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Forbide-me
The Good Ol´ Boys #2
M. Robinson

SINOPSE

Era somente uma questão de tempo até que a verdade viesse à tona.

Eu nunca pensei que chegaria a isso...

Eu tentei, Deus sabe que eu tentei ficar longe dela, mas eu cruzei
aquela linha e quebrei essa confiança. Eu não podia mais voltar atrás,
e eu, com certeza, não me arrependeria um único momento. Eu sabia
que haveria muito a pagar, eu sabia a ira que eu enfrentaria, mas eu
estava disposto a aceitar as queimaduras e cicatrizes, para ter o amor
da irmã do meu melhor amigo.

Se havia uma pessoa por quem de bom grado eu iria para o inferno e
voltaria dele era...

Lillian Ryder

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Staff
Tradução: Hera
Revisão Final: Diana / Selene
Leitura Final: Cibele
Formatação: Selene/Cibele
Disponibilização: Cibele
Grupo Rhealeza Traduções

12/2016

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—Pare. —Jacob avisou enquanto eu tentava puxá-lo para mais perto de
mim pela camisa.

—Ah, vamos lá, todo mundo está lá dentro. Ninguém vai nos ver.

Era anoitecer. A lua cheia brilhante pairava sobre o horizonte como um


farol. Nós estávamos do lado de fora, na praia, que guardava tantas memórias.
Isso me deu uma sensação de conforto como quando eu era criança. Passamos
noites intermináveis juntos.

Somente. Assim.

Ele olhou para a casa atrás de mim. —Kid1, eu posso vê-los. Se eu posso
vê-los, então eles podem nos ver.

Dei de ombros. —Eu não me importo. —Eu honestamente falei.

—Você não quer dizer isso.

—Veja... Esse é o problema, Jacob. Eu sempre quis dizer isso.

Ele respirou fundo, elevando seu peito, antes de cruzar os braços


musculosos sobre o peito. O gesto imediatamente me lembrou de como era tê-lo
em volta do meu corpo.

—Eu te amo. É muito simples para mim. —Dei de ombros novamente.

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Resolvemos manter no original, pois é como ele se refere à ela.
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—Eu também te amo. Você sabe disso. Eu sempre amei você, mas isso não
muda o fato de que isso é errado. O que nós estamos fazendo, o que temos feito
desde que tinha quinze anos, pelas costas de todo mundo, está tremendamente
errado.

—Por quê? Por que é tão errado? Eu não sou mais uma criança. Tenho
vinte e quatro anos de idade. Sei que você é velhinho e tudo, mas porra! —Eu
sorri, tentando aliviar o clima.

Ele riu. —Sua merdinha.

—Vamos revelar isso. Ele tem o direito de saber. Todos têm.

Ele balançou a cabeça, sabendo que eu estava certa. —Eu não vou perder
você nunca mais. Você é minha, Lillian.

A possessividade de suas palavras irradiava ao meu redor. Sua voz me


fazia sentir aquecida.

Eu sorri, olhando para ele com olhos semicerrados. Eu secretamente


adorava quando ele me chamava pelo meu nome completo. Fazia com que me
sentisse mais velha por algum motivo. Eu sei que não faz qualquer sentido, qual a
mulher que queria ser mais velha? Ninguém entenderia, até que eles
conhecessem a nossa história, e ficassem no nosso lugar. Levou um longo tempo
para chegarmos a este ponto, mas nós chegamos aqui, no entanto. Nem um
pouco perto de onde nós precisávamos estar. Só Deus sabia se chegaríamos a
esse ponto.

Você já quis tanto algo que isso consumiu o seu próprio ser? Algo que
você poderia praticamente provar em sua língua? Algo que era tudo o que você
pensava, dia após dia?

A sensação é tão intensa, que ela se torna uma parte de você. Você pode
senti-la sob a sua pele, em seu coração, consumindo sua mente.

Isso era Jacob para mim.

Ele era o meu núcleo.

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Eu não conseguia lembrar-me de uma época em que eu não o queria.

Quando eu não pensei nele.

Quando eu não o amei.

Ele colocou seus braços em volta de mim, me envolvendo em nada além


do cheiro dele e sua fortaleza. Ele elevou-se sobre mim, fazendo-me sentir tão
pequena contra ele. Eu amava isso também.

Fiquei na ponta dos pés, aninhando meu rosto na curva do pescoço dele e
murmurei. —Fique comigo esta noite. —Esfreguei meu nariz para trás e para
frente em sua pele.

—Você sabe que eu não posso. —Ele gemeu. Eu sabia que o meu toque
tinha efeito sobre ele.

—Eu sei que você está velho e já passou da hora de dormir. Quero dizer,
você tem trinta e um depois de tudo.

Ele mordeu meu pescoço me fazendo ganir.

—Cuidado.

Eu ri. —Fique. Eu vou deixar você fazer coisas comigo.

—Certo. —Eu sabia que ele estava sorrindo, senti contra a minha
bochecha. —Porque isso é um problema. Eu não posso manter a roupa em você.
Tudo o que você quer é que eu faça coisas com você.

—Mais uma razão para você ficar.

—Kid, você vai ficar aqui hoje à noite, na casa dele.

—Então…

—Então?

—Ele não vai saber, eu prometo. Será nosso pequeno segredo. —Tentei,
usando a mesma frase que eu tinha usado desde o início. Desde o nosso início. Ele

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se afastou e eu segui o exemplo. Jacob olhou profundamente em meus olhos com
um sorriso perspicaz em seu rosto, lendo minha mente.

Ele era tudo para mim.

Meu coração.

Minha alma.

Eu era dele...

Meu corpo.

Minha mente.

Sempre foi, e sempre seria assim.

Exceto, que havia um problema. O mesmo problema que tivemos desde o


início, e nós estávamos prestes a enfrentá-lo mais cedo do que pensávamos.

A brisa do mar que soprava nas cortinas brancas e finas, fez pouco para
arrefecer o calor entre nós. Juro que a menina tinha certa temperatura. Quente.
Não de uma boa maneira também. Mas que droga, ela era tão adorável enquanto
dormia. Ela estava sempre do meu lado na cama, tão perto de mim quanto
possível, metade de seu corpo jogado sobre o meu. Ela não pesava mais do que
50 quilos, mas ela sempre conseguia ocupar a cama toda, não importa o
tamanho. Ela afirmava que as lagostas dormiam assim.

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Eu acho que nós éramos a porra das lagostas2.

Eu nunca entendia metade das coisas que saía de sua boca, mas eu a
amava apesar disso. Ela era muito sábia para a sua idade. Ninguém era como Lily.
Confie em mim, eu saberia. Eu tinha fodido um número suficiente de mulheres na
tentativa de tirá-la do meu coração.

Ninguém sequer chegou perto.

Ninguém.

—Ei, você vai me deixar? —Ela perguntou com voz sonolenta. Ela
detestava levantar cedo. A menina podia dormir toda a manhã se eu deixasse.

Eu beijei seus olhos fechados e tentei me afastar. —Isso aí. Eu deveria ter
lhe deixado ontem à noite.

—Onde estaria à diversão nisso? —Ela agarrou a borda da minha boxer e


me puxou em sua direção.

—Me dê um abraço, está frio.

Hesitante, coloquei meu corpo em cima do dela, prendendo-a com meus


braços e emoldurando seu rosto. Eu nunca podia dizer não para ela, isso sempre
foi um dos nossos problemas.

Um.

Ela sorriu sem abrir os olhos. —Humm... muito melhor. —Ela suspirou
satisfeita. —O meu amigo está acordado. —Ela beijou meu pescoço e ao longo do
meu queixo.

—Eu tenho que ir.

—Não, você tem que ficar.

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Mais para frente será explicado a expressão sermos lagostas.
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—Kid... —Ela balançou sua vagina contra o meu pau duro, quebrando
minha linha de pensamento e me virando.

—O sol nem despontou ainda. Eu nunca vi Lucas levantar antes do meio-


dia. —Ela puxou minha boxer, puxando-a para baixo e libertando meu pau.

Eu deveria ter pensado que as coisas eram diferentes agora. Lucas. A casa.
Tudo. Mas não pensei. Eu sabia no fundo da minha mente, que eu lamentaria
minha decisão de não sair, de ficar aqui com ela. Essa era a beleza de Lily, quando
eu estava com ela nada mais importava, tudo desaparecia, exceto ela.

Lily era o meu próprio inferno pessoal.

Consumidor. Intenso. Destrutivo.

Ela beijou meu peito. Sem tirar os olhos dos seus, deslizei meu pau em sua
boca quente, acolhedora. Minhas costas arquearam para fora da cama, e minha
mão foi para a parte de trás do seu pescoço, segurando e empurrando meu pênis
mais fundo em sua garganta.

—Porra. —Gemi, observando-a oscilar com seu corpo nu, enquanto ela
fazia amor comigo com a boca. Sentei-me para ter uma visão melhor e tocá-la,
mas antes que eu a alcançasse, a porta abriu, e eu foquei meus olhos em Lucas.

Meu coração acelerou.

Seu olhar assassino passou de mim para Lily, que ainda estava...

Me. Chupando. Porra!

—VOU TE MATAR! —Ele gritou ao mesmo tempo em que se lançava em


direção a mim.

Lily gritou, saltando para fora da cama, permitindo-me recuar apenas a


tempo de tentar cobri-la com o meu corpo. O lençol branco não estava fazendo
muito para proteger seu corpo nu. Porra, eu disse a ela que precisava sair ontem
à noite. Eu sabia que algo como isso estava prestes a acontecer.

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—Você precisa se acalmar, Lucas. —Persuadi com as mãos na minha
frente, agarrando minha boxer na beira da cama e vestindo-a. Não que isso
ajudasse a nossa situação atual. Não podia ficar pior.

—Lucas, pare com isso! Eu o amo! —Lily gritou atrás de mim.

Porra! Sim, poderia.

Seus olhos arregalaram e sua boca abriu, toda a cor drenando de seu
rosto.

Ela não vacilou, não que eu esperasse que ela vacilasse. Ela nunca soube
como manter a boca fechada. —Lucas, eu o amei desde que eu era criança. Você,
de todas as pessoas, deveria entender. Pare com isso!

Eu me virei e olhei para ela. —Você não está ajudando. —Disse entre
dentes.

Ela balançou a cabeça. —Eu não me importo. Eu te amo, e é hora dele


saber! Não é da sua conta de qualquer maneira.

—Luc... —Seu punho conectou com a minha mandíbula antes mesmo de


eu dizer seu nome. Minha cabeça recuou, levando metade do meu corpo com ela.
Eu tropecei, sacudindo-a, encontrando seu olhar intenso.

Eu nunca pensei que chegaria a isso...

Besteira…

Sim, eu pensei.

É por isso que eu tentei ficar longe da irmãzinha do meu melhor amigo.

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Naquela época

Eu não diria que era uma criança intrometida, mais como, curiosa. Eu
gostava de ler e assistir a documentários que fariam meu irmão mais velho, Lucas,
adormecer. Tínhamos seis, quase sete anos de diferença. Eu tinha dez anos e ele
tinha dezesseis anos. Minha mãe costumava dizer que eu era uma surpresa feliz,
mas eu não sou estúpida, eu sabia que foi um acidente. Lucas nunca se
incomodou comigo. Ele não era como a maioria dos irmãos das minhas amigas.
Ele nunca implicou comigo ou me chamou de nomes feios. Ele nunca me fez
sentir como se eu não fosse desejada.

Nós sempre fomos unidos.

Ele me amou e me protegeu, muitas vezes me deixando sair com ele e


seus melhores amigos, que também eram como irmãos para mim. Dylan McGraw
tinha quase dezessete anos, e tinha olhos cor de avelã, com cabelo louro longo,
que passava de suas orelhas. Eu gostava de provoca-lo, dizendo que ele tinha o
penteado de uma menina. Sua namorada Aubrey, não parecia se importar, eu
acho que era tudo o que importava. Austin Taylor era o mais jovem do grupo. Ele
tinha quinze anos e tinha cabelos ruivos, olhos verdes brilhantes, e sardas por
todo o corpo. Ele costumava me deixar ligar as sardas em seus braços com uma
caneta. Fiz todos os tipos de desenhos, e mais tarde na vida, ele realmente teria
tatuagens em seu corpo.

Em seguida, havia Jacob Foster. Só de pensar nele minha barriga vibrava.


Ele era o mais velho, já com dezessete anos, mas eu não me importava... Ele era
minha lagosta. Eu o amava. Ele me chamava de Kid desde o dia em que nasci, ou
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assim me foi dito. Eu costumava odiar, porque eu não queria que ele me visse
como uma criança, mas chegaria um momento, em que eu ansiaria ouvi-lo
chamar-me disso. Ele tinha olhos verdes vibrantes que falavam por si só. Eu acho
que ele herdou de sua mãe. Ele não tinha qualquer semelhança com o pai, nem
um pouco. Suas duas irmãs mais novas eram uma mistura de ambos, mas Jacob
era único, apenas carregando algumas das características de sua mãe. Eu sempre
soube dizer o seu humor através de seus olhos; eles mudavam em tons diferentes
de verde, dependendo de seus sentimentos. Seus olhos eram como um anel de
humor vivo. Ele era alto, muito mais alto que eu, mas isso não importava. Eu sabia
que um dia eu cresceria, e ele não seria o gigante que se elevava sobre mim. Ele
também era muito mais largo do que os outros meninos, com características
faciais definidas. Eu acho que ele nasceu com um boné na cabeça, ele nunca o
tirava. A única vez que ele tirava era quando eu o roubava de sua cabeça e
colocava na minha. Fazia-me sentir segura, como se ninguém pudesse me
machucar enquanto o boné estivesse na minha cabeça.

Minhas amigas estavam todas apaixonadas pelo meu irmão, o que,


naturalmente, eu achava nojento. Seu cabelo escuro e olhos azuis brilhantes
faziam meninas caírem em cima dele desde o dia em que nasceu, mas isso não
importava. Ele já tinha a sua lagosta, e seu nome era Pinguinho, bem, não
realmente, isso é exatamente como todos a chamavam. Seu nome real era
Alexandra, Alex para abreviar. Ela tinha quatorze anos, cabelo castanho escuro e
olhos castanhos escuros como eu. Lucas me dizia o tempo todo, que eu o
lembrava dela. Eu não penso assim. Eu a amava. Eles se amavam. Você seria um
tolo para não perceber.

Os meninos não percebiam.

Então eu aprendi cedo na vida que os meninos eram estúpidos.

Alex aguentou muita coisa de Lucas, dos meninos e das nossas famílias. Eu
não tolerava essas coisas. Se você não gostasse, que pena. Você sabe para onde
você poderia ir...

Bem, eu não quero me gabar nem nada, mas eu podia cantar e tocar
violão como ninguém. Minha mãe costumava dizer que eu saí dela cantando. Que

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eu cantava antes que eu pudesse falar. Era o meu talento dado por Deus. A
música sempre foi uma saída para mim, eu sempre me expressava através das
letras. Era terapêutico eu me perder na simetria de palavras e ritmos. Eu mostrei
talento natural suficiente com um violão, então meus pais me colocaram em
aulas quando eu tinha seis anos. Agora meu violão nunca saía do meu lado.

Você normalmente poderia me encontrar no meu quarto tocando e


cantando a qualquer hora do dia, especialmente durante o verão.

—Ei, Kid.

Jacob...

Eu sorri, olhando para ele da minha cama, com o meu violão no meu colo.

—Novas melodias?

Assenti com entusiasmo. Ele sempre notava quando eu tocava músicas


novas, razão pela qual muitas vezes eu tentava aprender novas.

—Eu gosto disso.

Eu sorri amplamente, colocando meu cabelo atrás da orelha, para que ele
pudesse ver meu rosto iluminar para ele. Ele andou até a minha mesa e puxou
minha cadeira para se sentar. Eu sabia o que ele queria. Jacob amava os clássicos
como Jimmy Hendrix, Led Zeppelin, Santana, Lynyrd Skynyrd, The Rolling Stones e
Aerosmith. Eu não tinha ideia de quem eram aquelas pessoas, mas eu os
pesquisei no meu computador. Até comprei partituras de música com a minha
mesada para que eu pudesse tocar para ele, implorando para meu instrutor me
ensinar como tocar os favoritos de Jacob. Algumas delas eram canções
complicadas, mas para seu espanto, eu aprendia rapidamente. Isso só o motivava
a me ensinar mais rápido.

Ele me chamava de prodígio.

Isso me ajudaria tremendamente no futuro. Eu acho que de alguma


maneira, Jacob me formou e me moldou para o sucesso que eu teria nos
próximos anos, embora eu nunca tenha lhe agradecido por isso. Toquei Black

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Magic Woman no meu violão, meus dedos deslizando sobre as cordas como se
fosse uma extensão do meu próprio corpo. Dedilhando os tons arrojados,
precisos, altos e baixos, sem esforço, com a habilidade de uma violonista
experiente além da minha idade; a intensidade vibrava até o meu núcleo. Perdi-
me na música, exatamente como eu sempre fazia.

Tornando-me uma só com a minha guitarra. Alcancei o último verso,


fazendo a corda ampliar para a lenta progressão do fim da canção. Fechei os
olhos e balancei a cabeça junto com o ritmo, mordendo meu lábio quando acabei,
e abri os olhos.

Seus olhos estavam dilatados e sua boca aberta. —Caramba... Lillian. Você
é tão talentosa. —Ele suspirou quando eu terminei.

Eu sorri de novo, amplamente. Ele me chamou de Lillian!

—Ei, babaca, o que está fazendo aqui? —Lucas interrompeu, para minha
grande decepção.

—Arranjando assentos na primeira fila para o show de uma vida.

Eu o amo.

—Eu sei, ela está tocando essa canção pela última semana. Ela está
ficando boa. Vamos lá, os meninos estão no meu quarto.

—Onde está Pinguinho?

—Estudando.

Ele assentiu e Lucas saiu.

—Quer vir? —Jacob perguntou.

—Nah. Eu vou praticar um pouco mais.

—Ok, toque alto para que eu possa ouvir de lá.

Eu sorri. —OK.

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Ele levantou-se e bagunçou meu cabelo com os dedos, me fazendo rir
antes que ele saísse. Eu continuei a tocar por um tempo, mais uma vez me
perdendo na música, mas o riso no quarto do meu irmão começou a ganhar o
melhor de mim. A curiosidade de saber o que eles estavam falando fez meus pés
moverem-se por vontade própria. Antes que eu percebesse, eu estava na porta
de Lucas.

—Jesus Cristo, você não tem ideia de quão incrível é esse gosto, Lucas. Por
que você ainda não o experimentou com Stacey? Você já fez sexo com ela. —
Jacob perguntou, e eu me escondi mais para trás da parede para escutar.

—Não há palavras para explicar. Você vai ter que tentar. —Austin
adicionou.

Eu mastiguei minha unha do polegar, esperando que eles dissessem o que


eles comeram. Talvez eu pudesse comer também?

—Cale a boca. Estou cansado de ter esta conversa. —Lucas respondeu


com agitação em seu tom. É porque ele queria comer com Alex. Stacey era um
disfarce, como Ken com a Barbie.

—Coma a xaninha3 dela! —Jacob gritou e todos riram, embora eu não


achasse que houvesse algo engraçado nisso.

—Apenas faça-o, porra. Você pode me agradecer mais tarde. Confie em


mim, o jeito que ela vai retribuir, será suficiente para você querer comê-la
novamente.

Eu balancei a cabeça e saí. Desgostosa com sua conversa.

—Kid. —Jacob gritou um pouco mais tarde.

Eu pulei da minha cama. —Sim? —Eu gritei.

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A palavra em inglês é pussy que quer dizer bichano, mas também se refere a buceta, Como a personagem faz
brincadeiras relacionando essa palavra com gatos, xana ou xaninha é a palavra equivalente em português, para
dizer buceta e também gato.
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—Venha aqui embaixo. Estou na cozinha.

Eu respirei fundo e desci as escadas, entrando na cozinha. —O que?

—O que quer dizer com o que? —Ele riu. —Venha experimentar isso. É a
minha comida favorita.

Eu olhei para o prato de comida na frente dele e neguei com a cabeça.

—Você vai gostar. Venha comer.

Segurei o garfo, pegando um pedaço de carne.

—Eu trouxe isso especialmente para você, Kid. —Ele me informou, e eu


imediatamente bati com o garfo no prato, fazendo um barulho alto contra o
vidro.

—Qual é o seu problema? —Ele imediatamente perguntou.

—Nada.

—Então porque você não está olhando para mim? Eu fiz alguma coisa?

—Não.

—Lillian. —Ele persuadiu.

Maldição, novamente com o Lillian. Sorvi outra respiração profunda e


levantei os olhos.

Preocupação e confusão espalhavam-se por todo o rosto bonito. —O que


é isso, Kid?

Eu cruzei os braços sobre o peito e sussurrei. —Você está comendo gato?

Ele sacudiu a cabeça para trás olhando para mim como se eu fosse louca.

—Eu posso ter ouvido algumas coisas hoje.

—Que coisas? —Ele seguiu, tomando um gole de sua bebida.

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—Você disse... — Mordi o lábio e abaixei as sobrancelhas. —Você disse...
que gosta de comer gato 4.

Ele imediatamente cuspiu sua bebida e começou a tossir e engasgar. Corri


atrás dele para pegar algumas toalhas de papel.

—Está tudo bem? —Bati nas costas para ajudar.

Ele limpou a garganta e tossiu mais algumas vezes. —Sim, eu não estava
esperando você dizer isso.

—Bem, pelo menos você entende onde eu estou. Eu não quero comer
gato, Jacob. Eu nem acho que é legal. Você poderia entrar em um monte de
problemas. Eu não quero que vocês fiquem em apuros. Pensei que você amasse
gatos. —Eu estava pirando, atirando tantas perguntas quanto pudesse enquanto
eu o observava limpar a bagunça com movimentos nervosos. Ele terminou. Seus
olhos desviando para todos os lados antes de olhar para mim novamente.

Era agora ou nunca.

—O que é sexo?

—Puta merda. —Eu rugi. Minha mão esfregava a parte de trás do meu
pescoço. —Porra, quero dizer, merda, eu quero dizer, nada, Jesus. —Eu divagava,
fazendo-a rir.

Tirei o boné colocando-o sobre o balcão. Lily sorriu e imediatamente


agarrou-o, colocando-o sobre a cabeça. Eu nunca entendi por que ela fazia isso,
mas uma sensação de calma quase instantaneamente veio dela.

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Referência a palavra pussy que serve para bichano (GATO) e buceta. Anteriormente ele tinha falado para Lucas
comer a “pussy” de Stacey ou a xaninha da Stacey.
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Passei minhas mãos pelo meu cabelo e puxei-o para trás num gesto
frustrado, esfregando minhas têmporas por uma boa resposta.

—Não acho que eu seja a pessoa certa para falar com você sobre isso.

Ela encolheu os ombros. —Com quem eu deveria falar então?

—Sua mãe.

—Ela tentou falar comigo sobre isso, mas realmente não fez sentido. Ela
resmungou. Eu acho que ela realmente não sabe. —Ela concluiu, e agora era a
minha vez de rir.

—O que você quer saber?

—Você a ama?

—Quem?

—A menina.

Inclinei a cabeça para o lado. —Exatamente o quanto você sabe?

—Minha mãe diz que você deveria amar a pessoa. Sexo não significa nada
a menos que você as ame. — Uma expressão triste caiu sobre seu rosto. —Então,
você a ama?

Eu balancei minha cabeça. —Não é bem assim. Embora, sua mãe esteja
certa, fod... quer dizer, fazer amor... deve ser entre duas pessoas que se amam.
Deve significar alguma coisa.

—Oh. —Ela suspirou. —É isso o que você faz?

—Não vamos falar de mim. Eu estou falando sobre o que se aplica a você,
que é tudo o que importa.

Ela assentiu com a cabeça. —Bem, talvez. Talvez um dia... quando eu for
mais velha. Quero dizer... não importa.

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Eu sorri. —Um dia, Lillian, você vai ter caras esperando na fila por você.
Confie em mim sobre isso.

Ela mordeu o lábio como se quisesse dizer algo.

—E eu vou chutar cada uma de suas malditas bundas se eles te


machucarem.

Ela sorriu novamente. Eu adorava que eu fosse capaz de aliviar a sua


turbulência emocional.

Ela era uma criança.

Uma doce criança.

Eu queria mantê-la inocente por tanto tempo quanto eu pudesse.

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Dias Atuais

Porra, eu estava exausto.

Eu estava trabalhando sessenta horas a mais por semana nos últimos três
anos na Jones & McAllister, um dos escritórios de advocacia de maior prestígio
em San Francisco. Quem disse que tornar-se sócio aliviaria a minha carga, falava
sem saber. Tanta coisa aconteceu nos últimos anos. Mais do que eu gostaria de
lembrar. Senti como se meus vinte e nove anos fossem cinquenta. Meu avião
pousou em Nashville, e eu mal tive tempo de olhar ao redor antes que eu tivesse
que pegar o meu carro de aluguel, e fazer check-in no Marriott Hotel. Não que
isso importasse, eu não estava pensando em usá-lo por muito tempo. Isto era
apenas temporário se as coisas saíssem como eu planejei.

Eu tinha me afogado em trabalho por todos esses anos para me ajudar a


esquecer. Tentei tirá-la da minha mente tendo relações sexuais com um número
incontável de mulheres, que não significavam absolutamente nada para mim.

Nada.

Todos os meus colegas e amigos estavam casando ou iniciando famílias,


mas eu estava em estagnação. Toda vez que eu imaginava meu futuro, era
sempre com Lily ao meu lado. Estava cansado de correr, era hora de reclamar o
que era meu por direito, o que sempre foi meu.

Quando Marcos, um amigo da faculdade de direito, que era casado e com


uma criança à caminho, me pediu para vir ajudar a erguer sua nova empresa por
alguns meses, eu agarrei a chance, era como se o destino estivesse me dando um
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rápido pontapé na bunda, cimentando a minha decisão. Eu tive sorte que o meu
chefe me amava. Caso contrário, eu nunca seria capaz de tirar uma licença
prolongada assim. Eu tinha feito milhões para a firma, e no final do dia... dinheiro
sempre fala mais alto.

—Olá. —Respondi ao celular.

—Onde diabos você está?

Eu bocejei. —Estou a caminho.

—Bem se apresse, seu fodido. Estive na Bootleggers 5 à espera de sua


bunda gorda pela última hora.

—Eu pensei que falaríamos sobre seu escritório de advocacia?

—Deus, homem, você não pode parar de pensar em trabalho por uma
porra de segundo? Tiffany está fora da cidade. Sinto falta da minha esposa, e
estou afogando minhas mágoas em cerveja. Além disso, há uma garota cantando
no palco. Ela é um maldito nocaute. Completamente o seu estilo, minúscula, do
jeito que você gosta delas.

—Eu não preciso de você para escolher uma buceta para mim. Estarei aí
em alguns minutos. —Eu desliguei, rapidamente olhando para a lua cheia, e
imediatamente sacudindo as memórias que ameaçavam ressurgir.

Estacionei ao lado da estrada pagando o parquímetro por somente uma


hora. Peguei minha identidade, mostrando para o segurança, que me deu um
aceno rápido antes de me deixar passar. Havia pessoas em todos os lugares. Não
havia chance de eu poder encontrar Mark. Olhei para o meu telefone, para o
texto dele quando ouvi.

O dedilhar suave de um violão imediatamente agrediu meus sentidos, mas


não foi o que fez o cabelo nos meus braços arrepiarem. Fechei os olhos;

5
Famosa cadeia de bares
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precisando verificar as minhas emoções e os pensamentos que atacavam minha
mente em rápida velocidade.

Um após o outro.

Eles eram desastrosos e implacáveis.

O dedilhar do violão era fácil e definido. Eu o reconheceria em qualquer


lugar. Ninguém podia tocar como ela podia.

Ninguém.

Aquela voz…

Era suave como a seda, mas crua o suficiente para lhe dar arrepios.

Aquela música…

Seria uma lembrança permanente do que eu perdi.

Aquela noite…

Sempre me assombraria. Meus dias e noites.

Deus... Eu não conseguia pensar naquela noite sem meu pau ficar duro, e
a vergonha me engolir quase que simultaneamente. A letra do Metallica de
Nothing Else Matters me levou de volta para outro tempo, outro lugar, onde eu
fingia que ela era minha...

Eu sempre fui dela.

Sempre.

O rosto dela…

Os olhos dela…

O corpo dela...

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Lembrei-me de tudo, e eu não tinha sequer olhado para cima para vê-la.
Eu não precisava. Ela estava enraizada na minha mente. No meu coração. Em
minha alma.

Ela cantou o refrão de novo. As emoções sangravam pelas cordas de seu


violão e sua voz. O solo seguiu, fazendo a multidão gritar e vibrar por seu talento.
Sua energia era contagiosa, sempre foi. Eu senti tudo em torno de mim, mesmo
que eu ainda não tivesse aberto os olhos para vê-la. Eu sabia que ela estava
mordendo o lábio, não importa quantas malditas vezes eu dissesse que ela ainda
o arrancaria. Eu tinha memorizado a sensação de seus lábios contra minha boca,
do jeito que eu tomaria esse mesmo maldito lábio e morderia.

Querendo um pedaço dela.

Precisando de um pedaço dela.

Sua voz caiu para um tom suave, como seu violão. A música terminou, e a
multidão ficou ainda mais selvagem e voraz por ela.

—Bem, olá Nashville!

Eles gritaram mais alto. Ela sempre soube como trabalhar com a multidão.

—Bem-vindos à Bootleggers! Quem está se divertindo essa noite?

—Sim! —Eles gritaram.

—Quem vai transar esta noite, porra?

Eles gritaram de novo, assobiando e batendo palmas. Eu balancei a cabeça


com um sorriso, eu não me incomodei em tentar disfarçar.

—É disso que estou falando! curto e grosso na porra do Sul! —Ela gritou
no mesmo sotaque sulista que ela odiava quando criança. —Vou descansar um
pouquinho...

—Buuuuuu!

Ela riu e meu pau estremeceu.

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—Eu sei, queridos, eu sou muito bonita de se olhar. Eu vou voltar, eu
prometo! Enquanto isso, me comprem uma dose, porra! Kid é meu nome.

Eu imediatamente olhei para cima, diretamente para ela. Juro por Deus,
meu peito apertou, e ela tirou meu maldito fôlego. Vestindo um short curtinho
como Daisy Dukes 6, e uma camisa minúscula com a frase “Uísque me deixa
atrevida” escrita sobre os seios. A maldita coisa parecia que era tão velha quanto
eu. Seu estômago todo nu, seu umbigo agora perfurado, e seu longo cabelo
escuro em cascata pelas costas, quase tocando sua bunda. O corpo minúsculo que
eu amava ainda era o mesmo, mas ela parecia crescida. Mais velha. Suas pernas,
suas malditas pernas. Lembrei-me delas em volta de mim, e eu tive que sacudir
minha cabeça para apagar as imagens que deixavam meu pau duro e meu
coração pesado.

Eu sorri, porra eu sorri quando vi as botas de cowboy que ela usava. Eu dei
a ela. Eu pensei que ela tivesse as jogado fora.

Acho que ela não jogou.

O que me deu esperança de que ela não tinha me jogado fora.

Porra. Eu vou para o inferno.

Agora que eu a vi...

Não havia como voltar atrás.

Ela era minha.

Consequências. Que. Se. Danem.

6
Referência ao seriado The Dukes of Hazzard onde a atriz principal criou e difundiu a moda do shortinho com
camiseta curtinha.
25
—Kid. —Alguns caras aleatórios murmuraram atrás de mim.

Virei-me no banco do bar, inclinando a cabeça para o lado com um sorriso.

—Que tal se eu comprar aquela dose? —Ele apontou para a minha camisa.
—Uísque, certo?

Eu balancei a cabeça em direção a Sam, o barman, levantando dois dedos


e, aleatoriamente, coloquei uma nota de vinte no balcão. Ele girou para me
encarar novamente. Eu estava acostumada a homens me perseguindo. Não era
uma coisa nova. Isso vinha com o trabalho. Mas. Eu “nunca comia a carne aonde
eu ganhava o pão7”, isso era uma receita para o desastre.

—Então, o que uma coisinha pequena como você está fazendo em uma
cidade grande como Nashville?

—Entretenimento. —Eu simplesmente declarei.

—Ah. Este é o único tipo de entretenimento que você oferece?

Lambi meus lábios e inclinei-me para frente. —Que outro tipo de


entretenimento você tem em mente?

—Um que envolva eu e você. Sozinhos. Sem roupa. Sem conversa.

—Nossa, isso cola para você voltar acompanhado para casa?

—Para dizer a verdade, sim.

Eu o vi pegar a dose, entregando a minha. Coloquei-a na minha frente e


ele seguiu o exemplo.

7
Esse antigo ditado é algo da sabedoria popular que diz respeito a não conquistar um/a mulher/homem em um
ambiente de trabalho.
26
—Aos homens e cavalos, e as mulheres que os montam.

—Um brinde a isso. —Ele riu quando bati meu copo no dele, e então nós
dois tomamos nossas doses. A minha desceu suave, eu bebia uísque desde
menina, mas ele, por outro lado, não. Ele tossiu e seus olhos lacrimejaram muito.

Maricas.

—Então... Diga-me o seu nome?

Eu levantei uma sobrancelha, colocando meu copo vazio no balcão.

—Kid não pode ser o seu nome real, então de onde isso vem?

Eu sorri. —Vêm...

—De mim. Isso vem de mim, filho da puta.

Todo o ar em meus pulmões me deixou em um piscar de olhos, assim


como o meu sorriso. A cor drenou do meu rosto, enquanto meu coração e
estômago caiam ao chão.

Jacob.

Lá estava ele, caminhando ao lado do balcão e de pé, na minha frente,


arrogante e confiante como sempre. Eu não queria nada mais do que tirar esse
olhar complacente do seu maldito rosto. Eu não tinha ouvido nada sobre ele ou
falado com ele por três anos, muito menos o visto. Alex era a única que sabia
sobre nós, e ela sabia que não devia mencionar o seu nome para mim.

Caralho. Eu. O. Odiava.

—Como é? —O carinha disse entre dentes, seu olhar atentamente


colocado no rosto de Jacob, que focava apenas em mim.

—Você me ouviu. Agora, por que você não faz um favor e se afasta antes
que você não seja mais capaz de andar. —Ele advertiu com um tom calmo e
tranquilo que me fez querer chutá-lo na cabeça.

27
Jacob não tinha medo de ninguém, e ele tinha as cicatrizes para provar
isso, e eu não estou falando sobre as físicas. Nossos olhares se encontraram
exatamente como costumava fazer nossos corações. Pelo menos eu pensava que
era assim.

Mentiras. Nada além de mentiras.

—Não me faça repetir, imbecil. —Ele acrescentou com o mesmo tom duro
em sua voz, paciência nunca foi sua virtude.

Eu mal notei quando o carinha recuou e saiu. Em vez disso, eu inclinei


minha cabeça para o lado, recostando-me no banco do bar, cruzando os braços
sobre o peito, e sem quebrar o contato visual.

—Encantador como sempre.

Ele franziu os lábios naquela mesma maneira deliciosa que ele fazia
quando eu era criança. Vestindo uma camisa cinza de botão, uma gravata preta
solta em volta do pescoço e calça preta, fez-me questionar minha decisão. Hoje à
noite ele usava um chapéu fedora 8 no lugar do boné de baseball.

Este era Jacob adulto.

Devastadoramente bonito.

—Bom saber que ainda tenho um efeito sobre você, Kid.

Apertei os olhos para ele e falei com convicção. —Eu adoraria sentar aqui
e analisar como sua mente delirante funciona, Jacob, mas eu já estou cansada das
suas merdas.

E... porra, ele sorriu. Um sorriso louco. —Mesma menina. Roupas de


periguete.

28
—Vou me lembrar disso na próxima vez em que eu for comprar calcinhas.
Acesso mais fácil e tudo isso.

Ele fez uma careta; seus olhos escuros e assustadores tornaram-se uma
sombra mais profunda de verde. Eu sabia que ele odiou o meu visual.

—Gostaria de poder dizer que foi ótimo vê-lo, mas vamos ser honestos, o
prazer foi todo seu. —Eu fiquei de pé. —Se você me der licença eu tenho que
voltar ao trabalho. —Afastei-me para sair, mas no último segundo eu me virei
para olhar. Chegando mais perto de onde podia sentir seu calor, fiquei na ponta
dos meus pés, e esfreguei meu nariz para trás e para frente em seu pescoço, que
eu sabia que ele amava, fracamente respirando nele. Meu cheiro agrediu todos os
seus sentidos, assim como eu queria.

—Agora, Jacob... —Falei contra a sua orelha. —Você pode ir para o


inferno.

E com isso eu fui embora, não lhe dando uma segunda olhada.

29
Naquela época

Fomos da Universidade de Ohio para casa no feriado de Natal, a qual


Dylan, Lucas, e eu fomos aceitos. Foi o nosso primeiro ano, e provou ser
desafiador e diferente. Estávamos todos com dezenove anos, e crescemos na
pequena cidade de Oak Island, Carolina do Norte. Mudar para uma cidade grande
como Columbus, foi uma mudança drástica para nós, mas eu acho que foi uma
que todos nós necessitávamos. Apesar de lidar com Lucas e o porra louca do
Dylan, todos os dias eu questionava minha decisão de morar com eles.

Nós vivíamos fora do campus em um apartamento de três quartos.


Finalmente, estar no nosso próprio lugar, longe de casa, eu pensei que este seria
o momento de nossas vidas. Mas Dylan estava miserável, e isso deixou o resto de
nós miseráveis também. Ele sentia muita saudade de Aubrey, sua namorada de
três anos. Ela ainda estava terminando seu último ano do ensino médio,
juntamente com Austin, que foi aceito em Ohio State há algumas semanas
também. Eu não podia dizer se ele estava excitado ou não. Nunca entendi o que
estava acontecendo com ele, além do fato de que ele fodia tudo o que tinha um
buraco e duas pernas. Sempre tentando ser um rebelde de alguma forma. Dylan
passou a maior parte de seu tempo tentando falar com Aubrey, que passou a
estar ocupada na maioria das vezes. Eu acho que todos nós vimos isso chegando,
exceto ele, talvez.

Agora Lucas... Porra, toda a merda aconteceu entre ele e Alex ao longo
dos anos. Ele pensava que ninguém sabia, ambos pensavam. Eles pensavam que
nós estávamos alheios a tudo.

30
Nós não estávamos.

Especialmente eu.

Embrulhava-me o estômago apenas pensar sobre eles dessa forma, ela era
como a nossa irmãzinha, sempre foi e sempre seria. Seguindo-nos desde que ela
podia engatinhar. Todos nós a amávamos. Lucas não era suficientemente bom
para ela, e eu tive que lembrá-lo disso constantemente, fazendo-me soar como
um maldito disco quebrado. Eu estava tão exausto de repetir a mesma coisa mais
e mais, assim como eu imaginava que ele estava cansado de ouvir. Fiz tudo o que
podia para mantê-los separados. Ele precisava acordar e começar a vê-la do jeito
que todos nós a víamos.

O jeito como era para ser.

Estávamos todos sentados na sala de Lucas, discutindo sobre o que assistir


na TV. Dylan e Aubrey estavam afundados na poltrona, enquanto Alex estava
deitada no chão com um cobertor e travesseiro, Lucas não muito longe dela.
Austin esparramado no assento, e eu esparramado no outro sofá.

—O que vocês estão assistindo? —Lily perguntou, entrando na sala com


seu violão pendurado no pescoço. Ela tinha treze anos, mas parecia muito mais
jovem, doce e inocente, como Alex.

Eu sorri. —Assistindo Freddy versus Jason.

—O que é isso? —Ela respondeu, movendo as pernas para sentar-se ao


meu lado.

—Um filme de terror, Lily, você não pode assistir a este. Você não vai
dormir. Mamãe e papai vão chutar a minha bunda quando chegarem em casa. —
Lucas gritou do chão, olhando para ela.

O rosto dela corou, foi rápido, mas eu vi. Ela olhou para seu colo antes que
eu lhe desse mais atenção.

—Sim, eu vou. —Ela suavemente sussurrou, dedilhando algumas cordas


de seu violão.

31
—Lily, você odeia os filmes de terror...

—Estou bem. —Ela argumentou, olhando para ele com olhos arregalados.

Lucas suspirou e sacudiu a cabeça. —Tanto faz. Jacob vai dormir aqui esta
noite, então você não será capaz de esgueirar-se para o meu quarto.

—Eu não vou. — Ela olhou para mim pelo canto do olho, e eu mudei meu
olhar de volta para a TV.

Achei que ela estava com vergonha, uma vez que éramos todos muito
mais velhos do que ela. Lucas voltou e deitou-se, ficando um pouco mais perto de
Alex. Eu balancei a cabeça em desapontamento. Lily colocou o violão no chão ao
lado do sofá. Puxei o cobertor da parte de trás do sofá e entreguei a ela. Ela
sorriu, pegando-o de mim e colocando sobre os nossos corpos. O filme começou,
e não demorou muito para que ela se enroscasse em uma pequena bola, roendo
as unhas e escondendo o rosto no cobertor.

Ela gritou e pulou algumas vezes ao longo do filme, completamente


mortificada toda vez que algo acontecia. Quando o filme acabou, Lucas ofereceu
para levar Pinguinho para casa, Austin saiu dizendo que ele se encontraria com
uma garota, e Dylan e Aubrey saíram logo depois também. Eu fiquei no canal de
surf com uma Lily nervosa sentada ao meu lado.

—Por que está tão nervosa? —Eu perguntei, olhando para ela.

Ela mordeu o lábio antes de sussurrar. —Eu tenho que ir ao banheiro.

Eu ri. —Então vá ao banheiro.

Ela mordeu o lábio novamente. —Eu estou assustada. —Ela disse alto o
suficiente para eu ouvir.

—Lillian.

Ela imediatamente se virou para mim com o som de seu nome, como se
ela precisasse me ouvir dizer isso.

—É falso. Não é real. É apenas um filme.


32
Ela assentiu com a cabeça e olhou para a TV. Poucos minutos depois, ela
ainda não havia se levantado. A casa estava escura, a única luz que vinha era da
tela da televisão. Eu levantei-me.

—Aonde você vai? —Ela questionou, tentando esconder o pânico em sua


voz.

—Para a cozinha. Eu volto já. Você quer alguma coisa?

—Não. —Ela respondeu inquieta.

Fui até o interruptor de luz e acendi todas as luzes da sala de estar. Eu


também liguei cada luz no caminho para a cozinha. Peguei uma garrafa de água e
fui para o banheiro, mesmo que eu não precisasse. Fiz questão de ligar todas as
luzes, bem como as do banheiro. Eu voltei para o sofá, sem dizer uma palavra
para ela, tirando meu boné de baseball, e deitei na mesma posição que estava nas
últimas horas.

Sem pensar duas vezes sobre o que eu tinha acabado de fazer.

Eu tentei esconder a onda de emoções que eu sentia por ele naquele


momento. Eu sabia que ele ligou todas as luzes por mim. Ele não tinha que
admitir ou dizer. Ele fez isso porque ele me amava. Saí antes que ele pudesse ver
isso escrito em todo o meu rosto, agarrando o boné de baseball da mesa de
centro e colocando na minha cabeça. No meu caminho para o banheiro, tive a
certeza de verificar tudo em torno de mim uma vez que eu estava fora de sua
vista. Eu também deixei a porta do banheiro aberta por precaução. Deixei todas
as luzes acesas quando eu voltei para o sofá, e não demorou muito para Jacob
levantar fingindo mais uma vez que ele ia à cozinha, e desligar tudo.

Ficamos em um silêncio confortável, até que Lucas voltou para casa,


seguido por meus pais logo atrás dele. Todo mundo estava se preparando para
33
deitar, e eu temia o fato de que eu tinha que dormir sozinha. Eu estava
mentalmente me chutando por assistir esse filme estúpido.

Por que eu fui assistir a um filme onde o cara assustador poderia te


pegar enquanto você estivesse dormindo?

Lucas estava prestes a desligar a TV, e eu comecei a entrar em pânico


internamente.

Se eu dormisse do lado de fora de sua porta, eles notariam?

—Lucas. —Jacob disse do nada, nos fazendo olhar para ele. —Vamos
dormir aqui esta noite. Está quente pra caramba no seu quarto.

Ele encolheu os ombros. —Eu não me importo.

Eu pulei do sofá antes que ele mudasse de ideia.

—Vou pegar os cobertores.

Fiz para cada um de nós as nossas próprias camas. Lucas sobre o sofá
maior, Jacob no outro sofá, e eu na poltrona, já que eu era a menor. Lucas
dormiu um pouco mais tarde, e foi quando meus olhos começaram a fechar de
exaustão. Eu ouvi a TV desligar, e pouco depois Jacob disse. —Noite, Kid.

Sorri para meu cobertor meio adormecida, com seu boné de baseball
ainda em cima da minha cabeça, sabendo que ele dormiu na sala de estar...

Por. Mim.

34
Dias Atuais

—Carma é uma cadela, não? —Eu anunciei, pegando Jacob desprevenido,


enquanto olhava para o espaço vazio no estacionamento, onde assumi que seu
carro estava estacionado. —Eu acho que você não recebeu o memorando sobre o
centro ser área de reboque, hein? —Eu zombava, tirando as chaves do carro da
minha bolsa.

Ele respirou fundo, seu profundo olhar penetrante movendo-se de mim de


volta para o espaço vazio. Ele estava chateado, o que só me provocou a continuar
mexendo com ele. Se ele pensou que eu era a garota ingênua que ele deixou há
três anos, então ele teria uma surpresa.

—Olhar para o estacionamento não vai fazer seu carro aparecer


magicamente.

Ele olhou para mim de novo, mas desta vez havia algo por trás da
intensidade de seus olhos que eu não consegui dizer. Como se lhe doesse olhar
para mim.

Por quê?

—Merdas acontecem para pessoas fodidas. —Eu disse, sorrindo. Ele ainda
não tinha dito nada, e esse não era Jacob. Especialmente quando se tratava da
minha boca espertinha. Seu silêncio começou a fazer-me sentir desconfortável, e
eu sabia que ele percebeu.

Jacob me conhecia tão bem quanto eu o conhecia.


35
Horas...

Dias…

Anos…

Nada poderia mudar isso, inferno, décadas não poderiam mudar isso.

—O que você está fazendo aqui tão tarde? O bar fechou há uma hora. —
Eu perguntei, principalmente porque eu queria mudar o foco do efeito que ele
ainda tinha sobre mim.

—Esperando por você. —Ele finalmente falou, com uma expressão sincera
em seu rosto, que fez meu coração vibrar.

Eu zombei. —Não sou uma criança, Jacob. Eu não preciso de você para
cuidar de mim.

Ele imediatamente deu um passo adiante, fazendo-me inconscientemente


dar um passo para trás. Minha resposta não o surpreendeu. Era quase como se
ele esperasse.

—É tarde, Lillian.

Foda-se ele por usar o meu nome completo.

—Não brinca, Sherlock.

—Que tipo de patrão permite que você caminhe para o seu carro sozinha
a essa hora da noite?

—O tipo que cuida do seu próprio maldito negócio. Eu não preciso de


ninguém olhando por mim. Eu tenho feito um grande trabalho sozinha nestes
últimos anos.

Ele fez uma careta, sem se preocupar em disfarçá-la. Isso me confundiu


mais do que qualquer coisa.

Por quê?

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—Você nunca precisou de alguém para cuidar de você, Kid, mas isso nunca
me parou antes e, com certeza, não vai me parar agora.

Fiz uma careta. —Não... —Recuei novamente. O calcanhar da bota bateu


na calçada. Meu pé torceu. Jacob agarrou-me pela cintura, me puxando para a
sua estrutura forte. Minhas mãos agarraram seus braços musculosos, ofegando
com a proximidade súbita entre nós, inadvertidamente o espiando com os olhos
entreabertos. Seus olhos estavam dilatados e nublados, foi a primeira coisa que
notei. Então os lábios estavam perto demais dos meus. Tudo o que precisaria era
que um de nós falasse, e eles se tocariam. Estávamos a um centímetro de
distância.

Sua respiração estava acelerada como a minha, nós dois esperando que o
outro desse o primeiro passo. Eu odiava que meu corpo quisesse uma coisa e
minha mente outra, em guerra um com o outro.

Meu coração.

Traindo-me mais uma vez.

Querendo. Ele.

E isso... Eu odiava isso também.

Só precisava me dizer uma palavra. Uma porra de palavra e os meus lábios


cairiam nos dela. Seria tão simples, e assim quando eu estava prestes a jogar a
precaução ao vento, e reivindicar sua boca do jeito que eu reivindiquei seu
coração todos esses anos atrás, o encanto foi quebrado. O som de uma lata de
lixo chocalhando nas proximidades quebrou a paixão que pairava entre nós. A
mesma paixão que esteve lá desde que eu a fiz minha.

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Ela empurrou o meu peito. —Chame um táxi, vá para casa, Jacob. —Foi
tudo o que disse, passando por mim para sair.

—O meu telefone celular “morreu”.

Ela virou-se com o celular na mão.

—Eu não me lembro de onde fica meu hotel. —Eu menti, mas ela não
tinha que saber disso.

Ela inclinou a cabeça para o lado com um olhar interrogativo.

—Eu mal sei como voltar para o aeroporto. Eu posso chamar um táxi, mas
que bem isso vai fazer? Eu não tenho nenhuma ideia de para onde meu carro foi
rebocado. O endereço do hotel está programado no meu GPS, e eu nem sequer
prestei atenção ao nome do hotel.

Se fosse há alguns anos atrás, ela saberia que tudo o que saía da minha
boca era besteira completa e absoluta.

Agora eu era um advogado.

Isso dizia o suficiente.

Ela mordeu o lábio inferior. Levou tudo dentro de mim para não o morder
por ela.

—Você quer ser responsável por eu dormir na rua? —Eu adicionei por
precaução.

A atitude gelada que ela tentou retratar não me enganou. Lily era tão
doce quanto parecia.

Ela suspirou. —Bem. Vamos.

Ela virou-se e eu sorri, colocando as mãos nos bolsos da minha calça, e


seguindo-a por algumas ruas até a caminhonete dela. Ela ainda tinha a mesma
caminhonete Chevy que ela implorou aos pais para comprar em seu décimo sexto
aniversário. Era a mesma que Lucas tinha. Ela não se importava que mal pudesse

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ver sobre o volante. Ela amava seu irmão, e parecia como ele. Eu estaria
mentindo se dissesse que não doía meu coração saber que estávamos na mesma
situação, e que isso nunca acabaria para nós.

Ela ainda era a irmãzinha do meu melhor amigo.

Ela ligou o rádio alto o suficiente para não podermos conversar. Eu sabia o
que ela estava fazendo, e eu permiti seu comportamento recluso. Eu a deixaria
começar a reunir seus pensamentos, porque se ela quisesse ou não, estaríamos
colocando tudo sobre a mesa. Eu estava resolvido. Não demorou muito para
entrarmos em sua garagem. A paisagem com uma iluminação suave destacava as
características de sua casa em estilo bangalô, gritando Lily, e eu não tinha sequer
entrado ainda. Eu a segui para dentro, fechando a porta atrás de mim quando ela
deixou cair suas chaves e bolsa na mesa da entrada.

Sua casa era bem pequena, mas perfeita para ela. Um piso plano e aberto
levava para a cozinha e sala de estar. Havia um corredor à esquerda, que eu
assumi que levava ao seu quarto e banheiro. Fotos em preto e branco estavam
espalhadas em diferentes paredes. Percebi que eu não estava em um único
quadro, nem mesmo em uma foto em grupo.

Filha da puta.

Lembrei-me dessa foto, eu estava ao lado de Pinguinho nessa. A merdinha


me cortou. Eu estava prestes a chamar sua atenção por isso, mas eu ouvi um
miado, e um gato gordo cinza ronronou pelos meus pés.

Abaixei-me e peguei-o. —Olá. —Eu o cumprimentei, esfregando atrás de


suas orelhas. —Qual é o nome do seu gato?

—Jacob. —Ela gritou da cozinha.

—Sim? —Olhei para cima quando ela voltou para a sala, encostando-se à
parede com uma garrafa de água na mão.

—Jacob. Esse é o seu nome.

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Inclinei a cabeça para o lado, uma expressão divertida rapidamente caindo
sobre meu rosto. —Você nomeou seu gato com meu nome?

Ela cruzou os braços sobre o peito, em desafio, e eu sabia que a próxima


coisa que sairia de seus lábios seria uma besteira completa e absoluta.

—Bem, ele é um idiota e ele me usa. —Ela sorriu amplamente. —Pareceu


combinar. —Ela falou.

Fiquei ali atordoado. Eu não esperava por isso.

Ela apontou para o gato. —Não coma esse.

Eu ri, mas essa era Lily. Fria num segundo e quente no próximo. Era bom
ver que algumas coisas não mudaram.

—Então, você se lembra?

—Eu me lembro de um monte de coisas, e por causa dessas coisas, você


tem sorte de estar na minha casa.

—Lillian...

—Não. —Ela fez uma pausa para deixar essa simples palavra afundar. —O
quarto de hóspedes é no final do corredor à sua direita, eu só tenho um banheiro
e é em frente do seu quarto. Eu tenho um lugar para ir amanhã de manhã.
Certifique-se de ter saído no momento em que eu voltar.

Seu tom venenoso me trouxe de volta à realidade. —Então, nós não


podemos...

—Não.

Apertei os lábios tentando descobrir uma maneira de suavizar isto. —Pelo


menos me deixe trazer o café da manhã. — Tudo o que eu precisava era de mais
tempo com ela, para lembra-la do que ela significava para mim. —Por favor. —Eu
adicionei.

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Ela não pronunciou uma palavra antes de se virar e sair da sala. Mal me
dando uma segunda olhada. Tomei isso como um bom sinal. Fiz questão de
esperar até que ela terminasse no banheiro antes de ir para lá.

Eu estava em sua casa, e tudo o que eu podia fazer era pensar sobre...

Como ficar lá.

Eu odiava deixá-lo voltar para casa comigo.

Eu odiava que ele estivesse na porra da minha casa.

Eu odiava que ele estivesse dormindo na porta ao lado.

Acima de tudo, eu odiava que eu queria nada mais do que aceitar sua
oferta para o café da manhã. O fato de que eu queria me amarrar na minha cama,
porque eu podia sentir meu corpo sendo fisicamente atraído para ele, como se
ele fosse um ímã me puxando para o seu vórtice, não ajudava. Tentei
desesperadamente não deixar minha mente vagar para um momento em que eu
o amei. Eu namorei vários homens ao longo dos anos, e eu nunca deixei chegar
mais longe do que alguns encontros. Eu não ficaria ligada a outro homem. Não
estava nas cartas para mim, e uma pequena parte de mim o odiava por isso
também. Eu sempre estive apaixonada pela ideia do amor, e a primeira vez que
eu o experimentei, me mostrou a realidade da fantasia que eu tinha em minha
cabeça.

Eu estava sozinha.

Meu irmão casou com Alex, e eles estão juntos há mais de dois anos. Eu
estava em êxtase por eles. As palavras não podem descrever o quanto eu ansiava
por uma relação como a deles. Levou um longo tempo para chegar ao lugar que
41
eles estavam agora. Alex sempre foi como uma irmã para mim, e agora era oficial
também. Eu nunca iria querer outro homem como eu quis Jacob. Eu não
permitiria isso. Claro, eu tive relações sexuais, mas eu também não dei
livremente. Eu nunca fui esse tipo de garota, e eu não começaria a ser uma
porque Jacob me machucou. Além disso, eu tinha uma gaveta cheia de
namorados fictícios que funcionam com bateria, e na maioria das vezes eles
terminavam o trabalho melhor do que esses carinhas poderiam realizar. Eu sofria
por Jacob da mesma maneira que eu sempre sofri, e eu ainda o odiava, e
esperava que essa emoção nunca fosse embora. Eu só tinha que ficar forte e
defender a minha posição.

No final do dia, ele ainda era o mesmo bom e velho menino que tinha me
fodido.

Fique firme, Kid, basta lembrar-se de que ele é um idiota. Mente superior
ao corpo.

Virei e revirei a noite inteira, acordando antes do meu alarme, que foi
definido para sete horas. Eu menti. Eu não tinha que estar em qualquer lugar. Eu
só não queria passar mais tempo com ele do que o necessário, por isso, peguei
meu violão e fui para o meu parque favorito na rua da minha casa. Eu me perdi na
minha música, deixando minha confusão expressar através das minhas letras e
cordas. Eram dez horas no momento em que voltei para minha casa.

Eu coloquei meu violão no sofá e entrei no quarto de hóspedes, a cama


estava feita, e parecia que ninguém esteve no quarto. Por um rápido segundo me
permiti ficar triste que ele não disse adeus para mim, embora eu rapidamente
varresse a emoção do meu coração. Eu escutei o meu iPod, que era a única
maneira de me proteger dos pensamentos e sentimentos que estavam se
formando. Eu me debati se deveria ou não lavar os lençóis, eu podia sentir o
cheiro dele em todos os lugares, o cheiro dele era tão sufocante como era
viciante. Fechei a porta e virei-me para entrar no meu banheiro para tomar
banho, precisando lavar os pensamentos persistentes e traidores sobre Jacob.

Abri a porta e gritei, colocando minha mão sobre meu coração, enquanto
a outra mão foi colocada firmemente na maçaneta da porta. Jacob, em toda sua

42
glória, estava de banho tomado segurando uma toalha. Meus olhos foram para o
único lugar que qualquer mulher que se preze iria.

Seu pênis.

Jesus.

Ele parecia melhor do que eu me lembrava.

Um V perfeitamente posicionado estava orgulhosamente entre os quadris,


que me fez querer inclinar para frente e segui-lo com a minha língua. Eu tinha
caído em seu corpo forte e firme na última noite, mas sentindo que não lhe fiz
justiça agora que eu podia ver a definição pronunciada dos seus impressionantes
gominhos. Seus braços eram maiores do que as minhas coxas, e ele nem tinha
feito flexão.

Eu. Parei. De. Respirar.

Quando meu olhar luxurioso finalmente encontrou o dele, eu observei o


mais arrogante sorriso estampado em seu rosto, e isso imediatamente lavou toda
luxuria que eu estava sentindo por ele naquele momento. Não importava que ele
estivesse plenamente consciente de que ele tinha um efeito sobre mim.

Foda-se ele.

Eu puxei meus fones. —O que você está fazendo aqui? —Eu perguntei,
fervendo.

—Exatamente o que parece. —Ele respondeu, começando a secar-se com


a toalha, sem preocupar-se em cobrir seu pau.

—Não brinca. Mas por que você está tomando banho aqui? Eu lhe disse
para sair antes que eu voltasse.

—Eu lhe pedi para ir tomar café da manhã comigo. —Ele simplesmente
declarou me irritando ainda mais.

—Eu não disse sim.

43
Ele sorriu, saindo do chuveiro ainda não se preocupando em se cobrir. —
Mas você não disse que não.

—Jacob...

—Lillian, apenas deixe-me alimentá-la, porra. —Ele discutiu com um tom


rouco, colocando sua calça de ontem à noite.

—Bem, se é isso o que vai tirar você da minha vida, então, que assim seja.
— Revirei os olhos e afastei-me, tomando a decisão de tomar um banho mais
tarde.

Dirigimos para o restaurante em silêncio. Levei-o para um dos meus


lugares favoritos. Se eu tivesse que sofrer com um café da manhã, então seria,
pelo menos, em um lugar que eu amava. A garçonete levou nossos pedidos,
enquanto eu tomava meu chá doce. Ele pediu metade do maldito menu, e eu
sabia por que ele fez isso, ele estava arranjando mais tempo comigo.

—Há quanto tempo você trabalha como a atração no bar? —Ele


perguntou, olhando para mim, exatamente com o mesmo desejo que ele tinha
em seus olhos na noite passada.

—Três anos. —Eu simplesmente declarei não querendo lhe dar mais
informação do que ele merecia.

Ele arregalou os olhos, e uma expressão de surpresa rapidamente caiu


sobre ele. —Você não quer fazer algo mais com a sua vida? Quero dizer, quanto
tempo você pode realmente trabalhar em um bar?

Levantei uma sobrancelha. Foi a minha vez de segurar a expressão de


surpresa, como tudo o que envolvia Jacob significava.

Eu sorri. —Bem, isso foi divertido. —Eu sarcasticamente afirmei. —Bom


recuperar o atraso com você. —Levantei-me e olhei para seu comportamento
confuso. —Não me ligue nunca.

Ele agarrou meu pulso antes de sequer a última palavra sair da minha
boca.

44
—Eu não quis dizer isso.

Eu suspirei, tentando intensamente ignorar como o simples toque de sua


mão ao redor do meu pulso fez meu corpo todo aquecer, e meu coração pulou
algumas batidas. Depois de todos esses anos, ele ainda tinha um efeito sobre
mim.

Eu ainda era dele.

—O que você quer, Jacob? Por que você está realmente aqui?

Ele se encolheu, foi rápido, mas eu vi. Ele soltou meu pulso enquanto
segurava a minha mão, me puxando de volta para o meu assento.

Ele falou com convicção: — Você, Lillian... Eu. Quero. Você.

45
Naquela época

Eu não tinha dormido por três fodidos dias.

Eu estava exausto mentalmente, fisicamente e, especialmente,


emocionalmente. Austin e Alex sofreram um acidente de carro. Deixe-me
reformular isso: Austin dirigia bêbado, correndo com um amigo pela floresta, e
bateu em uma árvore, porra. Ambos estavam em coma, Austin muito mais grave
do que Pinguinho. Eu queria torcer as mãos em torno da porra do seu pescoço,
mas não ajudaria a situação, nada mudaria o resultado de sua decisão. Foi o
suficiente para que Lucas não falasse com ele novamente. Dylan e eu tentamos o
nosso melhor para agir como se não estivéssemos lívidos, ou querendo matá-lo.
Se nós déssemos à Lucas mais munição, ele poderia puxar o fio do seu maldito
suporte de vida.

Todos nós voamos assim que recebemos os telefonemas de nossas mães.


Eu tinha sobrevivido com bebidas energéticas e café. Eu não acho que meu corpo
poderia ter tomado mais, precisando desesperadamente dormir um pouco, antes
de oficialmente desabar. Eu poderia, provavelmente, dormir por dias, e ainda não
me sentiria humano, mas eu sabia que não teria um sono tranquilo até que eles
acordassem.

Saí do quarto de Austin e entrei no de Alex. —Ei. —Sussurrei,


aproximando-me de Lucas que estava sentado na mesma cadeira no canto do
quarto, onde ele esteve nos últimos três dias. —Você viu Austin ultimamente?

—Ontem.

46
—Lucas...

—Não. — Ele interrompeu.

—Estamos todos chateados com ele, mas merdas acontecem. Ele nunca
colocaria a vida de Alex em perigo de propósito. Ele foi estúpido e irresponsável,
ele está pagando por isso agora. —Eu olhei para a cama de Alex, colocando a
melhor cara de pôquer que eu poderia usar com Lucas.

Isso era ruim.

Este foi o início de um longo caminho a seguir para todos nós.

E foi onde cada um de nós colocou nossos carros em diferentes caminhos,


que nos levariam à nossa própria morte.

Tudo começou aqui.

—E ela também. —Ele acrescentou, fazendo-me voltar para encará-lo.

Eu relutantemente concordei, e o segui com um profundo suspiro. Ele


estava certo, e isso era algo que eu não podia negar. —Você vai para casa dormir?
—Perguntei.

—Você vai? —Ele respondeu.

Eu balancei a cabeça novamente em entendimento, colocando minhas


mãos nos bolsos de brim, encostado na parede com um pé sobre o outro. Tentei
fechar meus olhos, mas era impossível, caralho, eu não conseguia dormir.

As mães de Lucas e Alex entraram com Lily ao seu lado; elas estiveram
aqui o tempo todo, apenas pausando na cafetaria aqui e ali. Não havia mais do
que alguns meses, desde a última vez em que vi todos eles. Eu sorri, lembrando-
me da última vez que vi Lily; ela estava assustada. Toda vez que eu a via, ela me
lembrava mais de Alex; eu achava que suas personalidades eram muito
semelhantes. Eu aprenderia mais tarde na vida, que eu não poderia estar mais
errado sobre isso.

—Ei, Kid. —Cumprimentei.


47
Ela colocou os braços em volta da minha cintura, enquanto eu a puxava
para o meu lado. Ela estava tão triste. Ela era uma criança de treze anos de idade,
e eu sabia que era assustador para ela, lidar com momentos de mudança de vida
como estes. Foda-se, eu tinha vinte anos e eu mal aguentava. Por alguma razão
eu tirei meu boné de baseball, e coloquei sobre a sua cabeça, ela estava sempre o
roubando de mim, e foi a primeira vez que eu realmente o coloquei nela.

Uma sensação de calma tomou conta dela quase imediatamente, fazendo-


me sentir melhor.

—Oi. —Ela suavemente falou com seu irmão.

Ele sorriu quando ela olhou para ele.

—Está tudo bem, Lucas? —Ela questionou, com preocupação evidente em


seu rosto.

—Já estive melhor.

Ela inclinou a cabeça com empatia. Lily era intuitiva, e se importava muito
com os outros, o que era uma bênção e uma maldição. A menina amava a todos.

—Lily está esgotada. Você pode levá-la para casa? — Sua mãe perguntou,
puxando todos nós para longe de nossos pensamentos. —Eu não posso deixar
Jana. —Ela sussurrou não querendo perturbá-la. Jana estava em seu próprio
mundinho, segurando a mão de Pinguinho.

Eu sempre soube que Lucas e Alex se amavam, todos nós sabíamos, mas
acho que eu estava ciente disso mais do que Dylan ou Austin, embora eu não
estivesse muito certo do porquê. Eu tentei de tudo para mantê-los separados,
mas naquele momento, eu não podia ser um babaca. Lucas estava sofrendo. Eu
não podia imaginar estar em seu lugar, se eu me sentia como se estivesse
morrendo... Ele deveria estar se sentindo como se já estivesse na sepultura.

Ele estava prestes a abrir a boca para dizer algo, mas eu o venci. —Vou
leva-la para casa. —Afirmei.

48
—Tem certeza? Robert está de plantão, e ele não vai deixar o hospital até
que algo aconteça com Austin ou Alex. Você se importa em ficar mais? Lily não
pode ficar...

—Mamãe. —Lily interrompeu, parecendo envergonhada.

Eu sorri novamente. Ela sempre teve esse efeito em mim. —Tudo bem,
Kid, é mais para meu benefício, eu não gosto de dormir numa casa sozinho.

Ela sorriu, eu podia dizer que ela sabia que eu menti, mas apreciou o
gesto, no entanto.

—Obrigada. —Sua mãe murmurou para mim.

Eu pisquei para ela quando Lily deu um abraço apertado em Lucas. Sua
mãe beijou o topo de sua cabeça, e então Lily colocou os braços em volta de mim
novamente, enquanto nós caminhávamos para fora da sala juntos.

—Você está com fome? —Perguntei olhando a hora, surpreso que fosse
22:15 hs.

Ela balançou a cabeça negativamente, mantendo seu olhar na janela do


lado do passageiro.

—Kid, deixe-me alimentá-la.

Ela apenas deu de ombros, o que era completamente diferente dela não
falar. Na maioria das vezes, você não poderia fazê-la ficar quieta.

Dirigi para o drive-thru do Dairy Queen, e pedi duas casquinhas de creme


com chocolate quente, amendoim, Oreos esmagados, e lascas de chocolate. Eu a
vi sorrindo com o canto do meu olho. Ela pegou o seu nevasca, e não precisei
dizer novamente para comer alguma coisa. Eu comi o meu enquanto dirigia, e ela
terminou o seu antes que eu chegasse na metade, olhando para o meu também.
Eu entreguei a ela.

Todos os Ryders amavam um doce.

49
Eu disse boa noite a Lily enquanto caminhávamos até as escadas, e fui
para o quarto de Lucas, para pegar um short de basquete e uma camiseta de sua
cômoda.

Houve uma batida suave na porta.

—Entre.

Lily entrou vestida para dormir, mais uma vez, parecendo triste e
chateada. —Será que você pode ficar comigo até eu dormir? Não são os caras
assustadores desta vez. Superei isso. É apenas que nas últimas noites, eu tenho
tido pesadelos com Austin e Alex. Minha mãe me contou o que aconteceu, e eu
continuo imaginando em meu sono.

—Oh, Kid... —Eu solidarizei.

Seus olhos lacrimejaram, e eu fui até ela em dois passos, passando os


braços em volta de seu minúsculo corpinho. —Eles vão ficar bem.

