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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUI

CRISTIANE TAÍS LESKE

ANÁLISE COMPARATIVA DO CUSTO E TEMPO DE EXECUÇÃO


ENTRE OS SISTEMAS CONSTRUTIVOS: ALVENARIA DE VEDAÇÃO
CONVENCIONAL, ALVENARIA ESTRUTURAL E LIGHT STEEL
FRAME NA ETAPA DE VEDAÇÕES DE UMA OBRA RESIDENCIAL

Santa Rosa
2020
CRISTIANE TAÍS LESKE

ANÁLISE COMPARATIVA DO CUSTO E TEMPO DE EXECUÇÃO


ENTRE OS SISTEMAS CONSTRUTIVOS: ALVENARIA DE VEDAÇÃO
CONVENCIONAL, ALVENARIA ESTRUTURAL E LIGHT STEEL
FRAME NA ETAPA DE VEDAÇÕES DE UMA OBRA RESIDENCIAL

Projeto de pesquisa apresentado como requisito para


aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão
de curso de Engenharia Civil da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul.

Orientador(a): Paula Weber Prediger

Santa Rosa
2020
CRISTIANE TAÍS LESKE

ANÁLISE COMPARATIVA DO CUSTO E TEMPO DE EXECUÇÃO


ENTRE OS SISTEMAS CONSTRUTIVOS: ALVENARIA DE VEDAÇÃO
CONVENCIONAL, ALVENARIA ESTRUTURAL E LIGHT STEEL
FRAME NA ETAPA DE VEDAÇÕES DE UMA OBRA RESIDENCIAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de

ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo

membro da banca examinadora.

Santa Rosa, 10 de dezembro de 2020

Professora Paula Weber Prediger

Engenheira Civil Mestre pela Universidade Passo Fundo – Orientadora

Professora Cristina Eliza Pozzobon

Coordenadora do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Professora Paula Weber Prediger

Engenheira Civil Mestre pela Universidade Passo Fundo – Orientadora

Professora Thiana Dias Herrmann

Engenheira Civil Mestre pela Universidade Federal de Santa Maria


Com gratidão, dedico este trabalho à Deus, e a

todos que me ajudaram nesta caminhada até aqui.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço à Deus por ter guiado meu caminho, me dando força e
perseverança, para manter o foco e alcançar meus objetivos.
Agradeço imensamente a minha mãe Zenaide e meu pai Edemar, por todo amor e
cuidado dedicados à mim, sempre fazendo de tudo para tornar minha vida acadêmica possível,
me encorajando e aconselhando. À minhas irmãs Kelli e Kamila, por serem minhas parceiras,
torcendo por mim junto de meus pais e demais familiares que acompanharam minha jornada.
Ao meu companheiro Diego, que esteve junto de mim desde o início de um sonho, que
se iniciou quando decidi seguir esse caminho, me apoiando sempre que precisei.
À minha orientadora Professora Mestre Paula Weber Prediger, pela paciência e
atenção dedicadas à mim, bem como pelo conhecimento que tive oportunidade de adquirir
desenvolvendo esse trabalho com seu auxílio. Também aos proprietários e responsável técnica
da edificação que serviu como meu objeto de estudo.
Aos meus amigos que estiveram presentes antes e durante essa caminhada, bem como
aos amigos que ganhei durante a faculdade.
Aos colegas de trabalho que tive nos estágios que tive oportunidade de desenvolver
durante a faculdade.
À todos os professores e funcionários da Unijuí que participaram da construção da
minha formação profissional.
A mudança não acontecerá se esperarmos por outra
pessoa, ou se esperarmos por algum outro momento, nós
somos as pessoas pelas quais esperávamos.

Barack Obama
RESUMO

LESKE, Cristiane Taís. Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os


sistemas construtivos: alvenaria de vedação convencional, alvenaria estrutural e light
steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial. 2020. Trabalho de Conclusão
de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul – UNIJUÍ, Santa Rosa, 2020.

A construção civil é um setor da indústria que tem grande destaque na economia do país, mas
apesar da relevância, apresenta um atraso em relação aos métodos e materiais usados nas
construções, mesmo existindo técnicas construtivas inovadoras. Nesse sentido cresce a
preocupação em melhorar os resultados, aumentar a produtividade e minimizar os custos, uma
vez que existem atualmente inúmeras formas de executar uma obra, porém a escolha deve
passar por uma profunda análise, para que os objetivos visados para o empreendimento sejam
alcançados. Sendo assim, esse estudo busca comparar o custo-benefício entre a realização da
etapa de fechamento de uma obra de pequeno porte, a partir de três diferentes métodos de
construção, um deles convencional com estrutura de concreto armado e alvenaria de vedação,
o segundo racionalizado em alvenaria estrutural, e também a partir de um método
industrializado em ligth steel frame. Para isso, foi utilizada uma obra de 73,32 m² como objeto
de estudo, executada na cidade de Horizontina /RS, e realizado orçamentos para cada um dos
métodos propostos e estimado o tempo para execução das atividades, utilizando valores de
referência e coeficientes de rendimento fornecidos pela tabela SINAPI da Caixa Econômica
Federal. Analisando todos os resultados obtidos durante esse estudo, percebeu-se que apesar
da obra em questão ser de pequeno porte, houve uma diferença significativa entre os três
orçamentos. A alvenaria de vedação convencional, com sua estrutura em concreto armado,
teve custo total de R$ 23.587,86, obtendo menor rendimento dos serviços. Enquanto isso, o
light steel frame embora seja um método ágil, se mostrou o mais oneroso dentre os três
sistemas construtivos estudados, com custo total de R$ 25.324,52. A alvenaria estrutural foi o
método mais econômico dentre os três analisados neste estudo, com um custo total de R$
17.990,79, e que ainda possui uma rapidez de execução superior ao método convencional.
Portanto, a modernização na construção civil é necessária, e possui instrumentos para tal, pois
há atualmente diversos sistemas construtivos disponíveis, que podem ser produtivos e
economicamente viáveis, porém que devem passar por uma análise em relação as vantagens e
desvantagens de cada sistema, além de disponibilidade de materiais e mão de obra.

Palavras-chave: orçamento, composição, custo, método.


ABSTRACT

LESKE, Cristiane Taís. Comparative analysis of cost and execution time between
construction systems: conventional sealing masonry, structural masonry and light steel
frame in the sealing stage of a residential work. 2020. Term paper. Civil Engineering
Course, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Santa
Rosa, 2020.

Civil construction is an industry sector that stands out in the country's economy, but despite
its relevance, it presents a delay regarding to the methods and materials used in the
constructions, even though there are innovative construction techniques. Therefore, the
concern to improve results, increase productivity and minimize costs increases, since there are
currently numerous ways to carry out a work, however, the choice must undergo a complete
analysis, so that the objectives for the enterprise are achieved. So, this study seeks to compare
the cost-benefit ratio between the completion of the closing phase of a small project, based on
three different construction methods, one of them conventional with reinforced concrete
structure and sealing masonry, the second rationalized in structural masonry, and also using
an industrialized method in ligth steel frame. For this, a 73.32 m² work was used as an object
of study, carried out in the city of Horizontina / RS, and budgets were made for each of the
proposed methods and the time for carrying out the activities was estimated, using reference
values and income coefficients provided by Caixa Econômica Federal's SINAPI table.
Analyzing all the results obtained during this study, it was noticed that despite the work in
question being small, there was a significant difference between the three budgets. The
conventional sealing masonry, with its reinforced concrete structure, had a total cost of R $
23,587.86, getting lower service performance. Meanwhile, the light steel frame, although an
agile method, proved to be the most costly among the three construction systems studied, with
a total cost of R $ 25,324.52. Structural masonry was the most economical method among the
three ones analyzed in this study, with a total cost of R $ 17,990.79, and still has a faster
execution than the conventional method. Therefore, modernization in civil construction is
necessary, and it has instruments for this, since there are, nowadays, several construction
systems available, which can be productive and economically viable, but which must undergo
an analysis regarding to the advantages and disadvantages of each system, in addition to
availability of materials and labor.

Key-words: budget, composition, cost, method.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Edifício em concreto armado ................................................................................... 19


Figura 2 - Etapa de elevação da alvenaria ................................................................................ 22
Figura 3 - Amarração da alvenaria com o pilar de concreto .................................................... 22
Figura 4 - Vergas e contravergas .............................................................................................. 23
Figura 5 - Igreja de Cristo Trabalhador (Uruguai) ................................................................... 25
Figura 6 - Alvenaria não armada .............................................................................................. 26
Figura 7 - Alvenaria armada ou parcialmente armada ............................................................. 26
Figura 8 - Exemplo de modulação (horizontal e vertical) ........................................................ 27
Figura 9 - Espessura das juntas de assentamento ..................................................................... 29
Figura 10 - Traços para argamassas de assentamento .............................................................. 29
Figura 11 - Traços de graute ..................................................................................................... 30
Figura 12 - Assentamento das primeiras peças conferindo prumo e nível ............................... 31
Figura 13 - Detalhes da elevação da alvenaria estrutural ......................................................... 32
Figura 14 - Ponte Ironbridge .................................................................................................... 35
Figura 15 - Perfis de aço formados a frio para uso em LSF ..................................................... 36
Figura 16 - Tipos de parafusos mais utilizados no LSF ........................................................... 38
Figura 17 - Estrutura típica de um painel (sem abertura e com abertura) ................................ 38
Figura 18 - Fluxograma do estudo............................................................................................ 43
Figura 19 - Edificação pela forma tradicional .......................................................................... 45
Figura 20 - Composição 87899 (chapisco) ............................................................................... 45
Figura 21 - Gráfico do custo de material e mão de obra .......................................................... 51
Figura 22 - Gráfico do custo de material e mão de obra .......................................................... 54
Figura 23 - Gráfico do custo de material e mão de obra .......................................................... 56
Figura 24 - Comparativo entre o custo total e tempo de execução para os três sistemas
construtivos............................................................................................................................... 57
Figura 25 - Gráfico do valor por m² para cada sistema construtivo ......................................... 58
Figura 26 - Comparativo de custo para material e mão de obra para os três sistemas
construtivos............................................................................................................................... 58
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Orçamento para construção em alvenaria de vedação ............................................. 50


Tabela 2 - Custo separando material e mão de obra ................................................................. 51
Tabela 3 - Tempo estimado para execução da alvenaria de vedação ....................................... 52
Tabela 4 - Orçamento para construção em alvenaria estrutural ............................................... 53
Tabela 5 - Custo separando material e mão de obra ................................................................. 53
Tabela 6 - Tempo estimado para execução da alvenaria estrutural .......................................... 54
Tabela 7 - Orçamento para construção em light steel frame .................................................... 55
Tabela 8 - Custo separando material e mão de obra ................................................................. 55
Tabela 9 - Tempo estimado para execução em light steel frame.............................................. 56
LISTA DE SIGLAS

