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Sinto muito frio, estou num local silencioso e ouço apenas alguns
sons mecanizados, quando finalmente consigo ter forças para abrir
meus olhos, sinto lágrimas descerem pelo meu rosto, quando
consigo reconhecer o local em que estou, com tristeza, vejo que
estou sozinho num quarto hospitalar e então eu mergulho na
escuridão novamente, cansado, sentindo muitas dores pelo corpo,
apenas me refugiei em toda a escuridão que me engolia.
Não sei quanto tempo passou desde aquele dia.
Não queria que ela me visse desse jeito, prestes a morrer, mas aqui
está ela, trazendo sua energia limpa e pura.
— Não, ainda não, mas sei que ela quer, está se fazendo de
difícil, mas no fundo, me quer.
Ele sorriu diabolicamente e continuou:
— Ela não sabe o que a aguarda depois que estiver apegada
a mim...
De repente, consegui apenas ouvir a sua voz trêmula e muito triste,
seus dedos tocaram os meus e consegui sentir o calor do seu
toque, me trazendo um certo conforto que eu não esperava sentir,
acho que nem mereço sentir essa sensação tão pura de paz que
Marcelly me transmite, ela me transmitia uma sensação tão boa em
todas as vezes que estávamos no mesmo lugar, bastava apenas
trocar um olhar de 5 segundos e tudo já melhorava.
— Eu sinto muito, Anthony, queria ter tido a chance e a coragem
para falar tudo…
Ela soluçou e apertou minha mão, seu toque delicado me fez sentir
vontade de levantar-me dessa cama, de reagir para viver, mas
então, ela parou de falar e um tempo depois, ouvi passos ecoando
pelo piso e então percebi que estou sozinho novamente.
— Irmão…
— Michael, olhe…
— Não posso apagar o que fiz, mas posso tentar ser melhor
daqui em diante. Por favor!
Implorei, me esforçando ao máximo para sentar-me na cama,
alcançando mais uma vez a mão do meu irmão, que quando a
apertei, ele não se afastou, ao menos isso.
— Me perdoe!
Capítulo 2
Michael Beckham
Não tenho como escapar da dor que senti ao me afastar do meu
irmão daquele jeito, mas se não fosse pela Yven, ou pelo meu
próprio casamento a alguns meses atrás, sem dúvida, eu estaria
sofrendo muito até hoje.
Não posso dizer que não me sinto traído por ele, mas estou muito
aliviado que sua recuperação tenha sido positiva apesar de quase
morrer.
Foi muito difícil dizer a ele que preciso de um tempo para perdoá-lo,
pois só pelo fato de vê-lo respirando, para mim já é uma grande
bênção, mas com certeza aqueles dias terríveis irão passar em
minhas memórias por um tempo e não sei se isso quer dizer que eu
não o perdoei realmente, em minhas lembranças, tudo volta como
uma neblina dolorosa.
Lembro-me dos dias em que Yven esteve ao meu lado depois que
nos casamos, nos momentos em que minhas lembranças me
atormentavam com todas as forças, no momento em que eu
lembrava exatamente quando pensei que fosse morrer nos braços
da mulher que amo.
Sem dúvida, se não fosse pelo seu apoio, paciência e carinho, com
certeza não estaria como estou hoje, psicologicamente.
— Amor.
— Como foi?
Eu soltei um suspiro, sentindo que com ela eu poderia me abrir
totalmente, sabendo que ela não me julgaria.
— Eu não sei como é ter um irmão, mas eu sei que pelo amor
que une você e sua família, com certeza tudo isso será deixado
para trás, espere um tempo.
Capítulo 3
Marcelly Benett
Desde a minha última visita ao hospital há um mês, não consigo
parar de pensar no Anthony, aquele bandido, que estava envolvido
com tantas merdas, está muito mal.
1 ano depois
Estou saindo do meu prédio apressadamente.
Preciso chegar até a minha agência onde trabalho como
agente para receber a minha nova missão, soube por alto, que devo
estar na Alemanha dentro de 2 semanas para me infiltrar num
grupo que está fazendo uso indevido de drogas ilícitas, na verdade
querem saber como as drogas estão entrando na universidade.
Capítulo 4
Anthony Beckham
Depois que recebi uma segunda chance de viver, eu apenas
agradeci a Deus, e na verdade agradeço até hoje, sabe aquela
pessoa que fica muito tempo sem beber água?! Eu fiquei nesse
estado quando saí do hospital.
— Meu filho!
— Meu… filho.
— Oi, mãe.
— Sério?
Olhei a hora em meu relógio e vi que meu irmão ainda
deveria estar trabalhando, quando meu pai respondeu.
— Mas é claro! ele ficou muito feliz em saber que você está
de volta, filho.
— Você está tão lindo, meu filho, essa viagem fez muito bem
a você.
Eu sorri e acariciei a mão da minha mãe, depois que ela
depositou a bandeja em cima da mesa de centro, e respondi.
— É verdade isso?
De repente vejo uma figura alta entrar pela porta, minha mãe
vem logo atrás, Michael passou pela porta a passos largos, com
uma expressão tensa em seu rosto.
— Michael.
Nesse instante, ele se aproximou de mim rapidamente,
internamente, me vejo com medo de sua reação, mas me pegando
totalmente de surpresa, ele me abraçou, não sei explicar a
sensação, mas senti um conforto tão grande em ser abraçado por
ele, que eu o apertei em meus braços com vontade, e senti
lágrimas embaçando minha visão, então Michael falou já
emocionado:
— Cara, eu…
— Eu sei disso.
— Como sabe?
Eu fui tão cego antes, por não ter notado o quão incrível é
minha família e sei que sempre que eu precisar, terei uma base
sólida para me reerguer, nunca vou me esquecer das lições que
recebi, tudo isso será relembrado dia após dia.
Capítulo 5
Marcelly Benett
Já se passou uma semana desde que vi Anthony pela última vez,
não consegui conversar com a Yven porque estou me preparando
para minha missão, estou treinando pesado para isso e o resultado
é chegar em casa, comer e dormir, depois de um longo banho
relaxante.
Eu já sabia que meus dias antes da missão seriam desse jeito, por
isso assisti toda a série da Netflix, isso é sagrado para mim, preciso
relaxar um pouco antes de iniciar qualquer missão.
O dia foi puxado, estou exausta e já estou deitada ansiando por
uma noite de sono, fechando meus olhos, coloquei um travesseiro
macio entre minhas pernas e relaxei até cair no sono.
Uma coisa que percebi é que minha mãe chora sempre que
meu pai sai e ele sai todas as noites, não sei para quê, mas isso
acontece a muito tempo, sem falar que às vezes ouço sons
estranhos vindos do quarto deles, mas nunca fui a fundo ver o que
era, no entanto hoje será diferente, vou ver o que acontecerá depois
que meu pai chegar.
Acordei ensopada de suor, com as lembranças da minha infância,
esses sonhos e lembranças me aterrorizam sempre que durmo
muito cansada, meu psicólogo disse que é um trauma, e por isso,
eu tento não me cansar muito, pois não é com frequência que tenho
esses sonhos, olhei para o criado mudo e vejo que são 5 da
manhã, então resolvi levantar-me e sair para correr ao ar livre, isso
sempre funcionou muito bem.
Depois de 1 hora de corrida, voltei para casa e fui treinar um pouco
no saco de pancadas, eu realmente gosto de treinar pesado assim,
pois gosto da sensação dos músculos implorando por descanso,
sempre aprendi na academia de luta que deveríamos parar o treino,
não porque estamos exaustos, mas porque realmente devemos
parar quando chega o momento certo, que é quando o corpo
começa a falhar.
Fechando os olhos, puxo o ar e lembro da minha nova missão. Algo
que já estou familiarizada, drogas em universidades são coisas
fáceis de desvendar.
Recebi ontem as informações sobre a universidade que vou me
infiltrar, estarei dentro de um dos dormitórios, matriculada em uma
ou duas aulas para não passar despercebida entre os alunos, para
descobrir por onde e por quem essas drogas estão sendo
integradas na universidade.
E só em pensar em estudar, sinto uma sensação esmagadora de
tédio me dominar, pegando a garrafa d'água, tomo uma boa
quantidade de líquido fresco e então meu celular começa a notificar
mensagens.
Vejo um número desconhecido surgir na tela e leio sua mensagem.
“Oi, Marcelly, espero que não se importe, resolvi mandar uma
mensagem”
Eu li e sorri ao constatar que era Anthony e logo senti meu coração
acelerar, então digitei desajeitadamente.
“Oii, não tem problema.”
Enviei e mordi o lábio sabendo que eu poderia ser um pouco mais
simpática. “Tudo bem?
Enviei, juntei minhas coisas do chão e me direcionei até minha
casa, recebi outra mensagem e a abri ansiosa.
“Sim, gostaria de lembrar você sobre nosso encontro de amigos “
Meu coração acelerou e sem eu perceber, sorri ao ler a mensagem
e rapidamente digitei.
“Não recebi nenhum convite formal ainda, Senhor Beckham”
Enviei e sorri para a tela querendo ver a reação de Anthony quando
visse minha resposta e rapidamente mais uma notificação aparece.
“Está recebendo uma agora mesmo, aceita almoçar comigo?”
Eu mordi o lábio de ansiedade que estava sentindo e engoli o
sorrisinho bobo que estava demarcando meus olhos e respondi
“Claro, nos encontramos onde?”
Enviei indo para o vestiário, guardando minhas coisas, entrei no
banho e me preparei para ir embora.
Logo que cheguei em casa, fui até meu closet escolher uma roupa
legal para vestir, encontrei um vestido vinho, tubinho, com decote
canoa e que mostrava bem minhas curvas.
Não escolhi esse vestido com a intenção de me exibir para o
Anthony, mas não ia achar ruim se ele me olhasse daquele jeito
que me fazia sentir arrepios percorrer meu corpo.
Na verdade, só porque meu coração acelerou por ele, não quer
dizer que eu deveria investir minhas energias nele, pois não sei
como ele está psicologicamente, e eu não quero e não posso viver
o que eu e minha mãe vivemos no passado.
Entrei no banho novamente, me concentrando no nosso almoço de
“amigos” e lavei meu cabelo, ensaboei meu corpo com meu
sabonete esfoliante, que tem um cheiro maravilhoso, me enrolei na
toalha e fui até a pia onde eu deixo o secador de cabelo e produtos
de cabelo e pele.
Escovando minhas madeixas claras, passei um protetor térmico nos
fios e comecei a secá-los, estava com os fios alinhados e lisos,
depois preparei meus cremes para o dia, comecei pela água
micelar, em seguida protetor solar e hidratante e os apliquei
pacientemente na pele, com tudo feito, fui até meu quarto e
preparei uma maquiagem bem leve.
E agora, com meu look e maquiagem prontos, recebi uma
notificação em meu celular e ansiosa, logo a abri e não havia
nenhum sinal de humor na resposta, e como lembrei, Anthony não
parece mais aquele garoto que conheci a um ano, ele havia
mudado e essa mudança estava muito clara.
" Me mande seu endereço, estou indo buscar você."
Nesse instante, meu coração acelerou absurdamente, e suspirando
olhei para a mensagem mais uma vez, não posso negar, Anthony
mexe comigo, mas não posso cair em sua lábia, ele é perigoso para
mim.
