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RESUMO:
INTRODUÇÃO
O que vamos deixar para nossos descendentes? Nesta pergunta está implícita a
preocupação com a sustentabilidade.
No contexto da gestão dos serviços de infra-estrutura urbana, esta questão pode ser a
tratada pela via da integração do saneamento ao ambiente urbano em bases
ecossistêmicas, não apenas funcionalistas.
O tema adquire mais relevo ao considerarmos dois aspectos: (a) a maior parcela da
população humana vem se concentrando nas cidades e, (b) a formação de uma cidadania
ambiental, capaz de fazer incorporar à agenda política as respostas à questão acima
formulada, demanda recursos e instrumentos presentes no cotidiano das pessoas e
dotados de fortes poderes reflexivo e pedagógico.
Embora as referências ao saneamento impliquem dimensões diversas, no presente
trabalho estaremos nos limitando à questão do escoamento das águas de chuva, a
drenagem urbana, reconhecendo todavia, suas intrínsecas relações com as demais
dimensões, e destas com a qualidade de vida.
VI ENCONTRO NACIONAL DE ÁGUAS URBANAS
CREA-MG – Belo Horizonte, 18 a 20 de maio de 2005
Diante da discussão que o tema suscita, o foco deste artigo volta-se à busca de diretrizes
para orientar o estabelecimento de loteamentos urbanos no que concerne ao
escoamento de águas de chuva, sob um prisma de sustentabilidade. A discussão é
oportuna, tendo em vista o incipiente ordenamento legal urbano brasileiro, uma vez que
a maioria de seus municípios ainda não possui Plano Diretor. O Estatuto da Cidade
estabelece o ano de 2006 como limite para elaboração/ revisão dos Planos Diretores dos
municípios, simultaneamente, ao início da implantação da segunda fase da Agenda 21
do Brasil, incluindo elaboração e implementação da Agenda 21 local.
REFERENCIAL TEÓRICO
METODOLOGIA
Figura 3 Layout alternativo de rua projetada com LID. (Fonte: Natural Resources Defense Council, 2004)
Etapa 7 – Desenvolver planejamento integrado preliminar. As condições de
desenvolvimento (etapa 2) e a minimização de áreas impermeáveis (etapa 6)
providenciam a base para condução de análises comparativas de hidrologia de pré e pós-
VI ENCONTRO NACIONAL DE ÁGUAS URBANAS
CREA-MG – Belo Horizonte, 18 a 20 de maio de 2005
Figura 4. Comparação preliminar das alterações do projeto. (Adaptado de Prince George’s County, 1999b)
Etapa 8 – Minimizar áreas impermeáveis diretamente conectadas. Esta meta pode
ser atingida através de:
a) Desconexão de calhas e direcionamento para áreas vegetadas (Figura 5);
b) Direcionamento de fluxos de áreas pavimentadas para áreas vegetadas
estabilizadas (baixo potencial erosivo);
c) Quebra de direções de fluxo de superfícies pavimentadas com grande largura;
d) Estímulo ao escoamento raso em áreas vegetadas;
e) Localização cuidadosa de áreas impermeáveis para que estas drenem para
sistemas naturais, proteções vegetais, áreas de recursos naturais ou zonas (solos)
infiltráveis.
Etapa 9 – Modificar/Aumentar os caminhos de fluxo. Técnicas que podem alterar e
controlar as características de duração do escoamento e da vazão de pico incluem:
a) Maximizar o fluxo raso de superfície;
b) Aumentar e alargar caminhos de fluxo;
c) Alongar e amenizar declividades locais e do lote;
d) Maximizar o uso de sistemas de canais naturais abertos (valos de infiltração);
e) Aumentar e melhorar vegetação do local e do lote (Figura 6).
Figura 8. Lote convencional americano e lote típicode LID. (Adaptado de Prince George’s County, 1999a)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
preservação dos processos naturais, este trabalho procurou apresentar uma metodologia
com maior aproximação à sustentabilidade.
Sua aplicação para loteamentos urbanos de alto padrão mostra-se possível, o que não
acontece claramente para loteamentos a serem desenvolvidos em áreas com grandes
restrições de espaço físico. No entanto, os potenciais resultados obtidos da utilização
desta metodologia possivelmente superam os que seriam extraídos do emprego das
técnicas conhecidas e empregadas no país. Caberia ao órgão regulador determinar áreas
de aptidão ao desenvolvimento urbano e fiscalizar com rigor.
Fundamentado nestas áreas de aptidão e visando auxiliar o próprio órgão regulador na
determinação das metas de controle a serem atingidas, estudos precisam ser elaborados
para a construção de uma base de dados consistente e acessível.
Possíveis melhorias sociais podem resultar da utilização desta metodologia, uma vez
que as regulamentações de zoneamento são obedecidas, as edificações mostram-se
menos custosas financeiramente e apresentam alto poder de mercado (U.S. Department
of Housing and Urban Development, 2003, U.S. Environmental Protection Agency,
2000 e Nahb Research Center, 2004). Diante destes, o estabelecimento adequado da
população residente em áreas de várzeas e nascentes em novas áreas passa a ser
favorecido, conduzindo à equidade e reduzindo as externalidades, pelos impactos não
serem propagados para jusante e o escoamento ser tratado ainda no loteamento. Outra
vantagem reside no fato de coleta e reciclagem de resíduos mostrar-se facilitada por não
ser o escoamento “escondido” da população.
Maiores avanços precisam ser realizados tanto na aplicação desta estratégia de controle,
bem como no desenvolvimento apropriado e aplicação de mecanismos para
conscientização da população e capacitação profissional, incluindo o corpo técnico do
órgão gestor.
Espera-se que este trabalho sirva de gatilho para o desenvolvimento de estudos locais,
avaliando o potencial de aplicação desta técnica, bem como da metodologia para as
distintas características topográficas, geomorfológicas, pluviográficas e paisagísticas do
país.
BIBLIOGRAFIA