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CA-50 Tensão de escoamento do aço usado para concreto armado

CAIXA Caixa Econômica Federal

cm Centímetro

fck Resistência característica do concreto à compressão

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

LSF Light Steel Frame

m² Metro quadrado

mm Milímetro

MPa Mega Pascal

NBR Norma Brasileira

PFF Perfil Formado a Frio

SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 14
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................. 15
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 15
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 15
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 16
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 16
2 EMBASAMENTO TEÓRICO .................................................................................. 17
2.1 SISTEMA CONSTRUTIVO ........................................................................................ 17
2.2 CONCRETO ARMADO .............................................................................................. 18
2.3 ALVENARIA DE VEDAÇÃO CONVENCIONAL ................................................... 20
2.3.1 Conceituação ............................................................................................................... 20
2.3.2 Normativas e procedimentos de execução ................................................................ 21
2.3.3 Vantagens e desvantagens .......................................................................................... 23
2.4 ALVENARIA ESTRUTURAL .................................................................................... 24
2.4.1 Conceituação ............................................................................................................... 24
2.4.2 Normas e procedimentos ............................................................................................ 27
2.4.3 Vantagens e desvantagens .......................................................................................... 33
2.5 LIGHT STEEL FRAME............................................................................................... 34
2.5.1 Conceituação ............................................................................................................... 34
2.5.2 Normas e procedimentos ............................................................................................ 36
2.5.3 Vantagens e desvantagens .......................................................................................... 39
2.6 ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................................. 41
2.6.1 Método de orçamento – SINAPI ............................................................................... 41
3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 42
3.1 Técnicas de pesquisa ..................................................................................................... 43
3.2 Descrição da obra – objeto de estudo ........................................................................... 44
3.3 Obtenção dos quantitativos e valores para realização do orçamento............................ 45
3.4 Alvenaria de vedação – Elaboração do orçamento e tempo de execução .................... 46
3.5 Alvenaria estrutural – Elaboração do orçamento e tempo de execução ....................... 48
3.6 Light steel frame – Elaboração do orçamento e tempo de execução ............................ 48
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................... 50
4.1 Alvenaria de vedação – Orçamento e tempo de execução............................................ 50
4.2 Alvenaria estrutural – Orçamento e tempo de execução .............................................. 52
4.3 Light steel frame – Orçamento e tempo de execução ................................................... 55
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 59
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 61
ANEXO A – Planta Baixa da edificação............................................................................... 65
ANEXO B – Corte da edificação ........................................................................................... 66
ANEXO C – Composições SINAPI ....................................................................................... 67
14

1 INTRODUÇÃO

A construção civil representa papel importante no processo de crescimento do país,


colaborando na geração de empregos além de estimular o comércio e indústria nacional.
Nesse sentido, cresce a preocupação em aumentar a produtividade e qualidade na construção,
pois apesar da relevância do setor, o mesmo ainda apresenta um grande atraso em comparação
a outros setores da indústria, principalmente quanto aos métodos e materiais utilizados.
Existem estudos visando melhorias dos resultados na indústria da construção civil, mais
especificamente no subsetor da edificação, porém são pontuais e geralmente direcionados a
inserção de novos materiais no mercado. Sendo assim, esses estudos não mostram com
clareza parâmetros que possam ser utilizados, isso remete à necessidade de estudos mais
decisivos (HERCULANO, 2010).
No Brasil, a construção é executada, na maioria das vezes, através de processo
convencional, por vezes marcada por elevados custos, baixo nível de planejamento, mão de
obra com baixa qualificação, altos índices de desperdício, entre outros. Dessa forma, faz-se
necessário incentivar o uso de sistemas construtivos industrializados, ou racionalizados, que
têm como características maior produtividade, com maior planejamento, estudos de
viabilidade técnico-econômica mais precisos, além de melhores condições de trabalho e
melhor desempenho ambiental (ABDI, 2015).
Segundo Pastro (2007), para obter destaque no mercado relacionado à indústria da
construção civil, é necessário saber executar uma determinada obra em tempo reduzido, custo
baixo e alta qualidade para satisfação de todos os envolvidos. Para que isto aconteça são
feitos vários estudos, um deles, é a escolha do sistema construtivo a ser adotado para tal obra.
Em relação aos tipos de sistemas construtivos, algumas características permitem
classificá-los como racionalizados, ou seja, não são fabricados por uma indústria, mas sim,
executados em canteiros, de forma racionalizada, porém com um nível de planejamento e
controle da execução maior que a forma convencional, como por exemplo a elevação de
alvenarias moduladas, como é o caso da alvenaria estrutural. Já no conceito de
industrialização, existem inúmeras opções, as quais já chegam no canteiro de obras
praticamente prontas, dependendo somente da sua montagem, como divisórias leves de gesso,
madeira, ou utilizando painéis de vedação pré-fabricados em concreto (ABDI, 2015).

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Cristiane Taís Leske (cris.leske@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa/RS

DCEENG/UNIJUÍ, 2020
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Sendo assim, o presente trabalho propõe uma análise comparativa entre os três sistemas
construtivos, sendo eles, o tradicional a partir de estrutura em concreto armado com vedação
em alvenaria convencional, a alvenaria estrutural, e divisórias leves em light steel frame, para
a etapa de vedação de uma obra residencial de pequeno porte, realizando assim uma
comparação entre eles.
É importante lembrar que existem inúmeros sistemas construtivos que podem ser
utilizados na execução de uma obra residencial, e conhecendo as peculiaridades de cada
sistema construtivo, é possível realizar melhores escolhas, podendo assim obter ganhos
significativos em relação ao tempo demandado para a execução e ao custo total da obra.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Na construção civil existem atualmente inúmeros sistemas construtivos, ou seja, várias


maneiras para executar uma determinada obra. Sendo assim, para realizar a melhor escolha, é
necessário conhecer as opções disponíveis, bem como suas respectivas características,
avaliando também o tipo de obra e região em que se localiza. Fatores como a disponibilidade
de material e mão de obra, custo, localização da obra, entre outros, são determinantes para
verificar a viabilidade do método.
A partir dessa pesquisa, pretende-se esclarecer as características individuais dos
sistemas construtivos, a fim de expandir os métodos tradicionais usados na construção civil,
mostrando como é possível utilizar outras tecnologias para execução de obras de pequeno
porte, trazendo inovação para essa área.

1.2 OBJETIVOS

O trabalho a ser realizado busca verificar o desempenho de diferentes sistemas


construtivos, para uma mesma obra residencial de pequeno porte.

1.2.1 Objetivo Geral

O estudo tem por objetivo geral comparar o custo-benefício entre a realização de uma
obra de pequeno porte, a partir de três diferentes métodos de construção.

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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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1.2.2 Objetivos Específicos

São objetivos específicos desta pesquisa:

a) Extrair de um projeto residencial conhecido, e já executado em um sistema de


alvenaria de vedação convencional, dados referentes à área da edificação, área total
de alvenaria. Também fazer um levantamento do tempo que foi necessário para
execução da estrutura de concreto armado e das alvenarias de vedação.
b) Analisar cada sistema construtivo, visando destacar vantagens e desvantagens para
esse tipo de obra que foi escolhida.
c) Realizar um orçamento para cada método construtivo estudado, em específico para
as etapas de fechamento da edificação, calculando ainda o tempo de execução para
os três sistemas, comparando com o tempo real levado para execução da obra a
partir de estrutura em concreto armado e alvenaria de vedação.
d) Verificar os resultados obtidos nos orçamentos e comparar com o tempo necessário
para conclusão das etapas de alvenarias, ou das divisórias leves em light steel frame,
visando obter um parâmetro comparativo, entre a relação custo-benefício dos
sistemas construtivos estudados.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está dividido em cinco capítulos, sendo que o primeiro deles apresenta a
introdução sobre os assuntos abordados, bem como a problematização da pesquisa e aponta os
objetivos deste estudo.
No segundo capítulo é apresentado o referencial teórico, onde foi expondo conceitos
sobre cada um dos sistemas construtivos apontados durante a pesquisa, e também sobre o
método de orçamento utilizado para realizar o estudo.
O capítulo três trata da metodologia usada para o desenvolvimento do estudo em
questão, além de apresentar as técnicas de pesquisa que compõe o trabalho e descrição da
obra que serviu de objeto de estudo para este trabalho.
No capítulo quatro são apresentados os resultados obtidos na realização da pesquisa.
O capítulo cinco trata das conclusões desenvolvidas sobre o tema ao final do trabalho.

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Cristiane Taís Leske (cris.leske@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa/RS

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

O embasamento teórico aborda conceitos sobre os de sistemas construtivos a serem


estudados, alvenaria convencional de vedação, alvenaria estrutural e light steel frame.

2.1 SISTEMA CONSTRUTIVO

Na construção civil, predominam as técnicas e materiais tradicionais, cuja trajetória de


evolução ao longo do tempo não acompanhou a dos demais setores industriais. Considerando
que cada obra possui suas peculiaridades específicas, é necessário um planejamento próprio,
em função da disponibilidade de materiais e mão de obra. Assim, aumentar a produtividade e
o nível de produção, com a melhoria das operações e das atividades envolvidas na execução
de edifícios e uma preocupação cada vez mais intensa na indústria da construção civil
(PENTEADO, 2003).
A maneira pela qual decide-se realizar uma determinada construção, ou seja, os
métodos e materiais escolhidos para executar um projeto, consiste no chamado sistema
construtivo. Sabbatini (1989) aborda alguns conceitos relacionados a técnicas, métodos,
processos e sistemas construtivos:
a) Técnica Construtiva: é o conjunto de operações empregadas por um determinado
ofício para produzir parte de uma construção (SABBATINI, 1989, p. 15).

b) Método Construtivo: é o conjunto de técnicas construtivas interdependentes e


devidamente organizadas, empregado na construção de uma parte da edificação
(SABBATINI, 1989, p. 18).

c) Processo Construtivo: é um organizado e bem definido modo de se construir um


edifício. Um específico processo construtivo caracteriza-se pelo seu particular
conjunto de métodos utilizados (SABBATINI, 1989, p. 20).

d) Sistema Construtivo: é um processo construtivo de elevados níveis de


industrialização e de organização, constituído por um conjunto de elementos e
componentes inter-relacionados e completamente integrados (SABBATINI, 1989, p.
25).

De acordo com Bastos (2019), a classificação do tipo de construção, conforme a


natureza do sistema construtivo, podendo ser:
a) Artesanal: utiliza métodos e processos empíricos e intuitivos, comum nas
construções rurais, com técnicas e arquitetura nativas;
b) Tradicional: predomina nas áreas urbanas, utilizando métodos e processos da
construção civil normalizada;
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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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c) Tradicional Racionalizada: aprimorada pela racionalização, padronização e


modulação, com maior grau de normalização;
d) Industrializada: estágio mais avançado, caracteriza-se pela montagem de
componentes pré-fabricados.
A partir destes conceitos, percebe-se que os sistemas construtivos a serem estudados
no decorrer deste trabalho serão são:
a) Concreto armado com fechamento em alvenaria de vedação em tijolos cerâmicos,
o que caracteriza um sistema construtivo tradicional;
b) Alvenaria estrutural em tijolos cerâmicos, que se trata de um sistema construtivo
racionalizado;
c) Light steel frame, que se enquadra em um sistema construtivo industrializado.