Não posso esquecer o que aconteceu há um ano, estamos apenas
indo conversar sobre eventos passados, como dois "amigos" e
nada mais, assenti, confirmando aquele pensamento como um
mantra, pois preciso entender que eu e Anthony não teremos nada.
Assim que saí do meu apartamento, tranquei a porta atrás de mim e
fui em direção ao elevador, sentindo um misto de nervosismo
percorrer meu corpo, a verdade é que sempre me senti balançada
em relação ao Anthony, mas o seu mau comportamento sempre me
impediu de me aproximar da forma que eu queria.
Eu sabia que era errado, sabia que ele era perigoso, mas ainda
assim, aqui estava eu, atravessando o térreo, indo para a porta
esperar o homem que fez uma escolha muito errada e na qual
quase custou sua vida.
De repente, um Audi esportivo estaciona lenta e graciosamente no
meio fio da estrada, a porta do condutor se abre e então seu braço
repousa na porta do belo automóvel e de onde estou, consigo ver a
tatuagem que adorna seu antebraço, a mesma tatuagem que me
persegue em pensamentos a tanto tempo.
Anthony desceu do carro e pareceu não me ver, mas eu estava
olhando-o o tempo todo, não estava perdendo nenhum gesto
gracioso do seu corpo, meus olhos estavam atentos a tudo que
estava relacionado a ele naquele momento.
Distraído, o vi olhando para os lados como se estivesse preso em
seus pensamentos, vestindo uma calça acinzentada que desce em
seu quadril perfeitamente, sua camiseta Polo grudada em seu
peitoral e braços bem definidos, dando um ar despojado e elegante,
em seu rosto ostentava um belo óculos de sol preto, demarcando a
mandíbula tensa e quadrada, com seus lábios cheios e relaxados,
seu rosto não havia sinal de barba, o que me deu uma vontade
insana de tocar para sentir a pele lisa, onde eu havia tocado
somente no hospital quando ele estava desacordado.
Seus cabelos estavam penteados para trás como de costume, lhe
conferindo um visual único, um homem que entende de moda e
estilo.
Olhando tudo isso, não consegui segurar e suspirei em fascínio,
realmente Anthony estava lindo, ele estava com um ar despojado e
imponente, algo que não existia a um tempo atrás, ele parece
seguro de si, um tipo de homem que confia no seu taco e…
Eita porra…
Se apoiando no carro, ele cruza os braços sob o peito e olha para o
prédio e então um sorriso surge em seu lindo rosto, me dando a
certeza de que me encontrou, e sua cabeça pende para o lado, seu
sorriso aumentou me causando um frisson no estômago, seus
dentes branquíssimos e alinhados, tão perfeitos, me levam ao
paraíso e ao inferno ao mesmo tempo, pois eu sabia, ele iria ser a
minha ruína.
De todos os homens que tentaram entrar na minha vida, Anthony
Beckham foi o único a entrar sem eu perceber, fazendo um extremo
estrago em minha mente.
Capítulo 6
Anthony Beckham
Depois de passar a tarde com meus pais, aluguei um apartamento
para mim, pois preciso de privacidade, na verdade, isso se tornou
muito importante para mim, foi o que fez eu repensar o meu modo
de viver, fez eu perder aqueles pensamentos egocêntricos de que
as pessoas me deviam atenção por eu ter sofrido na vida e todo
aquele mi-mi-mi.
Viver sozinho hoje em dia faz parte de mim, sofri muito para
conquistar tudo o que tenho hoje, e quando me refiro a “hoje”
quero resumir somente ao ano em que cai na real e passei a viver
uma vida digna.
você vem?
Mordendo o lábio, pensei na proposta pois não sei como será
meu almoço com a Marcelly, minha vontade era passar o resto
do dia com ela, para conhecê-la melhor, mas preciso ficar ciente
que em alguns dias voltarei para a Itália e acima de qualquer
coisa preciso ter os pés no chão, e saber que Marcelly pode não
ter os mesmos interesses que eu.
— Vou sim, irmão, pode contar comigo.
e Michael
murmurou.
— Estou faminta.
Não sei o que deu em mim, mas nesse momento algo despertou
dentro de mim, e como um imã, meus olhos desceram até seus
lábios, me invadindo com uma vontade insana de agarrar Marcelly
pelo pescoço e beijá-la como eu quero a tanto tempo, e mordi o
meu próprio lábio inferior para voltar a mim e controlar a vontade
que estava gritando em meu peito pois estávamos a uma distância
pouco segura e eu não quero vacilar de primeira então minha
mente voltou a funcionar em alerta máximo, e após ela sentar em
seu lugar, apenas fechei a porta, sacudindo a cabeça dei a volta
pelo carro e abri minha porta, me acomodando também, na
tentativa de quebrar a tensão que eu estava sentindo, acabei
falando.
— Conheço um restaurante incrível.
Sorrindo e colocando seu cinto de segurança, Marcelly respondeu.
— Me surpreenda.
Capítulo 7
Marcelly Benett
Filho da puta, egocêntrico!
Anthony continua sendo o mesmo babaca.
Respirei fundo quando cheguei no conforto da minha casa alguns
minutos depois de pegar um táxi e fazer o motorista dirigir o mais
rápido possível para meu endereço, pois estava temendo que
Anthony viesse atrás de mim, mas isso não aconteceu, e confesso
que fiquei um pouco decepcionada com isso.
Revirei os olhos e puxei o ar impacientemente para meus pulmões
na tentativa de manter o pouco da calma que ainda existia em
mim.
De repente, minha cabeça me trai, fazendo-me lembrar do
momento em que Anthony falou sobre meu cheiro.
Fechei meus olhos ao lembrar daquele momento.
Anthony me puxou para si e murmurou baixinho em meu ouvido,
causando um arrepio dos dedos dos pés até os fios de cabelo da
nuca.
— Seu cheiro, sem dúvida, irá ficar guardado em minha
memória.
Fiquei sem reação ao ouvir aquilo, mas meu orgulho feminino
estava inflado.
Naquele instante, me sentia poderosa, pois eu estava vendo o
quanto Anthony estava querendo uma proximidade comigo, e eu
estava disposta a ceder, eu realmente iria fazer isso, porque eu o
queria também, da mesma forma que ele me queria, eu podia ver
claramente.
Sacudi a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos e me
deitei em meu sofá, depois de retirar toda a maquiagem e a roupa
escolhida para o almoço.
Sempre fui a mulher que observava de longe as ações e atitudes
do homem antes de levá-lo para minha cama, e não é à toa que
meu último relacionamento durou apenas 3 semanas, aprendi
sozinha que homem nenhum merece as lágrimas e saúde
psicológica de uma mulher, sem falar no investimento que temos
para nos manter firmes e lindas, então mais uma vez eu repito
como um mantra, para que minha própria força interna elimine
Anthony da minha lista de futuros pretendentes.
“Nenhum homem vale as lágrimas e a maquiagem borrada de uma
mulher.”
Engoli em seco a sensação estranha que senti em meu peito, mas
a ignorei e logo levantei e me direcionei até meu quarto, disposta a
arrumar minhas malas para viajar.
Mais uma vez, me limito a pensar na minha missão, preciso me
concentrar o máximo possível pois tudo isso pode dar muito
errado, eu sou a agente que mais trouxe êxito nas missões, e não
será agora que isso irá mudar.
Já passava das 22 horas quando recebi uma mensagem do
Jeremy confirmando que estava tudo pronto, eu precisava apenas
levar minhas malas e me preparar para assim que desembarcasse
na Alemanha, já incorporar meu papel de estudante.
Confirmando a mensagem, fechei todo meu apartamento e
aguardei o sinal de que meu carro estivesse pronto, como de
costume, Jeremy mandava sempre um taxi confiável para me levar
até o aeroporto, e esse não foi diferente.
Colocando as bagagens no porta-malas, logo abri a porta traseira
do carro e me acomodei, jogando meu celular e carteira dentro da
minha mochila rosa, coloquei meu capuz do moletom e relaxei no
carro, precisando incorporar a Lisa Simons assim que chegasse
ao aeroporto, mas sem perceber, um carro acabou cortando a
frente do táxi em que eu estava, me fazendo levar um sobressalto
no banco de trás e segurar com todas as minhas forças no banco
da frente para não me machucar com o impacto do freio.
Olhando para fora, encontro Anthony, ele logo abriu a porta do
motorista e se pôs de pé, deixando sua postura e superioridade à
mostra, sua segurança que tanto adoro estava em sua postura
firme e dominante.
Em seu rosto marcava uma expressão preocupada, sua
postura de repente ficou rígida ao me ver, mas ao mesmo tempo
estava muito sexy, seus cabelos estavam molhados e modelados
para trás, deixando seu rosto ainda mais másculo e puta merda,
ele está muito gostoso nessa roupa casual.
Quando penso que não tem como ficar melhor, Anthony vem e me
surpreende.
Usando uma calça moletom que ajustou perfeitamente em seus
quadris, demarcando as suas pernas longas e musculosas, sua
camiseta branca está perfeita em seus ombros largos e braços
perfeitamente esculpidos, sua pele dourada destacando-se através
da roupa branca, me deixando acesa por dentro, mas de repente
lembro-me do que aconteceu a horas atrás e logo fechei a cara,
descendo do carro enfurecida, doida para testar meus movimentos
de luta nele, mas me controlei porque lembrei que ele é um
modelo e que ganha dinheiro com sua beleza e físico que
modéstia parte é impecável até onde pude ver
Merda...
— Você está ficando louco?
Gritei assim que bati com força a porta do carro e Anthony engoliu
em seco, perguntou parando a menos de um metro de distância.
— Por que está indo embora, Marcelly?
Nesse momento paralisei, eu estava esperando tudo, qualquer tipo
de pergunta ou assunto, mas, não soube o que dizer a ele, pois
nem deveria revelar que estava indo para uma missão, e então ele
se aproxima e pergunta nervoso, seus olhos estavam brilhando em
uma mistura de ansiedade e desejo.
— Está indo embora só pelo meu comportamento?
Ele me olhou de uma forma que parecia magoado, e eu engoli em
seco, pensando se realmente deveria revelar a minha viagem
repentina e então ele falou.
— Me desculpe, eu não deveria ter agido daquela forma, não
precisa ir por minha causa.
Ele passou sua língua pelos lábios e pegou em meus ombros e
disse.
— Escute, vou embora ainda essa semana.
Eu neguei com a cabeça, entrando em uma luta interna, se eu
deveria revelar ou não, pois tudo isso é perigoso e então ele se
aproximou de mim e pegou em minha mão delicadamente, e disse
olhando em meus olhos.
— Por favor, Marcelly, me desculpe.
A essa altura, sua aproximação estava mexendo com meu
coração, seu cheiro masculino e amadeirado estava fazendo
marcas em minha memória olfativa, fazendo ter a certeza de que
ninguém me faria esquecer a sensação daquele cheiro, muito
menos o toque de suas grandes mãos e sem resistir, me aproximei
de Anthony, agarrando seu pescoço e o puxei contra mim, num
beijo sem pressa e cheio de promessas.
