Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
Forbide-me
The Good Ol´ Boys #2
M. Robinson
SINOPSE
Era somente uma questão de tempo até que a verdade viesse à tona.
Eu tentei, Deus sabe que eu tentei ficar longe dela, mas eu cruzei
aquela linha e quebrei essa confiança. Eu não podia mais voltar atrás,
e eu, com certeza, não me arrependeria um único momento. Eu sabia
que haveria muito a pagar, eu sabia a ira que eu enfrentaria, mas eu
estava disposto a aceitar as queimaduras e cicatrizes, para ter o amor
da irmã do meu melhor amigo.
Se havia uma pessoa por quem de bom grado eu iria para o inferno e
voltaria dele era...
Lillian Ryder
3
Staff
Tradução: Hera
Revisão Final: Diana / Selene
Leitura Final: Cibele
Formatação: Selene/Cibele
Disponibilização: Cibele
Grupo Rhealeza Traduções
12/2016
4
—Pare. —Jacob avisou enquanto eu tentava puxá-lo para mais perto de
mim pela camisa.
—Ah, vamos lá, todo mundo está lá dentro. Ninguém vai nos ver.
Somente. Assim.
Ele olhou para a casa atrás de mim. —Kid1, eu posso vê-los. Se eu posso
vê-los, então eles podem nos ver.
1
Resolvemos manter no original, pois é como ele se refere à ela.
5
—Eu também te amo. Você sabe disso. Eu sempre amei você, mas isso não
muda o fato de que isso é errado. O que nós estamos fazendo, o que temos feito
desde que tinha quinze anos, pelas costas de todo mundo, está tremendamente
errado.
—Por quê? Por que é tão errado? Eu não sou mais uma criança. Tenho
vinte e quatro anos de idade. Sei que você é velhinho e tudo, mas porra! —Eu
sorri, tentando aliviar o clima.
Ele balançou a cabeça, sabendo que eu estava certa. —Eu não vou perder
você nunca mais. Você é minha, Lillian.
Você já quis tanto algo que isso consumiu o seu próprio ser? Algo que
você poderia praticamente provar em sua língua? Algo que era tudo o que você
pensava, dia após dia?
A sensação é tão intensa, que ela se torna uma parte de você. Você pode
senti-la sob a sua pele, em seu coração, consumindo sua mente.
6
Eu não conseguia lembrar-me de uma época em que eu não o queria.
Fiquei na ponta dos pés, aninhando meu rosto na curva do pescoço dele e
murmurei. —Fique comigo esta noite. —Esfreguei meu nariz para trás e para
frente em sua pele.
—Você sabe que eu não posso. —Ele gemeu. Eu sabia que o meu toque
tinha efeito sobre ele.
—Eu sei que você está velho e já passou da hora de dormir. Quero dizer,
você tem trinta e um depois de tudo.
—Cuidado.
—Certo. —Eu sabia que ele estava sorrindo, senti contra a minha
bochecha. —Porque isso é um problema. Eu não posso manter a roupa em você.
Tudo o que você quer é que eu faça coisas com você.
—Então…
—Então?
—Ele não vai saber, eu prometo. Será nosso pequeno segredo. —Tentei,
usando a mesma frase que eu tinha usado desde o início. Desde o nosso início. Ele
7
se afastou e eu segui o exemplo. Jacob olhou profundamente em meus olhos com
um sorriso perspicaz em seu rosto, lendo minha mente.
Meu coração.
Minha alma.
Eu era dele...
Meu corpo.
Minha mente.
A brisa do mar que soprava nas cortinas brancas e finas, fez pouco para
arrefecer o calor entre nós. Juro que a menina tinha certa temperatura. Quente.
Não de uma boa maneira também. Mas que droga, ela era tão adorável enquanto
dormia. Ela estava sempre do meu lado na cama, tão perto de mim quanto
possível, metade de seu corpo jogado sobre o meu. Ela não pesava mais do que
50 quilos, mas ela sempre conseguia ocupar a cama toda, não importa o
tamanho. Ela afirmava que as lagostas dormiam assim.
8
Eu acho que nós éramos a porra das lagostas2.
Eu nunca entendia metade das coisas que saía de sua boca, mas eu a
amava apesar disso. Ela era muito sábia para a sua idade. Ninguém era como Lily.
Confie em mim, eu saberia. Eu tinha fodido um número suficiente de mulheres na
tentativa de tirá-la do meu coração.
Ninguém.
—Ei, você vai me deixar? —Ela perguntou com voz sonolenta. Ela
detestava levantar cedo. A menina podia dormir toda a manhã se eu deixasse.
Eu beijei seus olhos fechados e tentei me afastar. —Isso aí. Eu deveria ter
lhe deixado ontem à noite.
Um.
Ela sorriu sem abrir os olhos. —Humm... muito melhor. —Ela suspirou
satisfeita. —O meu amigo está acordado. —Ela beijou meu pescoço e ao longo do
meu queixo.
2
Mais para frente será explicado a expressão sermos lagostas.
9
—Kid... —Ela balançou sua vagina contra o meu pau duro, quebrando
minha linha de pensamento e me virando.
Eu deveria ter pensado que as coisas eram diferentes agora. Lucas. A casa.
Tudo. Mas não pensei. Eu sabia no fundo da minha mente, que eu lamentaria
minha decisão de não sair, de ficar aqui com ela. Essa era a beleza de Lily, quando
eu estava com ela nada mais importava, tudo desaparecia, exceto ela.
Ela beijou meu peito. Sem tirar os olhos dos seus, deslizei meu pau em sua
boca quente, acolhedora. Minhas costas arquearam para fora da cama, e minha
mão foi para a parte de trás do seu pescoço, segurando e empurrando meu pênis
mais fundo em sua garganta.
—Porra. —Gemi, observando-a oscilar com seu corpo nu, enquanto ela
fazia amor comigo com a boca. Sentei-me para ter uma visão melhor e tocá-la,
mas antes que eu a alcançasse, a porta abriu, e eu foquei meus olhos em Lucas.
Seu olhar assassino passou de mim para Lily, que ainda estava...
10
—Você precisa se acalmar, Lucas. —Persuadi com as mãos na minha
frente, agarrando minha boxer na beira da cama e vestindo-a. Não que isso
ajudasse a nossa situação atual. Não podia ficar pior.
Seus olhos arregalaram e sua boca abriu, toda a cor drenando de seu
rosto.
Ela não vacilou, não que eu esperasse que ela vacilasse. Ela nunca soube
como manter a boca fechada. —Lucas, eu o amei desde que eu era criança. Você,
de todas as pessoas, deveria entender. Pare com isso!
Eu me virei e olhei para ela. —Você não está ajudando. —Disse entre
dentes.
Besteira…
Sim, eu pensei.
É por isso que eu tentei ficar longe da irmãzinha do meu melhor amigo.
11
Naquela época
Eu não diria que era uma criança intrometida, mais como, curiosa. Eu
gostava de ler e assistir a documentários que fariam meu irmão mais velho, Lucas,
adormecer. Tínhamos seis, quase sete anos de diferença. Eu tinha dez anos e ele
tinha dezesseis anos. Minha mãe costumava dizer que eu era uma surpresa feliz,
mas eu não sou estúpida, eu sabia que foi um acidente. Lucas nunca se
incomodou comigo. Ele não era como a maioria dos irmãos das minhas amigas.
Ele nunca implicou comigo ou me chamou de nomes feios. Ele nunca me fez
sentir como se eu não fosse desejada.
Alex aguentou muita coisa de Lucas, dos meninos e das nossas famílias. Eu
não tolerava essas coisas. Se você não gostasse, que pena. Você sabe para onde
você poderia ir...
Bem, eu não quero me gabar nem nada, mas eu podia cantar e tocar
violão como ninguém. Minha mãe costumava dizer que eu saí dela cantando. Que
13
eu cantava antes que eu pudesse falar. Era o meu talento dado por Deus. A
música sempre foi uma saída para mim, eu sempre me expressava através das
letras. Era terapêutico eu me perder na simetria de palavras e ritmos. Eu mostrei
talento natural suficiente com um violão, então meus pais me colocaram em
aulas quando eu tinha seis anos. Agora meu violão nunca saía do meu lado.
—Ei, Kid.
Jacob...
Eu sorri, olhando para ele da minha cama, com o meu violão no meu colo.
—Novas melodias?
Eu sorri amplamente, colocando meu cabelo atrás da orelha, para que ele
pudesse ver meu rosto iluminar para ele. Ele andou até a minha mesa e puxou
minha cadeira para se sentar. Eu sabia o que ele queria. Jacob amava os clássicos
como Jimmy Hendrix, Led Zeppelin, Santana, Lynyrd Skynyrd, The Rolling Stones e
Aerosmith. Eu não tinha ideia de quem eram aquelas pessoas, mas eu os
pesquisei no meu computador. Até comprei partituras de música com a minha
mesada para que eu pudesse tocar para ele, implorando para meu instrutor me
ensinar como tocar os favoritos de Jacob. Algumas delas eram canções
complicadas, mas para seu espanto, eu aprendia rapidamente. Isso só o motivava
a me ensinar mais rápido.
14
Magic Woman no meu violão, meus dedos deslizando sobre as cordas como se
fosse uma extensão do meu próprio corpo. Dedilhando os tons arrojados,
precisos, altos e baixos, sem esforço, com a habilidade de uma violonista
experiente além da minha idade; a intensidade vibrava até o meu núcleo. Perdi-
me na música, exatamente como eu sempre fazia.
Seus olhos estavam dilatados e sua boca aberta. —Caramba... Lillian. Você
é tão talentosa. —Ele suspirou quando eu terminei.
—Ei, babaca, o que está fazendo aqui? —Lucas interrompeu, para minha
grande decepção.
Eu o amo.
—Eu sei, ela está tocando essa canção pela última semana. Ela está
ficando boa. Vamos lá, os meninos estão no meu quarto.
—Estudando.
Eu sorri. —OK.
15
Ele levantou-se e bagunçou meu cabelo com os dedos, me fazendo rir
antes que ele saísse. Eu continuei a tocar por um tempo, mais uma vez me
perdendo na música, mas o riso no quarto do meu irmão começou a ganhar o
melhor de mim. A curiosidade de saber o que eles estavam falando fez meus pés
moverem-se por vontade própria. Antes que eu percebesse, eu estava na porta
de Lucas.
—Jesus Cristo, você não tem ideia de quão incrível é esse gosto, Lucas. Por
que você ainda não o experimentou com Stacey? Você já fez sexo com ela. —
Jacob perguntou, e eu me escondi mais para trás da parede para escutar.
—Não há palavras para explicar. Você vai ter que tentar. —Austin
adicionou.
3
A palavra em inglês é pussy que quer dizer bichano, mas também se refere a buceta, Como a personagem faz
brincadeiras relacionando essa palavra com gatos, xana ou xaninha é a palavra equivalente em português, para
dizer buceta e também gato.
16
—Venha aqui embaixo. Estou na cozinha.
—O que quer dizer com o que? —Ele riu. —Venha experimentar isso. É a
minha comida favorita.
—Nada.
—Então porque você não está olhando para mim? Eu fiz alguma coisa?
—Não.
Ele sacudiu a cabeça para trás olhando para mim como se eu fosse louca.
17
—Você disse... — Mordi o lábio e abaixei as sobrancelhas. —Você disse...
que gosta de comer gato 4.
Ele limpou a garganta e tossiu mais algumas vezes. —Sim, eu não estava
esperando você dizer isso.
—Bem, pelo menos você entende onde eu estou. Eu não quero comer
gato, Jacob. Eu nem acho que é legal. Você poderia entrar em um monte de
problemas. Eu não quero que vocês fiquem em apuros. Pensei que você amasse
gatos. —Eu estava pirando, atirando tantas perguntas quanto pudesse enquanto
eu o observava limpar a bagunça com movimentos nervosos. Ele terminou. Seus
olhos desviando para todos os lados antes de olhar para mim novamente.
—O que é sexo?
—Puta merda. —Eu rugi. Minha mão esfregava a parte de trás do meu
pescoço. —Porra, quero dizer, merda, eu quero dizer, nada, Jesus. —Eu divagava,
fazendo-a rir.
4
Referência a palavra pussy que serve para bichano (GATO) e buceta. Anteriormente ele tinha falado para Lucas
comer a “pussy” de Stacey ou a xaninha da Stacey.
18
Passei minhas mãos pelo meu cabelo e puxei-o para trás num gesto
frustrado, esfregando minhas têmporas por uma boa resposta.
—Não acho que eu seja a pessoa certa para falar com você sobre isso.
—Sua mãe.
—Ela tentou falar comigo sobre isso, mas realmente não fez sentido. Ela
resmungou. Eu acho que ela realmente não sabe. —Ela concluiu, e agora era a
minha vez de rir.
—Você a ama?
—Quem?
—A menina.
—Minha mãe diz que você deveria amar a pessoa. Sexo não significa nada
a menos que você as ame. — Uma expressão triste caiu sobre seu rosto. —Então,
você a ama?
Eu balancei minha cabeça. —Não é bem assim. Embora, sua mãe esteja
certa, fod... quer dizer, fazer amor... deve ser entre duas pessoas que se amam.
Deve significar alguma coisa.
—Não vamos falar de mim. Eu estou falando sobre o que se aplica a você,
que é tudo o que importa.
Ela assentiu com a cabeça. —Bem, talvez. Talvez um dia... quando eu for
mais velha. Quero dizer... não importa.
19
Eu sorri. —Um dia, Lillian, você vai ter caras esperando na fila por você.
Confie em mim sobre isso.
20
Dias Atuais
Eu estava trabalhando sessenta horas a mais por semana nos últimos três
anos na Jones & McAllister, um dos escritórios de advocacia de maior prestígio
em San Francisco. Quem disse que tornar-se sócio aliviaria a minha carga, falava
sem saber. Tanta coisa aconteceu nos últimos anos. Mais do que eu gostaria de
lembrar. Senti como se meus vinte e nove anos fossem cinquenta. Meu avião
pousou em Nashville, e eu mal tive tempo de olhar ao redor antes que eu tivesse
que pegar o meu carro de aluguel, e fazer check-in no Marriott Hotel. Não que
isso importasse, eu não estava pensando em usá-lo por muito tempo. Isto era
apenas temporário se as coisas saíssem como eu planejei.
Nada.
—Deus, homem, você não pode parar de pensar em trabalho por uma
porra de segundo? Tiffany está fora da cidade. Sinto falta da minha esposa, e
estou afogando minhas mágoas em cerveja. Além disso, há uma garota cantando
no palco. Ela é um maldito nocaute. Completamente o seu estilo, minúscula, do
jeito que você gosta delas.
—Eu não preciso de você para escolher uma buceta para mim. Estarei aí
em alguns minutos. —Eu desliguei, rapidamente olhando para a lua cheia, e
imediatamente sacudindo as memórias que ameaçavam ressurgir.
5
Famosa cadeia de bares
22
precisando verificar as minhas emoções e os pensamentos que atacavam minha
mente em rápida velocidade.
Um após o outro.
Ninguém.
Aquela voz…
Era suave como a seda, mas crua o suficiente para lhe dar arrepios.
Aquela música…
Aquela noite…
Deus... Eu não conseguia pensar naquela noite sem meu pau ficar duro, e
a vergonha me engolir quase que simultaneamente. A letra do Metallica de
Nothing Else Matters me levou de volta para outro tempo, outro lugar, onde eu
fingia que ela era minha...
Sempre.
O rosto dela…
Os olhos dela…
O corpo dela...
23
Lembrei-me de tudo, e eu não tinha sequer olhado para cima para vê-la.
Eu não precisava. Ela estava enraizada na minha mente. No meu coração. Em
minha alma.
Sua voz caiu para um tom suave, como seu violão. A música terminou, e a
multidão ficou ainda mais selvagem e voraz por ela.
Eles gritaram mais alto. Ela sempre soube como trabalhar com a multidão.
—É disso que estou falando! curto e grosso na porra do Sul! —Ela gritou
no mesmo sotaque sulista que ela odiava quando criança. —Vou descansar um
pouquinho...
—Buuuuuu!
24
—Eu sei, queridos, eu sou muito bonita de se olhar. Eu vou voltar, eu
prometo! Enquanto isso, me comprem uma dose, porra! Kid é meu nome.
Eu imediatamente olhei para cima, diretamente para ela. Juro por Deus,
meu peito apertou, e ela tirou meu maldito fôlego. Vestindo um short curtinho
como Daisy Dukes 6, e uma camisa minúscula com a frase “Uísque me deixa
atrevida” escrita sobre os seios. A maldita coisa parecia que era tão velha quanto
eu. Seu estômago todo nu, seu umbigo agora perfurado, e seu longo cabelo
escuro em cascata pelas costas, quase tocando sua bunda. O corpo minúsculo que
eu amava ainda era o mesmo, mas ela parecia crescida. Mais velha. Suas pernas,
suas malditas pernas. Lembrei-me delas em volta de mim, e eu tive que sacudir
minha cabeça para apagar as imagens que deixavam meu pau duro e meu
coração pesado.
Eu sorri, porra eu sorri quando vi as botas de cowboy que ela usava. Eu dei
a ela. Eu pensei que ela tivesse as jogado fora.
6
Referência ao seriado The Dukes of Hazzard onde a atriz principal criou e difundiu a moda do shortinho com
camiseta curtinha.
25
—Kid. —Alguns caras aleatórios murmuraram atrás de mim.
—Que tal se eu comprar aquela dose? —Ele apontou para a minha camisa.
—Uísque, certo?
—Então, o que uma coisinha pequena como você está fazendo em uma
cidade grande como Nashville?
7
Esse antigo ditado é algo da sabedoria popular que diz respeito a não conquistar um/a mulher/homem em um
ambiente de trabalho.
26
—Aos homens e cavalos, e as mulheres que os montam.
—Um brinde a isso. —Ele riu quando bati meu copo no dele, e então nós
dois tomamos nossas doses. A minha desceu suave, eu bebia uísque desde
menina, mas ele, por outro lado, não. Ele tossiu e seus olhos lacrimejaram muito.
Maricas.
—Kid não pode ser o seu nome real, então de onde isso vem?
Eu sorri. —Vêm...
Jacob.
—Você me ouviu. Agora, por que você não faz um favor e se afasta antes
que você não seja mais capaz de andar. —Ele advertiu com um tom calmo e
tranquilo que me fez querer chutá-lo na cabeça.
27
Jacob não tinha medo de ninguém, e ele tinha as cicatrizes para provar
isso, e eu não estou falando sobre as físicas. Nossos olhares se encontraram
exatamente como costumava fazer nossos corações. Pelo menos eu pensava que
era assim.
—Não me faça repetir, imbecil. —Ele acrescentou com o mesmo tom duro
em sua voz, paciência nunca foi sua virtude.
Ele franziu os lábios naquela mesma maneira deliciosa que ele fazia
quando eu era criança. Vestindo uma camisa cinza de botão, uma gravata preta
solta em volta do pescoço e calça preta, fez-me questionar minha decisão. Hoje à
noite ele usava um chapéu fedora 8 no lugar do boné de baseball.
Devastadoramente bonito.
Apertei os olhos para ele e falei com convicção. —Eu adoraria sentar aqui
e analisar como sua mente delirante funciona, Jacob, mas eu já estou cansada das
suas merdas.
28
—Vou me lembrar disso na próxima vez em que eu for comprar calcinhas.
Acesso mais fácil e tudo isso.
Ele fez uma careta; seus olhos escuros e assustadores tornaram-se uma
sombra mais profunda de verde. Eu sabia que ele odiou o meu visual.
—Gostaria de poder dizer que foi ótimo vê-lo, mas vamos ser honestos, o
prazer foi todo seu. —Eu fiquei de pé. —Se você me der licença eu tenho que
voltar ao trabalho. —Afastei-me para sair, mas no último segundo eu me virei
para olhar. Chegando mais perto de onde podia sentir seu calor, fiquei na ponta
dos meus pés, e esfreguei meu nariz para trás e para frente em seu pescoço, que
eu sabia que ele amava, fracamente respirando nele. Meu cheiro agrediu todos os
seus sentidos, assim como eu queria.
E com isso eu fui embora, não lhe dando uma segunda olhada.
29
Naquela época
Agora Lucas... Porra, toda a merda aconteceu entre ele e Alex ao longo
dos anos. Ele pensava que ninguém sabia, ambos pensavam. Eles pensavam que
nós estávamos alheios a tudo.
30
Nós não estávamos.
Especialmente eu.
Embrulhava-me o estômago apenas pensar sobre eles dessa forma, ela era
como a nossa irmãzinha, sempre foi e sempre seria. Seguindo-nos desde que ela
podia engatinhar. Todos nós a amávamos. Lucas não era suficientemente bom
para ela, e eu tive que lembrá-lo disso constantemente, fazendo-me soar como
um maldito disco quebrado. Eu estava tão exausto de repetir a mesma coisa mais
e mais, assim como eu imaginava que ele estava cansado de ouvir. Fiz tudo o que
podia para mantê-los separados. Ele precisava acordar e começar a vê-la do jeito
que todos nós a víamos.
—Um filme de terror, Lily, você não pode assistir a este. Você não vai
dormir. Mamãe e papai vão chutar a minha bunda quando chegarem em casa. —
Lucas gritou do chão, olhando para ela.
O rosto dela corou, foi rápido, mas eu vi. Ela olhou para seu colo antes que
eu lhe desse mais atenção.
31
—Lily, você odeia os filmes de terror...
—Estou bem. —Ela argumentou, olhando para ele com olhos arregalados.
Lucas suspirou e sacudiu a cabeça. —Tanto faz. Jacob vai dormir aqui esta
noite, então você não será capaz de esgueirar-se para o meu quarto.
—Eu não vou. — Ela olhou para mim pelo canto do olho, e eu mudei meu
olhar de volta para a TV.
Achei que ela estava com vergonha, uma vez que éramos todos muito
mais velhos do que ela. Lucas voltou e deitou-se, ficando um pouco mais perto de
Alex. Eu balancei a cabeça em desapontamento. Lily colocou o violão no chão ao
lado do sofá. Puxei o cobertor da parte de trás do sofá e entreguei a ela. Ela
sorriu, pegando-o de mim e colocando sobre os nossos corpos. O filme começou,
e não demorou muito para que ela se enroscasse em uma pequena bola, roendo
as unhas e escondendo o rosto no cobertor.
—Por que está tão nervosa? —Eu perguntei, olhando para ela.
Ela mordeu o lábio novamente. —Eu estou assustada. —Ela disse alto o
suficiente para eu ouvir.
—Lillian.
Ela imediatamente se virou para mim com o som de seu nome, como se
ela precisasse me ouvir dizer isso.
—Lucas. —Jacob disse do nada, nos fazendo olhar para ele. —Vamos
dormir aqui esta noite. Está quente pra caramba no seu quarto.
Fiz para cada um de nós as nossas próprias camas. Lucas sobre o sofá
maior, Jacob no outro sofá, e eu na poltrona, já que eu era a menor. Lucas
dormiu um pouco mais tarde, e foi quando meus olhos começaram a fechar de
exaustão. Eu ouvi a TV desligar, e pouco depois Jacob disse. —Noite, Kid.
Sorri para meu cobertor meio adormecida, com seu boné de baseball
ainda em cima da minha cabeça, sabendo que ele dormiu na sala de estar...
Por. Mim.
34
Dias Atuais
Ele olhou para mim de novo, mas desta vez havia algo por trás da
intensidade de seus olhos que eu não consegui dizer. Como se lhe doesse olhar
para mim.
Por quê?
—Merdas acontecem para pessoas fodidas. —Eu disse, sorrindo. Ele ainda
não tinha dito nada, e esse não era Jacob. Especialmente quando se tratava da
minha boca espertinha. Seu silêncio começou a fazer-me sentir desconfortável, e
eu sabia que ele percebeu.
Dias…
Anos…
Nada poderia mudar isso, inferno, décadas não poderiam mudar isso.
—O que você está fazendo aqui tão tarde? O bar fechou há uma hora. —
Eu perguntei, principalmente porque eu queria mudar o foco do efeito que ele
ainda tinha sobre mim.
—Esperando por você. —Ele finalmente falou, com uma expressão sincera
em seu rosto, que fez meu coração vibrar.
Eu zombei. —Não sou uma criança, Jacob. Eu não preciso de você para
cuidar de mim.
—É tarde, Lillian.
—Que tipo de patrão permite que você caminhe para o seu carro sozinha
a essa hora da noite?
Por quê?
36
—Você nunca precisou de alguém para cuidar de você, Kid, mas isso nunca
me parou antes e, com certeza, não vai me parar agora.
Sua respiração estava acelerada como a minha, nós dois esperando que o
outro desse o primeiro passo. Eu odiava que meu corpo quisesse uma coisa e
minha mente outra, em guerra um com o outro.
Meu coração.
Querendo. Ele.
37
Ela empurrou o meu peito. —Chame um táxi, vá para casa, Jacob. —Foi
tudo o que disse, passando por mim para sair.
—Eu não me lembro de onde fica meu hotel. —Eu menti, mas ela não
tinha que saber disso.
—Eu mal sei como voltar para o aeroporto. Eu posso chamar um táxi, mas
que bem isso vai fazer? Eu não tenho nenhuma ideia de para onde meu carro foi
rebocado. O endereço do hotel está programado no meu GPS, e eu nem sequer
prestei atenção ao nome do hotel.
Se fosse há alguns anos atrás, ela saberia que tudo o que saía da minha
boca era besteira completa e absoluta.
Ela mordeu o lábio inferior. Levou tudo dentro de mim para não o morder
por ela.
—Você quer ser responsável por eu dormir na rua? —Eu adicionei por
precaução.
A atitude gelada que ela tentou retratar não me enganou. Lily era tão
doce quanto parecia.
38
ver sobre o volante. Ela amava seu irmão, e parecia como ele. Eu estaria
mentindo se dissesse que não doía meu coração saber que estávamos na mesma
situação, e que isso nunca acabaria para nós.
Ela ligou o rádio alto o suficiente para não podermos conversar. Eu sabia o
que ela estava fazendo, e eu permiti seu comportamento recluso. Eu a deixaria
começar a reunir seus pensamentos, porque se ela quisesse ou não, estaríamos
colocando tudo sobre a mesa. Eu estava resolvido. Não demorou muito para
entrarmos em sua garagem. A paisagem com uma iluminação suave destacava as
características de sua casa em estilo bangalô, gritando Lily, e eu não tinha sequer
entrado ainda. Eu a segui para dentro, fechando a porta atrás de mim quando ela
deixou cair suas chaves e bolsa na mesa da entrada.
Sua casa era bem pequena, mas perfeita para ela. Um piso plano e aberto
levava para a cozinha e sala de estar. Havia um corredor à esquerda, que eu
assumi que levava ao seu quarto e banheiro. Fotos em preto e branco estavam
espalhadas em diferentes paredes. Percebi que eu não estava em um único
quadro, nem mesmo em uma foto em grupo.
Filha da puta.
—Sim? —Olhei para cima quando ela voltou para a sala, encostando-se à
parede com uma garrafa de água na mão.
39
Inclinei a cabeça para o lado, uma expressão divertida rapidamente caindo
sobre meu rosto. —Você nomeou seu gato com meu nome?
Eu ri, mas essa era Lily. Fria num segundo e quente no próximo. Era bom
ver que algumas coisas não mudaram.
—Lillian...
—Não. —Ela fez uma pausa para deixar essa simples palavra afundar. —O
quarto de hóspedes é no final do corredor à sua direita, eu só tenho um banheiro
e é em frente do seu quarto. Eu tenho um lugar para ir amanhã de manhã.
Certifique-se de ter saído no momento em que eu voltar.
—Não.
40
Ela não pronunciou uma palavra antes de se virar e sair da sala. Mal me
dando uma segunda olhada. Tomei isso como um bom sinal. Fiz questão de
esperar até que ela terminasse no banheiro antes de ir para lá.
Eu estava em sua casa, e tudo o que eu podia fazer era pensar sobre...
Acima de tudo, eu odiava que eu queria nada mais do que aceitar sua
oferta para o café da manhã. O fato de que eu queria me amarrar na minha cama,
porque eu podia sentir meu corpo sendo fisicamente atraído para ele, como se
ele fosse um ímã me puxando para o seu vórtice, não ajudava. Tentei
desesperadamente não deixar minha mente vagar para um momento em que eu
o amei. Eu namorei vários homens ao longo dos anos, e eu nunca deixei chegar
mais longe do que alguns encontros. Eu não ficaria ligada a outro homem. Não
estava nas cartas para mim, e uma pequena parte de mim o odiava por isso
também. Eu sempre estive apaixonada pela ideia do amor, e a primeira vez que
eu o experimentei, me mostrou a realidade da fantasia que eu tinha em minha
cabeça.
Eu estava sozinha.
Meu irmão casou com Alex, e eles estão juntos há mais de dois anos. Eu
estava em êxtase por eles. As palavras não podem descrever o quanto eu ansiava
por uma relação como a deles. Levou um longo tempo para chegar ao lugar que
41
eles estavam agora. Alex sempre foi como uma irmã para mim, e agora era oficial
também. Eu nunca iria querer outro homem como eu quis Jacob. Eu não
permitiria isso. Claro, eu tive relações sexuais, mas eu também não dei
livremente. Eu nunca fui esse tipo de garota, e eu não começaria a ser uma
porque Jacob me machucou. Além disso, eu tinha uma gaveta cheia de
namorados fictícios que funcionam com bateria, e na maioria das vezes eles
terminavam o trabalho melhor do que esses carinhas poderiam realizar. Eu sofria
por Jacob da mesma maneira que eu sempre sofri, e eu ainda o odiava, e
esperava que essa emoção nunca fosse embora. Eu só tinha que ficar forte e
defender a minha posição.
No final do dia, ele ainda era o mesmo bom e velho menino que tinha me
fodido.
Fique firme, Kid, basta lembrar-se de que ele é um idiota. Mente superior
ao corpo.
Virei e revirei a noite inteira, acordando antes do meu alarme, que foi
definido para sete horas. Eu menti. Eu não tinha que estar em qualquer lugar. Eu
só não queria passar mais tempo com ele do que o necessário, por isso, peguei
meu violão e fui para o meu parque favorito na rua da minha casa. Eu me perdi na
minha música, deixando minha confusão expressar através das minhas letras e
cordas. Eram dez horas no momento em que voltei para minha casa.
Abri a porta e gritei, colocando minha mão sobre meu coração, enquanto
a outra mão foi colocada firmemente na maçaneta da porta. Jacob, em toda sua
42
glória, estava de banho tomado segurando uma toalha. Meus olhos foram para o
único lugar que qualquer mulher que se preze iria.
Seu pênis.
Jesus.
Foda-se ele.
Eu puxei meus fones. —O que você está fazendo aqui? —Eu perguntei,
fervendo.
—Não brinca. Mas por que você está tomando banho aqui? Eu lhe disse
para sair antes que eu voltasse.
—Eu lhe pedi para ir tomar café da manhã comigo. —Ele simplesmente
declarou me irritando ainda mais.
43
Ele sorriu, saindo do chuveiro ainda não se preocupando em se cobrir. —
Mas você não disse que não.
—Jacob...
—Bem, se é isso o que vai tirar você da minha vida, então, que assim seja.
— Revirei os olhos e afastei-me, tomando a decisão de tomar um banho mais
tarde.
—Três anos. —Eu simplesmente declarei não querendo lhe dar mais
informação do que ele merecia.
Ele agarrou meu pulso antes de sequer a última palavra sair da minha
boca.
44
—Eu não quis dizer isso.
—O que você quer, Jacob? Por que você está realmente aqui?
Ele se encolheu, foi rápido, mas eu vi. Ele soltou meu pulso enquanto
segurava a minha mão, me puxando de volta para o meu assento.
45
Naquela época
—Ontem.
46
—Lucas...
—Estamos todos chateados com ele, mas merdas acontecem. Ele nunca
colocaria a vida de Alex em perigo de propósito. Ele foi estúpido e irresponsável,
ele está pagando por isso agora. —Eu olhei para a cama de Alex, colocando a
melhor cara de pôquer que eu poderia usar com Lucas.
As mães de Lucas e Alex entraram com Lily ao seu lado; elas estiveram
aqui o tempo todo, apenas pausando na cafetaria aqui e ali. Não havia mais do
que alguns meses, desde a última vez em que vi todos eles. Eu sorri, lembrando-
me da última vez que vi Lily; ela estava assustada. Toda vez que eu a via, ela me
lembrava mais de Alex; eu achava que suas personalidades eram muito
semelhantes. Eu aprenderia mais tarde na vida, que eu não poderia estar mais
errado sobre isso.
Ela inclinou a cabeça com empatia. Lily era intuitiva, e se importava muito
com os outros, o que era uma bênção e uma maldição. A menina amava a todos.
—Lily está esgotada. Você pode levá-la para casa? — Sua mãe perguntou,
puxando todos nós para longe de nossos pensamentos. —Eu não posso deixar
Jana. —Ela sussurrou não querendo perturbá-la. Jana estava em seu próprio
mundinho, segurando a mão de Pinguinho.
Eu sempre soube que Lucas e Alex se amavam, todos nós sabíamos, mas
acho que eu estava ciente disso mais do que Dylan ou Austin, embora eu não
estivesse muito certo do porquê. Eu tentei de tudo para mantê-los separados,
mas naquele momento, eu não podia ser um babaca. Lucas estava sofrendo. Eu
não podia imaginar estar em seu lugar, se eu me sentia como se estivesse
morrendo... Ele deveria estar se sentindo como se já estivesse na sepultura.
Ele estava prestes a abrir a boca para dizer algo, mas eu o venci. —Vou
leva-la para casa. —Afirmei.
48
—Tem certeza? Robert está de plantão, e ele não vai deixar o hospital até
que algo aconteça com Austin ou Alex. Você se importa em ficar mais? Lily não
pode ficar...
Eu sorri novamente. Ela sempre teve esse efeito em mim. —Tudo bem,
Kid, é mais para meu benefício, eu não gosto de dormir numa casa sozinho.
Ela sorriu, eu podia dizer que ela sabia que eu menti, mas apreciou o
gesto, no entanto.
Eu pisquei para ela quando Lily deu um abraço apertado em Lucas. Sua
mãe beijou o topo de sua cabeça, e então Lily colocou os braços em volta de mim
novamente, enquanto nós caminhávamos para fora da sala juntos.
—Você está com fome? —Perguntei olhando a hora, surpreso que fosse
22:15 hs.
Ela apenas deu de ombros, o que era completamente diferente dela não
falar. Na maioria das vezes, você não poderia fazê-la ficar quieta.
49
Eu disse boa noite a Lily enquanto caminhávamos até as escadas, e fui
para o quarto de Lucas, para pegar um short de basquete e uma camiseta de sua
cômoda.
—Entre.
Lily entrou vestida para dormir, mais uma vez, parecendo triste e
chateada. —Será que você pode ficar comigo até eu dormir? Não são os caras
assustadores desta vez. Superei isso. É apenas que nas últimas noites, eu tenho
tido pesadelos com Austin e Alex. Minha mãe me contou o que aconteceu, e eu
continuo imaginando em meu sono.
—Promete?
9
Remédio para gripe que contem anti-histamínicos sedativos, bem similar ao Naldecon.
50
Deitei-me na cama de Lucas e não demorou muito para um sono pesado
me arrastar também.
Esse era o tipo de irmão incrível que ele era para mim.
Eu sentia falta dele. Eu sentia falta dos meus pais estarem aqui. Eu sentia
falta de Pinguinho e Austin. Eu queria que as coisas voltassem a ser como eram há
alguns dias. Rezei todas as noites e todas as manhãs para que eles ficassem bem,
para eles acordarem. Entrei em seu quarto, e foi então que me lembrei de que
Lucas não estava em casa comigo, Jacob estava. Mordi o lábio tentando decidir o
que fazer. Eu não queria voltar para o meu quarto e ficar sozinha. Jacob estava
desmaiado na cama de Lucas. Deitado de costas, com um braço atrás da cabeça e
outro no estômago, ele tinha o edredom puxado até o peito. Um frasco de Nyquil
estava na mesa de cabeceira, e eu me senti mal ao pensar em ter que acordá-lo
para perguntar-lhe se ele poderia ficar comigo de novo, já que ele parecia exausto
no caminho para a nossa casa.
51
Fui a primeira a acordar na manhã seguinte, olhando pela janela, quase
não havia qualquer luz exterior. Eu estava prestes a limpar o sono dos meus olhos
quando eu percebi que estava segurando a mão de Jacob. Ele estava na mesma
posição que na noite passada e eu também, mas nossas mãos atraíram uma a
outra. Eu acho que nós dois estávamos exaustos. Eu não queria que ele pensasse
que eu era um bebê, incapaz de dormir sozinha, sendo esta a segunda vez em que
ele tinha que ficar comigo. Fui cuidadosamente para fora da cama e sai antes que
ele acordasse.
Trouxe a minha mão que ele tinha segurada para meu rosto.
Sorridente.
52
Dias Atuais
Minha tela do telefone celular iluminou com a foto de Alex. —Olá, sou eu.
—Respondi à minha saudação padrão para todos.
—Lily...
—O que? Estou falando sério. Eu não saí com ele, ele simplesmente
apareceu no bar algumas noites atrás. Então ele tramou para passar a noite na
minha casa.
—Você dormiu...
53
—Não! Seu carro foi rebocado porque ele é um idiota. Ele começou a me
enganar para eu levá-lo à minha casa, alegando que ele não sabia como encontrar
o hotel. Ele provavelmente estava mentindo. É no que ele é bom. Como você sabe
que eu o vi?
Mordi o lábio por curiosidade. Por que diabos ele disse a ela, mas eu não
perguntaria.
—Ele disse que ele teve que intervir entre você e uns caras.
Isso não quer dizer que a impediria de me dizer. —Será que Lucas...
