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Então você está aqui...
Meu coração.
Minha alma.
E eu vou conceder resposta ao que mais você está morrendo de vontade de saber.
Então vá em frente.
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Tradução: Helo/Lilith/Elizabete
Revisão Inicial: Anfitrite/Nix
Revisão Final: Hera/Cibele
Formatação: Cibele
Disponibilização:
Grupo Rhealeza Traduções
05/2018
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Nós da moderação e Staff do Grupo Rhealeza Traduções agradecemos.
Á todos os Gds Parceiros ou não, que de alguma forma nós apoiaram e que esperaram pela
nossa tradução.
Á todos os Grupos do Telegram que também nos apoiaram e esperaram pelo nosso trabalho.
Á todos os grupos da LIGA que sempre nos apoiam e nos dão carinho, amizade e dias cheios
de risadas e brincadeiras.
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Obrigado do Fundo do nosso Coração!
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PRÓLOGO
Damien
Serena.
O sol começou lentamente a aparecer pela janela. Cada raio de luz que caía
em seu rosto bonito imitava uma bomba-relógio em meu corpo. Apenas me
lembrando que eu não tinha muito tempo com ela.
Eu precisava ir.
Nós nunca tivemos uma chance para ficarmos juntos. Nem por um
momento, nem por um segundo, nem por um beijo roubado ou carícia feita pelos
meus lábios.
Mais culpa.
Mais memórias.
Sua devoção...
Comigo.
Isso a destruiria.
Eu. A. Destruiria.
Permaneci lá, lutando contra o desejo de abraçá-la, dizer que a amava uma
e outra vez, e fazer amor com ela uma última vez, mesmo que eu tenha passado a
noite inteira dentro da sua doce boceta. Adorando-a, totalmente consciente do fato
de que estava arruinando-a para todos os outros homens, e não dando a mínima
enquanto fazia isso.
Mas não era suficiente... Nunca seria suficiente. Nada entre nós foi.
Amira.
Lentamente abri meus olhos, pegando a verdadeira razão pela qual voltei
para a casa, em primeiro lugar. Agarrando Yuly de dentro do meu casaco,
caminhei para o lado da cama onde eu estava deitado e suavemente coloquei a
boneca ao lado dela. Colocando um bilhete em cima de Yuly, com cuidado para
não acordar Amira. Antes que eu soubesse o que estava fazendo, os nós dos meus
dedos acariciaram a lateral do seu rosto. Minha mão flutuava em direção a ela
como se estivesse sendo puxada por uma força que nenhum de nós jamais
entenderia. Uma força que sempre foi muito maior, muito mais poderosa do que
nós.
Uma conexão trazida pela escuridão que se tornou a única luz em minha
vida.
Mesmo em seu sono, ela se derreteu com meu toque quando murmurei. —
Eu sinto muito, sempre vou amar você, Muñeca. Sempre te amarei pra caralho. —
Tocando a ponta do seu nariz, dei uma última olhada em seu corpo imóvel, e
quando estava prestes a virar e sair, ela murmurou de volta. —Sempre te amarei,
também. —Em seu sono.
Ela.
Agora, tudo o que restou de nós foram lembranças. Memórias eram o que
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me consumiam agora, imagens destruindo a vida na minha cabeça.
—Amira, meu nome é Damien. Você pode me olhar, por favor? Eu preciso
que você olhe para mim... Você pode fazer isso por mim?
A próxima coisa que soube era que estava batendo a porta do meu carro,
trocando a marcha e dando o fora dali. Tentei me livrar dos meus pensamentos
implacáveis, tocando a música o mais alto possível. O sistema de som explodindo
"Carol of the Bells" através dos alto-falantes. Batendo alto e forte em minha mente,
imitando as batidas do meu coração e o zumbido nos meus ouvidos.
Amira.
—Temos de ir.
Eu trouxe sua atenção de volta para mim. —Para onde? Para onde eu
vou? —Ela sussurrou alto o suficiente para eu ouvir.
—Você promete... você promete que não vai me machucar? Estou segura
com você? Dos monstros...
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Pela terceira vez esta noite, senti como se tivesse levado mais uma bala
no meu maldito coração. Então simplesmente respondi. —Você está segura
comigo, Muñeca.
Ela nunca esteve segura comigo. Nem um dia ela esteve segura comigo.
Ou... De mim.
Não agora.
Nem nunca.
—Você sabe tanto quanto eu... Ela não é mais uma garotinha. Quanto
mais velha ela fica, mais ela descobrirá a verdade. Um dia em breve, não serei o
homem que a salvou. Serei apenas mais um maldito monstro que assombra
seus sonhos.
Meus pneus jogaram cascalho quando entrei numa curva, sem tirar o pé do
acelerador. Mudando de marcha deslizei lateralmente para a reta onde mudei o
câmbio com força para a terceira e quarta marcha. Acelerando para sair do meu
maldito inferno pessoal. A música não fez nada para abafar meus pensamentos
impiedosos.
Ninguém teve.
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—Eu prometo que vou ouvir tudo o que você disser e me mandar fazer. Eu
juro que vou parar de te provocar. Eu vou parar de acordar no meio da noite. Eu
farei o que for preciso para você não me mandar embora. —Ela implorou, sua voz
se quebrando. Ofegando por sua próxima respiração.
—Então, por quê? Por que você está fazendo isso? É porque seu pai sabe
sobre mim? Ele não vai contar. E se ele contar, não importa. Eu vou me esconder!
Isso é no que sou boa, você mesmo disse! Eu não saio de casa. Eu ficarei no meu
quarto. Eu não me importo!
—Uma que eu estaria com você! E Rosarío! A única vida que conheço!
—Filho da puta! —Rugi até que minha garganta parecia ferida e meu peito
queimava, batendo meus punhos no volante. —Por que você não me ouviu? Por
que você nunca me escuta? —Briguei comigo mesmo, empurrando meu pé mais
fundo no acelerador.
Cento e doze...
O seu gosto.
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O seu toque.
O seu cheiro.
—Jesus Cristo, isso não vai parar! Nunca vai parar! Apenas faça isso parar!
—Supliquei por não sei o que, lembrando de todas as vezes que a machuquei. Uma
vez após a outra sem um fim à vista.
—Você era tão carente com o seu Papi? Sempre no pé dele, implorando por
mais atenção? Eu já não te dou o suficiente disso? Tudo que faço é prover para
você...
—Para mim, é apenas mais um dia para você querer alguma coisa.
Então, que porra eu posso fazer por você agora?
—Por quê? Por que você continua fazendo isso comigo? O que eu fiz para
você, para você me tratar assim? Eu não sou seu capacho, Damien! Pare de me
tratar como um...
—Como diabos isso aconteceu? Como pude fazer isso com ela? Que porra
é essa?!
—Vire, apenas vire o carro e corrija isso! Ainda há tempo para corrigir
isso! —Gritei, batendo meu punho no volante novamente. —Cala a boca! Você não
é bom para ela! Você nunca foi bom o suficiente para ela! Você não é nada além
de um maldito monstro! É quem você é!
Mais rápido...
Mais rápido...
Mais rápido...
Saí da casa de Rosarío ontem à noite com toda a intenção de não olhar para
trás. Finalmente deixando Amira, a libertando. Tão longe de mim quanto fosse
humanamente possível, onde ela sempre pertenceu. Fui até ela por um motivo.
Para me despedir.
Como tudo com Amira, a visita tomou seu próprio caminho. Sua própria
vida, seu próprio maldito destino. Pela primeira vez, eu disse a ela que a amava.
Me desculpei por toda a merda que a fiz passar, e todos os arrependimentos que
nunca poderia mudar.
Todos os momentos entre nós seriam para sempre uma parte de mim,
gravada tão profundamente em minha mente, exatamente onde pertenciam. Me
arrependi de meus pecados, querendo dizer cada palavra, e deixá-la para trás.
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precisava e não podia viver sem.
—Vim aqui para te desejar um feliz aniversário, para te dar o seu
presente, e dizer que amo você, Muñeca. Não importa o que, eu sempre irei te
amar. Preciso que você lembre disso. Você acha que poderia fazer isso por mim?
Depois de dar o meu presente e dizer adeus, dirigi alguns quarteirões pela
estrada antes de pisar nos freios, derrapando no asfalto molhado quando me
lembrei que ainda tinha sua boneca, Yuly. Nem no inferno que eu ia tirar Yuly dela
também. Virei o carro com um coração pesado e uma consciência culpada.
Rezando em silêncio para que não tivesse que ver seu belo rosto novamente.
A euforia.
Maldita tristeza.
Vazio.
Escuridão.
Engolindo.
Uma e quinze...
—Sou eu, Muñeca. Preciso ver o que sempre foi o meu, porra.
—Damien, eu sou...
—Então me tome.
Eu juro que não sabia que ela ainda era virgem. Somente quando senti cada
centímetro de sua boceta no meu pau que eu soube que estava roubando mais uma
parte dela que nunca deveria ter pertencido a mim. Escondi meu rosto na curva do
seu pescoço, sabendo que deveria ter parado ali, pondo um ponto final antes
mesmo de começarmos, mas cada pedacinho de meu corpo e mente se recusou a
deixá-la ir.
Estava além do meu controle, ela sempre esteve além do meu controle,
então fingi que era um outro momento, em outra vida, que ela e eu poderíamos
ficar juntos.
Para sempre.
Uma e meia…
Duzentos e vinte…
Respirei fundo, ofegando por ar. Meu coração batendo tão forte que pensei
que as batidas me arrancariam da força da minha própria raiva. Fechei meus olhos
para permitir que o destino seguisse seu curso.
E então…
—Porra! —Pisei no freio, derrapando pela calçada. Fazendo com que meu
carro saísse do controle, girando em torno de cento e oitenta graus, junto com todas
as nossas lembranças se revirando e dando voltas enquanto eu apenas aguardava
com os olhos arregalados. Tudo que eu podia sentir era o cheiro da borracha,
gasolina e de meu próprio medo. Vendo as lágrimas caindo dos olhos de Amira
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enquanto ela estava acima do meu túmulo no meu funeral. Desaparecendo nas
árvores e o ar ao meu redor quando meu carro parou abruptamente, puxando meu
corpo com força.
Havia silêncio.
Palavras.
Lembranças.
Quando meus olhos viram o nome na tela da pessoa que acabou de salvar a
porra da minha vida...
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CAPÍTULO UM
Damien
Mais tarde naquela noite, estava encostado no capô do seu carro, fumando
um cigarro, quando eles saíram pela porta dos fundos do prédio por volta das dez
horas da noite. Era uma das muitas propriedades seguras que ele possuía, sem
ninguém nas proximidades. Bem do jeito que ele gostava.
Ele riu, balançando a cabeça antes de acenar para seus guardas. —Tire-a
daqui. Vá esperar por mim no carro.
Afastei-me do seu carro, observando Pedro abrir a porta de trás para ela
entrar. Meus olhos se encontraram com um par de olhos verdes esmeralda por
alguns segundos. Seu olhar sensual me dizendo tudo o que eu precisava saber antes
de inclinar a cabeça, entrando no carro.
—Estou feliz por você estar aqui. —Declarou Emilio, trazendo minha
atenção de volta para ele. —Nós precisamos conversar.
—Tenho os federais na minha cola, Damien. Esses filhos da puta não irão
embora. Preciso que você faça algum trabalho de base para mim. Descubra tudo o
que puder sobre esses merdas e o que eles sabem. Eles estão farejando por toda
parte, e eu preciso saber quais porra de cachorros derrubar. Não são só eles, acho
que alguém está colaborando com o inimigo.
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—Não sei nada, e você sabe o quanto eu odeio não saber. Você já ouviu
alguma coisa?
Ele se virou para mim quando chegamos ao meu carro, estreitando os olhos
em questionamento como eu tinha visto muitas vezes, mas neste momento ele tinha
que saber que eu não dava a mínima. —O que aconteceu com você, hein? Apenas
descubra quem são eles e me traga a porra de suas cabeças. Você me entende?
Ninguém me trai e vive para contar isso. Você é o único em quem confio, Damien.
—Damien, não brinque comigo. Seja sério sobre o que você diz e diga o
que quer dizer. Ele deu um passo à frente, indo direto ao meu rosto. —Agora fale!
Eu sorri. —Quem disse que quero falar, quando sou tão bom com os jogos.
Talvez eu deva começar dizendo parabéns. Você tem o que queria, o que você
sempre quis. Pena que teve que ser a sua amante e não sua esposa para finalmente
dar o que você queria.
—Eu descubro tudo, Emilio. Foi como você me criou. Incluindo o que a
garota esperando em seu carro significa para você. Então, vou perguntar de novo.
Você achou que eu não descobriria?
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—Isso é o que eu pensei.
—Ouça, é...
O suor começou a banhar sua testa enquanto ele contemplava sua resposta.
Esfregando a nuca, claramente nervoso pra caralho. Resisti ao impulso de rir na
cara dele quando ele concluiu. —Você está ferido porque guardei algo de você.
Essa não foi minha intenção, filho. O que você quer que eu diga? Tenho que
protegê-la, você sabe mais do que ninguém como as coisas são.
Observando.
Esperando.
—De quem você a está protegendo? Ou melhor ainda, por que você a está
protegendo? Todos, inclusive sua esposa, sabem que você fode com prostitutas.
Então, tente novamente.
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Eu ri, não pude evitar. Tanto quanto estava curtindo o show, eu precisava
acabar com isso. Colocando as mãos na minha frente em um gesto de rendição,
acenei para ele.
Ele olhou para mim, ainda sem saber aonde eu queria ir com tudo isso.
Observando cada movimento meu com um olhar cauteloso.
Para ela.
Não pensei duas vezes, falando com convicção. —Você me disse uma vez
que a única maneira de fazer um homem pagar por seus pecados... É sempre ir
atrás daqueles que ele mais ama.
—Eu não estou falando dela. Nós dois sabemos que você não dá a mínima
para a mulher. —Fiz uma pausa, permitindo que minhas palavras fossem
absorvidas. Dando uma última e longa tragada do meu cigarro, exalei. —Estou
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falando dele.
Vulnerável.
Exposto.
Morrendo de medo.
Não havia como no inferno ele esquecer as próximas palavras que saíram
da minha boca.
O que aconteceu nos próximos segundos foi de forma tão rápida, ainda que
em câmera lenta. Joguei meu cigarro aceso no chão ao lado dele, causando um
efeito dominó. Uma súbita explosão de luz iluminou o espaço escuro quando o
fogo encontrou a linha de gasolina do meu carro ao dele. Seguido por um rápido
som crepitante, ecoando pelo estacionamento vazio.
Juro que ouvi o grito da mulher antes da explosão inicial, sabendo que ela
estava prestes a queimar. O corpo de Pedro foi jogado pelo impacto, causando sua
morte imediata. Enquanto cacos de vidro e aço ricocheteavam nas lixeiras e
tapumes de metal. As janelas do prédio se quebraram pela pressão e pelo caos
quando chamas atingiram o céu. Quando o fogo atingiu o tanque de gasolina, uma
segunda explosão acendeu, levantando o carro do chão e batendo de volta para
baixo, fazendo o pavimento sob nossos corpos tremer. Disparando os alarmes dos
carros à distância.
Quando ficamos em pé, já era tarde demais. Emilio estava tão atordoado
tentando descobrir o que aconteceu. Seu carro engolido pelas chamas e pela
queima dos detritos. Partículas de vidro caindo sobre nós, no asfalto, enquanto
mais pedaços de seu carro caíam em torno de nós. Uma nuvem escura de fumaça
saiu do veículo enquanto um fluxo interminável de escombros e destruição enchia
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o estacionamento. O cheiro de carne humana misturado com o cheiro de gasolina e
metal derretido agrediu nossos sentidos. Consumindo Emilio com tristeza e
desespero pelo que acabara de acontecer.
—Seu filho da puta! —Em dois segundos, ele tirou suas armas dos coldres,
e não tive que questionar suas intenções.
O Meu.
Movi meu traseiro assim que as balas começaram a voar pelo meu rosto,
uma após a outra. Jogando meu corpo, cabeça primeiro, debaixo do meu carro,
uma bala pegando no meu braço. Ignorei a dor aguda e latejante percorrendo meu
corpo enquanto rolava para o lado do motorista para buscar cobertura atrás do meu
carro. Emilio só carregava duas Glocks com uma capacidade padrão de nove tiros
em cada uma. Ele nunca precisou de mais que uma bala com o arsenal de guardas
ao seu redor em todos os momentos. Agora, ele estava tão louco para acertar minha
cabeça, que não estava ponderando que logo ficaria sem balas.
Soltei o cinto e o tirei das alças do meu jeans, puxando-o e usando-o como
um torniquete no meu braço para parar o sangramento. Não demorou muito para
ouvir os cliques de vazio nas câmaras de suas armas, revelando que ele estava sem
munição.
Ele olhou para mim com os olhos entrecerrados, consciente do fato de que
acabei de assassinar sua prostituta grávida. Era o seu momento da verdade,
provavelmente o primeiro em sua vida miserável.
—Eu sempre quis fazer isso. Você sabe. —Dei de ombros. —Fica um
pouco cansativo sempre tirar a vida das pessoas do mesmo jeito, tão chato se
comparado a explodir coisas. É bom apimentar as coisas também, as mantêm
interessantes. Quero dizer, você viu seu carro explodir? Pff... Agora, isso é uma
merda boa!
Seu peito arfava e seus olhos ardiam. Tenho certeza de que tudo o que ele
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viu era vermelho. Raiva não chegava nem perto de descrever como ele se sentia.
Ela assumiu cada fibra do seu ser.
Seus olhos redondos se arregalaram e sua boca abriu enquanto ele apertava
as armas em seus lados. Calmamente coloquei minhas mãos nos bolsos,
caminhando até ele. As solas das minhas botas queimaram assim que cruzaram a
linha imaginária que sempre esteve entre nós. Segui adiante no piloto automático
como um homem possuído, e de certa forma, eu era. Eu tinha sido minha vida
inteira. Podia sentir fisicamente o peso dos grilhões ao redor dos meus tornozelos a
cada passo que eu dava, arrastando-os para junto de mim. Exceto que eu, de bom
grado escolhi as correntes que eu usava. Elas eram apenas outra parte que eu
adicionei às minhas cicatrizes de batalha, tilintando junto a vida.
Amarrado as lembranças.
Arrependimentos.
Erros.
Minha vida.
Cada passo que dava até atingir meu objetivo final me lembrava da vida
aprisionada que nunca desejei. A vida que me escolheu, no entanto.
Um pé na frente do outro.
Quatro passos.
Três passos.
Dois passos.
Um.
Parei bem na frente dele. Não haveria mais mentiras para ele vomitar, sem
mais ordens para eu seguir. Pelo menos, não mais.
—Sem balas, hein? Te conheço melhor do que você mesmo. Peguei minha
arma e apontei para o seu coração. —Se eu atirar em você, você vai sangrar?
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—Vá se foder, seu filho da puta! Eu confiei em você! Dei tudo a você. —
Ele apertou o maxilar. —E é assim que você me paga?! Vou ter a porra da sua
cabeça por isso, Damien! Mesmo que isso signifique que eu tenha que voltar da
sepultura, seu filho da puta!
Inclinando a cabeça para o lado, o enfrentei com um olhar morto nos olhos.
—Qual o motivo da consulta de hoje? Bem, vamos ver… na semana passada você
descobriu que o bebê tem um pau, então hoje confirmaria que ela está realmente
carregando sua porra de Satã, certo? Jamais se poderia ter certeza com uma
prostituta.
Seu peito subiu e desceu com cada palavra cruel que saía da minha boca.
—Quem diabos você pensa que é?!
—Eu sou o homem que você me fez ser. Você deveria estar me
agradecendo agora. Eu poderia tê-la fodido e torturado na sua frente, mas não fiz.
Em vez disso, ela morreu instantaneamente junto com seu filho bastardo.
Ele me bateu com a coronha de sua arma, fazendo meu rosto recuar pelo
seu golpe. Ri, me afastando. Cuspindo sangue a seus pés antes de limpar minha
boca com as costas da mão. —Vou deixar você ter isso, considerando que acabei
de matar sua prole.
—Por quê? Depois de tudo que fiz por você! Você me deve uma
explicação!
—Eu não te devo porra nenhuma! Eu sou o cara que está falando com os
federais! Eu sou a porra do espião que você me mandou procurar, seu idiota. Tem
sido muito divertido vê-lo todos esses meses, cavando seu próprio túmulo com
cada impulso em sua prostituta. Transformando você num pau mandado enquanto
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ela me dava todas as informações que você compartilhava com ela. Mas você sabe
qual foi a melhor parte, Emilio? Ver você se contorcer em sua cadeira, tentando
descobrir quem estava alimentando os federais quando estava bem debaixo do seu
maldito nariz o tempo todo. Quem diria que tudo o que você construiu poderia ser
derrubado por um rabo de saia. Acho que o ditado sobre as mulheres no seu caso
deve ser verdadeiro: nunca confie em nada que sangra por dias e não morre, porra.
No entanto, isso não tirou o meu prazer de confirmar tudo para ele.
Pensei em fornecer as provas que os EUA queriam sobre ele, mas não teria
sido o suficiente, nem uma punição severa e brutal. Nem a morte. Tirando tudo que
ele sempre quis, incluindo a minha lealdade. Virando as costas para ele e saindo
com tudo o que ele me ensinou, passando para o outro lado, sendo aliado do seu
pior inimigo.
Agora isso…
Fui para o meu voo particular são e salvo, contemplando suas últimas
palavras para mim durante a maior parte do voo. Sabendo que ele estava certo, eu
me tornaria exatamente como o homem que eu desprezava. Aquele que me ensinou
tudo que eu sabia, nada mais do que sangue e violência. Tirei muitas vidas em
nome de Salazar ao longo dos anos, e cada morte arrancou uma parte da minha
alma, mas esta morte hoje à noite, esta morte me trouxe uma sensação de justiça.
Essa era a minha maneira de vingar a família de Amira, minha maneira de
compensar por não ter sido capaz de salvá-los todos aqueles anos atrás, e por mais
que quisesse dizer a Emilio o verdadeiro motivo da morte de seu filho ainda não
nascido...
Eu não podia.
Ao lado de Emilio.
Por Amira.
Deixei a única luz da minha vida na cama com a única pessoa que sempre
seguraria minha alma. Costumava pensar que a perdi para o comunismo na noite
em que nos conhecemos, mas não.
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Foi para Amira.
El Santo.
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CAPÍTULO DOIS
Damien
Comecei a viajar pelo mundo não muito tempo depois de vir para a
América. Dentro de três anos, eu tinha visto Austrália, Paris, Nova York, Florença,
o Grand fodido Canyon só para citar alguns nomes. Visitei todos os lugares que ela
sempre quis ver, a lembrança dela sendo minha única companheira. Querendo fugir
da realidade das minhas ações, buscando consolo a cada quilômetro que percorria
sozinho. Finalmente tive a liberdade que sempre quis, que sempre rezei, e sempre
soube que merecia. No entanto, sentia-me mais prisioneiro agora do que em toda a
minha vida.
Eu tinha trinta e um anos de idade, e ver o mundo sem ela ao meu lado era
uma vida muito pior do que a porra da morte. Andei sem rumo pelas ruas de
Amsterdã, sozinho, percorrendo outra cidade que ela sempre quis visitar. De
alguma forma, sentia-me mais próximo dela, mesmo sabendo que estava tão longe.
Era o único momento em que eu me sentia vivo, vivendo dia a dia com as
constantes lembranças das coisas que nunca poderia mudar, é apenas mais um
fardo que carrego comigo.
Juro que houve momentos em que poderia tocá-la, senti-la, respirá-la. Ela
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estava em toda parte. Sua presença preenchia o vazio ao meu redor, mas tudo o que
restava de nós eram ecos, e os ecos eventualmente desapareciam. Sumiam como
poeira ao vento. Era como se tivesse sido apenas um momento, uma oportunidade
única, tentando lembrar-me como se eu pudesse esquecer.
Qualquer coisa.
Tudo.
Dela.
—Você vai me levar para Amsterdã? Quero ver onde ela morava com a
família enquanto se escondiam dos nazistas.
—Ela era como nós, Damien. Presa em uma vida que nunca desejou, a
um homem maligno que tentou matar seu espírito, mas isso nunca a impediu
de acreditar no bem maior. Quero ir para o lugar que eles se esconderam e dizer a
ela que acredito nisso também. E por causa disso, nós escapamos da nossa
prisão.
Recuei, sem palavras por sua revelação. Ela tinha apenas doze anos de
idade e era mais perspicaz do que qualquer pessoa que já conheci. —Amira...
—Sei que você não acredita, mas tudo bem. —Ela assertivamente
concordou, já ciente do que eu ia dizer. —Acredito o suficiente por nós dois. Nós
sairemos de Cuba e nos afastaremos de Emilio Salazar para viver uma vida de
liberdade. Sei que vamos porque você nunca parará até que isso aconteça. Então
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me prometa que você irá me levar lá, ok? Quero deixar uma rosa para agradecê-la
por ser corajosa como nós.
Estava tão absorto em minhas memórias, na dor que dilacerava meu peito,
e nos demônios agonizantes em meus ombros, que nem percebi que estava sentado
num bar, até que o barman perguntou. —O que vai querer, cara? —Me afastando
dos meus pensamentos.
—Onde estou?
—Um clube subterrâneo. Você está bem, cara? Você parece ter visto um
fantasma.
Não lhe dei atenção porque, com o canto do olho, observei outro barman
abrindo o que parecia ser uma embalagem de doces com cristal em pó marrom
dentro. Ele nem tentou ser discreto quando colocou a substância na bebida do cara,
entregando-a a ele com um sorriso no rosto.
Arqueei uma sobrancelha, olhei de volta para o meu barman e acenei para o
cara ao meu lado.
Seus olhos se arregalaram, rindo. —Cara, você vai ficar tão fodido. Você
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deveria bebericar, não engolir num só gole. Isso é puro MDMA1, não é misturado.
Não é como essa besteira que vocês chamam de Ecstasy ou Molly nos Estados
Unidos. Sugiro que você comece a beber um pouco de água. —Ele me deu uma
garrafa gelada. —Essa merda vai te atingir forte e rápido.
Eu não tinha experimentado drogas até chegar aos Estados Unidos. Fumei
algumas vezes enquanto estava em Cuba, mas nada comparado à merda que os
colombianos estavam transportando para Miami. A mesma merda que eu tinha
sujado minhas mãos. Envolvendo-me em um pouco disso e daquilo, mas sempre
permanecendo sob o radar.
O que a cocaína verdadeira faz você sentir? Bem, ela faz você desejar
cheirar mais cocaína, e foi por isso que não usava com muita frequência. Eu odiava
ficar alto, não era a minha vibe. No que se referia a Molly e Ecstasy, era uma droga
de clube, que nunca tentei até este momento. Qual é o ditado? Quando em Roma e
toda essa merda… Principalmente, eu só queria esquecer.
Dela.
Deles.
De mim.
A lei.
Corrupção política era tudo que eu já conhecia, não havia razão para mudar
de profissão. Eu só não queria mais ficar sob o domínio de Emilio Salazar. Eu não
podia mais fazer essa porra, nem por mais um dia. Passei uma década da minha
vida curvando-me àquele monte de merda, sabendo que sempre deveria fazer algo
mais, ser um líder, nunca um fodido seguidor. Provando-me dia após dia. Eu vim
para os Estados para dividir e conquistar.
Nada mais.
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A metilenodioximetanfetamina (MDMA) denominada popularmente ecstasy, é uma substância psicotrópica
usada frequentemente como droga recreativa. Os efeitos recreativos desejados mais comuns são aumento da
empatia, estado de euforia e sensação de prazer. Quando ingerida por via oral, os efeitos têm início após 30 a 45
minutos e duram entre 3 e 6 horas
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Nada menos.
Exceto que o mal nem sempre se esconde nas sombras, na escuridão como
eu me escondi em Cuba. Na maior parte do tempo, estava ao ar livre, à vista de
todos. Possuindo o homem que você menos espera. Quem todo mundo achava
que...
—Não há descanso para os ímpios. —Sorri, virei e deixei o banco que tinha
ocupado por quem sabe quanto tempo. Caminhando para onde a noite me levasse,
diretamente para o buraco do coelho. Senti como se estivesse caminhando sobre a
água, invisível como a porra de um Deus. Uma estranha sensação de formigamento
transpassou meu corpo enquanto passeava no prédio pelo mesmo corredor com
luzes de néon brilhante piscando. Fodendo com os meus sentidos. Tentando chegar
à próxima sala, de onde vinham batidas de música pesadas.
A certa altura, estendi a mão para tocar os raios de luz só para ver se eram
reais, ou se minha mente estava me pregando peças. Quanto mais perto chegava de
onde a música vibrava forte contra os alto-falantes, maior era a vibração do meu
coração em meu peito. As batidas e melodias pareciam ser parte de mim. Exigindo
o movimento de cada fibra do meu ser.
Meu mundo estava girando fora de seu eixo. Todas as cores e movimentos
pareciam arte caleidoscópica, mudando de posição, tudo se tornando mais brilhante
e vivo a cada segundo que passava. Observei um universo alternativo ganhar vida
através de olhos com alta definição, de uma maneira que nunca fiz antes. Sabia que
minhas pupilas deviam estar tão dilatadas para poder enxergar tão claramente.
Com o DJ tocando e as luzes girando ao meu redor, parecia que eu e a multidão
estávamos agora conectados pela vibração da música.
Cada batida, cada gota, cada letra... nós estávamos ali com ele. Fechei
meus olhos como todas as outras pessoas fodidas dançando como loucos,
inclinando suas cabeças para cima, deixando a melodia da música nos levar.
Batendo no meu corpo, mente e alma. Fechei meus olhos por mais alguns
segundos, saboreando a euforia que surgia através de mim. Absorvendo o máximo
que pude.
Minutos…
Horas ...
Dias…
Do nada, por puro instinto, emoção e sentimento, senti-a antes de vê-la. Ela
apareceu do nada bem diante dos meus olhos.
Meu anjo…
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CAPÍTULO TRÊS
Damien
Celestial porra.
Queria fechar meus olhos e sacudir minha cabeça, ocultar ainda mais
minhas lembranças favoritas dela no fundo da minha consciência atormentada,
sabendo que provavelmente era apenas mais uma ilusão da minha mente infestada
de drogas, mas eu não poderia me obrigar a fazer isso. Eu nunca pude.
Um minuto.
Amira.
Cinco…
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Quatro…
Três…
Dois…
Um.
Até que não houvesse mais passos para dar. Sem mais jogos para brincar,
até que tudo desapareceu: a música, as luzes, a multidão.
Ninguém mais.
Ela não tinha ideia de quanto poder tinha sobre mim. Ela nunca teve.
Juro que eu vi toda a minha vida piscando diante de seus olhos quando
estendi a mão, acariciando a lateral do seu rosto.
—Como está...
Eu não queria que ela agisse como se fosse outra pessoa. Fingir ser uma
prostituta quando sabia que ela era tudo menos isso. —Perdoname, Muñeca.
Perdóname por todo. —Eu adicionei. — Perdoe-me, boneca. Perdoe-me por tudo.
39
Parecíamos certos.
Porque no fundo, nós dois estávamos quebrados. Nós sempre tínhamos sido
quebrados além do reparo, buscar consolo um no outro era a única forma que
sabíamos como viver.
Eu a puxei para mais perto pela curva do pescoço, e ela veio sem esforço,
como sempre. Era como se nós dois precisássemos e dependêssemos um do outro.
Precisava segurá-la tanto quanto ela precisava ser segurada.
—Te amo. —Sussurrei. —Eu amo você. —Em seu ouvido. Incapaz de
distinguir a diferença entre realidade e sonho.
Apenas a puxei para mais perto, inalando seu cheiro doce e tentador de
baunilha e me senti em casa quando me aprofundei entre os espaços da minha
névoa induzida por drogas e a mulher em meus braços. Sentindo-a correr pelas
minhas veias, minha corrente sanguínea, misturando-se com os demônios que
tinham tomado conta do meu corpo. Ela estava respirando dentro de mim, gravada
tão fundo em minha alma que nós éramos um só.
Uma única lágrima caiu pela lateral do meu rosto quando murmurei. —Eu
quero sentir meu coração batendo dentro de você.
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Levando-me mais longe no caminho da minha própria destruição.
Eu não aguentava mais, era demais e era real demais. Nós trancamos o
olhar novamente com nada além de amor, devoção e adoração.
O futuro.
Ela fechou os olhos, levantando o queixo para que eu beijasse seu pescoço.
Eu não beijei. Puxei seus lábios para os meus e a beijei pelo que pareceu a porra da
primeira vez. Beijando-a como se nunca mais fosse vê-la. Não eram as drogas
desta vez. Eu sabia que não eram as drogas. Éramos nós. Sempre fomos nós.
Ela pegou o cós do meu jeans e abaixou para puxar meu pau. O ritmo lento
e torturante de suas mãos começando a subir e descer pelo meu eixo me deixou
mal conseguindo respirar. O calor de suas mãos não se parecia com nada que eu já
tivesse experimentado em minha vida. Ela gemeu o som mais delicioso quando
mordi seu lábio inferior enquanto ela continuava a fazer amor comigo com seus
movimentos. Eu não estava apenas me excitando com o ato dela sobre mim, seus
movimentos e gemidos intensificavam tudo. Meu corpo estava em uma sobrecarga
sensorial.
41
Eu podia sentir sua excitação, respirando até que eu não aguentasse mais.
Necessitava estar dentro dela, sabendo que a inevitável conversa que ainda
precisaríamos ter, teria que esperar. A sensação da boceta de Amira deslizando
pelo meu pau era extasiante. Passei horas dentro da minha menina, dizendo a ela o
quanto a amava, o quanto sentia muito, o quanto precisava disso, e o quão sozinho
eu estava sem ela ao meu lado. A última coisa que eu me lembro foi de puxar o
corpinho amado para os meus braços enquanto ainda estava dentro dela. Olhar para
o ventilador de teto enquanto dava voltas e voltas em uma dança hipnótica até que
não havia nada além de escuridão.
—Meu nome não é Amira. —Ela respondeu, levando minha atenção para o
canto do quarto. Ela estava sentada em uma poltrona, vestindo apenas uma túnica
de seda branca e um sorriso. —Jesus, eu estive com a minha cota de homens
fodidos, mas ontem à noite você estava tão longe, não havia como trazer você de
volta. —Ela ronronou em um sotaque russo pesado.
Eu não conseguia afastar meu olhar atordoado de seus olhos, sua boca, seu
rosto. Ficamos sentados por alguns momentos, nenhum de nós dizendo uma
palavra. Minha mente estava correndo com a percepção de que ela não era Amira.
Ela era apenas uma prostituta que se parecia com ela.
—Eu te dei o que você obviamente precisava. Não estou tentando ser
sacana aqui, mas você tem que ir. Tenho que voltar ao trabalho. Ela deve ter
aprontado com você, essa Amira, mas a noite acabou. Cansei de seu joguinho de
charadas. Nosso tempo de brincadeira acabou, garanhão. Você me deve oitocentos
dólares.
—Confie em mim, depois da noite passada, eu sei muito. Tudo o que você
fazia era implorar pelo meu perdão. Você me disse o quanto me amava.
Mencionou algo sobre olhar para as estrelas e desejar que eu também estivesse
olhando. Algo mais sobre constelações? Ah, e não se preocupe, coloquei um
preservativo em você durante a sua névoa Muñeca.
—Quem é Andrômeda?
—Oh, qual é! Você não pode me deixar pendurada assim. Eu não disse
uma palavra ontem à noite. Deixei você acreditar no que queria, interpretando meu
pequeno papel de Muñeca, seja lá o que isso signifique. A propósito, que porra é
uma Yuly?
—Eu disse que não quero ouvir mais uma palavra saindo da sua maldita
43
boca.
Minha outra mão se moveu para a lateral de seu rosto, buscando em minha
mente formas para levá-la. Toquei suavemente suas bochechas que ainda estavam
rosadas e coradas de ter sido fodidas de todas as maneiras possíveis. Fiquei ali
olhando para a minha presa, movendo meus dedos para ajeitar atrás da orelha
alguns fios de cabelo úmidos que caíram. Ela permaneceu imóvel o tempo todo,
sem dizer uma palavra. Seus braços balançando ao lado do corpo e as costas contra
a parede. Ela nem tentou se mexer ou falar, não que eu deixaria. Rubor irradiava
por toda sua pele nua enquanto lentamente desci até o nó de seu roupão,
permitindo que as pontas dos meus dedos demorassem nele por alguns segundos
antes de desfazê-lo completamente. A seda se abriu sem esforço.
Sua respiração voltou a engatar, o que só me fez apertar ainda mais minha
mão contra sua garganta. Ela parecia tão frágil, tão vulnerável sob o meu controle,
mas sua compostura era sólida.
Olhei-a sem emoção nos olhos e falei com convicção. —Então, o que você
estava dizendo? Humm... —Zombei, esfregando seu clitóris um pouco mais firme
com a palma da minha mão. —Algo sobre querer que eu saísse, certo?
Ela sabia o que eu iria fazer. Ela queria isso. E provavelmente era o porquê
dela me provocar. Mulheres como ela sabiam exatamente que tipo de homem eu
era, mas o prazer era uma coisa poderosa. Mulheres como ela não significavam
nada.
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Sorri silenciosamente quando ela girou seus quadris contra os meus dedos,
um apelo silencioso para continuar.
—Porra, me implore. Quero ouvir você me implorar para fazer você gozar.
—Exigi, pressionando contra o seu ponto G.
—Por favor... —Ela ofegou com o meu aperto em torno de sua garganta,
aproveitando.
Fodi com os dedos seu ponto certo e sua boceta pulsou a cada impulso da
minha mão. —Por favor, o que?
Mais tarde, quando a escuridão mais uma vez tomou conta do céu noturno
e da minha mente, acabei na casa de Anne Frank para me torturar um pouco mais.
Era simplesmente a única maneira que eu sabia como continuar a viver. Deixando
uma única rosa em sua porta.
Por ela.
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CAPÍTULO QUATRO
Damien
Um ano depois
—Foi um bom desempenho seu, hoje no meu tribunal, Damien. —Declarou
o juiz McClain, sinalizando para eu me sentar em uma das cadeiras em frente à sua
mesa. Não me permitindo descansar por um segundo antes de ir direto aos
negócios.
Não era sobre o dinheiro, pelo menos não para ele. Veja, todo mundo acha
que o dinheiro é a raiz de todo o mal, mas não é. Era o poder, e esse filho da puta
sabia que ele era intocável. Continuamente se livrando de sua corrupção porque
ninguém, exceto as vítimas, realmente sabia o que estava acontecendo em seu
tribunal. As pessoas temiam por suas vidas. Os promotores e suas famílias seriam
assassinados no meio da noite se abrissem suas bocas. Confie em mim, ele se
certificou disso.
Então havia advogados, como eu, que não ousariam dizer uma palavra.
Meu silêncio foi muito bem recompensado a longo prazo. Continuamente me
beneficiando, recebendo todo o reconhecimento pelo qual me esforçava para
ganhar os casos para cada réu que havia representado. Eu estava em todos os
lugares: nos jornais, nos noticiários. A revista Time até fez uma entrevista
exclusiva comigo. Intitulada: “O advogado e refugiado cubano Damien Montero
vem para a América e conquista os tribunais”. Rotulando-me como El Santo, O
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Santo, por tudo de bom que eu estava fazendo ao redor do mundo.
Como eles dizem: “Você é o que você atrai para si. Um bom advogado
conhece a lei, um advogado melhor conhece o juiz e o melhor advogado conhece a
amante do juiz.” Eu tinha o número dela na discagem rápida.
—Estou apenas fazendo meu trabalho. O Estado não tem mais um caso. Eu
me assegurei disso.
—Quem teria pensado que sua principal testemunha teria quilos de cocaína
empilhadas em casa. Escondido no sótão, de todos os lugares, bem onde seus filhos
poderiam encontrá-la. Que tipo de fonte respeitável é essa? Quero dizer, você
consegue imaginar? E se os policiais não fossem avisados e eu não tivesse enviado
um mandado de busca? Nós nunca teríamos pensado que este cidadão respeitoso
da lei estava tentando traficar drogas. Juro que hoje em dia você não sabe mais em
quem pode confiar. É realmente muito triste, na minha opinião.
—Não entendi a pergunta. Você está insinuando que fui responsável pela
arma do assassinato de repente ter impressões digitais não identificáveis?
—O que posso dizer? Quero ser como você quando crescer, McClain.
—Faz apenas um ano desde que você abriu sua própria firma e já se fala
em indicar seu nome para votação. O Promotor Público Damien Montero soa bem.
Você acha que poderia lidar com isso?
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Passei os últimos quatro anos na América trabalhando duro com uma coisa
ou outra. Viajando ao redor do mundo em meu tempo de inatividade, faltando
apenas mais alguns destinos para carimbar no meu passaporte. O trabalho tornou-
se minha salvação, os tribunais se tornaram minha puta, dominando todas as
provações com meus malditos olhos fechados. Vivi e respirei o triunfo que veio
junto com as vitórias. Era muito mais fácil abafar o barulho no fundo da minha
mente com a merda legal e principalmente a ilegal em que eu me envolvia.
Ele riu novamente. —Eu também aprecio sua boca espertinha. Torna uma
conversa mais leve.
—Tenho que perguntar, por que você está aceitando esses casos pro bono2?
Você está tentando parecer melhor para o público? Você já possui seus corações,
Damien. Eles te deram o nome de El Santo, pelo amor de Deus. Não é apenas um
desperdício de tempo, é um desperdício de dinheiro. Nós dois sabemos que você
gosta de viver a boa vida. Com o seu apartamento de cobertura no centro de Miami
e o Audi R8 que dirige. Quero dizer, olhe o terno Armani que você está usando e o
relógio Audemars Piguet Royal Oak em pulso. Isso te custou o que? Três, quatro
milhões?
2
Trata-se de uma forma de trabalho voluntário que, ao contrário do voluntariado tradicional, requer habilitação
profissional, embora não seja remunerado. Trata-se, portanto do exercício profissional voluntário e sem
remuneração que geralmente ocorre paralelamente ao trabalho normal e remunerado. Refere-se especialmente a
advogados, embora outros profissionais também possam prestar serviços pro bono
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Acolhi as perguntas dele enquanto ele se virava com nossas bebidas na
mão, andando de volta para mim. Ele me entregou um copo antes de sentar-se atrás
de sua mesa, mais uma vez. Levantei minha bebida, acenei meu queixo em direção
a ele, um brinde silencioso antes de beber o conteúdo. Ele seguiu minha liderança.
—Por que isso importa para você? Você ainda está sendo pago,
independentemente disso.
—Eu apenas...
Não pude deixar de fazer uma careta quando ouvi seu termo carinhoso para
sua filha. Ela imediatamente inclinou a cabeça, fazendo beicinho da mesma forma
que Amira costumava fazer quando a repreendia.
—Por favor, desculpe as maneiras da minha menina, ela sabe bem. Eu vou
encontrar a mãe dela. Já volto. —Ele saiu, deixando-nos sozinhos.
Ela olhou para o chão, mexendo na costura de seu vestido. Antes que eu
soubesse o que estava fazendo, me agachei na frente dela para estar no nível dos
seus olhos.
—Nove, senhor.
—Sua boneca tem um nome? —Se Yuly saísse de sua boca, eu perderia a
minha sanidade.
—Esse é um lindo nome para uma boneca tão bonita, Muñeca. —Soltei,
incapaz de me conter.
Ela sorriu como se visse algo familiar no meu olhar também. —Qual o seu
nome?
50
—Damien.
