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Agradecimentos.

Ao longo dos 6 meses de escrita de Anthony, aprendi muitas coisas.


Uma delas é que precisamos nos conectar com pessoas e ouvi-las
para que precisamos entendê-las de verdade. Aprendi também, que
tudo na vida tem seu tempo de início e fim.
Através de Anthony, me descobri mais sensível, mais aberta para
erros, e descobri o quão humana eu sou.
Gostaria de agradecer a todas as pessoas especiais que me
ajudaram e ficaram comigo nessa trajetória. Todos sabem de fato, o
quanto sou grata pela ajuda e feedbacks que recebi.
Todas elas sabem o quanto eu trabalhei e busquei por uma boa
história, pois além de sofrer, o Anthony também merecia ter seu final
feliz. Eu acredito no amor, e acredito no bem que ele pode fazer na
vida de uma pessoa.
Sabemos o quanto amamos os mocinhos possessivos e obsessivos,
mas isso não faz parte da nossa realidade.
Se você encontrar um desses na vida real, fuja. Pois é cilada.
Capítulo 1
Anthony Beckham
Minha mente vagava entre os últimos minutos, minhas
lembranças me condenavam pesadamente e por conta da
adrenalina o efeito das drogas talvez tenham reduzido
drasticamente em minha corrente sanguínea me fazendo pensar em
tudo o que houve a minutos atrás.
— Você não vê, Michael, que arruinou a minha vida?
Abaixei a arma ainda olhando para meu irmão que parecia
preocupado e naquele momento me senti triunfante.
— Por que você não ficou em Londres? Eu poderia ter ficado
como CEO da empresa do papai, poderia estar desfrutando de um
ótimo salário e assim não precisaríamos roubar nada das empresas,
sim, eu tive ajuda de um ótimo hacker para acessar os contratos da
sua empresa e assim modificar valores cada vez maiores, pela
primeira vez na vida, com muito esforço consegui entrar com
sociedade em uma casa noturna quando começaram a surgir as
dívidas e precisávamos dar um jeito de pagar tudo, mas graças a
você, a nossa boate está devendo milhões de dólares em drogas, e
agora não temos como pagar o que devemos.
Talvez controlando sua própria raiva Michael respondeu entre
dentes.
— Anthony, o nosso pai queria alguém que já tivesse
experiência, eu era o mais qualificado para cuidar da empresa da
nossa família.
Meu peito dói e engulo em seco com muita dificuldade quando vejo
que estou sendo levado para algum lugar, talvez, essa seja a última
viagem em vida, a última viagem para meu próprio inferno.
Sinto meu corpo todo doer, a respiração está presa na garganta e
parece que estou sendo puxado com toda força para a escuridão.
Eu sei que estou prestes a morrer, sabia que a escolha que havia
feito dias atrás, traria enormes consequências, e agora aqui deitado
na maca, todo ensanguentado, sei que não terei o perdão da minha
família.
Meu Deus, como fui cego!
Agora consigo lembrar do quanto eles tentaram me ajudar, do
quanto tentaram se aproximar, mas eu os impedia com todas as
barreiras e grosserias que existiam em mim, eu os repelia, fazia
com que mantivessem distância de mim, não tem mais volta, agora
é tarde demais.
Não tenho mais chance de escapar com vida.
Minha mente entrou em pânico quando tive certeza de que não
sairia vivo e nem mereço isso, tentando respirar mais uma vez,
começo a ter algumas lembranças dos meus pais, meu coração
passa a acelerar de uma forma que nunca havia sentido.
Meu corpo começa a convulsionar, sinto muita dor e gostaria de
dizer que não sinto o sangue fluir do meu corpo como se fosse uma
fonte, mas estaria mentindo.
Gostaria de dizer que não sinto meu corpo arder, no peito e
abdômen como se estivessem com fogo puro, pois, sei que está
ardendo por conta dos tiros que levei porque mereci e se eu
pudesse ter outra chance, usá-la ia para viver de verdade, ter uma
vida honrada onde eu pudesse olhar nos olhos de cada integrante
da minha família que magoei profundamente e dizer o quanto me
arrependo.
O arrependimento não é só uma sensação triste, ela é esmagadora
e misturada a dor física que sinto nesse momento, posso dizer que
estou a ponto de enlouquecer.
O arrependimento veio muito rápido, naquele instante em que
disparei contra meu irmão, meu peito doeu, tanto pelas balas que o
acertaram, quanto pela traição da minha parte, no fundo, eu o amo,
não queria fazer mal a ele, apesar de estar sob efeitos de drogas e
bebida alcoólica, nada justifica meus atos e por isso estou aqui,
morrendo aos poucos.
Consigo ouvir tudo ao redor, mas não consigo falar nada, sei que
tem pessoas à minha volta, mas tudo o que vejo são vultos e isso
me assusta, com a visão turva, consigo puxar o ar com muita
dificuldade uma última vez e então sou levado pela escuridão.

Sinto muito frio, estou num local silencioso e ouço apenas alguns
sons mecanizados, quando finalmente consigo ter forças para abrir
meus olhos, sinto lágrimas descerem pelo meu rosto, quando
consigo reconhecer o local em que estou, com tristeza, vejo que
estou sozinho num quarto hospitalar e então eu mergulho na
escuridão novamente, cansado, sentindo muitas dores pelo corpo,
apenas me refugiei em toda a escuridão que me engolia.
Não sei quanto tempo passou desde aquele dia.

A verdade é que tenho a sensação de que estou preso neste corpo


imóvel a muito tempo, e isso me deixa angustiado, não quero
sobreviver preso em uma cama pelo resto da minha vida de merda.

Orando a Deus, peço para que ele me leve ao invés de me deixar


vegetar, não quero continuar sendo um peso para minha família, sei
que seria egoísmo pedir uma segunda chance a Deus, mas se não
for dessa forma, estou preparado para partir.
Ouço pessoas ao meu redor, mas não consigo me mover, nem ao
menos abrir os olhos, tudo o que consigo ouvir são os sons
mecanizados e isso já faz alguns dias.
Um tempo depois, ouço vozes desconhecidas e algumas que
me fazem chorar internamente por saber que não mereciam me ver
desse jeito, por saber que o sentimento deles sempre foi verdadeiro
por mim e eu que os rejeitava.

Gostaria de levantar dessa cama e dizer a eles que me arrependo


por tudo que fiz, mas sei que não tenho essa chance e muito
menos a mereço, minha família não merece passar por tudo isso e
agora eu sei o quanto errei com eles.
O tempo na escuridão passa lentamente como se fosse uma forma
de torturar lentamente. No meu atual estado era uma tortura. É
como se me deixassem sentado sozinho em um local com paredes
brancas, totalmente consciente do que eu havia feito me deixado
somente com meus erros e pensamentos para que eu mesmo me
torturasse pelas merdas que fiz.

Acredito que dormi por muito tempo e acabei despertando quando


minha mente reconheceu uma voz feminina, doce e muito calma,
ela estava perto, sentia sua presença e energia aqui ao meu lado, e
nesse momento comecei a reunir forças para que eu conseguisse
reagir de alguma forma e assim ter a confirmação de que seria ela
de verdade.

Mas, o que ela estaria fazendo aqui?

Não queria que ela me visse desse jeito, prestes a morrer, mas aqui
está ela, trazendo sua energia limpa e pura.

A mulher que silenciosamente, preencheu minha mente a


muito tempo, com cada troca de olhar, sorriso disfarçado e jeito
meigo.

A mulher que me fez perder a cabeça completamente quando a


vi íntima do Heitan, e com as próprias palavras do cretino, disse
que ela seria sua melhor fonte de renda depois de seduzi-la.

Heitan tinha planos para todos, inclusive para a própria


Laura, mas quando me vi decepcionado pelo rumo que meu
coração havia seguido, eu enlouqueci e me droguei
exageradamente, estava decepcionado por saber que ela tinha algo
mais profundo com Heitan, e acabei fazendo todas as merdas que
hoje me trouxeram a maior consequência e sofro por isso, não
posso negar, eu mereço cada segundo desse inferno particular, foi
isso que procurei.

Aquela frase que sempre ouvi falar, realmente é verdadeira


“colhemos o que plantamos”, e estou recebendo em dobro toda a
semente do mal que plantei, sem dúvidas.

Estou preso numa cama sem conseguir agir, me mover ou


falar alguma coisa, estou condenado a viver com meus
pensamentos e lembranças me atormentando, as lembranças e
conversas que mais me atormentam são as com Heitan.
— Ela é linda, toda bobinha achando que tem a minha
atenção só para ela.
Ele me dizia com uma frieza que me incomodava, a alguns
dias eu já estava ficando irritado com esse lado do Heitan que eu
não conhecia antes.
— Você… Já transou com ela?
Perguntar isso fez meu peito arder, pensar que Marcelly divide uma
cama com um homem sujo como Heitan, me fez criar um nojo de
tudo.
Custou muito fingir indiferença quando estávamos falando da
Marcelly.

Negando com um gesto, Heitan se acomodou em sua cadeira e


virou o copo de whisky de uma só vez e disse.

— Não, ainda não, mas sei que ela quer, está se fazendo de
difícil, mas no fundo, me quer.
Ele sorriu diabolicamente e continuou:
— Ela não sabe o que a aguarda depois que estiver apegada
a mim...
De repente, consegui apenas ouvir a sua voz trêmula e muito triste,
seus dedos tocaram os meus e consegui sentir o calor do seu
toque, me trazendo um certo conforto que eu não esperava sentir,
acho que nem mereço sentir essa sensação tão pura de paz que
Marcelly me transmite, ela me transmitia uma sensação tão boa em
todas as vezes que estávamos no mesmo lugar, bastava apenas
trocar um olhar de 5 segundos e tudo já melhorava.
— Eu sinto muito, Anthony, queria ter tido a chance e a coragem
para falar tudo…
Ela soluçou e apertou minha mão, seu toque delicado me fez sentir
vontade de levantar-me dessa cama, de reagir para viver, mas
então, ela parou de falar e um tempo depois, ouvi passos ecoando
pelo piso e então percebi que estou sozinho novamente.

Internamente me debato desesperado, querendo sentir aquele calor


que me trouxe paz por alguns segundos.
Queria que ela ficasse mais, mas eu não posso pedir algo tão
egoísta, não tenho o direito de querer e não posso desejar viver
algo que me parecesse ser o certo, tudo porque eu fiz a escolha
errada, tudo porque estou colhendo exatamente o que plantei.
É muito egoísmo, desejar voltar no tempo para fazer as escolhas
certas e conquistar Marcelly para viver aquela paz que ela
transmite?
Marcelly foi a garota certa no meu momento mais errado. Uma
garota inocente que foi trazida para o mundo fodido em que eu
entrei de cabeça por vontade própria, tudo porque queria ser igual
ou melhor que meu irmão. O que eu não sabia, é que tudo tem um
preço, meu irmão se dedicou, estudou, trabalhou e batalhou muito
por tudo o que tem hoje.

E eu, sou um ex-universitário, com um coração maltratado, e que


conforme os anos foram passando, pensava que era excluído por
todos, quando na verdade, eu criei uma bolha malditamente egoísta
ao meu redor, pensando que o mundo girava em torno de mim, um
egocêntrico infeliz… Que foi capaz de arruinar a própria vida.
A mulher que pensei amar, me maltratou de uma forma que nunca
fui capaz de esquecer e a verdade é que não fiz questão de
esquecer, com meu ego ferido e pensamentos infantis, preferi viver
daquela forma, desejando levar aquele rancor para o resto da vida,
preferi viver a minha vida do jeito mais egoísta e egocêntrico do
mundo, usando meu passado como desculpa para tomar as
atitudes e escolhas erradas que eu fazia.

Tão infantil e egocêntrico, como se as pessoas devessem me


notar, como se elas devessem me parabenizar pelas coisas que eu
conquistei, a verdade é que eu vivi errado, vivi enganado por mim
mesmo.

Se comparar a dor que sinto em meu corpo travado nessa cama,


não sei a quanto tempo estou assim, se faz dias, semanas ou
meses que eu esteja nesse hospital, despertei quando ouvi vozes
ao meu redor, e depois de muito esforço finalmente consegui abrir
meus olhos, através das vistas embaçadas, consegui reconhecer
minha mãe, que estava próxima de mim, e quando me viu acordar,
logo pegou em minhas mãos.
— Meu filho…

Ouvi a mamãe murmurar, enquanto meu pai apareceu junto dela


logo em seguida, ambos estavam com os olhos lacrimejados, e
engolindo em seco, eu tentei falar, mas o que saiu foi quase
inaudível e então meu irmão apareceu com um copo d'água e
entregou a minha mãe.

No instante em que vi meu irmão, algo despertou em meu peito e de


repente me vejo desesperado, quase perturbado pelas memórias
que vieram à tona, e quando Michael fez menção de se afastar, eu
juntei todas as minhas forças e consegui alcançar sua mão, num
pedido para que ele ficasse quase implorando.

Surpreso, Michael recuou alguns passos para trás depois que eu o


impedi de se afastar.

— Irmão…

Balbuciei com dificuldades, Michael engoliu em seco e afastou sua


mão de mim, e nesse instante senti que nunca mais teria meu irmão
de volta, mas eu sabia, que a reação dele foi resultado de tudo que
causei.

— Michael, olhe…

Engoli em seco após minha voz falhar, e minha mãe entregou o


copo d'água em minhas mãos, e bebi devagar até a última gota,
dependendo daquele líquido para que eu pudesse enfim pedir
perdão ao meu irmão.

— Me escute, por favor.

Cocei a garganta após implorar pela atenção de Michael, que se


colocando de frente para mim, me olhou como se eu fosse o ser
mais desprezível do mundo, eu aceito isso, pois eu atirei em meu
próprio irmão, eu realmente quase acabei com a família dele, então
eu aceito toda a rejeição que venha dele, mas ao menos preciso
ouvir a rejeição sair de sua boca, pois não posso ficar nas sombras
apenas achando que ele iria me rejeitar ou me aceitar de volta.

— Não posso apagar o que fiz, mas posso tentar ser melhor
daqui em diante. Por favor!
Implorei, me esforçando ao máximo para sentar-me na cama,
alcançando mais uma vez a mão do meu irmão, que quando a
apertei, ele não se afastou, ao menos isso.

— Me dê mais uma chance, Michael, me perdoe, e eu juro


que vou fazer por merecer.

Murmurei sentindo minha garganta arder, naquele instante, existia


somente eu e meu irmão dentro do quarto. Minha atenção estava
somente no meu irmão mais velho, o cara que eu quase acabei com
a vida.

— Me perdoe!

Meu irmão naquele instante, me olhou friamente, o olhar que antes


era de desprezo, se tornou uma mistura de dor e raiva, e puxando
sua mão bruscamente, ele disse enquanto se afastava.

— Não sei se devo perdoá-lo, Anthony, depois de toda essa


porra que você fez e ainda apoiou, quase custou a minha vida e a
minha família.

Ele virou de costas para mim, e olhou para cima, e continuou.

— Eu preciso de um tempo para pensar se você merece meu


perdão.
Dessa forma, meu irmão saiu andando, sem olhar no meu rosto de
novo. Sem se despedir.

Capítulo 2
Michael Beckham
Não tenho como escapar da dor que senti ao me afastar do meu
irmão daquele jeito, mas se não fosse pela Yven, ou pelo meu
próprio casamento a alguns meses atrás, sem dúvida, eu estaria
sofrendo muito até hoje.

Sempre que eu ficava sozinho, ficava pensando no que motivou


meu irmão a fazer aquilo comigo, com a família que eu estava
ganhando e até mesmo com os nossos pais.

Não posso dizer que não me sinto traído por ele, mas estou muito
aliviado que sua recuperação tenha sido positiva apesar de quase
morrer.

Foi muito difícil dizer a ele que preciso de um tempo para perdoá-lo,
pois só pelo fato de vê-lo respirando, para mim já é uma grande
bênção, mas com certeza aqueles dias terríveis irão passar em
minhas memórias por um tempo e não sei se isso quer dizer que eu
não o perdoei realmente, em minhas lembranças, tudo volta como
uma neblina dolorosa.

Gregori me ligando desesperado.

Eu e a Yven tentando escapar por entre os corredores.

Yven segurando em minha camisa antes do tiro.

O meu desespero quando falei que a amava.

Entrei na Suv sentindo lágrimas em meus olhos, aquelas


lembranças ainda me abalam profundamente e secando os
vestígios, entrei no carro e consegui respirar fundo.

— Falou com ele?


Levantei meu rosto e vi Gregori perguntar através do retrovisor, e
confirmando, murmurei:

— Falei, mas não foi o suficiente.

E confirmando com um gesto, Gregori responde.

— Tudo isso vai passar, rapaz, fique tranquilo.

Eu confirmei com um aceno, enquanto olhava nosso carro se


afastar do hospital, do meu irmão.

Lembro-me dos dias em que Yven esteve ao meu lado depois que
nos casamos, nos momentos em que minhas lembranças me
atormentavam com todas as forças, no momento em que eu
lembrava exatamente quando pensei que fosse morrer nos braços
da mulher que amo.

Sem dúvida, se não fosse pelo seu apoio, paciência e carinho, com
certeza não estaria como estou hoje, psicologicamente.

Logo que cheguei em casa, fui recepcionado pela minha linda


esposa, com um largo sorriso em seu rosto, ela me abraçou e me
deu um beijo, enquanto a envolvi em meus braços e a puxei para
mim, enfiando meu rosto entre seu pescoço e cabelos.

— Amor.

Ela murmurou quando demorei mais tempo que o normal naquela


posição.

— Como foi?
Eu soltei um suspiro, sentindo que com ela eu poderia me abrir
totalmente, sabendo que ela não me julgaria.

— Ele pediu perdão.

Me puxando para o sofá, Yven se acomodou ao meu lado e segurou


em minha mão.

— E como foi? O que você sentiu?

Eu abaixei meu rosto para minhas mãos e respondi.

— Não fiz o certo, mas fiz o que eu achei necessário naquele


momento.

Confirmando com a cabeça, Yven se aproxima de mim, levanta meu


rosto em sua direção e responde.

— Eu não sei como é ter um irmão, mas eu sei que pelo amor
que une você e sua família, com certeza tudo isso será deixado
para trás, espere um tempo.

Eu confirmei com a cabeça e puxei minha esposa para meus braços


e a abracei, grato por tê-la em minha vida, Yven havia se tornado
tão necessária para mim, como se fosse meu ar e saber que tenho
seu apoio, torna tudo mais fácil.

Capítulo 3
Marcelly Benett
Desde a minha última visita ao hospital há um mês, não consigo
parar de pensar no Anthony, aquele bandido, que estava envolvido
com tantas merdas, está muito mal.

Quando cheguei lá, ele estava adormecido, e parecia imóvel a


muito tempo, seu cabelo estava desalinhado, o rosto estava pálido,
seus lábios ressecados e sem aquela cor rosada que tinha sempre
que ia falar alguma porcaria.

Mesmo que só saísse porcarias de sua boca, eu ainda gostava de


ouvi-lo, me sentia bem quando ele estava por perto.
Foi estranho vê-lo deitado numa cama hospitalar.
Tão vulnerável…
Ao lembrar dos sorrisos sarcásticos rotineiros que apareciam
em seu rosto, seu sorriso branquíssimo com dentes alinhados e
perfeitos, um belo sorriso, posso dizer, aquele sorriso que faz você
lembrar da sua primeira paixonite adolescente, convidativo, uma
sensação boa e mágica de querer apenas ficar ao lado daquela
pessoa, mesmo falando besteiras, ele é o tipo de pessoa que faz
você se sentir bem e a vontade em qualquer ambiente que esteja.
Através da sua roupa de hospital, pude ver tatuagens nos
dois antebraços, senti um misto de curiosidade me dominar,
querendo conhecer aquelas tatuagens, querendo saber se tem mais
espalhadas pelo corpo e olhando-o atentamente, senti meu peito
apertar, sabendo que eu poderia ter poupado tanto sofrimento.

Óbvio que ele se afundou desse jeito porque preferiu assim,


a sua beleza enganou muito, ele sabia onde estava pisando, ele
sabia sobre os riscos, mas eu sabia qual momento tudo aquilo iria
acabar, e não o avisei, em parte, eu também tenho culpa.
Quando lembro que eu e Anthony estávamos criando uma
certa ligação, algo mais íntimo, meu peito arde, nunca foi através de
palavras, e sim troca de olhares, ele sabia quando eu precisava de
alguém comigo e eu sabia quando ele precisava, estávamos nos
conhecendo assim, sem conversar.

Eu e Anthony estávamos criando uma conexão firme assim


como eu estava fingindo ter com o Heitan...
— Celly?

Yven estava chamando a minha atenção, jogando um


guardanapo em minha direção como sempre fazíamos e voltando
para o momento, eu a olhei e sorrindo murmurei.
— Desculpe, estava pensando no…
Ela me interrompeu e murmurou, cabisbaixa.
— No meu cunhado, não é?
Eu confirmei e ela soltou um suspiro alto e respondeu com
uma expressão neutra em seu rosto.
— Ele está apresentando melhoras, meus sogros vão levá-lo
para a Itália, ele vai ficar sob os cuidados de alguns parentes, por
lá, até se recuperar bem.
Mordendo o lábio, perguntei a ela, extremamente curiosa.
— Sabe quando ele vai?
Ela fez um gesto com a cabeça e respondeu depois de beber
seu suco de laranja.
— Não sabemos a data, na verdade tudo depende da
liberação médica.
Posso dizer que depois daquela informação, algo ficou
inquieto em mim, gostaria de vê-lo mais uma vez antes de ele ir
para a Itália.
Eu consegui resolver minha situação com a Yven, pela ajuda
do Gregori e do Michael, houve o casamento da minha melhor
amiga na Grécia, tudo foi maravilhoso e mesmo assim, eu ainda
pensava na situação de Anthony, não posso ignorar o que eu e
Anthony estávamos tendo, mesmo que não fosse um
relacionamento, ainda assim, existia algo e me sinto em parte,
culpada pela atual situação dele, e peço a Deus, que ele tenha a
chance de sobreviver a tudo isso e recomeçar sua vida, pois do
jeito bandido que ele vivia, com certeza traria mais problemas.

1 ano depois
Estou saindo do meu prédio apressadamente.
Preciso chegar até a minha agência onde trabalho como
agente para receber a minha nova missão, soube por alto, que devo
estar na Alemanha dentro de 2 semanas para me infiltrar num
grupo que está fazendo uso indevido de drogas ilícitas, na verdade
querem saber como as drogas estão entrando na universidade.

Assim que cheguei ao meu departamento, o meu chefe


Jeremy, logo acena para eu acompanhá-lo, meu chefe está prestes
a se aposentar, próximo de seus 62 anos, ele esbanja inteligência e
muita experiência no ramo, não é à toa que me espelho
completamente nele, sem falar no carinho que temos um com o
outro.
— Querida, essa é sua missão. Ele me entrega uma pasta
de arquivo preta e de imediato a abro, vendo seu conteúdo.
— Você irá averiguar como essas drogas são infiltradas nos
locais, vai entrar como uma aluna da universidade local.
Eu confirmei com um gesto, fechei a pasta e respondi.
— Eu vou me preparar para a viagem então, permissão para
partir, senhor.
Jeremy confirma e responde.
— Permissão concedida.
E assim, saí do prédio o mais rápido possível, desejando
meu sofá e a Netflix, pois depois que eu começar a treinar para
essa nova missão, não vou conseguir ter tempo para mais nada.
Sempre me dediquei 80% para meus treinos antes de uma
nova missão, o restante eu prefiro descansar, e com essa estratégia
estou tendo muito êxito, pois aumentou muito a busca pelo meu
serviço.
Enquanto atravessava a rua, através da faixa de pedestres
lotada, às 10 horas da manhã, coloquei minha pasta dentro da
bolsa, onde é mais seguro e continuei andando, até que trombei em
alguém grande, fechei os olhos ao sentir o impacto, mas de repente
um perfume masculino invade minhas narinas, me fazendo sentir
um frio na barriga
— Uou… me desculpe.

Murmurei sem olhar para a pessoa, que já estava segurando


meus pulsos para me manter em pé, e quando meus olhos foram
automaticamente para suas mãos firmes em mim, ali no antebraço,
vi tatuagens que não me eram estranhas e de imediato senti meu
estômago remexer.
Engolindo em seco, subi meus olhos e perdi a coordenação
motora quando vi quem estava à minha frente.
— Marcelly?
Ele murmurou com um sorriso no rosto quando me
reconheceu, seus dentes brancos e alinhados apareceram,
arrancando um sorriso involuntário de mim e por um momento, até
esqueci que poderia falar.
— Anthony… Você…
Ele então me soltou e se colocou de frente para mim, nesse
instante, pude ver o quanto ele estava diferente, aparentemente.
Meu coração acelerou com a visão que eu tinha a minha
frente.
Seu rosto estava mais másculo, sua pele bronzeada, seu
queixo mais anguloso, seus lábios estavam rosados como antes, e
pareciam mais hidratados, me fazendo concentrar um pouco mais
minha atenção naquela parte, seus braços estavam mais
musculosos sob a camisa polo preta, deixando seus ombros largos
a mostra, junto de sua calça social na mesma cor e sapatos Gucci,
em seu pescoço, brilhava um cordão prateado, que me fez soltar
um suspiro.
Ah, merda!
A verdade é que ele estava parecendo um modelo de capa
de revista e algo se rebelou dentro de mim, de uma forma que foi
difícil ignorar, mas tentando voltar ao foco, engoli em seco quando o
ouvi perguntar.
— Como você está? Soube que Heitan está preso, você…
está com ele?
Nesse momento, senti um calafrio percorrer minha espinha
ao lembrar daquele homem asqueroso, depois que Heitan foi preso,
dei depoimentos de tudo o que eu vi e descobri sobre suas
tramoias, e por isso ele está preso até hoje, ele fez muita merda, e
estava envolvido com vários delitos e crimes pesados.
— Eu… na verdade, não.

Os olhos de Anthony brilharam por algum motivo


desconhecido, e eu enfiei a mão no bolso do meu Jeans nervosa
por estar de frente com Anthony depois de tanto tempo e ele então
continuou a falar, me chamando total atenção.
— Vou ficar esse mês em New York poderíamos tomar um
café ou sair para jantar um dia desses.
Ele levantou a mão e disse, sorrindo.
— Sem forçar a barra, queria saber o que aconteceu depois
da minha quase partida.
Eu sorri com sua brincadeira.
Ao lembrar que uma semana depois que Yven disse que ele
iria para Itália, fui ao hospital vê-lo e me informaram que ele já havia
sido liberado a 2 dias, presumi que ele já havia ido para Itália e
depois daquilo, nunca mais procurei saber dele.
— Podemos marcar sim, me dê seu telefone.
Estendi a mão para ele me entregar seu aparelho, Anthony
semicerrou os olhos em minha direção e sorriu, entregando seu
aparelho e enquanto digitava o número, murmurei numa
provocação.
— Não se preocupe, não vou xeretar seus contatinhos.
Gargalhando, Anthony respondeu tranquilamente, enfiando
sua mão no bolso de uma forma bem casual, mas que me fez
apreciá-lo mais do que deveria, meus sinais de alerta estavam
todos apontando Anthony como um perigo deliciosamente
desconhecido.
— Fique à vontade, vai encontrar somente coisas sobre
trabalho.
Eu arqueei uma sobrancelha em sua direção, e murmurei.
— Nossa, que ocupado!
Comecei a rir, quando salvei meu contato e Anthony me deu
um sorriso de lado e respondeu.
— Você se surpreenderia.
Engolindo um sorrisinho bobo que ameaçava surgir em meus
lábios, devolvi o celular e murmurei.
— Só me ligar.
Olhando-o nos olhos, vi que Anthony também estava me
analisando demais e vi que ainda tínhamos aquela mesma
conexão, mesmo depois de muito tempo e sorrindo, ele confirmou
com uma mordida nos lábios e disse.
— Obrigado, agora… Ele olhou para a estrada, abaixou a
cabeça e parou alguns segundos como se estivesse pensando em
algo, mas depois me encarou e disse: — Preciso ir, até mais.
Ele saiu andando, me deixando com o coração acelerado de
uma forma que nunca aconteceu, na verdade, só ele me deixa num
estado diferente, não sei explicar.
Enquanto vejo ele se afastar, me vejo perdida em minhas
próprias conclusões, ele realmente parece diferente, mais saudável,
mais maduro, mais bonito.
Deus, o que é isso?
Porque eu tenho que ter quedas por homens bandidos. Por
quê?
Saí andando para o lado oposto de Anthony, sentindo meu
peito apertar, sabendo que todo tipo de atração que existe por um
homem que vive de um jeito errado, acaba em problemas.
Essas coisas me atraem de um jeito fora do normal,
literalmente o proibido parece ser mais gostoso.
E me repreendendo, tento afastar todos os pensamentos que
envolvem Anthony, pois não posso viver o que minha mãe viveu,
com certeza, me relacionar com alguém como ele, é como pedir
para relembrar o passado, e não posso sofrer o que ela sofreu.
Me nego a reviver tudo aquilo novamente.

Capítulo 4
Anthony Beckham
Depois que recebi uma segunda chance de viver, eu apenas
agradeci a Deus, e na verdade agradeço até hoje, sabe aquela
pessoa que fica muito tempo sem beber água?! Eu fiquei nesse
estado quando saí do hospital.

Eufórico para viver de verdade, após me recuperar 100%.

Pela primeira vez na vida, senti vontade de fazer uma


academia, de praticar esportes, de experimentar culinárias
diferentes, de viajar, de trabalhar, de estudar e finalmente fazer tudo
diferente do que eu fazia antes, isso inclui os serviços comunitários
que irei prestar por tempo indeterminado, para pagar pelos atos de
cumplicidade com Heitan e Laura.

Tudo isso, estava sendo uma novidade para mim, e posso


dizer que para minha família também, apesar de não falar com eles
desde que vim para cá, sei que às vezes meu tio mantém contato
com eles.

Apesar de não tocar no assunto, meu tio disse que eles


perguntam se estou fazendo coisas novas e cumprindo o que foi
decretado, e ele concorda, mas nunca em detalhes, pois segundo
ele, são coisas que eu mesmo deveria contar pessoalmente quando
chegar a hora.

Fiquei na casa do irmão da minha mãe até me recuperar


totalmente, particularmente, ele é meu tio preferido, apesar de ser
único por parte de mãe, e ele me ajudou muito no processo
disciplinar, mas confesso, foi muito difícil.

Depois da minha alta hospitalar em New York, meus pais me


mandaram para a Itália, meu tio, apesar de ser rico, vive uma vida
bem modesta, mas, apesar de ser longe do que eu vivia e queria,
eu acabei me acostumando e gostando muito do seu estilo de vida,
através dele, acabei conhecendo pessoas incríveis, e fiz muitos
contatos de trabalho, em parte, a minha mudança devo ao Charlie.

Preparar minha própria comida, lavar minhas roupas,


arrumar a casa, resolver problemas do cotidiano, cumprir com
obrigações, com meu tio aprendi coisas em um ano que talvez não
aprenderia em uma vida inteira se fosse da forma que vivia antes, e
principalmente, aprendi a valorizar tudo o que eu tenho.

Fui escalado para prestar dois serviços comunitários por


semana, um deles era em um abrigo para crianças e adolescentes,
lá, eu aprendi a cuidar e interagir com elas, ensinando, brincando e
até mesmo dando algumas broncas quando necessário, as vezes
faço alguns trabalhos como lixar e pintar algumas paredes com
mofos, troco alguns vidros quebrados, entre outros serviços braçais
nos quais me sinto apto a fazer.

O outro serviço que estou prestando é reforma em colégios e


praças de bairros, onde faço pinturas e reformas em geral, apesar
de ser cansativo e 100% braçal, me sinto muito útil, pois estou
usando 70% do meu dia para fazer coisas diferentes e que sejam
úteis para mim e outras pessoas. Apesar de ser algo bom, no início
me cansava muito, assim, meu tio logo me deu uma aula sobre
hábitos saudáveis novamente, a importância da alimentação,
equilíbrio emocional, psicológico e físico, então a partir disso fui
criando novos hábitos saudáveis.

Meu tio Charlie, é um homem beirando aos 56 anos, e está


em excelente forma física, o acompanhei algumas vezes em alguns
treinos em sua academia, acabei me interessando e a partir disso,
comecei a treinar pesado e não parei mais.
Óbvio, sofri muito com as dores musculares, mas meu tio me
instruiu desde o início, dizendo que a dor, a mudança, tudo isso
fazia parte do processo.

E mesmo sentindo dores musculares, continuei meu


trabalho, e não faltei um dia sequer.
Me vejo gostar, diariamente, do sorriso de cada criança que
me recebe com um abraço, e isso não tem preço, conforme fui
pegando o gosto pelo equilíbrio diário e rotina, comecei a focar
ainda mais em meus horários, e hoje consigo conciliar minha rotina.

Depois que comecei a malhar pesado, também comecei a


praticar Muay Thai e voltei a cursar medicina, que sempre foi meu
desejo.
Hoje estou na quinta fase, pois eu já havia começado esse
mesmo curso a muito tempo e minhas notas eram muito boas,
entretanto muitas coisas ruins cooperaram para que eu largasse
tudo, mas mesmo retornando muito tempo depois, não me culpo,
pois não tenho pressa e me orgulho por ter retornado a fazer algo
tão importante para mim.

Diariamente acordo às 5 horas da manhã, faço meus treinos,


estudo, vou para a faculdade e depois para o serviço comunitário e
quando não estou no serviço comunitário, estou no estúdio
fotográfico.

Me tornei modelo depois de uma olheira me abordar em um


evento onde compareci com meu tio e a partir disso tudo passou a
melhorar.
Atualmente estou exclusivo de uma marca italiana muito
conhecida, e quem diria, eu, posando para capas de revistas de
moda masculina.

Estou ganhando reconhecimento pelos meus trabalhos,


inclusive por meu porte físico ter se destacado no mercado da
moda e mais uma vez eu penso “Quem diria que eu teria um
tanquinho definido”.

Soltei uma gargalhada, sozinho, ao pensar nisso, enquanto


lavava a louça do meu almoço no apartamento em que aluguei com
meu próprio salário.

Me sinto grato pelas minhas novas escolhas, minha vida se


tornou saudável, na verdade, muito digna, cheguei ao patamar que
tanto queria, finalmente vi o quanto é maravilhoso me esforçar para
conquistar tudo por mérito próprio, estou sendo útil à sociedade,
apesar de estar cumprindo uma pena por delitos que perante a
sociedade podem ser esquecidos, mas que me marcaram
profundamente, mas ainda assim, me sinto mais vivo do que nunca.
Realmente consigo entender a sede que meu irmão tinha
quando decidiu que iria mudar sua vida depois que descobriu as
traições da Laura quando ainda estavam juntos, hoje eu sinto a
mesma determinação e sou muito feliz por me espelhar nele, e com
base na minha força de vontade, consegui alugar um apartamento
perto do meu tio, onde consigo ir a qualquer lugar pois fica no
centro de tudo.

Há um ano, se me dissessem que eu teria oportunidade de


trabalhar como modelo, voltar a estudar, cuidar da minha casa,
preparar a minha própria refeição e ainda trabalhar com crianças,
com certeza ir riria até chorar, pois, achava ridículo a ideia.

Lembro das vezes em que eu ficava deitado no sofá da


minha mãe comendo chips, sempre com preguiça, sempre cansado
das farras, cansado das horas de vadiagem, daquela vida miserável
e sem propósito que eu estava levando, na verdade, acomodado,
para mudar uma rotina que eu possuía a muito tempo.

Hoje, sou um homem bem caseiro, acho normal a vida que


estou levando, estou me sustentando, sustentando minha casa e
vivo muito bem sem o dinheiro dos meus pais.

Em pensar nos meus pais, me dei conta da falta que sinto


deles, vai fazer um ano que vim para a Itália, onde me desliguei de
tudo e de todos, isso funcionou como uma limpeza mental,
mostrando de verdade quem era importante, quem realmente se
preocupava comigo.

Quando cumprir um ano de trabalho comunitário, o juiz


decidirá se mereço ser liberado ou se devo prosseguir, e apesar de
adiar alguns compromissos, não iria achar ruim se tivesse que
continuar cuidando das crianças, mas a decisão não cabe a mim,
por isso, fico apenas aguardando o advogado entrar em contato
comigo.

Pretendo retornar a New York para resolver algumas coisas


pendentes, depois tenho que voltar para cá para continuar
estudando e esse período perto da minha família irá me fazer bem,
na medida do possível, depois que recebi a notícia que estaria livre,
provisoriamente, do cumprimento dos serviços comunitários,
comecei a me preparar para minha viagem de retorno, depois de 1
ano fora.

Assim que cheguei em New York um mês depois, logo me


senti familiarizado com o ambiente, o dia estava abafado e
ensolarado, na primavera, atravessando a rua no mar de pessoas,
fiquei deslumbrado com a beleza da minha cidade, muito animado
por estar de volta e em uma nova versão minha.

Estava indo me encontrar com a assessora de uma nova


marca que quer ter um contrato de divulgação comigo, quando
esbarrei em alguém que batia abaixo dos meus ombros.

Meu reflexo fez com que eu agisse rapidamente, e assim


segurei a pessoa pelos braços para impedir uma queda, mas
quando meus olhos a reconheceram, fiquei surpreso e meu coração
logo acelerou, trazendo à tona, todas as memórias que eram
relacionadas a ela, me fazendo desejar tocar aquela pele
novamente, e conversar com ela sobre tudo que viesse a cabeça.

Posso dizer que depois que Marcelly aceitou se encontrar


comigo para uma conversa amigável, não prestei atenção em nada
mais que aconteceu depois.

Também não lembro de quase nada da conversa com a


Donatella, representante da marca que me quer como garoto
propaganda, no entanto, ela ficou de me repassar tudo por e-mail,
então, acho que vai dar tudo certo e assim mais um trabalho será
meu, dessa vez em New York.

Agora, seguindo para a casa dos meus pais, me vejo ansioso


pelo reencontro, não sei como será, estou com medo de eles
estarem melhor sem mim, o que provavelmente aconteceu, e não
posso culpá-los por isso, mas ainda assim, estou sentindo um
receio grande.

Respirando fundo, toquei a campainha e aguardei ansioso,


quando a porta foi aberta rapidamente pelo meu pai.

A primeira reação dele, foi apertar os olhos para mim, como


se não acreditasse no que estava vendo bem a sua frente, longos
segundos se passaram enquanto ele ficava em silêncio apenas me
olhando, confesso que em minha mente, poderia acontecer várias
situações, com diferentes reações e a maioria delas envolviam eu
sendo expulso de casa, mas então vi surgir um sorriso em seu rosto
e seus olhos brilharam, me fazendo sentir um alívio por ver sua
reação.

— Meu filho!

Ele se aproximou e me tomou em um abraço apertado, um


típico abraço entre pai e filho que eu sempre evitei, e que hoje sei
que precisava, sei o quão valioso é.

— Como sentimos sua falta, Anthony!


Meu pai murmurou com um tom de voz emocionado e então
gritou, já se afastando um pouco.
— Karyl, amor, venha ver quem está aqui.

Eu soltei meu pai somente quando minha mãe apareceu na


porta, e pela primeira vez na minha vida adulta, vi o quão linda
minha mãe é.
Porra, como pude ser tão cego durante tanto tempo.

— Meu… filho.

Ela murmurou, seus lábios tremeram quando desceu uma


lágrima em seu rosto, se aproximou rapidamente e me abraçou,
enlaçando seus braços na minha cintura, vejo que minha mãe é
baixinha, sua altura é abaixo dos meus ombros e eu a aperto em
meus braços tomando cuidado para não apertá-la demais e
murmuro me sentindo bem recebido.

— Oi, mãe.

Fechei meus olhos apenas aproveitando a sensação de ter


minha mãe em meus braços, aspirando o ar, senti seu cheiro doce
e feminino e logo me familiarizo com sua presença.

Eu precisava desse contato com meus pais a muito tempo, e


não sabia o quanto, queria ter mudado antes, mas tudo o que
passei, trouxe o novo homem que sou agora, o homem que valoriza
tudo o que tem e que faz, apesar de fazer pouco tempo, sei que
tenho muito a mudar ainda, e estou totalmente disposto a melhorar.

Depois de todo o abraço, fomos para a sala de visitas,


quando meu pai apareceu, guardando seu celular no bolso.

— Já liguei para Michael, ele está vindo para cá, agora


mesmo.
Eu o encarei surpreso e perguntei incrédulo e sentindo um
misto de ansiedade e medo se misturar em meu estômago.

— Sério?
Olhei a hora em meu relógio e vi que meu irmão ainda
deveria estar trabalhando, quando meu pai respondeu.

— Mas é claro! ele ficou muito feliz em saber que você está
de volta, filho.

Apesar de duvidar que meu irmão estaria vindo me ver, ainda


assim me senti nervoso e até mesmo tenso, apenas em imaginar
ser rejeitado novamente, mas voltando para o comentário do meu
pai, eu suspirei e respondi em seguida.

— Então, sobre meu retorno…

Minha mãe interrompeu, entrando com uma bandeja repleta


de guloseimas, e sorriu ao se acomodar ao meu lado.

— Você está tão lindo, meu filho, essa viagem fez muito bem
a você.
Eu sorri e acariciei a mão da minha mãe, depois que ela
depositou a bandeja em cima da mesa de centro, e respondi.

— Eu me sinto uma nova pessoa, ter ficado 1 ano com meu


tio me fez valorizar cada pequena coisa.

Meus pais confirmaram e eu continuei.

— Atualmente estou fazendo alguns trabalhos, sou


agenciado por uma marca exclusiva na Itália, e irei ficar lá por um
tempo.

Meus pais me analisaram em silêncio, e então continuei a


explicar o que estava fazendo na Itália.

— Voltei para a faculdade de medicina, e em 2 anos eu me


formo.
Minha mãe sorriu e me abraçou, enquanto recepcionava a
minha mãe da melhor forma, meu pai perguntou:

— É verdade isso?

Eu confirmei com um gesto, meu pai sorriu muito satisfeito,


sei que está surpreso comigo e, satisfeito com a reação de ambos,
me senti aliviado, segundos depois, ouvimos algumas batidas na
porta, minha mãe se levantou para atender e eu continuei a falar
com meu pai.
— Vou ficar na cidade por 1 mês, estou de férias da
faculdade e preferi…

De repente vejo uma figura alta entrar pela porta, minha mãe
vem logo atrás, Michael passou pela porta a passos largos, com
uma expressão tensa em seu rosto.