—Claro que não. — Ela hesitou por alguns segundos. —Lily, por que você
não o ouviu?
—Eu sei. Você sempre fala antes de pensar, é uma característica Ryder.
—Você é assim, Lily, você tem sido desde que você podia falar. Eu sei que
Lucas me fez passar pelo inferno e voltar, mas eu nunca pensei que ele não me
amava. Nem uma única vez. Jacob ama...
—É uma situação difícil para qualquer um estar. Quero dizer, olhe como os
meninos me trataram, e eu não tenho seu sangue. Você sempre foi a irmãzinha
de Lucas, até mesmo para mim. Eles me viam como uma criança, e eu sou apenas
54
dois, três anos mais jovem do que eles. Você é sete, mas isso não tira o fato de
que ele a amava. Que ele ainda ama você.
—Ele ama, Lily. —Ela fez uma pausa para deixar suas palavras assentarem.
—Ele ama.
Eu balancei minha cabeça. —Eu não vejo isso dessa forma. Eu sei que ele é
seu melhor amigo...
—Você também. Eu acho que você deve isso a si mesma, e ouvi-lo. Isso é
tudo. Pode entrar por um ouvido e sair pelo outro, mas eu tenho que dizer a você.
Eu quero que você seja feliz.
—Alex, eu não quero mais falar sobre isso. Ele está fora da minha vida, e é
onde ele vai permanecer. Fim da história.
—Oh merda, sinto muito, Alex. — Eles estão tentando engravidar desde
que se casaram há dois anos.
—Amo você.
Jesus Cristo.
Você poderia facilmente entrar na casa dela, porra. Eu mal girei a trava e
entrei. Sua vizinha nem sequer me parou, e ela estava lá fora me olhando o
tempo todo.
Eu não ia a lugar nenhum, além de voltar para sua vida, onde eu pertencia.
56
—Que porra é essa, Kid? —Gritei.
Ela pulou, virando na direção da minha voz, sua arma agora apontada para
mim.
—Meu Deus! Eu poderia ter atirado em você, seu idiota! Que diabos você
está fazendo aqui? —Ela gritou.
—Não até que me diga o que você está fazendo na minha casa sem ser
convidado!
—Eu pensei que você fosse um ladrão. Minha porta estava destrancada.
Onde está seu carro?
—Então você entra, caralho? —Eu gritei para ela. —Eu poderia ser um
estuprador, porra, Lillian! Do que adiantaria seus 50 quilos?
—Eu atiraria nele! —Ela gritou com as mãos na frente dela. —Daí a porra
da arma!
Nem.
Por.
Uma.
Porra.
De.
Segundo.
Meus lábios estavam nos dela antes que ela tivesse a chance de piscar,
forte, exigente e urgente. Ela os aceitou com todo e cada empurrar e puxar que
eu lhe dei. Minhas mãos seguravam os lados de seu rosto enquanto minha língua
devorava seus lábios perfeitos e carnudos, mordendo o lábio inferior, exatamente
do jeito que eu fantasiava desde o primeiro momento em que a vi há poucos dias.
Sua língua macia, seu aroma de hortelã, pimenta e uísque, o gosto dela em volta
de mim, me fez gemer involuntariamente. A memória dela não se comparava a
isso.
A ela.
Ela agarrou com força a frente da minha camisa, me puxando para mais
perto dela, moldando-nos em uma só pessoa, e me beijando como se sua vida
dependesse disso. Ela gemeu em minha boca, fazendo meu pau contorcer. De
repente, ela me empurrou para longe dela, eu pensei que ela rasgaria as minhas
roupas, mas em vez disso ela...
58
Maldição.
—Saia!
—Sem chance.
—Apenas saia, Jacob, é no que você é bom. Eu não quero você aqui.
—Besteira.
Eu não vacilei. —Eu não quero você. —Falei entre dentes, cada palavra
mais forte que a outra.
59
Ele inclinou a cabeça para o lado com uma sobrancelha levantada. —Você
está certa disso? —Ele moveu seu rosto um pouco mais perto, e apenas um
centímetro nos separava. Eu estava envolvida em nada além do domínio que ele
exibia sobre mim naquele minuto, e eu juro que ele podia sentir o cheiro da
minha excitação.
Meu corpo parecia ter incendiado. Não havia um centímetro meu que não
doía por ele, que não o queria. Eu queria seu toque agora, tanto quanto eu quis
naquela época, e ele sabia disso. Lambi meus lábios precisando da umidade para
aliviar a queimadura que ele deixou para trás. Seus olhos seguiram o gesto
simples da minha língua. Seu desejo me vencendo, mas seu amor me oprimindo...
Seu amor...
Porra.
Me. Consumindo.
—Eu. Odeio. Você. —Eu menti, vendo uma pitada de tristeza passar
rapidamente através de seus olhos.
—Não, você não me odeia. —Ele rosnou. —Você não me odeia, bebê. O
que você odeia é que você ainda me ama. —Ele se afastou da parede e deu um
passo para trás. —Isto não acabou. Está muito longe de acabar, Kid.
60
Naquela época
Era verão. Eu tinha quatorze anos, quase quinze, prestes a ir para o ensino
médio. Graças a Deus Austin e Alex estavam bem, e caminhando rápido para a
recuperação. Alex estava se mudando para a Califórnia para viver com Aubrey, o
que também significava que ela estaria mais próxima de Cole. Cole entrou em sua
vida há alguns anos atrás, e tudo que ele fez, foi causar problemas para ela e meu
irmão. Ele fingiu ser uma boa pessoa, mas no fundo eu sabia que ele não era.
—Querida, o que você está fazendo acordada? —Ela parecia tão cansada.
Ela parecia extremamente cansada ao longo das últimas semanas. Lucas tinha
voltado para casa, de repente, uma noite há algumas semanas. Ele disse que
sentia falta de nós, especialmente de mim, mas eu não caí nessa. Algo estava
acontecendo.
Eu balancei a cabeça.
61
—Vou me deitar, querida, eu vou vê-la daqui a pouco. — Ela beijou minha
cabeça e saiu.
—Vamos, eu fiz um pouco de comida! Você nunca diz não à comida! —Ele
ainda não me deu qualquer atenção, então eu decidi deitar em cima dele,
esperando que meu peso o fizesse acordar.
Eu posicionei meu corpo inteiro em cima dele, e foi só então que eu ouvi a
ordem. —Lillian, não.
62
Eu deveria ter me movido. Eu deveria ter saltado de cima de seu corpo. Eu
deveria ter dito que estava arrependida. Eu não fiz nenhuma dessas coisas. Eu só
fiquei ali congelada em cima dele, sem saber qual era a coisa certa ou errada a
fazer. Ele não disse ou fez nada também, eu acho que ele estava tão chocado
quanto eu.
Eu podia sentir meu rosto ficando vermelho escarlate. Ele inclinou-se para
frente agarrando seu boné de baseball, e colocou em cima da sua cabeça. Ele
normalmente usava-o para trás, mas ao invés disso, ele o colocou para frente, e
eu imediatamente me perguntei se ele estava tentando se esconder de mim. Ele
agarrou o leite da mesa de café, e bebeu metade em um gole. —Obrigado. —Ele
murmurou, colocando-o de volta na mesa.
Mordi o lábio, desejando que meu violão estivesse comigo, pelo menos eu
poderia tocar uma música para evitar o constrangimento entre nós. A única vez
que eu decidi deixá-lo no meu quarto, sou punida por isso.
Ele se virou e olhou para mim com uma expressão que eu nunca tinha
visto antes.
—Kid...
—Sinto muito por ter tocado a sua coisa. —Deixei escapar, e ele
imediatamente irrompeu em gargalhadas.
63
Eu balancei a cabeça, sentindo-me estúpida. —Você sabe... a sua tralha, a
sua salsicha ... —Eu continuei, e sua cabeça caiu para trás, rindo muito mais forte
e mais alto.
Droga.
Essa Kid.
—Eu me esqueci disso. Eu acho que não pensei que você teria um... Eu
quero dizer, você não... Você é um cara... Claro, você tem um... Não que eu esteja
pensando sobre isso... Na sua salsicha... É só... Eu não sabia que eles faziam isso...
É muito cedo... Você sabe... E você estava dormindo... Ele faz isso todas as
manhãs? Que tal se você... o esmagasse ou algo assim... —Ela divagava, ainda
sem levantar os olhos para mim. —Eu vou parar de falar agora.
—Lillian.
—Não se preocupe.
64
—Obrigado pelo sanduíche e leite. Eu estava com fome.
Ela sorriu, a humilhação deixando seu rosto. —Você está sempre com
fome.
—Ele está fodido. Ele não vai a lugar nenhum. —Ele se virou para Lily com
um olhar compreensivo. —Onde está meu sanduíche e leite?
Ele inclinou a cabeça para o lado querendo dizer algo, mas se segurou. Eu
arqueei uma sobrancelha com um olhar interrogativo, mas ele zombou,
levantando-se como se eu fosse um idiota, porque eu não sabia o que estava por
trás de sua aparência enigmática.
—Obrigado pelo café da manhã, Kid. —Eu estava de pé, puxando seu
cabelo enquanto me dirigia ao banheiro para me preparar para um dia de surf.
Ele baixou os olhos para sua comida sem perceber o triste sorriso de Alex
para ele. Aubrey terminou com Dylan há um ano, e, tanto quanto ele fingia que
não dava a mínima, todos nós sabíamos que ele dava. Três anos era muito tempo
para estar com alguém, e ela adorava o chão que ele pisava. Confie em mim, essa
era uma coisa difícil de fazer quando se tratava de Dylan, ele era... Bem, para
dizer o mínimo...
—Mais ainda, nós vamos visitá-la tanto quanto nós pudermos, você sabe
disso. —Acrescentei tranquilizadoramente.
66
—É bom. — Ela deu mais uma olhada em Dylan e saiu. Alex era perceptiva,
fazendo-me pensar mais tarde, se ela tinha descoberto o que estava acontecendo
com Dylan. Será que ela esperava o que ele estava prestes a dizer para mim,
porque eu com certeza não.
—Qual diabos é o seu problema? O que está acontecendo com você? Você
está muito ríspido hoje. —Questionei Dylan, logo que ela estava fora de nossa
vista. —Estou preocupado com Pinguinho também, mas ela tem que crescer. Não
podemos mantê-la uma criança para sempre. Ela é adulta agora.
Ele deu de ombros. —Se eu fosse você, Jacob, eu estaria preocupado mais
consigo mesmo do que com qualquer outra pessoa.
—Lily. Você sabe, Kid? Irmãzinha de Lucas? Sua irmã mais nova de
quatorze anos de idade? —Ele zombou, acentuando as últimas palavras. Eu sei
que você gosta delas pequenininhas, Jacob, mas você não acha que sete anos é
uma grande diferença de idade?
—Não brinca.
—Você a vê como algo certo, eu apenas não tenho certeza do que é ainda.
67
—Você sabe que isso é completamente diferente de Lucas e Alex. Sim...
Alex é como nossa irmãzinha, nos seguindo e tentando ser um dos meninos desde
que ela podia andar. Lucas não é bom o suficiente para ela, e ambos sabemos
disso, e é por isso que complicamos para eles várias vezes. Mas Lily, Lily é
irmãzinha de Lucas. Ela é o seu sangue. Eu garanto que ele vai enterrá-lo em uma
cova vivo, se você colocar um maldito dedo em sua irmã.
Fiquei ali sentado, desintegrado, tentando absorver tudo o que ele acabou
de dizer para mim, mas minha mente não podia processar, eu estava pasmo.
—Eu sinto que você já está me executando, Dylan, e eu nem sequer tive
um maldito julgamento. Tudo o que você está pensando, você precisa parar. Não
é desse jeito. É longe disso. É absolutamente estúpido que eu esteja sendo
acusado de algo sobre o qual você não poderia estar mais errado.
—Ouça, eu não estou dizendo que você está fazendo algo de errado, mas
deixá-la...
—Ah, vamos lá, Jacob. Você não é tão cego, porra. A menina está
apaixonada por você. Ela está apaixonada por você por tanto tempo quanto me
lembro.
—Um, ela tem catorze anos. Ela ainda não sabe o que é o amor. Merda, eu
tenho vinte e um, e eu nem sei o que diabos isso significa.
—Tudo que estou dizendo é que ela gosta de você, ela tem uma queda
por você, chame do que quiser, mas tem sido assim desde... sempre. É mais do
que evidente. Lucas só tem a cabeça em Alex para notar. Você não acha que
Pinguinho sabe? Oh, confie em mim, ela está plenamente consciente. Mas ela é
uma menina, e para ela, provavelmente, parece romântico e tal. Jacob, você não
pode ficar sentado aí e seriamente me dizer que não notou isso?
68
—Eu... Eu quero dizer... Eu... —Murmurei.
—Não é assim, pelo menos não para mim. Eu a amo como eu amo Alex. Eu
não... Eu não sei mais o que dizer a você. Eu não sei o que mais você espera que
eu diga.
Ele se levantou, pairando acima de mim. —Ela não vai ter quatorze anos
para sempre, Jacob. Mantenha o seu pau em suas calças. Eu não quero ter que te
dizer : eu avisei. Você me entendeu?
Todos nós. Nossos pais eram melhores amigos desde antes de nascermos.
Não seria até alguns anos mais tarde, que eu perceberia que não devia ter
levado o aviso do Dylan de forma tão leviana.
69
Dias Atuais
—Maverick! —Eu gritei, abrindo a porta. —Jesus Cristo! O que você está
fazendo aqui? Você é como um gato de rua que não vai embora.
—Claro que não. Eu não teria aberto a porta se eu soubesse que você
estava em pé atrás dela.
—Kid... —Ele avisou com certo tom. —Estou farto de jogar com você.
Quem. É. Esse. Porra. De. Maverick?
70
Ele olhou para fora, no quintal, com os punhos cerrados ao seu lado e
passou por mim, invadindo minha sala de estar. —Maverick! Traga sua bunda
aqui, seu maldito maricas! —Ele gritou.
Traidor.
—Mais uma vez você está na minha casa sem ser convidado! Isto é como
mau déjà vu. Vou chamar Dylan para que ele possa prender sua bunda gorda!
Ele encostou-se à parede, uma perna sobre a outra, com seus braços
musculosos sobre o peito sólido. Mais uma vez me devorando com os olhos.
Desgraçado.
Ele parecia sexy como pecado, e isso é exatamente o que ele era...
—Você precisa ir. —Eu pedi, minha determinação quebrando quanto mais
eu o deixava entrar com cada centímetro sexy.
71
Ele sorriu, um olhar malicioso substituindo rapidamente o terno, como se
pudesse ler meus pensamentos. Engoli a saliva que, de repente, juntou-se na
minha boca. Minha pele estava sentindo um rubor, e ele não estava sequer me
tocando. Ele se afastou da parede e, por um segundo, eu pensei que ele viria em
minha direção, mas ao invés disso, ele foi para a minha cozinha. Abriu a geladeira
e pegou uma cerveja gelada.
Inacreditável.
Eu não queria.
Eu fiz a única coisa que podia. Lembrei-me de quem ele era, e o que ele
fez comigo. —Humm, eu acho que esses dias você está me usando pela bebida?
—Eu te amei. —Ele fez uma pausa para deixar o significado de suas
palavras afundarem. —Eu te amo.
72
Eu queria acreditar nele. Juro que queria, mas eu não podia. Eu não iria
por esse caminho novamente.
Eu não sobreviveria.
Em seu conforto.
Em seu toque.
Em suas palavras.
—Você é um mentiroso. Isso é tudo que você faz. Isso é tudo o que você já
fez. Ações, Jacob, ações sempre falam mais alto que palavras.
—Estou fodido. Você acha que eu não sei disso? Eu pareço feliz para você,
bebê?
73
—Pare de me chamar assim. Eu não sou seu bebê! Eu não sou nada sua!
—Eu gritei para ele, limpando o resto das minhas lágrimas.
—Porra, pare de dizer isso. Eu estou aqui, Lillian. Estou bem aqui, porra.
—Sim, você está, por quanto tempo? Você está sempre aqui quando é
conveniente para você. E daí? Você vai estar aqui por algumas semanas? Por
alguns meses? Até que eu esteja ligada a você de novo? Até que eu esteja
apaixonada por você de novo? E depois? Humm? Onde mesmo você vai viver?
Por que eu sei que não é aqui. Então me diga... quanto tempo até você me deixar
de novo? Nós tivemos essa dança antes, Jacob. Eu a tenho memorizada. Eu sei
que você sabe, você me ensinou isso. —Rosnei furiosamente.
Ele se afastou, a dor evidente por todo o rosto bonito. Matou-me vê-lo
ferido, mesmo que eu propositadamente o infligi. Eu odiava machucá-lo. Eu não
era esse tipo de pessoa, e eu o odiava um pouco mais porque ele estava me
transformando em uma.
—Agora saia.
74
Eu saí.
Custou tudo dentro de mim para sair, mas eu saí. Eu fiz isso por ela.
Exatamente da mesma maneira que eu tinha feito três anos atrás. Eu pensei que
estivesse conseguindo chegar até ela, eu podia ver isso em seus olhos. Eu estava
finalmente rompendo o muro espesso que ela construiu por minha causa, mas eu
não chegaria a lugar nenhum com ela esta noite. Eu prometi-lhe uma quantidade
infinita de coisas, e no segundo em que saiu da minha boca, eu sabia que
estraguei tudo.
Sentei-me no meu carro por não sei quanto tempo, olhando sem rumo
para suas cortinas fechadas.
Esperando.
—Lily?
—Odiar é uma palavra muito forte. Lily não poderia odiar ninguém. Você a
machucou, Jacob. Muito.
—Comparável.
—Estou fodido.
75
Ela riu. —Mas ei... Eu estou casada com ele agora. Tudo é possível, Jacob.
—Quão ruim?
—Lily é resiliente10. Ela é forte. Ela é como seu irmão. É um traço Ryder.
—Eu fiz isso por ela. Você tem que acreditar em mim. Eu fiz isso por ela.
Eu era uma bagunça, Alex. Se eu tivesse ficado, eu teria nos destruído. —
Murmurei.
—Sinto muito, Jacob, mas ela não vê assim. Eu entendo, porque eu estava
em uma situação semelhante à como você estava. Ela não vai entender isso,
apesar de tudo. Você a traiu quando tudo que ela queria era você, desde que me
lembro. Você sabe que ela teria desistido de tudo por você. Além disso, você não
tem sido completamente honesto com ela. Ela poderia ser mais compreensiva se
ela soubesse de tudo.
Bati minha cabeça contra o encosto de cabeça do carro, mas tudo o que
eu queria fazer era ferir alguém.
Principalmente a mim.
—O que eu faço, Pinguinho? Ela não acredita em mim. Não importa o que
eu diga, ela acha que eu estou mentindo. Juro por Deus que não estou mentindo.
Eu a amo. Eu a amo como nunca amei ninguém antes. Ela é tudo que eu quero.
Ela é tudo que eu sempre quis.
10
A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de
situações adversas - choque, estresse etc
76
Ela fungou. —Você está pregando para o coro errado, Jacob. Palavras são
apenas palavras, você tem que provar a ela.
—Como?
—Feito. —Afirmei.
Ela.
Era.
Minha.
77
Naquela época
Câncer.
Biópsia feita...
Estágio três...
Câncer de mama…
Exatamente como minha avó, que morreu quando eu tinha apenas sete
anos. Eu quase não me lembrava dela, o que eu lembrava era a tristeza ao meu
redor.
O choro.
As orações.
O desespero.
As despedidas.
—Minha mãe... minha mãe tem... —Eu não era capaz de dizer isso em voz
alta.
Tudo fazia sentido agora, a noite aleatória que Lucas voltou para casa. Seu
olhar tão cansado o tempo todo. Meu pai mal falava. Os meninos ficando perto
de Lucas. Todas as pistas estavam bem na minha frente, mas eu estava distraída.
—O suficiente.
—Ela já sabia por quatro meses, toda a minha família além de mim.
—Eu vou me lembrar dela, certo? Eu tenho quinze. Eu tive muitos anos
com ela, uma abundância de memórias com ela. Elas não vão embora? Mesmo
que ela se vá, certo?
79
Ele não me segurou. Ele não se atreveu a tocar-me. Ele sabia que se o
fizesse eu desmoronaria. Eu cairia bem diante de seus olhos. Cada centímetro de
mim teria ido.
—Promete?
—Kid, eu não quero fazer promessas que não posso cumprir, mas eu
prometo isso, eu vou estar lá a cada passo do caminho. —Ele sinceramente
afirmou. —Bom ou ruim, eu estou aqui para você.
—Claro.
—Kid…
—Eu nunca acreditei no inferno. Por que alguém acreditaria em algo tão
mal? Algo tão ruim? —Lágrimas deslizaram pelo meu rosto. —Inferno é na Terra,
Jacob. É aqui, conosco.
—Você não pode pensar assim. Você tem que ficar forte. Eu sei que é
difícil. Eu amo a sua mãe também, ela é como uma segunda mãe para mim. Eu
não sei o que dizer para tornar isso melhor para você. Eu gostaria de poder tirar a
sua dor, Lily. Eu sinto muito que isso esteja acontecendo.
—Você sabe que eu gritei com Lucas? Nós entramos em uma briga
enorme. Eu gritei com ele. Nós nunca brigamos antes. Eu fiz o meu irmão se sentir
mal por ele não me dizer. Eu lhe disse que nunca o perdoaria por isso. Ele está
80
sofrendo tanto quanto eu estou, e eu adicionei mais ao que ele já está sentindo.
Ele sempre foi incrível comigo, e eu o feri.
—Ele sabe que você não quis dizer isso. Ele sabe que você está chateada.
Você só fere as pessoas que você ama, Kid.
—Ela vai morrer, Jacob, eu sinto isso. Eu sei no meu coração que ela vai
morrer. —Chorei.
—Eu sei que eu não deveria pensar assim, mas eu não posso evitar. Eu só
sei, e eu não quero saber... —Eu soluçava, mal sendo capaz de vê-lo através das
minhas lágrimas. —Eu não quero que ela morra... eu não quero que ela morra...
eu não quero que ela morra... Jacob...
81
Naquele momento, eu precisava que ele me abraçasse.
—O que? O que posso fazer? —Ele perguntou. Puro pânico e dor em sua
voz enquanto ele se afastava de mim, olhando profundamente em meus olhos.
—Eu sinto que estou morrendo, Jacob, eu sinto que estou morrendo,
porra.
—Shhh... —Ele murmurou mais uma vez, sentindo sua respiração contra
meus lábios.
Eu precisava dele.
82
Ficamos assim pelo que pareceu uma eternidade, embora na realidade
fossem apenas alguns segundos? Ou talvez minutos?
Eu não sei como fomos de um ponto a outro. Num segundo ela era forte
como uma parede de tijolos, e no outro, ela estava gritando em meus braços, me
dizendo para fazer isso ir embora. Eu queria confortá-la. Eu precisava fazê-la
sentir outra coisa além do desespero que a consumia. Ela estava partindo meu
maldito coração, e foi minha vez de ter dificuldade para respirar. Eu nunca
imaginei que pudesse haver uma dor assim. Por alguma razão, eu sempre me
senti emocionalmente conectado à Lily. Eu sempre me senti protetor com ela,
unido mesmo.
Eu não pude.
Eu não podia mentir para ela. Eu nunca quis mentir para ela. Não se
tratava de algo que eu tivesse controle. Então eu fiz a única coisa que podia, eu a
83
segurei, beijei as lágrimas, a fiz sentir como se ela fosse amada,
desesperadamente querendo estar lá para ela. De qualquer maneira que pudesse.
Quando senti sua respiração contra os meus lábios, eu nunca imaginei que
eles encontrariam o caminho dos meus. Como uma maldita atração magnética,
que nenhum de nós podia controlar.
Nem minhas mãos, que ainda estavam nas laterais do seu rosto, e nem
meus olhos que ainda estavam fechados, e especialmente, nem os meus lábios,
que ainda estavam pressionados contra os dela. Eu não pensei, o que foi
interessante, desde que minha mente parecia estar competindo com nada além
de memórias dela. No segundo em que eu senti sua boca abrir, deixei-me levar.
Eu segui o movimento de seus lábios, mas no segundo em que eu senti a sua
língua tocar a minha, eu me afastei. Eu precisava.
Foi instintivo.
Foi errado.
—Eu sinto muito. Eu não deveria ter feito isso. —Ela pediu desculpas nem
um pouco arrependida.
84
—Eu não vou dizer uma palavra. Será nosso pequeno segredo.
—Jacob, por favor, não fuja de mim. Desculpe-me, por favor, não vá.
Eu dei um passo para longe dela, precisando colocar mais distância entre
nós.
Mais lágrimas deslizaram pelo seu rosto bonito, e eu não aguentava mais.
Eu me virei…
E saí.
85
Dias Atuais
Todos os membros da equipe viraram para olhar para mim, e ele seguiu
seus olhares, andando em minha direção. —São para você.
—Com quem você transou para ganhar isso, buceta maravilha? —Tracey,
a atendente, perguntou quando o entregador foi embora.
Quebrei a cabeça por alguns segundos. —Eu não tive relações sexuais com
ninguém em meses. Eu honestamente não sei quem enviou isso.
—Você odeia?
86
Eu balancei a cabeça novamente. —Sim.
—Por quê?
Sua lagosta.
Mordi o lábio enquanto respirava fundo, tentando fingir que o cartão não
significava nada para mim, como se não me afetasse.
—Não me esqueça.
—As outras flores, elas são não me esqueça. Uma espécie de miosótis.
Meu celular apitou com uma mensagem de texto, e eu não podia ser mais
grata pela pequena distração. Eu abri a tela sem me preocupar em verificar quem
era o remetente.
Não houve um dia nos últimos três anos, que você não foi meu
primeiro e último pensamento.
Eu sorri.
Lily: Eu vejo que você descobriu os floristas nos últimos três anos.
Elas são lindas.
Lily: Talvez.
Jacob: Esse lábio vai cair, Kid. Então o que eu vou beijar?
Jacob: Cuidado.
Revirei os olhos.
Lily: Eu espero que isto não seja você tentando fazer valer seus
direitos sobre mim no meu local de trabalho, Jacob?
—Que diabos? —Sentei-me, virando para olhar para dentro. Ela estava
completamente vazia com uma única nota colocada bem no meio.
Sua lagosta.
—Você está brincando comigo? —Eu gritei para mim mesma, estendendo
a mão para o meu celular. Ele respondeu após um toque, como se estivesse
esperando pela minha chamada.
—Você sabe que eu poderia ajudá-la com o seu problema... tudo que você
tem a fazer é dizer: Por favor.
—Foda-se!
89
—Eu adoro quando você diz meu nome. —Ele falou em tom rouco, não
ajudando a minha situação atual.
—Dar de volta?
—Na verdade, eu não sei, considerando que havia todo um arsenal lá. Os
únicos que restaram, são os que eu posso usar em você.
—Ou... — Ele fez uma pausa. —Você pode usar o meu brinquedo. Se bem
me lembro, vocês costumavam ser bons amigos, talvez seja hora de você se
readaptar. —Ele acrescentou.
—Nós já passamos por isso, Jacob. Eu sou a única que o vê sempre indo
embora.
—A única razão pela qual eu a deixaria de novo, bebê, seria para levá-la
para outro quarto e fodê-la sem sentido.
—Eu quero você na minha boca, Lillian. Eu podia senti-la em meu sonho.
Eu acordei sabendo o que eu queria para o café da manhã. —Ele hesitou,
deixando suas palavras assentarem. —Eu quero você na minha cama, mas eu
preciso de você na minha vida.
—Você. Me. Deseja. —Ele disse em um tom lento, que estava pingando
sedução.
90
—Você não joga justo.
Ele riu, um som rouco e gutural escapou de sua boca. —O seu pé não faz
muito barulho quando você pisa.
Fiz uma careta para o meu telefone, embora ele não pudesse me ver, e
desliguei. Ele imediatamente tocou novamente. Eu não tinha que saber quem era.
—O que você vai fazer? Colocar-me sobre o seu joelho e bater em mim?
—Você adoraria isso, não? Ficar sobre o meu joelho com sua doce vagina
a centímetros do meu pau.
Isso fluiu de sua boca tão facilmente, como se ele tivesse dito isso para
mim todos os dias durante os últimos três anos. Como se não houvesse nenhuma
história entre nós, nenhum rancor que me fazia lamentar cada momento que eu o
deixei me tocar.
—Não pode ou não vai? —Ele interrompeu. —Não pode ou não quer, Kid?
—Ele exigiu mais uma vez.
91
—Eu... eu não sei.
—Eu gostaria que fosse assim tão fácil, Jacob. Eu gostaria de poder fechar
os olhos e fingir que nós não temos essa história entre nós.
—Não. Não é. É cada vez que você olha para mim. Toda vez que você fala
comigo. Toda vez que você me toca. Está bem lá na minha frente, lembrando-me
que eu não era o suficiente para você ficar comigo.
—Nada mudou. Lucas ainda é meu irmão. Ele ainda é seu melhor amigo.
Eu ainda sou a irmãzinha. Você ainda é sete anos mais velho que eu, só que eu
não sou mais uma criança.
—Lily...
—Eu tenho que ir. —Eu desliguei e coloquei meu telefone no modo
silencioso.
Fui trabalhar naquela noite esperando que isso tirasse a minha mente de
tudo o que tinha a ver com Jacob. Quanto mais eu falava com ele, mais difícil se
tornava resistir a ele. A ironia era que ele costumava dizer exatamente a mesma
coisa sobre mim. Eu não tinha ideia de como nós tínhamos chegado num círculo
completo. Ele tinha um efeito sobre mim como nenhum outro homem jamais
teve, ou até mesmo chegou perto de ter.
92
requintado. Havia peixes anjos, espiga azul11, carpas, ídolo dos mouros 12, só para
citar alguns. Centenas deles nadavam ao redor. Saibro azul brilhante revestia todo
o fundo, pedra e coral de bolhas em todos os lugares, plantas tropicais espalhadas
ao redor, um castelo enorme de pedra estava na extremidade do tanque, com um
navio pirata no outro canto.
Mas o que realmente derreteu meu coração foi as duas lagostas colocadas
no meio, suas garras interligadas. Eu balancei a cabeça agarrando meu telefone
do meu bolso de trás. Isso deve ter custado uma pequena fortuna.
Lily: Eu não posso acreditar que você fez isso. Como você o
colocou?
Eu ri.
Eu sorri.
11
Dory de procurando Nemo.
12
Gil de procurando Nemo
93
Lily: Pega leve. Boa noite.
—Você está louco, porra? —Eu gritei para Jacob quando ele respondeu o
seu telefone celular.
—Ah meu Deus, um Pro Balboa Fender, Jacob? Você está falando sério?
Este violão custa quase quatro mil dólares!
—Só vamos esclarecer as coisas aqui, você está gritando comigo por
comprar-lhe presentes?
Eu balancei a cabeça, embora ele não pudesse me ver. —Não. Não torça
as coisas. Você não tem que gastar dinheiro comigo. Especialmente este tanto de
dinheiro.
94
—Kid, eu tenho uma boa vida. Quem mais eu vou estragar senão você?
—Eu não posso aceitar esse violão, Jacob. —Eu disse, ignorando a
sugestão, e eu sabia que ele podia entender.
Eu desliguei. Era inútil tentar argumentar com ele, e eu estava além disso.
Deixei minha casa imediatamente, meus dedos contraindo para brincar com as
cordas do novo violão. As noites de quinta-feira eram normalmente a noite das
meninas na Bootleggers, mas esta noite teríamos um evento de caridade
chamado Guys and Dolls. Nós tínhamos poucas pessoas que se voluntariaram
para serem leiloadas para um encontro com o mais alto licitante do leilão. Nós
tínhamos promovido por algumas semanas, e agora a taxa de participação estava
acima das nossas expectativas. Foi a primeira vez que estávamos fazendo algo
parecido com isto, e eu congratulei-me com a distração. Toquei a minha última
sessão antes do meu intervalo, e fui para trás, roubando um cigarro do meu
colega de trabalho. Eu só fumava quando estava estressada ou sobrecarregada,
isso ajudava a me acalmar, e agora eu precisava tanto de um. Eu estava perdendo
a compostura, entre outras coisas.
Eu dei uma tragada antes de ele ser arrancado da minha mão, e eu fiquei
cara a cara com um puto…
Jacob.
95
Eu a vi largar o violão. Seu novo Fender estava longe de ser visto. Ela era
tão teimosa. Eu juro que ela era pior do que seu maldito irmão. Segui-a de volta
para terminar a nossa conversa de mais cedo, que estava longe de terminar, mas
quando a vi acender um cigarro, minha paciência para toda essa porra de situação
se esvaiu. Peguei o cigarro da sua boca muito mais forte do que eu pretendia, mas
enfureceu-me que ela fosse tão descuidada com sua saúde. Eu não sabia que ela
pegou esse hábito, e eu acho que me irritava mais do que qualquer coisa.
—Eu preciso lembrá-la sobre o histórico de câncer que você tem em sua
família, Lillian?
—Não, você não precisa, porque não sou sua responsabilidade! Eu não
sou uma criança! —Ela gritou, pegando-me desprevenido.
—Então pare de agir como uma, e veja o maldito tom quando você fala
comigo, porra.
Ela deu um passo em minha direção sem recuar, não que eu esperasse
que ela recuasse.
—Por que você está aqui? O que eu tenho que fazer para deixar claro,
Jacob? Nada vai acontecer entre nós. Nada. Você entende? Eu não quero você. Eu
não te amo. Esse navio zarpou e não vai voltar. Afundou como o Titanic no fundo
do oceano, porra!
96
Eu escolhi minhas palavras com cuidado, entrelaçando meu tom com
insolência, dirigida diretamente para ela. Dei um passo em direção a ela,
esperando que ela desse um passo atrás.
Fiz uma pausa para deixar que as minhas palavras afundassem, e sua tez
corada atestou que tudo o que eu estava dizendo era verdade.
—Você está certa. Eu não conheço você. Eu não vejo seu sorriso lindo no
meu sono. Eu não conheço esse riso ridículo que você tem quando estou longe de
você. Não vejo esses olhos castanhos escuros cada vez que eu fecho os meus . —
Inclinei-me um pouco mais para que ela pudesse sentir a minha respiração contra
os lábios. —Eu quase acaricio meu pau com a memória de sua doce buceta
pulsando no meu pau, e o sabor do seu gozo escorrendo pelo meu queixo.
Sua respiração travou e os olhos dilataram; tudo que seria necessário para
que eu a beijasse e mordesse essa porra de lábio inferior que me deixava duro
apenas de olhar para ele.
Eu não o fiz.
—Mais alguma dúvida que posso esclarecer para você hoje, bebê?
Eu tirei seu cabelo de seu rosto, e o simples toque de sua bochecha contra
meus dedos, me restringiu do impulso de apoiá-la contra a parede, e lembrá-la a
quem ela realmente pertencia.
—Não sou mais aquela pessoa. —Ela sussurrou tão baixo, o rosto traindo
suas próprias palavras.
—Eu te amo. Você pode me deixar entrar de novo aqui? —Toquei seu
coração com a junta do dedo. —É onde pertenço.
Sua resolução estava quebrando, estava escrito por todo o rosto bonito.
Por isso, me abalou profundamente quando ela disse...
—Não.
98
Naquela época
Dylan estava ficando mais imbecil, se isso era mesmo possível. Ele tratava
as mulheres como capachos, e a pior parte, era que elas adoravam. Eu não podia
aguentá-lo. Eu sabia que seu comportamento idiota tinha a ver com Aubrey. Eu
99
com certeza não sabia o que a levou a romper com ele, mas foi o suficiente para
ter os dois mudando de uma maneira que eu nunca imaginei.
Guardei para mim meu próprio maldito problema. Parecia mais seguro
assim. Eu não conseguia parar de enviar mensagens para Lily naquela manhã, com
feliz aniversário. A merdinha nem sequer respondia. Lily me conhecia tão bem
quanto eu, e ela sabia que eu odiava o tratamento do silêncio. Era muito pior do
que me ignorar ou me desprezar.
Eu fiquei longe de Oak Island porque me permitiria ficar longe dela. Sua
falta de resposta me levaria à Carolina do Norte. Um pouco depois das dez horas,
peguei o meu telefone quando me aproximei da saída para Oak Island. Tentei
novamente.
Não foi até que eu entrei na garagem do meu pai que meu telefone apitou
com uma resposta.
Lily: Fora.
100
Lily: É chamado o poder das tetas, Jacob.
Eu odiava clubes.
Nenhuma.
Maricas.
—Meu Deus! Pare! —Lily gritou, tentando me puxar para trás. —Eu nem
sequer o conheço! Estávamos apenas dançando!
—Ela é uma criança! Ela tem dezesseis anos! Você gosta de meninas, seu
pedaço de merda? —Eu o chutei novamente e ele gemeu, agarrando-se à sua
cintura e virando.
—É por isso que você está chateado? —Lily gritou, dor evidente em seu
tom de voz, e eu imediatamente virei-me para olhar para ela. —Você é um
babaca! —Ela me empurrou e saiu.
Maldição.
—O que diabos você está vestindo? —Eu zombei, segurando o braço com
muita força.
102
—O que isso importa? Eu sou apenas uma criança. O que há de errado,
Jacob? O meu corpinho de menina é revoltante para você?
—Chega. —Falei entre dentes, minha mandíbula apertando com seu tom.
—Foda-se.
—O cara lá dentro não achou que eu era uma menina, ou talvez fosse
apenas seu pau duro. —Ela zombou muito perto do meu rosto.
—Eu não vou te dizer mais uma vez, Lillian, cuidado com a boca, porra.
—Proíba-me.
A suavidade em sua voz era como nada que eu já tinha ouvido sair de sua
boca antes. Rosnei e soltei imediatamente seu braço, afastando o pensamento
impróprio.