Ela sorriu mais, agarrando as pontas do meu cabelo da mesma maneira que
Amira. —Eu gosto do seu cabelo. Você já usou ele preso?
Ela riu do meu gesto, seus olhos se iluminando. —Mamãe diz que preciso
tomar cuidado extra para não sujar porque é branco. Eu só queria mostrar ao meu
pai meu novo vestido para a festa de Ano Novo. Você vem?
Suas respostas foram o suficiente para mandar minha mente em espiral para
o passado como se fosse Amira na minha frente e não aquela garotinha que eu
acabara de conhecer.
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No segundo em que pisei no quintal, recuei, pego de surpresa por quão
lindamente crescida ela parecia sob o pálido luar.
—O que você está fazendo aqui? Eu pensei que você tinha que trabalhar.
Ela travou seus olhos com os meus. —Não poderia deixar isso para lá, né?
—Eu era jovem demais para perceber isso naquela época, mas éramos
pobres, Damien. Não havia como meu pai pagar por essa boneca.
52
Respirei fundo, sabendo onde ela estava indo com isso.
—Ele roubou para mim porque sabia o quanto eu queria uma boneca e
agora, aqui estou quase seis anos depois e tenho um arsenal delas... por sua
causa. —Quando ela se virou para mim novamente eu estava de pé bem atrás
dela, instintivamente, colocando minha jaqueta em seus ombros.
Proporcionando-lhe algum consolo antes que eu secasse outra das suas
lágrimas.
Agarrei seu queixo para ela olhar para mim. —E aqui estamos nós,
Muñeca. Quase seis anos atrás eu não tinha ninguém e agora tenho você.
Vamos contar as pequenas bênçãos que temos, hein?
—Dez, nove, oito, sete. —Ouvimos a festa cantando até que gritaram. —
Um!
—Foda-se! —Soltei baixo, passando por eles, não dando a mínima que eu
estava sendo rude.
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CAPÍTULO CINCO
Damien
—Sim, está em seu escritório. Vou dizer a ele que você está...
Ela estreitou os olhos para mim. —Ahh sim, você é Damien Montero.
—O primeiro e único.
Funcionava sempre.
Tenho apenas trinta e quatro anos de idade, mas me sinto muito mais velho.
Penso que isso era de se esperar pela forma que vivi a minha vida até agora.
Seis anos na América e a única coisa que mudou desde Cuba foi a minha
liberdade para ser tão mau quanto eu quisesse ser.
Meu nome estava no topo da eleição para promotor público, tudo graças a
um homem que todos acreditavam ter sido morto há um ano. Sua história não era
minha para contar, embora explicasse por que eu estava em Oak Island.
—Sem “mas, papai” para mim, Giselle. Essa merda não vai funcionar desta
vez. Você não precisa se mudar para o outro lado do país para seguir sua carreira
na moda. —Respondeu McGraw.
—Com quem você pensa que está falando? Sei que toda essa conversa
comovente tem a ver com Mason e sua...
—Não tem nada a ver com Mason. —Ela cortou-o em um tom severo. —
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Isso é um golpe baixo, até mesmo para você. Não posso acreditar que tenha
mencionado isso.
Estaria mentindo se dissesse que meu interesse não foi despertado, ouvindo
a tenacidade em sua voz enquanto falava com seu velho.
—Você está certa. Sinto muito. Só não acho que você seria feliz longe de
sua família, seus amigos, sua vida é aqui. Você tem apenas vinte e cinco anos de
idade, Giselle. Sei que ele colocou você em muita coisa nesses últimos anos e que
ele ainda é...
—Não estou aqui para falar sobre Mason, e não preciso de sua permissão
para sair, pai. Acho que você tende a esquecer que não sou mais uma garotinha. Só
estou aqui porque amo e respeito você. Queria falar racional e calmamente com
você sobre deixar a cidade por um tempo. Mamãe já sabe, foi ela quem sugeriu que
eu viesse aqui e falasse com você. Ela apoia totalmente meu desejo de abrir minhas
asas um pouco mais. Ela acha que seria bom para mim e eu tenho que concordar.
Além disso, o senhor sabe muito bem que pretendo seguir minha carreira na moda
e sem ofensa, não há muita coisa acontecendo em Oak Island. Não há mercado
aqui, a menos que eu faça roupas para praia. Estou falando de moda sofisticada,
papai.
Ele olhou para o relógio. —Não percebi a hora. Devo ter perdido a noção
do tempo.
Tudo o que conseguia pensar quando meus olhos alcançaram sua pequena
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boca era o quanto eu queria fodê-la. E o fato de que ela era filha do detetive... bem,
isso só a tornava ainda mais atraente. Sempre quis o que eu não poderia ter, e ela
simplesmente se tornou um desafio. O detetive limpou a garganta, tirando minha
atenção dos pensamentos sujos sobre o que eu faria com a filha dele se
estivéssemos sozinhos.
Apertei-a. —Damien.
—Giselle, terminaremos essa conversa mais tarde. Jantar em casa por volta
das seis horas, não se atrase. —McGraw interferiu em um tom rígido e eu a soltei.
Por sobre seu ombro, ela olhou para ele. —Não há mais nada para falar. —
Olhando para mim. —Talvez eu te veja por aí.
Queria responder, mas não podia dizer o que estava pensando com o pai
dela parado ali, o empata foda. Então simplesmente sorri, dando um passo para o
lado para deixá-la passar. Tentando como o inferno não olhar para a bunda dela,
balançando a cada passo que ela dava.
—Eu posso garantir isso, porra. —Ele colocou a mão em sua arma,
tentando me assustar.
—Eu vou ver a sua. —Respondi, abrindo ligeiramente o paletó para revelar
minhas armas no coldre na minha lateral. E levantei as duas.
Ele estreitou os olhos para mim, revelando um traço de respeito por trás de
seu olhar paternal e protetor.
—E agora ele está morto. Sua família está feliz, meu nome é o mais cotado
para Promotor Público e ainda assim, estamos infringindo a lei. Isso resume o
suficiente para você? Ou você precisa que eu forneça provas ao invés de umas
merdas de documentos com os quais poderia limpar minha bunda?
Ele recuou.
Como já havia dito, nunca é sobre o que você fala, sempre é como você
fala. A melhor maneira de ganhar uma discussão é fazendo perguntas e permitindo
que a pessoa enxergue a verdade e os erros em seu raciocínio e argumentação. É
simplesmente da natureza humana buscar justificativas para os nossos pecados,
mas isso não altera o fato de que sejamos pecadores. Eu te disse que sou um ótimo
advogado.
Saí sem dizer outra palavra, porque o que mais restava para dizer?
Não levei muito tempo pra encontrar o restaurante a uma curta distância da
delegacia. Entrei no estacionamento logo depois do meio dia, pegando o única
vaga disponível ao lado de uma motocicleta.
Tudo.
Não que qualquer uma delas aceitasse algo neste momento. Tenho certeza
de que Rosarío estava tão furiosa quanto Amira com o que fiz e depois desapareci.
Ambas provavelmente me odiavam, pensando que as traí. Talvez de alguma forma
tenha feito isso mesmo. Gostaria de ter levado as duas pessoas mais importantes da
minha vida comigo. Dado a vida que elas mereciam, mas o risco era muito maior
que a recompensa. Eu não sabia o que enfrentaria ao chegar nos Estados Unidos, as
promessas deles poderiam ter sido total e absolutamente furadas. Eu poderia correr
o risco, mas não minhas garotas.
—Disseram que esse era o melhor restaurante da região. Que tal você me
60
dizer, querida. O que me sugere?
Ela sorriu, inclinando a cabeça para o lado. Ela era adorável como uma
garota comum. —Oh sim? Quem te disse isso?
Ela corou, rindo. —Ele é como um irmão. Mas sim, meu restaurante é o
melhor por aqui.
Ela sorriu, estendendo a mão para deslizar o prato de comida que eu mal
havia tocado, em sua direção.
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comia meu almoço. Obviamente, escutando minha conversa até finalizá-la.
—Você sempre ouve conversas privadas que não lhe dizem respeito,
Giselle?
Ela riu: —Você está flertando comigo? —Inclinando a cabeça para o lado,
franzindo seus lábios de chupar pau.
—Ou você está apenas invadindo meu espaço pessoal e destruindo meu
almoço porque seu namorado está nos observando como um franco-atirador do
outro lado da sala?
—Eu vou fazer uma oferta que você não pode recusar. Você quer sair de
Oak Island? Bem, você está com sorte, eu preciso de uma secretária durante o
verão. A minha está prestes a sair de licença maternidade. Tenho certeza de que
Miami é considerada uma das capitais da moda do mundo. Existem pessoas
importantes a quem posso te apresentar. —Lambendo meus lábios, olhei para ela.
—Basta dizer a palavra.
Eu olhei direto nos olhos dela e disse. —Parece que você precisa ser fodida
corretamente.
—Você tem alguém que você quer esquecer também? —Ela questionou em
um tom compreensivo. Colocando a mão dela em cima da minha na mesa.
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Eu abruptamente me sentei ereto na cadeira, quebrando nossa conexão.
Bruscamente puxando minha mão para longe dela. —Você tem até o final da
semana para me dar sua resposta. —E com isso, coloquei meu cartão de visita e o
dinheiro pelo almoço na mesa, levantei e deixei ela lá sentada sozinha.
—Você é o segundo homem a me avisar sobre ela hoje. Vocês estão apenas
deixando-a mais atraente. —Eu disse zombeteiramente. —Mason, certo? —
Ficando bem na cara dele, não recuando. —Eu pareço um homem que aceita
ordens de um menino?
Ele recuou como se eu tivesse batido nele. As pessoas eram fáceis de ler e
este filho da puta a colocou em alguma merda. Ele ainda estava colocando-a.
Ela acena. —vá enfiar o seu pau entre as pernas como o maricas que você
é.
Eu dei uma última olhada nele e falei com convicção. —Agora onde estaria
a porra da diversão? —Entrei no meu carro e saí em disparada. Deixando-os
sozinhos para cuidarem de suas besteiras para as quais eu não dava a mínima.
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CAPÍTULO SEIS
Damien
Um ano depois
O Club Hell era onde a elite dos corruptos festejava, e continha toda a raiva
do mundo subterrâneo. Eles sabiam que poderiam se safar com qualquer coisa
aqui. Prostituição, contrabando de drogas, BDSM, tudo o que você pensar,
acontecia no meu estabelecimento.
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Mas isso tudo era um disfarce.
Eu não precisava.
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Eu era o melhor advogado de acusação no país. Um homem que poderia
literalmente escapar com um assassinato.
E eu fugi.
—Da mesma forma que costumava ser para você, até que você morreu.
—E você nunca esquece isso, filho da puta. Você deveria estar de joelhos,
chupando meu pau por colocar seu nome na cédula de eleição.
Ele também foi o homem que me ajudou quando tentei tirar Amira de
Cuba, o que parecia ser uma vida inteira atrás. Eu estendi a mão para ele depois
que aquele filho da puta traidor do Ricardo, deixou cair seu nome durante a reunião
com Salazar, todos aqueles anos atrás. Eu deveria tê-lo deixado levar o traseiro de
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Emilio para os Estados Unidos, mas estraguei a oportunidade. Atirando na cabeça
dele, cego pela minha lealdade a um homem que nunca a mereceu.
A única coisa boa que saiu da reunião foi o nome de Martinez. Eu tive sorte
de ele ter um fraco por mulheres e crianças, e por sorte Amira era ambos na época.
Ele foi o único que criou tudo para a fuga dela, eu apenas forneci o dinheiro. Eu
seria eternamente grato por seus esforços, mesmo que ela tenha pulado da porra do
barco para voltar para mim. Nós fizemos mais negócios juntos ao longo dos anos,
então quando ele me pediu para ajudar com sua morte alguns anos atrás, eu percebi
que era o mínimo que eu poderia fazer.
Seu motivo do por que queria morrer em primeiro lugar só pertencia a ele.
Não é da minha conta. Ele poderia contar sua história, não eu.
—Não muda o fato de que você ajudou com o meu assassinato e derrubou
El Diablo. —Ele olhou para o homem que estava sentado ao meu lado, de cima a
baixo. —Amigos... —Ele zombou. —Incluindo este filho da puta. Como diabos
você continua aparecendo em todos os lugares? —Ele acenou para o outro.
Todos rimos, tomando outro gole. O filho da puta nunca disse mais do que
algumas palavras e quando dizia, ele era um espertinho. Essa foi uma das razões
pelas quais orquestrei sua fuga da prisão. Ele amava a água tanto quanto eu e
transportava drogas suficientes para nós em seus barcos para qualificá-lo como um
maldito pirata.
Colocando as suas mãos onde elas não eram desejadas. Betty, uma das
minhas garotas, estava ajoelhada na beira do palco, fazendo uma dança exclusiva
para ele, mas esse idiota estava cruzando a linha. Eu nunca me importei muito com
esse filho da puta, do Luis. A conversa no clube era que ele gostava de bater na sua
esposa e filho. Embora eu nunca tenha sido dos que se envolve nos negócios de
outra pessoa, esse monte de merda me envolveu.
—Eu pago muito dinheiro pela minha associação para fazer o que eu
quiser. —Ele afirmou, segurando o rosto de Betty para olhar para ele enquanto a
outra mão desafivelava o cinto.
—Você paga pela sua adesão! Não por mim! Eu digo o que acontece. Não
você! —Ela exclamou, tentando afastar seu rosto do forte abraço dele.
—Nós temos um problema aqui? —Eu interrompi por trás dele, erguendo
minha mão para impedir a segurança de interferir.
—Sim, nós temos! Essa puta não vai me dar um final feliz. Quem diabos
ela pensa que é? Uma merda provocadora de pau, tentando me dar uma dança no
colo como essa tem que terminar o trabalho! Fique de joelhos, porra! —Ele
empurrou o rosto dela para o seu pau.
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Eu finalmente intervi quando ele a empurrou com tanta força que o corpo
dela voou pelo palco. Eu grosseiramente agarrei seu cabelo por trás, pegando-o de
surpresa. Dando-lhe uma surra. Bossman já estava à minha frente, abrindo a porta
para o beco enquanto eu arrastava o corpo de Luis para fora como se não pesasse
nada.
—Do que você está falando? —Eu calmamente respondi, pegando a tampa
da lixeira de aço ao meu lado. —Estou tirando o lixo.
—Quem...
O soquei com a tampa como ele fez para Betty com a mão. Agora seu
corpo era o único voando pelo espaço estreito entre nós. Sendo sempre um crente
fiel você colhe o que semeia.
—Você ouviu o que ele disse? Ele quer que eu vá me foder, certo? Isso foi
o que ele disse?
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Bossman riu, sabendo exatamente o que eu ia fazer. Não vacilando, girei de
volta e o chutei na garganta. Ele recuou, imediatamente ofegando por ar,
debatendo-se. Segurando desesperadamente sua garganta como se de repente suas
mãos lhe permitissem respirar.
—Você quer que eu vá me foder, Luis? É isso que você quer que eu faça?
—O que? Você não disse isso? Você não disse para eu ir me foder? —Eu
zombei, colocando um joelho em seu torso. Pressionando todo o meu peso em seu
peito, tornando quase impossível para ele respirar. —Você está me chamando de
mentiroso? Eu sou um mentiroso, agora? —Eu joguei a tampa na minha frente,
puxando minha arma. Apontando para o seu pênis.
—Que tal eu te foder, hein? Que tal eu usar minha arma para foder essa
mulherzinha apertada que é o seu cu? Podemos até apostar o que acontece
primeiro: sua boca implorando para que eu pare ou minha arma explodindo seu
maldito interior. Meu clube adoraria isso.
—Você sabe que pedir desculpas é sinal de fraqueza? Onde está o homem
que bate na mulher? O homem que bate em seu garotinho inocente? Para onde esse
homem foi? Aquele que queria estuprar minha garota e me disse para ir me foder?
Onde ele está se escondendo?
—Por que isso é problema meu? Eu te pago muito dinheiro para lidar com
isso. Então, porra, lide com isso! —Eu argumentei, virando as costas para o monte
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de merda. Andando a poucos metros de distância.
Eu olhei para o meu relógio. —Porra. Não percebi que era tão tarde. Deixe-
os entrar, faça com que uma das garotas leve seu tempo mostrando o meu
escritório.
—Sério? Depois de tudo isso, você só o matou? Você não poderia tê-lo
fodido um pouco mais?
—Sim. —Ele acenou com uma expressão consternada, abaixando sua arma
enquanto passava pela porta. —Você me disse para cuidar disso, e eu cuidei. Eu
não fico de brincadeira, porra, é por isso que carrego uma arma. Para dar cabo das
coisas.
Eu ri, não pude evitar. Balançando minha cabeça, caminhei para meu
escritório atrás dele. Não me importando em me limpar antes de encabeçar a minha
longa mesa de reunião. Bossman puxou uma cadeira a minha direita e um dos
meus seguranças montou guarda do meu outro lado.
Minha armadilha.
—Você tem muita coragem, pedindo uma reunião comigo quando você é
72
um homem procurado. —Eu desafiei, recostando-me na minha cadeira de couro.
Descansando minhas mãos atrás da minha cabeça.
Creed Jameson.
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—Bom ser visto.
—Vamos cortar as besteiras, ok? A que devo a honra de sua presença, Sr.
Jameson? —Eu falei, pondo fim à merda do bate-papo.
—Eu não sabia que já estávamos no primeiro nome. Você pode me chamar
de Sr. Montero. Você ainda não ganhou o direito de apertar minha maldita mão.
—E aqui eu pensando que todos nós estávamos nos tornando amigos agora.
—Eu zombei. —Você está vindo para o meu território, fazendo exigências? Você
realmente é apenas um motociclista idiota, hein?
Eu ri, bem alto. Agarrando minha arma da mesa e apontando para ele. —
Caralho, eu gostei de você! E por causa disso, vou desculpar sua péssima educação
e não atirar na sua maldita perna. Seja bem-vindo. Com isso dito, que porra você
quer?
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não têm respeito por autoridade. Você tem cinco minutos antes da minha mão
esfriar e eu disparar loucamente.
—O que você sabe sobre meu pai? —Ele perguntou, sabendo que não ia
ganhar essa batalha.
—O que eu sei sobre ele, ou o que eu tenho sobre ele? Viu o que eu fiz lá?
—Inclinei-me para frente, colocando meus cotovelos sobre a mesa. —Aprenda a
fazer as perguntas certas para obter as respostas que precisa.
A pergunta que ele deveria ter feito era o que eu não sabia sobre o pai
dele...
—Então... o que você sabe sobre meu pai? —Creed inclinou a cabeça para
o lado. —Estou fazendo a pergunta certa agora?
Eles fizeram como lhes disse. Bossman acenou para Creed antes de passar
por eles, seguido pelo meu guarda. Levantando da minha cadeira, fui até o bar
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improvisado no canto da sala. Derramando três copos de bourbon, colocando-os na
frente deles antes de me inclinar contra a beira da mesa. Tomei um longo gole do
meu copo, batendo-o na superfície quando terminei.
—Humm… eu sei que você odeia o filho da puta, mas eu sinto a falta dele.
As coisas eram muito mais divertidas quando ele estava vivo. Especialmente entre
o seu velho e ele. —Acrescentei, atirando a isca que sabia que ele pegaria.
—Você disse que queria saber o que eu sabia sobre seu pai. Não o que eu
tinha dele. Aí está a porra de sua resposta. Agora dê o fora. —Eu exigi.
76
CAPÍTULO SETE
Damien
Um ano depois
—Senhoras e senhores, por favor, saúdem o nosso novo Promotor Público,
Damien Montero. —Anunciou o prefeito Tom Gino, apresentando-me para fazer o
meu discurso de vitória logo após as estações de notícias locais anunciarem a
minha vitória. Eu caminhei com certeza e frieza para o palco improvisado,
passando pelos oficiais de segurança fardados e armados até o púlpito.
Certificando-me de sorrir e acenar para a imprensa, meus colegas e minha equipe
de campanha, que estavam de pé na frente e no centro, torcendo por mim. Todos
aguardando ansiosamente minhas primeiras palavras como seu novo PP.
Você pensaria que, depois de todo esse tempo aos olhos do público, eu
estaria acostumado com os repórteres e as luzes brilhantes das câmeras. O fluxo
interminável de microfones sendo empurrados na minha cara, e cada pergunta
existente sendo gritada para mim em questão de segundos. Eu não estava, pelo
menos não totalmente. Eu nunca procurei a fama, simplesmente veio junto com o
título.
—Sr. Montero, você vai seguir suas promessas de campanha para limpar as
ruas das moradias de baixa renda?
—E quanto à política mais rígida que você deseja para os órfãos quando se
trata das casas nas quais estão sendo colocados ou adotados?
Assim que eu pisei no palco, todo mundo começou a gritar meu nome,
batendo palmas e assoviando da multidão enquanto balões brancos e azuis caíam
77
do teto. Cobrindo a multidão enquanto todos esperavam ansiosamente pelo que eu
tinha a dizer.
—Albert Einstein disse uma vez: “Não se esforce para ter sucesso, mas sim
para ser de valor”. —Declarei, fazendo o mar de pessoas enlouquecerem. —O que
é exatamente o que eu vou me esforçar para fazer durante o meu período como
Promotor Público. —Eu confiantemente afirmei, fazendo uma pausa para causar o
efeito. Sabendo muito bem que eu seria reeleito para os três mandatos que eu
poderia servir como PP.
Meu discurso era tudo besteira política, mas, como George Orwell disse:
"A linguagem política é projetada para tornar as mentiras, verdadeiras."
—Damien, em uma nota mais pessoal... porque você sabe que toda mulher
na América está louca para saber, e desde que você não é muito de falar sobre sua
vida privada. Você pode nos dizer se tem alguém especial em sua vida? Uma
possível Sra. Montero para o futuro, talvez? —Uma repórter fofoqueira
questionou.
—E por que? O que é preciso para ter o coração de um dos homens mais
desejáveis do mundo, segundo a revista People? —Ela acrescentou, sem diminuir o
ritmo.
—Você não pode possuir o coração de um homem que não tem um. —
Soltei sem pensar, lamentando a minha resposta instantaneamente. A imprensa
teria um maldito dia com essa afirmação. —Sem mais perguntas neste momento.
—Eu sorri e acenei, mantendo a compostura, embora eu quisesse dar o fora de lá.
Eu não pude. A noite mal tinha começado e meu relações públicas nunca me
deixaria ouvir o final se eu desistisse.
Eu por exemplo, não podia esperar para que isso terminasse. Eu tinha meus
próprios planos que não incluíam políticos falsos e uma orquestra. Eu teria uma
festa depois no meu clube.
—Obrigado a todos por seu tempo. Tenham uma ótima noite. —Concluí,
saindo do palco.
El Santo.
Ganhando minha posição atual como promotor como Creed presumiu que
eu faria. A imprensa estava em frenesi com a notícia do que supostamente
aconteceu no complexo do MC. A história que eu inventei não era nada além de
pura e absoluta genialidade. Fazendo o que faço de melhor: servir a justiça.
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De deixá-la.
Ao continuar empurrando...
Eu.
82
CAPÍTULO OITO
Damien
Com o canto do olho, uma loira gostosa e curvilínea chamou minha atenção
ao entrar no quarto. Imediatamente deixando meu pau duro. O nome dela estava na
lista, onde passamos a maior parte do nosso tempo juntos. Eu não achei que ela
apareceria, mas a notícia da minha possível promoção chegou aos jornais hoje
cedo. Ela não teria perdido isso, ela era assim simplesmente doce demais. Em
poucos minutos ela me encontrou, sabendo exatamente onde eu estaria. Eu não
poderia ter sido mais grato por ela naquele momento, precisando me perder nela
em vez de na minha mente.
Nós transamos.
Nós nunca falamos sobre a logística, mas ela estava tentando esquecer seu
ex-namorado militar com meu pau, e eu estava fazendo o mesmo com ela usando
cada buraco do seu corpo. Ela não sabia nada sobre mim, além do que eu poderia
oferecer a ela. Que provavelmente foi o que fez ela ser atraída para mim em
primeiro lugar. Ela sabia muito bem como interpretar o papel submisso para ter o
meu tipo de pegada. Eu te disse desde o começo da minha história, eu não faço
amor.
Eu fodo.
83
Muito.
Com força.
—Agora!
—Não. Despacito. Faça devagar. Faça isso bem devagar. —Eu disse,
puxando meu lábio inferior.
—O qu...
—Vire-se e deslize seu vestido... devagar. Deixe-me dar uma olhada no que
é meu por essa noite.
Ela virou, fazendo seu vestido cair no chão. Deixando-a em nada, além de
um sutiã vermelho e calcinha. Com uma cinta liga segurando suas meias e um par
de saltos “foda-me”. Ela nunca tirou os olhos dos meus, sabendo exatamente quem
controlava a sala e a cena.
—Fique de joelhos, Giselle, e rasteje para mim. —Eu exigi com uma
expressão indiferente no meu rosto. Não permitindo que ela visse o quanto me
satisfazia observá-la assim.
—Dami...
—Eu disse que você poderia me chamar de Damien? Meu nome é senhor
para você esta noite. Agora, fique de joelhos e engatinhe.
Ela hesitou, não porque não confiasse em mim. Giselle gostava de ser
punida. Ela era uma menina safada, mas ela também era um pé no saco.
84
consciente de suas intenções.
O olhar de luxúria em seu rosto foi instantâneo quando ela recuou para o
chão, usando as mãos para se apoiar atrás dela. Espalhando suas coxas,
ansiosamente esperando meu próximo comando.
—Chupe. —Eu exigi. Ela imediatamente fez como se eles fossem o meu
pau.
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Deixei-a continuar, apreciando a sensação da língua dela contra os meus
dedos. Empurrando-os até a garganta, fazendo com que ela continuasse a engasgar
com a intrusão.
Eu fiz isso mais algumas vezes, dentro e fora, dentro e fora. Com cada
movimento, seu engasgo ficava mais alto e pesado. Empurrando meus dedos pela
última vez, eu rapidamente os puxei para fora junto com um rastro de seu cuspe
escorrendo pela lateral do rosto dela. Seus olhos lacrimejaram e seu peito arfou,
mas isso não impediu seu corpo de responder ao meu toque.
Whack.
Eu bati asperamente na sua boceta, fazendo com que seu corpo se sacudisse
para frente. —Eu lhe fiz uma pergunta.
Whack.
—Sim, senhor.
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Eu queria que ela implorasse para gozar.
Querendo gozar.
Precisando gozar.
—Nenhum outro homem pode fazer o que posso para você. Você é meu
brinquedo pessoal. Todos os garotos com quem você esteve, tentando te dominar,
te humilhar, te foder do jeito que você deseja. Eles simplesmente não podem fazer
isso, podem?
—O senhor.
Eu solto a mão dela. Não demorou muito para que seu corpo respondesse
enquanto ela trabalhava seu clitóris em um frenesi.
Eu a parei de novo, e desta vez ela choramingou. —Por que você está aqui?
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Por que diabos você continua voltando?
—É por isso que você continua voltando para mim, não é? Você não
consegue o suficiente do que posso fazer com você. Do que só eu posso te
oferecer. Você quer que eu foda seu rosto e cada buraco em seu maldito corpo
maldito. Por que isso, Giselle?
—Damien, por favor... —Ela implorou sem fôlego, vendo imagens dele
enquanto estava lá comigo.
—Diga!
Até que de uma vez por todas ela não aguentou mais e gritou de prazer e
88
dor.
—MASON! Sempre foi Mason, seu porra! —Seu corpo tremia, suas pernas
tremiam, gozando tão forte em nossas mãos.
Sempre soube que ela estava tão perdida quanto eu. Exceto que agora,
talvez a verdade a ajudasse a encontrar seu caminho. Diferente das minhas
verdades que nunca me libertariam. Em vez disso, elas apenas me escravizavam.
Foder.
—Você sabe que não foi um almoço, Giselle. Foi preliminares, porra.
Ela zombou com uma risada. —Eu estava tentando deixar Mason com
ciúmes, mas você já sabia disso. Você também sabia que eu queria isso de você? O
domínio?
—Mulheres como você são atraídas por homens como eu por uma única
razão. Eu posso não ser um Dom, mas eu fodo como um.
Sem considerar, ela deixou escapar. —Você sente falta dela? Era assim
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com ela também?
Eu não fiquei surpreso com a sua pergunta. Ela era perceptiva, eu vou dar
isso a ela. Talvez fosse a bebida, a droga ou a mulher vulnerável em pé na minha
frente que me fez responder. —Sinto falta dela todo dia, e nunca seria assim com
ela.
90
CAPÍTULO NOVE
Damien
Quatro anos depois
—Eu respondi. Agora vá olhar para o outro lado para que eu possa quebrar
mais algumas leis, e você não está atrasado para a sua própria celebração de
reeleição, porra.
As únicas coisas que mudaram nos últimos quatro anos foram o dinheiro e
o poder que eu tinha. Legalmente e especialmente ilegalmente. No entanto, a
mudança mais inesperada foi o quão exausto eu estava de levar duas vidas
diferentes. Doze anos nos Estados Unidos e eu tinha tudo que sempre quis, mas a
emoção se foi. A onda havia desaparecido como se nunca estivesse lá para
começar. Eu fiz o que era esperado de mim, tanto política como imoralmente, e no
final do dia era tudo o que importava.
91
Eu ri, jogando minha cabeça para trás.
—O que você...
—Eu vou direto ao ponto, cara. Isso não tem nada a ver com o caso de
Rovali.
—O que...
—Eu sei... Faz anos desde que você me pediu para ajudá-lo a encontrá-la,
mas eu consegui. Eu finalmente a encontrei.
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—Eu sei que é a sua noite de eleição.
Eu atendi meu celular quando ele tocou novamente, pensando que era
Joseph. —Sim?
—Onde diabos você está? Você tem alguma ideia de como isso parece
ruim? Você está ganhando! Você vai...
Eu cortei meu gerente de campanha. —Você lida com isso! Tire uma
desculpa do seu rabo sobre o porquê não vou aparecer! É por isso que eu te pago
um monte de dinheiro, George! —Eu desliguei, sem pensar duas vezes.
Não demorou muito até que eu estava pisando no freio assim que cheguei
ao meu prédio. Abandonando meu carro na frente, não dando a mínima que eu o
deixei em uma zona de reboque. Isso era muito mais rápido do que dirigir pela
garagem até o local designado.
93
Eu digitei o código sem dizer uma palavra, levando-nos para dentro do meu
condomínio. Jogando minhas chaves, celular e arma na mesa de centro na sala de
estar, soltando minha maldita gravata que de repente parecia uma corrente no meu
pescoço. Ele sentou na poltrona e eu segui o exemplo, sentando no sofá em frente a
ele.
—Sim, Damien. Seu arquivo. Ouça, cara... a razão pela qual eu não queria
dizer isso por celular era porque, mesmo que eu tenha encontrado ela, ela está...
—Ela está o que? Salazar a tem? Ela está ferida? Jesus Cristo, Joseph!
Onde diabos ela está?
Ele respirou fundo, balançando a cabeça com uma expressão séria no rosto.
Todo o meu mundo desabou quando ele declarou. —Eu sinto muito, Damien.
Amira se foi...
O golpe forte de suas palavras foi como levar uma bala no meu maldito
coração, fazendo com que minha mão subitamente apertasse meu peito.
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Eu ergui minha mão no ar, impedindo-o de ir mais longe. Não havia mais
nada que ele pudesse dizer ou fazer para mudar o fato de ela ter ido embora.
Ele balançou sua cabeça. —Não, eu não acho. A causa da morte diz
complicações por parada cardíaca. Diversos fatores podem influenciar nisso.
Eu não achei que fosse capaz de sentir mais devastação. Eu fiz muitas
coisas obscuras, matei muitas pessoas, machuquei muitas vidas. Essa emoção
dentro de mim foi desligada há muito tempo. Minha humanidade se foi. Tinha que
ir, era a única maneira que eu poderia continuar.
A dor.
A miséria.
As mentiras.
Minhas verdades.
Nem uma vez pensei na dor que eu infligia. As consequências das minhas
ações seriam os maiores arrependimentos da minha vida. Eu sabia que era apenas
uma questão de tempo até que tudo me alcançasse, eu nunca imaginei que seria
através dela.
—Deixe o arquivo e saia. —Eu murmurei alto o suficiente para ele ouvir.
—Damien, não...
—DÊ O FORA, PORRA! —Eu rugi, vendo nada além do rosto dela.
Nossas memórias: as boas, as ruins e tudo o mais.
Eu abruptamente fiquei de pé, meus pés movendo-se por conta própria para
o bar no canto da sala, virando minhas costas para ele. Derrubando o líquido âmbar
sem pensar duas vezes sobre isso. Nenhum copo sendo necessário. Eu afastei a
95
garrafa da minha boca, arremessando-a através da sala assim que ouvi a porta se
fechar atrás dele. Observando como se espatifou contra a parede, caindo em cacos
de vidro no chão de madeira. Meu estômago revirou, minha mente cambaleou, e
meu corpo parecia como se estivesse desmoronando.
Eu. A. Matei.
“Ela se foi.”
Ela.
Minha visão ficou turva, incapaz de ver qualquer coisa na minha frente. Eu
estava chorando?
Apenas dor.
97
—Eu sinto muito, Muñeca. —Eu disse em voz alta, me jogando em uma
memória que eu assistia se desdobrar diante dos meus olhos.
—Por favor, não faça isso. —Amira gritou, com os olhos cheios de
lágrimas. —Por favor, Damien, estou te implorando. Por favor, não faça isso. —
Ela parecia a garotinha em pânico que conheci há quase seis anos.
—Eu prometo que vou ouvir tudo o que você disser e me mandar fazer. Eu
juro que vou parar de te provocar. Eu vou parar de acordar no meio da noite. Eu
farei o que for preciso para fazer você não me mandar embora. —Ela implorou,
sua voz se quebrando profundamente. Ofegando por sua próxima respiração.
—Então por quê? Por que você está fazendo isso? É porque seu pai sabe
sobre mim? Ele não vai contar. E se ele contar, não importa. Eu vou me esconder!
Isso é no que eu sou boa, você mesmo disse! Eu não saio de casa. Eu ficarei no
meu quarto. Eu não me importo!
—Uma que seria com você! E com Rosarío! A única vida que conheço!
Suas palavras foram como levar uma bala após a outra no meu maldito
coração. Infligindo uma dor, muito pior do que eu já experimentei antes. Eu
tinha que empurrar. Eu tinha que ficar forte, isso não era sobre mim.
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Eu andei em direção a ela, tocando a ponta de seu nariz, fazendo-a dar
uma careta. Pela primeira vez, o sentimento que eu vinha tendo há anos me
atormentava e assombrava a ambos de maneiras diferentes. Eu coloquei minha
mão em sua bochecha, esperando que ela não recuasse novamente. Eu sabia que o
que eu estava prestes a dizer iria quebrá-la.
E ela entendeu. Ela quebrou. Seu peito arfava, seu corpo tremia sob o meu
toque e tantas lágrimas caíram entre nós. Eu não conseguia mais ver seus
grandes e brilhantes olhos castanhos.
Eu me mataria.
Onde viveria eternamente ao lado do ódio que eu já tinha por tudo que eu
lhe custara.
—Eu amo você, Muñeca. Eu sempre amarei você. —Eu chorei, permitindo
que uma única lágrima fluísse pelo meu rosto. Orgulhando-me de ver seu belo
rosto na minha frente uma última vez, sem hesitar em puxar o maldito gatilho.
99
Click.
—Filho da puta. —Eu respirei, sabendo que Joseph devia ter descarregado
minha arma e levado as balas com ele. Totalmente consciente do que eu faria.
A percepção não foi assimilada por mim porque o alerta da CNN no meu
celular disparou naquele momento, chamando minha atenção para as notícias na
tela.
Mais uma vez tive tudo o que sempre quis, percebendo que nunca a teria…
Novamente.
100
CAPÍTULO DEZ
Damien
Depois que Joseph deu a notícia que Amira havia morrido e nós estávamos
perseguindo um maldito fantasma, eu me desliguei. A dor era demais, mas eu a
acolhi. Eu merecia isso. O último fragmento de humanidade que eu tinha foi
apertado com o estalo da arma naquela noite. Enterrando El Santo e abraçando El
Pecador. Meus demônios levantando a porra de um vidro, me cumprimentando nos
portões do inferno, apostando em quantos encontros com a morte eu poderia
sobreviver.
Pelo menos não pelos meus padrões e, no que me dizia respeito, esses eram
os únicos que importavam.
Eu olhei para ele de cima a baixo, inclinando a cabeça para o lado. —Eu
malditamente insisto em discordar.
101
Ele estreitou os olhos para mim.
—Eu sou o Promotor Público, Damien Montero e quero falar com o seu
chefe. E não estou falando do homem a quem você responde. Eu quero falar com o
filho da puta a quem você não tem permissão para falar. Se você não fizer isso
agora, vou mandar dar uma pequena busca nessa recepção. Convidando meus
próprios oficiais para descobrir quantas leis estão sendo quebradas aqui hoje à
noite. Como isso soa? Esse convite é suficiente para você?
—Droga! Agora, é uma festa! —Eu disse animado, cavando minha arma
mais fundo em sua têmpora. —Permitam-me apresentar-me ao resto de vocês, eu
sou o Promotor Público Damien Montero e como estava tão graciosamente
informando a este hijo de puta. —Eu anunciei, "esse filho da puta" em espanhol.
—Eu quero conhecer o homem encarregado de todas as atividades ilegais
acontecendo aqui hoje à noite. Se um de vocês não fizer isso acontecer agora,
chamarei mais convidados, com um mandado de busca. Transformarei este evento
de gala numa verdadeira festa. Estou sendo claro?
—Quem diabos você pensa que é? Nós não temos medo de você, filho da
puta. —O guarda à direita, gritou.
Ele sabia que o que eu dizia era a verdade. Eu podia ver isso em sua
expressão.
—Eu não dou a mínima se eu morrer... Você pode dizer o mesmo? —Fiz
uma pausa, permitindo que minhas palavras afundassem. Abaixando minhas armas
para os meus lados, terminando o impasse.
Acabou.
Eu ganhei.
—Eu sugiro que você use seu fone de ouvido e diga a quem quer que você
responda que eu irei esperar no bar, lá dentro. —Eu não dei a ele uma chance de
responder, guardando minhas armas enquanto caminhava em direção às portas da
frente. —Ele tem dez minutos para enviar alguém para mim, ou eu vou fazer uma
ligação. —Acrescentei, sem nunca olhar para trás.
Assim que entrei na festa infame, eu podia sentir a mesma aura e atração
magnética de todos os prostíbulos em que eu já estive. O cheiro de boceta e sexo
imediatamente agrediu meus sentidos. Era difícil ignorar quando estava ao seu
redor, esse era o ponto desses estabelecimentos. Sufocar as pessoas com a
necessidade de foder, pagando um monte de dinheiro para ter uma escrava durante
a noite ou até mesmo levar uma para casa com você.
Passei pelo vestíbulo até as duas escadarias mais elegantes que fluíam
perfeitamente pelo chão de mármore, opostas uma à outra. Havia iluminação
translúcida por toda parte, com garotas seminuas dançando sedutoramente em
certas áreas ao redor da sala aberta.
Ela sorriu mais largamente, colocando a mão no meu peito. —Uau, que
maneira de ferir os sentimentos de uma garota. Eu pensei que poderíamos
conversar primeiro. Talvez tomar uma bebida.
—A única conversa que quero ter é com o seu chefe. Estou cansado de
jogar, me leve até ele. Agora.
—Você com certeza sabe como fazer uma entrada, promotor público
Damien Montero. —Anunciou o homem atrás de sua mesa com um forte sotaque
albanês, reclinando-se na cadeira. —Ao contrário dos meus guardas, eu sei quem
você é.
Como a maioria dos albaneses, ele se encaixava bem no papel. Ele tinha
um queixo inclinado, um nariz fino que parecia ter sido quebrado vezes demais, e
sobrancelhas escuras que enfatizavam seu olhar azul e assassino. Seu cabelo estava
ficando grisalho nas laterais, e sua pele bronzeada mostrava alguns sinais de
envelhecimento ao redor dos olhos. O homem era esperto, um mentor quando se
tratava de tráfico de mulheres e até de órgãos humanos. Os federais tiveram
dificuldade em incriminá-lo por qualquer coisa. Ele era um filho da puta maluco
que você não iria querer conhecer.
—Com isso você quer dizer derrubar quatro dos meus guardas?
—O que posso dizer? Como você disse, eu gosto de fazer uma entrada.
Ele acenou para a loira e seus guardas, e eles saíram, fechando as portas
atrás deles. Vlad queria que eu soubesse que não foi intimidado por mim também.
Antes que ele tivesse a última palavra, tirei minha arma. Apontando
diretamente atrás de mim, em direção ao homem na cadeira. Sem sequer voltar
meu olhar, eu atirei diretamente na porra da sua testa. Soprando o cérebro para fora
pela parte de trás da cabeça, fazendo com que salpicasse o chão e as paredes.
Executei outro homem sem hesitação, sem aviso e sem qualquer vergonha ou
remorso.
Seu olhar vazio não vacilou do meu quando enfiou a mão na mesa e tirou
um revólver. —Você quer entrar? Vamos jogar um pequeno jogo de roleta. Se
você viver, você está dentro, e se você morrer, bem... —Ele deu de ombros
novamente. —Você sabe o que acontece, então.
106
—Não há necessidade de obter sangue no meu terno Armani.
Eu sinalizei para ele. —Que tal cinco? Estou com muita sorte. —Mais uma
vez, inclinando-me para trás. Ficando confortável na minha posição.
Seus olhos brilharam, foi rápido, mas eu vi. Ele estava chocado e
impressionado. —Tudo bem, então você pode ver que há apenas uma bala no...
Eu estava vazio.
Eu estava entorpecido.
Não havia sentido em fingir viver uma vida decente, sabendo que ela tinha
ido embora. Nem mesmo a adrenalina preenchia as lacunas que ela abandonou.
—Você só deve ser mais louco do que eu. —Ele zombou, mudando sua
arma para a minha cabeça. —Últimas palavras?
Click.
Eu nem pisquei.
Click.
Eu comecei a rir.
107
Engatilhada, carregada e clicada mais duas vezes. Ele puxou o gatilho de
volta uma última vez. —Momento da verdade.
Click.
Ele jogou o revólver em sua mesa. —Você quer saber exatamente o quê?
—Tudo.
—Proteção. Eu tenho barcos para transportar o que for necessário. Para não
mencionar todos os políticos corruptos, federais, oficiais, juízes, a lista continua.
Até agora, eu me interessei um pouco sobre isso e aquilo, mas quero brincar com
os grandes cachorros.
—Por quê? Você tem uma coisa boa acontecendo para si mesmo. Por que
quer estragar tudo?
—Porque eu não tenho nada a perder. Além disso, a ira sempre foi meu
pecado favorito.
A música vibrava nos alto-falantes por toda a mansão. Ele queria fazer
você pensar que estava apenas preparando a cena, o clima. Quando na realidade,
ele estava tentando abafar os gritos.
108
Eu não estava falando sobre os de prazer.
Nos quatro cantos da sala, todas as mulheres vestidas com nada além de
saltos estavam presentes. Todas esperando para tomar o centro do palco, alinhadas
em fileiras. Eu não conseguia tirar meus olhos delas, elas eram todas tão lindas, tão
perfeitas, em todos os sentidos da palavra. Seus quadris balançavam ao ritmo da
música enquanto faziam uma performance para serem vendidas. Eu não precisava
ver os rostos dos convidados para saber que estavam todos excitados, esse era
exatamente o ponto. Elas começaram a dançar provocativamente, seduzindo todos
na sala. Cada um dos seus movimentos eram carnais e pecaminosos. Cativando a
atenção de cada pessoa no lugar. As mulheres se aproximaram, dançando umas
com as outras. Beijando, provando, sentindo uma a outra. As sensações do público,
apenas as atraíam para continuar.