Seus olhos me encontram e novamente as lembranças do


que eu fiz me atingiram em cheio e meus olhos lacrimejaram, não
tenho como fugir, eu tenho que pedir perdão ao meu irmão
novamente, preciso tentar, preciso tirar essa dor insuportável que
levo comigo por conta das merdas que fiz.

À medida que Michael se aproximava, um medo irracional


me dominou e automaticamente enrijeci o corpo temendo o que iria
acontecer quando ele se colocasse à minha frente.
— Anthony.

Michael murmurou na porta, a alguns metros de onde eu e


meu pai estávamos e eu logo fiquei de pé e o encarei atento a
qualquer coisa que poderia vir em seguida, pois sua voz não
denunciou nada. Não havia raiva, muito menos preocupação.

— Michael.
Nesse instante, ele se aproximou de mim rapidamente,
internamente, me vejo com medo de sua reação, mas me pegando
totalmente de surpresa, ele me abraçou, não sei explicar a
sensação, mas senti um conforto tão grande em ser abraçado por
ele, que eu o apertei em meus braços com vontade, e senti
lágrimas embaçando minha visão, então Michael falou já
emocionado:

— Cara, eu…

Eu neguei com a cabeça e me afastando, murmurei com a


voz embargada, sentindo uma emoção fora do normal.

— Preciso pedir perdão a você, Michael, eu tenho tantas


coisas para contar.

Michael secou as lágrimas que desceram pelo seu rosto e


disse:

— Não precisa pedir perdão Anthony, está tudo bem.

Eu neguei com a cabeça e falei sentindo aquela mesma dor


no peito por ter traído meu próprio irmão.

— Não, Michael, eu desejei a morte tantas vezes enquanto


estive naquele hospital, por saber que fiz todos sofrerem, me
arrependo tanto de todo o mal que fiz a vocês, a nós…
Ele me abraçou mais uma vez e então murmura com um
sorriso nos lábios.

— Estou muito orgulhoso de você, irmão, por saber que você


está vivendo uma vida digna, como um homem de verdade.

Eu o abracei forte e então ouvimos meu pai falar.


— Vamos deixar vocês conversarem.

E observamos meus pais saírem da sala e então Michael


fala.

— Eu só vou avisar a Yven que estou aqui, e depois quero


saber tudo o que você está fazendo, como você está, com o que
está trabalhando.

Ele sorriu e eu confirmei com a cabeça e observei Michael se


afastar e fazer sua ligação, me sentindo um pouco nervoso por
esse momento, pois sinceramente, não esperava que seria assim
tão rápido e muito menos que Michael ia me recepcionar dessa
forma, apesar de levar um ano para que conversássemos
novamente, está sendo muito melhor do que esperei.

A verdade é que eu estava esperando levar uma surra do


meu irmão, se comparado ao tempo que ele treina e até mesmo o
seu porte físico, eu apanharia e muito, até porque, eu fiz por
merecer, e ainda estou esperando uma surra a qualquer momento.

Seria uma surra merecida? Com certeza! Perderia alguns


trabalhos? Também, mas de qualquer forma, eu estava disposto a
pagar pelas coisas que fiz, mas, se tem algo que aprendi com meu
irmão, é que não se paga mal com mal, e Michael é um verdadeiro
homem de valor, por isso e outros motivos.

Depois de quase 2 horas conversando, falei tudo ao meu


irmão, ele me contou tudo o que perdi desde que fui hospitalizado e
porra, perdi muita coisa, hoje sei que Michael está casado e que eu
sou tio de um garotão de quase 2 anos.

Enquanto Michael falava, fiquei perdido em pensamentos ao


lembrar que eu fui uma das razões que afastou Yven do Michael,
quase arruinamos o relacionamento dos dois um tempo atrás, mas
afastando aqueles pensamentos, foquei apenas no momento com
meu irmão.

Estávamos um de frente para o outro, acomodados nas


poltronas, em uma conversa descontraída.

— Você então virou modelo de moda masculina?

Michael falou arqueando a sobrancelha e sorrindo, e eu


confirmei e respondi.

— Quem diria, não é? sou muito grato a esse trabalho, estou


me virando sozinho em tudo, pago tudo com meu dinheiro, a 1 ano
não uso o que nossos pais depositam.

Michael confirma com um gesto e diz depois de tomar a


bebida que segurava em sua mão.

— Eu sei disso.

Eu franzi a testa em dúvida e perguntei enquanto comia


algumas guloseimas que minha mãe havia trazido na bandeja mais
cedo.

— Como sabe?

Ele dá de ombros e responde já depositando o copo vazio


em cima da mesa de centro.

— Sou eu quem faz as transferências, na verdade, meu pai


pede para descontar o valor da conta dele, mas eu que faço a
transferência da minha própria conta.
Fazendo um gesto negativo com a cabeça, eu murmuro em
resposta, me sentindo mais uma vez como um aproveitador.

— Você não precisava fazer isso Michael, você tem uma


família para cuidar e alimentar.

Michael negou com a cabeça e disse.

— Tenho muito dinheiro, Anthony, ele pausou, me analisou e


depois disse com um sorriso no rosto.

— Posso dizer que o dinheiro que está na conta será seu


presente adiantado de formatura então.

Eu fiz um gesto negativo com a cabeça, sorri e ele continuou.

— Estou muito orgulhoso de você, irmão.

Ao ouvir aquelas palavras de Michael, percebi que tudo o


que eu precisava era do apoio da minha família.

Eu fui tão cego antes, por não ter notado o quão incrível é
minha família e sei que sempre que eu precisar, terei uma base
sólida para me reerguer, nunca vou me esquecer das lições que
recebi, tudo isso será relembrado dia após dia.

Capítulo 5

Marcelly Benett
Já se passou uma semana desde que vi Anthony pela última vez,
não consegui conversar com a Yven porque estou me preparando
para minha missão, estou treinando pesado para isso e o resultado
é chegar em casa, comer e dormir, depois de um longo banho
relaxante.
Eu já sabia que meus dias antes da missão seriam desse jeito, por
isso assisti toda a série da Netflix, isso é sagrado para mim, preciso
relaxar um pouco antes de iniciar qualquer missão.
O dia foi puxado, estou exausta e já estou deitada ansiando por
uma noite de sono, fechando meus olhos, coloquei um travesseiro
macio entre minhas pernas e relaxei até cair no sono.

Acordei assustada no meio da noite.

Ouço alguns ruídos na sala de visitas e calçando minhas


pantufas de unicórnio, decidi investigar a procedência dos barulhos,
meus cabelos estão presos em uma trança longa que desce pelas
costas e por isso não me atrapalho para vestir meu casaco rosa,
assim que abri a porta, encontrei a escadaria e desci degrau por
degrau silenciosamente, quando estava prestes a chegar no último,
ouço soluços e vejo que é minha mãe.

Minha mãe é a pessoa mais doce que já vi em toda a vida,


emana uma luz, que alegra a todos ao seu redor, mas ultimamente,
vejo que ela está chorando com frequência, gostaria de saber o
porquê, mas sempre que pergunto, ela me abraça e desvia o
assunto, acredito que por ser tão pequena, ela pense que não
posso lidar com coisas de adultos, e bem, talvez não possa mesmo,
mas ela é minha mãe, posso aprender a lidar com coisas de adultos
por ela.

Uma coisa que percebi é que minha mãe chora sempre que
meu pai sai e ele sai todas as noites, não sei para quê, mas isso
acontece a muito tempo, sem falar que às vezes ouço sons
estranhos vindos do quarto deles, mas nunca fui a fundo ver o que
era, no entanto hoje será diferente, vou ver o que acontecerá depois
que meu pai chegar.
Acordei ensopada de suor, com as lembranças da minha infância,
esses sonhos e lembranças me aterrorizam sempre que durmo
muito cansada, meu psicólogo disse que é um trauma, e por isso,
eu tento não me cansar muito, pois não é com frequência que tenho
esses sonhos, olhei para o criado mudo e vejo que são 5 da
manhã, então resolvi levantar-me e sair para correr ao ar livre, isso
sempre funcionou muito bem.
Depois de 1 hora de corrida, voltei para casa e fui treinar um pouco
no saco de pancadas, eu realmente gosto de treinar pesado assim,
pois gosto da sensação dos músculos implorando por descanso,
sempre aprendi na academia de luta que deveríamos parar o treino,
não porque estamos exaustos, mas porque realmente devemos
parar quando chega o momento certo, que é quando o corpo
começa a falhar.
Fechando os olhos, puxo o ar e lembro da minha nova missão. Algo
que já estou familiarizada, drogas em universidades são coisas
fáceis de desvendar.
Recebi ontem as informações sobre a universidade que vou me
infiltrar, estarei dentro de um dos dormitórios, matriculada em uma
ou duas aulas para não passar despercebida entre os alunos, para
descobrir por onde e por quem essas drogas estão sendo
integradas na universidade.
E só em pensar em estudar, sinto uma sensação esmagadora de
tédio me dominar, pegando a garrafa d'água, tomo uma boa
quantidade de líquido fresco e então meu celular começa a notificar
mensagens.
Vejo um número desconhecido surgir na tela e leio sua mensagem.
“Oi, Marcelly, espero que não se importe, resolvi mandar uma
mensagem”
Eu li e sorri ao constatar que era Anthony e logo senti meu coração
acelerar, então digitei desajeitadamente.
“Oii, não tem problema.”
Enviei e mordi o lábio sabendo que eu poderia ser um pouco mais
simpática. “Tudo bem?
Enviei, juntei minhas coisas do chão e me direcionei até minha
casa, recebi outra mensagem e a abri ansiosa.
“Sim, gostaria de lembrar você sobre nosso encontro de amigos “
Meu coração acelerou e sem eu perceber, sorri ao ler a mensagem
e rapidamente digitei.
“Não recebi nenhum convite formal ainda, Senhor Beckham”
Enviei e sorri para a tela querendo ver a reação de Anthony quando
visse minha resposta e rapidamente mais uma notificação aparece.
“Está recebendo uma agora mesmo, aceita almoçar comigo?”
Eu mordi o lábio de ansiedade que estava sentindo e engoli o
sorrisinho bobo que estava demarcando meus olhos e respondi
“Claro, nos encontramos onde?”
Enviei indo para o vestiário, guardando minhas coisas, entrei no
banho e me preparei para ir embora.
Logo que cheguei em casa, fui até meu closet escolher uma roupa
legal para vestir, encontrei um vestido vinho, tubinho, com decote
canoa e que mostrava bem minhas curvas.
Não escolhi esse vestido com a intenção de me exibir para o
Anthony, mas não ia achar ruim se ele me olhasse daquele jeito
que me fazia sentir arrepios percorrer meu corpo.
Na verdade, só porque meu coração acelerou por ele, não quer
dizer que eu deveria investir minhas energias nele, pois não sei
como ele está psicologicamente, e eu não quero e não posso viver
o que eu e minha mãe vivemos no passado.
Entrei no banho novamente, me concentrando no nosso almoço de
“amigos” e lavei meu cabelo, ensaboei meu corpo com meu
sabonete esfoliante, que tem um cheiro maravilhoso, me enrolei na
toalha e fui até a pia onde eu deixo o secador de cabelo e produtos
de cabelo e pele.
Escovando minhas madeixas claras, passei um protetor térmico nos
fios e comecei a secá-los, estava com os fios alinhados e lisos,
depois preparei meus cremes para o dia, comecei pela água
micelar, em seguida protetor solar e hidratante e os apliquei
pacientemente na pele, com tudo feito, fui até meu quarto e
preparei uma maquiagem bem leve.
E agora, com meu look e maquiagem prontos, recebi uma
notificação em meu celular e ansiosa, logo a abri e não havia
nenhum sinal de humor na resposta, e como lembrei, Anthony não
parece mais aquele garoto que conheci a um ano, ele havia
mudado e essa mudança estava muito clara.
" Me mande seu endereço, estou indo buscar você."
Nesse instante, meu coração acelerou absurdamente, e suspirando
olhei para a mensagem mais uma vez, não posso negar, Anthony
mexe comigo, mas não posso cair em sua lábia, ele é perigoso para
mim.
Não posso esquecer o que aconteceu há um ano, estamos apenas
indo conversar sobre eventos passados, como dois "amigos" e
nada mais, assenti, confirmando aquele pensamento como um
mantra, pois preciso entender que eu e Anthony não teremos nada.
Assim que saí do meu apartamento, tranquei a porta atrás de mim e
fui em direção ao elevador, sentindo um misto de nervosismo
percorrer meu corpo, a verdade é que sempre me senti balançada
em relação ao Anthony, mas o seu mau comportamento sempre me
impediu de me aproximar da forma que eu queria.
Eu sabia que era errado, sabia que ele era perigoso, mas ainda
assim, aqui estava eu, atravessando o térreo, indo para a porta
esperar o homem que fez uma escolha muito errada e na qual
quase custou sua vida.
De repente, um Audi esportivo estaciona lenta e graciosamente no
meio fio da estrada, a porta do condutor se abre e então seu braço
repousa na porta do belo automóvel e de onde estou, consigo ver a
tatuagem que adorna seu antebraço, a mesma tatuagem que me
persegue em pensamentos a tanto tempo.
Anthony desceu do carro e pareceu não me ver, mas eu estava
olhando-o o tempo todo, não estava perdendo nenhum gesto
gracioso do seu corpo, meus olhos estavam atentos a tudo que
estava relacionado a ele naquele momento.
Distraído, o vi olhando para os lados como se estivesse preso em
seus pensamentos, vestindo uma calça acinzentada que desce em
seu quadril perfeitamente, sua camiseta Polo grudada em seu
peitoral e braços bem definidos, dando um ar despojado e elegante,
em seu rosto ostentava um belo óculos de sol preto, demarcando a
mandíbula tensa e quadrada, com seus lábios cheios e relaxados,
seu rosto não havia sinal de barba, o que me deu uma vontade
insana de tocar para sentir a pele lisa, onde eu havia tocado
somente no hospital quando ele estava desacordado.
Seus cabelos estavam penteados para trás como de costume, lhe
conferindo um visual único, um homem que entende de moda e
estilo.
Olhando tudo isso, não consegui segurar e suspirei em fascínio,
realmente Anthony estava lindo, ele estava com um ar despojado e
imponente, algo que não existia a um tempo atrás, ele parece
seguro de si, um tipo de homem que confia no seu taco e…
Eita porra…
Se apoiando no carro, ele cruza os braços sob o peito e olha para o
prédio e então um sorriso surge em seu lindo rosto, me dando a
certeza de que me encontrou, e sua cabeça pende para o lado, seu
sorriso aumentou me causando um frisson no estômago, seus
dentes branquíssimos e alinhados, tão perfeitos, me levam ao
paraíso e ao inferno ao mesmo tempo, pois eu sabia, ele iria ser a
minha ruína.
De todos os homens que tentaram entrar na minha vida, Anthony
Beckham foi o único a entrar sem eu perceber, fazendo um extremo
estrago em minha mente.

Capítulo 6
Anthony Beckham
Depois de passar a tarde com meus pais, aluguei um apartamento
para mim, pois preciso de privacidade, na verdade, isso se tornou
muito importante para mim, foi o que fez eu repensar o meu modo
de viver, fez eu perder aqueles pensamentos egocêntricos de que
as pessoas me deviam atenção por eu ter sofrido na vida e todo
aquele mi-mi-mi.

Viver sozinho hoje em dia faz parte de mim, sofri muito para
conquistar tudo o que tenho hoje, e quando me refiro a “hoje”
quero resumir somente ao ano em que cai na real e passei a viver
uma vida digna.

Fechei meus olhos quando relaxei minha cabeça no encosto do


sofá e me perdi em lembranças de 1 ano atrás, quando ainda
estava em processo de recuperação, e não digo fisicamente, mas
psicologicamente. Foi o momento mais difícil para mim, precisei
me autoconhecer profundamente para que eu conseguisse evoluir
e amadurecer como pessoa.
— Tio, por que preciso fazer isso? Acabei de receber alta
hospitalar. O negócio foi sério.

Resmunguei mal-humorado, levantando da cama e indo fechar as


pesadas cortinas que meu tio havia insistido em abrir.

— E ainda assim você não aprendeu a lição Anthony, levante-se,


arrume sua cama e tome um banho.
Meu tio esbravejou pela primeira vez, nunca o vi tão irritado e
continuou a falar enquanto se dirigia para a saída do quarto.
— O mundo irá devolver tudo o que você fez até hoje e
espero que não se arrependa depois.
Fechando a porta atrás de si, meu tio me deixou abalado com
suas palavras, mas simplesmente me deitei na cama e dormi
novamente, como se aquelas palavras não tivessem entrado em
minha mente e criado raízes.
Horas mais tarde, fui acordado com um balde de água fria na
cara, literalmente, levando todo o meu sono embora.
— Sua mãe disse que eu poderia educá-la, então não vou
desapontá-la.
Ele disse isso enquanto se afastava da cama, já chegando
próximo a porta ele murmura ríspido.
— Levante-se, Anthony.
O tom de voz do meu tio já não estava mais enfurecido e
sim num tom de comando, me fazendo despertar do transe em
que eu estava e rapidamente me levantei e ele me deixou
sozinho no quarto sem mais uma palavra, e eu logo me
direcionei ao banheiro para um banho rápido, entendendo o
recado.
Assim que cheguei na cozinha, ouço meu tio murmurar.

— Fico muito feliz em ver que você fez a escolha certa,


agora tome isso, e vamos sair.
Ele serviu um copo de vitamina que parecia ser mamão com
banana e colocou os utensílios sujos na pia enquanto eu olhava
desconfiado para o copo em que ele direcionou para mim.
Lembro-me que eu estava fazendo um esforço gigante para
acompanhá-lo, eu realmente queria estar com meu tio, ele
sempre foi o meu preferido, queria ter ele como referência para
mudanças.
Sendo arrancado dos meus pensamentos, ouço meu celular
tocando em cima da mesa de centro e vejo o número do meu
irmão surgir na tela.
— Oi, irmão.

Murmurei, me acomodando melhor no sofá, já com o celular em


meu ouvido e fui recepcionado pelo som estridente do choro do
meu sobrinho.
— Espere filho… um instante…

Comecei a rir do tom de voz do meu irmão, parecia muito

desajeitado naquele momento.

— Anthony, Yven convidou você para jantar essa noite,

você vem?
Mordendo o lábio, pensei na proposta pois não sei como será
meu almoço com a Marcelly, minha vontade era passar o resto
do dia com ela, para conhecê-la melhor, mas preciso ficar ciente
que em alguns dias voltarei para a Itália e acima de qualquer
coisa preciso ter os pés no chão, e saber que Marcelly pode não
ter os mesmos interesses que eu.
— Vou sim, irmão, pode contar comigo.

Murmurei jogando meu braço no encosto do sofá ao meu lado

e Michael

murmurou.

— Ótimo, aguardamos você as19 horas.


Confirmei e logo nos despedimos.
Jogando o celular em cima do sofá, levantei-me e decidi trocar
de roupa para começar meus treinos, apesar de querer treinar,
minhas lembranças estavam a todo vapor, a 1 ano eu não fazia
absolutamente nada, e depois que comecei a conviver com meu
tio, ele mudou absolutamente tudo na minha vida,
Lembro-me até hoje da sensação de estar com o corpo coberto por
hematomas, devido a primeira aula de Muay thai, depois das aulas
de musculação, que devido a minha má disciplina, o personal
simplesmente deixava eu fazer do jeito que eu pensava ser o certo
e isso me causava muitos problemas físicos e musculares, passei
alguns dias na cama por conta das fortes dores e foi quando meu
tio com sua sabedoria me explicou.

“Você precisa entender que você não é o professor e


muito menos entende das coisas, estamos aqui para ensiná-lo,
isso não é apenas para exercício físico e sim para a vida.”
Ele se acomodou na poltrona enquanto eu o encarava em silêncio e
então continuou.
— Você precisa ser equilibrado para receber críticas,
precisa ter disciplina para superar seu ego e precisa ser
humilde para aprender tudo o que estamos lhe ensinando.
Eu confirmei em silêncio, tudo o que ele estava dizendo estava
sendo absorvido de verdade, eu queria mudar, e não quero mais
sofrer as consequências por conta da minha ignorância e ego,
precisava cair na real e melhorar eu desejava a minha melhor
versão.
Quando dou por mim, já estou fazendo meus movimentos de
alongamento na sala de treinamento do prédio, a sala está
disponível somente para mim e sem perder tempo, comecei logo
os meus apoios e flexões.
Já eram quase 11 da manhã quando eu estava em frente ao
espelho olhando meu reflexo, cheio de expectativas sobre o que
aconteceria hoje no restaurante, eu confesso que estou nervoso,
nem sei como Marcelly aceitou meu convite sabendo que fui o
tremendo babaca que quase acabou com a própria família, mas,
hoje contarei a ela e espero que tenhamos uma interação amigável
pois, eu gosto dela, gosto de estar perto dela, de sentir o que sinto
quando ela está perto, eu gosto de ser quem sou na presença dela
é como se eu me transformasse em uma versão mais calma de
mim e se a interação por mensagem valer de alguma coisa, então
com certeza nos daremos bem.
Borrifando meu perfume, passei os dedos por entre meus cabelos
novamente, e assim decidi mandar uma última mensagem para
Marcelly pedindo seu endereço.
Não demorou muito para chegar ao local marcado, estava nervoso
quando estacionei o carro no acostamento e tudo piorou quando eu
a vi, em seus lábios volumosos estava um sorriso brilhante,
daqueles que chegam aos olhos, ela caminhava com segurança,
uma segurança que eu nunca havia notado antes e estava muito
relaxada também, como se estivesse diante de alguém que ela
conhecesse a muito tempo.
Marcelly estava diferente daquela garota que conheci,
olhando-a aqui em minha frente, vejo uma mulher empoderada e
dona de si, com seu brilho próprio, em seus olhos, existe um
brilho que deixa marcado toda força que ela tem, e mais uma
vez eu me vejo nervoso, pois não havia notado antes todo esse
poder que Marcelly tem, sem falar da beleza angelical dela, seu
rosto delicado, olhos claros, com longos cílios, nariz pequeno e
um pouco arrebitado, lábios carnudos com um arco do cupido
bem delineado, tudo em Marcelly me deixa fascinado, mas sinto
que se eu beijá-la em algum momento, com certeza vou me
apaixonar.
— Anthony Beckham.

Marcelly murmurou ao se aproximar de mim e segurou


delicadamente a sua bolsa com as duas mãos, e eu fascinado
com o que estava vendo, me afastei do carro e murmurei
abaixando o rosto, para ver por cima dos óculos.
— Marcelly Bennet.
Ela sorriu, um sorriso aberto e lindo, e automaticamente sorri
também e murmurei.

— Está com fome? Eu estou com muita fome.

Dando a volta, abri a porta do carro para que Marcelly entrasse e


ela ficou me olhando por alguns segundos com a sobrancelha
arqueada e piscou algumas vezes, demonstrando que estava
surpresa com o meu gesto cavalheiro.

— Estou faminta.
Não sei o que deu em mim, mas nesse momento algo despertou
dentro de mim, e como um imã, meus olhos desceram até seus
lábios, me invadindo com uma vontade insana de agarrar Marcelly
pelo pescoço e beijá-la como eu quero a tanto tempo, e mordi o
meu próprio lábio inferior para voltar a mim e controlar a vontade
que estava gritando em meu peito pois estávamos a uma distância
pouco segura e eu não quero vacilar de primeira então minha
mente voltou a funcionar em alerta máximo, e após ela sentar em
seu lugar, apenas fechei a porta, sacudindo a cabeça dei a volta
pelo carro e abri minha porta, me acomodando também, na
tentativa de quebrar a tensão que eu estava sentindo, acabei
falando.
— Conheço um restaurante incrível.
Sorrindo e colocando seu cinto de segurança, Marcelly respondeu.
— Me surpreenda.

Eu sorri com sua resposta e liguei o carro e logo caímos na estrada.


O restaurante que conheço, é um dos melhores aqui na cidade, e
acredito que Marcelly irá se sentir à vontade, então não precisei
pensar muito a respeito.
Enquanto eu dirigia, Marcelly apertava delicadamente seus dedos,
talvez um gesto involuntário e logo passou na minha cabeça a
possibilidade de ela estar nervosa.
— Você veio para a cidade por algum motivo específico?
Me surpreendi ao ouvir Marcelly murmurar enquanto seus olhos
brilhantes me analisavam curiosamente e confirmando com um
gesto positivo, eu logo respondi.
— Uma marca americana me quer como garoto propaganda,
então precisei vir conversar com a agência pessoalmente.
Continuei olhando para o trajeto e troquei a marcha do carro,
quando ouvi Marcelly gargalhar e eu logo desviei a atenção e a
encarei curioso.

— Por que está rindo?


Ela cobriu a boca e negou com a cabeça e disse.
— Desde quando você é garoto propaganda, Anthony?
Eu desviei a atenção da estrada novamente quando paramos no
semáforo e respondi.
— Atualmente, sou um dos modelos Versace.
Acelerei o carro novamente, quando abriu o sinal e Marcelly
franziu a testa e perguntou.
— Você é modelo da Versace mesmo?
Dessa vez, ela estava quase inclinada de frente para mim e foi
impossível não contemplar toda a sua beleza, e tudo piorou
quando seu cheiro doce inundou meu campo olfativo, me trazendo
vontade de enfiar meu nariz em seu pescoço, sentir seu cheiro em
cada centímetro de pele exposta e engolindo em seco eu apenas
concordei e respondi.
— Minha vida mudou muito, Marcelly.
Ela confirmou com um gesto de cabeça e se acomodou em seu
banco novamente e agradecendo aos céus, finalmente avisto o
restaurante próximo, pois não estou sabendo lidar com essa
sensação estranha que estou sentindo em relação a Marcelly, e
estar tão próximo dela, está sendo muito desafiador para mim.
Assim que estacionei, tirei meu cinto de segurança e logo desci do
carro e dei a volta para ajudar a Marcelly, que sorrindo, pareceu se
surpreender novamente com meu gesto quando estendi a mão
para ajudá-la.
— Nossa, que cavalheiro!
Eu senti uma risada se formar em minha boca e respondi.
— Existe um lado meu que você não conhece.
Ela então pegou em minha mão e se pôs de pé, apertei seus
dedos entre os meus e a puxei para mim, ela veio direto para meu
peito e acabando com o restante de espaço existente entre nós e
murmurei em seu ouvido, fazendo com que ela prendesse a
respiração.
— Seu cheiro sem dúvidas irá ficar guardado em minha
memória.
Eu então me afastei e entreguei a chave para o manobrista e
depois olhei para Marcelly que estava com as bochechas coradas
e ofereci meu braço para ela, que aceitou com um sorriso leve nos
lábios e logo adentramos o lobby e fomos bem recepcionados.
— Anthony Beckham.
Ouvi Luigi Bianchi murmurar enquanto se aproximava de nós e
logo sorri ao cumprimentar o homem que me odiava desde a
adolescência por causa de uma disputa idiota de atenção, mas
como não sou o tipo que mistura as coisas, admiro seu
empreendimento bem-organizado.
— Olá, Luigi. Viemos desfrutar de uma boa refeição em um
lugar acolhedor.
Ele fez cara de poucos amigos, mas não rebateu de modo irônico
e arrogante como eu esperava, apenas concordou e respondeu.
— Espero que o ambiente esteja à altura da bela dama, bom
apetite a vocês.
Ele respondeu enviando uma piscadela para Marcelly, que não
pareceu cair em seus galanteios e logo firmou sua postura
novamente e satisfeito com sua recusa elegante, ofereci meu
braço a Marcelly, que logo apoiou sua mão em meu antebraço e
começamos a andar para onde fomos direcionados.
— Aquele homem parece gostar muito de você.
Marcelly se acomodou na minha frente e sorriu de modo
provocativo e eu sorri de lado, sem mostrar meus dentes e disse.
— Ele é um velho amigo.
Ela confirmou com a cabeça e continuou me olhando de forma
curiosa e eu apenas olhei para ela com a sobrancelha arqueada,
seus olhos faiscaram para mim, de modo que pareciam me seduzir
a cada segundo e então ela murmurou.
— Os dias na Itália fizeram muito bem a você.
Eu apenas assenti e me recostei no assento da cadeira, após
chamar o garçom com um gesto rápido e respondi a ela.
— Está gostando do que vê, baby?
Ela me lançou um olhar surpreso e quando fez menção de falar,
ela sorriu e fechou a boca novamente e eu logo respondi a ela,
demonstrando que estava brincando. Ou não.
— Posso dizer que aprendi muito e ainda tenho muito
caminho pela frente.
Ela concordou e cruzou os dedos em cima da mesa e então eu
disse chamando toda a sua atenção.
— Eu lembro de quando você foi me visitar a última vez.
Ela franziu a testa em confusão, e mordendo o lábio, murmurou.
— Você estava desacordado todas as vezes que fui…
Eu a interrompi e logo falei.
— Eu sentia que era você, em todas as vezes.
Marcelly pareceu se encolher e eu continuei.
— Eu lembro que você disse algo sobre um aviso, o que
seria?
Eu a analisei atentamente, e nesse momento eu sabia que ela
estava nervosa, seus dedos estavam firmes sob seu colo, seus
lábios entreabertos com a respiração acelerada, pois daqui
consigo ver seu peito subir e descer rapidamente.
— Eu… estava em uma missão.
Eu semicerrei os olhos em direção a Marcelly, confuso com o que
ela havia dito agora.
— Como assim, missão, você é policial?
Ela apenas fechou os olhos e respirou fundo, olhou para os lados
e respondeu.
— Sim, Anthony, sou agente federal. Fui contratada para
proteger Yven, quando fui contratada, Gregori me falou sobre
todos os riscos que ela estava correndo, seria apenas proteção,
mas rapidamente me dei bem com ela então não consegui me
afastar.
Eu passei a língua nos lábios, tentando assimilar toda a situação e
então o Garçom se aproximou, nos entregando os cardápios e
anotando nossos pedidos e assim que ele se retirou, eu murmurei.
— Você estava infiltrada no grupo de propósito, Marcelly?
Ela apenas concordou e disse.
— Eu estava enrolando Heitan, quando você ligou bêbado
dizendo que estava indo para casa do Michael.
Eu arregalei os olhos ao ouvir aquilo e ela continuou.
— Fui eu que avisei o Gregori que você estava indo para a
cobertura.
Sua voz estava firme, me trazendo para a realidade dos fatos, me
fazendo enxergar que eu estava enganado esse tempo todo, e
que por não ter tomado a iniciativa, acabei imaginando coisas que
não existiam, ou seja, Marcelly nunca teve um relacionamento com
Heitan, deixei apenas meu ciúme e dor de cotovelo dominar a
situação.
Porra, só perdi meu tempo.
Babaca fodido, é isso que eu sou.
— Então você nunca teve nenhum relacionamento com
Heitan?
Foi somente isso que saiu da minha boca, não estava me
importando com as outras informações e Marcelly riu.
— Não, nunca, sempre me esquivei, mas precisava fingir
interesse para me manter perto.
Ela me lançou um olhar gentil, o mesmo olhar que eu via quando
ela me olhava naquele maldito lugar, um lugar sujo, corrupto, um
inferno no pior dos sentidos e mesmo assim, lá estava ela,
fazendo um trabalho bem-feito, me dando segurança apenas com
trocas de olhares.
— Não pense nessas coisas, Anthony. Não vale a pena.
Marcelly murmurou se acomodando melhor em seu assento e eu
apenas neguei com um gesto e fechei os olhos e virei a taça de
água na boca, para manter o controle, mas estava me sentindo
atormentado pelas lembranças, desejando ter voltado no tempo e
ter tido a coragem de me aproximar dela, de ter marcado Marcelly
como minha pois assim Heitan nunca teria tocado um dedo nela.
Maldito.
Lembro-me de quando eu e ele brigamos porque vi que ele havia
batido na Marcelly.
— Seu filho da puta, miserável.
Empurrei Heitan com força o suficiente para jogá-lo de costas na
parede e berrei.
— Nunca, nunca mais ouse encostar um dedo nela, Porra.
Com um sorriso diabólico, Heitan murmura em uma provocação.

— O babaquinha está com ciúmes da vadiazinha?


Heitan logo se aproximou e fechou as mãos em punhos e avançou
contra mim, mas fui mais rápido e o golpeei com um chute em seu
joelho esquerdo, derrubando-o no chão, tentando demonstrar o
quanto sentia ódio dele, por ter feito aquilo com ela, por tê-la
tocado.
— Posso ser mais jovem e imaturo, mas não sou idiota e
muito menos fraco.
Murmurei quando ele estava deitado ainda no chão, e o deixei para
trás, indo em direção a saída daquele lugar, desejando nunca ter
visto as lágrimas de Marcelly enquanto ele chutava sua costela
como se fosse um de seus capangas ali no chão.
— Anthony… não faça isso.
Marcelly agarrou minha mão com carinho, chamando minha total
atenção, arrancando-me daquelas lembranças desgraçadas e
apertando seus dedos, em um gesto automático, os levei em meus
lábios e os beijei, ela apenas me olhou envergonhada, mas não
afastou sua mão de mim.
— Eu sabia que deveria contar a você o que iria acontecer
com Heitan e seu grupo, mas você foi se afastando cada vez mais,
nós não tínhamos nenhuma conexão, mas ainda assim, tínhamos
algo, só que foi se perdendo conforme os dias foram passando e
eu não poderia chamar mais atenção do Heitan, já que depois da
última vez que ele me bateu, de alguma forma, ele se tornou mais
próximo de mim.
Eu engoli em seco e fechei a cara ao lembrar daquela cena
novamente, com raiva me consumindo, apertei a mandíbula.
— Ele se aproximou de você somente para me provocar.
Ela franziu a testa em dúvida e perguntou, ainda segurando meus
dedos, entrelaçando-os nos seus, me trazendo à tona uma
sensação desconhecida.
Sinto meu coração acelerar, tudo está abalado dentro de mim ao
olhá-la e senti-la assim tão perto com minhas próprias mãos, mas
a verdade é que estou abalado demais com o que ela revelou
sobre ser seu trabalho, as atuais revelações e os toques de
Marcelly estavam mexendo com minha cabeça de uma forma
inapropriada.
— Por que ele iria provocar você? Eu não entendo.
Eu fiz um gesto com a cabeça e respondi me sentindo estranho,
pois não quero que Marcelly saiba que eu já gostava dela naquela
época, mas que era um covarde para me aproximar da forma
certa.
Sem falar que, se eu realmente tentasse uma aproximação,
provavelmente Marcelly já teria me dado um pé na bunda, mas já
me arrependendo antecipadamente pelo que eu iria dizer a seguir,
sabendo que eu estava travando uma luta interna comigo mesmo,
estava sendo influenciado pelas sensações estranhas de
segundos atrás, sentindo emoções contraditórias e nas quais não
estou sabendo lidar.
— Foram situações passadas, Marcelly, não precisam ser
relembradas.
Murmurei grosseiramente, mas logo me arrependi por cada
palavra saída da minha boca, e Marcelly soltou minha mão de
imediato e toda aquela sensação de segundos atrás sumiu e
apenas ouvi ela falando.
— Se são situações que não precisam ser relembradas não
sei por que estamos aqui.
Ela pausou e me analisou por alguns segundos.
— Não sei o que estou fazendo aqui.
Ela falou num tom firme, mas seus olhos brilhavam, e eu sabia que
ela iria embora se eu não falasse nada.

Não demorou muito, Marcelly apenas se levantou, sorriu friamente


e murmurou.
— Espero que tenha um ótimo almoço, Anthony Beckham.
Eu desviei minha atenção, sabendo que havia estragado tudo
antes mesmo de ter começado, fechei os olhos me amaldiçoando
por perder mais uma chance e apenas ouvi o tilintar do seu salto
batendo firmes e decididos no chão enquanto ela se afastava de
mim.
Porra, eu me odeio.
Caralho!
Respirei fundo, procurei manter a calma e acenei para o garçom,
que rapidamente apareceu e cancelei todo o pedido e deixei uma
boa gorjeta na mesa e me levantei, me direcionando a saída do
restaurante, me sentindo extremamente estranho por todo o
ocorrido.
Sou um fodido.
Como vou conseguir ficar com uma mulher igual a Marcelly se não
sei nem controlar meu humor? Ela estava bem a minha frente,
segurando minha mão, me olhando daquele jeito que estava me
aquecendo por dentro, mas minha falta de controle fez com que eu
estragasse tudo. Foi algo tão simples, eu poderia simplesmente
agir com meu humor rotineiro, e me esquivar do assunto ou então
falar a verdade.
Enquanto eu aguardava meu carro, soquei o ar duas vezes,
tentando amenizar toda a minha raiva.
Estou sentindo raiva por ter sido um idiota, fraco e mimado, dando
respostas meia boca para uma mulher bem resolvida, e o
resultado foi ser deixado no restaurante.
O manobrista apareceu e eu logo entrei no carro e acelerei de
volta para meu apartamento, decidido a treinar um pouco e até
mesmo meditar, para que eu melhore meu humor
Como eu fui tão idiota por não perceber que Marcelly estava
querendo uma aproximação comigo naquela época?
Não consigo entender o que estava fazendo eu ver as coisas de
uma forma tão errada.

Capítulo 7
Marcelly Benett
Filho da puta, egocêntrico!
Anthony continua sendo o mesmo babaca.
Respirei fundo quando cheguei no conforto da minha casa alguns
minutos depois de pegar um táxi e fazer o motorista dirigir o mais
rápido possível para meu endereço, pois estava temendo que
Anthony viesse atrás de mim, mas isso não aconteceu, e confesso
que fiquei um pouco decepcionada com isso.
Revirei os olhos e puxei o ar impacientemente para meus pulmões
na tentativa de manter o pouco da calma que ainda existia em
mim.
De repente, minha cabeça me trai, fazendo-me lembrar do
momento em que Anthony falou sobre meu cheiro.
Fechei meus olhos ao lembrar daquele momento.
Anthony me puxou para si e murmurou baixinho em meu ouvido,
causando um arrepio dos dedos dos pés até os fios de cabelo da
nuca.
— Seu cheiro, sem dúvida, irá ficar guardado em minha
memória.
Fiquei sem reação ao ouvir aquilo, mas meu orgulho feminino
estava inflado.
Naquele instante, me sentia poderosa, pois eu estava vendo o
quanto Anthony estava querendo uma proximidade comigo, e eu
estava disposta a ceder, eu realmente iria fazer isso, porque eu o
queria também, da mesma forma que ele me queria, eu podia ver
claramente.
Sacudi a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos e me
deitei em meu sofá, depois de retirar toda a maquiagem e a roupa
escolhida para o almoço.
Sempre fui a mulher que observava de longe as ações e atitudes
do homem antes de levá-lo para minha cama, e não é à toa que
meu último relacionamento durou apenas 3 semanas, aprendi
sozinha que homem nenhum merece as lágrimas e saúde
psicológica de uma mulher, sem falar no investimento que temos
para nos manter firmes e lindas, então mais uma vez eu repito
como um mantra, para que minha própria força interna elimine
Anthony da minha lista de futuros pretendentes.
“Nenhum homem vale as lágrimas e a maquiagem borrada de uma
mulher.”
Engoli em seco a sensação estranha que senti em meu peito, mas
a ignorei e logo levantei e me direcionei até meu quarto, disposta a
arrumar minhas malas para viajar.
Mais uma vez, me limito a pensar na minha missão, preciso me
concentrar o máximo possível pois tudo isso pode dar muito
errado, eu sou a agente que mais trouxe êxito nas missões, e não
será agora que isso irá mudar.
Já passava das 22 horas quando recebi uma mensagem do
Jeremy confirmando que estava tudo pronto, eu precisava apenas
levar minhas malas e me preparar para assim que desembarcasse
na Alemanha, já incorporar meu papel de estudante.
Confirmando a mensagem, fechei todo meu apartamento e
aguardei o sinal de que meu carro estivesse pronto, como de
costume, Jeremy mandava sempre um taxi confiável para me levar
até o aeroporto, e esse não foi diferente.
Colocando as bagagens no porta-malas, logo abri a porta traseira
do carro e me acomodei, jogando meu celular e carteira dentro da
minha mochila rosa, coloquei meu capuz do moletom e relaxei no
carro, precisando incorporar a Lisa Simons assim que chegasse
ao aeroporto, mas sem perceber, um carro acabou cortando a
frente do táxi em que eu estava, me fazendo levar um sobressalto
no banco de trás e segurar com todas as minhas forças no banco
da frente para não me machucar com o impacto do freio.
Olhando para fora, encontro Anthony, ele logo abriu a porta do
motorista e se pôs de pé, deixando sua postura e superioridade à
mostra, sua segurança que tanto adoro estava em sua postura
firme e dominante.
Em seu rosto marcava uma expressão preocupada, sua
postura de repente ficou rígida ao me ver, mas ao mesmo tempo
estava muito sexy, seus cabelos estavam molhados e modelados
para trás, deixando seu rosto ainda mais másculo e puta merda,
ele está muito gostoso nessa roupa casual.
Quando penso que não tem como ficar melhor, Anthony vem e me
surpreende.
Usando uma calça moletom que ajustou perfeitamente em seus
quadris, demarcando as suas pernas longas e musculosas, sua
camiseta branca está perfeita em seus ombros largos e braços
perfeitamente esculpidos, sua pele dourada destacando-se através
da roupa branca, me deixando acesa por dentro, mas de repente
lembro-me do que aconteceu a horas atrás e logo fechei a cara,
descendo do carro enfurecida, doida para testar meus movimentos
de luta nele, mas me controlei porque lembrei que ele é um
modelo e que ganha dinheiro com sua beleza e físico que
modéstia parte é impecável até onde pude ver
Merda...
— Você está ficando louco?
Gritei assim que bati com força a porta do carro e Anthony engoliu
em seco, perguntou parando a menos de um metro de distância.
— Por que está indo embora, Marcelly?
Nesse momento paralisei, eu estava esperando tudo, qualquer tipo
de pergunta ou assunto, mas, não soube o que dizer a ele, pois
nem deveria revelar que estava indo para uma missão, e então ele
se aproxima e pergunta nervoso, seus olhos estavam brilhando em
uma mistura de ansiedade e desejo.
— Está indo embora só pelo meu comportamento?
Ele me olhou de uma forma que parecia magoado, e eu engoli em
seco, pensando se realmente deveria revelar a minha viagem
repentina e então ele falou.
— Me desculpe, eu não deveria ter agido daquela forma, não
precisa ir por minha causa.
Ele passou sua língua pelos lábios e pegou em meus ombros e
disse.
— Escute, vou embora ainda essa semana.
Eu neguei com a cabeça, entrando em uma luta interna, se eu
deveria revelar ou não, pois tudo isso é perigoso e então ele se
aproximou de mim e pegou em minha mão delicadamente, e disse
olhando em meus olhos.
— Por favor, Marcelly, me desculpe.
A essa altura, sua aproximação estava mexendo com meu
coração, seu cheiro masculino e amadeirado estava fazendo
marcas em minha memória olfativa, fazendo ter a certeza de que
ninguém me faria esquecer a sensação daquele cheiro, muito
menos o toque de suas grandes mãos e sem resistir, me aproximei
de Anthony, agarrando seu pescoço e o puxei contra mim, num
beijo sem pressa e cheio de promessas.
Joguei meus braços em volta do pescoço dele como se fossemos
íntimos e apesar de surpreso, Anthony não se afastou, para minha
surpresa, ele me abraçou e aprofundou nosso beijo, como se
tivéssemos toda a intimidade do mundo, sua língua entrou em
minha boca com fome, me apertando contra seu corpo firme e
quente, eu gemi, perdendo o fôlego, parecia que meu corpo estava
inflamando, tudo estava quente, na verdade febril.
Eu precisava daquele contato com Anthony mais do que pensava,
e quando me dei conta, me afastei para recuperar o ar, ele estava
com um brilho nos olhos, um brilho sexy e quente, sua expressão
denunciava que ele tinha coisas a me falar, e talvez eu queira,
mas, não esteja pronta para ouvi-las.
— Marcelly…
Eu levantei minha mão e a posicionei em seu peito, afastando-me
dele o suficiente para dizer de fato o que precisava dizer.
— Eu preciso ir, a gente se encontra por aí.

