boate, você não sai da minha cabeça. Seu beijo, seu toque, seu carinho,
grudaram na minha mente. Seu jeito doce e amável, e seus olhos... me
apaixonei ainda mais por você. Sei que é cedo, mas o que sinto não posso
mais esconder, eu não quero te perder, Valentina. Eu sei o que quero, e eu
quero você. Não como um caso, nem só para sexo, mas sim como minha
namorada. Quero poder mostrar para todos que você é minha namorada. —
Uma lágrima cai em meu rosto. — Quero um futuro com você, não vejo você
fora dele. Isso não é por causa do comercial que vai fazer, e vai ficar famosa,
como se fosse digna de estar ao meu lado. Não é isso. Como eu disse, isso foi
bem antes.
— É muito lindo isso tudo que você falou, Dominic. Nossas classes
sociais são totalmente diferentes, sou uma mulher simples que precisa do
trabalho para colocar o pão dentro de casa, moro no morro, visto roupas
emprestadas ou compradas em lugares que vendem roupas usadas. Eu não
sou digna de estar ao seu lado — sussurro.
Ele se levanta da sua cadeira e senta ao meu lado.
— Não! Eu não me importo com bens materiais. — Seus olhos azuis me
fitam. — O que me importa é você, Valentina, não me importo de como vive,
como se veste. O que me interessa é seu caráter. Quero estar ao seu lado.
— As pessoas vão falar, Dominic. O que vão dizer? Dominic o
bilionário com uma mulher pobre — ele nega com a cabeça e me olha.
— Sempre vão falar, seja pobre ou rica. Eu quero você, mio angelo. O
que importa é o que eu penso, mais ninguém. Eu sei da sua índole, e é isso
que importa. — Ele faz uma pausa e acaricia meu rosto. — Não aguento mais
passar um dia longe de você.
— Tudo isso é recíproco. — Dou um sorriso.
— Aceita ser minha namorada? — Uma lágrima cai em meu rosto.
Assinto, me sentindo muito feliz. Ele sorri e me puxa para perto dele e
beija meus lábios, sorrindo junto comigo. Agora eu realmente preciso contar
sobre Pedro.
— Preciso te contar uma coisa. — Ele assente, retirando alguns fios de
cabelo, dos meus ombros. — É sobre Pedro. A gente já namorou. — Ele
revira os olhos.
— Por isso ele estava te pedindo uma chance, não é?
— Sim. Mas eu não o quero. Isso aconteceu há alguns anos e não sinto
mais nada por ele — explico.
— Isso não será problema para nós dois. Se diz que não sente mais nada
por ele, fico feliz, quero você só para mim. — Beija meus lábios. — Mas
infelizmente, temos que mudar de assunto. Esse almoço seria extremamente
profissional, mas não me contive em falar sobre o que sinto por você. —
Sorrio e assinto, olhando seus olhos.
— Você terá que sair do morro. Você será famosa depois do comercial.
Você precisa se mudar, arrumar um apartamento, de preferência, com total
segurança. A notícia de que você será a nova garota propaganda do novo
perfume, vai vazar. Por enquanto só quem sabe é meu advogado, meus
irmãos e nossa assistente pessoal, mas assim que liberarmos a informação, a
notícia vai correr e vão atrás de você, para entrevistas e fotos.
— Mas como vou alugar um apartamento tão rápido assim?
— Posso comprar com meu dinheiro para você, e quando transferirem o
dinheiro para sua conta, você devolve — explica.
Esse homem existe?
— Mas os apartamentos precisam em média, de uns trinta dias para ser
entregues. Do jeito que está falando, tenho que me mudar para ontem. — Ele
assente.
— Todos me conhecem, e se souberem que sou eu que vou comprar,
eles me entregam a chave no mesmo dia. — Faz uma pausa. — Posso ver
alguns para você ou se preferir, pode ir comigo.
— Obrigada, Dominic. Você chegou na minha vida no momento que
mais estou precisando. Perdi meus pais há cinco anos em um acidente de
carro, tive que ralar muito para colocar as coisas em ordem. Nasci e moro até
hoje no morro, sempre angustiada quando tem tiroteios e assaltos. Moro com
minha tia, irmã da minha mãe, e é ela quem me ajuda com as despesas de
casa.
— Nossa! Sinto muito mesmo. Nem sei o que dizer. — Vejo sinceridade
em seus olhos.
— Minha casa é simples. Estou sempre presa dentro de casa, para não
arriscar levar tiros na rua. É faculdade, trabalho e casa. Sempre coloquei na
cabeça que um dia iria sair do morro e viver minha vida longe daquele caos.
Meus pais sempre se orgulharam de mim, por eu ser estudiosa e nunca me
envolver com pessoas erradas.
— Fico admirado com isso. Você tinha tudo para se envolver com
algum traficante, seus pais fizeram o certo. Educação está no topo para mim,
e agora você vem com essa. Imagino que deve ser péssimo morar naquele
lugar.
— Muito. A qualquer momento tem tiroteios e salve-se quem puder. Já
acordei diversas vezes à noite com barulho de tiros. É angustiante demais,
saber que a qualquer momento posso levar um tiro na minha própria casa ou
na rua. — Ele assente.
— Deve ser horrível essa sensação. — Acaricia meu rosto.
— Já passou fome alguma vez?
— Não. Quando nasci meus pais já eram ricos, e nunca passei
necessidades alguma.
— Eu já passei.
— Meu Deus, Valentina! — Passa a mão no rosto.
É agora ou nunca, Valentina.
— Passei para dar comida à minha filha, Dominic. — O olho.
Dominic está atento a tudo que falo, quando menciono sobre minha
filha, ele não demonstra surpresa alguma, e isso me deixa extremamente
curiosa. Precisei dizer de uma vez, já que ele quer namorar comigo ele tem
que saber sobre minha vida. Agora é a hora de saber se irá querer continuar
comigo ou não. Não quero esconder minha filha, é como se ela fosse um erro.
E ela não é.
— O L da pulseira é a inicial da sua filha? — Pega a pulseira da minha
mão, e olha.
— E você achava que era o quê? — pergunto e ele sorri.
— Valentina, eu vou ser bem sincero com você. Não quero que fique
chateada comigo, mas..., eu pedi para meu segurança investigar um pouco
sobre você, e sobre essa criança. — Faço menção de falar, mas ele prossegue.
— Não fique chateada comigo, por favor. Eu só queria saber mais sobre
você, e foi errado, eu sei. Poderia ter perguntado, e esperado você se sentir
confortável em falar sobre sua filha, o que não é problema algum pra mim. —
Assinto, sentindo um alívio em todo meu corpo. — Eu nunca iria rejeitar um
ser que veio de você, mas estou surpreso com sua história. Uma mulher tão
jovem e sofrida, que passou fome. Deus! Correndo risco de vida com sua
filha naquele morro. Quantos anos ela tem? — Me olha, preocupado.
— Quatro anos — respondo, vendo-o passar a mão no cabelo, nervoso.
— Jesus! Uma inocente no meio daquele caos. Ela estuda? — pergunta,
angustiado e desesperado.
— Sim. Faço um esforço maior para ela estudar em uma escolinha
particular. Não quero que ela tenha a mesma vida que eu tenho. — Sinto uma
lágrima cair em meu rosto.
— Onde você está? — pergunta segurando meu rosto. — Vou
providenciar esse apartamento ainda hoje. Você sairá desse morro antes de
quarta-feira. Se caso não acharmos um que queira, ficará na minha cobertura
até acharmos um pra vocês. Vou te deixar no trabalho e vou entrar em
contato com algumas pessoas — fala enxugando minhas lágrimas.
— Não precisa, Nick. — Acaricio seu rosto, ainda sentindo as lágrimas
descendo. A felicidade é tão grande, que eu quero explodir de alegria. Parece
mentira.
— Claro que precisa! Depois dessa eu não vou ter mais sossego até você
sair de lá — fala apressado. — Vamos. Vou te levar para o trabalho, e de lá
vou providenciar tudo.
Dominic pede a conta com urgência e saímos do restaurante. Dominic
desceu do céu para mudar minha vida, completamente. Pensei que ele iria
rejeitar minha Lorena, mas foi totalmente o contrário. Ele mostrou ser um
homem de verdade, e vai me ajudar.
Obrigada Deus!
Ao entrarmos na SUV, Dominic está ao telefone falando apressado em
italiano. Falando rápido desse jeito nem dá para entender, sobre o que está
falando. Ao desligar ele guarda o telefone no bolso e me olha.
— Qual o nome dela? — pergunta curioso.
— Lorena. — Sorrio.
— Lindo nome. Tem fotos dela?
Pego meu celular e procuro uma foto dela na praia, com o maiô
vermelho com bolinhas brancas, brincando na areia. Dou meu celular para ele
que sorri ao ver a foto.
— Meu Deus! Ela é linda! Parece com você. — Admira a foto.
— Só os olhos. — Ele sorri.
— Ela tem Heterocromia. — Ele olha a foto e me olha. — Ela é linda,
muito fofa.
— O dela só tem uma manchinha bem pequena, quase imperceptível, o
meu é o olho todo — digo.
— Vocês duas são lindas. — Me olha.
— Obrigada, Nick. Nem sei como te agradecer. — Sinto uma lágrima
escorrer no meu rosto.
— Não chore. Agradeça pedindo suas contas hoje mesmo na cafeteria e
vá para sua casa organizar tudo — pede.
O carro para em frente à cafeteria e nos despedimos. Saio do carro e vou
direto falar com meu patrão. Estou com uma alegria tão grande dentro de
mim, que nem sei explicar. Sonhei tanto com esse dia, sair do morro, poder
tirar minha filha de lá.
Entro no escritório de Rafael e conto tudo para ele. Sobre a seleção,
sobre Dominic, que estamos juntos e o que falamos no almoço.
— Se Dominic tinha meu respeito, agora tem minha admiração. — Ele
sorri. — Eu notei o jeito que ele olhou para você. Dominic é um homem
decisivo, e responsável. Conheço há muito tempo, e não o vi querer saber
tanto de uma mulher como ele quis saber de você. Fico feliz menina, você
não imagina o quanto.
— Obrigada, senhor Rafael. Fico triste em sair daqui. O senhor me
ajudou tanto. — O olho.
— Você precisava de ajuda, e eu ajudei. Você merece coisa melhor,
querida, merece o mundo, e tenho certeza que Dominic lhe dará. Pena que eu
vou perder a minha melhor funcionária — fala sorrindo.
— Helena é uma ótima funcionária também. — Ele assente.
— Quero que seja feliz, minha filha. Dominic lhe fará feliz, tenho
certeza disso — diz firme.
Conversamos mais um pouco sobre tudo que irá acontecer e vou falar
com Helena. Ela chora horrores de felicidade. Rafael me entrega tudo para
finalizar meu acordo de trabalho, e saio da cafeteria saltitando de felicidade.
Assim que chego em casa, tia Flor está assistindo sua novela da tarde.
— Chegou cedo filha. — Me olha.
— Tenho uma notícia para a senhora.
Não aguento e choro contando sobre o contrato, sobre Dominic, que
finalmente iremos sair do morro, e acabamos chorando juntas, na maior
felicidade.
— Eu sabia! Sabia que minhas vibrações estavam certas. — Me abraça,
chorando comigo.
— O tempo todo, tia. — Enxugo as lágrimas.
— A quanto tempo se conhecem? — pergunta, enxugando suas
lágrimas.
— Umas semanas, mas começamos a namorar hoje. — Ela assente.
— Oh, minha menina. — Me abraça.
Ficamos um tempo, abraçadas, até meu celular tocar dentro da minha
bolsa. Levanto-me do sofá e caminho até a cadeira onde está minha bolsa, e
retiro meu celular de dentro, vendo o nome de Dominic na tela.
— E aí, anjo, já resolveu tudo na cafeteria? — pergunta assim que
atendo.
— Já está tudo certo!
— Está em casa?
— Sim. Vou buscar Lorena daqui a pouco.
— Só de pensar que ainda vai andar por aí...
— Eu a pego e volto para casa, Nick.
— Tão bom quando me chama de Nick — sussurra.
— Por quê?
— Só você me chama assim. É único, igual a você. — Ouço um suspiro.
— Mas eu te liguei para avisar que tem três apartamentos para olhar. Quer
ver por fotos ou pessoalmente?
— Pessoalmente. Pode ser amanhã de manhã?
— Claro! Mas você perderá sua aula da faculdade.
— Não tem problema. Amanhã terá um seminário de outro grupo, nada
de importante.
— Tudo bem. Às oito?
— Sim. Levo Lorena na es...
— Esqueça essa escola! Amanhã já irei providenciar outra. Sem
discussões, Valentina.
— Obrigada mais uma vez.
— Quando for buscá-la hoje, já deixe ela ciente de tudo. Finalize a
matrícula dela ainda hoje.
— Ok.
— Só de pensar que passará mais uma noite aí...
— Vai dar tudo certo. Agora preciso buscar Lorena na escola.
— Cuidado. Vá e volte para casa imediatamente, e mande notícias.
— Beijos.
— Beijos.
Finalizo a ligação rindo igual uma criança quando ganha presentes de
natal. Esse homem existe? Não é possível!
Desço para a escola de Lorena mais cedo, para finalizar sua matrícula.
Graças a Deus eu nunca fiquei devendo mensalidades, pois sabia que se
atrasasse, o ensino seria totalmente diferente. Pego Lorena, e subo
diretamente para casa. Ao chegar, já tem três chamadas perdidas e duas
mensagens de Dominic, preocupado. Envio mensagem avisando que está
tudo bem e que já estou em casa.
Sento com Lorena no sofá e começo a contar a novidade para ela.
— Vamos sair daqui mamãe? — pergunta feliz.
— Vamos sim, meu amor — digo emocionada.
— Não vai ter mais aquele balulo? — fala, referindo aos sons dos tiros,
constantes.
— Vai não, meu amor. — Choro.
Mais tarde conto para Alicia e Miguel, que também ficam muito felizes.
Miguel diz que subiu de cargo na empresa onde trabalha e que também vai
sair do morro. Conseguiu um apartamento simples e vai dividir o aluguel com
Alicia. Fico tão feliz que finalmente, vamos sair do morro. Uma emoção que
não cabe em mim.
Capítulo 13

Acordo apressado, daqui a pouco irei me encontrar com Valentina.


Consegui ver três apartamentos bons para ela. Liguei para Demétrio e Dimitri
e disse o que estava ocorrendo, eles ficaram surpresos com tudo isso,
disseram que dariam conta da empresa, e que eu ficasse com Valentina o
tempo que precisasse. Pois é, se sou preocupado, imagina nós três juntos...
Sorrio com tudo o que aconteceu ontem, tomei a iniciativa de uma vez,
já não aguentava mais esperar para pedi-la em namoro. Eu já estou
apaixonado por ela, não tenho como negar mais. E depois de tudo que ela me
falou ontem, sobre sua vida sofrida, me apaixonei ainda mais por ela. Uma
mulher tão jovem, cheia de responsabilidades. Só de pensar que ela já passou
fome para dar de comida à sua filha, me dá um aperto no peito.
Perdeu os pais jovens e ainda grávida, teve que renunciar sua juventude
para dar o melhor para sua filha. Essa viagem para o Brasil já estava
programada por Deus, para tirá-la da vida que está, e para me dar paz de
espírito.
Desço e tomo café o mais rápido que posso, e saio apressado para a
garagem do prédio. Entro na minha Mercedes preta e saio do edifício com
Daniel e Theo na SUV atrás de mim. Ao chegar no lugar marcado, onde
encontrarei Valentina, estaciono e fico esperando-a chegar. Tinha avisado
que Theo e Daniel estariam fora do carro para ela saber que estou no carro
estacionado à frente. Já que não posso estar vacilando em ficar exposto
demais.
Minutos depois ela abre a porta do passageiro e entra afobada,
colocando a bolsa no colo, fechando a porta.
— Oi, meu amor. — A cumprimento com um sorriso.
— Oi, amore mio. — Me olha com um sorriso lindo.
Me inclino e beijo seus lábios.
— Não é ao contrário? — A olho e sorrio.
— Os papéis se inverteram. — Puxa o cinto de segurança.
— Cadê Lorena? — pergunto dando partida e entrando na avenida.
— Está em casa com tia Flor. Está eufórica. — Ajeita os cabelos.
— Pensei que iria trazê-la — digo ansioso.
— Não. Está guardando os brinquedos. — Seus olhos ímpares me fitam.
— Você vai gostar dos apartamentos. — Seguro sua mão.
Enquanto dirijo, fico tranquilo, o tempo todo segurando sua mão. Ela
está olhando para a janela vendo tudo que passa. Assim que chegamos no
primeiro apartamento, estaciono em frente, e saímos do carro. A corretora já
está nos esperando no hall do prédio.
— Bom dia, senhor D’Saints. — A ruiva estende sua mão, e eu a aperto.
— Bom dia, senhora Machado. — Ela abre um largo sorriso. — Essa é
minha namorada, Valentina — apresento, e a ruiva fica sem graça.
— Prazer em conhecê-la. — Ela aperta a mão de Valentina.
— Já podemos subir? — pergunto e ela assente.
O apartamento fica localizado na Barra da Tijuca, no vigésimo andar,
com quatro quartos, um lavabo, duas suítes, cozinha e vários outros cômodos.
Ao chegarmos, a corretora nos mostra todo o imóvel. Olho atentamente a
expressão de Valentina, para ver se ela realmente gostou. O apartamento só
tem os móveis da cozinha embutidos e o banheiro completo, mas os outros
móveis irei providenciar.
— Então, gostaram? — pergunta a corretora.
— A resposta é sua, meu amor. — Olho para Valentina.
— Ficarei com esse. — Ela me olha.
— Não quer ver os outros dois? — pergunto.
— Esse será perfeito, Nick. É grande, os quartos são maravilhosos, e
essa varanda com vista para o mar, eu amei. — Olha para a corretora. —
Senhora Machado, prepare os papéis.
A ruiva assente e vai até o balcão da cozinha e mexe em seu notebook.
— Tem certeza que não quer ver outro? — pergunto colocando as mãos
no bolso.
— Não precisa, Nick. Esse está perfeito para mim, Lorena e minha tia.
— Me dá um sorriso bonito.
Assim que um rapaz traz os papéis, Valentina assina, e resolvo com a
corretora a respeito da parte financeira. Ela quer mostrar os móveis, mas
Valentina não aceita, por achar que vai ficar caro demais. Prefere ir para as
lojas e escolher. A corretora entrega a chave para nós e vamos embora.

— Tem que ser no shopping? — pergunta ao sair do carro.


— Sim. Menos movimentado. — Travo o carro.
Pego sua mão e vamos andando, seguidos por olhares curiosos das
pessoas. Theo e Daniel estão nos acompanhando, logo atrás de nós. Valentina
está nervosa, tem muita gente nos olhando, provavelmente ela não está
acostumada com isso, mas terá que se acostumar. Ao chegarmos na loja de
eletrodomésticos, um vendedor vem até nós.
— Bom dia... Senhor D’Saints, que honra. — Aperta firme minha mão.
— Bom dia. Quero uma lista de tudo que uma casa precisa — peço e ele
assente.
Vamos até o vendedor, onde ele imprime uma folha com a lista que
pedi. Theo e Daniel estão um pouco distantes, à paisana. Valentina está
segurando minha mão olhando tudo ao redor. Ela está ansiosa para as
compras, acho que nunca chegou até uma loja para comprar algo novo. O
vendedor vai mostrando tudo que precisamos; geladeira, fogão, mesa, guarda
roupa, cama, liquidificador... Tudo que iremos precisar. Valentina está
nervosa, pois é tudo caro, mas não sabe que essa parte, sou eu que irei bancar.
Ela só irá me devolver o dinheiro do apartamento, infelizmente, pois não faço
questão.
— Posso fechar? — pergunta o vendedor.
— Uma coisa antes de fechar. Preciso que me entreguem e montem isso
hoje mesmo. — Coloco as mãos no bolso.
— Não sei se será possível, são muitos móveis. — Olha a folha.
— Posso falar com seu gerente? — Ele assente e se retira.
— Não precisa, Nick. Deixem entregar em seu prazo. — Valentina me
olha.
— Não vai mais dormir naquele morro. Hoje dormirá em sua nova casa.
— Ela me olha e assente.
Ela sabe que nessa questão da sua mudança e saída do morro, a
discussão será em vão. Vejo um homem alto e negro se aproximando de nós.
— Olá, senhor D’Saints, me chamo Robson. Uma honra tê-lo em nossa
loja. — Estende sua mão e a aperto.
— Bom Robson, comprei alguns móveis aqui, e preciso que sejam
entregues e montados ainda hoje — informo.
— São muitos móveis. — Ele olha o papel.
— Eu pago o que for preciso, para mais funcionários levarem tudo e
montar todos os móveis. — Ele me olha atento. — Quero tudo entregue e
montado hoje. É com certa urgência. Coloque mais funcionários, que pago
por fora. — Ele assente.
— Sebastian, prepare tudo. Serão entregues e montados hoje. — Robson
fala ao vendedor que nos atendeu.
É disso que eu gosto!
O vendedor está atento ao notebook finalizando minha compra, quando
me entrega todas as notas fiscais, e Robson termina de falar ao telefone.
— Pronto, senhor D’Saints. Já entramos em contato com o depósito e
será entregue e montado até o final da tarde. — Ele aperta a minha mão.
— Obrigado.
Saímos da loja e vamos direto para outra com itens de decoração, e
compramos várias coisas. Depois vamos para loja de casa, comprar lençol,
tapete, travesseiros... Depois almoçamos mesmo no shopping na praça de
alimentação. Ligo para Betânia — que também veio conosco para o Brasil
—, para que ela fizesse uma bela feira e levasse para o novo apartamento de
Valentina. Ela irá com meu motorista fazer as compras e levar o mais rápido
possível.
Assim que terminamos de comer, peço a conta e vamos para o carro.
— Agora vamos buscar suas coisas no morro. — Destravo o carro.
— Você está louco? — Ela me olha nervosa.
— E qual o problema? — Franzo a testa.
— Chegar com uma Mercedes e um relógio desse no pulso. Só sendo
louco mesmo. — Me olha séria.
Procuro o contato de Theo no painel do carro e ligo.
— Senhor.
— Estou indo para a cobertura. Prepare dois sedans simples o mais
rápido possível. E uma cadeirinha para criança de quatro anos.
— Sim, senhor. — Finalizo a ligação.
— Você vai mesmo, não é? — pergunta me olhando.
— Sim.
— Não precisa, Nick.
— Você não quer que eu conheça sua casa, não é? — pergunto e ela
assente.
— É um ambiente totalmente diferente do seu. Minha casa é pequena —
fala.
— Vou onde você for, meu anjo. — Seguro sua mão.
— Seus seguranças vão? — Assinto. — Digam a eles que não precisam
ficar muito atentos, eu sei quem fica vigiando o morro.
— Ok.
— Vá o mais simples possível. E boné. Ninguém vai gostar de ver um
D’Saints andando pelo morro.
Ao chegarmos na garagem do meu prédio, peço para Valentina ir
chamar o elevador.
— Onde vamos senhor? — Daniel pergunta.
— Vamos no Morro da Rocinha, buscar as coisas dela para levar até o
apartamento — informo.
— O senhor está louco? Quer morrer? — Theo me fita.
— Ele tem razão, senhor. Muito perigoso. — Daniel me olha.
— Fui eu que insisti, e ela não tem nada a ver com isso. Apenas pediu
para irem o mais simples possível. E que fiquemos tranquilos que ninguém
vai mexer conosco. — Eles assentem.
— E os sedans? — pergunto.
— Chegam em dez minutos — Daniel avisa.
— Vão se trocar, que em dez minutos eu desço. — Assentem.
Subimos e vamos direto para a cobertura. Deixo-a à vontade enquanto
subo para o meu quarto. Tiro meu terno, coloco uma bermuda, e uma camisa
simples. Calço meu tênis cinza, pego um boné e um óculos. Decido levar
algumas malas de mão, caso precise e desço.
Valentina está de pé falando ao telefone na frente da varanda, vendo o
mar. Aproveito e pego meu celular para ligar para meus irmãos perguntando
se está tudo em ordem na empresa. Confirmam que está tudo sob controle.
Nem digo que surtam quando digo que vou para o morro, mas comigo
ninguém discute quando ponho algo na cabeça.
— Estava avisando minha tia que já estamos indo. — Guarda o celular
no bolso.
— Tudo bem. — Sinto meu celular vibrar no bolso.
Retiro-o e vejo uma mensagem do meu segurança.
Theo: Os carros já estão aqui.
Eu: Ok. Já estamos descendo.
— Os carros já estão lá embaixo. — Seguro as malas de mão.
— Para onde vai com essas malas? — ela aponta.
— Pode ser que precise. — Dou de ombros.
— Precisam ser da Louis Vuitton, Dominic? — Arqueia a sobrancelha.
— São as que eu tenho. — Dou de ombros e ela revira os olhos.

Ao chegarmos no início do morro, olho o retrovisor e vejo Theo e


Daniel no carro atrás do meu. O lugar é pobre demais, casas uma por cima
das outras, sem estrutura alguma. Têm barracos velhos com pessoas dentro,
vários homens com fuzis em mãos em cima das lajes olhando os dois carros
subindo. Vi um deles com o telefone na mão, olhando para nós de cima da
laje.
Logo em seguida, nosso carro é parado por cinco homens com fuzis.
— Espera aqui. — Valentina tira o cinto.
— Você vai descer? Não mesmo. — Seguro seu braço.
— Fique calmo. — Ela tenta me tranquilizar, mas falha.
Ela abre a porta e sai do carro. Meu coração está a ponto de sair do
peito.
— Fernando, sou eu. Esse carro atrás, está comigo também — ela grita e
o mais alto, acena com a cabeça.
— Vai lá para casa agora e chama Maurício — grita novamente.
— Demorou. — o homem grita.
Valentina entra no carro e dou partida.
Deus do céu, acho que vou ter um infarto.
— Maurício é o chefe do tráfico. Eles nos conhecem há muito tempo,
preciso me despedir deles. Ele é bom com a gente, Fernando também. Então
diga aos seus seguranças que fiquem despreocupados — avisa e assinto
nervoso.
— Chegamos — diz.
Estaciono o carro, tiro meu cinto e ajeito o boné. Saio do carro e travo as
portas. Theo e Daniel vem até mim, e conto para eles sobre o tal Maurício e o
Fernando, e entramos na humilde casa, simples e pequena. A pintura já está
desgastada. Ao entrarmos, vejo que tudo é simples demais. Um sofá de dois
lugares e uma poltrona meio velha. Uma tv pequena e mais à frente, uma
cozinha com armários pequenos e uma mesa com quatro cadeiras.
— Sentem, vou pegar as coisas — pede Valentina.
Me sento na humilde poltrona, Daniel e Theo se sentam no pequeno
sofá.
— Mamãe? — Escuto uma voz de criança e sinto meu coração disparar,
ansioso para conhecê-la.
— Oi, meu amor. — Vejo Valentina a pegar nos braços.
— Já vamos? — Lorena pergunta.
— Vamos sim! Quero te apresentar alguém. — Ela vem andando até
mim. — Esse é Dominic.
Olho para a pequena criança em seus braços, e meu coração dispara ao
ver sua filha. Meu Deus! Ela é linda demais e fofa. Um sentimento preenche
meu peito de uma forma avassaladora e inexplicável. Eu só quero poder
protegê-las e amá-las.
— Oi! — Engulo em seco e dou um sorriso. — Tudo bem? — Ela passa
a mão no rosto tirando os fios loiros do rosto, me mostrando seus perfeitos
olhos azuis. Ela me olha curiosa e assente, mexendo as mãozinhas.
— Você vai levar a gente embola?
Seu jeito de falar é engraçado e lindo ao mesmo tempo. Ela é mais linda
pessoalmente. Uma fofura só.
— Vou sim, principessa.[16] — digo.
Ela estende os braços, totalmente simpática, igual à mãe, e vem para
meus braços.
— Não é plincipessa. É plincesa — me corrige, fazendo-nos sorrir. Até
Theo e Daniel sorriem.
— Tudo bem, princesa. — Aperto de leve seu nariz e ela sorri.
— Boa tarde. — Uma senhora aparece na sala e Valentina pega Lorena
nos braços.
— Boa tarde. — A cumprimento e a mulher sorri gentilmente.
— Tia Flor, esse é Dominic, e esses dois são Theo e Daniel, seguranças
de Dominic — Valentina fala com um sorriso.
De repente a mulher se desmancha, e começa a chorar, vindo em minha
direção.
— Oh, meu filho, nem sei como te agradecer. — Me abraça e aperto
nosso abraço, como forma de retribuição por ter cuidado tão bem de
Valentina e Lorena, até minha chegada.
— Não precisa me agradecer — sussurro no seu ouvido, e em seguida,
cumprimenta meus seguranças.
— Tia Flor, já falou com o dono da casa? — pergunta Valentina.
— Já sim. Vou deixar a chave com Maurício — Dona Flor avisa.
Valentina entra no seu quarto, junto com a tia. Ela é uma mulher doce,
simpática igual a Valentina. Lorena está sentada ao meu lado falando coisa
com coisa, fazendo eu e meus seguranças sorrirem. Inteligente e esperta, está
com um shortinho jeans, uma blusa de alça e sapatilhas.
Escutamos a porta ser aberta.
— Dona flor — um homem fala ao entrar na casa.
— Olá, pra vocês. — O tal Fernando nos cumprimenta.
— Maurício. — Escuto a voz de Valentina.
O homem é cheio de colares de ouro e ainda com arma em mãos.
Fernando deixa seu fuzil encostado na parede. Meu Deus, a inocente da
Lorena presenciava isso tudo?
— Olá, menina. — Maurício abraça Valentina.
— Maurício, Fernando... esse é Dominic, Theo e Daniel — Valentina
aponta para nós.
— Olá, gringo. — Fernando aperta minha mão.
— Mermão, temos um gringo no morro? — Maurício vem até mim e
aperta minha mão.
— Me conhecem? — pergunto sendo o mais simpático possível.
— Claro. Dominic D’Saints. — Maurício sorri, retribuo o gesto e
Valentina se aproxima dele.
— Maurício, estou indo embora do morro — ela avisa e ele assente com
um largo sorriso.
— Fico feliz, Tina. Esse lugar não é pra vocês. — Ele me olha de forma
séria. — Cuida delas, gringo. Elas merecem. — Assinto, totalmente de
acordo.
Eles se despedem enquanto Flor está terminando de pegar as coisas.
Lorena está no braço de Maurício, chorando. Dá pra perceber que a garotinha
gosta dele. Peço a Theo para pegar as malas no carro para terminar de colocar
as coisas de Valentina.
Theo e Daniel colocam as bagagens na mala, enquanto Valentina entra
na casa. Pego Lorena e a coloco na cadeirinha e fecho a porta.
— Entra no carro agora — sussurra Valentina.
— O que foi?
— Entra agora e abaixa o boné — sussurra.
Rapidamente entro e fecho a porta, Valentina fala com um homem com
um fuzil na mão. Ele está implorando por algo, que não consigo entender o
que é.
— Esse é o Ítalo, ele é louco por Valentina. — Dona Flor se inclina para
falar comigo, no banco de trás. — Ele sempre gostou dela, mas ela nunca
quis nada com ninguém daqui. Ele soube que ela iria embora, e está
implorando para ela não ir.
— Ela me mandou entrar no carro assim que ele apareceu. Por quê? —
pergunto.
— Ele não é de confiança. Os únicos em quem confiamos são Maurício
e Fernando. Se ele souber que você está aqui e está levando-a embora, ele vai
fazer um escândalo. Amanhã todos vão saber que você esteve aqui. E ele é
drogado, poderia te fazer algum mal.
— E com ela não?
— Por incrível que pareça, não!
Capítulo 14

— Aqui é perfeito, filha. — Tia Flor olha todo o apartamento. — É


grande o apartamento, né?
Tia Flor ficou o tempo todo na cobertura de Dominic, enquanto eu e
Dominic estávamos comprando algumas coisas. Theo e Daniel subiram com
nossas compras e em seguida saíram, indo para a garagem pegar o restante
das coisas que compramos no shopping. Dominic está conversando com
Lorena, sentados na varanda, enquanto mostro os cômodos para minha tia.
— Um quarto para cada — digo, mostrando os cômodos.
— E os móveis? — Tia Flor pergunta.
— Eu e Dominic compramos tudo hoje. Vai chegar agora de tarde e vão
montar. — Ela assente.
Volto para a sala e vejo Dominic encerrando uma ligação e vindo até
mim.
— Meu anjo, preciso ir. Tenho uma videoconferência em uma hora. Vou
correr para casa, trocar de roupa e ir para empresa — coloca o celular no
bolso.
— Tudo bem. Obrigada por hoje, Nick. Nem sei como te agradecer. —
O abraço.
— Me agradeça depois — sussurra no meu ouvido, de um jeito safado.
— Safado. — Sorrimos.
— Venho mais tarde. — Beija meus lábios.
Ele sai apressado, ficando apenas nós três no novo apartamento.
— Cadê o moço bonito? — Minha tia aparece na sala.
— Ah, ele tem uma reunião de urgência. Mas disse que vem de noite —
digo com um sorriso.
— Ótimo. Vou fazer uma lasanha para ele — diz animada.
— Precisamos ir ao supermercado, fazer a feira — aviso a ela.
— O armário está cheio de comida. — Franzo a testa.
Saio andando até a cozinha e abro os armários, tem de tudo, tem até gás
novo, galão de água e várias outras coisas.
Isso é obra de Dominic.
Na parte da tarde, os móveis começam a chegar junto com os
eletrodomésticos. Tem mais de dez homens com a farda da empresa para
montar os móveis. Está um caos dentro do apartamento. Ainda chegam outros
para montarem o quarto de Lorena. Depois de tudo montado, chamo um táxi
e vou até um supermercado comprar itens de geladeira e algumas coisas que
estão faltando.
Quando chego, o pessoal já está indo embora. Nick enviou uma
mensagem avisando que iria chegar às sete, e ainda são quatro horas. Como
tia Flor vai fazer a lasanha, eu vou organizar meu quarto. Coloco alguns
lençóis na cama e fronhas nos travesseiros. Organizo minhas coisas no
banheiro, coloco as toalhas no armário do banheiro e organizo minhas roupas
no guarda-roupa, não todas. Tia Flor diz que não precisa organizar o dela,
então vou para o de Lorena. Organizo suas roupinhas no seu guarda-roupa,
coloco seus brinquedos novos nas prateleiras da parede e coloco um lençol
branco em sua caminha. Quando termino, estou morta de cansada.
Saio no corredor dos quartos e vou para a cozinha onde tia Flor já está
fazendo a lasanha.
— Que cheiro bom. — Ela sorri ao me ver.
— Estou tão feliz por estar aqui. Obrigada. — Me abraça.
— Obrigada a senhora por estar sempre comigo. — Sou sincera. —
Nunca iria deixar a senhora para trás, você me ajudou muito. Para onde eu
for, a senhora vai. — Ela sorri, emocionada.
Volto para a sala e vejo Lorena entretida vendo desenho na tv. Agora
sim, uma tv decente, e um espaço tranquilo para minha menina. Tem algumas
coisas para arrumar, como decoração, algumas vasilhas e panelas para
colocar nos armários e ajeitar a área de serviço. Lembro que tenho que falar
com o porteiro, aviso tia Flor e saio do apartamento, indo para o elevador e
desço até o hall do prédio.
— Boa noite. Me chamo Valentina, sou a nova moradora do vigésimo
andar, apartamento dois mil e cinco. — Me apresento.
— Boa noite. Ah, sim, soube que ocupou o apartamento. Me chamo
Paulo. — Ele estende a mão e a aperto em cumprimento.
— Gostaria de deixar liberada a entrada de algumas pessoas — digo.
— Me digam quem são. — Pede e começa a mexer no computador.
— Alicia Albuquerque, João Miguel mais conhecido como Miguel,
Dominic D’Saints e Maria Helena. Por enquanto é só. E a dona do
apartamento também é Maria Flor, depois ela vem aqui lhe informar quem
pode entrar, da parte dela. — Ele assente.
— Proibindo a minha entrada? — Uma voz soa no ambiente.
Aquela voz rouca e linda faz meu coração acelerar. Seu cheiro invade
minhas narinas, é ele.
— Jamais. — Me viro e o vejo.
Está lindo, em seu terno sob medida, italiano, sua gravata afrouxada e
cabelos bagunçados.
— Veio cedo. — Vou até ele que me puxa para um abraço.
— A reunião terminou mais cedo. Algum problema? — Beija minha
bochecha.
— Nenhum. Vamos subir. — O chamo.
Aceno para o porteiro e sigo para o elevador com Nick. Logo chegamos
no meu andar e entramos no meu apartamento.
— Tio Dom. — Lorena fica eufórica ao ver Dominic. Ela sai do sofá,
cambaleando e mesmo assim vem correndo até ele. Dominic se abaixa e abre
os braços.
— Olá, pequena. — Ele a pega nos braços.
— Vovó está fazendo lasanha. — Ela mexe na gravata dele.
— É? Gosto de lasanha. — Dominic sorri.
Tia Flor entra na sala e vê Dominic com Lorena e sorri.
— Olá, moço bonito. — Tia Flor o cumprimenta.
— Olá, Dona Flor. Estou sabendo que fez lasanha — fala com um
sorriso e olha para Lorena em seus braços.
— Mas quem foi que disse? — Tia Flor pisca o olho e faz cara de brava.
— Dicupa vó, fui eu que falei. — Lorena coloca a mão no rosto e
sorrimos.
Lorena desce do braço de Dominic e sai com minha tia para a cozinha.
— Quer tomar um banho? — pergunto.
— Se não for incômodo — suspira, cansado.
— Tem roupa sua no carro?
— Tem sim. Eu pego.
— Vai indo para o banheiro do meu quarto que eu vou buscar. — Ele
assente.
Tira a chave do paletó e me entrega. Saio do apartamento e vou até à
garagem, onde está a Mercedes de hoje de manhã. Destravo o carro e tiro a
pequena bolsa da Louis Vuitton, travo o carro e subo para o meu apartamento.
Abro a porta do meu quarto e escuto o barulho do chuveiro. Coloco a
mala em cima da cama e saio do quarto, fechando a porta. Vou para a cozinha
e vejo que a lasanha já está pronta em cima do balcão da cozinha. Tia Flor
deve estar no quarto, então vou ajeitar a mesa, quando sinto mãos em minha
cintura e seu cheiro pós-banho.
— Cheiroso — sussurro.
— Vá se trocar, eu cuido daqui. — Beija meu pescoço.
Me viro e dou um beijo em seus lábios e vou para o quarto tomar meu
banho. Coloco um vestido soltinho e faço um coque despojado no cabelo e
saio do quarto. Dominic e Lorena estão conversando, enquanto tia Flor os
serve. Dominic está bem à vontade, em nenhum momento fica
desconfortável, tia Flor também o faz se sentir bem.
Após o jantar Nick vai com Lorena para sala assistir desenho, que ela
insistiu muito para ele ver com ela. Enquanto tiro as coisas da mesa, tia Flor
começa a lavar as louças, para ficarmos livres logo, já que estamos bem
cansadas de hoje, e amanhã teremos que terminar de organizar tudo. Deixo
tudo limpo na mesa e sigo até a sala. Dominic está assistindo desenho com
Lorena que está se divertindo com o que estão vendo. Me encosto na parede e
fico observando a cena à minha frente. Lorena não é de se dar bem com
qualquer pessoa, mas com Dominic é diferente, já foi corrigindo-o e fazendo-
o gargalhar. Ela está sentada e a cabeça apoiada no braço dele enquanto ele
faz carinho em sua perna. Ele desvia o olhar e me olha. Sorri e me chama,
quando chego perto me puxa e me senta em seu colo.
— Estão rindo de quê? — pergunto curiosa.
— Bob Esponja, mamãe — Lorena diz, se encosta no braço do sofá e se
deita.
Dominic me ajeita mais em seu colo.
— Você está linda — sussurra no meu ouvido, e morde minha orelha.
Sinto sua ereção crescendo em minha perna, me fazendo fechar o olho,
sentindo meu ventre se contrair.
— Nick — sussurro, segurando sua camisa. Escuto um sorriso seu
abafado, e abro os olhos, fitando aquela imensidão azul.
Tia Flor aparece na sala e leva Lorena para o quarto, após se despedir de
Dominic. Assim que elas saem da sala, ele me puxa fazendo-me sentar no seu
colo de frente para ele.
— Amanhã já vou entrar em contato com algumas escolas, assim ela já
começa na segunda. — Ele acaricia minha cintura.
— Nem sei como te agradecer. — Acaricio sua barba.
— Me agradeça de outra forma. — Me puxa mais para ele, fazendo me
esfregar em sua ereção crescente.
— Nick, minha tia está aqui. — Olho para o corredor.
Ele puxa minha nuca e ataca minha boca, num beijo delicioso. Ele enfia
sua língua em minha boca e solto um gemido, sentindo sua ereção em minha
intimidade. Afundo meus dedos em seus cabelos, rebolando descaradamente
em seu pau. Sinto suas mãos subindo pelas minhas coxas, entrando dentro do
vestido indo em direção à minha bunda.
— Eu quero você — sussurra cheio de tesão.
Ele beija meu pescoço, fazendo-me arrepiar.
— Eu também quero. — Meu quadril involuntariamente se remexe. Ele
respira fundo em meu ouvido, e beija meu pescoço.
— Janta lá em casa essa semana? — Me olha. — A tropa toda vai.
— Quem é a tropa? — O olho com um sorriso.
— Meus irmãos, Hannah, Manu e meus pais. — Faz um carinho no meu
braço.
— Seus pais? — Arregalo os olhos.
— Sim. Estão loucos para te conhecer. E leve Lorena também. — Olha
o decote do meu vestido e volta seu olhar para mim.
— Tudo bem. Nossas discussões nem valem a pena. Você sempre
ganha. — Reviro os olhos.
— Leve o que for necessário para dormirem lá. — Me olha.
— Eu não... — coloca seu indicador em meus lábios.
— Sem discussões, Valentina. — Bufo. — Amanhã quando sair da
faculdade, se encontrará com Hannah e Manu no shopping.
— Vou fazer o que lá? — pergunto.
— Compras. — Dá de ombros.
— Já compramos muitas coisas, Dominic.
— Prefiro quando me chama de Nick. — Reviro os olhos.
— Estou falando sério, Dominic D’Saints. — Ele bufa.
Ele me tira do seu colo, me colocando sentada no sofá e se levanta indo
em direção ao meu quarto. Mordo de leve minha unha, vendo a bunda de
Dominic, que é lindinha, hein. Ele volta com sua bolsa nas mãos, e se senta
ao meu lado. Pega sua carteira e retira de lá seu cartão Black, me entregando.
— Eu não vou usar seu cartão. — Recuso.
— Vai sim. E o que usar não terá devolução. — Me olha sério.
— Não Dominic...
Me interrompe colocando a mão no meu vestido afastando meu sutiã e
pondo o cartão dentro dele. Ele fica um tempo olhando para dentro do sutiã e
ergue a cabeça me fitando com seus olhos azuis... muito intensos.
— Belos peitos você tem — sussurra, me olhando com desejo.
Esse homem ainda vai me enlouquecer.
— Dominic... — sussurro, já ficando excitada com esse olhar.
— Sim? — Olha meus lábios.
Meu coração está acelerado, minha boca está muito seca e minha
calcinha encharcada. Vê se pode? Preciso me controlar, minha tia pode
chegar a qualquer momento.
— Não precisa me entregar seu cartão. — Ele revira os olhos, se
levanta, pega sua mala e me olha.
— Envio a senha por mensagem. Até amanhã, Bella. — Pisca o olho e
beija meus lábios.
Que mandão!
Capítulo 15

Ao chegar na faculdade, sinto olhares em mim o tempo todo. Entro na


sala e todos estão me olhando desconfiados, de novo. Depois uma colega de
sala veio até mim e me explicou. Fotos minhas com Dominic de mãos dadas
no shopping ontem, umas com sorrisos e outras com beijos, estão circulando
pela internet.
Que ótimo!
E já falaram onde eu moro, bem que Dominic disse que eu teria que sair
o mais rápido possível do morro. E ainda vazou sobre eu ser a nova garota
propaganda. As pessoas devem estar pensando que eu estou com ele por
interesse, e só serei a garota propaganda porque estou com ele. Mas minha
colega disse que Dominic não saía com ninguém do trabalho, que nunca se
relacionou com ninguém vinculado à sua empresa, até mencionou
recentemente, sobre esse assunto, em uma entrevista em Nova York. O que
me deixou um pouco aliviada.
Ao sair da faculdade, Theo já está me esperando em pé, diante da SUV.
Pergunto porque está aqui, e é bem sério e curto quando diz: “Ordens do
senhor D’Saints.” Que homem mandão! Entrei na SUV e ele me leva até o
shopping para encontrar as meninas. As encontro no terceiro piso, de frente
para uma loja, conversando. Elas me veem e sorriem para mim.
— Que bom que veio. — Manu me abraça.
— Sabia que iriam ficar juntos. — Hannah sorri e me abraça.
— Dominic já foi fofocar? — pergunto sorrindo e começamos a andar.
— Ele não para de falar de você e de sua filha — Manu fala.
Paro e fico olhando para elas.
— Que foi? Está achando que estou pensando que você quer o dinheiro
dele? — pergunta Manu.
— Seria bem óbvio, ou não? — Maneio a cabeça, sem graça.
— Óbvio que não! Dom nos falou sobre você, nos mínimos detalhes. —
Hannah entrelaça nossos braços, enquanto andamos pelo shopping.
— Sei que você não é daquelas que está atrás do dinheiro dele. — Manu
sorri.
Sorrio e andamos pelo shopping, olhando todas as vitrines.
— Quero conhecer Lorena — Hannah diz.
— Também quero. Dom falou sobre o jantar, não é? — Manu me olha.
— Sim e ainda me deu o cartão de crédito. — Reviro os olhos.
— Ótimo! Ele disse para comprar o shopping todo se quiser. — Hannah
sorri.
Quando eu ia falar, Manu me interrompe.
— Nem fale! Vamos às compras. — Manu me arrasta.
Saímos andando, até elas verem a loja da Dolce & Gabbana e pirarem.
— Gente, eu não vou comprar nessa loja. É muito cara para mim — falo
acanhada.
— Você vai entrar e comprar sim! — Manu vem até mim.
— É muito caro — digo, mas elas puxam meu braço e saem me
arrastando até a loja de grife.
— Acostume-se. Agora está começando a ficar famosa, vai vestir coisas
boas, e ainda de quebra, namora Dominic D’Saints. — Hannah me empurra
para a loja.
Rapidamente pego meu telefone e ligo para Dominic enquanto elas estão
distraídas.
— Oi, anjo.
— Dominic me ajuda!
— O que foi?
— Elas piraram. Me empurraram para uma loja de grife, e estão me
obrigando a comprar as coisas daqui.
— Que bom! Elas me escutaram. — O escuto sorrir.
— Dominic! Não fiquei rindo.
— Compre o que quiser, use até para comprar o shopping se quiser.
— Dominic, pelo amor de Deus! Me contentaria com Riachuelo, C&A...
— Você namora um D’Saints, amore mio. Preciso desligar, boas
compras, Bella.
— Dominic... — A ligação fica muda.
Ele desligou o telefone na minha cara? Filho da mãe!
Elas me fazem entrar em outras lojas do mesmo padrão, comprar
sapatos, bolsas, acessórios e roupas. Demos uma pausa e almoçamos na praça
de alimentação e voltamos às compras, de novo. Os seguranças estão cheios
de sacolas, inclusive nós três. Rio com isso, coitados dos seguranças.
Passamos em uma loja de crianças, Manu compra um vestido para Lorena, e
Hannah compra a sandália. Fico feliz com esse gesto simples delas, nem
conhecem minha filha e já gostam dela como se fosse uma sobrinha.
Compro alguns acessórios para ela usar também. Depois passamos na
Sephora para comprar maquiagens para mim, e demoramos um bom tempo,
viu. Tem muita coisa para comprar e escolher. Ao finalizar as compras,
vamos para um salão. Fico admirada com a beleza do lugar. Como meu
cabelo é castanho, decido fazer uma mexas douradas nas ondulações para dar
uma mudada. Passamos em uma clínica onde faz depilação, e é tranquilo, nós
três fizemos.
— Agora vamos comprar um celular e um notebook — Manu fala.
— Não! — Já ia voltando quando Hannah me puxa pelo braço.
— Vai sim. Ordens de Dom. — Manu mostra a mensagem de Dominic
no seu celular.
Dom — Aproveita e compra um celular e um notebook pra ela.
— Meu Deus! — Coloco a mão no rosto.

— Nossa, esse apartamento é muito bom. — Alicia vai até a varanda.


— O bom é que é pertinho da praia e perto do nosso apartamento. —
Miguel se senta no sofá.
— Acho que umas quatro ruas daqui é o nosso, não é? — Alicia
pergunta a Miguel que assente.
— O bom é que a gente pode vir andando, sem precisar pegar Uber ou
ônibus — Miguel fala.
— E moramos bem pertinho da praia, vamos até andando e voltamos a
hora que quisermos — Alicia fala, animada. — Adoraria ir essa semana na
praia de Ipanema. Esses dias tem tido um sol muito bom para pegar um
bronze.
— Com certeza. Eu preciso com urgência de pegar um sol. — Sorrio.
— E a escola de Lorena? Como vai ficar? — Miguel pergunta. — Ela
não pode atrasar muito nos estudos.
— É, eu sei. Dominic disse que já entrou em contato com algumas
escolas e vai me dar a resposta amanhã, sem falta. Mas tudo indica, que será
bem pertinho — respondo. — Você e a Hannah, hein? Eu vi a troca de
olhares.
Miguel sorri.
— Estamos conversando. Pode ser cedo demais, mas eu gosto muito
dela. Hannah é uma mulher muito simpática e educada, nos demos muito
bem, e a tendência é só melhorar — explica, com um sorriso.
— E vai rolar namoro? — Alicia o olha.
— Se depender de mim, já estamos comprometidos. — Meu amigo
sorri.
Alicia e Miguel logo se despedem e vão para casa, pois ainda têm coisas
para serem organizadas no apartamento deles. Eu nunca dormi tão bem, como
dormi essas duas noites aqui no meu novo lar. Sem tiroteios, sem
preocupações demais. Nossa..., saber que minha filha tem seu próprio
quartinho, com seus brinquedos novos, roupas novas, e uma cama decente,
me faz ficar com os olhos marejados de tanta felicidade.
Entro em meu quarto, tirando minha roupa, deixando-a jogada pelo
chão, e vou para o banho. Molho meus cabelos, sentindo a água fria refrescar
todo meu corpo, me relaxando. Retiro o condicionador do meu cabelo,
girando meu corpo e tomo um susto ao ver Nick parado, com as mãos dentro
do bolso da calça social encostado na parede, me olhando atentamente de
cima a baixo. Engulo em seco, sentindo-me de certa forma envergonhada, por
ele estar me vendo nua e toda cheia de sabão. Seus olhos estão em meu
corpo, olhando cada movimento meu, cada detalhe, acompanhando as gotas
de água escorrerem pelo meu corpo.
— Não sabia que iria vir. — Minha voz sai baixa.
— Queria fazer uma surpresa. E nossa... — Lambe os lábios. — Sou eu
que estou surpreso com o que estou vendo.
Um friozinho passa pela minha barriga ao escutar sua voz ecoar pelo
banheiro. Desço meu olhar pelo seu corpo, vendo-o trajando como sempre,
um terno caro e sapatos italianos.
— Posso me juntar a você? — pergunta com a voz rouca.
Olho seu rosto e assinto rapidamente. Ele sorri de lado, um sorriso
cafajeste. Desencosta da parede e começa a tirar os sapatos sem tirar os olhos
de mim. Suas mãos vão até sua gravata e começa a tirá-la. Dominic é todo
lindo, gostoso... e como será ele debaixo desse terno? Tira a camisa me
mostrando todo seu abdômen. Ele não é sarado, mas é musculoso. Tem uma
tatuagem — que não consigo decifrar — na costela que vai até às costas.
Seus braços fortes, seu peito com pouquíssimos pelos e um montinho de
cabelo, pouco também, que leva até o caminho da felicidade.
— Dominic. — Imploro, para ele ir mais rápido e ele sorri.
— Calma, anjo — fala cheio de malícia.
Suspiro e me encosto na parede, sentindo minhas pernas trêmulas, ao vê-
lo tirando seu cinto. Merda! Parece que nunca vi um homem nu na minha
frente. Ele desce o zíper da calça e arreia junto com a cueca. Meu coração
acelera quando ele fica de pé, após tirar sua calça.
Minha nossa senhora!
Nossa... o homem é perfeito em tudo. Seu membro é lindo demais,
minha nossa. Rosinha com veias ao redor. Meu Deus... Não, eu não devo
meter Deus nisso, é errado. O vejo caminhando até mim, e meu coração
acelera ainda mais. Ele abre mais o box de vidro para poder passar melhor,
porque o homem é alto e forte. Ao passar, ele o fecha atrás de si.
Ergo minha cabeça para olhá-lo melhor, porque ele é grande, em todos
os sentidos. Ombros largos, braços e abdômen definidos, um V muito sensual
na sua virilha e seu membro..., nossa, ainda mais perfeito de perto. Suas
coxas também são definidas...
— Já me analisou, anjo? — fala com divertimento.
Sinto meu rosto queimar, por não ter sido nem um pouco discreta, ao
olhar esse monumento à minha frente. Olho para ele, que está me olhando
com tanto desejo, que me faz ficar com mais tesão do que já estou. Ele se
aproxima mais de mim, fazendo-me encostar mais na parede.
— Valentina..., estou com muito tesão, louco para transar com você —
ele sussurra, deixando-me mais excitada. — Esses dias foram uma tortura,
ver você com esses vestidos soltinhos, toda despojada, e não poder fazer
nada.
— Por que não fez? — Ponho minhas mãos em seu peitoral.
— Porque eu queria esperar. Esperar o momento certo, para você não
desconfiar de que eu estou fazendo isso tudo, para levá-la pra cama. —
Inclina seu rosto, deixando próximo ao meu.
— Eu nunca pensei isso de você — digo sincera.
— Eu queria esperar o momento certo, o dia certo, para tê-la embaixo de
mim, gemendo, implorando para o meu pau ir mais fundo em você. — Minha
nossa. — Só que..., eu vi você assim, sem roupa..., talvez eu não consiga te
deixar aqui, assim, e ir embora.
Mordo o lábio e ele encosta seu corpo no meu, fazendo-me soltar um
gemido.
— Queria fazer uma surpresa, te levar para jantar, talvez, ou fazermos
um jantar aqui. — Seus lábios encostam nos meus, e solto um outro gemido
quando ele roça seu pênis em mim. — Ah, Valentina..., você não sabe o tesão
que sinto por você.
Toma meus lábios em um beijo feroz que me faz afundar minhas unhas
em seu peitoral. Ele aperta minha cintura, puxando meu corpo mais para o
seu.
— Diz que quer, Valentina. Se você não quiser, não estiver pronta para
isso comigo — sussurra em meus lábios —, eu paro imediatamente e só
tomamos banho, nada mais. Diga o que quer, que eu farei.
— Eu quero — sussurro, excitada.
Ele morde meu lábio e flexiona seu quadril, roçando seu membro em
mim.
— O que você quer? — Sua voz sai rouca.
— Eu quero você em cima de mim, me fazendo implorar para que enfie
seu pau cada vez mais fundo — digo sem pudor algum.
Ele trinca os dentes e segura meu queixo.
— Tem certeza? Eu posso parar se você quiser. — Range os dentes.
— Tenho — sussurro. — Eu quero você dentro de mim, Nick.
O preto toma conta do azul cristalino de seus olhos, e sinto minhas
pernas bambas. Ele fecha o chuveiro, se abaixa e me levanta. Cruzo minhas
pernas em seu quadril, e caminha comigo em seus braços até o quarto. Me
joga na cama e vai até à porta. Escuto o trinco, sabendo que ele trancou, ele
vem andando até mim, subindo na cama.
— Você é muito linda. — Ele olha para meu corpo.
— Você também é. — Sento-me na cama, olhando-o de cima a baixo.
Ele se afasta e vai até o banheiro, segundos depois volta com um
preservativo na mão e põe sua carteira na mesinha ao lado da minha cama.
Ele sobe, ficando no meio das minhas pernas e beija meu pescoço. Vai
descendo seus beijos para meus peitos, passando sua língua macia neles,
deixando-os mais duros. Ele mantém seus olhos em mim, acho que para se
certificar de que está fazendo certo. O abraço mais com as minhas pernas, e
sinto seu membro roçar em mim, me deixando mais ansiosa por ele. Dominic
chupa e lambe meus peitos, como se fosse seu prato predileto.
— Eu queria muito que nossa primeira vez fosse romântica. — Faz uma
pausa e deixa uma trilha de beijos pela minha barriga, indo até minha
intimidade. — Já estava tudo esquematizado na minha cabeça. — Ele beija
minha coxa e dá uma mordida de leve sem tirar os olhos de mim.
— Nick! — imploro.
Ele segura minha bunda e me puxa mais para a beirada da cama.
Seguro-me nos lençóis, pelo susto e ele me olha sério e com muito desejo.
Sinto seu dedo pela minha intimidade e brinca com ela, sem tirar os olhos de
mim. O homem é intenso demais. Ele leva o dedo até a boca e o chupa
fechando os olhos, saboreando o sabor.
— Nossa... — sussurra e abre os olhos.
Eles estão muito intensos, e sem ao menos esperar, ele cai de boca na
minha intimidade, fazendo-me gemer e arquear as costas. Ele segura forte
meu quadril, mantendo-me quieta, enquanto seguro forte o lençol, gemendo
sem parar. Nunca fui fã de sexo oral, nem de receber, nem de fazer, achava
que era nojento. Mas Dominic..., minha nossa.
— Ah! — Arqueio as costas.
Ele lambe, morde, chupa... e tudo isso está me levando ao delírio.
Reviro os olhos e seguro forte seu cabelo com uma mão, forçando seu rosto
em minha intimidade. Sua língua macia brinca comigo de forma tão
excitante. Nossa...
— A nossa primeira noite seria em um hotel, onde ninguém poderia nos
incomodar. Onde eu poderia ter você só para mim por várias e várias horas.
— Chupa meu clitóris e eu reviro os olhos. — No hotel teria uma
hidromassagem, onde com certeza iríamos transar nela, uma cama grande,
que seria pequena para nós.
Gemo e começo a imaginar tudo isso que ele está dizendo. Ele dá uma
lambida filha da puta que eu ergo o quadril pedindo por mais.
— Eu iria fazer muita coisa com você. Coisas sujas, que você nem
imagina o que eu tenho em mente. — Puxo seu cabelo imaginando as cenas.
— Mas os planos mudaram, e aqui estamos nós.
— Dominic. — O olho, implorando.
Ele enfia o dedo em mim e eu reviro os olhos, jogando a cabeça para
trás. Ele aumenta a velocidade, me causando mais prazer. Sinto que estou
perto, pois ele aumenta mais a velocidade e chupa meu clitóris. Seguro forte
seu cabelo e gozo em sua boca. Minha nossa..., ele continua me chupando
prolongando meu orgasmo.
— Nick... Pare. Quero você dentro de mim. — Sinto minhas pernas
trêmulas.
Ele para e me olha com um sorriso nos lábios. Se levanta e minhas
pernas arreiam, de tão fracas e trêmulas que estão. Ele pega o preservativo
em cima da mesinha, rasga o pacotinho e veste seu membro com certa
agilidade. Respiro fundo quando ele se aproxima e sobe na cama, ficando no
meio das minhas pernas.
Subo minhas pernas, cruzando-as em seu quadril, segura seu membro e
o posiciona na minha entrada, meus olhos estão fixos nos seus, ao senti-lo
entrar, centímetro por centímetro. Afundo minhas unhas em seus braços,
sentindo o prazer que é ser preenchida por ele.
— Minha nossa — fala entre os dentes.
Ele empurra e vai mais fundo, num vaivém delicioso e torturante.
— Está gostoso para você? — Me olha.
— Muito — sussurro.
Ele se inclina e me beija, enquanto se movimenta dentro de mim. Passo
minhas mãos pelo seu pescoço, puxando-o mais para mim. Seu beijo é
delicioso, sua boca se move com maestria dentro na minha, me deixando
mais excitada. Seu movimento aumenta e meus gemidos ficam mais alto.
Meu orgasmo já está mais próximo, e ele inverte nossas posições, me
deixando por cima. Me apoio em seu peitoral e começo meus movimentos de
sobe e desce. Ele segura forte meu quadril e desço com mais força, sentindo-
o todo dentro de mim. Ele geme.
— Isso... está gostoso demais. — Me olha, trincando os dentes.
Reviro os olhos e dou tudo de mim. Dominic aperta minha bunda com
força, fazendo-me ir mais rápido. Nick se senta na cama, beija meu pescoço e
dá leves mordidas.
— Goza, anjo. Goza gostoso para mim — ele pede.
Fecho os olhos aumentando a velocidade e sinto meu corpo tremer e
gozar em cima dele. Ele me segura, forçando seu quadril de encontro ao meu,
e goza, gemendo em meu ouvido, me apertando em seus braços. Me seguro
em seus ombros diminuindo nosso ritmo, até ele me deitar na cama e sair de
dentro de mim. Sinto meu corpo mole e o sono me assola. Sinto-o se afastar
de mim por um momento, logo sinto a cama afundar, e sinto seu corpo quente
perto do meu.
Ainda sonolenta digo:
— Foi a melhor noite da minha vida.
Capítulo 16

— Da minha também — sussurro, acariciando seu rosto.