Joguei meus braços em volta do pescoço dele como se fossemos
íntimos e apesar de surpreso, Anthony não se afastou, para minha
surpresa, ele me abraçou e aprofundou nosso beijo, como se
tivéssemos toda a intimidade do mundo, sua língua entrou em
minha boca com fome, me apertando contra seu corpo firme e
quente, eu gemi, perdendo o fôlego, parecia que meu corpo estava
inflamando, tudo estava quente, na verdade febril.
Eu precisava daquele contato com Anthony mais do que pensava,
e quando me dei conta, me afastei para recuperar o ar, ele estava
com um brilho nos olhos, um brilho sexy e quente, sua expressão
denunciava que ele tinha coisas a me falar, e talvez eu queira,
mas, não esteja pronta para ouvi-las.
— Marcelly…
Eu levantei minha mão e a posicionei em seu peito, afastando-me
dele o suficiente para dizer de fato o que precisava dizer.
— Eu preciso ir, a gente se encontra por aí.
Capítulo 8
Anthony Beckham
Não sei quantos dias se passaram desde que vi Marcelly pela
última vez, mas não consigo esquecer do nosso beijo.
Sentir aquele delicioso corpo se encaixando ao meu durante nosso
beijo só me fez pensar em ir além daquele toque, e isso já foi o
suficiente para imaginar mil e uma posições diferentes para senti-la
por inteiro.
Minhas lembranças daquela noite eram como água cristalina,
parece que aconteceram a poucos segundos, o seu toque parece
que foi feito para meu corpo, seu cheiro doce se tornou marcante e
inesquecível para mim, quase como uma droga, me viciei
totalmente nela e preciso repetir a dose.
Sorri ao me deitar no sofá depois de pensar naquele beijo pela
vigésima vez no dia, e ainda são 14h da tarde de uma sexta-feira.
Soltando um suspiro, lembro-me que amanhã será aniversário do
meu irmão, na verdade será aniversário de Michael e Sebastian e
pelo que soube, nesse ano Sebastian não está muito animado em
comemorar seu aniversário.
Minha cunhada me explicou que Amanda e Sebastian estavam
saindo, mas algo que nem mesmo ela entende acabou
acontecendo, e eu que estava fora a tanto tempo com certeza não
sei de nada, mas sei que comparecerei a essa festa, pois na
segunda-feira já estarei na Itália, então não posso perder o último
evento familiar do momento.
Levantei-me do sofá e fui até meu quarto para tomar um banho
rápido.
A verdade é que estou muito inquieto depois daquele beijo que
Marcelly me deu.
Sei que estou mais ansioso que o normal para vê-la, e isso é
totalmente desconhecido para mim, até porque, tive apenas um
relacionamento em toda a minha vida e foi ele quem me destruiu,
mas, gostaria muito de saber o que torna esse lance entre mim e
Marcelly tão especial.
Ela é uma mulher incrível, e acredito que tenha suas bagagens
também, e por isso não acredito que eu teria uma chance real com
ela, apesar de o corpo dela reagir instantaneamente ao meu.
Sacudindo a cabeça, liguei minha playlist antes de entrar no banho
e me preparar para a reunião das 16h com uma marca de moda
que está iniciando em New York.
Depois de quase 1 hora de conversa, finalmente conseguimos um
bom contrato, a empresa que me quer como embaixador é da
cidade e tem pouco mais de um ano de empresa, e estão
apostando todas as fichas em meu trabalho e empenho.
— Acredito que a marca irá decolar depois de termos você como
nosso embaixador oficial, Sr. Beckham.
Eu sorri ao ouvir o comentário de Oscar, sabendo que minha
assessora ficará muito satisfeita com o acordo que fechamos.
— Para mim será uma honra, muito obrigado pela confiança.
Eu murmurei me colocando de pé, estendendo a mão para o
homem que estava a minha frente, que rapidamente atendeu meu
cumprimento e respondeu.
— Entraremos em contato com sua assessoria o mais
rápido possível, foi muito bom negociar com quem entende do
negócio.
Confirmei com um gesto e sorri em resposta e nos despedimos
depois de alguns minutos.
Agora sozinho na cafeteria, enquanto tomava meu café, fiquei com
vontade de mandar uma mensagem para Marcelly, então peguei
meu celular do bolso e olhei para a tela, ponderando se deveria
realmente mandar algo para ela, pois não quero ser grudento, mas
também não quero parecer desinteressado.
Fechando os olhos, me senti perdido sobre o que deveria fazer,
que merda, o que eu faço?
Depositei o celular em cima da mesa, soltando um suspiro de
frustração e tomei o último gole de café e olhando o movimento do
local que estava aumentando até que tive uma ideia de que talvez
me ajude e muito.
— É para lá que eu vou.
Assim que cheguei, logo dei algumas batidas na porta
ansiosamente e não demorou muito para que a porta fosse aberta.
Yven sorriu ao me ver e logo deu espaço para que eu entrasse em
sua casa, e então murmura.
— Pode entrar, daqui a pouco seu irmão já estará em casa.
Eu confirmei com um gesto positivo e me aproximei do meu
sobrinho que estava sentado no chão brincando com seus
carrinhos e lhe dei um abraço e murmurei.
— Na verdade eu vim por outro motivo.
Franzindo a testa, Yven me olhou desconfiada e se acomodou no
sofá a poucos metros de distância de mim e do Chris e perguntou.
— Está precisando de algo?
Eu confirmei com um gesto e sorri nervoso, Yven arqueia uma
sobrancelha em minha direção e pergunta.
— O que está aprontando Anthony?
Eu cocei a garganta e expliquei a ela tudo o que estava
acontecendo, pois sinto que Yven pode me ajudar, tomei cuidado
para explicar exatamente o que estava acontecendo, pois sei que
na minha cunhada eu posso confiar.
— Por isso preciso da sua ajuda, acredito que você conheça
muito a Marcelly.
Ela coçou a nuca e ficou em silêncio por um tempo, demonstrando
que estava avaliando a situação toda.
— Para falar a verdade, no quesito homens Marcelly sempre
foi muito fechada, acredito que por ela estar muito focada na
carreira dela, sabe?
Eu confirmei com um gesto e franzi a testa me sentindo um pouco
bobo.
— Eu…
Então Yven me interrompeu e disse.
— Sei que amanhã à noite ela virá, então você poderá
avaliar toda a situação por si próprio.
Confirmei mais uma vez e disse.
— Muito obrigado, cunhada!
Ela sorriu de lado e murmurou.
— Acredito que você terá que dar seu jeito para conhecer
Marcelly, ela pode dizer coisas a você que nunca dirá para as
amigas, entende?
Eu franzi a testa e ponderei sobre o que acabei de ouvir e
finalmente entendi onde Yven queria chegar.
Ela fala sobre intimidade, e é isso que quero ter com a Marcelly,
quero ser mais íntimo dela, entender melhor o que se passa em
sua cabeça, conhecer melhor seus lados, entender sua
personalidade ao menos um pouco, e me sentindo mais firme na
decisão, me levantei e sorri para minha cunhada e disse.
— Mais uma vez, obrigado.
Sai da casa da minha cunhada com uma força de vontade quase
indestrutível, estou determinado a conquistar Marcelly, quero ela
para mim, e não vou desistir facilmente.
Sábado chegou, e com ele veio minha expectativa em rever
Marcelly.
Me preparando para meu treino diário, resolvi mudar um pouco
meus planos e sair para correr, peguei meu Ipod e fones de ouvido
via Bluetooth e me alonguei para iniciar uma corrida cronometrada
pelo parque central, ainda não são 7 horas da manhã, quando dei
os primeiros passos, o dia já estava iniciando quente, a
temperatura estava ideal para uma corrida tranquila e logo me
animei.
Iniciando a corrida lentamente, comecei a pensar no que poderia
acontecer essa noite, nas várias formas que eu e Marcelly
poderíamos interagir e logo me animei com a possibilidade de
sentir aqueles lábios gostosos novamente e um pensamento
invadiu minha cabeça, me deixando abalado, e como se fosse uma
confirmação e meu coração acelerou de imediato.
— Merda, me apaixonei pela Marcelly.
Fechei os olhos incrédulo, não acreditando que isso estava
realmente acontecendo.
Até ontem pensei que era por que eu apenas gostava dela, a
achava atraente e diferente de todas e foi então que notei, eu já
estava apaixonado a muito tempo, porém de uma forma tóxica, e
hoje, claramente consigo ter uma postura saudável em um
relacionamento e isso me deixou animado, cheio de expectativas
sobre um futuro com Marcelly mas, ainda muito inseguro, pois o
fato de ser apaixonado por ela não é uma garantia de que ela sinta
algo por mim também, mas, afastando aqueles pensamentos
pessimistas, respirei fundo e acelerei a corrida com um sorriso nos
lábios, tentando me convencer de que tudo iria fluir bem se eu me
comportasse igual a um homem adulto, um homem que Marcelly
mereça ter ao lado.
Eu quero ser um homem ideal para ela, dentro do que é possível e
fora dele, pois sei que precisamos estar em constante evolução e a
um ano atrás eu falei para mim mesmo que iria ser a minha melhor
versão, melhorando 1% a cada dia, sem pressa, sem pressão,
apenas constância e disciplina, e creio que Marcelly notará as
minhas mudanças.
E Deus me ajude, preciso que ela veja o quanto evolui.
— Será que ela vai vir?
Murmurei em voz alta, andando de um lado para o outro, no
espaço que meu irmão havia decorado, o ambiente estava lindo, a
recepção estava organizada e a comida que estava sendo
oferecida entre os convidados parecia deliciosa, mas eu estava em
outro lugar, pensando em várias situações que poderiam ou não
acontecer quando meu irmão e minha cunhada aparecem, do
nada, atrás de mim, me pegando de surpresa.
— Está falando sozinho Anthony?
Michael apertou meu ombro em forma de comprimento quando
parou ao meu lado, e recuperando o resto do meu juízo, eu apenas
assenti com a cabeça e respondi.
— Você nem imagina.
Yven começou a rir e disse.
— Ela está a caminho, mantenha a calma.
Eu confirmei com um gesto e olhei em volta, para ninguém em
especial, quando Michael franziu a testa em confusão, chamando
minha atenção
— Vocês vão ter que me contar o que está acontecendo.
Yven se aconchegou no braço do meu irmão e falou.
— Amor, seu irmão está gostando da Marcelly e eu dei
algumas dicas a ele…
Michael fez um gesto com os lábios e murmurou.
— Amor, eu já falei sobre isso com você, a última vez que
você fez isso, acabou deixando Sebastian e Amanda num estado
diferente.
Eu sem entender, permaneci em silêncio apenas ouvindo eles
enquanto tomava minha bebida e Yven murmurou.
— Eu sei, mas não fiz de propósito, acredito que algo
aconteceu entre eles, e eu não estou envolvida.
Michael confirmou em um gesto e se aproximou de Yven,
plantando um beijo em sua testa e disse enquanto a apertava em
seus braços.
— Sei que não fez de propósito, eu acredito nisso também,
tem algo por trás.
Sem conseguir controlar a língua, eu logo interrompi a interação
dos dois pois parece que esqueceram de mim aqui.
— Ei casal, dá um tempo, a casa é cheia de quartos, parem
de se amassar na minha frente.