—Promete?

—Prometo. —Eu menti, sabendo que era provavelmente uma má ideia,


mas ela era uma criança, e não tinha necessidade de se preocupar com coisas de
adultos.

Segui-a para o quarto e sentei em sua cadeira de escritório. Não demorou


muito para que sua respiração me deixasse saber que ela estava dormindo,
silenciosamente desejando que pudesse ser tão fácil para mim. Eu fui para o
banheiro com o objetivo de ir direto para o armário de remédios, precisando de
algo para me ajudar a dormir. Eu encontrei alguns Nyquil 9, e levei comigo para o
quarto de Lucas. Eu tomei mais do que as sugeridas duas colheres de chá, só
porque eu precisava descansar um pouco. Eu não queria pensar sobre qualquer
outra coisa, eu não queria me preocupar com qualquer outra coisa, e eu tinha
certeza de que não queria imaginar qualquer outra coisa.

9
Remédio para gripe que contem anti-histamínicos sedativos, bem similar ao Naldecon.
50
Deitei-me na cama de Lucas e não demorou muito para um sono pesado
me arrastar também.

Engoli em seco e sentei na minha cama com o mesmo maldito pesadelo


que eu tinha tido nas últimas noites. Minha lâmpada estava acesa, e eu não dei
atenção quando saí da minha cama, e fui para o quarto de Lucas. Sempre
rastejava pra cama dele quando eu estava com medo.

Esse era o tipo de irmão incrível que ele era para mim.

Eu sentia falta dele. Eu sentia falta dos meus pais estarem aqui. Eu sentia
falta de Pinguinho e Austin. Eu queria que as coisas voltassem a ser como eram há
alguns dias. Rezei todas as noites e todas as manhãs para que eles ficassem bem,
para eles acordarem. Entrei em seu quarto, e foi então que me lembrei de que
Lucas não estava em casa comigo, Jacob estava. Mordi o lábio tentando decidir o
que fazer. Eu não queria voltar para o meu quarto e ficar sozinha. Jacob estava
desmaiado na cama de Lucas. Deitado de costas, com um braço atrás da cabeça e
outro no estômago, ele tinha o edredom puxado até o peito. Um frasco de Nyquil
estava na mesa de cabeceira, e eu me senti mal ao pensar em ter que acordá-lo
para perguntar-lhe se ele poderia ficar comigo de novo, já que ele parecia exausto
no caminho para a nossa casa.

Deslizei na cama, extremamente cuidadosa para não acordá-lo, deixando


muito espaço entre nós, como eu fazia com Lucas. Assim que eu estava ao lado
dele, eu me senti melhor.

Fechei os olhos e, pela primeira vez, em três noites...

Eu dormi sem nenhum pesadelo.

51
Fui a primeira a acordar na manhã seguinte, olhando pela janela, quase
não havia qualquer luz exterior. Eu estava prestes a limpar o sono dos meus olhos
quando eu percebi que estava segurando a mão de Jacob. Ele estava na mesma
posição que na noite passada e eu também, mas nossas mãos atraíram uma a
outra. Eu acho que nós dois estávamos exaustos. Eu não queria que ele pensasse
que eu era um bebê, incapaz de dormir sozinha, sendo esta a segunda vez em que
ele tinha que ficar comigo. Fui cuidadosamente para fora da cama e sai antes que
ele acordasse.

Trouxe a minha mão que ele tinha segurada para meu rosto.

Sorridente.

52
Dias Atuais

Eu estava trabalhando em turnos dobrados no bar pelos últimos dias,


mantendo minha mente ocupada e longe de Jacob. Eu não podia acreditar que
ele teve a audácia de me dizer que ele me queria. Claro que ele queria, para
começar, isso nunca foi o problema. Ele costumava me lembrar todo o maldito
tempo do quanto ele me queria, exceto que eu realmente não dei a mínima.

Minha tela do telefone celular iluminou com a foto de Alex. —Olá, sou eu.
—Respondi à minha saudação padrão para todos.

—Olá, é você! —Ela respondeu com a dela. —Então, quando você ia me


dizer que você saiu com Jacob?

—Como você sabe isso? —Eu rebati.

—É essa sua resposta?

—Eu não saí com ele. Eu nem mesmo gosto dele.

—Lily...

—O que? Estou falando sério. Eu não saí com ele, ele simplesmente
apareceu no bar algumas noites atrás. Então ele tramou para passar a noite na
minha casa.

—Você dormiu...

53
—Não! Seu carro foi rebocado porque ele é um idiota. Ele começou a me
enganar para eu levá-lo à minha casa, alegando que ele não sabia como encontrar
o hotel. Ele provavelmente estava mentindo. É no que ele é bom. Como você sabe
que eu o vi?

—Ele me disse. —Ela simplesmente declarou.

Mordi o lábio por curiosidade. Por que diabos ele disse a ela, mas eu não
perguntaria.

—Ele disse que ele teve que intervir entre você e uns caras.

Isso não quer dizer que a impediria de me dizer. —Será que Lucas...

—Claro que não. — Ela hesitou por alguns segundos. —Lily, por que você
não o ouviu?

—Você está falando sério? — Eu zombei surpresa. —Depois de tudo que


ele fez para mim? Você acha que eu o aceitaria de volta? Sinto muito, Pinguinho,
mas eu não sou você. —De forma maldosa, falei para a pessoa errada,
imediatamente lamentando a minha escolha de palavras. —Sinto muito, eu não
quis dizer isso. Eu te amo. Eu amo que você esteja casada com meu irmão, vocês
são lagostas. Eu amo que você é minha irmã.

—Eu sei. Você sempre fala antes de pensar, é uma característica Ryder.

Eu ri. Era isso.

—Você é assim, Lily, você tem sido desde que você podia falar. Eu sei que
Lucas me fez passar pelo inferno e voltar, mas eu nunca pensei que ele não me
amava. Nem uma única vez. Jacob ama...

—Jacob ama a si mesmo. Oh, e os bons e velhos meninos. Não eu,


Pinguinho. Nunca eu. Quando ele desistiu, ele tomou sua decisão. Eu não fiz isso
por ele. —Eu honestamente falei, sabendo no meu coração que eu estava certa.

—É uma situação difícil para qualquer um estar. Quero dizer, olhe como os
meninos me trataram, e eu não tenho seu sangue. Você sempre foi a irmãzinha
de Lucas, até mesmo para mim. Eles me viam como uma criança, e eu sou apenas
54
dois, três anos mais jovem do que eles. Você é sete, mas isso não tira o fato de
que ele a amava. Que ele ainda ama você.

—Ele não ama...

—Ele ama, Lily. —Ela fez uma pausa para deixar suas palavras assentarem.
—Ele ama.

—Então ele tinha uma maneira realmente estranha de demonstrar isso.

—Sim. Não estou desculpando seu comportamento. Ele estava errado,


mas ele fez isso porque ele te ama.

Eu balancei minha cabeça. —Eu não vejo isso dessa forma. Eu sei que ele é
seu melhor amigo...

—Você também. Eu acho que você deve isso a si mesma, e ouvi-lo. Isso é
tudo. Pode entrar por um ouvido e sair pelo outro, mas eu tenho que dizer a você.
Eu quero que você seja feliz.

—Eu estou feliz. Eu amo minha vida.

—Já passou alguns anos difíceis...

—Alex, eu não quero mais falar sobre isso. Ele está fora da minha vida, e é
onde ele vai permanecer. Fim da história.

Ela suspirou. —Bem, minha menstruação desceu essa manhã.

—Oh merda, sinto muito, Alex. — Eles estão tentando engravidar desde
que se casaram há dois anos.

—Está bem. É um Ryder, ele virá quando quiser.

Ela disse isso para mim mais do que qualquer coisa.

—Tenho que voltar ao trabalho. Até logo, ok?

—Amo você.

—Amo você também. Dê a Lucas um abraço e um beijo por mim.


55
—Sempre.

Eu desliguei. Meu protetor de tela imediatamente exibiu uma imagem de


uma lua cheia, a mesma que ainda assombrava os meus sonhos.

Jesus Cristo.

Você poderia facilmente entrar na casa dela, porra. Eu mal girei a trava e
entrei. Sua vizinha nem sequer me parou, e ela estava lá fora me olhando o
tempo todo.

Que tipo de bairro é esse?

Coloquei minhas ferramentas na mesa e fui para a cozinha. O café da


manhã não saiu conforme o planejado, ela praticamente correu porta afora
quando eu disse a ela que a queria. A merdinha estava sendo mais teimosa do
que o habitual, e eu nunca pensei que isso fosse possível. Eu não esperava que ela
me recebesse de braços abertos, mas parecia que eu tinha mais trabalho
esperando por mim. Se ela pensava que podia se livrar de mim tão facilmente, ela
teria uma surpresa desagradável.

Eu não ia a lugar nenhum, além de voltar para sua vida, onde eu pertencia.

Era por volta da meia-noite quando eu terminei de consertar as coisas na


casa de Lily. Agarrando uma cerveja gelada de sua geladeira, eu me senti em casa,
desde que ela não estaria aqui por horas. Eu ouvi a porta da frente abrir, mas isso
não foi o que me surpreendeu. O que me chocou foi que ela entrou segurando
uma arma em suas mãos.

Uma arma rosa brilhante.

56
—Que porra é essa, Kid? —Gritei.

Ela pulou, virando na direção da minha voz, sua arma agora apontada para
mim.

—Meu Deus! Eu poderia ter atirado em você, seu idiota! Que diabos você
está fazendo aqui? —Ela gritou.

—Coloque a arma para baixo. —Rugi com os dentes cerrados.

—Não até que me diga o que você está fazendo na minha casa sem ser
convidado!

Eu a alcancei em três passos, pegando a arma de suas mãos antes mesmo


que ela visse isso acontecer. —Que diabos você está fazendo com isso? —Eu
perguntei, colocando-a em sua mesa de café, e virando para encará-la mais uma
vez.

—Por que se carrega uma arma, Jacob? —Ela sarcasticamente afirmou


com raiva por eu ter sido capaz de desarmá-la sem qualquer esforço.

—Eu pensei que você fosse um ladrão. Minha porta estava destrancada.
Onde está seu carro?

—Então você entra, caralho? —Eu gritei para ela. —Eu poderia ser um
estuprador, porra, Lillian! Do que adiantaria seus 50 quilos?

—Eu atiraria nele! —Ela gritou com as mãos na frente dela. —Daí a porra
da arma!

Eu estava na frente dela em um segundo, lívido que ela entrou na casa


dela quando eu poderia ser qualquer um, furioso de que ela estava levantando a
porra da voz para mim, e duro como uma rocha porque ela teve a coragem de
realmente apontar uma arma para mim.

—Primeiro, tirar a trava de segurança da arma seria útil e, segundo,


cuidado com a boca, porra.

—Ah, vá para o inferno.


57
—Eu estive lá. — Segurei a parte de trás do pescoço dela e puxei-a em
direção à minha boca, enquanto suas pupilas dilatavam e sua respiração travava,
não dando a ela uma chance de pensar sobre isso.

Nem.

Por.

Uma.

Porra.

De.

Segundo.

—Pelos últimos três malditos anos.

Meus lábios estavam nos dela antes que ela tivesse a chance de piscar,
forte, exigente e urgente. Ela os aceitou com todo e cada empurrar e puxar que
eu lhe dei. Minhas mãos seguravam os lados de seu rosto enquanto minha língua
devorava seus lábios perfeitos e carnudos, mordendo o lábio inferior, exatamente
do jeito que eu fantasiava desde o primeiro momento em que a vi há poucos dias.
Sua língua macia, seu aroma de hortelã, pimenta e uísque, o gosto dela em volta
de mim, me fez gemer involuntariamente. A memória dela não se comparava a
isso.

A ela.

Ela agarrou com força a frente da minha camisa, me puxando para mais
perto dela, moldando-nos em uma só pessoa, e me beijando como se sua vida
dependesse disso. Ela gemeu em minha boca, fazendo meu pau contorcer. De
repente, ela me empurrou para longe dela, eu pensei que ela rasgaria as minhas
roupas, mas em vez disso ela...

Deu-me um tapa no rosto, porra.

58
Maldição.

Eu o empurrei tão forte quanto eu podia, sabendo que eu precisava de


uma grande força para movê-lo para longe de mim. O olhar arrogante em seu
rosto me fez reagir por puro impulso e adrenalina. Eu levantei minha mão para
trás tanto quanto possível, e dei-lhe um tapa no rosto tão forte quanto eu podia.
Sua cabeça foi para trás e voltou. A palma da minha mão queimou
instantaneamente com o impacto. Eu a sacudi, balançando a cabeça em desgosto,
não tendo certeza se era por ele ou por mim.

Ele se virou com a mão na bochecha. Eu já podia ver a marca vermelha no


rosto bonito. Satisfeita com o meu trabalho prático, eu maliciosamente sorri.

—Que diabos?! —Ele rugiu.

—Saia!

—Sem chance.

—Você arrombou e invadiu. Penso que sendo um advogado, você saberia


disso. Eu deveria chamar a polícia e prendê-lo.

—Tente. —Ele ameaçou.

—Apenas saia, Jacob, é no que você é bom. Eu não quero você aqui.

—Besteira.

Ele estava na minha frente novamente em um nano segundo, apoiando-


me contra a parede e me enjaulando com os seus braços. Seu rosto estava a
meros centímetros do meu, mas não me acovardei. Eu ergui meu queixo mais
para cima, encontrando seu olhar intenso e enlouquecido.

Eu não vacilei. —Eu não quero você. —Falei entre dentes, cada palavra
mais forte que a outra.

59
Ele inclinou a cabeça para o lado com uma sobrancelha levantada. —Você
está certa disso? —Ele moveu seu rosto um pouco mais perto, e apenas um
centímetro nos separava. Eu estava envolvida em nada além do domínio que ele
exibia sobre mim naquele minuto, e eu juro que ele podia sentir o cheiro da
minha excitação.

—Então... —Ele suavemente me beijou. —Se eu alcançar sua calcinha... —


Ele me beijou de novo. —Será que eu não vou encontrar... —Enquanto ele
continuava seu ataque aos meus lábios. —Você... —Deslizando a língua ao longo
dos meus lábios. —Molhada... —Me beijou novamente. —Para mim? —Ele disse
com voz rouca e áspera.

Meu corpo parecia ter incendiado. Não havia um centímetro meu que não
doía por ele, que não o queria. Eu queria seu toque agora, tanto quanto eu quis
naquela época, e ele sabia disso. Lambi meus lábios precisando da umidade para
aliviar a queimadura que ele deixou para trás. Seus olhos seguiram o gesto
simples da minha língua. Seu desejo me vencendo, mas seu amor me oprimindo...

Seu amor...

Porra.

Me. Consumindo.

—Eu. Odeio. Você. —Eu menti, vendo uma pitada de tristeza passar
rapidamente através de seus olhos.

—Não, você não me odeia. —Ele rosnou. —Você não me odeia, bebê. O
que você odeia é que você ainda me ama. —Ele se afastou da parede e deu um
passo para trás. —Isto não acabou. Está muito longe de acabar, Kid.

E com isso ele saiu.

Com exceção que, desta vez...

Eu sabia que ele estaria de volta.

60
Naquela época

—Mamãe! Estou entediada.

Era verão. Eu tinha quatorze anos, quase quinze, prestes a ir para o ensino
médio. Graças a Deus Austin e Alex estavam bem, e caminhando rápido para a
recuperação. Alex estava se mudando para a Califórnia para viver com Aubrey, o
que também significava que ela estaria mais próxima de Cole. Cole entrou em sua
vida há alguns anos atrás, e tudo que ele fez, foi causar problemas para ela e meu
irmão. Ele fingiu ser uma boa pessoa, mas no fundo eu sabia que ele não era.

—Querida, o que você está fazendo acordada? —Ela parecia tão cansada.
Ela parecia extremamente cansada ao longo das últimas semanas. Lucas tinha
voltado para casa, de repente, uma noite há algumas semanas. Ele disse que
sentia falta de nós, especialmente de mim, mas eu não caí nessa. Algo estava
acontecendo.

—Eu não sei. Eu não estou mais com sono.

—Bem, os meninos ainda estão dormindo. Eles chegaram em casa tarde


na noite passada.

—Todos eles estão aqui?

—O seu irmão, Dylan e Jacob. Dylan está no quarto de hóspedes, Jacob na


sala de estar no sofá.

Eu balancei a cabeça.

61
—Vou me deitar, querida, eu vou vê-la daqui a pouco. — Ela beijou minha
cabeça e saiu.

Fiz um sanduíche de manteiga de amendoim e geleia, certificando-me de


fazer um para Jacob, sabendo que ele estaria com fome quando acordasse. Ele
estava sempre com fome. Eu comi o meu primeiro, e depois trouxe o dele, junto
com um pouco de leite. Ele amava leite também. Eram quase dez horas, e ele
ainda estava dormindo. Ele nunca dormia até tarde, então eles deviam ter
chegado bem tarde.

Eu balancei a cabeça, colocando o copo e o prato na mesa de café. Ele


estava deitado de costas com um braço atrás da cabeça e o outro colocado sobre
o peito, um cobertor grosso em cima dele. Com um sorriso maroto, eu decidi que
o acordaria, e com isso quero dizer que, eu saltaria sobre ele e atacaria seu corpo.

Ele sacudiu a cabeça, acordando, fazendo-me rir com a expressão


engraçada de surpresa em seu rosto. —Hora de acordar! —Eu ri, fazendo cocegas
debaixo dos braços.

Ele grogue sorriu, tentando mover-me para longe, mesmo meio


adormecido.

—Vamos, eu fiz um pouco de comida! Você nunca diz não à comida! —Ele
ainda não me deu qualquer atenção, então eu decidi deitar em cima dele,
esperando que meu peso o fizesse acordar.

Eu posicionei meu corpo inteiro em cima dele, e foi só então que eu ouvi a
ordem. —Lillian, não.

Meus olhos arregalaram no exato momento em que os seus fecharam, o


rosto tomado de vergonha, assim como a minha boca se abriu, e eu congelei.

OH MEU DEUS, o que foi isso?

Isso acontece a todos eles? Toda manhã?

Eu nunca fui mais agradecida por ser uma menina.

62
Eu deveria ter me movido. Eu deveria ter saltado de cima de seu corpo. Eu
deveria ter dito que estava arrependida. Eu não fiz nenhuma dessas coisas. Eu só
fiquei ali congelada em cima dele, sem saber qual era a coisa certa ou errada a
fazer. Ele não disse ou fez nada também, eu acho que ele estava tão chocado
quanto eu.

—Jacob! —Dylan gritou da cozinha. —Acorde, seu fodido!

Nós dois saltamos, levando-me a voar de cima de seu corpo e cair no


braço do sofá. Olhei em todos os lugares ao redor da sala, exceto para ele.

—Estou acordado! —Ele gritou de volta, sentando na posição vertical e


puxando o cobertor em torno de sua virilha. Eu balancei a cabeça, mentalmente
castigando-me, porque eu tinha apenas olhado para entre suas pernas.

Que diabos havia de errado comigo?

Eu podia sentir meu rosto ficando vermelho escarlate. Ele inclinou-se para
frente agarrando seu boné de baseball, e colocou em cima da sua cabeça. Ele
normalmente usava-o para trás, mas ao invés disso, ele o colocou para frente, e
eu imediatamente me perguntei se ele estava tentando se esconder de mim. Ele
agarrou o leite da mesa de café, e bebeu metade em um gole. —Obrigado. —Ele
murmurou, colocando-o de volta na mesa.

Eu balancei a cabeça, porque eu não conseguia encontrar as palavras que


eu queria dizer. “Sinto muito por tocar a sua coisa”.

Mordi o lábio, desejando que meu violão estivesse comigo, pelo menos eu
poderia tocar uma música para evitar o constrangimento entre nós. A única vez
que eu decidi deixá-lo no meu quarto, sou punida por isso.

Ele se virou e olhou para mim com uma expressão que eu nunca tinha
visto antes.

—Kid...

—Sinto muito por ter tocado a sua coisa. —Deixei escapar, e ele
imediatamente irrompeu em gargalhadas.

63
Eu balancei a cabeça, sentindo-me estúpida. —Você sabe... a sua tralha, a
sua salsicha ... —Eu continuei, e sua cabeça caiu para trás, rindo muito mais forte
e mais alto.

—Seu amigo. Sinto muito por tocar o seu amigo.

Droga.

Essa Kid.

Em um minuto eu estou contemplando o que diabos eu vou dizer a ela


para explicar o que ela sentiu contra seu estômago, e no próximo ela está
jogando termos como sua coisa e seu amigo. Meu maldito estômago doía de
tanto rir, meus músculos apertaram.

—Está tudo bem. —Sorri, me recompondo.

—Eu me esqueci disso. Eu acho que não pensei que você teria um... Eu
quero dizer, você não... Você é um cara... Claro, você tem um... Não que eu esteja
pensando sobre isso... Na sua salsicha... É só... Eu não sabia que eles faziam isso...
É muito cedo... Você sabe... E você estava dormindo... Ele faz isso todas as
manhãs? Que tal se você... o esmagasse ou algo assim... —Ela divagava, ainda
sem levantar os olhos para mim. —Eu vou parar de falar agora.

—Lillian.

Ela espiou com os olhos semicerrados.

—Não se preocupe.

Ela mordeu o lábio. —OK.

64
—Obrigado pelo sanduíche e leite. Eu estava com fome.

Ela sorriu, a humilhação deixando seu rosto. —Você está sempre com
fome.

—Sou um menino em crescimento. —Eu pisquei, deixando seu sorriso


mais largo.

Dylan entrou dando-nos um olhar intenso que eu não pude identificar,


olhando de mim para ela e para mim de novo, balançando a cabeça.

Que diabos foi isso?

—Você está pronto? —Ele perguntou, sentando ao lado de Lily, sacudindo


seus cabelos.

—Onde está Lucas?

—Ele está fodido. Ele não vai a lugar nenhum. —Ele se virou para Lily com
um olhar compreensivo. —Onde está meu sanduíche e leite?

Ela encolheu os ombros, parecendo envergonhada.

—Ela gosta de mim mais do que de você. —Interrompi, tentando fazê-la


se sentir mais confortável.

Ele inclinou a cabeça para o lado querendo dizer algo, mas se segurou. Eu
arqueei uma sobrancelha com um olhar interrogativo, mas ele zombou,
levantando-se como se eu fosse um idiota, porque eu não sabia o que estava por
trás de sua aparência enigmática.

—Obrigado pelo café da manhã, Kid. —Eu estava de pé, puxando seu
cabelo enquanto me dirigia ao banheiro para me preparar para um dia de surf.

Os pais de Alex possuíam um restaurante na praia, onde passamos a maior


parte da nossa adolescência. Nós ainda deixamos nossas pranchas de surf no
escritório de trás, apesar de que não as usamos desde que nos mudamos para
Ohio. Quando estávamos em casa, nós pegávamos as ondas a cada chance que
tínhamos. Era como andar de bicicleta, você nunca esquece, mas sempre quer
65
fazer mais. Passamos a maior parte do dia na água, voltando apenas quando
estávamos com fome. Alex deixava o nosso almoço pronto como nos velhos
tempos.

—Boas ondas hoje? —Ela perguntou, trazendo a nossa comida.

—Pode apostar. —Dylan respondeu. —Quando você vai para Cali?

—Em poucas semanas. Aubrey está arrumando nosso apartamento agora.


Você sabe como ela é. Ela adora essas coisas. Tudo que eu preciso é de uma
cama. —Ela riu.

Ele baixou os olhos para sua comida sem perceber o triste sorriso de Alex
para ele. Aubrey terminou com Dylan há um ano, e, tanto quanto ele fingia que
não dava a mínima, todos nós sabíamos que ele dava. Três anos era muito tempo
para estar com alguém, e ela adorava o chão que ele pisava. Confie em mim, essa
era uma coisa difícil de fazer quando se tratava de Dylan, ele era... Bem, para
dizer o mínimo...

Ele era um idiota.

Controlador, dominante, bruto, franco, e essas eram as qualidades


agradáveis.

—Estou nervosa, apesar de tudo. Eu nunca estive longe de casa, e agora


eu estou me mudando para o outro lado do país.

—Por Cole? —Dylan perguntou do nada, fazendo-nos olhar para ele.

Ela imediatamente sacudiu a cabeça. —Não. Por mim.

—Pinguinho. —Anunciei, trazendo sua atenção de volta para mim. —Você


vai ficar bem. A Califórnia é bonita, é bom sair e tentar coisas novas. Você pode
aprender alguma coisa.

Ela assentiu, sorrindo casualmente.

—Mais ainda, nós vamos visitá-la tanto quanto nós pudermos, você sabe
disso. —Acrescentei tranquilizadoramente.
66
—É bom. — Ela deu mais uma olhada em Dylan e saiu. Alex era perceptiva,
fazendo-me pensar mais tarde, se ela tinha descoberto o que estava acontecendo
com Dylan. Será que ela esperava o que ele estava prestes a dizer para mim,
porque eu com certeza não.

—Qual diabos é o seu problema? O que está acontecendo com você? Você
está muito ríspido hoje. —Questionei Dylan, logo que ela estava fora de nossa
vista. —Estou preocupado com Pinguinho também, mas ela tem que crescer. Não
podemos mantê-la uma criança para sempre. Ela é adulta agora.

Ele deu de ombros. —Se eu fosse você, Jacob, eu estaria preocupado mais
consigo mesmo do que com qualquer outra pessoa.

Inclinei-me na mesa, estreitando os olhos para ele. —Se importa em


explicar?

—Você é um maldito ingênuo. É como Lucas e Alex também.

Eu levantei minhas sobrancelhas em surpresa. —Do que diabos você está


falando?

—Lily. Você sabe, Kid? Irmãzinha de Lucas? Sua irmã mais nova de
quatorze anos de idade? —Ele zombou, acentuando as últimas palavras. Eu sei
que você gosta delas pequenininhas, Jacob, mas você não acha que sete anos é
uma grande diferença de idade?

Eu ri. Eu precisava. —Você está de sacanagem comigo? Você não pode


estar falando sério. Ela é uma criança.

—Não brinca.

—Eu a vejo como...

—Você a vê como algo certo, eu apenas não tenho certeza do que é ainda.

Eu balancei a cabeça com os olhos arregalados. Completamente chocado


que estávamos tendo essa conversa. —Isso é uma piada, certo? Você está
curtindo comigo?

67
—Você sabe que isso é completamente diferente de Lucas e Alex. Sim...
Alex é como nossa irmãzinha, nos seguindo e tentando ser um dos meninos desde
que ela podia andar. Lucas não é bom o suficiente para ela, e ambos sabemos
disso, e é por isso que complicamos para eles várias vezes. Mas Lily, Lily é
irmãzinha de Lucas. Ela é o seu sangue. Eu garanto que ele vai enterrá-lo em uma
cova vivo, se você colocar um maldito dedo em sua irmã.

Fiquei ali sentado, desintegrado, tentando absorver tudo o que ele acabou
de dizer para mim, mas minha mente não podia processar, eu estava pasmo.

—Eu sinto que você já está me executando, Dylan, e eu nem sequer tive
um maldito julgamento. Tudo o que você está pensando, você precisa parar. Não
é desse jeito. É longe disso. É absolutamente estúpido que eu esteja sendo
acusado de algo sobre o qual você não poderia estar mais errado.

—Ouça, eu não estou dizendo que você está fazendo algo de errado, mas
deixá-la...

—Deixá-la? —Eu o interrompi, pego ainda mais desprevenido.

—Ah, vamos lá, Jacob. Você não é tão cego, porra. A menina está
apaixonada por você. Ela está apaixonada por você por tanto tempo quanto me
lembro.

—Um, ela tem catorze anos. Ela ainda não sabe o que é o amor. Merda, eu
tenho vinte e um, e eu nem sei o que diabos isso significa.

Ele suspirou. —Você sabe o que eu quero dizer.

—Obviamente que não.

—Tudo que estou dizendo é que ela gosta de você, ela tem uma queda
por você, chame do que quiser, mas tem sido assim desde... sempre. É mais do
que evidente. Lucas só tem a cabeça em Alex para notar. Você não acha que
Pinguinho sabe? Oh, confie em mim, ela está plenamente consciente. Mas ela é
uma menina, e para ela, provavelmente, parece romântico e tal. Jacob, você não
pode ficar sentado aí e seriamente me dizer que não notou isso?

68
—Eu... Eu quero dizer... Eu... —Murmurei.

—Uau. —Ele respondeu com incredulidade.

—Não é assim, pelo menos não para mim. Eu a amo como eu amo Alex. Eu
não... Eu não sei mais o que dizer a você. Eu não sei o que mais você espera que
eu diga.

Ele se levantou, pairando acima de mim. —Ela não vai ter quatorze anos
para sempre, Jacob. Mantenha o seu pau em suas calças. Eu não quero ter que te
dizer : eu avisei. Você me entendeu?

Eu balancei a cabeça ja que eu não conseguia encontrar as palavras para


descrever o que eu estava pensando. Considerando que eu não tinha ideia do que
levou a esta conversa em primeiro lugar. Meu relacionamento com Lily era o
mesmo desde que ela nasceu. Eu assisti suas fraldas serem trocadas, lhe ensinei a
andar de bicicleta sem rodinhas. Deus, eu era uma parte de sua vida, tanto
quanto Lucas era.

Todos nós. Nossos pais eram melhores amigos desde antes de nascermos.

Tentei comer a minha comida, mas meu apetite tinha desaparecido. Eu


não conseguia parar de pensar sobre o que ele falou , e passei o resto da noite e
os próximos dias quebrando a cabeça por uma resposta.

Não seria até alguns anos mais tarde, que eu perceberia que não devia ter
levado o aviso do Dylan de forma tão leviana.

69
Dias Atuais

Saí do chuveiro envolvendo a toalha em volta do meu corpo, e a


segurando enquanto eu andava até minha porta da frente.

—Maverick! —Eu gritei, abrindo a porta. —Jesus Cristo! O que você está
fazendo aqui? Você é como um gato de rua que não vai embora.

Jacob me olhou com um brilho passando do meu rosto ao meu corpo, e


de volta novamente, deixando um rastro de saudade. O ardor em seus olhos
imediatamente fez a minha pele doer.

E então ele estragou tudo falando.

—É assim que você atende a porta?

—Claro que não. Eu não teria aberto a porta se eu soubesse que você
estava em pé atrás dela.

—Quem diabos é Maverick, Lillian?

Eu ri. —O único homem na minha vida. O único homem que eu preciso.


Ele é tudo que eu sempre quis.

—Kid... —Ele avisou com certo tom. —Estou farto de jogar com você.
Quem. É. Esse. Porra. De. Maverick?

Eu sorri e encolhi os ombros. —Por que você não o chama e descobre?

70
Ele olhou para fora, no quintal, com os punhos cerrados ao seu lado e
passou por mim, invadindo minha sala de estar. —Maverick! Traga sua bunda
aqui, seu maldito maricas! —Ele gritou.

—Interessante escolha de palavras. —Eu disse, dando-lhe um sorriso


diabólico.

E então, Maverick ouviu seu nome e veio correndo em direção a ele,


esfregando seu corpo contra as suas pernas, ronronando.

Traidor.

Ele olhou para o chão por alguns segundos, sorrindo e balançando a


cabeça. —Você, seu merdinha, o nome do seu gato é Maverick. Você mentiu para
mim. —Ele disse, olhando para mim.

—Eu aprendi com o melhor. —Respondi, fechando a porta. —Você não


percebe que não é querido?

Maverick miou e correu por entre as minhas pernas em direção à sua


tigela de comida.

Explorador. Homem típico.

—Mais uma vez você está na minha casa sem ser convidado! Isto é como
mau déjà vu. Vou chamar Dylan para que ele possa prender sua bunda gorda!

Ele encostou-se à parede, uma perna sobre a outra, com seus braços
musculosos sobre o peito sólido. Mais uma vez me devorando com os olhos.

Desgraçado.

Ele parecia sexy como pecado, e isso é exatamente o que ele era...

Meu próprio inferno pessoal.

—Você precisa ir. —Eu pedi, minha determinação quebrando quanto mais
eu o deixava entrar com cada centímetro sexy.

71
Ele sorriu, um olhar malicioso substituindo rapidamente o terno, como se
pudesse ler meus pensamentos. Engoli a saliva que, de repente, juntou-se na
minha boca. Minha pele estava sentindo um rubor, e ele não estava sequer me
tocando. Ele se afastou da parede e, por um segundo, eu pensei que ele viria em
minha direção, mas ao invés disso, ele foi para a minha cozinha. Abriu a geladeira
e pegou uma cerveja gelada.

Inacreditável.

Ele torceu a tampa e colocou-a no meu balcão, sem se preocupar em jogar


fora. Ele tomou alguns goles da garrafa e, em seguida, deu um gemido profundo e
exagerado de dentro de seu peito. Normalmente, esse cenário teria me excitado.
Ele parecia bem na minha cozinha. Minha casa era pequena, mas Jacob fez com
que parecesse muito menor. Ele parecia enorme no meu pequeno espaço.

—Já que você está se sentindo em casa, você se importaria de me dizer a


razão para esta surpresa desagradável?

A intensidade que irradiava de seu comportamento me deixou com os


joelhos bambos, e eu achei difícil respirar. Ele lentamente lambeu os lábios com
seu olhar predador, enquanto me olhava de cima a baixo, e eu sabia o que
passava pela sua mente. Eu deveria ter me trocado, eu deveria ter saído, mas
meus pés estavam colados ao chão. Eu não conseguia movê-los, mesmo se eu
quisesse. E a parte triste era que...

Eu não queria.

Eu fiz a única coisa que podia. Lembrei-me de quem ele era, e o que ele
fez comigo. —Humm, eu acho que esses dias você está me usando pela bebida?

—Eu nunca usei você, Lillian. —Ele simplesmente declarou. As palavras


deslizando por seus lábios sem esforço.

—Então, o que, Jacob? O que você fez?

—Eu te amei. —Ele fez uma pausa para deixar o significado de suas
palavras afundarem. —Eu te amo.

72
Eu queria acreditar nele. Juro que queria, mas eu não podia. Eu não iria
por esse caminho novamente.

Eu não sobreviveria.

—Eu te odeio. Eu te odeio pra caralho. —Argumentei, meus olhos


lacrimejando, mas eu pisquei.

—Não. Você não odeia. —Ele confiantemente persuadiu, dando um passo


em minha direção, mas desta vez eu não me afastei. —Você me amou sua vida
inteira. Estou na sua pele. Eu estou em seu sangue. Eu estou em seu coração. —
Antes que eu percebesse, ele estava na minha frente, tirando o meu cabelo do
meu rosto, deslizando os nós dos dedos contra a minha bochecha, e enxugando
minhas lágrimas. Foi só então que eu percebi que estava chorando.

—Sou uma parte de você, bebê, e eu não vou a lugar nenhum.

Fechei os olhos e permiti-me inclinar em seu abraço.

Em seu conforto.

Em seu toque.

Em suas palavras.

—Eu prometo. —Ele sussurrou.

Suas palavras me fizeram sentir como se um balde de água fria tivesse


caído na minha pele escaldante, e eu imediatamente abri os olhos, afastando-me
dele. Não era o suficiente. Nada jamais foi. Eu precisava colocar um mundo de
distância entre nós.

—Você é um mentiroso. Isso é tudo que você faz. Isso é tudo o que você já
fez. Ações, Jacob, ações sempre falam mais alto que palavras.

—Estou fodido. Você acha que eu não sei disso? Eu pareço feliz para você,
bebê?

73
—Pare de me chamar assim. Eu não sou seu bebê! Eu não sou nada sua!
—Eu gritei para ele, limpando o resto das minhas lágrimas.

—É aí que você se engana. Você é meu tudo.

—Saia. —Rangi os dentes cerrados.

—Porra, pare de dizer isso. Eu estou aqui, Lillian. Estou bem aqui, porra.

—Sim, você está, por quanto tempo? Você está sempre aqui quando é
conveniente para você. E daí? Você vai estar aqui por algumas semanas? Por
alguns meses? Até que eu esteja ligada a você de novo? Até que eu esteja
apaixonada por você de novo? E depois? Humm? Onde mesmo você vai viver?
Por que eu sei que não é aqui. Então me diga... quanto tempo até você me deixar
de novo? Nós tivemos essa dança antes, Jacob. Eu a tenho memorizada. Eu sei
que você sabe, você me ensinou isso. —Rosnei furiosamente.

Ele se afastou, a dor evidente por todo o rosto bonito. Matou-me vê-lo
ferido, mesmo que eu propositadamente o infligi. Eu odiava machucá-lo. Eu não
era esse tipo de pessoa, e eu o odiava um pouco mais porque ele estava me
transformando em uma.

—Agora saia.

E para minha surpresa... Ele saiu.

74
Eu saí.

Custou tudo dentro de mim para sair, mas eu saí. Eu fiz isso por ela.
Exatamente da mesma maneira que eu tinha feito três anos atrás. Eu pensei que
estivesse conseguindo chegar até ela, eu podia ver isso em seus olhos. Eu estava
finalmente rompendo o muro espesso que ela construiu por minha causa, mas eu
não chegaria a lugar nenhum com ela esta noite. Eu prometi-lhe uma quantidade
infinita de coisas, e no segundo em que saiu da minha boca, eu sabia que
estraguei tudo.

Sentei-me no meu carro por não sei quanto tempo, olhando sem rumo
para suas cortinas fechadas.

Esperando.

Meu telefone tocou me levando para longe dos meus pensamentos. —


Sim? —Eu atendi sem verificar quem era.

—Ei. —Alex saudou. —Noite ruim?

—Pode-se dizer que sim.

—Lily?

—Pode-se dizer isso também. —Joguei minha cabeça contra o encosto de


cabeça. —Estou lutando contra uma batalha perdida, Pinguinho? Será que ela
realmente me odeia?

—Odiar é uma palavra muito forte. Lily não poderia odiar ninguém. Você a
machucou, Jacob. Muito.

—Como Lucas machucou você?

—Comparável.

—Estou fodido.
75
Ela riu. —Mas ei... Eu estou casada com ele agora. Tudo é possível, Jacob.

—Quão ruim, Alex? —Eu perguntei, precisando saber.

—Não importa. Está no passado.

—Quão ruim?

Ela suspirou. —Qual vez?

—Jesus... —Eu esfreguei minha testa.

—Lily é resiliente10. Ela é forte. Ela é como seu irmão. É um traço Ryder.

—Eu fiz isso por ela. Você tem que acreditar em mim. Eu fiz isso por ela.
Eu era uma bagunça, Alex. Se eu tivesse ficado, eu teria nos destruído. —
Murmurei.

—Sinto muito, Jacob, mas ela não vê assim. Eu entendo, porque eu estava
em uma situação semelhante à como você estava. Ela não vai entender isso,
apesar de tudo. Você a traiu quando tudo que ela queria era você, desde que me
lembro. Você sabe que ela teria desistido de tudo por você. Além disso, você não
tem sido completamente honesto com ela. Ela poderia ser mais compreensiva se
ela soubesse de tudo.

Bati minha cabeça contra o encosto de cabeça do carro, mas tudo o que
eu queria fazer era ferir alguém.

Principalmente a mim.

—O que eu faço, Pinguinho? Ela não acredita em mim. Não importa o que
eu diga, ela acha que eu estou mentindo. Juro por Deus que não estou mentindo.
Eu a amo. Eu a amo como nunca amei ninguém antes. Ela é tudo que eu quero.
Ela é tudo que eu sempre quis.

10
A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de
situações adversas - choque, estresse etc
76
Ela fungou. —Você está pregando para o coro errado, Jacob. Palavras são
apenas palavras, você tem que provar a ela.

—Como?

—Ações, Jacob, ações sempre falam mais alto que palavras.

Naquele exato momento, eu vi seus dedos delicados espreitarem através


das cortinas. Sorri quando vi seus olhos. Nossos olhos encontraram-se na
distância, marcando minha alma a fogo.

—Feito. —Afirmei.

Ela.

Era.

Minha.

77
Naquela época

Câncer.

Encontrou um caroço no peito...

Biópsia feita...

Estágio três...

Câncer de mama…

As palavras. As frases. O significado.

Todas misturadas. Não importava a forma com eu tentasse dizer ou


compreender, o resultado final ainda era o mesmo.

Ela poderia morrer.

Exatamente como minha avó, que morreu quando eu tinha apenas sete
anos. Eu quase não me lembrava dela, o que eu lembrava era a tristeza ao meu
redor.

O choro.

As orações.

O desespero.

As despedidas.

Porque isso está acontecendo?


78
Sentei-me na praia, meu violão em minhas mãos e, pela primeira vez, ele
não me deu qualquer conforto. O refúgio que procurei não estava à vista. Eu não
podia sequer mover os meus dedos. Quando finalmente o fiz, só saiu um ruído.
Não havia vida nas minhas letras, como não haveria vida em minha mãe. Não
havia lua esta noite, havia escuridão em torno de mim, como a tristeza que
refletia em minha alma.

—Todo mundo está procurando você. —Jacob sussurrou, sentando-se


perto de mim enquanto ele colocava seu boné na minha cabeça, só que desta vez,
eu não senti o seu amor.

Eu não senti nada.

—Minha mãe... minha mãe tem... —Eu não era capaz de dizer isso em voz
alta.

Tudo fazia sentido agora, a noite aleatória que Lucas voltou para casa. Seu
olhar tão cansado o tempo todo. Meu pai mal falava. Os meninos ficando perto
de Lucas. Todas as pistas estavam bem na minha frente, mas eu estava distraída.

— A Quanto tempo você sabe? —Encontrei-me perguntando.

—O suficiente.

—Ela já sabia por quatro meses, toda a minha família além de mim.

—Lily, eles não queriam preocupa-la.

—Porque eles pensam que eu sou uma criança.

—Não, porque ela é sua mãe.

—Eu vou me lembrar dela, certo? Eu tenho quinze. Eu tive muitos anos
com ela, uma abundância de memórias com ela. Elas não vão embora? Mesmo
que ela se vá, certo?

—Oh bebê. —Ele solidarizou.

79
Ele não me segurou. Ele não se atreveu a tocar-me. Ele sabia que se o
fizesse eu desmoronaria. Eu cairia bem diante de seus olhos. Cada centímetro de
mim teria ido.

—Ela vai ficar bem, ela é uma lutadora.

—Promete?

—Kid, eu não quero fazer promessas que não posso cumprir, mas eu
prometo isso, eu vou estar lá a cada passo do caminho. —Ele sinceramente
afirmou. —Bom ou ruim, eu estou aqui para você.

Eu balancei a cabeça, sem entender, olhando para a água, observando a


lua cheia refletir nela. —Você acredita em céu?

—Claro.

—Você acredita em inferno?

—Kid…

—Eu nunca acreditei no inferno. Por que alguém acreditaria em algo tão
mal? Algo tão ruim? —Lágrimas deslizaram pelo meu rosto. —Inferno é na Terra,
Jacob. É aqui, conosco.

Ele não disse nada.

Ele não precisava.

Ele sabia que eu estava certa.

—Você não pode pensar assim. Você tem que ficar forte. Eu sei que é
difícil. Eu amo a sua mãe também, ela é como uma segunda mãe para mim. Eu
não sei o que dizer para tornar isso melhor para você. Eu gostaria de poder tirar a
sua dor, Lily. Eu sinto muito que isso esteja acontecendo.

—Você sabe que eu gritei com Lucas? Nós entramos em uma briga
enorme. Eu gritei com ele. Nós nunca brigamos antes. Eu fiz o meu irmão se sentir
mal por ele não me dizer. Eu lhe disse que nunca o perdoaria por isso. Ele está

80
sofrendo tanto quanto eu estou, e eu adicionei mais ao que ele já está sentindo.
Ele sempre foi incrível comigo, e eu o feri.

—Ele sabe que você não quis dizer isso. Ele sabe que você está chateada.
Você só fere as pessoas que você ama, Kid.

Eu saberia em breve quão verdadeira era sua declaração.

—Eu me lembro de todos voltando para nossa casa depois do funeral da


minha avó. Lembro-me de toda a comida que trouxeram. Lembro-me que minha
mãe não me deixou comer mais do que alguns doces, porque ela não queria que
o meu estômago embrulhasse. Lembro-me de estar muito triste, sair para a nossa
varanda de trás, e sentar-me no balanço. Eu nem sequer o ouvi chegar, eu só
lembro-me de um prato com cada doce conhecido pelo homem, sendo colocado
na minha frente e, olhando para cima, encontrei você lá. E, pela primeira vez,
naquele dia, eu sorri.

Eu podia senti-lo olhando para meu rosto.

—Você se lembra disso?

Ele agarrou minha mão, parecendo tão devastado quanto eu.

—Ela vai morrer, Jacob, eu sinto isso. Eu sei no meu coração que ela vai
morrer. —Chorei.

—Lily... —Sua voz estava rasgada.

—Eu sei que eu não deveria pensar assim, mas eu não posso evitar. Eu só
sei, e eu não quero saber... —Eu soluçava, mal sendo capaz de vê-lo através das
minhas lágrimas. —Eu não quero que ela morra... eu não quero que ela morra...
eu não quero que ela morra... Jacob...

Ele imediatamente puxou-me em seus braços, meu rosto enfiado na curva


de seu pescoço. Eu desabei. Eu chorei tanto que meu corpo tremia. Eu não podia
controlar o tsunami de emoções e sentimentos que percorriam meu corpo. Ele
me segurou tão forte quanto podia, como se eu fosse quebrar, e ele estava
tentando me manter sã.

81
Naquele momento, eu precisava que ele me abraçasse.

—Faça isso ir embora.. —Murmurei alto o suficiente para ele ouvir.

—O que? O que posso fazer? —Ele perguntou. Puro pânico e dor em sua
voz enquanto ele se afastava de mim, olhando profundamente em meus olhos.

—Apenas faça tudo ir embora...

Suas sobrancelhas baixaram, e ele suspirou em derrota enquanto lenta e


cautelosamente, acarinhou meu rosto com as pontas dos dedos, e depois com a
palma da sua mão.

—Eu sinto que estou morrendo, Jacob, eu sinto que estou morrendo,
porra.

Ele franziu a testa e inclinou-se, beijando todas as minhas lágrimas, cada


uma delas. Tentei controlar minha respiração, mas não teve como. Com as mãos
ainda nos lados do meu rosto, ele sussurrou. —Shhh... —Uma e outra vez contra a
minha pele.

Respirei profundamente, e ele nunca parou de acariciar meu rosto com as


mãos e dar beijos nele. Foi um gesto tão inocente, mas quando eu lentamente
virei o rosto para dizer alguma coisa, qualquer coisa, seus lábios estavam a
centímetros dos meus.

—Shhh... —Ele murmurou mais uma vez, sentindo sua respiração contra
meus lábios.

Antes que eu soubesse, nossas bocas estavam pressionadas uma na outra.


Seus lábios estavam úmidos das minhas lágrimas, ou talvez fossem suas, mas a
única coisa que eu sabia ser verdade, naquele momento, naquela hora, naquele
segundo...

Eu precisava dele.

Eu precisava de tudo dele.

82
Ficamos assim pelo que pareceu uma eternidade, embora na realidade
fossem apenas alguns segundos? Ou talvez minutos?

Quem diabos se importa?

A súbita vontade de sentir mais, querer mais...

Fez-me abrir minha boca.

Vou para o inferno.

Eu não sei como fomos de um ponto a outro. Num segundo ela era forte
como uma parede de tijolos, e no outro, ela estava gritando em meus braços, me
dizendo para fazer isso ir embora. Eu queria confortá-la. Eu precisava fazê-la
sentir outra coisa além do desespero que a consumia. Ela estava partindo meu
maldito coração, e foi minha vez de ter dificuldade para respirar. Eu nunca
imaginei que pudesse haver uma dor assim. Por alguma razão, eu sempre me
senti emocionalmente conectado à Lily. Eu sempre me senti protetor com ela,
unido mesmo.

Quando eu a puxei em meus braços, eu queria tirar sua dor. Eu queria


fazê-la se sentir segura. Tranquilizá-la de que tudo ficaria bem, mesmo que eu
não soubesse se ficaria. Eu não me importava se eu tivesse que mentir para
acalmar o desespero que ela estava sentindo, mas quando eu abri minha boca
para dizer as coisas que eu estava pensando...

Eu não pude.

Eu não podia mentir para ela. Eu nunca quis mentir para ela. Não se
tratava de algo que eu tivesse controle. Então eu fiz a única coisa que podia, eu a

83
segurei, beijei as lágrimas, a fiz sentir como se ela fosse amada,
desesperadamente querendo estar lá para ela. De qualquer maneira que pudesse.

Quando senti sua respiração contra os meus lábios, eu nunca imaginei que
eles encontrariam o caminho dos meus. Como uma maldita atração magnética,
que nenhum de nós podia controlar.

Meu corpo transformou-se em chumbo. Eu não podia mover um músculo.

Nem minhas mãos, que ainda estavam nas laterais do seu rosto, e nem
meus olhos que ainda estavam fechados, e especialmente, nem os meus lábios,
que ainda estavam pressionados contra os dela. Eu não pensei, o que foi
interessante, desde que minha mente parecia estar competindo com nada além
de memórias dela. No segundo em que eu senti sua boca abrir, deixei-me levar.
Eu segui o movimento de seus lábios, mas no segundo em que eu senti a sua
língua tocar a minha, eu me afastei. Eu precisava.

Foi instintivo.

Foi errado.

Ela tinha quinze malditos anos de idade.

Então por que parecia...

Tão. Certo. Porra.

Isto é tão errado. Vou para o inferno. Merda.

Ela viu o pânico e tumulto nos meus olhos, e eu imediatamente me senti


mal. Isto não era sobre mim, era sobre ela e sua mãe.

—Eu sinto muito. Eu não deveria ter feito isso. —Ela pediu desculpas nem
um pouco arrependida.

—Lily... Eu... Nós... —Murmurei não sendo capaz de encontrar as palavras


para dizer a ela que isso não poderia acontecer, que não deveria ter acontecido,
que era um erro.

84
—Eu não vou dizer uma palavra. Será nosso pequeno segredo.

E, ouvi-la dizer essas quatro palavras, apenas confirmou o quão errado


isso realmente era, porra. Imediatamente me levantei sentindo-me sujo e com
vergonha. Ela olhou para mim com os olhos semicerrados com preocupação e
tristeza, tudo embrulhado em um só.

—Jacob, por favor, não fuja de mim. Desculpe-me, por favor, não vá.

Eu dei um passo para longe dela, precisando colocar mais distância entre
nós.

—Lily, eu sinto muito. Eu estou tão arrependido. —Eu balancei a cabeça, a


culpa me consumindo de forma que eu achava não ser possível.

Mais lágrimas deslizaram pelo seu rosto bonito, e eu não aguentava mais.

Eu me virei…

E saí.

85
Dias Atuais

—Lillian Ryder? —Um jovem rapaz chamou no bar.

Todos os membros da equipe viraram para olhar para mim, e ele seguiu
seus olhares, andando em minha direção. —São para você.

—Humm... Eu acho que você está errado.

—Lillian Ryder, certo?

Eu balancei a cabeça, confusa.

—Então estas são definitivamente para você. —Ele colocou um vaso de


vidro cheio de hortênsias brancas, as minhas favoritas, no bar. Outro tipo de flor
estava misturado entre elas. — Por favor, assine aqui.

—Com quem você transou para ganhar isso, buceta maravilha? —Tracey,
a atendente, perguntou quando o entregador foi embora.

Quebrei a cabeça por alguns segundos. —Eu não tive relações sexuais com
ninguém em meses. Eu honestamente não sei quem enviou isso.

Ela encolheu os ombros. —Ahhh, quem diabos envia plantas de qualquer


maneira? Onde estão as rosas?

—Eu odeio rosas.

—Você odeia?

86
Eu balancei a cabeça novamente. —Sim.

—Por quê?

—Elas morrem muito rápido. As plantas podem durar para sempre. —


Meus olhos arregalaram, e minha boca caiu. Havia apenas uma pessoa que sabia
disso.

Ele não faria isso. Faria?

Peguei o envelope e tirei o cartão.

Sem mais segredos. Eu te amo.

Sua lagosta.

Mordi o lábio enquanto respirava fundo, tentando fingir que o cartão não
significava nada para mim, como se não me afetasse.

—Não me esqueça.

—Hã? —Eu olhei para ela ainda mais perplexa.

—As outras flores, elas são não me esqueça. Uma espécie de miosótis.

—Como na terra você sabe disso?

—Estou cheia de informações inúteis, é coisa minha.

Meu celular apitou com uma mensagem de texto, e eu não podia ser mais
grata pela pequena distração. Eu abri a tela sem me preocupar em verificar quem
era o remetente.

Não houve um dia nos últimos três anos, que você não foi meu
primeiro e último pensamento.

Eu sorri.

Lily: Soa como um problema pessoal.

Eu podia imaginá-lo sorrindo e balançando a cabeça.


87
Jacob: Sua merdinha.

Lily: Eu vejo que você descobriu os floristas nos últimos três anos.
Elas são lindas.

Jacob: Isso é um obrigado?

Lily: Talvez.

Jacob: Isso é apenas o começo, bebê.

Olhei ao redor do bar, contemplando o que dizer em seguida.

Jacob: Esse lábio vai cair, Kid. Então o que eu vou beijar?

Lily: Minha bunda.

Eu ri. Eu não podia evitar.

Jacob: Eu tenho outros planos para a sua bunda, bebê.

Lily: Velho sujo.

Jacob: Cuidado.

Revirei os olhos.

Lily: Eu espero que isto não seja você tentando fazer valer seus
direitos sobre mim no meu local de trabalho, Jacob?

Jacob: Não há alegação quando você já pertence a mim, Kid.

Lily: Eu não pertenço a ninguém.

Jacob: Você. Pertence. A. Mim.

Eu podia muito bem ouvir o seu domínio e convicção sobre a mensagem


de texto, e isso não fez nada para o meu senso de determinação. Isso meio que
me excitou, e meio que me encheu o saco, eu só não sabia qual ganharia ainda.

Lily: Tchau, Jacob.


88
Coloquei meu celular no bolso de trás e voltei a trabalhar. No dia seguinte,
acordei de um intenso sonho com Jacob. Ele estava beijando todo o meu corpo,
acariciando e tocando-me da única maneira que podia. O único homem que me
fez sentir como se eu tivesse sido feita apenas para ele. Sempre conhecendo meu
corpo melhor do que eu. Nós não tivemos relações sexuais, mas isso não
importava, a fome por ele quando eu acordei na manhã seguinte, foi o suficiente
para me fazer imediatamente alcançar minha mesa de cabeceira. Minha mão não
sentiu nada, além do fundo da gaveta.

—Que diabos? —Sentei-me, virando para olhar para dentro. Ela estava
completamente vazia com uma única nota colocada bem no meio.

Eu conhecia essa caligrafia.

Se você quiser ver esses brinquedos novamente, você terá que ir a


um encontro comigo. Não posso garantir que eles ainda estarão em
condições de trabalho.

Especialmente o rosa brilhante, que parece com um coelho.

Sua lagosta.

—Você está brincando comigo? —Eu gritei para mim mesma, estendendo
a mão para o meu celular. Ele respondeu após um toque, como se estivesse
esperando pela minha chamada.

—Manhã molhada, bebê? —Ele respondeu com um tom arrogante.

—Pare de me chamar assim. —Eu gritei.

—Você sabe que eu poderia ajudá-la com o seu problema... tudo que você
tem a fazer é dizer: Por favor.

—Foda-se!

Ele riu. —Eu preferia fodê-la

—Jacob. —Eu avisei.

89
—Eu adoro quando você diz meu nome. —Ele falou em tom rouco, não
ajudando a minha situação atual.

—Dê-me. Eles. De. Volta. — Eu pedi com os dentes cerrados, perdendo a


paciência.

—Dar de volta?

—Você sabe o que.

—Na verdade, eu não sei, considerando que havia todo um arsenal lá. Os
únicos que restaram, são os que eu posso usar em você.

A possessividade na sua voz deixou o meu corpo em chamas.

—Ou... — Ele fez uma pausa. —Você pode usar o meu brinquedo. Se bem
me lembro, vocês costumavam ser bons amigos, talvez seja hora de você se
readaptar. —Ele acrescentou.

—Nós já passamos por isso, Jacob. Eu sou a única que o vê sempre indo
embora.

—A única razão pela qual eu a deixaria de novo, bebê, seria para levá-la
para outro quarto e fodê-la sem sentido.

Meus olhos arregalaram-se e minha garganta ficou seca.

—Eu quero você na minha boca, Lillian. Eu podia senti-la em meu sonho.
Eu acordei sabendo o que eu queria para o café da manhã. —Ele hesitou,
deixando suas palavras assentarem. —Eu quero você na minha cama, mas eu
preciso de você na minha vida.

—Jacob. —Eu praticamente ofegava, minha vontade de mantê-lo à


distância estava quebrando a cada momento.

—Você. Me. Deseja. —Ele disse em um tom lento, que estava pingando
sedução.

—Tente negar isso, bebê. Atreva-se. —Ele continuou.

90
—Você não joga justo.

—Não estou jogando.

—Jacob, eu quero dizer isso. Estou colocando a porra do meu pé no chão.


Devolva-me meus brinquedos. —Ordenei, completamente séria. Eu estava no
limite da minha paciência com ele.

Ele riu, um som rouco e gutural escapou de sua boca. —O seu pé não faz
muito barulho quando você pisa.

Fiz uma careta para o meu telefone, embora ele não pudesse me ver, e
desliguei. Ele imediatamente tocou novamente. Eu não tinha que saber quem era.

—O que? —Eu rugi no telefone.

—Não desligue novamente.

—O que você vai fazer? Colocar-me sobre o seu joelho e bater em mim?

—Você adoraria isso, não? Ficar sobre o meu joelho com sua doce vagina
a centímetros do meu pau.

Eu não conseguia encontrar palavras para responder, então eu não disse


nada. Tentei não fazer um som, mas a minha respiração irregular me entregou.

—Eu te amo, Lillian.

Isso fluiu de sua boca tão facilmente, como se ele tivesse dito isso para
mim todos os dias durante os últimos três anos. Como se não houvesse nenhuma
história entre nós, nenhum rancor que me fazia lamentar cada momento que eu o
deixei me tocar.

Todo momento que eu o deixei mentir para mim.

—Eu não posso...

—Não pode ou não vai? —Ele interrompeu. —Não pode ou não quer, Kid?
—Ele exigiu mais uma vez.

91
—Eu... eu não sei.

—Sim, você sabe.

—Eu gostaria que fosse assim tão fácil, Jacob. Eu gostaria de poder fechar
os olhos e fingir que nós não temos essa história entre nós.

—Bebê, nossa história é exatamente isso. É passado.

—Não. Não é. É cada vez que você olha para mim. Toda vez que você fala
comigo. Toda vez que você me toca. Está bem lá na minha frente, lembrando-me
que eu não era o suficiente para você ficar comigo.

Ele suspirou profundamente, a frustração evidente.

—Nada mudou. Lucas ainda é meu irmão. Ele ainda é seu melhor amigo.
Eu ainda sou a irmãzinha. Você ainda é sete anos mais velho que eu, só que eu
não sou mais uma criança.

—Lily...

—Eu tenho que ir. —Eu desliguei e coloquei meu telefone no modo
silencioso.

Fui trabalhar naquela noite esperando que isso tirasse a minha mente de
tudo o que tinha a ver com Jacob. Quanto mais eu falava com ele, mais difícil se
tornava resistir a ele. A ironia era que ele costumava dizer exatamente a mesma
coisa sobre mim. Eu não tinha ideia de como nós tínhamos chegado num círculo
completo. Ele tinha um efeito sobre mim como nenhum outro homem jamais
teve, ou até mesmo chegou perto de ter.

—Ei, Maverick. —Cumprimentei, entrando em minha casa e acendendo a


luz. —Meu Deus.

No canto da minha sala havia um enorme tanque de peixes. Eu coloquei


minhas chaves sobre a mesa de entrada, indo em direção a um aquário bonito e

92
requintado. Havia peixes anjos, espiga azul11, carpas, ídolo dos mouros 12, só para
citar alguns. Centenas deles nadavam ao redor. Saibro azul brilhante revestia todo
o fundo, pedra e coral de bolhas em todos os lugares, plantas tropicais espalhadas
ao redor, um castelo enorme de pedra estava na extremidade do tanque, com um
navio pirata no outro canto.

Era de tirar o fôlego.

Mas o que realmente derreteu meu coração foi as duas lagostas colocadas
no meio, suas garras interligadas. Eu balancei a cabeça agarrando meu telefone
do meu bolso de trás. Isso deve ter custado uma pequena fortuna.

Lily: Eu não posso acreditar que você fez isso. Como você o
colocou?

Jacob: Eu tenho os meus jeitos.

Lily: Eu não posso acreditar que você ainda se lembra.

Jacob: Eu me lembro de tudo, Lily.

Eu não quero falar sobre isso. Nós estávamos tendo um momento


agradável, e eu queria mantê-lo dessa forma.

Lily: Eu devo esperar um pônei amanhã? Eu sempre quis ter um.

Jacob: Por que você quer um pônei quando você tem um


garanhão? Você pode montar-me quando quiser.

Eu ri.

Lily: É lindo. Obrigada.

Jacob: Você é linda.

Eu sorri.

11
Dory de procurando Nemo.
12
Gil de procurando Nemo
93
Lily: Pega leve. Boa noite.

No dia seguinte, encontrei notas espalhadas ao redor da minha casa, no


meu carro e no trabalho. Eram todas com poemas de amor e citações de livros.
Na manhã seguinte, entrei na minha sala de estar para encontrar todos os filmes
que tínhamos visto juntos na minha mesa de café, incluindo Freddy versus Jason.
Isso foi além de como diabos ele estava entrando em minha casa sem eu notar.
Ele definitivamente extrapolou, e eu estaria mentindo se dissesse que não estava
funcionando. Então quinta-feira chegou, e eu encontrei um violão novo
refastelado no meu sofá, com partituras de todas as músicas favoritas de Jacob.

—Você está louco, porra? —Eu gritei para Jacob quando ele respondeu o
seu telefone celular.

—Um simples obrigado seria suficiente.

—Você está tentando comprar meu carinho?

—Depende. Está funcionando?

—Ah meu Deus, um Pro Balboa Fender, Jacob? Você está falando sério?
Este violão custa quase quatro mil dólares!

—Bebê, você vale a pena.

Meus olhos arregalaram. —Por quê?

—Por que não?

—Não. Não faça isso! Pare de responder às minhas perguntas com


perguntas.

—Só vamos esclarecer as coisas aqui, você está gritando comigo por
comprar-lhe presentes?

Eu balancei a cabeça, embora ele não pudesse me ver. —Não. Não torça
as coisas. Você não tem que gastar dinheiro comigo. Especialmente este tanto de
dinheiro.

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—Kid, eu tenho uma boa vida. Quem mais eu vou estragar senão você?

—Eu não quero.

—Eu não me lembro de pedir autorização.

—Arrr, você é tão frustrante.

—Só dizer quando e onde, e eu vou corrigir isso para você.

—Eu não posso aceitar esse violão, Jacob. —Eu disse, ignorando a
sugestão, e eu sabia que ele podia entender.

—Lillian, apenas deixe-me mimá-la, porra.

Eu desliguei. Era inútil tentar argumentar com ele, e eu estava além disso.
Deixei minha casa imediatamente, meus dedos contraindo para brincar com as
cordas do novo violão. As noites de quinta-feira eram normalmente a noite das
meninas na Bootleggers, mas esta noite teríamos um evento de caridade
chamado Guys and Dolls. Nós tínhamos poucas pessoas que se voluntariaram
para serem leiloadas para um encontro com o mais alto licitante do leilão. Nós
tínhamos promovido por algumas semanas, e agora a taxa de participação estava
acima das nossas expectativas. Foi a primeira vez que estávamos fazendo algo
parecido com isto, e eu congratulei-me com a distração. Toquei a minha última
sessão antes do meu intervalo, e fui para trás, roubando um cigarro do meu
colega de trabalho. Eu só fumava quando estava estressada ou sobrecarregada,
isso ajudava a me acalmar, e agora eu precisava tanto de um. Eu estava perdendo
a compostura, entre outras coisas.

Eu dei uma tragada antes de ele ser arrancado da minha mão, e eu fiquei
cara a cara com um puto…

Jacob.

95
Eu a vi largar o violão. Seu novo Fender estava longe de ser visto. Ela era
tão teimosa. Eu juro que ela era pior do que seu maldito irmão. Segui-a de volta
para terminar a nossa conversa de mais cedo, que estava longe de terminar, mas
quando a vi acender um cigarro, minha paciência para toda essa porra de situação
se esvaiu. Peguei o cigarro da sua boca muito mais forte do que eu pretendia, mas
enfureceu-me que ela fosse tão descuidada com sua saúde. Eu não sabia que ela
pegou esse hábito, e eu acho que me irritava mais do que qualquer coisa.

—Eu preciso lembrá-la sobre o histórico de câncer que você tem em sua
família, Lillian?

—Não, você não precisa, porque não sou sua responsabilidade! Eu não
sou uma criança! —Ela gritou, pegando-me desprevenido.

—Então pare de agir como uma, e veja o maldito tom quando você fala
comigo, porra.

Ela deu um passo em minha direção sem recuar, não que eu esperasse
que ela recuasse.

—Por que você está aqui? O que eu tenho que fazer para deixar claro,
Jacob? Nada vai acontecer entre nós. Nada. Você entende? Eu não quero você. Eu
não te amo. Esse navio zarpou e não vai voltar. Afundou como o Titanic no fundo
do oceano, porra!

Eu levantei uma sobrancelha e cruzei os braços sobre o peito, seu olhar


viajou do meu rosto para o meu corpo. —Você nunca foi uma boa mentirosa, Lily.
É hora de você parar de agir como se eu não te conhecesse.

Ela furiosamente balançou a cabeça. —Você não me conhece. Você nunca


conheceu.

96
Eu escolhi minhas palavras com cuidado, entrelaçando meu tom com
insolência, dirigida diretamente para ela. Dei um passo em direção a ela,
esperando que ela desse um passo atrás.

Ela não deu.

—Isso é certo? —Eu respondi com arrogância a centímetros de seus


lábios. —Eu não conheço você? Sério? Que parte eu não conheço? Talvez eu não
conheça a maneira como você move seu cabelo para cobrir o lado de seu rosto
quando está nervosa. Ou talvez eu não saiba como você morde seu lábio inferior
quando está tocando concentrada? Ou você quer dizer que eu não sei a maneira
como você pira se estiver muito escuro em uma sala, e você tiver que entrar? Ou
talvez eu não saiba que você rói suas unhas quando você pensa que ninguém está
olhando? Oh, espere, aqui está uma boa. Eu não sei que você está se tremendo
agora. Eu não sei que o seu coração está batendo a um milhão de quilômetros por
minuto, suas mãos estão úmidas, e você não pode engolir. Como existem
centenas de pensamentos passando por sua mente, mas o principal é que você
quer que me beijar. O quanto você quer que eu te foda. O quanto você quer que
eu reclame cada centímetro da porra do seu corpo perfeito.

Fiz uma pausa para deixar que as minhas palavras afundassem, e sua tez
corada atestou que tudo o que eu estava dizendo era verdade.

—Você está certa. Eu não conheço você. Eu não vejo seu sorriso lindo no
meu sono. Eu não conheço esse riso ridículo que você tem quando estou longe de
você. Não vejo esses olhos castanhos escuros cada vez que eu fecho os meus . —
Inclinei-me um pouco mais para que ela pudesse sentir a minha respiração contra
os lábios. —Eu quase acaricio meu pau com a memória de sua doce buceta
pulsando no meu pau, e o sabor do seu gozo escorrendo pelo meu queixo.

Sua respiração travou e os olhos dilataram; tudo que seria necessário para
que eu a beijasse e mordesse essa porra de lábio inferior que me deixava duro
apenas de olhar para ele.

Eu não o fiz.

Eu queria que ela...


97
Precisava que ela...

Viesse para mim.

—Tenho certeza de que eu a conheço. Eu sei exatamente quem você é.


Você é a menina que ainda dorme com o coala que eu ganhei para você na feira
do condado, há oito anos. A mesma menina que dorme de topless, mas mantém a
calcinha porque tem medo de que algo vá rastejar até suas partes femininas.
Certo?

Ela lambeu os lábios, tentando esconder o sorriso pela minha escolha de


palavras, desde que ela me disse isso uma vez.

—Mais alguma dúvida que posso esclarecer para você hoje, bebê?

Eu tirei seu cabelo de seu rosto, e o simples toque de sua bochecha contra
meus dedos, me restringiu do impulso de apoiá-la contra a parede, e lembrá-la a
quem ela realmente pertencia.

