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Você não odeia quando alguém destrói todos os seus planos

cuidadosamente preparados?

Quero dizer, eu tinha planos: graduar-me na universidade em um


semestre, alcançar um futuro pelo qual estava trabalhando duro e uma
imagem que eu queria que o mundo visse. Minha vida estava empilhada nesses
blocos, encaixada com precisão. Mas então apareceu Colton Gamble e derrubou
todos.

Eu odiava como ele arruinava tudo, como podia monopolizar toda


minha atenção quando se encontrava por perto, como fazia com que meu pulso
acelerasse, mas só porque me chateava e não porque me atraia. OH! E eu
odiava que ele era consciente do quanto era atraente, esse idiota superficial que
não aceitava um não como resposta, que é um paquerador arrogante e
extremamente irritante.

O rapaz tinha todas as qualidades que eu odiava. Ou pelo menos foi isso
que pensei.

Uma noite, ele não foi esse idiota tolo e arrogante que eu achava.

Uma noite, ele cuidou de mim quando eu me encontrava no meu pior


momento. Ele se abriu para mim e fez eu me abrir para ele.

Agora estou aprendendo que talvez ele não seja o que eu pensava no
começo. E talvez eu também não seja. Talvez esteja tudo bem reorganizar
alguns dos meus blocos perfeitamente organizados. Talvez, apenas talvez, eu
pare de me preocupar com o que receio que todos pensarão e consiga algo que
eu realmente quero. É possível que alguns dos meus planos tenham que ser
destruídos e Colton Gamble é exatamente o tipo de desastre que preciso na
minha vida.

O que acha? Eu deveria lhe dar uma oportunidade?

Desesperadamente procurando um conselho,

Julianna Radcliffe.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

―Tenho certeza de que não o conheci por nada‖.

— Autor desconhecido

COLTON
Porra, eu adorava casamentos.

As festas devem estar no meu sangue porque eu florescia


nelas. Algo sobre o barulho, a energia e o abandono selvagem
fazia rugir meus motores. Nenhum lugar era melhor para eu me
mostrar, projetando a imagem que eu queria que todos vissem,
em uma sala muito movimentada e cheia de gente.

Ah, era incrível as coisas que você podia esconder atrás de


uma personalidade ruidosa em uma festa barulhenta e agitada.

— Eu sei o que vocês pensam — Eu falei ao microfone que


segurava enquanto caminhava em volta da mesa de casamento
me dirigindo à multidão. — Por que diabos alguém tão
encantadora como Sarah Arnosta se contenta com meu irmão
mais velho perdedor quando poderia ter tudo isto, certo?

Enquanto passava a mão ao lado do meu smoking, fazendo


gestos, meu irmão Brandt se contorceu em seu assento para me
bater, murmurando maldições enquanto girava. Mas eu apenas
ri e baguncei seu cabelo antes de me desviar dele.

— Bom, tudo o que posso lhes dizer meus amigos, é que o


amor deve ser cego.

Minha resposta tirou uma risada da multidão. Sorri e


esperei que o som diminuísse antes de ficar sério.

— Ou talvez Aristóteles tenha dito isso melhor quando


escreveu: ―O amor é composto de uma única alma que habita dois
corpos", porque apesar de ser obviamente o irmão mais bonito e
encantador, Sarah tomou a decisão certa. — Tocando o ombro
da noiva, sorri carinhosamente. — Reconheceu a parte que
faltava em si mesma nove anos atrás quando conheceu Brandt e
não se separaram desde aquele momento.

Quando ela estendeu a mão para apertar meus dedos,


inclinei-me para beijar sua bochecha.

— Todos nós vimos como seu romance floresceu para o que


é hoje e pareceu que eles levaram uma eternidade para perceber
que estavam destinados a ser mais do que somente amigos. Mas
a paciência deve ser uma virtude ricamente recompensada
porque eles venceram. Isto aqui, o que eles têm, é um "amor até
que a morte nos separe" se alguma vez vi um. Estou tão feliz que
tenham descoberto isso. E lhes desejaria boa sorte, mas sei que
não precisam disso. Eles têm o que necessitam para ter uma
grande vida juntos. Ficarão bem. Eu amo vocês. São minha
inspiração.

Erguendo minha taça cheia de champanhe, exclamei para


todos:
— Por cinquenta anos de felicidade para Brandt e Sarah, e
cinquenta mais depois disso.

Todo mundo bebeu comigo, com saudações e aplausos


ecoando pelo saguão. Meu irmão se levantou para me dar um
rápido e duro abraço de homens enquanto dizia no meu ouvido:

— Obrigado, irmão. Você não foi tão irritante como pensei


que seria.

— Isso foi em benefício da Sarah, não seu. — Eu lhe dei um


murro no estômago e ri quando ele se afastou de mim.

— O que seja. Você é insignificante — Ele apertou meu


braço e sorriu enquanto se afastava porque sua esposa havia
girado sua cadeira de rodas para me olhar.

Quando Sarah levantou os braços, eu me ajoelhei para lhe


dar um caloroso abraço.

— Obrigado, Colton. Isso foi encantador.

— Qualquer coisa por você, linda. Você o faz mais feliz do


que pode imaginar. — Beijei-lhe a bochecha mais uma vez e
depois entreguei o microfone para Reese, a dama de honra que
queria dar seu próprio discurso.

Enquanto falava, eu me sentei ao lado de Brandt, relaxando


o suficiente para colocar um braço nas costas da cadeira para
poder virar meu tronco e examinar as pessoas sentadas a minha
direita. Todos eram familiares, mesmo os que não eram parentes
de sangue. Eles me ajudaram a ser quem eu era e eu amava
todos e cada um deles.
Uma parte de mim reconheceu o quanto eu não merecia
seu afeto e apoio e essa parte apreciava cada pedacinho de amor
que me deram. No entanto; outra parte de mim se encontrava
assustada, temerosa de perdê-los e eternamente segura de que
algum dia eles perceberiam que poderiam ter algo muito melhor,
e me deixariam. Essa parte ainda estava escondida, determinada
a não mostrar o quanto eu me preocupava com eles, porque
todos sabem que no momento em que deixa as pessoas verem o
que mais importa para você, isso se torna sua maior fraqueza e
você é forçado a perdê-la.

Quando os aplausos reiniciaram e todos beberam, eu me


dei conta de que divaguei por todo o discurso da Reese. Uau!

Bebi com eles de qualquer maneira e continuei tomando até


que esvaziei meu copo. Noel avisou que este copo era o único
álcool que me permitiriam beber esta noite, mas... sim, bem.

Olhando em volta para me certificar de que ninguém viu


que estava vazio, eu me levantei e fui até o garçom mais próximo
de mim, que ainda estava com uma bandeja cheia de taças de
champanhe. Esquivando-me e gritando uma saudação às
pessoas com quem cruzava, cheguei a ele em questão de
segundos e troquei minha taça por uma nova sem problemas,
sem que ninguém se desse conta.

Assim que tomei meu primeiro gole da nova taça, Remy


―uma das minhas parentes não relacionada pelo sangue‖ passou
com outra garota.
— Eu adorei seu discurso — Informou a garota com um
sorriso provocador enquanto passava sua mão pelo meu peito,
com as unhas mais compridas e vermelhas que eu já vi.

— Diabos, você é uma gracinha. — Então, piscou e


continuou andando; com cada passo que dava seu vestido
dourado se tornava mais curto e se ajustava confortavelmente
em seus quadris exuberantes e sua cintura fina.

Sem afastar o olhar, agarrei o braço de Remy, segurando-a


do meu lado.

— Quem é essa?

— Essa é Carmen. Minha prima. — Quando minhas


sobrancelhas se levantaram com interesse, Remy me deu um
tapinha na bochecha e sorriu.

— OH, querido. Nem sequer se incomode. Ela tem vinte e


seis anos.

Uma diferença de oito anos. Ah, isso não era um problema


para mim. Inclinando minha cabeça para um lado para estudar
a bela e curvada parte traseira da Carmen, de vinte e seis anos,
eu lhe falei:

— Não tenho problemas com a experiência e ela me


paquerou. Não foi?

OH sim, ela definitivamente paquerou.

A voz de Remy foi fria quando respondeu:

— Carmen paquera com qualquer coisa com um pênis.

Sorrindo, eu dirigi minha atenção para ela.


— Bom, eu tenho um desses.

— Jesus! — Ela enrugou seu nariz e imediatamente se


afastou de mim. — Eu não quero ouvir sobre suas desagradáveis
partes de menino. — Então bateu em meu braço com um
suspiro maternal.

— ... não diga que não avisei porque ela pode ser uma
devoradora de homens.

Quando ela se afastou para conversar com sua prima,


gritei:

— Não se preocupe. Ela pode me comer quando quiser.

Ela apontou de novo para mim.

— Comporte-se, jovenzinho.

Ah! Claro. Isto era um casamento, a melhor oportunidade


para se conectar com mulheres solitárias que procuram um
pouco de amor. E eu era o tipo de homem que as ajudava a
perceber que era perfeitamente bom estar sozinhas e solteiras.

Comportar-me era meu último pensamento. De fato, eu


precisava de um pouco mais de mau comportamento do que
queria admitir esta noite. As coisas em casa ficaram um pouco
intensas ultimamente. A fuga temporária era crucial.

— Ei, não é uma taça nova de champanhe, é?

Eu parei no gole que estava a ponto de tomar para enviar a


Brandt um olhar inocente enquanto ele caminhava para mim,
uma das mãos no seu bolso, a outra segurando sua própria
taça.

— Claro que não.


Ele nem fingiu acreditar em mim.

— Não deixe Noel te pegar. Você sabe que ele está sendo
um idiota ultimamente.

Assenti e tomei outro gole. Sim, eu sei. Nosso irmão mais


velho tinha muitas razões para estar nervoso, mas droga, eu
estava esperando que ele se acalmasse.

— Eu moro com ele — afirmei secamente. — Não precisa


me lembrar.

Brandt se aproximou, seu olhar se nublou de preocupação.

— Aspen ainda não está melhor, não é?

Incomodá-lo com desgraças e tristezas no dia do seu


casamento não era o que eu queria, mas na realidade não existia
nenhuma forma de adoçar isso. Sacudi a cabeça
miseravelmente, terminei minha taça e depois roubei a dele,
deixando-o com a vazia.

Ele não pareceu se importar. De qualquer forma, ele


parecia mais preocupado enquanto me olhava engolir seu
champanhe.

— Ele a levou de volta ao médico?

Abrindo a boca, eu pensei em lhe dizer que não queria falar


sobre isso. Esta noite era para celebrar e ser feliz. Poderíamos
voltar a nos preocupar com nossa cunhada amanhã. Pelo menos
uma noite, eu queria me esquecer dessa merda. Os problemas
de Aspen não iriam a lugar nenhum, ainda estariam ali amanhã.

Mas antes que pudesse tentar distraí-lo, o marido de Remy,


Asher, se juntou a nós.
— Homem — Ele bateu seu cotovelo em Brandt. — Juli não
consegue parar de te olhar esta noite.

— Juli? — Esse nome chamou minha atenção


imediatamente. — Julianna está aqui?

Segui o olhar de Asher para uma mesa mal iluminada no


canto de trás que fazia fronteira com a pista de dança. Estava
vazia exceto por uma pessoa, uma das pessoas mais bonitas
para a graça do planeta.

Eu não tinha nem ideia de como fazia, mas Julianna


Radcliffe sempre se arrumava para parecer em partes iguais,
desdenhosamente intocável e como um sonho molhado sexy.

Esta noite, seu vestido era puro pecado. A saia longa de cor
cinza claro, com uma fenda frontal, expondo uma perna
perfeitamente tonificada e a parte de cima que abraçava seus
orgulhosos e amplos peitos. A palidez do seu vestido fez com que
o tom da sua pele parecesse ainda mais escuro do que de
costume, o que fez com que meu estômago se agitasse de tensão
porque eu queria investigar toda essa escura e brilhante pele,
ver como ela parecia sob minhas mãos, como seria na minha
língua, como tremia quando a acariciava.

No entanto, eu sabia sem dúvidas, que não existia


nenhuma maneira disso acontecer porque essa garota era uma
dor de cabeça. Você podia distinguir pela forma reta e
equilibrada em que ela se sentava como se estivesse atrás de
uma mesa de reuniões, distribuindo punições para seus
subordinados inferiores e pela maneira como não tolerava
estupidez ou jogadores. Juro, somente com o seu olhar, poderia
transformar um garoto do nada em desamparado. Normalmente
eu tinha o desejo de esconder minha idiotice toda vez que falava
com ela.

E, no entanto, era um desafio irresistível para idiotas como


eu. Não só porque era um modelo digno de atordoamento. Nada
nela se encontrava fora do lugar. Mas porque sua impecabilidade
sempre me deu o impulso de arruiná-la... da melhor maneira
possível. Eu sentia a necessidade de ser a exceção à regra, que
superava suas defesas e escalava essa montanha impossível de
equilíbrio e perfeição.

— Merda — Grunhiu Brandt.

Olhei para ele, forçando meu cérebro de volta ao problema


em questão, que era Julianna e sua incapacidade de tirar os
olhos do meu irmão recém-casado.

— Não se passaram meses desde que terminaram? —


Perguntei, confuso.

Ele me deu um olhar penetrante.

— Terminamos? Nunca começamos. Não há nada para


terminar. Com Juli, nós nem sequer terminamos o único
encontro em que fomos.

Asher bufou.

— Bom, parece que ela ainda está disposta a terminá-lo.

— Diabos. — Brandt olhou para sua esposa. — Espero que


Sarah não a veja me olhando. Não quero que nada a irrite no dia
do nosso casamento.

Asher sacudiu a cabeça.


— Então por que convidou a Juli?

— Eu trabalho com ela. — Brandt puxou a gola do seu


smoking.

Parecia estranho para mim que alguém tão bonito


trabalhasse em um clube noturno como garçonete. Para mim,
Julianna claramente pertencia a uma passarela, mostrando a
última moda, o...

— Seria estranho convidar todos os outros do clube e


deixá-la de fora. Além disso, continuamos sendo amigos. Ela é
minha colega de trabalho favorita.

— Ei — Murmurou Asher, ofendido já que trabalhava


ocasionalmente na boate Forbidden com Brandt também.

Brandt revirou os olhos.

— Você não conta.

Mas isso só pareceu confundir mais Asher.

— Por que eu não conto?

Ignorando-o, Brandt levou a mão à boca roendo sua unha.

— Temos que distraí-la de algum jeito. Alguém tem que... —


Ele se calou e virou-se lentamente para mim, a intenção em seu
olhar era bem clara.

Parei no meio de um gole.

— Espera; o que? Você não pode querer que eu a distraia?

— Você é o único que está sempre paquerando com ela —


Ele sussurra.
— Porque ela odeia — Murmuro em resposta. — É divertido
irritá-la e ver como sua pressão arterial sobe. — E realmente era
divertido, saber que eu podia fazer uma mulher tão
impecavelmente controlada ficar desequilibrada, disparava uma
carga de adrenalina em mim.

Em qualquer outra noite, eu teria amado ir incomodá-la e


vê-la perder sua sanidade. Sempre senti a necessidade de
paquerar e sorrir em cada oportunidade que tive. Mas a verdade
é que não acho que ninguém tenha odiado tanto minha
personalidade encantadora ou adorável sorriso tanto quanto ela.
E esta, não era uma noite muito boa para que eu assumisse esse
tipo de abuso. Eu precisava subir meu ânimo, então tinha
outros planos, como uma conexão de casamento bêbada e
quente.

Cuidar da não ex do meu irmão não estava na agenda.


Brandt não pareceu se importar.

— Então vá irritá-la. Apenas... faça qualquer coisa para


manter sua atenção longe de mim. Merda, pensei que ela tivesse
me superado. Ela falou que o navio zarpou. Isso não significa
que ela perdeu o interesse?

Eu reviro os olhos.

— Não, idiota. Isso significa que ela está tentando levantar


a cabeça e te fazer pensar que perdeu o interesse, porque sabe
que você o fez. Jesus, é como se você não entendesse às
mulheres.

— Cale-se, idiota. — Ele bate na parte de trás da minha


cabeça. — Eu entendo a Sarah e isso é tudo o que preciso
entender. Agora vá lá e faça com que a Juli esqueça que eu
existo.

Eu olho ansiosamente para o outro lado do salão.

— Mas eu tentaria me enroscar com a prima da Remy, a


Carmen esta noite.

— Que porra é essa? Você não tem chance com a Carmen.


Vá falar com a Juli.

— E você acha que tenho uma chance com a Juli? — Bufei.

Quando os porcos voarem. Se ela era um restaurante cinco


estrelas, então eu seria um carrinho de cachorros quentes,
comandado por um cara gordo com axilas suadas.

— Amigo — Asher sacudiu a cabeça — Também não tem


nenhuma chance.

Agora foi minha vez de me ofender.

— Ei.

Sim, eu me senti ofendido, embora fosse verdade.

Brandt suspirou.

— Você não está tentando ficar com a Juli, merda. Estará


apenas acompanhando-a, assim ela parará de me olhar. —
Quando enruguei o nariz, meu irmão me agarrou pelas lapelas
do meu smoking e me sacudiu. — Quer que sua nova cunhada
comece seu casamento com alguma dúvida, especialmente
quando não há razão para que ela a tenha?

Gemendo ante sua dramatização, rolei os olhos.

— Sarah é mais inteligente do que isso.


— Sim ela é, mas não quero correr o risco de que nada a
incomode. Entendido? Agora leve sua bunda até lá. — Ele me
empurrou o suficiente para que eu me afastasse dele na direção
da Julianna. De qualquer forma eu já decidi ir, ele acrescentou:
— Você me deve isso.

Bom, merda.

Engoli saliva e assenti antes de baixar o olhar.

— Certo. Muito bem, eu vou. — Eu me afastei dele, com


minhas mãos levantadas em rendição.

Eu devia a Brandt muito mais que distrair uma garota


bonita. Mas quando me virei para me aproximar da Juli, fiz uma
pausa, nauseado por toda a coisa de “você me deve‖.

Eu pensei que já tivesse acabado. Ele falou que havia


superado. Até pediu para que eu fosse seu padrinho para
mostrar que passou muita água debaixo da ponte. Ainda me
perseguia, sim, mas pelo menos eu me consolava com o
conhecimento de que ele havia superado isso.

Mas como poderia ter superado se agora expunha isso?


Maldição, isso não terminou.

Respirando fundo, olhei ao redor do salão de recepção para


toda a família e amigos que eu conhecia tão bem. Desde que me
mudei para esta cidade quando tinha oito anos, fiz um lar aqui.
Era meu lugar de consolo e apoio, meu refúgio seguro.
Entretanto, quando meu olhar se moveu para os rostos
familiares, não pude deixar de imaginar o que pensavam de mim
agora que sabiam, como tinha certeza de que a maioria sabia.
Nada permanecia em segredo muito tempo em nosso grupo.
Queria me afastar para algum lugar tranquilo e lamber
minhas feridas, mas uma música começou e as pessoas
aplaudiram quando Brandt levou a Sarah para o centro da pista
de dança para dançar. Olhando-o, eu me lembrei da minha
missão e a contragosto voltei minha atenção para Julianna.

Eu poderia esconder minha própria miséria atrás do meu


sorriso galanteador e atitude despreocupada. Era o que eu fazia,
era nisso que me sobressaía. Então era o que faria agora. Brandt
precisava de mim aqui, com ela, então era aqui que eu ficaria.

Julianna olhou para ele de novo, sorrindo da maneira mais


triste, como se amasse o que via e ainda doesse continuar
olhando. Miséria estava gravada em cada centímetro das suas
feições. O conjunto rígido dos seus ombros nem sequer parecia
tão equilibrado e gentil como costumavam ser. Era como se
estivesse tentando muito, lutando para se conter e prestes a
explodir a qualquer momento.

Com um suspiro, balancei a cabeça. Pobre garota. Na


verdade, eu me sentia mal por ela. Era um desastre e nem
sequer sabia.

Ela realmente precisava que eu a salvasse.

Isso seria muito doloroso, para permitir que continuasse.


Ela deveria fugir desta recepção antes que eles começassem a
demonstrar seus sentimentos apaixonados e ternos. E como não
conhecia mais ninguém que pudesse incomodá-la e fazê-la fugir
mais rápido do que eu, então eu era o cara certo para ela.

Seria como um ato de piedade.


Ok, então já que as conexões de casamento e o mau
comportamento estavam claramente fora do jogo esta noite. Era
hora de ser encantador por uma razão diferente.

Girando meu pescoço de um lado para o outro, rodei meus


ombros enquanto vagava em direção a Julianna.

— É melhor que esteja pronta para mim, boneca. — Eu


murmurei porque estava a ponto de dar uma grande dose de
Colton Gamble ao extremo.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Às vezes às coisas ruins que acontecem em nossas vidas


nos levam diretamente às melhores coisas que acontecerão
conosco. — Autor desconhecido.

JULIANNA
Eu não deveria estar aqui.

Estive me dizendo variações desse mesmo sentimento


durante todo o dia, começando com: eu não deveria ir, enquanto
me vestia para o casamento, até: que diabos estou fazendo?
Enquanto entrava na igreja. E aqui estava eu agora, ainda cheia
de um pesar torturante enquanto me encontrava sentada
sozinha em uma mesa redonda durante a recepção e assistia um
monte de gente branca tentando dançar “Cha Cha Slide”.

Isso era doloroso por conta própria.

Exceto pelo noivo. Ele estava adorável tentando aperfeiçoar


o Charlie Brown. Eu podia dizer que ele estava na pista de dança
apenas para entreter a noiva, que estava sentada em sua cadeira
de rodas a poucos metros diante dele e cobrindo a boca com as
mãos enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas de tanto
rir.

Um sorriso relutante puxou meus próprios lábios. Sim, era


muito fofo a forma que ele tão entusiasmadamente se envolveu
na música, sacudindo o traseiro para ela. E seu smoking se
assentou como um pecado em uma casquinha de sorvete. Fazia
com que uma garota quisesse chupar...

Não que alguma vez eu tivesse chupado.

Embora fosse a única mulher assistindo, além da noiva,


que teve um encontro com Brandt. Bom, a metade de um
encontro que foi interrompido por, já sabe, a noiva, e nunca
conseguimos marcar de novo antes que ele percebesse onde seu
coração estava.

Eu não culpava à nova senhora Gamble por arruinar meu


encontro e esmagar o que poderia ser um grande e apaixonado
romance. Realmente não.

Mas a coisa era, eu gostava de Brandt Gamble. Eu gostava


muito, o suficiente para talvez, quebrar minha regra de cinco
encontros antes de ir até o final, no caso se o primeiro tivesse
chegado ao final. Entretanto, ele nunca me deu sequer um beijo.
Aposto que ele beijava bem. Seus lábios pareciam do tipo suave
que faziam os dedos dobrarem assim que estavam há um metro
de você.

Ele era quase perfeito em todos os sentidos. Bonito, alegre,


amável, compassivo, trabalhador, sociável e rude apenas o
essencial para ser totalmente masculino e atraente.
Olhando à medida que a música terminava e ele avançou
para pressionar os lábios de aparência suave contra os da sua
esposa, engasguei, me sentindo mal pelo que estava pensando.

Quem em sã consciência assistia um casamento para ver


seu amor casar-se com outra pessoa?

Eu, aparentemente.

Eu fui uma idiota. Deveria apenas pegar minha bolsa, me


levantar e sair imediatamente. Eu era melhor do que isto. Se eu
colocasse meu coração nisso, poderia conseguir qualquer
homem que quisesse. Não precisava ficar deprimida por alguém
que não estava disponível...

Do outro lado da mesa diante de mim, um homem de


smoking sentou-se de uma maneira descuidada e bêbada,
dizendo:

— Olá, sexy.

Olhei para o rosto do homem apenas para gemer em


miséria. Não um homem. Só um garoto. Apenas um garoto
arrogante e muito atraente para seus dezoito anos.

O padrinho, também conhecido como o irmão mais novo e


irritante de Brandt, erguendo as sobrancelhas de forma
apaixonada.

— Você parece boa o suficiente para ter no café da manhã,


almoço e jantar. E essa fenda em sua saia, chegando até a
metade da coxa... Humm boneca, esteve me deixando louco toda
a noite.
Deus, me mate agora. Se havia algo pior do que ver o cara
pelo qual suspirava se casando com outra mulher, tinha que ser
passar um tempo na companhia de Colton Gamble.

— Por que...? — Exigi, olhando para ele com tanta raiva,


que esperava que entendesse a dica e se comportasse pela
primeira vez em sua vida. — Você não pode apenas dizer que
pareço bem?

— Bem? — Ele bufa, seus olhos marrons brilham com


deleite. — A noiva parece bem. Minhas irmãs e sobrinhas
pequenas parecem bem. Você... não, não se parece bem. Você
parece deliciosa.

Contra minha vontade, calor se enrolou no meu estômago.


Isso é o que mais odiava em Colton. Ele podia lidar com os
aborrecimentos e inconvenientes e deixá-los de lado sem outro
pensamento. Era o jeito que seu olhar podia fazer com que
minhas coxas tremerem e meus seios ficarem pesados, que me
fazia querer golpeá-lo.

Ele era a antítese completa do irmão. Enquanto Brandt era


mais humilde a respeito da sua aparência, Colton era consciente
do seu apelo e gostava de ressaltá-lo. Brandt parecia trabalhar
por tudo o que conseguiu, enquanto Colton possuía uma espécie
de preguiça, como se sentasse e deixasse o mundo vir até ele.
Sua personalidade era tão forte e dominante, que eu não tinha
certeza do que era importante para ele, exceto talvez ele próprio,
enquanto Brandt expunha seus sentimentos pelos outros. A
presença de Brandt era relaxante e fácil de manusear, enquanto
estar perto do Colton sempre fazia tudo em meu interior se
enrolar e apertar com... Nem sei o que. Desconforto? Pavor?
Consciência? Excitação?

Seja o que for, eu odiava isso. E o que é pior, juro que ele
sabia o quanto isso me afetava. Seu rosto sempre carregava
aquele sorriso arrogante e presunçoso, como se pudesse ler cada
pensamento sujo na minha cabeça. Eu odiava isso também...
quase tanto quanto odiava ele.

Ok, talvez não o odiasse, eu nem sequer o conhecia


realmente, mas podia ficar sem toda a maldita confusão que ele
causava dentro de mim. As confusões eram apenas...
desagradáveis. Eu odiava confusões. Eu era o tipo de garota que
cresceu sob ordem e controle. Você só precisa olhar para Colton
para saber que essas coisas não existiam em sua área de
especialização.

Ele apoiou os cotovelos na mesa e o queixo em uma das


mãos enquanto me olhava pensativo.

— Você também parecia solitária aqui sentada toda sexy e


sozinha. Então decidi que não podia permitir isso.

Ignorei como era doce que estivesse preocupado com meu


bem-estar, e lhe enviei um olhar seco.

— Eu estou bem.

Ele levantou uma sobrancelha, lançando um olhar intenso


que fez meu interior se contorcer, como se eu pudesse senti-lo
remexendo meus pensamentos mais íntimos.

— Está?
Inalando, afastei meu olhar e verifiquei o salão, precisando
me focar em algo mais. Quando vi Brandt levando sua noiva
para o bolo, pisquei rapidamente.

Não. Não, eu não estava bem. De jeito nenhum. Eu era


uma bagunça solitária por dentro e odiava isso.

Desastroso Juli, desastroso. Não podíamos aceitar isso.

Do outro lado da mesa, Colton se inclinou para mim.

— Diga-me uma coisa, Julianna. O que você faz aqui?

Sua pergunta me fez entrecerrar os olhos. Voltando minha


atenção para ele, neguei com a cabeça, confusa.

— O que você quer dizer? Era aqui que estava marcado


meu nome no cartão. — Eu levantei o cartão e mostrei o nome
Julianna Radcliffe impresso cuidadosamente na folha dobrada.
— Onde mais eu sentaria?

Mas ele negou com a cabeça.

— Não. Não nesta mesa, aqui. O que você está fazendo


neste casamento, aqui?

Meus lábios se separaram. Sentindo-me repentinamente


indesejada e pequena, entrecerrei os olhos para a fonte deste
sentimento horrível.

— Eles me convidaram — Respondi.

Colton suspirou e olhou para o teto um momento antes de


encontrar o meu olhar e murmurar:

— Isso não significava que tinha que vir.


— O que? — Endireitando as costas e elevando o queixo,
ela perguntou: — Você tem algum tipo de problema comigo,
pequeno Gamble?

Ele riu. O idiota estava a meio segundo de me fazer chorar


e fugir dessa recepção estúpida com o rabo entre as pernas e
teve a audácia de rir na minha cara. Imbecil. Eu devia arrancar
seus olhos. E todo este tempo, achava que ele gostava de mim
quando me paquerava sem piedade. Toda vez que me via, na
verdade, ele fazia comentários sobre querer entrar em minhas
calças.

Saber que ele não me queria aqui fez com que me sentisse
traída por todos os seus atos de sedução anteriores. Fez eu me
sentir como se ninguém me quisesse, em nenhum lugar.

Como se ninguém nunca me quisesse.

Mas então ele falou:

— Claro que não, eu não tenho nenhum problema com


você. — Ele fez uma careta em confusão e inclinou a cabeça para
o lado. — O que? Não deixei isso bem claro a cada segundo que
passei na sua companhia? Porque sabe, eu posso tentar mais.

— Meu Deus, não! — Contra minha vontade, meu corpo


ficou aliviado ao saber que não odiava-me, o que incomodou,
porque não queria preocupar com o que ele pensava de mim. —
Então, qual é o seu maldito problema? — Exigi, cerrando os
dentes, já que me importava muito mais do que queria.

Eu não queria gostar disso, me deixava louca saber que ele


era o único em quem podia me concentrar ou pensar uma vez
que o notava em uma sala. É como se o idiota tivesse roubado
minha atenção e eu odiava isso. Mas não podia parar.

— Não tenho um problema — Ele respondeu


tranquilamente, me fazendo rosnar de aborrecimento. — Estou
curioso para saber por que decidiu se torturar e assistir este
casamento só para ver o cara pelo qual é louca se casar com
outra pessoa.

Eu fiquei congelada.

Rezando para que ele não tivesse acabado de dizer o que


sabia que ele falou, olhei para Brandt, apenas para voltar com ar
de culpa para Colton, que levantou uma sobrancelha
desconfiada, esperando minha resposta.

Então tomei um longo e lento gole da minha taça de


champanhe, quase a esvaziando e depois a coloquei de novo
sobre a mesa antes de voltar minha atenção para Colton.

Com uma risada divertida, lhe perguntei:

— O que faz você pensar que estou louca pelo Brandt?

Ele solta uma gargalhada, jogando a cabeça para trás,


fazendo as pessoas de outras mesas nos olharem. Apertei os
dentes um pouco mais, tentando não me afundar no chão de
vergonha enquanto ele lentamente se endireitou o suficiente
para dizer: — Essa foi muito boa. — Limpando uma lágrima do
seu olho, ele sacudiu a mão. — Você não tem sentimentos por
Brandt. Porra, essa é a coisa mais engraçada que ouvi a noite
toda. Mas falando sério, não precisa bancar a tonta comigo. Eu
sei que você gosta. Eu assisti você olhá-lo fixamente durante uns
dez minutos seguidos antes de eu vir aqui para te resgatar.
— Não eu... — OH, merda. Eu estava olhando, não é? —
Ele é uma das únicas pessoas que conheço aqui — Respondi na
defensiva. — E é o noivo. Para quem mais eu olharia?

Colton sorriu.

— Você poderia me olhar.

— OH, Jesus. Sério? — Eu revirei os olhos e peguei minha


bolsa no centro da mesa para sair. Já era muito humilhante ser
flagrada encarando, mas o flerte patético do Colton acima de
tudo foi o que completou minha noite. Esta noite estava muito
irritante para continuar.

— Ei, espera. — Ele se moveu para frente, agarrando


minha bolsa antes que eu pudesse colocar minhas mãos sobre
ela.

Eu o fulminei com o olhar.

— Que droga, Colton. Entregue minha maldita bolsa.

Ele não o fez. Sorrindo, ele apertou-a contra o peito antes


de segurá-la com um dedo.

— Me dê apenas um segundo. Eu tenho uma ideia. E se eu


soubesse como te ajudar a superá-lo?

Suas palavras causaram meio segundo de pausa devido à


encantadora tentação que despertaram. Eu não gostaria de mais
nada no mundo do que parar de me perguntar "e se" toda vez
que estava perto do Brandt.

Sentando , cruzei os braços sobre o peito, seguindo o jogo


na tentativa de recuperar meus pertences.

— É mesmo? E como sugere que eu faça isso?


Com um encolher de ombros, ele falou:

— Da mesma forma que qualquer mulher supera um cara


que ela gosta. Se envolvendo com outro idiota sortudo para tirá-
lo da mente, é claro. — Sorrindo, levantou a mão. — De fato, eu
me ofereço como prêmio de consolação.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

É incrível como um dia alguém entra na sua vida e você não


consegue se lembrar de como viveu sem ele. — Autor
desconhecido

JULIANNA
Não posso evitar. Minha cabeça vai lá. Demorou uns bons
três segundos imaginando como poderia ser estar com Colton
Gamble, o que vergonhosamente, não era a primeira vez que me
perguntava isso. E tive que admitir, não tinha como ficar
confusa, com ele nunca seria chato ou sério. O garoto possuía
um jeito de me fazer prender a respiração só de olhar para mim
como se ele soubesse coisas... quentes, pervertidas e excitantes,
coisas deliciosas que não experimentei em um longo tempo, ou
talvez nunca.

Ele nunca colocou a mão em mim, mas eu sabia que se


permitisse, aquelas mãos estariam em todos os lugares. Suas
mãos pareciam travessas e experientes, grandes e com dedos
esbeltos, como as mãos de um mágico que fazia todo tipo de
coisas interessantes e fugazes diante de seus olhos e em
seguida, te surpreenderia com o truque real sem que você sequer
se dê conta disso, até que bam! Orgasmo central.

Meu corpo de repente queria que essas mãos tirassem um


coelho da minha cartola.

O que me fez piscar com culpa e apertar as coxas


inconscientemente enquanto o olhava. Mas falando sério, por
que ele faria isso por mim? ele nem sequer propôs isso a sério e
aqui estava eu, sentindo cócegas e pontadas pelas meras
sugestões que ele colocou na minha cabeça.

O cretino.

Também não tenho certeza do por que realmente pensei


que ele poderia ter tido algum tipo de plano legítimo para me
ajudar a superar meu amor tolo por seu irmão. Eu deveria saber
que ele estava apenas tentando sair com outra de suas cantadas
estúpidas e vazias.

— Devolva a minha bolsa, idiota.

Quando estendi a mão, ele suspirou e surpreendentemente


me entregou sem nenhuma resistência, o que me decepcionou
tanto quanto me surpreendeu. Espera, eu falei que me
decepcionou, certo? Eu não quis dizer isso.

E, no entanto, de certo modo sim.

— É o proibido? — Ele perguntou quando apertei a bolsa


contra meu peito, singularmente consciente do calor que
secretamente emanava dela já que ele a esteve segurando.

Eu planejei sair rapidamente e ir para sempre, mas sua


pergunta me fez hesitar.
— Desculpe-me?

— O fato dele não estar disponível. — Colton girou a mão


para explicar. — Você não é uma daquelas mulheres que só
querem um cara quando ele já está outra pessoa, certo?

— O que? — Eu fiquei boquiaberta, incapaz de acreditar


que ele estava me perguntando isso. Doía que ele sequer
pensasse assim de mim. — Bom Deus, não.

— Porque, você sabe — Ele continuou a conversa como se


eu não tivesse falado — Faria sentido o porquê nunca me quis.
Talvez eu esteja disponível demais.

Eu nunca o quis? Hum. Eu quase ri na sua cara por essa.

Mas que coisa, se ele não percebia que eu tinha todos os


tipos de pensamentos sujos sobre ele, então... sim, eu manteria
dessa forma. Quem sabe o quanto sua cabeça grande cresceria
se suspeitasse dos devaneios sexys e proibidos que já tive.

No entanto, pensar nele dessa maneira sempre fazia eu me


sentir culpada, como se estivesse traindo meus antigos
sentimentos por seu irmão ao ter aqueles pensamentos, o que na
realidade era muito fodido.

Mas com toda seriedade, se alguém colocasse o sex appeal


de Colton na personalidade do Brandt, meus ovários teriam
explodido meses atrás.

Quando notei que Colton estava me observando como se


estivesse esperando uma resposta, foi que percebi que meus
pensamentos foram para lugares que nunca deveriam ir, merda.
Limpei minha garganta.
— Eh... Não. Sinto muito estourar sua bolha, mas não sou
assim. E honestamente, você é cinco vezes mais proibido do que
seu irmão.

— Sério? — Com os olhos brilhando de interesse, ele se


aproximou. — Isso parece excitante. Por que eu sou proibido?

Maldição, por que eu falei isso? E por que sinto


necessidade de explicar? Eu sabia que me arrependeria de
entrar nessa discussão, mas não podia evitar. O garoto puxava
a lutadora em mim. Era como se soubesse que eu adorava um
bom debate.

— Bom, em primeiro lugar, você é menor de idade.

— Errado. — Ele fez um daqueles sons de campainha antes


de sorrir. — Mas sabe que agora sou legal.

— Claro que não. Você não pode beber álcool até que tenha
vinte e um, amigo.

— Mas sou adulto o suficiente para votar, ir à guerra e ter


todo o sexo consensual que quiser, que é o que realmente conta.

Sim, eu sabia que estava com dezoito. Ele fez a contagem


regressiva toda vez que visitava o bar onde eu trabalhava. E
então, no mesmo dia em que completou, me convidou para sua
grande festa de aniversário, me assegurando de que faria "valer
meu tempo" se eu aparecesse, o que não fiz.

— Você ainda é quatro anos mais novo que eu, doçura. —


Ou quase quatro anos, o que é muito jovem para mim. Ele
estava começando a louca e bêbada fase universitária e eu me
encontrava pronta para terminar e me estabelecer. Nossos níveis
de maturidade tinham que estar em polos opostos.

— Droga. — Ele estremeceu e colocou uma das mãos sobre


o coração. — Eu gosto quando me chama de doçura. Faz com
que todos os pelos em minha cueca se arrepiem.

Viu, é por isso. É por essa razão. Era exatamente esse tipo
de comentário imaturo que me desanimava; normalmente;
exceto... maldição... quando ele dizia, despertava um
estremecimento interno em mim.

Entretanto, franzi o cenho.

— Se acha que esses comentários desagradáveis


impressionam, você está enganado.

Ele deu de ombros.

— Ou talvez você goste dos meus comentários, mas não


quer admitir o quanto, então diz que são desagradáveis para
esconder sua verdadeira apreciação... sobre ... os meus
comentários.

Ora, ora, ele era bom. Mas balanço a cabeça de qualquer


maneira.

— Você é tão delirante.

— Definitivamente. — Ele piscou um olho. — O que mais


você tem?

— O que você quer dizer com o que mais eu tenho? — Ele


realmente queria que eu lhe dissesse mais insultos
repugnantes?
— Meu status proibido. — Estalou os dedos, me
incentivando a voltar para minha lista. — Você falou em primeiro
lugar a coisa da idade, me levando a acreditar que havia mais de
um aspecto que me faz tão proibido quanto excitante. Então, o
que mais você tem boneca? Deixe cair sobre mim, grosso e
pesado, ou você sabe, apenas caia você mesma sobre mim.

Enviei-lhe um olhar seco, embora por dentro tenha


estremecido, sentindo que a palavra boneca fazia cócegas em
partes da minha própria anatomia, o que me irritava totalmente.
Vindo da boca de qualquer outro imbecil, boneca me
incomodaria. Quer dizer, que apelido estúpido, não é? Mas vindo
tão divertidamente do Colton parecia não sei, excitante.

E caia em cima de mim você mesma? Sério? Essa deveria


ser uma frase fraca, patética e ridícula. Mas tudo que podia
imaginar era me arrastar em cima dele, com minha bunda nua e
coloca-la sobre ele... grosso e pesado.

E me senti mal. Tão, tão mal.

Então desviei o olhar e mordi o lábio, incapaz de pedir para


que ele parasse de se comportar mal, porque eu sabia que ele
continuaria, com mais força do que nunca, se soubesse o
quanto me afetava.

Exceto, que eu não poderia dizer a maior razão dele ser


proibido.

Eu sabia que casais inter-raciais já não eram um grande


dilema no grande esquema das coisas, mas onde cresci, cada
grupo estava basicamente preso à sua própria classe. Meus
amigos me incomodariam sem piedade, eu ficaria muito
envergonhada para sequer apresentá-lo. E, além disso, com o
pai que eu possuía, bom... apenas digamos que não tinha
certeza de como ele reagiria se eu levasse um cara branco para
casa.

Além disso, havia o fato de que um cara me falou uma vez


"Eu não saio com garotas negras", sendo que eu nem sequer
pensei que estava flertando, o que me fez sentir que valia menos
que um mofo. Mas também me fez ficar curiosa para saber o que
tornava aquele porco tão especial para que eu não fosse boa o
suficiente para ele ou sua turma. Também me fez querer mostrar
a ele, encontrar um cara branco que pensasse que eu era tudo e
esfregar naquele cara de bunda, provar que eu valia a pena para
quem quisesse.

Embora, eu loucamente nunca tenha perseguido


ativamente um cara branco, não até conhecer Brandt, mas isso
não tinha nada a ver com as aulas ou cores, mas com o quão
absolutamente perfeito ele era. Além disso, em algum lugar lá no
fundo, acho que sempre soube que eu e ele nunca chegaríamos
a nenhum lugar. Era mais um sonho dourado porque ele
possuía muitas qualidades do meu homem ideal dos sonhos:
bonito, amável, agradável, nada egocêntrico, trabalhador e
honesto. Então eu tinha que tentar, é claro, mas também estava
ciente desde o começo que ele era muito bom para ser verdade.

No entanto, ao pensar em Brandt olhei para o Colton.

— Eu saí com seu irmão. Então se você e eu nos


envolvêssemos depois disso seria... estranho... de todas as
formas.
— Meio encontro — Colton falou com um movimento da
sua mão. — Não conta.

— Que seja — Argumentei. Fui eu quem convidou Brandt


para sair, quem começou a paquerar, imaginou um
relacionamento e sonhou fazer coisas sujas e travessas com ele.
Envolver-me com seu irmão depois disso seria além de estranho,
real e desconfortavelmente depravado.

Não seria?

Já me sentia culpada o suficiente por pensar em Colton do


jeito que fazia, então sim... sim, seria errado.

— Você fodeu com ele? — Perguntou Colton.

Engasguei antes de ofegar.

— Depois de meio encontro? Nossa, não acredito nisso. —


Que tipo de garota ele achava que eu era?

Colton continuou:

— Trocou saliva com ele?

Pisquei.

— Troquei o que?

— Beijos? Sua boca ou língua chegou perto da sua boca ou


língua?

Suspirando pesadamente, respondi.

— É claro que não.

Os ombros de Colton relaxaram. Isso me fez pensar se ele


realmente se sentia aliviado com minhas respostas. Mas então
seu sorriso lisonjeiro, de não me importa nada exceto ele, voltou.
— Então... estamos bem. Próxima coisa proibida?

Cruzando os braços sobre meu peito, ainda não estava


exatamente pronta para levar este assunto para à cama.

— Que tal o fato de que você tem certeza de que estou


apaixonada por ele? Isso não te incomoda? Não ficaria em
dúvida se eu estava pensando nele enquanto estava com você?

— Oh!!! boneca — Ele murmurou, seus olhos brilhando


com um calor repentino — Tudo o que precisa é um gosto de
mim e esquecerá por completo meu irmão mais velho.

Respirei fundo, determinada a mascarar o quão quente sua


segurança deixava meus hormônios.

Com um suspiro de descrença, apontei:

— Viu, é exatamente por isso. Essa atitude arrogante é a


principal razão pela qual você não me excita. Eu não aprecio
isso. — Ou mais precisamente, eu não gosto do quanto apreciei
isso, ou quanto isso dispersava e desordenava minhas emoções.

Ele levantou uma sobrancelha.

— Você não gosta de segurança em um cara? Estranho,


porque Brandt não é exatamente inseguro, entretanto você gosta
dele.

Apertei os dentes.

— Bom, Brandt não age como se fosse um presente de


Deus para as mulheres. Nem anda por aí, arrogante como se o
universo inteiro lhe devesse algo e tivesse que idolatrá-lo. Ele
não tenta agir como alguém além de si mesmo e é por isso que
ele é tão incrível.
Quando percebi que mais uma vez admiti meus
sentimentos por Brandt em voz alta, fechei a boca e olhei para
Colton. Mas a forma contemplativa com que ele me observava
me pegou de guarda baixa.

Inclinando a cabeça para um lado, ele perguntou:

— É assim que você me vê? Como um pavão aborrecido


com um ego muito inflado e sem profundidade?

A pergunta parecia tão sincera e séria, como se minha


resposta realmente significasse alguma coisa para ele.

Abri a boca, mas as palavras não saíram. Eu apenas


pisquei, preocupada em ferir seus sentimentos.

E foi isso que aconteceu com o Colton, não achei que


poderia machucá-lo ou que ele se importava com o que qualquer
um pensasse. Eu presumi que ele era tão arrogante que não
acreditaria, ou levaria a sério qualquer insulto lançado na sua
direção. Mas o fato de que ele escutou cada palavra que eu falei
e parecia analisar meus pensamentos, de repente me deixou
muito desconfortável. Eu não era o tipo de pessoa que saia por
aí ferindo os sentimentos das pessoas intencionalmente e sem
necessidade. Eles tinham que merecer primeiro.

— Eu... eu... — Gaguejei consciente de mim mesma, tentei


sair com algo agradável para atenuar o insulto que acabei de
cuspir, mas minha cabeça estava totalmente em branco.

Eu me senti como uma merda.

— E quanto à parte sobre o presente de Deus para as


mulheres — Colton falou antes que eu pudesse balbuciar mais
sons inarticulados — Eu não sonharia tão alto. Eu só queria ser
um presente de Deus para você.

— OH, Jesus. — Meus ombros caíram. Ele estava


brincando comigo esse tempo todo, tentando me fazer sentir mal
por machucá-lo? Agora eu queria estrangulá-lo de novo. —
Porra, você é tão chato.

Ele apenas deu de ombros, seus olhos brilhando


maliciosamente enquanto seu sorriso crescia lentamente.

— Deus deve ter pensado que um chato era o que você


mais precisava.

— Eu não acho que Deus queria que você incomodasse


ninguém.

— Humm. Talvez. Eu aposto que ele sabia que você gostaria


tanto de discordar comigo, quanto eu gosto de não concordar
com você.

Eu respirei fundo e minha pele formigou com consciência.


Eu não queria saber que o animava brincar comigo. E
certamente não queria que ele soubesse que eu gostava também,
ou que tudo dentro de mim se sentia muito vivo neste momento.

Franzindo o rosto o máximo que pude para esconder a


emoção que fluía através das minhas veias, murmurei:

— Eu não gosto de discordar de você.

— Ela diz isso enquanto sua pele se avermelha e seus olhos


brilham com vitalidade enquanto... ela não concorda comigo
outra vez — Ele murmura teatralmente.

Bufei e franzi a testa de verdade desta vez.


— Bom... tente dizer algo decente e talvez eu concorde com
isso.

— Está bem. Eu gosto dos seus brincos.

— OH... cale a boca. — Percebendo que eu não parava de


brincar com eles, deixei cair minha mão.

Mas sério, por que diabos ele mencionou meus brincos de


todas as coisas? Eu os usava porque eram meus próprios mini
cobertores de segurança disfarçados. Não queria chamar a
atenção. Gostaria que ele tivesse comentado sobre qualquer
outra peça de joalheria que eu usava — Prendedor de cabelo de
pérolas, colar de borboleta, bracelete, tornozeleira, anéis,
qualquer coisa — limpei a garganta e terminei minha taça de
champanhe, apenas para entrar um pouco em pânico, porque
acabou.

— Aqui, pegue a minha. — Colton estendeu uma taça sobre


a mesa, quase cheia do líquido borbulhante.

Fiquei olhando-o por um momento antes de aceitá-la com


hesitação ―Eh, ele era menor de idade, não era como se
precisasse dela‖ então engoli sua bebida também.

Ele me olhou com um brilho de satisfação antes de


murmurar:

— Então, sobre esses brincos...?

Limpei a garganta e desviei o olhar. Não percebi que


comecei a brincar com eles de novo até que ele falou: — O que
há de errado com eles? — Eu rapidamente baixei minha mão. —
São apanhadores de sonhos.
Dei a ele uma leve olhada.

— Uau, você é rápido.

Sorrindo ele falou:

— Eu sou. Você tem alguma ascendência nativo


americana?

— Não — Respondi com uma voz entediada, mantendo


minha atenção na pista de dança.

— Então, por que apanhadores de sonhos?

Eu virei meu olhar para ele.

— O porquê é coisa minha. Tudo bem para você?

Ele sorriu.

— Perfeitamente bem. Você costuma ter pesadelos?

Pisquei, não esperando que ele me perguntasse isso. As


pessoas geralmente só assumiam que eu achava que eles eram
elegantes e deixavam por isso mesmo. Mas a forma como ele me
olhava, como se realmente quisesse saber, me fez murmurar:

— Sim, desde que era criança.

Fechei os lábios e respirei fundo.

Por que lhe contei isso?

Ele continuou me observando, fazendo com seu olhar essa


coisa intensa que mexia com minha cabeça.

— Sobre o que sonhava?

A pergunta silenciosa e intensa me fez estremecer. Comecei


a brincar de novo com meu brinco apanhador de sonhos.
— Nada.

— OH, vamos lá boneca. — Ele se inclinou sobre a mesa e


me mostrou seu sorriso mais intenso, o que deve ter lhe dado
qualquer coisa que quisesse no passado. — Sabe que pode me
dizer.

Quando minha boca se abriu para confessar tudo, percebi


uma coisa. Colton Gamble não era mais que uma fachada. Ele
não era o paquerador preguiçoso e sem cérebro que não se
preocupava com nada além dele mesmo. O menino era
enganador, calculista e inteligente, escondendo-se sob uma
camada superficial de capricho para aprender sobre sua presa.
Ele utilizava astutamente sua inteligência para construir sua
rede sem que ninguém se desse conta disso, e depois bam,
atacava.

Quase sentindo os fios sedosos e mortais da sua armadilha


me apertando, tentei desesperadamente pensar em uma forma
de escapar. Depois de limpar a garganta, respondi de forma
evasiva:

— Não importa.

— Isso significa que importa muito — Murmurou Colton


intuitivamente.

Respirei fundo, temendo que ele escavasse mais. Mas ele


parecia estar perdido em sua própria cabeça, um momento antes
de abrir a boca para respirar, como se tivesse algo profundo para
dizer. Quando não saiu nenhuma palavra, inclinei a cabeça para
que ele soubesse que me encontrava pronta para ouvi-lo.
Exceto que ele fechou a boca, inalou ... por seu nariz desta
vez, porque suas fossas nasais aumentaram, e então perguntou:

— Quer dançar?

Eu me inclinei para trás com surpresa, totalmente


despreparada para tal reviravolta na conversa. Meu olhar
desviou para a direita onde outras pessoas riam e se arrastavam
pela pista de dança.

O mestre de cerimônias tocava "The Cupid Shuffle", e se


conhecesse mais que um punhado de pessoas presentes, estaria
lá com eles, dançando ao ritmo da música. Mas meus amigos
não estavam aqui e eu não me sentia confortável o suficiente
para chegar perto da pista de dança.

Então eu respondi: — Não.

— O que? Você não gosta de dançar?

— não quero dançar com você. — Nada fazia uma pessoa


retroceder mais rápido do que um pouco de grosseria. E eu
podia exercê-la como se fosse uma arma mortal. Pareceu-me que
era a defesa mais direta e eficaz quando alguém ameaçava se
aproximar demais, exatamente quando ele entrava diretamente
no meu espaço emocional.

Mas aparentemente, Colton Gamble era resistente à


grosseria.

— Bom, já que essa música tecnicamente é uma dessas


coisas que se dança em grupo, você estaria dançando ao meu
lado e não comigo.
— Não quero dançar — Falei. Eu precisava que ele saísse
para poder recuperar o controle do meu batimento cardíaco,
acalmar meus nervos de novo e matar o salto repentino em
meus hormônios. Não me recordo de ter sentido essa desordem
dentro de mim a um bom tempo. Se não tomasse cuidado,
perderia minha compostura. E para mim, esse era o fim da
civilização como eu a conhecia.

Colton, no entanto, ou não entendia a palavra não ou não


era capaz de se render. Ele sorriu.

— Eu conseguirei te levar a esta pista de dança.

Eu funguei.

— Sim, boa sorte com isso.

— OH, você é de pouca fé. — Rindo, ele desviou o olhar e


examinou toda a sala de recepção e depois a pista de dança
antes de embalar sua boca com as mãos e gritar:

— Ei, Bo Bo! Venha aqui.

Olhei na direção que ele gritou, perplexa ao ver um garoto


levantar seu rosto e correr para nós. Fiz uma careta confusa e
olhei para o Colton, me perguntando o que ele tramava.

Uma vez que o menino estava perto o suficiente, Colton o


agarrou pela cintura e de uma só vez, o ergueu e o colocou em
seu colo, fazendo o menino gritar e rir. O jeito que Bo Bo riu e se
inclinou contra o peito do Colton me mostrou que os dois se
conheciam bem, o que fazia sentido desde que reconheci o
garoto como o portador do anel. Eu li no folheto do casamento
que seu nome era Beau Gamble, sobrinho do noivo, o que
significava que também devia ser sobrinho do Colton.

Beau era adorável, com o cabelo e os olhos azuis de Brandt,


mas o sorriso travesso do Colton.

— O que está fazendo, garoto? — Colton lhe perguntou.

— Dançando. Venha dançar comigo, Colt. — Ele tinha a voz


mais adorável de todos os tempos. Seu Colt soava como Coat.

— Ah amigo, eu queria poder. — Colton soltou um gemido


enquanto sacudia a cabeça. Então olhou para mim e seus olhos
brilharam com malícia. — Mas tenho que distrair está linda
dama, a menos que... você possa convencer a Juli a dançar
conosco.

Meus olhos se arregalaram de surpresa, despreparados


para o quão ardiloso ele era. O pior, a maldita dança da galinha
havia começado a tocar.

A dança da galinha.

A maldita dança mais branca de todas as danças brancas.

— Rapaz, você deve estar louco — Falei, começando a


entrar em pânico.

— Mas, Juli — Suplicou Colton — Você não quer dançar


conosco?

— Sim, Juli — Uma voz adorável falou, me fazendo pular


porque estava muito ocupada enviando ao Colton um olhar
mortal. Não percebi que Beau pulou do colo do seu tio até que
ele pegou minha mão e me olhou com os mais solenes olhos
azuis implorando. — Por favor, dance conosco.
OH meu Deus.

Como dizer não a um menino tão lindo? De jeito nenhum


eu dançaria a maldita dança da galinha, mas Beau Gamble
possuía esses grandes olhos azuis e quando se focaram em mim
desse jeito, foi impossível negar.

Merda.

Merda, merda, merda, merda.

— Uh... claro, homenzinho.

Animado, Beau apertou minha mão e me arrastou do meu


lugar, diretamente para a multidão de dançarinos pateticamente
terríveis. Olhando para trás para seu tio, rosnei:

— Você está morto.

— O que? — Colton deu um sorriso falsamente inocente e


depois começou a agitar os braços ao estilo da galinha, já
dançando com outros. Ele piscou para mim antes de mover seus
quadris e dobrar os joelhos.

Não pude evitar e comecei a rir. Ele era tão ridiculamente


fofo quando fazia essa dança. De maneira alguma você podia
odiar uma pessoa quando ele imitava uma galinha. Apenas
tentem, eu desafio e então saberão o que quero dizer.

Mas maldição, minha risada fez com que seu sorriso se


estendesse mais, encorajando-o. Um puxão na minha mão me
fez voltar para o Beau assim que começou o refrão. Como Beau
estava determinado a dançar tanto com o Colton quanto comigo
ao mesmo tempo, ele queria que nós três pegássemos nas mãos
e nos movêssemos em círculo durante o refrão. Eu pulei quando
Colton pegou minha mão livre, imediatamente seguindo o fluxo.

Seu aperto era quente, masculino e estranhamente


confortável, mas ainda fazia meu corpo vibrar com total
consciência, porque não conseguia parar de pensar em todas as
coisas diferentes que eu imaginei ele fazer com estas mesmas
mãos. Do outro lado de mim, os dedos do seu sobrinho eram
pequenos, quentes e pegajosos, no entanto, nem isso podia
prejudicar todas as sensações deliciosas brotando vida dentro de
mim.

Nós três giramos com a música até que tivemos que nos
separar. Beau se divertia tanto que seu entusiasmo era
contagioso. Eu quase podia esquecer quão ridícula eu me sentia
quando o vi bater seus polegares contra o resto dos seus dedos
como um bico de galinha e depois soltar suas asas. Rindo de
novo, me vi olhando em direção ao Colton, só para rir ainda
mais sobre o quanto me envolvi com a música.

— Juli não. Olha, é assim — Beau incentivou quando eu


não dancei. Mordi o lábio, pensando em todas as desculpas que
tinha para sair disso, mas não podia decepcioná-lo, não quando
ele resplandecia devido à diversão, então...

Dancei como uma galinha.

Não me orgulho disso. Mas aconteceu.

E nunca voltaremos a falar disso.

Passamos pelo refrão uma segunda vez e tentei ignorar o


jeito que a mão do Colton continuava enviando calafrios até meu
cotovelo. Mas então olhei e ele me observava com o sorriso mais
engraçado e carinhoso. Eu não consegui desviar o olhar. A partir
desse momento, tudo se tornou uma competição entre nós:
quem podia mexer mais para baixo, bater as asas mais rápido,
mover-se mais.

Definitivamente, ele sabia como desafiar uma garota.

Eu ri tanto que não percebi que Beau nos deixou para


correr e brincar com a garota das flores até que acabou a
música.

Muito envergonhada ao perceber que estava dançando


sozinha com o Colton por uns bons trinta segundos ou mais,
comecei a sair da pista, embalando as mãos em minha boca.
Mas começou uma nova canção, fazendo Colton pegar meu
cotovelo.

— Ouça! A Macarena.

— OH, maldição, não! — Eu ri e me inclinei para trás, só


que este homem louco não me deixou ir. — Colton! — Gritei.

A Macarena já estava começando, então o arrastei para


longe comigo, rindo enquanto saia.

— Você teve sorte que dancei a última música. Além disso,


depois da dança da galinha preciso de álcool. Muito, muito
álcool. E algo muito mais forte que champanhe.

Ele sorriu e puxou meus dedos, mudando de direção.

— Posso te ajudar com isso. Por aqui, minha senhora.


Retirado do quadro de citações de Aspen:

A intimidade não é puramente física. É o ato de se conectar


com alguém tão profundamente que sente que pode ver dentro da
sua alma. — Autor desconhecido

JULIANNA
Depois da dança, meu coração pulsava um pouco mais
rápido e sentia minha pele corada. E eu realmente precisava de
uma bebida porque minha boca estava seca.

Fiquei aliviada porque Colton era um cara engenhoso. Ele


sabia exatamente onde ficava o bar aberto e graças a Deus, me
levou diretamente para lá. Uma vez que cada um estava com um
copo de plástico na mão, ele colocou a que estava livre na parte
baixa das minhas costas para me escoltar de volta para minha
mesa, o que era... agradável, de fato.

Mas um cara esperando na parte de trás da linha do bar,


apontou para nós.

— Ei Colton. Isso é refrigerante, certo?

Reconheci o homem como o padrinho de casamento. Havia


dois: o panfleto de casamento os chamava de Noel Gamble e
Orem Tenning. Porque este cara parecia tanto com Brandt,
deduzi que se tratava de Noel, o que o fazia irmão mais velho do
Colton.

Erguendo o copo como se estivesse fazendo um brinde,


Colton respondeu:

— Claro.

Olhei para ele, franzindo levemente a testa e tentando


lembrar o que ele pediu para si mesmo. Era apenas refrigerante?
Não tinha certeza.

— Você estava bebendo champanhe agora a pouco —


Lembrei de repente.

Ele deu de ombros enquanto tomava um gole do seu copo.

— Eles me deixaram fazê-lo já que tive que fazer o brinde.

— OH — Concordei. Fazia sentido. Enquanto nos


aproximávamos da minha mesa, bebi minha Corona com Coca
Cola. — Sabe, aquele brinde que você deu de fato não foi uma
merda.

Com um suspiro, ele agarrou seu peito.

— Merda, isso foi um elogio? Da grande Julianna Radcliffe?

— O que? — Falei, um pouco magoada. — Eu posso fazer


um elogio.

— Sim. Mas não para mim.

Abri a boca para argumentar, mas diabos... ele tinha


razão? Tentei, mas não consegui pensar em nenhuma vez que o
tenha parabenizado ou sequer dito alguma coisa educada em
sua direção.

Raios, que maldita cadela eu sou. Sentindo-me mal por


isso, falei:

— Bom... a maneira como me enganou na pista de dança


foi perversamente genial. Bom trabalho lá. Rio.

— Maldição, mulher. Vá mais devagar. Mais elogios que


venham de você e me convencerá de que está apaixonada por
mim ou algo assim. Quer dizer, não que eu te culpe, mas...

— OH, cale a boca... idiota. — Empurrei seu braço, só para


segui-lo com uma risada.

Quando revirei os olhos, ele também riu e se sentou na


cadeira na minha frente. Ninguém mais que foi atribuído a
minha mesa se encontrava ali. Na verdade, eles nunca
apareceram. Os únicos itens que foram usados em seus
assentos foram suas taças de champanhe, as quais eu bebi uma
atrás da outra, quando o garçom passou e as encheu para o
brinde: o engenhoso, ardiloso, doce e íntimo brinde que Colton
fez.

Quando me sentei na cadeira ao lado dele e não onde


estava antes, na frente da mesa, ele me olhou com as
sobrancelhas levantadas.

Ignorei sua surpresa e observei os dançarinos enquanto


começava uma música lenta. Não era que eu quisesse a
companhia do Colton, tentei me convencer, mas ele não agia
como se fosse sair em breve e... bom, ter alguém para conversar,
mesmo que fosse ele, tornava as coisas menos terríveis.
Bom, está bem... ele era incrível para conversar; divertido,
perceptivo e merda... esse pequeno salto em meu pulso toda vez
que ele me olhava com esses olhos castanhos se tornava
viciante.

Não sabia por que eu não considerava ir embora. Eu estava


pronta para sair por aquela porta não muito tempo antes. Meu
traseiro esteve fora da minha cadeira, meu olhar fixo na saída e
minha bolsa em minha mão... se ele não a tivesse roubado. Mas
aqui estava eu agora, com a bolsa de volta e me sentando
voluntariamente com Colton Gamble dentre todas as pessoas.
Quantas taças de champanhe roubei dos meus companheiros de
mesa ausentes?

— Então, o que mais você gosta em mim? — Ele perguntou


antes de tomar um longo gole da sua taça e me olhar
especulativamente pela beirada.

Observei sua garganta se movendo enquanto engolia, me


perguntando o que essa forte coluna de pele sentiria se eu a
lambesse. Então, afastei o olhar.

— Nada. Você sabe como manipular as pessoas para


conseguir o que quer e não dá discursos desagradáveis. Isso...
isso é tudo.

De jeito nenhum admitiria que minhas coxas tremiam,


minha respiração acelerava ou que meus pensamentos eram os
mais inapropriados toda vez que ele ia ao bar.

— Não, isso não pode ser tudo. — Ele balançou sua cabeça
antes olhar diretamente nos meus olhos. — E quanto aos meus
grandes olhos castanhos? Uma garota me falou uma vez que eu
possuía olhos penetrantes, como se pudesse ver diretamente
dentro dela.

Apertei os dentes, irritada comigo mesma por admirar


justamente seus olhos. Então me enfureci com essa mulher por
ser estúpida o suficiente para inflar seu ego ainda mais, dizendo
a ele que seus olhos eram incríveis. E depois... depois minha
irritação se elevou com ele por falar de outra garota, ou chegar
perto o suficiente para que ela pudesse ver seus olhos e elogiar.
Mas, afinal de contas, fiquei brava comigo mesma pela estúpida
sensação de ciúmes que sentia.

Quer dizer, por que diabos ficaria com ciúmes de outra


garota por falar com ele? Só... era idiota.

— Não — Falei, afastando meu olhar desses olhos que veem


tudo. — Não acho que tenha olhos penetrantes.

— Bom. — Ele passou o dorso da mão sobre sua testa com


alívio. — Porque, honestamente, prefiro te penetrar com outras
partes do meu corpo. — Quando ele esticou a língua para
umedecer seu lábio superior e levantou suas sobrancelhas,
percebi que essa era uma das partes do seu corpo que estava ele
falando. De repente, pude imaginar todos os lugares em que
gostaria que ele me penetrasse com sua língua.

Meu estômago ficou tenso, como se já pudesse sentir o


úmido escorregar da sua boca trabalhando entre minhas pernas.

— Garotos de dezessete anos não deveriam falar dessa


forma — Falei e sabia que era um erro assim que as palavras
saíram dos meus lábios. Acabei de mencionar os dezessete anos
para lembra-lo que era mais novo que eu. Mas já tínhamos tido
esta discussão e ele esclareceu que não se importava.

Seus olhos marrons brilharam com conhecimento,


maldição, penetrando minha psique como se soubesse que eu
falei isso, com a intenção de mantê-lo longe, significava que
estava usando meu último recurso de resistência... o que
acredito que era assim.

— Graças a Deus não tenho dezessete. — Sua voz foi tão


baixa e sensual que um calafrio de corpo inteiro se apoderou de
mim.

Sem estar certa de como responder sem pular da minha


cadeira e sair correndo pela porta para escapar de como isso me
afetava, agarrei meu copo e acidentalmente engoli todo o
conteúdo de uma só vez.

— Merda — Grunhi quando percebi que estava vazio.


Agora, o que eu faria? Precisava de algo para beber, algo para
segurar em minha mão para me distrair de pensar em coisas
que sabia não devia pensar.

— Eu posso buscar mais. — Colton pegou o copo da minha


mão enquanto se levantava da cadeira. Com uma piscada, falou:
— Volto logo.

Com uma louca e agitada sensação borbulhando no meu


estômago, eu o vi ir embora; meu olhar incapaz de se afastar da
parte de trás das suas calças e a forma com que se moldava, tão
perfeitamente em seu traseiro. Quando ele desapareceu da
minha vista, permaneci ali sentada, esperando que ele voltasse.
Eu deveria ir; ter escapado enquanto tive a oportunidade.
Mas no segundo em que ele estava à vista , trazendo dois copos
cheios, meu sangue correu a toda velocidade, meus peitos
formigaram e minha respiração se tornou superficial.

Desta vez, eu não odiava o efeito caótico que sua presença


tinha em mim. Abracei a consciência e a emoção, ansiosa para
ver onde me levaria. De fato, antecipei o próximo comentário
sugestivo que ele faria. Talvez não ficasse tão ofendida desta vez.
Talvez fosse apenas realista e apreciaria pela primeira vez, como
queria fazer.

— Aqui está, boneca. — Ele se sentou e estendeu o copo


para mim.

— Obrigada. — Quase o peguei quando ele o afastou do


meu alcance. Franzi o cenho para ele.

Ele sorriu.

— Primeiro tem que me dizer sobre o que costuma ter


pesadelos.

Cruzei os braços sobre meu peito.

— É sério? — Ele jogaria dessa forma? Bom, eu não


precisava jogar. — Eu poderia ir buscar minha própria bebida,
sabe.

— Poderia — Ele admitiu com um aceno de cabeça. Então


deu de ombros. — Tudo bem, daremos pequenos passos.
Quantos anos você tinha quando começaram seus terrores
noturnos?
Pisquei, surpresa ao ouvi-lo chamar com esse termo
específico. Era como se ele soubesse que, o que eu sentia, era
muito mais traumático do que alguns pesadelos inofensivos,
como se ele entendesse pessoalmente, o que não fazia sentido.

Ou sim?

Ele também teve noites aterrorizantes? Parei com essa


pequena ideia e sem querer acabei dizendo:

— Seis.

Ele assentiu, levando minha resposta a sério, o que eu


apreciava. Ele não ignorou meus pesadelos como se fosse
apenas uma pequena pirralha com medo das sombras inócuas
na parede.

— Quantos anos tinha quando pararam?

Inclinei a cabeça curiosamente para o lado.

— O que te faz pensar que já pararam?

Com um sorriso secreto, ele estendeu a mão e com o dorso


dos seus dedos, acariciou meus brincos apanhadores de sonhos.
Ele mal tocou o lóbulo da minha orelha no processo, o que fez
meus seios formigarem.

— Estes não seriam tão importantes para você se não


fossem eficazes, não é mesmo?

Demônios, ele era perspicaz.

Senti como se ele merecesse uma resposta por dar tanta


atenção em me entender.

— Eu tinha nove quando pararam.


Ele sorriu como se estivesse aliviado por ouvir isso.

— E do que se tratavam?

Ele fez a pergunta com ironia, como se estivesse tentando


tirar a resposta de mim sem que eu estivesse ciente do que
estaria revelando.

Isto me fez sorrir e sacudir a cabeça. Eu nunca seria capaz


de dizer que Colton Gamble não era esperto.

— Por que é tão importante para você saber?

— Porque eu tenho que saber — Ele falou como se


realmente fosse algum tipo de necessidade, como o ar ou a
comida.

— Mas, por quê? — Insisti, sentindo que minha curiosidade


crescia a cada segundo que passava.

— Por que... — Ele sacudiu a cabeça, parecendo um pouco


perdido, antes do seu olhar se fixar no meu e esses olhos
marrons se tornarem intensos. — E se seus terrores noturnos
forem os mesmos que os meus?

Bom, merda. Prendi o fôlego.

Suponho que ele entendia.

Imagino que ele tenha sofrido com seus próprios pesadelos.

Eu acho que... Deus!! eu já nem sabia mais o que achava.


Estremeci ao saber que compartilhava esta conexão com ele.
Meu cérebro ficou desordenado e atordoado.
— Então? — Colton perguntou, se inclinando para um lado
enquanto seu olhar permanecia fixo em cada espaço do meu
rosto. — Fomos perseguidos pelo mesmo tipo de sonhos?

— Eu... — Abri a boca, mas apenas um murmúrio seco


surgiu. Depois de limpar a garganta e umedecer meus lábios
ressecados, consegui dizer: — Suponho que isso depende. Sua
mãe também morreu quando você estava com seis anos?

Ele balançou a cabeça, e juro que seus ombros caíram


como se estivesse aliviado. Então falou: — Se fosse só isso,
duvido que tivesse algum problema com pesadelos.

— Isso é terrível — respondi secamente, mas curiosa e


perguntando-me o que sua mãe fez para persegui-lo em seus
sonhos.

Ele deu de ombros como se não fosse grande coisa.

— Sim, bom... ela era assim. — Seu olhar se fixou nos


meus brincos e seus olhos se suavizaram com simpatia. — A sua
foi uma boa mãe?

Eu me afastei um pouco surpresa por ele ter perguntado.

— É claro.

Sério, o que diabos sua mãe fez para criar esse tipo de
desconfiança em relação a todas as mães?

Com um aceno de cabeça, ele murmurou:

— Então lamento sua perda. A vida pode ser muito fodida e


injusta, não é? As mães boas morrem e as horríveis vivem. Isso
não é uma injustiça irônica?
— Merda — respondi entre dentes. — Você realmente não
gosta da sua mãe, certo? Que tipo de pessoa é ela? — Comecei a
examinar a sala, concentrando minha atenção na mesa onde
sua família se sentou.

Mas Colton apenas sorriu como se estivesse se divertindo.

— Ahhh, ela não foi convidada.

Minhas sobrancelhas se levantaram. Uau, nem mesmo


Brandt era fã dela. Ela deve ser uma pequena joia.

— Que diabos ela fez? — Não pude deixar de perguntar.

— Nada de bom — Respondeu. — Como sua mãe morreu?

— Câncer — Respondi, pensando que ele estaria mais


disposto a responder minhas perguntas se me abrisse um pouco
mais sobre minhas próprias respostas. — Quando foi a última
vez que viu sua mãe?

— Cerca de sete meses atrás. Antes disso, quando tinha...


— Ele parou para pensar antes de responder. — Oito anos. Você
conseguiu se despedir da sua mamãe antes dela morrer?

— Não. Ela ficou louca no final. Ela alucinou que eu era o


demônio que veio para levar sua alma para o inferno. Gritou e
me jogou um vaso. — Eu ainda tinha a cicatriz no meu
antebraço, porque ergui minhas mãos para proteger meu rosto.
— Então, não tive permissão para entrar no seu quarto durante
os últimos dias.

— Merda. — Colton respirou com dificuldade e seus olhos


se arregalaram. — Isso deve ter sido terrível.
— Se sua mãe te deixou quando estava com oito — Comecei
antes que pudesse me perguntar mais alguma coisa — Quem te
criou depois disso? Seu pai?

— Não. — Ele sacudiu a cabeça. — Eu não tenho nem ideia


de quem foi esse perdedor. Nosso irmão mais velho, Noel
assumiu minha tutela, do Brandt e da nossa irmã, Caroline.

— Eu... eu nunca soube — Murmurei, piscando


grosseiramente enquanto meus pensamentos voltas. — Uau.

Em todo esse tempo que tínhamos trabalhado juntos,


Brandt nunca mencionou como foi criado. E eu pensei que
tínhamos conversas profundas. Ele se abriu para mim a respeito
dos seus sentimentos pela Sarah de uma maneira que nenhum
homem fez comigo. Essa foi uma das razões pelas quais meu
amor por ele permaneceu durante todos estes meses. Eu pensei
ter visto uma parte integral e íntima dele.

Mas na realidade, ele não se expôs para mim, certo? Isso foi
um alerta.

— Quem criou você? — Perguntou Colton, me fazendo


desviar minha atenção de volta para ele e para o presente.

— Ahh, bom... — Sacudi a cabeça. — Meu pai.

— Ele foi bom?

Mais uma vez, me surpreendi que ele fizesse essa pergunta.


Assenti lentamente.

— Sim.

Então, ele assentiu também.

— Bom.
Eu queria que ele mudasse de assunto. Não sabia por quê.
Mas falar a respeito disto me fazia sentir vulnerável. Ou algo
assim. E definitivamente fez eu me sentir mais suave em relação
ao Colton, o que parecia ser errado, mas eu não me sentia dessa
maneira. Ele era agradável, quente e... isso deveria ser um erro,
não é mesmo? Eu não deveria sentir coisas boas por Colton
Gamble, embora nem por minha vida poderia me lembrar por
quê.

Eu só sabia que precisava detê-lo.

Mudar de assunto.

Mudar para o que for.

A primeira coisa que me viesse a mente.

— Tenho que fazer xixi — Falei.

Merda, eu tinha que anunciar em voz alta?

A risada do Colton respondeu minha pergunta.

— Obrigado por me dizer.

Franzindo o cenho, comecei a me levantar, só para


balançar uma vez que estava na posição vertical.

— Para de rir idiota, e apenas me diga, onde raios fica o


banheiro?

— Claro boneca. O que quiser. Está em um... corredor,


através de uma dessas portas à direita. Ou era à esquerda? —
Ele franziu o cenho pensativo. — Merda, não me lembro. Só... te
mostrarei. — Ele se levantou e pegou minha mão.
Seu aperto era quente e protetor e não tinha certeza de
como me sentia sobre isso. Mas não estava disposta a deixar
passar.

Porque eu gostei.

— Tem certeza de que sabe onde fica o banheiro? —


Perguntei uma vez que me levou da sala de recepção principal
para um corredor comprido e silencioso.

— É claro. Está bem... — Passamos por mais três portas


antes de aparecer o letreiro. — Aqui. — Com um gesto da sua
mão para o sinal, ele sorriu. — Aqui está, minha senhora.

— Obrigada. — Olhei para ele, amando seu sorriso atraente


e alegre, enquanto recuava para a porta do banheiro e a
empurrava com meu ombro.

Uma vez dentro do banheiro, pressionei minha mão no meu


abdômen e soltei um longo suspiro. Então me apressei para
entrar em uma cabine.

Depois de fazer meu negócio, cambaleei em direção aos


espelhos e segurei-me na lateral da pia para encontrar
equilíbrio, antes de ver meu reflexo no vidro. Eu estava
ruborizada, com o olhar vidrado, mas o mais alarmante de tudo,
parecia que não conseguia parar de sorrir. Quando percebi a
fonte do meu humor, me senti sóbria imediatamente.

Colton.

O irmão mais novo do Brandt.

Eu estive tão absorta no Colton, que quase ninguém mais


no edifício existiu por um momento. Mas agora tudo voltou para
mim. Brandt: a razão pela que estava aqui, a razão pela qual
Colton deveria ser a última pessoa para quem deveria estar
sorrindo e a razão pela qual precisava deixar a recepção neste
exato momento.

Mas então o sorriso do Colton flutuou na minha cabeça e a


tentação me invadiu.

Eu me sentia como uma bola de pingue-pongue gigante e


indecisa. Pensar sobre Colton me fazia sentir no alto, flutuando
sobre tudo o que estivesse errado entre nós, onde a vida era
grandiosa e seu sorriso e gargalhada eram como hélio me
mantendo suspensa, até que bam; a bola de pingue-pongue
acertava a mesa da realidade, me lembrando de cada razão pela
qual sorrir para ele não era bom. Só que sim, a bola estúpida
dentro de mim flutuou de volta com lembranças dos flertes dele
e a forma quente com a qual me olhou, o jeito que me fez falar
da minha mãe.

Então, meus pensamentos mais uma vez se chocaram


contra os duros fatos.

Até que Colton se sentou na minha mesa esta noite, meus


pensamentos foram apenas sobre Brandt. E então se tornaram
apenas a respeito de Colton. Não parecia justo para ele nem
certo para mim, trocar meus pensamentos entre irmãos dessa
maneira.

Deus, eu podia me tornar uma dessas garotas, uma dessas


cadelas estúpidas, volúveis e indecisas que acabavam indo atrás
de dois irmãos porque não conseguia decidir qual deles queria. E
isso seria errado. Tão incrivelmente errado.
Eu não era uma dessas garotas.

Então precisava ir.

Eu precisava ir agora antes que fizesse algo estúpido.

Eu empurrei a porta para poder sair, pronta para fugir pelo


corredor na direção oposta à recepção, mas assim que a abri, eu
o vi.

Ele estava sentado no chão com suas costas contra a


parede e seus pés estendidos para frente.

Seus olhos estavam fechados.

O pavor invadiu minha garganta.

— Colton? — Correndo para frente, caí de joelhos ao seu


lado e agarrei seu braço. — O que está acontecendo? Está tudo
bem? Colton, maldição me responda!
Retirado do quadro de citações de Aspen:

O único momento em que perder é mais divertido do que


ganhar é quando se está lutando contra a tentação. — Tom
Wilson

COLTON
Acordei com a manga do meu smoking tentando sair do
meu braço.

— Colton! — Chamou aquela voz fria e baixa, sofisticada e


ao mesmo tempo sensual, exceto o tom que era mais alto do que
o habitual e parecia um pouco alarmada. Entretanto, ainda era
uma voz incrível e vinha da mulher mais sexy que existia, uma
mulher que decidi que não era tão ruim depois de tudo. —
Colton, maldição me responda.

Na realidade, acho que eu gostava.

Sorrindo preguiçosamente com essa ideia, abri os olhos


lentamente e quando meu olhar pousou nela sorri mais
efusivamente. Lá estava. sensual.

— Mmm? — Perguntei.
— OH graças a Deus, você está vivo — Ela respirou, soando
aliviada... por segundo meio. Então franziu a testa e bateu no
meu braço. — Obrigada por me dar um susto de morte, idiota.

— Auch. — Meu sorriso desapareceu e esfreguei o braço.


Sexy, mas brutal.

— Por que está sentado no chão do lado de fora do


banheiro? — Perguntou. — Eu poderia encontrar sozinha o
caminho de volta, sabe.

Olhei ao meu redor, tomando nota do que nos rodeava. Eu


me deixei cair catastroficamente no piso do corredor do lado de
fora do banheiro no saguão da recepção onde meu irmão fez sua
festa de casamento. Ei, o que foi isso? Foram apenas alguns
poucos minutos.

Encontrando o olhar de Julianna, acenei minha mão.

— Ah, claro. Eu sei. — Então fechei meus olhos . Por


alguma razão, um cochilo parecia divino.

Mas Julianna obviamente não sentia o divino do momento.

— Colton? — Ela sacudiu meu braço de novo.

Abri os olhos e virei minha cabeça para olhá-la . Diabos, ela


parecia tão deslumbrante como sempre. Mas esse vestido cinza,
com aquela abertura e as pernas longas e letais que terminavam
em saltos sexys... não fez nenhum bem aos sentimentos puros e
inocentes que eu deveria ter por ela. De repente eu queria vê-la
em nada além desses saltos.

Fiz uma careta para ela por acender meus pensamentos


sujos. Eu deveria ajudá-la e não lamber suas panturrilhas como
meu cérebro estúpido me encorajava a fazer. Mas minha boca
abriu sozinha e perguntou:

— Por que os saltos são tão quentes em mulheres?

Aposto que ela ficaria espetacular em nada além deles


enquanto os enrolava ao redor da minha cintura.

— Não faço ideia. — Ela pressionou a mão na minha testa,


medindo minha temperatura. Sua palma estava fria contra
minha pele quente. Senti-me bem. Muito bem. Queria que ela
percorresse meu corpo com essas mãos frias. — Carinho, por
que está sentado no chão?

Carinho. Merda. Eu gostava quando me chamava de


carinho. E doçura também. Ela deveria sempre me chamar de
carinho ou doçura. Deveria ser um decreto.

— Eu caí. E foi aqui que aterrissei.

— Você caiu?

Assenti. Eu caí. Certo? Ou talvez eu tenha me sentado. Seja


o que for. Eu estava aqui embaixo agora e era agradável, então
não queria sair.

Felizmente eu ficaria aqui no chão, relaxando, com ela...


usando nada mais que saltos.

Julianna ofegou como se tivesse tido uma revelação.

— OH meu Deus! Você está bêbado!

Movendo minha cabeça para cima e para baixo com outro


aceno descuidado, ele falou arrastando as palavras:
— Sim, eu acho. Aspen ficaria zangada se soubesse que me
comportei tão mal no casamento do Brandt.

— Quem é Aspen? OH Deus, você tem namorada?

— O que? Não. — Tentei negar com a cabeça, mas não


tinha certeza se a coordenação combinava com o comando que
meu cérebro lhe dava. — Irmã. Mãe — Expliquei. — A esposa do
Noel. Bo Bo...

— Ah. — Ela balançou a cabeça e suspirou. — Achei que


tivesse dito que havia apenas refrigerante no seu copo.

— Sim, sobre isso... talvez eu tenha mentido um


pouquinho. — Depois de um soluço, sorri. — Ou muito.

— OH, santo... Caralho. — Ela pressionou uma das mãos


contra sua testa. — Eu embebedei um menor.

— Não, não. — Eu levantei um dedo para ter certeza, mas


ela parecia estar com muito pânico para notar. Então sorri. — O
menor se embebedou sozinho.

Em vez disso, minha afirmação só a fez parecer mais


preocupada.

— Temos que nos mover antes que alguém te veja assim e


eu me meta em problemas. — Ela ficou de pé e me ofereceu uma
das mãos. — Vamos.

Eu não tinha escrúpulos em ter um pouco mais de contato


com a adorável Julianna Radcliffe, então imediatamente peguei
seus dedos e deixei que me ajudasse a levantar, ainda assim
perguntei: — Por que devemos nos mover?
Nós estávamos indo para um lugar calmo, onde ela poderia
se despir e ficar apenas com seus saltos? Eu gostava de como
isso soava.

Ela fez um som irritado.

— Eu te embebedei. Não quero arranjar problemas por


embebedar um menor.

— Você não me embebedou. Eu me... espera, já não


tivemos essa conversa?

— OH, Jesus. — Com um grunhido, ela puxou minha mão,


para a porta fechada mais próxima a nós. — Sinto que estamos
fazendo uma interpretação brega de The Three Stooges1.

Minhas sobrancelhas levantaram quando ela testou a


maçaneta da porta.

— Você também gosta dos Stooges? Ótimo.

Sexy e com bom gosto para comédia; eu realmente gostava


desta garota.

— O que foi?

Quando a porta se abriu sob seu impulso, ela me olhou .


Então tropeçou em seus saltos sexys.

Estendi a mão e a segurei pela cintura. Mas ela já havia


tentado compensar e caiu tropeçando na minha direção. Então
quando se inclinou para mim, nós dois caímos para trás até que
minhas costas bateram na porta aberta e ela caiu sobre mim,
esmagando cada bela curva que tinha na frente do meu smoking.

1
No Brasil Os Três Patetas.
— OH Deus. Sinto muito. Estou tão... — Ela olhou para
cima no meio da sua desculpa e as palavras morreram na sua
boca enquanto me observava. — Uau.

A surpresa intrigante no seu rosto me obrigou a levantar


meus dedos e acariciar suavemente sua bochecha.

— Não há necessidade de se desculpar por melhorar o dia


de um cara.

Porra, ela também não possuía defeitos de perto. Eu queria


me inclinar e provar seus suculentos lábios vermelhos, acariciar
suas bochechas escuras, absorver o calor da sua pele.

Mas deixo minha mão cair, preocupado que fui longe


demais. Eu já tinha um braço ao redor da sua cintura,
segurando-a com firmeza e seus seios estavam aninhados no
meu peito. Acrescente isso ao visual paquerador e íntimo e eu
não tinha certeza de quantos limites eu cruzei.

Até este ponto, todas as barbaridades que eu falei eram


inofensivas porque nunca coloquei uma das mãos sobre ela e
jamais pensei que estarmos juntos fosse uma possibilidade. Por
isso a paquera era uma brincadeira, embora tudo fosse verdade.
Mas honestamente, só falei a maior parte dessa merda para
obter uma reação de Brandt e então meu irmão decidiu não ir lá.
Eu estava muito animado para incomodá-la.

Mas agora, depois da dança da galinha e conversar sobre


os pesadelos, e vê-la sorrir “para mim‖ eu realmente queria que
algo acontecesse.

Eu não brincaria mais inocentemente.


A merda ficou real.

É por isso que prendi minha respiração, esperando sua


reação, qualquer tipo de luz verde que me avisasse se podia ou
não prosseguir. Porque de repente eu queria continuar, muito,
muito mesmo.

Mas ela apenas fechou os olhos e balançou a cabeça e


moveu a mão como se não estivesse claro. — Deus, o que está
acontecendo?

Intensifiquei meu aperto na sua cintura, preocupado que


fosse cair em cima de mim. Então, minha testa se enrugou.
Merda.

— Você está bêbada também, não é?

Me envolver com garotas bêbadas era um grande tabu no


meu livro. Isso devolveu minha sobriedade imediatamente.

Levei nós dois até o quarto e chutando, fechei a porta atrás


de nós, para que tivéssemos um lugar reservado para nos
acalmar antes de voltar para a recepção do casamento. Então
olhei em volta. Ela nos encontrou uma espécie de sala de
reuniões com uma mesa de conferências vazia no centro e
rodeada de poltronas macias. Um quadro branco cobria uma
parede, enquanto uma televisão pendia de outra.

Uma visão repentina surgiu na minha cabeça, dela deitada


sobre essa mesa brilhante e eu deslizando minha mão pela
beirada do seu vestido até descobrir que tipo de lingerie ela
usava... ou se estava usando alguma.
Merda, isto não era bom. Por que tinha que ter um espaço
horizontal tão próximo, tão bonito, perfeito para se agarrar?

Julianna abriu os olhos e tentou se concentrar em mim,


mas seus olhos estavam vidrados e atordoados.

— Não senti isso até que me levantei para ir ao banheiro.


Mas sim, estou pior do que eu pensava.

— Sim — Murmurei, deixando minha respiração escapar,


porque o álcool também caiu em mim, mas principalmente
porque isto significava nada de diversão para nós.

Maldita... seja...

Deixei minha mão cair da curva de sua cintura, deixando-a


ir. Mas Julianna não se afastou de mim. Em vez disso, ela se
aproximou soltando um suspiro como se rendesse à tentação.
Então se levantou em seus pés e seus seios arrastaram por meu
peito.

Inalei bruscamente.

— Deus, você cheira bem — Ela sussurrou no meu ouvido.

E sim, ereção instantânea. Quer dizer, foi quase doloroso


por quão rápido fiquei duro.

— Julianna — Tentei avisá-la, embora soasse mais como


uma declaração ofegante do que uma advertência.

As pontas dos meus dedos encontraram o decote na parte


de trás do seu vestido e se pressionaram na curva do topo da
sua bunda. Então enterrei meu rosto junto ao seu, esfregando
nossas bochechas o suficiente para ter certeza de que ela sentiu
a textura áspera do meu queixo.
Ela gemeu e estremeceu, em seguida empurrou sua pélvis
contra meu pau duro e dolorido, apertando meus ombros.
Apertei seu traseiro com mais força, incapaz de me conter,
puxando-a lentamente contra mim.

— Cuidado boneca. Agora quero fazer coisas obscenas com


você.

— Sim — Ela suspirou, baixando a cabeça e fechando seus


olhos. — Isso soa maravilhoso.

Sério. Então eu me inclinei e passei a língua ao longo do


seu pescoço que ela de bom grado expôs para mim antes de
gentilmente morder o lóbulo da sua orelha com meus dentes,
provando o aro de prata com forma de apanhador de sonhos.

Ela apertou meus ombros, implorando por mais.

— Eu te desejo. Te desejo tanto. — Sua voz era aguda e


desesperada, e juro que ela parecia surpresa por desejar tal
coisa.

Isso me excitou tanto quanto me preocupou.

— Merda. — Eu inclinei meu rosto para baixo o suficiente


para pressionar minha testa na dela, assim poderia me impedir
de beijá-la. Tentando me recompor, mudei minhas mãos para
um lugar mais respeitável, passando-as por seus ombros antes
de movê-la para trás e pôr uns bons sessenta centímetros entre
nós.

— Colton? — Seu tom era zangado, suplicante e


exasperado, tudo ao mesmo tempo.

Pressionei um par de dedos em seus lábios.


— Espera. Que tal amanhã?

Ela pegou minha mão e gentilmente removeu meus dedos


enquanto franzia a testa em confusão e negava com a cabeça.

— Amanhã?

— Sim, eu... — Respirei fundo, sabendo que estava


bloqueando meu próprio pau fazendo isto, mas também sabendo
que precisava fazer isso de qualquer maneira. — Não quero que
você acorde amanhã com uma ressaca e os olhos injetados,
mortificada pelo que fez comigo. Não serei o arrependimento por
um erro bêbado de ninguém.

Eu já estive lá, fiz isso. Eu odiei e não procurava uma


repetição. Ainda menos com esta garota.

Julianna piscou. Então seu olhar se suavizou. A


compreensão e a simpatia no seu rosto quase me fez virar antes
que ela embalasse minha bochecha em sua mão.

— OH carinho, eu nunca me arrependeria de você.

Naquele segundo, acreditei nela.

— Então jure — Sussurrei. Pegando sua cintura, pressionei


seus dedos contra seu próprio coração para fazer um voto
solene, então segurei minha outra mão, com a palma voltada
para ela e pedi para que fizesse o mesmo com a dela. Quando o
fez, ordenei suavemente: — Repita depois de mim.

Ela assentiu, sorrindo suavemente intrigada por minha


gravidade.

— Eu, Julianna Elizabeth Radcliffe... — Comecei, só para


que ela risse com essa linda risada dela.
— Meu segundo nome não é Elizabeth.

— Margaret? — Quando negou com a cabeça, tentei novo.


— Harriet?

— Dacia — Ela informou.

— Dacia — Murmurei, sentindo a palavra sair do meu


interior. Eu gostei do nome. — É lindo — Eu falei. Então olhei
profundamente para ela quando comecei . — Eu, Julianna Dacia
Radcliffe, mente saudável e... — Meu olhar deslizou por seu
vestido antes de dizer do fundo da minha garganta — Corpo
muito saudável, juro solenemente que o que eu mais quero neste
mundo é pressionar minha boca contra a do Colton David
Gamble e talvez até enfiar minha língua profundamente no seu...

Ela me interrompeu soltando um bufo impaciente e tirando


a mão da minha. Então emaranhou seus dedos ao redor do meu
pescoço e me puxou para ela, batendo nossas bocas juntas.

Tudo bem...

Acho que Julianna gostava de selar as promessas com


beijos. No entanto, ela ainda não falou as palavras, o que me
preocupava.

Por isso, resisti... por um segundo e meio.

Mas então seus lábios suavizaram contra os meus e seu


corpo ficou quente e líquido e se encaixou perfeitamente contra o
meu. Grunhi quando cedi à derrota, abrindo e tocando minha
língua na sua.

Ela tinha sabor de champanhe, refrigerante e uísque. A


mistura era viciante. Eu precisava de mais. Empurrei-a até a
mesa de conferências antes de pegá-la pelos quadris e sentá-la
sobre a superfície dura e brilhante.

Julianna apertou meu ombro, arranhando com suas unhas


através das camadas de roupa. Ela tentou abrir suas pernas
para abrir espaço entre elas, mas seu vestido prendeu suas
pernas. Ansioso por ajudá-la, coloquei minha mão em seu joelho
e deslizei meus dedos pela parte externa da sua coxa,
diretamente sobre aquela fenda tentadora em seu vestido.

Era macia e quente. Eu queria me concentrar nisso e nada


mais, então puxei minha boca para longe e pressionei nossas
testas, para que pudesse ver minha mão se mover. O contraste
da minha pele contra a dela deixou o momento mais intenso.
Prendi a respiração enquanto meus dedos desapareciam sob a
beirada do vestido e empurrava o material em direção a sua
cintura.

Eu continuava esperando que ela me batesse ou me


empurrasse, mas ela apenas prendeu a respiração como se
gostasse de me ver tocando-a.

No momento em que minha palma tocou seu quadril, ela


envolveu suas pernas ao redor da minha cintura e as usou para
me aproximar. Meu pau se chocou contra o fundo da sua úmida
calcinha rosa, esfregando contra o zíper da minha calça social.

— Maldição — Rosnei, tonto pelo quão bem me sentia e


pelo quão rápido isso aconteceu.

Ela gemeu algo desesperado e incoerente antes de pegar


meu cabelo e puxar meu rosto para o nível do seu. E então
nossas bocas se atacaram de novo.
— Isso é errado, muito errado — Ela deixava escapar a
cada poucos segundos entre morder meu lábio e chupar minha
língua dentro da sua boca.

— Deve ser por isso que é tão bom. — Soltei um seio do seu
vestido e apertei forte o suficiente para fazê-la gemer e
pressionar-se nos meus dedos por mais. Rolando o mamilo sob
meu polegar, inclinei-me para colocar o outro na minha boca.

Merda, isso era bom.

Ela suspirou e apertou meu braço.

— Oh Deus, isso é tão bom. Não pare.

Eu ri.

— Você gosta do errado não é, boneca?

Em vez de responder, ela encontrou a frente do meu peito,


colocou as mãos dentro do blazer do meu smoking e puxou-o por
meus ombros, descendo por meus braços. Uma vez que o tirou,
tentou desabotoar minha camisa branca, mas fiquei impaciente
e puxei, atirando botões por toda parte.

Porra, isso era quente.

Afastei-me do seu peito para que ela pudesse correr seus


lábios pelo meu. Sua boca quente e úmida se abriu sobre meu
mamilo marrom e eu ofeguei, sem me dar conta do quão sensível
era lá. Meu pau se moveu tão rápido que fiquei surpreso por não
ter feito um buraco nas minhas calças para chegar até ela.

Eu me coloquei entre suas pernas com uma investida tão


selvagem que a fez morder meu mamilo antes de levantar o olhar
com olhos complacentes.
— Quero tanto gozar que dói. Oh!! meu Deus!!, nunca me
senti assim.

Ela soava quase com medo desta sensação. Com a


instintiva necessidade de ajudá-la, passei minha mão por sua
bochecha e beijei a ponta do seu nariz.

— Eu posso te ajudar com isso.

Ela assentiu sem dizer nenhuma palavra, seus grandes


olhos marrons confiantes quando olhou para mim. Essa era toda
a luz que eu precisava. Eu me abaixei e afastei meus quadris
para poder enfiar meus dedos dentro da sua molhada calcinha
rosa de boa menina. Mas o que encontrei lá dentro era tudo
menos uma boa menina. Lisa e nua, sua vagina úmida me fez
grunhir. Ela estava depilada à perfeição, o que me deixou louco
de desejo.

— Merda — Rosnei quando meu polegar encontrou seu


clitóris e a fez tremer sob meu toque.

Ela pulou como se fosse atingida por um golpe de energia.


Então enterrou seu rosto no meu peito e agarrou meu braço com
suas unhas longas enquanto soluçava.

— Isso mesmo, bem aí, Oh Deus, bem aí.

Acariciei-a impiedosamente, massageando um círculo ao


redor da área até chegar diretamente lá e depois repeti. Ela se
inclinou contra mim, à beira do êxtase. Então deslizei dois dedos
dentro dela enquanto meu polegar continuava seu trabalho e ela
gritou de surpresa.
Apertando sua boceta em minha mão, ela agarrou minha
manga e enterrou seu rosto contra o meu coração quando seu
primeiro espasmo a golpeava forte e rápido.

Foi inspirador vê-la gozar. Ela lutou o tempo todo,


esticando-se, escondendo o rosto, agarrando meu braço. Se fosse
capaz de ver seu rosto, aposto que a veria mordendo o lábio
também, contendo os gemidos no fundo da sua garganta.