—Você quer uma? —Ele perguntou, olhando para mim. Todas essas
mulheres deveriam ser vendidas.
—Não.
Vlad me mostrou isso por uma única razão: era outro teste. Ele queria ter
certeza de que eu poderia aguentar a fraqueza de seu mundo antes que ele
divulgasse a única informação que eu queria desde o começo. A verdadeira razão
pela qual eu estava lá em primeiro lugar.
109
Ele me deu uma bebida e eu a tomei como um tiro, expirando o álcool
puro.
Fazendo-o rir. —É Raki3, dez vezes mais forte que o moonshine4. Ouça, há
uma reunião no próximo mês em Detroit. Todo mundo que é alguém vai estar lá.
Os melhores do crime organizado. Considere isso como uma reunião dos mentores,
juntando forças para uni-las e ver o que podemos oferecer uns aos outros. De
diamantes de sangue a lavagem de dinheiro. Negociação de armas, cartel de
drogas, oficina de desmontagem e, claro, tráfico sexual e de órgãos. O que, como
você pode ver, é porque eu estarei lá. Estes são apenas para citar alguns, no
entanto.
—Eu vou garantir para você. Como você está oferecendo seus barcos e os
nomes de pessoas de alto perfil, podemos aproveitar nossa vantagem.
—Quando e onde?
Ele me olhou com cautela. —Você parece estar passando por alguma
merda agora, e estou te dando uma saída. Você tem um mês para decidir se está
dentro ou fora. Porque quando você entra, a única saída é em um caixão.
Olhei-o nos olhos e falei com convicção. —Eu vou entrar em contato.
3
Rakı é um licor derivado da uva e com sabor de anis, semelhante a outras bebidas como o áraque e o ouzo. É
considerada a bebida nacional da Turquia e, às vezes, chamado de "leite de leão", porque, quando água é
adicionada, a mistura fica com uma cor esbranquiçada. É feito de figos, uvas e passas e aromatizado com anis.
4
Moonshine era originalmente um termo usado para descrever bebidas destiladas de alta qualidade geralmente
produzidos ilicitamente, sem autorização do governo. Nos últimos anos, no entanto, a bebida foi legalizada em
vários países e se tornou um produto comercial.
110
CAPÍTULO ONZE
Damien
Chegando à quarta marcha do meu Audi R8, corri pela I-94 do Aeroporto
Detroit Metro logo depois das nove da noite. Saindo da rodovia na Jefferson
Avenue e passando por alguns bairros sombrios para chegar ao meu destino. Eu
parei em uma garagem fechada logo depois das dez, dirigindo através do que
parecia ser um ferro velho onde um armazém decadente apareceu. Grafite cobrindo
o exterior do local e janelas quebradas ao redor. Não é o que eu estava imaginando
para uma reunião tão exclusiva. Eu estacionei o R8, saí e caminhei até a entrada.
Havia uma enorme porta de aço que se abriu assim que eu pisei na frente dela.
A única regra para esta noite era não vir em comitiva, você deveria vir
111
sozinho. Nenhum segurança, o que eu tenho certeza que era um exagero para esses
homens, considerando que a maioria deles não se importava em ficar cercado por
seguranças armados. Eles eram todos homens altamente procurados, e não pela
polícia, mas pela sua própria espécie. Querendo derrubá-los para tomar seu lugar
como chefão.
—É melhor que haja uma boa razão pela qual há um maldito agente da
narcóticos sentado à mesa. —O homem que se chamava Vinny flou com rispidez
olhando para mim. Ele era um traficante de armas e um dos poucos que eu
reconheci.
—Eles não te contaram? Eu estou aqui para prender seu traseiro. —Eu
zombei, sem qualquer expressão.
Vlad riu. —Vinny, ele está aqui como o resto de nós, querendo fazer um
acordo e oferecendo um monte de nomes para proteger nossos traseiros. Incluindo
o seu. Então, acalme-se.
Continuou assim, todos em sua vez até que era a minha. —Eu sou Damien
Montero. Eu venho oferecer meus barcos para traficar suas armas, seus diamantes,
suas drogas e qualquer outra coisa que seja necessária. Eu também trago nomes de
políticos, federais e juízes. Esses são apenas para citar alguns que vão manter
limpas as nossas mãos sujas.
—O que há para não gostar? Estou te dando tudo em uma bandeja de prata.
Eu sugiro que você não cuspa onde come.
112
—Jesus Cristo, calem a boca. —Vlad interrompeu. —Vocês dois têm
enormes paus, então se beijem e façam as pazes para que possamos começar esta
reunião. —Sinalizando para Felix continuar.
Eu.
Havia cor.
Exceto que a bomba dentro de mim não detonou até que ela confirmou
outro dos meus piores pesadelos, além de pensar que ela tinha sumido da minha
vida para sempre.
BOOM.
113
CAPÍTULO DOZE
Damien
Exceto que agora ela era uma líder no meu mundo escuro e fodido.
Ainda tínhamos que olhar um para o outro, mas o meu nunca vacilou em
seu olhar hipnótico. Seus grandes olhos castanhos estavam cobertos com mais
maquiagem do que eu já tinha visto nela antes. Eles sempre me mostraram como
ela estava se sentindo. O que ela queria, precisava e não podia viver sem.
Eu.
Um anjo.
Eu sabia que ela me sentia. Era como sempre foi entre nós. Nada…
Nem anos.
Nem mentiras.
Nem as verdades.
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Poderia mudar isso.
Assim que ela ficou ao lado de Felix, ela tirou as besteiras dele, sorrindo
sedutoramente até que o filho da puta se levantou. Oferecendo sua cadeira para
permitir que ela se sentasse na cabeceira da mesa. Eu resisti à vontade de
estrangulá-lo até a morte, só de imaginar que eles poderiam ter sido íntimos.
Alimentando outro dos meus piores medos.
Em Detroit.
O amor te ensinou.
O amor te mudou.
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Pode trazer o melhor e o pior em você.
O seu sorriso.
Alguma coisa…
Qualquer coisa…
Diferente do que diabos ela estava me dando. Que não era uma coisa
maldita.
Nunca afastando os olhos dos meus, ela espelhava minha expressão. Dando
de volta para mim. —Desculpe, eu não peguei seu nome. Eu conheço muitos
homens, todos os seus paus... Quero dizer, os rostos ficam borrados. —Ela
maliciosamente sorriu, orgulhosa de si mesma. Pensando que tinha me colocado no
meu lugar.
Falei com convicção. —Bem, então, mostrarei meu pau novamente, só para
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sabermos a quem você pertence.
Ela riu, quebrando nossa conexão para olhar para eles. Quando na realidade
ela estava tentando afastar a tensão sexual e a animosidade que eu sabia que ela
ainda tinha por mim. —Senhores, por favor, desculpem este homem que
obviamente deve ter me confundido com outra pessoa.
—Você é a única que está enganada, mas não se preocupe. Tenho o resto
de nossas vidas para lembrá-la quem você realmente é, Muñeca.
Ela olhou para mim, instantaneamente piscando. Não pelo que eu disse,
mas pelo que eu a chamei.
Ela riu mesmo que não houvesse nada engraçado sobre a situação.
Arqueando uma sobrancelha, desafiando-o. —Eu não estou aqui para você
sussurrar palavras doces no meu ouvido. Eu tenho homens de verdade para fazer
isso por mim.
Eu respirei fundo, desejando controlar minhas emoções, mas ela não estava
facilitando para mim, não mesmo. Eu queria fazer esse filho da puta engolir seu
pau por falar com ela assim.
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—A única maneira que eu vou me contentar com sessenta mil é se incluir
sua boceta e sua boca em volta do meu pau. Eu quero gozar no seu maldito rosto.
Eu assisti isso acontecer com olhos frios enquanto ela subia seu vestido
apertado, imediatamente puxando sua Glock amarrada na parte interna da coxa.
—AMIRA, NÃO!
—Cuidar de si mesma? Sim, você lidou bem com isso tentando nos matar!
Um tiro após o outro soou ao nosso redor, era cada um por si. Nós
retornamos fogo na direção que as balas estavam voando, da nossa posição no
chão.
Eu rosnei, agarrando seu braço e arrastando sua bunda para cima comigo.
Ela estendeu a mão e pegou a bolsa enquanto eu pegava um dos homens próximos
que já estava morto no chão, usando seu corpo como um escudo quando nos
arrastamos para a porta. Abrindo fogo contra qualquer um que estivesse em nosso
caminho. Pronto para matar sem aviso prévio. Agindo com pura adrenalina e fúria
pelo que ela começou, chateado pra caralho que ela estivesse lá comigo, de todos
os lugares. Balas cruzavam todo o espaço. Destruindo tudo em seu rastro.
Invólucros estouraram pelas janelas, ricocheteando no metal. Quebrando o vidro
em todos os lugares, enviando estilhaços na minha pele.
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Era só uma questão de tempo até que seus guardas e homens aparecessem
para ver quem seria o último homem em pé.
—Então, talvez da próxima vez você pense duas vezes antes de usar salto
para uma reunião com homens. Você precisa se mostrar como uma traficante e não
uma puta que eles gostariam de levar para casa durante a noite!
Ela puxou o braço para longe do meu aperto, atirando. —Eu sou uma
traficante e talvez eu quisesse ser a puta de alguém para ser levada para casa à
noite! Não se equivoque só porque eu não tenho um pau não significa que eu não
goste de foder, Damien. Você me ensinou isso.
A última afirmação me fez virar e ficar cara a cara com ela. —Aqui não!
Você me entende? Aqui. Não. Porra. Não. Aqui. Porra. —Agora. —Eu cerrei meu
maxilar. Mais uma vez, agarrando seu pulso, arrastando-a para o meu carro. Peguei
as chaves, destranquei e abri a porta do passageiro para ela. —Entre!
—Eu não vou a lugar nenhum com você! Apenas me deixe aqui! É nisso
que você é bom! Eu vou ligar para o meu...
Ela olhou para mim, sabendo que não ganharia uma luta física contra mim.
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—Bem. Eu dirijo. —Ela pegou as chaves da minha mão. Caminhando com
confiança para o lado do motorista com uma certa arrogância que me fez querer
fodê-la e estrangulá-la, tudo ao mesmo tempo.
Eu nunca pensei que iria vê-la novamente e não foi assim que eu imaginei
caso a visse, o que me fez questionar todas as minhas crenças.
Especificamente, em Deus.
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CAPÍTULO TREZE
Damien
Tudo aconteceu num piscar de olhos, embora ainda parecesse que acontecia
em câmera lenta pela segunda vez naquela noite. A adrenalina nas minhas veias era
a única coisa que me mantinha. Eu senti todas as respostas, luta ou fuga conhecidas
pelo homem em um curto espaço de tempo.
Eu pulei no banco do passageiro depois que ela foi para atrás do volante. —
Amira, eu não estou de brincadeira! Deixe-me dirigir!
Ela ligou o carro e o motor ronronou para a vida, virando a cabeça para
olhar para mim. —Eu sou dona de carros esportivo em três cores diferentes:
branco, vermelho e preto. Embora não se compare ao meu Bugatti amarelo. —Ela
argumentou, assim que o pé dela desceu sobre a embreagem. Colocando o câmbio
em primeira marcha, decolando quando balas começaram a bater na parte de trás
do carro. Quebrando o para brisa traseiro.
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um dos carros nos perseguindo, bem quando Amira pisou completamente no
acelerador nos tirando de lá.
—Três. —Eu rugi, furioso por isso estar acontecendo. Escolhendo atirar
minha raiva nos filhos da puta que estavam nos perseguindo, em vez da mulher
zunindo em torno do tráfego. Colocando tanta distância entre nós quanto ela podia.
—Foda-se essa merda! —Eu me inclinei para fora da janela, eu me sentei na
moldura da porta e atirei em todas as direções para acertar os para brisas.
Atingindo um dos condutores na cabeça. —Dois. —Eu disse, sentando no carro.
Seus olhos se arregalaram quando ele percebeu onde minha arma estava
apontando agora. Diretamente entre os seus olhos. Meu antebraço segurou Amira
contra seu assento enquanto tiro após tiro explodiu da minha arma. Explodindo a
janela do lado do motorista. Cartuchos de balas passaram pelo meu rosto, um após
o outro apenas provocando o monstro sádico dentro de mim.
—Ele está morto, Damien. Você não precisa continuar atirando nele.
—Eu não sou sua garota! — Ela colocou o câmbio em ponto morto e
encostou a cabeça no encosto do banco. Seu peito arfava, tentando recuperar o
fôlego. Foi então que percebi que o sangue no ombro dela era apenas uma ferida na
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carne. A bala raspou por ela. —Não é a primeira vez que sou baleada, e não será a
última. As pessoas me querem morta, vem com o fato de ser eu. Eu não sou sua
para proteger ou cuidar. No segundo em que chegarmos ao meu esconderijo, quero
que você vá embora. Você me entende?
—A merda que eu vou, Muñeca! Você acha que vai acabar aqui? Isto é
apenas o começo. Eu tenho que te proteger da tempestade que você acabou de
começar!
—Amira...
—Cuidado com a porra da sua boca. —Eu gritei com a mandíbula cerrada.
Ela pisou no freio, empurrando meu corpo para frente contra o painel pela
freada brusca.
Nos encaramos.
—Você não precisa mais me proteger dos monstros, Damien. —Ela chegou
perto do meu rosto. —Eu sou o maldito monstro.
125
do que eu supunha ser seu esconderijo. Eu corri atrás dela apenas para ter a porta
sendo batida na minha cara. Eu simplesmente coloquei meu pé e meu corpo
volumoso entre o limiar no momento certo. A irritando ainda mais.
—Nós precisamos conversar! Quanto mais rápido você falar comigo, mais
fácil será para nós dois.
—Não! Mais fácil será para você, porque eu não quero falar com você,
porra. Nem agora. Nem nunca!
—Eu tenho a noite toda. Eu posso esperar aqui o tempo que for necessário
para você começar a falar e parar de me xingar!
Eu olhei. Pela primeira vez desde que pisei em seu esconderijo, olhei ao
redor da sala. Meus olhos se arregalaram, este não era apenas seu esconderijo, era
uma mansão. Um conjunto de escadas grandes e inclinadas levavam a um andar
personalizado com treliças intrincadas cobrindo todos os degraus. Abrindo para um
amplo foyer com piso de mármore brilhante. Paredes subiam até onde eu pude ver.
À nossa esquerda, uma elaborada sala de estar completa com uma mesa de bilhar
cara na parede oposta.
Não sei quanto tempo fiquei ali, chocado com a virada dos acontecimentos,
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furioso e com ira da minha própria criação.
Ela.
—Muñeca....
—Meu Deus! Eu juro que se você me chamar de Muñeca mais uma vez,
vou colocar uma bala na sua cabeça!
Eu ignorei suas ameaças, elas não significavam nada para mim. —O que
você está fazendo em Detroit, Amira? Como você chegou aos Estados Unidos?
—Não é da sua conta como cheguei aqui, ou o que fiz com a minha vida.
Eu parei de ser sua preocupação na manhã em que você me deixou sozinha com
meu sangue de virgem ainda na porra dos lençóis. Depois que você me fodeu!
Eu andei em direção a ela, que se afastou. —Eu não te fodi, Amira. Você e
eu sabemos o que foi aquilo.
—Um desperdício de tempo, isso é tudo. Eu não quero nada com você,
você me ouve? Fique longe de mim! Eu não sou sua bonequinha que você pode
brincar quando quiser. Nunca mais, porra.
—Eu estou pendurado por um fio aqui. Então, a menos que você queira ver
um lado meu que você não vê há anos, sugiro que você seja legal e responda às
minhas perguntas! Você me entende?
—Eu não sei ser boazinha! —Com isso, ela começou a jogar coisas para
mim novamente na sala de estar. Eu caí no chão, me escondendo atrás de um sofá.
—Terminamos, Damien! Nós terminamos desde que você me fodeu! Não quero
nada com você!
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mãos, certificando-me de que não levaria um candelabro na cabeça. —Estamos
escritos nas estrelas, cercados apenas pela escuridão e pelo amor que sempre
tivemos um pelo outro. Desde o primeiro fodido dia.
—Maldito, El Santo realmente sabe como ser grosseiro. Eu posso ver como
você se tornou Promotor público. Você deveria me agradecer. Eu te dei anos de
prática em espalhar suas palavras para as pessoas! Começando com "Eu te amo”!
—Garotinha ingênua?! —Ela zombou com tanta fúria. —Que tal isso para
a menina ingênua?
Antes que eu pudesse dizer outra palavra, ela chutou a TV de tela plana do
banco, quase me lançando para fora.
—Eu vou ganhar de volta sua confiança, mesmo que isso leve o resto da
minha vida! —Eu peguei uma das cadeiras e joguei para o lado. Dando mais
alguns passos em sua direção.
—Eu estive nos Estados Unidos quase tanto quanto você, e nem uma vez
quis falar com você. Ou te ver. Não quero nada com...
—Mas você seguiu minha carreira? Ah, foda-se... eu não vou cair nessa.
—Eu deixei você entrar. Do meu jeito, eu deixei você entrar. Eu não fui até
você naquela noite para te foder deliberadamente e ir embora. Eu fui lá para te ver
uma última vez. Eu precisava. Eu tinha toda a intenção de dar o seu presente,
passar algum tempo com você e partir para sempre. Mas quando eu estava no meu
carro, lembrei que ainda tinha Yuly no bolso interno da minha jaqueta. Eu estava
indo só colocá-la de volta em sua cama e dar o fora de lá. Eu não tenho que
explicar o que aconteceu depois, você estava lá.
—Você não respondeu nada! Jesus Cristo, Amira! Eu sei que estraguei
tudo. Eu soube por todos os dias nos últimos doze anos. Eu. Fodi. Tudo. Isso é
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tudo que eu fiz com você! Qual é, me dê um pouco de crédito. Eu te amei. Eu
ainda amo você. E você sabe disso. Você sabe disso, porque você me conhece.
Você é a única pessoa neste mundo que me conhece. —Tentei ser razoável,
sentindo como se estivesse lutando uma guerra que eu não tinha chance de ganhar.
Eu não me importava.
—A única coisa que sei é o quanto eu odeio você! Eu te odeio tanto! —Ela
gritou, seu corpo tremendo.
—Eu odeio você, porra! —Ela chegou por trás dela, agarrando às bolas da
mesa de sinuca, arremessando-as em mim. Repetindo que ela me odiava de novo e
de novo, como se estivesse tentando desesperadamente acreditar nisso.
Batendo-a contra a parede atrás de nós, ela estremeceu com o meu toque.
Expirando. —Eu te odeio, Damien.
Eu fiz uma careta por suas palavras. Dizendo. —Você queria me odiar.
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CAPÍTULO QUATORZE
Damien
Minhas mãos cravaram em seu cabelo e suas mãos arranharam meu peito.
Era intenso.
Era carente.
Era tudo.
Seu perfume.
A ela.
Ela agarrou com força à frente da minha camisa, puxando-me para mais
perto como se não estivéssemos perto o suficiente. Tentando nos moldar em uma
pessoa só, me beijando como se sua vida dependesse disso. Ela gemeu na minha
boca, fazendo meu pau se contorcer em minha calça.
—Porra... eu senti sua falta... —Eu gemi contra seus lábios. Agradecendo a
Deus pela segunda vez naquela noite por me dar a chance de beijá-la novamente.
Com uma força, ela de repente me empurrou para longe dela. Puxou seu
punho para trás e me bateu no rosto o mais forte que podia.
Para mim.
Para ela.
—Não me diga o que fazer! Você nunca vai me dizer o que fazer! Eu não
sou a porra da sua boneca! —Ela gritou, me batendo e empurrando mais, quanto
mais perto eu tentava ir em direção a ela. —Guarde suas fodidas mentiras para si
mesmo dessa vez, Damien! Eu não caio mais. Eu não sou a mesma garota jovem e
ingênua que você deixou sozinha em Cuba!
—Eu te deixei com Rosarío. Onde diabos ela está? Ela nunca deixaria
você...
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Ela cavou as unhas nas laterais do meu pescoço e raspou todo o caminho,
me fazendo sangrar. Erguendo a mão para me dar um tapa no rosto o mais forte
que podia. Preparando-se para me bater de novo, mas ela não era forte o suficiente
para me segurar por mais tempo. Em dois segundos, eu agarrei sua garganta,
empurrando-a para a parede mais próxima. Segurando os dois pulsos com a outra
mão e colocando-os acima da cabeça
Ela me encarou com os olhos mortos, acenando para o meu pau. —Já tive
melhor.
Eu peguei seu blefe. —Para quem você está molhada, Muñeca? Em quem
você pensa quando está fodendo? Eu sei o que você quer. Eu. Seu coração está
acelerado sob o meu toque, o suor está se acumulando em suas têmporas, e se eu
subir seu maldito vestido branco e afastar sua calcinha, nós dois sabemos que você
vai estar molhada para mim.
Eu rosnei contra seus lábios, e isso foi tudo o que ela precisou para perder
sua sanidade. Ela esmagou a boca na minha, mordendo meu lábio inferior até sentir
o gosto de sangue. Eu abruptamente empurrei para trás, segurando seus pulsos com
uma das mãos e puxando seu cabelo pela curva do pescoço com a outra. Ela
ofegou, freneticamente tentando reunir sua sanidade do meu aperto. Ambos os
nossos corpos tremiam com o desejo inegável. Cada parte de sua determinação
estava martelando ao meu redor.
Eu podia ouvir.
Rompendo as paredes que ela seguramente tinha erguido para mim. Eu juro
que cada parte do meu sistema nervoso estava quebrando, fechando, tornando
difícil de ver, muito menos de ficar em pé.
A perseguição de carros.
134
A discussão entre nós.
Ou o fato de que ela estava viva e em meus braços novamente que me fez
sentir vivo. Quando eu estava morto por tanto tempo.
Foi emocionante.
Foi cativante.
O que me fez expirar. —Eu te amo, Amira. Eu estou apaixonado por você.
Eu sempre te amei. Tanto. Agora. Para sempre. Eu não conseguia respirar sem
você. Eu pertenço a você.
Ela gritou frustrada. Eu não sabia se era pelo que eu disse ou por saber que
era a verdade. Ou possivelmente por saber que não iria a lugar nenhum a menos
que eu permitisse. Fechando os olhos, tentou controlar sua respiração e seus
pensamentos.
—Eu prefiro foder você, querida. —Eu murmurei ao longo de sua boca. —
Eu sinto muito. Eu sinto muito por isso. Eu te amo. Você sabe disso. Você sabe
disso... Onde está minha garota, hein? Onde está minha Muñeca?
Ela virou o rosto para longe do meu, mas agarrei seu queixo, forçando-a a
olhar de volta para mim. Eu queria um minuto para tocá-la.
Nós nos encaramos pelo que pareceram horas, ambos perdidos em nossa
própria escuridão.
—Eu odeio você. —Ela ofegou, mais uma vez batendo seus lábios nos
meus.
Precisando comê-la.
Não havia como no inferno que eu não iria devorá-la com a minha boca. Eu
era um bastardo ganancioso.
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E tinha gosto de tudo que eu sempre quis.
—Porra. —Ela gemeu quando coloquei suas coxas sobre meus ombros.
Suas mãos instantaneamente agarraram meu cabelo, puxando-o até o ponto de dor.
Olhando para ela, amassei seus seios. Chupando seu clitóris na minha boca,
movendo urgentemente minha cabeça de um lado para o outro, para frente e para
trás.
Seu peito arfava com cada manipulação precisa dos meus lábios e língua.
Minha boca literalmente a comendo viva. Observando enquanto empurrava dois
dedos em sua boceta molhada, fazendo com que suas pernas e seu corpo
tremessem. O que só me fez fodê-la com o dedo mais forte e lambê-la mais rápido.
Ansiando por fazê-la gozar na minha boca.
Eu a lambi uma última vez e depois parei. —Diga-me que você quer,
Muñeca. Implore-me por isso. —Eu implorei roucamente.
—Você não tem gosto de que me odeia. —De repente peguei um punhado
de seu cabelo. Ela gritou com a inesperada intrusão em seu couro cabeludo. —
Você é minha, Amira. Porra. Você sempre foi minha. Cada centímetro de seu
corpo pertence a mim. Você me entende?
Ela estreitou os olhos e falou com convicção. —Você não é nada além de
um pau para mim, como todos os outros homens que eu comi. Eu nunca serei sua.
Você me entende?
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Eu forcei sua cabeça para trás ainda mais, pegando seu rosto e apertando
sua mandíbula. Precisando que ela visse que não ganharia essa luta de poder entre
nós. Eu a faria implorar pelo meu pau e gritar meu nome. Querendo provar meu
argumento de que ela sempre foi minha.
—Oh, porra, não! —Eu agarrei seu tornozelo, arrastando sua bunda de
volta para mim, não tornando mais fácil para ela. Ela caiu para frente com força e
eu usei o impulso para levantá-la na minha frente. Segurando-a contra o meu peito
a trancando no lugar com o antebraço. —Você não vai a lugar nenhum. Nós não
terminamos aqui. —Eu falei baixinho em seu ouvido.
Antes que ela pudesse argumentar, a cabeça dela voou para trás conectando
com o meu rosto, seu calcanhar batendo no meu pé ao mesmo tempo. Pegando-me
completamente desprevenido, soltando-a de novo. Ela rapidamente se virou e me
empurrou para trás.
—Aqui nesta casa, quem manda sou eu. —Ela rugiu, abrindo a minha
camisa. Botões voando por toda parte, caindo no chão de mármore. Seu peito subia
e descia, esperando pelo meu próximo movimento.
—Você quer jogar duro, não quer, querida? —Eu disse, rouco, chupando
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sua língua na minha boca.
—Porra. —Eu gemi alto contra seus lábios entreabertos enquanto ela
assoprava nos meus. Gritando, mas sem dizer uma palavra.
Ela colocou os pés no limiar atrás de mim, ainda por cima da minha
cintura, usando-a como alavanca para montar meu pau. Eu cavei meus dedos em
sua bunda, rolando seus quadris para me foder mais e mais rápido. Não havia nada
doce no que estávamos fazendo um ao outro.
Era primitivo.
Era inebriante.
Chegaria outra hora e lugar onde eu tomaria meu tempo e faria amor com
ela. Agora não era assim.
Cada impulso dentro dela, ela sentia o movimento do meu corpo avançando
um pouco mais a cada vez. Saboreando a sensação aveludada da minha boca
reivindicando a sua, sua boceta pulsando contra o meu eixo, e seu ponto G
pulsando na cabeça do meu pau. De novo e de novo.
Ela mordeu meu pescoço com força, jogando o tronco contra o meu corpo.
Enviando um efeito dominó de destruição em nosso rastro.
Cada impulso.
Cada gemido.
Tudo isso.
—Pare com isso, Damien! —Ela gritou entre prazer e dor. Agarrando,
mordendo, me acertando em cheio.
—Muñeca, eu amo...
Eu agarrei o seu cabelo pelo seu pescoço, puxando sua cabeça para trás.
Em um impulso forte e rápido, eu estava de volta dentro dela, fazendo-a respirar
com dificuldade. Levando-a por trás.
—É isso que você quer, Amira? Que eu te foda? Hein? Assim? —Eu
implacavelmente bati nela, mais forte e mais rápido. Minhas bolas encharcadas de
sua umidade. O som do nosso contato pele-a-pele ecoava na cozinha. —Você quer
que eu te foda como uma prostituta? Humm… Responda-me! —Eu fervi, batendo
na sua bunda.
—Sim... —Ela pronunciou, sabendo muito bem que não queria dizer isso.
—É isso aí, querida… aperte meu pau com sua boceta apertada. Eu não
consigo o suficiente de você. Bem desse jeito.
Ela engasgou, seu corpo estremecendo quanto mais perto ela chegava de
sua liberação.
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—É isso que você tem pensado nos últimos doze anos? —Eu acusei, sem
dó nem piedade por trás das minhas palavras. —Eu fodendo você. Usando você
para que pudesse te deixar para trás. Porque isso é tudo que eu sempre quis, certo?
Te foder e te deixar.
Eu bati nela, usando seus quadris como alavanca. Fazendo ela acompanhar
meu ritmo vigoroso.
—O que você acha? Talvez eu devesse ter te matado? Isso teria facilitado
as coisas para mim, certo? Eu não teria que te proteger, cuidar de você, te colocar
acima de tudo!
Seus joelhos se dobraram quando meu corpo caiu sobre o dela. Eu beijei e
mordi suas costas, deixando mais marcas em sua pele perfeita e cremosa. Nenhuma
vez desistindo dos meus impulsos implacáveis.
—Você está tão malditamente certa. Eu não tenho pensado em você nos
últimos doze anos, nem acariciado meu pau com as imagens de seu lindo rosto a
cada maldita noite. Eu não tentei me matar, nem uma vez! Mas duas vezes porque
eu não poderia viver sem você!
—Então, goza. Porra, goza no meu pau, assim você pode continuar
fingindo que eu não possuo cada centímetro seu. Do seu coração, da sua alma, da
sua maldita boceta.
Ela gritou, apertando suas coxas em seu orgasmo. Apertando meu pau. Um
grunhido escapou do fundo do meu peito, levando-me junto com ela.
Nossos corpos ficaram moles enquanto nós dois deitávamos no granito frio,
respirando pesadamente. Nossos pensamentos correndo maratonas, imitando a
nossa sessão de foda que aconteceu por pura raiva e desespero, para sentir algum
tipo de conexão. Eu me deliciei com o breve sentimento dela em meus braços,
chocado por ela realmente me deixar segurá-la por alguns segundos como se
precisasse de mim.
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CAPÍTULO QUINZE
Amira
—Amira, corra mais rápido! Você é sempre tão lenta! —Teresa gritou,
correndo na minha frente.
—Eu estou! Eu estou Teresa! Mas você é muito rápida! Eu não posso
acompanhar! Desacelere! Por favor, diminua a velocidade! —Eu gritei de volta,
tentando chegar até ela.
—Eu não vou desacelerar, você parece uma lesma! Venha! —Ela riu,
prestes a correr para a nossa casa.
Eu os senti.
Eu os vi.
Os monstros.
—NÃO! Teresa! Não corra para lá! Por favor, não corra para lá! Eles
estão lá! Eu posso vê-los! Por favor! —Eu implorei de longe.
Eu podia ver isso na minha frente, mas era diferente do que tinha sido no
passado. Minha voz soava tão longe, mas tão perto ao mesmo tempo. Ela ecoava
ao meu redor, tornando difícil dizer se ela me ouviu ou não. Eu pisquei e estava de
volta ao gabinete aos nove anos de idade, exceto que desta vez todos podiam ver
onde eu estava me escondendo. Eles estavam todos olhando em minha direção.
—Estou tão desapontado com você, Amira. Eu nunca quis esta vida para
você. Você é como eles. Você é um monstro! —Papi rugiu, afastando-se de mim
enquanto todos se aproximavam.
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—Vamos lá, Amira. Não se esconda como antes. Venha ficar com sua
família. Sentimos sua falta. —Sussurrou Teresa em um tom misterioso.
—Eu sinto muito, papi! Eu sinto muito! Por favor, não me deixe... por
favor, não me deixe de novo!
—Você é a razão pela qual eles estão todos mortos. —O rosto de Emilio se
transformou em Damien.
—Você me deixou sozinha! Eu não tinha ninguém! Como você pôde fazer
isso comigo? Você disse que me amava, Damien! Você disse que eu era sua! —Eu
fervia, tentando andar em direção a ele, mas não conseguia me mexer.
—O quê? —Eu gritei com lágrimas nos olhos. Passando minhas mãos pelo
meu cabelo enquanto respirava profundamente. Incapaz de controlar qualquer
uma das minhas emoções pelo que estava acontecendo na minha frente. Eu girei
para olhar para ele e quando o fiz, minha arma agora estava diretamente voltada
para o seu coração.
—Não! Eu nunca... não sou como eles! Eu não sou como eles, Damien! —
Eu gritei, pânico assumindo. Tentando limpar o sangue das minhas mãos, mas não
adiantou. Quanto mais eu tentava, mais se espalhava pelos meus braços, minhas
pernas.
—Amira, é hora de você vir com a gente. —Disse Mami, chegando cada
145
vez mais perto de mim. —Venha para o inferno conosco. É onde você pertence!
—Não! Não! Não! —Meu corpo tremia fervorosamente com cada palavra
que escapava da minha boca. —Eu não quero ir para lá! Eu sou uma boa pessoa!
Eu não sou um monstro! —Eu gritei inaudivelmente.. Eu estava movendo meus
lábios e nada saía.
Eu gritei até minha garganta ficar ferida e meu peito queimar. Enquanto
meu coração batia contra as minhas costelas, nos meus ouvidos, através da minha
mente.
BANG!
Um maldito pesadelo.
Minha mão foi direto para o meu coração acelerado, precisando controlar
minha respiração.
—Não é real. Você estava apenas sonhando, Amira. Não era real. —
Argumentei comigo mesma do jeito que costumava fazer quando estava sozinha.
Lentamente, inspirando e expirando com cada palavra derivada de minhas
respirações exasperadas. Passando meus dedos pelo meu cabelo, tirando-o do meu
rosto.
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Tirando os lençóis da minha pele úmida, eu coloquei meus pés no chão de madeira
fria, dando boas-vindas ao frio correndo sobre o meu corpo cansado. Esticando
meus músculos doloridos da luta de poder da noite anterior no esconderijo.
Peguei meu robe preto no final da cama e coloquei sobre a minha camisola
de seda prestes a entrar no banheiro para tomar um banho, quando ouvi um barulho
vindo de dentro da casa. Soou como vozes abafadas, seguidas por alguns
movimentos ao redor. Ninguém deveria estar aqui.
Eu suspirei, abaixando minha arma. —Que porra você está fazendo aqui?
Eu poderia ter te matado!
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Ele estava em cima de mim em três passos largos, arrancando a arma do
meu alcance. —Quantas vezes tenho que te dizer para controlar o seu dedo frouxo
no gatilho?
—Eu pensei que você tinha saído para remediar danos. —Expliquei,
encontrando seus olhos.
—Roman...
—Sou seu homem de confiança nos últimos oito anos. Eu protegi você com
minha vida e continuarei a fazê-lo, mas não me deixe de fora. Você entrou em uma
reunião desprotegida, contra os meus avisos, para provar algum tipo de...
Meus olhos se voltaram para os dele. —Eu não estava provando merda
nenhuma para ninguém. Eu não preciso. Eu paguei minhas contas e qualquer um
que não pense assim pode ir se ferrar. Você sabia que eu tinha que entrar naquela
reunião sozinha porque eu não tinha escolha. Essas eram as regras. Você está
sempre me dizendo para brincar com eles, e agora você está jogando isso na minha
cara. Que porra...
—Onde nas regras diziam para atirar no rosto de Vinny e começar uma
guerra com homens que você acabou de conhecer?!
—Você me ouviu.
—Não. —Eu balancei a cabeça. —Quero dizer, sim, mas não da maneira
que você pensa... nós fizemos isso um ao outro.
Dei de ombros. —Quem diabos sabe? Muito menos eu. Mas isso não
importa, eu cuidei disso. OK? Ninguém pode me encontrar, sou um maldito
fantasma. É como eu fiquei fora do radar por tanto tempo. Eu troco de lugar como
eu troco meus saltos. Eu não existo. É no que eu construí todo o meu império. É
como fiquei viva dos homens que me querem morta. Eu não moro em nenhuma
cidade ou lugar específico, estou constantemente pulando de um esconderijo para
outro. É por isso que tenho propriedades em todo o mundo. Não tenho lar nem
raízes, lembra? Meus inimigos não conseguem matar quem não conseguem
encontrar. Nós montamos assim.
—Amira...
149
—Você me ensinou tudo o que sei, Roman. Eu não seria nada sem você, e
por isso sou eternamente grata. Você não é apenas meu homem de confiança, você
é meu confidente. Eu confio em você e não confio em ninguém, inclusive em mim.
—Fiz uma pausa, permitindo que minhas palavras fossem absorvidas. —Eu cuidei
disso. Eu juro.
O bastardo tinha mais bocetas jogadas nele do que ele sabia o que fazer
com elas.
—Então, isso explica o pesadelo que acabei de ouvir você ter. —Ele soltou
meu pulso, pegando o café da minha mão para beber ele mesmo. —Você não tem
um desses há anos.
—Amira, você e eu sabemos que isso não vai acontecer. Eu não sou só
seu...
—Se você acha que vou te deixar sozinha de novo, você está redondamente
enganada.
Eu olhei para ele, me virando para sair, mas ele me parou. Agarrando meu
150
pulso novamente e girando-me para encará-lo. Ele estreitou os olhos para mim. —
E não seja condescendente, você é linda pra caralho.
—Então o filho da puta deve saber o quanto você gosta, como eu sei. —Ele
gritou da cozinha enquanto eu subia as escadas.
—Você acha que poderia balançar seu traseiro um pouco menos nessa saia?
Meu pau realmente apreciaria isso.
151
Eu sorri, olhando por cima do meu ombro. —Nunca te incomodei antes.
Ele riu, passando por mim indo para o escritório. Assim que meu salto
bateu no chão de mármore, o braço forte de Roman ficou preso em volta da minha
cintura, puxando meu corpo para trás dele em um gesto protetor. Protegendo-me de
não sei o quê. Ele apontou a arma para a última pessoa que eu esperava ver.
Novamente.
152
CAPÍTULO DEZESSEIS
Damien
Eu olhei para o meu bíceps e depois de volta para ela, imperturbável por
sua explosão impulsiva. Se a noite passada provou alguma coisa, era o quanto ela
queria me odiar.
—Se você me quisesse morto, você teria me matado. Em vez disso, você
acabou de arruinar meu paletó caro. Eu não vou a lugar nenhum até você falar
comigo.
Não foi até que os dedos dele agarrassem o quadril dela, virando-a para
encará-lo, que eu quis puxar minha arma e colocar uma bala entre os olhos dele. A
maneira como eu os ouvi conversando um com o outro no corredor já me fez ver
vermelho, porra.
Os trejeitos deles.
A proximidade deles.
Ele deve ter uns quarenta e tantos anos se eu tivesse que adivinhar, pelos
sinais de sua idade. Embora nada disso importasse. As mulheres amavam homens
154
como ele, e pela aparência, ele definitivamente sabia como entrar na boceta de
todas as idades. Incluindo Amira. Seu terno sob medida enfatizava seus ombros
largos e corpo musculoso, deixando claro que ele pegava pesado na academia. Sua
estatura volumosa elevava-se sobre a pequena estrutura dela, o que me fez
questionar minha decisão de acabar com ele.
Eu assisti com olhos frios como ela balançou a cabeça. Os dedos dele
nunca deixaram o quadril dela, usando-os em um gesto reconfortante, mas
possessivo, enquanto continuava a falar suavemente com ela. Eu senti emoções que
eu não conseguia nem começar a descrever. Enterrando-as profundamente dentro
de mim, silenciosamente esperando que eu acabasse soltando elas na porra da cara
dele. Quando ele apertou mais uma vez sua mão, afastando uma mecha de cabelo
do rosto dela, eu estava totalmente consciente de que ele sabia que eu estava
observando cada movimento seu.
Ela acenou para ele que apertou sua cintura uma última vez antes de se
virar e sair, fechando a porta atrás dele.
—Você transou com ele, não é? —Inclinei a cabeça para ela, desafiando-a
a responder com uma mentira.
Ela riu, sacudindo a cabeça. —O que você quer, Damien? Você está aqui
155
para me insultar? Seus ataques não significam nada. Eu não te devo uma
explicação, eu não te devo nada. Eu terminei o que começamos ontem à noite.
—A única coisa que aconteceu ontem à noite foi eu pegar o que pertence a
mim. Você.
Eu não podia acreditar o quanto ela mudou depois de doze anos. Seu rosto,
seu corpo, sua personalidade, era como se eu estivesse olhando para uma mulher
diferente. Uma que eu não conhecia mais.
Dias…
Semanas…
Anos…
Que era um conceito bem estranho para mim. Passei anos evitando o
inevitável e fazendo exatamente isso. Deixando de lado meu desejo e anseio de tê-
la da única maneira que eu almejei até hoje. Minha mente constantemente ganhava
a batalha sobre o meu coração, mas agora não havia obstáculos entre nós.
Sem Salazar.
Sem Cuba.
—Eu não sou sua, Damien. Eu nunca fui sua. Você pensa em mim como
156
uma posse que você possui, que você sempre teve. Eu sou como uma das bonecas
que você gastou uma pequena fortuna comprando para mim, para quê? Para limpar
a consciência de minha família sendo assassinada na minha frente, ou é por causa
da minha irmã que você foi forçado a estuprar na frente de todos?
Eu fiz uma careta, não pude evitar. Nós nunca falamos sobre a irmã dela e
ela estava deliberadamente tentando me machucar. A pior parte é que ela
conseguiu.
—Oh, vamos lá...— Ela impeliu, me provocando. Satisfeita com a dor que
estava infligindo intencionalmente.
Sua destruição.
Em mim.
—Você disse que queria conversar, então vamos conversar. Eu não sou
mais uma garotinha, você não pode me satisfazer com bonecas, roupas e mentiras
bobas disso e daquilo. Eu sei quem você é, Damien ... porque eu sou você. Eles não
transformaram você em um monstro naquela noite, eles me transformaram em um
também.
Ela.
—Você não é nada como eu! Você entende? Eu não passei a maior parte da
minha vida certificando-me disso por nada! Todo mundo tem demônios, Amira.
Esse é o seu falando.
O jeito que ela ficou ali me consumiu de maneiras que nunca pensei ser
possível. Sua presença era reconfortante e aflitiva tudo de uma só vez. Havia um
olhar malicioso e cativante nos olhos dela. Uma parede tão grossa que eu passaria
o resto da minha vida tentando quebrá-la. Eu não conseguia afastar meu olhar do
dela e nem queria.
157
Eu poderia assistir a essa mulher o dia todo, e ainda não seria o suficiente.
Porque a verdade era que...
—Está funcionando?
Eu recuei, atordoado por sua resposta. —Como? Você não tinha tanto
dinheiro. Eu saberia, lembra? Eu gastei dezesseis mil dólares tentando trazer você
aqui.
—Minha boceta, Damien. Foi assim que cheguei aos Estados Unidos.
Eu olhei para ela com os meus olhos entrecerrados, desejando sentir algum
tipo de conexão através do que eu estava prestes a dizer a ela. —Então você o ama,
mas posso ver claramente que seus sentimentos por ele não mudam o fato de você
ainda estar apaixonada por mim também.
—Você está doze anos atrasado, Damien. Meu amor por você morreu na
manhã em que você me fodeu.
—É espantoso que você não. —Ela falou com convicção, vindo para mim
até que estivéssemos a poucos metros de distância. A cada passo, eu podia sentir
seu ódio vindo em minha direção. —Mas esse sempre foi o problema entre nós.
Você fode, eu te perdoo. É um ciclo interminável que eu finalmente parei. Eu não
preciso de você e eu com certeza não te amo. Eu não sei o que você espera de mim
porque a mulher que você vê em pé na sua frente... a mulher fria, sem coração,
calejada e poderosa. Bem, seu filho da puta, você a fez desse jeito.
Cada golpe que ela deu, senti um pouco mais de mim morrer por dentro. A
garota feliz e despreocupada já tinha ido embora e tudo o que restava dela era
alguém que eu não conhecia mais. Alguém que eu nunca quis que ela fosse em
primeiro lugar. Eu não sabia qual era pior, qual doía mais.