—Não sou mais aquela pessoa. —Ela sussurrou tão baixo, o rosto traindo
suas próprias palavras.

—Eu te amo. Você pode me deixar entrar de novo aqui? —Toquei seu
coração com a junta do dedo. —É onde pertenço.

Sua resolução estava quebrando, estava escrito por todo o rosto bonito.
Por isso, me abalou profundamente quando ela disse...

—Não.

98
Naquela época

Era o décimo sexto aniversário de Lily.

Eu realmente não a vi ou falei com ela, desde aquela noite na praia há


alguns meses. Toda vez que eu pensava sobre isso, meu pau ficava duro,
acrescentando apenas mais culpa ao que parecia me consumir. Eu fui a uma
quantidade infinita de encontros, na tentativa de tirá-la da minha mente. Nada
ajudou. Ainda era o seu rosto que eu via quando eu estava com as bolas
profundamente enfiadas em outras mulheres.

Mulheres sendo a palavra-chave.

Lily era uma criança.

Uma maldita adolescente.

Estávamos todos passando por problemas, especialmente Lucas e Alex,


mas acima de tudo, Austin. Parecia uma batalha sem fim com ele, uma que
qualquer um de nós não seria capaz de vencer. Acima de tudo, vencer a ele
mesmo. Quanto a Lucas... Bem, ele literalmente fez besteira. Ele seria pai de um
menino chamado Mason. Dylan, Austin, e eu fomos passar as férias de primavera
com Pinguinho pelas próximas semanas. Nenhum de nós falou sobre isso com
qualquer um deles, nós não precisávamos, com a dor visível no rosto de ambos.

Dylan estava ficando mais imbecil, se isso era mesmo possível. Ele tratava
as mulheres como capachos, e a pior parte, era que elas adoravam. Eu não podia
aguentá-lo. Eu sabia que seu comportamento idiota tinha a ver com Aubrey. Eu
99
com certeza não sabia o que a levou a romper com ele, mas foi o suficiente para
ter os dois mudando de uma maneira que eu nunca imaginei.

Guardei para mim meu próprio maldito problema. Parecia mais seguro
assim. Eu não conseguia parar de enviar mensagens para Lily naquela manhã, com
feliz aniversário. A merdinha nem sequer respondia. Lily me conhecia tão bem
quanto eu, e ela sabia que eu odiava o tratamento do silêncio. Era muito pior do
que me ignorar ou me desprezar.

Eu não pensava em ir à cidade.

Eu fiquei longe de Oak Island porque me permitiria ficar longe dela. Sua
falta de resposta me levaria à Carolina do Norte. Um pouco depois das dez horas,
peguei o meu telefone quando me aproximei da saída para Oak Island. Tentei
novamente.

Jacob: Onde você está?

Não foi até que eu entrei na garagem do meu pai que meu telefone apitou
com uma resposta.

Lily: O que é isso para você?

Eu ri. Eu não podia evitar.

Jacob: Estou de volta à cidade, Kid.

Lily: Bom para você.

Eu ri, mais alto ainda.

Jacob: Onde você está?

Lily: Fora.

Jacob: Onde. Lillian?

Lily: The Cove.

Jacob: Como diabos você chegou aí?

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Lily: É chamado o poder das tetas, Jacob.

Eu zombei, tentando bloquear a imagem de seus seios oferecidos na tela.


Eu coloquei meu jipe em marcha ré, e joguei meu telefone no banco do
passageiro, sem me preocupar em ler a sua próxima mensagem. Custou cada
grama de autocontrole para não esmurrar o segurança na cara por deixá-la entrar
em um clube para maiores de vinte e um anos. O lugar estava lotado quando eu
entrei, eu não podia mover um pé na minha frente sem acertar algum bêbado
idiota.

Eu odiava clubes.

O cheiro, o povo, o suor, tudo isso me enojava. O desespero que podia


sentir quando você entrava, a porra de meninas sacanas em todos os lugares, e os
homens com tesão as seguindo de perto. Tudo o que eu desprezava, e sabendo
que Lily estava entre eles, fez o meu sangue ferver e meu temperamento
inflamar. Ela nem imaginava o que viria à ela. Eu era uma bomba-relógio
tiquetaqueando prestes a explodir, o tempo que levaria para encontrá-la. Passei
pela multidão; não havia sinal dela. Eu me sentia como um homem indo para sua
execução, não importa o caminho que eu escolhi, queimaria na fogueira. Não
havia resposta certa ou errada.

Nenhuma.

Foi quando eu a vi que soube que...

Eu ia para a porra do inferno.

Cruzei a pista de dança, afastando traseiros e empurrando as pessoas para


fora do caminho. Derrubei quem estava no meu caminho da destruição,
precisando chegar até ela o mais rápido que pudesse. Ela estava dançando no
colo de um cara, balançando seu minúsculo corpo de maneira que não só me
enfureceu, mas também me excitou, porra. Suas mãos moveram-se de sua
cintura até o seu corpo, sentindo cada centímetro de sua pele.

Ela olhou para cima quando eu estava a poucos passos de distância.

Foi como se ela me sentisse.


101
Juro que vi seu sorriso, e ela mexeu mais forte. Puxei meu punho para trás
quando cheguei ao meu limite, e o conectei com o queixo do filho da puta antes
mesmo que ele visse o que estava chegando. Seu rosto recuou, levando metade
de seu corpo com ele. Eu tive que puxar Lily pela sua cintura, porque o filho da
puta estava levando-a com ele.

Maricas.

—Levanta! —Eu rugi, chutando-o no estômago, fazendo-o cair


novamente.

—Meu Deus! Pare! —Lily gritou, tentando me puxar para trás. —Eu nem
sequer o conheço! Estávamos apenas dançando!

Eu a ignorei. Eu sabia que estava sendo irracional, ela estava em um clube


de adultos, e ela não estava agindo como a minha Lily. Qualquer sinal de bom
senso pareceu voar pela porra da janela quando ele veio para cima dela.

—Ela é uma criança! Ela tem dezesseis anos! Você gosta de meninas, seu
pedaço de merda? —Eu o chutei novamente e ele gemeu, agarrando-se à sua
cintura e virando.

—É por isso que você está chateado? —Lily gritou, dor evidente em seu
tom de voz, e eu imediatamente virei-me para olhar para ela. —Você é um
babaca! —Ela me empurrou e saiu.

Maldição.

Virei e vi os seguranças dirigirem-se em nossa direção. Chutei o filho da


puta uma última vez e saí, empurrando as pessoas, indo na mesma direção que
Lily. Eu conversei com ela do lado de fora, depois de ter deixado o clube pela
porta de trás, saindo para o estacionamento repleto de carros; a lua cheia pairava
sobre o horizonte. Segurei-lhe o braço e a virei para mim, foi então que eu
percebi que ela estava vestida como uma vagabunda e seu rosto estava coberto
de maquiagem. Sua aparência alimentou o fogo dentro de mim ao ponto da dor.

—O que diabos você está vestindo? —Eu zombei, segurando o braço com
muita força.
102
—O que isso importa? Eu sou apenas uma criança. O que há de errado,
Jacob? O meu corpinho de menina é revoltante para você?

—Chega. —Falei entre dentes, minha mandíbula apertando com seu tom.

Sua aparência de vagabunda, o delineador preto grosso em seus olhos


escuros, sedutores, estava mexendo com a minha cabeça. Ela usava um brilho em
seus lábios carnudos, fazendo-os parecer mais convidativos. O vestido preto
apertado e curto deixava muito pouco à imaginação. Seus peitos e bunda estavam
praticamente pendurados para fora, e eu tinha que me lembrar de que ela tinha
apenas dezesseis anos, porra.

—Foda-se.

—Cuidado. Com. A. Boca. Restou muito pouco de paciência, menina. —Eu


a avisei, pendurado por um fio.

—Eu não sou uma menina.

—Então pare de agir como uma.

—O cara lá dentro não achou que eu era uma menina, ou talvez fosse
apenas seu pau duro. —Ela zombou muito perto do meu rosto.

—Eu não vou te dizer mais uma vez, Lillian, cuidado com a boca, porra.

—Proíba-me.

A suavidade em sua voz era como nada que eu já tinha ouvido sair de sua
boca antes. Rosnei e soltei imediatamente seu braço, afastando o pensamento
impróprio.

—O que você está fazendo aqui? —Eu perguntei.

Ela cruzou os braços sobre o peito em desafio. Tudo o que fez foi me
lembrar de quantos anos ela realmente tinha.

Minha mente estava fodendo comigo.

103
—Deveria ser eu a fazer-lhe essa pergunta. É meu aniversário, eu estou
aqui comemorando com algumas amigas.

—Onde estão suas amigas?

Ela encolheu os ombros. —Elas saíram com alguns caras.

Eu balancei a cabeça, decepcionado. —É isso que você quer para si


mesma, Kid? Uma noite só? Um cara que vai te foder, usá-la, e depois descartá-
la?

Ela olhou para mim e falou com convicção. —Como você sabe que eu não
vou usá-los?

Ele recuou como se eu tivesse batido nele, e eu lamentei


instantaneamente minhas palavras. —Eu quero dizer... eu só... tem sido... —
Murmurei incapaz de encontrar as palavras certas para expressar a dor que ele
me fez sentir, e tudo o que eu estava passando. Eu não podia falar com ninguém
sobre isso. —Tem sido difícil para mim. Eu não tenho ninguém.

—Você tem a mim. —Ele interrompeu, ambos pegos de surpresa pela sua
declaração.

—Eu sou apenas a irmãzinha do seu melhor amigo, e você nunca está por
perto mais.

—Eu não estaria aqui agora, se isso fosse verdade. —Ele simplesmente
declarou, me confundindo ainda mais.

—Claro que sim. Eu sou apenas uma criança, lembra-se? Você está
cuidando de mim para Lucas.

104
—Eu te beijei por Lucas também?

Engoli em seco quando meus olhos arregalavam. Nós não tínhamos falado
desde aquela noite na praia, eu recebi uma mensagem de texto de feliz
aniversário esta manhã, e agora ele vem aqui e ataca um cara com quem eu
estava dançando.

—Por que você está aqui? —Eu perguntei antes de perder a coragem.

—Por você. Estou aqui por você. Eu sei que você está passando por um
monte de problemas agora com sua família. Eu queria ter certeza de que estava
tudo bem. —Seu tom de voz era sofrido, mas sincero. Ele derrubou a parede que
eu tinha começado a erguer.

—Aquele cara... —Olhei para o chão. —Eu não teria ido para casa com ele.
Quero dizer... eu não... eu não tenho...

Eu vi sua sombra movendo-se em minha direção. Tentei


desesperadamente controlar a minha respiração quando ele agarrou meu queixo
e me fez olhar para ele. Eu nunca tinha visto aquele olhar em seu rosto, uma
mistura de dor, prazer e carinho completo e absoluto. Foi aterrador da melhor
maneira possível.

—Aquela noite na praia. Aquele foi o meu primeiro beijo. Você é meu…

Eu. A. Beijei.

Porra, eu a devorei.

A força do meu beijo empurrou-a para o lado de um SUV, e ouvi um


barulho alto quando suas costas bateram na porta. Eu não vacilei, eu não
conseguia parar. A parte doente era que eu não queria. Centenas de
105
pensamentos e perguntas passaram pela minha cabeça, mas não importava,
porque meu coração já sabia as respostas. Toquei seus lábios num primeiro
momento, provocando-a com a ponta da minha língua, ao longo de todo o
contorno de sua boca rosa. Suavemente, levemente a beijei; minha língua
buscando a dela.

Precisando prová-la.

Precisando senti-la.

Havia algo agonizante e desesperado na forma como a minha boca movia-


se contra a dela. Suas mãos imediatamente estenderam para tentar me tocar,
mas eu as interceptei. Segurando os dois pulsos em minhas mãos, coloquei-os
acima de sua cabeça perto do teto do SUV. Eu não podia deixá-la me tocar. Eu
não seria capaz de controlar meu pau, aquele filho da puta tinha mente própria.
Eu já ia para o inferno, por ter pensado em levá-la ao céu. Sua pele queimava
contra meus dedos. Queimando e me ferindo de forma que eu nunca seria capaz
de me recuperar.

Meus dedos percorreram seus braços quando cheguei ao seu rosto. Eu


queria acariciar seu corpo, seus seios e fazê-la gemer com meu toque.

Fazê-la. Minha.

Em vez disso, eu acariciei seu rosto e a parte de trás do seu pescoço,


puxando-a para perto de mim, mas não perto o suficiente. Eu queria moldar-nos
em uma só pessoa. Eu era o homem que acabou de chutar a bunda de um cara,
porque ele estava desejando-a da mesma forma que eu a desejava naquele
momento. O mesmo desejo que eu senti por meses.

O que havia de errado comigo, porra?

A inexperiência de sua língua empurrando em minha boca, me fez gemer


com o gosto dela, seu corpo curvando-se com o meu, e sua buceta perfeitamente
colocada contra meu pau duro. Eu mais uma vez resisti ao impulso de esfregar-me
contra ela. Ela era tão pura, e merda, eu queria manchá-la, marcá-la com o meu
toque. Deixá-la se aliviar no meu pau latejante, e fazê-la se lembrar de mim e só

106
de mim. Segurei os lados de seu rosto, beijando-a com a paixão e a força de um
homem faminto, que finalmente tinha encontrado comida. Ela seguiu minha
liderança.

—Como que vou parar, bebê? Como é que eu vou deixar de querer você
quando eu sei que você é só minha? —Eu gemi reivindicando sua boca mais uma
vez. Eu não conseguia parar. Eu era um homem enlouquecido, possuído com a
necessidade de marcá-la.

—Jacob... —Ela ofegava enquanto eu mordia seu lábio inferior.

Meu pau latejava, e meu coração batia forte no meu peito. Eu precisava
parar esta imprudência, mas cada vez que tentava me afastar, eu era atraído de
volta. Apenas com a simples sensação, ela me levava ao limite e à beira da
loucura, e tudo o que nós estávamos fazendo era beijar. Beijei-a uma última vez,
deixando meus lábios permanecerem por mais alguns segundos. Eu descansei
minha testa na dela, minhas mãos ainda seguravam os lados do seu rosto.
Fechando os olhos, respirei pesadamente. Nós estávamos no nosso próprio
mundinho.

Onde tudo parecia certo.

Ambos tentando encontrar nossa respiração, e quando eu finalmente abri


meus olhos, tudo o que vi foi...

Meu futuro.

107
Dias Atuais

Eu não fiz isso para irritá-la.

Bem, talvez um pouco...

Se ela queria jogar duro, então eu lhe daria isso. Eu pedi um uísque puro
no bar e sentei para apreciar o show.

Esperando que eu não fosse me arrepender também.

Sentei-me nos bastidores tentando organizar minha vida, respirando


fundo, querendo regular o meu coração que batia rapidamente pelo nosso
confronto.

—Você pode fazer isso, Lily. Ele logo irá, ele não vai ficar por aqui. Basta
continuar repetindo isso para si mesma. Ele. Vai. Embora.

Respirei profundamente uma ultima vez e fui de volta ao palco, pegando a


primeira leva de cartões de Tracey. Ela piscou para mim, e minhas sobrancelhas

108
arquearam compreendendo o significado por trás de sua expressão, mas eu
peguei o microfone, no entanto.

—Todo mundo pronto para gastar algum dinheiro? —Eu gritei. —Vamos
começar com as solteiras e depois os solteiros, e deixe-me dizer-lhes... ufa! — Eu
me abanei. —Estes participantes são tão quentes! Vamos conversar um pouco
sobre as regras. Todo mundo tem que ter mais de vinte e um anos, e você não
pode ultrapassar o tempo do prazo. Ninguém pode continuar uma vez que o
participante tenha sido comprado. Vamos fazer desta uma grande noite, e enfiem
as mãos nesses bolsos, pessoal. Todos os lucros vão para uma festa beneficente
para o câncer de mama, uma causa preciosa ao meu coração. Salve as mamas,
salve as mulheres, e tenham uma porra de diversão. O maior lance ganha o
solteiro ou a solteira para um encontro. —Eu pisquei. —O que acontece depois,
depende unicamente do concorrente e seu prêmio. Lembre-se pessoal, não
significa não!

Eles riram.

—Nós vamos começar com a nossa bartender do Bootleggers, Tracey.

Cada participante levou cerca de dez a quinze minutos para as suas


propostas após a sua apresentação, as doações estavam rolando, e clientes e
participantes estavam animados. Era o último solteiro da noite e já era perto de
três horas, todas as mulheres estavam irritadas, e esse cara com certeza traria
uma bolada. Peguei o último cartão, e quando vi o nome, olhei para cima,
diretamente para ele. Eu não sabia que ele ainda estava lá até o momento em
que ele subiu no meu palco.

Para adicionar insulto à injúria, ele sorriu. Um sorriso louco, que fez minha
calcinha molhar, e aumentou o meu mal humor. Foi quando ele estendeu a mão
para o boné de baseball, endireitou-o de modo que a viseira ficasse para frente.
Minha boca abriu e meus olhos arregalaram instantaneamente.

Filho da puta.

Eu balancei a cabeça em descrença de que ele estivesse usando o boné de


baseball.
109
Meu. Boné. De. Baseball

Ele sorriu amplamente, cruzando os braços sobre o peito, acentuando o


seu corpo musculoso. Eu poderia facilmente ver sua forma de onde eu estava.

O que ele estava fazendo?

A multidão gritava e cantava por mais, e isso trouxe a minha atenção de


volta para eles. Olhei ao redor da sala mentalmente preparando-me, sem saber se
eu poderia realmente fazer isso. Ele inclinou a cabeça, me deu um leve aceno e
apertou os lábios, me desafiando em uma atitude arrogante e convencida,
alimentando minha indecisão. Eu não precisava do cartão, então eu joguei-o no
chão.

—Este cavalheiro considerável aqui é Jacob Foster, e ele é um pé no saco.


Você sabe o tipo: alfa controlador, que geralmente consegue o que quer. Exceto
desta vez. —Dei uma boa olhada nele antes de olhar para trás sobre a multidão.
—Vou começar o leilão em cinquenta dólares? Eu ouço cinquenta?

—Cinquenta! —Uma menina na frente gritou com a mão no ar.

—Eu ouvi cem?

—Cem! —Outra menina gritou.

Foi assim durante Deus sabe quanto tempo, e tudo o que fez foi me fazer
odiá-lo um pouco mais naquele momento.

—Ouço oitocentos? —Eu disse, tentando ignorar a sensação se formando


na boca do estômago.

—Dois mil dólares. —Uma mulher mais velha disse, jogando o dinheiro
aos meus pés.

Foi o lance mais alto da noite. A maioria dessas pessoas eram crianças de
faculdade, talvez um pouco mais velhos, mas esta mulher tinha que estar na casa
dos quarenta. Ela era uma daquelas mulheres que você poderia dizer que foi linda
quando mais jovem, embora ela ainda parecesse incrível. Olhei para Jacob
quando ele encostou-se à parede, colocando a mão sobre a boca e esfregando de
110
frente para trás, examinando-me de uma forma que eu nunca tinha visto antes. O
escrutínio de seu olhar deixou a minha mente acelerada e isso me golpeou

—O que exatamente eu estou pagando? —A mulher mais velha disse


sedutoramente, fazendo-me olhar para ela. Ela estava olhando diretamente para
Jacob, que ainda olhava diretamente para mim. —Ele é lindo, porra. Esses olhos.
Vou me divertir um pouco com ele. Três mil dólares e essa é a minha oferta final.

Juro, o bar inteiro ficou em silêncio. Não importava que estivéssemos em


uma sala lotada. Parecia que éramos apenas nós dois. Meu coração estava
batendo profundamente. Eu podia sentir isso na minha garganta e nas minhas
têmporas. Juro que ele podia sentir isso também. Eu respirei fundo várias vezes,
enquanto sentia seu olhar vigoroso claramente na distância que nos separava.
Ficamos ali, focando nossos olhares, anos e anos de pesar e erros amontoados
entre nós. Tudo veio abaixo como uma pedra que tinha acabado de explodir. Eu
não consegui respirar quando uma sensação sufocante tomou conta de mim.

—Você me ouviu, menina? Três mil dólares! Agora me dê o meu homem


para brincar. —Ela deixou escapar isso em um tom que eu não apreciei. Meus
olhos encontraram o seu olhar. Se olhar matasse, ela estaria morta.

Mordi o lábio. Não querendo olhar para trás, para Jacob. Eu estava com
medo de que eu o veria se interessando por outra mulher...

Que não fosse eu.

Eu podia ouvir tudo o que a mulher estava dizendo a Lily, orando


silenciosamente para que isso funcionasse. Eu esperava que meu plano não fosse
explodir na porra do meu rosto. O pensamento de ter que sair com alguém que
não fosse Lily, era revoltante. Eu podia sentir fisicamente seu tormento, os anos
111
de dor que causei a ela. Custou tudo dentro de mim para não ir até ela e tentar
aliviar a sua dor de qualquer maneira que eu pudesse, mas não ajudaria. Isso
provavelmente pioraria as coisas. Ela teria que fazer o primeiro movimento. Ela
tinha que me dar alguma coisa, mesmo que fosse apenas um centímetro que eu
poderia transformar em um quilômetro.

Os olhos de Lily arregalaram enquanto ela olhava para a mulher como se


estivesse soltando punhais. Choquei pela sua explosão contundente. Havia
também algo em seu rosto que eu não podia identificar; algo que eu nunca tinha
visto antes. Por um segundo, eu questionei se eu deveria parar com essa porra de
lance, e apenas tomar o que é meu.

Ela.

—Meu nome é Kid, não garotinha. —Lily argumentou numa voz que eu
instantaneamente reconheci e amei, me fazendo sorrir. —Três mil e cem dólares.
O leilão acabou. Ele é meu. —Lily acrescentou quase me derrubando. Porra,
acabou.

A mulher afastou-se. Lily não olhou para mim pelo resto da noite. Eu a
deixaria se esconder... por agora. Esperei por ela lá fora quando o bar fechou.
Meu carro estava estacionado no mesmo local que foi rebocado. Eu estava de pé,
encostado na porta do lado do passageiro, com os braços cruzados sobre o peito,
e uma perna colocada sobre a outra. Eu ouvi a porta sendo aberta e ela saiu,
parecendo linda como sempre.

—Interessante essa coisinha que aconteceu, eu fui pagar a minha doação,


apenas para descobrir que você já pagou a conta.

Inclinei a cabeça para o lado e sorri.

—Apreciei o gesto, como você pode imaginar, mas agora, eu acho que
você levou sua vaidade para um nível totalmente diferente, Jacob. Você percebe
que gastou três mil e cem dólares para um encontro com você mesmo, certo? —
Ela disse com o mais adorável sorriso.

112
—Não. Paguei quatro mil dólares para você ter a mim, bebê. Dinheiro bem
gasto, se você me perguntar. Não só a caridade obteve mais fundos, mas você
também terá a mim. Sozinho.

Ela sorriu e isso iluminou todo o seu rosto. —Quanto dinheiro você tem?
Quero dizer, você esteve aqui por algumas semanas agora. Você trabalha?

—Merdas, é tudo o que eu faço. Antes de vir para cá, eu trabalhava


sessenta, setenta horas por semana. Eu tenho um monte de investimentos, o
fundo dos meus avós, e eu sei como gastar meu dinheiro com sabedoria. Eu vinha
trabalhando aqui e ali enquanto eu estive aqui, mas estou em um ano sabático
por um tempo.

—Por quê?

—Por sua causa.

—Não sou tão ingênua. Você nem sabia que eu estava aqui até a noite em
que chegou, tente novamente, imbecil.

Eu ri. Ainda não estava pronto para lhe dizer a verdade. —Depois que te
encontrei. Eu decidi me dar uma folga. —Eu me afastei do meu carro. —Eu sei o
que você está fazendo, querida, você não vai sair dessa.

—Eu não estava planejando isso.

—Verdade? —Eu sussurrei, dando um passo para perto dela. —Por todos
os meios, o que você tem planejado?

—Por quê? Você está chateado que eu arruinei sua diversão?

—Como se eu desse a mínima para isso. Mrs. Robinson era um meio para
um objetivo. Minha diversão é com você. Sempre foi você. —Lembrei-a, tirando
seu cabelo de seu rosto. —Eu teria pago para não sair com ela se ela ganhasse.

Sua testa franziu. —Mentiroso.

—Não entende? Eu não minto para você, Kid. Eu não posso mentir para
você. É por isso que eu passei os últimos três anos longe de você. É por isso que
113
eu a deixei em primeiro lugar. Eu prefiro ficar longe de você, a mentir para você
novamente. Isso quase me matou da primeira vez.

Ela virou o rosto na minha mão. —Jacob...

—O que, bebê?

—Por favor…

—Por favor, o que?

—Por favor, não me machuque novamente. —Ela murmurou alto o


suficiente para eu ouvir. Suas palavras eram como uma marreta no meu coração.
Eu sabia que tinha a machucado, mas realmente, ouvi-la dizer as palavras, foi
como tomar uma bala diretamente no meu coração. Eu imediatamente puxei-a
em meus braços e ela deixou, fundindo-se com o meu corpo do jeito que eu
esperava todas as noites.

—Eu te amo. — Beijei o topo da sua cabeça, abraçando-a mais forte


contra o meu peito. —Dê-me uma chance de provar isso para você. Isso é tudo o
que eu quero. Eu só preciso de mais uma chance.

Ela hesitou por alguns segundos, e eu a ouvi respirar fundo, balançando a


cabeça em meu pescoço e então sussurrar.

—Ok.

114
Naquela época

Dylan, Austin e eu estávamos na Califórnia durante as férias de primavera.


Nós ficamos com Alex e Aubrey em seu apartamento. Dizer que as coisas estavam
estranhas entre Dylan e Aubrey, seria um eufemismo. Estávamos em uma festa
de fraternidade do namorado de Alex, Cole. Ela ainda não tinha nos dito que eles
estavam juntos, mas eu os peguei se beijando e de mãos dadas algumas vezes.
Eles pensavam que ninguém estava olhando. Era estranho ver Pinguinho tão
crescida. Era estranho ela estar com Cole em primeiro lugar, mas ele parecia fazê-
la feliz. Isso era tudo o que importava para mim.

—Você é um idiota. —Eu disse para Dylan, que sorriu.

—Por que, o que você quer dizer? —Ele perguntou com um tom de
sabichão, afastando-se com uma vadia aleatória.

—Quantas meninas você planeja comer enquanto estamos aqui? Está


tentando se destacar na casa da irmandade, ou apenas continuar chateando
Aubrey?

Ele riu. —Isto não tem nada a ver com ela.

—Tem tudo a ver com ela. Ela está olhando para você agora, o olhar
magoado no rosto dela me machuca, Dylan, e não tenho nada a ver com isso.

Ele revirou os olhos. —Ela deveria ter pensado nisso antes de me deixar.

—Por que não tenta falar com ela? Talvez ouvi-la?

115
—Isso implicaria que eu realmente dou a mínima para ela.

Ele puxou outra menina para ele, e eu assisti Aubrey franzir o cenho e
depois abaixar a cabeça. Eu balancei a cabeça, precisando ficar longe deles. Eu
tinha meus próprios problemas, e eles vinham na forma de uma pequena menina
de dezesseis anos de idade, que me enviou uma mensagem, exatamente ao
mesmo tempo em que eu estava sentado no bar com uma cerveja.

Lily: Eu sinto sua falta. :-)

Eu ri; meu humor me iluminando.

Lily: Você sabe que sente minha falta. Eu sou o tipo de garota
para sentir muita falta.

Jacob: Sim, doce menina, você é.

Lily: Onde vocês estão hoje à noite?

Jacob: Na festa da fraternidade de Cole.

Lily: Por que você está saindo com o vilão?

Jacob: Eu duvido que o seu irmão seja o Príncipe Encantado.

Lily: Não brinca. Ele é um idiota.

Jacob: Cuidado com a boca.

Lily: Eles são lagostas. Você não pode se intrometer.

Jacob: Que diabos isso significa?

Eu podia imaginá-la sorrindo e mordendo o lábio.

Lily: Lagostas tem um companheiro para a vida toda.

Jacob: Você tem certeza disso?

116
Lily: Sim, fato comprovado. Está na internet também, por isso
deve ser verdade.

Eu sorri.

Jacob: Pare de ser tão boba.

Lily: Quando você chega em casa?

Jacob: Eu não sei.

Lily: Posso ir vê-lo?

Jacob: Lily...

Lily: Será nosso segredinho. Podemos ficar em um hotel. Prometo


não monopolizar toda a cama.

Jacob: E seus pais e Lucas?

Lily: O que tem eles?

Suspirei.

Jacob: Deixe-me pensar sobre isso.

Lily: Ok, certifique-se de pensar em mim na parte da manhã.


Por seu amigo. ;-)

Eu ri tanto que a minha cabeça caiu para trás.

Jacob: Boa noite.

Lily: Noite.

Passei a maior parte da noite no bar improvisado, assistindo as pessoas e


pensando em Lily. Eu queria aceitar a sua oferta, e que ela viesse me ver. Isso
significaria chegar a passar algum tempo a sós com ela sem ter que olhar por cima
do ombro a cada dois segundos.

117
Eu sentia a falta dela.

Eu sentia falta dela como um louco.

Eu sentia falta dela mais do que eu gostaria de admitir ou reconhecer.

Um fim de semana em um hotel com certeza testaria a minha força de


vontade para resistir a ela, mas eu queria apenas tê-la perto de mim. Naquele
momento, parecia uma grande ideia tê-la comigo de qualquer maneira que
pudesse. Não havia nenhuma resposta certa ou errada quando se tratava dela,
apenas perguntas sem fim que eu não podia responder, ou talvez, que eu não
quisesse. Vi Alex sair de casa com Austin, mas quando ela voltou, ela parecia
realmente chateada.

—O que há de errado? —Perguntei quando me aproximei dela com Dylan,


não muito atrás de mim.

—É Austin. Ele está... ele está... Deus. Ele está realmente confuso.

—Pinguinho...

—Não, Dylan, ele me disse.

—O que ele disse? —Dylan a questionou.

—Ele está usando êxtase.

—Merda. —Suspirei. —Onde ele está?

Ela encolheu os ombros. —Eu não sei. Estou muito preocupada com ele.
Ele poderia...

—Está tudo bem. —Dylan Interrompeu. —Vamos encontrá-lo. Fique aqui


até voltarmos.

Ela assentiu com um sorriso triste. Não demorou muito tempo para
encontrar Austin, ele estava há poucas ruas abaixo, em um parque vazio.

—Que porra, cara? —Dylan rugiu enquanto nós caminhávamos até ele.

118
Ele estava deitado em um balanço com os braços dobrados sob a cabeça,
olhando para o céu. Fiquei imaginando no que ele pensava.

—Que bom que vocês se juntaram a mim, meninos, mas se vieram aqui
para me dar um sermão, sugiro que vocês deem meia volta. Eu não vou aceitar
sermão de nenhum de vocês. —Ele calmamente disse, levando-me para trás com
o impacto de suas palavras.

—Jesus Cristo, Austin. —Refutei. —O que você está fazendo? Este não é
você.

Ele zombou, de pé, bem na nossa frente. — Quem sou eu? Hã? Vocês me
digam, meninos, porque eu não tenho ideia desse caralho mais. Eu passei os
últimos vinte e um anos da minha vida andando ao lado de vocês. Acabou. Vocês
me ouviram? Acabou, porra.

—Que diabos você está falando? Você não está fazendo qualquer maldito
sentido. —Dylan rebateu, cruzando os braços sobre o peito. —Porra, homem, nós
sabemos que você passou por alguns problemas com o acidente de carro, mas...

—Você não sabe porra nenhuma. Sua cabeça tem estado até agora em
Aubrey e na buceta de qualquer outra garota, você mal consegue ver direito.

Dylan imediatamente deu um passo em direção a ele, pronto para chutar a


porra de seu traseiro. Eu coloquei meu braço sobre seu peito. —Relaxe. —Ordenei
em um tom áspero, olhando de volta para Austin. —Este é o jeito que você quer
jogar? Nós somos seus amigos não seus inimigos, imbecil. É preciso se lembrar
disso, enquanto você estiver neste caminho de autodestruição que você tão
intensamente quer continuar. Qual será o próximo? Cocaína? Hã? O que será
necessário para você acordar, Austin? Reabilitação? Overdose, porra? Você tem
um desejo de morte, mano? Por favor, diga-nos para sabermos o que esperar de
Deus sabe aonde você quer chegar.

Ele maliciosamente sorriu, com um olhar em seu rosto que eu nunca tinha
visto antes.

119
—Isso é... muito... fodido... vindo de você, Oh, poderoso Jacob. —Ele
balançou a cabeça, com um olhar diabólico dirigido apenas a mim. Eu podia ver
Dylan do canto do meu olho. Ele parecia tão confuso quanto eu.

—Você quer me julgar e apontar o dedo? As pessoas que vivem em casas


de vidro não devem atirar pedras... —Austin zombou em um tom que eu não
apreciei.

—Pare de falar em código e desembuche logo. —Exigi.

—Você quer falar sobre como eu estou vivendo a minha vida? Dizendo-me
que estou fodendo tudo? Bem, merda, Jacob, por que você não olha no maldito
espelho?

Eu recuei, como se ele tivesse me dado um soco na cara.

—Eu vi você. Eu vi tudo. Eu estava lá naquela noite. —Austin vagamente


falou.

—Que noite? —Eu impaciente perguntei.

—O Cove.

Meus olhos arregalaram e meu estômago caiu, toda a cor do meu rosto
sumiu.

—Qual é o problema, Jacob? O gato comeu sua língua? —Austin


provocou.

Dylan olhou para trás e para frente entre nós. —Do que diabos ele está
falando?

—Devo dizer a ele? —Austin acenou com a cabeça, e eu não conseguia


encontrar palavras para falar. A noite repetia em minha mente, enquanto ele
estava na minha frente esperando.

—Ah, vamos lá, Jacob, somos todos amigos aqui, certo? Não é isso que
você acabou de dizer para mim. Quais são os segredos entre amigos?

120
—Você não sabe do que está falando. —Finalmente disse entre dentes,
minha mandíbula apertando até o ponto da dor.

—Eu não sei? Bem, então por que não refresca sua memória, e deixe
Dylan decidir se estou certo ou errado. Você sabe... Dylan. —Ele ridiculamente
olhou para mim.

—Jacob aqui não é quem ele mostra que é. Mantendo-se sobre um


pedestal maldito quando ele deveria ser enterrado no chão pelo que ele quer
fazer. Veja, eu estive na cidade há algumas semanas, e fui ao The Cove no centro
da cidade. Eu vi alguém que parecia a irmã mais nova de Lucas e para minha
surpresa, era realmente ela.

Dylan fechou os olhos como se ele soubesse as próximas palavras a saírem


da sua boca.

—Então, é claro, eu fui em direção a ela. Ela estava se esfregando em


algum filho da puta na pista de dança. Eu nunca teria pensado que a menina que
eu via como uma irmã mais nova toda a minha vida pudesse se mover assim. Isso
me deixou doente. O que ele fez para você, Jacob?

Engoli a saliva que tinha juntado na minha boca, meus punhos cerrados
em meus lados.

—Então, do nada eu vejo esse cara ser lançado através da multidão. Eu


estava pronto para briga se algum outro filho da puta até mesmo colocasse um
dedo nela. Exceto, que eu quase caí de bunda quando vi Jacob aparecer como seu
cavaleiro de armadura brilhante. Não é mesmo? Depois que você começou a
chutar o traseiro do cara, eu estava prestes a passar por cima da multidão e dar
tapinhas em suas costas por um trabalho bem feito, mas Lily empurrou você e
fugiu como um morcego fugindo do inferno. Jacob não estava muito longe, atrás
dela.

Tentei manter a calma, mas cada palavra que saía de sua boca me deixava
mais consciente de quão fodida era a situação entre ela e eu.

121
—Então, eu os segui. Vocês dois. Gostaria de dizer a Dylan o que eu vi? Ou
eu deveria fazer as honras?

Fechei os olhos, a vergonha imediatamente enchendo meu corpo.

—Eu vi você praticamente a atacando em um estacionamento ao lado de


um maldito SUV. Diga-me, mano, pegar menininhas te excita?

—Chega. —Dylan interveio, tirando as palavras da minha boca. Eu não


sabia se era para meu benefício ou o seu, mas eu achava que era para ambos.

—Sim... tente imaginar isso. Talvez Jacob possa lhe dar um espetáculo
privado como ele deu a mim?

—Austin. —Adverti, por um fio.

—Ou você só se excita quando pensa que ninguém está olhando?

Meu corpo ficou tenso, e eu podia sentir a veia no meu pescoço pulsando
com o ritmo do meu coração.

—Está tudo bem, Jacob, contanto que tenha grama no campo, eu digo
para jogar bola.

Eu o acertei direto na mandíbula. Seu rosto balançou para trás com o


impacto do meu punho, mas seu corpo não moveu-se como era esperava. Ele
estava preparado, eu nunca pensei que chegaria a isso. Especialmente com Austin
sendo o único a apanhar.

—Você pode dizer o que diabos você quiser de mim, mas se você falar
sobre Lily assim de novo, e eu vou acabar com você, Austin. Eu não dou a mínima
para quem você é. —Eu balancei a minha mão, a dor viajando pelo meu braço.

Austin inclinou-se e cuspiu sangue na grama. —A verdade dói não é, filho


da puta?

Dei um passo em direção a ele, e Dylan me segurou, pisando entre nós. —


Saia daqui, Austin. —Ele pediu.

122
Austin pareceu surpreso. —Os bons e velhos meninos, hein? Sim... você
não tem que me dizer duas vezes.

Ele afastou-se ainda olhando para nós, como se estivesse tentando se


lembrar de nossos rostos ou alguma coisa assim, então virou-se e saiu. Eu podia
sentir o olhar de Dylan queimando um buraco no lado do meu rosto.

—Não. —Eu disse entre dentes.

Ele afastou-se também. —Não há nada a dizer. —Com isso, ele saiu e
levou o seu desapontamento com ele.

Eu fiquei lá por não sei quanto tempo, minha mente um grande desastre.
Esperando. Pelo quê?

Quem. Sabe...

Quando meu telefone apitou com uma mensagem de texto, eu


relutantemente coloquei a mão no bolso e passei o dedo sobre a tela.

Lily: Você é minha lagosta.

Eu balancei a cabeça e respondi:

Jacob: Eu sei.

123
Dias Atuais

O cheiro de algo delicioso agrediu meus sentidos antes mesmo que eu


abrisse a porta da frente. Entrei, e o aroma estava todo ao meu redor. Eu sorri,
caminhando em direção à minha cozinha para encontrar Jacob servindo uma taça
de vinho. Ele entregou-me com um olhar arrogante em seu rosto.

—Como diabos você continua entrando na minha casa?

Ele riu. —Planejando chutar a minha bunda para fora?

—Depende de suas habilidades na cozinha.

—Sua merdinha.

Ele colocou seu braço em volta da minha cintura, puxando-me em seus


braços fortes.

—Se você for uma boa menina, eu vou deixar você ter a sobremesa. —Ele
sussurrou com a voz rouca em meu ouvido, colocando beijos suaves no meu
pescoço.

—O que eu ganho se for uma menina má? —Eu brinquei, inclinando a


cabeça para o lado para dar-lhe um acesso mais fácil.

—O que você está sugerindo? Humm, você cheira bem o suficiente para
comer. É isso que você quer que eu faça? Que abra suas pernas como você sabe
que eu amo, e prove sua doce buceta?

124
Jacob sempre foi um falador sujo, mesmo naquela época. Ele não tinha
mudado, isso me excitava de forma que eu nem sabia que era possível. Meu
corpo sentiu-se imediatamente aquecido. Eu achei difícil firmar minha respiração,
e muito menos a minha voz.

—O que você acha disso? Que tal pular o jantar e ir direto para a
sobremesa? —Ele murmurou, movendo-se para baixo no meu decote.

—Eu pensei que tivesse que ser uma boa menina. — Eu finalmente falei.

—Isso sequer está em sua natureza. —Ele zombou, fazendo algo incrível
com a língua dentro do meu sutiã, nunca soltando seu forte aperto na minha
cintura.

—Porra... Bebê... Eu senti sua falta. Você tem alguma ideia do quanto eu
te amo?

Suas ações me puseram em chamas, mas suas palavras reviveram meu


ser, meu coração e alma. Eu queria desesperadamente dizer de volta para ele,
mas minha mente ainda se protegia dele. Meu coração estava ansiando para dizer
essas três pequenas palavras, que eu ainda sentia profundamente no meu
interior. Eu estava praticamente perdida ali mesmo, quando, de repente, ele
levantou o rosto para olhar profundamente em meus olhos. Ele beijou minha
testa e depois a ponta do meu nariz, exatamente como ele costumava fazer
quando eu era criança.

—Eu sei, Lillian.

Mordi o lábio e minhas sobrancelhas arquearam quando aceitei sua


declaração simples, mas poderosa.

—Agora eu realmente quero beijar seus lábios, mas eu acho que o meu
bife está queimando.

Eu ri. —É isso o que está cheirando? Eu não me lembro de ter visto um


bife?

—Está na grelha ali atrás.

125
—Eu não tenho uma grelha.

Ele sorriu, afastando-se de mim. —Agora tem.

Eu balancei minha cabeça enquanto caminhava em direção ao forno. —O


que tem aqui? —Eu puxei a porta do forno, e ele a fechou.

—Uma surpresa. —Ele bateu na minha bunda antes de caminhar em


direção à porta de tela. —Tome um banho.

Revirei os olhos, mas com alegria, ao obedecê-lo pela primeira vez em um


longo tempo. Não demorei muito para ficar pronta. Eu nunca fui muito de
maquiagem, mesmo quando eu trabalhava no bar. Eu sempre achei que menos
era mais. Eu apliquei delineador e rímel, lembrando que Jacob amava como isso
deixava meus olhos castanhos mais escuros, um pouco de blush e gloss. Eu sorri
enquanto colocava minha calcinha. Eu me vesti com um vestido de verão de alça
fina, curto, e que descia em um V na frente.

Dei um último olhar para mim mesma no espelho, satisfeita com a minha
aparência. De volta à cozinha, meus olhos arregalaram e meu queixo caiu, quando
passei pela porta de tela, e olhei para o meu quintal recém-mobiliado e decorado.
Havia um belo conjunto para pátio de ferro turquesa, minha cor favorita. Havia
uma iluminação suave em torno de nós, uma grelha que parecia extremamente
cara no canto, com tantos botões, que pensei que nunca seria capaz de mexer
nela sem a ajuda dele. Instantaneamente me fez pensar se ele fez isso de
propósito. Havia decorações tipo tochas nas paredes do pátio, fazendo com que
parecesse romântico, porém, masculino ao mesmo tempo.

Fiquei ali atordoada enquanto Jacob sentava-se à mesa, inclinando-se para


trás com o tornozelo sobre o joelho, os dedos correndo sobre a boca, parecendo
presunçoso como sempre, mas sexy como o pecado. Um sorriso travesso e
orgulhoso estava em seu belo rosto. Ele não tinha se barbeado, e sua barba
estava fazendo todos os tipos de coisas para as minhas partes de senhora. Eu me
contorci com o pensamento dela contra a minha buceta, e seus olhos foram
direto para a minha fonte de desconforto. A mesa estava posta com todos os
tipos de pratos, que estavam cobertos, e uma garrafa de vinho gelado no centro.

126
—Quando você fez tudo isso? —Perguntei, trazendo seus olhos de volta
para o meu rosto espantado.

—Hoje. —Ele simplesmente declarou, não parando o movimento dos


dedos esfregando sobre sua boca.

—Eu... eu não... eu nem sei o que dizer. — Suspirei, atordoada além da


conta.

Ele sorriu. —Um simples obrigado seria suficiente. —Seus olhos


percorriam todo o meu corpo. Corei, porque eu podia dizer que ele realmente
amava o meu vestido.

—Sem sutiã, hein? É assim que você vai jogar hoje à noite?

Dei de ombros, plenamente consciente de que eu estava usando um


vestido de cor creme. Ele limpou a garganta, e fez um gesto para eu me sentar,
puxando minha cadeira ao lado dele.

—Então... Você sabe como arrombar e entrar, consertar coisas, cozinhar e


decorar. Você é a minha própria Martha Stewart 13.

Ele riu tão alto que sua cabeça caiu para trás. —Sou um homem solteiro,
se eu não cozinhar, vou morrer de fome. Eu tenho duas irmãs mais novas e uma
mãe, que me ensinaram uma coisa ou duas sobre decoração.

Eu balancei a cabeça. —Como estão Jessie e Amanda?

—Elas estão bem, ambas na faculdade como você deveria estar. —Ele
disse com um sorriso malicioso.

—Como está sua mãe? Alex diz que ela está melhor. —Respondi,
ignorando seu comentário sobre a faculdade.

Ele ligeiramente assentiu, inclinando-se para trás na cadeira de novo, e


movendo os olhos para a mesa. Eu sabia que era sua maneira sutil de dizer que

13
Famosa apresentadora da TV americana. Estilo Ana Maria Braga.
127
ele não queria falar sobre isso. Alguns anos atrás, no momento em que saí e me
mudei para Nashville, seus pais se divorciaram, de repente. Foi uma grande
surpresa para todos nós, uma vez que sempre pareceram ser o casal perfeito.
Pelo menos eu nunca vi nada que dissesse o contrário. Seu pai, Lee, saiu e deixou
sua mãe, Ginger, e tudo. Eles possuíam uma mercearia não muito longe da minha
casa, onde eles vendiam todos os tipos de coisas turísticas e comida. Eles também
preservavam uma área na antiga fazenda de seu avô em SouthPort, que eles só
abriam aos domingos, e eu acho que eles a venderam e dividiram os lucros.

Sua mãe não aceitou bem o divórcio. Pelo que eu ouvi, foi ruim. Alex disse
que Lee afastou-se, e não voltou por um tempo. Eu não sei se isso mudou, mas eu
estava supondo que não, dado o comportamento de Jacob. Eu fiquei de pé,
pegando-o desprevenido, movendo-me para sentar em seu colo.

—Então... o que você tem para mim? —Eu questionei, tentando aliviar a
sua súbita mudança de humor.

Ele sorriu e beijou a ponta do meu nariz, sabendo exatamente o que eu


estava fazendo.

—Essa é uma grande pergunta, se eu já ouvi uma. —Seu tom estava feliz e
contente, mais uma vez.

Bati no peito e tentei sair de seu colo, mas ele me arrastou para trás em
cima dele, no entanto, desta vez, eu montei em seu colo com os nossos rostos
separados por uns centímetros.

—Eu pensei que comeríamos. —Eu fingi sedutoramente.

—Eu sei o que eu quero comer.

Inclinei a cabeça para o lado, olhando para ele semicerrando os olhos.

—Mas eu vou alimentá-la em primeiro lugar. —Ele acrescentou,


colocando algumas mechas de cabelo atrás das orelhas. —Vá, antes que eu mude
de ideia e me alimente em primeiro lugar.

128
Eu relutantemente saí de seu colo, querendo aceitar sua oferta, mas um
sentimento nervoso, de repente, veio a mim, então, eu peguei o vinho, servindo
para cada um de nós uma taça. Nós não estivemos juntos por um tempo muito
longo, e eu estava nervosa que não seria tudo o que ele pensou.

Eu sabia que ela estava nervosa, tanto quanto ela tentava fingir e
disfarçar, servindo-nos um pouco de salada. Suas respirações profundas, que ela
achava que eu não podia ouvir, deu-lhe a distância que precisava. Eu a deixei
acreditar que eu não tinha percebido o que estava acontecendo, porque eu não
queria estragar o nosso encontro, falando sobre suas inseguranças, que
rapidamente desapareceriam, assim que eu colocasse minhas mãos sobre ela.

Eu a faria lembrar-se de tudo e, então, isso iria embora.

Nós acabamos de comer as nossas saladas, e começamos nossos bifes e


batatas cozidas. Ela fez o mais delicioso som quando deu sua primeira mordida no
bife, e isso fez meu pau contorcer. Eu acho que ela não sabia o efeito que tinha
sobre mim.

—E o homem pode cozinhar. —Ela murmurou entre mordidas.

—Meu objetivo é agradar, bebê.

—Você citou Christian Grey? Qual é o próximo? Um quarto vermelho?

—Christian Grey não é nada para mim. No momento em que eu tiver


acabado com você, meu nome vai ser a única coisa em sua mente. — Respondi
confiante, a fazendo sorrir.

129
Comemos em um silêncio confortável, e eu notei que Lily estava engolindo
o vinho como se ela tivesse algo a provar. Enquanto eu esperava
impacientemente pela sobremesa, e eu não estava falando sobre ela, entrei e
peguei a minha última surpresa que estava na geladeira. Quando cheguei lá fora,
ela estava comendo o resto da batata cozida do meu prato, ja que ela tinha
comido toda a dela. Coloquei a bandeja sobre a mesa, me perguntando se ela
perceberia o que servi na frente dela. Ela olhou durante alguns segundos, com
uma expressão no rosto que eu não conseguia ler ou identificar, e quando ela
finalmente olhou para mim, seus olhos estavam brilhantes.

Eu sabia.

—Como? —Ela disse tão baixinho, que eu mal podia ouvi-la.

—Pinguinho.

Sua testa franziu, e ela arqueou as sobrancelhas.

—Ela tem a receita de sua mãe.

Ela mordeu o lábio e olhou para a manteiga de amendoim, chocolate Rice,


e Krispies Treats 14 coberto de caramelo. Era a sua sobremesa favorita, e nunca
encontraríamos em qualquer outro lugar.

—Eu não sei se o gosto vai ser tão bom quanto o de sua mãe, mas eu tinha
que tentar.

Lágrimas escorriam pelo seu lindo rosto.

Merda.

—Kid, eu não tive a intenção de fazer...

—Não. —Ela chorou. —Obrigada, Jacob, isto... Deus... Eu não posso


acreditar que você fez isso.

14
Tortinha de chocolate que pode ser servida em pequenas porções ou grande. Uma mistura entre o nosso
brigadeiro e o brownie
130
—Eu te amo. —Eu simplesmente declarei.

Ela olhou para mim com a maquiagem escorrendo, e seus lábios


tremendo, tornando-se uma das coisas mais bonitas que eu já tinha visto.

—Eu sei. Eu sempre soube.

Não era o que eu estava esperando ouvir, mas foi bom o suficiente por
agora. Ela chorou enquanto comia, e foi provavelmente uma das coisas mais
adoráveis que eu já a vi fazer. Ela disse que eles pareciam exatamente como eles
deveriam, o que a fez chorar mais. Tentei não rir dela, mas o sorriso no meu rosto
foi o suficiente para ela perceber que eu estava satisfeito.

Passamos por quase duas garrafas de vinho, por isso, quando ela começou
a gritar e sorrir como uma tola, eu sabia que ela estava bêbada como um gambá.
Ela inclinou-se sobre a mesa, fazendo com que a vista na frente de seu vestido
fosse quase insuportável.

Quase.

Isso não me impediu de admirar sua pele branca, cremosa, que eu sabia
que parecia como seda; a forma como seu cabelo continuava a cair em torno de
seu rosto, e o rubor de sua pele. Ela inclinou a cabeça para o lado com um olhar
travesso.

—Olhando para o quê, Sr. Foster?

—O que é meu.

Ela levantou rindo, pegou minha mão e caminhou cambaleando para


dentro de casa, enquanto eu seguia logo atrás dela.

—Uau, de onde veio isso? —Ela riu, tropeçando em seus próprios pés, mas
rapidamente a peguei antes que ela caísse. Ela nos levou para o quarto dela. Eu
sabia aonde isso iria, quando ela me sentou na beira da cama. Cruzei os braços
sobre o peito, divertido com o show que ela estava tentando me dar.

131
—Você é meu famoso. —Ela riu de novo, querendo dizer favorito 15, eu
acho, mas eu ri também. Era contagiante.

—Estou meio surpreso com a quantidade de vinho que você pode tomar.

Ela assentiu com a cabeça, toda orgulhosa de si mesma, usando o pior,


mas mais adorável olhar no rosto, porra.

—Eu acho que deveríamos fazer coisas um para o outro.

—Tem certeza?

—Humm Humm... eu vou primeiro, e então você pode ir ou vice-versa...


ou podemos fazer ao mesmo tempo. A menos que você queira foder e então...
isso seria legal.

—Você tem alguma ideia do que você acabou de dizer, bebê?

Ela assentiu novamente com essa carinha adorável. —Sim... eu tenho algo
para lhe mostrar.

—Estou certo de que é algo que eu realmente gostaria de ver.

Ela pegou a bainha de seu vestido já muito curto, e levantou pouco a


pouco, até que alcançou o topo de suas coxas. Ela espiou para mim com os olhos
semicerrados.

—Você está pronto?

—Tenho certeza que eu já vi isso antes, Kid.

—Bahh. —Ela arrastou, puxando o vestido para expor a calcinha que tinha
uma foto do rosto de um gato impresso sobre ela.

Eu me acabei de tanto rir.

Eu ri tão forte que meus músculos do estômago doeram.

15
Famous e Favorite – soa parecido.
132
—Lily, é um xaninho em sua xaninha?

—Sim, você quer acariciá-la? Ela quer ser acariciada. —Ela provocou,
fazendo-me levantar.

—Irreal, porra, eu estou em uma casa infestada de gatos, e tudo que eu


tenho são bolas azuis16. —Eu andei até ela e joguei-a por cima do meu ombro. Eu
dei uma palmada em sua bunda enquanto ela ria, levando-a de volta para a cama
montada no meu colo. Ela colocou os braços em volta do meu pescoço, e agarrei
a sua bunda redonda e gostosa.

—Bebê, você está bêbada.

—Sim senhor. —Ela beijou todo o meu rosto.

—Não vou te comer. Não essa noite.

Ela se afastou e tentou estreitar os olhos nebulosos para mim. —Você não
me quer? —Ela fez beicinho.

—Eu quero você mais do que eu alguma vez quis algo na minha vida.

Ela sorriu descuidada.

—Mas não assim, bebê. Você está bêbada esta noite, e eu quero que você
se lembre de tudo o que pretendo fazer com o seu corpo perfeito. Você me
entende?

Ela assentiu. —Humm Humm.

Beijei ao longo de sua clavícula.

—Será que isso significa que você vai me deixar? —Ela perguntou, seu tom
de voz suave e baixo.

Duvidando de mim.

16
É como eles chamam quando o cara ta em permanente estado de excitação mas não transa.
133
De nós…

Foi o que eu fiz para ela.

Foi o que eu fiz para nós.

—Porra, não. —Respondi com um tom áspero.

—Será que isso significa que podemos nos enrolar? —Sua palavra para
abraçar.

—Sempre. —Respirei, tentando me impedir de ir mais para baixo em seu


pescoço.

—Humm... Okay.

Ela pegou o vestido e tentou tirá-lo, mas eu relutantemente puxei-o de


volta para baixo.

—Mantenha isso, Kid, eu não tenho tanta força de vontade.

Bati em sua bunda novamente, desta vez fazendo-a gritar, e depois a


levantei, e a deitei na cama, puxando as cobertas em torno dela. Tirei minhas
roupas, deixando apenas a minha cueca boxer. Lily tirou o vestido, jogando-o no
chão. Ela agarrou a camisa que eu estava usando e a vestiu, exatamente como ela
fez inúmeras vezes antes. Eu adorava vê-la sobre ela, sabendo que costumava ser
uma mania sua. Apaguei a luz antes de deitar ao lado dela, puxando-a tão perto
do meu corpo quanto possível, ela veio sem esforço. Ela suspirou satisfeita e
dormiu em segundos. Eu não sei quanto tempo eu fiquei lá acordado só a
segurando, curtindo a sensação de seu corpo minúsculo contra o meu peito.
Amando a sensação dela em meus braços novamente, nunca querendo que isso
acabasse. Eu a assisti dormir até que meus olhos cederam.

Aquela noite foi a primeira vez em muito tempo, que eu não sonhei com
ela. Eu não precisava. Ela estava em meus braços.

E…

Eu jurei nunca deixá-la ir novamente.


134
Naquela época

Bati na porta do hotel.

Dizer que eu estava nervosa todo o voo para Ohio teria sido um
eufemismo. Eu disse a meus pais que eu ia verificar algumas faculdades com
algumas amigas. Normalmente eles teriam discutido, mas eu acho que eles
estavam aliviados por eu estar fora de casa por alguns dias. Longe de todo o caos
com o câncer da minha mãe, e com Lucas sendo pai agora. Levei algumas
semanas para convencer Jacob a me deixar visitá-lo. Ele estava agindo um pouco
estranho depois que voltou para Ohio, das férias de primavera com Alex. Ele me
disse que estava cansado e sobrecarregado de seu último semestre na faculdade,
e preparando-se para tomar o LSAT17 para a faculdade de direito.

—Surpresa! —Eu entusiasticamente gritei.

—Ei, Kid. —Ele abriu a porta com um enorme sorriso no rosto, e eu pulei
em seus braços. Ele me pegou do chão, e eu envolvi minhas pernas em volta de
sua cintura.

—Como você chegou aqui? Eu estava prestes a ir buscá-la. Pensei que seu
voo só pousaria em trinta minutos.

—Eu senti sua falta, eu queria fazer uma surpresa. —Eu disse na curva de
seu pescoço. —Estou tão feliz por vê-lo.

17
Provas finais do semestre.
135
—Eu também, doce menina, eu também. —Ele beijou o topo da minha
cabeça e, em seguida, me colocou de volta no chão. —Como foi seu voo?

—Tranquilo. —Respondi enquanto ele pegava minha bolsa e violão da


porta, para depositar na cama king size.

—Uma cama? —Eu arqueei uma sobrancelha, dando-lhe um sorriso de


satisfação.

Ele riu. —Você quer que eu pegue duas? —Ele implicou com o mesmo
sorriso arrogante.

Eu pulei para o lado esquerdo da cama, colocando meu rosto sobre o


travesseiro. —Eu durmo deste lado.

—E se eu quiser esse lado?

Eu sorri. —Então eu posso dormir sobre você.

—Eu dividi a cama com você antes, Kid. Tenho certeza de que você vai
dormir em cima de mim de qualquer maneira.

Eu ri. Eu tinha dormido com ele, Lucas, e os outros meninos várias vezes.
Nossas famílias eram todas amigas antes mesmo de nascermos. Eu cresci com
todos eles, tirando férias juntos a cada verão, e infinitas quantidades de festas de
pijama. Isso nunca foi sexual, mas eu sabia que desta vez, com Jacob, seria
diferente.

Muito diferente.

Ele colocou as mãos nos bolsos com um olhar em seu rosto que eu não
pude decifrar.

—Agora o que? —Eu questionei, inclinando-me sobre a cabeceira da


cama. —Quais tipos de coisas divertidas você planejou para nós?

—Em primeiro lugar, eu pensei em mostrar-lhe Columbus.

—E então o que?

136
—Eu a alimentaria. Talvez se você for uma boa menina, vou até levá-la
para ver um filme. —Ele sorriu.

—Como em um encontro? Ou será que vamos pular toda essa etapa, e ir


direto para ser namorado e namorada? —Eu perguntei enquanto meu coração
batia forte no meu peito, precisando saber a resposta.

Foi a única coisa em que pensei no voo até aqui, bem, não a única coisa.
Eu tinha dezesseis anos, e a maioria das minhas amigas não eram mais virgens,
todas elas tinham experimentado algo. Eu tinha sido beijada, duas vezes, ambas
por Jacob, e eu não sabia como essas coisas funcionavam, mas eu sabia no meu
coração, que eu queria que fosse Jacob.

Eu sempre soube.

Ele não teria me deixado vir visitar se ele não me quisesse, certo?
Especialmente desde que nós dividiríamos uma cama...

—Que tal dar um passo de cada vez? Hã? Você está aqui, eu estou aqui.
Vamos começar com isso.

Mordi o lábio. Não era exatamente as palavras que eu queria ouvir, mas
não era totalmente ruim. Acho que eu poderia aceitar isso.

—Ok.

Ele estendeu a mão para mim e eu a peguei rapidamente. Saímos do hotel


e fomos para o nosso primeiro destino, The Jack Hanna Zoo and Aquarium. Ele
segurou minha mão o tempo todo, me guiando pelo jardim zoológico e todos os
animais com o nosso passeio privado atrás dos bastidores. Jacob sabia que eu
amava os animais, não importava que tipo fosse; se era peludo, eu adorava.

—Uau! Olhe para os bebês. Eu quero levar um para casa. —Eu disse,
olhando dentro da jaula do filhote de leão.

—Você quer segurar um?

Eu imediatamente olhei para ele com uma expressão confusa no rosto.

137
—Vou tomar isso como um sim. —Ele riu, balançando a cabeça atrás de
mim. Um homem apareceu na abertura de um dos portões para nós o seguirmos.
Tivemos que ficar na parte traseira, até que ele trouxe um dos filhotes até nós.

—Este é Yoshi, ele tem seis meses de idade. —O treinador nos informou,
colocando-o no chão. Abaixei-me para acariciá-lo, e ele não parava de lamber
minha mão. —Yoshi ama as senhoras. —Ele acrescentou, me fazendo rir.

Jacob tirou algumas fotos de nós. Eu estava triste por deixar Yoshi, mas
precisávamos seguir em frente. A próxima sala em que entramos tinha um
enorme aquário circular.

—Uau. —Suspirei, soltando a mão de Jacob e caminhando ao redor com


espanto completo, por todas as cores representadas por diferentes peixes e vidas
do mar. — Eu não posso acreditar que há tantos peixes! Você não vê isso no
oceano em Oak Island.

—Isso não. Só um monte de porra de tubarões.

—Oh, eu amo este!

Ele olhou para o gráfico. —É um peixe-anjo.

—Eu amo este, também!

—É um Koi.

—E esse aqui?

—Um espiga azul.

Eu apontei para centenas, e ele nomeou todos e cada um.

—Você sabe o que está faltando? —Eu perguntei, olhando para ele.

—Humm?

—Lagostas.

Ele riu de mim.

138
—Estou falando sério. Olhe para esta coisa. —Eu apontei para ele. —Há
um castelo, um navio pirata, cascalho azul brilhante, todas as plantas tropicais, e
todos estes belos peixes. Onde estão as lagostas?

Ele deu de ombros de uma forma típica de homem, achando minha


brincadeira divertida.

—Um dia eu vou ter um tanque de peixes como este, mas o meu vai ter
lagostas, e chutará o traseiro deste tanque de peixes.

—Soa como um plano.

—Um grande plano.

Ele me levou para o Jeni Ice Cream, que eu acho que era um negócio
muito grande em Columbus. Quando entramos, eu entendi o porquê. Minha
família era conhecida por amar doce. Na verdade, era uma piada, de que nós
provavelmente não poderíamos viver sem doces. Este lugar tinha todos os
sabores de sorvetes disponíveis.

Jacob perguntou a senhora atrás do balcão, se havia uma opção onde eu


pudesse escolher todos os sabores que eu quisesse. Ela disse que não, mas ele
usou seus poderes de persuasão. Por isso, quero dizer, ele sorriu e disse. —Por
favor.

—Apenas para você. Não diga a ninguém, no entanto. —Ela flertou.

—É nosso segredinho. —Entrei na conversa, sorrindo para Jacob.

—Você tem um irmão mais velho realmente incrível. Eu queria que o meu
fosse como ele.

Eu parei de sorrir e Jacob franziu os lábios. A atmosfera entre nós mudou


imediatamente. Eu temia o que estava acontecendo em sua cabeça. Não acho
que eu parecia tão jovem. Mordi o lábio, sua insegurança sobre nós irradiando
dele, e eu odiei que houve uma súbita mudança em nosso relacionamento
descontraído.

139
Eu sorri, inclinando a cabeça para o lado. —Uau, velho, ela acha que você
é meu irmão mais velho, não é bonitinho. — Olhei ao redor da sala e inclinei-me
sobre o balcão. —Só para deixar claro... ele é realmente o meu papaizinho. —Eu
pisquei.

Jacob explodiu em gargalhadas. Eu literalmente achei que ele ficaria


irritado por causa da minha resposta espertinha. A senhora ficou vermelha.
Ignorei ambas as reações, e comecei a escolher todos os sabores que eu queria
comer.

Adicionei um pouco mais, só porque ela foi uma pentelha.

Essa definitivamente era uma das coisas que eu mais amava em Lily, ela
poderia pegar qualquer situação, e transformar em algo positivo, o que
geralmente deixava você rindo. Quanto mais perto chegávamos ao hotel, mais
ansioso eu ficava. Eu não sabia se ela tinha certas expectativas por causa de
nossos arranjos para dormir. Tudo que eu queria era abraçá-la enquanto
dormíamos, essa é a única razão pela qual eu escolhi uma cama king size, mas se
havia uma coisa que eu sabia sobre Lily, era, o que ela queria ou definisse em sua
mente, ela teria.

Eu vivi em Ohio por quatro anos, e esta era a primeira vez em que eu fazia
esses passeios turísticos, mas se a fazia feliz, isso era tudo o que importava. Eu a
levei para mais alguns lugares que eu sabia que ela amaria e, em seguida, para o
meu local favorito para o jantar. Quando eu lhe entreguei o meu telefone para
escolher um filme, ela disse que queria alugar um no nosso quarto. Afirmando
que essa era uma das melhores partes de se hospedar em um hotel. Fui com o
pedido dela porque, porra...

Que outra escolha eu tinha?


140
Nós caminhamos para o quarto, e ela disse que precisava de um banho.
Não demorou muito para que ela aparecesse na menor toalha inventada pelo
homem.

Tudo o que passou pela minha cabeça foi que eu estava fodido.

—Eu me sinto muito melhor. —Ela disse, rindo e sentando na beira da


cama. Completamente ciente da reação que ela evocou em mim, sentada com
nada além de uma toalha, com o cabelo molhado caindo em cascata pelo seu
rosto e sua pele corada, ainda um pouco molhada. Ela assentiu com a cabeça de
uma forma sedutora e ainda tímida, que eu nunca tinha visto antes.

Merda.

Eu tinha que dar o fora de lá antes que meu pau começasse a ter ideias
próprias.

Liguei o chuveiro. Esperando que a água fria abafasse os pensamentos que


estavam correndo na minha cabeça... em ambas as malditas cabeças. Visões de
Lily inclinando-se sobre a cama e eu batendo nela, Lily sobre a cômoda e eu de
joelhos devorando sua buceta, Lily montando meu pau enquanto eu observo seus
seios saltarem, enquanto eu agarro duramente suas coxas querendo marcá-la. Foi
um logo após o outro, implacável e tentador, o pecado de tudo tornando-o mais
viciante e enlouquecedor, como o fruto proibido que era. Eu estava sob o
chuveiro em três segundos, querendo lavar as imagens de Lily, de nós.

A. Irmãzinha. Do. Meu. Melhor. Amigo.

Parecendo tão inocente. Sabendo que ela nunca foi tocada antes, foi
demais para o meu pênis rígido, que não queria nada mais do que afundar em sua
doce buceta virgem apertada.

Tomando o que eu tão desesperadamente queria que fosse meu.

Eu inclinei meu braço contra a parede, descansando minha testa nela a


água fria correndo por minha cabeça e meu corpo inteiro. Fechei meus olhos e
minha mão encontrou o meu pau duro e latejante dentro de segundos. Eu

141
precisava de algum relaxamento, mas eu não podia ir lá com Lily ainda, então eu
fiz a única coisa que eu podia.

Eu me acariciei imaginando nada além de imagens...

A maneira que eu a faria gemer.

A maneira que eu a faria palpitar.

A maneira que eu a faria implorar para gozar.

Eu bati minha cabeça contra o azulejo. —O que diabos estou fazendo? —


Eu balbuciei em agonia.

Imaginei-a arqueando para trás, e os mamilos franzindo quando eu


lambesse e chupasse com a minha boca. Os sons que escapariam de seus
pequenos lábios ofegantes, quanto mais perto eu lhe permitisse chegar da sua
libertação. A maneira que eu a faria gritar o meu maldito nome uma e outra vez,
até que estivesse queimado em sua pele e ela só se lembrasse de mim.

Minha.

Eu bombeei mais e mais rápido, meus quadris movendo-se na direção


oposta da minha mão, imaginando que era a sua buceta pulsando e apertando
meu pau à beira da agonia.

—Cristo... — Eu gemi um pouco alto demais na beira do gozo, mas não


cheguei lá. —Lily. —Rosnei, ouvindo alguém suspirar fracamente.

Lily.

Virei à cabeça para o lado, abrindo os olhos para encontrá-la me olhando


na porta, nós dois usando o mesmo olhar cheio de luxúria. Seu peito subia e
descia com cada bombear da minha mão acariciando meu pau, e eu estaria
mentindo se eu dissesse que isso não me excitou.