Eu me afastei sem olhar para seu rosto e entrei no carro, não


queria correr o risco de revelar o real motivo da minha viagem, não
queria me entregar demais naquele momento, não poderia ceder a
vontade que eu estava sentindo de beijar ainda mais aqueles
lábios carnudos e por Deus, que sensação do paraíso é essa de
estar nos braços de Anthony, de beijar seus lábios e sentir seu
cheiro como aconteceu a segundos atrás, fechei meus olhos,
sabendo que não seria fácil deixar tudo de lado e não pensar nele,
mas eu precisava.
Ciente que eu deveria incorporar meu papel, bloqueei meus
sentimentos e apenas me concentrei no que eu deveria fazer, no
que realmente dependia de mim.

Capítulo 8

Anthony Beckham
Não sei quantos dias se passaram desde que vi Marcelly pela
última vez, mas não consigo esquecer do nosso beijo.
Sentir aquele delicioso corpo se encaixando ao meu durante nosso
beijo só me fez pensar em ir além daquele toque, e isso já foi o
suficiente para imaginar mil e uma posições diferentes para senti-la
por inteiro.
Minhas lembranças daquela noite eram como água cristalina,
parece que aconteceram a poucos segundos, o seu toque parece
que foi feito para meu corpo, seu cheiro doce se tornou marcante e
inesquecível para mim, quase como uma droga, me viciei
totalmente nela e preciso repetir a dose.
Sorri ao me deitar no sofá depois de pensar naquele beijo pela
vigésima vez no dia, e ainda são 14h da tarde de uma sexta-feira.
Soltando um suspiro, lembro-me que amanhã será aniversário do
meu irmão, na verdade será aniversário de Michael e Sebastian e
pelo que soube, nesse ano Sebastian não está muito animado em
comemorar seu aniversário.
Minha cunhada me explicou que Amanda e Sebastian estavam
saindo, mas algo que nem mesmo ela entende acabou
acontecendo, e eu que estava fora a tanto tempo com certeza não
sei de nada, mas sei que comparecerei a essa festa, pois na
segunda-feira já estarei na Itália, então não posso perder o último
evento familiar do momento.
Levantei-me do sofá e fui até meu quarto para tomar um banho
rápido.
A verdade é que estou muito inquieto depois daquele beijo que
Marcelly me deu.
Sei que estou mais ansioso que o normal para vê-la, e isso é
totalmente desconhecido para mim, até porque, tive apenas um
relacionamento em toda a minha vida e foi ele quem me destruiu,
mas, gostaria muito de saber o que torna esse lance entre mim e
Marcelly tão especial.
Ela é uma mulher incrível, e acredito que tenha suas bagagens
também, e por isso não acredito que eu teria uma chance real com
ela, apesar de o corpo dela reagir instantaneamente ao meu.
Sacudindo a cabeça, liguei minha playlist antes de entrar no banho
e me preparar para a reunião das 16h com uma marca de moda
que está iniciando em New York.
Depois de quase 1 hora de conversa, finalmente conseguimos um
bom contrato, a empresa que me quer como embaixador é da
cidade e tem pouco mais de um ano de empresa, e estão
apostando todas as fichas em meu trabalho e empenho.
— Acredito que a marca irá decolar depois de termos você como
nosso embaixador oficial, Sr. Beckham.
Eu sorri ao ouvir o comentário de Oscar, sabendo que minha
assessora ficará muito satisfeita com o acordo que fechamos.
— Para mim será uma honra, muito obrigado pela confiança.
Eu murmurei me colocando de pé, estendendo a mão para o
homem que estava a minha frente, que rapidamente atendeu meu
cumprimento e respondeu.
— Entraremos em contato com sua assessoria o mais
rápido possível, foi muito bom negociar com quem entende do
negócio.
Confirmei com um gesto e sorri em resposta e nos despedimos
depois de alguns minutos.
Agora sozinho na cafeteria, enquanto tomava meu café, fiquei com
vontade de mandar uma mensagem para Marcelly, então peguei
meu celular do bolso e olhei para a tela, ponderando se deveria
realmente mandar algo para ela, pois não quero ser grudento, mas
também não quero parecer desinteressado.
Fechando os olhos, me senti perdido sobre o que deveria fazer,
que merda, o que eu faço?
Depositei o celular em cima da mesa, soltando um suspiro de
frustração e tomei o último gole de café e olhando o movimento do
local que estava aumentando até que tive uma ideia de que talvez
me ajude e muito.
— É para lá que eu vou.
Assim que cheguei, logo dei algumas batidas na porta
ansiosamente e não demorou muito para que a porta fosse aberta.
Yven sorriu ao me ver e logo deu espaço para que eu entrasse em
sua casa, e então murmura.
— Pode entrar, daqui a pouco seu irmão já estará em casa.
Eu confirmei com um gesto positivo e me aproximei do meu
sobrinho que estava sentado no chão brincando com seus
carrinhos e lhe dei um abraço e murmurei.
— Na verdade eu vim por outro motivo.
Franzindo a testa, Yven me olhou desconfiada e se acomodou no
sofá a poucos metros de distância de mim e do Chris e perguntou.
— Está precisando de algo?
Eu confirmei com um gesto e sorri nervoso, Yven arqueia uma
sobrancelha em minha direção e pergunta.
— O que está aprontando Anthony?
Eu cocei a garganta e expliquei a ela tudo o que estava
acontecendo, pois sinto que Yven pode me ajudar, tomei cuidado
para explicar exatamente o que estava acontecendo, pois sei que
na minha cunhada eu posso confiar.
— Por isso preciso da sua ajuda, acredito que você conheça
muito a Marcelly.
Ela coçou a nuca e ficou em silêncio por um tempo, demonstrando
que estava avaliando a situação toda.
— Para falar a verdade, no quesito homens Marcelly sempre
foi muito fechada, acredito que por ela estar muito focada na
carreira dela, sabe?
Eu confirmei com um gesto e franzi a testa me sentindo um pouco
bobo.
— Eu…
Então Yven me interrompeu e disse.
— Sei que amanhã à noite ela virá, então você poderá
avaliar toda a situação por si próprio.
Confirmei mais uma vez e disse.
— Muito obrigado, cunhada!
Ela sorriu de lado e murmurou.
— Acredito que você terá que dar seu jeito para conhecer
Marcelly, ela pode dizer coisas a você que nunca dirá para as
amigas, entende?
Eu franzi a testa e ponderei sobre o que acabei de ouvir e
finalmente entendi onde Yven queria chegar.
Ela fala sobre intimidade, e é isso que quero ter com a Marcelly,
quero ser mais íntimo dela, entender melhor o que se passa em
sua cabeça, conhecer melhor seus lados, entender sua
personalidade ao menos um pouco, e me sentindo mais firme na
decisão, me levantei e sorri para minha cunhada e disse.
— Mais uma vez, obrigado.
Sai da casa da minha cunhada com uma força de vontade quase
indestrutível, estou determinado a conquistar Marcelly, quero ela
para mim, e não vou desistir facilmente.
Sábado chegou, e com ele veio minha expectativa em rever
Marcelly.
Me preparando para meu treino diário, resolvi mudar um pouco
meus planos e sair para correr, peguei meu Ipod e fones de ouvido
via Bluetooth e me alonguei para iniciar uma corrida cronometrada
pelo parque central, ainda não são 7 horas da manhã, quando dei
os primeiros passos, o dia já estava iniciando quente, a
temperatura estava ideal para uma corrida tranquila e logo me
animei.
Iniciando a corrida lentamente, comecei a pensar no que poderia
acontecer essa noite, nas várias formas que eu e Marcelly
poderíamos interagir e logo me animei com a possibilidade de
sentir aqueles lábios gostosos novamente e um pensamento
invadiu minha cabeça, me deixando abalado, e como se fosse uma
confirmação e meu coração acelerou de imediato.
— Merda, me apaixonei pela Marcelly.
Fechei os olhos incrédulo, não acreditando que isso estava
realmente acontecendo.
Até ontem pensei que era por que eu apenas gostava dela, a
achava atraente e diferente de todas e foi então que notei, eu já
estava apaixonado a muito tempo, porém de uma forma tóxica, e
hoje, claramente consigo ter uma postura saudável em um
relacionamento e isso me deixou animado, cheio de expectativas
sobre um futuro com Marcelly mas, ainda muito inseguro, pois o
fato de ser apaixonado por ela não é uma garantia de que ela sinta
algo por mim também, mas, afastando aqueles pensamentos
pessimistas, respirei fundo e acelerei a corrida com um sorriso nos
lábios, tentando me convencer de que tudo iria fluir bem se eu me
comportasse igual a um homem adulto, um homem que Marcelly
mereça ter ao lado.
Eu quero ser um homem ideal para ela, dentro do que é possível e
fora dele, pois sei que precisamos estar em constante evolução e a
um ano atrás eu falei para mim mesmo que iria ser a minha melhor
versão, melhorando 1% a cada dia, sem pressa, sem pressão,
apenas constância e disciplina, e creio que Marcelly notará as
minhas mudanças.
E Deus me ajude, preciso que ela veja o quanto evolui.
— Será que ela vai vir?
Murmurei em voz alta, andando de um lado para o outro, no
espaço que meu irmão havia decorado, o ambiente estava lindo, a
recepção estava organizada e a comida que estava sendo
oferecida entre os convidados parecia deliciosa, mas eu estava em
outro lugar, pensando em várias situações que poderiam ou não
acontecer quando meu irmão e minha cunhada aparecem, do
nada, atrás de mim, me pegando de surpresa.
— Está falando sozinho Anthony?
Michael apertou meu ombro em forma de comprimento quando
parou ao meu lado, e recuperando o resto do meu juízo, eu apenas
assenti com a cabeça e respondi.
— Você nem imagina.
Yven começou a rir e disse.
— Ela está a caminho, mantenha a calma.
Eu confirmei com um gesto e olhei em volta, para ninguém em
especial, quando Michael franziu a testa em confusão, chamando
minha atenção
— Vocês vão ter que me contar o que está acontecendo.
Yven se aconchegou no braço do meu irmão e falou.
— Amor, seu irmão está gostando da Marcelly e eu dei
algumas dicas a ele…
Michael fez um gesto com os lábios e murmurou.
— Amor, eu já falei sobre isso com você, a última vez que
você fez isso, acabou deixando Sebastian e Amanda num estado
diferente.
Eu sem entender, permaneci em silêncio apenas ouvindo eles
enquanto tomava minha bebida e Yven murmurou.
— Eu sei, mas não fiz de propósito, acredito que algo
aconteceu entre eles, e eu não estou envolvida.
Michael confirmou em um gesto e se aproximou de Yven,
plantando um beijo em sua testa e disse enquanto a apertava em
seus braços.
— Sei que não fez de propósito, eu acredito nisso também,
tem algo por trás.
Sem conseguir controlar a língua, eu logo interrompi a interação
dos dois pois parece que esqueceram de mim aqui.
— Ei casal, dá um tempo, a casa é cheia de quartos, parem
de se amassar na minha frente.
Eles começaram a rir, e Michael deposita mais um beijo na testa de
Yven e murmura fazendo um gesto com a cabeça.
— Boa sorte, Garotão!
Ele sorriu para mim enquanto abraçava Yven e se afastaram
devagar, me dando um tempo para recuperar o fôlego e então eu
virei para a entrada da mansão e vi Marcelly.
Seus cabelos loiros estavam presos em um coque despojado, seu
vestido descia justo e colado em seu corpo dois palmos acima do
joelho, sua pele parecia natural e estava radiante.
Soltando um suspiro, me vejo andando até ela, até que seus olhos
me encontraram e quase não acreditei quando ela sorriu para mim,
naquele instante eu soube, ela ficaria comigo, de um jeito ou de
outro pois, vejo seus olhos brilharem quando me vê.
— Anthony, oi...
Eu parei a pouco mais de um metro de distância, mas daqui
conseguia sentir seu cheiro doce, e de imediato fiquei embriagado.

— Oi.
Ela então se aproximou de mim e automaticamente tentei pegar
sua mão e engolindo em seco ela afastou do meu toque, e disse
com uma expressão que me parecia pena.
— Pela forma que você chegou até mim, acredito que queira
conversar sobre o dia que beijei você…
Eu assenti e fiz menção de responder, pois a atitude dela não
estava batendo com a expressão que eu via em seu rosto, muito
menos com os batimentos cardíacos dela, pois daqui consigo ver
sua veia do pescoço pulsar e sinto uma vontade imensa de passar
a minha língua naquele local.
— Não tenho como responder essa pergunta agora, Anthony.
Eu franzi os lábios quando senti uma agitação incomum dentro do
meu peito, sentindo todas as esperanças morrendo dentro de mim
e então ela continua a falar.
— Eu acho que atropelei tudo, fui apenas em uma viagem a
trabalho e confesso que me precipitei beijando você, desculpe, não
vai mais acontecer.
Eu engoli em seco e enfiei a mão no bolso da calça, mordi o lábio
me sentindo enganado e então murmurei sem conseguir olhar no
rosto dela, sentindo meu orgulho murchar bem a minha frente.
— Você está brincando comigo Marcelly?
Arrisquei olhar em seu rosto e então vi ela engolir em seco e dá um
passo para trás.
— Com licença.
E ela saiu, sem responder minha pergunta, deixando-me com cara
de idiota, levando toda a minha empolgação junto, deixando-me
em um estado totalmente contrário do que cheguei, fechei os olhos
e me amaldiçoei internamente por tudo o que acabou de acontecer
e de repente, não senti mais vontade de estar nessa festa, gostaria
de ir embora.
Sentindo um peso incomum no peito, desejei ser invisível e então
fugir para longe daqui, para longe de Marcelly, mas então decidi
apenas ficar neutro no evento, pois era aniversário do meu irmão e
do Sebastian e eu não posso me deixar afetar tanto, então decidi
esfriar a cabeça com um pouco de whisky.
Não sei quanto tempo passou, mas estou conversando com um
casal conhecido, e então percebo que não vejo meu irmão a algum
tempo até que de repente vejo Sebastian arrastando um homem
para fora de casa e sem acreditar, apertei minha visão para a
direção a saída e realmente confirmo que era Sebastian.
Preocupado, eu murmuro ao casal, já me afastando.
— Eu preciso ir, com licença.
Andei apressado até a entrada da frente quando vi Michael
surgindo através da porta e de relance, vejo Sebastian gritando
para o homem que estava sendo erguido pelo colarinho e então
consegui identificar que era Carlos, que já estava todo machucado.
Porra!
Fora de si, Sebastian parecia atordoado e Michael apenas me
olhou e eu logo entendi, e fomos segurá-lo, para aplacar um pouco
da sua raiva, mas só conseguimos tirá-lo de cima de Carlos
quando ele já estava ensanguentado e desmaiado no chão de
tanto que apanhou, em seguida, Sebastian entrou para dentro da
casa e eu fui instruído pelo Michael a chamar Gregori com um
carro para irmos ao hospital.
Porra, tudo saiu do controle, e o que deveria ser uma
comemoração acabou se tornando um cenário de caos, primeiro:
eu levei um fora de Marcelly, segundo: ela disse que tudo foi um
erro e terceiro: Carlos agrediu Amanda e obviamente entendi a
fúria do Sebastian, que deu uma surra no Carlos.
Suspirando alto, fechei meus olhos tentando me tranquilizar, o que
mais precisa acontecer?
Pelo andar da carruagem, eu não devo aparecer aqui por um
tempo, estou decepcionado demais.
Depois de algumas horas, estou voltando para meu apartamento
sozinho, exausto e extremamente chateado, na verdade,
derrotado.
Resolvi não falar com Marcelly para não piorar o que estou
sentindo, não quero ser e parecer desesperado, não preciso me
preocupar em parecer desinteressado também, pois ela mesma
não quis conversar comigo então quem sou eu para insistir?!
Joguei meu blazer em cima do sofá e segui para o meu quarto,
conferi o horário em meu relógio de pulso e vejo que são 2 horas
da manhã, comecei a me despir para tomar um banho, pois
amanhã preciso estar na Itália as 16 horas para uma sessão de
fotos de última hora.
Decidido a esquecer toda a merda que foi essa noite, apenas tomei
um banho rápido e me deitei na cama e adormeci rapidamente.
— Anthony, não seja um fracote. Vamos!
Aurora falava enquanto ingeria mais álcool que o normal, eu estava
muito preocupado, mas bebia o que ela me oferecia, e ainda
assim, me sentia preocupado.
— Amor, vamos embora, já nos divertimos o suficiente e
amanhã temos aula.
Aurora enfurecida se afastou de mim, com raiva em seu rosto
murmurou.
— Anthony, você está parecendo meu pai, que irritante.
Eu a olhei com mágoa e não falei mais nada, mas ela então disse
se afastando.
— Vá embora, e me deixe ser feliz.
Acordei num sobressalto, ensopado de suor, já fazia muitos anos
que não pensava em Aurora, ela estava enterrada a muito tempo
no fundo das minhas memórias.
Eu era muito jovem quando aconteceu.
Aurora e eu tínhamos apenas 18 anos quando decidimos oficializar
nosso relacionamento.

Ela me fazia muito feliz, lembro do sentimento que explodia no


meu peito sempre que a encontrava, seu sorriso brilhante
iluminava meus dias.
Ela era uma bela morena, sua pele era clara, seu rosto era
marcado por pequenas sardas, seus lábios eram finos, seus
cabelos em um corte moderno que desciam até os ombros.
Era doce, educada, e sempre muito dedicada aos seus objetivos.
Eu era muito apaixonado por ela, sabia que ela era a pessoa certa
para viver o resto da vida comigo, mesmo sendo muito jovens e
com aquela certeza, entramos na faculdade juntos, estávamos
cursando medicina.
E então os problemas começaram a surgir.
Aurora acabou fazendo novas amizades no qual não estava sendo
saudável, nunca fui o tipo de namorado ciumento que proíbe a sua
garota de sair com amigas, então não me importava quando ela
furava nossos encontros para sair com as amigas, pois eu também
tive uma vida social muito animada, entretanto, tudo mudou
quando me deparei com uma cena que me marcou muito.
Ia para a biblioteca quando encontrei Aurora aos beijos com um
cara que fazia algumas aulas com a gente.
— Aurora, o que você....
Fiquei sem acreditar no que via, até que ambos pararam de se
beijar, e só então consegui ver seu rosto.
Sua maquiagem estava toda borrada, seus cabelos desgrenhados
e seus olhos… Suas pupilas estavam dilatadas e quando a ouvi
falar, eu tive a certeza de que estava sob efeitos de drogas e
bebidas.
— O que foi querido?
Ela deu alguns passos trôpegos em minha direção e eu franzi a
testa e engoli o bolo que se formou na minha garganta, meu
estômago se revirou, tanto por ver a minha garota daquele jeito
quanto pelo cheiro que estava exalando dela e a acompanhei com
os olhos.
— Não me encontrou na sua cama essa manhã, não foi?
Ela jogou seus braços em volta do meu pescoço e disse muito
próximo ao meu rosto.
— Estou aqui para você agora.
Afastei aquelas lembranças e me levantei da cama, disposto a
fazer qualquer coisa que fosse me tirar daquele sentimento ruim,
lembranças e sensações que estavam me dominando, peguei meu
celular e vi que dormi apenas 2 horas, decidido a não perder mais
tempo, fui direto ao meu closet e preparei minha melhor roupa para
treino, em seguida entrei no chuveiro e tomei um banho frio.

Minutos depois estava correndo pelas ruas vazias de New York,


com meus fones de ouvido, tentando me privar das lembranças
que acabaram de me tirar o restante de paz que eu estava
sentindo, não havia ninguém na praça, e isso foi algo positivo pois
permitiu que eu desacelerasse os passos para respirar um pouco.
Depois de correr por quase uma hora, sentei-me no gramado e
fiquei alguns minutos apenas olhando o nada, na tentativa de
recuperar a respiração, tudo estava pesado demais, as lembranças
da Aurora, a dor por ter perdido ela, o fora que levei da Marcelly, o
sentimento que estou sentindo por ela.
Fechei os olhos com raiva e esbravejei, puxando o ar para meus
pulmões.
Merda, odeio quando lembro de Aurora, odeio a sensação de
quando lembro dela, odeio lembrar que um dia a tive em minha
vida.
Assim que voltei para casa, comecei a arrumar minhas malas,
decidi ir embora sem me despedir da minha família, pois não quero
vê-los agora, apenas preciso ir, pois me sinto claustrofóbico no
momento, e sei que vou me sentir melhor apenas na minha casa,
mediando, estudando e treinando.

Capítulo 9
Marcelly Benett
— Eu acho que você não deveria ter ignorado Anthony
daquela forma.
Ouvi Louisy murmurar enquanto se deitava no meu sofá no
domingo à tarde, Yven estava apenas ouvindo o desenrolar da
conversa com uma expressão séria no rosto e apesar de não se
meter, sei que ela gostaria de dar uma opinião de amiga, mas eu
acredito que o lado cunhada tenha um peso maior no caso dela
então ela apenas disse.
— Bom, agora já acabou. Anthony não irá mais importunar
você.
Eu estava me remoendo desde o momento em que respondi aquilo
para Anthony e de imediato me arrependi pois vi o brilho do
homem se apagar em segundos e aquilo foi culpa minha, ele
estava exalando beleza e uma força interna muito forte, eu estava
muito encantada por ele, mas preciso afastá-lo pois sei que ele
ainda é um homem que está em uma nova fase da vida e isso
pode acarretar muito sofrimento, eu não quero sofrer, mesmo que
eu tivesse querendo exatamente o que ele queria.

— O que você quer dizer com isso?


Murmurei de repente saindo dos meus pensamentos relacionados
à noite passada e voltando para a sala, onde minhas duas amigas
estavam, dando de ombros, Yven murmura.

— Anthony voltou essa madrugada para a Itália.


Sentindo um peso em meu peito, eu abracei minhas pernas e
perguntei tentando ignorar o nó na garganta.
— Ele ao menos se despediu?
Yven negou com um gesto e Louisy respondeu me olhando feio.
— Culpa sua, Celly, se você tivesse ao menos conversado
com ele, com certeza ele teria ficado mais tempo.
Revirei os olhos para seu comentário, mas comecei a considerar a
ideia, minha amiga não estava errada em falar tudo isso, o que
acho engraçado é que ela falou tudo o que pensava mesmo sem
saber sobre o beijo que eu dei no Anthony dias atrás.
Me joguei no sofá e soltei um suspiro frustrado, me sentindo muito
mal por ter feito a escolha errada mais uma vez, mas deixando de
lado toda a situação para que eu não me sentisse pior, eu apenas
murmurei.
— Ele fez o que ele quis, e eu fiz o que foi necessário.
Yven apenas me olhou como se estivesse entendendo o que eu
queria dizer e Louisy chocada, perguntou com seus olhos
arregalados.
— Necessário para quê garota?
Eu levantei o pescoço em sua direção e respondi.
— Necessário para proteger meu coração e a minha saúde
psicológica.
Pela primeira vez na conversa, Yven confirmou com um gesto e
respondeu.
— Se você acha que está correndo risco de se magoar com
algo, você está certa em se preservar, mas não exagere, amiga,
você não pode se fechar amorosamente para o mundo.
Eu concordei com ela, realmente, exagerei na dose de
autopreservação, mas ainda estou com medo, medo de confiar e
me magoar, por isso ainda acredito que tenha feito a escolha certa,
Anthony me parece ainda muito instável e não quero me magoar.
Depois de muitos puxões de orelha, passamos o resto da tarde
assistindo série e comendo pipoca, isso me ajudou a melhorar a
sensação pesada que estava em meu peito, mas depois minhas
amigas foram embora e fui engolida por uma sensação ruim.
A mesma sensação que eu sentia depois da morte da minha mãe,
a sensação de estar sozinha no mundo, algo que parecia me
deixar exposta a um perigo desconhecido, o medo de que algo
poderia acontecer a qualquer momento.
Me levantei do sofá, disposta a sair daquela zona perigosa, indo
até meu quarto, decidi colocar uma roupa para exercícios e sair
para correr.
Enquanto estava correndo, pensei nas coisas que presenciei
durante a minha infância e adolescência, lembro-me como se fosse
ontem, minha mãe escovando meus cabelos, enquanto contava a
minha história de princesa favorita, a Rapunzel, enquanto ela
trançava meus cabelos com seus dedos hábeis, eu prestava total
atenção em cada palavra que saia de sua boca, mesmo já
conhecendo toda a história, minha mãe nunca negava contá-la
para mim.
Comecei a correr mais rápido, aspirando o ar e expirando
novamente, controlando cada passo que eu dava.
Então viajei em uma lembrança dolorosa da minha adolescência,
de quando meu pai chegou bêbado e transtornado em casa.
Eu já estava no meu quarto quando ouvi sons de objetos sendo
quebrados e logo corri para ver o que era, eu tinha por volta de 15
anos quando vi meu pai agredir minha mãe pela primeira vez,
naquele dia, ele a pegou pelo pescoço e a jogou em cima da mesa
velha de madeira, derrubando todos os objetos que lá estavam,
logo após seu corpo bater na madeira com toda a força, lembro-me
que ele parecia estar possuído naquele momento por ter tanta
força, eu logo gritei assim que cheguei na sala.
— Papai, para com isso!
Desci a escadaria correndo e cheguei até a minha mãe que estava
desmaiada no chão, tentei acordar minha mãe, mas ela não reagia
e fora de si, meu pai trouxe um balde com água e disse com uma
voz enfurecida.
— Desmaiou? Pois acorde agora!
E jogou a água fria em cima de nós duas, eu estava com uma
calça grossa, era inverno, e estava muito frio naquela noite.
— Vocês duas não prestam para nada.
Ouvi meu pai falar isso com lágrimas nos olhos, abraçada ao corpo
da minha mãe.
Molhada, tremendo de frio e muito chateada fiquei calada pois
achei que não seria inteligente da minha parte responder algo
enquanto meu pai saia de casa com toda a sua raiva, fechando a
porta com toda força atrás de si.
Com lágrimas nos olhos, parei de correr e me curvei, sentindo uma
forte dor no peito ao lembrar daquele dia, era tão sufocante
lembrar da minha adolescência, tão doloroso que gostaria de
esquecer para sempre, minha mãe sofreu muito até o dia que ele
foi embora, chorava muito, engolia muitas palavras duras e maus
tratos.
São coisas que me marcaram tanto, que me fizeram acreditar que
eu posso acabar entrando num relacionamento abusivo, por isso
eu prefiro ficar sozinha, ao menos preferia, pois agora desejo mais
do que tudo ficar com Anthony, pensando em tudo o que
aconteceu a um ano, meus receios voltam com toda força, me
atingindo em cheio na minha maior insegurança, com meus
sentimentos misturados, eu vejo que Anthony não teria coragem de
me agredir, e apesar do seu passado ele parece muito melhor,
mais firme e mais consciente e por isso eu poderia dar uma chance
a ele, engolindo em seco eu penso em todas as possibilidades de
um relacionamento com Anthony dar errado, ele tentaria algo
contra mim?
Eu realmente não acredito nisso, mas sei que não posso passar
por tudo o que a minha mãe passou, não iria suportar tanta
humilhação em troca de um amor que não existia, mas talvez eu e
Anthony tenhamos uma chance real de ter um amor verdadeiro e
forte, baseado na construção diária de afinidades e intimidades.
Recuperando minha sanidade mental, resolvi encerrar minha
corrida e voltar para minha casa, e logo que cheguei fui direto para
meu banheiro, preparei a banheira com meus sais de banho, deixei
a luz apagada e liguei minha playlist, preparei alguns aperitivos em
uma bandeja e levei um livro junto, disposta a deixar minha pele
enrugar dentro da água, me despi e logo entrei na banheira
relaxando todo meu corpo nos jatos de água, me sentindo
relaxada, segura e autoconfiante, novamente me deparo com um
pensamento que provavelmente irá fazer eu me arrepender mais
tarde, e antes que eu possa mudar de ideia, acabei pegando o
celular e batendo uma foto das minhas pernas cheias de espuma,
me certificando que não apareceria nada íntimo, enviei para
Anthony e digitei abaixo da imagem.
“Poderia ser nós dois, mas você foi embora sem avisar.”
De imediato cai na gargalhada ao imaginar a expressão safada de
Anthony quando visse a foto, mas tudo mudou quando não teve
uma resposta rápida e logo me senti exposta demais, desejando
cancelar aquela mensagem, o arrependimento veio, pois eu não
era intima dele para fazer isso e me xingando em pensamentos,
decidi dar meu banho por encerrado, ne enrolei na toalha
desejando me dar um soco na cara quando uma notificação
quebrou o meu nervosismo e mais duas notificações vieram em
seguida.
Ah, merda! fechei os olhos e franzi a testa em nervosismo.
E agora, abro ou não? E se ele estiver me xingando ou até mesmo
me odiando depois disso?
Comecei a surtar dentro do meu banheiro, andando de um lado
para o outro, quando mais uma notificação surgiu, e engolindo em
seco fui verificar e todas elas são do mesmo destinatário, e
clicando em cima, vejo que é o bandido que tem me deixado sem
paz por muito tempo.
“Eu estou na porra de um estúdio fotográfico, Marcelly”
Cobri a boca com a mão em choque e cliquei na outra mensagem,
esperando seus xingamentos quando senti meu corpo reagir de
imediato ao que estava escrito.
“Se eu estivesse aí, com certeza não ficaríamos dentro dessa
banheira por muito tempo.”
Sorri, sentindo um misto de alívio por saber que ao menos agora,
ele não está me odiando e abrindo a outra mensagem, levei um
banho de água fria.
“Vou voltar ao trabalho. “
E prestes a abrir a outra notificação, sabendo que era apenas uma
despedida, me deparo com uma foto de Anthony, onde ele está
usando um smoking branco, com uma gravata borboleta preta.
Seu cabelo castanho está todo penteado para trás, em seus lábios
um sorriso sedutor, que me fez sentir vontade de beijá-lo
lentamente e de imediato lembro-me do dia em que o beijei.
Anthony correspondeu com vontade, como se desejasse tanto
quanto eu e de repente senti vontade de investir em algo com ele,
nem que seja numa relação casual, sem rótulos, apenas eu e ele,
em sigilo, sorri ao pensar na possibilidade de termos algo mais
íntimo.
Voltei andando para meu quarto, deixando as expectativas
crescendo dentro de mim, me enchendo de paz e tranquilidade,
imaginando que talvez Anthony seja o que eu preciso num
relacionamento de verdade.
A semana passou voando, e minha mente estava me lembrando
constantemente do bandido gostoso, e por isso eu estava focando
em qualquer tipo de entretenimento, tanto como tv quanto
atividades ao ar livre ao que me parece, Anthony realmente não
pensa em mim, pois não enviou mais mensagens e nem fotos,
internamente eu tento me convencer de que ele está apenas
ocupado, ao invés de estar por aí com outras mulheres ou até
mesmo me odiando por ter sido rejeitado.
Mais tarde, naquele mesmo dia, estava deitada em meu sofá
entediada quando recebi uma ligação, já era tarde quando vi o
nome de Jeremy brilhar na tela.
— Você o que?
Perguntei alarmada, durante a nossa longa conversa quando
Jeremy revelou o motivo da sua ligação.
— Você nem se despediu de mim, porra!
Eu xinguei em palavras, mas por dentro estava extremamente feliz
por ele, que gargalhou e disse.
— Não fica chateada, você poderá me visitar sempre que
quiser, querida, nem acredito que finalmente me aposentei.
Eu fiz biquinho, me sentei no sofá e perguntei, fazendo graça.
— Quem vai me dar as melhores missões a partir de agora?

Jeremy coçou a garganta e respondeu num tom sério.


— Eu ainda não sei querida, mas seja como for, tenho
certeza de que você se sairá muito bem, como sempre.
Eu sorri ao ouvir suas palavras, pois ser agente federal sempre foi
algo que nasci para ser, meu grande objetivo na vida é ocupar um
cargo igual ao de Jeremy e mesmo sabendo que nunca terei sua
competência e total experiência, sei que me espelharei nele o resto
da vida, pois sei que nossa amizade permanecerá para o resto da
vida, com isso murmurei.
— Muito obrigada Jeremy para mim, você sempre será meu
chefe.
Ouvi ele sorrir e então dizer em seguida.
— Venha me fazer uma visita neste fim de semana querida,
teremos um evento pequeno entre os mais íntimos e gostaria que
você comparecesse.
Eu parei para pensar se realmente deveria ir, e sorrindo murmurei
sabendo que preciso de um tempo para relaxar entre amigos.
— Me envie o endereço depois chefinho.
Depois de conversar um pouco mais com meu amigo, nos
despedimos e então liguei a TV para assistir uma série na Netflix
até que eu dormisse, pois já passava das 20h horas da noite de
uma quinta-feira, preparei um balde de pipoca e um copo gigante
de refrigerante e fui para o sofá, animada para começar a assistir
uma nova série chamada Vicenzo.
Enfiando pipoca na boca eu logo murmurei entretida.
— Que protagonista gato!
E como um sinal de repreensão, meu celular logo notificou uma
mensagem e minha atenção foi para o aparelho, vejo que é o
“meu” bandido e clicando na tela, desbloqueei o aparelho e logo
abri a mensagem.
“Pela falta de resposta, acho que meu look não agradou você”
Eu logo ri ao ler sua mensagem e negando com um gesto, eu
murmurei em voz alta.
— Se você soubesse que o que chamou a minha atenção
não tem nada a ver com o look meu querido, com certeza estaria
na minha casa agora mesmo.
Tomei um pouco do meu refrigerante e logo comecei a digitar uma
resposta.
“Em minha defesa, preferi não exceder as mensagens diárias para
você, não quero incomodar.”
Cliquei em enviar e logo cliquei no controle para retomar a série,
quando mais uma mensagem veio.
“Nunca será incomodo receber uma mensagem sua.”
Eu sorri ao ler aquela mensagem e não consegui pensar em uma
forma de responder aquilo, pois parece que estamos a um fio de
ter algum relacionamento sem pressão e apesar de querer, não sei
se devo ceder à tentação então simplesmente não respondi, deixei
o celular de lado para finalmente prestar atenção aos primeiros
episódios da série, que tem tudo para me fazer surtar do jeito que
eu gosto, preferi deixar totalmente de lado a sensação de euforia
que sinto quando estou conversando com Anthony.
Assim que meu avião aterrissou no aeroporto, peguei minha mala
e já encontrei Jeremy e Jenny, que me abraçando, logo me
saudaram.
— Olá, querida.
Eu os abracei forte, sentindo gratidão por tê-los perto de mim.
— Oi chefinha.
Ela me soltou e afagou meu cabelo, depois deu espaço para
Jeremy me abraçar também.
— Oi, chefinho.
Fechei meus olhos e sorri me sentindo acolhida novamente e
murmurei.
— É tão bom ver vocês, obrigada pelo convite.
Eles sorriram e Jenny foi a primeira a dizer enquanto me puxava
para seus braços novamente.
— Você é sempre muito bem, querida.
Eu confirmei com a cabeça, sorri e pisquei algumas vezes fazendo
graça e rindo, Jeremy murmurou pegando a minha mala.
— Eu trouxe você, então eu levarei isso.
Dando de ombros, apenas peguei meu café e segui o casal com
um sorriso nos lábios e assim que chegamos ao Suv, Jenny
indagou.
— Estava ansiosa para vê-la, como você está? Alguma
novidade? Algum garoto que eu deva saber?
Jenny que sempre foi como uma segunda mãe para mim, sorrindo
eu respondi.
— Interessados sempre tem, mas que queiram assumir
ainda está difícil dizer.
Ela jogou a cabeça para trás e riu enquanto Jeremy
guardava minha mala no espaço vazio, eu falei.
— Estava com saudades de você, estou muito feliz por ver
vocês dois.
Jenny sorriu, pegou em minha mão e respondeu.
— Querida, temos tanto para conversar, entre e vamos, pois
temos horário marcado no Spa, hoje.
Olhando desconfiada para Jeremy, semicerrei meus olhos em sua
direção, fingindo uma expressão de brava, ele se encolheu e disse.
— Se eu não diminuísse o evento, sei que você não viria.
Fiz um gesto negativo com a cabeça, mas logo comecei a rir, indo
em direção ao carro, respondi.

— Você me conhece muito bem, vocês são terríveis.


E começamos a rir enquanto caímos na estrada, nesse instante,
me senti feliz e calma, por saber que estou com duas pessoas que
me consideram como se fossem parentes de sangue, e isso é
muito importante para mim, é o que me deixa mais fortalecida, pois
os dois realmente fazem parte da minha vida e carreira.
Às 19h estávamos em uma limusine, eu estava usando um
vestido longo dourado, com uma abertura lateral na coxa, cortesia
da marca de grife que Jenny trabalha, para acompanhar o look de
milhões, coloquei saltos Jimmy Choo. Meus cabelos estavam
soltos e ondulados elegantemente atrás das costas, minha
maquiagem estava leve e esfumaçada, e estava realmente me
sentindo linda com tudo o que fizemos hoje, quando o carro
estacionou em frente a um centro de eventos, lotado, tive a noção
do quão requintado seria aquele evento, engolindo em seco
apenas deixei minhas inseguranças de lado e me coloquei em meu
devido lugar pois, eu não era uma pessoa insegura, muito menos
sem modos e postura.
— Querida, quando não estiver se sentindo confortável com
alguém, apenas pisque para mim, e eu irei salvá-la.
Jenny falou olhando para mim, enquanto segurava minha mão e
assentindo sorri para ela, que em seguida, desceu do carro quando
Jeremy estendeu sua mão, depois eu desci também, tomando todo
o cuidado para não tropeçar em meus saltos e não fazer uma cena
em frente a tantas pessoas.
No instante em que meus pés alcançaram o chão, fomos
inundados por uma chuva de flashes que vinham de todos os
lados, e sem entender olhei para frente, na tentativa de encontrar
algo que me desse uma segurança para seguir andando e foi
quando encontrei um par de olhos esverdeados olhando para mim,
ele estava usando um smoking preto com um corte sofisticado para
seu corpo musculoso, suas mãos estavam casualmente dentro dos
bolsos lhe conferindo um visual destruidor de calcinhas, eu logo
estremeci quando ele esboçou um sorriso para mim e engolindo
em seco, vejo a expressão de Anthony mudar e seus olhos
escurecerem de uma forma sedutora, então vejo que Jeremy se
aproximou de mim e ofereceu seu braço para que pudéssemos
entrar no evento, aceitando-o eu logo os acompanhei.
Anthony ficou no mesmo lugar em que estava, posando
para as fotos, a julgar pela sua expressão, já estava mais do que
acostumado com os flashes por todos os lados, transmitindo
segurança e sensualidade através de seu corpo, eu engoli em
seco sentindo minhas barreiras cederem através da beleza dele
mas ainda muito nervosa pelo encontro tão repentino, comecei a
pedir mentalmente para que Jeremy nos levasse para dentro do
local do evento mas, logo praguejei quando senti ele parar de
andar, me obrigando a ficar a pouco menos de um metro de
distância daquele monumento masculino, o cheiro de Anthony
inundou mais uma vez meu espaço, demarcando território,
fazendo-me lembrar daquele dia em que o beijei, e rapidamente
senti minhas bochechas arderem de vergonha.
— Meu caro, Anthony!
Ouvi Jeremy murmurar amigavelmente, um cumprimento e o
bandido gostoso logo respondeu todo feliz, eu sabia que aquele
gesto não estava sendo falso, o que me deixou curiosa pois não
sabia que eles se conheciam.
— Meu amigo, quanto tempo, hein?!
Ele se aproximou de Jeremy e lhe deu um abraço, depois foi até
Jenny e a cumprimentou num italiano, perfeito, que arrancaria a
calcinha de qualquer mulher indefesa
— Bella Signora.
Puta que pariu, o sotaque de Anthony em italiano fez algo latejar
no meu corpo e rapidamente tentei me recompor, virando meu
rosto e fechando os olhos na tentativa de puxar o ar e manter a
postura quando ouço Jenny responder num italiano perfeito.

— Querido, sempre tão gentil.


Anthony apenas sorri e olha para mim, seus olhos nunca se
afastam dos meus e surgindo um sorriso mais revelador, ele
murmura com um brilho sedutor e luxurioso nos olhos.

— Senhorita Benett, está magnífica como sempre.


Eu senti que meu corpo estremeceu com aquelas palavras, de
imediato aquele cheiro delicioso já não estava mais sendo tão
inofensivo, deixando-me em alerta total, Anthony estava se
infiltrando em cada célula do meu corpo e eu estava permitindo de
bom grado, desejando cada vez mais.
— Me dê a honra.