—Vamos continuar nossa conversa da noite passada. Você sabe ... antes
que eu fizesse você gozar na minha boca e no meu pau. —Eu presunçosamente
lembrei, sorrindo para ela. —Você disse que chegou aqui pouco depois de mim. E
quanto a Rosarío? Onde ela está? Ela veio com você? —Perguntei, mudando de
assunto pelo meu bem e especialmente pelo dela.
Ela estremeceu. Foi rápido, mas eu vi. —Eu não quero falar sobre Mama
Rosa. Você pode pelo menos respeitar isso?
Para me ouvir.
Ela finalmente encontrou meus olhos, atirando. —Você sabe que tudo o
que eu preciso é gritar. Um som da minha boca e eu teria todos os meus homens
correndo aqui. Pendurando você pelas bolas com uma arma na sua maldita
garganta.
—Você é realmente adorável quando está brava. Além disso, nós dois
sabemos que gosto quando você grita. Deixa meu pau tão duro, porra. —Voltei o
meu aperto para a nuca dela em um ato possessivo, correndo meu polegar para
cima e para baixo em sua traqueia. Eu me inclinei perto de seus lábios, minha boca
quase tocando a dela. —Eu posso sentir o cheiro dele em você.
—Parar o que?
—Pare de se torturar.
—Você está me torturando. Diga por que você não veio até mim quando
chegou aos Estados Unidos e não minta para mim porra. —Insisti, nunca
desistindo do meu ataque, para cima e para baixo em sua parte interna da coxa.
—O que você quer que eu diga? Eu direi o que você quiser para me deixar
sozinha e ficar longe de mim.
—Nós dois sabemos que você pode me fazer gozar, Damien. —Ela
sussurrou contra os meus lábios. —É a reação natural do meu corpo para você.
Qualquer homem pode me fazer gozar e eles têm feito. Incluindo Roman.
—Eu não fui até você porque, no meu ponto de vista, você morreu no dia
em que Rosário morreu.
—É por isso que eu saí de Cuba, ok? Aí. —Ela apontou para mim. —Eu
respondi todas as suas perguntas. Agora, por favor ... apenas me deixe em paz.
Finja que eu não existo. É fácil, confie em mim. Eu estive fingindo que você não
existe nos últimos doze anos.
162
—Eu te amo, Damien. Você é meu lindo garoto.
—Você pode fazer qualquer coisa que quiser. Você é tão esperto.
—Damien, você tem um coração tão bom e gentil. Não deixe ninguém
mudar isso.
—Meu filho, meu lindo menino. Você é meu coração e alma, Damien. Um
dia você crescerá para ser um homem excepcional
—Damien...
Meu corpo se lançou para frente, liberando a raiva, a fúria, a loucura que
explodia de mim. Provocando e mexendo as emoções. Senti cada falta de ar, cada
lembrança, tudo o que ela me disse. Tudo isso confundiu minha mente, bloqueando
minha vontade de continuar, de empurrar. Eu não conseguia acompanhar o
tormento, ele se agarrava a mim como um vício enquanto eu corria em torno do
escritório dela, meus pés pisando em todos os lugares, deixando um caminho de
destruição em seu rastro. Jogando tudo e qualquer coisa que eu podia encontrar.
Meus olhos ficaram borrados com nada além de lágrimas. Meu corpo torcido com
nada além de ódio e meu desejo de desmoronar.
Nenhum de nós disse uma palavra eu não sei por quanto tempo,
163
enfrentando um ao outro, profundamente ofegantes. Nós não precisamos, no
entanto. Nossos olhos falavam por si mesmos. Ela me deixou senti-la,
verdadeiramente senti-la como se eu nunca a tivesse deixado para trás. Como se
ainda estivéssemos de volta a Cuba, onde nosso amor e devoção sempre falavam
por si.
—Muñeca, eu am...
Roman entrou como um louco, levando nossos intensos olhares para ele. —
Você está bem? —Ele perguntou, olhando apenas para ela.
—Damien, não...
—Isso não acabou e isso está longe de ser uma simples ameaça. —Eu a
soltei.
Em breve.
Como eu disse a ela, isso não acabou. Eu não iria cair sem lutar. Ela era
164
minha.
165
CAPÍTULO DEZESSETE
Damien
Na maioria das vezes, eu sabia onde ela estava o tempo todo, mas havia
alguns dias aqui e ali que eu não conseguia rastrear seu paradeiro. Como se ela
tivesse sumido do mapa, como se não existisse. Fazendo-me sentir como se a
tivesse perdido de novo. Aqueles eram os dias em que eu virava a noite toda
olhando através dos bancos de dados do governo, reunindo qualquer informação
que eu podia. Às vezes que a localizava, eu rapidamente percebia que ela pulava
muito de estado para estado, e de cidade em cidade, nunca permanecendo em um
lugar por muito tempo. Deixando nenhum rastro de que ela esteve lá para começar.
Amira era uma ilusão ambulante. Se eu não a tivesse visto com meus próprios
olhos, eu pensaria que a tinha imaginado.
O que, a longo prazo, fazia sentido. Eu não consegui encontrar uma coisa
dela, nem mesmo uma multa de estacionamento. Isso explicava como ela foi capaz
de construir um império, isso era óbvio. Poucas pessoas poderiam ficar fora da
linha de fogo, exceto aparentemente Amira. Com uma má decisão, selei seu
destino, possivelmente levando-a a uma vida de crime sem sequer saber disso.
A voz de Amira assombrou meus sonhos noite após noite. —Eu não fui até
você porque, no meu ponto de vista, você morreu no dia em que Rosarío morreu.
O funcionário abriu a minha porta, mais uma vez me afastando dos meus
167
pensamentos. Saí para o tapete vermelho que levava à entrada do The Ritz-Carlton.
Eu participaria de uma arrecadação de fundos para campanha política em nome do
senador McGorbin e todos, inclusive eu, estavam lá para mostrar seu apoio e, com
isso, quero dizer os talões de cheques. Eu usava um smoking preto com o cabelo
amarrado em um coque, fazendo o papel de Promotor público. A noite começou
com suas brincadeiras habituais, misturando-se com todos que eu deveria, agindo
como se eu desse a mínima para o que estávamos discutindo. Era uma arte que eu
aperfeiçoara ao longo dos anos.
—Bem, você me conhece. Eu sou a vida das festas, porra. Bebida e boceta
grátis em todos os lugares.
Eu ri, distanciando dele quando minha atenção vagou dele para olhar ao
redor do salão de festas. Foi quando meus olhos captaram algo, ou devo dizer,
alguém do outro lado da sala, e eu não consegui me afastar.
Ela estava vestida com um vestido sem alças na cor lavanda e bem
decotado, acentuando cada curva deliciosa de seu corpo irresistível. Uma fenda alta
subia pela coxa esquerda, praticamente expondo sua calcinha. Seu cabelo fluía em
grandes cachos emoldurando seu rosto, especialmente seus lábios de “foda-me”.
Ela parecia boa o suficiente para comer e confie em mim, eu queria que ela se
sentasse no meu rosto para fazer exatamente isso. Ignorando o fato de que ela
estava de braços dados com Jonathan Kent, um contribuinte financeiro bem
conhecido para todas as coisas de “puxar o saco” para conseguir se tornar senador.
No meu mundo.
Foi por isso que lutei contra o impulso de chamar atenção para a minha
presença para ela e cada homem com quem ela entrou em contato. Eu assisti cada
movimento dela, de seus gestos, o jeito que ela girava o cabelo enquanto falava,
fazendo com que esses homens se agarrassem a cada palavra que saia de sua boca.
Seus movimentos sutis de como ela se levantava e casualmente balançava seu
corpo ao ritmo da música da orquestra. Nenhuma vez quebrando o contato visual
com quem estava falando com ela. Como ela casualmente tocava nos braços ou
peitos deles, certificando-se de rir ou sorrir quando era preciso. Amira usava sua
sexualidade para conseguir o que queria, da mesma forma que fez para chegar aos
Estados Unidos. Provando que ela era o epítome da perfeição, dentro e fora das
ruas.
Ela podia cuidar de si mesma em ambos os meus mundos e isso era a coisa
mais difícil de engolir.
169
lá e uma grande parte de mim queria pegá-la desprevenida. Para realmente testar
seu autocontrole e determinação em manter sua fachada de não me amar mais.
E fodê-la.
Eu andei até a loira gostosa no bar que estava me fodendo com os olhos a
noite toda. Agarrei a mão dela e a levei para a pista de dança. Perto o suficiente
onde Amira teria que nos ver, me ver. Ela estava conversando com Johnathan
enquanto ele lentamente os girava em um círculo no exato momento em que eu
puxei a loira para o meu peito. Envolvendo meu braço ao redor da parte inferior
das suas costas, colocando o braço esquerdo dela no meu ombro e então entrelacei
nossas outras mãos ao nosso lado. Ela engasgou quando eu inesperadamente trouxe
a minha perna direita entre as dela, então ela estava praticamente sentada na minha
coxa. Abraçando-a apertado ao meu peito.
Fixei os olhos com os da loira como se ela fosse a única mulher na sala que
importava, quando, na realidade, a mulher que importava estava nos braços de
outro homem.
—Você não vai pelo menos me perguntar o meu nome? —Ela ronronou
quando eu movi meus lábios mais perto dos dela. Perto o suficiente para onde eu
podia sentir sua respiração contra a minha boca.
Ela riu daquele jeito feminino como se eu tivesse acabado de lhe dar o
melhor elogio de sua vida. Quando a verdade era que eu não dava a mínima para
quem ela era. Eu a estava usando para provar um ponto à mulher cujo olhar
penetrante lançava adagas em nossa direção. Lâminas minúsculas cortando minha
pele.
Eu nem liguei para Amira, mexendo com suas emoções da mesma forma
que ela mexeu com as minhas. Eu lentamente deslizei minha mão pelas costas nuas
da loira, mergulhando na borda de seu vestido logo acima de sua bunda, enquanto
170
ainda provocativamente dançava a suave sintonia da música. Sabendo que Amira
estava observando cada movimento nosso, eu me movi de acordo com a música,
girando-a ao redor da sala mais perto de onde Amira estava nos examinando como
um falcão fodido. Em um instante, eu puxei a loira de volta para o meu peito no
segundo em que estávamos a poucos metros de distância deles. Deslizando meu
nariz pelo seu pescoço, eu agarrei as costas dela com o mesmo gesto possessivo
que fiz com Amira todas aquelas noites atrás.
Confirmando para Amira que eu nem sequer tinha que tocá-la para ela
ainda me sentir em todos os lugares e de uma só vez.
A última coisa que ela queria era fazer uma cena, e isso é exatamente o que
aconteceria se ela se afastasse de mim. Então, eu prendi meu braço ao redor da
parte inferior das costas dela, colocando sua mão direita na minha esquerda e
comecei a dançar com ela.
—Não tanto quanto você gostou de fazê-lo. —Ela respondeu com um tom
duro em sua voz.
—Você pode tirar a garota de Cuba, mas não pode tirar Cuba da garota.
Você lembra, Muñeca? Rosarío... —Fiz uma pausa, dizendo o nome que
alimentava o remorso dentro de mim. —De qualquer forma. —Eu afastei isso. —
Isso foi há muito tempo atrás. Tenho orgulho de ver que você ainda se lembra dos
movimentos e ela também.
172
Eu orgulhosamente sorri, olhando-a de cima a baixo com uma atitude
predatória. Com a mão ainda segurando a sua nuca, passeamos pela pista de dança,
mais dois passos lentos.
Mais uma vez, a mergulhei. Puxando-a rudemente para cima com força
suficiente para segurar seu corpo no lugar onde eu queria.
Seus seios perfeitos pressionados no meu peito. Sua boceta molhada contra
meu pau duro.
—Lá vai você pensar com o seu pau de novo. —Ela retrucou, jogando-o
como se eu não fosse para ela.
Assim que ela sentiu meus dedos descendo pelos quadris, ela bateu nas
minhas mãos, empurrando sua bunda no meu pau com a perna direita apontada
para o lado. Os violinos da orquestra atingiram um ponto alto na música e ela
173
sedutoramente escorregou para o chão, com a perna esticada ao lado dela. No
mesmo movimento pecaminoso, ela girou seus quadris para cima do meu corpo.
Nunca parando seu persistente balanço de esfregar sua bunda contra o meu corpo.
Seu corpo descansou no meu enquanto eu arrastava seu pequeno corpo pelo
chão. Sua perna esquerda esticada atrás dela. No segundo em que parei, segurei-a
perto do peito para estabilizar seu movimento. Nossos peitos subindo e descendo
como um só. O salão escuro como se fôssemos os únicos lá dançando
pecaminosamente como nos velhos tempos. Quando, de repente, ela tentou puxar a
perna para longe do meu alcance. Falhando quando eu a mergulhei, segurando os
dois braços acima da cabeça, inclinando-a para trás, completamente à minha
mercê. Seus olhos se deslocaram para minha boca, lambendo seus lábios. Porra,
me atraindo para beijá-la.
—Eu ainda posso sentir o seu gosto na minha boca. —Gemi, seguindo o
movimento de sua língua.
O olhar consumidor em seus olhos estava cheio com tanta intensidade que
eu mal conseguia aguentar.
—Muñeca, eu am...
175
CAPÍTULO DEZOITO
Damien
Eu tinha acabado de voltar de Pinar del Río, onde eu estava lidando com
os inimigos de Emilio por quase uma semana e sentia falta das minhas
garotas.
—Você a vê...
—Damien, ela não é mais uma garotinha. Olhe para ela, ela é uma jovem
linda e que mulher cubana não sabe dançar. Está no nosso sangue. Minha mãe
176
se reviraria em seu túmulo se eu não mantivesse seu legado vivo. Ela era a
melhor dançarina de Havana, dançando nos cassinos. O Tango era seu número
favorito para se apresentar. —Ela olhou para Amira, que estava girando
alegremente, balançando em um movimento de vai-e-vem. Naturalmente
desfilando suas habilidades.
Amira riu, jogando a cabeça para trás. —Eu vou me casar um dia,
Damien. Eu preciso...
—Bem, Enrique, vem aqui para dançar comigo há semanas e ele estará
aqui a qualquer momento. —Amira disse com ousadia. —Então, não o assuste.
Ele é meu amigo e eu gosto dele.
—É isso então. Ela não vai mais sair de casa. —Ordenei, apontando para
Amira.
—Ei, é...
Ela suspirou. —Tudo bem, então você é seu novo parceiro de dança.
—Oh, vamos lá... Você não quer dançar comigo? Enrique ainda não está
aqui e tenho a sensação de que você o fez ir embora. Por nenhuma outra razão
além de você querer dançar comigo?
—Muñeca...
Eu observei as ondas batendo no litoral por não sei quanto tempo, deixando
minha mente vagar por um tempo em que ela era minha. Sentindo-a ao meu lado,
mostrando-me as estrelas no céu noturno.
Era Amira.
179
De pé com os pés na água, ela precisava sentir nosso amor eterno também.
A parte de baixo de seu vestido ficando encharcada pelas ondas. Havia algo no
modo como ela apenas ficou lá, olhando para o oceano com o cabelo soprando na
brisa leve, ela parecia uma pintura, um sonho que eu nunca queria acordar. A visão
dela literalmente me tirou o fôlego.
Da minha mente para o meu coração para cada maldito osso no meu corpo.
De repente, ela olhou para o chão quando eu estava a poucos metros atrás
dela, como se sentisse a minha presença iminente. Sua respiração engatou, mas ela
não se virou.
—Você não tem ideia de como foi acordar naquela manhã, procurando por
você no momento em que meus olhos se abriram. Pensando que era o começo de
um novo dia, uma nova vida...
Ela fez uma pausa, limpando a garganta e olhando para a frente dela
novamente. Ela pode estar fisicamente parada ali, mas sua mente estava de volta
aquela cama.
Suas palavras.
Sua mágoa.
O amor dela.
—Você sabe o que eu queria, certo? O que eu sempre quis desde que eu era
uma garotinha. Casar com você, ter seus bebês, ter uma família e envelhecer... com
você.
Eu não queria nada mais do que ser aquele homem para ela naquela época e
saber que isso não era possível, não impediu o meu desejo de tentar ser esse
homem para ela agora. —Muñeca, eu posso te dar a vida que deveríamos ter tido, a
que você sonhou. —Eu sinceramente respondi, seguro por um fio muito fino.
—Eu estava lá quando você se casou com Evita, Damien. Você sabia
disso? Você pôde sentir minha presença? Escondida na parte de trás da Catedral de
San Cristóbal.
Eu tropecei para trás, o ar sumindo dos meus pulmões. Nunca esperei que
ela confessasse isso para mim. —Jesus Cristo, Amira, você sabe que se eu
soubesse disso, eu nunca teria conseguido...
—Você não teria sido capaz do quê? Casar-se com ela? Lá vem você com
suas mentiras novamente, Damien. Lembro-me de rezar em silêncio enquanto ela
caminhava pelo corredor para você não se casar com ela. Lá estava eu me
escondendo em uma igreja, orando a Deus para que você não se casasse com ela
—Ela repetiu, enfatizando as últimas cinco palavras. Seu corpo tremeu, sua
compostura forte e endurecida se enfraquecendo com cada confissão que escapava
de sua boca.
181
Minha força de vontade combinava com a dela. —Eu não sabia, querida.
Por favor, me diga que você pelo menos acredita nisso. Eu não poderia te
machucar desse jeito. Nunca a foderia dessa forma.
—Eu amo você, Muñeca. Eu sempre amei você e sempre amarei. —Falei a
verdade, silenciosamente orando como ela estava, para ela acreditar em mim.
Minhas emoções.
Ela estremeceu, agora eram minhas verdades que eram demais para ela
aguentar.
—Eu teria morrido junto com você naquele dia e, de certa forma, eu morri.
Eu não deixei meu coração com você naquela cama, naqueles lençóis, deixei
minha alma com você também. Eu pensei que Emilio tinha arrancado isso de mim,
mas ele não arrancou. Você deu e eu de bom grado entreguei a você. Sempre foi
sua. Eu sempre fui seu. Você me entende?
—Como você espera que eu acredite em qualquer coisa que saia da sua
boca? Tudo o que você já fez foi mentir para mim. Eu nem sabia onde você estava,
Damien, e ainda assim, eu estava preocupada com você. Pensando em você.
Orando por você. Até que Mama Rosa disse que você foi embora... Você deixou
Cuba... Você nos deixou... —Ela parecia quebrada quando enfatizou. —Você. Me.
Deixou.
Foi então que percebi que ela era tão prisioneira dos meus pecados quanto
eu. Suas lembranças do homem por quem se apaixonou. Aquele que a protegeu, a
fez rir, a fez sorrir.
Seu confidente.
Seu salvador.
Tudo dela.
183
embora. Até mesmo contar a Mama Rosa, a mulher que te criou. Nos criou. —Ela
apontou para nós. —Como se fossemos dela. Você tem alguma ideia de quanto
você a machucou? Traí-la assim quando tudo o que ela fez foi cuidar de você e
estar lá por você! Não. Você não sabe. Você não estava lá! Você saiu como um
covarde e eu perdi todo o respeito por você por causa disso. Ela não merecia e nem
eu! Então ai está você, o Promotor Damien Montero. Aí está a verdade. Espero que
você tenha se tornado tão importante, esse cara que eu não me importo em
conhecer, valeu a pena para você, porque não só me custou... Como também
custou a ela.
—É aí que você está errada, Amira. Você não poderia estar mais errada.
Estes últimos doze anos não foram nada sem você! Nada! Você quer saber por que
eu deixei Cuba? Por que eu te deixei? —Respondi, dando um passo em direção a
ela até que estávamos a apenas centímetros de distância. Olhando profundamente
em seus olhos, falei com convicção. —Porque eu matei a porra da minha esposa.
—Você me ouviu. Eu matei Evita no mesmo dia em que você me viu dizer
meus votos para uma mulher que não era você. Eu atirei à queima-roupa, um tiro
no coração e nunca olhei para trás. Eu nunca me arrependi e, se tivesse uma
chance, faria de novo.
—Eu te amo. —Apontei para ela. —E você nunca esqueça isso. —Ela me
olhou com cautela quando eu adicionei. —Ela não era quem dizia ser. Ela
trabalhava para a Intel...
—Então você vê. Eu te deixei em Cuba porque estava muito longe de mim.
Você não merecia um homem como eu, você nunca mereceu e você ainda não
merece. Me entiendes? Perguntei “Me entende?” em espanhol. Cansado de
charadas, fingindo ser quem não éramos.
Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, mas nada saiu. Totalmente
184
consciente de tudo, incluindo a nossa língua nativa e porque eu estava de repente
usando isso com ela.
—Tudo faz sentido para você agora? Ou precisa de mim para lhe contar
como matei o filho não nascido de Salazar também? Exceto, que não fiz isso por
ninguém além de você.
—Eu tirei a única coisa que ele sempre quis e foi uma das poucas coisas
que fiz certo. Além de te salvar, te proteger, me apaixonar por você. Eu fiz isso por
você.
Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto bonito dela, uma após a outra.
Foi a primeira vez que a vi chorar desde que o destino nos reaproximou de novo.
Ela nem tentou escondê-las, deixou fluir livremente. Querendo que eu visse a parte
que ela achava estar morta há muito tempo dentro dela.
—Eu fiz isso pela inocência que você perdeu, o futuro que foi arrancado de
você. Pela sua família que você assistiu morrer em nome da “Pátria ou morte, nós
venceremos!” Ou da irmã que você assistiu ser estuprada pelo maldito monstro à
sua frente!
—Você não a estuprou! Não foi isso que aconteceu. Eu vi com meus
próprios olhos, Damien. Eu era muito jovem para entender o que era na época, mas
era a coisa mais distante do estupro. Você foi gentil com ela, eu vi! —Ela berrou
através das lágrimas. —Você não queria machucá-la, e você não foi o único que
fez. Eu vi, Damien! Eu vi como você estava com ela! —Ela gritou fervorosamente
em um tom agudo, tentando me fazer acreditar nela. —Você fez isso pela minha
família. Você fez isso por eles! Você não queria que ninguém morresse. Você
pensou... você pensou que Emilio manteria sua palavra de não machucá-los. Ele
obrigou você a fazer! Ele sempre obrigou você fazer coisas que não queria fazer!
Machucar as pessoas que você não queria machucar! Tirar vidas que você não
queria tirar! Assim como você disse, foi tudo em nome de “Pátria ou morte, nós
venceremos!” Exceto, que você não é um monstro como ele, Damien! Ele apenas
fez você pensar que é!
—Damien, por favor... — Sua boca tremeu. —Eu não posso fazer isso com
você novamente. Por favor... você tem que me deixar ir.
—Eu te amo, Muñeca. —Respirei contra seus lábios. —Por favor, me diga
que você pelo menos acredita nisso. Eu procurei por você, por você e por Rosarío.
Passei anos tentando ter certeza de que vocês estavam bem, mas até a primeira vez
que te vi, pensei que você estivesse morta. O detetive que estava investigando
encontrou seu atestado de óbito alguns meses antes e naquela mesma noite eu
coloquei uma arma na minha cabeça e não hesitei em puxar a porra do gatilho, mas
ele levou as balas com ele. Você não vê o que está descaradamente na sua frente,
porque todo mundo pode. Eu não posso viver sem você. Te amo, eres mi todo. Para
siempre. —Acrescentei novamente em espanhol “Eu te amo, você é meu tudo.
Para sempre.”
Reivindicá-la.
Fazê-la. Minha.
Ela fechou os olhos, virando o rosto para mim assim que me ouviu dizer:
“Eu te amo, eu te adoro, meu amor, minha vida, meu tudo.” Quebrando nossa
conexão como se ela não pudesse mais suportar ver o homem olhando para ela.
186
Proclamando seu amor eterno por ela como se ainda fôssemos mantidos em
cativeiro em Cuba.
Não de Emilio Salazar, mas do nosso amor tumultuado que nenhum de nós
poderia viver sem.
Ela abriu os olhos, mais uma vez olhando profundamente nos meus.
Repetindo. —Ya no te amo.
Por alguma razão, ouvir essas quatro palavras em espanhol doeu mais.
Talvez porque parecia que era Amira dizendo isso e não essa mulher que eu não
conhecia mais.
—Eu não te amo mais já faz um bom tempo. Essa é a minha verdade. Eu
preciso que você me ouça e entenda. Nós terminamos, Damien! Fique longe de
mim, a menos que você realmente queira ver em que tipo de monstro você me
transformou.
Eu não a detive quando ela se virou para sair desta vez. Eu fiquei lá, vendo
o amor da minha vida se afastar de mim, com medo de que ela nunca voltasse. Eu
não conseguia me mover, meus pés afundando na maldita areia, a praia me
engolindo inteiro. Eu a deixei sair porque não pude implorar para ela ficar.
187
CAPÍTULO DEZENOVE
Amira
—Você tem sorte que ele concordou em se encontrar com você novamente
depois da bela atuação que você fez em Detroit. —Roman repreendeu na parte de
trás da limusine Escalade que nos levava para um restaurante no centro de Miami.
Eu olhei para ele. —Foda-se ele. Ele tem sorte que eu queira encontrar com
ele novamente. Estou bancando a boazinha, certo? Exatamente como você queria.
Que tal em vez de me chamar a atenção, você não me dá algum crédito, hein?
Ele suspirou, sorrindo. Colocando a mão na minha coxa nua, exposta pela
fenda da minha saia lápis. —Você sabe, nestes últimos meses você tem sido mais
pirralha do que o habitual.
—Essa parece ser sua resposta sempre que tento tocar em você
ultimamente. Ou pelo menos tem sido nos últimos quatro meses. Por que razão
será, Amira?
—Muito ocupada para gozar? Quem é você e o que você fez com a mulher
que eu conheço?
—Roman, eu entendo o que você está sugerindo e não tem nada a ver com
ele. —Empurrei a mão dele, chateada que ele falasse do único homem que eu mais
desprezava.
188
Eu não via Damien desde a noite do evento de arrecadação de fundos na
Califórnia, quando o deixei quebrado na praia há quase dois meses.
Depois daquela noite, ele parou de tentar voltar às minhas boas graças.
Desistindo de qualquer esperança de que houvesse um futuro para nós. As flores de
Mariposa não foram mais entregues às minhas casas seguras, nenhuma forma de
comunicação chegou e a única maneira que eu sabia que ele estava vivo era por vê-
lo na televisão. Falando em nome de seus clientes durante algumas conferências de
imprensa que iam ao ar ao vivo.
Nossa conexão.
Nossa família.
Nosso amor.
Que me criou.
Que me protegeu.
Que me amou.
Foi nesse exato momento que deixei para trás aquela garota também.
Ela tinha ido embora e eu não tinha mais ideia de onde ela estava, ou se ela
sequer realmente existia. Eu pensei que ela tivesse morrido com meu amor e
devoção por ele, mas quando eu vi Damien nos últimos dois meses, ele olhando
para mim da mesma maneira que sempre olhava. Trazendo de volta a esperança e o
medo como se ela ainda estivesse lá...
189
Viva.
Respirando.
Ele olhou para mim como se nada tivesse mudado entre nós.
Ele ainda olhava para mim como se eu fosse seu maldito mundo, enquanto
eu olhava para um homem que se tornou nada além de um estranho agora. Um
homem cujos olhos bondosos e serenos e com algumas palavras simples, calmas e
suaves. —Shhh ... Muñeca, estou aqui. —Foi enterrado anos atrás.
Minha irmã.
Meu passado.
Eu queria poder te dizer que eu não dava a mínima para ele, mas eu
provaria que estava errada.
Por ele.
Aquela noite na praia mudou algo dentro de mim. Da mesma forma, ouvi-
lo compartilhar suas verdades...
190
Eu não conseguia decifrar o que era a verdade ou o que era mais mentiras.
Ele dizia qualquer coisa para conseguir o que queria, construiu uma carreira
extremamente bem-sucedida. Meu coração queria acreditar nele, mas minha mente
sabia bem.
Ou tinha?
—Então me diga, Amira. Você solicitou uma reunião com o Vlad esta noite
porque ele mora em Miami?
Meus olhos se arregalaram. —Você está brincando comigo? Claro que não.
Estou aqui...
—Você precisa que eu goze em seus dedos para provar que eu não dou a
mínima para Damien? Isso terminará essa discussão? Então, com certeza. —Atirei
sarcasticamente, abrindo minhas pernas para ele. —Se isso vai fazer você se sentir
mais homem e menos como um garotinho ciumento, então me faça gozar, Roman.
—Isso é muito maduro. —Ele fechou minhas pernas. —Lá vai você usar
sua boceta novamente para provar um ponto. Como isso funcionou para você até
agora?
—Amira
—O que eu quis com todo homem que conheci. Deixá-los em seus malditos
joelhos.
191
—Você vai ser bonzinho agora? —Perguntei, sorrindo.
192
eu vou! —Gritei animada, olhando atrás de mim na minha bicicleta para ele.
—Eu vejo, Muñeca, mas pare de olhar para mim e preste atenção na sua
frente antes de você...
Ele obviamente nunca tinha caído de sua bicicleta antes porque eu estava
longe de estar bem. Havia sangue jorrando dos meus joelhos quando ele
lentamente me sentou, misturado com sujeira, fuligem e eu não sei mais o quê.
Eu estremeci, mordendo meu lábio inferior o mais forte que pude quando ele
posicionou minhas pernas na minha frente, inspecionando o dano. Tentei não
chorar, procurando Yuly para me esconder atrás, mas não consegui impedir que
as lágrimas caíssem pelas minhas bochechas. Imitando o sangue das feridas
193
nos meus joelhos, mãos e cotovelos.
Ele deu uma risadinha. —Não, Muñeca, você não vai morrer. Eu vou te
limpar e você estará novinha em folha de novo.
—Eu nunca deixaria nada acontecer com você. Eu já volto, preciso pegar o
kit de primeiros socorros.
—Shhh… Muñeca, estou aqui. Você é tão corajosa, tão durona. Estou
quase terminando, juro. Deixe-me colocar essas bandagens e em apenas mais
alguns minutos, você estará pronta para andar de novo.
—Você não é uma desistente e eu nunca permitiria que você fosse uma
também, Amira. Você confia em mim?
— Claro.
194
—Então você vai voltar para a bicicleta e eu vou estar lá com você.
—Pare de se preocupar com coisas que não aconteceram. Você acha que eu
deixaria você se defender sozinha? Você é minha para proteger, sempre. Você é
minha garota, Muñeca. Você me entende?
Eu sorri, olhando em seus olhos serenos, cor de mel enquanto ele beijava
as ataduras sobre minhas feridas. —Aí, Muñeca. Bem melhor agora.
Não vendo nada além de seu amor e proteção me olhando como eu sempre
vi.
Quando depois de todo esse tempo eu pensei que tudo que conseguia
lembrar...
195
CAPÍTULO VINTE
Amira
196
—Ele não é da sua conta. —Retruquei, apontando para Roman nos dar um
pouco de privacidade, sabendo que ele não iria longe demais.
Ele sorriu de volta para mim, estendendo a mão direita. —Nós não fomos
apresentados corretamente, eu sou Vlad.
—Nenhum beijo na bochecha? O que eu tenho que fazer para ganhar esse
tipo de boas-vindas? —Inclinei-me, escovando levemente minhas mãos nas laterais
do seu peito, pressionando meu corpo firme contra o seu para beijar o canto de sua
boca. Respirando o leve aroma de sua colônia, pairando no ar entre nós. Do ponto
de vista de um estranho, parecia que eu estava dando a ele um caloroso abraço
como se fôssemos velhos amigos. Querendo que ele pensasse que eu estava sendo
cordial, mas na realidade, queria sentir quantas armas ele estava carregando. —
Agora, que tal você comprar a uma garota uma bebida? —Murmurei perto de seus
lábios.
—Você é sempre tão impulsiva com suas decisões quanto com seu dedo no
gatilho?
197
Murmurei, inclinando a cabeça para o lado.
—Eu nunca iria vender você. —Seus dedos se enrolaram na minha coxa
enquanto seu polegar continuava a roçar meu joelho. —Você, linda, vale a pena
manter.
—Toda mulher quer ser cuidada, Amira, e eu posso fazer isso e muito
mais. Oferecer-lhe proteção de homens que querem você morta. Você não está
preocupada com o alvo nas suas costas? Você é apenas uma mulher no mundo de
homens, então quanto tempo você acha que isso vai durar?
—Acho engraçado que homens como você acham que detém todo o poder
só porque tem um pau. Bem... eu não sou aquela com a mão entre as pernas, sou?
Você não está me dizendo nada que eu ainda não saiba, não é nada novo. Os
homens me querem morta e, para ser completamente honesta, só vou me preocupar
com o dia em que eles, de repente, não quiserem.
—Eu gosto de você, porra. —Ele sorriu. —Nós poderíamos fazer grandes
coisas juntos e você deve saber disso. Por que mais você queria uma reunião
comigo?
—Eu só queria conhecer um dos poucos homens que eu não matei naquela
noite.
—Touché. Você poderia pelo menos reconhecer que teve ajuda, no entanto.
Eu não queria falar sobre Damien, muito menos com ele. —É isso que você
quer fazer hoje à noite? Falar sobre outros homens enquanto sua mão continua
deslizando para mais perto da minha boceta?
—Acho que depende de quão alto você planeja deslizar sua mão.
198
—Eu amo misturar negócios com prazer. —Ele murmurou, olhando-me de
cima a baixo com a atenção de um predador. Sua mão continuava a desaparecer
mais na minha saia. —Mas tirando isso, também quero que você saiba que minha
oferta é válida enquanto eu estiver respirando. Ainda estarei aqui quando você
perceber que minha proteção é necessária.
—O que te faz tão diferente de todos os outros, hmm? Até agora, você é
exatamente igual a todo o resto. Confie em mim, Vlad, você não é o primeiro, nem
será o último homem a fazer promessas de merda para tentar me atrair para a
morte. Nesse ponto, eu ficaria muito ofendida se você não fizesse. Mas como
saberei que você também não tem um motivo oculto para me matar?
Ele se inclinou para o lado do meu rosto, roçando seus lábios contra minha
orelha. —Porque se eu fizesse, meu pau não estaria tão duro agora.
—Querida, já que você já está olhando diretamente para ele, que tal você se
curvar? O Zogu im, dua ta shkërllej pidhi dhe pastaj do derdhesh krejtë në karin
tim. —Ele gemeu em meu ouvido em albanês.
Ele não hesitou, pegando meu sexo através da minha calcinha de seda.
Afirmando fortemente. —Eu quero foder sua boceta doce e fazer você gozar em
todo o meu pau.
Estreitei meus olhos para ele, absorvendo suas palavras. —Além disso,
estou envolvido em muito mais do que apenas sexo.
—Tire a mão da boceta dela antes que eu corte o seu maldito braço.
— Damien, que de repente apareceu do nada, com o maxilar cerrado ao nosso lado.
—Quando se trata dela. —Ele deu um breve aceno para mim. —Eu farei
qualquer coisa para mantê-la segura. Então me dê uma razão, dê-me uma fodida
razão para não descarregar a sexta rodada na porra da sua cabeça por tocá-la.
Eu não podia acreditar que ele estivesse aqui, de todos os lugares, mais
uma vez aparecendo onde eu não queria ou precisava.
—Essa é sua única salvação agora, porra, mas me provoque Vlad. Eu sou
bom em criar álibis, cobrindo as coisas. Lembre-se, filho da puta, eu sou a lei.
No segundo que Vlad ficou na cara dele, eu fiz a única coisa que pude. Eu
reagi. Abruptamente pulando, colocando-me na linha de fogo. Diretamente entre
eles. Protegendo Damien o melhor que pude. A sala de repente parecia menor, com
seus corpos musculosos e em alerta pairando sobre o meu pequeno corpo. Seus
corpos exalam o domínio como dois cachorros raivosos lutando para ser o alfa. A
tensão que aumentava a cada segundo que passava era tão espessa que eu mal
conseguia respirar.
Eu desprezava Damien.
Não pude deixar de me sentir protetora sobre ele, o que só fodeu ainda mais
minha cabeça. Engoli em seco, meu coração batendo no meu peito ao ponto de eu
jurar que eles podiam ouvir. Nosso mundo poderia se tornar sangrento em dois
segundos, e essa era a última coisa que eu queria que acontecesse. Eu não estava
preocupada que cada homem não pudesse se virar sozinho. Eu simplesmente
estava surpresa pelo fato de não querer que Damien se machucasse. Mais uma vez,
deixando a menininha que incondicionalmente se preocupava com ele, dominar a
mulher que o odiava.
—É isso que você pensa que está acontecendo aqui? Estou cuidando dela.
Puro e simples.
—A única coisa que você está cuidando são dos peitos dela. Quantas vezes
seus dedos tocaram o que é meu porra? Diga alto e claro, então saberei quantas
vezes preciso atirar em você entre os olhos. —Damien ameaçou, fervendo com sua
advertência alta e clara.
—Quatro vezes. Vamos ver quem mata quem primeiro. Você me mata ou
meus guardas te matam, mas vou lhe contar um pequeno segredo, suas chances não
são tão boas quanto as da roleta russa. —Vlad preveniu, imitando o
comportamento de Damien.
201
Eu coloquei minha mão sobre a arma de Damien, silenciosamente rezando
para que pudesse acalmá-lo e me inclinei perto de seu rosto. —Há vinte e cinco de
seus homens de guarda aqui, e se você parasse de marcar território em mim por um
segundo, já teria percebido. Posso ser impulsiva e imprudente, mas eu sei quando
deitar e fingir de morta. —gritei, olhando para ele. —Por favor, para mi. —
Acrescentei “Por favor, por mim.” Usando nossa língua nativa, esperando que
pudesse fazer diferença se eu o lembrasse da garota que já fui.
Eu estaria mentindo se dissesse que suas palavras Eu perdi você uma vez,
Amira. Não vai acontecer de novo,” em espanhol não tiveram efeito sobre mim
também.
Damien relutantemente soltou sua arma, mas assim que fui mover minha
mão, ele a agarrou. Puxando-me para trás dele como se eu fosse mais uma vez a
garotinha que ele estava protegendo de um monstro. Seu braço forte e firme
enrolado nas minhas costas, segurando-me perto de seu corpo por trás.
Ele ficou mais ereto, tornando óbvio que ele estava de olho em Vlad de
cima a baixo.
Ele ganhou.
202
Sua presença me lembrou de todas as vezes no passado que eu não
conseguia decifrar qual lado do seu temperamento era pior, ver a fúria cruel de
Damien ou o bastardo assustadoramente calmo. Ambos os lados dele eram cruéis
de maneiras diferentes, mas pelo menos com a sua raiva, eu sempre sabia o que iria
receber.
Embora eu não quisesse, tive que pôr fim a esta reunião. Em resumo, eu
não queria trazer Damien para algo que não tivesse nada a ver com ele. Preocupada
com seu bem-estar e isso me irritou mais do que tudo.
Tentei me mover, mas ele me agarrou com mais força, quase me fazendo
gritar.
Tornando conhecido através da dor que ele não iria me deixar ir.
Mentalmente.
Fisicamente.
Emocionalmente
—Você viu o que acabei de fazer, então por que diabos você está me
203
perguntando?
—Ao contrário de você, eu sei quando Amira está em perigo e o único que
corria risco era você. —Roman acenou com a cabeça em direção ao elevador. —
Estarei lá. Não demore.
Não demorou muito até que Damien e eu travássemos os olhos. Ele tinha
uma expressão de dor no rosto e eu me perguntei se eu tinha a mesma expressão no
meu. O desconfortável silêncio martelou ao nosso redor, rasgando minhas
inseguranças pelo homem que estava olhando fixamente para mim do jeito que ele
sempre olhou. Com aqueles olhos serenos, cor de mel, que eu não conseguia
desviar o olhar. Eu nunca pude, mesmo quando sabia que isso era errado.
Doía muito.
204
Impotente.
Contida.
Cautelosa…
Meu estômago deu um nó, agitando a cada segundo que passava entre nós.
De onde vieram todos esses sentimentos?
Ele estreitou aqueles olhos intensos para mim e sorriu, sentindo todas as
minhas emoções conflitantes tocando como um disco quebrado na minha cabeça.
Acendendo outro sentimento enterrado no fundo do meu ser quando se tratava
dele.
—Deixe-me ir. —murmurei tão baixo, não querendo dizer isso muito alto.
Tentando encontrar o bem nele quando tudo que eu podia ver era o ruim.
—Nunca. Pare de pensar, Amira. Apenas sinta. Ele colocou a mão sobre o
meu coração.
—Sinta-me aqui.
Meu coração.
Minha mente.
Mandavam em mim.
—Eu sei, mas você também gosta de mim. —Ele simplesmente disse em
205
uma voz muito mais profunda, tentando desesperadamente não perder a paciência
comigo.
Exceto que desta vez eu queria que ele perdesse. Eu levaria sua raiva sobre
nossas verdades, qualquer dia. Eu lentamente me afastei, mais uma vez precisando
me proteger dele.
—Fique longe de mim. Eu não vou avisá-lo pela terceira vez. —Antes que
ele pudesse responder, eu me virei para sair, mas fui interrompida quando ele
agarrou meu braço e me puxou contra seu peito. Jogando nossos corpos em uma
sala escura perto do bar, onde tudo que eu podia ver eram seus olhos.
Amor?
Com o seu possessivo aperto em volta do meu pescoço, ele disse. —Eu te
amo. Eu te amo, Muñeca. Te amo, te adoro, Amira.
Toda vez que eu senti seu pênis duro empurrado contra o meu calor úmido.
Eu queria?
Eu fiz a única coisa que parecia natural quando se tratava de nós. Para ele.
Peguei a fivela do seu cinto, mostrando a ele que eu o amava, deixando-o ter o seu
caminho comigo. Era a única maneira que eu conhecia. Dando-lhe o meu corpo,
assim como fiz todos aqueles meses atrás. Ele rosnou mais alto, beijando-me uma
207
última vez antes de parar minhas mãos em seu aperto forte e descansar sua testa na
minha.
Seus olhos eram escuros, assustadores e sexys como o inferno quando ele
olhou profundamente nos meus e disse roucamente. —Eu te disse que não iria te
foder de novo até que você admitisse que você é minha. Apenas diga as palavras,
baby e eu vou te dobrar aqui e reivindicá-la como minha.
Que diabos você está fazendo? O que você está pensando? Não se faça
passar por isso novamente! Não faça isso! Ele é um mentiroso. Ele te deixou! Ele
não é nada além de um mentiroso!
Usando toda a minha força, eu empurrei-o para fora e tentei acertá-lo nas
bolas, mas ele saiu de cima de mim antes que eu pudesse. Sabendo das minhas
intenções. Eu saí correndo de lá com ele chamando meu nome todo o caminho até
o elevador. Não havia como encará-lo depois do que aconteceu entre nós, eu estava
muito fraca.
Ele também.
Seu amor.
208
Chorando por outro homem que só fez isso.
209
CAPÍTULO VINTE E UM
Damien
Outro maldito dia, outro maldito evento de gala. Exceto que esse eu queria
ir por razões puramente egoístas.
Ela.
Fazia três semanas desde que eu tive Amira exatamente onde ela pertencia,
debaixo do meu corpo e em meus braços novamente. Consumindo meus
pensamentos, minhas ações, minhas palavras e minhas decisões, da mesma forma
que ela sempre fez desde a primeira vez em que pus os olhos nela. Embora, por
mais que tentasse, ela nunca teve o poder de me salvar de mim mesmo. Eu, por
outro lado, tinha o poder de destruir nós dois.
Várias vezes.
Principalmente, de si mesma.