A olho e vejo que adormeceu. Levanto-me da cama devagar, para não a
acordar e vou até seu guarda-roupa pegar sua camisola, volto para sua cama e
visto-a, puxo o cobertor e coloco o ar-condicionado um pouco frio. A olho
adormecida e sigo para o banheiro, fechando a porta atrás de mim, e decido
tomar um banho.
Saio do banheiro enrolado numa toalha e vou até o guarda-roupa de
Valentina e pego uma cueca minha, uma bermuda de moletom e uma camisa
de gola e me visto, seco meus cabelos com a toalha e a deixo na cadeira,
pendura, e saio do quarto sem fazer barulho algum. Ando pelo corredor e sigo
até a cozinha. Procuro a cafeteira elétrica e abro os armários procurando as
cápsulas dela, escolho a de cappuccino e ponho na cafeteira, encosto-me no
balcão, fitando a janela vendo o mar, abro a janela e deixo o vento forte e o
frio adentrar na cozinha.
Passo a mão no rosto pensando em Valentina. Nossa..., essa noite foi
algo tão inexplicável para mim. Não foi simplesmente uma transa, não foi
apenas prazer. Tem algo a mais, os olhos de Valentina refletiam isso,
mostrava algo que ela queria expor, dizer para mim, mas se conteve, apenas
aproveitou o momento. E eu? Bom, queria explodir e falar diversas coisas
sem pausa, desembuchar tudo que tem dentro de mim em relação a ela.
Vim para o Rio de Janeiro a trabalho com meus irmãos, e se sobrasse
tempo poderia aproveitar as belas praias, as diversas mulheres por quem eu
me interessasse. Sempre há espaço para diversão. Mas já estava predestinado
minha vinda ao Brasil, para Valentina. Não sei... Não sou tão religioso,
apenas acredito em Deus e que ele coloca coisas e pessoas em nosso caminho
com um propósito, algo que nunca vou entender.
Vejo o cappuccino encher minha caneca, e espero terminar. Pego-a e
levo até a boca e dou um gole. Sempre tive a mulher que eu quis, essa é a
vantagem de ser rico e bonito. Nunca fui convencido, só constato os fatos.
Quando pus meus olhos em Valentina..., não sei, senti algo estranho que
nunca senti em toda minha vida. Eu nunca me apaixonei, nunca amei alguém
a não ser meus irmãos, meus pais, Manu e Hannah que são da família, mas
sinto algo forte e diferente em relação à linda mulher de olhos ímpares.
Dou um gole no cappuccino e tomo um susto ao ver dona Flor entrando
na cozinha.
— Dominic? O que está fazendo aqui? — Ela acende a luz.
— Tomando um café. — Dou um sorriso de lado. — Quer? — Ela nega,
fechando o roupão, com frio.
— Cafeína tira o sono. — Ela se senta na cadeira. — E você? Não o vi
chegando.
— Queria fazer uma surpresa, mas quando cheguei, já estavam todas nos
quartos. — Dou um gole no café.
— Que horas são? — pergunta.
— Acho que uma da manhã — respondo.
Ela assente.
— É melhor você ir dormir, está tarde. — Me olha.
— Sim. Vou trocar de roupa e vou embora. — Coloco a caneca na pia.
— Tina sabe que você está aqui? — Assinto. — Ela não vai gostar
nadinha de você ter ido embora a essa hora.
É. Ela tem razão.
— Durma aqui. — Ela se levanta sem tirar os olhos de mim. — Olha, eu
não vou interferir se você dormir no quarto dela. Vocês são adultos e sabem o
que fazem.
Assinto, bem surpreso, na verdade. Ela segue para o corredor, mas antes
de ir adiante ela se vira e me olha.
— Se você está fazendo tudo isso porque gosta de ajudar as pessoas, eu
lhe agradeço de verdade, Dominic. Minha gratidão será eterna — faz uma
pausa —, mas se você não gosta da minha menina como um homem, eu
sugiro que não se aprofunde muito nisso.
— Por que está me dizendo isso? — Desencosto do balcão, a olhando
atentamente.
Ela suspira.
— Minha menina sofre desde a perda dos pais. O primeiro namorado
dela foi um escroto irresponsável, que não assumiu Lorena como filha, e
Valentina fez de tudo para não precisar dele. Ela escondeu Lorena, me pediu
para dizer que Lorena fosse minha filha, para seu ex-namorado não se
arrepender e tirar Lorena dela.
Me aproximo dela.
— Valentina é uma moça muito esforçada, e que me dá muito orgulho
— fala emocionada. — Ela merece muito mais, Dominic. Ela merece ter uma
família, um homem que a ame incondicionalmente, que cuide dela e da filha
dela. Não estarei aqui para sempre.
Ela abaixa a cabeça e respira fundo. Segura a parede e me olha
atentamente.
— Se você não quer construir uma família com ela, a amar
incondicionalmente, colocá-la como prioridade em sua vida, Dominic, sugiro
que vá embora. — Escuto atentamente. — Não a quero sofrendo por amor de
novo, ela merece mais que isso. Portanto, se você não for querer nada sério
com ela, é melhor se afastar. Se não for importante para você, quanto é para
ela, dê um basta nisso que vocês têm.
E com isso ela se vira, e me deixa sozinho na cozinha, sem saber o que
fazer, pois ela tem razão em tudo que falou.

Olho o relógio em meu pulso e marca exatamente, nove horas. Olho


Valentina ainda adormecida, subo na cama devagar e acaricio seu braço.
— Querida, hora de acordar — sussurro.
Ela se remexe e agarra mais o travesseiro.
— Meu anjo, acorde. Já são nove horas — insisto, tirando os fios de
cabelos do seu rosto.
Ela se remexe mais uma vez e abre os olhos. Meu coração acelera toda
vez que ela me fita com esses olhos ímpares perfeitos.
— Bom dia. — Dou um sorriso.
— Bom dia — fala sonolenta. — Não vai trabalhar?
— Quero tomar café da manhã com você, antes de ir. — Acaricio seu
rosto. Ela se espreguiça na cama e se senta.
— Vou tomar um banho rápido. — Assinto.
Ela se levanta da cama e vai para o banheiro. Levanto-me e pego meu
paletó em cima da cama e saio do quarto indo até a cozinha. Dona Flor já está
na beira do fogão e vejo Lorena na sala, assistindo tv com a roupinha de
dormir. Ela me olha e sorri abertamente.
— Tio Dom! — grita e sai do sofá.
Deixo meu paletó em cima da cadeira e me abaixo para pegá-la em meus
braços.
— Bom dia, principessa. — Beijo sua bochecha.
— Quando você chegou? — Seus olhinhos azuis me fitam.
— Ontem à noite. Mas as mulheres aqui, decidiram dormir cedo — digo
com um sorriso e dona Flor me olha.
— Bom dia. — Ela me cumprimenta e eu aceno.
Espero que depois da conversa de ontem, não fiquemos estranhos ou
nada do tipo. Gosto demais dela para ficar chateado. Ela tem razão em tudo
que falou, ela é a única pessoa da família de Valentina que está com ela, que
cuida das duas, ela faz o papel de pai, mãe e avó. Está no direito de querer
protegê-las.
— Vamos comer, mocinha? — digo e Lorena se anima. — Sei assar
ovos com queijo que fica uma delícia.
— Eba! — Se anima em meus braços.
Ando com ela em meus braços e a coloco sentada na sua cadeirinha,
perto da mesa. Vou até à geladeira, pego alguns ovos e queijo, e os coloco ao
lado do fogão, enquanto pego a frigideira.
— Deixa que eu faço, vai sujar sua roupa — Dona Flor diz.
— Nada disso. Se sente e espere que vou fazer o café de todas. — Dou
um sorriso para ela.
Ela maneia a cabeça me fitando e imagino o que esteja pensando. Ela
assente e vai até aos armários pegar talheres, pratos, copos e xícaras.
— Que cheirinho bom. — Escuto a voz doce da mulher que ocupa meus
pensamentos.
— Mamãe, tio Dom vai fazer ovo com queijo. — Lorena bate as
mãozinhas.
Valentina me olha e sorri. Um sorriso lindo, que quero recebê-lo todos
os dias.
— Será que é bom? — Beija a cabeça de sua filha.
— Ele disse que é. — Lorena sorri.
Ela fala com sua tia e vem até mim e beija meu ombro por cima da
camisa.
— Não vai sujar sua roupa? — Ela abraça minha cintura.
— Não importa. Quero fazer o café das mulheres da casa. — Dou um
sorriso.
Ela sorri e se afasta, indo até à mesa se sentar com sua tia e sua filha.
Após assar os ovos com queijo, coloco tudo na mesa, preparo o café e nos
sirvo. É bem tranquilo o nosso café da manhã, Lorena fica conversando,
fazendo várias perguntas. E eu? Bobo, respondo todas. Dona Flor sempre me
olha atentamente, como se estivesse me analisando, mas sempre desvio o
olhar, para não preocupar Valentina sobre a conversa que tive com sua tia
ontem de madrugada.
Após tomarmos o café, limpamos a mesa e começo a me despedir delas,
pois tenho uma reunião às onze da manhã. Me despeço de Lorena que fica
tristinha, mas quando digo que hoje é o jantar no meu apartamento, com
minha família e que ela vai dormir lá, ela logo fica animada.
— Que horas preciso estar lá? — Valentina me abraça, caminhando
comigo até a porta.
— Umas sete horas. O jantar será servido às oito, então é o tempo da
minha família conhecer vocês — respondo, beijo sua testa e ela assente.
— Tina, seu telefone está tocando lá no quarto — Dona Flor fala.
— Vá, te vejo mais tarde — digo.
Ela assente e beija meus lábios.
— Bom trabalho — sussurra em meus lábios e se afasta.
Vejo-a sumir no corredor indo até seu quarto, e sua tia vindo até mim,
me acompanhando até a porta.
— Espero que não se arrependa da sua decisão de amanhã. — Abre a
porta.
— Não entendi. — Franzo a testa.
— Eu sinto coisas, Dominic. Sinto vibrações, ruins ou boas. Espero que
não se arrependa. — Me olha.
A olho e assinto.
Capítulo 17

— Quero conhecer a tal Lorena — papai fala com um sorriso.


— Ela é linda, pai, igual a mãe. — Dou um sorriso de orgulho. — Tão
inteligente.
Lorena é a cópia de Valentina.
— Interessante a história dela. Tão jovem e sofrida. — Mamãe se senta
no sofá.
— Pois é. Queria que vissem a casa onde ela morava, dava pena. Sei que
um teto é melhor que morar na rua, mas a casa delas... — Passo a mão no
rosto. — O ambiente que elas moravam..., eu só conseguia pensar na Lorena,
sabe?! — Papai assente. — Uma inocente no meio daquele caos que deve ser
quando tem algum tiroteio. A insegurança que tem naquele lugar, as casas...
— Entendo, meu filho. Morro é um lugar tão pobre, tão inseguro. Já vi
diversas reportagens sobre crianças mortas por balas perdidas — papai fala.
— Sim, Pai. Por isso eu agi de imediato para tirá-las de lá. Eu não teria
sossego algum, com elas morando por lá. — Ele assente.
— Tio Dom! Tio Dom!
Escuto uma vozinha doce e suave no ambiente.
Giro meu corpo, vendo Lorena correndo até mim com um pequeno
vestido vermelho, com seus cabelos loiros caídos com cachos e um lacinho
vermelho no cabelo. Ela está sorrindo com suas mãozinhas estendidas para
mim. Eu tenho um sentimento tão forte por ela, que só Deus sabe.
— Oi, pequena! — Sorrio. Me abaixo e a pego nos meus braços.
— Tava com saudade, tio Dom. — Agarra meu pescoço.
Sorrio e beijo sua bochecha.
— Que gracinha. — Mamãe olha para Lorena.
— Quem é ela, tio Dom? — Lorena pergunta, curiosa.
— É minha mãe. O nome dela é Michele.
— Oi, principessa. — Mamãe se aproxima.
— É plincesa, tia Michele. — Faz bico e todo mundo na sala sorri.
— Lorena!
Giro meu corpo e vejo Valentina de pé. Dou um passo para trás, como
se tivesse levado um soco. Ela está... deslumbrante. Está linda num vestido
vermelho, chamando atenção por causa da sua pele pálida, e suas pernas
longas com salto. Não são enormes como os de Hannah e Manuela, mas está
linda! Os cabelos com cachos nas pontas, dando destaque às mechas
douradas no cabelo. Ela sorri sem jeito e abaixa a cabeça para esconder o
sorriso. Quando volta seu olhar para mim, está vermelha igual ao vestido.
Minha nossa, ela é muito linda.
— Deixa de babar! — Demétrio me cutuca, me tirando do transe.
— Cunhada! — Dimitri vai até ela e a abraça.
— Oi, Dimitri. — Ela o cumprimenta com um sorriso.
— Mãe, essa é a Valentina. — Faço as apresentações, sem tirar os olhos
dela.
— Olá, Valentina. Sou a Michele, mãe desses meninos. — Mamãe se
aproxima dela e a abraça.
— Prazer, dona Michele. — Valentina sorri para minha mãe.
— Me chame de Michele, sem dona ou senhora. — Valentina assente
com um sorriso.
— Sou Nathaniel, o pai. — Papai a abraça. — Apenas Nathaniel, por
favor.
— Prazer..., Nathaniel. — Ela dá um sorriso tímido.
Como ela consegue ser tão linda?
— Você está um arraso. — Manu vai até ela.
— Dom está babando — Hannah diz, na maior cara de pau. Ela olha
para mim e novamente fica vermelha.
— Deixe-me pegar essa principessa aqui. — Mamãe vem até mim,
estendendo os braços.
— É plincesa, tia Michele.
— Lorena! — Valentina a repreende.
Minha mãe a pega nos braços, a olhando com um sorriso largo.
— Puquê ficam me chamando de plincipessa? É plincesa mamãe. —
Ela faz bico de novo.
Que linda, meu Deus.
— Filha, eles falam em italiano. Principessa em italiano significa
princesa no Brasil. — Valentina se aproxima.
— Está bom, mamãe. Plincipessa então. — Passa a mão no rosto,
tirando os cabelos.
— Tão linda — Papai fala, admirado.
— Bigada, tio. — Ela sorri para ele.
— Pare de chamar os outros de tio, é feio, meu amor. — Valentina ajeita
o vestido dela.
— Não tem problema, Valentina. Deixe-a, é da família — Mamãe fala,
ajeitando Lorena em seus braços.
Valentina sorri, emocionada com o que minha mãe disse.
— Vem para o tio. — Dimitri estica os braços.
— Oi, tio... — Faz uma carinha pensativa.
— Dimitri, lindinha. — Ele a pega nos braços.
— Tio Dim. — Lorena sorri.
— Isso. Tio Dim. — Dimitri sorri.
— Eu sou tio Demétrio. — Meu irmão beija a cabecinha dela.
— Tio Dem. — Ela sorri para ele.
— Ela é uma graça — Papai diz.
— Oi linda, sou tia Manu e ela é Tia Hannah — Manu fala com ela.
Dimitri a coloca no chão e olha para todo mundo.
— Deixa eu vê se me lembo. — Coloca as mãozinhas na cintura. — Tio
Dim — aponta para Dimitri. — Tio Dem — aponta para Demétrio. — Tia
Manu e tia Ana — aponta para minha cunhada e minha amiga. — Tia
Michele e tio Thiel — aponta para meus pais. — E tio Dom. Meu tio
plefelido.
— Aí você machuca. — Dimitri faz drama.
— Tio Dom chegou plimeilo. Veio depois puquê quis. — Faz bico e
cruza os braços.
— Ela é muito inteligente — Mamãe fala.
— Puxou a mãe — digo e olho para Valentina.
Aproveito que Lorena está chamando a atenção de todos, e vou até
Valentina, que me olha com um brilho diferente nos olhos.
— Você está.... linda. — A olho de cima a baixo.
— Você não está nada mal. — Ela sorri, tímida. Seus olhos ímpares
estão com um brilho tão lindo.
— Você está linda. — Repito, admirado com tamanha beleza.
— Você já disse. — Ela cora.
— Nunca vou me cansar de dizer isso — sussurro e beijo seus lábios.
Minha mãe está muito feliz em conhecer Valentina, meu pai também.
Valentina se dá bem com qualquer pessoa. Minha mãe está impressionada
com seus olhos, e logo questiona, e Lorena ganha a atenção de todos com sua
doçura, e papai já está caidinho por ela.
No jantar minha mãe fica o tempo todo conversando com Valentina,
enquanto meu pai tem a atenção total de Lorena, e eu só tenho olhos para
Valentina. A cada sorriso que ela dá, meu coração acelera mais e mais. Com
sua simpatia e doçura ela conquista minha mãe e meu pai. Às vezes olha pra
mim e dá um sorriso e eu retribuo com o maior prazer.
Quero tê-la em meus braços hoje à noite, mais uma vez. Preciso dela,
como preciso de ar para respirar. Essa mulher me tira o chão, faz-me sentir
coisas que nunca senti por alguém. Quero que ela seja minha de todas as
formas, todos os dias. Quero ver cada curva sua, cada detalhe, seu cheiro...
quero fazê-la gozar chamando meu nome, dizendo o quanto me deseja, do
mesmo jeito que a desejo. Quero-a comigo todos os dias, para o resto da
minha vida.
Assim que finalizamos o jantar, Valentina sobe com Lorena para
arrumá-la, pois ela se sujou com o molho branco da comida. Me ofereço para
ajudar e ela não aceita, diz que volta rápido. Me sirvo de uma dose de uísque
e vou até a grande janela da sala que dá para uma bela visão do mar. Tomo a
dose de uísque quando sinto mãozinhas em minha perna.
— Tio Dom, me coloca no blaço. — Lorena estende suas mãozinhas.
Sorrio e coloco o copo na mesinha ao meu lado e a ergo em meus
braços.
— É tão bunito aqui, tio Dom. — Olha o mar iluminado pela lua.
— É muito bonito. Gosta de mar? — pergunto.
— Gosto. Blinco muito na aleia. — Tira o cabelo no rosto.
— Posso te levar um dia, quer? — pergunto e ela faz uma carinha triste.
— Mamãe me disse que você vai vota logo pá casa. — Seus olhinhos
ficam marejados.
— Por que ela disso isso? — A olho, preocupado.
— Ela disse que você só veio fazê um tabaio e ia vota pá sua casa, bem
longe daqui. — Choraminga.
Nossa, nem estava lembrado...
— Você é o que da mamãe? — Me olha, com os olhinhos azuis.
— Sou namorado dela. — Dou um sorriso.
Namorado... isso soa tão bem.
— Não abandona a gente, tio Dom. — Ela começa a chorar.
— O que foi pequena? — Limpo suas lágrimas, com meus dedos.
— Mamãe disse que ela tinha um namolado e que ele abandonou a
gente. — Enxuga as lágrimas.
— Ela disse quem era? — pergunto com uma dor enorme no peito.
— Não. Quelia que você fosse meu papai. — Agarra meu pescoço.
Ah como eu quero também pequena...
— Eu não vou abandonar vocês — digo firme.
— Plomete? — Me olha, com os olhinhos marejados.
Respiro fundo e assinto.
— Prometo pequena. — Beijo sua testa.
Acabei de fazer uma promessa que não estava incluída em meus planos.
Lorena já preencheu meu coração, como uma filha. Nunca pensei em ser pai,
até vê-la. Lorena me ganhou desde o dia em que vi sua foto. Ela me faz ter
um sentimento protetor que nunca tive. Ela já está apegada a mim, e eu a ela,
e nem tinha notado isso. Valentina também, não quero ficar longe dela, a
quero sempre ao meu lado. É pouco tempo, é, mas eu me sinto assim. Quero
que elas duas sejam a minha família. Valentina merece alguém que cuide
dela, que dê amor e carinho. Lorena precisa ter uma figura paterna, e eu serei
essa figura.
Sim porra! Serei o pai de coração de Lorena, não importa quem vá falar.
— Figlio. — Meu pai se aproxima.
— Oi, pai. — O olho.
— Tio Thiel, cadê a mamãe? — pergunta Lorena.
— Está ali, pequena — meu pai aponta.
— Deixa eu descer, tio Dom — Lorena pede.
Me abaixo e a coloco no chão, ela sai correndo indo em direção a
Valentina, que está falando com minha mãe, minha cunhada e Hannah.
— Você já está apegado a ela — fala. — É notório, filho. Eu vi a festa
que ela fez quando o viu, e vi o brilho de seus olhos.
— Ela preencheu um lugar em meu coração — digo sincero.
— Você está apaixonado por Valentina?
— Estou começando a sentir algo a mais — respondo, olhando o mar.
— E Lorena?
— Como assim? — pergunto olhando-o.
— O que sente por ela? — Bebe seu uísque.
Respiro fundo.
— Como se fosse minha filha. — Ele assente.
— E está esperando o quê para isso?
— Qual a sua opinião?
— Figlio, você é adulto e sabe tomar suas decisões. Valentina é um
amor de pessoa, espontânea e carismática, ela cativou a todos, e Lorena...
uma doçura de menina. Muito inteligente para sua idade.
— Ela me disse que o namorado da mãe abandonou as duas e disse que
queria que eu fosse seu pai — comento e solto um suspiro.
— Deve ser o pai biológico. Lorena é carente, só tem Valentina e sua tia
em casa, não tem ninguém como figura paterna. Eu vejo como Valentina te
olha. Um olhar diferente, um olhar com... amor. — O olho.
— O senhor acha?
— Claro que sim! Estava observando, ela te olha o tempo todo quando
está com Lorena em seus braços. — Assinto, com um sorriso. — E desde que
comecei a falar com você ela não para de te olhar. — Me olha. — Se não
acredita em mim, é só virar e ver com seus próprios olhos.
Me viro e lá está ela, me olhando. Está com Lorena no colo enquanto
Manu e Hannah conversam com ela. Ela cora e abaixa o rosto, quando
levanta, dou um sorriso e ela devolve, com um maravilhoso sorriso.
— Ela estava olhando, não é? — Meu pai sorri e assinto. — Eu nunca vi
você assim por uma mulher, Dominic. Vejo em seus olhos o quanto a ama, e
isso é muito bonito, ter Lorena como se fosse uma filha para você. Sei o que
andou fazendo em relação a elas duas. Você está se tornando um homem
admirável, meu filho. — Aperta meu ombro.
— Mas pai, como será? Irei voltar para Itália em poucas semanas. — O
olho.
— Se quer mesmo que elas fiquem com você, vá fundo meu filho. Leve-
as para lá. Nossa mansão tem vários quartos sobrando, terá um para Lorena.
— Assinto. — Adorarei ter Lorena como neta.
— O senhor acha que ela vai? — pergunto, curioso.
— Se ela realmente te ama, como transmite apenas com o olhar, ela vai.
— Mas ela tem uma tia aqui. — Ele me olha.
— Já acabou?
— Acabei o quê?
— De colocar empecilhos. — Ele se vira e fica de frente para mim. —
Se ela quiser levar a tia, que leve! Nossa casa tem vários quartos, tem quarto
para todas. Você a quer por perto?
Assinto.
— Então aja! Não espere.
Meu pai tem razão.
Capítulo 18

O jantar foi maravilhoso, os pais de Dominic são uns amores de pessoa.


Manu, Hannah, Dimitri e Demétrio ficaram babando por Lorena. Nem falo
dos pais deles, acharam Lorena uma graça de menina. Michele e Nathaniel
são simpáticos demais. Os irmãos de Dominic foram os primeiros a irem
embora, junto com Hannah e Manu. Lorena adormeceu em meus braços,
enquanto estamos sentados no sofá.
— Coloque-a para dormir no quarto em frente ao meu. Você vai dormir
comigo — Dominic fala em meu ouvido.
Levanto meu olhar e fito seus olhos azuis, com um brilho lindo e
diferente.
— Minha querida, vou indo. Espero lhe ver novamente. — Dona
Michele se aproxima.
Levanto-me com Lorena nos braços e beijo sua bochecha com um
sorriso.
— Até mais, Valentina. — Nathaniel me abraça e cheira a cabeça de
Lorena.
— Adorei conhecê-los. Espero ver vocês em breve. — Sorrio e eles se
despedem.
Pego minha bolsa de ombro e subo as escadas, andando pelo corredor,
vejo uma porta em frente ao quarto de Dominic. Ao abrir fico surpresa com o
que vejo. Ele tem o quarto todo decorado para Lorena. Tem uma caminha
para criança, um guarda-roupa, brinquedos, uma poltrona no canto, papel de
parede com decorações de desenhos... Lindo demais.
Coloco Lorena na caminha, com ela ainda dormindo, tiro seu vestido e
sua sandália. Tiro o lacinho do cabelo e a cubro com o lençol. Levanto-me e
vejo Dominic encostado na parede, com as mãos nos bolsos.
Nossa, ele é lindo demais.
— Gostou? — Olha Lorena e me fita.
— Gostei muito. — Me aproximo dele. — Mas não precisava. Isso não
é uma obrigação sua.
— Quis fazer. — Me fornece um sorriso contido.
Ele fica alguns segundos velando o sono de Lorena, que está bem
quietinha e volta seus olhos azuis para mim.
— Venha. Vamos deixá-la dormir. — Ele segura minha mão.
Com a outra mão, ele pega a babá eletrônica e sai do quarto fechando a
porta devagar. Em seguida abre a porta do seu quarto e entramos.
— Gostei dos seus pais — comento.
— Eles gostaram muito de você também... e também de Lorena. —
Fecha a porta do quarto.
— O closet continua do mesmo jeito? — pergunto, com um sorriso.
— Venha ver. — Ele sorri e segura minha mão me levando até o closet.
— Bom. Preciso refazer tudo de novo. — Olho tudo ao redor.
— Faria mesmo? — Retira seu blazer.
— Claro. — Sorrio. — Você tem TOC?
Ele sorri, jogando a cabeça para trás, me fazendo sorrir.
— Não. Mas eu gosto de ter tudo em ordem. — Abre os botões da
camisa.
E eu não perco a oportunidade de olhar seu peitoral e abdômen definido.

Valentina me olha de forma curiosa e intensa, ao me ver tirar minha


camisa social. Ela se encosta na ilha do closet e morde o lábio quando retiro
minha calça, ficando apenas de cueca em sua frente. Ela está linda com um
vestido vermelho colado ao corpo, um salto que deixa suas pernas mais
bonitas.
Ela desce seu olhar pelo meu corpo e ofega ao ver meu membro duro
dentro da cueca. Nossa. Eu preciso dela, de novo. Hoje. Agora. Neste exato
momento. Me aproximo dela em passos largos, segurando sua cintura a
coloco sentada na ilha e tomo seus lábios. Suas mãos vão de encontro aos
meus cabelos, prendendo-os soltando um gemido em minha boca.
— Nossa... como eu preciso de você — sussurro e mordo seu lábio.
— Eu também..., muito. — Ofega.
Procuro o zíper do seu vestido e o desço, Valentina se afasta de mim e
tira as alças do vestido, empurrando-o para baixo, me mostrando seus seios.
Porra! Eles são perfeitos. Ela tira seus próprios saltos com seus pés e a tiro de
cima da ilha e lhe ajudo a retirar o vestido. Pego-a em meus braços e a levo
para minha cama. Deito-a no meio e a admiro. Nossa, ela é linda demais.
Meu coração bate forte demais, ela me olha de cima a baixo com um sorriso
sapeca nos lábios. Porra! Sou um puto sortudo mesmo, por ter essa mulher
maravilhosa deitada em minha cama.
Seus cabelos, que antes eram castanhos escuros, agora estão mais claros,
espalhados pela cama, seu corpo pequeno e magro, ocupando um espaço que
eu nunca pensei que alguém fosse ocupá-lo. A chuva cai forte lá fora, e não
tem uma luz acesa no quarto. Ela está linda assim, com a pouca luz do lado
de fora refletindo-a. Ela se senta na cama ficando de joelhos, me aproximo e
a beijo. Seus peitos colam em mim, quando puxo sua cintura para mais perto,
para sentir seu corpo macio e quente.
Ela passa as mãos pelo meu braço, enquanto a beijo com vontade. Algo
dentro de mim quer explodir, não sei o que é, mas é bom, muito bom. Ela
morde meu lábio e sinto uma vontade insana de fodê-la sem piedade, meter
fundo e forte dentro dela.
— Nick — sussurra em meus lábios.
— Hm? — Chupo seu lábio.
Ela se afasta um pouco ofegante e me fita cheia de desejo, seus lábios
estão inchados, porque eu não tive piedade alguma deles nesse beijo.
— Diga — peço, beijando seu queixo.
— Eu quero conhecer o seu outro lado no sexo. — Me olha, respiro
fundo, muito excitado.
— Tem certeza? — Seguro seu queixo, mantendo seus olhos em mim.
Ela assente e morde o lábio.
— Você quer que eu a foda com força, sem piedade alguma? —
sussurro em seus lábios.
— Nick, por favor, faça o que quiser comigo.
Ah, merda!
Deito-a na cama e chupo seus seios com força a fazendo gemer alto,
seus peitos são a minha perdição. Nossa..., são perfeitos e deliciosos. Chupo e
lambo seus peitos, de uma forma deliciosa, escutando os gemidos de
Valentina. Vou descendo deixando trilha de beijos pela sua barriga lisinha,
indo até sua calcinha. Sua calcinha de renda vermelha, que não deixa nada
para a minha imaginação.
— Acho que você não vai precisar dela, amore mio. — Seguro o elástico
da calcinha e com um puxão, a rasgo no meio.
Valentina abre um sorriso ao ver sua calcinha rasgada em minhas mãos.
E eu pensando que ela ficaria espantada ou até surpresa por tal atitude, mas a
danada gostou, ela quer isso. Caralho! Ela foi feita para mim, na medida
certa.
Jogo sua calcinha para trás de mim, e ela se abre mais, me mostrando o
paraíso no meio de suas pernas. Ela está bem molhadinha, brilhando,
chamando minha atenção. Me deito de frente para sua bocetinha e a olho.
Seus olhos ímpares me fitam com tanta intensidade, que meu coração palpita
mais e mais dentro do meu peito. Sem deixar os olhos dela, caio de boca na
sua bocetinha que está sedenta por mim.
Chupo sua boceta com gosto e vontade. Nossa, eu amo chupar
Valentina, ela se contorce na minha cama, puxando os lençóis e implorando
por mais e eu lhe dou. Chupo seu clitóris com vontade e a penetro com um
dedo, sentindo-a molhada e quentinha por dentro. Valentina está com a boca
entreaberta, apertando seus peitos e erguendo o quadril, querendo mais.
— Oh... Minha nossa... Nick — geme jogando a cabeça para trás.
— Está gostoso, meu anjo? — Ela me olha.
Enfio três dedos dentro dela, ela revira os olhos e joga a cabeça para trás
se contorcendo. Merda! Que cena linda do caralho. Aumento a velocidade
dos meus dedos, sentindo-a prendendo-os e respiro fundo, me concentrando
em dar prazer à mulher maravilhosa que está deitada em minha cama. Ela
explode e goza em meus dedos como uma boa menina.
Chupo-a lambendo todo seu gozo, que é doce demais. Merda! Dou uma
última chupada e levanto-me ficando de pé a olhando respirar ofegante. Vou
até a mesinha ao lado da minha cama e retiro de lá uma camisinha na gaveta.
Tiro minha cueca e rasgo a embalagem do preservativo e visto meu pau,
Valentina sai da cama e fica de frente para mim. Me aproximo dela, seguro
sua cintura e a faço me abraçar com suas pernas. Me sento na beirada da
cama com ela sentada em meu colo.
— Valentina..., eu sou um puto na cama. — Ela me olha atenta. — Não
meço as palavras, adoro uma putaria, e é bom você se acostumar. Gosto de
sexo duro, forte e sujo, mas eu sempre... sempre irei fazer amor com você.
Ela segura meu pau e o leva até sua entrada e vai descendo aos poucos,
sem tirar os olhos de mim. Seguro sua bunda com força, enquanto ela vai
descendo aos poucos, me recebendo com cuidado.
— Eu consigo me acostumar — sussurra com os lábios próximos dos
meus.
Fecho os olhos quando ela começa a se movimentar em cima de mim.
Merda, ela é gostosa demais. Sua bocetinha apertada prende meu pau de uma
forma tão gostosa. Ela se apoia em meus ombros e faz seus movimentos. Ela
geme e seguro forte sua cintura a fazendo ir com mais força e ela faz.
— Isso..., caralho que gostoso. — Ranjo os dentes. — Você gosta de me
dá essa boceta, não é? — Ela assente e morde o lábio.
— Quando você morde o lábio desse jeitinho, me dá um tesão tão
grande, que você nem imagina. — Aperto sua bunda.
Ela se aproxima e beija meus lábios. Forço seu quadril a ir mais rápido,
fazendo-a gemer mais e mais na minha boca. Dou um tapa forte, que a zoada
ecoa no quarto e ela geme manhosa na minha boca.
— Gostosa demais, caralho. — Mordo seu lábio, respirando ofegante.
Ela agarra meu pescoço e começa a cavalgar com gosto, ergo meu
quadril indo no sentido contrário ao seu, o que a faz gemer mais alto e cravar
as unhas em mim. Agarro sua cintura com os meus braços e me levanto da
cama, sem sair de dentro dela.
— Se segura — peço.
Ela agarra meu pescoço e eu seguro suas pernas, começando a meter
com força dentro dela. Respiro fundo, trincando os dentes, metendo forte
nela. Ela grita em meus braços e me esforço o máximo para ir rápido, e não
gozar agora.
— Ooh... Que boceta gostosa, porra. — Rosno, e trinco os dentes.
— Nick. — Crava as unhas em mim, gemendo em meu ouvido.
— Que gostoso. Me marca, anjo. Sou todo seu. — Trinco os dentes.
Ando com ela em meus braços e a prenso na parede e meto com força.
Me inclino e chupo seu pescoço enquanto ela arranha minhas costas. Rosno e
me descontrolo. Minhas bolas se comprimem e meu pau pulsa. Porra, eu vou
gozar.
— Merda! Goza para mim — peço ofegante. — Agora, Valentina!
Ela me olha, ofegante e joga a cabeça para trás se permitindo gozar em
meu pau. Nossa! Ela crava as unhas em mim e sua boceta continua se
contraindo ao redor do meu pau. Meto com mais força e um arrepio passa
pela minha espinha e gozo forte.
— Cazzo! [17]— Ranjo os dentes.
Jogo a cabeça para trás ainda metendo, sentindo minhas bolas baterem
na sua bunda com a velocidade que estou. Aos poucos vou diminuindo a
velocidade e abro meus olhos, vendo Valentina ofegante e corada, linda após
uma gozada alucinante.
— Nossa..., bem que você disse que é um puto — fala ofegante.
Sorrio, respirando fundo.
— Você não viu nada. — Ela me olha, atenta. — E ainda não acabei
com você, querida.
Capítulo 19

Acordo com a claridade no quarto. Abro os olhos, mas os fecho em


seguida. Sinto um braço pesado em minha cintura. Sorrio por saber quem é.
Ele se mexe ficando de barriga para cima, enquanto fico deitada em seu
braço. Me viro devagar e fico de lado olhando-o dormir.
Está completamente lindo, apenas com uma cueca boxer. Dominic
parece um deus grego. Musculoso, mas nem tanto. Mas sua barriga... que
barriga! Seus gominhos lindos, e aquele v na virilha... Senhor! O homem é
perfeito na cama, sabe exatamente o que fazer para me enlouquecer. Me
arrepio só de lembrar de cada toque, beijo, cheiro...
Amo esse homem, mas não deveria. Ele vai embora em algumas
semanas e eu ficarei aqui, só com sua lembrança. Sei que ele não fez tudo
isso em troca de sexo, sei que foi de coração. Quer realmente me ajudar.
Graças a ele, saí definitivamente do morro, dando um futuro melhor para
minha filha. Nunca senti algo por alguém como sinto por Dominic, nem por
Pedro me senti assim.
Preciso falar sobre Pedro para Dominic, não é justo não contar, depois
de tudo que tem feito por mim e por Lorena. O pouco que vi, Dominic parece
não gostar de Pedro. Dimitri disse que ele é o melhor engenheiro químico da
empresa, por isso ninguém o tirou de lá. Penteio os cabelos de Dominic com
meus dedos, sentindo sua maciez.
Dominic abre os olhos e sorri para mim.
— Bom dia, belo adormecido. — Sorrio. Ele me puxa, fazendo-me
deitar em cima dele.
— Bom dia. — Segura meu rosto e beija meus lábios. — Dormiu bem?
— Tira alguns fios de cabelos do meu rosto.
— Sim e você? — Acaricio sua barba.
— Muito bem! Acordou faz tempo? — Me fita com seus olhos azuis.
— Não. Faz alguns minutos. — Ele assente.
— Que horas são?
Saio de cima dele e pego meu celular na mesinha e arregalo os olhos.
— Que merda! — Passo a mão no cabelo.
— O que foi? — Ele se senta na cama.
— Sete e meia. Vou perder a aula. — Travo o celular.
— Tem algo importante? — Beija meu ombro.
— Tem algumas apresentações de trabalhos de alguns grupos. Nada
demais. — Bufo.
— Então... já que não vai... — Morde minha orelha. — Vamos
aproveitar.
Me arrasta para o banheiro para tomarmos um banho e acabamos
transando debaixo do chuveiro, deliciosamente como ontem. Nos trocamos
no closet e vou até o quarto buscar Lorena, que ainda está dormindo. Ontem
ela estava bem eufórica, brincou muito e ficou bem cansada. Dou um banho
nela, coloco sua roupinha e saímos do quarto. Descemos as escadas e o vejo
mexendo no celular.
— Tio, Dom. — Ela corre até ele.
Dominic se vira para nós e sorri, ao ver Lorena. Trava o celular e o
guarda no bolso da bermuda.
— Oi, pequena. — Dominic a coloca no braço.
— Bom dia. — Uma mulher com uniforme aparece na sala — O café da
manhã já está na mesa.
Andamos até a sala de jantar. A mesa está repleta de várias coisas, um
pouco de cada. E Dominic comprou o Chamyto de Lorena, que bate palmas,
completamente feliz.
— Bigada, tio Dom. — Ela sorri para Dominic.
— De nada, pequena. — Dominic sorri para ela.
Começamos o nosso café da manhã, escutando Lorena falar diversas
coisas ao mesmo tempo, fazendo Dominic sorrir e interagir com ela,
conversando várias coisas. Dou o último gole do café e Dominic me olha.
— Valentina, preciso conversar com você — coloca a xícara em cima do
pires.
— Tudo bem. — Limpo minha boca.
A moça aparece, para começar a recolher as coisas.
— Betânia, leve Lorena para assistir tv, por favor. — Dominic se
levanta da cadeira.
— Sim, senhor. — Betânia assente.
Lorena sai da cadeira e segura a mão de Betânia, saindo da sala de
jantar.
— Venha. Vamos para o quarto. — Levanto-me da cadeira e seguro a
mão de Dominic.
Passamos pela sala e subimos as escadas indo em direção ao seu quarto.
Ao entrarmos, Dominic fecha a porta.
— O que quer falar? — Me sento na cama.
— Não quero obrigá-la a falar. Se não quiser falar não tem problema. —
Ele se senta ao meu lado e assinto.
— Você tem contato com o pai de Lorena? — Me olha, sério.
Lá vamos nós...
— Mais ou menos — murmuro.
Suspiro, sabendo que não vou poder fugir dessa conversa.
— Lorena o conhece? — nego com a cabeça. — Não quero que você
fique chateada com ela ou a coloque de castigo, com o que vou dizer.
— O que ela falou? — pergunto receosa.
— Lorena me disse que você tinha um namorado que abandonou você
— comenta.
— Ela não deveria ter dito isso — levanto da cama, sentindo meu
coração gelar.
— Ei! O que pedi a você? — Se levanta vindo em minha direção.
— Por que ela disse isso a você? — Cruzo os braços.
— Porque você disse a ela que eu iria embora. Lorena pediu para não te
abandonar depois que eu disse que sou seu namorado. — Coloca as mãos nos
bolsos.
Ah, então somos namorados? Eu não vou perguntar isso agora, primeiro
teremos essa conversa inadiável.
— Por que disse isso?
— Falei a verdade. Quis falar para ela não se apegar. — Dou de ombros.
— Prometi que não iria abandoná-la. — Ele se aproxima.
— Por que você fez isso, Dominic? Vai prometer algo que não vai
cumprir? — Passo a mão no cabelo.
— Cumpro com minhas promessas — fala sério.
— Você tem uma vida na Itália. Sua vida não é aqui no Rio. — Cruzo os
braços, ele se aproxima de mim e me olha.
— Minha vida é ao lado de vocês duas. — Segura meu rosto, e meu
coração acelera.
— O que você quer dizer com isso? — Fito seus olhos azuis.
Eu já estou respirando fundo, quase sentindo meu coração sair pela
boca.
— Estou sentindo algo forte dentro de mim, Valentina, algo que nunca
senti por ninguém. Você entrou na minha vida e fez uma completa bagunça.
— Fita meus olhos. — E esse sentimento é tão bom, que eu não quero que ele
passe. — Engulo em seco. — E quero ser o pai que Lorena não tem.
— Dominic, não...
— Valentina, eu vou cuidar de vocês duas. Prometo!
— Mas você vai embora — murmuro.
— Não sem vocês! Lorena quer que eu seja o pai dela Valentina, e eu
vou ser — fala com tanto amor.
— Ela pediu isso? — Meus olhos ficam marejados.
— Sim! Me pediu. E fiquei com um enorme aperto no meu coração.
Quero ser o pai de coração dela, Valentina. — Enxuga minhas lágrimas, com
seu polegar.
— Nem sei o que dizer — sussurro olhando para os lados. Me afasto
dele, tentando controlar minha emoção.
— Diga que me quer como um pai para sua filha — ele insiste.
— Querer eu quero... — Enxugo minhas lágrimas.
— Então qual é o problema? — Se aproxima.
— O pai dela é o Pedro — suspiro e o olho.
Ele para de andar rapidamente e fica me olhando, processando a
informação.
— Pedro Henrique é o pai de Lorena, Dominic. Garanto que agora você
não vai querer mais ser o pai de coração dela. — Me afasto dele.
Vou até o seu closet pegar minha pequena mala
— Pra onde você vai? — Dominic pergunta.
— Vou embora.
— Por quê? Achou que eu não iria querê-la só porque ele é o pai dela?
— Me olha e assinto.
— Claro que não! Lorena não tem culpa de nada. — Ele vem até mim.
— Mas a sua reação...
— Fiquei surpreso! Nunca imaginaria que fosse ele. — Passa a mão no
cabelo.
Engulo em seco, vendo que ele ligou os pontos.
— Foi ele que abandonou vocês, não foi? — Me olha muito sério.
Fico em silêncio. Quem cala consente, não é?
— Ele sabia que você estava grávida? — Sua voz sai contida e continuo
em silêncio.
— Responde, Valentina! Quero saber de tudo, desde o início. — Fica
em minha frente.
— É melhor não...
— Quero saber, Valentina. É melhor me contar ou vou perguntar a ele
— exige, furioso.
Ele é capaz de ir até Pedro e perguntar tudo. E pela resposta poderá dar
merda.
— Tudo bem. — Respiro fundo. — Conheci Pedro através de amigos.
Nos conhecemos e começamos a ficar, na época eu estava iniciando minha
vida adulta. Ainda virgem. — Faço uma pausa. — Começamos a namorar e
estava tudo bem, então me entreguei a ele. Quando brigávamos ele saía com
outras mulheres, na verdade, ele sempre me traía e eu nunca tinha visto com
meus próprios olhos. Até eu ir em seu apartamento e vê-lo transando com
uma mulher.
— Como ele pode ter traído você? Uma mulher doce e amável.
— Quando presenciei a cena, ele ficou dizendo que não era aquilo. Papo
de homem safado! Mas o pior foi quando eu saí do seu apartamento. Os
amigos deles estavam no hall do prédio, rindo de mim. — Engulo o choro. —
Foi quando eles me disseram que tudo não passou de uma aposta.
— Que aposta? — Rosna, vermelho de raiva. — Não me diga que...
— Para tirar minha virgindade. — Sinto uma lágrima escorrer em meu
rosto. — Ele apostou com seus amigos, que tiraria minha virgindade.
Dominic fica me olhando, e começa a andar de um lado para o outro
dentro do closet, até pegar um vaso.
— FILHO DA PUTA! — Joga o vaso na parede, estourando o vidro,
que cai em vários pedaços no chão.
— Dominic... fique calmo. — Tento me aproximar dele.
Ele me olha possesso de raiva.
— Como você não quer que eu fique assim? Se eu já não gostava dele
antes, agora o odeio! — Rosna furioso.
— Se acalme, por favor. — Toco em seu rosto.
— Termine de contar — pede, respirando fundo.
— Melhor não.
— Me conta, Valentina — insiste. Suspiro, e me afasto um pouco.
— Depois de todo esse ocorrido, ele me procurou, mas eu não quis
conversar. Foi quando descobri que estava grávida. — Suspiro. — Fiz o
exame e o teste de paternidade, não para provar para mim quem era o pai,
pois só tinha me relacionado com ele. Mas sabia que ele iria dizer que não era
dele. — Respiro fundo. — Mostrei o exame e ele me disse que não iria
assumir, pois tinha um futuro pela frente. Seu pai me ofereceu dinheiro para
sumir da vida deles, mas eu não aceitei, só queria que ele assumisse sua
responsabilidade. Então assumi Lorena sozinha. E faria tudo de novo.
— Ele não fez isso. — Anda de um lado para o outro. — Eu vou matá-
lo.
Ele gira seu corpo e a passos largos volta para seu quarto, eu corro para
impedi-lo de sair do quarto.
— Não faça isso. Por favor! — imploro, sentindo lágrimas escorrerem
pelo meu rosto.
— Esse homem é um canalha, Valentina! Fez uma aposta e ainda
abandonou você — grita furioso.
— Por mim, por favor. — Fito seus olhos azuis, com meus olhos
marejados.
— Não dá, Valentina.
— Por Lorena! — insisto.
— Jogo sujo — murmura.
— Não tenho contato algum com ele, a não ser nas duas vezes que
cruzamos na sua empresa — explico.
Dominic respira fundo, e passa a mão no rosto.
— O que ele queria com você? — Fecha a porta.
— Queria saber de tudo, se a filha ou o filho está vivo.
Ele sorri, um sorriso sem humor algum.
— Sério? Aquele filho da puta abandona e quer saber se a menina está
viva? — Passa a mão no rosto.
Sento-me na cama.
— Se ele for pra justiça, ele tem o direito de querer conhecer a filha caso
você não permita. — Me olha.
— Sei disso — murmuro.
— Valentina, escute bem! — O olho, vendo-o de pé, muito sério. — Se
ele quiser entrar na justiça, estarei ao seu lado. Sempre.
— Não quero que fique no meio disso — falo baixo.
— Valentina, olhe para mim! — Olho e ele respira fundo. — Lorena
agora é minha filha e você é minha mulher. Entendeu? — Assinto. — Ótimo!
Ele quer conhecer Lorena? Vou com você. Lorena é minha filha e estarei
sempre ao lado dela.
Levanto da cama e o abraço, chorando. Dominic disse que Lorena é
filha dele. Deus... esse homem realmente existe? Sinto algo em meu peito que
deseja explodir de felicidade. Tem como amar mais esse homem?
Capítulo 20

Depois que me acalmo, trocamos de roupa, pois ele disse que temos a tal
reunião sobre o comercial do novo perfume. Coloco uma calça jeans colada,
com uma blusa de botões com as mangas dobradas nos cotovelos, e um
scarpin nude. Faço um rabo de cavalo e uma maquiagem leve.
Vejo Nick entrando no closet, lindo e gostoso, vestido de terno.
— Que mulher linda eu tenho. — Me abraça por trás e beija meu
pescoço.
— Você fica delicioso de terno. — Sorrio, olhando-o através do espelho.
— Hm... Vou ficar mais de terno — fala no meu ouvido. Sorrio e ele se
afasta.
— Falou com Lorena? — O olho.
— Sim. — Ele abre um sorriso. Um sorriso tão lindo, de orgulho. —
Ficou feliz da vida por me chamar de pai.
Meus olhos começam a ficar marejados.
— Meu anjo, não chora! Vai borrar a maquiagem. — Me abraça e
assinto, me recompondo. — Troquei a roupinha dela e ela está nos esperando.
Vamos?
Assinto.
Descemos as escadas e ela está fofa, com uma boneca na mão, vestida
com um shortinho e uma blusinha, junto com o sapato. Cabelo em rabo de
cavalo.
— Vamos, pequena? — Dom a chama e a coloca no braço.
— Mamãe, meu papai agola é ele. — Bate as mãozinhas.
Ai meu Deus...
— Ai, anjo, não chora. — Dominic se aproxima de mim.
— É mamãe, não chola. Papai tem razão. — Passa suas mãozinhas no
meu rosto, limpando as lágrimas.
Papai tem razão... Eu aguento uma coisa dessas?
— Vamos. — Nick me chama.
Pego a bolsa de Lorena que está no sofá e saímos da cobertura descendo
para o hall do prédio. Dominic segura Lorena no braço direito, e com a mão
esquerda segura minha mão. Theo e Daniel estão em frente à SUV preta, e
tem a Mercedes de Nick na frente. Nick coloca Lorena na cadeirinha atrás do
banco do motorista. Coloco a bolsa dela atrás e me sento ao lado de Nick no
banco da frente.