Ele ofereceu o braço para mim com um sorriso de lado e sorrindo


em resposta o aceitei, pois não teria forças para recusar a ficar tão
próxima desse bandido depois dos meus últimos pensamentos,
Jeremy assentiu com um gesto quando enlacei meu braço ao de
Anthony e logo entramos no salão onde desenrolava o evento.
— Você não respondeu mais as minhas mensagens, devo me
preocupar?
Anthony murmurou enquanto andava com elegância, sem olhar
para mim, quase de uma forma natural e internamente me
perguntei se de fato ele havia falado algo, abaixei a cabeça quando
ele me olhou por alguns segundos e arqueou sua sobrancelha,
entendendo o recado, apenas perguntei num murmúrio quando
paramos na entrada do centro de eventos, para uma última foto.
— Se preocupar com o que?
Nesse instante, ele olhou em meus olhos, e não existia nenhum
vestígio do Anthony brincalhão e irônico, num movimento cheio de
intimidade, ele envolveu minha cintura com seu braço, puxando-me
direto para seu corpo, fazendo-me me amparar com minha mão
em seu peito, e nesse instante vários flashes surgiram, mas estava
tão envolvida na intensa troca de olhares com Anthony, que
parecia existir somente nós dois, sua outra mão subiu pelo meu
braço, causando um arrepio que atravessou meu corpo todo, me
fazendo arfar de desejo e ansiedade, desejando me entregar
totalmente as vontades de Anthony, quando ele se aproximou de
mim com um sorriso nos lábios e murmurou.
— Estou aqui com você agora, devo ficar ou você realmente
estava me ignorando por que não quer nada comigo?
Ele falou isso e depois direcionou sua atenção para meus lábios,
eu engoli em seco ao sentir a urgência que existia em sua voz,
uma vontade louca de ser beijada por ele se apossou de mim, o
que me fez pensar que Anthony estava tentando se aproximar de
mim mesmo quando eu me afastava e até mesmo o rejeitava e
confirmando com um gesto, eu murmurei me aproximando ainda
mais de seu corpo.
— Eu …
Sendo interrompida por Jeremy, murmura ao se aproximar e
rapidamente nos afastamos um pouco, mas Anthony pegou em
minha mão e entrelaçou nossos dedos.
— Vamos entrar? O evento vai começar daqui a pouco.
Engolindo em seco, sentindo uma sensação de formigamento subir
através dos meus dedos, apenas acompanhei os passos de
Anthony, que parecia estar mais confortável que eu, já que com os
últimos minutos minhas pernas se tornaram gelatinas e estavam no
modo automático, Anthony confirmou para Jeremy gentilmente, e
seguimos o casal mais velho por um corredor.
Fechei meus olhos ao pensar em dizer tudo ao Anthony, que o
quero em minha vida de alguma forma, que estava disposta a me
entregar àquele sentimento e sacudindo a cabeça afastei aqueles
pensamentos quando, o vejo sorrir e então murmurar, se inclinando
para mim.
— Você fica linda quando está nervosa.
Eu sorri e o olhei de lado, ele parou de sorrir e disse se
aproximando de mim.
— Ainda quero uma resposta, Marcelly.

Eu confirmei com um gesto, e voltamos a andar entre as outras


pessoas, logo que vi a quantidade absurda de pessoas, me afastei
completamente de Anthony, pois ele foi chamado em um grupo de
pessoas que pareciam bem caras, olhando em volta vejo que
Jeremy e Jenny estão conversando com um outro casal, então me
servi de uma taça de champanhe quando um garçom se
aproximou, e segui para a varanda, mesmo não olhando para trás,
senti que Anthony estava de olho em mim, de alguma forma, isso
não me incomodava, na verdade me tranquilizava, até certo ponto.

Capítulo 10

Marcelly Benett
A noite estava quente, agradável e havia muitas estrelas no
céu, deixando-a linda e sensual, tudo estava fluindo bem, as
pessoas pareciam estar se divertindo, se entretendo entre suas
conversas, a música estava rolando solta e elegante, quando senti
um toque gentil em meu braço, enviando uma sensação
extremamente boa pelo meu corpo, arrancando um arrepio que
atravessou meu pescoço, fechei meus olhos e aproveitei a doce
sensação daquele toque em meu corpo, quando ouço sua voz num
murmúrio gentil e sensual em meu ouvido.
— Não consigo resistir mais, Marcelly.
Anthony dessa vez se aproximou de mim, e me olhou nos olhos,
em seu rosto havia uma expressão séria e seus olhos
demonstravam a urgência e vontade que sentia, passando a língua
pelos lábios, eu apenas o encarei e respondi, tentando controlar a
ansiedade naquele momento, pois a mesma vontade que ele
sentia eu estava sentindo, me aproximei um pouco mais de onde
ele estava.
— Não resista, Anthony.
Ele sorriu de um jeito sexy e se aproximou mais, acabando com
toda a distância que existia entre nós, daqui consegui sentir o seu
cheiro, fechei os olhos com a sua aproximação e Anthony levantou
seu braço, me puxou pela cintura e murmurou me apertando contra
si.
— Se eu tocar você da forma que tanto desejo, sei que não
vou querer parar.
Sua boca estava tão próxima da minha que eu conseguia sentir
sua respiração, me arrepiei.
— Não vou querer outra mulher.

Quando abri meus olhos, vi que ele estava com um brilho


luxurioso, engolindo em seco, eu respondi, tentando de alguma
forma explicar a minha ânsia por ele, deixar claro que também o
quero da mesma forma.
— Anthony… Eu…
Nada saiu da minha boca, naquele instante eu já estava entregue
ao momento, Anthony levantou sua mão e acariciou meu rosto,
segurando meu queixo, meus olhos foram para seus lábios cheios,
convidativos, que a tanto tempo penso em beijar, que a muito
tempo vem tirando minha paz e então ele murmurou com um tom
de voz rouco e sensual.
— Não faça isso, Marcelly.
Sem desviar a atenção, permaneci olhando desejosa para seus
lábios, não queria desviar a atenção do que eu mais queria no
momento, então recuperei o fôlego e murmurei.
— Não fazer o quê?
O olhei nos olhos, levantei minhas mãos e toquei seu ombro,
subindo até enlaçar meus dedos atrás de seu pescoço e me
aninhar em seu corpo, o que o fez ficar tenso com a minha
aproximação repentina.
— Querer beijar você sem parar!
Ele negou com um gesto e me apertou contra seu corpo, me
amparando em seus braços fortes, me perdi na nossa intensa troca
de olhares, ele murmurou.
— Se deseja isso, faça, mas não fique brincando comigo ou
terei que resolver o problema do meu jeito.
Nesse instante, me senti tentada por suas palavras, tudo ao redor
de repente desapareceu e me aproximando do seu ouvido,
murmurei baixinho, num desafio, querendo provocá-lo, passei
minha língua pelo seu lóbulo e trincando o maxilar ele fechou os
olhos, minha última cartada foi quando murmurei.
— Então resolva o problema, Anthony.
Sua expressão mudou de imediato, ele pegou minha mão e bufou
enquanto me puxava em direção a escadaria, me esforçando,
apressei os passos para acompanhá-lo, quando ouço.
— Porra, Marcelly!
Ele fez um gesto negativo com a cabeça, mas continuou andando,
até que chegamos em uma parte escura abaixo da varanda, um
lugar que eu nunca saberia a existência se não fosse por esse
bandido, que me olha como se fosse me devorar e estou
adorando.
Anthony me empurrou contra a parede do térreo prensando seu
corpo alto e forte contra o meu, sua aproximação estava causando
uma euforia gigante em mim e sem pensar em mais nada, apenas
me entreguei àquele momento, até que Anthony me envolveu em
um abraço, apertando-me com habilidade, como se nossos corpos
fossem o encaixe perfeito um do outro, soltei um suspiro de
surpresa pelo movimento e ele murmura.
— Você queria que eu resolvesse do meu jeito, Marcelly.
Eu apenas fechei meus olhos e lambi os lábios em expectativa, ele
se aproximou e disse quando passou a ponta da sua língua pelos
meus lábios provocativamente, dando o troco na minha
provocação de segundos atrás.
— Não vou decepcioná-la.
Então tomou meus lábios num beijo quente, ansioso e faminto,
fazendo-me soltar um gemido, deixei Anthony dominar a situação,
sua língua passeava pela minha boca como se me explorasse, na
verdade parece que conhecia cada parte de mim, pois suas mãos
estavam enroladas em volta da minha cintura com total habilidade
e sem conseguir controlar, agarrei Anthony pelo pescoço enquanto
me esfregava em seu corpo.
Naquele instante eu sentia meu corpo arder de desejo, como se de
fato eu precisasse me entregar a ele, nunca desejei tanto ir para
cama com um homem, Anthony estava ultrapassando todos os
meus limites, ele estava quebrando todas as minhas barreiras.
Senti sua mão descer pelo meu corpo, causando arrepios e um
misto de adrenalina, minha mente sinalizava apenas um tipo de
alerta no qual eu precisava ceder, o medo de sermos pegos, mas
de repente me senti mais excitada com o pensamento e então ouvi
Anthony murmurar entre beijos.
— Se eu não a tocar vou enlouquecer.
Sua mão ainda explorava minhas curvas até que chegou na barra
do meu vestido indevidamente, eu soltei um suspiro com a
aproximação dos seus dedos em meu corpo, fazendo minha pele
arder deliciosamente, adorando cada sensação que seus dedos
causam em meu corpo até que seus lábios encontram meu
pescoço, beijando e mordiscando minha pele sensível de uma
forma surreal, Anthony encontrou o caminho para minha carne
ansiosa e acariciando minha coxa, ele morde meu lóbulo e
murmura, num rosnado que me fez estremecer.
— Quero você Marcelly e quero agora!
Ele então tomou meus lábios num beijo ousado, sua língua invadiu
minha boca com autoridade, dominando-me por completo, exigindo
o que é seu, pois sei que eu sou dele, meu corpo nunca reagiu a
toques físicos dessa forma, nunca tive tanta química com um
homem como tenho com Anthony e não precisei ir para a cama
com ele para saber que temos muita química, um desejo quase
palpável e explosivo.
Devorando-me com vontade, seus lábios marcam território
como se eu já pertencesse a ele e sem quebrar nosso beijo, seus
dedos traçam o caminho da minha calcinha, e então sinto meu
corpo arder em desejo quando seus dedos atravessam a peça
pequena e fina e encontram o caminho do meu clitóris, e chupando
meu lábio Anthony passa um dedo cuidadosamente em minha
entrada, sem penetração e sem esperar, ele se afasta,
praguejando e murmura.
— Porra, você vai me enlouquecer!
Ele então volta a se aproximar e segura firme em meu pescoço e
chupa meu lábio e diz em um sussurro.
— E quero enlouquecer da forma certa.
Ele então se afasta, eu fecho os olhos, tentando recuperar o
fôlego, tentando manter o controle do meu próprio corpo, que
estava reagindo negativamente pela falta do calor de Anthony, mas
de repente, sinto dedos em volta das minhas coxas, me puxando
para frente, abrindo meus olhos me deparo com Anthony agachado
aos meus pés, ele olha para mim com um sorriso nos lábios, seus
olhos brilham com luxúria e malícia, e mordendo o lábio, ele afasta
minha calcinha e enfia a cabeça entre minhas pernas, pedindo
espaço entre minha pele e o tecido do vestido e quando sua língua
encontra minha entrada, eu solto um gemido, e cubro minha boca
com as mãos para que ninguém nos encontre e coloque um ponto
final a nossa brincadeira, extremamente safada.
Deus, acabei de chegar ao céu, senti meu corpo arder nos locais
em que Anthony tocava, me dando a certeza de que eu estava no
lugar certo.
Anthony Beckham está me chupando embaixo de uma varanda,
em um evento beneficente!
Com os olhos fechados, sinto suas mãos impacientes levantarem a
barra do meu vestido e erguer minha perna para apoiá-la em seu
ombro, facilitando seu total acesso a minha boceta e não tendo
outra alternativa senão me segurar em seu ombro e ele então
murmura num tom carregado de luxúria.
— Porra, essa é a visão do paraíso Marcelly.
Ele então se curva e afasta minha calcinha, chupando com
vontade toda minha intimidade, arrancando um gemido do fundo
da minha garganta, arrancando todo o desejo que exista dentro de
mim, sua língua entrava em minhas dobras como se me
conhecesse profundamente, me deixando com as pernas fracas de
tanto desejo e se afastando, Anthony posicionou seu polegar em
meu clitóris e começou a esfregar numa caricia, fazendo-me arfar,
até que ele alcançou a velocidade e pressão perfeita.
— Ahh
Eu gemi em desespero, sentindo meu corpo estremecer, sentindo
o orgasmo muito próximo, meu corpo estava pegando fogo e
pedindo por sua liberação, se colocando de pé, Anthony sustentou
meu corpo, enquanto girava seu polegar habilidoso em meu ponto
sensível, minha perdição foi seu beijo faminto e provocante,
segundos depois desabei em seus braços, sentindo minhas pernas
moles, me apertando em seus braços, o bandido me deu total
segurança, demonstrando que eu poderia me entregar totalmente
ao prazer que ele me oferecia, fechando os olhos, aproveitei
enquanto seus dedos hábeis entravam em minha boceta com uma
pressão perfeita e ele continuou me masturbando até que ele
murmura num rosnado fazendo-me enlouquecer ao ouvir a
ansiedade em sua voz.
— Vamos Marcelly, se entregue a mim.
Eu fechei meus olhos, quando cheguei ao clímax lentamente,
então Anthony gemeu enquanto sentia minhas paredes se
contraindo em volta dos seus dedos e me beijou, joguei meus
braços em volta do seu pescoço e me entreguei ao orgasmo que
esse bandido arrancou de mim, fazendo-me gemer baixinho e me
esfregar um pouco mais em seus dedos, Anthony murmurou.
— Não vou esquecer disso, nunca mais.
Ele me beijou mais uma vez, e consegui sentir meu corpo mole por
conta do orgasmo incrível que acabei de ter, morrendo de
vergonha, senti os braços do bandido gostoso me envolverem e
me olhando com carinho, permaneci ali, parada em seus braços
tentando me recompor, quando ele murmura depois de inalar o
cheiro do meu cabelo.
— Vamos para a minha casa?
Eu o encarei para ver o que encontrava em seu rosto, seus olhos
brilhantes me indicavam que ele esperava uma resposta positiva,
suas mãos ainda estavam em volta do meu corpo de forma
possessiva, como se demarcasse território e engolindo em seco,
respondi.
— Não sei Anthony, o que acabamos de fazer aqui…
Ele me apertou em seus braços, levou sua mão em meu queixo
enquanto disse olhando em meus olhos.
— Eu posso ir além, podemos chegar mais longe que isso
Marcelly.
Eu engoli em seco ao ouvir suas palavras, o desejo apenas crescia
e estava se acumulando em meu ventre, um desejo irresistível de ir
além com Anthony, minha mente só mostrava o quanto eu
desejava ficar com ele.
— Uma chance, uma noite ao menos, por favor!
Naquele instante eu sabia que estava entregue a Anthony
Beckham, sabia que ele seria a minha ruína, ele tinha o poder de
ser tudo o que quisesse em minha vida, e eu acabei facilitando a
sua entrada para que ele dominasse tudo, dando acesso total para
fazer o que quiser comigo, mas algo em minha mente estava me
deixando com os pés no chão, será que Anthony estava disposto a
se entregar para mim?
Capítulo 11
Anthony Beckham
Seria ridículo se eu dissesse que não senti meu corpo amolecer no
instante em que a vi descer daquele carro, a beleza e elegância
que exalam de uma forma natural contribuem ainda mais para meu
interesse, e a paixão apenas crescer fazendo com que eu me
impressione a cada vez que a vejo.
Ela sempre teve minha atenção, Marcelly me conquistou com seu
jeito único, seu sorriso e inteligência, sem falar da beleza que
transborda das suas curvas, seu rosto delicado, seu nariz pequeno
e levemente arrebitado, seus lábios carnudos que que tem a cor de
pêssegos.

Seu corpo é uma obra de arte, cintura fina, onde fico louco quando
meu braço a envolve por inteira, com uma bunda maravilhosa,
mordendo os lábios soltei um suspiro ao pensar na sorte que estou
tendo em levá-la para casa, eu soube desde o primeiro dia que ela
iria tirar minha paz, e agora, a encontrando aqui, foi como um sinal,
um sinal de que não posso mais perder tempo, ou acabarei
perdendo minha chance com ela.
Não pensei duas vezes em me aproximar, simplesmente resolvi
cumprimentar um casal de amigos e logo colocar meu plano em
ação.
Eu quero Marcely na minha vida e a terei, ela será minha, custe o
que custar, não vou medir esforços para ter essa mulher para mim.
Depois que senti o gosto doce da boceta da Marcelly, sinto que vou
enlouquecer se não tê-la na minha cama pois sei que lá a nossa
entrega será total e real, não terá ninguém para interromper e por
isso não perdi tempo, estamos aguardando meu carro chegar para
que possamos sair daqui e ir direto para minha casa, olhando
disfarçadamente, vejo que Marcelly está um pouco distante, e por
dentro estou com medo que ela desista de ficar comigo essa noite,
e torcendo internamente, peço para que o manobrista traga logo
meu carro para que possamos ir.
Saímos sem nos despedir de ninguém, pois não quero perder
tempo, e pensando nos minutos atrás, lembro-me da sensação de
sentir aquela boceta gostosa se contrair enquanto gozava em
meus dedos, amolecendo e perdendo as forças enquanto estava
em meus braços, enquanto fechava os olhos, se entregando ao
prazer que eu estava lhe proporcionando, sem dúvidas, será algo
que irá me acompanhar eternamente.
Afastando aqueles pensamentos, olhei para Marcelly, e vi que ela
abraçava o próprio corpo, e num movimento automático, tirei meu
paletó e coloquei em volta dos seus ombros, me afastei enquanto
arrumava meu cabelo e senti a atenção da garota em mim, sua
boca estava entreaberta, respirando lentamente, e olhando-a, vi
uma expressão que pareceu surpresa por causa do meu gesto, e
levando minha mão ao seu rosto, perguntei enquanto acariciava
seu rosto que já estava corado.
— Tudo bem?
Ela me olhou em silêncio e esboçou um sorriso doce que fez meu
coração acelerar.

— Obrigada, estou bem.


Confirmando com um gesto, e uma última carícia, pois não consigo
ficar perto sem tocá-la por muito tempo, vejo que o meu carro está
chegando.

— Vamos?
Murmurei a ela assim que o manobrista me entregou as chaves, e
assentindo com um sorriso tímido, entrelacei nossos dedos, e sem
se afastar Marcelly me acompanhou, e abrindo a porta a aguardei
entrar e me abaixei para ajudá-la com o longo vestido e fechei a
porta em seguida, ansioso para tê-la em meus braços novamente.
Essa mulher despertou meus maiores instintos, e agora que senti
seu sabor, sei que não posso mais ficar longe e farei de tudo para
que ela me aceite em sua vida, pois ela me marcou
profundamente, seu cheiro feminino e doce estava invadindo o
carro, e logo me senti nervoso e com muita vontade de possuí-la
aqui mesmo, mas me controlando, continuei a dirigir, na tentativa
de manter a calma.
— Você está com fome?
Perguntei a Marcelly, tentando deixá-la confortável em minha
presença, já que psicologicamente eu estava surtando enquanto
imaginava Marcelly nua na minha cama, virando seu rosto para
mim, me arrancando daqueles pensamentos inapropriados, ela
esboça um sorriso e murmura.
— Estou morrendo de fome, e você?
Eu sorri enquanto olhava para a estrada e respondi, fazendo um
gesto com a cabeça, sabendo que a mesma fome que eu sinto não
seja igual a dela.
— Estou faminto também.
De repente, algo passou em minha cabeça, e pensei que ela
poderia gostar e então eu perguntei.
— Pizza?
Por um momento, me arrependi de ter dito isso, Marcelly me
encarou por alguns segundos e respondeu.
— Nunca dispenso uma boa pizza e uma Netflix.
Eu sorri ao ouvir isso e então murmurei.
— Vou pedir uma pizza para comermos em casa, o que
acha?
Ela parece se sentir mais confortável e concordou com um sorriso.
— Perfeito.
Sorrindo igual a um idiota acelerei para meu apartamento, e mais
uma vez, agradeço aos céus por ter a oportunidade de estar com
Marcelly agora. Sabendo que teríamos horas para ficarmos juntos
apenas acelerei o carro ansioso para chegar em casa.
Assim que chegamos ao meu prédio, entrei pelo estacionamento e
logo estacionei o carro na minha vaga e desci, andando em
direção a porta da Marcelly, que assim que abri sua porta, estendi
a mão para ajudá-la e ela prontamente aceitou, e a puxei para que
ela me acompanhasse até o elevador.
Logo que as portas metálicas se fecharam tentei ao máximo me
comportar, mas ver que as suas bochechas estavam vermelhas, só
me fizeram sentir vontade de avançar contra ela e beijá-la ali
mesmo e sem hesitar, prendi Marcelly entre mim e a parede e
tomei seus lábios num beijo esfomeado.
Como sempre, Marcelly me recepcionou perfeitamente, nossas
línguas se tocavam com luxúria, demarcando território e mais uma
vez perdi a noção do tempo e espaço, desejando que esses beijos
durem o maior tempo possível e então ouvi um gemido sair da
garganta de Marcelly e a apertei mais entre meus braços,
saboreando cada segundo com ela e quando as portas metálicas
se abrem, me afastei com muito esforço daquele corpo quente, e
sorrio ao puxar Marcelly para fora, que ofegante, sorri e me
acompanha com elegância em seus saltos.
O corredor está vazio e o único som que podemos ouvir é o salto
dela ecoando no piso de mármore, e assim que chegamos ao meu
apartamento, digitei meu código e abri a porta, Marcelly entrou
primeiro e olhando em volta lembro que deixei tudo apagado,
somente com alguns abajures acesos, e com a mente a mil,
ataquei Marcelly, faminto, sedento e desejando possuir seu corpo,
ansioso por senti-la por inteiro.
Agarrando-a, ergui seu corpo curvilíneo em meus braços e a
envolvi em um abraço firme e possessivo.
Quero que ela saiba que essa noite irei fazê-la minha, seu corpo
vai queimar somente com meus toques e toda a doçura que será
extraída do seu corpo, será somente por mim.

Me envolvendo com suas coxas em volta do meu quadril, levei


Marcelly para meu quarto entre beijos e toques, ainda com as
luzes apagadas fechei a porta do quarto com o pé, e andei até
chegar na cama e assim que depositei Marcelly no colchão e
acendi a luz que ficava ao lado da cama, e pude ver que a minha
garota estava com suas bochechas ruborizadas, seus olhos
atentos a cada movimento meu e apesar de estar com as
bochechas vermelhas, ela não parecia estar envergonhada, na
verdade, esfregava suas coxas de uma forma que estava me
hipnotizando e logo comecei tirar minha gravata e Marcelly
pareceu reagir de imediato ao que eu estava fazendo. Seus olhos
estavam brilhando com luxuria e desejo, seus lábios entreabertos
demonstravam que ela estava com a pulsação acelerada, seu peito
subia e descia em meio a respiração pesada e sem tirar seus olhos
de mim, lambeu sensualmente seus lábios quando comecei a abrir
os botões da minha camisa branca, deixando meu abdômen
exposto aos seus olhos, e retirando a camisa a joguei no chão.
Marcelly engoliu em seco quando me aproximei da cama
lentamente, e esticando os braços atrás de si, ela me acompanhou
com os olhos atentamente, toquei seu pé e comecei a abrir a fivela
da sua sandália, sentindo a pele macia exposta para mim, logo que
tirei as duas sandálias, abri suas pernas e fui subindo meus dedos
lentamente por suas coxas, fazendo sua pele se arrepiar apenas
com o toque dos meus dedos, não sei explicar, mas estava
sentindo uma eletricidade sair dos meus dedos a cada toque no
corpo de Marcelly.
Ainda com as pontas dos meus dedos, subi até o centro do seu
corpo, olhei em seu rosto e as bochechas de Marcelly estavam
num tom escarlate perfeitos, e não resistindo, enlacei sua cintura e
a puxei para mim, colocando-a sentada em meu colo, tomei seus
lábios num beijo carinhoso, Marcelly grudou em meus cabelos e eu
rosnei quando senti meu membro pulsar dentro da calça apertada,
sendo esmagado pelo corpo de Marcelly.
Meus dedos hábeis, logo encontraram o zíper invisível do vestido
que cobria todo aquele corpo maravilhoso, e ansioso, o tirei,
deixando-a seminua e completamente exposta aos meus olhos,
somente de calcinha preta de renda, uma pequena peça que
existia apenas para me atormentar e soltando um suspiro eu
murmurei.
— Quero beijar cada centímetro do seu corpo.
Ela não falou nada, apenas me abraçou, querendo me beijar
novamente, e mais uma vez cedi ao desejo de beijá-la, pois a
vontade só crescia, eu queria Marcelly em meus braços.
— Não imagina o quanto esperei por isso.
Murmurei entre beijos e carícias, Marcelly parecia derreter sob
meus toques, e cada parte que eu a tocava parecia formigar em
meu corpo, e deitando-a na cama, deitei-me em cima dela,
enfiando minha perna no seu centro e pressionando na medida
certa e ela soltou um gemido que causou um tremendo estrago em
meu lado obsessivo.
— Se continuar gemendo desse jeito para mim, não deixarei
você sair da minha cama nunca mais.
Se afastando, Marcelly sorriu e voltou a atacar minha boca com
urgência enquanto se esfregava em mim, e pressionando-a ainda
mais, ela soltou um gemido que despertou meus instintos
primitivos e murmurei sentindo-me um pervertido
— Isso, Marcelly, quero ouvir você gemer para mim.
Eu a apertei contra meu corpo e enfiei meu rosto entre seu
pescoço e cabelos, provocando-a entre beijos e mordidas em sua
pele sensível fazendo-a se curvar em meu colo, e esfregar ainda
mais a sua boceta em meu membro latejante.
— Anthony, eu preciso de você.
Eu me afastei devagar, acompanhando seu ritmo, temendo que ela
desistisse, apesar de que os sinais estavam claros de que ela
queria tanto quanto eu, mas ainda assim segui em frente, quando
ela falou enquanto mordiscou meu lábio inferior.
— Por favor, me faça sua.
Eu não sei explicar o que senti ao ouvir aquelas palavras, mas foi
como se eu estivesse ganhando um prêmio, a felicidade que me
preencheu nesse momento, foi inexplicável então tomei seus lábios
novamente, quando em um movimento rápido, Marcelly inverteu as
posições, me deixando abaixo do seu corpo e erguendo minhas
duas mãos acima da cabeça, ela murmurou com um sorriso
malicioso.
— Sorte sua que não trouxe minhas algemas.
Eu sorri por sua ousadia e lambendo os lábios, sinto Marcelly fazer
um círculo imaginário com seu quadril em cima do meu pau,
provocando-me ao máximo, causando uma ansiedade maior, me
fazendo desejar ainda mais estar dentro dela.
— Porra Marcelly, eu não vou me controlar quando estiver
dentro de você.
Eu enfiei meus dedos por entre seus cabelos, que a essa altura já
não existia mais o penteado do evento, e a puxei para mim e
ficando a poucos centímetros de distância eu murmurei, com meu
tom de voz carregado de tesão.
— Você vai implorar para me ter dentro de você.
Ela sorriu, e de repente se aproximou da minha boca e me beijou
lentamente, sua língua acariciava a minha numa dança sensual,
excitando-me, conduzindo-me a vontade de possuir seu belo
corpo, extrair todo prazer existente nela, e com apenas uma mão
Marcelly tirou meu cinto, seus dedos estavam trêmulos mas
executam a tarefa com perfeição, abriu o botão da minha calça e
em seguida baixou toda a peça e jogou junto a camisa e gravata
que estavam lá e foi nesse momento que aproveitei e a puxei em
meus braços, colocando-a por baixo novamente, dominando a
situação e dificultando seus movimentos, eu a desafiei pelo olhar,
ela sorriu e disse.
— Acho que prefiro você no controle bandido.
Quando ouvi ela falar isso, de imediato fiquei mais excitado e
minhas mãos desceram pelo seu quadril e encontraram sua bunda,
e apertando-a, eu falei.
— E eu vou fazer você perder o controle enquanto goza
gostoso para mim, Marcelly.
Descendo meu rosto até sua barriga lisinha, chupei sua pele
exposta e murmurei.
— Vou roubar de você tudo o que tiver direito, essa noite te
farei minha.
Excitada, Marcelly mordeu os lábios e fechou os olhos, apertando
suas pernas se atrapalhando, meu orgulho masculino inflou
quando a vi daquele jeito, tirei minha cueca e fui até minha gaveta,
encontrei um preservativo que já estava a um tempo guardado,
pois na verdade, eu não tenho relações desde que vim morar com
meu tio na Itália, mas estou tão excitado que não posso ficar sem
me enterrar nessa mulher, e rasgando a embalagem, logo vesti
meu pau e voltei para cima de Marcelly, que me recepcionando
bem, vi o quanto ela está ansiosa por mim também.
Deitei-me por cima dela, e segurei seu pescoço entre meus dedos,
apertando na medida certa e a outra mão levei até a sua boceta
para conferir sua lubrificação, e satisfeito, vejo que ela está
molhada e pronta para me receber, então me posicionei, colocando
a cabeça do meu pau em sua entrada, e antes de penetrá-la, eu
murmurei puxando seu cabelo com cuidado, mas com firmeza no
ponto certo.
— Quando eu entrar em você, quero que você memorize a
sensação.
Eu me posicionei melhor para entrar e murmurei.
—Essa bocetinha melada vai querer somente meu pau
entrando nela.
Ela entrelaçou os dedos em volta do meu pescoço e murmurou
ansiosa.
— Vem logo, me faça sua.
Marcelly jogou suas pernas em volta dos meus quadris e fez força
para baixo, como se pedisse para que eu a penetrasse e foi o que
fiz, me ergui em meus braços e forcei meu quadril devagar,
sentindo a boceta dela me engolir do início ao fim, e gemendo
baixinho Marcelly mordeu os lábios e quando comecei a me
movimentar, quase fui a loucura, sua boceta estava muito
lubrificada, o que facilitava minha entrada e logo me enterrei todo
nela.
Enfiei meu nariz em seu pescoço, desejando sentir aquele
cheiro pelo resto da minha vida e logo comecei a me mover com
tesão, entrando e saindo devagar, comecei a sentir a necessidade
de aumentar a velocidade e assim o fiz, apoiando meus braços
numa posição que me fizesse segurar meu peso, soquei meu pau
até o fundo, e aumentei a velocidade à medida que minha garota
gemia baixinho.
Seus gemidos eram como um afrodisíaco me deixando cada
vez mais louco por ela e movendo apenas meus quadris, em forma
circular, senti as mãos da safada me apertarem com força e
conforme fui repetindo aqueles movimentos, cheguei ao seu
clitóris, e ela cravou suas unhas nas minhas costas e num gemido,
beijou minha boca, com fome e excitada, sua língua invadiu minha
boca com vontade, e segundos depois, ela gemeu alto entre nosso
beijo o que me deixou ainda mais louco de desejo por ela e dessa
vez eu sabia que Marcelly estava tão entregue quando eu.
Ainda mexendo meus quadris, senti a boceta de Marcelly se
contrair, um sinal claro de que iria gozar, então me afastei e a
coloquei de bruços, e levei meus dedos em sua entrada, sentindo a
sua excitação escorrer entre meus dedos, e com a outra mão
posicionei seu corpo de lado, ainda enfiando dois dedos dentro de
Marcelly.
— Você vai gozar de novo, nessa posição.
Posicionei seu corpo de lado e dobrei suas duas pernas para
frente, empinando sua deliciosa bunda para mim, e nesse
momento, me posicionei atrás dela e levantei sua perna quando a
penetrei gemendo, Marcelly fechou os olhos e mordeu o lábio, a
essa altura, ela já estava se contraindo em volta do meu pau
novamente e levando meus dedos até seu clitóris, esfreguei com
meu polegar em uma carícia, e fui aumentando a velocidade, e
conforme entrava e saia, Marcelly se empinava ainda mais para
mim, quando vi que ela ia gozar, aumentei os movimentos do meu
dedo e quadris e murmurei num rosnado.
— Isso Marcelly, goza para seu homem.
Sem eu perceber, meus movimentos se tornaram mais ritmados, e
mais intensos, Marcelly ofegou e gemeu alto, me entregando todo
seu prazer, sentindo meu pau ser apertado enquanto ela gozava,
jogando a cabeça para trás Marcelly se entregou a mais um
orgasmo enquanto continuei meus movimentos sem parar, atrás da
minha própria libertação e com um sorriso malicioso, ela disse.
— Quero montar em você.
Quando ouvi isso, meu pau pareceu endurecer ainda mais e
gemendo, senti minha garota sair debaixo de mim e se afastar,
então me deitei de costas no colchão e ela se sentou em mim, e
sem dó, pegou meu pau entre suas mãos e posicionou em sua
entrada, sentou-se sem pausa, arrancando um gemido profundo de
mim, mudando a posição, colocou suas pernas para frente,
literalmente se sentando em mim, arrancando um suspiro alto,
Marcelly começou a rebolar em círculos em cima do meu pau. Me
deixando à beira da loucura.
Aumentando seus movimentos, Marcelly gemeu enquanto jogou
sua cabeça para trás.
— Você é tão gostoso.
Ela fechou os olhos, seus cabelos foram para trás num movimento
selvagem e segurando em meus ombros, vi seus seios balançarem
conforme rebolava em mim, arrancando meus gemidos, fiquei
encantado ao ver a beleza natural e selvagem que ela tem, seus
cabelos estavam soltos atrás de suas costas e balançavam junto
com seus seios enquanto cavalgava em mim, em movimentos
contínuos e ritmados ela estremecia em cima de mim e murmurou
num tom sensual.
— Eu vou…
E contraindo sua boceta em volta do meu pau, ela acelerou o
movimento e muito atento, eu segurei seu quadril e comecei a
estocar com força, privando todos os movimentos dela que com
muita facilidade gozou novamente, e logo amoleceu em cima de
mim e eu fui logo atrás, explodindo dentro dela, fechando os olhos
e suspirando enquanto sentia o orgasmo atravessar por todo meu
corpo, causando relaxamento total e naquele instante eu tive
certeza, que essa foi a melhor foda de toda minha vida.
Sem se mexer Marcelly se encolheu e se deitou em meu peito, eu
a apertei em mim, sentindo seus batimentos descompassados
assim como os meus, curtindo cada segundo pós orgasmo com a
mulher que está tirando minha paz diariamente, relaxei e fechei
meus olhos quando Marcelly diz.
— Isso foi…
Eu a interrompi, acariciando sua coluna com a ponta dos dedos.
— Perfeito.
Marcelly se remexeu em cima de mim e abri meus olhos e a flagrei
enquanto me olhava, e sorrindo ela diz.
— Também achei.
Acariciei seu lindo rosto demoradamente e a beijei, um beijo leve,
simples e afetuoso, que foi correspondido na mesma intensidade,
aquele beijo que trocamos estava cheio de paixão só em pensar
que Marcelly sente o mesmo que eu, logo me vejo com expectativa
de tê-la em minha cama daqui para frente, em um futuro só nosso.
— Melhor a gente se limpar e comer algo.
Murmurei ao lembrar que eu havia esquecido de pedir a pizza, e
Marcelly deitou sua cabeça em meu peito enquanto ria,
provavelmente porque lembrou que eu havia esquecido da nossa
comida.
— Eu realmente esqueci da pizza.
Confessei fazendo um gesto com a mão na testa e Marcelly
respondeu com um gesto negativo com a cabeça e murmura com a
voz sonolenta.
— Você não sabe como receber uma visita, Beckham.
Um silêncio tomou o quarto e alguns segundos depois começamos
a rir juntos, e dando um tapa em sua bunda, eu murmurei.
— Acho que sei bem como tratar você, de agora em diante.
Marcelly levantou seu tronco e olhou em meu rosto, era evidente a
sua curiosidade sobre meu último comentário, e admirando sua
beleza sorri quando ela se acomodou melhor em cima de mim, ela
mexeu no cabelo longo, deixando-o todo de um lado do ombro,
suas bochechas estavam coradas dando a confirmação de que
havíamos acabado de transar e isso me deixou muito animado,
pois Marcelly estava assim por conta do que fiz com ela.
Apoiando seu queixo em meu peito, totalmente relaxada, ela
pergunta.
— Como acha que devo ser tratada?
Eu sorri, e levei uma mecha de seu cabelo que insistia em cair no
seu rosto atrás de sua orelha e murmurei.
— Com muitos orgasmos, comida e Netflix.
Ela me deu um sorriso largo e respondeu me olhando com uma
expressão de quem iria me tirar a paz, ela me falou.
— Vou me apaixonar, Beckham.
Eu olhei fundo em seus olhos e respondi, sentindo meu coração
acelerar e mesmo sabendo que ela estava brincando, ainda assim
existia uma esperança dentro de mim.
— Essa é a intenção.
Ela olhou em meus olhos e de repente para meus lábios, aquele
gesto foi o suficiente para que algo em mim acordasse novamente,
então a puxei para mim, e a beijei com carinho, Marcelly jogou
seus braços ao redor do meu pescoço e me beijou na mesma
urgência, se entregando totalmente ao nosso momento e logo senti
meu corpo derretendo pelo desejo novamente, mas me afastando,
eu murmurei entre beijos.
— Vamos tomar banho, tenho comida fit congelada.
Confirmando com um gesto, ela levanta e se enrola no lençol
enquanto fala.
— Posso sobreviver a uma comida fit ao invés de uma bela
pizza.
Encarando-a, arqueei a sobrancelha e murmurei enquanto a
direcionava ao banheiro, me sentindo bem-humorado.
— Ótimo, na hora da fome, vale tudo!
Depois de um rápido banho, eu e Marcelly já estávamos no quarto
quando entreguei uma camiseta minha para ela vestir, e logo em
seguida, escolhi uma calça moletom para mim.
— Limpos e vestidos, agora precisamos nos alimentar.

Fiz um gesto com a cabeça, indicando para ela me seguir e


sorrindo ela o fez.
— Estou faminta.
Eu confirmei com um gesto e disse.
— Para nossa sorte fiz tudo isso hoje.
Marcelly arqueou a sobrancelha e perguntou com um tom de voz
que deixava evidente a sua descrença.
— Desde quando Anthony Beckham cozinha?
Apoiei minhas mãos em cima da mesa de mármore, achando
graça da sua pergunta.
— Desde quando me recuperei e precisei me virar ou
passaria fome.
Eu vi que Marcelly se espantou com o que eu disse e engoliu em
seco, então expliquei.
— Meu tio queria que eu aprendesse tudo, a me virar, a fazer
as coisas por mim, correr atrás dos meus próprios objetivos e com
isso, me proibiu de receber ajuda de terceiros.
Marcelly assentiu com a cabeça e disse com um sorriso leve nos
lábios.
— Seu tio fez um ótimo trabalho, pois o cheiro está incrível.
Eu sorri para ela e disse.
— Espero que o sabor esteja à altura.
Ela sorriu e piscou dizendo.
— Com a fome que estou, poderia comer até um elefante.
Não resisti e gargalhei ao ouvir seu comentário, e Marcelly sorriu
lindamente para mim, enquanto se acomodava em uma das
cadeiras, enquanto fazíamos uma leve refeição.
Depois de muito insistir, permiti Marcelly lavar a louça do jantar e
logo em seguida a levei para o banheiro e lhe dei uma escova de
dentes nova e fizemos a higiene juntos, sempre fazendo piadas
internas um do outro, como de costume, pois sei que meu senso
de humor é bem irritante para ela.
— Saí para lá, elefante, deu de limpar minha casa?
Marcelly franziu a testa e disse.
— Mas eu sujei sua pia, foi sem querer, mas ainda posso
limpar.
Eu peguei em suas mãos e a mobilizei atrás de suas costas e
disse próximo ao seu ouvido.
— Vamos para a cama, agora.
Ela se encolheu sob meu comando, e se aproximando de mim, eu
a apertei contra meu corpo e disse.
— Eu adoro quando você se encolhe toda em mim.
Ela sorri sem graça e se vira de frente para mim e joga seus
braços em volta dos meus ombros e diz.
— Obrigada por hoje.
Eu sorri, plantei um beijo em sua bochecha e murmurei.
— Estou muito feliz que você tenha ficado comigo.
Ela então me abraçou e enfiou o rosto entre meu peito e pescoço,
eu então passei meus braços pelas suas pernas e a peguei no colo
e logo murmurei já andando em direção a cama.
— Vamos dormir, talvez eu acorde faminto de novo, e preciso
que esteja bem descansada.
Ela se aconchegou em meu peito e pareceu relaxar com um
sorriso nos lábios, me sentindo feliz e satisfeito, a depositei na
cama, em seguida deitei e a puxei para meus braços, nos
entrelaçando, dormimos agarrados e ali tive a certeza de que
Marcelly nunca mais me deixaria, que em meus braços era o lugar
dela e então adormeci.
Capítulo 12

Marcelly Benett
Assim que despertei, senti um cobertor quente e muito cheiroso em
cima de mim, abri meus olhos devagar e vejo que Anthony ainda
dorme tranquilamente, está com suas pernas entrelaçadas em
mim, sua mão está em minha cintura, como se estivesse me
segurando e sorri ao admirá-lo enquanto dormia, sua expressão
estava serena, tranquila e parecia estar num sono profundo,
parecendo vulnerável a mim.
Sim, nossa noite foi perfeita, foi muito além do que imaginei, mas
estou lidando com Anthony Beckham, um homem que ainda é um
enigma para mim, como ele irá me tratar depois que acordar?
Engolindo em seco, lembro-me que ele cuidou de mim antes e
depois de transarmos e isso me leva a pensar que poderei ter
outras recaídas somente pelo tratamento dele, já que ele superou
minhas expectativas
E muito confusa, eu me pergunto ao fechar os olhos, ele superou
minhas expectativas, por que estou tão insegura? O que me faz
não estar segura com Anthony? O que ele fez para mim?
Minha mente me leva aos dias que eu me senti desesperada
enquanto ouvia os abusos psicológicos do meu pai com a minha
mãe e isso me aterroriza até hoje, esse trauma tem um forte poder
em mim, tão grande que nunca consegui me relacionar
profundamente com um homem simplesmente por ter medo de ele
me machucar como meu pai fez com minha mãe.
Eu já sabia que seria perigoso para mim, sabia que Anthony era
um grande risco para meu coração, mas ainda assim cedi ao meu
desejo por ele e agora me vejo amedrontada pela possibilidade de
acontecer algumas coisas ruins após ele acordar, um exemplo é
ele se arrepender por ter ficado comigo, outro exemplo é ele fazer
algo que irá me prejudicar psicologicamente de hoje em diante.
Suspirando, penso mais uma vez em como nossa noite foi perfeita,
mas sentindo um gosto amargo, vejo que tudo isso é loucura, não
posso ficar com Anthony, e se ele me magoar? E se ele fizer o que
meu pai fazia?
Senti uma sensação pesada dominar meu peito, senti o pânico me
dominando e tomando os devidos cuidados, levantei-me da cama
sem fazer barulho ou qualquer movimento brusco, tirei minha
perna do emaranhado das pernas com Anthony e sai da cama,
olhando em volta à procura das minhas roupas, encontrei meu
vestido perto da poltrona e fui até o banheiro me vestir e fazer
minha higiene.
De cara limpa, prendi meu cabelo em um coque frouxo e
olhei mais uma vez para a cama e vi Anthony ainda dormindo e
peguei meus sapatos e me direcionei para a porta e no momento
em que toquei na maçaneta, um braço forte pegou em meu pulso e
me fez virar bruscamente, me fazendo bater de frente com um
peitoral duro, quente e com um cheiro irresistível.
— Estava indo embora sem se despedir Marcelly?
Anthony estava com uma expressão indecifrável no rosto, como
uma máscara e engolindo em seco, eu apenas murmurei olhando
em seus olhos.
— Eu não sabia se…
Fechando os olhos, Anthony suspirou e disse me interrompendo.
— Não sabia se deveria estar aqui quando eu acordasse?
Algo pesou no meu estômago, imaginando a rejeição caso isso
acontecesse e timidamente confirmei com um gesto e ele afrouxou
a pressão no meu corpo e disse.
— Acho que acordar com você enrolada num lençol ao meu
lado é muito melhor do que ver você fugindo em silêncio.
Ele me olhou uma última vez, e pude ver mágoa e confusão em
seu rosto, ele então se afastou e me deu espaço, e eu logo me
senti mal, por ter feito uma escolha tão idiota, pois naquele
momento parecia ser o certo a fazer.
— Anthony, eu apenas…
Travei, minha garganta apertou e já não sabia mais o que falar e
Anthony me olhou em silêncio e engolindo em seco eu continuei.
— Não sabia o que fazer, fiquei com medo de ser mandada
embora. Eu…
Sorrindo amargamente, Anthony dá alguns passos para trás, como
se tivesse levado um soco invisível, em seu rosto era possível ver
a decepção tomando-o e então ele diz.
— Eu nunca faria isso com você Marcelly.