Eu sacudi meus demônios, sabendo que agora não era a hora, nem o lugar,
para relembrar o aperto que eu sempre teria sobre ela. Então, simplesmente
endireitei as lapelas do meu paletó do smoking e saí da limusine pouco depois das
dez da noite, dando boas-vindas à brisa fresca da noite no inferno que queimava
por dentro. Andei por um pátio bem cuidado, cheio de vegetação que se estendia
por quilômetros, envolvendo a vasta propriedade onde o evento estava sendo
realizado. Rapidamente, fui até os dois conjuntos de escadas que subiam até a
entrada principal, onde vários homens estavam conferindo os convidados na porta.
Peguei uma bebida no bar, procurando a razão pela qual eu estava aqui,
sem encontrá-la em nenhum lugar entre os grupos de pessoas ricamente vestidas.
Ela sorriu, apontando para o corredor adjacente sob um grande arco que
levava a outra sala. Eu segui de perto atrás dela, pego de surpresa quando ela nos
levou para fora, saindo da parte de trás da mansão. Não foi até que ela começou a
andar em direção a um conjunto de escadas irregulares de cimento com paredes de
pedra escura forradas com musgo, que conduzia ao subsolo, que minha mente
começou a correr com pensamentos de que isso era uma armadilha. Não sabendo o
que diabos estava prestes a acontecer.
Ela abriu uma porta de aço no final da escada e gesticulou para outro
212
conjunto, indicando que este era o meu momento da verdade, livremente fazendo o
meu caminho direto para os portões do maldito purgatório, contra ficar no limbo
com ela.
Noah?
Eu não o via desde que conheci Giselle em Oak Island naquele restaurante.
Foi o que? Cinco, seis anos?
—Luta! Luta! Luta! —Eles se agitavam, cada vez mais alto. Alimentando
sua raiva assassina.
O outro lutador conseguiu empurrar Noah, lutando com ele por alguns
minutos, cada um deles tentando ganhar a vantagem do outro. Cotovelos, punhos e
pernas voaram por toda parte, misturando-se enquanto eles não davam a mínima.
Sem misericórdia.
Sem moralidade.
Noah deu um soco no estômago dele, fazendo com que ele caísse para o
lado e, em seguida, usou o impulso de seu golpe para virá-lo novamente.
Travando-o com as pernas e o peso. O homem imediatamente guardou seu rosto,
mas isso não importava, Noah enfiou os punhos em suas costelas, seu estômago,
recebendo mais alguns bons golpes nos lados de sua cabeça também. Batendo nele
repetidas vezes.
O cara jogou Noah fora e chutou o lado do seu estômago quando ele se
levantou, mandando-o para o chão. Cambaleando para recuperar o equilíbrio.
Usando seu momento de fraqueza, ele veio para Noah, socando, chutando,
acertando-o todo.
—Aposto trinta mil em Rubino! —Gritou uma mulher pelo nome do outro
lutador pela primeira vez.
215
—Aposto mais 20 mil em Rubino! —Alguém entrou na conversa.
Por alguma razão, meu olhar rigoroso voltou para Vlad, que ainda estava lá
calmo e coletando.
Mais uma vez, apenas esperando por algo que eu não sabia o que era.
Mais apostas para o competidor rugiram pelo ar, uma após a outra, até Vlad
aparecer de repente no meio da multidão, indo até o centro do palco. De pé a
poucos metros de onde Rubino continuava a atacar Noah. Eu pensei que ele ia
dizer que a luta acabou, declarando Rubino o vencedor para salvar Noah, já que ele
era obviamente seu lutador.
Ele mal deu uma segunda olhada neles, mas eu nunca esperei que ele
anunciasse —Senhoras e senhores, escolham o destino dele. —Transformando isso
em algum tipo de jogo de Combate Mortal.
Ele estava permitindo que essas pessoas ricas idiotas brincassem de Deus,
porque o dinheiro poderia literalmente comprar algo para você. Incluindo assistir e
apostar em alguém para ser assassinado por puro entretenimento e diversão.
Vlad se virou e assistiu de onde ele estava, sua expressão vazia de qualquer
emoção enquanto os punhos de Rubino rasgavam Noah em pedaços. Fazendo seu
corpo cair em círculos, finalmente pousando de bruços, de cara para baixo.
Rubino pulou ao redor dele com os punhos para cima, desafiando o filho da
puta a se levantar. —Venha, sua bicha, não pode nem lutar pela sua vida?— Ele
216
provocou Noah. —Você ainda não viu nada. Levante-se! — Logo quando ele
estava indo para a matança, Noah se sentou em suas mãos e joelhos e olhou
diretamente nos olhos do seu oponente.
Não havia sombra de dúvida em todo o meu ser que ela não me amava
tanto quanto eu a amava e, pela minha vida, eu nunca conseguia descobrir o
porquê. Eu estava lentamente derrubando sua muralha, e não poderia ter sido mais
grato por isso. Eu estava tão exausto da besteira entre nós quanto ela, se não mais.
Eu estava longe de ser um homem paciente, especialmente quando se tratava dela.
Sentindo como se eu já estivesse esperando várias porras de vidas para reivindicá-
la como minha, saltando sobre obstáculos e através de aros para chegar onde
estávamos agora.
Foi então que percebi que o local estava sendo esvaziado. A luta acabou e
as pessoas subiam as escadas passando por mim para celebrar a vitória de Noah e
seu dinheiro de sangue, saindo do evento principal. Eu olhei de volta para o meio
da sala onde o corpo sem vida de Rubino estava sendo arrastado por outra saída.
Vlad pairou acima de Noah com os braços ainda cruzados sobre o peito enquanto
seu lutador se sentava em uma cadeira de metal, saindo do caminho enquanto um
homem que parecia ser um médico estava examinando-o.
Porra.
Dando uma última olhada para Noah, cujo espírito gritou quebrado e
fodido tanto quanto seu corpo, eu me virei e corri escada acima. Correndo pelo
caminho de volta para a propriedade, precisando encontrá-la, sentindo que minha
vida dependia disso. As salas já estavam lotadas com quantidades infinitas de
pessoas se alimentando da depravação do outro. A música tocava alto nos alto-
falantes enquanto todos se misturavam e continuavam sem se importar com o
mundo, sem dar a mínima para o que todos nós acabamos de testemunhar. Eu
odiava Amira estar aqui entre todas essas pessoas sem alma, ela não pertencia a
este mundo.
Nem agora.
Nem nunca.
Nada lógico foi capaz de formar o meu julgamento, além do meu amor e
devoção por uma mulher que eu nunca mereceria, mas seria minha, no entanto.
Assim como meu último fio de paciência estava prestes a explodir, eu realmente
me descontrolei quando vi Vlad pelo canto do olho, conversando com um grupo de
convidados na varanda. O bastardo estava mais uma vez prestes a receber o final
da minha fúria. Eu corri através da multidão de pessoas, não dando a mínima em
quem eu bati e eu estava na sua frente em dois segundos.
Ele estreitou seus olhos confusos para mim, arqueando uma sobrancelha.
—Que porra você está fazendo aqui?
—Amira não está aqui. Eu não sei onde ela está. Por que diabos você
continua aparecendo em lugares nos quais você não é convidado?
—Ela saiu?
—Saiu de onde?
—O que você está balbuciando? Por que ela estaria aqui? Eu não a
convidei, nem você. Agora dê o fora antes que eu seja removido,
permanentemente.
219
piores em nosso mundo para se preocupar. Minhas intenções não eram
maliciosas, pelo menos não esta noite.
—Porra…
Uma propriedade como essa era comprada por uma única razão, completa e
absoluta privacidade, usada para o que eu logo descobriria.
Eu pensei que minha vida tinha acabado quando deixei Amira em Cuba,
mas a cadeia de eventos que aconteceu nos próximos minutos provou que eu não
poderia estar mais errado. Pela segunda vez naquela noite, eu de bom grado
caminhei pelos portões do Inferno, percebendo que nunca foi uma cilada para mim.
Era uma...
Para ela.
220
CAPÍTULO VINTE E DOIS
Amira
—Amira! Mantenha sua boca fechada! Não diga nada a eles! Nenhuma
uma merda! —Roman esbravejou em um tom que ressoou profundamente em
meus ossos.
221
algum sinal de fraqueza em relação a esses pedaços de merda. Todos os ossos do
meu corpo estavam imóveis, todos os músculos do meu ser cerrados, cada parte de
mim era incapaz de se mover, testemunhando a cena se desdobrando diante dos
meus olhos. Não ajudando minha disposição de permanecer imperturbável
enquanto continuavam a amarrar grosseiramente Roman à cadeira. Ele tentou
combatê-los com todas as suas forças, arranhando, empurrando, chicoteando seu
corpo ao redor. Tomando soco após soco que eles davam ao lado de sua cabeça e
peito para cada tentativa fracassada de se libertar e vir me resgatar.
Os únicos sons que eu podia ouvir eram meu coração batendo e meus
pensamentos e memórias martelando em minha mente. Levando-me de volta para
outro lugar no tempo em que me escondi em um armário da cozinha e vi outro
homem que amava de todo coração, tentar me salvar dos monstros que queriam
nos separar.
—Bem, bem, bem, veja quem finalmente decidiu nos agraciar com sua
presença. Você tirou uma boa soneca, bela adormecida? O homem que me
segurava presa anunciou em um sotaque italiano espesso.
Ele sorriu, estreitando os olhos redondos para mim. —Você deveria estar
222
me agradecendo. Aquele ali. —Ele acenou para o homem ajoelhado para fechar as
pernas de Roman na cadeira, propositalmente caminhando com certa arrogância até
que ficamos cara a cara. —Aquele filho da puta queria um gosto da sua boceta. Eu
disse a ele não 'até que eu tenha o meu'.
—Bem, você vai ter que me bater de novo para que isso aconteça, filho
da...
Levou cada grama de força de vontade que eu não tinha para atacar ele
naquele momento. A única razão pela qual eu não ataquei era o homem que agora
estava totalmente preso a uma cadeira, com a boca fechada com fita adesiva.
Pedindo para mim com os olhos para não ceder, não importa o quê. Mesmo que
isso lhe custasse avida.
Eu podia praticamente sentir cada golpe que eles davam como se eu fosse a
pessoa que eles estavam brutalmente batendo. Mais lembranças da noite em que
minha família foi assassinada voltaram, atacando minha mente e agredindo meus
sentidos. Engolindo meu corpo ao ponto que tudo que eu podia ouvir era o
zumbido de seus gritos e pedidos em meus ouvidos. Eu não sabia dizer se era o
223
sangue de Roman ou dos lutadores que cobria o chão horrível embaixo dele.
Rezando silenciosamente, que cada golpe fosse o último. A expressão em seu rosto
espelhando a do meu pai quando ele estava apenas por um fio.
Eu engoli em seco quando eles pararam e meu olhar vazio encontrou suas
expressões sádicas. Assemelhando-se aos homens de Emilio, mostrando seu
trabalho árduo. Deixando seus punhos sangrentos com orgulho.
Sem remorso.
Sem culpa.
Mudei minha atenção para Roman, que estava olhando diretamente para
mim através de seus olhos inchados e encharcados de sangue, fechando-os por uma
fração de segundo sentindo que o machucava olhar para mim. Totalmente
consciente de quais lembranças estavam ocorrendo em minha mente. Eu fechei os
olhos com o filho da puta na minha frente através dos buracos em sua máscara, e
mesmo que eu estivesse morrendo por dentro, eu coloquei uma bela fachada.
Retratando o traficante destemido, quando tudo que eu sentia era a garotinha
assustada que estava perdendo sua vida de novo.
—Isso é tudo que você tem? —Zombei, não recuando. —Que tal você me
dizer o que você quer? Em vez de desperdiçar meu maldito tempo com essa
exibição lamentável de jogo de poder! —Eu gritei em um tom duro, dando a ele
exatamente o que ele queria.
Ele pulou em mim, segurando meu cabelo e puxando minha cabeça para
trás, até que ele estava pairando sobre mim. Prendendo-me no lugar na frente dele,
ele enfiou a arma na lateral da minha cabeça. —Para quem diabos você acha que
está dando ordens, garotinha? Com quem diabos você está fodendo, sua puta
fodida!
—Eu vou te mostrar com quem você está fodendo!— Ele rosnou no meu
ouvido, e pela segunda vez na minha vida, eu pensei que isso era o fim para mim.
Assim que ele disse seu nome, Roman e eu encontramos nossos olhos
através da distância entre nós. Tudo fazia sentido agora. Seu olhar me dizendo tudo
que não podia ser falado. Se eu quisesse que saíssemos daqui vivos, eu teria que
começar a jogar com esse jogo de filho da puta.
Ele esmagou meu corpo na parede de concreto o mais forte que podia,
batendo minha cabeça contra o tijolo, fazendo-me ver instantaneamente estrelas do
caralho. Tirando o ar dos meus pulmões com o impacto e com a força dele. Com
um aperto de morte na parte de trás do meu pescoço, ele prendeu o lado do meu
rosto e corpo na parede, não me permitindo respirar corretamente e me orientar.
Meu peito arfava e meus olhos lacrimejavam, ofegando por ar que não estava
disponível para pegar. Todo o sangue escorrendo do meu rosto, até os meus lábios
que tremiam com o desejo instintivo de desmoronar.
—Que tal agora? Melhor? Ou você ainda precisa ver mais do que eu tenho?
—Ele sussurrou no meu ouvido por trás, com o pau duro pressionado contra a
minha bunda. O tecido de sua máscara cortando minha bochecha.
Tentando me diminuir.
Zombar de mim.
Machucar-me.
Eu sabia o que ele realmente queria, então eu de bom grado dei a ele,
propositalmente balançando minha bunda ao longo de seu pênis. Incitando-o para
continuar.
Minha visão ficou clara quando a mão dele percorreu a parte interna da
minha coxa.
Meu coração pulou uma ou duas batidas, sabendo o que ele estava prestes a
fazer.
Minha mente correu para encontrar uma maneira de fazê-lo parar, quando
algo finalmente clicou na minha cabeça.
—Deixe-me contar um pouco sobre o seu irmão... você sabia que ele estava
roubando dinheiro de você?
Antes que a última palavra saísse da minha boca, ele me girou de volta. Seu
aperto de morte agora na minha traqueia com a arma firmemente pressionada entre
os meus olhos. —Você é uma mentirosa...
—Seu irmão mais novo estava desviando dinheiro de sua família para
ganhar território para Carlo, o inimigo de sua família. É a única razão pela qual ele
esteve na reunião. Ele queria alianças para apoiá-lo quando você descobrisse. Usá-
los para acabar com você, sem que isso caísse sobre ele. Seu irmão era um fodido
idiota desrespeitoso e você deveria estar me agradecendo por assassiná-lo porque
isso salvou sua merda de vida!
Respeito.
226
Ganhando a mão superior, mas ainda o deixando pensar que ele estava no
controle. Roman e eu passamos semanas tentando encontrar alguma coisa de
Vinny para cobrir minha bunda. Não havia lealdade em nosso mundo,
especialmente quando se tratava de poder e dinheiro. Nós não poderíamos
encontrar nada além do inimigo de sua família e agora eu estava mentindo através
dos meus dentes, rezando para que isso salvasse nossas bundas.
Assim que ele puxou a arma da minha boca, a porta para a saída escondida
foi abruptamente aberta. O portão de metal praticamente arrancado das dobradiças,
ricocheteando na pedra. Eu nunca esperei ver aqueles olhos familiares me
encarando.
Damien.
227
mesmo que quiséssemos.
Eram permanentes.
228
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Amira
—DAMIEN, NÃO!
Mais tiros.
Mais balas.
Empurrei seu corpo do meu, puxando a arma de suas mãos, e fui para cima
de qualquer um usando a máscara de esqui preta.
Foi quando eu notei Vlad, seus dois guardas e o que parecia ser seu lutador,
Noah, também estava na sala. Impedindo os homens de saírem. Balas
ricocheteando em tudo, o chão, as paredes, o teto. Todos procurando abrigo nas
229
sombras o melhor que podiam, evitando a proverbial chuva de tiros. Por alguma
razão, minha mente contemplou quem eram os bandidos e quem eram os bons.
Damien estava a poucos metros de distância, dando tiro após tiro nos
homens abrindo fogo contra mim. Matando pelo menos três ou quatro em questão
de segundos. Sinalizando para Vlad e Noah cobri-lo enquanto ele se aproximava de
mim. Foi então que vi Roman com o canto do olho do outro lado da sala,
debatendo-se em sua cadeira, de alguma forma evitando o fogo cruzado.
Desesperadamente tentando libertar-se das restrições. Foi a primeira vez que eu o
vi tão vulnerável, tão assustado e a imagem sozinha trouxe lágrimas aos meus
olhos.
Mais comoção.
Mais destruição.
Mais…
Mais...
Mais…
—Porra, pare com isso! Pare, Amira! Você não vai a lugar nenhum! Agora,
porra, pare! —ele argumentou, facilmente me segurando como se eu não fosse
nada além da maldita boneca que ele sempre me chamava.
—Por favor, Damien! Por favor! Ajude-o! —Implorei e implorei com tudo
dentro de mim, engasgando com soluço, enquanto tiro após tiro explodiu nas mãos
de todos. Incluindo na dele.
—Droga! Porra, pare com isso, Amira! Pare de brigar comigo! Basta!
231
peito agredido, abdômen, braços, pernas fazendo com que seu corpo sacudisse
junto, a cadeira danificada devido ao impacto.
—NÃO! NÃO! NÃO! —Mais uma vez sugando o ar que não estava
disponível para ser tomado. Cada tiro ressoando profundamente em meu íntimo.
Meu peito arfava a cada respiração, sufocando no massacre diante de mim.
Afogando-me na devastação de sua vida sendo brutalmente arrancada deste
mundo. —Nãooooooo! Seu filho da puta! —Eu assisti terrivelmente uma última
bala voar pela testa de Roman, matando-o à queima-roupa. Empurrando a cadeira,
caindo com um baque alto. O corpo do agressor seguiu o exemplo quando Noah o
levou para fora naquele instante.
Quando os únicos sons que podiam ser ouvidos eram as minhas cordas
vocais estridentes, Damien finalmente me soltou. Eu fiquei de pé e saí correndo,
correndo até chegar ao corpo sem vida de Roman. Derrapando de joelhos, senti um
corte ardendo, mas isso não se comparou com a dor ardente e intensa que seria
para sempre gravada em meu coração.
—Alguém o ajude! Por favor, alguém o ajude! —Gritei, sabendo que não
adiantava. Era inútil, ele estava morto e nada iria trazê-lo de volta, exatamente
como meu pai.
Minha irmã.
Minha mãe.
Meu mundo…
232
—Roman. —Eu soluçava, peguei uma faca do homem responsável por sua
morte e o soltei. Instantaneamente embalando seu corpo contra o meu peito. —
Roman, eu sinto muito... eu sinto muito... —Lamentei, chorando histericamente em
seu rosto mutilado e irreconhecível.
—Eu sinto muito, pai! Desculpe-me, eu não fiquei escondida. Por favor...
não fique com raiva de mim... eu ainda sou sua boa menina, certo? Eu ainda sou
sua boa menina, certo, Roman? Você ainda me ama? Certo? Por favor... por favor
me diga... eu não queria me esconder dessa vez.
Meus olhos se abriram, a loucura neles deixou Damien sem palavras. Seus
olhos estavam lacrimejando, e eu sabia que ele estava bem ali comigo nas
memórias daquela noite. Como se fôssemos as únicas duas pessoas no porão,
mesmo que eu sentisse o olhar de todos em nós. O rosto de Damien se transformou
em guardas de Salazar, em Emilio, de volta ao Damien, como costumava acontecer
233
nos meus pesadelos. Eu não sabia o que era real ou o que era uma ilusão. Minha
mente de repente estourou e eu não tinha mais controle sobre isso.
—Por favor, Deus... por favor...— Implorei por não sei o quê. Sentindo
como se eu não pudesse continuar mais. Eu queria morrer, queria morrer com ele.
Meu corpo lutando ferozmente com ele de uma maneira que nunca fez antes. Eu
queria vomitar, precisava vomitar. —Não posso fazer isso sem você, Roman...
você é meu coração ... você é meu maldito coração... desculpe-me. Eu te amo, eu te
amo, eu te amo... —Repeti gentilmente colocando seu corpo flácido no chão.
Lutando internamente comigo mesma para deixá-lo ir, deixá-lo morrer.
Não ficaria.
—Eu te amo, Roman. Por favor, por favor, me perdoe. — murmurei uma
última vez antes de me levantar com as pernas trêmulas. Enraizada no meu lugar,
olhando solenemente para todos os corpos sem vida no chão e os homens que
ainda estavam vivos, inclinando a cabeça com pena de mim.
234
Pelo que eu perdi.
Havia muito sangue em cima de mim, eu não conseguia nem ver minha
própria pele. Eu pisquei, encarando apenas a escuridão.
Vazio.
Inferno.
—Estou tão desapontada com você, Amira. Eu nunca quis esta vida para
você. Você é como eles. Você é um monstro! —Papi rugiu. —É tudo culpa sua que
estamos mortos.
Lágrimas frescas vazaram dos meus olhos, chovendo sobre o homem que
sem eu estaria perdida e levou tudo em mim para não continuar implorando por seu
perdão.
Meu tormento.
Meu remorso.
Meus demônios.
235
monstro.
Entendendo pela primeira vez que meu demônio número um tinha sido ele
o tempo todo.
Então eu falei as únicas palavras que eram verdade, as que eu deveria ter
dito mais de uma década atrás. —Deveria ter sido você. —Sussurrei tão baixo que
ele não podia ouvir.
Ele parou, inclinando a cabeça para o lado com uma expressão familiar,
mas estranha. Quase como se o visse com novos olhos. —Amira, sou eu. Ok…
shhh… Muñeca, sou eu.
Com a destruição e devastação que ele trouxe para a minha vida desde o
primeiro maldito dia.
—Você não quer dizer isso! Você não pode dizer isso! Você está magoada
e sinto muito por isso! Mas nem por um segundo me diga que você gostaria que eu
estivesse morto quando ambos sabemos que não poderia estar mais longe da porra
da verdade!
236
—Ouça-me agora! Eu odeio você! Eu te odeio tanto! Você me entende?!
Eu te odeio Damien! Deveria ter sido você! Não Roman! VOCÊ! Desde o primeiro
dia em que você entrou na minha vida, tudo o que você trouxe foi a morte e o
desespero. Por causa de você eu perdi todos que eu amava. Não foi o suficiente
você tirar minha família de mim, agora você tirou o único homem que me amou!
Ele me deixou dar cada golpe, exatamente como ele fez naquela noite com
minha família, nunca tentando me impedir. Ele não bloqueou nem impediu meu
ataque, sabendo que ele merecia dez vezes. Eu bati em todo o seu rosto, peito, em
qualquer lugar que eu pudesse enquanto ele ainda segurava meu corpo agitado.
Tentando me abraçar.
Confortar-me.
Eu já vivi isso...
237
Não havia como me salvar de mim mesma.
Ele recuou, sem fôlego, ouvindo-me dizer aquelas palavras para ele pela
primeira vez. O olhar quebrado em seus olhos e a expressão quebrada em seu rosto
me provocaram para continuar.
—Isso mesmo, filho da puta! Eu queria que você estivesse morto, porra! Eu
te odeio! Eu te odeio! Eu te odeio tanto! —Solucei, lutando contra os braços de
Vlad enquanto ele me puxava para as escadas. Sangue, suor e lágrimas fluindo
livremente pelo meu rosto machucado. —Deveria ter sido você! Eu juro por Deus
que queria que você estivesse morto! Você não é nada para mim! Entende?! Nada!
Eu fui até Damien em três passos largos, indo direto ao seu rosto.
Encarando profundamente seu olhar angustiado sem hesitar, rindo. —Você me
entende? Eu queria que você estivesse morto! Eu queria que você estivesse morto,
porra! —Assim que a última palavra voou para fora da minha boca, eu ouvi o som
de uma arma de fogo quando Damien empurrou meu corpo com força para o lado,
me derrubando no chão.
Seu coração.
Com a dele.
239
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
Amira
Meu corpo foi abruptamente jogado para o lado, batendo no cimento duro
debaixo de mim com uma dor ressonante. Não foi até que ouvi o som distinto de
pólvora iluminando o projétil, uma bala zunindo no ar e estalando quando atingiu
seu alvo.
O peito de Damien.
Minha visão embaçou, todo o sangue foi drenado do meu rosto enquanto eu
observava o corpo de Damien sacudir de volta do impacto repentino da bala. Ele
tropeçou para ficar de pé, cambaleando para a esquerda e depois para a direita com
um balanço. Sua mão disparou diretamente contra seu peito com a bala alojada em
seu coração, sentindo o sangue jorrar por entre os dedos em um ritmo rápido.
Morte.
Outro tiro foi dado nas proximidades, chamando a atenção de todos para a
sua fonte. Exceto a minha. Eu me levantei do chão com o coração pesado e a
consciência culpada, desesperada e aterrorizada, eu já tinha perdido ele. O homem
que tinha sido meu tudo durante a maior parte da minha vida estava sangrando bem
na frente dos meus olhos. Um castigo muito pior que a própria morte.
Nosso amor.
Minhas pernas queimavam e meu corpo doía, correndo para pegar sua
pesada e flácida estrutura antes de cair no chão. Eu passei meus braços ao redor de
sua cintura pelas costas para segurá-lo, mas minha pequena constituição não
conseguia segurar o peso do seu corpo e nós caímos no chão com um baque forte e
alto. Uma dor aguda aumentou em todo o meu corpo como uma floresta pegando
fogo, alcançando lugares que eu nem sabia que poderia sentir dor quando meu
corpo amorteceu sua queda. O ar quase foi batido fora de mim com a intensidade
do seu corpo musculoso quando desmoronou em cima do meu.
Tanto sangue.
Meus olhos procuraram freneticamente por algo para aplicar uma pressão
suficiente no buraco, minhas mãos não eram suficientes para controlar o
sangramento. Sem hesitar, rasguei um pedaço do meu vestido já rasgado na costura
e usei-o, aplicando firmemente a pressão que pude ao lado de seu coração.
Achando difícil respirar, lutando para manter minha calma,
242
Por ele.
—Está tudo bem. Você vai ficar bem. Está tudo bem, querido. Tudo bem ...
A ajuda está a caminho. Vou cuidar de você, certo? Vou cuidar de você... Apenas
fique comigo, ok? Por favor, fique comigo, Damien. —Suguei o ar, tirando alguns
fios de cabelo do rosto dele. —Certo? Apenas fique comigo. Olhe nos meus
olhos... apenas olhe para mim. Estou bem aqui. Estou bem aqui com você.
Seus olhos trêmulos de repente focaram nos meus, prendendo meu olhar
com o seu olhar castanho, tranquilo, olhando para mim. Observando-me
atentamente como sempre, mostrando-me que eu era, na verdade, todo o seu
mundo.
—Pare com isso! Não diga isso! Não diga essa merda para mim! —Incapaz
de conter o desespero no meu tom, ouvindo a tensão na minha própria voz, eu
enfatizei. —Fique comigo. Ouviu? Você me entendeu? Fique comigo, Damien!
—Você se lembra o quanto você odiava ser mimado? Quantas vezes você
chegou em casa com hematomas ou sangue e nunca deixava Mama Rosa ou eu
ajudá-lo? Bem, olhe para você agora. É a minha vez de cuidar de você como eu
sempre quis, então veja... você vai ficar bem, baby. Vou cuidar de você porque nós
somos da família, Damien. Nós sempre fomos da família e isso é o que fazemos
um pelo outro. OK?
—Eu sei. Você não precisa me dizer nada. Eu sei. Por favor, poupe seu
fôlego. Não posso te perder. Não agora, nem nunca. —Eu pisquei, lágrimas que eu
nem percebi, estavam se construindo e caindo livremente dos meus olhos, pelas
minhas bochechas e no sangue fluindo de sua ferida.
—Por favor, Damien. Por favor, não faça isso comigo... Por favor...
— insisti, sabendo onde ele estava indo com isso. A razão pela qual ele estava me
contando essas coisas. Meu coração bateu no meu peito, fazendo meu corpo sentir
como se estivesse pegando fogo.
—Você foi a razão pela qual eu… acordei todos os dias… a ideia de nós
juntos… me manteve ... você me manteve vivo… através de… Salazar… Cuba…
América… eu… sempre foi… você… o amor da minha vida… meu propósito…
244
minha força… meu coração e alma… sempre foi você…
De nós.
—Tudo que eu sempre... quis ... era te ver feliz... colocar um sorriso... no
seu rosto... ser o homem que você merecia...— Ele engoliu em seco, sua voz grossa
com tanta emoção.
Muito amor.
Por mim.
Por nós.
—Eu pensei que eu tive a minha... segunda chance... para que isso
acontecesse ... para ver você ... andando ... no corredor... usando seu vestido
branco...
—Não! Não! Não! Não faça isso! Não se despeça de mim! Isso não é um
adeus! Não assim! Você não vai me deixar! Não me deixe de novo! Por favor,
Damien! Eu não vou conseguir sobreviver desta vez. Não vou! —Soluços de cortar
o coração escaparam da minha garganta, o tipo que eu não sabia que existia,
sentindo como se estivesse sangrando lágrimas. Segurando-o mais perto do meu
coração, esperando que ele o ouvisse batendo por ele, mantendo o ritmo do meu.
Por mim. —Eu não consigo respirar sem você! Ouviu-me? Você entende o que
estou dizendo? Estive em pé em minha casa, naquele mesmo lugar onde eu vi
minha família assassinada quando eu tinha nove anos de idade... não quero mais
viver lá! Você é minha casa! Você é minha casa, Damien! Por favor, não faça isso
comigo. Por favor!
Seu coração.
245
A alma dele.
A vida dele.
Eu.
—Eu sei... eu estive de pé... lá... com... você... foi sempre... eu e você...
contra... o mundo...
No nosso amor.
—Muñeca... não chore por mim... não chore mais... por... mim... por
favor...— Ele estava lutando por cada palavra que saía de seus lábios, através de
respirações roubadas e uma vida de arrependimentos. Nossas memórias sangrando
de seu coração, derramando para todos verem. Ele lentamente levantou a mão para
enxugar minhas lágrimas, acariciando minha bochecha, querendo me dar o
conforto que ele pudesse.
—Por favor, não faça isso comigo! Por favor, Damien, eu te imploro! Não
me deixe ... tenho tanta coisa que eu ainda tenho que te... —Estremecendo, meu
corpo tremeu tão profusamente quanto o dele. Caindo para frente, segurando-o o
mais forte que pude.
—Eu queria... tudo isso para mim... mas o mais importante... eu queria...
tudo isso... para você...
246
escorriam dos lados dele. Meu peito arfava, subindo e descendo com cada
respiração rígida, com cada batida de seu coração, com cada palavra que escapava
de seus lábios. Nós nos abraçamos como se ambos estivéssemos tentando segurar
nossas vidas, nossas memórias, o futuro que talvez nunca teremos.
Ele me amava de uma maneira que eu nunca soube que existia. De formas
que eu não sabia que eram possíveis.
Ele me segurou de uma maneira que eu nem sabia que precisava ser
segurada.
Seus beijos, sua afeição, sua adoração e amor eram meus e eu era a única
coisa que importava...
Para ele.
Eu tive que fechar meus olhos, meu peito queimando muito, não sabia se
poderia respirar de novo.
—Prometa-me… que você vai… viver… você vai… amar… você vai…
ser feliz…
—Damien, por favor. —Implorei, pedi e exigi. —Não faça isso comigo. Eu
sinto muito!
—Eu... vou... estar... nas ... estrelas... sempre...— Ele colocou o dedo na
ponta do meu nariz e instantaneamente abri meus olhos, seu simples toque atingiu
minha alma.
Seu corpo começou a convulsionar novamente, desta vez pior do que antes.
O sangue saía de sua boca, lentamente afogando-o em aflição. Seus olhos se
agitaram para permanecerem abertos.
247
baby! Olhe para mim, Damien! Não feche seus olhos! Por favor, não feche os
olhos! Você precisa ficar comigo. Sua luz, não sua escuridão!
Vivo.
—Você salvou minha vida, por favor, salve a sua também. Para mim,
Damien, por mim.
248
—Oh Deus não! Por favor, Deus, não! Por favor! Por favor, Deus, por
favor! —Eu agarrei a parte de trás do seu pescoço e fiquei bem no seu rosto.
Segurando a cabeça entre as minhas mãos para olhá-lo no fundo de seus olhos. —
Olhe para mim! Porra, olhe para mim!
—Fique comigo, Damien. Sinta-me ... aqui. —Colocando a mão sobre meu
coração batendo rapidamente, repetindo as palavras que ele disse uma vez para
mim. —Damien, lute por mim! Lute por nós! Por favor!
—Eu... amo... você... Muñeca... para sempre... e... um dia ...— Seu corpo
ficou relaxado e seus olhos rolaram para a parte de trás de sua cabeça.
Antes que eu pudesse começar a reanimação, meu corpo foi levantado por
trás de mim e eu fui levantada no ar. —NÃO! Deixe-me ajudá-lo! Deixe-me ajudá-
lo porra!
—Um, dois, três, já. —Seu corpo estremeceu novamente. —Um, dois, três,
já.
Nada.
Nada.
Nada.
Meu coração.
250
CAPÍTULO VINTE E CINCO
Amira
—Já se passaram seis meses desde que você deixou este mundo. Cento e
oitenta e dois dias desde que eu disse adeus para você. — digo sentada na frente de
seu túmulo com flores de Mariposa em minhas mãos.
Todo dia era outro dia de tristeza. Tristeza implacável. Outro dia que eu
tive que andar pela vida sem ele.
Ele foi enterrado em uma tarde de sábado por volta das onze da manhã,
cercado por pessoas que o respeitavam, mas não sabiam quem ele realmente era.
Exceto eu. Eu conhecia esse homem complicado por dentro e por fora, os lados
dele que ninguém teve a sorte de experimentar, fazendo-me sentir próxima e
querida em seu coração. Era um lindo dia para descansar, nada além de céu claro e
sol quando tudo que eu sentia eram nuvens escuras e chuva. Foi um dia que nunca
esquecerei, cheio de muita mágoa e dor.
—Sinto sua falta. Sinto tanto sua falta. —Inclinei a cabeça, fechando os
olhos por alguns segundos para ganhar força para continuar, antes de olhar de volta
para a lápide de granito cinza.
Seu funeral ainda parecia ter sido ontem, meio ano depois. Enterrá-lo foi
uma das coisas mais difíceis que eu já tive que fazer. Eu fiquei aquele dia inteiro
em seu túmulo até que não houvesse nada além de escuridão me cercando,
fazendo-me sentir como se eu tivesse morrido também. Poderia ter sido um
punhado de minutos, algumas horas, ou um par de dias que passaram na frente dos
meus olhos inchados, o tempo não importava quando eu estava aqui. Era a única
vez que sentia um pouco de paz, mesmo que não merecesse. Eu permiti que minha
mente e corpo procurassem abrigo naquele lugar escuro dentro de mim e estava
começando a pensar que nunca mais sairia para a luz.
Esta era a minha penitência por tira outra vida que não me pertencia.
Tomei uma respiração profunda e forte, respirando pelo nariz e pela boca.
—Não me lembro como é ter um boa noite de sono. Eu choro para dormir quase
todos os dias. Às vezes é bem cedo pela manhã antes que meus olhos finalmente se
fechem e a exaustão assuma. Nunca é um sono tranquilo. Minha mente se recusa a
desligar embora eu tenha passado mentalmente com as rodas girando a toda
velocidade. A culpa apodrecendo dentro de mim, comendo-me viva. Eu continuo
pensando sobre os “e se,” mas eles não importam porque não vão trazer você de
volta. Estou tão perdida sem você, espero que você saiba disso. Eu rezo para que
sua alma esteja descansando em paz e você ainda não esteja me vigiando.
Preocupando-se comigo da mesma maneira que você sempre se preocupou. Eu
sinto você em todo lugar que vou e sei que não mereço a sua presença, mas mesmo
assim você está sempre comigo. — Compartilhei, remexendo nas hastes das flores.
Tentando me impedir de chorar, como em todas as outras vezes em que estive no
túmulo dele.
Ele queria que eu fosse forte e queria dar isso a ele. Era o mínimo que
podia fazer depois dele acabar com sua vida.
—Estou tentando juntar as peças da minha vida, mas é tão difícil sem você.
Você me salvou. Minha vida está tão incompleta agora que você se foi. —Engoli
em seco, minha cabeça latejando. —Eu sinto muito, isso é tudo minha culpa. Você
não deveria ter perdido sua vida, protegendo a minha. Espero que você saiba disso
também. Espero que você acredite nisso. Espero que você esteja feliz e em paz.
Espero tantas coisas para você. —Um arrepio inesperado percorreu minha espinha
252
pela brisa repentina. Quase como se ele estivesse fazendo sua presença conhecida.
Ele estava lá por mim, confortando-me da única maneira que ele podia agora.
Não havia mais nada para eu dizer sem ficar ainda mais emotiva sobre isso
e odiava fazer isso com ele novamente. Então, em vez disso, limpei minhas
lágrimas e sentei-me ali. Fazendo-o companhia até que começou a chover mais
forte.
Com uma expressão solene, coloquei as flores ao lado de sua lápide, beijei
as pontas dos meus dedos e esfreguei sobre o nome dele como sempre fazia antes
de sair. Murmurando. —Eu te amo, pensando nele todo o caminho de volta ao
lugar que agora chamava de casa. Pelo menos por enquanto.
253
—Hmm... —Gemi, movendo a cabeça de um lado para o outro. Meu
pescoço duro de ficar parada por tanto tempo. Meus olhos não conseguindo se
concentrar em nada ao meu redor.
—Shhh… tudo bem, Amira. Você está bem. —ouvi a voz baixa de um
homem acima de mim. Sua mão gentilmente acariciava meu cabelo em um
gesto reconfortante.
Eu abri meus olhos, ficando cara a cara com Vlad pairando sobre mim.
—Onde estou?
—No hospital.
— Por quê...
O irmão de Vinny…
Roman…
Damien…
Se foram.
254
Por favor, diga-me que isso realmente não aconteceu. Por favor, estou te
implorando, Vlad. —Balancei descontroladamente com a percepção de que todo
mundo que eu amava tinha sido cruelmente arrancado de mim.
Eu tirei isso do meu antebraço, não dando a mínima para o quanto doía.
Jogando os cobertores do meu corpo quebrado, tentando fazer minhas pernas
funcionarem o suficiente para sair de lá.
—Você fez isso?! Você armou para nós? —Gritei quando ele estava prestes
a virar a maçaneta da porta, fazendo-o virar para olhar para mim novamente. —
É por isso que você estava me avisando?! Porque você sabia o que ia acontecer,
seu porra doente!
Ele se rendeu com as mãos na frente dele. —Amira, por que eu faria isso?
Por que eu iria avisá-la se eu te quisesse morta?
—Eles queriam a sua cabeça e eles sabiam que Damien estava envolvido
de uma forma ou de outra com você. Todos nós sabíamos. Ele saiu com você na
noite em que vocês saíram correndo de carro, matando a maioria dos homens.
Ele é o promotor, então eles sabiam das consequências de tirá-lo da jogada, mas
também me tirariam de jogada se eles armassem para parecer que eu era
responsável pelas besteiras que estavam acontecendo no meu porão. Deixando
meu território aberto para lances e eles escapando livres e limpos. Faz sentido
agora? Porque precisamos esclarecer nossas histórias antes que os policiais
entrem aqui procurando respostas. Eles já foram...
—Oh Deus. —Soltei, minha mão indo para o meu estômago. Sentindo
como se eu fosse ficar enjoada. —Eu deveria ter escutado você. Se tivesse
escutado, os dois ainda estariam vivos. Eu fiz isso. Eu os matei. — A dor
percorreu todo o meu corpo, minha cabeça latejou e minha visão ficou turva.
Eu estava gritando?
Eu estava chorando?
Eu apenas olhei para ele, sem dizer uma palavra ou fazer um som.
Tentando encontrar minha clareza através de sua orientação.
—Eu assumo daqui. —ele anunciou para o quarto, acenando para eles
irem embora. Uma vez que eles fizeram, Vlad entrou na conversa. —Parece que
você tem o toque mágico, Aiden.
Vlad respondeu por ele. —Bem, parece que a memória dela está intacta.
257
—De onde vem isso? —Interrompi, puxando meus pulsos de seu aperto e
saindo da cama para seguir o som da voz da mulher. Olhando ao redor do
quarto.
—Oh Deus. —Respirei, estendendo a mão para ele. —Eu sinto muito,
Damien. Eu sinto muito.
258
CAPÍTULO VINTE E SEIS
Amira
—Eu tenho que dizer, no entanto.— Ele empurrou a porta, andando até
mim. Colocando o dedo indicador debaixo do meu queixo para olhar para ele. —
Acordar com o seu rosto lindo ao lado da minha cama de hospital me fez pensar
que eu tinha morrido e ido para o céu. Mas então lembrei que não havia nenhuma
maneira no inferno que eu acabasse lá, então devo ainda estar vivo. —Ele brincou,
soltando meu queixo para serpentear seus braços ao redor das minhas costas,
apoiando seu queixo na minha cabeça.
Ele fazia muito isso, encontrando qualquer razão para me abraçar, como se
estivesse compensando o tempo perdido. Eu ri em seu peito, não podendo evitar.
Se havia uma coisa que Damien sempre era capaz de fazer, era me tirar dos meus
pesadelos e das coisas que me assombravam. Experimentando-as comigo em
primeira mão.
—Quem saberia que a dose de efedrina que eles lhe deram no porão
impulsionaria seu coração quando o colocassem na ambulância. Eles declararam
você morto, Damien. Você estava clinicamente morto. Isso salvou sua vida.
259
verdade.
—Oh sim? Como foi isso? — Afastei-me para olhar o maldito sorriso no
rosto dele. Esperando ouvir o que ele falaria em seguida.
Era algo diferente a cada vez. Ele chegou a dizer que não podia deixar este
mundo ou qualquer outro sem sua alma gêmea ao seu lado e ele nunca me
arrastaria para o Inferno, então a Terra teria que servir.
—Fez você ficar e cuidar de mim, não é? — Ele bateu na ponta do meu
nariz com o dedo indicador, e depois de todos esses anos, ainda me dava arrepios.
—Então, como eu disse, faria tudo de novo se precisasse.
Ele não voltou ao escritório nos primeiros três meses, lidando com a
maioria de seus casos pelo telefone ou por e-mail. O assistente da promotoria
aparecia no tribunal por ele durante sua ausência. Nos últimos três meses, ele
lentamente começou a ir a lugares como seu escritório, o tribunal, onde quer que
ele precisasse durante o dia. Nunca trabalhou um total de doze horas como ele
costumava, ou assim ele me disse. Dizendo que não havia razão para se afogar no
trabalho quando eu estava em casa esperando por ele.
Casa.
Era uma palavra que ele nunca usou levemente. Fluía da sua língua como
se aqui fosse o meu lugar. Como se eu sempre estivesse aqui com ele desde o
primeiro dia.
Quando o Dr. Pierce disse que Damien estava em estado crítico, mas vivo,
foi um dos momentos mais surreais da minha vida. Eu desmaiei, exatamente do
jeito que eu tinha quando eles anunciaram a hora da sua morte no porão. No
segundo em que soube, fui até ele. Esperando ao lado da cama para ele acordar.
Orando a Deus para que ele sobrevivesse, ao contrário da minha última oração para
levá-lo embora.
260
Sentei-me ao lado dele, segurando a sua mão e falando com ele sobre
qualquer coisa e tudo, esperando que pudesse ouvir cada palavra da verdade
jorrando do meu coração. Nos dias que se seguiram, foi uma coisa depois da outra.