Mas seu corpo queria isso e suas pernas se apertaram ao


redor dos meus quadris, me mantendo perto enquanto enterrava
sua boceta em minha mão, percorrendo cada último impulso do
seu orgasmo através dos meus dedos.

Cerca de um minuto depois, um pequeno gemido escapou e


sua mão soltou o aperto de morte em meu braço. Lânguida e
acabada, ela afastou o rosto da minha camisa.

Aturdido pelo que acabou de acontecer e sentindo como se


tivesse experimentado exatamente o mesmo que ela, tirei meus
dedos do seu interior e com suavidade os puxei da suas
calcinhas.

Ela olhou para mim, seus olhos de um marrom líquido


gritando com uma satisfação aturdida e possivelmente um pouco
de preocupação subjacente sob isso.

— Santa merda.

Sorri.

— Eu sei, certo. — Então, coloquei meus dedos molhados


na minha boca para prová-la.

Seus olhos ardiam com calor.


— Você me foderá agora?

Puxei meus dedos de entre meus lábios, lambendo o sabor


restante da sua essência antes de concordar.

— Oh, sim.

Eu me aproximei para um beijo e ela me encontrou sem


hesitar. Nossas línguas empurravam com urgência, uma
imitação quase idêntica do que meus dedos fizeram na sua
boceta.

Julianna agarrou meu cabelo e entrelaçou seus dedos


repetidamente. Eu juro, eu pude sentir desde a raiz do meu
cabelo direto até a base do meu pau o puxão que ela deu no meu
cabelo.

— Amo seu cabelo — Murmurou. — É tão suave e mesmo


assim, grosso. É lindo. Eu quero agarrá-lo com as duas mãos
quando você estiver empurrando muito, muito fundo dentro de
mim pela primeira vez.

— Posso te ajudar com isso — Eu respondi com a voz


áspera e voltei a fodê-la através da nossa roupa.

Ela enlaçou suas pernas ao redor da minha cintura, me


incentivando com o impulso afiado dos seus calcanhares no topo
da minha bunda. Enterrando o rosto no vão do meu pescoço
enquanto brincava com meu cabelo, fechei os olhos e inalei sua
essência embriagadora.

— Sério — Ela falou, arrastando as palavras, mal


conseguindo enrolar o comprimento do meu cabelo ao redor do
seu dedo — Você faz reflexos loiros?
— Humm? — Meus cílios se abriram quando levantei meu
rosto.

Por que diabos estamos falando do meu cabelo?

Julianna examinava meu cabelo, quase obsessivamente.

— Juro que tem mechas loiras aqui.

Eu dei de ombros, divertido por sua total concentração,


mas também um pouco irritado. Meu cabelo não era exatamente
a coisa mais crucial que precisava da sua atenção no momento.

— É possível, eu suponho. Ele era loiro antes de eu chegar


à puberdade.

Suas sobrancelhas subiram.

— Sério? Toda essa merda charmosa é natural?

— Cem por cento. — Enviei-lhe um sorriso preguiçoso


antes de me empurrar contra ela um pouco mais lascivamente
para chamar sua atenção para onde realmente a queria. — Quer
verificar para ter certeza? Descobrir se há mais para combinar
com ele?

E , sim, seu olhar deixou meu cabelo para encontrar o


meu.

— Merda, sim — Ela murmurou e abriu o botão superior


das minhas calças antes de baixar o zíper.

Agarrei a mesa de cada lado dos seus quadris enquanto a


observava enfiar seus dedos dentro da minha boxer.

— Oh, droga. Era disso que eu estava falando — Ela


murmurou à medida que me liberava. Ela me agarrou firme
antes de passar o polegar pela abertura gotejante na ponta e
então me masturbou lenta e sensualmente, parecendo
maravilhada com a forma com que cada carícia parecia me fazer
maior.

— Julianna — Eu falei com a voz áspera, porque isso me


deixava animado mais do que realmente podia tolerar.

Ela olhou para cima, seus olhos cheios de compreensão.

— Está sentindo algo?

Eu engoli saliva e assenti, enquanto o sangue corria da


minha cabeça e me deixava ligeiramente tonto pela realidade do
que estava acontecendo.

Quando ela soltou meu pau, peguei minha calça que não
desceu muito além das minhas pernas e encontrei minha
carteira no bolso de trás. Enquanto isso, ela tirou as calcinhas.

— Santo... — Senti-la nua era uma coisa, mas vê-la suave,


inchada e depilada... — Jesus, boneca. Você deveria ter deixado
que esses cinco segundos durassem mais. Não sei como
conseguirei colocar essa camisinha agora quando tudo em que
posso pensar é em como seria pele contra pele.

Eu não estava mentindo. Minhas mãos, literalmente,


tremiam quando tirei a embalagem alumínio da minha carteira.

— Eu colocarei para você — Quando ela estendeu a mão,


eu quase desmontei. Depois de um aceno de cabeça instável,
passei a camisinha só para ver que ela ainda estava segurando a
calcinha de algodão virginal em sua mão livre.

Eu não pude resistir.


— Farei um acordo com você. Você pega isso e eu isto. —
Agarrando sua calcinha da sua mão, coloquei no bolso lateral
com as minhas chaves.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Você me devolverá isso depois.

Com uma risadinha, sacudi a cabeça.

— Sim, veremos.

Pobre garota, ela pensou que eu devolveria porque


murmurou: — Sim, veremos — Enquanto sorria com uma
segurança que me excitou ainda mais.

Então, colocou o pacote da camisinha na sua boca e rasgou


com seus dentes. Estremeci imaginando outras coisas presas
delicadamente entre seus perfeitos dentes.

Seu olhar se levantou, eu me aproximei um pouco mais


para que ela pudesse me alcançar. Com seus seios escapando da
parte superior do seu vestido, sua saia reunida ao redor da
cintura e seus saltos altos pairando de cada lado da mesa, de
modo que podia abrir suas pernas amplamente para mim e
mostrar sua boceta molhada e nua, parecia um sonho fodido se
tornando realidade.

Não parecia real.

Enquanto ela arrastava a camisinha na minha direção,


sacudi a cabeça.

— Nós não estamos sonhando, estamos?

— Não. — Seus lábios subiram nos cantos. — Eu também


não posso acreditar que estamos fazendo isto. — Então, ela
começou a descer o elástico da calcinha. — É... tão irreal. Estou
prestes a fazer sexo com o irmão mais novo do garoto por quem
estou apaixonada.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

As tempestades tornam as raízes das árvores mais


fortes. — Dolly Parton

Colton

Ah, merda. Ela não fez isso.

Exceto que sim. Ela fez.

Ela falou a única coisa do planeta que poderia me esfriar.


Eu paralisei quando acabei de me cobrir, meio segundo depois,
ela paralisou também, com sua mão ainda enrolada ao redor do
meu pau, logo em seguida ela levantou seu rosto para medir
minha reação, seus enormes olhos e seus lábios abertos com o
choque.

Nós ficamos apenas nos encarando, mais ou menos, o


segundo mais longo da eternidade. E então, ela começou negar
com a cabeça de um lado a outro, negando o que acabei de dizer.
— Não — Ela sussurrou. Seu peito se movia por sua
respiração em pânico. — Eu... eu... não falei sério... Não...

Eu me inclinei para trás, me afastando dela. Seus olhos


ficaram cada vez maiores pela preocupação.

— Sim, foi sério — Eu falei antes de me virar, removendo a


camisinha e a jogando através da sala. Levantei minha calça
fazendo uma careta, já que por alguma razão escutar à garota
com a mão no meu pênis dizer que estava apaixonada pelo meu
irmão não matou minha ereção. Doeu muito colocá-lo na minha
cueca e fechar o zíper. Com agradáveis e confortáveis bolas
azuis.

Quando tentei fechar minha camisa, eu me lembrei que os


botões foram arrancados e se encontravam espalhados pelo
chão.

Merda.

Passei as duas mãos por meu cabelo, ainda sentindo a


sensação dos seus dedos ali.

Dupla merda.

— Colton? — Sua voz tímida e incerta me fez estremecer.


Eu me virei lentamente.

Ela já havia abaixado a saia e arrumado o vestido de volta


sobre seus seios, então pulou da mesa para ficar de pé na minha
frente, como se eu não estivesse a ponto de foder sua boceta.

Quando ela viu minha expressão, seus olhos se encheram


de lágrimas e ela levantou a mão para cobrir sua boca antes de
dizer.
— Sinto muito. Eu sinto muito, você tem que saber que eu
nunca quis dizer...

Eu neguei com a cabeça, peguei meu blazer da mesa e me


dirigi para a porta, incapaz de ouvir qualquer outra coisa.

Eu pretendia ser um homem maduro e de algum jeito,


ajudá-la a suavizar tudo, dizer para ela que não era grande
coisa. Não era como se tivesse dito algo que eu não sabia e era
melhor que tenhamos parado, já que realmente... Uma transa
bêbada e em um casamento? Não era a melhor ideia. Pelo menos
não para nós dois.

As coisas tinham se movido mais rápido que uma gota em


um chapéu. Um balde de água fria, espirrando os fatos em
nossos rostos, foi realmente uma coisa boa. Nós quase
cometemos um grave engano.

Mas eu... não podia. Não podia dizer que estava agradecido
pelo que ela falou. Não podia ficar nessa sala com ela, onde
ainda podia sentir o cheiro dela em meus dedos e saboreá-la na
minha língua. Eu apenas... não podia sequer vê-la.

Era como se eu fosse apunhalado no coração com uma


lâmina simples, mas realmente dolorosa e não conseguia ficar
ali mais nenhum segundo.

De repente, eu odiava meu irmão. Não porque Julianna o


queria e não eu, mas porque ele me forçou a ir até ela em
primeiro lugar.

Se eu tivesse ficado longe e não tivesse descoberto o que


significavam aqueles malditos brincos, eu nunca teria
suspeitado que ela possuía a risada mais linda, nunca teria
enterrado meus dedos dentro dela, ou teria saboreado o
champanhe diretamente em sua língua. Nunca teria pensado
que eu realmente teria uma chance. Mas agora sabia tudo isso e
essa compreensão se tornou muito mais difícil de engolir.

Tropeçando, saí da sala para o corredor e continuei


caminhando até que alcancei a porta de saída do pessoal.
Imediatamente o frio de janeiro encheu meus pulmões e aspirei-
o em uma forte respiração, grato por me trazer de volta a meus
sentidos. Um trio de garçons parou de fumar para me olhar
curiosamente. Assenti antes de me virar para à direção oposta,
procurando minha própria privacidade.

Então coloquei minhas mãos no quadril e me curvei,


exalando longo e forte, formando uma nuvem de vapor ao meu
redor.

Minha ereção estava começando a baixar, ajudada pelo ar


frio que batia no meu peito nu. Eu me endireitei e vesti o blazer,
me perguntando onde deixei minha gravata. Graças a Deus,
Brandt esqueceu os coletes e cintos quando alugou nossos
trajes, ele já me mataria por ter perdido minha gravata e os
botões da camisa. Antes de entregar o conjunto, ele ameaçou me
matar se derramasse qualquer coisa no meu smoking. Eu não
conseguia imaginar como ele reagiria a isto.

E por que diabos estou me preocupando com sua reação


ante um traje alugado arruinado?

Foi culpa dele que experimentei um dos piores momentos


da minha vida. Eu me sentia como um fodido idiota. No espaço
de uma ou duas horas, desenvolvi uma obsessão pela garota que
estava quente por meu irmão mais velho.

Quem diabos fazia isso?

— Ei, cara — Chamou uma voz, me tirando dos meus


pensamentos. Olhei para cima para encontrar os trabalhadores
da recepção agora na porta dos fundos. — Essa porta não abre
por fora — Falou um rapaz do grupo — E nosso recesso está
terminando, então se quiser entrar...

Fiz um gesto com a mão.

— Obrigado, caminharei para frente quando estiver pronto


para voltar.

Eu certamente não estava pronto para ir a qualquer lugar


neste momento.

Eles encolheram os ombros e desapareceram dentro do


edifício.

Coloquei as mãos dentro dos meus bolsos e olhei para uma


luz próxima, imaginando como poderia voltar para a recepção
com minha camisa aberta desta forma. Mas antes que meus
dedos deslizassem muito longe, achei uma peça de roupa úmida.

Merda. Sua calcinha.

Tirei-a do meu bolso e a olhei com horror. Eu não poderia


mantê-la agora, não quando trazia apenas uma lembrança
dolorosa. Mas quando olhei para o lixo a poucos metros, meus
dedos se fecharam protetoramente ao redor da calcinha.

Um suspiro de ironia escapou de mim.

Acho que será meu prêmio de consolação.


Um prêmio de consolação para o prêmio de consolação.

Jesus. Isto era patético.

Eu não queria que doesse assim, também não queria


continuar repetindo isso uma e outra vez na minha cabeça. Não
queria seguir preso em minha própria festa de compaixão.

Eu gosto de uma garota, mais do que ela gosta de mim. Não


seria a primeira vez e não seria a última. Eu podia lidar com
isso. De qualquer forma, mal cheguei a conhecê-la direito. Nós
éramos basicamente estranhos. Eu não tenho que ficar
deprimido por algo que nunca tive.

Mas era impossível voltar para a recepção, especialmente


quando eu sabia que ela estaria lá, toda escorregadia e nua
debaixo daquele vestido... enquanto olhava com desejo para o
meu irmão.

Sim, foda-se isso.

Com um novo propósito, comecei a caminhar até a parte de


trás do edifício, onde eu lembrava de ter estacionado minha
caminhonete. Assim que visualizei meu carro e tirei as chaves do
meu bolso, meu celular vibrou no meu blazer. Apertando os
dentes, gemi quando o tirei para verificar a mensagem que
acabei de receber. Se fosse Brandt ou alguém me chamando
para voltar, eu não poderia. Mas era do Noel. Graças a Deus.

Noel: Eu preciso de você em casa, agora.

Suspirei quando pressionei o telefone na minha testa e


fechei os olhos. Enquanto estava feliz por ter uma razão
verdadeira para fugir, ir para casa para lidar com isso não era
muito atraente também.

Mas minha família precisava de mim e eu não podia ignorar


a chamada. Procurei minhas chaves para inserir no controle do
carro, só para perceber que via tudo em dobro e embaçado.
Maldição, eu não estava tão sóbrio quanto era necessário.

Como não estava em condições de dirigir, olhei ao redor do


estacionamento e tentei calcular quanto tempo levaria para
andar até em casa quando vi um casal saindo do edifício. O
homem carregava um bebê no carrinho, e ao seu lado a garota
levava um bebê dormindo em seus ombros.

Olhei-os até que ela me viu. Seu sorriso de boas-vindas


brilhou à luz dos postes da rua e imediatamente me fez sentir
reconfortado. Mas então, Felicity Parker, sempre teve esse efeito
sobre mim, é por isso que estive apaixonado por ela desde que
estava com dez anos.

— Colton! O que está fazendo aqui? — Ela falou enquanto


seu sorriso ia diminuindo conforme observava o estado rasgado
do meu traje. — Está tudo bem?

Ignorei a pergunta não pronunciada do por que eu estava


com minha camisa rasgada e meu peito em plena vista para todo
mundo. falei: — Noel precisa de mim em casa, mas... — Olhei
para minha caminhonete, não querendo admitir o quanto bebi.

O rosto de Felicity se suavizou com simpatia.

— Muito champanhe?

Assenti com remorso.


Ela suspirou.

— Eu os vi sair mais cedo. Aspen parecia pálida.

Olhando para cima, senti a necessidade de defender minha


cunhada e dizer a ela que Aspen estava bem. Que se encontrava
bem. Mas Felicity era sua melhor amiga. Ela sabia a verdade.
Todos nós, que convivíamos próximos a ela, sabíamos.

Balançando sua cabeça, Felicity levantou o olhar para seu


marido com olhos suplicantes. Ele suspirou antes de dizer:

— Tudo bem, sim eu levarei estas duas para casa. Você


cuida dos Gamble.

Seu rosto se iluminou com prazer e ela ficou na ponta dos


pés para beijá-lo no rosto.

— Obrigada, você é o melhor marido de todos. — Então se


virou para mim e falou: — Me dê um segundo, eu ajudarei Knox
a colocar nossa tripulação no carro e então te levarei para sua
casa na sua caminhonete, ok?

Eu não tinha nenhuma razão para argumentar, então


apenas assenti.

— Está bem.

Eles estacionaram a poucos metros de mim e colocaram


seus anões em seus respectivos lugares. Enquanto eles faziam
suas coisas, abri minha caminhonete e me sentei no lugar do
passageiro. Um minuto depois, Felicity abriu a porta do
condutor e subiu atrás do volante. Eu levantei minhas chaves,
sem nenhuma palavra e continuei olhando para o para-brisa
dianteiro.
— Obrigada — Ela murmurou enquanto agarrava as chaves
das minhas mãos. Depois que ligou o motor, olhou para mim e
pude sentir seu olhar me examinando de cima a baixo. ela
perguntou: — Quero saber o que aconteceu com sua roupa?

— Não — Respondi, ainda olhando pela janela.

Com um suspiro, ela recuou e saiu do estacionamento.

— Oh Colton, como você consegue se envolver nesses


apuros?

Movi a cabeça, desorientado.

— É apenas sorte, eu suponho.

Ela fez um som com sua garganta e acho que tive muita
sorte que ela não falou o que pensava. Doze anos atrás, em
meus sonhos, Felicity era como uma segunda mãe para mim, ou
talvez uma terceira, já que tecnicamente Aspen era minha
segunda mãe, embora eu pensasse nela mais como minha
primeira mãe. Qualquer que fosse a classificação, eu tinha
certeza de que qualquer coisa que Felicity tivesse para me dizer
neste momento, não cairia bem para mim.

Porque eu já me sentia uma merda.

Olhei para ela pelo canto dos olhos só para ter certeza de
que ela guardava os pensamentos para si mesma e vi os brincos
pendurados em suas orelhas. Não eram apanhadores de sonhos,
mas de repente pensei em malditos brincos apanhadores de
sonhos.

Eu não tinha ideia de o porquê saber que Julianna sofria


de pesadelos quando criança me fez sentir empatia por ela.
Hitler perdeu quatro dos seus cinco irmãos, seus dois pais, deu
todo o dinheiro da pensão para sua irmã mais nova Paula e
depois foi forçado a viver em abrigos e tudo isto até os dezoito
anos e eu não sentia nenhuma simpatia por ele. Mas sem dúvida
senti uma conexão com Julianna.

Talvez fosse porque ela ainda carregava uma lembrança dos


seus pesadelos, ou melhor dizendo a cura que ajudou a superá-
los.

Assim como eu.

Sem querer, estendi a mão e passei meu dedo contra a pata


de coelho e o spray bucal, que pendiam nas chaves.

— OH, meu Deus! — Murmurou Felicity, observando o que


eu estava fazendo. — Por favor, me diga que não é o repelente de
monstros original que te dei há alguns anos.

Eu sorri com carinho.

— E se for?

— Colton — Ela falou, balançando a cabeça com um


pequeno sorriso. — Céus, você é todo sentimental. O que
faremos com você? Eu não posso acreditar que ainda mantém
essas tolices.

Ela era uma das duas únicas pessoas que podiam dizer
"céus", ou, sentimental, mas , era também uma das duas
pessoas que pensariam assim sobre mim. Ela e Aspen
certamente sempre me verão como seu garotinho.

— Como podem ser tolices se funcionaram? — Perguntei-


lhe.
Ela sorriu e agarrou meu pulso antes que pudesse tirar a
mão da pata de coelho. Dando um aperto, falou: — Estou feliz
que tenham funcionado.

— Eu também. — Agarrei seus dedos, puxei para minha


boca e os beijei com ternura. — Alguma vez te agradeci por ter
afastado meus pesadelos?

Ela corou, negando com a cabeça.

— Não há nada para agradecer, eu quase não fiz nada.

Quase não fiz nada, minha bunda. Ela usou seu tempo para
conversar comigo sobre meus medos, então me deu várias ideias
para combatê-los, e para completar, me deu este chaveiro com
uma história de que ele podia me proteger.

E os pesadelos se foram . Para mim, ela era minha heroína.

— Você fez muito mais do que imagina — Argumentei


enquanto ela chegava a minha quadra.

Ela me estudou e deu uma palmada na minha coxa.


Quando se dirigiu para a entrada, falou: — Agora, me diga antes
que eu entre lá com você. Quão ruim ela está? A verdade.

Meu peito apertou e neguei com a cabeça com


determinação.

— Você não tem que entrar. Não acontecerá nada. Basta


levar minha caminhonete para sua casa e a buscarei amanhã.

Felicity desligou o motor e eu sabia que ela entraria. Droga.


Ela era a melhor amiga de Aspen e tudo mais, mas a minha
cunhada ficava devastava cada vez que alguém de fora da família
aparecia ―ou alguém da família, na verdade‖ e a visse nesse
estado. E nós, os homens Gamble, odiaríamos ver algo que
devastasse a nossa Aspen.

Ela conseguiu resistir muito mais do que eu pensava no


casamento, mais do que todos nós temíamos, mas estava
pagando por isso agora.

Pensei rapidamente em alguma maneira de fazer com que


Felicity não entrasse. Aspen choraria, se desculparia e se
sentiria uma merda e Noel me mataria por ter causado isso.

Ao meu lado, Felicity suspirou na cabine silenciosa.

— Eu sei que ela está sofrendo mais do que um caso de


tristeza pós-parto Colton. Ela tem depressão e não sei por que
vocês estão determinados a me esconder isto, mas sou sua
melhor amiga, sabe? Então, o que teme que eu possa fazer
contra ela?

Olhando-a, respondi honestamente.

— Que você a faça falar a respeito. Ela fica pior quando


tentam fazê-la falar sobre isso. E nós já estamos conseguindo
ajuda para ela, eu prometo. Portanto não há necessidade de
pressionar nenhum gatilho, especialmente depois que ela passou
a maior parte do dia fora de casa e cercada por tantas pessoas.
Ela estará mais vulnerável neste momento.

— Bem. — Felicity falou com um suspiro — Posso te


assegurar que não farei com que Aspen fale a respeito, se é com
isso que está preocupado. Mas do meu ponto de vista, há três
pessoas naquela casa que precisam de ajuda, então faz sentido
para mim que sejamos três, para que possamos dar a cada um
deles a atenção que precisam.
Meus ombros desabaram quando balanço a cabeça com
resignação.

— Está bem. Mas Noel não gostará.

— Eu cuidarei do Noel.

Saímos juntos da caminhonete e caminhamos até frente à


casa, assim que chegamos ao pórtico, a porta principal se abre.
E Noel sai acomodando um bebê em seus ombros, enquanto
franze o cenho.

— Por que diabos demorou... — Suas palavras morrem


assim que vê Felicity e seu olhar se torna cauteloso antes de me
dirigir um acusador.

— Olá, Noel — Ela falou assumindo o controle antes que ele


pudesse dizer qualquer coisa. — Os reforços chegaram. Eu cuido
do bebê.

Antes que Noel possa reagir, ela puxou à menina dos seus
ombros e a acomodou em seus braços.

— Ei pequena Lucy Olivia, você tem dando trabalho ao


papai? Sim... parece que sim... ahhh, você não é linda?

Quando Lucy Olivia se acomodou para ver a mulher


falando com ela, Felicity pegou o babador que ainda estava
pendurado no ombro do Noel, balançando-a de um lado para o
outro enquanto saíam da sala de volta para o quarto do bebê.

Noel suspirou e esfregou o rosto. Ele ainda usava o traje do


casamento, só havia retirado o blazer e a gravata estava
pendurada no seu pescoço.

— Beau continua acordado, se quiser ir...


— Sim... — Respondi já me afastando. — Eu me encarrego
do menino, vá cuidar da sua esposa.

Noel assentiu com gratidão e começou a se virar, apenas


para dar outra olhada quando se concentrou em mim.

A dúvida encheu seu rosto enquanto olhava minha camisa


aberta, mas sacudi a cabeça.

— Longa história.

Ele parecia muito cansado para insistir, então se virou para


encontrar Aspen. ela estava enrolada em sua cama, olhando
para a parede. Ela faz muito isso agora. Foi traumatizante para
todos nós vê-la decair assim desde que Lucy Olivia chegou, mas
isso bateu mais forte em Noel.

Parecia que eu envelheci dez anos quando voltei para o


quarto que dividia com meu sobrinho. Depois que Brandt se
mudou para viver com Sarah, eu e Beau tínhamos conseguido
quartos separados. Mas alguns meses depois Lucy Olivia. O
plano era que ela ficasse em um berço com Noel e a Aspen em
seu quarto, mas Aspen não conseguia suportar o seu choro,
então Beau e eu terminamos juntos para Noel poder fazer um
berçário onde os sons da bebê podiam ser abafados.

Quando abri a porta do meu quarto, vi brinquedos


espalhados pelo chão e meu sobrinho de três anos sentado feliz
no meio deles, ainda vestido com calças, camisa de botão,
gravata e meias três-quartos pretas.

— Colt! — Ele exclamou impaciente ao me ver.


Abandonando seus brinquedos, ele correu e pulou e tive que
pegá-lo no ar.
— Ei, Bo Bo. Você está se comportando bem?

Ele assentiu sério.

— Eu não sai nem uma vez, como papai me disse para


fazer.

— Bom trabalho, garoto. — Meu sorriso foi doloroso. Beau


não entedia porque as coisas mudaram e precisava dar a sua
mãe mais tempo para descansar. Tentamos lhe explicar que ela
estava doente, mas depois é claro, ele foi perguntar para ela
sobre sua doença, o que naturalmente, fez com que ela
desmoronasse ao temer que não estava cumprindo suas
obrigações com seu filho .

Para dizer o mínimo, Beau e eu saímos muito mais nestes


dias.

— Vamos te limpar e vestir um pijama, hein garotão? —


Beau enrugou o nariz.

— Papai falou que eu não precisava tomar banho essa


noite.

Eu não entendia sua aversão aos banhos. O menino


adorava a água, costumava ir nadar todos os dias durante o
verão. E uma vez que o colocava na banheira, brincava com seus
brinquedos até que alguém tivesse que tirá-lo com todos os
dedos de suas mãos e pés enrugados. Mas mesmo assim era
uma luta toda noite, sem falta.

— OH, mesmo? — Murmurei, arqueando uma sobrancelha


crítica. — Deixe-me cheirar seu cabelo. — Beau inclinou sua
cabeça para baixo para que eu aproximasse o nariz e quando
realmente senti um cheiro limpo de sabão, dei de ombros. —
Está bem, amigo. Mas ainda temos que escovar os dentes.

Ele gemeu e se queixou, mas o deixei no chão e bati nas


costas dele para impulsioná-lo.

— Vamos, capitão cueca.

Beau riu adorando o título e correu do quarto. Eu o segui


um pouco mais devagar e parei do lado de fora do banheiro para
deixá-lo fazer as coisas por conta própria. Cada parede do
vestíbulo estava repleta de centenas — possivelmente milhares
— de recortes de papel com uma entrevista manuscrita ou
impressa.

Quando meu olhar pegou um perto da entrada do banheiro,


bufei zombando. Dizia algo sobre arrependimentos que só vêm
de coisas que nunca tentou.

— Mer... merda — Murmurei, pensando na calcinha de


algodão cor rosa brilhante e na boceta mais bonita que já vi.
Definitivamente me arrependi de tentar, me arrependi de saber
mais sobre ela, beijá-la e vê-la desabar em meus braços. E acima
de tudo, me arrependi de chegar perto o suficiente para que
pudesse me machucar.

No corredor, na direção oposta ao berçário, ouvi vozes


silenciosas e abafadas. Precisando saber como Aspen estava,
espiei na direção e me aproximei do canto do quarto do Noel,
esperando que não me pegassem escutando.

Os dois estavam deitados juntos na cama, curvados um


sobre o outro, ainda usando as roupas que usavam no
casamento.
Aspen fungou e enterrou seu rosto contra Noel.

— Hoje não fui tão ruim, não é? Acha que alguém notou?

— Não, em absoluto. Você foi muito bem. — Ele alisou seu


cabelo atrás da orelha antes de beijar sua testa. — Foi incrível.

— Não — Murmurou Aspen, fechando os olhos. — Não é


verdade. — Uma única lágrima desceu por sua bochecha.

Noel rapidamente a limpou.

— Ninguém suspeitou de nada. Você foi muito bem.

Ela suspirou e fechou os olhos e ele a abraçou.

— Estou cansada de estar assim, Noel. Estou tão cansada.

— Eu sei, carinho. — Ele apoiou a bochecha no topo da sua


cabeça e alisou seu cabelo. — Em breve isso acabará e se sentirá
melhor outra vez. Eu juro.

— Como sabe?

— Somente sei.

Acreditando no meu irmão, eu me afastei da porta e fui ao


banheiro para verificar Beau. Sua força de vontade curaria
Aspen se nada mais o fizesse. Eu juro, ele queria tanto, que
quase tinha que ser assim. Ela ficaria melhor, . Não existia um
talvez nisso.

Noel amava sua esposa com uma intensidade que vi em


poucos casais, três, daqueles poucos, eram todos meus irmãos.

Foi estranho. Noel, Brandt e Caroline encontraram alguém


que os complementava perfeitamente. Nesta época, isso era
inédito, e ainda... deixou-me com certa esperança, certa
determinação de que um dia eu encontraria o mesmo. Então
sempre estava em alerta, testando as águas para encontrar esse
par perfeito para mim.

Quer dizer, não recusei as relações ocasionais. Ei, eu era


um cara de dezoito anos, mas no fundo do meu coração, o
objetivo final sempre foi encontrá-la, aquela garota que
preencheria as lacunas em mim, da mesma forma que todos os
cônjuges dos meus irmãos preencheram as lacunas deles.

Quando meus pensamentos voltaram para Julianna, decidi


algo. Talvez eu não tenha me arrependido do que aconteceu
entre nós afinal. Eu tentei alguma coisa, testei as águas e não
funcionou, mas pelo menos eu tentei e agora sabia sem sombra
de dúvidas que definitivamente não estávamos predestinados.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Eu posso lamentar a maneira que terminamos, mas nunca


me arrependerei do que tivemos. — Autor desconhecido

JULIANNA
Meus olhos pareciam preguiçosos e secos quando tentei
abri-los. A luz do sol era desagradável e alegre demais enquanto
corria pelas persianas da minha janela e me tirava do sono.

Murmurando, bati o travesseiro sobre meu rosto para


abafar a luz estúpida, apenas para estremecer quando todo
aquele tecido suave empurrou minhas sensíveis e doloridas
têmporas. Merda, eu bebi muito ontem à noite e acabei sendo
muito idiota.

Eu não sabia do que me arrependia mais: começar algo


com Colton, ou pará-lo, mais precisamente, parar da maneira
que fiz.

Eu queria dizer que começar algo com ele era o pior, mas
não... não. Aquelas palavras brutais que saíram da minha boca
levaram o prêmio. Tudo que eu conseguia me lembrar, era
daquela expressão perdida e devastada em seu rosto, quando
tirou seu pênis da minha mão, e se afastou de mim. Então sim,
esse era o pior momento de todos.

O mais impressionante, no entanto, era que eu não fazia


nem ideia do motivo de dizer isso. Eu nem sequer pensei no
Brandt. E por que usei a palavra com a? Eu tinha uma queda
por ele, mas tinha certeza de que nunca me apaixonei por ele,
porque de maneira alguma minha atenção seria tão cativada
por Colton tão rapidamente se estivesse apaixonada por outra
pessoa.

O que significava que eu era a garota mais estúpida da


história para dizer a mais falsa mentira no pior momento
possível.

Mas o estranho era que eu não era essa garota. Eu não


faria isso, não diria isso e não beberia tanto. Uma idiota deve ter
tomado o controle do meu corpo, estragado toda a minha noite e
depois me devolveu esta manhã. Tinha que ser isso. Porque
certamente antes, eu nunca teria ido a um casamento que nem
sequer eu queria assistir, não me embebedaria, nem me
envolveria com o padrinho que era o irmão do cara que eu queria
ter uma chance.

Não. Eu não.

Com a negação claramente definida em seu lugar, empurrei


o travesseiro do meu rosto e estremeci quando a luz ofuscante
do sol queimou minha ressaca.

— Não tem graça, não mesmo — Gritei para o sol enquanto


saía da cama e me dirigia nas pontas dos pés ao meu armário.
Depois de agarrar o primeiro conjunto de roupas que
tocaram meus dedos, andei nas pontas dos pés para a porta
―não fazia nem ideia do por que estava caminhando nas pontas
dos pés‖ em seguida girei a maçaneta e olhei cautelosamente
para o corredor. Eu não estava pronta para compartilhar
qualquer coisa da minha noite com qualquer uma das minhas
colegas de quarto.

Quando vi que a barra estava limpa e não ouvi nenhum


movimento, entrei correndo no corredor e levei minha bunda ao
banheiro.

Uma vez trancada no interior, pressionei minhas costas


contra a parede, fechei os olhos e soltei um suspiro.

Então murmurei: — Sou tão estranha — para mim mesma


enquanto arrancava o lenço da noite da minha cabeça.

Resignada a esse fato, tomei um banho.

Na realidade era o dia programado para lavar o cabelo, mas


eu não estava com vontade de passar por todo o processo, então
pulei essa parte e saí do banheiro um par de minutos mais tarde
para me secar e correr para vestir a roupa que agarrei, o que
acabou sendo um short com a palavra Angel no traseiro e uma
fina camiseta cinza da universidade. Eu queria evitar
maquiagem por completo, mas isso era inédito para mim, então
apliquei rapidamente o básico e abri a porta com nada além de
café na minha cabeça.

Era mais fácil pensar no que precisava fazer a seguir, em


vez da noite passada.

Usar o banheiro.
Me limpar.

Me vestir.

Encontrar café.

Viu: Simples. Fácil. Livre de culpa.

Já estava tentando decidir o que me obrigar a fazer depois


de tomar o café quando entrei na cozinha.

— Droga, garota — Ouvi imediatamente uma voz


masculina, me fazendo pular e patinar até parar. — Você parece
uma bucha que usaram e guardaram sem limpar.

Fiz uma pausa para dar uma olhada no namorado da


minha colega de quarto Tyla, na mesa e murmurei:

— Vá a merda.

Ei, alguns dias você tem que tirar a vassoura, o chapéu e o


grande gato preto e lembrar a todos com quem estavam
tratando. Este era um desses dias.

Theo levantou as mãos, me avisando que estava recuando.


Ignorando-o e os outros três ocupantes da mesa que o
repreendiam por seu comentário idiota, fui diretamente para a
cafeteira e me servi de uma xícara.

Uma garganta pigarreou e minha outra companheira de


quarto Sasha, perguntou hesitante:

— Então... como foi o casamento?

Ao seu lado, seu homem Chad, riu e ouvi pele se chocar


com pele quando ela bateu na perna dele debaixo da mesa.
Depois de concentrar toda minha atenção no fluxo de café
fluindo na minha xícara, levantei o olhar para enviar a minhas
colegas e a seus namorados um sorriso tenso.

— Foi tudo bem.

— Então ele se casou com ela? — Perguntou Tyla, me


enviando os mais lindos olhos de cachorrinho.

Apertei os dentes, desejando nunca ter dito a Sasha e Tyla


sobre essa paixão estúpida que nutri por Brandt, ou que iria ao
seu casamento. Outra burrada que a pessoa estúpida que
gostava de invadir meu corpo deve ter feito enquanto me
encontrava fora de serviço.

— É claro que se casou — Falei, franzindo o cenho como se


ela fosse louca. — Por que ele não se casaria com ela?

— Bem, merda — Chad bufou — Achei que você fosse


levantar no meio da cerimônia no momento em que o padre
dissesse "se alguém aqui tiver algo contra esse casamento..."

Suspirei e revirei os olhos.

— Não seja ridículo. Isso não aconteceu. Ele se casou com


ela, e honestamente, desejo toda a felicidade do mundo aos dois.

Nem sequer senti um pingo de amargura quando falei isso.


Humm, estranho. Eu realmente esperava que o Brandt fosse feliz
com Sarah, o que era outro sinal de que não estava tão
encantada por ele como sempre suspeitei. O que quero dizer é
que realmente não doeria mais saber que ele se encontrava em
sua lua de mel neste exato momento, fazendo...
Bom, nem sequer me importava o que estavam fazendo.
Portanto, era isso. Para falar a verdade, eu estava mais
preocupada com o que Colton estava fazendo neste momento.
Quanto ele me odiava? E como diabos o evitaria a partir de agora
toda vez que ele aparecesse no bar para visitar seu irmão?
Porque não eu poderia encará-lo de novo. Eu morreria de
humilhação.

Eu pediria demissão.

Sim!

A ideia surgiu em um instante e por um momento, fiquei


tentada a fazer exatamente isso. Sinceramente, eu estava com
medo de enfrentar Colton . Mas então... era uma razão ridícula
para deixar um trabalho. E atender no bar do Forbidden era o
emprego mais lucrativo que tive, com o melhor chefe que
trabalhei. Não podia deixar meu trabalho.

Eu só tinha mais um semestre na universidade e depois


podia ir para longe, longe, muito longe, encontrar meu trabalho
dos sonhos em finanças de negócios e viver feliz para sempre,
cuidando de ninguém além de mim mesma. Esse era o plano e
me manteria nele.

Então teria que ser uma garota grande e aguentar se


alguma vez cruzasse com Colton . E se por acaso ele exigisse
uma desculpa, bom... então, acho que lhe daria uma. Ele
merecia, pelo menos isso.

Mas não parecia que ele queria um pedido de desculpa


ontem à noite antes de sair daquela sala, então talvez... talvez
nunca precisássemos conversar .
Pode-se sempre esperar.

Só que a ideia de não falar com ele me fez sentir doente,


fraca e instável.

— Ainda não posso acreditar que ele se casou no início de


janeiro —Sasha falou, me tirando dos meus pensamentos. —
Quer dizer, sério. Quem se casa nessa época?

Suspirei e encolhi os ombros. Esta era quase a quinta vez


que ela expressava a sua opinião sobre a data que Brandt e
Sarah escolheram para sua cerimônia.

— Quer dizer, dia de Ano Novo tudo bem, eu posso ver um


ponto aí. Mas no dia oito? Por quê?

Eu não possuía uma resposta e honestamente não me


importava. Estava feliz que Brandt estava fora do trabalho em
sua lua de mel e longe do bar durante a próxima semana.
Acredito que ele mencionou que voltariam um dia ou dois antes
que as aulas da universidade voltassem para o novo semestre,
onde começaria seu programa de pós-graduação em fisioterapia.
Para mim, no entanto, o que isso significava era uma
prorrogação de uma semana em que Colton não teria nenhuma
razão para passar pelo clube.

Graças a Deus.

Cinco horas mais tarde, meu queixo caiu e sussurrei:


— Que merda? — Quando Colton entrou no clube
Forbidden.

Atrás do bar onde misturava um Tom Collins,


imediatamente caí de joelhos para me esconder atrás do balcão.
Mas percebi quão idiota e covarde devia parecer quando Bob,
meu colega de trabalho, me enviou um olhar interrogativo.

— Eu... derramei um pouco de gelo. — Respondi com


dificuldade, enquanto meu rosto se esquentava de vergonha.

Que diabos? Eu não podia me esconder aqui. Além disso,


era uma mulher audaz e confiante ―ou, pelo menos essa era a
meta‖ que poderia enfrentar o cara com quem cometi um erro.

Eu me levantei, afastando a franja dos meus olhos,


endireitei os ombros e limpei a garganta antes de ousar mover
meu olhar na sua direção. Mas assim que o observei, tudo
dentro de mim começou a ficar fora de controle. Por mais
nervosa que me sentisse por sua reação na última noite... uh, os
acontecimentos entre nós, não conseguia evitar que as
lembranças se reproduzissem no meu cérebro. Elas aqueceram
minhas entranhas e me fizeram sentir corada e sem fôlego.

Ele se aproximou do bar com uma elegância preguiçosa e


meu estômago revirou violentamente enquanto os dedos dos
meus pés começavam a enrolar. Ele caminhou com o mesmo
balanço lento e talentoso que tinha quando me inclinou na mesa
e colocou a mão dentro do meu vestido.

— Olá, Colton — Bob cumprimentou com um aceno de


cabeça. — Foi um casamento incrível na noite passada.
Eu dirigi ao meu colega de trabalho um olhar
sobressaltado. Eu não sabia que Bob estava lá. Seu cartão
estava na minha mesa, mas eu não o vi. Bonito, da sua parte,
me deixar sozinha em nossa mesa. Imbecil.

— Sim — Respondeu Colton, enviando com sua voz aquele


zumbido de consciência através de mim. Obrigada a me virar
para ele de novo, eu o vi apontar para a abertura do corredor
que levava para a parte de trás.
—Pick está aqui esta noite?

— Claro que sim — Respondeu Bob. — Lá atrás.

— Obrigado — Murmurou Colton e se dirigiu para lá.

Todos nós sabíamos que Brandt e sua família eram unidos


com o grande chefe do clube, então não foi surpresa que Colton
queria vê-lo. Mas assim que ele desapareceu de vista, um fato
impressionante me atingiu como uma bofetada na cara.

Ele me ignorou .

Colton Gamble nunca me ignorou nem uma vez nos nove


meses que nos conhecíamos. Ele sempre teve tempo para me dar
atenção especial, para me mostrar um sorriso de paquera, para
tentar me seduzir, para me convidar para sair, para nomear
nossos futuros filhos. E eu sempre me livrei dele como alguém
chato, muito arrogante para seu próprio bem e excessivamente
ridículo.

Mas ter negada a sua atenção tão abruptamente fez com


que a falta dela parecesse muito escura, muito fria e solitária.
Diabos, eu teria preferido que me olhasse e dissesse que eu
era uma cadela sem valor no rosto. Qualquer coisa era melhor
do que a indiferença porque isto doía demais. Eu me senti oca e
vazia, o que me fez pensar em outro fato surpreendente.

Eu não podia negar isso, secretamente eu gostava do seu


flerte brega o tempo todo. E dizendo que eu gostava, é porque
realmente gostava.

Acredito que ele até mesmo gostava de mim.

Eu aqui sempre pensando que era raiva, desconforto e


aversão que me atravessavam cada vez que era forçada a falar
com o irmão mais novo do Brandt. Mas talvez, aquela sensação
vívida que despertou em mim, que me fez querer arranhar seu
rosto antes de subir em seu corpo, puxar seu cabelo e forçá-lo a
me beijar, era uma espécie de preliminares que eu experimentei.

Uma coisa era certa: eu nunca conseguia me concentrar em


ninguém quando ele estava por perto.

Percebi que me sentia atraída por ele; e sempre fui atraída


por ele; de uma maneira tão intensa que me intimidou. Não
queria que Colton gostasse de mim dessa maneira. Ele não era
confiável como Brandt. Não havia nada calmo, seguro, nem
cuidadoso sobre como isso me afetava.

E esses não eram os tipos de sentimentos que construí ao


meu redor por toda minha vida.

Então deveria ser algo bom que ele não quisesse mais nada
comigo. Exceto que, quando a porta do escritório do Pick se
abriu e suas vozes surgiram, eu não me importava com nada
disso. Eu prendi a respiração, ansiosa para vê-lo entrar no bar
outra vez, precisando que ele me reconhecesse.

— Obrigado de novo — Comentou Colton e sua voz enviou


deliciosos calafrios por minha espinha.

— Não tem problema — Respondeu Pick. — Como te falei,


contanto que seja após o horário e volte a colocar tudo onde
encontrou, pode ter livre domínio sobre o lugar.

Eles saíram para o corredor juntos, Pick colocou sua mão


sobre o ombro de Colton de uma maneira paternal.

Colton olhou para ele com um sorriso agradecido.

— Podemos fazer isso, não há problema. Também nos


asseguraremos que o logotipo do Forbidden seja incluído em
todas as cenas.

— Eu agradeço. — Pick bateu no ombro de Colton antes de


soltar. — Vejo você por aí, garoto.

— Até mais tarde. — Colton acenou com a mão por cima do


ombro e continuou andando para a porta enquanto Pick parou e
o viu partir.

Eu também o observava.

Eu adormeci chorando na noite anterior depois de chegar


em casa do casamento, saindo diretamente da sala onde Colton
e eu nos agarramos. Eu achei que chorei o suficiente para durar
um ano ou dois. Mas quando Colton se dirigiu para a saída sem
nem olhar na minha direção, a vontade de chorar aumentou com
uma força que revirou meu estômago e secou minha garganta.
Eu tentei engolir a dor, mas ficou preso em toda a crueza seca e
meus olhos começaram a lacrimejar.

— Você está bem, Julianna?

Eu me sobressaltei e bati a mão contra meu peito enquanto


caminhava para meu chefe, que agora se encontrava de pé ao
lado do bar, uma das mãos no balcão, enquanto me observava
com preocupação.

— O que? — Eu perguntei em um suspiro, então sacudi a


cabeça, ofereci um sorriso de desculpa e repeti: — Sinto muito, o
que falou?

Ele me estudou mais um segundo, seu olhar me lembrou o


jeito que Colton podia ver diretamente dentro da minha cabeça e
ler tudo o que estava pensando. Ele então olhou para a saída
onde Colton acabou de desaparecer e voltou seu olhar para mim.

— Tem certeza de que está bem?

Movi a cabeça para cima e para baixo, engolindo o medo e


esperando que ele não percebesse que aconteceu algo entre
Colton e eu.

— Sim — Quase engasguei. — Estou bem. Muito bem.

Ele levantou a mão e me deu um polegar para cima.

— Ótimo. Estava só confirmando, tudo vai bem por aqui


esta noite?

OH. Merda, pensei que ele estava perguntando sobre mim


pessoalmente. Agora me sentia como se tivesse acabado de
revelar algo respondendo sobre mim. Será que revelei alguma
coisa?
Olhei para o Bob, mas ele estava ocupado fazendo uma
bebida para um cliente, então voltei minha atenção para Pick.

— Sim. Está tudo bem. Um pouco devagar, mas... — Dei de


ombros. — Esse é um domingo típico.

Ele assentiu concordando, mas continuou me observando,


e fazendo eu me contorcer por dentro.

— Você foi ao casamento ontem à noite?

Abri a boca, mas nenhuma palavra veio. Quando percebi


que ele e nem Bob me viram lá, respondi: — Não, eu não fui —
Perguntando-me o tempo todo porque estava mentindo para o
meu chefe. Não havia razão para mentir e, no entanto, continuei:
— Mas imagino que foi ótimo.

Mais uma vez, sua cabeça se moveu para cima e para baixo
com um gesto de cortesia.

— Sim, foi. Você perdeu ver meus filhos tentando a dança


da galinha na recepção.

Fiquei imóvel, olhando-o enquanto ele continuava me


observando como se não estivesse procurando informação.

Mas talvez estivesse mesmo procurando. Talvez estivesse


tentando me dizer que me viu dançar com Colton. Será que ele
nos viu sentados na mesa depois disso, conversando e bebendo?
Nos viu sair juntos? Eu não tinha nem ideia. Pick Ryan era uma
das pessoas mais difíceis de se ler do planeta.

Então eu respondi: — Aposto que estavam adoráveis —


Enquanto esperava que ele parasse de investigar tentando obter
mais informação, se era realmente isso o que ele estava fazendo.
Ele sorriu.

— Sim, eles estavam. É sempre divertido ver os jovens


dançarem. — Então ele bateu os nós dos dedos contra o balcão e
apontou para mim. — Deixe-me saber se você precisar de
alguma coisa. Vou ficar cerca de uma hora antes de ir para casa.
— Ele voltou para seu escritório sem dizer mais nada.

Olhei-o fixamente, pressionando a mão no meu estômago e


me perguntando o que diabos aconteceu. Era sua maneira de me
dizer que suspeitava sobre Colton e eu? Ou foi apenas conversa
fiada? Talvez ele estivesse tão ocupado observando seus filhos
que não me viu na pista de dança com Colton e o sobrinho dele,
mas algo me dizia que ele sabia.

Meu coração acelerou e meu estômago revirou quando


voltei minha atenção para o trabalho. Eu me senti mais culpada
e pior do que nunca pelo que fiz com o Colton.

Eu não podia acreditar que ele me ignorou e ainda assim,


podia. Era o que eu merecia. Mas isso não me fazia sentir
melhor. Entretanto, uma coisa estava brutalmente clara. Este
seria um semestre muito longo antes que eu pudesse escapar de
Ellamore, Illinois.

E ele nem sequer começou ainda.


Retirado do quadro de citações de Aspen:

A melhor desculpa é uma mudança de comportamento. —


Autor desconhecido

JULIANNA
Uma semana e meia depois, na quarta-feira, começou o
primeiro dia do meu último semestre na universidade e não
começou bem. Tanto o namorado da Sasha, quanto o da Tyla
ficaram para passar a noite, o que significava que havia um
banheiro para dividir entre nós cinco esta manhã e quem você
acha que entrou por último? Sim. Esta garota.

Então, aqueles idiotas acabaram com todo o café quando


fiquei pronta, de banho tomado e vestida. Não houve tempo para
fazer outro café ou parar em um Starbucks no caminho para o
campus. Cheguei atrasada para minha primeira aula por quase
dez minutos. Como se fosse pouco, esqueci meu lápis e meu
laptop, então não pude fazer anotações. Fiquei sentada o tempo
todo, irritada e frustrada, esperando me acalmar.

Aquela outra pessoa estúpida deve ter invadido meu corpo


outra vez e me arruinado porque esta não era eu. Nunca cheguei
atrasada, nunca esqueci minhas coisas e nunca me distraí na
sala de aula.

Mas não consegui me concentrar em uma única palavra do


que o professor falou. O fato de Colton estar em algum lugar do
campus neste momento me incomodava. E se eu o encontrasse
no pátio ou na cafeteria?

Ele continuaria me ignorando?

Agora ele era um estudante do primeiro ano, este seria seu


segundo semestre. Eu me perguntava qual era seu campo de
estudo e se ele prestava atenção nas aulas. Eu não podia
imaginá-lo como o tipo que tomava notas atentamente durante
toda a aula. Esse não era seu estilo. Não, ele era o vagabundo
que ficava sentado na parte de trás, curvado em seu assento,
com os pés apoiados na cadeira da frente enquanto desenhava o
tempo todo, ou ficava dormido... escolha sua opção.

Eu sabia que ele fez o discurso de encerramento na sua


escola, então ele era bem inteligente, mas a ideia de ele ser um
aluno modelo nem sequer parecia possível.

E por que eu estava sentada aqui pensando em que tipo de


estudante de merda Colton Gamble era?

Definitivamente eu estava com problemas.

Fortalecendo minha resolução, concentrei minhas energias


no professor e fui capaz de escutar e entender algumas frases
antes de começar a me perguntar se Colton conheceu outra
garota desde o casamento. Ele não voltou ao bar em oito dias e
da última vez me ignorou.
Oito dias. Um cara como ele — arrogante, ambicioso e
muito bonito para seu próprio bem — pode ter conseguido um
par de mulheres nesse tempo.

De repente, eu senti náuseas.

No momento em que nos deixaram sair da aula cinco


minutos antes, eu me sentia uma confusão suada e preocupada.
Decidindo que a falta de café arruinou meu cérebro, parei na
cafeteria do campus a caminho da minha segunda aula do dia. A
fila era curta, graças a Deus, então tive uma xícara fumegante
de café na minha mão em questão de minutos.

Tomando um gole e me sentindo revitalizada, comecei a


caminhar para o edifício de história onde tinha uma aula de
filosofia básica. Era um crédito de educação geral que deveria ter
feito em meu primeiro ano, mas fui adiando. Se pudesse evitá-lo
, eu teria feito, exceto que meu conselheiro percebeu que eu
precisava tomar alguma coisa e me avisou que eu não poderia
me graduar até que o fizesse, então... aqui estou eu.

Como existia uma grande inscrição de alunos, a aula se


realizava na sala de conferências do edifício de história onde os
assentos eram tipo auditório. Assim que entrei na sala
abobadada, senti meu telefone tocando dentro da minha bolsa.
Peguei-o no bolso dianteiro da minha mochila só para encontrar
uma mensagem em grupo de Tyla, enviado para Sasha e para
mim.

Tyla: Bem-vindas de volta à universidade, cadelas!

Junto com sua mensagem, ela anexou uma imagem de um


cara com quem ela saiu no segundo ano. Ele adormeceu na
aula, desabando sobre a mesa com a cara esmagada em seu
livro. E alguém ―suponho que Tyla‖ colocou uma nota em sua
testa que dizia: Tenho piolhos na virilha.

Era tão típico da Tyla que eu ri e me virei para subir os


degraus sem olhar para onde ia, me guiando pelo canto do olho.

Mas então de repente, alguém estava lá, tentando subir os


degraus também para encontrar um assento. Parei para evitar
me chocar com ela... ou com ele.

— Merda, me desculpe. — Levantei a vista, encolhendo os


ombros ao mesmo tempo em que me desculpava. — Eu não te
vi... — As palavras morreram na minha língua quando olhei para
seu rosto. — OH, Deus.

O sorriso do Colton estava tenso e seus olhos se


estreitaram.

— Olá — Ele cumprimentou, movendo o queixo — Faz


tempo que não te vejo. — Ele deslizou para o lado para me
deixar passar e estendeu uma das mãos, me indicando para
continuar. — Primeiro as damas.

Mas eu não conseguia me mover. Eu fiquei boquiaberta por


outro segundo antes de sacudir a cabeça.

— O que... O que... O que está fazendo aqui?

Seu queixo se moveu impaciente. Olhando por cima da


minha cabeça, respondeu:

— Assistindo a aula. Assim como você, suponho.

Eu olhei ao redor da sala. Sim, era uma turma de primeiro


ano e sim, eu adiei até ter que fazê-la em meu último semestre,
mas não... de maneira alguma podia ser a mesma turma de
primeiro ano que este cara está. Quando percebi que sim, que
realmente compartilharíamos uma aula juntos, voltei meu olhar
para seu rosto de pedra.

— Não — Eu falei. — Não, não, não. Isto não pode estar


acontecendo.

Seu olhar escureceu antes de disparar:

— Estou feliz que você aprove. Agora, precisa encontrar um


assento ou não? Eu prefiro não ficar aqui o dia todo esperando
você passar.

Minha boca se abriu.

— Eu... sinto muito — Murmurei, eu me perguntei por que


estava me desculpando quando ele se comportou como um
idiota. Era tão estranho vê-lo dessa maneira.

O Colton que conhecia era o sorridente, encantador e feliz.


Eu não gostava deste Colton com o cenho franzido, desagradável
e rancoroso. Mas o fato de que o desagradável Colton aparecesse
foi minha culpa, o que era uma porcaria. Eu arruinei o perfeito
garoto bom e quente.

Pessoas foram espancadas até a morte por menos.

Assenti em silêncio e subi os degraus até encontrar um


lugar. Enquanto deslizava na primeira cadeira disponível, Colton
foi mais à frente para encontrar um assento na parte traseira.
Dei uma olhada por cima do ombro enquanto ele desabava em
um assento e imediatamente apoiava seus pés na cadeira diante
dele.
Eu não consegui nem sequer me sentir presunçosa porque
adivinhei corretamente ―ele era totalmente um vagabundo
curvado em seu assento‖ era muito surreal descobrir que
compartilhava uma aula com ele.

É muito doloroso presenciar o quanto ele me odiava agora.


Ele me ignorou enquanto o olhava fixamente outro segundo, o
pingo de atração se misturava amargamente com meu
arrependimento. Eu me virei para minha mesa, mas jurava que
podia sentir seu olhar queimando a parte de trás do meu
pescoço.

Tampouco se dissipou quando a aula começou. Não, isso


me fez sofrer por mais uma hora de não prestar atenção a minha
aula.

Assim que o professor nos liberou, saí correndo dali antes


que Colton e eu pudéssemos nos chocar nas escadas de novo.
Eu acabei de sair do edifício quando percebi que estava com
medo. Eu não era o tipo de pessoa que fugia de problemas.

Em que diabos Colton Gamble me transformou?

Irritada comigo mesma, cansada de agir como outra pessoa


e pronta para acabar de uma vez com toda esta culpa e loucura,
murmurei para mim mesma quando me virei e entrei no edifício
de história. Como ele se atrevia a fazer isto comigo?

Ok, bem, fiz isso comigo mesma, mas fez me sentir melhor
culpá-lo, então sim, maldito Colton. Ele não me ignoraria ou
seria frio e indiferente. Esse era meu papel! Não era permitido
trocar de lugar.
Como mais de cem pessoas estavam tentando sair do
edifício enquanto eu voltava a entrar, levei um tempo para
caminhar contra o fluxo e voltar para a sala de conferências.
Examinei os rostos e fiquei nas pontas dos pés para identificá-lo,
no caso de já termos passado um pelo outro, embora eu
estivesse usando saltos de tamanho decente. Mas ainda não o
via, então isso me deixou três opções: ou ele foi para outra aula
no edifício, ou ainda não saiu da sala de conferências, ou merda...
talvez tenha saído por um lugar diferente.

Com esperança de que não fosse a última opção, virei uma


esquina, só para me deter rapidamente quando o vi
acompanhado por uma morena pequena, usando a saia mais
curta e a camiseta mais justa. Ela estava perto o suficiente,
mantendo toda a conversa e gestos com as mãos, de modo que
ele teve que inclinar a cabeça constantemente para encontrar
seu olhar. Mas ele assentiu, mostrando que estava ouvindo.

Sua conversa parecia íntima.

Algo vil e doloroso atravessou meu estômago. Um calafrio


antinatural correu por meus braços, eu queria gritar e correr,
puxar o cabelo dela, ou gritar e fugir, chorando e puxando meu
próprio cabelo. Ambos os impulsos foram tão rápidos e fortes
que me fizeram pressionar uma das mãos no meu peito e inalar
bruscamente.

Eu não gostei disto. Eu não gostei de como me senti ao vê-


los juntos, o que me fez querer fazer. O pior, não havia razão
para isso. Eu estava me comportando de uma maneira
totalmente absurda. Sentindo-me fraca, eu me virei quando
Colton levantou o rosto e voltou sua atenção para mim.

Ele tinha que ter me visto, mas esperava que ele não
soubesse que eu estava tentando encontra-lo, e... eu nem sequer
sabia o que diria se o tivesse encontrado: que queria voltar a ser
como éramos antes de nos beijarmos, onde ele paquerava e
sorria, e eu agia como se não gostasse.

Sim, eu não poderia dizer isso a ele.

Eu estava indo pelo corredor o mais rápido que meus saltos


me permitiam quando ouvi um chamado.

— Ei! — Soava como Colton, mas não parei e nem olhei


para trás. Inclusive posso até mesmo ter apressado um pouco
mais meu ritmo, até que a voz acrescentou: — Radcliffe.

Droga. Apertando os dentes e incapaz de ignorar meu


sobrenome, especialmente desde que percebi que estava fugindo
, parei lentamente e me virei, levantando as sobrancelhas
questionando.

Quando tudo o que ele fez foi levantar as mãos como se


silenciosamente perguntasse: "Qual é o problema?", eu olhei
atrás dele, mas a garota com quem ele estava conversando não
estava à vista.

— Onde está sua amiga? — Soltei sem pensar e ele teve o


descaramento de parecer confuso.

— Que amiga?

— A garota — Retruquei — Com quem estava falando há


pouco.
— Oh. — Ele também olhou para trás, como se esperasse
que ela aparecesse atrás de um banco ou algo assim. Então se
virou e encolheu os ombros. — Eu nem sequer a conheço. Ela se
aproximou de mim depois da aula para me perguntar sobre
grupos de estudo ou algo assim. Não sei. — Ele apontou com seu
polegar por cima do ombro. — Era com ela que precisava falar?

— O que? Não. — Neguei com a cabeça. — Por que me


seguiu?

— Parecia que queria falar comigo. Por que diabos foi


embora? Você parecia chateada. Um pouco triste e talvez
zangada, mas em sua maioria, chateada.

Estreitando os olhos e me aproximando, cutuquei seu peito


com um dedo.

— Pois você está louco se acha que admitirei que estava


com ciúmes dela.

— Uau! — Levantando as mãos, ele recuou um passo. Mas


então parou e respirou fundo. — Ciúmes, é? Eu nem sequer
mencionei a palavra ciúme. Na realidade, nem sequer pensei
nisso. Por que está falando sobre ciúmes?

Fiquei imóvel, me amaldiçoando por dentro. Agora ele


pensaria que...

Eu ofeguei quando ele entrou no meu espaço pessoal e


colocou uma das mãos contra a parede perto da minha cabeça,
meio que me enjaulando, então olhei em seus intensos olhos
marrons e me perdi. Tudo nele era tão forte. Atravessava-me,
tomando o controle do meu batimento cardíaco, da minha
respiração, dos meus hormônios.
— Ou talvez eu devesse perguntar por que você ficaria com
ciúmes por uma garota conversar comigo. — Sua voz era baixa e
reverberou em meus ovários, fazendo-os vibrar e contrair com
luxúria. Mas então ele acrescentou: — Eu não sou Brandt.

Minha boca se abriu. Eu estava meio tentada a dar um


murro no seu estômago e meio que explodir em lágrimas. Depois
de um duro e doloroso suspiro, levantei meu queixo e prendi a
respiração.

— Suponho que eu mereça isso.

— Suponho que sim — Ele murmurou. As palavras eram


irritantes, mas seu tom não. Ele falava baixo demais para ser
acusador e, além disso, o modo como seu olhar percorria meu
rosto não era de maneira alguma desagradável. Ele me olhava
como se me quisesse para o jantar.

Meu corpo se aqueceu nos lugares mais inapropriados, mas


agradáveis. Eu me perguntei o que ele faria se eu ficasse nas
pontas dos pés e o beijasse.

— Então, por que queria falar comigo? — Ele perguntou,


retornando seu olhar para o meu rosto depois de fazer uma
revisão lenta e completa do resto do meu corpo.

Eu prendi a respiração por meio segundo, dando-me ordem


para não tocar nele porque estava tão perto e seu olhar era tão
quente, que me pressionar contra ele era a única coisa na minha
cabeça.

Mas teríamos uma conversa séria, muito pouco sexy. Meu


corpo tinha que esfriar de uma puta vez.
— Ok, eu queria falar com você — Admiti, levantando meu
queixo. Ele assentiu, me incentivando a continuar.

— A respeito de...

Eu soltei um longo suspiro.

— Nós compartilharemos essa aula pelo resto do semestre


certo? E tenho certeza de que nos encontraremos no bar . Então
pensei que seria bom para nossas vidas se... se... se eu me
desculpasse por... você sabe e esclarecesse toda essa discórdia
entre nós.

— Discórdia? — Ele inclinou a cabeça com curiosidade. —


Há alguma discórdia entre nós?

Com um suspiro de incredulidade, sussurrei:

— Sim! Você me ignorou no bar no dia seguinte ao


casamento e então hoje, quando decidiu que eu era decente o
suficiente para falar comigo, você me tratou como se fosse lixo.

— Eu te tratei como se fosse lixo? — Ele perguntou,


parecendo um pouco perturbado. — Eu falei que você era uma
imbecil e uma idiota irritante? Oh espere, não. — Ele estalou os
dedos. — Isso foi como você me descreveu. Engano meu.

Abri a boca quando as palavras falharam. Mas cara, eu me


comportei de uma forma horrível com ele, certo? E ele parecia
muito, muito chateado comigo.

Isto não era bom.

Eu precisava consertar isso.

— É assim que eu sou — Retruquei. — Sou uma cadela.


Você não. Você é encantador, sedutor e... os insultos não te
afetam. ... — Estendi meus dedos para abrangê-lo. — Você não
age dessa maneira.

Ok, esse foi o pior argumento que já dei a alguém em toda


a minha vida, mas era a verdade, então eu... tentei.

— Oh, eu não ajo assim? — Ele perguntou em voz baixa. —


Desde quando você me conhece tão bem?

Não fui capaz de responder por que ele estava certo, eu


realmente não o conhecia, o olhei impotente, sem sequer saber
o que dizer.

Ele balançou a cabeça e desviou o olhar antes de olhar


para mim, seus olhos girando com turbulência.

— Talvez eu não me sinta como sempre neste momento —


Ele murmurou em voz baixa. — Está bem?

Meu coração doía. Sentindo-me como uma merda, eu me


aproximei e acariciei sua bochecha suavemente com minha
palma.

— Eu realmente te machuquei, não é?

Seus cílios se agitaram, arrastando as pálpebras sobre seus


olhos como se não tivesse nenhum controle sobre eles. Quando
ele se apoiou ligeiramente na minha mão, seu cheiro flutuou
sobre mim. Eu queria pressionar meus lábios contra os seus.
Então queria abraçá-lo e sentir seu calor me envolvendo, talvez
deixar que penetrasse em meus ossos e corrigisse toda esta
miséria que o fiz passar.

Observando seu rosto, falei: — Eu admito que há algo


muito... químico entre nós.
Seus olhos se abriram. Ele olhou para mim por um
momento antes de afastar o rosto da minha mão. Franzindo a
testa, ele falou: — É chamado de desequilíbrio químico. E eles
causam doenças mentais, como a esquizofrenia, então... — Ele
enrugou o nariz como se cheirasse algo ruim. — Vou passar.

Auch. Virando-se, ele começou a caminhar pelo corredor, se


afastando de mim.

Meu estômago se apertou com desconforto.

— Colton...

Ele acenou com a mão sobre seu ombro.

— Eu trabalharei na discórdia — Ele rosnou. E isso foi


tudo.

Eu não me sentia melhor por enfrentar minha culpa, de


modo algum. E Colton ainda parecia me odiar.

Merda.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Percebi que estava pensando em você, e comecei a me


perguntar quanto tempo esteve em minha mente. Então me
ocorreu: Desde que te conheci, você nunca saiu. — Autor
desconhecido.

JULIANNA
Colton, embora esperasse encontra-lo durante o resto das
minhas aulas.

Quando cheguei ao meu apartamento, desabei no sofá e


deixei que minha bolsa de livros caísse no chão ao meu lado.
Depois de um segundo olhando para o nada do outro lado da
sala, decidi que poderia me mover de novo depois de tudo e
procurei dentro da minha mochila para tirar meu Kindle.

Nada clareava mais meus pensamentos angustiantes do


que um bom livro. Mas toda vez que o herói e a heroína
compartilhavam um olhar quente, eu voltava a pensar no Colton
e na maneira que me olhou quando lhe coloquei a camisinha ou
quando embalei sua bochecha hoje depois da aula, ou no
primeiro momento em que nos vimos, quando me falou que eu
parecia com a Rihanna.

Isto não estava funcionando

Troquei aquele livro por um horripilante mistério de


assassinato que Chad insistiu que eu lesse.

Era sangrento e me daria pesadelos se não fosse pelo fato


de que possuía cerca de vinte apanhadores de sonhos
pendurados em vários lugares ao redor do meu quarto. Mas a
história me chamou a atenção com sucesso. Mal notei minhas
duas colegas de quarto voltando para o apartamento depois que
terminaram suas aulas.

Acredito que Tyla talvez até tenha me perguntado sobre


como foi meu dia. Esperava que tivesse dito que foi bom, mas
não tinha certeza. Eu estava me escondendo, não perceberam?

Sem ideia de quanto tempo se passou, embora soubesse


que estava prestes a descobrir quem era o assassino, uma figura
veio pisoteando até o sofá e parou bem na minha frente.

Eu olhei para Tyla enquanto ela colocava as mãos na sua


cintura.

— Já chega! — Ela me falou em termos inequívocos. — Eu


não posso tolerar ver você circulando abatida no apartamento
mais um maldito segundo. Nós sairemos. Esta noite.

Pisquei e afastei a franja do meu rosto. Já que não estava


nenhum pouco deprimida, mas sentada aqui lendo um livro, eu
assumi:
— Theo está passando um momento com seus amigos de
basquete de novo, não é?

Ela franziu a testa, porque atingi o prego.

— Isso é totalmente alheio ao ponto. Isto é sobre você,


JuJu. Você precisa parar de sofrer por um homem casado, que
esteja enroscado com sua esposa neste...

— Não estou assim por ele — Murmurei, trincando os


dentes para não anunciar que estava deprimida por seu irmão.

Deus, eu era um desastre, tanto que me encontrava tão


humilhada para confessar a minhas colegas de quarto que nem
sequer pensava mais no Brand, agora estava muito ocupada me
estressando pelo Gamble número dois.

— Bom, o que está fazendo é muito deprimente. E isso


acabará. Agora mesmo. Sasha! — Ela aplaudiu antes de levar
suas mãos ao redor da boca e gritar: — Noite das garotas. Vá
encontrar algo para eu usar.

— Garota, por que está gritando? — Perguntou Sasha,


entrando na sala de estar. — Chad e eu temos planos que... —
Suas palavras morreram quando ela entrou na sala e me avaliou
abatida no sofá e Tyla pairando sobre mim no modo mamãe. Um
segundo depois, ela assentiu. — Sim, tudo bem. Posso cancelar
com Chad. Você está no clima sexy ou confortável?

— Ooh, vamos confortáveis. Já tenho meu homem, quem


eu preciso impressionar? — Tyla correu atrás dela quando
Sasha desapareceu de volta no corredor. Suas vozes voltaram
quando debatiam sobre o que a outra deveria usar e então Tyla
gritou: — Esteja pronta em uma hora, JuJu! Ou sua bunda vai
como está.

Gemi e abaixei meu Kindle. Ela não brincava quando usava


esse tom de voz. Seria melhor que eu me arrumasse, embora a
última coisa que eu quisesse fazer fosse me misturar com um
bando de meninos universitários imaturos e bêbados. Eu ouvi
um par de garotas antes da minha última aula e maldição, me
senti velha, muito velha para ir a uma das suas festas e sabia
que era para lá que Tyla e Sasha iriam querer ir.

Suponho que poderia ter me negado, mas... talvez eu


devesse parar de me deprimir e sair do apartamento. Pelo
menos, isso me ajudaria a parar de pensar nele por um par de
horas.

Mesmo assim...

— É quarta-feira à noite — Gritei — Todas nós temos aulas


de manhã.

— Como se nunca tivéssemos ido a aulas com ressaca e


duas horas de sono antes — A resposta da Tyla soou pelo
corredor.

— Mas hoje foi o primeiro dia de aula — Reclamei.

— Especialmente depois de um primeiro dia com uma festa


de fraternidade em nosso currículo — Acrescentou Sasha.

— Mas é nosso último ano. Não deveríamos ser mais


maduras do que isso neste momento?

Exceto que ambas gritaram:

— Exatamente!
Uff. Eu não conseguiria escapar disso a menos que as
irritasse além do ponto da irritabilidade. E não queria fazer isso.

Caminhei para meu quarto e ataquei meu armário. Do


outro lado da parede, Sasha e Tyla caíram na risada, o som
abafado era alegre e animado. Observei a parede ansiosa, me
perguntando sobre que estavam falando.

Conheci a Sasha primeiro. Nós trabalhamos juntas em um


restaurante do outro lado da cidade em nosso segundo ano.
Quando nós duas precisamos de um lugar para morar,
decidimos alugar este lugar juntas. Mais tarde, quando conheci
Tyla em uma aula que compartilhávamos, eu a convidei para
morar conosco, porque ela rompeu com seu namorado idiota e
infiel e precisava de um quarto. E menos de um mês depois que
se mudou, ela e Sasha se uniram como almas gêmeas.

Eu sabia que era mesquinho, da minha parte, sentir-me


excluída e desejar que elas quisessem compartilhar roupa,
segredos e conselhos de maquiagem comigo como faziam entre
si, mas na maioria do tempo, não conseguia evitar, invejava sua
relação estreita.

Vestindo-me sozinha, debati entre várias outras


combinações antes de decidir por um par de jeans preto, com
uma blusa preta de gola alta que tinha um buraco em forma de
coração na garganta grande o suficiente para mostrar algum
decote decente. E então como era inverno, calcei uma bota de
couro de salto alto. Chequei meu cabelo, empurrando a
comprida franja na testa para o lado antes de controla-lo na
parte de trás, eu o arrumei esta manhã. Precisava de apenas um
pouco de spray e passei para meu rosto. Depois de um par de
minutos retocando minha maquiagem, fui ver minhas garotas.

Parando na porta do quarto da Sasha, encontrei-as pela


metade.

Tyla me notou primeiro. Franzindo a testa perguntou:

— Como demônios você está sempre tão impecável depois


de cinco minutos de arrumação?

Franzindo a testa em confusão, chequei meu Fitbit2.

— Foram quinze minutos.

— Que seja. — Ela sacudiu uma das mãos e se virou para o


espelho onde Sasha estava afofando seu cabelo. — Você é uma
cadela.

— Tão cadela que não querem que eu saia com vocês esta
noite? — Perguntei ansiosa.

— Ah. Nem sequer tente se livrar. Você está indo.

Com um suspiro, me sentei na ponta da cama da Sasha e


examinei minhas unhas em busca de imperfeições. Eu retoco
meu esmalte toda noite depois de prender meu cabelo para
dormir. Muitas pessoas acham que minhas unhas são postiças
ou extensões porque são muito longas, mas não, elas são
naturais. Cem por cento garras de Julianna Radcliffe.

Por alguma razão, isso me fez pensar no cabelo de Colton e


em quão real eles eram. Eu juro, era tão suave quanto o pelo de
coelho, mas grosso, exuberante e bonito. Era um pouco

2
deprimente saber que nunca mais o tocaria. Se eu conseguisse
me sentar atrás dele algum dia na aula, era provável que olhasse
fixamente para seu cabelo o tempo todo.

Eu amava seu cabelo.

— Oh por Deus carinho, você precisa parar de pensar nesse


homem já.

Sentindo-me culpada, movi meus olhos para encontrar


minhas duas companheiras olhando para mim enquanto cada
uma segurava um tipo de maquiagem para aplicar os retoques
finais em seus rostos.

— Ele está casado.

Abri a boca para lhes dizer que não estava pensando no


Brandt. Mas era inútil. Não estava pronta para confessar a
verdade, então respirei fundo e ordenei:

— Então me distraiam. O que aconteceu com vocês hoje,


garotas? Jeff descobriu que você colocou uma nota nele
enquanto dormia na aula?

Tyla riu e se virou para o espelho.

— Oh diabos sim, ele soube. Ele tentou me seguir depois da


aula e me fazer pedir desculpas, mas Theo estava me esperando
e o espantou. — Com um suspiro sonhador, ela solta seu batom
e afasta uma mecha de cabelo. — Porra, amo meu homem. Ele é
muito melhor do que Jeff alguma vez foi... e não estou falando
apenas no departamento de aparências, se sabe o que quero
dizer.
Quando ela pisca os olhos e bate seu quadril contra o da
Sasha, esta cantarola.

— Mmm, você tem um bom. Ele é quase tão bom quanto


meu Chad.

— Oh carinho, eu não penso assim. Você viu o colar que


Theo me deu no meu aniversário? Meu cara é bem-sucedido.

— Bem, você viu as mensagens que Chad deixa todas as


manhãs no meu telefone me dizendo quão linda eu sou e quanto
me ama? Theo não faz isso, certo?

Tyla abre a boca para retaliar, mas limpo a garganta.

— Eu acho que as duas têm namorados incríveis. —


Embora verdade seja dita, eu gostava mil vezes mais do Chad
que do Theo.

Ambas me olham simultaneamente e eu soube exatamente


o que pensavam por suas expressões. Lembrando que sua
solteira e solitária companheira de quarto não possuía
namorado, elas se encolheram com simpatia. Mas um segundo
depois, seus olhares se encheram com determinação.

— Sabe, eu posso fazer o Theo te arrumar um encontro


com alguém do seu time de basquete. Há um estudante
transferido da Jamaica, alto e bonito, que parece capaz de fazer
os dedos de uma garota se enrolarem toda a noite.

— Ou Reggie, o amigo de Chad, ele sempre pergunta por


você — Acrescentou Sasha prestativa.

Eu suspirei e ofereci um sorriso triste.


— Obrigada, meninas. Realmente. Mas... — Sacudi a
cabeça — com o trabalho e a carga de aulas neste semestre, não
tenho tempo para um namorado.

— Você falou isso no semestre passado — Sasha me


lembrou.

— E no semestre antes desse — Tyla sentiu a necessidade


de contribuir.

— De fato, o único cara que se sentiu remotamente


interessada desde o Shaun foi esse estranho Brandt Gamble
com quem trabalha.

— Que nenhuma de nós duas sequer conheceu.

— E nem vimos uma foto.

— Bom, ele está casado — Eu falei antes que pudessem me


bombardear mais. — Então, esse é um beco sem saída que deve
ficar assim... por favor. — Quando elas colocam as mãos nos
quadris enquanto olham para mim, suspirei. — Eu só quero
focar em mim, ok? Eu pensarei em voltar a sair depois de me
formar e encontrar um trabalho. Eu juro.

— Não estamos dizendo que tem que encontrar o cavalheiro


perfeito, doçura. Apenas pensamos que seria bom para você
relaxar de vez em quando e se divertir um pouco.

Arqueei uma sobrancelha.

— Eu tenho um vibrador. — Mas mesmo enquanto dizia


isso, a culpa fez cócegas na minha consciência porque não
mencionei como me diverti faz uma semana. — Qualquer
diversão que um homem proporcione, posso conseguir eu
mesma.

Exceto que de maneira alguma um vibrador conseguiria o


que Colton fez. Eu estava com tanta fome por ele, que estava
disposta a ficar com ele no meio do saguão da recepção onde
qualquer um poderia ter nos encontrado. A maneira como ele me
beijou e tocou, sim... nenhum pau de plástico pulsante poderia
repetir isso.

— Mmm, carinho — Tyla sacudiu a cabeça e balançou o


dedo — você, obvio, não esteve com os caras certos se pensa
dessa forma.

— Um vibrador não pode beijá-la como se fosse o ar que


eles respiram — Acrescentou Sasha sonhadora.

Verdade. A boca do Colton era muito mágica, droga. E


assim foram suas mãos.

— Um vibrador não pode te agarrar e empurrar contra a


parede antes...

— Está bem, está bem, está bem! — Gritei, levantando as


mãos porque não conseguia parar de pensar em como Colton me
agarrou e empurrou sobre aquela mesa. Mas então tive que
acrescentar: — Mas sinceramente, um vibrador não irá mentir,
enganar ou arruinar a minha fé nos homens.

— Droga — Murmurou Tyla, sacudindo a cabeça. — Se


Shaun estivesse aqui agora, eu chutaria aquele pequeno merda
nas bolas. Ele te destruiu.

Suspirei.
— Não. Sim. Eu não sei. Tudo o que sei é que não tenho
pressa de voltar para a cama com ninguém. — Não como estava
com pressa de chegar à mesa com o Colton na recepção do
casamento.

Porra, isso não tinha nada a ver com esta discussão. Isto se
tratava de namorados e compromissos. Isso não era nada mais
do que uma farra de bêbados. Um erro. Um incrível e
impressionante erro, mas ficou claro que foi um erro de
proporções bêbadas.

— E tudo que sei é que o tempo está se esgotando, minhas


garotas. — Sasha aplaudiu. — Se você não quer um homem,
JuJu, tudo bem. Mas você ainda precisa reservar um tempo
para nós entre todos os seus estudos e trabalho e neste
momento, temos uma festa para ir.

— Sim — Encorajou Tyla. — Dança e bebidas. Quem


precisa de homens quando pode ter uma noite de garotas?

Eu me levantei feliz por termos parado de falar de mim.

— Então encontraremos nossas bebidas.

Depois de fazer algumas chamadas, Sasha descobriu que a


maior festa do campus estava sendo organizada pela
fraternidade Kappa Sigma. Ela ouviu que havia quatro barris e
uma banda tocando na parte traseira. Eu acreditei. No outono
quando estava quente, eles adicionaram um enorme tobogã de
água e tochas tiki em todos os lugares. Aqueles garotos Kappa
Sigma sabiam como dar uma festa.

O que me deixou menos entusiasmada para ir. Eu podia


me distrair em uma multidão, mas esta noite não estava com
humor.

E Deus, estava cheio. Tivemos que estacionar a umas três


quadras porque o lugar já estava muito lotado quando
chegamos.

— Isto será tão divertido — Gritou Tyla enquanto


enganchava o braço no da Sasha e a levava para frente.

Deixada para trás, estremeci no meu casaco e esfreguei os


braços enquanto as seguia. Sentindo-me patética e desejando ter
me negado a vir, eu as segui para o jardim onde a multidão se
condensou quase instantaneamente. As pessoas estavam por
todos os lados, rindo, dançando, falando, bebendo.

Eu respirei profundamente, pronta para encontrar minha


própria bebida quando passei por uma fileira de caras sentados
em uma divisória de concreto. Seja o que for, ela se elevava um
pouco acima do chão, de modo que seus pés estavam
pendurados e não podiam tocar o chão enquanto se sentavam lá.
Eu realmente não os notei, eu só estava ciente deles ali pela
extremidade do olho quando comecei a passar e tentei não
perder Tyla e Sasha de vista. Isso foi, eu não prestei muita
atenção até que um dos caras esticou sua perna, bloqueando
meu caminho.

Eu parei e olhei para a perna vestida de jeans com uma


sobrancelha arqueada em aborrecimento antes de desviar minha
atenção para o rosto do idiota. A expressão que lhe enviei disse
que ele deveria me deixar passar imediatamente se quisesse
sobreviver à noite com seus genitais intactos. Mas minha raiva
se transformou em choque quando me deparei com um conjunto
familiar de olhos castanhos.

Ele sorriu.

— Imaginei que seria repreendido de novo se pelo menos


não te cumprimentasse desta vez.

Meu coração pulou uma batida, e minha respiração se


moveu a uma velocidade rápida.

Colton estava aqui.


Retirado do quadro de citações de Aspen:

Desde que te conheci, ninguém mais é digno de um


pensamento meu. — Autor desconhecido.

COLTON
Maldita seja. Eu não podia escapar da Julianna em
nenhuma parte, não é? Sarah apareceu em nossa casa mais
cedo, anunciando que esta noite ajudaria o Noel a cuidar dos
meninos, então eu precisava sair e fazer "coisas de universitário",
como ela chamou.

— É o primeiro dia do semestre — Ela falou enquanto me


levava para a porta. — Vá. Comemore.

Então eu saí, embora me sentisse culpado enquanto saia


na minha caminhonete. Hoje Aspen não saiu do seu quarto nem
uma vez, e Lucy Olivia esteve extremamente exigente, ou pelo
menos estava quando cheguei em casa da escola. Não parecia
um bom momento para sair e celebrar nada.

Eu teria ido ao Forbidden e incomodado Brandt no


trabalho. Já que eu estava com dezoito anos, pelo menos me
permitiam atravessar as portas enquanto estavam abertas. Mas
eu realmente não falei com ele desde que ele voltou da lua de
mel. Eu continuava zangado com a coisa do "você me deve", sem
mencionar o fato de que ele, sem saber, estragou a festa da pior
maneira possível. Além disso, eu não queria correr o risco de ver
a Julianna lá, caso também estivesse trabalhando. E realmente
não queria ver os dois juntos.

Eles jogavam um jogo brega toda vez que trabalhavam


juntos. Julianna estava determinada a criar seu próprio mix de
bebidas alcoólicas e com Brandt, frequentemente, disputavam
misturas de diferentes beberagens e as provavam. Também
sorriam muito enquanto isso e, eu não queria ver isso esta noite,
porque neste momento, eu odiava essa coisa especial que ela
compartilhava apenas com ele.

Então liguei para Caroline.

— Come bunda! — Seu marido atendeu ao telefone,


aparentemente feliz de saber de mim pelo tom da sua voz. Um
instante depois, perguntou: — Por que está me incomodando?

Bufei.

— Como se eu tivesse ligado para falar com um imbecil


como você. Coloque minha irmã no telefone.

— Ela tem coisas mais importantes para fazer do que falar


com um merda como você. Ela está ocupada limpando o traseiro
da minha filha.

Minha sobrinha de dois anos e meio Teagan, estava no


processo de aprender a ir ao banheiro e estava sendo um
pequeno problema, muito parecida com seu pai, então lhe
perguntei: — Fralda ou banheiro?
Ten suspirou.

— A fralda ainda. Eu juro, essa garota cagará nas calças


até os trinta.

Com uma risada, zombei:

— E você terá que trocar cada uma delas.

— Ei, foda-se. OH espera. Aqui está a Caroline. Até mais


tarde, bafo de bode.

— Adeus, filho da puta — Eu respondi em despedida,


apenas para balançar a cabeça quando uma pausa de dois
segundos se passou até que minha irmã tomou o controle do
telefone.

As pessoas me diziam que eu me parecia muito com meu


cunhado Ten, mas eu não achava. Ele era lamentável e eu era
impressionante. Nenhuma outra palavra.

— Bubba! — Saudou Caroline. — O que está acontecendo?


Tudo bem?

Eu não tinha ideia de como podia soar feliz ao saber de


mim, e ao mesmo tempo preocupada, tudo no mesmo fôlego,
mas ela conseguiu muito bem.

— Sim, está tudo bem. Sarah veio ajudar com as coisas


aqui só para me expulsar de casa por algumas horas, então...
quer fazer um par de Vines3?

3
Vine foi um serviço de armazenamento de vídeos em formato curto. Fundado em junho de 2012, foi
adquirido pelo site em microbloging Twitter em outubro de 2012, antes de seu lançamento oficial. O
serviço permite aos usuários gravar e editar seus clipes de vídeo em sequência de seis segundos e
revinar.
— Oh cara bem que eu gostaria, mas, Oren conseguiu um
novo cliente, então vamos para um jantar de comemoração. Mas
você pode vir conosco.

Ela era a única pessoa que eu conhecia, que se referia a


seu marido por seu verdadeiro nome de batismo. Isso me fez
pensar se seus clientes o chamavam de Oren ou Ten.

Sim, era Sr. Tenning para eles, o que me fez sorrir. Sr.
Tenning? Que profissional. Ele usava terno e gravata quando se
reunia com eles, como uma espécie de arquiteto experiente ou
algo assim, o que suponho que era, mas mesmo assim... era
estranho.

— Colton? — Perguntou Caroline.

— Mmm? Oh, sim. Sinto muito. Não. Vão vocês. — Eu não


me intrometeria em sua noite familiar. — Não estou com fome.
— Eu estava morrendo de fome, especialmente desde que ela
mencionou comida. Mas com o atual estado de espírito, eu já
sabia que me sentiria como uma quinta roda se me juntasse
com eles. — Talvez outra noite.

— Sim, claro. Em qualquer momento. Eu tive uma ideia


sobre um Vine onde alguém te diz para loggar4 em um site, e na
próxima cena você está literalmente cortando uma árvore com
um motosserra perguntando: "Isto é grande o suficiente", ou algo
assim.

— Ótimo. Eu gosto. — Assenti, já pensando nos detalhes


para fazer isso. — Vocês têm um motosserra?

4
Trocadilho, porque log é registrar-se, mas também se traduz como tronco.
— Por que deveríamos ter uma? — Ela parecia perplexa. —
Não há árvores no nosso pátio.

— Então temos que conseguir um motosserra e uma árvore


que alguém esteja disposto a deixar que mutilemos?

Caroline bufou como se minhas perguntas a irritassem.

— Bem, eu não falei que seria fácil.

— Suponho que também quer eu me encarregue da árvore


e do motosserra, não é?

— Sim, você faria? Você é um tesouro, obrigada. — No


fundo ouvi um grito masculino e depois o grito de uma garota
respondendo — Oh Deus. Tenho que ir! Amo você. Adeus.

Ela desligou antes que eu pudesse dizer algo em troca e


murmurei uma despedida tardia enquanto olhava para o
telefone morto. Típico dela fugir correndo no meio de uma
conversa. Eu sempre me sentia um pouco abandonado quando
ela fazia isso. Mas feliz por ter uma missão, liguei para Asher,
com esperança de que ele tivesse um motosserra e uma árvore
frondosa que queria cortar.

Ele não possuía um motosserra e tampouco estava disposto


a deixar que eu tocasse em uma das suas árvores.

— Você não cortará minhas árvores, menino. Meus esquilos


precisam delas.

E isso foi tudo. Fim da discussão.

Eu sabia que Pick tinha árvores no seu pátio traseiro, mas


já lhe pedi coisas o suficiente ultimamente. Caroline e eu
tínhamos uma dúzia de ideias impressionantes com o bar que
queríamos publicar em Vine, então tivemos sorte o suficiente
que Pick nos cedesse um pouco de tempo no Forbidden depois
de fechar. Nós não tínhamos que pressionar nossa sorte pedindo
mais.

Eu sabia que Felicity e Knox não tinham uma árvore no seu


pátio traseiro. Estava prestes a ligar para o irmão da Sarah,
Mason porque ele tinha árvores, embora não tivesse certeza se
possuísse um motosserra, mas uma ligação de um dos meus
amigos que conhecia desde o colégio desviou minha atenção.

— Amigo, você virá para a festa na Kappa Sigma? Está


perdendo tanto neste momento. Há garotas em toda parte.
Garotas quentes. Garotas com pouca roupa. — E álcool também,
aparentemente, já que parecia tão bêbado quanto nunca o ouvi.

— Eu, uh... — Quando notei que estava pensando em uma


desculpa para não ir, parei.

Que diabos estava fazendo? Não existia nenhuma razão no


mundo para não ir, exceto que eu realmente não queria fazer
nada além da merda familiar desde... bom, Julianna.

Eu não gostei de me dar conta disso. E não gostei de ter lhe


dado tanto poder sobre mim. Ela esteve nos meus pensamentos
todos os dias desde aquela noite. Não fui capaz de parar de
pensar nela, não fui capaz de me livrar da sua calcinha e
tampouco de olhá-la depois que tentou se esconder de mim no
dia seguinte ao casamento do Brandt quando fui ao bar para vê-
la.

Eu estava pronto para deixar passar seu deslize bêbado e


de fato, me desculpar pela maneira como saí, mas então ela se
abaixou atrás do balcão quando me viu entrar. Não sei por que
isso me incomodou tanto, talvez porque ela tivesse prometido
que não se arrependeria de nada que fizéssemos, quando
claramente ela se arrependeu. Mas eu fiquei louco. Passei por
ela e acabei fazendo meu segundo motivo para estar lá, falar
com Pick, a única razão pela qual estava no lugar.

Eu estava disposto a me esquecer dela por completo depois


disso, ou você sabe, pelo menos tentar, mas então cruzei com ela
na aula de filosofia e em seguida ela se queixou comigo por
ignorá-la no Forbidden, quando na realidade, pensei que fosse
isso que queria que eu fizesse, já que foi ela quem se escondeu
de mim a princípio. Mas agora eu não tinha ideia do que ela
queria. Só sabia que tudo o que fazia ao seu redor estava
errado... o que me irritava ainda mais.

Abandonar a aula de filosofia que compartilhávamos era


tentador, mas ridículo, por isso fiquei pensando que era uma
sala tão grande que nossos caminhos raramente se cruzariam.
Diabos, era mais provável que nos encontrássemos em uma
festa, do que nos encontrarmos nessa aula.

Mas eu nunca deveria ter pensado isso, porque merda aqui


estávamos, nos encontrando em uma festa.

Estava enganando a mim mesmo.

Eu deveria tê-la deixado continuar andando, mas suas


palavras de repreensão depois da aula, me dizendo que eu
precisava ser menos brigão, ressoaram na minha cabeça. E
antes que pudesse me deter, estiquei o pé para detê-la e bancar
o inteligente com alguns comentários estúpidos sobre como eu
só falava com ela porque mais ou menos ela me exigiu isso e não
queria que me repreendesse .

Só que essa não era a razão. O que é pior, eu nem sabia


por que senti a imperiosa necessidade de fazê-la me ver, me
reconhecer e falar comigo. Só sabia que o sangue estava
correndo por minhas veias quando ela virou seu olhar na minha
direção, apenas para ver sua expressão congelar com surpresa
quando percebeu para quem estava olhando.

Meu coração começou a pulsar com força e minha


respiração parou como se estivesse preocupado com o que diria
e como seriam exatamente as palavras certas. Mas isso nunca
foi algo com que me preocupei, o que me incomodou muito, por
isso deixei escapar o primeiro comentário irado que me veio à
cabeça.

— Você percebe que coloca em perigo todos os homens


daqui quando caminha vestida assim, certo?

Seus grandes olhos surpresos olharam para todos os lados,


depois suas sobrancelhas se enrugaram com confusão.

— Desculpe-me?

Deslizei meu olhar sobre ela, para cada centímetro da sua


figura espetacular.

— Você é letal boneca e muito bonita para seu próprio bem.


Todos os caras quererão flertar com você e todos sairão correndo
depois que os rejeitá-los e pisotear seus testículos com os saltos
finos das suas botas. não parece justo para eles.
Ela piscou uma vez antes que seus lábios sorrissem como
se a tivesse elogiado e estava orgulhosa de ser rotulada dessa
maneira.

Mas então continuou com uma carranca.

Concentrando-se no copo vermelho que eu segurava, ela


tirou-o do meu alcance.

— Que diabos você está bebendo? — Depois de tomar um


gole e saboreá-lo, ela suspirou e sacudiu a cabeça como se
estivesse decepcionada. — Álcool? Sério?

Encolhi os ombros.

— O que?

— Doçura, eu vi o que o álcool te faz fazer. — Meu


estômago se contraiu no momento em que seu olhar escuro e
intenso se encontrou com o meu. Eu sabia que ela faria algo
audaz uma fração de segundo antes de inclinar o copo e deixar
que o resto do conteúdo caísse no chão. — Então não há álcool
para você.

Sacudi a cabeça e bufei. Típico. Mas também atraente. A


maneira como seus olhos castanhos encontraram os meus
estavam cheios de desafios. Um desafio selvagem e quente. Isso
colocou meu pênis duro como uma rocha.

— Paguei três dólares por isso — Falei me assegurando de


que minha expressão não se alterasse ou mostrasse o quanto
isso me excitava.

Mantendo contato visual comigo, ela enfiou a mão no bolso


e tirou um maço de notas. Depois de separar três, deu um passo
mais perto, então meu corpo ficou tenso de desejo. Ela se
aproximou ainda mais, quase entrando entre minhas pernas
abertas onde estava sentado e continuou a me olhar diretamente
nos olhos enquanto lentamente colocava o dinheiro no bolso
dianteiro da minha camisa.

Soltei um suspiro. Meu pênis pulsava e minha pele zumbia


com a necessidade de ser tocada.

— Sabe, você poderia ter me pago de outra maneira —


Murmurei, levantando as sobrancelhas em um convite.

Eu nem sequer pensei no que falei ou como rotulei isso


como uma zona proibida. Só sabia que ela me excitava como
ninguém mais e eu queria prová-la outra vez.

Maldita seja. Eu juro que sua boca se encontrava a algo


como treze centímetros de distância. Quando seus lábios se
curvaram em um sorriso, quase gemi.

— Sinto muito, isso teria valido muito mais do que três


dólares.

Merda. A necessidade de aproximá-la e coloca-la no meu


colo era quase dolorosa.

— Então, sem dúvida deveria ter me pago de outra


maneira.

Seu sorriso só cresceu, deixando-me saber que minhas


palavras a divertiam. Então ela estendeu a mão e passou
suavemente ao longo da minha bochecha a unha azul grafite
mais longa que já vi. Isso me deu calafrios em todo o corpo
enquanto ela murmurava:
— Seja bom esta noite, pequeno Gamble.

— Bom? — Meus cílios tremeram quando encontrei seu


olhar. — Qual é a graça nisso?

Ela sacudiu a cabeça e tirou seu dedo lentamente do meu


rosto.

— Comportar-se bem também tem suas recompensas.

Com as sobrancelhas arqueadas por curiosidade, não falei


nada. Mas que diabos? Agora ela flertava comigo?

Eu estava tão confuso e em transe.

— Com licença — Ela balbuciou — Agora tenho que ir


quebrar algumas bolas. — O prazer perverso em seu olhar quase
me deu a necessidade de me mover de onde me encontrava
sentado, porque minhas calças jeans ficaram muito apertadas.

Seus ombros estavam rigidamente orgulhosos, enquanto


ela caminhava na direção para onde foram suas duas amigas.

Eu a segui com o olhar até que um cotovelo se cravou em


minhas costelas.

— Amigo. Quem era essa? Era atraente. Não sabia que você
gostava de garotas negras.

Ignorando-o, saltei da parede e me dirigi para a mesma


direção que ela, incapaz de me manter afastado. Demorei quase
cinco minutos para encontrá-la na multidão, mas tudo bem. Eu
precisava desse tempo para assentar meu pulso acelerado o
suficiente para me concentrar em outra coisa além do que
acabou de acontecer.
Julianna me paquerou, sorriu para mim e me tocou. Que
diabos significava isso?

Eu não tinha certeza, mas precisava descobrir.

Quando a vi, ela encontrou suas duas amigas e se


encontrava em frente à banda, dançando para eles com umas
cinquenta pessoas, embora dançar era uma palavra muito pobre
para a forma como ela movia seus quadris. Uma das suas
amigas se posicionou atrás de Julianna, agarrando seu quadril
direito e girando contra seu traseiro enquanto a outra estava
atrás.

Os braços de Juli estavam acima da sua cabeça, enquanto


estalava os dedos e seus olhos estavam fechados quando
levantou o rosto e sorria através da música.

Eu parei no meu caminho e assisti abertamente como ela


parecia flutuar com a música, deixando seus pensamentos se
afastarem. Desejando ser a garota que pressionava seu colo no
traseiro de Julianna, observei seu corpo perfeito se mexer e
contorcer e se tornou um fato perfeitamente claro para mim.

Eu não me importava que ela não fosse minha alma gêmea.