Ele riu, parecendo sentir dor e continuou quando apoiou seu peso
no aparador que estava junto a parede, emoldurado com um
espelho.
— Fiquei num inferno por meses internado, desejando
morrer dia após dia, por toda a merda que fiz.
Ele pausou por alguns segundos e olhou para a parede e ali seu
olhar se perdeu e ele continuou a falar como se lembrasse do
acontecimento.
— Sempre que você aparecia por perto eu me sentia em
paz de novo, era como se você me tirasse da escuridão por alguns
minutos.
Meu peito apertou ao ouvir isso, ele se afastou do aparador e se
jogou na poltrona que estava a poucos menos de 1 metro de
distância e continuou.
— Eu sempre quis ficar com você Marcelly, mas não era
homem o suficiente para declarar isso.
Eu engoli em seco e apertei meus dedos, na tentativa de manter a
calma e murmurei.
— Eu sinto muito, fiquei confusa e preciso de um tempo para
assimilar o que está acontecendo aqui.
Anthony olhou para suas mãos por alguns segundos em silêncio e
depois se esticou na poltrona, jogando seus braços no descanso
da poltrona e perguntou me olhando com uma expressão séria em
seu lindo rosto, naquele momento eu soube que havia estragado
tudo que havia acontecido entre nós.
— O que está acontecendo aqui Marcelly?
Eu fiz um gesto negativo com a cabeça e engoli em seco, por
causa do nervosismo pisquei algumas vezes e meus olhos
tremeram, e Anthony levantou-se e veio andando em minha
direção lentamente, sempre mantendo contato visual comigo e
então murmurou.
— O que está acontecendo que está fazendo você ficar
confusa e fugir de mim?
Eu recuei alguns passos à medida que ele se aproximava, e
quando bati minhas costas na parede, Anthony parou e disse.
— Não acho que seja difícil resolver a nossa questão.
De repente se aproximou e tocou em meu queixo, depositou um
beijo suave em minha bochecha e disse.
— Darei espaço, o tempo que você precisar.
Ele se afastou devagar, se direcionando para a poltrona
novamente e sentindo um incômodo no peito, eu peguei a sua
mão, impedindo-o que se afastasse e disse tentando recuperar
aquele brilho que exalava dele, mas nada aconteceu.
— Até mais.
E então abri a porta e saí rumo à saída do prédio.
Não sei o que está acontecendo, mas não estou me sentindo
melhor agora, parece que realmente fiz a escolha errada e
estraguei tudo, mas quem sabe isso seja melhor, por mais que
existam sentimentos entre mim e ele, não acho que devemos
seguir juntos, isso pode dar muitos problemas futuros e tentando
me convencer, andei apressada para alcançar o táxi que estava
estacionado ao meio fio.
Dele, desceu uma morena, com olhos castanhos e um rosto
delicado, ela apenas segurou a porta aberta para mim e sorriu e eu
fiz um gesto de agradecimento e logo entrei, desejando que meus
sentimentos se organizassem rapidamente e sem dúvida eu iria
surtar.
Já faz duas semanas que voltei para New York, faz duas semanas
que não estou tendo um minuto de paz se quer.
Anthony está rondando meus pensamentos a cada dia que passa,
não consigo esquecer das mãos, do beijo e das palavras daquele
bandido gostoso.
Sinto que a cada dia que passa, fiz a escolha errada, o que é muito
contraditório pois eu deveria estar feliz por seguir em frente sem
ele.
Pois Anthony Beckham é um problemão da porra, não é!?
Abracei minhas pernas em cima do sofá sentindo aquele vazio no
peito de novo, e vejo que isso é culpa do Anthony.
Quem mandou aquele bandido me fazer gostar dele?
Quem ele pensa que é para não sair da minha cabeça desse jeito?
Droga!
Eu sempre fui uma pessoa muito seletiva, tive apenas dois
parceiros sexuais e Anthony se superou em tudo, acredito que
nenhum outro irá ultrapassar a nossa química entre quatro
paredes, entre lembranças, desejei que as horas passassem
voando, pois não aguentava mais ficar naquele mal-estar.
A noite chegou, e recebi uma mensagem da Yven relembrando que
irão fazer um jantar na casa dela, em comemoração ao retorno de
Sebastian e Amanda de Paris e animada, fui para o banho pois
estou morrendo de saudades das minhas amigas e Amanda
passou por um período muito doloroso e eu não estava aqui para
apoiá-la pessoalmente.
Minutos depois, já estava vestida para a ocasião, algo em meu
peito dizia que eu teria surpresas hoje e engolindo em seco, orei a
Deus para que fossem boas surpresas, senão eu não aguentaria.
Assim que cheguei à casa da minha amiga logo fui direcionada a
sala, onde encontrei Amanda e Louisy conversando.
— Celly, que bom ver você!
Amanda se aproximou, me abraçou forte e sorrindo retribui e
murmurei.
— Estávamos com saudades de você.
Me afastei um pouco e sentei-me no sofá e perguntei.
— Como você está? Curtiu muito a suíte Francesa?
Logo começamos a rir, Amanda confirmou num gesto e disse se
acomodando ao meu lado.
— Gente foi incrível! Sebastian é perfeito para mim.
Eu confirmei com a cabeça, sorrindo com a alegria contagiante no
rosto da minha amiga e Louisy disse chamando nossa atenção.
— Você merece ser muito feliz, Amanda, diante de tantas
coisas que passaram juntos.
Concordando com um gesto, eu me levantei e disse.
— É isso mesmo, você merece tudo de bom e tenho certeza
de que Sebastian fará você muito feliz.
Nos abraçamos mais uma vez e continuamos conversando quando
vejo Anthony chegar, usando uma calça de alfaiataria, uma camisa
polo colada em seu peitoral, deixando-o extremamente gostoso,
em seu rosto existia uma expressão tranquila, seu sorriso rotineiro
brincava em seus lábios me fazendo sentir saudade de tê-lo por
perto, ele conversava animadamente com Michael, ambos estavam
rindo, quando ele me viu e de imediato seu sorriso sumiu.
O brilho que ele tinha se tornou fosco e de imediato me senti
culpada.
Sem graça, eu o encarei pensando se deveria cumprimentá-lo,
quando ele simplesmente virou em direção a sala e sumiu do meu
campo de visão, não vou negar, doeu para caralho ser ignorada
desse jeito.
Tudo bem, que eu estava com dúvidas se deveria cumprimentá-lo
também, mas ainda assim, lembrar que eu fui a culpada por esse
tratamento de gelo, não ajuda em nada o meu psicológico,
sacudindo a cabeça, tentei focar no motivo que me trouxe para
esse jantar e então decidi socializar.
Depois de muitas conversas e risadas, a noite foi encerrada com
um belo pedido de casamento, muitas trocas de olhares e gestos
que quase me entregaram para minhas amigas, eu as amo, mas
não posso contar a verdade a elas, ninguém entende como é
crescer com medo de sofrer num relacionamento que ainda nem
existiu, ninguém entenderia o que eu passei e por isso preferi
mentir em algumas coisas.
Por mais que Yven e Amanda tenham passado por
relacionamentos abusivos, ainda é muito diferente crescer em um
ambiente extremamente tóxico, pois eu sofri com as pessoas que
deveriam me amar e proteger e por isso prefiro ficar calada.

Capítulo 13

Marcelly Benett
Enquanto aguardava meu táxi chegar, fiquei admirando o céu
noturno, que estava limpo e algumas estrelas brilhavam, alguns
segundos depois, ouvi passos se aproximando devagar e então
alguém murmura atrás de mim, me obrigando a fechar os olhos por
causa da sensação.
— Preciso de uma trégua, Marcelly.
Virei em direção a voz que me fez arrepiar dos pés à cabeça e vejo
que Anthony vem andando em minha direção a passos largos,
quando me agarrou pela cintura e me puxou para seu peito
arrancando um beijo que me deixou como gelatina logo de cara.
— Porra, eu precisava disso!
Ele voltou sua atenção para minha boca, nunca se afastando de
mim, beijando-me lentamente, sua língua acariciava a minha com
toda ousadia e habilidade, me deixando excitada, molhada e
sedenta por mais, eu agarrei seu pescoço, trazendo-o para mim,
não desejando nenhum espaço entre nós e gemendo, ele se afasta
e diz.
— O que você me diz?
Ele estava me olhando com uma expressão que demonstrava
preocupação e uma pontada de esperança, eu estava
completamente dominada pelos seus lábios e seu cheiro estava
me cercando de todas as formas quando murmurei piscando
algumas vezes, sentindo minha mente um turbilhão de confusão.
— Sobre o que?
Ele enfiou o nariz entre meu pescoço e cabelos e inalou o meu
cheiro, depositando uma mordida leve na veia que estava saltitante
em meu pescoço e com seu lado obsceno aflorando, passou a
língua na mesma região, me fazendo arfar em seus braços.
— Uma trégua, amor, só isso que preciso e depois deixarei
você com o tempo que precisa.
Eu o olhei sedenta de desejo, querendo sentir aquela boca em
mim, sentir aquele corpo em cima do meu, senti-lo dentro de mim,
me perder em seus braços e me sentar naquele pau gostoso.
— Sim, Anthony. Por favor!
Ele então agarrou meus cabelos com habilidade, enrolou minhas
madeixas entre seu punho e me puxou num beijo cheio de luxúria
e promessas, sua língua adentrou minha boca, me provocando
com ousadia e chupando seu lábio para devolver a provocação na
mesma moeda, eu murmurei me afastando, segundos depois, o
táxi estacionou na esquina.
— Vamos para meu apartamento.
Ele confirmou num gesto e entrelaçou nossos dedos, nos
direcionando até o carro, no instante em que ele sorriu para mim,
eu soube que não iria conseguir fugir amanhã, e que isso, ou iria
dar muito certo ou muito errado.
Logo que atravessamos o corredor no meu andar, abri meu
apartamento sentindo borboletas sobrevoarem meu estômago e
assim que fechei a porta atrás de mim, Anthony me atacou,
pegando-me de surpresa, ele me levantou do chão e
automaticamente minhas pernas o prenderam pelo quadril e se
afastando do nosso beijo, ele pergunta.
— Onde fica seu quarto?
Eu o encarei e respondi.
— Segunda porta à esquerda.
Ele confirmou em um gesto e logo nos atracamos novamente, num
beijo faminto, voraz, como se eu fosse seu doce preferido, Anthony
parecia se deliciar com a minha boca de um jeito esfomeado que
estava atiçando cada célula do meu corpo.
Por mais que pareça loucura da minha cabeça, mas beijar Anthony
estava sendo ainda melhor, seus lábios estavam macios e me
devoravam na medida certa, como se estivesse viciado em mim e
não vou mentir, estou viciada em Anthony Beckham, desde a
primeira vez que o beijei e agora que sei como é estar em seus
braços não consigo mais evitar, pois nada explica a sensação
insana de estar em seus braços agora.
Algo que eu não sentia diferença era estar na presença de outras
pessoas e agora, me sinto completa com Anthony, não sei o que
poderá acontecer a partir de hoje.
Me jogando na cama, Anthony se aproxima e diz enquanto me
analisava minuciosamente.
— Eu não parava de pensar em como você fica perfeita
gozando para mim, Marcelly.
Ele começou a tirar meus sapatos, tocando meu pé, acariciou com
cuidado enquanto depositava beijos carinhosos em meu tornozelo,
panturrilha e subindo, começou a mordiscar a pele sensível das
minhas coxas e então ele diz.

— Não conseguia parar de pensar em você rebolando no


meu pau.
Eu fechei os olhos com toda a sua aproximação, sentindo meu
clitóris latejar de desejo por esse homem, necessitada de atenção
no meu ponto mais sensível, justamente por culpa dele, então
Anthony me envolveu em seus braços e perguntou.
— Você me deseja Marcelly?
Eu confirmei com gesto positivo e joguei meus braços em volta do
seu pescoço, quando Anthony enfiou seus dedos entre meus
cabelos e puxou minhas madeixas de um jeito que me fez gemer
alto, e erguendo meu queixo para cima, ele diz plantando beijos
em toda a área exposta do meu pescoço.
— Quero fazer você gozar de um jeito que não permita você
ficar mais longe de mim.
Nesse momento, Anthony tirou minha roupa com calma, sempre
tocando em minha pele, causando arrepios por todo meu corpo a
cada vez que seus dedos me tocavam, fazendo uma eletricidade
subir pelo meu corpo, fazendo-me arfar de desejo em seus braços,
e quando finalmente, estou apenas de calcinha e sutiã, ele estala a
língua e exclama.
— Gostosa do caralho!
Ele me deitou na cama, e começou a beijar meus lábios
carinhosamente, descendo pelo pescoço, chupou e mordiscou
numa provocação e foi descendo até meus seios, abaixando o bojo
do meu sutiã, Anthony envolveu meus seios cada um em uma mão
e começou a massageá-los, em seguida levou um até sua boca e
ali começou a provocar-me, sua língua chupava com pressão os
bicos sensíveis do meu peito, quando de repente ele baixou uma
mão e a levou em meu clitóris, massageando-me de uma forma
delirante quase punitiva e nesse instante lembrei que ficamos
separado por tanto tempo justamente por culpa minha, elevando o
nível do seu toque Anthony pressionou meu ponto sensível com
firmeza e cuidado, enviando prazer por todo meu corpo e
rapidamente me desfiz em pedaços.
Sem resistir, eu falei num murmúrio fraco, com meus olhos
fechados, apenas curtindo a sensação daquelas mãos calejadas
e poderosas em meu corpo.
— Anthony…
Ele ergueu o pescoço em minha direção, mas continuou movendo
seus dois dedos em meu ponto mais sensível.
— Diga o que você quer, amor.
Ele comandou, e eu engoli em seco, e fechei meus olhos,
saboreando aquela sensação doce de estar sendo masturbada por
Anthony e então respondi implorando.
— Por favor.
Ele sorri e se remexe na cama, e eu apenas aguardo a sua
próxima ação, quando sinto seu hálito próximo da minha entrada e
então ele afastou minha calcinha e enfiou sua boca em minha
boceta inchada, numa provocação envolvente, sua língua esfrega
perfeitamente meu ponto de prazer numa carícia deliciosa.
Desejando mais contato, gemi em desespero, quando
Anthony se afastou e puxou minhas pernas em sua direção,
abrindo-me toda para ele, lambeu os grandes lábios de um jeito
que me fez ter inveja da sua própria língua e sem aviso, ele
arrancou minha calcinha causando uma ardência deliciosa em meu
quadril e pegando-me com vontade, Anthony pressionou suas duas
mãos em volta do meu quadril, levantando-me do colchão para me
sentar em seu colo, e então ele diz.
— Cavalgue em mim, Marcelly.
Eu o encarei desejosa e ele disse mais uma vez.
— Cavalgue no seu homem…do jeito que só você sabe…
Eu o abracei, me esfregando em seu volume duro, desejando-o
dentro de mim e sem esperar mais, meus dedos foram até a barra
da sua calça, quando sinto a cabeça do seu pau encostar no
elástico da cueca e acariciando com as pontas do dedo, lambi os
lábios faminta, deitei-me Anthony no colchão e falei.
— Vou cuidar de você, bandido.
Ele engoliu em seco, parecendo preocupado e ansioso quando
agarrei seu pau grosso e cheio de veias salientes entre meus
dedos, então ele diz um pouco agitado.
— Amor, você não precisa…
Eu sorri para ele me sentindo instantaneamente acolhida por ele e
respondi ansiosa.
— Eu quero sentir seu pau na minha língua, Beckham.
Ele sorriu com carinho, mas quando libertei seu pau das roupas
apertadas, arrancando ansiosamente cada peça do seu corpo,
senti minha intimidade latejar, num desejo tão real, quanto a visão
que eu estava tendo.
— Sempre que fecho meus olhos, lembro de você embaixo
de mim…
Eu passei minha mão pelo abdômen de Anthony, admirando a
beleza masculina que ocupava quase a minha cama inteira,
Anthony jogou a cabeça para trás e soltando um gemido eu
continuei.
— Me fodendo do jeito que tanto preciso.
Anthony me acompanhava com os olhos, atentamente, e quando
peguei seu pau entre meus dedos, senti-o endurecer um pouco
mais, sentindo sua textura aveludada, minha boca se encheu
d'água ao ver as veias salientes em todo seu comprimento e
levando aos lábios, vi Anthony fechar os olhos quando dei a
primeira chupada na glande enfiando-o em minha boca comecei a
masturbá-lo lentamente.
Eu logo comecei a fazer movimentos ritmados, para cima e para
baixo com a boca passando a língua por toda a cabeça do seu
grosso pau, quando enfiei todo seu cumprimento na minha boca
quase chegando ao fundo da minha garganta, fechando os lábios
em volta, apertando-o, e com um suspiro baixo, Anthony fez um
gesto negativo com a cabeça e diz em um rosnado.
— Vem aqui, quero me enterrar em você agora mesmo,
caralho.
Anthony me puxou para cima dele e num beijo, me seduziu de um
jeito que nunca mais irei querer outro homem.
Provocando-me, desejando tê-lo dentro de mim e ansiosa por isso,
peguei seu pau em meus dedos trêmulos, eu o coloquei na minha
entrada e rebolei devagar, fazendo seu pau me preencher
lentamente, fechando os olhos com a sensação comecei a rebolar.
— Caralho, mulher!
Anthony jogou a cabeça para trás e soltou um gemido no qual me
incentivou a acelerar a sentada com minhas mãos em seu
abdômen, logo que senti ele se enrijecer ao meu toque aumentei a
velocidade e ele falou num resmungo.
— Porra, de mulher gostosa do caralho!
Eu sorri e continuei a rebolar, para frente e para trás, com o
movimento meu clitóris roçava em seus púbis me deixando em
estado de êxtase, em busca da minha própria libertação, aumentei
o ritmo até que gozei devagar caindo num mar de sensações e me
jogando para trás, num movimento que me pegou totalmente de
surpresa ainda trêmula, Anthony começou a se movimentar dentro
de mim, intensificando meu orgasmo.
Erguendo- me pelos quadris, me apoiei em seus ombros e Anthony
aumentou suas investidas, a velocidade estava perfeita, eu estava
lubrificada o suficiente e gemendo alto gozei novamente, nesse
instante senti Anthony pulsar dentro de mim então ele se entregou
ao prazer comigo, levando-me ao paraíso junto com ele.
Não sei em que momento aconteceu, mas eu já estava entregue
ao meu desejo por ele, sabia que nenhum outro homem me levaria
além, eu não chegaria tão longe como quando estou com Anthony
e isso me assusta, é tudo muito intenso, é como se eu andasse em
cima de ovos.
Deitando-se ao meu lado, Anthony fica de frente para mim, um
sorriso surge em seus lábios e eu automaticamente sorrio de volta.
— Por que você me chama de bandido?
Sendo pega de surpresa, eu procuro uma resposta boa para a
pergunta e respondo.
— Foi o apelido carinhoso que encontrei ao homem que
povoou a minha mente a muito tempo.
Sorrindo, ele repousa sua mão em meu ventre e diz.
— Eu espero que isso seja algo bom para você.
Eu o analisei por alguns segundos em silêncio, Anthony ainda
estava com toda a sua atenção direcionada para mim quando seu
celular começou a tocar, bufando ele fechou os olhos eu franzi a
testa e perguntei.
— Não vai atender?
Ele abriu os olhos e me encarou, depois virou de costas para cima
e segurou minha mão entrelaçando os dedos e dizendo.
— Estou ocupado.
Eu sorri achando graça da sua resposta.
— Faz uns 5 minutos que…
— Fique quieta Marcelly, hoje estou disponível apenas para
você.
Naquele instante, fiquei sem resposta, saber que Anthony estava
fazendo aquilo por mim acabou me deixando sem reação e algo
em meu peito acelerou, me dando uma vontade insana de me
juntar a ele, rolando para o lado Anthony estendeu o braço e me
acomodou em seu peito.
— Sei que você vai querer que eu suma da sua frente depois
disso, mas ainda assim vou dizer.
Ele me apertou em seus braços e disse.
— Eu queria que seu sentimento fosse recíproco por mim.
Eu engoli em seco sentindo meu peito apertar e uma vontade
insana de chorar me dominou, mas não querendo perder o controle
eu apenas suspirei, ele me apertou em seus braços e disse.
— Não precisa responder, não ser rejeitado da forma que
temia já está sendo bom para caralho.
Ele depositou um beijo em meus cabelos e disse baixinho.
— Obrigado.
Em silêncio, uma lágrima desceu pelo meu rosto me deixando
completamente perdida em relação ao que quero com Anthony e
então sequei os vestígios de que eu havia chorado e suspirei
tentando me recompor, quando me senti pronta virei-me de frente
para ele e assim que encontrei seus olhos fechados eu plantei um
beijo na ponta do seu nariz e fiquei olhando-o ressonar.
Seus lábios carnudos estavam relaxados, seus longos cílios
tremiam levemente e então me dei conta da beleza que esse
homem tem, respirando fundo tentei não pensar que eu estava
sofrendo por culpa minha e tentando afastar aqueles pensamentos
me remexi, para me afastar e ir tomar um banho, quando consegui
sair dos seus braços, Anthony segura meu pulso e murmura sem
abrir os olhos.
— O que pensa que está fazendo?
Eu levei um susto com seu rápido movimento e o olhei espantada
quando vejo que ele nem abriu os olhos ao falar comigo e respondi
num murmúrio.
— Eu vou tomar um banho.
Sorrindo, Anthony abre seus olhos e pergunta.
— Eu posso me juntar a você?
Eu sorri sem graça, mordisquei o lábio e me levantei da cama, me
enrolando no lençol que estava no chão, Anthony se sentou
rapidamente no colchão e disse.
— Posso fazer você gozar ainda mais no banho, o que me
diz?
Nesse momento lambi os lábios e vi um brilho de luxúria passar
pelos olhos de Anthony, respondi numa provocação.
— Posso acabar me acostumando com esses orgasmos.
Ele gargalhou e se colocou de pé, em toda a sua glória masculina,
lambo os lábios com tesão. Anthony tem mais de 1.90cm de altura,
corpo formado por músculos, algumas tatuagens espalhadas pelo
corpo ele é uma bela visão e sou muito grata por ter ele na minha
cama agora, sorrindo, ele me envolve em seus braços, e murmura
ousadamente.
— Sempre que você precisar, basta me chamar, baby.
Eu soltei o lençol que cobria meu corpo e joguei meus braços em
volta do seu pescoço.
— Então faça seu trabalho, bandido.
Anthony me levantou do chão e então prendi minhas pernas em
volta da sua cintura e logo comecei a beijá-lo, enquanto ele me
carregava fomos para o banheiro aos beijos e risadas.
Já faz 3 semanas que Anthony voltou para a Itália e como sempre,
estou dividida entre procurá-lo ou não, nunca pensei que ia dizer
isso, mas realmente sinto falta dele, sinto falta de olhar aquele
brilho intenso em seus olhos, aquele sorriso maroto em seus
lábios, de sentir aquelas mãos no meu corpo, de sentir aquele
abdômen sarado com minhas mãos, ou até mesmo de acordá-lo
com uma bela chupada.
Fechei os olhos ao relembrar o momento em que Anthony estava
deitado na minha cama, dormindo tranquilamente, eu resolvi
acordá-lo de um jeito diferente, me colocando de joelhos fui até
suas pernas torneadas, e comecei a acariciar sua virilha
lentamente até que ele começou a se remexer, cuidadosamente
baixei o elástico da sua cueca e vi que estava com seu pau
semiereto, pegando-o em minha mão, vi ele abrir os olhos e
abaixando meu rosto comecei a beijar lentamente a glande, ele
sorriu de um jeito safado e se acomodou melhor, esfregou seus
olhos e lambeu os lábios de um jeito que me atiçou, em seguida
levou sua mão até minha cabeça e enrolou meus cabelos entre o
punho fazendo-me engoli-lo inteiro …
Solto um suspiro ao virar de lado na cama, relembrando os nossos
momentos nessa cama e logo sou invadida por uma sensação
estranha.
E se eu me declarar para Anthony e ele não sentir o mesmo?
E se ele me tratar diferente depois de eu ir atrás dele?
Ou pior, e se ele me tratar mal depois de um certo tempo juntos?
Meu maior medo é viver o tipo de relacionamento abusivo que
minha mãe vivia e por consequência, eu também, foram anos
vendo minha mãe sendo destruída, humilhada e espancada pelo
meu próprio pai, quando minha mãe adoeceu, fomos
abandonadas, precisei lidar com tudo sozinha quando eu tinha
apenas 17 anos e tudo piorou até meus 18 anos.
Meu relacionamento com Jenny e Jeremy nasceu 6 meses após a
morte da minha mãe, eu estava devastada, mas foquei nos meus
estudos e trabalho temporário e foi o que me salvou.
Precisei trabalhar muito e estudar na mesma proporção para
conseguir um estágio na polícia, acabei conhecendo Jeremy no
meu estágio, ele foi o meu primeiro contato e foi com ele que eu
ganhava motivação dia após dia para trabalhar, me tornando
melhor diariamente para hoje ter as melhores missões que
aparecem.
Se hoje tenho uma saúde psicológica mais equilibrada apesar de
tudo o que passei quando mais jovem, é porque precisei de uma
estrutura forte, e sem dúvidas Jenny e Jeremy foram essenciais na
minha vida e saber que Anthony e Jeremy se conhecem, não me
ajuda em nada.
Na verdade, me faz querer saber a opinião deles a respeito do
bandido Beckham, mas pensando bem, melhor nem entrar nesse
assunto com ele, pois já estão pensando que estamos juntos, já
que saímos no mesmo carro na noite do evento, fechando meus
olhos decepcionada me xingo mentalmente, pois não estamos
juntos por minha culpa.
Capítulo 14

Anthony Beckham
Já faz alguns dias que estou me sentindo estranho, não sei o
motivo, apenas sei que não vejo mais motivação em nada que faço
e isso está sendo muito perigoso para mim.
Faz semanas que não tenho notícias de Marcelly e eu acredito que
seja por isso que eu não esteja bem, ela não me manda
mensagem, não liga e não procura saber de mim, pensei que com
o tempo, enquanto íamos nos conhecendo, cuidando um do outro,
nossa conexão aumentaria, ter algum tipo de relacionamento ao
menos, mas nada aconteceu, acredito que já faça dois meses que
eu e Marcelly estamos juntos casualmente e mesmo assim, ela
não se aproxima emocionalmente de mim, internamente me sinto
perdido.
A questão é que eu penso que ela foi magoada em algum
momento da sua vida, mas também sinto que ela não queira se
entregar para mim, a verdade é que estou perdidamente
apaixonado por ela, queria simplesmente sair da Itália e ir para o
apartamento da Marcelly e ficar com ela, conversando, ouvindo
suas risadas, assistir séries, comendo pipoca durante um filme ou
até mesmo treinar juntos, mas nada acontece.
Não sei o que está acontecendo, mas preciso resolver o problema,
pois meu humor está péssimo.
Enquanto faço levantamento de pesos, comecei a pensar se
realmente deveria considerar a ideia de ir conversar com a
Marcelly, me abrir e finalmente me declarar, pois só assim eu ia
saber se ela sente o mesmo, mas por outro lado, acredito que se
fosse para ela ter dito algo para mim, com certeza já teria entrado
no assunto, suspirando, soltei meus pesos no chão e esbravejei.
— Porra!
Fiz um gesto negativo com a cabeça me sentindo muito chateado e
extremamente frustrado, quando meu celular acendeu a tela
indicando uma ligação, logo me animei com expectativa de que
fosse Marcelly, mas assim que olhei para a tela franzi a testa ao
ver que é um número desconhecido.
— Alô.
Murmurei com o celular no ouvido enquanto me direcionava para o
banco, onde deixei minha garrafa d'água quando ouço uma risada
que não iria esquecer nem se passassem 40 anos.
— Anthony, oi, como você está? Preciso falar com você.
Eu engoli em seco sem reação ao ouvir a voz de Aurora pela
primeira vez depois de 10 anos.

Soube pelo meu síndico que uma mulher de cabelos escuros e


muito bonita veio me procurar, pelas características passadas,
acredito que seja Aurora, pois me lembro que ela era morena,
agora me sinto mal apenas com a possibilidade de ter que aturá-la
em minha vida novamente.
Fechei meus olhos ao ser atingido pelas lembranças dolorosas.
Aurora estava fora de si naquela noite, muito bêbada e havia se
drogado também, a questão é que a encontrei numa sala fechada,
escura e muito suja com mais 5 pessoas, todos eles estavam nas
mesmas condições que ela, eu nunca quis vê-la daquele jeito,
queria esquecer que ela estava passando por tudo aquilo, eu sabia
que a sua dependência por drogas havia aumentado assim como
seu consumo.
— Aurora, o que você quer?
Eu logo murmurei ríspido, cortando qualquer tipo de interação que
ela queira comigo e fiquei em silêncio aguardando sua resposta.
— Eu queria saber como você está querido, tentei te ligar,
até fui ao seu prédio…
Sentindo um misto de confusão, fiz um gesto negativo com a
cabeça ao lembrar da ligação que recebi quando estava na casa
da Marcelly e rejeitei, pois queria dar atenção para minha garota,
sem paciência, murmurei interrompendo-a.
— Quais foram as palavras que você usou mesmo?
Fiz uma pausa, continuei controlando meu tom raivoso e murmurei.
— Não quero que fale comigo, não quero que pense em
mim e muito menos me procure.
Eu fiz uma pausa ao sentir a raiva me dominar e continuei.
— Foi você que fez as merdas e depois me deu um pé na
bunda, então eu digo a você, nunca mais me procure, suma da
minha vida como você fez nesses 10 anos.
E desliguei enfurecido.
Lembro-me como se fosse ontem, Aurora aos beijos com outro
cara, enquanto compartilhavam vodka, sem pensar em mais nada,
estava cansado de ver a minha namorada fazer tudo aquilo
comigo.
— Você deveria sentir vergonha Anthony.
Ela respondeu quando a confrontei sobre seu comportamento, e
rindo da minha cara, ela continua.
— Tudo o que fiz não foi suficiente para você sumir da minha
vida?
Eu engoli em seco, sentindo uma dor insana no peito, eu acredito
que já não gostava mais dela como homem e mulher diante de
tantas decepções que tive, mas era muito doloroso ver ela se
perdendo daquela forma, ver o quanto uma pessoa estava
descendo ladeira abaixo.
— Aurora, eu quero…
Ela me interrompeu com um sorriso irônico e disse.
— Eu não quero mais nada com você, suma da minha frente
Anthony, não quero que fale comigo, não quero que pense em mim
e muito menos me procure.
Lembro-me que saí arrasado daquele galpão em que eles
estavam, mas decidido a sair daquela situação, não olhei para trás,
depois daquele dia nunca mais procurei saber dela, mas ainda
assim, vivi minha vida de uma forma errônea por me sentir
vitimizado por ela.
Assim que cheguei em casa, estava me sentindo inquieto, meu
peito estava apertado, tudo parecia errado, então resolvi que iria
resolver toda a porra que estava tirando minha paz, mais uma vez
decidi confrontá-la para saber se ela realmente sente o mesmo ou
não, dessa vez estava decidido a ir até Marcelly e colocar tudo em
ordem.
Não quero mais perder tempo, quero construir um relacionamento
sólido, mas se Marcelly não estiver disposta, eu simplesmente
preciso saber, ela faz meu coração bater forte, ela está fazendo eu
querer ser melhor, mesmo depois da minha quase partida, eu
quero ser o homem que ela merece, quero fazer parte da vida dela.
Sinto que a cada dia que passa, nos distanciamos mais, eu preciso
ouvir dela que o sentimento que tenho não é recíproco por parte
dela e talvez assim eu consiga ficar em paz ou então, tentar
conquistá-la.
Já passava das 23 horas quando eu peguei um táxi em New York,
com o coração martelando no peito, passei o endereço de Marcelly
para o motorista e logo caímos na estrada.
Meus dedos formigam apenas em imaginar tocar aquele corpo,
beijar aquela boca, sentir seu cheiro e me perder em tudo o que
Marcelly tem, ela é tudo para mim, como uma obsessão. Um sonho
meu, eu desejo aquela mulher profundamente.
Assim que paguei a corrida desci do carro, com uma mala de mãos
entrei no prédio e encontrei a portaria vazia, então sem dificuldade
me direcionei para o elevador, apertei o andar de Marcelly no
painel do elevador.
Com meus nervos à flor da pele, sai da cabine metálica assim que
as portas se abriram, respirando fundo abri mais um botão da
minha camisa na tentativa de respirar melhor, pois estava sentindo
uma sensação desconfortável subir em meu corpo.
Assim que parei em frente a porta, engoli em seco e dei algumas
batidas, segundos depois, ouço a porta ser destrancada e uma
Marcelly com um coque malfeito no cabelo surgir, esfregando os
olhos, ela olhou para mim e alguns segundo depois arregalou os
olhos de repente, sorrindo, olhei para a minha camisa branca que
vestia perfeitamente o corpo de Marcelly.
Essa camisa é da nova coleção de uma colaboração que tenho na
Itália, então reconheceria esse tecido em qualquer lugar e sem
graça Marcelly murmurou já com suas bochechas rosadas.
— Anthony…
Eu não resisti e logo a agarrei na porta, ergui Marcelly com um
braço e ela logo me beijou, se contar com a urgência do nosso
beijo, acredito que Marcelly queria tanto quanto eu, pois agarrou
meus cabelos com vontade e me beijou com toda a sua ânsia,
entrei na sala, larguei a mala e grudei minhas mãos ao seu corpo,
puxando-a para mim.
— Estava com saudade.
Eu murmurei aos beijos, e senti Marcelly sorrir, enquanto seus
dedos já abriam minha camisa.
— Eu também, bandido. Vem cá.
Ela me puxou para seu quarto enquanto um sorriso brincava em
seus lábios e disse.
— Quero montar em você, Anthony.
Ouvir aquelas palavras foi como receber um presente, eu sentia
falta de tocar em Marcelly, queria estar dentro dela a qualquer
momento e essa vontade só crescia.
— Então monta no seu homem, Marcelly, estou bem aqui.
Com um brilho de malícia nos olhos, ela abriu o botão da minha
calça e começou a me beijar, em seguida, me jogou de costas na
cama e me atacou num beijo faminto.
Sua língua entrava na minha boca lentamente, provocando cada
terminação nervosa do meu corpo, eu estava faminto por ela,
cravando meus dedos em seus quadris, me esfreguei nela para ela
sentir o quão duro eu estava por ela e gemendo, Marcelly
murmura.
— Eu estava com saudades disso Anthony.
Eu a envolvi com um braço e girei nossos corpos para que eu
ficasse por cima, com um sorriso Marcelly me abraçou e deitado
por cima dela, afastei sua calcinha e cuidadosamente, levei meu
dedo até sua entrada que e para meu delírio estava encharcada.
— Porra Marcelly, você está molhada!
Eu beijei seu pescoço e murmurei entre mordidas e beijos em toda
a sua pele sensível.
— Você quer meu pau dentro de você?
Eu a senti estremecer sob meus toques e com um gemido ela
murmurou trêmula.
— Sim, quero!
Afastando sua calcinha para o lado baixei a cueca e me posicionei
em sua entrada, me enterrando todo na boceta encharcada da
minha garota que me recebeu com um gemido gostoso e sem
perder tempo comecei a me mover, cravando suas unhas em
minhas costas Marcelly me beijou enquanto eu estava entrando e
saindo, sentindo sua boceta apertar meu pau a cada estocada.
Nossos corpos estavam se encaixando perfeitamente como
sempre, nossos beijos estavam perfeitos e senti Marcelly
estremecer embaixo de mim, quando murmurou.
— Anthony, estou quase…
Aumentando a velocidade, segurei Marcelly pelos quadris, fazendo
nossos corpos se chocarem quando eu murmurei.
— Fique de quatro para mim, amor.
Eu ordenei, e senti ela estremecer ao me afastar, se posicionando
na cama, Marcelly empinou a bunda para mim, me deixando a
beira da loucura com a visão privilegiada, então sem aviso a
penetrei, soltando um gemido profundo, Marcelly empinou ainda
mais sua bunda, me fazendo rosnar e apertar seu quadril enquanto
metia fundo, agarrando seus quadris, Marcelly deitou o rosto no
colchão e apertou o lençol entre seus dedos quando soltou um
gemido alto.
— Que delícia!
Ao ouvir isso, logo me senti motivado a prosseguir e fechando os
olhos senti a boceta de Marcelly apertar meu pau enquanto
gozava.
— Porra amor, que delícia!
Metendo fundo mais algumas vezes senti que ia gozar, quando
Marcelly murmurou.
— Goza na minha boca, Anthony.
Sendo pego de surpresa, parei de me mover e perguntei.
— Você tem certeza?
Ela se afastou de mim e sorriu se aproximando.
— Quero sentir seu sabor.
Então ela me empurrou em direção a cama, cai sentado na
beirada, facilitando o acesso para Marcelly, que prendeu os
cabelos num coque alto e se ajoelhou a minha frente, pegando
meu pau em suas mãos, ela firmou os movimentos e logo começou
a me masturbar, fechando os olhos saboreei a sensação quando
senti seus lábios me tomando deliciosamente, não resistindo
segurei Marcelly pelo coque e logo comecei a conduzi-la no mais
gostoso oral que tive em toda a minha vida, para falar a verdade,
Marcelly foi a melhor em tudo e parece se superar a cada novo
encontro.
A cada vez que estocava, parecia que Marcelly me engolia cada
vez mais fundo e apertando seus lábios em torno do meu pau,
acabei gozando com força, a sensação se tornou mais intensa
quando imaginei a minha porra na boca deliciosa da minha garota.
Olhando enquanto Marcelly engolia cada gota da minha porra,
estremeci com a visão mais erótica que tive, Marcelly me
chupando enquanto eu gozo em sua boca, foi como um sonho se
realizando.
Me afastando, a levantei Marcelly do chão, passei polegar em seus
lábios avermelhados e a envolvi em meus braços, tirando-a do
chão a coloquei sentada na cama, acariciando seus joelhos
comecei a refletir sobre tudo o que sinto por ela. É tudo tão
intenso!
Em seguida a levei até o banheiro e a coloquei sentada
sobre a pia de mármore branco, depositei um beijo em sua testa
enquanto Marcelly me observava com atenção, me afastando,
liguei as torneiras da banheira e coloquei os produtos que estavam
na prateleira, na lateral do cômodo, suspirando fundo, ponderei se
realmente deveria entrar no assunto com Marcelly agora e a
resposta logo veio quando senti seus braços em volta da minha
cintura, ela depositou um beijo em minhas costas e apoiou sua
cabeça ali, num abraço silencioso e confortável.
Eu segurei suas mãos e ali permaneci, sentindo a
respiração dela em minha pele, seus mamilos roçando em minha
lombar de um jeito provocativo mas muito íntimo e virando-me de
frente para ela, beijei delicadamente sua bochecha e a coloquei na
banheira, ela sentou na água morna com espumas até a borda
cobrindo todo seu corpo numa manta branca , observei a água
quente molhar seu corpo curvilíneo, admirando a visão engoli em
seco quando me apoiei na parede cheio de pensamentos
contraditórios em minha cabeça, em um maldito impasse, não
sabendo se deveria entrar no assunto com ela ou não, e isso
estava me deixando mais inquieto a cada segundo que passava.
— Você não vem?
Marcelly perguntou num murmúrio e franzindo a testa, neguei em
um gesto e respondi.
— Eu estou confuso, Marcelly, não sei se devo.
Ela fez um gesto que demonstrava claramente sua própria
confusão e então perguntou.
— Confuso com o que?
Eu suspirei e me afastei da parede, me aproximando de onde
Marcelly estava, me ajoelhei e me segurei na borda da banheira.
— Para ser franco, eu vim até aqui para saber o que somos
um para o outro.
Baixei meus olhos, e fiquei olhando para meus dedos que estavam
fazendo força na borda, ao ponto de estarem sem cor e prossegui.
— Sinto que se eu for embora agora, só saberei de você se
eu a procurar novamente.
Marcelly engoliu em seco após me ouvir, mas ainda assim
permaneceu em silêncio.
— É difícil para você ver que eu realmente me importo? Que
realmente gosto de você?
Eu passei a língua pelos lábios e fiz menção de pegar em suas
mãos para acariciá-las, mas se afastando antes de receber meu
contato, ela desvia seus olhos de mim e responde arrancando todo
o ar em meus pulmões.
— Não podemos Anthony. Eu não consigo…
Me sentindo insultado com sua resposta, me senti um idiota por
todo esforço e desejo de querê-la em minha vida dia após dia,
então murmurei sentindo a dor pesar em meu peito.
— Não consegue se apaixonar?
Nesse momento meu peito estava pesando 10 toneladas, e
comecei a questionar de verdade.
— Não consegue gostar de mim?
Dessa vez não recuei, mas ela estava com desprezo no olhar, seu
rosto mudou de expressão, ficando extremamente apática. Seus
olhos em nenhum momento voltaram para mim, e naqueles
instantes me senti como um estranho na casa dela.
— Não consigo confiar.
Naquele momento senti meus olhos umedeceram, e de modo
definitivo, senti que ali seria o nosso fim, pois não consigo acreditar
que o fato de eu ter saído da Itália e ter vindo vê-la, não significou
nada, mas ainda assim, tinha as palavras intimas que falamos um
para o outro ou então a seção do sexo mais que perfeito, essas
seriam provas o suficiente de que poderíamos ter um
relacionamento, algo que poderia valer a pena. Sentindo como se
eu tivesse sido atropelado, eu perguntei enquanto engolia em
seco.
— O que eu fiz para você, Marcelly?
A mulher ficou imóvel na banheira, em silêncio e então continuei.
— Eu achei que você sentia o mesmo, pensei que queria
fazer parte da minha vida. Pensei que estava vendo tudo o que eu
estava vendo.
Fazendo um gesto com a cabeça, Marcelly murmurou numa frieza
que nem eu mesmo consegui acreditar, pois não consigo pensar
onde foi que me perdi e me enganei daquela forma.
— Nunca prometi nada a você Anthony, nunca disse que iria
ter um relacionamento com você.
Eu engoli em seco a dor que estava sentindo naquele momento,
não estava preparado para ouvir aquilo, então respondi.
— Você não é a primeira a brincar com meu coração e quer
saber mais?
Murmurei, me aproximando da banheira novamente, enfurecido,
apenas senti as palavras serem jogadas ao vento.
— Eu amo você, mas desse jeito, não tem como levar
adiante.
Virei de costas para Marcelly, sentindo minha visão embaçar,
sentindo uma dor imensa no peito, desacreditando de tudo o que
acabou de acontecer, pois em um momento estava tudo perfeito e
em outro, tudo deixa de existir e nada mais faz sentido, chegando
até o corredor, ouço Marcelly murmurou numa voz trêmula.