Primeiro, ele saiu dos respiradores na manhã seguinte à cirurgia, pois estava
estável o suficiente para respirar sozinho. Mas o tubo torácico permaneceu no lugar
por mais um dia inteiro antes de removê-lo. Enervante nem começa a descrever
como foi vê-los tirando o tubo longo do peito dele. Ele ainda recebeu sangue e
fluidos do acesso venoso até que sua contagem de glóbulos estivesse estável para
tirá-los também. O apito dos monitores cardíacos se tornou o melhor som que eu já
ouvi, seu coração batendo firme e forte. Eu era especialista em ler suas estatísticas
quando deixamos o hospital uma semana depois. No entanto, foram três dias de
ansiedade após a cirurgia antes que ele finalmente acordasse.
Dr. Pierce foi incrível o tempo todo. Eu sabia que ele trabalhava para Vlad,
ou eles tinham algum tipo de acordo, porque ele estava cuidando de Noah depois
da luta.
Por que ele se envolveria com um filho da puta corrupto como Vlad?
Assim que Damien abriu os olhos, corri para o corredor pedindo ajuda.
Enfermeiras correram para a sala, seguidas pelo Dr. Pierce, que por acaso estava de
plantão. Verificando seus sinais vitais e fazendo quaisquer ajustes necessários. Eu
esperei impaciente no fundo do seu quarto privado, com cuidado para não ficar no
caminho de ninguém.
A maneira como ele estava olhando para mim agora na varanda, era
exatamente da mesma maneira que ele fez no dia em que ele acordou. Com
apreensão e sinceridade e adoração, tudo embrulhado em um.
—Quantos dedos?
—Seis.
—Bom
— Um.
—Ele está mentindo. —Soltei. —Ele está apenas tentando ser liberado
mais rápido.
O Dr. Pierce apertou o botão do seu controle de dor e Damien olhou para ele,
mas o médico não lhe deu atenção. Eu acho que ele estava acostumado a
pacientes com dores desde que ele era chefe de cirurgia no hospital.
—Tudo bem, deixe-me preencher alguns dos espaços em branco que você
pode ter perdido. A bala perfurou seu pulmão esquerdo e cortou sua artéria aorta
esquerda e é por isso que você perdeu tanto sangue e não conseguia respirar. Seu
coração entrou em parada cardíaca devido à extrema perda de sangue que a bala
causou, colapsando seu pulmão. Seu coração parou de bater, Damien, não havia
pulso, mas, quando os paramédicos o colocaram na ambulância, ele deu um
salto. A EPH 5 finalmente entrou em cena. Não é raro que isso aconteça, mas
ainda é uma bênção. Você é forte. —Ele riu. —Desculpe minha linguagem, é um
5
A efedra (Ephedra sinica), também conhecida como ephedra (inglês), é uma planta constituída quimicamente de
efedrina (ephedrina), pseudoefedrina e norpseudoefedrina. Pertence a família Ephedraceae.
263
filho da puta sortudo por estar vivo.
—Você não receberá alta médica por mais alguns dias, possivelmente por
uma semana, então é melhor se sentir confortável. Você não vai a lugar
nenhum. Agora que você está acordado, podemos tirar-lhe o gotejamento de
morfina e administrar seus analgésicos por via oral. Vamos fazer exercícios
respiratórios algumas vezes por dia para fortalecer os pulmões e também quando
estiver em casa para avançar na recuperação. As enfermeiras vão tirá-lo da cama
e a fisioterapia estará de prontidão se você tiver alguma dificuldade. Queremos
evitar coágulos sanguíneos a todo custo e ter certeza de que você pode se mover
sozinho. Lembre-se de que você está fraco, então não tente nada que coloque em
risco sua condição. —Ele fez uma pausa, permitindo que suas palavras fossem
absorvidas. —Eu não acho que haverá qualquer complicação de habilidade
motora. A falta de oxigênio em seu cérebro não foi longa o suficiente para me
264
fazer pensar de outra forma, mas não saberemos até começarmos a fazer seu
corpo funcionar da maneira que deveria. E isso resume tudo, é bom ter você de
volta. Esteve por um fio durante algum tempo.
O Dr. Pierce olhou para mim e de volta para Damien. —Ela. —ele acenou
para mim. —Não deixou o seu lado desde que ela acordou de seu próprio trauma.
Meu coração.
Minha mente.
Meu corpo.
Eu não queria nada mais do que ir até ele, sentir sua pele quente contra
a minha, mas a culpa estava me comendo viva a cada minuto que passava. Por
alguns segundos, deixei-o tirar o meu fôlego, era o mínimo que eu podia fazer
depois de lhe dar uma sentença de morte.
—Ven, Amira. Ven aquí a mí. —Ele falou suavemente — Venha, Amira.
Venha aqui.
A próxima coisa que eu sabia era que estava sentado na cadeira ao lado
da cama dele, sussurrando. —Você salvou minha vida.
—Eu pensei que tivesse perdido você. Pensei que eu tivesse perdido você
para sempre. Você não pode fazer isso comigo novamente.
266
—Shhh… Muñeca… shhh…. Estou aqui... estou aqui... Ele abriu os
braços o melhor que pôde, gesticulando para que eu fosse até ele.
Precisando dele.
Mesmo que eu não merecesse nada disso. Não depois do que fiz. O que
disse.
—Shhh ...— Ele esfregou minhas costas, traçando pequenos círculos com
os dedos. —Shhh… Amira. Estou bem. Estou bem aqui com você, baby. Eu não
vou a lugar nenhum, prometo. Eu sou seu. —Ele me acalmou, sussurrando
palavras reconfortantes no meu ouvido, uma e outra vez.
Até que dei a ele cada última gota do que sobrou da minha alma.
Por mim.
Nós não falamos sobre o que aconteceu desde que ocorreu há seis meses
atrás. Para a imprensa, Damien voltou a ser o herói por ter derrubado mais um
267
crime organizado. Foi nisso que levamos as pessoas a acreditar. Era do interesse de
todos, incluindo Vlad, manter a mesma história. O rosto de Damien estava
estampado em toda parte, televisão, jornais, todos os meios de comunicação
conhecidos pelo homem. As ligações vinham diariamente para entrevistas,
declarações e mais perguntas do caralho. Nós agradecemos a Deus que finalmente
parou após cerca de três meses de repórteres implacáveis, enfiando seus narizes
onde eles não eram chamados.
Olhares escondidos.
—Você não respondeu a minha pergunta. Eu pensei que você tinha que
trabalhar até mais tarde? —Tentei fingir que não vi a preocupação em seus olhos.
Seu olhar que antes era preenchido com nada além de amor, agora foi
substituído por emoções conflitantes do dia-a-dia e eu odiava isso mais do que
qualquer coisa. Compreendendo que toda vez que eu olhava para ele, ele sabia que
ele quebrou meu coração.
—Eu parei de assistir essa merda meses atrás. Há poucas chances de eu ver
seu rosto de menino bonito no noticiário, Damien. —Sorri, querendo quebrar a
tensão repentina no ar.
—Eu preciso que você faça algo por mim, sem perguntas. Você acha que
poderia fazer isso?
Meu coração acelerou e estreitei os olhos para ele. —Isso é sobre o quê? O
que estava nas notícias?
—Nada é tão simples assim com você. O que mais você precisa? Estou
aqui, não estou?
269
—Sim, fisicamente você está.
—Não se faça de idiota, você nunca foi boa nisso. Você sabe o que isso
significa, Amira.
Queria dizê-las.
Ele respirou fundo, lutando para não perder controle e a paciência comigo,
mas eu queria que ele perdesse. Porque pelo menos eu saberia que ele ainda estava
lá. Meu Damien e não era tarde demais para encontrarmos o caminho de volta um
para o outro.
—Estou tentando, Damien ... ok? Estou exausta de tentar, mas eu nunca
270
vou ser aquela garota ingênua e inocente que você deixou em Cuba e sei que uma
grande parte de você quer aquela garota de volta.
—Sim! Você quer a devoção dela, a adoração dela, um mundo onde tudo o
que importava era você.
Dúvida.
Medo.
Insegurança.
—Arrume uma mala, vamos sair daqui a vinte minutos. —Com isso, ele se
virou e caminhou em direção ao seu quarto.
Eu podia sentir a tensão rolando em sua espinha até que ele finalmente
revelou —Para um lugar que nenhum de nós jamais deixou.
—Cuba.
271
CAPÍTULO VINTE E SETE
Damien
Ela não disse uma palavra no trajeto de vinte minutos até o aeroporto ou no
voo particular de uma hora e quinze minutos para Cuba. Ela também não falou
comigo nos quarenta e cinco minutos de carro até nosso hotel. Ela olhou pela
janela agindo como se eu não existisse, mal respirando. Prisioneira de sua mente
apreensiva retornando para o mesmo lugar onde ela quase morreu quando criança.
Eu podia sentir a trepidação atormentando-a, pedindo-me para segurá-la, moldá-la
em meu corpo, mas em vez disso eu me sentei ao lado dela, deixando cada onda
traidora fazendo seus pensamentos me matar aos poucos.
Abri minha boca para aliviar sua preocupação, para tentar dar-lhe alguma
paz de espírito na guerra através de suas memórias, mas não havia nada que eu
pudesse dizer para melhorar. Nada que tornasse mais fácil para ela lidar.
O silêncio não foi quebrado até que ela estava sentada na beira da cama do
hotel, zapeando os canais da televisão em nosso quarto. Parando em um canal de
notícias, finalmente entendendo por que estávamos aqui para começar. Eu assisti a
reação dela da porta do banheiro, esperando o inevitável acontecer quando o
locutor noticiou em espanhol.
—Você acha honestamente que eu te traria aqui se ele ainda estivesse vivo?
—Eu questionei, chamando sua atenção. Fazendo seus olhos mudarem para os
meus.
—Eu não sei o que pensar. Isso é verdade? —Ela apontou para a televisão.
—Ele está realmente morto?
Salazar e eu não estávamos amarrados pelo sangue, mas isso não mudava o
fato de que estávamos conectados através dos demônios que sempre viveriam
dentro de mim.
273
—E você o que? Quer que a gente vá dar condolências? —Ela forçou um
tom enojado. —Você tem que estar brincando, Damien. Aquele monstro te
destruiu.
—Nós. —Eu deixei claro. —Ele nos destruiu. A partir do momento em que
ele disse que você era minha responsabilidade, ele enfiou o prego final em nossos
caixões. Enterrando nós dois vivos. Você mesma disse isso, você estava na casa
onde viveu sua infância, sendo mantida em cativeiro desde os nove anos de idade.
—Eu apontei para mim mesmo. —E eu estiva lá com você, segurando sua mão.
Nós nunca saímos Muñeca. Não importa o quanto nós tentamos, o quanto nós
lutamos, nós fomos crucificados em suas cinzas por vinte e quatro anos. Vinte e
quatro porra de anos, Amira. —Enfatizei em um tom tenso, esperando
silenciosamente que ela entendesse.
—Então, o que, Damien? Você acha que ir ao seu velório, vê-lo uma última
vez, vai mudar nosso passado? Vai fazer com que tudo fique bem entre nós? Se
não podemos consertar a nossa situação, por que diabos você acha que ele poderia?
Ele está morto.
—Exatamente! Então, todo o desgosto que você suportou, todo pecado que
ele me fez cometer em nome da “Pátria ou morte, nós venceremos”, cada lágrima
que você derramou por causa dele pode queimar no maldito inferno ao lado dele.
Sua família pode finalmente descansar em paz e você também pode descansar!
Seus pesadelos estão piores do que nunca! Seus sonhos se tornaram seus pesadelos
e seus pesadelos se tornaram a porra da sua realidade! Você já se viu ultimamente?
Não há merda de vida em você, Amira! Lembra-se de todas as coisas que
queríamos, todas as coisas pelas quais você orou? Elas são apenas memórias
assombradas agora! Você não vê? Não posso protegê-la do passado, mas posso
tentar poupar você do futuro para o qual você está indo no momento!
—Que futuro, Damien? Eu era criança, uma garotinha que achava que o
amor que eu tinha por você seria o suficiente para te salvar! Para salvar nós dois! E
agora parece um encarceramento! Outro maldito demônio me fazendo desejar que
você tivesse me matado e nos salvado dessa maldita sentença de morte onde nós
não podemos viver um sem o outro! Eu sou tão assombrada pela minha família
274
quanto por você! E agora Roman também!
Ela balançou a cabeça novamente, desta vez carrancuda. —Eu não posso
nem começar a entender por que você acha que isso vai nos ajudar. Por que você
daria àquele monstro qualquer coisa! Ele não merece nosso tempo, nossa presença,
nossa porra de fôlego! Ele não merece nada! Eu odeio que você me trouxe aqui!
Isso não vai nos ajudar, vai nos machucar! Por que você continua fazendo tudo ao
seu alcance para nos destruir? Ou você é apenas a merda de um doente como ele?
Havia tanta coisa que eu queria dizer, explicar, mas parecia nunca ser o
momento certo para confessar. Tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo. Estes
últimos meses juntos foram um furacão. Embora, quando estávamos juntos, parecia
que a terra estava parada e o mundo se movia ao nosso redor, como sempre
acontecia. Mas em outros momentos, parecia que estávamos caminhando por um
labirinto, tentando desesperadamente encontrar a saída.
Amira pode ter ficado em minha casa, cuidando de mim, deitada ao meu
lado quase todas as noites, mas estávamos simplesmente brincando de casinha
como sempre fazíamos. Era natural cair no mesmo padrão, era tudo que nós
sabíamos quando se tratava um do outro. No entanto, o tempo, os anos e a
distância nos mudaram de muitas maneiras. Nós não éramos as mesmas pessoas
que outrora nos esforçamos para ser, mas ao mesmo tempo, ainda éramos
exatamente os mesmos seres humanos torturados.
Eu queria salvá-la.
—Não é comigo que estou preocupada, Damien. Você tem... Quero dizer,
você falou com ele desde que saiu?
—Não.
Foi então que percebi que ela também não queria continuar de onde
paramos mais cedo. Ela estava fazendo o possível para que aproveitássemos a
companhia um do outro enquanto ainda podíamos. —Eu sou um advogado, as
pessoas me pagam um monte de dinheiro para pensar no futuro.
—Entendi.
—Pergunte, Amira.
—Eu ainda odeio pra porra que você xingue agora tanto quanto quando era
uma garotinha.
—Hey. —Ela deu uma palmada no meu peito. —Você sempre comeu tudo
que eu te fiz.
Seus olhos dilataram quando ela chupou o lábio inferior, e porque eu era
muito idiota e não podia resistir a foder ela, eu murmurei. —Você adoraria isso,
não é? Abrir suas pernas para mim, colocar sua boceta no meu rosto e esfregar na
minha boca e língua até que você esteja gritando meu nome.
Isto foi o mais próximo que chegamos a algo remotamente sexual desde a
noite no restaurante, embora isso não tenha me impedido de agarrar meu pau quase
todas as noites com a imagem dela se rendendo abaixo de mim.
Eu a provoquei pouco a pouco, até que eu soube que tinha o efeito desejado
279
que queria dela. O rubor repentino em suas bochechas sutil o suficiente para onde
ninguém iria notar, além de mim. —Querida, você já admitiu que era minha e que
me amava. Eu poderia já ter te possuído como fiz na primeira noite, quando você
fodeu comigo em seu esconderijo. Eu poderia ter feito sua buceta doce gozar para
mim de novo, tomando o que nós dois sabemos que sempre me pertenceu. Não
importa quantos homens você tenha tido entre suas pernas. —Afastei as imagens
do que acabei de dizer, me odiando por permitir que isso acontecesse.
—Eu quero mais. —Eu simplesmente disse. —Eu não quero apenas te
foder, Muñeca. A próxima vez que eu mergulhar fundo dentro de você, eu quero
que você olhe nos meus olhos e saiba que você é a única mulher que eu já fui
capaz de fazer amor.
Sem pensar duas vezes, eu envolvi meu braço em volta de seu estômago e a
puxei para se deitar sobre mim. Ela veio de bom grado, descansando a cabeça no
meu peito, me abraçando. Ela suspirou feliz, derretendo em meu corpo quente.
Amando o som do meu coração batendo contra seu ouvido.
—Pode ter sido apenas duas vezes, mas eu fiz você gozar várias vezes, me
enterrando dentro de você inúmeras vezes durante a noite. Observando você sem
fôlego e ofegante, desmoronando embaixo de mim. A imagem de você tomando
cada centímetro do meu pau está gravada na minha mente. Houve muitas vezes que
eu me masturbei com essa memória.
Ela olhou para mim através de seus cílios, descansando o queixo no meu
peito. —Tudo bem, você me convenceu. —Ela sorriu. —Mas eu não diria que
fizemos amor no meu esconderijo.
—Eu posso não ter sido suave e gentil com você, mas sempre que tenho
minhas mãos em você, é sempre com amor.
—Eu viajei para todos os lugares que você sempre sonhou, apenas com a
lembrança de você ao meu lado.
Ela sorriu amorosamente. —Eu nunca viajei para nenhum dos lugares que
eu sonhei porque não consegui fazer isso apenas com a lembrança de você ao meu
lado.
Pela primeira vez em seis meses, ela finalmente disse o que eu queria ouvir
por tanto tempo. —Eu sei, Damien. Eu também te amo.
281
CAPÍTULO VINTE E OITO
Damien
—Você está bem? —Amira perguntou, olhando para a lateral do meu rosto
do banco de trás do nosso SUV com chofer. —Nós não temos que fazer isso,
Damien. O chofer pode voltar. Não é tarde demais para impedir isso. Apenas diga
uma pala...
—Você não acha que eu já sei disso? Eu estou plenamente ciente do quanto
você está disposto a ir para me manter segura, e isso foi antes de você tomar um
tiro por mim. Eu só estou com medo por você, é isso.
—Oh, eu estou totalmente ciente disso também. Exceto, espero que agora
você consiga enfiar nessa sua cabeça dura que eu estou aqui com você. Estou aqui
por você. Eu não deixarei nada acontecer com você também.
282
Era quase meio-dia quando chegamos ao velório em Havana. Multidões de
leais seguidores de Emilio estavam de pé do lado de fora da igreja, agitando
cartazes e estandartes cobertos com o rosto dele. “Pátria ou morte, nós
venceremos”, escrito na maioria, junto com outras palavras infames que Emilio
havia vomitado. Fazendo-me lembrar de que eu já estive entre aqueles homens que
idolatravam um homem que não merecia isso.
O respeito.
O poder.
O controle.
—Eu quis escrever este discurso para evitar a emoção resultante desta
ocasião. —Disse Salazar em espanhol, olhando ao redor do vasto espaço.
Propositalmente fazendo contato visual com as pessoas na multidão, permitindo
que eles se sentissem como indivíduos em vez de um mar de corpos. Ele criou
uma conexão profunda que ninguém jamais poderia compreender, a menos que
eles entendessem isso...
Especialmente eu.
283
Eu assisti e escutei, sentindo como se ele estivesse falando comigo. Ele
me fascinou de uma maneira que só ele poderia.
Eu queria mais.
Eu queria tudo.
Treinado para ser aquele soldado. Aquele guerreiro. Aquele que sangrou
pela minha pátria.
Guiei o chofer para nos levar por trás, longe de todos, e estacionar ao lado
da igreja, acenando para ele quando o caminho estava livre para abrir a porta.
Agora ou nunca.
284
conscientemente, colocando a outra mão sobre o meu coração que batia
rapidamente, me confortando da única maneira que ela sabia. Beijei sua mão uma
última vez, ainda segurando-a enquanto me virava para liderar o caminho em
direção à porta dos fundos da catedral. Andando na frente dela de forma protetiva,
protegendo-a de eu não sabia o quê, mas logo descobriria. Tentando passar
despercebido pela imprensa, guardas e tudo mais.
Assim que entramos na catedral, que foi onde me casei com Evita, Amira
subconscientemente segurou minha mão. As lembranças daquele dia vieram
desmoronando sobre ela enquanto ela estava completamente absorta na parte de
trás da igreja, lugar onde eu assumi que ela estava escondida e me viu casar.
Inclinei-me até seu ouvido, examinando o substancial espaço aberto, certificando-
me de que meus olhos não captavam nenhuma atividade ou pessoas suspeitas
enquanto sussurrava: —Te amo, Muñeca.
286
O dia em que ele me amaldiçoou.
Pensei se tivesse voltado para Cuba, voltado para Salazar, voltado a uma
vida que nunca desejei, mas a qual tinha sido condenado. Meu próprio inferno
pessoal, onde ninguém mais existia, além de mim. Eu estive preso a isso em meu
passado e presente, e maldição se eu ficaria preso no meu futuro também. Eu
queria acabar com todas as lembranças, as boas e as ruins. Cortando os laços que
nos mantinham juntos através do sangue em nossas mãos.
Inclinei-me para frente, chegando o mais perto que pude do ouvido dele,
olhando fixamente para os seus olhos fechados. Ainda sentindo sua presença
comigo, mesmo que ele supostamente estivesse descansando em paz. Seu fantasma
estava sentado no meu ombro ao lado de todos os meus demônios.
—Damien. —Amira murmurou tão baixo que eu mal podia ouvi-la. Ela
apertou minha mão, me assegurando de que ela ainda estava lá, consciente de que
eu estava perdido em minha mente entre o que era real e o que era imaginário.
Entre o que era verdade ou o que era falso. O que foi mais um pecado ou
simplesmente retribuição. Ela não queria me tratar como se eu estivesse quebrado,
apenas alimentando a realidade de quão quebrado eu estava realmente. Dando uma
última olhada nele, eu finalmente decidi não dar a ele mais um minuto do nosso
tempo porque Amira estava certa, o filho da puta não merecia isso. O resto deste
confronto seria curto e oh, tão foda.
—Essa mulher que você vê ao meu lado é Amira, Emilio. Você se lembra
287
de Amira, não é? Claro que você lembra. Você me disse que ela era minha
responsabilidade. Meu lembrete diário. Eu sorri contra sua bochecha fria. —Eu não
a matei, filho da puta. —Na verdade, eu cuidei dela e tudo ficou bem debaixo do
seu maldito nariz. Eu te traí a partir do segundo que você revelou quem você
realmente era. E eu viajei de volta para Cuba, de volta a esta igreja para lhe dizer
mais uma coisa. —Chegando perto de seu ouvido, falei com prazer. —Eu espero
que você apodreça no Inferno, seu miserável pedaço de merda. E eu sempre vou
me arrepender de não ter mandado você para lá. Finalmente libertando aquele
monstro de dentro de mim. —Emilio Salazar. —Eu sussurrei alto o suficiente para
Amira ouvir cada palavra que saísse da minha boca, esperançoso de que isso daria
a ela o fechamento que ela precisava, canalizando através de mim.
Talvez fosse o jeito que ela abruptamente ficou tensa ao meu lado, ou
poderia ter sido o jeito que ela choramingou meu nome,
—Damien...
Com desespero.
Desconforto.
Alerta.
Um colete salva-vidas familiar que ela estava jogando para mim, rezando
para que eu realmente aceitasse. Usei-o pela primeira vez desde que ela começou a
tentar me salvar. Como se fosse à única missão que ela tinha na vida. Eu soube no
segundo que me endireitei e virei, que veria o homem que eu ainda odiava, mas
que amava também, de pé ali na minha frente. Com uma respiração profunda, fiz
exatamente isso, fiquei cara a cara.
288
CAPÍTULO VINTE E NOVE
Damien
Em carne e osso.
Onde nós não éramos pai e filho. Nada mais além do que o homem pelo
qual perdi o respeito e o filho que ele simplesmente... Perdeu.
Ele envelheceu como esperado depois de treze anos, parecendo tão exausto
quanto eu me sentia depois de todo o tempo, distância e anos entre nós. Seus olhos
estreitos se deslocaram para Amira, se concentrando nela de um modo muito
diferente do que ele tinha feito comigo.
289
—Eu sei por que você está aqui. —Ele me interrompeu. —E para ser
franco, não me surpreende. Eu imaginei que você viria, só nunca imaginei que
seria com ela. Ele olhou para Amira de cima a baixo como se ele não pudesse
acreditar que ela estava lá, seu olhar se demorando em nossas mãos entrelaçadas
antes que ele voltasse sua atenção para mim. —Você pode me dar alguns minutos?
Para uma conversa em particular?
—Porra, é bom ver você. —Meu disse, arrastando nosso foco para ele.
—Não passou um dia em que eu não tenha pensado em você. Eu perdi a conta de
quantas vezes quis te ajudar, mas não tive coragem. Eu estava com muito medo de
como você reagiria, como você leria minhas intenções, que eram estritamente
puras e por preocupação com você.
—Olha... —Ele vacilou. —Eu não posso mudar o passado, já está feito.
Apesar de desejar que não fosse verdade, está gravado em quem somos. Você está
certo, nada vai mudar o que passamos. Mas você saiu, Damien... E eu não poderia
ser mais grato por isso. Esta não é a vida que eu queria para você, a vida do
homem, o pai, o monstro que você vê em pé na sua frente. —Ele segurou o peito
com força. —Eu odeio Emilio Salazar provavelmente mais do que você. Não só
perdi minha vida com esse pedaço de merda, como também perdi a do meu filho.
—Assentindo para Amira, ele expressou convictamente. —E a dela.
Eu podia ver os olhos brilhantes de Amira pelo canto dos meus, espelhando
o jeito como eu inesperadamente me sentia por dentro. Meu peito se contraiu,
tornando difícil manter meu autocontrole com a súbita percepção de que meu pai e
eu éramos mais parecidos do que eu jamais poderia ter imaginado.
—Eu sinto muito, Damien. Por tudo. Se você pudesse, por favor, colocar-se
no meu lugar por um segundo, você veria que eu fiz tudo ao meu alcance para te
impedir de se tornar Salazar, sem perder minha própria vida. A qual eu de bom
grado teria entregue a ele se isso garantisse sua liberdade, mas você e eu sabemos
que não teria. Eu seria morto, outra vítima caindo em sua armadilha. E aí você teria
ficado sozinho com ele, e eu não poderia fazer isso com você, não depois de tudo
que eu já tinha feito. Eu posso ter te perdido, mas ainda mantive a esperança de
que um dia te encontraria novamente e poderíamos compensar o tempo perdido.
Talvez não como pai e filho, mas como duas pessoas que poderiam construir um
relacionamento para isso novamente.
291
esses anos. Eles eram tão conflitantes quanto meus sentimentos por Emilio, dois
homens que amei e que odiei ao mesmo tempo. Não sei por que pensei que isso
seria fácil quando nada em minha vida jamais foi. Eu tentei controlar meus
demônios interiores, mas uma das maiores aflições estava bem na minha frente, e
eu não tinha escolha a não ser encarar de frente.
—Agora não é hora de descobrir nada dessa merda. —Eu não vim aqui
para uma conversa franca hoje. Eu fiz o que viemos fazer aqui. Agora, se você nos
der licença, temos planos.
—Não foi culpa dele, tanto quanto não foi sua ou minha. Nós todos fomos
feitos prisioneiros por aquele homem. Ele está certo, você escapou, eu escapei, nós
saímos enquanto seu pai ficou nesse inferno, submetido a ele. Honestamente, estou
surpresa que Emilio o tenha deixado viver depois que você fugiu.
—Amira.
—Não, você queria que eu ficasse e ouvisse, e eu o fiz. Vou dar minha
opinião porque isso precisa ser dito. Você não pode continuar punindo seu próprio
sangue, ele não é Salazar. Ele é seu pai e ele ama você. Você não percebe o quão
sortudo você é por ainda ter um pai vivo. De pé na sua frente, lutando para ser
incluído em qualquer aspecto da sua vida. Você queria voltar a Cuba para se livrar
de todos os seus demônios. Bem, eu estou dizendo a você, ele. —Ela apontou para
ele. —Não é um deles. Se entenda com seu pai porque chegará um momento em
que ele não estará vivo, e eu sei que você vai se arrepender de não dar a ele uma
chance de consertar as coisas entre vocês dois. Pare de criar novos demônios, você
está apenas se preparando para o fracasso.
—Sempre.
Foi a minha vez de apertar a mão de Amira, pego de surpresa por sua
declaração.
—Espero ouvir notícias suas, algum dia. —Ele sorriu. —Foi bom te ver.
Vocês dois.
293
—Foi bom ver você também, Sr. Montero
—Eu te disse Muñeca. Ver Salazar foi apenas o começo, mas esta é a
parada final. É hora de voltar para onde tudo começou.
294
CAPÍTULO TRINTA
Amira
Eu gostaria de poder dizer que previ que esta seria a última parada na
espiral descendente de Damien, da qual ele insistia que deveríamos participar. Mas
eu não previ. Nem perto disso. Eu não conseguia identificar o que mais me
incomodava, o fato de que eu me sentia pega de surpresa pelo lugar que uma vez
eu chamei de lar, ou que eu nem considerei voltar. Como se esse rancho só
existisse em meus pesadelos, e não houvesse existido uma família devotada e
amorosa vivendo dentro daquelas paredes agora maculadas.
A tensão era tão espessa que você poderia cortá-la com uma faca afiada
enquanto descíamos por uma estrada familiar e instável. Onde os únicos sons que
podiam ser ouvidos eram o meu coração batendo rapidamente e as vozes de uma
vida que eu comecei a acreditar que era uma invenção da minha imaginação.
Pisco.
—Papi, papi, papi! Veja todas as flores Mariposa que escolhi para você! —
exclamei em espanhol, batendo os braços para cima e para baixo como se estivesse
voando. Girando ao redor dele, fazendo-o sorrir e rir.
Pisco.
—Papi, posso ficar com esses três pintinhos? —Eles podem ser meus?
295
—Amira, o que você vai fazer com pintinhos? Eles não serão assim para
sempre.
—Eu sei, mas eles são meus favoritos, e eles já me amam. —Eu apontei,
apertando-os no meu rosto. Seus olhos brilhavam com amor e um sorriso cortês.
Pisco.
Papi me girou em círculos antes de me levantar, colocando meus pés
descalços em cima de suas botas de trabalho. Seus braços me segurando firme
quando ele começou a balançar, dançando em torno de nossa sala de estar.
Cantarolando a melodia de uma velha canção cubana que sua mãe costumava
cantar para ele. Colocando minha cabeça sob o queixo, ele me segurou mais perto
de seu corpo. Eu olhei para ele com adoração.
—Mamita, um dia você vai se casar e seu marido será seu novo herói.
—Não, papi. Ninguém nunca vai tomar o seu lugar na minha vida. Eu
prometo.
Pisco.
—Mami, por que você e papi estão tão tristes?
Pisco.
—Amira, eu tenho um presente para você. —Papi revelou em espanhol,
tocando o final do meu nariz com o dedo indicador. Com os olhos arregalados,
vi quando ele se levantou e me mostrou o que ele estava escondendo nas costas o
tempo todo.
296
—Papi. —Eu ofeguei.
—Obrigado! —Ela nunca vai sair do meu lado! Agora eu não tenho que
ficar triste quando você sair, Papi. Você sempre estará comigo através dela, eu
digo, segurando minhas lágrimas.
Eu não percebi que estava chorando até que Damien enxugou minhas
lágrimas com as costas dos dedos, chamando minha atenção para seus olhos
empáticos. Eu olhei para o mesmo olhar intenso que ele exibia firmemente quando
apontava a arma para minha cabeça. Jogando minha mente de volta para a noite de
tortura sangrenta diante dos meus olhos.
Os próximos momentos da minha vida aconteceram em câmera lenta.
Loucura explodiu em nossa casa outrora amorosa, mas eu não ouvi uma palavra
que saía da boca de ninguém. Os sons do meu coração batendo no meu peito
tomaram conta dos meus sentidos. Meus ouvidos estavam zumbindo das
palpitações e minha visão se estreitou. As palavras de Papi de algumas semanas
atrás, misturadas com os gritos do meu nome, tocavam como um disco
quebrado no meu subconsciente.
—Amira me prometa… Jure para mim que vai se esconder. Não importa o
que aconteça, você se esconde. E você se esconde até não ouvir outra palavra ou
grito.
Lamento.
297
Luto
Raiva.
Esperança.
Eu estava.
Eu precisava.
Quanto mais eu olhava nos olhos do homem chamado Damien, mais alto
ficavam os pensamentos. Repetindo... —Desculpe, sinto muito me desculpe. —
Repetidamente.
298
Sem previsão de fim.
—Tudo bem, Muñeca... Tudo bem... shhh ... Eu estou aqui... Eu estou aqui,
Amira...
A única coisa que restou foi nosso celeiro á distância que estava em ruinas.
Muito mais degradado do que estava quando eu era criança por ter sido
abandonado nos últimos vinte e quatro anos. Quando olhei mais de perto para onde
minha casa de infância costumava ficar, embora agora substituída pelos pesadelos
que eu vivia em plena luz do dia, notei uma única pedra apontando da área
gramada, precisamente onde os atos tortuosos foram realizados.
Meus pés se moveram por conta própria, rebocando ao longo dos meus
pesadelos que estavam implacavelmente atacando minha mente.
—Eu não vou desacelerar, você é muito lenta! Vamos! —Ela riu, prestes a
correr para a nossa casa.
Eu os vi antes dela.
Os monstros.
—NÃO! Teresa! Não corra lá! Por favor, não corra para lá! Eles estão lá!
Eu posso vê-los! Por favor! —Eu implorei de longe.
Minha voz soou tão longe, mas tão perto, ao mesmo tempo. Isso ecoou ao
meu redor, tornando difícil dizer se ela me ouviu ou não.
—Sim.
—Eu fiz isso algumas semanas depois de termos tirado suas vidas. Eu
gostaria de poder dizer que fiz isso por você, Amira, mas não fiz. Egoistamente, eu
fiz isso por mim. Eu precisei fazer algo depois do que eu participei.
—Porque agora?
—Porque eu sei que vai te curar. —Você está pronta para deixar o passado
e esperar por um futuro incrível cheio de felicidade e não de escuridão. Tudo o que
eu sempre quis para você.
A última palavra mal saiu de sua boca antes que meu corpo experimentasse
todas as emoções possíveis naquele momento ouvindo suas palavras. Rapidamente
recapitulei todas as coisas ruins que ocorreram na minha vida. Tudo, desde mágoa,
a raiva, ao vazio. Quase como se eu estivesse limpando minha concha oca. Meu
coração tinha sido arrancado por Damien mais vezes do que eu gostaria de contar,
pela única pessoa que eu nunca pensei que fosse capaz de me causar tanta dor me
deixando para trás.
Tanta agonia.
Tanto ódio.
Eu tinha toda essa raiva contida de ser arruinada por Emilio e depois por
ele. O ódio assumiu, produzindo sentimentos que eu nunca senti antes, aqueles que
301
eu nem sabia que existiam. A dor estava além da incapacitante ao ponto de eu não
poder nem me levantar. Passei incontáveis noites onde desabei e não tinha
ninguém para me dizer que tudo ficaria bem, que eu ficaria bem. Ele tirou isso de
mim, seu conforto, seu apoio, a família que ele me deu, igual à noite que ele
participou tirando isso de mim.
Ambos fizeram.
Quando nenhum dos dois tinha algum direito. Especialmente Damien, não
depois que ele testemunhou o que passei sob as mãos cruéis de Emilio.
Como você cura um coração partido?
As memórias?
Minhas fraquezas.
Minhas falhas.
Meu coração.
302
Com ele.
Eu olhei para o céu, imaginando-os olhando para mim pela primeira vez
depois de vinte e quatro anos sonhando com eles no fogo ardente do inferno,
situado abaixo de mim. Não havia palavras que eu pudesse expressar para deixar
Damien saber o quanto isso significava para mim.
Lentamente.
Gradualmente.
303
onde realmente mais importava.
Eu fiquei assim até minhas lágrimas secarem. Até que eu lavasse todos os
meus pecados.
Fazendo-me acreditar que ele não estava lá naquela noite para tomar parte
na destruição da minha vida, Deus o colocou lá para que ele pudesse proteger e
cuidar de mim. Sabendo que eu precisaria que ele tomasse o seu lugar no meu
futuro.
—Amira, meu nome é Damien. Você pode me olhar, por favor? Eu preciso
que você olhe para mim... Você pode fazer isso por mim?
304
recuei, me afastando dele e grudando na parede como se estivesse tentando me
moldar na madeira do nosso celeiro. Meus lábios não paravam de tremer,
olhando para ele com olhos arregalados e petrificados. Levantando minha mão
trêmula no ar, mostrando a ele que eu tinha uma arma, um martelo.
—Amira, tengo algo para ti, mira... Por favor, muñeca, ayúdame para
que pueda ayudarte. —Ele expressou. —Amira, eu tenho algo para você, olhe...
Por favor, boneca, me ajude para que eu possa ajuda-la.
Não foi até ouvi-lo me chamar de Muñeca e dizer que tinha algo para
mim, que eu percebi que ele era real. Por alguma razão, a imagem dele naquele
exato momento trouxe de volta a lembrança de quando Papi disse que tinha um
presente para mim. Havia bondade em seus olhos novamente, seu olhar nunca
vacilando do meu enquanto ele lentamente colocava Yuly entre nós. Mostrando-
me que ele a consertou, limpou-a, fazendo-a parecer perfeita novamente.
Para mim.
Eu olhei para ele e depois para a minha boneca com tanta confusão no
meu olhar. Sem saber o que pensar ou o que fazer.
305
—Temos que ir. —Afirmou, trazendo a minha atenção de volta para ele.
—Onde? Para onde eu vou? —Eu sussurrei alto o suficiente para ele ouvir.
—Você promete... Você promete que não vai me machucar? Estou segura
com você? Dos monstros... Ele não hesitou em responder:
Eu olhei para a lateral do seu rosto, seu olhar concentrado apenas no sótão
onde eu estive me escondendo.
—Nós precisamos ir, Damien. Eu quero sair agora. Podemos ir? —Eu
disse, ignorando sua pergunta. Seus olhos preocupados se voltaram para os meus.
—Amira.
Mas poderia?
Eu queria mais.
Precisava de mais.
307
CAPÍTULO TRINTA E UM
Damien
Ela se foi.
Eu pulei para fora da cama e acendi a primeira luz em que meus dedos
caíram, sem prestar atenção que eram do banheiro. Apenas dando luz ambiente
para a sala, apenas clareza o suficiente para encontrar minha merda. Vasculhei
minha mala, vestindo o primeiro par de calças e camisa de botão que pude
encontrar. Calçando meus sapatos enquanto eu puxava a bunda para fora da porta,
abandonando o elevador, sabendo que as escadas seriam mais rápidas. Eu abotoei
minha calça e camisa, meus dedos falharam miseravelmente em acertar enquanto
eu continuava correndo em direção às escadas, descendo dois degraus de cada vez,
não perdendo mais tempo precioso.
Eu passei pelas portas da escada correndo até a recepção, sabendo que não
havia como entrar ou sair sem passar pelo porteiro. Gritando:
—Jesus Cristo! Então pare de perder meu tempo e encontre a pessoa que
trabalhou a noite toda!
—Eu a vi. —Ele balançou a cabeça, apontando para outra entrada na parte
de trás do hotel. —Ela caminhou até a praia.
Antes que ele terminasse o que ele estava dizendo, eu sai. Correndo para as
portas em direção ao caminho particular para a praia. Minha mente disparada com
pensamentos impiedosos e implacáveis de possivelmente ser incapaz de encontra-
la. Pensando que a perdi, mais uma vez. Cada passo que eu dava, como se eu
estivesse correndo para longe dela e da vida que eu sabia que ainda queríamos a
cada respiração em nossos corpos. A única luz vinha da lua cheia e do hotel ao
longe, tornando muito mais difícil de ver.
De nós.
De tudo.
309
Ela planejou isso o tempo todo?
Trazê-la de volta aqui não significa apenas deixar de lado seu passado e
demônios, inclusive eu?
Não quando eu estava tão perto. Quando estávamos tão perto de acabar
com a porra da nossa tristeza e nossos pecados e tudo mais.
Nossa conexão como uma corda, me puxando para ela. Ela estava sentada
atrás de um grande rocha em uma pequena área isolada, a quilômetros de distância
da praia. Escondendo-se fora da vista. Ninguém podia vê-la a menos que eles
estivessem devorando cada fenda dessa praia como eu tinhafeito. Eu parei ao lado
310
da rocha, ajoelhando-me, descansei minhas mãos em meus joelhos para me
segurar. Completamente exausto e sem fôlego, precisando recuperar o fôlego.
Meus pensamentos.
Minhas emoções.
Tão intensa.
Tão ofuscante.
—Amira.
—Primeiro velório de Emilio, depois a minha casa e agora este lugar? Qual
é o próximo, Mama Rosa?
Eu fiz uma careta, franzindo a testa. Eu não pude evitar, até mesmo a
mera menção do nome dela me doía de um jeito semelhante ao que só Amira
poderia fazer.
—Nós vamos lá amanhã? Porque eu vou te dizer agora, eu não vou e você
não pode me obrigar.
311
Pensamentos sobre Rosarío me inundaram. Eu queria perguntar o que
aconteceu com ela? Como ela morreu? Aconteceu rápido ou foi doloroso? Ela
alguma vez me perdoou? Ou ela morreu me odiando pelo que eu fiz... Como eu a
deixei e Amira para trás, mas eu não consegui fazer nenhuma dessas perguntas que
constantemente passavam pela minha cabeça, e eu comecei a pensar que nunca
seria capaz disso.
—Damien.
Eu recuei, não esperando o que ela confessou. —Por que você não me
acordou? Eu poderia ter ajudado você, poderíamos ter conversado. Em vez disso,
tenho andado por aí como um maldito lunático assustando as pessoas, exigindo
saber para onde você foi. E o que diabos você quer dizer com “eu te trouxe aqui de
propósito?”.
—Eu pensei... Quero dizer... Porra ... Você não fez isso de propósito? Você
realmente não lembra onde estamos, não é?
Dei uma olhada ao redor, embora eu sentisse que já havia vasculhado cada
centímetro dessa praia.
Eu balancei a cabeça, esperando para ver onde ela estava indo com isso.
—Mas o herói, Perseu, estava por perto e ouviu falar da morte iminente de
Andrômeda. Ele veio em seu socorro e a salvou do monstro. Ela voltou para a
Grécia e eles se casaram, tendo nove filhos. Depois que a princesa Andrômeda
morreu, a deusa do amor, Atena, colocou-a no céu como uma constelação, perto
de seu amado marido Perseu. Eles eram dois companheiros de alma que estavam
destinados a ficar juntos para sempre, então ela fez constelações para que eles
ficassem.
—Eu pensei que essa era apenas mais uma parada que você planejou. —
Querendo que eu deixasse para trás a noite em que você tentou me mandar embora.
—Isso não é o que eu estava fazendo e você sabe disso. —Eu disse
severamente. Além disso, por que você pensaria...
—Eu não sei. —Ela encolheu os ombros, mudando sua posição sobre o
cobertor. Dobrando as pernas.— Que é apenas mais uma coisa pela qual você quer
que eu te perdoe.
—Eu não sabia que você não tinha considerando o que aconteceu depois.
—Qual parte? Aquela em que eu te beijei mais tarde naquela noite, ou você
313
está se referindo à manhã seguinte quando você me tratou como uma merda?
Lembrando-me que você não me amava e que eu deveria agradecer a você por me
ensinar minha primeira verdadeira lição sobre os homens. Envergonhando-me
porque eu era apenas uma garotinha que não entendia a luxúria sobre o amor como
todas as suas outras prostitutas faziam. —Sua voz permaneceu firme e forte,
embora a expressão atormentada em seu rosto fosse de dor. —Ou você está falando
sobre como você me afastou completamente depois? Como você parou de vir me
ver, falar comigo, me deixando de fora em todos os aspectos da sua vida? Através
de suas palavras insensíveis e ações impensadas, fodendo sua namorada, que mais
tarde se tornou sua esposa na minha frente!