Ao chegarmos na empresa, Nick faz o mesmo processo. Coloca Lorena


no braço e segura minha mão.
— Já tenho uma lista de escolas para decidir em qual Lorena vai estudar.
— Ele entra no elevador comigo.
— Não precisa. Posso fazer isso. — O olho.
— Lorena é minha filha. Tenho responsabilidades agora. — Ele me dá
um sorriso orgulhoso.
As portas metálicas do elevador se abrem e vejo meus cunhados no
corredor, conversando.
— Tio Dim... Tio Dem — Lorena grita.
Ambos nos olham e sorriem vindo em nossa direção.
— Olá, pequena. — Demétrio sorri para ela.
— Tio Dom não é mais meu tio. É meu papai. — Sorri, feliz.
— Olha. Ganhei uma sobrinha. — Dimitri sorri.
— Estou feliz, fratello. — Demétrio bate no ombro de Nick.
— Tia Alicia. — Grita, quando vê Alicia mexendo no iPad, saindo da
sala. Ela nos olha e vem em nossa direção, travando o iPad.
— Oi, meu amor. — Ela beija a bochecha de Lorena.
— Tia Alicia, tenho um papai — Lorena fala, eufórica.
— E quem é? — Alicia pergunta, curiosa.
— Papai Dom. Ele agola é meu papai. — Bate as mãozinhas.
— Pai? — Uma voz masculina soa atrás de nós.
Me viro e dou de cara com Pedro. Ele está nos olhando, e logo seus
olhos vão para Lorena, que ainda está nos braços de Dominic. Pedro nos olha
com raiva, principalmente para Dominic, que não abaixa a cabeça ou se
afasta.
— Sim — Dominic diz, sem demonstrar insegurança ou medo.
— Alicia, a leve daqui, por favor — peço para a minha amiga.
Ela rapidamente assente, pega Lorena dos braços de Dom, que sai com a
carinha emburrada, entrego a bolsa a ela que se afasta de nós.
— É ela, não é? — Pedro Henrique me olha furioso.
Olho para Dominic que assente para eu falar. Dimitri e Demétrio estão
ao lado de Dominic, nos dando apoio.
— Sim — respondo.
— E, por que ela está chamando Dominic de pai? — Ele aponta para
Dom, com muita raiva.
— Para você é senhor D’Saints. — Nick dá um passo à frente, mas eu
seguro seu braço.
— Porque agora ele é o pai da minha filha! — Minha voz sai firme,
olhando para Pedro.
— Nossa filha! — fala entre os dentes.
— Desculpe interromper, mas o que está acontecendo? — Dimitri nos
olha.
— Você não se meta — Pedro aponta o dedo para ele.
— Olha como fala comigo. Está pensando que é quem? — Dimitri
chega perto dele e Demétrio segura seu irmão.
— Alguém nos atualiza, por favor — Demétrio pede.
Dominic respira fundo e olha para Pedro.
— Pedro Henrique namorou Valentina no passado, e acabou
engravidando-a e a abandonou, deixando-a grávida e sozinha. E ainda
ofereceu dinheiro para ela sumir. — Dominic fecha os punhos, se
controlando.
— Como é? — falam em uníssono.
— Isso mesmo que escutaram! E ainda fez uma aposta para tirar minha
virgindade — aponto para Pedro, sem medo algum.
— Não foi bem assim. — Recua, se defendendo.
— E como foi? — Cruzo os braços.
— Ela quis me dar um golpe. Só porque eu tinha boas condições, ela vai
fazer o mesmo com você. Ela é uma interesseira, vagabunda! — Ele olha
para Dominic.
— Olha como fala da minha mulher. — Dominic trinca os dentes, dando
um passo à frente. Seus irmãos seguram seu braço, impedindo-o de fazer
algo contra Pedro.
— Calma, cara. Ele quer isso! — Dimitri fala.
— Quero conhecê-la. — Pedro Henrique me fita.
— Vai sim! Através da justiça — Nick diz, muito furioso.
— Amor, vamos sair daqui. — Seguro seu braço.
— Quero falar com você. — Pedro me olha.
— Você não tem nada para falar com minha mulher. — Dominic segura
minha cintura.
— Sua mulher? — Sorri debochado.
— Sim. Mulher dele sim! Pelo menos ele teve a coragem e caráter
suficiente, de assumir uma filha que nem é dele. Um caráter que você nunca
vai ter — digo.
— Pedro, volte para seu trabalho — Demétrio fala, tentando acalmar a
situação.
O rosto de Pedro está vermelho de raiva e os punhos fechados.
— Ainda não terminamos. — Ele me olha. Dou de ombros e ele sai,
rumo ao elevador.
— Vamos para minha sala — Dimitri pede.
Caminhamos em silêncio e ao entrarmos na sala de Dimitri, me sento no
sofá e bebo três copos de água seguidos. Dominic está furioso, dá para ver
em seu olhar.
— Filho da puta. — Ele soca a mesa, que por pouco a mesa não se
quebra em vários pedaços. Acho que é temperado o vidro.
— Calma, Dom — Dimitri diz.
— Como eu posso ficar calmo? — fala furioso. — Aquele cínico do
caralho.
— Estamos putos também, mas não fique desse jeito. — Demétrio olha
seu irmão.
— Ele só vai conhecer minha filha pela justiça! — Dominic diz.
— Sim! Mas não fique desse jeito. Temos os melhores advogados. Ele
mexeu com a família errada. — Demétrio passa a mão na barba.
— Lorena é nossa sobrinha e Valentina é nossa cunhada. São da família!
— Dimitri fala. — Ninguém mexe com a nossa família.
— Gente, não precisam fazer isso. — Engulo em seco.
— Mas é claro que precisa! Faz parte da família — Demétrio fala como
se fosse o óbvio.
— Você é minha mulher e Lorena nossa filha. Vou até o fim. — Nick
me olha.
Escutamos alguém bater na porta, e Dimitri manda entrar. Alicia passa
por ela, com Lorena nos braços.
— Mamãe!
Levanto-me do sofá às pressas e vou até ela.
— Oi, meu amor. — Pego-a no braço, e lhe abraço, sentindo as lágrimas
descerem em meu rosto.
— Não chola, mamãe. — Ela olha para Nick. — Papai, puquê mamãe tá
cholando?
— Por nada, meu amor. — A voz de Nick suaviza e vem até nós.
— Alicia, fique aqui na sala com Lorena enquanto estaremos na reunião
— Demétrio pede.
— Sim, senhor. — Minha amiga assente.
— Sem senhor, Alicia. Quando tiver só nós, pode nos chamar pelos
nossos nomes — Demétrio diz.
Capítulo 21

Faltam algumas semanas para iniciar as gravações do clipe do novo


perfume e estou ansiosa e nervosa demais, mas Hannah e Manu estão me
ajudando bastante, principalmente Manu que é acostumada com isso. Ela
vem duas vezes na semana aqui no meu apartamento para me ajudar e ensaiar
o roteiro do cript.
Nick, como prometido, arrumou uma escola para Lorena, que por sinal é
caríssima. A escola é perfeita, tem os melhores professores do Rio, e só
estuda quem realmente tem condições de pagar, porque são mais de oito
salários mínimos a mensalidade da escola. Logo me assustei com o preço,
mas Nick disse que eu não vou pagar absolutamente nada. Tivemos a nossa
primeira briga por causa do valor absurdo da escola, mas tudo que envolve eu
e Lorena, é assim, mão aberta e não faz questão de economizar em nada.
Ele autorizou sua família, Alicia, Miguel e seus seguranças a buscarem
Lorena na escola, nada de autorizar Pedro Henrique, já que ele não tem uma
ordem judicial. Ele está querendo de todo jeito entrar na justiça para poder
passar um tempo com a Lorena, e eu já estou conversando um pouco com ela
sobre Pedro ser seu pai biológico, mas Lorena não está muito feliz com a
notícia, diz que só Dominic é o seu pai, mais ninguém. Nem preciso dizer que
Nick se encheu de orgulho por ela ter falado isso, e eu como uma boba,
acabei chorando.
Às vezes fico até com vergonha das pessoas realmente acharem que sou
uma interesseira, mas ele não dá ouvidos, diz que eu não deveria pensar
nessas coisas, já que nem e a família, não pensam assim. Ele volta hoje da
Itália, foi a trabalho, teve uma reunião e passou uma semana por lá, me ligou
ontem avisando que já estava tudo certo para voltar ao Rio, e que queria me
ver logo. Decidi fazer uma pequena surpresa e falei com Theo por telefone, já
que Nick deixou claro que, qualquer coisa que precisasse era só falar com
ele. Já que Theo vai buscá-lo no aeroporto, combinei com ele de ir junto e
fazer uma surpresa.
Combinamos de buscar Lorena mais cedo e vir para casa nos arrumar,
para então, seguir para o aeroporto. Me apresso o mais rápido que posso, já
que Dominic chega às cinco horas. Coloco um short curto desfiado, uma
blusa tomara que caia florida, e meu tênis. Faço uma maquiagem leve e um
rabo de cavalo. coloco um vestido de alças finas, deixo o cabelo solto com
uma presilha, e uma sandália de tiras com amarração no tornozelo. Lorena já
tomou banho e está pronta.
Me despeço da minha tia que está assistindo novela na tv e saio com
Lorena nos braços, que está toda eufórica. Theo já está no carro em frente ao
meu prédio, coloco Lorena na cadeirinha e ponho meu cinto, com Theo
dando partida no carro.
Em poucos minutos, Theo estaciona o carro no aeroporto e saímos com
ele para encontrar Dominic.
O celular de Theo toca, e ele retira de dentro do paletó e o leva até o
ouvido.
— Alô?... Sim, senhor. — Ele me olha assentindo, confirmando que é
Dominic. — Já estou por aqui. Já desembarcou?... Ótimo me encontre...
Termino de ajeitar os cabelos de Lorena e peço para ela fazer silêncio, já
que está toda eufórica.
— Que tal a senhora ficar escondida? Assim a surpresa será melhor —
sugere Theo, guardando o telefone.
Olho rapidamente ele colocar o celular dentro do bolso interno do paletó
e vejo uma arma no coldre. Engulo sem eco. Ele sempre anda armado?
— Cadê o papai, tio? — minha filha pergunta, ansiosa e Theo sorri.
— Ele já está vindo, pequena. — Passo o indicador no nariz dela que
sorri manhosa.
— Vou ficar atrás daquela pilastra — aviso e ele assente.
Ando com Lorena nos braços pelo meio das pessoas e fico atrás da
pilastra grossa. Theo coloca as mãos nos bolsos da calça social e mantém sua
postura séria, como sempre. Lorena não para de olhar para os lados
procurando por Nick.
— Cadê ele, mamãe? Está demolando muito. — Me olha.
Passo a mão no seu cabelo abaixando alguns fios que estão soltos.
— Ele já está vindo. — Ela assente, abraça meu pescoço e fica olhando
para trás à procura dele.
— Oia, mamãe, o papai chegou — grita sorrindo.
Peço para ela fazer silêncio e me viro. Vejo Nick andando arrastando
sua mala de rodas, seu paletó aberto, mostrando sua camisa social branca e a
gravata cinza, uma mochila preta, pendurada em um ombro só, indo em
direção à Theo. Dominic está mais lindo ou é impressão minha? Sua barba
está um pouco maior, os cabelos estão maiores e levemente penteados para
trás.
Dominic chega em Theo e aperta a mão dele e falam alguma coisa que
não consigo entender. Dominic se distrai para pegar algo na bolsa e Theo
acena para mim, discretamente. Coloco Lorena no chão ajeitando seu vestido.
— Vá devagar — peço.
Ela assente sorrindo, ansiosa. Mas ela não me escuta bem, já que sai
correndo atrás dele com os bracinhos abertos.
— Papai! Papai! — grita.
Dominic para de mexer na bolsa e se vira, quando vê Lorena correndo,
abre um largo sorriso sincero e se ajoelha esperando Lorena cair em seus
braços. Abraça Lorena com seus braços largos e beija sua testa. Sorrio e saio
da pilastra andando até eles.
— Tô morrendo de saudade, papai. — Lorena agarra o pescoço dele.
— Também estou com muita saudade, meu amor. — Nick beija sua
cabeça e se levanta com ela nos braços.
Dominic me olha com aqueles lindos olhos azuis, e eu perco o chão.
Meu coração acelera feito uma adolescente encontrando seu primeiro
namorado. Sorrio e ele sorri de volta. Vem andando ao meu encontro.
— Que recepção maravilhosa. — Ele sorri, puxa minha cintura e me
abraça.
— Gostou? — Olho seus olhos azuis.
— Adorei, meu anjo. — Se inclina e beija meus lábios. — Vamos para
casa? Quero matar a saudade das minhas meninas. — Ele estende sua mão e a
seguro, começamos a andar com Lorena puxando a gravata de Dominic, que
nem liga.
Caminhamos até o carro, e Theo guarda a mala de Nick no porta-malas,
enquanto nós três entramos no carro, Nick coloca Lorena na cadeirinha e se
senta no meio de nós duas, falando o quanto está com saudade e que trouxe
presentes para nós.
O caminho é tranquilo e rápido, ele prefere irmos para meu apartamento.
Ao chegarmos, termino de preparar a lasanha, seu prato preferido. Fiz uma
jarra de suco e a sobremesa que ele gosta, pudim. Tia Flor nem pôde jantar
conosco, já que foi se encontrar com seu namorado secreto.
Lorena corre para o sofá e começa a assistir seus desenhos, enquanto
arrumo a mesa, Nick foi tomar banho e tirar o terno. Tiro a lasanha do forno,
que pus para esquentar e a coloco em cima da mesa, sentindo o cheiro pós-
banho de Nick. Levanto meu rosto e o vejo vindo até mim, com um sorriso.
— Lasanha? — Ele olha para a travessa.
— Gostou? — Coloco o pano de prato em cima da mesa.
— Deve estar maravilhoso. — Ele sorri.
Lorena chega correndo na cozinha.
— Papai! Fui eu e mamãe que fez. O senhô vai come? — Dominic sorri
e assente.
Dominic a pega nos braços e coloca Lorena sentada numa cadeira ao seu
lado, e se senta de frente para mim. Pego seu prato e o sirvo enquanto ele
conversa com Lorena, que fala coisas aleatórias, empolgada.
— E foi? Que aula de línguas você está estudando? — Nick pergunta,
curioso.
Lorena me olha e eu assinto com um sorriso.
— Italiano! — diz, com um grande sorriso.
Dominic me olha emocionado e sorri.
— O senhô gostou? Assim vou podê fala italiano. — Ela sorri.
— Claro que gostei, mia figlia[18]. — Beija sua cabeça.
— Eu apendi uma flase especialmente pala o senhô. Que sabê? —
pergunta animada e ele assente.
— Ti amo, papà! [19]— ela fala um pouco envergonhada.
Ele me olha com certo orgulho e olha para Lorena.
— Ti amo, mia figlia. [20]— Nick sorri para ela, e beija sua cabeça.
Começamos a comer e Dominic fica atento em cada coisa que ela fala,
mas não esquece de comer, já que repete o prato três vezes. Assim que
terminamos de jantar, ele vai com ela para sala assistir um desenho: Bob
Esponja. Começo a lavar os pratos e guardo tudo em seu devido lugar.
Volto para a sala, vendo os dois assistindo juntinhos. Lorena está em seu
colo, e a vejo bocejando.
— Vamos dormir? — Me aproximo.
— Tô com saudade do papai! — fala se aconchegando mais nele.
— Vamos, filha. Amanhã vamos assistir mais. — Dominic a olha.
Ela assente e Nick a pega nos braços e vai até o quarto dela. Desligo a
tv, fecho a porta da varanda e tranco a porta da entrada, tia Flor tem a chave
para abri-la. Apago as luzes e vou para o meu quarto, pego uma camisola e
entro no banheiro para tomar um banho.
Ligo o chuveiro e sinto a água fria cair em meu corpo, tiro a presilha do
meu cabelo e o solto para molhá-lo e deixo a água cair e esfriar minha
cabeça. Estico meu braço para a prateleira de vidro e pego meu xampu
despejando em minha mão e começo a lavar meu cabelo, quando sinto duas
mãos grandes em minha cintura, esfregando a espuma que desce do meu
cabelo no meu corpo.
Sorrio já sabendo que é Nick e continuo de costas, mas ele dá um passo
à frente e sinto seu membro duro na minha bunda, respiro fundo e mantenho
a calma. Suas mãos sobem até meus seios e os aperta, me arrancando um
gemido. Encosto minhas costas em seu corpo definido e jogo a cabeça para
trás apoiando em seu ombro, enquanto ele massageia meus seios.
— Nick — sussurro.
Ele morde meu lóbulo e sorri. Estica o braço para pegar o sabonete
líquido junto com a esponja, despeja nela e esfrega em meu corpo. Gira meu
corpo e esfrega a esponja em mim, olhando cada pedacinho meu, enquanto
termino de lavar meu cabelo. Sua mão desce até minha vagina e passa os
dedos lavando, mas eu sinto prazer quando ele faz questão de fazer
movimentos circulares em meu clitóris. Seus olhos azuis me fitam com um
sorriso safado.
Retiro a esponja da sua mão e começo a esfregar seu corpo musculoso e
delicioso. Ele se inclina e beija meus lábios, solto a esponja e passo meus
braços em seu pescoço intensificando o beijo. Ele fecha o chuveiro e me olha.
Se inclina e me faz dar um pulinho e cruzar minhas pernas em seu
quadril. Sai do banheiro comigo em seus braços, e me joga na cama
arrancando sorrisos nossos. Ele sobe na cama e me beija com vontade. Passo
minhas mãos em sua cintura e arranho suas costas.
— Senti tanto sua falta — ele sussurra.
Mordo seu lábio.
— Você não sabe o quanto eu senti saudades de você. — Solto um
gemido.
Ele se inclina e começa a beijar meu pescoço de uma forma que me faz
ficar arrepiada. Seu pau roça em minha entrada, e fico ansiosa por tê-lo logo
dentro de mim. Nick deposita seus beijos pelo meu colo, e vai até meus seios.
Gemo quando ele chupa minha auréola, sentindo sua língua quente sugar o
bico do meu seio.
— Hum... — Puxo seus cabelos.
Depois de chupar meus seios, desce beijando e passando a língua na
minha barriga, com aquele par de olhos azuis me fitando cheios de desejo.
Abre mais minhas pernas e olha minha intimidade como se fosse um
banquete. Ele sorri malicioso e sem ao menos esperar, cai de boca me
fazendo gemer.
Ergo meu quadril, atrás da minha libertação que começa a dar sinais em
meu corpo. Dominic enfia dois dedos em mim, enquanto chupa meu clitóris e
puxo seus cabelos, erguendo mais o quadril. Seguro meus seios sentindo o
prazer me consumir, mas escuto um rosnado, e olho Nick me vendo apertar
meus seios e morder os lábios. Sorrio e gemo mais uma vez. Reviro os olhos
sentindo a onda de prazer aumentar em meu corpo, quando ele intensifica
mais seus dedos dentro de mim, chupando meu clitóris.
Dominic dá uma chupada tão forte e deliciosa, que grito gozando
chamando seu nome diversas vezes, sentindo minha vista ficar turva ao ponto
de fechar os olhos, erguendo o quadril e tentando fechar as pernas,
involuntariamente. Segurando forte seu cabelo eu me contorço gemendo sem
parar. Ele tira o dedo de dentro de mim e se levanta com um sorriso safado
nos lábios.
Com os dedos que estavam dentro de mim, Dominic os leva até os
lábios e os chupa sem tirar os olhos de mim.
Que coisa sexy!
— Você tem um gosto divino, meu anjo — fala cheio de desejo.
Mordo o lábio e ele vem engatinhando na cama, ficando no meio das
minhas pernas, segurando seu pau, o coloca em minha entrada, e vai me
penetrando devagar, arrancando gemidos baixos meus. Nick começa a se
movimentar e trinca os dentes.
— Porra. Você é tão quentinha, molhadinha..., uma delícia. — Fecha os
olhos.
Cruzo as pernas em seu quadril e ele começa a estocar mais rápido. Seus
músculos estão bem definidos e ele é todo lindo, minha nossa. Como esse
homem pode ser tão lindo? Ele se inclina e chupa meu seio direito.
— Oh, Nick! — Ofego.
Ele me olha com aquele maldito sorriso que me faz ficar molhada no
mesmo instante. Mordo meu lábio e ele fecha os olhos me penetrando com
força. Jogo a cabeça para trás gemendo sem parar. Sua mão segura com força
minha coxa enquanto mete bem gostoso em mim.
— Você é muito gostosa. — Rosna e dá um tapa na minha coxa.
— Ai, Nick. — Mordo o lábio. — Está gostoso. Não para! — Ele me
olha.
— Quer mais? Eu dou. — Sorri malicioso.
Assinto, com a respiração forte. Ele sai de vez de dentro de mim, pega
minha perna e gira meu corpo de vez, puxa meu quadril e me faz ficar de
quatro. Oh, merda! Assim ele entra mais fundo. Estou literalmente fodida.
Ele dá um tapa forte na minha bunda e solto um gemido.
— Coloque os braços para trás.
Deixo apenas meu colo e a cabeça apoiada na cama, e coloco minhas
mãos em minhas costas. Sinto quando ele amarra algo em meus punhos, e
logo identifico que é uma gravata. Dominic tem um pouco do lado dominador
que me faz ficar mais excitada.
O olho de soslaio, e o vejo me olhando, faminto.
— Fico tão excitado quando você fica assim, toda gostosa e à minha
mercê. — Sua voz sai rouca.
Ele segura meu quadril e me penetra de uma vez, me fazendo gemer
alto. Suas duas mãos seguram meu quadril e começa a meter mais rápido e
com força. Sinto suas bolas baterem em minha intimidade, e é gostoso
demais.
— Ai, nossa... que delícia. — Solta um gemido abafado.
Dominic é tão gostoso na hora do sexo, ele dá tudo dele, e é bom
demais. Ele nem parece o bilionário elegante que todos veem. Ele é um puto
de tão gostoso que é. Já conversamos sobre isso, e ele me disse que não se
considera um Dom do BDSM[21], ele gosta de dominar no sexo, gosta de
amarrar, meter fundo, me deixar imóvel para apenas me dar prazer.
Ele se inclina e mexe em meu clitóris aumentando mais o meu prazer.
— Que gostoso. — Mordo o lábio.
— Isso é bom. — Rosna.
Ele tira seu pau de dentro de mim e o pincela na minha entrada, me
dando mais tesão.
— Nick. — Imploro.
— Quer meu pau aqui na sua bocetinha ou nessa sua boquinha
deliciosa? — pergunta excitado.
— Onde você quiser.
Em um movimento rápido, Nick me puxa deixando-me de pé e me faz
ficar de joelhos, de frente para sua deliciosa ereção.
— Chupe bem gostoso, do jeitinho que você sabe fazer — ordena.
Sorrio e o olho.
Ele dá um passo à frente deixando seu pau bem perto do meu rosto.
Mesmo com os meus punhos amarrados, eu consigo dar conta. Passo a língua
na sua glande rosinha e ele estremece, passo minha língua da base até sua
glande e ele rosna. Sorrio e chupo sua glande.
— Que delícia — fala cheio de tesão.
Olho para cima e o vejo me olhando de um jeito que me enlouquece,
passo minha língua no seu pau e ele fecha os olhos. Sua mão vai até meus
cabelos e o segura firme, enfiando seu pau todo em minha boca, até a
garganta. Ele rosna e mantém seu ritmo, enfiando seu pau várias vezes em
minha boca, fazendo meus olhos lacrimejarem.
— Você chupa tão gostoso. — Morde seu lábio.
Começo a chupá-lo sem parar, enquanto ele segura firme meu cabelo.
Seu pau está todo babado e uma delícia, de tão gostoso que é. Tiro seu pau da
boca, chupo suas bolas e o sinto estremecer. Ele puxa meu cabelo me
deixando de pé. Me gira e me faz ficar de quatro novamente na cama e me
penetra de uma vez.
— Ah, Nick! — gemo.
Ele mete sem parar, e nunca o vi dessa forma, quase perdendo o controle
de tão excitado que está. Sinto seu dedo na minha entrada de trás, roçando.
— Em breve será aqui, meu anjo. — Roça seu dedo em minha entrada e
vai penetrando aos poucos. Solto um gemido e sinto minha boceta se contrair.
— Você gosta, não é? Vai ser maravilhoso quando eu foder você aqui atrás.
— Ele é todo seu. — Solto um gemido.
Ele mete fundo e rosna.
— Não hoje. Preciso prepará-la com mais tempo, apenas quero gozar e
fazê-la gozar — fala ofegante.
Gemo e sinto as minhas paredes internas se contraírem com mais força,
fazendo-me ir para trás involuntariamente atrás do meu orgasmo. Sinto uma
sensação forte demais que eu nunca senti antes, que me faz gritar. A sensação
é forte e intensa.
— Merda! O preservativo — fala já saindo de dentro de mim.
— Vem amor, goza dentro. — Imploro, ofegante.
— Valentina... — sussurra, tentando ter juízo.
— Vem, Nick! — peço.
— Porra! — fala entredentes
Ele vem de novo e me penetra metendo fundo. Ele solta grunhidos e
rosnados, ele nunca se doou tanto em nossas transas como está fazendo
agora. Ele segura forte meu quadril e sinto seu pau inchar dentre mim.
— Caralho! Que delícia... Oooh!
Sinto jatos de seu sêmen me preenchendo enquanto ele mete forte e duro
em mim. Olho-o de soslaio e o vejo com a cabeça para trás de olhos fechados
com os dentes trincados. As veias bem salientes em seu pescoço, demonstram
o seu esforço. Dominic é tão foda perdendo o controle, ele consegue ficar
ainda mais lindo do que já é. Ele para e fica ainda dentro de mim,
controlando sua respiração.
Que transa intensa!
Fecho os olhos e respiro fundo, contando até dez para controlar minha
respiração. Meu coração falta pouco sair pela boca, de tão forte que as batidas
estão. Acho que não morro de ataque cardíaco, certeza! Nick sai de dentro de
mim devagar, retira a gravata que prende meus punhos e joga sei lá onde.
Deito na cama, com o corpo mole e um pouco ofegante.
Ele está de olhos fechados ainda controlando sua respiração, queria me
levantar e o abraçar, mas minhas pernas estão extremamente bambas, não me
permitem que eu fique de pé.
— Me perdoa — sussurra.
— O quê? — Pisco os olhos, confusa.
Ele abre os olhos e vejo arrependimento neles.
— Eu te machuquei? — pergunta com a voz baixa.
— Não. — Franzo a testa e ele suspira.
— Me perdoe. Perdi o controle da situação — fala.
— Em que momento? — Ele me olha e respira fundo.
— Quando te amarrei. Perdi totalmente o controle, poderia ter te
machucado. — Se senta ao meu lado.
— Você não me machucou. — Dou um sorriso fraco.
— Mas poderia, deveria ter te perguntado se queria ter sido amarrada.
Me perdoa, perdi totalmente o controle! — Passa a mão no rosto.
Me aproximo dele.
— Sua perca de controle, foi o que me fez ter o orgasmo mais foda que
já tive. — Ele sorri.
Me jogo de costas na cama me sentindo tão aliviada, que estou me
sentindo como uma pena.
— Então você gostou? — Ele se deita ao meu lado.
Me viro ficando deitada de lado e o olho.
— Você é muito gostoso perdendo o controle. — Passo a mão em seu
peito e ele joga a cabeça para trás sorrindo.
— Podemos repetir, viu. Estou aceitando.
— Tem certeza? — Me fita.
— Claro. É gostoso demais, ficar à sua mercê. O jeito que me domina,
me deixa bastante excitada — digo sincera.
Seus olhos azuis se tornam intensos.
— A partir de amanhã vamos colocar em prática.
Capítulo 22

Valentina está se dedicando cem por cento para fazer esse comercial.
Lorena está em uma escola boa, que de manhã é aula, e na parte da tarde são
atividades para incentivá-la, como; cursos de língua, brincadeiras que a
ajudam evoluir..., assim eu e Valentina ficamos tranquilos e sossegados. Eu
não sou o pai biológico dela, mas porra, é uma sensação inexplicável tê-la
como filha, buscá-la na escola, comprar coisas que ela gosta, ter o prazer de
ter responsabilidade por ela, em tudo. Plano de saúde, escola, brinquedos...
Valentina sempre me pede para não fazer muito, que não é preciso, mas
eu não dou ouvidos. Faço com gosto, mas também a educo para não ser essas
filhinhas mimadas, que me dão nos nervos. Sempre saio para jantar com elas,
ou até um almoço, ligo para a escola pedindo a liberação dela por uma hora e
meia, e saímos nós três para almoçarmos, e é maravilhoso.
Meus pais dizem que são avós babões, não podem vê-la que se
desmancham. Meu pai está orgulhoso de mim, dizendo que não é vergonha
assumir uma mulher que já tenha um filho de outro homem, que isso é muito
importante, mostra que tenho caráter. Minha mãe baba por ela, meu pai teve
que ir à Itália e vai voltar em duas semanas, mas minha mãe quis ficar, para
conviver mais com Valentina e Lorena.
Meus irmãos só faltam colocar Lorena em um pedestal, brincam com ela
o tempo todo, dão presentes, fazem tudo para agradá-la. Minha cunhada
Manuela, um amor, infelizmente teve que ir para New York a trabalho, mas
voltará em breve, Hannah também foi com ela, mas todos os dias fazem
videochamada para falar com Valentina e Lorena.
De repente, o telefone do meu escritório toca.
— Pode falar — digo ao atender.
— Sr. Tavares já está aqui — fala, minha secretária.
— Ok. Mande-o entrar, procure Valentina e peça para vir até minha sala.
— Sim, senhor. — Desliga o telefone.
Arrumo alguns papéis sobre a mesa, e minha secretária abre a porta.
Logo vejo o advogado entrar por ela, com um sorriso em seus lábios.
— Bom dia, Dominic. — Me cumprimenta.
Minha secretária fecha a porta, nos dando privacidade. Me levanto com
um sorriso em meus lábios e aperto sua mão.
— Como vai, Tavares? — Faço um gesto com a mão para ele se sentar.
Ele assente, coloca sua pasta em cima da cadeira ao lado, abre o paletó e se
senta.
— Vou bem. E você? — Me olha.
— Muito bem.
— Se me chamou aqui, é algo extremamente sério.
— Sim. Mas deixe minha mulher chegar que iniciamos. — Dou um
sorriso de comercial de pasta de dente, muito orgulhoso. — Só chamo você
em casos sérios, só pelo fato de ser o melhor advogado do Rio. — Ele sorri.
— Fico lisonjeado, Dominic. Mas me diga..., como está indo o processo
do lançamento do novo perfume? — pergunta.
— Está cainhando muito bem. Minha mulher será a garota propaganda
do perfume, e está agora mesmo ensaiando para o comercial, mas virá logo.
— Sorrio.
Ele sorri e desvia seu olhar para meu porta-retrato, que está em cima da
minha mesa, com a foto de Lorena, sentada em um balanço no parquinho,
sorrindo, num vestido de bolinhas e o cabelo preso em um rabo de cavalo.
— Quem é essa doçura? — aponta para o porta-retrato. — E que olhos
bonitos...
Sorri.
— É minha filha — respondo orgulhoso.
Ele rapidamente me olha com os olhos arregalados.
— Sua filha? Não sabia que tinha — fala surpreso.
— Tenho sim. É o meu orgulho. — Ele sorri.
Escuto alguém bater na porta duas vezes e abri-la, e o amor da minha
vida entra por ela. Valentina está linda, como sempre. Eu nunca vou me
cansar de dizer o quanto ela é linda.
— Boa tarde. — Nos cumprimenta, tímida.
Tavares se levanta e estende a mão para ela.
— Sou Tavares. — Meu advogado se apresenta.
— Valentina. — Ela sorri de forma simpática e aperta a mão dele.
— Nossa, seu olho é realmente bonito — Tavares fala, olhando-a.
Levanto-me da cadeira, ajeitando meu paletó.
— Sem elogiar muito, Tavares. — Contorno a mesa, com um sorriso.
Ele sorri e Valentina cora. Vou até ela e beijo sua bochecha, que sorri
para mim.
— O que você quer? — me pergunta.
Coloco minha mão em sua cintura e a conduzo até à mesa de vidro com
quatro cadeiras, perto da janela com vista para o mar. Tavares pega sua pasta
e vai até a mesa e se senta conosco.
— Lembra que eu tinha lhe falado que iria falar com um bom advogado
amigo meu, sobre Lorena? — A olho.
— Lembro sim. Tavares é o advogado? — pergunta colocando as mãos
em cima da mesa.
Assinto.
— Posso saber o motivo da minha chamada até aqui? — pergunta
Tavares. — E quem é Lorena? — Me remexo na cadeira.
— Lorena é nossa filha. — O olho.
— E posso saber por que o motivo de me chamar seja ela? Já que ela é
sua filha, e Valentina é sua mulher, não vejo nada de mais nisso — fala
franzindo a testa.
Faço um barulho na garganta e o olho.
— Infelizmente eu tenho que falar. — Faço uma pausa agoniante. —
Lorena não é minha filha de sangue.
— Entendi. — Tavares assente.
— E não venha falar nada. Pode guardar sua opinião para si, não quero
escutar você falar que eu não sou o pai dela. Sou sim e ponto final. — Sou
grosso.
— Dominic! — Valentina me repreende, e permaneço com a minha
expressão séria.
— Pode deixar, Valentina. — Ele sorri. — Conheço Dominic, e eu sei o
que ele quis dizer. Da maneira mais educada e compreensível possível é que
ele não irá admitir que eu diga que Lorena não é filha dele, e que
independente de ser de sangue ou não, ela vai ser filha dele de qualquer
forma.
Continuo calado, ainda sério.
— Peço desculpas por ele — fala Valentina.
— Nada disso. — A olho. — Não retiro o que eu disse.
— Já entendi, Dominic. Te conheço bem. — Ele se remexe na cadeira,
nem um pouco desconfortável, já que é bem acostumado com meu humor. —
O que você deseja?
— Lorena, é filha de um relacionamento que Valentina teve há alguns
anos. — Ele fica atento ao que falo. — Não era nada tão sério, ao ponto de
eles morarem juntos, mas um namoro de jovens.
Ele assente, e começo a contar a história deles, com a ajuda dela, em
alguns pontos que são particulares entre eles, nada envolvendo sexo, mas o
dia a dia, como eles interagiam um com o outro, o acontecimento dela ter o
visto com outra mulher, sobre a aposta e a rejeição dele quando soube da
gravidez.
— Nossa. E esse rapaz, só veio querer saber dela agora? — pergunta
Tavares.
— Sim. E tenho minhas dúvidas, já que ele só veio querer entrar na
justiça, só porque Dominic disse que é o pai dela — Valentina diz.
— Vocês não se dão bem? Mesmo ele trabalhando aqui? — Tavares me
pergunta.
— Não. Eu e meus irmãos só não o colocamos para fora, porque o
desgraçado é bom no que faz, apenas isso. — Ele assente. — Sempre
mantemos lado pessoal do profissional, distantes um do outro.
— E isso foi a poucas semanas, quando ele escutou Lorena o chamar de
pai? — Assinto. — Bem interessante. O objetivo dele é apenas te confrontar,
e de saber que poderá também ter a guarda dela.
Rapidamente Valentina me olha e seus olhos começam a ficar
marejados, e isso me parte o coração. Seguro sua mão.
— Ele também tem direito, é o pai biológico. Independente dele a ter
rejeitado, ele tem o direito. Infelizmente. — Tavares faz uma cara de
desgosto.
— Quando poderá ser a audiência? — Valentina pergunta, preocupada.
— O mais rápido possível, quando eu disser que é em nome de um
D’Saints, será o mais breve possível.
— Você ficará com o caso? — pergunto.
— Contem comigo. Preciso conversar com seus irmãos, Dominic, e a tal
moça que esteve nesse dia em que ele viu Lorena com você, dizendo que
você é o pai dela — comunica.
— Você fala com Alicia, e eu falo com meus irmãos — peço, olhando
Valentina e ela assente.
— Valentina, você tem certeza de que o Pedro Henrique nunca te
procurou? — pergunta, meu advogado.
— Tavares, quando eu ainda morava no morro e tinha um
relacionamento com ele, Pedro Henrique sempre foi lá me visitar, e se ele
negar isso, eu tenho provas de que ele foi visto, e de que sempre morei
naquele lugar. Saí do morro há algumas semanas, e antes de eu sair foi que
ele começou a me procurar para saber dela.
— Isso é bom, eu vou querer falar com algumas pessoas, para
confirmarem e falar ao juiz, e ter provas contra ele — informa.
— Eu também tenho o exame de DNA e o exame de gravidez, ainda
com as datas intactas, que recebi no dia que fui falar com ele. — Valentina
diz.
— Preciso que me entregue isso. Sabe me dizer se a clínica ainda
funciona? — Ela assente. — Irei lá para buscar no sistema seus exames
feitos, para comparar com os que você tem — avisa.
Valentina conversou com ele mais um pouco, e eu dei total liberdade,
apenas fiquei atento ao que eles falavam. Depois da conversa, Valentina se
retirou e pude conversar com ele em paz. Pedi que ele se empenhasse
bastante nesse caso, que é muito importante para mim.
Valentina e Lorena são importantes, são minhas prioridades, são a
minha família.
Capítulo 23

Após terminar de colocar o lanchinho de Lorena na lancheira dela, faço


um rabo de cavalo bem firme, por causa dos piolhos. Verifico a bolsinha de
rodinha, onde tem mais um par de roupas, uma calcinha e produtos de higiene
pessoal, já que a escola é integral, na parte da tarde todos tomam banho.
— Tina, o Theo chegou para buscá-la — fala tia Flor, chegando na sala.
— Tchau, vó. — Lorena abraça tia Flor.
— Até mais tarde, meu amor. — Beija sua testa
Pego as bolsas de Lorena, saio com ela do meu apartamento e entro no
elevador, que desce até o térreo. Lorena fica eufórica todos os dias, ela gosta
de ir para a escola, fica muito ansiosa. Logo vejo Theo, em seu terno, como
em todos os dias, de pé me esperando.
— Bom dia, Valentina... Bom dia, pequena. — Ele sorri.
— Bom dia, Theo. — Cumprimento-o.
— Bom dia, tio. — Lorena sorri para ele.
Theo pega suas duas bolsas, enquanto eu a coloco sentada na cadeirinha
no banco traseiro do carro, me despeço dela, e Theo vem até mim.
— Dominic me informou que a audiência da guarda da pequena é hoje
— fala.
Theo é um rapaz tão bom, atencioso, generoso e responsável. Nesse
tempo que estou com Nick, ele se mostrou ser de bom caráter, e que por trás
da máscara séria e profissional que demonstra todos os dias, ele se preocupa.
— Sim — suspiro.
— Vai ficar tudo bem. Tavares é o melhor advogado do Rio, e se caso
não der certo, Dominic estará ao seu lado. — Me fita.
— Obrigada, Theo. Só espero que hoje dê tudo certo. Infelizmente, Nick
não poderá comparecer — digo triste.
— Mas não é porque ele não quer, e sim porque tem uma
videoconferência. — Assinto. — Pode ter certeza, que ele queria estar ao seu
lado — suspiro.
— Sei disso. Mas vai ficar tudo bem. Leve minha princesa na escola e
venha me buscar às duas e meia. — Ele assente.

Me ocupo em organizar meu quarto, assim..., ele já estava bem


arrumado, mas desfiz minhas roupas e organizei todas elas, apenas para me
manter ocupada. Miguel ligou para saber como estão as coisas, fiquei falando
mais de uma hora com ele no telefone, para distrair a mente. Aproveitou para
contar que está namorando Hannah, e que aos poucos estão se conhecendo
melhor.
Alicia está no esfrega e não esfrega com Dimitri, ela já tinha até me
falado sobre o amor platônico, mas o safado foge de relacionamento, como o
diabo foge da cruz. Nick também era assim, Michele comentou que se ele
ouve falar em relacionamento, ele fica apavorado. Ele chegou a ficar noivo de
uma louca lá em Milão, por livre e espontânea pressão, mas se livrou logo
dela.
Segundo Nick, sua mãe jogou uma praga nele, que nessa viagem ele iria
se tornar um homem de verdade, de família. Eu ri muito disso. Mas Nick
sempre me surpreende, e disse que foi a melhor praga que recebeu, pois não
só ganhou uma mulher maravilhosa, como uma criança encantadora que
amoleceu seu coração. Palavras do meu amado, Nick.
Nick a cada dia me surpreende, um jantar romântico, um almoço de
última hora ou marcado, que não deixa de ser importante. Flores, um jantar
feito por ele à luz de velas, um sexo gostoso com carícias e elogios... Só não
sei se o sentimento que sinto por ele, é recíproco. Eu o amo, com todas as
minhas forças, e não sei se ele me ama. Mas não irei questionar, vai que ele
não sente o mesmo por mim...
Eu serei grata pelo resto da minha vida, pelo que ele está fazendo por
mim, por minha filha e minha tia.
Termino de trocar de roupa, e me olho no espelho. Uma calça skinny
preta, uma blusa de gola v branca, e um blazer azul-marinho por cima. Calço
meu scarpin preto e pego minha bolsa, com minhas coisas necessárias dentro.
Na última vez que falei com Tavares, ele me pediu para ir bem elegante
e bonita, não me disse o motivo, mas Nick disse para fazer o que Tavares
pedir, e assim eu fiz.
Me despeço de tia Flor, e Theo me leva ao fórum. Escuto meu telefone
tocar, abro minha bolsa e retiro meu celular de dentro, vendo o nome de Nick
na tela.
— Oi, Nick — digo ao atender.
— Oi, anjo. Já saiu de casa?
— Já sim, estou quase chegando no fórum.
— Interrompi a videoconferência para falar com você dois minutinhos.
Sei que está nervosa, mas vai ficar tudo bem. Confie no Tavares, ele sabe o
que está fazendo. Você só vai falar a verdade. Quando o juiz lhe perguntar
algo, você responde a verdade, mas o resto deixe com o Tavares.
— O que você quer dizer com isso?
— Confia em mim?
— Claro que confio.
— Então confie no Tavares. O que ele disser, você confirma. Apenas
confie, faça o que ele te pedir — suspiro.
— Tudo bem.
— Só pude ligar agora, mas tenho que voltar. Tavares disse que não irá
estender muito, portanto, irei lhe buscar e vamos jantar fora, eu, você e
nossa filha. Tudo bem? Assim que eu sair daqui, vou até à escola de Lorena,
busco-a e vou te encontrar.
— Ok.
— Não fique nervosa, apenas deixe Tavares conduzir tudo.
— Está bem.
— Preciso voltar. Boa sorte, mio angelo.
Nos despedimos e desligo o telefone. Logo Theo estaciona em frente ao
fórum, desço do carro e vou me encontrar com Tavares. Adentro no fórum e
subo até o andar que me indicaram. Avisto Tavares ao telefone, e quando me
vê acena. Apresso meus passos e vou de encontro a ele. Ele se despede com
alguém ao telefone e me dá atenção.
— Sua roupa está perfeita. Obrigada por fazer o que te pedi — fala
apressado, guardando o telefone do bolso da calça social.
— Ainda não entendi, Tavares.
— Venha cá. — Assinto e o acompanho para um lugar mais reservado.
— Respondendo à sua pergunta: você tem que estar à altura de uma
mulher, de um D’Saints — diz um pouco rápido, e franzo o cenho.
Ele abre sua pasta, e retira de lá uma pequena caixinha aveludada
vermelha. Pego e abro-a, dando de cara com um solitário lindo demais, uma
pedra de diamante e alguns diamantes minúsculos cravejados.
— Lá dentro, você será a noiva de Dominic, em breve uma D’Saints —
coloco o anel no anelar esquerdo.
— Sei que não está entendendo, mas vou te explicar. — Assinto. —
Pedro pode contornar a situação colocando tudo contra você. Você saiu do
morro em poucas semanas, por causa de Dominic, e se você falar que é
apenas namorada, o juiz pode achar que você pode voltar para o morro, e
voltar a passar necessidades. Pedro Henrique ganha muito bem, e poderá ficar
com a guarda total dela. — Assinto. — Você sendo noiva, é sinal de que está
a um passo para o casamento, logo, sua filha não passará necessidades com
você. E antes que me pergunte, Dominic sabe, e concorda com isso —
explica.
E seja o que Deus quiser.

— Tenho provas de que minha cliente foi subornada pelo pai do Pedro
Henrique — Tavares diz.
— Duvido muito. — O advogado de Pedro Henrique bufa.
Pedro me fuzila com um olhar mortal, mas mantenho minha pose.
Respiro fundo, e tento me tranquilizar.
— Aqui está! — fala meu advogado.
Tavares pega o pen drive, que eu tinha guardado no dia que gravei pelo
meu celular, a conversa sobre a notícia da gravidez. Gravei, e quando cheguei
em casa coloquei em um pen drive e guardei. Na verdade, é um vídeo, onde
dá para ver claramente, Pedro e seu pai, principalmente seu pai tentando me
subornar e Pedro aceitando numa boa.
— Dá para ver claramente, quando o pai de Pedro Henrique oferece
dinheiro para minha cliente, e Pedro aceita a decisão do pai — Tavares fala
sério.
Pedro e seu advogado, permanecem calados.
— Quero saber quando ela terminar com aquele riquinho de merda, e
voltar para o morro. Valentina mesmo disse que passou necessidades. Ela não
está apta a criar minha filha. Sabemos que esse relacionamento não vai durar,
Dominic vai voltar para a Itália. Eu tenho condições, eu sou um engenheiro
químico formado, tenho um trabalho fixo, e moro em um belo apartamento
de frente para o mar, em Ipanema — Pedro diz ao juiz.
— Nesse caso, Pedro Henrique está com razão. Como ficará Lorena? Se
nem tem algo fixo com o Dominic D’Saints — fala o juiz.
— Senhor juiz, quero informar que minha cliente está noiva do senhor
D’Saints. — Tavares se mantém sério.
— Noiva? — Pedro faz cara de surpresa.
— Conte-me sobre essa história — pede o juiz.
— Foi em um jantar de família, no atual apartamento do senhor
D’Saints, na sua cobertura luxuosa de frente para o mar, em Ipanema. Sua
família estava presente e o senhor D’Saints fez o pedido, pegando todos de
surpresa. — explica, Tavares.
— Como ninguém sabia disso? Isso é mentira! Ninguém da empresa
sabe disso! — Pedro quase grita.
— Só os mais próximos sabem, Pedro. Os amigos mais íntimos, e você
não se enquadra nos “amigos íntimos”. Eu e Dominic não te devemos
satisfações alguma — digo com um sorriso.
— Senhor juiz, a pequena Lorena já está apegada ao senhor D’Saints,
até o chama de pai. Ele a colocou na melhor escola no Rio de Janeiro, no
melhor plano de saúde, fora as obrigações de um pai que se deve ter —
informa Tavares. — Lorena não passa necessidades, nunca que o meu cliente
iria fazer isso, tanto é que, quando soube onde Valentina e Lorena moravam,
agiu imediatamente, comprando um bom apartamento na Barra da Tijuca, e
um carro para Valentina. E sem contar que, a tia de Valentina veio junto com
ela, e Dominic D’Saints não deixa faltar nada para nenhuma das três.
Valentina também assinou um contrato recente, com a empresa do D’Saints,
em que seu salário é mais do que o suficiente para manter uma boa qualidade
de vida para ela e sua filha.
— E o casamento? Será mesmo que vai acontecer? — pergunta o
advogado de Pedro com um sorriso cínico no rosto.
— Ah, sim. Sabe a cunhada e a amiga do meu cliente? Estão hoje, na
Itália, falando com uma das melhores decoradoras de casamento do país.
Sabe aquelas que são colocadas em capas de revistas famosas? São essas. O
casamento está previsto para o ano que vem, não tem data, mas irá acontecer
na mansão da família D’Saints. — Tavares sorri.
Pedro e o advogado bufa de raiva.
— E sem falar que a cobertura atual do meu cliente, está no nome de
Valentina. Se quiser, posso até mostrar a escritura — fala Tavares.
Como assim?
O juiz faz um aceno para Tavares lhe entregar a escritura, que vai até lá
e o mostra. O juiz lê atentamente e acena em concordância. O juiz pede um
pouco de silêncio, e minutos depois volta a falar.
— Valentina continuará com a guarda de Lorena, e Pedro poderá vê-la
aos domingos. Sem sair da cidade com a criança, Pedro. Como responsável
legal e portadora da guarda permanente da criança, Lorena tem autorização
para viagens e moradias fora do país, visto que o pai biológico tem condições
financeiras para visitas esporádicas. Fora a pensão que ele vai dar todo mês
na data certa. — afirma o juiz.
Obrigada, meu Deus. Obrigada...
— Isso é um absurdo! Eu sou o pai, tenho direito! Só aos domingos? —
grita Pedro, batendo na mesa.
— Peço que se acalme. Você não está na casa da mãe Joana — o juiz
diz, sério.
— Você foi comprado, tenho certeza! Não pode negar isso a mim! —
grita descontrolado.
— Fale mais uma coisa que não deve, e será preso por desacato à
autoridade — o juiz brada, se levantando. — E se você fosse o tal pai quem
diz ser, deveria ter assumido sua filha. Portanto, baixe sua bola e se contenha.
Pedro respira fundo e me olha, com os olhos vermelhos de raiva.
— Sessão encerrada!
Saio da sala com um sorriso nos lábios, me sentindo muito feliz, por
minha filha continuar comigo. Tavares sorri comigo, contente com seu
desempenho. Avisto Pedro Henrique falando com seu pai, que quando me
olha, vem em minha direção.
— Só procura rico, não é? — Sebastian me dá um sorriso cínico.
— Eu não estava procurando ninguém, Sebastian — respondo com
raiva.
Ele dá um passo à frente.
— Escute bem, sua pobrezinha de merda. Você não vai tirar Lorena do
meu filho. Irei lutar junto com ele para tirá-la de você — fala bem perto de
mim.
— Para quem me ofereceu dinheiro para nunca o procurar, está fazendo
muita questão. — O fito.
— Achei que estaria mentindo. — Pedro me fita.
— Com o teste de paternidade em mãos? — O olho. — Vocês queriam
mesmo era me subornar. Ainda não sei o motivo de quererem tirar Lorena de
mim, mas não vão conseguir, eu sou uma ótima mãe para ela. — Pedro me
olha com raiva.
— Vamos, Valentina? Seu noivo lhe espera lá fora. — Tavares me olha,
assinto e olho para os dois seres desprezíveis em minha frente.
— Passar bem.
Me viro e ando com Tavares pelo fórum. Ao sair, vejo o homem que eu
amo, de terno, todo gostoso com Lorena nos braços, agarrada ao seu pescoço.
Quando me vê, abre um sorriso e vem até mim com ela nos braços.
— Está linda, mia bella [22]— fala em seu perfeito italiano.
Amo quando ele fala comigo em italiano, ele fica tão... gostoso.
— Olá, amore mio. — Sorrio.
— Mamãe. — Lorena estende os bracinhos.
Nick pega minha bolsa e seguro Lorena em meus braços, dando um
cheiro bem demorado nela.
— Como foi na escola? — pergunto, ajeitando seus cabelos.
— Foi bom, mamãe. — Sorri.
— Como foi, Tavares? — pergunta Nick ao advogado.
— Foi ótimo. Mas Pedro terá Lorena aos domingos, apenas aos
domingos. Não terá direito de levar Lorena para viajar, apenas Valentina, que
é a sua “noiva”, e que se casará em breve e vai embora do Brasil — informa
Tavares.
— Perfeito. Passe amanhã na empresa. — Nick aperta a mão dele.
— Obrigada, Tavares. — Agradeço.
— Se precisarem de algo é só chamar, que estarei à disposição — avisa.
Nos despedimos, ele entra em seu carro e vai embora.
— Vamos jantar, principessa? — Nick olha para Lorena.
— Quelo pizza, papai. — Ela se anima.
— Pizza, meu amor? — Nick sorri.
— Unhum. — Lorena balança a cabeça.
— Tudo bem. — Ele sorri para ela. — Vamos para um restaurante que
tenha pizza.
O semblante dele muda e olha algo atrás de mim. Viro-me vendo
Sebastian e Pedro Henrique nos olhando, o olhar de Pedro desce, e ele vê a
mão de Nick em minha cintura e a outra segurando minha bolsa.
— Vamos embora. — Escuto Nick falar.
Vou com ele até o carro, Theo abre a porta e nos acomodamos no carro
indo para o restaurante.

Ao chegarmos no restaurante, o gerente nos acompanha até uma mesa


que Dominic reservou em frente ao mar, ao ar livre. Nos sentamos e Dominic
faz os pedidos, pede uma pizza pequena para Lorena, e dois pratos de comida
italiana para nós dois.
Não demora muito, e o garçom traz nossos pedidos, nos serve e se retira.
Começamos a comer e Nick continua calado e pensativo. Largo o garfo e
seguro sua mão. O par de olhos azuis intensos me olha.
— O que foi? Está tão calado. — Ele suspira.
— Esse negócio de Pedro ficar com Lorena aos domingos... —
murmura.
— Não podemos fazer nada, ele é o pai dela. — Ele assente.
— Lorena pode ser filha de sangue dele, mas eu não vou deixar de ser o
pai dela. — Segura minha mão, falando baixo.
Lorena está bem entretida comendo e olhando as pessoas.
— O valor que o juiz estipulou será guardado na poupança dela, vá
colocando lá, que escola, plano de saúde..., tudo vai ser minha
responsabilidade. O dinheiro da conta vai render, já que não vai usá-lo.
Quando ela for maior de idade e querer comprar algo com o dinheiro dela, ela
poderá usá-lo. Fora o dinheiro que sempre deposito em uma conta no meu
nome, que será dela.
— Sabe que não precisa, não é? — suspiro.
— Quando começará a conversar com ela? — Muda de assunto.
— Vou começar a conversar o mais rápido possível. Ela já sabe que tive
um namorado que nos abandonou, ficará mais fácil de explicar.
— Tudo bem. — Assente.
— E sobre sua cobertura estar no meu nome? Como foi que eu assinei
essa papelada?
— No meio de alguns documentos do contrato na empresa. Inseri o
documento neles para você não desconfiar — responde.
— Mas como isso ficará? Sabe que eu não quero aquela cobertura. —
digo e ele assente.
— Deixa comigo que eu resolvo. — Assinto.
Ficamos um tempo em silêncio, até que me lembro de algo.
— E que história é essa de noivado? — pergunto sorrindo e ele retribui
o sorriso.
— Era o único jeito, querida. Mas não é um pedido... — Se cala.
Suspiro, sentindo meu coração acelerar.
— E sobre Manuela estar com Hannah em Milão? — pergunto.
— Ah, eu tinha até esquecido. Haverá sim um casamento, o de Demétrio
e Manuela. Você já sabe que eles estão noivos e essa semana decidiram a
data e o mês — informa.
— Que legal, fico feliz — digo sorrindo.
— Sim. Como está próximo, já vou agilizar para tirar o passaporte de
vocês. — Toma seu vinho.
— Como assim? — Franzo a testa.
— Vocês irão comigo. Serão convidadas. — Me fita.
— Sério? — Ele assente. — Onde vai ser?
— Na nossa mansão, em Milão. Vocês duas e sua tia, se ela quiser,
podem passar duas semanas por lá, a gravação do comercial já vai ter
acabado e estarei por lá. Já vou agilizar as passagens para vocês...
Capítulo 24

— Eu já tenho um papai! — Lorena chora.


— Filha, mas o Pedro é o seu pai, e ele quer te conhecer. — Engulo em
seco.
Seus olhinhos estão bem vermelhos de tanto chorar.
— Mas meu papai é Dominic, não é esse homem estlanho — resmunga,
cruzando os bracinhos.
— Querida, por favor, eu sei que é difícil — suspiro —, mas é difícil
para mamãe também. Eu não queria que isso acontecesse, filha.
— Não quelo, mamãe. — Faz bico, com os olhos vermelhos.
— Querida, sua mãe está muito triste com isso — tia Flor diz —, mas
infelizmente, tem que ser assim. Pedro é o seu pai, e ele quer conhecer você.
Ele não vai te fazer mal algum.
— Dominic não deixará de ser seu pai, amor. — Seguro suas mãozinhas.
— E puquê ele não está aqui? — Funga. Suspiro e tia Flor me olha.
— Ele está ocupado e não pôde vir, mas ele vem amanhã, está bem? —
Tia Flor ajeita seu cabelo.
— Não quelo ele tiste com isso. — Enxuga as lágrimas.
— E não vai, meu amor. — Minto. Além dele estar magoado, está
possesso de raiva. — Ele entende, sabia que um dia seu verdadeiro pai iria
querer te conhecer.
— Mas ele não vai deixá de se meu papai, né? — Seus olhinhos
brilham.
— Claro que não! — Me aproximo dela.
Ficamos conversando com ela por um bom tempo, tentando convencê-la
— mais a mim do que a ela —, que ficará tudo bem, que ele não vai
machucá-la. Toda essa situação está me deixando angustiada, com medo do
que Pedro vá falar para ela. Lorena é apenas uma criança que mal sabe das
coisas, e conhecendo Pedro, ele pode tentar fazer a cabecinha dela se virar
contra nós. Conheço Pedro, e estou tentando me preparar para tudo. Não
quero que Lorena sofra. Se Pedro não foi bom para mim, que pelo menos
corra contra o tempo perdido e seja bom para ela.
Lorena não tem culpa, ela não pediu para vir ao mundo. É uma inocente
no meio de toda essa confusão. Não me arrependo de tê-la, nem por um
momento passou pela minha cabeça em colocá-la para adoção, ou até mesmo
abortar. Estava ciente que tinha um serzinho dentro de mim, crescendo, que
precisava de mim. E eu fiz de tudo por ela. Passei fome, sede, deixei de pagar
contas para dar de comida a ela. Faria tudo de novo, se fosse preciso.
Lorena chorou tanto em meus braços, que adormeceu. Tia Flor foi até a
cozinha preparar um café para nós duas, enquanto levo Lorena até seu
quartinho. A coloco na cama, cobrindo-a com o lençol e ligo o ar-
condicionado no fraco para ela, apago a luz e saio do quarto, fechando a porta
devagar.
Sigo para sala, recolhendo suas bonecas, deixando-as dentro do cestinho
de brinquedos.
— Ela está dormindo? — Tia Flor entra na sala.
— Sim.
— Aqui. — Me entrega uma caneca com café.
Agradeço e seguimos para a varanda, onde o vento está fresco e muito
bom. Sento-me na rede, e tia Flor se senta na sua cadeira de balanço, como de
costume.
— Espero que ela se dê bem com ele — tia Flor fala.
— Não quero que Pedro faça nada de ruim — suspiro, sentindo o vento
balançar meus cabelos.
— E como Dominic está lidando com isso? — Dá um gole no café.
— Ah..., Dom está possesso, tia. Ele não suporta Pedro, e nem Pedro o
suporta. — Respiro fundo e tomo um gole do café. — Não sei se Dom vai
aguentar Pedro na empresa por muito tempo.
— E porque ele não o demite? Dominic também é dono da empresa —
fala.
— Porque Dominic é um homem que separa o pessoal do profissional.
Mesmo sabendo que Pedro não vale nada, ele reconhece que o desgraçado é
bom no que faz. — Dou um gole do café. — Mas não sei se ele vai aguentar
por muito tempo. Pedro gosta de o confrontar, de se sentir superior, de
humilhar, e Dominic não gosta nem um pouco disso.
— Pois é. Nunca gostei do Pedro, mas fazer o que, né? Dominic sabe o
que faz. — Assinto.
— E como vocês estão? — Me olha.
— Ah tia..., Dominic é o homem que qualquer mulher quer. Ele é gentil,
amoroso, carinhoso, sabe conquistar uma mulher — suspiro.
— E você está toda apaixonada — afirma.
Respiro fundo e assinto.
— Muito tia. — Engulo em seco. — Não queria sentir isso por ele, ele
vai embora. Ele pode querer um vínculo apenas com Lorena, porque tudo que
ele promete, ele cumpre. — Meus olhos ficam marejados. — O amo tanto,
tia, tanto que... Nossa, nem sei como explicar. — Faço uma pausa. — Eu só...
— Faço outra pausa e olho para minha tia. — Não sei.

— Você está bem pensativo. — Meu pai se aproxima de mim.