Ela cruzou os braços sobre o peito em desafio. Tudo o que fez foi me
lembrar de quantos anos ela realmente tinha.
103
—Deveria ser eu a fazer-lhe essa pergunta. É meu aniversário, eu estou
aqui comemorando com algumas amigas.
Ela olhou para mim e falou com convicção. —Como você sabe que eu não
vou usá-los?
—Você tem a mim. —Ele interrompeu, ambos pegos de surpresa pela sua
declaração.
—Eu sou apenas a irmãzinha do seu melhor amigo, e você nunca está por
perto mais.
—Eu não estaria aqui agora, se isso fosse verdade. —Ele simplesmente
declarou, me confundindo ainda mais.
—Claro que sim. Eu sou apenas uma criança, lembra-se? Você está
cuidando de mim para Lucas.
104
—Eu te beijei por Lucas também?
Engoli em seco quando meus olhos arregalavam. Nós não tínhamos falado
desde aquela noite na praia, eu recebi uma mensagem de texto de feliz
aniversário esta manhã, e agora ele vem aqui e ataca um cara com quem eu
estava dançando.
—Por que você está aqui? —Eu perguntei antes de perder a coragem.
—Por você. Estou aqui por você. Eu sei que você está passando por um
monte de problemas agora com sua família. Eu queria ter certeza de que estava
tudo bem. —Seu tom de voz era sofrido, mas sincero. Ele derrubou a parede que
eu tinha começado a erguer.
—Aquele cara... —Olhei para o chão. —Eu não teria ido para casa com ele.
Quero dizer... eu não... eu não tenho...
—Aquela noite na praia. Aquele foi o meu primeiro beijo. Você é meu…
Eu. A. Beijei.
Porra, eu a devorei.
Precisando prová-la.
Precisando senti-la.
Fazê-la. Minha.
106
de mim. Segurei os lados de seu rosto, beijando-a com a paixão e a força de um
homem faminto, que finalmente tinha encontrado comida. Ela seguiu minha
liderança.
—Como que vou parar, bebê? Como é que eu vou deixar de querer você
quando eu sei que você é só minha? —Eu gemi reivindicando sua boca mais uma
vez. Eu não conseguia parar. Eu era um homem enlouquecido, possuído com a
necessidade de marcá-la.
Meu pau latejava, e meu coração batia forte no meu peito. Eu precisava
parar esta imprudência, mas cada vez que tentava me afastar, eu era atraído de
volta. Apenas com a simples sensação, ela me levava ao limite e à beira da
loucura, e tudo o que nós estávamos fazendo era beijar. Beijei-a uma última vez,
deixando meus lábios permanecerem por mais alguns segundos. Eu descansei
minha testa na dela, minhas mãos ainda seguravam os lados do seu rosto.
Fechando os olhos, respirei pesadamente. Nós estávamos no nosso próprio
mundinho.
Meu futuro.
107
Dias Atuais
Se ela queria jogar duro, então eu lhe daria isso. Eu pedi um uísque puro
no bar e sentei para apreciar o show.
—Você pode fazer isso, Lily. Ele logo irá, ele não vai ficar por aqui. Basta
continuar repetindo isso para si mesma. Ele. Vai. Embora.
108
arquearam compreendendo o significado por trás de sua expressão, mas eu
peguei o microfone, no entanto.
—Todo mundo pronto para gastar algum dinheiro? —Eu gritei. —Vamos
começar com as solteiras e depois os solteiros, e deixe-me dizer-lhes... ufa! — Eu
me abanei. —Estes participantes são tão quentes! Vamos conversar um pouco
sobre as regras. Todo mundo tem que ter mais de vinte e um anos, e você não
pode ultrapassar o tempo do prazo. Ninguém pode continuar uma vez que o
participante tenha sido comprado. Vamos fazer desta uma grande noite, e enfiem
as mãos nesses bolsos, pessoal. Todos os lucros vão para uma festa beneficente
para o câncer de mama, uma causa preciosa ao meu coração. Salve as mamas,
salve as mulheres, e tenham uma porra de diversão. O maior lance ganha o
solteiro ou a solteira para um encontro. —Eu pisquei. —O que acontece depois,
depende unicamente do concorrente e seu prêmio. Lembre-se pessoal, não
significa não!
Eles riram.
Para adicionar insulto à injúria, ele sorriu. Um sorriso louco, que fez minha
calcinha molhar, e aumentou o meu mal humor. Foi quando ele estendeu a mão
para o boné de baseball, endireitou-o de modo que a viseira ficasse para frente.
Minha boca abriu e meus olhos arregalaram instantaneamente.
Filho da puta.
Foi assim durante Deus sabe quanto tempo, e tudo o que fez foi me fazer
odiá-lo um pouco mais naquele momento.
—Dois mil dólares. —Uma mulher mais velha disse, jogando o dinheiro
aos meus pés.
Foi o lance mais alto da noite. A maioria dessas pessoas eram crianças de
faculdade, talvez um pouco mais velhos, mas esta mulher tinha que estar na casa
dos quarenta. Ela era uma daquelas mulheres que você poderia dizer que foi linda
quando mais jovem, embora ela ainda parecesse incrível. Olhei para Jacob
quando ele encostou-se à parede, colocando a mão sobre a boca e esfregando de
110
frente para trás, examinando-me de uma forma que eu nunca tinha visto antes. O
escrutínio de seu olhar deixou a minha mente acelerada e isso me golpeou
Mordi o lábio. Não querendo olhar para trás, para Jacob. Eu estava com
medo de que eu o veria se interessando por outra mulher...
Ela.
—Meu nome é Kid, não garotinha. —Lily argumentou numa voz que eu
instantaneamente reconheci e amei, me fazendo sorrir. —Três mil e cem dólares.
O leilão acabou. Ele é meu. —Lily acrescentou quase me derrubando. Porra,
acabou.
A mulher afastou-se. Lily não olhou para mim pelo resto da noite. Eu a
deixaria se esconder... por agora. Esperei por ela lá fora quando o bar fechou.
Meu carro estava estacionado no mesmo local que foi rebocado. Eu estava de pé,
encostado na porta do lado do passageiro, com os braços cruzados sobre o peito,
e uma perna colocada sobre a outra. Eu ouvi a porta sendo aberta e ela saiu,
parecendo linda como sempre.
—Apreciei o gesto, como você pode imaginar, mas agora, eu acho que
você levou sua vaidade para um nível totalmente diferente, Jacob. Você percebe
que gastou três mil e cem dólares para um encontro com você mesmo, certo? —
Ela disse com o mais adorável sorriso.
112
—Não. Paguei quatro mil dólares para você ter a mim, bebê. Dinheiro bem
gasto, se você me perguntar. Não só a caridade obteve mais fundos, mas você
também terá a mim. Sozinho.
Ela sorriu e isso iluminou todo o seu rosto. —Quanto dinheiro você tem?
Quero dizer, você esteve aqui por algumas semanas agora. Você trabalha?
—Por quê?
—Não sou tão ingênua. Você nem sabia que eu estava aqui até a noite em
que chegou, tente novamente, imbecil.
Eu ri. Ainda não estava pronto para lhe dizer a verdade. —Depois que te
encontrei. Eu decidi me dar uma folga. —Eu me afastei do meu carro. —Eu sei o
que você está fazendo, querida, você não vai sair dessa.
—Verdade? —Eu sussurrei, dando um passo para perto dela. —Por todos
os meios, o que você tem planejado?
—Como se eu desse a mínima para isso. Mrs. Robinson era um meio para
um objetivo. Minha diversão é com você. Sempre foi você. —Lembrei-a, tirando
seu cabelo de seu rosto. —Eu teria pago para não sair com ela se ela ganhasse.
—Não entende? Eu não minto para você, Kid. Eu não posso mentir para
você. É por isso que eu passei os últimos três anos longe de você. É por isso que
113
eu a deixei em primeiro lugar. Eu prefiro ficar longe de você, a mentir para você
novamente. Isso quase me matou da primeira vez.
—O que, bebê?
—Por favor…
—Ok.
114
Naquela época
—Por que, o que você quer dizer? —Ele perguntou com um tom de
sabichão, afastando-se com uma vadia aleatória.
—Tem tudo a ver com ela. Ela está olhando para você agora, o olhar
magoado no rosto dela me machuca, Dylan, e não tenho nada a ver com isso.
Ele revirou os olhos. —Ela deveria ter pensado nisso antes de me deixar.
115
—Isso implicaria que eu realmente dou a mínima para ela.
Ele puxou outra menina para ele, e eu assisti Aubrey franzir o cenho e
depois abaixar a cabeça. Eu balancei a cabeça, precisando ficar longe deles. Eu
tinha meus próprios problemas, e eles vinham na forma de uma pequena menina
de dezesseis anos de idade, que me enviou uma mensagem, exatamente ao
mesmo tempo em que eu estava sentado no bar com uma cerveja.
Lily: Você sabe que sente minha falta. Eu sou o tipo de garota
para sentir muita falta.
116
Lily: Sim, fato comprovado. Está na internet também, por isso
deve ser verdade.
Eu sorri.
Jacob: Lily...
Suspirei.
Lily: Noite.
117
Eu sentia a falta dela.
—É Austin. Ele está... ele está... Deus. Ele está realmente confuso.
—Pinguinho...
Ela encolheu os ombros. —Eu não sei. Estou muito preocupada com ele.
Ele poderia...
Ela assentiu com um sorriso triste. Não demorou muito tempo para
encontrar Austin, ele estava há poucas ruas abaixo, em um parque vazio.
—Que porra, cara? —Dylan rugiu enquanto nós caminhávamos até ele.
118
Ele estava deitado em um balanço com os braços dobrados sob a cabeça,
olhando para o céu. Fiquei imaginando no que ele pensava.
—Que bom que vocês se juntaram a mim, meninos, mas se vieram aqui
para me dar um sermão, sugiro que vocês deem meia volta. Eu não vou aceitar
sermão de nenhum de vocês. —Ele calmamente disse, levando-me para trás com
o impacto de suas palavras.
—Jesus Cristo, Austin. —Refutei. —O que você está fazendo? Este não é
você.
Ele zombou, de pé, bem na nossa frente. — Quem sou eu? Hã? Vocês me
digam, meninos, porque eu não tenho ideia desse caralho mais. Eu passei os
últimos vinte e um anos da minha vida andando ao lado de vocês. Acabou. Vocês
me ouviram? Acabou, porra.
—Que diabos você está falando? Você não está fazendo qualquer maldito
sentido. —Dylan rebateu, cruzando os braços sobre o peito. —Porra, homem, nós
sabemos que você passou por alguns problemas com o acidente de carro, mas...
—Você não sabe porra nenhuma. Sua cabeça tem estado até agora em
Aubrey e na buceta de qualquer outra garota, você mal consegue ver direito.
Ele maliciosamente sorriu, com um olhar em seu rosto que eu nunca tinha
visto antes.
119
—Isso é... muito... fodido... vindo de você, Oh, poderoso Jacob. —Ele
balançou a cabeça, com um olhar diabólico dirigido apenas a mim. Eu podia ver
Dylan do canto do meu olho. Ele parecia tão confuso quanto eu.
—Você quer falar sobre como eu estou vivendo a minha vida? Dizendo-me
que estou fodendo tudo? Bem, merda, Jacob, por que você não olha no maldito
espelho?
—O Cove.
Meus olhos arregalaram e meu estômago caiu, toda a cor do meu rosto
sumiu.
Dylan olhou para trás e para frente entre nós. —Do que diabos ele está
falando?
—Ah, vamos lá, Jacob, somos todos amigos aqui, certo? Não é isso que
você acabou de dizer para mim. Quais são os segredos entre amigos?
120
—Você não sabe do que está falando. —Finalmente disse entre dentes,
minha mandíbula apertando até o ponto da dor.
—Eu não sei? Bem, então por que não refresca sua memória, e deixe
Dylan decidir se estou certo ou errado. Você sabe... Dylan. —Ele ridiculamente
olhou para mim.
Engoli a saliva que tinha juntado na minha boca, meus punhos cerrados
em meus lados.
Tentei manter a calma, mas cada palavra que saía de sua boca me deixava
mais consciente de quão fodida era a situação entre ela e eu.
121
—Então, eu os segui. Vocês dois. Gostaria de dizer a Dylan o que eu vi? Ou
eu deveria fazer as honras?
—Sim... tente imaginar isso. Talvez Jacob possa lhe dar um espetáculo
privado como ele deu a mim?
Meu corpo ficou tenso, e eu podia sentir a veia no meu pescoço pulsando
com o ritmo do meu coração.
—Está tudo bem, Jacob, contanto que tenha grama no campo, eu digo
para jogar bola.
—Você pode dizer o que diabos você quiser de mim, mas se você falar
sobre Lily assim de novo, e eu vou acabar com você, Austin. Eu não dou a mínima
para quem você é. —Eu balancei a minha mão, a dor viajando pelo meu braço.
122
Austin pareceu surpreso. —Os bons e velhos meninos, hein? Sim... você
não tem que me dizer duas vezes.
Ele afastou-se também. —Não há nada a dizer. —Com isso, ele saiu e
levou o seu desapontamento com ele.
Eu fiquei lá por não sei quanto tempo, minha mente um grande desastre.
Esperando. Pelo quê?
Quem. Sabe...
Jacob: Eu sei.
123
Dias Atuais
—Sua merdinha.
—Se você for uma boa menina, eu vou deixar você ter a sobremesa. —Ele
sussurrou com a voz rouca em meu ouvido, colocando beijos suaves no meu
pescoço.
—O que você está sugerindo? Humm, você cheira bem o suficiente para
comer. É isso que você quer que eu faça? Que abra suas pernas como você sabe
que eu amo, e prove sua doce buceta?
124
Jacob sempre foi um falador sujo, mesmo naquela época. Ele não tinha
mudado, isso me excitava de forma que eu nem sabia que era possível. Meu
corpo sentiu-se imediatamente aquecido. Eu achei difícil firmar minha respiração,
e muito menos a minha voz.
—O que você acha disso? Que tal pular o jantar e ir direto para a
sobremesa? —Ele murmurou, movendo-se para baixo no meu decote.
—Eu pensei que tivesse que ser uma boa menina. — Eu finalmente falei.
—Isso sequer está em sua natureza. —Ele zombou, fazendo algo incrível
com a língua dentro do meu sutiã, nunca soltando seu forte aperto na minha
cintura.
—Porra... Bebê... Eu senti sua falta. Você tem alguma ideia do quanto eu
te amo?
—Agora eu realmente quero beijar seus lábios, mas eu acho que o meu
bife está queimando.
125
—Eu não tenho uma grelha.
Dei um último olhar para mim mesma no espelho, satisfeita com a minha
aparência. De volta à cozinha, meus olhos arregalaram e meu queixo caiu, quando
passei pela porta de tela, e olhei para o meu quintal recém-mobiliado e decorado.
Havia um belo conjunto para pátio de ferro turquesa, minha cor favorita. Havia
uma iluminação suave em torno de nós, uma grelha que parecia extremamente
cara no canto, com tantos botões, que pensei que nunca seria capaz de mexer
nela sem a ajuda dele. Instantaneamente me fez pensar se ele fez isso de
propósito. Havia decorações tipo tochas nas paredes do pátio, fazendo com que
parecesse romântico, porém, masculino ao mesmo tempo.
126
—Quando você fez tudo isso? —Perguntei, trazendo seus olhos de volta
para o meu rosto espantado.
—Sem sutiã, hein? É assim que você vai jogar hoje à noite?
Ele riu tão alto que sua cabeça caiu para trás. —Sou um homem solteiro,
se eu não cozinhar, vou morrer de fome. Eu tenho duas irmãs mais novas e uma
mãe, que me ensinaram uma coisa ou duas sobre decoração.
—Elas estão bem, ambas na faculdade como você deveria estar. —Ele
disse com um sorriso malicioso.
—Como está sua mãe? Alex diz que ela está melhor. —Respondi,
ignorando seu comentário sobre a faculdade.
13
Famosa apresentadora da TV americana. Estilo Ana Maria Braga.
127
ele não queria falar sobre isso. Alguns anos atrás, no momento em que saí e me
mudei para Nashville, seus pais se divorciaram, de repente. Foi uma grande
surpresa para todos nós, uma vez que sempre pareceram ser o casal perfeito.
Pelo menos eu nunca vi nada que dissesse o contrário. Seu pai, Lee, saiu e deixou
sua mãe, Ginger, e tudo. Eles possuíam uma mercearia não muito longe da minha
casa, onde eles vendiam todos os tipos de coisas turísticas e comida. Eles também
preservavam uma área na antiga fazenda de seu avô em SouthPort, que eles só
abriam aos domingos, e eu acho que eles a venderam e dividiram os lucros.
Sua mãe não aceitou bem o divórcio. Pelo que eu ouvi, foi ruim. Alex disse
que Lee afastou-se, e não voltou por um tempo. Eu não sei se isso mudou, mas eu
estava supondo que não, dado o comportamento de Jacob. Eu fiquei de pé,
pegando-o desprevenido, movendo-me para sentar em seu colo.
—Então... o que você tem para mim? —Eu questionei, tentando aliviar a
sua súbita mudança de humor.
—Essa é uma grande pergunta, se eu já ouvi uma. —Seu tom estava feliz e
contente, mais uma vez.
Bati no peito e tentei sair de seu colo, mas ele me arrastou para trás em
cima dele, no entanto, desta vez, eu montei em seu colo com os nossos rostos
separados por uns centímetros.
128
Eu relutantemente saí de seu colo, querendo aceitar sua oferta, mas um
sentimento nervoso, de repente, veio a mim, então, eu peguei o vinho, servindo
para cada um de nós uma taça. Nós não estivemos juntos por um tempo muito
longo, e eu estava nervosa que não seria tudo o que ele pensou.
Eu sabia que ela estava nervosa, tanto quanto ela tentava fingir e
disfarçar, servindo-nos um pouco de salada. Suas respirações profundas, que ela
achava que eu não podia ouvir, deu-lhe a distância que precisava. Eu a deixei
acreditar que eu não tinha percebido o que estava acontecendo, porque eu não
queria estragar o nosso encontro, falando sobre suas inseguranças, que
rapidamente desapareceriam, assim que eu colocasse minhas mãos sobre ela.
129
Comemos em um silêncio confortável, e eu notei que Lily estava engolindo
o vinho como se ela tivesse algo a provar. Enquanto eu esperava
impacientemente pela sobremesa, e eu não estava falando sobre ela, entrei e
peguei a minha última surpresa que estava na geladeira. Quando cheguei lá fora,
ela estava comendo o resto da batata cozida do meu prato, ja que ela tinha
comido toda a dela. Coloquei a bandeja sobre a mesa, me perguntando se ela
perceberia o que servi na frente dela. Ela olhou durante alguns segundos, com
uma expressão no rosto que eu não conseguia ler ou identificar, e quando ela
finalmente olhou para mim, seus olhos estavam brilhantes.
Eu sabia.
—Pinguinho.
—Eu não sei se o gosto vai ser tão bom quanto o de sua mãe, mas eu tinha
que tentar.
Merda.
14
Tortinha de chocolate que pode ser servida em pequenas porções ou grande. Uma mistura entre o nosso
brigadeiro e o brownie
130
—Eu te amo. —Eu simplesmente declarei.
Não era o que eu estava esperando ouvir, mas foi bom o suficiente por
agora. Ela chorou enquanto comia, e foi provavelmente uma das coisas mais
adoráveis que eu já a vi fazer. Ela disse que eles pareciam exatamente como eles
deveriam, o que a fez chorar mais. Tentei não rir dela, mas o sorriso no meu rosto
foi o suficiente para ela perceber que eu estava satisfeito.
Passamos por quase duas garrafas de vinho, por isso, quando ela começou
a gritar e sorrir como uma tola, eu sabia que ela estava bêbada como um gambá.
Ela inclinou-se sobre a mesa, fazendo com que a vista na frente de seu vestido
fosse quase insuportável.
Quase.
Isso não me impediu de admirar sua pele branca, cremosa, que eu sabia
que parecia como seda; a forma como seu cabelo continuava a cair em torno de
seu rosto, e o rubor de sua pele. Ela inclinou a cabeça para o lado com um olhar
travesso.
—O que é meu.
—Uau, de onde veio isso? —Ela riu, tropeçando em seus próprios pés, mas
rapidamente a peguei antes que ela caísse. Ela nos levou para o quarto dela. Eu
sabia aonde isso iria, quando ela me sentou na beira da cama. Cruzei os braços
sobre o peito, divertido com o show que ela estava tentando me dar.
131
—Você é meu famoso. —Ela riu de novo, querendo dizer favorito 15, eu
acho, mas eu ri também. Era contagiante.
—Estou meio surpreso com a quantidade de vinho que você pode tomar.
—Tem certeza?
Ela assentiu novamente com essa carinha adorável. —Sim... eu tenho algo
para lhe mostrar.
—Bahh. —Ela arrastou, puxando o vestido para expor a calcinha que tinha
uma foto do rosto de um gato impresso sobre ela.
15
Famous e Favorite – soa parecido.
132
—Lily, é um xaninho em sua xaninha?
—Sim, você quer acariciá-la? Ela quer ser acariciada. —Ela provocou,
fazendo-me levantar.
Ela se afastou e tentou estreitar os olhos nebulosos para mim. —Você não
me quer? —Ela fez beicinho.
—Eu quero você mais do que eu alguma vez quis algo na minha vida.
—Mas não assim, bebê. Você está bêbada esta noite, e eu quero que você
se lembre de tudo o que pretendo fazer com o seu corpo perfeito. Você me
entende?
—Será que isso significa que você vai me deixar? —Ela perguntou, seu tom
de voz suave e baixo.
Duvidando de mim.
16
É como eles chamam quando o cara ta em permanente estado de excitação mas não transa.
133
De nós…
—Será que isso significa que podemos nos enrolar? —Sua palavra para
abraçar.
—Humm... Okay.
Aquela noite foi a primeira vez em muito tempo, que eu não sonhei com
ela. Eu não precisava. Ela estava em meus braços.
E…
Dizer que eu estava nervosa todo o voo para Ohio teria sido um
eufemismo. Eu disse a meus pais que eu ia verificar algumas faculdades com
algumas amigas. Normalmente eles teriam discutido, mas eu acho que eles
estavam aliviados por eu estar fora de casa por alguns dias. Longe de todo o caos
com o câncer da minha mãe, e com Lucas sendo pai agora. Levei algumas
semanas para convencer Jacob a me deixar visitá-lo. Ele estava agindo um pouco
estranho depois que voltou para Ohio, das férias de primavera com Alex. Ele me
disse que estava cansado e sobrecarregado de seu último semestre na faculdade,
e preparando-se para tomar o LSAT17 para a faculdade de direito.
—Ei, Kid. —Ele abriu a porta com um enorme sorriso no rosto, e eu pulei
em seus braços. Ele me pegou do chão, e eu envolvi minhas pernas em volta de
sua cintura.
—Como você chegou aqui? Eu estava prestes a ir buscá-la. Pensei que seu
voo só pousaria em trinta minutos.
—Eu senti sua falta, eu queria fazer uma surpresa. —Eu disse na curva de
seu pescoço. —Estou tão feliz por vê-lo.
17
Provas finais do semestre.
135
—Eu também, doce menina, eu também. —Ele beijou o topo da minha
cabeça e, em seguida, me colocou de volta no chão. —Como foi seu voo?
Ele riu. —Você quer que eu pegue duas? —Ele implicou com o mesmo
sorriso arrogante.
—Eu dividi a cama com você antes, Kid. Tenho certeza de que você vai
dormir em cima de mim de qualquer maneira.
Eu ri. Eu tinha dormido com ele, Lucas, e os outros meninos várias vezes.
Nossas famílias eram todas amigas antes mesmo de nascermos. Eu cresci com
todos eles, tirando férias juntos a cada verão, e infinitas quantidades de festas de
pijama. Isso nunca foi sexual, mas eu sabia que desta vez, com Jacob, seria
diferente.
Muito diferente.
Ele colocou as mãos nos bolsos com um olhar em seu rosto que eu não
pude decifrar.
—E então o que?
136
—Eu a alimentaria. Talvez se você for uma boa menina, vou até levá-la
para ver um filme. —Ele sorriu.
Foi a única coisa em que pensei no voo até aqui, bem, não a única coisa.
Eu tinha dezesseis anos, e a maioria das minhas amigas não eram mais virgens,
todas elas tinham experimentado algo. Eu tinha sido beijada, duas vezes, ambas
por Jacob, e eu não sabia como essas coisas funcionavam, mas eu sabia no meu
coração, que eu queria que fosse Jacob.
Eu sempre soube.
Ele não teria me deixado vir visitar se ele não me quisesse, certo?
Especialmente desde que nós dividiríamos uma cama...
—Que tal dar um passo de cada vez? Hã? Você está aqui, eu estou aqui.
Vamos começar com isso.
Mordi o lábio. Não era exatamente as palavras que eu queria ouvir, mas
não era totalmente ruim. Acho que eu poderia aceitar isso.
—Ok.
—Uau! Olhe para os bebês. Eu quero levar um para casa. —Eu disse,
olhando dentro da jaula do filhote de leão.
137
—Vou tomar isso como um sim. —Ele riu, balançando a cabeça atrás de
mim. Um homem apareceu na abertura de um dos portões para nós o seguirmos.
Tivemos que ficar na parte traseira, até que ele trouxe um dos filhotes até nós.
—Este é Yoshi, ele tem seis meses de idade. —O treinador nos informou,
colocando-o no chão. Abaixei-me para acariciá-lo, e ele não parava de lamber
minha mão. —Yoshi ama as senhoras. —Ele acrescentou, me fazendo rir.
Jacob tirou algumas fotos de nós. Eu estava triste por deixar Yoshi, mas
precisávamos seguir em frente. A próxima sala em que entramos tinha um
enorme aquário circular.
—É um Koi.
—E esse aqui?
—Você sabe o que está faltando? —Eu perguntei, olhando para ele.
—Humm?
—Lagostas.
138
—Estou falando sério. Olhe para esta coisa. —Eu apontei para ele. —Há
um castelo, um navio pirata, cascalho azul brilhante, todas as plantas tropicais, e
todos estes belos peixes. Onde estão as lagostas?
—Um dia eu vou ter um tanque de peixes como este, mas o meu vai ter
lagostas, e chutará o traseiro deste tanque de peixes.
Ele me levou para o Jeni Ice Cream, que eu acho que era um negócio
muito grande em Columbus. Quando entramos, eu entendi o porquê. Minha
família era conhecida por amar doce. Na verdade, era uma piada, de que nós
provavelmente não poderíamos viver sem doces. Este lugar tinha todos os
sabores de sorvetes disponíveis.
—Você tem um irmão mais velho realmente incrível. Eu queria que o meu
fosse como ele.
139
Eu sorri, inclinando a cabeça para o lado. —Uau, velho, ela acha que você
é meu irmão mais velho, não é bonitinho. — Olhei ao redor da sala e inclinei-me
sobre o balcão. —Só para deixar claro... ele é realmente o meu papaizinho. —Eu
pisquei.
Essa definitivamente era uma das coisas que eu mais amava em Lily, ela
poderia pegar qualquer situação, e transformar em algo positivo, o que
geralmente deixava você rindo. Quanto mais perto chegávamos ao hotel, mais
ansioso eu ficava. Eu não sabia se ela tinha certas expectativas por causa de
nossos arranjos para dormir. Tudo que eu queria era abraçá-la enquanto
dormíamos, essa é a única razão pela qual eu escolhi uma cama king size, mas se
havia uma coisa que eu sabia sobre Lily, era, o que ela queria ou definisse em sua
mente, ela teria.
Eu vivi em Ohio por quatro anos, e esta era a primeira vez em que eu fazia
esses passeios turísticos, mas se a fazia feliz, isso era tudo o que importava. Eu a
levei para mais alguns lugares que eu sabia que ela amaria e, em seguida, para o
meu local favorito para o jantar. Quando eu lhe entreguei o meu telefone para
escolher um filme, ela disse que queria alugar um no nosso quarto. Afirmando
que essa era uma das melhores partes de se hospedar em um hotel. Fui com o
pedido dela porque, porra...
Tudo o que passou pela minha cabeça foi que eu estava fodido.
Merda.
Eu tinha que dar o fora de lá antes que meu pau começasse a ter ideias
próprias.
Parecendo tão inocente. Sabendo que ela nunca foi tocada antes, foi
demais para o meu pênis rígido, que não queria nada mais do que afundar em sua
doce buceta virgem apertada.
141
precisava de algum relaxamento, mas eu não podia ir lá com Lily ainda, então eu
fiz a única coisa que eu podia.
Minha.
Lily.
142
—O que? —Ela ofegava, presa na visão de mim me masturbando na frente
dela.
Eu gozei tão forte que eu vi estrelas, enquanto todo o meu corpo tremia
com o orgasmo mais intenso que eu já tinha experimentado. Ela lambeu os lábios
e, em seguida, mordeu fundo e, pela milionésima vez, eu me vi querendo mordê-
lo por ela. Saí do chuveiro, envolvendo uma toalha em volta da minha cintura,
não me preocupando em me secar. Evitando o espelho como se fosse uma
maldita praga. A vergonha me atingiu de forma que eu nunca pensei ser possível.
Sorvi uma respiração profunda, longa e sussurrei. —Lillian...
143
Dias Atuais
Fazia algumas semanas desde que Lily voltou a dormir em meus braços. Eu
não tinha deixado sua cama.
Silêncio.
—Merda, homem, você vai de trabalhar o tempo todo, para tirar dois
meses sabáticos. Quem é você e o que você fez com Jacob?
—Que é provavelmente a única razão pela qual ele está sendo tão brando
sobre a sua pequena pausa.
144
—Não esqueça a parte de que sou muito bom no que faço. —Lembrei.
—Acusando?
—Defendendo.
—Eu tenho que ir. —Eu desliguei, beijando a sua nuca. —Você achou que
poderia passar por mim sem que eu tocasse você? Especialmente quando você
está vestindo isso.
—É um vestido.
Ela zombou. —Como você saberia? Meus amigos e eu ainda não fomos
readaptados. Meu arsenal de brinquedos poderia ter esticado tudo agora.
—Sim... sim... sim... você não quer que eu ache que você só quer uma
coisa. —Ela virou-se para mim, inclinando a cabeça para o lado, colocando as
mãos no meu peito. —E se eu só quiser uma coisa, Jacob?
18
Mistura de escrava com buceta
145
—Isso está certo?
—Sim senhor.
—Você tirou meus brinquedos, Jacob, o que diabos você acha? Eu estou
morrendo aqui. Eu não posso usar minha mão. Não funciona. Não vai
suficientemente rápido ou algo assim, eu não sei, é como se fosse quebrada. Eu
preciso dos meus brinquedos de volta!
Eu ri, minha cabeça caindo para trás, e ela deu o impulso para se empurrar
para longe e para fora dos meus braços.
Eu parei de rir.
—Sim, uma menina tem que fazer o que uma menina tem que fazer. Além
disso, eles me amam lá, eles provavelmente sentem minha falta. Eu sou um
membro VIP, você sabe... uma buceta19 muito importante. Dei um passo em
direção a ela. —Você está tentando me provocar?
—O que é isso, bebê? Você quer que eu foda essa doce buceta agora?
19
Trocadilho com VIP very important people e ela diz very importante pussy.
146
Eu sorri. — Não é assim que eu me lembro.
Ela estreitou os olhos para mim, e começou a andar para trás pelo
corredor e para o quarto dela, comigo a seguindo de perto. Nossos olhos um no
outro o tempo todo, ambos sabendo aonde isso iria. Ela sentou-se na beira da
cama, enquanto eu inclinei meu ombro contra o batente da porta, os braços
cruzados sobre o peito, com uma perna cruzada sobre a outra. Vi a decepção de
que eu não a tinha seguido para a cama. Eu deixei alguns segundos
permanecerem entre nós, querendo memorizar ela e este momento.
Bem. Assim.
—Mais devagar.
Ela virou.
—Não.
147
—É o meu trabalho. Eu quero você completamente nua. Eu quero você
molhada. Eu quero fazer você gozar. Você é minha. Você me entende?
Ela assentiu e engoliu em seco. O quarto era o único lugar que Lily acatava
ordens, e o pensamento me deixou excitado.
Lentamente desci pelo corpo dela, quase tocando sua pele, o suficiente
para deixá-la arrepiada. Uma vez que eu alcancei a sua buceta, eu pressionei mais
firme, movendo-a para trás e para frente contra o clitóris.
—Eles não fedem nem cheiram. —Ela brincou, com os olhos ainda
fechados.
148
sensação da minha língua e os dentes. Meus dedos foram para baixo, para onde
eles mais queriam estar.
Sua buceta.
Seus olhos não tinham nada além de maldade, quando seu dedo foi direto
para o meu clitóris. Ele soprou ao lado do meu pescoço, fazendo com que
arrepios rastejassem pela minha pele e ao longo de todo o meu corpo.
—Você não está sendo uma boa menina... —Ele bateu na minha buceta,
me pegando completamente desprevenida, mas fazendo-me querer mais. —Isso
é bom, bebê? —Ele murmurou, enquanto continuava seu ataque ao meu clitóris.
—Sim…
149
—Você não o faria.
—Me teste.
Seus olhos vidraram com uma expressão predatória, que me fez apertar as
coxas.
—Sim.
Ele inclinou-se para frente, perto da minha boca. —Eles te fizeram gozar?
—Ele retrucou, num tom que eu não apreciei, mas ainda me deixou molhada. —
Não me faça perguntar novamente.
—Não.
Eu podia senti-lo sorrindo contra o meu rosto. Sua mão voltou ao meu
clitóris, manipulando o feixe de nervos, até que minhas pernas abriram mais e
mais para ele. Ele moveu os dedos mais rápido em minha protuberância, tocando-
me como se eu fosse um maldito violão.
—Vou te dizer por que eles não te fizeram gozar. —Ele rosnou, olhando
profundamente em meus olhos, antes de fazer amor comigo com a boca. Ele
mordeu meu lábio inferior. Eu estava tão perto da libertação, girando meus
quadris contra sua mão. Eu não estava mentindo. Eu namorei três caras depois
dele, e nem um deles trouxe-me perto do orgasmo. Quero dizer, me sentia bem,
mas eu não conseguia chegar lá sem brinquedos, daí o arsenal que eu costumava
ter.
—Porque eu sou o único que sabe onde e como tocar, como lamber você,
e quão forte transar com você. —Ele disse entre me beijar, sua voz cheia de
posse. —Você é minha. — Ele lambeu os lábios e rosnou novamente. Nós nos
beijamos apaixonadamente, nossas línguas fazendo uma dança pecaminosa de
desejo e necessidade, os dedos movendo-se mais rápidos e mais exigentes.
150
Gemi em sua boca quando ele parou. Ele me beijou uma última vez, e
moveu os lábios exatamente para onde eu queria. Lambendo, sugando, e
provando, de uma maneira que me fez virar os olhos, fazendo todos os tipos de
ruídos que eu nunca tinha ouvido antes.
Ouvi-la dizer que ela esteve com outros caras, foi como uma bala na porra
do meu coração, mas no final isso não importava.
Ninguém.
Lily foi feita para mim. Eu conhecia seu corpo melhor do que ela. Eu
ensinei a ela o que ela amava, o que ela desejava, o que ela precisava. Eu a
conhecia até seu núcleo. Eu a fiz gozar tão forte que seus sucos escorreram pela
minha barba. Suas pernas estavam apertando meu rosto tão forte, que eu tive
que colocar meus braços em torno de suas coxas para colocá-las para baixo. Ela
finalmente gozou quando eu estava deitado sobre seu corpo minúsculo,
enquadrando-a com os meus braços em torno de seu rosto, dominando-a,
consumindo-a, reivindicando-a da única maneira que eu sabia. Sua respiração
estava pesada e profunda, sua pele estava rosa brilhante, e ela suava
ligeiramente. O cheiro de sua excitação estava em torno de mim, e ela parecia
brilhante com o seu orgasmo. Eu nunca me cansaria de vê-la gozar.
151
Ela era de tirar a porra do fôlego.
Ela abriu com um olhar cheio de luxúria, que fez seus olhos castanhos
escuros parecerem quase preto.
—Eu não quero nada entre nós, eu preciso sentir você toda, Kid, cada
porra de centímetro. Eu sempre usei um preservativo, exceto com você. Só você.
Eu estou limpo, eu tenho testado. Por favor, me diga que você está tomando
pílula?
Ela sorriu.
Eu agarrei sua perna e a angulei para cima, dobrando o joelho para que
seu pé repousasse sobre minha bunda, e hesitante, empurrei para dentro.
—Oh Deus.
—Jesus, você é apertada pra caralho, tão molhada, porra, tão minha.
A sensação dela.
O sabor dela.
O cheiro dela.
152
envolvia como uma maldita luva. Eu poderia ter gozado ali mesmo. Nós nos
beijamos e ela mexeu os quadris, eu entendi o apelo silencioso, e comecei a
empurrar dentro e fora dela. Ela moveu as pernas, de modo que as duas
estivessem em volta da minha cintura e firmes nas minhas costas. Trazendo-me
para mais perto dela, e abraçando meu pescoço. Nós nos beijamos o tempo todo,
não sendo capaz de ter o suficiente um do outro. Parecia que horas se passaram e
o mundo inteiro ficou para trás.
Onde não havia nenhuma história, e tudo o que restava éramos nós e
nosso futuro.
—Como você faz isso comigo? Como tem sido sempre capaz de fazer isso
comigo? —Ela ofegava, sua buceta pulsando no meu pau, mais forte, tornando
difícil me mover.
153
Naquela época
Observando-o.