Eles começaram a rir, e Michael deposita mais um beijo na testa de
Yven e murmura fazendo um gesto com a cabeça.
— Boa sorte, Garotão!
Ele sorriu para mim enquanto abraçava Yven e se afastaram
devagar, me dando um tempo para recuperar o fôlego e então eu
virei para a entrada da mansão e vi Marcelly.
Seus cabelos loiros estavam presos em um coque despojado, seu
vestido descia justo e colado em seu corpo dois palmos acima do
joelho, sua pele parecia natural e estava radiante.
Soltando um suspiro, me vejo andando até ela, até que seus olhos
me encontraram e quase não acreditei quando ela sorriu para mim,
naquele instante eu soube, ela ficaria comigo, de um jeito ou de
outro pois, vejo seus olhos brilharem quando me vê.
— Anthony, oi...
Eu parei a pouco mais de um metro de distância, mas daqui
conseguia sentir seu cheiro doce, e de imediato fiquei embriagado.
— Oi.
Ela então se aproximou de mim e automaticamente tentei pegar
sua mão e engolindo em seco ela afastou do meu toque, e disse
com uma expressão que me parecia pena.
— Pela forma que você chegou até mim, acredito que queira
conversar sobre o dia que beijei você…
Eu assenti e fiz menção de responder, pois a atitude dela não
estava batendo com a expressão que eu via em seu rosto, muito
menos com os batimentos cardíacos dela, pois daqui consigo ver
sua veia do pescoço pulsar e sinto uma vontade imensa de passar
a minha língua naquele local.
— Não tenho como responder essa pergunta agora, Anthony.
Eu franzi os lábios quando senti uma agitação incomum dentro do
meu peito, sentindo todas as esperanças morrendo dentro de mim
e então ela continua a falar.
— Eu acho que atropelei tudo, fui apenas em uma viagem a
trabalho e confesso que me precipitei beijando você, desculpe, não
vai mais acontecer.
Eu engoli em seco e enfiei a mão no bolso da calça, mordi o lábio
me sentindo enganado e então murmurei sem conseguir olhar no
rosto dela, sentindo meu orgulho murchar bem a minha frente.
— Você está brincando comigo Marcelly?
Arrisquei olhar em seu rosto e então vi ela engolir em seco e dá um
passo para trás.
— Com licença.
E ela saiu, sem responder minha pergunta, deixando-me com cara
de idiota, levando toda a minha empolgação junto, deixando-me
em um estado totalmente contrário do que cheguei, fechei os olhos
e me amaldiçoei internamente por tudo o que acabou de acontecer
e de repente, não senti mais vontade de estar nessa festa, gostaria
de ir embora.
Sentindo um peso incomum no peito, desejei ser invisível e então
fugir para longe daqui, para longe de Marcelly, mas então decidi
apenas ficar neutro no evento, pois era aniversário do meu irmão e
do Sebastian e eu não posso me deixar afetar tanto, então decidi
esfriar a cabeça com um pouco de whisky.
Não sei quanto tempo passou, mas estou conversando com um
casal conhecido, e então percebo que não vejo meu irmão a algum
tempo até que de repente vejo Sebastian arrastando um homem
para fora de casa e sem acreditar, apertei minha visão para a
direção a saída e realmente confirmo que era Sebastian.
Preocupado, eu murmuro ao casal, já me afastando.
— Eu preciso ir, com licença.
Andei apressado até a entrada da frente quando vi Michael
surgindo através da porta e de relance, vejo Sebastian gritando
para o homem que estava sendo erguido pelo colarinho e então
consegui identificar que era Carlos, que já estava todo machucado.
Porra!
Fora de si, Sebastian parecia atordoado e Michael apenas me
olhou e eu logo entendi, e fomos segurá-lo, para aplacar um pouco
da sua raiva, mas só conseguimos tirá-lo de cima de Carlos
quando ele já estava ensanguentado e desmaiado no chão de
tanto que apanhou, em seguida, Sebastian entrou para dentro da
casa e eu fui instruído pelo Michael a chamar Gregori com um
carro para irmos ao hospital.
Porra, tudo saiu do controle, e o que deveria ser uma
comemoração acabou se tornando um cenário de caos, primeiro:
eu levei um fora de Marcelly, segundo: ela disse que tudo foi um
erro e terceiro: Carlos agrediu Amanda e obviamente entendi a
fúria do Sebastian, que deu uma surra no Carlos.
Suspirando alto, fechei meus olhos tentando me tranquilizar, o que
mais precisa acontecer?
Pelo andar da carruagem, eu não devo aparecer aqui por um
tempo, estou decepcionado demais.
Depois de algumas horas, estou voltando para meu apartamento
sozinho, exausto e extremamente chateado, na verdade,
derrotado.
Resolvi não falar com Marcelly para não piorar o que estou
sentindo, não quero ser e parecer desesperado, não preciso me
preocupar em parecer desinteressado também, pois ela mesma
não quis conversar comigo então quem sou eu para insistir?!
Joguei meu blazer em cima do sofá e segui para o meu quarto,
conferi o horário em meu relógio de pulso e vejo que são 2 horas
da manhã, comecei a me despir para tomar um banho, pois
amanhã preciso estar na Itália as 16 horas para uma sessão de
fotos de última hora.
Decidido a esquecer toda a merda que foi essa noite, apenas tomei
um banho rápido e me deitei na cama e adormeci rapidamente.
— Anthony, não seja um fracote. Vamos!
Aurora falava enquanto ingeria mais álcool que o normal, eu estava
muito preocupado, mas bebia o que ela me oferecia, e ainda
assim, me sentia preocupado.
— Amor, vamos embora, já nos divertimos o suficiente e
amanhã temos aula.
Aurora enfurecida se afastou de mim, com raiva em seu rosto
murmurou.
— Anthony, você está parecendo meu pai, que irritante.
Eu a olhei com mágoa e não falei mais nada, mas ela então disse
se afastando.
— Vá embora, e me deixe ser feliz.
Acordei num sobressalto, ensopado de suor, já fazia muitos anos
que não pensava em Aurora, ela estava enterrada a muito tempo
no fundo das minhas memórias.
Eu era muito jovem quando aconteceu.
Aurora e eu tínhamos apenas 18 anos quando decidimos oficializar
nosso relacionamento.
Capítulo 9
Marcelly Benett
— Eu acho que você não deveria ter ignorado Anthony
daquela forma.
Ouvi Louisy murmurar enquanto se deitava no meu sofá no
domingo à tarde, Yven estava apenas ouvindo o desenrolar da
conversa com uma expressão séria no rosto e apesar de não se
meter, sei que ela gostaria de dar uma opinião de amiga, mas eu
acredito que o lado cunhada tenha um peso maior no caso dela
então ela apenas disse.
— Bom, agora já acabou. Anthony não irá mais importunar
você.
Eu estava me remoendo desde o momento em que respondi aquilo
para Anthony e de imediato me arrependi pois vi o brilho do
homem se apagar em segundos e aquilo foi culpa minha, ele
estava exalando beleza e uma força interna muito forte, eu estava
muito encantada por ele, mas preciso afastá-lo pois sei que ele
ainda é um homem que está em uma nova fase da vida e isso
pode acarretar muito sofrimento, eu não quero sofrer, mesmo que
eu tivesse querendo exatamente o que ele queria.
Capítulo 10
Marcelly Benett
A noite estava quente, agradável e havia muitas estrelas no
céu, deixando-a linda e sensual, tudo estava fluindo bem, as
pessoas pareciam estar se divertindo, se entretendo entre suas
conversas, a música estava rolando solta e elegante, quando senti
um toque gentil em meu braço, enviando uma sensação
extremamente boa pelo meu corpo, arrancando um arrepio que
atravessou meu pescoço, fechei meus olhos e aproveitei a doce
sensação daquele toque em meu corpo, quando ouço sua voz num
murmúrio gentil e sensual em meu ouvido.
— Não consigo resistir mais, Marcelly.
Anthony dessa vez se aproximou de mim, e me olhou nos olhos,
em seu rosto havia uma expressão séria e seus olhos
demonstravam a urgência e vontade que sentia, passando a língua
pelos lábios, eu apenas o encarei e respondi, tentando controlar a
ansiedade naquele momento, pois a mesma vontade que ele
sentia eu estava sentindo, me aproximei um pouco mais de onde
ele estava.
— Não resista, Anthony.
Ele sorriu de um jeito sexy e se aproximou mais, acabando com
toda a distância que existia entre nós, daqui consegui sentir o seu
cheiro, fechei os olhos com a sua aproximação e Anthony levantou
seu braço, me puxou pela cintura e murmurou me apertando contra
si.
— Se eu tocar você da forma que tanto desejo, sei que não
vou querer parar.
Sua boca estava tão próxima da minha que eu conseguia sentir
sua respiração, me arrepiei.
— Não vou querer outra mulher.
Seu corpo é uma obra de arte, cintura fina, onde fico louco quando
meu braço a envolve por inteira, com uma bunda maravilhosa,
mordendo os lábios soltei um suspiro ao pensar na sorte que estou
tendo em levá-la para casa, eu soube desde o primeiro dia que ela
iria tirar minha paz, e agora, a encontrando aqui, foi como um sinal,
um sinal de que não posso mais perder tempo, ou acabarei
perdendo minha chance com ela.
Não pensei duas vezes em me aproximar, simplesmente resolvi
cumprimentar um casal de amigos e logo colocar meu plano em
ação.
Eu quero Marcely na minha vida e a terei, ela será minha, custe o
que custar, não vou medir esforços para ter essa mulher para mim.
Depois que senti o gosto doce da boceta da Marcelly, sinto que vou
enlouquecer se não tê-la na minha cama pois sei que lá a nossa
entrega será total e real, não terá ninguém para interromper e por
isso não perdi tempo, estamos aguardando meu carro chegar para
que possamos sair daqui e ir direto para minha casa, olhando
disfarçadamente, vejo que Marcelly está um pouco distante, e por
dentro estou com medo que ela desista de ficar comigo essa noite,
e torcendo internamente, peço para que o manobrista traga logo
meu carro para que possamos ir.
Saímos sem nos despedir de ninguém, pois não quero perder
tempo, e pensando nos minutos atrás, lembro-me da sensação de
sentir aquela boceta gostosa se contrair enquanto gozava em
meus dedos, amolecendo e perdendo as forças enquanto estava
em meus braços, enquanto fechava os olhos, se entregando ao
prazer que eu estava lhe proporcionando, sem dúvidas, será algo
que irá me acompanhar eternamente.
Afastando aqueles pensamentos, olhei para Marcelly, e vi que ela
abraçava o próprio corpo, e num movimento automático, tirei meu
paletó e coloquei em volta dos seus ombros, me afastei enquanto
arrumava meu cabelo e senti a atenção da garota em mim, sua
boca estava entreaberta, respirando lentamente, e olhando-a, vi
uma expressão que pareceu surpresa por causa do meu gesto, e
levando minha mão ao seu rosto, perguntei enquanto acariciava
seu rosto que já estava corado.
— Tudo bem?
Ela me olhou em silêncio e esboçou um sorriso doce que fez meu
coração acelerar.
— Vamos?