Estamos no restaurante, jantando, apenas eu e ele. Quero conversar com
ele, me abrir, uma conversa de pai e filho. Uma conversa bastante sincera e
sei que ele irá me ajudar no que for preciso, ou ajudar a me acalmar um
pouco.
— É sobre Valentina e Lorena? — Toma seu vinho.
— Lorena — respondo.
— Certo. É sobre a guarda do Pedro Henrique aos domingos? —
pergunta.
— Sim.
— Conte-me o que está sentindo, filho — insiste. Suspiro e tomo meu
vinho.
— Não estou me sentindo bem com isso — murmuro.
— Continue. — Apoia os braços na mesa e respiro fundo.
— Eu não o suporto, pai. Ele é tão cínico, que me dá nos nervos. Ele
gosta de me testar, sabe? — Ele assente. — O senhor sabe que tenho o pavio
curto e não sei se vou aguentar isso por muito tempo.
— Filho, sabe que se for partir para ignorância e violência, pode
prejudicar Valentina, não sabe? O juiz sabe que são noivos, que você será o
padrasto de Lorena, mas não vai aceitar um homem violento ao lado dela.
— Não posso socar a cara dele uma vez, para amenizar minha raiva? —
Ele sorri.
— Não, filho. Não pode. — Sorrimos.
Passo a mão no rosto.
— Eu só não quero que ele faça algum mal a ela — suspiro.
— O que você quer dizer sobre isso? — Me olha.
— Pai, sabemos que há pais que molestam seus próprios filhos. —
Engulo em seco, sentindo um nó na garganta. — Eu não conheço Pedro, não
sei da índole dele, da capacidade dele. Não sei se ele faria isso com ela.
— Entendo. Eu teria esse mesmo pensamento. Mas também estou
preocupado com ela.
— Lorena é uma criança inocente, seria fácil fazer a cabecinha dela. —
Ele assente. — Pedro pode falar algo para ela, que a chateie e a deixe com
raiva da gente. Não sei, são várias possibilidades. — Passo a mão no cabelo.
— Sua cabeça está a mil, hein? — fala.
— Não só a minha, como a de Valentina também. — Ele assente.
— Creio que está a mil, mais do que você. Ela é mãe da Lorena, uma
menina. Todo cuidado é pouco — diz, preocupado.
— Pois é, pai. Ontem eu falei com Valentina, e ela estava chorando no
telefone, desesperada. Ela está morrendo de medo dele fazer algo com ela.
— Muito complicado, filho. Muito mesmo. — Ele se encosta na cadeira.
— Mas eu vou ficar de olho em cada sinal que ela der.
Capítulo 25

Vejo Valentina com os olhos marejados enquanto arruma Lorena para


entregar ao Pedro Henrique, que vem hoje buscá-la, como combinado, apenas
aos domingos. Porra! Isso me deixa tão puto, mas tão puto, que dá vontade de
socar a cara dele diversas vezes até minha raiva se esvair. Lorena está
fungando baixinho e isso me parte o coração, dói tanto vê-la assim, que se
dependesse de mim ela nem o veria. Nunca.
Dona Flor aparece na sala com a bolsinha dela com tudo que Lorena
possa precisar. Ela me entrega a bolsinha e se despede de Lorena segurando o
choro e segue para seu quarto, para ficar sozinha.
— Pronto, meu amor. — Valentina olha para ela, após ajeitar seu
cabelo.
Olho meu Cartier no punho vendo que são oito horas, logo Pedro
Henrique chega. Valentina me olha e suspira, vindo até mim.
— Você a leva lá embaixo? Eu... — Engole em seco, com os olhos
marejados.
Acaricio seu rosto, limpando a lágrima solitária.
— Levo sim. — Ela assente.
— Papai? — Escuto a voz de Lorena. Viro-me e a vejo vindo até mim,
com os olhinhos vermelhos.
— Oi, filha. — Me agacho.
— Plomete que não vai se esquecer de mim? — Funga.
— Claro que não, meu amor. Não vou esquecer de você. — Abro os
braços e ela me abraça.
— Você não vai embola, né? — Enxuga seu rostinho na minha camisa.
— Eu vou lhe buscar mais tarde. Não vou embora. — Mexo em seu
cabelo. Ela assente manhosa e se afasta.
— Aqui. — Valentina me entrega a bolsinha de Lorena. Pego-a de sua
mão e Valentina vai até Lorena.
— Filha, Dominic vai levar você até lá embaixo. Tá bom? — Lorena
assente, enxugando as lágrimas. — Quando chegar mais tarde, você me conta
tudo.
— Cuidado para não se machucar, quando estiver com fome, diga.
Qualquer coisa que sentir, peça para ele ligar pra mim. — Ela assente ao que
a mãe diz.
Valentina abraça forte Lorena, que quase não se afastam. Dona Flor
aparece na cozinha, avisando que Pedro já se encontra lá embaixo. Se
despede mais uma vez de Lorena e vai para seu quarto, chorando. Valentina
segura seu choro enquanto se despede de sua filha. Ao se levantar, ela me
olha com seus olhos vermelhos e assente, para eu pegar nossa filha.
Pego Lorena em meus braços, que logo se agarra ao meu pescoço e saio
do apartamento indo até o elevador. Não demora muito e as portas do
elevador se abrem e saio. Avisto Pedro de pé, com as mãos no bolso, todo
ridículo.
Ele olha para mim com cara de poucos amigos e vem de encontro a
mim.
— Cadê Valentina? — pergunta.
— Está lá em cima — respondo, sem muito humor.
— Ela que deveria estar trazendo nossa filha! — Me olha sério.
— Mas ela me pediu para trazer nossa filha até você. — O encaro.
— Você não é o pai dela. — Dá um passo à frente.
Lorena prende mais meu pescoço, me trazendo de volta à realidade.
Suspiro e olho para Pedro.
— Pedro, eu não quero discutir com você na frente de Lorena. Ela não
precisa presenciar nosso discurso de ódio — falo.
Ele assente e olha finalmente para Lorena. Ele fica a analisando e
Lorena olha para ele de soslaio, completamente com vergonha e acanhada.
— Ei, filha. — Faz uma pausa. — Eu sou seu papai.
Papai é o caralho, seu imbecil. O pai dela sou eu.
Lorena agarra mais meu pescoço, e Pedro me olha de cara feia. Maneio
a cabeça com um olhar, pedindo para ele parar, por ela. Ele respira fundo e
engole em seco.
— Vem, filha. Não vou te machucar. — Ele insiste.
Lorena olha para ele e olha para mim.
— Vá, meu amor — digo para ela.
— Você não vai me abandonar, né? — ela sussurra.
— Nunca. Prometo. — Beijo sua testa.
Ela assente e olha para Pedro. Pedro abre os braços para ela com um
sorriso e ela me olha, a incentivo com uma enorme dor no peito. Ela sai dos
meus braços e vai para os braços de Pedro, que abre um largo sorriso.
Idiota, ridículo! A vontade de socá-lo só aumenta.
— Aqui na bolsa tem os lanches dela. No lanche ela gosta de tomar leite
fermentado com o biscoitinho dela ou a bolacha que está na vasilha. Tem
duas mudas de roupa, sandália, produtos de corpo e cabelo. — Entrego a
bolsa.
Ele pega a bolsa da minha mão.
— Às cinco horas eu vou pegá-la — aviso.
— Por que às cinco? — Me olha.
— Porque foi o horário que o juiz estipulou — respondo.
Ele assente nada satisfeito, mas foda-se! Não estou nem aí. Por mim,
Lorena nem estaria em seus braços agora. Me despeço dela com uma dor
grande no peito, e ela começa a chorar baixinho. Ele se afasta de mim e
Lorena fica me olhando de longe, acenando com a mãozinha. A vontade que
estou agora, é de pegar Lorena dos braços de Pedro e levá-la para casa, mas
eu não posso. Infelizmente, não posso.
Pedro a coloca no carro, na cadeirinha no banco traseiro e vai embora,
me deixando angustiado e triste. Passo um bom tempo no hall do prédio,
tomando coragem para subir e dar apoio a Valentina, que deve estar arrasada.
Suspiro e respiro fundo, passando a mão no rosto, tomo coragem e subo
para o apartamento da minha namorada. Abro a porta e não vejo ninguém na
sala, fecho a porta e sigo pelo corredor até o quarto de Valentina, que está
apenas encostada. Ao abrir, vejo Valentina deitada no meio da cama,
abraçada com um travesseiro.
Fecho a porta devagar, tiro meu sapato e sigo para a cama. Sento-me na
beirada da cama e ela me olha, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela
se senta na cama, colocando alguns fios de cabelo atrás da orelha.
— Não fique assim. — Me aproximo dela.
Ela me olha e desmorona, se jogando em meus braços. A abraço forte,
dando conforto para ela, que soluça em meus braços. Acaricio seu cabelo,
deixando-a chorar, colocar para fora. Nunca precisei passar por essa situação,
de ver uma mulher chorar e eu ter que dar todo meu apoio. Eu nunca fui
apegado a nenhuma mulher, nunca nem passei por isso com Hannah, que
conheço há anos. Com Manuela nem foi tanto assim, meu irmão tomou as
rédeas da situação com o filho da puta do Enrico, eu e Dimitri ajudamos
quando já estava demais a situação.
A situação deles foi bem complicada. Manuela vivia em um
relacionamento abusivo com Enrico, e logo Demétrio se aproximou e foi
resolvendo tudo aos poucos, e com o tempo, acabaram se apaixonando um
pelo outro. Mas no final, valeu a pena o sacrifício dele por ela.
— Ela vai ficar bem. — Acaricio seu braço. — Fique calma.
— Eu... eu nunca passei um dia longe dela. — Ela me olha, enxugando
as lágrimas. — Assim..., ela passar um dia com alguém estranho.
— Eu sei — digo, segurando sua mão.
— Ela passava muito tempo com Miguel e Alicia, e minha tia.
— Eu entendo. Vocês foram criados juntos e já tem aquele vínculo.
Lorena já se sente bastante à vontade com eles, e eles a amam. — Faço uma
pausa e ela assente. — Mas com Pedro Henrique é diferente, eu sei.
— Eu não sei se ele vai cuidar dela mesmo — sussurra, passando a mão
no rosto, limpando as lágrimas.
— Só vamos ter certeza quando a gente for buscá-la mais tarde. — Ela
me olha.
— Você vai também? — pergunta.
— Claro que eu vou. — Fito seus olhos ímpares. — Se quiser, podemos
sair para jantar, e podemos convidar meus pais... — Dou de ombros. — Você
que sabe. Aproveita e leve Dona Flor, ela nem conheceu meus pais, porque
não pôde ir no jantar que você os conheceu.
— É. Vai ser bom. — Ela se anima um pouco.
— Vamos buscá-la e voltamos para cá, para nos organizarmos. O que
acha? — sugiro.
— Vou falar com minha tia. — Ela sorri, um pouco animada.
Quando estou assando a cebola no azeite, sinto mãos circularem minha
cintura, repousando as mãos na minha barriga.
— Que cheirinho bom — ela sussurra e beija minhas costas.
Sorrio e viro minha cabeça para olhá-la.
— O que está fazendo? — pergunta.
— Risotto Alla Milanese. Um dos pratos típicos da Itália. Um risoto à
milanesa — respondo com um sorriso.
Ela se afasta e vem para meu lado, se encostando no balcão.
— E leva o quê? Está muito cheiroso. — Olha para a panela, curiosa.
— Vinho branco seco, açafrão e parmesão. — Ela assente.
— Hum... parece ser ótimo. — Sorri.
— É sim. — Dou um sorriso para ela. — Teve notícia de Lorena? — ela
nega com a cabeça.
Valentina está tão triste por estar longe da filha, que dormiu. Dona Flor
também ficou bem abalada com a situação, e ficou quieta. Enquanto
Valentina estava dormindo, decidi ir até o supermercado comprar todos os
ingredientes do risoto, e cozinhar para agradar a Dona Flor e Valentina, para
animá-las um pouco. Liguei para meus pais, avisando sobre o jantar no
restaurante de sempre, eles aceitaram de imediato.
Nosso almoço foi estranho, não tinha Lorena conosco, mas tentei fazer
de tudo para elas esquecerem um pouco disso, tentei distraí-las contando algo
sobre Milão, e com isso ficaram interessadas. Dona Flor insiste em lavar os
pratos, e aprendi que não devo discordar dela. Então ajudo Valentina com a
mesa e vamos para sala, assistir filmes a tarde toda. Faço pipoca e Dona Flor
se junta a nós. Rimos bastante, mas algumas vezes, sinto Valentina um pouco
distante.
Próximo do horário de buscar Lorena, Valentina se anima de uma forma
inexplicável. Meu peito se enche de felicidade, por ver a felicidade dela de
finalmente, poder buscar nossa filha. Em poucos minutos Valentina fica
pronta, nos despedimos de Dona Flor, que disse que iria se organizar.
Durante o caminho, vejo Valentina bem ansiosa, mexendo as pernas e
roendo as unhas, acelero o quanto posso para chegarmos logo. Cinco horas
em ponto estaciono em frente ao prédio onde Pedro Henrique mora.
Valentina salta do carro e fica esperando na calçada. Saio do carro e fico ao
seu lado, até que Pedro aparece com Lorena. Aparentemente ela está bem,
com outra roupa e cabelos molhados. Ao nos ver, ela larga a mão de Pedro e
vem correndo até a mãe.
Valentina a abraça forte, morrendo de saudade. Pedro nos olha e entrega
a bolsa de Lorena à minha namorada, que recebe sem olhá-lo, com sua total
atenção em sua filha. Valentina a olha de cima a baixo, analisando sua filha
com muito cuidado, verificando se tem algum arranhão.
— Nos vemos domingo, filha. — Pedro se aproxima dela.
Lorena recua um pouco, e abraça mais Valentina. Ele suspira, tentando
ter calma. Lorena me vê e logo vem para meus braços, agarrando meu
pescoço, mostrando que sentiu muita saudade.
Pedro me olha, com cara de poucos amigos.
— Dei os lanches e o banho nela. — informa.
— Não fez mais do que sua obrigação — Valentina diz e me olha. —
Vamos, Nick.
Ela vai para o carro e abre a porta para acomodar Lorena na cadeirinha,
entramos no carro e seguimos para casa, nos organizar para o jantar com
minha família.
Capítulo 26

Dominic passa pela entrada de um condomínio bastante luxuoso,


localizado aqui na Barra da Tijuca, onde ocorrerá toda a gravação do
comercial do perfume. Olho tudo ao redor, cada mansão linda, florida,
nossa..., tudo é perfeito. Dominic estaciona em frente a uma mansão enorme
e bem moderna, os vidros esverdeados dando um destaque perfeito à casa,
uma escada de concreto com pequenos coqueiros em cada degrau que leva
até a entrada da casa, a grama é bem verde e uma lâmpada embutida em cada
concreto da escada. Imagina esse lugar à noite?
Descemos do carro, sentindo o vento fresco da manhã do Rio de Janeiro
balançar meus cabelos. Olho Dominic todo gostosão vestido com seu terno
caro e um Ray-Ban que o deixa tão... minha nossa. Ele se aproxima de mim e
estende sua mão.
— Não me olhe assim — ele diz e eu mordo o lábio. — Sério,
Valentina. Não me faça te arrastar até um quarto dessa mansão e transar com
você.
Seguro sua mão e seguimos para a mansão.
— Eu não iria reclamar — falo com um sorriso.
Ele me olha e sorri, sacudindo a cabeça. Ao entrarmos na mansão, a
parte do hall está vazia, não tem um quadro sequer.
— Por que tudo está vazio? — pergunto.
— Porque vamos usar só a sala principal que dá acesso à piscina, e a
escada — responde.
Assinto e ando com ele pela enorme casa, e logo a sala principal
aparece. Os móveis são bem refinados e modernos, tudo bem amplo e
confortável. Ao meu lado esquerdo tem uma enorme escada circular com o
piso de mármore com detalhes dourados e o corrimão todo dourado. Como
está escrito no script, tudo irá começar pela escada, meu vestido já está sendo
feito por um dos estilistas mais procurados de New York, e vai chegar na
próxima semana. Serão dois vestidos, um vestido bem chique digno de um
Red Carpet [23]e o outro será para ser molhado, onde serei filmada na piscina.
Um rapaz vai ser filmado comigo. O objetivo do clip, será como o rapaz
ficará louco para encontrar a mulher com o cheiro único e doce que circula
pelo local, que no caso será o que estarei usando. Ele irá procura-la em todos
os lugares da festa. A sala principal será lotada de pessoas, onde eu irei
chamar atenção de todos, andando entre elas, até chamar atenção do rapaz. E
a outra parte será na piscina.
Andamos mais um pouco e logo adentramos na parte da piscina, atrás da
casa. Tudo é enorme, com um jardim muito bonito e uma cozinha gourmet
impecável, que provavelmente será o bar externo do clip. Muitas pessoas
foram contratadas para esse clip. Vejo Demétrio e Dimitri conversando com
um homem negro, alto e forte. Ao nos ver, meus cunhados me
cumprimentam.
— Valentina, esse é o Felipe. Ele que vai participar do clip com você. —
Dimitri nos apresenta.
O tal Felipe me olha e sorri.
— Prazer, Valentina. — Ele estende a mão.
— O prazer é meu. — O cumprimento, com um sorriso e um aperto de
mão.
Ele fica tempo demais me olhando, que acaba se tornando
desconfortável.
— Nossa..., você é linda. Seus olhos são perfeitos. — Olha meus olhos,
encantado.
— Obrigada — respondo um pouco sem graça, sentindo o olhar afiado
de Dominic para ele e meus cunhados notam.
— Dominic, mostre a Valentina o primeiro andar — Demétrio pede, e
Dimitri se afasta com Felipe.
Dominic assente e segura minha mão, me levando para o primeiro andar.
Subimos a elegante escada e vejo um corredor com várias portas. Dominic
não fala nada, está com a cara bem fechada. Andamos mais um pouco e
paramos em frente a uma porta dupla branca com as fechaduras douradas. Ele
a abre e dá espaço para eu entrar. O quarto é bem grade, enorme na verdade.
As janelas duplas tem uma bonita visão do quintal da casa e da piscina.
Ando até a janela e abro-a, sentindo o vento forte entrar no quarto.
— É aqui onde você vai se arrumar, a suíte maior da casa. Aqui será
ótimo para você ser produzida. — Escuto-o falar.
Viro-me e vejo Dominic encostado em uma cômoda, com as mãos no
bolso olhando para o teto. Fecho as janelas e coloco a cortina no lugar e vou
até ele.
— Ei, que carinha é essa? — Me aproximo dele.
Ele me olha com uma cara séria, mas não me responde.
— Foi o que o Felipe disse? — Seguro suas mãos.
— Não gostei — resmunga.
— Não precisa ficar desse jeito. — Maneio a cabeça.
— E você quer que eu fique como? — Ele me olha sério. — Que eu
fique sorrindo, por que um homem decidiu elogiar demais minha namorada,
na minha frente? — suspiro.
— A maioria das pessoas vão elogiar meus olhos, Nick. Eles são
diferentes e chamam atenção. E outra, acho que ele nem sabe que namoramos
— argumento.
— Cazzo, mais da metade do Brasil sabe, e fora dele também, que você
é minha namorada. — Cruza os braços.
Respiro fundo e maneio a cabeça.
— Nick, estamos em ambiente de trabalho, está bem? Vamos focar
nisso, e esquece o que aconteceu. — Ele me olha e assente, passando a mão
no rosto.
— Vá bene [24]— resmunga.
— Sem resmungar. — Dou um sorriso.
Ele me olha e me dá um sorriso lindo. Puxa minha cintura, deixando-me
muito próxima dele, segura minha nuca e me dá um beijo. Passo meus braços
em torno do seu pescoço, ficando na ponta dos pés. Dominic me beija tão
intensamente, que me deixa sem ar. Sinto suas mãos descerem da minha
cintura até minha bunda. Ele sobe a bainha do vestido e aperta minha bunda,
fazendo-me gemer.
— Será que temos alguns minutinhos? — Mordo seu lábio.
— Precisa de uma rapidinha, meu anjo? — Ele sorriu.
— Imediatamente — sussurro.
Ele me puxa e me beija.
Peço a Dominic para me deixar no meu antigo local de trabalho para
encontrar Helena, quero fazer uma surpresa. Nessa correria toda, eu nem tive
tempo de falar com ela pessoalmente, apenas por telefone e videochamada.
Sinto saudade da minha amiga, Helena é uma grande amiga, me ajudou
muito. Dominic estaciona em frente ao Rustic Coffee e me olha.
— Entregue.
— Obrigada. — Dou um beijo em seus lábios.
— Quer que eu venha lhe buscar? — pergunta.
— Não. Talvez eu almoce com Helena e daqui mesmo vou para casa. —
Ele assente. — E mais tarde Miguel e Alicia vão lá para casa.
— Qualquer coisa chame o Theo. — Segura minha mão.
Assinto e pego minha bolsa.
— Nem vou poder ver vocês, tenho algumas coisas do trabalho para
resolver com os meninos. — Ele me olha, através das lentes pretas dos óculos
Ray-Ban. Nossa..., ele é tão lindo. — Mais tarde eu ligo para você e falo com
Lorena.
— Está bem. É melhor você ir, para não se atrasar para seu almoço de
negócios. — Me inclino e beijo seus lábios.
Nos despedimos, saio do carro e ando até o meu antigo local de trabalho,
o que me traz tanta saudade. Vivi bons momentos aqui. Mesmo ganhando
pouco, me sentia em casa. Retiro meus óculos de sol e logo vejo Helena, no
caixa, ela levanta a cabeça e me olha, ao me ver abre um largo sorriso e vem
até mim.
— Que saudade, amiga. — Me abraça forte.
— Estava com saudade. — Beijo sua bochecha. Nos afastamos e ela
sorri.
— Você está tão linda. — Me olha de cima a baixo.
— Que nada, Helena. Estou a mesma. — Dou de ombros e ela sorri. —
Vim te ver. Tem um tempinho?
— Tenho sim. Só espera cinco minutinhos — me pede.
— Vou me sentar e fico te esperando. — Ela assente.
Me afasto dela e vou até uma mesa mais reservada e sento-me na
cadeira, sentindo meu celular vibrar dentro da bolsa. Abro a bolsa e retiro-o,
vendo uma mensagem de Lizandra, minha colega de faculdade, estamos
fazendo um trabalho juntas.
Lizandra: Oi, Tina. E aí? Conseguiu terminar o arquivo, para eu pôr o
restante que falta?
Resolvo responder.
Eu: Oi, Li. Ah, sim! Terminei. Posso te enviar por aqui pelo WhatsApp
mesmo ou prefere por e-mail?
Vejo-a digitando.
Lizandra: Manda por e-mail mesmo. Porque ainda estou na faculdade,
vou aproveitar para finalizar algumas coisas aqui, antes de ir para o estágio.
Eu: Vou te enviar agora, só um minuto.
Lizandra: Ok.
Procuro o arquivo que está salvo no meu celular, onde fiz a
sincronização com meu MacBook, e envio para seu e-mail.
Eu: Enviei.
Lizandra: Chegou, acabei de ver. Vou terminar ainda hoje, assim que
chegar em casa finalizo e te envio para ver como ficou, e vemos se precisa de
mais algum ajuste.
Eu: Está bem. Qualquer coisa você me fala, se precisar de ajuda.
Lizandra: Ok. Beijos!
Eu: Beijos.
Nosso seminário final da faculdade é em poucos dias, então seremos a
dupla que irá apresentar no pátio da faculdade. Imaginem a quantidade de
pessoas. Guardo meu celular e vejo Helena se aproximando.
— Vamos almoçar? — pergunto.
— Se você estiver com tempo. — Deu de ombros.
— Vamos almoçar aqui mesmo, então. — Sorrio.
Nosso almoço é bem tranquilo, conversamos diversas coisas aleatórias,
falo como minha vida está agora, e ela demonstra tamanha felicidade. Fica
muito feliz pela atitude de Nick, sobre querer Lorena como filha, sobre como
nossa vida está...
— E a sua formatura? — Ela se anima.
Suspiro.
— Não estou muito animada, Helena. — Ela maneia a cabeça. — Queria
muito que meus pais estivessem presentes, mas... — Ela segura minhas mãos
em cima da mesa.
— Mas, infelizmente, eles não estão aqui. — Assinto, com uma dor
enorme no peito. — Tina, você ainda tem sua tia Flor, e seu tesouro com
você — suspiro e engulo meu choro.
— Seus pais iriam ficar orgulhosos de ver você naquela beca. — Sinto
uma lágrima escorrer pelo meu rosto. — Tenho certeza que eles estão
orgulhosos de você.
— Você acha? — Limpo meu rosto.
— Tenho certeza disso. Eu não os conheci, mas tenho certeza que eram
pessoas tão maravilhosas, como tia Flor é. — Dou um sorriso em meio ao
choro. — Se não quiser participar por você, faça por eles. Iriam ficar muito
felizes, e garanto que eles estão vendo tudo lá de cima.
Capítulo 27

— Olha, tia Alicia. — Lorena se levanta do chão e vai até minha amiga.
Miguel vai até a cozinha pegar cerveja, e Alicia está sentada no chão,
porque adora o frio da cerâmica. Estou sentada no sofá, fazendo meu TCC,
porque não posso perder tempo.
— Cadê Dominic? — Miguel aparece na sala, com uma long neck na
mão.
— Está em casa, quis me deixar livre hoje com vocês — respondo, ainda
concentrada no TCC.
— Hum... Tem falado com o Dimitri? — Alicia me olha desconfiada.
Maneio a cabeça, franzindo a testa.
— Bom..., o vi hoje pela manhã no local onde será a gravação do clip.
Mas você trabalha no mesmo ambiente que ele. Não se veem? — ela nega.
— Deixa para lá. — Volta sua atenção à Lorena.
A olho desconfiada. Alguma coisa aconteceu e ela não vai me dizer,
porque esse tipo de coisa ela costuma não compartilhar. Volto minha atenção
à tela do MacBook. Tia Flor saiu para o barzinho com seu namorado
misterioso e secreto, ninguém sabe quem ele é.
— E Pedro? Tem falado alguma coisa? — Miguel pergunta.
— Não o vi desde a semana passada quando fui buscar Lorena —
suspiro, aliviada.
— Que bom! Não entendo qual é a do cara, querer a guarda de Lorena
só agora. — Bebe a cerveja.
Assinto, digitando no MacBook.
— Pois é. Mas, infelizmente, tenho que seguir as regras. Tenho que ficar
aliviada, porque é só aos domingos, não é o final de semana inteiro. — Ele
assente.
— Com certeza. E como Lorena ficou após chegar no domingo? —
Alicia pergunta, enquanto vê algo que Lorena fez para ela em um papel.
— Ela não gostou, é claro. Pedro é uma pessoa estranha para ela, não o
conhece.
Meu celular toca, e vejo que é uma videochamada de Dominic. Clico e
atendo.
— Oi! — Ele sorri.
— Oi, está em casa? — pergunto, assim que ponho os fones Bluetooth.
— Estou sim, acabei de chegar. — Passa a mão no rosto. — A tarde foi
cheia de reuniões.
— Hum... O que vai fazer agora?
— Tirar essa roupa, tomar um banho e cair na cama. Estou muito
cansado.
— Como foi seu dia?
Lorena gargalha de algo que faz a gente sorrir.
— O que a pequena achou graça? — Ele ri.
— Não sei bem, só sei que a risada dela foi bem engraçada. —
Sorrimos.
— Miguel e Alicia estão aí?
— Estão sim. Ela gosta da algazarra. — Ele sorri, assentindo.
— Pois é. Cadê ela?
— Está aqui. — Viro a tela e olho para Lorena.
— Olha quem está aqui. — Chamo sua atenção.
Ela olha para o celular e se levanta do chão cambaleando e vem
correndo.
— Papai!
— Oi, filha. Que animação toda é essa, hein? — Dominic sorri.
— É tia Alicia, papai. — Ela sorri, manhosa.
— Fez suas tarefinhas direito? — Ela assente, mexendo suas mãozinhas
umas nas outras.
— Muito bem. Amanhã passo aí para jantarmos. Quer?
— Quelo pizza! — Pula, toda animada.
— De novo, filha? — Ele sorri.
— É papai. Pizza é boooom. — Todos sorrimos com sua animação.
— Está bem, pequena. Deixe-me falar com sua mãe. Te amo, pequena.
— Te amo, papà.
Dominic abre um sorriso tão lindo de se ver. Ele ficou tão orgulhoso por
saber que ela quis aprender sua língua.
— Ti amo, figlia.
Ela acena para ele e vai para perto de Alicia e Miguel que estão sentados
no chão. Viro a tela do celular para minha frente.
— O que está fazendo?
— Estou escrevendo meu TCC, estou quase terminando, na verdade.
— Ah, sim. E sua formatura? Vai participar, não é? — pergunta
esperançoso.
Suspiro.
— Ah..., não sei, Nick. — Ele maneia a cabeça, me olhando confuso.
— Por que não? É uma formatura, Valentina. Sua formatura. A
formatura que você sempre sonhou. Você não quer mais?
— Eu sei, Nick. Mas...
— Querida, depois conversaremos melhor sobre isso — fala
calmamente.
Faço menção de abrir a boca, mas ele é mais rápido.
— Não adianta discutir comigo, meu anjo. Depois vamos conversar. —
suspiro e assinto, mordendo de leve minha unha.
— Agora eu vou tomar um banho, e dormir. Estou muito cansado.
— Uhum! Até amanhã!
— Até amanhã, mio angelo.
Respiro fundo, sentindo meu coração bater forte.
— Nick?
Ele me olha.
— O que foi, querida?
— Eu... — Engulo em seco e ele fica me olhando com a testa franzida.
— Fale, meu anjo — pede.
— Não é nada. — Dou um sorriso forçado. — Boa noite, Nick. — Ele
sorri de lado.
— Boa noite, bella.
Theo estaciona em frente à empresa dos trigêmeos, e desço do carro
após me despedir dele. Penduro minha bolsa no ombro e sigo para dentro do
prédio. Aceno para a recepcionista, que me dá um sorriso simpático. Escuto o
apito do elevador e sigo até ele. Parada em frente ao elevador, as portas se
abrem e vejo Pedro Henrique dentro dele. Ele me olha de cima a baixo, me
analisando. Hoje eu não consigo o achar atraente como antes, mas não posso
negar que Pedro é muito bonito, seus cabelos loiros bem penteados e
alinhados, seus olhos azul-claros que um dia me apaixonei, mas que hoje só
sinto ódio e raiva por ele.
Ele sai do elevador e se aproxima de mim.
— Oi! Eu quero conversar com você, pretendia te ligar — fala.
— Não quero conversar com você. A única conversa que teremos é
sobre Lorena, mais nada. — Ele assente, passando seus dedos na sua barba.
— É sobre ela. Não a conheço bem e preciso de sua ajuda. — Me olha.
— Ok. O que quer falar? — Cruzo os braços.
— Será que podemos almoçar ou jantar juntos? Assim poderíamos
conversar melhor — sugere.
— Nem pensar! — Me exalto. — Eu não vou sair com você.
— É pela Lorena. — Passa a mão no rosto.
— Pela Lorena? — Dou uma risada. — Pedro, que joguinho é esse?
— Não tem jogo, Valentina. Estou falando sério. — Me olha.
Ele desvia os olhos do meu e olha para trás de mim. Acompanho seu
olhar e vejo uma mulher negra, de cabelos afro e bem vestida, ela é bonita e
elegante. Ao nos ver, ela sorri e vem até nós, quer dizer, até Pedro. Ela o
abraça forte e lhe dá um beijo nos lábios.
— Oi, meu amor. — Ela sorri para ele.
Ele me olha sem graça.
— Oi, querida. — Ele olha para ela.
Ela desvia seu olhar e me olha, de cima a baixo.
— Quem é você? — Faz uma careta, ao olhar meus olhos.
— Essa é a mãe da Lorena, Valentina. — Pedro Henrique a olha.
— Sou Isabela, esposa do Pedro — fala rapidamente, estendendo a mão.
Dou uma risada irônica, e ela me olha sem jeito ao ignorar sua mão
estendida.
— Isabela, não precisa se apresentar como esposa dele, como se eu
fosse uma ameaça ao seu casamento, só porque ele é o pai da minha filha. —
Maneio a cabeça.
Ela engole em seco. Olho para Pedro, que nos olha atentamente.
— Pedro, eu dispenso nosso almoço ou jantar. — Dou um sorriso
forçado.
Estico meu braço e aperto o botão do elevador, já que esse idiota me
atrapalhou e me impediu de entrar.
— Você a chamou para sair? — A escuto falar, mas não me viro.
— Eu a chamei para falarmos sobre nossa filha — ele diz.
— Pra quê? Ela não deu um caderninho com tudo anotado sobre aquela
menina. — Escuto-a falar.
Respiro fundo e a olho.
— Aquela menina tem nome, e se chama Lorena. Não se refira a minha
filha como aquela menina — digo irritada, e ela engole em seco. — Você
entendeu? — Me aproximo dela e ela assente, rapidamente.
As portas do elevador se abrem e eu entro, apertando o botão para as
portas se fecharem. Suspiro, quando sinto o elevador subir. Quem ela pensa
que é para se referir à minha filha como aquela menina? Doida para levar uns
tapas. Segundos depois as portas se abrem no andar de Dominic, e vejo
Morgana mexendo no computador, atrás do pequeno balcão.
Caminho até ela, que ao me ver sorri.
— Oi, Valentina. — Me cumprimenta.
— Como vai, Morgana? — Dou um sorriso.
— Cansada, seus cunhados e seu namorado me dão uma canseira. Esses
meninos não param. — Sorrimos.
— Pois é, não param um minuto. — Sorrio. — Dominic está?
— Está sim. Vou ligar. — Assinto. Ela pega o telefone e liga para o
escritório dele. — Dominic, Valentina está aqui. Posso mandá-la entrar?...
Sim, senhor. — Desliga o telefone e me olha. — Pode entrar.
— Obrigada, Morgana. — Agradeço.
— Por nada, querida. Cadê a menina? — pergunta com um sorriso.
— Está na escola — respondo e ela assente.
Ajeito minha bolsa no ombro e sigo para o escritório de Dominic, dou
duas batidas e abro a porta. Passo pela porta e o vejo olhando para mim com
cara de poucos amigos. A tela do seu computador está totalmente virada para
ele, e suas mãos estão entrelaçadas em cima da sua mesa. Fecho a porta
devagar e o olho, com seu indicador ele me chama, sem dizer uma palavra.
Deixo minha bolsa no sofá e vou até ele, em passos calmos. Dominic arrasta
a cadeira e me faz sentar em seu colo, de frente para ele.
Ele não fala nada, apenas me olha, muito sério, mas vejo desejo em seus
olhos quando percorre meu corpo. Meu vestido é simples, de alças finas e um
decote em formato de coração que realça meus seios. Ele ergue a mão e tira
alguns fios de cabelo da frente e me analisa mais, muito mais, chegando a ser
um pouco desconfortável, porque ele não fala absolutamente nada, só me
olha.
— Dominic? — Seus olhos azuis me fitam. — O que você tem? — Ele
maneia a cabeça e segura minha cintura, levemente.
— O que Pedro Henrique quer com você? — Sua voz sai muito contida.
Abro a boca, muito surpresa por ele saber que eu falei com o Pedro.
— Como... — Ele me interrompe.
— O que ele quer com você? — Trinca o maxilar.
Viro meu rosto, olhando a tela do computador e vejo vários quadrinhos
de câmeras de muitas áreas do prédio, principalmente do hall, onde eu estava
há poucos minutos falando com o Pedro.
Viro-me para Dominic, que mantém seus olhos em mim.
— Você está me vigiando agora? Monitorando meus passos? —
levanto-me de vez do seu colo, completamente exaltada. — Isso eu não
aceito, Dominic!
— Não estou monitorando você, Valentina. Theo me informou que a
deixou em frente à empresa e a esperou entrar para poder ir embora, e achei
estranha sua demora. — Se explica, mantendo sua calma. — Portanto, achei
interessante saber o que estava acontecendo.
Ele se levanta, colocando as mãos nos bolsos da sua calça social e
começa a andar pelo escritório, sem me olhar.
— O que eu pensei foi que: o elevador poderia ter parado e você ter
ficado presa nele, ou que você estivesse falando com alguém... Morgana
talvez, ou Alicia... — Olha para mim. — Só não pensei que estaria falando
com o Pedro Henrique — fala entredentes.
— Eu não tive culpa! Ele saiu do elevador quando eu ia entrar nele, e
logo começou a querer falar de Lorena. — Me defendo.
Ele assente, passando a mão na barba.
— Ele queria saber mais o quê? Você anotou tudo na porra daquele
maldito caderno para ele saber o que ela gosta e o que não gosta, já para
evitar falar com ele. — Se exalta um pouco, mas volta a se controlar.
— Não dei muito tempo de ele falar, até a esposa dele chegar. — Cruzo
os braços.
— Ah, aquele figlio di puttana tem mulher? — Ele sorri, sem humor. —
Por que ele não deixa a minha em paz?
— Não sei bem o que ele quer, mas ele me chamou para um almoço ou
jantar — informo.
Ele maneia a cabeça, totalmente surpreso.
— Ah, é? — Sorri. — E o que você disse? Você aceitou?
— Claro que não. — O olho. — Nick, você está muito estranho.
— Estou estranho? Estou puto, Valentina! A ponto de dar um soco bem
dado naquele filho da puta, que está insistindo em dar em cima da minha
mulher. — Explode, e eu pulo de susto. — E eu não posso fazer isso, porque
a guarda da nossa filha está em jogo. O juiz não vai querer deixar uma
criança perto de um homem violento, não é?
Tive que assentir, porque é verdade.
— Sendo assim, estou me controlando o máximo que posso para não dar
uma surra nele. Porque eu o odeio! — Soca a parede. — Odeio por ele ser tão
cínico. — Soca mais uma vez. — Odeio porque eu não suporto olhar para a
cara dele. — Outro soco. — Odeio a presença dele. — Mais um soco. — O
odeio por ele ser o pai da Lorena. — Soca novamente a parede. — Odeio...
por vocês terem ficado juntos. — Soca uma última vez e respira fundo, se
apoiando na parede.
Engulo em seco, totalmente surpresa por essa sua atitude. Nunca o vi
dessa forma, sempre foi tranquilo, carinhoso, amável... agora estou vendo
uma outra parte dele, uma parte totalmente furiosa e cheia de ódio. Mas isso
não vai me fazer ficar afastada dele. Caminho até ele, lentamente, com
cuidado para que se fizer qualquer movimento, não me machucar sem querer.
Toco em seu ombro e ele me olha de soslaio.
— Valentina, é melhor você se afastar. Eu estou com muita raiva e não
quero te machucar — murmura.
— Você não vai me machucar, você nunca me machucaria — sussurro.
Ele se vira e me olha respirando fundo. Rapidamente o clima muda, e
me vejo excitada por vê-lo assim, tão gostoso, totalmente irritado e cheio de
raiva. Sem pensar duas vezes, pulo em seus braços, o pegando de surpresa,
abraçando sua cintura com minhas pernas e ataco sua boca. Ele demora um
pouco até me acompanhar num beijo feroz.
Ele gira seu corpo e me prensa na parede sem parar de me beijar.
Minhas mãos vão direto para sua gravata e começo a desfazê-la, com certa
urgência.
— Você tem certeza? — sussurra em meus lábios, e eu assinto. — Eu
não quero parar, mas se me pedir eu paro. Se quer ficar só nos amassos, nós
ficaremos.
— Eu quero você dentro de mim, Nick. — Volto a beijá-lo.
Ele me segura com mais força e anda comigo e me senta na mesa, ao
lado da enorme janela de vidro. Pelo menos por fora o vidro é totalmente
espelhado, ninguém nos verá aqui. Sentada na mesa, ele se afasta e desce as
alças do meu vestido, e solta um gemido ao me ver sem sutiã. Sem ao menos
esperar, ele se inclina e chupa meus seios. Solto um gemido e puxo seus
cabelos da nuca.
Não falamos nada, só faço gemer, não muito alto para que ninguém nos
escute. Minhas mãos descem pelo seu pescoço e começo a desabotoar sua
camisa social. Ele larga meus seios e volta a me beijar. Meus gemidos são
engolidos por seu beijo, que está me deixando muito, mas muito molhada.
Suas mãos descem pelas minhas costas e encontra o zíper do meu
vestido e o abaixa, me deixando nua da cintura para cima. Levo minhas
mãos, até seu cinto e começo a desafivelá-lo, desço o zíper da sua calça e
enfio minha mão dentro da sua cueca, sentindo-o duro e pulsante. Ele solta
um gemido e me olha.
— Levanta um pouco — pede, com a voz rouca.
Faço o que ele pede e tira meu vestido, jogando-o na mesa. Com meus
próprios pés, retiro minhas sapatilhas, deixando-as cair no chão, próximo dos
seus pés. Ele faz menção de tirar o paletó, junto com a camisa, mas o
interrompo.
— Não tira. Eu quero você assim, apenas com seu peitoral e o pau de
fora. Isso me excita muito — digo sincera. Nossa..., nem estou me
reconhecendo.
Ele solta um gemido e se aproxima mais de mim. Puxa minhas pernas,
deixando-me na beirada da mesa e olha minha calcinha de renda.
— Não estou com paciência para tirá-la. — Pelo cós da calcinha, ele
puxa de vez, rasgando-a no meio.
Ele joga minha calcinha longe, retira sua carteira do bolso traseiro e tira
um preservativo, colocando-o em cima da mesa, se afasta um pouco e abaixa
sua cueca deixando seu membro duro para fora, completamente babado. Ele
pega o preservativo, e veste seu membro com o látex e vem até mim, abaixa
sua mão e toca na minha intimidade.
— Porra, como você está molhada — ele sussurra.
Ele me olha, mordendo o lábio. Nick segura seu membro, colocando-o
na minha entrada e soca de vez, me fazendo gemer alto. Ele não espera, e
começa a me socar forte. Seguro-me em seus braços, soltando gemidos e
jogando a cabeça para trás.
Eu o olho, vendo seu rosto completamente vermelho, pelo esforço.
Passo minhas mãos pelo seu peitoral indo até sua bunda exposta e cravo
minhas unhas nela.
— Oh... que delícia. — Morde o lábio.
Dominic está colocando toda sua raiva em mim, e isso está me deixando
muito excitada. Nunca pensei que sexo selvagem fosse me deixar
completamente excitada, tudo com Dominic é excitante e gostoso demais.
Sinto que meu orgasmo está próximo, e ele solta um gemido. Se inclina e
beija meus lábios, apertando meu peito, com força
— Goza para mim..., goza — sussurra em meus lábios. — Preciso que
você goze.
Puxo sua nuca para um beijo forte, sentindo-o ir mais rápido e forte
dentro de mim. Ele se afasta, coloca a mão no meu colo e me faz deitar na
mesa. Passando suas mãos pelos meus seios, indo até minha perna, ele as
abre mais, me deixando mais exposta e pressiona meu clitóris, me
incentivando a gozar.
Não duro muito, até sentir minha visão turva e me contorcer na mesa.
Dominic não para de me estimular, o que faz meu orgasmo se prolongar.
Grito sem pudor algum, sentindo o orgasmo me consumir por completo. Vejo
Dominic morder o lábio, aumentando a velocidade de suas estocadas e goza,
jogando a cabeça para trás.
Ele me olha ofegante, diminuindo seus movimentos, até parar. Fecho os
olhos, respirando com dificuldade, até senti-lo segurar minha cintura.
— Vem cá. — Me chama, ofegante.
Com dificuldade me sento na mesa, e ele me puxa para seus braços, sem
sair de dentro de mim, caminha comigo até o sofá. Se senta nele, e continuo
sentada em seu colo, com ele ainda dentro de mim. Nick me abraça forte e
ficamos assim por um tempo interminável, até ele sussurrar:
— Você é minha.
Capítulo 28

Passo a mão no cabelo, sentindo um certo alívio, mas estou me sentindo


mal pelo que aconteceu agora pouco no meu escritório. Descontei toda a
minha raiva transando com Valentina, e não, não deveria ter feito isso. Eu
sempre faço amor com ela, e sempre farei. Mas é como se ela me conhecesse
tão bem, como se ela soubesse o que eu quero, e ela queria aliviar minha
tensão, minha raiva, e propôs o sexo.
Admito que foi muito satisfatório para ambos, me certifiquei de que ela
também sentisse prazer, não só minha raiva. Eu fiquei muito excitado quando
ela me arranhava, me mordia, completamente entregue junto a mim. Por mais
que eu estivesse com muita raiva do que aconteceu, tudo evaporou quando
estava dentro dela, sentindo-a em volta de mim. Me surpreendi pela sua
atitude. Valentina é uma mulher calma, tímida, são poucas as vezes que ela
toma a iniciativa, e eu não me importo nem um pouco dela não ser atirada.
Gosto dela assim, tímida, mas quando estamos com nossos corpos unidos, ela
se entrega de uma forma inexplicável, e isso mexe bastante comigo.
Fiquei muito puto por Pedro querer falar com ela. Não sou possessivo,
mas eu sei da intenção dele, porra! Eu sei que ele a quer de volta, talvez por
estar arrependido. Arrependido é o caralho. Ele fez a merda, agora aguente as
consequências. Valentina é minha, e não no sentido de possessividade.
Porque eu não a quero prender, vigiá-la como ela pensou, ao contrário, a
quero livre, ela está começando a viver agora, está aproveitando a vida que
nunca teve. E serei eu a lhe proporcionar tudo para vê-la sorrir, aquele sorriso
que faz meu coração bater forte.
Valentina foi totalmente sincera comigo, ao falar que não sente nada por
Pedro. E eu acredito nela. Vejo a sinceridade em seus olhos. Eu queria saber
o que estava acontecendo, saber sobre seus sentimentos em relação a ele, e
tive minha resposta quando perguntei a ela.
Lorena se tornou uma parte de mim, renunciar a ela é algo que nunca vai
acontecer. Ela é minha filha, e nunca abandonamos um filho. Dona Flor se
tornou uma pessoa da família, não fiquei com raiva dela por me cobrar algum
posicionamento sobre meu relacionamento com Valentina. Ela quer o bem da
sobrinha, foi ela quem cuidou das duas quando os pais de Valentina
faleceram, deixando sua filha gerando uma criança dentro dela, sozinha, e
eles nem chegaram a conhecê-la.
Admiro demais a vida das duas, principalmente de Valentina. Tão nova
e esforçada demais, sofreu para criar sua filha. Criar um filho não é nada
fácil, principalmente nos dias de hoje. Valentina não a abandonou, lutou,
trabalhou dia e noite para não deixar faltar o que comer.
Sou interrompido, quando meus irmãos entram no meu escritório.
— Ainda trabalhando, fratello? — Dimitri se senta no sofá.
— Não muito. Apenas pensativo. — Coço a barba.
— E essa cara emburrada? — Demétrio se senta na cadeira, de frente
para mim.
— Só o Pedro insistindo em querer Valentina. — Passo a mão no rosto.
— Que machucados são esses nas suas mãos? — Dimitri pergunta e
Demétrio analisa minhas mãos.
— Não me diga que bateu em Pedro? — Demétrio pergunta.
— Queria eu. — Bufo, me encostando na cadeira.
Ah, como eu queria dar vários murros naquele Stronzo.
— Então, o que foi? — Demétrio me fita.
— Não tem mais o saco de areia na academia do prédio, não? — Dimitri
sorri e aponta para a parede. — Ou decidiu descontar sua raiva na parede? —
Aponta para ela.
Eu a olho, vendo manchada de sangue.
— Era isso, ou eu tinha descido e quebrado a cara daquele imbecil —
resmungo.
Vejo Dimitri se levantar e andar pelo meu escritório, até se abaixar perto
da mesa de vidro e se levantar com a calcinha de Valentina no seu dedo. Ele
ergue a calcinha de renda azul e me olha com um sorriso idiota. Cretino.
— Espero que essa calcinha aqui, seja da Valentina. — Esconde o riso.
Levanto-me rapidamente e vou até ele, puxando a calcinha de sua mão,
e pondo dentro do meu bolso.
— Não é da sua conta — resmungo e volto para a minha cadeira.
Demétrio está com o riso contido, apoiando seu queixo em seus dedos.
— Então... vocês transaram? Um sexo selvagem, eu presumo. — Dimitri
começa a falar, mas eu o interrompo.
— Não quero falar disso. Transamos sim, e daí? Somos namorados, e
namorados fazem isso. Mas eu não quero falar disso com vocês. — Olho para
meus irmãos. — Valentina é uma mulher tímida, sensível, não quero falar o
que faço ou o que deixo de fazer com ela, para vocês.
— Ninguém está pedindo detalhes. — Demétrio me olha sorrindo.
Mostro o dedo do meio para ele.
— Mesmo se pedissem, eu não iria dizer. O que faço com ela, cabe
apenas a nós dois — respondo irritado.
— Claro que eu não iria pedir detalhes. — Dimitri faz careta. — Não
quero saber o que você faz com minha cunhadinha.
— Sabemos que são coisas pervertidas demais. — Demétrio sorri.
— Até parece que não faz o mesmo com Manuela — resmungo.
— Nem queira saber. — Ele gargalha.
— Stronzo. — Mostro o dedo do meio. — O que vieram fazer aqui?
— Queríamos saber como Valentina está se saindo para o comercial. —
Dimitri se senta no sofá.
— Está indo muito bem. Manu e Hannah estão ajudando-a com
frequência — explico.
— O comercial ficará perfeito. Será a nossa melhor garota propaganda.
— Demétrio se levanta.
— Com toda certeza. — Sorrio, orgulhoso.
Meu anjo: Tô pronta. Já pode vir, se quiser.
Rapidamente a respondo.
Eu: Já estou indo.
Termino de borrifar meu perfume, coloco meu relógio no pulso e me
olho no espelho. Estou com uma roupa casual, nada de ternos. Quero uma
noite agradável com minha namorada. Reservei uma mesa no restaurante com
comidas típicas do Brasil, à beira-mar. Saio do meu quarto e me despeço de
Betânia que está passando pela sala. Entro no elevador e desço para o hall do
prédio. Em poucos segundos, as portas se abrem e saio dele, a caminho de
Theo e Daniel que me esperam com uma SUV, e meu carro na frente.
— Boa noite, senhor. — Me cumprimentam e aceno.
— Já estão cientes para onde vou, não é? — Caminho até meu carro.
Eles assentem e entro no meu conversível. Assim que me acomodo, dou
partida no carro a caminho do apartamento de Valentina. Não demora muito,
pois o trânsito está completamente livre. Estaciono meu carro em frente ao
seu apartamento, e logo meus seguranças estacionam o carro atrás do meu.
Envio uma mensagem para Valentina, avisando que já estou aqui embaixo.
Não irei subir, pois Lorena já está dormindo, ela acorda cedo para ir à escola,
não irei vê-la hoje.
Decidi que vamos jantar às oito, assim Valentina iria se organizar com
Lorena e poder se arrumar para irmos jantar. Me encosto no carro, vendo
meus seguranças na calçada, olhando o movimento, completamente atentos,
quando escuto um barulho distante do elevador. Levanto minha cabeça,
vendo um casal sair do elevador e logo Valentina aparece.
Desencosto do carro e olho minha namorada, vendo-a como está
perfeitamente linda. Simples do jeitinho dela, porém perfeita. Veste um
vestido verde, com alças finas com um decote em V não muito chamativo,
justinho até a cintura e franzido até metade da coxa, com uma sandália
anabela, não tão alta, com amarração no tornozelo. Sorrio para ela, me
sentindo orgulhoso por tê-la. Seus cabelos castanhos um pouco iluminados,
soltos pelo vento forte, uma maquiagem leve que realça sua beleza natural,
destacando seus olhos ímpares.
Já na calçada, ela acena para meus seguranças com um sorriso, que
retribuem com um aceno e vem até mim, sorrindo. Puxo sua cintura e lhe dou
um beijo casto bem demorado.
— Você está linda. — Ela sorri, tímida.
— Você também não está nada mal. — Dou um sorriso.
— Vamos? — Ela assente.
Afasto-me do carro e abro a porta para ela, que entra se acomodando e
fecho a porta. Aceno para meus seguranças e entro no carro, colocamos o
cinto e dou partida no carro.
— Seu carro é lindo — ela diz, olhando o interior do carro.
Diminuo a velocidade e aciono o botão perto da marcha, onde o teto do
carro desce. Ela me olha sorrindo e seus cabelos voam por causa do vento
forte.
— Minha nossa. — Ela joga os braços para cima.
O vento vindo do mar está forte, seus cabelos voam e ela sorri
lindamente.
— Gostou? — Apoio minha mão em sua coxa.
— Eu amei — grita, muito animada.
Sorrio e acelero mais um pouco, onde ainda é permitido. Eu amo ver a
felicidade dela, gosto de vê-la sorrindo, e o que eu puder fazer para vê-la
feliz, farei. Não demora muito, até que estaciono em frente ao restaurante.
Desço do carro e vou até Valentina, abro a porta para ela e estendo a
mão para ajudá-la a descer. Ela pendura a alça da sua bolsa no ombro,
enquanto fecho a porta do carro. Theo se aproxima de mim, após sair do
carro e entrego a chave do meu carro a ele, para levá-lo até o estacionamento.
Seguro a mão de Valentina, entramos no restaurante, e o maitrê vem até nós.
— Boa noite, senhor D’Saints. Boa noite, senhorita. — Nos
cumprimenta.
Aceno e Valentina sorri.
— Venham, os levarei até a mesa. — Ele acena.
Ainda segurando a mão de Valentina, andamos pelo restaurante, com as
pessoas nos olhando, curiosas. Olho de soslaio minha namorada, vendo se ela
está desconfortável com isso, mas não vejo desconforto algum. Ela me olha e
sorri para mim, como se dissesse que está tudo bem. Reservei nossa mesa na
varanda do restaurante, mais próximo do mar e o local é todo aberto, onde o
vento entra totalmente no local. Nos sentamos numa mesa com duas cadeiras,
e fazemos nossos pedidos.
— Gostou do restaurante? — Seguro sua mão sobre a mesa.
Ela tira alguns fios de cabelo do rosto e me olha.
— Amei. — Sorri. — Aqui é perfeito — diz, olhando o mar.
— Sabia que iria gostar. Você adora o mar, não é? — Ela me olha.
— Gosto sim. Se pudesse, teria uma casa na praia — responde.
Assinto, pensativo.
— Gosta de ar livre.
— Muito. Adoro jardim também, sentir o ar fresco. — Ela sorri.
Um garçom nos interrompe, trazendo nossa jarra de suco. Nos serve e se
retira.
— Pedro me enviou uma mensagem — fala, assim que toma um gole do
seu suco. — Não falou nada demais, apenas para dizer que não poderá ficar
com Lorena nesse final de semana. — Me tranquiliza. — Falou que a mãe
está doente, e que terá que viajar, para ficar com ela.
— Mais alguma coisa? — pergunto.
— Não. Apenas isso mesmo. — Assinto e dou um gole no suco.
— Valentina, sobre hoje... — Ela me corta.
Ela segura minha mão sobre a mesa e me olha.
— Não precisa se desculpar por nada. Sei que para você é difícil, mas eu
não quero aproximação com ele. Mas entendo sua atitude. — Ela sorri,
gentilmente.
— Acho que devo pedir desculpas, sim. Eu não queria que você visse
meu lado explosivo, só meus irmãos e meus pais já presenciaram esse meu
lado. — Aperto sua mão. — Saiba que eu nunca machucaria você.
— Claro que eu sei disso. Mas não me esconda nenhum de seus lados, é
bom conhecer todos eles. — Assinto.
O garçom se aproxima com nossos pedidos e nos serve.
— Você se soltou hoje, hein — digo com um sorriso.
Ela me olha e cora imediatamente.
— Não precisa ficar com vergonha. — Acaricio sua mão e ela me olha
de soslaio, ainda envergonhada. — Saiba que eu adorei.
Ela toma seu suco, evitando falar.
— Por isso eu também queria te pedir desculpas. — Me olha. — Não
deveria ter descontado toda a minha raiva em você, na hora do sexo.
— Mas funcionou, não foi? Sua raiva passou. — Leva o garfo com um
pedaço de carne até a boca.
— Admito que sim. Funcionou — afirmo. — E sobre sua formatura, por
que não quer fazer?
— Não me sinto bem sem meus pais comigo. Eu fiz tudo isso por eles, e
uma formatura..., ou uma festa, eu não iria me sentir bem — responde, um
pouco acanhada.
— Querida, saiba que seus pais estão orgulhosos demais de você. Por
todo seu esforço. — Aperto sua mão. — Eles iriam querer ver você vestida
de beca, pegando seu diploma.
— Não sei — fala baixinho.
— Eles estarão lá em cima, vendo você vestida de beca e pegando seu
diploma. Baterão palmas para você, sorrindo e chorando de felicidade.
Orgulhosos da mulher que se tornou. — Ela me olha, com os olhos
marejados. — Então querida, vá à sua formatura. É apenas uma formatura,
nada mais. Talvez não queira ficar na festa, mas pelo menos faça isso por
eles. Já que fez essa faculdade por eles, participe da formatura. Eles com
certeza estarão ao seu lado.
Capítulo 29