Meu pau foi ficando mais duro a ponto da dor.

—Diga. —Ordenei em um tom rouco.

142
—O que? —Ela ofegava, presa na visão de mim me masturbando na frente
dela.

—Diga meu maldito nome.

Os olhos dela arregalaram, e sua respiração travou. —Jacob.

Eu gozei tão forte que eu vi estrelas, enquanto todo o meu corpo tremia
com o orgasmo mais intenso que eu já tinha experimentado. Ela lambeu os lábios
e, em seguida, mordeu fundo e, pela milionésima vez, eu me vi querendo mordê-
lo por ela. Saí do chuveiro, envolvendo uma toalha em volta da minha cintura,
não me preocupando em me secar. Evitando o espelho como se fosse uma
maldita praga. A vergonha me atingiu de forma que eu nunca pensei ser possível.
Sorvi uma respiração profunda, longa e sussurrei. —Lillian...

E ela saiu correndo.

143
Dias Atuais

Fazia algumas semanas desde que Lily voltou a dormir em meus braços. Eu
não tinha deixado sua cama.

—Certo. —Eu disse ao telefone, falando com Jimmy, meu colega de


trabalho.

—Quando você está pensando em voltar? —Ele perguntou enquanto eu


observava Lily sair de sua caminhonete de grandes dimensões, que ainda era
muito grande para ela.

—Não sei ainda.

—Você vai voltar certo?

Silêncio.

—Merda, homem, você vai de trabalhar o tempo todo, para tirar dois
meses sabáticos. Quem é você e o que você fez com Jacob?

—Ainda estou trabalhando.

—Ajudando. —Ele corrigiu.

—Ainda estou fazendo dinheiro para a firma.

—Que é provavelmente a única razão pela qual ele está sendo tão brando
sobre a sua pequena pausa.

144
—Não esqueça a parte de que sou muito bom no que faço. —Lembrei.

—Acusando?

—Defendendo.

—Ei! —Lily cumprimentou quando ela abriu a porta.

—Filho da puta. Isso explica tudo, um escravoceta18, quem é ela?

Eu ri, balançando a cabeça, agarrando-a pela cintura e fazendo gritar


quando ela tentou passar por mim.

—Eu tenho que ir. —Eu desliguei, beijando a sua nuca. —Você achou que
poderia passar por mim sem que eu tocasse você? Especialmente quando você
está vestindo isso.

—É um vestido.

—É uma camisa que você usa como um maldito vestido.

—Tenho um tronco pequeno.

—Você é pequena em todos os lugares, especialmente essa sua buceta


pequena e apertada. Isso pode tentar um santo.

Ela zombou. —Como você saberia? Meus amigos e eu ainda não fomos
readaptados. Meu arsenal de brinquedos poderia ter esticado tudo agora.

Mordi seu pescoço.

—Aii. Por que isso?

—Você sabe por quê.

—Sim... sim... sim... você não quer que eu ache que você só quer uma
coisa. —Ela virou-se para mim, inclinando a cabeça para o lado, colocando as
mãos no meu peito. —E se eu só quiser uma coisa, Jacob?

18
Mistura de escrava com buceta
145
—Isso está certo?

—Sim senhor.

Inclinei-me como se eu fosse beijá-la, mas no último segundo eu cliquei


meus dentes juntos, como se fosse mordê-la.

—Eu poderia me acostumar com você me chamando de senhor.

—Eu poderia me acostumar com você me comendo. —Ela maliciosamente


sorriu. —Parece que isso nunca vai acontecer.

—Você está com tesão, bebê? É disso que se trata?

—Você tirou meus brinquedos, Jacob, o que diabos você acha? Eu estou
morrendo aqui. Eu não posso usar minha mão. Não funciona. Não vai
suficientemente rápido ou algo assim, eu não sei, é como se fosse quebrada. Eu
preciso dos meus brinquedos de volta!

Eu ri, minha cabeça caindo para trás, e ela deu o impulso para se empurrar
para longe e para fora dos meus braços.

—Eu acho que eu só preciso ir ao sex shop, e pegar um novo BOB.

Eu parei de rir.

—Sim, uma menina tem que fazer o que uma menina tem que fazer. Além
disso, eles me amam lá, eles provavelmente sentem minha falta. Eu sou um
membro VIP, você sabe... uma buceta19 muito importante. Dei um passo em
direção a ela. —Você está tentando me provocar?

—Depende, está funcionando?

—O que é isso, bebê? Você quer que eu foda essa doce buceta agora?

Ela olhou para o relógio. —Eu poderia encaixá-lo.

19
Trocadilho com VIP very important people e ela diz very importante pussy.
146
Eu sorri. — Não é assim que eu me lembro.

Ela estreitou os olhos para mim, e começou a andar para trás pelo
corredor e para o quarto dela, comigo a seguindo de perto. Nossos olhos um no
outro o tempo todo, ambos sabendo aonde isso iria. Ela sentou-se na beira da
cama, enquanto eu inclinei meu ombro contra o batente da porta, os braços
cruzados sobre o peito, com uma perna cruzada sobre a outra. Vi a decepção de
que eu não a tinha seguido para a cama. Eu deixei alguns segundos
permanecerem entre nós, querendo memorizar ela e este momento.

Bem. Assim.

—Levante-se. —Ordenei com um tom áspero.

Ela não pensou duas vezes.

—Tire seu vestido.

Ela estendeu a mão para a bainha.

—Mais devagar.

Ela gradualmente levantou o vestido sobre suas coxas cremosas, e eu


esfreguei os dedos sobre a minha boca, já a saboreando na minha língua. Ela
jogou seu vestido no chão e ficou na minha frente em nada, além do sutiã e
calcinha.

—Vire para mim.

Ela virou.

—Você é tão bonita. —Murmurei, alto o suficiente para ela ouvir.

Ela pegou o sutiã.

—Não.

Ela inclinou a cabeça para o lado com uma expressão interrogativa.

147
—É o meu trabalho. Eu quero você completamente nua. Eu quero você
molhada. Eu quero fazer você gozar. Você é minha. Você me entende?

Ela assentiu e engoliu em seco. O quarto era o único lugar que Lily acatava
ordens, e o pensamento me deixou excitado.

—Deite-se na cama e feche os olhos.

Ela estava prestes a dizer algo e eu arqueei uma sobrancelha. —Seja


minha doce menina e não me faça repetir.

Ela rastejou sobre a cama, certificando-se de me dar uma visão de sua


bunda voluptuosa balançando com cada movimento que ela fazia. Ela respirou
fundo e fechou os olhos. Afastei-me da parede e arranquei uma das hortênsias do
vaso em sua mesa de cabeceira. Tirei o boné de baseball, colocando-o na beira da
cama, e coloquei a hortênsia na ponta do nariz. Eu deixava sua casa cheia delas
agora, só porque eu adorava ver seu sorriso cada vez que ela olhava para elas.
Passei muitos anos não vendo aquele maldito sorriso.

Lentamente desci pelo corpo dela, quase tocando sua pele, o suficiente
para deixá-la arrepiada. Uma vez que eu alcancei a sua buceta, eu pressionei mais
firme, movendo-a para trás e para frente contra o clitóris.

Ela puxou uma lufada de ar.

Eu continuei a brincar com ela por alguns segundos. Depositei a hortênsia


na mesa de cabeceira, tirei seu sutiã e, em seguida, a calcinha, trazendo-os para o
meu rosto para cheirar sua umidade.

—Eles não fedem nem cheiram. —Ela brincou, com os olhos ainda
fechados.

Eu sorri. —Você quer que eu a coloque sobre o meu joelho, não é? —


Deitei-me ao lado dela, minha cabeça apoiada na minha mão.

Eu lambi o meu indicador e o dedo médio, esfregando seus mamilos até


que eles ficaram duros, e depois os suguei em minha boca. Ela engasgou com a

148
sensação da minha língua e os dentes. Meus dedos foram para baixo, para onde
eles mais queriam estar.

Sua buceta.

Esfreguei ao longo de seus lábios antes de abri-los para encontrar seu


cerne vermelho brilhante inchado. Esfreguei de sua abertura para o clitóris, sem
ficar em um lugar por muito tempo. Eu queria sentir o gosto dela, mas eu
precisava saber em primeiro lugar...

—Diga-me, Kid, com quantos meninos você esteve?

Eu imediatamente abri os olhos, parcialmente pela memória dele ter feito


isso comigo antes, e parcialmente por causa do que ele estava perguntando.

—Não faça perguntas se não quer a resposta. —Persuadi, na esperança de


que isso funcionasse.

—Tem certeza? —Ele perguntou em tom diabólico.

Seus olhos não tinham nada além de maldade, quando seu dedo foi direto
para o meu clitóris. Ele soprou ao lado do meu pescoço, fazendo com que
arrepios rastejassem pela minha pele e ao longo de todo o meu corpo.

—Você não está sendo uma boa menina... —Ele bateu na minha buceta,
me pegando completamente desprevenida, mas fazendo-me querer mais. —Isso
é bom, bebê? —Ele murmurou, enquanto continuava seu ataque ao meu clitóris.

—Sim…

—Responda à pergunta ou eu vou parar. —Ele provocou.

149
—Você não o faria.

—Me teste.

Eu reconheci esse tom. —Quatro. —Eu simplesmente declarei.

Seus olhos vidraram com uma expressão predatória, que me fez apertar as
coxas.

—Incluindo eu. —Ele afirmou como uma pergunta.

—Sim.

Ele inclinou-se para frente, perto da minha boca. —Eles te fizeram gozar?
—Ele retrucou, num tom que eu não apreciei, mas ainda me deixou molhada. —
Não me faça perguntar novamente.

—Não.

Eu podia senti-lo sorrindo contra o meu rosto. Sua mão voltou ao meu
clitóris, manipulando o feixe de nervos, até que minhas pernas abriram mais e
mais para ele. Ele moveu os dedos mais rápido em minha protuberância, tocando-
me como se eu fosse um maldito violão.

—Vou te dizer por que eles não te fizeram gozar. —Ele rosnou, olhando
profundamente em meus olhos, antes de fazer amor comigo com a boca. Ele
mordeu meu lábio inferior. Eu estava tão perto da libertação, girando meus
quadris contra sua mão. Eu não estava mentindo. Eu namorei três caras depois
dele, e nem um deles trouxe-me perto do orgasmo. Quero dizer, me sentia bem,
mas eu não conseguia chegar lá sem brinquedos, daí o arsenal que eu costumava
ter.

—Porque eu sou o único que sabe onde e como tocar, como lamber você,
e quão forte transar com você. —Ele disse entre me beijar, sua voz cheia de
posse. —Você é minha. — Ele lambeu os lábios e rosnou novamente. Nós nos
beijamos apaixonadamente, nossas línguas fazendo uma dança pecaminosa de
desejo e necessidade, os dedos movendo-se mais rápidos e mais exigentes.

150
Gemi em sua boca quando ele parou. Ele me beijou uma última vez, e
moveu os lábios exatamente para onde eu queria. Lambendo, sugando, e
provando, de uma maneira que me fez virar os olhos, fazendo todos os tipos de
ruídos que eu nunca tinha ouvido antes.

—Diga. —Ele exigiu contra a minha área mais privada.

Eu ofegava, tentando recuperar o fôlego. —Jacob... Jacob, Jacob, Jacob. —


Repeti, gozando por todo o seu rosto.

Ouvi-la dizer que ela esteve com outros caras, foi como uma bala na porra
do meu coração, mas no final isso não importava.

Nunca ninguém me fez sentir esse tipo de dor.

Ninguém.

Eu fui seu primeiro, e eu seria seu último.

Lily foi feita para mim. Eu conhecia seu corpo melhor do que ela. Eu
ensinei a ela o que ela amava, o que ela desejava, o que ela precisava. Eu a
conhecia até seu núcleo. Eu a fiz gozar tão forte que seus sucos escorreram pela
minha barba. Suas pernas estavam apertando meu rosto tão forte, que eu tive
que colocar meus braços em torno de suas coxas para colocá-las para baixo. Ela
finalmente gozou quando eu estava deitado sobre seu corpo minúsculo,
enquadrando-a com os meus braços em torno de seu rosto, dominando-a,
consumindo-a, reivindicando-a da única maneira que eu sabia. Sua respiração
estava pesada e profunda, sua pele estava rosa brilhante, e ela suava
ligeiramente. O cheiro de sua excitação estava em torno de mim, e ela parecia
brilhante com o seu orgasmo. Eu nunca me cansaria de vê-la gozar.

151
Ela era de tirar a porra do fôlego.

—Abra seus olhos. Olhe para mim.

Ela abriu com um olhar cheio de luxúria, que fez seus olhos castanhos
escuros parecerem quase preto.

—Eu não quero nada entre nós, eu preciso sentir você toda, Kid, cada
porra de centímetro. Eu sempre usei um preservativo, exceto com você. Só você.
Eu estou limpo, eu tenho testado. Por favor, me diga que você está tomando
pílula?

Ela sorriu.

Eu agarrei sua perna e a angulei para cima, dobrando o joelho para que
seu pé repousasse sobre minha bunda, e hesitante, empurrei para dentro.

—Oh Deus.

—Jesus, você é apertada pra caralho, tão molhada, porra, tão minha.

Eu empurrei, pouco a pouco, até que eu estava totalmente dentro dela,


parando para me deliciar com a alegria e o êxtase que você sente no conforto de
voltar para casa.

As sensações de Lily e só Lily.

Minha mente estava cambaleando com tantas emoções, que eu não


poderia me segurar.

A sensação dela.

O sabor dela.

O cheiro dela.

Só ela. Sempre ela.

Eu gemi quando eu estava totalmente dentro dela, descansando minha


testa na dela, nossos olhos encontraram-se, ambos em transe. Sua buceta me

152
envolvia como uma maldita luva. Eu poderia ter gozado ali mesmo. Nós nos
beijamos e ela mexeu os quadris, eu entendi o apelo silencioso, e comecei a
empurrar dentro e fora dela. Ela moveu as pernas, de modo que as duas
estivessem em volta da minha cintura e firmes nas minhas costas. Trazendo-me
para mais perto dela, e abraçando meu pescoço. Nós nos beijamos o tempo todo,
não sendo capaz de ter o suficiente um do outro. Parecia que horas se passaram e
o mundo inteiro ficou para trás.

Onde não havia nenhuma história, e tudo o que restava éramos nós e
nosso futuro.

—Como você faz isso comigo? Como tem sido sempre capaz de fazer isso
comigo? —Ela ofegava, sua buceta pulsando no meu pau, mais forte, tornando
difícil me mover.

—Eu te amo. —Eu simplesmente declarei.

—Vou gozar, Jacob, por favor...

—Por favor, o que, querida?

—Goze comigo. —Sua buceta apertou, e eu empurrei dentro e fora


algumas vezes mais, porque ela estava boa pra caralho, até que eu não consegui
segurar por mais tempo, e lancei minha semente profundamente dentro de seu
núcleo.

Exatamente onde pertencia.

153
Naquela época

Ouvi ruídos vindos do banheiro.

No começo eu fui em direção à porta, porque eu pensei que talvez ele


estivesse ferido ou algo assim. Eu estava prestes a chamar o nome dele, quando o
ouvi xingar, com uma voz que parecia que ele estava morrendo. Abri a porta e ele
imediatamente gemeu meu nome, mesmo sem perceber que eu estava bem ali.

Observando-o.

Eu nunca tinha visto nada remotamente perto da cena rolando diante dos
meus olhos. Eu sabia que os caras se masturbavam, eu não era tão ingênua, mas
eu nunca tinha visto o pau de um cara antes. E Jacob... bem, Jacob... era enorme,
porra, a mão grande mal cobrindo-o. Seu corpo estava tão tenso, mostrando
todos os músculos elegantes. Seu abdômen contraído, enfatizando seu pacote de
seis20 e o V logo acima de seu caminho feliz, que estava fazendo todos os tipos de
coisas comigo. Seus músculos das costas flexionavam com cada puxar e esticar.
Seu corpo era uma das maravilhas que eu queria explorar. Eu tinha o desejo de
lamber as gotas de água dele, em reverência completa e absoluta a ele. Eu o
queria mais naquele momento do que eu jamais quis antes. Ele não parou quando
me viu, e eu assisti fascinada enquanto ele acariciava seu pau, enquanto ele
estava olhando para mim com o mesmo olhar cativante.

20
Abdômen definido com 6 gominhos.
154
Era como um acidente de trem que você sabia que acabaria mal, mas não
conseguia desviar o olhar, mesmo se você quisesse. Não havia como. Eu fiquei
confusa quando ele me mandou dizer o nome dele, mas porra, isso fazia minha
buceta molhar e pulsar, de forma que eu nunca tinha experimentado antes.

Observá-lo gozar assim que eu disse o nome dele, não estava ajudando a
minha situação mais abaixo. Fazendo com que a minha pele queimasse,
acendendo as chamas já fumegantes na minha corrente sanguínea. Produzindo
uma sensação de formigamento que me fez apertar minhas coxas por causa das
sensações desconhecidas entre as minhas pernas. A sensação borbulhante no
meu estômago deixou-me animada de um jeito, que eu não podia sequer
começar a descrever.

Ele não tirava os olhos de mim. Estávamos sob um feitiço lascivo que nos
pregava ao chão. Ele saiu do chuveiro, e eu juro que eu pensei que ele viria me
pegar em seus braços e me fazer sentir tudo o que eu senti ali, só que dez vezes
mais. Então, quando ele disse meu nome completo, ele me lembrou do porquê eu
adorava quando ele me chamava de Lillian, e eu decolei como uma bala em
disparada. Corri para a porta, e mal tinha fechado quando ela abriu novamente.

—Que diabos? —Ele rugiu. —Você vai realmente me deixar assim?

Virei-me para encará-lo. —Sim... Não... Eu não sei.

—A última coisa que precisamos agora é que você aja como uma criança.

Meus olhos arregalaram, ferida.

—Merda. —Ele rosnou.

Eu imediatamente virei para abrir a porta, mas ele a fechou novamente


atrás de mim.

—Eu não quis dizer isso assim. —Ele meio que se desculpou.

Eu dei um passo para longe da porta, precisando colocar algum espaço


entre nós. Eu não conseguia pensar quando ele estava tão perto de mim.

—Por que você está fugindo?


155
Eu encolhi os ombros sem saber como responder. Quando eu vi o boné de
baseball na mesa de cabeceira, eu instintivamente agarrei-o, colocando-o na
minha cabeça. Sua testa franziu, e olhou para mim, confuso, e eu tentei pra
caramba não olhar para o seu corpo que ainda estava apenas com uma toalha.

—Me responda. —Ele exigiu.

Eu abri minha boca para dizer alguma coisa, mas nada saiu.

—Kid, sou eu. Ok? Sou. Eu.

Eu olhei para o chão. Ele veio na minha direção, colocando os dedos


debaixo do meu queixo para me fazer olhar para ele.

—Por quê?

—Fiquei sobrecarregada, porque eu nunca estive em uma situação como


esta antes. —Expliquei, tentando impedir minha voz de quebrar. Limpei a
garganta. Eu não queria que ele me visse chorar. —Eu senti coisas que eu nunca
senti antes, e eu não sabia o que fazer a seguir. —Murmurei, querendo
desesperadamente olhar para o chão novamente. —Eu não tenho nenhuma
experiência quando se trata de coisas assim. Você é a única coisa que eu sei, o
que temos feito são as únicas coisas que eu sei. Desculpe-me se não sou mais
experiente, mas se você me disser o que fazer... Eu vou fazer... —Ele colocou um
dedo nos meus lábios, silenciando-me.

—Saber que você é tão pura, é o que está me impedindo de jogar você por
cima do ombro e fazê-la minha. É a sua inocência que me deixa louco, Kid. Eu não
quero manchar você, Lily.

—Ah... —Eu murmurei, chocada.

Ele riu.

—Isso significa o quê? Eu quero dizer, nós vamos?

—Não.

Eu fiz uma careta.


156
—Não, porque eu não quero você. Ambos não queremos falar sobre isso,
Lily, mas você tem dezesseis anos, eu tenho vinte e três. Não só isso, mas você é a
irmãzinha de Lucas. Você tem alguma ideia do que ele faria comigo se descobrisse
que você está aqui comigo? O que seus pais fariam?

—Eu não me importo. Isso não importa para mim. Não é da conta deles.
Essa é a minha vida. Você é minha vida. Eu te amo, Jacob. Eu sempre te amei.

Foi a sua vez de fazer uma careta. Sua reação me machucou tanto.

—Doce menina, você não sabe o que isso significa.

—Sim, eu sei. Eu sei a maneira que você me faz sentir. Eu sei que sou feliz
quando estou com você. Eu sei que estou triste quando não estou com você. Eu
sei que penso em você o tempo todo. Acima de tudo, eu sei em meu coração que
você me ama também. Por mais que você não queira admitir isso, você me ama.
Eu não estaria aqui se você não me amasse. Você sempre me amou. Somos
lagostas. —Desabafei, incapaz de impedir as lágrimas nos meus olhos.

—Lily, não é assim...

Dei um passo para trás como se ele tivesse me dado um tapa no rosto. De
certa forma ele tinha. —Você não quer dizer isso.

—O que estamos fazendo é errado.

—O que?

Ela olhou para mim chocada, como se eu tivesse batido em seu rosto.

—Isso não pode ser uma surpresa para você.

—Então por que estou aqui?

—Lillian, eu nunca deveria ter te beijado uma primeira vez, eu não deveria
ter te beijado uma segunda vez, e Deus me proíba, eu não deveria ter
definitivamente arrastado você para um fim de semana em um quarto sozinha
comigo. Mas a sua luz, Kid, isso me atrai como uma mariposa à chama. Eu não
posso ficar longe de você.
157
—Viu! Você. Me. Ama.

Ele suspirou. —Vamos apenas deitar, ok? Descansar. Assistir a um filme e


simplesmente curtir. Tudo bem?

Mordi o lábio.

—Vou deixar você ficar com esse boné. —Ele sorriu.

—Este é o seu boné favorito. Você sempre o usa.

Ele balançou a cabeça, parecendo que queria dizer mais, mas se segurou.
—Nada de filmes de terror? —Sondou com o mesmo sorriso malicioso.

—Combinado.

Ele esticou a mão e eu a peguei.

Nós assistimos a dois filmes antes que Lily adormecesse nos meus braços.
Quando acordei, eu estava na beira da cama, e ela estava praticamente dormindo
em cima de mim. Ela estava me usando como um travesseiro de corpo; a cabeça
no meu peito, o braço em volta do meu estômago, e sua perna estendida sobre
minhas coxas. Na verdade, eu inclinei-me para olhar para o outro lado da cama, e
parecia que ninguém havia dormido ali. Eu estalei meu pescoço, olhando para o
relógio. Eram nove horas da manhã, e Lily ainda estava completamente
desmaiada em cima de mim.

—Kid. — Eu a balancei.

—Cinco minutos mais.

Eu ri. —Vamos, é o seu último dia aqui. Vamos fazer alguma coisa.
158
—Em cinco minutos.

Eu suspirei de volta contra o travesseiro e fechei os olhos. Quando acordei


novamente eram onze horas, o que foi surpreendente, porque eu nunca dormia.
Nós ainda estávamos na mesma posição, exceto que Lily estava deitada ainda
mais em cima de mim, se isso era mesmo possível. Ela moveu o joelho um pouco,
imediatamente movendo-o de volta para baixo quando sentiu a protuberância em
meu short.

O sorriso largo que ela deu, mostrou que estava acordada. —O seu amigo
está acordado.

Eu ri muito, fazendo-a sorrir mais.

—Isso parece ser muito comum quando você está por perto. —Eu disse,
colocando meu braço debaixo da minha cabeça para olhar para ela.

Ela cutucou o rosto no meu peito. —Nós não fizemos amizade ainda, e ele
já me ama. Parece promissor. Eu poderia oficialmente encontrá-lo se você
quisesse? —Ela olhou para mim com os olhos semicerrados.

Eu balancei a cabeça negativamente.

Ela encolheu os ombros. —Valeu à tentativa.

—Bem, nós desperdiçamos a manhã toda dormindo por sua causa.

—Bahh, Ohio é superestimada. Eu prefiro ficar na piscina do hotel hoje.

—Eu acho que eu poderia arranjar isso.

Lily trocou-se no banheiro, enquanto eu coloquei um short e uma camisa


de ginástica. Quando ela saiu, ela tinha trançado o cabelo. Meu primeiro
pensamento foi o quanto eu queria pegar essas tranças malditas como alavanca,
e deixá-la devorar cada centímetro do meu maldito pau.

Maldição.

159
Quando ela fugiu de mim ontem à noite, foi provavelmente um dos piores
momentos da minha vida. Eu já me sentia como um pedaço de merda pelo que eu
permiti que acontecesse. Tê-la literalmente fugindo de mim, apenas adicionou
combustível ao inferno em torno de mim.

Exceto que Lily era o fogo.

Não era mentira quando eu lhe disse que não podia ficar longe dela. Ela
tinha essa atração sobre mim que eu mal entendia, e custava tudo dentro de mim
para não dizer a ela que eu a amava. O amor não era algo que via muito em
minha casa. Do lado de fora, meus pais pareciam ser o casal perfeito. Eu acho que
em alguns aspectos eram, mas não da maneira que importava. Eles fizeram o seu
melhor para esconder as coisas de mim e das minhas irmãs. Eu sabia do monte de
merda ruim que acontecia entre eles a portas fechadas. Eu encontrei minha mãe
chorando mais de uma vez, e pareceu piorar desde que saí para a faculdade. Eu
não sabia para qual faculdade de direito eu iria.

E eu não tinha a porra de uma ideia do que eu estava fazendo com Lily em
um quarto de hotel.

Eu me preocupava com ela. Eu gostava dela mais do que eu


provavelmente deveria. Eu não podia negar isso. Aonde isso me levaria... nós,
ainda não estava determinado. Eu não queria levá-la adiante, e me matava pensar
que eu poderia. Isso não me impediu de tê-la aqui, segurando-a enquanto ela
dormia, e amando cada segundo que eu estava com ela.

Eu estava sendo um maldito bastardo egoísta.

—Ei! —Ela gritou, sentando ao meu lado na espreguiçadeira. —O que você


está pensando aqui?

—Humm?

—Fui ao banheiro e voltei, e parece que você está questionando sua


masculinidade ou algo assim.

Eu ri e ela também. —Tudo bem, se você gosta de homens, bebê, ainda


sempre amarei você. —Ela sorriu.
160
—Bonito, muito bonito, Kid. Não me tente, eu vou lhe mostrar o quanto
eu amo buceta, porra.

—Isso é uma promessa ou uma ameaça? —Ela provocou, de pé para pegar


alguma coisa em sua bolsa.

Peguei meu celular, verificando minhas mensagens.

Lucas: Ei, irmão.

Lucas: Você está por aqui? Preciso falar com você.

Lucas: Estou tentando falar com você o dia inteiro.

Lucas: Onde diabos você está?

—Merda. —Sussurrei para mim mesmo. Ele havia mandado mensagem


quatro vezes nas últimas vinte horas. Eu deixei o meu telefone no silencioso. Eu
não queria quaisquer interrupções.

Jacob: Desculpe-me, cara. Estive ocupado com as provas finais.

Eu estava completamente na merda.

Lucas: Você está ocupado?

Jacob: O que aconteceu?

Lucas: É Lily.

Todo o sangue foi drenado do meu corpo. Eu não podia nem escrever sem
meus dedos tremerem. Eu estava na merda. Eu não estava pronto para esta
conversa.

Jacob: O que tem ela?

Lucas: Você tem falado com ela ultimamente?

Eu não gostei de onde esse papo chegaria.

Jacob: Por quê?


161
Lucas: Ela está agindo de forma estranha. Secreta. Você sabe que
ela não é assim, você mal pode fazê-la calar a boca. Você sabe que ela
está em Ohio, certo?

Jacob: Ela disse algo sobre isso. Faculdade, certo?

Lucas: Exatamente. Você sabe tão bem quanto eu, que Lily não
tem interesse na faculdade, porra. Meus pais estão muito ocupados com
a doença da minha mãe para ver suas besteiras. Eu acho que ela está
lá por um cara.

Meu coração afundou, e eu tentei desesperadamente manter a calma.


Que porra eu poderia dizer sobre isso? —Sim, irmão, esse cara sou eu?

Jacob: Talvez ela tenha mudado de ideia. Ela é jovem. Ela tem
tempo.

Lucas: Lily? Estamos falando da minha irmãzinha, certo?

Jacob: Tudo o que eu estou dizendo, é que talvez ela queira


tentar algo diferente. Você sabe, sair de Oak Island e frequentar a
faculdade. Fazer algo diferente.

Lucas: Por que fazer tudo escondido, então? Ela sempre me


contou tudo. Eu tenho pressentimento de que é um cara, porra, e o fato
de que ela não me disse nada sobre isso, me faz pensar que ele é a
porra de um babaca. A última coisa que eu preciso agora é da minha
irmãzinha apaixonada por algum filho da puta que vai só usá-la. Ela
age toda durona, mas eu sei que essa merda com a minha mãe está
acabando com ela.

Jacob: Sim.

Era tudo que eu podia dizer, sorvendo uma respiração profunda.

162
Lucas: Se você falar com ela, veja se você consegue tirar algo dela,
ok? Eu disse à Dylan a mesma coisa.

Jacob: Claro.

Lucas: Obrigado, irmão. Eu tenho que ir buscar Mason. Até mais


tarde.

Olhei para as nossas mensagens de texto por não sei quanto tempo, lendo
uma e outra vez. Eu finalmente apenas deixei pra lá, e joguei meu telefone sobre
a mesa, olhando para cima para encontrar Lily. Quando eu a vi, os meus olhos
arregalaram, e eu estava fora de minha cadeira em dois segundos para cobri-la
antes que quaisquer outros babacas a vissem.

—O que diabos você está vestindo? —Eu rugi, jogando uma toalha em
torno dela.

—É chamado biquíni, papai!

—Lillian, não me teste, porra. Não agora.

—Por quê? O que aconteceu?

—Vamos voltar para o quarto, para que você possa colocar uma maldita
roupa. —Eu peguei a mão dela, arrastando-a atrás de mim.

—Este é o único biquíni que eu tenho.

—Então vamos para a loja de presentes para comprar algo que tenha mais
material do que apenas algumas tiras malditas.

Ela parou, puxando sua mão para longe de mim. —Não. Não há ninguém
aqui. Você já olhou em volta?

Eu olhei. Ela estava certa. —Jesus Cristo! Todo o sentido de razão que eu
tenho dá um salto quando se trata de você.

Ela sorriu.

163
—O que é que eu vou fazer com você? —Eu murmurei, acariciando sua
bochecha, precisando tocá-la.

Ela olhou profundamente em meus olhos, com nada além de completo


amor e devoção para mim e disse:

—Tudo o que quiser.

164
Dias Atuais

Fazia dois meses que Jacob e eu estávamos juntos, sem contar o mês que
ele me deixou sozinha. Se você perguntasse a ele, ele lhe diria três meses, ou até
mesmo desde o dia em que nasci.

Ele poderia ser extravagante assim.

As coisas estavam boas. As coisas estavam muito boas na verdade. Ele


nunca deixou minha casa, embora ele tivesse um quarto de hotel ou, pelo menos,
ele disse que tinha, eu nunca vi isso. Toda vez que eu perguntei a ele quando ele
voltaria para casa, ele respondia com: — Eu estou em casa, bebê, ou você é meu
lar, bebê.

Vê? Merda melosa.

Eu amava.

Eu o amava.

Eu ainda não tinha dito isso a ele, mas eu sabia que não precisava. Ele já
sabia disso. Ele estava tentando ser sócio de um escritório de advocacia em San
Francisco, mas ele não falava muito sobre isso. Ele ficava ao telefone, ou em seu
laptop, então eu sabia que ele ainda estava trabalhando. Jacob sempre foi bom
em se dar bem em argumentos, e eu tenho certeza de que isso o fez um
advogado incrível. Eu não conhecia qualquer chefe que deixaria alguém tirar
férias prolongadas como o dele fez. Nós não falamos sobre o que aconteceria

165
depois que ele partisse, e como faríamos isso funcionar. Eu acho que estávamos
aproveitando para brincar de casinha.

—Não vá. —Ele murmurou na minha nuca. Eu ri enquanto ele beijava ao


longo do meu pescoço.

—Eu tenho que ir trabalhar, Jacob.

—Não, você não tem.

—Como é que eu vou pagar minhas contas?

—Eu.

—Como é que eu vou comprar coisas?

—Eu.

—Como é que eu vou...

Ele olhou no espelho, olhando para mim através de nossos reflexos. —Vou
cuidar de tudo. Eu cuidarei de você.

Eu sorri. —Então o que eu devo fazer?

—Fique comigo. —Ele simplesmente declarou.

—Eu estou com você.

—Não quando você está no trabalho.

—Jacob...

—Eu sei que isso é importante para você. Eu sei. Eu sei que você ama a
música, você está finalmente utilizando o violão que eu comprei para você, e eu
vejo que você começou a escrever letras novamente, mas com toda a
honestidade, onde você está pensando em ir com isso?

Minhas sobrancelhas franziram. —O que?

166
Ele virou-me para encará-lo, me enjaulando com os seus braços. —Me
ouça.

—Eu pensei que era isso o que eu estava fazendo.

—Lillian. —Ele avisou.

—Sou toda ouvidos.

—Você está trabalhando no bar por três anos. Quase quatro agora.

Eu balancei a cabeça.

—Onde você quer chegar?

—Eu só quero tocar e cantar.

—E eu amo isso em você, doce menina, mas e o futuro?

—Eu estou apenas vivendo um dia de cada vez, Jacob.

—Você tem um talento incrível. Eu sempre soube disso. Você não acha
que talvez você esteja se vendendo por pouco? Kid, você não pode trabalhar em
um bar pelo resto de sua vida.

—Eu sei.

—Ouça, eu conheço algumas pessoas. Por que você não me deix...

Eu o empurrei. —Você acha que eu não poderia fazer por conta própria?

—Eu não disse isso.

—Você não precisa.

—Lily, eu só estou tentando ajudar.

—Usando suas conexões? Por que exatamente?

167
—Eu não sei. Talvez ter sua música tocando no rádio ou, pelo menos,
reservar-lhe uma sessão em um estúdio para gravar uma demo. Você é jovem.
Quero dizer, agora pode parecer normal, mas não vai ser assim para sempre.

Suspirei. —Tenho que ir trabalhar.

—Isto não acabou.

—Eu não sonharia com isso.

Ele beijou a ponta do meu nariz antes de se afastar de mim. Passei todo o
caminho até o bar pensando sobre o que ele disse. Tanto quanto eu odiava
admitir, ele estava certo. Eu não via um futuro, até que Jacob voltou, e isso me
assustou mais do que qualquer coisa. Eu estava me atirando de cabeça nessa
história novamente, e eu ainda tinha que descobrir se era uma coisa boa ou ruim.

Estava ficando tarde, apenas uma hora até o bar fechar. Eu toquei meu
último set e fui direto para o bar. Eu precisava de uma bebida.

—Ei, menininha. —Disse um carinha com dois amigos lado a lado com ele.

—O nome é Kid.

Eles eram bonitos, se você gostasse do tipo de rapaz de fraternidade.

—Kid. —Ele corrigiu. —Sou Felix, este é Ryan e Eric.

—Olá. —Eu respondi.

—Posso te pagar uma bebida?

—Uísque.

—Uma moça com bom gosto. Uma apreciadora de uísque.

—Primeira e única.

Eles sorriram. Cada um deles tomaram uma dose e me entregaram uma.


Eu levantei meu copo e eles seguiram o exemplo.

—Um brinde à pensamentos positivos e negativos.


168
Eles explodiram em gargalhadas. Engoli minha dose e assim o fizeram.

—Olhem só, ela nem sequer tossiu. —Eric afirmou.

—Não sou uma maricas. Não se pode dizer o mesmo de vocês.

—Mal-humorada... Eu gosto disso. —Felix entrou na conversa.

Eu sorri, inclinando-me para trás em minha cadeira.

—Que tal outra dose? —Perguntou Ryan.

—Sem dúvida, rapazes.

Eles me entregaram outra, e eu mais uma vez levantei no ar. —Esta aqui é
para as namoradas e esposas, que elas nunca se encontrem.

—Ufa! —Eles suspiraram, rindo.

—Então você é uma esposa ou uma namorada? —Felix questionou.

—Você primeiro. —Respondi sarcasticamente.

Eles riram novamente.

—Outra dose? —Eric perguntou.

—Estou bem.

—Essa é você. —Ryan disse, olhando-me de cima a baixo.

—Nossa, eu não ouvi isso antes.

—Diga-me, Kid, você é tão boa quanto sua boca? —Felix questionou.

—Eu deveria ensinar a você, seu fodido, uma lição por falar com ela assim.
—Jacob entrou na conversa, drenando toda a cor do meu rosto, meu coração
imediatamente batendo forte no meu peito e em meus ouvidos. Era como se ele
tivesse aparecido no ar ou algo assim.

169
—A sua sorte é que eu a respeito e a este estabelecimento o suficiente,
para ir embora sem encher você de porrada, seu maldito. Vá para casa e agradeça
a sua estrela da sorte que você não vai dormir no hospital esta noite, idiota. —Ele
ameaçou, olhando para cada um deles com um olhar que eu nunca tinha visto
antes. Isso me atingiu no núcleo.

—Kid, pegue suas coisas, vamos embora.

—Você não pode... —Ele agarrou Felix pela garganta, empurrando-o de


volta contra o bar. Meus olhos arregalaram-se, e minha respiração travou.

Ele inclinou-se para o lado de seu rosto. —O que eu não posso fazer, filho
da puta? —Ele disse entre dentes, alto o suficiente para eu ouvir.

—O que foi isso? Eu não posso ouvi-lo? —Ele zombou, o rosto de Felix
transformando num vermelho brilhante.

—Jacob. —Sussurrei, escolhendo as palavras com cuidado.

Ele virou e me olhou de cima a baixo e, em seguida, soltou seu pescoço.


Felix engasgou por ar enquanto seus amigos foram para ele, segurando-o.

—Você deve considerar obter novos amigos. Uns que não sejam malditos
maricas. —Ele rosnou, agarrando o meu braço, apressando-nos a sair do bar.
Tentei acompanhar, seu passo sendo rápido demais para mim.

—Você está indo rápido demais. —Falei enquanto ele vigorosamente


empurrava a porta, batendo-a contra a parede. —Podemos falar...

—Não. Aqui.

—Jacob...

Ele se virou para mim. —Eu disse que não vou fazer isso aqui. Falaremos
quando chegarmos em casa.

Ele abriu a porta da caminhonete e praticamente me levou para o meu


assento, fechando a porta antes que eu pudesse dizer obrigada, e caminhou até
seu carro. Eu estava uma pilha de nervos por todo o caminho até a minha casa,
170
em silêncio, rezando para que ele esfriasse a cabeça no caminho de volta. Seu
carro já estava na minha garagem quando eu cheguei em casa, e as cortinas
estavam fechadas. Isso deixou o meu estômago, já nervoso, mais ansioso.
Quando entrei, Jacob estava sentado na mesa da sala de jantar com uma bebida
em suas mãos.

Corri para ele.

—Então, me diga, Kid...

Eu parei de imediato a alguns metros longe dele.

—Da última vez que eu verifiquei você era minha namorada, então há
uma razão para quando aquele idiota perguntou se você era uma namorada você
não se preocupou em dizer que sim, porra? —Ele declarou em um tom sinistro,
olhando por cima da borda do seu copo.

—Jacob...

—Aliás, você é tão boa quanto sua boca, caso você esteja se perguntando.
—Ele zombou.

—Você não está sendo justo.

—Tem certeza?

—Sim. É o meu local de trabalho. É onde eu trabalho. Por que você estava
lá?

—Eu preciso de uma razão para ir vê-la?

Eu suspirei, sorvendo uma respiração profunda. —Eles eram meninos


estúpidos. Isso vem com o trabalho, Jacob, desde quando você age tão inseguro,
Sr. Alto e Poderoso?

Ele tinha chegado a mim em três passos, fazendo-me suspirar e me apoiar


na parede.

—Cuidado. —Ele avisou, seus olhos escuros e assustadores.

171
Era tudo brincadeira. Flertar é parte do meu trabalho, sempre foi, mas a
partir do olhar no rosto de Jacob, não havia nada divertido sobre isso.

—Eu não lhe dou atenção suficiente, Lillian? Não estou dentro de você o
suficiente? É esse o maldito problema?

—Sou uma artista...

—Em mais de uma maneira?

—Claro que não, eu nunca...

Apertei os olhos para ela, arqueando uma das sobrancelhas, tentando


manter a calma.

—Eu não sabia que você estava lá.

—Isso estava muito claro.

—Eu estava apenas flertando. Não é grande coisa. Você está fazendo
disso...

—Porra, nem mesmo tente, Lily.

—Você não está sendo razoável.

Eu maliciosamente sorri. —Que parte não é razoável, Lily? A parte que eu


dirijo para surpreender a minha namorada em seu trabalho? Ou a parte em que
eu a encontro flertando com três chupadores de pau que estão tentando entrar
em sua maldita calcinha? Ou talvez seja a parte em que ela toma as doses sem
sequer olhar o copo para se certificar de que não tem droga? Ou sobre a parte em
que ela nega estar comigo? Que porra de parte que não estou sendo razoável?
172
Ela mordeu o lábio, contemplando o que dizer. —Eu não neguei. Eu só...
Quero dizer... Nós estamos levando as coisas devagar, Jacob. Estamos vendo um
ao outro. Nós não falamos sobre qualquer outra coisa.

—Eu não dou a mínima, Kid.

—Não, não é assim.

—Vendo um ao outro? —Eu repeti em descrença. —Porra, eu te amo. Eu


te amo tanto que dói. Eu estou aqui porque eu não posso deixá-la, abrindo mão
de tudo por você.

—Eu não pedi para você fazer isso!

—Você não precisa. —Eu rugi.

—O que você quer de mim? Eu não posso simplesmente esquecer o que


você fez para mim! Eu não posso simplesmente esquecer tudo como você espera!
É tão fácil para você, porra! Eu não deixei você para trás! Eu não fodi você como
você fez comigo! Eu não fiz nada além de te amar! Eu estou tentando, ok! Estou
tentando tão forte quanto eu posso! Eu não confio em você com meu coração.
Estou apavorada que eu vou acordar um dia, e você terá as malas na porta com
um pé já lá fora.

Estremeci, sentindo como se o teto cedesse em mim.

—Jacob... —Ela deu um passo em minha direção, me fazendo recuar.

—Não. —Eu disse com um dedo estendido na minha frente. —Não se


aproxime de mim agora.

Ela não deu ouvidos, dando um passo em direção a mim novamente. —


Jacob...

—Não, Lily... Simplesmente pare.

—Eu não quis dizer...

—Você quis dizer tudo.

173
—Jacob... —Ela pediu, mas já era tarde demais. O dano estava feito.

—O que mais você quer de mim? Não posso me desculpar mais do que eu
já tenho feito. Eu sei que eu fodi tudo! Mas eu senti sua falta também! Você não
percebe isso? Você não acha que me matou, porra, me afastar de você? Deixá-la!
Você acha que eu sou um bastardo sem coração! Você me deixa entre suas
pernas e sua maldita cama, mas é isso. É este o retorno, Lily? É este o seu jeito de
me punir por meus erros?

—Você sabe que não é verdade.

—Eu não sei de nada. Nem uma maldita coisa. Eu pensei... Eu pensei que
você fosse minha, porque eu nunca deixei de ser seu.

Ela fez uma careta.

—Eu preciso de um tempo.

—O que? —Ela respondeu surpresa.

—Você me ouviu. —Fui até a porta e a abri.

—Você vai me deixar novamente? —Ela sussurrou.

—Não, eu vou sair antes de dizer alguma coisa que lamentarei.

Bati a porta...

E saí.

174
Naquela época

Eu queria levá-la para um jantar agradável em nossa última noite juntos,


mas ela foi insistente em ficar em casa e pedir pizza. Tomei banho em primeiro
lugar, e quando eu voltei para a sala, ela estava usando minha camiseta, que mais
parecia um vestido para ela, e meu boné, que eu dei a ela.

Eu nunca a vi tão sexy.

Ela me pegou olhando para ela. —Desculpe, eu não empacotei roupas


suficientes. Eu acho que estava animada.

—Fica melhor em você.

Ela olhou para si mesma e depois de volta para mim em confusão. —Eu
pareço estar vestindo um saco de batatas.

—Continue.

Ela sorriu, acenando com a cabeça. —Aluguei um filme.

Sentei-me ao lado dela, arrastando-a para mim pela sua cintura, e ela
gritou.

—O que você arrumou, doce menina?

—Nove e meia semanas de amor.

—O que é isso? —Eu beijei o topo de sua cabeça.

175
—Eu não sei, mas o cara parece quente.

Eu ri.

—Não mais quente do que você, é claro.

Eu desliguei as luzes e me enrosquei nela, pressionando o play. Uma vez


que o filme começou, eu percebi que era um filme antigo, eu não tinha visto Kim
Basinger em qualquer coisa nos últimos anos, muito menos Mickey Rourke. Não
demorou muito tempo para perceber que era um filme erótico, e parte de mim se
perguntava se Lily fez isso de propósito. A expressão fascinada no rosto, enquanto
observava Kim se masturbar, era uma memória que eu levaria para o túmulo.
Meu braço moveu-se lentamente por vontade própria, da cintura para baixo ao
lado de sua coxa. Sua pele cremosa e aveludada estava sob meus dedos, e seus
olhos instantaneamente passaram da tela para a minha mão.

—Lillian. —Gemi com a voz rouca, e ela engoliu em seco. —Diga-me, Kid...

Ela mordeu o lábio, fazendo meu pau se contorcer, e eu sabia que ela
sentiu contra sua bunda. Meus dedos moveram-se a uma velocidade
torturantemente lenta, para onde eu realmente desejava tocá-la. Minha camisa
tinha agrupado nos quadris para expor sua calcinha de renda rosa e seu
abdômen. Ela observou os dedos moverem com o mesmo olhar encantado que
ela fez com a cena do filme.

—Você já tocou a si mesma?

Ela hesitante balançou a cabeça negativamente, e eu perdi o meu juízo.


Seus lábios separaram, e sua língua saiu lentamente lambendo os lábios. Estendi a
mão para acariciar o lado de seu rosto. Ela inclinou o rosto em meus dedos.
Movendo a minha mão para a parte de trás de sua cabeça, eu gentilmente
trouxe-a para mim. Meus lábios encontraram os dela instantaneamente. Tudo
começou com apenas um beijo, até que eu abri minha boca para ela e ela
procurou a minha língua. Esse beijo foi muito diferente dos anteriores. Aquele
beijo era urgente e exigente, este era suave, como se nós dois estivéssemos
explorando a boca um do outro pela primeira vez. Nossas línguas duelaram
enquanto nós provávamos um ao outro. Foi incrível.
176
Ela era incrível.

Mas, como qualquer coisa com Lily, isso se transformou em algo


completamente diferente. Puxei urgentemente seu rosto, beijando-a de forma
mais agressiva do que antes. Eu sabia que precisava desacelerar, mas porra eu
não poderia evitar. Eu a queria muito. Todo o acúmulo de meses de antecipação,
anseio, e desejo que eu tinha guardado engarrafado, estava na superfície. Foi
mais do que eu jamais poderia ter imaginado. Eu estava pronto para me perder.

Seus dedos delicados moveram pelo meu peito em um movimento de


lenta agonia. Prendi a respiração. Suas mãos traçaram meu peitoral e moveram-
se para os contornos do meu abdômen. Eu fui tocado lá várias vezes, mais vezes
do que eu poderia contar, porra. Isto foi diferente. Isso foi tão expressivo e
emocional, tão amoroso.

Isto era Lily.

Nada poderia ter me preparado para este momento. Sua respiração


ofegante e gemendo debaixo de mim, estaria para sempre enraizada em minha
mente. Nossas pernas entrelaçadas, esfregando juntas e movendo-se ao redor da
cama. Beijei a linha da mandíbula, o pescoço, e deliberadamente fui de volta até
seus lábios. Eu já não tinha qualquer controle sobre meus movimentos quando
agarrei sua cintura, nos girando para tê-la deitada em cima de mim. Sua
respiração agravou quando ela percebeu o que tinha feito, mas isso não a
impediu de balançar seu corpo contra o meu, esfregando contra meu maldito
pau.

—Porra... Lily. —Rosnei em sua boca. —Nós precisamos parar. —Eu meio
que solicitei.

—Eu não quero parar.

—Jesus, na noite passada você fugiu de mim quando você viu meu pau, e
agora você está moendo sua buceta contra mim como uma maldita profissional.
Qual delas é você, Lily? Porque você não pode ser as duas coisas.

—Eu quero você. —Ela falou entre me beijar. —Eu quero que seja você.

177
—Kid, você não sabe o que está dizendo.

—Pare de dizer isso. —Ela pediu em um apelo desesperado.

Eu continuei a devorar sua boca, logo minhas mãos começaram a


percorrer, atacando seu corpo. Ela me incentivou, fazendo todos os tipos de sons
de merda que não ajudavam a manter minhas mãos longe de lugares que não
deveriam estar.

—Jacob...

Eu nunca esqueceria a maneira rouca que ela disse meu nome. Isso estava
cheio de emoção, misturado com pura luxúria. Eu toquei o lado de seu peito
fazendo-a gemer alto, vibrando contra o meu peito e indo para o meu pau. Isso
foi tudo o que custou para eu...

Fodê-la.

—O que diabos? —Eu instintivamente gritei enquanto eu o assistia sair da


cama.

Ele estava em meu rosto em dois segundos. —Cuidado. Com. A. Boca. —


Ele ameaçou, acentuando cada palavra.

Eu balancei a cabeça com uma expressão aquecida. —Está falando sério?


Eu acabei de sentir seu pau duro contra mim, Jacob, e agora você está
preocupado com o meu palavreado?

Ele deu um passo para trás e longe de mim. —Nós não podemos fazer
isso. —Ele afirmou como se doesse dizer isso.

178
—Não podemos fazer o que exatamente? Não podemos sair? Não
podemos fazer noite do pijama? Não podemos beijar? Não podemos esfregar?
Por favor, me diga o que não podemos fazer, porque você está me matando. —Eu
gritei incapaz de controlar minhas emoções.

—Não vou dizer novamente. —Ele advertiu com o mesmo tom duro, me
irritando ainda mais.

Fiz uma careta, ficando de pé na cama, e falei com convicção sem tirar o
meu olhar dele. —Porra, porra, porra, porra, porra! Foda-se!

A compostura estava calma e recolhida, e a única expressão que mudou


em seu rosto foram os lábios franzidos, que imediatamente me abalou para o que
ele faria.

—Diga isso mais uma vez, Lillian, e não terei escolha senão colocá-la no
meu joelho e bater na sua pequena bunda, porra.

Meus olhos arregalaram. Isso não era o que eu esperava... O pensamento


só me fez querer continuar. Em vez disso, sentei confusa com as minhas emoções.

—Você não o faria.

O que diabos está errado comigo?

Ele não vacilou. —Sou o adulto aqui. Eu não deveria ter deixado isso
acontecer. Não é sua culpa, é minha.

—Eu não sei o que você quer de mim? Você está quente em um minuto,
você está frio no próximo. Eu não tenho doze anos, Jacob. Eu tenho dezesseis
anos. A maioria das minhas amigas não é mais virgem.

—Eu sinto muito, Lily, você está certa. Estive enrolando você, mas isso é
só porque eu não sei o que fazer. Eu sei que eu deveria ficar longe de você, mas
eu não posso encontrar força para fazer isso ainda. Eu tenho que deixá-la ir, Kid.

Inclinei a cabeça para o lado, frustrada. —Bem. Vou fo... — Hesitei com o
brilho em seus olhos. —Vou dormir com um cara, e então talvez você me tocará.

179
Eu não vou ser mais pura e inocente, e você não terá que se sentir mal por roubar
minha virtude.

O brilho em seus olhos não desapareceu, ficou foi mais escuro.

—Tenho vinte e três, Kid. Sou sete anos mais velho do que você. Sabe que
o que estamos fazendo é ilegal? Você tem alguma ideia de quanta merda eu
poderia entrar por ter uma menor em meu quarto de hotel?

—Quem vai dizer? Eu não vou!

—É isso que você quer para si mesma? Você quer que eu te foda, e
depois? Humm? Diga-me uma vez que você tem todas as respostas.

Eu fiz uma careta. —Eu não sei. Eu pensei... Eu pensei que nós poderíamos
ficar juntos. Porque isso é tão difícil de entender?

Ele respirou fundo, e olhou para o teto pelo que pareceu uma eternidade,
mesmo que provavelmente foram apenas alguns segundos, antes de olhar para
mim.

—Lily, eu estava lá quando você nasceu. Eu a segurei quando você era um


bebê.

Minhas sobrancelhas arquearam quando encarei suas palavras. Eu não


sabia disso.

—Lucas queria tanto uma irmãzinha. Não um irmão, ele tinha três deles.
Ele queria você. Você tem alguma ideia de quanta merda ele ouviu sobre isso? Ele
não se importava. Lucas a amava antes de você nascer, e no segundo em que eu a
segurei, eu também. Todos nós a amamos. É tão fácil para você dizer que... quer
isso. Eu não posso. Eu tinha que ver você como eles veem, mas eu nunca vi.

Ele esfregou os dedos sobre os lábios, como se as palavras que saíam de


sua boca o fizessem se sentir sujo.

—Eu não sei o que isso significa, e daria qualquer coisa para que eu
pudesse dizer-lhe o que é, porque isso está me comendo vivo, porra. Eu vi você
dar o primeiro passo, vi você dizer sua primeira palavra, e eu estive lá em cada
180
momento significativo da sua vida, Lillian. Cada. Um. E agora aqui estou, tentando
tirar algo de você que não me pertence, e se Lucas ou nossos pais descobrirem
isso, eles me enterrariam vivo.

Meus olhos lacrimejaram. Era a coisa mais doce e mais triste que alguém
já disse para mim, e o fato de que isso estava saindo da boca de Jacob, foi mais
intenso. Eu sabia que o que ele estava dizendo era o certo, mas eu tentei ignorar.
No final…

—Eu não me importo. —Afirmei. —Você está me ouvindo? Eu. Não. Me.
Importo.

Ele suspirou, seu peito subindo. —Sinto muito, Lily, mas eu me importo.

—Então agora o que? Vou para casa e finjo que eu não te amo?

Ele fechou os olhos e inclinou a cabeça logo que as palavras saíram da


minha boca, e ele não tinha permissão para se esconder de mim.

Não depois de tudo isso.

—Você sabe o que? Você está certo. Eu devo crescer e explorar coisas
novas. Não é justo com você. Vou para casa e sair com os meninos da minha
idade.

Ele imediatamente abriu os olhos, olhando para mim com os olhos


semicerrados, sua determinação quebrando.

—Você sabe... experimentar coisas adequadas para a faixa etária... porque


não é errado dois jovens de dezesseis anos estarem juntos, porra, é apenas
errado, se for você e eu. Será que eu entendi direito? Eu entendo as regras agora?
Eu sou apenas uma criança, e talvez leve um pouco de tempo.

—Lily... —Ele murmurou. —Não.

Pulei da cama, agarrando minhas roupas e jogando na minha bolsa.

—Porra... —Ele exalou.

181
—Não o quê? O que eu não deveria fazer? Eu só tenho 16 anos de idade.
Eu sou imatura. Eu não posso ter sentimentos e emoções de adultos. Eu sou a
irmãzinha do seu melhor amigo, isso é tudo. Não precisa dizer duas vezes que não
sou desejada.

—Você está agindo como uma maldita criança.

—Quem se importa! É como você me vê de qualquer maneira! Isso não vai


mudar nada! Eu estou te dando o que quiser! Se for assim que você me vê, então
é assim que eu vou agir!

—Isso não é o que eu estou dizendo. Você está distorcendo minhas


palavras. Eu quero você mais do que qualquer coisa, e isso é errado, porra. Você
não está pronta para fazer sexo comigo ou com qualquer outra pessoa, apesar do
muito que você provou ontem à noite, doce menina. Você e eu não deveríamos
ter acontecido, Lily, eu fui egoísta até aqui, mas eu tenho que dar um passo atrás.
—Ele aproximou agarrando meu braço, me virando para encará-lo.

Eu o empurrei. Eu o empurrei tão forte quanto eu podia. Sua cabeça


recuou com a minha reação.

—Não me toque! Você nunca vai me tocar de novo!

—Kid...

—Exatamente.

Nós dois nos enfrentamos, nenhum de nós recuando.

—Vou me certificar de dizer a Lucas e a meus pais que você disse oi, desde
que eles são tão importantes para você.

Eu zombei. —Que porra, Lily?

Olhei para ele mais uma vez, peguei minha bolsa...

E saí.

182
Dias Atuais

Eu só precisava de uma pausa.

Apenas um maldito minuto para mim.

Eu queria juntar minhas ideias e compor meus pensamentos. Eu tive que


afastar-me da situação, antes que ela chegasse até um ponto sem retorno. Eu não
conseguia controlar meu temperamento quando se tratava de Lily. Eu acho que é
por isso que ela gostava de me provocar em primeiro lugar. Ao observá-la com
esses filhos da puta, fez o meu sangue ferver só de pensar nisso. Eu não sei o que
mais eu poderia fazer para consertar as coisas. Eu estava sem respostas, sem
opções. Eu não podia pensar direito, porra. Eu dei um passeio, tentando descobrir
o que eu podia fazer para ela me deixar entrar, mentalmente me castigando por
ter feito isso com a gente. Não havia como voltar atrás. Eu não podia mudar o
passado, sabendo que o navio tinha navegado.

Tudo o que eu podia, era criar um futuro.

Eu andei em torno de sua vizinhança sem rumo, sabendo que não iria
muito além, então voltei para sua casa. Eu respirei fundo antes de tentar virar a
maçaneta em sua porta da frente. Não virou.

Essa merdinha.

Peguei minhas chaves do bolso e abri a porta.

183
Ela estava longe de ser encontrada quando entrei, mas eu podia ouvi-la
em seu quarto, enquanto eu andava até lá.

—Que diabos você está fazendo? —Eu vibrei enquanto a observava


colocar todas as minhas coisas em uma mala em sua cama.

Ela suspirou e virou com a mão sobre o coração. —Como diabos você fica
entrando na minha casa?

Eu estendi a chave na minha frente. Ela arregalou os olhos, imediatamente


estendendo a mão para ela. Ela não foi rápida o suficiente. Eu coloquei essa porra
de volta no bolso.

—Você fez uma chave? Dê isso para mim!

Eu cruzei os braços sobre o peito, e apoiei meu ombro na porta. —Venha


e pegue.

—Inacreditável, porra.

—Já fui chamado de coisa pior, bebê

Ela balançou a cabeça, indo direto jogar minhas coisas dentro da mala.

—Você honestamente acha que isso vai funcionar? —Perguntei com um


tom arrogante. —Não vou a lugar algum e nem você.

Ela pegou o vaso da mesa de cabeceira, apontando-o diretamente para


mim. Inclinei a cabeça para o lado desafiando-a a fazê-lo. Ela mordeu o lábio,
colocando o vaso de volta na mesa de cabeceira.

—Boa menina.

Ela estreitou os olhos para mim. —Quantas vezes tenho que ver você se
afastar de mim? Hã? Quantas malditas vezes?

—Você sabe a definição de uma pausa, certo? Eu fui a uma maldita


caminhada, Lily.

184
—Eu não me importo com o que você fez. Você virou as costas para mim,
mais uma vez! Mais uma vez as suas costas me cumprimentaram.

—Você pode pensar o que quiser, mas eu não fiz isso. As coisas estavam
esquentando rapidamente, então, eu saí antes que ficasse fora de controle.

—Quem está agindo como uma criança agora?

—Pela minha definição... você.

—Oh meu Deus! Eu não fiz nada de errado hoje à noite. Você estragou
totalmente uma situação idiota fora de proporção.

—É isso o que eu fiz? —Eu zombei.

—Pare! Pare de fazer isso!

—Lillian, deixe-me lembrá-la de cuidar de seu tom quando você fala


comigo. Eu estou de pé bem na sua frente. Aqui, porra!

—Ahhh! Você é tão frustrante... eu não quero mais você aqui. Agora, eu
sou a que precisa de uma pausa.

—Vou dormir no quarto de hóspedes. —Eu simplesmente declarei.

—Esta não é a sua casa! Eu não estou pedindo para você, estou dizendo a
você.

—Não vou sair. —Suspirei.

—Bem. —Ela zombou, indo direto para seu armário. Ela puxou algumas
coisas dos cabides e jogou o conteúdo em outra mala. —Eu vou embora.

Eu balancei a cabeça, caminhando para a cozinha para pegar uma cerveja


gelada na geladeira. Eu engoli em três goles antes de abrir outra. Ela veio para a
sala, a bolsa por cima do ombro.

—Você sabe o que…

—O que, bebê?

185
—Você é um pé no saco, seu idiota.

Ela virou-se e bateu a porta atrás dela. Sentei-me à mesa da sala de jantar,
tomando um gole da minha cerveja.

Esperando.

Ele teve muita coragem.

Fazendo uma chave para a minha casa.

Entrando como se não tivesse feito nada de errado em primeiro lugar.

Dizendo-me que ele não estava saindo e nem eu... bem, eu mostrei a ele.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estava chocada por ele me deixar
sair. Eu não queria deixar a minha casa, mas que outra escolha eu tinha? Eu iria
para Tracey. Entrei em minha caminhonete, e joguei minha bolsa no banco do
passageiro. Respirei longa e profundamente, e coloquei a chave na ignição.

Virei.

—Que porra é essa?

Virei novamente.

Nada…

Eu mantive o meu pé no freio.

Nada…

—Que. Porra? —Eu gritei para mim mesma, batendo as mãos contra o
volante. Esta era a última coisa que eu precisava. Eu odiava saber que eu tinha

186
que entrar lá e pedir-lhe ajuda. Minha caminhonete nunca me deu nenhum
problema. Eu peguei as chaves e voltei à minha porta da frente.

—Minha caminhonete...

Eu parei no caminho.

Jacob havia se recostado na cadeira, seus braços musculosos sobre o peito


sólido, estendendo as mangas de sua camisa, com o tornozelo cruzado sobre o
joelho, usando nada além de um sorriso arrogante. Consideravelmente ao lado
dele na mesa da sala de jantar estava...

A. Bateria. Da. Minha. Caminhonete.

—Você não pode fazer isso!

—Eu acredito que acabei de fazer, Lily.

—Então isso é o que você vai fazer para o resto de nossas vidas? Sair
quando você quiser, mas quando eu tentar, você vai quebrar minha
caminhonete?

—Olha o que fez para a sua perspectiva. Você está imaginando o nosso
futuro juntos. Esse é um passo na direção certa.

Eu balancei a cabeça, amuada.

—Você quer que isso acabe? Tudo que você tem a fazer é dizer que está
arrependida. É simples assim. Desculpe-se por ser uma merdinha. —Ele sorriu.

—Eu não vou fazer isso. Eu não fiz nada de errado. Você precisa dizer que
está arrependido. —Argumentei.

—Eu sinto muito.

Meus olhos arregalaram surpresos que foi assim tão fácil.

—Sinto muito que eu não enchi aqueles caras de porrada. —Ele parou. —
Sinto muito que eu tenho respeito por você, e não atirei a minha frustração em
seu maldito rosto. —Ele deu um passo em minha direção. —Sinto muito que você
187
é tão bonita que os homens não podem controlar a si mesmos. —Outro passo. —
Sinto muito por quebrar o seu coração perfeito, uma e outra vez. —Outro passo.
—Sinto muito que você não pode passar por nossa história e ansiar pelo nosso
futuro. — Último passo. —Mas acima de tudo. —Ele colocou a boca contra meus
lábios. —Sinto muito que eu vou ter que te ensinar uma lição por ser uma menina
má.

Ele inclinou-se para frente me pegando pela cintura, e me jogando por


cima do ombro como uma maldita boneca de pano. Minha bunda estava bem em
seu rosto. Ele tinha um forte aperto em torno dos meus joelhos, para me impedir
de sacudir. Ele usou a mão como um torno em meus pulsos, para me impedir de
lutar com ele.

—O que está fazendo? —Eu gritei, atordoada com o rumo dos


acontecimentos.

Eu podia senti-lo sorrindo contra a minha perna, e então ele bateu na


minha bunda.

Forte.

—Aii! Que porra é essa?

Ele me bateu forte mais duas vezes enquanto caminhava. —Isso foi pela
sua boca. —Ele disse, me batendo novamente. —Isso foi pelo seu flerte. — Ele me
bateu três vezes. Eu arranhei seu ombro, tentando me libertar, mas seu aperto
era muito forte.

—Isso por ser uma merdinha teimosa e não admitir quando você está
errada. Por negar o que é meu. Por último, por ser tão descuidada, porra, e
colocar sua vida em perigo. —Ele repreendeu, batendo-me mais três vezes tão
forte que ecoou pelas paredes.

—Meu Deus! Pare! Eu não vou ser capaz de sentar por dias. —Eu implorei,
com minha bunda queimando do impacto de sua mão forte.

—Essa é a questão. —Ele me bateu de novo, não tão forte, mas ainda me
fazendo sacudir.
188
—Eu sinto muito! Sinto muito. — Eu gritei por misericórdia.

E o desgraçado riu.

Levou tudo dentro de mim para não mandá-lo se lascar, mas eu sabia que
não era do meu interesse. Ele gentilmente me colocou na mesa da sala de jantar
ao lado da bateria da caminhonete. Eu assobiei com o contato, a minha bunda
não acolhendo a superfície dura.

—Relaxe. —Ele incentivou enquanto eu lhe dei um olhar mortal,


mordendo a minha língua para não dizer algo que eu me arrependeria.

—O que, bebê? —Ele persuadiu. —Vou esfregar esse traseiro doce, deixá-
lo melhor.

Eu queria dizer que ele teria sorte se ele me visse nua novamente.

—Se você agir como uma criança, Lily, eu vou tratá-la como uma.

Apertei os olhos para ele que sorria. Ele começou a desabotoar minha
blusa. —Vou lhe dizer como vai ser, doce menina. —Ele a deslizou para fora dos
meus ombros. —Você vai ser uma boa menina. —Ele tirou-a e jogou-a sobre a
mesa. —Você vai sentar-se aqui. —Ele fez uma pausa. —Bem assim. —Ele soltou
meu sutiã, jogando sobre a mesa também. —Você vai parar com o papo do
passado. —Ele desabotoou minha saia jeans.

—Você vai me perdoar. —Ele deslizou-a pelas minhas pernas, jogando na


pilha com o resto das minhas roupas. —Você vai parar de flertar com meninos
que mal sabem onde seus próprios paus estão, antes que eu vá para a porra da
cadeia.

Ele beijou a ponta do meu nariz e pôs-se de joelhos, olhando para mim
com um olhar de cobiça, roçando minha calcinha pelas minhas coxas.

—Última coisa, Kid, você vai me dizer...

Ele beijou minha coxa.

—Que você me ama.

Meu. Coração. Parou.


189
—Eu vou recompensá-la com meu rosto enterrado em sua doce buceta, e
fazê-la gozar pela minha barba.

—Jacob...

—Diga isso, Lillian. —Eu pedi. —Nós dois sabemos que você quer. Eu
posso ver isso em todo o seu rosto bonito, especialmente agora. Você é minha. Só
minha. Sempre foi minha, e sempre será minha. Diga o que eu preciso ouvir.

Eu caí na besteira, e eu estava estabelecendo a lei. Não vou fingir que eu


não amei bater na sua bunda, e que o meu pau estava pulsando, apenas
esperando para afundar até as bolas profundamente. Seu olhar intenso,
conflitante, nunca deixou o meu. Ela estava lutando uma batalha dentro de si
mesma. Não importava.

Eu ganharia.

Seu amor por mim...

Venceria.

Segurei suas coxas e arrastei-a mais perto da borda da mesa, dando-lhe


um incentivo, amassei as coxas, esperando ela dizer as três palavras que tiraria
ambos de nossa miséria.

—Eu te amo, Lillian Michelle Ryder. Eu te amo mais do que qualquer coisa
neste mundo. Eu prometo a você que eu nunca vou sair do seu lado, e eu nunca
vou mentir para você novamente. Eu nunca vou te machucar novamente. Estou
aqui a longo prazo. Não importa como.

Ela mordeu o lábio com uma expressão de dor.

—Por Favor, Kid... — Eu suspirava. —Confie em mim.