— Nunca quis brincar com você Anthony Beckham, o fato


de eu não confiar em você, é culpa sua. Inteiramente sua!
Sentindo uma dor insana no peito, confirmei com a cabeça e fechei
os olhos ponderando se realmente valeria a pena responder algo a
ela, e virando-me para encará-la, vi que Marcelly estava de pé na
banheira, seus olhos sempre expressivos, dessa vez estavam
vidrados em algo que nem me dei ao trabalho de olhar, é como se
ela tentasse não me encarar e sem cabeça para discussão,
simplesmente me calei e sai do quarto, decidido a nunca mais
voltar.
Apesar de não saber o que pode acontecer daqui para frente, vou
arrancá-la de dentro do meu coração e esquecer tudo isso, o fato
de ela ter a coragem de me falar tudo isso mesmo depois do que
fizemos e sentimos juntos, é prova o suficiente de que não
signifiquei nada para ela.
Não sou a pessoa certa para se humilhar ou implorar por um amor
que não existe, e se eu me esforcei para conquistá-la nesses
últimos meses e nada aconteceu, agora realmente abro mão de
tudo.
Um mal-estar toma conta do meu corpo, estou chateado e muito
magoado, minha vontade é de chorar por pura frustração, mas não
posso me entregar, pois Marcelly realmente nunca me prometeu
um relacionamento, na verdade sempre deixou no ar que não
haveria nada entre nós, e como sempre, eu fui atrás, insistindo,
procurando-a cada vez mais e enfim, sou um verdadeiro idiota por
nunca enxergar nada direito.

Capítulo 15

Marcelly Benett

Já faz 2 meses desde que vi Anthony pela última vez.


Deveria ser um alívio, mas estou me sentindo péssima e para
ajudar, ultimamente sinto muitas dores em meu estômago, enjoos
matinais, mal-estar e acredito que isso seja um karma que Anthony
jogou em mim, pois não é possível, não estou tendo um momento
de paz.
Revirando na cama novamente, fechei meus olhos na tentativa de
aliviar o peso em meu estômago, e logo sou agraciada com mais
uma torturante sessão de enjoos, me fazendo levantar as pressas
e correr até o banheiro e despejar os resíduos estomacais para
fora, pois já não consigo me alimentar desde ontem à noite.
Assim que me recompus, escovei meus dentes, fiz um coque bem
firme no meu cabelo e liguei para minha melhor amiga, na tentativa
de pedir ajuda. Na segunda tentativa Yven atendeu a ligação e eu
soltei um gemido antes de cumprimentá-la.
— Amiga.
Fechei os olhos e logo ouvi Yven murmurar num tom de voz
diferente.

— Marcelly, o que houve?


Eu me encolhi na cama e murmurei.
— Estou passando muito mal. Preciso de ajuda.
Enfiei a cara no travesseiro quando mais uma onda de enjoo
apareceu, e então coloquei a ligação no modo viva-voz e ouvi
minha amiga responder.
— Estarei aí em 10 minutos.
E encerrou a ligação, e eu gemi me sentindo mal, virando-me na
cama finalmente achei uma posição que me deixasse confortável e
assim permaneci por alguns segundos.
Não sei se em algum momento eu cochilei, mas acordei quando
meu celular começou a vibrar ao meu lado e olhando a tela, vejo
que é Yven ligando.
— Estou aqui na porta.
Eu me sentei na cama, me sentindo fraca e respondi.
— Estou indo.
Desliguei e joguei meu celular em cima da cama, e buscando
forças, respirei fundo para levantar e finalmente me direcionei até a
porta e assim que a abri, Yven olha para mim de baixo acima e
murmura.
— Você está muito mal Marcelly.
Eu confirmei com um gesto, sentindo meu peito pesar, e sem
querer meus olhos começaram a lacrimejar e então Yven
preocupada me abraçou apertado e perguntou.
— Estou muito preocupada com você Celly. O que houve? O
que está acontecendo com você?
Ela fechou a porta com o pé, enquanto me abraçava e nos
direcionava até o sofá, e nos acomodando eu respirei fundo e
sequei as lágrimas e disse.
— Estou me sentindo muito estranha. Eu…
As palavras ficaram presas na garganta, e mais lágrimas desceram
pelo meu rosto, e quando dou por mim, Yven está com um copo
d'água bem a minha frente e aceitando-o, eu tomei e logo me senti
mais calma e disse.
— Faz dois meses que briguei com Anthony e…
De repente Yven arregala os olhos e se joga no sofá me
direcionando toda a sua atenção.
— Como assim, por que brigaram? Desde quando estavam
conversando?
Eu funguei e dei de ombros, quando respondi.
— Ele queria mais e eu não estava pronta, ao menos foi o
que pensei.
Fechando os olhos, Yven suspira pesadamente, como se não
acreditasse no que ouvia.
— Vocês ficaram?
Eu confirmei com um gesto e Yven perguntou com uma expressão
muito séria.
— Ele se declarou?
Eu confirmei mais uma vez e então ela diz.
— Você tocou no passado usando como pretexto para não
corresponder a ele.
Eu confirmei com um gesto positivo extremamente envergonhada e
Yven coçou a testa e respondeu.
— Então é por isso.
Confusa, eu franzi a testa e abri a boca para falar, quando sou
atingida por uma forte náusea e então sai correndo para o banheiro
e vomitei toda a água que eu havia tomado.
Que inferno.
Preciso que isso pare.
Voltei para a sala depois de escovar os dentes e colocar uma
inofensiva bala de menta na boca.
— Você está vomitando com frequência?
Eu confirmei com aceno e me joguei no sofá em uma posição que
não mexesse com meu corpo, na tentativa de não enjoar
novamente.
— Esses últimos dois dias estão sendo os piores, não sei o
que está acontecendo.
De repente Yven se aproxima de mim e levanta minha blusa e me
olha atentamente, e arqueando a sobrancelha, sua expressão é de
surpresa quando olha minha barriga.
— Quando foi sua última menstruação?
E então eu perco o ar. Minha mente não fórmula nenhuma
resposta quando me leva aos últimos dois meses, me lembrando
que eu realmente não menstruei.
— Ah meu Deus!
Murmurei e me sentei no sofá de imediato, Yven se ajoelhou à
minha frente e disse.
— É só uma suspeita, Celly.
Eu engoli em seco e de repente um medo se apoderou de mim, e
lágrimas inundaram meus olhos e eu disse aos prantos.
— O que vou fazer com uma criança, Yven?
Logo comecei a tremer, sentindo que meus maiores medos
estavam se tornando reais e apavorada eu falei.

— O que vou fazer com um filho do Anthony? Eu…


De repente Yven se levantou, e disse num tom de voz que nunca
havia escutado.
— Você não está considerando…
Ela me olhou de lado enquanto eu me dava conta do que ela
pensou e negando com um gesto eu falei com toda certeza.
— Não vou abortar, se realmente estiver grávida, eu só não
sei se ele…
Negando com a cabeça Yven se ajoelhou à minha frente e pegou
em minhas mãos em uma concha.
— Meu cunhado tem todo o direito de saber sobre sua
gestação.
Eu engoli em seco, na tentativa de me livrar do bolo que havia se
formado em minha garganta e disse.
— Então acha que eu deveria conversar com ele?
Yven confirmou com um gesto e disse.
— Pelo jeito vocês têm coisas a resolver, e se existir mesmo
um bebezinho aí dentro, já não tem mais como fugir do Anthony.
Eu me afastei, sentindo um misto de confusão e dúvidas e abracei
minhas pernas, pois realmente não sei se Anthony estaria disposto
a assumir o que fizemos.
— Não é da minha conta, mas, Anthony realmente gosta de
você.
Eu franzi a testa ao lembrar da nossa briga, sentindo um medo
irracional do que iria acontecer comigo e com esse bebê caso ele
existisse mesmo e acabei perguntando.
— E se Anthony não quiser assumir? Nós brigamos feio, ele
pode estar morrendo de raiva de mim.
Lágrimas desceram pelos meus olhos e se aproximando de mim,
Yven pegou em minhas mãos e murmurou num tom calmo.
— Anthony é um homem de princípios Marcelly, talvez você
não tenha notado, mas ele mudou muito e se esforçou muito para
se aproximar de você.
Ela soltou um suspiro e continuou.
— Se ainda assim, ele não quiser nada com você ou com o
bebê, eu prometo que ajudaremos você. Somos uma família, você
tem a mim e ao Michael, tem Amanda e Sebastian, Louisy também
ama você.
Ela mexeu em meu cabelo e disse.
— Anthony vai ficar louco se você não contar a verdade, eu
tenho certeza disso.
Depois que ela falou aquilo, senti meu corpo tensionar com medo
da rejeição e a partir daquilo, não prestei atenção em mais nada o
dia todo.
No dia seguinte, resolvi ir até um hospital ver se realmente estava
grávida, me sentindo muito melhor, engoli um comprimido para
enjoo que Yven havia trazido para mim e fui me arrumar para ir até
a consulta que agendei naquele mesmo dia à tarde.
Já passava das 15h quando finalmente fui chamada para a
consulta, e uma médica chamada Fernanda me acompanhou até
seu consultório e perguntou.
— Então, senhorita Benett. Como posso ajudá-la?
Após um ultrassom comum, descobri que estou com 8 semanas e
2 dias de gestação, o bebê é apenas um pontinho minúsculo, mas
já me fez sentir uma emoção gigante, sem falar que não havia
notado a mudança em meu corpo durante esses dias e por incrível
que pareça eu não estou amedrontada e acredito que isso seja
porque tenho um problema maior para resolver.
Gostaria de dizer que a conversa que vou ter com Anthony será
calma, mas com certeza não vai ser e suspirando em expectativa
comecei a preparar uma pequena mala para viagem, pois ainda
hoje irei conversar com aquele bandido e espero que ele me aceite
na sua vida, para assim aceitar nosso bebê, pois não sei como
ficarei se ele quiser apenas nosso bebê.
Decidi que se ele ainda me quiser, eu vou lutar com todas as
forças para que nosso relacionamento dê certo pois eu estou sim,
muito apaixonada por ele e quero tentar ter uma família com ele, já
que tudo conspirou para que ficássemos juntos.
Assim que arrumei minha mala de mãos, com algumas mudas de
roupa e meus documentos apenas, fui para o banho, me
preparando para tudo o que poderia acontecer, me depilei, lavei
meus cabelos e usei meus produtos corporais, tudo isso
imaginando os dedos hábeis de Anthony atravessarem meu corpo,
e sorrindo em expectativa, me enrolei na toalha e segui para o
closet para escolher uma roupa apropriada para a viagem.
Me olhando no espelho com o cabelo já escovado, aprovei minha
escolha de roupas que é uma calça alfaiataria e uma blusinha com
um blazer, o conjunto é branco, me dando um ar de
empoderamento e sofisticação, me sentindo elegante, peguei
minha mala e conferi o horário para chamar um táxi, sentindo uma
sensação de nervosismo me dominar, sorrio ao ver que estou
finalmente determinada a conversar com Anthony.
Sei que errei, deveria ter falado com ele antes mesmo de descobrir
a gravidez, mas estava com muito medo, agora tudo é diferente
teremos um bebê e preciso saber se ele entrará nessa nova etapa
comigo, pois assim como ele, eu também sou inexperiente nesse
quesito.
Ahhh merda! eu realmente estraguei tudo e que Deus me ajude,
pois preciso que Anthony me perdoe.
Assim que peguei o táxi, comecei a sentir um peso no estômago,
então engoli um comprimido para enjoo que a minha médica
receitou e caímos na estrada, entre as expectativas, existia o
medo, medo de Anthony não me aceitar mais, ele pode apenas
querer a criança e preciso estar preparada para isso, mas meu
coração dói apenas em imaginar que Anthony não me queira mais
em sua vida.
Após algumas horas de voo, finalmente cheguei no aeroporto da
Itália, e sentindo que estou prestes a fazer finalmente a coisa certa,
sorri ao e segui para o ponto de táxi e para minha sorte sou muito
boa em lembrar endereços e localizações então fui direto para o
endereço de Anthony, preferi não perder tempo.
Assim que paguei a corrida, desci no meio fio e vi que havia um
carro estacionado com películas escuras, mas dando de ombros
entrei no elegante prédio a minha frente, olhando para cima e
respirei fundo tentando controlar o meu nervosismo, fui até o
saguão e não havia ninguém na recepção, então peguei o elevador
e cliquei no painel para subir até o 4° andar.
Mordendo meu lábio inferior tentei manter a calma, pois preciso
escolher muito bem a forma que irei abordar o assunto sobre a
gravidez, e sinceramente, espero que Anthony realmente tenha
mudado, o que tudo indica que sim, e engolindo em seco, sai
andando quando as portas se abriram.
Assim que bati na porta do apartamento de Anthony, baixei a
cabeça e fechei os olhos por alguns segundos, quando comecei a
ouvir uma movimentação dentro do apartamento, faz parte do meu
trabalho ter os instintos aguçados, então resolvi dar mais algumas
batidas quando todo o som cessou e meu coração logo apertou
com a possibilidade de Anthony estar me evitando mas então ouvi
um som mais baixo, como se algo estivesse sendo arrastado no
chão e como eu já conhecia aquele ruído, não pensei muito e logo
arrombei a porta com minhas sandálias de salto Louboutin, que
para minha sorte não quebraram, ao contrário da porta que
facilmente foi arrancada com meu chute na maçaneta.
Assim que atravessei a porta, olhei para a sala e não encontrei
nada, deixei minha pequena mala no chão e me direcionei
atentamente para o corredor que dá acesso aos quartos e
prendendo o ar em meus pulmões encontrei uma cena que nunca
pensei que veria novamente na minha vida.
Naquele rosto maléfico, existia um sorriso no qual não
demonstrava nenhuma surpresa ao me ver e naquele instante eu
soube, que meu pior medo, não era sofrer o que minha mãe sofreu
em um relacionamento, e sim encontrar o motivo que a fez sofrer
tanto e a matou.
Capítulo 16

Albert Montes
A mais de 10 anos, sai de casa e nunca mais voltei, eu sabia que
se voltasse, teria que olhar para a cara daquelas duas
emprestáveis, minha mulher e filha nunca serviram para nada,
apenas me deram trabalho, nunca senti que poderia amá-las, elas
não tinham nada que me deixasse de fato orgulhoso.
Sempre soube que eu merecia mais na vida, pois eu era um
homem dedicado, era apaixonado pelo meu emprego e muito
apaixonado em uma mulher que era rica, eu conseguia sentir o
gosto da riqueza entrando na minha vida quando Melinda me
olhava, até que um belo dia, eu bebi um pouco a mais em uma
festa e acabei conhecendo a mãe da Marcelly, sim, ela era linda,
de fato, mas não tinha classe, educação ou dinheiro então meu
interesse nela foi apenas por uma noite, mas certo dia, cheguei do
trabalho e a encontrei sentada no sofá com meus pais, em suas
mãos havia um documento no qual eu não fiz menção de pegar
quando ela me entregou e eu fiquei muito confuso com sua visita.
Quando recebi a notícia que iria ter que casar-me pois engravidei
Emilly, não tive outra alternativa, mas jurei que casaria e
transformaria a vida dela num inferno, já que eu estava perdendo
tudo o que almejava em minha vida.
Nunca amei de fato minha esposa e filha, como poderia amar uma
criança que me fez casar por obrigação? Como iria amar uma
mulher que iria me fazer trabalhar a vida toda para ter o que
comer? Para ter o mínimo na vida.
Para mim, nada que falassem faria sentido, e preferi viver longe
das duas emprestáveis, viajando para vários estados e passando
muita dificuldade, consegui sobreviver por todo esse tempo, até
que soube que minha esposa havia falecido e um pouco mais
satisfeito, deixei Marcelly viver e sofrer por conta, e assim
passaram os anos, eu logo comecei a passar por mais
necessidades, estava contando o dinheiro no fim do mês, enquanto
a pessoa que coloquei no mundo estava vivendo em algum lugar
por aí, nada tirava da minha cabeça que ela não merecia viver
bem. Marcelly merece comer o pão que o diabo amassou nessa
terra justamente porque nasceu.
Eu a odeio por ter estragado o meu futuro que seria perfeito com
Melinda.
Então um dia, coloquei um detetive particular em busca da
minha filha e acabei encontrando-a em New York, o detetive disse
que ela viajava muito, então supus que estava rica, e comecei a
acompanhá-la de perto, até que vejo o motivo de suas viagens
entrando com uma mala em mãos, o playboy Anthony Beckham é
o namorado da Marcelly e isso já fez brotar uma ideia na minha
cabeça que iria me arrancar de vez da pobreza e miséria.
Sem pensar duas vezes, coloquei um detetive para revirar o
passado de Anthony, pois eu precisava ter plano B, caso algo
saísse fora do planejado e então descobri que Anthony tinha uma
ex-namorada na faculdade, Aurora seria a chave para tudo.
Seria ela, que Anthony escolheria ao invés de Marcelly, isso
tudo porque quero destruir a vida da pessoa que destruiu a minha.
Pois eu acredito que se nem eu a amei, não seria Anthony
Beckham que iria amá-la.
Aurora confirmou a parceria comigo, pois disse que quer Anthony
de volta, e disse que iria me ajudar no plano pois ele estava
dificultando o contato, então bolamos umas estratégias muito boas
juntos e irei começar parte do plano ainda hoje, nosso plano já
havia sido revisado dias atrás, e estava perfeito, por isso, nada iria
acontecer.
Quando recebi minha encomenda, logo abri a caixa de papelão,
onde existia meu uniforme de entregador e segui até o endereço
de Anthony, minha investigação foi muito bem feita, eu sabia dos
horários de rotina do rapaz pois precisava colocar o plano em ação
então o acompanhei de perto também.
Quando cheguei no prédio do garoto, para minha sorte, não havia
nenhum porteiro na recepção, então foi fácil o acesso, e assim que
ele abriu a porta, seu rosto de capa de revista me analisou,
acredito que ele tenha visto algumas características parecidas com
Marcelly, mas não dei tempo para ele analisar muito, logo apontei a
arma que estava dentro da caixa que forjei para ser uma
encomenda, e fazendo um gesto para dentro do apartamento, eu
dei passos à frente.
— Acredito que não me conheça, Sr. Beckham.
Ele baixou as mãos em punhos e engoliu em seco ainda em
silêncio quando já estávamos em seu apartamento e fechando a
porta atrás de mim, eu murmurei enquanto ele estava me olhando
atentamente.
— Sou Albert Montes Benett. Pai da Marcelly.
Ele fechou a cara de imediato, e trincou a mandíbula num misto de
raiva e incredulidade.
— Marcelly nunca mencionou ter um pai.
Achando graça do seu comentário, eu baixei a arma, um sorriso
aberto em meus lábios surgiu.
— Eu também não falo para outras pessoas que tenho filha,
ela é inútil, só iria me atrapalhar ainda mais.

Me olhando com raiva, Anthony se aproxima de mim num gesto


rápido e me levanta pela camisa do uniforme, já me sacudindo
bruscamente no ar.
— Seu filho da puta, como ousa falar dela desse jeito na
minha frente?
Eu não consegui esconder o quanto estava me divertindo às
custas da minha filha, Anthony estava reagindo melhor do que eu
esperava e sem dúvida ia me pagar um bom valor de resgate.
— Para você defendê-la desse jeito, a chupada dela deve ser
boa, provavelmente ganha a vida com isso.
Nesse momento, Anthony se transformou, seu rosto, que até então
tinha uma fúria contida, se tornou avermelhado, havia veias
saltitantes em seu pescoço, demonstrando que estava
extremamente furioso comigo e sem esperar, fui pego de surpresa,
quando Anthony me deu um soco certeiro no rosto, e caí sentado
no chão.
A arma que estava em minha mão, caiu e engatinhando na
tentativa de pegar a arma novamente, Anthony a chuta para longe
e me pega pelo pescoço mais uma vez e sentindo dor no meu
rosto, ele desfere mais um soco, dessa vez em meu abdômen,
deixando-me sem ar, até que surge uma terceira pessoa, e pula
em cima de Anthony, em seu pescoço vejo Aurora colocando um
pano em seu nariz com força, mas Anthony tenta escapar e se joga
contra a parede fazendo Aurora gemer de dor com o impacto na
parede mas antes de conseguir fugir, o rapaz desaba no chão
minutos depois,
— Mas que porra!
Resmungando e apertando a linha da sua lombar, Aurora se
aproximou.
— Feche a porta, Albert, vamos limpar essa bagunça e
levar Anthony.
Confirmei num gesto, ciente que precisamos deixar tudo intacto
para que possamos sair desse prédio agora mesmo, pois Aurora
entrou facilmente e isso indica que ainda não há ninguém na
portaria, então começamos a arrastar o corpo pesado do Anthony
pelo corredor, quando ouvimos algumas batidas na porta, e ficando
parados, aguardamos alguns segundos até que a pessoa
desistisse e fosse embora então começamos a arrastá-lo
novamente, até que ouvimos a porta sendo arrombada.
— Continue, eu vou apagar esse infeliz quando entrar.
Confirmei e continuei arrastando o corpo pesado do homem pelas
longas pernas, até que minha mina de ouro surgiu bem à minha
frente, com uma expressão que denunciava sua surpresa e medo,
a verdade é que não precisei fazer nada com ele para conseguir
persuadi-la.
A idiota já estava bem a minha frente.

— Olá, querida filha.


Sua cara de desgosto surgiu, me arrancando uma gargalhada, e
então eu soltei Anthony e andei em direção de Marcelly, que deu
alguns passos para trás.
— O que está fazendo aqui? Depois de tantos anos…
Eu a olhei com raiva e parei de andar, apenas saboreando o medo
que exalava dela.
— Viemos fazer uma visitinha ao seu namorado, iriamos usá-
lo como moeda de troca por você, mas você apareceu antes e
facilitou a porra da minha vida pela primeira vez.
Marcelly arregalou os olhos em descrença e recuou mais alguns
passos e então Aurora entrou no corredor.
— Queridinha, se eu fosse você não tentaria fugir, Anthony
está apagado, e podemos fazer o que quisermos com ele, então
não me faça perder a paciência e seja útil.
Marcelly engoliu em seco e fechou as mãos em punhos quando
olhou para Aurora, pois provavelmente ainda não entendeu o que
está acontecendo.
— Querida, essa é Aurora. Ex-namorada de Anthony.
Eu estava gostando de jogar com o psicológico da minha querida
filha e então a provoquei.

— Aurora e Anthony irão reatar depois que eu conseguir o


que quero.
Marcelly vidrou a atenção em Aurora e sua expressão se tornou
fria, impassível, como se existisse uma máscara em seu rosto, mas
a raiva se fazia presente, pois daqui consigo ver a veia saltar em
seu pescoço.
— O que vocês querem de mim?

Eu fiquei analisando sua postura, ela parecia prestes a atacar a


qualquer momento, já não estava parecendo aquela garota
assustada de segundos atrás.
— Quero que você venha conosco.
Ela olhou para o corpo caído ao chão por alguns segundos e
depois nos encarou friamente e confirmou com a cabeça, quando
Aurora se intromete.
— E não tente escapar, tenho outros homens aguardando
por nós num carro lá embaixo.
Confirmando num gesto, Marcelly se aproximou de nós, e eu logo
me preparei para me defender de qualquer coisa, pois meu rosto
ainda está dolorido, sem falar do meu abdômen que está doendo a
cada puxada de ar por conta da surra de Anthony, mas me
surpreendendo, a insolente andou até Anthony caído no chão,
Aurora franziu a testa com raiva e ficou acompanhando tudo,
quando a Marcelly se abaixou e tocou nas bochechas de Anthony
e depositou um beijo rápido em seus lábios.
Eu observei tudo em silêncio, achando a cena ridícula, até que
Aurora resolveu golpear Marcelly pelas costas com sua mão, mas
num movimento impressionante, Marcelly conseguiu impedir com
maestria o golpe com sua própria mão e erguendo o braço de
Aurora, Marcelly se pôs de pé, e a puxou para perto, a poucos
centímetros de distância, Marcelly trincou a mandíbula e disse
pegando no pescoço da Aurora que assustada, arregalou os olhos
quando sentiu os dedos sendo apertados em volta do seu pescoço.
— Não tente encostar um dedo em mim.
Marcelly sacudiu bruscamente o corpo magro de Aurora e disse
cuspindo raiva.
— Você é bandida, mas não é páreo para mim.
E a soltou bruscamente, jogando-a para trás, fazendo ela bater
com força na parede, e ficando irritada, ela logo se aproximou de
Marcelly, como se fosse atacá-la, mas num golpe rápido, Marcelly
bateu com a palma da sua mão no rosto da garota, que de
imediato recuou alguns passos trôpegos para trás, e rindo, me
aproximei, e vejo que o nariz da Aurora está sangrando.
— Vamos parar com essa palhaçada? vamos embora.
Murmurei achando graça daquela cena patética, e chamando a
atenção das duas, entrei no meio para acabar com aquela cena
toda e assim, nós três saímos do prédio sem mais problemas.
Ao que me parecia, Marcelly estava ciente de tudo o que estava
para acontecer e estava colaborando muito bem, então entramos
no carro e seguimos rumo ao casebre onde iremos mantê-la em
cárcere até que o belo adormecido desperta do seu sono de beleza
e faça o que eu quero.

Capítulo 17

Anthony Beckham
Quando acordei, uma dor aguda apontava em minha cabeça.
Fechei os olhos e os abri franzindo a testa, quando comecei a
lembrar o que houve, levantei do chão e vi que minha porta estava
destruída, havia uma mala de mãos que não me parecia estranha,
e do outro lado da sala, meu celular vibrava.
A muitos dias estive longe de tudo, minha família entrava em
contato comigo, mas eu resolvi dar um tempo de New York, o que
aconteceu comigo e Marcelly aquele dia foi muito doloroso para
mim, e decidido a não a procurar mais, me afastei totalmente, mas
está doendo tanto, que estou quase reconsiderando a minha ideia
e pensando em me ajoelhar aos seus pés e implorar para que ela
fique comigo pois não é possível que ela não sinta nada por mim.
Apesar de ter voltado para Itália, eu me sinto mal diariamente e
parece que foi arrancado um pedaço de mim, provavelmente
Marcelly não estava sentindo minha falta como eu desejaria e por
isso não me procurou, mas confesso, se ela quisesse apenas
transar comigo, acredito que eu cederia novamente, meu tio
Charles, disse que eu precisava me controlar e criar respeito por
mim, pois provavelmente Marcelly está se auto protegendo de algo
em relação a nós e eu deveria ter o mesmo respeito por mim e só
por isso eu ainda não a procurei, pois sinto que preciso me
respeitar antes de qualquer coisa pois ninguém deve se humilhar
tanto por um sentimento e com muita dor no peito, os dias
passavam e eu não recebia notícias da mulher que eu tanto amo.
Sacudindo a cabeça, tento focar no que está a minha frente,
olhando para minha sala de visitas, comecei a forçar a mente para
lembrar de algo, quando meu celular começou a tocar novamente,
mas o ignorei, apenas olhando tudo com muita confusão na
cabeça, memórias embaralhadas e de fato, não consegui distinguir
o que de fato aconteceu, quando algo surgiu em minha mente, me
dando uma certeza absoluta.
A mala é de Marcelly.
O que houve? Por que ela não está aqui?
Olhei em volta e encontrei a arma que eu havia chutado para longe
quando aquele homem apanhou de mim e me direcionando até a
mala, vejo que tem roupas e uma carteira, e abrindo-a, vejo os
documentos pessoais de Marcelly e meu coração acelera no peito
quando meu cérebro começa a raciocinar direito.
— Porra, ela está em perigo.
Minha mente logo engatilhou o sinal de alerta, quando meu celular
começou a tocar novamente e fui pegar para ver quem insistia
tanto e um número desconhecido brilhava na tela, de imediato
atendo.
— Alô.
Murmurei sentindo meu peito apertar.
— Olá, Anthony.
Ouço o tom de voz debochado e masculino surgir do outro lado da
linha, e logo sinto um sentimento parecido a nojo percorrer todo
meu corpo.
— O que você quer?

Ele gargalhou estrondosamente e ficou em silêncio por alguns


segundos.
— Quem disse que estou ligando para pedir algo?
Nesse instante, respirei fundo, desejando manter a calma e ver até
onde esse homem vai, até que ele murmura.
— Tenho uma surpresa para você.
Eu me arrepiei naquele instante, algo de muito ruim estava prestes
a acontecer e então perdi o chão quando a ouvi.
— Anthony…não faça o que eles pedem…
De repente não ouço mais a voz de Marcelly, mas um som de
repreensão veio do fundo da ligação, uma voz feminina, havia uma
mulher lá, e então me vejo desesperado.
— Se você encostar um dedo nela, vou acabar com a sua
vida, eu juro…
Ele ficou em silêncio e disse me interrompendo.
— É muito simples Anthony Beckham, você só precisa
colaborar.
Um misto de raiva e nervosismo me dominaram e apertei o celular
em meu ouvido, sentindo que meu mundo estava ruindo sob meus
pés, pois Marcelly é o que mais importa para mim.
— Seu desgraçado…
Rindo da minha raiva, Albert diz.
— Vamos com calma, o amor enfraquece os homens e, de
contrapartida, deixa outros ricos.
Ele gargalhou e continuou.
— Dentro de algumas horas, irei ligar para iniciarmos as
negociações.
Engoli em seco, e confirmei em um gesto, sabendo que esse filho
da puta tinha algum problema com Marcelly.
— Mais uma coisa, nada de policiais.
Trinquei o maxilar me remoendo de raiva e passando os dedos
entre meus cabelos, senti meu coração se apertar quando ele
desligou na minha cara.
Inferno!
Fui direto para o meu quarto e troquei de roupa, me preparando
para o que precisava fazer para resolver as coisas.
Vestindo uma calça, e uma camisa polo, peguei meu celular e
liguei para meu irmão, que no segundo toque atendeu, olhei meu
relógio no pulso, e vi que provavelmente era madrugada em New
York.
Mas que porra.
— Anthony, tudo bem?
Voltei a realidade, quando ouvi meu irmão me chamar com seu tom
de voz já preocupado e puxando o ar para me manter calmo, eu
me joguei no sofá e enfiei os dedos entre os cabelos.
— A Marcelly, eu…
Não consegui falar, minha garganta trancou e o desespero
começou a tomar conta de mim pois não sabia o que fazer a
seguir, então ouvi Michael me chamar novamente.
— Vamos irmão, fale comigo.
Eu engoli em seco, e respirei fundo na tentativa de conseguir
formar uma frase fácil de entender.
— Minha casa foi invadida pelo pai da Marcelly e ela foi
levada, preciso de ajuda, eu não sei o que está acontecendo.
Meu peito estava doendo e estava torcendo que não fosse um
infarto, pois eu preciso resgatar minha mulher daquele louco.
Em meio a várias tentativas de manter a mente calma, meu irmão,
disse que preciso me acalmar e chamar a polícia, registrar um
boletim de ocorrência e aguardar, que eles estão vindo para a Itália
nas próximas horas, e que vão ajudar no que for preciso, um pouco
menos aflito resolvi cuidar da porta que foi quebrada.
Analisando o estrago, comecei a lembrar de como Albert entrou
aqui e ele não precisou arrombar a entrada, tudo indica que foi
Marcelly, pois sei que ela teria a capacidade de fazer um estrago
assim, considerando que seu pai apanhou de mim, mas então, um
outro detalhe me chama a atenção, quem seria a terceira pessoa
que entrou aqui?
Lembro-me que a pessoa pulou em minhas costas e não parecia
pesada, seu perfume doce revelou que era mulher e confirmando,
lembro-me que quando bati de costas na parede, ouvi um gemido
de dor feminino antes de apagar de vez, e agora vejo que
realmente foi uma emboscada para pegar Marcelly, pois eles iriam
me usar para conseguir pegá-la, então ela acabou aparecendo
aqui, o que facilitou o plano de ação deles.
— O que ela veio fazer aqui?
Me perguntei em voz alta, sabendo que não iria obter uma
resposta naquele momento, quando de repente o síndico do prédio
surge com a polícia logo atrás.
— Sr. Beckham, está tudo bem?
Osvaldo olhou em volta, um pouco curioso e confirmando com um
gesto, logo direcionei minha atenção para os policiais, que logo
entraram com um tablet em mãos e educadamente, me esquivei
das perguntas do curioso Osvaldo.
Respirando fundo, me acomodei em meu sofá, um pouco mais
tranquilo pois já estava com o boletim de ocorrência feito e a
fechadura consertada, meu irmão disse que já estavam a caminho,
então relaxei um pouco, pois ao menos alguns problemas já
haviam sido resolvidos.
Depois de 5 horas eu ainda não havia recebido nenhuma ligação,
nenhuma mensagem e nenhum tipo de instrução, meu corpo
estava rígido de tanta preocupação, não estava nem conseguindo
pensar direito, pois havia algo de errado acontecendo.
Fechando os olhos, me pergunto o que Marcelly veio fazer aqui, se
ela de fato veio para me ver, eu só irei saber quando a ver
pessoalmente.
Olhei para a sua mala de mãos e levantei da poltrona,
desacreditando que aquilo tudo realmente aconteceu a poucas
horas, abrindo sua mala, senti o cheiro do perfume de dela
preencher o ar, e então vejo que o frasco está quebrado, e
retirando tudo para limpar, vejo que existe um documento que
datava o dia de ontem, era resultado de um exame, as bordas
estavam úmidas mas acredito que logo ficará seco então não
serão danificadas e quando iria colocar em cima do sofá, de
repente, meu peito se apertou, o ar fica preso em minha garganta,
minha boca secou de repente e finalmente entendi o motivo de
Marcelly ter vindo para a Itália, para a minha casa.
Ela está grávida.
Meu corpo estremeceu ao se dar conta do que está prestes a
acontecer com ela.
Porra, vou ser pai!
— Merda, preciso resgatar a Marcelly.
Me desesperei ao pensar que eles poderiam tentar algo contra a
vida da Marcelly, então decidi ligar para o Michael mais uma vez, e
dessa vez ele atendeu rapidamente.
— Michael. a Marcelly está grávida, preciso fazer alguma
coisa, porra!
Com alguns segundos em silêncio, Michael respondeu.
— Nós sabemos disso e é por isso que estamos indo para
sua casa, precisamos encontrá-la o mais rápido possível, eles não
podem saber sobre a gestação, se o pai da Marcelly for perigoso
como estamos pensando, ela pode estar correndo perigo.
Sacudindo a cabeça, enfiei meus dedos entre os cabelos e
murmurei nervoso.
— Porra, você não falou nenhuma novidade. Eu…
Mas então lembrei do Jeremy, o chefe da Marcelly. Sei que eles
têm um laço de carinho com ela, como se fosse sua filha, eles
mesmos me confidenciaram a informação, e já decidido, murmurei
me sentindo mais tranquilo.
— Já sei o que fazer.
Não demorou muito para que Jeremy levasse uma equipe de
investigadores para a minha casa, ele está extremamente
preocupado, mas muito focado no plano de resgate, ele ficou
furioso quando descobriu o que aconteceu, pedindo informações
detalhadas sobre como o pai da Marcelly chegou, com uma boa
equipe formada, logo começamos as buscas.
Um especialista está tentando rastrear o número que me ligou,
acredito que esteja conseguindo algo, Jeremy montou uma equipe
para que possam fiscalizar os pontos de saída da cidade, e me
sentindo inútil, fiquei apenas me remoendo por não conseguir fazer
nada no momento, até que meu celular começou a tocar
estrondosamente e todos direcionamos a atenção para o aparelho
e levantei correndo para ver quem ligava e com muito espanto,
vejo o nome de Marcelly brilhar na tela e quando ia atender, a
ligação foi encerrada o que me deixou aflito, quase surtado.
— Mas que porra!
Resmunguei enfiando as mãos entre meus cabelos, até que meu
celular vibrou em minha mão e vejo que é uma mensagem de
Marcelly, assim que abri, vejo que é uma localização, meu peito
pareceu flutuar quando ouvi alguém falar
— Encontramos ela.
Uma pontada de esperança se renovou dentro de mim, então eu
me viro para eles já me sentindo melhor.
— Vamos buscá-la.
Nosso plano foi muito simples, e muito bem elaborado, prestei
atenção em cada mínimo detalhe, e eles aceitaram invadir a casa
depois do tempo que estipulei por segurança de Marcelly e meu
filho, não contei a ninguém sobre a informação que descobri pois
seria uma forma de ninguém meter o louco e ferrar com todo o
plano.
Feito isso, peguei meu carro e ativei a localização em meu celular
e fui direto para a rota, sabendo que os policiais viriam à paisana
logo atrás.
Durante o trajeto, fiquei pensando se Marcelly veio para cá
apenas para falar sobre nosso filho ou se era para conversar
comigo sobre nós dois, e eu espero que seja a segunda opção,
pois eu a amo tanto, que faria qualquer coisa por ela.
Suspirando, pisei o pé no acelerador sabendo que preciso
controlar minha raiva quando chegar no local, passando pelo
centro da cidade, percebo que a rota onde eles estão é muito
afastado da cidade, o que me deixa um pouco mais preocupado,
pois eles poderiam fazer qualquer coisa com Marcelly e que Deus
nos ajude, para que ela não tenha contado a eles sobre nosso
filho, pois sei que eles irão tentar algo contra a vida dos dois.
Orando a Deus, pedi forças para conseguir segurar a raiva que
cresce dentro de mim, pois no instante em que eu colocar a mão
naquele verme, com certeza não irei soltá-lo nunca mais.
Assim que cheguei em um bairro de classe baixa, havia uma
estrada de chão, a vegetação crescia livre, não havia moradores
por perto, mas daqui consigo ver um casebre muito velho, na
verdade, parece muito antigo, e a localização indica que é ali que
eles estão.
Estacionando o carro, respirei fundo, e vi uma mensagem de
Jeremy surgir em meu celular.
“Estamos vendo seu carro daqui nos aproximaremos no instante
em que você entrar na casa.”
Confirmei num gesto e desci do carro, tomando o cuidado para não
alarmar demais quem quer que esteja lá, estava tudo muito
silencioso e fácil demais, com algumas batidas na porta, ouço o
ranger do assoalho velho e em seguida a porta de madeira sendo
aberta, e então surge um homem um pouco menos da minha
altura, e ele diz.
— Entre, o Sr. Montes aguarda você.
Engoli em seco e confirmei num gesto, assim que entrei, encontrei
uma casa velha e escura, os móveis, todos muito empoeirados,
davam a impressão de estarem naquele lugar a muito tempo, o
chão estava rangendo enquanto eu andava e tudo estava
parecendo feito para aquela finalidade, um tipo de gatilho para
desespero.
Continuei andando e encontrei o que um dia foi uma sala de visitas
e no centro da sala, haviam duas pessoas amarradas e
amordaçadas sentadas no chão, de imediato reconheci a minha
loira, a mulher que amo, que está com uma expressão tranquila em
seu rosto, a única diferença que notei, foi que engoliu em seco ao
me ver, como se não estivesse preparada para me encontrar nesse
lugar, a outra mulher, estava com a maquiagem toda borrada,
parecia extremamente cansada, e seu rosto denunciava o medo,
apertando os olhos em sua direção, acabei reconhecendo-a, e
desacreditando, olhei em volta, para ver se encontro alguém à
espreita.
— Olá, Senhor Beckham.
Ouvi Albert murmurar de algum lugar, a procura do desgraçado, o
encontrei em uma parte muito escura do cômodo, ele veio se
aproximando das garotas, com uma faca na mão e olhando daqui
parece extremamente afiada, engolindo em seco, temendo pela
vida das duas, eu dei um passo à frente automaticamente e ele
logo me lançou um olhar psicopata.
— Não se aproxime, playboyzinho, ou você verá essas duas
morrerem.
Eu recuei um passo para trás, à medida que ele sorria vitorioso, a
minha raiva aumentava, e fechando as mãos em punho, procurei
me acalmar.
— O que você quer comigo?
Albert veio andando até a lateral da sala em que estávamos, e se
acomodou em uma cadeira de madeira que estava ali, então
apontando a faca entre seu dedo indicador, ele murmurou.
— Quero dinheiro em troca da vida de uma delas.
Nesse instante, minha angústia diminuiu um pouco, pois recebi a
confirmação de que ele não sabe da gravidez da Marcelly, caso
contrário teria dificultado o nosso encontro.
— Quanto você quer para …
Ele logo me interrompeu, enquanto direcionava sua atenção para
mim.
— Quero muito dinheiro, Anthony.
Inalando o ar pelas narinas, tentando controlar minha raiva, eu
disse travando a mandíbula.
— Porra, não tenho paciência para seus joguinhos, quanto
quer?
Eu me aproximei um pouco e continuei sem dar margens para
mais negociações.
— Libere as duas e eu pago quanto for.
Nesse instante, ele se levantou da cadeira e disse.
— Para vocês ricos de berço, é tudo muito fácil, não?
Em um momento de loucura, ele agarrou os cabelos de Aurora e a
puxou para trás e murmurou friamente.
— Mas você não sairá tão facilmente daqui, não comigo.
Desviando a atenção dele, olhei para Marcelly, ela estava com os
olhos fechados, tentava respirar fundo, me aproximei um pouco
mais quando ouvi ele falar.
— Você pode poupar a vida de uma delas, Anthony.
Ele as levantou bruscamente do chão, e as empurrou para frente e
disse.
— Faça a sua escolha.
Ele então ficou entre as duas, com a faca na mão e disse num tom
de deboche.
— De um lado, a sua ex-namorada, a mulher que você
idolatrava e que queria viver o resto da sua vida.
Ele então apontou a faca para Marcelly, entre seu pescoço e
costela e disse num tom debochado, onde indicava nojo, e meu
peito se apertou naquele instante.
— Do outro, uma condenada a miséria, que não serve para
nada, ou melhor, serviu apenas para ser uma foda.
Ele agarrou os cabelos de Marcelly com muita raiva e disse.
— Minha querida, ninguém nunca vai te amar, ele não vai
escolhê-la.
Nesse instante, a raiva me consumiu e quando ele levantou a faca
para atingir Marcelly, eu corri o mais rápido possível, pois eu sabia,
ele queria apenas um motivo para matá-la, meu chute foi certeiro,
bem no seu joelho, fazendo com que ele caísse para a frente, sem
eu perceber, ele sacou uma arma de seu cinto e mirou em
Marcelly, mas, antes de disparar, meu instinto protetor falou mais
alto, na verdade tudo o que envolvia Marcelly aflorava em mim e
desesperado, eu a envolvi em meus braços e a protegi com meu
próprio corpo então ouvi um disparo, dois e por fim o terceiro e
fechei meus olhos, sentindo Marcelly estremecer em meus braços,
eu a apertei ainda mais contra mim, sentindo seu cheiro entrar em
meu nariz, me deixando um pouco mais calmo.
Quando senti o ar sair pela minha boca, abri meus olhos e vi que
não estava sentindo nenhum tipo de dor, quando me virei, vejo
Aurora de frente para mim, lágrimas desceram pelos seus olhos,
consegui ver sua expressão suavizar a medida que seus olhos
começaram a focar em mim e um sorriso se formou em seus
lábios, antes que pudesse falar, ela caiu no chão, enquanto uma
poça de sangue já se formava ao seu redor, me afastando de
Marcelly, peguei Albert pelo pescoço para deixá-lo imobilizado,
esperando que alguém entrasse em ação após os disparos e
nesse momento os policiais chegaram tomando conta de todo o
lugar, finalmente libertando Albert das minhas mãos, ouvi Aurora
tossir já quase engasgando e então corri até ela, que assim que
me viu, tentou respirar fundo.
Pelo grau dos ferimentos, eu diria que ela não sobreviveria, mas
como estava estudando medicina, seria hipocrisia da minha parte
não a ajudar nesse momento.
— Respire devagar, Aurora, os médicos estão chegando,
vai ficar tudo bem.
Murmurei me abaixando enquanto rasgava a barra do vestido de
Aurora para colocar sobre os ferimentos na tentativa de estancar o
sangramento ao menos até os paramédicos chegarem.
— Estou pagando um alto preço, Anthony.