2.2 CONCRETO ARMADO

Em relação ao uso do concreto armado no Brasil, o mesmo teve início no século XX, e
ganhou força pois a união do concreto com o aço concede a resistência necessária para
estrutura, pois o concreto caracteriza-se por ser um material resistente a compressão, e o
aço por ter grande resistência a tração (CLÍMACO, 2008).
Azeredo (1997) define concreto armado como sendo a união do aço ao concreto,
visando melhorar a resistência do mesmo a determinados tipos de esforços. Essa melhora nas
características do concreto é possível devido as propriedades relacionadas a aderência entre
ambos os materiais, dilatação térmica parecida entre os materiais, e a proteção do aço contra
corrosão quando envolvido pelo concreto (AZEREDO, 1997).
Desde seus primórdios, o concreto foi ampliando o seu emprego nas construções,
porém era necessário superar a deficiência do material em relação à tração, particularmente
nas peças submetidas à flexão. A partir dessa necessidade de um material com resistência
satisfatória à tração para que se associasse a essa pedra artificial, descobriu-se que o aço
contemplava esse desempenho, nomeado como armadura para o concreto. Dessa união de
materiais resultou no termo concreto armado (CLÍMACO, 2008).
Conforme Bastos (2006) o fenômeno da aderência é essencial e deve existir entre o
concreto e a armadura, pois não basta somente juntar os dois materiais, para a existência do
concreto armado é necessário que o trabalho seja conjunto.
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Cristiane Taís Leske (cris.leske@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa/RS

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O concreto é lançado no estado plástico, e é sustentado pelo sistema de fôrmas, que é a


estrutura provisória que serve para moldar e sustentar o concreto fresco, resistindo a todas as
ações provenientes do lançamento do concreto fresco, até o concreto atingir a resistência em
que é solicitado (ABNT NBR 15696, 2009).
Segundo a ABNT (2004) as fôrmas devem ser:
A fôrma deve ser suficiente estanque, de modo a impedir a perda da pasta de
cimento, admitindo-se como limite a surgência do agregado miúdo da superfície do
concreto. Os elementos estruturantes das fôrmas devem ser dispostos de modo a
manter o formato e a posição da fôrma durante toda sua utilização. (ABNT NBR
14931, 2004, p. 07)

De acordo com Clímaco (2008), a estrutura pode ser definida como o conjunto das
partes consideradas resistentes de uma edificação. Para que uma estrutura tenha sua
capacidade resistente assegurada, é necessário conhecer o comportamento de suas peças ou
elementos estruturais. A Figura 1 exemplifica uma estrutura em concreto armado.
Figura 1 - Edifício em concreto armado

Fonte: Botelho e Marchetti (2007).


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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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A estrutura de concreto armado é dimensionada a partir de uma análise estrutural, que


busca determinar o efeito das ações em uma estrutura, permitindo estabelecer as distribuições
de esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos, em uma parte ou em toda a
estrutura (ABNT NBR 6118, 2014).

2.3 ALVENARIA DE VEDAÇÃO CONVENCIONAL

A seguir serão abordados conceitos e parâmetros relacionados ao sistema construtivo


convencional de alvenaria de vedação.

2.3.1 Conceituação

A alvenaria pode ser utilizada para construção de inúmeros tipos de elementos, como
muros, paredes, etc. Podendo ou não ter função estrutural, no caso da alvenaria de vedação,
não é dimensionada para resistir cargas verticais além de seu peso próprio. As paredes que são
usadas como elemento de vedação devem atender a características importantes como
resistência mecânica, isolamento térmico e acústico, resistência ao fogo, durabilidade e
estanqueidade (MILITO, 2009).
A alvenaria de vedação é destinada a proteger o interior da edificação contra ações do
ambiente, além de dividir espaços internos, portanto não exercem nenhuma função estrutural,
apenas suportando o carregamento oriundo do seu peso próprio, e fechando vãos da estrutura
em concreto armado, interligando-se com elementos estruturais como vigas e pilares
(THOMAZ, 2001).
Segundo Silva e Moreira (2017), as paredes de alvenaria mais utilizadas no Brasil são
as constituintes do processo construtivo tradicional, que é composto por uma estrutura
reticulada de concreto armado e as alvenarias que fecham o edifício, ou seja, as alvenarias de
vedação.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) define alvenaria de vedação:
Alvenarias de vedação são aquelas destinadas a compartimentar espaços,
preenchendo os vãos de estruturas de concreto armado, aço ou outras estruturas.
Assim sendo, devem suportar tão somente o peso próprio e cargas de utilização,
como armários, rede de dormir e outros. Devem apresentar adequada resistência às
cargas laterais estáticas e dinâmicas, advindas, por exemplo, da atuação do vento,
impactos acidentais e outras (IPT, 2009, p. 02).

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Cristiane Taís Leske (cris.leske@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa/RS

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2.3.2 Normativas e procedimentos de execução

O processo de construção de uma edificação é complexo e exige precauções, tanto na


parte de projeto quanto na execução, por esse motivo existem normativas que estabelecem
critérios que devem ser seguidos visando a segurança da edificação (CASSAR, 2018).
A alvenaria de vedação pode ser executada com diversos tipos de blocos, que é um
componente vazado com formato prismático, normalmente empregados com os furos
dispostos horizontalmente, onde a espessura da alvenaria dependerá do tipo de bloco a ser
utilizado, podendo ser revestido ou não (IPT, 2009).
No caso da alvenaria ser executada com blocos cerâmicos, devem atender a todos os
requisitos dispostos na norma da NBR 15270-1 – Componentes cerâmicos: blocos e tijolos
para alvenaria – Requisitos (2017). A norma menciona a função dos blocos cerâmicos em
alvenarias internas ou externas, sendo que estes devem resistir as cargas verticais, além do
peso da alvenaria que faz parte. Também devem apresentar, entre outros requisitos,
identificação do fabricante gravada em uma das faces externas, não apresentando defeitos
como quebras ou superfícies irregulares (ABNT NBR 15270-1, 2017).
Devem ser tomados cuidados em relação à compatibilização da paginação das paredes
com o posicionamento de tubos, eletrodutos, tomadas, entre outros elementos. Na medida do
possível, deve evitar-se ao máximo cortes dos componentes da alvenaria, utilizando-se os
furos dos blocos para caminhamento vertical de tubos e eletrodutos (IPT, 2009).
Segundo Souza (2006, apud HERCULANO, 2010) o processo de elevação da
alvenaria de vedação ocorre da seguinte maneira:
a) Inicia-se o serviço pelos cantos destacando a primeira fiada depois de colocado em
posição o escantilhão;
b) subir então a alvenaria pelos cantos sempre com o uso do prumo de pedreiro para
alinhamento vertical;
c) nivelar com o uso de uma linha de nylon esticada entre os dois cantos já
levantados, para que se tenha um bom alinhamento horizontal;
d) com a argamassa, o tijolo é assentado com sua face rente à linha, sempre batendo
com a colher de pedreiro para que se faça o alinhamento final.

A Figura 2 ilustra o processo de elevação da alvenaria.

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Figura 2 - Etapa de elevação da alvenaria

Fonte: Herculano (2010).

Ainda, a ABNT (1984), sugere que seja feita uma ligação entre a estrutura de concreto
armado, com a alvenaria de vedação, como pode ser verificado na Figura 03. Essa ligação
deve ser executada através de barras de aço de diâmetro entre 5,0 a 10,0 mm, com
comprimento de aproximadamente 60 cm, engastadas 10 cm no pilar, distanciadas em até 60
cm (ABNT NBR 8545, 1984). Como é observado na Figura 3.

Figura 3 - Amarração da alvenaria com o pilar de concreto

Fonte: ABNT NBR 8545 (1984).

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) recomenda a utilização de argamassas


mistas, compostas por cimento e cal hidratada, para o assentamento. Ainda menciona que a
argamassa utilizada para o assentamento dos blocos pode ser industrializada ou preparada em
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obra e devem atender aos requisitos mínimos estabelecidos na norma da ABNT NBR 13281 –
Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos (IPT, 2009).
Sobre o vão das portas e sobre e sob os vãos das janelas devem ser construídas vergas.
Quando trabalha sobre o vão, a sua função é evitar as cargas nas esquadrias e quando trabalha sob
o vão (contraverga), tem a finalidade de distribuir as cargas concentradas uniformemente pela
alvenaria inferior. Em casos de vãos sucessivos executa-se uma só verga. (MILITO, 2009).
Segundo a ABNT NBR 8545 (1984), item 4.3.1.1, as vergas e contravergas devem
exceder o vão em no mínimo 20 cm, e ter altura mínima de 10 cm, como mostra a Figura 4.

Figura 4 - Vergas e contravergas

Fonte: Milito (2009).

2.3.3 Vantagens e desvantagens

Alguns dos fatores que fazem com que o método de construção que tem como base a
alvenaria convencional seja largamente utilizado no Brasil, são a mão de obra e materiais
baratos, além do fato dos equipamentos e ferramentas utilizados serem muitos simples, de
fácil utilização (CASSAR, 2018).
Uma vantagem da utilização da alvenaria de vedação tão usual, é o fato de ser possível
realizar cortes na alvenaria sem que haja prejuízo à estabilidade da estrutura de concreto
armado, pois as lajes, vigas e pilares foram dimensionados para resistir aos esforços
solicitantes do edifício (SILVA; MOREIRA, 2017).
Segundo Ramalho e Corrêa (2003, apud CASSAR, 2018) no Brasil, a alvenaria
convencional é um método tradicional, que está penetrado na cultura habitacional do país.
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Desse modo, é o método mais utilizado para a construção de casas e edifícios, por utilizar
materiais simples. Porém, é oneroso nos gastos com mão de obra e tem baixa produtividade
em relação a outros sistemas industrializados ou racionalizados, por exemplo.
Além dos gastos que se tornam mais elevados, manifestações patológicas em
alvenaria de vedação são bastante comuns em quase todas as edificações, os fatores que
contribuem com a origem de patologia em uma edificação podem ser inúmeros, como erro nas
previsões e dimensionamento do projeto, falhas nos procedimentos das etapas de execução ou
sobrecargas na utilização da estrutura (SILVA; REIS FILHO, 2018).