Ela respirou fundo e disse:

—Eu te amo.
190
Naquela época

Austin partiu. Abandonou a faculdade, e ninguém tinha ouvido falar dele


desde então.

Lucas estava se adaptando à paternidade com seu filho Mason, e a guarda


compartilhada estava funcionando muito bem para eles.

Dylan estava na academia de polícia. Ele queria se juntar às Operações


Especiais.

Alex estava oficialmente com Cole e, na maior parte do tempo, parecia


realmente feliz.

Eu? Bem, eu estava na porra do inferno.

Fazia três meses desde a última vez que vi ou falei com Lily. Não por falta
de tentativa. Ela não respondia às minhas chamadas ou devolvia qualquer uma
das minhas mensagens de texto.

Nada.

Era como se ela tivesse sumido da face da terra. A única razão pelo qual
eu sabia o que estava acontecendo com ela, era por causa de Lucas. Ele continuou
me atualizando um pouco, mesmo sem saber que ele estava fazendo isso. Isto
não era o que eu queria, mas definitivamente era o que eu precisava.

191
Eu odiava isso mais do que qualquer coisa.

Eu me joguei na faculdade, e nas aplicações para a faculdade de direito. Eu


até tentei alguns encontros, que não levaram a nada, exceto eu contando os
minutos, até que eu pudesse ir para casa. Pelo menos lá eu poderia chafurdar na
minha própria miséria pessoal, que eu não tinha ninguém para culpar além de
mim mesmo.

Eu estava miserável.

Eu sentia falta da risada ridiculamente contagiante. Eu sentia falta de suas


metáforas que eu quase nunca compreendia. Eu sentia falta dela e das palavras
que só faziam sentido em sua cabeça. Eu sentia falta do seu sorriso contagiante.
Eu sentia falta de seus olhos castanhos escuros, que sustentavam mais expressão
do que qualquer outra pessoa que eu conhecia.

Eu. Sentia. Falta. Dela. Tudo. Dela.

A lista era interminável.

Eu ouvi todas as músicas que me faziam lembrar dela no meu iPod. Eu as


ouvi pra caramba, eu estava começando a memorizar cada palavra. Você pensaria
que eu era uma maldita menina com o coração partido, não um homem crescido
do caralho.

Porra, eu parecia um maricas.

Peguei a foto que escondia na minha gaveta, olhando para ela enquanto
eu deitava na minha cama. Era a única que eu tirei dela no zoológico, quando
estávamos em Ohio. Ela estava segurando o filhote de leão em seus braços,
olhando para ele com tanta felicidade e amor. Foi a minha parte favorita do nosso
fim de semana juntos. Ela não parou de falar sobre o aquário pelo resto do dia. Eu
impulsivamente estendi a mão para o meu telefone, para enviar uma mensagem
para ela, esperando como o inferno que ela finalmente respondesse.

Jacob: Você não pode me ignorar para sempre, Kid.

192
Eu joguei meu telefone na cama e fui tomar um banho. Eu não esperava
que ela me respondesse, Lily era uma merdinha teimosa. Eu joguei minha toalha
na minha mesa, coloquei um short de ginástica, quando meu telefone apitou com
uma mensagem de texto. Minhas sobrancelhas franziram quando eu o agarrei
ainda não esperando que fosse Lily.

Lily: Observe-me.

Eu ri, eu não podia evitar. Fiquei emocionado que ela realmente me


respondeu. Eu não teria me importado se ela respondesse me dizendo para me
foder. A questão era que ela finalmente respondeu.

Jacob: Eu sinto sua falta.

Lily: Bom para você.

Suspirei.

Jacob: Kid...

Lily: Jacob...

Eu balancei minha cabeça.

Jacob: O que você está fazendo?

Lily: Eu estou em um encontro.

Minha cabeça caiu para trás. Eu tive que ler o texto várias vezes antes de
processar o que diabos ela disse.

Lily: Com um cara com quem eu estou saindo, e estamos prestes a


assistir 9 semanas e meia de amor. Tchau.

—Você está brincando comigo? —Eu rugi em voz alta para mim mesmo.

Jacob: Onde você está?

Esperei pelo que parecia ser a eternidade, sem resposta.

193
Jacob: Não brinque comigo. Onde. Você. Está?

Ainda sem resposta.

Andei pelo meu quarto, passando minhas mãos pelo meu cabelo,
querendo arrancá-lo da minha maldita cabeça. Olhei para a foto dela uma última
vez, troquei de roupa, peguei meu telefone e as chaves, e peguei o próximo voo.
Eu tive sorte o suficiente para encontrar um voo imediato, e chegar três horas
mais tarde. Era quase onze horas quando eu paguei o motorista de táxi no final da
sua garagem. Enquanto eu caminhava até os degraus da varanda, eu tentei
arrumar uma desculpa para dizer a seus pais a respeito de porque eu estava lá em
primeiro lugar.

Ela levantou a cabeça para trás e seus olhos arregalaram quando ela abriu
a porta da frente.

—O que você está fazendo aqui?

Eu invadi pronto para colocar o filho da puta para fora.

—Onde ele está? —Eu falei baixo o suficiente para que seus pais não me
ouvissem.

Ela inclinou a cabeça para o lado e olhou para mim como se eu fosse
louco. —Quem está aonde?

Inclinei-me para seu rosto. —Não brinque comigo, Lillian. —Eu avisei. —
Onde. Ele. Está?

—Se você está se referindo ao meu encontro... você chegou tarde. Ou


você está se referindo ao meu irmão que você ama tanto? —Ela rosnou. —Porque
ele não mora mais aqui, como você provavelmente sabe.

Eu respirei fundo, afastando-me dela, finalmente, sendo capaz de relaxar.


—Onde estão seus pais?

—Minha mãe tem outra rodada de quimioterapia neste fim de semana.


Eles estão hospedados no hospital.

194
—Seus pais sabem que o filho da puta estava aqui? —Eu perguntei,
tentando ignorar todas as imagens deles a sós.

—Meus pais sabem que você está aqui? —Ela sarcasticamente perguntou
com um sorriso largo, fechando a porta e se afastando de mim.

Foi então que eu percebi o que eu tinha acabado de fazer. Era como se eu
tivesse me movendo no piloto automático pelas últimas horas, perdendo todo o
senso da razão. Exatamente do jeito que sempre foi com ela.

Merda.

Segui-a até o quarto dela, em pé ao lado da porta, enquanto eu a


observava sentar-se na cama com os lençóis amarrotados ao redor dela. Ela olhou
para mim com uma expressão confusa, e então percebeu rapidamente onde meu
olhar intenso focava.

Ela sorriu.

—O que exatamente aconteceu aqui, Lily?

—Oh, ou o que nunca aconteceu, você quer dizer, Jacob? —Ela zombou
em um tom condescendente. —Sou uma criança lembra? Nós apenas assistimos a
um filme. Foi tão bom como quando você e eu assistimos o mesmo filme. — Ela
piscou e depois sorriu.

—Vamos tentar novamente. O que aconteceu aqui?

Ela pôs o dedo nos lábios e olhou para o teto. —Humm... bem. Steve tem
a minha idade, ele não é o melhor amigo do meu irmão, e ele não tem nenhum
relacionamento com meus pais... por isso, realmente não importa o que
aconteceu, porque não é ilegal e não é errado, certo? Além disso, ele está
perfeitamente bem em estar comigo em público. —Ela debochou, balançando a
cabeça. —Ah, e não é da sua maldita conta.

—O que. Aconteceu? — Eu disse entre dentes, dando-lhe uma última


chance de esclarecer. Meus punhos cerrados em meus lados até o ponto da dor.

—Nada que não tenha acontecido antes.


195
E então…

Eu perdi minha cabeça.

Mais uma vez.

Ele veio a mim em três passos, colocando-me de volta na minha cama, seu
enorme corpo musculoso pairando sobre mim.

—E o que exatamente aconteceu antes, Lillian? —Ele perguntou em um


tom que eu não conhecia, me assustando e excitando de uma forma que eu achei
difícil de respirar.

Eu não me acovardei. —Experimentei coisas. Você sabe? A maneira como


você queria que eu fizesse. —Eu respondi malignamente. —Eu posso mostrar-lhe
todas as coisas novas que eu aprendi, ver se está nos seus padrões. —Estendi a
mão para tocá-lo, mas ele interceptou minhas mãos, entrelaçando meus pulsos
com uma das mãos, empurrando-os em cima da minha cabeça. Eu nunca vi isso
acontecer, isso aconteceu tão rápido. Ele nunca me deixava tocá-lo, e eu não
entendia o porquê.

—Não. —Ele ordenou já no limite.

Eu não vacilei. —Eu não posso te dizer o quão fantástico é finalmente


saber o que todo mundo está falando. Eu pensei que eu nunca seria capaz de me
livrar desta dor. Ao contrário de você... ele me dá o que eu estou pedindo.

Ele recuou como se eu tivesse dado um tapa no seu rosto. —Ele te fodeu?

—Você não tem que ter sexo para ter um orgasmo, Jacob. Seus dedos e
boca fazem isso muito bem.

Eu vi.

196
O. Fio. Rompeu.

Estava claro como o dia. Seus olhos estavam vidrados como um homem
possuído. Sua mandíbula apertada. Sua aparência endurecida de uma forma que
sempre estará gravada na minha mente. Seu aperto forte, de repente, aumentou
em meus pulsos, enquanto seu corpo ficava tenso. Antes que eu pudesse
processar o que estava acontecendo, ele levantou o braço para trás, e bateu com
o punho na cama perto da minha cabeça, fazendo-me sacudir.

—É verdade? —Ele levantou meu vestido, expondo minhas pernas e


estômago.

—Diga-me, bebê? —Ele passou os dedos em volta do meu umbigo. —Ele


fez seus olhos revirarem? —Ele deslizou as mãos para baixo pela minha calcinha.
—Você arqueou para trás na cama? —Ele tocou suavemente ao longo das bordas,
passando os dedos no elástico e fazendo-os estalarem.

Estremeci.

—Você apertou suas coxas como faz comigo? —Lentamente, ele puxou-a
para baixo, centímetro por centímetro, deixando um rastro de desejo. O olhar fixo
e predatório em seus olhos, quando ele olhou para a minha área mais sagrada, é
uma memória que vou levar para o túmulo.

—Você é tão bonita, Lillian, porra, tão bonita. —Ele gemeu no lado do
meu pescoço enquanto colocava beijos suaves em meu decote, removendo meu
sutiã sem alças e vestido em um movimento rápido. Ele os jogou para o lado,
deixando-me muito mais exposta do que antes. Sua boca chupou meu mamilo,
enquanto sua mão acariciava o meu outro seio. Eu me contorcia debaixo dele,
tentando me libertar das garras que ele ainda tinha em meus pulsos, mas eu não
podia.

Ele era tão forte.

Tão consumidor.

Tão poderoso.

197
Eu o sentia em todos os lugares, cada centímetro da minha pele
formigando do seu toque, toda esmagada de uma só vez.

Eu estava acabada. Ninguém jamais seria capaz de me fazer sentir assim.

Apenas Jacob.

Só ele.

Eu podia sentir sua ereção no meu núcleo molhado, e ele


propositadamente moveu seus quadris, criando uma sensação deliciosa que
causou arrepios por todo o meu corpo.

Ele olhou para mim com olhos cheios de luxúria. —Eu quero provar você,
bebê, eu quero te provar pra caralho.

Eu gemi em resposta, sugando meu lábio inferior, e arqueando as costas


para ele fazer exatamente o que ele estava implorando.

—Não mova os braços. Você me entendeu? —Ele ordenou contra os meus


lábios secos.

Eu balancei a cabeça, não sendo capaz de encontrar palavras para


responder. Ele soltou meus pulsos, e beijou meu corpo, inclinando-se e indo para
onde eu o queria. Ele inalou meu cheiro, e eu quase morri de vergonha, mas foi
rapidamente substituído por uma dor que ele criou, quando ele lambeu todo o
meu calor.

—Porra... —Ele respirou antes de tomar o meu clitóris em sua boca, e


chupar com força num movimento de vai e vem.

Eu nunca tinha sentido nada parecido antes. Minha respiração tornou-se


pesada, sentindo meu peito subir e descer. Minhas pernas começaram a tremer, e
eu não conseguia manter os olhos abertos. Eu não tinha ideia do que fazer com as
mãos. Eu senti como se fosse explodir. Quando senti seus dedos na minha
abertura, eu quase morri ali mesmo.

—Você é tão apertada, porra. Jesus Cristo, Lily, o que você está fazendo
comigo? —Ele rosnou em êxtase.
198
Eu não aguentava mais. A forma como sua boca devorava-me e seus
dedos faziam amor comigo, era demais para me controlar. O quarto começou a
girar e minha respiração vacilou.

Eu exalei.

Eu respirei.

Eu apertei.

Eu senti como se estivesse desmoronando e sendo rasgada. Eu não


conseguia controlar meus movimentos e muito menos a minha respiração. Fiz
todos os tipos de ruídos que pareciam estranhos saindo da minha boca. O quarto
desabou sobre mim, com os espasmos consumindo meu corpo, em seguida,
pressionando, apertando a cabeça de Jacob com tanta força, que eu senti sua
barba em meus ossos. Os sons que foram saindo de sua boca foram suficientes
para me empurrar ao limite.

Engoli em seco e gritei. —Ah meu Deus, Jacob!

—Você é minha. Está me ouvindo, Lillian? Minha!

Assistindo…

Degustando...

Sentindo…

Cheirando...

Ouvindo…

199
Lily ficou mole, e sabendo que eu era a causa disso, fez pré-gozo escorrer
pelo meu pau. Eu descansei minha testa na parte inferior do seu abdômen, ambos
tentando desesperadamente reunir os nossos pensamentos. Foi tão intenso para
mim como foi para ela, a palpitação no meu jeans prova meu ponto, e ela nem
sequer me tocou. Eu não podia ter as mãos dela em mim. Eu não seria capaz de
me segurar.

—Shhh... —Eu sussurrei, tentando ajudar Lily com sua respiração. Eu


podia ouvir e sentir seu coração batendo forte em seu peito. —Shhh... bebê... —
Eu repeti, me preparando mentalmente para o que estava por vir.

—Jacob. —Ela persuadiu, sabendo que eu precisava de incentivo para


olhar para ela. Sorvi uma respiração profunda, e movi-me para deitar ao seu lado,
limpando seu gozo dos meus lábios e barba.

Ela estava radiante.

Eu nunca a vi parecer mais bonita do que naquele momento, e isso me


atingiu como uma tonelada de tijolos, porra.

Eu estava cego por ela.

Consumido por ela.

Destruído por ela.

Ela possuía toda e cada parte de mim, até a minha alma.

Eu. A. Amava.

Olhamos um para o outro por não sei quanto tempo, sabendo que assim
que um de nós abrisse a boca para dizer alguma coisa, qualquer coisa, nós
perderíamos este momento. Tudo mudaria de novo, e não sabíamos se seria bom
ou ruim. Era uma pílula difícil de engolir.

—Não fique bravo, ok? —Ela disse, quebrando o silêncio entre nós com
uma voz trêmula.

—Palavras que todo homem gosta de ouvir, Kid.


200
Ela riu nervosamente. —Eu te amo.

Eu queria dizer isso pra caralho, isso estava bem ali, na ponta da minha
língua, morrendo e pedindo para sair.

Eu não podia.

Isso só pioraria as coisas, se fosse mesmo possível nesse momento.

—Eu menti para você.

—Como é? —Eu respondi, confuso.

Ela hesitou por alguns segundos antes de dizer. —Eu queria que fosse
você, Jacob. Eu só queria que fosse você.

Meus olhos arregalaram e meu queixo caiu, sentindo como se um balde


de água fria tivesse sido derramado pelo meu corpo. Fechei os olhos, eu queria,
mas isso não tornava menos real.

—Por favor, Lily, por favor, diga que não é o que eu estou pensando. —
Implorei, já sabendo a resposta.

—Sinto muito, Jacob. Eu te amo. —Ela justificou.

Eu imediatamente levantei. Minha mão sobre a minha boca, sentindo


como se fosse vomitar. —Você tem alguma ideia do que você acabou de fazer? Eu
nunca... merda... —Eu respirava. —Eu nunca teria... —Eu não podia mesmo dizer
isso. Eu não podia sequer olhar para ela. A vergonha me engolia de forma que eu
não conseguia nem ver direito, porra. —Lily, coloque alguma maldita roupa. Eu
não posso olhar para você assim agora.

Ela fez o que lhe foi dito, mal fazendo qualquer ruído. Eu andei ao redor
do quarto, puxando meu cabelo, tentando impedir minha compostura de
quebrar, e dizer algo que eu me arrependeria.

—Como você pode fazer isso comigo? Depois de tudo o que eu lhe disse.
Depois de tudo que eu expressei. Depois de tudo o que eu tenho compartilhado.
Depois de tudo isso — A bile subiu na minha garganta. —Você acha que isso é um
201
jogo? Que merda, Lily! —Eu gritei, finalmente olhando para ela. Ela ainda parecia
tão extremamente impressionante, que me tirou o fôlego, me matando
fisicamente. Eu estava sufocando em seu resplendor, o cheiro dela em volta de
mim. Pegando-me e me consumindo de uma maneira que eu nunca me
recuperaria.

—Eu não me arrependo. —Ela simplesmente declarou, sentada na beira


da cama.

Eu admirei seu cabelo despenteado, as bochechas rosadas, o lábio inferior


inchado, que eu sabia que ela tinha mordido, a forma como o vestido pendurava
pelo seu ombro, expondo seu pescoço e clavícula. Seu estômago estava à mostra
e as coxas estavam nuas, o meu cheiro, meu toque, meu amor era todo para ela.

Foi quando eu percebi...

Eu. Também. Não. Me. Arrependia.

Nem por uma porra de segundo.

E isso…

Assustou-me mais do que qualquer coisa.

—Por que você mentiu para mim, Kid?

Ela encolheu os ombros. —Você não me tocaria. Que escolha eu tinha? Eu


sei que não é certo, mas eu te amo. Eu não tenho nenhuma outra desculpa, é
minha única razão.

Eu suspirei, acalmando. —Então não há Steve?

—Há um Steve. Eu fui a alguns encontros com ele. Ele me beijou uma vez,
mas não foi bom. Não senti nada, nenhuma faísca, nada de borboletas... não
como eu sinto com você... —Ela inclinou a cabeça. —Algo especial aconteceu
entre nós, Jacob, e eu realmente gostaria que você pudesse ver isso.

202
Abaixei-me, sentado na ponta dos meus pés na frente dela. Seus olhos
lacrimejaram e isso quase partiu meu coração. Tirei o boné e coloquei sobre sua
cabeça.

—Você deixou isso para trás.

Ela imediatamente sorriu e aqueceu meu coração. O dano estava feito.


Não havia como voltar...

—O que é que eu vou fazer com você, Kid? —Eu balancei a cabeça,
abraçando seu pequeno corpo.

—Você ficará comigo?

Eu ri. —Tente me fazer sair.

Eu deslizei-a sobre a cama, tirei minha camisa, jeans, e dormi com a minha
cueca boxer. Ela tirou seu vestido, jogou-o no chão e colocou a camisa que eu
estava vestindo. Eu sorri, apaguei a luz, e deitei ao lado dela. Puxando-a contra o
meu corpo. Ela encaixava-se perfeitamente. Ela dormiu enrolada em meus braços
o resto da noite. Passamos o que restava do fim de semana juntos, e viajei para
casa domingo à noite...

Com exceção que desta vez,

Lily estava entranhada no meu coração.

203
Dias Atuais

—Aonde vamos? —Eu perguntei quando ele tomou a saída para I65 N.

—Eu disse que ia sequestrar você. —Jacob respondeu, chegando mais e


apertando minha coxa. Eu gritei, batendo em sua mão. Eu odiava quando ele fazia
isso.

—Não é sequestro se eu já sei.

—Eu não posso apenas surpreendê-la?

Eu levantei minha sobrancelha e inclinei a cabeça para o lado.

—Sim... Bom ponto.

Eu sorri.

—O seu aniversário está chegando.

—O meu aniversário é daqui a mais de seis semanas.

Ele estreitou os olhos para mim. —Estou ciente de quando é seu


aniversário, Kid. —Ele disse, estendendo a mão para a minha coxa novamente,
mas eu interceptei a mão no último segundo.

—Ooohhh! Você viu isso, grande homem? Tem que ser mais rápido do
que isso. Eu tenho reflexos de gato.

Ele fez uma careta e pegou o boné da minha cabeça.


204
—Ei! Isso é meu!

Ele usou isso como vantagem e apertou minha coxa. —O que foi isso? —
Ele zombou, apertando com mais força. —Desculpe-me se não entendi? Que
gato?

Eu bati nele, gritando e rindo ao mesmo tempo, até que ele finalmente o
soltou.

—Na verdade é meu. Você tem o seu próprio. —Ele colocou-o para trás
em sua cabeça.

—Ainda fica melhor em mim.

—Você é uma merdinha. —Ele riu.

—Estou ciente. —Sorri para ele. —Agora... o que você dizia?

—Você quer dizer antes de eu ser rudemente interrompido?

—Sim, antes disso.

Ele balançou a cabeça, sorrindo. —Todo mundo está vindo para o seu
aniversário.

—Oh? Você sabe sobre isso? —Perguntei, surpresa.

—Claro que sim. Lucas esteve me perseguindo durante os últimos seis


meses.

Ela mordeu o lábio.

—Diga. —Ele pediu.

—Você viria? Quer dizer, se ainda não estivéssemos nos falando.

—Eu sabia que você perguntaria isso. —Ele afirmou como uma pergunta.

—Você é um advogado.

—Você gostaria?
205
—Oh não! —Eu balancei minha cabeça. —Você não vai usar suas táticas
de advogado em mim, amigo, eu perguntei primeiro.

Ele riu. —Você é esperta demais para o seu próprio bem, Kid. —Ele
hesitou por alguns segundos. —A verdade?

—Sempre.

—Eu estava pensando em vir.

—Mentira. —Brinquei, fazendo-o olhar para mim com uma expressão


sincera.

—Quantas vezes tenho que lhe dizer que eu não minto para você, Lily?

—Você pode querer retirar essa declaração, Sr. advogado.

—Faz um longo tempo desde que... bem, você sabe. Eu vim, para você. —
Ele acrescentou, ignorando o que eu falei.

—Em que sentido da palavra?

—Em qualquer sentido que você me permitir. Até que você me rejeitou e
disse-me para comer merda, então eu tive que fazer uma chave para sua casa e
passar semanas a lembrando do porque você é minha.

Minha testa franziu. —Espere um segundo, você sabia?

—Eu sabia o que, doce menina?

—Você sabia onde eu morava? Naquela primeira noite no bar, foi tudo
planejado?

—Não, aquela noite foi pura sorte. Eu sabia onde você vivia, e Lucas
mencionou que você trabalhava em um bar, embora eu não soubesse que era no
Bootleggers. Eu estava pensando em enviar mensagens para Alex na manhã
seguinte, para perguntar a ela, mas o destino interveio, e você estava ali na minha
frente.

—Então, você veio para Nashville por mim?


206
Ele abriu um leve sorriso. —Vim aqui para ajudar meu amigo Mark, da
faculdade de Direito, a abrir sua firma de advocacia.

—Não é isso o que eu perguntei.

Eu ri. —Você era o plano o tempo todo, bebê. Você foi a motivação, a
firma foi a minha desculpa.

Eu sorri. —Olha por onde você está dirigindo antes de bater, grandalhão.

Ele sorriu com o rosto contido uma vez mais. —Considere isto uma pré-
comemoração para o seu vigésimo terceiro aniversário.

—Ah... isso significa que eu vou ter dois presentes? —Eu brinquei.

—Eu estava pensando em dar-lhe muitos, mas se você só quer dois, eu


acho que vou ter que cumprir, é seu aniversário, afinal. —Ele respondeu com um
sorriso.

—Não, sua ideia é melhor, muitos. Quem sou eu para tirar a sua
felicidade? —Retruquei, rindo.

Liguei o rádio sentando-me no meu lugar, e apreciamos o silêncio


confortável entre nós. Quatro horas mais tarde estávamos saindo na estrada 35.

—Que diabos têm no Alabama? —Eu questionei, olhando para ele como
se ele fosse louco.

—Um pequeno pedaço do paraíso, doce menina.

Fomos até um lugar que parecia um condomínio. Um manobrista nos


saudou e levou as malas. O lugar era requintado, e eu inconscientemente olhei
para as minhas roupas enquanto caminhávamos até a recepção, não que Jacob
estivesse vestido melhor do que eu. Apenas em seu traje padrão, camisa de
surfista, short, e chinelos.

—Checagem para entrada. —Ele disse a atendente atrás do balcão, que


estava muito ocupada o checando.

207
Eu estava ao lado dele e olhei para ela, inclinando a cabeça para o lado. —
Gostou do que viu?

—Senhora, eu... eu... eu... —Ela murmurou.

—Olhos na tela, querida. Este está comprometido. Todo meu, e eu não


compartilho com ninguém.

Eu podia ver Jacob sorrindo como um tolo com o canto do meu olho, e eu
inclinei-me perto de seu ouvido. —Viu? Eu posso fazer a minha reivindicação,
também.

Ele caiu na gargalhada. Eu dei à atendente um sorriso espertinho.

—Aqui estão as chaves para a cobertura. —Ela murmurou, pegando-me


desprevenida.

Cobertura?

—Obrigado. —Ele assinou a papelada e agarrou a minha mão.

Virei-me no último segundo. —Tchau. —Eu disse para ela, fazendo-a ficar
de um tom vermelho brilhante.

Fomos até o andar superior que levava à cobertura. Ele abriu a porta para
mim. Eu andei em um dos maiores foyers que eu já tinha visto. Adentrei,
observando cada detalhe do teto abobadado, até os pisos de mármore. Havia três
quartos, duas suítes masters, duas salas de estar, uma sala de jogos, e uma
varanda que ocupava toda a lateral do prédio. A vista para a praia era
impressionante. Acho que eu poderia ver minha casa de lá.

Voltei para dentro e Jacob estava nos servindo uma bebida no bar.

—Exatamente quanto dinheiro você ganha? —Eu me vi precisando saber.

—O suficiente para você não trabalhar, ficar em casa, e ser minha escrava
do sexo. —Ele simplesmente declarou.

208
—Você não é como um senhor das drogas, certo? Eu não vou ser presa de
forma inesperada. Eu vou te dizer agora, eu sou muito bonita para a prisão. Eu
não vou tocar o sexo de ninguém em nenhum momento.

Ele riu tanto que sua cabeça caiu para trás.

—Por que você ri? Você já deu uma boa olhada em si mesmo no espelho
ultimamente? Você será a cadela de alguém, também. Carne fresca para Manuel,
ele terá que desviar das pessoas no pavilhão e fazer care packages 21 a todo o
momento. Gritando com você para cuidar de seu pau latino e chupar...

Ele ergueu as sobrancelhas em desafio com uma expressão ainda


divertida.

—Orange Is the New Black22. — Eu simplesmente declarei.

—Primeiro lugar, eu não deixo ninguém gritar comigo. Sua bundinha pode
afirmar isso. Em segundo lugar, esta cobertura é do meu chefe.

—Ooohhh.

—Pedi ao concierge 23 para abastecer o frigobar e o bar. —Ele me olhou de


cima a baixo, seu comportamento rapidamente transformando-se em predatório.
—Eu acho que é hora do seu primeiro presente. Por que você não fica nua e deita
na cama para que eu possa lamber sua bunda gostosa.

Seus olhos arregalaram, dilatando. —Pare de tentar fazer coisas à minha


bunda!

21
Como chamam na prisão pacotes enviados pela família.
22
Laranja é o novo preto. Uma famosa série da netflix sobre presidiárias.
23
Pessoa responsável por servir os hóspedes em seus mínimos desejos até os mais extravagantes.
209
—Então pare de sentar no meu dedo quando você está me cavalgando.

Ela revirou os olhos. —Eu não quero fazer isso agora, de qualquer
maneira.

Eu tomei um gole da minha bebida. —E o que faz você pensar que você
tem uma escolha no assunto, Kid?

—Porque não significa não. —Ela sorriu e saiu correndo.

Eu peguei-a pela cintura antes mesmo que ela conseguisse sair da sala,
rindo, enquanto eu a jogava por cima do meu ombro, como uma boneca de pano.

—Não! Não! Eu não fiz nada neste momento! Eu não quero jogar este
jogo! Eu nem gosto deste jogo! —Ela entrou em pânico, se debatendo, mas ela
não era páreo para mim.

Eu ri, batendo de leve na sua bunda. —Relaxe. —Entrei na sala do jogo,


sentando-a na mesa de sinuca. —Se eu quiser... — Inclinei-me perto de seu rosto.
—Eu consigo. —Eu beijei seus lábios suavemente. —Assim que vai ser. Eu vou
comer a sua bucetinha doce, aqui, na borda desta mesa de bilhar. Então, quando
eu fizer você gozar o suficiente, quando seus sucos escorrerem pela minha
barba... —Eu vou ficar preso ao beijá-la.

—Vou leva-la para a cozinha e você vai chupar o meu pau. Para a nossa
próxima parada, vamos para a suíte master, sala de jantar, sala, hall de entrada...
e ver em quantas posições e salas posso transar com você, até que você não
possa ficar de pé. —Eu lambia ao longo da borda dos lábios.

—E a varanda? —Ela ronronou.

—Eu nunca fui um exibicionista, bebê. Ninguém vê o seu corpo nu além de


mim. —Eu reivindiquei sua boca antes que ela pudesse responder, e eu passei o
resto da manhã entre suas pernas.

Depois de tomar banho fomos almoçar, mas no último minuto, decidimos


levar para viagem. Estava um dia lindo, e queríamos tirar vantagem disso. Nós nos

210
sentamos na praia, comendo nossos sanduíches e tomando ar puro, eu vivia para
momentos como estes, quando tudo era apenas simples.

—Eu sei que você quer ir até lá, Jacob, eu posso ver escrito em seu rosto.

Estávamos assistindo à arrebentação das ondas na praia.

—Eu acho que você pode realmente estar se contorcendo.

Eu agarrei a mão dela e a beijei. — Esse não é o ponto deste fim de


semana. É sobre você.

—Humm... Isso é realmente doce e tudo mais, mas eu meio que quero ler
este livro, e deixe-me te dizer... isso só vai beneficiar você.

—quer dizer agora?

—Vá! —Ela disse, rindo, sacudindo a cabeça, e eu já queria voltar. —Eu


posso me entreter por algumas horas, as ondas estão chamando seu nome.

—Seja boazinha e fique parada. Eu quero saber onde você está enquanto
eu estou na água.

—Isso soou muito como atração fatal24. —Ela debochou.

—Você quer que eu te coloque sobre o meu joelho de novo, não é?

—No seu ombro. Vá e arrase, e... não.

Eu a beijei. Passar as próximas horas nas ondas me fez sentir tão bem por
fazer isso novamente. Só que desta vez, Lily estava sentada na praia esperando
por mim. Lembrei-me de querer tanto isso por anos. Esse foi o ponto deste fim de
semana. Eu queria reviver nossa infância juntos, mesmo que fosse apenas por
alguns dias.

Estava perto do entardecer no momento em que voltei para a praia, e


esse era o único problema com o oceano, você pode se perder nele. Eu a levei

24
Filme americano em que Glenn close fica louca pelo Michael Douglas.
211
para um jantar agradável, e fizemos amor na varanda quando voltamos. Só depois
que eu tive certeza de que ninguém pudesse vê-la da praia. Eu não dava a mínima
para mim.

Dormimos na manhã seguinte, graças a ela. Eu a levei para a Arena The


Next level, que era um parque de diversões enorme, com todos os tipos de jogos
de escalada, e eles ainda tinham armas a laser. Ela era tão competitiva quanto
eles. Quando eu venci em todos os jogos, ela alegou que eu estava roubando, e
não queria jogar mais comigo, então eu a levei na roda-gigante e a lembrei muito
bem que ela queria brincar comigo. Nós dois estávamos exaustos quando
voltamos para a cobertura, por isso decidimos pedir comida e relaxar na banheira
de hidromassagem. Lily colocou muito sais que fez muitas bolhas não percebendo
que tinha jatos até que decidi explorar as várias utilidades desses jatos. Nós
passamos uma boa hora limpando o chão quando acabamos.

Se você me perguntar se foi um tempo bem gasto, observar Lily de quatro


enxugando a água do chão com toalhas foi um bônus extra.

Era o último dia de nossa estadia, e parecia que tínhamos acabado de


chegar lá. Já que ela amava os animais, eu sabia que levá-la para o Dolphins
Down Under25 seria uma memória que ela adoraria. Era raro ver golfinhos em
qualquer parte do oceano em Oak Island. Reservei o tour privado, e o olhar em
seu rosto era de valor inestimável, quando ela percebeu o que estávamos
fazendo. Chegamos a mergulhar e nadar com os golfinhos. Lily realmente chorou
quando foi hora de voltar.

—Nossa... isto é lindo, Jacob. —Ela suspirou quando nós nos sentamos no
restaurante dentro da marina, a nossa visão era do oceano. Fomos capazes de
usar o chuveiro no barco para nos vestir.

—Eu não acredito que você fez tudo isso. Este foi um dos melhores finais
de semana da minha vida. Obrigada.

25
Passeio aquático que consiste em nadar com golfinhos.
212
Eu sorri. —Não acabou. —Enfiei a mão no bolso e tirei a caixa embrulhada,
colocando-a sobre a mesa.

—O que é isso?

—Quantas vezes tenho que lhe dizer? Quando alguém lhe entrega um
presente, tudo o que você tem a fazer é dizer obrigado.

Ela o pegou. —Você o embrulhou tão bem. —Ela expressou, abrindo


ofegante quando viu a pulseira.

—Eu queria dar à você enquanto estivéssemos sozinhos ou então eu teria


esperado pelo seu aniversário real.

Ela olhou para todos os pingentes, agarrando primeiro a lagosta e


mordendo o lábio.

—Esse é o meu favorito, também. Há uma bota de cowboy, uma prancha


de surf, um violão, um símbolo da luta contra o câncer de mama, um gato, e
claro, a lagosta. Eu sei que parece realmente muito cedo, mas achei que poderia
acrescentar mais coisas a ela durante o resto de nossas vidas juntos.

Ela imediatamente saiu de sua cadeira antes que eu falasse a última


palavra, quase me derrubando da minha.

—Eu te amo. Eu te amo tanto. —Ela sussurrou em meu pescoço,


abraçando-me forte.

—Eu também te amo.

—Este foi o melhor aniversário de sempre. —Ela disse, sentando-se no


meu colo.

—Nós ainda temos a noite toda. —Lembrei. —Não vou ter piedade de
você, doce menina. Eu não vou parar até que eu esteja gravado em sua pele,
batendo com o seu coração, não sabendo onde você termina e eu começo. Eu
preciso me perder em você.

Ela olhou profundamente em meus olhos e suspirou. —Promete?


213
Naquela época

—Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos
de vida. —Todos cantaram, enquanto o meu sobrinho batia as mãozinhas
carnudas, juntamente com um grande sorriso no rosto.

Era sua primeira festa de aniversário. Minha mãe encheu todos os cantos.
Parecia que um Elmo26 vomitou aqui com balões de Elmo, bandeiras de Elmo,
toalhas de mesa, copos e, claro, o bolo. Ela estava a um passo de pintar a maldita
sala de vermelho. Pensei que talvez fosse necessária uma intervenção, ou talvez
apenas um comprimido para ela. Todo mundo estava lá tendo um grande
momento, e isso era tudo o que importava no final. Não havia muito que fizesse
minha mãe sorrir ou rir nestes dias. Ela fingia tão bem quanto eu. Eu acho que
todos fingiam, mas a evidência do que estava acontecendo com ela estava bem
ali, na frente de nossos olhos, um lembrete diário de algo que nenhum de nós
poderia parar.

Os meninos estavam todos lá, e foi ótimo ter todos juntos novamente.
Austin era o único ausente, ele foi embora, mas pelo menos ele enviava postais
algumas vezes, de diferentes partes do mundo. Eu sabia que ajudava na
preocupação de todos sobre o lugar onde estava, e o que estava fazendo. Fazia
seis meses desde que Jacob e eu tivemos nossa primeira brincadeira. Eles se
formaram na Ohio State há três meses e Dylan e ele voltaram. Dylan estava
alugando uma casa em SouthPort. Jacob ainda estava indeciso sobre onde ele

26
Personagem vermelho de nariz laranja dos Muppets.
214
queria ir para a faculdade de direito. Ele alugou um apartamento perto da praia
no mesmo período.

Eu estaria mentindo se dissesse que não me machucou, que não


tivéssemos falado sobre onde ele estaria estudando. Eu sabia que havia várias
faculdades estaduais que ele estava interessado, e ainda mais cartas de aceitação,
mas foi isso. Ele não pediu minha opinião e eu não ofereci. Nós estávamos
falando por telefone ou mensagens de texto todos os dias, antes dele voltar, e
ainda era o mesmo. Só que agora eu o via o tempo todo. Tínhamos brincado mais
algumas vezes, mas ele ainda não me deixava tocá-lo. Dizer que chateava ter que
esconder-nos pelas costas de todo mundo, teria sido um eufemismo.

Entrei no meu quarto precisando de uma pausa de todos. Se eu assistisse


Lucas e Alex fazendo olhos de filhote de cachorro um para o outro através da sala
mais uma vez, eu esmagaria as suas cabeças juntas. Mesmo depois de todos esses
anos, eles ainda estavam jogando este maldito jogo estúpido de gato e rato.

Eles pertenciam um ao outro, pura e simplesmente.

Sentei-me na minha cama com o meu violão, tocando e cantando


“Everyboby Hurts” do REM. Fechei os olhos para dedilhar a suave melodia, me
perdendo na letra da canção. Às vezes, o único consolo que eu podia encontrar
era com o meu violão, minhas emoções corriam selvagem com tudo o que estava
acontecendo ao meu redor.

Lucas e Alex...

Minha mãe…

Jacob.

Eu cantei o último refrão da música novamente, não querendo que o meu


conforto acabasse, dedilhei a última harmonia perfeita, e deixei vibrar contra o
meu peito. Eu sentei lá por alguns segundos, contemplando como as palavras
refletiam minha vida, e o quanto eu poderia me relacionar com elas. Respirei
fundo, abrindo os olhos apenas para encontrar Jacob olhando para mim, com um
olhar que eu não reconheci. Quase como se lhe doesse olhar para mim.

215
Eu sorri, tentando quebrar a tensão inesperada entre nós.

Ele estava encostado na parede, os braços cruzados sobre o peito,


sombrio e assustador.

—Há quanto tempo você está aí? —Perguntei.

—O suficiente.

Arqueei as sobrancelhas enquanto ele continuava com seu olhar


inquisitivo que eu não podia identificar.

—Esse lábio vai cair, Kid.

—Não pode ser pior do que quando você o morde.

Ele sorriu fracamente. —Porque está tão triste?

—É apenas a música, Jacob.

—Mentirosa.

Dei de ombros. Eu não sabia mais o que dizer. Na verdade, eu sabia.


Exceto, que eu estava com medo de compartilhar com ele. A última coisa que eu
precisava, era que ele pensasse que eu não poderia lidar com a gente.

—Lily, talvez nós...

—Não acha que é um pouco tarde para isso? —Interrompi.

Ele inclinou a cabeça contra a porta, olhando para o teto pelo que pareceu
uma eternidade.

—Eu nunca quis machucar você. Essa é a última coisa que eu quis fazer.
Você sabe disso, certo?

Eu balancei a cabeça. —Claro.

Ele afastou-se da parede, e eu estava de pé, pronta para o que ele tinha
para jogar em mim. Então, eu fiquei chocada pra caramba quando ele me puxou

216
para os seus braços para me beijar. Suas mãos cobriram meu rosto com tal amor
e ternura, que me deixou de joelhos bambos.

—Porra, Lily. —Ele gemeu em minha boca.

Beijei-o mais forte, com tanta paixão quanto eu poderia reunir. Nós nos
beijamos por não sei quanto tempo, nos perdendo um no outro, como eu com
meu violão.

—Puta merda! —Alex xingou, caminhando até nós.

Nós imediatamente nos afastamos um do outro, ambas as nossas mãos no


ar com desânimo.

—Meu Deus! Lucas vai matá-lo. Ele vai te matar e esconder o corpo. Vou
saber sobre isso, eu vou ser cúmplice. — Ela gritou.

—Shhh... —Jacob sussurrou, imediatamente indo até ela, e puxando-a


para dentro, fechando a porta atrás de si. —Não é o que você pensa.

—Não é o que eu penso? Será que eu simplesmente não entrei e vi você


beijando a irmãzinha de Lucas? Sua irmã de dezesseis anos de idade! Oh meu
Deus, Jacob, você tem vinte e três! Você poderia ir para a cadeia. Por favor, diga-
me que é tudo o que vocês estão fazendo!

—Shhh... acalme-se, alguém vai te ouvir. —Ele a silenciou novamente.

—É com o que você está preocupado?

Dei um passo em direção a ela com uma expressão sincera por todo o meu
rosto. —Alex, eu o amo. —Entrei na conversa, agarrando-lhe o braço para olhar
para mim. —Eu sempre o amei.

Eu precisava que ela entendesse que isso era sério, não era uma quedinha
de menina da escola. Jacob era o meu núcleo. Ele era o meu tudo. Ela tinha que
entender isso, ela mais do que ninguém tinha que saber.

O que senti...

217
Éramos iguais.

—Lillian, pare de dizer isso. Você não sabe o que está dizendo. Você nem
sequer sabe o que isso significa. —Jacob ordenou em tom exigente.

Eu odiava quando ele falava isso para mim. Tudo o que fazia era me irritar.
Ele sabia que era verdade, mas por algum motivo, o fazia sentir melhor dizer algo
assim.

—Você também me ama! Você simplesmente não pode dizer em voz alta.
—Respondi, pronta para a batalha, não me importando que Alex estivesse
sentada lá assistindo tudo.

—Pare! Estou falando sério! —Ele pediu em voz desesperada.

—Parar o que? A verdade? Você não continuaria me beijando se você não


me amasse. Quem se importa com nossas idades, é apenas um número, porra. —
Lembrei-lhe pelo que parecia ser a maldita milionésima vez.

—Meça suas palavras. —Ele recomendou com um dedo na minha cara.

Afastei o dedo. —Dane-se! Você não é meu pai. Eu não sou uma criança.

—Pois pare de agir como uma, porra.

—Meu Deus. —Alex Interrompeu, fazendo-nos olhar para ela. Parecia que
ela tinha acabado de ver um fantasma. —Ela é a menina, não é? A das últimas
férias de primavera? Jesus, quanto tempo isso vem acontecendo? —Ela
perguntou com os olhos arregalados indo e voltando entre nós.

Eu queria dizer desde o nascimento, mas eu achava que não era o


momento nem o lugar para ir tão fundo em como eu me sentia.

—Nada. Está. Acontecendo. —Jacob disse entre dentes.

—Pare. De. Dizer. Isso. —Cerrei os punhos, olhando dele para ela. —Por
que você está olhando para nós assim? Você mais do que ninguém deveria
entender isso.

218
Ela imediatamente se levantou. —Eu? —Ela argumentou. —O que eu
tenho a ver com tudo isso?

—Você! —Eu apontei para ela. —Você ama meu irmão, meu irmão te
ama. Vocês se amam desde que eram crianças! A única razão pela qual não estão
juntos, é porque todo mundo não cuidou de seu próprio maldito problema, e
apenas deixou rolar. Vocês pensam que estão parentes ou algo assim. É tão
estúpido!

Pronto. Eu finalmente disse. Alguém finalmente disse essa porra.

—Lillian, cuidado com a boca. —Jacob ralhou com uma compostura


aquecida.

—Meu Deus!

Por que ninguém me ouve?

—Foda-se! Você vai ficar aí e fingir que não é uma das principais razões
pelas quais eles não estão juntos? Você está se metendo nisso desde o início.
Vocês todos estão. Eu superei. É estúpido. Eles se amam exatamente do mesmo
jeito que nós! Só que você não pode superar o fato de que eu sou a irmã de
Lucas. Quem se importa? Eu não, e você também não deveria.

Alex balançou a cabeça, dando um passo para trás.

—Você mais do que qualquer um pode entender isso, Alex. Por favor, não
fique aí só julgando, a idade é apenas um número. Eu cresci com esses meninos
tanto quanto você. Não é como se ele fosse velho o suficiente para ser meu pai
ou qualquer coisa. Isso seria nojento.

—Lily, é contra a lei. —Ela lembrou.

Se eu ouvisse isso mais uma vez...

—Foda-se a lei. —Eu soltei.

Jacob chegou até mim em dois passos. —Eu não vou dizer novamente.
Cuidado com a boca, porra.
219
Eu coloquei minhas mãos no ar, exausta com tudo isso. Havia apenas um
tanto que eu poderia aguentar, e eu estava alcançando o meu ponto de ruptura.

—Você sabe o que? Vocês dois podem ficar aqui e chafurdar em toda essa
energia negativa. Eu não vou ficar parada e permitir que me afete. Eu sei que
você vai me encontrar, Jacob, porque você me ama! Então vamos ver quem está
certo e quem está errado. Eu garanto que não vou ficar à espera, cozinhando em
fogo lento. —Virei-me e saí.

Sabendo em meu coração.

Que ele me seguiria.

Alex sentou-se novamente, descansando os cotovelos sobre as pernas e


colocando a cabeça entre as mãos. Nenhum de nós disse nada por um longo
tempo. Minha cabeça martelava com o silêncio.

Como eu pude ser tão descuidado?

—Eu não sei como isso aconteceu, Alex, eu juro por Deus que não. —Eu
falei honestamente, precisando que ela me ouvisse dizer isso. Precisando que ela
entendesse. —Em um segundo ela tem cinco anos, correndo de tranças, e depois,
no outro, ela tem dezesseis anos. Eu tentei. Eu tentei pra caramba ignorar isso.
Ignorá-la, mas você conhece Lily, ela faz o que quer, exatamente como seu irmão.
Após o acidente, ela começou a abrir-se para mim, e eu deixei porque ela era uma
criança, e ela precisava de um amigo. Eu gostava de ficar perto dela, ela me
lembrava tanto de você. Eu não sei, porra. —Suspirei.

—Vocês já...?

—Porra. Não. Tudo o que fazemos é beijar, e isso soa muito pior do que é.
—Eu menti, era muito pior do que isso. Eu menti para uma das minhas melhores

220
amigas, porque eu não queria que ela me julgasse. Eu já me sentia uma merda. Eu
não precisava de alguém me lembrando, o que eu já sabia ser verdade. —Nos
beijamos algumas vezes, e não começou até seu décimo sexto aniversário. Juro
por Deus que a menina é como um furacão, e eu não posso evitar ser sugado.

Ela levantou os olhos para mim, dispensando o que eu disse. Ou talvez


fosse só por toda a situação do caralho.

—Ela terá dezessete em breve. Eu sei que não torna melhor, eu sei que
não torna isso direito. Foda-se, Pinguinho, ela não está errada. Eu acho que estou
apaixonado por ela, quão fodido isso é?

Eu estava apaixonado por ela, mas eu não podia me permitir admitir isso
totalmente em voz alta, especialmente para Alex. Eu precisava da perspectiva de
outra pessoa, e Lily estava certa, Alex entenderia mais do que ninguém, e eu tinha
feito tudo em meu poder para afastá-la de Lucas. Eu me odiava por isso,
especialmente naquele momento, quando confrontado com ela e a verdade ao
meu redor, batendo na minha maldita cara. Ela observou-me andar ao redor do
quarto, até que finalmente parei e sentei-me na cadeira, de frente para ela,
curvado para frente, com os braços nas minhas pernas.

—Eu não tenho nenhuma ideia do que dizer. —Ela disse suavemente.

—Sinto muito, Alex. Todos esses anos, tudo o que eu já fiz é... quero
dizer... com Lucas e você... eu só... Foda-se... essa é a porra do meu karma.

Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, mas nada saiu.

—Eu sei que você não tem que dizer isso. Eu sei. —Admiti, sabendo que
ela queria dizer que eu estava certo.

—Alguém sabe?

—Claro que não.

—O que você está fazendo no quarto dela? Você sabe que poderia ter sido
Lucas aqui. Você tem alguma ideia de quanto ele vai bater em você por isso? Oh
meu Deus, Jacob, ele vai matá-lo.

221
Baixei os olhos e olhei para o chão, esfregando meu cabelo para trás e
para frente, querendo arrancá-lo, foda-se. —Eu sei. Você não tem ideia de
quantas noites eu perdi o sono por causa disso. Eu preciso ficar longe dela. É uma
das razões que eu estou me candidatando a faculdade de direito tão longe. Eu
preciso colocar distância entre nós.

—Ela sabe?

Eu balancei minha cabeça.

—Oh cara…

—Eu fiz a minha cama e agora eu tenho que deitar nela. Esta é a única
coisa que eu posso fazer para ajeitar as coisas. —Quase me matou dizer isso.

—Ela vai te odiar.

Eu suspirei, sabendo que ela estava certa. Lily não me perdoaria por isso.
—É o que é. Eu não posso continuar levando-a assim. Estou enviando sinais
diferenciados todo o tempo, mas não posso evitar. Eu não posso explicar isso
também.

—Você não precisa. Eu entendo.

Olhei fundo nos olhos dela. —Pinguinho, nunca foi sobre você. Era Lucas.
Nenhum de nós pensou que era certo para você. Você merece, você merece
alguém como Cole.

—Não importa mais. É passado.

—Sinto muito, me desculpe se eu já influenciei qualquer coisa que lhe


causou dor. Eu te amo. —Falei sinceramente.

Ela assentiu com a cabeça. —Eu sei. Tudo acontece por uma razão.

—Você não vai dizer...

222
—Eu prometo... mas se essa merda atingir o ventilador, porque
eventualmente vai, eu vou afirmar que não sabia de nada. Vou fingir estar tão
surpresa quanto todo mundo.

Eu ri e levantei. —Eu vou...

—Vá.

Ela me viu sair, percebendo que Lily estava certa. Não demorou muito
tempo para que eu fosse atrás dela.

Confirmando que eu a amava...

Depois de tudo.

Encontrei-a na praia junto ao cais. Sentada exatamente no mesmo lugar


de quando ela descobriu que sua mãe tinha câncer. Sentei-me ao lado dela. Meu
boné colocado com firmeza em sua cabeça, e ela parecia ter chorado, o que era
completamente diferente da menina que tinha saído do quarto.

Minha despreocupada Lily desapareceu.

Ela olhou para frente dela para as ondas, porém sem enxergá-las, quase
como se ela estivesse em transe.

—Você está saindo. —Ela afirmou.

—Como você... — Fiz uma pausa. —Você ouviu.

—Eu pensei... —Ela balançou a cabeça. —Eu pensei que você diria a ela
que me ama. Eu pensei que você lhe diria que você queria ficar comigo. Eu pensei
que você diria a ela tudo o que eu tanto queria ouvir. — Ela engoliu em seco, com
a voz embargada, imitando meu coração.

—Você não lhe disse nenhuma dessas coisas. Você acha que você me
ama? Eu poderia entender por que você mentiria sobre nós nos beijando, mas
Cristo, Jacob... seu karma? Sério?

223
—Lily... não era... eu não... porra... —Eu respirava, frustrado. —O que é
que eu diria?

—Como é que eu vou saber? Você nunca me disse nada. Eu sabia que
você estava se candidatando para longe, nas faculdades estaduais, porque eu
pensei que você queria uma melhor educação, não porque você queria ficar longe
de mim. —Ela engoliu sua voz quebrando finalmente, lágrimas caindo pelo seu
belo rosto.

Eu queria abraçá-la.

Eu queria confortá-la.

Eu queria dizer a ela que tudo ficaria bem.

Que eu a amava.

Eu não fiz nenhuma dessas coisas. Eu sentei lá e vi o amor da minha vida


chorar.

Por mim.

Por tudo o que eu tinha feito, por tudo o que eu não pude dizer, por tudo
o que tinha ouvido... por tudo isso.

—Sinto muito, Kid. Eu estou tão arrependido. —Sussurrei, tentando


impedir minha própria voz de quebrar.

—Apenas vá, Jacob. —Ela fungou ainda sem olhar para mim.

—O que?

—Você me ouviu. Apenas vá, porra. —Ela sussurrou tão baixo, como se ela
realmente não quisesse dizer isso.

—E quanto a você?

—E quanto a mim? Eu vou sentar aqui. Ver o sol se pôr. Voltar para casa,
para meus pais, e continuar a assistir a minha mãe morrer um pouco mais a cada
dia. —Ela soluçou, enxugando as lágrimas. —Sozinha. Porque o cara que eu amo
224
não me quer... —Ela quebrou, e eu não aguentei mais. Tentei puxá-la em meus
braços, mas ela me empurrou.

—Não! —Ela gritou. —Apenas vá! É o que você quer fazer de qualquer
maneira.

—Lily, você sabe que não é verdade.

—O que eu achava que sabia provou ser uma grande mentira, de qualquer
modo, Jacob, eu não sei de nada. Nada.

—O que estou fazendo com você? Olhe para você. Isto é minha culpa. Eu
não posso continuar fazendo isso com você, Kid, isso está me matando, caralho!

—É sempre sobre você! O que você sente, o que você precisa, você, você,
você! Você não me escuta, você não me ouve, e você me afasta porque você acha
que eu sou uma criança. Eu não sou uma criança, Jacob. Eu posso só ter dezesseis
anos, mas isso não importa. Eu estou vendo minha mãe morrer. Todo dia.
Ninguém fala sobre isso. Ninguém diz nada quando ela está vomitando todo dia,
porra. Ninguém diz nada, quando ela não pode sair da cama porque a
quimioterapia está literalmente comendo-a de dentro para fora. Ninguém diz
nada quando ela não pode comer, quando ela não pode mover-se, quando ela
mal consegue conversar, porra! Então, me diga, isso é algo que uma criança
veria?

Baixei a cabeça, envergonhado e arrependido.

—Eu gostaria de não te amar.

Eu imediatamente levantei os olhos para ela. O olhar em seu rosto


esmagou meu coração já partido.

—Eu gostaria de poder parar de te amar, só assim você saberia como é.

—Isso não é justo, Lily. —Eu finalmente falei.

—Isso não o torna menos verdadeiro. Basta ir... eu não quero mais você
aqui.

225
—Eu gostaria que fosse assim tão fácil.

Ela se levantou, olhando para mim. —Isto é. Basta ver-me fazer isso. —Ela
deu uma última olhada para mim e saiu.

Eu assisti a garota que eu amava mais que tudo se afastar de mim, só que
desta vez...

Ela levou meu coração com ela.

226
Dias Atuais

—Lily, por que há colônia para homens em seu banheiro? —Lucas


perguntou, caminhando de volta para a sala de estar.

Merda.

Eu pensei que tivesse escondido tudo de Jacob na minha casa. Ele foi
inflexível, de que todas as coisas dele ficariam em minha casa. Nós tínhamos
falado sobre isso, e nós não estávamos prontos para dizer a ninguém ainda.
Queríamos estar juntos sem ter isso arruinado pelo meu irmão, especialmente na
minha semana de aniversário. Eu peguei ele e Alex no aeroporto. Eles estariam
hospedados no meu quarto de hóspedes pelos próximos dois dias. Mason estava
com sua mãe no fim de semana para minha decepção, eu sentia falta do meu
pequeno rapaz.

—O que? —Eu banquei a boba.

—A água de colônia, Lillian. De quem é?

Olhei ao redor da sala, meu coração batendo no meu peito.

—Bo! — Alex gritou com ele, batendo no peito. Que era o seu apelido de
infância para ele. —Deixe-a em paz. Ela tem vinte e três anos, ela tem permissão
para ter relações sexuais.

—A porra que ela tem. —Ele rugiu.

227
A porta da frente abriu naquele exato momento e, claro, entraram Dylan e
Jacob, ambos sem se preocupar em bater. Todos os três fortes como montanhas,
fazendo minha casa parecer pequena. Fiquei triste por Austin não poder vim. Ele
estava preso em Nova York, fazendo algo com sua namorada Briggs. Embora,
ninguém soubesse se eles estavam realmente juntos ou não, eles tinham a
relação mais louca. Ele me mandou uma mensagem com uma foto de sua nova
tatuagem em seu braço, e aqueceu meu coração, logo que isso apareceu no meu
telefone. Ele tinha uma tatuagem de um de meus desenhos aleatórios, que eu
costumava desenhar com um marcador em suas sardas quando criança. Austin
estava coberto de tatuagens, e agora meu projeto parecia minúsculo em
comparação com os outros, mas eu amei o gesto.

Jacob pegou Alex do chão, apertando-a com força em seus braços. —Olhe
para você, Pinguinho, toda crescida.

Ela riu quando ele a colocou de volta para baixo. —Você diz isso cada vez
que você me vê. Eu gostei da barba. —Ela puxou-o.

Sim... eu também.

—Ei, mano. —Jacob recebeu Lucas. Eles se abraçaram, batendo nas costas
um do outro.

Dylan se aproximou de mim, e fez comigo, a mesma coisa que Jacob tinha
feito com Alex. —Ei, estrela do rock. Mal posso esperar para vê-la tocar. Ouvi
dizer que é um grande negócio por aqui.

Eu sorri quando ele me colocou de volta no chão. —Sim, eu faço o que


posso. —Respondi, sorrindo.

Jacob maliciosamente olhou para mim. —Eu não recebo um abraço, Kid?

—Eu o vejo o tempo todo. —Isso caiu de meus lábios.

—Você? —Lucas perguntou, agarrando Alex por trás em volta da cintura.


—Você quer dizer, que o velho Jacob aqui não está cuidando da vida dele mais?

Mordi o lábio.

228
—Você conhece sua irmãzinha, Lucas. Ela é difícil de ignorar.

—Não brinca. Então, quem é o filho da puta que está vendo-a?

Jacob levantou uma sobrancelha.

—Você o encontrou? Será que precisamos dar uma visitinha? —Lucas


acrescentou.

—Sim... — Jacob acenou com a cabeça. —Eu o vi algumas vezes de


passagem. Ela sempre tem esse sorriso e brilho sobre ela quando ele está por
perto. Eu não o conheci ainda, embora, mas ele a faz feliz Lucas, e no final do dia,
não é isso tudo o que importa?

—Quem diabos é você? E o que você fez com Jacob? —Dylan argumentou,
fazendo-me rir.

—Por que todo mundo fica dizendo isso para mim ultimamente? Você
está certo. Vamos encontrá-lo e fodê-lo, agente especial McGraw. —Jacob
escarneceu, apenas olhando para mim.

—Meu Deus. —Alex entrou na conversa. —Nós mal chegamos aqui.


Podemos comer antes de vocês começarem a traçar as maneiras de acabar na
cadeia? Estou faminta. —Ela juntou o braço com o meu. —Ou você sabe o quê?
Vocês podem ficar aqui e continuar a bancar os GI Joes27. Lily e eu vamos almoçar.
Tenho certeza de que podemos encontrar alguém que saia com a gente.

Lucas levantou-a do chão, lançando-a por cima do ombro. —Boa tentativa.


—Ele bateu na sua bunda e ela gritou. —Vamos, Pinguinho está com fome, e
vocês sabem como ela fica.

Ela riu e piscou para mim enquanto era levada porta afora, e eu sabia que
Jacob estava morrendo de vontade de fazer o mesmo comigo.

Estes bons e velhos malditos meninos, com suas tendências de homens


das cavernas.

27
Bonecos de ação. Extremamente fortes e machões.
229
Levei-os ao meu restaurante favorito para almoçar. Eu não fui lá desde
que Jacob e eu fomos em nossa primeira manhã juntos. Sentamos em uma
cabine, sentei ao lado dele, Alex e Lucas em frente a nós, e Dylan ao lado. Jacob
apertou minha coxa, logo que me sentei, por causa do assento que eu tinha
escolhido. Eu olhei para ele, enquanto todo mundo olhava para os seus menus, e
ele não me deu atenção, olhando por cima do seu próprio menu.

—Essa maldita mesa, eu mal caibo. —Jacob disse, tentando empurrar, mas
ela não se mexia. A mesa era tão longa e estreita que os meninos pareciam
desconfortáveis, enquanto Alex e eu estávamos muito bem. Eu ri com o
pensamento.

—Que horas Aubrey chegará? —Perguntei a Alex, Dylan fingindo que ele
não estava ouvindo cada palavra.

—Humm... Acho que ela disse quatro da tarde. Algo com a programação
de Jeremy, eu não sei, não fazia sentido, mas eles tiveram que mudar seu voo. —
Alex respondeu, tomando um gole de coca de cereja.

—Deus, eles estão sempre juntos agora. Como eles estão?

Ela encolheu os ombros. —Eu acho que bem. Eu não os vejo muito
frequentemente.

—Vocês vivem na mesma cidade.

Ela deu de ombros novamente.

—Você está perseguindo qualquer buceta enquanto está aqui? —Dylan


perguntou a Jacob, querendo mudar de assunto. Só que eu era a única que sabia
o porquê.

—Não perseguindo. —Ele simplesmente declarou.

Alex estreitou os olhos para mim com uma expressão interrogativa, e eu


olhei para o meu menu. A mão de Jacob rapidamente encontrou minha coxa
novamente, esfregando-a de cima a baixo, perto de minha calcinha. Tentei mover

230
a mão dele, mas ele não se mexia, apenas apertando minha coxa para me fazer
parar.

Limpei a garganta para evitar gemidos.

—Você está bem? —Jacob perguntou, sabendo muito bem que eu não
estava.

—Humm Humm...

Se ele estava tentando fazer sua presença notada, então ele estava
fazendo um trabalho muito bom. Dylan e Lucas podem ser ignorantes o suficiente
para não perceberem isso, mas Alex... sem chance de ela ter perdido isso.

—Nossa, o homem que está a um passo de ser um mulherengo, de


repente, tem poucas palavras para a sua mais recente buceta? Eu chamo de
besteira. —Dylan riu, nunca sendo de se segurar. —Deve ser alguém especial.

—Você poderia dizer isso. —Jacob replicou enquanto ele segurava meu
sexo, e eu ofegava.

O olhar de Alex deslocava para trás e para frente entre nós.

—Tem certeza de que está bem? —Jacob perguntou de novo, e eu podia


senti-lo sorrir.

Limpei a boca. —Sim. Apenas chutei a mesa por acidente.

—Você é o próximo, mano? Alex precisa começar a planejar um


casamento? Você sabe que ela vai saltar sobre essa merda. —Lucas riu, beijando
o topo de sua cabeça, mas Alex não respondeu. Ela estava muito ocupada
montando o quebra-cabeça que estava sentado em frente a ela.

—Ela vai aparecer? —Dylan questionou.

—Como você sabe que ela não está aqui agora? —Jacob sorriu enquanto
eu abaixei a cabeça novamente, tentando lutar com ele debaixo da mesa.

231
—Talvez ela esteja sentada nesta mesa. —Jacob disse, e eu só sabia que
todo mundo estava olhando para mim.

O que diabos ele está fazendo?

Olhei para cima com um sorriso. —Você sabe que ele está fodendo com
vocês, certo?

—Minha irmãzinha é extremamente inteligente para o gosto de vocês.

—Isso é certo? —Jacob riu, apertando minha perna uma última vez antes
de finalmente soltar.

Eu podia respirar. —Aproveitando a deixa... eu vou ao banheiro.

Eu saí de lá mais rápido do que uma bala em disparada.

Eu sabia que estava fora do personagem provocá-la propositadamente,


especialmente na frente de Lucas, mas naquele momento, eu não me importava
se ele descobrisse. Eu estava cansado deles foderem comigo. Saber que eu teria
que passar todo o fim de semana longe da cama de Lily, acabou aumentando a
minha agitação, e me frustrou pra caramba. Terminamos o almoço e, em seguida,
Lily levou-nos ao seu bar. Lucas e Dylan queriam checar antes desta noite.

Sentei-me com Alex no bar enquanto ela mostrava aos meninos o lugar.
Havia fotos suas por todas as paredes, e eu poderia dizer pelo olhar no rosto de
ambos, que eles estavam extremamente orgulhosos dela.

—Quanto tempo? —Alex perguntou, me levando para longe de meus


pensamentos e fazendo-me olhar para ela.

—Quanto tempo, Jacob?


232
—Desde que eu cheguei aqui.

Seus olhos arregalaram. —Isso foi há quase cinco meses! —Ela bateu no
meu peito. —Nem um de vocês disse uma palavra.

—Você tinha suas próprias merdas para se preocupar, Pinguinho. Como


está indo?

—O mesmo, mas você está mudando de assunto.

—Ei... eu acho que eu estou morrendo de vontade de ser tio.

—Ela sabe?

Eu sabia ao que ela se referiu, e eu balancei a cabeça negativamente.

Ela suspirou. —Jacob... Você não pode deixar de dizer a ela.

—Eu vou. Quando for a hora certa, eu vou lhe dizer.

—Já falou com ele? Seu pai?

—De vez em quando. —Eu simplesmente declarei. Era a verdade.

—Sua mãe está indo muito bem. Eu paro e vejo como ela está pelo menos,
duas vezes por mês.

—Eu sei.

—Isto... —Ela olhou para Lily. —É diferente desta vez, certo? Porque eu
juro, Jacob, se você machuca-la...

—Eu quero casar com ela.

Ela levantou a cabeça para trás, atordoada.

—Me casaria com ela agora se eu não tivesse que lidar com o seu marido.

Ela suspirou. —Sim…

233
Eu vi quando Lucas puxou Lily para ele, beijando-a na cabeça e olhando
para ela com amor e adoração.

—Ele vai me matar, porra.

Ela assentiu com a cabeça. —Sim... Lily tem passado por muitas coisas
estes últimos anos. Você sabe disso. É um dos motivos pelos quais ela se mudou
para cá.

—Eu sei o que você está fazendo, Pinguinho, e sim, fui um dos motivos,
mas nós dois sabemos a verdade. Ela partiu por minha causa. Ninguém mais.

—Está no passado.

—Às vezes. Outras vezes está descaradamente bem na minha frente


quando ela olha para mim, e tenta passar pelo que eu fiz.

—Jacob, era uma responsabilidade muito grande. Qualquer um teria feito


o que você fez. Sinceramente, acho que se você disser isso a ela, faria vocês se
aproximarem. Se vocês colocassem um ponto final, ela não olharia para você
desse jeito.

Os caras voltaram antes que eu pudesse responder. Eu não tirei os olhos


de Lily, silenciosamente rezando para que Alex estivesse certa.

Toquei a minha última lista da noite. Eu pedi para tocar apenas algumas
neste fim de semana, para que eu pudesse festejar e aproveitar o tempo com a
minha família. Alex estava um lixo, eu nunca tinha visto ela bêbada antes, e ela e
Lucas estavam praticamente fazendo bebês na pista de dança. Dylan e Aubrey

234
passaram a noite em extremos opostos da sala, e a maneira como Jeremy estava
agindo, eu nem sei por que eles sequer preocuparam-se em vir.

Eu queria ter um minuto para falar com Aubrey sozinha, e com Jeremy
pairando sobre ela toda a noite, eu descobri que a minha melhor aposta era o
banheiro das senhoras. Ela se desculpou, e Jeremy rapidamente a seguiu mais
uma vez. Esperei alguns minutos para ele voltar, então eu fiz uma corrida até lá.
Abri a porta do banheiro e suspirei, trancando-a atrás de mim, correndo para ela
imediatamente.

—Você está brincando comigo, Aubrey? Esta merda ainda está


acontecendo? —Eu gritei, molhando toalhas de papel debaixo da torneira para
levar até seu lábio sangrando.

Ela assobiou. —Eu caí. Não é o que você pensa. —Ela respondeu com uma
voz monótona.

—Tenho certeza de que caiu bem no punho de Jeremy.

—Lily... —Ela pediu.

—O que, Aubrey? Eu mantive o seu segredo, ok? Não significa que eu


tenha que gostar dele, porra. Não posso acreditar que você ainda está deixando
que ele faça isso com você. Ele é um pedaço de merda.

—Ele está estressado com o trabalho. Ele não faz isso muitas vezes mais.
Eu juro. —Ela estava mentindo, eu podia ver por todo seu rosto.

—Por que você ainda está com ele? Você sabe que Dylan o colocaria atrás
das grades a qualquer momento, tudo o que tem que fazer é dizer uma palavra.

Ela balançou a cabeça. —Não vou envolver Dylan, Lily.

—Ele te ama. Ele adora você, porra Aubrey. Ele não teria mantido esse
segredo se ele não amasse. Você não vê, isso vai contra tudo o que ele acredita
pelo amor de Deus? Dylan coloca as pessoas como ele, onde elas pertencem.