Eu nunca tinha visto nada remotamente perto da cena rolando diante dos
meus olhos. Eu sabia que os caras se masturbavam, eu não era tão ingênua, mas
eu nunca tinha visto o pau de um cara antes. E Jacob... bem, Jacob... era enorme,
porra, a mão grande mal cobrindo-o. Seu corpo estava tão tenso, mostrando
todos os músculos elegantes. Seu abdômen contraído, enfatizando seu pacote de
seis20 e o V logo acima de seu caminho feliz, que estava fazendo todos os tipos de
coisas comigo. Seus músculos das costas flexionavam com cada puxar e esticar.
Seu corpo era uma das maravilhas que eu queria explorar. Eu tinha o desejo de
lamber as gotas de água dele, em reverência completa e absoluta a ele. Eu o
queria mais naquele momento do que eu jamais quis antes. Ele não parou quando
me viu, e eu assisti fascinada enquanto ele acariciava seu pau, enquanto ele
estava olhando para mim com o mesmo olhar cativante.
20
Abdômen definido com 6 gominhos.
154
Era como um acidente de trem que você sabia que acabaria mal, mas não
conseguia desviar o olhar, mesmo se você quisesse. Não havia como. Eu fiquei
confusa quando ele me mandou dizer o nome dele, mas porra, isso fazia minha
buceta molhar e pulsar, de forma que eu nunca tinha experimentado antes.
Observá-lo gozar assim que eu disse o nome dele, não estava ajudando a
minha situação mais abaixo. Fazendo com que a minha pele queimasse,
acendendo as chamas já fumegantes na minha corrente sanguínea. Produzindo
uma sensação de formigamento que me fez apertar minhas coxas por causa das
sensações desconhecidas entre as minhas pernas. A sensação borbulhante no
meu estômago deixou-me animada de um jeito, que eu não podia sequer
começar a descrever.
Ele não tirava os olhos de mim. Estávamos sob um feitiço lascivo que nos
pregava ao chão. Ele saiu do chuveiro, e eu juro que eu pensei que ele viria me
pegar em seus braços e me fazer sentir tudo o que eu senti ali, só que dez vezes
mais. Então, quando ele disse meu nome completo, ele me lembrou do porquê eu
adorava quando ele me chamava de Lillian, e eu decolei como uma bala em
disparada. Corri para a porta, e mal tinha fechado quando ela abriu novamente.
—A última coisa que precisamos agora é que você aja como uma criança.
—Eu não quis dizer isso assim. —Ele meio que se desculpou.
Eu abri minha boca para dizer alguma coisa, mas nada saiu.
—Por quê?
—Saber que você é tão pura, é o que está me impedindo de jogar você por
cima do ombro e fazê-la minha. É a sua inocência que me deixa louco, Kid. Eu não
quero manchar você, Lily.
Ele riu.
—Não.
—Eu não me importo. Isso não importa para mim. Não é da conta deles.
Essa é a minha vida. Você é minha vida. Eu te amo, Jacob. Eu sempre te amei.
Foi a sua vez de fazer uma careta. Sua reação me machucou tanto.
—Sim, eu sei. Eu sei a maneira que você me faz sentir. Eu sei que sou feliz
quando estou com você. Eu sei que estou triste quando não estou com você. Eu
sei que penso em você o tempo todo. Acima de tudo, eu sei em meu coração que
você me ama também. Por mais que você não queira admitir isso, você me ama.
Eu não estaria aqui se você não me amasse. Você sempre me amou. Somos
lagostas. —Desabafei, incapaz de impedir as lágrimas nos meus olhos.
Dei um passo para trás como se ele tivesse me dado um tapa no rosto. De
certa forma ele tinha. —Você não quer dizer isso.
—O que?
Ela olhou para mim chocada, como se eu tivesse batido em seu rosto.
—Lillian, eu nunca deveria ter te beijado uma primeira vez, eu não deveria
ter te beijado uma segunda vez, e Deus me proíba, eu não deveria ter
definitivamente arrastado você para um fim de semana em um quarto sozinha
comigo. Mas a sua luz, Kid, isso me atrai como uma mariposa à chama. Eu não
posso ficar longe de você.
157
—Viu! Você. Me. Ama.
Mordi o lábio.
Ele balançou a cabeça, parecendo que queria dizer mais, mas se segurou.
—Nada de filmes de terror? —Sondou com o mesmo sorriso malicioso.
—Combinado.
Nós assistimos a dois filmes antes que Lily adormecesse nos meus braços.
Quando acordei, eu estava na beira da cama, e ela estava praticamente dormindo
em cima de mim. Ela estava me usando como um travesseiro de corpo; a cabeça
no meu peito, o braço em volta do meu estômago, e sua perna estendida sobre
minhas coxas. Na verdade, eu inclinei-me para olhar para o outro lado da cama, e
parecia que ninguém havia dormido ali. Eu estalei meu pescoço, olhando para o
relógio. Eram nove horas da manhã, e Lily ainda estava completamente
desmaiada em cima de mim.
—Kid. — Eu a balancei.
Eu ri. —Vamos, é o seu último dia aqui. Vamos fazer alguma coisa.
158
—Em cinco minutos.
O sorriso largo que ela deu, mostrou que estava acordada. —O seu amigo
está acordado.
—Isso parece ser muito comum quando você está por perto. —Eu disse,
colocando meu braço debaixo da minha cabeça para olhar para ela.
Ela cutucou o rosto no meu peito. —Nós não fizemos amizade ainda, e ele
já me ama. Parece promissor. Eu poderia oficialmente encontrá-lo se você
quisesse? —Ela olhou para mim com os olhos semicerrados.
Maldição.
159
Quando ela fugiu de mim ontem à noite, foi provavelmente um dos piores
momentos da minha vida. Eu já me sentia como um pedaço de merda pelo que eu
permiti que acontecesse. Tê-la literalmente fugindo de mim, apenas adicionou
combustível ao inferno em torno de mim.
Não era mentira quando eu lhe disse que não podia ficar longe dela. Ela
tinha essa atração sobre mim que eu mal entendia, e custava tudo dentro de mim
para não dizer a ela que eu a amava. O amor não era algo que via muito em
minha casa. Do lado de fora, meus pais pareciam ser o casal perfeito. Eu acho que
em alguns aspectos eram, mas não da maneira que importava. Eles fizeram o seu
melhor para esconder as coisas de mim e das minhas irmãs. Eu sabia do monte de
merda ruim que acontecia entre eles a portas fechadas. Eu encontrei minha mãe
chorando mais de uma vez, e pareceu piorar desde que saí para a faculdade. Eu
não sabia para qual faculdade de direito eu iria.
E eu não tinha a porra de uma ideia do que eu estava fazendo com Lily em
um quarto de hotel.
—Humm?
Lucas: É Lily.
Todo o sangue foi drenado do meu corpo. Eu não podia nem escrever sem
meus dedos tremerem. Eu estava na merda. Eu não estava pronto para esta
conversa.
Lucas: Exatamente. Você sabe tão bem quanto eu, que Lily não
tem interesse na faculdade, porra. Meus pais estão muito ocupados com
a doença da minha mãe para ver suas besteiras. Eu acho que ela está
lá por um cara.
Jacob: Talvez ela tenha mudado de ideia. Ela é jovem. Ela tem
tempo.
Jacob: Sim.
162
Lucas: Se você falar com ela, veja se você consegue tirar algo dela,
ok? Eu disse à Dylan a mesma coisa.
Jacob: Claro.
Olhei para as nossas mensagens de texto por não sei quanto tempo, lendo
uma e outra vez. Eu finalmente apenas deixei pra lá, e joguei meu telefone sobre
a mesa, olhando para cima para encontrar Lily. Quando eu a vi, os meus olhos
arregalaram, e eu estava fora de minha cadeira em dois segundos para cobri-la
antes que quaisquer outros babacas a vissem.
—O que diabos você está vestindo? —Eu rugi, jogando uma toalha em
torno dela.
—Vamos voltar para o quarto, para que você possa colocar uma maldita
roupa. —Eu peguei a mão dela, arrastando-a atrás de mim.
—Então vamos para a loja de presentes para comprar algo que tenha mais
material do que apenas algumas tiras malditas.
Ela parou, puxando sua mão para longe de mim. —Não. Não há ninguém
aqui. Você já olhou em volta?
Eu olhei. Ela estava certa. —Jesus Cristo! Todo o sentido de razão que eu
tenho dá um salto quando se trata de você.
Ela sorriu.
163
—O que é que eu vou fazer com você? —Eu murmurei, acariciando sua
bochecha, precisando tocá-la.
164
Dias Atuais
Fazia dois meses que Jacob e eu estávamos juntos, sem contar o mês que
ele me deixou sozinha. Se você perguntasse a ele, ele lhe diria três meses, ou até
mesmo desde o dia em que nasci.
Eu amava.
Eu o amava.
Eu ainda não tinha dito isso a ele, mas eu sabia que não precisava. Ele já
sabia disso. Ele estava tentando ser sócio de um escritório de advocacia em San
Francisco, mas ele não falava muito sobre isso. Ele ficava ao telefone, ou em seu
laptop, então eu sabia que ele ainda estava trabalhando. Jacob sempre foi bom
em se dar bem em argumentos, e eu tenho certeza de que isso o fez um
advogado incrível. Eu não conhecia qualquer chefe que deixaria alguém tirar
férias prolongadas como o dele fez. Nós não falamos sobre o que aconteceria
165
depois que ele partisse, e como faríamos isso funcionar. Eu acho que estávamos
aproveitando para brincar de casinha.
—Eu.
—Eu.
Ele olhou no espelho, olhando para mim através de nossos reflexos. —Vou
cuidar de tudo. Eu cuidarei de você.
—Jacob...
—Eu sei que isso é importante para você. Eu sei. Eu sei que você ama a
música, você está finalmente utilizando o violão que eu comprei para você, e eu
vejo que você começou a escrever letras novamente, mas com toda a
honestidade, onde você está pensando em ir com isso?
166
Ele virou-me para encará-lo, me enjaulando com os seus braços. —Me
ouça.
—Você está trabalhando no bar por três anos. Quase quatro agora.
Eu balancei a cabeça.
—Você tem um talento incrível. Eu sempre soube disso. Você não acha
que talvez você esteja se vendendo por pouco? Kid, você não pode trabalhar em
um bar pelo resto de sua vida.
—Eu sei.
Eu o empurrei. —Você acha que eu não poderia fazer por conta própria?
167
—Eu não sei. Talvez ter sua música tocando no rádio ou, pelo menos,
reservar-lhe uma sessão em um estúdio para gravar uma demo. Você é jovem.
Quero dizer, agora pode parecer normal, mas não vai ser assim para sempre.
Ele beijou a ponta do meu nariz antes de se afastar de mim. Passei todo o
caminho até o bar pensando sobre o que ele disse. Tanto quanto eu odiava
admitir, ele estava certo. Eu não via um futuro, até que Jacob voltou, e isso me
assustou mais do que qualquer coisa. Eu estava me atirando de cabeça nessa
história novamente, e eu ainda tinha que descobrir se era uma coisa boa ou ruim.
Estava ficando tarde, apenas uma hora até o bar fechar. Eu toquei meu
último set e fui direto para o bar. Eu precisava de uma bebida.
—Ei, menininha. —Disse um carinha com dois amigos lado a lado com ele.
—O nome é Kid.
—Uísque.
—Primeira e única.
Eles me entregaram outra, e eu mais uma vez levantei no ar. —Esta aqui é
para as namoradas e esposas, que elas nunca se encontrem.
—Estou bem.
—Diga-me, Kid, você é tão boa quanto sua boca? —Felix questionou.
—Eu deveria ensinar a você, seu fodido, uma lição por falar com ela assim.
—Jacob entrou na conversa, drenando toda a cor do meu rosto, meu coração
imediatamente batendo forte no meu peito e em meus ouvidos. Era como se ele
tivesse aparecido no ar ou algo assim.
169
—A sua sorte é que eu a respeito e a este estabelecimento o suficiente,
para ir embora sem encher você de porrada, seu maldito. Vá para casa e agradeça
a sua estrela da sorte que você não vai dormir no hospital esta noite, idiota. —Ele
ameaçou, olhando para cada um deles com um olhar que eu nunca tinha visto
antes. Isso me atingiu no núcleo.
Ele inclinou-se para o lado de seu rosto. —O que eu não posso fazer, filho
da puta? —Ele disse entre dentes, alto o suficiente para eu ouvir.
—O que foi isso? Eu não posso ouvi-lo? —Ele zombou, o rosto de Felix
transformando num vermelho brilhante.
—Você deve considerar obter novos amigos. Uns que não sejam malditos
maricas. —Ele rosnou, agarrando o meu braço, apressando-nos a sair do bar.
Tentei acompanhar, seu passo sendo rápido demais para mim.
—Não. Aqui.
—Jacob...
Ele se virou para mim. —Eu disse que não vou fazer isso aqui. Falaremos
quando chegarmos em casa.
—Da última vez que eu verifiquei você era minha namorada, então há
uma razão para quando aquele idiota perguntou se você era uma namorada você
não se preocupou em dizer que sim, porra? —Ele declarou em um tom sinistro,
olhando por cima da borda do seu copo.
—Jacob...
—Aliás, você é tão boa quanto sua boca, caso você esteja se perguntando.
—Ele zombou.
—Tem certeza?
—Sim. É o meu local de trabalho. É onde eu trabalho. Por que você estava
lá?
171
Era tudo brincadeira. Flertar é parte do meu trabalho, sempre foi, mas a
partir do olhar no rosto de Jacob, não havia nada divertido sobre isso.
—Eu não lhe dou atenção suficiente, Lillian? Não estou dentro de você o
suficiente? É esse o maldito problema?
—Eu estava apenas flertando. Não é grande coisa. Você está fazendo
disso...
173
—Jacob... —Ela pediu, mas já era tarde demais. O dano estava feito.
—O que mais você quer de mim? Não posso me desculpar mais do que eu
já tenho feito. Eu sei que eu fodi tudo! Mas eu senti sua falta também! Você não
percebe isso? Você não acha que me matou, porra, me afastar de você? Deixá-la!
Você acha que eu sou um bastardo sem coração! Você me deixa entre suas
pernas e sua maldita cama, mas é isso. É este o retorno, Lily? É este o seu jeito de
me punir por meus erros?
—Eu não sei de nada. Nem uma maldita coisa. Eu pensei... Eu pensei que
você fosse minha, porque eu nunca deixei de ser seu.
Bati a porta...
E saí.
174
Naquela época
Ela olhou para si mesma e depois de volta para mim em confusão. —Eu
pareço estar vestindo um saco de batatas.
—Continue.
Sentei-me ao lado dela, arrastando-a para mim pela sua cintura, e ela
gritou.
175
—Eu não sei, mas o cara parece quente.
Eu ri.
—Lillian. —Gemi com a voz rouca, e ela engoliu em seco. —Diga-me, Kid...
Ela mordeu o lábio, fazendo meu pau se contorcer, e eu sabia que ela
sentiu contra sua bunda. Meus dedos moveram-se a uma velocidade
torturantemente lenta, para onde eu realmente desejava tocá-la. Minha camisa
tinha agrupado nos quadris para expor sua calcinha de renda rosa e seu
abdômen. Ela observou os dedos moverem com o mesmo olhar encantado que
ela fez com a cena do filme.
—Porra... Lily. —Rosnei em sua boca. —Nós precisamos parar. —Eu meio
que solicitei.
—Jesus, na noite passada você fugiu de mim quando você viu meu pau, e
agora você está moendo sua buceta contra mim como uma maldita profissional.
Qual delas é você, Lily? Porque você não pode ser as duas coisas.
—Eu quero você. —Ela falou entre me beijar. —Eu quero que seja você.
177
—Kid, você não sabe o que está dizendo.
—Jacob...
Eu nunca esqueceria a maneira rouca que ela disse meu nome. Isso estava
cheio de emoção, misturado com pura luxúria. Eu toquei o lado de seu peito
fazendo-a gemer alto, vibrando contra o meu peito e indo para o meu pau. Isso
foi tudo o que custou para eu...
Fodê-la.
Ele deu um passo para trás e longe de mim. —Nós não podemos fazer
isso. —Ele afirmou como se doesse dizer isso.
178
—Não podemos fazer o que exatamente? Não podemos sair? Não
podemos fazer noite do pijama? Não podemos beijar? Não podemos esfregar?
Por favor, me diga o que não podemos fazer, porque você está me matando. —Eu
gritei incapaz de controlar minhas emoções.
—Não vou dizer novamente. —Ele advertiu com o mesmo tom duro, me
irritando ainda mais.
Fiz uma careta, ficando de pé na cama, e falei com convicção sem tirar o
meu olhar dele. —Porra, porra, porra, porra, porra! Foda-se!
—Diga isso mais uma vez, Lillian, e não terei escolha senão colocá-la no
meu joelho e bater na sua pequena bunda, porra.
Ele não vacilou. —Sou o adulto aqui. Eu não deveria ter deixado isso
acontecer. Não é sua culpa, é minha.
—Eu não sei o que você quer de mim? Você está quente em um minuto,
você está frio no próximo. Eu não tenho doze anos, Jacob. Eu tenho dezesseis
anos. A maioria das minhas amigas não é mais virgem.
—Eu sinto muito, Lily, você está certa. Estive enrolando você, mas isso é
só porque eu não sei o que fazer. Eu sei que eu deveria ficar longe de você, mas
eu não posso encontrar força para fazer isso ainda. Eu tenho que deixá-la ir, Kid.
Inclinei a cabeça para o lado, frustrada. —Bem. Vou fo... — Hesitei com o
brilho em seus olhos. —Vou dormir com um cara, e então talvez você me tocará.
179
Eu não vou ser mais pura e inocente, e você não terá que se sentir mal por roubar
minha virtude.
—Tenho vinte e três, Kid. Sou sete anos mais velho do que você. Sabe que
o que estamos fazendo é ilegal? Você tem alguma ideia de quanta merda eu
poderia entrar por ter uma menor em meu quarto de hotel?
—É isso que você quer para si mesma? Você quer que eu te foda, e
depois? Humm? Diga-me uma vez que você tem todas as respostas.
Eu fiz uma careta. —Eu não sei. Eu pensei... Eu pensei que nós poderíamos
ficar juntos. Porque isso é tão difícil de entender?
Ele respirou fundo, e olhou para o teto pelo que pareceu uma eternidade,
mesmo que provavelmente foram apenas alguns segundos, antes de olhar para
mim.
—Lucas queria tanto uma irmãzinha. Não um irmão, ele tinha três deles.
Ele queria você. Você tem alguma ideia de quanta merda ele ouviu sobre isso? Ele
não se importava. Lucas a amava antes de você nascer, e no segundo em que eu a
segurei, eu também. Todos nós a amamos. É tão fácil para você dizer que... quer
isso. Eu não posso. Eu tinha que ver você como eles veem, mas eu nunca vi.
—Eu não sei o que isso significa, e daria qualquer coisa para que eu
pudesse dizer-lhe o que é, porque isso está me comendo vivo, porra. Eu vi você
dar o primeiro passo, vi você dizer sua primeira palavra, e eu estive lá em cada
180
momento significativo da sua vida, Lillian. Cada. Um. E agora aqui estou, tentando
tirar algo de você que não me pertence, e se Lucas ou nossos pais descobrirem
isso, eles me enterrariam vivo.
Meus olhos lacrimejaram. Era a coisa mais doce e mais triste que alguém
já disse para mim, e o fato de que isso estava saindo da boca de Jacob, foi mais
intenso. Eu sabia que o que ele estava dizendo era o certo, mas eu tentei ignorar.
No final…
—Eu não me importo. —Afirmei. —Você está me ouvindo? Eu. Não. Me.
Importo.
Ele suspirou, seu peito subindo. —Sinto muito, Lily, mas eu me importo.
—Então agora o que? Vou para casa e finjo que eu não te amo?
—Você sabe o que? Você está certo. Eu devo crescer e explorar coisas
novas. Não é justo com você. Vou para casa e sair com os meninos da minha
idade.
181
—Não o quê? O que eu não deveria fazer? Eu só tenho 16 anos de idade.
Eu sou imatura. Eu não posso ter sentimentos e emoções de adultos. Eu sou a
irmãzinha do seu melhor amigo, isso é tudo. Não precisa dizer duas vezes que não
sou desejada.
—Kid...
—Exatamente.
—Vou me certificar de dizer a Lucas e a meus pais que você disse oi, desde
que eles são tão importantes para você.
E saí.
182
Dias Atuais
Eu andei em torno de sua vizinhança sem rumo, sabendo que não iria
muito além, então voltei para sua casa. Eu respirei fundo antes de tentar virar a
maçaneta em sua porta da frente. Não virou.
Essa merdinha.
183
Ela estava longe de ser encontrada quando entrei, mas eu podia ouvi-la
em seu quarto, enquanto eu andava até lá.
Ela suspirou e virou com a mão sobre o coração. —Como diabos você fica
entrando na minha casa?
—Inacreditável, porra.
Ela balançou a cabeça, indo direto jogar minhas coisas dentro da mala.
—Boa menina.
Ela estreitou os olhos para mim. —Quantas vezes tenho que ver você se
afastar de mim? Hã? Quantas malditas vezes?
184
—Eu não me importo com o que você fez. Você virou as costas para mim,
mais uma vez! Mais uma vez as suas costas me cumprimentaram.
—Você pode pensar o que quiser, mas eu não fiz isso. As coisas estavam
esquentando rapidamente, então, eu saí antes que ficasse fora de controle.
—Oh meu Deus! Eu não fiz nada de errado hoje à noite. Você estragou
totalmente uma situação idiota fora de proporção.
—Ahhh! Você é tão frustrante... eu não quero mais você aqui. Agora, eu
sou a que precisa de uma pausa.
—Esta não é a sua casa! Eu não estou pedindo para você, estou dizendo a
você.
—Bem. —Ela zombou, indo direto para seu armário. Ela puxou algumas
coisas dos cabides e jogou o conteúdo em outra mala. —Eu vou embora.
—O que, bebê?
185
—Você é um pé no saco, seu idiota.
Ela virou-se e bateu a porta atrás dela. Sentei-me à mesa da sala de jantar,
tomando um gole da minha cerveja.
Esperando.
Dizendo-me que ele não estava saindo e nem eu... bem, eu mostrei a ele.
Eu estaria mentindo se dissesse que não estava chocada por ele me deixar
sair. Eu não queria deixar a minha casa, mas que outra escolha eu tinha? Eu iria
para Tracey. Entrei em minha caminhonete, e joguei minha bolsa no banco do
passageiro. Respirei longa e profundamente, e coloquei a chave na ignição.
Virei.
Virei novamente.
Nada…
Nada…
—Que. Porra? —Eu gritei para mim mesma, batendo as mãos contra o
volante. Esta era a última coisa que eu precisava. Eu odiava saber que eu tinha
186
que entrar lá e pedir-lhe ajuda. Minha caminhonete nunca me deu nenhum
problema. Eu peguei as chaves e voltei à minha porta da frente.
—Minha caminhonete...
Eu parei no caminho.
—Então isso é o que você vai fazer para o resto de nossas vidas? Sair
quando você quiser, mas quando eu tentar, você vai quebrar minha
caminhonete?
—Olha o que fez para a sua perspectiva. Você está imaginando o nosso
futuro juntos. Esse é um passo na direção certa.
—Você quer que isso acabe? Tudo que você tem a fazer é dizer que está
arrependida. É simples assim. Desculpe-se por ser uma merdinha. —Ele sorriu.
—Eu não vou fazer isso. Eu não fiz nada de errado. Você precisa dizer que
está arrependido. —Argumentei.
—Sinto muito que eu não enchi aqueles caras de porrada. —Ele parou. —
Sinto muito que eu tenho respeito por você, e não atirei a minha frustração em
seu maldito rosto. —Ele deu um passo em minha direção. —Sinto muito que você
187
é tão bonita que os homens não podem controlar a si mesmos. —Outro passo. —
Sinto muito por quebrar o seu coração perfeito, uma e outra vez. —Outro passo.
—Sinto muito que você não pode passar por nossa história e ansiar pelo nosso
futuro. — Último passo. —Mas acima de tudo. —Ele colocou a boca contra meus
lábios. —Sinto muito que eu vou ter que te ensinar uma lição por ser uma menina
má.
Forte.
Ele me bateu forte mais duas vezes enquanto caminhava. —Isso foi pela
sua boca. —Ele disse, me batendo novamente. —Isso foi pelo seu flerte. — Ele me
bateu três vezes. Eu arranhei seu ombro, tentando me libertar, mas seu aperto
era muito forte.
—Isso por ser uma merdinha teimosa e não admitir quando você está
errada. Por negar o que é meu. Por último, por ser tão descuidada, porra, e
colocar sua vida em perigo. —Ele repreendeu, batendo-me mais três vezes tão
forte que ecoou pelas paredes.
—Meu Deus! Pare! Eu não vou ser capaz de sentar por dias. —Eu implorei,
com minha bunda queimando do impacto de sua mão forte.
—Essa é a questão. —Ele me bateu de novo, não tão forte, mas ainda me
fazendo sacudir.
188
—Eu sinto muito! Sinto muito. — Eu gritei por misericórdia.
E o desgraçado riu.
Levou tudo dentro de mim para não mandá-lo se lascar, mas eu sabia que
não era do meu interesse. Ele gentilmente me colocou na mesa da sala de jantar
ao lado da bateria da caminhonete. Eu assobiei com o contato, a minha bunda
não acolhendo a superfície dura.
—O que, bebê? —Ele persuadiu. —Vou esfregar esse traseiro doce, deixá-
lo melhor.
Eu queria dizer que ele teria sorte se ele me visse nua novamente.
—Se você agir como uma criança, Lily, eu vou tratá-la como uma.
Apertei os olhos para ele que sorria. Ele começou a desabotoar minha
blusa. —Vou lhe dizer como vai ser, doce menina. —Ele a deslizou para fora dos
meus ombros. —Você vai ser uma boa menina. —Ele tirou-a e jogou-a sobre a
mesa. —Você vai sentar-se aqui. —Ele fez uma pausa. —Bem assim. —Ele soltou
meu sutiã, jogando sobre a mesa também. —Você vai parar com o papo do
passado. —Ele desabotoou minha saia jeans.
Ele beijou a ponta do meu nariz e pôs-se de joelhos, olhando para mim
com um olhar de cobiça, roçando minha calcinha pelas minhas coxas.
—Jacob...
—Diga isso, Lillian. —Eu pedi. —Nós dois sabemos que você quer. Eu
posso ver isso em todo o seu rosto bonito, especialmente agora. Você é minha. Só
minha. Sempre foi minha, e sempre será minha. Diga o que eu preciso ouvir.
Eu ganharia.
Venceria.
—Eu te amo, Lillian Michelle Ryder. Eu te amo mais do que qualquer coisa
neste mundo. Eu prometo a você que eu nunca vou sair do seu lado, e eu nunca
vou mentir para você novamente. Eu nunca vou te machucar novamente. Estou
aqui a longo prazo. Não importa como.
—Eu te amo.
190
Naquela época
Fazia três meses desde a última vez que vi ou falei com Lily. Não por falta
de tentativa. Ela não respondia às minhas chamadas ou devolvia qualquer uma
das minhas mensagens de texto.
Nada.
Era como se ela tivesse sumido da face da terra. A única razão pelo qual
eu sabia o que estava acontecendo com ela, era por causa de Lucas. Ele continuou
me atualizando um pouco, mesmo sem saber que ele estava fazendo isso. Isto
não era o que eu queria, mas definitivamente era o que eu precisava.
191
Eu odiava isso mais do que qualquer coisa.
Eu estava miserável.
Peguei a foto que escondia na minha gaveta, olhando para ela enquanto
eu deitava na minha cama. Era a única que eu tirei dela no zoológico, quando
estávamos em Ohio. Ela estava segurando o filhote de leão em seus braços,
olhando para ele com tanta felicidade e amor. Foi a minha parte favorita do nosso
fim de semana juntos. Ela não parou de falar sobre o aquário pelo resto do dia. Eu
impulsivamente estendi a mão para o meu telefone, para enviar uma mensagem
para ela, esperando como o inferno que ela finalmente respondesse.
192
Eu joguei meu telefone na cama e fui tomar um banho. Eu não esperava
que ela me respondesse, Lily era uma merdinha teimosa. Eu joguei minha toalha
na minha mesa, coloquei um short de ginástica, quando meu telefone apitou com
uma mensagem de texto. Minhas sobrancelhas franziram quando eu o agarrei
ainda não esperando que fosse Lily.
Lily: Observe-me.
Suspirei.
Jacob: Kid...
Lily: Jacob...
Minha cabeça caiu para trás. Eu tive que ler o texto várias vezes antes de
processar o que diabos ela disse.
—Você está brincando comigo? —Eu rugi em voz alta para mim mesmo.
193
Jacob: Não brinque comigo. Onde. Você. Está?
Andei pelo meu quarto, passando minhas mãos pelo meu cabelo,
querendo arrancá-lo da minha maldita cabeça. Olhei para a foto dela uma última
vez, troquei de roupa, peguei meu telefone e as chaves, e peguei o próximo voo.
Eu tive sorte o suficiente para encontrar um voo imediato, e chegar três horas
mais tarde. Era quase onze horas quando eu paguei o motorista de táxi no final da
sua garagem. Enquanto eu caminhava até os degraus da varanda, eu tentei
arrumar uma desculpa para dizer a seus pais a respeito de porque eu estava lá em
primeiro lugar.
Ela levantou a cabeça para trás e seus olhos arregalaram quando ela abriu
a porta da frente.
—Onde ele está? —Eu falei baixo o suficiente para que seus pais não me
ouvissem.
Ela inclinou a cabeça para o lado e olhou para mim como se eu fosse
louco. —Quem está aonde?
Inclinei-me para seu rosto. —Não brinque comigo, Lillian. —Eu avisei. —
Onde. Ele. Está?
194
—Seus pais sabem que o filho da puta estava aqui? —Eu perguntei,
tentando ignorar todas as imagens deles a sós.
—Meus pais sabem que você está aqui? —Ela sarcasticamente perguntou
com um sorriso largo, fechando a porta e se afastando de mim.
Foi então que eu percebi o que eu tinha acabado de fazer. Era como se eu
tivesse me movendo no piloto automático pelas últimas horas, perdendo todo o
senso da razão. Exatamente do jeito que sempre foi com ela.
Merda.
Ela sorriu.
—Oh, ou o que nunca aconteceu, você quer dizer, Jacob? —Ela zombou
em um tom condescendente. —Sou uma criança lembra? Nós apenas assistimos a
um filme. Foi tão bom como quando você e eu assistimos o mesmo filme. — Ela
piscou e depois sorriu.
Ela pôs o dedo nos lábios e olhou para o teto. —Humm... bem. Steve tem
a minha idade, ele não é o melhor amigo do meu irmão, e ele não tem nenhum
relacionamento com meus pais... por isso, realmente não importa o que
aconteceu, porque não é ilegal e não é errado, certo? Além disso, ele está
perfeitamente bem em estar comigo em público. —Ela debochou, balançando a
cabeça. —Ah, e não é da sua maldita conta.
Ele veio a mim em três passos, colocando-me de volta na minha cama, seu
enorme corpo musculoso pairando sobre mim.
Ele recuou como se eu tivesse dado um tapa no seu rosto. —Ele te fodeu?
—Você não tem que ter sexo para ter um orgasmo, Jacob. Seus dedos e
boca fazem isso muito bem.
Eu vi.
196
O. Fio. Rompeu.
Estava claro como o dia. Seus olhos estavam vidrados como um homem
possuído. Sua mandíbula apertada. Sua aparência endurecida de uma forma que
sempre estará gravada na minha mente. Seu aperto forte, de repente, aumentou
em meus pulsos, enquanto seu corpo ficava tenso. Antes que eu pudesse
processar o que estava acontecendo, ele levantou o braço para trás, e bateu com
o punho na cama perto da minha cabeça, fazendo-me sacudir.
Estremeci.
—Você apertou suas coxas como faz comigo? —Lentamente, ele puxou-a
para baixo, centímetro por centímetro, deixando um rastro de desejo. O olhar fixo
e predatório em seus olhos, quando ele olhou para a minha área mais sagrada, é
uma memória que vou levar para o túmulo.
—Você é tão bonita, Lillian, porra, tão bonita. —Ele gemeu no lado do
meu pescoço enquanto colocava beijos suaves em meu decote, removendo meu
sutiã sem alças e vestido em um movimento rápido. Ele os jogou para o lado,
deixando-me muito mais exposta do que antes. Sua boca chupou meu mamilo,
enquanto sua mão acariciava o meu outro seio. Eu me contorcia debaixo dele,
tentando me libertar das garras que ele ainda tinha em meus pulsos, mas eu não
podia.
Tão consumidor.
Tão poderoso.
197
Eu o sentia em todos os lugares, cada centímetro da minha pele
formigando do seu toque, toda esmagada de uma só vez.
Apenas Jacob.
Só ele.
Ele olhou para mim com olhos cheios de luxúria. —Eu quero provar você,
bebê, eu quero te provar pra caralho.
—Você é tão apertada, porra. Jesus Cristo, Lily, o que você está fazendo
comigo? —Ele rosnou em êxtase.
198
Eu não aguentava mais. A forma como sua boca devorava-me e seus
dedos faziam amor comigo, era demais para me controlar. O quarto começou a
girar e minha respiração vacilou.
Eu exalei.
Eu respirei.
Eu apertei.
Assistindo…
Degustando...
Sentindo…
Cheirando...
Ouvindo…
199
Lily ficou mole, e sabendo que eu era a causa disso, fez pré-gozo escorrer
pelo meu pau. Eu descansei minha testa na parte inferior do seu abdômen, ambos
tentando desesperadamente reunir os nossos pensamentos. Foi tão intenso para
mim como foi para ela, a palpitação no meu jeans prova meu ponto, e ela nem
sequer me tocou. Eu não podia ter as mãos dela em mim. Eu não seria capaz de
me segurar.
Eu. A. Amava.
Olhamos um para o outro por não sei quanto tempo, sabendo que assim
que um de nós abrisse a boca para dizer alguma coisa, qualquer coisa, nós
perderíamos este momento. Tudo mudaria de novo, e não sabíamos se seria bom
ou ruim. Era uma pílula difícil de engolir.
—Não fique bravo, ok? —Ela disse, quebrando o silêncio entre nós com
uma voz trêmula.
Eu queria dizer isso pra caralho, isso estava bem ali, na ponta da minha
língua, morrendo e pedindo para sair.
Eu não podia.
Ela hesitou por alguns segundos antes de dizer. —Eu queria que fosse
você, Jacob. Eu só queria que fosse você.
—Por favor, Lily, por favor, diga que não é o que eu estou pensando. —
Implorei, já sabendo a resposta.
Ela fez o que lhe foi dito, mal fazendo qualquer ruído. Eu andei ao redor
do quarto, puxando meu cabelo, tentando impedir minha compostura de
quebrar, e dizer algo que eu me arrependeria.
—Como você pode fazer isso comigo? Depois de tudo o que eu lhe disse.
Depois de tudo que eu expressei. Depois de tudo o que eu tenho compartilhado.
Depois de tudo isso — A bile subiu na minha garganta. —Você acha que isso é um
201
jogo? Que merda, Lily! —Eu gritei, finalmente olhando para ela. Ela ainda parecia
tão extremamente impressionante, que me tirou o fôlego, me matando
fisicamente. Eu estava sufocando em seu resplendor, o cheiro dela em volta de
mim. Pegando-me e me consumindo de uma maneira que eu nunca me
recuperaria.
E isso…
—Há um Steve. Eu fui a alguns encontros com ele. Ele me beijou uma vez,
mas não foi bom. Não senti nada, nenhuma faísca, nada de borboletas... não
como eu sinto com você... —Ela inclinou a cabeça. —Algo especial aconteceu
entre nós, Jacob, e eu realmente gostaria que você pudesse ver isso.
202
Abaixei-me, sentado na ponta dos meus pés na frente dela. Seus olhos
lacrimejaram e isso quase partiu meu coração. Tirei o boné e coloquei sobre sua
cabeça.
—O que é que eu vou fazer com você, Kid? —Eu balancei a cabeça,
abraçando seu pequeno corpo.
Eu deslizei-a sobre a cama, tirei minha camisa, jeans, e dormi com a minha
cueca boxer. Ela tirou seu vestido, jogou-o no chão e colocou a camisa que eu
estava vestindo. Eu sorri, apaguei a luz, e deitei ao lado dela. Puxando-a contra o
meu corpo. Ela encaixava-se perfeitamente. Ela dormiu enrolada em meus braços
o resto da noite. Passamos o que restava do fim de semana juntos, e viajei para
casa domingo à noite...
203
Dias Atuais
—Aonde vamos? —Eu perguntei quando ele tomou a saída para I65 N.
Eu sorri.
—Ooohhh! Você viu isso, grande homem? Tem que ser mais rápido do
que isso. Eu tenho reflexos de gato.
Ele usou isso como vantagem e apertou minha coxa. —O que foi isso? —
Ele zombou, apertando com mais força. —Desculpe-me se não entendi? Que
gato?
Eu bati nele, gritando e rindo ao mesmo tempo, até que ele finalmente o
soltou.
—Na verdade é meu. Você tem o seu próprio. —Ele colocou-o para trás
em sua cabeça.
Ele balançou a cabeça, sorrindo. —Todo mundo está vindo para o seu
aniversário.
—Eu sabia que você perguntaria isso. —Ele afirmou como uma pergunta.
—Você é um advogado.
—Você gostaria?
205
—Oh não! —Eu balancei minha cabeça. —Você não vai usar suas táticas
de advogado em mim, amigo, eu perguntei primeiro.
Ele riu. —Você é esperta demais para o seu próprio bem, Kid. —Ele
hesitou por alguns segundos. —A verdade?
—Sempre.
—Quantas vezes tenho que lhe dizer que eu não minto para você, Lily?