Ela ficou de pé, ficando bem na minha cara. Enfiando o dedo no meu peito.
—Que tal me foder, Damien?! Me dizendo que você me amava pela primeira vez e
depois fazendo amor comigo a noite toda, só para me deixar na manhã seguinte.
Ela me empurrou, e eu não vacilei. Irritando-a ainda mais. —À noite bem debaixo
dessas mesmas estrelas. —ela apontou. —Foi a última boa lembrança que eu tive
de você por quatro malditos anos! Então você aparece do nada no meu aniversário
para quebrar meu coração de novo.
Lágrimas começaram a fluir pelo seu lindo rosto. Suas mãos rapidamente
ao lado do corpo em punhos prontos para dar um soco em mim. Desdenhosamente
me olhando de cima a baixo.—Eu odeio a porra do meu aniversário! Eu não
celebrei isso em treze anos. Você tem alguma ideia de como foi sem você na
minha vida todo esse tempo? Você tirou a única família que eu tinha, além de
mama Rosa! Seu filho da puta egoísta!
Suas pernas estavam jogando areia enquanto ela lutava para se libertar.
314
Chutando em todas as direções, colocando um inferno de uma luta contra o meu
forte aperto. Suas palavras rasgando em mim como lâminas de uma faca. Torcendo
a adaga bem no meu coração fodido.
—Você quer que eu te perdoe, mas é tão difícil fazer isso. Você me
deixou... Você me deixou para trás quando eu te amei tanto, e você acabou me
deixando... Como se eu não significasse nada para você! Ela fervia com lágrimas
caindo rapidamente de seus olhos, sem se incomodar em enxugá-los. Nem mesmo
escondê-los, querendo que eu testemunhasse, sentindo sua devastação e sua dor
causada apenas por mim.
315
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
Damien
—Eu odeio você ter me feito sentir sozinha por tantos anos! Eu odeio que
senti sua falta todos os dias que você não estava comigo! —Ela balançou
fracamente, sem desistir de seu ataque. Eu peguei seu pulso no ar, agarrando sua
outra mão enquanto ela tentava novamente. —Eu odeio que senti que estava
morrendo, que ainda sinto que estou morrendo quando estou com você! Mas
principalmente eu odeio que ainda te amo! Que ainda te amo depois de tudo que
você me fez passar! Quão fodido é isso? Você tirou minha vida, Damien! E não
estou falando da minha família, estou falando de VOCÊ!
—Muñeca.
—Eu odeio não poder deixar de te amar, de sonhar com você, querer um
futuro com você, quando você não fez nada para merecer isso! Quando você não
me merece! Eu tentei com tudo que há dentro de mim deixar você para trás como
você fez comigo, mas não posso fazer isso! E eu me odeio por isso! Você me faz
sentir fraca e impotente e tão terrivelmente miserável, mas eu simplesmente não
consigo me afastar de você! Eu simplesmente não consigo te esquecer, e não posso
nem mentir e dizer que é o que eu quero, porque o simples pensamento de te perder
de novo me faz... Querer. Morrer. Eu não posso viver sem você e sei que nunca
vou poder!
—Amira, pare! Olhe para mim! Apenas, olhe para mim, porra!
Antes mesmo que ela percebesse, empurrei-a com força para o cobertor e
subi em cima dela.
—Muñeca, olhe para mim, abra seus olhos e olhe para mim. —Eu exigi,
agarrando seu queixo para tentar fazê-la abrir os olhos. Precisando que ela visse o
homem quebrado e dilacerado na frente dela. Aquele que morreu quando a deixou
também. Ela balançou a cabeça para trás e para frente, frustrantemente querendo se
soltar.
—Você tem alguma ideia de quantas noites sonhei com as coisas que quero
fazer com você. —Eu expressei contra seus lábios, fazendo com que seus olhos se
abrissem.
Prendendo seu olhar com o meu e provocando uma reação carnal do fundo
de mim. Seus lábios estavam inchados e vermelhos, sua pele quente e corada, o
cabelo desgrenhado e solto ao redor do rosto. Eu soltei seus pulsos, puxando para
trás alguns fios de cabelo de sobre seus olhos, não querendo nada no caminho de
seu olhar agora se rendendo.
Eu segurei seu rosto entre as minhas mãos, preparado para dizer a ela o que
sempre assombrou minha mente. —Tanto quanto eu gostaria de poder mudar o
passado, Amira, eu não posso. Eu sabia o que eu ia fazer com você, a dor
excruciante que eu ia causar, mas juro pelo nosso amor que eu estava apenas
tentando te proteger de mim. As coisas que fiz para aqueles que mais amava, as
vidas que tomei sem qualquer remorso, e a lista só continuou. Eu sou um maldito
monstro. Eu não sou uma boa pessoa, muito menos um bom homem.
—Primeiro de tudo, a noite que transei com Evita na sua frente eu sabia
que você voltaria. Era a única maneira de você ficar longe de mim, eu planejei
desse jeito. Eu não estou orgulhoso das coisas que fiz para você e você está certa,
eu não mereço você, e é por isso que deixei você para trás. Eu nunca te mereci,
mas eu não poderia ficar longe de você tanto quanto você não poderia ficar longe
de mim. Querida, é por isso que eu saí. Se eu tivesse ficado em Cuba com você, eu
318
simplesmente continuaria te machucando. —Eu beijei outra de suas lágrimas. A
próxima parte do que eu teria que compartilhar não seria fácil de ouvir para
nenhum de nós.
—Eu conheci Evita quando estava perdido sem você. Ela era doce, tímida,
me lembrava muito você, Amira. Foi a principal razão pela qual fui atraído por ela
em primeiro lugar. Acho que uma parte de mim estava tentando substituí-la por
ela.
—Eu sinto muito. Eu sei que machuca ouvir isso, confie em mim... Me
mata ter que te dizer a verdade, mas você precisa entender tudo porque eu não
quero mais mentiras e segredos entre nós. Nada mais para nos separar.
—Eu nunca dei meu coração totalmente a ela, ele pertencia a você. Sempre
foi seu. Você é meu coração. Eu nunca fiz amor com ela. Eu nunca beijei, toquei
ou demorei para fazê-la gozar como faço com você. Eu lhe disse que nunca
consegui fazer amor com mais ninguém, mas não lhe contei o por quê.
—Eu sei, Damien. —Ela sussurrou, com os olhos cheios com tanta
sinceridade. —Você não tem que me dizer. Eu tinha apenas nove anos de idade,
muito jovem na época para saber o que aconteceu entre você e ela, mas à medida
que envelheci… Eu descobri por conta própria. Eu conhecia minha irmã. Eu sei o
que a fazia sorrir, rir, feliz, triste... Posso sinceramente tranquiliza-lo, o que lhe foi
ordenado fazer foi a coisa mais distante de causar dor. É um demônio pesado e
sombrio para se agarrar pelo resto da sua vida. Você não a machucou... E ela
estava tão agradecida quanto eu por ser você e não um daqueles outros homens.
Eles não teriam sido tão gentis com ela, não como você.
—Eu sabia que a primeira vez que você me tocou, que me fez sua, que eu
fui a primeira mulher a quem você fez amor.
—Como?
— Você não está preocupado em ser pego levando uma vida dupla? Você
perderia tudo pelo que trabalhou tanto, Damien. Não parece valer a pena para mim.
Eu balancei a cabeça. —Não, não. Pelo menos não mais... Eu sei que você
se afastou da sua vida, seu negócio de ser uma filha da puta durona. —Eu sorri.
—Quem pode manusear a porra de um câmbio manual como um piloto de corrida.
—Muñeca, eu sei que você focou seu tempo cuidando de mim nos últimos
seis meses, mas não quero que você volte para aquela vida.
—Não, você não tem. Que parte do que eu disse que você não entendeu?
Eu não vou permitir isso.
—É o meu trabalho.
320
—Se colocar em perigo? Se você está preocupada com o dinheiro, não se
preocupe. Eu tenho mais dinheiro do que posso gastar. Eu vou dar tudo para você.
Cada centavo, porra. Você não teria que se preocupar com nada e ainda poderia
viver uma vida extravagante com roupas de grife, carros, sapatos e qualquer outra
coisa que você queira gastar seu dinheiro. Não há necessidade de você voltar, eu
vou cuidar de você.
Eu não hesitei em responder. —Eu faria por você. Eu faria qualquer coisa
por você. Jesus Cristo, Amira, eu procurei tanto por você. Eu tinha meus melhores
investigadores procurando por você, mas não conseguimos achar nada que
provasse que você existiu. Todo o trabalho que tive ao fazer com que Emilio nunca
te encontrasse se voltou contra mim, porra. E agora que tenho você, eu nunca vou
deixar você ir de novo. Você me entende? Você é minha. —Falei com convicção,
desafiando-a discutir. —Eu tenho a única coisa que eu sempre quis bem aqui em
meus braços. —Você.
—Damien.
Eu a silenciei com meus lábios, deslizando minha língua em sua boca. Ela
gemeu, se rendendo ao meu abraço apaixonado, derretendo ao meu toque. Quando
a beijei, minha intenção era que fosse puro, mas como tudo com Amira, tomou
vida própria. Nós nos beijamos pelo que pareceram horas, apenas abraçados e
explorando a boca um do outro.
Eu podia sentir seu peito subindo e descendo contra o meu torso, seus
mamilos duros pressionados firmemente contra a minha roupa. Eu nem toquei nela
ainda, e ela já estava derretendo, perdendo o controle.
Até que ela estava ansiosa, trêmula, suave e flexível em meus braços.
321
Com necessidade.
Com desejo.
Essa foi a minha ruína. Eu deveria tê-la levado de volta para o quarto do
hotel, mas mais do que qualquer coisa eu queria tê-la, reivindicá-la, fazer amor
com ela bem aqui nesse cobertor. Na praia, bem abaixo de nossa constelação, onde
tudo começou de verdade. Ela me beijou de volta com a mesma paixão, doendo,
latejando, como eu. Ansiando pela mesma coisa. Nossos lábios se moviam como se
fossem feitos um para o outro. Cheio de desespero e urgência, desejo e fome,
lutando contra o passado e com o caminho de volta um para o outro. Eu podia
ouvir a batida de seu coração e sentir sua pulsação acelerando com o som rítmico e
sedutor que tanto me acalmava e controlava de uma maneira que eu queria que
nunca parasse.
Eu olhei para ela de uma forma predatória. —Eu vou. —Eu sorri,
deslizando minha mão até sua boceta.
322
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
Damien
Beijei e lambi meu caminho até seu estômago, seu corpo respondendo a
todas as sensações que minha língua infligia. Em todos os lugares que toquei
deixei um rastro de fogo. Os sentimentos persistentes em cada carícia na sua pele
delicada, consequentemente queimando. Fiquei de joelhos, olhando-a com os meus
olhos pesados. Meus dedos entrelaçaram nas laterais de seu short de algodão e os
arrancaram em um movimento rápido e súbito. Descartando-os ao lado de sua
blusa.
Provoquei, rindo. —Você não estava usando calcinha todo esse tempo?
Ela arqueou uma sobrancelha, olhando para mim com o pecado em seus
olhos. —Não tenho usado calcinha toda essa viagem. —Ela piscou, mordendo o
lábio inferior.
Queimando-a.
Consumindo-a.
Seu corpo amadureceu, seus seios rosados estavam mais cheios, mais
323
pesados e eram extremamente alucinantes. Sua cintura estreita parecia mais magra,
acentuando seus quadris e coxas delgadas. Meus olhos continuaram vagando até
que caíram onde eu mais queria olhar, sua boceta. Meus dedos lentamente
espalharam seus lábios, notando que ela estava escorregadia e molhada, e
incrivelmente perfeita. Não queria nada mais que devorá-la novamente.
—Ninguém nunca olhou para mim do jeito que você olha. —Ela suspirou.
—Ninguém nunca te amou do jeito que eu amo. —Fixei os olhos com o seu
olhar aquecido que espelhava o meu, gemendo roucamente. —Ainda consigo sentir
sua bocetinha doce em minha boca. —Beijando sua barriga macia, deixando
pequenos beijos em linha reta, parei logo acima do osso púbico para colocar suas
pernas trêmulas sobre meus ombros. Agarrando suas coxas, puxei sua boceta em
direção à minha boca.
—Implore, Muñeca. Implore para fazê-la gozar. —Rosnei contra sua pele,
continuando meu ataque em todos os pontos sensíveis, exceto onde nós dois mais
queríamos a minha língua. Mordendo forte o suficiente para deixar marcas no meu
caminho.
Tão profundo.
Tão forte.
Tão exigente.
324
Precisando prová-la.
—Damien... —Ela ronronou meu nome, com uma mão apertando o meu
cabelo, usando a outra para suportar seu peso.
Deslizei minha língua até seu clitóris e o chupei na minha boca faminta,
dando a sua boceta uma lambida suave antes de olhá-la novamente com um olhar
ganancioso. —Você gosta quando eu te fodo com a minha língua, Muñeca? —
Provoquei. —Te voy a signar con mi lengua hasta que te vengas tanto que se te
olvide tu nombre y solo recuerdes el mio. —Acrescentando. —Eu vou te foder com
a minha língua até você gozar tanto que se esquecerá o seu nome e apenas se
lembrará do meu. —Fiz exatamente isso, chupando o clitóris de volta na minha
boca e lambendo sua protuberância.
Seus olhos se fecharam e sua cabeça caiu para trás, apertando seus quadris
em um movimento para frente e para trás contra meus lábios e língua. Comecei
devagar, fazendo amor com ela com a boca. Guiando minha cabeça de um lado
para o outro e depois para cima e para baixo. Sua mão agarrou firmemente meu
cabelo outra vez, quase como se ela estivesse tentando arrancá-lo. Fazendo meu
pau pulsar tão forte contra o zíper da minha calça. Lambendo sua excitação,
aumentando sua umidade a cada volta da minha língua. Seus olhos encontraram os
meus quando finalmente deslizei dois dedos em seu interior quente e acolhedor.
—Oh, você gosta disso, não é? Aonde, meu bem? Bem aqui? —Bati em
seu ponto G, fazendo com que seus olhos revirassem. —Ou... —Puxei meus dedos
para fora, fazendo instantaneamente um gemido sair de sua garganta com a perda
do meu toque. Rapidamente movi meu dedo do meio para baixo até a sua bunda.
Seu corpo enrijeceu apenas por um momento quando suspirei asperamente. —
Deixe-me entrar, Muñeca.
Ela relaxou, permitindo que meu dedo deslizasse lentamente em sua bunda
apertada. A umidade de sua boceta, tornando mais fácil fazê-lo. Apontando meu
dedo diretamente para seu baixo ventre. —Aqui? —Zombei, batendo em seu ponto
certo na parte de trás.
—Oh, Deus…
325
Testemunhei ela desmoronar internamente com a excitação saindo de seu
interior. Possuindo cada fibra do seu ser e porque sou um bastardo sujo, não parei
por aí. Com a minha mão livre, empurrei dois dedos de volta em sua boceta
molhada. Simultaneamente, atingindo seu ponto G, enquanto meu dedo fodia seus
dois buracos ao mesmo tempo. Devolvendo minha boca para seu clitóris, nunca
tirando meus olhos dos seus enquanto pegava o ritmo da minha tortura apaixonada
em seu corpo. Queria ver o que eu estava provocando pelo seu olhar, apenas
alimentando meu desejo de tê-la me assistindo fazê-la gozar.
—De quem é essa boceta, Amira? De quem é essa bunda? De quem é esse
corpo? Quem é o seu dono? Humm... —Eu cantarolei com o clitóris na minha
boca.
Tremendo
Penetrando.
Se entregando.
Sorri com o clitóris na minha boca, gemendo. —Goza para mim, querida.
Seu corpo tremia violentamente como um vulcão pronto para explodir com
a pressão, o prazer. Segundos depois, ela gozou forte, gritando. —Damien!
—Isso mesmo, querida... será somente meu nome que você irá gritar a
partir de agora. —Sacudindo minha língua uma última vez em seu clitóris, deixei-a
cavalgar seu orgasmo no meu rosto até que seu corpo ficou relaxado debaixo de
mim. Suas pernas soltas dos meus ombros, suas mãos caindo para os lados. Tirei
326
meus dedos, lambendo-a da bunda para a abertura dela. Levando os dois dedos da
sua boceta até a minha boca para chupá-los também.
—Você, Muñeca, é a melhor coisa que comi o dia todo. Você tem gosto de
minha.
Através dos olhos anuviados, ela viu quando me arrastei por sobre ela.
Colocando meu corpo musculoso sobre o dela.
Gemi. —Você deixa meu pau tão duro quando você goza em todo o meu
rosto. Acaricie-o, querida... acaricie com força. Você possui meu pau, assim como
você possui meu maldito coração.
Nem eu poderia
Colocando meu pau ao longo de sua boceta, encharquei a ponta com sua
umidade, abrindo seus lábios. Lenta e deliberadamente balançando para cima e
327
para baixo. Sabendo que seu clitóris ainda estava sensível da minha língua
implacável e não demoraria muito antes que eu a utilizasse novamente.
—Por favor... —Era tudo que ela poderia dizer, implorando pelo meu pau.
Precisando que eu me enterrasse dentro dela tanto quanto eu precisava sentir sua
boceta apertada ao meu redor.
Ela não teve que esperar muito tempo, posicionei meu pau em sua abertura
e lentamente empurrei para dentro. Deliberadamente levando o meu tempo,
querendo que este momento durasse o máximo possível. Perdendo minha maldita
mente em sua boceta molhada e apertada, revelando como ela era perfeita pra
caralho. Eu a beijei por todo o rosto, pescoço, seios e de volta aos lábios.
Assim que estava bem no fundo, parei. Precisando sentir cada centímetro
de sua boceta em volta do meu pau. Minhas lembranças não se comparavam aos
sentimentos e emoções que causavam desordem quando meu corpo estava sobre o
dela.
—Foda-me, Amira. Você é tudo que eu sempre quis e não acho que eu
poderia ter.
—Eu sei, Damien, eu sei. Mas se você não começar a se mover e fazer
amor comigo... vou morrer. —Ela provocou em um tom desesperado.
Olhei possessivamente em seus olhos. —Não até você me dizer quando foi
a última vez que alguém fodeu o que é meu?
Ela me olhou através dos cílios, ronronando. —Não desde muito antes de
te ver em Detroit pela primeira vez.
Soltei uma risada e comecei a me mexer, dobrando sua coxa para cima, me
inclinando para seu ponto G. Juro que ela ficou ainda mais molhada quando
empurrei para dentro e para fora num ritmo persistente. Rápido, rápido, lento como
328
dois corpos dançando a porra do tango, repetindo o mesmo movimento
pecaminoso, trazendo-a a borda e recuando, uma e outra vez. Suas mãos agarraram
o cobertor abaixo de nós, torcendo e virando a cada impulso. Eu podia sentir o
prazer dela na ponta do meu pau, e Jesus Cristo, era incrível. Sentindo uma imensa
quantidade de pressão na cabeça do meu pau do movimento de apertar suas coxas e
bunda. Ficando mais forte e mais intenso, mais rápido. Eu podia senti-la me
apertando mais e mais a cada estocada.
Ela gozou…
E gozou...
Em nosso mundo.
Peguei seu mamilo na minha boca, amassando seu outro seio, incapaz de
ter o suficiente dela. Fazendo sua cabeça rolar para trás com outro gemido
escapando no fundo de sua garganta. Tudo que eu podia ouvir era o desejo sobre as
ondas batendo na praia, imitando o ritmo dos nossos corações enquanto eu
329
acariciava seus seios e chupava seus mamilos.
Movi uma das minhas mãos para seu clitóris, fazendo com que sua
respiração aumentasse assim que ela percebeu o que eu estava prestes a fazer.
Encorajando-me, empurrando seus quadris para frente.
—Sim, querida. Tome meu pau. Apenas assim... Foda-me mais forte...
Assim mesmo. —Rosnei do fundo do meu peito. —Foda meu pau.
Eu podia sentir sua boceta apertar, agarrando meu pau como uma maldita
prensa. Vagamente sentindo o arrepio da brisa do oceano batendo em sua pele
encharcada de suor quando ela se inclinou para me beijar mais agressivamente do
que antes. Agarrei a sua nuca, querendo trazê-la para mais perto, precisando de seu
corpo para cobrir o meu. Nossos lábios se movendo por vontade própria, não
tínhamos mais controle sobre nossas ações.
Meu ritmo aumentou quando a fiz cavalgar tão forte quanto ela podia,
incapaz de ter o suficiente de sua boceta.
De seus orgasmos.
330
Ela era minha ruína.
Outro gemido escapou do fundo de mim quando gozei tão forte. Liberando
meu gozo tão longe em sua boceta quanto possivelmente poderia.
—Eu te amo, Damien. —Ela ofegou na minha boca. Nós dois tentando
recuperarmos o fôlego.
Nossos pensamentos.
Nosso futuro.
331
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
Damien
—Jesus, Damien... você está indo direto para isso. —Ela ofegou em uma
voz sonolenta, mas sexy, segurando os lençóis acima de sua cabeça.
Acordei duro e faminto. Não pensando duas vezes em deslizar por baixo
dos cobertores em um ritmo lento e constante, e rastejar em direção à sua boceta
como um homem faminto. Antes que ela soubesse o que eu estava fazendo, meu
rosto estava entre as suas pernas, saboreando o que era oficialmente meu para
tomar. Faziam dois meses desde que voltamos de Cuba e tudo mudou entre nós.
Duas vidas se juntando em um redemoinho de paixão. Encontrar uma sensação
renovada de esperança de que nosso amor prevaleceria agora que não havia nada
nem ninguém em nosso caminho. A viagem provou ser a melhor decisão que tomei
em muito tempo. Assim que pisamos em solo americano, me recusei a deixar
Amira sair da porra da minha vista.
Não apenas com o seu corpo, mas com minhas palavras e ações também.
Dizendo a ela várias vezes ao dia que a amava, e provando que de fato ela era meu
tudo. Surpreendendo-a com o café da manhã na cama, tratando-a como a rainha
que sempre deveria ter sido. Ela não tinha feito viagens, desaparecido
recentemente, e lidava com os negócios pelo celular. Assumi que estava tentando
resolver suas coisas, totalmente consciente de que eu não estava fodendo por aí, e
que ela não voltaria para aquele mundo. Sua vida era comigo, do jeito que sempre
foi destinada a ser.
332
Nós dois estávamos compensando o tempo perdido.
Rindo.
Sorrindo.
Ela ainda tinha pesadelos, mas eram poucos e distantes agora. Tinha a
esperança de que eles diminuiriam com o tempo. Junto com o nosso passado que
nós sempre lembrávamos, no entanto, possivelmente esqueceremos com o tempo.
—Você vai gozar para mim? —Murmurei com um sorriso, sugando seu
clitóris entre os meus lábios.
Ela respondeu apertando sua boceta contra a minha boca, balançando seus
quadris na direção oposta do movimento para cima e para baixo da minha cabeça.
Seu corpo respondendo, e eu ainda mal comecei a tocá-la. Minha boca já a deixou
em frenesi enquanto eu tomava meu tempo devorando sua doce boceta. Chupando
o clitóris de lado a lado, com força, com urgência, para frente e para trás, para cima
e para baixo, até que suas pernas começaram a tremer com o simples movimento
da minha língua. Deixando-a linda e molhada para mim. Eu conhecia o corpo dela
melhor do que ela mesma.
Seu gozo.
333
—O que fiz para merecer esse despertar? Sinto que devo agradecer. —Ela
disse ofegante, olhando para mim com adoração em seus olhos.
Beijei seu clitóris uma última vez, fazendo seu corpo estremecer com a
estimulação excessiva, e sorri. —Não precisa me agradecer, Muñeca. Eu comi sua
boceta por razões puramente egoístas. Por mim.
—Bem, então, pelo menos, deixe-me devolver o favor. —Ela começou, nos
rolando para ficar por cima, sentada diretamente sobre o meu pau duro. Fazendo-o
se contorcer.
—Por mais que eu adoraria te ver de joelhos, com sua boca no meu pau, eu
tenho que ir, querida. Eu tenho um voo para pegar.
Ela estreitou os olhos para mim, arqueando uma sobrancelha. Dando sua
melhor expressão de cúmplice com um sorriso malicioso. —Eu tinha algo
importante planejado para nós hoje à noite. Há alguma chance de mudar para
amanhã?
334
—Eu queria poder, mas isso não pode esperar. Eu prometo que voltarei
amanhã. —Fiquei nervoso por deixá-la aqui sozinha, mas eu não tinha muita
escolha e faria as pazes com ela.
—Tudo bem... —Ela fez beicinho. —Vou ter que reprogramar o nosso trio
para outra hora. Que chato... —Ela sorriu com um olhar travesso. —Eu estava
realmente ansiosa por isso também.
—Bem, foda-se. Por você e outra mulher, talvez eu possa mudar meus
planos, depois de tudo. —Provoquei, sorrindo. Espelhando o olhar dela. Sabendo
que ela estava blefando.
Ela se inclinou para frente, aproximando-se do meu rosto. —Eu não disse
que era com outra mulher.
—Ai, Damien!
—Amira, eu sou o seu dono, e sua boceta só goza para mim. Entendeu?
—Oh sim? O que você vai fazer? Me prender, Sr. Promotor Público? Você
quer só me ver com um par de algemas, hein?
—Você vai pagar por essa boca atrevida que nunca parece saber quando
ficar calada, Muñeca. —Sorri de novo com um olhar predatório.
Provocadorazinha de pau.
Mas o voo não foi inteiramente horrível, além do fato de que eu desejava
estar em casa, dentro de Amira. Pousei no início da tarde e fui diretamente para a
saída do aeroporto, tendo viajado apenas com minha bagagem de mão.
Imediatamente olhando em volta para a pessoa que me buscaria.
—Como é possível que você pareça melhor a cada vez que te vejo,
Damien?
Eu me virei quando ouvi sua voz, ficando cara a cara com um familiar
olhar cor de avelã.
Não fiquei surpreso em ouvir dela. Ela me ligou na noite anterior, dizendo
que precisava me ver e que era urgente. Pelo som de sua voz, eu sabia que ela
estava falando sério. Percebi que tinha algo a ver com o conselho legal porque ela
disse que não podia falar sobre isso pelo celular. Giselle era impulsiva e tomava
riscos, e não me surpreenderia se ela se envolvesse em algum tipo de problema.
Não querendo que seu pai idiota soubesse, então só restava eu para ajudá-la. Que
tipo de advogado e amigo eu seria se não tentasse, pelo menos? Especialmente
porque, a seu próprio modo, ela sempre me ajudou.
Ela riu, enlaçando o braço ao redor do meu. —Venha. —Ela assentiu com a
cabeça. —Meu carro está no estacionamento. —Guiando-me para ele.
—Corte as besteiras, Giselle. Fale logo. Por que diabos estou aqui?
—Eu nem sei porque estou aqui. Então, que tal parar de fazer perguntas
que não lhe dizem respeito e começar a responder a minha?
Ela abriu a boca para responder, mas meu celular tocou, interrompendo-a.
—Venha. —Ela pegou sua bolsa enorme no banco de trás, abriu a porta e
saiu antes de responder a qualquer uma das minhas perguntas.
Não tive muita escolha, tive que segui-la até o que pareceu ser algum tipo
de reunião de MC. Haviam crianças correndo por toda parte com adultos no meio,
mas foram os homens que estavam bebendo algumas cervejas e jogando enquanto
aguardavam a churrasqueira, eu reconheci imediatamente.
337
—Oh, confie em mim, Giselle. É melhor que valha a merda do meu tempo.
Caso contrário, não hesitarei em colocá-la sobre meu joelho e deixá-la louca e sem
alivio.
Giselle olhou entre nós, sentindo a tensão. —Não tenho que te apresentar,
não é? —Ela brincou. —Vocês estão mais do que familiarizados um com o outro.
Não vi o filho da puta desde que derrubamos seu pai, sete anos atrás.
Dando-me o título de Promotor Público. Pelo jeito, ele não gostou da minha
presença no churrasco de sua família.
Eu a sacudi.
—Damien.
—Oh, me lembrei! Seu pai está procurando por você, Giselle. Eu acho que
o vi entrar no clube há alguns minutos. —Mia disse a ela antes de olhar para
Creed. —Amor, eu acho que estou pronta para deitar por alguns minutos. —Ela
olhou para mim, segurando sua barriga. —Gravidez faz isso com você. Eu juro que
elas sugam a vida de você. —Ela riu, olhando com adoração para o marido.
Bonita.
Radiante.
Grávida.
Dei a ele um breve aceno de cabeça, fazendo uma anotação mental para
entrar em contato com ele em breve. Para agradecê-lo por ajudar Amira e descobrir
mais sobre suas atividades extracurriculares com Vlad. Ele cautelosamente acenou
de volta, girando com a menina em seus braços para sair. Era óbvio que seus
amigos e familiares não estavam cientes da vida dupla que ele estava levando.
—Giselle, você tem um minuto para me dizer que porra estou fazendo aqui
antes de perder a última gota de paciência que tenho com você.
339
—Eu sei, eu sei. —Ela parou e se virou para mim. Colocando suas
delicadas mãos no meu peito, deslizando-as do meu paletó para a gravata em volta
do meu pescoço. —Fique bem aqui. Vou ser rápida. —Insistiu em um tom de
flerte, deslizando seu nariz para o lado do meu rosto, suavemente colocando um
único beijo na minha bochecha.
E com isso, ela se virou e saiu, deixando-me sozinho na sala de estar. Sua
bunda deliciosa que tentaria qualquer homem, balançando de um lado para o outro,
lembrando-me de Amira enquanto ela se afastava. A mera imagem da minha garota
me fez morder meu lábio inferior e virar pelo meu pau que se contraiu contra o
zíper da minha calça.
Ele não foi pego de surpresa pela minha resposta, nem estava com medo ou
intimidado por isso. Isso ficou claro, a julgar pelo comportamento dele e pela
maneira como não se acovardou. Não havia um fio de preocupação em seus olhos
ou em sua postura. As forças armadas faziam isso com você, transformando-o em
alguém que você não conhecia. Uma mentalidade de matar ou ser morto. Eu estive
lá, hora após hora, no exército de Emilio. Porra, eu ainda estava lá. Nós éramos
assassinos naturais, treinados para eliminar o inimigo. Neste caso, esse era eu. Era
óbvio que esse cara poderia derrubar, lutando pelo que ele achava que pertencia a
ele, como eu iria por Amira.
Percebi que ele estava pronto para dar um soco no sorriso espertinho em
340
meu rosto. Se ele quisesse começar algo, eu terminaria. Nunca fui de recuar,
mesmo que não seja a minha luta para brigar. Eu me ergui, espelhando seu brilho
intenso. —O pau que ela obviamente continua preferindo em vez do seu. —Eu
disse maliciosamente, apenas provocando-o ainda mais.
Se ele pudesse deixar seu ódio de lado por um segundo, provavelmente iria
apertar minha maldita mão por ficar cara a cara com ele. Algo me levou a pensar
que isso não acontecia com muita frequência.
Ele não relaxou. Suas mãos se fecharam ao lado do corpo, pisando perto do
meu rosto. —Você fode com Giselle, então você fode comigo.
—Veja, é aí que você está torcendo as coisas, então deixe-me soletrar para
você. —Eu sorri com um aceno de cabeça. —Ela. Me. Fode.
—Hã. —Suspirei, estreitando meus olhos para ele. O que eu estava prestes
a dizer ia nos desviar para um caminho que nunca pretendia seguir. Percebendo no
final do dia que nunca consegui controlar minha língua afiada, que sempre me
envolvia em besteiras que não queria ou precisava. Escandalosamente zombando.
—Bem, não era o seu nome que ela estava gritando na cama esta manhã.
Antes que a última palavra saísse da minha boca, ele me atacou. Colocando
seu ombro em meu tórax e batendo minhas costas na lareira atrás de nós. Molduras
caíram no chão e vidro quebrou em todos os lugares aos nossos pés.
Instantaneamente causando uma cena enorme. Fazendo-me chegar ao meu limite, e
quando estava prestes a conectar meu punho com o seu rosto, fomos separados.
—Mason, não comece suas besteiras aqui! Esta não é a hora nem o lugar!
—Creed ordenou, segurando-o por trás com dois homens mais velhos. —Sua irmã
está grávida, não precisa de suas besteiras agora. Sem mencionar todos esses
garotos correndo por aí, testemunhando o tio deles brigando! —Ele olhou para a
esposa do outro lado da sala que estava lá, preocupada não sei por quem.
—Você está brincando comigo? —Ele recuou. Como ouso o que? Tente-
me, Giselle. Tente mais uma vez e veja o que eu faço com ele.
—Você não tinha o direito de fazer isso com ele ou com qualquer outra
pessoa. Nós não estamos juntos!
—Damien...
—Damien...
—Damien...
Ela suspirou, franzindo a testa. Colocando sua bolsa no chão na frente dela.
Fazendo o que mandei enquanto eu colocava o carro em marcha à ré.
342
—Damien, podemos conversar
—Não. Aqui.
—Damien...
Olhei para ela. —Diga meu nome mais uma fodida vez. —Pedi a ela para
me testar, deixando-a sem palavras.
—Porra, não acredito, Giselle. —Sussurrei, alto o suficiente para ela ouvir.
Furiosamente dirigindo nas estradas sinuosas a uma velocidade perigosa,
observando-a com o canto do olho, querendo dizer alguma coisa, mas decidindo
contra.
—Você liga para me dizer que precisava me ver e era urgente, para que,
exatamente? Para fazer o seu ex, que agora é seu amigo de foda, ficar com ciúmes?
Você não precisava do meu pau para conseguir isso, Giselle. Você poderia ter
encontrado algum homem para ser sua puta do dia, então por que eu?
—Besteira. Pare de foder comigo. Eu não sou seu para me manipular com
sua boceta e lábios vermelhos carnudos, garotinha.
343
—Eu não sou uma garotinha.
—Então pare de agir como uma. —Meu maxilar apertou quando empurrei
a porta e caminhei até o bar no canto da suíte. Servindo um pouco de uísque e
tomando um longo gole antes de fazer outro. Governando meu temperamento com
o líquido de fogo, queimando seu caminho pelo meu peito. —Pensei que você
estivesse em apuros. Essa é a única razão pela qual voei para cá.
Ela olhou para mim através de seus cílios. —Esta é a sua oferta de paz?
Ela não tocou em sua bebida, colocando-a na mesa de centro na frente dela.
Travando os olhos comigo de novo. —Damien, eu não sei como te dizer isso sem
mudar sua vida. Tudo o que sei é que tenho que lhe dizer porque você tem todo o
direito de saber. Cabe a você decidir o que fazer com o que estou prestes a dizer.
—Estou ouvindo.
Ela respirou fundo, e eu estaria mentindo se dissesse que meu âmago não
tinha se agarrado, tenso pra caralho para ouvir o que ela precisava compartilhar
comigo.
—Eu não trouxe você aqui para assistir ao churrasco da minha família. Isso
foi apenas uma parada que tive que fazer. Nem sabia que Mason estaria lá. —Ela
344
pegou sua bolsa, puxando o que precisava que eu visse.
Destino.
Eu lhe disse desde o início desta história que tentei de tudo para evitar o
filho da puta implacável e cruel. Embora ele já tenha sido posto em movimento. O
filho da puta sabia o que eu queria, precisava e não podia viver sem.
Apenas quando pensei que estava iniciando meu novo começo, o destino
me provou que eu estava errado. Batendo o último prego no meu caixão, pondo
fim ao meu futuro com…
Amira.
345
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
Amira
—Amira, eu sou o seu dono, e sua boceta só goza para mim. Entendeu?
Sem dúvidas.
Sem discussão.
346
Eu pensava nele o tempo todo, mesmo quando estava deitada em seus
braços. Olhando em seus lindos olhos me senti tão enraizada, vendo a vida que
deveríamos ter o tempo todo. Não importava onde eu estava ou o que estava
fazendo, só queria estar perto do homem. Precisando compensar anos perdidos.
Não importava quantas vezes Damien dissesse essas três pequenas palavras para
mim, "eu te amo", parecia a primeira vez que ele as expressava e isso acontecia
com frequência.
Nós não discutíamos mais o passado, não havia razão para reviver
fantasmas ou permitir que fatores externos nos derrubassem, e nós finalmente
entendemos isso. Tanto quanto eu estava preocupada, nós enterramos essa parte de
nós na praia sob nossas constelações. Junto com nossos passados e demônios e
tudo mais entre nós.
Com uma mão ele pegou a arma da minha, colocando-a na bancada à nossa
frente. Ainda me segurando firme contra seu peito, continuando a roçar seu rosto
no meu pescoço, ignorando a minha pergunta. Exalei um suspiro de alívio,
relaxando em seu abraço, apenas grata por ele estar em casa. Amando a sensação
de seus braços ao meu redor, redirecionei minha atenção para isso.
—Você deveria ter ligado e me dito que voltaria para casa hoje em vez de
amanhã. Eu teria...
Era raiva ou dor escondida em seu olhar? É por isso que ele estava
bebendo? Aconteceu alguma coisa enquanto amarrava essas pontas soltas?
Ele estreitou os olhos para mim, rosnando. —Se eu quisesse que você
348
soubesse que eu estava voltando para casa, então teria dito a você.
—Você somente sentiu a minha falta, não é? Não aguentaria ficar longe de
mim por mais um dia? Tudo bem, você pode admitir isso. Eu não conseguia parar
de pensar em você a tarde toda, senti tanto a sua falta também. —Com um sorriso,
passei meus braços em volta do seu pescoço, mas ele segurou meus pulsos,
prendendo-os no balcão ao lado das minhas pernas. —Damien...
—Você sentiu minha falta enquanto estava abrindo as pernas para Roman?
—Ele fez você gozar como eu? Quantas vezes ele tocou, beijou ou te fodeu
com seus dedos, língua ou pau? Diga-me, Amira. —Seu aperto aumentou em meus
pulsos ao ponto de dor, cavando em minha pele úmida. —Quantas vezes você
gritou seu maldito nome, desejando que fosse o meu?
Suas perguntas eram como um tapa no meu maldito rosto, um logo após o
outro. —Você está bêbado? Por que você está me perguntando essas coisas
dolorosas?
Ele se inclinou até que seu rosto estava a centímetros do meu, seu corpo
pairando sobre o meu. Fazendo-me sentir menor com o domínio possessivo que ele
tinha sobre mim.
Fisicamente.
Emocionalmente
Mentalmente.
349
—Eu só quero saber. —Ele respirou contra meus lábios. —Quantas vezes
ele tocou o que é meu.
—Isso não é uma resposta porra. Por que é tão difícil para você responder
uma maldita pergunta? O que você precisa de mim, hein? Por que você não pode
simplesmente me escutar uma vez na vida?
Vendo esse lado dele emergir era como ser arrastada de volta ao tempo em
que eu era uma menina, e ele estava tentando me afastar. Pensei que tivéssemos
superado o passado há muito tempo, não havia como no inferno que eu o deixaria
350
fazer isso conosco novamente. Provando que algo aconteceu onde quer que ele
tenha ido hoje. Me inclinei para mais perto em puro impulso, nunca tirando meu
foco de seus olhos vagos e vazios, procurando por algo para segurar. Procurando o
homem que eu amava mais do que qualquer coisa neste mundo, e silenciosamente
implorando para ele voltar para mim. Acabar com o que ele esperava realizar aqui.
Machucar.
Punir.
Fazer sofrer.
Uma sensação como nada que já experimentei vindo dele antes. Por
algumas respirações fugazes, me perdi naquele beijo.
Nele.
Em nós.
Eu não queria abrir meus olhos, muito preocupada com o que eu veria. De
quem eu ainda veria. Meu coração estava batendo, minha mente correndo, meu
corpo ansiando por ele me tocar. Estar comigo. Para me amar.
351
Eu mal conseguia me mexer.
Eu estava à sua mercê, do jeito que ele me amava. Damien era tudo sobre
controle, e eu de bom grado me entreguei a ele. Embora ele estivesse à beira do
precipício. Eu podia sentir sua determinação se quebrando contra a minha boca
com cada golpe de sua língua. Eu poderia dizer que seus pensamentos estavam
furiosos travando uma guerra em sua mente, bem ao lado da minha. Lutando por
quem iria sair por cima. Ambos perdemos pela forma como ele estava me tratando.
Falando comigo. Sentindo-me. Não foi até que ele soltou meus pulsos e apertou
com força as mãos nas laterais do meu rosto que eu realmente senti sua raiva e dor.
Eu choraminguei.
Ele rosnou.
Sua presença.
Suas mãos.
Seus lábios.
Afligindo e curando.
Tudo ou nada.
Meu salvador.
Meu amante.
Meu monstro.
353
CAPÍTULO TRINTA E SEIS
Amira
O amor provou ser cego e, às vezes, cruel. Você só via o que queria ver. O
que você tão freneticamente desejava na vida. Apenas imaginando o bom e nunca
o mal. Eu sabia que Damien sempre teria demônios espreitando dentro dele,
esperando ao virar da esquina para derrubá-lo. Sua luta interna estava escrita
claramente através de sua expressão angustiada. Era evidente em seu belo rosto,
marcando em uma feição vilã. Ele estava tentando me mostrar algo que não podia
dizer com palavras.
Algo grande.
Importante.
Mudança de vida.
Ele zombou, voltando. —Que porra você acha que eu estava fazendo antes,
Amira?
Ele foi o primeiro a quebrar a nossa conexão, como se não pudesse mais
suportar ver a mulher olhando para ele. Ele se levantou abruptamente e saiu,
levando meu coração que batia rapidamente com ele.
—Oh, meu Deus! —Expressei, sentindo-me tão perdida quanto ele parecia.
—O que você quer que eu diga? O que posso dizer que tornará tudo mais fácil para
você? Por que você está tentando se machucar? Por que agora?! Que porra
aconteceu hoje?!
Meu corpo sacodiu com o impacto. Fiquei lá por não sei quanto tempo,
totalmente sem palavras e confusa. Olhando para a porta como se ele fosse
reaparecer magicamente. Meu coração, minha mente, minha sanidade não
aguentava mais. Durante o resto da noite, mudei de um estado de clareza para o
piloto automático, sem saber qual era o caminho para cima ou para baixo. Dentro
ou fora. Meus pensamentos indo e vindo junto com minhas emoções. Eu estava
sufocando neles. Não ajudou que eu ainda o sentisse lá comigo, segurando minha
alma como um maldito vício.
—Jesus, foda-se. —Eu disse em voz alta para mim mesma, pegando meu
celular da mesa de centro. Prestes a discar seu número, mas ele tocou em vez disso.
Eu não prestei atenção em quem estava ligando, respondendo. —Damien?
—Não, merda, mas... Porra... —Murmurei. —Eu não posso... quero dizer...
O que eu estou... Porra... Eu tenho que ir. —Desliguei, olhando para o relógio
novamente, que agora parecia ser uma bomba relógio.
356
Ele tinha que entender.
Este era o único caminho, a minha única escolha. Depois que lhe contasse,
não haveria mais sombras entre nós. Eu voltaria. Eu deixaria essa vida para trás,
para sempre.
Só ele.
Respirei fundo, seguindo para a suíte máster. Decidi tomar um banho para
tentar aliviar a tensão que se formava continuamente no fundo da minha mente.
Peguei uma camisola de seda creme com um robe do armário e entrei no banheiro,
fechando a porta atrás de mim. Ligando o chuveiro, coloquei-o na temperatura
mais quente possível e tirei minhas roupas antes de entrar. Acolhendo o calor
contra o meu corpo tenso e permitindo que a água quente queimasse nos meus
poros. Esperando que isso relaxasse os músculos tensos das minhas costas e
pescoço.