Ela olhou para o chão. —Por favor, não diga isso. —Ela sussurrou tão
baixo, a agonia aparente em sua voz.
235
—Ele não pode continuar fazendo isso com você. Você não merece isso.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto. —Mereço isso e muito mais, Lily. Não
fale sobre coisas que você não sabe.

—Eu não entendo. Ajude-me a entender. Deixe-me ajudá-la. Deixe os


meninos ajudá-la.

Ela imediatamente levantou. —Não!

—Aubrey, ele vai te matar um dia, e você está deixando. Isso não é nada
comparado com a merda que eu encontrei naquela noite, e algo me diz que
quando você foi para casa, ele foi...

—Não é da sua conta. Nem todo mundo ganha seu felizes para sempre,
Lily. —Ela afastou a toalha de papel da minha mão e olhou para o espelho,
limpando o sangue de seu lábio.

—Você está errada.

Ela olhou para mim através do espelho.

—Você não poderia estar mais errada. Espero que com o tempo você
perceba isso... e não seja tarde demais.

Ela olhou para o lábio.

E eu saí.

236
Naquela época

Era meu aniversário de dezessete anos.

Minha mãe queria que eu saísse com meus amigos, mas eu recusei. Tanto
quanto eu estava preocupada, não havia nada para comemorar. Eu não tinha
visto ou falado com Jacob desde o dia na praia, o que foi há três meses. Ele
mudou-se para a Califórnia, para cursar na Stanford Law School, poucas semanas
depois. Minha mãe estava ficando pior a cada dia que passava, e Lucas estava
perdido em seu próprio drama. O único brilho trazido para o meu dia, era o meu
pequeno rapaz, Mase.

—Liilyy. —Mason balbuciava, puxando meu vestido.

—O que foi, rapazinho? —Ele deitou sua cabeça no meu ombro, sorrindo
para mim. —Papai disse que você não pode comer mais bolo. Você vai me causar
problemas.

Ele fez aquela cara. O rosto que eu não podia dizer não. Ele era um Ryder,
isso estava em seu sangue, comer doces, eu podia entender.

—Bem, não vamos dizer a ele. —Peguei algumas colheradas, e ele engoliu
como um campeão. Eu limpei a boca, me livrando de todas as provas.

—Mase! —Lucas chamou, entrando na cozinha. —Aí está você.

Eu sorri. —Estávamos apenas passando o tempo. Você já vai?

237
Ele agarrou Mason de mim. —Sim, eu tenho que colocá-lo para deitar.
Mesmo que ele definitivamente não vá dormir esta noite, com aquele pedaço
extra de bolo que você deu a ele.

Engoli em seco. —Eu não fiz nada disso.

Ele balançou a cabeça em direção às pontas do meu cabelo. —Você se


esqueceu de que a comida vai na boca?

—Mason, disfarça, cara. —Eu beijei todo seu rosto e ele riu, batendo
palminhas.

Lucas beijou o topo da minha cabeça. —Feliz aniversário, irmãzinha. Eu te


amo.

—Eu também te amo. Vejo você mais tarde.

Ele saiu, e eu comecei a ajudar minha mãe a limpar a cozinha.

—Lily, você não tem que fazer isso. É seu aniversário. Tenho certeza de
que seus amigos gostariam de vê-la. —Mamãe disse, parecendo extremamente
cansada.

—Estou bem.

—Bebê, eu estou preocupada com você. Você está sempre em casa.

—Eu adoro estar em casa.

Ela suspirou profundamente, inclinando a cabeça para o lado. —O que


está acontecendo?

—Mãe, estou bem. Eu juro.

—Lily, isso tem algo a ver com...

—Querida, o que você está fazendo? Pensei que teríamos um encontro


esta noite na cama? —Papai interrompeu.

238
—Argh... —Eu instintivamente respondi, perguntando-me quem diabos
minha mãe estava prestes a citar.

—Por que os seus filhos são tão teimosos? —Perguntou ao meu pai. —
Feliz aniversário, docinho. Vamos vê-la na parte da manhã. —Ela beijou minha
testa, e eles saíram.

Eu estava no meio de um filme de garota na sala de estar, eu não gostava


mais de ficar no meu quarto, muitas memórias.

Eu ouvi uma batida suave na porta da frente.

Nunca esperando ver quem estava do outro lado.

Eu não podia perder o seu aniversário.

Eu não tinha perdido um desde o seu nascimento. Eu não me importava


que não nos falamos por meses. Eu não me importava que não terminamos as
coisas em boas condições. Eu não me importava que eu estivesse, provavelmente,
tornando as coisas muito mais difíceis para nós dois, porra.

Nada mais importava, além dela.

Eu suavemente bati na porta, certificando-me de que fosse tarde o


suficiente para que todos tivessem partido ou estivessem dormindo. Lily era uma
coruja, sempre foi. Ela abriu a porta, atordoada que eu estivesse em pé na frente
dela.

—Feliz aniversário, Kid.

Ela imediatamente começou a chorar, saltou em meus braços e envolveu


suas pernas em volta de mim.

239
—Shhh... Shhh... —Eu persuadi, esfregando suas costas para acalmá-la. —
Shhh... —Eu repeti até que sua respiração nivelou, e tudo que eu ouvi foi sua
fungada.

—O que você está fazendo aqui? —Ela gritou, olhando para mim, mas
ainda sem me soltar.

—Onde estão seus pais?

—Eles estão em seu quarto.

Eu ri e ela sorriu.

Deus, eu senti falta desse sorriso, porra.

Levei-a para dentro da casa, porque eu não queria soltá-la. Fechei a porta
com o pé, e levei-a até as escadas para o quarto, fechando e trancando a porta
também. Coloquei seu presente no chão e a coloquei sobre a cama.

—Eu não posso acreditar que você está aqui. —Ela sussurrou, com
lágrimas nos olhos novamente.

—Não... venha cá. Estou aqui. Não chore mais.

—O que você está fazendo aqui?

—Onde mais eu estaria, doce menina?

Ela sorriu, e isso iluminou todo o seu quarto.

—Você teve um bom aniversário?

—Melhor agora. Estou tão feliz que você esteja aqui.

—Kid, eu sinto muito sobre...

—Não. —Ela interrompeu. —Eu não quero falar sobre isso. Não agora.
Podemos falar sobre isso amanhã ou no dia seguinte, ou nunca, mas eu não quero
falar sobre isso agora. Por favor.

240
Eu balancei a cabeça. —Tenho uma coisa. —Estendi a mão para o meu
presente e entreguei a ela.

—O que é isso?

Eu ri. —Abra e você vai descobrir.

—Você não tem que me dar nada, você estar aqui é o suficiente.

—Lily, quando alguém lhe entrega um presente, tudo o que você tem que
fazer, é dizer obrigado.

Ela abriu-o e levantou a caixa. —Ah, meu Deus! —Ela exclamou. —Eu
queria estas! Como você sabia? —Ela pegou as botas de cowboy e as colocou
instantaneamente.

—Eu vi você olhando para elas quando estávamos em Ohio. Eu


encomendei online.

—Você ainda acertou o tamanho! —Ela pulava ao redor do quarto.

—Não fique tão surpresa. Eu sei tudo sobre você, Kid.

Ela sorriu. —Adorei. Obrigada! —Ela me abraçou, e depois colocou-as em


seu armário. —Eu ainda não acredito que você está aqui. —Ela sentou-se ao meu
lado novamente, e eu agarrei a mão dela, colocando-a no meu colo.

—Como está a escola? É realmente difícil? Aposto que a Califórnia é


bonita. Alex diz que é incrível.

Eu podia dizer que ela estava nervosa. —Vou leva-la lá um dia. —Eu
simplesmente declarei.

—Promete?

Beijei sua mão, balançando a cabeça novamente.

Ficamos ali por horas conversando sobre tudo e nada. Eu amei estar lá
com ela. Eu não pensei sobre o que aconteceria amanhã. Tudo o que importava

241
era que estávamos juntos, depois de meses pensando em nada além dela. Ela
estava finalmente na minha frente, e eu não poderia ter ficado mais feliz.

—Quando você parte?

—Devo sair em breve. Por volta das duas horas da manhã.

Ela franziu a testa.

—Fica comigo.

—Kid…

—Meus pais dormem como mortos e com a minha mãe... bem, você sabe.
Eles não se levantam até tarde. Contanto que você saia até as oito, vamos ficar
bem.

Eu respirei fundo.

—Por favor. É meu aniversário, você tem que fazer o que eu quero.

—O seu aniversário acabou.

—Não na Califórnia, e é daí que você veio, por isso, ainda é meu
aniversário lá.

Eu ri, balançando a cabeça. —Sinto muito, Kid, eu não posso. É uma coisa
ficar quando seus pais não estão em casa, mas parece errado fazer isso bem
debaixo de seus narizes.

Ela suspirou. —Vamos a algum lugar, então.

—Onde?

—Qualquer lugar. Irei a qualquer lugar com você.

Eu não podia dizer não para ela, então, agarrei a mão dela, e fomos até a
praia. Lily pegou um cobertor e um travesseiro antes de sairmos. Nós andamos
por um tempo, os pés na água e a lua cheia acima de nós.

—Vamos.
242
Puxei-a atrás de mim enquanto caminhávamos da praia até uma casa
abandonada que tinha visto algumas vezes, de passagem.

—De quem é essa casa?

—Está abandonada. Eu nunca vi ninguém nesta casa. Tem estado vazia há


anos.

Abri a porta e, para nossa surpresa, já havia cobertores, travesseiros,


alimentos e água bem na nossa frente. Acendi as velas no chão e peguei um para
usar como luz.

—Olá. —Chamei. —Fique aqui.

Ela olhou para mim como se eu fosse louco.

Eu ri. —Não está escuro aqui, Lily.

Ela olhou ao redor da sala, a iluminação suave acentuando o brilho


aterrorizado em seus olhos.

—Fique atrás de mim. Você entendeu?

Ela fervorosamente concordou. Peguei o canivete que eu normalmente


carregava comigo, e verifiquei a casa para me certificar de que estávamos
realmente sozinhos. A casa tinha coisas nela por um motivo, eu percebi que
poderiam ser invasores, mas ninguém estava lá, pelo menos não hoje à noite. Lily
estava praticamente colada nas minhas costas, e eu não pude evitar. Girei antes
que ela percebesse.

—Buuu!

Ela gritou enlouquecidamente, e eu ri pra caramba.

—Seu imbecil! Eu quase fiz xixi nas calças. —Ela disse, tentando não rir.

—Venha aqui. Eu vou tornar melhor. —Eu a puxei para mim e a beijei
suavemente, em seguida, relutantemente a soltei.

243
—Eu me pergunto quem está usando este lugar. É lindo. —Ela disse,
quando colocou o cobertor no chão, colocando o travesseiro em cima. Tirei a
camisa para dormir e meu short, e ela fez a mesma coisa que fez da última vez
que dormimos juntos, ela pegou minha camisa e usou-a como pijama. Eu soprei
as velas e puxei-a para mim o mais perto que eu podia, querendo moldar-nos em
uma pessoa. Ela deitou no meu peito na dobra do meu braço, e eu dormi no
travesseiro.

—Eu sinto falta disso. Eu sinto falta disso mais do que qualquer coisa. Eu
nunca me senti tão segura como quando estou em seus braços, Jacob. É como se
tudo fosse embora... como você faz isso? Como você faz tudo ir embora?

Eu beijei sua cabeça.

—Eu sei que você me ama. —Ela disse do nada, me pegando


completamente desprevenido. —Você prova uma e outra vez com suas ações. As
palavras são baratas... você pode dizer a alguém que você a ama, mas provar...
isso leva esforço. Você me amou desde que eu consigo me lembrar.

—Lily…

—Eu conheço você também. Eu acho que você se esquece disso. —Ela
estava traçando corações no meu peito com os dedos. —Eu te amo, e eu não me
importo se você nunca disser isso de volta para mim, porque eu sei em meu
coração que é verdade. Que o que temos é real. Que o amor que você tem por
mim é verdadeiro. Eu posso vê-lo, eu posso sentir, tanto quanto eu quero ouvir
você dizer. No final do dia... eu sei que a verdade está em suas ações.

Eu a segurei mais forte, aceitando suas palavras, e não demorou muito


para ela adormecer. Não dormi um minuto naquela noite, e tentei dizer a mim
mesmo que era por causa de onde estávamos, e como era perigoso, mas não foi.

Foi a primeira noite que eu realmente parei de ver Lily como uma
criança...

Foi a primeira vez que a vi como uma mulher.

Uma mulher pela qual eu estava completamente apaixonado.


244
Ele partiu na manhã seguinte.

A única coisa que me impediu de quebrar quando eu o vi partir, foi que eu


sabia que começaríamos a nos falar novamente.

Isso me deu esperança...

Pelo futuro.

245
Dias Atuais

Havia pouco mais de um mês desde que a minha família me visitou.


Estávamos tomando café da manhã, quando o telefone de Jacob tocou.

—Este é Jacob. —Ele respondeu. —Estou bem, apenas tomando o café da


manhã. Como você está?

Eu não podia ouvir a pessoa do outro lado, mas o rosto de Jacob


rapidamente ficou sério.

—Certo... claro, eu entendo isso. Estive vasculhando algumas imagens nas


últimas semanas, e acho que é uma boa ideia se nós nos sentarmos e discutirmos
isso.

Eu fiz uma careta. —Tudo ok?

Ele balançou a cabeça, a expressão em seu rosto não mudou. Este era o
Jacob advogado, a pessoa que eu ainda não conhecia.

—Minha secretária enviará todas essas informações, e assim que eu tiver


o que aconteceu aqui, ela enviará minha informação de voo também. Depois
disso, podemos descobrir uma data para a reunião.

Voar?

—Também vou pedir a ela que envie cópias para os sócios, e poderemos
chegar a uma data que funcione para todos, mas quanto mais cedo melhor, Carl.

246
Sim, você também. Tchau. —Ele desligou e colocou o seu telefone celular sobre a
mesa.

Esperei por alguns minutos ele partilhar o que era tudo isso, mas ele não o
fez. Eu até lhe dei uma olhada, pensando que ele receberia a dica para falar. Seu
silêncio rasgou minhas inseguranças do passado um pouco mais. Não é como se
eu soubesse quais eram seus planos. Levantei-me da mesa com meu prato, mais
irritada do que qualquer coisa, e fui para a cozinha. Eu não queria lhe perguntar o
que estava acontecendo, eu só queria que ele me dissesse. Incluísse-me.

Simples assim.

Para finalmente me incluir em sua vida, sem que eu dissesse algo ou


estivesse constantemente perguntando. Bem, eu vou mostrar a ele, dois podem
jogar esse jogo.

Comecei a lavar os pratos quando o senti atrás de mim. Ele envolveu seus
braços em volta da minha cintura, me virando para encará-lo. Ele agarrou meu
queixo, fazendo-me olhar para ele. Colocando os braços sobre os meus ombros,
me enjaulando da única maneira que podia.

—Diga. —Ele exigiu com um sorriso de louco no rosto.

Dei de ombros, não querendo ceder um centímetro. Eu sabia que estava


sendo uma criança, mas eu não me importava. Depois de tudo o eu que tinha
passado, ele apenas deveria saber. Isso estava claro.

—Você sabe, Kid, para alguém que se diz adulta, você com certeza sabe
agir como uma criança às vezes. —Ele meio que riu.

Meus olhos arregalaram em choque, jogando um pouco. Eu nunca quis


tanto dar um soco na cara dele, como naquele momento, por achar a situação
engraçada.

—Eu preciso provocá-la para ter a verdade? Está funcionando?

Apertei os olhos para ele e ele riu de novo, balançando a cabeça e


beijando minha testa. —Passaram seis meses desde que estou aqui.

247
Eu sabia. Eu estive contando os dias até que ele me deixasse novamente.

—Antes que eu te encontrasse, Lily, tudo que eu fiz foi trabalhar. Era toda
a minha vida.

—E quanto ao seu status de mulherengo? —Eu joguei em cima dele.

Ele franziu os lábios, surpreso que levou tanto tempo para eu perguntar
sobre isso.

—Ninguém importava, além de você. Foi sempre você, bebê. —Ele


respondeu, não falando mais do que isso.

—Você sempre diz as coisas certas, Jacob. —Respondi, revirando os olhos.

—Você está tentando ter uma discussão agora? É isso o que está
acontecendo?

Eu zombei, abaixando a cabeça para deslizar para fora de seus braços. Ele
deixou que eu fosse sem uma luta.

—Você está sendo um babaca! —Eu gritei, entrando na sala de estar.

Ele seguiu, encostando-se à parede, nesse estilo Jacob de ser. Eu chamo


essa sua postura de idiota. Provavelmente uma que ele usa no tribunal para
intimidar as pessoas.

—O que? —Eu gritei, irritada, mas também divertida que ele estava me
tratando como se eu fosse uma testemunha.

—Eu só queria ter assentos na primeira fila para o ataque de birra de uma
vida, Kid. Pode prosseguir.

—Birra? Isso é o que você acha que é isso? —Eu ri.

—Não. Eu sei que é.

—Sinto muito que você não mudou. Eu deveria aceitar, certo?

248
Ele esfregou os dedos para trás e para frente sobre a boca, claramente
divertido com a minha brincadeira.

—Apenas vá, Jacob, volte para casa, para sua vida de advogado, eu vou
ficar aqui. Vamos ver um ao outro quando pudermos. Talvez tenhamos algum
sexo por telefone, alguma chamada tarde da noite no Skype. Ok? Eu sei que você
tem que voltar ao trabalho, eu sei que você tem uma vida lá, um apartamento,
uma carreira, eu entendo, tudo bem! Você está velho e maduro e tem suas coisas.
E com certeza não tenho que gostar, porra.

—Entendo. —Ele respondeu, tentando arduamente não sorrir.

Eu coloquei minhas mãos no ar na minha frente. —Isso é tudo o que você


tem a dizer? Entendo?

Ele se afastou da parede e dirigiu-se para o meu quarto. Eu o assisti ir


embora, e estava prestes a seguir e dar-lhe um sermão, mas ele voltou antes que
eu tivesse a chance. Sentou-se na poltrona, curvado, com os cotovelos sobre os
joelhos, um pedaço de papel pendurado em suas mãos.

—Você sabe, Kid, se você quiser começar a trazer o passado de volta cada
vez que você ouvir algo que você não gosta, então a longevidade de nossas vidas
juntos definitivamente vai ser difícil. Você sabe que eu gosto rude, bebê, mas eu
não quero viver assim. Você entende?

Eu não disse nada. O que eu poderia dizer sobre isso?

—Ok, é assim que você quer jogar? Dando-me o tratamento silencioso. —


Ele assentiu, com entendimento. —Desde que você é tão rápida em jogar o
passado em meu rosto sempre que pode, eu gostaria de discutir o passado
também. Como os últimos seis meses. —Ele afirmou.

—Eu vim aqui para te encontrar. Eu persegui você. Eu não aceitaria um


não como resposta. Eu construí meu caminho de volta em sua vida. Eu te disse
que eu te amo... você vê um padrão, Lillian? Porque todos os fatos apontam para
que sim.

249
Eu ainda não disse nada, principalmente porque ele estava certo, e isso
me irritou tanto quanto me fez feliz.

Ele colocou a folha de papel que estava segurando na mesa de café. Foi
então que percebi que era um bilhete de avião.

—Você reservou o seu voo de volta? E você nem sequer me disse! Isto é
exatamente sobre o que eu estou falando! Você não me inclui em coisa nenhuma.
Nada mudou entre nós, exceto que agora você diz que me ama!

Ele inclinou a cabeça para o lado. —É tudo o que eu faço agora? —Ele
arrogantemente respondeu.

—Não. — Eu balancei minha cabeça. —Você não pode transformar esta


conversa em uma maneira de ficar com alguém! Eu estou cheia, amigo!

Ele inclinou para trás na cadeira, rindo. —Verifique o bilhete, Lillian.

—Por quê? Você está partindo esta tarde, companheiro?

—Do jeito que você está agindo, eu posso. Pare de ser uma merdinha e
verifique a porra do bilhete, Lillian. —Ele repetiu.

Peguei o papel da mesa, revirando os olhos para ele. Olhando para o


nome.

Lillian Ryder.

Eu quase morri ali mesmo.

Querendo engolir minhas palavras.

250
—Você gosta do que vê, Kid? —Eu tive que rir dela.

Ela mordeu o lábio, vergonha irradiando dela.

—Lily, você já sabe como me sinto sobre você. Já provei isso para você,
tanto com a minha maneira fodida, quanto agora. Só que agora eu uso palavras
para coincidir com as minhas ações. Você sabe que eu estou comprometido
conosco, por que questionar isso? Eu finalmente tenho você. Eu não quero perder
você. Até este ponto, desta vez, foi tudo de mim. Eu sei que você me ama, mas eu
preciso que isso seja a sua escolha. Não temos falado sobre o futuro. Eu quero
manter assim até que você veja como eu vivi todos esses anos. Eu acho que vai
ajudar a esclarecer muitas dessas malditas inseguranças que você tem. Volte
comigo. Você precisa ver.

—Para a Califórnia?

—Eu acredito que fiz uma promessa.

—Ah, então a primeira vez que fui lá não contou?

Ele levantou uma sobrancelha de forma engraçada.

—Por quanto tempo? —Eu hesitei. —Eu quero dizer, não vou me mudar
para lá, certo?

Ele sorriu. —A Califórnia não poderia lidar com você, Kid. É por algumas
semanas, enquanto eu cuido de alguns negócios.

—Você vai voltar comigo?

—Quanto mais informação der a você, mais vamos falar sobre isso. Por
agora, eu quero que você venha comigo. Eu não vou aceitar não como resposta.

—Por apenas um segundo, pensei que estava me deixando novamente. Eu


nunca esperava por isso. —Ela expressou com os olhos brilhantes.
251
Eu estava bem na frente dela, brincadeiras à parte, precisando que ela
visse o quão sério eu estava sobre essa situação. —Estou dando-lhe uma escolha,
eu não posso forçá-la a ficar comigo. Mas Lily, me escolha novamente. Escolha a
nós. —Ele apontou entre nós. —Eu prometo que nunca vou me afastar de você,
de nós novamente. Eu prometo dar tudo de mim, para sempre. —Eu beijei todo
seu rosto, lágrimas caindo por suas bochechas.

—Estou comprometido minha doce menina, danem-se as consequências


do caralho.

—Estou com medo, Jacob. Eu sei que tenho sido sempre forte quando se
trata de nós, mas Lucas tem passado a mesma merda que eu. Eu não quero
perder meu irmão. Eu não posso perdê-lo.

—Eu nunca deixarei que isso aconteça, Kid.

—Isso não significa que ele não vai, você conhece o meu irmão, tão bem
quanto eu.

—Ele vai ficar chateado comigo. Não com você. Será minha bunda que ele
vai querer chutar.

—Talvez..., mas eu não quero que você o perca também. Eu não quero
ficar entre ninguém.

—Eu sei, bebê. A última coisa que eu quero é que você tenha que passar
por mais uma merda.

—Como é que vamos dizer para eles? Como é que ele vai receber isso?

Eu suspirei não sabendo a resposta. —Vamos nos preocupar conosco por


enquanto. Podemos nos preocupar com todos os outros mais tarde.

—OK.

—Você vai voltar comigo?

Ela sorriu, acenando com a cabeça. —Eu preciso avisar no meu trabalho.

252
—Não é necessário.

Ela riu. —Eu tenho que dizer-lhes que estou saindo, Jacob.

—Isso já está tratado, doce menina. Eu cuidei de tudo.

Ela engasgou, surpresa. —Eu pensei que esta era a minha escolha.

Eu sorri. —Vamos lá. Com quem está falando aqui? Eu dei-lhe a opção,
não significa que eu não a jogaria por cima do meu ombro e a levaria comigo.

—Teria sido uma cena e tanto para os seguranças.

—Aviões privados existem por uma razão. —Ele sorriu.

—Você tem todas as respostas, não é?

—É parte do meu charme.

—Charme ou aborrecimento?

Ele bateu na minha bunda me fazendo ganir.

—Eu preciso lembrá-la de quem está no comando aqui?

Ela se afastou de mim. —Eu sei quem está no comando.

—Boa menina.

—Eu. —Ela riu e saiu correndo.

Passei o resto da manhã lembrando-a de como ela estava errada.

253
Naquela época

Eu estava na cidade por algumas semanas entre os semestres. Fazia seis


meses desde o aniversário de Lily. Mesmo que conversássemos e mandássemos
mensagem quase todos os dias, ainda passávamos cada segundo que podíamos
juntos, enquanto eu estava na cidade, como todas as outras vezes.

—Ei. —Cumprimentei minha mãe na parte da manhã quando entrei na


cozinha.

—Ei, querido. —Parecia que ela estava chorando.

—Você está bem?

—Claro.

—Mãe, parece que você esteve chorando.

Ela balançou a cabeça. —Não seja tolo. Por que eu estaria chorando? Você
está com fome? Posso fazer-lhe algo antes que eu vá para a loja?

—Papai saiu?

—Sim. Ele teve que ir para a cidade.

Eu fiz uma careta, eu não me lembro de ter visto seu carro na noite
passada.

—Eu posso me virar, mãe.

254
—Claro que você pode. Não significa que eu não quero cuidar de você.
Suas irmãs virão no domingo. Elas não podem esperar para vê-lo. Eu vou voltar
tarde esta noite, e eu não tenho certeza de quando o seu pai... — Ela cortou,
sorrindo. —Bem, verei você mais tarde, querido. Te amo. — Ela beijou meu rosto.

—Te amo.

Eu assisti sua partida enquanto ficava lá, preocupado com o que eu acabei
de presenciar, quando ouvi uma batida suave vindo da porta de trás. Eu encontrei
Lily ali, de pé, com um vestido de primavera amarelo suave, com o cabelo solto
caindo pelos lados de seu rosto e costas. Ela usava maquiagem muito sutil, e eu
podia fracamente sentir o cheiro de coco e baunilha em sua pele. Ela era um
colírio para os olhos.

—Você se vestiu para mim? —Eu perguntei, excitado com a visão dela.

—Visto-me assim o tempo todo para ir a escola.

—Jura? —Eu arqueei uma sobrancelha.

Ela entrou. —Eu vi sua mãe sair. Você está com fome? Eu posso te fazer
alguma coisa.

—Então, me diga, Lily, os meninos na porra da escola fodem com você?

Ela mordeu o lábio.

—O seu silêncio é ensurdecedor, Kid.

—Não é assim.

—Não é assim como?

—Você está com ciúmes? —Ela sorriu amplamente.

—Ciúmes nem sequer começa a explicar o que estou sentindo. O ciúme é


para meninos, Lily, e nós dois sabemos que eu não sou isso.

—Ah sim, grandalhão? —Ela desdenhou. —Não importa. Eu te amo. —Ela


simplesmente declarou, as palavras deslizando de seus lábios tão facilmente e
255
sem esforço. Ela dizia isso o tempo todo, e, para ser honesto, parecia uma faca
perfurando meu coração cada vez que eu ouvia.

—O que você quer para hoje? —Ela questionou andando na minha


direção.

—Você.

—Eu acho que posso arranjar isso. —Ela ficou na ponta dos pés,
suavemente beijando meus lábios. Desde que Lily fez dezessete anos, ela estava
ficando corajosa. Ela não esperava mais eu fazer o primeiro movimento. Ela
iniciou várias sessões de amassos, que normalmente terminavam com meu rosto
e dedos entre as suas pernas. Nada de novo tinha acontecido entre nós. Eu
poderia dizer que ela estava ficando frustrada por não deixá-la me tocar.

Nosso beijo rapidamente transformou-se em algo completamente


diferente. Segurei sua bunda, levando-a até o meu corpo. Ela colocou os braços e
as pernas em volta de mim, gemendo sua aprovação na minha boca. Levei-a para
o meu antigo quarto, chutando a porta atrás de mim. Eu a coloquei na cama,
caindo em cima dela, prendendo-a com meus braços e corpo.

—Eu quero você. —Ela suspirou entre beijos, esfregando sua boceta
contra meu pau duro.

—Shhh... —Eu sussurrei contra os lábios dela, minha mão já descendo em


seu lindo corpo.

—Não, Jacob. —Ela golpeou minha mão. —Você. Eu quero você.

—Não vai acontecer, Kid.

Ela suspirou em minha boca. —Então me deixe tocar você. Por favor,
deixe-me fazer você sentir o que você me faz sentir. Eu quero tanto.

Eu gemi, querendo que ela fizesse isso. Coloquei minha testa contra a
dela, precisando reunir meus pensamentos, tentando não deixar o meu
excessivamente ansioso pau tomar o controle.

256
—Jacob, eu quero. Você está sempre brincando comigo. Deixe-me dar-lhe
algo em troca. Eu não... quero dizer, você sabe que eu não ... —Ela murmurou
com a mais bonita expressão no rosto, porra. —Apenas me diga o que fazer.
Ensine-me.

—Lily... —Eu sussurrei contra sua boca.

—Por favor. Deixe-me conhecê-lo. Ele provavelmente já me odeia. Tudo


que eu faço é dar-lhe bolas azuis. Isso não é ser uma amiga muito boa, Jacob. Não
me faça implorar por ele.

Eu ri tanto que caí de costas para não esmagá-la. Ela seguiu rapidamente o
exemplo, sentando-se sobre os joelhos, esperando eu dizer a palavra seguinte.
Meu pau já estava duro só por vê-la, e pelo o que queria fazer para mim.

—Kid, eu nunca quero que você sinta que estou pressionando você em
nada.

—Estou oferecendo. Como é que estaria me pressionando? Você ganhou


o bilhete dourado, ok? Apenas deixe-me chupar seu pau agora.

Meu pau contraiu pela maneira suja, e ainda inocente, que ela falou
comigo. Eu coloquei meu braço atrás da minha cabeça, dobrando meu corpo para
que eu pudesse vê-la.

—Solte meu cinto e desabotoe meu jeans.

Seus olhos dilataram, chocada que eu estava concedendo seu desejo.

—Melhor se apressar, Lily, antes que eu mude de ideia.

Suas mãos imediatamente foram para a minha fivela, ansiosamente a


abrindo. Depois foi direto para os botões da calça, vigorosamente trabalhando
para libertar meu pau. Ela puxou a minha calça jeans e boxer, e eu esperei com
um nó na garganta enquanto meu pau ficava livre, batendo contra o meu
estômago.

Ela arregalou os olhos e os lábios entreabriram. —Nossa... seu amigo é


bonito, Jacob.
257
Eu ri. —Bonito não é bem a palavra que ele está procurando. Na verdade,
bonito fará com que ele se esconda.

—Ah... bem... quero dizer, grande e grosso.

—Boa menina.

—Suas bolas são boas também.

Eu ri, minha cabeça caindo para trás.

Ela corou. —Desculpa.

—Não vamos mais falar sobre meu pau. Coloque-o na boca do jeito que
eu venho imaginando você fazendo isso pelo último ano.

Ela lambeu os lábios e gentilmente o pegou na mão. Eu coloquei as minhas


em torno da dela. —Firme, bebê, assim. —Eu apertei minha mão em torno da
sua, mostrando-lhe exatamente do jeito que eu gostava.

—Use esses lábios para lamber e chupar ao redor da minha cabeça,


lentamente me deslizando em sua boca quente, molhada, palmo a palmo até que
tudo o que possa sentir, é a parte traseira de sua garganta.

Ela inclinou-se para frente, olhando para baixo.

—Não tire os olhos de mim. Você entende?

Eu segurei a respiração quando ela lambeu ao longo da ponta. Seus lábios


quentes me pegaram, deslizando para baixo em meu pau em um ritmo lento e
tortuoso, levando-me profundamente, em seguida, deslizando para fora. Seus
olhos nunca deixaram os meus, enquanto eu a observava de perto fazer amor
comigo com a boca.

—Porra... Lily. —Eu gemi, a visão e a sensação dela era demais. —Boa
menina, assim mesmo, bebê, use sua mão assim. — Mostrei-lhe por alguns
segundos, observando como sua mão minúscula trabalhava em sincronia com os
movimentos de sua boca.

258
—Humm. —Ela involuntariamente cantarolava enquanto me engolia
profundamente de novo.

—Jesus Cristo. —Rosnei, bombeando meus quadris contra os seus


movimentos, me perdendo mais no jeito que ela me trabalhava. Eu estava prestes
a agarrar a parte de trás do seu pescoço.

Quando eu ouvi. —Jacob!

Eu realmente achei que ele não me deixaria fazer isso, então, não pensei
duas vezes quando ele disse para abrir sua calça. Eu quis isso por tanto tempo, e
ele finalmente cedeu. Pelo menos uma vez, ele sentiria algo que só eu poderia
dar. Eu queria provar a ele que eu poderia dar-lhe prazer também. Para que ele
sentisse que eu o amava da mesma forma que ele me amava, cada vez que suas
mãos ou boca estavam em mim. Ouvi atentamente todas as instruções que ele
me deu, querendo fazer direito. Pelos sons que ele estava fazendo, e os intensos
olhares dirigidos a mim, que eu nunca tinha visto antes, eu sabia que estava
fazendo o que ele queria. O que era bom para ele.

Meu coração disparou...

Seus quadris começaram a mover-se contra a minha mão e boca,


empurrando sua ereção mais fundo na minha garganta. Eu queria que ele me
maltratasse. Eu queria sentir seu domínio sobre mim, enquanto eu tinha o seu
pau na minha boca, e eu acho que eu estava prestes a ter isso quando nós dois
ouvimos...

—Jacob! —Lucas bateu na porta de seu quarto. —Você está pronto? As


ondas estão ficando maiores.

259
Ele tentou sentar-se e empurrar a minha cabeça, mas eu não permitiria
que a aparição do meu irmão tirasse isso de mim. Chupei mais forte e empurrei
mais rápido, seus olhos arregalaram compreendendo que eu não pararia.

—Jacob, que diabos, você está aí? —A maçaneta da porta girou.

—Estou aqui, dê-me um momento. —Ele anunciou com a voz trêmula.

—O que você está fazendo?

Ele limpou a garganta, respirando pesadamente. —Tomando banho.

Seu rosto contorceu em prazer e dor, quando ele finalmente agarrou a


minha nuca, movendo com força contra a minha boca.

—Vou para a cozinha. Por que a caminhonete da minha irmã está


estacionada aí fora?

Seu pau pulsava, e eu juro que ficou maior. Ele mordeu o lábio, e seus
olhos fecharam, quando uma substância espessa jorrou na parte de trás da minha
garganta. Seu peito arfava quando eu me sentei para trás, enxugando os lábios,
não sabendo o que fazer com seu gozo na minha boca.

—Engole. —Ele murmurou com o olhar aquecido.

Eu fiz, sem saber se eu podia fazer isso. Eu sorri, sentindo orgulho de mim
mesma, quando a substância espessa e salgada desceu pela minha garganta.

Ele levantou e foi ao banheiro, ligou o chuveiro e não demorou muito para
ouvir os passos de Lucas pelo corredor. Ele caminhou de volta ao quarto, abotoou
a calça e olhou para mim com um olhar ardente.

—Jesus Cristo, Kid, isso era necessário?

—Absolutamente.

—Por favor, me esclareça sobre como eu vou explicar a sua caminhonete


na minha garagem?

260
Olhei ao redor do quarto para ter uma ideia. —Diga-lhe que eu fui
trabalhar com a sua mãe hoje. Eu estava fazendo um trabalho sobre o turismo em
Oak Island, e eu precisava saber como ela compra todas essas porcarias turísticas
que ela tem em sua loja.

—Você será a minha morte. —Ele colocou um calção.

—Meu irmão vai acreditar. Ele nunca pensaria que eu estaria aqui com
você. Relaxe. Está tudo bem.

—É melhor ir antes que ele volte aqui para cima. —Ele beijou minha
cabeça e caminhou até a porta.

—Espere.

Ele se virou para mim.

—Eu fiz bem, certo? Quero dizer... foi... foi bom para você? —Eu
nervosamente perguntei.

Seu corpo relaxou de sua postura tensa, e ele caminhou de volta e se


agachou na minha frente.

—Lillian, eu nunca tive melhor. Foi o melhor boquete da minha vida


inteira, porra.

—Você está mentindo. —Ri.

Ele olhou profundamente em meus olhos e disse:

—Se há uma coisa que eu preciso que você saiba, que eu preciso que você
se lembre, é que eu nunca menti para você e nunca vou mentir para você. Eu não
posso.

Ele me beijou, e saiu, e eu acreditei em cada palavra que ele disse.

261
Passamos a maior parte do dia na água.

Lucas acreditou em mim sem pensar duas vezes, assim como Lily
suspeitava que ele faria. Nós comemos no restaurante do pai de Alex, e foi
estranho ela não nos servir.

—Como está a escola de Direito?

—É uma faculdade de Direito. E a paternidade?

—Está como deve ser.

—Que bom, hein?

—Nunca pensei que pudesse amar alguém assim. Acho que tenho muita
sorte, no entanto. Ele dá trabalho, mas é um bom garoto.

—Como está o seu negócio de construção?

—Estou ocupado pra caramba. Estressado, sobrecarregado, você sabe,


todas as besteiras que vem junto com possuir seu próprio negócio. É por isso que
eu precisava de hoje, para desestressar, é bom vê-lo, mano.

—Da mesma forma.

—Tem sido difícil com minha mãe e Lily, eu estou contente...

—Lily?

—Sim... ela está, porra, cara, eu nem sei mais.

—O que você quer dizer?

—Ela está sofrendo, Jacob, e eu sei que tem muito a ver com a minha mãe
e merda e tal, mas há outra coisa. Algo que ela não vai me dizer, ou para qualquer
um que se importe. Por um tempo eu pensei que fosse um cara, mas ela nunca sai

262
de casa. Minha mãe diz que ela tem caras batendo na porta, mas ela os dispensa.
Eu não sei, estamos todos preocupados com ela. Quero dizer, ela fará dezoito
anos, e nunca teve um namorado? Isso não pode ser normal? Estamos apenas
preocupados que ela esteja perdendo toda essa merda normal de adolescente,
por causa do câncer da minha mãe.

Foi como se uma pilha de tijolos caísse em cima de mim, e eu tentei


esconder todas as emoções que subiram pelo meu corpo à velocidade da luz. Eu
não podia fingir que eu não sabia que isso aconteceria, mas ainda era como levar
um chute nas bolas porra.

—A última coisa que eu quero é que Lily olhe para trás para sua infância, e
só tenha memórias de merda. Minha mãe diz que ela nem sequer sai com suas
amigas mais, mas ela está constantemente falando ou enviando mensagens de
texto em seu telefone, mas isso não conta. Eu não compreendo, porra.

Olhei para a minha comida, perdendo completamente o meu apetite, e


me perguntando quanto mais dessa conversa eu poderia aguentar, sem bater
minha cabeça na maldita mesa.

—Mas eu vou te dizer uma coisa, Jacob, se for um cara... Eu vou enchê-lo
de porrada por fazer isso com a minha irmãzinha, e eu sei que você e Dylan
estarão lá comigo.

Olhei para ele e balancei a cabeça, desejando que eu pudesse me encher


de porrada, mas algo me dizia que não importava, porque o que eu tinha que
fazer a seguir me mataria de qualquer maneira.

263
Dias Atuais

—Agora é um mau momento para dizer-lhe que eu odeio voar? —Lily


disse quando me sentei ao lado dela na classe executiva. Eu balancei a cabeça
para a aeromoça.

—Pois não, senhor?

—Posso tomar um café, creme extra com três açúcares e um uísque com
gelo para ela?

—Claro. Eu volto já.

—Licor vai acalmar seus nervos. —Eu disse, olhando para ela.

—Ou você poderia ter apenas segurado minha mão.

—Doce menina, eu vou segurar sua mão durante todo o voo de cinco
horas, se é isso que você precisa.

—Nós podemos tentar a sua ideia da bebida. Se isso falhar, talvez


possamos ir ao banheiro e nos juntar ao clube dos milionários 28.

—Apesar de soar atraente. Eu mal posso encaixar minha bunda no


banheiro.

—Sou uma pessoa pequena.

28
High Club: como são conhecidos quem gosta e pratica sexo nas alturas.
264
—Mas eu não sou.

A aeromoça entregou-nos as nossas bebidas. O capitão, pelo interfone,


disse para nos prepararmos para a decolagem. Lily pegou minha mão quando o
avião começou a se mover, apertando pra caramba até que estávamos no ar.

—Beba.

Ela bebeu a coisa inteira em um gole. —Quando faz efeito o calmante dos
nervos?

—Céu claro todo o voo, Kid. Você não tem nada para se preocupar.

Abri meu laptop, planejando, enquanto trabalhava no voo, mas Lily não
soltou minha mão. Eu tentei mantê-la ocupada e distraí-la, falando durante a
maior parte do voo, o que funcionou.

Nós finalmente desembarcamos em poucas horas.

—Olá, Charles. —Cumprimentei o motorista da empresa.

—Boa tarde, Sr. Foster, é bom ter você de volta.

—Charles, quantas vezes eu tenho que lhe dizer para me chamar de Jacob,
Sr. Foster é o meu pai e eu não gosto dele.

Ele riu. —E quem é essa?

Olhei para Lily, que parecia esmagada. —Esta, Charles, esta é Lily.

—Ah... Lillian.

Ela arregalou os olhos, chocada que ele sabia quem ela era.

—Sinto como se eu já a conhecesse, Senhorita Ryder.

—O que? —Ela respondeu com um grande sorriso no rosto.

—Sr. Foster e eu passamos muito tempo juntos, tudo o que ele faz é
trabalhar. Já dirigi mais para ele do que alguém na empresa. Ele é um cara muito

265
bom também, e muito apaixonado por você. Eu estou contente de finalmente
juntar um nome a um rosto.

Ele estendeu a mão e ela apertou-a, olhando para nós dois, cética. —Você
lhe pagou para dizer isso? Também é um prazer te conhecer.

—O carro está lá na frente. Vou pegar suas malas.

—Posso pegar minhas malas. —Ela afirmou.

—Tudo bem. Eu dou conta disso.

—Ok, as minhas são as únicas rosa brilhante.

—E você está familiarizado com a minha, Charles.

—Claro, senhor.

Agarrei a mão de Lily e levei-a para fora.

—Este não é um carro. Esta é uma limusine. Sua empresa possui uma
limusine?

—Entre outros carros. —Abri a porta.

—Eu nunca estive em uma limusine! —Ela felizmente exclamou, saltando


para dentro.

Sentei-me na frente dela quando ela olhou ao redor em toda parte,


emoção escrita por todo o rosto. Eu tinha que fazer alguns telefonemas.

—Boa tarde, Debra. Como você está? —Perguntei. Lily fingindo que ela
não estava ouvindo cada palavra.

—Todos os arquivos foram por e-mail? Certo. Você já falou com Robert?
Eu estarei no escritório em cerca de uma hora. Você sabe como o tráfego é. Tudo
bem, tchau.

—Quem é Debra? —Ela perguntou imediatamente.

—Você sempre escuta conversas privadas? —Perguntei com um sorriso.


266
—Só as suas, e somente quando são na minha frente.

—Debra é minha secretária. Você vai conhecê-la daqui a pouco.

—Ela é bonita?

—Eu não sei, Kid. Eu não a vejo dessa maneira, mas eu tenho certeza que
o marido dela acha.

A resposta pareceu apaziguá-la. Uma vez que Charles começou a dirigir,


não demorou muito para que o tráfego nos atingisse.

—Por que está tão longe? Vem aqui, doce menina. —Eu guiei-a para o
meu colo e ela veio sem esforço. —Estou cansado desse jogo. Você entende?

Ela não vacilou. —Talvez... O que eu ganho com isso?

Fechei a divisória da limusine.

—Não é rude fechar isso? —Ela sorriu. —Ou é costume isso ser fechado?

Eu bati em sua bunda. Forte.

—Aii! — Ela agarrou a bunda dela. —Eu não gosto deste jogo.

—Eu não gosto da sua insolência. Agora, seja uma boa menina e eu vou
recompensá-la. Seja uma merdinha e você sabe o que acontece.

—Acho que preciso ser lembrada quais são as minhas recompensas, Sr.
Foster.

Eu tracei seus lábios rosados e carnudos com o polegar, empurrando-o na


boca, tornando-o agradável e molhado. Eu deslizei sua calcinha para o lado,
usando o polegar para esfregar seu clitóris.

Ela se mexeu.

—Necessita de mais? Só boas meninas gozam... Você vai ser uma boa
menina a partir de agora? —Eu coloquei meus dedos em seu calor acolhedor,
nunca deixando meus movimentos circulares em torno de seu núcleo.

267
Ela estremeceu.

—Diga.

—Jacob... —Ela ofegou, seus quadris girando contra meus dedos.

Eu sorri. —Diga-me que vai ser uma boa menina. Diga-me você vai parar
com as perguntas. Diga que me ama. Por fim, diga-me para fazê-la gozar.

Eu trabalhei nela com mais força, os meus dedos indo para onde ela mais
queria.

—Vou ser uma boa menina. Vou parar... Oh Deus... —Sua respiração
travou.

—E?

—Eu te amo, por favor... por favor... por favor, me faça gozar.

E eu a fiz.

Nós fomos ao seu escritório e Jacob me apresentou a todos. Juro que pelo
jeito que olharam para mim, eles tinham ouvido o meu nome antes. Eu fiz uma
nota mental para perguntar a ele sobre isso mais tarde. Nós ficamos em sua firma
por pouco mais de uma hora, ele estava em reunião, enquanto eu esperava por
ele em seu escritório.

Seu escritório tinha uma vista assassina do centro da cidade, mas era
envelhecido, tão frio e vazio. Sem imagens na parede, nem decorações em
qualquer lugar. Para alguém que passava a maior parte de seu tempo em seu
escritório, não havia muito recurso. Sua cobertura era exatamente da mesma
maneira. A vista era de tirar o fôlego, o seu mobiliário parecia muito caro e
provavelmente nada confortável. As decorações na parede combinavam

268
perfeitamente, mas não parecia um lar. Não havia uma sensação de calor ou
amor em qualquer lugar. A cobertura era limpa, nem uma coisa fora do lugar,
nem mesmo uma partícula de poeira. Era fria e vazia.

Senti como se eu estivesse andando através de um modelo de casa. Não


havia nenhum sinal do Jacob com quem eu cresci, o homem que eu tinha
conhecido toda a minha vida, em qualquer lugar.

Peguei minha mala quando ele desceu as escadas para pegar sua
correspondência com o concierge, sentindo-me triste por ele. Segui para o
quarto, pronta para começar a desembalar as minhas coisas. Mesmo seu armário
gritava um estranho para mim. Camisas de marcas caras, calças, coletes e paletós,
gravatas e chapéus fedora em todas as cores. Era como se eu tivesse entrado no
guarda-roupa de outra pessoa. Apenas os poucos pares de chinelo no chão me
diziam que era o guarda-roupa dele.

Quando eu voltei para seu quarto, uma imagem chamou a atenção na


mesa de cabeceira. Era a única foto em toda a cobertura. Agarrei-a, sentando-me
na beirada da cama. Era uma foto minha enquanto eu segurava o filhote de leão
no zoológico. Ouvi seu passo vindo em direção ao quarto, mas parou quando
estava na porta.

—Jesus... Jacob. —Suavemente sussurrei. —Eu tinha dezesseis anos aqui.


Isso foi há sete anos. —Eu mantive o meu olhar focado na fotografia. —Você
realmente me amava, não?

—Sempre houve dúvida em sua mente. —Ele afirmou como uma


pergunta.

—Tanta merda aconteceu entre nós. Depois que saí de Oak Island, eu
estava... —Eu respirei fundo, tentando reunir os meus pensamentos. —Foi ruim.
Às vezes eu me sentia como se eu tivesse imaginado nossa relação.

—O nosso amor, Lillian. —Ele corrigiu. —Nosso amor.

—Eu não sei quando eu parei de acreditar que você me amava. Apenas
aconteceu. Deixei Oak Island, porque eu não conseguia respirar lá. — Engoli as

269
lágrimas, as emoções correndo selvagem. —Não sobrou nada para mim lá. Será
que Alex já lhe disse...

—Sim.

Eu balancei a cabeça. Achei que ela o faria.

—Há um monte de coisas que você não sabe. —Ele disse do nada,
fazendo-me levantar os olhos brilhantes para ele.

—Como o quê?

—O que aconteceu entre nós naquela noite. Foda-se, Kid, eu penso sobre
isso o tempo todo. Eu acho que eu pensei sobre isso todos os dias durante os
últimos três anos. Ter você... Ele esfregou a testa como se tivesse uma dor de
cabeça súbita. —É uma memória que levarei para o túmulo. Você tem que
entender isso? Por favor, me diga que você entende isso.

—Eu entendo agora. Eu não entendia na época. Eu não posso culpá-lo


pelo que aconteceu naquela noite. É preciso dois para dançar o tango, Jacob. Eu
fui tão responsável quanto você. Eu o odiei pelo que aconteceu depois. Eu não
entendo como você pôde fazer aquilo comigo. —Eu balancei minha cabeça. —
Depois de tudo.

—Eu juro para você por tudo que é sagrado, que se eu pudesse voltar
atrás, eu nunca teria feito aquilo. Eu nunca quis feri-la assim. Foi uma situação
fodida, e tenho a intenção de falar sobre isso, mas eu não quero estragar o nosso
tempo aqui. Prometo que vou lhe dizer. Vou lhe dizer tudo.

—Ok. —Murmurei, querendo atender o seu pedido. Mas bastou saber que
ele estava escondendo algo de mim, para não ficar à vontade.

Ele aproximou-se de mim, sentando-se nas pontas dos pés, deslizando


meu cabelo para longe para segurar meu rosto entre as mãos.

—Eu te amo. Eu te amo como nunca amei ninguém antes. Eu te amo de


uma maneira que eu nem sequer pensei ser possível, porra. Eu te amei antes,
mesmo que eu soubesse o que significava. Sinto muito, doce menina. Sinto muito

270
por não ver o que estava bem na minha frente. Por todos esses anos que nós
perdemos. Por cada vez que eu me afastei de você. Por cada vez que eu senti o
seu coração partir por minha causa. Desculpe-me por tudo. Tudo que você fez foi
trazer luz para minha vida, e tudo que eu fiz foi tirar a sua. Vou passar o resto da
minha vida pedindo desculpas para você.

Ele fez uma pausa para deixar suas palavras assentarem e olhou
profundamente em meus olhos para dizer:

—Machucar você é o meu maior arrependimento, amar você é minha


única redenção.

Eu saí da reunião com um enorme peso tirado dos meus ombros.


Finalmente, depois de duas semanas de negociação, tudo foi feito e resolvido.
Tentei passar o máximo de tempo que pude com Lily, mostrando-lhe tudo em San
Francisco. Seu lugar favorito foi o porto, onde todos os navios estavam
recolhidos. Encontrei-a lá várias vezes tocando seu violão e cantando. Ela jurou
que os fuzileiros adoravam.

—Como foi sua reunião? —Ela perguntou quando eu cheguei por trás dela
na cozinha, fazendo cócegas nela. —Eu estou fazendo o jantar. —Ela riu, tentando
escapar.

—Aonde você vai?

—Isto vai queimar.

—Foda-se o jantar. Prefiro foder você. —Gemi em seu ouvido.

—Jacob!

271
—Dizer meu nome não vai ajudar a sua disposição.

—Alguma vez você não tem tesão? Eu pensei que a testosterona


diminuísse quando você fica velho.

Mordi seu ombro. —Cuidado.

Eu deixei que ela terminasse o jantar, enquanto eu fui pro chuveiro.


Quando eu saí, ela estava colocando os pratos sobre a mesa. Peguei uma garrafa
de vinho e nos servi uma taça, deixando-a na mesa.

—Você sabe o que vinho faz comigo. —Ela tomou o seu último gole e eu
lhe servi outra taça, sabendo muito bem o que o vinho fazia com ela.

—Então, você pode me dizer agora o que estava acontecendo? Porque eu


estou morrendo aqui.

—Eu me demiti.

Ela engasgou com o vinho. —Você o que? —Ela limpou os lábios. —Mas
Você estava tentando ser sócio, você tinha trabalhado tão duro por isso. O que
quer dizer com se demitiu?

—Eu quero estar com você. —Eu simplesmente declarei, e ouvir isso foi
como um tapa no rosto.

—Você se demitiu por mim?

—Por nós.

—Você vai se mudar para Nashville?

Eu balancei a cabeça. —Você se lembra do meu amigo Mark?

—Sim.

—Eu queria ser sócio para ser o chefe, Lily. Eu não tenho que fazer isso em
San Francisco. Eu poderia fazer em qualquer lugar. Tenho ajudado Mark com sua
empresa durante os últimos seis meses por uma razão.

272
—Espera? O que?

—Oficialmente somos sócios fundadores. Você está olhando para Foster e


Daniels Associados. Eu tive que lidar com alguns negócios aqui. Certificar que
todas as minhas pontas soltas fossem amarradas, antes que eu pudesse dizer-lhe
sobre isso. Apenas por precaução.

—Oh...

—Oh?

—Estou em estado de choque, eu não sei o que dizer.

Eu me inclinei para trás na cadeira, esfregando os dedos sobre os lábios,


olhando para ela.

—Não! Estou emocionada. Estou tão feliz! Eu só não estava esperando por
isso, mas eu adoro isso. Oh meu Deus, Jacob! Eu estou tremendo.

Inclinei a cabeça para o lado. —O que você estava esperando?

—Eu acho, eu realmente não sei. Quer dizer, eu estava esperando por
isso. Eu estava com medo que você me pediria para mudar para cá, e eu diria que
sim, um milhão de vezes sim, mas, para ser honesta, seu escritório e seu
apartamento me assustam. Eles são tão frios, Jacob, é como se você nunca
quisesse estar aqui, como se estivesse apenas sobrevivendo em vez de viver.

—Minha casa é onde você está.

—Você está tentando me fazer chorar? Eu vou chorar sobre meu


espaguete.

Eu ri, admirando seu rosto adorável, agarrando-lhe o pulso para puxá-la


para o meu colo. Eu beijei a ponta do seu nariz, olhei profundamente em seus
olhos amorosos, e falei com convicção,

—Você é minha.

273
Naquela época

Trezentos e sessenta e cinco dias.

Cinquenta e duas semanas.

Doze meses.

Um ano…

Isso é quanto tempo havia passado desde a última vez que falei com Lily.

Desde que parei de viver, porra.

Eu disse adeus a ela da única maneira que podia. Eu lhe disse que tinha
encontrado um novo alguém. Que eu estava feliz e apaixonado.

Ela não falou comigo novamente.

Eu era o único culpado.

Era uma mentira. Foi tudo uma grande mentira, porra. Uma fachada que
eu arrumei. Eu nunca conheci ninguém. Não havia nenhuma namorada. Nenhuma
relação de compromisso. Eu não estava feliz e louco de amor.

Era tudo uma mentira completa e absoluta.

Eu sempre soube que o que estávamos fazendo era errado, não porque eu
não a amava, mas por causa das nossas circunstâncias. Minha conversa com Lucas
bastou para colocar tudo em perspectiva. Eu estava segurando Lily. Não era justo
com ela, ela merecia ser amada sem se esconder, e ela merecia muito mais do
que eu poderia oferecer a ela. As pessoas diriam que eu estava sendo um
274
covarde, um maricas. Que eu peguei o caminho mais fácil e que seria justo, mas
quando se tratava de Lily, eu me ajoelharia todo o dia, se isso significasse que ela
seria feliz.

Eu disse a Lily o que eu tinha que dizer, mentindo para esses grandes
olhos castanhos que sempre me viram por dentro. Então plantei a semente com
Lucas e minha mãe, sabendo muito bem que eles, não intencionalmente, diriam a
ela. Ela acreditaria, porque eu nunca menti para ela antes. Esta foi a primeira e
última vez que eu menti. Eu não podia sequer olhar para mim mesmo no maldito
espelho. Eu prometi a ela, jurei que nunca mentiria para ela. Que ela podia
confiar em mim de todo o coração.

Eu sou um filho da puta.

Sua mãe estava piorando. Minha mãe disse que ela mal a reconheceu. Ela
queria sediar a festa da véspera de Natal em sua casa. Tanto quanto eu tentei
arrumar uma desculpa do por que eu não deveria estar lá, eu não podia. Ela foi
como uma segunda mãe para mim, para todos nós. Eu devia isso a ela.

Poderia ser sua última noite de natal.

—Olá. —Respondi no meu celular.

—Ei, docinho. —A mãe de Lily falou. —Como você está?

—Bem. Como você está?

—Estou bem. Mal posso esperar para ver todo mundo. Vai ser bom ter
todos vocês juntos novamente. É uma vergonha que ninguém pôde arrastar
Austin, eu teria gostado de ter todos vocês meninos juntos uma última... —Ela
hesitou como se ela não tivesse a intenção de dizer isso. —De qualquer maneira.
—Ela riu. —Eu liguei porque eu ouvi que você está ficando sério com alguém.

—Humm Humm... —Foi tudo o que eu pude dizer.

—Sua mãe disse que não sabia se ela estava vindo para casa com você. Eu
queria ter certeza de preparar comida suficiente e tal. Além disso, eu adoraria

275
conhecê-la, Jacob. —Ela pediu em um tom estranho. —Eu quero dizer, se você
está sério e tal, seria normal para ela vir, certo?

Eu não disse nada. Nem. Uma. Palavra. Eu estava muito desorientado pela
forma como ela falou comigo, quase como se ela estivesse me testando.

Será que ela sabe? Não... Espera? Ela sabe?

—Humm. —Balancei a cabeça. —Eu não...

—Jacob, eu acho que seria uma boa ideia se você a trouxesse. Para todos.

—Você... quero dizer... —Murmurei, não sendo capaz de formar as


palavras. —Você sabe...

Ela me cortou. —Docinho, eu tenho que ir. Lucas acabou de chegar aqui
com o peru. Vejo você amanhã, ok? Eu não posso esperar para conhecê-la! Tenha
um voo seguro. Amo você. —Ela desligou, e eu sentei lá perplexo pela próxima
hora.

Ela sabia.

Eu sabia que Jacob viria para minha casa para festa de véspera de Natal.

Eu nunca pensei que ele teria coragem de vir com ela. Eu o vi entrar, a
mão firmemente na dela, com seu olhar firmemente fixo em mim. Eu não olhei
para ela... nem por uma porra de segundo. Eu não o tinha visto em mais de um
ano, um maldito ano. Nem uma mensagem. Nada. Ele nem sequer me enviou
uma mensagem no meu aniversário de dezoito anos. Ele nunca perdeu um
aniversário, nenhum. Eu acho que isso doeu mais do que tudo.

Eu era adulta.
276
Uma mulher.

Mas eu nunca me senti como uma criança mais do que naquele momento,
a realidade de suas mentiras me olhando na cara. Fui a primeira a quebrar a nossa
ligação, se não, eu o teria chamado de mentiroso logo ali na frente de nossas
famílias e amigos.

Eu o vi ostentá-la na minha frente, de pé, um pouco perto demais dela,


tocando seu rosto com frequência demais, sussurrando coisas no ouvido dela um
pouco demais. Era como se ele estivesse tentando provar algo, eu não conseguia
entender suas ações. Depois que Cole tinha feito o seu grande anúncio, que aos
meus olhos era mais um concurso de merda, e um grande foda-se para o meu
irmão, eu testemunhei Lucas fisicamente quebrar na minha frente. Eu
simplesmente não podia aguentar mais. Eu precisava dar o fora de lá.

Então eu corri.

Eu corri pelo nosso quintal precisando de ar, espaço e uma porra de uma
marreta.

—Porra! Eu não posso ter uma pausa. —Gritei, correndo para Jacob, que
estava sentado nos degraus do pátio. Eu imediatamente virei para voltar para
dentro, mas a porta trancou atrás de mim. —Claro, por que não fechar a porta?
Será que vou ser atingida por um raio agora, Deus? —Olhei para o céu,
balançando a cabeça, e olhando para o rosto divertido de Jacob.

—Onde está sua puta, eu quero dizer a sua namorada? —Eu rosnei sendo
incapaz de segurar.

Sua expressão tornou rapidamente desolada, e eu ataquei.

—Eu pensei que você tinha dito que nunca mentiria para mim.

Ele fez uma careta, foi rápido, mas eu vi. —Eu não menti.

—Mentiroso!

Ele levantou e veio em minha direção. —Kid, eu...

277
Eu o empurrei. Empurrei com toda a força que consegui reunir. Ele nem
sequer balançou. Eu poderia muito bem ter empurrado uma parede de tijolos.
Gritei a minha frustração.

—FODA-SE! Eu te odeio! Eu te odeio! —Eu repeti, atingindo-o por todo o


peito.

Joguei anos de frustração em cima dele. Batendo em seu peito uma e


outra vez.

Toda a minha tristeza.

Meu desespero.

Meu amor por ele que não ia embora.

Meu ódio por ele porque ele mentiu para mim.

Eu vi a vida da minha mãe diminuindo. A porra da miséria do meu irmão


com seu amor impossível. Meu pai ficando sozinho depois que ela fosse.

Eu vi tudo.

Com cada impulso e cada golpe que atingiu o seu corpo, eu senti um
pouco mais de mim mesma morrer. A menina feliz despreocupada foi embora.
Tudo o que restava era alguém que eu não reconhecia mais, alguém que eu nunca
quis ser. Eu bati mais forte e ele deixou. Nem uma vez ele tentou me bloquear ou
me segurar. Nem uma vez ele tentou me confortar.

E eu não sabia o que era pior, o que doeu mais. Rasguei-me em uma
angústia de um futuro que não incluía a minha mãe ou ele.

—Por quê? Porque você fez isso comigo? Por que você me machuca o
tempo todo? Por que você continua partindo a porra do meu coração? —Eu
gritei, afastando-me dele, e não sendo capaz de olhar em seus olhos por mais
tempo.

—Kid... Eu estou pendurado por um fio aqui.

278
—Você acha que eu sou tão estúpida. Eu sou uma grande porra de
criança! Você acha que eu não sei. Isso é o que dói mais, Jacob. — Lágrimas
deslizaram pelo meu rosto. —Por que você mentiu para mim?

—Lily, eu não...

—Pare de mentir, porra! —Eu gritei, levantando os olhos para ele. —Eu
sei! Eu sei que ela não é sua namorada. Eu sei que você mentiu! Você me fez
pensar durante todo este ano que tinha encontrado alguém, e isso é uma
mentira. É tudo uma grande porra de mentira.

Ele recuou pela primeira vez, como se eu tivesse batido nele, desta vez
não foi por minhas ações, mas pela verdade das minhas palavras.

—Eu sabia disso no segundo em que você entrou com ela. Você pode
fingir o que quiser, ostentá-la na porra da minha cara, mas a verdade está em
seus olhos, Jacob. Sempre esteve em seus malditos olhos.

Baixei a cabeça, fechando meus olhos.

—Exatamente. Vá em frente e esconda-os.

Fazia sentido agora. É por isso que sua mãe queria que eu a trouxesse,
mas por quê? Ela queria que Lily me odiasse ainda mais? Nada fazia sentido.
Nada, porra.

—Porque você mentiu para mim? Você me deve pelo menos isso.

—Lily, quando foi a última vez que você saiu com as suas amigas? —Olhei
para ela com expressão sincera espalhada pelo meu rosto. —Quando foi a última

279
vez que você fez algo normal? Foi em um encontro? Teve um namorado? A última
vez que você fez alguma coisa além de esperar por mim? Você ainda está
esperando por mim.

—Isso não era escolha sua. Era minha.

—Não quando seu irmão me diz que sua família está preocupada com
você. Não quando ele me diz que está com medo que você vai olhar para trás, ver
todos estes anos, e lamentar por perder tudo. Não quando ele me diz que você se
tornou retraída, você nunca faz nada, ou deixa a porra da sua casa. —Dei um
passo em direção a ela, até que estávamos a alguns centímetros de distância.

—Não quando ele me diz que tudo que você faz é sentar com seu
telefone, enviando mensagens e falando com alguém. Comigo. — Eu bati no meu
peito. —Comigo, Lily. Estou a afastando de tudo. Isso não é saudável. Eu te
machuco quando estou com você, e eu te machuco quando não estou. Não posso
ganhar de nenhuma maneira.

—Então você mente? —Ela enxugou as lágrimas antes que eu fizesse por
ela.

—Que outra escolha eu tinha? Diga-me? O que eu posso fazer? Eu não


posso estar com você, e porra, me mata que eu não possa ficar sem você.

—Você me prometeu! Você jurou para mim que você nunca mentiria para
mim. Eu acreditei em você! Eu confiei em você!

—Foi o único jeito.

—Para me fazer te odiar. —Ela acrescentou as palavras que eu não podia


dizer, e eu vagamente assenti com bile subindo pela minha garganta.

—Onde está sua namorada?

—Você acha que se ela importasse eu estaria aqui fora?

—Quem é ela?

280
—Isso importa? Jesus Cristo, Lily, eu não posso nem olhar para você. Sabe
o quanto isso me mata? Você é a porra da minha visão favorita.

Ela lentamente se afastou de mim, e levou tudo dentro de mim não me


jogar de joelhos e pedir-lhe que me perdoasse.

—Nisso somos dois. —E com isso ela virou e saiu.

Deixando-me com nada além de lamentar pelas coisas que eu não poderia
ter de volta e as mesmas coisas que eu desejava desesperadamente que eu
pudesse mudar.

Deixei-o ali, de pé.

Eu não podia suportar a visão dele. Nem por mais um segundo. Ele não
merecia mais um segundo meu. Mal tive tempo de registrar tudo o que tinha
acontecido, ou o que eu estava sentindo, quando ouvi um choramingo suave
vindo da minha garagem. Eu andei em direção ao barulho, o silêncio em torno de
mim quase ensurdecedor. O baixo da música tocando dentro da minha casa
coincidiu com o choro quando cheguei mais perto da porta lateral.

Eu corri.

Corri o mais rápido que pude, entrando na garagem, parando assim que vi
a imagem na minha frente.

Aubrey...

No chão de cimento, apertando o estômago, e rolando de dor.

Jeremy...

281
Iminente, pairando acima dela como um monstro, um vilão em um filme
de terror.

Eu imediatamente parti em ação, deslizando de joelhos para Aubrey. —


Afaste-se dela, porra! Pai! Lucas. — Eu gritei, temendo que a música lá dentro
fosse muito alta para eles ouvirem. Aubrey começou a mover a cabeça para trás e
para frente no meu colo. Eu não entendi se ela estava me dizendo para parar ou
continuar.

—Pai! Lucas! —Eu gritei ainda mais alto.

—Cale sua boca maldita, menina. —Ele disse entre dentes.

—Foda-se! —Ele veio para mim, no momento que a porta da garagem


abriu, impedindo-o no meio da ação. Nós dois olhamos para trás de mim. Dylan
estava em pé na nossa frente, olhando dele para nós, e de volta para ele
novamente. Juntando as peças do quebra-cabeça dentro de segundos. Raiva
escrita por todo o rosto.

Ele fechou a porta e atacou, derrubando-o com todo o seu corpo. Ambos
caíram no chão, e Aubrey estremeceu, movendo-se para o lado para tentar
levantar-se. Ajudei-a enquanto Dylan e Jeremy lutavam pelo chão.

—Por favor... por favor... pare. —Ela implorou para quem eu não sei,
caminhando em direção a eles. Eu agarrei seu braço, segurando-a de volta.

—Seu pedaço de merda! —Dylan gritou, atingindo-o. —Você gosta de


bater em mulher, filho da puta! —Ele bateu-lhe novamente, batendo sua cabeça
no concreto.

—Lily, ele vai matá-lo.

Eu olhei para ela como se ela fosse louca. —Quem se importa, ele estava
machucando você.

—Estou bem. Por favor, Dylan, por favor, pare!

—Seu saco de merda. —Ele a ignorou.

282
—Por favor, Dylan, se você já me amou... por favor, pare.

Ele imediatamente parou, levantou-se e cuspiu em seu rosto. O que


aconteceu em seguida nos chocou a ambos.

Aubrey não foi até ele.

Ela foi para Jeremy.

O homem que estava chutando a porra da sua bunda quando eu entrei.

—O que está fazendo? —Dylan perguntou, agarrando seu braço.

Ela grosseiramente puxou-o de seu aperto. —Cuide da sua própria maldita


vida. Saia! —Ela ordenou, seu comportamento rapidamente transformando-se
em insensível.

—Perdeu a cabeça, porra? Afaste-se, Aubrey! Vou levar este pedaço de


merda. —Ele pegou o telefone e ela bateu em sua mão derrubando-o, a tela
rachando no chão.

—O que há de errado com você? Por que você está o defendendo? —


Argumentou.