—Faz um longo tempo desde que... bem, você sabe. Eu vim, para você. —
Ele acrescentou, ignorando o que eu falei.
—Em qualquer sentido que você me permitir. Até que você me rejeitou e
disse-me para comer merda, então eu tive que fazer uma chave para sua casa e
passar semanas a lembrando do porque você é minha.
—Você sabia onde eu morava? Naquela primeira noite no bar, foi tudo
planejado?
—Não, aquela noite foi pura sorte. Eu sabia onde você vivia, e Lucas
mencionou que você trabalhava em um bar, embora eu não soubesse que era no
Bootleggers. Eu estava pensando em enviar mensagens para Alex na manhã
seguinte, para perguntar a ela, mas o destino interveio, e você estava ali na minha
frente.
Eu ri. —Você era o plano o tempo todo, bebê. Você foi a motivação, a
firma foi a minha desculpa.
Eu sorri. —Olha por onde você está dirigindo antes de bater, grandalhão.
Ele sorriu com o rosto contido uma vez mais. —Considere isto uma pré-
comemoração para o seu vigésimo terceiro aniversário.
—Ah... isso significa que eu vou ter dois presentes? —Eu brinquei.
—Não, sua ideia é melhor, muitos. Quem sou eu para tirar a sua
felicidade? —Retruquei, rindo.
—Que diabos têm no Alabama? —Eu questionei, olhando para ele como
se ele fosse louco.
207
Eu estava ao lado dele e olhei para ela, inclinando a cabeça para o lado. —
Gostou do que viu?
Eu podia ver Jacob sorrindo como um tolo com o canto do meu olho, e eu
inclinei-me perto de seu ouvido. —Viu? Eu posso fazer a minha reivindicação,
também.
Cobertura?
Virei-me no último segundo. —Tchau. —Eu disse para ela, fazendo-a ficar
de um tom vermelho brilhante.
Fomos até o andar superior que levava à cobertura. Ele abriu a porta para
mim. Eu andei em um dos maiores foyers que eu já tinha visto. Adentrei,
observando cada detalhe do teto abobadado, até os pisos de mármore. Havia três
quartos, duas suítes masters, duas salas de estar, uma sala de jogos, e uma
varanda que ocupava toda a lateral do prédio. A vista para a praia era
impressionante. Acho que eu poderia ver minha casa de lá.
Voltei para dentro e Jacob estava nos servindo uma bebida no bar.
—O suficiente para você não trabalhar, ficar em casa, e ser minha escrava
do sexo. —Ele simplesmente declarou.
208
—Você não é como um senhor das drogas, certo? Eu não vou ser presa de
forma inesperada. Eu vou te dizer agora, eu sou muito bonita para a prisão. Eu
não vou tocar o sexo de ninguém em nenhum momento.
—Por que você ri? Você já deu uma boa olhada em si mesmo no espelho
ultimamente? Você será a cadela de alguém, também. Carne fresca para Manuel,
ele terá que desviar das pessoas no pavilhão e fazer care packages 21 a todo o
momento. Gritando com você para cuidar de seu pau latino e chupar...
—Primeiro lugar, eu não deixo ninguém gritar comigo. Sua bundinha pode
afirmar isso. Em segundo lugar, esta cobertura é do meu chefe.
—Ooohhh.
21
Como chamam na prisão pacotes enviados pela família.
22
Laranja é o novo preto. Uma famosa série da netflix sobre presidiárias.
23
Pessoa responsável por servir os hóspedes em seus mínimos desejos até os mais extravagantes.
209
—Então pare de sentar no meu dedo quando você está me cavalgando.
Ela revirou os olhos. —Eu não quero fazer isso agora, de qualquer
maneira.
Eu tomei um gole da minha bebida. —E o que faz você pensar que você
tem uma escolha no assunto, Kid?
Eu peguei-a pela cintura antes mesmo que ela conseguisse sair da sala,
rindo, enquanto eu a jogava por cima do meu ombro, como uma boneca de pano.
—Não! Não! Eu não fiz nada neste momento! Eu não quero jogar este
jogo! Eu nem gosto deste jogo! —Ela entrou em pânico, se debatendo, mas ela
não era páreo para mim.
—Vou leva-la para a cozinha e você vai chupar o meu pau. Para a nossa
próxima parada, vamos para a suíte master, sala de jantar, sala, hall de entrada...
e ver em quantas posições e salas posso transar com você, até que você não
possa ficar de pé. —Eu lambia ao longo da borda dos lábios.
210
sentamos na praia, comendo nossos sanduíches e tomando ar puro, eu vivia para
momentos como estes, quando tudo era apenas simples.
—Eu sei que você quer ir até lá, Jacob, eu posso ver escrito em seu rosto.
—Humm... Isso é realmente doce e tudo mais, mas eu meio que quero ler
este livro, e deixe-me te dizer... isso só vai beneficiar você.
—Seja boazinha e fique parada. Eu quero saber onde você está enquanto
eu estou na água.
Eu a beijei. Passar as próximas horas nas ondas me fez sentir tão bem por
fazer isso novamente. Só que desta vez, Lily estava sentada na praia esperando
por mim. Lembrei-me de querer tanto isso por anos. Esse foi o ponto deste fim de
semana. Eu queria reviver nossa infância juntos, mesmo que fosse apenas por
alguns dias.
24
Filme americano em que Glenn close fica louca pelo Michael Douglas.
211
para um jantar agradável, e fizemos amor na varanda quando voltamos. Só depois
que eu tive certeza de que ninguém pudesse vê-la da praia. Eu não dava a mínima
para mim.
—Nossa... isto é lindo, Jacob. —Ela suspirou quando nós nos sentamos no
restaurante dentro da marina, a nossa visão era do oceano. Fomos capazes de
usar o chuveiro no barco para nos vestir.
—Eu não acredito que você fez tudo isso. Este foi um dos melhores finais
de semana da minha vida. Obrigada.
25
Passeio aquático que consiste em nadar com golfinhos.
212
Eu sorri. —Não acabou. —Enfiei a mão no bolso e tirei a caixa embrulhada,
colocando-a sobre a mesa.
—O que é isso?
—Quantas vezes tenho que lhe dizer? Quando alguém lhe entrega um
presente, tudo o que você tem a fazer é dizer obrigado.
—Nós ainda temos a noite toda. —Lembrei. —Não vou ter piedade de
você, doce menina. Eu não vou parar até que eu esteja gravado em sua pele,
batendo com o seu coração, não sabendo onde você termina e eu começo. Eu
preciso me perder em você.
—Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos
de vida. —Todos cantaram, enquanto o meu sobrinho batia as mãozinhas
carnudas, juntamente com um grande sorriso no rosto.
Era sua primeira festa de aniversário. Minha mãe encheu todos os cantos.
Parecia que um Elmo26 vomitou aqui com balões de Elmo, bandeiras de Elmo,
toalhas de mesa, copos e, claro, o bolo. Ela estava a um passo de pintar a maldita
sala de vermelho. Pensei que talvez fosse necessária uma intervenção, ou talvez
apenas um comprimido para ela. Todo mundo estava lá tendo um grande
momento, e isso era tudo o que importava no final. Não havia muito que fizesse
minha mãe sorrir ou rir nestes dias. Ela fingia tão bem quanto eu. Eu acho que
todos fingiam, mas a evidência do que estava acontecendo com ela estava bem
ali, na frente de nossos olhos, um lembrete diário de algo que nenhum de nós
poderia parar.
Os meninos estavam todos lá, e foi ótimo ter todos juntos novamente.
Austin era o único ausente, ele foi embora, mas pelo menos ele enviava postais
algumas vezes, de diferentes partes do mundo. Eu sabia que ajudava na
preocupação de todos sobre o lugar onde estava, e o que estava fazendo. Fazia
seis meses desde que Jacob e eu tivemos nossa primeira brincadeira. Eles se
formaram na Ohio State há três meses e Dylan e ele voltaram. Dylan estava
alugando uma casa em SouthPort. Jacob ainda estava indeciso sobre onde ele
26
Personagem vermelho de nariz laranja dos Muppets.
214
queria ir para a faculdade de direito. Ele alugou um apartamento perto da praia
no mesmo período.
Lucas e Alex...
Minha mãe…
Jacob.
215
Eu sorri, tentando quebrar a tensão inesperada entre nós.
—O suficiente.
—Mentirosa.
Ele inclinou a cabeça contra a porta, olhando para o teto pelo que pareceu
uma eternidade.
—Eu nunca quis machucar você. Essa é a última coisa que eu quis fazer.
Você sabe disso, certo?
Ele afastou-se da parede, e eu estava de pé, pronta para o que ele tinha
para jogar em mim. Então, eu fiquei chocada pra caramba quando ele me puxou
216
para os seus braços para me beijar. Suas mãos cobriram meu rosto com tal amor
e ternura, que me deixou de joelhos bambos.
Beijei-o mais forte, com tanta paixão quanto eu poderia reunir. Nós nos
beijamos por não sei quanto tempo, nos perdendo um no outro, como eu com
meu violão.
—Meu Deus! Lucas vai matá-lo. Ele vai te matar e esconder o corpo. Vou
saber sobre isso, eu vou ser cúmplice. — Ela gritou.
Dei um passo em direção a ela com uma expressão sincera por todo o meu
rosto. —Alex, eu o amo. —Entrei na conversa, agarrando-lhe o braço para olhar
para mim. —Eu sempre o amei.
Eu precisava que ela entendesse que isso era sério, não era uma quedinha
de menina da escola. Jacob era o meu núcleo. Ele era o meu tudo. Ela tinha que
entender isso, ela mais do que ninguém tinha que saber.
O que senti...
217
Éramos iguais.
—Lillian, pare de dizer isso. Você não sabe o que está dizendo. Você nem
sequer sabe o que isso significa. —Jacob ordenou em tom exigente.
Eu odiava quando ele falava isso para mim. Tudo o que fazia era me irritar.
Ele sabia que era verdade, mas por algum motivo, o fazia sentir melhor dizer algo
assim.
—Você também me ama! Você simplesmente não pode dizer em voz alta.
—Respondi, pronta para a batalha, não me importando que Alex estivesse
sentada lá assistindo tudo.
Afastei o dedo. —Dane-se! Você não é meu pai. Eu não sou uma criança.
—Meu Deus. —Alex Interrompeu, fazendo-nos olhar para ela. Parecia que
ela tinha acabado de ver um fantasma. —Ela é a menina, não é? A das últimas
férias de primavera? Jesus, quanto tempo isso vem acontecendo? —Ela
perguntou com os olhos arregalados indo e voltando entre nós.
—Pare. De. Dizer. Isso. —Cerrei os punhos, olhando dele para ela. —Por
que você está olhando para nós assim? Você mais do que ninguém deveria
entender isso.
218
Ela imediatamente se levantou. —Eu? —Ela argumentou. —O que eu
tenho a ver com tudo isso?
—Você! —Eu apontei para ela. —Você ama meu irmão, meu irmão te
ama. Vocês se amam desde que eram crianças! A única razão pela qual não estão
juntos, é porque todo mundo não cuidou de seu próprio maldito problema, e
apenas deixou rolar. Vocês pensam que estão parentes ou algo assim. É tão
estúpido!
—Meu Deus!
—Foda-se! Você vai ficar aí e fingir que não é uma das principais razões
pelas quais eles não estão juntos? Você está se metendo nisso desde o início.
Vocês todos estão. Eu superei. É estúpido. Eles se amam exatamente do mesmo
jeito que nós! Só que você não pode superar o fato de que eu sou a irmã de
Lucas. Quem se importa? Eu não, e você também não deveria.
—Você mais do que qualquer um pode entender isso, Alex. Por favor, não
fique aí só julgando, a idade é apenas um número. Eu cresci com esses meninos
tanto quanto você. Não é como se ele fosse velho o suficiente para ser meu pai
ou qualquer coisa. Isso seria nojento.
Jacob chegou até mim em dois passos. —Eu não vou dizer novamente.
Cuidado com a boca, porra.
219
Eu coloquei minhas mãos no ar, exausta com tudo isso. Havia apenas um
tanto que eu poderia aguentar, e eu estava alcançando o meu ponto de ruptura.
—Você sabe o que? Vocês dois podem ficar aqui e chafurdar em toda essa
energia negativa. Eu não vou ficar parada e permitir que me afete. Eu sei que
você vai me encontrar, Jacob, porque você me ama! Então vamos ver quem está
certo e quem está errado. Eu garanto que não vou ficar à espera, cozinhando em
fogo lento. —Virei-me e saí.
—Eu não sei como isso aconteceu, Alex, eu juro por Deus que não. —Eu
falei honestamente, precisando que ela me ouvisse dizer isso. Precisando que ela
entendesse. —Em um segundo ela tem cinco anos, correndo de tranças, e depois,
no outro, ela tem dezesseis anos. Eu tentei. Eu tentei pra caramba ignorar isso.
Ignorá-la, mas você conhece Lily, ela faz o que quer, exatamente como seu irmão.
Após o acidente, ela começou a abrir-se para mim, e eu deixei porque ela era uma
criança, e ela precisava de um amigo. Eu gostava de ficar perto dela, ela me
lembrava tanto de você. Eu não sei, porra. —Suspirei.
—Vocês já...?
—Porra. Não. Tudo o que fazemos é beijar, e isso soa muito pior do que é.
—Eu menti, era muito pior do que isso. Eu menti para uma das minhas melhores
220
amigas, porque eu não queria que ela me julgasse. Eu já me sentia uma merda. Eu
não precisava de alguém me lembrando, o que eu já sabia ser verdade. —Nos
beijamos algumas vezes, e não começou até seu décimo sexto aniversário. Juro
por Deus que a menina é como um furacão, e eu não posso evitar ser sugado.
—Ela terá dezessete em breve. Eu sei que não torna melhor, eu sei que
não torna isso direito. Foda-se, Pinguinho, ela não está errada. Eu acho que estou
apaixonado por ela, quão fodido isso é?
Eu estava apaixonado por ela, mas eu não podia me permitir admitir isso
totalmente em voz alta, especialmente para Alex. Eu precisava da perspectiva de
outra pessoa, e Lily estava certa, Alex entenderia mais do que ninguém, e eu tinha
feito tudo em meu poder para afastá-la de Lucas. Eu me odiava por isso,
especialmente naquele momento, quando confrontado com ela e a verdade ao
meu redor, batendo na minha maldita cara. Ela observou-me andar ao redor do
quarto, até que finalmente parei e sentei-me na cadeira, de frente para ela,
curvado para frente, com os braços nas minhas pernas.
—Eu não tenho nenhuma ideia do que dizer. —Ela disse suavemente.
—Sinto muito, Alex. Todos esses anos, tudo o que eu já fiz é... quero
dizer... com Lucas e você... eu só... Foda-se... essa é a porra do meu karma.
Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, mas nada saiu.
—Eu sei que você não tem que dizer isso. Eu sei. —Admiti, sabendo que
ela queria dizer que eu estava certo.
—Alguém sabe?
—O que você está fazendo no quarto dela? Você sabe que poderia ter sido
Lucas aqui. Você tem alguma ideia de quanto ele vai bater em você por isso? Oh
meu Deus, Jacob, ele vai matá-lo.
221
Baixei os olhos e olhei para o chão, esfregando meu cabelo para trás e
para frente, querendo arrancá-lo, foda-se. —Eu sei. Você não tem ideia de
quantas noites eu perdi o sono por causa disso. Eu preciso ficar longe dela. É uma
das razões que eu estou me candidatando a faculdade de direito tão longe. Eu
preciso colocar distância entre nós.
—Ela sabe?
—Oh cara…
—Eu fiz a minha cama e agora eu tenho que deitar nela. Esta é a única
coisa que eu posso fazer para ajeitar as coisas. —Quase me matou dizer isso.
Eu suspirei, sabendo que ela estava certa. Lily não me perdoaria por isso.
—É o que é. Eu não posso continuar levando-a assim. Estou enviando sinais
diferenciados todo o tempo, mas não posso evitar. Eu não posso explicar isso
também.
Olhei fundo nos olhos dela. —Pinguinho, nunca foi sobre você. Era Lucas.
Nenhum de nós pensou que era certo para você. Você merece, você merece
alguém como Cole.
Ela assentiu com a cabeça. —Eu sei. Tudo acontece por uma razão.
222
—Eu prometo... mas se essa merda atingir o ventilador, porque
eventualmente vai, eu vou afirmar que não sabia de nada. Vou fingir estar tão
surpresa quanto todo mundo.
—Vá.
Ela me viu sair, percebendo que Lily estava certa. Não demorou muito
tempo para que eu fosse atrás dela.
Depois de tudo.
Ela olhou para frente dela para as ondas, porém sem enxergá-las, quase
como se ela estivesse em transe.
—Eu pensei... —Ela balançou a cabeça. —Eu pensei que você diria a ela
que me ama. Eu pensei que você lhe diria que você queria ficar comigo. Eu pensei
que você diria a ela tudo o que eu tanto queria ouvir. — Ela engoliu em seco, com
a voz embargada, imitando meu coração.
—Você não lhe disse nenhuma dessas coisas. Você acha que você me
ama? Eu poderia entender por que você mentiria sobre nós nos beijando, mas
Cristo, Jacob... seu karma? Sério?
223
—Lily... não era... eu não... porra... —Eu respirava, frustrado. —O que é
que eu diria?
—Como é que eu vou saber? Você nunca me disse nada. Eu sabia que
você estava se candidatando para longe, nas faculdades estaduais, porque eu
pensei que você queria uma melhor educação, não porque você queria ficar longe
de mim. —Ela engoliu sua voz quebrando finalmente, lágrimas caindo pelo seu
belo rosto.
Eu queria abraçá-la.
Eu queria confortá-la.
Que eu a amava.
Por mim.
Por tudo o que eu tinha feito, por tudo o que eu não pude dizer, por tudo
o que tinha ouvido... por tudo isso.
—Apenas vá, Jacob. —Ela fungou ainda sem olhar para mim.
—O que?
—Você me ouviu. Apenas vá, porra. —Ela sussurrou tão baixo, como se ela
realmente não quisesse dizer isso.
—E quanto a você?
—E quanto a mim? Eu vou sentar aqui. Ver o sol se pôr. Voltar para casa,
para meus pais, e continuar a assistir a minha mãe morrer um pouco mais a cada
dia. —Ela soluçou, enxugando as lágrimas. —Sozinha. Porque o cara que eu amo
224
não me quer... —Ela quebrou, e eu não aguentei mais. Tentei puxá-la em meus
braços, mas ela me empurrou.
—Não! —Ela gritou. —Apenas vá! É o que você quer fazer de qualquer
maneira.
—O que eu achava que sabia provou ser uma grande mentira, de qualquer
modo, Jacob, eu não sei de nada. Nada.
—O que estou fazendo com você? Olhe para você. Isto é minha culpa. Eu
não posso continuar fazendo isso com você, Kid, isso está me matando, caralho!
—É sempre sobre você! O que você sente, o que você precisa, você, você,
você! Você não me escuta, você não me ouve, e você me afasta porque você acha
que eu sou uma criança. Eu não sou uma criança, Jacob. Eu posso só ter dezesseis
anos, mas isso não importa. Eu estou vendo minha mãe morrer. Todo dia.
Ninguém fala sobre isso. Ninguém diz nada quando ela está vomitando todo dia,
porra. Ninguém diz nada, quando ela não pode sair da cama porque a
quimioterapia está literalmente comendo-a de dentro para fora. Ninguém diz
nada quando ela não pode comer, quando ela não pode mover-se, quando ela
mal consegue conversar, porra! Então, me diga, isso é algo que uma criança
veria?
—Isso não o torna menos verdadeiro. Basta ir... eu não quero mais você
aqui.
225
—Eu gostaria que fosse assim tão fácil.
Ela se levantou, olhando para mim. —Isto é. Basta ver-me fazer isso. —Ela
deu uma última olhada para mim e saiu.
Eu assisti a garota que eu amava mais que tudo se afastar de mim, só que
desta vez...
226
Dias Atuais
Merda.
Eu pensei que tivesse escondido tudo de Jacob na minha casa. Ele foi
inflexível, de que todas as coisas dele ficariam em minha casa. Nós tínhamos
falado sobre isso, e nós não estávamos prontos para dizer a ninguém ainda.
Queríamos estar juntos sem ter isso arruinado pelo meu irmão, especialmente na
minha semana de aniversário. Eu peguei ele e Alex no aeroporto. Eles estariam
hospedados no meu quarto de hóspedes pelos próximos dois dias. Mason estava
com sua mãe no fim de semana para minha decepção, eu sentia falta do meu
pequeno rapaz.
—Bo! — Alex gritou com ele, batendo no peito. Que era o seu apelido de
infância para ele. —Deixe-a em paz. Ela tem vinte e três anos, ela tem permissão
para ter relações sexuais.
227
A porta da frente abriu naquele exato momento e, claro, entraram Dylan e
Jacob, ambos sem se preocupar em bater. Todos os três fortes como montanhas,
fazendo minha casa parecer pequena. Fiquei triste por Austin não poder vim. Ele
estava preso em Nova York, fazendo algo com sua namorada Briggs. Embora,
ninguém soubesse se eles estavam realmente juntos ou não, eles tinham a
relação mais louca. Ele me mandou uma mensagem com uma foto de sua nova
tatuagem em seu braço, e aqueceu meu coração, logo que isso apareceu no meu
telefone. Ele tinha uma tatuagem de um de meus desenhos aleatórios, que eu
costumava desenhar com um marcador em suas sardas quando criança. Austin
estava coberto de tatuagens, e agora meu projeto parecia minúsculo em
comparação com os outros, mas eu amei o gesto.
Jacob pegou Alex do chão, apertando-a com força em seus braços. —Olhe
para você, Pinguinho, toda crescida.
Ela riu quando ele a colocou de volta para baixo. —Você diz isso cada vez
que você me vê. Eu gostei da barba. —Ela puxou-o.
Sim... eu também.
—Ei, mano. —Jacob recebeu Lucas. Eles se abraçaram, batendo nas costas
um do outro.
Dylan se aproximou de mim, e fez comigo, a mesma coisa que Jacob tinha
feito com Alex. —Ei, estrela do rock. Mal posso esperar para vê-la tocar. Ouvi
dizer que é um grande negócio por aqui.
Jacob maliciosamente olhou para mim. —Eu não recebo um abraço, Kid?
Mordi o lábio.
228
—Você conhece sua irmãzinha, Lucas. Ela é difícil de ignorar.
—Quem diabos é você? E o que você fez com Jacob? —Dylan argumentou,
fazendo-me rir.
—Por que todo mundo fica dizendo isso para mim ultimamente? Você
está certo. Vamos encontrá-lo e fodê-lo, agente especial McGraw. —Jacob
escarneceu, apenas olhando para mim.
Ela riu e piscou para mim enquanto era levada porta afora, e eu sabia que
Jacob estava morrendo de vontade de fazer o mesmo comigo.
27
Bonecos de ação. Extremamente fortes e machões.
229
Levei-os ao meu restaurante favorito para almoçar. Eu não fui lá desde
que Jacob e eu fomos em nossa primeira manhã juntos. Sentamos em uma
cabine, sentei ao lado dele, Alex e Lucas em frente a nós, e Dylan ao lado. Jacob
apertou minha coxa, logo que me sentei, por causa do assento que eu tinha
escolhido. Eu olhei para ele, enquanto todo mundo olhava para os seus menus, e
ele não me deu atenção, olhando por cima do seu próprio menu.
—Essa maldita mesa, eu mal caibo. —Jacob disse, tentando empurrar, mas
ela não se mexia. A mesa era tão longa e estreita que os meninos pareciam
desconfortáveis, enquanto Alex e eu estávamos muito bem. Eu ri com o
pensamento.
—Que horas Aubrey chegará? —Perguntei a Alex, Dylan fingindo que ele
não estava ouvindo cada palavra.
—Humm... Acho que ela disse quatro da tarde. Algo com a programação
de Jeremy, eu não sei, não fazia sentido, mas eles tiveram que mudar seu voo. —
Alex respondeu, tomando um gole de coca de cereja.
Ela encolheu os ombros. —Eu acho que bem. Eu não os vejo muito
frequentemente.
230
a mão dele, mas ele não se mexia, apenas apertando minha coxa para me fazer
parar.
—Você está bem? —Jacob perguntou, sabendo muito bem que eu não
estava.
—Humm Humm...
Se ele estava tentando fazer sua presença notada, então ele estava
fazendo um trabalho muito bom. Dylan e Lucas podem ser ignorantes o suficiente
para não perceberem isso, mas Alex... sem chance de ela ter perdido isso.
—Você poderia dizer isso. —Jacob replicou enquanto ele segurava meu
sexo, e eu ofegava.
—Como você sabe que ela não está aqui agora? —Jacob sorriu enquanto
eu abaixei a cabeça novamente, tentando lutar com ele debaixo da mesa.
231
—Talvez ela esteja sentada nesta mesa. —Jacob disse, e eu só sabia que
todo mundo estava olhando para mim.
Olhei para cima com um sorriso. —Você sabe que ele está fodendo com
vocês, certo?
—Isso é certo? —Jacob riu, apertando minha perna uma última vez antes
de finalmente soltar.
Sentei-me com Alex no bar enquanto ela mostrava aos meninos o lugar.
Havia fotos suas por todas as paredes, e eu poderia dizer pelo olhar no rosto de
ambos, que eles estavam extremamente orgulhosos dela.
Seus olhos arregalaram. —Isso foi há quase cinco meses! —Ela bateu no
meu peito. —Nem um de vocês disse uma palavra.
—Ela sabe?
—Sua mãe está indo muito bem. Eu paro e vejo como ela está pelo menos,
duas vezes por mês.
—Eu sei.
—Isto... —Ela olhou para Lily. —É diferente desta vez, certo? Porque eu
juro, Jacob, se você machuca-la...
—Me casaria com ela agora se eu não tivesse que lidar com o seu marido.
233
Eu vi quando Lucas puxou Lily para ele, beijando-a na cabeça e olhando
para ela com amor e adoração.
Ela assentiu com a cabeça. —Sim... Lily tem passado por muitas coisas
estes últimos anos. Você sabe disso. É um dos motivos pelos quais ela se mudou
para cá.
—Eu sei o que você está fazendo, Pinguinho, e sim, fui um dos motivos,
mas nós dois sabemos a verdade. Ela partiu por minha causa. Ninguém mais.
—Está no passado.
Toquei a minha última lista da noite. Eu pedi para tocar apenas algumas
neste fim de semana, para que eu pudesse festejar e aproveitar o tempo com a
minha família. Alex estava um lixo, eu nunca tinha visto ela bêbada antes, e ela e
Lucas estavam praticamente fazendo bebês na pista de dança. Dylan e Aubrey
234
passaram a noite em extremos opostos da sala, e a maneira como Jeremy estava
agindo, eu nem sei por que eles sequer preocuparam-se em vir.
Eu queria ter um minuto para falar com Aubrey sozinha, e com Jeremy
pairando sobre ela toda a noite, eu descobri que a minha melhor aposta era o
banheiro das senhoras. Ela se desculpou, e Jeremy rapidamente a seguiu mais
uma vez. Esperei alguns minutos para ele voltar, então eu fiz uma corrida até lá.
Abri a porta do banheiro e suspirei, trancando-a atrás de mim, correndo para ela
imediatamente.
Ela assobiou. —Eu caí. Não é o que você pensa. —Ela respondeu com uma
voz monótona.
—Ele está estressado com o trabalho. Ele não faz isso muitas vezes mais.
Eu juro. —Ela estava mentindo, eu podia ver por todo seu rosto.
—Por que você ainda está com ele? Você sabe que Dylan o colocaria atrás
das grades a qualquer momento, tudo o que tem que fazer é dizer uma palavra.
—Ele te ama. Ele adora você, porra Aubrey. Ele não teria mantido esse
segredo se ele não amasse. Você não vê, isso vai contra tudo o que ele acredita
pelo amor de Deus? Dylan coloca as pessoas como ele, onde elas pertencem.
Ela olhou para o chão. —Por favor, não diga isso. —Ela sussurrou tão
baixo, a agonia aparente em sua voz.
235
—Ele não pode continuar fazendo isso com você. Você não merece isso.
Lágrimas escorriam pelo seu rosto. —Mereço isso e muito mais, Lily. Não
fale sobre coisas que você não sabe.
—Aubrey, ele vai te matar um dia, e você está deixando. Isso não é nada
comparado com a merda que eu encontrei naquela noite, e algo me diz que
quando você foi para casa, ele foi...
—Não é da sua conta. Nem todo mundo ganha seu felizes para sempre,
Lily. —Ela afastou a toalha de papel da minha mão e olhou para o espelho,
limpando o sangue de seu lábio.
—Você não poderia estar mais errada. Espero que com o tempo você
perceba isso... e não seja tarde demais.
E eu saí.
236
Naquela época
Minha mãe queria que eu saísse com meus amigos, mas eu recusei. Tanto
quanto eu estava preocupada, não havia nada para comemorar. Eu não tinha
visto ou falado com Jacob desde o dia na praia, o que foi há três meses. Ele
mudou-se para a Califórnia, para cursar na Stanford Law School, poucas semanas
depois. Minha mãe estava ficando pior a cada dia que passava, e Lucas estava
perdido em seu próprio drama. O único brilho trazido para o meu dia, era o meu
pequeno rapaz, Mase.
—O que foi, rapazinho? —Ele deitou sua cabeça no meu ombro, sorrindo
para mim. —Papai disse que você não pode comer mais bolo. Você vai me causar
problemas.
Ele fez aquela cara. O rosto que eu não podia dizer não. Ele era um Ryder,
isso estava em seu sangue, comer doces, eu podia entender.
—Bem, não vamos dizer a ele. —Peguei algumas colheradas, e ele engoliu
como um campeão. Eu limpei a boca, me livrando de todas as provas.
237
Ele agarrou Mason de mim. —Sim, eu tenho que colocá-lo para deitar.
Mesmo que ele definitivamente não vá dormir esta noite, com aquele pedaço
extra de bolo que você deu a ele.
—Mason, disfarça, cara. —Eu beijei todo seu rosto e ele riu, batendo
palminhas.
—Lily, você não tem que fazer isso. É seu aniversário. Tenho certeza de
que seus amigos gostariam de vê-la. —Mamãe disse, parecendo extremamente
cansada.
—Estou bem.
238
—Argh... —Eu instintivamente respondi, perguntando-me quem diabos
minha mãe estava prestes a citar.
—Por que os seus filhos são tão teimosos? —Perguntou ao meu pai. —
Feliz aniversário, docinho. Vamos vê-la na parte da manhã. —Ela beijou minha
testa, e eles saíram.
239
—Shhh... Shhh... —Eu persuadi, esfregando suas costas para acalmá-la. —
Shhh... —Eu repeti até que sua respiração nivelou, e tudo que eu ouvi foi sua
fungada.
—O que você está fazendo aqui? —Ela gritou, olhando para mim, mas
ainda sem me soltar.
Eu ri e ela sorriu.
Levei-a para dentro da casa, porque eu não queria soltá-la. Fechei a porta
com o pé, e levei-a até as escadas para o quarto, fechando e trancando a porta
também. Coloquei seu presente no chão e a coloquei sobre a cama.
—Eu não posso acreditar que você está aqui. —Ela sussurrou, com
lágrimas nos olhos novamente.
—Não. —Ela interrompeu. —Eu não quero falar sobre isso. Não agora.
Podemos falar sobre isso amanhã ou no dia seguinte, ou nunca, mas eu não quero
falar sobre isso agora. Por favor.
240
Eu balancei a cabeça. —Tenho uma coisa. —Estendi a mão para o meu
presente e entreguei a ela.
—O que é isso?
—Você não tem que me dar nada, você estar aqui é o suficiente.
—Lily, quando alguém lhe entrega um presente, tudo o que você tem que
fazer, é dizer obrigado.
Ela abriu-o e levantou a caixa. —Ah, meu Deus! —Ela exclamou. —Eu
queria estas! Como você sabia? —Ela pegou as botas de cowboy e as colocou
instantaneamente.
Eu podia dizer que ela estava nervosa. —Vou leva-la lá um dia. —Eu
simplesmente declarei.
—Promete?
Ficamos ali por horas conversando sobre tudo e nada. Eu amei estar lá
com ela. Eu não pensei sobre o que aconteceria amanhã. Tudo o que importava
241
era que estávamos juntos, depois de meses pensando em nada além dela. Ela
estava finalmente na minha frente, e eu não poderia ter ficado mais feliz.
—Fica comigo.
—Kid…
—Meus pais dormem como mortos e com a minha mãe... bem, você sabe.
Eles não se levantam até tarde. Contanto que você saia até as oito, vamos ficar
bem.
Eu respirei fundo.
—Por favor. É meu aniversário, você tem que fazer o que eu quero.
—Não na Califórnia, e é daí que você veio, por isso, ainda é meu
aniversário lá.
Eu ri, balançando a cabeça. —Sinto muito, Kid, eu não posso. É uma coisa
ficar quando seus pais não estão em casa, mas parece errado fazer isso bem
debaixo de seus narizes.
—Onde?
Eu não podia dizer não para ela, então, agarrei a mão dela, e fomos até a
praia. Lily pegou um cobertor e um travesseiro antes de sairmos. Nós andamos
por um tempo, os pés na água e a lua cheia acima de nós.
—Vamos.
242
Puxei-a atrás de mim enquanto caminhávamos da praia até uma casa
abandonada que tinha visto algumas vezes, de passagem.
—Buuu!
—Seu imbecil! Eu quase fiz xixi nas calças. —Ela disse, tentando não rir.
—Venha aqui. Eu vou tornar melhor. —Eu a puxei para mim e a beijei
suavemente, em seguida, relutantemente a soltei.
243
—Eu me pergunto quem está usando este lugar. É lindo. —Ela disse,
quando colocou o cobertor no chão, colocando o travesseiro em cima. Tirei a
camisa para dormir e meu short, e ela fez a mesma coisa que fez da última vez
que dormimos juntos, ela pegou minha camisa e usou-a como pijama. Eu soprei
as velas e puxei-a para mim o mais perto que eu podia, querendo moldar-nos em
uma pessoa. Ela deitou no meu peito na dobra do meu braço, e eu dormi no
travesseiro.
—Eu sinto falta disso. Eu sinto falta disso mais do que qualquer coisa. Eu
nunca me senti tão segura como quando estou em seus braços, Jacob. É como se
tudo fosse embora... como você faz isso? Como você faz tudo ir embora?
—Lily…
—Eu conheço você também. Eu acho que você se esquece disso. —Ela
estava traçando corações no meu peito com os dedos. —Eu te amo, e eu não me
importo se você nunca disser isso de volta para mim, porque eu sei em meu
coração que é verdade. Que o que temos é real. Que o amor que você tem por
mim é verdadeiro. Eu posso vê-lo, eu posso sentir, tanto quanto eu quero ouvir
você dizer. No final do dia... eu sei que a verdade está em suas ações.
Foi a primeira noite que eu realmente parei de ver Lily como uma
criança...
Pelo futuro.
245
Dias Atuais
Ele balançou a cabeça, a expressão em seu rosto não mudou. Este era o
Jacob advogado, a pessoa que eu ainda não conhecia.
Voar?
—Também vou pedir a ela que envie cópias para os sócios, e poderemos
chegar a uma data que funcione para todos, mas quanto mais cedo melhor, Carl.
246
Sim, você também. Tchau. —Ele desligou e colocou o seu telefone celular sobre a
mesa.
Esperei por alguns minutos ele partilhar o que era tudo isso, mas ele não o
fez. Eu até lhe dei uma olhada, pensando que ele receberia a dica para falar. Seu
silêncio rasgou minhas inseguranças do passado um pouco mais. Não é como se
eu soubesse quais eram seus planos. Levantei-me da mesa com meu prato, mais
irritada do que qualquer coisa, e fui para a cozinha. Eu não queria lhe perguntar o
que estava acontecendo, eu só queria que ele me dissesse. Incluísse-me.
Simples assim.
Comecei a lavar os pratos quando o senti atrás de mim. Ele envolveu seus
braços em volta da minha cintura, me virando para encará-lo. Ele agarrou meu
queixo, fazendo-me olhar para ele. Colocando os braços sobre os meus ombros,
me enjaulando da única maneira que podia.
—Você sabe, Kid, para alguém que se diz adulta, você com certeza sabe
agir como uma criança às vezes. —Ele meio que riu.
247
Eu sabia. Eu estive contando os dias até que ele me deixasse novamente.
—Antes que eu te encontrasse, Lily, tudo que eu fiz foi trabalhar. Era toda
a minha vida.
Ele franziu os lábios, surpreso que levou tanto tempo para eu perguntar
sobre isso.
—Você está tentando ter uma discussão agora? É isso o que está
acontecendo?
Eu zombei, abaixando a cabeça para deslizar para fora de seus braços. Ele
deixou que eu fosse sem uma luta.
—O que? —Eu gritei, irritada, mas também divertida que ele estava me
tratando como se eu fosse uma testemunha.
—Eu só queria ter assentos na primeira fila para o ataque de birra de uma
vida, Kid. Pode prosseguir.
248
Ele esfregou os dedos para trás e para frente sobre a boca, claramente
divertido com a minha brincadeira.
—Apenas vá, Jacob, volte para casa, para sua vida de advogado, eu vou
ficar aqui. Vamos ver um ao outro quando pudermos. Talvez tenhamos algum
sexo por telefone, alguma chamada tarde da noite no Skype. Ok? Eu sei que você
tem que voltar ao trabalho, eu sei que você tem uma vida lá, um apartamento,
uma carreira, eu entendo, tudo bem! Você está velho e maduro e tem suas coisas.
E com certeza não tenho que gostar, porra.
—Você sabe, Kid, se você quiser começar a trazer o passado de volta cada
vez que você ouvir algo que você não gosta, então a longevidade de nossas vidas
juntos definitivamente vai ser difícil. Você sabe que eu gosto rude, bebê, mas eu
não quero viver assim. Você entende?