Não me importava com o quanto me machucou e me incomodou.
Eu nem me importava que fosse Brandt que ela realmente
queria. Eu só sabia que queria transar com ela. Muito, muito.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Quando duas pessoas estão destinadas a ficar juntas,


nenhum tempo é muito longo, nenhuma distância é muito longe,
ninguém pode separá-los. — Autor desconhecido

COLTON
No momento em que a música terminou, eu encontrei uma
nova bebida e tomei enquanto ficava de lado assistindo Julianna
roçando e se esfregando com suas amigas.

A maneira em que deslizavam suas mãos pelas coxas umas


das outras e depois riam e inclinavam juntas como se fossem se
beijar levou o sensual a um nível novo.

Percebi que não era o único apanhando moscas com a boca


quando um garoto parou do meu lado e soltou um forte assobio
de lobo. Fiquei tenso, esperando que ele estivesse assistindo
uma das outras duas e não Julianna, mas porra, ela era de
longe a mais bonita do trio. A do meio era alta, talvez mais alta
do que eu e usava seu cabelo em uma trança de boxeadora. A
garota no lado oposto do sanduiche era a mais baixa. Sua
cabeça era quase raspada, o maior brinco de laço que já vi e
possuía algumas curvas sérias. Todas eram lindas, mas
Julianna continuava sendo minha favorita.

Havia algo no seu estilo, graça e maneira em que ria com


suas amigas quando fazia um movimento audaz que manteve
minha atenção colada nela. Quando a música acabou, rezei para
que continuasse dançando, mas o cara que esteve do meu lado,
foi para frente interrompendo. Fui atrás dele para afastá-lo de
Julianna, mas ele envolveu seu braço ao redor da garota menor.
Ela gritou com surpresa e pulou, virando-se para bater nele,
mas quando viu seu rosto gritou de novo, desta vez com
entusiasmo, antes de pular e lhe dar um abraço de corpo inteiro,
envolvendo as pernas ao redor da sua cintura e beijando-o na
boca.

Recuei e olhei ao redor, esperando que ninguém tivesse me


visto começando a agir com o instinto de mantê-lo longe da
Julianna. Era um instinto estúpido e eu não gostei de tê-lo
seguido.

Esfregando minha nuca com humilhação, comecei a me


afastar. Exceto que outro cara disparou para frente e agarrou a
amiga alta. Vendo as duas amigas da Juli cumprimentar seus
namorados, parei curioso para o caso do namorado da Julianna
aparecer para surpreendê-la também. Mas ela apenas sorriu
tensamente para os dois casais e se afastou um pouco deles.
Então eu soube que ninguém vinha por ela. Ela parecia muito
desconfortável, como uma quinta roda, muito parecida com a
razão pela qual me neguei a ir para o jantar com Caroline e sua
família. Não me sentia como se fosse uma parte.
Odiando que ela se sentisse excluída, me movi na sua
direção sem pensar. Ela não me viu chegando, estava muito
ocupada observando suas amigas e seus namorados
conversarem animadamente entre eles.

Então me inclinei e falei: — Você me disse que não


dançava.

Ela engasgou e girou para mim.

Pressionando a mão em seu peito, inspirou mais ar, seu


peito repleto de surpresa. Depois de tomar um momento para se
recompor, sacudiu a cabeça.

— Eu te falei que não queria dançar naquela noite.

— Correto — Concordei. — Não queria dançar comigo. Eu


me lembro.

Ela franziu o cenho.

— Não. Não foi nada disso. Estava me sentindo


desconfortável. Não tinha nada a ver com você.

— Claro — Murmurei em um tom que lhe dizia que não


acreditava nela.

Com um suspiro ela falou: — Acabamos dançando, não foi?

— Sim — Admiti — Depois que te obriguei.

Ofegando mais um pouco, ela colocou as mãos sobre seus


quadris como se estivesse a ponto de me dizer umas boas.
Levantei minhas sobrancelhas e tomei um gole, deixando-a
saber que era todo ouvido e estava pronto para escutar cada
palavra rancorosa que ela me entregaria dessa vez.
Mas seu olhar se prendeu no meu copo e de volta para
meus olhos imediatamente.

— Creio que te avisei que era sem mais álcool esta noite.

Quando ela se aproximou, afastei a bebida.

— Relaxa, não há nada desta vez.

Depois de me dar um olhar eloquente, ela alcançou meu


copo de novo, desta vez com menos força. Eu a deixei fazê-lo e
em vez de atirá-lo no chão, tomou um gole. Meu corpo se esticou
quando a vi lamber um excesso em seu lábio superior. Ela
tomou mais alguns, e eu não conseguia me lembrar se já vi algo
tão sexy antes.

Algo sobre vê-la bebendo depois de mim, me fez querer


entrar no modo homem das cavernas, pegá-la, jogá-la sobre meu
ombro e levá-la de volta para meu esconderijo onde poderia me
transformar em uma besta primitiva no cio até o amanhecer.

Meu estômago se apertou enquanto fisicamente me impedia


de alcançá-la.

— Sabe — Murmurei, escondendo os sinais externos de


excitação — Se acha que bancar a irmã mais velha,
superprotetor, e, me manter sóbrio ganhará pontos com Brandt,
eu deveria te dar uma pista... ele não dá a mínima se tomo às
escondidas uma bebida aqui e ali.

Ela abriu a boca, mas as palavras não vieram. Era evidente


que a peguei desprevenida e não tinha certeza se me sentia
presunçoso ou temeroso com isso. Eu não devia ter mencionado
Brandt, mas merda... ele era a única coisa entre nós.
Limpando a garganta, ela endireitou os ombros e levantou o
queixo antes de dizer:

— Pensei que prometeu parar com toda essa disputa.

Peguei meu copo da sua mão.

— É um trabalho em progresso.

Mas não tive a oportunidade de tomar um gole. Ela tirou


mais uma vez o copo do meu aperto. Entretanto, não derrubou o
líquido sobre o chão. Não, ela jogou toda a maldita coisa, copo e
tudo.

Uma fração de segundo depois, seu dedo começou a


balançar loucamente no meu rosto.

— Deixaremos uma coisa clara, pequeno Gamble.

— Sim, faremos isso — Rugi, levantando meu dedo


indicador e apontando para seu nariz, de modo que estávamos
prestes a começar um duelo com eles. — Pare de me chamar de
pequeno Gamble. Você me compara com ele toda vez que diz isso
e eu não gosto. Não sou Brandt. Nunca poderia ser Brandt,
embora tente. É isto o que tem, boneca. Colton David Gamble e
ninguém mais.

Mais uma vez, consegui deixá-la sem palavras.

— Isso não é o que eu... Quer dizer, eu não pretendia...


merda! — Seus olhos se arregalam quando percebe algo atrás de
mim.

Comecei a me virar para ver o que roubou sua atenção,


mas ela agarrou meu braço para me manter em sua direção.
— Deveríamos falar sobre isso em outro lugar. Sim,
falaremos disso em algum outro lugar. — Então, apertando
ainda mais, ela me empurrou para frente, caminhando entre a
multidão, longe de quem quer que ela tenha visto.

Olhei sobre meu ombro, mas não vi ninguém conhecido,


nem ninguém correndo atrás de nós.

— De quem diabos estamos fugindo?

— O que? — Julianna olhou para trás, com os olhos


frenéticos e toda sua aparência em desordem. Então sacudiu a
cabeça, tentando agir calma, mas falhando totalmente. — De
ninguém.

Bufei.

— Claro. Porque corro de ninguém o tempo todo.

— Não estamos correndo.

— Hum — Murmurei. É claro que estávamos correndo


enquanto atravessávamos um grupo de garotos bêbados e
barulhentos que conversavam, assim ela pôde usá-los para nos
esconder. — E agora não estamos nos escondendo, certo?

Com um olhar irritado, ela agitou uma das mãos.

— É... um cara.

Assenti, de repente entendendo.

— Ex-idiota que não pode aceitar um não ou um


perseguidor de primeira classe?

Ela suspirou.

— Ex.
— Ah. — Assenti mais uma vez antes de franzir o cenho e
lhe mostrar um olhar severo. — Espera, de quão recente
estamos falamos aqui? Você não estava saindo com ele quando
você e eu...

— O que? Não! Bom Deus, não. Nós terminamos faz mais


de um ano. Quase dois anos atrás. Antes de você e eu nos
conhecermos. Antes mesmo de conhecer seu irmão.

— Ah. — Eu levantei minhas sobrancelhas, impressionado.


— E continua sendo difícil para ele te superar? — Ela deve ser
pura magia nos lençóis. Quer dizer, minha pequena degustação
foi agradável e fiquei arruinado depois, ansiando por ela, mas
sentir falta depois de dois malditos anos... talvez seja algo bom
que não conseguimos chegar ao fim. Eu não quereria sentir
tanta falta.

Por outro lado, agora estava curioso para saber como era
estar dentro dela, se deixava esse efeito em um homem.

— Eu sei. Obrigada. — Ela me enviou um olhar agradecido


e levei um segundo para perceber que me agradecia por ser
cético sobre a persistência do seu ex-perseguidor e não pelo fato
de que desejava fodê-la. — E nós só estivemos casados por cinco
meses; então por que, por que, ele ainda não pegou a dica e
seguiu em frente?

— Uau! Casados? — Parei de repente, olhando para ela. —


Você...? Espera um segundo. Casados. Você se casou? Ele é seu
ex-marido?

Quando ela tentou me arrastar de novo e topou com minha


resistência, suspirou e me enviou um cenho franzido.
— Por desgraça, sim. Eu me casei quando estava com vinte
anos. Foi um grande e estúpido erro, mas aconteceu e não posso
apagá-lo... tanto quanto eu gostaria.

— Vinte — Repeti sem compreender. Então sacudi a


cabeça, muito deslocado com toda esta informação me
bombardeando diretamente. — Você notou que ainda falta um
ano e meio para que eu faça vinte e você está lançando o número
como se fosse a eras. Santa merda, quantos anos tem?

Ela franziu o cenho.

— Não que seja da sua conta, porque é totalmente de mau


gosto perguntar a uma mulher sua idade, mas tenho quase vinte
e dois.

Calculei na minha cabeça.

— Então deve ter começado a trabalhar no Forbidden logo


que completou vinte e um. Porque completa um ano lá em...
março?

— Isso mesmo. — Piscou, surpresa. — Como se lembra?

— Humm? — Olhei-a antes de encolher os ombros. — Sou


um gênio. E por que, mais uma vez, estou fugindo do seu ex com
você? Tenho sérias dúvidas de que ele se importe comigo.

— Oh. — Assustada por minha pergunta, ela soltou meu


braço. — Tem razão. Não sei o que estava pensando. Pode ir.

— É claro que não. — Agarrei sua mão. — Não te


abandonarei quando está agindo dessa maneira.

— De que maneira? — Ela fez uma pausa para analisar a


multidão. — Não estou agindo diferente. — Então ela deve tê-lo
visto, porque todo seu corpo deu uma pequena sacudida e seus
olhos se encheram de... qual é essa emoção? Medo? Apertando
seus dedos ao redor dos meus, ela partiu de novo, me puxando
junto.

— Você está agindo totalmente diferente — Argumentei,


franzindo o cenho ao mesmo tempo em que olhava para trás.
Quando notei um sujeito atravessando a multidão, imaginei que
fosse ele.

O ex-marido.

Ele começou a olhar em nossa direção, então me movi para


bloqueá-la. E ele continuou a caminhar através das pessoas.
Soltando um suspiro aliviado, voltei minha atenção para a
mulher que me guiava.

— Você é Julianna Radcliffe — Eu falei. — Você faz homens


adultos chorarem a seus pés quando tudo que querem é adorar
sua beleza.

— Não é verdade!

— Sim é. Você é uma demolidora ao extremo. Fria e


inquebrável para quase tudo, exceto pragas irritantes como eu.
Mas eu tiro a fera em você e te faço querer lutar. Eu não a faço
fugir e se esconder, então... que diabos esse cara fez? Jesus
boneca, ele te machucou?

Alcançamos o limite da multidão, então ela parou como se


tivesse medo de romper o ar da noite e se expor.

Virando-se, ela olhou descontroladamente nos meus olhos


e sacudiu a cabeça.
— Não posso falar sobre isso aqui.

Assenti e coloquei minha mão ao lado da sua garganta,


onde podia sentir seu pulso batendo violentamente contra minha
mão. Eu não gostei de ver seu medo.

— Vou te acompanhar até seu carro.

Ela começou a assentir, apenas para fazer um gesto de dor


e agitar a cabeça, engolindo com força.

— Não, eu não vim dirigindo. Vim com Tyla e a Sasha.


Merda, elas ainda estão aqui em algum lugar. — Ela começou a
olhar ao redor, mas apertei seus dedos, recuperando sua
atenção.

— Avise para elas que você tem outra carona para casa.
Minha camionete está nesta direção.

— Ok. Bom, muito obrigada. — Ela assentiu sem lutar, o


que me disse exatamente o quão confusa estava. Ela sempre
discutia comigo. E o fato de que aceitou que a levasse... sim, ela
estava enlouquecendo.

Quando ela tirou o celular do bolso do seu jeans apertado,


tirei meu casaco.

— Tome, vista isto.

Julianna levantou os olhos da tela onde escrevia


freneticamente e imediatamente sacudiu a cabeça.

— Você ficará com frio.

— Ainda tenho dois casacos. — Puxei a bainha do moletom


que estava usando, para que ela pudesse ver a camiseta
debaixo. — Ficarei bem. — Quando ela apenas me olhou
teimosamente, suspirei. — Quer que ele te veja ou não?

Ela vestiu o casaco.

Depois de dobrar as mangas compridas o suficiente para


passar suas mãos pelas pontas, ela puxou o capuz e se
aproximou de mim, bem ao meu lado, sério, bem na minha
costela. Joguei um braço ao redor dos seus ombros e olhei para
trás em busca do seu ex e quando não o vi, nos guiei para
minha camionete.

Não falamos todo o caminho até lá. Por alguma razão, sabia
que tudo o que eu dissesse arruinaria a intimidade do momento,
então desfrutei da sensação do calor do seu corpo e sua pele
suave contra mim. Quando apontei para o meu bebê, Julianna
diminuiu a velocidade até parar, enquanto seus olhos se
arregalaram de horror.

— Você tem que estar brincando comigo.

— O que? — Perguntei confuso.

Ela apontou.

— Não posso viajar nisso. Esta tem que ser a camionete


mais típica de menino branco que já vi!

Eu possuía uma Chevy Silverado 4x4 cor vermelha com


grades e faróis. Encolhendo os ombros admiti em silêncio, pois
sim, parecia algo que um completo imbecil branco poderia
conduzir. Eu não me importava; mesmo assim eu gostava.

— Acredite em mim, se você estava disposta a me montar,


acho que também pode montar na minha camionete.
Ela me olhou com cara feia.

— Não seja grosseiro.

— Não ataque meu bebê — Respondi-lhe. Abrindo a porta


do lado do passageiro, fiz um gesto para ela seguir em frente. —
Quer entrar ou não?

Soltando um grande suspiro, ela deu um passo para frente


murmurando:

— Não posso acreditar que estou fazendo isto — Apenas


para fazer uma pausa quando viu quão alto teria que subir para
chegar ao interior. — Um estribo seria útil aqui.

— Sim — Concordei. — Mas parece melhor sem eles.

— Melhor ou não, não sei como espera que eu chegue até


lá. — Ela agarrou o marco da porta e colocou um pé na cabine.

— Com um pouco de ajuda do seu amável motorista, é


claro. — Antes que ela percebesse o que eu estava planejando,
coloquei minhas mãos no seu traseiro e a empurrei para cima.

Ela gritou de surpresa e tropeçou para frente, caindo sobre


o painel da camionete. Uma vez que estava dentro e se virou,
sentando-se no assento, olhou para fora onde eu sorria.

— Era mesmo necessário?

— Oh, sim — Respondi. — Pense nisso como meu prêmio


de consolação por resgatá-la do seu ex e te levar para sua casa
sem receber nada em troca.

Ela bufou com irritação, mas depois juro que vi um sorriso


divertido se espalhar pelo seu rosto.
— Bem, suponho que isso é melhor do que tentar tocar
meus peitos — Ela admitiu .

— Não se preocupe, também os tateei quando vestiu minha


jaqueta e se aconchegou contra mim.

Quando sua boca ficou aberta, ri entre dentes e fechei a


porta. Então, corri para o lado do motorista, apenas para fazer
uma pausa com meus dedos ao redor da maçaneta da porta.

Eu tinha certeza de que passar mais tempo com ela só


levaria a mais angustia. Mas honestamente, nada me manteria
longe neste momento, especialmente quando estava assustada.

Soltando meu fôlego, abri a porta e subi. No interior existia


apenas um banco, então se ela quisesse, poderia ter deslizado
para sentar ao meu lado.

Ela não o fez.

Agarrou-se à porta do lado do passageiro e abraçou meu


casaco enquanto olhava pela janela.

Eu a vi se aconchegar no meu casaco por um momento e


me perguntei se sentiria o cheiro dela quando me devolvesse.
Então balancei a cabeça e liguei o motor.

— Então este cara é muito ruim, né? — Perguntei enquanto


colocava minha mão sobre a alavanca do câmbio e pressionei a
embreagem antes de ligar a ignição. — Quer dizer, eu não
acredito que alguém te desagrade tanto quanto eu, mas se
recorreu a mim para pedir ajuda, ele deve ser bem assustador.

Ela se afastou da janela para me encarar, piscando em


confusão.
— Você não me desagrada.

— Claro — respondi lentamente. — Então, quantas vezes


ele te agrediu?

— Você não me desagrada — Ela afirmou com um pouco


mais de vigor. — É que você... ...

Quando suas palavras falharam, sacudi uma das mãos


antes de sair do estacionamento.

— Não se preocupe, você não precisa explicar. Eu já decifrei


você por completo, boneca.

Ela levantou as sobrancelhas.

— Oh, sério?

— Sim.

Ela deu uma risada incrédula.

— Então, por favor... me diga tudo sobre mim. Estou


ansiosa por isso.

Encolhi os ombros.

— Certo. Já que pediu. Você é lutadora. Luta contra quem


gosta de você, mas acha que não deveriam gostar. Você tem uma
ideia preconcebida nesse teu cérebro, dizendo o que acha que é
bom para você e o que deseja, mas quando chega algo que não
se adapta a suas crenças, tenta rejeitá-lo. Você faz isso toda vez
que olha para mim, embora saiba que gosta do que vê; e você fez
isso quando lhe dei um orgasmo. Lutou o tempo todo.

Eu podia sentir a tensão do outro lado da cabine.


— Não é verdade — Ela murmurou, claramente relutante
em aceitar tal coisa. Mas na realidade, quem gostaria de ouvir
isso?

— Sim, é — Murmurei suavemente — Mas você não deveria


fazer isso, sabe. Os orgasmos são feitos para serem aceitos e
apreciados abertamente enquanto durar a viagem. Resistir só
prejudica a si mesma.

— Bom, lamento muito não ter gozado da forma certa para


você.

— Não lamente — falei. — Eu gostei do desafio que


apresentou. Fez-me querer ser quem te libertará, quem fará
você gozar tão intensamente que não teria nenhuma maneira de
resistir, de modo que teria que experimentar tudo em sua
capacidade máxima.

Diabos, eu queria derrubar suas barreiras para que me


aceitasse em minha capacidade máxima.

— Mas... — Dei de ombros, tristemente. — Eu acho que


nunca saberemos o que eu poderia ter conseguido, certo? Já que
nunca te foderei.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Proteja o coração dela e ela te amará incondicionalmente. —


Autor desconhecido

JULIANNA
Minhas entranhas estremeceram loucamente quando
Colton olhou do outro lado da sua caminhonete para mim.
Verbalmente, ele acabou de me dizer que nunca faria sexo
comigo, mas o olhar que ele me dirigiu murmurava: a menos que
queira que eu faça.

Eu me senti tentada. Oh meu Deus, eu estava tentada, mas


Colton realmente me entendia bem, o idiota.

Se pensasse que algo não deveria se encaixar na minha


vida, eu tentava resistir, não importava o quanto gostasse ou
não. O que eu gostava em Brandt se encaixava. Fazia sentido,
então estava decidida a fazê-lo acontecer. Mas então Colton
chegou e ele era tão errado... exceto pelo pequeno fato de que ele
acendeu coisas dentro de mim que seu irmão não foi capaz de
tocar.
Quanto mais eu lutava contra meus sentimentos por ele e
tentava me convencer de que não era isso que eu queria, mais
deprimida e miserável me sentia. Isto não funcionou. Eu queria
tanto soltar que o desejava, que o desejava tanto que era
doloroso. Mas sim, esse limitador de evoluções dentro de mim
me mantinha em silêncio.

Quando vi o cruzamento que estávamos nos aproximando,


disse:

— Vire à esquerda aqui. — Em vez de exigir que ele parasse


para que pudéssemos fazê-lo dentro da cabine da sua
caminhonete.

Eu podia sentir a decepção saindo em ondas do seu corpo


enquanto virava sem dizer uma palavra. Ou talvez, a decepção
estivesse toda dentro de mim e eu a projetasse nele, mas de
qualquer formar, isso só me fez sentir mais miserável.

Abri a boca para me desculpar de novo por arruinar a


única oportunidade que tivemos de ficar juntos, mas ele falou: —
Então, sobre aquele seu ex-marido abusivo.

Apertei os dentes, desejando que ele tivesse esquecido.

— Ele não era abusivo — Murmurei, brincando com a


bainha da manga do seu casaco. Nunca usei mangas tão longas
assim e era melhor que não o fizesse porque com certeza teria
começado o desagradável hábito nervoso de me preocupar com o
tecido entre meus dedos se usasse. Brincar com ela era viciante.

— Aqui mesmo — Acrescentei. Nossa, toda vez que me


movia no meu assento, esse cheiro saía do seu casaco e me
rodeava. O rastro do inverno era mascarado por algo que era
puro Colton. Isso me lembrou do cheiro que ficou no meu nariz
na noite do casamento quando rasguei sua camisa para abri-la.
Ele também cheirava exatamente da mesma maneira naquele
dia.

Colton virou para onde eu instruí e falou: — Eu não


acredito em você. Não tem medo dele por nenhuma razão.

— Ele não foi abusivo — Insisti e depois murmurei: —


Porque nunca lhe dei a oportunidade de ser.

Um momento de silêncio seguiu antes que Colton


perguntasse:

— O que exatamente isso significa?

Suspirei. Ele sempre tinha uma maneira de me fazer


confessar tudo, não é? Isso não era justo.

— Uma noite — Eu contei com relutância — tivemos uma


briga. Nossa primeira briga de verdade. Jesus. — Ri e balancei a
cabeça. — Eu não consigo nem lembrar sobre o que
discutíamos, foi tão estúpido. Mas ele ficou zangado e balançou
o braço exatamente quando me movi para uma distância
notável.

— Merda — Sussurrou Colton, sacudindo a cabeça.

— Ele jurou que foi um acidente e que cheguei perto


demais quando ele mexeu seu braço. Inferno, poderia ser um
acidente.

— Não foi um acidente — Colton afirmou.

Assenti.

— Sim, não.
— Não foi — Ele insistiu. — Eu já vi muitas pessoas
perderem o controle sem machucar uma única pessoa ao seu
redor, acidentalmente ou não.

— Eu falei que não importava se foi um acidente — Admiti


em voz baixa. — Ele me machucou quando estava com raiva e
isso foi o suficiente para mim. Ele falou que eu estava sendo
irracional e que nem sequer lhe dei uma oportunidade e talvez
ele estivesse certo, mas ele me deu um murro. Meu queixo doeu
por mais de uma semana.

Com um aceno de concordância, Colton murmurou:

— Você fez a coisa certa.

— Diabos, sim eu fiz. Depois que acabou, de qualquer


maneira descobri que ele me enganava.

— Merda. — Ele sacudiu a cabeça. — Então por que ele


está tão decidido a te recuperar? Ou acha que ele quer algum
tipo de vingança por tê-lo deixado?

— Oh, ele quer me recuperar. Meu pai trabalha para uma


enorme organização de igualdade de direitos. É uma espécie de
peixe grande e Shaun adoraria mais do que tudo trabalhar lá
também. Ele acha que meu pai poderia ser sua entrada. Meu
prédio é esse da esquerda.

Colton freou a caminhonete e se aproximou da calçada


antes de desligar o motor. O silêncio que se seguiu me assustou,
especialmente depois de falar sobre Shaun.

Eu não menti, mas também não fui totalmente honesta. Ele


só me machucou uma vez enquanto estivemos casados. Foi
depois do divórcio que se tornou mais físico. Eu me recusei a
falar com ele, a escutar seu lado das coisas de novo e isso o
enfureceu. Normalmente, eu era hábil em evitá-lo, mas ele
conseguiu me encurralar algumas vezes. Uma vez me empurrou
contra o chão e outra me agarrou pelo braço e tentou me
arrastar antes que Chad o pegasse no ato. Ele parou
imediatamente e fugiu.

Troquei meu número duas vezes nos últimos dois anos e


uma vez tivemos que colocar novas fechaduras no apartamento.
Além disso, tive muita sorte. Nos dias de hoje ele reduziu seus
encontros a uma ou duas vezes por mês. Mas eu certamente não
queria ser pega com outro homem. Não me sentia segura de
como ele reagiria, mas também não queria saber.

Perguntando-me se ele estava lá fora, e odiando sair da


segurança da caminhonete do Colton para descobrir, respirei
fundo e comecei a tirar o casaco.

— Acho que é melhor te devolver isto.

Mas Colton já estava abrindo a porta do lado do motorista.

— Você pode esperar até chegar na sua porta.

Fixei o olhar nele.

— Não... você não tem que me acompanhar.

Exceto que ele já se encontrava do lado de fora e fechando


a porta. Apertei os dentes e desci atrás dele. Se Shaun me
seguiu até em casa, eu não queria que Colton o enfrentasse
sozinho.
Assim que chegou à calçada, agarrei seu braço e o puxei
para o meu lado, independentemente se ele podia sentir meus
peitos contra ele ou não. Olhando para um lado e o outro da rua
escura, corri para a porta principal.

Tropeçando atrás de mim para me acompanhar, ele


agarrou minha cintura para se firmar.

— Merda. Que diabos? Acha que ele nos seguiu ou algo


assim?

Quando não respondi, mas o arrastei para dentro do


edifício, ele apertou seu braço no meu quadril.

— Boneca?

Rosnei quando ele nos obrigou a parar.

— Eu não sei, mas não quero me arriscar. Não sei como ele
reagiria comigo esta noite. — Às vezes ele falava com calma e
tentava ser encantador para voltar a minha boa-fé. Às vezes era
mais agressivo. — Mas sei como ele reagiria com você. E não
seria bom.

Colton arqueou as sobrancelhas.

— Bom, isso é inquietante.

Ele foi até a escada, só para eu puxar seu braço.

— Estou no primeiro andar — Eu falei, apontando o


corredor. Caminhamos para a terceira porta à direita e fiz uma
pausa para destrancá-la antes de encará-lo e soltar um suspiro.

— Obrigada. Eu sei que não mereço sua ajuda, mas...


— Certo — Ele cortou, passando diante de mim e abrindo a
porta do meu apartamento antes de desaparecer dentro.

— O que... Ei! O que acha que está fazendo? — Corri atrás


dele.

— Se você suspeita que ele pode ter nos seguido até sua
casa, estou verificando o lugar para me assegurar de que ele não
entrou de algum jeito.

— Sério, você não precisa se preocupar. — Eu o segui


enquanto passava ao lado do sofá na sala, em direção a entrada
da cozinha. — Já trocamos as fechaduras.

Isso fez ele me dirigir um olhar de incredulidade.

— Isso significa que ele entrou antes. Então sim,


definitivamente verificarei o lugar.

Ele parou na mesa e roubou uma maçã que Sasha colocou


em uma cesta no meio. Quando seus dentes se afundaram na
polpa vermelha, ele voltou a sair da cozinha.

— Sirva-se — Eu murmurei secamente, apenas para me


apressar atrás dele porque, sabia que a seguir, ele caminharia
pelo corredor para os quartos.

Minha cabeça deu voltas, me perguntando se estendi


minha cama ou se deixei calcinha usada no chão. OH Jesus,
não estava segura do que pensava a respeito dele entrar no meu
quarto. Mas meu estômago girou com excitação natural, o que
me impediu de detê-lo na sala de estar.

— Ei, você me deve. — Ele gesticulou com a maçã meio


comida sobre seu ombro. — Jogou minha bebida no chão.
Primeiro ele entrou no banheiro e acendeu uma luz, só para
parar na porta. Eu estava prestes a lhe dar um sermão sobre o
quão pouco saudável era beber, mas ele levantou um dedo e
anunciou:

— Você tem colegas de quarto.

Eu me perguntava como ele chegou a essa hipótese, olhei


para trás dele no banheiro, mas parecia o mesmo de sempre
para mim, maquiagem e produtos de banho em todos os lugares.

— Sim — afirmei lentamente. — Sasha e Tyla.

— A alta e a pequena que estavam na festa esta noite,


esfregando os traseiros com você?

— Sim, por quê? — Sacudi a cabeça, confusa.

Ele encolheu os ombros.

— Só pensei que você nunca deixaria um banheiro tão


bagunçado. Um quarto, talvez. Um banheiro, não.

Fiz uma careta e quase falei que ele não me conhecia tão
bem, mas droga, era verdade. Como diabos ele sabia?

— Aposto que posso descobrir que quarto é o seu. — Ele


passou na minha frente e entrou na próxima porta no corredor.
— Oh. Bom, isso foi fácil.

Ele já tinha acendido a luz quando entrei atrás dele. Ele


parou alguns metros dentro do meu quarto e olhou todas as
minhas paredes, ou melhor à quantidade de apanhadores de
sonhos que pendurei por toda parte. Depois de caminhar até o
mais próximo, acariciou uma pluma com seu dedo e me olhou
de novo.
— Qual foi o primeiro que seu pai te comprou?

Mantive contato visual com ele enquanto me movia para a


cama e apontei para o único que estava pendurado diretamente
sobre minha cabeceira.

— Este.

Ele assentiu, sorrindo carinhosamente enquanto olhava


para ele.

— Esse é seu favorito.

É claro, ele descobriu isso. Olhei para seu rosto enquanto


estudava cada pequeno detalhe desse apanhador de sonhos e
silenciosamente murmurei:

— Sim. É.

Ele desviou sua atenção para mim. Seus olhos cor


chocolate continham tanta tristeza e saudade que eu estava a
uma fração de segundo de me aproximar quando ele se virou de
repente e saiu do quarto.

Respirei fundo e pressionei a mão no meu diafragma antes


de entrar no corredor também. Eu não o segui até os quartos da
Sasha ou Tyla e ele não permaneceu neles por muito tempo,
apenas checou que não havia intrusos, mas esperei ele do lado
de fora da porta quando terminou de ser um cara atencioso e
considerar que eu estivesse a salvo.

— Viu — Eu falei levantando as mãos — não há ex-marido


à espreita.

Ele sacudiu a cabeça.

— Não. Não há ex-marido.


— Sim, então... eu acho que você precisa disso. — Comecei
a tirar seu casaco com relutância.

— Claro — concordou — A menos que queira mantê-lo por


um tempo e dormir com ele até que acabe o meu cheiro.

Minha boca abriu quando ofeguei.

— Cale-se. Idiota. Eu não estava cheirando seu maldito


casaco. — Bati contra o seu peito, o que só o fez rir.

— Não sugeri que você tivesse feito isso. Por quê? Você fez?

— Não — falei, só para franzir a testa e murmurar: — Cale


a boca.

O idiota só riu antes de levá-lo a seu próprio nariz.

— Droga — Murmurou, baixando o casaco. — Eu esperava


que cheirasse mais a você quando me devolvesse.

Tive uma súbita visão dele se inclinando sobre mim


enquanto estava deitada nua em uma cama, enquanto cheirava
cada centímetro do meu corpo. E meus hormônios voltaram a se
excitar tão rápido que me senti tentada a juntar minhas coxas.

— Você gosta do meu cheiro. — Comecei como uma


pergunta, mas acabou soando mais como uma declaração de
espanto. Mas merda, saber que ele gostava do meu cheiro tanto
quanto eu gostava do dele era totalmente intoxicante.

— Por que não gostaria? — Perguntou, me olhando de cima


a baixo porque de repente eu me encontrava perto o suficiente
para que ele tivesse que olhar para baixo, o que me fez perceber
que acabei de invadir seu espaço pessoal. E queria me
aproximar ainda mais. — Eu gosto de tudo sobre você, boneca.
Sim, eu chegaria ainda mais perto.

Quando sua respiração mudou e seu peito se moveu


enquanto absorvia oxigênio, soube que ele se encontrava tão
imerso quanto eu. Olhei-o fixamente e minha pele praticamente
zumbiu com a necessidade de senti-lo contra mim. Meu olhar se
dirigiu ao seu cabelo, o qual queria agarrar, depois os seus
lábios que se separaram e pareciam úmidos como se tivesse
acabado de lamber.

Quando me aproximei, ele me imitou, se aproximando


também. Meus cílios tremeram.

Ele respirou fundo e falou: — Se for me beijar de novo,


tente não mencionar meu irmão desta vez, ok?

E pum. Acabou. Recuei, encarando-o horrorizada.

— Idiota.

Ele deu de ombros enquanto colocava o casaco.

— Ei, eu só estabeleci regras básicas. Isso meio que tirou


meu ânimo da primeira vez.

Eu me abracei, sentindo-me humilhada e pequena. Incapaz


de olhá-lo nos olhos, murmurei:

— Talvez você devesse ir. Assentiu.

— Sim, talvez devesse.

Mas assim que ele se virou, uma batida veio da frente do


apartamento. Quando ouvi o grito familiar do meu ex, peguei o
braço do Colton com força.

— Merda.
Colton me olhou com olhos entrecerrados ao escutar Shaun
gritar meu nome e dizer que sabia que eu estava lá.

— É ele?

Assenti em silêncio, com meu coração pulsando um milhão


de quilômetros por minuto. Colton se virou para enfrentá-lo,
mas agarrei seu braço com mais força.

— O que está fazendo? Não saia.

— Eu lhe direi para que deixe você em paz.

— Não. — Envolvi meu braço ao seu redor quando ele


tentou se libertar. — Não funcionará. Eu prometo isso. Vê-lo
apenas o incomodará mais e então será pior para mim no futuro.
Por favor, não torne isso ainda pior.

Quando ele olhou para mim como se eu tivesse pedido para


que cortasse sua masculinidade, bem no pênis, implorei mais.

— Colton, por favor. Pense nisso. O que acha que


conseguirá enfrentando-o?

— Acho que isso o assustará para sempre, então você


estaria livre dele.

— Armado com nada além de um miolo de maçã. —


Suspirei. — Sim, acho que não, carinho.

— Ei, eu poderia jogar a maçã na cara dele. Seria super


nojento. Ele poderia fugir, gritando como uma cadela porque lhe
dei meus piolhos. Nunca se sabe.

— Você não o assustará — respondi secamente. — Ele é


maior que você.
Ele bufou como se isso não importasse, mas um segundo
depois, parou e olhou para mim com desconfiança.

— Quão maior?

— Algo como o dobro. E posso dizer que ele bebeu. Ele não
é um bêbado amável. Se fizer algo agora, isso só voltará para
mim em dobro depois, então, por favor...

— Certo! — Ele estalou, me fulminando com o olhar. — Não


farei nada, mas Jesus, eu não gosto disto. Ele não deveria te
incomodar depois de dois malditos anos. Diabos, ele deveria ter
parado de te incomodar assim que se divorciou dele.

— Não durará muito, eu juro. Ele mal fica cinco minutos


hoje em dia.

— Bom, você não deveria ter que lidar com isto. Nem
sequer cinco minutos. — Ele ficou tenso quando olhou pelo
corredor. — Não posso acreditar que você não me deixará cuidar
disso.

Comecei a acariciar seu braço.

— Confie em mim, qualquer coisa que fizesse não cuidaria


disso.

— Isso é o que pensa — Ele murmurou, apenas para


mudar sua atenção quando a batida na minha porta parou
abruptamente.

— Viu — Eu falei com um sorriso repentino, agitando


minha mão. — Já acabou. Perseguição encerrada.

— Isto é uma merda — Rosnou.


— É — Concordei — Mas ignorá-lo funciona muito melhor
do que alimentar sua atenção toda vez que vier aqui. Agora que
aprendemos a não responder, ele parou de me incomodar quase
.

Sua sobrancelha levantada me disse que ele não estava


impressionado. De repente, eu queria abraçá-lo. Agora, ele
possuía todos os motivos para me odiar. Eu o tratei como merda
nos primeiros nove meses que o conheci e na noite em que
comecei a me derreter, mencionei seu irmão enquanto seu pênis
estava literalmente na minha mão. Mas apesar da amargura que
ainda era evidente em seu tratamento comigo, ele foi protetor a
partir do momento em que descobriu que eu estava em perigo.
Não podia imaginar muitos caras fazendo isso.

— Então, enfim... — Murmurei, limpando a garganta e


sentindo calor em minhas bochechas. Tirei a longa franja do
meus olhos — Não te segurarei aqui por mais tempo. Obrigado
por... bom, tudo.

Ele continuou me olhando como se pensasse que eu era


louca.

— Certo... — falou lentamente. — Como se eu fosse te


deixar sozinha aqui depois do que acabou de acontecer.

Sua proteção me fez querer ataca-lo com todas as emoções


agradáveis, quentes e enjoativas que ele provocava em mim. Mas
minha natureza independente se rebelou e ganhou.

— Ele já foi embora. — Apontei para a saída, deixando-o


saber que ele também deveria seguir a mesma direção. — Não há
razão para que fique.
— E você não acha que ele está esperando do lado de fora
do edifício?

Respirei fundo. Isso seria ruim. Não queria que Shaun se


metesse com Colton.

Vendo minha hesitação, ele assentiu chegando a sua


própria conclusão.

— Eu ficarei.

Quando abri a boca para discutir, ele levantou uma das


mãos.

— Relaxa. Não estou pedindo para compartilhar um


travesseiro. Acamparei aqui no sofá até que suas colegas
cheguem em casa.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Não sei onde estamos e não sei o que significou para você.
Tudo o que sei é que cada vez que penso em você, quero estar
contigo. — Autor desconhecido

JULIANNA
Na manhã seguinte, acordei quinze minutos antes do meu
alarme soar. Sentando-me em linha reta, imediatamente
verifiquei meu lenço de cabeça para me certificar que ele não
saiu durante a noite, depois prestei atenção na porta fechada do
meu quarto.

Eu sabia que ele não poderia mais estar lá. Ele avisou que
iria embora quando minhas colegas voltassem para casa, o que
me fez morder o lábio, imaginando o que Sasha e Tyla e
possivelmente até seus homens, pensaram disso. Eu já sabia
que teria um milhão de perguntas para responder.

Mas seria honesta. Eu me encontrei com um colega de


classe e quando vi Shaun entre a multidão, pedi a ele que me
levasse para casa.

Chega de conversa. Eles entenderiam totalmente. É claro.


As coisas foram pouco naturais e mal-humoradas quando
levei uma manta e um travesseiro para ele dormir. Depois que
ele usou o banheiro, não voltei a vê-lo e nem lhe desejei boa
noite, o que me pareceu estranho, mas... não sei. Tudo foi
estranho. Colton Gamble dormindo no meu sofá. Eu não tinha
nem ideia do que pensar sobre isso.

A ideia de que ele ainda poderia estar lá ―por mais


improvável que fosse‖. Me deixava nervosa e agitada,
especialmente porque não sabia onde estava com ele. Não
achava que ele me odiava . Houve momentos, alguns momentos
fortes, intensos e incríveis sem ódio. Mas também não achava
que ele gostasse de mim. Sua luta comigo ainda tinha uma
aparência muito difícil. Frequentemente.

O mais confuso de tudo, é que eu não sabia onde ele estava


comigo. Eu sabia que não o odiava, mas que eu gostava do que
sentia como um tabu. Só queria que todo esse atrito acabasse,
só que não tinha certeza se queria que terminasse em amizade
(embora não pudesse me imaginar como sua amiga) ou com
aversão mútua (que era uma ideia que só me causava uma
úlcera).

Com muito medo de verificar a sala de estar para ver se ele


ainda estava por aqui, corri para o banheiro e usei
apressadamente meus artigos de higiene pessoal. Depois, voltei
para o meu quarto para terminar de me vestir e arrumar meu
cabelo e rosto. Quando não havia mais nada a fazer, exceto ver
meu café da manhã, olhei para a porta do meu quarto com
angústia.
eu ficaria aqui intimidada o dia todo, mas algo que Colton
me falou ontem à noite ressoou na minha cabeça. Eu era uma
lutadora. Não corria e me escondia, especialmente dele.

Droga, eu poderia fazer isto!

Relaxando meus ombros, saí do meu quarto. Mas uma vez


no corredor, caminhei na ponta dos pés até a sala de estar,
prendendo o fôlego. Eu não sabia por que, se ele estivesse aqui,
certamente não queria que me apanhasse à espreita. E se não...
então todo este ato secreto era irrelevante.

Percebendo o quão estranha eu era, exalei e endireitei


minha coluna, entrando na sala de estar em um ritmo normal,
apenas para me deter com a boca aberta.

Oh sim. Ele definitivamente ainda estava aqui, adormecido


no meu sofá como uma espécie de deus do sol. O idiota. E sim,
eu realmente precisava chamá-lo de idiota neste momento.
Qualquer um que pareça tão bem enquanto dorme não deveria
ser permitido ser nada além de um idiota. Precisava haver algum
tipo de equilíbrio no universo.

Ele não estava usando nada além de jeans. Seus pés


descalços estavam acomodados na ponta de um braço, enquanto
ele aconchegou sua bochecha no outro extremo. Sinceramente,
senti um momento de afinidade com ele por tirar as meias ―eu
odiava usar meias na cama‖ só para franzir o cenho quando meu
olhar se aproximou do seu peito.

Sério? Um homem tão magro como ele não deveria ter esse
peito tão definido, especialmente quando dormia e não podia
flexionar seus músculos.
Idiota.

Quando me aproximei, vi que apertava a mão em seu


coração, mas depois de uma inspeção minuciosa, percebi que na
realidade ele segurava algo. Suas chaves? Bom, talvez não a
chave exatamente, mas algo pendurado em seu chaveiro.
Apertando os olhos, me aproximei ainda mais para ver melhor.
Era uma espécie de tubo, seus dedos cobriram a maior parte da
lata até que percebi que era um spray bucal.

Girando os olhos, gemi. Querido Senhor, ele realmente deve


se preocupar com mau hálito matinal se dormia segurando um
spray.

Muito ego?

Mas então notei o outro artigo pendurado em seu chaveiro


e descansando contra as costas de seus dedos. Era uma pata de
coelho velha, esfarrapada e muito brega.

Isso me lembrou da minha avó Cicely. Ela seguia todo tipo


de tradições vodu, como bater pós caseiros para a cura e a sorte
e usar as partes do corpo dos animais para alcançar sucesso e
poder. Ela ainda pendurava garrafas azuis nas árvores fora de
sua casa para pegar espíritos malignos. E não me deixou ir para
a universidade sem uma Bíblia e um amuleto protetor.

Pensar nela enquanto olhava para ele fez todo tipo de


sentimento suave brotar dentro de mim. Mas concordei em lutar
contra eles. Nós não somos amigos. Ele não se encontrava aqui
porque gostava disso. Mas para cumprir algum dever cívico para
com todas as mulheres.
Apoiada por esse pensamento, bati em uma de suas
canelas coberta pelo jeans com meu dedo do pé.

— Ei.

O cara nem se mexeu.

Então repeti a ação, falando um pouco mais alto e


empurrando um pouco mais forte.

— Ei!

Ele se sacudiu. — O que! Merda! — Seus olhos se abriram e


ele engasgou de surpresa até que pôde se concentrar em mim.
Então gemeu um som de suprema decepção e franziu o cenho
antes de fechar os olhos . — Jesus Cristo, você me assustou,
porque não o faria. Que horas são?

— Bom dia — Respondi sem ter ideia. Pelo menos uma vez
na minha vida, não chequei a hora a cada dois minutos
enquanto me preparava para a aula. Eu me preocupei muito
para saber se ele ainda estava aqui. — Por que não está vestindo
uma camisa?

Eu podia entender por que ele tirou a jaqueta e até mesmo


o moletom, mas tirar toda a roupa? Se estivesse brincando
comigo, eu seria...

Bom, sinceramente, estava muito agradecida. Mas teria que


parecer zangada.

Um dos seus olhos se abriu para me olhar. Eu tinha que


admitir que era impressionante. Sempre pensei que ver era uma
questão de dois olhos, mas ele conseguiu perfeitamente com
apenas um.
— Odeio dormir com camisa — Ele murmurou antes de
grunhir outro som e com relutância sentou-se para passar a
mão por seu cabelo.

Maldição, seu cabelo parecia uma bagunça fascinante no


início da manhã.

Idiota.

— Também odeio dormir com calças — Acrescentou com


uma careta de dois olhos desta vez. — Mas as mantive. Por você.
De nada.

Não respondi, cruzando os braços sobre meu peito


enquanto o olhava fixamente.

— Não posso acreditar que você dormiu aqui a noite toda.

— Sim — Ele estalou seus lábios. — Enquanto sua


apreciação do fato de que eu dormi aqui para ter certeza de que
você estava segura é adorável, você tem um pouco de suco de
laranja ou algo assim? Minha boca tem sabor de bunda.

Olhei para sua mão.

— Diz o cara que dorme com um spray contra seu coração.

Ele olhou para baixo surpreso e abriu a palma da mão para


ver a pequena embalagem como se não soubesse que estava ali.
Então deu de ombros.

— Está vazio.

Minhas sobrancelhas se levantaram.

— Você já pensou em jogá-lo fora e comprar um novo?


O olhar de Colton pulou em mim antes de piscar como se
eu tivesse sugerido que jogasse um pulmão.

— Foi um presente — Respondeu , ainda observando com


um olhar insultado e chocado.

Eu não sabia o que dizer. Quem guardava uma garrafa


vazia de spray bucal porque foi um presente?

alguém muito sentimental.

Percebendo que era sentimental e só estava preso por essa


parede que eu tentava manter entre nós. Porra, eu não deveria
gostar deste cara.

Mas então ele se levantou ―o idiota‖ e santo Deus. Eu juro,


os anjos começaram a cantar e tocar trombetas, harpas e merda.
Quer dizer, merda. Seu cabelo estava perfeitamente bagunçado.
Seu peito, esplendidamente nu e brilhante. E seu jeans deslizou
perigosamente, ficando perfeitamente baixos em seus quadris
para que mostrasse o cós da sua cueca.

Não pude deixar de lembrar como seu pau parecia quando


tirei suas calças de smoking e coloquei seu membro duro e
palpitante na minha mão. Acho que minha boceta chorou de
alegria, pensando que chegaria a senti-lo dentro de mim.

E então eu estraguei tudo.

Limpando minha garganta, cruzei os braços sobre meu


peito para esconder meus mamilos duros.

— Sim, acho que podemos encontrar algo para você beber.

Virando-me, fui para a cozinha ouvindo-o me seguir. Os


cabelos na minha nuca se arrepiaram, sabendo que ele me
seguia. Ele me via andando, concentrado na minha bunda,
lembrando como me senti em suas mãos quando me levantou e
me colocou sobre a mesa.

— Ooh, café. — Passando por mim, ele foi direto para o


pote programado para começar automaticamente a funcionar
cinco minutos antes. Certo. Então ele não checou meu traseiro.
Eu estava bem com isso.

Com talvez, um pouco de devastação completa.

Quer dizer, sério o café não deveria triunfar sobre meu


traseiro. Que diabos estava errado com meu traseiro para que
ele nem sequer desse uma olhada?

Gemendo dramaticamente, Colton parou junto à cafeteira e


fechou os olhos enquanto inalava.

E minhas partes femininas gostavam da maneira que ele


apreciava o café. E, no entanto, minhas emoções continuavam
esmagadas pela maneira que ele não me checou. Então tive que
franzir a testa para rebater. Apertando os braços sobre meu
peito, cheirei. — Pensei que queria suco de laranja.

— Isso foi antes de saber que havia café. — Ele abriu um


armário, franziu o cenho e o fechou, apenas para abrir outro.

— Que diabos você está procurando? — Perguntei. Não


tinha certeza de como me sentia com ele revisando meus
armários. Parecia tão pessoal como se estivesse verificando
minha gaveta de roupas íntimas. Na verdade, fiquei chateada
porque ele não parecia querer nada com minha gaveta de roupas
íntimas. O idiota.
— Uma caneca. Para servir meu café. — Ele me deu um
olhar seco. — A menos que não se importe de beber diretamente
da jarra.

Trinquei meus dentes.

— Tente as portas que estão bem acima da cafeteira.

Ele fez.

— Ah. Prático. — Pegando minha caneca favorita, ele se


serviu de uma quantidade generosa, me deixando preocupada
que não sobrasse nada para mim quando tivesse terminado.
Então olhou ao seu redor antes de encontrar o açúcar. Ele se
serviu de dois cubos antes de soprar na superfície e tomar um
gole hesitante.

Talvez eu tenha me concentrado um pouco demais na sua


boca enquanto ele fazia tudo isso. Mas caramba, o rapaz sabia
como fazer beber café parecer sensual.

Então ele teve que fechar os olhos e soltar sua satisfação


enquanto inclinava a cabeça para trás para mostrar a forma em
que sua garganta trabalhava com o primeiro gole.

E de repente eu precisava trocar minhas calcinhas.

Abri a boca para dizer... Nem sei o que. Mas queria dizer
qualquer coisa, algo que transferisse todo esse prazer para mim.

Tyla, no entanto, interrompeu o momento, pulando na


cozinha e parecendo ansiosa e curiosa.

— Ei, quem era o cara branco seminu que desmaiou em


nosso sofá ontem à noite? — Soltou, só para parar de repente e
seus olhos se arregalarem do tamanho de um pires quando viu
Colton apoiado nos armários da cozinha bebendo seu café.

Ele a cumprimentou com alegria.

— O mesmo cara branco seminu roubando seu café esta


manhã. — Seu olhar deslizou sobre ela e eu não tinha certeza se
gostava de vê-lo admirar outra mulher, especialmente uma de
minhas companheiras de quarto. — Pijama bonito — Ele
murmurou com admiração.

Tyla bateu no short masculino da Marvel que estava


usando. Era apenas cuecas e não shorts reais, então acho que o
olhar de advertência que ela disparou na minha direção era para
manter minha boca fechada e não transmitir isso para ele. Pelo
menos ela usava uma regata branca com eles, que era mais do
que às vezes usava ao redor do apartamento pelas manhãs.

— Colton Gamble — Ele informou, apresentando-se


enquanto se afastava do balcão para dar um passo à frente e
levantar a mão para sacudi-la. — E você é...?

— Colton Gamble? — Repetiu ela, virando-se bruscamente


para mim.

— Ei. — Ele sorriu com surpresa. — Nós temos o mesmo


nome. Legal.

Ela piscou, perplexa com sua ingenuidade estranha na


primeira hora da manhã. Admirando-o outro segundo, ele voltou
sua atenção para mim.

— Quem diabos é Colton Gamble?


— Ah — Ele murmurou com um gesto de assentimento,
sem me deixar responder. — Eu vejo que deve ter ouvido falar do
grande e poderoso Brandt Gamble. Ele seria meu irmão mais
velho.

Quando Tyla voltou sua atenção para ele e só pôde olhar,


ele piscou e passou a mão pelo corpo.

— Eu sou a nova edição melhorada. Obviamente.

— Merda — Sussurrou ela.

O idiota se gabou. — Eu sei, certo? E eu nem treino tanto.

— Está... bem — Soltei, dando um passo à frente e


levantando minhas mãos. Eu podia aceitar seu flerte com minha
colega de quarto só até certo ponto. — Colton já estava de saída
— Informei a Tyla enquanto o empurrava para a sala de estar. E
oh meu Deus, eu empurrei seu peito, seu peito muito nu, quente
e incrível.

À medida que as correntes elétricas sacudiam meus braços


ao tocá-lo, Colton me lançou um olhar irritado, mas eu o forcei a
sair da cozinha.

— Sério? — Ele perguntou com curiosidade. — Eu ainda


não conheci sua outra colega de quarto. Eu estava esperando
que ela viesse pavoneando em calcinhas do Superman ou
Batman. Ei, por que você não entrou passeando vestida com
pijamas assim?

— Porque já tomei banho e me vesti para o dia, que é o que


você deveria ir fazer. — Peguei sua camiseta e moletom do chão
e os empurrei para ele.
Ele deu a eles um olhar decepcionado antes de colocar sua
caneca de café em uma mesa lateral e vestir a camiseta primeiro.
Depois o moletom.

Eu pensei que seria um momento triste ver o último pedaço


do seu peito nu, mas oh meu Deus, ver seus braços levantar-se
antes que entrasse em sua roupa... era arte. Era arte pura.

Minha boca secou. Quando ele vestiu sua jaqueta e colocou


os pés nos sapatos, desejei que tirasse tudo outra vez, só para
olhá-lo vestir-se mais uma vez.

— Então... te vejo mais tarde. — Ele pegou seu café e se


dirigiu à porta. As coisas dentro de mim se rebelaram com sua
saída, então tentei evitar dizer algo, por medo de deixar escapar
uma bobagem, como se eu quisesse que ele ficasse, até que
percebi o que ele estava contrabandeando do meu apartamento
enquanto ele abria a porta.

— Ei, onde acha que vai com minha caneca de café?

Ele fez uma pausa e olhou para trás, levantando uma


sobrancelha.

— Havia algo como cem canecas de café no armário.

— Não canecas protegidas para levar como essa.

Seus olhos se estreitaram, então apontou para mim.

— Se a noite passada acontecesse como eu queria, eu


estaria roubando mais uma das suas calcinhas em vez de uma
fodida caneca. Seja grata.

Depois ele me deu as costas e se afastou bebendo da minha


maldita caneca quando a porta se fechou atrás dele.
Fiquei estupefata enquanto chiava com surpresa. O idiota
acabou de roubar minha caneca favorita. E insinuou que queria
me foder ontem à noite.

Graças a Deus eu não sabia disso então.

— Bem. Que diabos foi isso? — Exigiu Tyla, me fazendo


saltar e girar para vê-la de boca aberta na entrada da cozinha.

Suspirei e esfreguei um ponto no centro da minha testa.

— Ele é branco? — Ela gritou. — OH meu Deus, por que


nunca falou que ele era branco?

— Shh! — Meus olhos se arregalaram quando levantei as


mãos para calá-la, certa de que Colton deve ter ouvido do lado
de fora do apartamento, inferno, do lado de fora do edifício.

— Que porra você está gritando? — Sasha resmungou


enquanto chegava à sala de estar, esfregando os olhos.

Pisquei, atordoada que ela estava vestindo uma camisa da


Mulher Maravilha. Colton esteve tão perto da sua hipótese que
me perguntei brevemente se ele nos espionou dormindo esta
manhã. Mas não, ele não faria isso.

Faria?

A ideia deixou pausa suficiente para que Tyla tivesse tempo


de dizer: — Brandt Gamble é branco!

Estremeci. Certo. Ainda estávamos falávamos disso.

Sasha parou de coçar o ombro. — Espera. O que? Você


quer dizer... merda, aquele que passou toda a noite no nosso
sofá era Brandt Gamble?
Gemi e fechei os olhos. — Não. É claro que não.

— Era seu irmão mais novo — Informou Tyla com


ansiedade. — Colton Gamble.

— Colton Gamble? — Sasha sacudiu a cabeça um segundo


antes que seus olhos ficassem grandes. — Merda — Ela se virou
para mim. — Espera. Então... eles são apenas meio irmãos,
certo? E Brandt é muito, muito mais escuro que ele. Não é?

Abri os olhos e só pude olhar para minhas duas amigas


antes de dar de ombros.

— Merda — Sasha engasgou. — Você gostou de um homem


branco durante quase um ano e nunca nos contou?

Abri a boca.

— Eu... não achei que fosse importante.

Ok, isso foi uma mentira. Eu sabia que para estas duas
importaria muito; elas cresceram da mesma maneira que eu, por
isso não mencionei nada. Dessa maneira, se as coisas não
tivessem funcionado entre Brandt e eu ―e foi assim‖ eu nunca
teria que revelar um fato tão minúsculo sobre ele.

— Alimente outra pessoa com essa merda — Exigiu Sasha


— E nos conte tudo.

Tyla e Sasha acomodaram-se, de repente mais curiosas do


que já vi.

— É verdade que eles são menores, você sabe, lá embaixo?

— Beijam bem? Sempre achei que seriam muito babões.


Eles parecem como, você sabe, que produzem muita saliva ao
beijar.
Eu revirei os olhos e quase confessei que os homens
brancos não eram mais babões do que os negros, mas então
percebi que teria que revelar que me envolvi com Colton. E elas
ainda não sabiam dele... bom, não tudo realmente.

Levantei minhas mãos para acalmá-las.

— Vocês podem se acalmar? Nunca dormi com Brandt, eu


nem sequer o beijei. Nosso encontro acabou em cinco minutos,
lembram?

Os ombros das duas caíram.

— Oh, sim. Isso é verdade.

Elas pareceram tão para baixo, que franzi o cenho.

— Vocês realmente têm tanta curiosidade sobre os garotos


brancos?

— Sim! — Choraram juntas.

— Bem — Sasha hesitou — Curiosidade, sim. Apenas não o


suficiente para convidar um para sair... como você fez. Quer
dizer, francamente garota. Você está louca? O que diria a seu pai
se Brandt Gamble e você tivessem começado algo?

Suspirei.

— Não sei — Confessei em voz baixa. — Imagino que foi


melhor não ter dado certo.

— Sim — Concordou Tyla com um gesto sério. Mas então


se concentrou no meu rosto . — Mas se alguma vez fizer isso,
você sabe... com um cara branco, nos contará cada detalhe,
entendeu jovenzinha?
— E quem diabos é este garoto Colton? — Acrescentou
Sasha. — Como ele acabou no nosso sofá?

— Antes de responder, deixe-me dizer isto... — Tyla


levantou um dedo. — Aquele garoto branco era muito bom.

— Uh-huh — Sasha concordou. — Mesmo desmaiado sobre


o sofá, poderia se dizer que ele era muito bonito ontem à noite.

— Inferno, você deveria tê-lo visto acordado e de pé esta


manhã. — Tyla rosnou em sua garganta, antes de me olhar. —
Se ele se parece com seu irmão, posso ver por que decidiu provar
um pouco de carne branca.

— O que nos traz de volta a pergunta de por que o irmão de


Brandt Gamble passou a noite em nosso sofá — Exigiu Sasha,
forçando a conversa de volta a ordem.

Quando as duas se acalmaram o suficiente para eu


responder, eu me encolhi sobre seus olhares espectadores.

— Ele, uh... — Limpei minha garganta e estremeci porque


sabia que seria forçada a lhes contar mais do que queria. — Ele
me trouxe para casa da festa ontem à noite.

— Está bem. — Tyla falou lentamente. — Por quê? Você se


aborreceu conosco ou algo assim?

— Oh, merda. Não fizemos você se sentir excluída quando


nossos namorados chegaram, não é?

Na verdade, por um segundo, eu havia me sentido muito


deprimida e ressentida por Chad e Theo destruírem nossa noite
de garotas. Mas então Colton apareceu e esqueci tudo sobre ser
uma patética quinta roda.
Mas para minhas amigas, sacudi a cabeça.

— Não. Claro que não. Só... bom...

— Sim? — Encorajou Sasha. — Nós sabemos que não se


envolveu com ele, caso contrário ele estaria no seu quarto e não
no sofá.

— A menos que ele fosse muito ruim de cama. Meu Deus!


— Tyla pôs a mão sobre seu coração. — Eles realmente têm mini
pênis, não é?

— Não! — ofeguei. Mas então meu rosto ficou muito quente.


— Quero dizer... — Merda. Não queria que elas soubessem que
vi o pacote do Colton. Só que deixa-las rotulá-lo como mini
qualquer coisa lá embaixo parecia imperdoável. — Não, nós não
dormimos juntos. Eu... — Droga, aqui ia com algo que não
queria que elas soubessem. — Shaun apareceu na festa.

Sasha colocou as mãos sobre sua boca.

— OH, merda.

— Você está bem? Ele te fez algo? — Tyla agarrou minhas


mãos e puxou meus braços para poder me examinar.

Desconfortável com sua preocupação, livrei-me dela e me


abracei.

— Não, ele... — Com um suspiro, comecei a lhes contar: —


Na verdade, correu tudo bem. Eu nem sequer falei com ele. Eu
me encontrei com Colton enquanto vocês cumprimentavam seus
namorados. Eu o conheci através do Brandt, quando ele foi
antes ao bar. E quando vi Shaun, tive um pequeno susto,
então... Colton se ofereceu para me trazer para casa. Depois
decidiu ficar e dormir no sofá assim eu não ficaria sozinha.

— Ah, isso foi doce. — Sasha entrelaçou as mãos sobre


seus peitos enquanto Tyla assentiu.

— Diabos claro que sim. Quente e agradável? Eu iria para


aquele garoto Gamble se fosse você.

— Eu concordo.

— Garotas! — Gritei, boquiaberta com elas. Eu não podia


acreditar que elas acabaram de me dar sua aprovação. Isso era
uma coisa muito perigosa no que dizia respeito ao Colton porque
eu poderia tomar a palavra. — Ele é irmão do Brandt.

— E daí? — Bufou Tyla. — Ele se casou com outra pessoa.


Perdeu sua oportunidade.

— Totalmente — Assentiu Sasha de acordo. — Além disso,


Colton é quente.

— Sim, mas... — Sacudi a cabeça. — Não acham que isso


seria estranho? Pular de um irmão para o outro.

— Não é como se você literalmente tivesse pulado de uma


cama para a outra. Você nem sequer foi a um encontro completo
na primeira vez. E faz quase um ano depois disso, então carinho,
está tudo bem.

— Mas ele é um estudante do primeiro ano — Me senti


obrigada a explicar. — Ele ainda nem sequer tem dezenove até
junho. Eu terei vinte e dois antes disso. Isso...

— Quatro anos? — Riu Sasha e agitou uma das mãos. —


Isso não é nada. Minha mãe é nove anos mais velha que meu
pai. E isso nunca foi um problema para eles. Só é um problema
se você deixar que seja.

Certo, decidi. Mas esse não era o único problema.

— E meu pai? — Perguntei tranquilamente. — Não faz nem


três minutos, vocês estavam ficando loucas quando souberam
que eu estava interessada no Brandt. Mas agora sugerem que eu
vá atrás do seu irmão mais novo... que é da mesma cor que ele?

Tyla levantou suas mãos.

— Não estamos dizendo que deveria se casar com o cara.

— Sim. Apenas que tenha um pouco de diversão inofensiva


e temporária.

— E ele parece que seria bom para um monte de diversão.

Sim. Era.

Sentindo-me derrotada, olhei de um lado para o outro entre


minhas amigas e percebi com medo, que queria fazer
exatamente o que elas sugeriram.

Mordi o lábio.

— Vocês me meterão em um monte de problemas, não é?

Ambas sorriram.

— Do melhor tipo.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Alguém que te ama vê o quão desastroso você pode ser, quão


mal-humorado pode ficar, quão difícil é de lidar, mas continua te
querendo. — Autor desconhecido

COLTON
— Onde diabos esteve ontem à noite?

Fiz uma pausa, com um pé dentro de casa. Do outro lado


da cozinha, Noel arqueou uma sobrancelha como se estivesse
zangado.

Fiz uma careta, confuso.

— Eu te enviei uma mensagem de texto e lhe avisei. Você


não recebeu minha mensagem? — Ele esteve tenso ultimamente,
sim, mas nunca se importou se eu ficasse fora toda a noite,
sempre e quando avisasse.

— Tudo o que falei foi que ajudaria um amigo e que


possivelmente não voltaria para casa até de manhã.

— Sim, bem... foi tudo o que fiz — Respondi lentamente. —


Não voltei para casa até de manhã, então... — Assim que falei,
notei a tensão ao redor da sua boca e olhos. Ele parecia
cansado, física e emocionalmente. — Você precisou de mim?

— Não — Ele respondeu rápido demais e desviou o olhar,


dando um passo para trás antes de colocar uma das mãos
protetora no balcão junto a uma bandeja cheia de ovos e
torradas, suco de laranja e uma única margarida que parecia ter
sido arrancada do pátio traseiro.

Virei meu olhar para ele.

— O que aconteceu?

— Nada. — Ele olhou para o café da manhã preparado e


respirou fundo. — Ei, você pode levar isto para Aspen? Tenho
que... Tenho que preparar as crianças para a babá e depois ir
trabalhar um pouco mais cedo.

— Claro — Murmurei, mas merda. Não importa que


houvesse várias pessoas para cuidar, ele sempre escolheu cuidar
de Aspen e distribuir os deveres das crianças para todos os
outros. Por que hoje ele queria evitá-la? Respirei devagar e
preocupado. — Você não está... renunciando, não é? A Aspen?

— O que? — Ele me deu um olhar de surpresa. — Não!


Deus não. Eu só... — Ele bufou e pareceu envelhecer uns dez
anos nessa exalação. — Acho que ela precisa de um descanso —
Admitiu em voz baixa, e parecia que poderia explodir em
lágrimas — de mim.

Não tinha nem ideia do que dizer. Noel e Aspen sempre


estiveram tão seguros e firmes juntos. Nada abalava sua relação.
E eu construí meus alicerces com base nisso, então quando
tinham uma turbulência, eu sentia até meus próprios ossos.
Atordoado, assenti e disse:

— Está bem. — Nervoso por não saber o que aconteceu


para fazer com que Noel desse um passo para trás, eu me
arrastei até a bandeja e a agarrei com cuidado, me perguntando
se de alguma forma causava mais problemas fazendo isto por
ele.

— Espere. — Ele se adiantou para frente para me deter. —


Aqui. Eu me esqueci de colocar isto na bandeja.

Parei e observei como meu irmão deixava cair uma folha de


papel dobrada perto do copo de suco. Quando levantei as
sobrancelhas, ele deu de ombros sem explicar.

Então dei de ombros também. Mas assim que saí da


cozinha e cheguei ao corredor, bisbilhotei, olhando por cima do
meu ombro para me assegurar que ele não me seguiu antes de
desdobrar a nota e ler o que ele tinha a dizer.

Eu preferiria ter maus momentos contigo, do que bons


com mais alguém.

Eu preferiria estar junto a você em uma tempestade,


que a salvo por conta própria.

Eu preferiria passar momentos difíceis juntos, do que


passá-los confortavelmente separados.

Eu preferiria ter a única que segura meu coração. —


Autor desconhecido
Bom, pelo menos ele não mentiu sobre não se dar por
vencido. Mas porra, ele deve estar desesperado se estava
recorrendo a citações para ela. Aspen me disse uma vez que ele
costumava lhe enviar pequenas notas todos os dias para sua
coleção quando ele a cortejava.

Ele deve ter retornado à fase do namoro, o pobre idiota.

Depois de bater na porta com meu pé para chamar a


atenção de Aspen, entrei, só para fazer uma pausa quando vi
todas as pequenas notas dobradas, semelhantes a essa da
bandeja, cobrindo sua mesinha de cabeceira. E de repente meu
peito ficou apertado.

Eu não tinha ideia de quantas notas ele recolheu para ela,


mas parecia dezenas, possivelmente centenas.

Meu irmão estava tentando recuperar a sua esposa de novo


e achava que estava falhando.

O que era pior, quando Aspen levantou a vista e me viu ―E


não ele‖ juro que esteve a uma fração de segundo de explodir em
lágrimas.

— Ei, hum... onde ... — Olhou para trás de mim,


procurando-o antes de sacudir a cabeça e forçar um sorriso
patético para mim. — Quero dizer, bom dia. Você não precisava
trazer nada para mim, Colton. Isso é tão doce.

— É um prazer. — Levei a bandeja para ela, mas quando


ela olhou para o meu lado em direção a porta de novo, decidi ser
sincero enquanto acomodava tudo sobre seu colo. — Espero que
não se importe que eu seja seu mensageiro esta manhã. Quer
dizer, eu sei que sou o melhor Gamble e tudo mais, mas eu sou
mais um irmãozinho para você, então sim... essa linda bandeja
não tem o mesmo impacto para você como, digamos, outro
Gamble.

— O que? — Ela transferiu seu olhar para meu rosto antes


de agitar a cabeça. — Não. OH... não, claro que não me importo
que você esteja aqui, Colton. Não seja tolo. Mas, uh, está tudo
bem... com...?

Pobre mulher, nem sequer podia dizer seu nome. Quando a


preocupação e o medo cruzaram suas feições, sorri e assenti.

— Sim, Noel está bem. Está preparando os meninos para a


babá.

— Oh. — O alívio cruzou seu rosto antes que suas feições


caíssem. — Eles não deveriam precisar de uma babá. Eu deveria
estar cuidando deles.

Por uma fração de segundo, entrei em pânico, esperando


não ter começado outro episódio. Então endireitei a bandeja
diretamente sobre seu colo e falei: — Eu lhe trouxe algo para
comer no caso de estar com fome.

Ela sentou e observou seu café da manhã com um novo


interesse.

— Noel fez isto?

Eu bufei.

— É claro. Acha que eu poderia criar este tipo de arranjo


sofisticado? — Bati meu dedo contra a flor. — E olhe, ele te
deixou outra nota.
Seu alívio foi evidente. Depois que pegou e o abriu para ler,
seus ombros caíram e seu rosto relaxou.

— Precisa de mais alguma coisa? — Perguntei.

Ela olhou para cima, com lágrimas felizes brilhando em


seus olhos. No começo, negou com a cabeça. Mas um segundo
depois, falou: — Oh! Espera, você poderia levar isto?

Agarrou uma caneta e um pedaço de papel de caderno da


sua mesinha e rabiscou algo antes de dobrá-lo várias vezes e
estendê-lo a mim.

Eu quase fiz uma brincadeira sobre como isto parecia com


a escola primária e eu era o mensageiro entregando notas entre
duas pessoas apaixonadas. Mas sim... com o estado sensível em
que Aspen se encontrava nestes dias, não tinha certeza se
levaria como uma brincadeira. Então peguei o papel sem dizer
nada e inferno sim, eu o abri logo que cheguei ao corredor.

Dizia:

Você é meu lugar favorito para ir quando minha mente


procura paz. — Autor desconhecido

Sério, estes dois eram tão estranhos. E, no entanto, um


pouco doces.

Noel estava na sala de estar, vestindo sua roupa de


professor de economia enquanto colocava Lucy Olivia em um
assento e mandava Beau calçar os sapatos.
Quando olhou para cima e me viu, a ansiedade cruzou seu
rosto. Mas isso desapareceu rapidamente e perguntou:

— Está tudo bem?

Esperei até que ele terminou de atar Lucy e colocou a


bolsa de fraldas por cima do seu ombro antes de estender a nota
entre meus dedos.

— Para você.

Ele parou quando viu. Então seu olhar procurou o meu.

— Ela devolveu? — O homem pensou que ela havia


recusado sua nota de amor.

Eu revirei os olhos. — Ela te enviou uma resposta.

Isso o surpreendeu. Ele arrancou o papel dos meus dedos e


o abriu. O alívio que desprendia dele refletia o mesmo alívio que
vi em sua esposa momentos antes. Quando levantou a vista, o
sorriso em seu rosto foi o maior que vi em meses.

— Obrigado. — Ele colocou a nota no bolso do seu jeans e


chamou Beau, dizendo que já era hora de sair.

Quando a porta se fechou atrás deles, bufei e esperei um


momento, deixando que a manhã inteira me encharcasse.
Despertar com Julianna e experimentar toda uma carga inteira
de coisas desconhecidas a respeito dela e depois voltar para casa
me deixou estranhamente cansado.

Mas a vida continuaria sem mim se ficasse aqui parado


como um idiota contemplativo, então virei e me dirigi ao corredor
até meu quarto para poder me preparar para as aulas, que
começavam em menos de uma hora.
Uma vez que estava debaixo da ducha, me permiti voltar
para Julianna. Eu sabia que ela estava enviando sinais
contraditórios. Mas então, eu estava experimentando certas
emoções contraditórias. Metade de mim ainda queria flertar com
ela. Outra metade queria discutir com ela, uma metade queria
que ela ficasse amarga e rude e a outra... merda. Quatro
metades não faziam um todo.

Eu estava tão fodido.

Eu queria continuar irritado com ela e, no entanto, também


queria que não importasse, mas ao mesmo tempo eu queria
perdoá-la por completo. Todos esses desejos, metades e
pensamentos se tornaram loucos na minha cabeça. Mas então,
quando ela estava lá na minha frente, era tão atrevida e
desafiante e começava a agir como instintivamente queria agir
antes que meu cérebro me ordenasse que agisse de outra
maneira. Era tudo um pouco confuso e estava quase pronto para
que terminasse.

Mas quanto mais dizia a meu cérebro que se esquecesse


dela, mais eu pensava nela.

Ela era um osso duro de roer. Algumas pessoas poderiam


se referir a ela como maliciosa, mas eu sabia que ela não era.
Algo que Sarah falou uma vez consolidou esse fato para mim.
Quando Sarah atrapalhou o encontro de Brandt e da Julianna,
ela me contou que Julianna foi muito boa a respeito. Que ela foi
amável e simpática com a Sarah enquanto ela estava em crise e
precisava de Brandt mais do que qualquer outra pessoa.
Julianna pulou no banco de trás da sua caminhonete para dar o
assento da frente para Sarah sem reclamar. Então ela
educadamente se apresentou. Uma cadela não faria isso, o que
provocou minha profunda curiosidade sobre ela.

Honestamente, eu acreditava que ela colocou de propósito


as paredes para parecer dura e independente, mas também para
esconder seu verdadeiro eu, o que significava, é claro, que
precisava derrubar todas estas paredes e descobrir o que ela
tentava tão desesperadamente esconder. Aposto que uma vez
que deixava uma pessoa entrar...

Mas então, sim, tudo entre nós era errado, então eu devia
parar de me perguntar a respeito. Brandt sempre estaria entre
nós, e ela ainda se arrependia do que tínhamos feito juntos no
casamento, então...

Isso o matou. Ou pelo menos deveria ter feito.

E por falar em Brandt, ele me enviou uma mensagem de


texto no caminho para a aula. Apenas uma verificação de irmão
mais velho que dizia:

Brandt: Como começou seu novo semestre?

Acredito que foi nossa primeira forma de comunicação


desde que ele voltou da sua lua de mel. Eu não queria sentir
nenhum ressentimento porque ele era a principal razão pela que
eu estava estupidamente de coração partido nos dias de hoje. Eu
não tinha nem ideia do que estava acontecendo. Mas, mesmo
assim queria passar por esta conversa com ele o mais rápido
possível.

Colton: Bem. E o seu?


Brandt: As práticas estão chutando minha bunda.

Colton: Ótimo.

Quando ele enviou o emoji do dedo médio para meu


comentário espertinho sorri, sentindo as coisas um pouco mais
arrumadas entre nós.

Mas não me sentia tão determinado quando se tratava dela.

O que é pior, eu trouxe sua caneca de café comigo para a


escola. E então a carreguei comigo todo o dia como uma espécie
de amor doente. E na manhã seguinte... sim, eu a lavei e voltei a
enchê-la e a levei para a aula outra vez.

Nós compartilhávamos a aula de filosofia às dez. Ainda


restava um gole de café na caneca quando entrei na sala de
conferências um par de minutos antes. Eu a coloquei no canto
da minha mesa, em seguida retrocedi, estiquei meus pés e fechei
os olhos, esperando.

Eu não percebi que estava esperando por ela até que, ela se
aproximou, senti seu perfume. A cadeira junto à minha se
arrastou quando ela se sentou ao meu lado.

De repente, todo meu corpo recobrou a vida, as aberturas


do meu nariz ondularam para inalar seu aroma, os ouvidos
registravam cada pequeno movimento que ela fazia, os nervos
chiaram com algum estranho tipo de adrenalina.

Antes que ela pudesse falar, eu lhe afirmei: — Você não


recuperará sua caneca — Sem sequer abrir os olhos.

— Como... — Sua voz surpresa chispou através de mim.


— Você tem um cheiro muito distinto — Respondi depois
que ela se calou. — E por que razão se sentaria ao meu lado?

Abri os olhos e me virei. Ela estava impecável como de


costume, então deveria ter esperado o golpe de consciência que
eu senti. Deveria estar preparado para isso. Mas não, se tornou
mais forte desde que a vi nua ―bem, a maior parte‖ e a provei, a
toquei e vi onde dormia.

Eu a queria mais do que nunca.

Deus, eu estava tão fodido.

— Bom... — Seus olhos castanhos se arregalaram com


surpresa quando ela sacudiu a cabeça e gaguejou — é minha
caneca.

Eu ri e a peguei de propósito para tomar um gole,


zombando dela.

— Já não é mais.

Seus olhos brilharam com desafio enquanto me observava e


droga, porra, maldita seja, por que isso me excitou tanto? Mas
em vez de me xingar, o que eu esperava e como eu queria ―eu
não era só um diabólico e masoquista filho da puta‖ ela respirou
fundo e com firmeza, então respondeu suavemente:

— Você realmente deveria parar de me roubar coisas, sabe.

— Coisas? — Arqueei minhas sobrancelhas, me


perguntando por que expressou isso como se eu tivesse pegado
mais que uma caneca.

— Sim! — Replicou. — Coisas, no plural. Minha caneca.


Minha calcinha. — Sua voz sumiu e ela se aproximou mais
enquanto seus dentes se apertavam com raiva, e porra... eu
também gostava disso. Eu queria afundar meus dedos no seu
cabelo, puxá-la para frente e beijá-la duro e grosseiramente.

— Oh sim. Sua calcinha. — Dei de ombros com a mesma


indiferença enquanto tomava outro gole, embora tenha ficado
sem café com o último. — Eu joguei fora, sinto muito.

Eu me arrependi das palavras assim que as falei,


especialmente quando sua boca se abriu como se eu a tivesse
apunhalado no estômago.

Merda, eu era um imbecil. Comecei a confessar que ainda


estava com ela. Teria até me oferecido para lavá-la, dobrar e
devolver ilesa, junto com sua caneca. Mas ela entrecerrou os
olhos e tentou pegar sua caneca.

— Me devolva minha maldita caneca!

Enquanto continuava em minha mão, limitei-me a


aumentar meu aperto e me neguei a soltá-la. Não importa o que
me passou pela cabeça uma fração de segundos atrás, eu não
podia deixá-la. Não enquanto ela discutia comigo. Além disso, eu
precisava dessa caneca. Era dela. O que era uma razão pela que
eu deveria afrouxar meu aperto e devolve-la, mas esse gene
teimoso em mim se recusou. Mantendo todos os pedaços dela
que pudesse.

— Não — Murmurei quando ela começou a puxar e deslizou


um par de centímetros entre meus dedos. Pensando
rapidamente, eu me inclinei para frente e lambi o lado prateado.
— Aí está. Eu a lambi. É minha.
— Oh, bom, se isso for tudo o que precisa para possuir
algo...

Então ela fez a coisa mais louca do mundo inteiro. Se


inclinou também, como eu fiz, mas sua língua não se aproximou
da taça. Ela abriu caminho até o dorso da minha mão que
estava segurando a caneca.

Minha boca se abriu quando ela se endireitou e se virou


para mim, com os olhos arregalados de surpresa, como se não
pudesse acreditar no que ela acabou de fazer.

Mas puta merda, ela acabou de me reclamar?

O que foi ainda mais louco, acho que funcionou. Porque


nesse momento, ela me teve. Me teve .

— Eu... — Ela moveu a cabeça como se estivesse prestes a


negar, retratar o que acabou de fazer e retirar tudo. E eu juro, se
ela tivesse feito, eu teria me levantado e ido embora.

Só que ela não teve a oportunidade. O professor começou a


aula e nós dois nos endireitamos em nossas cadeiras e viramos
para frente da sala, nos movendo rigidamente como robôs.
Honestamente, não acho que fui o único que ficou sentado ali
como uma estátua congelada durante uma hora. Eu
praticamente podia sentir a tensão que saía de Julianna quando
experimentava a mesma realidade confusa que eu.

Meu coração batia com força no meu peito e meus


músculos ainda estavam tremendo de ansiedade.

Eu não tinha certeza do que significava. Eu não sabia o que


fazer sobre isso.
Só sabia que gostava disso, apesar de tudo. Eu me sentia
atraído por ela. Mas parecia que não deveria. Quer dizer e
quanto a Brandt? O que dizer sobre tudo isso?

Eu já lidava com merda suficiente. A universidade, todo o


drama em casa, minhas coisas de Vine. Eu não tinha tempo nem
energia para correr atrás de qualquer garota. A viagem de ida e
volta com ela me deixava louco. Eu só... precisava de um
descanso. Precisava limpar minha cabeça.

Assim que o Dr. Taris terminou a aula, eu me levantei da


minha cadeira, agarrando meus livros e a caneca e saí correndo
da sala. Julianna ofegou meu nome como se quisesse falar
comigo, mas não consegui. Eu precisava processar isto.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Não te abandonarei e você deve saber que lutarei por você.


— Autor desconhecido

JULIANNA
Fiquei atordoada enquanto observava Colton sair correndo
da sala de conferências.

Eu não podia acreditar no que fiz, mas não me arrependi.


No momento em que nossos olhares surpresos se encontraram
depois que minha língua reclamou sua pele, uma onda de
energia me percorreu. Ele olhou para mim quase como se tivesse
medo, como se tivesse acabado de ver todo seu futuro, quer ele
quisesse ou não, como se percebesse que agora era meu.

Era uma sensação poderosa, quase esmagadora. Eu me


sentei, chocada durante a primeira metade da aula. Então me
atrevi a olhar de soslaio para descobrir que ele ainda continuava
congelado por seu próprio choque. Por alguma razão, isso fez eu
me sentir melhor. Eu não era a única que sabia que aconteceu
algo transcendental. Mas aparentemente, parecia ser a única
que precisava saber o que foi tão transcendental.
Eu não acho que já vi um homem fugir de mim assim
antes. deveria ter me preocupado que ele fosse resistente à
ideia, mas não sei. Não era assim. Tudo o que me encheu foi
uma determinação de enfrentá-lo. Nesse momento.

Então recolhi minhas coisas o mais rápido possível. Ele


teve uma boa dianteira e todas as pessoas que tive que me
esquivar eram um incômodo. Entrei em pânico quando cheguei à
entrada do edifício e saí, incapaz de localizá-lo imediatamente.
Girei em um círculo, procurando entre a corrente de estudantes
entrando e saindo.

Droga. Eu o perdi. Continuei caminhando, eu nem sequer


sabia o caminho que ele tomou. O destino estava do meu lado
quando o vi logo a frente, de pé no final do pátio principal, no
centro do campus, de costas para mim.

Assim que estava à distância da sua audição, eu chamei.

— Colton!

Ele me ignorou, embora eu soubesse que ele me ouviu. Em


vez de sofrer pela humilhação de voltar a chamar seu nome e
fazê-lo me ignorar , cheguei mais perto e apertei minhas mãos
em meus quadris.

— Colton, droga. Estou tentando falar com você.

Era verdade que não era a melhor forma de comunicação


de todos os tempos, mas eu estava ansiosa para chegar ao final
deste assunto. Precisava de uma compreensão clara porque essa
corrida entre nós me esgotava.
Sem voltar sua atenção para mim, ele continuou
observando algo através do pátio enquanto respondia:

— Se você se desculpar, eu nunca te perdoarei por isso.

Meu alívio foi instantâneo. Se ele não queria que eu me


desculpasse, isso significava que não odiava o que eu fiz. Se não
odiava o que fiz, eu podia lidar com o resto.

Elevando uma sobrancelha descarada, falei: — Oh, eu não


sonharia com isso. Você nunca perdoou as desculpas que te dei.
— Minhas palavras sumiram quando percebi quão verdadeiro
era esse sentimento. Atingida pelo medo, afirmei: — Bom Deus,
você não me perdoa, não é? Por causa do que falei naquela noite
do casamento?

ele olhou para mim e seus olhos rolaram com emoção. Eu


não sabia se era um sim ou um não.

Em vez de responder, ele apontou na direção em que


olhava.

— Está vendo aquela garota lá?

— O que? — Pisquei e olhei para o pátio.

— A ruiva sentada no banco sozinha, perto da grande


árvore de folha perene, fazendo o dever de casa.

— Sim... — Eu respondi lentamente, enrugando minha


testa em confusão enquanto voltava meu olhar para ele. — O
que tem ela?

— No primeiro mês da faculdade, no semestre passado, em


agosto — Murmurou, deslizando seu olhar contemplativo para a
ruiva. — Nós nos conhecemos em uma festa. Começamos a
conversar, tomamos algumas bebidas.

Respirei fundo; eu não estava gostando de onde ele estava


indo.

— Eu gostei — Continuou. — Digo, é claro que gostei. Ela


era divertida, inteligente e bonita. Então acabamos no quarto
dos fundos e, você sabe... — Ele deu de ombros
desconfortavelmente. — Nós nos enroscamos.

Eu me virei para a ruiva e a olhei boquiaberta com uma


nova percepção.

— Você fez sexo com ela? Com aquela garota?

Meu estômago se contraiu imediatamente e minha visão


vacilou. Tive que piscar algumas vezes para limpar meus olhos,
de repente odiando à estranha ruiva que estava colocando uma
longa mecha de cabelo vermelho brilhante atrás da sua orelha
enquanto virava uma página do seu livro. Não me importava que
aconteceu meses atrás, quando Colton e eu mal nos
conhecíamos e ele paquerava comigo no bar só para me
incomodar, quando eu nunca teria considerado sequer a ideia de
começar algo com ele. De qualquer modo, eu a odiava porque ela
teve ele e eu não.

Por que diabos ele me contou sobre ela? Queria me fazer


ciúmes?

— Sim — Murmurou, como se estivesse relutante em


admitir suas escapadas. Então acrescentou: — Devemos ter
desmaiado depois, porque na manhã seguinte, acordei com ela
chorando histericamente. Ela tropeçava, vestindo sua roupa e
resmungando sobre como nossa noite juntos foi o pior erro que
já cometeu.

Eu me virei para ele e franzi a testa quando notei que ele


parecia muito arrependido.

— Eu... — Ele balançou a cabeça e teve que começar de


novo antes de encontrar meu olhar. — Nenhuma garota nunca
se arrependeu de estar comigo. Foi uma merda. Quer dizer, sério
foi terrível. Ela estava tão chateada e nada do que eu dizia a
fazia se sentir melhor. Não era como se eu tivesse esquecido seu
nome ou também estivesse procurando uma aventura de uma
noite. Eu estava disposto a vê-la de novo e talvez começar algo
se ela estivesse interessada. Mas ela fugiu sem sequer falar
comigo ou me dar seu número, uma explicação ou algo assim. E
toda vez que cruzo com ela desde então, ela se vira e foge na
direção oposta, como se, não sei, eu fosse uma espécie de
porcaria ou algo assim por tirar vantagem dela porque estava
bêbada, o que não acho que foi assim. Eu não me encontrava
exatamente sóbrio. Mas... então... — Ele acenou com a mão para
a ruiva. — Então eu a vi com aquele cara.

Olhei a tempo de ver um cara se aproximar e sentar-se


junto à ruiva. Quando ela levantou o olhar e o viu, sorriu e o
beijou nos lábios.

— E então tive que me perguntar — Continuou Colton —


Ela já tinha um namorado naquele dia? Ela nunca o mencionou
e foi ela quem sugeriu o quarto dos fundos. Ela sabia
exatamente para onde me levar. Inclusive foi ela quem me beijou
primeiro. Ela é apenas uma infiel? E apenas me transformou no
outro?

— Não — Eu afirmei severamente, sacudindo a cabeça. —


Se ela se aproximou de você e nunca falou do outro cara em sua
vida, então a culpa é dela. E não sua.

Ele balançou a cabeça.

— E isso não faz eu me sentir melhor. Tudo o que sei é que


essa garota se arrependeu tanto do que fizemos que
deliberadamente evita ir a qualquer lugar perto de mim. E é
minha culpa, droga. — Ele negou com a cabeça. — Odeio esse
sentimento. Eu falei para mim mesmo que nunca mais foderia
com outra garota bêbada. Nunca mais seria o remorso bêbado de
alguém. — De repente ele olhou para mim. — Mas então você
veio.

Meus lábios se abriram de surpresa.

— O que?

— Você mentiu para mim — Acusou. — Falou que não se


arrependeria. Falou que me desejava. Você até jurou. Mas, qual
foi a primeira coisa que fez quando entrei no Forbidden na noite
seguinte para te ver? Você se escondeu atrás do balcão para me
evitar.

Merda. Durante todo este tempo, pensei que ele estava com
raiva porque falei aquilo para assustá-lo naquela noite. Mas não.
Essa não parece ser a razão. Eu não fazia ideia de que ele se
sentia mal por causa da minha reação.
— Oh meu Deus, Colton. Não. — Comecei a sacudir a
cabeça, já que não era por isso que eu me escondi. Isso não era
verdade. Mas ele arqueou uma sobrancelha.

Lambi meus lábios e respirei fundo, procurando algo que


me ajudasse a me explicar, mas não encontrei nada. Apenas um
monte de gente passando pela calçada e alguns deles olhando
curiosamente em nossa direção enquanto tínhamos esta
conversa muito particular.

— Venha comigo — Pedi-lhe. Pegando sua mão, nos guiei


para o sindicato estudantil, pensando que deveria haver um
lugar onde ele e eu pudéssemos conversar sem que um milhão
de outras pessoas presenciassem o que dizíamos.

Surpresa quando ele veio comigo sem nenhum tipo de


resistência, olhei para ele, mas não pude notar o que se passava
por sua cabeça. Quando seu olhar castanho solene se encontrou
com o meu, um pensamento cruzou por minha cabeça.

— Onde está minha caneca? — Suas mãos estavam livres


de coisas desde que o alcancei no pátio.

Por um momento, pensei que a teria jogado no primeiro


cesto de lixo que passou já que estava tão zangado comigo, mas
ele me falou: — Minha caneca. E eu a guardei no bolso lateral da
minha mochila. Por quê?

Eu não podia admitir que agora queria que ele a guardasse.


Então concentrei minha atenção em abrir as portas de vidro do
sindicato estudantil e o arrastar para dentro.

As paredes eram de vidro. As escadas que conduziam ao


segundo andar eram de um cromo polido, mas ignorei estas e
comecei a circulá-las, me dirigindo para uma área comum onde
sabia que havia muitos sofás.

Mas ele puxou minha mão, me impedindo. Continuávamos


terrivelmente expostos, as paredes de vidro mostravam quantas
pessoas passavam pelo exterior do edifício. Mas era mais isolada
que antes. Além disso, tinha certeza de que não o faria avançar
mais um passo. Então suponho que isto funcionaria.

Ele ergueu as sobrancelhas, claramente me dizendo sem


dizer uma palavra que era hora de parar e começar a falar.

Levei-o para debaixo da escada, que era apenas um pouco


mais privado e depois respirei fundo.

— Ok, eu estava com vergonha — Admiti, me encontrando


com seu olhar cético e sombrio. — Eu estava tão mortificada
pelo que aconteceu, pelo que eu falei no casamento, que estava
com muito medo para me desculpar quando vi você entrar no
bar na noite seguinte.

— Você estava envergonhada — Murmurou, repetindo a


palavra que eu acabara de usar. — Mortificada. — Ele negou
com a cabeça. — Sim, soam como palavras de arrependimento.

— Não — Rosnei, levantando minha voz e pisando forte. —


Não me arrependo do que fiz com você, idiota. Lamento pelo que
eu falei que fez você parar. Sinto muito por aquelas terríveis
palavras estúpidas e falsas, que fizeram você me deixar da
maneira que fez.

— Falsas? — Ele murmurou em voz baixa enquanto se


aproximava de mim.
Meus lábios se separaram quando essa compreensão
passou por mim como um alerta. Uau. Eu não me arrependia de
estar com Colton, certo? E não acreditava que teria me
arrependido se tivéssemos continuado. A única coisa que
lamentava era arrastar seu irmão entre nós, especialmente
desde que eu estava absolutamente e cem por cento segura de
que eu superei o Brandt.

Mas Colton não possuía tal confiança. Ele soltou uma


risada amarga e sacudiu a cabeça.

— Falsas, minha bunda.

Ele se virou para sair, mas eu não podia deixá-lo ir.


Agarrei-lhe pelo braço.

— Colton...

— O que? O que? — Ele se virou tão rápido de novo que me


joguei para trás e soltei meu aperto sobre ele. Ele agarrou sua
cabeça e apertou os dentes. — Que diabos você quer de mim?
Desde o momento em que te conheci, adorei a terra pela qual
caminhou, mas a única coisa que fez foi jogar minha atenção na
minha cara e me tratar como uma criança malcriada. Então eu
te dou espaço e agora de repente você me persegue fingindo que
me deseja. Eu não te entendo. Eu não entendo o que devo fazer
aqui ou o que quer de mim. Eu não...

— Shh, shh. — Pressionei meus dedos em seus lábios,


incapaz de suportar ouvi-lo porque doía ouvir quanta dor eu lhe
causei. Então acabei admitindo. — Eu não sei... Não sei o que
estou fazendo. Não sei o que quero.

Ok, isso foi uma mentira.


Eu o queria. não podia admitir isso.

Humilhada além da razão, soltei sua boca e pressionei as


mãos contra minhas bochechas.

— Oh Deus. Eu sinto muito por te arrastar para minha


cabeça bagunçada. Honestamente, não tenho nenhuma ideia do
que estou fazendo. Eu sei que nunca machuquei ninguém do
jeito que te machuquei, e eu... sinto-me envergonhada, culpada
e arrependida. Mas cada vez que te vejo, eu apenas... eu fico
muito nervosa e quero te atacar ao invés de me desculpar, como
ao estilo de sexo animal. O que tem que estar errado porque eu
deveria me arrepender e me sentir mal pelo que fiz. E sinto
muito. É só que... você me faz... Eu continuo tendo estas visões
de te empurrar sobre uma superfície plana, pressionar minha
boceta na sua cara e montar sua língua tão duro que as pontas
dos meus dedos das mãos e pés se enrolem ante a intensidade
do meu prazer. Mas eu sempre quero brigar com você também,
talvez até mesmo brigar com você enquanto estamos transando.

Eu me afastei dele, ainda apertando meu rosto e olhando-o


com olhos arregalados e assustados.

— E por que diabos estou te contando tudo isto? Por favor,


Deus, me diga que você me ignorou durante os últimos trinta
segundos do meu discurso e não ouviu nenhuma palavra do que
eu falei.

Ele me agarrou pelos ombros e me impediu de me afastar


dele mais um passo.

— Oh, eu escutei cada palavra.


Eu fechei os olhos e rezei para me afundar no chão e
escapar deste momento humilhante.

— Merda, merda, mer...

Ele me cortou pressionando gentilmente sua boca contra a


minha.

Meu cérebro entra em curto-circuito e para quando percebo


que estávamos nos beijando e ele já se afastou.

Meus lábios se separam quando exalei. Lentamente, meus


olhos se abrem. Colton me observa com uma expressão
pensativa. Então lambe os lábios.

— Muito bem, sim. Eu quero foder você também. E brigar


com você. Tanto. Não importa o que me diga ou faça, quanto me
machuca ou me incomoda; eu tenho uma furiosa ereção toda vez
que você está perto. Toda vez que discorda de mim, eu só quero
te incomodar até que me beije e tire a roupa. E então quero
enterrar meu pau tão profundamente dentro de você até que
esqueça meu próprio nome. E então quero fazer você esquecer o
seu.

Respirei fundo e voltei a agarrar meu rosto com vergonha.

— Então eu te machuquei?

Ele agarrou meus pulsos e afastou minhas mãos das


minhas bochechas.

— Esqueça isso e ouça o que estou dizendo. Se um de nós


tem esperança de escapar deste desequilíbrio químico entre nós
antes de ficarmos loucos, temos que fazer sexo. Estou falando de
sexo animal sem barreiras, um rasgando a roupa do outro.
Sua deliciosa descrição me perfurou como um furacão.
Meus hormônios se agitaram e lambi os lábios, pronta para
montá-lo ali mesmo.

Mas...

— Não sei. Isso não te parece ruim? — Minha consciência


estúpida me levou a dizer isso enquanto apertava minha mão na
minha testa.

Colton sorriu um dos seus sorrisos de derreter calcinhas.

— Oh, boneca. Ruim é como eu gosto.

— Olha... — Apontei, franzindo a testa. — Você diz uma


bobagem assim e sei que deveria me incomodar, me ofender por
isso e querer bater no seu rosto arrogante, mas não... não.
Estúpido da minha parte, eu só quero te montar como um
horripilante pole dance, tirando minha roupa enquanto o faço.

— É por causa do desequilíbrio...

— Químico — Disse, dando um olhar penetrante. — Sim,


eu entendo.

— É por isso que sugeri que tiremos isso dos nossos


sistemas para que possamos deixar isso para trás. — Ele parecia
tão zangado, que quase lhe devolvi o golpe com raiva, mas então
suas palavras chamaram minha atenção. Ele descreveu sua
sugestão de uma maneira diferente desta vez.

Inclinando minha cabeça para o lado, repeti a frase. —


Você quer que tiremos do nosso sistema? — Enquanto o
estudava. Quando ele falou deixar isso para trás, dizia como se
estivesse pensando em algum tipo de procedimento de relação
ou encontro típico... Diabos, isso fazia soar como... — Você está
sugerindo que quer fazer isso somente uma vez, que acha que
isso apagará tudo e nunca teremos que... outra vez? Acha que só
uma vez tiraria o que seja isso dos nossos sistemas?

Ele encolheu os ombros.

— Não vejo por que não. A maior parte desta merda de


atração entre nós é apenas curiosidade. Tire isso da equação, e
bum. Sem mais ereções nas aulas enquanto tento escutar.