2.4 ALVENARIA ESTRUTURAL

O sistema construtivo de alvenaria estrutural é muito utilizado atualmente, e acaba


sendo diversas vezes comparado ao de estrutura convencional de concreto armado com
alvenaria de vedação, com o sistema de vigas e pilares em concreto pré-fabricado e a estrutura
de madeira, estrutura metálica, etc. A seguir serão abordados conceitos, e questões
relacionadas a utilização da alvenaria estrutural.

2.4.1 Conceituação

O sistema construtivo de alvenaria estrutural não utiliza pilares e vigas, pois as paredes
são chamadas de portantes e compõem a estrutura da edificação e distribuem as cargas
uniformemente ao longo das fundações (NESE; TAUIL, 2010).
De acordo com Kato (2002) a alvenaria estrutural utiliza as paredes para além da
função de vedação, mas também para resistir as cargas verticais de lajes, peso próprio,
ocupação e cargas laterais em função do vento. Sendo assim as paredes estruturais devem
apresentar as seguintes funções:
a) Resistir às cargas verticais;
b) Resistir às cargas do vento;
c) Resistir às cargas de ocupação e de impacto;
d) Isolar os ambientes acústica e termicamente;
e) Prover estanqueidade à água;
f) Apresentar bom desempenho a ação do fogo.

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A construção através da alvenaria estrutural teve início a milhares de anos, baseado na


experiência dos construtores, em que a forma garantia a rigidez e estabilidade estrutural. Essas
obras magníficas que existem até hoje, em excelente estado de conservação, comprovam o
potencial e durabilidade desse processo construtivo. Na América do Sul, uma obra que se
destacou pelo domínio da técnica na década de 1950, foi a igreja de Cristo Trabalhador em
Atlântida, no Uruguai, construída utilizando cerâmica armada, que constituía em tijolos
cerâmicos, juntas de argamassa armada, argamassa e malha de aço na interface dos tijolos, e
uma camada superior de argamassa (MOHAMAD, 2015). A Figura 5 mostra a igreja citada.

Figura 5 - Igreja de Cristo Trabalhador (Uruguai)

Fonte: Costa (2015).

A alvenaria estrutural é uma técnica construtiva tradicional que vem tendo grandes e
visíveis avanços, tornando-se um processo construtivo racionalizado com normas técnicas
consistentes e específicas. Torna-se uma solução bastante viável, pois é mais rápida, racional
e barata, quando comparada com a construção tradicional (MENEZES et al., 2018).
Racionalização pode ser entendida de uma maneira mais específica, como a
otimização das atividades construtivas. A racionalização de um empreendimento implica na
aplicação dos princípios que abrangem, desde as fases da concepção, uma postura de "como
resolver os problemas" por parte dos envolvidos (PENTEADO, 2003).
Ainda sobre racionalização, Penteado (2003, p. 22) afirma: “A industrialização, a
racionalização e a qualidade prevêem, também, uma contínua e ininterrupta evolução
tecnológica dos processos construtivos e a valorização, formação, treinamento e motivação da
mão de obra.”

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De acordo com Tauil e Nese (2010) a alvenaria estrutural pode ser classificada
basicamente em dois tipos, não-armada e armada, tipos verificados nas Figuras 6 e 7. Há
também a alvenaria protendida, porém é pouco utilizada devido ao alto custo de execução.
a) Alvenaria não armada: tipo de alvenaria que não recebe graute, mas os reforços de
aço apenas por razões construtivas (vergas de portas, vergas e contravergas de
janelas e outros reforços construtivos para aberturas) e para evitar patologias futuras:
trincas e fissuras provenientes da acomodação da estrutura, movimentação por
efeitos térmicos, de vento e concentração de tensões (TAUIL e NESE, 2010, p. 21).

b) Alvenaria armada ou parcialmente armada: tipo de alvenaria que recebe reforços


em algumas regiões, devido a exigências estruturais. São utilizadas armaduras
passivas de fios, barras e telas de aço dentro dos vazios dos blocos e posteriormente
grauteados, além do preenchimento de todas as juntas verticais (TAUIL e NESE,
2010, p. 22).

Figura 6 - Alvenaria não armada

Fonte: Tauil e Nese (2010).

Figura 7 - Alvenaria armada ou parcialmente armada

Fonte: Tauil e Nese (2010).


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2.4.2 Normas e procedimentos


A seguir serão descritos os procedimentos padronizados que devem ser seguidos para
execução de projeto e execução de alvenaria estrutural.

2.4.2.1 Modulação e requisitos dos blocos


Ao realizar um projeto em alvenaria estrutural é necessário um estudo de modulação
juntamente com o projeto arquitetônico, sendo que a modulação consiste em encaixar os
blocos uns nos outros respeitando todas as amarrações (PASTRO, 2007). A coordenação
modular é o ato de organizar todas as peças que fazem parte do edifício, dentro de uma base
com medidas pré-definidas (TAUIL e NESE, 2010). A Figura 8 ilustra alguns exemplos de
modulação de blocos.
Para Roman (1999, apud KATO, 2002), a modulação é a base que deve ser seguida
para o projeto arquitetônico, ou seja, uma malha modular com dimensões que variam de
acordo com o tipo de bloco a ser utilizado.

Figura 8 - Exemplo de modulação (horizontal e vertical)

Fonte: Tauil e Nese (2010).


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De acordo com a ABNT NBR 15270-1 (2017), família de blocos é o conjunto de


componentes de alvenaria que integram modularmente entre si e com outros elementos
construtivos. Os blocos que compõem a família, que depende suas dimensões, são designados
como bloco inteiro, meio bloco, blocos de amarração L e T (blocos para encontros de
paredes), blocos compensadores (blocos para ajustes de modulação) e blocos tipo canaleta.
É importante lembrar que a alvenaria estrutural pode ser executada com blocos de
concreto ou cerâmicos, a norma que está em vigor sobre os requisitos dos blocos cerâmicos,
valendo da mesma forma para alvenaria estrutural ou não, é a ABNT NBR 15270-1 –
Componentes cerâmicos: blocos e tijolos para alvenaria — Requisitos (2017).
Independentemente do tipo de bloco a ser utilizado, os mesmos devem atender aos requisitos
exigidos nas normas.
Sobre as características dos blocos a serem usados, Kalil ([2015?]) afirma que
qualquer que seja o material utilizado as propriedades desejáveis são:
a) Ter resistência à compressão adequada;
b) Ter capacidade de aderir à argamassa tornando homogênea a parede;
c) Resistir a agentes agressivos (umidade, variação de temperatura, ataque de agentes
químicos);
d) Possuir dimensões uniformes;
e) Resistir ao fogo.

Após a realização exata da modulação, com todos os blocos e paredes desenhados, a


próxima etapa consiste em inserir os pontos de graute no projeto (PASTRO, 2007).

2.4.2.2 Argamassa de assentamento e graute


Kalil ([2015?]) define a argamassa de assentamento da alvenaria como elemento de
ligação entre as unidades de alvenaria, normalmente constituída de cimento, areia e cal. Os
objetivos da argamassa são os seguintes:
a) Solidarizar as unidades transferindo as tensões de maneira uniforme;
b) Absorver pequenas deformações que a alvenaria está sujeita;
c) Compensar as irregularidades dimensionais das unidades de alvenaria;
d) Selar as juntas contra a entrada de água e vento nas edificações
Sobre a argamassa de assentamento a ABNT (2010) aponta alguns cuidados:
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A argamassa deve ser acondicionada em uma argamasseira metálica ou plástica que


garanta a estanqueidade; O volume da argamasseira deve ser tal que toda a
argamassa seja consumida no prazo máximo de 2,5 h; Durante o período de uso, a
argamassa pode ter a consistência ajustada mediante a adição de agua no máximo
duas vezes; Em climas quentes ou com ventos acentuados, e recomendável que a
perda de agua seja amenizada cobrindo-se o recipiente da argamassa (ABNT NBR
15812-2, 2010, p. 07).

A espessura das juntas deve ser em torno de 10 mm, com variação de 3 mm, exceto na
primeira fiada, a qual não deve ultrapassar 20 mm de espessura da argamassa, como pode ser
visto na Figura 9 (ABNT NBR 15812-2, 2010).

Figura 9 - Espessura das juntas de assentamento

Fonte: ABNT NBR 15812-2 (2010).

A Figura 10 mostra traços da mistura para argamassa de assentamento de alvenaria:


Figura 10 - Traços para argamassas de assentamento

Fonte: Tauil e Nese (2010).


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Segundo Ramalho e Corrêa (2003 apud KLEIN, 2015), o graute é um concreto mais
fluído, com agregados de pequenas dimensões, que faz o preenchimento de vazios dos blocos
quando se tem a necessidade de aumentar a capacidade portante da alvenaria à compressão,
em conjunto com as armaduras, combatendo os esforços de tração. Considerando que os
grautes não são elementos que substituem pilares, mas sim componentes do sistema que serve
para dar solidarização à estrutura (PASTRO, 2007).
Em relação ao graute, é preciso ter o cuidado de produzir a quantidade que será
utilizada em até uma hora e meia, a partir da adição de água, além de cuidados no transporte
sem que haja segregação do material (ABNT NBR 15812-2, 2010). A Figura 11 mostra traços
para o graute.

Figura 11 - Traços de graute

Fonte: Tauil e Nese (2010).

É recomendado o grauteamento em duas etapas, pois a altura máxima de lançamento


do graute deve ser de no máximo 1,6 metros. O adensamento deve ser realizado
concomitantemente com o lançamento, nunca utilizando a armadura como ferramenta, mas
uma haste de 10 a 15 mm com comprimento suficiente para alcançar o fundo do furo (ABNT
NBR 15812-2, 2010).

2.4.2.3 Execução da alvenaria estrutural


Segundo Manzione (2004) a execução da alvenaria estrutural é dividida em duas
etapas, sendo elas marcação e elevação. Segundo o autor, a etapa de marcação ocorre da
seguinte maneira:
a) Com o nível deve-se localizar o ponto mais alto, e assentar um bloco que servirá
como referência de nível (bloco RN);

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b) Com a planta da primeira fiada devem ser marcados os eixos de locação usando
um fio traçante;
c) Assentamento dos blocos estratégicos através do nível do bloco RN e dos eixos de
locação, após o assentamento verificação do esTabela;
d) Assentamento dos blocos da primeira fiada, através da linha fixada nos blocos de
referência;
e) Molhar a superfície que ficará em contato com a argamassa;
f) Espalhamento da argamassa da primeira fiada, com uma colher de pedreiro;
g) Assentamento e nivelamento dos blocos da primeira fiada, como pode ser visto na
Figura 12;
h) Assentamento dos escantilhões, distribuindo os escantilhões nos cantos dos
cômodos, assentá-los e aprumá-los.

Figura 12 - Assentamento das primeiras peças conferindo prumo e nível

Fonte: Tauil e Nese (2010).