Murmurei a ela assim que o manobrista me entregou as chaves, e
assentindo com um sorriso tímido, entrelacei nossos dedos, e sem
se afastar Marcelly me acompanhou, e abrindo a porta a aguardei
entrar e me abaixei para ajudá-la com o longo vestido e fechei a
porta em seguida, ansioso para tê-la em meus braços novamente.
Essa mulher despertou meus maiores instintos, e agora que senti
seu sabor, sei que não posso mais ficar longe e farei de tudo para
que ela me aceite em sua vida, pois ela me marcou
profundamente, seu cheiro feminino e doce estava invadindo o
carro, e logo me senti nervoso e com muita vontade de possuí-la
aqui mesmo, mas me controlando, continuei a dirigir, na tentativa
de manter a calma.
— Você está com fome?
Perguntei a Marcelly, tentando deixá-la confortável em minha
presença, já que psicologicamente eu estava surtando enquanto
imaginava Marcelly nua na minha cama, virando seu rosto para
mim, me arrancando daqueles pensamentos inapropriados, ela
esboça um sorriso e murmura.
— Estou morrendo de fome, e você?
Eu sorri enquanto olhava para a estrada e respondi, fazendo um
gesto com a cabeça, sabendo que a mesma fome que eu sinto não
seja igual a dela.
— Estou faminto também.
De repente, algo passou em minha cabeça, e pensei que ela
poderia gostar e então eu perguntei.
— Pizza?
Por um momento, me arrependi de ter dito isso, Marcelly me
encarou por alguns segundos e respondeu.
— Nunca dispenso uma boa pizza e uma Netflix.
Eu sorri ao ouvir isso e então murmurei.
— Vou pedir uma pizza para comermos em casa, o que
acha?
Ela parece se sentir mais confortável e concordou com um sorriso.
— Perfeito.
Sorrindo igual a um idiota acelerei para meu apartamento, e mais
uma vez, agradeço aos céus por ter a oportunidade de estar com
Marcelly agora. Sabendo que teríamos horas para ficarmos juntos
apenas acelerei o carro ansioso para chegar em casa.
Assim que chegamos ao meu prédio, entrei pelo estacionamento e
logo estacionei o carro na minha vaga e desci, andando em
direção a porta da Marcelly, que assim que abri sua porta, estendi
a mão para ajudá-la e ela prontamente aceitou, e a puxei para que
ela me acompanhasse até o elevador.
Logo que as portas metálicas se fecharam tentei ao máximo me
comportar, mas ver que as suas bochechas estavam vermelhas, só
me fizeram sentir vontade de avançar contra ela e beijá-la ali
mesmo e sem hesitar, prendi Marcelly entre mim e a parede e
tomei seus lábios num beijo esfomeado.
Como sempre, Marcelly me recepcionou perfeitamente, nossas
línguas se tocavam com luxúria, demarcando território e mais uma
vez perdi a noção do tempo e espaço, desejando que esses beijos
durem o maior tempo possível e então ouvi um gemido sair da
garganta de Marcelly e a apertei mais entre meus braços,
saboreando cada segundo com ela e quando as portas metálicas
se abrem, me afastei com muito esforço daquele corpo quente, e
sorrio ao puxar Marcelly para fora, que ofegante, sorri e me
acompanha com elegância em seus saltos.
O corredor está vazio e o único som que podemos ouvir é o salto
dela ecoando no piso de mármore, e assim que chegamos ao meu
apartamento, digitei meu código e abri a porta, Marcelly entrou
primeiro e olhando em volta lembro que deixei tudo apagado,
somente com alguns abajures acesos, e com a mente a mil,
ataquei Marcelly, faminto, sedento e desejando possuir seu corpo,
ansioso por senti-la por inteiro.
Agarrando-a, ergui seu corpo curvilíneo em meus braços e a
envolvi em um abraço firme e possessivo.
Quero que ela saiba que essa noite irei fazê-la minha, seu corpo
vai queimar somente com meus toques e toda a doçura que será
extraída do seu corpo, será somente por mim.
Marcelly Benett
Assim que despertei, senti um cobertor quente e muito cheiroso em
cima de mim, abri meus olhos devagar e vejo que Anthony ainda
dorme tranquilamente, está com suas pernas entrelaçadas em
mim, sua mão está em minha cintura, como se estivesse me
segurando e sorri ao admirá-lo enquanto dormia, sua expressão
estava serena, tranquila e parecia estar num sono profundo,
parecendo vulnerável a mim.
Sim, nossa noite foi perfeita, foi muito além do que imaginei, mas
estou lidando com Anthony Beckham, um homem que ainda é um
enigma para mim, como ele irá me tratar depois que acordar?
Engolindo em seco, lembro-me que ele cuidou de mim antes e
depois de transarmos e isso me leva a pensar que poderei ter
outras recaídas somente pelo tratamento dele, já que ele superou
minhas expectativas
E muito confusa, eu me pergunto ao fechar os olhos, ele superou
minhas expectativas, por que estou tão insegura? O que me faz
não estar segura com Anthony? O que ele fez para mim?
Minha mente me leva aos dias que eu me senti desesperada
enquanto ouvia os abusos psicológicos do meu pai com a minha
mãe e isso me aterroriza até hoje, esse trauma tem um forte poder
em mim, tão grande que nunca consegui me relacionar
profundamente com um homem simplesmente por ter medo de ele
me machucar como meu pai fez com minha mãe.
Eu já sabia que seria perigoso para mim, sabia que Anthony era
um grande risco para meu coração, mas ainda assim cedi ao meu
desejo por ele e agora me vejo amedrontada pela possibilidade de
acontecer algumas coisas ruins após ele acordar, um exemplo é
ele se arrepender por ter ficado comigo, outro exemplo é ele fazer
algo que irá me prejudicar psicologicamente de hoje em diante.
Suspirando, penso mais uma vez em como nossa noite foi perfeita,
mas sentindo um gosto amargo, vejo que tudo isso é loucura, não
posso ficar com Anthony, e se ele me magoar? E se ele fizer o que
meu pai fazia?
Senti uma sensação pesada dominar meu peito, senti o pânico me
dominando e tomando os devidos cuidados, levantei-me da cama
sem fazer barulho ou qualquer movimento brusco, tirei minha
perna do emaranhado das pernas com Anthony e sai da cama,
olhando em volta à procura das minhas roupas, encontrei meu
vestido perto da poltrona e fui até o banheiro me vestir e fazer
minha higiene.
De cara limpa, prendi meu cabelo em um coque frouxo e
olhei mais uma vez para a cama e vi Anthony ainda dormindo e
peguei meus sapatos e me direcionei para a porta e no momento
em que toquei na maçaneta, um braço forte pegou em meu pulso e
me fez virar bruscamente, me fazendo bater de frente com um
peitoral duro, quente e com um cheiro irresistível.
— Estava indo embora sem se despedir Marcelly?
Anthony estava com uma expressão indecifrável no rosto, como
uma máscara e engolindo em seco, eu apenas murmurei olhando
em seus olhos.
— Eu não sabia se…
Fechando os olhos, Anthony suspirou e disse me interrompendo.
— Não sabia se deveria estar aqui quando eu acordasse?
Algo pesou no meu estômago, imaginando a rejeição caso isso
acontecesse e timidamente confirmei com um gesto e ele afrouxou
a pressão no meu corpo e disse.
— Acho que acordar com você enrolada num lençol ao meu
lado é muito melhor do que ver você fugindo em silêncio.
Ele me olhou uma última vez, e pude ver mágoa e confusão em
seu rosto, ele então se afastou e me deu espaço, e eu logo me
senti mal, por ter feito uma escolha tão idiota, pois naquele
momento parecia ser o certo a fazer.
— Anthony, eu apenas…
Travei, minha garganta apertou e já não sabia mais o que falar e
Anthony me olhou em silêncio e engolindo em seco eu continuei.
— Não sabia o que fazer, fiquei com medo de ser mandada
embora. Eu…
Sorrindo amargamente, Anthony dá alguns passos para trás, como
se tivesse levado um soco invisível, em seu rosto era possível ver
a decepção tomando-o e então ele diz.
— Eu nunca faria isso com você Marcelly.
Ele riu, parecendo sentir dor e continuou quando apoiou seu peso
no aparador que estava junto a parede, emoldurado com um
espelho.
— Fiquei num inferno por meses internado, desejando
morrer dia após dia, por toda a merda que fiz.
Ele pausou por alguns segundos e olhou para a parede e ali seu
olhar se perdeu e ele continuou a falar como se lembrasse do
acontecimento.
— Sempre que você aparecia por perto eu me sentia em
paz de novo, era como se você me tirasse da escuridão por alguns
minutos.
Meu peito apertou ao ouvir isso, ele se afastou do aparador e se
jogou na poltrona que estava a poucos menos de 1 metro de
distância e continuou.
— Eu sempre quis ficar com você Marcelly, mas não era
homem o suficiente para declarar isso.
Eu engoli em seco e apertei meus dedos, na tentativa de manter a
calma e murmurei.
— Eu sinto muito, fiquei confusa e preciso de um tempo para
assimilar o que está acontecendo aqui.
Anthony olhou para suas mãos por alguns segundos em silêncio e
depois se esticou na poltrona, jogando seus braços no descanso
da poltrona e perguntou me olhando com uma expressão séria em
seu lindo rosto, naquele momento eu soube que havia estragado
tudo que havia acontecido entre nós.
— O que está acontecendo aqui Marcelly?
Eu fiz um gesto negativo com a cabeça e engoli em seco, por
causa do nervosismo pisquei algumas vezes e meus olhos
tremeram, e Anthony levantou-se e veio andando em minha
direção lentamente, sempre mantendo contato visual comigo e
então murmurou.
— O que está acontecendo que está fazendo você ficar
confusa e fugir de mim?
Eu recuei alguns passos à medida que ele se aproximava, e
quando bati minhas costas na parede, Anthony parou e disse.
— Não acho que seja difícil resolver a nossa questão.
De repente se aproximou e tocou em meu queixo, depositou um
beijo suave em minha bochecha e disse.
— Darei espaço, o tempo que você precisar.
Ele se afastou devagar, se direcionando para a poltrona
novamente e sentindo um incômodo no peito, eu peguei a sua
mão, impedindo-o que se afastasse e disse tentando recuperar
aquele brilho que exalava dele, mas nada aconteceu.
— Até mais.
E então abri a porta e saí rumo à saída do prédio.
Não sei o que está acontecendo, mas não estou me sentindo
melhor agora, parece que realmente fiz a escolha errada e
estraguei tudo, mas quem sabe isso seja melhor, por mais que
existam sentimentos entre mim e ele, não acho que devemos
seguir juntos, isso pode dar muitos problemas futuros e tentando
me convencer, andei apressada para alcançar o táxi que estava
estacionado ao meio fio.
Dele, desceu uma morena, com olhos castanhos e um rosto
delicado, ela apenas segurou a porta aberta para mim e sorriu e eu
fiz um gesto de agradecimento e logo entrei, desejando que meus
sentimentos se organizassem rapidamente e sem dúvida eu iria
surtar.
Já faz duas semanas que voltei para New York, faz duas semanas
que não estou tendo um minuto de paz se quer.