— Não sou garota de só uma vez — Eu falei hesitante,


apenas para continuar — mas...

O idiota sorriu.

— Mas...

Tentada, balancei a cabeça. Nunca tive uma aventura de


uma única noite. Eu as ignorava. Mas...

— Uma vez é basicamente como se nunca tivesse


acontecido — Tentei me convencer.

— Basicamente — Ele concordou, se aproximando


parecendo ansioso e excitado. — Apenas alguns minutos de um
dia de toda sua vida. Nem mesmo um ponto no radar, realmente.
Será esquecível, e podemos seguir em frente com nossas vidas
sem querer pular um sobre o outro .

Sim.

Sim, isso parecia perfeito. Esta agonia do que estávamos


fazendo me deixava louca. Precisava disso fora de mim.
Além disso, minhas próprias amigas não me incentivaram a
me divertir sem um verdadeiro compromisso? Isto poderia ser
perfeito.

Exceto pela parte de minutos.

Arqueando uma sobrancelha, eu falei: — Você quer dizer


um par de horas de um dia, não é? Eu não quero uma transa
pela metade e descuidada, de cinco minutos, garoto. Quero o
serviço completo: preliminares, oral, penetração profunda e em
seguida talvez até mesmo uma massagem nas costas depois. —
Sim, uma massagem nas costas soava bem, assim eu poderia ter
uma razão para talvez colocar minhas mãos em seu cabelo uma
última vez antes de nunca mais voltar a falar com ele.

Ele sorriu.

— Confie em mim, eu não faço nada pela metade. Sobre


tudo isso.

— Bom, se tem tanta certeza de que pode seguir o ritmo,


então tudo bem.

— Bom — Retrucou. — Eu posso.

E então nos entreolhamos, percebendo o que tínhamos


concordado em fazer. Merda.

Colton sacudiu a cabeça para limpá-la. Então, estreitou os


olhos e perguntou hesitante:

— Então... faremos sexo? Nós realmente faremos sexo?

Soltei um suspiro, me sentindo atordoada.

— Sim — Eu respondi lentamente. Oh por Deus, o que eu


acabei de dizer? E porque acrescentei: — Suponho que sim.
— Está bem. — Seu peito se levantou e ele balançou a
cabeça como se tentasse entender esse acordo. — Bom,
precisamos decidir quando e onde, hum?

Assenti, ainda muito surpresa para pensar corretamente.

— Sim. É provável.

Era tão estranho. Estávamos discutindo uma transa como


se estivéssemos planejando um grupo de estudo chato. E, no
entanto, quando olhei para ele, quase gozei. Eu estava tão
excitada e pronta para ele, que meu corpo vibrava e se sentia
muito sensível. Mas o que me fez realmente ficar dolorida foi ver
o quão faminto e preparado ele parecia.

— Eu não trabalho esta noite — Informei.

Ele assentiu.

— Esta noite me parece bom.

— A menos que... — Comecei antes de parar e morder o


lábio por ser tão impaciente e querer isso antes.

— A menos que? — Ele perguntou, olhando ao redor tão


impaciente e excitado como me sentia por ele.

Sacudi a cabeça.

— Nada. Tenho aula em cinco minutos. Não posso faltar.

— Sim. — Ele passou a mão por seu cabelo e oh merda...


agora eu estava ainda mais excitada. Eu poria minhas mãos
nesse cabelo quando estivéssemos juntos. — Eu também tenho
aula. E tampouco posso faltar.
Mas seu queixo ficou tenso enquanto me olhava percorrer
seu cabelo com os olhos. Um segundo depois, agarrou minha
mão e começou a entrar mais na sala de estudantes. Droga. Nós
perderíamos a aula.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Eu só quero você, isso é tudo. Todas as suas fraquezas,


erros, sorrisos, risadas, brincadeiras, sarcasmo, tudo. Eu só quero
você. — Autor desconhecido.

JULIANNA
Ele apenas me arrastou alguns passos antes que a
realidade se assentasse.

— Espera, Colton. Espera! — Cravei meus pés, nos


detendo.

Ele parou de repente e se virou, parecendo dolorido. Eu


sabia exatamente como ele se sentia, mas um de nós precisava
ser prático aqui.

— Isso é loucura — Falei e era verdade. — Uma rapidinha


na escola não será o suficiente.

— Merda — Sussurrou e exalou. — Você tem razão. —


Mordendo o lábio inferior, ele olhou ao nosso redor. Eu
praticamente podia ver sua mente girando enquanto tentava
pensar em uma maneira de resolver nosso dilema.
Mas tudo que eu podia fazer era observar seus dentes
enterrados repetidamente na carne cheia dos seus lábios.

— Pare — Lamentei, levantando uma das mãos. — Pare de


morder o lábio assim.

— O que?

Quando ele meio que parou de morder, com suas


sobrancelhas franzidas em confusão, confessei:

— É muito sexy e não está ajudando à situação em nada.

Seu lábio inferior se liberou enquanto me olhava com a


boca aberta. Então sacudiu a cabeça.

— Sim, é impossível para mim ser capaz de esperar até esta


noite para estar dentro de você.

Ele passou a mão por seu cabelo e exalou. Pressionei


minhas pernas, prendendo a dor tanto quanto pude.

— O que acha de um aperitivo? — Apertou os dedos e


sorriu.

Franzi o cenho, confusa.

— Aperitivo? — Eu não estava com fome. Estava com tesão.

Ele assentiu animadamente.

— Sim. Um consumo rápido e sem sentido para ajudar a


combater a fome até que lhe sirvam o prato principal. E é parte
de uma só refeição, então tecnicamente ainda poderíamos fazer
algo agora e o importante mais tarde e agrupá-los em um só
evento. Um e já era.

Ohh, um aperitivo.
De fato, era uma ótima ideia.

Assenti, concordando. Eu tinha certeza de que nós dois


sabíamos que um aperitivo maluco era pura merda. Se
tivéssemos uma rapidinha aqui e agora e depois nos
encontrássemos a tarde para mais, seriam dois encontros
sexuais separados.

Mas me encontrei dizendo:

— Eu adoro aperitivos.

— Eu também. — Apertou minha mão brevemente antes de


olhar ao redor. — Então... para onde vamos?

— Não tenho ideia. — Engoli em pânico, porque se não


encontrássemos algum lugar logo, eu poderia queimar aqui no
meio do dia. Já estava vergonhosamente molhada. Precisamos
de alguma maldita privacidade, logo.

— Droga — Ele rosnou. — Vamos. Estamos apenas indo


a... algo disponível tem que aparecer se continuarmos
procurando.

Assenti, não porque achasse que era uma boa ideia, mas
porque qualquer ideia de encontrar um lugar e conseguir despi-
lo parecia brilhante neste momento. Então ele começou a me
arrastar pelo corredor do grêmio estudantil. Quando passamos
por uma porta fechada com um sinal ao lado anunciando que
seu próximo uso não seria até na sexta-feira, apertei sua mão
para chamar sua atenção.

Colton olhou para trás e então seguiu meu olhar para a


porta quando apontei em silencio com a cabeça. Seu olhar se
iluminou com interesse antes de se esticar para mover a
maçaneta.

E maldita seja, de fato, ela abriu.

Ele me olhou, com suas sobrancelhas elevadas


questionando. Eu engoli e assenti e ele me levou para dentro.
Duas paredes finas de vidro apertavam cada lado da entrada,
mas uma pessoa não seria capaz de ver a sala inteira do lado de
fora se estivessem tentando espiar.

Depois que Colton fechou a porta, ele sussurrou: — Há


uma tranca — e a colocou.

Ele intensificou seu aperto ao redor da minha mão e me


levou para o outro canto onde absolutamente ninguém poderia
ver. Tudo o que continha era uma parede à prova de som e um
piso atapetado vermelho. Coloquei a mão sobre minha boca,
tentando não rir porque meus nervos estavam enlouquecidos.
Rir era um mau hábito meu quando me sentia muito excitada ou
apreensiva.

— Colton — Sussurrei, timidamente tocando com minha


mão suas costas e o calor da sua pele imediatamente atravessou
o tecido para receber meus dedos. Na verdade, não estava
tentando chamar sua atenção, só precisava dizer seu nome.

Mas ele se virou para mim, seu sorriso irradiando tanta


felicidade que todo seu rosto brilhava. Uma parte de mim estava
de fato intimidada demais para tocar toda aquela beleza
enquanto o resto queria aproveitar.

Ele esticou a mão para minha bochecha e entrei em pânico.


— Espera, uh...! — Engoli e sacudi a cabeça. Oh por Deus,
isso realmente aconteceria.

— O que foi? — Ele baixou a mão, sua testa franzida com


preocupação.

— Nada. — Inalei mais ar e limpei meus olhos. — Eu só...


precisamos de algumas condições primeiro.

Sim, isso soava bem.

— Condições? — Ele estreitou os olhos. — Que tipo de


condições?

— Tipo... — Mordi meu lábio e pisquei. — Não sei como


dizer isso. — Mais do que qualquer coisa porque eu nem sabia o
que dizer. Eu estava atrasando-o, porque de repente estava com
medo.

— Está bem. Diga. O que não sou permitido? — Seus


ombros caíram como se já estivesse se arrependendo do acordo.

Incapaz de decepcioná-lo, especialmente quando sabia que


ele não queria que eu soubesse nenhum pouco que ele estava
ficando louco, apertei seu braço.

— Não, nada disso. Só que... na realidade é o oposto. —


Adicionei quando percebi que havia uma condição que queria
acrescentar em nosso acordo. — Eu quero... quero...

Suas sobrancelhas se levantaram.

— Você quer...?

— Não, suponho que é algo que eu não quero. Não quero


que nenhum de nós ―ou seja ele‖ rejeite qualquer ideia de
antemão, por exemplo... não sei. Eu só estou pedindo que tenha
a mente aberta a sugestões que poderiam não ser sua regra e
talvez experimentá-las primeiro antes de vetar algo.

— Oh, eu definitivamente estou aberto a sugestões. — Ele


subiu e baixou suas sobrancelhas, impertinente. — Mas agora
tenho que saber que tipo de ideias pervertidas você têm em seu
cérebro incrível.

Fiz uma careta para seu sorriso de satisfação.

— Eu não falei que tinha ideias pervertidas,


necessariamente.

Imediatamente ele parou de sorrir.

Deixei sair um suspiro frustrado.

— Não quero construir isto na minha cabeça só para que


termine em três golpes e em posição de missionário.

Ele virou a cabeça para um lado, pensativo.

— Você não gosta do missionário?

Eu corei.

— Não. Quer dizer, não tenho nada contra isso. Só...

Sorrindo, ele colocou dois dedos contra meus lábios.

— Boneca, realmente parece que eu só gosto de sexo


simples?

— Não — Admiti, me sentindo boba por sequer mencionar o


tema. Meus ombros relaxaram.

Seu sorriso se ampliou tanto que me senti cega e


consumida.
— Confie em mim — Ele me assegurou — Desde que meu
pau termine dentro de você, pode praticar todo o Kama Sutra
comigo do jeito que quiser.

Assenti e exalei.

— Bom.

Ele se aproximou, fazendo que eu prendesse o fôlego. Por


que sua proximidade sempre fazia meu coração acelerar e minha
respiração enlouquecer?

— Minha vez. Condição número um...

— Espera, o que? — Lancei meu olhar em seu rosto. —


Você tem condições?

Ele deu de ombros.

— Por que não? Você tem.

— Mas eu... está bem... eu acho. — Por dentro fiquei tensa,


preocupada com que tipo de condição ele colocaria.

— Não pode morder o lábio quando gozar desta vez.

Pisquei.

— Desculpa?

— No casamento quando gozou... — Corei porque nunca


discuti sexo tão abertamente com um cara. Mas então... a
maioria das coisas que discuti com Colton eram confidenciais.
Dificilmente, se é que alguma vez, compartilhei esse tipo de
merda com alguém, então acho que fazia sentido me abrir mais
com ele a respeito disto também — Você lutou o tempo todo.

— Não, eu não fiz.


— Sim, você fez. Travou seus músculos, escondeu seu rosto
e sei que mordeu o lábio. — Ele se esticou e suavemente deslizou
seu dedo por meu lábio inferior para aliviar a mordida que lhe
dei quase duas semanas atrás. Sem hesitar, tirei minha língua
para provar o sabor salgado do seu dedo.

Ele sorriu para mim e correu as costas desse mesmo dedo


por minha bochecha.

— Me prometa que tentará se deixar levar, ok?

— Ok, tudo bem. — Revirei os olhos, ainda convencida de


que não me contive. Digo, foi um orgasmo muito poderoso. Eu
me lembrava de estar quase com medo dele porque começou
mais forte do que estava acostumada. E então... merda, tentei
contê-lo porque foi esmagador.

Mas não podia dizer ao Colton que ele tinha razão, então
suspirei e tentei parecer impaciente.

— Supondo que possa me fazer gozar de novo, prometo que


não tentarei de me conter desta vez.

Com uma risadinha, ele beijou a ponta do meu nariz.

— Oh, eu farei você vir. Pretendo fazer você gozar muito. —


Seu queixo baixou como se estivesse se preparando para um
beijo nos lábios. Mas no momento em que levantei a boca para
encontrar a sua, ele murmurou: — Condição número dois...

— Duas? — reclamei. — Não pode ter duas. Eu não tenho


duas.
— Bom, eu sim. Eu não quero que Brandt saiba disto. —
De repente ele já não brincava e nem sorria. De fato, parecia
pronto para sair pela porta se eu não aceitasse.

Respirei fundo.

— Está bem. — Eu particularmente não queria que Brandt


soubesse disto. Quer dizer, seria muito desconfortável? Mas
ainda assim... por que Colton era contra isso?

Ele não explicou, apenas acrescentou:

— Na verdade, eu não quero que o nome dele apareça entre


nós. Nunca.

O desconforto me sobrecarregou. Eu queria me desculpar


mais uma vez pelo que falei naquela noite. Eu devo tê-lo
machucado muito mais do que percebi.

De repente, toda esta ideia de ―só uma vez para tirar do


sistema‖ parecia muito ruim.

— Só por curiosidade, mas... porque... — Lambi meus


lábios ressecados. — Por que você não quer que ele saiba?

— Porque ele não gostaria disso — Ele respondeu. —


Brandt sabe que ainda sente algo por ele e pensará o pior. Não o
quero pensando...

— Espera! — Levantei as mãos, já que não esperava a


última parte. — Como assim ele sabe que sinto algo por ele?

Colton fechou os olhos. Após um momento respirando


profundamente, ele os abriu e falou:
— Quem você acha que me enviou para te distrair no
casamento? Ele não queria que sua esposa se preocupasse com
nada se visse com que persistência você o observava.

— Oh meu Deus — Sussurrei. Cobri minha boca antes de


jogar meus braços no meu peito para me abraçar. — Mandaram
você ficar comigo?

Ele pareceu perceber que me contar aquele pequeno


detalhe era algo que não deveria ter feito quando seu rosto
congelou como se ele tivesse sido pego com a mão no pote de
bolachas.

— Eu...

— Então o que...? — Exigi, me sentindo muito mal. — Eles


me jogaram um osso por pena? Algo tipo: eu não te quero, mas
aqui está meu irmãozinho? Aproveite? Você realmente foi meu
prêmio de consolação? Isso é uma fodida brincadeira?

— Não, não foi nada disso. — Ele pegou meus ombros


gentilmente e olhou em meus olhos fixamente. — Jesus, boneca.
Não foi isso que aconteceu. Ele, de fato, me falou para não tocar
em você. Não, não foi assim que ele falou. Como foi? — Piscou,
tentando lembrar as palavras exatas antes de se concentrar em
mim para dizer: — Ele falou que eu não tinha nenhuma chance
com você.

— Oh. — Afastei suas mãos de mim para recuar o


suficiente para olhá-lo. — Então decidiu provar o contrário?

— Não. — Ele não soou tão insistente desta vez. E sim,


quase derrotado quando explicou: — Eu tampouco achei que
tivesse uma chance também. Mas você parecia tão triste, eu
queria te ajudar. Pensei que poderia te incomodar e te afastar
com meus flertes como sempre, assim você pararia de se
torturar. Mas então... então aprendi o significado dos seus
malditos brincos, e... Jesus, Juli. Você estava lá. Deveria saber
que aconteceu mais. Não planejei isso.

Eu acreditei nele. Não achava que teria acreditado em mais


uma desculpa de alguém nesse momento, mas acreditei no
Colton. Porque estive lá. Não houve nada planejado ou diabólico
por trás do nosso encontro naquela sala.

Mas, mesmo assim, tudo parecia... ruim .

— Talvez não devêssemos fazer isto — Sussurrei,


balançando minha cabeça prestes a chorar porque não era isso
que eu realmente queria dizer. — Isto está ficando complicando.

Ele negou com a cabeça.

— Não tem nada complicado, boneca. Você me deseja ou


não?

Tudo dentro de mim gritava que sim, mas engoli.

— Mas e sobre... quem não deve ser nomeado?

— É por isso que coloquei essa condição, porque isso é


entre você e eu. Ele não pertence aqui e não o quero envolvido. E
se soubesse disto, ele se envolveria.

Assenti.

— Está bem, mas só para esclarecer, eu não sinto mais


nada por ele.

— Tanto faz. — Ele se aproximou e passou um dedo pela


lateral da minha garganta. Se sentia algo... parecia muito bem,
mas acredito que ele estava tentando me distrair porque não
acreditava em mim e não queria ouvir o que achava que era
mentira.

Agarrei seu pulso, fazendo-o olhar em meus olhos.

— Estou falando sério, Colton. Eu já havia superado ele


naquela noite, só que ainda não me dei conta. Você tinha razão.
Um gosto seu e me esqueci por completo do seu irmão mais
velho.

Ele embalou minha bochecha e sussurrou:

— Tudo bem. — Desta vez, acredito que as palavras se


assentaram. Ele acreditou em mim.

Soltando um suspiro de alívio, sorri. Então ele sorriu. E nos


aproximamos um do outro para nos beijar. Primeiro, foi apenas
lábios contra lábios. Tive que fechar os olhos com a doçura
inerente nele. Mas logo sua boca abriu e sua língua saiu, assim
como a minha.

Antes que percebêssemos, estávamos nos aproximando


mais até estar um contra o outro. Segurei sua camisa em dois
punhados enquanto ele deslizava as alças da minha mochila
para fora dos meus ombros. Então fiz o mesmo por ele. Assim
que as duas mochilas caíram, ele passou sua mão pelas minhas
costas até que agarrou minha bunda e me levantou. Segurei sua
cintura com as pernas e ele se virou para pressionar minhas
costas contra a parede.

Quando sua dura ereção atingiu meus clitóris, inalei e o


segurei, apertando e soltando, quase como um gato preparando
um colo antes de se sentar nele. Acho que até ronronei quando
seus lábios encontraram a base da minha garganta.

— Sim.

Ele inclinou meus quadris usando seu aperto no meu


traseiro e acertou outro ponto sensível.

— Droga, Colton. Você me fará gozar antes que cheguemos


à parte boa. Por favor, me diga que tem alguma coisa.

Quando ele congelou contra mim, seu rosto ainda


enterrado no meu pescoço, quase chorei.

— Oh Deus, você tem que estar brincando.

Por fim ele ergueu o olhar para encontrar o meu, com seus
olhos arregalados.

— Eu esqueci de encher minha carteira depois do


casamento.

O casamento... onde ele jogou o preservativo não utilizado


no outro lado da sala. Merda.

Acho que isso significava que ele não esteve carinhoso com
qualquer outra mulher depois, era bom saber, mas meeeerda...
uma camisinha soava como o ar neste momento e eu precisava
para continuar respirando.

— Uh... nós poderíamos voltar para minha casa. Minhas


colegas de quarto têm toneladas de camisinhas em nosso
banheiro para seus namorados. Você pode seguir meu carro e...

— Parece bom — Ele falou, me parando enquanto colocava


meus pés de novo no chão. — Só que não estamos deixando este
lugar até que um de nós goze. E escolho você.
Ele deslizou seus dedos no cós da minha calça de ioga e a
baixou junto com minha calcinha, fazendo com que eu gritasse
de surpresa, então coloquei as mãos sobre minha boca,
esperando que ninguém tivesse me ouvido através das paredes.
Um instante depois, Colton se ajoelhou diante de mim e embalou
o lado de fora de minhas coxas com dedos quentes.

— Droga. — Engoli enquanto meu olhar se dirigia frenético


para à entrada, esperando que ninguém com uma chave
tentasse entrar.

Quando sua língua me tocou, me inclinei mais na parede.


Minhas mãos procuraram qualquer tipo de apoio, mas não
encontraram nada.

— Oh por Deus, oh por Deus, oh por... Deus. — Minha


cabeça caiu para trás, e revirei os olhos. Os músculos das
minhas pernas se afrouxaram e Colton aproveitou essa
oportunidade para abri-las mais para que pudesse descobrir
mais de mim.

Meus cílios se moveram e olhei para baixo. Vi um


redemoinho de cabelo escuro ao redor da sua cabeça. Eu estava
obcecada observando-o enquanto sua língua continuava girando
e trabalhando em mim sem descanso. Incapaz de evitar,
continuei estendendo um braço contra a parede, mas deixei cair
o outro para agarrar um punhado do seu suave e sedoso cabelo.

Ele fez um som faminto e agressivo com sua garganta,


deixando-me saber que gostou que o segurasse. Então usei meu
aperto nele para forçar sua boca mais duro contra minha boceta.
— Porra — Ele gemeu e seus dedos empurraram dentro de
mim enquanto sua língua se movia mais rápido. Mais algumas
palavras foram murmuradas por ele, mas a única que entendi,
ou acho que entendi, foi "raspada"; e então ele começou a
colocar dois dedos dentro de mim com mais fervor como se ele
mesmo estivesse se aproximando.

Sua língua parou, ele pressionou duro contra meu ponto G,


e então bam, ele a moveu de novo e isso foi tudo.

— Oh por Deus. — Uma resposta me sacudiu, quase me


tirando da minha própria pele como se estivesse me avisando
que eu estava prestes a ser invadida antes de... Santo Deus,
estar.

Soltei a parede para colocar a mão sobre minha boca para


abafar o som e meu olhar se moveu para a porta, esperando que
Deus não deixasse ninguém entrar, enquanto o resto do meu
corpo tentava se transformar em algo diferente. Foi tão grande
que lutei com isso. Eu não queria, mas merda... isto não podia
ser natural. Os orgasmos não deveriam ser como terremotos ou
furacões, não é? Eram apenas pequenos e rápidos golpes de
prazer.

Mas seja o que for que tenha me atravessado não foi uma
batida rápida, então fiquei tensa e lutei, mordendo meus dedos
até que, suspirei... começou a diminuir. Ondas, como uma
corrente voltando ao oceano, me banharam enquanto o tsunami
recuava.

Olhei para baixo assim que Colton se sentou sobre seus


calcanhares e levantou o olhar.
— Você resistiu de novo.

Engoli.

— Não pude evitar. Era... muito grande. Não acredito que


alguém possa sobreviver a toda a intensidade de um orgasmo da
sua parte.

Um sorriso tomou posse do seu rosto quando ele se


levantou e olhou em meus olhos.

— Desafio aceito. Vamos para sua casa. E te mostrarei a


maneira apropriada de montar um orgasmo.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Quando você encontra alguém que pode te fazer rir, sorrir,


crescer, desejar, querer, sentir, enlouquecer, mas feliz, o
mantenha. Isso é euforia. — Autor desconhecido.

JULIANNA
Eu juro, pequenas pulsações mantiveram minha boceta
aflita depois que Colton me acompanhou até meu veículo. Se
pudesse ter dirigido até meu apartamento com as pernas
cruzadas, o teria feito. era tudo tão bizarro. Eu me sentia
saciada e pronta para tirar uma sesta por um mês e mesmo
assim, estava nervosa e ansiosa por mais, sabendo que
continuaríamos em poucos minutos.

Minutos!

Eu poderia senti-lo dentro de mim e enrolar minhas


pernas ao redor dos seus quadris para que ele cravasse
profundamente em mim.

Com outro estremecimento, cheguei ao estacionamento do


lado de fora do meu edifício e afundei o punho contra meu
estômago quando sua caminhonete vermelha chegou e parou
atrás do meu Camry.

Oh Deus. Oh Deus. Oh Deus.

Fechei os olhos e pulei quando ouvi a porta da sua


caminhonete se fechar. Então seus passos ecoaram no interior
do meu veículo enquanto ele caminhava em direção a minha
porta e a abriu.

— Dúvidas?

Abri minhas pálpebras, dei uma olhada e encarei seu jeans.


Meu primeiro impulso foi desfazer a fivela do seu cinto, me livrar
dele e colocar seu pau na minha boca, então... não. Nenhuma
dúvida. Eu não conseguia me lembrar de ficar tão nervosa ou
excitada com sexo, em um longo, longo tempo. Talvez nunca.

Depois de pegar minha carteira e mochila, pulei e me


endireitei diante dele, procurando seu olhar diretamente.
Nenhum de nós falou, apenas olhamos um para o outro como se
estivéssemos esperando que o outro se acovardasse.

Então peguei sua mão e falei: — Vamos.

Ele me seguiu para dentro do edifício e pelo corredor.


Quando paramos, para que eu pudesse procurar minhas chaves
na minha carteira, ele se moveu para trás de mim e beijou atrás
do meu pescoço. Suspirei e deixei cair minha cabeça para frente,
apreciando seus lábios. Ele passou um braço ao redor da minha
cintura e pressionou seus quadris contra meu traseiro assim eu
poderia sentir a dureza da sua ereção entre minhas nádegas.
Sua mão subiu e ele reivindicou um dos meus seios através
da minha camisa e estremeci, remexendo meus dedos para
encaixar a chave na fechadura da minha porta.

Mas quando consegui colocá-la, percebi que a porta já


estava aberta.

— Oh. — Me endireitei em alerta. — Que estranho.

— O que? — Colton deve ter notado a mudança em mim


porque deixou cair sua mão do meu peito.

— A porta não estava trancada. — Girei a maçaneta e abri.

Atrás de mim, Colton enlouqueceu.

— Julianna, espere! — Ele agarrou minha cintura para me


impedir de entrar, mas a visão no meu sofá me fez ofegar e
tropeçar para trás. — Merda!

Eu levantei minhas mãos para meus olhos, imediatamente


protegendo-os e desejando que tivesse um pouco de água
sanitária para limpá-los.

Porque a bunda de alguém acabou de ser mostrada para


mim do meu sofá. Um gemido seguiu e então Sasha gritou:

— Meu Deus, Juli! O que está fazendo em casa?

Chad. Eu acabei de ver o traseiro do Chad. Maravilha. Eu


nunca seria capaz de olhá-lo nos olhos .

— O que você está fazendo em casa? — Perguntei em


seguida, espiando através dos meus dedos o suficiente para ver
que o casal puxou um lençol sobre eles e coberto todas suas
partes íntimas.
— Faltamos as aulas para foder no sofá — Respondeu Chad
sem rodeios, apenas para que Sasha batesse no seu braço nu
com um duro golpe.

— Que coincidência — Colton levantou a voz com simpatia


atrás de mim — Estamos fazendo o mesmo. Por favor, digam,
que têm algumas camisinhas extras? Não temos nenhuma.

— Colton! — Murmurei, virando para ele com a boca


aberta. Mas atrás de mim, Sasha gritou:

— Colton? Você falou Colton?

— Falou. — Ele passou por mim e entrou no apartamento


sorrindo e a cumprimentou. — Olá, você é a colega de quarto
que eu não conheci na outra manhã, mas sabe meu nome. Isso
deve significar que falaram sobre mim depois que sai. —
Levantando suas sobrancelhas, ele me olhou de maneira
significativa antes de virar de novo para Sasha. Ele parecia
totalmente confortável com o fato de que acabamos de encontrá-
la fazendo sexo. — Por favor, me diga que é do Team Colton e
que a incentivou a me provar.

Enquanto ria alto, a boca da Sasha caiu aberta. Foram


necessárias várias tentativas, mas ela respondeu:

— Na verdade, nós a encorajamos, mesmo quando ela


insistiu que não havia absolutamente nada aí.

— Oh, mesmo? — Ele me olhou contemplativo, arqueou


suas sobrancelhas antes de virar de volta para Sasha e assentiu.
— Bom, obrigado por seu apoio...
Quando ele apontou no final lhe pedindo que fornecesse
seu nome, ela corou e respondeu: — Sasha.

Ele lhe deu seu sorriso derrete calcinha e depois piscou um


olho.

— Obrigado, Sasha. Te devo um grande favor.

Chad gargalhou, batendo em seu joelho e se inclinando


contra Sasha. Depois de limpar algumas lágrimas de rir do canto
dos seus olhos, perguntou:

— Quem diabos é esse cara?

— Um homem morto — Respondo, batendo no ombro do


Colton. — Que inferno! Como pôde dizer para eles o que
faríamos?

Suas sobrancelhas se levantam em dúvida.

— O que? Nós tínhamos que manter isso em segredo?


Porque acho que eles descobririam em uns dez minutos de
qualquer maneira quando eu começasse a fazer você gritar. —
Depois com um sorriso conspiratório com Chad, adicionou: —
Embora minha meta seja na realidade cinco minutos.

Desta vez, Sasha e Chad exclamaram com uma risada


surpresa.

Chocada, além de irritada, porque meu Deus, todo este


momento era tão embaraçoso e ele estava sendo tão indiferente a
respeito disso, fechei minhas mãos dos lados e grunhi.

— A única coisa que conseguirá em torno de cinco


segundos, é que eu chute sua bunda por esta porta.
O idiota nem sequer parecia preocupado. De fato, juro que
seu olhar se aqueceu com intenção faminta. Suas narinas se
abriram e seus olhos brilharam maliciosamente enquanto se
aproximava de mim.

— É mesmo?

— É mesmo — Garanti com o queixo apertado.

Ele sorriu.

— Então veremos, boneca. — E me levantou, merda, ele me


levantou e jogou sobre o ombro.

— Colton! — Gritei, com medo de chutá-lo ou dar uma


bofetada e ele me deixar cair. Quer dizer, eu estava olhando para
o chão!

Ele fez uma saudação amistosa para Sasha e Chad e


seguiu para o corredor.

— Continuem — Ele falou. — Estamos fora de suas vistas.

— Obrigado — Disse Chad e adicionou: — Ah! Ei cara, aqui


está. — Ele jogou algo em nossa direção e Colton soltou uma das
suas mãos segurando minha perna para pegá-lo com uma das
mãos, o que me fez gritar e agarrar seu torso como se minha
vida dependesse disso.

Quando consegui focar no que Chad jogou, Colton sorria e


segurava uma tira de camisinhas, dizendo:

— Ótimo. Obrigado.

E seguimos pelo corredor.


— Então, por que estava tão contra a ideia de que sua
colega de quarto soubesse sobre nós? — Ele perguntou
enquanto entrava no quarto e fechava a porta. — Porque, sabe...
uma garota não comenta com suas amigas sobre algo por duas
razões: porque não considera importante ou porque tem
vergonha. — Ele se inclinou e me colocou no chão, depois me
ajudou a endireitar até que estivesse de frente para ele. — Onde
isso me deixa?

O sangue continuava correndo por minha cabeça por ficar


pendurada de barriga para baixo. Era difícil me concentrar.
Queria ficar chateada por ele ter me levado e entrado no meu
quarto sem minha permissão, mas ainda estava lutando com
alguma atração louca por ele e até minha pele estava toda
avermelhada e tensa com a vergonha que passei na sala. Não
sabia como me sentia ou como reagir.

Mas quando me concentrei em seu rosto e vi o toque de


preocupação, não podia fazê-lo pensar que tinha vergonha dele.

— Eu... Você não pode... Droga — Murmurei, franzindo a


testa. Não era bom como tudo mudou tão facilmente em mim.
Nervosa e tensa, olhei para ele um momento antes de dizer
muito lentamente — Pensei que tivéssemos concordado em não
contar a certas pessoas sobre nosso acordo.

— Certas pessoas — Ele repetiu lentamente. — Sim, eu


queria dizer meu irmão, porque ele nos daria muito
aborrecimento por isso. Acha que sua colega de quarto, Sasha
nos daria problemas? Ela me pareceu bem tranquila com relação
a mim.
— Não, não acho que ela... — Eu continuava muito agitada
para falar bem; tomei um momento para respirar
profundamente, depois expliquei com mais calma: — Não é com
ela exatamente que me preocupo. É só que... porra, eu não
quero que meu pai descubra, ok? E ela poderia acidentalmente
deixar escapar se ele ligar, ou algo assim.

Colton piscou, confuso e silencioso. Então balançou a


cabeça.

— Seu pai?

Com um aceno, suspirei e esfreguei o rosto.

— Por que acha que seu pai não gostaria de mim? Todo
mundo me ama. — Ele parecia genuinamente confuso.

Eu deixei minhas mãos caírem e olhei para ele um


momento, me sentindo derrotada antes de admitir:

— Ele é um investigador de Igualdade de Direitos no grupo


onde trabalha. Tudo o que vê dia após dia é que sua gente é
tratada injustamente e isso lhe dá uma certa perspectiva da
vida.

— Certo — Ele respondeu lentamente, sem entender.


Franzi o cenho por um momento, me perguntando se estava
sendo obtuso de propósito ou se realmente não estava
entendendo.

Apertando os dentes, sacudi a cabeça e sussurrei:

— Eu nunca saí com um cara branco. Não sei como ele


lidaria com isso.
— Oh. — Desta vez ficou claro como o dia. Ele olhou para
seu antebraço, a pele clara salpicada de sardas e pelos escuros e
franziu o cenho. — Sim, isso não é algo que eu possa mudar.

De repente me senti uma merda, como se tivesse dito que


ele não era bom o suficiente ou algo assim. Incapaz de evitar, dei
um passo para frente e tomei seu rosto em minhas mãos. Ele
moveu seu olhar da sua pele para meu rosto. A preocupação
estava aparecendo.

— Você não se meterá em problemas nem nada por estar


comigo, não é?

Ele parecia tão preocupado com minha segurança, que


sacudi a cabeça enquanto engolia insegura. A verdade é que não
fazia ideia de como meu pai reagiria. Quer dizer, ele nunca me
faria mal, mas me rejeitar... eu não estava segura.

No entanto, falei:

— É claro que não. Eu sou uma garotinha do papai.


Decidida a buscar sua aprovação, não importa o que. não quero
decepcioná-lo desnecessariamente, especialmente porque não há
nada aqui... — Movi o dedo entre nós dois — para que ele se
preocupe porque não estamos tentando nada sério ou algo
assim. estamos...

Quando minhas palavras falharam, ele falou: — Fodendo.

Engoli com dificuldade.

— Isso — Concordei em voz baixa, embora sentisse todos os


tipos de erros ao dizer isso.
Colton assentiu como se compreendesse. Então, me
surpreendeu quando perguntou:

— E quanto a Brandt?

Pisquei, já que não esperava que esse nome surgisse desde


que tínhamos concordado em não mencionar.

— O que tem ele?

— Você queria ter algo com ele e ele é branco.

Sem saber que ponto ele tentava provar, balancei a cabeça.

— O que?

— Você não se preocupou com o que seu pai pensaria dele?

— Não — Respondi antes que pudesse me censurar. —


Quer dizer... — Eu realmente não me preocupei com isso com
Brandt. Estranho. Eu me perguntava sobre isso mesmo
enquanto tentava explicar o motivo para Colton. — Brandt e eu
nunca tivemos sequer um encontro. Por que diabos eu
começaria a me preocupar com a opinião do meu pai, a menos
que pensasse que algo poderia acontecer... Por que diabos você
está sorrindo assim?

Eu sentia como se estivesse golpeando-o e toda sua raça e


seu sorriso desajeitado continuava se estendendo por seu rosto
como se ele tivesse ganhado na loteria. Me assustou.

— Você está preocupada com a opinião do seu pai sobre


mim, mas nunca pensei no que ele acharia do Brandt. Isso
significa que já estou mais longe do que ele chegou. Hurra!

— Oh meu Deus, sério? — É claro que ele chegou mais


longe do que Brandt. No momento em que meus lábios tocaram
os seus na recepção do casamento, ele esteve mais longe do que
Brandt. Colocando minhas mãos nos quadris, olhei fixamente. —
Esta não é uma competição de merda entre irmãos.

— Oh, eu sei — Ele respondeu sério o suficiente, pouco


antes de explodir em outro sorriso e piscar um olho. — No
entanto, ainda é bom saber que estou na liderança.

— Oh meu Deus, você é tão irritante.

— E você é uma maníaca por controle — Replicou, ainda


sorrindo antes de me agarrar e levantar, me fazendo gritar de
surpresa antes de me deixar cair sobre minha cama. Pulei duas
vezes antes de me estabilizar, e ele riu enquanto subia em cima
de mim. — Mas é muito sexy quando está irritada. E isso me
deixa duro, então tudo bem para mim.

Bufei e tentei empurrá-lo quando ele colocou os joelhos em


volta de minhas coxas, me pressionando na cama e pairando
sobre mim com seu sorriso arrogante e veemente.

— Não se atreva a tentar falar sensualmente comigo e


achar que te perdoarei, meu amigo — Eu falei, franzindo a testa
porque, de fato, sua conversa sensual estava funcionando.
Minhas partes de garota estavam se acendendo.

Ele apenas riu e pegou minhas mãos, as segurando por


cima da minha cabeça contra o colchão.

— E por que exatamente estou tentando ser perdoado? Não


fiz nada de errado.

— Você fez — Murmurei, em seguida pisquei porque não


tinha ideia do por que pensei que ele deveria estar pedindo
perdão. Mas o fato dele estar certo só me enfurecia mais.
Olhando-o, informei. — Você me irrita até a exaustão.

O idiota riu. Depois baixou a cabeça e esfregou seu nariz


contra o meu. Sua respiração roçou meus lábios antes de
murmurar:

— A primeira vez que eu me empurrar dentro de você,


quero que me diga o quanto te irrito. Então quero que me foda
até fritar meu cérebro, arranhe minhas costas, puxe meu cabelo
e agarre meu traseiro, me forçando para dentro de você o mais
fundo que eu puder ir. Deus... — Ele estremeceu e ofegou por ar,
com seus olhos desfocados e suas narinas se estendendo com
excitação. — Por que pensar nisso me deixa quase no limite,
pronto para explodir?

— Porque claramente, você tem problemas — Respondi,


apertando os músculos das minhas pernas em volta dele antes
de me levantar e nos virar deixando-o debaixo de mim.
Triunfante, montei em sua cintura do mesmo jeito que ele
montou em mim, em seguida agarrei seus pulsos para prender
suas mãos em cima da sua cabeça.

Deus, que loucura.

Com um olhar desafiante, baixei a vista ansiosa e pronta


para que ele revidasse.

Sorrindo, ele levantou os quadris para poder esfregar sua


ereção na minha boceta. — Oh, quer ficar por cima? Por que não
falou?

Eu era um desastre molhado, fiquei surpresa por ele ter


sentindo quão molhada eu estava através de todas as camadas
de roupa entre nós. Era tão bom aliviar um pouco de dor, que
caí sobre ele, forçando seus quadris de volta no colchão.

— Você acabou de me dizer que sou uma maldita


controladora — Respondi. — Por que ainda pergunta?

Ele adorou minha resposta. Pude ver no brilho dos seus


olhos e no brilho de seus dentes enquanto sorria.

— Touché.

O pobre homem ofegava e seu rosto estava escorregadio


com um brilho de suor. Ele parecia prestes a explodir. Mas, eu
também. Eu sentia este impulso primitivo de agarrar, morder e
atacar com cada molécula em mim, para que ele fosse forçado a
ficar duro e bater dentro de mim sem nenhuma delicadeza.

Era a coisa mais estranha de todos os tempos,


normalmente eu era tão suave e contida quanto eu pudesse com
o cara que eu estava. Mas sentia uma conexão com Colton que
fazia parecer com que eu pudesse fazer qualquer coisa que
quisesse que ele estaria lá comigo, o que me fez querer
experimentar tudo. Era libertador, excitante e me deu uma onda
de adrenalina que fluía através das minhas veias com uma
vivacidade consumidora.

— Tire esta maldita camisa — Ordenei, já agarrando a


barra e puxando-a por seus abdominais e em seguida sobre seus
peitorais impressionantes.

Como soltei seus pulsos para retirar suas roupas, ele foi
capaz de sentar-se debaixo de mim e puxar sua camisa por
completo. E então disse:
— Você também — Puxou minha blusa.

Ele foi direto para meus peitos, colocando as mãos sobre


meu sutiã antes de liberar um mamilo do topo e pegá-lo entre
seus dentes.

Gemi e ele ficou mais duro debaixo de mim.

— Preciso de você dentro de mim — Gemi, bati em seu


ombro para que pudéssemos voltar para a parte de despir.

Gemendo como se não quisesse parar de se banquetear


comigo, ele tirou meu mamilo dolorido da boca. Então, passou
as mãos por meus lados como se estivesse se dirigindo para
minhas calças. Mas parou em meu flanco, com seus dedos
flutuando sobre minha tatuagem que ele acabou de descobrir.

— Um apanhador de sonhos — Ele murmurou em


admiração e se virou para ver o resto da tatuagem que começava
nas minhas costas. Somente uma pluma do apanhador de
sonhos podia ser vista da frente. — Incrível.

Ele levantou seu rosto e olhou para minha janela, vendo


meia dúzia de apanhadores de sonhos que pendurei ali. Quando
seus lábios se abriram com espanto, toquei seu rosto até que
voltou sua atenção para mim.

— Quero duro, rápido e delicioso. Acha que pode lidar com


isso?

Em vez de responder, ele me beijou. Seus lábios se


chocaram com os meus. Nossas bocas se abriram e as línguas se
enrolaram como se lutassem por controle. A próxima coisa que
percebi foi que suas mãos agarraram meus quadris e me tiraram
de cima dele antes de me virar e jogar na cama. Minhas costas
bateram no colchão antes dele arrancar minhas calças pelas
pernas.

Olhando para minha calcinha, ele gemeu e sacudiu sua


cabeça.

— Essas calcinhas que você usa me matarão, eu juro.

Pisquei confusa.

— O que há de errado com minhas calcinhas? — Estava


usando a lingerie de algodão mais chata e simples, que não
oferecia nada além de conforto. Como diabos ele achava isso
excitante?

— Nenhuma maldita coisa. São perfeitas. — E então as


puxou por minhas pernas e jogou sobre seu ombro. — Merda —
Resmungou, sacudindo a cabeça. — Você é mesmo impecável,
nua e raspada. Como diabos é real?

Seu olhar faminto me fez sentir poderosa. Normalmente, eu


era consciente de mim mesma, pronta para cobrir as partes que
não estava tão orgulhosa, mas Colton, de fato, me deixava feliz
em mostrar tudo e muito mais. Erguendo os braços sobre minha
cabeça e separando minhas pernas de uma maneira que me
expôs a um homem como nunca me expus antes, olhei e falei: —
Por que não me toca e descobre quão real eu sou?

Ele engoliu em seco, sua garganta trabalhando com o


processo. Depois soltou:

— Merda — Antes de se inclinar para baixo e me lamber da


bunda até o clitóris.
A sensação me eletrocutou e gemi em surpresa. Dois dedos
me empalaram enquanto sua boca sugava ao redor do ponto
logo acima disso. Sacudi meus membros, incapaz de me conter
diante da estimulação.

— Oh meu Deus. Oh meu Deus. Oh meu Deus — Gemi,


com meu canto orgástico fazendo uma aparição. — Colton, eu
não posso...

Sufoquei surpresa quando meus músculos internos se


apertaram ao redor dos seus dedos e começaram a contrair com
a dor mais agradável que já tive. Então chorei pelo resto,
temendo o intenso orgasmo, no entanto, desejando que fosse
ainda maior. E então aconteceu. Gozei com uma intensidade que
me obrigou a parar de sufocar tudo. Enterrei minha boceta em
seu rosto e agarrei meus mamilos, apertando-os através da
minha liberação.

Quando desci, eu me sentia lânguida, drenada e saciada


além do que havia experimentado antes.

Entre minhas pernas, Colton olhou para cima. Quando


nossos olhos se encontraram, ele liberou seus dedos e se sentou,
limpando a boca com as costas da sua mão. Então engoliu,
respirou fundo e anunciou:

— Isso foi a coisa mais quente que já vi.

Meu sorriso foi preguiçoso e feliz.

— Estou esgotada. Então você... — Levantei uma das mãos


frouxa e girei meu dedo dando permissão enquanto terminava —
vá em frente e faça o que quiser. Parece bom
Ele levantou uma sobrancelha.

— Parece bom?

Balancei minha cabeça.

— Ótimo. O que quiser — Corrigi. Maldito homem exigente.


Ele deveria saber quão incrível foi por minha total incapacidade
de me mover. — Não quero mais ficar por cima também. Eu me
sinto muito cansada para me mover.

Quando bocejei, ele bufou e sacudiu a cabeça.

— Então, agora que terminou, eu devo usar seu corpo como


quiser para me agradar?

Fiz uma careta. Sim, isso não soou bem. Quando percebi
que era isso que quis dizer, franzi ainda mais o cenho. Por que
diabos havia sequer sugerido tal coisa?

— Oh, boneca — Ele murmurou enquanto as costas de um


dos seus dedos acariciavam suavemente minha bochecha —
Você não está nem perto de terminar ainda.

E só então, voltei à vida. Ele deve ter percebido por que o


idiota sorriu. O que só me fez franzir a testa. — E o que te faz
tão especial para andar decidindo as reações do meu corpo?

Rindo ele saiu da cama.

— Porque você não é daquelas que desistem depois de um


golpe. Você sempre se levanta, socando e rosnando. — Ele
parecia gostar disso em mim. Ele tirou o jeans e a cueca.

Meu olhar seguiu cada movimento até que ele estava na


minha frente, nu. Minha atenção se concentrou no seu pau se
sobressaindo orgulhoso e ereto. A gotícula de pré-sêmen me fez
lamber os lábios e apertar minhas coxas, desejando que se
esfregasse contra mim, misturando nossos fluidos antes que
investisse dentro de mim, duro e rápido.

Colton colocou um preservativo e quase gemi em protesto


por deixar de vê-lo. Depois ele envolveu a mão ao redor da coisa
toda e o acariciou uma vez para garantir que estava no lugar.

Quando olhou para cima e nossos olhos se encontraram,


soube que ele sabia que eu o queria de novo. Mas ele tinha
razão. Eu não conseguia parar de brigar.

Abri minhas pernas para ele e zombei.

— Bem, se você acha que essa coisinha pode me trazer de


volta à vida, sinta-se convidado a tentar.

Ele riu e agarrou meus tornozelos antes de me arrastar


para a borda da cama. Então enganchou cada um dos seus
braços debaixo dos meus joelhos e levantou meus quadris do
colchão para que minha boceta pudesse se alinhar com seu pau
enquanto permanecia de pé no chão.

Sorrindo, ele levantou uma sobrancelha e disse: —


Coisinha, eh?

Então entrou em mim. Tudo até o punho sem qualquer


resistência do meu corpo.

Ofeguei e me inclinei, absorvendo a invasão que abrangia.

— Santa... merda — Engasguei. — Merda. — Ele parecia


enorme dentro de mim desse ângulo, alongando e pressionando
coisas que nunca senti esticar antes.

— Ainda parece pequeno? — Perguntou, zombando.


— Droga — Gemi, incapaz de investir contra ele porque ele
segurava minhas pernas como refém e controlava cada pequeno
movimento.

— Oh, sinto muito — Ele murmurou. — Você queria rápido


e duro, não é?

Soltei outro som de protesto, quase temendo o que


aconteceria se realmente me desse o que eu queria.

Então puxou seus quadris e bateu contra mim. Foi tão bom
que chorei, soluçando fisicamente enquanto ele me fodia sem
piedade, entrando e saindo repetidamente.

Estiquei meus braços e agarrei os lençóis debaixo de mim,


absorvendo cada golpe exatamente onde mais queria.

— Colton... Colton — Implorei, pronta para gozar de novo.

— Merda — Ele murmurou, frenético. Começando a me


foder em cima de todo o colchão, me empurrando para além da
cama para poder subir nos lençóis comigo. Sem perder o ritmo,
ele deixou-se cair em cima de mim até que deitamos juntos.
Depois me olhou diretamente nos olhos e admitiu: — Não posso
segurar mais.

Beijei-o e passei os dedos por seu cabelo, agarrando dois


punhados enquanto fundia minha boca com a sua. Era o último
impulso que precisava para me enviar ao limite. Enganchando
minhas pernas ao redor da sua cintura, gritei com outro
orgasmo.

Ele se sacudiu instável, depois empurrou profundamente


antes de se paralisar firmemente dentro de mim quando gozou
também. Nós nos abraçamos. Enterrei meu rosto no seu pescoço
e ele enterrou o seu no meu. Meus dedos se agarraram no seu
cabelo enquanto seus braços me envolviam e nos uniam.

Nós nos acalmamos ao mesmo tempo, respirando com


dificuldade e ainda nos segurando. , ele soltou um suspiro e
levantou seu rosto do meu pescoço para pressionar sua testa na
minha. Então o idiota arrogante falou:

— Muito bem, agora sim você acabou.

Golpeei-o no braço sem força. Ele sorriu, beijou minha


bochecha e saiu de dentro de mim, então deitamos lado a lado,
olhando para o teto juntos com expressões de choque.

Mas realmente, isso foi... nem sei o que foi. Surreal.


Inacreditável. E imprevisível.

Eu esperava uma boa e satisfatória foda. Mas isto... isto


nublou tudo o que achei que sabia sobre sexo.

E pior: eu ainda o desejava, talvez mais agora do que


nunca.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Uma verdadeira relação é formada por duas pessoas que se


recusam a desistir uma da outra. — Autor desconhecido

JULIANNA
Depois de me limpar e voltar para a cama, ficamos deitados
de costas, um ao lado do outro e olhando fixamente para o teto
por não sei quanto tempo, mas parecia eras, fiquei boquiaberta
ante um nada e pensei: Puta merda, o que acabou de acontecer?

Quer dizer, meu corpo ainda zumbia pela intensidade do


orgasmo, e eu tinha certeza de que deveria ser perto do
crepúsculo a esta altura. Mas me sentia pronta para mais,
ansiosa por mais, desejando-o como uma espécie de drogada.

Soltei um suspiro e murmurei:

— Bom, isso não tirou nenhuma merda do meu sistema.

Ao meu lado, Colton grunhiu em acordo.

— Não — Ele murmurou antes de xingar e esfregar o rosto.


— Maldita seja. Acho que isso significa que apenas uma vez não
será suficiente para nós.
Rolando para meu lado, fiquei boquiaberta.

— O que quer dizer com apenas uma vez não será


suficiente? — Empurrei seu braço, mais assustada porque ele
tinha razão, do que zangada por isso. — Idiota de merda. Você
me prometeu que uma vez seria suficiente.

— Não. — Ele se virou para o lado também para me


encarar, sacudindo seu dedo. — Não, eu nunca te prometi nada.
Eu disse que não via por que uma vez não seria suficiente. Como
diabos eu saberia que você tem uma boceta de ouro que se
parece... merda... como o nirvana? — Ele passou as mãos pelo
cabelo, parecendo perturbado e tão instável quanto eu. Então se
sentou. — Imaginei tanto isso na minha cabeça que eu tinha
certeza de que seria uma grande decepção no momento em que
entrasse em você. — Ele se virou para baixar seu olhar de forma
acusadora na minha direção. — Por que diabos tem que ser tão
gostosa?

— Eu? — Pressionei a mão no meu peito. — Foi você quem


desceu com essa língua perfeita e me lambeu como se estivesse
venerando algum tipo de deusa sexual. O que foi isso?

— Você falou que queria um serviço completo — Ele


grunhiu, levantando as mãos com desgosto.

— Isso foi antes que eu soubesse que você poderia me fazer


gozar apenas com seu pênis! — Respondi. — Deus! — Eu
precisava respirar, e agarrei a primeira coisa que pude encontrar
e joguei nele. Pena que acabou sendo minha calcinha.

Colton estremeceu, levantando o braço para desviar do


golpe antes que o suave algodão batesse em seu antebraço,
deixando-o ileso. Levantando uma única sobrancelha, olhou
para baixo quando aterrissou na sua coxa. Então falou com um
tom divertido.

— Uma calcinha? Sério? Ooh, estou tão assustado. Por


favor, não me machuque com sua lingerie suave e inofensiva.

— Oh, idiota! — Exclamei. — Encontrarei algo inofensivo


para acertar sua cabeça grande e estúpida. — Virando para
minha mesinha de cabeceira, vi meu Kindle e pulei para agarrá-
lo. Isso deixaria um hematoma.

— Oh, merda. — Colton se apressou para me agarrar,


envolvendo seus braços ao redor dos meus e os prendendo do
meu lado. — Talvez seja melhor nos acalmarmos — Ele falou,
ofegando atrás de mim, lutando por evitar que eu o golpeasse
enquanto lutava para me libertar.

— Não! — Bati contra ele. — Não, não, não. Essa merda


está errada. Ninguém nunca me fez gozar apenas com seu pênis
estúpido antes. Por que você? Por quê? — Exausta pela minha
birra, me acomodei em seus braços e apoiei minha bochecha
contra meu travesseiro esgotada, mas mortificada.

Estar com ele não deveria ser tão bom. Quer dizer, eu
queria que funcionasse bem. Mas queria algo bom e que
terminasse. Esse era o tipo bom que eu queria que continuasse.
Por que era assim?

— não entendo.

Seu controle sobre mim passou de pura contenção a


conforto enquanto beijava minha omoplata e começava a
esfregar meu braço.
— Acho que é porque sou impressionante — Ele se
lamentou.

Suspirei.

— Bom, o que diabos devemos fazer a respeito?

Com um encolher de ombros, murmurou: — Não sei. Foder


um pouco mais, suponho.

Levantei meu rosto e tentei olhá-lo por cima do ombro. —


Quantas vezes?

Ele negou. — Como se eu tivesse alguma ideia. Este é um


território inexplorado.

Apertei os dentes. — Isso não é nada reconfortante.

— Bom, eu não sei! — Ele soltou, se afastando de mim e


recuando para que eu pudesse me levantar e virar para encará-
lo. — Só sei que nunca estive com uma garota que não tenha me
cansado. Então, tem que acontecer mais cedo ou mais tarde
entre nós, certo? O que significa... que temos que continuar
fazendo isso até que superemos.

Eu não gostava de pensar que seria como as outras ou


alguém de quem ele se cansaria depois de um tempo. Por mais
que quisesse um acordo de apenas uma vez, a ideia de que ele
não se sentisse tão viciado em mim como aparentemente eu
estava por ele não era aceitável. Entrei em pânico.

O que acontecia se eu continuasse o desejando e ele


parasse de fazê-lo?
— Eu não gosto desse acordo — Informei. — Quer dizer, o
que acontece se você superar isso antes que eu? Eu não quero
ficar sozinha por que... só por que...

— Oh Jesus. — Ele revirou seus olhos. — Se tirá-la do meu


sistema antes que você, então eu apenas... eu prometo continuar
até que me tire também.

— Claro... você fingiria e se obrigaria a me foder, não é?


Não importa o quão cansado esteja de mim? Você percebe o
quão ridículo isso soa, certo?

— Bom, então dê alguma sugestão — murmurou. — Droga.


Falei o que acho que funcionaria. Por que não me diz o que quer
fazer?

Mordi o lábio antes de admitir:

— Quero te foder um pouco mais. — Isso era mais ou


menos a única coisa que eu sabia.

— Bom. Ótimo! — Ele ergueu as mãos como se estivesse se


acomodando. — Então foderemos um pouco mais, droga.

Arqueei minhas sobrancelhas e cruzei os braços sobre meu


peito.

— Só isso?

Com um encolher de ombros, ele perguntou:

— Por que não? O que mais há para decidir?

Oh tudo, . Mas sim, isso também não importava para mim


agora. Colton estava aqui, nu e ainda disposto na minha cama,
então me aproveitaria... da situação.
Bom, dele também!

— Tudo bem — Respondi, descruzando os braços e


gesticulando com meu dedo. — Deite-se e coloque uma
camisinha nova.

— O que? — Ele se endireitou surpreso. — Agora? Pensei


que tínhamos terminado pelo dia?

— Oh, boneco — Eu respondi em voz baixa, repetindo suas


palavras — Você ainda não está nem perto de ter acabado. —
Então coloquei minha mão sobre seu peito e o empurrei para
trás até que ele se encontrava deitado como eu queria.

Seus olhos se iluminaram com prazer e assombro enquanto


eu subia no seu colo e me sentava escarranchada sobre suas
coxas, passando minha boceta por seu pênis, que se sacudiu
com o conhecimento de que outra rodada de sexo começaria.
Como ele ainda não procurou proteção, agarrei os pacotes não
utilizados e abri um.

Colton me observou todo o tempo, sem dizer nada, com o


olhar quente e em alerta. Quando o tive embainhado e meus
dedos se encontravam envolvidos ao redor da base do seu pênis,
onde a carne quente pulsava em meu aperto, ele levantou seu
olhar para o meu rosto.

— Sou o imbecil mais sortudo do planeta neste momento,


não é?

Afundei-me nele e ele ofegou enquanto suas costas se


inclinaram e sua boca se abriu.
Uma vez que estava acomodado profundamente e ele estava
no meu interior, ele respirou fundo e falou com voz rouca: —
Sim, sim, eu sou.

Quando comecei a me mover, ele agarrou minha cintura e


apertou os dentes.

— Porra, você é espetacular. Estreita, úmida, linda.


Cristo... — Seu olhar passou por meu corpo, parando sobre
meus peitos salientes antes de cair sobre seu colo, onde se fixou
na área onde estávamos unidos. Olhei para baixo e foi como
uma sobrecarga sensorial. Ver seu pau, manchado com minha
excitação, desaparecendo repetidamente dentro de mim foi
apenas... mmm.

Um arrepio subiu dentro das minhas coxas e tencionei


meus músculos internos ao redor do seu comprimento. Ele
reprimiu sua surpresa e agarrou mais forte minha cintura.

— Você fez isso de propósito. — Ele soou tão acusador que


levantei meu olhar apenas para perceber que ele mal estava se
contendo e se encontrava a ponto de perder todo o controle. Seu
rosto estava avermelhado, seus olhos dilatados e um rastro de
suor caía por sua têmpora.

Sorri, amando como podia excitá-lo tanto.

— O que? Isto?

Tencionei meus músculos e seus lábios se curvaram


enquanto apertava os dentes.

— Sim, droga. Pare. Não posso me conter... Oh merda. Se


eu gozarei, então você também vai. — E estendeu a mão entre
nós para pressionar seu polegar contra meus clitóris,
empurrando-o para que eu pudesse sentir o atrito do seu pau
contra ele por dentro, junto com o movimento do seu dedo do
lado de fora. O ataque duplo desencadeou uma corrente de
impulsos elétricos que me atravessaram, disparando para as
extremidades dos meus dedos das mãos e dos pés, meus
mamilos, e tudo através da minha boceta.

Gemi e agarrei meus seios, apertando-os para diminuir a


sensação abrasadora, enquanto Colton levantava seus quadris
debaixo de mim, empurrando seu pênis profundamente.

— Juli — Ofegou e foi como uma espécie de apelo


desesperado, me implorando para que eu gozasse com ele. A
combinação do meu nome na sua língua, o olhar em seus olhos
e seu pau e dedos que me massageavam me fizeram vir.

Deixei escapar um suspiro e gozei com força. E juro que a


única coisa que me ajudou foi olhá-lo nos olhos o tempo todo,
vendo-o gozar comigo.

Assim que a parte mais intensa passou, ele estendeu sua


mão, agarrou minha nuca e me puxou para baixo até que nos
beijamos. Sua boca era quente e suave e chupei sua língua
assim que me ofereceu.

Tudo parecia tão diferente. Eu costumava beijar de


antemão para acelerar a excitação e levar ao sexo. Mas beijar
depois era... Não sei, muito mais pessoal. Compartilhar
respirações e carícias, era tão estranhamente íntimo. Eu me
senti mais conectada com ele do que podia lembrar com mais
alguém.
Ele me colocou de lado para que não tivesse que continuar
me inclinando sobre ele e rolou para o lado para poder continuar
me olhando e beijando. Nossas bocas não perderam o contato,
mas ele saiu de mim. E mesmo assim, continuei experimentando
esse mesmo vínculo intenso.

Deslizando seus dedos sobre minha bochecha, afastou


seus lábios para que pudesse passá-los ao longo do meu queixo
e pescoço.

— Obrigado — Ele murmurou enquanto continuava


adorando a minha clavícula. — Obrigado por não conter seu
orgasmo.

Eu sentia como se fosse a única que deveria lhe agradecer


por isso. Afinal fui a pessoa que mais se beneficiou. Mas ele se
inclinou para trás para sorrir e encarar meus olhos.

— Então na mesma hora amanhã à noite, certo?

A pergunta me incomodou. Não era porque ele supunha


que eu o desejaria de novo, ou que ele me queria de novo.
Gostava dessa parte, e sim eu queria mais. Mas ele fez parecer
como se tivesse terminado comigo pelo dia e eu queria continuar
fazendo exatamente o que fazíamos. Então, acho que a pergunta
quase me pareceu com uma rejeição, uma despedida ou algo
parecido.

— Tenho que trabalhar amanhã — Respondi. Quando ele


abriu a boca, acrescentei: — E na noite seguinte também.

A inquietação encheu seu rosto como se não se sentisse


seguro de que devia pedir mais, então lhe disse:
— Mas na segunda-feira estou livre.

Seus lábios se curvaram em um sorriso.

— Na segunda-feira então.

— Segunda-feira — Repeti com um pouco de medo e um


pouco de emoção. Não me sentia totalmente de acordo com a
ideia de continuar algo com ele, quer dizer, onde isso me levaria?
Ou onde poderia levar? Mas ooh, meu corpo sim queria mais. E
tinha razão, discutir com ele fez meu sangue correr com
entusiasmo. — Até então. — Bocejei quando adicionei: —
Então... terminei com você por hoje.

Ai. Isso levou a um adeus desconfortável.

Mas ele arqueou uma sobrancelha.

— Terminou comigo? Mais cedo você mencionou algo sobre


massagens nas costas depois, então... — Ele se virou mostrando
suas costas. — Agora estou pronto para a minha.

Deixei escapar uma risada incrédula.

— Como se eu fosse fazer isso. Tire seu traseiro pálido da


minha cama. — Pressionei meus pés contra suas nádegas
quentes e tensas e o empurrei. — Eu falei que terminei com você
por hoje.

Ele amaldiçoou enquanto se apressava a ficar de pé, mas


não conseguiu fazer a tempo e saiu colchão, caindo no chão
sobre suas mãos e joelhos.

— Que diabos! — Ele gritou, ficando de pé para me olhar


abertamente.
O grande sorriso que eu estava dando vacilou e meu pulso
invadiu o pescoço. Eu estava apenas brincando, mas sabia que
havia passado do limite quando a indignação atravessou seu
rosto. Por uma fração de segundo, o medo passou por mim.
Percebi que não tinha certeza de como ele reagiria a isto. Era
provável que Shaun tivesse me deixado com um lábio inchado se
o tivesse tratado dessa forma. Mas tudo o que Colton fez foi
levantar uma sobrancelha e dizer:

— Pálido? Pálido? Oh, boneca... — Ele sacudiu a cabeça


enquanto tirava a camisinha e jogava no lixo. Então sorriu
ameaçadoramente enquanto voltava lentamente para a cama. —
Só por isso, farei com que fique de conchinha comigo.

— Ficar de conchinha? — Meus olhos saltaram de suas


órbitas quando se aproximou.

Por alguma razão, fazer uma conchinha me dava mais


medo do que ser esbofeteada ou golpeada. Eu sabia exatamente
como responder a isso, chutando sua bunda do meu
apartamento. Mas fazer uma conchinha, eu me sentia perdida.

Eu me afastei dele sacudindo a cabeça, apenas para dar


um grito de surpresa quando ele estendeu uma das mãos e
agarrou minha perna me puxando.

— Sim, fazer uma conchinha — Falou. — Eu gosto de fazer.

Meus músculos e membros ficaram tensos enquanto ele


subia no meu espaço pessoal e se envolvia ao meu redor como
uma segunda pele.

— Eu... eu não sou uma grande fã de fazer conchinha —


Admiti , com meu corpo rígido como uma tábua contra ele.
— Mesmo? — Ele pareceu surpreso com isso. — Bom, não
se preocupe, quando eu terminar com você, adorará. Vamos,
talvez deva relaxar os músculos um pouco e respirar também é
bom. Respire. — Sua palma se espalhou quente e plaina contra
meu abdômen, e inalei ansiosamente, então alguns segundos
depois exalei. — Bom — Murmurou. — Agora vire-se.

Depois de me incentivar a virar, ele se aconchegou atrás de


mim fazendo conchinha, com seus joelhos encaixando na parte
traseira dos meus e seu colo segurando minha parte inferior
coberta com a manta, enquanto seu peito pressionava contra
minhas costas. Então seu braço me rodeou e ele se juntou a
mim no centro.

— Isso. — Ele exalou e relaxou atrás de mim.

Pratiquei respirar profundamente algumas vezes antes de


perceber que também estava relaxando e me sentia bem, como
duas peças de quebra-cabeças encaixadas. O que só me fez
sentir mais desconfortável. Parecia assustador ficar tão perto de
Colton quando o sexo não estava envolvido.

— Seu coração está batendo com muita força — Ele


sussurrou no meu ouvido, movendo meu cabelo com sua
respiração e me fazendo tremer enquanto meus mamilos
endureciam.

— Mas estou relaxada — Sussurrei em resposta. — Isso


não é um bom começo?

— Tem razão, é um bom começo. Você está se saindo muito


bem. — Sua mão apertou de forma carinhosa ao redor do meu
quadril. — Quer saber um segredo?
Quando deixei meu assentimento escapar, dando a
entender que queria saber, ele respondeu: — Eu gosto muito dos
seus apanhadores de sonhos. —enquanto passava seus dedos
sobre minha tatuagem com uma carícia suave. — Quando eu era
pequeno, também tive alguém que tentou me ajudar a superar
meus pesadelos. Mas ela não me deu um apanhador de sonhos.

Suspirei contente, enquanto um dos seus dedos riscava a


pluma que rodeava minha caixa torácica.

— O que ela te deu?

Ele riu baixinho.

— Um pé de coelho e um spray bucal.

Minhas sobrancelhas se juntaram.

— O pé de coelho e o spray bucal que tem no seu chaveiro?


— O mesmo par que segurava enquanto dormia no meu sofá?

— Sim. — Seus dedos pararam na ponta do meu seio antes


de avançar para a parte inferior dos meus peitos.

Fechando os olhos enquanto ele rodeava meu peito com a


ponta de um dedo preguiçoso, falei: — Eu entendo o pé de
coelho para te dar sorte, mas... o spray bucal?

Ele riu de novo, um pouco mais triste desta vez.

— Ela o chamou repelente de monstros e falou que quando


eu me assustasse, poderia borrifa-lo sobre o monstro para
afugentá-lo.

Rio uma risada lânguida e feliz.


— Isso não tem preço. Eu adoro. Também é uma história
perfeita para um menino pequeno. E suponho que o usou até
que acabou.

— Bom, também o usei como refrescante bucal. E o tenho


há quase dez anos então... é claro que já usei tudo.

— Faz sentido. — Passaram alguns minutos silenciosos


antes que tocasse com minha mão seu braço que estava
envolvido ao redor da minha cintura e apertar seus bíceps
calorosamente. — Quer saber um segredo meu?

Assim que perguntei para ele, meus músculos do estômago


ficaram tensos, fazendo-me pensar porque estava me abrindo
com ele.

Mas então ele disse:

— É claro — E tive que admitir a verdade.

— Na verdade eu não sou fã de fazer conchinha, mas isto...


isto eu gosto.

— É claro que sim — Ele concordou com um grunhido


faminto enquanto me apertava mais contra ele. — Porque está
fazendo conchinha comigo.

— Oh, Jesus. — Eu revirei os olhos, mas sorri enquanto o


fazia. — Precisamos trabalhar seu ego, sabia?

— Não, na realidade eu não penso em mim dessa forma.


Sou muito realista a respeito de quem e o que eu sou. Todo o
alvoroço que faço é mais como um truque, só por diversão. A
verdade é que não sou tudo isso. Eu decepcionei algumas das
pessoas mais próximas da pior maneira possível.
Ele soa tão triste por isso. E triste e Colton nunca deveriam
ser usados na mesma frase. Esfreguei seu braço, tentando
pensar algo inteligente e reconfortante para dizer.

Mas então ele suspirou.

— Isso te devora, sabe — Ele admitiu em voz baixa —


quando alguém que você ama sofre por você. Mas porra, o que
você deve fazer quando eles se recuperam e perdoam? Ficar
deprimido por isso? Ou voltar a se animar, rir e tentar fazer com
que seu sacrifício valha a pena?

Balancei a cabeça, surpresa por ele estar me contando tudo


isto, mas também me afetou muito.

— Ok, você não pode me bombardear assim e não esperar


que não queira saber do que está falando.

— Bem, aqui está um exemplo. Quando estava com nove


anos, minha família foi a um parque para um piquenique. Minha
irmã Caroline e seu marido Ten me levaram por um maldito
atalho para ver uma cachoeira. Mas o lugar estava muito fodido
pela erosão do chão ao redor do rio. Bom... Eu me aproximei
muito da borda e comecei a cair, mas Ten pulou e me empurrou
para trás, só para cair no meu lugar.

Respirei fundo.

— Ele...?

— Ele sobreviveu — Ele me tranquilizou — mas recebeu um


bom golpe na cabeça que o deixou em coma por um tempo.
Então, quando ele acordou tinha perdido a memória. Caroline o
ajudou a recuperá-la. Hoje ele está bem, exceto por uma cicatriz
desagradável no seu rosto, que me lembra toda vez que o vejo
que sou responsável por isso.

Eu me virei para encará-lo e embalei seu belo rosto


impecável em minhas mãos. Eu sabia ao olhar em seus olhos
que ele gostaria de poder ter tomado o coma, a perda de
memória e as cicatrizes que seu cunhado havia sofrido.

— Talvez devesse ver isso como um aviso do quanto eles


amam você — Falei.

Ele estudou meu rosto, e percebi que queria discordar. Mas


murmurou:

— Sim, talvez tenha razão. — Então sorriu. — De qualquer


forma, é bom que você e eu estejamos apenas fodendo. Quer
dizer, se estivéssemos tendo algum tipo de relação ou algo
assim, eu acabaria te decepcionando também.

Ele fechou os olhos como se fosse dormir, mas ainda era


meio da tarde, por isso ele estava fingindo para evitar conversar
mais.

Mas me inclinei para ele de qualquer maneira e murmurei:

— De algum jeito, eu duvido. — Então lhe dei um leve beijo


no meio da testa.

Seus lábios se curvaram em um sorriso satisfeito, e seus


braços se apertaram em torno de mim enquanto fazia um som
com sua garganta.

Um longo suspiro saiu dos seus pulmões e seu corpo


relaxou contra o meu. Quando percebi que ele estava caindo no
sono, decidi que uma pequena sesta não poderia ser tão ruim.
Este negócio de fazer conchinha era realmente incrível. Qualquer
coisa para prolongá-lo soava bem. Então acomodei minha
bochecha contra seu peito, envolvi meu braço ao redor da sua
cintura e fechei os olhos.

Quando acordei mais de uma hora depois, ele já havia ido


embora. Meu coração estremeceu com a decepção até que notei
o bilhete sobre meu travesseiro.

Descanse bem. Você precisará para segunda-feira.

Colton.

Coloquei o bilhete da forma que ele o dobrou e pressionei


contra meu peito antes de sorrir loucamente.

Segunda-feira não poderia chegar tão cedo.


Retirado do quadro de citações de Aspen:

Um relacionamento: Onde logo depois de terem ficado juntos,


um sente a falta um do outro instantaneamente. — Autor
desconhecido

COLTON
Eu me senti estranho no dia seguinte. Eu queria enviar
uma mensagem para Julianna, ligar para ela, vê-la, passar o
resto do dia dentro dela. Eu sabia que ela disse que hoje
precisava trabalhar, mas isso não seria até à noite. Talvez ela
tivesse toda a manhã e tarde livres. Se tivesse jogado minhas
cartas corretamente, poderia ter passado o tempo todo na sua
cama.

Mas não. Me assustou um pouco o quanto que queria estar


com ela. Então me restringi de todos os tipos de contato.

Ok, quase todo tipo de contato. Já que a primeira coisa que


fiz esta manhã foi lhe enviar uma mensagem.

Colton: só mais 60 horas.


Já sabem, assim ela não esqueceria que fez um acordo
comigo e não tentaria programar mais nada para a noite de
segunda-feira. Era apenas um lembrete, nada como: "Olá, como
está? Sinto sua falta, quero estar dentro de você ." Não.
Definitivamente não.

Mas meu coração ainda pulou agitado quando vi que ela


leu a mensagem e estava escrevendo uma resposta.

Quando apenas dois números apareceram na tela, ri a


gargalhadas.

Julianna: 58

Do outro lado do quarto, os lençóis da cama de Beau


rangeram enquanto ele despertava. Merda. Eu acordei o menino.
Bom. Valeu a pena. Julianna respondeu e me fez sorrir. Sorrindo
loucamente, escrevi:

Colton: 57 e 1/2 se quer ser tão exata.

Ela me enviou um emoticon do dedo do meio, então lhe


enviei uma carinha soprando um beijo. Isso fez o meu dia. Era
sábado, eu não tinha aula, Noel não precisava ensinar ou levar
os meninos para a babá. Isso significava que Aspen ficaria
incomodada e irritável com todos nós por estarmos juntos em
casa o dia todo, ou ficaria feliz porque não estaria presa e
sozinha enquanto estivéssemos fora.
Preparando-me para o pior, mas esperando o melhor, levei
Beau do nosso quarto através do corredor para a cozinha. Nós
dois paramos surpreendidos quando chegamos na porta para
encontrar Aspen fora do quarto caminhando de um lado para o
outro com Lucy Olivia em seus braços.

— Mamãe — Beau disse em êxtase e se aproximou dela.


Estendi a mão para detê-lo, mas ele deslizou por meus dedos. —
Se sente melhor? Não está mais doente? — Ele passou os braços
ao redor das suas pernas e a abraçou com força.

Do balcão onde preparava a mamadeira, Noel se virou


horrorizado para ver seu filho.

— Ei, amigo. Daremos a mamãe um pouco de espaço


enquanto ela está com a bebê. Certo? Me ajude a preparar essa
mamadeira, ok?

Lucy Olivia fez um grunhido queixoso e posso garantir que


Noel congelou e prendeu a respiração tanto quanto eu enquanto
esperávamos a reação de Aspen. Mas ela começou a balançar e
sussurrar para a menina, para acalmá-la. Exalei e Noel
encorajou seu filho a ajudá-lo com a mamadeira.

Meu irmão e eu ficamos tensos durante o café da manhã.


Ajudei a colocar a comida na mesa sem falar muito, com medo
de dizer qualquer coisa que alterasse o momento. Mas a
companhia de Aspen na cozinha era... isto era novo. Embora não
achasse que Noel ou eu pudéssemos confiar nisso como algo
bom. Continuei a temer que ela se afastasse de novo cada vez
que Beau mencionava "sua doença", ou que Lucy chorava e ela
perdesse o controle. Mas não aconteceu nada disso.
De fato, o que a irritou foi que Noel tentou ser muito útil.

— Quer que eu a segure enquanto você come? — Ele


ofereceu esticando os braços para pegar a bebê.

Aspen franziu a testa e perguntou:

— Você pode relaxar? Acho que posso carregar meu próprio


bebê. — Ela se levantou da sua cadeira e saiu da cozinha com a
Lucy em seus braços.

Os ombros do Noel se afundaram. Beau olhou entre seu pai


e eu. Suspirei.

— O que precisa que eu faça? — Perguntei em voz baixa.

Ele deu uma olhada significativa em seu filho. Assenti.

Nos dois adoramos que Aspen estivesse fora do seu quarto,


mas nenhum dos nós queria sobrecarrega-la com muitas coisas
ao mesmo tempo. E quando se tratava de Beau, ele era o tipo de
criança de tudo ou nada. Ele teria subido em cima dela, falaria
com ela e a assustaria o suficiente para voltar a se esconder.

Então, logo que o café da manhã terminou e o lugar estava


limpo, enviei uma mensagem para minha irmã.

Colton: Aspen saiu do quarto! Ela está tentando ter um


momento de qualidade com a bebê, então Beau e eu te
visitaremos.

Caroline: Venham. Oren pode bancar a babá enquanto


fazemos um vídeo.
Ótimo, era isso que eu queria ouvir. Então eu e o menino
batemos em sua porta em menos de uma hora.

Ten a abriu com uma entusiasmada Teagan se movendo em


seus braços. Nessa fração de segundos ao ver as cicatrizes em
seu rosto, senti o arrependimento habitual antes que as palavras
de Julianna soassem em minha cabeça.

Talvez devesse ver isso como um lembrete do quanto eles


amam você.

E isso de fato ajudou. Em vez de mais culpa e vergonha por


causa-las, deixei que a ideia de que ele passou por tudo isso
porque gostava de mim se penetrasse em meus ossos.

— Bo Bo — Gritou Teagan trazendo-me de volta ao


presente, pouco antes de se atirar ao primo assim que Ten a
colocou no chão — Venha brincar comigo.

Ela pegou a mão de Beau e os dois correram para o


corredor quase trombando em Caroline que entrava na sala de
estar.

— Cuidado. — Ela riu, saindo rapidamente do caminho


para que os dois pequeninos pudessem correr para o seu
destino. Então se virou para seu marido.

— Eu irei procurar a câmera e o laptop e aproveitarei para


dar um momento para que se solte e xingue o Colton como sei
que realmente quer fazer, antes que o leve para fazer o vídeo,
ok?

Ten bufou, fingindo inocência.


— Não sei do que está falando, baby. Não sinto a
necessidade de xingar.

Ela estabeleceu a regra de que ele precisava controlar sua


linguagem perto da Teagan depois que a menina de dois anos e
meio gritou palavras obscenas no meio de um supermercado um
mês atrás. E desde que a "boca suja" era o idioma principal de
Ten, ele precisava com urgência soltar um par de bombas
vulgares neste momento.

Caroline sorriu.

— Sim, claro. Deixarei vocês com isso. — Ela ficou na


ponta dos pés e colocou os lábios nos dele brevemente. Os dois
me ignoraram quando fingi estar vomitando. Ten foi tão longe a
ponto de rosnar e passar o braço ao redor da sua cintura,
trazendo-a para mais perto.

— Eu sei o que sinto necessidade de fazer — Ele respondeu


contra sua boca quando ela começou a se afastar e a alcançou
quando ela deu um passo para trás.

Rindo, ela saiu do seu abraço e lhe deu um sorriso


sugestivo, articulando a palavra "depois" antes de desaparecer
da sala. Ele a observou ir com um olhar faminto.

Acertei-o no estômago.

— Pare de olhar para a bunda da minha irmã, seu fodido


pervertido.

Ele continuou a olhar por um tempo depois que ela já havia


saído e me deu um tapa.
— Não encoste em mim, seu merda. Você faz meu pau
amolecer como ninguém mais pode.

Encolhi.

— Isso é nojento. Você é um filho da puta nojento. Não sei


que tipo de pessoa em sã consciência achava que era bom deixar
que um maldito psicopata doente como você se aproximasse de
mim quando era pequeno.

Ele sorriu.

— Alguém que pensava que você precisava crescer de forma


assombrosa, eu diria. Que pena que nada disso adiantou. Você
acabou sendo um pequeno babaca pelo maldito amor de Deus.

Rolei os olhos.

— Qual é. Você não reconheceria um gênio nem se ele


viesse e lambesse sua bunda.

Ten sorriu.

— Você realmente tem que parar com essa obsessão que


tem com minha bunda, imbecil. Isso pertence a sua irmã. E
falando em lamber, quem esteve lambendo o seu? Você está
brilhando como se tivesse acabado de perder sua virgindade. —
Quando só pude olhá-lo boquiaberto, ele ergueu as sobrancelhas
em surpresa. — Sério? — Disse, parecendo surpreso. — Bom,
parabéns meu amigo. — Ele me deu uma palmada nas minhas
costas amigavelmente. — Quer dizer, é um pouco tarde para
perder seu cartão V porque, quantos anos tem? Trinta e oito?
Bom, foi muito doce por parte da garota ter feito sexo por pena.
Ela deve ser um verdadeiro soldado.
— Eu não era virgem, imbecil. E isso foi ontem, como...? —
Balancei a cabeça, assombrado sobre como ele foi capaz de
saber tanto apenas olhando para mim.

Sua sobrancelha se curvou de novo com outro ataque de


assombro.

— Merda, sério? Tudo isto foi ontem? — Ele colocou a mão


no meu rosto. — E nem sequer foi sua primeira vez? Merda, ela
deve ser a única.

Pisquei. — A o que?

— A única — Repetiu, enfatizando a palavra desta vez como


se explicasse tudo. Quando sacudi a cabeça desorientado, ele
suspirou e rolou seus olhos. — Você sabe, a única. A maldita
indicada. Como Caroline é a minha. Shakespeare a de Gam. E
Ruedas Caliente é a escolhida do cabeça de merda.

Olhei-o por um momento antes de explodir com:

— Você está louco. — Enquanto por dentro, algo saltou,


algo dentro de mim ficou um pouco em pânico, mas também
ficou um pouco animado.

— E você está suando garoto, porque sabe que tenho razão.

— Que seja. Você não percebe esse tipo de merda depois de


uma sessão de sexo. — Bem, tecnicamente duas... Ou seis se for
contar quantos orgasmos lhe dei. Porque merda, esses contavam
no meu livro.

Ten bufou.

— Claro que percebe, caralho. Nunca ouviu essas músicas


que dizem que tudo é sobre o beijo? É assim como que percebe
que a ama, ou o que quer que seja. Bom, essa é a versão das
garotas. A versão masculina seria mais como: tudo sobre sua
vagina. É assim que você percebe.

— Você é louco — Eu falei com toda seriedade. — Não


posso acreditar que alguém te deixou ter um filho. — Bom, eu
não estava falando sério sobre isso, ele era um pai decente, mas
tudo o que ele falou sobre sexo... totalmente louco.

Tinha que estar.

Ten apenas deu de ombros com um olhar que me dizia para


acreditar no que quisesse, mas ele tinha razão. — estou dizendo
que você percebe. — Caroline entrou na sala e seu olhar a
encontrou imediatamente. — Sim, definitivamente você percebe
— Murmurou — Você é apenas muito galinha para admitir isso
para si mesmo.

— E...? — Caroline sorriu, esfregando as mãos enquanto se


aproximava de nós. Ela estava com duas bolsas: uma para a
câmera e uma maleta para o laptop, penduradas em seu ombro.
— Tirou tudo de sua mente e corpo? — Ela perguntou a seu
marido.

Ele sacudiu a cabeça, olhando-a.

— Nunca te tirarei do meu corpo nem dos meus


pensamentos.

Seu rosto brilhava de prazer, suas bochechas brilhando


com uma luz saudável enquanto sorria. Então balançou a
cabeça e riu.
— Eu estava me referindo se você aliviou sua necessidade
incessante de amaldiçoar, homem louco.

— Ah. — Ele piscou para ela. — Sim, isso também.

Depois a beijou e eu gemi.

— Deus, vocês me fazem vomitar as vezes, sabiam?

Caroline riu e fixou sua atenção em mim.

— Um dia você entenderá, Bubba. — Então se inclinou


para beijar minha bochecha só para parar enquanto estudava
meu rosto. — Você parece diferente, como se estivesse mais feliz
ou satisfeito, ou não sei. Mas é como se estivesse brilhando ou
algo assim.

Quando Ten explodiu em risada, olhei para ele e disse: —


Cala a boca, maldito imbecil.

Caroline olhou entre nós, claramente confusa.

— O que eu perdi?

Ten se inclinou para beijar um lado do seu pescoço.

— Apenas uma conversa de garotos, baby.

— Isso significa coisas sobre sexo. — Imediatamente ela se


afastou de mim e enrugou o nariz. — Uhhh, não quero ouvir
mais nada, muito menos se tiver algo a ver com meu irmãozinho.

— Isso mesmo — Eu imediatamente falei apagando sua


curiosidade, porque se ela achasse que eu estava ficando sério
com alguma garota, espalharia o boato pela família e em um
segundo Brandt ficaria sabendo. — Mudando de assunto, tenho
uma ideia para gravarmos um Vine cozinhando — Adicionei e
bam, ela foi distraída com sucesso.

Seus olhos se iluminaram com entusiasmo.

— Yupi, eu amo as histórias que inventa para cozinha.


Qual é sua ideia?

— Bom...

Trabalhamos em fazer um vídeo de seis segundos. Levamos


quatro tentativas para fazer a cena correta, Caroline era rigorosa
sobre uma boa iluminação. Qualquer brilho ou sombra a
incomodava. Mas quase dez minutos depois, ela se encontrava
satisfeita quando me passou uma caçarola e disse: — Mantenha
isto quente no forno a 120°C.

Na segunda parte, me ajoelhei em frente a porta aberta do


forno com a caçarola e usei um transportador tentando dar um
ângulo literalmente de cento e vinte graus. No começo tentamos
encontrar coisas para apoiá-lo, mas no final decidimos que seria
mais engraçado se editássemos para fazer parecer como se a
caçarola flutuasse nesse ângulo.

— Perfeito. — Caroline sorriu enquanto colocava a tomada


final na tela do seu notebook. Nós assistimos algumas vezes
antes que ela perguntasse.

— Teve sorte com a árvore e a motosserra?

— Hum? Não, ainda não. — Apontei para a tela. — Gostei


desse. Publique.

— Feito — Ela cantou depois de alguns cliques no teclado.


— E agora?
— Agora te tirarei de cima de mim.

— Bom, por Deus. — Ela arregalou seus olhos e me deu um


olhar surpreso. — Só achei que você teria outra ideia.

— Não, quando falei "Te tirarei de cima de mim" estava


falando sobre minha próxima ideia.

Ela piscou por um momento antes de entender. Então


bufou e riu.

— Oh... Entendi. Eu te direi algo e você dirá: ei, saia de


cima de mim e nos afastaremos da câmara para mostrar que
estou literalmente sobre suas costas. Genial. Gravaremos.

A maior parte do dia continuou dessa maneira. Paramos


para o almoço e tiramos alguns minutos para ver Ten e os
meninos. Segurei a câmera e pressionei gravar enquanto
Caroline perguntava como tudo estava indo. Beau e Teagan nos
ignoraram totalmente, mas Ten franziu o cenho para a câmera e
mostrou o dedo do meio.

Essa era sua assinatura no Vine. Todos nossos seguidores


o amavam. A única coisa que ele fazia era mostrar o dedo do
meio para a câmera e juro que nossos fãs ficavam
enlouquecidos. Era louco, mas nós gostávamos de fazê-los felizes
também, assim enviávamos uma "saudação de Ten"
frequentemente. Uma vez, ele beijou o dedo do meio e o jogou na
câmera e uma fã adorou tanto que nos enviou sua calcinha para
dar a ele. Caroline não gostou tanto, embora Ten e eu não
conseguimos parar de rir.
Quando a tarde se transforma em noite, Caroline e meu
cérebro se sentiram fritos e drenados de todas as ideias
engraçadas para os vídeos e decidimos terminar.

Checamos Beau e a Teagan para descobrir que os dois


adormeceram juntos em cima das cobertas e dos travesseiros
empilhados no chão em frente à televisão. Caroline pegou a filha,
passando por cima das pernas do seu marido, que estava
inconsciente na cadeira e levantou Teagan em seus braços.

— Podem ficar o quanto precisar — Ela sussurrou para


mim enquanto passava. Assenti e tirei meu telefone do bolso.

Colton: Tudo tranquilo na frente ocidental? Perguntei a


Noel e pressionei enviar.

Se todo mundo estivesse dormindo em casa ou mesmo


acordados, mas em bons termos, ele me diria que estava tudo
bem para voltar. Se houvesse qualquer problema, ele me
mandaria quanto tempo deveria demorar antes de me aventurar
por lá.

Mas esta noite, a única resposta que recebi foi:

Noel: Não.

Fiquei olhando a palavra, sem saber como interpretá-la.


Comecei a perguntar o que estava acontecendo, mas estava com
medo da resposta. Meus dedos não continuaram a escrever e
meus olhos estavam colados nessa palavra quando Caroline
voltou para sala com os braços vazios.

— O que há de errado? — Perguntou imediatamente ao ver


minha cara.

Mostrei-lhe a tela do meu telefone. Ela prendeu a


respiração e agarrou meu braço.

— Vá até lá. Agora. Beau pode ficar aqui esta noite.

Assenti e lhe dei um beijo na bochecha antes de me dirigir


à porta. Minhas mãos ainda tremiam quando cheguei à entrada
da minha casa quinze minutos depois. Todas as luzes da casa
brilhavam em todas as janelas, então todos deveriam estar
acordados.

Eu não tinha certeza se era Aspen ou Lucy o problema esta


noite, estacionei e desliguei o motor antes de correr para a porta
traseira e abri-la.

A primeira coisa que ouvi foram gritos, gritos de Aspen,


depois da outra parte da casa vieram os gemidos de Lucy Olivia.

— Eu não aguento mais. Não aguento mais! — Aspen


gritava.

— Bem, o que diabos quer que eu faça? — Noel gritou tão


alto, que me assustou.

Desde o início da sua depressão pós-parto Aspen começou


a ter episódios de gritos, Noel se tornou a alma da paciência.
Anteriormente, ele era o primeiro a perder seu temperamento e
levantar a voz. Mas quando sua esposa adoeceu, nada. Ele se
manteve calmo e tranquilo, só preocupado em acalmá-la.
Até esta noite.

— O que? — Gritou ele com a voz rouca, como se estivesse


gritando há muito tempo. — Eu tenho trabalhando
incansavelmente para fazer a coisa certa para você e tudo isso
parece estar errado. Então, o que devo fazer, hein? Me diga.

Eu corri para o quarto deles, espiei pela porta antes que


Aspen pudesse gritar alguma resposta que não faria nenhum
bem.

— Não — Eu falei, levantando as mãos e esticando-as para


o casal que estava de pé em partes opostas do quarto, de frente
um para o outro. — Chega. Você. — Apontei para o Noel. — Vá
dar uma volta. Agora mesmo.

Ele olhou para mim e até deu um passo na minha direção,


parecia tão cheio de raiva que eu tinha certeza de que me
acertaria apenas para liberar um pouco da testosterona
correndo através dele, mas de maneira dura e sucinta, pedi:

— Vá se acalmar.

Parando em sua marcha, ele tomou outro momento para


inalar, depois assentiu e saiu do quarto.

Imediatamente, Aspen começou a chorar e desabou na


cama, enterrando o rosto nas mãos. Lucy Olivia continuava
gritando no seu berço, mas caminhei até minha cunhada e me
sentei ao lado dela, colocando minha mão na sua nuca.

— Eu te amo — Eu falei — Todos nós te amamos. — Eu


esperava ter enfatizado isso o suficiente para que ela entendesse
que eu queria dizer que Noel também a amava. — Não importa o
que.

Um arrepio atravessou seu corpo quando ela soluçou.

Queria dizer mais. Todos estávamos com medo de quão


feios alguns dos seus episódios podiam ficar. Ela poderia
realmente se tornar uma suicida? Essa ideia fez meu estômago
tremer de medo. Mas a bebê ainda estava chorando. Fazê-la se
acalmar devia aliviar um pouco da tensão por aqui. Então beijei
Aspen e falei: — Verei a Lucy.

Ela assentiu, me deixando saber que escutou e a toquei


esperando por Deus que melhorasse. Então corri para fora do
quarto e fui para o corredor.

— Oi, pequenina — Sussurrei em uma voz suave e


calmante enquanto me aproximava do berço. Ela se calou
quando me ouviu, mas continuou fungando e choramingando
quando a segurei contra meu peito e acariciei suas costas. —
Está tudo bem. A mamãe e o papai pararam de gritar. Não há
razão para ficar chateada. Acabou pequena.

Caminhei pelo quarto com ela até que se acalmou . Então


chequei sua fralda, que estava cheia e a troquei. Depois disso fui
buscar sua mamadeira, e a balancei em sua cadeira de balanço,
alimentando-a até que adormeceu nos meus braços.

Devia ter passado perto de meia hora desde que cheguei


para ver como ela estava até colocar seu corpo adormecido de
volta no berço. Então fiquei ali por um momento observando-a
dormir antes de exalar sacudindo a cabeça e deixei o quarto.
Fui checar Aspen. Ela havia adormecido basicamente na
mesma posição em que a deixei, mas seu rosto estava voltado
para minha direção com os olhos fechados. Seus ombros se
levantavam a cada dois segundos com cada respiração que
tomava, me dizendo que estava viva, mas de qualquer forma fui
até ela e coloquei suavemente minha mão em sua bochecha um
segundo antes de deixá-la de novo.

Sem certeza de em que condição encontraria meu irmão,


saí para a escuridão do pátio e parei quando ouvi soluços vindo
da mesa de piquenique.

Merda. Ele estava chorando.

Acho que preferia lidar com um Noel zangado.

Sem ter ideia do que diria a ele, coloquei as mãos nos


bolsos e caminhei pela rampa, depois em direção a mesa e me
sentei no banco diante dele. Meus olhos começaram a se ajustar
à escuridão o suficiente para estudá-lo com os cotovelos
apoiados no topo da mesa e a cabeça em suas mãos.

— As duas senhoritas estão dormindo — Eu falei baixinho.

— Bom. — Ele se sentou direito e limpou o rosto com as


mãos. — Obrigado. Onde está Beau?

— Ele adormeceu vendo filmes com Teagan, então Caroline


falou que ele podia passar a noite.

— foi melhor assim. — Sua voz soava rouca, o que me


matava.

— O que aconteceu hoje?

Imediatamente ele abaixou a cabeça.


— Não sei. Apenas... perdi o controle. Eu jurei para mim
mesmo quando isso começou que nunca perderia a cabeça. Não
perderia minha paciência, não gritaria, não... merda, mas me
perdi por completo. — Ele limpou o rosto de novo e fungou. —
Não posso acreditar que gritei com ela. Sei que ela não pode
evitar. Sei que isso piora as coisas. Por que não pude evitar essa
merda?

Encolhi os ombros.

— Porque você é humano.

Uma risada amarga escapou dele.

— Um pouco menos humano esta noite. Normalmente


posso interpretá-la melhor. Percebo quando ela quer espaço ou
quando precisa de mim ao seu lado. Imagino que queria espaço
esta noite, enquanto eu tentei ficar por perto. Grande erro.

— Mas um erro reparável — Raciocinei. — Pelo que ouvi,


nenhum de vocês disse nada de que pudessem se arrepender.
Ainda assim... esta noite foi um tropeço. Isso é tudo.

— Sim, mas quanto tempo isso durará? As sessões de


terapia não funcionaram. A medicina não funcionou. Nada do
que faço funciona. Eu só quero ter minha esposa de volta. Meus
filhos querem recuperar a sua mãe. Eu quero... Jesus Cristo,
odeio isso. Odeio ser tão inútil e impotente para ela. Odeio não
poder fazer nada. Por que nada do que faço a ajuda?

Quando ele não podia mais falar, a emoção entupiu minhas


veias antes de limpar minha garganta e sacudir a cabeça.
— Não acho que o que está fazendo seja inútil. Acredito que
talvez esteja funcionando. Está ajudando-a. Mas talvez todas as
coisas que foram reparadas no interior ainda não começaram a
mostrar resultados no exterior.

Noel não respondeu imediatamente. Esperou um momento,


calmo e contemplativo antes de dizer:

— Talvez. Eu espero. — Então olhou para mim. —


Obrigado, Colton. Por tudo. Não sei o que teríamos feito sem
você esta noite. Salvou o dia.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

A ausência é para o amor o que o ar é para o fogo: apaga o


pequeno e aviva o grande. — Sextus Propertius.

JULIANNA
Só recebi aquelas três mensagens do Colton no sábado pela
manhã. Não sei como, mas me mantiveram cheia de esperança,
promessa e entusiasmo durante todo o dia, e ainda assim não
foram suficientes... porque eu queria mais dele.

Era como ler um livro muito bom. Gostaria de lê-lo com


pressa porque queria tudo agora e mesmo assim, queria esticá-lo
e fazê-lo durar o maior tempo possível porque não queria que
terminasse.

O maldito garoto colocou meu coração em conflito.

Ignorei os pequenos sinais de alerta que soavam no fundo


da minha cabeça, me dizendo o quão ruim era contar e esperar
com ansiedade meu próximo encontro com ele, porque não havia
nada sério entre nós, não começamos nada a longo prazo. Mas
não queria pensar nisso. Então não o fiz.
E meu resplendor brilhou mais forte do que nunca durante
todo o sábado. Até mesmo sorri durante a noite de karaokê no
bar. E nesse dia sorri enquanto adormecia quando cheguei em
casa do trabalho.

Na manhã seguinte, acordei com um sorriso porque meu


telefone tocou com uma mensagem. Não sei como sabia que era
ele, mas eu sabia.

E tinha certeza de que sabia o que dizia.

E estava com razão.

Colton: Trinta e três horas, dois minutos, quinze


segundos.

Julianna: Espertinho.

E então passei os dedos sobre a tela, onde seu nome se


encontrava visível no topo.

Ele escreveu brincando.

Colton: E você, é sexy.

E essa foi toda nossa comunicação do dia.

Não percebi que o telefone estava pressionado contra meu


coração até que percebi que estava saindo do quarto com ele.
Corei, o coloquei na minha mesa de cabeceira, limpei a garganta
e me dirigi à cozinha.
Theo era o único revoando por lá. Ele grunhiu uma
saudação pouco animada de onde se encontrava apoiado contra
o balcão e pairando sobre a cafeteira, ainda preparando o café
enquanto mordia um pedaço de pão torrado.