Fechou os olhos e tossiu, franzi a testa, me sentindo


desconfortável com o que estava vendo, mas ela então disse.
— Me perdoe pelo que fiz a você, eu… tentei ajudar o Albert,
mas era para ter você para mim…
Eu já sabia que em algum momento Aurora iria se revelar, mas não
sabia que seria a tão baixo nível, apesar de ela ter feito parte da
emboscada, admiro o cuidado que ela teve por me proteger e
infelizmente, gratidão é tudo o que tenho para ela.
Pegando em minhas mãos, Aurora engasgou e tossiu de novo, e
olhando a situação, acredito que esteja entre a vida e a morte, de
repente os paramédicos chegaram com uma maca e logo a
prepararam para levá-la, eu observei tudo sem ter uma reação de
dor, ou perda, sabendo que eu já não sentia nada por ela, depois
que Aurora foi levada pela ambulância, vi Albert sendo algemado
por um dos agentes de Jeremy e puxando o ar, acompanhei o
homem resistindo a prisão, afastando minha atenção daquele
verme, olhei ao redor para ver se eu encontrava Marcelly, então eu
a vejo entrar no carro de Jeremy sem olhar para trás, sem se
despedir de mim, me deixando com um peso gigante no peito por
não ter falado com ela, não sei como ela consegue fazer isso, se
afastar como se nada tivesse acontecido e fazendo um gesto
negativo com a cabeça, eu apenas observo o carro de Jeremy se
afastar.

Capítulo 18

Marcelly Benett

Não sei se é a mistura de sentimentos, mas doeu ver que Anthony


me deixou sozinha para cuidar da ex-namorada, a mesma que
tentou me matar horas atrás, na verdade, nos matar.
Eu estava um pouco nervosa quando senti as lágrimas descerem
pelo meu rosto, quando pedi para Jeremy me levar, foi porque eu
estava exausta e não consegui ver Anthony cuidando de outra
mulher que não fosse eu, estava sentindo um ciúme extremo e
irracional, afinal, eu o deixei livre e apesar de ter vindo atrás dele
para que pudéssemos resolver os nossos problemas, eu ainda o
havia deixado livre.
Minhas emoções estão descontroladas e estou morrendo de
ciúmes.
Que droga!
— Você deveria conversar com Anthony.
Esbravejou Jeremy ao meu lado e secando as últimas lágrimas, eu
o encarei, ignorando totalmente seu comentário, pedi.
— Você pode me deixar no hospital mais próximo, por
favor?
Implorei, pois estava sentindo uma dor muito forte no abdômen e
me lançando um olhar desconfiado, Jeremy perguntou.
— Está passando mal?
Eu confirmei com um gesto e respondi desviando minha atenção
para o movimento na estrada.
— Estou sentindo muita dor no abdômen e preciso ver se
meu bebê está bem.
Jeremy me olhou com espanto, estacionou o carro no meio fio e
perguntou.
— Como assim, você está grávida?
Eu o encarei por alguns segundos em silêncio, ali na minha frente
vi a expressão de uma figura paterna surgir em seu rosto
juntamente com um sorriso.
— Minha querida, eu não sei…
Ele de repente cobriu o rosto e começou a chorar e eu logo me
aproximei e apoiei minha cabeça no ombro do Jeremy e chorei
junto, sentindo aquele turbilhão de sentimentos, a falta de Anthony,
o medo pelo reencontro com meu pai, o resgate, o medo pelo meu
bebê, o ciúme…
— Estou muito feliz por saber que você terá uma bebê e
tenho certeza, essa criança será muito amada.
Ao ouvir isso, senti meu coração inflar, por orgulho, amor e carinho,
Jeremy e Jenny são as figuras mais próximas de uma família que
eu tinha e eu sei que eles vão me apoiar nesse momento tão
delicado para mim.
— Você não sabe como me deixou aliviada ao ouvir isso.
Falei olhando para o rosto dele, eu ainda estava com a cabeça em
seu ombro quando ele sorriu e acariciou minhas bochechas.
— Agora entendi o motivo do Anthony ter ficado tão
desesperado.
Nesse momento fiquei ereta e toquei em meu ventre por causa das
fisgadas que senti, então eu perguntei o óbvio.
— Anthony sabe sobre a gravidez?
Franzindo a testa, Jeremy confirmou.
— Tudo indica que sim, pois ele ajudou a arquitetar o
plano, dizendo que sua segurança deveria ser a prioridade ao
invés de simplesmente arrombar o casebre.
Nesse instante eu comecei a rir, achando graça, fazendo um gesto
negativo com a cabeça, Jeremy sorri e murmura.
— Vocês formam um lindo casal.
Eu encostei minha cabeça no descanso no banco e respondi
enquanto Jeremy começa a conduzir o carro.
— Não somos um casal.
Por burrice minha.
Por medo de Anthony me fazer sofrer sempre fugia dele, para falar
a verdade, estou fugindo agora mesmo, mas não tenho como
escapar, vou ter que pegar minha mala no apartamento daquele
bandido então com certeza ele vai querer uma explicação.
Depois que passei por uma consulta, onde expliquei o que havia
acontecido, fiz alguns exames, incluindo uma ultrassonografia e
tudo indica que estamos bem, a médica indicou repouso por alguns
dias apenas, disse que preciso me alimentar mais e tomar minhas
vitaminas, essas que esqueci em New York, mas me entregando
uma nova receita, prometi que providenciaria e assim que saí do
consultório, me virei para fechar a porta e encontro uma parede de
músculos de 1,90cm de altura me olhando com cara de poucos
amigos, seus olhos estavam semicerrados em minha direção,
conseguia sentir que a repreensão viria, mas ao invés de sentir
medo, estava me sentindo excitada pois um calor subiu por entre
minhas pernas indicando a minha vontade insana de montar em
Anthony e engoli em seco, senti meu coração vacilar algumas
batidas, pois a beleza desse homem é surreal, sem falar que é
muito gostoso.
Anthony levantou da poltrona que estava sentado e foi até mim,
sua expressão estava indecifrável, sua boca estava pressionada
como se engolisse o que gostaria de dizer e eu engoli em seco
apenas aguardando a repreensão, quando ele se aproximou de
mim e pegou o papel que estava em minhas mãos de uma forma
um pouco bruta, eu recuei um passo de nervosismo.
Ele olhou para a receita atentamente e depois me olhou arqueando
a sobrancelha e semicerrando os olhos, fez um rápido gesto com a
cabeça deixando evidente a sua impaciência, seus olhos
denunciavam o cansaço, mas também toda a preocupação e uma
evidente irritação.
— Vamos Marcelly.
Eu arregalei os olhos com a forma que ele estava me tratando,
pois não achei que ele deixaria o que fiz ir para esquecimento, sem
ter uma conversa, quando vi que ele apenas saiu andando
esperando que eu fizesse o mesmo, eu apenas andei atrás dele.
Quando cheguei na porta do hospital, olhei em volta à procura de
Jeremy, não o encontrei e então ouço Anthony falar.
— Ele não está aqui, então vamos logo.
Eu o olhei desconfiada, parada na entrada do hospital, Anthony
pousou as mãos no quadril e fechou os olhos, puxando o ar com
muita impaciência.
— Por que você tem essa vontade de dificultar tudo para
mim? O que eu te fiz garota?
Nesse instante vejo o quão furioso Anthony estava, eu não estou
pronta para conversar com ele, pois tem duas possibilidades: Eu
vou chorar ou eu vou me sentar nesse homem.

— Porra Marcelly. você precisa descansar, repouso, sabe o


que significa?
Anthony levantou a folha para mim, de modo que demonstrasse
sua raiva, frustração ou preocupação.
Eu apenas fiquei parada, encarando-o, pensando nas merdas que
fiz para me afastar dele para hoje estar ouvindo as frustrações dele
na porta de um hospital quando poderíamos estar transando em
todos os cantos do apartamento dele, mas sendo pega de
surpresa, Anthony se aproximou de mim com seu jeito de andar
cheio de confiança, em seu rosto ainda existia uma máscara
furiosa e jogando seu braço por baixo das minhas pernas, ele me
levantou e começou a andar comigo, olhei ao redor, sentindo um
misto de vergonha e tesão, de repente me sinto confortável
naqueles braços o cheiro masculino tão familiar me embala e
automaticamente, descanso minha cabeça em seu peito.
Pode ser coisa da minha cabeça, mas parece que Anthony me
apertou mais contra seu corpo, mas sem dar muita atenção,
apenas relaxei por alguns segundos.
Em silêncio, ele me colocou no chão e abriu a porta para que eu
me acomodasse, fechando a porta, deu a volta no carro e ocupou
seu lugar, colocou seu cinto de segurança e me lançou um olhar
que indicava que não queria conversar, eu fiquei quieta e calada
enquanto seguíamos pela estrada.
Todo o trajeto estava tranquilo, as ruas estavam movimentadas,
mas não o suficiente para um engarrafamento e puxando o ar,
Anthony pergunta.
— Além das vitaminas, você quer mais alguma coisa?
Eu virei meu rosto para ele e vi que ele estava olhando para a
estrada então eu mordi o lábio e respondi.
— Chocolate.
Ele confirmou com um gesto e ficou em silêncio durante o resto do
trajeto, nesse momento, aquele tratamento de silêncio que Anthony
estava me dando estava causando efeito, se de fato esse era o
plano, estava dando certo, então ele estacionou e disse.
— Estou levando você para o meu apartamento, Michael,
Yven e Chris estão lá.
Eu confirmei com um aceno e mordi o lábio nervosa, pensando que
talvez seria mais fácil com Yven lá, pois ainda não estou
conseguindo falar ou fazer algo em relação a Anthony.
Com um gesto rápido, Anthony tirou seu cinto, desceu do carro,
deixando-me sozinha, olhei para além da minha janela e
contemplei o céu por alguns segundos, fechando os olhos, acabei
sentindo o sono me dominar e dormi ali mesmo.
Acordei com a sensação de que estava flutuando e lutando para
abrir os olhos, senti um cheiro familiar, gemi em apreciação, pois
eu sabia que era o cheiro de Anthony e me aconchegando
consegui abrir os olhos com muita luta então vejo que estou nos
braços do próprio bandido e ele olha para mim com um olhar calmo
e diz.
— Volte a descansar, cuidaremos de você.
Eu sabia que eu seria bem cuidada pelos meus amigos e
principalmente por esse homem que eu fujo constantemente, então
voltei a dormir tranquilamente quando senti ele me apertar um
pouco mais em seus braços.
Acordei em um quarto escuro, não havia nenhum abajur para me
ajudar a saber onde estava, engoli em seco sentindo o pânico me
dominar, temendo que ainda estivesse naquela casa, recebendo o
ódio do meu pai, quando senti dedos apertarem delicadamente
meus ombros e rapidamente reconheci Anthony ao meu lado,
acendendo o abajur, reconheci seu quarto, ele esfregou os olhos e
levantou-se da poltrona em que estava e sentou-se na beirada da
cama de frente para mim e me olhou atentamente.
— Está se sentindo bem?
Eu confirmei com a cabeça, esquecendo rapidamente o pavor de
poucos segundos atrás, perguntei.
— Você estava esse tempo todo aqui?
Ele confirmou, passou os dedos entre os fios de cabelo
desalinhados e respondeu.
— Optei por dormir na poltrona ao invés do sofá, para caso você
sentisse alguma coisa ou tivesse pesadelos.
Eu engoli o bolo que se formou na minha garganta, pois Anthony
estava dormindo mal por minha causa apenas para cuidar de mim
e então eu me ajeitei na cama e murmurei um pouco tímida.
— Você não deveria dormir na poltrona por minha causa.
Ele me lançou um olhar confuso, com direito a testa franzida e
tudo.
— Deveria sim, aposto que se eu dormisse na cama, você ia
querer transar comigo e depois sair dizendo que se arrependeu e
que tudo foi um erro.
Fiquei calada e morta de vergonha, me sentindo culpada por ele
achar que eu me arrependo de ter dormido com ele, me
arrancando dos meus pensamentos, continuou.

— Não tenho mais psicológico para ser chutado, Marcelly.


Ele se levantou da cama, e me deixou ali constrangida, por ter feito
mal a ele dessa forma.
— Anthony, eu…
Tirando sua camisa, ele murmurou me interrompendo.
— Está tudo bem, não vou invadir seu espaço, mas quero
que você permita que eu cuide de você e do nosso bebê.
Eu prestei atenção apenas no abdômen cheio de gomos que
estava a pouco menos de 3 metros, minha boca estava salivando
de vontade de lamber cada centímetro daquela pele impecável,
minhas mãos estavam coçando de vontade de tocar naquele corpo
maravilhoso.
— Vou até tomar um banho depois de ser secado por você
desse jeito.
Ergui meus olhos para o rosto de Anthony e vi ele sorrindo
enquanto se dirigia para o banheiro e me deitando de costas, cobri
o rosto com o travesseiro morrendo de vergonha por ter engolido
Anthony com os olhos desse jeito.
Olhando em volta, tentei procurar um relógio, meu estômago
começou a protestar de fome então levantei da cama e vi que a
porta do banheiro estava aberta e de repente a fome sumiu e deu
lugar a fome de Anthony, queria tocá-lo, sentir aquelas mãos em
mim, meu corpo pedia por ele então devagar me aproximei da
porta, Anthony estava com os braços esticados na parede, de
modo que ficasse de costas para mim, seus músculos definidos
deixavam a mostra toda a sua tensão e acredito que eu seja uma
das culpadas por isso.
Criando coragem, respirei fundo e abri a porta de vidro do box,
quando ia tocar no ombro de Anthony, ele simplesmente se virou e
agarrou meus pulsos, me puxando direto para seus braços,
tropeçando, me amparei em seu peito e ficamos nos encarando
por um tempo, mesmo nossos corpos molhados e escorregadios,
ainda era possível sentir a eletricidade fluir quando nossos corpos
estavam juntos, a nossa química era irrefreável e talvez por isso,
não consigo ficar muito tempo longe dele, Anthony me atrai com
uma naturalidade que até me assusta.
Os segundos se passaram, mas a nossa intensa troca de olhares
continuava, me deixando extremamente ansiosa pelos seus toques
e engolindo em seco, Anthony perguntou.
— Você veio apenas para me contar sobre nosso bebê?
Eu passei a língua pelos lábios secos e confirmei em silêncio,
Anthony continuou a me olhar daquele jeito intenso.
— Você quer o que de mim? Você me quer como pai do
seu filho apenas? Não posso ser seu homem, Marcelly?
Naquele momento, recebi seu questionamento como uma pancada
que me deixou trêmula, ainda me olhando fixamente ele apertou
um pouco mais meus pulsos entre seus dedos e me trouxe para
mais perto, acabando com todo o espaço que existia entre nós.
— Precisa que eu implore para ter você de vez na minha
vida?
Ele se aproximou de mim, seus lábios estavam tão próximos que
eu conseguia sentir a sua respiração, sentindo vontade de
ultrapassar os próprios limites que impus, engoli em seco
aproveitando cada segundo de toda aquela atenção que estava
recebendo, Anthony estava molhado, musculoso e nu enquanto eu
estava usando uma camisa branca que já deixava meu corpo a
mostra por causa da transparência da peça molhada, me puxando
junto com ele, entramos embaixo do chuveiro e fechei os olhos
com a sensação da água molhando-me quando senti Anthony se
aproximar e tomar meus lábios num beijo lento, que começou com
nossos lábios pressionados, quando abri a boca pela surpresa, sua
língua me invadiu, explorando-me lentamente, suas mãos soltaram
meus pulsos e foram diretamente em meu pescoço, enquanto uma
me segurava firme, a outra soltava meu cabelo do rabo de cavalo,
que foi substituído pelos dedos mágicos de Anthony, que puxavam
deliciosamente minhas madeixas enquanto beijava minha boca
numa velocidade lenta, me seduzindo, pedindo permissão para ir
além, quando ele se afastou, abri meus olhos, ele continuou com
os seus fechados, aproximando seu rosto do meu, ele falou entre
dentes.
— Não consigo entender por que você me deixa longe e se
entrega desse jeito para mim, ele respirou fundo e me apertou
contra seu corpo e continuou, se quer fazer da minha vida um
inferno, então faça, mas faça isso bem pertinho de mim.
Naquele momento meu peito apertou, eu estava totalmente
entregue a Anthony, meu corpo estava implorando por ele, talvez,
sejam os hormônios, mas o fogo que eu sempre sentia estava
aqui, me queimando viva, queimando de desejo por ele.
— Eu sou viciado em você, preciso ter você na minha cama
todos os dias, eu me entreguei de corpo, alma e coração para
você, sou todo seu, amor!
Abrindo os olhos, ele engoliu em seco como se sentisse dor e
disse.
— Estou rendido a você, só preciso que você me aceite, eu
amo você há muito tempo e sei que você pode não me amar, mas
estou disposto a lutar pelo seu coração, me dedicar totalmente a
você e ao nosso bebê.
Você tem minha total rendição!
Senti lágrimas ofuscarem minha visão, meu coração estava
martelando em meu peito pois eu tive certeza, dessa vez eu não
iria fugir, Anthony estava se declarando, ele estava rendido a mim
e em silêncio eu soube, eu estava rendida a ele também.
Eu o amava na mesma proporção.
— Posso abrir mão de tudo, mas não vou desistir de vocês.
Ele se aproximou de mim e se ajoelhou a minha frente, levantou a
camisa molhada e tocou em minha barriga, que apesar de ser
pouco tempo, já estava aparecendo, tocando-me, Anthony
depositou um beijo em meu ventre e me abraçou, a sensação de
estar sendo abraçada daquele jeito, tão íntimo, quente e protetor
me fez cair aos prantos.
— Eu amo você Beckham e estou tão rendida quanto você.
O brilho nos olhos de Anthony é algo que nunca vou esquecer, ele
se colocou de pé a minha frente e sorriu, foi um sorriso que
arrancou meu próprio sorriso e naquele instante eu soube que
ficaríamos bem.
Capítulo 19

Aurora Ronalds
Óbvio que amo o Anthony, caso contrário, não teria levado os tiros
para protegê-lo.
Mas se eu soubesse que iria poupar a vida daquela filha da mãe,
acho que teria arriscado tudo mais uma vez.
— Estou liberada?
Perguntei ao delegado, sentindo um misto de raiva e tédio e
levantando meus pulsos em direção a ele, arqueei a sobrancelha,
para que ele retirasse as algemas rapidamente.
— Tenho coisas a fazer.
Retruquei impaciente e ele fazendo muxoxo me olhou feio depois
de tirar as algemas e indicar a saída com a cabeça, depois de
coletar minha assinatura para pagar a fiança.
Logo que cheguei à delegacia após os dias em recuperação pós
cirurgia, ainda fiquei mais uma semana presa, como se eu fosse de
fato uma marginal, já fiz muitas coisas proibidas na minha vida, já
usei vários tipos de drogas e posso dizer que até faço uso de
algumas ainda, mas isso não quer dizer que eu já tenha sido
detida.
É que a proposta do idiota do Albert foi tão tentadora naquele
instante que acabei aceitando sem pestanejar, no fim nada disso
valeu a pena, a essa hora, Anthony deve estar com aquela irritante
que quase me enforcou com os dedos.
Desgraçada, é bruxa, só pode.
Atravessei a rua principal, que levava ao centro da cidade, com o
intuito de pegar um taxi e ir para casa tomar um banho e dormir um
pouco, pois amanhã, estarei na casa do meu homem.
Eu o quero de volta, depois que Anthony saiu da minha vida,
parece que cai num poço sem fundo, tudo perdeu o sentido, e foi
burrada atrás de burrada.
Um exemplo é essa cicatriz na barriga.
Comecei a rir quando lembrei da facada que levei em um dos
meus casos com traficantes.
A mulher entrou no quarto onde estava eu e mais dois homens,
não sei exatamente quem era o marido dela, mas sei que a facada
foi certeira em minha barriga, mas não foi profundo, e posso dizer
com alegria que foi até superficial, se comparado a raiva que
aquela mulher estava sentindo, já que foi necessário, os dois
homens segurá-la para que eu fugisse.
Logo que cheguei em casa, olhei em volta, para o quarto de hotel
precário que estou vivendo, muito diferente do luxo que Anthony
vive e se eu fosse esperta a 10 anos atrás, com certeza teria
desfrutado disso tudo, sem passar pelos perrengues que passei.
Apesar de fazer tudo consciente, meu passado ainda me condena,
olhar Anthony Beckham e ver que ele não é meu, me corrói, as
vezes acho que não é nem por gostar dele, e sim, porque pensei
que ele nunca fosse me esquecer, dando de ombros, vejo que
minha obsessão pelo Beckham é apenas ego ferido, um ego ferido
com 10 anos e toda vez que ele me chuta para longe é como se
aumentasse minha obsessão por ele.
Amanheceu, e eu nem preguei os olhos, meu espelho está
refletindo toda a preparação de pele que fiz para esconder minhas
olheiras escuras, saindo do banheiro, fui até meu roupeiro velho,
na verdade, caindo aos pedaços, esse foi um dos itens domésticos
que comprei antes de usar o que restou do dinheiro em bebidas, e
claro, não foi uma escolha inteligente, escolhi um vestido preto,
curto e justo, da coleção de verão passada.
Gargalhei ao saber que a porra da vida que eu levo, é culpa minha,
e que por ego ferido farei Anthony viver assim também, será fácil
seduzi-lo, sei que ele ainda sente algo por mim, está apenas
adormecido, depois que eu o tiver em minhas mãos, poderei
usufruir de todo o seu dinheiro e do poder que seu nome tem, e
depois trazê-lo para meu mundo, pois é isso que eu faço.
Parei em frente ao espelho novamente, olhando meu reflexo e com
um sorriso frio, eu murmuro.
— Eu levo as pessoas à minha volta para o fundo do poço
comigo.

Capítulo 20
Marcelly Benett
Alguns dias haviam se passado, meu convívio com Anthony estava
sendo muito bom, até que acordei sozinha na cama.
Olhei em volta e não encontrei Anthony por perto, como ele
sempre esteve, então me levantei da cama tranquilamente, me
alonguei e fui até o banheiro fazer minha higiene pessoal, logo que
me olhei no espelho vi a situação crítica em que meu cabelo
estava pois realmente eu estava dormindo mais que o normal e
meu cabelo estava sofrendo as consequências, sem falar na dor
na lombar por ficar muito tempo deitada.
Já com o cabelo devidamente arrumado, fui para a saída do quarto
e logo que fechei a porta, ouço sons de risada e uma voz feminina,
estremeço ao reconhecer aquela voz melosa que logo cedo me
causou enjoo e raiva.
Maldição!
O que ela está fazendo aqui?
Franzindo a testa, fechei meus olhos tentando manter a calma,
minha mente tenta chegar a uma conclusão para essa louca está
aqui, mas nada responde à pergunta em questão, então apenas
decidi aparecer e ver com meus próprios olhos o que está
acontecendo.
Assim que cheguei ao corredor, consigo ver a claridade tomando a
cozinha, acredito que seja por volta das 9h da manhã ou mais, logo
que apareço na cozinha, parece que ninguém reparou em mim,
então vejo Anthony sentado em um banco na divisória da cozinha
com uma xícara nas mãos, com um sorriso leve nos lábios,
enquanto Aurora está sentada do outro lado, rindo
escandalosamente de algo, dá para ver que está exagerando, ela
está escorada com os dois braços em cima da mesa, expondo seu
decote cavado, com cabelos soltos, um vestido curto preto, daqui
consigo ver uma marca através do tecido fino do vestido, sãos os
curativos, e por Deus, eu queria apertar justamente aquele lugar
para fazê-la sentir dor pois o que me deu mais ódio, foi ver que
Anthony parecia muito relaxado na presença dela.
E de imediato senti vontade de dar uma voadora nela e enfiar os
dedos nas feridas que as balas deixaram em suas costas, mas
apenas me aproximei dos dois e murmurei.
— Bom dia.
Pois sou muito educada e o recalque dessa mulher não vai matar a
minha elegância, muito menos a minha educação.
Assim que falei, Anthony se virou para mim e esboçou um sorriso,
seus olhos brilharam ao me ver mas ele não se aproximou de mim,
não me deu um beijo nem nada, apenas pegou uma xícara e
preparou meu café com leite, sorri com seu gesto, quando ele
parou a minha frente, fiquei na expectativa de receber um beijo e
assim eu iria esfregar na cara dessa filhote de víbora que Anthony
tem dona, mas me deixando decepcionada, ele apenas me
entregou a xícara e murmura.
— Bom dia, Marcelly.
Nesse momento pisquei em silêncio, desacreditando do que
aconteceu, pois em outros momentos Anthony não conseguia ficar
longe de mim, essa cena de agora me cortou o coração me
deixando ainda mais raivosa e repetindo para mim mesma, pensei
que eram os hormônios tomando conta.
Engolindo em seco peguei a xícara e me aproximei da mesa, onde
havia uma mesa farta de comida para o café da manhã.
— Marcelly, bom dia.
Ouvi Aurora murmurar com um sorriso nos lábios, direcionando
minha atenção para ela, vi que ela havia se ajeitado para ficar de
frente para mim.
— Espero que não se importe, eu vim para que possamos
nos tornar amigas, Anthony é uma pessoa muito importante para
mim e ...
Eu sorri, e fiz um gesto com a cabeça ao desviar a atenção para o
belo pão francês que havia na mesa, meu estômago estava
roncando de fome e infelizmente, a presença dela, estava me
tirando a vontade de comer.
Estar grávida para mim está se resumindo a comer, comer e
comer.
— Aurora, não confunda as coisas.
Murmurei estranhando meu tom de voz e controlando um pouco
mais o tom, eu a olhei e disse com um sorriso forçado nos lábios.

— Uma coisa é termos sentimentos por uma pessoa e outra


bem diferente é voltar a conviver com essa pessoa.
Ela pareceu ficar surpresa com o que eu disse e então continuei a
falar pois minha língua estava coçando.
— Só porque Anthony deixou você entrar no apartamento
dele, não quer dizer que eu vou permitir o mesmo no meu.
Nesse instante desviei a atenção para Anthony, que estava com a
xícara em seus lábios e com a sobrancelha franzida, seus olhos
estavam longe de nós, de modo que demonstrava que ele não ia
se meter no assunto.
— Não vou ser sua amiga, mesmo que Anthony seja
importante para ambas, não vou fazer esse jogo para disputar a
atenção dele, se é isso que você quer fazer.
E sorrindo de lado, Aurora olha para suas unhas de modo atrevido
e responde.
— Então tudo bem, mas saiba, você irá me ver muito por
aqui, então se acostume, só queria facilitar as coisas para você.
Ainda com a xícara nas mãos, peguei a faca pontiaguda que
estava sob a mesa, cortei meu pão ao meio, levei a manteiga e
queijo até a pia, pois sentir aquele cheiro doce que exalava
daquela mulher estava me deixando enjoada, então preferi
preparar meu pão ali mesmo, com tudo feito, peguei minha
refeição e levei a faca até a mesa, onde olhei para Aurora e depois
para Anthony, ambos em silêncio, mas quem demonstrava um
certo nervosismo era Anthony, que estava se remexendo na
cadeira, mas sem falar uma palavra com ele, cravei com toda a
minha força a faca no tampo de madeira que havia em cima da
bancada de mármore, e se assustando Aurora se afastou e engoliu
em seco ao olhar para mim que sorri para ela, virei minhas costas
e sai andando de volta para o quarto, deixando os dois num clima
estranho e silencioso, muito diferente do clima que eu encontrei ao
chegar no local.
Respirando fundo, na tentativa de ter calma, coisa que já não
existia em mim, fui até o quarto onde eu dormia e que
eventualmente Anthony dormia também e fechei a porta, deixando
a xícara e o pão em cima da mesa de cabeceira e fui até a
varanda.
Respirando o ar puro fechei os olhos ao sentir o sol aquecer minha
pele, na tentativa de renovar minhas energias, mantive meus olhos
fechados e decidi que se Aurora quisesse ficar monopolizando
toda a atenção de Anthony, ela poderia fazê-lo, pois essa situação
toda quem deverá se livrar ou não, com certeza será ele, não vou
ficar ocupando um espaço que não sei se ainda é meu.
Com algumas batidas na porta, Anthony surge, com uma
expressão neutra no rosto, ele franze a testa e diz.
— Vim avisar a você que vou levar a Aurora até o aeroporto.
Eu confirmei com um gesto e continuei na varanda de costas para
Anthony, então ele perguntou.
— Você não está com fome? Posso trazer algo melhor para
você comer…
Eu logo o interrompi, demonstrando que estava chateada em meu
tom de voz e me repreendi mentalmente.
— Perdi a fome, Anthony, pode ir.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, eu não virei para olhá-lo
nos olhos, apenas ouvi ele respirar fundo e sair.
Naquele momento eu sabia que ele estava chateado, mas e daí?
Eu também estava e era culpa dele.
Senti lágrimas descerem pelas minhas bochechas ao lembrar que
Anthony não havia dito uma palavra para cortar as investidas de
Aurora e isso quer dizer que ele iria permitir as visitas dela,
inclusive, quando estiver em New York e se isso realmente
acontecer, não permitirei que ele entre em minha casa, pois lá é
meu local de repouso, meu descanso, meu lar…
Fechando os olhos, respirei fundo e fiquei quieta, nesses
momentos de angústia, eu literalmente odeio servir a lei, pois
poderia simplesmente dar um sumiço nessa doida.
Revirando os olhos, fiz um gesto negativo com a cabeça, não
concordando com o que está acontecendo com meus
pensamentos.
O que estou pensando? Matar a ex-namorada do homem que amo
só por que está tentando voltar ao lugar que perdeu?
Estou surtando e morrendo de ciúmes e isso está afetando meu
psicológico a um nível altíssimo.

Capítulo 21

Marcelly Bennet
Decidida a tomar meu lugar na vida de Anthony resolvi deixar claro
que quem está sendo inconveniente é aquela atrevida, então levei
minha refeição de volta para a cozinha e foi nesse exato momento,
que cheguei na cozinha e encontrei Aurora pendurada no pescoço
de Anthony.
Rapidamente, analisei a postura dele, estava nervoso,
sobrancelhas franzidas, mandíbula cerrada e me dando a
confirmação, sua expressão estava deixando claro a sua negativa.
O sangue subiu queimando pelas minhas veias, minhas bochechas
estavam ardendo, meus lábios estavam secos de raiva, avançando
até eles, deixei minha comida em cima da mesa e me aproximei
dos dois, Aurora estava de costas para mim, pressionando
Anthony contra a parede.
Pegando-a pela nuca, apertei meus dedos em volta do seu
pescoço e a puxei para trás com toda a força.
— Eu fui boazinha demais com você, vagabunda!
Balbuciei furiosa, enquanto a afastava do Anthony, que assustado
com a minha entrada repentina engoliu em seco, acompanhando
tudo em silêncio.
Aurora estava se debatendo enquanto eu a enforcava com meus
dedos, quando ela me atingiu com uma cotovelada na costela, fui
atingida ao estado máximo de fúria, com a mão livre desferi um
soco bem no lado que ela havia levado os tiros e gemendo ela se
encolheu e isso foi o suficiente para que eu a jogasse no chão e
desferisse alguns tapas em seu rosto.
— Você está louca, é uma bruxa ou o que?
Ela gritou desesperada tentando cobrir seu rosto, a essa altura
Anthony já estava tentando me tirar de cima da Aurora, me
agarrando com os dois braços na barriga ele me puxou para trás e
num movimento rápido, fechei minhas mãos em volta do pescoço
dele e murmurei.
— Me solte ou vou finalizar você também.
Nesse momento eu sabia que não ia machucá-lo, até porque ele é
o dobro do meu tamanho e estou grávida, mas olhando para o
monte de ossos que está no chão encolhida, sei que ela não me
causará mais nenhum dano caso eu continue batendo nela, então
me afastei quando Anthony me soltou e puxando Aurora pelos
cabelos eu murmurei num sussurro.
— Não sei o que você sabe a meu respeito…
A empurrei em direção a saída, ela bateu de frente com a porta e
se encolheu cobrindo o rosto, tremendo de medo.
— Mas esse homem é meu!
Peguei Aurora pelo pescoço, abri a porta do apartamento e a
joguei para fora.
— Não ouse aparecer nunca mais em nossas vidas ou você
se arrependerá.
Nesse momento a mulher saiu correndo, tropeçando e chorando.
Eu olhei para minhas mãos vermelhas, depois olhei para Anthony
que estava com uma linha firme em seus lábios, sua expressão
dizia que ele queria falar algo mas estava se controlando, então
simplesmente fechei a porta e andei em direção ao quarto.
Tentando recuperar minha sanidade, comecei a andar de um lado
para o outro, de repente, vários pensamentos começaram a surgir
e se de fato eu perdi totalmente a razão batendo naquela garota já
não importa mais, pois está feito, ela me provocou, tentou roubar
meu homem na cara dura e mereceu.
Pegando meu celular, liguei para Yven, que atendeu no segundo
toque, nesse instante a adrenalina estava diminuindo e de repente
me senti mais suja do que qualquer coisa.
— Oi Celly. Bom dia!
Eu suspirei ao ouvir sua voz e fechando os olhos, respondi
controlando a minha voz.
— Yven, eu acho que fiz merda.
Ela pausou por um tempo e então perguntou.
— O que houve?
Engoli o bolo que se formou em minha garganta, o peso em meu
peito estava se fazendo presente ao lembrar que ameacei bater
em Anthony caso ele se metesse entre mim e Aurora.
Fechando os olhos ainda com o celular em meu ouvido eu me
aproximei da poltrona de frente para a sacada e me acomodei,
decidida a desabafar com a minha amiga, pois não posso ficar
guardando meus sentimentos desse jeito caso contrário, despejarei
tudo em cima do Anthony, pois o fato de eu ter ficado com tanta
raiva foi justamente por ele ter dado corda para as investidas da
Aurora.
— Como está se sentindo? Fala comigo.
Ouvi Yven murmurar num tom ansioso e então murmurei.
— Estou uma pilha de nervos, não estou conseguindo aturar
mais nada.
Yven pareceu entender e confirmou.
— Sei bem como é, mas logo esse período passa.
Eu puxei o ar para meus pulmões e olhei para a varanda, Yven
perguntou.

— O que mais está incomodando você? O que você fez que


considerou uma burrada?
Fechando as mãos em punhos, lembrei da cena de minutos atrás e
de repente fiquei nervosa por conta do que eu ia contar a ela,
engoli meu receio, pois não quero parecer aquelas namoradas
grudentas, muito menos enciumada, mas sei que bater em Aurora
era a última coisa que queria.
— Anthony estava com Aurora na cozinha hoje pela manhã.
Baixei a cabeça e mirei meus dedos, quando minha amiga ficou
em silêncio por alguns segundos, mas então coçando a garganta,
ela perguntou.
— Como assim? O que ela estava fazendo aí?
Eu dei de ombros e respondi cabisbaixa, sentindo aquela sensação
estranha voltar.
— Estavam conversando sobre algo engraçado ao menos as
risadas dela indicavam isso até perceberem minha presença lá,
consegui ver que Anthony estava bem à vontade com ela e…
— Não entre nessa paranoia, Marcelly!
Dessa vez uma terceira voz surge, virando a cabeça para trás,
encontrei Anthony a pouco menos de um metro de mim, com uma
expressão séria em seu lindo rosto, demonstrando que havia
escutado boa parte do que eu havia dito.
Nesse instante, fiquei em silêncio, nervosa de repente com o que
conversaríamos a partir de agora, pois ele me pegou num
momento em que a adrenalina e a fúria já não existiam em mim e
me pegando de surpresa, ouço-o perguntar enquanto andava o
suficiente para ficar frente a frente comigo, mas numa tentativa de
fugir daquela conversa, olhei para meu telefone para falar com a
Yven, mas vejo que ela já havia desligado.

— Em uma escala de zero a dez, qual seria o grau da sua


fúria comigo?
Eu ouvi isso e olhei para Anthony, que estava com uma expressão
neutra no rosto, seus olhos brilhavam enquanto aguardava uma
resposta e mordendo o lábio, pensei em uma resposta e disse
enquanto largava o celular na poltrona em que estou sentada.
— Estou brava, Anthony. Muito brava!

Ele olhou para mim, com a testa franzida e pergunta.


— O que eu posso fazer para mudar isso?
Eu o encarei e respondi relembrando todos os acontecimentos
desde que acordei.
— Odiei ver que você estava todo confortável com ela.
Ele fez menção de falar e eu logo continuei.
— Não me deu um beijo de bom dia, não deixou ela saber
que estamos entrando num relacionamento e ainda permitiu que
ela falasse tudo aquilo para mim.
Relaxando a postura, Anthony respirou fundo e jogou a cabeça
para trás.
— Não fiz de propósito eu só não queria uma discussão
naquele momento eu não preciso deixar nada esclarecido para ela,
Marcelly.
Eu o encarei já sentindo a raiva se apossar de mim novamente e
respondi.
— Você viu as coisas que ela me disse? Ela precisava sim
saber que temos algum tipo de relacionamento.
Ele arqueou a sobrancelha, cruzando os braços respondeu.
— Vi, e lembro perfeitamente que você se sobressaiu na
elegância e isso foi o suficiente.
Eu fiz um gesto negativo com a cabeça e me levantei da poltrona,
sentindo meu ânimo alterado novamente, sentindo uma vontade
insana de dar uma voadora em Anthony também, mas de repente,
ele agarrou meu pulso e murmurou me puxando para trás.
— Não faz assim porra! Eu sou seu, Marcelly.
Ele estava olhando fundo em meus olhos e continuou.
— Você nunca correu risco de perder seu lugar, nunca
existiu essa hipótese, eu sou seu, minha casa será a sua casa, e a
minha casa será onde você estiver.
Eu parei para ouvi-lo nesse instante e segurando minhas duas
mãos, ele continua.
— Eu quero que você saiba que amo você acima de
qualquer coisa e além do que qualquer coisa, Aurora deixou de
significar algo para mim a muito tempo.
Engolindo em seco, ele me puxou para sentar-se na poltrona
novamente e diz se ajoelhando à minha frente.
— Eu conheci ela quando era muito novo, óbvio, me
apaixonei, e me entreguei muito ao sentimento, pensei que era
recíproco, estudávamos juntos, a faculdade de medicina foi ideia
minha e ela foi junto, mas então ela começou a participar mais das
festas e bagunça do que comparecer às aulas, eu quase não
estava vendo ela e sempre que a encontrava, estava bêbada, ou
drogada, ou até mesmo aos beijos com caras aleatórios e isso se
repetiu por várias vezes e quando me dei conta, já não gostava
mais dela, estava apenas com pena por ver uma pessoa se
afundar tanto.
Ouvir tudo isso me fez sentir uma fisgada no peito muito forte, com
certeza doeu muito ver alguém que ele gostava se perder desse
jeito, então eu murmurei.
— Sinto muito por isso. Eu…

Me interrompendo, Anthony murmura.