Anthony está rondando meus pensamentos a cada dia que passa,
não consigo esquecer das mãos, do beijo e das palavras daquele
bandido gostoso.
Sinto que a cada dia que passa, fiz a escolha errada, o que é muito
contraditório pois eu deveria estar feliz por seguir em frente sem
ele.
Pois Anthony Beckham é um problemão da porra, não é!?
Abracei minhas pernas em cima do sofá sentindo aquele vazio no
peito de novo, e vejo que isso é culpa do Anthony.
Quem mandou aquele bandido me fazer gostar dele?
Quem ele pensa que é para não sair da minha cabeça desse jeito?
Droga!
Eu sempre fui uma pessoa muito seletiva, tive apenas dois
parceiros sexuais e Anthony se superou em tudo, acredito que
nenhum outro irá ultrapassar a nossa química entre quatro
paredes, entre lembranças, desejei que as horas passassem
voando, pois não aguentava mais ficar naquele mal-estar.
A noite chegou, e recebi uma mensagem da Yven relembrando que
irão fazer um jantar na casa dela, em comemoração ao retorno de
Sebastian e Amanda de Paris e animada, fui para o banho pois
estou morrendo de saudades das minhas amigas e Amanda
passou por um período muito doloroso e eu não estava aqui para
apoiá-la pessoalmente.
Minutos depois, já estava vestida para a ocasião, algo em meu
peito dizia que eu teria surpresas hoje e engolindo em seco, orei a
Deus para que fossem boas surpresas, senão eu não aguentaria.
Assim que cheguei à casa da minha amiga logo fui direcionada a
sala, onde encontrei Amanda e Louisy conversando.
— Celly, que bom ver você!
Amanda se aproximou, me abraçou forte e sorrindo retribui e
murmurei.
— Estávamos com saudades de você.
Me afastei um pouco e sentei-me no sofá e perguntei.
— Como você está? Curtiu muito a suíte Francesa?
Logo começamos a rir, Amanda confirmou num gesto e disse se
acomodando ao meu lado.
— Gente foi incrível! Sebastian é perfeito para mim.
Eu confirmei com a cabeça, sorrindo com a alegria contagiante no
rosto da minha amiga e Louisy disse chamando nossa atenção.
— Você merece ser muito feliz, Amanda, diante de tantas
coisas que passaram juntos.
Concordando com um gesto, eu me levantei e disse.
— É isso mesmo, você merece tudo de bom e tenho certeza
de que Sebastian fará você muito feliz.
Nos abraçamos mais uma vez e continuamos conversando quando
vejo Anthony chegar, usando uma calça de alfaiataria, uma camisa
polo colada em seu peitoral, deixando-o extremamente gostoso,
em seu rosto existia uma expressão tranquila, seu sorriso rotineiro
brincava em seus lábios me fazendo sentir saudade de tê-lo por
perto, ele conversava animadamente com Michael, ambos estavam
rindo, quando ele me viu e de imediato seu sorriso sumiu.
O brilho que ele tinha se tornou fosco e de imediato me senti
culpada.
Sem graça, eu o encarei pensando se deveria cumprimentá-lo,
quando ele simplesmente virou em direção a sala e sumiu do meu
campo de visão, não vou negar, doeu para caralho ser ignorada
desse jeito.
Tudo bem, que eu estava com dúvidas se deveria cumprimentá-lo
também, mas ainda assim, lembrar que eu fui a culpada por esse
tratamento de gelo, não ajuda em nada o meu psicológico,
sacudindo a cabeça, tentei focar no motivo que me trouxe para
esse jantar e então decidi socializar.
Depois de muitas conversas e risadas, a noite foi encerrada com
um belo pedido de casamento, muitas trocas de olhares e gestos
que quase me entregaram para minhas amigas, eu as amo, mas
não posso contar a verdade a elas, ninguém entende como é
crescer com medo de sofrer num relacionamento que ainda nem
existiu, ninguém entenderia o que eu passei e por isso preferi
mentir em algumas coisas.
Por mais que Yven e Amanda tenham passado por
relacionamentos abusivos, ainda é muito diferente crescer em um
ambiente extremamente tóxico, pois eu sofri com as pessoas que
deveriam me amar e proteger e por isso prefiro ficar calada.
Capítulo 13
Marcelly Benett
Enquanto aguardava meu táxi chegar, fiquei admirando o céu
noturno, que estava limpo e algumas estrelas brilhavam, alguns
segundos depois, ouvi passos se aproximando devagar e então
alguém murmura atrás de mim, me obrigando a fechar os olhos por
causa da sensação.
— Preciso de uma trégua, Marcelly.
Virei em direção a voz que me fez arrepiar dos pés à cabeça e vejo
que Anthony vem andando em minha direção a passos largos,
quando me agarrou pela cintura e me puxou para seu peito
arrancando um beijo que me deixou como gelatina logo de cara.
— Porra, eu precisava disso!
Ele voltou sua atenção para minha boca, nunca se afastando de
mim, beijando-me lentamente, sua língua acariciava a minha com
toda ousadia e habilidade, me deixando excitada, molhada e
sedenta por mais, eu agarrei seu pescoço, trazendo-o para mim,
não desejando nenhum espaço entre nós e gemendo, ele se afasta
e diz.
— O que você me diz?
Ele estava me olhando com uma expressão que demonstrava
preocupação e uma pontada de esperança, eu estava
completamente dominada pelos seus lábios e seu cheiro estava
me cercando de todas as formas quando murmurei piscando
algumas vezes, sentindo minha mente um turbilhão de confusão.
— Sobre o que?
Ele enfiou o nariz entre meu pescoço e cabelos e inalou o meu
cheiro, depositando uma mordida leve na veia que estava saltitante
em meu pescoço e com seu lado obsceno aflorando, passou a
língua na mesma região, me fazendo arfar em seus braços.
— Uma trégua, amor, só isso que preciso e depois deixarei
você com o tempo que precisa.
Eu o olhei sedenta de desejo, querendo sentir aquela boca em
mim, sentir aquele corpo em cima do meu, senti-lo dentro de mim,
me perder em seus braços e me sentar naquele pau gostoso.
— Sim, Anthony. Por favor!
Ele então agarrou meus cabelos com habilidade, enrolou minhas
madeixas entre seu punho e me puxou num beijo cheio de luxúria
e promessas, sua língua adentrou minha boca, me provocando
com ousadia e chupando seu lábio para devolver a provocação na
mesma moeda, eu murmurei me afastando, segundos depois, o
táxi estacionou na esquina.
— Vamos para meu apartamento.
Ele confirmou num gesto e entrelaçou nossos dedos, nos
direcionando até o carro, no instante em que ele sorriu para mim,
eu soube que não iria conseguir fugir amanhã, e que isso, ou iria
dar muito certo ou muito errado.
Logo que atravessamos o corredor no meu andar, abri meu
apartamento sentindo borboletas sobrevoarem meu estômago e
assim que fechei a porta atrás de mim, Anthony me atacou,
pegando-me de surpresa, ele me levantou do chão e
automaticamente minhas pernas o prenderam pelo quadril e se
afastando do nosso beijo, ele pergunta.
— Onde fica seu quarto?
Eu o encarei e respondi.
— Segunda porta à esquerda.
Ele confirmou em um gesto e logo nos atracamos novamente, num
beijo faminto, voraz, como se eu fosse seu doce preferido, Anthony
parecia se deliciar com a minha boca de um jeito esfomeado que
estava atiçando cada célula do meu corpo.
Por mais que pareça loucura da minha cabeça, mas beijar Anthony
estava sendo ainda melhor, seus lábios estavam macios e me
devoravam na medida certa, como se estivesse viciado em mim e
não vou mentir, estou viciada em Anthony Beckham, desde a
primeira vez que o beijei e agora que sei como é estar em seus
braços não consigo mais evitar, pois nada explica a sensação
insana de estar em seus braços agora.
Algo que eu não sentia diferença era estar na presença de outras
pessoas e agora, me sinto completa com Anthony, não sei o que
poderá acontecer a partir de hoje.
Me jogando na cama, Anthony se aproxima e diz enquanto me
analisava minuciosamente.
— Eu não parava de pensar em como você fica perfeita
gozando para mim, Marcelly.
Ele começou a tirar meus sapatos, tocando meu pé, acariciou com
cuidado enquanto depositava beijos carinhosos em meu tornozelo,
panturrilha e subindo, começou a mordiscar a pele sensível das
minhas coxas e então ele diz.
Anthony Beckham
Já faz alguns dias que estou me sentindo estranho, não sei o
motivo, apenas sei que não vejo mais motivação em nada que faço
e isso está sendo muito perigoso para mim.
Faz semanas que não tenho notícias de Marcelly e eu acredito que
seja por isso que eu não esteja bem, ela não me manda
mensagem, não liga e não procura saber de mim, pensei que com
o tempo, enquanto íamos nos conhecendo, cuidando um do outro,
nossa conexão aumentaria, ter algum tipo de relacionamento ao
menos, mas nada aconteceu, acredito que já faça dois meses que
eu e Marcelly estamos juntos casualmente e mesmo assim, ela
não se aproxima emocionalmente de mim, internamente me sinto
perdido.
A questão é que eu penso que ela foi magoada em algum
momento da sua vida, mas também sinto que ela não queira se
entregar para mim, a verdade é que estou perdidamente
apaixonado por ela, queria simplesmente sair da Itália e ir para o
apartamento da Marcelly e ficar com ela, conversando, ouvindo
suas risadas, assistir séries, comendo pipoca durante um filme ou
até mesmo treinar juntos, mas nada acontece.
Não sei o que está acontecendo, mas preciso resolver o problema,
pois meu humor está péssimo.
Enquanto faço levantamento de pesos, comecei a pensar se
realmente deveria considerar a ideia de ir conversar com a
Marcelly, me abrir e finalmente me declarar, pois só assim eu ia
saber se ela sente o mesmo, mas por outro lado, acredito que se
fosse para ela ter dito algo para mim, com certeza já teria entrado
no assunto, suspirando, soltei meus pesos no chão e esbravejei.
— Porra!
Fiz um gesto negativo com a cabeça me sentindo muito chateado e
extremamente frustrado, quando meu celular acendeu a tela
indicando uma ligação, logo me animei com expectativa de que
fosse Marcelly, mas assim que olhei para a tela franzi a testa ao
ver que é um número desconhecido.
— Alô.
Murmurei com o celular no ouvido enquanto me direcionava para o
banco, onde deixei minha garrafa d'água quando ouço uma risada
que não iria esquecer nem se passassem 40 anos.
— Anthony, oi, como você está? Preciso falar com você.
Eu engoli em seco sem reação ao ouvir a voz de Aurora pela
primeira vez depois de 10 anos.
Capítulo 15
Marcelly Benett
Albert Montes
A mais de 10 anos, sai de casa e nunca mais voltei, eu sabia que
se voltasse, teria que olhar para a cara daquelas duas
emprestáveis, minha mulher e filha nunca serviram para nada,
apenas me deram trabalho, nunca senti que poderia amá-las, elas
não tinham nada que me deixasse de fato orgulhoso.