— Bom dia — Disse, incapaz de parar de sorrir até que abri


a despensa para pegar meu pão de trigo especial, assim também
poderia fazer um pouco de pão torrado para mim. O pacote
continuava ali, mas estava vazio, a não ser por algumas
migalhas.

Com a boca aberta, me virei para olhar Theo enquanto ele


engolia o último pedaço de pão. Ele nunca comeu meu pão
antes. Não achei que gostasse de pão de trigo.

— O que...? — Comecei a dizer confusa.

— Oh, sinto muito — Falou com a boca ainda cheia


enquanto levantava a mão até suas salientes bochechas. — Este
pão era seu?

Pisquei, ainda confusa.

— Você sabe que este pão era meu — Afirmei lentamente.


Ele me viu comer esse pão todas as manhãs depois que passava
a noite com a Tyla.

— Me enganei então. — Ele encolheu os ombros e baixou a


mão, sorrindo. — Eu podia jurar que você só come pão branco
esses dias.

Ofeguei e bati no seu braço.

— Maldito filho da puta. Como se atreve?


Ele riu e se esquivou de mim, só para ficar sério alguns
segundos depois.

— Sério, Juli? Que porra é essa? Se estava tão


desesperada, deveria ter dito alguma coisa. Conheço muitos
caras negros que teriam concordado em sair com você.

— Oh, muito obrigado — Zombei sarcasticamente. — Não


percebi que era tão patética que você estava disposto a me
emparelhar com qualquer cara bondoso que faz sexo por
piedade.

— Ei, qualquer coisa seria melhor para você do que se


juntar com alguma merda branca. Sério. É embaraçoso. O que
acha que devo dizer a minha equipe quando me perguntarem
como é que uma das colegas de quarto da minha garota fode
um...

— Já chega cara, deixe-a em paz — Repreendeu Chad


enquanto chegava na cozinha, com o peito nu e suas calças
largas penduradas na cintura. — O cara não pode evitar a cor
que tem. — Ele se dirigiu diretamente para a cafeteira, que
acabou de preparar o café e se serviu de uma xícara. — Minha
mãe é meio branca e meu pai é um quarto filipino. Tenho
parentes em todos os tipos de cores e honestamente somos todos
iguais. Sorrimos quando estamos felizes, choramos quando
estamos tristes, comemos quando temos fome e dormimos
quando estamos cansados. Juli não fez nada de errado, então
chega desse ódio.

Ele tomou um gole e arqueou as sobrancelhas para advertir


Theo, que bufou.
— Mas todo mundo vai supor que ela pensa que agora é
muito boa para nós. Sabe que sim. — Então ele olhou para mim
de uma forma que me disse que era exatamente o que ele
pensava de mim.

— Então isso é problema deles — Respondeu Chad,


jogando um braço de apoio ao redor dos meus ombros e me
puxando para perto. — E não nosso.

Baixei meu rosto e abracei a mim mesma, me sentindo


vulnerável de repente. Não pensei em como minhas decisões com
Colton afetariam minhas colegas de quarto ou seus namorados.
Em casa, era fácil ficar dentro dos limites da minha própria
classe. Existia uma divisão muito mais notável nos grupos lá.
Mas quando vim para a universidade, todo mundo parecia estar
agrupado e muito mais diversamente misturados.

Nos últimos dois anos, foi mais fácil ver exatamente o que
Chad acabou de dizer: todos nós éramos basicamente o mesmo,
tanto que não via um garoto branco quando estava com Colton.
Eu via apenas ele.

— Apenas o ignore, Juli — Chad me falou, empurrando


meu ombro para obter uma resposta de mim. Só que Sasha
escolheu aquele momento para entrar na cozinha e descobrir
seu namorado abraçado comigo enquanto eu o olhava taciturna
e contemplativa.

Ela parou, olhando entre nós antes de perguntar


lentamente:

— O que eu perdi?
— O babaca aí está incomodando nossa garota por seu
novo homem — Explicou Chad.

— Não estava incomodando-a — Theo defendeu-se


imediatamente. — dizia... que as pessoas comentarão.

— Você tem algum problema com isso? — Perguntei a


Sasha, procurando algo com o meu olhar assustado. — Com o
fato de Colton e eu estarmos juntos?

Sua boca se abriu, e por um momento ela pareceu em


dúvida, mas depois olhou para seu namorado antes de virar-se
para mim e sacudir a cabeça.

— Não, claro que não. Eu só quero que você seja feliz.

— E Tyla? — Perguntei. Não falei com nenhuma das


minhas colegas desde sexta-feira. Elas saíram com seus
namorados naquela noite e ficaram em suas casas e não
voltaram para casa antes que eu fosse trabalhar ontem. Meu
olhar se moveu significativamente em direção a Theo antes de
voltar para Sasha. — Tyla tem algum problema com isso?

Deve ser ela quem contou ao Theo sobre Colton e se ele


tinha um problema com isso, então talvez seja porque ela
causou um problema para ele.

— Se eu tenho um problema com o que? — Perguntou Tyla


enquanto entrava.

— Ao que parece você precisa falar com seu homem —


Sasha acusou imediatamente. — Ele está incomodando a Juli
por sua escolha de cara.
— Não é verdade! — Theo gritou, levantando as mãos
inocentemente. — Eu só disse...

Ele mentiria outra vez e tentar fingir que ele estava apenas
preocupado comigo, enquanto honestamente eu só queria
terminar esta conversa. Então interrompi dizendo:

— Ele comeu todo o meu pão.

Tyla piscou um momento antes de erguer as sobrancelhas


em sua direção.

— Por que você faria isso? Você sabe que é o pão especial
da JuJu.

— Eu estava com fome — Ele protestou. — Não prestei


atenção em qual pão era, baby. É que...

Não ouvi o resto da sua desculpa. Já havia me afastado do


braço do Chad e fugido da cozinha. Voltei para o meu quarto
sem meu café da manhã. Quando caí na cama, agarrei meu
travesseiro e apoiei minha bochecha contra ele, fechando os
olhos.

Toda vez que estava perto do Colton, eu parecia estar


vivendo em um incrível momento tecnicolor. Tudo era tão vivaz e
animado. Mas então era como voltar a realidade toda vez que ele
saía e bam, às vezes a realidade em preto e branco tinha a
capacidade de me acertar na cara.

Eu já falei com ele em público, mas de repente não tinha


certeza de como lidaria se segurássemos as mãos ou ―Santa
merda‖ O que aconteceria se ele entrasse em filosofia na
segunda-feira de manhã e me beijasse na frente de todo mundo?
Seria ousado. Mais ousado que eu. As pessoas nos olhariam
fixamente, alguns sussurrariam e nem sempre coisas
agradáveis. Eu não era o tipo de pessoa que fazia esse tipo de
cena. Eu usava cores suaves, pretos, brancos, cinzas e cafés e
me preocupava em estar cem por cento apresentável e sem
razões para que outras pessoas pudessem fofocar sobre mim
cada vez que eu saía de casa. Eu não gostava de me sobressair
na multidão.

Estar em uma relação inter-racial causava mais emoções


do que eu queria. E se Theo tivesse razão e as pessoas
dissessem que agora eu achava que era muito boa para os
negros? Eu não queria que ninguém pensasse que eu não estava
orgulhosa da minha herança, porque eu estava: desde minha
avó vodu, até meu pai defensor da igualdade de direitos e tudo
sobre meus antepassados escravos. Eles tinham passado o
inferno e saído pelo outro lado como sobreviventes. É claro que
eu me sentia honrada por ter essa força e resistência. Eu já
tinha horas e horas de histórias preparadas para contar a meus
filhos e netos algum dia, sobre nossas incríveis raízes.

Tudo isso me fez sentir uma pontada de vergonha, como se


estivesse traindo a minha gente ou algo assim.

Mas então... então o rosto do Colton passou por minha


cabeça. Vi uma imagem do seu sorriso zombador e dos seus
brilhantes olhos castanhos, seguidos pela expressão em seu
rosto na última vez que ele gozou dentro de mim e a sensação
das suas mãos quando ele mais tarde me segurou com tanta
ternura, sua voz no meu ouvido enquanto me contava seus
segredos. E então comecei a sentir como se estivesse o traindo
por ter um pingo de dúvida sobre nós.

Chad tinha razão: na hora da verdade, não havia diferença


entre nós. Todos somos humanos. E, além disso, acabei de
proclamar minha orgulhosa e sólida linhagem. Eu poderia
aguentar as fofocas desagradáveis. Não deixaria que palavras
maldosas ou os olhares de censura me acovardassem. Nada
tiraria a alegria que sentia toda vez que estava com o Colton.

Isso foi até que entrei no clube Forbidden a tarde e vi seu


irmão atrás do bar, preparando nosso turno. Sua cabeça estava
abaixada enquanto descansava uma das mãos no balcão e
checava os tanques de CO2 conectados a torneira debaixo do
balcão.

Eu parei de repente, sem saber como agir ao redor dele


agora que eu estava dormindo com seu irmão por suas costas...
a pedido do seu irmão.

Quando o conheci, decidi que gostava do Brandt por razões


práticas. Ele era bonito. Ajudou a me treinar quando comecei a
trabalhar aqui. E foi muito agradável e confortável para
conversar. Tudo isso me fez pensar que ele era material perfeito
para namorar. E estar perto dele, como quando se inclinava
perto de mim para pegar um copo, eu sentia calafrios deliciosos.

Mas nunca senti um pico dramático na minha pressão


arterial por sua mera proximidade, como acontecia comigo cada
vez que me aproximava do Colton. Então isso me disse que eu só
queria gostar mais do que realmente gostava. Mesmo assim...
pareceu estranho ter mudado meu interesse entre irmãos dessa
maneira.

Suspirando, caminhei para o bar. Quando me aproximei,


lembrei que em seu casamento, ele achou que eu ainda pensava
nele. Jogou Colton de propósito sobre mim, o que ainda me
irritava, mas também significava que ele pensava neste
momento, que eu ainda sentia algo por ele.

Quando ele olhou para cima, seu olhar ficou


instantaneamente cauteloso, cerrei meus dentes, não muito
certa de como lidar com isto.

— Olá — Cumprimentei com um sorriso amistoso — Acho


que não trabalhamos juntos desde que se casou.

— Sim, eu sei. Pedi que minhas horas fossem cortadas


quase pela metade. — Ele suspirou com cansaço e passou a mão
no rosto.

Respirei fundo me sentindo repentinamente culpada


porque ele desistiu de ganhar a vida só para me evitar. Mas
merda, ele não precisava que deixar seu trabalho por minha
causa. Que diabos eu faria para consertar isto?

Mas então ele adicionou:

— Este programa de doutorado está me matando e as


práticas... só pioram tudo. Não sei como tenho tempo para nada.
E Sarah está tentando me convencer de que está tudo bem parar
de trabalhar até que termine a escola. Ela conseguiu um
trabalho decente neste verão, trabalhando em casa. Mas, que
tipo de cara lamentável eu seria se colocasse todas as
responsabilidades monetárias sobre seus ombros?
— alguém que faria sua esposa feliz — Respondi sem
pensar. Brandt piscou e sacudiu a cabeça.

— Desculpe-me?

Meu rosto se aqueceu e levei um momento para ir para trás


do bar com ele, guardar minha bolsa e casaco antes de me
afastar e responder da maneira mais politicamente correta que
pude.

— Só estou dizendo que... sinto que Sarah é uma mulher


muito orgulhosa. Ela gosta quando supera sua deficiência para
conseguir algo. Então eu pensei, você sabe... se ela tem a
oportunidade de te apoiar, diabos, manter os dois com sua
renda sozinha, enquanto você termina a escola, ela... Eu posso
ver que ela adoraria isso.

Brandt olhou para mim por um segundo e sua boca se


abriu antes de dizer:

— Oh. Pode ser que tenha razão. Na verdade, acho que tem
toda a razão com essa ideia.

— É claro que tenho. — Enviei-lhe um pequeno sorriso por


cima do ombro antes de me virar para preparar a caixa
registradora. — Eu sei como pensa minha colega. E este tipo de
oportunidade a entusiasmaria como você nem imagina. Acredite
em mim. Além disso, tiraria um pouco de estresse dos seus
ombros, e... bom, tenho certeza de que Pick devolveria seu
trabalho se isso não funcionasse.

Brandt apoiou suas costas contra o balcão do meu lado e


brincou com o lábio inferior enquanto analisava minhas
palavras.
— Você tem um bom argumento.

Eu rio e acaricio seu braço. — Tenho meus momentos.

Quando deixei cair meus dedos, percebi algo. Eu ainda


gostava de Brandt, ele era um cara legal. Mas acho que agora só
gostava dele porque era um parente do Colton. Era como afeto
fraternal.

— Ei — Disse Pick, saindo do corredor traseiro, — Como vai


a abertura? Precisam de algo?

Eu me assustei, já que não o esperava, quando Brandt se


virou para responder. — Está tudo bem por aqui, chefe.

Pick revirou os olhos pelo termo e olhou para a saída.

— Alguns dos caras vem para tomar uma bebida esta noite.
Avisem-me quando eles chegarem, ok?

Sua atenção voltou para o Brandt; sua pergunta foi


obviamente endereçada a ele e não a mim, já que eu não tinha
ideia de quem eram "os caras".

Brandt parecia saber a quem Pick se referia. Ele gemeu e


estremeceu.

— Jesus, todos vocês são patéticos. Você sabe que este


lugar é frequentado por universitários, certo? Se os velhos
camelôs geriátricos se reunirem aqui para seu leite e vitaminas,
assustarão os verdadeiros clientes.

— Ei, foda-se garoto. — Pick, que devia ter uns trinta e


poucos anos, apontou ameaçadoramente enquanto ria do
resumo de Brand. — Em nossos dias, nós arrasávamos este
lugar. Não mexa com as lendas. — Ele olhou para mim e voltou
para seu escritório. — Mantenha este imbecil na linha, Juli.

Depois de que ele saiu, balancei a cabeça e olhei para


Brandt. — Pensando melhor, talvez Pick não te devolva seu
trabalho se sair.

Ele riu e sacudiu a cabeça. — Ei, Pick é como da família.


Não tenho nada com o que me preocupar com ele. — Então ele
abriu o refrigerador e franziu o cenho. — Não temos muito Angry
Orchard. Se Asher vier, é isso que ele vai querer. Confirmarei se
tem mais lá atrás.

— Tudo bem — Respondi e peguei um pano para limpar


algumas gotas que espirraram no balcão depois que ele verificou
o refrigerador.

Na frente do bar, a garçonete chefe Mandy, gritou que


abriria as portas.

Como era domingo, eu não previa muita agitação. Então


peguei meu telefone celular do meu bolso e verifiquei a tela para
uma nova mensagem. Não havia nenhuma — eu sei, triste —
Então abri as antigas e reli a última que Colton me enviou, me
chamando de sexy. Sorri carinhosamente e passei o polegar
sobre suas palavras, calculando quantas horas faltavam antes
que eu pudesse voltar a vê-lo. Cerca de vinte e quatro horas, eu
suponho.

Ao ouvir a aproximação de um cliente, rapidamente deslizei


o telefone no meu bolso e olhei para cima.

— Olá! — Cumprimentei calorosamente. — Precisa de uma


bebida?
O cara parou na frente do bar se virou e pisquei quando vi
que metade do seu rosto estava coberto de cicatrizes em espiral,
mas a pessoa precisava estar bem perto dele como eu para
realmente ver. O que era mais estranho é que algo nele me
parecia familiar. Eu sabia que já o vi em alguma parte.

Ele pareceu igualmente surpreso em me ver.

— Santo céu! — Ofegou. — Eu soube que Pick contratou


uma garçonete para este lugar, mas ninguém mencionou que era
uma tão bonita. O homem é um gênio. Um fodido gênio. Quanto
tempo trabalha aqui?

— Um... — Pisquei com a sua brusquidão, mas respondi de


qualquer maneira: — Fará um ano em março.

Suas sobrancelhas se levantaram.

— Porra, eu preciso sair mais. Alguém já te falou que se


parece com a Rihanna?

Respirei fundo, não esperando que alguém dissesse isso de


mim nunca mais. Ninguém fez isso desde a noite em que conheci
Colton, e ninguém fez antes.

Atrás de mim, alguém gemeu.

— Oh Jesus. Não, você também. Colton também falou que


ela se parecia com Rihanna. — Eu me virei e vi que Brandt havia
se juntado a mim atrás do balcão e estava colocando algumas
garrafas no refrigerador.

Mas então... percebi que este cara devia conhecer Colton já


que Brandt o mencionou, me virei para o cliente e o estudei com
um pouco mais de interesse. , soube onde o vi antes. No
casamento do Brandt. Ele era um dos padrinhos. Um padrinho
era seu irmão, enquanto o outro foi rotulado como seu cunhado.

Merda. Rosto com cicatrizes. Cunhado. Deve ser Ten,


aquele que caiu de um penhasco para salvar a vida do Colton.

— Sério? — Ten perguntou a Brandt, sorrindo e


endireitando-se como se estivesse orgulhoso de ouvir que ele e
Colton haviam dito o mesmo sobre mim. — Sabia que criei bem
aquele menino.

Eu não o conhecia muito bem, mas de repente queria


rastejar sobre o balcão e abraçar esse cara. Colton estaria morto
se não fosse por ele. Depois de cavar em seu bolso traseiro, Ten
tirou a carteira, abriu-a e tirou uma nota de cinco dólares.

— Aqui está linda — Falou, estendendo-a para mim.

Peguei lentamente, confusa.

— Para que é isso?

Imaginando que ele faria um pedido para qualquer bebida


que quisesse, ele me surpreendeu quando falou:

— Essa é sua gorjeta.

O que? Balancei a cabeça.

— Mas ainda não te servi nada.

— Ah, não se preocupe com isso. — Ele se sentou no banco


diante de mim e apontou para Brandt. — O imbecil ali pode me
trazer uma cerveja. Então... — Juntou as mãos. — Vá buscar,
Fido.
— Espera. Você quer que eu te sirva, mas dará minha
gorjeta para Juli? — Perguntou Brandt.

— Uh... sim. — Ten fez uma careta como se isso fosse


óbvio. — Ela tem muito mais atrativos que você. Além disso, não
dou gorjetas a caras.

— Que tipo de cunhado é você? — Brandt rosnou enquanto


se virava para pegar uma garrafa de Blue Moon no refrigerador.

— O melhor tipo. Agora ganhe seu pagamento, princesa. —


Olhando para mim ele piscou e disse em voz baixa: — Não se
atreva a lhe dar essa gorjeta, Rihanna. Vou me certificar que ele
ganhe algo no final da noite.

Assenti assim que Brandt parou ao meu lado e deixou cair


a garrafa diante do seu cunhado, depois tirou a tampa com um
abridor de garrafas antes de se virar para jogá-la fora.

— Ei, onde está minha fatia de laranja? — Perguntou Ten.

Brandt lhe devolveu o olhar, murmurando:

— É sério?

Peguei com um palito uma fatia da bandeja..

— Aqui está.

— Obrigado. — Um sorriso ofuscante surgiu e depois


outros cinco dólares brilharam na minha frente. — Outra gorjeta
para você.

Brandt suspirou e sacudiu a cabeça.

— Suponho que quer que abra uma conta para você?


Ten acabou de colocar sua laranja na garrafa e estava a
ponto de tomar um gole quando recuou dramaticamente.

— O que? Eu devo pagar por esta merda? Pick! — Ele


rugiu, e notei que meu chefe saiu do seu escritório e se juntou a
nós no bar, onde se aproximou de um banco ao lado de Ten. —
Você me convidou para seu bar para tomar umas bebidas e
agora quer cobrar? Que raios?

— Olá para você também. — Pick se sentou enquanto


movia sua atenção para Brandt. — E sim... as bebidas de Ten
são por conta da casa esta noite. Como a de todos outros. Mason
e Quinn devem chegar logo.

— O que? Gam não vem esta noite? — Perguntou Ten.

— Não. Eu chamei, mas Noel disse que era uma noite ruim.
Tanto ele quanto Colton ficaram em casa com Aspen e as
crianças.

Prestei atenção ao escutar o nome de Colton. E haviam dito


Aspen? Eu ainda estava curiosa para saber quem era ela. Ele a
mencionou antes, mas eu estava muito bêbada para conectar a
relação.

Ten fez uma careta.

— Ela teve um mau dia, não é?

Pick suspirou e assentiu tristemente. — E ontem à noite


também, pelo que ouvi.

— Colton me contou que quando chegou em casa na noite


anterior — Brandt falou a Ten, se juntando a conversa enquanto
colocava uma cerveja aberta diante do Pick — Lucy Olivia
chorava em seu berço e Aspen e Noel estavam no quarto
gritando um com o outro.

— Espera, o que? — Ten balançou a cabeça como se


quisesse limpá-la. — Você falou que Gam estava gritando com
sua mulher? De maneira nenhuma.

— Eu sei. — Brandt sacudiu a cabeça, parecendo um


pouco abatido também. — Mas depois que Colton os separou e
fez com que a bebê se acalmasse, ele saiu para falar com Noel
onde estava se acalmando, e... — Ele sacudiu a cabeça. —
Homem, não sei. Ele falou que Noel estava de mau humor,
tremendo, gritando e se irritado por ter perdido a paciência.
Colton ainda não sabe por que brigaram, mas seja o que for, fez
com que Noel perdesse sua paciência de aço e ... explodisse.

— Deus. — Ten sacudiu a cabeça como se tivesse chocado.


— Essa merda de depressão pós-parto é uma cadela
desagradável, não é? Se isso fosse um cara, eu daria um murro
direto em suas bolas por eles.

Respirei fundo quando um triste silêncio caiu sobre os três


homens. Eu sabia que não devia ouvir essa conversa sobre o
irmão de Colton e sua cunhada, mas não fazia ideia do que
aconteceu na noite anterior. A linda mensagem que ele me
enviou esta manhã não mencionava nada sobre seu drama
familiar, o que foi uma espécie de tapa na cara, me lembrando
que nosso relacionamento não se tratava de compartilhar
problemas familiares.

Não importa que tipo de pensamentos eu tive sobre ele todo


o dia, nossos termos foram sexo e somente sexo.
Mas parecia que ele teve uma noite muito difícil, uma noite
que ele teve que consertar, embora não foi quem causou o
problema.

Eu queria consolá-lo.

— Falando em Colton — Tem falou, me fazendo pular


quando seu nome reapareceu. — Quem é a nova garota que ele
está fodendo?

Como é?

Congelei, antes de lentamente virar meu olhar na sua


direção. Ele estava se dirigindo a Brandt, que balançava a
cabeça, confuso.

— Não tenho certeza a que se refere — Ele respondeu


lentamente. — Ele não tem namorada.

— Bem, ele dormiu com alguém — Anunciou Ten. — E foi


bom. Quer dizer, suponho que aconteceu na noite anterior a sua
aparição na nossa casa e ele continuava no paraíso. Estou
dizendo, o garoto parecia que foi beijado pela deusa de toda
excelência pós-coito. Uma mulher sacudiu seu mundo do fodido
eixo.

Oh meu Deus, Oh meu Deus, Oh meu Deus! Ele estava


falando de mim.

Meu rosto ficou quente e pressionei meus lábios,


começando a me virar só para apanhar Pick me observando
especulativamente.

— Não — Brandt disse com autoridade. — Se Colton


estivesse vendo alguém, eu saberia.
— Bom, se é assim — Murmurou Pick, ainda me
observando — Tenho certeza de que ele contará quando estiver
pronto.

Soltei um suspiro e me virei, pressionando a mão contra


meu abdômen. Ele manteria nosso segredo. Não tinha certeza se
gostava que Ten soubesse, mas estava feliz por Colton não estar
fofocando.

— Boa noite, pessoal. Não estamos atrasados, não é? —


Perguntou uma nova voz atrás de mim, me fazendo virar para
receber os recém-chegados.

Mais dois se juntaram ao grupo, sentando-se nos bancos


em ambos os lados de Pick e Ten. Eu já vi os dois no bar antes e
conhecia seus nomes.

O Dr. Hamilton era alto e corpulento, o cirurgião mais


jovem e com o rosto mais magnífico do planeta. E o que era
ainda mais surpreendente nele, é que era também o homem
mais bonito, mais doce e mais tímido que já conheci.

Do outro lado dele, igualmente quente e agradável, mas


talvez não tão tímido, estava Mason Lowe. Ele tinha algum
parentesco com Pick, ou suas esposas tinham. Eu não sabia
muito bem. Ele vinha com frequência e ia direto para o escritório
de Pick. No entanto era um pouco estranho vê-lo parar no bar e
tomar uma bebida.

Curiosamente, fiquei sabendo que ele também era irmão da


esposa do Brandt, Sarah.

Então, enquanto Brandt ia diretamente cumprimentá-lo,


mostrei meu sorriso ao Dr. me Derreta.
— Olá, doutor Hamilton — Cumprimentei, minha voz
talvez, , um pouco ofegante. — O que posso te servir?

Seu sorriso fez minhas entranhas derreterem um pouco


(sim, definitivamente eu o apelidei bem) antes que ele dissesse:

— Tomarei um...

— Não, ouça... — Ten levantou a mão sobre o peito do Dr.


Hamilton. — Não sobrecarregaremos a linda Rihanna esta
noite ao fazê-la nos servir. O idiota pode trazer sua bebida.

— Rihanna? — O Dr. Hamilton franziu a testa em


confusão. — Pensei que seu nome fosse Julianna.

— É sério? — Ten me olhou com surpresa. — Então o nome


que te atribuí rima com seu verdadeiro nome? Isso é tão incrível!
— Ele estendeu sua mão para bater o punho comigo.

Eu não pude evitar, eu ri e bati no seu punho com o meu.

— Aqui está — Acrescentou, me dando outros cinco dólares


— Isso é por ter um nome impressionante. — Ele aplaudiu para
chamar a atenção de Brandt para que servisse o Dr. Hamilton.

E assim continuou a noite. Ninguém mencionou Colton de


novo ―para minha decepção‖ e nem tentaram teorizar quem era
sua nova amiga com benefícios ―para meu alívio‖, mas de algum
jeito fiquei perto do grupo. O lugar não estava cheio e havia algo
muito atraente sobre eles. Eu gostava deles, mas ainda mais...
eu gostava de conhecer seus laços com meu homem.

Eu sabia que não devia rotular Colton como meu. Mas ele
era. Depois de ouvir como nossa noite juntos o afetou,
definitivamente ele era meu. Só não tinha certeza de quanto
tempo poderia mantê-lo.

Mas uma coisa era certa, não estava disposta a desistir dele
tão cedo.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

A química é você tocando minha mente e colocando meu


corpo em chamas — Autor Desconhecido.

JULIANNA
Eu me sentia nervosa e tensa quando entrei na aula de
filosofia na manhã seguinte. Ainda não tinha certeza sobre o que
Colton faria.

Despertei com uma mensagem dele.

Colton: Doze horas. Espero que esteja bem descansada


boneca, porque esta noite cansarei essa boceta.

Não respondi. Estava muito nervosa e estressada com a


aula. Ele se sentaria ao meu lado, paqueraria comigo, me
beijaria?

É claro que se sentaria ao meu lado. Além daquele pequeno


desentendimento depois do casamento em que ficou chateado,
sempre que nos encontrávamos na mesma sala, ele se
aproximava, paquerava e conversava comigo. Mas o beijo... Eu
não sabia. Ele fazia demonstrações públicas de afeto com as
mulheres que via? Não que estivéssemos tecnicamente nos
vendo, como em uma relação, mas nem sequer me tocaria?

Uma parte de mim desejava isso. Depois de ouvir na noite


anterior como sacudi seu mundo o suficiente para fazer seu
cunhado notar a mudança, estava pronta para agarrar sua
camisa, puxá-lo e abusar da sua boca sem sentido, enquanto
outra parte de mim temia.

Eu estava pronta para este grande anúncio para o mundo?


Eu estava envolvida com um cara que não era da minha raça.
Não tenho ideia do por que eu não dei tanta importância para
esse assunto quando estava querendo sair com Brandt. Mas
agora que algo estava acontecendo entre Colton e eu, era
apenas... Nem sequer sabia o que era. Eu estava começando a
me preocupar com o que todo mundo pensaria, o que sabia que
não deveria, mas fiz de qualquer maneira.

Fiquei sem fôlego quando ele entrou na sala, bebendo da


minha caneca e de repente eu soube. Inferno sim, eu estava
pronta para ser vista em público com ele.

Meu estômago revirou quando me endireitei na minha


cadeira e olhei para o assento vazio do meu lado. Graças a Deus
ninguém ainda sentou ali. Eu poderia ser obrigada a jogá-los na
rua para abrir espaço para o meu homem. Mas quando voltei a
olhar para Colton, ele não estava mais na porta. Franzindo a
testa, procurei nos corredores até que o vi caindo em um assento
do outro lado sala e atrás de mim. Minha boca se abriu. Ele não
olhou para mim, nem sequer pareceu notar minha presença.

Que diabos?
Espere, talvez ele não tenha me visto. Tirei meu telefone da
mochila para enviar uma mensagem quando o professor chegou
e imediatamente começou a aula. Mordendo o lábio, deixei o
telefone sobre meu caderno e suspirei. Tarde demais.

Na verdade, tentei fazer anotações da aula, mas continuei


olhando por cima do ombro para Colton, que em nenhum
momento olhou para mim. Coloquei meu rosto em minha mão
enquanto descansava o cotovelo na mesa e empurrei minha
franja para o lado dos meus olhos quando meu telefone vibrou.

Quando olhei para baixo e vi o nome do Colton, meu


estômago se encolheu de emoção. Mas então li sua mensagem.

Colton: Pare.

Desculpe-me?

Olhei para ele franzindo a testa, não tendo certeza do que


estava me pedindo para parar. Ficou chateado porque eu não
parava de olhá-lo? Era esta sua maneira de me dizer que estava
cansado de mim e pronto para passar para outra mulher?

Apertando os dentes, escrevi.

Julianna: Pare O QUE, idiota?

Colton: Pare de ser tão quente. Estou tentando me


concentrar aqui. Mas estou ostentando meu tronco duro de
uma maneira que você não acreditaria. Sabe que não
podemos faltar aula dois dias seguidos para foder a tarde
toda. Então pare de me provocar agora.

Rolei os olhos e comecei a escrever.

Julianna: Eu estou te provocando? Filho da puta. Quer


falar sobre provocação. E esse cabelo despenteado que você
tem? Você SABE o quanto eu gosto de passar as mãos sobre
seu cabelo.

Ele respondeu segundos depois.

Colton: Isso foi apenas eu andando pelo vento. Agora eu


não acredito que o vento escolheu essa blusa que está
usando. Seus peitos parecem enormes nisso. Estão me
pedindo para pressionar meu rosto sobre eles. Terei que me
masturbar entre as aulas se quiser chegar a esta noite com
qualquer tipo de dignidade intacta.

Sorrindo porque ele mencionou a blusa que eu escolhi


especialmente para vestir hoje apenas para deixá-lo louco, baixei
meu telefone e me estiquei como se estivesse bocejando,
levantando meus braços sobre minha cabeça e arqueando para
trás meus ombros, o que empurrou meu peito para frente.

Um texto imediato apareceu.


Colton: Malvada.

Colton: Você é pura maldade, boneca.

Coloquei a mão sobre a minha boca porque sentia que não


deveria estar sorrindo tanto no meio da aula de filosofia.

E então, ele escreveu:

Colton: Talvez, você devesse soltar um peido ou


qualquer outra coisa para me ajudar a refrescar minha
libido furiosa.

Nesse momento, não pude me controlar e comecei a rir.


Todos os meus colegas se viraram para me olhar e até o Dr.
Taris parou de falar para arquear uma sobrancelha na minha
direção.

— Embora tenha certeza de que o fato de Sócrates se sentir


atraído por adolescentes pode ser divertido para alguns —
entoou o professor, olhando para mim com desdém — se
puderem conter sua alegria durante a aula, isso seria ótimo.

Coloquei a mão sobre minha boca e me afundei na cadeira


antes de murmurar:

— Sinto muito.

Eu não tinha ideia de que estávamos discutindo as


inclinações sexuais perversas de um filósofo no meio da aula.
Com as bochechas queimando de vergonha, arrisquei um olhar
para Colton.

Ele não estava olhando para mim, mas havia um sorriso no


seu rosto estendido de orelha a orelha.

O idiota.

Julianna: Você me pagará por isso.

Colton: Estou esperando ansioso.

Ele acrescentou uma carinha com uma piscada e isso foi o


final de nossas preliminares na aula de filosofia. Quando nos
despedimos alguns minutos mais tarde, ele se foi sem falar
comigo. Mas recebi outra mensagem que dizia:

Colton: 7 horas.

E isso foi tudo.

Honestamente, era melhor que não estivéssemos muito


perto um do outro neste momento. Nós teríamos faltado aulas
outra vez e acabaríamos na minha casa. Mas inferno, ele deve
saber que pode me matar mesmo sem falar comigo. Acredito que
me sentia mais ansiosa por vê-lo agora do que se ele tivesse se
aproximado de mim e começado a fazer sexo comigo no meio da
aula.

Quando cinco da tarde chegou e ele bateu na minha porta,


eu a abri além de ansiosa pela segunda rodada do nosso acordo
de apenas sexo.

— Olá. — Ele começou a dizer, só para ser cortado quando


agarrei um punhado da sua camisa. Então o puxei para dentro
do meu apartamento e o beijei. Com força. Antes que ele
pudesse se orientar, arrastei-o para o meu quarto, empurrei-o
sobre meu colchão e subi no seu colo, dando um vislumbre da
minha boceta quando minha saia subiu o suficiente para
mostrar que já tinha tirado a calcinha.

— Você tem trinta segundos para entrar em mim, ou


chutarei você para fora da minha cama — Ordenei enquanto
abria sua braguilha. — Está claro?

Ele já estava duro quando o puxei em minha mão.

Gemendo, envolvi meus dedos ao redor da base e o acariciei


até que uma gota de pré-sêmen apareceu na ponta.

— Cristo, boneca — Ele rosnou e deixou cair a camisinha


que estava tentando abrir.

— Eu cuido disso. — Tirando o pacote dos seus abdominais


onde caiu, abri-o com meus dentes e o rolei em seu eixo.

Colton estava meio sentado sobre seus cotovelos, me


observando. Mas logo caiu sobre os travesseiros e ficou olhando
para o teto com os lábios entreabertos e os olhos aturdidos.
Quando me afundei nele, ofegou e seu olhar incrédulo foi para
meu rosto. — Que diab... Uhhh.

Seus olhos rodaram quando me movi, tomando-o


profundamente e depois saindo antes de descer de novo sobre
ele.

— Merda — Rosnou antes de nos virar até que estivesse por


cima. Então se sentou e começou a empurrar rápido e duro, seu
olhar colado no meu rosto o tempo todo. — Você começou isto —
Avisou sem fôlego, me dizendo que chegou em um ponto além do
seu controle e que estava queimando para terminar.

Ri e arqueei meus quadris para receber cada mergulho seu,


tomando tudo. Me esticando, afundei as unhas no seu traseiro
nu e o puxei ainda mais contra mim. Apoiando suas mãos de
cada lado da minha cabeça, olhou para mim fixamente e
martelou minha boceta com cada palavra que gritava.

— A melhor... foda... do mundo.

Quando meu colo do útero se contraiu e começou um


orgasmo, estendi meus braços e abri mais as pernas, deixando-o
me devorar. Fluía por cada terminação nervosa em meu corpo e
me sentia como uma espécie de consumo divino. Eu gostei de
cada segundo.

Deus, eu adorava sexo com Colton.

Arquejando em cima de mim enquanto soltava sua


liberação, baixou a cabeça e ofegou para respirar, antes de
exalar e encontrar meu olhar.

— Ok, estas roupas têm que desaparecer.

Ele se sentou de novo para poder tirar a saia por minhas


pernas e então me sentou para poder tirar minha blusa e o
sutiã.

Enviei-lhe um olhar estranho, mas cumpri sem protestar.

— Mas já terminamos.

Ele bufou.

— Com o primeiro round, sim. Da próxima vez pretendo


desfrutar mais de outras partes do seu corpo. — Então ele pulou
da cama para tirar roupa e a camisinha. Quando voltou, deitou
ao meu lado e sorriu.

— Então, olá — Disse, ainda um pouco sem fôlego. — Como


foi seu dia?

— Bom — Respondi, virando para ele e passando a mão por


seu peito, então sorrindo para sua pele que fiz corar e umedecer.
— Como foi o seu?

— Está melhorando. — Agarrou meu ombro quando o


empurrei de costas e em seguida me inclinei sobre ele para
poder distribuir beijos em seu torso.

— Sim — Concordei. — As coisas estão melhorando


conforme avança o dia. — Movi minha atenção até chegar em
seu rosto e sorrindo enfiei os dedos em seu cabelo e o beijei na
boca.

— Mmm. — Sua surpresa suavizou em sua garganta e ele


me beijou de volta.

Nossas línguas se enroscaram e nossos dedos


entrelaçaram. Pele deslizou contra pele até que ele me rolou
sobre minhas costas ficou em cima de novo. Ele colocou meu
rosto entre suas mãos e me beijou um momento antes de
afastar-se e pressionar brevemente os lábios contra minha testa.
Então me olhou nos olhos como se me visse pela primeira vez.

— Um... não que esteja reclamando, mas Jesus Cristo,


boneca. O que diabos aconteceu com você está noite? Eu poderia
jurar por um minuto que realmente se alegrou por me ver.

Enruguei o nariz, descartando essa ideia.


— É claro que não. Acho que você me abrandou por um
momento com essa estupidez de conchinha que me obrigou a
fazer da última vez. Tenho certeza de que o tirarei do meu
sistema em breve.

Seu sorriso brilhou.

— Nesse caso. — Ele pulou, me afastando e virando de


lado, então estávamos na posição de conchinha. — Precisamos
reabastecer mais poderes da conchinha para que fique assim por
mais tempo. — Então suspirou e relaxou, acariciando com sua
perna a parte de trás da minha e ajustando seu pênis contra
meu traseiro enquanto seu peito pressionava minhas costas. —
Sim, este é o lugar certo, não é?

Sim, era.

— Humm, não é horrível — Falei enquanto agarrava seu


braço e o mantinha no lugar. — Posso até permitir que nos
aconcheguemos em nosso arranjo se você não estragar tudo nos
próximos minutos. Mas ainda planejo me vingar por me fazer rir
na aula no pior momento possível. — Só que mesmo quando o
adverti, fechei os olhos e inclinei a cabeça para trás para apoiá-
la em seu ombro, totalmente incapaz de ficar irritada com ele
por alguma coisa.

— E ainda estou ansioso por isso — Respondeu, arrastando


os dedos por minha cintura até que estava segurando meus
peitos. Logo rolou o bico do meu mamilo sob o polegar. A
excitação me atravessou. Apertei mais forte meu traseiro contra
seu colo e movi minhas pernas incessantemente junto às suas.
Sua outra mão escapou e encontrou meu clitóris.
— Maldito — Falei com um suspiro, incapaz de mover meus
quadris em sua mão. — Como consegue fazer com que eu
sempre goste de tudo o que faz comigo?

— Acho que é porque você gosta de mim.

Sacudi a cabeça, negando totalmente essa noção.

— Impossível.

Ele riu entredentes.

— Farei você admitir isso — Avisou, nos rolando até que


ficou de costas e eu também, mas em cima dele. Nós dois
encarávamos o teto enquanto ele brincava com meus peitos e
boceta ao mesmo tempo. — Mas até então, te foderei, assim.

Pisquei, sem saber como ele conseguiria. Mas ele me


mostrou pegando outra camisinha e em seguida inclinando
meus quadris depois que estava pronto e investindo dentro de
mim por trás. Arqueei as costas, surpresa pela invasão. Ele não
podia ir muito fundo desde ângulo, mas com os dedos em meus
clitóris e mamilos, senti muito mais do que uma provocação.

A tensão se construiu com rapidez, precisando de mais,


mas sem conseguir. Arqueei em cima dele, tentando contorcer
meu corpo para que ele pudesse ir mais fundo, mas não era o
suficiente.

— Droga — Ele falou antes que nos rolasse no colchão.


Então me vi de bruços com ele atrás de mim, Colton ficou de
joelhos e começou a martelar, fundo e rápido.

Gritei, grata por estar recebendo o que precisava.


Agarrando os lençóis, pressionei meu rosto na cama e movi meu
traseiro, forçando-o até o punho e então pude gozar como
desejava.

Seus dedos apertaram meus quadris quando ele caiu para


frente. Com um rugido de liberação, ele me seguiu na escuridão.

Uma vez que sua paixão foi saciada, ele caiu em cima de
mim, nos deslizando no meu colchão, embora
surpreendentemente, fosse confortável.

— Admita — Sussurrou suplicante, pressionando seu rosto


contra a parte de trás do meu ombro.

— Ok, talvez eu goste — Sussurrei em resposta. Em troca o


senti sorrir.

— Você ficará esta noite?

Colton levantou o olhar do seu livro onde estava deitado do


outro lado da minha cama.

— Não sei. Vou?

Ele ficou mais de duas horas, e de algum jeito acabamos


fazendo nossa lição de casa, tudo na cama juntos. Por alguma
razão, não pedi que ele fosse embora e ele não sugeriu. Durante
a maior parte do tempo, nos sentamos juntos, estudando em
silencio com um ocasional jogo de chutes, até que ficamos com
fome. Só então deixamos o quarto: ele para usar o banheiro e eu
para levar um prato cheio de queijo, bolachas e fatias de maçã...
Oh e Doritos junto com refrescos. Normal, comida de
sobrevivência.

Tanto Tyla, quanto Sasha saíram para algum lugar com


seus parceiros, então corri de volta para o meu quarto, onde ele
já estava esticado na cama, franzindo o cenho para a folha de
trabalho que deveria preencher.

Quando entrei, ele levantou a vista e sorriu. — Você é


genial. Isto parece perfeito.

Comemos sentados de pernas cruzadas na cama, um de


frente para o outro e incapazes de parar de trocar sorrisos
enquanto acabamos com todas as batatas fritas e uma boa
porção das guloseimas no prato.

Depois disso, voltamos a estudar até que me cansei. E


como não estava com pressa para que ele fosse embora, soltei a
pergunta antes de pensar nas implicações. Mas quando ele me
deu a opção caso mudasse de ideia, só me fez querer que ficasse
ainda mais.

Então me encontrei dizendo: — Sim. Você ficará.

Seu sorriso foi imediato.

— Ótimo. Só tenho que avisar a Aspen e o Noel, que não


estarei em casa esta noite. — Ele agarrou seu celular e começou
a escrever um texto. O nome de Noel me fez lembrar da conversa
que escutei na noite anterior no Forbidden, de como sua
cunhada Aspen estava sofrendo de depressão pós-parto e ele
teve que ajudá-los a acabar com uma briga.
Querendo que ele me contasse, deixei escapar: — Quem é
Aspen? — Embora já soubesse a resposta.

Colton olhou para cima enquanto jogava o telefone na


mesinha junto a mim.

— O que?

— Aspen — falei. — Você mencionou o nome dela na noite


do casamento, mas estava muito bêbado para me explicar quem
era.

— Oh. Ela é minha cunhada, a esposa do Noel, mas


também é como se fosse minha mãe. Ela é a mãe biológica do
Beau e da Lucy Olivia. São os filhos do Noel. Lembra do Beau na
dança da galinha, né? — Quando assenti, ele se recostou contra
os travesseiros e colocou o braço sob sua cabeça. — Aspen e
Noel foram meus tutores desde que eu estava com oito anos.
Então na maioria das vezes, penso neles mais como meus pais
do que como irmãos.

Seu olhar baixou com um ar triste, então questionei: —


Você parece um pouco triste por isso.

Com os olhos brilhando, ele respondeu imediatamente: —


Não! Oh, merda, não. Eu amo os dois. Eles eram ótimos. Eles
são ótimos. É só...

— O que aconteceu? — Perguntei suavemente, deslizando


para o lado dele.

Ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos antes de


pressionar sua palma contra a minha e estudar os diferentes
tons de nossa pele se misturando.
— Aspen ficou grávida no ano passado, mas não percebeu
até que estava com quatro meses ou algo assim. O problema é
que ela tomava pílulas anticoncepcionais, então as deixou
imediatamente, mas ela e Noel ficaram assustados por um
tempo, preocupados que o bebê pudesse ter problemas. Só que
cada exame era normal e Lucy Olivia nasceu no tempo certo no
final de novembro, tão saudável quanto é possível. O problema
veio quando Aspen se tornou insensível. Eles a diagnosticaram
com depressão pós-parto. Na maioria dos dias ela nem sequer
consegue sair da cama. E quando o faz, geralmente acaba
chorando ou fica tão chateada que grita com todos. — Negou
com a cabeça e se apoiou contra mim. — É muito traumático
para todos porque Aspen não é assim. Ela é doce, amável,
generosa e desinteressada. Isto ... não é ela de jeito nenhum.

Virei meu rosto e beijei seu ombro.

— Vocês procuraram ajuda?

— É claro. Fomos ao médico e a levamos para a terapia e


receitaram alguns comprimidos. — Ele encolheu os ombros. —
Alguns dias, funciona. Na verdade, seus dias bons estão
compensando os ruins, mas porra, esses poucos dias ruins estão
piorando. Não sei se sua depressão está desesperadamente
tentando se segurar nela ou o que, mas esses dias são terríveis.

Prendi a respiração, me preparando para que ele me


contasse da discussão que teve que resolver no sábado, mas
quando não o fez, percebi que ela estava bem. Eu quase o
respeitava mais por preservar a privacidade de Noel e Aspen.
— Aposto que é difícil para você morar lá — Murmurei,
brincando com seu cabelo.

Ele virou o rosto e me estudou enquanto passava meus


dedos por suas mechas sedosas.

— Eles me tiraram do inferno — Ele falou. — Depois me


criaram como seu próprio filho em um mundo novo cheio de
merda que nunca pensei que poderia ter. Eu devo toda minha
vida a esses dois. Então acredite em mim, estou mais do que
feliz em ajuda-los de qualquer maneira que puder.

Merda.

Olhei-o fixamente, quase vendo uma nova pessoa, mas


ainda era mesma que conhecia há quase um ano. Ainda era o
Colton paquerador e despreocupado e, no entanto, era mais.
Muito mais.

Era como se ele não quisesse que ninguém soubesse que


era mais. Ele escondia sua profundeza das pessoas, como um
mágico. Com truques de mãos, truque de olhos, fumaça e
espelhos. Ele parava na frente da multidão, fazendo um grande
espetáculo com cachecóis e varinhas, e grandes chapéus pretos
— ou no seu caso, paquerando com sorrisos egoístas e
insinuações inapropriadas — enquanto todo o tempo tirava a
atenção do que realmente estava acontecendo, bem ali diante
dos seus olhos e escondia as melhores partes de si mesmo.

Franzindo a testa, conscientemente ele perguntou: — Por


que está me olhando assim?

Sacudi a cabeça, sem lhe dizer o que acabei de descobrir.


— Não é nada — Murmurei. Ainda não sabia o que fazer
com esta nova informação. Isso só me fez gostar ainda mais,
querer ainda mais, que quisesse... mais. E isso não foi o que
combinamos.

Se não tomasse cuidado, esquecerei todos os ―meus‖


problemas que repito toda vez que penso nele e a única coisa
que conseguirei será me machucar.

— Estou muito surpresa por sua devoção a família — Falei.


Então bati em seu peito como uma forma de me ajudar a não me
evidenciar muito no momento. Com um suspiro, comecei a
descer da cama. — Irei vestir um pijama. Volto logo.

Saí do quarto, precisando de um momento para me adaptar


ao que acabou de acontecer, ou o que acabei de descobrir, que
era tarde demais para recuar; eu me apaixonei por Colton
Gamble.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Diga antes que fique sem tempo. Diga antes que seja tarde
demais. Diga o que está sentindo. Esperar é um erro. — Autor
desconhecido.

JULIANNA
Minhas mãos tremiam enquanto aplicava o condicionador
no meu cabelo e o amarrava, e continuaram tremendo enquanto
lavei o rosto e vestia o pijama mais sensual que eu possuía.

Por que tremiam? Eu não tinha certeza. Quer dizer, não era
a primeira vez que achava que estava apaixonada por alguém.
Eu tinha certeza de que Shaun era o escolhido, mas olha como
terminou. Ele era um imbecil. Sinceramente, não deveria confiar
em minhas emoções.

No entanto, as coisas com Colton pareciam diferentes. Eu


queria me apaixonar por Shaun e eu lutei o tempo todo para não
me apaixonar por Colton. Abrir meu coração parecia
aterrorizante, ousado e perigoso. Sabia que ele poderia me
machucar como ninguém, porque lhe dei mais armas para fazer
isso... eu lhe confiei coisas, merda. E se não fosse ele quem me
machucasse, o que todo mundo pensaria por estarmos juntos? E
se o desprezo me destruísse?

Talvez Theo tivesse razão. Agora todos me olhavam com


desprezo. Quer dizer, até minhas duas melhores amigas estão
me evitando desde que Colton e eu começamos nossa aventura.
Elas podem ter me dado seu apoio e ficado curiosas antes que
alguma coisa tivesse acontecido, mas agora que aconteceu,
nenhuma delas me pediu um só detalhe como disseram que
fariam. Isso me preocupava, mas não o suficiente para renunciar
ao que tenho com o Colton.

Ele valia a pena. Valia a pena as objeções que


receberíamos de nossas famílias e de nossos amigos. Ele valia a
pena a dor que eu estava quase certa de que viria. Ele valia a
pena tudo.

Não tinha certeza se ele também se sentia assim, ou se


estava se divertindo comigo.

Uma coisa era certa, eu não podia perguntar a ele. Eu


sentia muito medo de saber se tudo isto era correspondido ou
não.

Decidindo que me deixaria levar e continuaria me


divertindo como fazíamos, para ver aonde as coisas iriam deste
ponto, voltei para o meu quarto, um pouco tonta quando vi seus
sapatos no chão enquanto abria a porta.

Ele ainda não estava saindo. Isso me emocionou


imensamente. Ele ria na minha cama enquanto fechava a porta
atrás de mim.
— O que é tão engraçado? — Perguntei antes de perceber
que ele estava deitado de bruços e a parte superior do tronco
estava apoiado em seus antebraços enquanto lia meu Kindle.
Soltei um suspiro afiado e envergonhado. Não! — Você está
lendo meu livro?

Ele gesticulou para minha mesa de cabeceira, deixando-me


saber que o encontrou lá, como se algo ali pertencesse a
comunidade ou algo assim. Então riu .

— Não posso acreditar que você realmente lê essa merda. É


hilário. Esse cara acabou de gozar umas cinco vezes dentro
desta garota, sem descanso. Em que universo isso é acreditável?

Meu Deus, é claro que ele encontrou uma cena sexual


dentre todas as coisas.

— É ficção — Argumentei defensivamente enquanto


retirava meu leitor eletrônico da sua mão. — Eu gosto que seja
meio impossível. Por isso eu leio, idiota. Para fugir do mundo
real. Se quisesse algo acreditável, pararia de ler e voltaria para
minha vida.

— Sim, mas ela chamou de "vara de carne" o seu pau.

— Oh, meu Deus. — Franzi o cenho. — Você é uma dessas


pessoas irritantes que criticam cada detalhe de um livro, não é?

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Não posso acreditar que você não seja. Já leu o que ele
falou quando ela abriu as pernas?

— Não — Quando ele estendeu a mão em busca do meu


Kindle para encontrar a linha brega que queria citar. — Não se
atreva estragar esta história com tolices lógicas. Eu gosto das
emoções que isso causa. Por isso estou lendo.

Ele piscou um momento antes de balançar a cabeça e


murmurar:

— Acho muito interessante aprender coisas sobre você.


Quer dizer, sério; como pode ser tão... você, e depois ler algo que
é tão... não você?

— Eu te falei. — Apertando os dentes, enviei-lhe um olhar


penetrante, tentando fazê-lo mudar de assunto. — É uma fuga.

Seu olhar suavizou antes que tranquilamente perguntasse:

— Você não está contente com sua vida?

— Eu... — Hesitei um momento antes de soltar uma risada


nervosa. — Não sei a que se refere. É claro que estou contente
com minha vida.

— Então, do que está tentando fugir?

— Não... — Encolhi os ombros, de repente exposta e sem


saber como responder. — Não sei. Às vezes me canso de ter que
agir de certa forma e me vestir de certa maneira...

Colton entrecerrou os olhos.

— O que significa de certa maneira? Você não usa o que


quer usar?

— Mmm... Não. — Olhei-o como se estivesse louco. — De


maneira alguma eu poderia sair do meu departamento sem
parecer cem por cento apresentável. — Quando ele apenas olhou
para mim em total confusão, suspirei. — Não importa. Você não
entenderia.
Ele cobriu minhas mãos com as suas.

— Então me faça entender.

Quando percebi que ele não deixaria o assunto, rosnei:

— Você é um cara branco.

— Está tudo bem. — Ele disse lentamente. — Eu já sabia


isso. não entendo o que diabos isso tem a ver com alguma coisa.

Oh Deus, notei que teria que ser direta.

— Bom, eu não sou um cara branco. Então tenho que


trabalhar duas vezes mais duro para conseguir a metade do que
você tem. A sociedade me olha e vê uma mulher negra. Não
posso dar outra razão para olharem por cima do ombro e
pensarem menos ainda de mim. Não saio da minha casa com
um só fio de cabelo fora do lugar, sem minha roupa estar
impecável, sem minha maquiagem...

— Espera, espera, espera. — Ele moveu as mãos para me


deter. — Então... todo este regime de perfeição que você passa
todos os dias é apenas... é tudo para aqueles que te odeiam?

Franzi o cenho ante isso. Quando ele dizia assim, soava


mal.

— Não — Comecei. Mas não sabia como explicar isso.


Pisquei e meneei a cabeça, confusa.

— Oh, boneca — Ele murmurou com simpatia. — Não


importa o que faça, use ou diga. Todos somos julgados. Antes de
me mudar para Ellamore, eu morava com minha mãe bêbada,
puta e drogada. Os meninos Gamble ficaram selvagens sem
nenhuma orientação paterna, disciplina, higiene, roupa nova,
nem um bom exemplo para nos ensinar o que era certo e o que
era errado. Lembro que minha professora de jardim de infância
me dizia que eu era lixo do parque de trailers. E se nós
tivéssemos ficado naquela cidade, é provável que fosse
exatamente nisso que teria me transformado. Porque eles me
fizeram acreditar que isso era tudo o que eu poderia ser.

— Oh, Colton. — Tampei minha boca com as mãos. Isso era


horrível. Eu queria voltar ao passado e dar uma bofetada na sua
professora do jardim de infância e então em sua mãe também,
bem nas tetas. Então queria encontrá-lo no jardim e dar um
enorme abraço e dizer que ele era especial e maravilhoso e que
nunca devia ser nada além de si mesmo.

— Mas não teria importado se eu fosse educado de outra


maneira — Continuou. — Se eu fosse um garoto rico com pais
que cuidassem muito de mim e me dessem de tudo, alguém diria
que eu era um idiota rico e arrogante que pensava que era
melhor que todos os outros. Então você vê, um idiota por aí que
não sabe nada sobre você sempre julgará, não importa o quão
impecavelmente se apresente, porque é isso que eles fazem.
Julgam. Você não deve viver sua vida de acordo com eles. Isso
não mudará seu ponto de vista. Isso só fará você infeliz e nunca
se sentirá à altura, quando na realidade, o problema são eles e
não você. — Puxando-me em seus braços, ele beijou meu cabelo.
— Se quiser fodê-los, vista-se, fale e aja do jeito que quiser e se
sinta feliz consigo mesma, não importa o que pensem.

Pisquei rapidamente, me sentindo totalmente mal-educada


e um pouco pequena por ter vivido tanto tempo da minha vida
de acordo com completos estranhos que não sabiam nada sobre
mim, mas que me odiariam de qualquer maneira.

— Merda — Sussurrei, recuando para poder olhar em seu


rosto. — Onde diabos você esteve toda a minha vida? — E por
que ninguém me ajudou a ver isto antes?

Ele sorriu e se inclinou para me beijar.

— Estive te procurando, boneca.

Este sentimento de satisfação se expandiu dentro do meu


peito até que parecia tão grande e cheio que pensei que poderia
sair. Olhei para o Colton, sem saber se ele tinha alguma ideia do
que estava causando. Eu esperava que não, porque não tinha
muita certeza se queria que ele soubesse disso.

Quando seu sorriso se tornou carinhoso e divertido, ele se


inclinou e levou um dedo em direção ao nó alto do lenço de seda
na minha cabeça.

— Ok, eu preciso saber. O que é esta coisa?

Fiz uma careta e dei um tapa na minha cabeça para ter


certeza de que nada havia se movido.

— É um turbante para o cabelo. Obviamente.

— Para o cabelo — Repetiu com curiosidade. — Você usa


todas as noites?

— É claro. — Olhei-o como se estivesse louco. Como diabos


não sabia sobre turbantes? — O que tem de errado?

Quando arqueei minha sobrancelha de forma desafiante,


ele ergueu as mãos em rendição.
— Nada. Eu acho que é adorável. Mas, não te incomoda?
Acho que me incomodaria muito dormir com alguma coisa na
cabeça.

— Eu dormi com isso na cabeça desde que me lembro,


então... não. Não me incomoda.

— Ótimo — Ele murmurou espantado, ainda olhando para


meu turbante e estendendo a mão para tocar o nó de novo.

Afastei sua mão com um golpe; mas depois arruinei a


repreensão com uma risada.

— Quer parar?

— Não posso evitar. É tão lindo.

— Oh meu Deus, você é impossível. Não é para ser lindo. É


para manter o cabelo na minha cabeça.

Ele riu.

— Para onde exatamente você acha que ele fugirá?

— Deus, tenha misericórdia. — Revirei os olhos,


percebendo que ele precisava de uma explicação. — Eu tenho o
cabelo muito seco. Na verdade, só posso lavá-lo uma vez na
semana ou ele se se quebra até que restar algumas mechas
espaçadas. Além disso, eu o aliso o que faz ressecar ainda mais.
Então tenho que condicioná-lo e envolvê-lo em seda — porque o
algodão extrai a umidade o que ressecaria ainda mais todas as
noites para mantê-lo o mais saudável possível.

— Sério? Eh, eu não fazia ideia. Tenho que lavar o cabelo


todas as manhãs ou vira um poço de gordura. — Seu olhar
vagou pelo meu turbante outra vez. — Sabe, eu podia esfregar
minha cabeça contra a sua e passar um pouco da mi...

Quando ele inclinou a cabeça para o lado e tentou esfregar


seu cabelo contra meu ombro, soltei uma risada e o empurrei.

— Iuug. Não! — Embora soubesse que seu cabelo não


estava nem perto da fase nojenta, era divertido fingir asco.

Ele riu e tentou compartilhar sua oleosidade capilar comigo


de novo.

— Fique quieta. Acho que tenho quase o suficiente para


você.

— Oh, isso é nojento. Você é tão nojento. — Coloquei minha


mão em seu rosto para evitar que ele se aproximasse justo
quando seu telefone tocou com uma mensagem recebida.

Nós dois ficamos paralisados, nossos sorrisos se apagaram.

— Pode ser o Noel — Ele falou, se endireitando enquanto


procurava seu telefone. Se seu irmão precisasse, eu sabia que
ele teria que ir. Respirei fundo, esperando que seu irmão não
precisasse dele.

Um segundo depois de ler a mensagem, seus ombros


relaxaram.

— Era só a minha irmã, Caroline — ele me informou. — Ela


foi até minha casa esta noite e ajudou com as crianças. — Ele
me mostrou a tela para que eu pudesse ler o que sua irmã
escreveu.

Viva! Foi uma noite boa em Aspen Lândia :D


Comecei a sorrir, feliz por sua cunhada ter passado uma
noite bem. Um segundo mais tarde, Caroline lhe enviou outra
mensagem de texto que apareceu enquanto ele ainda me
mostrava a primeira.

Por sinal, eu consegui uma motosserra.

Pisquei.

— Uma motosserra?

— O que? — Ele virou a tela para si, apenas para sorrir. —


Oh carinho. Eu não tive sorte. — Enquanto escrevia uma
resposta, olhei para ele.

— Será que eu quero saber por que você e sua irmã falam
de motosserras?

— Mmm? — Ele olhou para cima, somente para dizer: —


Oh — E deu de ombros. — Somos Viners.

Para mim isso não explicava nada. Então o observei por


mais tempo.

— Você é... Vin o que?

— Sou um Viner. — Ele baixou o telefone e me deu um


olhar estranho. — Você não tem o aplicativo Vine?

— Não. Sinto muito. O que é o aplicativo Vine?

Sua boca se abriu.


— Não... espera, você nem sabe o que é o Vine? Como isso é
possível?

— Ei — Murmurei — Você nem sabia o que era um


turbante de cabelo.

— Tem razão. Sinto muito. Explicarei para você. Vine é


apenas mais uma rede social de troca, esta é para vídeos curtos
de três a sete segundos. As pessoas usam para publicar
brincadeiras, música, merdas de jornalismo, comédia, coisas
políticas e merdas assim. Meu perfil é estritamente sobre
comédia. Na realidade, a página não é somente minha. Minha
irmã, Caroline e eu compartilhamos. Ela aprendeu um monte de
truques de edição na universidade e me ensinou alguns, então
um ano atrás quando comecei, pedi-lhe um pouco de ajuda, e...
— Ele revirou os olhos. — Você conhece as irmãs. Ela fez o seu
trabalho até que nos encontramos dividindo a página, meio a
meio.

— Bem, parece algo... muito sério.

— Sim, bem... quando chegamos a dois milhões de


seguidores, escolhemos alguns patrocinadores e começamos a
ganhar dinheiro com isso.

— Espera, o que? — Levantei a mão para detê-lo e poder


entender melhor isso. — Você falou dois milhões de seguidores?
Como diabos tem tantos seguidores em algo que eu nunca ouvi
falar?

— Não sei. Devo ser impressionante, eu suponho. —


Quando apenas olhei para ele boquiaberta, ele piscou para mim.
— Quer ver alguns dos nossos Vines?
— Diabos, sim.

Enquanto procurava em seu telefone e abria um aplicativo,


balancei a cabeça.

— Espera. Você está entrando no YouTube. Pensei que


tivesse dito que estava em seu próprio site no Vine, ou o que
seja.

— Sim, mas postamos nossos melhores Vines no YouTube


para que possam ver mais de um de uma vez. Aqui. Olhe.

Ele teclou algumas palavras de busca, depois deslizou por


uma tela até que chegou em algo chamado Não–Colton–Não.

— Esse é o nome de usuário para nosso perfil. Caroline


costumava ler um livro para mim chamado “Não, David!” quando
eu era pequeno e era meu favorito porque meu segundo nome é
David. Além disso, eu interpreto mal as coisas de uma maneira
literal em nossos Vines, então tudo parecia se encaixar.

Assenti, amando a explicação de como eles tinham


inventado seu nome de usuário, enquanto pressionava
reproduzir. O que apareceu foi a mistura mais estranha de mini
vídeos que eu já vi. Alguns eram estranhos, mas depois outros
me fizeram rir até que chegamos a um onde sua irmã disse que
estavam crescendo em par e literalmente começou a brotar uma
pera5 de um ramo em sua testa e perdi o controle. Comecei a rir
até as lágrimas.

Cada vídeo era pura tolice, saudáveis o suficiente para que


crianças pudessem vê-los e absolutamente não era algo que eu

5
Em inglês pair (par) e pear (pera) soam muito parecido, daí o duplo significado.
esperava que o garoto paquerador que conheci quase um ano
atrás participasse. Basicamente ele zombava de si mesmo em
cada Vine. Eu adorei, eu adorei aprender sobre este novo lado do
meu homem.

— E vocês ganham dinheiro com isto? — Perguntei,


olhando para ele antes de me aproximar o suficiente para
descansar o queixo em seu ombro e continuar observando-o
fazer as coisas mais estranhas na tela do seu telefone.

— Sim — Ele respondeu, soando orgulhoso de si mesmo.

— Quanto dinheiro? — Continuei perguntando.

— O suficiente para me ajudar a pagar a faculdade e deixar


que Caroline fique em casa com sua filha.

Merda. Isso era impressionante. Eu estava orgulhosa dele,


mas murmurei:

— Que estranho. — E balancei a cabeça enquanto


desfrutava vendo sua compilação de Vine.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

A propósito, estou usando o sorriso que me deu. — Autor


desconhecido.

JULIANNA
Acordei na manhã seguinte com Colton beijando até meu
ombro.

Murmurando incoerentemente pelo fato de que agora


estava acordada e ainda não queria estar, rolei para ele e tateei
às cegas até que encontrei seu peito, que estava coberto pelo
tecido de algodão da sua camisa.

Sim, isso melhorou o despertar. Só que... espera um


segundo. Meus olhos se abriram. Ele não estava vestindo uma
camisa quando se deitou na cama. Encontrando-o vestido, fiz
beicinho imediatamente.

— Você já vestiu a roupa.

— Eu sei, eu sei. — Ele deixou escapar um suspiro


dramático. — Você quer fazer um pouco de sexo matinal, eu
entendo. Quero dizer, olá. — Ele fez um gesto com a mão sobre o
peito. — Por que não? Mas sinto muito, boneca. Já estou
atrasado. Tenho que ir para casa tomar banho e me trocar.
Minha primeira aula começa em meia hora.

Ele apertou os lábios na base do meu pescoço, me beijando


ruidosamente antes de se afastar e pular fora de minha cama.

— Quando é sua próxima noite livre? — Perguntou


enquanto calçava os sapatos.

Gemi porque minha agenda estava muito cheia esta


semana.

— Na quinta-feira. — Essa era a noite das garotas no


Forbidden e nesse dia só trabalhava os garotos.

— A contagem regressiva começa de novo. — Fazendo uma


pausa para checar seu telefone e escrever algo rapidamente,
sorriu e piscou para mim antes de deslizá-lo no bolso.

Meu celular tocou um segundo depois, enquanto ele se


dirigia à porta. Franzido a testa, verifiquei o telefone e vi que ele
me enviou uma mensagem dizendo:

Colton: 60 horas.

Meu interior esquentou e meu rosto se abriu com um


sorriso. Mas só para contradizê-lo, ergui uma sobrancelha e
falei:

— Cinquenta e oito.

Ele riu e respondeu da mesma maneira:

— Cinquenta e sete e meia.


E depois se foi, seus passos ecoando pelo corredor até que
ouvi a porta da frente se abrir e fechar.

Fiquei ali deprimida por um momento antes de olhar a


hora. Abri os olhos pulando da minha cama, gritando:

— Merda. — Esqueci de ligar o alarme. Assim como ele, eu


também tinha meia hora para me levantar e me preparar antes
da aula.

Abri meu armário e automaticamente agarrei algo típico e


apropriado, mas então parei quando as palavras de Colton da
noite anterior ecoaram através de mim.

Empurrando o suéter bege para dentro, peguei a blusa de


cor turquesa escura com um grande apanhador de sonhos
estampado nela de maneira que parecia decorar meu ombro. E
quando cheguei ao meu cabelo, despenteei-o um pouco na parte
de trás. Então coloquei um pouco mais de cor na maquiagem e
quando terminei, dei um passo para trás e olhei a imagem
completa.

Eu gostei, achei que estava bonita e isso era tudo o que


importava. Incapaz de parar de sorrir, comecei a sair do
apartamento até que uma chamada de telefone me parou.

— Oh, meu Deus — Sasha gritou no meu ouvido. — Deixei


minha mochila em casa e tenho que entregar uma redação para
meu professor de inglês em uma hora e vinte minutos. Por favor,
me diga que ainda não saiu do apartamento.

— Você tem sorte — Disse. — Estava prestes a sair pela


porta. Está no seu quarto?
— Sim, na minha cama. Obrigado, Juli. Eu te devo uma.

— Não tem problema — Respondi, caminhando para o seu


quarto. Na verdade, eu me senti honrada por procurar suas
coisas. Ela me ligou para pedir ajuda e não para a Tyla. Isso
pateticamente me agradou até que percebi que ela poderia ter
ligado primeiro para Tyla só para descobrir que Ty não se
encontrava em casa.

Minha ânsia de agradá-la diminuiu um pouco quando


percebi que era provável que eu fosse a segunda opção, mas
ainda estava disposta a ajudar.

— Onde você quer que nos encontremos? — Perguntei


quando peguei sua bolsa da cama desfeita e saí correndo do
apartamento com nossas coisas.

— Que tal junto à estátua do viking no pátio antes de


minha aula das onze?

— Está bem. — Isso significava que teria que carregar suas


coisas e as minhas pela primeira hora. — Te vejo mais tarde.

Minha aula das nove e meia durou só uma hora, então


cheguei ao pátio quase meia hora mais cedo. Eu me sentei no
banco junto à estátua do Víctor, mascote da escola e tentei ler
um pouco do meu Kindle, mas Colton arruinou a história para
mim. Quando cheguei na parte em que o herói falou que podia
ver o céu quando olhou para a boceta dela, ri e deixei o livro.
Estava tentada de lhe enviar uma mensagem de texto e dizer que
ele era um destruidor de leituras, mas Sasha apareceu,
agradecendo apressada enquanto agarrava sua bolsa e abria o
zíper para se certificar de que sua redação estava no interior.
Então me abraçou e conversamos por alguns minutos até
que ela decidiu que deveria ir embora.

Nos separamos, indo em direções opostas. Quando vi


Colton mais a frente e parei.

Ele estava de pé ao lado da calçada na grama com um pé


apoiado no assento de um banco próximo, enquanto uma
diminuta loira tola se pavoneava diante dele, torcendo uma
mecha de cabelo ao redor do seu dedo enquanto paquerava com
ele.

Paquerava meu homem.

Sombreando a luz do sol com a mão, ele assentiu para algo


que ela falou e depois riu.

O idiota riu.

Ele não riu, nem sorriu no primeiro dia de aula quando a


outra fulana paquerou com ele. Mas aqui estava agora, rindo
com a loira, enquanto mantinha algo comigo do outro lado.

Isso era inaceitável. Seria melhor para aquela cadela


manter as mãos longe dele. Antes que pudesse pensar
racionalmente em algo além de reivindicá-lo para que ela
desaparecesse entrei em ação, marchando para frente, direito
para ele, então tive que roçá-la para chegar direto em seu rosto.
Segui em frente, agarrando a frente da sua camisa e segurando-
a na minha mão enquanto ficava na ponta dos pés e puxava seu
rosto para o nível do meu.

— O que...? — Seu olhar mostrou surpresa uma fração de


segundo antes que minha boca se chocasse com a sua. E então
ele meio que se apertou contra mim antes de, ao que parece,
perceber que era eu quem o estava beijando.

Em um primeiro momento, fui rude e exigente, castigando-


o com minha boca por sequer olhar para outra mulher. Mas
então ele relaxou contra mim. Seus dedos roçaram o lado do
meu pescoço. E seus lábios suavizaram contra os meus antes de
enfiar sua língua dentro de mim.

Quando um gemido estrangulado e faminto veio de sua


garganta, me senti satisfeita e imensamente mais calma.

Eu me afastei, gentil e devagar, recuando apenas o


suficiente para observar seu olhar excitado com pálpebras
pesadas. Então soltei sua camisa e passei os dedos por seu
peito.

— Ainda pensa em vir na quinta-feira, certo?

Ele piscou uma vez antes de mostrar um sorriso malicioso.

— Não há outro lugar onde prefira ir.

— Bom. — Sem poder evitar olhei para a barbie, deixando o


significado no meu olhar absolutamente claro.

Esse território é meu, querida. A bandeira foi hasteada. Ao


receber a mensagem ela já estava recuando, baixando a mão do
seu brilhante cabelo dourado.

— Bom, eu... falo com você a respeito da tarefa mais tarde.


Adeus, Colton.

Ele acenou para ela.

— Nos vemos depois, Jess.


Assisti ela se afastar depressa, amassando uma pilha de
livros no seu peito antes de me virar e elevar uma sobrancelha.

— Jess, eh?

— Hmm? — Ele observou meu decote antes de levantar o


rosto. — Sim, Jessica. Ela está em minha aula de história. Eu
gosto da sua blusa. Muito colorida e apertada nos lugares mais
perfeitos.

Ignorei o elogio.

— Você tem uma história com ela, eh?

Ele me encarou por um momento antes que um sorriso


aparecesse no seu rosto.

— Você está com ciúme.

Bufei porque tive que esconder o fato de que


repentinamente estava envergonhada por perceber que sim, eu
estava com ciúmes. Extremamente, cega e irracionalmente
ciumenta.

— Da Jessica, a loirinha burra? — E, no entanto,


completei: — Carinho, eu não penso assim.

Com um sorriso, ele deslizou suas mãos ao redor da minha


cintura até que as afundou nos bolsos traseiros do meu jeans e
me puxou para frente contra ele.

— Ela não é uma loira burra — Murmurou, com um sorriso


muito satisfeito para o meu gosto. — É muito inteligente.
Estamos na lista do reitor juntos.

— Oh? Então está em história e na lista do reitor com ela?


— Irritada que ele contasse sua história sobre quão bem
conhecia Jessica, tentei empurrar seu peito para abrir espaço
entre nós, mas o idiota apenas riu e me puxou para mais perto
até que meus quadris se chocaram contra o seu e merda, senti a
agitação de uma ereção vindo dele.

Deus! Ele estava se excitado com minha irritação. Eu não


gostava disso.

— Sim, estamos na lista do reitor juntos, além disso


compartilhamos uma aula de história e de inglês básico. —
Levantando as sobrancelhas, ele abriu os olhos e sussurrou: —
Escandaloso, não é?

— Você é um idiota. — Empurrei-o de novo sem sucesso. —


Por que sua loira perfeita e gênio e você não...

— Não fazemos nada juntos — Ele terminou para mim, se


inclinando até que nossos narizes se tocaram. — Não fazemos
nada juntos exceto falar sobre a escola. Assim como fazíamos a
um momento atrás, nós estávamos falando sobre o ensaio de
história que o professor nos revisou hoje. Mas, uau eu gosto
desse ciúme irritado e atraente. Você me baterá por falar com
outra garota? — Quando ele moveu as sobrancelhas e
acrescentou: — Por favor — Dei uma bofetada no seu peito.

— Cale a boca.

Ele pegou minha mão e beijou meus dedos.

— Na verdade, eu me referia a uma surra no traseiro, não


no peito, mas... se isto te deixa quente, carinho...

Rosnei, irritada porque eu queria lhe bater de novo, só que


agora não podia depois desse comentário.
— Em uma escala do deserto do Saara para Niágara Falls
— Ele perguntou, mudando o timbre da sua voz — Quão úmida
você está agora?

— Deus você nunca desiste, não é? — Um sorriso reticente


apareceu no meu rosto, contente que estivesse paquerando
comigo apesar do meu arrebatamento horrível de ciúmes.
Entretanto, um segundo mais tarde, meu sorriso desapareceu e
olhei profundamente em seus olhos castanhos. — Seja sincero.
Alguma vez você a fodeu?

Ele engasgou com a pergunta, soltando uma risada


surpresa.

— O que? Não! É claro que não.

— Mas você quer? — Insisti, sabendo que minha


preocupação aparecia em meus olhos.

Com o olhar brilhante pelo desafio, ele bateu no queixo,


pensativo antes de responder:

— Sabe, agora que mencionou, acho que estava debatendo


sobre a possibilidade de dobrá-la sobre este banco e tomá-la por
trás ou levá-la até aquela árvore e fodê-la contra o tronco. Jesus,
Juli. Pare de pensar mal. Compartilhamos algumas aulas juntos.
Isso é tudo.

— Não importa — Murmurei, com o cenho franzido. — Eu


sei como funciona a mente masculina.

Suas sobrancelhas se levantaram e percebi que o ofendi.


Um segundo depois, ele me soltou e deu um passo trás.
— Isso pode parecer difícil de acreditar, mas não fodo com
todas as mulheres que converso. Quer dizer, o que exatamente
você acha que acontece? Eu me aproximo alguns metros de uma
garota, sinto o cheiro da sua boceta e meu pênis se apodera do
meu cérebro até que me vejo sendo obrigado a persegui-la pela
calçada, jogá-la na grama e montá-la ali mesmo até que a
testosterona se assente e eu possa pensar como um ser humano
racional de novo? — Ele fez uma careta antes de acrescentar: —
Sim... tenho um pouco mais de autocontrole do que isso.

Cruzei os braços antes de olhar para longe.

— Bom, alguns caras não têm.

Sua boca se abriu antes que a compreensão despertasse no


seu olhar.

— Ah diabos, boneca — Ele falou em voz baixa,


pressionando o nariz contra minha têmpora — Eu não sou seu
ex-marido.

Meu estômago se apertou e desviei minha atenção. Ele


balançou a cabeça e me puxou me abraçando e beijando minha
testa.

— É loucura saber que um filho da puta imbecil te


enganou. Quer dizer, que tipo de idiota poderia te trair? Você
tem a porra de uma boceta de ouro. Juro por Deus, é a melhor
que já tive.

Quando lhe enviei um olhar severo por ser grosseiro, seus


ombros se afundaram e ele deve ter percebido que não me
animou com essa frase.
Com um suspiro, ele agarrou meu cotovelo e gentilmente
me puxou para o banco.

— Venha aqui. Acho que temos que conversar.

Meu cérebro congelou quando olhei para o seu rosto.

— Falar sobre o que? — Oh Deus, meu ciúme o irritou e ele


terminaria com isto, não é? Merda. Eu não estava pronta para
acabar com isto.

Uma grande bola de medo se alojou na minha garganta


quando ele me encorajou a sentar e depois se sentou ao meu
lado, com os joelhos inclinados em direção aos meus até que
nossas pernas roçaram uma na outra.

— Pensei que este entendimento estava implícito entre nós,


mas acho que temos que esclarecer as regras óbvias do jogo em
voz alta para que nós dois estejamos na mesma página.

Oh Deus, ele não queria que fôssemos exclusivos, certo? E


oh inferno, ele já esteve de maneira não exclusiva com alguma
outra garota desde que começamos a dormir juntos? Quantas
houve? Eu precisava fazer o mesmo?

Agarrando minhas mãos, Colton olhou no meus olhos e


deixou cair a bomba.

— Eu não me importo se é algo casual ou sério, quando


estou... envolvido com alguém, isso é tudo. Não há mais
ninguém.

Meus lábios se separaram e tive que piscar antes de


enrugar a testa e dizer:

— O que?
Ele sorriu.

— Acabei de dizer que só durmo com uma mulher de cada


vez. Por que está olhando como se tivesse crescido uma segunda
cabeça em mim?

— Eu... eu... não sei. — Neguei com a cabeça, ainda


atordoada. — É só que... você... nós nunca falamos sobre isso,
então eu pensei...

— Que eu fodia cada mulher que cruzava meu caminho? —


Ele supôs. — Sim, sinto muito, não me comporto dessa maneira.
não vejo sentido. Para mim, é mais divertido fixar toda minha
atenção em uma de cada vez, em vez de tentar conciliar e
acompanhar o que gosta, onde, com que intensidade, e...

Cortei-o pulando sobre ele e beijando-o com força.

Ele riu contra meus lábios antes de retribuir o beijo.


Nossas bocas se abriram e as línguas se tocaram. Nesse
momento, eu queria beijá-lo pelo resto de minha vida.

— Suponho que isto significa que está tudo bem para você
que sejamos exclusivos — Ele falou com voz abafada pelos meus
lábios.

— Sim. Inferno, sim.

Ele se inclinou para trás e disse:

— Sabe, nós deveríamos terminar todas as nossas


discussões desta maneira.

Com um aceno, concordei.

— Eu poderia lidar com isso.


Num segundo ele sorria para mim e no seguinte, seus olhos
se arregalaram enquanto olhava por cima do meu ombro e
rosnou:

— Merda — Enquanto se afastava para longe de mim.

— O que... — Comecei a dizer, me levantando para que


pudesse me virar e encarar o que ele acabou de ver, apenas para
ofegar quando percebi que Brandt estava bem ali. Quer dizer, ali
mesmo.

Ele ainda não viu que estávamos ali, estava muito ocupado
lendo algo no seu telefone enquanto se aproximava. Entretanto
era impossível nos escondermos. Assim que olhasse para cima,
ele nos veria por que estava realmente bem perto.

— Ei, o prédio de enfermagem é por ali — Colton falou,


fazendo com que Brandt levantasse a cabeça de repente com um
sorriso.

— Ei, vândalo. — Ele deu uma palmada amigável no braço


do seu irmão. — Eu me perguntava se alguma vez me
encontraria com você no campus. Estava indo tomar um café.
Vem comigo.

Colton olhou para mim, antes que ele pudesse responder


Brandt me notou também.

— Juli! — Ele cumprimentou com surpresa. — Que


coincidência. — Então olhou entre nós e fez uma careta para
mim se desculpando. — Ele não está te incomodando de novo,
certo?
Abri a boca, me perguntando como deveria responder.
Pareceria estranho para ele se eu de repente, estivesse passando
um tempo com seu irmãozinho que normalmente me irritava em
todos os níveis que foram inventados. Só que também não podia
fingir agir como se cada respiração que Colton desse ainda me
incomodasse.

Então enviei a seu irmão mais velho um sorriso tenso e


murmurei:

— Surpreendentemente, não. Ele não me incomodou o dia


todo.

Colton me deu um sorriso de um milhão de watts,


enquanto Brandt assobiava, impressionado.

— Sério? — Ele falou brincando com o cabelo do Colton,


despenteando-o de propósito, disse: — Isso é surpreendente. —
Mas então seus olhos brilharam com entusiasmo enquanto
voltava sua atenção para mim. — Adivinha o que? Eu fiz.

Fiquei olhando estupidamente para ele por um momento


antes que me ocorresse sobre o que falava. Então soltei:

— Oh meu Deus, mesmo? — Pressionei a mão no meu


coração. — Isso é uh... — Não tinha certeza do resultado, por
isso depois do sorriso expectante dele, terminei sem convicção:
— Parabéns.

— Obrigado, eu...

— O que você fez? — Colton perguntou, jogando uma


carranca confusa entre nós.
Quando Brandt franziu a testa para ele, como se o
repreendesse por entrar na nossa conversa, limpei a garganta.

— Então, como Sarah reagiu?

— Você tinha toda razão — Ele falou efusivamente, se


virando para mim. — Ela estava eufórica e não parou de sorrir
durante toda a noite.

— Ei — Colton explodiu, obviamente cansado de ser


excluído da conversa enquanto agitava sua mão entre nós. —
Que porra você fez?

Congelei com sua demanda furiosa enquanto Brandt olhava


para ele como se tivesse perdido a razão.

— Ele renunciou ao seu trabalho — Eu expliquei, sentindo


a necessidade de acalmá-lo.

Demorou um segundo para ele assimilar as palavras. Ele


estava muito ocupado olhando entre seu irmão e eu, sua
expressão revelando cada pensamento suspeito que passava por
sua cabeça. Então parou antes de levar sua atenção para
Brandt.

— Espera. O que? Você deixou seu trabalho no Forbidden?


Por quê?

— Contarei tudo na cafeteria. — Brandt apontou com o


queixo para a cafeteria mais próxima do centro estudantil.

Mas Colton deu um passo para trás.

— Não. Eu tenho que ir para a aula. Te vejo mais tarde.

Quando ele se afastou bruscamente e foi embora, meu


estômago se afundou. Eu sabia que ele experimentou o mesmo
ciúme amargo que eu acabei de sofrer minutos antes. Mas eu
não podia lhe dar as mesmas garantias que ele me deu, não com
Brandt de pé perto de nós.

O que era pior, Brandt notou algo estranho:

— Ei — Gritou arás do Colton, tentando fazê-lo voltar, mas


seu irmão seguiu seu caminho. — Eh. — Coçou a cabeça. — Eu
me pergunto o que aconteceu com ele. — Ele então pareceu
perceber que eu continuava ali. — Quer um café? — Perguntou
como se fosse grosseiro não me convidar.

— Oh! — Sem esperar a oferta, respondi: — Não; digo não


obrigada. Também tenho aula, sinto muito. Eu dever... deveria
ir.

— Não tem problema. — Ele acenou enquanto eu começava


a me afastar dele. — Vejo você no trabalho uma destas noites,
então.

— Ou não — Recordei-lhe, enviando um sorriso triste.

— Merda — Ele soltou. — É verdade. Já não trabalhamos


mais juntos, não é? Ah. — A compreensão pareceu afetá-lo antes
que negasse com a cabeça. — Não, espera. Eu prometi ao Pick
que ficaria até que ele encontrasse um substituto, por isso
podemos ter um ou dois turnos juntos antes...

Antes que nunca mais tenhamos um motivo para nos ver


de novo.

Ele não precisava dizer, embora eu soubesse que se referia


a isso. Eu odiaria perdê-lo como um colega de trabalho, mas
perdê-lo como amigo... isso poderia não ser tão ruim. Ao ser sua
amiga eu posso ter lhe dado conselhos úteis, mas acabei
prejudicando Colton. Eu não gostava disso.

Não sabendo o que mais dizer a Brandt, porque esta


conversa ficou muito desconfortável, sorri e assenti.

— Legal.

— Te vejo no trabalho então. — Quando me virei, tirei meu


telefone da bolsa, para poder explicar tudo a Colton.

Julianna: Nós trabalhamos juntos outra noite. Ele


reclamou sobre tentar se manter entre o trabalho e a
escola, então sugeri que deixasse o trabalho, dizendo que
sua esposa adoraria mantê-lo por um tempo. ISSO É TUDO.

Então esperei... e esperei. Dez dos segundos mais longos e


insuportáveis se seguiram até que ele respondeu com:

Colton: Você não tem que me explicar nada. Está tudo


bem.

Está tudo bem? Está tudo bem? Nunca era verdade quando
alguém dizia isso! Ou isso era apenas para as mulheres? os
caras falavam isso sério, mas neste caso não parecia estar tudo
bem.

Franzindo a testa, comecei a escrever outra vez,


determinada a fazê-lo entender que não havia necessidade de
ficar com ciúmes. Mas quando percebi o que estava fazendo, isso
me incomodou um pouco.

Eu não tinha por que me explicar. Não fiz nada de errado.


E Colton me falou que estava tudo bem, então... por que
continuava preocupada?

Guardei o telefone e comecei a me dirigir para minha


próxima aula. Na manhã seguinte, Colton não me enviou uma
mensagem com a contagem regressiva de quantas horas
faltavam até nosso próximo encontro. E então não apareceu na
aula de filosofia. Minha preocupação aumentou, no entanto, eu
estava com muito medo de lhe enviar uma mensagem e
perguntar se estava tudo bem. Quando não recebi nada dele na
quinta-feira de manhã, decidi que era o fim. Ele terminou
comigo e seguido em frente.

Para aumentar meu sofrimento, as cólicas começaram a me


assaltar junto com a sensação desagradável de inchaço, que
anuncia que um período começaria algumas horas mais tarde.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Nem sempre é sobre sexo. Algumas vezes o melhor tipo de


intimidade é onde você fica deitado, rindo juntos sobre coisas
estúpidas, abraçando um ao outro e desfrutando da companhia
um do outro. — Autor desconhecido.

JULIANNA
Eu estava aconchegada no meu sofá na quinta-feira à noite,
sozinha em casa porque minhas colegas saíram com seus
namorados, e incapaz de fazer muito além de segurar uma
xícara de chá quente entre minhas mãos e olhar fixamente o
relógio sobre a televisão quando bateram na minha porta.

Meu pulso acelerou. Era o Colton? Eu não sabia se ele


apareceria. Fizemos planos para esta noite e ele nunca cancelou,
mas também não conversamos desde terça-feira. E depois que
ele partiu com ciúmes, não tinha nenhuma ideia de onde isso
nos deixava, se sua resposta era verdadeira ou não.

Se eu não fosse tão teimosa e durona, poderia ter insistido


até que tudo parecesse bem e então saberia exatamente o que
agora se passava por sua cabeça. Eu não estaria tão
preocupada, confusa e com medo de ter arruinado tudo entre
nós.

Deus, estes estúpidos hormônios do meu período me


deixavam estranha. Ei, sim, isso pode ser culpa dos meus
hormônios.

Um pouco mais calma por ter um culpado em vez da minha


própria estupidez, coloquei meu chá na mesinha de centro e
envolvi a manta sobre meus ombros de forma mais confortável.
Então levei minhas pantufas do Angry Birds até a porta. Não
chequei o olho mágico porque não queria ficar decepcionada.

Assim abri a porta às cegas, só para sentir alívio imediato


quando me revelou o sorriso de Colton do outro lado, apoiando
suas mãos em ambos os lados da porta como se estivesse feliz e
ansioso para me ver também.

Só que seu sorriso morreu instantaneamente quando


observou minha manta, pantufas, calças de pijama e até o lenço
de cabeça que enrolava ao redor do meu cabelo à noite.

— O que aconteceu? Você está doente?

Ele começou a dar um passo adiante, com preocupação


gravada em suas feições, mas levantei a mão detendo-o.

— Não achei que você viria essa noite.

Congelando, ele arqueou uma sobrancelha confusa antes


de dizer lentamente:

— Mas você falou quinta-feira... não foi?

Assenti, apenas para acrescentar:


— E então você não escreveu ontem ou no dia anterior e
não foi à aula de filosofia.

Sua boca se abriu enquanto a expressão que era tão


masculina, que dizia algo como: Oh merda fodi as coisas, cruzou
por seu rosto.

— Meu sobrinho Beau, ficou doente ontem — Ele falou. —


Noel precisava resolver coisas importantes na escola onde
trabalha, então faltei a aula para ficar em casa com o menino.
Ele estava muito chorão e carente. Fiquei ocupado correndo na
minha tentativa de mantê-lo distraído para que não
incomodasse Aspen o dia todo ontem e a maior parte de hoje.
Tudo... foi um fodido borrão. Eu me esqueci dos nossos textos
de contagem regressiva. Sinto muito.

Me sentindo imediatamente uma merda porque essa não


era a razão pela qual pensei que ele estava me evitando, agitei
uma das mãos, imediatamente perdoando-o.

— Está bem. Não se desculpe. Não é como se as mensagens


de texto fossem obrigatórias ou qualquer coisa assim.

— Mas eu também gosto delas — Ele falou, tentando dar


um passo à frente.

Suspirando, levantei minha mão, interrompendo-o.

— Olha, isso não acontecerá esta noite. — Quando sua


boca se abriu e a preocupação encheu seus olhos, falei: — Estou
naquela época do mês, ok? Isto... — Fiz círculos com minha mão
sobre minha área castigada. — Está fechado até novo aviso.
Então fechei a porta na cara dele e rapidamente comecei a
chorar.

Eu também queria vê-lo esta noite. Queria me enroscar


com ele e descansar minha cabeça sobre seu ombro enquanto os
analgésicos faziam efeito e ele me balançava até dormir. Queria
meu homem.

Mas supostamente tudo devia se tratar só de sexo.

Eu me odiava ainda mais porque a última vez que


conversamos, ele teve que me ver ter um momento com Brandt e
agora eu o estava rejeitando. E se ele decidisse que havia muito
drama e desordem aqui e me deixasse por isso?

Caí no sofá onde chorei por mais dez minutos. Meu chá
quente nem sequer me ajudou quando uma batida veio da porta
enquanto eu continuava chorando. Como não queria falar com
ninguém, não me movi, ignorando a batida. Mas quem quer que
fosse continuou batendo até que uma voz abafada gritou:

— Boneca! É o Colton — Ao ouvir me inclinei para trás e


estudei boquiaberta a entrada antes de tropeçar na minha
pressa para correr até a porta e abri-la.

— O que...? — Comecei a dizer quando ele entrou passando


por mim antes que eu pudesse impedi-lo de entrar.

Ele se virou para mim sorrindo enquanto segurava um saco


de mantimentos.

— Eu venho com presentes desta vez.

— Por que você voltou? — Isto não fazia sentido. — Se acha


que algo nesse saco me fará mudar de opinião...
— Oh não. Não! Inferno, não. — Ele levantou a mão e
sacudiu antes de se afastar de mim. — Confie em mim, eu não
quero isso. Jesus. — Estremeceu para dar ênfase antes de tirar
um punhado de barras de chocolate do saco de supermercado.
Quando fiz uma careta, mais confusa do que nunca, ele captou
meu olhar e perguntou: — O que?

Balancei a cabeça, então ele suspirou e deixou cair o


chocolate na sacola.

— Está bem. Eu sei que é apenas sexo entre nós e não


haverá nada esta noite. — Revirou os olhos antes de
acrescentar: — Mas veja desta maneira. Estou cuidando do meu
investimento.

Isso me confundiu ainda mais. Apertei os olhos.

— O que?

— Só porque não há flores se abrindo no jardim esta


semana, não significa que se deve parar de regar o chão,
continuando terei uma chance melhor na próxima semana.

— Então... acha que me esquecerei de você e te deixarei de


lado se não te ver por alguns dias?

— Não sei. — Ele deu de ombros. — Talvez. Porém não


quero testar. Então... Quais deles é sua perdição? Diário de uma
Paixão, Hitch, Dirty Dancing, ou Falando de Amor? — E tirou
cada filme da sacola, um atrás do outro antes de segurá-los em
um leque de filmes.

Enruguei meu nariz.


— Uff. Nenhum desses. Você está louco? Já sou um
desastre hormonal e emocional e quer acrescentar a isso um
filme de romance que me deixará pior?

— Umm... — Ele empurrou os filmes de novo na sacola


antes de adivinhar lentamente: — Não?

Balancei a cabeça.

— Não — Concordei.

Seus ombros baixaram e a expressão em seu rosto lembrou


a de um cachorrinho maltratado que foi muito chutado e jogado
debaixo de uma chuva fria e miserável. Algo desconfortável
passou por mim. Eu não podia tratar Colton desta maneira.

Deixando escapar um suspiro, inclinei a cabeça para o


corredor que levava ao meu quarto.

— Tenho Um Príncipe em Nova York na Amazon Prime se


quiser assistir no notebook no meu quarto comigo.

— Um Príncipe em Nova York? Com Eddie Murphy? — Suas


sobrancelhas se ergueram com interesse. Quando assenti, seus
lábios se curvaram em um sorriso. — Deus sim, eu adoraria ver
uma comédia com você.

Marchando para mim com um sorriso, ele me pegou com


um braço sob meus joelhos e o outro ao redor das minhas
costas. Gritei surpresa e agarrei seus ombros.

— Colton!

Ele congelou na entrada do corredor e seus olhos se


arregalaram.
— Oh merda. Sinto muito. Isso pressionou demais seus
ovários ou algo assim? Está tudo bem? — Ele me colocou
rapidamente sobre meus pés, tão suavemente quanto era
possível.

Olhei para ele um momento antes de começar a rir.

— Pressionou meus ovários? — Gritei entre risadas. — Oh


meu Deus, o que?

Bufando, ele me levantou de novo e foi em direção ao meu


quarto mais uma vez.

— Bem, eu não sei. Talvez mover uma mulher muito


durante esse período do mês faça doer sabe, lá embaixo.

Explodi outra vez em risadas, com lágrimas escorrendo por


minhas bochechas, tive que esconder meu rosto na sua camisa
para abafar o quão forte eu ria. Mas, mover uma mulher?

— Oh Deus, você é muito engraçado. De onde diabos tirou


essa ideia? E exatamente o que você acha que acontece conosco
durante nossos períodos?

— Acho que o revestimento do útero se desprende porque o


óvulo que caiu no início do mês não foi fecundado e como não há
um bebê para cuidar, tudo é descarregado em uma confusão
dolorosa e sangrenta, fodendo com todos os seus hormônios e
emoções ao longo do caminho. Por que eu não pensaria que te
pressionar demais poderia piorar as coisas?

Apertei os lábios para evitar outra gargalhada porque seu


processo de pensamento fazia sentido.
— Bem, nos apertar não faz mal em nenhum momento do
mês.

— É bom saber. — Ele assentiu sério, enquanto entrava no


meu quarto. Não pude deixar de estudar seu rosto enquanto ele
me colocava suavemente na minha cama. Balançando a cabeça,
falei: — Não posso acreditar que seja tão indiferente a respeito
disto. Todo homem que conheci se assusta quando o tema
menstruação é mencionada.

— É só biologia. — Ele deu de ombros enquanto se ocupava


de retirar as mantas do meu colchão antes de jogá-las e me
deitar confortavelmente. — Toda mulher passa por isso. Minhas
irmãs, todas as garotas que eu tive e até mesmo as professoras.
Não estou certo do que todos esses outros idiotas acham tão
estranho.

— Oh, talvez seja o fato de que uma mulher pode ferir ou


cometer um assassinato durante esta época do mês.

— Só se o sujeito lidar mal com a situação. — Depois de


organizar os travesseiros e empilhá-los para poder me sentar em
posição vertical, ele me ajudou a me recostar antes de se virar e
localizar meu notebook.

Eu o assisti busca-lo e levar para a cama, depois abriu e


colocou no meu colo. Ele pareceu parar e revisar mentalmente
uma lista, então perguntou:

— Que doce quer que eu traga? Trouxe chocolate de quase


todas as variedades; Skittles, Starbursts, Atomic Fireballs, Sour
Patch Kids...
Algo quente e suave floresceu no meu ventre. Ainda incapaz
de parar de olhar para seu rosto, perguntei: — Quem é você?

— O que? — Ele estava examinando minhas mantas para


garantir que eu estava bem coberta. Mas seu olhar cravou em
meu rosto. — O que quer dizer?

— Por que está sendo tão amável comigo? — Eu não


merecia.

— Não sei. — E ele parecia realmente perplexo a respeito da


sua resposta. Então acrescentou: — É sua época do mês. Você
está sofrendo.

