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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO E DESIGN


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ADRIANO CHAGAS DE SOUSA


514420

RESENHA:
NOVAS FUNÇÕES DA PAISAGEM

PROJETO DE ARQUITETURA PAISAGISTICA

FORTALEZA
2023
As cidades são lugares onde as pessoas se aglomeram, o que resulta na
concentração dos impactos humanos nos recursos naturais. Elas oferecem especialização
das atividades humanas e distribuição de recursos por meio de corredores de transporte, o
que cria uma cultura urbana distintiva. No entanto, a maioria dos espaços abertos nas
cidades está associada ao sistema viário, com pavimentação e estacionamento, e a
drenagem das águas pluviais muitas vezes resulta na contaminação dos rios e córregos.
Apesar disso, as cidades também oferecem benefícios como a conexão dos moradores com
espaços abertos, a diversidade biológica e social, a melhoria das condições de saúde e a
promoção de alternativas de vida urbana. A cidade está em constante mudança, com
alterações no uso do solo e na infraestrutura urbana, mas é importante considerar modelos
de desenvolvimento que levem em conta a sustentabilidade e a conservação dos recursos
naturais.
Nosso pensamento pode ser dividido em duas correntes: uma rápida, automática e
inconsciente, e outra lenta, deliberada e judiciosa. Essas correntes podem ser
contaminadas por informações periféricas ou irrelevantes, resultando em um atalho mental
conhecido como tendência humana de preferir o que é familiar. Isso pode ser observado,
por exemplo, na canalização convencional de córregos em áreas urbanas, onde os
moradores tendem a preferir a canalização simplesmente porque é familiar, sem considerar
seu custo e benefício.
Essa preferência pelo familiar pode ser problemática, especialmente quando não
reconhecemos suas influências sobre o ambiente e a paisagem urbana. As repercussões
podem ter um impacto global nas bacias urbanas, levando as pessoas a preferirem projetos
existentes em vez de alternativas, mesmo sem evidências concretas de sua eficácia.
Quando nos sentimos ameaçados, tendemos a nos apegar ao familiar e nos envolver mais
com nossos grupos e valores, e menos tolerantes com o não familiar.
Isso pode levar a aceitar projetos e políticas urbanas que, no final das contas,
ameacem nossos próprios interesses. Nossa tendência é dar mais atenção às evidências
que apoiam nossas crenças e ignorar evidências que as enfraqueçam. Aceitar cegamente
os modelos prevalecentes pode ser uma falácia, confundindo o que existe com o que é
bom. É importante selecionar quais idiossincrasias cognitivas merecem ser confrontadas e
quais são inócuas ou até mesmo importantes de serem celebradas.
Por exemplo, não faz sentido se preocupar com a ambiguidade da política cotidiana,
pois podemos usar o contexto e a interação social para entender as intenções de nossos
interlocutores na maioria das situações cotidianas como arquitetos e planejadores. No
entanto, como pesquisadores e professores, podemos fazer melhor em identificar e abordar
essas tendências cognitivas para tomar decisões mais informadas e evitar falhas na
concepção e implementação de projetos urbanos.
A teoria de Grandes Sistemas Tecnológicos (GSTs) é uma ferramenta que ajuda a
entender redes complexas, como as de comunicação ou energia, como sistemas
interconectados que incluem tecnologias, organizações, normas e valores culturais. A
infraestrutura verde, por exemplo, compartilha características de GSTs, sendo composta por
elementos físicos, organizações e regulamentações, e sendo usada para conservação dos
recursos hídricos, estruturação urbana, saúde pública e mobilidade. A teoria destaca os
construtores do sistema, o momento de desenvolvimento e as ações contrárias como
conceitos centrais. Os construtores promovem e protegem seu sistema tecnológico, e as
decisões iniciais definem os limites do desenvolvimento futuro. O momento de um GST
aumenta com o tempo, tornando-se inflexível e resistente a mudanças. As ações contrárias
são componentes retardatários que impedem o desenvolvimento do sistema, e podem levar
a batalhas de sistemas em mudanças radicais.
Resumindo brevemente, a ideia de estratégia na arquitetura da paisagem envolve
uma abordagem menos confrontadora e mais engajadora, baseada em sensibilidade,
posicionamento cuidadoso e ações coordenadas. A estratégia deve ser dinâmica, aberta e
adaptável às mudanças das circunstâncias, inspirada pelo conceito de resiliência da
biologia. A arquitetura da paisagem incorpora as complexidades do local e avalia o
problema em várias escalas, estabelecendo uma relação estrutural aberta e dinâmica. Ao
invés de buscar a fixação das condições e a completude, a arquitetura da paisagem enfatiza
a potencialidade do local e compartilha com outras disciplinas a técnica do manejo
adaptativo. A evolução das circunstâncias renova o potencial do lugar e contribui para sua
eficiência.
A infraestrutura tradicional afeta o desenvolvimento urbano e a qualidade dos
espaços abertos remanescentes. A rede de infraestrutura influencia o padrão de ocupação
urbana, e a infraestrutura verde pode ser uma estratégia para criar uma cidade sustentável.
É importante mudar a cultura das obras públicas e da construção civil, valorizando a
paisagem como parte da solução dos problemas urbanos. Arquitetos que projetam
considerando a paisagem podem transformar restrições em oportunidades de
desenvolvimento urbano. A disseminação pública dos trabalhos em arquitetura paisagística
será um desafio, mas pode ser recompensadora para o futuro da área.
Neste volume, foi constatado que a visão da paisagem como uma infraestrutura
desempenha um papel importante no amadurecimento da arquitetura paisagística no Brasil,
acumulando resultados de um esforço coletivo. Os arquitetos paisagistas têm contribuído
para a compreensão da importância das dimensões ambientais e culturais no projeto e
planejamento da paisagem. No entanto, novos desafios estão surgindo, incluindo a
incorporação de valores ambientais ao gesto projetual, o trabalho interdisciplinar nas
equipes de projeto paisagístico e novas possibilidades de atuação relacionadas a questões
interdisciplinares e socioculturais. A paisagem brasileira oferece um potencial significativo
para a arquitetura da paisagem, que pode contribuir para a resolução de conflitos entre
crescimento e conservação, desenvolvimento socioeconômico e preservação ambiental. Os
espaços abertos, naturais ou tratados paisagisticamente, são reconhecidos como
estratégicos para o desenvolvimento, oferecendo identidade cultural, lazer, bem-estar,
indústria do turismo e absorção de carbono.

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