Fiquei ali não sendo capaz de me mover ou dizer uma maldita coisa. Seus
problemas faziam o meu parecerem infantis em comparação.

—Você sabe por quê. Saia. Saia agora.

—Você não pode estar falando sério? Você acha que eu realmente vou
deixar você com ele? Dê-me algum maldito crédito, Aubrey.

—Se você não sair, Dylan, eu juro que nunca vou deixar você... —Ela
hesitou, mas ela não teve que continuar, porque ele compreendeu sua
advertência.

—Incrível, porra. Eu te amei. Eu ainda te amo, porra, e você fica aí, e


defende este pedaço de merda.

Ela engoliu em seco, sua determinação quebrando.


283
—Eu acho que realmente nunca conheci você.

Ela fechou os olhos. Eu podia sentir fisicamente a sua dor entre nós. Dylan
deu uma última olhada nela antes de chutar Jeremy no estômago, olhando para
ele com nojo.

—Marque minhas palavras, filho da puta, um dia eu vou te matar.

Ele pegou minha mão e me levou para fora pela porta lateral, e eu o parei
tão logo estávamos a poucos passos de distância.

—O que você está fazendo? Não podemos deixá-la lá dentro. Nós temos
que dizer a alguém. Você tem que prendê-lo. Volte lá, Dylan!

Seus dentes cerraram. —Eu não tenho escolha.

—Por quê?

—Lily, basta fingir que você não viu isso esta noite. Você entende? Por
mim. Faça isso por mim.

—Você não pode me pedir para fazer isso.

—Não estou pedindo.

—Dylan, eu...

—Lily, você sabe que eu te amo. Não me faça dizer isso. Nós dois sabemos
do que estou falando. Eu mantive minha boca fechada, agora é hora de você
devolver o favor.

Dei um passo para trás, o impacto de suas palavras sendo demais. Ele
balançou a cabeça em compreensão de que eu entendi o seu pedido simples, mas
poderoso. Ele beijou minha cabeça e me deixou em pé lá.

Tudo o que eu conseguia pensar era...

Que. Porra?

284
Dias Atuais

—Ok, espere. —Eu disse para Alex no telefone, chamando-a no Skype do


meu laptop.

—Olá, é você!

—Olá, sou eu! — Respondi com a nossa saudação padrão, desligando meu
celular.

—Então, o que é tão importante que nós tivemos que usar o Skype. —
Perguntei, já sabendo, mesmo que ela não tivesse dito nada ainda.

Eu só sabia.

Chame de intuição.

Eles descobriram que fizeram uma pessoinha na minha semana de


aniversário. Eu gosto de dizer que eu sou a razão dessa criança estar lá. Minha
energia e vibrações incríveis, mas Jacob gosta de me lembrar, que realmente
foram os meninos de Lucas que passaram o goleiro.

Ela estava radiante e toda orgulhosa de seu bebê, vestindo uma camisa
que dizia: “Se você não o colocou lá, então não o toque”. Isso aí era
definitivamente uma obra do meu irmão.

—Então nós estamos tendo um...

285
Lucas, então, mostrou uma camisa na tela que disse. —Sou filho do meu
pai, então não foda com a barriga.

Eu caí em risos. —Meu Deus! Você terá um menino! Onde é que ele
encontra estas camisas?

—Ele jura que compra, mas acho que ele está fazendo. —Alex respondeu:
Lucas olhou para ela amorosamente, com um sorriso de louco no rosto.

—De quanto tempo você está agora?

—Dezoito semanas hoje.

—Uau! Eles atenderam rápido, então.

Seu rosto franziu quando ela coçou a parte de trás de sua cabeça. —É...
bem... eles não me veriam até a próxima semana, mas seu irmão ligou lá. Vamos
apenas dizer que ele tem sorte se deixarem que ele entre no consultório do
médico.

Eu balancei a cabeça, comportamento típico do meu irmão.

—Muito bem, irmãzinha, eu tenho que sair para um orçamento. Nos


falaremos em breve. Te amo.

—Te amo!

Lucas beijou o topo de sua cabeça. —Eu te amo. — Inclinou-se e beijou a


barriga de Alex. —E eu te amo. Seja bom para sua mãe.

Ela sorriu. —Ele é do tamanho de uma batata, Bo.

—Você também.

Nós rimos.

—Estou tão ferrada.

—Sim, divirta-se com isso.

286
—Lily, ele já está planejando o meu dia inteiro. O que devo comer, quanto
devo me exercitar, me dizendo que eu não posso pegar nada pesado. Ele sabe
mais do que eu. Ele ligou para o restaurante esta manhã dizendo-lhes que eu não
iria tão cedo. É como se eu não pudesse sair de casa ou algo assim.

Alex possuía o restaurante de seus pais agora. Seus pais se aposentaram


há alguns anos atrás, e praticamente o entregaram a ela em uma bandeja de
prata. Ela adorou, embora eu não conseguisse imaginá-la fazendo outra coisa.

—Sim... como eu disse. Divirta-se com isso.

—Talvez eu o mate antes desta gravidez acabar.

—Estou surpresa que você não o matou ainda, para ser honesta.

—Parabéns, Pinguinho. —Jacob anunciou, inclinando-se para a tela.

Bati no peito. —Você não devia dizer nada.

—Ela sabe.

—Você sabe? —Eu olhei para a tela.

—Eu sei.

—Por que não me disse nada?

—Por que você não disse?

—Sim, Kid, por que não disse?

—Muito bem, eu reconheço esse tom. Eu vou... me divertir. — Alex


apontou para Jacob. —Com isso. — A chamada terminou.

Merda.

—Você disse que queria um boquete? —Eu sorri, pegando sua calça.

Ele segurou minhas mãos. —Tanto quanto eu gostaria de foder sua cara
agora, não seria pelas razões certas.

287
—Estou encrencada, não é?

—Em muitos níveis. Eu deveria carregá-la sobre o meu ombro, Kid.

—Jacob, eu pensei que nós tínhamos concordado que não diríamos a


ninguém.

—Alex não é ninguém.

—Bem, da próxima vez você pode me dar uma lista de pessoas que
contam. Dessa forma, eu saberei.

Ele arqueou uma sobrancelha, esfregando os dedos para trás e para frente
sobre os lábios, sua expressão desaparecendo rapidamente.

—Para alguém que não gosta do meu jogo, você com certeza me provoca
o suficiente para bater nessa sua bundinha. Não acha?

Deslizei mais longe dele, protegendo minha bunda. Ele tentou esconder o
sorriso.

—Eu acho que você encontra razões para fazer isso, seu masoquista.

—Isso é motivo para debate.

—Sinto muito que eu não disse a ela.

—Isso não é pelo que você deve se desculpar.

—Jacob...

Ele estreitou os olhos para mim.

—Eu preciso saber. Preciso saber já. Por favor. O que aconteceu?

Eu não tinha que explicar.

Ele sabia exatamente o que eu quis dizer.

288
—Eu quero tudo com você, Lily. A casa, a cerca branca, o bebê. Quero a
porra do espetáculo inteiro. Uma vida completa.

—Eu quero isso também. Mais do que tudo. Eu sempre quis isso. Exceto,
que eu não posso seguir em frente sem saber de tudo. Eu sei por que você trouxe
aquela menina para a nossa festa de Natal. Eu entendi o que você estava
tentando fazer.

—Você entende?

—Agora eu entendo. Eu o odiei por ter feito isso. Por exibir outra mulher
na minha frente e pensar que você precisava. Foi a primeira vez que eu odiei
você, Jacob. Pelo menos eu pensei que sim. Não foi até depois que você me
deixou, que eu senti o verdadeiro ódio por você. Eu carregava esse ódio até o
momento em que te vi no meu bar. Foi só então que eu percebi que eu ainda te
amava. Que nunca foi embora. Entendi. Eu sei que você estava sofrendo também.
Eu vi como você vivia. Quero dizer, o seu entregador de pizza dirigiu-se a você
pelo seu primeiro nome, isso não pode ser normal. —Ela riu, mas eu não
conseguia rir.

A gravidade do que ela queria saber era consumidora.

—Você estava tentando ser altruísta, deixando-me ir, me permitindo viver


a minha vida ou uma vida. Eu entendo. Isso não explica o que aconteceu depois,
no entanto. Por que você fez isso comigo?

Eu estava de pé, eu precisava. A memória de tudo veio à tona em minha


mente, e foi tão doloroso agora como foi naquela época. Eu senti como se
estivesse revivendo tudo de novo, só que desta vez eu sabia o resultado. Ela veio
atrás de mim enquanto eu olhava para fora na sua varanda de trás, envolvendo os
braços em volta da minha cintura.

—Eu não vou a lugar nenhum. Eu posso te prometer isso. Eu só preciso


saber a verdade, mas isso não vai mudar nada entre nós. Você sabe, Jacob. Você
289
sabe em seu coração, eu não vou ser capaz de seguir em frente da maneira que
você me quer, sem que você me diga o que aconteceu.

Ela beijou ao longo das minhas costas, me confortando de uma forma


inesperada. As memórias desse dia, e as semanas que levaram a ele, passavam
bem na minha frente como um filme antigo. Eu não podia pará-lo, nem por uma
porra de segundo. É por isso que eu fugi nos últimos três anos.

—Eu te amo. Eu sempre vou te amar. Não importa como, você é minha
lagosta. —Ela persuadiu, supondo que eu precisava ouvir.

—Eu nem sei por onde começar. —Murmurei, minha voz parecendo tão
longe.

—Pelo início…

290
Naquela época

—Eu sinto muito. Nós fizemos tudo o que podíamos. Tudo o que resta é
certificar-se de que ela esteja confortável. —O médico disse como se fosse nada,
como se fosse apenas mais um dia comum, sua voz não tinha qualquer simpatia, e
eu o odiava tanto quanto o câncer em si naquele momento.

—Quanto tempo? —Mamãe perguntou, não parecendo nem um pouco


surpreendida com o prognóstico.

—Semanas, mais ou menos.

Ela sorriu, acenando com a cabeça. Seu rosto tornando-se triste enquanto
as lágrimas se formavam nos meus olhos. Meu pai foi até ela. Ele segurou seu
rosto com as mãos, descansando sua testa na dela. Nenhum deles falou enquanto
ele colocava beijos por todo o seu rosto. Foi um momento íntimo compartilhado
entre eles, que eu e Lucas sentimos como se fôssemos intrusos.

Nós não veríamos mais quaisquer momentos como esse. Este era
provavelmente um dos seus últimos, e a realidade me matou.

Os sons de desespero que saíram da boca de meu pai, um homem que eu


nunca tinha visto chorar antes, quase me fez cair de joelhos ali mesmo. Querendo
amaldiçoar a Deus pelo que ele estava fazendo conosco. Ela o acalmou,
esfregando seu cabelo suavemente e cantarolando. Da maneira como ela fazia
quando eu era criança, e ai foi quando eu me perdi. Eu me senti tão egoísta por
fazer isso. Eu não queria quebrar seu momento íntimo. Lucas colocou os braços
em volta de mim e me abraçou tão forte ao ponto de dor.
291
—Tudo bem, Lily. Estou aqui. —Ele sussurrou em meu ouvido, seu tom
composto e recolhido, o que só me fez chorar ainda mais. Ele estava tentando ser
forte para mim, para todos nós.

—Eu não posso fazer isso, Lucas. Eu juro que não posso fazer isso. —Falei
tão baixo que eu acho que ele mal pôde me ouvir.

—Shhh... você é a pessoa mais forte que eu conheço.

Eu não sei quanto tempo nós ficamos assim. O tempo parecia ter parado.
A próxima coisa que eu lembro é que estávamos em casa, e tudo isso foi um
grande borrão vazio e triste. Meu pai levou minha mãe até seu quarto, depois de
falar com Lucas em particular. Seus olhos estavam vermelhos e brilhantes quando
ele deixou seu escritório e entrou na cozinha.

—O que está acontecendo? —Eu perguntei imediatamente.

—Nada que você precisa se preocupar.

—Por favor, por favor, não faça isso, Lucas, por favor, não me trate como
se eu fosse uma criança. Eu tenho dezenove anos de idade. Eu não sou mais
criança há muito tempo.

Ele assentiu com expressão desanimada.

—Eu não posso me conter. Não deveria tudo cair em você. Isso não é
justo.

Ele respirou fundo e soltou o ar pela boca. —Papai vai pedir uns poucos
favores a alguns de seus ex-alunos, para ver se eles podem assumir seus pacientes
no consultório, ele vai fechá-lo no momento.

Meus olhos arregalaram com a realização de por que ele estava fazendo
isso. Isso estava realmente acontecendo. Ela estava realmente morrendo.

—Ele quer. —Ele limpou a garganta com uma expressão inquieta,


tentando segurar as lágrimas. —Ele quer cuidar das vontades da mamãe,
certificar-se que tudo está em ordem, e começar a verificar lugares. —Ele limpou
a garganta novamente, balançando a cabeça. —Lugares para o fune... —Ele
292
hesitou por alguns segundos. —Os serviços. —Ele não podia nem mesmo dizer
isso.

Foda-se... eu mesma não podia dizer isso. Como viveríamos com isso?

—Ok. —Foi tudo o que eu pude dizer.

—Ele quer que eu ligue para todos, você sabe, os meninos, Alex, seus pais.
Familiares próximos, somente, para que eles possam se despedir.

—Sim, isso é provavelmente uma boa ideia.

—Você pode chamar Alex e os meninos? Vou chamar todos os outros.

—Sim.

Eu não tinha falado com Jacob desde a véspera de Natal, mas isso não
importava.

Nada importava...

Não mais.

Dez meses.

Esse é o tempo que levou para o telefonema acontecer. Eu gostaria de


poder dizer-lhe que eu não estava esperando por isso. Assim que eu vi seu nome
e belo sorriso aparecer na minha tela, eu sabia.

—Bebê... —Eu disse lentamente, e ela explodiu em lágrimas. —Shhh...


doce menina... shhh... acalme-se. Respire, shhh... ouça a minha voz, respire solte.
Boa menina... shhh... vamos tentar de novo... dentro e fora. Boa menina, bebê.

—Como você sabe? —Ela chorou, fungando, mal falando as palavras.

293
—Você é uma parte de mim. Sempre foi, Kid, sempre será. Quanto
tempo?

—Algumas semanas.

—Vou enviar um e-mail aos meus professores para que eles saibam que
vou tirar uma licença. Eu estarei no próximo voo.

—Ok. —Foi tudo o que pode dizer.

Eu nunca quis tanto dizer a ela que eu a amava como naquele momento.

—Lily, basta lembrar-se de respirar, ok? Eu estarei aí em breve, bebê. Por


favor, apenas respire.

Ela desligou primeiro. Algo me disse que era porque ela não queria dizer.
—Eu te amo.

Demorou dez malditos dias para minha licença ser aprovada pelo gabinete
de Dean. Isso foi depois que eu chamei a porra da área de serviços para os
estudantes para que eles aprovassem imediatamente. Eu tinha que chegar em
casa para Lily, e rápido. Falei ou mandei uma mensagem a ela todos os dias, mas a
cada dia que passava, ela tornava-se mais reclusa, mal respondendo com mais de
algumas palavras. Meu avião pousou às onze horas da manhã dois dias depois.
Minha mãe me pegou no aeroporto, levando-me para casa primeiro para deixar
minhas coisas, antes de eu ir para junto de Lily.

A casa tinha uma estranha calma, o silêncio quase ensurdecedor em torno


de mim. Minha mãe me levou para o quarto da mãe de Lily, e só a visão quase me
deixou de joelhos. Lily estava desmaiada dormindo na cama de sua mãe, com a
cabeça em seu estômago com o braço em volta dela como se ela não quisesse
deixá-la ir. A mãe dela estava esfregando sua cabeça e sinalizando com a outra
mão para eu entrar. Fechei a porta e sentei-me na cadeira que foi colocada ao
lado da cama.

—Tudo bem, podemos conversar. Ela desmaiou. Ela não vai acordar por
um tempo.

294
—Você tem certeza? Eu não quero acordá-la. —Respondi, vendo seus
olhos inchados e pele pálida, ela já parecia minúscula e mais magra. Mesmo em
seu estado atual, ela ainda estava linda.

—Ela não tem dormido ultimamente. Ela está andando por aqui como um
zumbi, quase nenhuma vida nela. Ela tem sido a minha sombra. Sei que ela está
apenas tentando ter o máximo de tempo comigo quanto ela pode. Fiz Lucas
esmagar um comprimido para dormir em seu chá, e ela adormeceu talvez uma
hora atrás. —Ela disse, dando continuidade ao carinho no cabelo de Lily.

Eu assenti não sabendo o que dizer, mas querendo dizer tanto.

—Lembra-se do quanto ela odiava dormir quando era pequena? Quando


ela tinha problemas para dormir, ela amava que seu cabelo fosse tocado, é a
única maneira de fazê-la desmaiar.

Minhas sobrancelhas abaixaram quando eu aceitei suas palavras. Confuso,


para onde esta conversa estava indo.

—Ela ainda tem tanto medo do escuro, então certifico-me de comprar as


tomadas perfumadas com luz sobre elas. Eu espalho pelos corredores, nos
quartos. Em qualquer lugar que eu sei que ela poderia ficar com medo.

Apertei os olhos para ela, mas ela nunca tirou os olhos de sua filha.

—Eu tenho um caderno para lhe dar que começou quando ela tinha nove
anos. Ele tem todas as suas palavras inventadas. Eu escrevi o que elas queriam
dizer, então, quando ela falava comigo eu podia ficar tão animada quanto ela,
quando ela me dizia alguma coisa. É muito mais fácil quando você sabe o que
significa.

Meus olhos lacrimejaram quando percebi o que ela estava fazendo.

—Música sempre faz ela se sentir melhor. Seus favoritos são os clássicos,
como Jimmy Hendrix, Santana. —Ela disse sorrindo para ela, enquanto as lágrimas
começaram a cair pelo meu rosto.

295
—Eu acho que você sabe o porquê. —Ela conscientemente acrescentou.
—Ela monopoliza a cama, não importa se é tamanho king ou duas camas. Você
precisa ter certeza de ficar no meio, e cair no sono em primeiro lugar, porque pela
manhã, você vai estar no final. Isso lhe dará mais algumas horas para ficar
confortável.

Limpei minhas lágrimas quando o lábio começou a tremer. —Ela gosta de


ser tocada. —Sua voz quebrou, e eu juro que meu coração também.

—Não importa onde. Ela adora carinho. Você tem que dizer a ela que você
a ama, e muitas vezes o tempo todo. Isso sempre vai fazê-la sorrir. Ela lhe dirá
que odeia cócegas em sua parte interna da coxa, mas ela adora isso. Você tem
que apertar bem no meio, você sempre terá os melhores risos quando você fizer
isso. — Lágrimas deslizaram pelo seu rosto assim como nos meus, ambos ficamos
engasgados.

Ela respirou algumas vezes, tentando reunir a compostura, e eu peguei a


mão dela, tentando dar-lhe qualquer força que eu pudesse.

—A última coisa, Jacob, e é a mais importante. —Ela finalmente olhou


para mim, com uma expressão que eu nunca esqueceria.

—Eu passei muitos anos entre Lucas e Alex. Eu não vou fazer isso com Lily.
Com você. Eu sei que você ama a minha menina. Sei que a amava até antes de
você mesmo saber. Sua diferença de idade era grande, eu não achei que qualquer
coisa viria disso até que ela fosse mais velha, mas o amor é inesperado. É lindo
assim. É algo que precisa ser valorizado. Eu preciso que você me prometa que
você vai sempre olhar pela minha menina. Que você sempre vai amá-la, protegê-
la, você nunca vai machucá-la novamente, mesmo se você achar que é a coisa
certa a fazer. Você pode me prometer isso?

Eu balancei a cabeça. —Sim, senhora. —Murmurei alto o suficiente para


que ela pudesse me ouvir.

—Ok. — O alívio imediato em seu rosto era como olhar para uma mulher
completamente diferente. —Eu te amo, Jacob.

296
Engoli as lágrimas. —Eu também te amo. —Beijei sua mão, sentindo como
se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros.

Minha mãe faleceu uma semana após Jacob chegar.

Passei todo momento ao seu lado, obtendo o máximo de tempo com ela
quanto possível. Silenciosamente rezando para que quando ela morresse, fosse
um pouco menos doloroso, que a dor que eu sentia no meu coração aliviaria um
pouco. Alguma coisa, qualquer coisa que pudesse tirar a sensação de vazio que eu
sentia cada vez que pensava nela não me vendo casar, não encontrando meus
filhos e ensinando-lhes todas as coisas que ela me ensinou. Essa era a pílula mais
difícil de engolir. Eu estava pensando em meu casamento desde que eu era
criança, como o meu vestido seria, como meu cabelo estaria, as decorações nas
mesas, os esquemas de cores, a lista era interminável. Minha mãe estava lá em
cada cenário. Eu nunca imaginei que ela não estaria lá.

Ela se foi.

Para sempre.

Ela não voltaria.

Olhei para o vestido preto na minha cama, que eu comprei hoje para o
funeral. Eu queria algo que eu pudesse jogar fora depois de usá-lo. Algo que eu
nunca tivesse que olhar outra vez. Eu estava olhando para ele durante a última
hora, temendo colocá-lo. Eu sabia que uma vez que eu o colocasse, tudo isso
realmente aconteceria. Eu estava realmente me preparando para assistir ao
funeral da minha mãe.

—Você não tem que usar isso, Kid. —Jacob anunciou, inclinando-se contra
o meu batente da porta com as mãos em sua calça.
297
—Você está bonito. Bem arrumado.

—Você pode vestir o que quiser. Sua mãe gostaria que fosse assim.

—Eu acho que não posso colocar qualquer coisa. Não importa o que seja.
Eu sei para o que é, por isso não muda nada. —Sussurrei tão baixo que eu não
achei que ele pôde me ouvir.

Ele olhou para mim com uma expressão que eu nunca tinha visto antes,
em seguida, moveu-se da moldura da porta para fechá-la. Ele andou na minha
direção, esticando as mãos para que eu as pegasse.

Eu as peguei.

—Vou ajudá-la a atravessar este dia, Lily. —Ele persuadiu, beijando o topo
da minha cabeça.

Ele lentamente tirou meu vestido, deixando-me em nada, além da minha


calcinha e sutiã. Não havia nada sexual sobre a maneira como ele olhou para mim
ou me tratou. Ele pegou o vestido preto do cabide e me disse para levantar os
braços, suavemente deslizando pelo meu corpo, me ajudando com meus sapatos,
em seguida, penteando o meu cabelo para mim. O gesto me levou às lágrimas.

Ele ficou na minha frente quando acabou, tirando o meu cabelo do meu
rosto, colocando-o atrás das orelhas.

—Você está bonita.

—Não me sinto bonita.

Eu ouvi a mãe de Alex gritar por nós, e ele agarrou minha mão,
sussurrando todos os tipos de coisas reconfortantes para mim antes de sairmos
do meu quarto. Eu mal me lembro de alguma coisa, enquanto eu
inexpressivamente olhava para o carro fúnebre na nossa frente no caminho para
a igreja. Sentei-me entre o meu pai e Lucas, Alex ao lado de Lucas, e Jacob do
outro lado dela. Sentei-me em estado de transe durante todo o funeral. Todos
deram suas condolências para nós, e tudo o que pude fazer foi acenar quando
acabavam.

298
Se eu ouvisse “Sinto muito pela sua perda” mais uma vez, eu gritaria com
quem dissesse isso para mim.

Lucas entregou-me o meu violão no funeral. Eu quase esqueci que eu


cantaria “This Little Light of Mine”, uma canção que minha mãe costumava cantar
para nós quando éramos crianças, enquanto baixavam o caixão ao chão. Não
fiquei perdida na simetria das letras ou das cordas vibrantes contra meus dedos
naquele momento.

Era nada além de uma sensação de vazio.

Eu estava vazia agora.

Depois que o funeral acabou, eu fiquei sentada na minha cadeira,


observando enquanto eles jogavam terra sobre a nova casa da minha mãe.

—Vamos. —Jacob disse, em pé ao lado da minha cadeira.

Ergui os olhos para ele, e foi quando alguém me chamou a atenção.

Austin.

Ele estava em pé na frente de Lucas e Alex, com uma menina vestida com
uma saia lápis preta, e uma camisa de cor correspondente. Suas mangas estavam
arregaçadas, e eu podia ver as tatuagens em seus braços. Ela estava em saltos
altíssimos, e seu cabelo era um tom escuro de roxo. Ela era linda, do tipo durona
e ousada.

—Quem é aquela?

Jacob seguiu o meu olhar. —Essa é Briggs, eu estou supondo que ela é
namorada de Austin.

Foi quando eu dei uma boa olhada em Austin. Ele estava coberto de
tatuagens também, ele parecia mais velho, mais alto, e muito mais amplo do que
eu me lembrava. Eu não o tinha visto em três anos. Ninguém tinha. Nós fomos até
ele, e quando ele me abraçou, eu juro que senti todo o seu remorso por não dizer
adeus a minha mãe. Eles conversaram por alguns minutos e, em seguida, meu
irmão disse que tinha que ir.
299
Minha mãe foi inflexível, ela não queria que ninguém lamentasse sua
morte. Ela queria que nós celebrássemos sua vida. Houve uma reunião no
restaurante do pai de Alex depois do funeral. Não me lembro de muita coisa
sobre isso. Todos os rostos pareciam se misturar, minhas emoções se tornando
dormentes. Vi os bons e velhos meninos, todos os quatro juntos pela primeira vez
em três anos, a sua Pinguinho bem ao lado deles, como todos eles ficavam na
praia.

Pela primeira vez, eu senti que eu não pertencia mais aquele lugar. Eu era
como uma estranha olhando para eles. Foi quando eu dei uma última olhada
neles...

E saí.

—Bom te ver, cara. —Austin disse, afastando-me dos meus pensamentos


enquanto eu procurava por Lily.

—Igualmente, mano. Onde você esteve?

—Em toda parte.

—Com a menina? —Eu balancei a cabeça em direção a Briggs.

—Pela maior parte.

—Ela parece ser problema.

—Em mais de um sentido. Você não tem ideia, cara. Eu acho que há algo
sobre nós, os bons meninos e nossas mulheres. —Ele incitou.

Olhei para ele sem dizer nada, porque honestamente, o que eu poderia
dizer sobre isso? Eu fiz a varredura da região novamente à procura de qualquer
sinal de Lily, enquanto continuava a dar a minha atenção para Austin.

300
—Ouça, cara, eu sei. —Ele nervosamente coçou a parte de trás de sua
cabeça. —Eu sei que... porra... isso parecia muito mais fácil na minha cabeça. —
Ele riu. —Não era meu maldito problema. Lily... bem, ela é Lily. Conhecê-la é amá-
la.

Concordei entendendo o que ele queria dizer muito bem. Era isso.

—Ela teria sorte de ter você, Jacob. Ambos teriam. —Ele disse com
sinceridade em sua voz.

—Eu gostaria que fosse assim tão fácil.

Eu estava começando a ficar preocupado com Lily. Eu não conseguia


encontrá-la em qualquer lugar, e agora não era o momento para ela ficar sozinha.

—Então não valeria a pena. —Ele simplesmente declarou, mais uma vez
me levando para longe de meus pensamentos sobre ela.

Meus olhos arregalaram-se, surpresos com a forma como Austin parecia


adulto. Talvez fosse uma coisa boa que ele tenha partido. Ele definitivamente não
era o mesmo cara de antes de desaparecer.

—De qualquer forma, eu tenho que voltar para Briggs. —Ele fez um gesto
em direção a ela.

—Você vai ficar por um tempo?

Ele encolheu os ombros. —Veremos.

Ele bateu no meu peito algumas vezes e saiu, e eu olhei de volta para a
reunião sem ainda nenhum sinal de Lily...

Eu sabia onde ela estaria.

301
Naquela época

Não demorou muito para eu encontrá-la na praia junto ao cais. Seu cabelo
soprava ao vento enquanto o sol se punha; ela parecia linda por fora, porra, mas
por dentro, eu sabia que ela estava morrendo.

Sentei-me ao lado dela, colocando meu boné de baseball sobre a sua


cabeça.

—Quando isso vai embora? —Ela perguntou fracamente, sem tirar os


olhos das ondas na nossa frente.

—Eu gostaria de poder lhe dizer, Kid.

—Há tantas coisas que eu não disse a ela. — Sua voz era nada além de
dor.

—Ela sabe, Lily. Ela sabia sobre nós, bebê. Não tudo o que aconteceu
entre nós, mas me faz sentir melhor sabendo que eu tinha a sua benção.

—Eu sei, nós conversamos sobre isso. Ela me disse para viver a minha
vida, seja ela qual for. Seguir o meu coração, que ele mostraria o caminho. Tudo o
que importava era que eu estivesse feliz.

—Eu concordo.

—Mentiroso. Se você realmente pensasse assim, você não estaria fazendo


isso conosco. —Ela chorou. —Tudo dói agora. Eu não sei como é não sofrer mais.
É uma parte de mim agora. Eu sinto que estou morrendo o tempo todo, com o
302
pouco do meu ar sendo retirado de meus pulmões a cada dia, apenas o suficiente
para que eu saiba que está faltando. Isso está me matando. E não há nada que eu
possa fazer sobre isso, sabendo que está acontecendo e eu não posso pará-lo.
Tudo o que eu estou fazendo é esperar pelo dia em que não respirarei mais. —Ela
gritou, lágrimas escorrendo pelo seu rosto, caindo na areia debaixo dela.

—Olha para mim, Kid. Você tem a mim. Eu estou aqui. —Lembrei a ela,
tentando desesperadamente fazê-la ver que ela não estava sozinha nessa.

—Como posso esquecê-la? Como posso esquecer-me de você? Como faço


para voltar a ser aquela garota despreocupada que eu era, quando as duas
pessoas que eu mais amo se foram?

—Por favor, Lily, não diga isso.

Ela olhou para baixo, na areia, e foi quando tudo isso se tornou demais
para ela. Ela não aguentou. Ela chorou histericamente, seu corpo tremendo com
cada soluço. Eu acho que ela nem percebeu quando eu a movi para o meu colo,
abraçando-a com força contra o meu corpo. Balançando-a, querendo confortá-la
da única maneira que eu podia. Expressando todo conforto que ela precisava,
uma e outra vez. Isso não ajudou, seus soluços só se tornaram piores, seu corpo
quase em convulsão. Eu não sabia o que fazer.

—Bebê... por favor... você está me assustando pra caramba agora. —Eu a
abracei mais forte, com seu rosto escondido na curva do meu pescoço.

—Eu sinto que estou morrendo, Jacob. Eu sinto que estou morrendo,
porra. —Ela disse, à beira de hiperventilar.

—Eu sei, doce menina, eu sei. Eu gostaria de poder tirar a sua dor.

Eu podia senti-la fisicamente em ruínas, quebrando em meus braços, cada


parte de seu colapso em uma pilha de nada, seus soluços que para sempre me
assombrariam. Peguei seu rosto, precisando olhar em seus olhos, tentando fazê-
la encontrar seu caminho de volta para mim. Ela tentou empurrar minhas mãos,
movendo seu rosto.

—Olhe para mim. Pare de lutar comigo, porra. —Eu pedi.


303
—Eu não posso. —Seu tom foi baixo.

—Olhe para mim, Lillian.

Nossos olhos se encontraram, exceto que pela primeira vez, não havia luz
nos dela. Minha Lily se foi, e tudo o que restava era o seu corpo sem alma.

—Eu preciso de você. Você me entende? Você não pode me deixar. Eu não
vou fazer isso sem você. Eu te amo, Lily. Eu te amo pra caralho, tanto que quase
me mata fisicamente. —Sussurrei em sua boca.

Ela fechou os olhos como se o que eu lhe disse lhe causasse ainda mais
dor.

—Não! —Eu gritei. —Você não vai se esconder de mim. Você está me
ouvindo?

Ela balançou a cabeça sem abrir os olhos. Segurei seu corpo, mais forte
enquanto eu tentava moldar-nos juntos.

Em uma pessoa só.

—Abra seus olhos. Abra os olhos e olhe para mim. Olhe para minhas
verdades, olhe nos meus olhos, tudo o que você quer, tudo o que você conhece
há anos está aqui. Apenas olhe para mim, porra.

Ela mordeu o lábio e relutantemente abriu os olhos.

—Eu. Amo. Você. —Repeti e ela puxou ar, sua respiração estremecendo.

—Você está me ouvindo? Você. Está. Me. Ouvindo?

Eu beijei sua testa, as bochechas, o pescoço, eu queria beijá-la em todos


os lugares ao mesmo tempo. Eu queria mantê-la lá, comigo. Quando eu beijei
seus lábios, ela deixou, sua boca se abriu para mim. Senti a suavidade de sua
língua e o gosto salgado de suas lágrimas. Eu não a senti, minha Lily. Ela só estava
me dando seu corpo. Coloquei minha testa na dela e olhei profundamente em
seus olhos. Eu não vi mais a luz, o amor, a felicidade que era para mim, tudo se

304
foi. Seus olhos eram tão bonitos cada vez que olhava para eles, eles apenas não
eram mais vivos e cheia de vida.

Eles já não estavam ali para mim.

Eu tinha arruinado tudo.

Eu arruinei tudo.

—Por favor, não faça isso. —Choraminguei com uma voz que eu nem
sequer reconheci, eu estava à beira das lágrimas. —Minha doce menina... —Eu
implorei, pegando seu rosto.

Nada.

Nada. Porra

—Eu quero ir para casa agora.

Concordei com lágrimas nos meus olhos.

—Ok, bebê, eu vou te levar para casa.

Eu beijei sua cabeça uma última vez e a levei para casa.

Fazia dez dias que minha mãe morreu, eu sei, porque eu estava contando.
Meu irmão não me deixou fora de sua vista, mal me deixando sozinha por mais de
cinco minutos. Meu pai se jogou de volta ao trabalho, e tudo o que eu tentei fazer
foi manter a respiração. Jacob partiu para voltar para a faculdade alguns dias
depois do funeral, dizendo que a última coisa que ele queria fazer era sair, mas
sua licença de ausência da faculdade expirou, e se ele não voltasse, o tirariam de
suas classes. Eu não me importava. Eu mal lhe dei qualquer atenção enquanto ele
305
estava aqui depois do funeral de qualquer maneira. Ele foi tão chato quanto o
meu irmão, e pelo menos, agora eu só tinha um deles na minha cola. Retirei-me
das minhas aulas da faculdade após o médico nos dizer sobre o prognóstico da
minha mãe, e eu não tinha intenção de voltar tão cedo. O seguro de vida da
minha mãe seria pago nas próximas semanas, e meu pai não queria o dinheiro.

Nem um centavo.

Ela tinha uma apólice de um milhão de dólares que seria dividido entre
Lucas e eu. Para ser honesta, eu não queria esse maldito dinheiro, e eu sabia que
meu irmão sentia o mesmo. No final, era o que minha mãe queria. Ela foi
inflexível que nós pegássemos o dinheiro e fizéssemos o que quiséssemos com
ele. Tudo o que eu sabia, era que eu doaria cinquenta mil à campanha de
conscientização do câncer de mama, e meu irmão também. Meu pai foi a uma
consulta com um consultor financeiro por nós, e eu apenas os deixei lidarem com
isso. Ele estava chateado que eu não voltaria para a faculdade, mas eu era adulta
agora, e não havia muito que pudesse fazer sobre isso. Ficar em casa estava se
tornando sufocante, eu fui até Lucas algumas vezes com a esperança de que ele
tirasse um pouco da dor.

Não funcionou.

Eu não sabia de mais nada. Pela primeira vez na minha vida...

Eu me senti perdida.

—Lily, você tem que sair deste sofá hoje. —Lucas anunciou, entrando na
sala com Mason.

—Lee Lee. —Ele correu para mim.

—Ei, carinha. —Eu o peguei e sentei-o no meu colo, abraçando-o com


força. Ele fugiu do meu colo para ir para seus brinquedos no chão.

—Lily, você sabe que pode ficar aqui o tempo que quiser, mas você tem
que mover-se do sofá todos os dias. Sua bunda está deixando um recuo
permanente nele. —Ele riu, eu não. —Você tem que fazer alguma coisa, qualquer
coisa.
306
Dei de ombros, mudando de canal para o Elmo, e Mason arrastou-se de
volta ao meu colo. Nós assistimos Elmo pelo resto do dia juntos.

Para a desaprovação do meu irmão.

—Alô. —Atendi ao meu celular.

—E aí cara. —Lucas respondeu.

—Como você está?

—Estive melhor.

—Eu sei, mano, vai levar algum...

—Não sou eu. —Ele interrompeu. —Eu posso me jogar no trabalho, em


Mason, eu tenho coisas que podem manter minha cabeça ocupada. Eu posso
continuar. É a minha irmãzinha, cara. Meu pai está perdido em sua cabeça, e eu
acho que ele está fazendo o mesmo que eu. Lily está... porra, eu nem mesmo sei.

—Eu sei. Eu tenho ligado e enviado mensagens, mas ela não responde ou
devolve nenhuma das minhas ligações. Alex diz que está recebendo o mesmo
silêncio dela.

—Sim, Dylan também. Mas na verdade é por isso que estou ligando.
Preciso da sua ajuda. Ela poderia ir para San Francisco, ficar com você por alguns
dias? Talvez isso ajudasse a resolver as coisas.

—Você falou com ela sobre isso?

307
—Ainda não. Tenho certeza que ela adoraria. Ela precisa tirar o rabo do
meu sofá. Você sabe que ela gosta de estar perto da família. Você é como um
irmão para ela, Jacob. Não vai ser problema, eu sei disso.

Sim... eu sou como irmão.

—Alex e eu... estamos... humm... você acha que você poderia dizer a ela?
Dessa forma, ela pode passar algum tempo com Alex também enquanto ela
estiver lá.

Eu queria perguntar a Lucas o que aconteceu entre ele e Alex. Eles


pareciam estar ligados pelo quadril durante os dias que antecederam ao funeral.

Eu não. Inferno, não era da minha conta, caramba, e eu estava passando


pela minha própria merda.

Já me sentia culpado o suficiente por arruinar vidas, de ambos os Ryder.

—Sabe que Lily é bem-vinda aqui a qualquer hora. Você não tem que
pedir.

—Obrigado, cara. —Ele suspirou, aliviado. Eu vou reservar seu voo,


arrumar-lhe uma mala, dizer-lhe que vamos jantar e deixá-la no aeroporto. Vou
levá-la até o avião se eu tiver que fazer isso, porra.

Eu ri nervosamente. —Eu pensei que você tinha dito que ela adoraria vir.

—Em circunstâncias normais, sim, agora? Eu não sei mais, porra.

—Envie sua informação de voo, e eu estarei lá.

—Parece bom. Mais uma vez obrigado, irmão.

Eu desliguei.

Animado para ver Lily, mas nunca esperando pela menina que saiu do
avião.

308
Sentei-me no avião, lívida, porra.

Eu nunca estive tão chateada antes.

Lucas roubou minha carteira, só me deu a carteira de motorista, para que


eu não pudesse pegar um táxi de volta para casa. Não havia ninguém que eu
pudesse chamar. Eu tive que tomar o maldito voo. Ele disse que Jacob me pegaria
no aeroporto, e ele disse que isso seria bom para mim. Ele disse um monte de
besteira que eu não ouvi, porque eu me desliguei depois que ele disse o nome de
Jacob. O avião pousou em quatro horas, e eu propositadamente demorei muito
para começar a retirada da bagagem.

Jacob já estava ali, parecendo bonito como sempre, com a minha mala já
ao lado dele.

—Ei, Kid. —Ele me cumprimentou quando fui até ele.

—Oi.

Ele me puxou para um abraço, mas eu mantive meus braços para baixo,
eu não queria estar lá. Eu não me importava se eu estava agindo como uma
criança. Eu estava com raiva de ambos por fazerem isso comigo. Especialmente
sem o meu mínimo consentimento.

—Como foi seu voo?

Dei de ombros, andando ao lado dele para sair do aeroporto.

Ele olhou para mim. —Você está com fome?

Dei de ombros novamente, e ele agarrou meu braço, virando-me para


encará-lo.

—É assim que vai ser pela próxima semana?

309
—Eu não sei, Jacob, me diz você. Desde que você e meu irmão são tão
bons em planejar minha vida, você pode me dizer como eu deveria agir.

Ele arregalou os olhos como se não estivesse esperando eu atacar, mas foi
rapidamente substituído por um pequeno sorriso. —Jantar, então.

—Eu não estou com fome. —Respondi imediatamente.

—Kid, deixe de ser uma merdinha. Apenas deixe-me alimentá-la, porra.

—Bem. — Eu sorri. —É com o seu dinheiro, Lucas tomou todo o meu. —


Abri a porta e entrei no carro.

Ela não disse uma palavra no jantar.

Tentei iniciar várias conversas e recebi nada mais do que um encolher de


ombros em resposta. Ela brincou com a comida dela, rolando-a em seu prato com
o garfo. Parecia mais magra do que a última vez em que a vi, com os olhos ainda
vazios de vida, e cheios de tristeza. Ela parecia vazia, e tudo o que eu desejava,
era aquele pequeno pedaço de luz que eu tanto amava sobre ela. Eu aluguei
filmes para assistirmos, pensando que talvez ela me deixasse segurá-la, tentasse
confortá-la, mas ela sentou-se no sofá mais distante de mim. Ela desmaiou bem
cedo no filme, e foi aí que me lembrei, Lucas disse que ela não estava dormindo.
Levei-a para o meu quarto, e ela nunca pareceu tão leve antes. Ela não se mexeu
quando a deitei na cama, colocando os cobertores em cima dela. Sentei-me na
beirada da cama, olhando para ela por não sei quanto tempo.

A próxima coisa que eu sabia é que tinha luz lá fora, e eu estava


esfregando o sono dos meus olhos, para encontrar Lily olhando para mim com um
olhar irreconhecível.

310
Olhei ao redor do quarto, percebendo que eu tinha adormecido na parte
inferior da cama. Ela ainda estava enfiada no mesmo lugar em que eu a coloquei
na noite passada. Pelo menos agora ela parecia um pouco descansada, mas o
brilho que ela sempre esteve sobre ela, ainda estava desaparecido. Eu estava
começando a me perguntar se eu nunca o veria novamente.

—Eu devo ter desmaiado. Eu tinha toda a intenção de dormir no sofá. —


Eu a deixei saber.

—É a sua cama.

Eu ignorei o comentário sarcástico, olhando para o relógio na mesa de


cabeceira. —Droga, é meio-dia. Você dormiu durante catorze horas, Kid.

—Então.

—Eu só queria dizer que é ótimo. Lucas disse que você não tem dormido.

—Você tem uma cama confortável. Não tem nada a ver com você.

Sentei-me, chocado pela sua resposta. —Desculpe-me? Quer tentar de


novo?

—Por quê? Você me ouviu da primeira vez.

Eu zombei. —Com quem está falando, Lily?

—Você. Você é a única pessoa no quarto.

Abri a boca, mas rapidamente a fechei, mantendo meu temperamento


escondido. Eu tinha que me lembrar de que ela ainda estava de luto. Ela havia
passado por muita coisa. Eu precisava lhe dar alguma folga, quando o que eu mais
queria era jogá-la por cima do meu joelho e lembrá-la de com quem ela estava
falando.

Eu fiquei de pé. —Vou tomar um banho e fazer o café da manhã. Você é


livre para se juntar a mim, se quiser. —Eu fui embora.

311
—Para o chuveiro ou o café da manhã? Porque nenhum soa muito
atraente.

Eu congelei. Agora ela estava apenas me provocando, porra.

Respire fundo, Jacob, ela está sofrendo. Sua mãe acabou de morrer.
Respire... Não é você. É a dor dela.

Girei para encará-la. —Kid, você precisa comer. Você está magérrima.
Depois de comer, você pode voltar e deitar-se na cama, eu não me importo. Mas
eu vou alimentá-la enquanto estiver aqui. Você me entendeu?

Ela estreitou os olhos para mim de uma maneira destrutiva. —E a outra


coisa? Ou será que o meu corpo magro não lhe agrada? Pelo menos eu não sou
mais uma criança. Ou era apenas desculpas para não ficar comigo? O que, Jacob,
eu preciso ganhar peso para os seus sentimentos voltarem?

—Voltar? O que...

—Se você não vai tomar um banho, então, eu vou. —Ela pulou da cama e
foi direto para o banheiro, terminando nossa discussão tão abruptamente quanto
começou.

O resto do dia ela mal falou comigo. Ela continuou assim durante os
próximos três dias. Não importava o que eu fizesse, ou o que eu dissesse, o seu
comportamento não alterava. Eu tive que ficar me lembrando de que ela estava
sofrendo. Que era sua dor expelindo coisas ruins, e que não tinha nada a ver
comigo. Eu estava permitindo que ela atirasse suas frustrações em mim, e tanto
quanto me provocava para responder, eu banquei o bonzinho.

Por agora.

Alex chegou a sair com ela enquanto eu estava na faculdade. Ela disse que
Lily realmente não tinha falado muito com ela. Ninguém parecia ser capaz de
chegar até ela, então eu decidi tentar algo diferente. Eu pedi seu tipo favorito de
pizza, abacaxi e pepperoni. Eu não podia suportar essa merda, mas tentaria
qualquer coisa nesse ponto. Eu aluguei uma quantia obscena de filmes de
meninas, e até peguei um pouco de seu sorvete favorito, manga alperce sorbet.
312
Fui à três lojas diferentes para encontrar a maldita coisa, mas eu estava
esperando que tudo valesse a pena. Eu queria vê-la sorrir. Uma vez, e isso seria o
suficiente para mim.

Eu estava sentado no sofá com tudo na mesa de café, quando ela saiu do
meu quarto depois que ela tomou um banho. Ela congelou logo que viu a
arrumação sobre a mesa, mas sua expressão não indicou qualquer coisa que ela
estava sentindo. Ela meio que ficou lá.

—Eu pensei que nós poderíamos sair hoje à noite, como costumávamos
fazer. —Eu disse, quebrando o silêncio entre nós.

—Por quê?

—Eu sinto sua falta. Estou preocupado com você.

—Claro. Isso é sempre o seu motivo.

—Kid, se você finalmente vai falar comigo, eu vou precisar que você não
fale em uma porra de código.

—Bem, então eu não vou falar com você. —Ela virou e eu fui até ela, e a
virei para me enfrentar antes mesmo que ela desse o primeiro passo.

—Chega desta besteira. Eu lhe dei espaço, tempo, permitindo-lhe levar as


coisas. Mas não posso aguentar tudo. Eu cheguei ao meu limite com você. Eu
cansei, certo? Você está me machucando, Lily. Todo mundo. Você só está
afastando as pessoas e dizendo merdas. Eu não sei o que mais posso fazer por
você.

—Eu não pedi para vir aqui. Eu não preciso de você para cuidar de mim. Eu
nem quero estar aqui.

—Então o que você quer, Lily? Porque ninguém sabe, porra, nem mesmo
eu.

—Especialmente você! Você nunca sabe nada sobre mim! Então isso não é
novidade.

313
—Isso é certo? —Eu perguntei.

—Sim. —Ela tentou puxar o braço, mas eu não deixei, e apenas a segurei
mais forte.

—Solte-me!

—Não até que me diga por que você está agindo como uma merdinha.

Ela não vacilou. —Foda-se.

Eu imediatamente a afastei de mim, e ela perdeu o equilíbrio. Peguei


ambos os braços e a sentei no balcão, colocando seu corpo entre as pernas. Ela
tentou se afastar, mas eu a segurei firmemente, com as mãos ao redor da cintura
dela, ela não ia a lugar nenhum, a menos que eu quisesse.

—Vamos tentar novamente. Pare de me testar, menina, porque eu


prometo a você que não vai acabar bem para você. Agora, qual diabos é o seu
problema? Eu sei que isso não pode ser tudo sobre sua mãe.

Silêncio.

—Puta que pariu, Kid, diga-me? —Pedi.

—Você não pode fazer isso! —Ela gritou. —Você não po...

—Tente me parar, Lily.

Ela tentou empurrar-me para longe, tentou empurrar minhas mãos, meu
corpo, qualquer coisa para que ela fosse capaz de se libertar e fugir. —Você
sempre faz isso. Você sempre me maltrata, não é justo!

Segurei suas mãos, bloqueando-as ao seu lado, e ela gritou em frustração,


seu corpo se debatendo.

—O que não é justo, Kid? Que você me ame? É isso que não é justo?

—Não!

314
—Nós podemos fazer isso do seu jeito ou do meu? Mas de qualquer
forma, você vai me dizer, porra.

Ela tentou um pouco mais até que ela percebeu que não ia a lugar
nenhum. —Você está sendo um idiota!

—Azar o seu... eu não dou a mínima. —Segurei suas coxas, bem no meio,
pela primeira vez, exatamente como a mãe dela me disse para fazer, e ela parou
imediatamente. Nós focamos nossos olhares, o conhecimento do que eu estava
prestes a fazer estava claramente escrito em seu rosto.

Eu sorri.

Convencido, e ela se perdeu.

Eu chutei minhas pernas por todos os lugares, meu corpo tremendo


incontrolavelmente. Mordi o lábio tão forte que eu pensei que sangraria.

Eu não riria. Eu não podia rir.

O que o fez apertar mais, contraindo os dedos diretamente no músculo, a


ponto de doer. Era como quando você bate em seu osso, e dói como um filho da
puta, mas isso faz com que você ria da dor. Eu não aguentava mais, e eu gritei,
rindo histericamente e gritando, tudo ao mesmo tempo. Seu corpo firmemente
preso no meu, dando-lhe a vantagem de me torturar misericordiosamente e sem
remorso.

—Diga e eu vou parar. —O prazer em sua voz era evidente.

Ele pressionou com mais força, a minha garganta ardia e minha voz soava
rouca.

315
—Você tem cinco segundos para deixar de ser uma merdinha teimosa,
antes que realmente não tenha piedade de você. Cinco... quatro...

Eu lutei mais e ri mais alto.

—Três... dois...

—Eu esperei tanto tempo! —Gritei tentando recuperar o fôlego, e ele


finalmente parou, porra.

—Pelo quê? —Ele impacientemente acrescentou.

Eu respirava com dificuldade, dentro e fora, meu peito subindo e


descendo, meu coração batendo forte em meu peito. Meu corpo estava quente,
com suor formando em minhas têmporas. Engoli a saliva que juntou na minha
boca.

—Pelo que? —Repetiu, agarrando minhas coxas doloridas só um pouco. A


expressão em seu rosto tornou-se rapidamente aquecida.

—Deus, Jacob, para alguém que vai ser um advogado, com certeza você
não pode pegar uma pista. —Eu sorvi uma respiração profunda, meu lábio
trêmulo do que eu estava prestes a dizer. —Eu esperei tanto para ouvi-lo dizer
essas três palavras para mim, e quando você finalmente diz... quando você
finalmente disse isso para mim... eu estou no meu pior. Eu não preciso de sua
pena. Eu estava sofrendo bastante. Você não tem que adicionar isso.

Sua testa franziu em confusão. —Que diabos você está falando?

—Ah meu Deus, eu tenho que soletrar para você? Você disse que me
amava, porque minha mãe morreu. Eu estava caindo aos pedaços na sua frente, e
você disse que me amava só para me fazer sentir melhor. Eu nunca quis que fosse
dessa forma. Eu queria que você sentisse quando dissesse a primeira vez para
mim, não porque você se sentiu mal por mim.

Ele balançou a cabeça, e eu não pude dar uma boa olhada no rosto dele,
antes que ele me levantasse do balcão, carregando-me como se eu não pesasse

316
nada para o sofá. Ele sentou-nos juntos, fazendo-me escarranchar em seu colo, e
agarrou meu queixo para que eu pudesse olhar para ele.

—É o que você acha? —Perguntou, parecendo não acreditar que eu


pudesse pensar isso.

—Como você espera que eu não ache isso? Você olhou para mim com
pena, não com amor. —Rebati.

—Você me conhece, Kid. Você me conhece melhor do que isso.

—Eu pensava que sim. Eu esperava que sim. Foi apenas muito, Jacob.
Você mentiu para mim durante um ano inteiro, fazendo-me pensar que você se
apaixonou por outra pessoa. Você tem alguma ideia do que isso me fez? Como
isso me fez sentir? Então você a trouxe e a exibiu no meu rosto? Isso é cruel,
mesmo eu sabendo a verdade. E se eu não soubesse?

—Eu queria que você me odiasse. —Ele suspirou, sua expressão com nada
além de remorso.

—Eu o odiei. —Fiz uma pausa para deixar minhas palavras penetrarem. —
Mas eu também o amei. Eu nunca deixei de amar, e eu o odiava mais por isso.
Então, minha mãe piorou e, em seguida, seu funeral... foi uma coisa depois da
outra. Eu nunca esperei que você dissesse para mim naquele dia. Não queria
assim. Nunca assim. Esse não era o jeito que eu queria, eu não quero olhar para
trás, e lembrar que você me disse pela primeira vez que me amava, no dia do
funeral da minha mãe, porque você sentiu pena...

—Eu te amo.

Meus lábios separaram e minhas sobrancelhas ergueram. Eu não estava


esperando isso.

—Eu. Amo. Você. —Ele repetiu com tanta convicção.

Eu não sabia o que dizer. Eu mal sabia o que sentir.

—Aquele dia foi um dos piores dias da minha vida, Lily. Eu nunca vi você
tão perdida, tão vazia. Isso me assustou pra caramba. Eu não tenho pena de você,
317
doce menina. Eu quis dizer isso há anos. Ver você quebrando, desmoronando em
meus braços, sentindo a sua dor; eu tinha que dizer isso a você naquele
momento. Eu te amo. Eu sempre amei.

Olhando profundamente em seus olhos verdes, eu podia ver suas


verdades. Eu aceitei suas palavras, todas e cada uma delas desde o prognóstico
da minha mãe.

—Eu também te amo. Claro, você já sabe disso, apesar de tudo. —Eu ri e
assim ele também.

Mordi o lábio, de repente, nervosa. Jacob estendeu a mão e a colocou


sobre meus lábios, traçando para frente e para trás com o polegar. Eu não sei o
que deu em mim, mas eu comecei a traçar seu polegar com a ponta da minha
língua. Seus olhos dilataram, observando-me com um brilho predatório em seus
olhos. Chupei-o em minha boca, delicadamente o mordendo. Ele deixou seu
polegar alguns segundos, sem quebrar o nosso contato visual quando eu girei
minha língua em torno dele, amando o efeito que eu tinha sobre ele.

De repente, ele o tirou da minha boca, e puxou com força a minha nuca.
Minha respiração travou enquanto sua boca colidia com a minha.

Beijar Lily depois de todo esse tempo, foi como voltar para casa.

Ela era a minha casa.

Tão pura, tão inocente, tão angelical.

Tão minha.

Ela possuía meus pensamentos.

318
Ela possuía meu coração.

Ela preenchia minhas necessidades e desejos.

—Você é tão bonita, porra. —Gemi, querendo reivindicar cada centímetro


de seu corpo.

Toquei seu rosto, os lábios, o pescoço, parando uma vez que cheguei ao
seu coração. Ele estava batendo forte, rapidamente, contra os meus dedos.

—É seu. —Ela estendeu a mão para a bainha de sua camisa, e levantou-a


sobre a cabeça, jogando-a no chão ao nosso lado. —Sou sua. Sempre.

—Lily...

—Por favor, Jacob, não me faça implorar.

Rosnei, beijando-a com fervor e levantando-a do sofá. Chutei a porta do


quarto para abri-la e deitei seu corpo na cama, nunca quebrando a nossa ligação.
Tirei o sutiã, joguei para o lado, sua calcinha rapidamente o seguiu, deixando-a
completamente nua para mim. Eu me inclinei para apreciar seu belo corpo,
tocando sua pele sedosa. Ela tinha a pele mais macia que eu já senti.

—Eu te amo. Eu te amo pra caramba. —Expressei novamente, querendo


marcar em seu coração e alma.

—Prove para mim. —Ela ofegava. Pronta para o que eu tinha planejado
fazer com ela. Olhei para o seu rosto, e tudo que eu podia ver era a ânsia, de um
jeito que nunca tinha visto antes.

—Faça amor comigo. —Ela implorou num tom estridente. —Eu pertenço a
você. Eu sempre pertenci a você. Por favor, Jacob...

—Shhh... —Inclinei-me, sussurrando contra seus lábios. —Deixe-me cuidar


de você. Eu não quero feri-la. —Eu a beijei uma última vez antes que seguisse
pelo corpo dela, beijando e lambendo suavemente cada centímetro de sua pele.

—Jacob. —Ela murmurou, seu corpo estremecendo quando eu trouxe a


sua buceta para a borda da cama. Eu gentilmente beijei ao redor de suas coxas,
319
soprando ar mais perto quando cheguei onde ela mais queria. Minhas mãos
agarraram suas coxas quando eu levemente beijei seu clitóris, espalhando beijos
suaves em todo seu monte. Suas mãos imediatamente foram para o meu cabelo.
Abri-a mais ainda, levemente beijando e lambendo todo seu calor. Eu já podia
sentir seu gosto na minha língua. Sua respiração aumentando quando eu tomei
seu clitóris em minha boca, movendo a cabeça de um lado a outro.

Eu nunca tirei meus olhos dela enquanto a observava agarrar forte os


lençóis, e seu clímax aumentando mais e mais. Foi quando eu coloquei meu dedo
dentro dela, e ela estava molhada pra caralho. Tentei empurrar um segundo
dedo, querendo esticá-la tanto quanto eu pudesse. Sabendo que não importava o
que eu fizesse, isso ainda seria doloroso para ela. Eu podia sentir seu orgasmo
perto, quando seus quadris começaram a mover-se por conta própria contra os
meus dedos e língua.

—É isso, bebê, foda meu rosto como você ama. — Um minuto depois eu
provei seu clímax, e eu não parei até que ela estava quebrando acima de mim,
segurando as pernas para baixo, e me implorando para parar. Eu parei, e com os
olhos cheios de luxúria, ela me observou despir-me. Abri minha mesa de
cabeceira e peguei um preservativo.

—Você não precisa disso. Estou tomando pílula. Ela regula o meu período.
Você foi testado?

Eu me arrastei até o seu corpo, posicionando-me em sua entrada.

—Estou limpo, eu sempre uso preservativos.

Ela sorriu.

—Diga-me se eu te machucar.

Ela assentiu, mordendo o lábio inferior enquanto eu gentilmente


empurrava para dentro, a sensação dela ao meu redor, palmo a palmo, foi
imediata, e quase demais para suportar. Eu podia dizer que estava a machucando,
pelo olhar em seu rosto. Abaixei-me e esfreguei seu clitóris já sensível; sua
respiração travou e os lábios entreabriram. Tornando sua buceta muito mais
apertada, porra.
320
—Está tudo bem? —Eu empurrei um pouco mais.

—Humm... Foi tudo que ela pôde responder.

—Eu estou quase lá. Merda, querida, você é tão apertada, porra.

—Eu sinto muito. —Ela suspirou.

Eu ri contra seus lábios. —Você é minha. Para sempre minha.

Eu nunca estive com uma virgem antes, nunca quis fazer nada
desprotegido. O fato de que eu estava experimentando isso com Lily, era a
melhor coisa que tinha acontecido comigo.

Ela era a melhor coisa que tinha acontecido comigo.

Eu levei um momento quando eu estava totalmente dentro dela,


inclinando-me para trás para dar uma boa olhada nela, querendo me lembrar
dela desta forma, para sempre. Seu cabelo castanho, longo e sedoso, espalhado
por todo o meu lençol; a maneira como suas bochechas estavam levemente
coradas, como o rubor arrastou até seu pescoço, como seus lábios estavam
inchados do meu toque, e seus olhos serenos vidrados.

Tão bonita.

Tão, bonita, porra.

Tão minha, porra.

Eu coloquei um beijo suave na pulsação em seu pescoço, amando a


sensação dele batendo contra os meus lábios. Seus olhos castanhos escuros me
olhavam com adoração enquanto eu pegava o que eu precisava.

O que ela me dava.

Olhei para ela, e ela sorriu timidamente enquanto eu beijava o caminho


até os seios, tomando seu mamilo perfeito em minha boca, fazendo-a gemer.

Porra, eu adorei quando ela gemeu. Isso fez o meu pau contorcer dentro
dela.
321
—Jacob, venha até aqui. Eu quero sentir todo o seu peso sobre mim.

Eu coloquei o meu corpo completamente no dela, como eu sabia que ela


amava, prendendo-a com meus braços em torno de sua cabeça, para que as
minhas mãos pudessem acariciar seu rosto. Meu tronco tocava seu peito, e
minhas pernas estavam firmemente travadas ao lado dela. Cada vez que eu
empurrasse, ela poderia sentir o peso do movimento do meu corpo, inclinando-a
um pouco mais a cada vez. Eu suavemente a beijei, tomando o meu tempo com
cada curso da minha língua tecendo em volta da dela. Saboreando a sensação
aveludada da minha boca reivindicando a dela, empurrando dentro e fora de seu
núcleo molhado e apertado algumas vezes, antes que eu me afastasse,
precisando olhar em seus olhos novamente. Eu adorava ver as emoções que ela
sentia através do seu olhar. Espelhando cada sentimento dentro de mim, a um
grau que eu nunca entendi muito bem, mas eu não me importava, porque estava
lá.

Era para mim.

Somente. Para. Mim.

Meu polegar roçou seu rosto, e ela sorriu quando beijei a ponta do seu
nariz, empurrando um pouco mais rápido. Posicionei meu joelho um pouco mais
alto, e sua perna inclinou com a minha. Sua respiração acelerou, e eu sabia que
estava batendo melhor no seu ponto G a partir desse ângulo.

—Isso é bom?

—Sim... ainda arde, mas é bom.

Abaixei-me e brinquei com seu clitóris novamente.

—Sim... isso é... isso é muito melhor... ah...

Eu gentilmente agarrei a parte de trás do pescoço para manter os nossos


olhos se encontrando. Minha testa pairava acima dela quando prendemos nossa
respiração, tentando encontrar nosso ritmo perfeito.

—Não feche os olhos.

322
Ela assentiu ofegando fortemente, seu coração batendo rápido contra o
meu. Seu corpo começou a tremer, e eu trouxe seus lábios para encontrar os
meus, empurrando minha língua em sua boca ansiosa, aguardando.

—Diga. —Rosnei enquanto a beijava.

—Jacob. —Ela suspirou, e eu juro que meu pau ficou mais duro.

Nossas bocas separaram-se, e agora nós dois estávamos


incontrolavelmente ofegantes, tentando desesperadamente agarrar-nos a cada
sensação de nossa pele. Senti que começava a me desfazer, e ela estava ali
comigo.

—Eu te amo. —Eu me vi dizendo, antes mesmo de me dar conta.

—Jacob, Jacob, Jacob. —Ela repetiu várias vezes, gozando em meu eixo, e
me levando direto com ela. Eu oscilei com a minha libertação e apaixonadamente
reivindiquei sua boca mais uma vez.

Minha.

323
Naquela época

—Nossa, então esse é o grande alarido, hein? —Perguntei enquanto ele


pairava acima de mim, olhando para mim com tanto amor em seus olhos, que me
deixou de joelhos bambos.

—Não, bebê, isso é só comigo.

Eu sorri.

—Eu te machuquei?

Eu balancei a cabeça, amando o peso dele em cima de mim. —Doeu um


pouco no início, mas eu sabia que aconteceria. Essa foi a melhor coisa que já me
aconteceu.

—Para nós, bebê. Para nós.

—Existe um “nós”?

—Sempre existiu um “nós”.

—Isso significa que... quero dizer que estamos ... você...

—Nunca vou deixá-la novamente. Eu te amo.

Meu coração disparou. Era tudo que eu sempre quis ouvir saindo de seus
lábios.

—Você quer dizer isso mesmo? —Eu precisava ouvi-lo dizer isso.
324
—Você é minha, Lily.

Nós ficamos assim por não sei quanto tempo, mas a próxima coisa que eu
sabia, é que amanheceu, e eu estava envolta em seus braços, nós dois ainda nus.
Senti como se tivesse corrido uma maratona, porra. Meu corpo todo dolorido.
Movi a minha perna um pouco mais, e meus olhos abriram, mas Jacob já estava
acordado e olhando para mim.

—Meu amigo já está acordado? Brinquei com ele na noite passada.

—Ele está viciado em você assim como eu.

Eu sorri.

—Está dolorida?

Eu balancei a cabeça. —Estou, mas é um tipo bom de dor.

Ele sorriu, esfregando a parte de trás da minha cabeça.

—Que horas são?

Ele olhou para o relógio. —Merda. Quase meio-dia. O que há com você e
eu dormindo toda a manhã?

—É o que lagostas fazem. —Eu simplesmente declarei.

—Eu te amo.

Eu sorri, não pude evitar. Meu coração disparava cada vez que eu o ouvia.

—Eu não quero ir. —Expressei, lembrando que ia embora em três dias.

—Vou voltar com você.

—Você vai? —Eu perguntei, sentando-me e puxando o lençol comigo.

—Lily, eu fiquei longe todos estes anos por uma razão. Eu tornei ambas as
nossas vidas miseráveis por uma razão. Eu não deveria estar com você assim, mas
agora que eu estive... não há como voltar atrás. Eu quis dizer o que eu disse
ontem à noite. Você é minha, porra. —Ele afirmou, a posse em seu tom.
325
—Então para onde vamos a partir daqui?

—Eu termino a faculdade de direito em menos de um ano. Vamos fazer


funcionar. Eu vou voltar com você para falar com Lucas, falar com seu pai. Deixá-
los saberem o que está acontecendo. O que vem acontecendo há anos, Kid.

—Sério? Você promete?

—Eu não vou mentir para você novamente. Eu não posso.

Eu pulei em cima dele tão rápido, que se ele não estivesse sentado contra
a cabeceira, teríamos caído para trás. Eu montei em seu colo, todo o meu corpo
deitado em cima dele, abraçando-o apertado.

—Você me faz tão feliz! —Sentei-me, olhando para ele. —Vamos


realmente fazer isso? Dessa vez é real? Tudo isso?

Ele balançou a cabeça, olhando para mim com adoração e amor em seus
olhos.

—Meu pai provavelmente já sabe. Minha mãe sabia, não acredito que ela
não tenha dito a meu pai.

—Não importa. Eu cuidarei disso. Eu vou cuidar de você, bebê.

Lambi meus lábios, a boca seca, de repente. —Meu irmão... Lucas é...

—Vou lidar com tudo. Não se preocupe com Lucas, não se preocupe com
nada. Eu prometo, Lily, tudo ficará bem de agora em diante. Eu vou fazer isso
direito.

—Eu realmente quero te beijar. —Eu sorri. —Mas eu tenho que escovar os
dentes.

Ele riu, agarrou a parte de trás do meu pescoço e me beijou de qualquer


maneira. Nós tomamos banho juntos pela primeira vez. Ele fez todos os tipos de
coisas incríveis com sua língua, enquanto ele me empurrava contra a parede de
azulejos e, em seguida, novamente em sua cama. Passamos o dia inteiro lá,

326
explorando nossos corpos de maneira que nunca fizemos antes. Eu amei cada
segundo disso. Nunca querendo que este momento terminasse.

Os próximos três dias passaram rápido demais. Ele mostrou-me alguns


lugares em San Francisco. Ele foi inflexível que não poderíamos ficar na cama o
tempo todo, mesmo que isso fosse tudo o que eu quisesse fazer. Eu me
transformei em uma safadinha, enquanto Jacob me excitava, mas ele
definitivamente compensou o tempo perdido, passando a maior parte do seu
tempo dentro de mim. Nós batizamos todo o seu apartamento e, em seguida, de
novo, e ele sempre verificando se eu estava bem. Era o lado mais doce que eu já
tinha visto dele, e isso me fez perguntar quantas coisas que eu ainda aprenderia
sobre ele.

As possibilidades eram infinitas.

Eu pisquei e era domingo, mas isso não importava, porque Jacob voltaria
comigo. Ele me deixaria em casa primeiro, para que eu pudesse passar algum
tempo com meu pai e Lucas. Ele mandou uma mensagem a Lucas, dizendo que
ele queria encontrá-lo para o café da manhã, no restaurante dos pais de Alex, na
manhã seguinte. Ele queria falar com Lucas primeiro, sozinho. Ele não me queria
lá. A mesma coisa com meu pai, ele pararia no seu consultório na hora do almoço.
Ele falaria com ambos, para deixá-los saber o que estava acontecendo, e então eu
esperava que, até segunda-feira à noite, tivéssemos a bênção deles.

Daí nós poderíamos avançar...