Engoli e não pude evitar dizer: — Não estou sofrendo neste


momento.

Ele me fez sentir muito pouco sofrida.

Mostrando seu sorriso deslumbrante e surpreendente,


murmurou: — Bom. — Então se inclinou e pressionou os lábios
no centro da minha testa. — Já volto.

Quando saiu do quarto pressionei minha mão contra meu


peito e tentei descobrir o que estava acontecendo aqui. Já havia
admitido para mim mesma que o amava, entretanto, o que
experimentava era muito mais poderoso do que já havia sentido
antes.

Isso era uma loucura. Quantas fodidas vezes você podia se


apaixonar pelo mesmo homem?

— Eu me esqueci, também trouxe Twizzlers e cafés gelados.


— Tirou uma garrafa da sua sacola, que pingava de condensação
porque ainda devia estar fria e ergueu as sobrancelhas como se
me perguntasse qual era minha preferência.

Ainda muito sobrecarregada por tudo, olhei para ele e falei:

— Eu quero apenas você.

Ele floresceu de prazer, com os olhos brilhantes e o sorriso


se estendendo, antes de dizer: — Feito — E subiu na cama ao
meu lado, chegando perto o suficiente para que nossos ombros
se apertarem e ele pudesse ver a tela do notebook também.

Remexendo na bolsa enquanto eu entrava no filme, ele


pegou um Twix e abriu. Depois de colocar um em sua boca, me
ofereceu o outro em silêncio. Aceitei com um sorriso assim que o
filme começou.

Ele continuou a verificar os doces e compartilhar cada um


comigo enquanto passava os créditos iniciais. Aceitei tudo o que
me entregou, mas não comi nada. Estava muito ocupada
assistindo essa nova espécie em que meu Colton se transformou.

— O pênis real está limpo, Sua Alteza — Anunciou uma


atriz na tela enquanto levantava a cabeça de debaixo da água
diante do personagem do Eddie Murphy, sentado em uma
enorme banheira.

Colton começou a rir quando empurrou um punhado de


Sour Patch Kids em sua boca. Quando me olhou para
compartilhar a diversão, notou que eu não prestava atenção no
filme.

— Sério, por que continua olhando para mim assim?

Balancei a cabeça, não muito segura de mim mesma.


— Estou tentando descobrir o que há de errado com você.
Está se comportando... Tão doce.

Bufando ofendido, ele respondeu: — Eu sou doce.

— Estou vendo — Murmurei, embora levasse o doce a um


nível novo. Não que eu fosse reclamar. Envolvi meus braços ao
redor do seu bíceps, apoiei meu queixo em seu ombro e comecei
a ver o filme com ele. No momento em que os créditos finais
rolaram, eu estava dormindo.

Acordei com Colton fechando meu computador e afastando


do meu colo.

— Mmm. — Eu me movi, sugando mais do calor e do


incrível cheiro dele.

Ele riu e beijou meu cabelo. — Acho que vou embora e


deixar que você durma um pouco.

Apertei-o mais forte e murmurei em resistência.

— Quer que eu fique? — Perguntou, arrastando as pontas


dos dedos ao longo da minha bochecha. Assenti e ele disse: —
Está bem.

Ele saiu da cama para se despir deixando apenas sua


boxer, então voltou a deitar comigo e se enrolou debaixo das
mantas ao redor de mim.

Cantarolando em agradecimento, me virei para ele e passei


minhas mãos por seu peito suave e quente. Ele estava
absolutamente perfeito esta noite: paciente, carinhoso, doce,
encantador. E nada do que fez foi porque achava que o ajudaria
a ter sexo. Ele fez porque queria, o que me fez querer retribuir o
favor porque eu queria.

Pressionando minha boca ao lado do seu pescoço, passei


minha mão por seu peitoral esculpido e por seu abdômen. Então
meus dedos cavaram no interior da sua cueca até que agarrei
um punhado de carne quente, crescendo rápido.

— Merda — Ele engasgou, enrijecendo embaixo de mim.

Beijei seu ombro nu.

— Quero fazer algo por você. — Então comecei a baixar o


rosto para seu colo.

— Não, está tudo bem. — Ele agarrou meu ombro para me


impedir, em seguida puxou minha mão da sua cueca e a levou
até seus lábios para beijar meus dedos. — Você não tem que
fazer isso.

— O que? Você não gosta de boquete? — Provoquei,


sorrindo maliciosamente.

Todos os garotos gostavam de boquetes.

— Sim, uh... na verdade... — Deu uma risada


desconfortável. — Eu não sei. Nunca tive um.

Minha boca se abriu.

— O que? Sério?

— Bom, só estou sexualmente ativo a dois anos. Ainda não


testei todas as posições.
Meu sorriso foi imediato. — Bem, confie em mim carinho.
Você gostará disto. — Voltei para sua ereção de novo, mas ele
agarrou meu ombro.

— Não — falou suavemente, me detendo outra vez. — Eu


não... não acho que eu vá gostar.

Encarei seu rosto e notei a preocupação em suas feições


antes de me sentar e cruzar minhas pernas.

Ele balançou a cabeça e afastou o olhar.

— Não faça. Pare de me olhar com maldita preocupação.

Merda, isto era ruim.

— Colton — Falei suavemente — Por que não quer nem


provar um boquete? Todos os homens querem experimentar um
boquete.

Ele não parava de balançar a cabeça, sem me olhar. Então


toquei sua bochecha e ele se acalmou, fechando os olhos e
suspirando em derrota.

— Bom. Aqui está o assunto. Eu vi uma coisa uma vez e


isso me desencorajou de querer experimentar. Não é grande
coisa. Eu só... não quero um. Ok?

Sim, claro. Agora eu sabia que era um assunto enorme. E


ele ainda não me olhava. Comecei a me assustar um pouco.

— O que viu que te desencorajou a ter um boquete?

Ele me lançou um olhar irritado antes de desviar o olhar de


novo e admitir:

— Um menino. Ele era apenas uma criança.


Assenti. Isso foi um começo, ele não me disse muito e não
me pareceu tão ruim, mas eu sabia que era pior, então
perguntei:

— Que idade ele tinha?

— Treze — Sussurrou. — Eu estava com oito anos. E ele


estava com treze.

— Certo — Falei lentamente. — Então... o que? Viu um


menino de treze anos receber um boquete quando você estava
com oito anos?

— Não. — Ele balançou a cabeça e fechou os olhos. — Quer


dizer sim, mas ele não queria. Ela estava o forçando. Ele chorava
e ela, sua mãe, o fez se apoiar contra uma parede e...

— Merda! — Gritei. — Sua mamãe? Você viu um menino


sendo abusado por sua mãe quando estava com oito anos? O
que você fez?

Ele pressionou as mãos contra as têmporas.

— Nada. Eu não fiz nada. Corri para o meu quarto e me


escondi debaixo das cobertas. Não contei a ninguém, não tentei
procurar ajuda, não tentei impedi-la. Eu apenas fugi e me
escondi enquanto ele estava no final do corredor, recebendo...

— Ei, ei, ei — Acalmei-o, agarrando suas mãos e beijando


suas palmas. — Está tudo bem. Você está bem.

— Não. Esse é o problema. Não está tudo bem. Eu não o


ajudei. Nunca o ajudei e aquele filho da puta me disse que me
perdoou, como... como se eu merecesse seu perdão, o que não é
o caso. Como ele poderia me perdoar?
— Talvez porque você tivesse apenas oito anos — Sugeri. —
E não foi você quem abusou dele.

Ele olhou para cima. Seus olhos estavam vermelhos, mas


ele não chorava.

— Me ajudou muito que fui eu quem ficou com pesadelos.


Não ele.

Sorri enquanto acariciava seu rosto, juntando mechas da


sua franja e alisando-as para onde queria que fossem.

— Mas se nunca tivesse tido pesadelos, você e eu não


teríamos tido um motivo para nos conectar no início.

Seus olhos castanhos se moveram para mim.

— Tem razão — Ele admitiu em voz baixa. Então sua mão


encontrou o caminho para entrar debaixo da minha camisola e
suavemente acariciou onde se encontrava a maior parte do meu
apanhador de sonhos. — Eu deveria ter uma tatuagem de um pé
de coelho e um spray.

Eu sorrio.

— Um apanhador de sonhos seria mais bonito.

— Sim — Murmurou. — .

Ele parecia tão sombrio, passei cuidadosamente meus


dedos por seu cabelo mais uma vez e beijei sua orelha antes de
tomar uma decisão. Eu ajudaria meu homem ferido. Esta noite.

— Pode me fazer um favor? — Perguntei.

Ele olhou para cima. — Qualquer coisa.


Mordi meu lábio hesitante, antes de soltá-lo. Então disse:
— Você ao menos tentaria me deixar te dar um boquete?

Quando suas feições se esticaram imediatamente,


rejeitando a ideia, levantei um dedo.

— Me escute. Estou irritada que uma puta abusadora de


crianças te traumatizou e te provocou pesadelos. E eu gostaria
mais do que tudo de lhe mostrar o dedo do meio
metaforicamente, demonstrando para ela que não conseguiu
tirar o melhor de você, que é forte o suficiente para avançar além
da sua influência suja e pode ter uma vida sexual saudável por
completo, boquetes e qualquer maldita coisa que quiser, apesar
do que ela fez. Eu quero isso tão desesperadamente, que posso
provar. Então por favor, apenas...

Supliquei-lhe com meus olhos e juro que um tom de verde


cobriu sua pele. Mas depois de um momento, ele assentiu.

— Está bem. — Ele agarrou meu pulso. — Mas parará se...

— É claro — Tranquilizei-o, embalando seu rosto em


minhas mãos. — Carinho, eu só quero que você se sinta bem e
te mostrar que isso não te limitou de maneira alguma. Se em
qualquer momento, você não gostar de nada do que estou
fazendo, basta dizer e isso é tudo; não haverá mais. Sem
perguntas ou tentativas de fazer de novo.

Seu olhar girou desconfortavelmente, e ele não parecia


excitado com a possibilidade de que seu pênis fosse chupado,
mas assentiu me permitindo continuar.

Determinada a sacudir seu mundo, sorri em agradecimento


e me sentei no seu colo, moendo sua ereção contra meu centro.
Ele gemeu enquanto eu espalhava beijos ao longo de seu queixo
e pescoço. Agarrando meu quadril, anunciou: — Eu permito que
faça isto.

Sorri e depois beijei, lambi e mordi seu peito em todos os


lugares. Enquanto descia, ele agarrou os lençóis do seu lado.

— Ainda gosto do que estou sentindo.

Quando cheguei em sua cueca, fui recebida por uma linda


protuberância crescendo debaixo do tecido. Contornei-o com
meus dedos, fazendo-o arquear seus quadris ao meu toque antes
de agarrar a borda da sua cueca e baixá-la lentamente.

O homem estava pronto para mim. Seu pênis era tão


grande como nunca vi antes e pingava na ponta. Eu o peguei e
envolvi meus dedos ao redor do seu calor antes de lamber suas
bolas.

— Puta merda — Ele ofegou, arqueando debaixo de mim. —


Isso foi... merda. Pode continuar fazendo isso. Eu gosto.

Sorrindo, lambi de novo. Então desci, passando minha


língua pela área do seu períneo. Ele gemeu, enrijecendo e
mudando de posição debaixo de mim.

— Jesus Cristo, Juli. O que está...?

A pergunta foi interrompida quando enfiei seu pau na


minha boca, levando-o profundamente.

Depois disso ele não voltou a falar, além de suspiros e


gemidos. Olhei para ele fiquei mais do que satisfeita em vê-lo
olhar para mim com espanto enquanto o lambia, chupava e
envolvia meus lábios ao redor dos meus dentes tomando cuidado
para não arranhá-lo. Querendo dar a ele o melhor boquete que
alguém algum dia lhe daria, meus dedos descansaram sobre
suas bolas, antes de pressionar meu polegar em direção ao
proibido e depois trabalhá-lo rápido e profundamente.

Sua cabeça caiu para trás e seu peito subiu enquanto


gemia:

— Merda, merda, merda, vou ahhh... boneca, vou gozar.

Ele bateu no meu ombro em aviso antes de gemer e


inundar minha boca. Engoli tudo o que ele tinha para dar e juro
que ele gemeu de gratidão quando ficou mole e satisfeito debaixo
de mim.

Acariciando ao longo da sua coxa, liberei seu pênis e o


beijei de lado antes de me arrastar por seu corpo e me envolver
contra ele.

— Tudo bem?

Ele assentiu e olhou para o teto com uma expressão


atordoada.

— Olá, eu sou Colton David Gamble — Disse um segundo


depois — E eu gosto de boquetes.

Brilhando de triunfo, bati em seu peito.

— Bom.

Ele fixou seu olhar no meu.

— Uau — Falou. — uau. Você, como que... quer dizer, você


está disposta a fazer isso de novo, certo?

Com uma gargalhada, beijei sua bochecha.


— Quando quiser, boneco.

Seu sorriso era resplandecente e presunçoso, mas também


humilhado. Um rubor se espalhou por suas bochechas.

— Acho que é a pessoa mais impressionante que já conheci


na história.

— Oh, se soubesse que transformaria isso em elogios


depois de um boquete, teria te forçado uma semana atrás.

— Sim, por que não fez isso? — Perguntou, enrugando sua


testa.

Dei-lhe um murro na lateral.

— Cale-se. Não estrague o momento.

Ele sorriu antes de oferecer:

— Sinto muito.

— Desculpado — Respondi, apoiando minha cabeça em seu


ombro. — Obrigada por me deixar tentar.

— Por nada — Sussurrou e passou sua mão por meu


cabelo amarrado. — Obrigado por tentar.

Com nada mais a dizer entre nós, ficamos lá, calmos e


relaxados depois do que pensei ser um momento crucial em
nossa relação.

Colton acabou de confiar em mim o suficiente para levá-lo


onde ninguém o fez antes. Isso não podia ser só sexo para ele
também. não podia ser.

Fiquei acordada, sacudindo e revirando, me perguntando


preocupada se estava pronta para algum sofrimento épico. Ele
não mencionou nada a respeito de deixar seu irmão saber sobre
nós, mas eu também não disse nada sobre meu pai.

Talvez eu devesse ser a primeira a abordar o assunto.


Talvez o levasse a dizer que não queria que isto fosse um
segredo, que queria mais do que sexo.

Não sabia. Talvez estivesse pensando muito porque, o que


fosse para acontecer, aconteceria, independente de todas as
minhas preocupações.

Colton se moveu contra mim, e notei que sua respiração


mudou. Não percebi quando ele adormeceu, mas me fez sentir
mais protetora com ele. Minha mão acariciou seu cabelo. Eu
faria qualquer coisa para mantê-lo feliz.

Não podia acreditar que alguma cadela malvada o


traumatizou assim e lhe provocou pesadelos. Queria encontrá-la
e...

Espera...

Na noite do casamento de Brandt, ele me falou que sua


mãe lhe causou pesadelos, não...

Balancei a cabeça enquanto todas as peças do que ele me


falou começaram a se encaixar no lugar.

E então tudo me chocou.

Eu me sentei na escuridão e engasguei.

— Merda.

Foi sua mãe quem abusou do outro menino, não a mãe de


outra criança, a menos que...
Oh meu Deus, e se ele e o outro menino possuíam a mesma
mãe? Se fossem irmãos.

E se esse menino estava com treze anos e Colton estava


com oito, significava uma diferença de cinco anos entre eles.

Brandt era cinco anos mais velho que Colton.

Olhei para o homem que dormia profundamente do meu


lado e sussurrei:

— Oh meu Deus.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Disseram-me que para fazê-la se apaixonar por mim,


precisava fazê-la rir. Mas cada vez que ela ri, sou eu quem se
apaixona.

Autor desconhecido.

COLTON
— Vamos sair — Sugeri na noite seguinte enquanto dava
tapinhas na coxa de Julianna em apoio.

Era a segunda noite da visita da tia Flow e como


continuaríamos sem ação no apartamento, com exceção do
pequeno boquete que implorei dois segundos depois que
cheguei, mas isso foi há quase duas horas, eu estava ficando
claustrofóbico.

Até mesmo as duas colegas da Juli se foram. Ela me falou


que geralmente elas desapareciam cada vez que tinha um
período, já que ficava muito ranzinza, mas eu mesmo só a vi de
mau humor.
Levantando o olhar da série muito chata na televisão que
estávamos assistindo sobre como se faz cimento, ela piscou seus
grandes olhos castanhos.

— E o que faremos?

Dei de ombros.

— Não sei. Vamos comer algo. — Não tivemos o jantar e eu


estava sempre pronto para comer.

Ela piscou como se estivesse assustada.

— Você quer jantar comigo?

— Claro. — Por que ela olhou para mim como se eu tivesse


acabado de dizer algo surpreendente? — Eu estive namorando
aquele lugar a algumas quadras daqui. Gusano, ou seja lá como
se chama.

— Gusano? — Ela falou devagar e pude ver a dúvida em


seus olhos.

Levantei uma sobrancelha.

— O que? Você não gosta de pizza? Podemos escolher outro


lugar.

— Não, não é isso — Ela falou rapidamente, apenas para rir


de si mesma. — Quer dizer, eu gosto de pizza. Normalmente
pedimos entrega da pizzaria da esquina. É que eu... não vou por
aquela rua com muita frequência. Para o Gusano.

— Não? — Fiz uma careta porque parecia um bairro legal


para mim. — Por que não?
— Não há nenhum motivo — falei rapidamente. — Tem
razão, faremos isto. Vestirei algo mais apresentável e...

Quando ela se levantou do sofá e começou a se afastar em


direção ao corredor, agarrei sua mão.

— Não há necessidade. Você está muito bem. — E era


verdade. Uma blusa de algodão apertada com uma estampa ESU
Viking e calça preta de ioga que nunca pareceu tão bem em
qualquer outra pessoa.

— Colton... — Reclamou, puxando sua mão para se


libertar.

— Julianna — Respondi, arqueando as sobrancelhas. —


Você se lembra do probleminha que tem de se preocupar tanto
com o que os outros pensam de você? Bom, eu acho que está
muito sexy e você e eu somos os únicos que importam esta
noite. Então se estiver se sentindo confortável, não se troque.

Ela grunhiu com resistência antes de inclinar a cabeça


para trás e suspirar.

— Está bem. Calçarei meus sapatos e isso é tudo.

— Nem sequer toque em seu cabelo — Avisei e afrouxei sua


mão o suficiente para que se soltasse.

Revirando os olhos, ela se virou e saiu pavoneando-se,


dizendo por cima do ombro:

— Carinho, nunca diga a uma mulher o que ela pode ou


não pode fazer com seu cabelo.

Eu rio, feliz por sua faísca descarada retornar. No momento


em que voltou a entrar na sala de estar, eu já calcei meus
sapatos e coloquei a carteira, telefone e chaves nos bolsos.
Quando sorriu para mim, sua boca parecia mais brilhante.

Neguei com a cabeça.

— Brilho de lábios, pequena rebelde? — Então movi as


sobrancelhas. — Acho que tem alguém pedindo uma surra de
Colton esta noite.

Com uma risada, ela bateu no meu braço.

— Boneco, você tem que merecer o privilégio de colocar sua


mão em qualquer lugar perto do meu traseiro.

Eu me perguntei se era errado que eu gostasse quando ela


roubava meu apelido para ela e o usasse contra mim, fiz um som
de fome na garganta e a puxei, envolvendo uma das mãos ao
redor da sua cintura antes de dizer em seu ouvido:

— Desafio aceito.

Quando meus dedos percorreram suas costas e apertei sua


bunda, ela colocou a mão no meu peito e me olhou, com o rosto
absolutamente radiante de prazer.

— Eu realmente tenho minhas mãos cheias com você, não


é meu jovem?

— Sim — Concordei. — Então, você quer caminhar ou


dirigir?

— Caminhar — Ela respondeu. — Eu gosto de estar no ar


frio às vezes com a brisa em meu rosto e me sinto ativa esta
noite.

— Ok, caminharemos. — Peguei sua mão e deixamos seu


apartamento juntos, caminhando as sete quadras até o Gusano.
Rimos e conversamos por todo o caminho e o ar do final de
janeiro realmente se sentia bem contra nossos rostos.

Uma vez que estávamos sentados em uma cabine escura e


íntima no canto de trás com apenas o suave brilho de um abajur
de papel acima de nós, estiquei o braço através da mesa e
agarrei seus dedos, esfregando meus polegares sobre os seus,
porque ela disse que suas mãos estavam geladas.

— Me conte algo bom que lembre da sua mãe — Pedi.

Ela piscou, balançando a cabeça com surpresa.

— Da minha mãe?

— Sim — Incentivei, apertando seus dedos. — Tudo o que


sei é que ela era uma boa mãe, mas quero detalhes.

— Eu... — Julianna riu e suas bochechas se iluminaram.


— Não sei. Eu era tão jovem, lembro-me de coisas bobas muito
simples. Assim, como quando assistíamos televisão juntas, eu
me sentava no seu colo na grande poltrona na sala enquanto ela
envolvia seus braços ao redor de mim e apoiava seu queixo no
meu ombro.

— Isso parece bom. — Sorri. — Qual era seu programa


favorito para assistir juntas?

— De jeito nenhum! — Riu e baixou o rosto. — Você rirá.

— Não vou, eu juro. — Puxei seus dedos para fazê-la olhar


para cima .

ela levantou o olhar parecendo triste antes de resmungar:

— Bob Esponja.
— Não pode ser! — Abri meus olhos. — Eu também
assistia.

Cobrindo sua boca, ela riu antes de suspirar com prazer.

— É claro que sim.

— Não, de verdade. Caroline me ajudou a ser o Patrick para


o Halloween um ano.

— Oh meu Deus! — Apontou, abrindo muito os olhos. —


Eu fui a Sandy esquilo.

De repente eu amava essa garota.

— Traje espacial ou biquíni?

Ela colocou as mãos sobre os olhos e admitiu:

— Biquíni. Coloquei a saia roxa com babados e tudo.

Ótimo.

— O que usou para o rabo?

— Meu pai pediu emprestado um rabo de raposa verdadeiro


da minha avó. — Quando abri a boca, ela apontou para mim. —
Não pergunte. Por favor, não pergunte.

Levantei minhas mãos em sinal de rendição, mas ainda tive


que dizer:

— Então você usou um rabo de raposa verdadeiro para a


fantasia de um rabo de esquilo falso?

As lágrimas escorriam por suas bochechas quando


começou a rir com força.

— Sim. A vovó Cicely meio que gosta dessas coisas vodu. —


Ela secou as bochechas antes de olhar para baixo. — Não diga a
ninguém que lhe disse isso, mas eu adorei meu rabo. Teria
gostado que fosse real.

Imaginar minha Julianna como uma menina com um rabo


de raposa me fez sorrir.

Pisquei para ela.

— Não se preocupe, Sandy. O segredo do seu rabo está a


salvo comigo. — Então, colocando a mão sobre meu estômago,
levantei do meu assento. — Tenho que ir ao banheiro rápido.
Volto logo.

Depois que ela assentiu, beijei sua testa e fui em busca do


banheiro.

Fiquei lá dois minutos no máximo antes de voltar para


nossa mesa, mas a Juli que chorava de tanto rir que deixei a
alguns segundos atrás na mesa desapareceu. Ela estava com os
braços sobre seu peito de maneira protetora e se escondeu no
canto mais escuro da cabine.

Quando me sentei diante dela, ela lançou um olhar para


outra mesa.

— Está tudo bem? — Perguntei, olhando na mesma direção


para encontrar duas garotas em outra mesa comendo seu
próprio jantar. Quando sorriram para mim, pisquei. — Você as
conhece?

— Hmm? — Ela desviou a atenção delas e se concentrou


em mim. — Não por quê?

Neguei com a cabeça, confuso.


— Não sei. Talvez porque não param de enviar olhares
assassinos uma para a outra.

Ela suspirou, mas tudo o que disse foi:

— Elas começaram.

— O que? — Olhei entre ela e as garotas de novo. — O


concurso de encaradas?

— Sim.

Ainda totalmente confuso com o que perdi aqui, arqueei as


sobrancelhas.

— Por que elas estão encarando se nem sequer te


conhecem?

Ela me perfurou com um olhar de incredulidade.

— Por que eu começaria um concurso de encarada com


elas?

— Bom ponto. — Olhei em sua direção e sim, elas


continuavam olhando com desprezo em nossa direção, então
examinei Juli da cabeça a... bom, onde a mesa escondia da
vista. — Eu me pergunto qual é o problema. Não é que suas
roupas não combinem. Você parece sexy e esportiva. Portanto,
não pode haver algumas falhas que ofendam seus pequenos
sentidos de moda.

Julianna revirou seus olhos.

— É porque sou negra — Disse secamente.

Levantei minhas sobrancelhas.

— E?
— Elas acham que não pertenço a este lugar e nem com
você.

Olhei para ela por um momento sem falar, depois voltei a


estudar as mulheres fofoqueiras abertamente.

— Acha mesmo isso?

— Sim — Ela falou entredentes, estendendo a mão para


pegar a minha com a intenção de chamar minha atenção. — Eu
sabia que seria uma má ideia vir aqui. Nunca vi nenhum negro
nessa vizinhança quando passei de carro. Não pertenço aqui.
Droga Colton, por favor, pare de olhar para elas.

Me virei para ela, sem soltar seus dedos enquanto ela


tentava se afastar.

— Ok, em primeiro lugar isso é mentira. Você pertence a


qualquer lugar que quiser, boneca. E em segundo lugar, tem
certeza de que é um problema de racismo? Talvez estejam
apenas sentindo inveja porque você é tão bonita.

Revirando os olhos, suspirou.

— Sim, não acho que esse é o problema.

— Não, estou falando sério — insisti. — Eu sei que você faz


todo o possível para ter certeza de que tudo em você está
perfeitamente em seu lugar e sem erros todos os dias. Para você,
nada seria pior do que ser criticada por sua aparência. Mas
acredito que toda essa perfeição na realidade traz mais
julgamento.

Ela se inclinou para trás, levantando as sobrancelhas.

— Desculpe-me?
— Você é quase desumana por causa da sua aparência
magnífica — Expliquei-lhe. — Isso faz que todas as mulheres
mortais e medianas tenham ciúmes e sejam muito mais críticas.
Elas olharão para você mais perto, procurarão por qualquer
coisinha insignificante para mostrar que você não é tão perfeita
afinal de contas, só para se sentir melhor.

— É assim que acha que me sinto? — Perguntou. — Que a


aparência de uma pessoa é a coisa mais importante para mim?

— Não... — Respondi lentamente, sabendo que acabei de


entrar em um terreno escorregadio aqui, mas não fui capaz de
me calar. — Não acho que você julgue as outras pessoas por sua
aparência. E tampouco acho que tente se fazer parecer melhor
do que ninguém. Não é tão arrogante. Você está... merda, qual é
a palavra. — Estalei os dedos quando me ocorreu. — Está na
defensiva. Acredito que seu lema é que a melhor defesa é um
bom ataque.

Ela sacudiu a cabeça lentamente.

— Não te entendo.

— Você não julga, mas sente que está sempre sendo


julgada, então se coloca na ofensiva antes que alguém possa te
atacar. Toda vez que você se veste, faz uma declaração. Tenta
mostrar ao mundo que não é inferior a qualquer outra pessoa.
Que não cairá sem lutar. — Encolhi os ombros. — O que acho
admirável e impressionante, embora às vezes funcione contra
você.

— Como isso funciona contra mim? — Ela se inclinou para


mim parecendo intrigada, mas não aborrecida, o que foi um
grande alívio para mim, já que incomodá-la era a última coisa
que queria fazer.

— Para as pessoas estúpidas, de mente simples que


somente checam você, todo esse orgulho em si mesma às vezes
te faz parecer... — Fiz uma careta, sabendo que a próxima
palavra que diria não seria bonita.

Ela me enviou um olhar seco.

— Diga.

Então soltei:

— Presunçosa.

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Oh, sério? Presunçosa, eh? — Balançou a cabeça,


sorrindo como se estivesse se divertindo. — Mas você diz que me
conhece melhor que isso, não é?

— É claro. — Pisquei e sussurrei: — Eu vi sua calcinha,


lembra?

Ela jogou a cabeça para trás e riu.

— Minha calcinha? Como diabos minha calcinha tem algo a


ver com isto?

— É minha peça favorita do que você usa — Jurei


solenemente.

Balançando a cabeça, continuou rindo.

— Como? São muito sem graça.

— Não — Insisti. — Elas são honestas. São uma das únicas


coisas que coloca em seu corpo que ninguém mais vê. Por isso
me dizem exatamente como se vestiria se não se importasse com
o que pensam. Elas me dizem que você valoriza o conforto e a
praticidade, enquanto também gosta de cores chamativas mais
do que cores maçantes. E mantém tudo isso escondido, onde
muito poucas pessoas privilegiadas têm uma visão.

Seus lábios se separaram enquanto estuda meu rosto.


Depois de um segundo absorvendo minhas palavras, murmurou:

— Merda, é assustador o quão perceptivo você é.

Com um sorriso, estendi a mão para traçar sua bochecha


com meu dedo.

— E, no entanto, acho que você gosta.

— Sim, bom... — Ela sorriu e revirou os olhos, parecendo


triste. — Exceto pelo fato de que eu agora pareço entediante, já
que uso calcinha lisa e prática sim, seu talento para me ler não
é tão ruim.

— Prática, mas colorida — Lembrei enquanto me inclinava


sobre a mesa em direção a ela. — Para falar a verdade, eu gosto.
Gosto de você assim como é.

Quando pressionei minha boca na sua, ela respondeu da


mesma maneira, zumbindo em sua garganta e passando os
dedos por meu cabelo.

— Também gosto de você — Admitiu.

— Bom. — Beijei-a de novo.

Não muito longe, o som de uma risada me fez recuar e dei


uma olhada nas garotas que a incomodavam antes. Elas nos
olhavam abertamente e sussurravam uma para a outra.
Obviamente, nosso beijo as levou ao limite.

Fiz uma careta.

— Hum! Talvez a coisa inter-racial as incomode. — Levantei


meu dedo médio e mostrei para as garotas.

— Colton! — Julianna agarrou meu dedo e o cobriu com


sua mão, enquanto na outra mesa elas ofegaram e rapidamente
desviaram o olhar.

— O que? — Balancei a cabeça, confuso. — Consegui fazer


com que se metam com seus próprios malditos assuntos, não é?

Juli cerrou os dentes.

— Foi você quem me disse para esquecer o que as outras


pessoas pensam de nós.

— Elas estavam te incomodando — Argumentei com mau


humor. Isso me irritou.

Ela suspirou.

— Bom, dois erros não fazem um acerto.

— Sim, mas temos certeza absoluta de que lhes mostrar


meu dedo médio estava errado? — Perguntei. — Quer dizer,
mostrei a elas sua estupidez. Você faz isso comigo o tempo todo.

Seus olhos se estreitaram.

— Eu te faço notar porque sei que é melhor do que isso.

Meu peito inchou.

— Sou? Quão bom você acha que sou, boneca?

Levantando o queixo, ela franziu a testa.


— Pare de ser arrogante.

Eu ri assim que nosso garçom se virou para deixar


discretamente nosso recibo na mesa junto a mim. Ele não
perguntou se precisávamos de mais alguma coisa, mas me
enviou um sorriso tenso e falou:

— Tenham uma boa noite. — Antes de lançar um olhar


para a Juli e ir embora.

Olhei para trás, começando a sentir a mesma paranoia que


Julianna de que as pessoas nos julgavam. Levantando as
sobrancelhas na direção dela, disse:

— Acho que foi nosso sinal para sair.

— Mensagem recebida. — Ela pegou sua bolsa, de repente


querendo ir.

Joguei dinheiro suficiente para cobrir o jantar e peguei sua


mão. Ao sair do restaurante, olhei ao meu redor. Algumas
pessoas olhavam para nós de forma sutil, mas a maioria deles
apenas nos observavam, sem pensar em nossa relação. Era
como se ele estivesse conduzindo algum tipo de experimento, o
estudo do comportamento social dos Homo sapiens em seu
habitat natural. E cheguei a uma conclusão: a maioria da
população evoluiu muito bem e por isso a minoria se destacava
de maneira tão grosseira, o suficiente para que Julianna se
sentisse incomodada.

Dei um beijo na sua testa e a apertei mais contra meu lado,


segurando seu braço.
— Sinto muito — Falei assim que estávamos na calçada e
começamos a caminhar para seu edifício. — Eu não entendia o
quão desconfortável esse restaurante te fazia sentir.

Ela balançou a cabeça.

— Não se preocupe com isso.

Mas eu fiz mesmo assim.

— Isso te incomodou quando teve seu encontro com


Brandt?

Brevemente enterrando seu rosto no meu ombro e me


inalando como se precisasse do meu cheiro para se se acalmar,
olhou para cima.

— Estranhamente, não.

Franzi o cenho, inclinando a cabeça para um lado


enquanto a estudava.

— Por que não? Ele é tão branco quanto eu.

Ela deu de ombros, não encontrando meu olhar.

— Não sei.

A inquietação atravessou meu estômago com uma ferida


que eu não gostei.

— Então o que... você gostava tanto dele que não se


importava com o que as pessoas pensavam? — O que significava
que não gostava muito de mim.

Mas ela olhou para mim e segurou meu braço, dizendo:

— Não. Acho que foi exatamente o oposto, na verdade.


Quando ele me buscou naquela noite, ... parecia mais como dois
colegas de trabalho saindo juntos do que um encontro de
verdade. Amigável, mas não tão pessoal. Eu sabia que não nos
tocaríamos, daríamos a mão ou você sabe, nada disso, então
acho que presumi que as outras pessoas veriam colegas de
trabalho quando eles nos olhassem. Na verdade, nunca me
preocupei com o aspecto inter-racial com ele e acho que foi
porque em algum lugar dentro de mim sempre soube que não
daria certo.

E assim, a ferida em minhas entranhas se dissipou.

— Então você acha que dará certo comigo? — Tive que


perguntar e, meu coração começou a bater forte, ansioso por sua
resposta, mas temendo o que ela diria.

— Nós dormimos juntos — Ela murmurou

Ela respondeu, mas era uma forma de lavar as mãos com


a resposta.

Ela não olhou para mim, então insisti.

— Vamos boneca, você sabe o que eu realmente estou


perguntando. Onde acha que isso entre a gente irá?

Seus olhos pareciam tão grandes e marrons quando olhou


para cima, que pude ver a mesma preocupação e ansiedade no
meu estômago acenando ao redor do seu rosto.

— Aonde você acha que vai? — Ela replicou.

Sorri e balancei a cabeça.

— Eu perguntei primeiro.

— Então deveria responder primeiro — Retrucou.


Joguei a cabeça para trás e ri. Uma coisa era certa, eu
adorava lutar verbalmente com ela mais do que com qualquer
outra pessoa no planeta.

Mas é claro que eu não responderia primeiro.

À medida que nos aproximávamos do pub, com a música


abafada que vinha do prédio e as luzes que iluminavam algumas
mesas ao ar livre, um barulhento grupo de garotos notou nossa
aproximação.

Um bêbado idiota se levantou, tropeçando em seu assento e


nos encarou.

— Saindo com gente negra, Mudshark6, huh? — Ele falou


em um tom descuidado de zombaria. — Você deve gostar de
sujo.

Parei e voltei minha atenção para ele.

— O que você acabou de dizer? — Meu tom não era


educado e de forma alguma o convidou a continuar com essa
ideia repugnante, mas o idiota continuou sorrindo e me
cutucando como se fôssemos amigos. Ele virou o rosto o
suficiente para que a luz iluminasse uma tatuagem de lágrima
no canto de seu olho. Olhei-o fixamente, tentando me lembrar se
aquelas coisas significavam que ele já matou alguém e foi preso
por isso ou se esteve perto de alguém que morreu.

— Sério — Resmungou Lágrima — É verdade que suas


tetas têm sabor de chocolate?

6
Mudshark é um insulto racial para uma mulher branca que dorme com homens negros.
— Ei vamos lá, cara — Falou um dos seus amigos,
pegando-o pelo braço e tentando fazê-lo recuar. Para nós,
avisou: — Ele está bêbado.

— Mesmo? — Respondi secamente. — Eu já estive bêbado


muitas vezes e nunca sai insultando as pessoas.

— Colton, vamos — Julianna falou calmamente no meu


ouvido enquanto continuava me puxando para tomar distância.

Estava a ponto de seguir seu exemplo quando o bêbado


idiota se soltou da restrição que seu amigo o mantinha e foi
direito para ela.

— Eu quero provar suas tetas de chocolate.

Quando Lágrima tentou tocar em seu peito, Julianna gritou


e pulou para longe dele.

— Ei! — Apertei minhas mãos. — Filho da puta, mantenha


suas mãos para si mesmo.

O bêbado me olhou.

— Por que você não mantém suas mãos em sua própria


espécie? Você está sujando a água, imbecil.

E então teve a insensatez de me bater.

Em mim!

Calma uma merda.

Desse ponto em diante; foi isso.


Julianna segurou uma compressa fria nos meus olhos.
Soltei o fôlego e inclinei meu rosto para longe porque estava
muito frio, mas ela estava chateada comigo e apertou com mais
firmeza nas contusões que já estavam se formando.

— Pare de ser afeminado.

— Afeminado? — Franzi o cenho com meu olho bom.


Apoiados contra a lateral de um carro patrulha enquanto
esperávamos por um oficial para dar nossa declaração, porque
me meti na minha primeira briga, pensei que parecia um
verdadeiro bad boy. E preciso acrescentar, que o outro cara foi
levado na parte de trás de uma ambulância. Mas
aparentemente, tudo o que foi preciso foi um fodido pedaço de
plástico frio em meu rosto para ser delegado como um
afeminado.

Merda.

— Então o que aconteceu aqui? — Perguntou um dos


agentes quando se aproximou, abrindo um pequeno caderno.

Bufei e levantei minha mão para Lágrima, que lutava com


os outros oficiais e até mesmo com os paramédicos em sua
tentativa de ajudá-lo a entrar na ambulância. Acho que ele ainda
estava bêbado demais para notar que quebrou o braço quando
caiu no chão.

— Foi aquele filho da puta quem começou. Nós... — Fiz


uma pausa para apontar entre Julianna e eu — Caminhávamos
pela rua, cuidando dos nossos próprios malditos assuntos,
quando ele saiu da sua mesa e veio em nossa direção, me
dizendo que eu era um mudshark.
O policial parou de tomar nota e olhou para nós, piscando
em confusão.

— Um mudshark? Não é suposto que isso é uma mulher


branca com um homem negro?

— Eu sei! — Levantei a mão para parabeniza-lo. —


Obrigado! É o que eu pensei. O estúpido imbecil não sabe nem
ao menos nos criticar bem. Quer dizer, é sério? Que idiota —
Fazendo uma pausa com o repentino pensamento, olhei para a
Julianna. — Como se chama quando um homem branco sai com
uma mulher negra?

Ela piscou, me deixando saber que não podia acreditar que


eu estava perguntando isso. Mas então balançou a cabeça.

— Não tenho ideia.

Oh, bom. Isso não importava. Agitei uma das mãos e voltei
de novo para o policial.

— De qualquer modo, depois o filho da puta queria tocar


em seus peitos, dizendo que queria prová-los, e...

— Ele, espera. Ele quis tocar seus... — Quando o oficial


olhou para Julianna, seu olhar imediatamente caiu para seu
peito, já que eram o tema da conversa e ficou de cor vermelha
brilhante porque ela de fato usava um decote generoso. — Uh...
— Depois de piscar, levantou seu olhar. — Ele a agrediu,
senhorita?

— Não. — Juli balançou a cabeça imediatamente. — Ele...

— Como se eu fosse permitir que esse merda a tocasse —


Cortei, franzindo a testa para o policial por sugerir tal coisa. —
Eu puxei o braço dele antes que pudesse fazer qualquer coisa, e
então tudo começou. Ele me deu um murro e eu me esquivei,
então tentou acertar outro, porém desta vez não me esquivei tão
bem. Eu o empurrei no peito e ele deu outro murro. Eu não
consegui desviar. Em seguida Julianna tentou empurrar seu
braço, então ele se virou para ela como se fosse golpeá-la, mas
pulei sobre suas costas e foi quando caímos no chão. Ele
aterrissou primeiro, o que é o motivo do seu braço estar de
forma tão feia. E depois disso, foi como uma espécie de luta
livre. Nós dois fomos atrás um do outro, batendo e
amaldiçoando.

Dei de ombros, imaginando se deveria ter mencionado


todos os detalhes do que aconteceu, mas isso não importava. Eu
não mentiria. Se ganhasse uma visita a prisão... merda. Eu teria
feito tudo exatamente igual se tivesse uma segunda chance.

Então, a prisão significaria que eu teria que ligar para


Noel. E deixar que Noel descubra tudo... merda.

Já não seria tão bom assim.

Como o policial continuava ocupado escrevendo em sua


caderneta, eu me inclinei para a Julianna.

— Acha que ligarão para o Noel?

— Eu duvido — Sussurrou. — Você tem dezoito anos,


lembra?

— Oh bom. — Suspirei, aliviado. — Legal.

Seus olhos se arregalaram enquanto olhava para mim.


— O que é legal? Ser adulto significa que você poderia ir
para a cadeia neste momento.

Ainda não estava muito preocupado com isso. Digo, quanto


tempo uma pessoa pode passar atrás das grades por uma
maldita briga? Em seus piores dias, Brandt se metia em brigas o
tempo todo e nunca foi preso.

Bom, talvez eu estivesse um pouco delirante ali. Oh! bom. A


prisão seria uma experiência.

— Então... ele bateu primeiro? — Perguntou o policial,


olhando de esguelha até que parou de tomar notas.

Assenti.

— Sim.

— E você agiu em legítima defesa o tempo todo?

Quando assenti, ele voltou sua atenção para a Julianna.

— E você corrobora sua história, senhorita? Nada a


acrescentar ou mudar?

— Sim — Concordou imediatamente. — Quer dizer não,


não tenho nada a acrescentar ou mudar. Ele falou tudo
exatamente como aconteceu. — Com um olhar duro mim,
murmurou: — compartilhou mais detalhes do que eu teria dito.
Então, sim eu apoio sua história.

— Ok então, amigos. — Assentiu e fechou seu caderno. —


Obrigado por seu tempo. Vou me assegurar de que nenhum dos
outros oficiais tenha mais pergunta e depois os deixaremos ir,
ok?
Julianna e eu piscamos surpresos. Não acho que nenhum
de nós esperava que ele me deixasse ir assim.

Um segundo depois, agradeci com a cabeça.

— Sim, de acordo. Obrigado, cara.

Ele assentiu e se afastou. Julianna soltou um gemido de


emoção antes de apertar sua mão ao redor do meu braço e beijar
meu ombro.

— Oh graças a Deus. Eu tinha tanta certeza de que você


seria preso.

Eu a beijei na testa.

— Tenha um pouco mais de fé em mim, boneca. Por meio


de minhas palavras posso me sair de qualquer uma. — Então
com uma piscada, enviei-lhe um olhar lascivo — Ou entrar em
qualquer coisa.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

A maioria não precisa de um terapeuta psiquiátrico tanto


quanto de um amigo para se divertir. — Robert Brault

A amizade é como um arco-íris entre dois corações. — Autor


desconhecido

JULIANNA
— Acho que acabei com esta coisa afeminada — Disse
Colton, afastando a bolsa de gelo do seu olho. Os paramédicos
deram para nós quando chegaram e o examinaram. Começava a
pingar quando a afastei dele.

— Devolverei para eles. — Tirando de perto dele

— Obrigado, boneca. — Ele me beijou em agradecimento.

As luzes vermelhas e azuis me iluminaram quando me


aproximei da ambulância onde seguravam o bêbado que brigou
com Colton por tempo suficiente para colocá-lo com sucesso lá
dentro. Eu podia ver dois paramédicos no veículo com ele que
envolviam seu braço em uma tipoia temporária, enquanto um
terceiro de pé no lado de fora das portas abertas, conversando
com um par de policiais.
Um dos policiais me viu e assentiu respeitosamente.

— Vamos leva-lo para a cadeia assim que receber alta no


hospital, ok senhorita?

Sorri em agradecimento e dirigi minha atenção ao


paramédico.

— Ele falou que já não precisa mais disto, obrigada.

O rapaz pegou a bolsa fria e olhou para os dois policiais


que saiam antes de voltar sua atenção para mim.

— Eles disseram que tudo isto foi por uma questão racial.

Assenti e suspirei, esfregando um ponto no centro de


minha testa onde estava começando uma dor de cabeça.

— Sim. Foi isso mesmo.

Ele se aproximou de maneira confidencial. Como eu era a


única outra pessoa afro-americana em cena, achei que ele me
daria algumas palavras de encorajamento, mas ele falou:

— Você sabe que isto não teria acontecido se tivesse ficado


com sua própria classe, certo?

Minha boca se abriu.

— Desculpe-me?

Ele teria dito mais, seus lábios se separaram para falar,


mas lançou um olhar por cima do meu ombro e se calou
imediatamente. Olhei ao meu redor para ver Colton vindo em
nossa direção.
Meu pobre garoto estava sem energia. Eu temia que ele
desmaiasse a qualquer segundo quando fechou os olhos e se
apoiou em mim para descansar a testa no meu ombro.

— O policial acabou de nos liberar — Informou. — Eu


quero ir para casa agora.

Ele estava tão exausto que arrastava as palavras. Eu me


afastei imediatamente preocupada.

— Tem certeza de que está bem? Você não estava tão


cansado a alguns minutos atrás.

Abrindo um pouco os olhos, murmurou:

— Estou bem. Só quero ir para casa.

O imbecil do paramédico continuava ali de pé segurando a


bolsa de gelo do Colton, foi ele quem o examinou a princípio.

— Tem certeza de que ele não tem uma concussão? Quer


dizer, você o examinou, certo?

Ou talvez ele não tenha se preocupado tanto com o garoto


branco que saía com uma mulher negra.

Quando lhe dirigi um olhar assassino, avisando-o de que


era melhor ter examinado bem meu homem ou sofreria, ele
suspirou e tirou uma lanterna do seu bolso dianteiro.

Mas Colton fez uma careta e levantou a mão, negando com


a cabeça.

— Eu estou bem. De verdade. Apenas cansado depois do


ataque de adrenalina.

Ele me deu um olhar suplicante, então assenti.


— Está bem, vamos — Falei suavemente. Envolvendo meu
braço ao redor da sua cintura, enviei ao paramédico um último
olhar desafiante e depois o levei para outro lugar.

Uma vez que nos afastamos do alvoroço dos veículos de


emergência, ele suspirou e se inclinou ainda mais contra mim.

— Sinto muito. Eu só queria sair com você para comer.

— Oh, pare — Eu o repreendi. — Você não fez nada de


errado, apenas me defendeu e isso te faz meu herói.

— Não acho que quebrei meu nariz — Ele estendeu a mão


para cutucar de lado — Mas dói muito. Tomarei meio vidro de
analgésicos quando chegar em casa.

Olhei para ele, preocupada .

— Tem certeza de que não tem uma concussão?

— Eu estou bem, boneca. — Beijou minha testa. — Apenas


pronto para ir para casa. — Fazendo uma pausa, ele me deu um
olhar desconfortável. — Eu seria um completo idiota se fosse
embora agora?

Meu prédio apareceu à vista e eu podia ver onde ele


estacionou sua caminhonete daqui. Minha resposta instintiva
seria agarrá-lo mais forte e implorar que ficasse. Não queria que
fosse embora... nunca. Além disso, queria vigiá-lo caso tivesse
uma concussão.

Mas assenti e disse:

— Vá para casa, carinho. Durma um pouco.

Ele assentiu, parecendo que poderia adormecer antes de


chegar lá.
— Vou te acompanhar até sua porta.

Mas resisti.

— Não. Seu carro está bem aqui. Não precisa entrar comigo
e sair outra vez.

— Mas...

— Colton — Minha voz saiu severa — Você está dolorido.


Vá para casa.

Depois de um suspiro relutante, assentiu e fechou os olhos


brevemente.

— Vou te enviar uma mensagem quando chegar para me


assegurar de que chegou sem problemas.

Sorri e revirei os olhos, mas respondi:

— Está bem, obrigada. — Porque eu também queria ter


certeza de que ele chegou bem em casa.

Paramos na porta do motorista e ele me abraçou, apoiando


a bochecha na minha cabeça.

— Eu sei que isto não te fará sentir melhor, mas não acho
que todo mundo seja como esse bêbado imbecil ou aquelas
cadelas fofoqueiras no restaurante. A maioria das pessoas não
se incomodou porque estávamos juntos.

Suspirei e acariciei seu braço.

— Eu sei — Respondi, mas sim, isso não me fez sentir


melhor. Não essa noite de qualquer maneira.

— Entretanto, acredito que vale a pena aguentar um par de


idiotas — Ele murmurou tão baixo que mal pude ouvi-lo —
Porque isto está indo a algum lugar — Adicionou antes de
afastar-se e abrir a porta.

Levantei a cabeça e engasguei enquanto ele subia na


caminhonete e ligava o motor. Por último me olhou através da
janela e soprou um beijo. Então deu marcha ré e se foi.

Ainda atordoada por sua admissão, caminhei cegamente


para meu apartamento. Depois de destrancar a porta e entrar,
toquei meus lábios como se ele tivesse me dado um beijo de
despedida com essas palavras e eu ainda pudesse sentir o
impacto dele em minha boca.

Era mais do que apenas sexo para ele também. Oh meu


Deus, era mais do que sexo!

Mesmo depois de toda a loucura que experimentei esta


noite, eu queria rir, dançar e compartilhar as novidades com o
mundo. Eu gostava de ser mais do que apenas sexo. Vozes
abafadas vinham da cozinha, então me dirigi para lá sem
pensar. Queria comemorar com minhas melhores amigas.

Quando cheguei na entrada, Tyla perguntou: — Onde está


a JuJu?

— É provável que com Colton outra vez — Respondeu


Sasha, ao mesmo tempo em que Theo bufou.

— Você está brincando? Ela ainda continua vendo aquele


idiota branco?

Eu abri a boca para cumprimentar, mas a fechei ante sua


pergunta, não querendo lidar com mais nada disso esta noite.
Os dois casais estavam reunidos ao redor da bancada, onde três
caixas de pizza estavam abertas, enquanto se inclinavam e
comiam.

Sentindo-me desnecessária e sem querer ouvi-los fazer


mais alguma piada sobre Colton, comecei a recuar.

Mas ele bufou.

— Suponho que isso prova que garotos brancos são


resistentes ao frio.

Parei, franzindo o cenho. Hã?

— Por quê? — Perguntou Chad, com a boca cheia de


pepperoni e queijo.

Ele deu de ombros.

— Quer dizer, tem que ser. Isso ou ele gosta de congelar as


bolas toda vez que coloca o pau em uma boceta gelada como um
iglu.

Enquanto uma parte de mim se afastava para evitar sentir


qualquer tipo de dor, Tyla engasgou e lhe deu uma bofetada no
braço.

— Theodore Jamal Richmond! Que diabos?

— Bom, é verdade! — Ele gritou, fugindo dela e levantando


o braço quando ela foi para o seu rosto.

— Isso não é verdade.

— Oh merda. — Chad me viu na entrada, com sua


próxima mordida na pizza congelada a meio caminho da boca.
Sasha olhou e ofegou, cobrindo a boca com as mãos.
Quando Tyla me viu, ela imediatamente começou a sacudir a
cabeça.

— Não. — Deu um passo em minha direção. — JuJu.

Mas eu recuei e ela parou.

— Eu só queria que soubessem que cheguei em casa —


Falei em voz baixa. Quando virei meu olhar para o Theo, ele
realmente teve a decência de parecer arrependido. — E eu
apreciaria se vocês parassem de se referir a ele como idiota
branco. Seu nome é Colton.

Então me virei e caminhei rigidamente para o meu quarto.


Quando entrei, fechei a porta sem nenhum barulho e fui direto
para o meu armário pegar uma mala. Não tinha ideia de para
onde ia enquanto a enchia. Eu só não queria estar aqui.

Além da Sasha e Ty, eu não era amiga de ninguém na


cidade, não o suficiente para pedir para ficar com eles pelo
menos. E incomodar Colton estava fora de questão. Sua família
não sabia sobre nós por um motivo diferente. Além disso, neste
momento ele estava machucado e dolorido. Precisava de um
descanso.

Talvez Pick pudesse me ajudar. Eu ouvi falar de algumas


coisas bem impressionantes que ele fez para alguns dos meus
colegas de trabalho, embora incomodar meu chefe quando ele
estava em casa com sua família parecia uma péssima ideia.

Eu acabei de colocar um punhado de roupas íntimas todas


de algodão liso, mas com cores vibrantes, na mala quando uma
batida suave soou da minha porta. Tyla a abriu, espiando
hesitante. Sasha entrou atrás dela.

— Ele já foi — Ela falou com os olhos cheios de culpa. —


Eu o expulsei.

— Chad também — Informou Sasha.

Suspirei e soltei várias meias três-quartos sobre meu


colchão.

— Vocês não precisavam fazer isso. Eu posso ir.

— O que? Você não vai a parte alguma — Ela afirmou. —


Essa é sua casa. E por que tem sangue na sua camiseta?

Olhei para baixo e pisquei para a mancha oxidada cobrindo


meu peito direito. Colton cortou os dedos e machucou o braço
na briga. É de onde isso deve ter vindo.

Não sei por que, mas me derrubou ver seu sangue sobre
mim. Sentei-me na pilha de meias três-quartos, enterrei o rosto
em minhas mãos e comecei a chorar.

— Oh carinho. — Elas sentaram-se uma de cada lado de


mim. Seus braços me rodearam e abraçaram enquanto me
balançavam de um lado para o outro.

— O que aquele imbecil fez com você? — Perguntou Tyla

Neguei e limpei minhas lágrimas.

— Não. Ele não fez nada de errado. Ele é perfeito. É tão


maravilhoso, o melhor homem que já conheci. E estou tão
assustada porque não precisava ser assim. Era para ser
divertido e prazeroso, para tirar do nosso sistema e nunca
conversarmos , mas ele foi tão incrível. E então, quando tive meu
período, ele me trouxe doces, me contou seus segredos, ouviu os
meus e se meteu em uma briga com um idiota que tentou tocar
meus peitos e eu ... não sei. Nunca senti algo tão grande por um
cara, e acho que não deveria. Ele não quer que seu irmão saiba,
eu não quero que meu pai saiba. Mas então esta noite ele deu a
entender que quer mais e eu também quero. Quero que todos
saibam que ele é meu e se tiverem um problema com isso,
podem ir para o inferno.

Respirei fundo depois de descarregar tudo isso, embora


meu peito ainda estivesse pesado e as lágrimas ainda caíssem
dos meus olhos. Eu era um desastre e minhas duas colegas de
quarto me olhavam como se eu tivesse enlouquecido, eu achava
que sim.

, Sasha levantou as sobrancelhas e suspirou.

— Ok, talvez você devesse começar pelo início. De quem é


esse sangue?

Meus ombros caíram.

— Acredito que tenho que começar muito antes do que isso.

— Está bem — Assentiu Tyla, me encorajando. — De


quanto tempo estamos falando?

— Um ano atrás — Confessei. — Quase uma semana ou


duas antes que começasse a trabalhar no bar. Brandt era meu
treinador e achei que ele era ótimo. — Dei de ombros. — Ele é
ótimo. O cara tem todas as qualidades que uma garota gostaria
em um homem, então pensei por que não. Ele se encaixava no
molde que coloquei na minha cabeça para o cara perfeito. Mas
na mesma noite em que o convidei para sair, seu irmão
apareceu...

— E foi como o destino — Sasha tentou terminar por mim,


enquanto colocava as mãos no peito dramaticamente.

Pisquei antes de dizer:

— Não. Ele me incomodou muitíssimo. Era barulhento,


desagradável e tão arrogantemente inapropriado, que quase quis
bater nele. Mas então ele saiu e me encontrei lançando olhares
para a porta como se estivesse esperando que ele voltasse ou
algo assim. Era estranho, tanto que fui em frente e convidei
Brandt para sair porque, não sei... nada era estranho ou
terrivelmente intenso com ele. Mas então isso fracassou e tenho
que dizer, eu não fiquei nem um pouco decepcionada. Apenas
triste, porque ele achou sua alma gêmea e você começou a ver o
Theo.

Apontei para Tyla antes de olhar para Sasha.

— E você sempre teve o Chad. Eu me senti tão sozinha. As


únicas vezes em que me sentia verdadeiramente viva eram
quando Colton passava para ver Brandt no bar. Acho que ele
gostava de me incomodar porque quanto mais eu reagia; mas ele
paquerava. Depois de um tempo, percebi que também gostava
das suas visitas. Nós tínhamos um jogo bizarro onde ele me
perseguia incansavelmente enquanto eu dizia para ele se afastar.
Mas nunca aconteceu nada. Não até a noite do casamento do
Brandt.

Tayla ofegou e agitou as mãos com entusiasmo.


— O que, garota? O que? Você escondeu isso de nós. Eu
sabia! O que aconteceu naquele casamento? Isto será suculento,
não é? Ooh é melhor que seja.

Oh, definitivamente era.

— Eu estava muito deprimida — Admiti — E amargurada


porque me sentia sozinha. Ficava refletindo sobre como as coisas
poderiam ter terminado se eu tivesse lutado mais pelo Brandt,
quando o padrinho se sentou na minha mesa.

— Era o Colton? — Adivinhou Sasha, sorrindo amplamente.


— Mmm, você está nos dizendo que rolou algo com o padrinho
de casamento do cara que você gostava e que por coincidência
era o irmão do noivo? Merda, garota safada. Estou tão
impressionada.

Quando ela me abraçou, comecei a rir.

— Eu me senti muito, muito mal. Estávamos prestes a


fazer sexo — Coloquei um centímetro de espaço entre meu
polegar e o indicador — E estou falando sério. Mas então soltei
que amava o Brandt e ele se afastou e...

— Fez o quê? — Questionou Tyla — Por que você fez isso?

— Eu não sei! — Lamentei. — Estava muito bêbada, ainda


de mau humor e deprimida por não ter ninguém. Acho que
estive o dia todo tentando me convencer de que ainda gostava
dele. Então quando me envolvi com Colton, saiu. Eu senti que
ele também estava zangado comigo por isso.

Continuei lhes contando tudo o que aconteceu desde então.


Enquanto isso, Tyla encontrou o saco de doces que ele
comprou para mim na noite anterior, querido Jesus, se passou
apenas um dia? E nós três o atacamos enquanto eu contava
tudo, e quero dizer realmente tudo.

Quando cheguei à parte das garotas maliciosas no


restaurante, o imbecil bêbado que nos assediou, e o paramédico
condescendente, ela agarrou o rosto com as mãos e gemeu.

— Então veio para casa para encontrar o Theo e sua grande


boca estúpida. JuJu sinto muito. Você pode me perdoar?

Neguei.

— Não há nada que perdoar. Você não falou nada.

— Eu sei, mas... ele é o meu namorado. Minha


responsabilidade. Eu deveria... eu... — Seus olhos se encheram
de lágrimas. — Não acredito que daremos certo.

— O que? — Sasha gritou. Ela parecia mais surpresa do


que eu por ouvir isso.

— Ele sempre paquera outras garotas — ela responde. —


Bem na minha frente. Geralmente quando tento lhe contar sobre
meu dia, ele nunca presta atenção quando falo e algumas das
brincadeiras que ele faz sobre meus amigos ou sobre as coisas
que eu gosto, estão realmente começando a me incomodar.

— O que ele falou sobre mim? — Sasha quis saber

Tyla pareceu murchar sob nosso olhar.

— Nem queira saber.

Sua boca se abriu com um ofego. Um segundo depois,


falou: — Está bem, pode deixar esse idiota que não vale nada.
Tyla começou a rir, só para depois soluçar e limpar seu
rosto molhado.

— Não sei se posso. Tenho medo de ficar sozinha. — Seu


olhar se encontrou com o meu. — Você foi tão corajosa quando
deixou Shaun depois que ele te deu um tapa. Você nunca teve
medo de ficar sozinha, ou enfrentá-lo ou... nada disso. Eu sei
que nunca seria capaz de fazer isso. Daria uma chance, outra e
outra. É que... não sou tão forte.

— Isto é loucura — Falou Sasha, balançando a cabeça. —


Eu achei que você e o Theo eram felizes juntos.

— Bom, tive que fazer você pensar isso. Você e Chad são o
casal perfeito. Chega a ser nojento. E eu queria ser assim.

— Oh meu Deus — Soltou uma gargalhada. — E eu aqui


estava eu deprimida porque achava que ele e eu fôssemos o
típico casal chato que nunca faz nada de novo.

— Ei, vocês faltaram aula e fizeram sexo a tarde toda na


semana passada — Ofereci gentilmente. — Isso não é nem um
pouco chato.

Sasha e Tyla começaram a rir até que as lágrimas


escorriam por suas bochechas.

— Temos que fazer isto mais vezes — Anunciou Tyla


enquanto enfiava um caramelo com sabor de fruta na boca. —
Isto é legal.

— Eu sei — Falou Sasha, estendendo seus braços para


apertar nossas pernas. — Sinto falta de conversar com vocês.
Sentindo-me um pouco mais falante, murmurei: — Às vezes
eu sinto que não posso falar com qualquer uma de vocês porque
são muito unidas, e sei que sou a patética terceira roda.

Como se essa ideia nunca tivesse lhes ocorrido, elas


piscaram e me olharam antes de dizer: — Sério?

Um momento depois, Sasha agarrou minha mão.

— Oh, carinho. Nunca quis te fazer se sentir assim. Vocês


duas são igualmente importantes para mim, eu juro. — Então
corou tristemente e abaixou sua cabeça.

— Embora eu suponha que devo confessar que você é um


pouco intimidante para mim, às vezes.

— Sério? O que? Por quê?

— Bom — Ela encolheu os ombros e compartilhou um


olhar com Tyla, que assentiu concordando — É que... você é tão
perfeita. Quer dizer... — Agitou a mão sobre mim. — Nada nunca
está fora do lugar, além do sangue que parece tão estranho em
você, você sempre tem... tem tudo sob controle. Então acho que
me agarro mais a contar para Tyla meus problemas porque ela é
tão...

— Desordenada — Ela adicionou alegremente. — Sou uma


maldita confusão e com isso você pode se relacionar.

— Eu também sou um desastre — Gritei, pressionando


minhas mãos contra meu peito. — Eu sempre duvido de mim
mesma, me preocupo com bobagens e me sinto fora de controle.

Santo inferno e eu que achava que o disfarce, que eu usava


para parecer o mais perfeita possível, sempre falhasse, certa de
que todo mundo podia ver através de mim. E entretanto... fingi
com minhas duas melhores amigas, de todas as pessoas.

— Garanto que você sabe como cobrir bem, carinho —


Sasha falou amavelmente — Porque, caramba...

— Sim, você tem que trabalhar nisso — Disse Tyla. — Faz a


nós mortais nos sentirmos melhor quando vemos que tem um
mau momento também... algo como esta noite. Na verdade, você
conquistou um A por nos contar tudo isso.

Sorri e assenti com a cabeça.

— Ok, trabalharei nisso.

Acho que possivelmente era eu quem as afastava e não ao


contrário. Ao perceber que tipo de desastre eu realmente era,
comecei a me desculpar por não compartilhar nenhum dos meus
problemas quando meu telefone tocou.

Ao ver o nome do Colton, ofeguei.

— Ah, merda. Ele me enviou mensagens de texto a noite


toda. Falei que enviaria uma quando chegasse em casa para
garantir que cheguei bem. Aposto que está muito preocupado. —
Levantando um dedo para minhas garotas, para que me dessem
um segundo, respondi sem fôlego: — Olá, sinto muito. Meu
celular estava no silencioso.

— Merda — Ele explodiu no meu ouvido. — Já havia


calçado meus sapatos de novo e estava com minha carteira na
mão, pronto para ir te ver, quando percebi que ainda não tentei
te ligar. Quase tive um ataque cardíaco, boneca. Tem certeza de
que está bem?
— Estou bem — Eu lhe garanti. Olhei para a Sasha e para
a Tyla — Mais do que bem. Eu tive uma terapia de melhores
amigas e me deixei levar pela conversa de garotas. Esqueci que
me mandaria uma mensagem. Então sim, está tudo bem. Eu
não queria te preocupar. Suponho que também chegou bem em
casa, não?

— Sim, está tudo bem por aqui. Já não estou mais tão
cansado, especialmente depois de me preocupar com você. Você
falou conversa de garotas? — Ele perguntou, parecendo de
repente interessado. — Oh Jesus. Vocês três estão na cama só
de roupas íntimas, fazendo lutas de travesseiros, não é?

Revirei os olhos e Sasha riu porque escutou sua pergunta.


Um brilho diabólico entrou nos olhos de Tyla pouco antes de
proclamar em voz alta.

— Praticaremos beijo, de novo.

— Espera, o que ela falou? — Perguntou Colton, fazendo


com que minhas colegas de quarto caíssem na risada. — Talvez
eu deva ir vê-la de qualquer maneira — Sugeriu.

— Boa noite, Colton — Eu falei com firmeza, rolando os


olhos. — Eu te amo. — Desliguei e enviei a minhas amigas um
olhar exasperado. — Ele é tão infantil.

Ambas estavam muito ocupadas me olhando com a boca


aberta para responder.

Pisquei, confusa.

— O que há de errado?
— Carinho — Tyla falou lentamente — Você percebeu que
acabou de dizer ao cara que o amava?

— Não, eu não fiz isso — Falei lentamente, rebobinando a


conversa na minha cabeça até que cheguei à despedida e então
todo o calor foi drenado do meu rosto.

— Oh meu Deus, o que eu fiz? — Voltei meu olhar de


súplica para elas e agitei minhas mãos inquietantemente. — O
que eu faço, o que eu faço, o que eu faço?

Antes que pudessem responder, meu telefone vibrou.

— Oh Deus — sussurrei. — Ele acabou de me enviar uma


mensagem de texto, não é?

Tyla e Sasha pegaram o telefone enquanto eu continuava


congelada. Enquanto liam avidamente a tela, encontrei coragem
para perguntar.

— O que ele falou?

Nenhuma das duas respondeu por um momento e então


Sasha leu a mensagem em voz alta.

— Ele falou: Ha, eu sabia que você diria primeiro.

Pisquei e tomei meu telefone das suas mãos.

— Isso é tudo?

Aquele idiota. Ele não me diria que também, ou pelo menos


que não sentia o mesmo? Como se atreve a me deixar
esperando?

Dois segundos depois, apareceu outra mensagem.


Colton: Boa noite, boneca. Eu também te amo.

Deixei escapar um suspiro, e meus ombros caíram, além de


relaxados.

— Esse fodido idiota — Falei, sorrindo e balançando a


cabeça enquanto mostrava para minhas amigas a nova
mensagem. — Ele me fez suar durante outros dois segundos de
propósito.

E eu o amava ainda mais por isso pelo simples feito de ser


ele.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Eu sabia que te amava quando de repente "lar" passou de


ser um lugar para ser uma pessoa. — Autor desconhecido.

JULIANNA
O dia seguinte era sábado, não havia aula na universidade,
então eu não precisava me preocupar em como agiria ao redor
do Colton em filosofia. Eu nunca havia dito a um cara que o
amava por telefone. Na verdade, a única outra pessoa para quem
eu disse foi Shaun e ele me propôs casamento imediatamente
depois disso e passamos o resto do dia juntos na cama.

Estremeci com asco, só de pensar nele e naquele dia,


enquanto um sabor desagradável enchia minha garganta. Agora,
lembrar-me de outros caras parecia errado. Como se desejasse
que tudo tivesse começado com Colton porque ele era o único
que parecia certo.

E mesmo assim, eu estava sentada aqui me estressando


sobre como me comportaria perto dele na próxima vez que o
visse.

Agora nós dois sabíamos que nos amávamos.


O que ele diria a respeito? Seria o primeiro a comentar? E
se ele se retratasse da sua parte porque realmente teve uma
contusão na noite passada e esteve delirante quando me enviou
aquelas palavras? Como eu queria vomitar meu ser estressante.

Sasha trabalhava o dia todo e Tyla estava na casa do Theo,


eu estava com medo de que ela não terminasse com ele e sim
que se reconciliassem. Então não podia incomodar minhas
amigas com minhas preocupações.

Quando chegou uma mensagem do Colton, ataquei meu


telefone, impaciente para lê-la.

Colton: Precisamos montar uma nova contagem


regressiva.

Olhei suas palavras e respirei, aliviada mais do que


qualquer coisa que pudesse explicar. Ele não usou a palavra
com A, mas o que falou foi tão... nós, que aplacou tudo dentro
de mim.

Julianna: 58 horas.

Ao que o sabichão respondeu imediatamente:

Colton: Que sejam 57 e meia.


Sim, tudo estava como deveria estar.

Naquela noite quando me aproximava do trabalho,


realmente cantarolava alegremente para mim mesma.

Atrás do balcão, Brandt estava empilhando os copos.

— Hey — Cumprimentei, sorrindo em saudação. — Pick


ainda não encontrou um substituto para você, hein?

— Não, aquele idiota — Murmurou franzido a testa para o


corredor de trás. — Acho que ele está enrolando de propósito.

Ri enquanto guardava minha bolsa e me aproximava para


ajudá-lo.

— É o que ganha por ser um empregado incrível.

Ele bufou de mau humor e revirou os olhos, depois parou


de trabalhar quando seu telefone tocou. Enquanto respondia,
terminei a tarefa para ele e continuei enchendo alguns
recipientes com mix de bar.

— Não, eu ainda não o vi — Brandt respondeu para quem


estava falava no telefone. — Noel me ligou esta manhã, meio
louco por isso, exigindo saber o que foi que aconteceu, mas eu
não tinha ideia de que Colton esteve em uma briga.

Parei de encher os recipientes e o olhei.

— Espera um segundo. Estou no trabalho, te colocarei no


viva voz. — Pressionou um botão e colocou seu telefone no
balcão. — Ainda está aí? — Perguntou, enquanto verificava a
caixa registradora.

Parei o que estava fazendo para olhar para o telefone dele.


— Você precisa ver o maldito olho roxo dele, cara — Gritou
a voz pelo telefone. — É foda demais. Vou te dizer uma coisa,
meu tutelado me deixou orgulhoso, aparecendo com um olho
preto e azul como esse. Diabos, é maior do que o que a Rubia me
deu.

Brandt bufou.

— Ainda dizendo que ela provocou o maior olho roxo que já


teve? Merda, o que eu te dei facilmente foi duas vezes maior que
o dela.

— Não foi — Argumentou o interlocutor. — Sua pancadinha


de cadela mal deixou uma marca, mas quem quer que tenha
chegado ao nosso menino ontem à noite o fez bem. Estou
dizendo, alguém o acertou com força.

Balançando a cabeça, Brandt franziu a testa pensativo.

— E ele ainda não falou como conseguiu?

Respirei fundo com preocupação e me afastei do Brandt e


sua conversa com quem imaginei ser seu cunhado, Ten.

— Não — Respondeu Ten — Falou apenas que um bêbado


estúpido o atingiu.

Afastando-me, tirei meu próprio telefone da minha bolsa e


enviei uma mensagem para o Colton.

Julianna: Por que não contou a sua família como


conseguiu o olho roxo?
Ele respondeu segundos depois.

Colton: Não é exatamente assim que eu queria informa-


los que você está na minha vida. Além disso, acho que
deveria contar primeiro ao Brandt sobre nós antes dos
outros. E preciso esclarecer isso com você primeiro antes de
dizer qualquer coisa para ele já que tínhamos concordado
em não contar nada.

Meu coração fez uma pequena dança feliz. Ao ouvir a


conversa entre Brandt e o Ten, eu tinha certeza de que Colton
ainda queria nos manter em segredo da sua família. Depois da
noite passada, após trocarmos palavras de amor, guardar
segredo da sua família não parecia muito certo para mim. Então
saber que ele e eu realmente estávamos na mesma página era
incrível.

Julianna: Não tenho problema com isso.

Então mordi o lábio e acrescentei: Na verdade, estou


trabalhando com ele esta noite se quiser posso contar.

Colton: Obrigado, mas eu mesmo gostaria de contar se


estiver tudo bem para você.
Tentando não pular para cima e para baixo com
entusiasmo, respondi-lhe:

Julianna: Por mim tudo bem, como quiser carinho.

Isso realmente estava acontecendo entre nós. Ele estava


pronto para contar a sua família. Eu deveria contar ao meu pai.
Nós começaríamos um relacionamento real. Isso era tão
emocionante quanto arrepiante.

Uma nova mensagem soou:

Colton: Como eu quiser, hein? Incrível. Estou pronto


para formular ideias! Haha... Mas a respeito do Brandt,
contarei para ele amanhã. Eu te amo. Tchau.

Do outro lado do bar, Brandt encerrava sua chamada com


Ten, então guardei meu telefone e nos ocupamos com o trabalho.

As portas se abriram minutos depois e nosso turno de


sábado à noite começou.

A noite do karaokê era sempre corrida. Geralmente, Pick


estava com três garçons na equipe, mas estávamos com um
quadro baixo de funcionários, tão baixo que éramos apenas
Brandt e eu.

Nossos clientes nos mantinham ocupados pedindo todo o


tipo de bebidas. Perto da metade da noite, recebi um visitante
que eu não esperava. Acabei de entregar um par de daiquiris de
morango para duas garotas e me movi para atender o próximo
cara na fila, quando olhei diretamente nos olhos de Shaun.

Ele nunca me visitou no trabalho antes. Eu me inclinei


para trás, não esperando por isso. No palco, alguém estava
gritando uma interpretação muito desagradável de "Me too" da
Meghan Trainor. Dando um passo na direção dele para que
pudesse me ouvir sobre a música, gritei:

— O que você está fazendo aqui?

Ele se inclinou sobre o balcão, nos aproximando ainda


mais.

— Temos que conversar.

Balancei a cabeça.

— Estou trabalhando e de qualquer forma não há nada


para conversar.

Ele apertou os olhos.

— Eu vi com quem você está tentando me substituir. Um


cara branco, Julia? Sério?

Ele era a única pessoa que me chamava de Julia. Era um


nome lindo, mas não era o meu, então sempre me incomodou.
Na verdade, um monte de coisas que ele fazia me incomodava e
não percebi até depois que ele tentou me reinventar como outra
pessoa o tempo todo em que estivemos juntos, mudando meu
nome, me dizendo como usar meu cabelo, que roupa gostava em
mim, todo tipo de merda estúpida e controladora.

Enviando-lhe um olhar para se afastar de mim, repeti:


— Como eu falei, não há nada para conversar. Com quem
saio ou deixo de sair não é problema seu. — Eu me afastei, mas
ele grunhiu e se jogou sobre o balcão para agarrar meu braço,
me puxando com força de volta para ele.

— Não dê as costas para mim, cadela.

— Ei! — Brant gritou, nos notando do outro lado do bar. —


Tire as mãos dela, amigo. — Ele apontou para Shaun enquanto
se aproximava, e este imediatamente me soltou, levantou suas
mãos, se endireitou e afastou-se do bar.

— Fora. — Brandt apontou para a saída, mantendo um


olhar fixo. — Saia daqui e não volte.

Depois de me enviar um olhar que prometia punição, ele se


afastou. Esfreguei meu pulso imediatamente, tentando fazer
desaparecer a dor que me causou.

Brandt tocou meu cotovelo.

— Você está bem? O que aconteceu? Quem era esse?

— Eu estou bem — Murmurei, balançando a cabeça e


esperando que ele esquecesse o assunto. Apontando para onde
Shaun estava saindo, disse: — É um ex.

— Um bem simpático — Respondeu Brandt


sarcasticamente, apenas para que a preocupação entrasse em
seu olhar quando notou uma maldita lágrima descendo por
minha bochecha. — Por que não faz uma pausa?

Balancei a cabeça. Ele estava muito ocupado. Não queria


deixá-lo sozinho, mas quando tentei me virar para o próximo
cliente esperando por seu pedido, ele rosnou.
— Julianna, estou falando sério. Vá e se recomponha lá
atrás. Você está tremendo. Tenho tudo sob controle aqui.

Droga. Olhei para minhas mãos e elas estavam tremendo.

Sentindo-me um pouco exposta, assenti e saí correndo.


Passei apenas alguns minutos na sala de descanso, andando e
respirando fundo antes de voltar para o bar, além disso, foi
tempo suficiente para me recompor.

Brandt me olhou com preocupação.

— Está melhor?

Assenti e lhe enviei um sorriso forçado.

— Sim, obrigada.

Ele manteve um olhar de águia em mim durante o resto da


noite. Eu queria dizer a ele para parar com isso, me deixava
nervosa, mas ele estava apenas preocupado e era meu amigo,
além disso, era irmão do Colton, por isso cerrei os dentes e
suportei.

Quando ele me acompanhou até o meu carro depois do


nosso turno, porque fomos obrigados pelo Pick a sempre ir para
nossos carros com um amigo, ele falou: — Seguirei você até sua
casa.

Suspirei.

— Você não tem que fazer isso. — Mas o olhar que me


enviou disse que me seguiria para casa de qualquer maneira. E
bem, eu meio que apreciava o gesto. Não tinha certeza se Shaun
estaria esperando no meu apartamento ou não. Ele parecia
bastante irritado quando saiu. — Tudo bem, obrigada — Cedi.
Era estranho ter seus faróis no espelho retrovisor todo o
caminho para casa, mas também reconfortante. Planejei acenar
para ele assim que estacionasse, mas fiquei surpresa quando ele
estacionou na vaga junto ao meu.

— O que está fazendo? — Perguntei alarmada quando ele


saiu da sua caminhonete depois de desligar o motor.

— Estou me certificando de que chegue bem a sua porta.

— Brandt, é sério. — Deixei escapar uma risada ao olhar ao


redor da área mortalmente tranquila até minha porta. — Não há
necessidade. Ele não está aqui. Estou bem. — Além disso, o que
ele fez me lembrou muito da noite em que Colton me levou para
casa depois que vi Shaun na festa universitária. De certa forma
parecia que eu estava arruinando meu momento com Colton ao
reproduzi-lo de novo com seu irmão.

— Juli, garantirei que chegue bem à sua porta — Repetiu.


— Fim da discussão.

Enviei-lhe uma expressão irritada e tentei uma nova rota.

— O que sua esposa pensará?

O olhar seco que me devolveu me disse quão impressionado


ficou com minha pergunta.

— Minha esposa chutaria meu traseiro se eu não


garantisse que você chegou em casa totalmente sã e salva. —
Tirou seu celular do bolso. — Quer acordá-la e comprovar você
mesma?

Gemi e revirei os olhos.


— Não, não incomode a Sarah. Apenas... Bom. Tanto faz.
Acompanhe-me até minha porta se é tão importante para você.

— Bom. Eu vou.

Foi uma caminhada desajeitada e silenciosa até meu


apartamento. Brandt ficou um passo atrás e a minha direita.
Algo parecido com um guarda-costas.

Por alguma razão, de repente me lembrei do que Colton


havia me contado sobre o menino que foi abusado por sua mãe.
Era estranho pensar que algo assim aconteceu com Brandt. E eu
sabia que não deveria, mas de repente fiquei feliz porque não foi
Colton quem passou pelo que Brandt teve de passar. Colton
ainda carregava a culpa por fugir naquela noite, mas ele possuía
uma natureza forte. Ele superaria isso. Estava além de aliviada
que ele não teve que experimentar isso em primeira mão.

Na minha porta, parei e olhei para o Brandt, enviando-lhe


um sorriso genuíno.

— Obrigada. Mesmo que fosse totalmente desnecessário.


Aprecio sua preocupação.

Ele parecia hesitante em sair enquanto olhava incerto para


minha porta. Tenho que admitir, a porta do meu apartamento já
viu dias melhores. poderia ser quebrada com facilidade.

— Você quer que eu olhe dentro antes de ir? — Perguntou.

— Não — Oh, não! — Eu tenho duas colegas que costumam


trazer seus namorados para dormir em casa. Não se preocupe,
tem muita gente aqui dentro para que ele entre furtivamente.
Brandt assentiu aparentemente aliviado e deu um passo
para trás.

— Bom, então... tenho uma esposa me esperando em casa.


Boa noite, Juli.

— Boa noite.

Fiquei na porta parcialmente aberta e o assisti ir embora.


Ele era realmente um cara legal, mas então percebi que nunca
teria funcionado entre nós. Antes, quando estava na equipe do
Brandt, pensava nele quando não estava por perto, mas não
ficava obcecada com sua ausência, e sobretudo, era impossível
que alguma vez tivesse me sentido confortável o suficiente para
discutir, gritar e ser grosseira com ele. De repente percebi que
gostava muito disso com Colton. Não só gostava de me expressar
abertamente com meu homem, mas ele também parecia gostar
disso.

Funcionava para nós.

Desejando que ele estivesse aqui, dormido na minha cama,


para que eu pudesse subir e me aconchegar com ele, entrei e
fechei com chave a porta atrás de mim. Quando fui pendurar as
chaves no gancho, encontrei uma nota das minhas duas colegas
na pequena lousa acima do cabide de chaves. Ambas decidiram
passar a noite na casa dos seus namorados. O que me deixou
sozinha no apartamento.

Os pelos do meu braço imediatamente se levantaram com


medo, e meu pescoço formigou de desconforto.

Eu estava sozinha no meu apartamento, certo? Droga, eu


odiava ter essas más vibrações.
Lembrando-me da raiva e vingança brilhando nos olhos do
Shaun quando me viu no clube, acendi a luz de cima, sem a
preocupação de acordar minhas colegas. Então peguei minhas
chaves de novo, segurando-as em uma posição de punhalada,
enquanto caminhava por cada aposento, iluminando-os ao
passar.

Shaun não estava no meu apartamento.

Com a certeza de que eu estava sozinha, caminhei para o


meu quarto e caí na cama exausta, mas em alerta pela
adrenalina.

Me deitando sobre minhas costas, olhei para o teto por


alguns segundos e estiquei a cabeça apenas o suficiente para ver
meu apanhador de sonhos favorito pendurando na parede
diretamente em cima de mim.

Quando eu era pequena, meu pai me falou que eles


manteriam longe meus sonhos ruins. Mas para mim, também
parecia alimentar os bons. Todos eles inspiraram uma espécie de
esperança dentro de mim, objetivos para o futuro, algo para
esperar e desejar. Durante muito tempo, esses sonhos foram
impulsionados pelo orgulho. Eu queria aspirar por algo para me
orgulhar, como uma mulher bem-sucedida de negócios.
Desejava uma vida que pudesse olhar para trás quando
estivesse mais velha e saber que trabalhei duro por ela e que a
merecia. Mesmo quando conheci e me casei com Shaun, meus
sonhos foram sobre que tipo de imagem queria projetar com ele.

Acho que por isso não funcionou conosco ―Bom, além do


seu temperamento e infidelidade‖ Mas da minha parte, eu não
pensei nele e eu como uma equipe trabalhando juntos. Nós
éramos duas pessoas com vidas e agendas totalmente separadas
uma da outra. Era como se ele fosse alguém que me ajudou a
preencher a imagem que eu queria.

Agora olhando para trás, percebi que isso era tudo o que
foi: uma imagem, não um vínculo corpóreo da vida real. Não
havia substância, nada verdadeiro em que me agarrar e em que
eu pudesse cravar meus dedos para nos manter juntos. Talvez
seja minha culpa que não tenhamos durado, porque julguei mal
nossa relação. Mas foi o melhor porque o cara era um idiota e
passar o resto da minha vida com ele teria me feito infeliz.

Além disso, agora eu estava com Colton.

Colton.

Meu estômago se contorceu de emoção só de pensar nele.

Eu não estava com ele há muito tempo, mas eu já o


conhecia melhor do que conhecia o Shaun. E parecia que ele já
havia se tornado parte de mim, como... nem sei o que. Eu não
tinha ideia de como explicar isso. Eu só... mudei a forma de
pensar desde que o conheci. Ele me fez ver a vida e a mim
mesma de uma forma nova.

Inferno, eu me encontrei mais cedo deliberando o que faria


quando me formasse e isso já não envolvia mais deixar Ellamore
imediatamente para encontrar um trabalho, me fazer bem-
sucedida e mostrar ao mundo que eu era digna de algo. Agora eu
queria ficar e ver se poderia encontrar algo perto, porque era
aqui que Colton estava. Eu me sentia feliz e contente com ele e
não me importava tanto em mostrar ao mundo algo espetacular.
Eu preferia ser feliz e estar satisfeita.

Assustou-me com o quão rápido aconteceu tudo isto, e


mesmo assim alguma coisa também havia se composto em mim.
Foi como se eu tivesse encontrado meu lar.

Sentindo falta dele, peguei meu telefone e deslizei através


do nosso histórico de mensagens de texto, sorrindo
afetuosamente por sua inteligência e tom brincalhão.

Quando cheguei à frase que dizia: "Eu também te amo" fiz


uma pausa, meu peito cheio e pesado de alegria.

Não o vi desde que trocamos essas palavras e de repente


isso parecia errado.

Antes mesmo de perceber o que estava fazendo, escrevi:

Julianna: Você pode vir?

E então pressionei enviar antes de repensar minha decisão,


embora depois mordi o lábio, me sentindo horrível por
incomodá-lo perto das três da manhã.

Mas então meu telefone vibrou e sua resposta se iluminou


na minha tela.

Colton: Estarei aí em 15.


Meu coração pulou um pouco de emoção. Ele estava vindo!
Voei para fora da cama e corri ao redor do apartamento,
apagando a maioria das luzes para que não parecesse que estava
morrendo de medo apenas alguns minutos antes.

Quando uma batida veio da minha porta, eu a abri sem


verificar o olho mágico. Parei por uma fração de segundo,
esperando que não fosse Shaun antes de abri-la mais e ver
Colton bocejando e coçando um lado do seu cabelo. O hematoma
ao redor do seu olho da noite anterior estava roxo e só
aumentava sua expressão exausta.

— Colton — Eu o repreendi — Você parece acabado, droga.


Não precisava sair da cama e vir até aqui. Por que não me falou
que não podia?

— Porque você nunca me pediu para vir no meio da noite.


— Ele deu um passo para dentro, me apertando em um abraço,
antes de se afastar e examinar meu rosto. — O que aconteceu?

— Eu... — Abri a boca para lhe contar tudo, mas então fiz
uma pausa. Não queria preocupá-lo com Shaun, então falei: —
Só queria ficar com você. O que também era verdade.

Seu rosto relaxou com prazer.

— Então é por isso que estou aqui.

Peguei sua mão e o levei através do corredor.

— E o que você fez esta noite? Trabalhou em mais algum


Vine?

— Nah. — Ele descansou sua cabeça no meu ombro


enquanto nos aproximávamos do quarto. — Aspen teve uma
noite boa, então fui a babá enquanto ela e Noel saíram à tarde.
Você cheira realmente bem. A minha Julianna.

Sorri e agitei seu cabelo. Ele não cheirava tão mal. Cheirava
a meu Colton. Arrastei-o para dentro do meu quarto.

— Graças a Deus que foi uma noite boa para ela. Acha que
durará?

— Sim. Quando voltaram, ela passou um tempo com


ambos, Beau e Lucy Olivia. Noel não parava de sorrir. Foi lindo.
E ela e Caroline vão às compras amanhã com os meninos. — Ele
soltou minha mão e foi direto para minha cama, deixando-se
cair de barriga para baixo antes de gemer em êxtase. — Oh por
Deus, sua cama sempre foi tão macia e confortável?

Sorri e me sentei ao lado do seu quadril assim podia


massagear sua perna.

— Nop. Hoje mais cedo suavizei o colchão, só para você.

Colton virou de lado para me enviar um olhar arrogante.

— Está se fazendo de espertinha... às três da manhã. — Ele


pegou minha mão enquanto seus lábios se inclinavam em um
sorriso. — Isso define tudo, você definitivamente é minha alma
gêmea.

Eu brilhei, droga muito, com atordoamento.

— Você falou primeiro — Zombei.

Ele levantou um dedo.

— Uh... não. Acho que foi você. Foi você quem confessou
uma e outra vez no telefone o quanto me amava.
Arqueei uma sobrancelha, pronta para argumentar que
essa pequena declaração descuidada não estava sequer perto de
ser uma confissão. Mas então me ocorreu uma ideia diferente
que o pegaria despreparado. Bati no meu queixo de forma
pensativa.

— Hmm, isso é verdade. Eu falei primeiro. Isso deve


significar que sou a mais inteligente de nós dois por perceber
antes que você o fizesse.

Sua boca se abriu e seus olhos brilharam, mas não parecia


lhe ocorrer nenhuma boa resposta para isso. , ele se sentou e
replicou: — Bom, eu te amo mais.

— Nop. — Balancei a cabeça, ansiosa para ganhar esta


discussão. — Nem é sequer possível.

Arqueando uma sobrancelha, perguntou: — Ah, é mesmo?


Aposto que você não me ama tudo isto. — Pegando minha mão,
ele a colocou sobre as calças da universidade que estava
usando, bem entre suas pernas. O comprimento e a dureza do
seu pênis criavam um volume perceptível sob o suave tecido.

Uau, ele me amava bastante, sem dúvida uns vinte


centímetros e meio. Cantarolando, acariciei-o através das suas
calças por alguns segundos, fazendo-o suspirar e inclinar a
cabeça para trás enquanto fechava os olhos.

Então respondi.

— Pode ser que não te ame tanto assim, mas


definitivamente amo você assim. — Devolvendo o favor, agarrei
seu pulso e o levei até minha saia para que ele pudesse tocar
minha calcinha e sentir a umidade.
Meus períodos eram dolorosos, mas nunca duravam muito.
Então esta noite, eu estava aberta para os negócios.

— Droga, boneca — Ele gemeu e me massageou antes de


puxar a borda da minha calcinha de lado e afundar dois dedos
no meu interior. Agarrei seus ombros e montei sua mão,
tomando avidamente tudo o que ele tinha para dar.

Um segundo depois, ele murmurou:

— Merda, preciso provar isto. Agora mesmo.

Ele me deitou sobre minhas costas e empurrou minha saia


para cima até a cintura antes de rasgar minha calcinha e enfiar
sua língua dentro da minha boceta.

Arqueei-me debaixo dele, sentindo uma liberação


instantânea de prazer. Agarrando seu cabelo, segurei meu
homem como um salva-vidas enquanto ele se banqueteava,
lambendo meu clitóris e batendo nele como o idiota zombador
que era. Enquanto o prazer aumentava, fiquei tensa já que não
estava pronta para o quão poderosamente ou rapidamente eu
gozaria.

— Não lute — Avisou Colton.

Sua língua parou de provocar e foi diretamente para o nó


de carne mais sensível.

Comecei a franzir a testa e teria discutido que não estava


fazendo isso, mas então percebi que ele podia sentir meus
músculos se apertando. Ofegando em um esforço para me deixar
levar, deliberadamente relaxei todos os membros, deixando que
meus joelhos caíssem abertos e estendendo meus braços através
dos meus lençóis.

Colton escolheu esse momento para me preencher com dois


dedos e bater com seus lábios em meu clitóris. Balancei e gozei,
a corrente de energia fluía através de mim como um trem de
carga. Absorvi a maioria disso, mas então tive que agarrar os
lençóis com os dedos quando ele atacou o resto.

Uma vez que o orgasmo consumiu sua carga, desabei sem


forças no meu colchão, drenada. Se alguém riscasse uma linha
de giz a meu redor, estava feito.

Mas Colton se sentou, sorrindo e de repente muito


acordado. Tirando uma camisinha da sua carteira, falou:

— Eu amo quando você goza. Não sei por que, mas toda vez
parece uma vitória para mim.

Levantei uma sobrancelha exausta, tentando parecer


severa, mas falhando, especialmente com minha saia ao redor
da cintura e todos meus bens em exibição.

— Você esteve lutando uma guerra na minha boceta, meu


jovem?

Ele riu enquanto subia na cama e começava a se despir


para mim, revelando sua perfeita forma masculina, uma peça de
roupa de cada vez.

— Nada de guerras, boneca. É mais, como um tratado de


paz.

Balançando a cabeça, argumentei:


— O que você acabou de fazer não pareceu muito pacífico.
— Eu havia me sentido incrível, mas não pacífica.

Sorrindo, ele rolou o látex e depois se arrastou sobre mim.

— Ah, essa foi apenas a festa pós-tratado entre novos


aliados. — Ele sentou-se em seus joelhos sobre mim, montando
escarranchado em meus quadris enquanto me pedia para
levantar os braços para que pudesse tirar minha blusa por
minha cabeça. — Você gosta de ser minha aliada, não é boneca?

Eu não tinha ideia de onde ele estava indo com isto e me


perguntava se ele sabia, por isso apenas sorri e assenti.

— Claro.

— Essa é minha mulher — Murmurou em aprovação


terminando de me despir, enquanto eu permanecia ali e o
observava com completa fascinação. — Formamos uma boa
equipe.

Ele entrelaçou nossos dedos enquanto se reposicionava


sobre mim.

— Somos você e eu contra o mundo. — Pressionando sua


testa contra a minha, ele se empurrou para dentro de mim,
mantendo o contato visual todo o momento. Meus músculos
internos o apertaram com força, recebendo-o com impaciência, e
passamos um momento ofegando de prazer antes que ele me
beijasse e começasse a se mover profundamente, lento e tão
lindo.

Nossos lábios e línguas se acariciaram. Seus dedos


brincaram com os meus enquanto se emaranhavam. Nossas
pernas nuas se moviam enquanto nossos abdomens se
pressionavam juntos. Se eu existia alguma parte do meu corpo
que não estava intimamente envolvida com alguma parte dele,
não era consciente dela. Eu só sabia que ele estava em toda
parte e isso parecia certo porque aqui era onde ele pertencia,
onde eu pertencia, onde nós pertencíamos.

— Eu gosto de estar na sua equipe — Confessei, soltando


suas mãos para poder afundar meus dedos em seu exuberante
cabelo.

Ele beijou um caminho ao longo do meu queixo e no meu


pescoço, em seguida correu a mão a partir da base da minha
garganta até entre meus seios como se precisasse tocar e
acariciar cada centímetro meu.

— A melhor equipe de todas — Anunciou, levantando seu


olhar para meus olhos. Seu queixo ficou tenso e um rastro de
suor deslizou por sua têmpora. Com olhos nublados e dentes
apertados, ele se encontrava perto.

Eu o queria ainda mais perto. Eu o queria excitado. Então


estiquei minha mão para baixo e embalei suas bolas tensas
antes de correr o dedo indicador ao longo do seu sensível
períneo. Murmurando de surpresa, ele se agitou ainda mais
tenso dentro de mim, inclinando a cabeça para baixo em meu
ombro e gemendo quando caiu no esquecimento. O poder de
saber que eu podia levá-lo a este lugar era meu próprio
afrodisíaco. Minha boceta se apertou ao redor do seu pau e me
deixei cair em meu próprio clímax.
Quando terminamos, Colton tentou sair de mim, mas só
chegou na metade do caminho antes de desmoronar
parcialmente sobre mim, com o rosto no meu travesseiro.

— Mmph — Murmurou de forma abafada no travesseiro,


enquanto seu calor e suor se aderiam aos meus.

Sentindo-me muito carinhosa com ele, acariciei suas costas


com minhas longas unhas, o que só o fez dar outro gemido.

Minutos se passaram, e permanecemos ali um contra o


outro, absorvendo as tranquilas consequências da nossa festa de
tratado de paz. , Colton virou o rosto para o lado, até que estava
de frente para meu pescoço e sua bochecha estava apoiada no
meu ombro.

— Eu estive pensando — Anunciou, com sua voz


obscurecida pelo sono — E não acho que seu pai enlouquecerá
por minha causa.

Surpresa que ele estivesse pensando nisso, beijei sua testa


e apertei seu braço.

— E por que acha isso?

— Por que... — Apoiou seu cotovelo no colchão e levantou


seu rosto para que pudesse colocar seu queixo sobre sua mão e
me estudar. — Você não é assim e foi ele quem te criou, certo?
Então ele não pode ser tão ruim. Acho que você está se
preocupando por nada.

Ele tinha um ponto. Meu pai me criou para ser justa e


tolerante. Faria sentido que ele não tivesse nenhum problema
com Colton, mas também o ouvi fazer alguns comentários que
ainda me faziam duvidar.

Fiz uma pausa com minha mão em seu braço, estudando


nossos dois tons de pele um contra outro. Eu achava que
pareciam bonitos, e de qualquer modo, não importava o que meu
pai pensaria. Eu lidaria com qualquer que fosse sua reação
porque apesar de tudo, não deixaria de ver Colton.

— Eu tenho algo para você — anunciei, de repente


lembrando do presente que lhe comprei e, além disso, não queria
pensar em todos os outros assuntos.

Colton levantou suas sobrancelhas, curioso.

— E o que seria?

— Aqui — me contorci contra ele — Está no meu aparador.


— Quando ele recuou o suficiente para me deixar rastejar sobre
ele e alcançá-lo, corei de repente desejando tê-lo embrulhado ou
algo assim. Parecia bobo lhe dar um presente sem qualquer tipo
de embrulho.

— É só... — Estranhamente tímida, empurrei-o para ele. —


Sinto muito, não é muito. Apenas... uma bobagem.

Ele pegou o pequeno chaveiro de prata de apanhador de


sonhos junto com uma nova garrafa de spray bucal e os segurou
olhando as pequenas penas penduradas no tear com o que
parecia um olhar de terror em seu rosto.

— E olhe. — Girei a garrafa para que ele pudesse ler a nova


etiqueta que eu imprimi e coloquei.
— Repelente de monstros do Colton — Ele leu antes de
jogar a cabeça para trás e rir. — Merda. — Curvando seus dedos
ao redor da garrafa, ele a segurou em seu peito. — Eu adorei.
Obrigado.