Fiquei no chuveiro até que a água ficasse fria sobre o meu corpo dolorido e
saí. Depois de me secar, vesti minha camisola e robe, dei um laço envolta da minha
cintura como um presente. Terminei de escovar meu cabelo úmido, seguindo
minha rotina noturna, e abri a porta. Tremendo quando o ar frio bateu na minha
pele quente. Caminhando imediatamente até a mesa de cabeceira para acender o
abajur. Instantaneamente, sentindo que não estava sozinha, rapidamente me virei.
Gritando assim que o vi sentado à mesa junto à porta de vidro do seu quarto.
Mesmo que estivesse olhando fixamente para mim, ele não disse uma
palavra. Apenas ficou sentado nas sombras, com o cotovelo no apoio de braço,
esfregando os dedos sobre os lábios com uma bebida na mão. Mais uma vez,
perdido em seu próprio purgatório de uma maneira que eu nunca havia
testemunhado antes. Seu cabelo indisciplinado cobria seu rosto, obstruindo sua
visão, só conseguindo enxergar através das fendas nos fios. Não importava, eu
ainda podia ver seus olhos escuros e frios penetrando profundamente nos meus,
acendendo uma profunda reação dentro do meu coração. O álcool que ele estava se
afogando só alimentava o jeito que ele estava olhando para mim. Foi então que
percebi que ele não estava olhando para mim.
Ele estava me atraindo com seu olhar dominante, puxando cada sentimento
do meu corpo como se pertencesse a ele. Como se fôssemos as únicas duas pessoas
no mundo. O tempo pareceu congelar. Parecia que cada segundo que passava entre
nós era outro pensamento, outra emoção, outra memória para ele. Ele estava
fisicamente lá comigo, mas sua mente estava em outro lugar completamente
diferente.
—Damien...
Eu queria me mover, mas não consegui dar um passo para frente. Meu
358
coração gritava para eu ir até ele, embora meu corpo declarasse guerra,
determinado a finalmente vencer a batalha interna dentro de mim. Despertando
todos os demônios que haviam ficado adormecidos e sempre se curvaram ao meu
coração, influenciando minhas decisões desde que eu era uma garotinha. Mais uma
vez me protegendo do homem que sempre foi meu tudo. Eu cerrei, trancando,
ficando firmemente enraizada no lugar onde eu estava. Entreguei-me à minha
hesitação por quanto tempo pude, buscando refúgio dentro de mim. Embora eu
ainda fosse voluntariamente mantida em cativeiro por sua assombrada compostura,
e ele também sabia disso.
Ele inclinou a cabeça para o lado, lendo-me como a palma da mão. —Você
está com medo de mim, querida?
Ele.
Incluindo nós.
Até o fim.
Meu peito estava subindo e descendo, meu coração jogado na nossa frente
quando comecei a andar em direção a ele. Cada passo preciso e calculado, cada
passo mais enervante que o anterior. Sentindo como se estivesse indo até um
estranho do qual eu não conseguia fugir. Esperando, prendendo a respiração com
cada última fibra no meu ser. Eu não pude respirar os trinta passos que foram
359
necessários para chegar até ele.
Sentei.
Olhando.
Eu precisava ver seus olhos cor de mel, serenos, exatamente como eu o via
quando criança. Uma garotinha. Apenas me lembrando por que eu os desejava em
primeiro lugar, causando arrepios na minha espinha. Ele deve ter notado a
mudança no meu comportamento porque seus olhos finalmente se encontraram
com os meus. Procurando por sua garota, sua Muñeca. Quebrando nossa conexão
quando ela não pôde ser encontrada, ele seguiu em frente. Senti seus dedos
deslizarem pelo nó do meu robe, desamarrando-o. Abrindo tão lentamente a seda,
semelhante a desembrulhar um presente
Meus olhos nunca hesitaram, quando ele começou a deslizar os dedos pela
minha clavícula para as laterais dos meus seios e para o meu coração acelerado.
Ele permaneceu lá por um momento antes de continuar a deslizar pelo centro das
minhas costelas, colocando a mão inteira sobre meu estômago.
360
Respirei fundo, sabendo o que ele estava pensando. —Damien, eu t...
Todo o sangue drenou do meu rosto, e meu estômago caiu no chão quando
ele prosseguiu. —Roman sabia? Você pode pelo menos me dar isso?
361
CAPÍTULO TRINTA E SETE
Amira
—Oh meu Deus, Damien… Você sabe? Você sabe... —Fui colocar minhas
mãos nas costas dele para confortá-lo, explicar, contar tudo a ele, mas ele
empurrou de volta com força total para longe. Não me permitindo tocá-lo por um
único segundo ou terminar o que eu iria confessar.
—Ele sabia, porra? —Ele rugiu, me fazendo pular no tom agudo em sua
voz.
—Sua puta do caralho! —Ele sibilou. —Esse era o seu plano o tempo todo,
Amira? Hein? Esse foi o maldito retorno por te deixar para trás em Cuba?
—O que? —Balancei a cabeça. —Não, claro que não. Eu só… Depois que
você saiu… Quero dizer… Porra… o que você achou que eu faria?
—Você está me assustando... por favor, guarde a arma para que possamos
conversar. Eu vou te contar tudo o que você quer saber, mas não desse jeito. —Eu
coloquei uma mão em sua coxa, tentando acalmá-lo, mas ele empurrou-a
grosseiramente.
—Oh... eu vejo, agora você vai me contar tudo. Você não sentiu a
necessidade de me contar tudo mais cedo. Que porra conveniente para você!
362
—Não é o que você pensa, certo? Sou eu. Amira. Eu sou sua garota. Eu
sempre fui sua garota. Eu te amo. Você sabe disso. Você me conhece.
—Sim, querida? Por que você não me conta como conheceu Roman?
Vamos começar por aí.
—Eu sei tudo, Amira. Então comece da porra do começo. —Ele exigiu,
totalmente consciente do que eu estava pensando. —Eu quero ouvir isso vindo de
seus lábios carnudos, mentirosos e sugadores de pau.
Meu corpo estremeceu, causando arrepios por toda a minha pele. Respirei
fundo, minha boca subitamente seca. —Todas as opções acima, uma e outra vez, se
isso significasse que eu poderia passar o resto da minha vida te amando.
—Você achou que eu não iria descobrir? Pelo menos, responda a essa
maldita pergunta.
Eu sabia que estava brincando com fogo, dizendo-lhe o que fazer, mas
364
tinha que tentar chegar até ele. Ele veio para mim em um passo rápido e eu fiquei
congelada, imóvel novamente. Ele estava perto de mim, mais perto do que antes, e
eu podia sentir o cheiro dele. Era inebriante para mim, consumia cada parte de
mim, incluindo o meu amor por ele. O calor percorrendo meu corpo tornou
evidente o quanto eu queria que ele me tocasse. Ele olhou profundamente nos
meus olhos, mas eu ainda podia sentir seu olhar penetrante em cada centímetro da
minha pele. Eu não me movi ou fiz um som, apenas alimentando sua raiva.
Seus olhos se dilataram quando ele saltou para frente, agarrando meu
cabelo pelo meu pescoço, puxando minha cabeça para trás o máximo possível.
Infligindo uma dor imediata no meu couro cabeludo.
Ficando bem na minha cara, ele atirou com o maxilar cerrado. —Menina,
você não sabe com quem está fodendo. Você não me diz o que fazer, você não é
nada além de uma puta mentirosa. Quem diabos você pensa que é? —Ele gritou
com nada além de dor em seus olhos.
A próxima coisa que eu soube foi que ele soltou meu cabelo e me
empurrou para trás contra a parede com a mão sobre a minha garganta. Fazendo
meu corpo bater com um baque alto e forte. Ofeguei enquanto ambos os nossos
peitos subiam e desciam, quase em sincronia um com o outro antes de nos
encararmos. Abri minha boca para responder às suas palavras maliciosas, mas elas
foram engolidas pela sua língua quando ele bateu seus lábios nos meus com tanto
abandono e desejo. Chegando ao fundo da minha garganta, me reivindicando. Me
marcando. Tomando o que era dele e apenas dele, quase como se ele estivesse
comendo suas palavras de volta em sua mente.
—Damien, por favor. —Meus olhos se desviaram para a arma que ainda
estava ao seu lado.
Quando ele percebeu o que estava fazendo, o que já havia feito, era tarde
demais. Ele imediatamente soltou e meu corpo caiu para frente no chão, sugando o
ar que ele estava tirando. Eu estava debruçada, colocando todo o meu peso nas
minhas mãos e joelhos. Respirando ar fresco com lágrimas escorrendo pelo meu
rosto. Havia uma quantidade insuportável de peso em meu peito da traição que
sabia que ele estava sentindo por mim. Não tendo mais ninguém para culpar além
de mim mesma. Era tão asfixiante quanto o aperto brutal que ele tinha em volta da
minha garganta.
—Porra! Filha da puta! —Ele rosnou, puxando o cabelo para longe do rosto
como se quisesse arrancá-lo.
—Por favor pare! Por favor! —Implorei, mas minhas palavras não foram
ouvidas.
Nosso amor.
Ele foi atrás de qualquer coisa que pudesse encontrar. Batendo na mesinha
de cabeceira, na mesa, nas cadeiras e até jogou a televisão do outro lado do quarto.
Perdendo sua sanidade como ele fez quando descobriu sobre Mama Rosa, exceto
que isso era muito pior.
Minhas mãos tremiam quando juntei a primeira, virando a capa para olhar
as páginas. Estremecendo quando descobri o que havia dentro. Balançando a
cabeça em desgosto, sabendo que ele também tinha visto isso. Podia sentir seu
olhar ardente queimando nas páginas, os documentos, as fotografias, cada pedaço
de papel embaixo dos meus dedos. Um por um, peguei em tudo que ele queria que
eu visse, sem saber o que eu queria focar mais. Parecia que horas se passaram
enquanto eu via meu passado colidindo com meu presente e destruindo nosso
futuro.
—Não... —Eu freneticamente balancei a cabeça para frente e para trás com
novas lágrimas correndo pelas minhas bochechas. —Oh, Deus... Não... Não, não,
não, não, não... Isso não pode ser... Por favor... Não...
367
O quarto girava cada vez mais rápido, ao redor e ao redor, sem fim à vista.
Todo o meu mundo inclinando à beira do despencar. Eu não conseguia parar de
folhear os documentos à minha frente, todos dispostos para ele ver. Minha atenção
foi de um para o outro, sentindo-me vazia.
Apavorada.
Envergonhada.
Culpada.
Olhei para ele com olhos suplicantes e uma expressão devastada, mas ele
recuou com cautela. Eu não sabia se era para minha proteção ou para dele.
Testemunhando quando seus olhos ficaram vidrados e por alguns momentos ele
voltou para mim.
Meu Damien.
Foi a primeira vez que eu o vi a noite toda. Queria correr para ele e
procurar refúgio em seus braços. Queria mostrar a ele o quanto eu o amava. O
muito que lamentava, mas nada poderia me salvar desse tipo de escuridão em meu
coração e alma.
—Não!
Balancei a cabeça, meu corpo tremendo tanto que parecia que tudo estava
vibrando ao meu redor. Fiquei em pé instável, inconsciente de quanto tempo meu
368
corpo seria capaz de me sustentar. Entregando minhas mãos no ar na minha frente.
Inclinando a cabeça para o lado, ele observava meus pedidos patéticos que
não significavam nada para ele. Inclinando-se para mim, ele suavemente moveu
seus lábios contra minha bochecha. —Responda. Você achou que eu não
descobriria? —Ele murmurou na minha boca trêmula.
—Escolha suas palavras com sabedoria, Amira. Eu já sei que você é uma
mentirosa. E você sabe mais do que ninguém, o que acontece com as pessoas que
fodem comigo.
—Se você não está comigo, você está contra mim. Traidores, como eu os
chamo. Você sabe o que fazemos com os traidores?
—Você realmente acha que eu não descobriria que você é uma agente do
FBI disfarçada?
369
CAPÍTULO TRINTA E OITO
Damien
Era como um fodido déjà vu. Exceto que nada poderia se comparar com o
modo como isso estava me mutilando por dentro. Esculpindo, cortando, me
fatiando em pedacinhos, me fazendo sangrar de dentro para fora. Nunca esperei
que Amira tivesse como me destruir completamente. Enterrando-me vivo para
sufocar nas mentiras e enganos que ela teceu por mais de um ano. Eu estava cego
pela raiva, pela presença dela, pelo amor dela por mim.
Eu precisava continuar.
Cavei minhas unhas o mais forte que pude na palma da minha mão para
não ceder à minha verdadeira natureza, sua única salvação era que eu realmente
amava essa mulher. Eu tinha que ficar me lembrando de todas as últimas
promessas que fiz a ela. Cada palavra que já contei a ela.
Eu deveria ter posto um fim nisso, nela. Sabendo que tudo o que precisaria
era puxar o meu dedo no gatilho, mas só de pensar nisso tinha o poder de me
deixar de joelhos.
Senti muito a falta dela, e ela estava bem na minha frente. Eu estava errado
ao pensar que Giselle tinha segundas intenções, levando-me para Oak Island. Ela
estava tentando me salvar, enquanto Amira estava tentando me foder. Eu tinha que
me concentrar nisso, manter o foco no meu ódio por ela, em sua teia de mentiras
370
que me ligava à sua traição. Mesmo assim, ainda parecia que não seria suficiente,
não importava, porque meu amor por ela prevaleceria. Possivelmente terminando
com nós dois.
—Então, Roman, hein? Foi ele que te disse para jogar duro para conseguir?
Sabendo que isso só iria levá-la de volta para a porra da minha cama?
—O que? Não! Roman não tem nada a ver com isso. Ele era apenas meu
superior na corporação. Eu era muito jovem quando me juntei ao FBI, então eles
nos colocaram como parceiros. Eu lhe disse que ele me ensinou tudo o que sei.
—Não! Eu te amo, Damien. Eu. Te. Amo. —Ela repetiu, enfatizando cada
palavra, querendo que eu entendesse, tentando passar por mim.
Engoli em seco e, com a voz mais fria e distante que pude reunir, esforcei-
me. —Quantas risadas você e Roman deram as minhas custas? Você estava
fodendo com ele o tempo todo? Hein? Eu te deixava molhada e ele terminava o
trabalho?
—Não foi isso que aconteceu. Roman era meu parceiro. Nós ficamos
íntimos, era natural depois de trabalhar lado a lado por quase dez anos. Ele sabia
sobre você, mas nada aconteceu entre nós até anos depois. Nós nunca estivemos
realmente juntos, pelo menos não emocionalmente. Eu o amava, mas nunca me
apaixonei por ele, e ele sabia disso sem que eu precisasse dizer. Roman sempre
soube que meu coração pertencia a você, mesmo quando eu não queria.
Verdade?
Ou mais mentiras?
—Eu sei que as situações parecem semelhantes, mas não poderiam estar
mais longe da verdade. Não foi o que eu fiz, Damien. Eu tentei te afastar. Você
sabe que eu tentei. Não foi um ato como ela. Você passou meses me perseguindo e
eu te afastei todas as vezes. Mesmo que tenha sido uma das coisas mais difíceis
que eu já tive que fazer. Tudo o que eu senti, tudo que eu te disse, era tudo
verdade. Era como me senti, foi como você me fez sentir. Eu te odiava, mas eu te
amava ainda mais.
—Então, qual parte foi um ato? Hein? A parte de que você é uma
mentirosa?
Ela franziu a testa e eu pude ver a apreensão em seus olhos quando ela se
aproximou de mim, fazendo com que o cano da minha arma penetrasse em seu
coração. E por mais que eu quisesse recuar, eu não conseguia mover meus pés.
Meu corpo era inflexível em querer que ela me tocasse, senti-la contra mim.
Nossos olhares nunca hesitaram um no outro enquanto ela lentamente começou a
372
mover a mão em direção ao meu peito, colocando-a suavemente sobre o meu
coração, que não parou de bater um quilômetro por minuto desde que descobri a
verdade.
Com olhos inabaláveis, ela revelou. —Você estava certo desde o primeiro
dia, eu não pertenço a esse mundo. É por isso que tenho feito tudo ao meu alcance
para derrubá-lo.
Eu recuei, sem fôlego por sua resposta simples, mas mordaz. Como um
maldito soco.
—Eu queria trazer justiça para as pessoas cujas famílias foram separadas
pela violência. Coloquei Emilio atrás das grades e, cada vez, parecia que eu estava
lentamente me tornando completa novamente. Fiz isso por eles, Damien. Pela
minha família. Não era você. Eu nunca fui atrás de você. —Ela fez uma pausa,
deixando suas palavras afundarem. Dando-me tempo para processar o que ela
acabara de compartilhar.
Amira olhou para mim com uma expressão que eu nunca tinha visto antes.
Uma de pura devastação, tão pesada que eu quase podia engasgar com isso. Engoli
em seco, a bile subindo na minha garganta. Com apenas algumas palavras, meu
ódio contra ela diminuiu em questão de segundos.
—Você não vê? Foi uma das razões pelas quais tentei manter você longe de
mim. Eu nunca quis envolver você em nada. Nunca foi sobre você. Eu não sabia
que você estaria em Detroit naquela noite, fiquei tão surpresa quanto você. Eu
estava em conflito por vê-lo lá sentado depois de todos esses anos, e isso só me
fodeu. Acabei reagindo de forma exagerada ao que aquele idiota do Vinny me
disse principalmente porque queria impressioná-lo, mas também mostrar a você
quem eu havia me tornado, esperando que isso o afastasse. Atirei minhas
frustrações em Vinny quando tudo que eu queria fazer era gritar com você.
Tornou-se aquela batalha enorme e, assim que voltamos à minha casa, ela se
transformou em uma batalha ainda maior. Uma grande parte de mim queria dizer a
verdade naquela noite, porque eu estava lá para começar, mas você sabe como essa
vida funciona, Damien. Estava disfarçada e, naquele ponto, não estava pronta para
sacrificar minha carreira por você. Tudo pelo que trabalhei tanto depois que você
me deixou. Eu finalmente havia feito uma vida para mim mesma. Uma vida da
qual você se orgulharia se as circunstâncias tivessem sido diferentes. —Havia tanta
373
sinceridade em sua voz que eu não podia notar a diferença entre fato ou ficção.
Ela suspirou. —Damien, o que você esperava? Eles sabiam que você estava
no armazém em Detroit. Jesus, você saiu comigo, lembra? Mesmo depois que eu
insistentemente disse para você me deixar para trás. Não havia como lhe dizer o
que fazer, você mesmo disse. Você teria arrastado minha bunda para seu carro e
me faria ir com você. Que escolha eu tinha? Você não me deu uma.
Ela examinou meus olhos, procurando pelo homem que a amava mais do
que qualquer coisa neste mundo. Provando isso vez após vez. No primeiro
momento da minha vida, eu não sabia onde esse homem estava. Ele foi substituído
pelo maldito monstro que sempre viveria dentro de mim.
Eu nunca imaginei que Amira seria uma das minhas inúmeras vítimas.
—Então, onde você esconde a escuta? Não pode ser na sua boceta, porque
eu passo a maior parte do meu tempo dentro de você. —Respondi grosseiramente,
querendo machucá-la.
Eu dei uma risada, não pude evitar. Sua maldita boca sempre tirava isso de
mim.
—Nunca disse a eles nada sobre você. Nem uma merda. E então, o que
aconteceu na casa de Vlad depois da luta, você me salvando... Você parecia um
herói novamente e eles recuaram. Pararam de me fazer perguntas sobre você.
374
Passando para casos maiores, já que não havia um contra você. Também tirei um
tempo muito necessário para cuidar de você. Eu não voltei, e para ser
completamente honesta, eu não sabia se iria. Quer adivinhar por quê?
Giselle não tinha ideia de quem ou o que Amira era para mim, além de ser
a mulher que salvei do Vlad, que por acaso é um agente disfarçado, de acordo com
a porra do arquivo. Nunca contei a Giselle sobre a merda em que me envolvi, mas
acho que não precisava. Ela esteve no meu clube, ela conhecia os homens com
quem eu me associava. Tudo o que ela disse foi que queria me avisar, me alertar de
que eu era possivelmente um alvo. Eu estaria mentindo se dissesse que não fiquei
chocado como ela foi capaz de convencer seu pai a compartilhar essa informação,
mas isso não deveria ter me surpreendido tanto assim. Giselle sempre conseguiu o
que queria, especialmente quando se tratava do pai dela. Foi por isso que tivemos
que parar no churrasco, ele estava entregando as cópias dos arquivos.
Depois que ela deixou isso cair na porra da minha cabeça, peguei o
primeiro voo de Oak fodida Island, que eu odiava agora mais do que nunca.
Passando as próximas três horas e meia no avião, bebendo minha vida, lendo os
documentos mais e mais como se milagrosamente fossem se transformar em algo
que eles não eram. Tentando me convencer.
Meu dedo estava firme no gatilho, apontando a arma diretamente para sua
cabeça. Me arrastando de volta para outro lugar no tempo em que conheci minha
garota.
Amira.
376
CAPÍTULO TRINTA E NOVE
Damien
Fiquei lá, incapaz de me mover novamente, mas por uma razão muito
diferente desta vez. Meus olhos dispararam para Amira, atordoados e sem palavras.
Jogando mais e mais em minha mente tentando entender o que diabos tinha
acabado de acontecer.
Antes que eu pudesse contemplar ainda mais a situação, minha filha correu
através da destruição que eu causei e se jogou em meus braços, fazendo-me
tropeçar para trás. Meu corpo parecia estar pesando mil quilos da inesperada
reviravolta que nunca vi chegar. Nem mesmo por um segundo.
—De qualquer forma... Eu só quero que você saiba que estou muito
animada e feliz por finalmente conhecê-lo! Mamãe me diz o tempo todo que sou
igual a você. Eu gostaria de tê-lo conhecido mais cedo, mas ela me contou como
você deixou Cuba para se afastar do ditador. Que ele queria matá-lo como fez com
meus avós e tia. —Ela arrastou os pés pelo desastre que causei antes de sua
chegada. Mexendo a costura do seu lindo vestido branco. —Ela me contou como
você a salvou e cuidou dela por todos esses anos. Quanto você a amava e a
protegia do monstro. Como você gostaria de ter levado ela e Mami Rosa com você
para a América, mas o governo estúpido não deixou que você o fizesse. —Ela
revirou os olhos novamente. —Eu não gosto deles, eles são como os superiores da
mamãe. Sempre tentando controlar a vida das outras pessoas.
Eu pisquei minhas lágrimas e pigarreei. —Eu teria amado isso mais do que
qualquer coisa.
378
—Eu sei, papai. Eu quero dizer... —Ela corou, percebendo como tinha me
chamado. —Eu posso te chamar assim, certo? —Ela olhou para mim, impaciente
esperando pela minha resposta. Lembrando tanto de sua mãe quando ela tinha a
sua idade. Ela costumava olhar atentamente para mim da mesma maneira.
Como se eu fosse a única pessoa que importava para ela em todo o mundo.
Tão oco.
Tão perdido.
Abraçando minha filha com tudo que eu tinha em mim. Beijando o topo da
cabeça dela. —Nunca quis nada tanto quanto eu quero você. —Repeti as mesmas
palavras que eu tinha dito a sua mãe na noite em que ela foi concebida.
Ela sorriu com olhos brilhantes, olhando para mim. —Eu sei. Eu também te
amo, papai.
Com isso, ela foi até Amira e elas saíram do quarto, fechando a porta atrás
delas para nos dar um pouco de privacidade. Deixando-me sozinho com Rosarío,
que parecia tão perturbada e destroçada quanto eu me sentia.
Ela não hesitou em murmurar. —Mi niño. —Sua voz quebrando assim que
ela disse. —Meu garoto. Como se ela estivesse segurando isso nos últimos
quatorze anos.
—Eu sei.
E isso foi tudo que foi preciso para que eu me quebrasse. Caí de joelhos
com dor, não aguentei mais e comecei a chorar. Minha determinação se quebrou
como uma corrente sendo esticada ao máximo. As algemas que tinham sido
380
amarradas em torno dos meus tornozelos, estalaram ruidosamente. Eu sempre
pensei que seria Amira quem me libertaria da escuridão da minha vida, mas eu não
poderia estar mais errado. Foi minha filha.
Nosso sangue.
Nosso amor.
A mulher que me criou como se eu fosse seu filho correu para o meu lado e
meu corpo caiu para frente. Abraçando-a com força pela cintura. Agarrando nela,
tentando me orientar.
Minha compostura.
Minha mente.
Chorei pelo que pareceram horas enquanto ela me segurava com tanta
força, e pela primeira vez na minha vida fodida, eu não me sentia como o homem
que eu sempre quis ser. O homem que ele queria que eu fosse. O monstro foi mais
uma vez sedado e, em seu lugar, deixou um menino machucado.
—Eu sei. Eu sinto muito, Rosarío. Eu deveria ter dito que estava indo
embora de Cuba. Se eu pudesse voltar e fazer as coisas de maneira diferente, eu
faria. Eu procurei por você, por vocês duas por anos.
381
—Eu sei. Eu sabia que você iria. Amira me contou sobre o que está
acontecendo entre vocês dois. —Ela riu. —Não estou surpresa que vocês tenham
se encontrado novamente. Era só uma questão de tempo até que suas almas se
unissem. É o destino.
Balancei a cabeça, achando divertido ela usar a mesma palavra que eu para
nos descrever.
—Eu não vou mentir para você e dizer que não fiquei ferida, ou pega de
surpresa por suas ações e decisão de sair. Sei que você odiava Emilio. Eu te disse
toda a sua vida, você não é nada assim. Fiquei chateada por um longo tempo,
especialmente quando descobrimos que Amira estava grávida. Fiquei tão
desapontada que nenhum de vocês levou em consideração a possível vida que
estavam fazendo naquela noite. Mas vocês eram jovens e o amor faz você fazer
coisas malucas.
—Se qualquer uma de vocês tivesse me dito, você sabe que eu estaria lá.
Por favor, me diga que pelo menos você sabe disso. —Assegurei a ela.
—Eu sei. Acredite, eu queria contar várias vezes, mas não era uma decisão
minha e, para ser completamente sincera, não pude culpá-la por não querer entrar
em contato com você. Aos olhos dela, você nos deixou para trás, e parte de mim
pensou o mesmo por um longo tempo.
—Não é minha função responder a essas perguntas, Damien, mas ela vai te
dizer. O que posso dizer é que ela sempre te incluiu na vida de Andrômeda.
Quando ela teve idade suficiente para perceber quem era seu pai, o que não foi até
alguns anos atrás, Amira soube que ela teria que lhe contar. Havia tanta coisa que
podíamos continuar dizendo a ela sobre por que ainda não poderia conhecê-lo. A
partir do momento em que Amira o viu novamente, ela começou a trabalhar no
processo para nos transferir para Miami. Eu juro.
383
CAPÍTULO QUARENTA
Damien
—Foi um prazer. Um dia nós podemos nos sentar e posso contar tudo sobre
ela crescendo. Mostrar todas as fotos e vídeos. Eu sempre a chamava de Damien Jr.
Sempre com algum tipo de travessura. Mostrando seus olhos castanhos para sair de
problemas.
Ela sorriu ternamente, embora ainda pudesse ver um toque de algo que eu
não conseguia descrever em seus olhos. Ela acariciou minha bochecha antes de
tirar o cabelo do meu rosto como costumava fazer quando eu era criança. —Ser pai
é uma das coisas mais difíceis do mundo. Eu acho que é por isso que seu pai me
acolheu. Ele sabia que eu precisava de você tanto quanto você precisava de mim.
Você acabou de conhecer sua filha e já faria qualquer coisa por ela. Você passou a
vida toda pensando que era como Emilio, mas, na verdade, é exatamente como o
homem que você escolheu para culpar pelos pecados de outro homem. Eu acho que
você poderia se identificar com isso, hein? —Ela beijou minha testa e eu a ajudei a
ficar de pé. —Por que você não toma um banho, vou começar a limpar aqui.
Temos todo o tempo do mundo para recuperar, você deve estar exausto.
Meus pés se moviam por conta própria, me puxando para a luz da minha
filha como a mãe sempre fazia. Antes que eu percebesse, eu estava de pé ao lado
da cama de hóspedes em que Andrômeda estava desmaiada, parecendo um anjo
sob o brilho do luar, brilhando através das cortinas. Afastei o cabelo dela do rosto,
sorrindo quando ela franziu os lábios. Segurando Yuly mais forte contra o peito,
lembrando-me mais uma vez de Amira. Acho que Yuly viveu e agora pertencia a
ela.
—Eu te amo. —Respirei, beijando a ponta de seu nariz. Não sei quanto
tempo fiquei lá, só vendo ela dormir, mas foi de longe a coisa mais linda que já vi.
Suavemente fechei a porta atrás de mim, tomando cuidado para não acordá-
la. Andei os poucos passos de volta para o meu quarto, instantaneamente sentindo
a brisa leve saindo da varanda. Sua figura chamou minha atenção e eu fui até lá,
encontrando Amira inclinada para frente contra o corrimão. A luz suave da lua
iluminando sua pele cremosa. Ela era uma visão do caralho, seu cabelo soprando
ao vento junto com seu robe de seda, agarrando-se ao seu corpo, acentuando todas
as suas curvas deliciosas que eu tinha memorizado. Enredado tão profundamente
em minha mente. Meu coração começou a bater rapidamente com o efeito que ela
sempre teve sobre mim.
Nossa conexão me puxando para ela da mesma forma que fazia desde a
primeira vez que eu coloquei os olhos nela.
—Esse tempo todo eu pensei que você estava falando sobre Andrômeda.
Eu pensei que você tinha descoberto sobre ela, é por isso que presumi que você
estava tão furioso comigo. Nunca achei que você descobriria que eu estava
disfarçada antes de ter a chance de contar a você, Damien. —Ela informou, me
sentindo atrás dela.
385
Ela girou e nós conectamos os olhos. —Não gostaria?
—Sim. Ele disse que estava no seu apartamento desde que você saiu, algo
sobre ter certeza de que você tinha ido embora. Eu não sei... Ele estava uma
bagunça. Ele sabia quem eu era e me assegurou que não diria uma palavra para
Emilio, e por alguma razão eu confiei nele. Pedi a ele que se falasse com você,
avisasse que eu o estava procurando. Que era urgente e importante, e que por
favor, você viesse até mim.
Esperei ansiosamente para ela continuar falando, precisando ouvir onde ela
386
estava indo com isso.
—Voltei da aula alguns meses depois e ele estava na sala de estar de Mama
Rosa. Ele tinha acabado de chegar lá minutos antes de eu entrar. Ele deu uma
olhada para mim e minha barriga de grávida, e simplesmente soube. Eu não
precisava contar a ele. Foi por isso que ele inesperadamente apareceu, ele estava
seguindo sua suspeita de quando eu o vi em sua casa.
Meu pai sempre foi um homem perceptivo, o que definitivamente era uma
característica que eu tinha dele.
—Ele ficou para jantar, conversando com Rosarío. Falando sobre os velhos
tempos, relembrando tudo o que ele havia perdido ao longo dos anos. Tive a
sensação de que alguma coisa ocorreu entre eles uma vez, mas essa história é para
outra ocasião. Contei a ele sobre a escola, nosso relacionamento e todas as coisas
que você havia feito para mim. Foi legal, Damien. Ele era legal. Era óbvio que ele
estava sofrendo tanto quanto nós. Ele sentia sua falta, se sentia sozinho. Perguntou
como minha gravidez estava indo, se eu sabia qual era o sexo do bebê. Perguntas
normais que qualquer avô preocupado faria. Ele queria saber qual era o meu plano
e eu disse a ele que iria descobrir. —Ela fez uma pausa, hesitando pelo que ainda
precisava me dizer. —Quando ele estava saindo, disse a ele que o manteria
atualizado e, se ele quisesse se envolver de alguma forma, eu não afastaria seu neto
dele. Eu podia ver nos olhos dele que ele estava preocupado comigo. —Ela
segurou sua barriga. —Por nós.
387
—E porque ele não fez, ele agora estava salvando a mulher que criou seu
filho como dela mesma, o amor de sua vida, e seu neto que ele orou para que
encontrasse um dia. —Sua voz estava quebrando enquanto ela recontava a história,
espelhando meu coração e consciência. —Portanto, aí está. Foi assim que
chegamos à América. Seu pai.
—Foi por isso que ele estava olhando daquela forma para você no funeral.
—Lamentei, limpando a garganta. Minhas emoções ganhando de mim. —Não foi
porque ele lembrou de você, foi porque ele percebeu que eu não sabia nada disso.
Incluindo sobre a sua neta.
Ela deu de ombros. —Minha gravidez foi boa, não tive nenhum problema.
Estive em trabalho de parto algumas horas e então ela estava aqui, perfeita e tudo
que eu sempre quis. Ela era o melhor bebê. Houve momentos em que nem senti
que ela estava lá. A família que nos ajudou assim que chegamos foi incrível.
Ficamos com eles por provavelmente bem mais de um ano depois que Andrômeda
nasceu. Eles nos deram documentos legais, eu consegui voltar para a escola. A
vida voltou lentamente ao normal. Um novo normal... Sem você.
Doía-me ouvi-la dizer isso, mas ao mesmo tempo me dava paz saber que
ela era forte. Foi como eu a criei para ser.
—Não no começo, mas com o tempo percebi. Não fazia sentido você não
conseguir me encontrar por treze anos, e então de repente você aparecia em todos
os lugares que eu estava.
—Sim. É também por isso que tenho falado tanto no telefone ultimamente.
Tenho tentado trazê-las para Miami. Depois que você me disse que tinha que sair
da cidade, eu as remarquei para vir amanhã, mas não deu certo. Eu queria te contar
antes que elas aparecessem. Eu ia contar tudo amanhã à noite. Juro pela vida da
nossa filha.
—Eu acredito em você. Essa noite toda foi uma merda com uma coisa
depois da outra. Quando eu vi esses arquivos e soube que você era do FBI... Eu
só... Eu simplesmente explodi. Eu me descontrolei. Eu pensei que era o que passei
com Evita, tudo de novo. Eu deveria ter confiado em você, mas você e eu sabemos
que estou longe de ser perfeito. Eu não mereço você, mesmo depois de tudo que
passamos, eu ainda não mereço.
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—Eu nunca iria te trair, Damien. Eu te devo minha vida.
Meu peito subiu e desceu com cada respiração profunda que tomei quando
me aproximei dela, colocando minha mão sobre o seu coração. Sentindo como se
estivesse batendo por mim e só por mim.
—Te amo.
—Damien...
—Eu sinto muito, Amira. —Eu inclinei minha testa contra a dela. —Eu
sinto muito mesmo.
—Eu sei. Eu também sinto, mas ainda tenho que te contar uma última
coisa.
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—O que? —Recuei com os olhos arregalados.
Eu não pensei duas vezes, caí de joelhos. Envolvendo meus braços ao redor
de sua cintura e beijando seu estômago.
Nosso futuro.
Permitindo que meus lábios demorassem até que suas mãos se enrolassem
em meu cabelo, plenamente consciente de que ela sempre teria o poder de me
deixar de joelhos. Olhei para ela como um homem quebrado, como um monstro,
como seu salvador, como seu amante, como o pai de seus bebês, como o homem
que morreu por ela e faria isso novamente, se necessário. Principalmente como o
homem que atravessou o inferno e voltou com ela ao seu lado.
Uma família.
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EPÍLOGO
Amira
—Ahh… Não, não, não! Isso não pode estar acontecendo. Ele não está aqui
ainda, eu preciso dele aqui. —Ofeguei, apertando a mão de Mama Rosa enquanto a
dor excruciante me consumia.
Damien foi inflexível quanto a que o parto fosse feito em casa. Não
aconteceria em nenhum outro lugar, mas em nosso rancho. O que ele comprou para
nós algumas semanas depois que eu disse a ele que estava grávida. Nós também
nos casamos aqui há alguns meses, sob as estrelas, com apenas Mama Rosa,
Andrômeda e seu pai presentes. Damien puxou alguns favores, e com o tempo,
paciência e um monte de dinheiro, ele conseguiu que seu pai entrasse nos Estados
Unidos. Onde ele agora residia há alguns quilômetros de nós. Não mais prisioneiro
da pátria.
—Eu não me importo! Não vou ter esse bebê sem ele! Ele perdeu o
nascimento da nossa primeira filha, ele não vai perder deste também. Eu me
recuso. Coloque uma rolha aí, vou esperar!
Decidi pular no chuveiro e deixar a água morna correr sobre meu corpo
dolorido, enquanto Mama Rosa fazia algumas coisas para mim. E foi aí que
aconteceu. Minha bolsa estourou, instantaneamente trazendo as dores do parto.
Entrei em pânico, saindo e pegando meu celular, precisando ligar para minha lista
de pessoas. Primeiro foi Damien. Seu celular foi direto para o correio de voz. Eu
tentei uma e outra vez, finalmente chamando seu assistente para mandá-lo para
casa agora. Liguei para Rosarío, que graças a Deus estava voltando e depois minha
parteira. Em meia hora, eu estava cercada de pessoas, menos a mais importante.
Deitada na minha cama improvisada no chão da sala de estar, tentando com todas
as forças manter este bebê dentro de mim até que seu pai chegasse.
—Ok, esse bebê tem força de vontade, Amira. Ele está pronto para sair.
Desculpe, mas se esperarmos mais, pode haver algumas complicações...
Antes que ela desse a última palavra, ouvi a porta da frente abrir e fechar,
seguido pelos passos soando no vestíbulo. —Amira?! —Damien gritou em pânico.
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—Amor, estou aqui!
—Você chegou na hora, Sr. Montero. Podemos ter esse bebê agora?
Damien assentiu, beijando minha testa uma última vez antes de se levantar
e caminhar até onde Louisa estava posicionada.
—Com todo o respeito. —Ele jogou suas palavras de volta para ela. —Esta
é o meu maldito mundo deitada aqui, nua para todos verem, eu posso lidar com um
pouco de sangue. Então, que tal você se preocupar com minha esposa e filho, e não
comigo. —Ele inclinou a cabeça para o lado, desafiando-a.
Damien afastou meu cabelo da minha testa úmida e beijou meus lábios. —
Você está indo bem. Estou tão orgulhoso de você, querida. Você está indo muito
bem.
—Não, eu não estou. Isso dói muito mais que Andrômeda. Eu não posso
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fazer isso. —Eu admiti, olhando em seus olhos antes de sentir a próxima
contração. Eu fechei os meus olhos com força e prendi a respiração.
Uma das minhas mãos apertou a dele o mais forte que pude, e a outra
apertou um punhado de sua camisa. Segurando a minha respiração e as palavras
que eu realmente queria dizer a ele que eram "cale a boca", ao invés disso implorei
por alívio. —Eu desisto. Eu quero algo para a dor. Eu mudei de ideia. Por favor,
me dê alguma coisa.
Mama Rosa enxugou a testa com uma toalha fria de novo, falando palavras
calmas e tranquilizadoras. —É tarde demais para isso, Mamita. Lembre-se, você
disse que não queria drogas. Você queria tê-lo naturalmente como Andrômeda.
Apenas respire através das contrações, Amira. Você consegue fazer isso.
—Muñeca, olhe para mim. Você pode fazer isso, querida. Apenas se
concentre na minha voz. Lembre-se de que decidimos renunciar às drogas.
Damien riu. —Sim, tenho certeza que foi ideia sua. Alguma besteira sobre
isso não ser bom para o bebê.
Isso continuou por mais vinte minutos. Minhas contrações chegando cada
vez mais perto, e a dor piorando.
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—Eu não posso mais fazer isso, Damien. Eu não posso. Ele apenas terá que
morar aí.
—Sim, você pode, Muñeca. Você é a pessoa mais forte que conheço. Você
consegue fazer isso. Está quase acabando, querida. Você consegue. Eu juro que
você consegue. E não é uma opção ele morar aí, ela é minha.
Eu não tive isso no entanto. Meu cabelo estava encharcado de suor, senti
que ia vomitar e estava exausta. Com lágrimas reais, chorei na camisa de Damien,
uma sombra da garota forte que ele pensava que eu era. Eu não era forte, e eu
realmente não conseguia mais fazer isso. Essa última contração quase me matou, e
eu não tinha certeza se poderia continuar.
Ele soltou minha mão e caminhou até Louisa, pedindo-lhe que por favor
nos desse um momento enquanto gentilmente a empurrava para a sala ao lado,
onde ela ainda podia monitorar o progresso. Ele fez o mesmo com Mama Rosa e
depois desligou inesperadamente as luzes.
—Abra seus olhos, Amira. —Disse ele com palavras suaves, beijando
minha testa.
Eu olhei para a estrela que ele apontou, mas não falei. Eu apenas deitei em
seus braços e escutei, esperando que ele continuasse.
—Ok, apenas mais alguns empurrões. Só precisa passar os ombros e vai ser
mais fácil. —Louisa acalmou, olhando para mim.
—Sr. Montero, sou parteira há mais de vinte e cinco anos. Fiz centenas de
partos na minha vida. Sim, eu acho que sei o que estou fazendo. —Ela olhou para
ele para sair do seu caminho, para que ela pudesse fazer o seu trabalho. —Amira,
respire fundo algumas vezes para mim...
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Damien
—Ok, Sr. Montero, em sua próxima rodada de contrações você vai colocar
as mãos aqui e aqui. —Ela guiou minhas mãos na posição certa para puxar o nosso
filho.
—Assim como você. —Ela brincou de volta, rindo. —Ele não poderia
simplesmente sair como sua irmã, poderia? —Ela olhou para ele em meus braços.
—Não, você tinha que ser teimoso como seu pai.
Eu tentei ouvir tudo o que ela estava dizendo, mas eu estava mais do que
arrebatado pela pessoinha em meus braços. Foi a primeira vez que eu tive um bebê.
Meu filho. Este seria um dia que eu nunca esqueceria. Um dia que mudaria minha
vida e me faria um homem melhor. Tudo sobre isso foi lentamente inserido na
minha memória, tornando-se uma parte tão importante de mim quanto minha
família.
400
Como a caixa da constelação ainda queimando ao lado da nossa cama
improvisada no chão. Mesmo com a luz chegando, as estrelinhas dançaram ao
redor da sala. Toda a minha vida me trouxe, nos trouxe, para este momento no
tempo, onde nada mais importava, exceto as vidas que estávamos criando com
nosso amor um pelo outro. O amor que resistiu ao teste do tempo.
Eu salvei Amira.
Ela me salvou.
—Julio?
Balancei a cabeça, mudando meu olhar para Amira, que tinha lágrimas
caindo de seus olhos. —Julio?
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amigos e colegas de trabalho de Amira, a alguns amigos de Andrômeda e seus
familiares. O rancho estava cheio de gente, todos reunidos, conversando, rindo,
aproveitando o lindo dia enquanto o futebol de domingo aparecia em todas as telas
da casa.
—Tudo bem, venha. —Eu disse, acenando para a porta do meu escritório
em casa.
Para eles.
Acho que de um jeito estranho eles pareciam fora de lugar, Noah estava
coberto de tatuagens e Bossman usando um boné de beisebol para trás, bermuda
cargo e uma camiseta que dizia: “Não dou a mínima”. Todos aparentemente
caminhando para conhecer o bebê. Não foi até que eles começaram a sussurrar que
Amira e eu nos olhamos novamente, ambos confusos com o que aconteceu.
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A garota que estava com eles, ainda segurando a mão de Noah, soltou um
grito alto. Trazendo minha atenção de volta a ela.
DESAPARECIDA.
Fim.
Em Lost Boy
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