249
Eu ainda não disse nada, principalmente porque ele estava certo, e isso
me irritou tanto quanto me fez feliz.
Ele colocou a folha de papel que estava segurando na mesa de café. Foi
então que percebi que era um bilhete de avião.
—Você reservou o seu voo de volta? E você nem sequer me disse! Isto é
exatamente sobre o que eu estou falando! Você não me inclui em coisa nenhuma.
Nada mudou entre nós, exceto que agora você diz que me ama!
Ele inclinou a cabeça para o lado. —É tudo o que eu faço agora? —Ele
arrogantemente respondeu.
—Do jeito que você está agindo, eu posso. Pare de ser uma merdinha e
verifique a porra do bilhete, Lillian. —Ele repetiu.
Lillian Ryder.
250
—Você gosta do que vê, Kid? —Eu tive que rir dela.
—Lily, você já sabe como me sinto sobre você. Já provei isso para você,
tanto com a minha maneira fodida, quanto agora. Só que agora eu uso palavras
para coincidir com as minhas ações. Você sabe que eu estou comprometido
conosco, por que questionar isso? Eu finalmente tenho você. Eu não quero perder
você. Até este ponto, desta vez, foi tudo de mim. Eu sei que você me ama, mas eu
preciso que isso seja a sua escolha. Não temos falado sobre o futuro. Eu quero
manter assim até que você veja como eu vivi todos esses anos. Eu acho que vai
ajudar a esclarecer muitas dessas malditas inseguranças que você tem. Volte
comigo. Você precisa ver.
—Para a Califórnia?
—Por quanto tempo? —Eu hesitei. —Eu quero dizer, não vou me mudar
para lá, certo?
Ele sorriu. —A Califórnia não poderia lidar com você, Kid. É por algumas
semanas, enquanto eu cuido de alguns negócios.
—Quanto mais informação der a você, mais vamos falar sobre isso. Por
agora, eu quero que você venha comigo. Eu não vou aceitar não como resposta.
—Estou com medo, Jacob. Eu sei que tenho sido sempre forte quando se
trata de nós, mas Lucas tem passado a mesma merda que eu. Eu não quero
perder meu irmão. Eu não posso perdê-lo.
—Isso não significa que ele não vai, você conhece o meu irmão, tão bem
quanto eu.
—Ele vai ficar chateado comigo. Não com você. Será minha bunda que ele
vai querer chutar.
—Talvez..., mas eu não quero que você o perca também. Eu não quero
ficar entre ninguém.
—Eu sei, bebê. A última coisa que eu quero é que você tenha que passar
por mais uma merda.
—Como é que vamos dizer para eles? Como é que ele vai receber isso?
—OK.
Ela sorriu, acenando com a cabeça. —Eu preciso avisar no meu trabalho.
252
—Não é necessário.
Ela riu. —Eu tenho que dizer-lhes que estou saindo, Jacob.
Ela engasgou, surpresa. —Eu pensei que esta era a minha escolha.
Eu sorri. —Vamos lá. Com quem está falando aqui? Eu dei-lhe a opção,
não significa que eu não a jogaria por cima do meu ombro e a levaria comigo.
—Charme ou aborrecimento?
—Boa menina.
253
Naquela época
—Claro.
Ela balançou a cabeça. —Não seja tolo. Por que eu estaria chorando? Você
está com fome? Posso fazer-lhe algo antes que eu vá para a loja?
—Papai saiu?
Eu fiz uma careta, eu não me lembro de ter visto seu carro na noite
passada.
254
—Claro que você pode. Não significa que eu não quero cuidar de você.
Suas irmãs virão no domingo. Elas não podem esperar para vê-lo. Eu vou voltar
tarde esta noite, e eu não tenho certeza de quando o seu pai... — Ela cortou,
sorrindo. —Bem, verei você mais tarde, querido. Te amo. — Ela beijou meu rosto.
—Te amo.
Eu assisti sua partida enquanto ficava lá, preocupado com o que eu acabei
de presenciar, quando ouvi uma batida suave vindo da porta de trás. Eu encontrei
Lily ali, de pé, com um vestido de primavera amarelo suave, com o cabelo solto
caindo pelos lados de seu rosto e costas. Ela usava maquiagem muito sutil, e eu
podia fracamente sentir o cheiro de coco e baunilha em sua pele. Ela era um
colírio para os olhos.
—Você se vestiu para mim? —Eu perguntei, excitado com a visão dela.
Ela entrou. —Eu vi sua mãe sair. Você está com fome? Eu posso te fazer
alguma coisa.
—Não é assim.
—Você.
—Eu acho que posso arranjar isso. —Ela ficou na ponta dos pés,
suavemente beijando meus lábios. Desde que Lily fez dezessete anos, ela estava
ficando corajosa. Ela não esperava mais eu fazer o primeiro movimento. Ela
iniciou várias sessões de amassos, que normalmente terminavam com meu rosto
e dedos entre as suas pernas. Nada de novo tinha acontecido entre nós. Eu
poderia dizer que ela estava ficando frustrada por não deixá-la me tocar.
—Eu quero você. —Ela suspirou entre beijos, esfregando sua boceta
contra meu pau duro.
Ela suspirou em minha boca. —Então me deixe tocar você. Por favor,
deixe-me fazer você sentir o que você me faz sentir. Eu quero tanto.
Eu gemi, querendo que ela fizesse isso. Coloquei minha testa contra a
dela, precisando reunir meus pensamentos, tentando não deixar o meu
excessivamente ansioso pau tomar o controle.
256
—Jacob, eu quero. Você está sempre brincando comigo. Deixe-me dar-lhe
algo em troca. Eu não... quero dizer, você sabe que eu não ... —Ela murmurou
com a mais bonita expressão no rosto, porra. —Apenas me diga o que fazer.
Ensine-me.
Eu ri tanto que caí de costas para não esmagá-la. Ela seguiu rapidamente o
exemplo, sentando-se sobre os joelhos, esperando eu dizer a palavra seguinte.
Meu pau já estava duro só por vê-la, e pelo o que queria fazer para mim.
—Kid, eu nunca quero que você sinta que estou pressionando você em
nada.
Meu pau contraiu pela maneira suja, e ainda inocente, que ela falou
comigo. Eu coloquei meu braço atrás da minha cabeça, dobrando meu corpo para
que eu pudesse vê-la.
—Boa menina.
—Não vamos mais falar sobre meu pau. Coloque-o na boca do jeito que
eu venho imaginando você fazendo isso pelo último ano.
—Porra... Lily. —Eu gemi, a visão e a sensação dela era demais. —Boa
menina, assim mesmo, bebê, use sua mão assim. — Mostrei-lhe por alguns
segundos, observando como sua mão minúscula trabalhava em sincronia com os
movimentos de sua boca.
258
—Humm. —Ela involuntariamente cantarolava enquanto me engolia
profundamente de novo.
Eu realmente achei que ele não me deixaria fazer isso, então, não pensei
duas vezes quando ele disse para abrir sua calça. Eu quis isso por tanto tempo, e
ele finalmente cedeu. Pelo menos uma vez, ele sentiria algo que só eu poderia
dar. Eu queria provar a ele que eu poderia dar-lhe prazer também. Para que ele
sentisse que eu o amava da mesma forma que ele me amava, cada vez que suas
mãos ou boca estavam em mim. Ouvi atentamente todas as instruções que ele
me deu, querendo fazer direito. Pelos sons que ele estava fazendo, e os intensos
olhares dirigidos a mim, que eu nunca tinha visto antes, eu sabia que estava
fazendo o que ele queria. O que era bom para ele.
259
Ele tentou sentar-se e empurrar a minha cabeça, mas eu não permitiria
que a aparição do meu irmão tirasse isso de mim. Chupei mais forte e empurrei
mais rápido, seus olhos arregalaram compreendendo que eu não pararia.
Seu pau pulsava, e eu juro que ficou maior. Ele mordeu o lábio, e seus
olhos fecharam, quando uma substância espessa jorrou na parte de trás da minha
garganta. Seu peito arfava quando eu me sentei para trás, enxugando os lábios,
não sabendo o que fazer com seu gozo na minha boca.
Eu fiz, sem saber se eu podia fazer isso. Eu sorri, sentindo orgulho de mim
mesma, quando a substância espessa e salgada desceu pela minha garganta.
Ele levantou e foi ao banheiro, ligou o chuveiro e não demorou muito para
ouvir os passos de Lucas pelo corredor. Ele caminhou de volta ao quarto, abotoou
a calça e olhou para mim com um olhar ardente.
—Absolutamente.
260
Olhei ao redor do quarto para ter uma ideia. —Diga-lhe que eu fui
trabalhar com a sua mãe hoje. Eu estava fazendo um trabalho sobre o turismo em
Oak Island, e eu precisava saber como ela compra todas essas porcarias turísticas
que ela tem em sua loja.
—Meu irmão vai acreditar. Ele nunca pensaria que eu estaria aqui com
você. Relaxe. Está tudo bem.
—É melhor ir antes que ele volte aqui para cima. —Ele beijou minha
cabeça e caminhou até a porta.
—Espere.
—Eu fiz bem, certo? Quero dizer... foi... foi bom para você? —Eu
nervosamente perguntei.
—Se há uma coisa que eu preciso que você saiba, que eu preciso que você
se lembre, é que eu nunca menti para você e nunca vou mentir para você. Eu não
posso.
261
Passamos a maior parte do dia na água.
Lucas acreditou em mim sem pensar duas vezes, assim como Lily
suspeitava que ele faria. Nós comemos no restaurante do pai de Alex, e foi
estranho ela não nos servir.
—Nunca pensei que pudesse amar alguém assim. Acho que tenho muita
sorte, no entanto. Ele dá trabalho, mas é um bom garoto.
—Lily?
—Ela está sofrendo, Jacob, e eu sei que tem muito a ver com a minha mãe
e merda e tal, mas há outra coisa. Algo que ela não vai me dizer, ou para qualquer
um que se importe. Por um tempo eu pensei que fosse um cara, mas ela nunca sai
262
de casa. Minha mãe diz que ela tem caras batendo na porta, mas ela os dispensa.
Eu não sei, estamos todos preocupados com ela. Quero dizer, ela fará dezoito
anos, e nunca teve um namorado? Isso não pode ser normal? Estamos apenas
preocupados que ela esteja perdendo toda essa merda normal de adolescente,
por causa do câncer da minha mãe.
—A última coisa que eu quero é que Lily olhe para trás para sua infância, e
só tenha memórias de merda. Minha mãe diz que ela nem sequer sai com suas
amigas mais, mas ela está constantemente falando ou enviando mensagens de
texto em seu telefone, mas isso não conta. Eu não compreendo, porra.
—Mas eu vou te dizer uma coisa, Jacob, se for um cara... Eu vou enchê-lo
de porrada por fazer isso com a minha irmãzinha, e eu sei que você e Dylan
estarão lá comigo.
263
Dias Atuais
—Posso tomar um café, creme extra com três açúcares e um uísque com
gelo para ela?
—Licor vai acalmar seus nervos. —Eu disse, olhando para ela.
—Doce menina, eu vou segurar sua mão durante todo o voo de cinco
horas, se é isso que você precisa.
28
High Club: como são conhecidos quem gosta e pratica sexo nas alturas.
264
—Mas eu não sou.
—Beba.
Ela bebeu a coisa inteira em um gole. —Quando faz efeito o calmante dos
nervos?
—Céu claro todo o voo, Kid. Você não tem nada para se preocupar.
Abri meu laptop, planejando, enquanto trabalhava no voo, mas Lily não
soltou minha mão. Eu tentei mantê-la ocupada e distraí-la, falando durante a
maior parte do voo, o que funcionou.
—Charles, quantas vezes eu tenho que lhe dizer para me chamar de Jacob,
Sr. Foster é o meu pai e eu não gosto dele.
Olhei para Lily, que parecia esmagada. —Esta, Charles, esta é Lily.
—Ah... Lillian.
Ela arregalou os olhos, chocada que ele sabia quem ela era.
—Sr. Foster e eu passamos muito tempo juntos, tudo o que ele faz é
trabalhar. Já dirigi mais para ele do que alguém na empresa. Ele é um cara muito
265
bom também, e muito apaixonado por você. Eu estou contente de finalmente
juntar um nome a um rosto.
Ele estendeu a mão e ela apertou-a, olhando para nós dois, cética. —Você
lhe pagou para dizer isso? Também é um prazer te conhecer.
—Claro, senhor.
—Este não é um carro. Esta é uma limusine. Sua empresa possui uma
limusine?
—Boa tarde, Debra. Como você está? —Perguntei. Lily fingindo que ela
não estava ouvindo cada palavra.
—Todos os arquivos foram por e-mail? Certo. Você já falou com Robert?
Eu estarei no escritório em cerca de uma hora. Você sabe como o tráfego é. Tudo
bem, tchau.
—Ela é bonita?
—Eu não sei, Kid. Eu não a vejo dessa maneira, mas eu tenho certeza que
o marido dela acha.
—Por que está tão longe? Vem aqui, doce menina. —Eu guiei-a para o
meu colo e ela veio sem esforço. —Estou cansado desse jogo. Você entende?
—Não é rude fechar isso? —Ela sorriu. —Ou é costume isso ser fechado?
—Aii! — Ela agarrou a bunda dela. —Eu não gosto deste jogo.
—Eu não gosto da sua insolência. Agora, seja uma boa menina e eu vou
recompensá-la. Seja uma merdinha e você sabe o que acontece.
—Acho que preciso ser lembrada quais são as minhas recompensas, Sr.
Foster.
Ela se mexeu.
—Necessita de mais? Só boas meninas gozam... Você vai ser uma boa
menina a partir de agora? —Eu coloquei meus dedos em seu calor acolhedor,
nunca deixando meus movimentos circulares em torno de seu núcleo.
267
Ela estremeceu.
—Diga.
Eu sorri. —Diga-me que vai ser uma boa menina. Diga-me você vai parar
com as perguntas. Diga que me ama. Por fim, diga-me para fazê-la gozar.
Eu trabalhei nela com mais força, os meus dedos indo para onde ela mais
queria.
—Vou ser uma boa menina. Vou parar... Oh Deus... —Sua respiração
travou.
—E?
—Eu te amo, por favor... por favor... por favor, me faça gozar.
E eu a fiz.
Nós fomos ao seu escritório e Jacob me apresentou a todos. Juro que pelo
jeito que olharam para mim, eles tinham ouvido o meu nome antes. Eu fiz uma
nota mental para perguntar a ele sobre isso mais tarde. Nós ficamos em sua firma
por pouco mais de uma hora, ele estava em reunião, enquanto eu esperava por
ele em seu escritório.
Seu escritório tinha uma vista assassina do centro da cidade, mas era
envelhecido, tão frio e vazio. Sem imagens na parede, nem decorações em
qualquer lugar. Para alguém que passava a maior parte de seu tempo em seu
escritório, não havia muito recurso. Sua cobertura era exatamente da mesma
maneira. A vista era de tirar o fôlego, o seu mobiliário parecia muito caro e
provavelmente nada confortável. As decorações na parede combinavam
268
perfeitamente, mas não parecia um lar. Não havia uma sensação de calor ou
amor em qualquer lugar. A cobertura era limpa, nem uma coisa fora do lugar,
nem mesmo uma partícula de poeira. Era fria e vazia.
Peguei minha mala quando ele desceu as escadas para pegar sua
correspondência com o concierge, sentindo-me triste por ele. Segui para o
quarto, pronta para começar a desembalar as minhas coisas. Mesmo seu armário
gritava um estranho para mim. Camisas de marcas caras, calças, coletes e paletós,
gravatas e chapéus fedora em todas as cores. Era como se eu tivesse entrado no
guarda-roupa de outra pessoa. Apenas os poucos pares de chinelo no chão me
diziam que era o guarda-roupa dele.
—Tanta merda aconteceu entre nós. Depois que saí de Oak Island, eu
estava... —Eu respirei fundo, tentando reunir os meus pensamentos. —Foi ruim.
Às vezes eu me sentia como se eu tivesse imaginado nossa relação.
—Eu não sei quando eu parei de acreditar que você me amava. Apenas
aconteceu. Deixei Oak Island, porque eu não conseguia respirar lá. — Engoli as
269
lágrimas, as emoções correndo selvagem. —Não sobrou nada para mim lá. Será
que Alex já lhe disse...
—Sim.
—Há um monte de coisas que você não sabe. —Ele disse do nada,
fazendo-me levantar os olhos brilhantes para ele.
—Como o quê?
—O que aconteceu entre nós naquela noite. Foda-se, Kid, eu penso sobre
isso o tempo todo. Eu acho que eu pensei sobre isso todos os dias durante os
últimos três anos. Ter você... Ele esfregou a testa como se tivesse uma dor de
cabeça súbita. —É uma memória que levarei para o túmulo. Você tem que
entender isso? Por favor, me diga que você entende isso.
—Eu juro para você por tudo que é sagrado, que se eu pudesse voltar
atrás, eu nunca teria feito aquilo. Eu nunca quis feri-la assim. Foi uma situação
fodida, e tenho a intenção de falar sobre isso, mas eu não quero estragar o nosso
tempo aqui. Prometo que vou lhe dizer. Vou lhe dizer tudo.
—Ok. —Murmurei, querendo atender o seu pedido. Mas bastou saber que
ele estava escondendo algo de mim, para não ficar à vontade.
270
por não ver o que estava bem na minha frente. Por todos esses anos que nós
perdemos. Por cada vez que eu me afastei de você. Por cada vez que eu senti o
seu coração partir por minha causa. Desculpe-me por tudo. Tudo que você fez foi
trazer luz para minha vida, e tudo que eu fiz foi tirar a sua. Vou passar o resto da
minha vida pedindo desculpas para você.
Ele fez uma pausa para deixar suas palavras assentarem e olhou
profundamente em meus olhos para dizer:
—Como foi sua reunião? —Ela perguntou quando eu cheguei por trás dela
na cozinha, fazendo cócegas nela. —Eu estou fazendo o jantar. —Ela riu, tentando
escapar.
—Jacob!
271
—Dizer meu nome não vai ajudar a sua disposição.
—Você sabe o que vinho faz comigo. —Ela tomou o seu último gole e eu
lhe servi outra taça, sabendo muito bem o que o vinho fazia com ela.
—Eu me demiti.
Ela engasgou com o vinho. —Você o que? —Ela limpou os lábios. —Mas
Você estava tentando ser sócio, você tinha trabalhado tão duro por isso. O que
quer dizer com se demitiu?
—Eu quero estar com você. —Eu simplesmente declarei, e ouvir isso foi
como um tapa no rosto.
—Por nós.
—Sim.
—Eu queria ser sócio para ser o chefe, Lily. Eu não tenho que fazer isso em
San Francisco. Eu poderia fazer em qualquer lugar. Tenho ajudado Mark com sua
empresa durante os últimos seis meses por uma razão.
272
—Espera? O que?
—Oh...
—Oh?
—Não! Estou emocionada. Estou tão feliz! Eu só não estava esperando por
isso, mas eu adoro isso. Oh meu Deus, Jacob! Eu estou tremendo.
—Eu acho, eu realmente não sei. Quer dizer, eu estava esperando por
isso. Eu estava com medo que você me pediria para mudar para cá, e eu diria que
sim, um milhão de vezes sim, mas, para ser honesta, seu escritório e seu
apartamento me assustam. Eles são tão frios, Jacob, é como se você nunca
quisesse estar aqui, como se estivesse apenas sobrevivendo em vez de viver.
—Você é minha.
273
Naquela época
Doze meses.
Um ano…
Isso é quanto tempo havia passado desde a última vez que falei com Lily.
Eu disse adeus a ela da única maneira que podia. Eu lhe disse que tinha
encontrado um novo alguém. Que eu estava feliz e apaixonado.
Era uma mentira. Foi tudo uma grande mentira, porra. Uma fachada que
eu arrumei. Eu nunca conheci ninguém. Não havia nenhuma namorada. Nenhuma
relação de compromisso. Eu não estava feliz e louco de amor.
Eu sempre soube que o que estávamos fazendo era errado, não porque eu
não a amava, mas por causa das nossas circunstâncias. Minha conversa com Lucas
bastou para colocar tudo em perspectiva. Eu estava segurando Lily. Não era justo
com ela, ela merecia ser amada sem se esconder, e ela merecia muito mais do
que eu poderia oferecer a ela. As pessoas diriam que eu estava sendo um
274
covarde, um maricas. Que eu peguei o caminho mais fácil e que seria justo, mas
quando se tratava de Lily, eu me ajoelharia todo o dia, se isso significasse que ela
seria feliz.
Eu disse a Lily o que eu tinha que dizer, mentindo para esses grandes
olhos castanhos que sempre me viram por dentro. Então plantei a semente com
Lucas e minha mãe, sabendo muito bem que eles, não intencionalmente, diriam a
ela. Ela acreditaria, porque eu nunca menti para ela antes. Esta foi a primeira e
última vez que eu menti. Eu não podia sequer olhar para mim mesmo no maldito
espelho. Eu prometi a ela, jurei que nunca mentiria para ela. Que ela podia
confiar em mim de todo o coração.
Sua mãe estava piorando. Minha mãe disse que ela mal a reconheceu. Ela
queria sediar a festa da véspera de Natal em sua casa. Tanto quanto eu tentei
arrumar uma desculpa do por que eu não deveria estar lá, eu não podia. Ela foi
como uma segunda mãe para mim, para todos nós. Eu devia isso a ela.
—Estou bem. Mal posso esperar para ver todo mundo. Vai ser bom ter
todos vocês juntos novamente. É uma vergonha que ninguém pôde arrastar
Austin, eu teria gostado de ter todos vocês meninos juntos uma última... —Ela
hesitou como se ela não tivesse a intenção de dizer isso. —De qualquer maneira.
—Ela riu. —Eu liguei porque eu ouvi que você está ficando sério com alguém.
—Sua mãe disse que não sabia se ela estava vindo para casa com você. Eu
queria ter certeza de preparar comida suficiente e tal. Além disso, eu adoraria
275
conhecê-la, Jacob. —Ela pediu em um tom estranho. —Eu quero dizer, se você
está sério e tal, seria normal para ela vir, certo?
Eu não disse nada. Nem. Uma. Palavra. Eu estava muito desorientado pela
forma como ela falou comigo, quase como se ela estivesse me testando.
—Jacob, eu acho que seria uma boa ideia se você a trouxesse. Para todos.
Ela me cortou. —Docinho, eu tenho que ir. Lucas acabou de chegar aqui
com o peru. Vejo você amanhã, ok? Eu não posso esperar para conhecê-la! Tenha
um voo seguro. Amo você. —Ela desligou, e eu sentei lá perplexo pela próxima
hora.
Ela sabia.
Eu sabia que Jacob viria para minha casa para festa de véspera de Natal.
Eu nunca pensei que ele teria coragem de vir com ela. Eu o vi entrar, a
mão firmemente na dela, com seu olhar firmemente fixo em mim. Eu não olhei
para ela... nem por uma porra de segundo. Eu não o tinha visto em mais de um
ano, um maldito ano. Nem uma mensagem. Nada. Ele nem sequer me enviou
uma mensagem no meu aniversário de dezoito anos. Ele nunca perdeu um
aniversário, nenhum. Eu acho que isso doeu mais do que tudo.
Eu era adulta.
276
Uma mulher.
Mas eu nunca me senti como uma criança mais do que naquele momento,
a realidade de suas mentiras me olhando na cara. Fui a primeira a quebrar a nossa
ligação, se não, eu o teria chamado de mentiroso logo ali na frente de nossas
famílias e amigos.
Então eu corri.
Eu corri pelo nosso quintal precisando de ar, espaço e uma porra de uma
marreta.
—Porra! Eu não posso ter uma pausa. —Gritei, correndo para Jacob, que
estava sentado nos degraus do pátio. Eu imediatamente virei para voltar para
dentro, mas a porta trancou atrás de mim. —Claro, por que não fechar a porta?
Será que vou ser atingida por um raio agora, Deus? —Olhei para o céu,
balançando a cabeça, e olhando para o rosto divertido de Jacob.
—Onde está sua puta, eu quero dizer a sua namorada? —Eu rosnei sendo
incapaz de segurar.
—Eu pensei que você tinha dito que nunca mentiria para mim.
Ele fez uma careta, foi rápido, mas eu vi. —Eu não menti.
—Mentiroso!
277
Eu o empurrei. Empurrei com toda a força que consegui reunir. Ele nem
sequer balançou. Eu poderia muito bem ter empurrado uma parede de tijolos.
Gritei a minha frustração.
Meu desespero.
Eu vi tudo.
Com cada impulso e cada golpe que atingiu o seu corpo, eu senti um
pouco mais de mim mesma morrer. A menina feliz despreocupada foi embora.
Tudo o que restava era alguém que eu não reconhecia mais, alguém que eu nunca
quis ser. Eu bati mais forte e ele deixou. Nem uma vez ele tentou me bloquear ou
me segurar. Nem uma vez ele tentou me confortar.
E eu não sabia o que era pior, o que doeu mais. Rasguei-me em uma
angústia de um futuro que não incluía a minha mãe ou ele.
—Por quê? Porque você fez isso comigo? Por que você me machuca o
tempo todo? Por que você continua partindo a porra do meu coração? —Eu
gritei, afastando-me dele, e não sendo capaz de olhar em seus olhos por mais
tempo.
278
—Você acha que eu sou tão estúpida. Eu sou uma grande porra de
criança! Você acha que eu não sei. Isso é o que dói mais, Jacob. — Lágrimas
deslizaram pelo meu rosto. —Por que você mentiu para mim?
—Lily, eu não...
—Pare de mentir, porra! —Eu gritei, levantando os olhos para ele. —Eu
sei! Eu sei que ela não é sua namorada. Eu sei que você mentiu! Você me fez
pensar durante todo este ano que tinha encontrado alguém, e isso é uma
mentira. É tudo uma grande porra de mentira.
Ele recuou pela primeira vez, como se eu tivesse batido nele, desta vez
não foi por minhas ações, mas pela verdade das minhas palavras.
—Eu sabia disso no segundo em que você entrou com ela. Você pode
fingir o que quiser, ostentá-la na porra da minha cara, mas a verdade está em
seus olhos, Jacob. Sempre esteve em seus malditos olhos.
Fazia sentido agora. É por isso que sua mãe queria que eu a trouxesse,
mas por quê? Ela queria que Lily me odiasse ainda mais? Nada fazia sentido.
Nada, porra.
—Porque você mentiu para mim? Você me deve pelo menos isso.
—Lily, quando foi a última vez que você saiu com as suas amigas? —Olhei
para ela com expressão sincera espalhada pelo meu rosto. —Quando foi a última
279
vez que você fez algo normal? Foi em um encontro? Teve um namorado? A última
vez que você fez alguma coisa além de esperar por mim? Você ainda está
esperando por mim.
—Não quando seu irmão me diz que sua família está preocupada com
você. Não quando ele me diz que está com medo que você vai olhar para trás, ver
todos estes anos, e lamentar por perder tudo. Não quando ele me diz que você se
tornou retraída, você nunca faz nada, ou deixa a porra da sua casa. —Dei um
passo em direção a ela, até que estávamos a alguns centímetros de distância.
—Não quando ele me diz que tudo que você faz é sentar com seu
telefone, enviando mensagens e falando com alguém. Comigo. — Eu bati no meu
peito. —Comigo, Lily. Estou a afastando de tudo. Isso não é saudável. Eu te
machuco quando estou com você, e eu te machuco quando não estou. Não posso
ganhar de nenhuma maneira.
—Então você mente? —Ela enxugou as lágrimas antes que eu fizesse por
ela.
—Você me prometeu! Você jurou para mim que você nunca mentiria para
mim. Eu acreditei em você! Eu confiei em você!
—Quem é ela?
280
—Isso importa? Jesus Cristo, Lily, eu não posso nem olhar para você. Sabe
o quanto isso me mata? Você é a porra da minha visão favorita.
Deixando-me com nada além de lamentar pelas coisas que eu não poderia
ter de volta e as mesmas coisas que eu desejava desesperadamente que eu
pudesse mudar.
Eu não podia suportar a visão dele. Nem por mais um segundo. Ele não
merecia mais um segundo meu. Mal tive tempo de registrar tudo o que tinha
acontecido, ou o que eu estava sentindo, quando ouvi um choramingo suave
vindo da minha garagem. Eu andei em direção ao barulho, o silêncio em torno de
mim quase ensurdecedor. O baixo da música tocando dentro da minha casa
coincidiu com o choro quando cheguei mais perto da porta lateral.
Eu corri.
Corri o mais rápido que pude, entrando na garagem, parando assim que vi
a imagem na minha frente.
Aubrey...
Jeremy...
281
Iminente, pairando acima dela como um monstro, um vilão em um filme
de terror.
Ele fechou a porta e atacou, derrubando-o com todo o seu corpo. Ambos
caíram no chão, e Aubrey estremeceu, movendo-se para o lado para tentar
levantar-se. Ajudei-a enquanto Dylan e Jeremy lutavam pelo chão.
—Por favor... por favor... pare. —Ela implorou para quem eu não sei,
caminhando em direção a eles. Eu agarrei seu braço, segurando-a de volta.
Eu olhei para ela como se ela fosse louca. —Quem se importa, ele estava
machucando você.
282
—Por favor, Dylan, se você já me amou... por favor, pare.
Fiquei ali não sendo capaz de me mover ou dizer uma maldita coisa. Seus
problemas faziam o meu parecerem infantis em comparação.
—Você não pode estar falando sério? Você acha que eu realmente vou
deixar você com ele? Dê-me algum maldito crédito, Aubrey.
—Se você não sair, Dylan, eu juro que nunca vou deixar você... —Ela
hesitou, mas ela não teve que continuar, porque ele compreendeu sua
advertência.
Ela fechou os olhos. Eu podia sentir fisicamente a sua dor entre nós. Dylan
deu uma última olhada nela antes de chutar Jeremy no estômago, olhando para
ele com nojo.
Ele pegou minha mão e me levou para fora pela porta lateral, e eu o parei
tão logo estávamos a poucos passos de distância.
—O que você está fazendo? Não podemos deixá-la lá dentro. Nós temos
que dizer a alguém. Você tem que prendê-lo. Volte lá, Dylan!
—Por quê?
—Lily, basta fingir que você não viu isso esta noite. Você entende? Por
mim. Faça isso por mim.
—Dylan, eu...
—Lily, você sabe que eu te amo. Não me faça dizer isso. Nós dois sabemos
do que estou falando. Eu mantive minha boca fechada, agora é hora de você
devolver o favor.
Dei um passo para trás, o impacto de suas palavras sendo demais. Ele
balançou a cabeça em compreensão de que eu entendi o seu pedido simples, mas
poderoso. Ele beijou minha cabeça e me deixou em pé lá.
Que. Porra?
284
Dias Atuais
—Olá, é você!
—Olá, sou eu! — Respondi com a nossa saudação padrão, desligando meu
celular.
—Então, o que é tão importante que nós tivemos que usar o Skype. —
Perguntei, já sabendo, mesmo que ela não tivesse dito nada ainda.
Eu só sabia.
Chame de intuição.
Ela estava radiante e toda orgulhosa de seu bebê, vestindo uma camisa
que dizia: “Se você não o colocou lá, então não o toque”. Isso aí era
definitivamente uma obra do meu irmão.
285
Lucas, então, mostrou uma camisa na tela que disse. —Sou filho do meu
pai, então não foda com a barriga.
Eu caí em risos. —Meu Deus! Você terá um menino! Onde é que ele
encontra estas camisas?
—Ele jura que compra, mas acho que ele está fazendo. —Alex respondeu:
Lucas olhou para ela amorosamente, com um sorriso de louco no rosto.
Seu rosto franziu quando ela coçou a parte de trás de sua cabeça. —É...
bem... eles não me veriam até a próxima semana, mas seu irmão ligou lá. Vamos
apenas dizer que ele tem sorte se deixarem que ele entre no consultório do
médico.
—Te amo!
—Você também.
Nós rimos.
286
—Lily, ele já está planejando o meu dia inteiro. O que devo comer, quanto
devo me exercitar, me dizendo que eu não posso pegar nada pesado. Ele sabe
mais do que eu. Ele ligou para o restaurante esta manhã dizendo-lhes que eu não
iria tão cedo. É como se eu não pudesse sair de casa ou algo assim.
—Estou surpresa que você não o matou ainda, para ser honesta.
—Ela sabe.
—Eu sei.
Merda.
—Você disse que queria um boquete? —Eu sorri, pegando sua calça.
Ele segurou minhas mãos. —Tanto quanto eu gostaria de foder sua cara
agora, não seria pelas razões certas.
287
—Estou encrencada, não é?
—Bem, da próxima vez você pode me dar uma lista de pessoas que
contam. Dessa forma, eu saberei.
Ele arqueou uma sobrancelha, esfregando os dedos para trás e para frente
sobre os lábios, sua expressão desaparecendo rapidamente.
—Para alguém que não gosta do meu jogo, você com certeza me provoca
o suficiente para bater nessa sua bundinha. Não acha?
Deslizei mais longe dele, protegendo minha bunda. Ele tentou esconder o
sorriso.
—Eu acho que você encontra razões para fazer isso, seu masoquista.
—Jacob...
—Eu preciso saber. Preciso saber já. Por favor. O que aconteceu?
288
—Eu quero tudo com você, Lily. A casa, a cerca branca, o bebê. Quero a
porra do espetáculo inteiro. Uma vida completa.
—Eu quero isso também. Mais do que tudo. Eu sempre quis isso. Exceto,
que eu não posso seguir em frente sem saber de tudo. Eu sei por que você trouxe
aquela menina para a nossa festa de Natal. Eu entendi o que você estava
tentando fazer.
—Você entende?
—Agora eu entendo. Eu o odiei por ter feito isso. Por exibir outra mulher
na minha frente e pensar que você precisava. Foi a primeira vez que eu odiei
você, Jacob. Pelo menos eu pensei que sim. Não foi até depois que você me
deixou, que eu senti o verdadeiro ódio por você. Eu carregava esse ódio até o
momento em que te vi no meu bar. Foi só então que eu percebi que eu ainda te
amava. Que nunca foi embora. Entendi. Eu sei que você estava sofrendo também.
Eu vi como você vivia. Quero dizer, o seu entregador de pizza dirigiu-se a você
pelo seu primeiro nome, isso não pode ser normal. —Ela riu, mas eu não
conseguia rir.
—Eu te amo. Eu sempre vou te amar. Não importa como, você é minha
lagosta. —Ela persuadiu, supondo que eu precisava ouvir.
—Eu nem sei por onde começar. —Murmurei, minha voz parecendo tão
longe.
—Pelo início…
290
Naquela época
—Eu sinto muito. Nós fizemos tudo o que podíamos. Tudo o que resta é
certificar-se de que ela esteja confortável. —O médico disse como se fosse nada,
como se fosse apenas mais um dia comum, sua voz não tinha qualquer simpatia, e
eu o odiava tanto quanto o câncer em si naquele momento.
Ela sorriu, acenando com a cabeça. Seu rosto tornando-se triste enquanto
as lágrimas se formavam nos meus olhos. Meu pai foi até ela. Ele segurou seu
rosto com as mãos, descansando sua testa na dela. Nenhum deles falou enquanto
ele colocava beijos por todo o seu rosto. Foi um momento íntimo compartilhado
entre eles, que eu e Lucas sentimos como se fôssemos intrusos.
Nós não veríamos mais quaisquer momentos como esse. Este era
provavelmente um dos seus últimos, e a realidade me matou.
—Eu não posso fazer isso, Lucas. Eu juro que não posso fazer isso. —Falei
tão baixo que eu acho que ele mal pôde me ouvir.
Eu não sei quanto tempo nós ficamos assim. O tempo parecia ter parado.
A próxima coisa que eu lembro é que estávamos em casa, e tudo isso foi um
grande borrão vazio e triste. Meu pai levou minha mãe até seu quarto, depois de
falar com Lucas em particular. Seus olhos estavam vermelhos e brilhantes quando
ele deixou seu escritório e entrou na cozinha.
—Por favor, por favor, não faça isso, Lucas, por favor, não me trate como
se eu fosse uma criança. Eu tenho dezenove anos de idade. Eu não sou mais
criança há muito tempo.
—Eu não posso me conter. Não deveria tudo cair em você. Isso não é
justo.
Ele respirou fundo e soltou o ar pela boca. —Papai vai pedir uns poucos
favores a alguns de seus ex-alunos, para ver se eles podem assumir seus pacientes
no consultório, ele vai fechá-lo no momento.
Meus olhos arregalaram com a realização de por que ele estava fazendo
isso. Isso estava realmente acontecendo. Ela estava realmente morrendo.
Foda-se... eu mesma não podia dizer isso. Como viveríamos com isso?
—Ele quer que eu ligue para todos, você sabe, os meninos, Alex, seus pais.
Familiares próximos, somente, para que eles possam se despedir.
—Sim.
Eu não tinha falado com Jacob desde a véspera de Natal, mas isso não
importava.
Nada importava...
Não mais.
Dez meses.
293
—Você é uma parte de mim. Sempre foi, Kid, sempre será. Quanto
tempo?
—Algumas semanas.
—Vou enviar um e-mail aos meus professores para que eles saibam que
vou tirar uma licença. Eu estarei no próximo voo.
Eu nunca quis tanto dizer a ela que eu a amava como naquele momento.
Ela desligou primeiro. Algo me disse que era porque ela não queria dizer.
—Eu te amo.
Demorou dez malditos dias para minha licença ser aprovada pelo gabinete
de Dean. Isso foi depois que eu chamei a porra da área de serviços para os
estudantes para que eles aprovassem imediatamente. Eu tinha que chegar em
casa para Lily, e rápido. Falei ou mandei uma mensagem a ela todos os dias, mas a
cada dia que passava, ela tornava-se mais reclusa, mal respondendo com mais de
algumas palavras. Meu avião pousou às onze horas da manhã dois dias depois.