Ele encontrou suas chaves e trabalhou em remover a velha


e vazia garrafa de spray bucal para que pudesse adicionar a
nova junto com o apanhador de sonhos e sua pata de coelho.

— Perfeito — Anunciou.

Quando me olhou, corei me sentindo estranha.

— Eu também comprei um para mim — falei bruscamente,


ainda mais envergonhada.

Movendo sua cabeça, perguntou: — Um chaveiro de


apanhador de sonhos?

Assenti.

— E um spray bucal e uma pata de coelho. — Saí


engatinhando da cama. — Espere aqui. — Corri nua do meu
quarto e me apressei até a porta da frente para arrancar minhas
chaves da fechadura. Quando voltei, Colton riu de mim e se
esticou para me ajudar a voltar para a cama, me dizendo que eu
era uma exibicionista.

Ignorando sua brincadeira, levantei minhas chaves para lhe


mostrar o apanhador de sonhos e a garrafa de spray bucal junto
com minha própria pata de coelho.

— Olhe.
— Merda — Ele murmurou, se inclinando lentamente para
poder examinar melhor tudo. Então levantou o olhar e anunciou:
— Somos um conjunto.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Amo meus olhos quando você está refletido neles. Amo meu
nome quando você o diz. Amo meu coração quando você toca nele.
Amo minha vida quando você é parte dela. — Autor desconhecido.

COLTON
O toque de um celular na mesa de cabeceira a poucos
centímetros da minha cabeça me acordou de um sonho
agradável. Precisando desliga-lo o mais rápido possível, apalpei
às cegas e agarrei o dispositivo barulhento. De algum jeito
consegui arrastar o dedo polegar na frente e responder sem abrir
um só olho.

— Alô — Grasnei.

Seguiu um momento de silêncio antes que uma voz


hesitante perguntasse:

— Colton?

Brandt.

— Sim. O que você quer? — Murmurei, bocejando enquanto


tentava colocar meu cérebro em marcha.
— Eu, eh. — Ele deu uma risada desconfortável que me fez
abrir os olhos. Então falei: — Nada. Quer dizer, eu não estava
tentando te ligar. Sinto muito, devo ter marcado errado.

Com um gemido agradecido, disse com palavras quase


inaudíveis:

— Bom. — Agora não precisava pensar em uma resposta


racional para o que ele quisesse. — Voltarei para a cama.

Quando desliguei a chamada, comecei a colocar o telefone


na mesa de cabeceira, quando percebi que a capa era diferente
do meu telefone. Pisquei um momento antes de perceber que
também era um tamanho diferente do meu celular.

— Este não é o meu telefone.

— O que?

Pulei. Ao meu lado, os lençóis rangeram e levantei meu


rosto para detectar um braço escuro se arrastando por baixo das
mantas brancas. Não eram minhas mantas e esta não era minha
cama.

Um segundo mais tarde, o rosto de Julianna apareceu por


cima dos lençóis, a cabeça coberta com aquele lenço adorável.
Ela piscou os olhos sonolentos e bocejou.

— O que aconteceu? Quem ligou?

Olhei para ela por um momento antes de dizer:

— Foi o Brandt.

Ela não pareceu surpresa e nem particularmente culpada


por esse fato. Depois de outro bocejo longo, passou a mão pelo
rosto e falou: — Está bem. O que ele queria?
— Não sei — Respondi. — Ele não me ligou.

— Hã? — Ela deixou cair sua mão, piscando como se


minhas palavras não fizessem sentido.

Balancei o telefone que continuava segurando.

— Ele não ligou para mim — Repeti. — Ligou para este


telefone. Que não é o meu. — Seu olhar caiu para o telefone na
minha mão e sua boca se abriu rapidamente quando a surpresa
encheu seu rosto. Então perguntei-lhe lentamente: — Por que
meu irmão ligou para o seu telefone?

— Eu... — Ela balançou a cabeça enquanto me observava


suplicante. — Não tenho ideia. Tem que ser algo relacionado com
o trabalho. — Quando fiquei olhando para ela sem responder,
insistiu: — Tem que ser.

O telefone na minha mão começou a tocar de novo. Nós


dois olhamos para ele como se tivessem crescido orelhas e rabo.
Não tive que olhar na tela para ver o nome do Brandt. Fiquei
sério , entreguei o telefone para Julianna. Ela se inclinou para
trás, me olhando boquiaberta como se eu estivesse lhe
entregando uma cobra venenosa.

— Seu telefone — Ofereci-lhe com uma voz seca.

Ela suspirou e o pegou de minha mão, fazendo uma careta


quando viu o nome na tela.

— ele só quer que eu troque algum turno ou algo parecido


— Explicou enquanto se arrastou para fora da cama e virou de
costas para mim para atender à chamada.

— Olá?
Cruzei os braços sobre o peito e a observei enquanto se
afastava alguns passos e escutou um momento antes de
responder:

— Sim, está tudo bem. Não tem problema. Na verdade, você


não precisava se preocupar. Está tudo bem. — Ela olhou para
mim por cima do ombro antes de se afastar de novo, e ficou mais
uma vez em silêncio antes de responder com um sim e um não
antes de disparar: — Olha, eu tenho que ir. Juro que está tudo
bem. Nos falamos depois. — E então desligou.

Demorou alguns segundos, mas quando se virou para mim,


já estava fazendo uma careta de dor.

Ao ver minha expressão, deixou escapar um suspiro e


falou: — Não me olhe assim, por favor, não me olhe assim. Não é
o que parece. Juro que tudo o que está pensando, não é assim.

Dei de ombros.

— E o que estou pensando?

Nem eu mesmo tinha certeza. Meu peito parecia


estranhamente oco e meu batimento cardíaco era duro e lento,
mas além disso, era... não tinha certeza. Eu só sabia que minha
namorada recebeu uma ligação do meu irmão, por quem teve
uma queda importante e cuja ligação a levou a sair da cama e
me dar as costas em busca de privacidade.

Caminhando para mim, ela se arrastou sobre o colchão,


direto para o meu colo até que embalou meu rosto entre suas
mãos.
— Pare de pensar que há algo onde não existe — Exigiu em
voz baixa. — Você sabe. Estou com você e quero estar com você.
E você deveria conhecer mais seu irmão. Ele é louco pela Sarah.
E eu estou louca por você. Não há nada com o que se preocupar.

Escutei suas palavras e elas faziam sentido, mas uma parte


de mim continuava preocupado.

— Então ele ligou para você por algo no trabalho? — Tive


que perguntar... porque eu estava sendo um filho da puta
estúpido e inseguro, e não pude evitar.

Julianna fez uma pausa dramática como se fosse pega em


uma mentira antes mesmo de ter respondido. Então lentamente,
disse:

— Não. Não realmente. Quer dizer, aconteceu algo ontem à


noite no trabalho e ele queria falar sobre isso, então
tecnicamente...

Porra, ela estava me escondendo algo.

— O que aconteceu no trabalho?

Com um gemido, seus ombros caíram. Então ela me enviou


uma pequena carranca rebelde antes de murmurar a
contragosto: — Shaun apareceu lá.

— Shaun? — Minhas sobrancelhas se levantaram. Eu não


esperava por essa resposta. — Shaun, o ex-marido com
temperamento violento?

Julianna assentiu.

— Sim. Ele... — Desviou o olhar, claramente


desconfortável. — Bom, eu acho que ele sabe sobre nós... —
Seus olhos se estreitaram em mim. — Você e eu. E não estava
muito feliz com isso.

Havia mais. Eu podia dizer pelo olhar em seu rosto.

— O que ele fez?

— Nada — Ela respondeu imediatamente. Quando estreitei


meus olhos, ela levantou as mãos. — Eu juro. Ele agarrou meu
pulso e...

— Ele agarrou seu pulso? — Peguei seu braço e


imediatamente deslizei seu pulso em minha palma para
examiná-lo.

— Veja — Ofereceu, estendendo os dois e os girando para


meu exame completo. — Nem sequer ficou marca. Brandt o viu
ficar mais exigente e o expulsou. Tudo isso durou dez, quinze
segundos no máximo. Não foi grande coisa.

— Não foi grande coisa? — Questionei, boquiaberto. — O


cara está te perseguindo o suficiente para saber quem você está
vendo. Nós não fizemos exatamente um grande show da nossa
relação, você sabe. Ele tem que estar te vigiando.

Ela revirou os olhos.

— Ou ele soube pelo Theo, o namorado da Tyla. Acho que


eles são amigos.

— Não me importa como descobriu. Ele não tinha nenhum


direito de te questionar a respeito e colocar suas mãos sobre
você. Vocês dois já terminaram porra e ele não supera. Isso será
um problema.

Quando ela começou a suspirar, estreitei meus olhos.


— Isso será um problema sério, Julianna. Não tire a
importância disso. O que ele está fazendo está demonstrando os
sinais. Só piorará daqui pra frente. É preciso que você denuncie
isto.

Ela se contorceu no meu colo, claramente desconfortável.

— Na realidade, não acho que seja tão ruim assim. Ele quer
que fiquemos juntos e não me matar. E ele tampouco ficou
muito enérgico sobre voltar a se conectar comigo, porque ele só
vem quando fica sem mulheres. Sério, acho que sua atenção
desaparecerá por completo com o tempo.

Balancei a cabeça.

— Eu não. Ele ainda não parou, então duvido que o faça.


Eu tive você, e sei o quão viciante é. — Rosnando com
frustração, agarrei meu cabelo. — Graças a Deus você me ligou.
Não quero que fique sozinha em casa, enquanto esse maldito te
espreita.

— Oh meu Deus, Colton. Não é tão ruim. Eu juro. — Mas


me lembrei do seu rosto na primeira noite em que fiquei em seu
sofá e ele bateu na porta. Uma mulher forte e independente
como ela, que me odiava naquele momento me permitiu ficar
para passar a noite. Ela sabia tanto quanto eu que o
comportamento do Shaun era ruim.

— Você deveria ter me ligado do trabalho — Disse-lhe. —


Eu teria ido para te acompanhar até sua casa. — Quando ela se
encolheu outra vez, estudei-a com mais atenção. — O que foi?

Ela deixou escapar um suspiro antes de olhar para longe e


murmurar: — Brandt me acompanhou até em casa.
Não pude controlar o ciúme instintivo que rasgou através
de mim. Meu irmão esteve lá para ela quando eu não.

Eu odiava isso.

Mas assenti como o cara grande e maduro que deveria ser.

— Muito bom. Melhor seria se ele tivesse te acompanhado


até a porta e verificado seu apartamento.

— Ele me acompanhou até a porta — Confessou — Mas


não o deixei entrar. — Seus olhos castanhos pareciam
preocupados e atentos enquanto estudava meu rosto.

Assenti de novo e repeti: — Ótimo. — Sentindo-me


claramente desconfortável, olhei ao redor do quarto e limpei a
garganta. — Nós deveríamos colocar um pouco de roupa. Tenho
certeza de que o departamento de polícia não veria com bons
olhos se aparecessem pessoas nuas tentando apresentar uma
queixa.

Seus lábios se separaram antes que ela negasse com a


cabeça.

— Espera. O que? Por que deveríamos ir lá? Nós não vamos


ao departamento de polícia.

— Sim, iremos. — Levantei-me e agarrei minhas calças. —


Conseguiremos uma ordem de restrição contra seu maldito ex.

— O que? Não, não, não. Por que faríamos isso?

Olhei para ela antes de vestir minhas calças.

— Isso parará, boneca. E parará hoje.

Ela olhou para mim.


— Não acha que é um pouco drástico? E que poderíamos
dizer? Que ele veio, olhou para mim e disse que estava muito
chateado com minhas decisões ultimamente? A polícia riria de
mim.

— Ele te agarrou pelo braço — Recordei-lhe.

Ela já estava balançando a cabeça.

— E nem sequer deixou um hematoma. Não quero ir à


polícia, Colton. Sério. Parece desnecessário.

Parei depois de puxar minha camisa. Então dei um passo


para a borda da cama e segurei suas mãos até que ela olhou em
meus olhos.

— Sua segurança é mais do que necessária para mim. Não


volte a dizer que não é. Agora, me diga por que realmente não
quer fazer isto. Tem medo de que ele fique com raiva e piore as
coisas com você?

— Não. — Seus olhos se arregalaram com incredulidade. —


Acho que isso o espantaria para sempre.

Sorri.

— Bom. Isso é exatamente o que queremos. Então faremos


isso. — Entretanto, a incerteza em seus olhos me fez franzir o
cenho. — Isso é o que queremos, não é? — Eu falei lentamente.
— Digo, você quer que ele pare de te assediar, não? Não me diga
que secretamente você gosta e quer voltar com ele.

Merda. Talvez eu estivesse lendo tudo errado e essa


perseguição do Shaun fosse uma espécie de jogo sexual
fetichista para eles, mais ou menos como a forma em que ela e
eu começamos a discutir.

Ela me olhou com uma careta irritada.

— É claro que quero que pare.

— Tem certeza? — Falei lentamente.

Ela me deu um tapa no braço.

— Sim! É que... droga. — Ela franziu ainda mais o cenho


para mim antes de murmurar em voz baixa e admitir: — É
embaraçoso. Eu não quero contar minhas coisas pessoais para
um grupo de estranhos só para ser olhada como se fosse uma
espécie de rainha do drama fazendo uma grande coisa por nada.

Oh Jesus. Minha garota e seus problemas em manter as


aparências. Isso me irritava muito e ainda assim me fez amá-la
ainda mais.

Sentei a seu lado no colchão e lhe dei um abraço.

— Ele já está te assediando por quase dois anos, boneca.


Quer que pare ou não?

— Sim — Ela admitiu em meu peito — Mas...

— Sem mais. O que os outros pensam é problema deles. A


polícia fará seu trabalho apesar disso. Eu só quero que você seja
feliz e não se preocupe com um idiota e sua incapacidade de
superar as coisas.

Ela deixou escapar um longo suspiro e esperou um


segundo antes de olhar para cima para pegar meu olhar. Então
murmurou: — Está bem.
— Está bem? — Repeti com surpresa, me endireitando. —
De verdade? Você vai comigo?

Porra, isso foi mais fácil do que eu pensava.

Ela revirou os olhos e empurrou suavemente meu braço.

— Eu sou teimosa, mas não de todo impossível.

— Você é linda — Corrigi, então a fiz rir quando me


aproximei dela na cama e comecei a beijar seu pescoço de uma
maneira exagerada.

Ela se contorceu debaixo de mim e gritou uma gargalhada


antes de me atacar em resposta, passando as mãos por meus
braços e meu cabelo antes de me beijar de cheio na boca e
colocar sua língua profundamente entre meus dentes.

Minha mão apertou seu cheio e exuberante seio, minha


língua se enroscou com a sua antes que eu percebesse o que
estava fazendo, mas eu consegui me afastar e ofegar algumas
vezes antes de murmurar:

— Droga, pare de tentar me seduzir para que eu mude de


ideia. Vamos à delegacia. Agora mesmo.

Seus olhos brilharam quando sorriu para mim.

— Foi você quem começou a me beijar.

— Bom, se você não estivesse sentada aí parecendo tão


quente e deliciosa, eu poderia ter resistido. — Dei a seu seio um
último aperto carinhoso, então lambi seu mamilo antes de sair
de cima dela. — Agora, vista-se antes que eu não possa me
conter de novo.
Ela arqueou as sobrancelhas, parecendo divertida e, no
entanto, muito desconcertada.

— Você acabou de me dar uma ordem, garoto?

Eu poderia jogar isto de duas maneiras diferentes. Poderia


lhe dizer um par de comentários sarcásticos, deliberadamente
cruzando a linha. Mas já sabia como terminaria. Ela aceitaria
meu desafio brincalhão e me daria ordens em resposta até que
estivéssemos discutindo quente e pesado no sexo de novo.

Está bem, eu gosto dessa opção. Eu gosto muito. De fato...


Espera, não. Sua segurança é a prioridade máxima. Nada de
sexo até depois que formos à polícia.

Então fui com a opção dois e timidamente pisquei


implorando: — Por favor, boneca, você pode se vestir agora?

Ela bufou, sem engolir esse ato também, mas pelo menos
ela desceu da cama. Meu pênis notou o quão bem ela ficava nua
e se irritou muito comigo por não escolher a opção um, mas lhe
prometi que faria isso mais tarde e ele se acalmou um pouco.

Ela demorou quase quinze minutos para se enfeitar. Eu


sabia que ela estava preocupada com o que pensariam da sua
denúncia devido à quantidade de atenção que colocou em sua
aparência e então decidiu por um conjunto cinza, branco e
preto. Mas eu não falei nada a respeito. Ela realmente faria isto,
então ficaria satisfeito com o que consegui.

Peguei sua mão e apertei seus dedos de forma encorajadora


quando ela anunciou que estava pronta. Caminhamos do seu
quarto lado a lado, e pelo corredor até chegarmos à porta da
frente. Esperei enquanto ela tirava sua bolsa e casaco dos
ganchos. Então voltei a pegar sua mão e abri a porta, só para me
encontrar cara a cara com meu irmão.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Família: são como os galhos de uma árvore, todos crescemos


em direções diferentes, mas ainda assim nossas raízes são uma
só. — Autor desconhecido.

COLTON
Brandt deixou cair sua mão de onde estava antes de bater.
Seu olhar se fixou em mim antes que dissesse:

— Eu sabia que não liguei para o número errado.

Dei de ombros.

— Você sabe, poderia ter checado seu histórico de


chamadas em vez de vir até aqui para descobrir, certo?

Ele estreitou seus olhos com minha resposta sarcástica.

— Que diabos você faz aqui, Colton? — Então baixou seu


olhar para onde minha mão estava entrelaçada com a da
Julianna e seus olhos se encheram de incredulidade.

Ela apertou ainda mais seu agarre em mim. Eu não sabia


se ela estava nervosa ou tentando ser um apoio, mas sabia que
não estava envergonhada de ser pega comigo por ele e era tudo o
que eu precisava saber.

Então pisquei para o meu irmão e respondi de maneira


igualmente acusatória:

— Que diabos você está fazendo aqui? Você é o único que


está casado de nós dois.

Ele olhou para como se estivesse dizendo "maduro" e


murmurou: — Eu estava tentando descobrir por que você
atendeu o telefone da Juli na primeira hora da manhã.

— Bom, ela estava dormindo — Respondi da maneira mais


lógica que pude. — E aquele toque incessante não parava de me
incomodar, então atendi porque estava perto dele. Nem sequer
percebi que não era o meu telefone até que desligamos.

Ele olhou para mim sem entender por um momento até que
explodiu.

— Que diabos, Colton? Você e a Julianna?

Quando uma porta no corredor se abriu um pouco,


Julianna puxou Brandt para a frente.

— Talvez devêssemos conversar sobre isso lá dentro — Ela


sussurrou.

Quando Brandt mal desviou seu olhar para ela, suspirei e


agarrei seu braço, puxando-o para o apartamento.

Juli fechou rapidamente a porta atrás dele.

Atordoado, ele nos olhou boquiaberto antes de balbuciar.

— Desde quando?
— Uh... — Olhei para Juli, não estando certo de como
calcular isso. Eu a quis desde o momento em que a conheci, há
quase um ano. Ou talvez devêssemos ir a partir da noite do seu
casamento onde quase fomos para a cama. Não deveria contar a
noite em que dormi no seu sofá, não estávamos sendo os
melhores amigos naquele momento. Talvez eu devesse contar
desde a primeira vez que fizemos sexo, mas esse não parecia um
bom momento para começar.

Mas quando Juli respondeu calmamente:

— Duas semanas — Assenti em modo de apoio. Soava bem


para mim.

— Você... — Ele apontou um dedo acusatório para mim. —


Mentiu para mim, seu pequeno idiota.

— Eu? — Pressionei uma das mãos no meu peito, elevando


minhas sobrancelhas. — Nunca menti para você. Quando eu
menti?

— Na última semana ou mais — Explicou. — Eu escrevi


para você depois de ouvir um boato do Ten e te perguntei
especificamente se estava vendo uma garota nova.

— Mmhmm. — Assenti, lembrando dessa mensagem. — E


como eu respondi?

Brandt suspirou e revirou os olhos.

— Algo estúpido como você se senta ao lado delas todo o


tempo em sua aula de economia doméstica.

Sorri, ainda amando essa frase.

— Eu estava citando Forrest Gump.


A carranca do Brandt se aprofundou enquanto ele colocava
as mãos em sua cintura.

— E então disse que a única coisa que não estava vendo


eram fantasmas.

Meu sorriso se alargou ainda mais e eu tive que olhar para


Julianna antes de acrescentar:

— Uma referência do Sexto Sentido.

Ela gemeu.

— Meu Deus, você é uma peste irritante para todos, não é?


— Mas havia um sorriso oculto em seus lábios e diversão em
seus olhos.

— Para todos — murmurei antes de voltar minha atenção


para o meu irmão. — E minhas respostas para essa pergunta
eram claramente uma tática de distração se houvesse alguma.
Você é o imbecil que não entendeu isso.

Com os olhos apertados, Brandt grunhiu.

— Obrigado, irmãozinho. Você é quem mentiu para mim, e


eu sou o imbecil? — E então dirigiu um olhar rigoroso para a
Juli. — E você?

Juro que ela grudou ainda mais em mim. Então sua


garganta trabalhou como se engolisse seu medo.

— Eu? — Ela sussurrou.

— Pensei que nós éramos amigos — Ele disse suavemente,


dor e traição cobrindo sua expressão e fazendo o aperto em
minha mão se tornar ainda mais forte. Então ele reforçou ainda
mais forte a carta da culpa que estava usando, acrescentando:
— Confidentes.

Mas em vez de fazê-la dizer uma rápida e sincera desculpa,


ela estreitou os olhos.

— Confidentes? — Ela repetiu em voz baixa e dura. —


Confidentes? Se eu fosse realmente isso para você, por que não
veio até mim com suas preocupações quando pensou que eu
ainda continuava interessada por você? Eu seria honesta e mais
aberta com você e teria dito que esse não era o caso. Mas não...
você mandou seu irmão mais novo para me distrair em seu
próprio casamento? Isso não parece coisa de confidentes do meu
ponto de vista.

A boca do Brandt se abriu antes que ele sorvesse pelo


nariz.

— Eu sinto muito, mas a maneira em que me olhava


naquela noite dizia que você não superou nada. Então peço
desculpas por amar minha esposa e querer ser fiel. Eu... espera.
— Ele fixou seu olhar suspeito entre nós antes de se dirigir a
mim. — Você contou a ela sobre isso?

Fiz uma careta, incapaz de responder. Mas minha falta de


resposta deixou que a cabeça do Brandt esclarecesse como se
tivesse descoberto algo. Apontando entre nós, ele perguntou:

— Então... uma pergunta curiosa. Você falou sobre isso


antes ou depois de ter se deitado com ela?

Minha boca se abriu, mas levei apenas um segundo para


me lembrar da resposta. Brandt começou a assentir como se já
soubesse.
— Ah!!!1 hááá!!1 — Murmurou. — Deixe-me adivinhar, você
lhe disse logo antes da primeira vez. Aposto que descobrir que
eu te empurrei para seu lado a irritou tanto que ela pensou que
se vingaria de mim fodendo meu irmão mais novo e suscetível.

Eu pisquei, nunca pensei nesse plano antes.

Do meu lado, Julianna bufou algo parecido com raiva.

— Oh — Murmurou. — Essa é uma teoria um pouco


insultante.

Meu cérebro começou a funcionar de novo e assenti.

— Inferno, claro que é — Concordei, enquanto me


aproximava do Brandt. — Para nós dois. Você me acha tão
estúpido que cairia com um plano tão ruim, ou realmente acha
que ela não poderia me querer por meu próprio mérito?

Brandt se endireitou e olhou para mim como se não


pudesse acreditar que aplicaria qualquer um desses rótulos em
seu processo de pensamento.

— Eu acho que você deveria encontrar alguém que


realmente goste de você por si mesmo — Murmuro. — Alguém
que te ame sem hesitação. Isso é o que eu penso.

— Eu não tenho nenhuma dúvida — Disse-lhe olhando-o


nos olhos. Sim está bem, às vezes eu duvidava, como a vinte
segundos quando lhe ocorreu essa ideia, ou vinte minutos antes
quando ele ligou para ela, ou naquele dia no campus, quando
descobri que conversaram no trabalho.

Mas ela falou que me amava, inferno.


Mas também me falou que amava Brandt na noite do seu
casamento. Jesus, eu odiava dúvidas.

Meu irmão arqueou uma sobrancelha como se soubesse


que eu mentia. Mas continuei olhando-o fixamente.

Ele se virou para Julianna, apontando ameaçadoramente.

— Fique longe do meu irmão.

Seus lábios se separaram em choque. Fiquei na frente dela,


fulminando-o com o olhar.

— Não se atreva a falar com ela assim.

— E você — Ele apontou um dedo para meu nariz —


Acabará com isto. Com ela. Com tudo isto... seja lá o que vocês
dois estiverem fazendo. Acabou. Não mais.

Eu rio na sua cara.

— Claro, você não me diz com quem eu posso ou não sair.


Sinto muito, irmão.

— Quando são as minhas sobras que você fareja, é claro


que eu posso.

— Sobras? — Juli e eu gritamos em uníssono.

— Incrível! — Acrescentei. — Você nem sequer pôde


terminar seu encontro com ela.

— Claro. Você tem certeza de que isso foi tudo o que


aconteceu entre nós? — Ele perguntou no tom mais zombador
que já ouvi.

— Ei! — Juli me empurrou para o lado para poder


enfrentar o Brandt e fulminá-lo com o olhar. — Pare de colocar
ideias na cabeça dele. — Virando-se para mim com olhos
suplicantes falou. — Sim, meio encontro foi tudo o que
aconteceu entre nós. Ele está sendo um imbecil.

Eu virei meu olhar para o meu irmão. Ele olhou para mim
um quarto de segundo antes de se render.

— Está bem, inferno — Admitiu. — Aquele meio encontro


foi tudo, mas ainda assim eu a considerei. Você não pode sair
com alguém que eu considerei. É estranho, então... vocês dois...
acabou.

— Não. — Balancei a cabeça. — Não, nós não acabamos.

— Colton — Ele murmurou, apertando os dentes — Pare de


ser um idiota teimoso. Você me deve.

Enquanto meu rosto perdeu toda a cor, Julianna engasgou.

— Maldito idiota — Começou com uma irritação calma e


baixa. Eu olhei para ela preocupado que estivesse zangada
comigo. Mas seu olhar de irritação estava reservado apenas para
o Brandt. Ela o empurrou forte no peito.

Ele tropeçou um passo para longe dela, abrindo sua boca


em surpresa.

— Ele não te deve merda nenhuma — Rosnou, fazendo-o


piscar e balançar sua cabeça, mas ela começou a avançar,
encarando-o de frente. — Ele mal estava com oito anos de idade.
Você não pode responsabilizá-lo por isso. Se quer culpar alguém,
vá falar com sua maldita mãe. Não com Colton.

Minha boca se abriu. Mas sério, que diabos?


Brandt ficou boquiaberto por muito tempo antes de me
olhar e dizer:

— De que diabos ela está falando?

— Eu... Eu não... — Girei meu olhar para Julianna, ao


mesmo tempo em que seus olhos ficaram maiores e ela colocava
as mãos na sua boca.

— Oh por Deus, eu sinto muito. — As palavras abafadas


saíram por seus dedos enquanto ela me implorava com seus
grandes olhos cafés que a perdoasse.

, Brandt murmurou:

— Você contou a ela?

— O que? NÃO! — Eu disse com sinceridade, esperando


que ele acreditasse em mim, antes de me virar para olhar para
Julianna e tentar adivinhar como ela descobriu.

— Eu adivinhei — Ela admitiu, baixando as mãos da sua


boca o suficiente para confessar.

Balancei a cabeça, incapaz de acreditar. Mas como?

— Merda — Sussurrei. Brandt nunca me perdoaria por


isso. — Eu não... — Comecei insistindo, me virando para olhá-lo,
mas ele apenas levantou as mãos antes de se virar e deixar o
apartamento.

Caminhei atrás dele para persegui-lo e convencê-lo de que


não havia contado a ninguém nada do que aconteceu com ele,
mas Julianna agarrou meu braço.

— Colton, oh Deus. Eu sinto muito. Eu sinto tanto. Eu


não... não queria dizer...
— Como soube?

— Eu... — Ela balançou a cabeça. — Eu decifrei.

Neguei.

— Como?

— Porque você disse na noite do casamento que sua


mamãe causou seus pesadelos, mas na outra noite me contou
sobre o menino que foi abusado e falou que isso os causou,
então eu juntei as peças. E Brandt é cinco anos mais velho que
você, o que faz sentido.

— Merda — Murmurei, batendo em meu rosto com as


mãos. — Merda. Não percebi que te contei tanto. Oh, merda. Ele
nunca me perdoará. Eu preciso... inferno. Eu preciso falar com
ele.

Eu estava indo para a porta , mas a pequena voz de


Julianna me parou.

— Colton? — Foi tudo o que ela falou.

Quando me virei para olhá-la, a preocupação em seu rosto


me fez dar a volta completa.

— Jesus, carinho. Não se preocupe. Tudo ficará bem.

Ela agarrou meus pulsos quando coloquei as mãos em suas


bochechas.

— Você não acreditou nisso, não é? Que só estou com você


por ele?

— Claro que sei disso. — Pressionei nossas testas. — Não


acreditei nele. — Sorri para ela esperando que sorrisse para
mim, mas ela ainda parecia preocupada. Então suspirei e
lamentei. — Suponho que seu amor por ele realmente acabou.

Seus lábios tentaram sorrir.

— Baby, eu o superei desde o momento em que você entrou


no Forbidden e paquerou comigo. Mas não percebi até que você
se ofereceu para ser meu prêmio de consolação.

— Raios. — Meu peito ficou pesado de emoção. Esperar que


algo fosse verdade era muito diferente da pessoa lhe dizendo isso
diretamente. Estava decidido, eu gosto mais de ouvir
pessoalmente.

Meu alívio fez Julianna me olhar.

— Você não se preocupava com isso, não é?

Dei de ombros, sem ser capaz de mentir. — Talvez, houve


ocasiões onde pensei que era o único que sentia isso. Tenho que
admitir, não é divertido se perguntar se você está se
apaixonando por uma mulher que continua encantada por seu
irmão.

— Colton David Gamble — Ela me repreendeu e balançou


sua cabeça em forma de reprovação — Como em nome de Deus
você pode achar que eu poderia em algum momento pensar em
mais alguém enquanto estou com você no quarto?

— Não sei. — Dei de ombros. — Estou acostumado a ser


sempre o segundo.

— Não comigo, não mais — Ela disse seriamente.

— Deus, eu te amo — Admiti antes que minha boca se


unisse a dela.
Ela agarrou meu cabelo com os dois punhos e
correspondeu ao meu beijo. Mas acho que ela pôde provar o
desespero e a preocupação em meus lábios já que se afastou
para dizer:

— Está tudo bem, eu sei que você quer ir atrás dele. Anda,
vai. E diga a ele que sinto muito também. Eu não deveria ter
esfregado seu passado traumático em seu rosto daquele jeito.

— Está bem — Respondi sem fôlego. — Eu falo. E obrigado


por me defender, a propósito. Foi a coisa mais quente do mundo.
— Eu toquei sua bochecha pela última vez antes de sair pela
porta.

Brandt já havia ido embora quando cheguei ao


estacionamento. Então corri até minha caminhonete e me sentei
atrás do volante. Dirigi para a casa dele primeiro, mas foi Sarah
quem atendeu a porta, ela me falou que ele não estava lá.
Curiosa sobre o porquê de ele ter saído sem lhe dizer nada, ela
me fez ficar o suficiente para lhe contar o que aconteceu.

— Ele foi para a sua casa — ela avisou, conhecendo a


mente do seu marido melhor do que ninguém. — Ele irá tentar
convencer o Noel a ficar do seu lado.

Revirei meus olhos. Isso soava bem.

— Obrigado, Sarah — Agradeci apenas para me deter e


olhar para ela. — O que você acha de toda essa bagunça? Você
não quer que eu esteja com a Juli?

— Ah, eu acho que está tudo bem. — E um sorriso explodiu


em seu rosto. — Sempre gostei dela. Eu não gostava dela com o
Brandt, mas se você e ela se conectarem, então estou mais do
que feliz por você.

Beijei sua testa.

— Nós nos conectamos — falei. — Nos conectamos


perfeitamente se me permite dizer.

Ela bateu no meu quadril.

— Então vá e convença o meu marido disso.

Assenti e corri pela porta.

A camionete do Brandt estava estacionada na curva da


minha casa. A SUV dos Tenning estava estacionada logo atrás.
Ótimo. A turma da Caroline também estava aqui.

Revirei os olhos. Que comece o drama familiar.

Vi o Brandt desabafar com o Noel assim que entrei pela


porta dos fundos.

— Estou te dizendo, você deveria acabar isto. Esses dois


não devem ficar juntos.

Noel riu desconfortavelmente e levantou as mãos.

— O que você espera que eu faça? Que o castigue? Ele já é


legalmente um adulto. Além disso, por que ele não pode ver
quem gosta?

Brandt reprimiu um som de descrença.

— Você não tinha esses malditos sentimentos quando


descobriu que Caroline e Ten estavam saindo quando ela estava
com dezoito.
— Tem razão — Disse Ten, me surpreendendo porque não o
vi sentado no balcão da cozinha com seus pés balançando
enquanto comia... Que diabos ele estava comendo? Queijo em
conserva?

Nenhuma das minhas irmãs ou seus filhos estavam


presentes. Pelo menos eu só teria que lidar com homens.

Noel deu ao Ten um olhar frio antes de se virar para o


Brandt.

— Bom, eu gosto de pensar que aprendi uma lição com


isso, assim como você deveria. Se Colton e esta garota são felizes
juntos e ela o trata bem, não vejo problema com isso.

Essa declaração me desconcertou.

— Você quer parar? — Eu andei em direção a ele e o


empurrei com toda a força em seu peito com ambas as mãos,
fazendo-o recuar. — Ela não quer se vingar de você. E não se
conformou comigo, porque sou quem ela quer!

— Não sei o que ela fez para te fazer acreditar nisso, mas...

— Ela fez eu me apaixonar por ela — Rugi. — E ela se


apaixonou por mim. Agora recue de uma maldita vez antes que
eu te force a fazê-lo.

— Ei — Gritou Noel, levantando um braço entre nós para


evitar que nos enfrentássemos.

Mas Brandt empurrou seus braços para baixo e se


aproximou de mim, com os olhos estreitados.
— Qual é o seu problema? Você não a ama. Ela não te ama.
Você estava no meu casamento, não é? Você viu o jeito que ela
olhava para mim.

Sim, e uma hora mais tarde vi a forma em que ela olhava


meu pênis em sua mão depois que a fiz gozar, mas esse não era
o ponto no momento.

— Oh Jesus — Disse ao meu irmão, enquanto revirava


meus olhos. — Você realmente precisa descer do seu pônei. Não
acho que haja mais espaço para outros neste lugar com seu ego
tão grande.

Brandt me beliscou, o maldito me beliscou bem no mamilo.


Imbecil.

— Eu estou te avisando, ela está te usando.

— Diga isso de novo — Avisei com meus dentes apertados,


bem na sua cara — E te deixarei inconsciente.

Ele bufou.

— Eu gostaria de ver você tentar.

Eu nunca bati nele antes, mas éramos irmãos, então


suponho que já era hora.

— Ei, ei — Disseram Ten e Noel enquanto se interpunham


entre nós. Ten deslizou na minha frente quando me virei. E sim,
acertei a pessoa errada. Doeu muito minha mão. Meus dedos
estavam sensíveis pela briga com o imbecil bêbado algumas
noites atrás, mas merda Ten tinha uma fodida bochecha ossuda.
— Filho da... puta! — Gritou, agarrando o rosto enquanto
se afastava e se dobrava pela cintura. — Eu deixei cair o meu
maldito queijo.

Noel suspirou quando abriu o congelador e tirou um saco


de ervilhas antes de jogá-lo para Ten. Agarrando o saco contra
seu peito, Ten o colocou em seu olho, amaldiçoando e
choramingando.

— Me dê outro pedaço de queijo também.

Noel pegou outro pedaço de queijo. Quando ele ficou


satisfeito, virou-se para o Brandt e depois para mim.

— Bom. Continuem.

Mas a necessidade de continuar brigando se dissipou.

Noel balançou a cabeça e colocou as mãos nos quadris


antes de olhar para o Brandt.

— Não entendo por que você está tão chateado com isso.

— Porque... — Rosnou Brandt, me lançando um olhar. —


Ela o machucará quando ele deixar de ser um idiota e perceber
suas verdadeiras intenções e será minha culpa porque eu a
trouxe para nossas vidas.

— Oh, isso é uma merda — Zombei. — Isto não tem nada a


ver com a Juli, então por que não admite o que está
acontecendo?

Brandt fez uma pausa, ele parecia confuso. Então coçou a


cabeça e falou:

— Foi isso que pensei que aconteceria. Que diabos você


achou?
— Você não quer que eu seja feliz porque ainda está
chateado com... o que aconteceu... com a mamãe. Porque não te
ajudei.

Sua boca se abriu, mas não saiu nenhuma palavra. , ele


balançou a cabeça e gritou:

— O que? Isso não é... Jesus, Colton, eu te falei que não te


culpava por nada. Nunca te culpei ou fiquei ressentido ou
qualquer coisa que você acredita. Por que eu deveria fazer isso?
Você não fez nada de errado.

— Porque... — Olhei para ele confuso. Ele parecia


sinceramente perplexo porque eu me sentia assim. Balancei a
cabeça também. — Você falou que eu te devia.

— O que? — Ele me olhou como se eu estivesse louco.

— Na recepção do casamento — Rosnei. — Para que eu


fosse falar com a Julianna, você me disse que eu te devia uma. E
então falou outra vez não faz mais de meia hora na casa dela.

Ele soltou um som incrédulo.

— Eu estava falando do álcool, imbecil. Você me devia


porque eu não contei ao Noel que bebeu mais do que o limite de
um copo que ele falou que você poderia tomar no meu
casamento.

— Você bebeu mais do que o limite de um copo? —


interveio Noel.

Ignorei-o e olhei para o Brandt.

— Então, não estava falando de...

Brandt suspirou e esfregou o rosto.


— Merda, não pequeno idiota.

— Ah — Falei a contragosto.

Ele balançou a cabeça e suspirou.

— Eu nem sequer pensei nessa merda desde a grande


revelação na qual ganhei a Sarah. Bom, além de meia hora atrás
quando Juli mencionou. Não posso acreditar que contou para
ela.

— Eu não contei — Insisti, olhando para o Noel e para o


Ten, que nos observavam avidamente. — Quer dizer, eu disse
algumas coisas aqui e ali. Não tinha nem ideia de que eu havia
contado o suficiente para que ela descobrisse. Eu nunca faria
isso com você.

— Jesus, você é um idiota. — Se aproximando, Brandt


colocou a mão em volta do meu pescoço antes de me puxar para
frente até que nossas testas se tocaram. — Eu direi isto apenas
uma vez e só uma vez. Pare de se preocupar com isso. Acabou.
Eu já superei. A família superou. Você precisa superar. Você
estava com apenas oito anos de merda. Se eu soubesse que você
viu tudo, não teria te culpado naquela época e não te culpo
agora. A única coisa que me irritou foi quando você contou para
toda a família, mas acabou sendo melhor para mim de qualquer
maneira porque me trouxe a Sarah, por isso também já superei.
Não foi você quem fez algo errado. Foi ela. Então supere isso.
Agora mesmo.

Assenti, mas deixei cair meus olhos, ainda me sentindo


culpado. Um segundo depois, olhei para cima.
— Então, por que está irritado com a Juli? — Pensei que ele
ignoraria nossa relação e tentaria descobrir quais eram os reais
motivos da Juli, então tentaria me convencer deles, mas não
imaginei que ele ficaria tão exaltado com isso. — Você não a
quer para si mesmo ainda, não é?

— O que? Não! — Ele acertou um lado da minha cabeça. —


Tire essa merda para fora da sua cabeça agora mesmo!

Eu me afastei para o caso dele querer me bater de novo.

— Então, qual é o problema? — Perguntei.

— Eu já lhe disse, idiota. É suspeito. Não acredito em como


ela mudou sua atenção de mim para você. Não posso confiar. E
em qualquer momento que eu achar que alguma mulher pode
estar enganando meu irmãozinho, eu tentarei impedir. Além
disso... — Ele estremeceu. — Eu imaginei como seria fodê-la.
Agora, saber que você fez isso... é estranho.

— Bom — Falei lentamente — Se alguma vez você já teve


qualquer tipo de fé em mim, acredite quando digo que agora sei
que ela te superou. Ela não está me usando. Juro por tudo em
que acredito. Ela me ama.

Brandt franziu a testa um momento antes de me dar um


aceno relutante e murmurar:

— Se você diz.

Sorri e bati em seu braço.

— E diabos... se isso faz você se sentir melhor, eu imaginei


como seria fazer sexo com a Sarah.

Ele apertou os olhos.


— Não seja um idiota.

— O que? — Gritei, dando de ombros. — É verdade.

— Sempre me perguntei o mesmo por Shakespeare — Disse


Ten, fazendo com que Noel o olhasse bruscamente.

— O que perguntou sobre mim? — Falou Aspen enquanto


abria a porta dos fundos. Ela entrava na cozinha, empurrando
um carrinho com Lucy Olivia aconchegada em seu interior. E
atrás dela, entraram Beau, Teagan e depois Caroline.

Os olhos de Ten se arregalaram quando ela lhe enviou um


olhar inocente, mas curioso. Juntos, Noel e ele responderam:

— Nada.

— Então deve ser sobre sexo — Caroline falou enquanto


jogava uma pilha de sacolas sobre a mesa. Depois colocou as
mãos nos quadris enquanto olhava para o seu marido e para
seus três irmãos. — Seu olho está vermelho — Ela falou,
concentrando-se em Ten antes de examinar o resto de nós. —
Eles te socaram outra vez. O que aconteceu?

Noel, Ten, Brandt e eu trocamos um olhar silencioso, sem


saber o que dizer.

Por fim, Brandt suspirou e anunciou:

— Colton tem uma nova namorada.

E eu sabia que ele aceitaria mesmo estando de acordo ou


não.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Um dia alguém te abraçará com tanta força que todas as


suas peças quebradas se encaixarão de novo. — Autor
desconhecido.

JULIANNA
Eu caminhava de uma lado para o outro na minha sala de
estar esperando por Colton, voltar e contar como foram as coisas
com seu irmão ―Que não era minha pessoa favorita nesse
momento‖ quando Tyla entrou no apartamento, chorando
histericamente.

Ela bateu a porta atrás de si e começou a andar para o


corredor, mas gritou quando me viu espreitando na sala.

— Meu Deus, Juju. — Ela pressionou a mão contra seu


coração. — Você me assustou. O que está fazendo aqui?

— Eu moro aqui — Falei lentamente antes de agarrar seu


braço. — Está tudo bem?

— Não — Ela gemeu, enterrando as palmas das mãos em


seus olhos. — Eu fiz. Terminei com ele. Eu falei para ele se
enfiar onde o sol não brilha. Meu Deus, Juju. O que farei?
— Bom, primeiro você se sentará — Eu pedi docemente
enquanto pegava seu braço e a levava para o sofá. — Então
beberá uma xícara de chá quente e me contará tudo.

— Está bem. — Ela balançou a cabeça e enxugou os olhos


enquanto se deixava cair no sofá. — Está bem.

Acariciei seu ombro uma vez e então corri para a cozinha,


enviando uma mensagem de texto para Sasha.

Julianna: Venha para casa agora. Tyla deixou o T.

Ela respondeu momentos depois:

Sasha: Santa merda! Estou a caminho!

Minhas mãos tremiam enquanto me apressava para fazer o


chá. Quando voltei a entrar na sala de estar, estava carregando
uma xícara fumegante, Tyla estava deitada no sofá com sua
bochecha esmagada contra as almofadas, olhando
inexpressivamente para o outro lado da sala.

— Ei, carinho — falei suavemente — tenho seu chá.

Eu me sentei junto ao seu quadril. Ela fungou, limpou o


rosto e se sentou, arrastando os joelhos para seu peito antes
grunhir:

— Obrigada. — Pegou a taça com as duas mãos.

Limpei uma lágrima da sua bochecha e sorri tristemente


enquanto ela bebia.

Depois do seu primeiro gole, ela fechou os olhos e exalou,


aparentemente reconfortada.
— Droga, isso realmente ajuda. Sempre pensei que você era
idiota toda vez que bebia esta coisa quando estava estressada.

Arqueei uma sobrancelha.

— Bom, agora você sabe.

— Mmm. — Ela tomou outro gole e eu a observei em


silêncio, sem pressionar para obter informação, apenas me
assegurando de que ela ficasse calma. Eu não diria a ela que
nunca fui fã do Theo, especialmente ultimamente, ou que
achava que ela ficaria melhor sem ele. Ela perceberia tudo isso
mais tarde. Eu só queria que ela estivesse o mais confortável
possível.

Mas eu tinha que saber...

— Você não rompeu com ele pelo que ele falou sobre mim,
não é? — Enquanto isso aqueceria meu coração, eu poderia lidar
com suas grosserias se ela estivesse realmente feliz com ele.

— Não, ele me traiu — Ela admitiu antes de tomar outro


gole revigorante. — Por fim minhas bolas cresceram e lhe
perguntei a respeito, e... oh meu Deus, Juju ele admitiu. Ele
falou que me amava e queria que eu ficasse como sua garota,
mas de vez em quando precisava de algo diferente para
apimentar as coisas.

Minha boca caiu aberta.

— Ele falou isso?

— Sim. — Ela revirou os olhos e murmurou: — Palavra por


palavra.
— E ele ainda tem um pênis? — Eu precisava saber,
levantando minhas sobrancelhas em descrença. Ela bufou e
sorriu.

— Meio machucado, mas sim.

— Oh meu Deus! — Minha boca caiu aberta. — Você


realmente acertou suas bolas?

Seu sorriso cresceu mais um pouco, mesmo quando ela


escondeu seu rosto.

— Eu acertei.

Gritei.

— Sim! Garota, você é minha heroína. É assim que se faz,


Ty. — Puxei-a para um grande e apertado abraço. Ela acabou
descansando a cabeça no meu ombro.

— Mas o que eu farei agora? Não posso ficar sozinha.

Ela disse sozinha como se fosse uma coisa suja e


desagradável.

— Carinho — Repreendi, recuando — Você não está


sozinha, você tem nós. E não há nada de errado em estar sem
um homem. Não precisa de um pênis para se definir. Você é
espetacular por mérito próprio. Os homens são bons apenas
para...

Eu interrompo meu discurso quando penso em Colton.


Alguns meses atrás eu teria dito algo sobre os caras serem bons
apenas para o sexo e uma delícia para os olhos, mas o que
comecei com ele era muito mais do que isso.
Tyla inclinou a cabeça esperando minha resposta, então
sorri e acariciei seu joelho dobrado.

— Eles são bons para formar um time, mas você também


tem que ser forte e individual para poder carregar o peso do
relacionamento. E tem que estar trabalhando na mesma direção
que você, com você. Não há nada de errado em estar sozinha,
mas sim se estiver em um relacionamento com alguém que tem
sua própria agenda.

Tyla balançou a cabeça.

— Não foi isso que achei que fosse dizer.

— Eu sei — Respondi. — Eu também não.

— Bom — Ela falou lentamente. — Então agora podemos


começar a surra?

Ri entredentes.

— Com certeza.

Naquele momento, a porta se abriu de repente e Sasha


entrou correndo, seguida por Chad.

Tyla olhou além da Sasha e imediatamente estreitou os


olhos.

— Não é permitido pênis. Malditos infiéis filhos da puta.

Chad ficou imóvel na soleira da porta, com os olhos


arregalados. Apontando para o corredor, falou para sua
namorada:

— Sim... Estarei em seu quarto. — E caminhou o mais


rápido que pôde passando pelo sofá.
Nós o observamos desaparecer antes que Sasha se virasse
para Tyla e rapidamente a puxasse em um abraço.

— Baby, sinto muito. Conte para a Sasha tudo o que


aconteceu.

Então Tyla começou a contar tudo de novo, com lágrimas


caindo de seus olhos. Nós ouvimos e comentamos quando era
necessário, e ela parecia ter se acalmado significativamente
quando bateram na nossa porta.

— Oh Deus — Gemeu Tyla, enterrando o rosto no ombro da


Sasha. — Se for o Theo, não quero falar com ele.

— Eu cuido disso — Anunciei, ficando de pé e endireitando


meus ombros. — Veremos quão machucadas posso deixar suas
bolas.

— Chute-o uma vez por mim também — Pediu Sasha.

Assenti e nem sequer verifiquei o olho mágico antes de


abrir a porta e colocar minha cara de "Vai à merda". Não
esperava que fosse o Colton.

Ele começou encolhendo o ombro.

— Sinto muito por ter te abandonado, mas se ainda estiver


pronta para ir... — Suas palavras foram se apagando quando
notou minha expressão. — O que aconteceu?

Entrei no corredor com ele e puxei a porta, quase fechando-


a atrás de mim.

— Este não é um bom momento. Tyla acabou de terminar


com seu namorado. Ele a estava traindo. Ela está um desastre.
— Terminou com ele? Agora? — Perguntou, apontando o
dedo entre nós enquanto suas sobrancelhas se arqueavam com
preocupação. Quando assenti, ele perguntou: — Ela está aqui?
— Depois do meu segundo assentimento, murmurou: — Coitada
— E passou por mim entrando no apartamento.

Levou uma fração de segundo para ele encontrar a Sasha e


a Tyla no sofá antes de estalar a língua com simpatia.

— Aquele idiota de merda — Anunciou. — Por que alguém


te enganaria?

Ele se aproximou da Tyla e roubou meu lugar no sofá ao


seu lado para poder abraçá-la.

A princípio, ela pareceu se afastar dele, olhando-o como se


ele estivesse louco, mas então ele falou:

— Os homens podem ser uns idiotas — E ela assentiu


concordando.

— Eles realmente podem ser. — Tyla fungou antes de se


aconchegar mais perto dele, fechando os olhos.

Colton encontrou meu olhar sobre seu ombro enquanto


começava a esfregar suas costas.

— Onde está o resto daquele chocolate que te dei?

Minhas bochechas se aqueceram quando pressionei meus


lábios.

— Sasha, Tyla e eu comemos tudo na outra noite.

— Vocês... — Seus olhos se arregalaram. — Tudo?

Limpei a garganta e me mexi desconfortavelmente.


— Nós éramos três mulheres fofocando. É claro que
devoramos tudo.

— Não importa. — Ele acenou com a mão


despreocupadamente. — agora seja melhor álcool. — Ele me
deu outro olhar significativo e acrescentou. — E não é sorte que
tenhamos uma bartender aqui.

Quando Sasha e Tyla olharam para mim, percebi que todos


queriam que eu preparasse algumas bebidas.

— Oh! — Falei, ainda surpresa que Colton tenha


metaforicamente arregaçou as mangas e entrou na desordem de
uma mulher recém solteira. — Bom. Cuidarei disso.

Corri para a cozinha balançando a cabeça, me perguntando


se algum dia me acostumaria com todos os lados de Colton
Gamble. Ele era um enigma. Justo quando pensava que o lia
como um livro aberto e o desvendei, ele virava à página.

Sem pensar no que fazia, comecei a preparar as bebidas;


era quase um hábito hoje em dia. Queria tanto criar minha
própria bebida alcoólica que estava decidida a preparar o drink
perfeito.

Quando Colton se aproximou de mim, eu havia acabado de


terminar meu primeiro drink e olhei por cima do ombro.

— Como ela está?

Ele deu de ombros.

— Mal. — Então envolveu os braços ao redor da minha


cintura antes de colocar seu queixo no meu ombro para olhar
enquanto eu experimentava o primeiro gole.
Só para engasgar e cuspir a metade dele na minha taça.

— Oh meu Deus, ficou nojento.

— O que você está preparando? — Ele perguntou com


curiosidade.

— Nada. Não sei. Estive tentando preparar uma bebida


nova e incrível, que seja só minha e sempre e estou falando
sério, sempre fica uma merda.

— Pensei que era algo que fazia apenas com Brandt quando
costumavam trabalhar juntos.

Olhei para ele , minhas sobrancelhas levantadas com


surpresa.

— Não. Quer dizer sim, ele me ajudava a tentar encontrar


algo, mas sinceramente eu faço isso o tempo todo, com ou sem
ele.

— Então não era algo especial entre vocês dois? É bom


saber. — Colton deslizou a taça para fora da minha mão,
cautelosamente tomou um gole e estremeceu. — Deus...
Maldição — Gemeu, raspando a língua contra o topo dos dentes
como se estivesse desesperado para se livrar do mau gosto.
Então pegou um guardanapo e literalmente tentou limpá-lo. —
Que diabos havia nessa merda?

Fiz uma careta, um pouco magoada por ele sequer ter


fingido que gostou da minha criação, mas então meus ombros se
afundaram.
— Honestamente, não me lembro, mas tentei cada mistura
imaginável e as que terminam bem já existem ou apenas
cheiram... mal.

— Ah boneca — Ele murmurou com simpatia. — Não, não,


não. Você está fazendo tudo errado. Venha aqui. — Ele me virou,
agarrou meus quadris e me apoiou no balcão da cozinha diante
dele.

Eu gostei de onde isto estava indo.

— Em primeiro lugar, jogaremos isto fora. — Ele inclinou


minha taça, deixando que o resto do conteúdo se derramasse na
pia. Fiz uma rápida oração para que não causasse nenhum tipo
de gás tóxico verde nos esgotos e transformasse tartarugas bebê
em ninjas de tamanho humano ou algo parecido.

Não, espera. Isso seria genial, mas droga já fizeram.

— Agora... — Colton colocou as mãos em minhas coxas, o


calor da sua palma parecendo delicioso através das minhas
calças de ioga. — Feche os olhos.

Eu realmente estava gostando de onde isto estava indo,


então o fiz, inclinando meu rosto para cima, vocês sabem, para o
caso dele querer fazer algo nessa área com, digamos, seus lábios
talvez.

Sua respiração flutuou na minha bochecha e meu corpo


estremeceu.

— Esvazie sua mente — Instruiu, com a voz baixa e rouca.


Em vez de esvaziá-la, eu a enchi... cada sentido
transbordando com nada além dele. Preferindo isso a uma
mente vazia, apertei meus lábios e disse:

— Está bem.

Ele riu como se soubesse exatamente o que eu queria que


fizesse, mas primeiro quis brincar comigo.

— Pense em cada um dos seus sabores favoritos. Comida,


bebida, qualquer coisa. Em seguida misture e os imagine
combinados em uma só bebida.

Abri os olhos e encontrei seu olhar curioso.

— Então está dizendo que devo te cortar em pedaços e


colocar em um drink? Isso seria um pouco sádico, não acha?

— Ah, boneca. — Ele me beijou, suas mãos quentes e


confiantes correram por minhas costas e apertaram meu
traseiro. — Você realmente sabe como me fazer sentir amado.

— Você é. — Garanti. — . — Querendo lhe agradecer por


sua gentileza com minha amiga, enterrei os dedos no seu cabelo
e puxei ele para frente mordiscando sua boca, então beijando-o
profundamente.

— Oh diabos, não! — Sasha gritou, parando quando entrou


na cozinha. — Jesus, Juli. Sem sexo no balcão da cozinha ok?

Mortificada, enterrei meu rosto na camiseta do Colton e


respondi com um gemido abafado:

— Sinto muito.

— Eu só estava a inspirando a criar uma bebida incrível —


Respondeu Colton, fazendo Sasha sorrir e sair da cozinha.
— Pois bem. Deixarei vocês, mas se apressem. Ty está
ficando inquieta.

Empurrei o Colton para que pudesse sair do balcão. Ele


recuou, pegando minhas mãos quando aterrissei sobre meus
pés.

— Preciso voltar a preparar as bebidas, um dever que


alguém me atribuiu.

Ele piscou e me beijou na testa.

— Pararei de te inspirar, então.

Então ele saiu da cozinha. Observei seu traseiro em suas


calças jeans até que ele desapareceu, absorvendo antes o último
pedacinho de inspiração que pude e zás, uma ideia me ocorreu.

Morangos cobertos com chocolate eram a minha coisa


favorita na terra. Eu rapidamente peguei uma caixa de
morangos na geladeira, depois a calda de chocolate, e o
chantilly. Atacando os armários encontrei um pouco de rum e
Kahlua e coloquei meu mixer para trabalhar.

Um minuto depois, levei uma bandeja com três bebidas


para a sala de estar, onde Chad saiu do seu esconderijo e estava
sentado na cadeira mais afastada do sofá onde Tyla estava. Ela
permaneceu encolhida entre a Sasha e o Colton, que tinha um
braço ao redor dos seus ombros.

— As bebidas estão aqui! — Anunciei, sorrindo


alegremente.
Sasha e Tyla imediatamente pegaram suas taças e quando
Colton alcançou a terceira, enviei-lhe um olhar malicioso e meio
que me afastei.

— Esse é meu. Você não tem vinte e um anos ainda,


lembra?

Ele me olhou e então piscou.

— Eu só quero experimentar.

Suspirei, mas parei de me afastar permitindo que ele


reclamasse a taça. Enquanto tomava seu primeiro gole, prendi a
respiração e mordi o lábio. Ele olhou para mim e levantou as
sobrancelhas.

— Mmm, essa merda está boa. — Seu próximo gole foi mais
que uma prova.

— É verdade, JuJu — Anunciou Tyla enquanto Sasha bebia


e só conseguia acenar com a cabeça e manter o polegar para
cima.

Curiosa porque estava com muito medo de prová-la, tentei


pegar o copo do Colton.

— Eu quero provar.

Mas ele levantou um braço para me impedir.

— Diabos não. Agora esse é meu. Vá preparar um para


você.

Fiz uma pausa levantando as sobrancelhas.

— O que você acabou de dizer para mim?


Seus olhos brilharam com malícia, ele estendeu a língua e
lentamente lambeu a borda exterior da taça.

Quando Sasha, Chad e Tyla começaram a rir, eu ofeguei.

— Por que... — Me joguei nele, fazendo-o gritar de surpresa


e rapidamente colocar a bebida no final da mesa antes que
qualquer um de nós a derramasse.

Eu me joguei sobre seu colo e tentei passar ele, mas Colton


gritou: — Não! — E riu, jogando um braço ao redor da minha
cintura para me segurar.

— Me dê minha maldita bebida, idiota — Murmurei lutando


contra ele e ainda assim incapaz de parar de rir.

— Idiota, eh? — Ele levantou suas sobrancelhas em meio a


um sorriso. — Isso não fará você recuperar sua bebida. Na
verdade, acho que é um motivo para isto.

E o idiota começou a me fazer cócegas.

— Oh meu Deus, não — Gritei, lutando contra ele e rindo


de forma incontrolável. — Não! Pare. Pare! Oh meu Deus, espere.
Você comprimirá meus ovários.

Ele parou imediatamente antes de perceber que eu estava


zombando dele repetindo suas próprias palavras de quando eu
estava no meu período.

Um segundo depois, ele apertou os olhos.

— Ah, espertinha. Farei mais cócegas em você por isso. —


E lentamente, seus dedos se estenderam e curvaram, simulando
garras.
— Garota, por favor, não me diga que tem um pão no forno
— Perguntou Tyla. — Você está grávida?
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Quando a felicidade de outra pessoa for a sua felicidade,


isso é amor. — Autor desconhecido.

JULIANNA
Colton se endireitou com surpresa.

— Espera, o que? — Seus olhos estavam arregalados e


assustados enquanto se moviam entre Tyla e eu. — Grávida?

Pisquei para minha colega de quarto, totalmente confusa.

— Isso mesmo... O que? — Perguntei a Tyla.

— Bom... — Ela piscou, claramente confusa. — Você falou


algo sobre comprimir seus ovários.

Olhei para o Colton. Ele me olhou. E nós dois explodimos


em gargalhadas. As lágrimas escorriam pelo meu rosto e Colton
não conseguia se acalmar o suficiente para me ajudar a explicar
nossa brincadeira particular quando Tyla levantou as mãos e
falou:

— Não importa. Eu não quero saber. Você e esse seu novo e


feliz relacionamento estão me deixando louca.
— Não, espera. — Pulei nela, agarrando seu braço. — Sinto
muito. Nós pararemos. Vamos nos comportar, eu juro.

— Sim, eu não a tocarei pelo resto da noite — Prometeu


Colton, pouco antes de me enviar uma grande piscadela e em
seguida me afastar do seu colo. Então dirigiu toda sua atenção a
Tyla. — Esta é a sua noite. Faremos o que quiser fazer.

— Qualquer coisa que eu quiser? — Ela perguntou e seu


olhar se iluminou com apreciação enquanto olhava para meu
homem. Comecei a estreitar meus olhos, me perguntando o que
diabos ela sugeriria para fazermos com ela, quando disse:

— Theo nunca me deixou jogar Super Mario com ele.

Colton levantou as sobrancelhas em surpresa.

— Você quer jogar Super Mario? Diabos, eu adoraria jogar


Super Mario com você. Mais alguém?

— Oh, eu! — Disse Chad, pulando imediatamente do seu


assento e se aproximando para se sentar no sofá ao lado da
Sasha. — Eu quero jogar.

Sorri para eles quando começaram a instalar o jogo.

— Acho que farei outra bebida para mim — Anunciei.

Chad, que estava bebendo do copo da Sasha, levantou a


mão.

— Faça um para mim também. Essa merda está muito boa,


Juli.

Sorri, orgulhosa da minha mistura.

— Ok.
— Eu te ajudo — Anunciou Sasha enquanto ficava de pé e
me seguia até a cozinha, só para me dar um murro no braço
assim que ficamos sozinhas. — Oh meu Deus, eu poderia beijar
o Colton neste momento. Você viu o jeito que ele a animou? —
Ela suspirou e apertou a mão contra seu coração. — Garota, se
você não terminar casada com esse, eu me caso.

Eu ri e bati meu ombro contra o dela, sabendo que ela


estava brincando.

— Se afaste, cadela. Ele é meu.

Com uma risada, ela me ajudou a recriar minha obra


prima, mas uma batida na porta principal nos interrompeu.

— Baby, você pode atender? — Gritou Chad. — Nós


acabamos de começar.

As mãos da Sasha estavam cobertas de polpa de morango


já que estava retirando os caules, então coloquei a mão no seu
ombro.

— Eu vou.

Movi meu pescoço e mais uma vez me preparei para um


confronto com Theo, corri de volta para a sala e me certifiquei de
passar por trás da televisão para não atrapalhar a visão dos três
jogando Super Mario tão intensamente no sofá.

No entanto, quando abri a porta de novo, mais uma vez fui


surpreendida. O homem do outro lado da porta abriu os braços
com um grande sorriso.

— Surpresa!

Meu queixo caiu.


— Papai? O que... o que está fazendo aqui?

— O que? Eu preciso de uma razão para visitar minha


Julita? — Ele caminhou para dentro do apartamento antes que
eu pudesse convidá-lo para entrar, enquanto tirava as luvas e o
casaco.

Abri a boca para dizer algo como não ter recebido nenhum
aviso, mas ele parou , olhando para o sofá onde Tyla, Colton e
Chad estavam sentados em linha, cada um deles dirigindo
freneticamente os controles do Nintendo em suas mãos com os
olhos fixos na televisão. Um segundo depois, Colton gritou em
triunfo enquanto se levantava com um salto, ao mesmo tempo
em que Chad e Tyla gritavam com consternação e jogavam seus
controles, desanimados.

Colton continuava sorrindo por sua vitória, ou o que quer


que tenha feito melhor que os outros dois. Quando me viu de pé
um pouco atrás do meu pai, enquanto papai o encarava com seu
casaco dobrado sobre um braço.

Notei o momento em que Colton percebeu quem ele era.


Seu sorriso vacilou e ele lançou um rápido olhar para mim antes
de colocar outro sorriso em seu rosto, esse um pouco mais
cauteloso.

— Olá — Ele falou, soando educado e acolhedor.

O olhar do meu pai se intensificou antes de me olhar.

— Ele é quem Shaun meu falou? O garoto que esteve vendo


nas minhas costas?
— OH... merda — Ouvi a maldição de Chad. Um segundo
depois, ele e Tyla saíram, passando por Colton fugindo da sala
para a cozinha, dando a desculpa de que tinham coisas para
fazer.

Cinco segundos depois, só ficamos Colton, meu pai e eu.


Colton fez o primeiro movimento.

— Eh, olá. — Quando papai desviou seu olhar duro para


ele, Colton estremeceu, mas limpou a garganta e seguiu em
frente. Seus olhos marcados com preto e azul de repente se
destacaram muito. — Deve ser o pai da Juli. Sou Colton. É um
prazer conhecê-lo. — Respeitosamente ele estendeu a mão, mas
é claro, meu pai só cerrou os olhos.

Colton parou lentamente e voltou sua atenção para mim,


perguntando claramente com seu olhar o que eu queria que ele
fizesse.

Incapaz de deixá-lo perdido assim, eu me movi para o seu


lado e peguei sua mão, a mesma que meu pai se negou a aceitar
e apertei seus dedos enquanto encarávamos juntos meu pai.

— Não sei o que Shaun te disse, ou o que ele acha que sabe
sobre mim, mas sim, este é meu namorado Colton. Eu não
estava escondendo ou fazendo qualquer coisa pelas suas costas.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Oh, não?

Levantei meu queixo

— Não. Não estava. — Bom, talvez só um pouco, mas não


admitiria isso.
— Bom... eu proíbo.

— Espera, o que? — Colton balançou a cabeça. — É isso?


Você não quer nem mesmo me interrogar, descobrir o quão
impressionante eu sou, checar meus dentes? Qualquer coisa?

Meu pai me enviou um olhar seco.

— Ele não me agrada. É desrespeitoso.

Colton engoliu e se aproximou de mim. Levantei nossas


mãos entrelaçadas até meu peito e fiz uma careta teimosa para
meu pai.

— Essa é a única razão pela qual você veio aqui? Por que
ouviu que eu estava namorando um cara branco?

O queixo de papai ficou tenso com isso.

— Esse relacionamento, ou o que seja que vocês dois estão


tendo, acabou. A cor da sua pele não tem nada a ver com isso.

Sim, claro. Bufei.

— Como pode dizer isso? Você nem sequer o conhece.

— Pequena — Ele retrucou, — Você realmente acha que


vim até aqui sem investigá-lo primeiro? O garoto vem do bairro
mais pobre da Pensilvânia. Ele é o lixo que cresceu em um
trailer com seus três irmãos, todos eles de pais diferentes, a
propósito. E sua mãe era uma prostituta alcoólatra, viciada em
crack, que fazia sexo com homens para conseguir sua próxima
dose.

Quando Colton estremeceu, eu me aproximei dele.


— Não se pode evitar quem são seus pais, papai. Isso foi
um golpe baixo. Sua investigação o levou ao fato de que ele não
mora com sua mãe desde que estava com oito anos e se formou
como o segundo estudante mais inteligente em sua turma do
ensino médio?

— É claro, mas ele se matriculou na universidade sem um


diploma definido. Ele não tem planos para o futuro. Diabos,
ninguém apresentou um formulário W237 para ele, o que
significa que ele não tem um trabalho também.

Eu estava prestes a argumentar que ele tem uma carreira


muito lucrativa fazendo vídeos no Vine. Onde suponho sua irmã
se encarregou dos assuntos financeiros. Mas meu pai o
desprezaria por isso também e diria que é frívolo e irrelevante ou
algo parecido.

— Você não está sendo justo — Murmurei. — Ele tem


dezoito anos. O que esperava, que ele tivesse um currículo
completo na mão, com um plano detalhado previsto para o resto
da sua vida?

— E ele só tem dezoito anos! — Meu pai balançou seu


braço como se estivesse demonstrando algo. — Que é quatro
anos mais jovem que você. Garota, o que você está pensando?

— Na verdade, são três anos e quatro meses — Colton


afirmou. Durante todo este tempo, ele não havia dito uma
palavra em defesa de si mesmo. Mas ele falou agora? Para isso?

7
Formulário preenchido pelo empregador no qual são relatadas informações sobre salários e impostos
dos funcionários.
Meu pai e eu nos viramos para olhá-lo como se ele estivesse
louco. Então ele apenas deu de ombros.

— Bom, soa melhor que quatro.

Papai balançou a cabeça e se concentrou em mim.

— Ele não é um de nós. Nunca te respeitará.

— Me respeitar? — Soltei uma gargalhada e coloquei minha


mão contra minha garganta. — Colton não tem feito outra coisa
além de me respeitar, algo que não posso dizer do Shaun. —
Aquele maldito pedaço de merda. — E sempre me faz sentir
como se me encaixasse em sua vida. Parte meu coração que você
nem sequer queira lhe dar uma chance. Odeio não ter a sua
aprovação, mas honestamente papai, essa decisão não é sua.
Agora estou com Colton, quer você goste ou não.

Claramente, o homem não gostou. Ele estreitou os olhos e


apontou para o meu nariz.

— Você parará com essa bobagem agora mesmo mocinha,


ou te levarei embora comigo esta noite. Está claro?

Olhei para ele por um momento antes de suspirar.

— Não. — Balancei a cabeça. — Não está nem um pouco


claro. Tenho vinte e um anos. Você não pode me ordenar que
faça algo.

— Sério? — Ele olhou ao redor da sala do meu apartamento


antes de declarar. — Eu pago por este apartamento, Julianna.
Pago sua universidade. Seu carro. Seu telefone. Quer que eu
continue te mantendo ou não?

Minha boca se abriu e o ar saiu dos meus pulmões.


— Você está me dando um ultimato?

Meu pai e eu nos encaramos antes que ele lentamente


começasse a concordar.

— Sim, acho que é isso que estou fazendo.

Respirei fundo, sentindo como se fosse golpeada no peito


porque o ar deixou meu corpo.

Colton foi o primeiro a reagir, embora também tenha


experimentado um momento de congelamento.

— Amigo, o que você falou? — Ele explodiu. — Você cortaria


o dinheiro para a universidade dela? Por que faria isso? Quer
dizer, eu poderia entender totalmente se ela fosse uma rica
herdeira ou algo assim e você dissesse que cortaria seu fundo
fiduciário como uma forma de me afastar, como um teste para
ver se era um caçador de fortunas ou algo assim, mas brincar
com sua educação não me afeta em nada. Eu apenas lamento.
— Ele se virou para mim, incrédulo. — Que merda é essa? Achei
que tivesse dito que ele era um bom pai.

Antes que eu pudesse responder, papai agarrou o braço do


Colton e o virou para que ficassem cara a cara.

— Olhe, aqui rapaz. Você não tem o direito de questionar


minhas habilidades paternais. Até que você tenha criado sozinho
uma menina desde que estava com seis anos sem ninguém no
mundo exceto você respondendo por ela, não tem direito de me
dizer como fazer meu trabalho. Eu conheço a minha Julianna. E
sei como protegê-la.
— Sim, não. Não, você não conhece — disse Colton,
balançando a cabeça. — Acho que esqueceu um pequeno detalhe
quando a criava para ser uma mulher forte, independente e
inteligente. Na verdade, ela se tornou uma mulher forte,
independente e inteligente. Não precisa que a apoie. Se quisesse,
ainda poderia fazer tudo o que está fazendo agora sem você.
Pode levar mais tempo e ter mais estresse, mas conseguiria fazê-
lo. Então tudo o que está realmente fazendo é afastá-la da sua
vida devido a seus próprios problemas. Você está a machucando
e deixando claro que não confia ou apoia suas decisões. Você
está... está... apenas sendo um maldito filho da puta.

— Colton — Falei suavemente e toquei seu braço para


acalmá-lo.

Ele respirou fundo e desviou o olhar do meu pai. Quando


seu olhar encontrou o meu, seus ombros caíram.

— Bom, ele está — Murmurou.

— Meu ultimato continua de pé — Papai avisou, olhando


entre nós. — Eu te darei vinte e quatro horas para tomar sua
decisão final. — Então ele saiu do apartamento, deixando um
rastro de comoção silenciosa atrás dele.

Olhei para o Colton.

Ele bufou, caindo no sofá e olhou para mim. Algo me


atingiu com força no centro do peito e percebi que era
pessimismo. O que era pior, eu podia ver o mesmo pessimismo
refletido em seu rosto.

— Uau — Ele soltou com uma voz rouca. Juro que sua voz
tremia de nervosismo. Isso me assustou.
Isso me assustou porque significava que estava tão
desconcertado com tudo isto quanto eu.

Ele passou a mão através do cabelo, soltou uma risada


lenta e nada divertida e balançou a cabeça.

— Ele realmente não quer que fiquemos juntos, não é?

O medo deslizou por meus braços, esfriando-os. Eu me


abracei, procurando calor. Procurando conforto.

— Não — Murmurei. — Parece que não.

Eu nunca vi os olhos castanhos do Colton tão tristes.

— Boneca, eu não quero que seu pai te castigue ou ameace


sua educação por mim.

— Bom, eu não quero que membros da sua família te


odeiem por minha culpa — Respondi.

Ele revirou os olhos.

— Eles não me odeiam. Brandt e eu conversamos. Ficará


tudo bem, eu juro.

Quando entrecerrei meus olhos, ele suspirou.

— Está bem, ele não está emocionado, mas superará. É


meu irmão. No final do dia, ele me ama. Sempre.

— Bom, ele não me ama — Resmunguei. — E tenho que


dizer que não é muito bom que ele tenha nos desaprovado da
maneira que fez.

O queixo do Colton se apertou, mas ele não refutou minha


afirmação.
— Sim — Ele murmurou junto antes de levantar as mãos.
— Você sabe, que isto é estúpido. — Ele parou de um salto, mas
na verdade não foi a nenhum lugar. — É estúpido. Podemos ser
jovens, mas ainda somos adultos. Por que todos acham que
podem nos dizer o que podemos e não fazer juntos?

— Não sei. — Me movi na direção dele e peguei dois


punhados da frente da sua camisa. Quando olhei em seus olhos,
ele suspirou e pegou minha bochecha em sua mão.

— A única coisa que importa é o que nós queremos. E te


quero. Então tudo se resume ao que você quer, boneca. — Ele
arqueou uma só sobrancelha. — Você quer me expulsar como
um trapo sujo ou não?

— Não — Sussurrei, me inclinando para pressionar meu


rosto contra sua clavícula. — Nunca.

— Bom. — Ele envolveu a mão ao redor do meu pescoço e


me segurou contra ele. Depois de apoiar sua bochecha contra a
minha, ele se endireitou e limpou sua garganta. — Sabe, eu
poderia pagar tanto a sua mensalidade como a minha para a
faculdade.

Recuei para olhá-lo, com a boca aberta. Eu não tinha ideia


de que ele ganhava tanto com seus vídeos, mas então sacudi a
cabeça, superando isso e me concentrando na sua sugestão.

— Colton, não seja ridículo. Você não pagará minha


faculdade.

— Por que não? Você está desistindo desse dinheiro e ainda


mais por mim, é o mínimo que posso fazer.
— É só... — Bati em seu peito e em seguida toquei sua
bochecha, honrada por ele ter oferecido. — Encontrarei uma
solução.

— Sim, não achei que aceitaria. — Ele soltou um longo


suspiro. — Acho que isso significa que me resta apenas uma
coisa a fazer.

— O que quer dizer? — Olhei para seu rosto, quase


temendo a resposta, mesmo tendo perguntado. — O que você
fará, Colton?

Ele deu de ombros.

— Conversarei com seu pai e o convencerei a aprovar nosso


relacionamento para que você possa continuar a faculdade com
sua ajuda.

Dei um passo para trás.

— Não. O que? Não, essa é uma péssima ideia.

— Não. Por que é uma péssima ideia? — Ele parecia


insultado por minha insistência. Apontei para a porta onde meu
pai acabou de sair.

— Você já tentou falar com ele e isso só piorou as coisas.

— Ei — Ele agarrou meus ombros — Você confia em mim?


Eu sou o rei da merda, lembra?

— Exceto meu pai que vê através da merda — Grunhi.

— Você também via, mas eu te ganhei, certo? — Pressionou


um beijo na minha testa e murmurou: — Também posso
conquistá-lo.
— Como? — Perguntei incrédula.

Ele deu de ombros.

— Fácil. A coisa mais importante da vida dele é você, certo?


Eu só tenho que fazê-lo ver que você é o mais importante para
mim também. Posso fazer isso.

Deixei sair um suspiro. Sim, ele poderia. Colton acabou por


ser a melhor pessoa que conhecia.

— Ok, você tem razão — Murmurei, abraçando-o com força.


— Você pode fazer qualquer coisa. Eu confio em você.

Ele piscou para mim com desconfiança.

— Confia? Bom, é claro que sim. Eu sou incrível. Mas


espera, você concordou comigo com muita facilidade. Qual é o
truque?

Sorri e beijei sua bochecha

— Não há nenhum truque. Eu te amo e confio em você. Isso


é tudo. — Mas dentro de mim, comecei a pensar em uma
maneira de convencer meu pai a dar uma chance ao Colton. E
era nisso que eu realmente confiava. No fato de que
trabalharemos juntos.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Encontre um coração que o ame no pior e braços que o


apoiem quando estiver mais fraco. — Autor desconhecido.

COLTON
Fiquei com a Julianna até de manhã e juro que nos
abraçamos um pouco mais forte durante toda a noite como se
nós dois estivéssemos com medo de que alguém entrasse no seu
quarto e nos separasse fisicamente, especificamente seu pai.

Depois de que o alarme tocou, sabíamos que tínhamos que


nos levantar e nos preparar para um dia cheio de aulas, mas
ainda não queríamos nos mover. Ficamos ali deitados, olhando
para o teto enquanto continuávamos envolvidos um no outro em
nossa pequena bolha segura.

— É errado que eu queira perseguir o seu ex e chutar seu


traseiro por ter contado ao seu pai? — Perguntei.

Ela soltou uma risada.

— Carinho, espere a sua vez. Eu não gostaria de nada além


de acertá-lo na garganta neste momento.
— Não posso acreditar que ele e seu pai ainda se falem.
Quer dizer, seu pai sabe por que se divorciou, não é? — Quando
ela respirou fundo, olhei para ela. — Julianna?

Com um suspiro, ela fechou os olhos.

— Eu só falei a ele que naquele momento eu sentia que era


muito jovem para estar casada, o que também era verdade.
Então, ele meio que acha que Shaun e eu voltaremos um dia.

— O que? — Eu me sentei, irritado. — Por que você não lhe


contou tudo?

— Por que... — Ela se encolheu, então olhou para mim por


insistir no assunto. — Shaun insistiu que foi um acidente, e
poderia muito bem ser. Eu não queria acusá-lo falsamente de
nada.

— Isso é uma merda. Você sabe tão bem quanto eu que não
foi um acidente. Ele ainda continua te vigiando e agarrou seu
braço, boneca. Seus instintos não estão errados. Ele é violento.
E de qualquer maneira, por que diabos não contou ao seu pai
sobre a infidelidade dele? Certamente isso o teria feito nunca
mais falar de novo com seu precioso Shaun.

— Não sei. — Ela balançou a cabeça, parecendo cansada.


— Eu estava com vergonha. Eu achei que deveria ter feito algo
melhor para manter seu interesse só em mim.

Peguei seu queixo e a olhei direto nos olhos.

— Você não pode conseguir ser melhor do que a perfeição.


Ele a traiu, é simples assim.
Ela me deu um sorriso nervoso e revirou os olhos antes de
beijar meus lábios e bater no meu peito.

— Obrigada, mas... isso ainda abala minha confiança. E,


além disso ele realmente queria aquele trabalho com meu pai
depois que se formasse. Eu não queria que ele perdesse a
oportunidade do seu futuro tão sonhado porque ele não gostava
mais de mim. Isso parecia... horrível da minha parte.

Pisquei.

— Jesus, você realmente tem um coração mole debaixo


dessa casca dura, não é?

Ele revirou os olhos.

— Não tenho.

Ela tinha. E eu também amava isso nela. Sorrindo, falei: —


É uma pena que seu pai não tenha a mesma fraqueza.

Enquanto meu sorriso diminuía com preocupação,


Julianna pressionou sua testa na minha.

— Carinho, olhe para mim.

Quando o fiz, ela sorriu.

— Não se preocupe muito com ele, ok? Você e eu somos um


time, lembra? Podemos superar isto juntos.

Fiz uma pausa. Ela estava com toda a razão. Então por que
eu estava preocupado?

Relaxando, entrelacei nossos dedos e apertei sua mão


calorosamente.

— Eu te amo — Falei, sem saber o que faria sem ela.


Seu sorriso se tornou brincalhão.

— Não tanto quanto eu amo você.

Eu ri e a beijei na boca antes de dizer: — Isso nem sequer é


possível.

Sua mão livre se arrastou entre nós e se dirigiu para baixo.


Eu gostei de onde isso estava indo e arqueei uma sobrancelha
com interesse, justo quando alguém bateu na porta do seu
quarto.

— JuJu? — Chamou Tyla. — Posso pegar suas botas de


cano longo pretas?

Encontrei o olhar de Julianna e seus ombros caíram


enquanto ela retirava sua mão das minhas calças.

— Sim — Ela gritou, grunhindo em silêncio e deixando cair


seu rosto no meu ombro. — Só um segundo.

Merda. Com um suspiro, revirei os olhos para o teto para


controlar meus hormônios.

— Deixaremos isso para outra ocasião? — Supus.

Juli correu seus dedos por minha bochecha.

— Sim, sinto muito. Tyla merece um pouco de atenção


extra esta manhã. Ontem à noite interrompemos sua festa de
término quando meu pai apareceu.

— Certo. — Exalei bruscamente. — Continuaremos depois,


então. — De qualquer forma, eu precisava ir em casa tomar
banho e me trocar.
— Não se preocupe, carinho. Te vejo em breve na aula de
filosofia. — E então começou a me dar um beijo de despedida
muito bom.

Quando cheguei em casa e escorreguei pela porta dos


fundos, o cheiro de bacon me recebeu. Imediatamente alerta,
levantei o nariz para a fonte só para encontrar a Aspen no fogão,
virando ovos fritos.

Eu me detive e a olhei, incapaz de me mover com medo de


que ela parasse de cozinhar se eu fizesse algo de errado. Eu não
a vi cozinhar nada em quase três meses.

Ela sorriu para mim.

— Bom dia. Já tomou café da manhã? Eu posso colocar


mais bacon e ovos para você.

Oh inferno, sim, por favor.

— Tudo bem — Eu falei. — Isso seria ótimo. Obrigado.

Beau se sentava na mesa, movendo alegremente seus pés


enquanto tomava um copo de suco de laranja.

— Mamãe está fazendo o café da manhã — Anunciou.

— Eu vi. — Apontei para o corredor, e informei — Tomarei


um banho rápido. Já volto.

— Está bem — Respondeu Aspen, sorrindo amavelmente


para mim por cima do ombro.
Toquei suas costas enquanto passava, agradecendo-lhe
por... bom, por tudo. Então agitei o cabelo de Beau e corri para o
quarto até que cheguei ao quarto do bebê onde encontrei o Noel
trocando a fralda da Lucy O.

— Aspen está fazendo o café da manhã — Eu o informei,


curioso se ele estava ciente deste fenômeno. Ontem ela foi fazer
compras com a Caroline e os meninos e hoje estava cozinhando.
Era quase como se fosse a Aspen de antes.

— Shh — Ele rosnou significativamente para mim — Não


jogue sal.

Sorri enquanto cruzava os braços sobre o peito antes de


apoiar minhas costas contra o marco da porta.

— Ultimamente ela realmente melhorou, não é?

Meu irmão levantou sua filha em seus braços e a segurou


contra seu peito virando-se para mim, com os olhos cheios de
esperança e alegria.

— Sim, melhorou. Ela esteve incrível. Na realidade ela me


pediu que mantivesse os meninos em casa e não com a babá
assim ela poderia cuidar deles, mas...

Quando ele hesitou inseguro, eu assenti.

— Sim, mais alguns dias para deixa-la se adaptar sem eles


será bom para ela.

Seus ombros relaxaram como se precisasse ouvir o meu


apoio para saber que tomou a decisão certa.

— Eu só... estou quase com medo de acreditar, mas acho


que nossa Aspen pode estar realmente voltando para nós.
— Já era a maldita hora — Murmurei em aprovação e ele
assentiu.

— Diabos, sim.

Quando Aspen gritou que o café da manhã estava pronto,


Noel e eu nos separamos, assim ele poderia ir comer e eu tomar
minha ducha.

Em menos de uma hora, eu estava limpo, trocado,


alimentado e pronto para começar o dia, me sentindo animado e
positivo a respeito de tudo diante de mim.

Com Aspen estando melhor, parecia como se tudo fosse


possível. E talvez eu conseguisse até convencer o pai da
Julianna não só a aprovar que eu estivesse com ela, mas
também fazê-lo gostar de mim.

Corri para minha primeira aula, pegando minha caneca


favorita, e ficando cada vez mais ansioso enquanto caminhava
para a aula de filosofia para a próxima hora, pronto para vê-la.

Chegando à sala com tempo de sobra, encontrei uma área


com vários lugares desocupados e lhe guardei um, mas ela ainda
não havia chegado quando o Dr. Taris apareceu e começou a
falar sobre como os pensamentos de um cara morto a mais ou
menos milhares de anos eram relevantes para a cultura de hoje.

Olhei a hora. Merda. Tyla devia estar particularmente


carente esta manhã. Pobre mulher. Quando se passaram quinze
minutos e Julianna ainda não chegou na aula, imaginei que ela
tirou o dia livre para consolar sua amiga.

Então lhe enviei uma mensagem:


Colton: Matadora de aula!

Esperava que ela ao menos respondesse algo, porque até


mesmo umas poucas palavras dela em uma tela eram melhores
do que nada.

Sim, era apaixonado assim que me sentia. Apague isso. Eu


estava dominado. Assim que a aula acabou, tentei ligar para ela,
mas chamou até que caiu no correio de voz. Franzindo o cenho,
coloquei o telefone de novo no meu bolso, mas logo ele vibrou.

— Já era hora — Falei aliviado por ela ter retornado a


chamada, apenas para perceber que não era Julianna. Era de
casa.

Imediatamente me preocupei com a Aspen e atendi.

— Ei, Colton — Ela falou, sua voz hesitante e confusa, —


Há dois oficiais de polícia aqui e querem falar com você.

— O que? — Diminuí o passo até parar na metade da


plataforma fora do edifício de história. — Por quê?

— Não... — Eu quase podia ver Aspen balançando a cabeça


em sua própria confusão. — Eles disseram que tem algo a ver
com a Julianna, mas isso foi tudo o que revelaram.

Julianna? Também balancei a cabeça, desnorteado. O que


diabos estava acontecendo?

— Ehh... você tem aula neste momento, ou poderia se


encontrar com eles na estação de polícia para algumas
perguntas?
Perguntas?

Agora eu me sentia perdido.

A menos que isso fosse algo que seu pai estava tentando
me acusar, mas eu não conseguia pensar em uma só razão que
ele tivesse para soltar à polícia sobre mim.

— Eu me encontrarei com eles na estação — Respondi. Eu


tinha uma aula, mas não parecia tão importante quanto isto. Se
era sobre a Julianna, eu descobriria o que estava acontecendo,
agora mesmo.

— Vou me encontrar com você lá — Respondeu Aspen.

— Não... — Comecei a dizer automaticamente querendo


protegê-la depois do quão delicada esteve ultimamente. Mas
então percebi que ela parecia alerta com seu modo habitual de
ser e eu não tinha ideia do que estava me metendo. Eu bem
poderia precisar de um membro da família do meu lado. Então
acabei com um: — Obrigado.

Assim que desliguei, tentei falar de novo com a Juli.

— Boneca — Eu falei em seu correio de voz. — O que


diabos está acontecendo? Estão solicitando minha presença na
estação de polícia, e tudo o que sei é que é algo relacionado com
você. Por favor, me ligue assim que puder, então saberei que
está bem. Sim? Ok, obrigado. Eu te amo. Adeus.

Mas quando desliguei, meu estômago deu um nó de tensão.


Por que ela não atendia seu telefone? Talvez isto não tenha nada
a ver com seu pai tentado me incriminar em alguma coisa.
Talvez algo estivesse errado.
Merda, de repente algo me parecia muito, muito errado.

Minha caminhonete estava estacionada do outro lado do


campus. Eu estava sem ar de correr quando cheguei nela.
Entretanto, não parei para respirar, apenas pulei dentro da
cabine e liguei o motor. Eu sabia onde ficava a estação de
polícia, mas nunca estive dentro antes. Nem sequer sabia onde
deveria estacionar. Então parei no primeiro lugar disponível que
não estava marcado nenhum tipo de reservado e caminhei para
a porta principal.

Aspen estava esperando por mim do lado de fora em um


terno com saia, sua bolsa sobre o ombro enquanto brincava com
sua aliança de casamento. Quando me viu, ela se jogou para
frente e pegou minhas mãos.

— Os policiais que precisam falar com você são os detetives


Hall e Wilson.

Assenti.

— Eles lhe disseram mais alguma coisa sobre o que se trata


isto? Juli está bem?

— Não... — Ela balançou a cabeça e fez uma careta. — Eu


não sei, e eles não me disseram nada.

— Certo. — Respirei e apertei meus dedos ao redor dos


seus antes de entrarmos juntos no edifício.

Estendido diante de nós, havia um piso plano, cheio de


mesas e pessoas se misturando, impressoras imprimindo
relatórios, homens e mulheres conversando. Não era
precisamente o que sempre esperei. Parecia um escritório de
trabalho normal, com uma pessoa ocasional usando uniforme. À
direita quase no canto da sala se encontrava a área de recepção
e espera onde vi Tyla, Sasha e Chad sentados.

Tyla estava chorando em suas mãos, enquanto seu peito se


movia com a força do seu pranto e Sasha estava envolvida em
torno do seu namorado com o rosto enterrado em seu peito,
enquanto ele gentilmente acariciava suas costas.

Um choque frio de medo atravessou minhas veias.

— O que... ? — Foi tudo o que consegui dizer antes que


minha voz ficasse rouca.

— Colton! — Tyla ficou de pé, correu para mim e agarrou


meu braço. — Oh meu Deus. Nós queríamos ligar para você,
mas não sabíamos seu número. Por favor, nos diga que sabe
onde ela está.

Balancei a cabeça.

— O que? — Minha atenção foi de Chad para a Sasha. —


Que diabos está acontecendo? Onde está a Juli?

Tyla apenas olhou para mim como se eu tivesse acabado de


partir seu coração e Sasha começou a chorar mais forte no peito
do seu namorado.

— Onde está a Julianna? — Repeti com mais força. — Que


diabos aconteceu? Ela está bem?

— Colton Gamble? — Uma voz chamou atrás de mim.

Eu me virei para encontrar dois policiais se aproximando


junto com o pai da Juli, que parecia irritado, irritado comigo.
— Sim — Eu disse, dando um passo à frente. — Onde está
a Juli? O que está acontecendo? Ela está bem?

Os policiais não responderam, porém trocaram olhares


significativos. Eu não fazia ideia do que queriam dizer, mas me
incomodava que ninguém respondesse.

— Olá? — Recordei-lhes que eu estava ali. — Alguém pode


me dizer se a Julianna está bem?

Ninguém o fez.

Meu estômago se encheu de medo. O pior, doloroso e mais


aterrorizante medo do mundo.

— Se puder entrar em uma sala de interrogatório conosco


senhor Gamble, nós gostaríamos de lhe fazer algumas
perguntas.

Meu olhar foi para o pai da Juli, que não parava de me


olhar como se quisesse partir minha coluna com suas próprias
mãos. Voltei minha atenção para os policiais.

— Sim, está bem. — Falei. — O que seja. — Se isso me


daria respostas, é claro que iria com eles.

Comecei a segui-los, Aspen andou ao meu lado.

Mas eles pararam quando se deram conta de que ela ia


conosco.

— Senhora — Disseram como se estivessem ordenando a


ela que me deixasse ir. Apertei ainda mais em seus dedos.

Ela também apertou os meus.


— Sou sua tutora legal — Ela informou, lhes fazendo saber
que não sairia do meu lado sem lutar.

Surpresa encheu o rosto do detetive Wilson.

— Você tem menos de dezoito anos?

Balancei a cabeça.

— Eu tenho dezoito anos.

— Oh. — Ele deu a minha cunhada uma careta de


arrependimento. — Terá que esperar aqui fora, senhora.

Ela me olhou e eu sabia que não queria me deixar sozinho.


Eu também a queria do meu lado, mas se fazer isto sozinho me
der respostas mais cedo, de como e onde estava a Julianna, eu
faria qualquer coisa que tivesse que fazer.

— Está tudo bem — Eu lhe disse, me inclinando para beijar


seu cabelo. — Obrigado por estar aqui por mim.

Ela assentiu e com pesar, soltou minha mão.

Segui os dois detetives para uma sala que parecia a prova


de som com nada nas paredes. Era grande o suficiente para ter
uma mesa dobradiça e três cadeiras, uma no canto com o
encosto contra a parede, as outras duas mais perto da porta.
Quando olhei para a câmara no canto de cima, comecei a ficar
um pouco desconfortável.

— Sente-se — Ofereceu o detetive Wilson, apontando para o


lado onde minhas costas estariam literalmente contra a parede.
Então ele se sentou do meu lado em vez de tomar a cadeira na
minha frente, me deixando saber que o outro cara, Hall, seria o
encarregado de "me questionar".
Esperamos ali em silencio por quase meio minuto, tempo
suficiente para que eu recostasse meus antebraços contra a
borda da mesa e segurasse forte minhas mãos enquanto meus
joelhos começavam a tremer de forma irregular.

A porta se abriu e o detetive Hall entrou carregando uma


prancheta com um saco transparente que dizia "Evidências" em
cima com um formulário debaixo. Enquanto se sentava ele
colocou a prancheta na mesa diante dele e meu olhar se desviou
para o saco. Através do plástico, notei um jogo de chaves e um
telefone. No aro do chaveiro estava pendurado um pequeno
apanhador de sonhos prateado, um pé de coelho marrom e uma
garrafinha de spray.

— Isso é da Juli — Eu disse, me endireitando alarmado.


Meu olhar foi para o telefone. Essa era a capinha do seu
telefone. E a tela estava quebrada.

Suponho que agora sabia por que ela não respondia


nenhuma de minhas chamadas. Uma maldição se instalou forte
na minha garganta. Pisquei para o saco de evidências mais uma
vez antes de levantar meu olhar para o detetive.

— O que...? — Tentei perguntar, mas as palavras ficaram


presas na minha garganta. Honestamente eu não me lembrava
de ter tanto medo em toda minha vida.

— Quando foi a última vez que você viu Julianna Radcliffe?

Minhas mãos foram imediatamente para a minha boca


enquanto tentava não desabar. Eu tentava imaginar o que
possivelmente poderia ter acontecido, balancei a cabeça e
pisquei rápido.
— Esta manhã. — Foi o que consegui responder. —
Apenas... apenas algumas horas atrás. Eu precisava ir para casa
para tomar banho e me trocar para a faculdade. Nós teríamos
aula de filosofia juntos às dez. Ela não apareceu. Pensei... — Eu
não tinha mais certeza do que queria dizer. Queria exigir
respostas, mas também estava com muito medo de ouvi-las.

— Então você passou a noite com ela?

Assenti.

— Sim.

— E o que vocês fizeram a noite toda?

— Eh. — Balancei a cabeça. — Na maior parte, dormimos.


Você está perguntando se nós fizemos sexo?

O detetive me enviou um olhar seco antes de dizer:

— Você e a senhorita Radcliffe discutiram?

— O que? Não! Claro que não. Nós nos despedimos em


bons termos, termos ótimos na verdade. Ela sorriu, me beijou e
falou que me veria na aula de filosofia. O que diabos aconteceu?
Ela está bem ou não? Você pode pelo menos pode me dizer se ela
se...? — Tive que parar um momento e piscar rapidamente antes
de limpar a garganta — Se ela está viva?

Os detetives compartilharam um olhar. Que diabos


significava isso? Queria dizer que não? Que sim?

Oh meu Deus, ela estava viva ou não?

Minha respiração ficou louca. Minhas mãos tremiam e


comecei a me balançar para frente e para trás na minha cadeira
enquanto meus olhos ficavam úmidos.
— O pai da senhorita Radcliffe disse que vocês tiveram uma
discussão ontem à noite — Pressionou o detetive Hall.

Eu engoli e tentei mascarar o medo antes de responder,


mas minha garganta estava tão seca que saiu apenas um
grasnido.

— Você precisa de uma bebida, Colton? — Perguntou o


detetive Wilson.

Quando apertei os olhos e assenti, ouvi um chiado da


cadeira quando uma das pessoas se levantou para sair da sala.
Abri os olhos e olhei de relance para o detetive Hall.

— Por que não pode me dizer o que aconteceu? — Eu lhe


perguntei através da garganta áspera e seca.

O outro homem soltou um suspiro antes de recolher o saco


de provas e se acomodar de lado para que pudesse pegar uma
foto de vinte por vinte e cinco. Virando-a para que eu pudesse
vê-la, ele disse:

— A colega de quarto da senhorita Radcliffe saiu do seu


apartamento esta manhã para encontrar isto no estacionamento.

— Merda — Sussurrei.

Era uma foto do carro da Juli, na maior parte só a porta do


lado do motorista, que estava aberta. As chaves e o celular
quebrado da Juli estavam no chão do lado de fora da porta
aberta. Julianna, entretanto, não estava na foto.

— Ninguém foi capaz de encontrá-la depois disso —


Explicou Hall.

— Então o que, ela ... desapareceu?


Hall levantou o olhar, o que tomei como um sim.

Neguei com a cabeça. Isto... não fazia nenhum sentido.


Alguém levou a Julianna?