Olho para uma mesa um pouco distante de nós, vendo Theo e Daniel
tomando água com gás, esperando qualquer aceno meu. Tiro meu celular do
bolso e envio uma mensagem para eles, avisando que irei caminhar um pouco
com Valentina na areia da praia.
Aceno para o garçom e peço a conta. Fecha o meu pedido e o pedido da
mesa dos meus seguranças, faço o pagamento e saio do restaurante com
Valentina, segurando sua mão. Ela franze a testa, quando começamos a andar
pelo calçadão da praia, ao invés de irmos para o estacionamento.
— Para onde estamos indo? — Me olha.
— Resolvi dar um passeio com minha namorada na praia. Quer? — A
olho.
— E seus seguranças? — Olha para trás, vendo Theo e Daniel, vindo a
uma certa distância.
— Vão se manter distantes, não se preocupe. — Dou um sorriso para
ela.
Ela assente com um sorriso, e quando estamos perto de andar pela areia,
ela se apoia em meu ombro e tira suas sandálias. Segurando sua mão,
começamos a andar pela areia, escutando as ondas, sentindo o vento forte e o
cheiro do mar.
— Gosto de escutar o barulho do mar — ela comenta.
— É tranquilizante, às vezes — digo.
— Sim. Quando os meus pais morreram, eu sempre vinha para a praia, e
ficava um bom tempo tentando entender o porquê de eles terem morrido. —
Ela me olha. — Por que pessoas boas sempre morrem? Era a pergunta que eu
sempre me fazia, quando vinha pra cá.
Assinto, um pouco surpreso, pois eu queria iniciar essa conversa.
— Acho que nunca vamos entender. — Entrelaço nossos dedos. — Mas
me conta, como eles eram? — Ela abre um sorriso, pensativa.
— Eram maravilhosos. Eu sentia orgulho de ser filha deles. Não tinha
vergonha por eles serem donos de uma simples lanchonete. — Assinto. —
Isso me fazia sentir mais orgulho deles, por eles estarem se esforçando, e não
fazendo coisas erradas.
— Eles tinham uma lanchonete? — A olho.
— Sim. Era no centro, bem movimentado por vender lanches baratos.
Eles não tinham os estudos completos. — Ela sorri triste. — A vida já era
dura para eles, ao invés de estudarem e terem um futuro, eles tiveram que
trabalhar desde cedo, para poder comer.
— Entendo. Bem difícil a vida deles — comento.
— Sim. Minha mãe vendia picolé na praia e meu pai, água.
— Então se conheceram na praia? — A olho.
— Exatamente nessa praia. — Assinto. — Todos os dias eles se viam,
até descobrirem que eram praticamente vizinhos no morro. — Sorri,
pensativa. — Eles começaram a conversar e logo namoraram. Não demorou
muito para eu vir ao mundo, então, eles alugaram uma casinha no morro.
— Aquela onde você morou? — Ela assente.
— Sim. Me doeu bastante sair de lá, eles lutaram dia e noite para pagar
o aluguel daquela casa em dia, para não sermos despejados. — Ela desvia o
olhar, para evitar chorar. — Cresci naquela casa, com todo o amor, carinho e
respeito deles. E eu sinto muita falta deles.
Ela me olha, e vejo lágrimas caindo em seu rosto. Me aproximo,
enxugando suas lágrimas com os meus polegares.
— Lembro-me como se fosse ontem, quando soube que estava grávida e
eles me deram apoio total. Não me julgaram e nem forçaram a barra para eu
trabalhar, mas ficaram um pouco tristes por eu ser um pouco nova. — Passa o
dorso da mão no rosto, limpando as lágrimas. — Mamãe estava muito
ansiosa pelo ultrassom, onde iríamos saber o sexo do bebê.
Faz uma pausa e se vira para olhar o mar.
— Eu não estava entendendo o porquê da sua pressa, em querer saber o
sexo. Então, eu fui ao posto de saúde, e marquei para o mais breve possível.
Papai também estava bem eufórico. — Ela sorri tristemente. — No dia do
ultrassom, eles fecharam a lanchonete por uma hora, para poder ir comigo.
— E como foi? — A incentivo.
— Quando chegou a minha vez, eles choraram, ficaram muito felizes ao
saber que era uma menina. — Ela soluça. — Choramos nós três dentro do
consultório. Até a médica se emocionou. — Ela sorri entre o choro. — Após
a consulta viemos para casa, pegamos um ônibus e viemos conversando sobre
nomes para a minha filha.
— De quem foi a ideia, dela se chamar Lorena? — A olho.
Seus olhos estão vermelhos, por causa do choro.
— Minha mãe e meu pai. Eles eram loucos por esse nome, meu nome
iria ser Lorena, mas meus pais disseram, que quando eles me seguraram pela
primeira vez, o nome Valentina surgiu de repente e que combinava
perfeitamente comigo. — Enxuga suas lágrimas, e cruza os braços. — Então
por eles, minha filha iria se chamar Lorena. Eles ficaram muito emocionados
e choraram ainda mais, quando aceitei a escolha deles.
— Nossa, Valentina, eu nem sei o que dizer — sussurro, também um
pouco emocionado pela atitude dela.
— Eu nunca pensei que um dia tão feliz para nós, iria terminar em uma
tragédia. — Engulo em seco, me preparando. — Nos despedimos dentro do
ônibus, onde eles iriam voltar ao trabalho. Eles não podiam se dar ao luxo de
um dia inteiro de folga. Um dia de folga, seria o dia que não teria o pão.
Faz uma pausa.
— Ao chegar em casa, tia Flor estava estranha, muito estranha. Minha
tia sempre foi de sentir sensações, sejam elas boas ou ruins. E naquele dia, ela
estava muito angustiada. — Ela me olha. — Foi quando o telefone tocou e
recebemos a notícia. — Seu queixo treme. — Que meus pais tinham sido...
atropelados na faixa de pedestre e... morreram no local.
Ela solta um soluço e a abraço forte, enquanto chora em meus braços.
Ela segura minha camisa, chorando muito, soluços atrás de soluços. Theo e
Daniel faz um aceno, perguntando se precisa de alguma coisa e eu nego. Olho
para os lados e vejo que tem um banquinho de cimento, e caminho com ela
até lá. Nos sentamos, e vejo sua maquiagem borrada. Limpo seu rosto com
meus dedos, enquanto ela funga.
— Se não quiser mais falar, eu vou compreender. — Seguro seu rosto,
fazendo-a me olhar. — Ela nega com a cabeça e respira fundo.
— Foi... muito difícil para mim. Acabei perdendo os dois no mesmo dia,
na mesma hora. Fiquei sem chão, completamente em choque. Eu e minha tia
fomos imediatamente até o local, e quando os vi... desabei — coloca alguns
fios atrás da orelha, soluçando sem parar. — Passei mal e fui levada ao
hospital. Eu estava grávida, então todo cuidado era pouco.
Me aproximo dela, e coloco meu braço em seu ombro, fazendo-a deitar
sua cabeça em meu peito, e Valentina abraça minha cintura.
— E o motorista? Foi preso? — Acaricio seu ombro.
— Sim. Estava dirigindo embriagado, não teve escapatória. — Ela
funga. — Eu não tinha condições de preparar o enterro, eu só sabia chorar e
dormir, pelos calmantes que me davam. — Faz uma pausa. — Quem
preparou tudo foi Alicia, Miguel e minha tia. Nossas famílias moravam
distantes e não puderam vir para o enterro, ou não tinha contato algum com
eles, que são muito distantes.
Beijo sua cabeça e acaricio seu braço.
— As únicas pessoas de fora que foram para o enterro, foram Fernando
e Mauricio, mais ninguém. Foi um enterro simples, mas muito significativo.
Mauricio fez questão de fazer o melhor, comprou flores e pagou por tudo.
— Ele é uma boa pessoa — digo sincero.
— Ele é, sim. Ele pode ser um cara errado, faz coisas erradas, mas o
coração dele é bom. Ele nos ajudou muito nessa época e após todo o
ocorrido, foi ele quem conseguiu móveis para Lorena, mesmo usados, mas
arrumou de bom grado. — Ela funga. — Ajudou bastante com tudo. Devo
muito a ele.
— Você tem se comunicado com ele? — pergunto.
— Sim. Nos falamos uma vez por semana. Devo muito a ele.
— E sobre a faculdade? — Ela levanta a cabeça e me olha.
— Eles queriam que eu fosse alguém na vida, queriam que eu saísse do
morro e construísse minha vida. Então eu prometi que iria ser alguém na
vida, por mim e por eles. Eu tinha feito uma promessa de tirá-los do morro.
Mas aconteceu... — Ela trava. — Então eu consegui, passei na universidade e
estou concluindo a faculdade que eu sempre quis fazer.
— Tenho muito orgulho de você. — Beijo sua testa.
Ela sorri e enxugo suas lágrimas.
— Então Dominic, eu irei participar da formatura. — Sua voz sai firme
e meu coração acelera. — Irei por eles. Todo meu esforço foi por eles e pela
minha filha, por eles, irei nessa formatura. — Ela me olha. — Você quer ir?
— Abro um sorriso enorme e assinto.
— Estarei lá.
— Para onde você vai? — Demétrio me pergunta.
Saímos do elevador e verifico a hora no relógio em meu pulso.
— Valentina fará sua apresentação na faculdade, onde os melhores
médicos estarão presentes. Farei uma surpresa para ela — informo.
— Tudo bem. Vou resolver aquele negócio que me pediu. — Me olha.
— Peça para que esteja tudo pronto para amanhã, à uma hora — peço.
— Está bem. Qualquer coisa envio uma mensagem para você.
— Grazie, Fratello[25]. — Aperto seu ombro.
Ele assente e vou até Daniel, que está com a porta da SUV aberta. Entro
e seguimos para a faculdade de Valentina. Pelo que ela me disse, ela e sua
colega de faculdade, foram selecionadas para fazer uma última apresentação,
na frente de muitas pessoas importantes.
Semana que vem, será a gravação do clip, e ela está bem ansiosa. Mas
pelo pouco que conversamos a respeito, ela está preparada, e isso me
tranquiliza um pouco. Ela tem falado constantemente com Hannah e Manu,
que são acostumadas com câmeras, gravações..., até Miguel e Alicia estão
ajudando-a.
Daniel estaciona em frente à faculdade. Desço do carro e Theo vem até
mim.
— Quer que eu entre? — pergunta.
— Não precisa. Mas se quiser, pode ir. — Dou de ombros e verifico a
hora em meu relógio. — Preciso entrar, em vinte minutos começa.
Ele assente e viro-me para entrar. Ao passar pelos portões junto com
Theo, com olhares curiosos sobre mim, não me intimido e sigo em frente,
adentrando no grande prédio, seguindo pelos corredores, ando até o pátio da
faculdade. A parte de trás da faculdade aparece e vejo o quão lotado está. Não
tem muitas cadeiras sobrando, mas isso não importa. Ficarei de pé, vendo
minha namorada dar um show.
Andamos e ficamos de frente para o palco, onde tem duas cadeiras
vazias, que não tínhamos visto. Estamos na segunda fileira, na ponta, onde
ela poderá me ver. Sento-me ao lado de Theo, abrindo meu paletó e cruzo as
pernas. Logo ela aprece, subindo no pequeno palco projetado, trajando uma
calça jeans clara, com uma blusa de botões e sapatilhas.
Sorrio orgulhoso.
Ela veste o jaleco, e fala algo com sua colega que apresentará o trabalho
com ela, que também está de jaleco. Um rapaz vai até elas e as ajuda a pôr o
microfone em suas roupas, para todos poderem escutar perfeitamente.
Não demora muito, até que elas se apresentam e todos batem palmas,
inclusive eu. A apresentação se inicia, e todos ficam atentos. Na primeira
fileira, só vejo médicos renomados e dois de fora, que já os vi em sites.
Valentina explica, tira dúvidas, mostra..., tudo com cuidado, cautela e firmeza
em suas respostas. Percebo que os médicos fazem perguntas dificílimas,
talvez para testá-las e ver se estão se saindo bem.
Valentina dá um show, e não tiro meu sorriso dos lábios, estou
completamente orgulhoso dela. Noto que Theo me olha de soslaio, surpreso
pela tamanha firmeza e inteligência dela. Tudo foi equipado com cuidado,
vejo várias pessoas com câmeras em mãos, tirando fotos, talvez para o site da
faculdade, mas muitas pessoas já sabem que ela será a nova garota
propaganda da minha empresa e dos meus irmãos, talvez alguns deles sejam
paparazzi.
Vejo os médicos bastante concentrados e escuto alguns médicos falarem
muito bem da minha menina. Cada dia que se passa, eu sinto mais orgulho
dela. As horas se passam, e penso que ela vai falhar, ou cansar, mas ela está
mais firme do que antes. Olho a hora em meu relógio e vejo que são cinco
horas. Todos batem palmas, quando finaliza a apresentação. Sou o primeiro a
levantar e bato palmas atraindo sua atenção, e quando ela me vê, meu coração
acelera. Valentina me olha surpresa e logo abre um largo e lindo sorriso.
Espero todos irem falar com ela, e demora uma eternidade. Ela recebe
vários parabéns pela perfeita apresentação, onde os médicos vão prestigiá-la.
Após todo mundo falar com ela, me aproximo aos poucos e ela sorri, vindo
até mim.
Eu a abraço forte, sentindo seu cheiro doce.
— Estou muito feliz por você estar aqui. — Seus olhos ímpares me
fitam.
— Quis fazer uma surpresa. — Sorrio.
— Adorei, Nick. De verdade. — Ela sorri e olha para Theo, que aperta
sua mão.
— Você foi espetacular, meu anjo — digo sincero.
Ela retira o jaleco e o pendura no braço.
— Eu estava muito nervosa. — Passa a mão na nuca. — Tremendo
muito, um frio na barriga interminável.
— Mas você se saiu muito bem. Meus parabéns. — Theo a elogia, com
um sorriso.
— Obrigada, Theo. — Agradece, gentilmente.
— Então... — Alguém nos interrompe.
— Olá, Valentina Mendes. — Um rapaz alto se aproxima de nós.
Valentina se vira e fita o homem.
— Sou Renato Boaventura, tudo bem? — Estende sua mão.
— Tudo, e com o senhor? — Ela sorri, apertando sua mão.
— Vou bem. — Ele sorri para ela e me olha, estendendo sua mão. —
Prazer em finalmente te conhecer, Dominic D’Saints.
— O prazer é meu, Renato Boaventura. — Aperto sua mão.
— Vi sua apresentação e fiquei impressionado, uma moça tão jovem
comandou uma boa parte da apresentação — fala para minha namorada.
— Estudei e me esforcei muito para isso — diz, simpática.
— Estou à procura de pessoas como você, uma pessoa esforçada e que
ama o que faz. — Ela o olha sem entender. — Eu sou o atual dono do
Hospital Márcio Boaventura, e gostaria muito que trabalhasse no meu
hospital.
Valentina me olha completamente surpresa e vejo felicidade em seus
olhos. Renato Boaventura é bisneto do Márcio Boaventura, que fundou o
hospital no Leblon, hoje é um hospital de alto padrão social, com destaque
em excelência em diversas especialidades, entre elas a fisioterapia. Esse
hospital é muito almejado, a maioria entra por indicação, porque são poucos
os que passam pela fase de contratação. Lá é jogo duro, fica quem é
competente, e Valentina é totalmente competente.
— Minha nossa! Ai, meu Deus! — Fica eufórica.
Ela abraça o Renato, que se assusta, mas a abraça. Ao se afastar, ela
enxuga as lágrimas que desceram em seu rosto, tentando se recompor.
— Oh, meu Deus! Me desculpe, eu não tive intenção. — O olha,
nervosa.
Renato nega com a cabeça, sorrindo.
— Imaginei que teria essa reação. Não se preocupe, que minha decisão
ainda está valendo. Então, você quer entrar para um dos hospitais mais
renomados do Brasil? — Renato a olha.
Olho para Valentina, que já está chorando de felicidade.
— Com certeza. — Lágrimas caem em seu rosto.
Puxo-a para um abraço. Porra, eu tenho muito orgulho dela! Ela se
afasta um pouco e olha para Renato, se recompondo.
— Você vai fazer alguma pós-graduação? Tem algo em mente? —
Renato pergunta.
— Sim. Quero fazer traumato-ortopédica — ela responde. — Quero
fazer online, mas com algumas aulas presenciais. Mas eu quero fazer outras
pós-graduações.
— Isso é muito bom. Muitas pessoas estão procurando fazer a pós-
graduação online, apenas com algumas aulas presenciais. Procurei saber com
alguns alunos aqui, e obtive a mesma resposta. — Ela assente.
— É mais fácil para se adaptar enquanto está trabalhando — explica.
— Pois é, mas me passe seu telefone que entrarei em contato com você
— Renato pede.
Tira de seu terno um bloquinho pequeno e uma caneta, entregando à
Valentina, que anota seu número e devolve para ele.
— Estarei na formatura, entregando seu diploma. Até mais, Valentina.
— Ele aperta a mão dela e me olha. — Até mais, D’Saints.
Aperto sua mão, firme. Após se afastar, Valentina se joga em meus
braços mais uma vez.
— Tenho muito orgulho de você — sussurro em seu ouvido.
Ela me olha, com seus olhos marejados.
— Estou tão eufórica, tão feliz... Nem sei explicar. — Faz gestos com as
mãos.
— Eu só sei que teremos o final de semana inteiro para comemorar. —
Sorrio.
— Para onde vamos? — Me olha, curiosa.
— Surpresa. — Pisco o olho.
Capítulo 30

Termino de verificar minhas bolsas e as bolsas de Lorena, quando tia


Flor entra no quarto.
— Dominic já disse para onde vai levar vocês? — Se senta na minha
cama.
— Não, tia. Apenas disse para que preparasse uma pequena mala para
três dias — explico.
— Biquínis? — aponta para a mala.
Olho a mala vendo alguns biquínis.
— Ah, sim. Ele pediu que levasse roupa de banho. — Dei de ombros.
Fecho a mala, após conferi-la, quando o interfone toca.
— Vou atender — tia Flor avisa e sai do quarto.
Verifico a mochila, onde tem roupas de Lorena, verificando suas
roupinhas e sandálias. Admito que estou curiosa, Dominic não me disse para
onde iremos, só deixou uma dica no ar, já que pediu que levasse roupas de
banho, sei que vamos à praia ou piscina. Me deixou bastante curiosa.
— Querida, tem uma pessoa que veio buscar vocês. Um tal de Enzo —
tia Flor fala.
— Lorena já acabou? — Tiro minha mala de cima da cama.
— Sim. Está pronta. — Saio do quarto indo para sala, segurando as
malas.
— Vamos, querida? — Chamo Lorena.
Ela me olha e sai do sofá, animada.
— Tchau, vovó. — Ela abraça tia Flor.
— Cuidado, princesa. Aproveite. — Beija a cabeça de Lorena.
— Qualquer coisa a senhora ligue, viu? — Abraço-a.
— Não se preocupe comigo, aproveite o final de semana. — Sorriu para
mim.
Dominic também chamou tia Flor para passarmos um final de semana
fora comemorar a enorme oportunidade que recebi de trabalhar no Hospital
Márcio Boaventura, mas ela não quis ir, disse que eu deveria aproveitar esse
final de semana ao lado dele e depois ela iria comemorar comigo e Lorena.
Meu sonho sempre foi trabalhar neste hospital, um hospital bastante
renomado no Brasil, bem requisitado, onde trabalham só os melhores. E
ontem recebi essa oportunidade que não pude deixar passar.
Me despeço da minha tia e saio com Lorena, carregando as malas. Ao
chegar no hall, vejo um homem alto e forte, trajando um terno. Olho para o
porteiro e ele assente, afirmando que é ele. Ao nos ver, ele vem
imediatamente até nós.
— Eu deveria ter subido para pegar suas malas, senhorita — fala um
pouco arrastado, e noto seu sotaque italiano.
— Não estão pesadas, Enzo. Sou Valentina. — Dou um sorriso.
— Sou Enzo, um dos seguranças do Demétrio. Dominic me pediu para
vir buscá-las. — Anda comigo até o carro.
Entro com Lorena e a coloco na cadeirinha e logo Enzo dá partida no
carro. O trânsito para um pouco, mas logo seguimos tranquilos e rapidamente
chegamos no condomínio onde Dominic mora. Após parar o carro em frente
ao prédio, descemos do carro, Enzo pega minhas malas e entra comigo. Ao
invés de seguirmos para o elevador que dá acesso à cobertura, entramos em
outro elevador, que nunca entrei.
Não demora muito até o elevador parar e as portas se abrirem, e uma
claridade imensa faz eu fechar um pouco os olhos e sair do elevador, aos
poucos vou abrindo e vejo um helicóptero no heliponto do prédio, com dois
homens de pé falando com Dominic. Ele vira sua cabeça e nos olha. Ele está
absurdamente lindo, como sempre. O homem fica lindo demais com óculos
de sol, um gato, chama mais atenção do que o normal. Veste uma bermuda
jeans marrom, uma camisa de gola v e sapatênis.
— Vocês estão lindas — fala com um sorriso, ao se aproximar.
— Papai, que negoço gandão — aponta para o helicóptero.
Ele sorri e a pega nos braços, beijando sua bochecha.
— É um helicóptero, filha.
— Nunca vi um de peto — Lorena aponta. — Vamos entá nele, papai?
— Vamos, sim, pequena. Vamos ver o mar lá de cima. — Ele sorri para
ela.
— Lá de cima? — Aponta para o céu.
— É sim, principessa. — Beija sua bochecha e me olha. — Está linda,
meu anjo.
— Você também. — Ele me puxa e beija meus lábios.
Vejo Enzo entregar nossas malas para alguém e Dominic segura minha
mão, caminhando até o helicóptero.
— Para onde vamos? — pergunto, tirando alguns fios de cabelo do meu
rosto, pelo vento forte.
— Você já foi à Angra dos Reis? — Ele me olha.
Arregalo os olhos, totalmente surpresa.
— Para Angra? — Ele assente. — Meu Deus, eu nunca fui.
— Que bom que eu serei o primeiro a levá-la. — Ele sorri.
Fico na ponta dos pés e beijo seus lábios.
— Obrigada. — Agradeço.
— Não precisa me agradecer, meu anjo. — Beija minha testa.
Logo nos acomodamos dentro do helicóptero e minutos depois ele
começa a sobrevoar o mar. Lorena está eufórica vendo tudo, e soltando
gritinhos de felicidade e eu só consigo ver como o mar é lindo daqui de cima.
Tudo é perfeito demais. Dominic nos olha com sorriso, vendo nossa
felicidade, a felicidade de Lorena. Seus olhos azuis estão tão intensos, e eu o
amo tanto, tanto...
— O que foi, anjo? — ele pergunta, e segura minha mão.
— Não é nada. — Sorrio.
Volto minha atenção ao mar, admirando como tudo é lindo. Logo avisto
as ilhas de Angra, cada uma mais bonita que a outra. O helicóptero desce aos
poucos e identifico uma casa à beira-mar, com um heliponto em cima da
casa, onde o piloto faz o pouso com cautela. Descemos do helicóptero com a
ajuda de Dominic que pega Lorena nos braços e a coloca no chão.
A casa é grande, de cima vejo um deck maravilhoso com uma piscina
grande, com algumas espreguiçadeiras. Dominic fala algo ao piloto e vem até
nós.
— Vamos conhecer a casa? — Ele estende sua mão.
Andamos um pouco até descermos a escada, que nos leva até o térreo da
casa e vejo o quanto é linda demais. Muito moderna por dentro, com móveis
lindos e caros, uma cozinha impecável, com eletrodomésticos de inox, uma
linda bancada de pedra de mármore clara e alguns bancos ao redor. Em frente
tem um corredor, onde Dominic diz que é o corredor dos quartos e os
banheiros. Caminhamos e vejo a sala perfeita com vista para o deck e o mar.
Os sofás retráteis são grandes, com uma tv de plasma enorme na parede e
algumas poltronas que aparentam ser bastante confortáveis.
As portas duplas de vidro que nos levam até o deck são maravilhosas.
Lorena solta a minha mão e corre para ver as coisas. O vento vindo do mar é
maravilhoso, com certeza eu moraria em um lugar desse. As plantas são
lindas, as árvores com as folhas tão verdes, que as deixam perfeitas, as
zoadas das pequenas ondas na areia perto do deck que nos leva até lá é
maravilhoso.
— Gostou? — Nick me abraça por trás.
— Nossa... aqui é lindo, Nick. — Sorrio.
— Que bom que gostou. — Beija meu pescoço. — Vou falar com Theo
e Daniel.
— Eles vieram? — Viro-me para ele.
— Sim. Vieram logo cedo, para organizar umas coisas para mim. Nada
de mais. — Beija meus lábios. — Será apenas nós três. Não contratei
ninguém para fazermos nossas refeições, quero que seja apenas nós, mas se
preferir, posso chamar uma cozinheira. Eles ficarão nessa casinha ao lado,
com tudo equipado para eles.
— Não precisa. A gente se vira, revezamos. — Ele assente com um
sorriso. — Mas pelo menos, os chamem para comer conosco.
— Se é assim que você quer, tudo bem. — Afasta alguns fios de cabelo.
— Você pode ir escolhendo o quarto. Se Lorena não quiser dormir sozinha
no outro quarto, onde mandei equipar para uma criança, ela pode dormir
conosco. A cama é grande e cabe nós três.
— Está bem. Vou ver qual quartos ficaremos — digo e ele assente.
— Qualquer coisa é só chamar. — Beija meus lábios e se afasta.
Olho Lorena sentada no sofá olhando o mar à nossa frente e me
aproximo dela.
— Vamos para a praia? — Ela me olha.
— Eba! — Pula no sofá, toda animada.
Capítulo 31

Lorena e Valentina aproveitaram bem a tarde de ontem. Elas passaram a


maior parte do tempo na praia, eu as vi de longe, sorrindo e correndo pela
areia. Lorena de biquíni é uma graça, seu biquíni é igual ao da mãe, rosa
cheio de bolinhas brancas, estilo ciganinha.
Como Theo e Daniel vieram ontem pela manhã, pedi para agilizarem
algumas coisas como: comidas, preparar a lancha para nosso passeio de hoje
— que ambas ainda não sabem —, uns brinquedos para Lorena, boias e
outras coisas.
Após vestir minha sunga, uma bermuda de banho por cima e uma regata,
espero Valentina terminar de arrumar Lorena no quarto.
— A lancha já está no píer — Theo fala, ao se aproximar de mim.
— Certo. Estou esperando-as — respondo.
Ele assente e se retira. Confiro se minha carteira está no bolso,
juntamente com meu telefone e coloco meus óculos de sol. Escuto passos
vindo do corredor e elas aparecem com a mesma roupa, com Valentina
segurando uma bolsa de praia.
— Que lindas — Sorrio.
Ambas vestem a mesma saída de praia na cor branca, uma rasteirinha de
dedo, também iguais, os mesmos óculos de sol e cabelos soltos. Que graça.
Meu Deus! Estão lindas, vestidas iguais.
— Estão prontas? — Me aproximo delas.
— Vamos aonde, papai? — Lorena pergunta.
— Surpresa. — Passo meu indicador no seu nariz.
Segurando a mão de Lorena sigo com Valentina para fora da casa que
sorri ao ver a lancha no píer. Sorrio para ela e estendo minha mão para ela
segurar.
A lancha que eu escolhi é uma grande e luxuosa com a proa totalmente
aberta, o que facilita bastante. O deck no andar na parte debaixo é muito
confortável, com um banco em forma de U em couro bege e uma escadinha
que nos leva até a barra de ferro da lancha.
Entramos na lancha nos acomodando com Theo e Daniel. Eles se
acomodam no andar de cima, para nos deixar totalmente à vontade. Nosso
almoço já está feito no forno da cozinha, preparado para ser servido. Assim
que a lancha entra em movimento e caminho até a cozinha, vejo a bandeja
com um peixe frito com várias verduras, uma porção de fritas e uma porção
de arroz, como complemento, tudo totalmente quente.
Saio da cozinha e vejo minhas meninas sem as saídas de banho, com o
mesmo maiô. Valentina termina de passar o protetor em Lorena, que fica
olhando o mar, animada.
— Querem almoçar? Já está pronto. — Me aproximo.
— Eu estou com fome. — Lorena faz careta.
— Então vamos almoçar. — Sorrio para minha filha.
Valentina deixa Lorena sentada, distante da grade de ferro, onde ela não
possa cair no mar, com a lancha em movimento. Sigo-a até a cozinha, vendo
sua bunda redondinha, com o maiô fio dental. Ao chegarmos na cozinha, a
abraço por trás, esfregando minha ereção crescente em sua bunda.
— Você está uma tentação, com essa bunda perfeita de fora, nesse maiô
— sussurro em seu ouvido. — Está me deixando excitado, meu anjo. Muito
excitado.
— Nick... a Lorena. — Solta um gemido, quando me esfrego de novo.
— Eu sei..., não vamos fazer nada aqui, não ainda. — Beijo seu
pescoço, fazendo-a se arrepiar. Vejo-a suspirar e me afasto dela.
Retiro minha camisa, pois está muito calor. Ela para o que está fazendo
e me olha, me analisando com muito desejo. Descendo pelo meu peitoral,
indo até minha ereção coberta pela sunga e a bermuda.
— Meu anjo, se continuar me olhando assim, eu te fodo nessa cozinha
mesmo. — Ela me olha, mordendo o lábio.
— Então sai daqui. — Vira o rosto, tímida
Sorrio e beijo sua bochecha. Ajudo a levar nosso almoço para a pequena
mesa, na área coberta, onde almoçamos tranquilamente. Após nosso almoço,
o piloto para a lancha e aproveitamos a tarde. Entramos no mar, nadamos e
voltamos para a lancha, onde Lorena já está muito cansada, de tanto que
aproveitou.
Conseguimos tirar várias fotos, mais delas do que minha. Uma foto
ficou perfeita, das duas no deck, distraídas, estavam lindas demais, assim que
tirei, se tornou o papel de parede do meu celular. Elas aproveitaram cada
minuto como se fosse o último, e eu estou muito feliz com isso. Valentina
trocou de roupa de banho e optou por um biquíni, minúsculo, para acabar
com o resto da minha sanidade.
Sentado no deck, escuto meu telefone tocar e atendo meu irmão.
— E aí, fratello? Como estão as coisas? — Dimitri pergunta.
— Estão ótimas, Dimi. Tudo sob controle, elas estão se divertindo muito
— falo com um sorriso, ao ver minhas meninas sentadas olhando o mar.
— Que bom, cara. Elas gostaram do passeio de lancha?
— Demais. Estão aproveitando até agora.
— Hm. Tudo certo para voltarem amanhã?
— Sim. Theo e Daniel já vão resolver tudo hoje.
Vejo Valentina se levantando com Lorena nos braços, bocejando.
Provavelmente vai levá-la até a cabine para descansar.
— Certo. Aproveite seu final de semana.
Me despeço dele. Logo Valentina aparece vestida apenas com um
shortinho de elástico pequeno e o sutiã de seu biquíni. Essa mulher me dá um
tesão.
— Ela dormiu, estava muito cansada. — Se senta ao meu lado, mas eu
só tenho olhos para seus peitos cobertos por um pequeno tecido. — Por que
está de calção de banho ao invés de sunga?
— Acho que a pequena iria perguntar o que tem dentro da minha sunga,
para fazer tanto volume. Do jeito que ela é curiosa, ela iria perguntar. —
Valentina cora. — Então decidi ficar com esse calção, esconde um pouco a
minha ereção.
Me aproximo dela, segurando seu queixo, mantendo seus olhos fixos em
mim.
— Desde que você colocou esse biquíni você está me matando de tesão,
Valentina. — Mordo seu lábio. — Não sabia que você seria tão gostosa
usando esse biquíni minúsculo. Se estivéssemos numa praia bastante
movimentada, eu iria surtar, bater em qualquer homem que te olhasse. — Ela
cora ainda mais.
Porra, eu amo esse jeito tímido dela, me dá um tesão.
— O que você acha de eu resolver essa sua ereção? — ela sussurra em
meus lábios.
— Porra, Valentina. Você me deixa tão excitado quando quer tomar a
iniciativa. — Seguro sua nuca.
— Então vem. — Me chama.
Ela se levanta, se inclinando, deixando seus peitos perto do meu rosto e
me contenho ao máximo para não transar com ela aqui, a porra do
comandante e meus seguranças estão lá em cima. Valentina geme um pouco
alto, e eles podem escutá-la. Mas a porra dos gemidos dela são meus, apenas
meus. Deixo Valentina me conduzir até a nossa cabine e fechar a porta em
seguida, me empurrando na cama.
A olho com tanto desejo, que meu pau pulsa dentro da minha sunga. Ela
empurra meu peito, fazendo-me deitar e vem para cima de mim, sentando no
meu colo e tomando meus lábios num beijo feroz. Minhas mãos passeiam por
suas costas nuas, ao encontro do laço do seu biquíni e começo a desfazê-lo.
— Será que a pequena vai acordar? — Mordo seu lábio.
— Não. Quando ela toma banho de mar, ou passa o dia sem parar, ela
dorme por várias horas — fala, ofegante.
Ela se afasta e começa a tirar seu biquíni, me dando uma bela visão dos
seus seios com a marquinha do biquíni, não perco tempo e chupo-os com
gosto. Ela segura meu cabelo, mantendo-me em seus peitos, pedindo para
chupá-los mais. Ela geme e se remexe no meu colo, fazendo atrito com meu
pau que pulsa demais.
Me delicio com essas belezuras que são esses seios. Nossa, eu tenho
uma tara enorme por eles, são pequenos, porém, deliciosos demais. Porra!
Seguro-os e os aperto, chupando os biquinhos, deixando Valentina mais
excitada. Ela geme baixinho perto do meu ouvido, e eu amo escutar seus
gemidos, são músicas para meus ouvidos. Me afasto e tomo seus lábios.
— Nick... — Ela geme.
Desço meus lábios para seu pescoço, dando leves mordidas e chupadas.
Suas mãos descem pela minha barriga e aperta minha ereção. Solto um
gemido em seu ouvido e ela rebola nele.
— Ah, Valentina! — Mordo seu lóbulo.
Ela se afasta e me faz deitar na cama. Valentina vai se afastando,
engatinhando na cama até se aproximar do meu short de banho e começar a
descê-lo junto com a sunga. Minha ereção salta de dentro da sunga,
apontando para meu umbigo, todo babado. Ela joga o short e o calção na
cama e se aproxima da minha ereção.
Se inclina ficando mais próximo e segura meu pau, com suas mãos
pequenas e afetuosas, começando a fazer um vaivém delicioso. Um gemido
sai da minha garganta, quando ela o aperta ainda o movendo para cima e para
baixo. Com o polegar, ela espalha meu pré-gozo em toda a minha glande,
sem parar os movimentos.
Mordo o lábio, quando ela me olha com cara de safada. Ela abaixa sua
cabeça e passa a língua na minha glande. Porra! Meu pau pulsa em suas mãos
e ela sorri, ao senti-lo. Abaixa seu tronco e passa sua língua da base até a
glande. Outro gemido escapa da minha garganta. Sua língua é tão macia, que
dá vontade de socar tudo dentro da sua boca, sem dó. Mas eu me controlo o
máximo para não fazer isso. Ela começa a chupar minha glande, fazendo
movimentos com a língua, o que é gostoso demais, caralho. Ela me fita com
seus olhos ímpares e coloca meu pau em sua boca.
— Valentina... Ai, nossa... — Solto um grunhido de prazer.
Ela começa a me chupar, sem parar seus movimentos com as mãos.
Ergo minha mão e afasto seus cabelos que cobrem boa parte da visão perfeita
que tenho à minha frente, e os levo até o alto da sua cabeça, juntando todos
os fios, acompanhando seus movimentos.
— Ah, caralho, que delícia! — Mordo o lábio.
Ela continua me chupando sem parar, fazendo zoada da sua saliva, me
deixando louco de tesão. Puta merda, é gostoso demais. Involuntariamente
ergo meu quadril, olhando-a se deliciar do meu pau, que está todo
lambuzado.
— Hum. Vem cá, vem. — Eu a chamo.
Ela tira meu pau de sua boca e vem até mim, tomo seus lábios, com o
maior prazer. Segurando sua cintura, inverto nossas posições, ficando por
cima. Fico de joelhos e seguro em cada lado do seu short e começo a tirá-lo,
junto com seu biquíni. Jogo seu short em cima da cama e afasto suas pernas,
vendo sua boceta tão molhada, que me dá água na boca. Me afasto e caio de
boca nela, fazendo Valentina gemer mais alto. Chupo sua boceta com
vontade, porque eu amo chupar essa bocetinha deliciosa.
— Nick! — Ela ergue o quadril.
Seguro forte seu quadril, chupando com vontade seu clitóris que já está
inchado e pulsante. Enfio dois dedos dentro dela e começo a fazer
movimentos de entra e sai, querendo que ela goze, e ela goza, goza
lindamente para mim. Se contorcendo, gemendo e puxando os lençóis. Passo
a língua nos meus lábios e me levanto, aproximando-me dela.
— Seu gosto é tão delicioso. — Dou um beijo casto em seus lábios.
Ela estica sua mão e toca no meu pau, me masturbando.
— Merda, eu não trouxe camisinha. — Fico de joelhos em sua frente.
— Você sempre anda com uma. — Ela me olha.
— Pois é. Hoje seria apenas um passeio em família, não estava na minha
lista fazer amor com você. — Passo a mão no rosto, totalmente frustrado.
Ela fica um tempinho me olhando.
— Eu tomo remédio. Já fizemos uma vez sem camisinha, e naquela
época eu já tomava. — Ela se senta. — Só se você não quiser fazer sem
proteção.
Solto um grunhido e seguro seu rosto, olhando bem em seus olhos.
— Eu quero tudo com você. — Mordo seu lábio. — Mas porra, sem
camisinha...
— Você não quer fazer sem proteção? — pergunta com cautela.
— Só de pensar que vou sentir você sem nada, me dá vontade de gozar,
Valentina. — A empurro com cuidado, deitando-a na cama e abrindo suas
pernas. — Meu pau está louco para sentir você novamente sem nada.
Ela me dá um sorriso e me encaixo no meio das suas pernas, seguro meu
pau levando-o até sua entrada e vou entrando aos poucos, com cuidado.
Fecho os olhos por um momento, sentindo sua intimidade me prender,
deixando meu pau molhado. Começo a me movimentar aos poucos, tentando
entrar todo dentro dela. Ela crava suas unhas em meus braços e cruza suas
pernas em meu quadril, gemendo, olhando em meus olhos.
— Nossa..., como é bom. — Fecho os olhos, aumentando minha
velocidade.
Ela puxa minha nuca e me beija erguendo seu quadril, fazendo-me ir
mais fundo. Ela é gostosa demais, deliciosa. Uma conexão surreal, um
encaixe perfeito.
Capítulo 32

A gravação do clipe foi um sucesso. Tudo foi com cuidado, cada


detalhe, cada passo, cada olhar..., simplesmente tudo perfeito. Eu só via
Dominic com sorrisos nos lábios, enquanto eu gravava, o que me deu mais
confiança. Admito que fiquei nervosa, mas todos me ajudaram. A gravação
durou o dia inteiro, tinham que pegar os melhores ângulos, tivemos que
repetir algumas cenas, umas três ou quatro vezes, principalmente a cena da
água. Tiveram que me secar, fazer uma nova maquiagem..., então toda a
gravação durou o dia todo. Fora os intervalos para o lanche e olhar como
ficou as gravações e a sessão fotográfica.
A embalagem do perfume está linda demais, um dourado lindo e bem
delicado. Claro que fiquei com um, ele é muito cheiroso, e com nome
bastante elegante e sofisticado: Ottimizzare La Francia N°5.
Sinto meu celular tocar na minha bolsa, abro-a e o retiro, atendendo sem
ver quem é.
— Alô?
— Não desligue, por favor. — Escuto a voz de Pedro.
Paro rapidamente no meio do shopping, totalmente surpresa.
— O que você quer, Pedro Henrique? — Respiro fundo.
Theo me olha atento. Ele faz um aceno perguntando se está tudo bem e
eu assinto.
— Quero falar contigo. Por favor, Valentina — pede.
— Não tenho nada para falar com você, eu já disse isso.
— Você não tem, mas eu tenho. Por favor.
Respiro fundo, e me arrependo da minha decisão. Digo a ele onde estou
e onde vou esperá-lo.
— Estou bem pertinho do Leblon, chego em poucos minutos — avisa e
desliga.
Guardo o telefone na minha bolsa e olho para Theo, que espera minha
resposta.
— Theo, faz um favor para mim. — Ele assente. — Avise isso ao
Dominic.
— Tem certeza de que você não quer falar para ele? — Me segue até a
cafeteria.
— Melhor não, imagino que Dominic vá surtar. — Sento-me em uma
mesa. — Procure uma mesa para você, de preferência próxima da minha, por
favor. — Ele assente e se retira, indo à mesa mais próxima da minha. Pego o
cardápio em cima da mesa e dou uma olhada.
— Olá, boa tarde. O que deseja? — um rapaz pergunta.
— Boa tarde. Vou querer um Frappuccino de brigadeiro e um croissant
misto, por favor. — Ele assente, anotando no caderninho. — E vá naquela
mesa, por favor, e faça o pedido daquele homem.
Ele assente e se retira, indo até à mesa de Theo. Deixo minha bolsa ao
meu lado na cadeira, e faço um coque despojado no cabelo, porque no Rio de
Janeiro está quente demais. Vejo Theo falando ao telefone e me olha. Se
levanta da cadeira e vem até mim, me entregando o telefone.
— O que Pedro quer falar com você? — Dominic me questiona.
— Oi, querido, como vai? — Tento amenizar a situação.
— Valentina, o que esse figlio di puttana quer com você? — insiste.
— Eu não sei, Dominic. Ele apenas disse que quer falar comigo, e eu
disse que estou no shopping, no Leblon — explico.
Escuto-o suspirar, e ficar um tempo em silêncio.
— Certo. Fale o que tiver de falar com ele, não quero privar você de
nada — suspira. — Acho que... vocês devem ter essa conversa, que nunca
tiveram.
— Por mim eu não teria — respondo.
— Mio angelo, você sabe que precisam ter essa conversa. Agora que ele
tem Lorena aos domingos, vocês precisam conversar a respeito de tudo que
você passou.
Fico um tempo em silêncio, sabendo que ele está com razão.
— Deixe Theo perto de você, só por garantia.
— Pedro não vai me sequestrar ou me bater, Nick. — Dou um sorriso.
O rapaz se aproxima com meu pedido, deixando tudo em cima da mesa
e se afasta.
— Não confio nele, Valentina. Ele pode querer fazer algo, só pelo fato
de ter sido demitido semana passada.
É, ele está certo. Pedro Henrique foi demitido, porque faltou ao trabalho
para ir à Arraial do Cabo. Não deu satisfações, apenas faltou o trabalho e foi.
No outro dia chegou na empresa, alegando que estava doente. Mas foi triste
para ele, porque os meninos viram sua foto em sua rede social, que Morgana
achou e mostrou para eles.
— Mas Theo está aqui, na mesa ao lado, totalmente atento.
— Tudo bem, meu anjo. Deixe-o perto de você para qualquer
circunstância.
Me despeço dele e entrego o telefone a Theo, que vai até sua mesa e se
serve do seu café expresso. Pego meu croissant e começo a comer. Pedro
Henrique aparece, e ao me ver, vem em minha direção. Ele faz um aceno ao
garçom que vai até ele, escuto-o pedir um expresso.
Pedro arrasta a cadeira e se senta na minha frente, apoiando os braços na
mesa.
— Obrigado por aceitar se encontrar comigo. — Me fita.
Dou de ombros.
— O que quer falar? — Tomo meu Frappuccino.
Ele passa a mão no rosto.
— Eu... bom, quero te pedir perdão. — Maneio a cabeça. — Eu estava
novo demais para ser pai...
— E eu estava preparada para ser mãe? — O olho.
— Deixa eu terminar, por favor — pede com calma, e eu bufo. — Como
eu estava dizendo, estava jovem demais para ser pai, meus pais estavam
felizes por eu ter escolhido a faculdade que eu iria fazer, e eu estava eufórico
demais com isso. Faculdade de engenharia não é fácil.
— Muito menos vida de pobre — digo.
— Valentina... — O interrompo.
— Não, Pedro! Essa sua desculpinha esfarrapada não vai me convencer.
Você tinha uma vida muito boa, poderia pelo menos ter me ajudado a criar
minha filha, era só isso que eu queria.
— Nossa filha — corrige.
— Minha filha! — Bato no meu peito. — Eu que criei Lorena, eu cuidei,
passei noites em hospital público com ela doente, trabalhando dia e noite para
não deixar faltar nada para ela. — Ele engole em seco. — Eu a eduquei,
ensinei a falar, a andar. Eu que passei todos os dias com ela. Então não venha
dar um de super pai, porque você não é.
Somos interrompidos pelo rapaz que traz o café dele e se retira.
— Eu sei que... — O interrompo.
— Você não sabe de nada, Pedro. Você não sabe o quanto lutei, o
quanto trabalhei, cheguei várias noites morrendo de cansada de passar o dia
em pé, para pelo menos levar o leite dela. — Engulo o choro. — Eu passei
fome, para poder dar de comer a ela.
— Eu não sabia que você estava desse jeito. — Ele me olha.
— Não sabia, porque você foi um mau-caráter, um irresponsável que
não quis criar sua filha. Preferiu ficar comendo diversas mulheres, sem
responsabilidade alguma e fazendo sua faculdade de merda — respondo, um
pouco exaltada.
— Não era essa minha intenção — fala.
Dou uma risada sem humor.
— Por favor, Pedro. Você me traía na cara-de-pau. E você ainda apostou
com seus amigos que tiraria minha virgindade — falo, entredentes.
— Admito que aquilo foi horrível. — Passa a mão na nuca.
— Foi horrível? Eu passei vergonha, Pedro. Seus amiguinhos me viram
subir até seu apartamento. Sabiam que você estava com aquela mulher lá. —
Respiro fundo. — E quando eu saí, eles me contaram que você ficou comigo
apenas para tirar minha virgindade.
— Eu não sabia que estavam lá. — Ele tenta segurar minha mão, mas eu
me afasto.
— Você é um cretino, Pedro.
— Eu só quero esquecer tudo isso, e poder... — O interrompo.
— Poder o quê, Pedro? — Ele passa a língua em seus lábios e me olha.
— Tentar te reconquistar — admite.
O olho, incrédula e dou uma risada irônica.
— Tentar me reconquistar? Você enlouqueceu? — Rio sem humor.
— Não, Valentina. Estou falando muito sério. — Ele apoia seus braços
na mesa, se aproximando mais. — Eu nunca te esqueci. Eu sempre te amei,
só não sabia. Eu era um moleque.
— Você continua sendo um moleque. Porque um homem de verdade,
não tenta reconquistar outra, estando casado. — Cruzo os braços.
— Meu casamento com Isabela é bom... — O interrompo.
— Eu, sinceramente, tenho pena dela, por estar com você. Ela deve
levar vários chifres, não é? — Ele fica calado. — Você é um cretino da pior
espécie, Pedro.
— Valentina, eu te amo, de verdade. Depois que comecei a conviver
com Lorena, eu mudei, e quero construir uma família com você. Reconstruir.
— Ele segura minha mão, mas eu o afasto.
— Não temos nada para reconstruir. Você poderia ter feito quando teve
a chance, agora você perdeu, Pedro. Estou com Dominic — respondo.
— Com aquele italiano de merda? Você sabia que ele e os dois palhaços
me demitiram? — fala entredentes.
— Por que será? — Cruzo os braços, com um sorriso nos lábios.
— Eles que decidiram me tirar de lá, para me manter longe de você.
Descruzo meus braços e os apoio na mesa, mantendo meus olhos nele.
— As notícias correm, Pedro. Você foi demitido porque mentiu, disse
que estava doente, mas estava em Arraial do Cabo, bem despreocupado,
curtindo a vida. — Ele empalidece. — Além de que, faltava ao trabalho, não
cumpria os horários, não usava o traje necessário no laboratório... Falta mais
alguma coisa?
Ele engole em seco, calado. Sorrio. Aceno para o rapaz e peço a conta.
Seguro minha bolsa e o olho.
— A sua intenção de querer Lorena, é porque ela considera Dominic
como pai, uma coisa que você nunca foi. Eu admiro Dominic, por ele ter
aceitado Lorena como sua filha, sendo filha de outro homem, e você o odeia
ou tem inveja. — Ele mantém seus olhos em mim. — Você não me colocará
contra ele, Pedro.
Me levanto da cadeira quando o rapaz me dá a notinha, retiro o dinheiro
da minha bolsa e o entrego. Olho para Pedro, enquanto coloco minha carteira
dentro da bolsa.
— Não me chame para falar mais nada. Tudo que tínhamos de falar, foi
falado hoje. Não me dirija a palavra, a não ser aos domingos e sobre Lorena.
Fora isso, esqueça que eu existo. — Dou-lhe as costas e lembro-me de algo.
Giro meu corpo e ele me olha. — Se você não é feliz com Isabela, ou prefere
estar com uma e outra, peça o divórcio. Ela não merece sofrer com suas
safadezas e suas infidelidades.
Viro-me e Theo me acompanha.
Capítulo 33

— Já estamos todos aqui, fratello — Dimitri fala ao telefone.


— Estou só esperando Valentina descer, para podermos ir. Daqui a
pouco eu chego.
Me despeço dele e desligo o telefone. Vou até o minibar e me sirvo de
uma pequena dose de uísque e ingiro o líquido âmbar de uma vez. Olho a
grande janela, vendo o mar e a lua. Valentina veio para minha cobertura hoje,
para poder se arrumar em um lugar maior e tranquilo. Betânia vai ficar com
Lorena no apartamento de Valentina, já que a festa não é para crianças, e elas
se dão super bem. Betânia não hesitou em momento algum, ao contrário,
ficou animada.
Hoje é o dia do lançamento do perfume, e como Valentina é a garota
propaganda, ela vai ser o centro das atenções. Paguei um cabeleireiro e uma
manicure, para cuidar de Valentina, que passou o dia todo no quarto de
hóspedes. Também chamei um estilista, com diversos modelos e cores de
vestidos, acessórios e sapatos, para ela poder escolher à vontade.
Olho meu relógio no pulso, vendo que são nove horas, temos que estar
lá às nove e meia. Theo está nos esperando lá embaixo, junto com Daniel,
para poder nos levar com tranquilidade até o evento. Não sei se Valentina
ficará confortável com muitas câmeras em sua direção. A notícia se espalhou
em diversos estados e países, que ela será a nossa garota propaganda e com
isso, ela não tem sossego. Vários paparazzis estão seguindo-a, para tirar fotos
suas em todos os lugares.
Observei-a para saber se ela está desconfortável com isso, mas está
agindo com tranquilidade e maturidade. Mas eu não sei hoje, com diversos
flashes em cima dela e por ser o centro das atenções de todos no evento,
como será sua reação.
O local não é tão longe, é em uma mansão no Leblon, onde sempre é
alugado para eventos tais como: formatura, casamento, festas e vários outros
eventos. A mansão é puro luxo, acessível para poucos. O lugar é espaçoso,
com um super espaço para carros, grandes banheiros, uma cozinha para o
buffet se locomover facilmente e um jardim muito grande e bonito.
Verifico meu smoking, vendo se não tem nada fora do lugar, quando
escuto passos de saltos no piso de porcelanato, vindo da escada. O perfume
doce invade minhas narinas, me deixando ansioso para vê-la. Viro-me
devagar e a olho descer as escadas, degrau por degrau, com cuidado por
causa dos saltos.
Engulo em seco.
Cazzo!
Ela está deslumbrante.
Ela sorri tímida, parando no meio da escada. Seu vestido é perfeito,
combinou perfeitamente com ela, ela é toda perfeita. Seu vestido é longo, na
cor vermelha de ombro a ombro, com um decote em v bem pequeno, que
realça demais seus seios. As alças de ombro a ombro com várias flores
brilhosas, também na cor vermelha, que vai até seu decote, descendo pela
cintura caindo em forma de cascata na saia do vestido, com várias camadas
de tule vermelho.
Seu colo e pescoço estão à mostra, e merecem um colar de diamantes,
que eu comprei, é claro, para presenteá-la. Fui esperto, pedi alguns vestidos
que fossem dignos de serem usados com um belíssimo colar de diamantes.
Seu cabelo em um penteado lindo, um coque muito bem feito com alguns fios
soltos, deixando-a mais linda. Sua maquiagem não é tão pesada, mas ela está
bem iluminada, o que destacou ainda mais sua beleza.
Ela termina de descer as escadas, segurando a barra do vestido para não
pisar e cair. Vejo sua sandália altíssima, daquelas que Hannah e Manuela
usam, deixando-a mais alta. Quando chega no último degrau me aproximo e
seguro sua mão, ajudando-a a terminar de descer. Olho seus olhos ímpares,
com um brilho diferente, que não consigo decifrá-los.
Ela desce o último degrau, finalmente ficando na minha altura. Eu não
consigo parar de olhá-la, ela está perfeita demais. Porra, linda!
— Você está deslumbrante... — A olho de cima a baixo.
Ela sorri tímida, ficando um pouco corada.
— Você fica mais bonito de smoking — fala com um sorriso.
Sorrio.
— Eu quero te dar uma coisa — digo.
— O que é?
Me afasto, indo até à mesinha de centro, pego a caixa de veludo preta e
volto para ela.
— Quero que você use isso. — Abro a caixa e ela arregala os olhos.
— Nossa..., é muito lindo, Nick. — Ela olha atentamente o conjunto.
Ele é simples, porém, chamativo. Os diamantes não são tão pequenos e
todos cravejados, com um maior pendurado em forma de gota. Um par de
brincos no mesmo estilo, uma pulseira linda com vários diamantes cravejados
e um solitário com uma pedra mediana no centro. Quanto mais eu mexo a
caixa, mais os diamantes brilham.
— Deixa eu pôr em você? — A olho.
Ela me olha com seus olhos brilhando e assente. Seguro sua mão e a
levo para perto da mesinha de centro e coloco a caixa em cima dela e retiro os
brincos e a ajudo a colocar com delicadeza e sem pressa. Pego a pulseira e ela
estende seu punho esquerdo e coloco nele, fica perfeito nela.
— Fique de costas — peço.
Ela assente e fica de costas para mim, retiro o colar da caixa, abro o
fecho e coloco em seu pescoço com cuidado, deixando-o no lugar certo e o
fecho. Inclino-me e dou um beijo em seu pescoço e a vejo se arrepiar. Pego o
anel dentro da caixa e ela estende sua mão direita, mas eu pego sua mão
esquerda a surpreendendo, e coloco o solitário com cuidado, no seu anelar.
Porra, era para ser um anel de noivado.
Me afasto um pouco, e admiro-a. Ela está mais que perfeita.
Daniel passa pelo enorme chafariz que fica em frente à entrada do salão
e estaciona em frente à porta principal. Já tem diversos flashes na direção do
nosso carro e vejo Valentina um pouco tensa.
Seguro sua mão e a olho.
— Não precisa ficar nervosa. — Ela assente. — Só sorria.
— Tudo bem. — Sorrio de lado.
Theo abre a porta e eu desço, sem me preocupar com a avalanche de
flashes quando ajudo Valentina a descer do carro. Ela fecha os olhos por um
momento, mas logo se acostuma com a claridade e abre os olhos. Sorrio para
ela e seguro sua mão, levando-a para dentro da mansão, com várias pessoas
nos fazendo várias perguntas.
“Vocês estão juntos a quanto tempo?”
“Vão se casar?”
“Você vai morar na Itália com Dominic?”
São perguntas uma atrás da outra, que se fôssemos responder não daria
tempo, de tantas que são. Não me importo de responder e sigo com Valentina
para dentro da mansão. Logo somos recebidos por diversas pessoas que nos
cumprimentam.
Muitos famosos foram convidados e muitas pessoas da alta classe social
também. Somos recepcionados com aplausos e sorrisos. Olho Valentina que
mantém um lindo sorriso nos lábios e começamos a andar entre as pessoas,
cumprimentando cada uma delas. Ela fica muito feliz de conhecer algumas
pessoas da alta classe social e alguns famosos.
Valentina é bem recebida por todos, e como Valentina é muito
simpática, todos a adoram. Ela conversa bastante com alguns convidados até
encontrarmos minha família e seus amigos.
— Você está maravilhosa. — Alicia a abraça.
— Ela está toda exibida. — Miguel sorri e abraça sua amiga.
— Olá, querida. — Minha mãe a cumprimenta.
— Como vai, Michele? — Valentina cumprimenta minha mãe.
— Vou bem e você? — Minha mãe sorri para ela.
— Estou ótima. — Ela sorri e olha meu pai. — Como vai, Nathaniel?
— Vou bem, Valentina. — Eles se abraçam.
Ficamos conversando um pouco, até meus irmãos e as meninas
aparecerem e nos cumprimentam. Dona Flor está se divertindo bastante, e diz
que está gostando muito. Um rapaz passa com uma bandeja de prata com
taças de champanhe e pegamos uma taça cada um. Vejo Valentina sorrir
conversando com Manu, Hannah e Alicia.
Nossa, ela está deslumbrante. Muitos homens estão a cobiçando, e me
controlo, porque tenho que admitir, ela está perfeita.
— O conjunto ficou muito bonito nela. — Meu pai se aproxima de mim.
O olho e assinto.
— Ficou perfeito. — Olho para ela, admirando-a de longe.
Ela sente meu olhar e me olha de longe, me dá um sorriso lindo, que faz
meu coração bater mais forte. Caminho até ela com a taça de champanhe na
mão e ela sorri para mim.
— Está gostando? — Olho seus olhos.
— Estou adorando. Muitas pessoas já vieram me parabenizar. — Dá um
gole no champanhe. — Conheci até alguns atores que era louca para
conhecer.
— Fico feliz, meu anjo. Você agora é uma celebridade. Todos lhe
conhecem. — Sorrio para ela. — E namora um dos D’Saints mais bonito e
charmoso.
Ela sorri.
— Muito convencido, não é? — Bebe seu champanhe.
— Eu, convencido? — Bufo. — De jeito nenhum
— Claro que é, senhor D’Saints. — Me fita, com um sorriso. —
Convencido demais. Queria ser assim também.
— Mas você é linda, maravilhosa, a mulher mais linda que eu já vi. —
Sou sincero. — O que te torna perfeita são seus olhos, sua inteligência, ser
uma mulher incrível. — Ergo minha mão, acariciando seu rosto. — Você é
perfeita, Valentina. Você tem diversas qualidades e deve se orgulhar disso.
Nunca se rebaixe, você é maravilhosa.
Seus olhos brilham.
— Você tem diversas qualidades, as melhores. Não se rebaixe por
qualquer coisa. Se sinta única, maravilhosa, fodona. — Sorrimos. — Porque
você é uma mulher fodona por tudo que passou e hoje está aqui, sendo o
centro das atenções, ao lado do homem que te admira e te apoia em tudo. Se
sinta orgulhosa, se sinta convencida por isso.
Seus olhos ficam marejados e eu acaricio seu rosto.
— Parabéns, meu anjo. Você tem minha total admiração. — Inclino-me
e beijo sua bochecha. Fito seus olhos. — Agora vamos ao palco, porque está
na hora do discurso.
Ela assente com um sorriso.
Subimos para o pequeno palco projetado, eu e meus irmão fazemos
nosso discurso de sempre, mas hoje é diferente, a mulher por quem eu sou
perdidamente apaixonado, está ao meu lado com um sorriso de admiração.
Nosso discurso é breve. Ao encerrar, todos aplaudem e logo as luzes do
salão são apagadas e o refletor é ligado e começa a passar o clip de
divulgação do perfume. O clipe ficou incrível, Valentina foi muito
profissional, tudo ficou perfeito, nos mínimos detalhes. Nunca pensei que ela
iria se sair perfeitamente bem, em uma coisa que não é do seu ramo.
O clip encerra e escutamos aplausos e mais aplausos. Vou até Valentina
e a abraço forte.
— Você foi perfeita. — Olho em seus olhos. — Você é perfeita.
— Ah, Nick... — Acaricia minha barba.
Seus olhos ganham um brilho que nunca vi e lhe dou um beijo, sem me
importar de ainda estarmos no palco, e escutamos assobios e aplausos.

— Está gostando de ser o centro das atenções? — Hannah sorri.


— Admito que é estranho para mim, mas estou gostando. — Sorrio.
— O clip ficou maravilhoso — Helena comenta. — Você arrasou,
amiga!
— Gente, você se saiu melhor do que nos ensaios. — Manuela sorri para
mim.
— Olhe que foi muito ensaio com vocês. Muitas aulas de como andar de
salto. — Sorrimos.
— Mas você não estava acostumada, Valentina, com o tempo você pega
o jeito — Alicia fala.
— Não sei se vou continuar usando salto, não. — Sorrio.
— Mas você tem que estar chique no seu consultório, querida. — Manu
pisca o olho.
— Você vai querer montar seu consultório de fisioterapia aqui no Rio?
— Hannah pergunta.
— Quero muito. Eu já aceitei a proposta do Renato Boaventura, para
trabalhar no hospital e vou fazer minha pós-graduação online, apenas com
algumas aulas presenciais — respondo.
— E como ficará o relacionamento de você e Dom? Ficará à distância?
— Manu me olha.
Suspiro, tristemente.
— Não sei como vamos ficar. Eu só sei que a última vez que vamos nos
ver, será na casa dele, onde vai acontecer seu casamento — respondo, triste.
— Mas... como assim a última vez? — Hannah me olha.
Respiro fundo e suspiro.
— Hannah, não estamos juntos definitivamente. Como vocês mesmo
falaram, eles só vão ficar aqui, apenas para o lançamento do perfume e a
abertura da loja aqui no Rio — respondo.
— E, porque não conversam? Tenho certeza de que ele vai dar um jeito
— Alicia me fala.
O olho de longe, vendo conversar com algumas pessoas e suspiro. Eu o
amo demais, amo tanto... Nunca tive um sentimento tão forte como tenho por
Dominic. Seria impossível não o mar. Essas últimas semanas que estou com
ele, estão sendo as melhores da minha vida. Nunca fui tão feliz, como estou
sendo ao seu lado.
— Porque eu não quero atrapalhar a vida dele.
Capítulo 34

— Oh, Nick! — Jogo a cabeça para trás.


— Geme mesmo. Adoro ouvir seus gemidos. — Sua voz sai rouca.
O olho e ele cai de boca na minha intimidade mais uma vez. Seguro seus
cabelos e os puxo erguendo meu quadril involuntariamente. Dominic lambe e
chupa meu clitóris com vontade. Meus gemidos ecoam em seu quarto e não
ligo de que alguém escute do corredor.
— Oh, meu Deus. Nick! — Eu gemo mais alto, gozando em sua boca.
Fecho os olhos, me contorcendo na cama dele, sentindo o prazer me
consumir. Minhas pernas ficam trêmulas e eu não paro de gemer, e nem ele
de me lamber e me chupar.
— Para, Nick. Vem, quero você dentro de mim. — Puxo seu cabelo.
Ele me olha com um sorriso safado e vem até mim, se encaixa no meio
das minhas pernas e entra de vez, me fazendo revirar os olhos e jogar a
cabeça para trás. Minha nossa. Ele coloca uma perna minha em seu ombro,
fazendo com que ele vá mais fundo em mim e se inclina, mantendo seu rosto
próximo ao meu.
Ele está ofegante e gemendo baixo, me deixando mais excitada. Minhas
mãos vão para seus ombros e cravo minhas unhas nele, fazendo-o grunhir.
Me aproximo do seu rosto e o beijo. Meu coração está acelerado, e não é por
causa do orgasmo alucinante que eu acabei de ter, e sim porque eu o amo
demais.
— Eu passaria o dia dentro de você. — Ele sussurra em meus lábios.
Gemo em seus lábios quando ele vai mais fundo. Desço minhas mãos
pelo seu abdome, passando minhas unhas por ele, o arranhando com a prazer
que está me consumindo. Ele se afasta, ficando de joelhos na cama, segura
minhas duas pernas, abrindo-as mais para ver seu membro entrando e saindo
de dentro de mim.
Ele está tão gostoso assim, com seus músculos tensionados por seu
esforço, com o maxilar trincado, soltando gemidos abafados. Ergo meu
quadril de encontro aos seus movimentos, gemendo sem parar. Mordo o
lábio, o vendo perder o controle.
— Nick... — Fecho os olhos gemendo.
Ele aumenta sua velocidade indo mais rápido e mais fundo. Seus olhos
encontram os meus e meu coração acelera mais e mais, pela intensidade
deles. Ele se inclina puxando minha cintura, fazendo-me agarrar ao seu
pescoço e se senta na cama, se encostando na cabeceira da cama.
Me inclino para beijar seus lábios, cavalgando nele.
— Ah, Valentina... Isso... Rebola gostoso, vai. — Nick ofega.
Desço com tudo nele, dando tudo de mim, como se eu precisasse disso
como ar. Seus dedos afundam em minha bunda, acompanhando meus
movimentos. Ele beija meu pescoço, dando leves mordidas e chupões, me
deixando mais excitada.
— Dominic — sussurro com a voz embargada.
Ele me fita com seus olhos azuis e eu fecho os olhos, sentindo meus
olhos arderem. Como eu quero dizer que o amo, mas eu não posso.
— Valentina... — Ele para meus movimentos. — Olhe para mim.
Suspiro e o olho.
— O que foi? — Ele limpa minhas lágrimas, com seu polegar.
Nego com a cabeça e começo a me movimentar novamente.
— Ei, o que foi? — Ele me olha preocupado.
— Só... não para — peço sentindo minhas lágrimas descerem.
Ele me olha por um tempo e assente. Subo e desço nele, sentindo as
lágrimas descerem em meu rosto. Ele segura meu rosto, mantendo meus
olhos fixos nos seus, como se quisesse saber o porquê de eu estar chorando.
Não demora muito e meu orgasmo chega me fazendo chorar e gemer ao
mesmo tempo, e logo ele vem, gozando dentro de mim.
Eu te amo, Dominic D’Saints.
— Animada para sua formatura amanhã? — Miguel me pergunta.
Pego três caixas de leite na prateleira e as coloco no carrinho do
supermercado.
— Sim. Estou bem ansiosa. — Sorrio e ele empurra o carrinho. — Você
vai com que roupa?
— Terno. — Dá de ombros. — Só tem gente chique na sua turma,
querida.
— Verdade. — Sorrimos. — Alicia já ligou?
— Ela estava indo na loja fazer o último ajuste do vestido dela —
informa.
Pego alguns itens em outras prateleiras, colocando-os dentro do
carrinho.
— Vê se tem aquele sorvete de paçoca que gostamos — peço.
Ele assente e se afasta, indo para o corredor onde ficam os freezers do
supermercado. Empurro o carrinho, vendo as prateleiras. Pego leite em pó
para minha menina, leite fermentado, achocolatado líquido...
— Valentina? — Escuto alguém me chamar.
Viro-me e dou de cara com Pedro, com um sorriso nos lábios.
— Que bom te ver. — Ele se aproxima.
— Não posso dizer o mesmo — murmuro, empurrando o carrinho.
— Ei. — Ele segura o carrinho, parando-o. — Não precisa agir desse
jeito.
— Eu disse que quero manter distância de você. Será que você não
entendeu? — Ele suspira e passa a mão no rosto.
— Olha, eu não quero te deixar desconfortável — fala.
— Me deixar desconfortável? Por que você não pensa na sua esposa,
hein? Não é em mim que você tem que pensar, e sim, nela — digo irritada.
— Valentina, eu sei que estou errando em fazer isso com ela, mas eu te
amo. — Ele se aproxima, mas eu me afasto. — Eu não posso mentir para
você.
— E para ela pode? Meu Deus, Pedro. Você está mentindo para ela, e
não para mim. Você não precisa confessar que me ama, pois eu sei que é
mentira — aponto para ele.
— Não interessa. Eu não amo a Isabela, eu amo você, Valentina.
Sempre te amei. Eu só não agi da maneira correta, como homem. — Me olha.
— Por que você está persistindo numa coisa que nunca vai acontecer,
Pedro? Desiste. Eu nunca vou voltar para você — digo.
— Por favor, eu te amo, Valentina. — Passa a mão no rosto. — Eu
deixo Isabela agora.
— Como é? — Sorrio, sem humor.
Ele me olha sério.
— Eu deixo Isabela agora, se me disser que ficará comigo e que quer
construir uma família comigo — fala.
— Você é inacreditável, Pedro. — Maneio a cabeça sorrindo.
— Você acha que estou brincando? — Ele se aproxima.
Ergo minha mão, fazendo-o parar.
— Eu não vou voltar para você, Pedro. Você não me merece de maneira
alguma. Você me fez sofrer, foi um covarde ao não querer criar sua filha, não
vai ser agora que você vai mudar. — Ele permanece calado. — Você acha
que me engana, mas eu sei muito bem que você só quer Lorena, para afrontar
Dominic.
— Valentina, eu achei o sorvete de paçoca... — Miguel para no meio do
corredor, olha para Pedro e para mim. — O que você faz aqui?
— Estava falando com Valentina — Pedro responde.
Pego o pote de sorvete das mãos de Miguel, que mantém seus olhos em
Pedro. Um olhar bem sério.
— Acho bom você parar de ficar andando atrás dela. O namorado dela
pode não estar aqui, mas o melhor amigo dela está. Não fique atrás dela,
Pedro. É meu primeiro e último aviso — Miguel o fita, sério.
— Eu já estava indo te encontrar, Miguel. Vamos? Quero ir para casa.
— Olho para meu amigo.
Miguel assente e segura o carrinho, passo por Pedro que segura meu
braço e me olha.
— Por favor? — insiste.
— Não, Pedro. Siga sua vida e esqueça a minha.