Juntos.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estava nervosa. Não tanto sobre
o meu pai, mas definitivamente sobre Lucas. Esta seria, provavelmente, a notícia
mais difícil de engolir. Jacob disse que queria ser completamente honesto com
ambos, dizer-lhes o que estava fazendo, e apagar os últimos anos. Ele estava
cansado de ser mentiroso, e orei que a verdade nos libertasse. Eu estava
preparada para o pior, no entanto, eu não queria perder meu irmão, não depois
de tudo o que acabamos de passar. Ele e meu pai eram tudo que eu tinha. Eu não
podia perdê-los.

327
Mas por Jacob...

Por Jacob eu poderia.

Eu o amava muito.

Eu o amava mais do que tudo.

Ele alugou um carro quando chegamos ao aeroporto, dizendo que seria


mais fácil para ele se locomover. Ele segurou minha mão toda à viagem de volta
para minha casa, ansiedade e nervosismo me consumiam, e Jacob estava calmo e
sereno. Ele parecia não ter nenhuma preocupação. Ele parecia mais feliz do que
eu o tinha visto. A carga de todas as nossas mentiras prestes a desaparecer. Era
como se ele tivesse encontrado a paz.

No momento em que Jacob parou na minha garagem, eram três horas da


tarde.

—Tudo vai ficar bem, Kid. Eu prometo. Relaxe. A próxima vez que eu a vir,
não haverá mais segredos. Você me entende?

Eu balancei a cabeça, porque eu não conseguia encontrar as palavras para


expressar como eu realmente me sentia, e isso não importava, ele já sabia.

Ele beijou-me profundamente, agarrando os lados do meu rosto do jeito


que eu amava.

—Eu te amo, Lillian. Nunca se esqueça disso. Eu te ligo mais tarde, e eu


vou vê-la amanhã à noite.

—OK. —Mordi o lábio e saí do carro. Jacob me ajudou com a minha mala,
me beijou mais uma vez e voltou para o carro.

—Jacob! —Eu entusiasticamente gritei antes que ele partisse.

Ele parou, inclinando a cabeça para o lado.

—Eu também te amo.

Ele sorriu. —Tchau, doce menina.

Eu o assisti sair e entrei, contando as horas até amanhã à noite.


328
Eu não estava nervoso.

Por anos eu pensei que ficaria. Era diferente agora. Tive a bênção de sua
mãe mesmo que soasse brega, e isso me fez sentir melhor. Eu sabia que o pai dela
tinha que saber alguma coisa, talvez não na medida em que sua mãe sabia, mas o
suficiente para que ele não ficasse surpreso ao ver-me de pé em seu consultório.
Lucas, por outro lado, seria uma bomba-relógio do caralho. Não havia nenhuma
dúvida sobre isso, e eu não queria nem imaginar como ele reagiria. Não
importava. Eu aguentaria cada golpe, verbal ou físico. Eu voltaria para ela, com ou
sem o seu consentimento.

Eu estava rezando para que ele entendesse.

Os carros dos meus pais não estavam na garagem. Ainda era muito cedo,
então eu assumi que estavam na fazenda, na cidade, como todos os domingos
desde que eu era criança. Eu queria surpreendê-los, eu não os tinha visto desde o
funeral, e eu sabia que eles estavam se segurando tanto quanto todos os outros.
Eles eram todos melhores amigos. Abri a porta e entrei na minha casa, deixando a
minha bagagem na porta e indo para a cozinha. Peguei um copo de água e fui até
o quarto dos meus pais, para pegar o meu cartão de segurança social, e minha
certidão de nascimento do seguro, para algumas aplicações de estágio.

Abri a porta e parei no meio. No mesmo instante, o copo caiu da minha


mão, quebrando no chão, cacos de vidro e água derramando pelos meus pés. De
repente, tudo aconteceu em câmera lenta.

—Porra! —Papai gritou, puxando para fora dela e puxando a calça para
cima. Ela gritou, saltando para fora da cama, correndo para pegar suas roupas
espalhadas.

O filho da puta fez o mesmo.

Eu. Parei. De. Respirar.

329
Tudo o que eu podia ver, era meu pai enquanto ele a fodia por trás, porra,
seus seios saltando, agarrando seus quadris enquanto ele martelava nela, ambos
cobertos de suor.

Uma mulher...

Uma mulher que não era a minha mãe.

Reconheci-a enquanto ela passava por mim e saía do quarto. Ela esteve
trabalhando na loja durante anos. Minha mãe…

Porra, a minha mãe.

Foi quando eu saltei para ele, empurrando-o contra a parede. —Como


você pôde fazer isso com a minha mãe? Seu pedaço de merda!

—Jacob. —Ele disse entre dentes, segurando minhas mãos que estavam
em sua camisa de colarinho.

—Responda-me, maldito. —Exigi com os dentes cerrados.

—Solte. Agora. —Ele ordenou em um tom que eu nunca poderia respeitar


novamente.

Eu soltei, mas não porque eu quis. Eu fiz isso pela minha mãe.

—Eu não posso acreditar que você está fazendo isso. —Minha mão
apontava para a cama. —Na casa, que ela fez a porra de um lar! Em seu maldito
quarto! Você é um filho da puta. —Rugi, pronto para ir para ele novamente.

Ele colocou a mão na frente dele, sabendo o que eu estava pensando. —


Não é o que você pensa.

—Não é? Eu não encontrei você transando com outra mulher?

—Jacob... sua mãe e eu. Jesus Cristo. —Ele esfregou a testa. —Tem sido
anos. Anos desde que fui feliz.

—Então isso é desculpa para você ter um caso? Você não pode estar
falando sério?
330
—Ela sabe.

Eu oscilei como se ele tivesse me atingido com uma maldita marreta.

—Sua mãe me traiu.

—Eu não entendo. Que merda você está falando?

—Você não deveria. Eu não queria lhe dizer assim. Eu nunca quis que você
descobrisse assim. Eu juro para você.

—O que?

Ele balançou a cabeça como se não quisesse dizer isso.

—O QUÊ? —Eu gritei alto pra caralho, empurrando o abajur e fazendo-o


saltar.

—Alguns anos atrás. Porra... Jacob. Oh Deus. —Ele olhou para o teto.

—Apenas diga, porra! —Eu gritei para ele, tentando manter meus punhos
para baixo.

Ele olhou profundamente em meus olhos e falou com convicção,

—Não sou seu pai.

—NÃO! —Mamãe gritou atrás de mim, fazendo-nos olhar para ela.

—Como você pôde fazer isso, Lee? Como você pôde fazer isso comigo,
porra? Você disse que nunca diria a ele! Você me prometeu que ele nunca
saberia! Como você pôde me trair desse jeito! —Ela gritou sem se mover da
porta.

—Traição? Oh, vamos lá, Ginger, você quer começar a falar sobre traição,
porra? —Papai respondeu, ambos perdidos em sua própria conversa, enquanto
todo o meu mundo vinha abaixo.

—Não foi isso que aconteceu. Eu te disse...

331
—Eu não acredito em você, porra! Nunca acreditei em você, porra! Por
que você acha que eu fiz um teste de DNA? Quantas vezes eu tenho que ouvir as
pessoas dizerem que ele não se parece nada comigo? Nossos amigos, nossas
famílias, até estranhos na porra do parque! Conte-me! Quantas vezes estará tudo
bem em ouvir isso até que ele comece a se questionar?

Sentei-me na beira da cama, eu precisava. Bile subia na minha garganta,


meu corpo desfalecendo. Eu tinha ouvido falar que eu não parecia em nada com
meu pai desde que eu conseguia me lembrar, os meninos, Alex, porra... até
mesmo Lily me dizia que não éramos nada parecidos.

Algumas crianças não se parecem com seus pais? Certo? Isso não é
normal?

—Nunca te trai, Lee. Nunca.

—O que diabos está acontecendo? Alguém precisa me dizer o que estou


perdendo. —Murmurei alto o suficiente para eles ouvirem.

Minha mãe me olhou com uma expressão que sempre me assombraria,


como se ela estivesse morrendo bem na minha frente.

Foda-se ... eu não podia passar por isso novamente.

—Diga-lhe, Ginger, minta para o seu filho como você tem mentido para
mim.

Olhei para ela com olhos suplicantes, e ela baixou a cabeça não sendo
capaz de encontrar meu olhar. —Jacob, você sabe que seu pai e eu fomos amigos
durante anos antes de nós ficarmos juntos. Todos nós fomos... ele estava me
perseguindo há meses e eu... eu... eu não sei. Eu era jovem. Ambos éramos.
Estávamos terminando o colegial. A mãe de Lily e eu... nós fomos para uma festa
da faculdade uma noite, e nós bebemos. Eu conheci esse cara, ele era bom,
Deus... eu nem me lembro o nome dele. Eu mal me lembro de como ele era. Foi
tudo um grande borrão, tudo estava acabado antes mesmo de começar. —
Lágrimas deslizaram pelo seu rosto, seu corpo tremendo.

332
—Estou tão envergonhada... eu juro, Jacob, eu não era assim... isso não é
quem eu era.

—Verdade, Ginger? Não foi o porquê de você abrir as malditas pernas


para mim três dias depois, porra? Você armou para mim, eu era o seu bilhete de
saída para não ser uma mãe solteira.

Eu o agarrei.

Eu o carreguei. Eu bati meu corpo tão forte quanto eu podia no homem


que me criou como se eu fosse o seu próprio filho. No homem que eu achei que
fosse meu pai durante os últimos vinte e seis anos. No homem que eu amava e
respeitava. No homem que eu conhecia como o meu pai.

—VOCÊ NÃO FALE COM ELA DESSE JEITO! —Eu gritei alto o suficiente para
quebrar o vidro. Suas costas bateram na parede com tanta força, que ele quebrou
a parede de gesso. Afastei-me dele, me curvando e deixando a adrenalina tomar
conta. Minha mãe imediatamente veio em minha direção, esfregando minhas
costas, desculpando-se.

—Eu juro, Jacob, eu juro pela sua vida que eu não sabia. Eu nunca soube.
Eu não faria isso com você ou a seu pai. Juro por tudo que eu não sabia. Usamos
um preservativo. Eu não usei com o seu pai. Por favor, acredite em mim... —Ela
soluçou em minhas costas.

Meu pai tropeçou da parede, sacudindo o gesso de seu corpo contra o


impacto do meu golpe. Levantei-me e nós bloqueamos nossos olhares.

—Se você acreditar nela, Jacob, você é um homem muito estúpido.

Eu não vacilei, a emoção tomou conta. —Isso ainda não é desculpa para
você foder alguém em nossa casa. Na casa que você construiu uma família. Na
cama que você tem compartilhado com a minha mãe, sua esposa, durante os
últimos vinte e seis anos. Esta é a casa dos seus filhos. Esta é a única casa que eu
já conheci. Agora quando eu pensar neste lugar, tudo o que vai me fazer sentir é
doente. Então, não, papai, isso não é desculpa, porra. Você contaminou tudo.

—Jacob, eu...
333
—Saia.

—Jacob...

—Saia. Eu não vou falar de novo. —Dei um passo em direção a ele de uma
forma ameaçadora.

Ele balançou a cabeça, olhando para mim com decepção em seus olhos,
antes que ele virasse e saísse. Fui até a cama, precisando me sentar. Minhas
pernas vacilavam, eu não sabia de mais nada. Eu estava em transe, onde eu não
podia sentir, não podia ver, não conseguia nem pensar, porra.

Minha mãe sentou-se na minha frente sobre as pontas de seus pés. —


Bebê, por favor, diga que acredita em mim.

Eu balancei minha cabeça. Eu estava chorando? Há quanto tempo eu


estava chorando?

—Mãe, eu não posso. Eu não posso agora. Por favor, não me pergunte
nada. Por favor... não agora.

Ela assentiu compreendendo. Eu caí em seu colo e chorei como a porra de


um bebê. Eu chorei por horas, enquanto ela segurava-me com força. Sussurrando
palavras suaves de conforto, e me balançando para frente e para trás.

Eu não pensei no Sr. Ryder.

Eu não pensei em Lucas.

Eu não pensei em Lily.

Tudo o que eu pensei foi...

Que eu não tinha ideia de quem eu era.

Eles arrancaram minha identidade...

E eles nem sequer sabiam disso.

334
Jacob não me ligou ontem à noite, e achei que era porque ele estava
passando um tempo com seus pais. Deixei-o sozinho no dia seguinte, porque eu
sabia que ele estaria com Lucas na parte da manhã e, em seguida, meu pai. Eu
não tinha necessidade de sobrecarregá-lo com minhas preocupações, ele estava
confiante de que tudo ficaria bem, e eu não queria estourar a sua bolha.

Eu confiei nele.

Meu pai entrou como se fosse qualquer outro dia. Ele beijou minha
cabeça, perguntou como foi meu dia, sem mencionar Jacob de jeito nenhum.
Nem uma palavra sobre a tarde dele, nem sobre a conversa deles, nada. Liguei
imediatamente para meu irmão, preparando-me mentalmente para a ira de
Lucas. Ela nunca veio. Foi o mesmo com ele como com meu pai. Eu não mencionei
o café-da-manhã porque eu não sabia sobre isso, tanto quanto Lucas deveria
saber. Não importava de qualquer maneira, ele não disse uma palavra sobre isso
também. Ele falou comigo como sempre fazia, nada tinha mudado. Quando
desliguei o telefone com ele, era quase oito horas.

Que porra estava acontecendo?

Eu não tinha ouvido falar de Jacob, e isso não era coisa dele. Eu disse a
mim mesma que eu estava apenas sendo paranoica, mas o pânico foi
aumentando em mim. Eu não podia abafar essa sensação horrível. Talvez eu
estivesse vendo demais. Ele nunca me machucaria novamente. Ele não mentiria
para mim novamente.

Ele prometeu.

Ele me amava. Ele me disse que me amava.

Eu esperei…

Esperei a noite toda. Finalmente, o meu telefone apitou com uma


mensagem de texto, e o nome de Jacob apareceu na minha tela. Eu sorri, pela
335
primeira vez naquele dia, finalmente capaz de respirar novamente. Minha
ansiedade aliviando. Eu deslizei a tela e tudo o que ele disse foi…

Eu sinto muito. Não posso.

336
Dias Atuais

—Ah meu Deus, Jacob. —Gritei com lágrimas caindo pelo meu rosto. —Foi
por isso que você saiu?

Ele assentiu. Não havia mais palavras para ele dizer.

—Eu não posso... puta merda. Alguém sabe?

—Alex.

Meus olhos arregalaram. —Você contou a Alex e não a mim?

—Não porque eu queria. Merda, depois que eu saí, eu sabia que partiria
seu coração. Eu sabia que não havia volta a partir daí. Eu não podia mentir para
você novamente. Se havia uma promessa que eu manteria era aquela. Eu não
estava pronto para ser honesto com você também. Então a deixei de fora. Levei
quase dois anos para admitir isso para mim, Lily. Dois malditos anos da minha
vida eu passei tentando descobrir, merda. Tentando descobrir quem eu era. Eu
não sabia em quem acreditar, porra. Meus pais estavam errados. Ambos fodidos.
Eu não podia falar sobre isso com as minhas irmãs, porque elas nem sequer
sabiam. Você tem alguma ideia do que é descobrir que o homem que pensava ser
seu pai... não era? E nem mesmo ser capaz de entrar em contato com o homem
que é, porque sua mãe nem sequer lembra seu nome? —Perguntou, tentando
manter a compostura calma, enquanto ele sentava na minha frente na sala de
estar.

337
—Eu estava mentalmente fodido. Você não merecia isso. Depois de tudo o
que eu fiz você passar, e com o funeral da sua mãe tão recente, eu simplesmente
não conseguia colocar mais em seus ombros. Eu não queria que você tivesse que
lidar com isso também. Eu não podia. Eu não podia sequer admitir isso, Lily. Fingi
que meus pais estavam se divorciando porque meu pai teve um caso, essa era a
única maneira de olhar na cara da minha mãe. Eu odiava os dois. Isso é o que
mais me matou. Eu estive em terapia até um ano atrás. Atirei-me ao trabalho.
Quando Lucas e Alex se casaram, eu estava tão feliz por eles. Eu, Kid. — Ele
colocou a mão em seu peito. —O mesmo cara que os manteve separados durante
anos. Eu pensei... não, eu esperava que, se eles conseguiram encontrar o caminho
de volta um para o outro, então nós poderíamos. Depois de todos os obstáculos
que venceram, seu amor desgastado era poderoso pra caralho.

Eu aceitei tudo o que ele estava dizendo, meu coração quebrando por ele.

—Eu sabia que a veria no casamento, e fazia menos de um ano desde que
eu descobri a verdade. Eu ainda não podia enfrentá-la. Eu esperei, Kid. Esperei na
calçada até que eu a vi sair. Você parecia tão bonita naquele vestido rosa suave,
foi a primeira vez que vi o seu cabelo preso. Eu quase saí do maldito carro, mas eu
não conseguia fazer minhas pernas moverem-se. Eu estava paralisado. Quando eu
vi seu carro partir, eu sentei lá por provavelmente mais uma hora, pensando
como tudo estava fodido. Eu inventei uma desculpa que o meu avião estava
atrasado, mas quando Alex me disse que você tinha que sair mais cedo... eu sabia
que era por minha causa. Eu sabia que você saiu, porque você não queria me ver.
O que me ajudou.

Eu franzi a testa, confusa.

—Fez-me sentir melhor você não querer me ver. Fez-me sentir que talvez
você não estivesse tão ferida. Que talvez você tivesse encontrado a paz. Eu odiava
a mim mesmo por ter feito você me odiar. Eu não era o homem que você
precisava naquele momento. Sua partida provou isso para mim. —Ele respirou
fundo, agarrando minha mão para colocar beijos suaves sobre ela.

—Alex apareceu no meu apartamento poucas semanas depois que eu saí,


eu estava bêbado como um gambá. Acho que passei os primeiros seis meses em

338
uma névoa, apenas no piloto automático, tentando o meu melhor para terminar a
faculdade. Alex me chamou de todos os nomes, me disse que você estava
devastada. Ela tentou me fazer ver que o que eu estava fazendo era matá-la por
dentro. Que você disse a ela tudo o que tinha acontecido, que chorou tanto que
seus olhos quase saltaram das órbitas, até que você desmaiou de exaustão. Ela
perguntou como eu pude fazer isso com você... eu nunca a vi tão lívida antes. —
Ele balançou a cabeça, envergonhado. —Eu não aguentei, e ela me pegou em um
momento de fraqueza. Contei-lhe tudo. Ela me disse que eu precisava dizer a
você. Que você estava se afastando, indo para Nashville. Eu não podia. Eu não
estava pronto. Alex também sabia disso. Ela não me pressionou ou qualquer
coisa. Ela apenas ouviu. Ficou comigo durante toda a noite. Nós nunca
conversamos sobre isso novamente, não até recentemente. Ela me disse para
dizer a verdade, desde a terceira vez que você me expulsou, e desta vez, eu
realmente ouvi.

Eu sorri. —Você contou?

Ele fracamente sorriu. —Eu nunca disse aos meninos. Todos eles tinham
famílias perfeitas. A última coisa que eu queria era que eles sentissem pena de
mim, quando eu já sentia pena de mim mesmo. Eu queria ganhar você de volta
em primeiro lugar. Sozinho. Não porque você se sentia mal por mim. Eu não
queria que você tivesse pena de mim. Eu queria que você ficasse comigo porque
você me amava. Que estaríamos finalmente juntos pelas razões certas, eu sei que
é errado o que temos feito pelas costas de todos, mas eu só precisava que você
fosse minha novamente antes que contássemos a alguém.

—Então sua mãe sabia que seu pai estava tendo um caso? Por que eles
ficaram juntos todos esses anos? Lembro-me de algumas de suas brigas, você
costumava falar com os meninos sobre isso.

—Sim e não. Ela suspeitava, mas eu confirmei. Acho que foi a sua maneira
de puni-la.

Eu balancei a cabeça não querendo fazer mais perguntas sobre isso,


sentindo que poderia abrir velhas feridas.

339
—Eu parei de ir à terapia há um ano, porque eu finalmente acreditei nela.
Minha mãe nunca faria mal á nossa família assim. Não é do seu feitio. Eu sou seu
filho, e eu sabia disso. Meu pai a conheceu pela maior parte de sua vida. Ele sabe
a verdade em seu coração. Eles se casaram depois que descobriram que ela
estava grávida, eles estavam juntos há três meses naquele ponto. É por isso que o
meu avô lhes deu a loja, ele estava ficando velho, e tomaram conta de tudo.
Minha mãe disse que meu pai sempre sentiu como se pudesse ter feito algo mais
com sua vida, ele nunca foi feliz. Ele fez o teste de paternidade quando eu tinha
onze anos, e foi aí que o casamento deles ruiu. Eu acho que ele usou isso como
uma desculpa para conseguir o que queria, e é por isso que eu não posso perdoá-
lo. Ele sempre vai ser meu pai, Lily. O sangue não vai mudar isso para mim, mas a
partir de agora... eu não quero ter nada a ver com aquele bastardo. Não sei como
será mais para frente, mas por agora, eu estou bem. Finalmente estou bem,
porra.

Ele sorriu carinhosamente para mim, beijando minha mão novamente.

—Meus colegas estão todos casando. Tudo que eu fiz foi trabalhar. Eu
estava exausto, mentalmente, fisicamente e emocionalmente. Um dia eu acordei
chamando seu nome. Rolei procurando por você. Foi a coisa mais estranha que já
me aconteceu. Eu não estive com você por três anos, e eu acordei pensando que
você estava lá, ao meu lado. Eu imediatamente me sentei na cama desorientado,
olhando para você, e então, lembrei que você não estava lá. Você não esteve por
um longo tempo. Liguei para o meu chefe naquela mesma manhã, e disse a ele
que precisava ir. Eu sabia que eu não podia lutar mais, porra. Expliquei que eu
tinha problemas pessoais acontecendo, e que eu trabalharia de onde eu estava.
Fomos capazes de fazer um acordo, e reservei meu voo para o dia seguinte.
Quando eu estava fazendo as malas, Mark me chamou e disse que ele estava
abrindo uma firma em Nashville, e me perguntou se eu estava interessado. Tudo
veio junto, você, a chamada de Mark, Nashville. Foi o destino. Foi o momento
certo. Acredito firmemente nisso.

—Uau. —Expirei. —Eu não sei o que dizer. Lamento muito tudo o que
aconteceu, Jacob. Se eu soubesse... você sabe o quê? Eu não quero falar sobre
isso. Está no passado. Estamos juntos agora. Estou tão feliz por finalmente saber a
verdade.
340
—Você me entende agora? Você pode me perdoar?

—Eu já havia perdoado antes que você me dissesse.

—Eu quero dizer à Lucas. Eu quero dizer à todos. Eu não quero esconder
mais. É errado, e não há nada de errado sobre nós.

Fiquei surpresa, não esperando que ele dissesse isso.

—Eu quero lidar com tudo isso. A maneira que era para ser. Eu juro, Lily,
eu tinha toda a intenção de fazer isso há três anos. Eu quero fazer isso direito. Eu
não quero que você se envolva.

—Quando? —Eu simplesmente declarei.

—O mais cedo possível. Poderíamos tomar um voo amanhã.

Hesitantemente, assenti.

—O que? Você não...

—Não. —Interrompi. —Claro que eu quero que ele saiba. É que Alex está
grávida. Não me interprete mal, estarmos juntos é incrível, mas não vai ser para
Lucas. Eu não quero atrapalhar a gravidez de Alex. Eles esperaram tanto tempo
para isso. Eles levaram três anos para engravidar.

—Kid, nós esperamos um longo tempo, também.

Eu nervosamente mordi minha unha do polegar. —Eu sei disso, confie em


mim. Mais do que você..., mas é o meu sobrinho lá, e isso vai causar estresse em
Alex, ela terá que lidar com Lucas. Ela pode... eu só não me perdoaria se algo
acontecesse com ele. Você entende?

Ele concordou, mas eu podia dizer que ele não estava feliz.

—Você pode dizer-lhes, logo que ele nasça. Eu prometo.

—Lily, você sabe que você não vai querer fazê-lo em seguida também.
Você não vai querer atrapalhar seu nascimento. Eu conheço você. Você vai ficar

341
animada, assim como todos os outros, e você não vai querer atrapalhar a sua
felicidade.

Mordi o lábio. Ele estava certo.

Ele suspirou. —Eu te amo. Podemos esperar. Vamos esperar um pouco até
depois de ele nascer, deixar as coisas se acalmarem. Tanto quanto eu odeio essa
ideia, eu vou fazer o que você quiser.

Eu sorri, puxando sua calça para mostrar a ele quão grata eu estava.

Fazia um pouco mais de cinco meses. Voamos para o nascimento do


pequeno Bo29. Ele tinha 2,721kg, 50 centímetros e parecia exatamente como
Lucas. Que deixou Alex muito feliz, tudo o que ela queria era um bebê Bo.

O tempo apenas pareceu voar...

Eu morei com Lily esses meses. Nossas coisas estavam em toda parte. A
casa não era grande o suficiente para nós, mas fizemos funcionar. Abrimos o
escritório de advocacia, contratamos alguns funcionários incríveis, e o escritório
funcionava por si só. Eu trabalhava menos horas, querendo estar em casa antes
que Lily saísse para o trabalho. Era difícil ajustar. Nossos horários eram
completamente opostos. Passávamos tanto tempo juntos quanto podíamos nos
fins de semana. Eu mesmo ia trabalhar com ela, apenas para termos mais tempo
juntos. Eu não me importava, entretanto. Eu adorava ver o seu desempenho. Dito
isto, eu estava farto dela trabalhando lá, ela não precisava, porra. Eu fazia
dinheiro mais do que suficiente para nós dois. Ela podia fazer o que quisesse. O

29
Pequeno Bo, filho de Bo-Lucas e Pinguinho-Alex, deram ao Bebê o mesmo apelido do pai.
342
mundo era a sua ostra, mas eu sabia que tudo o que ela queria fazer era tocar, e
em qualquer lugar que ela tocasse, seria esse tipo de horário. Era inútil dizer-lhe
como me sentia, quando eu não tinha nenhuma solução.

Ela ficava no Skype com Alex sem parar, querendo ver o pequeno Bo,
temendo que, se ele não a visse, então ele não saberia quem ela era. Se aquele
garoto chorasse quando Lily o pegasse isso partiria o coração dela. Eu podia dizer
que ela sentia falta de casa, ela tinha fugido dela por tanto tempo, acho que
ambos. Nossas vidas estavam completas. Nós estávamos juntos. Eu acho que ela
estava à espera que o resto se assentasse.

Quando cheguei do trabalho, ela estava cozinhando. Cheirava incrível, mas


não tão bom quanto ela. Vim por trás dela, passando os braços ao redor da
cintura, e beijando todo o seu pescoço.

—Humm. —Gemi e ela fungou, imediatamente fazendo-me virá-la. Ela


estava chorando.

—Bebê o que há de errado?

—Bo rolou hoje e eu perdi. Em seguida, Alex tentou fazê-lo repetir no


Skype e ele não fez. —Ela chorou.

Eu ri para ela. Eu não poderia evitar.

—Não é engraçado. Eu nunca perdi nada com Mason, e agora eu estou


perdendo tudo com Bo.

—Kid, você esteve aqui durante os últimos quatro anos e meio. —Eu disse,
tentando afastar o sorriso do meu rosto.

—Sim. Mas eu não parti até Mason ter três anos, de modo que, pelo
menos, ele me conhecia. Ele sabe quem eu sou quando eu volto para casa.

—Eu entendo.

—Não você não entende... —Ela brincou tentando me empurrar para


longe, e eu bati na sua bunda.

343
—Venha aqui. — Agarrei a mão dela.

—Jacob, o jantar vai queimar.

Desliguei o fogão. —Vou encomendar sua pizza nojenta. —Eu disse,


tentando fazê-la sorrir.

Funcionou.

Sentei-a ao meu lado no sofá, nós dois sentamos lateralmente com o


braço colocado no encosto. —O que você quer, doce menina? O que você não
está pedindo? —Eu perguntei, esfregando os dedos em meus lábios.

Ela encolheu os ombros. —Eu não sei.

—Sim, você sabe.

—Você não vai gostar.

—Me teste.

—Eu sinto falta de casa. Eu sinto falta da minha família. Eu tenho você
agora. Estamos juntos e... eu acho que eu não quero mais fugir.

Apertei os olhos para ela, sorrindo.

—O que?

—Eu sabia que era o que você diria.

Ela maliciosamente sorriu. —Então por que você está perguntando, velho?

—Cuidado.

Ela riu, inclinando-se no meu braço. Eu acariciei o lado de seu rosto e


disse. —Então é uma coisa boa que nós estamos indo para casa.

Ela imediatamente se afastou, sentando-se. —O que?

344
—Não está funcionando, bebê. Esta casa é muito pequena, porra e eu
odeio deitar na cama sem você à noite, eu me preocupo com você
constantemente quando você está no bar, você precisa que eu continue?

Ela balançou a cabeça negativamente, completamente confusa.

—Bom. Falei com Mark, e a empresa está incrível, ele pode cuidar por
conta própria. Vou abrir uma nova filial em Oak Island. Você pode fazer qualquer
coisa que quiser, mas eu conheço uma menina chamada Pinguinho, que possui
um restaurante lá. Eu tenho certeza que eu poderia dar uma boa indicação para
lhe contratar, mas vai lhe custar.

Ela sorriu. —Você está falando sério?

—Não minto para você.

—Jacob, você está seriamente se mudando duas vezes por mim?

Peguei seu pescoço, trazendo-a para a minha boca.

—Eu disse a você, bebê, minha casa é onde você está.

345
Dias Atuais

Tinha sido um mês.

Deixamos tudo em ordem para torná-lo oficial, e o timing funcionou


perfeitamente com a festa de Alex. Nós não estávamos apenas voltando para a
cidade para a sua festa, estávamos nos mudando. Lily estava além do êxtase. Eu
disse a Lucas que eu me mudaria, e pedi para me ajudar a encontrar uma casa.
Com suas conexões em construção, não demorou muito para ele me encontrar
um lugar. Tinha quatro quartos, três banheiros, e um escritório. Ela também tinha
uma piscina e um quintal enorme. Era perfeita. Quando ele perguntou por que eu
precisava de uma casa tão grande, eu lhe disse que queria algo que eu pudesse
aumentar. Ele estava completamente por fora de que eu estava pensando em
viver ali com sua irmãzinha.

Quando eu disse a Lily que eu queria comprar a casa para nós, ela foi
inflexível que compraríamos juntos. Nesse ponto, eu não dei a mínima, desde que
estivéssemos juntos. Sua casa em Nashville foi vendida dentro de uma semana.
Podia ser pequena pra caramba, mas estava em uma localização privilegiada. Não
havia muito a embalar, além do que precisávamos fazer com nossas roupas e
algumas bugigangas. O aquário foi um pé no saco para transportar até Oak Island.
Assim como o maldito gato. Tivemos que drogar Maverick para a viagem de avião.
Lily me fez fazer isso, alegando que ele odiaria quem fizesse isso com ele. Como
ele já me amava mais do que a ela, isso não contaria. Ele ficaria hospedado na
casa de seu pai, até que arrumássemos a nossa. Nós vendemos todos os nossos
móveis, querendo começar com tudo novo.

346
Chegamos à casa de Lucas e Alex, tomando a decisão de estacionar o carro
algumas casas atrás.

—Obrigado por parecer tão bonita para mim hoje. —Sussurrei em seu
ouvido, enquanto caminhávamos um ao lado do outro na rua.

Ela passaria a noite aqui, querendo conversar com Alex. Fazendo-me


imaginar o que tanto falavam ao telefone várias vezes por dia, mas ela jurou que
não era o mesmo. Eu sabia que ela queria passar mais tempo com Bo, estava
escrito por todo o seu rosto. Ela tinha apenas vinte e quatro anos, mas eu acho
que ela estava começando a ficar com a febre do bebê. Se dependesse de mim,
eu a engravidaria amanhã. Eu não podia esperar para ver sua barriga crescer com
o meu filho. O futuro, e tê-la como minha esposa, era a única coisa que eu estava
pensando recentemente. A única coisa que eu sonhava.

—Você não vai contar para Lucas, esta noite certo? —Ela perguntou pela
milionésima vez.

—Eu acho que você precisa checar sua orelha, Kid. Eu já disse que não.

—Mas você é o único velho aqui. —Ela tentou dizer com uma cara séria.

Eu bati nela, forte.

—Aii! —Ela saltou. —Quantas vezes tenho que lhe dizer que eu não gosto
deste jogo?

Puxei-a para mim, beijando sua cabeça. —Então pare de ser uma
merdinha.

—É como me pedir para não respirar. —Ela provocou, me fazendo querer


bater nela novamente. Antes que eu pudesse ter a chance, ela agarrou meu boné
de baseball da minha cabeça e saiu correndo.

Fomos os primeiros a chegar, mas não demorou muito para a casa ficar
cheia de pessoas.

—Jesus Cristo, cara. Se você a quer tanto, então apenas diga-lhe. —


Discuti com Dylan.
347
Ele olhou para mim. —Do que diabos você está falando?

—Você está olhando para Jeremy como se estivesse pronto para matá-lo.
Eles estão juntos há anos mano, eu não sei se você tem chance, mas você nunca
vai saber a menos que você tente.

Ele inclinou a cabeça para o lado com um sorriso de louco. —Ah, então
agora que você está permanentemente ligado a buceta de Lily, você é um
especialista em relacionamentos, não é?

Eu o empurrei, e ele arrogantemente sacudiu a cabeça. —Sou um agente


especial de operações, Jacob, eu leio as pessoas para viver. Você se lembra disso?

—Há quanto tempo você sabe?

—Desde que ela tinha dez anos? —Ele riu. —Sempre soube que você
gostava de meninas, eu deveria prender sua bunda gorda.

—Você é um idiota do caralho.

Ele riu mais ainda. —Estar em um relacionamento está deixando você


suave, Jacob. Eu preciso me preocupar com seus sentimentos, também? Vocês se
sentam e trançam o cabelo um do outro?

—Isto vindo do homem, cujo cabelo tem passado dos ombros desde que
ele podia andar? Quem é aquele que cresceu a porra de uma buceta?

—Você é o que você come.

—Mas o gosto é bom demais. —Murmurei, e ele brindou sua cerveja com
a minha.

—Touché, filho da puta, touché. Quando você vai dizer a Lucas?

—Em breve.

—Boa coisa você ser um advogado, Jacob, porque ele vai precisar de um
depois que ele tentar matar você.

Eu respirei fundo.
348
—E você?

—Eu o quê?

—Você está bem com isso?

—Que outra escolha eu tenho? Eu amo aquela garota. Mesmo quando ela
era uma criança, e me irritava até a morte com seu violão logo pela manhã.

Eu balancei a cabeça, rindo.

—Não a machuque novamente. É bom vê-la sorrindo.

Lily e eu cruzamos os olhos por toda a sala.

—Eu a amo, Dylan. Eu a amo mais do que qualquer coisa. Eu sempre amei.

—Não brinca. Se Lucas não estivesse correndo atrás de Pinguinho desde


que ela podia andar, ele teria notado também. Mas, eu vou te dizer uma coisa.

Eu olhei para ele.

—Se você a machucar novamente, eu vou estar de pé com Lucas,


enquanto ele enterra seu corpo. Fui claro?

—Como cristal.

Ele acariciou minhas costas. —Boa conversa.

O resto da noite passou muito rápido. Eu podia dizer que Alex estava em
êxtase por ter Austin e eu de volta em casa. Ela estava esperando por isso desde
que ela e Lucas se casaram. Lily tinha me enganado para passar a noite, sabendo
que eu odiava dormir sem ela. Segui-a até o quarto de hóspedes, que felizmente
estava no outro extremo da casa.

—Veja, eu disse que ninguém notaria. —Ela falou no meu ouvido,


pairando acima de mim na cama. Vestindo apenas seu top e tanguinha. Ela
sentou-se no meu pau, e eu imediatamente fiquei duro. Esfreguei minhas mãos
nas coxas macias como seda, seus mamilos endurecendo através de seu top
branco.
349
—Quando vamos assinar a papelada para a casa novamente? —
Perguntou, pegando minhas mãos e movendo-as até a cintura.

—Quinta-feira.

—Cinco dias de distância. Onde é que vamos ficar até então?

—Vou falar com Lucas amanhã... —Eu a lembrei.

—Eu sei.

—Bebê, queríamos isso por tanto tempo e agora eu sinto como...

—Não! Eu quero. Eu juro que eu quero isso mais do que qualquer coisa. É
só que todo mundo está tão feliz, e passando por um bom momento. Eu não
quero estragar isso. —Ela choramingou, mordendo o lábio inferior. Eu queria
mordê-lo.

—Eu sei, doce menina. Mas Dylan sabe.

Ela não pareceu surpresa com isso.

—Será que Austin sabe?

—Eu acho que sim.

—Nossa, os meninos notaram e meu irmão não? Talvez eu devesse


agradecer a Alex com mais frequência. —Ela inclinou-se. —Eu não quero mais
falar sobre isso.

—Tem certeza? —Eu perguntei, esfregando os lábios contra os dela.

—Sim.

Ela levou minhas mãos até seus seios e eu os segurei, amassando seus
mamilos. Ela gemeu na minha boca e, em seguida, Bo começou a chorar.

—Lembre-me novamente por que ele está aqui? —Eu brinquei.

—Eu disse que eles poderiam ter uma noite em seu quarto. Eu cuidaria
dele esta noite.
350
—Bem, ele está acordado, também, bebê. —Fiz um gesto em direção ao
meu pau.

Ela fez beicinho. —Desculpe, eu vou fazer isso para você. — Ela pulou do
meu colo para atender às necessidades do bebê. Liguei a TV. Eu tenho um pau
bloqueado por um bebê.

Devo ter adormecido. Senti Lily me virando para se deitar na curva do meu
braço e colocar a cabeça no meu peito, suspirando contente antes de dormir,
mais uma vez.

—Ei, você vai me deixar? —Eu perguntei grogue enquanto Jacob se mexia.

Ele beijou meus olhos fechados e tentou se afastar. —É isso aí. Eu deveria
tê-la deixado ontem à noite.

—Onde estaria a diversão nisso? —Agarrei a borda de sua cueca boxer e


puxei-o para cima de mim. —Dê-me um abraço, está frio. —Eu sorri sem abrir os
olhos. —Humm... muito melhor. —Gemi feliz. —O meu amigo está acordado. —
Eu beijei seu pescoço e ao longo de seu queixo, a barba formigando na minha
pele.

—Eu tenho que ir, Lily.

—Não, você tem que ficar, Jacob.

—Kid... —Eu rocei minha boceta contra seu pau duro, e ele parou de falar.
Aproveitei a vantagem para virá-lo.

—O sol nem surgiu ainda. Eu nunca vi Lucas se levantar antes do meio-dia.


—Eu puxei para baixo sua cueca, liberando seu pênis. Eu nunca afastei meu olhar

351
do seu enquanto beijava seu peito e deslizava seu pau em minha boca. Sua mão
foi imediatamente para a parte de trás do meu pescoço, me fazendo engolir mais
profundamente ainda o seu pau.

—Porra. —Ele gemeu, seu corpo estremecendo. Eu trabalhei mais forte e,


em seguida, de repente, meu coração afundou.

—VOU TE MATAR! —Lucas gritou, lançando-se em direção a ele. Eu gritei,


pulando da cama com Jacob protegendo meu corpo envolto no lençol.

—Você precisa se acalmar, Lucas. —Ele persuadiu, as mãos na frente dele,


agarrando sua cueca da beira da cama e a vestindo.

Eu não aguentava mais. Anos de espera para que isso acontecesse, e foi
finalmente aqui. Eu precisava fazer meu irmão compreender que Jacob era tudo
para mim.

—Lucas, pare com isso! Eu o amo! —Eu gritei por trás de Jacob.

Seu rosto passou de raiva ao choque. Toda a cor desapareceu de seu


rosto. Tudo o que restava era a verdade que estava na frente dele. Ele fechou as
mãos com os punhos ao seu lado.

Eu não vacilei. Era agora ou nunca.

—Lucas, eu o amei desde que eu era criança. Você de todas as pessoas


deveria entender. Supere isto! —Gritei desesperadamente. Suplicando-lhe para
se acalmar, porra.

Jacob virou-se e olhou para mim. —Você não está ajudando. —Ele
informou com os dentes cerrados.

Eu balancei minha cabeça. —Eu não me importo. Eu te amo, e é hora dele


saber! Não é da conta dele de qualquer maneira.

Jacob virou. —Luc... —O punho do meu irmão conectou com a mandíbula


de Jacob tão rápido, que eu não vi chegando. O corpo de Jacob balançou para trás
quase me levando com ele. Ele tropeçou tentando recuperar o equilíbrio, e eu
fiquei olhando com os olhos arregalados de um para outro.
352
Lucas balançou a mão, e Jacob massageou sua mandíbula, ambos à espera
de não sei o quê. Alex entrou com Bo em seus braços, sua expressão
correspondendo a minha.

—Lucas, vamos lá, isso não é o jeito certo. Ele é seu melhor amigo, e ela é
sua irmã. Ok, se acalme. —Ela discutia com ele.

Seu olhar intenso imediatamente foi dirigido a ela. Alex nem pareceu
perturbada.

—Você sabia? —Lucas simplesmente declarou.

Jacob e eu fechamos os olhos, ambos nos sentindo terríveis por envolvê-


la.

—Eu sabia. Eu sei desde o início. Agora vamos.

—Você está brincando comigo, Pinguinho? Você não achou que eu


precisava saber?

Ela balançou a cabeça. —Não. Eu não achei.

—Alex, não...

—Não o que? —Ela cortou Jacob. —Eu não posso ficar parada e vê-lo fazer
isso com você. Não é justo. Especialmente depois de tudo o que vocês dois têm
passado.

—Que diabos está acontecendo? —Lucas brigou, olhando para todos nós.

—Bo, ela sempre o amou. Ele sempre a amou.

—Ele é sete anos mais velho que ela? Quando isso começou?

Dei um passo em direção a ele e ele recuou. —Lillian. —Ele avisou.

—Lucas, você de todas as pessoas deveria entender isso. Depois de tudo o


que você e Alex passaram?

—Isso foi diferente.

353
—Como? Por favor, todo poderoso, me diga.

—Porque... eu... ela não estava... eu... porra... —Ele murmurou,


descontroladamente.

Jacob colocou o braço para o lado, empurrando-me de lado para ficar na


minha frente.

—Lucas, eu amo a sua irmãzinha desde que me lembro. Perdi muitos anos
em negação e nos sabotando, quando eu poderia estar com ela. Eu deixei a idade
dela, os nossos pais, os meninos e você, especialmente você, tomarem as
decisões por mim. Acabou, eu não posso viver sem ela, e eu não vou. —Ele
confessou, sacudindo a cabeça.

Seus olhos arregalaram com a realidade do que Jacob estava dizendo.

—Eu fiz tudo que podia para manter você e Alex separados, porque eu
não achava que você era bom o suficiente para ela. Você não tem ideia do quanto
eu me arrependo disso. Se eu pudesse voltar atrás e mudar as coisas, eu mudaria.
É óbvio que vocês estavam destinados a ficarem juntos. Eu queria protegê-la, da
mesma forma que você deseja proteger Lily. Eu entendo. Entendo mais do que
ninguém. Eu não posso te dizer o quanto estou triste por ter ficado entre você e
Alex, mas eu nunca vou te dizer que eu sinto muito por amar Lily. Eu não sinto
muito por querer estar com ela. Ela é tudo para mim, porra. Ela sempre foi.

Lucas arqueou as sobrancelhas com uma expressão ilegível. —Quanto


tempo, Jacob?

Ele suspirou. —A primeira vez que eu a beijei ela tinha quinze anos.

Lucas oscilou, pisando em direção a ele, mas Jacob não moveu um


músculo, pronto para tomar qualquer golpe que meu irmão desse nele.

—Você está me dizendo que você foi para cima da minha irmãzinha de
quinze anos de idade, quando você tinha vinte e dois malditos anos de idade? —
Lucas disse entre dentes, os punhos cerrados ao seu lado com um olhar mortal.

354
—Não foi nada disso. Sua mãe tinha acabado de ser diagnosticada.
Encontrei-a na praia...

—Você se aproveitou dela, porra? Seu pedaço de mer...

—Para! —Gritei entre eles. —Por favor, parem com isso. Vocês estão
arruinando tudo. —Eu disse com lágrimas nos meus olhos. —Ele não se
aproveitou de mim. Ele estava lá para mim... ele sempre esteve lá para mim. Eu
não vou deixar você ou alguém transformar isso em algo que não é. Você me
entende, porra? Eu te amo mais do que qualquer coisa, Lucas. Mas eu não vou
deixar você transformar a nossa situação já fodida em algo decadente e feio. Eu
não vou deixar você tirar algumas das melhores memórias da minha vida. Não
depois de tudo o que passamos. —Eu disse com minha voz tremendo.

—Lily, eu acabei de descobrir que isso vem acontecendo desde os seus


quinze anos de idade, nas minhas costas, e você espera que eu fique aqui, e fique
bem com isso?

—Eu fiquei longe dela depois disso. Eu me afastei porque ela era uma
criança, e eu era um homem crescido. Eu tinha os mesmos pensamentos que você
tem agora. Ela sempre foi minha preocupação número um, Lucas. Até um ano e
meio atrás, eu não a vi em três anos. Três anos de merda eu fiquei longe dela. Eu
não vou fazer isso novamente. Eu não queria que você descobrisse deste jeito. Eu
nunca quis que você descobrisse desta forma. Eu quero uma vida com ela. Eu
quero o que você tem com Alex. Eu quero isso mais do que tudo neste mundo. Eu
prometo a você que eu nunca vou machucá-la novamente. Ela é minha. Ela é
minha para sempre. Isso não é namoro ou conhecer um ao outro, eu quero casar
com ela.

Lucas cambaleou para trás, atordoado. —O que?

—Você me ouviu.

—Bo.

Seu olhar foi para Alex.

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—Eu te disse. Eles se amam. Ele a ama tanto quanto você me ama e vice-
versa. Eles estão destinados a ficar juntos assim como nós. Por favor, deixe-os.
Eles querem a sua benção. É tudo o que sempre quiseram. — Ela cerrou os
dentes.

—Pinguinho... eu... eu sinto muito... eu só... —Ele balançou a cabeça, e


meu coração bateu forte no meu peito com as palavras que eu sabia que viriam.
—Não posso... desculpe-me, eu não posso...

—Lucas. —Jacob gritou atrás dele ao sair do quarto.

Abaixei a cabeça, lágrimas caindo pelo meu rosto.

As palavras do meu irmão partiram meu coração.

Eu a peguei em meus braços, abraçando-a tão forte quanto eu podia.

—Sinto muito, eu estou tão arrependido. —Sussurrei em seu ouvido. Eu


tinha prometido a ela que ela não o perderia.

—Eu vou falar com ele. Ele vai mudar de ideia. Você sabe o quanto Lucas é
teimoso, e ele precisa de tempo para refletir. Garanto que ele vai mudar de ideia.
—Alex a tranquilizou, esfregando as costas de Lily.

Segurei-a todo o tempo em que ela chorou, e tudo o que eu temia era que
ela estivesse pensando em sua mãe, triste que ela tinha perdido outra pessoa. Se
isto tivesse acontecido antes dela morrer, eu sei que Lily teria sido mais forte,
mas ela não queria perder outro membro de sua família, especialmente não
assim. Quanto mais tempo ela chorou, mais chateado eu fiquei, o meu
temperamento estava no limite e eu podia sentir bombeando em minhas veias,
porra. Depois que ela se acalmou, Alex disse que ela precisava tomar um banho
356
quente, que a faria se sentir melhor. Eu nunca fui mais grato por ter Pinguinho lá.
Ela me conhecia, e o que eu queria fazer. Lucas e eu precisávamos resolver isso
sem ter Lily presente.

De homem para homem.

Eu sabia onde eu o encontraria. Ele tiraria suas frustrações sobre as ondas.


Desci as escadas do pátio e fui até a praia enquanto ele saía da água.

—Nem tente, Jacob, não agora, porra. —Ele cuspiu com um tom
ameaçador.

—Ou o que? Você vai me bater de novo? Porra, faça-o! Bata em mim.
Vamos bata, quantas malditas vezes você quiser, se isso vai fazer você perceber
que isto não vai embora. Eu não vou deixá-la. Eu estou aqui, esperando, porra!

Ele jogou sua prancha na areia e me empurrou. —Eu pensei que você
fosse meu amigo! —Ele me empurrou novamente. —Eu pensei que você fosse
meu irmão!

—Eu sou! Você não vê isso, porra! Jesus Cristo, Lucas, faz quase dez anos,
dez malditos anos para que possamos chegar a este ponto!

—Você acha que isso importa para mim? Eu não dou à mínima se você
tivesse esperado vinte! Ela é minha irmãzinha, porra, seu pedaço de merda! — Ele
me cobrou, batendo seu ombro nas minhas costelas. Seu impulso jogou meu
corpo na areia, onde ele caiu em cima de mim, tendo a vantagem. —Eu não posso
nem olhar para ela, porra! Tudo o que vejo são suas mãos em cima dela! —Ele
deu o primeiro soco, o punho acertando a minha bochecha. Eu o deixei me
acertar.

—Você se sente melhor? Bata-me novamente!

Ele bateu, ele me bateu mais quatro vezes depois disso. Duas vezes na
mandíbula e duas vezes nas costelas, antes de sair de cima de mim, tropeçando
um pouco para trás. Ele recuperou o equilíbrio e pairou acima de mim. Se olhares
pudessem matar, eu estaria morto.

357
Rolei ficando em minhas mãos e joelhos, cuspindo sangue na areia.

—Eu te amava. Porra, eu confiava em você, cara! Mandei-a para você! O


que, Jacob, você transou com ela toda a semana? Hã? Eu acho que você me fez de
tolo, não é?

Eu estava limpando minha boca, sem tirar o olhar do seu. —Isso não foi o
que aconteceu, você me conhece melhor do que isso, porra.

—Eu não sei de mais nada, porra. Eu não posso pensar em quantas vezes
eu te deixei sozinho com ela. Eu deveria protegê-la, mas eu a entreguei direto
para você, porra. Você sabe como isso me deixa doente?

—Você sabe que não é verdade. —Eu toquei minhas costelas, sibilando
com o contato.

—Eu não sei de nada. Eu não conheço você.

—Foda-se, Lucas! O que você quer de mim, cara? Eu estou te dizendo a


verdade. —Rugi, cuspindo mais sangue na areia.

—Muito tarde para isso, Jacob! Eu já vi a minha irmãzinha chupando a


porra do seu pau. — Ele empurrou-me com força. Eu tropecei, mas permaneci de
pé.

Eu estremeci, isso foi um golpe baixo.

—Sim... então me diga. O que eu devo fazer agora? Desde que você tem
todas as respostas, imbecil? —Você pode me odiar. Odeie-me tanto quanto você
quiser odiar. Eu posso aguentar. Mas Lily? Lily está lá em cima gritando porque
ela acha que perdeu outro membro da família. Ela não merece isso. Ela não fez
nada de errado.

Ele recuou.

—Ela ama você. Ela te ama pra caramba. Eu odeio que isso esteja
acontecendo. Eu odeio que não posso fazer nada sobre isso. Mas por favor, não
jogue isso sobre ela.

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—Que porra, cara? Como você pôde fazer isso? Como eu deveria passar
por isso? —Ele começou a andar para trás e para frente, as mãos puxando seu
cabelo.

—Eu não fiz isso para ferir você, Lucas. Eu a amo. Eu tentei não amar. Eu
tentei durante anos... eu não posso. Sinto muito, mano. Eu nunca quis fazer isso
para a sua família, especialmente depois de tudo o que vocês têm passado. Você
sabe disso.

Ele balançou a cabeça, decepcionado. —Você sabe, o que realmente me


mata, é que eu não sabia, porra. Como é que eu não vi? Eu amo Lily mais do que
tudo neste mundo. Como é que eu não vi isso? Eu sou a porra de um cego?

—Eu... não... —Eu suspirei sem saber o que dizer.

—Eu não posso olhar para você agora. Eu não posso nem mesmo olhar
para mim mesmo também, porra. Depois de todos esses anos, e tudo o que você
fez para manter Alex e eu separados... você estava transando por aí com a minha
irmãzinha? Você é um maldito hipócrita.

—Eu a amo. —Eu simplesmente declarei sem saber mais o que dizer. —Eu
sinto tanto, Lucas. Eu não sei o que mais eu poderia dizer que não seja: você está
certo e eu sinto muito, porra.

—Todo mundo sabe, não é mesmo? —Ele perguntou do nada.

Eu vagamente assenti.

—Desde o começo?

—Pela maior parte.

—Minha mãe E meu pai também?

—Sua mãe sabia. Ela nos deu sua benção em seus dias finais. Tenho
certeza que seu pai sabe de alguma coisa, mas eu ia falar com ele sobre isso.
Quero pedir a mão de Lily em casamento.

—Merda... —Foi tudo o que conseguiu dizer.


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—Eu te disse. Eu não estou de brincadeira. Ela é minha.

Ele respirou fundo, olhando ao redor da praia e, em seguida, de volta para


mim. —Você a machuca, Jacob, você a faz chorar uma vez, porra, e eu vou
enterrá-lo vivo. Você me escutou? Você vai morrer, porra.

—Vou levar a pá.

—Eu não gosto disso. Eu não vou fingir que gosto. Eu não estou dizendo
que não vai mudar, mas por agora eu vou aceitar isso porque que outra escolha
eu tenho. Nós não estamos bem. —Ele empurrou o dedo no meu peito.

Eu balancei a cabeça novamente.

Ele agarrou sua prancha de surf, e eu o segui de volta para sua casa. Lily
estava sentada no sofá com Bo em seus braços, Alex de pé na cozinha fazendo
café da manhã. Ela deu uma olhada para mim e depois para Lucas.

—Vou pegar um pouco de ibuprofeno, Jacob. —Ela beijou Lucas no


pescoço. —Sente-se melhor?

Ele deu de ombros e pegou uma cerveja na geladeira, jogando-me uma.


Tomei em três goles, entrando na sala de estar. Lucas não tirava os olhos de mim,
queimando um buraco nas minhas costas. Eu sabia que ele estava assistindo Lily e
eu como uma porra de um falcão.

—Você está bem? —Ela perguntou quando me sentei à mesa na frente


dela. Eu podia dizer que ela queria comentar sobre a minha aparência, mas não
queria acrescentar mais combustível ao fogo.

—Você bate mais forte. —Dei um sorriso para ela, tentando aliviar a
situação.

Ela sorriu, mordendo o lábio.

—Tudo vai ficar bem, doce menina. Eu prometo. —Murmurei. —Vou falar
com seu pai. Voltarei mais tarde.

Ela assentiu com a cabeça. —Eu te amo.


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—Eu também te amo. —Eu beijei sua testa.

E saí.

Jacob saiu e todos nós comemos o café da manhã em silêncio. Lucas não
disse uma palavra para mim, não que eu esperasse que ele dissesse. Depois do
café, eu coloquei Bo em seu berço para uma soneca. Virei-me para encontrar
Lucas de pé na porta, me olhando com um olhar em seus olhos que eu nunca
tinha visto antes.

—Lucas, você me assustou pra caramba. —Eu disse, segurando meu peito.

—Você é feliz? —Questionou. Seus braços estavam cruzados sobre o


peito, costas na parede.

—Eu nunca estive tão feliz em toda a minha vida. —Fiz uma pausa para
deixar minhas palavras penetrarem. —Eu o persegui, Lucas. Durante anos, foi
tudo eu. Ele nunca quis desrespeitar você, nossas famílias, ou a mim. Durante
muito tempo eu não entendia seu raciocínio. Uma pequena parte de mim
ressentia. Eu me sentia mal que eu não me sentisse assim como ele. Quando a
mamãe morreu, tudo mudou para mim. Até mesmo agora eu morria de medo de
você descobrir. Eu não posso perder outro membro da família, por favor, não me
faça escolher. —Lágrimas formaram nos meus olhos, e ele imediatamente se
aproximou, colocando os braços ao meu redor.

—Shhh... você não vai me perder. Eu prometo.

Eu balancei a cabeça em sua camisa e ele se afastou. —Lily, tudo que eu


sempre quis foi ver você feliz. Você sempre vai ser minha irmãzinha. Posso não
compreender você e Jacob, mas tanto quanto eu o odeio agora... eu vou respeitar
isso por você.

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Não era o que eu queria ouvir, mas eu disse. —OK.

—Você o ama? —Questionou.

—Mais do que qualquer coisa neste mundo.

—Se ele te machucar, eu vou ter que matá-lo. Você foi avisada.

Eu ri. —Ele não vai me machucar novamente.

—Então ele já machucou antes?

—Lucas, eu não quero falar sobre isso. É passado. Ele não vai me
machucar novamente. Eu confio nele. Mas eu vou dizer isso, cada vez que ele se
afastou de mim foi por sua causa. Eu não vou deixá-lo me afastar novamente.

—Prometi à mamãe que eu cuidaria de você, mas você sempre foi capaz
de cuidar de si mesma. Eu preciso me lembrar disso. Eu preciso deixá-la crescer.

—Isso provavelmente é uma boa ideia.

Ele sorriu. —Vou sempre estar aqui, Lily. Eu sou seu irmão mais velho,
você está presa a mim.

—Bom. Eu não gostaria que fosse de outra forma.

Ele beijou minha testa e saiu. Eu sabia que ele ia falar com Alex, e eu
esperava que fosse tão bom como ele foi comigo. Mesmo que eu soubesse que
ele estava ferido por ela ter mentido para ele. Alex encontraria alguma maneira
de fazer as pazes com ele.

—Você pode ganhar um irmão antes que perceba, Bo. —Eu ri, balançando
a cabeça.

Era tarde quando Jacob voltou, quando foi falar com o meu pai. Pelo
menos desta vez, ele não tinha mais contusões. Seu lábio estava inchado com um
corte ao lado, seu olho esquerdo tinha hematomas começando a se formar em
torno dele, e ele tinha costelas machucadas.

Eu me senti horrível.
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—Parece pior do que é. —Ele disse quando deitamos juntos no quarto de
hóspedes.

—Então, você estava sendo honesto sobre deixá-lo chutar sua bunda,
hein?

—Olhe pela perspectiva dele.

—Humm... não muito. —Eu ri, beijando o corte em seu lábio. —Mas pelo
menos ele sabe agora. Como foi com meu pai?

—Seu pai não ficou surpreso. O que me faz pensar que sua mãe lhe disse
mais do que aquilo que pensávamos.

Eu não diria a Lily que seu pai não ficou satisfeito com o fato de que tudo
começou quando ela tinha apenas quinze anos. Ele gritou, muito. Eu acho que ele
pensou em me bater. A única razão que ele não fez, foi porque ele deu uma
olhada em mim e soube que Lucas já havia lidado com isso por ele. Assim que eu
peguei o anel do bolso, ele se fechou com bastante rapidez. Depois que ele me
ameaçou mais algumas vezes, ele me deu a sua aprovação antes de eu sair. Eu
não disse a Lily que eu fui ver o túmulo de sua mãe para lhe agradecer por tudo.
Eu sentei lá por um tempo também, falando a ela como Lucas reagiu e que meu
rosto demonstrava isso. Antes de sair, eu disse a ela que eu sempre cuidaria de
sua filhinha.

Não importa como.

Lily deitou no meu peito, e eu assobiei de dor.

—Merda! —Ela imediatamente sentou-se. Puxei-a de volta querendo


senti-la.
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—Estou bem.

—Eu te machuquei. Você não está bem.

Eu pensei sobre isso por um segundo. —Você sabe o que... eu realmente


não estou bem. Na verdade, estou realmente machucado. Eu nunca estive tão
mal na minha vida. Eu acho que posso estar morrendo. —Eu sorri.

—Ah sim, o grande homem? O que posso fazer para salvá-lo? —Ela sorriu
de volta.

—Eu não sei. Eu acho que isso é grave. Eu posso não atravessar a noite.

—Talvez eu devesse verificar meu amigo? Você sabe, certificar de que ele
está bem depois de tudo isso. É importante que ele ainda me ame.

Eu balancei a cabeça, colocando as mãos atrás da cabeça. —O que você


achar que é certo, bebê.

Ela beijou cada uma das minhas contusões, descendo até “seu amigo”
como ela o chamava. Ela me colocou em sua boca molhada, quente, chupando
meu pau como se ela tivesse algo a provar. Eu não aguentava mais. Eu a virei e
fodi até que ela me pediu para parar.

Eu não parei.

364
Era o vigésimo quinto aniversário de Lily. Ela gostava de aproveitar todas
as oportunidades possíveis para me lembrar, que eu sempre seria sete anos mais
velho do que ela. Nós teríamos uma festa para ela no restaurante de Alex, onde
ela estava se apresentando atualmente. A notícia se espalhou rápido sobre o
talento de Lily. Pessoas de todo o mundo vinham apenas para assistir o seu
desempenho. Ela esteve nos jornais e no noticiário. Ela era chamada de uma
celebridade local. Isso nunca a intimidou. Tudo o que ela queria fazer era tocar e
cantar. Eu abri minha firma de advocacia um mês depois de nos mudarmos, e
assim, por agora, as coisas estavam funcionando sem problemas. Nossa casa foi
finalmente mobilada. Parecia que demoraria para sempre, porra. Lily estava
constantemente mudando as coisas da esquerda para a direita... Alex não estava
ajudando a situação também. A empresa de Lucas remodelou algumas coisas para
nós.

Nós não estávamos tão próximos como costumávamos estar, mas aos
poucos fomos deixando isso para trás. Lily não lhe deu atenção e nem Alex, que
agora estava grávida de quatro meses de uma menina. Lily riu por uns dez
minutos, quando descobriu o sexo. Ela disse uma palavra. —Carma.

Dylan estava trabalhando horas loucas fazendo Deus sabe o que. Nós mal
o víamos mais. Toda vez que eu tentei trazer isso até Lily, ela me dispensou.
Mudando de assunto para outra coisa, o que eu achava estranho. Austin voltou
algumas semanas depois de nós. Ninguém sabia o que diabos estava acontecendo
365
com ele e Briggs. Eu podia dizer que alguma coisa aconteceu com eles. Quem
sabe quando ele pararia, talvez nunca.

—Ufa! Eu preciso sentar. —Alex suspirou, colocando a mão em sua


barriga.

—Não deixe Lucas ouvi-la. Você nunca vai sair de casa novamente. —Lily
respondeu. —Você sabe o que? Estou realmente surpresa que ele a deixou sair
hoje à noite, Pinguinho.

—Você acha que ele poderia me fazer perder a sua festa de aniversário?
De jeito nenhum. —Ela continuou a esfregar a barriga.

Lily riu. Eu arrastei-a para mim, abraçando seu corpinho em meu peito
para olhar para ela. —Eu já lhe disse quão bonita você está?

—Uma ou duas vezes, mas você tem trinta e um agora, então... —Ela
estremeceu. —Sua memória deve estar indo embora, velho. —Ela riu.

—Sua merdinha. —Eu dei uma palmadinha nela.

—Ei, ei, ei, onde suas mãos estão? —Lucas entrou na conversa,
esfregando o barrigão de Alex.

—No que é meu. —Eu respondi não tirando os olhos de Lily.

—Você tem sorte que eu não chutei o seu traseiro, novamente.

—Você teria sorte se eu deixasse, novamente.

—Muito bem, meninos, vamos lembrar que é meu aniversário. Este duelo
de masculinidade termina agora. Nós seremos gentis uns com os outros hoje. —
Lily cantou em voz alta.

—Bo, eu preciso de ajuda com o bolo. Vem me ajudar. — Alex puxou-o


com ela.

—Este é o código para fud...

366
Ela colocou a mão sobre sua boca. —Ah, meu Deus! —Ela balançou a
cabeça com grandes olhos, enquanto Lily e eu tentamos não rir.

Dylan entrou quando eles estavam prestes a sair, indo para o bar.

—Porra, homem, o que diabos aconteceu com você? —Eu perguntei,


pegando em seu lábio sangrando, olho ferido, e os nós dos dedos todos cortados.
Parecia que ele esteve em uma luta.

—Mal dia no trabalho. —Ele simplesmente declarou, pegando uma


cerveja no bar.

—Não brinca. —Foi tudo o que eu pude responder.

—Feliz aniversário. —Ele puxou Lily para um abraço.

—Obrigada, você está bem? Você precisa de algo? —Ela olhou para ele.

—Não faça alarido comigo. Estou bem. Vem com o trabalho.

—OK. — Lily lhe deu um olhar compreensivo.

Havia algo sobre a maneira como ela olhou para ele, que eu não consegui
decifrar ou mesmo entender.

A noite continuou com suas festividades habituais, todos juntos


exatamente como eu queria. Assim como nos velhos tempos.

—Você quer seu presente de aniversário, Kid?

—O que é isso?

Eu ri. —Não importa quantas vezes eu lhe diga para apenas dizer
obrigado, isso nunca vai acontecer, não é?

—Altamente improvável, deixe-me ver, grande homem! Para onde


vamos? — Eu a levei para o meio da sala, acenando para o DJ desligar a música.
Todos olharam para nós. Lily olhou para mim com uma expressão interrogativa.

367
—A primeira vez que eu percebi que estava apaixonado por você, eu sabia
que estava em apuros. Não por causa de sua idade, ou nossas famílias, ou seu
irmão, ou mesmo os meninos.

Ela baixou as sobrancelhas, confusa.

—Eu sabia que eu nunca seria capaz de deixá-la, não importa quantas
vezes eu tentasse. Logo descobri que não havia volta para mim. Apenas seguir em
frente. Eu poderia ficar aqui e dizer-lhe todas as coisas que eu amo sobre você,
Kid, todas e cada uma delas, mas você já sabe. Você as conhece, porque você me
conhece. Você sempre me conheceu.

Ela sorriu, e isso iluminou todo o seu rosto quando ela entendeu o sentido
das minhas palavras. —O que é tudo isso? —Ela nervosamente perguntou.

Eu coloquei um joelho no chão e sua respiração travou.

—Eu tinha este anel. —Coloquei-o na minha frente. —Desde que deixei
San Francisco.

Seus lábios abriram e seus olhos arregalaram. Eu nunca esqueceria o olhar


no seu lindo rosto naquele momento.

—Na manhã que eu percebi que estava finalmente voltando para casa, eu
fui e comprei um anel. Custou tudo em mim para não lhe pedir para casar comigo
cerca de cem vezes desde então. Eu perdi tantos aniversários. Eu queria que você
recordasse desse dia como um dos mais felizes de nossas vidas... —Eu abri a
caixa.

—Meu Deus. É enorme. — Ela deixou escapar.

—Lillian Michelle Ryder, minha doce menina, você vai me tirar da minha
maldita miséria e ser minha esposa? Quer se casar comigo, Kid?

Ela me abordou no chão. —Claro! Sim! Sim! Sim! Eu vou me casar com
você, Jacob! —Ela gritou quando todos começaram a bater palmas.

Ela beijou todo o meu rosto enquanto eu nos levantava.

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—Eu te amo.

—Eu te amo, amor.

Seu pai foi o primeiro a vir felicitar-nos, seguido por Alex e os meninos.
Lucas ficou para trás me observando com cautela, e então, ele finalmente
aproximou-se.

—Parabéns, irmãzinha. —Ela sorriu quando ele beijou o topo de sua


cabeça.

Ele estendeu a mão para mim. —Eu acho que isso oficialmente faz você
meu irmão. —Ele disse com uma expressão neutra.

—Acho que sim. — Eu balancei a sua mão.

Ele balançou a cabeça, puxando-me em direção a ele para um abraço,


batendo nas minhas costas.

—Tome conta dela, Jacob.

—Sempre.

Lily sorriu, eu não me lembro de alguma vez vê-la tão feliz. Saber que eu
era finalmente a causa disso aqueceu meu coração, de maneira que eu nunca
pensei ser possível.

—Que diabos? —Austin entrou na conversa, fazendo-nos todos virar na


direção de seu olhar.

Três policiais entraram indo direto para Dylan. Ele estava sentado na mesa
ao nosso lado, bebericando sua cerveja como se nada estivesse acontecendo.

—Agente McGraw, nós odiamos ter que...

—Apenas faça, porra. —Ele interrompeu o oficial, olhando para todos


eles.

E o resto seguiu em câmera lenta, porra...

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—Dylan McGraw, você tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o
que disser pode e será usado contra você em um tribunal de direito. Você tem
direito a um advogado. Se você não puder pagar um advogado, um será fornecido
para você. Você entende os direitos que acabo de ler para você? Com esses
direitos em mente, você deseja falar comigo?

FIM

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