Para onde? Por quê?

— Houve algum sinal de luta? Sangue? — Perguntei.

— Havia uma pequena quantidade de sangue — Admitiu.

— Oh, merda. — Engoli, tentando não vomitar. — E você


não tem ideia de onde ela está?

Seus olhos se estreitaram.

— É isso que estamos tentando descobrir neste momento,


senhor Gamble.

Oh. Certo. O interrogatório. De repente eu precisava acabar


com isto para poder procurá-la.

— Nós não brigamos — Repeti. — Discutimos com seu pai,


mas Julianna e eu não discutimos um com o outro.

O detetive Hall assentiu.

— Sobre o que discutiram com seu pai?

Eu me movi com impaciência e olhei para a porta.

— Ele não lhe falou?

— Eu gostaria de ouvir do seu ponto de vista.

O detetive Wilson voltou com a água e tomei um gole


porque sentia como se tivesse engolido um pedaço de vidro.
Quando abaixei o copo de plástico, falei:
— Ele não gosta de mim. Bom, isso não pode ser verdade.
Ele nem me conhece. Nós nos conhecemos ontem à noite. Eu
deveria dizer que não me aprova. Ele praticamente disse para a
Juli que a repudiaria se ficasse comigo.

O detetive Hall olhou para meu olho roxo.

— Por que ele não te aprova?

Dei de ombros.

— Até onde eu sei, ele não quer que um garoto branco


namore com sua filha.

Essa resposta pareceu surpreender os dois, mas não


fizeram nenhum comentário. Em vez disso, Hall estudou meu
olho de novo.

— O que deixou seu olho arroxeado?

Balancei a cabeça, cada vez mais irritado devido porque


isso não era importante e explicar tudo era uma enorme perda
de tempo.

— Só uma pequena briga com um bêbado na calçada no


Aggie Ville. Isso não tem nada a ver com o que vocês estão
investigando.

— A senhorita Radcliffe não esteve envolvida?

— Bom... — Cocei a orelha — Sim, mas... esse cara era um


completo desconhecido. Ele...

— O que aconteceu?

Repassei os acontecimentos daquela noite, lhes dando um


resumo.
— Nós dois demos uma declaração ao policial naquela
noite. E esse cara não nos conhece. Era apenas um idiota
bêbado incomodando às pessoas que caminhavam por lá e ele foi
preso por isso.

— Veremos. — O detetive Hall murmurou enquanto


escrevia algumas notas. — Então... você viu a senhorita Radcliffe
pela última vez em seu apartamento por volta das oito da
manhã. Vocês dois se despediram em bons termos e não
discutiram recentemente. Conhece alguém que poderia querer
lhe machucar?

Comecei a balançar a cabeça antes de me lembrar.

— Sim! Seu ex, o Shaun.

Expliquei-lhe o curto casamento da Julianna e porque ela


me disse que se divorciou dele, então continuei contando de
como ele a estava incomodando e como quase a convenci de vir
apresentar uma ordem de restrição contra ele.

— Mas alguma vez vocês vieram? — Perguntou o detetive


Hall.

— Não. — E me odiaria por isso e por um longo tempo.


Contei para eles de como nossas famílias nos abordaram e
depois de como Tyla precisou de apoio moral. — Entretanto, eu
teria feito com que ela viesse hoje depois da aula.

Teria.

Eu odiava dizer isso.

Eu ainda o faria. Assim que a encontrasse.


Os detetives me fizeram mais algumas perguntas. No
momento em que me tiraram da sala de interrogação, Noel,
Brandt e Caroline estavam lá fora me esperando com Aspen.

Meus dois irmãos imediatamente correram até mim para


um abraço. Devolvi-lhes o abraço, precisando do seu apoio.

— Ela está desaparecida — Eu lhes avisei em voz oca,


olhando com preocupação para meus dois irmãos. — Eles
encontraram suas chaves e seu telefone quebrado jogado no
chão ao lado do seu carro com a porta do lado do motorista
aberta e ela... sumiu. Não foi na aula. Ninguém sabe onde ela
está. Eles... — Balancei a cabeça, tentando entender tudo isto.
— Acredito que eles acharam que eu havia sequestrado ela.

— É claro que você não a sequestrou — Disse Caroline,


rolando os olhos.

— Mas eles tinham que perguntar — Explicou logicamente


Aspen.

— Eles não têm nenhuma pista? — Brandt quis saber.

Noel me estudou com olhos atentos.

Atrás de nós, alguém pigarreou.

— Acho muito interessante — Começou o pai da Juli, com


a voz cheia de desaprovação — Que isso tenha acontecido com a
minha filha logo depois que descobri que vocês estavam saindo.

Eu me virei para ele e entrecerrei os olhos.

— E parece muito interessante para mim que ela tenha


desaparecido justo na manhã depois que você apareceu na
cidade, emitindo ameaças.
— Desculpe-me? — Ele se endireitou com a ofensiva. — Por
que eu sequestraria a minha própria filha?

— Para mantê-la afastada de mim — respondi, antes de


argumentar: — Por que eu sequestraria minha própria
namorada? Se estivéssemos tentando fugir juntos, eu não
estaria com ela agora?

— Eu não posso sequer imaginar que tipo de conspiração


você pode fazer para levar a cabo seu plano nefasto.

Dei um passo na direção dele, cada vez mais cheio dessa


merda.

— Você quer falar sobre planos nefastos? Por que não


olhamos para seu pequeno projeto pessoal, Shaun? Ele tem
atormentado ela por quase dois anos. Na outra noite, ele a
enfrentou no trabalho e agarrou seu braço.

— Isso é verdade — Confirmou Brandt. — Eu trabalhei com


ela naquela noite, um cara apareceu agarrando-a e puxando seu
braço. Ela ficou tão assustada depois, que eu a acompanhei até
sua casa para garantir que chegasse bem.

O pai da Julianna bufou antes de balançar a cabeça.

— Shaun não é assim. É um bom menino. Ele...

— Ele deu uma bofetada nela — Disse Sasha e me


surpreendi porque não sabia que ela, Tyla e Chad haviam se
juntado a nossa conversa. — Essa é a razão pela qual ela se
divorciou dele. Porque ele lhe deu uma bofetada. E ele também a
traiu.
Brandt se aproximou de mim, perguntando de lado com
sua boca:

— Ela acabou de dizer divórcio? — Quando assenti, ele se


virou para mim , com a boca aberta. — Quando diabos ela esteve
casada?

— Não se preocupe. Isso foi muito antes de você —


Respondi, ganhando a atenção curiosa da Sasha e da Tyla
enquanto elas olhavam para o verdadeiro Brandt Gamble que
ouviram falar antes que eu chegasse.

Enquanto eu esfregava o rosto, o pai da Juli gritou:

— Shaun esbofeteou a minha menina? Por que diabos só


estou sabendo disso agora?

Ninguém tinha uma resposta. Cheio de toda essa conversa,


eu informei: — Eu irei procurar a Juli.

Só então Sasha engasgou e agarrou o braço do Chad.

— Lá está o Shaun.

Todos olhamos ao mesmo tempo para ver dois policiais


uniformizados escoltando o ex da Julianna até a delegacia.
Comecei a andar na direção dele, tenso, só para que meus dois
irmãos me segurassem.

— Acalme-se — Noel pediu no meu ouvido.

— Eu só quero descobrir onde a Juli está — Exigi.

Mas eu não precisava ter me incomodado, eu acho. Seu pai


correu até ele e o agarrou pela gola da camisa.

— Você levou a minha menina? — Gritou.


O covarde se afastou dele, balançando a cabeça e
parecendo perdido.

— O... o que?

Não tinha como ele estar fingindo, o cara realmente não


fazia ideia do que estava acontecendo.

— Merda — falei e meu estômago se revirou com medo. —


Ele também não sabe onde ela está.

Eu estava contando que ele estava com ela, então


poderíamos chegar ao seu paradeiro. Mas seu ex também não
sabia onde ela se encontrava. E se ele não a pegou, então quem
a raptou?

Olhei ao meu redor, de repente muito impotente e


vulnerável.

Dois dias depois, eu consegui um total de quatro horas de


sono no máximo. E Julianna ainda não apareceu. Esse foi o
momento em que desabei e comecei a chorar.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Estar apaixonado te dá força. Amar te dá coragem. — Lao


Tzu

JULIANNA
Sentada no chão úmido com as costas em uma parede em
ruínas, tirei uma das luvas com os dentes, depois abri uma das
crostas da ponta do meu dedo. Passei todo o dia de ontem
tentando sair daqui arranhando este mausoléu de concreto que
parece ser um tipo de abrigo subterrâneo. A única coisa que
consegui foi ter as duas mãos cheias de unhas quebradas, sob
um monte de sangue.

Quando o sangue fresco brotou da carne suja, coloquei o


polegar na boca, e suguei com avidez, assim pelo menos poderia
umedecer minha língua.

Havia uma poça no canto debaixo do ar condicionado onde


a água se infiltrava quando chovia, mas eu já a bebi, sabendo
que ficaria doente, mas precisava dela de qualquer maneira.

Quase desejei que um inseto passasse para poder comê-lo.


Estava literalmente morrendo de fome aqui embaixo. Gritei até
ficar ronca no primeiro dia, mas mesmo se não o tivesse feito,
minha garganta estava muito ressecada para emitir qualquer
som.

Eu me sentei aqui, na minha prisão de três por três,


bebendo sangue dos meus dedos para me hidratar e tentando
não congelar até a morte no processo. Acho que meu único
consolo é que fui raptada quando estava usando meu casaco de
inverno, onde estava minhas luvas e capuz por alguma raridade
do destino.

Mas não importa quão coberta eu estivesse, o frio deslizava


e se instalava em meus ossos.

Fraca, cansada, com frio, faminta, dolorida e irritada,


coloquei meus joelhos no peito e abracei para conseguir um
pouco mais de calor corporal.

Não sei quem me raptou. Em um momento eu estava


caminhando para o meu carro com o ar da manhã, ansiosa para
chegar ao campus e ver Colton outra vez e no seguinte uma dor
ensurdecedora queimou na parte traseira da minha cabeça
quando alguém me atingiu com algo. E depois disso, nada.
Acordei aqui, morrendo de medo.

O pior é que ninguém veio me visitar. Eu não faço ideia de


quem me trouxe até aqui ou por quê.

Havia uma porta no teto inclinado acima de mim e um


ferrolho para abrir, mas alguém removeu os degraus que
deveriam conduzir até a porta, e não importava o quanto
saltasse, tentasse saltar, ou escalar para chegar até lá, eu não
podia alcançá-la. Chorei muitas lágrimas frustradas, zangadas e
aterrorizadas nestes últimos dias, teria eliminado minha
desidratação com elas.

Fechando meus olhos enquanto o sabor metálico se


dissipava na minha língua, descansei minha bochecha na
parede e fui para meu lugar feliz. Com o Colton, sempre com ele,
sorrindo para mim do outro lado do balcão do Forbidden quando
ele começou a flertar, ou sorrindo com satisfação na minha
cama com seu peito nu ainda suado, ou me olhando com aquele
brilho conhecido em seus olhos do outro lado da aula de
filosofia. Não importa onde estamos, ele sempre está lá, me
olhando, me querendo, me amando.

Senti um nó na garganta, imaginando se o veria . Mas


esses pensamentos me levaram ao pior do pânico. O pensamento
de não sair daqui com vida, nunca voltar a ver Colton, meu pai,
ou minhas amigas outra vez, me deu ânsia de vômito e fez meu
corpo tremer. Eliminei esses pensamentos e voltei para as
imagens do rosto do Colton e do jeito que ele nunca deixava de
me olhar com uma fome impaciente.

Eu te amo, sussurrei na minha cabeça, me perguntando se


talvez ele pudesse ouvir em sua cabeça se o pensamento fosse
alto e forte o suficiente. Eu te amo e estou bem aqui. Por favor,
me encontre.

Uma lágrima caiu pela minha bochecha, me fazendo


apertar os dentes. Diabos, chega de lágrimas. Eu não podia
perder mais líquidos. Eu precisava sobreviver para fazer meus
ancestrais orgulhosos por ter superado isto.

Eu venceria.
Eu só não sabia ainda como. Me sentia tão perdida,
sozinha e sem esperança, que derramei outra lágrima.

— Alguém — Rosnei alto com a voz rouca um pouco mais


alta que um sussurro. — Me ajude.

Como se tivessem ouvido minha prece, passos se


aproximaram rangendo, como se botas estivessem caminhando
sobre o cascalho. Depois metal roçando contra metal. Estava
escuro, mas o respiradouro permitia a entrada de luz do dia
suficiente para ver o ferrolho se movendo até que começou a se
abrir. Mas a quantidade de brilho inundou o porão me fazendo
recuar para o canto e levantar a mão para proteger meus olhos
em vez de pedir ajuda.

não foi tão ruim que não tenha feito porque logo descobri
que era meu sequestrador que chegou e não meu salvador.

— Ei — Disse uma voz masculina — Você ainda continua


com vida aí embaixo?

Não respondi, me perguntando o que aconteceria se ele


achasse que eu estava morta. Ele viria pessoalmente verificar?
Talvez eu conseguisse derrubá-lo e sair daqui. Ele me acertou
por trás para poder me capturar, não tentou me maltratar
fisicamente, era provável que não fosse um cara grande. Ou
fecharia a porta sem se virar e eu morreria aqui?

Eu estava com tanto medo de me mexer e ao mesmo tempo


de não fazer isso. Comecei a ofegar, coloquei minha mão na boca
e mordi meus dedos, esperando me manter calada. Um segundo
depois a luz de uma lanterna invadiu meu canto escuro,
acertando exatamente em meus olhos, fazendo com que eu os
fechasse e que baixasse minha cabeça para meus joelhos.

— Aí está você — Ele murmurou com aprovação. — Hora de


acordar, tetas de chocolate. Temos que fazer justiça.

Tetas de chocolate?

Levantei meu rosto, olhando de esguelha até que a luz se


afastou do meu rosto e pude distinguir a silhueta do homem. Ele
se agachou e sua sombra se deslocou apenas o suficiente para
revelar um lado do seu rosto, onde vi a tatuagem de uma
lágrima caindo do canto do seu olho.

Boquiaberta, dei um grito abafado.

Mas, que diabos? Achei que ele estava preso. Os policiais


disseram que ele foi detido depois de brigar com Colton. Como
ele saiu? Como me encontrou? E por que em nome de Deus ele
me sequestrou?

— Lembra de mim? — Perguntou, descansando os


antebraços em seus joelhos, com os pulsos pendurados entre
eles, uma de suas mãos segurando o que parecia ser uma faca.

Meus olhos iam e vinham entre seu rosto, onde zombaria


contorcia suas feições e a faca que se balançava entre seus
dedos.

Ele sorriu quando não lhe respondi.

— Sim, você lembra de mim. — Ele inclinou a cabeça para


um lado enquanto continuava me observando e acrescentou: —
Aposto que está se perguntando por que te raptei, não é? acha
que é porque você e seu namorado fizeram com que me
prendessem. Mas não. Não é por isso. Não é por isso nem um
pouco. — Ele riu. — Bom, talvez um pouco.

Ele se levantou e estendeu seus braços.

— Você não pode ver daí de baixo, mas toda esta terra ao
meu redor é propriedade da minha família. Nós possuímos a
maior horta em todo o estado. Meus pais, meu irmão e eu. É...
— Sua voz saiu em um suspiro de assombro enquanto observava
ao seu redor. — É assombroso.

Mas assim que as palavras saíram dos seus lábios, seus


ombros caíram.

— Até que um de seus irmãos negros estuprou e matou a


minha mãe quando ela foi para Chicago em uma viagem de
negócios. — Seu corpo inteiro tremeu e ele mordeu o lábio. —
Meu pai acabou se suicidando por causa do luto. Todos os
trabalhadores fugiram e logo meu irmão se foi. Agora sou apenas
eu. Meus pesadelos e eu. Não consigo dormir por causa dos
malditos pesadelos — Ele gritou, apontando para mim com sua
faca como se toda a culpa fosse minha.

Com o peito agitado e olhos cheios de um brilho


antinatural, ele olhou para mim dizendo:

— Eu tentei com drogas, álcool, sexo e violência. Nada


funciona, droga. Ainda tenho pesadelos.

Outra lágrima cai por minha bochecha. Talvez ele devesse


tentar com um apanhador de sonhos ou com uma pata de
coelho. Não que eu vá sugerir isso, mas deve funcionar melhor
do que um sequestro.
— Sabe o que acabei de descobrir? — Ele me perguntou.
Não respondi, realmente não achei que deveria. — Ainda não me
vinguei. Justiça. É isso que tenho feito de errado. — Ele levantou
os braços em sinal de vitória por ter lhe ocorrido essa ideia. —
Se eu estuprar e matar uma de suas mulheres, tudo ficará bem
no mundo outra vez. A justiça seria feita. E não é que o destino
fez com que você me fizesse ser preso na noite em que me
ocorreu esta ideia? Eu dei uma breve olhada no seu nome e
endereço quando estavam preenchendo os relatórios de
testemunhas no arquivo que abriram quando assinei os papéis
para sair da prisão. Foi como se o destino me dissesse o que
precisava fazer, como se me exigisse isso.

Choraminguei e meu lábio inferior tremeu.

Havia tanto que queria lhe dizer. Duas más decisões não
faziam uma correta. Não fui eu quem matou a sua mãe, por isso
vingança não seria feita ao me machucar. Não haveria justiça
nisso.

Além disso, seria estúpido tornar isto algo racial. Adolf


Hitler era branco. Ted Bundy, John Wayne Gacy Jr., o assassino
de Green River. Todos eram assassinos brancos e brutais. Mas
eu não achava que as pessoas brancas fossem más. Bom, além
desse canalha, eu era esperta o suficiente para ver que ele
nasceu sendo um menino normal sem nenhum tipo de ódio, sua
dor o transformou.

Aposto que o homem que matou sua mãe foi maltratado


por pessoas brancas antes de se transformar em um monstro.
Era um círculo vicioso que devia parar. Queria dizer a este cara
que ele precisava superar sua dor e ódio ou acabaria em algum
lugar de onde não poderia voltar, exceto que acreditava que ele
já havia chegado lá.

Quase me senti mal por ele. Ele não conseguia entender a


lógica ou distinguir entre o bem ou mal. O homem que poderia
ser já se foi. Seus demônios o consumiram . Mas então sim, o
filho da puta me sequestrou e falou que me estupraria e mataria,
por isso minha simpatia não veio à tona.

Cheia de raiva e medo, não perdi o fôlego. Apenas tentei


não ter um ataque de pânico e assisti enquanto ele fechava a
faca e colocava dentro do seu bolso antes de pegar algo e deixar
cair no porão comigo.

Um som alto e metálico ecoou na minha prisão de concreto,


me fazendo fazer uma careta e cobrir os ouvidos antes de
perceber que ele jogou uma escada de metal.

Pisquei, enquanto meu peito se oprimia com antecipação e


meus pensamentos corriam com a esperança da liberdade.
Quando meus músculos ficaram tensos, não tendo certeza se
podia confiar nesta oferta de paz, ele disse: — É assim que será.
Você pode subir aqui e morrer à luz do dia, ou posso descer e te
matar na escuridão. Faça sua escolha.

Minha visão ficou turva e meu pulso acelerou. O medo


percorreu minha corrente sanguínea. Minhas mãos, joelhos e
meu cabelo tremiam fora de controle.

Queria escolher a opção C: nenhuma das opções acima,


mas o sequestrador psicopata já estava tirando a faca do seu
bolso parecendo querer começar a descer, então subi as escadas,
com minhas mãos ensanguentadas agarrando os degraus e
meus joelhos chocando entre si tão forte que mal podia me
mover.

Eu estava tão fraca, seria um milagre se pudesse dar um


passo após o outro. Meu corpo estava rígido por permanecer em
posição fetal por vários dias, o açúcar no meu sangue estava
baixo e meus olhos não pareciam se ajustar à luz do lado de
fora, quanto mais subia mais percebia que era mais tarde do que
pensei. era a hora em que estaria saindo para o trabalho. Tentei
me lembrar se hoje eu deveria ir para lá, mas meu cérebro não
funcionava de forma correta.

Por que diabos eu estava me preocupando em perder meu


turno quando estava saindo de um poço de concreto para me
encontrar com a morte?

Acho que estava entrando em estado de choque.

Olhei para cima perdendo a esperança. Meu sequestrador


não era pequeno, caramba, ele media um metro e oitenta e
pesava perto de noventa quilos. Era impossível que eu estivesse
em posição de ter uma luta corpo a corpo neste momento, muito
menos com alguém tão grande. Eu fiz o total de uma aula de
defesa pessoal em toda a minha vida, e não conseguia me
lembrar de nenhuma técnica que aprendi. As chances de sair
vencedora eram zero vírgula cinco por cento.

Enquanto saía c do buraco no chão, escutei a voz do Colton


na minha cabeça.

Você não é do tipo que se rende depois de um golpe. Sempre


se levanta, dando murros e rosnando.
Você é uma lutadora.

E isso era verdade.

Eu era uma lutadora e lutaria.


Retirado do quadro de citações de Aspen:

Casais que são "destinados" são aqueles que passam por


tudo o que estão destinados a destruí-los e saem ainda mais
fortes do que antes. — Autor desconhecido.

BRANDT
Limpei o balcão do bar e olhei a hora. Faltavam vinte
minutos para a abertura. Não entendia por que me sentia tão
obcecado verificando a hora nestes últimos dias, mas o fazia
constantemente.

Obsessivamente.

Acabou de passar a marca de cinquenta e sete horas desde


que Julianna desapareceu. Doze minutos desde que liguei para
checar meu irmão. E por volta de vinte e cinco segundos desde
que lutei com o impulso de deixar o trabalho e dirigir pelas ruas
de novo, em busca da minha colega de trabalho perdida.

Colton estava uma bagunça do caralho. Nunca o vi assim.


Ele chorou esta manhã, enlouqueceu com a Aspen e nenhum de
nós sabia o que fazer para ajudá-lo.
Eu não gostava desse sentimento de impotência. Não tinha
ideia do que fazer para ajudar meu irmão. Nenhum de nós sabia.

Eles disseram que ele não comia ou dormia. Quando não


estava à procura da Juli, rondava seu apartamento com
esperança de que ela aparecesse, ele estava agitado e de mau
humor. Não que eu pudesse culpá-lo. Se Sarah tivesse
desaparecido no ar, eu também estaria ficando louco. Era tão
estranho ver o Colton assim e perceber que ele realmente se
tornou muito próximo da Juli.

Era tão estranho para mim pensar neles juntos. Mas nas
últimas cinquenta e sete horas, minha colega de trabalho se
moveu rapidamente de um "e se", para a única e escolhida para
o Colton, o que era bizarro de sua própria maneira. Mas que
seja.

Eu estava com medo por ele. Ele era incapaz de fazer


qualquer coisa e logo não seria bom para ninguém. Queria
injetar um pouco de razão nele e abraçá-lo tudo ao mesmo
tempo.

Pick saiu do corredor traseiro, falando em um telefone


celular.

— Obrigado pela informação — Disse — Eu te devo uma. —


Quando ele desligou, apoiou os braços no balcão e suspirou com
inquietação.

— Alguma coisa? — Perguntei-lhe esperançoso.

Ele também estava fazendo tudo o que podia para


encontrar Julianna, cobrando favores e desenterrando
informações, atrás de pistas, ele até mesmo contratou um
investigador particular. Uma de suas garçonetes foi sequestrada;
ele tomou isso de maneira pessoal.

— Meu garoto tem o endereço do cara com quem Colton se


meteu em uma briga.

Fiz uma careta e balancei a cabeça, confuso.

— O bêbado racista?

Pick assentiu e apertou um ponto na ponte do seu nariz.

— Ele se chama Fulton Seymour. Foi preso várias vezes nos


últimos dois anos por alguns crimes de ódio de menor
importância, na sua maioria discussões de bêbados, vandalismo,
pequenos roubos, mas começou cerca de quatro anos atrás,
depois que sua mãe foi assassinada... — Ele me olhou antes de
acrescentar: — Por uma pessoa negra.

— Merda, ele foi interrogado? — Suspirei com pesar, eu não


gostava de onde isso estava indo. — Ele saiu da cadeia uma hora
antes da Julianna desaparecer. — Murmurei, balançando a
cabeça. — Alguém já o localizou?

— Ninguém conseguiu localizá-lo. Ele não vive mais em seu


último endereço conhecido. Nenhum dos seus amigos sabe onde
ele está ficando e a horta que sua família possuía, a uns trinta
quilômetros da cidade, foi executada a cerca de dois anos e
atualmente é propriedade do banco.

Passei as mãos pelo cabelo, aliviado por ter algum tipo de


direção e ainda mais frustrado e assustado pelo que
descobrimos.

— Colton sabe sobre isso?


Pick negou com a cabeça.

— Não sei qual seria o sentido de lhe dizer. Se não


pudermos encontrar esse tal Seymour, como poderia ajudar em
qualquer coisa? Acredito que poderia apenas incomodar ainda
mais o Colton. Além disso, quem sabe se foi ele mesmo quem a
levou ou não.

Assenti, embora não tivesse certeza se realmente


concordava. Se houvesse qualquer notícia do desaparecimento
da Sarah, eu quereria saber todos os detalhes, mesmo que
fossem apenas suposições. Tudo me fazia sentir pior.

Colton gritava comigo mais do que qualquer outra pessoa e


não conseguia olhar para mim sem ficar irritado. Ele estava
zangado pela maneira que inicialmente reagi a sua relação com a
Juli e no momento, eu não podia culpá-lo. Mas tudo isso me
fazia sentir angustiado e tenso. Queria fazer alguma coisa por
ele, como encontrar a sua Julianna, para que ele me perdoasse.

— Eu continuo esperando que ela entre pelas portas para


seu turno — Murmurou Pick, vendo as garçonetes prepararem
as mesas para abrir.

Assenti com tristeza. Ela devia trabalhar esta noite, mas eu


estava cobrindo. Por alguma razão, pensei que ganharia alguns
pontos com Colton, mas acreditava que ele nem sequer
percebeu. Abri a boca para perguntar quais eram as
possibilidades de ela ainda estar viva quando o telefone fixo
tocou. Ainda não tínhamos aberto e normalmente o deixaria
tocar até cair no correio de voz, mas estava atendendo toda
ligação que vinha de todo telefone ao meu redor nestes últimos
dias.

— Discoteca Forbidden. Aqui quem fala é Brandt.

A princípio não havia nada, apenas estática, então pensei


ter ouvido um som fraco.

— Olá? — Perguntei e meu ritmo cardíaco acelerou com


esperança. Pick se endireitou, alertado por minha reação. Seu
olhar me imobilizou com dúvida. — Olá? — Falei de novo.

O ruído rouco veio outra vez, mas desta vez juro que disse
meu nome. Não parecia com ela, mas ainda precisava perguntar.

— Julianna?

Pick pulou sobre o balcão para ficar ansiosamente ao meu


lado. Me esforçando para escutar, pressionei o telefone com mais
força contra meu ouvido. Houve um tipo de soluço e então a
pessoa do outro lado da linha começou a chorar.

— Julianna? — Perguntei com um pouco mais de


insistência. — É você?

— Eu... este foi o único número que consegui me lembrar


— Ela falou com a voz rouca e hesitante. — Eu deveria ter ligado
para o 911. Por que não liguei para lá? Não consigo pensar. Eu
deveria ligar para o 9...

— Julianna. — Introduzi na minha voz uma clareza calma


que não sentia e perguntei: — Onde você está?

— Não sei. — A voz foi interrompida por uma má conexão,


sua incapacidade de falar, ou ambas as coisas. — Horta. —
ouvi. — Campo.
— Está bem. — Assenti, com a esperança florescendo
dentro de mim enquanto assentia. — Isso é bom. Você está em
uma horta no campo. — Encontrei o olhar do Pick de maneira
significativa. — Acho que sei exatamente onde você está.
Podemos te encontrar. Você está bem?

Quando ela disse: — Não — Estremeci, preocupado em


como Colton lidaria com isto.

— Apenas fique forte — Eu falei, sem saber mais o que


dizer. — Eu te buscarei.

Ela começou a chorar de novo e a única palavra que


entendi depois disso foi:

— Colton...

— Sim, encontraremos o Colton. Você o verá logo. Eu juro.


Logo estarei aí. — Não querendo desligar, mas pronto para
chegar onde precisava ir, joguei o telefone em Pick.

Ele o pegou com facilidade e o pressionou contra sua orelha


enquanto eu pulava por cima do balcão e me apressava para a
saída. Enquanto corria, conectei meu telefone teclando Seymour,
horta e Illinois no meu GPS. Embora foi fechada há dois anos,
encontrei uma Granja de Maçã Seymour Valley, localizada a
exatamente vinte quilômetros de Ellamore, continuava registrada
como um lugar de negócios. Conectei as instruções de direção e
entrei na minha caminhonete.

Como meu telefone estava ocupado me ajudando a


encontrar a Juli, não liguei para o meu irmão. Eu confiava que
Pick faria contato com todo mundo que precisava saber e, além
disso, queria ser o primeiro a encontra-la para que Colton
parasse de me odiar e é claro porque queria ajudar a minha
colega de trabalho favorita, mas a situação com o Colton tornou
ainda mais urgente.

Deveria ficar a meia hora de viagem, mas cheguei em vinte


minutos. Parei na estrada coberta de ervas-daninhas que
parecia não ter sido podada em dois anos e conduzi até o final
da rua que terminava diante da casa e um par de dependências.
Uma delas acolhia um lado inteiro do edifício com as palavras
Granja de Maçã Seymour Valley pintado no lado em letras
rachadas letras vermelhas.

Desliguei o motor e saí.

O lugar parecia deserto e descuidado, com exceção de um


caminhão de modelo mais velho estacionado a esmo. A noite
caiu e entrecerrei os olhos através do anoitecer, sem saber por
onde começar a procurar. Então coloquei minha mão ao redor da
minha boca e gritei: — Juli!

Ninguém respondeu.

Comecei a entrar em pânico, pensando que vim ao lugar


errado. Talvez estivesse em uma horta diferente. Mas o nome se
encaixava e o lugar parecia como se tivesse sido executado a
cerca de dois anos. Corri para a casa abandonada de dois
andares, sem cortinas e persianas nas janelas, revelando que no
interior não existia nada. Mas quando testei a porta principal,
ela se encontrava fechada. Eu me dirigi para a parte de trás e
tentei abrir a porta. Também estava trancada.

Esfreguei meu rosto, pensando.


Julianna me ligou de algum lugar. Tinha que ter um
telefone aqui dentro. Tentando não pensar no fato de que eu
estava invadindo e entrando, recuei alguns passos e então
empurrei com meu ombro a porta traseira. Doeu muito. Eu
posso ter deslocado o ombro. O que era pior, a porta nem sequer
se moveu. Fazendo um gesto de dor, tirei a jaqueta e a envolvi ao
redor do meu punho antes de ir para a opção número dois e
quebrar o vidro.

Uma vez que estava dentro, procurei na casa vazia de cima


a baixo um telefone, mas não havia nenhum. E não vi nenhum
sinal da Juli. Então verifiquei o edifício que supus ser a fachada
da horta. Depois de entrar ali e não encontrar nenhum telefone,
girei em círculo, colocando meus dedos através do meu cabelo.

— Julianna! — Gritei, caminhando sem rumo ao redor do


edifício. Onde diabos ela está?

Eu estava a ponto de desistir de toda esperança quando vi


o abrigo de tempestade se sobressaindo a dois metros do chão
ao lado da casa que não vi por ter chegado pela porta de trás. E
encolhida no chão, ao lado dela, havia uma silhueta. Não,
espera. Duas silhuetas. Alguém estava ajoelhado com a cabeça
baixa, a outra pessoa estava estendida no chão junto à primeira.

— Juli! — Corri para frente, patinando até parar quando


estava perto o suficiente para observar a cena diante de mim.

Ela se encontrava sentada sobre seus joelhos, coberta de


sangue, com a cabeça inclinada e as mãos manchadas de
vermelho segurando um telefone celular no peito junto a um
cara deitado de costas como o Homem Vitruviano de Da Vinci. O
cara parecia estar morto, como se tivesse sido esfaqueado,
principalmente pela faca que saia da sua garganta.

— Juli? — Falei hesitante, dando alguns passos para frente


até que pude estender a mão e tocar seu ombro. Ela pulou como
se fosse queimada e começou a gritar e, no entanto, não gritou.
Acho que estava tentando gritar, mas ela não possuía
exatamente uma voz para fazê-lo. O que saiu foi apenas uma
rouca liberação de ar.

E então começou a sussurrar: — Não, não, não, não, não —


Enquanto balançava a cabeça e segurava o telefone em suas
mãos.

Puxei meus dedos para trás e pulei, estendendo as duas


mãos para que soubesse que eu não voltaria a tocá-la. Não que
ela sequer tenha notado isso ou me reconhecido.

Começando a sair do controle, tirei meu telefone e liguei


para o Pick.

— Eu a encontrei.

— Oh, graças a Deus — Ele sussurrou. — Ela está bem?

Neguei com a cabeça.

— Cara, eu não sei. Há sangue por toda parte, não posso


dizer se é dela ou não. Ela enlouqueceu quando a toquei. Nem
sequer age como se eu estivesse aqui, mas está sentada e se
balançando. Acho... Acho que ela matou o cara que a
sequestrou. Ele está deitado, morto junto dela, com uma faca
enterrada na garganta.

— Santo céu.
Assenti. Sim. Isso resume tudo.

— Para quem você ligou?

— Para todos — Ele confirmou. — Na realidade, não acho


que estejam muito longe de você. — Ao mesmo tempo em que ele
dizia isso ouvi um carro no caminho da entrada, estacionando
atrás da minha camionete.

— Alguém acabou de chegar — Afirmei. — Nos falamos


depois.

Desliguei a chamada para receber quem quer que tenha


aparecido. Surpreso ao ver o pai da Julianna correndo para
mim, eu lhe fiz um gesto com a mão enquanto apertava os
dentes.

Ele não era exatamente minha pessoa favorita neste


momento. Tratou o Colton como um criminoso desde segunda-
feira, certo de que meu irmão era a razão por trás de tudo isto.
Eles se enfrentaram tantas vezes, que acho que tivemos que
impedir eles de chegarem aos golpes físicos uma dúzia de vezes.

— Ela está aqui — Falei, observando seu rosto enquanto se


aproximava o suficiente para ver o que aconteceu por ele
mesmo.

— Mãe de Deus. — Ele respirou fundo como se estivesse a


ponto de vomitar, então caminhou ao redor do cara morto para
chegar a sua filha. — Julita. Juli. Está tudo bem. O papai está
aqui.
Mas conseguiu o mesmo resultado que eu tive quando
tentei tocá-la. Ele se afastou quando ela começou a hiperventilar
e gritar com o mesmo grito que rasgou algo dentro de mim.

Enquanto seu pai se via obrigado a recuar também, agarrei


minha cabeça, desejando que houvesse alguma maneira de pelo
menos acalmá-la.

A polícia apareceu depois. Eles enviaram uma chamada de


rádio para trazer uma ambulância, nos assegurando de que
alguém lhe daria um calmante para fazê-la dormir e, desse modo
poderiam ajudá-la. Então nos obrigaram a nos afastarmos da
cena do crime e afirmaram que seu sequestrador estava
definitivamente morto.

Colton e Noel chegaram pouco antes dos paramédicos.


Enquanto meu irmão corria para frente, eu me virei para
interceptá-lo.

— Ei, não... — Tentei segurá-lo para que não pudesse ver a


cena horripilante, mas ele me empurrou para fora do caminho e
passou.

— Ela está bem? — Perguntou, dando alguns passos para


frente antes de se deter e ficar boquiaberto de horror. — Oh
Jesus. Boneca?

Julianna levantou o rosto, ignorando os dois policiais que a


acompanhavam e estavam tentando fazer com que ela
respondesse a eles.

— Colton?
Ele correu os últimos metros e caiu de joelhos, onde ela se
jogou em seus braços e se agarrou a ele como se fosse à única
coisa que restava no planeta para se agarrar.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Sentir sua falta é meu passatempo, cuidar de você é meu


trabalho, te fazer feliz é meu dever e te amar é minha vida. —
Autor desconhecido.

COLTON
Algumas vezes era melhor não pensar. Enquanto uma
Julianna congelada e coberta de sangue tremia e choramingava
em meus braços, cheirando a urina, mofo e todo tipo de
substância repugnante, observei à polícia cobrir o corpo do
morto a um metro e meio de distância com uma lona e tentei
processar o que estava vendo, mas tinha certeza de que meu
cérebro não deixaria que meus pensamentos viajassem para
longe ou teria paralisado no ato.

Eu tremia assim como Julianna. Ou talvez ela tremesse


tanto, que parecia como se eu também estivesse. Era como
abraçar um cubo de gelo.

— Manta — Falei, levantando o rosto para enfrentar


qualquer um da horda de pessoas reunidas ao nosso redor,
parados ali, olhando como idiotas.
O pai da Juli imediatamente começou a tirar o casaco. Em
algum lugar na minha cabeça, eu me perguntava por que não
pensei em tirar meu próprio casaco e lhe dar, mas não tinha
certeza se seria capaz de deixar de abraçá-la tempo suficiente
para fazer isso. Agarrei o casaco assim que foi entregue, depois
de envolvê-lo desajeitadamente ao redor dos seus ombros e virá-
la para puxar contra mim, ela colocou o rosto debaixo do meu
queixo, grunhindo uma palavra mal decifrável que soou como
água.

— Água — Pedi, levantando o olhar de novo. Esta exigência


não foi tão rapidamente cumprida. Houve um grande tumulto
antes que uma garrafa claramente meio vazia fosse posta diante
de mim. Durante a espera, coloquei meu rosto perto da sua
bochecha e perguntei: — Aonde dói mais?

Embora seu casaco e roupas se encontrassem congelados,


sua bochecha ardia. Um estremecimento sacudiu seu corpo.

— E... em toda parte.

Fechei os olhos e beijei seu cabelo. Nós nos abraçamos por


um tempo, bloqueando o resto do mundo. Eu estava vagamente
consciente de que a família e os trabalhadores de emergência se
moviam ao nosso redor, falando e tentando descobrir o que
aconteceu. Nesse momento, eu não me importava com nada
disso. Julianna estava viva e em meus braços, e isso era tudo o
que me importava.

Quando a ambulância chegou e começaram a empurrar


uma maca para nós, voltei à realidade e comecei a me afastar
dela, sabendo que precisava ser examinada.
— Acho que ela está com febre — Eu lhes disse. Mas assim
que me afastei e dois paramédicos se agacharam ela
enlouqueceu.

— Não... Colton. — Ela se esticou para me agarrar; sua


respiração entrecortada, seus olhos se abriram com medo e
brotaram lágrimas em seus olhos, então caminhei para ela, mas
a paramédica me afastou.

— Senhor, estamos cuidando disto.

Apertei os dentes e dei um olhar de morte para a mulher.


Julianna precisava de mim e não seria ela a me afastar.

Entretanto, não tive que dizer nenhuma palavra. A voz do


pai da Julianna, ordenou: — Deixe que ele fique ao seu lado.
Caso contrário, ela ficará histérica. Ele é o único que foi capaz
de mantê-la calma.

Como o amei nesse momento.

Ele possuía uma presença poderosa, a mulher assentiu


relutante e fez um gesto para que eu continuasse.

— não se interponha no nosso caminho para podermos


cuidar dela.

— Eu entendo. — Pegando a mão da Juli, me ajoelhei de


novo, ficando mais perto para poder beijá-la na testa. — Boneca,
essas pessoas precisam te examinar e garantir que você não tem
lesões que precisem cuidar imediatamente.

Ela assentiu à medida que pressionava a bochecha contra


meu peito.

— Ok.
Desde que pudesse me tocar, ela deixou que eles
cuidassem de suas coisas, colocar luzes brilhantes em seus
olhos, tirar sua pressão arterial, temperatura e essas coisas. Ela
até mesmo respondeu a suas perguntas, embora nesse momento
tenha agarrado a minha camiseta com uma das mãos.

— Você tem muito sangue, Juli — Disse amavelmente a


paramédico. — Você sabe se é seu?

— Talvez — Julianna gemeu. — Acho que sim. Ele me


apunhalou.

— Você foi apunhalada?

Quando ela assentiu, suspirei: — Jesus. — E fechei os


olhos.

Eles lhe perguntaram onde, e Julie levantou a camiseta o


suficiente para mostrar seu estômago, onde dois feios cortes
ainda gotejavam sangue.

O paramédico a examinou assentindo.

— A boa notícia é que parece apenas um corte, não


penetrou. seja apenas um dano superficial, mas precisamos te
colocar na ambulância para poder te limpar e curar seus
ferimentos, ok?

— Tudo bem.

Nós três a ajudamos a se levantar. Suas pernas estavam


instáveis, mas ela f ganhou equilíbrio o suficiente para se
agarrar em mim enquanto dava seus primeiros passos. Mas
assim que eles começaram a ajudá-la a subir na maca, ela se
assustou, mergulhando de volta para mim e me agarrando com
força, escondendo seu rosto no meu casaco.

— Está tudo bem, boneca — Eu lhe assegurei, levantando-a


e levando-a para a ambulância, apesar dos protestos dos
trabalhadores de emergência.

Mais uma vez, eles não queriam que eu estivesse na


ambulância com eles, algo sobre políticas e riscos; mas mais
uma vez o pai da Julianna falou com eles para que me
deixassem ficar.

conseguimos sentá-la, mas ela não soltou minha mão todo


o caminho até o hospital e eu tinha que dizer, isso não me
importou. Foi bom senti-la viva sob meus dedos. Eu não queria
ficar afastado dela, não me importava o quão difícil era
presenciar sua agonia e imaginar o que ela teve que passar
nestes dois dias.

No hospital, ela continuou resistindo a ser levada em uma


maca. Ela queria caminhar, mas parecia com um potro recém-
nascido, seus passos eram vacilantes e incertos. Então
conseguimos que ela aceitasse uma cadeira de rodas.

Acredito que quebramos uma tonelada de regras do


hospital. Ela não queria que ninguém tirasse sua roupa, pediu
um banho e se negou a fazer um teste de estupro, dizendo que
não era necessário (graças a Deus), e não quis que ninguém
além de mim a ajudasse a fazer tudo isto. Considerando tudo o
que ela passou, eles praticamente permitiram que ela se safasse.
Então depois de despi-la e a colocar no banheiro, ela olhou
para o pequeno cubículo e se virou, se afundando contra mim
enquanto um novo soluço atormentava seu corpo.

— Shiiiiii... está tudo bem — Murmurei no seu cabelo. —


Você não tem que entrar se não quiser.

Se eu fosse Julianna, também hesitaria em entrar em um


espaço pequeno outra vez.

Mas ela negou com a cabeça.

— Não, eu quero... — Sua voz se partiu, tornando-se rouca.


Ela olhou para cima com olhos suplicantes. — Vem comigo? —
Sussurrou, suplicando.

Assenti imediatamente.

— É claro.

A enfermeira, esperando para ajudar, disse:

— Encontrarei algumas roupas para você, senhor. Tem


sangue por toda sua roupa, de qualquer maneira.

Enquanto ela saía, eu me despi e peguei a mão da Julianna


antes de ajudá-la a entrar na ducha. Ela agarrou meu pulso
quando fui fechar a cortina, mas quando a olhei, ela me soltou e
assentiu.

Meu coração se partiu. Ela estava com medo e ainda assim;


estava tentando ser corajosa. Minha valente lutadora.

Ajudei-a se enxaguar, ensaboar e se limpar. Uma vez que a


água acabou, encontrei uma toalha e a envolvi ao redor da
minha cintura antes de secá-la com a outra, ela ficou parada,
tremendo. A enfermeira e eu a vestimos com meias três-quartos
quentes e uma bata de hospital tão rápido quanto foi possível
antes de levá-la para a cama, onde voltaram a cobrir suas
feridas que se molharam. Sua febre aumentou para quarenta e
um graus, então lhe colocaram um soro cheio de remédios e
fluidos.

Ela estava com arranhões, hematomas e contusões por


toda parte, mas os cortes de faca em seu estômago eram a pior
parte. Eu estava grato por isso e ao mesmo tempo preocupado,
porque sabia que as verdadeiras feridas eram as que não
poderiam ser enfaixadas.

Enquanto a enfermeira cuidava da Julianna, lhe dando


mais água, voltei para o banheiro para vestir a roupa do hospital
que encontraram para mim. Depois que me vesti, parei por um
momento para olhar meu rosto no espelho.

Parecia estranho olhar meu reflexo e ver o mesmo rosto que


sempre vi. Tudo parecia diferente agora. Eu deveria olhar no
espelho e ver um estranho, mas continuava sendo eu, o que era
muito bizarro.

Quando minhas mãos começaram a tremer devido a


realidade do que acabou de acontecer com a Julianna
começando a se assentar, deixei o banheiro, incapaz de lidar
com isto no momento.

O pai da Julianna havia chegado enquanto estive me


trocando. Ele e eu compartilhamos um breve olhar e um
respeitoso aceno antes de voltar minha atenção para minha
garota.
— Você parece um médico — Ela falou, piscando na minha
direção. Sua voz estava mais forte, menos rouca. Juro que ela
esteve bebendo água por galão desde que a encontramos, então
talvez tenha ajudado.

Balancei minhas sobrancelhas s enquanto me aproximava


para sentar na cadeira em frente à cama onde seu pai estava de
pé com os braços cruzados sobre o peito.

— Um médico sexy? — Perguntei, agarrando seus dedos


quando ela estendeu a mão. As pontas destes estavam
enfaixados com gaze branca.

Os cantos dos seus lábios se levantaram com um sorriso, o


primeiro indício de sorriso que eu via da sua parte em três dias.

— É claro — Respondeu, seus olhos machucados brilhando


com malícia antes de acrescentar: — Quase tão sexy quanto o
Dr. Hamilton.

Ofegando como se estivesse ferido, pressionei uma das


mãos sobre meu peito.

— Oh boneca, você me machucou. — Mas honestamente,


estava agradecido que ela fosse capaz de brincar.

Ela fechou os olhos, mas continuou sorrindo enquanto


agarrava meus dedos.

— Sim, eu imagino.

Beijei seus dedos ralados e soltei um suspiro entrecortado,


mas aliviado assim que bateram na porta.

— Lamento a interrupção. — Os dois detetives, Wilson e


Hall, entraram no quarto, assentindo respeitosamente para
Julianna. — Mas estávamos nos perguntando se a senhorita
Radcliffe seria capaz de dar uma declaração agora.

Seu pai e eu começamos a protestar, mas Juli agitou a


mão.

— Eu quero acabar logo com isso. — Mas intensificou o


aperto em meus dedos, me deixando saber que queria que eu
ficasse.

Então me sentei e escutei toda a história.

E enquanto os policiais começavam a fazer perguntas, lutei


com a urgência de mandá-los se foderem cada vez que Juli fazia
uma pausa porque sua voz ficava muito rouca. Ela fez uma
careta enquanto engolia e teve que beber água outra vez,. Não
fizeram muitas perguntas pois Julianna foi muito detalhista e
cronológica sobre a série de eventos, um fato que fez com que eu
ficasse cada vez mais doente do estômago em partes iguais.

Eu possuía uma namorada incrível.

Depois que seu sequestrador esperou para arrastá-la do


abrigo de tempestade onde a manteve sem comida e bebida por
três dias, ela lutou contra ele com nada além da sua força de
vontade. Ela estava febril, meio congelada e quase morta de
fome, tremendo de fadiga e exposta e ele era o dobro do seu
tamanho e brandia uma faca. Ela explicou como teve que deixá-
lo se aproximar primeiro e então distraí-lo tirando o casaco
antes de se voltar e se defender. Não acho que ela tinha certeza
de como conseguiu, mas enquanto eu tomava um momento para
tentar imaginar como ela se sentiu quando o fôlego do seu
atacante flutuou em seu rosto, enquanto seu sangue escorria
por seus dedos, estremeci, não muito seguro se seria capaz de
fazer o que ela fez para sobreviver.

Olhei para o lado, porque o olhar torturado em seus olhos


enquanto contava tornava duas vezes mais difícil ouvir isso.

Uma vez que percebeu que ele estava morto, ela teve que
procurar o celular dele nos bolsos para pedir ajuda. Quando lhe
perguntaram por que não ligou para o 911 primeiro, ela
balançou a cabeça.

— Não sei. Eu ... não estava pensando. Só queria o Colton,


mas não conseguia me lembrar do seu número. Não conseguia
me lembrar de nenhum número exceto o do meu trabalho. Então
liguei para lá, eu sabia que eles poderiam localizá-lo. Eu... não
sabia o que pensar.

— Você fez bem, boneca — Murmurei, beijando seus dedos.


— Fez perfeitamente bem. — Ela conseguiu ajuda e isso era tudo
o que importava.

Os detetives não ficaram muito tempo depois disso. Podiam


ver no rosto da Juli quão exausta estava. Ficaram tempo
suficiente para lhe dizer o nome do seu agressor e confirmar a
história que ele lhe contou sobre a morte de sua mãe junto ao
que sabiam dele.

Quando nós três fomos deixados sozinhos no quarto outra


vez, Julianna me olhou. Seus olhos estavam abertos de medo
enquanto procuravam tranquilidade.

— Está tudo bem — Eu afirmei, beijando sua testa. — Tudo


isso acabou. Pode dormir.
— Você ficará? — Ela perguntou.

Assenti.

— É claro.

, se sentindo segura o suficiente para fechar os olhos, ela se


encolheu de lado e levou uma das mãos ao rosto. Juro que ela
dormiu um segundo depois, estava exausta.

Eu me sentei ali, ainda segurando sua mão e assistindo-a


dormir. Então acariciei seu cabelo, só para que uma parte
ficasse em minha mão. Olhei boquiaberto com horror os fios
negros antes de voltar minha atenção para a área calva que
acabei de deixar.

— Não.

Alguém a sequestrou, a aprisionou, a deixou morta de fome


e congelando, depois tentou estuprá-la e matá-la, e agora ela
perderia seu cabelo por isso? As unhas das quais cuidava tão
meticulosamente já estavam destroçadas. Isso já não era tortura
o suficiente? Não seu cabelo também.

Esse foi um ponto de inflexão para mim. Eu fiquei


chateado. Fiquei mais do que chateado.

— Filho da puta — Rosnei.

Esse merda havia lhe tirado três dias de vida, enchendo-a


com uma nova série de terrores noturnos e agora faria com que
seu cabelo caísse? Queria encontrar seu cadáver e matá-lo de
novo. Queria gritar e quebrar algo. Queria chorar e beber até
esquecer.
Sua vida inteira mudou . Isso era tudo. Nunca voltaria a
ser a mesma.

Seguida rapidamente da raiva, veio a culpa.

Não acreditava ter me odiado tanto quanto fazia nesse


momento. Porque tudo isto era minha culpa. Ele nunca a teria
conhecido se eu não tivesse insistido para que nós saíssemos
para comer naquela noite. Ela nunca teria se tornado seu alvo se
eu não tivesse brigado com ele.

Por que ele era o único que queria preso agora?

Ela não merecia isso.

Não era a primeira vez que alguém que amava


profundamente era ferido por minha culpa e não era a primeira
vez que era perdoado como se não tivesse feito nada de errado.

Isso me fazia querer gritar porque queria pagar por meus


pecados mais do que isso. Eu era um maldito câncer. Me amar
acabava ferindo às pessoas. Eu devia...

Uma das mãos tocou meu ombro, me fazendo pular.

— Acho que você precisa dar um passeio, garoto.

Levantei o olhar para o pai da Juli e balancei a cabeça.

— Ela me pediu para ficar. — Todo o resto que fiz foi


errado, pelo menos eu podia fazer direito a única coisa que ela
me pediu: que eu ficasse ao seu lado.

Mas ele não parecia chateado ou irritado comigo. Parecia


simpático.
— E você está a ponto de enlouquecer — Ele falou
suavemente. — Então vá, tire um descanso antes que ela acorde
e veja você ficando histérico.

Eu estava a ponto de enlouquecer. Seu pai estava com a


razão. De maneira nenhuma eu podia ter uma crise na frente da
Julianna. Segurando minhas mãos, eu me levantei.

— Volto logo. — Então saí do quarto.

Entretanto, quando saí me detive quando vi muitos rostos


familiares no corredor a espera de notícias.

Virando-me para as duas colegas de quarto da Juli que se


aproximaram primeiro, dei-lhes um sorriso cansado.

— Os últimos dias foram um pesadelo para a Juli, mas ela


ficará bem. Ela está descansando. Antes que ela acorde, vocês
acham que podem buscar algumas das suas coisas no seu
apartamento para mim?

Elas assentiram.

— É claro, qualquer coisa.

Listei os artigos que queria que elas trouxessem. As coisas


que mencionei fizeram com que seus olhos ficassem chorosos e
elas me abraçaram antes de irem.

Depois veio minha família, que rondavam ansiosamente e


esperavam a oportunidade de me checar. Todos avançaram ao
mesmo tempo.

— Você está bem? — Perguntou Aspen, me puxando em um


abraço. Eu a abracei de volta e admiti: — Não. Eu não... consigo
parar de pensar no que ela contou à polícia. Honestamente não
sei como ela sobreviveu.

Seus olhos se encheram de preocupação antes de beijar


minha bochecha e se afastar para deixar que Caroline me
abraçasse.

— Bubba. Você a tem , apenas continue focado nisso.

Assenti. — Ok. — Mas merda, depois de ouvir o que acabei


de ouvir... Realmente queria bater em alguma coisa.

— Colton — Começou Brandt, com o olhar cheia de


desculpa.

Levantei a mão. — Agora não.

— Dê a ele um pouco de espaço — Noel pediu a Brandt


enquanto apertava meu ombro e me guiava para caminhar pelo
corredor.

Grato pelo momento sozinho, comecei a caminhar sem


prestar atenção ou me importando para onde ia. Só precisava
me mover, parar de pensar em... Maldição. Eu não conseguia
parar de pensar nisso.

Quando passei pela capela do hospital e vi que estava


vazia, entrei antes de desmoronar em um banco na parte
traseira e escondi meu rosto em minhas mãos enquanto
descansava os cotovelos nos joelhos.

Não ajudou a limpar minha cabeça. Na verdade, achei que


meu cérebro se encheu com mais e mais merda que me
incomodava. Minhas mãos tremiam e era difícil para mim
respirar quando a porta se abriu atrás de mim.
O pai da Julianna sentou-se em um banco na minha
frente, me olhando de perto.

Enviei-lhe um olhar sombrio, quase entusiasmado que ele


me jogasse mais merda. Eu merecia. Ansiava por isso.

— Vá em frente, diga — Ordenei.

Mas ele apenas suspirou antes de responder:

— Não tenho nada para te dizer. Só queria ter certeza de


que você estava bem.

— Bem? — Bufei. — Como diabos eu poderia estar bem?


Você ouviu a história. Ouviu quem a raptou. Sabe o motivo.

Ele deveria me odiar neste momento. Isso tudo era culpa


minha.

— Sim — Ele falou calmamente. — Eu ouvi a história e sei


por que ela foi raptada.

Então, ele me odiava.

Mas quando ele não falou isso, minha irritação cresceu.

— Você tinha razão, eu sei — Eu falei. — Eu nunca deveria


estar com ela. Olha o que aconteceu. Ela foi alvo dele por minha
culpa. Porque estava comigo. Quase fiz com que a matassem.
Ela ficou traumatizada. Isto a seguirá pelo resto da sua vida. E é
por minha culpa. Se eu tivesse apenas a deixado sozinha...
Jesus — Murmurei, enterrando meu rosto nas mãos, tentando
esconder minha vergonha.

Arruinei à pessoa mais importante da minha vida.


Seu pai permaneceu sentado silenciosamente até que teve
certeza de que eu terminei de falar. Depois, suspirou de novo e
me perguntou: — Já acabou bancar a rainha do drama?

Levantei meu rosto, franzindo o cenho.

— O que?

Ele levantou a sobrancelha.

— Filho, você sabe por que eu não te aprovava?

Pisquei, confuso.

— Porque sou branco — Eu falei lentamente. Só que ao


olhar sua expressão agora, não estava tão seguro.

Ele revirou os olhos.

— Nem de perto. Eu estive cercado de pessoas o suficiente,


de todas as formas, tamanhos e raças para saber mais do que
isso. No final do dia, nada disso importa. Todos somos pessoas.
Amamos. Temos esperança. Temos medo. Somos machucados. O
embrulho exterior é apenas isso, um pacote bonito para decorar
o mundo e torná-lo bonito, colorido, variado. É o presente de
dentro que conta. Algumas pessoas o usarão, enquanto outras
enriquecerão suas vidas e eles mesmos. Não me importa como
você está empacotado, Colton.

— Então... — Balancei a cabeça, incapaz de acreditar no


que escutava. — Por que eu não lhe agradava?

— Você não me agradava porque Julita sentiu a


necessidade de esconder sua relação de mim. Isso me disse que
havia algo que ela pensou que eu condenaria.
— Mas ela só estava preocupada porque eu sou branco —
Comecei a lhe dizer, fazendo-o levantar sua mão e balançar a
cabeça.

— Eu sei, eu sei. Eu notei isso. E tenho certeza de que é


minha culpa. Eu levo meu trabalho para casa com muita
frequência. Ela me ouviu fazer muitos comentários no passado
que soaram muito ruim. Meu trabalho é em instâncias onde
uma minoria foi maltratada. Mas também vi acontecer ao
contrário. Vi muitas coisas horríveis de todo tipo de gente.
Sempre me impressiona com o quão cruel o mundo pode.

Olhei para o lado do quarto de hospital da Julianna, onde


atualmente ela estava dormindo, maltratada e machucada.

— Sim — Eu concordei sentindo um tipo de surpresa.

Ele sorriu triste e tocou meu ombro.

— Mas também vi coisas impressionantes, algumas que


tocam o coração, coisas onde dois grupos se uniram e criaram
milagres. Isso é o que mais me impressiona, quando dois lados
opostos se misturam e criam algo juntos, usando suas origens
únicas para alcançar um objetivo. E mesmo assim...

Ele balançou a cabeça envergonhado de si mesmo.

— Isso é exatamente o que me fez suspeitar de você. Você é


muito chamativo. Tudo o que aprendi sobre você foi assistindo
seu canal de Vine e a gravação do seu discurso de despedida que
foi postado no YouTube na sua formatura do ensino médio, tudo
isso me mostrou que você não se importa em ser o centro das
atenções. — Logo depois, ele deu de ombros. — A minha
Julianna não gosta de atenção.
Assenti, sabendo disso.

— Sim — confirmei. — Seu maior medo é que alguém olhe


para ela e veja algo menos do que perfeito.

— Exatamente — Concordou seu pai. — Eu também tinha


certeza de que estar com você a arrastaria para a luz pública que
ela tanto despreza e depois você a deixaria sozinha porque é o
tipo de pessoa que se preocupa mais consigo mesmo do que
alguém mais. a abandonaria assim que outra coisa chamasse a
sua atenção. Eu não pude ver como você poderia ser bom para
ela.

— E agora? — Tive que perguntar, contendo minha


respiração enquanto esperava por sua resposta.

— Agora? — Ele falou com um suspiro cansado — Eu te vi


colocar suas necessidades em primeiro lugar. Eu te vi cuidar
dela como um homem cuida da sua companheira ferida. E por
fim percebi que vocês dois formaram uma aliança única e
diversificada que me impressiona. Acredito que sua
extravagância é apenas o que compensa seus hábitos
estruturados. Você é exatamente o que ela precisa em sua vida.

Balancei a cabeça, incapaz de acatar sua aceitação.

— Mas ele nunca teria ido atrás dela se eu não tivesse me


metido em uma briga com ele.

— Filho — ele falou com uma voz forte e poderosa — Você


estava defendendo a minha menina. Nunca pare de fazer isso. E
desculpe a minha linguagem, mas isso é pura merda. Ele a
escolheu porque estava cheio de ódio. Se não tivesse raptado ela,
seria outra garota de cor que tivesse atravessado seu caminho e
ela talvez não seria capaz de lidar tão bem com isso como fez a
minha Julita. Você fez bem. Acredite em mim. Sempre.
Retirado do quadro de citações de Aspen:

Eu te amo hoje mais do que ontem, mas não tanto quanto


manhã. — Autor desconhecido.

JULIANNA
As palavras de Chad fluíram por minha cabeça ao acordar.
Somos todos iguais. Nós sorrimos quando estamos felizes,
choramos quando estamos tristes, comemos quando temos fome
e dormimos quando estamos cansados.

Então imaginei o Colton entrelaçando seus dedos com os


meus e examinando o contraste que fazíamos juntos, como as
teclas de um piano.

E então o estranho sonho desapareceu. De repente acordei,


assustada e congelada antes de perceber que não estava mais na
minha cova de concreto. Nem sequer me sentia fria. Eu estava
em uma cama com luzes, mantas e travesseiros quentes e
macios.

Um ruído me fez inclinar o rosto e abrir os olhos para ver o


Colton pendurando um apanhador de sonhos na janela. Ele
estava de costas para mim, então ele ainda não sabia que eu
despertei. Tomei um momento para dar uma olhada pelo quarto
e assimilar o fato de que continuava no hospital. Uma IV estava
ligada ao meu braço e algo parecia estar enrolado ao redor da
minha cabeça. Lentamente levantei meu braço dolorido e dedos
enfaixados para sentir a seda com um nó na ponta preso na
minha testa.

Ele havia trazido meu lenço de cabeça e meu apanhador de


sonhos favorito de casa. Isso me fez sorrir e amá-lo ainda mais.

— Assim parece bom — Tentei lhe dizer enquanto ele


brincava com o apanhador de sonhos, girando-o para pendurar,
assim eu poderia vê-lo de frente e não de lado.

Imediatamente ele se virou, baixando os braços.

— Ei, você está acordada. — Seu sorriso, o mesmo que eu


desejei ver enquanto estive presa, se espalhou. Ele pulou da
cadeira em que estava e pegou minha caneca da bandeja para
me entregar

Peguei e comecei a tomar pequenos goles, antes de suspirar


me refrescando, e perguntar: — Como sabia que eu precisava de
uma bebida?

Seus olhos se enrugaram com diversão.

— Você estava lambendo os lábios. Pensei que estava com


sede ou estava animada por ver meu traseiro enquanto eu estava
pendurando o seu apanhador de sonhos.

Tomei um gole mais substancial antes de dizer: — Agora


que você mencionou, gostei muito de ver seu traseiro.

Ele piscou e seus lábios se contorceram em um sorriso.


— É claro que sim, boneca. Quem não faria?

— Muito presunçoso? — Murmurei, embora não achasse


que já o amei tanto quanto nesse momento. Eu acabei de
sobreviver aos piores três dias da minha vida e lá estava ele, me
fazendo sorrir; um sorriso genuíno.

As lágrimas encheram meus olhos e não eram de


angústia... ou pelo menos, nem todas eram lágrimas de
angústia. Eu estava muito feliz e agradecida por estar viva, fora
daquele buraco e com ele de novo.

Mais lágrimas inundaram minhas bochechas. Meu queixo


tremeu porque tentei detê-las, mas não pude.

— Eu te amo muito — Solucei.

Sua expressão se quebrou.

— Jesus, boneca — Ele afirmou com a voz rouca antes que


suas feições se contorcessem de dor e seus olhos umedecessem.
Ele pressionou sua testa na minha e pareceu respirar calor em
mim.

— Eu também te amo. Tanto.

Acariciei sua bochecha, mas me surpreendi com as


pontadas da barba por fazer. Quando afastei a mão, estudei este
novo estilo piscando.

— Você não se barbeou.

Ele soltou uma gargalhada e esfregou o rosto.

— Me barbear era a última coisa que pensei depois que


você desapareceu.
Voltei a colocar meus dedos em sua bochecha.

— Até que eu gosto.

Fechando os olhos, ele pressionou ainda mais sua


bochecha na minha palma.

— Então manterei assim.

Estudando mais seus olhos quando ele os abriu , franzi o


cenho. Eles estavam injetados de sangue e às bolsas debaixo
deles pareciam estar criando suas próprias bolsas.

— Quando foi a última vez que você dormiu?

Ele balançou a cabeça.

— Não acredito que entenda, boneca. Você sumiu. .


Ninguém sabia onde estava, quem te raptou, se estava bem,
ou... — Sua voz quebrou. — Ou se estava viva. Isso me assustou
tanto. Não fiz muito mais do que enlouquecer durante sua
ausência.

— Sinto muito — Murmurei, desejando poder tirar sua


angústia.

Ele piscou para mim como se não pudesse acreditar que eu


tivesse dito isso.

— Sente? — Soltou incrédulo. — Você não tem uma única


coisa pela qual se desculpar. Eu sou o único que lamenta. Eu
estou sentado aqui, choramingando pelo medo que estava
sentindo, quando foi você quem passou pelo inferno e voltou e
foi por minha culpa que ele te escolheu.

— Como foi sua culpa? — Balancei a cabeça, confusa.


— Você pediu para que fossemos embora naquela noite. —
A dor encheu seu rosto. — Quando me meti na briga com ele —
Apontou para seu olho roxo para me lembrar — Você me falou
para que deixasse para lá, mas não o fiz. E ele acabou na cadeia
porque não fui embora quando sugeriu. E quando ele saiu, foi
atrás de você por minha culpa.

— Colton, carinho. — Acariciei sua bochecha áspera. —


Pare de ser um idiota. Ele me escolheu porque era um filho da
puta racista que deixou que sua miséria se transformasse em
ódio. Ele estava procurando um motivo para explodir. Isso
aconteceria, ele nos conhecendo ou não. Ele sequestraria uma
garota qualquer, aconteça o que acontecesse.

Ele balançou a cabeça e soltou um som silencioso de


desacordo.

— Foi isso que o seu pai falou, mas ainda não consigo
deixar de desejar que ele tivesse levado outra pessoa.

Meu sorriso se encheu de agonia.

— Eu também.

Enquanto o observava enxugar os olhos, os últimos dias me


atingiram de novo como uma bigorna de chumbo.

— Não posso acreditar que... — Uma espécie de surpresa


me encheu e olhei para o teto, sem saber o que sentir. — Eu
matei alguém — Murmurei em voz alta como se precisasse ouvir
as palavras para experimentá-las. Nunca na minha vida achei
que teria a necessidade ou a capacidade de assassinar. E ainda
assim, eu tive.
Parecia tão irreal. Quando eu entender, digo, assimilar que
tirei a vida de alguém, precisaria de muita terapia.

Colton começou a acariciar meu braço.

— Eu odeio, absolutamente detesto, que você teve que fazer


isso, mas me alegro que o fez. Alegro-me que fez o que precisava
fazer para se manter viva, para que pudesse voltar para mim,
porque a verdade é que não estou remotamente equipado para
viver sem você.

— Mas... — Comecei.

— Sem mais. — Ele colocou seus dedos nos meus lábios. —


Você fez a sua parte para voltar para mim, agora é minha vez de
te manter aqui. Vou te ajudar a lidar com isto e superar. Somos
uma equipe, lembra. Resolveremos juntos.

— Tudo bem — Sussurrei. E para mim, isso era o


suficiente. Era tudo o que eu precisava. — Obrigado.

TRÊS SEMANAS DEPOIS...


Acordei com meu nariz contra o pescoço do Colton e
minhas pernas entre as suas. Eu estive dormindo em cima dele
assim todas as noites durante a última semana. Como eu era
uma pessoa que gostava de dormir de bruços e ele sobre suas
costas, funcionou melhor do que se pode pensar. E acreditem ou
não, ele era mais confortável que meu colchão.
Ele ficou comigo desde que me deram alta do hospital. Tive
alguns pesadelos, mas nada tão sério como os que tive quando
criança. Meus apanhadores de sonhos, o pé de coelho, o
repelente de monstros e o Colton ajudaram a manter a maioria
deles à distância.

Hoje era um grande dia. Planejava voltar às aulas na


universidade pela primeira vez após o incidente.

Eu gostava de pensar nisso como um incidente. Soava


muito melhor do que realmente foi.

Dando uma olhada na hora, percebi que despertei cinco


minutos antes do que meu alarme estava programado. Achava
que meu corpo estava tentando me dizer que eu estava pronta
para voltar para algumas das minhas atividades normais.

Tentei convencer o Pick de que estava pronta para voltar a


trabalhar também, mas ele me avisou que nem consideraria isso
até as seis semanas recomendadas pelo médico. Eu teria uma
licença paga até então, ele insistiu. Secretamente, tive que
admitir que seria bom ainda não ter que lidar com o bar. Isso me
deixou com mais tempo para passar com o Colton.

Falando do meu namorado irritante...

Ele tentou me fazer tirar uma pausa do sexo também. Ele


achou que eu precisava de pelo menos um mês para que todas
as minhas feridas se curassem. Mas todos os meus machucados
desapareceram, meus cortes e ralados se fecharam e minha
temperatura voltou ao normal. Eu me encontrava cem por cento
saudável. Fisicamente, de qualquer maneira. Mentalmente, eu
ainda tinha problemas em minha cabeça. Eu odiava quão
pegajosa havia me tornado, não que Colton parecesse se
importar. Eu juro, o idiota realmente parecia gostar do quão
perto ele precisava estar toda vez que saíamos do apartamento.
Ele sorria para mim, com aquela satisfação presunçosa, de um
homem que sabia que sua mulher estava envolvida ao redor do
seu dedo.

Realmente, isso era muito.

não era o suficiente para eu parar de depender tanto dele


no momento.

Mas hoje... hoje era um novo dia, eu trabalharia em ser


uma nova mulher, confiante e autossuficiente. E sabia
exatamente como começaria.

Era assim que a Julianna recuperaria seu ritmo.

Cantarolando em minha garganta por quão bem meu


homem cheirava, percorri meu nariz por sua garganta e dobrei
meu joelho, me assegurando de que minha perna deslizasse
sobre seu pênis enquanto o fazia. E tal como planejei, eu o senti
crescer através do seu short. Ele gemeu, se contorcendo
enquanto despertava e eu mordia seu queixo com meus dentes.

— Feliz aniversário, boneca — Ele murmurou ainda um


pouco inconsciente, enquanto sua mão deslizava por minhas
costas, até chegar ao meu traseiro.

Oh, sim. E hoje era meu aniversário, faria vinte e dois anos.
Outra razão pela qual me sentia decidida a começar de novo.
— Obrigada — Agradeci, sorrindo enquanto me sentava e
empurrava para o lado todos os lençóis emaranhados ao nosso
redor. — Estou pronta para o meu primeiro presente.

Montando seus quadris, pressionei meu núcleo contra ele,


esmagando sua abençoada e quente dureza entre nossa roupa
íntima.

Ele gemeu com prazer e arqueou debaixo de mim antes de


perceber o que estava fazendo. Um segundo depois, seus olhos
se arregalaram e ele segurou meu quadril para me deter.

— Juli, espere. Você...

— Não — Eu falei, pressionando um dedo em seus lábios.


Minhas unhas tinham crescido de novo em um comprimento
respeitável e tinha que admitir que gostava de vê-las pintadas de
roxo pressionadas contra sua boca rosa. — É meu aniversário e
eu ganho o que quero. — Então me inclinei para substituir meu
dedo por meus lábios, assim eu poderia dizer contra sua boca:
— Certo?

Gemendo de novo, com tentação desta vez, ele se esticou


debaixo de mim, com seu corpo se esforçando para não reagir
comigo em cima dele. Então seu olhar se encontrou com o meu e
pude ver o momento em que cedeu.

— Tem certeza? Se for cedo demais...

— Não é — Assegurei. — Na verdade... — Enquanto me


sentava para puxar seu short por suas pernas e depois tirar
minha calcinha, continuei: — É um momento perfeito para
estarmos nus. Estou tomando anticoncepcionais tempo
suficiente para renunciarmos a camisinha, se quiser. — Quando
suas pálpebras se tornaram caóticas de desejo, sorri e arrastei
meu dedo pelo centro do seu peito até que envolvi meus dedos
ao redor da base da sua ereção. — Então, o que me diz, garotão?

— Eu digo... — Ele fez uma pausa para exalar um longo


suspiro. — Droga, você tem um argumento muito convincente, é
o que eu digo.

Eu sorrio.

— Bom. — Eu me sentei sobre ele lentamente, deixando-o


sentir cada centímetro enquanto o envolvia dentro de mim. Isso
me fez sentir tão cheia, quente e deliciosa, que tirei um momento
para fechar os olhos com apreço e desfrutar da sensação.

Quando os abri, ele me olhava com assombro.

— É disso que estou falando — Eu afirmei.

Quando comecei a me mexer, girando meus quadris em um


ritmo lento e preguiçoso, Colton se sentou com olhos famintos,
para poder me beijar e acariciar minhas costas com suas mãos.
Criando um rastro de carícias, ele encontrou meu lenço de
cabeça e o removeu para que meu cabelo ficasse livre e
derramasse por minhas costas.

Ele esteve fascinado com minhas extensões desde que eu


coloquei para esconder as partes calvas, dizendo que parecia
como se estivesse com uma mulher nova e, entretanto, mas
também olhava para o meu novo cabelo com uma certa
preocupação, com medo de que eu odiasse, quando na verdade
eu adorava. Para mim, era um novo começo. Eu não era a
mesma pessoa que fui na manhã em que me sequestraram.
As coisas em mim mudaram, e mesmo assim... algumas
coisas sempre seriam as mesmas.

Minha afeição pelo homem dentro de mim era algo que se


transformou e cresceu, ganhando um poder e confiança que me
ajudaram a curar de uma maneira que nunca imaginei que
pudesse.

Eu me movi sobre ele um pouco mais rápido, desfrutando


da sensação de senti-lo profundamente, esfregando contra meu
núcleo com prazer.

— Merda, boneca. — Ele agarrou meus quadris enquanto


seu rosto ficava vermelho de tanto ranger seus dentes e se
esforçar. — Acho que já faz muito tempo. Não durarei muito.

Com um sorriso, balancei mais rápido e afundei meus


dedos no seu cabelo, agarrando suas mechas com força.

— Você durará tanto quanto eu disser que vai — Eu afirmei


com um brilho travesso em meus olhos, sabendo que minhas
brincadeiras provocavam o desafio nele.

Seu olhar se encheu de surpresa antes que ele risse e me


girasse até que eu estava com minhas costas contra o colchão e
ele inclinado sobre mim.

— Isso é verdade? — Perguntou em voz baixa e divertida.

— É verdade — Desafiei. — Agora me dê tudo o que tem.

E assim ele fez, empurrando dentro de mim e olhando em


meus olhos quando nos levou ao ápice e depois nos dissolvendo
em euforia.
— Droga — Murmurou, desmoronando em cima de mim,
onde acariciei suas costas e cabelo. — Eu esperaria pelo menos
mais uma semana antes de reclamar e implorar por isso.

— Eu sei — Falei beijando seu cabelo. — Mas eu já estava


pronta.

— Sim. — Ele se apoiou em seus cotovelos para poder


sorrir para mim. — Eu percebi. — Mas então a luz em seus
olhos se apagou um pouco. — Tem certeza de que está pronta
para tudo hoje? Se precisar de mais tempo...

— Não — Eu lhe assegurei, beijando a ponta do seu nariz.


— Eu estou pronta.

Ele olhou em meus olhos por um momento antes de


assentir.

— Então, faremos isto. Mas primeiro... aqui está seu


verdadeiro presente de aniversário.

Com o sorriso de uma criança, ele se sentou e depois


colocou seu torso de lado na cama para poder colocar o braço
debaixo desta. Quando voltou com uma caixa embrulhada,
minha boca se abriu.

— Sinto muito pelo embrulho — Ele me explicou com


tristeza, estendendo-o na minha direção. — Aspen me fez fazer
isso sozinho.

Balancei a cabeça, já que não esperava por isto.

— Você... Colton, você não tinha que me dar nada. — Sério,


tê-lo aqui comigo todos os dias era um presente por si só.
— Uff. — Dispensou com um gesto minha refutação. —
Apenas abra. — Juro, ele vibrava de excitação, ansioso para ver
minha reação.

Então rasguei o papel, lhe dizendo: — Eu adorei o papel de


presente. Você fez um bom trabalho.

Depois que o removi, abri a tampa da caixa branca e


pisquei quando vi uma calcinha rosa.

— Essa não é minha calcinha? — Perguntei confusa.

Ele assentiu, mordendo o lábio.

— Eu a peguei na primeira noite em que ficamos no


casamento.

Eu ofeguei, meus olhos voando para ele.

— Mas você falou que jogou fora.

— Hmm... Eu falei isso?

— Oh! Talvez... — Bati em seu braço e ri. — Você mentiu


para mim.

Ele riu e as tirou da minha mão.

— Então, você me faria um favor e as usaria hoje? E


lembre-se que não importa que tipo de coisas nos separam,
sempre encontraremos um jeito para chegar ao outro . Sempre
nos encontraremos, não importa o que.

Lágrimas de amor cintilavam em meus olhos.

— Seria um prazer — Eu lhe falei, me inclinando para


beijar sua boca.
Ele me devolveu o beijo, mas apenas um pouco antes de se
afastar e exigir: — Está bem, agora abra seu verdadeiro
presente.

Quando voltou a apontar para a caixa branca no meu colo,


olhei para baixo para ver que havia mais alguma coisa debaixo
da camada de papel de seda. Então a puxei para revelar um
novo apanhador de sonhos.

— Oh... Meu Deus — Murmurei, boquiaberta. Era mais


bonito do que qualquer outro apanhador de sonhos que já
possuí.

— Mais um para a sua coleção — Falou Colton, me


observando passar os dedos pelas plumas e o tear de couro.

— Eu amei. — Olhando para cima, estudei seus olhos e


soube que estava abençoada. — Quase tanto quanto te amo.

Caminhamos pelo campus de mãos dadas, nos revezando


para beber da nossa caneca favorita. Colton me acompanhou até
minha primeira aula e me deixou na porta com um beijo, só para
estar ali me esperando quando a aula tinha acabado.

Algum dia, quando me sentisse mais forte e menos


apreensiva, não precisaria de tanto apoio, mas hoje eu apreciava
que ele estivesse ali, sempre onde eu mais precisava.

Eu não fazia nem ideia de que ele se tornaria uma rocha


quando o conheci. Mas algo me disse que ele também não sabia.
Eu não era a única que passou por mudanças nas últimas
semanas. Algo amadureceu em Colton. Ele já não parecia ser
todo bate-papo. Agora se notava que havia algo ali para apoiá-lo.
E isso só o tornou muito mais atraente.

Não dissemos muito quando partimos juntos para o edifício


de história para a aula de filosofia. Mais tarde, vi um rosto
familiar e comecei a parar porque não queria lidar com Shaun,
mas assim que me viu, ele também parou e seguiu em direção
oposta.

— Hã — Murmurei olhando-o fixamente, muito surpresa e


também confusa sobre porque ele queria me evitar.

Colton riu.

— Sim, eu também teria corrido se fosse ele.

Eu me virei para ele, elevando as sobrancelhas.

— Seu pai o destroçou depois que você desapareceu,


porque alguém... — Ele tossiu em sua mão e pronunciou o nome
da Sasha ao mesmo tempo — Contou para ele o que Shaun fez
com você enquanto estavam casados. Então sim... Depois que
Shaun se mijou todo, acho que todos nós sabíamos que ele
nunca mais te incomodaria.

— Espera. — Levantei uma das mãos. — Quando você diz


que ele se mijou...?

Colton sorriu.

— Eu me refiro a uma grande mancha úmida que apareceu


em sua calça e escorreu por sua perna antes de se acumular ao
redor do seu sapato.
Minha boca se abriu. Merda.

— Sim. Foi épico. O único ponto brilhante daquele dia


inteiro. E digo, uma grande mancha úmida e brilhante.

Quando ele ficou sério e sombrio, eu lhe falei: — Bem, é


bom saber que algo bom veio disso tudo. Não posso dizer que
sentirei falta do garoto Shauny.

— Amém. — Silenciosamente ele me entregou a caneca e


tomei um gole antes de devolvê-la. Então apoiei a cabeça no seu
ombro e fechei os olhos, contente, apoiando minha bochecha no
tecido do seu casaco e mais feliz do que poderia expressar,
contente por estar aqui com ele e em nenhum outro lugar.

Esse era o tipo de relação que eu sempre quis e nunca


soube. Entretanto, algo sobre a palavra relação abriu uma
lembrança na minha cabeça e me encontrei dizendo: — Você não
me decepcionou.

Colton se sacudiu e olhou para mim.

— O que?

Sorri para ele.

— Uma vez você me falou que era melhor que não


estivéssemos em um relacionamento, caso contrário você me
decepcionaria.

A inquietação obscureceu seus olhos.

— Mas é minha culpa...

— Não. — Apertei meus dedos ao redor dos dele. — É culpa


do monstro que me sequestrou. E é graças a você que pude me
recuperar disso. Não seria capaz de fazer tudo isto hoje se não
fosse por você. Sua presença firme e infalível ao meu lado, sua
paciência e compreensão, sua sagacidade e seu sorriso. Você me
curou mais do que ninguém. Então não, nunca me decepcionou.
Você me salvou. Obrigada por isso.

Com o rosto cheio de emoção, ele balançou a cabeça


tentando negar, mas depois engoliu e se inclinou para me beijar.
Nossos lábios se tocaram e sorri contra sua boca até que alguém
pronunciou seu nome.

Colton ficou tenso contra mim e murmurou: — Droga.

— O que...? — Levantei a cabeça, me perguntando o que


estava acontecendo, apenas para avistar seu irmão com uma
bolsa de livros pendurada sobre seu ombro se dirigindo para nós
para nos interceptar.

— Olá — Brandt deu uma saudação cautelosa, sorridente e


hesitante, como se não tivesse certeza se era bem-vindo entre
nós ou não.

Embora fosse para mim que ele olhava, Colton respondeu


por nós: — Olá — Ele falou rigidamente. — Como está o grande
aluno da pós-graduação?

Brandt lhe dirigiu um olhar agradecido.

— Mal mantendo minha cabeça sobre a água. — E então


me olhou de novo. — Como você está?

Afundei-me para mais perto do Colton, odiando essa


pergunta. Mas quando ele apertou meus dedos, assenti. —
Melhor.
Brandt passou a mão pelo cabelo como se ainda estivesse
angustiado.

— Olha, eu te devo um grande pedido de desculpas, Juli.


Eu fui um completo idiota quando soube de você e o Colton.

— Sim — Concordei — Você foi.

Ele fez uma careta.

— Sinto muito. Não tenho desculpa para o modo como me


comportei. me pegou despreparado e parecia tão suspeito
porque vocês dois esconderam isso de mim deliberadamente.
Mas ainda assim, não sei por que duvidei que poderia ter se
decidido por ele nem por um minuto. Diabos, ele é meu irmão,
sei tão bem quanto qualquer um que é impossível não amar esse
pequeno merda.

— Bom, obrigado — Colton falou secamente.

Brandt e eu compartilhamos nosso primeiro sorriso em


semanas. Ainda sorrindo, olhei para o meu namorado e apertei
seu braço.

— Entretanto, ele tem razão. É impossível não te amar.

Muito mais satisfeito com minha resposta, Colton se


inclinou para pressionar seus lábios contra os meus.

— Eu sei — Ele murmurou no meu ouvido, me obrigando a


sorrir e bater em seu ombro ligeiramente para ajudar a
domesticar seu ego. Só que eu gostava do seu ego, e acredito que
ele sabia.

Balançando a cabeça, Brandt soltou uma risada divertida


antes de levantar a mão para saudar.
— Definitivamente vocês demonstraram sem sombra
dúvidas que o que há entre vocês é real e não tem nada a ver
comigo. Então me alegra muito que estejam felizes.

Quando Colton e eu nos olhamos, Brandt acrescentou: —


Me digam se vocês precisarem de qualquer coisa.

Ele se afastou, dando uma palmada no braço do Colton ao


passar. Olhei para ele tentando me lembrar do amor que tive,
mas não era capaz de despertar as emoções. Então olhei para o
Colton e uma onda de sentimentos me inundou. Sim, o que eu
sentia por ele não tinha nada a ver com seu irmão.

Este homem aqui me salvou em todos os sentidos. Ele me


ensinou a ser feliz comigo mesma e a não me preocupar com a
opinião dos outros, a dar às primeiras impressões,
especialmente as de arrogantes egoístas, uma segunda
oportunidade e a reconhecer uma verdadeira relação quando
tinha uma. Não eram apenas duas pessoas que pareciam bem
juntas, mas sim duas pessoas que funcionavam bem juntas.

Ele ergueu as sobrancelhas, esperando minha reação ante


o encontro que acabamos de ter. Dei de ombros, incapaz de
odiar Brandt já que ele era irmão do Colton, mas definitivamente
não o amava também.

— Hum — Falei — Suponho que ele pode ser seu padrinho


de casamento se insistir.

A surpresa encheu o rosto de Colton e sua boca se separou


em choque antes que eu percebesse o que acabei de dizer.

Diabos, acho que eu acabei de propor.


Abri a boca para de algum jeito sair da minha inferência,
mas ele apenas sorriu e pressionou o dedo nos meus lábios
antes de sorrir.

— Eu concordo
Retirado do quadro de citações de
Aspen:

Uma mulher não pode mudar um homem porque ela o ama,


um homem muda apenas porque ele a ama. — Autor
desconhecido.

COLTON
DOIS ANOS E MEIO DEPOIS...
O dia do meu casamento começou às sete em uma quente
manhã de junho, cerca de duas semanas depois que fiz vinte
anos. Era férias de verão antes do meu último ano de faculdade.
Minha futura esposa havia se formado dois anos antes e
trabalhava para o escritório de arquitetura do Ten, no
departamento de contabilidade. E estávamos vivendo em nossa
própria casa ―sem outros companheiros de quarto‖ fazia uns
dezoito meses.

Eu gostava de brincar com ela sobre se tornar contadora e


minha futura esposa enquanto tirava sua calcinha de algodão
conservadora e a despia até deixá-la nua. Ela apenas piscava
para mim e depois exigia que eu lhe fizesse sexo oral como
reconciliação. Não me incomodava nenhum pouco: comer minha
boceta favorita não era a dificuldade para mim que ela parecia
pensar que era.
Mas esta manhã, não houve nudez e nem boceta. Acordei
sobre o sofá tosco e muito pequeno do Noel e da Aspen, para ver
a Lucy Olivia de dois anos e o Beau de cinco me observando com
curiosidade. Juro que seus rostos estavam a cerca de cinco
centímetros do meu. Eu me assustei tanto que quase fiz xixi em
mim mesmo.

— Merda! — Gritei, me colocando em posição vertical e


levando a mão ao peito. — Que diabos?

Crianças pequenas nunca deviam ter permissão para fazer


isso com as pessoas.

— É o dia do seu casamento — Anunciou Beau, girando ao


redor da sala, enquanto sua irmã subia no meu colo e exigia que
eu me aconchegasse com ela.

Bocejando, eu a abracei e depois aspirei o aroma do café da


manhã sendo preparado na cozinha.

— Sim — Eu confirmei, mas meu cérebro não era capaz de


funcionar além disso. — O dia do meu casamento.

Eu teria preferido muito mais despertar nos braços da Juli,


como fiz durante os últimos dois anos e meio com sua linda
figura envolvida ao redor de mim, mas Sasha e Tyla teriam
minhas bolas em uma bandeja se eu tivesse me atrevido a visitar
às escondidas a minha noiva antes de vê-la na igreja. Então
sim... levar um susto de morte no dia do meu casamento
também funcionou. Sem dúvida me despertou, de qualquer
maneira.

Lucy Olivia só pôde se aconchegar alguns segundos antes


que ela e Beau começassem a puxar minhas mãos, insistindo
para que eu os seguisse até a cozinha, onde Noel e Aspen
estavam ao lado do fogão juntos, conversando em voz baixa,
enquanto fritavam meu pão torrado francês favorito.

— Aí está o noivo! — Saudou Aspen quando me viu. — Está


preparado para o dia de hoje?

Ela se curou da sua depressão pós-parto e, de fato ela e a


Juli participaram de terapia de grupo juntas por um tempo. Elas
se tornaram muito unidas nos últimos anos, mas não tanto
quanto fizeram Julianna e Sarah. Essa amizade foi a que mais
me surpreendeu. Elas se tornaram unha e carne. Sarah, na
verdade, seria sua dama de honra hoje.

— Claro — Respondi, sentado na mesa e bocejando mais


um pouco. Eu já sentia como se Julianna já fosse minha esposa.
Para mim, todo esse negócio de casamento era apenas uma
formalidade. Mas eu sabia que as mulheres faziam uma grande
coisa a respeito, então... bem. Eu me sentiria entusiasmado ou o
que fosse.

Eu queria que as pessoas parassem de me dizer que eu não


podia ver a Juli até esse ou outro momento, como quando ela
caminhasse pelo corredor. Idiotas. A vida era melhor quando eu
conseguia vê-la quando eu quisesse. Então eu estava pronto
para chegar a esse ponto .

Meus sobrinhos me flanquearam de cada lado, conversando


animadamente, enquanto Noel e Aspen nos serviram o café da
manhã. Sorri, lembrando com nostalgia de quando vivia aqui
com eles sob sua tutela legal.
Eu não queria voltar para aqueles dias, eu gostava de onde
e com quem eu estava agora, no que me tornei, mas ainda assim
me sentia um pouco sentimental, percebendo que esta era a
última vez que eu tomaria o café da manhã com eles como um
de seus familiares mais próximos. Eles me criaram desde que eu
estava com oito anos, eram meus pais substitutos. Sempre me
lembraria dos alicerces incríveis que proporcionaram para mim.
Mas depois de hoje, tudo isso mudaria. Eu já não era sua
responsabilidade. Seria apenas seu irmão mais novo e um tio
para seus filhos.

Já era hora de as coisas voltarem a ser como sempre


estiveram destinadas a ser.

Depois do café da manhã, tomei banho e vesti meu


smoking. Eu estava diante do espelho pregado na porta do
armário no quarto do Beau, amaldiçoando a gravata-borboleta,
quando uma voz perguntou:

— Precisa de ajuda?

Deixei cair as mãos da minha garganta com gratidão e me


virei para a Aspen.

— Deus sim, por favor.

Com um sorriso e olhos brilhantes como se estivesse se


sentindo honrada em me ajudar, ela entrou no quarto e levantou
as mãos para minha garganta. Levantei o queixo e dobrei
ligeiramente os joelhos para que fosse mais fácil para ela.

Quando começou a torcer o tecido, ela falou: — Eu sinto


que deveria dizer algo importante neste momento.
Eu rio.

— Como o que? Que não pode acreditar que seu garotinho


tenha crescido e esteja prestes a se casar?

Ela deixou escapar um som divertido e endireitou o nó.

— Bom, é verdade. E me sinto muito orgulhosa e satisfeita


pelo homem que se tornou.

Quando ela piscou rapidamente, tive que limpar a


garganta. Pó estúpido na minha traqueia.

— Quer saber algo louco? — Perguntei enquanto ela


baixava suas mãos, já que terminou sua tarefa.

— O que seria? — Suas sobrancelhas se arquearam como


se achasse que eu diria algo paquerador e divertido algo sobre
como sempre quis me casar com ela quando tinha oito anos ou
algo assim.

Mas o que eu falei foi: — Como sou feliz por minha


verdadeira mãe ter sido horrível, porque me trouxe até você. Eu
gostei de te ter como mãe.

— Oh... Droga, Colton — Ela murmurou, agitando uma das


mãos diante do seu rosto antes que começasse a chorar. —
Prometi a mim mesma que não ficaria nostálgica e choraria, mas
você já arruinou tudo. Venha aqui.

Assim que ela abriu os braços para mim, dei um passo


adiante e a envolvi em um enorme abraço que abrangia tudo. O
topo da sua cabeça se encaixava perfeitamente debaixo do meu
queixo.
Limpando o nariz, ela se afastou para me olhar com um
sorriso triste, mas orgulhosa.

— Eu sei que nem sempre estive lá para você como eu


gostaria...

Detendo-a ali mesmo, coloquei minhas mãos sobre as suas


eu afirmei: — Sim, você esteve. Mesmo quando estava doente. —
E graças a Deus ela superara por completo essa fase. — Sempre
pude contar com você e você sempre foi a melhor mãe que eu
tive.

— Eu te amo — Soluçou, com lágrimas escorrendo por sua


bochecha enquanto levantava o braço para embalar o meu. —
Você sempre será meu Colton.

Eu sorri para ela, agora sentindo que o pó obstruía minha


garganta.

— E você sempre será minha Aspen. Eu também te amo.

— Ei, o que é tudo isto? — A voz do Noel chegou da porta.


— Você está paquerando minha esposa, irmãozinho? Achei que
conseguiria a sua própria hoje.

Ignorando sua brincadeira, eu me virei e a Aspen de


maneira que nós dois nos encontrávamos na frente dele,
enquanto um dos meus braços passou ao redor dos seus
ombros.

— Alguma vez eu já te agradeci por ter encontrado essa


mulher maravilhosa e ter trazido ela para nossas vidas?

— Não — Ele murmurou pensativo. Então piscou para a


Aspen. — Mas eu sei que fiz bem, de qualquer maneira.
— Oh — Ela murmurou, corando enquanto agitava uma
das mãos tímida para nos deter. — Vocês dois. — Saindo de
debaixo do meu braço, ela se aproximou do Noel para abraçá-lo.
— Acho que sou eu a sortuda que os encontrou, meninos.

Fui para a igreja não muito depois disso, sem a família do


Noel. Brandt, meu padrinho, já estava lá me esperando do lado
de fora.

— Já era hora — Ele exclamou enquanto me acompanhava


até as portas dianteiras. — Sarah está lá com o resto delas
tratando sua esposa como uma boneca durante os últimos vinte
minutos.

— Ei, eu precisava fazer uma entrada — Eu lhe informei


com uma piscada, franzindo o cenho quando vi a flor da lapela
já presa. não me parecia certo de que ele tenha recebido sua flor
antes que eu. Eu odiava ser o segundo. — De onde tirou isso?

Ele revirou os olhos, mas pegou meu braço, me levando


para dentro.

— Por aqui.

Lá dentro encontramos à coordenadora de casamento e ela


me deixou todo florido justamente quando o pai da Julianna se
aproximava em minha direção.

— Onde diabos você esteve, garoto? Pensamos que não


apareceria.

Pisquei confuso, antes de olhar para o relógio.

— Eu não estou atrasado. Por que todo mundo chegou tão


cedo?
— Porque nos sentimos inquietos e nervosos. Minha
menina não se casa todos os dias, sabe. — Ele franziu o cenho
ainda mais quando me examinou dos pés à cabeça. — Por que
diabos você parece tão tranquilo e sereno? Você está a ponto de
se comprometer com outra pessoa pelo resto da sua vida. Tem
certeza de que compreende bem o que isso quer dizer?

— É claro que sim — Eu lhe falei, franzindo o cenho. —


Mas me comprometi com ela faz muito tempo. Hoje é apenas um
espetáculo para todos os outros.

Juli e eu tínhamos sobrevivido a muita merda juntos e


acabamos mais forte como casal. Eu nunca lhe diria isto ―Já que
ela passou o último ano planejando o dia de hoje‖. Mas este
casamento não era tão importante para mim como era continuar
o resto da minha vida com ela.

O senhor Radcliffe me observou um momento antes de


balançar a cabeça e me cumprimentar de forma amigável nas
costas. — Boa resposta, filho. Boa resposta.

E assim o tempo passou. Chegaram os convidados, a


família e os amigos encheram a Igreja. Meus dois padrinhos, Ten
e Noel se juntaram a Brandt e a mim e fomos obrigados a posar
para um monte de fotos enquanto meus irmãos mais velhos
zombavam de mim sobre como me tornei um velho casado.

Quando chegou o momento de nos alinhar na frente da


igreja, comecei a sentir a primeira pontada de nervoso. Toda a
minha família se sentou no lado do noivo: Pick Ryan, sua esposa
Eva e seus quatro filhos, o cunhado do Brandt, Mason, sua
esposa Reese, seus gêmeos Knox e Felicity e seus dois meninos
Asher e Remy, Quinn (ou como Juli ainda o chamava: Dr. me
derreta), sua esposa Zoey e seus dois filhos. Então, Caroline e
Aspen que se encontravam no fundo, à espera para ajudar seus
filhos Teagan e Beau, a caminhar pelo corredor como a menina
das flores e o portador do anel, enquanto Lucy Olivia implorava
para vir com eles.

Sorri e pisquei para a avó da Julianna, Cicely que insistiu


que a tradição de pular a vassoura fosse adicionada na
cerimônia. Ela me devolveu a piscada e eu sabia que se estivesse
perto o suficiente, ela teria beliscado meu traseiro como fazia
toda vez que eu me aproximava muito.

Sarah foi a primeira dama de honra a vir com a cadeira de


rodas pelo corredor. Eu olhei para o Brandt e tive que revirar os
olhos para o sorriso apaixonado em seu rosto. Patético. Era
impossível que eu parecesse tão idiota quando olhava para a
Juli. De maneira nenhuma.

Então Tyla e Sasha fizeram seu percurso, seguidas por


Beau e Teagan, que se divertia muito lançando pétalas sobre a
cabeça do Beau e dela, fazendo com que ele franzisse o cenho e
pedisse para que ela parasse.

Então todo mundo ficou de pé por respeito, a música


mudou e os dois zeladores abriram as portas traseiras.

Julianna apareceu na entrada, segurando o braço do seu


pai, em um vestido branco brilhante que a fazia parecer uma
princesa da Disney. Seu olhar se dirigiu ao meu e foi então que
tudo me atingiu com força total no peito.

De repente, eu entendi.
Isto era grande. Isto era para sempre. Este foi... Foi o
momento mais poderoso da minha vida.

Eu estava me casando com minha melhor amiga.

Eu me sentia honrado.

Abençoado.

Feliz.

FIM

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