Escuto o telefone do escritório tocar e atendo.


— Fala, Morgana.
— Dominic, Pedro Henrique está aqui, e disse que tem um assunto para
resolver com você.
— Ele disse o que seria esse assunto? — pergunto irritado.
— Não. Apenas disse que quer falar com você. Mando-o entrar?
Respiro fundo e passo a mão no rosto.
— Tudo bem. Mande-o entrar, por favor.
Desligo o telefone. O que será que esse Stronzo quer? Não demora
muito e ele abre a porta de vez, sem bater.
— A educação passou longe, não é? — Me encosto na cadeira.
Ele não me responde, apenas arrasta a cadeira e se senta.
— O que veio fazer aqui? — questiono.
— Vou ser direto, Dominic. Não tenho motivos para estar de papo com
você, porque nós não nos gostamos. — Me olha.
— Que bom. Pelo menos nisso podemos concordar. — Dou um sorriso
irônico.
Ele me olha sério.
— Eu vim fazer um acordo com você.
— Que tipo de acordo? De você voltar para empresa? Fora de cogitação.
— Coço minha barba, mantendo meus olhos nele.
— Eu não quero voltar para cá. Eu nunca mais quero que seja meu
patrão e muito menos estar no mesmo teto que você — responde, com
superioridade.
— Ah, é? Se não quer ficar no mesmo teto comigo, peço que vá mais
rápido, porque eu também não quero continuar muito tempo no mesmo teto
que você. — Cruzo minha perna. — E eu tenho muita coisa para fazer, coisas
importantes, que não envolvem você.
— Você se acha muito superior, não é? — fala com desdém.
— Eu não me acho superior a ninguém, Pedro Henrique. — Apoio meus
braços na mesa. — Eu apenas conquistei tudo isso aqui, junto com meus
irmãos. Não precisei passar por cima de ninguém para hoje estar nessa
cadeira.
— Você é muito arrogante mesmo. — Me olha de cima a baixo.
— Arrogante é você, por querer ser muita coisa, sendo que é um nada —
aponto para ele. — E não venha na minha empresa, no meu escritório, me
confrontar! Quem você pensa que é? Você não tem o direito de vir aqui e
falar essas asneiras para mim e eu ficar calado. — Ele engole em seco. — O
que você quer, Pedro? Veio fazer o que aqui? Falar mais merda ou é outra
coisa? — Levanto-me da minha cadeira totalmente impaciente e irritado.
— Eu vim fazer um acordo com você que envolve Lorena. — Escuto-o
falar. — Viro-me rapidamente para ele.
— Que acordo? O acordo foi feito pelo juiz — digo.
Ele se levanta e me olha.
— Não quero mais ficar com Lorena. — Me fita.
Franzo a testa.
— Como é? — questiono.
— É isso mesmo que você escutou. Não quero mais nenhum vínculo
com Lorena, nem com você e, nem com Valentina. — Enfia as mãos nos
bolsos.
— Pedro, pelo amor de Deus. O que deu em você? Você queria ter
Lorena como filha, e agora você está me dizendo que não quer mais. Como
assim? — Me aproximo dele.
Ele olha para a janela vendo o mar, e volta sua atenção para mim.
— Dominic, eu tenho que admitir... — Coloca as mãos no bolso da calça
e anda pelo meu escritório, completamente à vontade. — Eu nunca quis
Lorena. Eu nunca quis um filho.
— E por que você fez essa palhaçada toda? — Me exalto.
— Por Valentina. — Ele me olha.
— O que ela tem a ver com isso? — falo, entredentes.
— Eu sempre amei Valentina, e ainda a amo. — Meu sangue ferve. —
Mas eu era um adolescente, você me entende, Dominic. Você é homem, já
pegou diversas mulheres.
— Mas desde que estou com Valentina, eu não fiquei com mais
ninguém. Não me compare a você, que não se contém com uma só — aponto
meu dedo para ele.
— Qual homem não quer ter várias mulheres aos seus pés? Eu tinha
várias, as mais bonitas e gostosas. Até Valentina. — Me dá um sorriso,
cínico.
Me aproximo para dar um soco nele, mas ele se afasta.
— Olha como você fala dela, seu puto — falo, entredentes.
— Não vou ficar falando o que fiz com ela entre quatro paredes. Dá até
desgosto, só de lembrar. Uma mulher frígida, que não sabia fazer nada.
— Nem de longe Valentina é frígida. E não fale assim dela, seu canalha
filho da puta. Exijo que respeite minha namorada. — Me exalto.
— Meu assunto se resume a Lorena. — Me ignora, mudando de assunto.
— Não a quero mais, não quero saber mais dela, não quero mais vê-la.
— Posso saber o motivo? — Cruzo os meus braços.
— Valentina não me quer, então não faz sentido eu ficar com Lorena
aos domingos. Meu objetivo todo, era tentar reconquistar Valentina e
podermos ficar juntos, mas ela não quer. — Um alívio percorre meu corpo.
— Então eu não a quero mais. Não quero mais contato com Valentina e com
Lorena.
Sorrio por dentro.
— Como eu registrei Lorena, vou abrir mão. Entrarei com uma ordem,
para retirar meu sobrenome da certidão dela. — Dá de ombros. — Na
verdade, já falei com meu advogado sobre isso, e está quase tudo certo, para
meu nome ser retirado da certidão de nascimento dela.
— Você é inacreditável — falo entredentes.
— Valentina me disse a mesma coisa. — Ele sorri. — Mas o meu
afastamento delas, só vai depender de você, Dominic.
— De mim? — Franzo a testa.
— Claro. Você é um bilionário, tem muito dinheiro... — Ele sorri.
— Já sei onde você quer chegar. Você quer dinheiro — afirmo.
Ele me olha e assente.
— Você é muito esperto. — Para de andar e me fita. — Mas saiba que
não quero pouco, eu quero muito.
— Quanto você quer? — Vou direto ao ponto.
— Está com pressa? — Ele sorri.
— Muita. Tenho que admitir que essa notícia está me dando muito
alívio. — Ele me olha com questionamento. — Nunca quis que Lorena
ficasse com você aos domingos, eu a tenho como minha filha.
— Muito bonito da sua parte. Mas não quero ficar de papinho, quero ir
direto ao ponto.
— Só me diga o valor — coloco as mãos no bolso.
— Cinco milhões — responde.
Assinto.
— Feito.
— Assim? Do nada? É muito dinheiro, Dominic. — Ele maneia a
cabeça.
Ando pelo meu escritório, muito feliz por dentro.
— Pedro, cinco milhões não é nada para mim. Eu tenho muito dinheiro.
— O olho. — Mas por elas, eu faço qualquer coisa. Até te dou dinheiro para
você sumir da vida delas.
— Mas eu quero em dólar, e não em real. — Me olha.
— Continua feito, Pedro. Contando que você suma da vida delas. — O
olho.
— Quero esse dinheiro em dois dias — informa.
Ele se aproxima de mim e estende sua mão.
— Temos um acordo?
Estico meu braço e perto firmemente sua mão.
— Você acabou de fazer um acordo com o diabo — respondo, com um
sorriso.
Após ele sair da sala, pego imediatamente meu celular, com um sorriso
nos lábios e ligo para Tavares.
— Olá, Dominic. — Me cumprimenta.
— Como vai, Tavares? — Ando até a janela do meu escritório e olho o
mar.
— Bem, e você?
— Nunca estive tão bem. — Sorrio.
— Muito bom. Agora me diga, o porquê da sua ligação. Precisa de
algo?
— Quero que você prepare um documento urgentemente para mim, se
possível quero que esteja pronto amanhã.
— Que tipo de documento?
Capítulo 35

— Mentira, não é? — Valentina me olha.


— Não estou mentindo, meu anjo — respondo, com um sorriso.
Seus olhos brilham de felicidade.
— Ele não quis nada em troca? Apenas disse que não quer mais vínculo
com Lorena? — pergunta.
— Sim. — Minto.
Se eu fosse dizer que ele quer cinco milhões de dólares, Valentina irá
surtar, dizendo para eu não dar esse dinheiro. Ela faz uma carinha de
questionamento e confusão ao mesmo tempo.
— Então o objetivo dele desde o início era tentar me reconquistar, e
como eu não dei brecha, ele não quer ficar mais com Lorena — murmura,
pensativa.
— Pois é. — Assinto.
Ela abre um sorriso largo, completamente feliz.
— Nossa..., você sabe o alívio que estou sentindo? — Seus olhos ficam
marejados.
— Eu sei, querida. — Eu a abraço. — Ela terá apenas nós dois.
— Ela vai ficar muito feliz. — Ela sorri, e eu assinto. — Ela ficava tão
tristonha quando a gente a levava para ele.
— Lorena sempre foi acostumada com os mais próximos, Pedro é um
completo estranho para ela, e ela já tinha aquilo na cabeça de que ele tinha
abandonado vocês. — Dou de ombros.
— É. Mas com você ela se empolgou, ficou atrás de você o tempo
inteiro. — Sorri.
— Porque eu a cativei, meu anjo. Brinquei, fiz suas vontades, passei
confiança... — digo com um sorriso.
Ela assente, sorrindo.
— Eu preciso ir, tenho uma reunião daqui a pouco e preciso estar na
empresa o mais rápido possível — levanto-me do sofá.
— Está bem. Você vem hoje à noite? — Ela me acompanha até a porta.
— Se você quiser... — Seguro seu queixo e lhe dou um beijo casto
demorado.
— Claro que eu quero. — Sorri.
— Então está marcado. Às sete eu chego. — Passo pela porta.
— Estarei lhe esperando. — Solta um beijo.
Pisco o olho para ela e sigo para o elevador. Pego meu telefone, assim
que escuto a porta do apartamento ser fechada e ligo para Tavares.
— Já estou a caminho — fala ao atender.
— Ótimo. Acabei de sair do apartamento dela, e já vou para o
restaurante.
O elevador para e abre as portas, entro e aperto o botão do térreo.
— Ela sabe que você está indo se encontrar com Pedro?
— Não. E nem vai saber. Não a quero envolvida com isso, isso é assunto
meu e dele.
— Espero que ela não desconfie. Te encontro no restaurante em poucos
minutos.
— Até logo. — Desligo o telefone e logo as portas do elevador se abrem
e eu saio dele, vejo Daniel de pé, próximo do carro, e ao me ver abre a porta.
Entro no carro e logo ele assume a direção. No caminho envio mensagens
para meus irmãos, que também decidiram ir, e logo recebo a resposta deles,
avisando que já estão lá.
— Como Valentina reagiu à notícia? — Daniel me pergunta, prestando
atenção no trânsito.
Guardo meu celular dentro do bolso da calça e o olho pelo retrovisor
interno do carro.
— Muito feliz. Ela nunca gostou da ideia de Lorena passar um tempo
com ele. — respondo.
— Tenho que admitir que não fui com a cara dele. O stronzo não me
passa confiança. — Ele liga a seta para direita, na rua do restaurante.
— Também não gosto dele, e estou bastante aliviado com tudo isso —
digo.
Ele estaciona em frente ao restaurante, desço do carro com Daniel e sigo
para dentro do restaurante. O maitre nos segue até a mesa que reservamos e
logo avisto meus irmãos e Tavares. Cumprimento-os e sento-me na cadeira
com Daniel ao meu lado, ele será uma das testemunhas.
— Olá, boa tarde. O que desejam? — O garçom se aproxima.
Fazemos nossos pedidos, não pedi comida, apenas uma H2O, meus
irmãos pedem suco, e Tavares e Daniel pedem água com gás. Assim que o
garçom se afasta, Tavares abre sua pasta e retira de lá um envelope e me
entrega.
— Aí está o documento que me pediu — fala.
Retiro o papel de dentro do envelope e leio todo o documento, vendo
que está conforme pedi.
— Nenhum sinal dele? — Dimitri pergunta.
— Aquele stronzo deveria estar aqui há meia hora. Odeio atrasos —
Demétrio murmura.
O garçom se aproxima com nossas bebidas, nos serve e se retira.
— Cadê nossos pais? — Dou um gole na minha bebida.
— Já estão a caminho de Milão — Demétrio responde, após tomar seu
suco. — As meninas quiseram ficar para a formatura de Valentina.
Assinto, sentindo um aperto no peito.
— Por que vocês estão aqui? Não era apenas eu e você, Dominic? —
Escuto a voz de Pedro.
Viro minha cabeça e olho para o imbecil.
— Somos testemunhas. — Dimitri cruza os braços.
Pedro sorri, negando com a cabeça e se senta na cadeira.
— Posso saber do quê? — Ele nos olha.
Empurro o documento na mesa em sua direção.
— O que é isso? — pergunta, pegando o documento.
— Sem muitas perguntas, apenas leia e assine. — O olho, impaciente.
Ele dá de ombros e começa a ler o documento. Ele não é tão grande,
porém bem explicado e bem detalhado. O desgraçado lê cada cláusula com
um sorriso cínico nos lábios e bem devagar, me deixando muito irritado.
— Já terminou de ler? — Dimitri o questiona, totalmente impaciente.
— Sim. Terminei. — Ele nos olha. — Só achei inútil, você me dando o
dinheiro seria o suficiente.
— Não. Não confio em você, suas palavras não são o suficiente.
— Mas se sua intenção é viver o mais longe de mim com esse
documento assinado por mim e o dinheiro na minha conta, eu assino. —
Sorri.
Pego a caneta dentro do meu terno e a empurro em sua direção.
— Então, se quiser seu dinheiro na sua conta, assine esse documento —
exijo.
Ele pega a caneta e fica girando-a entre os dedos, me dando muita raiva.
Então ele assina o documento, me trazendo um enorme alívio.
— Pronto. — Empurra o contrato, junto com a caneta. — Agora eu
quero o dinheiro na minha conta.
Demétrio me entrega o iPad, com a conta aberta e entrego para ele.
— Coloque apenas seus dados — falo.
Ele pega o iPad e digita, colocando seus dados e me devolve. Coloco o
valor e a chave de segurança e deposito o dinheiro. Aguardamos alguns
minutos, até ele ver seu telefone e sorrir.
— Eita, que minha conta está recheadíssima. Talvez eu passe alguns
dias nas Maldivas com algumas beldades, aproveitando alguns dias de
solteiro. Nas Bahamas, talvez. Indonésia..., nossa são vários lugares. —
Sorrindo, ele se levanta. — Tenho que te agradecer, Dominic.
— Não quero que me agradeça, quero apenas que suma. — Levanto-me
da cadeira. — Se eu pudesse, te daria uma passagem só de ida para o Japão,
mas não vou fazer isso. Levarei Lorena e Valentina comigo para Milão, para
bem longe de você.
— Ah é? — Me olha com ironia.
— Vão sim. Me casarei com Valentina e assumirei Lorena como filha,
uma coisa que você não foi capaz de fazer. — Me aproximo dele.
— Boa sorte, então. — Dá de ombros e se aproxima de mim. — Só faça
um favor para mim. Diga a Valentina que mandei um beijo para ela... — Se
aproxima do meu ouvido. — No canto da boca.
Solto um rosnado, seguro a gola da sua camisa e soco sua cara, fazendo-
o cair no chão, e não perdendo tempo, voo para cima dele, socando mais e
mais sua cara, descontando toda a minha raiva que sinto dele. Após me
saciar, levanto-me um pouco ofegante, vendo-o sorrir, com o nariz
ensanguentado, o supercílio cortado, também sangrando, escorrendo pelo
rosto e pingando na sua camisa branca.
— Saiba que irei à delegacia. — Se levanta do chão.
— Pode ir. Não tenho medo. — Me aproximo dele, o peitando. — Some
daqui, Pedro. Nunca mais quero ver sua cara. Seu canalha, filho da puta.
Ele olha para meus irmãos, meu advogado e meu segurança. Enxugando
seu nariz com o dorso da mão, ele me olha.
— Foi um prazer negociar com você, Dominic. — Se vira e vai embora.

Minha formatura está sendo tão perfeita, tão linda, tão... são tantas
palavras para expressar esse momento. Tudo está perfeito, como sempre
sonhei. Todas as pessoas que eu amo estão aqui comigo, vendo minha
felicidade transbordar. O momento mais especial para mim foi quando peguei
meu diploma, senti algo, um calafrio, não sei. Mas eu senti mãos tocarem as
minhas quando eu peguei meu diploma, e pude sentir que eram meus pais.
Eles estavam comigo, distantes, mas estavam, eu senti isso. Os senti ao
meu lado enquanto eu fazia meu juramento, e cada lugar desse local. E isso
está me deixando tão bem, que me diverti como se eles estivem realmente
aqui, se divertindo comigo. Tudo isso é por eles e minha filha, que não para
de rir dançando com os irmãos de Dominic na pista de dança. Não sei o que
tanto Dominic fala com minha tia Flor. Eles estão sentados na minha mesa,
falando coisas que não consigo escutar e entender.
Volto a dançar com as meninas, que não param um minuto. O jantar
começa a ser servido, mas não estou com fome, quero aproveitar cada minuto
dessa formatura. Só me formarei uma única vez, na profissão que sempre
sonhei, então sim, irei aproveitar o máximo que eu posso. Estou muito suada,
descabelada e descalça, sem me importar com nada.
Lorena não para um minuto, de tão animada que está. Miguel, Demétrio
e Dimitri estão bem ocupados com ela, fazendo-a gritar e sorrir de felicidade,
e vê-la desse jeito, me deixa muito feliz. Hannah, Alicia, Manu e Helena vão
para mesa comer algo, e beber. Dominic vem até mim, quando começa a
tocar uma música lenta e romântica. Ele me puxa para pista e começa a
dançar comigo.
— Saiba que estou muito orgulhoso de você. — Fala no meu ouvido.
Deito minha cabeça em seu ombro, ainda dançando com ele.
— Também estou muito orgulhosa de mim — digo, com a voz
embargada.
Ele me afasta e me olha.
— Não precisa chorar. — Enxuga uma lágrima solitária.
— É de felicidade. — Fungo, não querendo chorar.
Ele assente e volta a dançar comigo. Ficamos um tempinho assim,
aproveitando as músicas lentas que tocam uma atrás da outra, sem pararmos
de dançar. Eu quero aproveitar cada minuto com ele, até a minha volta de
Milão.
Capítulo 36

Desço as escadas, vendo minha mãe sentada no sofá, lendo uma revista
de moda, que Manuela está na capa. Ela me olha e se levanta, colocando a
revista no sofá.
— Vai para o aeroporto buscá-las? — pergunta.
— Vou sim. Já devem estar chegando. — Olho o relógio no meu pulso.
— Então vá logo, a torta de morango já está pronta, esperando por elas.
— Ela sorri.
Beijo sua bochecha, pego minha SUV na garagem e sigo para o
aeroporto, com Theo e Daniel em outro carro atrás de mim. Alguns minutos
depois, chegamos no aeroporto e fomos procurá-las. Não demora muito, até
que encontramos Valentina, Lorena, dona Flor, Alicia e Miguel, sentados no
banco, nos esperando.
Lorena me vê e sai do colo de Valentina toda eufórica, correndo até
mim. Com um sorriso grande nos lábios, me agacho e a coloco em meus
braços abraçando-a forte, morrendo de saudades.
— Estava com saudades, papà[26]. — Beija minha bochecha.
— Também estava com muita saudade, minha filha. — Sorrio,
abraçando-a.
Vejo o pessoal se aproximando, carregando as malas. Vou até Valentina
que está com um sorriso nos lábios e me abraça. Beijo seus lábios, morto de
saudades dela. Logo nos afastamos e cumprimento Alicia, Miguel, e depois
dona Flor.
— Como foi a viagem? — pergunto.
— Estou louca para esticar minhas pernas — Alicia fala, arrastando sua
mala.
— Para mim, foi tranquilo, mas cansativo. — Miguel aperta minha mão.
— Tudo perfeito, mas tenho que concordar com Alicia, preciso esticar
as pernas. — Dona Flor sorri para mim e sorrio de volta.
Segurando a mão de Valentina e com Lorena em meu braço, seguimos
para o carro com Theo. Colocamos as malas nos carros, e seguimos para
minha casa. Valentina não para de olhar a janela, vendo tudo de Milão passar
por ela. Ela nunca tinha saído do Brasil, então é novidade para ela.
Não demora, e logo chegamos na mansão e estacionamos os carros em
frente à entrada da casa. Descemos e logo meus pais aparecem com grandes
sorrisos, vindo cumprimentar a todos. Meus irmãos aparecem em seguida,
cumprimentando a todos e nos ajudando a colocar as malas dentro de casa.
— Nossa, a casa de vocês é linda. — Valentina olha o interior da casa.
— Realmente. Que casa, Michele — dona Flor elogia.
— Obrigada, querida. — Minha mãe agradece.
— Vocês devem estar cansados. Por que não sobem para seus quartos
para descansarem um pouco? — Meu pai sugere.
— Estou precisando — dona Flor fala, envergonhada.
— Então vamos subir para mostrar seus quartos. — Demétrio chama.
Ajudamos a subir com as malas, Demétrio leva Alicia e Miguel para
seus quartos e eu levo dona Flor até o dela.
— Aqui é o seu. Pode ficar à vontade. — Deixo sua mala encostada na
parede.
— Nossa, o quarto é muito grande. — Dona Flor olha todo o quarto.
— Fique à vontade. Aqui tem um pequeno closet para deixar suas
roupas organizadas enquanto estiver aqui, um banheiro com uma banheira se
quiser usá-la. — Ela assente. — Lá tem todos os produtos de higiene que vá
precisar, qualquer coisa é só pedir.
— Que nada, menino. Para mim é mais que o necessário. — Ela sorri.
— Vovó, eu quelo domi com a senhola nessa cama gigante. — Lorena
sobe na cama.
Sorrio vendo-a pular na cama.
— Desce daí menina. Quer se machucar? — Dona Flor vai até ela.
— Deixa, vovó! — ela insiste.
— Deixo sim, sente nessa cama, para não se machucar. — Dona Flor a
pega pelo braço, sentando-a na cama.
— Vou levar Valentina para o quarto. — Me despeço.
Saio do quarto, fechando a porta e sigo pelo corredor, vendo Valentina
encostada na parede.
— Oi! — Ela me olha e sorri. — Sua tia e Lorena já estão no quarto.
— Obrigada. — Me abraça.
— Venha, vamos para meu quarto. — Pego sua mala, arrastando-a.
— Seu quarto? — Ela me olha.
Assinto. Nunca ninguém entrou em meu quarto, nem mesmo Emily. As
únicas pessoas que entraram foram Manu, Hannah, minha mãe e Betânia,
mais ninguém, fora meus irmãos e meu pai. E eu quero muito que Valentina
entre, e que deite na cama comigo. Ao abrir a porta, dou espaço para ela
entrar e entro em seguida.
Arrasto sua mala para o canto da parede, vendo-a olhar todo meu quarto
com cautela, cada detalhe. Meu quarto é grande, totalmente espaçoso. Ela
retira o casaco e pendura em seu braço.
— Gostou? — Fecho a porta.
Ela se vira e me olha.
— Muito bonito. — Me dá um sorriso. — Esse é mais bonito do que o
do Rio.
Coloco as mãos nos bolsos.
— Gosto mais desse, porém o outro se tornou especial. — Me aproximo
dela.
— Por quê? — pergunta.
— Porque você esteve lá, em cada canto. — Me aproximo dela e seguro
seu rosto. — Você encostou, se sentou em cada lugar. Fizemos amor em cada
canto daquele quarto — sussurro em seus lábios.
Ela apoia suas mãos em cima das minhas que estão em seu rosto.
— Posso ficar em cada canto daqui também, se quiser. — Morde meu
lábio.
— Pode apostar que sim. — Dou um sorriso.
Segurando seu rosto, aproximo mais nossos lábios e lhe dou um beijo,
um beijo lento, sem pressa, mas cheio de paixão e amor. Dou um selinho
nela.
— Vamos, que minha mãe quer que vocês provem da sua torta de
morango. — A chamo.
Ela assente com um sorriso e saímos do quarto de mãos dadas.
Saio do quarto com Dominic segurando minha mão, olho o corredor
com vários quadros caríssimos, um tapete elegante na cor vinho com alguns
detalhes dourados, que não sei bem o que é. Passamos pelo quarto de tia Flor,
que não está mais no quarto com Lorena e descemos as escadas.
A casa é linda demais, muito chique, a mansão em si, é bem moderna,
mas o exterior é bem característico da arquitetura que Milão oferece, que é
linda demais. O interior da casa é super moderno, com móveis, lustres e
objetos modernos, que deixam a casa belíssima.
— Querida, eu fiz uma torta de morango para todos vocês, espero que
gostem. — Michele segura minha mão e me arrasta para a cozinha.
E... uau, a cozinha é um espetáculo. Um chefe de cozinha iria babar,
nunca mais iria querer sair daqui. Ela é enorme, com diversos armários, os
eletrodomésticos todos em inox, embutidos nos armários, um fogão daqueles
de mesa que eu acho super chique no meio do balcão da ilha da cozinha, ao
lado uma pia lindíssima com uma torneira comprida dourada, que não duvido
ser de ouro, tudo em mármore com detalhes dourados, que combina
perfeitamente com os móveis marrons.
— Acho que gostou da cozinha — ela comenta, com um sorriso.
— Nossa..., é muito linda.
— Muito obrigada! — Ela tira a torta da geladeira. — Betânia querida,
leve tudo para a mesa do jardim, que vamos para lá, por favor.
Betânia assente e se retira pegando a torta e mais duas pessoas a ajudam
a levar os talheres, copos, xícaras, pratos..., parece que vamos ter um
banquete.
— Vamos, que a casa é grande e quero te mostrar tudo. — Michele
sorri.
Entrelaçamos nossos braços e saímos da cozinha, andando por toda a
casa, vendo tudo, cada cômodo, cada objeto, quadros..., tudo mesmo, e a casa
dela realmente é bonita. Descemos alguns degraus e olho o grande jardim da
casa.
— Eu e Nathaniel temos uma empresa de arquitetura moderna, com sede
aqui em Milão, na França e em New York. — Assinto, enquanto andamos
pelo jardim. — Quando compramos essa casa, eu sentia que faltava algo
dentro dela, e arquitetei tudo dela. Os meninos não se importaram, e me
deram carta branca para fazer o que eu quisesse.
— A senhora fez um bom trabalho. — Sou sincera. — Sua casa é linda.
E esse jardim? Lindo demais.
— Obrigada, querida. — Ela sorri para mim. — Mais pra frente, tem um
pequeno lago com uma ponte linda sobre ele. Temos um orquidário também.
Uma quadra de tênis, futsal e uma piscina. Mas o tempo não está tão
favorável, para ficarmos expostos, mas se quiser, temos uma piscina interna,
aquecida.
— Uau! Nossa, tem tudo isso aqui? — A olho surpresa.
— Ainda falta a garagem subterrânea, onde os meninos guardam suas
coleções de carros. Com certeza Dominic irá lhe mostrar. — Ela pisca o olho.
— Dominic tinha me falado em algum momento sobre a coleção de
carros — comento.
— Os três fazem. A garagem subterrânea está repleta de vários carros,
você vai ficar de boca aberta. — Ela sorri.
Sorrimos e vejo Dominic andando com tia Flor mostrando a casa a ela, e
vamos até eles.
— Gostou da casa, Flor? — Michele pergunta.
— Muito bonita sua casa. — Tia Flor sorri.
— Então vamos provar agora minha torta. — Dona Michele nos puxa, e
vejo Dominic sorrir.
Andamos para uma mesa no jardim, com mais de dez cadeiras e uma
grande mesa redonda, e logo vejo Dimitri correndo de Lorena, que corre até
ele, tenta, na verdade. Sorrio e ela chega ofegante perto de mim.
— Tio Dimi é chato, nem me deixou pegá ele — faz bico.
— E eu iria deixar você me pegar, principessa? — Dimitri aperta o nariz
dela e ela sorri.
Nos sentamos todos, logo Alicia e Miguel aparecem acompanhados de
Demétrio e Nathaniel e todos se sentam e começamos a comer a torta de
morango, que está gostosa demais. O café está uma delícia também, e tem
uns biscoitinhos, que Lorena acaba comendo todos.
— Agora eu sei que a principessa gostou desses biscoitos, vou fazer
todos os dias enquanto estiver aqui. — Michele dá um sorriso.
— Bigado tia Michele, é gostoso — Lorena fala de boca cheia.
— Sem falar de boca cheia, querida. — Limpo sua boca.
Ela assente e volta a comer. Ficamos um bom tempo comendo, até que
Manu chega com Hannah, que estava em New York e nós a recebemos com
sorrisos e abraços. Manu já foi logo me convidando para ser uma de suas
madrinhas ao lado de Dominic, que aceita de imediato. Fico feliz demais,
nunca fui a um casamento, e na primeira vez que irei, serei madrinha, e
Lorena daminha de honra.
Capítulo 37

Vejo Pierre Leblanc, um dos estilistas mais famoso da França,


ordenando aos seus funcionários a subirem com cuidado, as araras repletas de
vestidos.
— Cuidado com a bainha desse aqui, Pour l'amour de Dieu[27]. —
Coloca as mãos na cabeça.
Sorrio e me aproximo.
— Comment vas-tu, Pierre? [28]— O cumprimento.
Ele me olha e sorri. Pierre é um amigo de longa data, que faz meus
ternos, os ternos dos meus irmãos, do meu pai, e os vestidos para as meninas.
Ele deixa qualquer coisa na França para vir até nós, nos socorrer.
— Regardez qui est là, Dominic D'Saints. [29]— Aperto sua mão. —
Como vai?
— Estou muito bem e você? — pergunto.
— Vou bem, chère. [30]— Sorri, ajeitando os óculos de grau. — Já
trouxe todos os ternos de vocês para o casamento.
— Obrigado, Pierre. Está levando os vestidos das meninas? — aponto
para o pessoal, que sobe com as araras.
— Pour l'amour de Dieu. — Ele corre até eles, ajeitando a bainha que
estava presa.
Sorrio, Pierre sempre cuidadoso e nervoso, um ciúme imenso dos seus
vestidos. Ele me chama e eu o acompanho subindo os degraus indo até o meu
quarto. Batemos na porta e Manu abre e logo o abraça. Abrimos espaço para
ele entrar e o pessoal deixa três araras com vários vestidos, espalhados pelo
meu quarto. Valentina sai do banheiro de roupão e quando vê Pierre, abre a
boca totalmente surpresa.
— Pierre Leblanc, não acredito! — coloca a mão na boca.
Pietro a olha de cima a baixo, com um sorriso nos lábios.
— Olá, chèrie[31]. Me conhece? — fala em francês com ela.
— Conheço sim. Um dos melhores estilistas da França — ela fala em
francês.
Porra, eu a admiro demais.
— Merci[32]. E você quem é? — Pierre a abraça.
— Pierre, essa é Valentina, minha namorada. — Faço as apresentações.
Ele olha para ela, totalmente surpreso.
— Essa é novidade. Dominic namorando? — Ele sorri. — Mas nossa...,
você é linda. E esses olhos? Onde achou essa preciosidade, Dominic?
Olho para Valentina e dou um sorriso.
— No Rio de Janeiro — respondo.
— No Brasil? Bem que eu desconfiei de seus traços serem
parecidíssimos com a dos brasileiros. Você é linda. — Ele sorri.
— Obrigada. — Valentina agradece.
— Não vamos perder tempo, vamos logo pegar esses vestidos e ver um
perfeito para você. — Ele me olha. — Pode sair do quarto, chère.
— Não posso ficar? — Faço uma cara de triste.
Valentina sorri e vai até Pierre
— Deixe-o ficar, quero que ele dê sua opinião. — Valentina pede,
carinhosamente.
— D'accord. [33]— Pierre faz gestos com as mãos. — Venha chèrie,
vamos começar a escolher.
Sento-me na minha cama, esticando minhas pernas, vendo tudo
acontecer. Ele puxa Valentina para ver os vestidos e logo Hannah entra no
quarto, para ajudá-la. Manuela também está ajudando-a a escolher o vestido
ideal. Ela entre diversas vezes no closet com eles, para colocar o vestido, e
não sinto ciúmes do Pierre, ele é gay, então estou super de boa com isso.
Pierre sai do closet e vem até mim.
— Consegui o louboutin do Christian que me pediu, e o vestido — ele
fala baixo, para Valentina não escutar.
— Perfeito. Tem como me mostrar o louboutin? — Levanto-me da
cama.
— Trouxe quatro modelos. Espere. — Faz um gesto com a mão.
Ele vai até às araras e pega as quatros caixas grandes do Christian
Louboutin e as põe em cima da cama. Abro cada uma, e Pierre tira os
saquinhos de proteção de cada salto, me mostrando os modelos. Um me
chamou atenção.
— Esse aqui, será que vai combinar com o modelo que pedi para fazer?
— pergunto.
— Um vestido vermelho simples, com um salto na cor nude? Parfait!
[34]— Ele sorriu.
— Ótimo. Guardarei esse aqui. — Guardo o salto dentro da sacolinha de
proteção.
Ele assente e vai até o closet. Pego a caixa colocando-a debaixo da
cama, e vejo Valentina sair do closet e meu coração acelera. Ela me olha um
pouco tímida.
— Então..., o que achou desse? — Me olha.
— Esse é estilo sereia. Não ficou perfeito, chère? — Pierre me olha.
Seu vestido é lindo, na cor verde esmeralda de cetim, de ombro a ombro
com um decote pequeno, porém lindo, que realça seus seios.
— Esse louboutin ficará perfeito, mon amour[35] — Pierre pega umas
das caixas.
Coloca a caixa em cima da cama e abre, tirando o saquinho para
mostrar. O modelo do Christian é um Pigalle Follies, na cor preta. Por que eu
sei? Porque eu convivo demais com Manu, Hannah e minha mãe, que falam
de roupas, acessórios e calçados o tempo todo. Então eu sei modelos,
numerações... de olhos fechados.
Pietro a entrega e ela calça com a ajuda das meninas. Eu só faço a olhar.
Porra! Ela é linda demais. Ela termina de calçar os saltos e me olha, com
olhar de questionamento.
— Você está linda. — Me aproximo dela.
Ela cora e sorri.
— Você acha? — Ela olha seu corpo. — Está legal o vestido?
— Como assim? — Manu pergunta.
— Não sei... Será o casamento do ano, com diversos convidados
famosos, onde terá muitos repórteres, todo mundo muito chique. — Ela se
olha no espelho. — Será um casamento de um D’Saints.
— Valentina, pode parar por aí. — Hannah a repreende. — Você está
linda!
— Mas estou falando sério. Não estou feia? Brega, talvez? — Ela nos
olha.
Manu segura suas mãos.
— Você está confortável? — Ela assente. — Os saltos, estão
confortáveis?
— Estão sim — responde.
— O vestido, você gostou? — Hannah pergunta.
— Achei lindo. — Valentina olha para minha amiga.
— Então pronto, querida. Vista o que te faz sentir confortável. Cada um
tem seu gosto, seu jeito de vestir. Não se importe com a opinião dos outros,
se você estiver bem assim, que fique assim. — Manu sorri para Valentina.
— Também, se quiser usar sapatilhas, use. Pierre dará um jeito, não é?
— Hannah o olha.
— Assim, chèrie, não iria combinar, mas o assunto aqui é o conforto
dela. Se você optar por uma sapatilha, veremos um vestido que ficará
perfeito, e ninguém irá notar. — Pierre coloca a mão na cintura.
— Se você quiser usar, para mim não fará diferença — digo, olhando-a.
— Continuará linda.
Ela abaixa a cabeça com um sorriso, envergonhada.
— Qual você quer usar? — Pierre pergunta.
Ela se olha no espelho de cima a baixo.
— Ficarei com o vestido e os saltos. Estão confortáveis em mim, ficarei
bem — informa.
— Parfait! Vamos fazer os ajustes do vestido. — Pierre se anima.

Estou andando com Nick pelo jardim, onde ele me mostrou a quadra de
tênis, e a de futsal, que são enormes. O orquidário é lindo, fiquei encantada, e
a piscina enorme, com uma cozinha gourmet maravilhosa. O jardim é lindo
demais. O pequeno lago também, é pela ponte onde temos acesso à quadra de
tênis e futsal. As árvores são lindas, as plantas com flores coloridas e a grama
bem cuidada, bem verdinha, com mangueirinhas rodando, molhando tudo ao
redor.
— Poderíamos nadar na piscina interna da casa. O que acha? Ela é
aquecida. — Nick sugere.
— Não trouxe biquínis para mim e Lorena. — O olho.
— Vamos fazer assim. — Ele para e me olha. — Amanhã, como está no
meu cronograma levar vocês para conhecer Milão, podemos passar em
alguma loja e comprar.
— Vou conhecer Milão? — Me empolgo.
Ele sorri e beija meus lábios.
— Com certeza. Amanhã vamos passar o dia fora, não sei se dona Flor
vai querer ir, mas eu quero muito levar você e Lorena. — Entrelaça nossos
dedos e voltamos a andar.
Sorrio e assinto. Entramos na casa e seguimos por um corredor, e ao
abrir a porta, vejo que é uma biblioteca, repleta de livros em enormes estantes
nas paredes, uma grande mesa, com algumas cadeiras confortáveis.
— Nossa, são muitos livros. — Paro no meio da biblioteca.
Vejo Dominic ir até uma estante, e afastar alguns livros para os lados.
— O que está fazendo? — Me aproximo dele.
— Vou te mostrar o meu lugar favorito da casa. — Ele sorri.
Assinto e o vejo encostar toda a sua mão em um painel atrás dos livros,
que no início fica vermelha e logo fica verde. Escuto algum lugar ser
destrancado, e uma porta na estante é levemente aberta.
— Uma parede falsa? — aponto, surpresa.
Ele estende sua mão e eu a seguro. Ele abre mais a porta e entramos
nela, vendo tudo escuro. O vejo colocar sua mão mais uma vez no painel na
parede, onde a porta atrás de nós se fecha e uma luz é acesa. Descemos as
escadas e outra porta é aberta automaticamente.
Passamos pela porta, e vejo o local todo escuro.
— Espere aqui. — Escuto-o falar.
Fico calada, e o espero. Vejo uma luz verde no painel, que dá para ver o
reflexo de Dominic ao digitar uma sequência de números e as luzes do teto
sendo ligadas em sequência.
Abro a boca, totalmente surpresa com o que eu vejo.
— Oh, meu Deus! — coloco a mão na boca.
Vejo diversos carros, de várias cores, de vários modelos, algumas
SUV’s, conversíveis e esportivos, tudo lado a lado, tudo certinho. As cores
também, a sequência de carros pretos de vários modelos, na cor amarela
também, vermelho, cinza... Minha nossa!
— Bem que você disse que coleciona carros. — O olho, ainda em
choque.
Ele sorri e se aproxima de mim, com as mãos nos bolsos.
— O que esperava? — perguntou, com um sorriso.
— Um quarto vermelho, igual ao do Christian Grey? — Brinco,
sorrindo.
— Olha, o quarto vermelho eu ainda não tenho, mas posso providenciar,
se quiser. — Ele pisca o olho. — Mas tenho diversos acessórios, você usou
alguns lá no Rio e gostou bastante deles.
Coro imediatamente ao me lembrar de cada um que usamos em sua
cobertura. Ele puxa minha cintura e beija meus lábios. Nos afastamos e me
aproximo mais dos carros. Nossa, são muitos carros.
— Quantos carros tem aqui? — pergunto.
— Em torno de cem, eu acho. — Dá de ombros.
— Minha nossa, Dominic. São muitos carros. Você já usou todos? — O
olho.
— Não todos. Mas nem todos são meus. — Ele sorri. — A primeira
fileira lá atrás é a minha. Do meio é de Demétrio e essa última aqui é de
Dimitri.
Assinto, ainda chocada com todos esses carros. Ele me chama e eu o
acompanho. Vejo uma parede, com um armário grande de vidro, onde tem
diversos troféus de corrida de carro.
— Você já participou dessas corridas? — Me aproximo do armário,
vendo os troféus.
— Sim. Nós três participamos muito, mas já faz alguns meses que não
participamos — ele explica.
— Quando foi a última vez que você correu?
— Foi no início do ano passado, mas paramos porque tínhamos muitas
coisas na empresa para serem resolvidas. — Assinto.
Ele se aproxima do armário e tenta abri-lo, mas quando ele tenta uma
próxima vez, um som de alarme ecoa no lugar e luzes vermelhas começam a
piscar.
— Esqueceu a senha, de novo, Dominic? — Uma voz soa no local.
Olho para os lados e não encontro ninguém, e logo reconheço a voz de
Theo no alto-falante.
— Esqueci, Theo — Dominic grita.
— Pela... sei lá quantas vezes? Desde o início que você esquece —
Theo fala.
Escondo um sorriso ao ver Dominic fazendo careta.
— Saiba que estou vendo sua cara feia fazendo careta — Theo fala de
novo.
Começo a sorrir.
— Eu sei que está vendo, mas eu sei que você me ama. — Dominic sorri
e vai até o painel, para destravar o armário.
— Destranque logo isso aí, antes que eu bloqueie geral e deixe você
preso, aí dentro — Theo diz.
— Valentina está aqui — Nick grita.
— Garanto que ela não vai reclamar de ficar presa aí dentro com você.
Não é, Valentina?
— De maneira alguma, Theo — falo um pouco alto, com sorriso.
— Olha aí. Não se esqueça — Theo avisa.
— Và bene, Theo. — Dominic sorri.
Theo não fala mais, mas escuto seu sorriso abafado. Dominic me olha e
sorri.
— Venha, vou te mostrar nossos troféus. — Me chama.
Capítulo 38

Nosso passeio começou bem cedo, quando tudo já está começando a


abrir em Milão. Nosso café da manhã foi rápido e fomos os primeiros a
terminar, dona Flor já estava ansiosa, e se levantou primeiro do que nós.
Betânia já estava de pé, fazendo nosso café, enquanto elas arrumavam
Lorena, que ainda estava cansadinha, porque ficou o dia todo, correndo pelo
jardim, brincando.
Nosso primeiro tour foi pelo Duomo de Milão, a famosa Catedral, a
belíssima igreja estilo gótica, que foi construída ao longo dos seis séculos.
Ela possui estátuas em estilo gótico, também maravilhosas. Fomos fazer uma
visita em seu telhado, e vimos a vista perfeita da Praça do Duomo, repleta de
pessoas. Desfrutamos também do acesso sem fila para visitar o Duomo e A
Última Ceia, de Da Vinci, que elas amam.
Ao lado esquerdo de frente ao Duomo, está localizada a famosa Galeria
Vittorio Emanuele II, onde tem diversas lojas e restaurantes, que foi
construída em homenagem ao rei italiano de mesmo nome. A estrutura é
belíssima, consiste em duas arcadas abobadadas de vidro que cruzam em um
octógono que cobre a rua que liga a Piazza del Duomo à Piazza della Scala.
A rua é coberta por um teto em arco e ferro fundido que proporciona um
efeito maravilhoso. As meninas se encantaram, tiraram diversas fotos, e
aproveitamos e fizemos um lanche rápido, porque se fôssemos almoçar,
iríamos perder muito tempo.
Passamos bem rápido no famoso Teatro Alla Scala, um dos teatros mais
famosos do mundo e uma das casas de ópera e balé mais importantes do
planeta. Valentina ficou maravilhada com o Quadrilátero da Moda, onde só
tem lojas de grifes e boutiques. Ela ficou encantada por cada loja, entramos
em várias e comprou algumas coisas que gosta para ela e as meninas, e claro
que as presenteei com vários mimos. Theo, Daniel e mais cinco seguranças,
carregando várias sacolas.
Andamos um pouco pelo Jardim público Giordani Pubblici Indro
Montanelli, que Lorena amou correr um pouco. Conhecemos a Igreja De San
Maurizio, a conhecida Capela Cistina de Milão. Dona Flor ficou bem
encantada com tudo, elas estão bem animadas com o passeio. Muitas coisas
foram deixadas para os próximos dias, elas estavam bem cansadas, Lorena já
estava em meu braço, cansadinha de andar e resolvemos voltar para a
mansão. Assim que chegamos, os seguranças subiram com as várias sacolas
de compras e logo meus pais vieram até nós.
— Pelo visto a menina cansou — meu pai aponta para Lorena em meus
braços, adormecida.
— Pois é. Se divertiu tanto, que acabou dormindo. — Dona Flor sorri.
— Então vão descansar, que o jantar ainda está sendo preparado —
mamãe diz.
— Vamos subir para vocês descansarem. — As chamo.
Subimos para os quartos e coloco Lorena deitada na cama.
— Só vou tirar a roupa dela, para deixá-la mais confortável e vou esticar
minhas pernas. Obrigada. — Dona Flor, me agradece.
Assinto e sigo para a porta.
— Agora vou cuidar da sua sobrinha. — Pisco o olho e ela sorri
fechando a porta.
Retiro meu casaco andando pelo corredor, indo até meu quarto e vejo a
porta aberta. Olho Valentina se sentar na poltrona para tirar seus coturnos.
— Ainda bem que não foi com o coturno de salto. — Fecho a porta.
— Pois é. Optei por esse, porque imaginei que iríamos andar muito —
suspira.
Ela retira seus coturnos, deixando-os no chão e se levanta, tirando seu
casaco. Coloco o meu casaco pendurado na poltrona e puxo sua cintura,
dando um beijo nos seus lábios.
— O que acha de tomarmos um banho de banheira para relaxar? —
sugiro.
— Seria perfeito. — Beija meus lábios.
— Então vá pegar sua roupa, que eu vou encher a banheira — digo.
Ela assente e vai para o closet. Retiro meus sapatos com os pés, em
seguida, retiro as meias e vou para o banheiro. Ligo a banheira e pego alguns
sachês com os sais e despejo dois na banheira enquanto está enchendo.
Valentina entra no banheiro com suas roupas em mãos.
— Vá entrando que vou tirar a roupa — digo e ela assente.
Ela se afasta e começa a tirar sua roupa, e sigo para o closet. Tiro minha
roupa deixando-a separada e volto para o banheiro apenas de cueca, mas a
visão que eu tenho é perfeita. Valentina está na banheira coberta de espuma,
com a cabeça encostada no encosto, de olhos fechados, passando as mãos em
suas pernas, que estão dobradas. Meu pau pulsa de desejo por ela e eu tiro
minha cueca e silenciosamente entro na banheira de frente para ela.
Ela abre os olhos e sorri para mim. Pego sua perna, esticando-a
colocando em minha perna e começo a massagear seu pé, ela solta um
gemido e fecha os olhos.
— Isso está bom. Não sabia que fazia massagem — fala de olhos
fechados.
— Sei fazer muita coisa, é só pedir. — A olho, ainda massageando seu
pé.
Ela sorri e se ajeita melhor na banheira.
— Estava precisando dessa massagem, está aliviando a dor — murmura.
— Melhor do que remédio, não é? — pergunto e ela assente.
— Não gosto de tomar muito remédio, só em último caso — responde.
— Também não gosto. — Ela abre os olhos e me olha. — Gostou de
hoje?
— Muito. Nossa, adorei o passeio. Eu era louca para conhecer o
Quadrilátero da Moda — responde, me olhando.
Troco seu pé, e começo a massagear o outro.
— Se quiser antes de ir embora, podemos passar lá de novo com mais
calma, e conhecer mais lugares de Milão — sugiro.
— Pode ser... hm, nossa, como está bom.
A porra do meu pau já está duro por ela. Ela fica soltando esses gemidos
gostosos, e meu pau pulsa toda vez.
— Não geme assim — peço.
Ela abre os olhos e sorri para mim.
— Por quê? — Se senta, fazendo a água se movimentar.
Me aproximo dela, deixando nossos rostos próximos.
— Porque você geme gostoso demais, seu gemido me excita. — Seguro
sua nuca e a beijo.
Coloca seus braços em volta do meu pescoço, puxando-me mais para
ela. Seguro sua cintura, fazendo-a se sentar em meu colo, sem desviar do
nosso beijo. O beijo está intenso, nossas respirações estão profundas. Suas
mãos descem pelo meu peitoral, enquanto esfrega sua bocetinha no meu pau,
que está louco para entrar nela.
Desço meus beijos pelo seu pescoço, sentindo a maciez de sua pele,
enquanto ela passeia suas mãos pelas minhas costas, gemendo baixinho em
meu ouvido.
— Bons tempos naquela banheira da sua cobertura — sussurra em meu
ouvido.
— Sim. Bons tempos... — Mordo seu lóbulo. — O quanto fizemos amor
nela, debaixo da espuma, com vista para o mar. — Beijo seu pescoço. — Mas
aquela vista não é nada, a melhor vista é ver você cavalgando gostoso no meu
pau, com a luz do luar em nós dois.
Ela solta um gemido, quando aperto seu peito.
— Mas aqui temos que ficar com a janela fechada... — Puxa meus
cabelos.
— Não tem problema, você é a minha melhor vista, meu amor.
Estico meu braço, pegando uma toalha pequena e passo em todo seu
colo e seios, tirando toda a espuma e jogo-a de volta para seu lugar. Valentina
desce sua mão e segura meu pau e o massageia, um gemido baixo sai da
minha garganta, e a vejo se levantar um pouco, posicionar meu pau na sua
entrada e descer aos poucos, soltando um gemido gostoso de se ouvir. Vai
descendo, me recebendo por completo, sem pressa, enquanto se acostuma
com meu tamanho. Solto um gemido baixo, sentindo sua umidade em volta
do meu pau. Nossa, fazer sem camisinha com ela é perfeito, posso senti-la
melhor, principalmente quando ela goza.
Valentina vai aumentando seu ritmo, indo mais rápido e descendo com
força em mim, do jeito que eu gosto. Deixo uma trilha de beijos pelo seu
colo, segurando sua cintura, afundando meus dedos nela.
— Hum... — Ela geme, quando abocanho seu seio.
Chupo gostoso sua auréola, do jeitinho que ela gosta. Minha garota
cavalga gostoso em mim, fazendo a água se movimentar e cair um pouco da
banheira. Mordo o bico do seu seio e ela geme.
— Ah, Nick. — Afunda seus dedos em meu cabelo.
Puxo sua nuca e a beijo com vontade, devorando sua boca em um beijo
avassalador. Ela se excita e aumenta mais o seu ritmo, rosno em sua boca,
sentindo que ela está perto de gozar. Se afasta empurrando meu peito,
fazendo-me encostar na banheira e torna seus movimentos mais rápidos. A
olho com desejo, porque a mulher é linda demais, porra. Jogo a cabeça para
trás, soltando gemidos abafados, pelo prazer imenso que estou sentindo.
— Rebola gostoso — peço e a olho. — Isso... assim, Valentina. Oh, que
delícia! — Solto um gemido. — Ah, nossa, como é gostoso estar dentro de
você.
Ela apoia suas mãos em meu peito indo com mais força, jogando a
cabeça para trás gemendo sem parar. A visão é maravilhosa, ela gemendo e
buscando seu prazer. Minhas bolas se comprimem, e sinto uma vontade
enorme de gozar. Me aproximo dela e seguro sua bunda, acompanhando seu
movimento.
— Nick... eu vou... Oh, meu Deus! — Ela geme, cravando suas unhas
em meus ombros.
Rosno e trinco os dentes.
— Goza, amor... Goza. — Solto um gemido, e sinto um arrepio na
minha espinha. — Que boceta gostosa, caralho.
Ela aumenta sua velocidade, e sinto-a prender meu pau, me levando à
loucura. Involuntariamente ela fecha os olhos quando começa a gozar.
— Abra os olhos. — Seguro seu queixo e a faço me olhar. — Assim...
Quero te olhar.
Com meu rosto próximo do seu, eu gozo gemendo em sua boca, sem
tirar meus olhos do dela. Ela tenta fechar os olhos, mas permanece me
olhando, transmitindo algo através deles, que acabo de decifrá-los..., depois
de muito tempo.