Na etapa de elevação da alvenaria é fundamental garantir as seguintes características:


prumo, nível, alinhamento e planicidade. A elevação é iniciada pelas paredes externas, com
uma configuração do tipo “castelo”. A operação de grauteamento ocorre em duas etapas,
primeiro na altura da sétima fiada, e depois na última fiada (MANZIONE, 2004). Esse
procedimento de grauteamento em duas etapas é visível na Figura 13.

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Figura 13 - Detalhes da elevação da alvenaria estrutural

Fonte: Tauil e Nese (2010).

Segundo Sabbatini (2003, apud MANZIONE, 2004) devem ser seguidas algumas
recomendações para a execução bem sucedida da alvenaria estrutural:
a) Assentamento sobre base nivelada, não sendo recomendada a elevação sobre
baldrames sem concretagem prévia do piso;
b) Contravergas armadas, ultrapassando 30 cm a lateral do vão;
c) Respaldo deverá ser feito em blocos tipo canaleta, grauteadas antes da montagem
da laje;
d) As vergas das portas e janelas avançam 10 cm para a lateral do vão; A união entre
paredes deve ser feita por amarração;
e) Não realizar o assentamento debaixo de chuva;
f) Não cortar blocos;
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Para a execução da alvenaria estrutural, duas normas regem o processo de execução,


dependendo do tipo de bloco que será utilizado. Para alvenaria com bloco de concreto é
necessário seguir a ABNT NBR 15961-2 – Alvenaria estrutural – Blocos de concreto:
Execução e controle de obras (2011).
No caso de alvenaria com bloco cerâmico é necessário seguir a ABNT NBR 15812-2 –
Alvenaria estrutural – Blocos cerâmicos: Execução e controle de obras (2010). Ambas as
normas ressaltam a importância do controle sobre a qualidade dos blocos, armazenagem
adequada dos materiais que compõe a alvenaria, cuidados durante a produção do graute e da
argamassa de assentamento, quando estes forem realizados em obra, além de outros
parâmetros que devem ser observados durante a execução da alvenaria estrutural.

2.4.3 Vantagens e desvantagens

A vedação e a sustentação de um prédio são dois papéis distintos, porém, na alvenaria


estrutural, apenas um elemento que faz o papel de dois, o que representa muito bem o
conceito de racionalização. Em uma construção no sistema convencional são usados dois
elementos, vigas e pilares para estrutura e alvenaria para vedação. Não tendo que usar vigas e
pilares, consegue-se reduzir ou até eliminar alguns itens da obra, como por exemplo, madeira
para caixaria, o aço, pois são usados apenas em alguns pontos da alvenaria estrutural, o
consumo de concreto cai consideravelmente, além da redução do tempo (PASTRO, 2007).
Segundo Ramalho e Corrêa (2003 apud KLEIN, 2015), as principais vantagens da
alvenaria estrutural em relação ao uso de estruturas de concreto armado são:
a) Economia de fôrmas;
b) Redução nos revestimentos, já que existe um controle de qualidade na fabricação
dos blocos e na execução das alvenarias, diminuindo assim a espessura de
revestimentos;
c) Redução na perda de material e mão de obra. O fato das paredes não poderem
sofrer alterações nem cortes, causa uma eliminação de desperdícios;
d) Redução do número de profissionais como carpinteiros e armadores;

Além disso, a alvenaria estrutural apresenta uma produtividade superior quando


comparada ao método que se utiliza do concreto armado e alvenaria de vedação. Isso se dá
devido a fatores como o retrabalho e a falta de planejamento que acaba ocorrendo no método
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convencional, diminuem muito a produtividade, o que não ocorre no processo racionalizado


da alvenaria estrutural (SILVA; NAVARRO; LOPES, 2018).
Roman (1999, apud KATO, 2002) afirma que a alvenaria estrutural é mais econômica
que edificações em aço e concreto, não apenas por ser executada em uma única etapa, mas por
também gerar menor custo com insumos e pela rapidez de execução.
Referente às instalações elétricas, é possível atingir uma economia de até 10% deste
custo em obras que usam o sistema construtivo em alvenaria estrutural. A maioria das
construções convencionais gera bastante entulho devido à quebra, pois geralmente as paredes
são erguidas e depois rasgadas para receberem a tubulação. O fato de não haver necessidade
do rasgamento de paredes para a passagem das tubulações colabora para uma menor geração
de entulhos e maior rendimento (SILVA; NAVARRO; LOPES, 2018).
Como aspectos negativos, Ramalho e Corrêa (2003 apud KLEIN, 2015), menciona a
dificuldade de adaptar a obra devido a impossibilidade de remoção de paredes, a redução dos
vãos livres e a falta de mão de obra especializada para evitar falhas de execução.

2.5 LIGHT STEEL FRAME

O sistema construtivo Light Steel Frame também conhecido como construção LSF ou
estrutura em aço leve, utiliza como principal material construtivo o aço galvanizado, gerando
elementos de baixo peso. É um sistema aberto, o que significa que é possível combiná-lo com
outros materiais, tendo grande flexibilidade de execução (PEDROSO et al., 2014). A seguir
serão apresentados conceitos e características sobre este sistema construtivo industrializado.

2.5.1 Conceituação

Ainda que pareça um sistema construtivo novo, as estruturas de aço são centenárias e
muito difundidas em diversos países, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. A
construção metálica teve início na Era do Ferro Fundido, que durou até 1850, passando pela
Era do Ferro Forjado, por volta de 1890, até chegar à Era do Aço, sempre evoluindo em
características como resistência mecânica, ductibilidade, soldabilidade e resistência à
corrosão. Um exemplo de construção em aço é a ponte Ironbridge vista na Figura 14, sobre o
rio Severn, na Inglaterra, construída em 1779, que ainda está em uso como passarela,
mostrando a durabilidade de sua estrutura metálica (ABDI, 2015).
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Figura 14 - Ponte Ironbridge

Fonte: ABDI (2015).

O termo Light Steel Frame tem origem do inglês, podendo ser traduzido como “light
steel = aço leve” e “frame = esqueleto, estrutura”, assim significando a formação de estruturas
em aço leve (BARROS, 2017).
Em relação ao uso das estruturas em light steel frame, a ABDI (2015, p. 131) afirma
que o LSF é indicado: “para uso em residências unifamiliares térreas ou sobrados, edifícios de
até 8 pavimentos, hotéis, edifícios da área de saúde, clínicas, hospitais, comércio em geral,
creches, edifícios para educação e ensino, fachadas de edifícios em geral”.
Segundo Rodrigues (2006, apud CASSAR, 2018) o light steel frame é um sistema
construtivo que é executado através de perfis de aço dobrados a frio em sua estrutura,
resultando em uma construção industrializada e a seco, tendo como principais características a
racionalização e modulação. Sua estrutura é composta por um grande número de elementos
estruturais, que são projetados a fim de resistir a uma parcela da carga total aplicada na
estrutura, possibilitando a utilização de peças esbeltas e painéis mais leves.
Em relação ao aço utilizado para as estruturas de light steel frame, Barros (2017), cita:
No LSF, o aço é utilizado como sistema estrutural por meio de perfis formados a frio
e parafusados entre si. O processo de fabricação é mecânico, em que o metal é
moldado à temperatura ambiente a partir de bobinas de aço Zincado de Alta
Resistência (BARROS, 2017, p. 19).

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2.5.2 Normas e procedimentos

A norma brasileira que determina os requisitos mínimos e parâmetros para os perfis de


aço para estruturas light steel frame é a ABNT NBR 15253 – Perfis de aço formados a frio,
com revestimento metálico, para painéis estruturais reticulados em edificações (2014).
Estabelece a destinação dos perfis como sendo para execução de paredes com função
estrutural, estruturas de entrepisos, estruturas de telhados e de fachadas (vedações externas)
das edificações. Os perfis mais utilizados para execução da estrutura são “U simples”, “U
enrijecido”, “Cartola” e a “Cantoneira”, como pode ser observado na Figura 15.
Figura 15 - Perfis de aço formados a frio para uso em LSF

Fonte: ABNT NBR 15253 (2014).

Como requisitos de propriedades mecânicas, a mesma norma estabelece que a os


perfis estruturais formados a frio devem utilizar aço de qualidade estrutural com resistência ao
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escoamento mínima de 230 MPa. Referente às espessuras do aço, a mesma norma define
espessura mínima de 0,8 mm e máxima de 3,0 mm, incluindo o revestimento metálico.
Há várias opções de vedação para esses tipos de edificações. No mercado nacional os
produtos mais usados para a vedação externa das construções em LSF são fornecidos em
placas ou chapas, com várias espessuras, sendo os mais utilizados a placa cimentícia, o OSB
(Oriented Strand Board) com proteção adequada quanto às intempéries, pois devido as suas
características necessita de um acabamento impermeável em áreas externas (ABDI, 2015).
As placas OSB são um tipo de painel de madeira fabricado com três a cinco camadas
de tiras de madeira reflorestada, cruzadas perpendicularmente, prensadas e unidas com
resinas, as placas cimentícias são feitas a partir de argamassas especiais, aditivos e contendo
grande teor de cimento. As paredes externas têm normalmente espessura final de 165 mm,
enquanto as paredes internas tem espessura final de 120 mm (TECHNE 2009, apud
FERREIRA, 2014).
Também pode ser utilizado como vedação para o sistema em LSF, as placas de gesso
acartonado, formada por uma placa de gesso e papel cartão em ambas as faces. As dimensões
das placas fabricadas no país são semelhantes às das chapas OSB e placas cimentícias (1,20 m
de largura e 2,40 e 3,00 m de comprimento), variando suas espessuras em 12,5 mm, 15,0 mm
ou 18,0 mm (BARROS, 2017).
A execução de uma construção industrializada em aço tem como característica o fato
de deslocar boa parte das atividades para fora do canteiro de obra, pois as peças são
produzidas em fábricas e montadas posteriormente na obra. Esse processo reduz o tempo de
obra e aumenta o controle da qualidade (ABDI, 2015).
Segundo Lima (2008), os parafusos utilizados na fixação do sistema, devem ser de aço
galvanizado e autobrocantes, a característica dos parafusos com relação a cabeça irá depender
dos componentes que serão ligados. É importante lembrar que o tipo de parafuso, em relação
a bitola, ponta, cabeça, devem estar especificados no projeto. O mesmo autor ainda afirma:
Nas ligações entre perfis de aço, os parafusos mais comuns são os com cabeça do
tipo lentilha, com cabeça sextavada e com cabeça de panela, enquanto que as
ligações entre perfis de aço e painéis os parafusos são com cabeça do tipo trombeta
por possibilitar melhor acabamento (LIMA, 2008, p. 88).

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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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Figura 16 - Tipos de parafusos mais utilizados no LSF

Fonte: Crasto (2005, apud LIMA, 2008).