Minha mãe me pegou no aeroporto, levando-me para casa primeiro para deixar
minhas coisas, antes de eu ir para junto de Lily.
—Tudo bem, podemos conversar. Ela desmaiou. Ela não vai acordar por
um tempo.
294
—Você tem certeza? Eu não quero acordá-la. —Respondi, vendo seus
olhos inchados e pele pálida, ela já parecia minúscula e mais magra. Mesmo em
seu estado atual, ela ainda estava linda.
—Ela não tem dormido ultimamente. Ela está andando por aqui como um
zumbi, quase nenhuma vida nela. Ela tem sido a minha sombra. Sei que ela está
apenas tentando ter o máximo de tempo comigo quanto ela pode. Fiz Lucas
esmagar um comprimido para dormir em seu chá, e ela adormeceu talvez uma
hora atrás. —Ela disse, dando continuidade ao carinho no cabelo de Lily.
Apertei os olhos para ela, mas ela nunca tirou os olhos de sua filha.
—Eu tenho um caderno para lhe dar que começou quando ela tinha nove
anos. Ele tem todas as suas palavras inventadas. Eu escrevi o que elas queriam
dizer, então, quando ela falava comigo eu podia ficar tão animada quanto ela,
quando ela me dizia alguma coisa. É muito mais fácil quando você sabe o que
significa.
—Música sempre faz ela se sentir melhor. Seus favoritos são os clássicos,
como Jimmy Hendrix, Santana. —Ela disse sorrindo para ela, enquanto as lágrimas
começaram a cair pelo meu rosto.
295
—Eu acho que você sabe o porquê. —Ela conscientemente acrescentou.
—Ela monopoliza a cama, não importa se é tamanho king ou duas camas. Você
precisa ter certeza de ficar no meio, e cair no sono em primeiro lugar, porque pela
manhã, você vai estar no final. Isso lhe dará mais algumas horas para ficar
confortável.
—Não importa onde. Ela adora carinho. Você tem que dizer a ela que você
a ama, e muitas vezes o tempo todo. Isso sempre vai fazê-la sorrir. Ela lhe dirá
que odeia cócegas em sua parte interna da coxa, mas ela adora isso. Você tem
que apertar bem no meio, você sempre terá os melhores risos quando você fizer
isso. — Lágrimas deslizaram pelo seu rosto assim como nos meus, ambos ficamos
engasgados.
—Eu passei muitos anos entre Lucas e Alex. Eu não vou fazer isso com Lily.
Com você. Eu sei que você ama a minha menina. Sei que a amava até antes de
você mesmo saber. Sua diferença de idade era grande, eu não achei que qualquer
coisa viria disso até que ela fosse mais velha, mas o amor é inesperado. É lindo
assim. É algo que precisa ser valorizado. Eu preciso que você me prometa que
você vai sempre olhar pela minha menina. Que você sempre vai amá-la, protegê-
la, você nunca vai machucá-la novamente, mesmo se você achar que é a coisa
certa a fazer. Você pode me prometer isso?
—Ok. — O alívio imediato em seu rosto era como olhar para uma mulher
completamente diferente. —Eu te amo, Jacob.
296
Engoli as lágrimas. —Eu também te amo. —Beijei sua mão, sentindo como
se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros.
Passei todo momento ao seu lado, obtendo o máximo de tempo com ela
quanto possível. Silenciosamente rezando para que quando ela morresse, fosse
um pouco menos doloroso, que a dor que eu sentia no meu coração aliviaria um
pouco. Alguma coisa, qualquer coisa que pudesse tirar a sensação de vazio que eu
sentia cada vez que pensava nela não me vendo casar, não encontrando meus
filhos e ensinando-lhes todas as coisas que ela me ensinou. Essa era a pílula mais
difícil de engolir. Eu estava pensando em meu casamento desde que eu era
criança, como o meu vestido seria, como meu cabelo estaria, as decorações nas
mesas, os esquemas de cores, a lista era interminável. Minha mãe estava lá em
cada cenário. Eu nunca imaginei que ela não estaria lá.
Ela se foi.
Para sempre.
Olhei para o vestido preto na minha cama, que eu comprei hoje para o
funeral. Eu queria algo que eu pudesse jogar fora depois de usá-lo. Algo que eu
nunca tivesse que olhar outra vez. Eu estava olhando para ele durante a última
hora, temendo colocá-lo. Eu sabia que uma vez que eu o colocasse, tudo isso
realmente aconteceria. Eu estava realmente me preparando para assistir ao
funeral da minha mãe.
—Você não tem que usar isso, Kid. —Jacob anunciou, inclinando-se contra
o meu batente da porta com as mãos em sua calça.
297
—Você está bonito. Bem arrumado.
—Você pode vestir o que quiser. Sua mãe gostaria que fosse assim.
—Eu acho que não posso colocar qualquer coisa. Não importa o que seja.
Eu sei para o que é, por isso não muda nada. —Sussurrei tão baixo que eu não
achei que ele pôde me ouvir.
Ele olhou para mim com uma expressão que eu nunca tinha visto antes,
em seguida, moveu-se da moldura da porta para fechá-la. Ele andou na minha
direção, esticando as mãos para que eu as pegasse.
Eu as peguei.
—Vou ajudá-la a atravessar este dia, Lily. —Ele persuadiu, beijando o topo
da minha cabeça.
Ele ficou na minha frente quando acabou, tirando o meu cabelo do meu
rosto, colocando-o atrás das orelhas.
Eu ouvi a mãe de Alex gritar por nós, e ele agarrou minha mão,
sussurrando todos os tipos de coisas reconfortantes para mim antes de sairmos
do meu quarto. Eu mal me lembro de alguma coisa, enquanto eu
inexpressivamente olhava para o carro fúnebre na nossa frente no caminho para
a igreja. Sentei-me entre o meu pai e Lucas, Alex ao lado de Lucas, e Jacob do
outro lado dela. Sentei-me em estado de transe durante todo o funeral. Todos
deram suas condolências para nós, e tudo o que pude fazer foi acenar quando
acabavam.
298
Se eu ouvisse “Sinto muito pela sua perda” mais uma vez, eu gritaria com
quem dissesse isso para mim.
Austin.
Ele estava em pé na frente de Lucas e Alex, com uma menina vestida com
uma saia lápis preta, e uma camisa de cor correspondente. Suas mangas estavam
arregaçadas, e eu podia ver as tatuagens em seus braços. Ela estava em saltos
altíssimos, e seu cabelo era um tom escuro de roxo. Ela era linda, do tipo durona
e ousada.
—Quem é aquela?
Jacob seguiu o meu olhar. —Essa é Briggs, eu estou supondo que ela é
namorada de Austin.
Foi quando eu dei uma boa olhada em Austin. Ele estava coberto de
tatuagens também, ele parecia mais velho, mais alto, e muito mais amplo do que
eu me lembrava. Eu não o tinha visto em três anos. Ninguém tinha. Nós fomos até
ele, e quando ele me abraçou, eu juro que senti todo o seu remorso por não dizer
adeus a minha mãe. Eles conversaram por alguns minutos e, em seguida, meu
irmão disse que tinha que ir.
299
Minha mãe foi inflexível, ela não queria que ninguém lamentasse sua
morte. Ela queria que nós celebrássemos sua vida. Houve uma reunião no
restaurante do pai de Alex depois do funeral. Não me lembro de muita coisa
sobre isso. Todos os rostos pareciam se misturar, minhas emoções se tornando
dormentes. Vi os bons e velhos meninos, todos os quatro juntos pela primeira vez
em três anos, a sua Pinguinho bem ao lado deles, como todos eles ficavam na
praia.
Pela primeira vez, eu senti que eu não pertencia mais aquele lugar. Eu era
como uma estranha olhando para eles. Foi quando eu dei uma última olhada
neles...
E saí.
—Em mais de um sentido. Você não tem ideia, cara. Eu acho que há algo
sobre nós, os bons meninos e nossas mulheres. —Ele incitou.
Olhei para ele sem dizer nada, porque honestamente, o que eu poderia
dizer sobre isso? Eu fiz a varredura da região novamente à procura de qualquer
sinal de Lily, enquanto continuava a dar a minha atenção para Austin.
300
—Ouça, cara, eu sei. —Ele nervosamente coçou a parte de trás de sua
cabeça. —Eu sei que... porra... isso parecia muito mais fácil na minha cabeça. —
Ele riu. —Não era meu maldito problema. Lily... bem, ela é Lily. Conhecê-la é amá-
la.
Concordei entendendo o que ele queria dizer muito bem. Era isso.
—Ela teria sorte de ter você, Jacob. Ambos teriam. —Ele disse com
sinceridade em sua voz.
—Então não valeria a pena. —Ele simplesmente declarou, mais uma vez
me levando para longe de meus pensamentos sobre ela.
—De qualquer forma, eu tenho que voltar para Briggs. —Ele fez um gesto
em direção a ela.
Ele bateu no meu peito algumas vezes e saiu, e eu olhei de volta para a
reunião sem ainda nenhum sinal de Lily...
301
Naquela época
Não demorou muito para eu encontrá-la na praia junto ao cais. Seu cabelo
soprava ao vento enquanto o sol se punha; ela parecia linda por fora, porra, mas
por dentro, eu sabia que ela estava morrendo.
—Há tantas coisas que eu não disse a ela. — Sua voz era nada além de
dor.
—Ela sabe, Lily. Ela sabia sobre nós, bebê. Não tudo o que aconteceu
entre nós, mas me faz sentir melhor sabendo que eu tinha a sua benção.
—Eu sei, nós conversamos sobre isso. Ela me disse para viver a minha
vida, seja ela qual for. Seguir o meu coração, que ele mostraria o caminho. Tudo o
que importava era que eu estivesse feliz.
—Eu concordo.
—Olha para mim, Kid. Você tem a mim. Eu estou aqui. —Lembrei a ela,
tentando desesperadamente fazê-la ver que ela não estava sozinha nessa.
Ela olhou para baixo, na areia, e foi quando tudo isso se tornou demais
para ela. Ela não aguentou. Ela chorou histericamente, seu corpo tremendo com
cada soluço. Eu acho que ela nem percebeu quando eu a movi para o meu colo,
abraçando-a com força contra o meu corpo. Balançando-a, querendo confortá-la
da única maneira que eu podia. Expressando todo conforto que ela precisava,
uma e outra vez. Isso não ajudou, seus soluços só se tornaram piores, seu corpo
quase em convulsão. Eu não sabia o que fazer.
—Bebê... por favor... você está me assustando pra caramba agora. —Eu a
abracei mais forte, com seu rosto escondido na curva do meu pescoço.
—Eu sinto que estou morrendo, Jacob. Eu sinto que estou morrendo,
porra. —Ela disse, à beira de hiperventilar.
—Eu sei, doce menina, eu sei. Eu gostaria de poder tirar a sua dor.
Nossos olhos se encontraram, exceto que pela primeira vez, não havia luz
nos dela. Minha Lily se foi, e tudo o que restava era o seu corpo sem alma.
—Eu preciso de você. Você me entende? Você não pode me deixar. Eu não
vou fazer isso sem você. Eu te amo, Lily. Eu te amo pra caralho, tanto que quase
me mata fisicamente. —Sussurrei em sua boca.
Ela fechou os olhos como se o que eu lhe disse lhe causasse ainda mais
dor.
—Não! —Eu gritei. —Você não vai se esconder de mim. Você está me
ouvindo?
Ela balançou a cabeça sem abrir os olhos. Segurei seu corpo, mais forte
enquanto eu tentava moldar-nos juntos.
—Abra seus olhos. Abra os olhos e olhe para mim. Olhe para minhas
verdades, olhe nos meus olhos, tudo o que você quer, tudo o que você conhece
há anos está aqui. Apenas olhe para mim, porra.
—Eu. Amo. Você. —Repeti e ela puxou ar, sua respiração estremecendo.
304
foi. Seus olhos eram tão bonitos cada vez que olhava para eles, eles apenas não
eram mais vivos e cheia de vida.
Eu arruinei tudo.
—Por favor, não faça isso. —Choraminguei com uma voz que eu nem
sequer reconheci, eu estava à beira das lágrimas. —Minha doce menina... —Eu
implorei, pegando seu rosto.
Nada.
Nada. Porra
Fazia dez dias que minha mãe morreu, eu sei, porque eu estava contando.
Meu irmão não me deixou fora de sua vista, mal me deixando sozinha por mais de
cinco minutos. Meu pai se jogou de volta ao trabalho, e tudo o que eu tentei fazer
foi manter a respiração. Jacob partiu para voltar para a faculdade alguns dias
depois do funeral, dizendo que a última coisa que ele queria fazer era sair, mas
sua licença de ausência da faculdade expirou, e se ele não voltasse, o tirariam de
suas classes. Eu não me importava. Eu mal lhe dei qualquer atenção enquanto ele
305
estava aqui depois do funeral de qualquer maneira. Ele foi tão chato quanto o
meu irmão, e pelo menos, agora eu só tinha um deles na minha cola. Retirei-me
das minhas aulas da faculdade após o médico nos dizer sobre o prognóstico da
minha mãe, e eu não tinha intenção de voltar tão cedo. O seguro de vida da
minha mãe seria pago nas próximas semanas, e meu pai não queria o dinheiro.
Nem um centavo.
Ela tinha uma apólice de um milhão de dólares que seria dividido entre
Lucas e eu. Para ser honesta, eu não queria esse maldito dinheiro, e eu sabia que
meu irmão sentia o mesmo. No final, era o que minha mãe queria. Ela foi
inflexível que nós pegássemos o dinheiro e fizéssemos o que quiséssemos com
ele. Tudo o que eu sabia, era que eu doaria cinquenta mil à campanha de
conscientização do câncer de mama, e meu irmão também. Meu pai foi a uma
consulta com um consultor financeiro por nós, e eu apenas os deixei lidarem com
isso. Ele estava chateado que eu não voltaria para a faculdade, mas eu era adulta
agora, e não havia muito que pudesse fazer sobre isso. Ficar em casa estava se
tornando sufocante, eu fui até Lucas algumas vezes com a esperança de que ele
tirasse um pouco da dor.
Não funcionou.
Eu me senti perdida.
—Lily, você tem que sair deste sofá hoje. —Lucas anunciou, entrando na
sala com Mason.
—Lily, você sabe que pode ficar aqui o tempo que quiser, mas você tem
que mover-se do sofá todos os dias. Sua bunda está deixando um recuo
permanente nele. —Ele riu, eu não. —Você tem que fazer alguma coisa, qualquer
coisa.
306
Dei de ombros, mudando de canal para o Elmo, e Mason arrastou-se de
volta ao meu colo. Nós assistimos Elmo pelo resto do dia juntos.
—Estive melhor.
—Eu sei. Eu tenho ligado e enviado mensagens, mas ela não responde ou
devolve nenhuma das minhas ligações. Alex diz que está recebendo o mesmo
silêncio dela.
—Sim, Dylan também. Mas na verdade é por isso que estou ligando.
Preciso da sua ajuda. Ela poderia ir para San Francisco, ficar com você por alguns
dias? Talvez isso ajudasse a resolver as coisas.
307
—Ainda não. Tenho certeza que ela adoraria. Ela precisa tirar o rabo do
meu sofá. Você sabe que ela gosta de estar perto da família. Você é como um
irmão para ela, Jacob. Não vai ser problema, eu sei disso.
—Alex e eu... estamos... humm... você acha que você poderia dizer a ela?
Dessa forma, ela pode passar algum tempo com Alex também enquanto ela
estiver lá.
—Sabe que Lily é bem-vinda aqui a qualquer hora. Você não tem que
pedir.
Eu ri nervosamente. —Eu pensei que você tinha dito que ela adoraria vir.
Eu desliguei.
Animado para ver Lily, mas nunca esperando pela menina que saiu do
avião.
308
Sentei-me no avião, lívida, porra.
Jacob já estava ali, parecendo bonito como sempre, com a minha mala já
ao lado dele.
—Oi.
Ele me puxou para um abraço, mas eu mantive meus braços para baixo,
eu não queria estar lá. Eu não me importava se eu estava agindo como uma
criança. Eu estava com raiva de ambos por fazerem isso comigo. Especialmente
sem o meu mínimo consentimento.
309
—Eu não sei, Jacob, me diz você. Desde que você e meu irmão são tão
bons em planejar minha vida, você pode me dizer como eu deveria agir.
Ele arregalou os olhos como se não estivesse esperando eu atacar, mas foi
rapidamente substituído por um pequeno sorriso. —Jantar, então.
310
Olhei ao redor do quarto, percebendo que eu tinha adormecido na parte
inferior da cama. Ela ainda estava enfiada no mesmo lugar em que eu a coloquei
na noite passada. Pelo menos agora ela parecia um pouco descansada, mas o
brilho que ela sempre esteve sobre ela, ainda estava desaparecido. Eu estava
começando a me perguntar se eu nunca o veria novamente.
—É a sua cama.
—Então.
—Eu só queria dizer que é ótimo. Lucas disse que você não tem dormido.
—Você tem uma cama confortável. Não tem nada a ver com você.
311
—Para o chuveiro ou o café da manhã? Porque nenhum soa muito
atraente.
Respire fundo, Jacob, ela está sofrendo. Sua mãe acabou de morrer.
Respire... Não é você. É a dor dela.
Girei para encará-la. —Kid, você precisa comer. Você está magérrima.
Depois de comer, você pode voltar e deitar-se na cama, eu não me importo. Mas
eu vou alimentá-la enquanto estiver aqui. Você me entendeu?
—Voltar? O que...
—Se você não vai tomar um banho, então, eu vou. —Ela pulou da cama e
foi direto para o banheiro, terminando nossa discussão tão abruptamente quanto
começou.
O resto do dia ela mal falou comigo. Ela continuou assim durante os
próximos três dias. Não importava o que eu fizesse, ou o que eu dissesse, o seu
comportamento não alterava. Eu tive que ficar me lembrando de que ela estava
sofrendo. Que era sua dor expelindo coisas ruins, e que não tinha nada a ver
comigo. Eu estava permitindo que ela atirasse suas frustrações em mim, e tanto
quanto me provocava para responder, eu banquei o bonzinho.
Por agora.
Alex chegou a sair com ela enquanto eu estava na faculdade. Ela disse que
Lily realmente não tinha falado muito com ela. Ninguém parecia ser capaz de
chegar até ela, então eu decidi tentar algo diferente. Eu pedi seu tipo favorito de
pizza, abacaxi e pepperoni. Eu não podia suportar essa merda, mas tentaria
qualquer coisa nesse ponto. Eu aluguei uma quantia obscena de filmes de
meninas, e até peguei um pouco de seu sorvete favorito, manga alperce sorbet.
312
Fui à três lojas diferentes para encontrar a maldita coisa, mas eu estava
esperando que tudo valesse a pena. Eu queria vê-la sorrir. Uma vez, e isso seria o
suficiente para mim.
Eu estava sentado no sofá com tudo na mesa de café, quando ela saiu do
meu quarto depois que ela tomou um banho. Ela congelou logo que viu a
arrumação sobre a mesa, mas sua expressão não indicou qualquer coisa que ela
estava sentindo. Ela meio que ficou lá.
—Eu pensei que nós poderíamos sair hoje à noite, como costumávamos
fazer. —Eu disse, quebrando o silêncio entre nós.
—Por quê?
—Kid, se você finalmente vai falar comigo, eu vou precisar que você não
fale em uma porra de código.
—Bem, então eu não vou falar com você. —Ela virou e eu fui até ela, e a
virei para me enfrentar antes mesmo que ela desse o primeiro passo.
—Eu não pedi para vir aqui. Eu não preciso de você para cuidar de mim. Eu
nem quero estar aqui.
—Então o que você quer, Lily? Porque ninguém sabe, porra, nem mesmo
eu.
—Especialmente você! Você nunca sabe nada sobre mim! Então isso não é
novidade.
313
—Isso é certo? —Eu perguntei.
—Sim. —Ela tentou puxar o braço, mas eu não deixei, e apenas a segurei
mais forte.
—Solte-me!
—Não até que me diga por que você está agindo como uma merdinha.
Silêncio.
—Você não pode fazer isso! —Ela gritou. —Você não po...
Ela tentou empurrar-me para longe, tentou empurrar minhas mãos, meu
corpo, qualquer coisa para que ela fosse capaz de se libertar e fugir. —Você
sempre faz isso. Você sempre me maltrata, não é justo!
—O que não é justo, Kid? Que você me ame? É isso que não é justo?
—Não!
314
—Nós podemos fazer isso do seu jeito ou do meu? Mas de qualquer
forma, você vai me dizer, porra.
Ela tentou um pouco mais até que ela percebeu que não ia a lugar
nenhum. —Você está sendo um idiota!
—Azar o seu... eu não dou a mínima. —Segurei suas coxas, bem no meio,
pela primeira vez, exatamente como a mãe dela me disse para fazer, e ela parou
imediatamente. Nós focamos nossos olhares, o conhecimento do que eu estava
prestes a fazer estava claramente escrito em seu rosto.
Eu sorri.
Ele pressionou com mais força, a minha garganta ardia e minha voz soava
rouca.
315
—Você tem cinco segundos para deixar de ser uma merdinha teimosa,
antes que realmente não tenha piedade de você. Cinco... quatro...
—Três... dois...
—Deus, Jacob, para alguém que vai ser um advogado, com certeza você
não pode pegar uma pista. —Eu sorvi uma respiração profunda, meu lábio
trêmulo do que eu estava prestes a dizer. —Eu esperei tanto para ouvi-lo dizer
essas três palavras para mim, e quando você finalmente diz... quando você
finalmente disse isso para mim... eu estou no meu pior. Eu não preciso de sua
pena. Eu estava sofrendo bastante. Você não tem que adicionar isso.
—Ah meu Deus, eu tenho que soletrar para você? Você disse que me
amava, porque minha mãe morreu. Eu estava caindo aos pedaços na sua frente, e
você disse que me amava só para me fazer sentir melhor. Eu nunca quis que fosse
dessa forma. Eu queria que você sentisse quando dissesse a primeira vez para
mim, não porque você se sentiu mal por mim.
Ele balançou a cabeça, e eu não pude dar uma boa olhada no rosto dele,
antes que ele me levantasse do balcão, carregando-me como se eu não pesasse
316
nada para o sofá. Ele sentou-nos juntos, fazendo-me escarranchar em seu colo, e
agarrou meu queixo para que eu pudesse olhar para ele.
—Como você espera que eu não ache isso? Você olhou para mim com
pena, não com amor. —Rebati.
—Eu pensava que sim. Eu esperava que sim. Foi apenas muito, Jacob.
Você mentiu para mim durante um ano inteiro, fazendo-me pensar que você se
apaixonou por outra pessoa. Você tem alguma ideia do que isso me fez? Como
isso me fez sentir? Então você a trouxe e a exibiu no meu rosto? Isso é cruel,
mesmo eu sabendo a verdade. E se eu não soubesse?
—Eu queria que você me odiasse. —Ele suspirou, sua expressão com nada
além de remorso.
—Eu o odiei. —Fiz uma pausa para deixar minhas palavras penetrarem. —
Mas eu também o amei. Eu nunca deixei de amar, e eu o odiava mais por isso.
Então, minha mãe piorou e, em seguida, seu funeral... foi uma coisa depois da
outra. Eu nunca esperei que você dissesse para mim naquele dia. Não queria
assim. Nunca assim. Esse não era o jeito que eu queria, eu não quero olhar para
trás, e lembrar que você me disse pela primeira vez que me amava, no dia do
funeral da minha mãe, porque você sentiu pena...
—Eu te amo.
—Aquele dia foi um dos piores dias da minha vida, Lily. Eu nunca vi você
tão perdida, tão vazia. Isso me assustou pra caramba. Eu não tenho pena de você,
317
doce menina. Eu quis dizer isso há anos. Ver você quebrando, desmoronando em
meus braços, sentindo a sua dor; eu tinha que dizer isso a você naquele
momento. Eu te amo. Eu sempre amei.
—Eu também te amo. Claro, você já sabe disso, apesar de tudo. —Eu ri e
assim ele também.
De repente, ele o tirou da minha boca, e puxou com força a minha nuca.
Minha respiração travou enquanto sua boca colidia com a minha.
Beijar Lily depois de todo esse tempo, foi como voltar para casa.
Tão minha.
318
Ela possuía meu coração.
Toquei seu rosto, os lábios, o pescoço, parando uma vez que cheguei ao
seu coração. Ele estava batendo forte, rapidamente, contra os meus dedos.
—Lily...
—Prove para mim. —Ela ofegava. Pronta para o que eu tinha planejado
fazer com ela. Olhei para o seu rosto, e tudo que eu podia ver era a ânsia, de um
jeito que nunca tinha visto antes.
—Faça amor comigo. —Ela implorou num tom estridente. —Eu pertenço a
você. Eu sempre pertenci a você. Por favor, Jacob...
—É isso, bebê, foda meu rosto como você ama. — Um minuto depois eu
provei seu clímax, e eu não parei até que ela estava quebrando acima de mim,
segurando as pernas para baixo, e me implorando para parar. Eu parei, e com os
olhos cheios de luxúria, ela me observou despir-me. Abri minha mesa de
cabeceira e peguei um preservativo.
—Você não precisa disso. Estou tomando pílula. Ela regula o meu período.
Você foi testado?
Ela sorriu.
—Diga-me se eu te machucar.
—Eu estou quase lá. Merda, querida, você é tão apertada, porra.
Eu nunca estive com uma virgem antes, nunca quis fazer nada
desprotegido. O fato de que eu estava experimentando isso com Lily, era a
melhor coisa que tinha acontecido comigo.
Tão bonita.
Porra, eu adorei quando ela gemeu. Isso fez o meu pau contorcer dentro
dela.
321
—Jacob, venha até aqui. Eu quero sentir todo o seu peso sobre mim.
Meu polegar roçou seu rosto, e ela sorriu quando beijei a ponta do seu
nariz, empurrando um pouco mais rápido. Posicionei meu joelho um pouco mais
alto, e sua perna inclinou com a minha. Sua respiração acelerou, e eu sabia que
estava batendo melhor no seu ponto G a partir desse ângulo.
—Isso é bom?
322
Ela assentiu ofegando fortemente, seu coração batendo rápido contra o
meu. Seu corpo começou a tremer, e eu trouxe seus lábios para encontrar os
meus, empurrando minha língua em sua boca ansiosa, aguardando.
—Jacob. —Ela suspirou, e eu juro que meu pau ficou mais duro.
—Jacob, Jacob, Jacob. —Ela repetiu várias vezes, gozando em meu eixo, e
me levando direto com ela. Eu oscilei com a minha libertação e apaixonadamente
reivindiquei sua boca mais uma vez.
Minha.
323
Naquela época
Eu sorri.
—Eu te machuquei?
—Existe um “nós”?
Meu coração disparou. Era tudo que eu sempre quis ouvir saindo de seus
lábios.
—Você quer dizer isso mesmo? —Eu precisava ouvi-lo dizer isso.
324
—Você é minha, Lily.
Nós ficamos assim por não sei quanto tempo, mas a próxima coisa que eu
sabia, é que amanheceu, e eu estava envolta em seus braços, nós dois ainda nus.
Senti como se tivesse corrido uma maratona, porra. Meu corpo todo dolorido.
Movi a minha perna um pouco mais, e meus olhos abriram, mas Jacob já estava
acordado e olhando para mim.
Eu sorri.
—Está dolorida?
Ele olhou para o relógio. —Merda. Quase meio-dia. O que há com você e
eu dormindo toda a manhã?
—Eu te amo.
Eu sorri, não pude evitar. Meu coração disparava cada vez que eu o ouvia.
—Eu não quero ir. —Expressei, lembrando que ia embora em três dias.
—Lily, eu fiquei longe todos estes anos por uma razão. Eu tornei ambas as
nossas vidas miseráveis por uma razão. Eu não deveria estar com você assim, mas
agora que eu estive... não há como voltar atrás. Eu quis dizer o que eu disse
ontem à noite. Você é minha, porra. —Ele afirmou, a posse em seu tom.
325
—Então para onde vamos a partir daqui?
Eu pulei em cima dele tão rápido, que se ele não estivesse sentado contra
a cabeceira, teríamos caído para trás. Eu montei em seu colo, todo o meu corpo
deitado em cima dele, abraçando-o apertado.
Ele balançou a cabeça, olhando para mim com adoração e amor em seus
olhos.
—Meu pai provavelmente já sabe. Minha mãe sabia, não acredito que ela
não tenha dito a meu pai.
Lambi meus lábios, a boca seca, de repente. —Meu irmão... Lucas é...
—Vou lidar com tudo. Não se preocupe com Lucas, não se preocupe com
nada. Eu prometo, Lily, tudo ficará bem de agora em diante. Eu vou fazer isso
direito.
—Eu realmente quero te beijar. —Eu sorri. —Mas eu tenho que escovar os
dentes.
326
explorando nossos corpos de maneira que nunca fizemos antes. Eu amei cada
segundo disso. Nunca querendo que este momento terminasse.
Eu pisquei e era domingo, mas isso não importava, porque Jacob voltaria
comigo. Ele me deixaria em casa primeiro, para que eu pudesse passar algum
tempo com meu pai e Lucas. Ele mandou uma mensagem a Lucas, dizendo que
ele queria encontrá-lo para o café da manhã, no restaurante dos pais de Alex, na
manhã seguinte. Ele queria falar com Lucas primeiro, sozinho. Ele não me queria
lá. A mesma coisa com meu pai, ele pararia no seu consultório na hora do almoço.
Ele falaria com ambos, para deixá-los saber o que estava acontecendo, e então eu
esperava que, até segunda-feira à noite, tivéssemos a bênção deles.
Juntos.
Eu estaria mentindo se dissesse que não estava nervosa. Não tanto sobre
o meu pai, mas definitivamente sobre Lucas. Esta seria, provavelmente, a notícia
mais difícil de engolir. Jacob disse que queria ser completamente honesto com
ambos, dizer-lhes o que estava fazendo, e apagar os últimos anos. Ele estava
cansado de ser mentiroso, e orei que a verdade nos libertasse. Eu estava
preparada para o pior, no entanto, eu não queria perder meu irmão, não depois
de tudo o que acabamos de passar. Ele e meu pai eram tudo que eu tinha. Eu não
podia perdê-los.
327
Mas por Jacob...
Eu o amava muito.
—Tudo vai ficar bem, Kid. Eu prometo. Relaxe. A próxima vez que eu a vir,
não haverá mais segredos. Você me entende?
—OK. —Mordi o lábio e saí do carro. Jacob me ajudou com a minha mala,
me beijou mais uma vez e voltou para o carro.
Por anos eu pensei que ficaria. Era diferente agora. Tive a bênção de sua
mãe mesmo que soasse brega, e isso me fez sentir melhor. Eu sabia que o pai dela
tinha que saber alguma coisa, talvez não na medida em que sua mãe sabia, mas o
suficiente para que ele não ficasse surpreso ao ver-me de pé em seu consultório.
Lucas, por outro lado, seria uma bomba-relógio do caralho. Não havia nenhuma
dúvida sobre isso, e eu não queria nem imaginar como ele reagiria. Não
importava. Eu aguentaria cada golpe, verbal ou físico. Eu voltaria para ela, com ou
sem o seu consentimento.
Os carros dos meus pais não estavam na garagem. Ainda era muito cedo,
então eu assumi que estavam na fazenda, na cidade, como todos os domingos
desde que eu era criança. Eu queria surpreendê-los, eu não os tinha visto desde o
funeral, e eu sabia que eles estavam se segurando tanto quanto todos os outros.
Eles eram todos melhores amigos. Abri a porta e entrei na minha casa, deixando a
minha bagagem na porta e indo para a cozinha. Peguei um copo de água e fui até
o quarto dos meus pais, para pegar o meu cartão de segurança social, e minha
certidão de nascimento do seguro, para algumas aplicações de estágio.
—Porra! —Papai gritou, puxando para fora dela e puxando a calça para
cima. Ela gritou, saltando para fora da cama, correndo para pegar suas roupas
espalhadas.
329
Tudo o que eu podia ver, era meu pai enquanto ele a fodia por trás, porra,
seus seios saltando, agarrando seus quadris enquanto ele martelava nela, ambos
cobertos de suor.
Uma mulher...
Reconheci-a enquanto ela passava por mim e saía do quarto. Ela esteve
trabalhando na loja durante anos. Minha mãe…
—Jacob. —Ele disse entre dentes, segurando minhas mãos que estavam
em sua camisa de colarinho.
Eu soltei, mas não porque eu quis. Eu fiz isso pela minha mãe.
—Eu não posso acreditar que você está fazendo isso. —Minha mão
apontava para a cama. —Na casa, que ela fez a porra de um lar! Em seu maldito
quarto! Você é um filho da puta. —Rugi, pronto para ir para ele novamente.
—Jacob... sua mãe e eu. Jesus Cristo. —Ele esfregou a testa. —Tem sido
anos. Anos desde que fui feliz.
—Então isso é desculpa para você ter um caso? Você não pode estar
falando sério?
330
—Ela sabe.
—Você não deveria. Eu não queria lhe dizer assim. Eu nunca quis que você
descobrisse assim. Eu juro para você.
—O que?
—Alguns anos atrás. Porra... Jacob. Oh Deus. —Ele olhou para o teto.
—Apenas diga, porra! —Eu gritei para ele, tentando manter meus punhos
para baixo.
—Como você pôde fazer isso, Lee? Como você pôde fazer isso comigo,
porra? Você disse que nunca diria a ele! Você me prometeu que ele nunca
saberia! Como você pôde me trair desse jeito! —Ela gritou sem se mover da
porta.
—Traição? Oh, vamos lá, Ginger, você quer começar a falar sobre traição,
porra? —Papai respondeu, ambos perdidos em sua própria conversa, enquanto
todo o meu mundo vinha abaixo.
331
—Eu não acredito em você, porra! Nunca acreditei em você, porra! Por
que você acha que eu fiz um teste de DNA? Quantas vezes eu tenho que ouvir as
pessoas dizerem que ele não se parece nada comigo? Nossos amigos, nossas
famílias, até estranhos na porra do parque! Conte-me! Quantas vezes estará tudo
bem em ouvir isso até que ele comece a se questionar?
Algumas crianças não se parecem com seus pais? Certo? Isso não é
normal?
—Diga-lhe, Ginger, minta para o seu filho como você tem mentido para
mim.
Olhei para ela com olhos suplicantes, e ela baixou a cabeça não sendo
capaz de encontrar meu olhar. —Jacob, você sabe que seu pai e eu fomos amigos
durante anos antes de nós ficarmos juntos. Todos nós fomos... ele estava me
perseguindo há meses e eu... eu... eu não sei. Eu era jovem. Ambos éramos.
Estávamos terminando o colegial. A mãe de Lily e eu... nós fomos para uma festa
da faculdade uma noite, e nós bebemos. Eu conheci esse cara, ele era bom,
Deus... eu nem me lembro o nome dele. Eu mal me lembro de como ele era. Foi
tudo um grande borrão, tudo estava acabado antes mesmo de começar. —
Lágrimas deslizaram pelo seu rosto, seu corpo tremendo.
332
—Estou tão envergonhada... eu juro, Jacob, eu não era assim... isso não é
quem eu era.
Eu o agarrei.
—VOCÊ NÃO FALE COM ELA DESSE JEITO! —Eu gritei alto o suficiente para
quebrar o vidro. Suas costas bateram na parede com tanta força, que ele quebrou
a parede de gesso. Afastei-me dele, me curvando e deixando a adrenalina tomar
conta. Minha mãe imediatamente veio em minha direção, esfregando minhas
costas, desculpando-se.
—Eu juro, Jacob, eu juro pela sua vida que eu não sabia. Eu nunca soube.
Eu não faria isso com você ou a seu pai. Juro por tudo que eu não sabia. Usamos
um preservativo. Eu não usei com o seu pai. Por favor, acredite em mim... —Ela
soluçou em minhas costas.
Eu não vacilei, a emoção tomou conta. —Isso ainda não é desculpa para
você foder alguém em nossa casa. Na casa que você construiu uma família. Na
cama que você tem compartilhado com a minha mãe, sua esposa, durante os
últimos vinte e seis anos. Esta é a casa dos seus filhos. Esta é a única casa que eu
já conheci. Agora quando eu pensar neste lugar, tudo o que vai me fazer sentir é
doente. Então, não, papai, isso não é desculpa, porra. Você contaminou tudo.
—Jacob, eu...
333
—Saia.
—Jacob...
—Saia. Eu não vou falar de novo. —Dei um passo em direção a ele de uma
forma ameaçadora.
Ele balançou a cabeça, olhando para mim com decepção em seus olhos,
antes que ele virasse e saísse. Fui até a cama, precisando me sentar. Minhas
pernas vacilavam, eu não sabia de mais nada. Eu estava em transe, onde eu não
podia sentir, não podia ver, não conseguia nem pensar, porra.
—Mãe, eu não posso. Eu não posso agora. Por favor, não me pergunte
nada. Por favor... não agora.
334
Jacob não me ligou ontem à noite, e achei que era porque ele estava
passando um tempo com seus pais. Deixei-o sozinho no dia seguinte, porque eu
sabia que ele estaria com Lucas na parte da manhã e, em seguida, meu pai. Eu
não tinha necessidade de sobrecarregá-lo com minhas preocupações, ele estava
confiante de que tudo ficaria bem, e eu não queria estourar a sua bolha.
Eu confiei nele.
Meu pai entrou como se fosse qualquer outro dia. Ele beijou minha
cabeça, perguntou como foi meu dia, sem mencionar Jacob de jeito nenhum.