Sempre soube que eu merecia mais na vida, pois eu era um
homem dedicado, era apaixonado pelo meu emprego e muito
apaixonado em uma mulher que era rica, eu conseguia sentir o
gosto da riqueza entrando na minha vida quando Melinda me
olhava, até que um belo dia, eu bebi um pouco a mais em uma
festa e acabei conhecendo a mãe da Marcelly, sim, ela era linda,
de fato, mas não tinha classe, educação ou dinheiro então meu
interesse nela foi apenas por uma noite, mas certo dia, cheguei do
trabalho e a encontrei sentada no sofá com meus pais, em suas
mãos havia um documento no qual eu não fiz menção de pegar
quando ela me entregou e eu fiquei muito confuso com sua visita.
Quando recebi a notícia que iria ter que casar-me pois engravidei
Emilly, não tive outra alternativa, mas jurei que casaria e
transformaria a vida dela num inferno, já que eu estava perdendo
tudo o que almejava em minha vida.
Nunca amei de fato minha esposa e filha, como poderia amar uma
criança que me fez casar por obrigação? Como iria amar uma
mulher que iria me fazer trabalhar a vida toda para ter o que
comer? Para ter o mínimo na vida.
Para mim, nada que falassem faria sentido, e preferi viver longe
das duas emprestáveis, viajando para vários estados e passando
muita dificuldade, consegui sobreviver por todo esse tempo, até
que soube que minha esposa havia falecido e um pouco mais
satisfeito, deixei Marcelly viver e sofrer por conta, e assim
passaram os anos, eu logo comecei a passar por mais
necessidades, estava contando o dinheiro no fim do mês, enquanto
a pessoa que coloquei no mundo estava vivendo em algum lugar
por aí, nada tirava da minha cabeça que ela não merecia viver
bem. Marcelly merece comer o pão que o diabo amassou nessa
terra justamente porque nasceu.
Eu a odeio por ter estragado o meu futuro que seria perfeito com
Melinda.
Então um dia, coloquei um detetive particular em busca da
minha filha e acabei encontrando-a em New York, o detetive disse
que ela viajava muito, então supus que estava rica, e comecei a
acompanhá-la de perto, até que vejo o motivo de suas viagens
entrando com uma mala em mãos, o playboy Anthony Beckham é
o namorado da Marcelly e isso já fez brotar uma ideia na minha
cabeça que iria me arrancar de vez da pobreza e miséria.
Sem pensar duas vezes, coloquei um detetive para revirar o
passado de Anthony, pois eu precisava ter plano B, caso algo
saísse fora do planejado e então descobri que Anthony tinha uma
ex-namorada na faculdade, Aurora seria a chave para tudo.
Seria ela, que Anthony escolheria ao invés de Marcelly, isso
tudo porque quero destruir a vida da pessoa que destruiu a minha.
Pois eu acredito que se nem eu a amei, não seria Anthony
Beckham que iria amá-la.
Aurora confirmou a parceria comigo, pois disse que quer Anthony
de volta, e disse que iria me ajudar no plano pois ele estava
dificultando o contato, então bolamos umas estratégias muito boas
juntos e irei começar parte do plano ainda hoje, nosso plano já
havia sido revisado dias atrás, e estava perfeito, por isso, nada iria
acontecer.
Quando recebi minha encomenda, logo abri a caixa de papelão,
onde existia meu uniforme de entregador e segui até o endereço
de Anthony, minha investigação foi muito bem feita, eu sabia dos
horários de rotina do rapaz pois precisava colocar o plano em ação
então o acompanhei de perto também.
Quando cheguei no prédio do garoto, para minha sorte, não havia
nenhum porteiro na recepção, então foi fácil o acesso, e assim que
ele abriu a porta, seu rosto de capa de revista me analisou,
acredito que ele tenha visto algumas características parecidas com
Marcelly, mas não dei tempo para ele analisar muito, logo apontei a
arma que estava dentro da caixa que forjei para ser uma
encomenda, e fazendo um gesto para dentro do apartamento, eu
dei passos à frente.
— Acredito que não me conheça, Sr. Beckham.
Ele baixou as mãos em punhos e engoliu em seco ainda em
silêncio quando já estávamos em seu apartamento e fechando a
porta atrás de mim, eu murmurei enquanto ele estava me olhando
atentamente.
— Sou Albert Montes Benett. Pai da Marcelly.
Ele fechou a cara de imediato, e trincou a mandíbula num misto de
raiva e incredulidade.
— Marcelly nunca mencionou ter um pai.
Achando graça do seu comentário, eu baixei a arma, um sorriso
aberto em meus lábios surgiu.
— Eu também não falo para outras pessoas que tenho filha,
ela é inútil, só iria me atrapalhar ainda mais.
Capítulo 17
Anthony Beckham
Quando acordei, uma dor aguda apontava em minha cabeça.
Fechei os olhos e os abri franzindo a testa, quando comecei a
lembrar o que houve, levantei do chão e vi que minha porta estava
destruída, havia uma mala de mãos que não me parecia estranha,
e do outro lado da sala, meu celular vibrava.
A muitos dias estive longe de tudo, minha família entrava em
contato comigo, mas eu resolvi dar um tempo de New York, o que
aconteceu comigo e Marcelly aquele dia foi muito doloroso para
mim, e decidido a não a procurar mais, me afastei totalmente, mas
está doendo tanto, que estou quase reconsiderando a minha ideia
e pensando em me ajoelhar aos seus pés e implorar para que ela
fique comigo pois não é possível que ela não sinta nada por mim.
Apesar de ter voltado para Itália, eu me sinto mal diariamente e
parece que foi arrancado um pedaço de mim, provavelmente
Marcelly não estava sentindo minha falta como eu desejaria e por
isso não me procurou, mas confesso, se ela quisesse apenas
transar comigo, acredito que eu cederia novamente, meu tio
Charles, disse que eu precisava me controlar e criar respeito por
mim, pois provavelmente Marcelly está se auto protegendo de algo
em relação a nós e eu deveria ter o mesmo respeito por mim e só
por isso eu ainda não a procurei, pois sinto que preciso me
respeitar antes de qualquer coisa pois ninguém deve se humilhar
tanto por um sentimento e com muita dor no peito, os dias
passavam e eu não recebia notícias da mulher que eu tanto amo.
Sacudindo a cabeça, tento focar no que está a minha frente,
olhando para minha sala de visitas, comecei a forçar a mente para
lembrar de algo, quando meu celular começou a tocar novamente,
mas o ignorei, apenas olhando tudo com muita confusão na
cabeça, memórias embaralhadas e de fato, não consegui distinguir
o que de fato aconteceu, quando algo surgiu em minha mente, me
dando uma certeza absoluta.
A mala é de Marcelly.
O que houve? Por que ela não está aqui?
Olhei em volta e encontrei a arma que eu havia chutado para longe
quando aquele homem apanhou de mim e me direcionando até a
mala, vejo que tem roupas e uma carteira, e abrindo-a, vejo os
documentos pessoais de Marcelly e meu coração acelera no peito
quando meu cérebro começa a raciocinar direito.
— Porra, ela está em perigo.
Minha mente logo engatilhou o sinal de alerta, quando meu celular
começou a tocar novamente e fui pegar para ver quem insistia
tanto e um número desconhecido brilhava na tela, de imediato
atendo.
— Alô.
Murmurei sentindo meu peito apertar.
— Olá, Anthony.
Ouço o tom de voz debochado e masculino surgir do outro lado da
linha, e logo sinto um sentimento parecido a nojo percorrer todo
meu corpo.
— O que você quer?
Capítulo 18
Marcelly Benett
Aurora Ronalds
Óbvio que amo o Anthony, caso contrário, não teria levado os tiros
para protegê-lo.
Mas se eu soubesse que iria poupar a vida daquela filha da mãe,
acho que teria arriscado tudo mais uma vez.
— Estou liberada?
Perguntei ao delegado, sentindo um misto de raiva e tédio e
levantando meus pulsos em direção a ele, arqueei a sobrancelha,
para que ele retirasse as algemas rapidamente.
— Tenho coisas a fazer.
Retruquei impaciente e ele fazendo muxoxo me olhou feio depois
de tirar as algemas e indicar a saída com a cabeça, depois de
coletar minha assinatura para pagar a fiança.
Logo que cheguei à delegacia após os dias em recuperação pós
cirurgia, ainda fiquei mais uma semana presa, como se eu fosse de
fato uma marginal, já fiz muitas coisas proibidas na minha vida, já
usei vários tipos de drogas e posso dizer que até faço uso de
algumas ainda, mas isso não quer dizer que eu já tenha sido
detida.
É que a proposta do idiota do Albert foi tão tentadora naquele
instante que acabei aceitando sem pestanejar, no fim nada disso
valeu a pena, a essa hora, Anthony deve estar com aquela irritante
que quase me enforcou com os dedos.
Desgraçada, é bruxa, só pode.
Atravessei a rua principal, que levava ao centro da cidade, com o
intuito de pegar um taxi e ir para casa tomar um banho e dormir um
pouco, pois amanhã, estarei na casa do meu homem.
Eu o quero de volta, depois que Anthony saiu da minha vida,
parece que cai num poço sem fundo, tudo perdeu o sentido, e foi
burrada atrás de burrada.
Um exemplo é essa cicatriz na barriga.
Comecei a rir quando lembrei da facada que levei em um dos
meus casos com traficantes.
A mulher entrou no quarto onde estava eu e mais dois homens,
não sei exatamente quem era o marido dela, mas sei que a facada
foi certeira em minha barriga, mas não foi profundo, e posso dizer
com alegria que foi até superficial, se comparado a raiva que
aquela mulher estava sentindo, já que foi necessário, os dois
homens segurá-la para que eu fugisse.
Logo que cheguei em casa, olhei em volta, para o quarto de hotel
precário que estou vivendo, muito diferente do luxo que Anthony
vive e se eu fosse esperta a 10 anos atrás, com certeza teria
desfrutado disso tudo, sem passar pelos perrengues que passei.
Apesar de fazer tudo consciente, meu passado ainda me condena,
olhar Anthony Beckham e ver que ele não é meu, me corrói, as
vezes acho que não é nem por gostar dele, e sim, porque pensei
que ele nunca fosse me esquecer, dando de ombros, vejo que
minha obsessão pelo Beckham é apenas ego ferido, um ego ferido
com 10 anos e toda vez que ele me chuta para longe é como se
aumentasse minha obsessão por ele.
Amanheceu, e eu nem preguei os olhos, meu espelho está
refletindo toda a preparação de pele que fiz para esconder minhas
olheiras escuras, saindo do banheiro, fui até meu roupeiro velho,
na verdade, caindo aos pedaços, esse foi um dos itens domésticos
que comprei antes de usar o que restou do dinheiro em bebidas, e
claro, não foi uma escolha inteligente, escolhi um vestido preto,
curto e justo, da coleção de verão passada.
Gargalhei ao saber que a porra da vida que eu levo, é culpa minha,
e que por ego ferido farei Anthony viver assim também, será fácil
seduzi-lo, sei que ele ainda sente algo por mim, está apenas
adormecido, depois que eu o tiver em minhas mãos, poderei
usufruir de todo o seu dinheiro e do poder que seu nome tem, e
depois trazê-lo para meu mundo, pois é isso que eu faço.
Parei em frente ao espelho novamente, olhando meu reflexo e com
um sorriso frio, eu murmuro.