Afim de evitar o movimento da edificação pela ação do vento, a estrutura deve ser
ancorada na fundação, que geralmente é direta e executada do modo tradicional. O método de
montagem mais utilizado é através de painéis pré-fabricados fora do canteiro de obra, que são
transportados até o local para montagem convencional através de parafusos, o que aumenta a
produtividade e otimização do canteiro de obras (ABDI, 2015). A Figura 17 mostra os
elementos de um painel de aço para light steel frame.

Figura 17 - Estrutura típica de um painel (sem abertura e com abertura)

Fonte: Crasto (2005, apud BARROS, 2017).

Sobre o método de painéis, Santiago (2010) explica:


Os painéis estruturais são compostos por vários perfis parafusados e espaçados
regularmente entre si, de acordo com a modulação definida no cálculo estrutural,
variando entre 400 mm e 600 mm. Essa modulação visa à otimização dos custos,
pois praticamente todos os materiais complementares e subsistemas são enquadrados
em múltiplos desse espaçamento, permitindo o controle de utilização e a
minimização de desperdício desses materiais (SANTIAGO, 2010, p. 3).

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Cristiane Taís Leske (cris.leske@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa/RS

DCEENG/UNIJUÍ, 2020
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Barros (2017), explica os elementos básicos que formam a estrutura em aço para
compor os painéis em LSF:
a) Guias: são elementos horizontais de um painel, tem seção transversal do tipo U
simples e são usadas em painéis, pisos e coberturas.
b) Montantes: são elementos verticais que compõem os painéis e estruturas de
cobertura, como treliças, sendo formados por perfis do tipo U enrijecido com
espaçamento máximo, para as paredes, de 400 mm ou 600 mm.
c) Vigas: recebem carregamentos como peso próprio, ocupação de pessoas, móveis e
equipamentos e os transmitem os painéis.
d) Vergas: reforços estruturais destinados aos vãos do painel, destinados à instalação
de portas e janelas.
e) Contraventamentos: são elementos que tornam a estrutura mais robusta, a fim de
resistir aos esforços horizontais, como a ação do vento.
f) Bloqueadores, fitas e diagonais metálicas: funcionam como enrijecedores dos
painéis, posicionados entre os montantes.

2.5.3 Vantagens e desvantagens

Pelo fato do aço ter alta resistência mecânica, o uso de estruturas de aço possibilita
melhores condições para se vencer grandes vãos, eliminando pilares ou paredes
intermediárias, permitindo a concepção de projetos arquitetônicos mais ousados. Além disso,
devido às menores dimensões dos elementos consegue-se um aumento da área útil construída,
com melhor aproveitamento do espaço interno (ABDI, 2015).
A leveza da estrutura é uma grande vantagem quando comparada aos métodos de
construção convencionais, pois o peso é reduzido pelo fato de que o aço que é distribuído
uniformemente através das paredes, ocorrendo um alívio nas fundações que garante a
segurança da obra. A leveza da estrutura também propicia uma maior facilidade de transporte
e manuseio, não necessitando de grandes equipamentos. O aço utilizado no LSF também não
permite a propagação do fogo, é resistente a corrosão devido ao revestimento de zinco que
possui (PEDROSO et al., 2014).
A produtividade alcançada quando se opta por uma construção em LSF é
surpreendente, pois através da rápida execução e menor emprego de mão de obra, há uma
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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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redução de até 50% do tempo gasto no canteiro de obra. Isso quer dizer que com a mesma
força de trabalho é possível concluir o dobro de unidades habitacionais em LSF no mesmo
prazo, quando comparado aos métodos convencionais (SANTIAGO, 2010).
Crasto (2005, apud BARROS, 2017) cita mais algumas vantagens:
a) Maior durabilidade da estrutura devido ao processo de galvanização das peças pré-
fabricadas;
b) Alta resistência e controle de qualidade, aliando a maior precisão dimensional ao
elevado desempenho da estrutura;
c) Facilidade na execução de ligações devido ao processo de furação dos perfis ainda
sob controle industrial;
d) Alta velocidade de construção, tendo assim a diminuição do prazo de execução da
obra e, consequentemente, a redução do custo de mão de obra;
e) Elevado desempenho termoacústico em comparação com métodos de fechamento
tradicionais, atingido pela combinação de materiais leves;
f) Facilidade na produção dos perfis formados a frio (PFF), amplamente produzidos
pelo setor industrial.
Cassar (2018) afirma que o light steel frame é um sistema construtivo que requer
pouca manutenção ao longo de sua vida útil. Pelo fato dos materiais utilizados serem
industrializados e passarem por um rígido processo de controle de qualidade, possui altíssima
durabilidade, quando mantida a integridade dos revestimentos.
Como todo método construtivo possui pontos positivos e negativos, o light steel frame
também apresenta algumas desvantagens. Uma delas é que pelo fato de ser uma maneira
inovadora de construção no Brasil, ainda não existe qualificação para que a obra ocorra de
forma regular (PEDROSO et al., 2014).
A falta de conhecimento técnico para execução do LSF gera uma escassez de mão de
obra especializada, desde o projetista estrutural aos responsáveis pela execução, também
contribui para aumento do custo e da difusão desse tipo de solução, gerando uma barreira
cultural. A falta de fornecedores de materiais na cidade em que se pretende executar uma obra
em LSF, torna oneroso o transporte de outra cidade ou estado (BARROS, 2017).

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2.6 ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Mattos (2006) caracteriza, de modo geral, o orçamento como o resultado da soma dos
custos diretos, os quais incluem materiais, mão de obra e equipamentos, e também os
indiretos, que podem ser taxas extras ou despesas gerais no canteiro de obras. O orçamento é
um exercício de previsão, o qual envolve identificação, descrição, quantificação e valorização
de uma série de itens, gerando uma previsão de custos para um empreendimento.
Segundo o Manual de Metodologias e Conceitos (CAIXA, 2020), orçamento pode ser
definido como: “a identificação, descrição, quantificação, análise e valoração de mão de obra,
equipamentos, materiais, custos financeiros, custos administrativos, impostos, riscos e
margem de lucro desejada para adequada previsão do preço final de um empreendimento.”
(CAIXA, 2020, p. 16).

2.6.1 Método de orçamento – SINAPI

O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI)


consiste em um sistema que informa os preços e índices da construção civil, servindo como
limitador de preços, de acordo com resultados obtidos com coleta de dados realizadas pelo
IBGE, referentes aos custos de materiais e salários pagos na construção civil (IBGE, 2015
apud HERRMAN, 2015).
O Manual de Metodologias e Conceitos (2019), explica que os insumos são os
elementos básicos da construção civil, que têm seu preço divulgado mensalmente na página
da CAIXA (www.caixa.gov.br/sinapi). Os insumos são constituídos de:
g) Materiais: cimento, blocos, telhas, tábuas, aço;
h) Equipamentos: betoneiras, caminhões, equipamentos de terraplenagem;
i) Mão de obra: pedreiro, pintor, engenheiro.

Os insumos de mão de obra têm incidência de encargos sociais, de forma percentual,


com cálculo específico para cada estado. Mensalmente, a CAIXA divulga dois tipos de
relatórios de preços, sendo eles: desonerados, que são os valores obtidos com exclusão da
incidência de 20% dos custos com INSS no cálculo dos encargos, e não desonerados que
consideram a parcela de 20% de INSS nos encargos sociais.

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convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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Ainda segundo o Manual de Metodologias e Conceitos (2019), as composições


formadas pelo SINAPI têm objetivo de:
Facilitar a utilização das referências do SINAPI, a CAIXA cria combinações entre
os serviços principais e seus auxiliares e estabelece kits de composições de serviços
usualmente realizados em conjunto, levando em conta as situações mais recorrentes
no processo de produção. Como exemplos de combinações, podem ser citados os
serviços que utilizam argamassa como composição auxiliar (contrapiso, alvenaria de
vedação, chapisco, massa única, dentre outros). (CAIXA, 2019, p. 16).

Portanto, percebe-se que o SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices


da Construção Civil) busca disponibilizar os preços de composições e insumos utilizados na
construção civil para toda a população de forma acessível. É uma ferramenta pública que
possui abrangência nacional, e apresenta os custos para cada estado brasileiro, com pesquisa
de preço realizada em suas respectivas capitais (HERRMAN, 2015).

3 METODOLOGIA

O presente trabalho tem como base a revisão de literatura, sendo uma pesquisa em
bibliografias na área da construção civil, utilizando como fonte de pesquisa livros, trabalhos
acadêmicos já realizados, bem como normativas técnicas impostas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT). Os assuntos abordados vão desde conceitos sobre sistemas
construtivos, até materiais e métodos de execução das diferentes técnicas propostas no estudo,
sendo elas a alvenaria de vedação convencional, alvenaria estrutural, e light steel frame.
Além de uma revisão de literatura, também será feita uma comparação entre os
sistemas construtivos estudados. Para obter o custo-benefício dos sistemas, será orçada a
execução de uma mesma edificação a partir dos três métodos distintos, e ao final serão
discutidos os valores obtidos para cada método, por metro quadrado de parede.
Também será feita uma estimativa do tempo levado para construção da residência
através dos três sistemas, comparando-a com o tempo real de execução da obra em concreto
armado e alvenaria de vedação, e também com os sistemas propostos em alvenaria estrutural e
light steel frame. A Figura 18 ilustra o processo desenvolvido durante o estudo através de um
fluxograma.

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Figura 18 - Fluxograma do estudo

Fonte: Autoria própria (2020).

3.1 Técnicas de pesquisa

A pesquisa ocorre através de revisão bibliográfica, coletando informações e conceitos


sobre os sistemas construtivos que serão abordados, e como há a análise de uma obra já
executada, sendo levantados dados como tempo de execução da mesma, pode ser considerada
também um estudo de caso.
Além disso, a pesquisa pode ser classificada tanto qualitativa, pois busca esclarecer os
prós e contras de cada sistema, como ainda quantitativa, por ter como resultado orçamentos
numéricos obtidos em base de nacional de valores de referência para construção civil.
A sequência das atividades desenvolvidas durante a pesquisa será:
1) Revisão de literatura sobre o assunto;
2) Análise da edificação concluída, apresentação dos valores gastos na construção e
do tempo necessário para execução;

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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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3) Adaptação do projeto original para outros dois sistemas construtivos;


4) Orçamento da edificação considerando os três métodos;
5) Definição do tempo aproximado de execução para os três métodos;
6) Análise comparativa entre os orçamentos e tempos de execução.

O orçamento para a obra acompanhada e também para as propostas em alvenaria


estrutural e light steel frame, será desenvolvido com base nos valores de referência do Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), que é uma fonte de
dados para construção civil, de responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e da Caixa Econômica Federal (CAIXA).
A partir dos valores desonerados dos insumos e composições obtidos pelos relatórios
de preços do SINAPI, será desenvolvido o orçamento para execução da obra já descrita, e
para as propostas sugeridas em alvenaria estrutural e light steel frame, a fim de verificar qual
será o custo final para cada opção por metro quadrado de parede executado.
Os dados necessários para realizar o orçamento da edificação, como área de paredes,
aberturas, pé direito, entre outras informações, foram obtidos através da análise da planta
baixa e corte, os quais se encontram nos anexos A e B.