Nem uma palavra sobre a tarde dele, nem sobre a conversa deles, nada. Liguei
imediatamente para meu irmão, preparando-me mentalmente para a ira de
Lucas. Ela nunca veio. Foi o mesmo com ele como com meu pai. Eu não mencionei
o café-da-manhã porque eu não sabia sobre isso, tanto quanto Lucas deveria
saber. Não importava de qualquer maneira, ele não disse uma palavra sobre isso
também. Ele falou comigo como sempre fazia, nada tinha mudado. Quando
desliguei o telefone com ele, era quase oito horas.
Eu não tinha ouvido falar de Jacob, e isso não era coisa dele. Eu disse a
mim mesma que eu estava apenas sendo paranoica, mas o pânico foi
aumentando em mim. Eu não podia abafar essa sensação horrível. Talvez eu
estivesse vendo demais. Ele nunca me machucaria novamente. Ele não mentiria
para mim novamente.
Ele prometeu.
Eu esperei…
336
Dias Atuais
—Ah meu Deus, Jacob. —Gritei com lágrimas caindo pelo meu rosto. —Foi
por isso que você saiu?
—Alex.
—Não porque eu queria. Merda, depois que eu saí, eu sabia que partiria
seu coração. Eu sabia que não havia volta a partir daí. Eu não podia mentir para
você novamente. Se havia uma promessa que eu manteria era aquela. Eu não
estava pronto para ser honesto com você também. Então a deixei de fora. Levei
quase dois anos para admitir isso para mim, Lily. Dois malditos anos da minha
vida eu passei tentando descobrir, merda. Tentando descobrir quem eu era. Eu
não sabia em quem acreditar, porra. Meus pais estavam errados. Ambos fodidos.
Eu não podia falar sobre isso com as minhas irmãs, porque elas nem sequer
sabiam. Você tem alguma ideia do que é descobrir que o homem que pensava ser
seu pai... não era? E nem mesmo ser capaz de entrar em contato com o homem
que é, porque sua mãe nem sequer lembra seu nome? —Perguntou, tentando
manter a compostura calma, enquanto ele sentava na minha frente na sala de
estar.
337
—Eu estava mentalmente fodido. Você não merecia isso. Depois de tudo o
que eu fiz você passar, e com o funeral da sua mãe tão recente, eu simplesmente
não conseguia colocar mais em seus ombros. Eu não queria que você tivesse que
lidar com isso também. Eu não podia. Eu não podia sequer admitir isso, Lily. Fingi
que meus pais estavam se divorciando porque meu pai teve um caso, essa era a
única maneira de olhar na cara da minha mãe. Eu odiava os dois. Isso é o que
mais me matou. Eu estive em terapia até um ano atrás. Atirei-me ao trabalho.
Quando Lucas e Alex se casaram, eu estava tão feliz por eles. Eu, Kid. — Ele
colocou a mão em seu peito. —O mesmo cara que os manteve separados durante
anos. Eu pensei... não, eu esperava que, se eles conseguiram encontrar o caminho
de volta um para o outro, então nós poderíamos. Depois de todos os obstáculos
que venceram, seu amor desgastado era poderoso pra caralho.
Eu aceitei tudo o que ele estava dizendo, meu coração quebrando por ele.
—Eu sabia que a veria no casamento, e fazia menos de um ano desde que
eu descobri a verdade. Eu ainda não podia enfrentá-la. Eu esperei, Kid. Esperei na
calçada até que eu a vi sair. Você parecia tão bonita naquele vestido rosa suave,
foi a primeira vez que vi o seu cabelo preso. Eu quase saí do maldito carro, mas eu
não conseguia fazer minhas pernas moverem-se. Eu estava paralisado. Quando eu
vi seu carro partir, eu sentei lá por provavelmente mais uma hora, pensando
como tudo estava fodido. Eu inventei uma desculpa que o meu avião estava
atrasado, mas quando Alex me disse que você tinha que sair mais cedo... eu sabia
que era por minha causa. Eu sabia que você saiu, porque você não queria me ver.
O que me ajudou.
—Fez-me sentir melhor você não querer me ver. Fez-me sentir que talvez
você não estivesse tão ferida. Que talvez você tivesse encontrado a paz. Eu odiava
a mim mesmo por ter feito você me odiar. Eu não era o homem que você
precisava naquele momento. Sua partida provou isso para mim. —Ele respirou
fundo, agarrando minha mão para colocar beijos suaves sobre ela.
338
uma névoa, apenas no piloto automático, tentando o meu melhor para terminar a
faculdade. Alex me chamou de todos os nomes, me disse que você estava
devastada. Ela tentou me fazer ver que o que eu estava fazendo era matá-la por
dentro. Que você disse a ela tudo o que tinha acontecido, que chorou tanto que
seus olhos quase saltaram das órbitas, até que você desmaiou de exaustão. Ela
perguntou como eu pude fazer isso com você... eu nunca a vi tão lívida antes. —
Ele balançou a cabeça, envergonhado. —Eu não aguentei, e ela me pegou em um
momento de fraqueza. Contei-lhe tudo. Ela me disse que eu precisava dizer a
você. Que você estava se afastando, indo para Nashville. Eu não podia. Eu não
estava pronto. Alex também sabia disso. Ela não me pressionou ou qualquer
coisa. Ela apenas ouviu. Ficou comigo durante toda a noite. Nós nunca
conversamos sobre isso novamente, não até recentemente. Ela me disse para
dizer a verdade, desde a terceira vez que você me expulsou, e desta vez, eu
realmente ouvi.
Ele fracamente sorriu. —Eu nunca disse aos meninos. Todos eles tinham
famílias perfeitas. A última coisa que eu queria era que eles sentissem pena de
mim, quando eu já sentia pena de mim mesmo. Eu queria ganhar você de volta
em primeiro lugar. Sozinho. Não porque você se sentia mal por mim. Eu não
queria que você tivesse pena de mim. Eu queria que você ficasse comigo porque
você me amava. Que estaríamos finalmente juntos pelas razões certas, eu sei que
é errado o que temos feito pelas costas de todos, mas eu só precisava que você
fosse minha novamente antes que contássemos a alguém.
—Então sua mãe sabia que seu pai estava tendo um caso? Por que eles
ficaram juntos todos esses anos? Lembro-me de algumas de suas brigas, você
costumava falar com os meninos sobre isso.
—Sim e não. Ela suspeitava, mas eu confirmei. Acho que foi a sua maneira
de puni-la.
339
—Eu parei de ir à terapia há um ano, porque eu finalmente acreditei nela.
Minha mãe nunca faria mal á nossa família assim. Não é do seu feitio. Eu sou seu
filho, e eu sabia disso. Meu pai a conheceu pela maior parte de sua vida. Ele sabe
a verdade em seu coração. Eles se casaram depois que descobriram que ela
estava grávida, eles estavam juntos há três meses naquele ponto. É por isso que o
meu avô lhes deu a loja, ele estava ficando velho, e tomaram conta de tudo.
Minha mãe disse que meu pai sempre sentiu como se pudesse ter feito algo mais
com sua vida, ele nunca foi feliz. Ele fez o teste de paternidade quando eu tinha
onze anos, e foi aí que o casamento deles ruiu. Eu acho que ele usou isso como
uma desculpa para conseguir o que queria, e é por isso que eu não posso perdoá-
lo. Ele sempre vai ser meu pai, Lily. O sangue não vai mudar isso para mim, mas a
partir de agora... eu não quero ter nada a ver com aquele bastardo. Não sei como
será mais para frente, mas por agora, eu estou bem. Finalmente estou bem,
porra.
—Meus colegas estão todos casando. Tudo que eu fiz foi trabalhar. Eu
estava exausto, mentalmente, fisicamente e emocionalmente. Um dia eu acordei
chamando seu nome. Rolei procurando por você. Foi a coisa mais estranha que já
me aconteceu. Eu não estive com você por três anos, e eu acordei pensando que
você estava lá, ao meu lado. Eu imediatamente me sentei na cama desorientado,
olhando para você, e então, lembrei que você não estava lá. Você não esteve por
um longo tempo. Liguei para o meu chefe naquela mesma manhã, e disse a ele
que precisava ir. Eu sabia que eu não podia lutar mais, porra. Expliquei que eu
tinha problemas pessoais acontecendo, e que eu trabalharia de onde eu estava.
Fomos capazes de fazer um acordo, e reservei meu voo para o dia seguinte.
Quando eu estava fazendo as malas, Mark me chamou e disse que ele estava
abrindo uma firma em Nashville, e me perguntou se eu estava interessado. Tudo
veio junto, você, a chamada de Mark, Nashville. Foi o destino. Foi o momento
certo. Acredito firmemente nisso.
—Uau. —Expirei. —Eu não sei o que dizer. Lamento muito tudo o que
aconteceu, Jacob. Se eu soubesse... você sabe o quê? Eu não quero falar sobre
isso. Está no passado. Estamos juntos agora. Estou tão feliz por finalmente saber a
verdade.
340
—Você me entende agora? Você pode me perdoar?
—Eu quero dizer à Lucas. Eu quero dizer à todos. Eu não quero esconder
mais. É errado, e não há nada de errado sobre nós.
—Eu quero lidar com tudo isso. A maneira que era para ser. Eu juro, Lily,
eu tinha toda a intenção de fazer isso há três anos. Eu quero fazer isso direito. Eu
não quero que você se envolva.
Hesitantemente, assenti.
—Não. —Interrompi. —Claro que eu quero que ele saiba. É que Alex está
grávida. Não me interprete mal, estarmos juntos é incrível, mas não vai ser para
Lucas. Eu não quero atrapalhar a gravidez de Alex. Eles esperaram tanto tempo
para isso. Eles levaram três anos para engravidar.
Ele concordou, mas eu podia dizer que ele não estava feliz.
—Lily, você sabe que você não vai querer fazê-lo em seguida também.
Você não vai querer atrapalhar seu nascimento. Eu conheço você. Você vai ficar
341
animada, assim como todos os outros, e você não vai querer atrapalhar a sua
felicidade.
Ele suspirou. —Eu te amo. Podemos esperar. Vamos esperar um pouco até
depois de ele nascer, deixar as coisas se acalmarem. Tanto quanto eu odeio essa
ideia, eu vou fazer o que você quiser.
Eu sorri, puxando sua calça para mostrar a ele quão grata eu estava.
Eu morei com Lily esses meses. Nossas coisas estavam em toda parte. A
casa não era grande o suficiente para nós, mas fizemos funcionar. Abrimos o
escritório de advocacia, contratamos alguns funcionários incríveis, e o escritório
funcionava por si só. Eu trabalhava menos horas, querendo estar em casa antes
que Lily saísse para o trabalho. Era difícil ajustar. Nossos horários eram
completamente opostos. Passávamos tanto tempo juntos quanto podíamos nos
fins de semana. Eu mesmo ia trabalhar com ela, apenas para termos mais tempo
juntos. Eu não me importava, entretanto. Eu adorava ver o seu desempenho. Dito
isto, eu estava farto dela trabalhando lá, ela não precisava, porra. Eu fazia
dinheiro mais do que suficiente para nós dois. Ela podia fazer o que quisesse. O
29
Pequeno Bo, filho de Bo-Lucas e Pinguinho-Alex, deram ao Bebê o mesmo apelido do pai.
342
mundo era a sua ostra, mas eu sabia que tudo o que ela queria fazer era tocar, e
em qualquer lugar que ela tocasse, seria esse tipo de horário. Era inútil dizer-lhe
como me sentia, quando eu não tinha nenhuma solução.
Ela ficava no Skype com Alex sem parar, querendo ver o pequeno Bo,
temendo que, se ele não a visse, então ele não saberia quem ela era. Se aquele
garoto chorasse quando Lily o pegasse isso partiria o coração dela. Eu podia dizer
que ela sentia falta de casa, ela tinha fugido dela por tanto tempo, acho que
ambos. Nossas vidas estavam completas. Nós estávamos juntos. Eu acho que ela
estava à espera que o resto se assentasse.
—Kid, você esteve aqui durante os últimos quatro anos e meio. —Eu disse,
tentando afastar o sorriso do meu rosto.
—Sim. Mas eu não parti até Mason ter três anos, de modo que, pelo
menos, ele me conhecia. Ele sabe quem eu sou quando eu volto para casa.
—Eu entendo.
343
—Venha aqui. — Agarrei a mão dela.
Funcionou.
—Me teste.
—Eu sinto falta de casa. Eu sinto falta da minha família. Eu tenho você
agora. Estamos juntos e... eu acho que eu não quero mais fugir.
—O que?
Ela maliciosamente sorriu. —Então por que você está perguntando, velho?
—Cuidado.
344
—Não está funcionando, bebê. Esta casa é muito pequena, porra e eu
odeio deitar na cama sem você à noite, eu me preocupo com você
constantemente quando você está no bar, você precisa que eu continue?
—Bom. Falei com Mark, e a empresa está incrível, ele pode cuidar por
conta própria. Vou abrir uma nova filial em Oak Island. Você pode fazer qualquer
coisa que quiser, mas eu conheço uma menina chamada Pinguinho, que possui
um restaurante lá. Eu tenho certeza que eu poderia dar uma boa indicação para
lhe contratar, mas vai lhe custar.
345
Dias Atuais
Quando eu disse a Lily que eu queria comprar a casa para nós, ela foi
inflexível que compraríamos juntos. Nesse ponto, eu não dei a mínima, desde que
estivéssemos juntos. Sua casa em Nashville foi vendida dentro de uma semana.
Podia ser pequena pra caramba, mas estava em uma localização privilegiada. Não
havia muito a embalar, além do que precisávamos fazer com nossas roupas e
algumas bugigangas. O aquário foi um pé no saco para transportar até Oak Island.
Assim como o maldito gato. Tivemos que drogar Maverick para a viagem de avião.
Lily me fez fazer isso, alegando que ele odiaria quem fizesse isso com ele. Como
ele já me amava mais do que a ela, isso não contaria. Ele ficaria hospedado na
casa de seu pai, até que arrumássemos a nossa. Nós vendemos todos os nossos
móveis, querendo começar com tudo novo.
346
Chegamos à casa de Lucas e Alex, tomando a decisão de estacionar o carro
algumas casas atrás.
—Obrigado por parecer tão bonita para mim hoje. —Sussurrei em seu
ouvido, enquanto caminhávamos um ao lado do outro na rua.
—Você não vai contar para Lucas, esta noite certo? —Ela perguntou pela
milionésima vez.
—Eu acho que você precisa checar sua orelha, Kid. Eu já disse que não.
—Mas você é o único velho aqui. —Ela tentou dizer com uma cara séria.
—Aii! —Ela saltou. —Quantas vezes tenho que lhe dizer que eu não gosto
deste jogo?
Puxei-a para mim, beijando sua cabeça. —Então pare de ser uma
merdinha.
Fomos os primeiros a chegar, mas não demorou muito para a casa ficar
cheia de pessoas.
—Você está olhando para Jeremy como se estivesse pronto para matá-lo.
Eles estão juntos há anos mano, eu não sei se você tem chance, mas você nunca
vai saber a menos que você tente.
Ele inclinou a cabeça para o lado com um sorriso de louco. —Ah, então
agora que você está permanentemente ligado a buceta de Lily, você é um
especialista em relacionamentos, não é?
—Desde que ela tinha dez anos? —Ele riu. —Sempre soube que você
gostava de meninas, eu deveria prender sua bunda gorda.
—Isto vindo do homem, cujo cabelo tem passado dos ombros desde que
ele podia andar? Quem é aquele que cresceu a porra de uma buceta?
—Mas o gosto é bom demais. —Murmurei, e ele brindou sua cerveja com
a minha.
—Em breve.
—Boa coisa você ser um advogado, Jacob, porque ele vai precisar de um
depois que ele tentar matar você.
Eu respirei fundo.
348
—E você?
—Eu o quê?
—Que outra escolha eu tenho? Eu amo aquela garota. Mesmo quando ela
era uma criança, e me irritava até a morte com seu violão logo pela manhã.
—Eu a amo, Dylan. Eu a amo mais do que qualquer coisa. Eu sempre amei.
—Como cristal.
O resto da noite passou muito rápido. Eu podia dizer que Alex estava em
êxtase por ter Austin e eu de volta em casa. Ela estava esperando por isso desde
que ela e Lucas se casaram. Lily tinha me enganado para passar a noite, sabendo
que eu odiava dormir sem ela. Segui-a até o quarto de hóspedes, que felizmente
estava no outro extremo da casa.
—Quinta-feira.
—Eu sei.
—Não! Eu quero. Eu juro que eu quero isso mais do que qualquer coisa. É
só que todo mundo está tão feliz, e passando por um bom momento. Eu não
quero estragar isso. —Ela choramingou, mordendo o lábio inferior. Eu queria
mordê-lo.
—Sim.
Ela levou minhas mãos até seus seios e eu os segurei, amassando seus
mamilos. Ela gemeu na minha boca e, em seguida, Bo começou a chorar.
—Eu disse que eles poderiam ter uma noite em seu quarto. Eu cuidaria
dele esta noite.
350
—Bem, ele está acordado, também, bebê. —Fiz um gesto em direção ao
meu pau.
Ela fez beicinho. —Desculpe, eu vou fazer isso para você. — Ela pulou do
meu colo para atender às necessidades do bebê. Liguei a TV. Eu tenho um pau
bloqueado por um bebê.
Devo ter adormecido. Senti Lily me virando para se deitar na curva do meu
braço e colocar a cabeça no meu peito, suspirando contente antes de dormir,
mais uma vez.
—Ei, você vai me deixar? —Eu perguntei grogue enquanto Jacob se mexia.
Ele beijou meus olhos fechados e tentou se afastar. —É isso aí. Eu deveria
tê-la deixado ontem à noite.
—Kid... —Eu rocei minha boceta contra seu pau duro, e ele parou de falar.
Aproveitei a vantagem para virá-lo.
351
do seu enquanto beijava seu peito e deslizava seu pau em minha boca. Sua mão
foi imediatamente para a parte de trás do meu pescoço, me fazendo engolir mais
profundamente ainda o seu pau.
Eu não aguentava mais. Anos de espera para que isso acontecesse, e foi
finalmente aqui. Eu precisava fazer meu irmão compreender que Jacob era tudo
para mim.
—Lucas, pare com isso! Eu o amo! —Eu gritei por trás de Jacob.
Jacob virou-se e olhou para mim. —Você não está ajudando. —Ele
informou com os dentes cerrados.
—Lucas, vamos lá, isso não é o jeito certo. Ele é seu melhor amigo, e ela é
sua irmã. Ok, se acalme. —Ela discutia com ele.
Seu olhar intenso imediatamente foi dirigido a ela. Alex nem pareceu
perturbada.
—Alex, não...
—Não o que? —Ela cortou Jacob. —Eu não posso ficar parada e vê-lo fazer
isso com você. Não é justo. Especialmente depois de tudo o que vocês dois têm
passado.
—Que diabos está acontecendo? —Lucas brigou, olhando para todos nós.
—Ele é sete anos mais velho que ela? Quando isso começou?
353
—Como? Por favor, todo poderoso, me diga.
—Lucas, eu amo a sua irmãzinha desde que me lembro. Perdi muitos anos
em negação e nos sabotando, quando eu poderia estar com ela. Eu deixei a idade
dela, os nossos pais, os meninos e você, especialmente você, tomarem as
decisões por mim. Acabou, eu não posso viver sem ela, e eu não vou. —Ele
confessou, sacudindo a cabeça.
—Eu fiz tudo que podia para manter você e Alex separados, porque eu
não achava que você era bom o suficiente para ela. Você não tem ideia do quanto
eu me arrependo disso. Se eu pudesse voltar atrás e mudar as coisas, eu mudaria.
É óbvio que vocês estavam destinados a ficarem juntos. Eu queria protegê-la, da
mesma forma que você deseja proteger Lily. Eu entendo. Entendo mais do que
ninguém. Eu não posso te dizer o quanto estou triste por ter ficado entre você e
Alex, mas eu nunca vou te dizer que eu sinto muito por amar Lily. Eu não sinto
muito por querer estar com ela. Ela é tudo para mim, porra. Ela sempre foi.
Ele suspirou. —A primeira vez que eu a beijei ela tinha quinze anos.
—Você está me dizendo que você foi para cima da minha irmãzinha de
quinze anos de idade, quando você tinha vinte e dois malditos anos de idade? —
Lucas disse entre dentes, os punhos cerrados ao seu lado com um olhar mortal.
354
—Não foi nada disso. Sua mãe tinha acabado de ser diagnosticada.
Encontrei-a na praia...
—Para! —Gritei entre eles. —Por favor, parem com isso. Vocês estão
arruinando tudo. —Eu disse com lágrimas nos meus olhos. —Ele não se
aproveitou de mim. Ele estava lá para mim... ele sempre esteve lá para mim. Eu
não vou deixar você ou alguém transformar isso em algo que não é. Você me
entende, porra? Eu te amo mais do que qualquer coisa, Lucas. Mas eu não vou
deixar você transformar a nossa situação já fodida em algo decadente e feio. Eu
não vou deixar você tirar algumas das melhores memórias da minha vida. Não
depois de tudo o que passamos. —Eu disse com minha voz tremendo.
—Eu fiquei longe dela depois disso. Eu me afastei porque ela era uma
criança, e eu era um homem crescido. Eu tinha os mesmos pensamentos que você
tem agora. Ela sempre foi minha preocupação número um, Lucas. Até um ano e
meio atrás, eu não a vi em três anos. Três anos de merda eu fiquei longe dela. Eu
não vou fazer isso novamente. Eu não queria que você descobrisse deste jeito. Eu
nunca quis que você descobrisse desta forma. Eu quero uma vida com ela. Eu
quero o que você tem com Alex. Eu quero isso mais do que tudo neste mundo. Eu
prometo a você que eu nunca vou machucá-la novamente. Ela é minha. Ela é
minha para sempre. Isso não é namoro ou conhecer um ao outro, eu quero casar
com ela.
—Você me ouviu.
—Bo.
355
—Eu te disse. Eles se amam. Ele a ama tanto quanto você me ama e vice-
versa. Eles estão destinados a ficar juntos assim como nós. Por favor, deixe-os.
Eles querem a sua benção. É tudo o que sempre quiseram. — Ela cerrou os
dentes.
—Eu vou falar com ele. Ele vai mudar de ideia. Você sabe o quanto Lucas é
teimoso, e ele precisa de tempo para refletir. Garanto que ele vai mudar de ideia.
—Alex a tranquilizou, esfregando as costas de Lily.
Segurei-a todo o tempo em que ela chorou, e tudo o que eu temia era que
ela estivesse pensando em sua mãe, triste que ela tinha perdido outra pessoa. Se
isto tivesse acontecido antes dela morrer, eu sei que Lily teria sido mais forte,
mas ela não queria perder outro membro de sua família, especialmente não
assim. Quanto mais tempo ela chorou, mais chateado eu fiquei, o meu
temperamento estava no limite e eu podia sentir bombeando em minhas veias,
porra. Depois que ela se acalmou, Alex disse que ela precisava tomar um banho
356
quente, que a faria se sentir melhor. Eu nunca fui mais grato por ter Pinguinho lá.
Ela me conhecia, e o que eu queria fazer. Lucas e eu precisávamos resolver isso
sem ter Lily presente.
—Nem tente, Jacob, não agora, porra. —Ele cuspiu com um tom
ameaçador.
—Ou o que? Você vai me bater de novo? Porra, faça-o! Bata em mim.
Vamos bata, quantas malditas vezes você quiser, se isso vai fazer você perceber
que isto não vai embora. Eu não vou deixá-la. Eu estou aqui, esperando, porra!
Ele jogou sua prancha na areia e me empurrou. —Eu pensei que você
fosse meu amigo! —Ele me empurrou novamente. —Eu pensei que você fosse
meu irmão!
—Eu sou! Você não vê isso, porra! Jesus Cristo, Lucas, faz quase dez anos,
dez malditos anos para que possamos chegar a este ponto!
—Você acha que isso importa para mim? Eu não dou à mínima se você
tivesse esperado vinte! Ela é minha irmãzinha, porra, seu pedaço de merda! — Ele
me cobrou, batendo seu ombro nas minhas costelas. Seu impulso jogou meu
corpo na areia, onde ele caiu em cima de mim, tendo a vantagem. —Eu não posso
nem olhar para ela, porra! Tudo o que vejo são suas mãos em cima dela! —Ele
deu o primeiro soco, o punho acertando a minha bochecha. Eu o deixei me
acertar.
Ele bateu, ele me bateu mais quatro vezes depois disso. Duas vezes na
mandíbula e duas vezes nas costelas, antes de sair de cima de mim, tropeçando
um pouco para trás. Ele recuperou o equilíbrio e pairou acima de mim. Se olhares
pudessem matar, eu estaria morto.
357
Rolei ficando em minhas mãos e joelhos, cuspindo sangue na areia.
Eu estava limpando minha boca, sem tirar o olhar do seu. —Isso não foi o
que aconteceu, você me conhece melhor do que isso, porra.
—Eu não sei de mais nada, porra. Eu não posso pensar em quantas vezes
eu te deixei sozinho com ela. Eu deveria protegê-la, mas eu a entreguei direto
para você, porra. Você sabe como isso me deixa doente?
—Você sabe que não é verdade. —Eu toquei minhas costelas, sibilando
com o contato.
—Sim... então me diga. O que eu devo fazer agora? Desde que você tem
todas as respostas, imbecil? —Você pode me odiar. Odeie-me tanto quanto você
quiser odiar. Eu posso aguentar. Mas Lily? Lily está lá em cima gritando porque
ela acha que perdeu outro membro da família. Ela não merece isso. Ela não fez
nada de errado.
Ele recuou.
—Ela ama você. Ela te ama pra caramba. Eu odeio que isso esteja
acontecendo. Eu odeio que não posso fazer nada sobre isso. Mas por favor, não
jogue isso sobre ela.
358
—Que porra, cara? Como você pôde fazer isso? Como eu deveria passar
por isso? —Ele começou a andar para trás e para frente, as mãos puxando seu
cabelo.
—Eu não fiz isso para ferir você, Lucas. Eu a amo. Eu tentei não amar. Eu
tentei durante anos... eu não posso. Sinto muito, mano. Eu nunca quis fazer isso
para a sua família, especialmente depois de tudo o que vocês têm passado. Você
sabe disso.
—Eu não posso olhar para você agora. Eu não posso nem mesmo olhar
para mim mesmo também, porra. Depois de todos esses anos, e tudo o que você
fez para manter Alex e eu separados... você estava transando por aí com a minha
irmãzinha? Você é um maldito hipócrita.
—Eu a amo. —Eu simplesmente declarei sem saber mais o que dizer. —Eu
sinto tanto, Lucas. Eu não sei o que mais eu poderia dizer que não seja: você está
certo e eu sinto muito, porra.
Eu vagamente assenti.
—Desde o começo?
—Sua mãe sabia. Ela nos deu sua benção em seus dias finais. Tenho
certeza que seu pai sabe de alguma coisa, mas eu ia falar com ele sobre isso.
Quero pedir a mão de Lily em casamento.
—Eu não gosto disso. Eu não vou fingir que gosto. Eu não estou dizendo
que não vai mudar, mas por agora eu vou aceitar isso porque que outra escolha
eu tenho. Nós não estamos bem. —Ele empurrou o dedo no meu peito.
Ele agarrou sua prancha de surf, e eu o segui de volta para sua casa. Lily
estava sentada no sofá com Bo em seus braços, Alex de pé na cozinha fazendo
café da manhã. Ela deu uma olhada para mim e depois para Lucas.
—Você bate mais forte. —Dei um sorriso para ela, tentando aliviar a
situação.
—Tudo vai ficar bem, doce menina. Eu prometo. —Murmurei. —Vou falar
com seu pai. Voltarei mais tarde.
E saí.
Jacob saiu e todos nós comemos o café da manhã em silêncio. Lucas não
disse uma palavra para mim, não que eu esperasse que ele dissesse. Depois do
café, eu coloquei Bo em seu berço para uma soneca. Virei-me para encontrar
Lucas de pé na porta, me olhando com um olhar em seus olhos que eu nunca
tinha visto antes.
—Lucas, você me assustou pra caramba. —Eu disse, segurando meu peito.
—Eu nunca estive tão feliz em toda a minha vida. —Fiz uma pausa para
deixar minhas palavras penetrarem. —Eu o persegui, Lucas. Durante anos, foi
tudo eu. Ele nunca quis desrespeitar você, nossas famílias, ou a mim. Durante
muito tempo eu não entendia seu raciocínio. Uma pequena parte de mim
ressentia. Eu me sentia mal que eu não me sentisse assim como ele. Quando a
mamãe morreu, tudo mudou para mim. Até mesmo agora eu morria de medo de
você descobrir. Eu não posso perder outro membro da família, por favor, não me
faça escolher. —Lágrimas formaram nos meus olhos, e ele imediatamente se
aproximou, colocando os braços ao meu redor.
361
Não era o que eu queria ouvir, mas eu disse. —OK.
—Se ele te machucar, eu vou ter que matá-lo. Você foi avisada.
—Lucas, eu não quero falar sobre isso. É passado. Ele não vai me
machucar novamente. Eu confio nele. Mas eu vou dizer isso, cada vez que ele se
afastou de mim foi por sua causa. Eu não vou deixá-lo me afastar novamente.
—Prometi à mamãe que eu cuidaria de você, mas você sempre foi capaz
de cuidar de si mesma. Eu preciso me lembrar disso. Eu preciso deixá-la crescer.
Ele sorriu. —Vou sempre estar aqui, Lily. Eu sou seu irmão mais velho,
você está presa a mim.
Ele beijou minha testa e saiu. Eu sabia que ele ia falar com Alex, e eu
esperava que fosse tão bom como ele foi comigo. Mesmo que eu soubesse que
ele estava ferido por ela ter mentido para ele. Alex encontraria alguma maneira
de fazer as pazes com ele.
—Você pode ganhar um irmão antes que perceba, Bo. —Eu ri, balançando
a cabeça.
Era tarde quando Jacob voltou, quando foi falar com o meu pai. Pelo
menos desta vez, ele não tinha mais contusões. Seu lábio estava inchado com um
corte ao lado, seu olho esquerdo tinha hematomas começando a se formar em
torno dele, e ele tinha costelas machucadas.
Eu me senti horrível.
362
—Parece pior do que é. —Ele disse quando deitamos juntos no quarto de
hóspedes.
—Então, você estava sendo honesto sobre deixá-lo chutar sua bunda,
hein?
—Humm... não muito. —Eu ri, beijando o corte em seu lábio. —Mas pelo
menos ele sabe agora. Como foi com meu pai?
—Seu pai não ficou surpreso. O que me faz pensar que sua mãe lhe disse
mais do que aquilo que pensávamos.
Eu não diria a Lily que seu pai não ficou satisfeito com o fato de que tudo
começou quando ela tinha apenas quinze anos. Ele gritou, muito. Eu acho que ele
pensou em me bater. A única razão que ele não fez, foi porque ele deu uma
olhada em mim e soube que Lucas já havia lidado com isso por ele. Assim que eu
peguei o anel do bolso, ele se fechou com bastante rapidez. Depois que ele me
ameaçou mais algumas vezes, ele me deu a sua aprovação antes de eu sair. Eu
não disse a Lily que eu fui ver o túmulo de sua mãe para lhe agradecer por tudo.
Eu sentei lá por um tempo também, falando a ela como Lucas reagiu e que meu
rosto demonstrava isso. Antes de sair, eu disse a ela que eu sempre cuidaria de
sua filhinha.
—Ah sim, o grande homem? O que posso fazer para salvá-lo? —Ela sorriu
de volta.
—Eu não sei. Eu acho que isso é grave. Eu posso não atravessar a noite.
—Talvez eu devesse verificar meu amigo? Você sabe, certificar de que ele
está bem depois de tudo isso. É importante que ele ainda me ame.
Ela beijou cada uma das minhas contusões, descendo até “seu amigo”
como ela o chamava. Ela me colocou em sua boca molhada, quente, chupando
meu pau como se ela tivesse algo a provar. Eu não aguentava mais. Eu a virei e
fodi até que ela me pediu para parar.
Eu não parei.
364
Era o vigésimo quinto aniversário de Lily. Ela gostava de aproveitar todas
as oportunidades possíveis para me lembrar, que eu sempre seria sete anos mais
velho do que ela. Nós teríamos uma festa para ela no restaurante de Alex, onde
ela estava se apresentando atualmente. A notícia se espalhou rápido sobre o
talento de Lily. Pessoas de todo o mundo vinham apenas para assistir o seu
desempenho. Ela esteve nos jornais e no noticiário. Ela era chamada de uma
celebridade local. Isso nunca a intimidou. Tudo o que ela queria fazer era tocar e
cantar. Eu abri minha firma de advocacia um mês depois de nos mudarmos, e
assim, por agora, as coisas estavam funcionando sem problemas. Nossa casa foi
finalmente mobilada. Parecia que demoraria para sempre, porra. Lily estava
constantemente mudando as coisas da esquerda para a direita... Alex não estava
ajudando a situação também. A empresa de Lucas remodelou algumas coisas para
nós.
Nós não estávamos tão próximos como costumávamos estar, mas aos
poucos fomos deixando isso para trás. Lily não lhe deu atenção e nem Alex, que
agora estava grávida de quatro meses de uma menina. Lily riu por uns dez
minutos, quando descobriu o sexo. Ela disse uma palavra. —Carma.
Dylan estava trabalhando horas loucas fazendo Deus sabe o que. Nós mal
o víamos mais. Toda vez que eu tentei trazer isso até Lily, ela me dispensou.
Mudando de assunto para outra coisa, o que eu achava estranho. Austin voltou
algumas semanas depois de nós. Ninguém sabia o que diabos estava acontecendo
365
com ele e Briggs. Eu podia dizer que alguma coisa aconteceu com eles. Quem
sabe quando ele pararia, talvez nunca.
—Não deixe Lucas ouvi-la. Você nunca vai sair de casa novamente. —Lily
respondeu. —Você sabe o que? Estou realmente surpresa que ele a deixou sair
hoje à noite, Pinguinho.
—Você acha que ele poderia me fazer perder a sua festa de aniversário?
De jeito nenhum. —Ela continuou a esfregar a barriga.
Lily riu. Eu arrastei-a para mim, abraçando seu corpinho em meu peito
para olhar para ela. —Eu já lhe disse quão bonita você está?
—Uma ou duas vezes, mas você tem trinta e um agora, então... —Ela
estremeceu. —Sua memória deve estar indo embora, velho. —Ela riu.
—Ei, ei, ei, onde suas mãos estão? —Lucas entrou na conversa,
esfregando o barrigão de Alex.
—Muito bem, meninos, vamos lembrar que é meu aniversário. Este duelo
de masculinidade termina agora. Nós seremos gentis uns com os outros hoje. —
Lily cantou em voz alta.
366
Ela colocou a mão sobre sua boca. —Ah, meu Deus! —Ela balançou a
cabeça com grandes olhos, enquanto Lily e eu tentamos não rir.
Dylan entrou quando eles estavam prestes a sair, indo para o bar.
—Obrigada, você está bem? Você precisa de algo? —Ela olhou para ele.
Havia algo sobre a maneira como ela olhou para ele, que eu não consegui
decifrar ou mesmo entender.
—O que é isso?
Eu ri. —Não importa quantas vezes eu lhe diga para apenas dizer
obrigado, isso nunca vai acontecer, não é?
367
—A primeira vez que eu percebi que estava apaixonado por você, eu sabia
que estava em apuros. Não por causa de sua idade, ou nossas famílias, ou seu
irmão, ou mesmo os meninos.
—Eu sabia que eu nunca seria capaz de deixá-la, não importa quantas
vezes eu tentasse. Logo descobri que não havia volta para mim. Apenas seguir em
frente. Eu poderia ficar aqui e dizer-lhe todas as coisas que eu amo sobre você,
Kid, todas e cada uma delas, mas você já sabe. Você as conhece, porque você me
conhece. Você sempre me conheceu.
Ela sorriu, e isso iluminou todo o seu rosto quando ela entendeu o sentido
das minhas palavras. —O que é tudo isso? —Ela nervosamente perguntou.
—Eu tinha este anel. —Coloquei-o na minha frente. —Desde que deixei
San Francisco.
—Na manhã que eu percebi que estava finalmente voltando para casa, eu
fui e comprei um anel. Custou tudo em mim para não lhe pedir para casar comigo
cerca de cem vezes desde então. Eu perdi tantos aniversários. Eu queria que você
recordasse desse dia como um dos mais felizes de nossas vidas... —Eu abri a
caixa.
—Lillian Michelle Ryder, minha doce menina, você vai me tirar da minha
maldita miséria e ser minha esposa? Quer se casar comigo, Kid?
Ela me abordou no chão. —Claro! Sim! Sim! Sim! Eu vou me casar com
você, Jacob! —Ela gritou quando todos começaram a bater palmas.
368
—Eu te amo.
Seu pai foi o primeiro a vir felicitar-nos, seguido por Alex e os meninos.
Lucas ficou para trás me observando com cautela, e então, ele finalmente
aproximou-se.
Ele estendeu a mão para mim. —Eu acho que isso oficialmente faz você
meu irmão. —Ele disse com uma expressão neutra.
—Sempre.
Lily sorriu, eu não me lembro de alguma vez vê-la tão feliz. Saber que eu
era finalmente a causa disso aqueceu meu coração, de maneira que eu nunca
pensei ser possível.
Três policiais entraram indo direto para Dylan. Ele estava sentado na mesa
ao nosso lado, bebericando sua cerveja como se nada estivesse acontecendo.
369
—Dylan McGraw, você tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o
que disser pode e será usado contra você em um tribunal de direito. Você tem
direito a um advogado. Se você não puder pagar um advogado, um será fornecido
para você. Você entende os direitos que acabo de ler para você? Com esses
direitos em mente, você deseja falar comigo?
FIM
370