— Eu levo as pessoas à minha volta para o fundo do poço
comigo.
Capítulo 20
Marcelly Benett
Alguns dias haviam se passado, meu convívio com Anthony estava
sendo muito bom, até que acordei sozinha na cama.
Olhei em volta e não encontrei Anthony por perto, como ele
sempre esteve, então me levantei da cama tranquilamente, me
alonguei e fui até o banheiro fazer minha higiene pessoal, logo que
me olhei no espelho vi a situação crítica em que meu cabelo
estava pois realmente eu estava dormindo mais que o normal e
meu cabelo estava sofrendo as consequências, sem falar na dor
na lombar por ficar muito tempo deitada.
Já com o cabelo devidamente arrumado, fui para a saída do quarto
e logo que fechei a porta, ouço sons de risada e uma voz feminina,
estremeço ao reconhecer aquela voz melosa que logo cedo me
causou enjoo e raiva.
Maldição!
O que ela está fazendo aqui?
Franzindo a testa, fechei meus olhos tentando manter a calma,
minha mente tenta chegar a uma conclusão para essa louca está
aqui, mas nada responde à pergunta em questão, então apenas
decidi aparecer e ver com meus próprios olhos o que está
acontecendo.
Assim que cheguei ao corredor, consigo ver a claridade tomando a
cozinha, acredito que seja por volta das 9h da manhã ou mais, logo
que apareço na cozinha, parece que ninguém reparou em mim,
então vejo Anthony sentado em um banco na divisória da cozinha
com uma xícara nas mãos, com um sorriso leve nos lábios,
enquanto Aurora está sentada do outro lado, rindo
escandalosamente de algo, dá para ver que está exagerando, ela
está escorada com os dois braços em cima da mesa, expondo seu
decote cavado, com cabelos soltos, um vestido curto preto, daqui
consigo ver uma marca através do tecido fino do vestido, sãos os
curativos, e por Deus, eu queria apertar justamente aquele lugar
para fazê-la sentir dor pois o que me deu mais ódio, foi ver que
Anthony parecia muito relaxado na presença dela.
E de imediato senti vontade de dar uma voadora nela e enfiar os
dedos nas feridas que as balas deixaram em suas costas, mas
apenas me aproximei dos dois e murmurei.
— Bom dia.
Pois sou muito educada e o recalque dessa mulher não vai matar a
minha elegância, muito menos a minha educação.
Assim que falei, Anthony se virou para mim e esboçou um sorriso,
seus olhos brilharam ao me ver mas ele não se aproximou de mim,
não me deu um beijo nem nada, apenas pegou uma xícara e
preparou meu café com leite, sorri com seu gesto, quando ele
parou a minha frente, fiquei na expectativa de receber um beijo e
assim eu iria esfregar na cara dessa filhote de víbora que Anthony
tem dona, mas me deixando decepcionada, ele apenas me
entregou a xícara e murmura.
— Bom dia, Marcelly.
Nesse momento pisquei em silêncio, desacreditando do que
aconteceu, pois em outros momentos Anthony não conseguia ficar
longe de mim, essa cena de agora me cortou o coração me
deixando ainda mais raivosa e repetindo para mim mesma, pensei
que eram os hormônios tomando conta.
Engolindo em seco peguei a xícara e me aproximei da mesa, onde
havia uma mesa farta de comida para o café da manhã.
— Marcelly, bom dia.
Ouvi Aurora murmurar com um sorriso nos lábios, direcionando
minha atenção para ela, vi que ela havia se ajeitado para ficar de
frente para mim.
— Espero que não se importe, eu vim para que possamos
nos tornar amigas, Anthony é uma pessoa muito importante para
mim e ...
Eu sorri, e fiz um gesto com a cabeça ao desviar a atenção para o
belo pão francês que havia na mesa, meu estômago estava
roncando de fome e infelizmente, a presença dela, estava me
tirando a vontade de comer.
Estar grávida para mim está se resumindo a comer, comer e
comer.
— Aurora, não confunda as coisas.
Murmurei estranhando meu tom de voz e controlando um pouco
mais o tom, eu a olhei e disse com um sorriso forçado nos lábios.
Capítulo 21
Marcelly Bennet
Decidida a tomar meu lugar na vida de Anthony resolvi deixar claro
que quem está sendo inconveniente é aquela atrevida, então levei
minha refeição de volta para a cozinha e foi nesse exato momento,
que cheguei na cozinha e encontrei Aurora pendurada no pescoço
de Anthony.
Rapidamente, analisei a postura dele, estava nervoso,
sobrancelhas franzidas, mandíbula cerrada e me dando a
confirmação, sua expressão estava deixando claro a sua negativa.
O sangue subiu queimando pelas minhas veias, minhas bochechas
estavam ardendo, meus lábios estavam secos de raiva, avançando
até eles, deixei minha comida em cima da mesa e me aproximei
dos dois, Aurora estava de costas para mim, pressionando
Anthony contra a parede.
Pegando-a pela nuca, apertei meus dedos em volta do seu
pescoço e a puxei para trás com toda a força.
— Eu fui boazinha demais com você, vagabunda!
Balbuciei furiosa, enquanto a afastava do Anthony, que assustado
com a minha entrada repentina engoliu em seco, acompanhando
tudo em silêncio.
Aurora estava se debatendo enquanto eu a enforcava com meus
dedos, quando ela me atingiu com uma cotovelada na costela, fui
atingida ao estado máximo de fúria, com a mão livre desferi um
soco bem no lado que ela havia levado os tiros e gemendo ela se
encolheu e isso foi o suficiente para que eu a jogasse no chão e
desferisse alguns tapas em seu rosto.
— Você está louca, é uma bruxa ou o que?
Ela gritou desesperada tentando cobrir seu rosto, a essa altura
Anthony já estava tentando me tirar de cima da Aurora, me
agarrando com os dois braços na barriga ele me puxou para trás e
num movimento rápido, fechei minhas mãos em volta do pescoço
dele e murmurei.
— Me solte ou vou finalizar você também.
Nesse momento eu sabia que não ia machucá-lo, até porque ele é
o dobro do meu tamanho e estou grávida, mas olhando para o
monte de ossos que está no chão encolhida, sei que ela não me
causará mais nenhum dano caso eu continue batendo nela, então
me afastei quando Anthony me soltou e puxando Aurora pelos
cabelos eu murmurei num sussurro.
— Não sei o que você sabe a meu respeito…
A empurrei em direção a saída, ela bateu de frente com a porta e
se encolheu cobrindo o rosto, tremendo de medo.
— Mas esse homem é meu!
Peguei Aurora pelo pescoço, abri a porta do apartamento e a
joguei para fora.
— Não ouse aparecer nunca mais em nossas vidas ou você
se arrependerá.
Nesse momento a mulher saiu correndo, tropeçando e chorando.
Eu olhei para minhas mãos vermelhas, depois olhei para Anthony
que estava com uma linha firme em seus lábios, sua expressão
dizia que ele queria falar algo mas estava se controlando, então
simplesmente fechei a porta e andei em direção ao quarto.
Tentando recuperar minha sanidade, comecei a andar de um lado
para o outro, de repente, vários pensamentos começaram a surgir
e se de fato eu perdi totalmente a razão batendo naquela garota já
não importa mais, pois está feito, ela me provocou, tentou roubar
meu homem na cara dura e mereceu.
Pegando meu celular, liguei para Yven, que atendeu no segundo
toque, nesse instante a adrenalina estava diminuindo e de repente
me senti mais suja do que qualquer coisa.
— Oi Celly. Bom dia!
Eu suspirei ao ouvir sua voz e fechando os olhos, respondi
controlando a minha voz.
— Yven, eu acho que fiz merda.
Ela pausou por um tempo e então perguntou.
— O que houve?
Engoli o bolo que se formou em minha garganta, o peso em meu
peito estava se fazendo presente ao lembrar que ameacei bater
em Anthony caso ele se metesse entre mim e Aurora.
Fechando os olhos ainda com o celular em meu ouvido eu me
aproximei da poltrona de frente para a sacada e me acomodei,
decidida a desabafar com a minha amiga, pois não posso ficar
guardando meus sentimentos desse jeito caso contrário, despejarei
tudo em cima do Anthony, pois o fato de eu ter ficado com tanta
raiva foi justamente por ele ter dado corda para as investidas da
Aurora.
— Como está se sentindo? Fala comigo.
Ouvi Yven murmurar num tom ansioso e então murmurei.
— Estou uma pilha de nervos, não estou conseguindo aturar
mais nada.
Yven pareceu entender e confirmou.
— Sei bem como é, mas logo esse período passa.
Eu puxei o ar para meus pulmões e olhei para a varanda, Yven
perguntou.
Marcelly Benett
Apesar de não estarmos casados, Anthony pediu para que eu
morasse com ele por um tempo, pois falta pouco para sua
formatura, ele quer retornar para New York e exercer seu trabalho
como pediatra lá mesmo e quando isso acontecer, já quer ficar
num cantinho só nosso.
Nossa vida junto está sendo muito bem planejada, consegui passar
a minha gestação sem problema, e Antonella nasceu saudável, ela
é uma bebezinha adorável e bochechuda.
Minha bebê já tem 2 anos e está andando por todos os lados, e
aprontando todas desde cedo, acredito que tenha puxado um
pouco o lado do papai, que vive incentivando-a a explorar tudo a
interação dos dois está sendo incrível.
Lembro-me que um dos meus maiores medos era que Anthony me
deixasse no meio da gestação ou quando tudo ficasse difícil, mas
me provando o contrário, meu namorido está sendo perfeito para
mim e nossa bebê.
Sentada no sofá enquanto observava Antonella dormir, comecei a
lembrar do dia em que entrei em trabalho de parto, eu estava
limpando o quarto da minha bebê apesar de não ser necessário,
pois já estava tudo organizado e limpo mas eu senti necessidade
de limpar e então minha bolsa rompeu, me encharcando
totalmente, e arregalando os olhos me assustei, pois não sabia o
que fazer, Anthony estava para chegar de uma sessão de fotos e
naquele momento eu estava sozinha, então andei bem devagar e
alcancei meu celular e então parei por um momento pois não sabia
para quem deveria ligar, e de repente senti uma dor que veio
diretamente na lombar e me curvei.
— Ah, Deus!
Fechei os olhos e respirei profundamente, então lembrei da minha
amiga, resolvi ligar para ela pois foi a única que pensei que poderia
ajudar em algo, disquei o número da Yven e aguardei, mas caiu na
caixa postal e mais uma dor aguda na lombar e dessa vez
atravessou a barriga e tive a certeza de que era contração e foi
nesse instante que meu celular começou a vibrar e olhando para a
tela, vejo o nome de Anthony brilhar, e atendi rapidamente,
colocando no auto falante do aparelho.
— Amor, estou quase chega…
De repente senti uma outra contração atravessar minha barriga e
soltei um gemido alto e pensei em agachar e berrei com a dor.
— Anthony, por favor! Minha bolsa rompeu, estou entrando
em trabalho de parto.
Minha voz saiu aguda e de repente mais contrações vieram, nesse
momento vi que as contratações estavam muito próximas umas
das outras, com certeza já estava bem dilatada.
— Porra, estou chegando.