3.2 Descrição da obra – objeto de estudo

Para realizar esse comparativo, foi utilizado um projeto de uma residência já


executada, a partir do método de construção convencional, com estrutura em concreto armado
e fechamento em alvenaria de vedação com tijolos cerâmicos.
A obra executada que foi utilizada para o estudo, é uma residência unifamiliar, de
pequeno porte, medindo 73,32 m², localizada na cidade de Horizontina/RS, teve início e
conclusão no ano de 2019.
A etapa de elevação da alvenaria com tijolos cerâmicos 9 furos e concretagem dos
pilares de maneira manual, com concreto feito in loco, foram realizados concomitantemente,
sendo que a alvenaria foi levantada até metade da sua altura, e então foram montadas as
formas dos pilares, até a altura da alvenaria executada, e assim também para o restante da
altura da parede. Essa metodologia de construção pode ser observada na Figura 19.

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Figura 19 - Edificação pela forma tradicional

Fonte: Autoria própria (2020).

3.3 Obtenção dos quantitativos e valores para realização do orçamento

Para realizar o orçamento para execução dos serviços, foi preciso calcular a
quantidade, em m², de material necessário para o fechamento da edificação. A área de paredes
foi calculada de acordo com o pé-direito e comprimento das mesmas, descontando-se os vãos
das aberturas que totalizam mais de 2 m² cada. A partir da quantidade foi possível realizar o
orçamento para cada sistema construtivo, uma vez que todas as composições utilizadas tratam
do serviço com seu custo unitário por m².
Os valores unitários de cada serviço, para os três métodos construtivos, foram obtidos
a partir de composições da Tabela SINAPI referente ao mês de agosto de 2020, para
orçamento desonerado, ou seja, sem incidência de encargos sociais. Todas as composições
utilizadas para realizar os orçamentos estão em anexo. A Figura 20 mostra, como exemplo, a
composição 87899 que foi utilizada, e se trata do serviço de chapisco da alvenaria, onde é
possível visualizar todos os serviços e insumos que fazem parte da mesma.
Figura 20 - Composição 87899 (chapisco)

Fonte: CAIXA (2020).


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convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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Em casos onde houve dificuldade de ter composições compatíveis com o tipo de obra,
foram alterados alguns itens das composições, a fim de manter o orçamento o mais próximo
da execução real da obra, sendo indicado quando for o caso. Também foram extraídos da
Tabela SINAPI dados que dizem respeito ao percentual do custo de material e mão de obra
que compõe cada serviço.
Buscando uma padronização no que diz respeito ao revestimento das paredes, em
ambos os sistemas construtivos foi considerado o revestimento sem pintura. No caso da
alvenaria de vedação e da alvenaria estrutural, utilizou-se exatamente o mesmo revestimento
composto de chapisco e massa única. Para as paredes em light steel frame, foi considerado
apenas um revestimento com massa acrílica.

3.4 Alvenaria de vedação – Elaboração do orçamento e tempo de execução

Após a análise das plantas da edificação, foram extraídos os dados necessários para
realização de cálculos de área de paredes e volumes de concreto, entre outros elementos que
constituem a execução do serviço. Com os quantitativos levantados, foi possível realizar o
orçamento para o método de construção convencional, realizado com as seguintes
características construtivas:
a) Estrutura em concreto armado, com fck de 20 MPa, com armadura longitudinal
composta por 4 barras de aço CA-50, de diâmetro 10,0 mm, e armadura transversal
(estribos) feita com aço CA-60 de 5,0 mm de diâmetro com espaçamento de 15
cm, tanto para vigas como para pilares. Vergas e contravergas com 2 barras de aço
CA-50 de 10,0 mm;
b) Tijolos cerâmicos furados na horizontal, com dimensões de 11,5x19x19cm;
c) Concreto feito in loco com preparo na betoneira.
d) Total de 11 pilares em concreto armado, com seção transversal de 15x20 cm, e
aproximadamente 50 metros lineares de vigas, com seção transversal de 15x30 cm.

Foi necessária a alteração de duas composições fornecidas pela Tabela SINAPI, que
dizem respeito a concretagem das estruturas em concreto armado, existentes nesse sistema
construtivo, os serviços chamados pelos códigos da Tabela SINAPI: 92718 e 92741, que são a
concretagem manual de pilares e vigas, respectivamente.

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A alteração se deu pelo motivo de que a composição original 92718 para concretagem
dos pilares, está considerando concreto usinado de 25 MPa com código 34493, e na verdade a
necessidade é uma composição para concretagem manual com concreto feito in loco. Assim,
verificou-se na tabela o valor do m³ do concreto feito in loco, que se trata do código 94964, e
substituído esse valor na composição. A mesma coisa foi feita para a composição 92741, que
orinalmente apresenta o concreto usinado de 20 MPa com código 34492, para concretagem
das vigas, sendo substituído pelo concreto feito in loco com o código 94964.
Através da Tabela SINAPI, com valores de referência para o mês de agosto de 2020
para o orçamento desonerado, foram levantados os dados para as composições que
representam os serviços, entre eles os valores unitários, o percentual da composição referente
a material e mão de obra, e assim calculados os valores necessários para execução de cada
método proposto.
Também foram utilizados os coeficientes fornecidos pelo SINAPI para cálculo do
rendimento da mão de obra para calcular o tempo estimado para execução dos serviços.
Estimou-se uma equipe de trabalho variando de três a quatro pessoas, para ilustrar a forma em
que a execução da edificação de fato ocorreu, geralmente com uma equipe de três a quatro
operários na obra.
Para realizar o cálculo do tempo estimado para a execução, foram montadas as equipes
de maneira a aproveitar melhor o tempo, observados os coeficientes de rendimento de cada
profissional para cada atividade, e dimensionando o número necessário de pedreiros e
serventes, respeitando o limite de 4 pessoas no total. E assim, calculado o tempo necessário
para cada atividade.
Por exemplo, o coeficiente de rendimento do pedreiro para o serviço de concretagem
dos pilares é de 1,85, isto é, um pedreiro leva 1,85 horas para executar 1 m³ da concretagem,
enquanto isso, o servente leva 5,54 horas para executar a mesma atividade. Portanto, fazendo
uma proporção, são necessários 3 serventes para acompanhar o rendimento do pedreiro para
essa atividade. A partir de uma regra de três simples, é possível calcular com esse coeficiente
o tempo para a quantidade real necessária em cada atividade, no caso da concretagem dos
pilares, 1,10 m³. Para esse serviço, com uma equipe formada de quatro pessoas, sendo um
pedreiro e três serventes, esse tempo total calculado é dividido por 3 no caso dos serventes, e
por um no caso do pedreiro, pois o divisor é em função do número de trabalhadores.
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convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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Como critério de escolha para qual dos tempos (pedreiro ou servente) ser considerado
para a realização da atividade, foi adotado o maior tempo entre ambos. Esse processo de
cálculo foi feito para todas as atividades, nas três propostas de execução para a edificação
durante o estudo.

3.5 Alvenaria estrutural – Elaboração do orçamento e tempo de execução

Para realizar o orçamento para a edificação a partir do sistema construtivo em


alvenaria estrutural em blocos de cerâmicos, foram feitas algumas adaptações ao projeto
original. Como a alvenaria estrutural pode ou não ser armada, optou-se em realizar o
orçamento com a alvenaria estrutural armada, sendo adotado 11 pontos onde há armadura
longitudinal junto com o graute, que é o número de pilares existentes no projeto original.
A área de alvenaria foi considerada a mesma para todos os métodos. Foi estimado o
volume de graute a partir do número de pontos de pilares e de acordo com o pé direito e
dimensões vazadas dos blocos. Para as vergas e contravergas, bem como a cinta intermediária
e superior, o volume de graute foi estimado de cordo com o comprimento linear das mesmas e
com a dimensão do bloco canaleta. As características construtivas consideradas para
realização do orçamento são:
a) Blocos estrutural cerâmico com dimensões de 14x19x39cm;
b) Graute com fck de 20 MPa;
c) Cinta armada intermediária na altura da sétima fiada de blocos, e também uma
cinta superior para amarração. Foi adotado o uso de 2 barras de aço CA-50 de 10,0
mm de diâmetro para todos os pontos com armação, exceto nas vergas e
contravergas onde adotou-se 2 barras de 8,0 mm de diâmetro.

3.6 Light steel frame – Elaboração do orçamento e tempo de execução

A partir de buscas na Tabela SINAPI, por composições que melhor representassem o


sistema construtivo escolhido para realizar o comparativo, foi adotada a composição de
código 96361, que é a execução de paredes com estrutura metálica e fechamento com chapas
de gesso acartonado de 12,5 mm de espessura.
Porém foi feita uma adaptação para melhor representar a situação, devido ao fato das
chapas de gesso não serem resistentes à umidade, então em áreas molhadas foi adotado o uso
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de placa cimentícia, que é mais resistente nessa condição. Foi considerada a placa cimentícia
no fechamento externo, e também nas áreas molhadas, como no banheiro e na parede da
cozinha onde se encontra a pia, sendo considerado o uso para essas áreas a placa cimentícia
com 10 mm de espessura, que apresenta melhor desempenho quando submetida à umidade.
Para isso, verificou-se na Tabela SINAPI, os insumos que fazem parte da composição,
substituindo o item 39413 que é a placa de gesso acartonado, pelo item com código 11062
que é a placa cimentícia, adequando o valor total da composição.
Nesta hipótese construtiva, foi considerado ainda um isolamento termoacústico em lã
de rocha, a fim de aumentar o conforto no interior da edificação devido ao fato da parede
executada em light steel frame ser mais fina do que nos outros sistemas construtivos
apresentados. Como revestimento, foi adotada uma camada de massa acrílica em todas as
paredes da edificação, por dentro e por fora.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para a apresentação dos resultados, serão expostas as planilhas de cálculo utilizadas


para desenvolver os orçamentos. Cada orçamento demonstra todos os serviços de cada uma
das composições utilizadas, para os três sistemas construtivos propostos nesse estudo.

4.1 Alvenaria de vedação – Orçamento e tempo de execução

Os resultados para o custo total de execução da proposta que trata da execução da


etapa de vedação da edificação, pelo método convencional, e ainda individualizando custos
para material e mão de obra, estão descritos nas Tabelas 1 e 2. As mesmas listam os serviços
considerados para realização do orçamento, os quais são: execução de alvenaria de vedação
com tijolos cerâmicos, bem como sua estrutura em concreto armado feito in loco incluindo
serviços de armação e confecção de fôrmas para a execução da estrutura, e ainda o
revestimento dessas paredes com chapisco e massa única. Considerando que o orçamento para
esse sistema construtivo foi realizado seguindo da maneira mais fiel à forma real de execução
da obra a qual serviu de objeto de estudo.
Tabela 1 - Orçamento para construção em alvenaria de vedação

Fonte: Autoria própria (2020).