O casamento de Demétrio e Manuela foi perfeito. Sempre via


casamentos na tv ou na internet, mas pessoalmente, nunca vi. É muito
emocionante ver duas pessoas que se amam, indo até o altar e dizer sim
perante a Deus, familiares e amigos, unindo-se para uma vida toda. Acho
lindo demais.
Meus pais nunca tiveram um casamento assim, com festa, muitos
convidados..., minha mãe tinha me falado que eles se casaram em uma igreja
católica no Rio, um casamento comunitário, pagando uma pequena taxa
simbólica para a igreja. Mamãe não teve seu vestido de noiva, e nem papai
seu smoking, ou um paletó bonito e bem feito. Eles se casaram com roupas
simples. Mamãe com um vestido que comprou em um brechó na cor bege, e
papai com uma calça jeans e uma camisa de botões, mas eles não se
importaram, e nem deveriam, o amor deles era o que importava.
Sempre sonhei em ter um casamento lindo, me vestir com um lindo
vestido de noiva, me casar em uma igreja ou ao ar livre, uma festa linda.
Acho que quase toda mulher sonha, não é?
— O que está pensando? — Hannah se senta ao meu lado.
Termino de raspar um copinho de docinho e coloco na boca.
— O casamento foi lindo, não é? — falo.
— Sim. — Ela assente.
— Demétrio e Manu vão quando para a Tailândia? — Tomo meu suco.
— Ainda hoje. Não sei bem o horário, mas vão antes de terminar a festa
— informa.
— Hum. Só para saber, para eu me despedir deles — digo.
Ela assente e vejo Lorena ganhando a atenção de todos. Só vejo o
pessoal sorrindo com o que ela fala. Ela fica girando o tempo todo, com o
vestido que ela amou, que é a cópia mirim do de Manuela. Vejo Dominic
falando com um casal, mas prestando atenção totalmente em Lorena.
— Aqueles ali. — Hannah aponta para o casal. — O homem é Aaron
Cartier, o dono de um dos hotéis mais caros de Paris, e sua esposa Nicole.
— Acho que já ouvi falar do seu hotel — comento, vendo a interação de
Dominic com ele.
— Quando Dom vai à Paris, ele sempre se hospeda no hotel de Aaron.
— Assinto. — O hotel é lindo, em frente à Torre Eiffel.
— Nossa. Deve ser caro então. — A olho.
— Muito. Os meninos quando vão, só ficam na suíte deluxe — comenta.
Assinto e ela levanta o queixo, mandando eu olhar. Sigo seu olhar e vejo
Dominic acenando para mim, me chamando.
— Já volto. — Ela assente.
Levanto-me da cadeira e ando pelas pessoas até eles. Dominic sorri e
segura minha cintura.
— Aaron e Nicole, essa é Valentina, minha namorada. — Dominic nos
apresenta.
Sorrio e estendo minha mão para cumprimentá-los.
— Prazer em conhecê-los. — Dou um sorriso.
— Você é linda. Olha os olhos dela, mon amour. — Nicole olha para
seu esposo. — São perfeitos.
— Que obra rara, Dominic. — Aaron sorri para Nick. — De onde você
é?
— Sou do Rio de Janeiro. — Sorrio.
— Brasil? Oh, Mon Dieu[36]. Brasil é lindo demais. — Nicole me olha
com um sorriso.
— Realmente as praias são lindas. Lembra da nossa lua de mel, chèrie?
— Aaron a olha.
— Nossa, Copacabana, Ipanema... praias maravilhosas. — Ela sorri. —
Esse é Damien, nosso filho.
Me agacho e olho o menino lindo. Seus cabelos são loirinhos, um pouco
mais escuros que os de Lorena e tem olhos azuis bem clarinhos também.
— Oi! Tudo bem? — Ele sorri, mostrando seus dentinhos. — Sou
Valentina.
— Essa aqui é Lorena, nossa filha. — Nick se agacha perto de Damien.
— Oi! — Minha filha o cumprimenta, abraçando-o de surpresa. — Mas
me chama de Lore.
Damien sorri e olha Lorena com seus olhos azuis.
— Sou Damien, mas pode me chamar de Dam. — Ele sorri.
— Vamos bincar? — minha filha pergunta e Damien assente.
Eles saem correndo pelas pessoas, sumindo de nossas vistas.
— Eles vão se dar super bem — Aaron comenta. — Lorena é uma
graça. Damien é um pouco tímido, mas logo simpatizou com Lorena.
— Com certeza ele vai deixar de ser tímido, quando passar algumas
horinhas com Lorena. — Nick sorri e bebe seu champanhe.
— Ela é bem simpática, não é? — Nicole me olha.
— Super simpática. Lorena é bem falante, adora brincar e não é nem um
pouco tímida. — Sorrio. — Eles vão se dar super bem.
— Espero que Damien não fique tímido quando seu irmãozinho nascer.
— Nicole mexe em sua barriga, um pouco exposta.
— Você está grávida! Meus parabéns! — A abraço.
Dominic abraça seu amigo, o felicita e abraça Nicole.
— Já sabem o sexo? — pergunto.
— É um menino, e vai se chamar Marlon. — Aaron sorri, emocionado.
— Que maravilha. Tenho certeza que Damien não ficará tímido — digo
e eles sorriem.
Ficamos mais alguns minutos conversando, coisas bem aleatórias e
conheço um pouco sobre Nicole. Gosto muito dela, uma mulher super
simpática e adorável. Aaron avisa que precisam ir embora, porque vão pegar
o jatinho para voltar para Paris.
— Espero vocês amanhã no meu hotel. — Aaron aperta o ombro de
Nick.
Abraço Nicole e me despeço de Damien, que me dá um abraço apertado
e vão embora.
— Vamos para Paris? — Nick assente.
— Seria uma surpresa... antes de você ir embora.
Capítulo 39

Chegamos ao hotel do Aaron faz algumas horas, acho que umas duas
horas, mais ou menos, e eu disse a Valentina que vamos jantar fora. Quero
fazer uma grande surpresa para ela, que acho que vai gostar. Eu tinha
combinado com meus pais para que eles ficassem com dona Flor e Lorena
hoje, para irem jantar fora, ou no hotel mesmo, enquanto levo Valentina para
jantar.
Estou de pé, com as mãos no bolso da minha calça social em frente à
janela, vejo claramente a Torre Eiffel, iluminando um pouco o quarto. Estou
ansioso, não sei se ela vai gostar do vestido que mandei Pierre fazer para ela
usar hoje. Valentina não provou, apenas com as medidas que ele tirou, fez o
vestido.
Escuto a porta do closet ser aberta e sinto o cheiro do seu perfume, que
me faz fechar os olhos e respirar fundo, inalando o cheiro. Viro-me e meu
coração acelera. Ela é absurdamente linda. Perfeita demais. O vestido caiu
super bem nela. Um dress perfeito, todo justo que vai até os joelhos, de alças
finas e decote reto. Os saltos do Christian Louboutin na cor bege com o
famoso solado vermelho, deixou suas pernas lindas, torneadas e longas, o
diferencial dele é a abertura na lateral interna dos pés, que deixam as curvas
internas dos seus pés livres e que talvez não aperte tanto.
Seus cabelos estão lindos, e ondulados, caem em forma de cascatas. Pedi
um dos serviços do hotel, um cabeleireiro para ajeitar seu cabelo e a maquiar,
caso ela quisesse. Sua maquiagem está simples, deixando sua beleza natural à
mostra.
— Você está linda. — A olho de cima a baixo. — Perfeita.
Ela cora e sorri, tímida.
— Dá uma voltinha para mim? — peço.
Ela assente e gira lentamente, onde posso ver que o vestido ficou lindo
nela, e deixou sua bunda maior e mostra perfeitamente sua cintura fina.
Valentina nunca gostou de praticar exercícios físicos, mas seu corpo é
perfeito assim, perfeito para mim.
— O que achou? — pergunta.
— O que você achou? — Devolvo a pergunta, me aproximando dela.
— Estou me sentindo sexy com esse vestido colado — diz, sincera e
assinto em concordância.
— Demais. Mas era essa a minha intenção, fazer com que você se
sentisse sexy e confiante nele. — Beijo seus lábios.
— Obrigada. — Sorri.
— Cadê seu sobretudo? — pergunto.
— Ali! — ela aponta.
Vejo seu sobretudo preto pendurado na poltrona, pego e a ajudo a
colocar. Ela fecha o cinto de tecido fazendo um nó bem feito e solta seus
cabelos por cima dele. Pego o meu e o visto, estendo minha mão, ela pega
sua bolsa e saímos do quarto.
Ao sairmos do hotel, andamos tranquilamente em direção à Torre Eiffel,
seria perfeito aqui, mas não, será apenas nós quando voltarmos. Ela olha tudo
ao redor, vendo tudo iluminado e perfeito. Realmente, a torre é perfeita à
noite. Ela me olha intrigada.
— Vamos subir? — Ela me olha, com um brilho nos olhos.
— Vamos jantar na torre, amor. — Dou um sorriso.
Ela arregala os olhos e entramos no elevador. O elevador para no
segundo andar e vamos direto para o Le Jules Verne, um dos melhores
restaurantes da Torre Eiffel. Somos muito bem recepcionados e guiados até a
mesa onde reservei.
Ao chegarmos na nossa mesa de dois lugares, ao lado da janela, ajudo a
tirar seu sobretudo e arrasto sua cadeira para ela se sentar e me sento à sua
frente. Somos servidos com uma taça de champanhe como entrada.
— O que quer? — Pergunto.
Ela engole em seco, sem saber o que pedir.
— Peça. Você sabe do que eu gosto.
Assinto e tomo a liberdade de pedir dois pratos iguais, e um vinho
branco que combinará perfeitamente com o prato. Após o rapaz se afastar,
volto minha atenção a ela, que está olhando a vista linda que tem daqui de
cima.
— Gostou? — Seguro sua mão, sobre a mesa.
Ela me olha e me dá um sorriso lindo.
— Eu não sabia que tinha restaurante aqui na Torre. Aqui é muito lindo,
Nick. — Volta a olhar a vista.
— Aqui é lindo mesmo. Muitos casais devem vir aqui — comento e dou
um gole no champanhe.
— É lindo demais, meu Deus. Nunca pensei que viria aqui. Nunca
pensei que viria à Paris — fala com um sorriso.
— Que bom que fui eu a proporcionar tudo isso. — Acaricio sua mão,
com meu polegar.
— Obrigada, Nick. Eu nunca pensei que um dia eu poderia sair do Brasil
e vir para outro país. — Seus olhos ficam marejados.
Levanto-me e pego minha cadeira colocando ao seu lado e me sento,
passo meu braço em seu ombro e puxo seu queixo para um beijo demorado,
acariciando seu rosto. Ela apoia sua mão em meu braço, retribuindo o beijo.
— Não precisa me agradecer..., só fique comigo. — Dou outro beijo
nela.
Ela sorri e acaricia minha mão.
— Minha tia e Lorena, ficaram com quem? — Dá um gole no seu
champanhe.
Pego minha taça e dou um gole.
— Ficaram com meus pais. Antes de sairmos, meu pai me enviou uma
mensagem dizendo que iria para um restaurante do amigo dele, e que iriam
jantar lá — informo.
— Entendi. Você vem muito à Paris? — me pergunta.
Acaricio seu ombro com meu polegar.
— Sim e não. Venho a trabalho, e às vezes venho quando Manu recebe
alguma proposta de desfile, ou algo do tipo — respondo e ela assente.
Somos interrompidos quando o garçom reorganiza a mesa e coloca
nossos pratos e nos servem com o vinho e deixa a garrafa gelando. Me afasto
só um pouco e começamos a comer.
— Manu vai morar com vocês na mansão? — Valentina me olha.
Termino de engolir a comida e dou um gole do vinho.
— Estamos com um projeto, não sei se minha mãe lhe contou.
Queremos morar aqui em Paris. Comprar quatro casas, uma ao lado da outra,
ou de frente — explico.
— Ah, sim, entendi. Um pequeno condomínio, não é? — Toma seu
vinho.
— Sim. Mas se viermos para Paris, nossa sede vem para cá. Eu e meus
irmãos estávamos conversando sobre isso, e o melhor seria a sede aqui.
Como você sabe, temos a sede em Milão e duas lojas por lá, e aqui temos três
lojas espalhadas, aqui vendemos muito mais, e com a sede aqui, seria muito
bom.
— Sim. Paris é bem visitada — comenta.
— Muito, e isso iria ajudar muito a empresa — afirmo.
— Pretende abrir novas filiais? — Me olha.
— Em Cancún e Los Angeles — respondo. — Temos uma casa em Bel
Air, em Los Angeles. — Ela assente. — Mas tínhamos outros lugares na
frente, como o Rio. A gente tinha ido para lá antes do meio do ano, pouco
depois do carnaval, para vermos o local, funcionários..., tudo para quando
voltarmos estar tudo certinho.
— E como estão as vendas de lá? — Mastiga sua comida.
— Bem lucrativas. Não esperávamos muito, mas estamos tendo um
retorno significativo. — Dou um sorriso.
— Que bom! — Ela sorri.
— E como vai ser com o seu trabalho? — Sondo-a.
Ela fica calada por um bom tempo e me olha.
— Irei aceitar o trabalho que Renato ofereceu, no hospital — responde e
isso me deixa triste. — Enquanto eu estiver trabalhando por lá, irei fazer a
minha pós-graduação online e quem sabe, depois eu abro o meu consultório?
— No Rio? — A olho, com certa esperança.
Ela me olha e assente, triste.
— É onde eu moro.
Capítulo 40

Acordo mais cedo e vejo Dominic dormindo ao meu lado,


tranquilamente. Suspiro, sentindo meu queixo trêmulo com uma enorme
vontade de chorar. Levanto-me da cama, nua, e procuro meu roupão, acho em
cima da poltrona e o visto, fechando com um laço forte. Sigo até a varanda do
quarto, abro a porta e sinto o vento frio fazerem meus cabelos voarem.
Olho a Torre e suspiro, lembrando-me da noite de ontem. O maravilhoso
jantar que Dominic me proporcionou, nunca vou esquecer. A vista perfeita
que tivemos enquanto jantávamos, entre carinhos e beijos, era perfeita. Após
o nosso jantar, andamos um pouco ao redor da Torre, aproveitando a noite
iluminada e bastante romântica, e por fim, encerramos a noite na cama,
fazendo amor lentamente, aproveitando cada momento, que para mim, foi
uma despedida, que parte o meu coração em trilhões de pedaços.
Enxugo uma lágrima que escorre em meu rosto e respiro fundo, me
controlando para não chorar. Abraço meu corpo, sentindo-o se arrepiar com o
vento frio.
— Acordou cedo. — Escuto sua voz.
Respiro fundo e me viro. Ele está apenas de cueca, com a cara amassada
e o cabelo bagunçado.
— Quis aproveitar um pouco desse vento. — Minto.
Ele se aproxima de mim e beija meus lábios.
— Bom dia. — Me dá um selinho. — Está com fome?
— Um pouco.
— Vou pedir nosso café.
Assinto e ele se afasta para dentro do quarto para fazer a ligação. Saio da
varanda e vou para o banheiro, faço minha higiene matinal, escovo meus
dentes, faço um coque alto no meu cabelo, e tomo um banho quente, tentando
não chorar, tentando ser forte pelos próximos minutos. Mas não consigo
segurar e derramo algumas lágrimas enquanto tomo banho, sentindo meu
peito doer. Um soluço escapa dos meus lábios e encosto-me na parede, me
permitindo chorar ainda mais. Por que é tão difícil? Poderia ser tão mais
fácil.
— Amor, o café já chegou. Está tudo bem? — Escuto a voz de Dominic
atrás da porta.
Suspiro e me controlo.
— Estou saindo — falo um pouco alto.
Desligo o chuveiro e passo a mão em meu rosto, retirando os resquícios
do choro. Olho-me no espelho e respiro fundo. Saio do banheiro vendo a
mesa da varanda repleta de coisas gostosas. Vejo Dominic sair do closet
vestido com um calção e uma camisa de gola v e vem até mim, me dando um
beijo na testa.
— Vou tomar um banho rápido. — Assinto.
Ele se afasta e segue para o banheiro. Caminho até a cama e sento-me
nela, esticando meu braço para pegar meu telefone para ver a hora,
desbloqueio a tela e suspiro. Ligo para minha tia, que atende no terceiro
toque.
— Já é para sairmos? — fala ao atender.
— Não, tia. Temos que chegar no aeroporto às onze.
— Então vou tomar meu café lá embaixo com Lorena, e o pessoal.
— Uhum. Dominic pediu um café da manhã para nós.
Ela fica um tempo em silêncio.
— Vai falar com ele? Você vai embora hoje, Tina — suspiro, sentindo
meu queixo trêmulo.
— Eu já tomei a minha decisão, tia. Eu não quero atrapalhar mais a vida
dele, irei falar com ele e vou embora, é o certo.
— Mas Tina...
— Não, tia. Por favor, estou me controlando ao máximo.
— Ok! Você sabe o que faz, espero que não tenha tomado a decisão
errada.
Me despeço dela e desligo o telefone. Escuto o chuveiro ser desligado e
deixo o telefone em cima da cama. Logo Dominic aparece vestindo apenas
sua bermuda de moletom.
— Não começou a comer? — pergunta.
— Estava esperando você. — Dou um sorriso fraco.
Ele sorri e estende sua mão.
— Então vamos tomar nosso café. — Ele me chama.
Seguro sua mão e andamos até a varanda, nos sentamos nas cadeiras e
começamos a nos servir. Tem diversas coisas maravilhosas na mesa, tudo
muito gostoso.
— Seu voo é à que horas mesmo? — me pergunta, após dar um gole no
seu suco.
— Meio-dia. — Ele assente e se levanta.
— Só um minuto — avisa e se retira.
Dou um gole do meu café e mordo o croissant que por sinal está
delicioso. Dominic volta com um envelope em mãos e se senta na cadeira.
— Aqui. — Me entrega.
Pego o envelope com a testa franzida, abro-o e retiro alguns papéis.
Começo a ler, mas não entendo muito bem.
— O que é isso, Nick? — pergunto, lendo os papéis.
Ele apoia seus braços na mesa e me fita com seus olhos azuis.
— Não é segredo para você que tenho Lorena como filha, desde que a
vi. — Engulo em seco. — Eu sempre quis registrar Lorena como minha filha,
como uma D’Saints, mas teve o problema de Pedro Henrique aparecer e
estragar tudo. — Faz uma pausa. — Mas, Pedro Henrique desistiu de tudo, e
eu não pude perder essa segunda chance.
— Dominic... — Meu queixo fica trêmulo.
— Esses papéis Valentina, consta que se tiver sua assinatura junto da
minha, eu serei o pai dela. — Lágrimas escorrem em meu rosto. — Ela será
um D’Saints a partir do momento que você assinar. Ela terá meu sobrenome,
terá direito a tudo que eu tenho quando eu morrer. Será a herdeira da Vintage
Essence, terá dois imóveis no nome dela e uma conta bancária para quando
ela completar a maioridade usufruir da maneira que ela quiser. — Enxugo
minhas lágrimas. — Mas isso não importa. — Ele segura minha mão sobre a
mesa. — Não importa bens materiais e dinheiro, e sim, o amor, o carinho,
educação..., que darei a ela. Isso é o que importa, que ela será minha filha,
definitivamente.
— Meu Deus, Nick... Eu não... — Ele me interrompe, erguendo o dedo.
Ele se levanta, retira algo do bolso da sua bermuda de moletom, e se
ajoelha à minha frente, fazendo meu coração acelerar com o que eu vejo. Ele
abre a pequena caixinha de veludo, que revela um lindo anel de ouro branco
com diamantes cravejados.
— Olha Valentina, eu nunca pensei que essa minha ida ao Brasil fosse
mudar minha vida por completo. Nunca pensei que iria construir uma família
tão rápido assim. Eu sempre quis ter a minha família, não agora, mas tudo
mudou, Valentina. Você me mudou. Eu nunca pensei que eu iria dizer “Eu te
amo” para uma mulher que conheci a tão pouco tempo, mas eu te amo,
Valentina, demais. Você não imagina o quanto me segurei para fazer tudo
isso hoje, comprar esse anel e fazer esse pedido a tempo, antes de você ir
embora. — Eu choro de soluçar. — Não quero que você vá, quero que fique
comigo, construa uma família aqui comigo. Construiremos nossa vida junto
com minha família, traremos sua tia, se ela quiser, colocarei Lorena na
melhor escola, você terá sua clínica que sempre sonhou em ter...
— Não posso aceitar — digo, sentindo uma enorme dor no peito.
Ele me olha confuso e sacode a cabeça.
— Como assim? Você não me ama? Não quer casar comigo? — Me
olha, e isso me faz chorar mais.
— Ah, Nick. — Acaricio sua barba, sentindo lágrimas descerem pelo
meu rosto. — Eu te amo tanto, Nick. Demais. Eu te amo desde o dia que te
vi. Mas eu não posso aceitar.
— Como não pode? Se a gente se ama, temos que ficar juntos. — Ele
segura minha mão.
Me levanto da cadeira e entro no quarto, com a mão na boca, chorando.
— Valentina, pelo amor de Deus. Me diz o que está acontecendo. — Ele
implora, entrando dentro do quarto.
Viro-me e o olho.
— Não posso me casar com você, não posso permitir que você registre
Lorena como sua filha. Você tem sua vida, não posso jogar essa
responsabilidade em seu colo. Você já tem sua vida feita, eu não quero que
você faça isso, Nick. Como você mesmo disse, que não queria construir uma
família agora, e eu compreendo perfeitamente.
— Não, amor, por favor, não foi dessa maneira que eu quis dizer. — Ele
tenta se aproximar, mas eu me afasto.
— Não, Dominic, eu entendi o que você quis dizer. Eu que não quero
lhe entregar essa responsabilidade. Você não precisa ter essa
responsabilidade. — Enxugo minhas lágrimas. — Você merece encontrar
uma mulher livre, sem filhos e que esteja pronta para construir uma família
com você desde o início.
Ando até o closet e fecho as portas, antes que ele entre.
— Por favor, Valentina. Vamos conversar, amor. Eu amo você e amo
Lorena como minha filha. Por favor, vamos conversar e se acertar. Eu quero
construir uma família, e é com você. — Ele bate na porta. — Por favor, abra
a porta, vamos conversar, meu amor.
Choro dolorosamente e pego minha mala, e começo a ajeitá-la,
escutando Dominic implorar atrás da porta, me pedindo para abrir e
conversar. Sua voz sai embargada e triste, e isso me parte o coração. Após
fechar minha mala com as mãos trêmulas. Troco de roupa, enxugo minhas
lágrimas e saio do quarto, vendo Dominic se levantar da cama vindo até mim.
— Por favor, não vai embora, vamos conversar. — Segura meu rosto, e
vejo seus olhos vermelhos.
— Tente me entender. Eu não quero atrapalhar sua vida, Nick. Eu iria
me sentir a pior vadia que existe. Eu me sentiria uma interesseira em fazer
isso com você. O que vão falar de você? E Lorena? Vão atacá-la. Não é justo.
— Acaricio seu rosto, sentindo uma última vez sua pele. — Não insista. Eu
irei ser eternamente grata por tudo que você fez, Nick. Eu nunca vou me
esquecer de cada momento, de cada gesto..., não vou esquecer de nada. E
sempre vou te amar, Dominic. Sempre.
— Valentina... — sussurra, dolorosamente.
— Não, Nick. — Seguro forte minha mala. — Não implora mais, você
merece alguém melhor, uma mulher melhor para você.
Me afasto dele, chorando e sigo até a porta.
— Eu te amo. — Se declara.
Viro-me e o vejo chorando.
— Eu sempre vou amar você, Nick. Sempre. — Solto um beijo para ele
chorando, e fecho a porta, indo embora.
Capítulo 41

Levanto-me da cama, sentindo meus olhos inchados e pesados, e ando


até o banheiro, fechando a porta. Olho-me no espelho, vendo meu rosto
inchado de tanto chorar a noite toda. Retiro minha roupa e sigo para o boxe,
tomar banho. Semanas haviam se passado e ainda choro todos os dias,
sentindo falta de Dominic. Não tem sido nada fácil para mim. Sinto muito sua
falta, seu cheiro, seu toque, seu sorriso... Meu coração dói só de pensar nele.
Ultimamente só tenho ficado em casa, quase sempre em meu quarto,
chorando, escutando músicas que me fazem me sentir pior do que já estou,
filmes românticos, que me fazem sentir mais falta dele. Fico olhando nossas
fotos no celular, me lembrando de como éramos felizes enquanto ele esteve
aqui no Rio. Ele liga com frequência para falar com Lorena e só de escutar
sua voz, eu choro.
Eu não tenho vontade de fazer mais nada, além de ficar na minha cama,
deitada. Não tenho ânimo para absolutamente nada. Mal estou comendo,
tomo chás relaxantes para poder conseguir dormir sem chorar a noite toda,
sentindo sua falta. Mas nada funciona.
Saio do box enrolada na toalha, escovo meus dentes na pia e saio do
banheiro.
— Isso é sua forma de superar? — Dou um pulo ao escutar a voz de
Alicia.
Olho-a e a vejo com a camisa de Dominic em sua mão.
— Você ainda dorme com a camisa dele, amiga? — Me olha,
preocupada.
— Essa não é a camisa dele. — Minto descaradamente.
Ela faz cara de deboche e olha a etiqueta da camisa de botões.
— Armani. Isso com certeza é de Dominic, Valentina. Ainda vai mentir
para mim? — Cruza os braços. — O cheiro do perfume é dele, que sempre
senti em você quando eu te abraçava, depois de ter ficado horas com ele.
— Tá bem! Ainda durmo com a camisa dele. — Sigo até ela e tomo a
camisa de sua mão.
— Valentina... — A interrompo.
— Não, Alicia. Agora não. — Meus olhos ficam marejados.
Dobro a camisa e a coloco junto às outras, que ele deixou aqui, na
verdade, esqueceu de levar. Sinto o seu cheiro nelas e respiro fundo, piscando
os olhos. Troco de roupa e vejo que Alicia não está no quarto, pego meu
telefone e saio do quarto.
Vejo Lorena pulando no meio da sala, toda feliz. Ela me vê e corre até
mim, pulando de felicidade.
— Mamãe, papai disse que vem pla cá no plóximo mês. — Pula alegre.
Levanto meu olhar e vejo tia Flor e Alicia me olhando.
— Ele vem? — sussurro.
— Vem sim. Já está tudo certo — tia Flor informa.
Meus olhos se enchem de lágrimas, pisco meus olhos evitando chorar.
— Que bom, princesa. — Dou um sorriso para minha filha.
— Ele disse que vai me levar pla plaia, no parque, me levar pla comer
pizza. — Pula batendo as mãozinhas.
— Que legal, meu amor. — Beijo sua testa. — Vou tomar meu café.
Saio da sala, sentindo minhas lágrimas descerem e pego a garrafa de
café e despejo na xícara. Enxugo minhas lágrimas rapidamente, quando sinto
alguém se aproximar de mim.
— Você está bem? — tia Flor pergunta.
A olho e assinto, tomando um gole do café.
— Não parece. Você passa o dia no quarto, mal quer comer, não quer
saber de mais nada. — Ela me olha preocupada.
Suspiro e me encosto na pia, vendo Alicia entrar na cozinha.
— Ela ainda dorme com a camisa dele, tia — Alicia fala.
— Alicia! — Olho minha amiga com raiva.
— Não, Valentina. Eu não quero te ver assim. Eu nunca quis que você
passasse por isso, sempre quis que você ficasse com Dominic. Mas você fez
sua escolha, e não o escolheu. Então não adianta ficar pelos cantos,
arrependida do que fez — fala, séria.
— Eu não estou arrependida — murmuro.
— Você acha que me engana, querida. Mas você não me engana. Você o
ama e está sofrendo porque fez a escolha errada. — Me olha.
— Isso, me deixe pior do que já estou. — Tomo meu café.
— Estou falando isso para você acordar, e ver que ainda pode ter
Dominic. — A olho. — Ele estará aqui na próxima semana, e vocês poderão
se acertar.
Sinto meu celular vibrar no bolso do meu short e atendo, sem saber
quem é.
— Alô?
— Valentina Mendes?
— Sou eu sim. Quem é?
— Renato Boaventura. Como vai?
Abro um sorriso.
— Olá, Renato. Vou bem e você?
— Vou bem. Estou te ligando para marcarmos sua vinda ao hospital,
para trazer seus documentos.
— Claro, pode marcar o dia que eu levo os documentos. — Tia Flor e
Alicia se olham.
— Pode ser na sexta-feira às dez horas?
— Está ótimo.
— Irei te passar por e-mail todos os documentos que precisará trazer.
Dará tempo de você providenciá-los?
— Eles estarão prontos na quinta-feira. — Dou um sorriso.
Nos despedimos e desligo o telefone, olhando minha tia e minha amiga.
— Você aceitou, não foi? — tia Flor pergunta.
— Aceitei — afirmo.
— Então as chances que eu tinha de te ver com Dominic mais uma vez
acabou nesse exato momento. — Alicia sai da cozinha, pisando duro.
Deixo minha xícara em cima da pia e a sigo. Vejo-a pegar sua bolsa e
seguir até a porta.
— Pensei que estivesse feliz por mim — digo alto, para ela escutar.
Ela para de andar e me olha.
— Acho que eu sou a segunda pessoa que estou mais feliz por essa sua
conquista, Valentina. Sempre torci por isso, sempre estive com você desde o
início, te dando todo o apoio, para você um dia poder realizar seu sonho. Mas
você aceitando esse emprego, está deixando Dominic ir embora de vez da sua
vida. Tenho certeza que se você largar tudo isso, você terá o sonho realizado
em Paris, que é a clínica que você sempre sonhou, que Dominic com certeza
irá te ajudar a abri-la. — Faz uma pausa, com os olhos marejados. — Dói
saber que você está deixando o homem que te ama, e que quer assumir sua
filha, ir embora. Você pelo menos tem sorte que um dos D’Saints te ama e é
prioridade em sua vida, ao contrário de mim, que preciso ficar mendigando
atenção de um deles, ser sua segunda opção, porque eu sou apenas mais uma
na vida dele. E você sabe que, não é só mais uma na vida de Dominic, e está
deixando um homem perfeito desse ir embora, sem um motivo aceitável. —
Abre a porta e vai embora.
Olho para minha tia que dá de ombros.
— Ela tem razão.

Estaciono meu carro em frente à minha casa, desligo o carro e saio.


Passo a mão no rosto e caminho até a porta, ao entrar em casa, vejo meu pai e
minha mãe, sentados no sofá.
— Chegou cedo. — Papai me olha.
Retiro minha gravata e o olho.
— Estou com muita dor de cabeça — respondo.
— Como você está se sentindo? — Minha mãe se aproxima.
Suspiro e passo a mão no rosto.
— Vou ficar bem, mãe. Não se preocupe. — Beijo sua testa.
— Você está tão abatido. — Me analisa.
— Com o tempo ficarei melhor. — Passo a mão na nuca.
Ela me olha preocupada e assente, triste.
— Vou subir, desço para o jantar — aviso e sigo para as escadas.
Ao chegar no quarto fecho a porta e sigo para o banheiro. Sinto uma dor
enorme no peito ao ver a banheira seca, lembrando que fizemos amor
diversas vezes nela, por quase todas as noites enquanto ela esteve aqui,
deixando sua marca em todo o meu quarto.
Tiro minha roupa e sigo para o boxe, tomo um banho bem demorado,
sentindo a água morna cair sobre meu corpo, me relaxando um pouco. Saio
do banho depois de muito tempo, enrolo uma toalha em meu quadril e saio do
banheiro, seguindo para meu closet, visto uma cueca e uma bermuda de
moletom e volto para o quarto.
Pego meu telefone na mesinha ao lado da cama e sento-me, encostando
minhas costas na cabeceira da cama e estico minhas pernas desbloqueando
meu celular. Dou um sorriso de leve olhando o papel de parede. Uma foto
minha e de Valentina em Angra, aproveitando na lancha. Ela estava sentada
no meu colo, sorrindo para mim próximo do meu rosto, com os cabelos ao
vento, com o pôr do sol no fundo da foto. Um clique mais que perfeito, essa
foto.
Abro a galeria vendo diversas fotos nossas, em vários lugares do Rio,
em minha cobertura, na minha cama —após um sexo delicioso, usando
apenas minha blusa —, em Angra, aqui em casa, em Paris..., nossa, tem
várias fotos, algumas só nossas, e outras com Lorena.
Suspiro e decido ligar para ela. Vejo que ela atende no terceiro toque,
mas se mantém calada e apenas escuto sua respiração.
— Oi! — digo, puxando assunto.
Escuto-a suspirar.
— Oi! — sussurra.
— Como você está?
— Estou..., e você?
— Você não me respondeu. — Ela fica um tempo calada.
— Estou bem — responde, um pouco baixo.
— Que bom, fico feliz. — digo, sincero.
— E você?
— Não estou bem — respondo.
— Por que não?
— Porque você não está aqui ao meu lado, usando o anel de noivado que
quis te dar. Construindo nossa família, Lorena usando meu sobrenome, você
entretida, participando de cada detalhe do nosso casamento...
Ela fica calada, e não fala nada por um bom tempo. Mas eu sei que ela
está na linha, escuto sua respiração pesada.
— Sinto muito sua falta. Eu te amo — confesso, engolindo em seco.
— Não faz isso, Dominic — me pede, com a voz embargada.
Sinto meus olhos marejados, e suspiro.
— Tudo bem. Não irei insistir, só quero que você saiba que ainda amo
você, mesmo você tendo escolhido seu futuro e que eu não estarei nele. —
Fico calado, apenas escutando sua respiração.
— Preciso ir, vou ajeitar a bolsa da escola de Lorena — suspiro.
— Ok. Boa noite, Valentina.
— Tchau, Nick. — Se despede triste e desligo o telefone.
Jogo o celular na cama e jogo a cabeça para trás, sentindo meu peito
doer demais com essa decisão que ela tomou.

Saio do quarto, pronto para ir trabalhar, quando escuto Manuela falar no


quarto.
— Valentina, não surta! — Manu faz uma pausa. — Valentina, por
favor, fica calma.
Fico curioso e me aproximo mais da porta, que está entreaberta.
— Por que não liga para ele e conversa? Dom não vai surtar como você,
ele vai ficar feliz. — Faz uma pausa e franzo a testa. — Você está atrasada a
quantos dias?
Meu coração acelera com a possibilidade.
— Calma. Você já fez o teste?... Vá em uma farmácia, compre o teste e
faça. — Vejo Manu andar pelo quarto. — Tudo bem. Mais tarde você me liga
e conversamos, ok?... Só não surta, me liga mais tarde... Beijos. — Vejo-a
desligar o telefone.
Meu coração acelera e bato na porta, entrando.
— Oi, Dominic. — Me cumprimenta, desconfiada.
— Eu escutei a conversa — digo, sem rodeios.
Ela abre a boca, e logo fecha.
— Ela está grávida? — Sinto meu coração bater mais forte.
Ela suspira e se senta na cama.
— Não sei. Ela disse que a menstruação dela está atrasada há alguns
dias — responde.
— Qual a possibilidade de ela estar grávida? — pergunto esperançoso.
— Poucas. Não sei. Ela disse que iria me ligar quando fizesse o teste. —
Assinto e suspiro.
— Quando... ela te disser que fez o teste..., você pode me dizer? — A
olho.
— Olha, Dom, eu não quero te dar esperanças. Pode ser apenas um
atraso mesmo. — Levanta da cama e vem até mim.
Engulo em seco e assinto.
— Alguma vez já aconteceu com você? — Ela me olha e assente.
— Já sim. É normal às vezes atrasar, pode ser por causa de estresse,
preocupação... Como você sabe, meu organismo não se dá com
contraceptivos orais e injetáveis, então eu e Deme usamos apenas
preservativo. — Ela se aproxima. — Você e Valentina fizeram sem proteção
alguma vez?
— As primeiras vezes, não. Mas ela começou a tomar a pílula, e
passamos a fazer sem proteção — respondo, lembrando-me de cada momento
nosso.
— Como você está? — Toca meu ombro.
— Nada bem, Manu. Mas vou ficar. Ontem à noite eu falei com ela, mas
nossa conversa não foi muita esperançosa para mim — coloco as mãos nos
bolsos.
— Entendi. Mas dê tempo a ela. — Assinto. — Ela é nova, acha que
está atrapalhando sua vida. Só dê tempo, que ela vai te ligar e conversar.
— Quanto tempo, Manuela? — Engulo em seco e a olho.
— Não sei, Dom.
Capítulo 42

Saio do quarto segurando minha bolsa e com a pasta com todos os


documentos nas mãos, sigo até a cozinha onde vejo minha tia preparar o
almoço.
— Tia, eu já vou indo — aviso.
Ela para de mexer na panela e me olha.
— Tem certeza? — Me olha.
Assinto, mesmo sabendo que meu coração me pede outra coisa.
— Espero que não se arrependa. Boa sorte. — Me dá um sorriso fraco.
— Obrigada, tia. — Dou um sorriso.
Saio do meu apartamento, direto para a garagem, pego meu carro e vou
até o hospital. O trânsito não está tão favorável, ainda bem que sai com uma
hora e meia de antecedência. De repente uma tristeza me assola, ao me
lembrar da conversa que tive com Manu esses dias, sobre minha menstruação
estar atrasada, por um momento fiquei feliz pensando que estaria grávida, e
por ser de Dominic, mas ela desceu dias depois.
Eu surtei legal, não vou mentir. Falei com minha tia, e ela conversou
bastante comigo a respeito, liguei para Manu, pedindo conselhos também.
Alicia continua um pouco chateada comigo, eu entendo o lado dela, ela
sempre quis que eu arrumasse alguém que me fizesse feliz, pois eu nunca tive
sorte com homem algum. E rejeitei Dominic, o homem que me ama
incondicionalmente. Eu sou uma burra mesmo.
Respiro fundo e estaciono na garagem do hospital, pego minha bolsa
junto com a pasta e entro, indo direto para a recepção.
— Bom dia. A sala do Renato é em que andar? — Olho o rapaz.
— Bom dia. Vá ao sétimo andar e fale com Roberta, a secretária dele —
o rapaz explica.
Agradeço e sigo para o elevador, aperto o botão sete e o elevador sobe,
em poucos segundos chego no sétimo andar e vejo uma mulher atrás de um
pequeno balcão, mexendo no computador.
— Olá, bom dia. Sou Valentina, o Renato está me esperando. — Ela me
olha.
— Bom dia. Só um momento. — Me pede e liga, fica alguns segundos
falando ao telefone e desliga. — Pode entrar.
— Obrigada. — Ela sorri e assente.
Sigo até a porta à frente e dou duas batidas, após escutar um “entre”,
abro a porta. Renato se levanta da cadeira com um sorriso e vem até mim.
— Fico feliz que tenha vindo. — Ele estende sua mão.
— Eu que agradeço. — Sorrio e aperto sua mão.
Ele acena para eu me sentar e se afasta, indo para a sua cadeira. Ele
começa a conversar comigo, sobre o hospital, os benefícios..., mas eu nem
estou prestando atenção, só consigo pensar em Dominic, que eu deveria estar
com ele agora, lá em Milão e não aqui. Eu deveria estar construindo minha
vida ao seu lado.
Minha cabeça não está aqui, ela está lá, com ele e Lorena, que tanto o
quer como pai. Eu fui egoísta demais, mas eu não queria atrapalhar a vida
dele, não queria dar uma responsabilidade dessas para ele. Mas quem sou eu
para dizer o que ele deve ou não fazer? Ele disse que queria fazer isso, disse
que estava disposto a tudo, e não se importava com opiniões alheias. Eu
deveria ter aceitado. Mas será que ainda dá tempo?
— Você trouxe os documentos que eu te pedi? — Renato me tira dos
meus devaneios.
Sacudo a cabeça voltando a realidade.
— É..., perdão. — Faço uma pausa. — Mas não posso ficar.
Ele franze a testa e me olha.
— Não entendi. Você aceitou minha proposta na sua apresentação da
faculdade, confirmou mais uma vez comigo na sua formatura e confirmou
comigo na ligação que te fiz essa semana. Você recebeu uma proposta
melhor? Se for, podemos conversar, você será uma excelente fisioterapeuta.
— Não. Acho que ninguém iria me oferecer uma proposta tão
maravilhosa quanto essa — digo sincera.
— E por que não quer? — questiona.
— Não faz mais sentido para mim, Renato. Eu quero ser uma grande
fisioterapeuta que ama seu trabalho, mas ao lado do homem que eu amo. —
Ele me olha. — Para mim não faz sentido algum sem ele ao meu lado. Minha
vida não é mais aqui no Rio, e sim em Milão.
Levanto-me da cadeira e procuro uma caneta na minha bolsa.
— Para não deixar você na mão, te indicarei minha amiga de faculdade,
o nome dela é Lizandra. Ela é maravilhosa, talvez até melhor que eu — anoto
o número dela em um pedaço de papel. — Ela é a moça que se apresentou
comigo, você viu um pouco do que ela é capaz, e esse trabalho será perfeito
para ela.
— Valentina, eu... — Ele se levanta e eu o interrompo.
— Aqui está o número e o e-mail. Ligue para ela e a chame para minha
vaga, ela merece. Essa vida não é mais para mim, Renato. Não faz sentido. —
Ajeito minha bolsa no ombro.
— Nossa..., por essa eu não esperava. — Passa a mão na barba.
— Também não. Eu vim aqui com uma decisão e tomei outra, que é a
certa. — Dou um sorriso. — Serei grata pela oportunidade que você me
ofereceu, mas estou desistindo dela.
— Bom..., o que desejo a você é sorte. — Ele me dá um sorriso. — E
essa Lizandra?
— Ela será uma excelente profissional, pode confiar — respondo.
Ele assente e vem até mim, estendo sua mão.
— Boa sorte na sua vida. — Aperto sua mão.
— Muito obrigada! Agora eu preciso ir, tenho uma viagem de última
hora para Milão. — Ele sorri e me leva até a porta.
Saio do hospital com certa rapidez, e ao chegar no carro ligo para
Miguel, que me atende no segundo toque.
— Fala, gatinha.
— Preciso de sua ajuda. — Entro no carro.
— Diga lá.
— Hoje é seu dia de folga, não quero te atrapalhar, mas você pode
buscar Lorena agora na escola? Vou ligar agora mesmo para a diretora, para
liberá-la.
— Ok. Mas por que está falando tão rápido?
— Tenho uma coisa urgente para resolver, depois te digo. Você pode
buscá-la?
— Posso sim.
— Obrigada, Miguel. Vou desligar, preciso fazer outra ligação.
Me despeço dele, coloco meu cinto e começo a dirigir meu carro.
Aproveito que o sinal ficou vermelho e ligo para Manuela, através do
WhatsApp.
— Olá, Tina. Bom dia, para você. Já que aí é manhã.
— Boa tarde, Manu. Eu preciso muito da sua ajuda.
— O que exatamente?
— Quero que compre duas passagens para Milão, domingo à noite, para
eu chegar na segunda. Não fale nada alto, se estiver com alguém por perto.
— Você está tomando a decisão certa, Tina. Fico feliz. Irei reservar
hoje mesmo as passagens para você. Irei comprar as duas na primeira
classe, é mais confortável para vocês, já que a viagem é um pouco longa.
Mas sua tia não vem?
— Não sei, me deixe falar com ela quando chegar. Não compre agora.
Ela está com uma dor na perna, e não sei se uma viagem longa dessa, irá
piorar.
— Mas terá cama para ela, ela pode deitar. Mas bom..., você me diz.
— Estou voltando para casa, acabei de recusar a grande oportunidade de
emprego que sempre quis. Mas eu terei Dominic ao meu lado, se ele ainda
me quiser.
— Claro que ele quer sua boba. E sobre sua grande oportunidade,
iremos lhe ajudar a montar sua clínica aqui. Mas isso veremos quando você
chegar. Os meninos chegaram, beijos.
— Beijos.
Desligo o telefone e vou para casa, com um grande sorriso nos lábios,
sabendo que, agora sim, tomei a decisão certa.
— Onde você vai? — Minha tia pergunta, ao me ver pronta para sair.
— Vou visitar o túmulo dos meus pais — suspiro. — E me despedir
deles.
Ela se levanta do sofá e vem até mim.
— Eles estão muito felizes pela sua decisão, querida. — Me abraça.
Seguro meu choro e retribuo o abraço.
— Vou voltar logo. Tenho que terminar de arrumar a mala. — A olho.
Ela assente e me despeço de Lorena, que está no sofá assistindo tv.
Dirigindo, me sinto ansiosa, faz um bom tempo que não visito o túmulo
dos meus pais, eu sempre ia uma vez no mês, mas desde a chegada de Nick,
minha vida mudou completamente. Aconteceu tanta coisa, que eu não tive
tempo de ir ao cemitério.
Como é sábado, não tem tanto trânsito e consigo uma vaga em frente à
entrada principal. Saio do carro e o travo, indo em direção ao rapaz das
flores, numa barraca ao lado do cemitério. Retiro meu dinheiro da carteira e
escolho dois buquês simples, porém, lindos. Entro, e vejo que tem poucas
pessoas, ando por entre os diversos túmulos, indo até ao dos meus pais.
Ao parar em frente, me ajoelho vendo seus nomes, junto com as datas de
nascimento e a data da morte. Suspiro e passo meus dedos, limpando a poeira
e respiro fundo.
— Oi, mãe... Oi, pai. — Faço uma pausa. — Eu sei que já faz um tempo
que não venho, e que falhei na minha promessa de vir aqui pelo menos uma
vez ao mês para visitá-los. Me perdoem por não ter cumprido a minha
promessa. Saibam que vocês jamais serão esquecidos, de forma alguma.
Vocês estarão sempre comigo, todos os dias. Quero que vocês saibam que eu
finalmente concluí minha faculdade, a qual prometi a vocês que iria até o fim,
e que eu iria ter uma vida melhor fora do morro. E consegui. Com a ajuda de
Dominic. — Engulo em seco. — Ah, papai, você e o Dominic iriam se dar
tão bem. Ele é tão perfeito, me trata tão bem, vocês iriam se dar bem. A
família dele é sensacional, todos são simpáticos e maravilhosos.
Pego um dos buquês e o coloco em cima do túmulo.
— E o primordial..., eles amam Lorena. Uma coisa dessas para uma
mãe, é perfeito. Agora eu entendo esse sentimento, mãe. Lorena está cada vez
mais inteligente, se vocês estivessem aqui, vocês iriam viver sorrindo com as
coisinhas que ela diz e faz. — Sorrio. — Dominic me ajudou tanto, me tirou
do morro, me deu uma casa, um lar e me colocou como a garota propaganda
do perfume deles, que ele e seus outros dois irmãos são os donos da empresa.
— Sinto lágrimas caírem em meus olhos. — Acho que vocês iriam sentir
orgulho de mim, pela mulher que me tornei nas últimas semanas ao lado de
Dominic. Eu finalmente encontrei uma pessoa que me ama, que me quer ao
seu lado todos os dias, e quer minha filha como a filha dele. Ele é um homem
lindo, perfeito, amoroso, simpático..., e várias outras qualidades, e que você,
papai..., iria nos dar a benção sem hesitar. — Sinto um vento forte e frio
passar por mim, fazendo meus pelos se arrepiarem. — Espero que esse vento
seja a benção de vocês, pois estou indo amanhã para Milão, atrás do homem
que eu amo.
Outro vento mais forte passa por mim, e sorrio com os olhos marejados.
— Eu não quero deixar vocês aqui sozinhos, porque com certeza eu vou
morar em Milão com ele, e em breve, em Paris. Toda a vida dele está lá, a
empresa dele também, ele não poderia vir para cá, mesmo ele dizendo que
daria um jeito. O trabalho dele requer sua presença, então não daria para ele
estar aqui no Rio. — Enxugo minhas lágrimas. — Eu vou atrás dele, atrás do
homem que eu amo e que fez tudo e faria mais por mim e por minha filha.
Um homem desses é difícil de encontrar, então eu tenho que agarrá-lo e ficar
com ele, e sabendo que o sentimento é recíproco tenho que ficar com ele
mesmo. — Coloco o outro buquê em cima do túmulo, próximo do outro. —
Eu prometo vir visitá-los duas vezes ao ano, para poder matar um pouquinho
da saudade enorme que sinto de vocês.
Levanto-me, limpando a sujeira dos meus joelhos e enxugo minhas
lágrimas.
— Eu amo vocês. Sempre irei amar, com todas as minhas forças. Mas eu
preciso construir minha vida, e se ela for fora do Brasil, eu irei, mas levarei
vocês dois no meu coração para o resto da minha vida. Vocês foram um
exemplo de ser humano e casal, irei levar cada ensinamento de vocês comigo
e farei o mesmo com Lorena. — Suspiro e faço uma pausa. — Adeus, mãe...
Adeus, pai. Em breve vocês receberão uma visita minha.
Viro-me sentindo uma dor no peito, e de longe, de uma distância longa,
os vejo de mãos dadas, sorrindo e acenando para mim. Um vento forte passa
por mim, e é como se eu os sentisse me abraçando. Eles me deram a sua
benção.
Capítulo 43

— Já está na hora de você ir — Alicia avisa, entrando no quarto.


Termino de fechar a mala, após verificar tudo.
— Lorena já está pronta? — pergunto, tirando a mala da minha cama.
— Já sim, toda animada. — Miguel pega minha mala.
Saímos do quarto e vejo tia Flor falando ao telefone, e quando me vê,
finaliza a ligação.
— Você já vai, querida? — ela pergunta.
— Vou, tia. Tenho que fazer o check-in e esperar — informo.
Ela me abraça forte.
— Cuidado, meu amor. Assim que estiver dentro do avião me ligue e
avise quando chegar.
— Ligo sim, tia. Pode deixar. — Dou um sorriso e fito minha filha. —
Vamos, meu amor?
Ela pula do sofá, segurando seu casaco e vem correndo até minha tia.
— Tchau, vovó. — Tia Flor a abraça.
— Tchau, meu amor. — Beija sua cabeça. — Cuidado e se divirta
muito.
— Amiga, você vai dormir aqui mesmo, não é? — Abraço Alicia.
— Sabe que não precisa — tia Flor fala.
— Claro que precisa, não quero deixar a senhora sozinha. — A olho.
— Vou dormir aqui, sim. Não precisa se preocupar. — Alicia me
abraça. — Fico feliz com sua decisão.
— Obrigada, amiga — beijo sua bochecha —, por tudo. Te devo essa.
— Só seja feliz, você não me deve nada. — Ela sorri para mim. Se cuida
e me liga.
— Vamos? — Miguel me olha.
Me despeço da minha amiga e minha tia, porque Miguel vai me levar no
aeroporto. Vamos conversando durante todo o caminho, aproveitando o
trânsito totalmente livre. Adentramos ao aeroporto com Miguel arrastando
minha mala grande.
— Prontinho. Estão entregues. Vê se se cuida, Valentina. — Ele me
abraça. — Mande notícias, e avise caso precise de qualquer coisa, pelo amor
de Deus. Não nos deixe preocupados.
— Aviso sim. Te amo, amigo. — O abraço forte.
— Também amo você, amiga. — Beija minha bochecha e se agacha
para abraçar Lorena. — Tchau, princesa do tio.
— Tchau, tio. — Lorena beija sua bochecha.
Ele se despede de mim e de Lorena e eu sigo para fazer o check-in. Um
rapaz me guia até um Lounge super chique, onde vim na outra vez que fui a
Milão. Eu e Lorena fazemos um lanche, pois não tínhamos comido em casa,
esperando o horário do voo. Depois de um tempo, vamos para o avião, indo
diretamente para a primeira classe.
Após eu e Lorena nos acomodarmos, envio uma mensagem para minha
tia e meus amigos, avisando que já estou dentro do avião e esperando todos
se acomodarem, para ele decolar. Pelo horário, vejo que Manuela ainda pode
estar acordada e envio uma mensagem para ela.
Eu: Manu, acabei de entrar no avião. Já nos acomodamos e daqui a
pouco irá decolar.
Travo meu celular.
— Mamãe, tô com fio. — Lorena me olha.
Pego seu casaco e a visto, se ajeita melhor na cadeira olhando para a
janela, vendo outros aviões parados. Sinto meu celular vibrar e destravo.
Manu: Ok, querida. Irei buscar vocês no aeroporto. Boa viagem,
Beijos.
Envio um emoji para ela e coloco meu celular no modo avião e o guardo
dentro da bolsa. Não demora e logo o avião começa a decolar.
Carregando minha mala, com Lorena segurando minha mão, ando pelo
aeroporto de Milão à procura de Manu, que logo vejo parada, toda elegante
— como sempre —, e com Hannah ao seu lado. Elas vêm até nós com um
sorriso nos lábios.
— Que bom que chegaram bem. — Manu me abraça e vai falar com
Lorena, que está manhosa.
— Como foi a viagem? — Hannah me pergunta.
— Cansativa, mas foi boa — suspiro.
Seguimos para o carro de Manu e logo seguimos para a casa dos
meninos. Meu coração está a mil, ansiosa para ver Nick.
— Todo mundo já está ciente da sua chegada. — Assinto ao que Manu
fala. — Nathaniel vai ligar para Dominic vir para casa, e vai mandá-lo subir
para o quarto dele.
— Tudo bem. Michele e Nathaniel estão em casa? — pergunto.
— Estão ansiosíssimos pela sua chegada. Nem foram para a empresa. —
Hannah sorri.
— Espero que não tenham ficado chateados comigo, por tudo que fiz —
murmuro.
— De maneira alguma. Quando chegarmos, dará tempo de vocês
conversarem — Manu fala.
Ela passa pelos portões da mansão e logo passa pelo chafariz parando
em frente à entrada principal da casa. Vejo Michele e Nathaniel na porta da
casa com um sorriso. Descemos do carro, e Manu vai até o porta-malas para
Daniel poder tirar minha mala.
— Fico feliz que tenham chegado bem. — Michele vem até mim e me
abraça.
— Como vai? — pergunto com um sorriso.
— Estou ótima, querida. — Ela sorri.
— Daniel, coloca essa mala onde a tia de Valentina ficou quando veio,
por favor — Nathaniel pede.
Daniel assente e entra dentro de casa, arrastando minha mala. Penduro
minha bolsa no ombro e olho Nathaniel, que vem até mim me abraçar.
— Estão com fome? Preparei um bolo, e aqueles biscoitinhos que
Lorena gosta. — Michele sorri.
— Eu quelo. — Lorena se anima.
— Então venha, principessa. — Michele estende a mão para ela.
Lorena pega sua mão e entra na casa com Michele, e eu a acompanho.
Nathaniel acena para o sofá e me sento, deixando minha bolsa ao meu lado.
— Cadê sua tia? — Nathaniel pergunta, ao se sentar na poltrona.
— Está em casa, ela não pôde vir. Ela ultimamente está sentindo dores
no joelho, então uma viagem longa dessa, seria desconfortável — explico.
— Entendo. É uma viagem longa demais pra ela. — Nathaniel assente.
— Eu e Hannah vamos ficar com Lorena, enquanto vocês conversam —
Manu avisa.
Eu e Nathaniel assentimos e logo Michele aparece na sala, fala rápido
com as meninas e vem até nós e se senta ao lado do seu marido na outra
poltrona.
— Eu quero pedir desculpas por tudo. — Eu os olho.
— Não precisa pedir desculpas. — Michele cruza sua perna.
— Claro que preciso. Eu não fiz certo em ter rejeitado os dois pedidos
de Dominic. De certa forma eu fui egoísta, mas eu estava pensando no futuro
dele — explico.
— Pensando no quê? — Nathaniel pergunta.
— Ele é um bilionário famoso, que conseguiu tudo que tem hoje com o
esforço dele e dos seus irmãos. — Eles assentem. — Mas ele assumir uma
criança que não é dele? Acho que irá prejudicar de certa forma sua reputação.
Todos vão falar que ele assumiu uma criança que não é dele...
— Você não pensa na sua reputação? — Nathaniel me olha.
— Não. Sei que terá, na verdade, já tem vários comentários de que eu
sou uma interesseira, oportunista..., mas eu não ligo. Eu sei do meu coração,
sei da minha índole, e Dominic também sabe que eu nunca ficaria com ele
por interesse. — Sou sincera.
— Claro que sabemos disso. — Michele se apressa em falar. — E nem a
gente pensou isso de você. Você é uma pessoa totalmente transparente,
Valentina. Se você mentir, logo iríamos saber. Mas você não é oportunista,
interesseira..., apenas ama meu filho.
— Sim. Sou totalmente de acordo — seu marido afirma.
— Nós entendemos você, Valentina. Mas se Dominic disse que iria
assumir vocês duas, ele estava ciente de todos os prós e os contras. Mesmo
sabendo de tudo que poderia acontecer, ele não se importa. Ele só quer vocês
duas, ele sofre até hoje sem vocês por perto. Sem você ao lado dele. —
Michele me olha.
Assinto e enxugo uma lágrima solitária que cai em meu rosto.
— Eu me arrependo muito da minha decisão. Eu deveria ter aceitado —
suspiro. — Mas estou torcendo para que ele me queira de volta.
Michele sorri gentilmente para mim, com carinho.
— Vou ligar para Dom vir. Dará tempo de fazer um lanche rápido e ir
para o quarto dele — Nathaniel avisa, se levanta do sofá e se afasta.
— Vamos para a cozinha. — Michele me chama
Me levanto e a acompanho até a cozinha. Vejo Lorena e as meninas
sentadas nos bancos da ilha, onde tem uma torta de morango e uma travessa
dos biscoitinhos que Lorena adora. Ficamos comendo e conversando por um
tempo, até Nathaniel aparecer na cozinha, avisando que Theo está passando
pelos portões da mansão com Dominic. Michele e as meninas correm comigo
até a sala, pego minha bolsa para não deixar nenhum vestígio meu na sala, e
subo as escadas correndo, indo até o quarto de Dominic enquanto Hannah e
Manu ficam com Lorena, escondidas.
Ao chegar fecho a porta, olho todo seu quarto que percebo está tudo do
mesmo jeitinho de antes. Sento-me na cama, e espero. Escuto a porta ser
aberta e meu coração acelera ao ver o homem da minha vida passar por ela e
estancar seus passos ao me ver. Ele está tão abatido, mais magro, mas
continua lindo. Ele me olha de cima a baixo, completamente surpreso.
Levanto-me da cama ficando de pé e dou um sorriso para ele.
— Oi, Nick!
Capítulo 44

Não é possível, acho que estou sonhando, só pode. Valentina está aqui,
na minha frente, na minha casa, em Milão, com um sorriso lindo nos lábios.
Fecho a porta sem tirar os olhos dela, e posso ver que ela está diferente. Seu
cabelo está na altura dos ombros, antes era comprido, agora está curto,
deixando-a mais jovem e mais linda. Desço meu olhar pelo seu corpo,
notando que está mais magra. Veste uma calça jeans, um suéter e um coturno
sem salto, do jeito que ela gosta.
Será que ela voltou para mim? Que desistiu da ideia louca de preservar
minha imagem e se importar apenas com o nosso amor e a família que
poderemos construir? Meu coração acelera e sinto uma felicidade imensa,
que mal cabe em mim.
— É o que eu estou pensando? — Me aproximo dela.
Ela assente e enxuga as lágrimas que descem.
— Eu quero... — A interrompo e a beijo.
Seguro seu rosto sentindo seus lábios macios. Como eu senti falta deles.
— Não precisa dizer nada — sussurro em sua boca.
— Preciso, Nick. — Ela segura meus braços e me olha. — Eu quero te
pedir desculpa por tudo que fiz. Eu fui uma burra, mas eu só estava pensando
em você e na Lorena.
— Está tudo bem. — A abraço. — Agora você está aqui, comigo.
— Me desculpa. — Ela funga.
— Claro que desculpo você, meu amor. Eu amo você. — Beijo sua
cabeça.
— Amo você. — Me abraça mais forte.
Um sentimento de alívio passa por todo meu corpo, que eu nunca tinha
sentido antes. Ficamos um bom tempo assim, aproveitando a companhia um
do outro. Senti muito sua falta. De cada toque, cada sorriso, cada olhar. Seu
cheiro... Nossa, eu preciso dela todos os dias.
— Eu não podia ficar mais um dia sequer, longe de você. — Ela me fita.
— Me perdoa, amor. Me perdoa por ter feito você sofrer, por ter rejeitado seu
pedido de casamento e de querer registrar Lorena. — Lágrimas escorrem em
seu rosto, e eu as limpo com meu polegar, sentindo as minhas escorrem em
meu rosto. — Estava tentando agir da maneira certa, mas eu vi que estava
errada.
— Agora você está aqui. — Fito seus olhos ímpares, que eu amo
demais. — Vamos construir nossa vida, nossa família.
Ela sorri e eu beijo seus lábios, eufórico.
— Espera, você veio sozinha? — Me afasto para olhá-la.
— Lorena está lá embaixo, comendo os biscoitinhos da sua mãe. — Ela
sorri.
Sorrio e puxo sua nuca para um beijo cheio de amor.
— Eu te amo tanto — sussurro em seus lábios. — Fiquei mal quando
você foi embora. Foi horrível passar todo esse tempo sem você, sem te sentir,
sem te tocar, olhar para você.
— Pra mim também não foi nada fácil, Nick. Eu me sentia culpada a
cada dia, por ter tomado uma decisão errada e por ter feito você sofrer. Não
queria ter feito isso, eu estava apenas tentando cuidar da sua reputação, mais
nada.
— Meu amor, o que eu mais quero na minha vida, é ter você e Lorena
comigo, sempre. — Acaricio seu rosto.
Ela assente com um sorriso.
— Eu recusei o trabalho no hospital. — Me olha.
— Como assim? Você recusou a grande oportunidade que sempre quis.
— A olho.
— Sim, eu recusei. Não faz mais sentido para mim, Nick. Não adianta
ter o emprego que eu sempre quis, e não ter o homem que amo ao meu lado.
— Seus olhos brilham. — Minha vida não é mais no Rio, minha vida é aqui,
em Milão, ao seu lado.
Sorrio, sentindo meu coração se encher de alegria.
— Cadê suas coisas? — pergunto, eufórico.
— Trouxe apenas uma mala, com algumas roupas minhas e de Lorena.
Mas tudo meu ainda está no Rio — informa.
Puxo-a para um abraço, não querendo soltá-la mais.
— Eu te amo — confessa.
Meu coração está batendo forte de tanta alegria.