— O dia que resolvi finalmente colocar um ponto final, eu
havia encontrado Aurora em uma sala fechada onde havia mais
pessoas e todos eles no mesmo estado que ela, totalmente fora de
si, aquele dia ela me falou muitas coisas que me magoaram
profundamente.
Sentindo um remorso gigante por ter tratado Anthony do jeito que
tratei, eu apenas peguei em suas mãos e permaneci calada,
escutando-o.
— Larguei a faculdade e comecei a viver de um jeito
totalmente inverso ao que eu vivia.
Ele baixou os olhos e ficou olhando nossos dedos entrelaçados
quando finalizou.
— O resto você já sabe.
Eu confirmei em silêncio, apoiei minha cabeça em seu ombro e ali
resolvi que seria a hora perfeita para me explicar, contar toda a
verdade, receios e medos que me levaram a fugir dele.
— Eu tive um lar tóxico quando era criança.
Nesse instante Anthony apertou minha mão, demonstrando que
estava me ouvindo.
— Minha mãe era a luz da minha vida, uma mulher muito
doce, muito boa, sabe?! Meu pai, sempre foi a mesma coisa,
lembro-me dele sempre bêbado, às vezes sumia por dias e quando
voltava, quebrava todos os nossos móveis e utensílios, conforme
fui crescendo, eu acompanhava o sofrimento da minha mãe pela
escadaria, assistia ela chorando por horas, quando meu pai saia
de casa, e tudo piorava quando ele voltava, eu ouvia sons que
vinham do quarto, até que vi pela primeira vez ele batendo na
minha mãe.
Nesse instante, lágrimas já estavam embaçando minha visão e
Anthony pareceu tensionar seu corpo ao ouvir a menção de
agressão, mas continuou calado.
— Foram anos vendo as agressões, ouvindo minha mãe
chorar e sofrendo junto com ela, pois assim como ela, meu pai
também me odiava e para que ele não me batesse, minha mãe
intervia sempre.
Acariciando meu cabelo, Anthony me beija no topo da cabeça e
diz.
— Porra amor, eu sinto muito!
Eu sorri para ele, recebendo todo seu conforto e continuei.
— Eu nunca consegui me relacionar com ninguém porque
tinha medo de sofrer ou passar por tudo aquilo de novo.
Ainda ajoelhado à minha frente, Anthony acariciou meu rosto e
nesse instante, todo meu autocontrole foi por água abaixo, logo
desabei em lágrimas.
— Eu tive medo Anthony, de você me magoar desde o início,
tive medo pelo que você fez no passado com seu irmão, mas ainda
não conseguia me manter longe.
Eu suspirei, secando algumas lágrimas, Anthony estava com uma
expressão neutra no rosto e eu continuei.
— Já existia sentimento, mas eu tinha dúvida e muito medo
de sofrer.
Ele então me abraçou forte, inspirando o cheiro do meu cabelo,
murmurou.
— Eu já imaginava que existia um motivo por trás de toda a
sua recusa sobre mim.
Eu funguei enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto,
colocando tudo o que senti por meses para fora.
— Eu sinto muito, eu sabia que você não cometeria os
mesmo erros e abusos que meu pai, mas…
Fiquei sem fôlego, minha garganta ardeu nesse instante e me
embalando em seus braços, Anthony murmurou e foi me
acalmando.
— Amor, está tudo bem.
Ele beijou minha cabeça e continuou.
— Eu entendo você.
Ele se afastou e pegou meu rosto entre suas mãos e murmurou,
olhando fundo em meus olhos.
— Você nunca mais vai sofrer como no passado, Marcelly eu
vou te amar e te proteger como você merece. Eu prometo!
E confirmando com um gesto, as últimas lagrimas desceram,
Anthony as capturou com os polegares e me beijou com calma.
Transmitindo a paz que eu precisava, me acalmando do jeito que
só ele conseguia.
Já faz 3 semanas que eu vim para a Itália dar a notícia da gravidez
para Anthony e de lá para cá, muitas coisas aconteceram, mas
sinto que finalmente estamos nos dando bem de verdade.
Nossos dias estão se resumindo entre, transar, comer e treinar,
apesar de estar grávida, continuo treinando, obviamente com um
personal especializado, mas não abri mão dos treinos.
Essa semana Anthony foi convidado por uma grife italiana a fazer
alguns ensaios no período da noite, então ele está trabalhando em
dobro e por isso estou ficando mais tempo sozinha, mas sei que é
por bons motivos, apesar de não precisar com urgência, Anthony
está se dedicando muito ao trabalho, diz que quer dar o melhor
para nosso bebê e isso sempre me deixa com um sorriso enorme e
muito bobo nos lábios.
Acariciando minha barriga de 3 meses, desligo o fogão, pois
estava preparando um jantar leve para que Anthony pudesse
comer quando chegasse em casa, e vou para o quarto, resolvi
tomar um banho e me deitar pois estou me sentindo muito cansada
hoje.
Despertei sentindo uma sensação estranha no corpo, o quarto
estava escuro, deixando evidente que já havia anoitecido,
levantando-me, prendi meu cabelo num coque firme e fui até a
cozinha, vi que Anthony não havia chegado, pois a comida ainda
estava intacta em cima da mesa.
Sentindo um peso no peito, fui em busca do meu celular para ver
se havia alguma ligação dê Anthony mas não havia nada, então
resolvi ligar para ele e saber se estava tudo bem pois ele não
ficava sem falar comigo por muito tempo, mas com um peso no
peito ouvi a ligação cair na caixa postal, decidida a preparar um
prato de comida para mim, segui para o corredor que dava acesso
a cozinha quando ouço um som vindo da fechadura e fui até a sala
onde encontrei Anthony escorado na porta, ele estava bêbado,
engolindo em seco fiquei paralisada, mas então ouvi ele murmurar.
— Cheguei na casa certa?
Eu confirmei em silêncio e me aproximei alguns passos, pois não
sei como Anthony se comporta bêbado, com as mãos trêmulas
aguardei qualquer gesto dele, mas de uma forma atrapalhada, ele
cambaleou para a frente e disse.
— Vou me apaixonar todos os dias, sempre que atravessar
aquela porta e encontrar você aqui.
Ele sorriu, mas era um sorriso desengonçado, nada parecido com
aquele charme natural e encantador que Anthony exala, mas ainda
assim, me aproximei e o abracei mantendo seu corpo firme para
que pudéssemos ir para o quarto, com muito esforço, coloquei
Anthony sentado na cama e comecei a tirar sua roupa, o cheiro
que exalava de seu corpo já era forte, como se ele tivesse
misturado muitas bebidas e a um bom tempo, com muita paciência,
consegui despi-lo e colocá-lo no sofá mais confortável.
— Vamos, bandido.
Sorri para ele e levantei seus braços, deixando as roupas sujas
para trás.
— Me ajude a tirar sua camiseta.
Ele confirmou com a cabeça e fechou os olhos, de repente caiu
para trás e não se mexeu mais. Arregalei os olhos ao ver que ele
estava apagado, que não havia se alimentado nem tomado banho,
mas dando de ombros, deixei a ideia do banho para depois e fui
juntar as roupas para colocar na máquina de lavar, comecei pelo
jeans, tirei a carteira e celular que estavam em seus bolsos até que
encontro uma nota fiscal de motel, ali não estava marcando o
horário de entrada ou saída, engolindo em seco, algo se remexeu
em meu estômago e dessa vez acredito que não tenha nada a ver
com meu bebê, mordendo o lábio, coloquei tudo em cima do criado
mudo e voltando a olhar aquele papel amassado, automaticamente
começo a tremer quando leio o conteúdo da notificação.
De imediato, lágrimas desceram pelos meus olhos e fungando, fiz
um gesto negativo com a cabeça, não querendo acreditar que
Anthony teve uma recaída com Aurora, depois de tudo o que
passamos, na verdade, só consigo pensar que ele me trairia com
ela.
Não é possível.
Ele não faria isso comigo.
Fechei meus olhos e respirei fundo, sentindo uma dor forte em
meu peito, sabendo que se Anthony realmente me traiu, eu não
poderia continuar com ele, não ia conseguir superar todos os meus
problemas sabendo que ele fez exatamente o que meu pai fez com
minha mãe.
Com meu peito pesado, tentei pensar no que deveria fazer, eu sei
que não tem como perguntar nada para ele agora pois está
dormindo então resolvi que ia dormir e confrontá-lo amanhã, essa
é a coisa certa a se fazer.
Preparando um prato de comida, sentei-me no banco e comecei a
comer ali mesmo, agora que decidi que iria enfrentá-lo amanhã,
não estou sentindo absolutamente nada e enfiando um garfo atrás
do outro, começo a engolir a comida com muita fúria, mas não
deixando de degustar o sabor fresco e delicioso do meu jantar, que
eu havia preparado com tanto carinho.
Acordei com alguns barulhos insistentes na porta, vi que a
maçaneta estava sendo girada e suspirando, soltei o ar que estava
em meus pulmões, secando a baba que havia se formado em
minha boca, levantei-me da cama e fui direto ao banheiro, pois
minha bexiga estava cheia e nem me preocupei com a porta
trancada.
Depois de fazer minha higiene pessoal despreocupadamente, abri
a porta do banheiro e dou de cara com Anthony apenas de cueca,
apesar de a visão me dar água na boca, toda a revolta de ontem à
noite me dominou, e de repente, eu senti apenas a vontade de
ignorá-lo e não o interrogar como havia planejado ontem.
Retomando meus sentidos, voltei a andar, até que ele perguntou.
— Por que trancou a porta?
Eu não fiz questão de respondê-lo, apenas continuei andando até
as gavetas onde coloquei minhas roupas e escolhi um vestido para
usar Anthony por si, parecia nervoso e murmurou.
— Está me evitando?
Eu engoli em seco e dessa vez controlei a vontade de dar um soco
bem no meio da sua cara, minha mão estava coçando e eu sei que
posso fazer isso sem muito esforço, já que treino justamente para
me defender.
— Sem ressaca, Anthony?
Ele franziu a testa, demonstrando confusão, quando de repente
pareceu lembrar de algo.
— Eu…
E logo o encarei, controlando minha fúria, o interrompi.
— Como foi a noitada?
Ele engoliu em seco e piscou atônito, como se não conseguisse
acreditar no que ouvia, de repente minha voz embargou, as
lágrimas inundaram meus olhos, mas ainda assim fiz a pergunta
que tanto estava me atormentando e que mesmo que eu tivesse as
provas em mãos ontem, ainda queria ouvir o que ele iria dizer.
— Você teve uma recaída com ela, Anthony?
As lágrimas desceram pelo meu rosto, sem eu ter a oportunidade
de impedi-las, minha voz falhou drasticamente e aproximando
alguns passos à frente, eu fiz um gesto negativo com a cabeça e
respondi em um comando, uma súplica, desesperadamente
pedindo por um espaço.
— Não se aproxime, eu quero somente uma resposta,
Anthony.
Ele engoliu em seco e respondeu fechando os olhos, apertando as
têmporas num gesto que deixava claro seu incômodo, eu sabia
que ele iria negar.
— Me dê 5 minutos para um banho e eu juro que explicarei
tudo o que houve ontem.
Eu neguei bruscamente e sorri ironicamente, ele levantou as mãos
como uma súplica.
— Por favor, só um banho.
Eu virei de costas para ele e sai do quarto, deixando-o em sua
privacidade, eu levei o vestido nas mãos e o vesti no corredor
mesmo, pois não quero me sentir mais exposta do que já estou me
sentindo, sem dúvida saber que Anthony ficou com Aurora depois
de tanto tempo me magoa, mas o medo de ele mentir para mim
também está me corroendo e esse sentimento está pesando muito
em meu peito.
Não sei quanto tempo passou quando Anthony entrou na cozinha
usando apenas uma calça de moletom e nada mais, eu desviei a
atenção dele e encarei minha xícara de café que estava me
aguardando, o conteúdo que até então estava fumegante,
provavelmente já está frio, então ouço Anthony murmurar enquanto
se acomoda do outro lado da mesa.
— Obrigado por me aguardar.
Eu confirmei com a cabeça e permaneci em silêncio, ainda
evitando olhá-lo e ele continuou.
— Respondendo a sua pergunta.
Ele pausou, sinto seus olhos em mim, consigo sentir a intensidade
em minha pele e isso está pesado demais, queria não estar me
importando com isso, queria esquecer o fato de ontem, mas está
doendo demais.
— Não dormi com a Aurora, eu nem a encontrei mais depois
que a mandou embora.
Eu passei a língua pelos lábios e respondi incrédula, tentando
manter minha voz suave.
— Eu estava esvaziando seus bolsos ontem e encontrei um
comprovante de pagamento de um motel, Anthony, coloquei seu
celular na mesa de centro e surgiu uma mensagem nele.
Eu estava segurando as lágrimas novamente, ele negou com a
cabeça e respondeu.
— Eu juro Marcelly, eu nunca trairia você, muito menos com
a mulher que tentou matá-la.
Anthony levantou-se e foi até a sala, segundos depois, voltou
com o mesmo papel que eu havia amassado e jogado no chão e
seu celular nas mãos.
Lendo o conteúdo do papel, Anthony murmura fazendo um gesto
negativo com a cabeça.
— Esse endereço nem é daqui Marcelly.
E abaixando a cabeça enquanto jogava o celular em cima da
mesa, ele continua.
— Provavelmente algum engraçadinho colocou no meu
bolso durante a comemoração.
Fechando meus olhos, eu tentei raciocinar além dos ciúmes e
mágoa que estava sentindo, uma pontada de segurança e
confiança estavam presentes em meu peito e engolindo em seco,
eu murmuro, pois eu sabia que ele não havia me traído, ele não
faria isso comigo, não depois de me conhecer tão intimamente,
mas ainda assim, estava sentindo uma dor profunda.
Confesso que ainda quero dar um belo soco na cara dele, por me
fazer sentir tantos sentimentos dolorosos e conflitantes, mas no
fundo, eu confio nele e eu concordo que ela realmente poderia ter
feito isso, de repente ele murmurou.
— Quanto eu ter bebido daquele jeito foi porque
comemoramos o sucesso de vendas da coleção que foi lançada
mês passado, os produtos foram esgotados e como não tenho
mais o costume de beber, eu fiquei bêbado de primeira, mas em
nenhum momento me encontrei com Aurora.
Eu confirmei com um gesto de cabeça e me senti um pouco
aliviada e feliz por saber que o trabalho de Anthony está lhe
trazendo reconhecimento.
— Me desculpe, eu me descontrolei quando vi essas coisas
no seu bolso.
Confirmando com um gesto, Anthony me olha com um brilho nos
olhos e de repente faz menção de se aproximar, mas parando
abruptamente, ele pergunta.
— Posso abraçar você?
Eu confirmei com um aceno de cabeça e me levantei do banco e
fui até ele, que lambendo os lábios me recepcionou assim que eu o
abracei.
— Amor, me desculpe te fazer passar por isso.
Ele murmurou em meu ouvido, me apertando em seus braços e
nesse instante me senti mais calma.
— Eu não me suportaria se fizesse algo para magoá-la, ele
beijou minha orelha e murmura. — Não posso feri-la, eu quero ser
seu porto seguro.
Eu o abracei mais forte e deixei o cheiro pós banho do meu
namorado me acalmar, então eu o sinto me provocando, sua língua
desceu até meu pescoço, seus lábios depositam beijos suaves em
minha pele, seus dentes mordiscando de leve o mesmo local, me
enviando arrepios e formigamentos gostosos pelo corpo.
— Você já é tudo o que preciso, bandido, eu confio em você.
Eu o encarei, memorizando sua expressão e murmurei.
— Me desculpe.
Nesse instante ele me pega em seus braços num gesto rápido e
sorri quando murmura.
— Vou desculpá-la se deixar eu te comer bem aqui.
Ele me colocou em cima da mesa, que coincidentemente descia
até o quadril do bandido, me causando um frisson no estômago de
ansiedade, eu confirmei com um sorriso mais do que agradecido
se ele me comer aqui e agora.
Capítulo 22

Marcelly Benett
Apesar de não estarmos casados, Anthony pediu para que eu
morasse com ele por um tempo, pois falta pouco para sua
formatura, ele quer retornar para New York e exercer seu trabalho
como pediatra lá mesmo e quando isso acontecer, já quer ficar
num cantinho só nosso.
Nossa vida junto está sendo muito bem planejada, consegui passar
a minha gestação sem problema, e Antonella nasceu saudável, ela
é uma bebezinha adorável e bochechuda.
Minha bebê já tem 2 anos e está andando por todos os lados, e
aprontando todas desde cedo, acredito que tenha puxado um
pouco o lado do papai, que vive incentivando-a a explorar tudo a
interação dos dois está sendo incrível.
Lembro-me que um dos meus maiores medos era que Anthony me
deixasse no meio da gestação ou quando tudo ficasse difícil, mas
me provando o contrário, meu namorido está sendo perfeito para
mim e nossa bebê.
Sentada no sofá enquanto observava Antonella dormir, comecei a
lembrar do dia em que entrei em trabalho de parto, eu estava
limpando o quarto da minha bebê apesar de não ser necessário,
pois já estava tudo organizado e limpo mas eu senti necessidade
de limpar e então minha bolsa rompeu, me encharcando
totalmente, e arregalando os olhos me assustei, pois não sabia o
que fazer, Anthony estava para chegar de uma sessão de fotos e
naquele momento eu estava sozinha, então andei bem devagar e
alcancei meu celular e então parei por um momento pois não sabia
para quem deveria ligar, e de repente senti uma dor que veio
diretamente na lombar e me curvei.
— Ah, Deus!
Fechei os olhos e respirei profundamente, então lembrei da minha
amiga, resolvi ligar para ela pois foi a única que pensei que poderia
ajudar em algo, disquei o número da Yven e aguardei, mas caiu na
caixa postal e mais uma dor aguda na lombar e dessa vez
atravessou a barriga e tive a certeza de que era contração e foi
nesse instante que meu celular começou a vibrar e olhando para a
tela, vejo o nome de Anthony brilhar, e atendi rapidamente,
colocando no auto falante do aparelho.
— Amor, estou quase chega…
De repente senti uma outra contração atravessar minha barriga e
soltei um gemido alto e pensei em agachar e berrei com a dor.
— Anthony, por favor! Minha bolsa rompeu, estou entrando
em trabalho de parto.
Minha voz saiu aguda e de repente mais contrações vieram, nesse
momento vi que as contratações estavam muito próximas umas
das outras, com certeza já estava bem dilatada.
— Porra, estou chegando.

Fechei os olhos e respirei fundo, levantei e aproveitei o intervalo


para ir até o nosso quarto, peguei uma roupa leve, deixei sobre a
cama e fechando os olhos, senti mais uma contração vindo e me
agachei, segurando na poltrona, fazendo força para a expulsão,
não sei de onde tirei isso, mas estou fazendo, pois se essa dor
continuar, provavelmente não vai ter outro bebê na minha barriga
futuramente e Antonella terá que aceitar ser filha única.
Quando abri os olhos, Anthony já estava entrando no quarto a
passos largos e se abaixou comigo, afastou meu cabelo do rosto e
murmurou de uma forma mansa.
— Vou levar as coisas para o carro e enquanto isso você
toma um banho rápido, mas não saia daquele banheiro sem eu
chegar aqui, se apoie nos aparadores que instalamos.
Eu confirmei com um gesto e mais uma contração veio, fazendo-
me apertar as mãos de Anthony com todas as forças e ranger os
dentes de tanta dor, Anthony perguntou num sussurro.
— Você lembra a cada quanto tempo estão as contrações?
Eu confirmei com um gesto e comecei a andar até o banheiro, me
sentindo bamba, Anthony me colocou sentada na cadeira e ajudou
a tirar minha roupa e respondi.
— A cada 3 minutos ou algo parecido.
Ele confirmou com um gesto e ligou o chuveiro, deixando-me
sozinha, ele sumiu do meu campo de visão e fiquei tentando
controlar minha respiração quando senti uma dor ainda mais forte
atravessar toda a minha barriga e lombar e nesse instante berrei.
— Anthony, por favor…
Ele então surgiu com uma toalha em mãos e murmurou, com uma
pequena maleta.
— Me deixe examiná-la, Marcelly.
Ouvir isso, me fez arregalar os olhos, pois sei que seria questão de
mais alguns minutos para Antonella nascer.
— Não vou ser sua cobaia, Anthony. Agora…
Fui interrompida por mais uma contração que veio me chutando do
interior da barriga até a lombar, me fazendo curvar para a frente.
— Não….
Abrindo minhas pernas, Anthony murmurou.
— Vou fazer o toque para saber com quantos dedos de
dilatação você está.
Fechei os olhos e confirmei.
Depois de sentir um desconforto em meu ventre, abri os olhos e
vejo que Anthony arregalou os olhos e então murmurou.
— Você está com 8 dedos, amor.
De repente o medo se apossou de mim, mas Anthony segurou
minhas mãos e disse.
— Vamos trazer essa criança para o nosso mundo, amor.
Eu neguei freneticamente com a cabeça, enquanto trancava o ar
em meus pulmões.
— Vamos, respire, você vai conseguir, vou te pegar no colo.
Anthony me levou até o lado da cama, me secou, depois me
colocou deitada.
— Você fará força para fora sempre que começar uma nova
contração.
Ele disse segurando minhas mãos.
Eu engoli em seco e puxei o ar para meus pulmões, sentindo que
uma nova onda de contrações se aproximava.
— Você é a mulher da minha vida.
Ouvi Anthony murmurar enquanto me concentrava na dor e
apertava seus dedos com toda a força que existia em mim.
— Amor, ela está vindo.
Anthony falou com a voz emocionada e soltando as minhas duas
mãos, ele gritou.
— Mais um pouco, meu amor!
Piscando, voltei para a realidade quando ouço a chave sendo
virada na fechadura e Anthony surgindo através dela, com uma
expressão que me preocupa de imediato.
Olhei minha bebê ainda dormindo e me levantei para dar um beijo
de boas-vindas em Anthony quando de repente ele diz.
— Precisamos conversar.
A expressão que estava no rosto dele me fez gelar, sua boca
estava numa linha firme, seus olhos estavam sem brilho, e
pegando em minha mão, ele me puxou diretamente para o sofá,
respirando fundo, ele me analisou e disse.
— Na verdade, tenho duas coisas para falar, e vou começar
pela ruim.
Eu estava apenas observando ele, parece que o negócio era ruim
e aflita eu perguntei.
— O que houve?
Ele segurou em minhas mãos e disse.
— Seu pai se envolveu numa briga na prisão e foi esfaqueado.
Engoli em seco, sem saber o que dizer e Anthony me abraçou,
apertando-me em seus braços ele diz.
— Sei que tudo o que você passou foi difícil, mas talvez você
tivesse esperanças… Ele não sobreviveu.
Meus olhos lacrimejaram, neguei com um gesto e respondi.
— Não, ele nunca foi um pai para mim, está tudo bem.
Sequei as lágrimas com meus dedos, antes que elas descessem
pelo meu rosto e me levantei do sofá depois de acariciar as mãos
de Anthony.
A verdade é que eu não estava triste, mas ainda assim, não estava
me sentindo bem com aquela notícia e talvez Anthony tenha razão,
talvez eu tivesse esperança de que meu pai um dia pudesse me
amar e me dar o que nunca me deu, engolindo em seco fui para o
corredor quando Anthony murmura.
— Amor…
Eu me virei para ele, o encarei, ele se levantou e se aproximou de
mim.
— Ainda tenho algo a falar.
Eu havia me esquecido disso, então voltei a me aproximar, dessa
vez ele estava com uma expressão ansiosa em seu rosto, de
imediato, vi seus olhos umedecendo até que ele falou.
— Casa comigo?
Ele me abraçou com muito carinho.
— Eu não consigo mais parar de pensar que você ainda não
é a minha senhora Beckham, apesar de ser primitivo, eu quero que
você seja minha por inteiro.
Eu me emocionei com suas palavras, sabia que Anthony era
verdadeiro em tudo o que me dizia, sabia que ele sentia
exatamente o que eu sentia, pois eu queria ser dele por inteira, e
senti lágrimas molhando meu rosto e dessa vez, era de pura
felicidade, o amor que eu sinto por ele estava transbordando
através de lágrimas e muito emocionada, respondi...
— Sim, Anthony. Aceito ser a senhora Beckham.
Ele sorriu e me abraçou apertando contra seu corpo, ele fez
menção de me beijar, quando me afastei e falei olhando fundo em
seus olhos.
— Mas tem uma condição.
Ele me lançou um olhar desconfiado e permaneceu em silêncio,
demonstrando que estava me ouvindo com atenção.
— Você vai deixar eu te algemar.
Nesse instante o sorriso que surgiu em seu rosto me deu a
garantia que eu teria o que eu quisesse.
Anthony era meu por inteiro e o que ele queria em troca, era muito
justo, eu o amava e não poderia negar, eu já pertencia a ele a
muito tempo, e se adiamos tanto nosso relacionamento, no fim
tudo valeu a pena, não houve um dia que eu me arrependesse de
me dedicar a ele e a nossa filha.
Prólogo
Anthony Beckham
Depois que nos casamos, eu e Marcelly não tivemos um momento
de paz.
Sempre havia compromissos, ensaios, ou então uma missão que
ela precisava fazer, apesar de ter uma família, Marcelly não quis
largar o emprego, mesmo sabendo que não depende dele para
viver, mas ainda assim, me orgulho dela por saber que quer
continuar vivendo independentemente, e o fato de ela também
trabalhar fora, em nenhum momento nos causou transtorno com a
Antonella, apesar de estarmos sempre cansados.
Frequentemente, tento ajudá-la em tudo, para que ela não se
sobrecarregue e por isso, estive focado em tirar dois dias de folga
para nós.
Sendo arrancado dos meus pensamentos, sinto meu celular vibrar
em meu bolso e olhando o mostrador, vejo que é meu irmão
ligando, pois eu contei a ele e a minha cunhada que ia fazer uma
surpresa para Marcelly e eles se ofereceram para cuidar da minha
filha para que eu e Marcelly pudéssemos aproveitar uma noite
agradável.
Eles inventaram a desculpa de que Chris estava sozinho e
precisava de companhia para brincar, e por isso ela não pensou
duas vezes e levou nossa filha até a casa de Michael e
Yven.
— Oi.
O saudei, enquanto passava os dedos pelo cabelo nervosamente.
— Ela acabou de deixar a Antonella e saiu.
Confirmando, sorri e murmurei.
— Ótimo, obrigado pela ajuda.
Meu irmão encerrou a ligação e logo enfiei o celular no bolso,
enviei uma mensagem para Marcelly.
“Fiquei sem carro, pode me buscar?”
Cliquei em enviar a mensagem e a localização e aguardei a
resposta que veio alguns minutos depois, sabendo que a desculpa
do carro era mentira pois tenho uma moto à minha espera, mas
que não seria para hoje.
“Claro, estou indo, amor.”
Mordendo o lábio ansioso, saí do quarto em que eu estava, e fui
em direção a saída do apartamento que aluguei somente para mim
e Marcelly.
Tudo estava decorado com muita elegância, mas a maior
decoração estava no nosso quarto, onde havia muitos buquês de
rosas espalhados cuidadosamente em todos os cantos, dando um
ar romântico ao momento que teríamos no decorrer da noite.
Quando cheguei ao térreo, encontro Marcelly com o celular na
mão, quando me vê, abaixa o aparelho e sorri, enlaçando sua
pequena cintura em meus braços, a puxei para um beijo de
cumprimento, mas quando ela levou seus braços até a base do
meu pescoço, prendendo-me entre seus braços e seu corpo, ali me
perdi, e o que seria um inocente comprimento, acabou se tornando
meu gatilho para safadezas e ali mesmo meu pau ganhou vida, me
afastando para recuperar o fôlego, eu sorri ao aproximar minha
boca do seu ouvido e sussurrei apertando a sua cintura com meus
dedos, para mantê-la no lugar, caso contrário, eu seria expulso do
local.
— Aqui não me parece ser o lugar certo para me deixar duro.
Marcelly baixou a cabeça e sorriu timidamente, mas pegando-me
de surpresa, ela se aproximou ainda mais de mim, esfregando-se
lentamente em meu quadril, o que automaticamente provocou-me
ainda mais.
— Então precisamos resolver isso.
Eu confirmei com um gesto de cabeça e entrelacei meus dedos
nos seus e disse enquanto tentava pensar em algo que me
deixasse esfriar o meu desavergonhado membro para que
pudéssemos sair daqui.
— Eu vou levar você em um lugar.
Marcelly ergueu seus olhos para mim e confirmou com um gesto e
eu continuei a falar.
— Para isso, preciso que você feche os olhos até eu mandar
abri-los.
Eu me afastei e fiquei atrás de Marcelly depois de já estar
comportado, puxando um lenço de seda do meu bolso, depositei
um beijo em sua nuca e depois vendei seus olhos, tomei cuidado
de trazer um tecido escuro, onde não seja possível ver nada e
após isso, murmurei em seu ouvido.
— Você deverá confiar em mim a partir de agora.
Peguei em sua mão e a puxei. Marcelly em nenhum momento se
conteve, parecia de fato entregue ao que eu queria fazer e assim
entramos no elevador.
Assim que as portas metálicas se fecharam, eu engoli em seco,
sentindo um puta tesão ao olhar minha mulher de costas para mim,
com seus olhos vendados e usando um vestido tão justo ao seu
lindo corpo.
— Você confia em mim, amor?
Perguntei apertando Marcelly pela cintura enquanto a puxava para
trás, nesse momento, ela confirmou com um gesto e permaneceu
calada, quando desci minha mão até a sua bunda, e através da
barra do seu vestido curto, fui acariciando e apalpando a bochecha
da sua bunda até descer o suficiente e tocar a sua boceta com
meus dedos, que soltando um gemido, jogou a cabeça para trás,
se apoiando em mim.
Afastando a calcinha para o lado, me deliciei ao senti-la toda
molhada e quando enfiei um dedo, Marcelly gemeu baixinho, se
entregando toda para mim e de repente a porta do elevador se
abriu, informando que havíamos chegado ao andar e me
afastando, arrumei o vestido de Marcelly enquanto beijava sua
bochecha e murmurei.
— Vamos. Tenho algo para você.
Mordendo o lábio, Marcelly confirmou e eu fiquei muito satisfeito ao
ver a cor avermelhada em suas bochechas, sabendo que eu que
causei essa reação em seu corpo e quando chegamos ao nosso
quarto, Marcelly disse.
— Eu estou ficando preocupada.
Eu sorri e a segurei pela cintura, tomando o cuidado para que ela
não batesse na porta fechada e murmurei, enquanto digitava a
senha na porta.
— Deve se preocupar com o que vou fazer com você, nada
além disso.
Assim que destranquei a porta, entrei primeiro, acendendo a luz e
em seguida puxei Marcelly pela mão, que veio a passos lentos,
provavelmente preocupada com o que poderia acontecer a partir
daquele momento e trancando a porta, tirei a venda de seus olhos
e murmurei.
— Pode abrir os olhos quando eu tirar a venda.

Ela confirmou com um gesto e assim o fiz.


Assim que Marcelly virou o rosto para o lado, parecia estar atenta a
qualquer coisa que poderia acontecer e então eu falei me
aproximando por trás, minhas duas mãos pousaram em seus
ombros e desceram lentamente, numa carícia provocativa.

— Essa noite será inesquecível para nós dois.


E engolindo em seco, Marcelly murmurou.
— Eu pensei que você queria ir…
Eu envolvi seu corpo entre meu braço e a puxei para trás,
pressionando sua bunda em meu pau duro e mesmo através da
calça, estava evidente. Eu realmente estava com muito tesão, e
preciso possuir Marcelly do jeito que tanto desejo.
— Eu quero ir para qualquer lugar que você esteja.
Eu a virei para mim, e passei a língua nos lábios quando os olhos
de Marcelly desceram até meus lábios, e faminto, a beijei
descontroladamente, envolvendo seu corpo entre meus braços,
comecei a abrir o zíper do seu vestido, despindo-a ainda na sala
de visitas, enquanto arrancava seu vestido, minha boca sugava a
sua língua com vontade, meu coração acelerado deixava claro que
além de estar em um extremo estado de luxúria, ainda assim
estava amando cada segundo com a minha mulher e a pegando
em meus braços, a levei em direção ao quarto, sem quebrar nosso
beijo.
Assim que a depositei em cima da cama, nos afastamos para
recuperar o fôlego e pude notar que Marcelly estava usando um
conjunto de lingerie preto de renda.
— Você estava preparada para sair hoje?
Perguntei quando a empurrei diretamente para a cama, e dando
pequenos passos para trás, ela negou com um gesto e respondeu.
— Eu estava com saudade e estava esperando você
chegar…
Nesse instante, não esperei ela terminar de falar, agarrei seu
pescoço e a trouxe para mim, beijando toda a curvatura do seu
pescoço, Marcelly se entregou aos meus toques com todo seu ser,
e ali me senti o mais primitivo dos homens, querendo marcá-la
como minha para sempre.
Envolvendo meus dedos por entre seus cabelos, eu murmurei em
meio ao beijo.
— Diga que me pertence, Marcelly.
Eu beijei seu queixo e fui descendo para seu pescoço.
— Diga que é minha e eu provarei diariamente o quanto amo
cada pedacinho de você.
Com os olhos fechados, Marcelly estremeceu com meu toque, sua
pele arrepiada demonstrava o quanto ela estava entregue a mim,
mas fui à beira da loucura quando ela murmurou com a voz rouca
em uma súplica.
— Por favor!
Minha atenção desceu até suas pernas que estavam sendo
apertadas de uma forma que eu sabia claramente que Marcelly
estava com tesão e tocando seu peito, abaixei o bojo do sutiã e
tomei um seio na minha boca, seus bicos estavam duros,
envolvendo o outro seio entre meus dedos, beijei o corpo de
Marcelly devagar, como se estivesse degustando cada parte e num
movimento rápido a joguei para trás e surpresa ela caiu de costas
com um grito.
Me aproximando devagar, beijei sua boca e murmurei.
— Vou te fazer implorar para ser minha.
Lambi seu lábio e desci para seu pescoço, onde mordisquei a pele
sensível e sussurrei.
— Será seu castigo por não falar que é minha por vontade
própria.
Comecei a descer por entre suas coxas, causando arrepios por
onde beijava, até que cheguei em sua calcinha, antes de arrancar
a pequena peça de renda, fui subindo enquanto depositava beijos,
e quando cheguei na virilha, passei minha língua num movimento
lento, e jogando a cabeça para trás, Marcelly gemeu e disse.
— Anthony… Por favor…
Num estalo, arranquei a calcinha de renda, e desci minha boca até
a sua entrada e numa provocação, comecei a lamber com vontade,
se contorcendo, Marcelly remexeu os quadris na minha boca.
Tocando seu clitóris com meu polegar, eu murmurei.
— Quem faz você se contorcer desse jeito?
Me agarrando com as duas mãos, Marcelly murmura.
— Você, Anthony. Por favor!
Nesse momento desci minha boca mais uma vez até sua entrada e
chupei toda a boceta de Marcelly com vontade, girando minha
língua no seu ponto mais sensível, fazendo ela tremer.
— Mais…
Ela gemia enlouquecidamente e descendo minha mão, provoquei
seu clitóris num movimento contínuo de vai e vem até que Marcelly
se curvou e gemeu, se entregando ao orgasmo, sua pele estava
com uma leve camada de suor, seus dedos estavam em meus
ombros e seus quadris começaram a se mexer num movimento
contrário ao que meu polegar fazia.
Enquanto ela se recuperava do seu orgasmo, comecei a tirar
minha roupa, e em seguida subi até a cama e puxei Marcelly para
cima de mim e disse.
— Vou te comer de um jeito que você não me esqueça pelos
próximos dias.
Entrei no meio das pernas de Marcelly e a beijei devagar, fazendo
com que ela voltasse para mim, ela me abraçou e me apertou
contra si, minha boca devorava a sua com vontade e então sua
mão desceu pelo meu corpo, me acariciando, até que seus dedos
envolveram meu pau com perfeição e me masturbando, ela gemeu
em nosso beijo, sua língua duelava com a minha e quase cheguei
a loucura quando ela aumentou os movimentos da sua mão, no vai
e vem, senti meu corpo aquecer de um jeito que só acontecia com
ela e gemendo, Marcelly murmurou.
— Me fode, Anthony!
Eu me coloquei entre suas pernas, peguei em meu pau e o
aproximei de sua entrada que cravava suas unhas nas minhas
costas, me enterrei em Marcelly e num gemido eu ordenei
começando a me movimentar.
— Se toque para mim, quero te ver gozando.

E ali, Marcelly mordeu o lábio e levou seus dedos entre suas


pernas, fechando meus olhos, aumentei os movimentos, entrando
e saindo cada vez mais rápido, e assim os movimentos da Marcelly
aumentaram, e quase doido de desejo, rosnei ao sair de dentro de
Marcelly e posicionar suas pernas em meus ombros e penetrá-la
novamente e gritando com o movimento ela aumentou o
movimento dos seus dedos se entregando ao orgasmo que eu
sentia cada vez mais próximo. sua boceta estava me apertando
cada vez mais, me puxando para dentro de um jeito gostoso,
jogando suas mãos em meus ombros Marcelly gozou enquanto me
arranhava, e aí me entreguei ao meu próprio prazer, sentindo a
boceta de Marcelly se contraindo ao redor do meu pau.
Quando acordei, Marcelly estava enrolada ao lençol, deitada em
meu peito, admirando-a, respirei fundo e procurei curtir um pouco
mais a sensação de tê-la em meus braços por mais um tempo,
nossa noite havia sido melhor do que eu pensava e hoje nosso dia
seria cheio e olhando para o criado mudo, vejo que já são 8 horas
da manhã, me afastando aos poucos para não a despertar sai da
cama e fui tomar um banho para depois pedir um café da manhã
para que possamos cair na estrada.
Enrolando uma toalha na cintura escovei meus dentes e depois fui
rumo ao quarto e vejo que Marcelly ainda dorme peguei minha
necessaire onde deixo meus perfumes e produtos de cabelo e
comecei a me arrumar, depois peguei uma calça escura uma
camisa preta e me vesti e finalizando meu cabelo me direcionei até
a cama.
Sentando-me ao lado do corpo adormecido da minha futura esposa
comecei a dar beijos leves em sua bochecha e fui subindo para
sua testa para que ela despertasse aos poucos e fui agraciado
com um sorriso.
— Bom dia, meu amor!
Ela murmurou e eu sorri e toquei em seu rosto.
— Bom dia, amor, vou pedir nosso café da manhã então
levante e vá tomar um banho.
Marcelly abriu um olho e fez careta, eu a olhei com meus olhos
semicerrados quando ela perguntou.
— Levantar-me para que? Não sinto minhas pernas.
Eu gargalhei ao ouvir isso e respondi.
— Planejei algo para nós hoje, então, ande logo.
Me olhando desconfiada, Marcelly perguntou.
— O que você planejou?
Eu me levantei da cama e peguei o telefone na mão e respondi.
— Vá se arrumar e quanto às suas pernas, pensei que já
tinha se acostumado.
Marcelly levantou me dando um tapa de brincadeira e saiu rindo
em direção ao banheiro.
Alguns minutos depois, estávamos sentados em torno da mesa de
centro da sala de visitas em uma conversa descontraída.
— Não adianta se esfregar em mim.
A provoquei com um sorriso nos lábios.
— Não vou falar para onde vamos, é uma surpresa.
Revirando os olhos, Marcelly mastigava seu bolo, e após tomar um
gole do seu suco ela murmura frustrada.
— Vou morrer de curiosidade.
Eu sorri e confirmei com a cabeça, enquanto tomava meu café.
— Faço você reviver rapidinho, quer ver?

Avancei contra Marcelly que gargalhando, me abraçou e disse.


— Sei que você me faria reviver.
Ela olhou para mim de um jeito que fez meu coração acelerar e
continuou quando acariciou meu rosto.
— Você não vive sem mim.
Eu confirmei com a cabeça e respondi num sussurro.
— Não mesmo, cada segundo com você é importante e
especial.
Ela me deu um beijinho na ponta do nariz e eu continuei.
— Eu sempre quis ter você em meus braços.
Dessa vez, Marcelly beijou minha boca docemente e respondeu.
— Eu amo você, Beckham, você é meu lar.
Eu a abracei com todo cuidado e amor que existia em meu
coração. Marcelly havia se tornado tudo o que eu precisava, era
com ela que eu queria estar, minha felicidade havia se tornado a
felicidade dela e para fazê-la feliz, eu rodaria o mundo se
precisasse.
Nosso dia estava planejado, um dia romântico para nós dois,
apenas curtir a presença um do outro para depois voltarmos para
nossa pequena princesa.
Não posso reclamar da vida que estou levando, Marcelly e
Antonella são meus maiores presentes na vida e agradeço a Deus
por tê-las, se um dia eu vivi uma vida sem propósito, hoje sou o
homem mais abençoado do mundo, a vida não é nada sem um
propósito e foi com isso que aprendi a viver de verdade.
Cometendo erros e acertos, um dia após o outro.
Realmente quase precisei morrer para viver o melhor da vida, mas
não me arrependo de nada, eu luto diariamente pela minha vida,
amo minha família e sei que eles estarão comigo no decorrer dos
anos, pois de fato, foi por eles que precisei melhorar.

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