Desço de mãos dadas com Dominic, que tem um sorriso nos lábios.
Vejo seus pais chegando na sala e ao nos ver, abrem um sorriso.
— Espero que tenham se acertado — seu pai diz.
Terminamos de descer as escadas e Dominic sorri e assente.
— Estamos juntos novamente, e dessa vez é pra valer. — Ele me olha e
eu assinto, com um sorriso.
— Ah, que coisa boa. É maravilhoso ter você como nora, de novo. —
Michele me abraça, e Dominic não larga minha mão de jeito nenhum.
— Papai! — Escutamos o gritinho de Lorena.
Dominic sorri e se agacha, abrindo os braços para receber Lorena. Ela
agarra seu pescoço com força e ele retribui o abraço.
— Que saudade, minha filha. — Ele beija a cabeça dela.
— Gostou da suplesa, papai? — pergunta, com um sorrisinho nos
lábios.
— Eu amei a surpresa, meu amor. — Nick sorri, ajeitando seus cabelos.
— Vovó Michele, tem mais biscoitos? — Lorena pede. — Eu posso te
chamar de vovó, né? — Fita Nathaniel. — E você de vovô.
Michele e Nathaniel ficam com os olhos marejados e abraçam Lorena.
Uma lágrima escorre em meu rosto e Nick segura forte minha mão, com um
sorriso emocionado.
— Claro que você pode nos chamar assim. Somos seus avós,
principessa. — Nathaniel beija sua cabeça.
— Ai, meu Deus! Só alegria nessa casa. — Michele comemora,
emocionada. — Vamos para a cozinha, meu amor. Tem muitos biscoitos para
você. — Michele segura sua mão e a leva para a cozinha.
— Essa casa será repleta de alegria. — Nathaniel me abraça e abraça seu
filho. — Vou para a cozinha ficar com elas. Desejo a vocês toda felicidade do
mundo.
Sorrio gentilmente para ele. Nathaniel vai para a cozinha e Nick me
abraça forte, beijando meu pescoço. Inalo seu cheiro e fecho os olhos. O
abraço forte, não querendo largá-lo mais. Nos afastamos e o olho.
— Acho que vou ligar para minha tia. Preciso conversar com ela.
Ele assente e acaricia meu rosto, olhando em meus olhos.
— Tudo bem. — Se inclina e beija meus lábios. — Vou ficar com
Lorena. Depois você vai para lá. — Assinto e ele se afasta indo para a
cozinha.
Retiro meu celular do bolso saindo da sala, caminhando para o jardim da
mansão. Disco o número da tia Flor e ligo para ela.
— Oi, querida. Como está por aí?
— Tudo bem, tia. Chegamos bem, com a graça de Deus.
— Amém, filha! Presumo que tenha sido tudo bem com o Dominic.
— Sim. Estamos juntos novamente. — Sorrio.
— Que maravilha. Minhas vibrações nunca me enganam. E como
Dominic reagiu?
— Ficou eufórico, muito feliz. Nem acreditou que eu estou aqui. Foi só
emoção. — Sinto meus olhos marejados.
— Que bom, Tina. E Lorena, como ela está? Deve estar fazendo a
maior algazarra.
— Sim. Na maior felicidade. Está agora lá na cozinha com o pessoal,
comendo os biscoitinhos que Michele fez. — Sorrimos.
— Como o pessoal está? Estão bem?
— Estão todos bem. E tia, preciso conversar com a senhora.
— Diga, minha filha — suspiro e olho o jardim.
— Eu vou morar aqui em Milão.
— Algum problema nisso?
— Eu que lhe pergunto se tem algum problema? Eu deixarei a senhora
sozinha aí...
— Eu não vejo problema nisso, construa sua vida, minha querida.
— Mas a senhora vai ficar sozinha no Brasil.
— Eu me viro, Valentina. Não se preocupe com isso. Estarei bem aqui,
poderei visitar você e você poderá me visitar quantas vezes quiser.
— Tem certeza, tia?
— Claro que eu tenho. Se preocupe com seu futuro, filha. Você já sofreu
demais, esperou demais para ter a vida que sempre quis. Não serei um
empecilho na sua vida, ao contrário, quero você feliz, vivendo sua vida ao
lado da minha neta e do homem que você ama, meu amor. Tenho certeza que
Dominic lhe fará feliz, tenho ótimas vibrações. Elas nunca me enganam.
Suspiro, sentindo meu queixo trêmulo.
— Já falei com Tavares, vou colocar o apartamento no seu nome.
— Não precisa, Tina...
— Precisa. Eu não vou voltar a morar no Rio, então ele ficará no seu
nome, por garantia mesmo. Com o dinheiro que sobrou do comercial que fiz,
irei montar a minha tão sonhada clínica aqui ou em Paris. Vou mandar um
dinheiro mensalmente para a senhora poder se manter tranquilamente,
deixando seu dinheiro livre para a senhora se divertir. Comprarei passagens
aéreas por mês para a senhora vir para onde eu estiver, ou eu vou até o Rio,
para você ficar com Lorena e eu poder rever meus amigos. Já está decidido,
tia. Não vou deixar a senhora na mão e necessitada.
— Que Deus abençoe você, Tina. Seus pais estão orgulhosos demais de
você! — suspiro, olhando para o céu.
— Eu sei que sim, tia. Tenho certeza disso.
Capítulo 45

No jantar foi tudo tranquilo, meus irmãos chegaram e disseram que


sabiam de tudo. Eu fiquei feliz em saber que minha família tinha armado a
vinda de Valentina de última hora para cá. Fiquei ao lado de Valentina o
tempo todo, que me olhava de uma maneira tão linda e cheia de amor, que
minha vontade era de levá-la para meu quarto para podermos ficar juntos, a
sós, mas respeitei a presença de todos no jantar.
Valentia já estava decidida a vir morar aqui, mas tínhamos que voltar ao
Brasil e trazer o restante da sua roupa e alguns objetos que ela faz questão de
trazer, os que lembra seus pais, eu em nenhum momento hesitei. Ela vai
passar duas semanas em Milão, para depois podermos voltar ao Brasil e
resolver todas as pendências dela e de Lorena. Já estou com tudo
esquematizado, tenho que colocar Lorena em uma boa escola, de preferência
com um professor brasileiro, para ajudá-la com a língua italiana e a francesa,
porque em breve, vamos nos mudar para Paris, então ela precisaria aprender
as duas línguas, e o inglês também. Valentina está pensando em montar sua
própria clínica de fisioterapia e está bem animada. Claro que eu irei ajudá-la
nisso.
Após nosso jantar, ficamos conversando até que Lorena começa a ter
sono e todos sobem para os quartos. Lorena não se importou de dormir
sozinha no quarto, ao lado do meu. Pedi à Betânia mais travesseiros e
Valentina colocou vários ao redor da cama, para ela não cair. Valentina tira a
roupinha dela e a coloca na cama, já adormecida.
Saímos do quarto e vamos para o meu, que agora é nosso. Fecho a porta
devagar, vendo-a amarrar o cabelo com a liga, já que não dá para fazer um nó
no alto da cabeça por ele estar mais curto.
— Eu já disse que você está linda com esse corte de cabelo? — Me
aproximo dela, e a abraço por trás.
Ela sorri e repousa suas mãos sobre as minhas, em cima da sua barriga.
— Já disse, sim. Já perdi as contas. — Ela me olha de soslaio com um
sorriso.
Viro-a de frente para mim, seguro sua nuca e beijo sua boca, sentindo a
maciez dos seus lábios. Ela coloca seus braços em volta do meu pescoço,
afundando seus dedos em meus cabelos, aprofundando o beijo, me deixando
louco por ela. Ando com ela, sem parar de nos beijar e a deito na cama,
subindo em cima dela. Desfaço nosso beijo, descendo pelo seu pescoço,
sentindo seu cheiro.
— Eu te amo — sussurro em seu ouvido. — A mulher mais linda que eu
já vi.
Ela solta um gemido, quando aperto seu peito sobre seu vestido. Desço
beijos pelo seu colo, vendo o pequeno decote que realça seus seios. Seguro a
alça fina do seu vestido e arrasto para o lado, sem parar de beijar sua pele
macia. Levanto meu rosto e beijo seus lábios, sentindo seus lábios e sua
língua deliciosa. Fico de joelhos na cama e ajudo a tirar o seu vestido, vendo
apenas uma calcinha preta de renda, linda. Jogo o vestido para cima do sofá e
presto atenção na mulher linda à minha frente.
Desço meu olhar pelo seu corpo perfeito e pequeno, seios pequenos,
cintura fina, coxas perfeitas um pouco grossas. Perfeita para mim. Passo
minhas mãos devagar, pelo interior de suas coxas, sem tirar os olhos dela.
Seguro as laterais da calcinha e vou descendo aos poucos, deixando-a nua
para mim. Jogo sua calcinha em qualquer lugar e me inclino sob seu corpo,
me aproximando da sua barriga, deixando beijos molhados, e descendo até a
sua boceta, que tem poucos pelos expostos.
— Não, Nick. — Ela empurra minha cabeça.
— O que foi? — A olho, franzindo a testa.
Ela cora.
— Eu não..., eu não me depilei — fala envergonhada. — Não tive
tempo..., foi tudo de última hora.
Sorrio.
— O que tem isso? Eu não ligo. — Dou de ombros.
— Mas... — A interrompo e enfio um dedo nela. — Ai... Nossa...
Ela joga a cabeça para trás e movimento meus dedos, sentindo sua
boceta molhadinha. Me aproximo e passo minha língua nela, sem parar meus
movimentos, massageando seu ponto G. Ela agarra os lençóis, erguendo o
quadril, totalmente entregue. Subo uma mão e aperto seu peito, brincando
com seu mamilo, vendo que ela se excita ainda mais.
— Nick. — Ela geme, com a boca entreaberta.
Aumento os movimentos dos meus dedos, sentindo sua boceta prendê-
los, próximo de gozar. Intensifico minha chupada e meus movimentos,
querendo que ela goze logo, para eu me enfiar entre suas pernas, e matar
minha saudade do seu corpo. Ela leva suas mãos até minha cabeça e afunda
seus dedos, prendendo minha cabeça em sua boceta, gozando loucamente,
gemendo e se contorcendo.
Por sorte, eu sei que ninguém poderá escutar e que Lorena está num
sono profundo, que eu poderei aproveitar mais com Valentina. Bebo todo seu
gozo, vendo-a toda mole na cama. Me afasto e fico de pé na cama, começo a
tirar minha roupa, vendo seu olhar desejoso sobre mim. Após tirar toda a
minha roupa, subo na cama, ficando no meio de suas pernas e a penetro
devagar, para ela se acostumar com meu tamanho.
— Nossa..., como eu senti falta disso — sussurro em seus lábios.
Ela cruza suas pernas em volta do meu quadril, passando suas mãos em
minha cintura. Estou num ritmo delicioso para nós, indo fundo e lento,
aproveitando bem o momento. Aproximo nossos rostos, deixando nossos
lábios próximos, sentindo sua respiração ofegante se misturar com a minha.
— Eu te amo muito — confessa, me fitando com seus olhos ímpares.
— Eu amo você. — Beijo seus lábios. — Meu anjo. Meu amor. Minha
vida. — Ela geme.
Vou aumentando minha velocidade, fazendo-a gemer mais e mais em
meus lábios. Fico de joelhos e seguro suas coxas, deixando-a mais aberta
para mim, vendo meu pau sendo totalmente engolido por sua boceta. Trinco
os dentes e solto gemidos abafados, sentindo um prazer enorme.
Valentina geme e arranha minha barriga, me deixando mais excitado.
Saio de dentro dela, e a viro de costas, deixando sua bunda empinada para
mim. Entro, segurando seu quadril indo mais fundo, sentindo-a molhada
demais.
— Que delícia. — Aperto seu quadril.
Desço minha mão pelas suas costas, e seguro seu cabelo aumentando
minha velocidade, indo bem mais rápido, sentindo minhas bolas baterem em
sua boceta. Minha pélvis bate forte em sua bunda, que a zoada ecoa pelo
quarto. Os nossos gemidos ficam mais altos e sinto que ela está perto de
gozar. Desço minha outra mão até seu clitóris e faço movimentos circulares,
incentivando-a a gozar.
— Oh, Nick! — Puxa os lençóis.
— Ah, que delícia, porra! Você é deliciosa. Gostosa demais — rosno,
aumentando a velocidade.
— Ahh! Ai minha nossa Nick... — Puxa mais os lençóis, empurrando
seu quadril.
Rosno e mantenho o ritmo acelerado, louco para gozar. Solto seu cabelo
e puxo sua cintura, fazendo-a encostar seu corpo no meu.
— Gostosa. — Mordo seu lóbulo e respiro ofegante. — Você é uma
delícia, meu anjo. Sua boceta prende tão gostoso meu pau... Senti tanta falta
de você, anjo. Tanta falta... Oh... Nossa!
— Hum... Nick. — Ela crava as unhas em minha perna.
Solto um gemido abafado e seguro seu peito forte. Beijo seu pescoço,
chupando-o de leve, puxando o biquinho do seu peito, escutando seus
gemidos deliciosos.
— Goza para mim, meu anjo — sussurro em seu ouvido, ofegante. —
Goza. Eu vou gozar junto com você.
Ela geme mais alto e goza, molhando todo meu pau, me levando junto
com ela, gozando dentro dela, sentindo a onda de prazer e alívio passar por
todo meu corpo.

Estou deitado, com as costas encostadas na cabeceira da cama, apenas


de cueca, e Valentina com a cabeça apoiada em meu peito, apenas de
calcinha, e nossas pernas entrelaçadas, aproveitando um momento delicioso,
só nosso. Faço círculos imaginários em suas costas com meus dedos, e ela faz
um carinho na minha barba.
— O que quer fazer a partir de agora? — Beijo sua cabeça.
Ela levanta a cabeça e me olha.
— O que eu quero é vir morar com você e construir nossa família. —
Ela sorri.
— Sim. Quero muito isso também. Mas tem certeza de que quer vir
morar aqui? — pergunto.
— Você não quer? — Franze a testa.
Me ajeito melhor na cama, e mantenho meus olhos nela.
— Não é isso. É só que..., você nasceu no Rio, foi criada lá, seus amigos
estão lá — argumento.
Ela se senta na cama, nem um pouco preocupada com sua nudez, coloca
alguns fios de cabelo atrás da orelha e me olha.
— Eu sei que fui criada por lá, mas eu já me resolvi com minha tia. Vou
pagar uma passagem de avião mensalmente para ela vir, ou vou até lá, para
ela ficar com Lorena um pouco, e eu poder rever meus amigos. — Assinto.
— Você sabe que toda a família dos meus pais mora em outros estados do
Brasil e que não temos muito contato.
Afasto alguns fios de cabelo de seu ombro, vendo o quanto ela é linda.
Perfeita.
— Entendo. Mas se você quiser ficar por lá, darei um jeito de conciliar
meu trabalho, meu anjo. — Acaricio seu rosto.
— De jeito nenhum. Sua vida já está encaminhada aqui, Nick. E minha
vida ainda está começando, posso formar aqui, com você. — Dou um sorriso.
— Eu vou morar aqui em Milão, vou procurar um trabalho por aqui, e até
poderei montar minha clínica...
— Isso deixe comigo. Irei te ajudar a montar sua clínica, mas como você
sabe, em breve vamos nos mudar daqui.
— Vai mesmo para Paris? — Assinto.
— Sim. Já encontramos um condomínio com quatro casas disponíveis.
Vamos a Paris no mês que vem acertar todo o pagamento e a empresa dos
meus pais, vai entrar com a arquitetura e a decoração das casas. — Ela
assente. — Portanto, eu peço que espere, que você irá montar sua clínica lá e
não aqui. Tudo bem?
— Certo. Mas eu ficarei sem fazer nada? — Me olha.
— Você estará cuidando do nosso casamento. — Seus olhos brilham.
Sorrio e estico meu braço, abrindo a pequena gaveta da mesinha ao lado,
retirando a pequena caixinha que guardei. Abro a caixinha e Valentina olha,
com a boca aberta.
— Você não se desfez dele? — Vejo seus olhos brilharem.
— Não. Sempre tive esperanças de que você voltaria pra mim. — Dou
um sorriso.
Seus olhos ficam marejados. Me ajoelho na cama e a olho.
— Será que agora você aceita se casar com esse pobre homem, que te
ama com todas as forças? — Ela assente entre o choro e o sorriso.
— Claro que aceito. — Sorrimos.
Dou um sorriso emocionado, retiro o anel da caixinha e coloco em seu
anelar direito.
— Eu te amo demais. — Puxo sua nuca e a beijo com paixão.
Ela encosta sua testa na minha e me olha.
— Tenho algo que trouxe comigo. Deixe-me pegar. — Me afasto e
assinto.
Ela sai da cama apenas de calcinha e corre até o closet, passa alguns
segundos e volta com um envelope. Sobe na cama e me entrega.
— Esse é o mesmo documento que você me mostrou em Paris. — Me
fita.
— O documento em que passo meu sobrenome para Lorena? — Ela
assente. — Como você arrumou esse documento?
Ela sorri e se aproxima de mim.
— Na sexta, eu liguei para o Tavares. — Maneio a cabeça com um
sorriso. — Sabia que foi ele quem tinha feito esse documento, Tavares
sempre prepara seus documentos — ela suspira. — Ele deixou no meu
apartamento no sábado à noite, e eu... já assinei.
— Você assinou? — A olho.
Ela assente.
— Como esse documento é novo, você precisa assiná-lo..., se quiser, é
claro, ser o pai de Lorena. — Seus olhos ficam marejados.
Deixo o envelope na cama e a puxo beijando seus lábios.
— É claro que eu quero ser o pai dela — digo muito feliz.
Viro-me e pego minha caneta em cima da mesinha e assino todos os
papéis ao lado da sua assinatura, sem hesitar. Termino de assinar e a olho,
vendo suas lágrimas caírem em seu rosto.
— Agora, nossa filha se chama, Lorena Hadassa Liz Mendes D’Saints
— falo emocionado. — Lorena é uma D’Saints, minha primogênita, minha
herdeira.
— Ah, Nick. — Ela se joga em meus braços. — Eu te amo tanto.
A abraço forte, muito emocionado, sentindo meus olhos marejados.
— E você. — Me afasto e a olho. — Logo se chamará Valentina Cecília
Liz Mendes D’Saints.
— Até que combinou, não é? — Ela sorri, limpando suas lágrimas.
— Meu sobrenome ficou perfeito em vocês. — Dou um sorriso.
Puxo-a para se sentar em meu colo.
— Sei que sua menstruação ficou atrasada recentemente, mas... eu não
quero ter filhos agora. — Ela franze a testa. — Primeiro você precisa cuidar
do seu futuro. Montar sua clínica, fazer sua pós-graduação, curtir um pouco a
vida comigo e Lorena, e depois vamos ter mais filhos. — Ela assente. — Mas
se vier antes, que venha com saúde, que irei amá-lo na mesma intensidade
que amo Lorena.
— Você não existe. — Enxuga suas lágrimas.
— Irei providenciar uma escola para Lorena imediatamente. Essas
viagens a deixaram um pouco atrasada nos estudos e no cursinho de línguas.
Agora, mais que tudo, ela precisa aprender italiano, francês e inglês, mas aos
pouquinhos ela aprende, ela é inteligente — suspiro. — Irei contratar uma
professora brasileira para ajudá-la com isso.
Acaricio seu rosto, olhando seus olhos ímpares, que me deixam louco
por ela a cada dia.
— Eu vou tentar ser o melhor pai e marido que vocês precisarem. Me
esforçarei dia e noite para ser digno de estar ao lado de vocês. Amar vocês.
Vocês são prioridades em minha vida, são minha família.
— Você sempre será digno de estar ao nosso lado. Me esforçarei dia e
noite para ser digna de estar ao seu lado. Tentarei ser a melhor esposa e mãe.
Eu amo você, Nick. — Lágrimas descem em nossos rostos. — Passarei o
resto da minha vida agradecendo por tudo que você fez em minha vida. Amo
demais você.
— Amo você, meu anjo. Muito. Demais. — Beijo seus lábios.
Capítulo Extra 1

Assim que meu último paciente vai embora, encosto-me na minha


cadeira e suspiro. Olho ao redor do meu consultório e sorrio. A minha clínica
é perfeita. Fica em uma das ruas mais bem requisitadas de Paris. Há cinco
anos consegui montar minha clínica, e estou muito feliz por essa conquista.
Hoje tenho várias clínicas espalhadas por Paris e me orgulho muito disso.
Nick me ajudou financeiramente com tudo, mas devolvi todo o dinheiro que
ele gastou após lucrar com a clínica.
De início ele não aceitou, óbvio. Mas após muita insistência minha, ele
decidiu pegar o dinheiro e colocar na conta que está no nome da Lorena, que
abriu e faz depósitos desde os quatro aninhos dela. Já tem muito dinheiro lá,
mas ele insiste em continuar depositando todo mês uma quantia significativa.
A cobertura que temos no Rio de Janeiro ainda continua em meu nome, desde
o ocorrido sobre a guarda de Lorena para Pedro Henrique. Dominic não
mudou a escritura e com isso permanece em meu nome. Até pensei que ele
tivesse colocado a cobertura em seu nome novamente. Fora que tem outros
imóveis em meu nome e no de Lorena, para quando ela completar a
maioridade, ter todo o direito.
Olho minha mão esquerda, vendo minha aliança de casamento junto
com a do noivado e sorrio. Essa semana eu e Nick comemoraremos cinco
anos que estamos casados. Assim que Lorena completou cinco anos, nos
casamos, e logo em seguida nos mudamos para Paris. Um sonho realizado.
Nick deixou tudo em minhas mãos, e me deixou à vontade para decidir como
seria nosso casamento. Fiz exatamente do jeito que eu sempre sonhei. O
casamento foi perfeito, maravilhoso. Fui a capa da Vogue Noiva edição Rio.
As fotos do nosso casamento, foram parar em diversas capas de revistas,
como o casamento milionário do ano. Eu e Nick também fomos capas de
várias revistas, inclusive a Vogue Paris. Meu vestido foi um exclusivo da
Maison Francesa Givenchy, que custou alguns milhões, feito especialmente
para mim do jeito que eu sempre quis, estilo princesa. O casamento foi lindo,
perfeito. Nunca vou me esquecer desse dia.
Saio dos meus devaneios e levanto-me da minha cadeira e caminho até a
porta, abrindo-a vejo minha secretária guardando alguns papéis. Ela me fita e
coloca os papéis em cima do balcão.
— Anna, tem mais algum paciente de última hora? — pergunto.
— Deixe-me ver aqui — pede.
Assinto. Ela verifica no sistema da clínica, vendo a lista de pacientes e
me fita.
— Não tem nenhum paciente. A senhora já está livre — informa.
— Obrigada, Anna. Se quiser, pode recolher suas coisas e ir embora. —
Dou um sorriso.
Ela assente e volto para a minha sala, fechando a porta. Caminho até
minha mesa, e sento-me para fazer algumas verificações de exames, para
encerrar de vez o expediente. Faço algumas anotações no sistema, quando
escuto baterem em minha porta e ela ser aberta.
— Oi, Anna. Algum problema? — questiono, fitando a tela do
computador.
— Será que tem vaga para um paciente de última hora, senhora
D’Saints?
Abro um sorriso e desvio meu olhar da tela do computador para a porta,
vendo meu marido encostado no batente, com as mãos nos bolsos, me
olhando com um sorriso lindo nos lábios. O olho de cima a baixo, vendo o
quão gostoso ele fica de terno. Dominic nesses últimos anos não envelheceu
absolutamente nada, pelo contrário, ele está mais gostoso do que antes.
— Para você sempre tem um horário, senhor D’Saints. — Sorrio e me
levanto da cadeira.
Ele entra em meu consultório e fecha a porta atrás de si e caminha até
mim. Retiro meu jaleco, o colocando em cima da cadeira e Nick puxa minha
cintura, colando seu corpo ao meu.
— Estou com saudade, meu anjo. — Seus olhos azuis me fitam.
Dominic me levanta e me põe sentada na mesa e fica no meio das
minhas pernas e me beija. Um beijo molhado, gostoso, lento e delicioso.
— Também estou com saudade. — Beijo seus lábios. — E tenho uma
surpresa.
— Hum. Também tenho uma surpresa. — Me dá um selinho. — Você
sabe que eu adoro as surpresas que você faz. — Ele me fita. — Será outra
dancinha sensual para mim? Porque, meu anjo... Você ficou deliciosa
dançando aquela música sensual, vestida com a lingerie totalmente
transparente. Saiba que nunca mais serei o mesmo.
Jogo a cabeça para trás sorrindo.
— Foi? Por que não é mais o mesmo? — Envolvo meus braços em seu
pescoço.
— Você levou minha sanidade, meu anjo. Nunca mais serei o mesmo.
— Beija meus lábios. — Se quiser fazer outra dancinha pra mim, eu super
apoio.
— Claro que apoia. — Beijo seus lábios. — Me diga qual é a sua
surpresa.
— Por que não diz a sua primeiro? — Beija meu queixo.
— Porque a minha eu tenho que preparar tudo com calma. — Afundo
meus dedos em seu cabelo. — Agora me diga a sua.
— Bom, não posso entrar muito em detalhes. Só digo que iremos viajar
para comemorarmos mais um ano juntos. — Ele me fita. — E o destino
também não irei dizer, é surpresa.
— Uma viagem? Hum... adoro viajar. — Mordo meu lábio.
— E dessa vez nossa filha não vai. Quero algo mais íntimo com você,
apenas nós dois, em um quarto de hotel, transando em todos os móveis
possíveis. — Beija meu pescoço.
Fecho os olhos, mordendo o lábio.
— Adorei a ideia, meu amor. Não dá para recusar — sussurro, ficando
excitada.
— Nossa filha vai ficar com a nossa família, e até Nicole disse que
poderia ficar com ela, e também levará Damien e Marlon para eles ficarem
entretidos. — Beija minha orelha. — Passaremos oito dias longe, e antes que
fale alguma coisa, já falei com sua secretária sobre seus pacientes durante
esses dias, distante.
— Ah, é? — O olho.
Ele assente com um sorriso.
— Já está tudo pronto, meu anjo. Até nossa mala já está feita.
— E como você sabe que roupa irei levar? — Sorrio.
— Eu te conheço muito bem, meu anjo. Sei até qual é o seu esmalte
preferido. — Beija meus lábios. — Agora vamos para casa, porque vamos
viajar ainda hoje.
Sorrio e desço da mesa. Após desligar tudo e fechar a clínica,
caminhamos até sua Bugatti estacionada em frente à clínica, e ele dirige até a
nossa casa.

O jatinho pousa com cautela no Aeroporto de Cancún, e eu tenho um


enorme sorriso nos lábios. Esses anos que estou casada com Dominic, ele me
levou para conhecer diversos países e cidades espalhadas pelo mundo. Já
perdi as contas dos lugares que já fomos, e Cancún estava na minha lista de
espera, que foi riscada assim que soube que era esse o nosso destino. Um
rapaz alto entra no jatinho, verifica nossos passaportes e se retira. Theo e
Daniel descem primeiro.
Levanto-me da minha cadeira, pegando minha bolsa e Nick estende sua
mão para segurá-la e descemos, colocando os óculos de sol. O céu está lindo
e o sol está bem quente. Descemos as escadas caminhando até o carro que
nos espera. Entramos na SUV e nos acomodamos. Retiro meu celular da
bolsa e envio uma mensagem para Alicia, para saber como Lorena está.
— Algum problema, amor? — Nick me olha, por trás das lentes pretas
dos óculos.
— Só estou enviando uma mensagem para Alicia, para saber como
Lorena está. — Travo o celular.
Nick passa o braço em meu ombro, me puxando mais para ele.
— Tenho certeza que ela está muito bem. Ela está entretida com
Alessandro, Giovani, Damien e Marlon. Estão brincando a essa hora. E
Miguel e Hannah vão para lá esses dias, ela vai brincar muito com Sophie.
Douglas também vai levar o Henrique para lá. — Ele sorri.
— Eu já disse que você tem um sorriso lindo? — Ele abre um largo
sorriso e beija meus lábios.
— Hoje, ainda não. — Me fita.
— Você tem o sorriso mais lindo que existe. — Sorrio.
Ele sorri e me puxa para um beijo delicado e lento. Demora só alguns
minutos até chegarmos no luxuoso resort de frente para o mar. Descemos do
carro e adentramos no hall do hotel, caminhando até a recepção. Nick fala em
espanhol com a moça.
— Bom dia. Reservei dois quartos em meu nome — Nick informa.
A moça me olha estranha como se dissesse: Eles vão dormir em quartos
separados?
— Um quarto é para mim e minha esposa, e o outro é para nossos
seguranças — Nick esclarece, um tanto irritado.
Dominic odeia dar satisfações e explicações para os outros.
— Sim, senhor. Vou precisar dos documentos — A moça pede.
Entregamos nossas identidades e ela verifica as reservas, e nos devolve
os documentos. Pega os cartões magnéticos dos quartos e nos entrega.
— Aqui, senhor D’Saints. Espero que goste do nosso hotel. — Ela o
olha, como se Nick fosse um pedaço de carne. — O concierge vai levar suas
malas aos seus respectivos quartos. Caso precise de mim, é só me procurar.
— Morde o lábio, discretamente.
Isso eu tenho que aturar por ser esposa de um deus grego, porque
Dominic é lindo demais, chama muita atenção e quando está com óculos de
sol, é que chama mais atenção ainda. Ao longo desses anos, acabei me
acostumando com ele sendo assediado até na minha frente, e se eu fosse
brigar por causa disso, iria brigar com mais da metade do mundo. Então me
acostumei, porque confio totalmente em meu marido e sei que ele não irá me
trair.
— Agradeço a sua gentileza, mas não vou precisar. Passarei muito
tempo com minha esposa, para precisar de algo que não seja ela. O restante,
meus seguranças vão resolver — Nick responde, deixando a moça sem graça.
Dominic apenas dá um leve aceno e segura minha mão, se afastando da
recepção e junto com Theo e Daniel, caminhamos para o elevador. Theo e
Daniel entram conosco, vestindo trajes formais, para não usarem ternos, mas
sei que sempre andam armados. O elevador sobe e vamos para o último andar
do hotel. A suíte deluxe. As portas metálicas se abrem e saímos em um
corredor lindo, com vista para o mar. Paramos em frente a uma porta dupla
no final do corredor e Nick passa o cartão magnético no leitor da porta, que é
aberta.
Entro no quarto vendo todos os móveis caros e uma decoração
impecável. Largo minha bolsa em cima da cama e vou até a varanda do
quarto tendo a imensidão azul do mar como vista.
— Vocês ficarão no quarto ao lado, para qualquer circunstância. — Viro
meu rosto, vendo Nick conversar com os seguranças dentro do quarto —
Sabem os protocolos, ajam normalmente. E se divirtam também.
Theo e Daniel assentem e se retiram do quarto, logo o concierge traz
todas as nossas malas, as coloca no quarto e se retira. Nick caminha até mim
e me abraça por trás.
— Gostou da vista? — Beija meu ombro.
— Adorei. — Olho o mar. — Talvez eu fique aqui durante toda a
semana, só olhando esse mar.
Ele sorri.
— Nada disso. Vamos aproveitar tudo que o hotel poderá nos oferecer.
E vamos começar pelo bar lá embaixo, perto da piscina. Ponha seu biquíni
que vamos descer. — Beija meu ombro e se afasta.
O vejo caminhar até o mini bar e se servir com uma dose de uísque.
Entro no quarto e vou até a mesa de vidro vendo um catálogo com tudo que o
hotel oferece.
— Hum... Tem salão. — Mordo de leve minha unha. — Acho que vou
hoje lá.
— É só ir, meu anjo. — Nick leva o copo até os lábios, ingerindo o
uísque.
— Vou tomar muito banho de piscina e mar, preciso hidratar o cabelo
— explico.
Nick assente.
— Hoje vamos jantar fora, então se quiser arrumar seu cabelo e fazer as
unhas, fique à vontade. — Coloca o celular em cima da mesa e se aproxima
de mim.
Olhamos o catálogo.
— Olha, tem passeio de Jet Ski. — Me animo.
— Você quer ir? — Ele me fita.
— Quero sim. — Assinto.
— Quando descermos veremos melhor sobre como agendar os passeios.
Capítulo Extra 2

Pego minha bebida no bar junto com a bebida de Valentina e volto para
a piscina, vendo minha esposa gostosa saindo da piscina enxugando seus
cabelos, chamando atenção de vários homens que estão na piscina. Valentina
nunca foi de praticar exercícios físicos, muitas vezes eu a deixo dormindo em
nossa cama, para praticar meus exercícios logo cedo, porque ela não gosta.
Mas admito que o corpo dela está maravilhoso. Ela é pequena, mas bem
gostosa. Sinto muito ciúme dela, mas tenho que me controlar, porque do
mesmo jeito que ela se controla quando sou comido por olhos femininos e até
masculinos, eu tenho que me controlar quando acontece com ela. Confio
cegamente na minha esposa, sei que ela nunca irá me trair, e eu nunca vou
traí-la, amo-a demais para cometer esse erro. Tudo está em suas mãos, todo
meu dinheiro, cartão de crédito..., tudo fica com ela. Vários imóveis — que
ela nem sabe — estão em seu nome, como garantia caso algo aconteça
comigo, não quero deixar minha mulher e minha filha, desamparadas. Jamais.
Ela abre um sorriso ao me ver e caminha até mim, rebolando seu
quadril. Entrego seu drink sem álcool, como sempre, já que ela não ingere
muita bebida alcoólica, e nos sentamos nas espreguiçadeiras. Ela põe os
óculos de sol e leva o canudo até a boca, tomando seu drink.
— Aproveitando? — A olho.
— Muito. Aqui é lindo, um resort mesmo. — Sorri. — Tem muita coisa
para se fazer nesse lugar, o tédio passa longe.
Assinto, com um sorriso. Já estamos aqui há alguns dias, aproveitando o
máximo que o resort pode nos oferecer.
— E minha surpresa? — Ela ri e toma seu drink.
— Hoje à noite você saberá. — Pisca o olho.
Porra, eu sou fascinado nesses olhos ímpares dela. São perfeitos.
— Vou gostar? — Sorrio de lado.
Ela põe o copo na mesinha e se inclina na espreguiçadeira.
— Com toda certeza. Pode passar o hidratante em mim? Não gosto de
ter minha pele ressecada. Passei o dia todo no sol.
— Claro, meu anjo — digo.
Coloco meu copo na mesa, pego o hidratante em cima da mesinha e
passo em todo seu corpo, como me pediu.
— Vou dar um mergulho na piscina — aviso e ela assente, deitando a
cabeça me olhando retirar a camisa.
Valentina morde o lábio e fica de lado, me olhando de cima a baixo.
— Meu anjo, não fique me olhando assim. — Valentina morde a unha
de leve, e continua me olhando cheia de desejo. — Estamos em um lugar
público, tá bem? Quando chegarmos no quarto faremos o que você está
pensando.
Ela morde o lábio, sorrindo e vou para a piscina dar um mergulho.
Adoro nadar, me faz relaxar e pensar em outras coisas, exceto trabalho.
Minha vida é super corrida, e mal tenho tempo para relaxar durante o dia,
mas quando chego em casa e vejo minhas meninas, fico apenas com elas, o
trabalho pode esperar. Eu e meus irmãos, resolvemos lançar perfumes
infantis, pois só temos perfumes para adultos, e pensei em colocar Lorena
como a menina propaganda do nosso primeiro perfume infantil, junto com
Alessandro, Giovani, Henrique, Sophie, Damien e Marlon. O foco principal
será Lorena e Damien, por serem os mais velhos.
Valentina concorda e apoia totalmente. Claro que eu e Valentina vamos
participar de tudo, pois ela é uma criança e estou muito feliz por ser seu
primeiro trabalho. Recebemos propostas de várias empresas para Lorena ser o
rostinho de algumas marcas infantis, eu e Valentina estamos analisando com
cautela cada empresa. E nossa filha também foi capa de algumas revistas
infantis que circularam em vários países. Ela é uma D’Saints, a fama inicia
logo cedo.
Dou um último mergulho e saio da piscina sacudindo o cabelo, retirando
o excesso de água e vou até minha esposa, que está sentada na
espreguiçadeira.
— Quer subir? — Pego a toalha e enxugo meu corpo. — Está
começando a anoitecer, e vamos nos preparar para jantarmos.
— Sim. Eu ainda vou passar no salão — minha esposa se levanta da
espreguiçadeira e põe sua saída de praia. — Não vou demorar muito, apenas
hidratar o cabelo rapidinho e escovar.
— Vou te deixar no salão e subo para o nosso quarto. — Pego sua bolsa.
Ela assente e eu seguro sua mão, levando até meus lábios, beijando seus
dedos.

— Oi, papai. — Lorena sorri para mim. — Cadê a mamãe?


— A mamãe está no salão, ajeitando os cabelos. Você está bem, filha?
— Ela assente.
Sento-me na cadeira da varanda, segurando meu celular para vê-la
melhor.
— Se divertiu muito?
— Muito. Brinquei muito com os meninos. Damien e Marlon vão dormir
aqui, tia Nicole e tio Aaron deixou. — Ela sorri, me fazendo sorrir. —
Assistimos filme na sala de cinema, tia Clarisse fez pipoca e suco pra gente.
— Que bom, meu amor. Se divirta mesmo. Chegamos na sexta-feira.
Ela assente, com um grande sorriso. Lorena a cada dia está a cara de
Valentina quando tinha sua idade. Valentina tem um álbum com fotos de
quando era pequena, e nossa, a semelhança é grande.
Escuto a porta ser destrancada pelo cartão magnético e minha esposa
passar por ela e fechar a porta atrás de si. Vejo seus cabelos bem escovados e
lindos. Valentina está optando por deixá-lo curto na altura dos ombros, que
fica mais linda do que já é, mais mulher.
— Olha quem chegou. — Viro a tela do celular e Valentina sorri, ao ver
Lorena.
Valentina deixa suas coisas em cima da mesa e vem até mim, pegando o
celular da minha mão.
— Oi, meu amor. Estou morrendo de saudades. — Valentina sorri,
olhando nossa filha.
— Também estou com saudades, mamãe. Aí é bonito?
— Muito bonito, filha. Você ia adorar. — Minha esposa sorri.
Apareço na tela e olho minha filha.
— Prometo que trarei você no mês que vem — digo.
— Eba! Posso levar meus primos? Também quero levar Damien,
Marlon, Sophie e Henrique.
— Se as mães deles autorizarem, sim, poderá trazê-los, meu amor.
— Eba! Você é o melhor pai do mundo! — Sorrio emocionado.
— O papai vai desligar, porque vamos sair para jantar. Amanhã ligamos,
meu amor.
— E vá dormir, já está tarde para você aí. — Valentina fala.
— Tá bom. Tchau mamãe, tchau papai. Amo vocês.
— Amamos você, meu amor. — Minha esposa solta um beijo para ela.
Finalizo a ligação e Valentina me olha.
— Já está pronto, amor?
— Apenas esperando você, meu anjo. — Ela assente.
— Vou tomar banho, colocar outra roupa e descemos — avisa e eu
assinto.
Não demora muito para ela tomar banho e se trocar. Descemos para o
restaurante, e o maitre nos leva até a mesa que fora reservada para nós, na
área externa do restaurante, sentindo o vento fresco vindo do mar.
Sentamos nas cadeiras um de frente para o outro e o maitre faz nosso
pedido.
— Me traga o melhor espumante que você tem com duas taças — peço.
— Não. Eu não vou beber — Valentina fala.
— Amor, estamos comemorando nosso aniversário de casamento. Nem
uma tacinha? — A olho, magoado.
— Você sabe que eu não fico bem quando bebo, até uma taça eu não
fico muito bem. É melhor água ou suco. — Me fita.
Assinto, magoado.
— Cancele o espumante. — Fito o maitre. — Uma jarra de suco de
laranja e uma dose de uísque, por favor.
— Sim, senhor. — O maitre se retira.
Encosto-me na cadeira e fito Valentina, bastante magoado.
— Não fique com essa cara — me pede.
Não respondo e fito o mar. Estou magoado sim. Poxa, são cinco anos de
casamento, uma taça ela poderia ceder só para o brinde. Ficamos em um
silêncio constante, até que nosso pedido chega e somos servidos. Comemos
em silêncio, até minha esposa começar a puxar assunto.
— Você vai trazer Lorena mesmo? — Me fita e dá um gole no seu suco.
— Vou — respondo.
— Hum! Será que Alicia e Manu vão deixar os meninos virem? — Dou
de ombros, e levo o camarão até a boca. — Por Miguel e Hannah Sophie
vem, e Douglas e Mila com certeza vão deixar Henrique vir.
— Falamos com eles depois, para perguntar — respondo, e volto a
comer.
Ela assente, um pouco desconfortável, por estar sendo um pouco grosso
e curto com as respostas, e decide ficar em silêncio. Após terminamos de
jantar, peço para colocar a despesa na conta do nosso quarto e saímos do
restaurante.
Valentina puxa minha mão, me arrastando para a areia.
— Não estou com ânimo. Quero ir para o quarto — digo, parando seus
passos.
— Por quê? — Me olha, triste.
— Poxa, amor, você poderia ter cedido uma taça de champanhe para
pelo menos brindarmos. — A olho. — O que custava uma tacinha? Um
golezinho? Não ia te fazer mal apenas um gole de champanhe. Não precisava
tomar toda a taça, só um gole, por causa do brinde.
Ela maneia a cabeça.
— Estou magoado — murmuro.
Ela abre um sorriso, me deixando desconfortável.
— Está rindo do quê? Estou aqui, magoado e você rindo. — Cruzo os
braços.
— Você fica tão lindo com esse biquinho. — Passa o indicador em meus
lábios. — Fica lindo com a carinha emburrada. — Reviro os olhos, prensando
os lábios. — Mas tenho bons motivos para não tomar apenas o golezinho do
champanhe.
Ergo a sobrancelha em questionamento.
— Vamos andar um pouco. — Puxa minha mão.
Começamos a caminhar pela areia, escutando as ondas do mar e o vento
fresco passando por nós. Noto que estamos ficando um pouco distantes do
hotel e franzo a testa.
— Cadê Theo e Daniel? — A olho.
— Bem ali atrás — fala.
Viro o meu rosto, e vejo meus seguranças logo atrás, caminhando com
roupas formais.
— Não é melhor voltarmos? — sugiro.
Ela nega e para seus passos, e fica de frente para mim.
— Agora eu posso te falar qual é a minha surpresa e o motivo de eu não
ter tomado o golezinho do champanhe. Estava pensando em montar algo no
quarto e te fazer essa surpresa, mas como o senhor é agoniado demais, não
iria dar para fazer a surpresa. — Sorrimos.
— Está me deixando curioso, meu anjo. — Me aproximo dela.
— Eu poderia ter comprado algo, mas desisti. — Assinto, ansioso. —
Não sei se você lembra, mas tínhamos combinado algo, assim que a nossa
filha completasse seus dez aninhos.
Franzo a testa, pensando, mas nada vem em minha cabeça.
Ela ri.
— Imaginei. Bom, como você sabe, eu usava o implante hormonal, para
evitar a gravidez. — Assinto ansioso, pedindo para ela prosseguir. — Ai,
meu Deus, Dominic. Você não notou o que eu disse?
— O quê? — Franzo a testa.
— Eu disse que usava o implante hormonal, no passado. Agora, no
presente, não uso mais. — Me olha.
Engulo em seco, sentindo meu coração bater forte dentro do peito.
— Está falando sobre querer engravidar, de novo? — Me aproximo mais
dela.
— Não. O que eu quero dizer é que... — Ela pega minhas duas mãos e
as coloca em cima da sua barriga — estou grávida.
Meu coração erra algumas batidas e vejo seus olhos marejados. Engulo
em seco, me sentindo eufórico.
— V-você está grávida? — sussurro, sentindo meus olhos marejados.
Ela assente, e uma lágrima cai em seu rosto.
— Sim. Estou grávida, meu amor. — Seu queixo fica trêmulo.
A pego nos braços, e giro nossos corpos, sorrindo. Porra, eu vou ser pai,
de novo.
— Meu Deus! Eu vou ser pai, de novo. — Lágrimas caem em meu
rosto.
Valentina segura meu rosto e me fita, com seus olhos vermelhos.
— Sim, meu amor. Seremos pais, de novo. — Sorri.
— Porra! — Puxo-a para um abraço apertado.
Lágrimas caem em meu rosto e abraço forte Valentina, que retribui o
abraço, chorando.
— Quando você tirou o implante? — A olho.
— Tirei mês retrasado. — Limpa suas lágrimas. — E você nem notou.
O implante ficava no seu braço, dava para notar um pouco a ondulação,
mas ela já usava há alguns anos, então já tinha me acostumado.
— Meu anjo, você me deu esse presentão. — Seguro seu rosto. — Eu te
amo demais, amor. Muito mesmo. Você foi feita para mim. — Lágrimas
escorrem em nossos rostos. — Você me deu esse presente novamente de ser
pai. Obrigada, meu amor. Você é única.
A puxo para um abraço, ainda chorando de felicidade. Ela se afasta e me
olha.
— Obrigada por tudo, Nick. Eu te amo demais.
Epílogo

Termino de colocar o paletó, ajeito minha gravata olhando-me pelo


espelho e saio do closet, vendo minha esposa, agarrada ao meu travesseiro,
dormindo tranquilamente. Me aproximo e me sento na beira da cama, e retiro
alguns fios de cabelos do rosto.
— Querida — sussurro.
Valentina se remexe na cama e abre seus olhos. Nossa, todos os dias é a
mesma coisa, quando vejo esses olhos ímpares me fitando quando acorda,
meu coração bate forte por ela, a amo demais.
— Bom dia. — Dou um sorriso.
Ela sorri e se espreguiça na cama, deixando seus seios à mostra. Desvio
meu olhar, para não fazer nada agora, porque tenho que ver se Lorena está
pronta e lhe dar seu presente. Ontem à noite, eu e Valentina passamos a noite
toda, juntinhos, fizemos amor em todos os lugares do quarto, até começar a
amanhecer.
— Bom dia. Que horas são? — Sua voz sai rouca.
Olho meu Cartier no punho.
— São nove horas. — A olho.
— Nossa. — Passa a mão no rosto. — Vamos sair a que horas?
— Dez e meia. Dá tempo de você tomar banho, se arrumar e tomarmos
um café da manhã juntos — falo.
Ela se levanta da cama ajeitando sua camisola.
— Os gêmeos já acordaram? — pergunta indo ao banheiro.
— Já estão trocando de roupa. — Levanto-me da cama. — Vou dar uma
olhada neles.
— Ok! — grita.
Saio do quarto fechando a porta e sigo para o corredor, e abro a porta do
quarto dos gêmeos.
— Já estão prontos? — Entro no quarto.
— Já, papai. — Maria Liz e Túlio se levantam da cama.
Maria Liz e Túlio, nomes dos pais de Valentina, em homenagem a eles.
Eu não hesitei ao perguntar, quais nomes minha esposa queria dar a eles, e
ela pensou no nome da mãe ou do pai, dei livre arbítrio para que ela
escolhesse seus nomes. Meus anjinhos, eles e Lorena são os amores da minha
vida.
— Vamos descer? Vou chamar Lorena para tomarmos café. — Dou
espaço para eles passarem.
Eles são inteligentes demais, estudam na mesma escola, fazem tudo,
juntos. Uma coisa que amo de paixão neles, é que ambos herdaram a
Heterocromia de Valentina, que eu sou louco. Maria Liz e Túlio tem os olhos
azuis, com apenas uma manchinha castanha no olho direito, igual a Lorena.
— Vovó Flor está lá embaixo? — Maria Liz pergunta.
— Está, sim. Vão lá ficar com ela, que irei falar com Lorena. — Eles
assentem e saem correndo. — Cuidado para não caírem! — grito, com um
sorriso.
Viro-me e sigo pelo corredor até a porta do quarto de Lorena, dou duas
batidas e abro a porta devagar.
— Filha? — Olho o quarto.
— Oi, pai. Estou no closet, pode vir. — Escuto-a gritar.
Entro em seu quarto, e sigo para o closet. Ao vê-la, estanco meus passos,
olhando-a de cima a baixo. Ela me olha.
— Essa roupa está boa? — me pergunta.
Lorena se tornou uma mulher linda, igual à sua mãe. Lorena tem me
deixado muito orgulhoso, se esforçando, estudando, para ficar em meu lugar
na empresa, junto com seus primos, Giovani e Alessandro, que vão assumir a
minha cadeira e as dos meus irmãos na presidência. Lorena tem se esforçado
muito, acompanhado tudo de perto, mostrando estar interessada.
Ela não é obrigada a isso, muito menos meus sobrinhos. Eu e meus
irmãos já tínhamos em mente pessoas de nossa confiança para ficarem em
nosso lugar, mas nossos filhos querem assumir, nos deixando felizes. Quem
mais assumiria melhor nossa empresa do que nossos próprios filhos?
— Então, pai? — Ela chama minha atenção.
— Linda, minha filha. — Dou um sorriso. — Muito linda.
Lorena é a cópia de Valentina. Com seus cabelos loiros e longos, olhos
azuis cristalinos, que chamam atenção de vários homens, o que me deixa
desconfortável. Ainda não acredito que ela se tornou uma mulher tão linda,
inteligente e que sabe o que quer. Mas ela nunca deixará de ser minha
princesa.
— Estou nervosa — ela suspira, se olhando no espelho.
— Não precisa disso, você já mostrou que é capaz de estar no meu
lugar, e fazer melhor do que eu. — Me aproximo dela.
— Eu nunca serei melhor que o senhor. — Me olha.
— Claro que sim. E será meu orgulho. — Sorrio. — Agora venha, que
tenho um presente para você.
— De novo, pai? — Ela pega sua bolsa da Hermès e me segue.
— Minha principessa merece. — Dou um sorriso.
Ao sairmos da casa, ela abre a boca e solta pulinhos de felicidade ao ver
uma Lamborghini, na cor rosa claro, estacionado em frente à nossa casa.
— Não acredito! — Pula de felicidade.
Nos aproximamos do carro e Theo me dá as chaves. Destravo-o e ela
entra, vendo tudo por dentro, os bancos em couro bege, com um cheirinho
delicioso de carro novo.
— Ah, pai. É lindo. — Ela me olha com os olhos marejados.
— Gostou? — Saio do carro, fechando a porta.
Ela sai fechando a porta do motorista e vem até mim, correndo, com
seus saltos agulha e se joga em meus braços. Eu nem sei como essas
mulheres conseguem correr com um salto tão fino.
— Obrigada, papai. Eu amei. — Enxuga suas lágrimas.
— Você merece, Lorena. Você só tem me dado orgulho, me deixando
feliz. — Enxugo suas lágrimas, para não borrar sua maquiagem. — E agora
que tem seu carro, você pode ir ao trabalho, sair sozinha..., para onde você
quiser ir, vai com seu carro.
Ela assente, ainda enxugando as lágrimas.
— Será que ele vai caber na sua garagem? — Sorrimos. — Sua coleção
por carros só tem aumentado.
— Arrumarei um lugar para ele. — Sorrio. — Agora vamos tomar nosso
café, que sua mãe já está nos esperando.
— Olha o que a priminha ganhou, um carro — Giovani grita, na porta
da casa do meu irmão.
— Não venha me irritar a essa hora, stronzo — Lorena grita de volta.
— Carro bacana, hein. — Alessandro assobia.
— Gostou, primo? — ela pergunta, com um sorriso contagiante.
Alessandro dá um joinha da casa de Demétrio e ela sorri.
Alessandro e Giovani, são uns primos e tanto para Lorena. Giovani
sempre irrita Lorena, porque gosta de vê-la irritada, e Alessandro é o que só a
faz sorrir, vendo Lorena soltar fogos pelo nariz. Mas os dois a protegem
como se fossem irmãos.

Como tínhamos imaginado, Lorena e meus sobrinhos deram um show na


apresentação oficial de posse da presidência da empresa. A apresentação
chamou atenção de vários repórteres, que provavelmente vai passar em
jornais de tv, revistas... e repercutir pelo mundo inteiro. Minha filha me deixa
orgulhoso a cada dia, ela é minha cópia e irá fazer o certo, e até melhor do
que eu fiz.
Vejo minha esposa ao meu lado, com um lencinho em mãos, limpando
os cantinhos de seus olhos, totalmente emocionada pela nossa filha. Maria
Liz e Túlio vão querer seguir outros caminhos. Maria Liz quer ser modelo,
como sua tia Manuela e Túlio quer trabalhar na empresa dos meus pais, como
arquiteto e ser professor na área.
Ao final da apresentação oficial, todos nós nos levantamos e batemos
palmas, eu com meus olhos marejados, muito emocionado pela minha
princesa que se mostrou forte e confiante durante toda apresentação, e minha
mulher se derramando em lágrimas. Meus pais e dona Flor também se
derramaram em lágrimas, muito emocionados. Subimos no palco, junto com
meus irmãos, seus filhos e meus pais, para uma foto oficial que estará em um
quadro perfeito no site da empresa.
Após entrevistas, fotos e cumprimentos, os convidados nos
acompanham para um coquetel no salão principal, com direto a música
clássica ao vivo, deixando o ambiente perfeito. Um buffet foi contratado para
nos servir com suas melhores comidas e bebidas. Dona Flor está sentada
conversando com meus pais na mesa, Hannah e Miguel estão falando com
sua filha Sophie, que está ao lado do seu namorado Henrique, que é filho de
Douglas, irmão de Manuela, com sua esposa Mila, uma mulher adorável e
simpática.
Vejo Aaron vindo em minha direção.
— Sua filha deu um show. — Aaron sorri para mim.
— Obrigado por vir. — O abraço forte, dando tapas em suas costas.
— Olha quem veio — minha esposa diz ao meu lado.
Olho para trás de Aaron, e vejo Damien, filho de Aaron e Nicole, vindo
até nós.
— Nossa, você cresceu, Damien. — Minha esposa o abraça.
— Como vai, Dominic? — Ele estende sua mão.
— Muito bem, depois da apresentação da minha filha, que foi
sensacional — digo orgulhoso.
Ele sorri. Damien se tornou um homem igual ao seu pai. Loiro dos olhos
azuis, é um homem honesto, inteligente, estudioso e respeitador, sortuda será
a mulher que se casará com ele.
— Vi a apresentação de Lorena, ela foi perfeita. — Ele sorri. — Sabia
que ela iria se sair muito bem.
Vejo minha filha falando com Alessandro e Giovani e eu aceno para ela
vir. Lorena fala algo para eles, e vem até nós. Mas ao chega perto de nós, seu
sorriso morre ao ver Damien. Franzo a testa, sem entender nada. Ela
cumprimenta Aaron, com um abraço, que logo se afasta, para atender um
telefonema.
— Filha, o Damien veio te prestigiar. Não vai falar com seu melhor
amigo de infância? — minha esposa pergunta.
Lorena engole em seco e assente.
— Como vai, Damien? — Ela dá um sorriso simpático para ele.
— Bem, e você? — Ele mantém seus olhos nela, a olhando
profundamente.
— Melhor, impossível. — Ela sorri e vejo Nicole se aproximando. —
Como vai, Nicole? Você está linda.
— Você deu um show, Lorena. Simplesmente, perfeita. — Elas se
abraçam.
Damien mantém seus olhos nela, o que me deixa intrigado. O olhar dele
é bem diferente. Valentina dá um beliscão no meu braço, me olhando séria.
Após conversarmos um pouco, circulamos no salão com minha esposa,
cumprimentando algumas pessoas importantes.
O restante da festa passa tranquilo, conversamos, sorrimos e colocamos
o papo em dia, o que eu não fazia há muito tempo. De longe, vejo Lorena
sentada, conversando com seus irmãos, rindo de algo que estão vendo no
telefone, enquanto eu e Valentina estamos dançando uma música lenta e
suave, aproveitando o momento.
— Nossa filha foi perfeita — minha esposa diz em meu ouvido. — Ela
nasceu para ficar em seu lugar.
— Sim. Lorena nasceu para ocupar a presidência. — Me sinto
orgulhoso. — Nossa família é tão perfeita. Você não acha? — Ela assente,
com os olhos marejados.
— Eu te amo muito. Você é o homem da minha vida, Dominic D’Saints.
— Eu amo você, incondicionalmente. — Fito seus olhos ímpares, que
amo demais. — Você nasceu para ser minha, Valentina D’Saints.

Fim!
Demétrio
Trilogia D’Saints - Livro II

Manuela Peterson, uma moça gentil e sonhadora, uma modelo que está
no ramo desde pequena, hoje, faz muito sucesso nas passarelas das maiores
lojas de grifes. Sempre esteve com um sorriso no rosto, até se relacionar com
seu atual namorado, um abusador, que não a deixa fazer o que mais gosta,
desfilar. Manuela não tem forças para sair desse relacionamento conturbado,
que só a desgasta a cada dia psicologicamente e fisicamente, até Demétrio
D'Saints aparecer, e ocupar seus pensamentos e tudo mudar.
Demétrio D'Saints, o gêmeo do meio dos trigêmeos, é o mais observador
e sensato, quando quer. Leva uma vida de solteiro muito bem, obrigado, e se
sente confortável em ter sexo casual, sem compromisso algum. Junto com
seus outros gêmeos, fundaram uma das empresas mais lucrativas de Milão,
com suas fragrâncias únicas e exclusivas.
Os trigêmeos D'Saints são conhecidos pelo mundo dos negócios e pelas
revistas de fofocas. Apesar da vida de solteiro que vive, pensa em um
relacionamento sério, e quando bate seus olhos em Manuela, sabe que ela é a
mulher certa.

Segundo livro da Trilogia D'Saints.

EM BREVE.
Contato com a autora

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Agradecimentos
Quero primeiramente agradecer a Deus, por iniciar essa nova jornada em
minha vida, que é ser escritora, agradecer à família que me apoiaram, meu
esposo, minha mãe e minha amiga. Quero agradecer a todos por lerem meu
livro, aos leitores do Wattpad, esperando cada capítulo novo, as minhas
leitoras fiéis que amaram esses meninos, que moram em meu coração.
Não tenho muito o que falar, apenas agradecer a todos vocês.
Beijos da pitchuca.
[1] A heterocromia ocular é definida como uma anomalia genética na
qual o indivíduo apresenta olhos de cores distintas (um olho de cada cor), ou
duas cores em um mesmo olho.
[2] Irmão.
[3] Idiota.
[4] Graças a Deus.
[5] Deus me ajude.
[6] Família.
[7] Filho da puta.
[8] Filho.
[9] Menina.
[10] Meu amor.
[11] Desde que te conheci, estás na minha cabeça.
[12] Podia olhar para ti o dia todo.
[13] Eu também.
[14] Bela, bonita.
[15] Meu anjo.
[16] Princesa.
[17] Merda, Porra.
[18] Minha filha.
[19] Te amo, papai.
[20] Te amo, minha filha.
[21] BDSM é um conjunto de práticas consensuais envolvendo Bondage,
disciplina, dominação, submissão e sadomasoquismo.
[22] Minha linda, minha bela.
[23] Tapete vermelho.
[24] Tudo bem, está bem, muito bem.
[25] Obrigado, irmão.
[26] Papai.
[27] Pelo amor de Deus. (Francês)
[28] Como está, Pierre?
[29] Veja quem está aqui, Dominic D’Saints.
[30] Querido.
[31] Querida.
[32] Obrigado.
[33] Está bem.
[34] Perfeito.
[35] Meu amor.
[36] Meu Deus.

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