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Tabela 2 - Custo separando material e mão de obra

Fonte: Autoria própria (2020).


O custo total para a execução da alvenaria de vedação pelo método convencional
resultou em R$ 22.591,84, deixando claro que a edificação usada para realizar o estudo tem
73,32 m² de área construída, gerando aproximadamente 135,5 m² de paredes.
O custo individualizado de material e mão de obra aparece na Tabela 2, o qual ficou
para material em um total de R$ 13.985,37 representando 62% do custo total, e para mão de
obra R$ 8.589,18 com 38% do custo total, esses valores estão no gráfico da Figura 21.

Figura 21 - Gráfico do custo de material e mão de obra

Fonte: Autoria própria (2020).


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O resultado para a estimativa de tempo para execução, apresentado na Tabela 3, é o


resultado da soma do tempo de todas as atividades, totalizando 178,5 horas, levando em
consideração um dia de trabalho de 8 horas, o tempo levado para executar a alvenaria de
vedação fica em aproximadamente 22,3 dias de trabalho.

Tabela 3 - Tempo estimado para execução da alvenaria de vedação

Fonte: Autoria própria (2020).

A critério de comparação, o tempo levado para ter essas etapas finalizadas durante a
construção da edificação acompanhada, foi de aproximadamente 21 dias entre o início da
alvenaria e a concretagem da viga superior. Dessa forma já pode ser comprovada a eficiência
do cálculo do tempo levado para execução dos serviços a partir dos coeficientes de mão de
obra fornecidos pela Tabela SINAPI.

4.2 Alvenaria estrutural – Orçamento e tempo de execução

Após as adaptações realizadas no projeto e nas condições de execução original do


projeto da edificação, foi desenvolvido o orçamento para essa hipótese de execução a partir da
alvenaria estrutural, o qual é representado pela Tabela 4, e na Tabela 5 encontram-se os
valores referentes ao custo individualizado de material e mão de obra.

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Tabela 4 - Orçamento para construção em alvenaria estrutural

Fonte: Autoria própria (2020).

Tabela 5 - Custo separando material e mão de obra

Fonte: Autoria própria (2020).


A Tabela 4, lista os serviços considerados para realização do orçamento, os quais são:
execução de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos, grauteamento vertical e horizontal,
armação vertical e horizontal, e ainda o revestimento dessas paredes com chapisco e massa
única. O custo total para a execução da alvenaria estrutural com blocos cerâmicos resultou em
R$ 17.990,79.

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O custo individualizado de material e mão de obra aparece na Tabela 5, o qual ficou


para material em um total de R$ 11.656,43 representando 65% do custo total, e para mão de
obra R$ 6.321,06 compondo 35% do custo total, dados que estão no gráfico da Figura 22.

Figura 22 - Gráfico do custo de material e mão de obra

Fonte: Autoria própria (2020).

A partir dos coeficientes de rendimentos da mão de obra fornecidos pela Tabela


SINAPI, foi calculado o tempo estimado para execução da alvenaria estrutural utilizando o
mesmo critério adotado para o cálculo do tempo estimado para execução da alvenaria de
vedação. A Tabela 6 mostra o cálculo para a estimativa de tempo para realizar os serviços.

Tabela 6 - Tempo estimado para execução da alvenaria estrutural

Fonte: Autoria própria (2020).

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A estimativa de tempo para execução da edificação com alvenaria estrutural resultou


em um total de 137,2 horas, levando em consideração um dia de trabalho de 8 horas, o tempo
levado para execução fica em aproximadamente 17,1 dias de trabalho.

4.3 Light steel frame – Orçamento e tempo de execução

Realizando o quantitativo de área de paredes executadas com perfis de aço com


fechamento em placas de gesso, e com placa cimentícia nas áreas molhadas, foi possível orçar
o custo para executar a edificação a partir do método construtivo industrializado,
considerando um tratamento termoacústico com lã de rocha, e também um revestimento das
paredes com massa acrílica. A Tabela 7 mostra o orçamento em questão, e na Tabela 8
constam os valores separando material e mão de obra.

Tabela 7 - Orçamento para construção em light steel frame

Fonte: Autoria própria (2020).

Tabela 8 - Custo separando material e mão de obra

Fonte: Autoria própria (2020).


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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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Dessa forma, o custo total para execução da edificação a partir do sistema construtivo
industrializado em light steel frame ficou em R$ 25.324,52. Já separando material da mão de
obra, como consta na Tabela 8, o custo para materiais é de R$ 19.029,15, representando 75%
do custo total, e para mão de obra foi estimado um total de R$ 6.308,41 que representa 25%
do custo global da atividade. Esses valores estão ilustrados no gráfico da Figura 23.

Figura 23 - Gráfico do custo de material e mão de obra

Fonte: Autoria própria (2020).

A partir dos coeficientes de rendimentos da mão de obra fornecidos pela Tabela


SINAPI, foi calculado o tempo estimado para execução da alvenaria estrutural utilizando o
mesmo critério adotado para as outras duas hipóteses de sistemas construtivos. A Tabela 9
mostra o cálculo para a estimativa de tempo para realizar os serviços.

Tabela 9 - Tempo estimado para execução em light steel frame

Fonte: Autoria própria (2020).

Considerando dois pedreiros e dois serventes, a estimativa de tempo para execução da


edificação com light steel frame, resultou em um total de 119,5 horas, levando em

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consideração um dia de trabalho de 8 horas, o tempo levado para execução resultou em


aproximadamente 15 dias de trabalho.
Analisando todos os dados obtidos para cada uma das três propostas para execução de
uma mesma edificação residencial, foi possível realizar uma comparação entre os sistemas
construtivos, no que diz respeito ao custo total de execução para a etapa de fechamento da
obra estudada, e tempo necessário para execução, como está ilustrado no gráfico na Figura 24.

Figura 24 - Comparativo entre o custo total e tempo de execução para os três sistemas construtivos

Fonte: Autoria própria (2020).

Analisando os dados referentes ao custo total da execução pelos três métodos


apresentados nesse estudo, contidos no gráfico acima, chegou-se ao seguinte resultado: o
método mais oneroso para a obra considerada para realização do orçamento, é o
industrializado em light steel frame com custo de R$ 25.324,52, seguido do convencional com
estrutura em concreto armado e alvenaria de vedação com um custo de R$ 23.587,86, e como
solução mais barata ficou a alvenaria estrutural, com custo de R$ 17.990,79.
A partir do custo total obtido para cada um dos sistemas construtivos, é possível ainda
calcular o valor necessário, por m² da residência, para executar o fechamento da mesma,
dividindo o valor total pela área de 73,32 m² da edificação. O resultado para o valor por m²
para a alvenaria convencional ficou em R$ 321,71, para a alvenaria estrutural R$ 245,37, e
para o light steel frame R$ 345,40. Esses valores estão apresentados no gráfico da Figura 25.
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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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Figura 25 - Gráfico do valor por m² para cada sistema construtivo

Fonte: Autoria própria (2020).

Outro fator que faz com que a alvenaria estrutural e o light steel frame se destaquem
em relação a alvenaria de vedação, é o tempo para execução dos serviços, pois o tempo
estimado para a alvenaria estrutural ficou em 17 dias, para o light steel frame 15 dias, e para a
o método convencional 22,3 dias de trabalho.
Ainda, o sistema construtivo que tem maior custo com materiais é o light steel frame,
em compensação também apresenta menor custo com mão de obra. Ainda referente à mão de
obra, a alvenaria de vedação acaba necessitando maiores gastos, a seguir a alvenaria estrutural
e o light steel frame, que apresentam pequena variação entre si para mão de obra dos serviços.
A Figura 26 apresenta um gráfico para esse comparativo.

Figura 26 - Comparativo de custo para material e mão de obra para os três sistemas construtivos

Fonte: Autoria própria (2020).


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5 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo principal, realizar um comparativo do custo


total para a etapa de fechamento de uma residência de pequeno porte, medindo 73,32 m², já
executada na cidade de Horizontina/RS. Foram propostos três sistemas construtivos para o
estudo, o convencional com concreto armado e alvenaria de vedação, o racionalizado em
alvenaria estrutural, e o industrializado em light steel frame. Além do custo para cada sistema
proposto, também foi feita uma estimativa do tempo levado para execução dos serviços.
Para tanto, foram utilizados os valores fornecidos pelo SINAPI, tendo como mês de
referência agosto de 2020. Visto que o SINAPI fornece os valores unitários de cada serviço, o
percentual de material e mão de obra, e os coeficientes de rendimento da mão de obra, foi
possível comparar, além do custo total, os custos de material e mão de obra separadamente
para cada sistema construtivo, e o tempo de execução de cada um.
Em relação aos custos de mão de obra, percebe-se que o sistema construtivo que
apresentou maior custo com mão de obra, foi o convencional com alvenaria de vedação, e que
a alvenaria estrutural e o light steel frame, têm custos com mão de obra muito próximos e são
mais eficientes nesse quesito.
Os custos totais de materiais mostraram que o sistema industrializado light steel frame
demanda maiores gastos com material. E também, que a alvenaria estrutural se destaca, pois
apresentou o menor custo com materiais, assim como com a mão de obra, tornando-se o
sistema mais econômico na relação de material versus mão de obra.
Verificou-se que o tempo estimado para a realização dos serviços, para cada sistema
construtivo, foi maior quando considerado o método de construção convencional, e que a
alvenaria estrutural e o light steel frame apresentaram valores semelhantes, e ambos são
sistemas mais rápidos quando comparados ao convencional.
Analisando todos os resultados obtidos durante esse estudo, percebeu-se que apesar da
obra em questão ser de pequeno porte, houve uma diferença significativa entre os três
orçamentos propostos. A alvenaria de vedação convencional, com sua estrutura em concreto
armado, teve custo total de R$ 23.587,86, obtendo menor rendimento dos serviços. Enquanto
isso, o light steel frame embora seja um método ágil, se mostrou o mais oneroso dentre os três
sistemas construtivos estudados, com custo total de R$ 25.324,52. E por fim, verificou-se que
a alvenaria estrutural foi o método mais econômico dentre os três analisados neste estudo,
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Análise comparativa do custo e tempo de execução entre os sistemas construtivos: alvenaria de vedação

convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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com um custo total de R$ 17.990,79, e que ainda possui uma rapidez de execução superior ao
método convencional.
No que diz respeito ao tempo de execução estimado para a etapa de fechamento da
obra em questão, a partir dos três sistemas construtivos propostos, percebeu-se que devido ao
fato de a obra analisada ser de pequeno porte, não houve grande diferença no tempo de
execução calculado. Porém caso se tratasse de um empreendimento maior, como uma obra
comercial de grande porte, o tempo necessário para execução da mesma, compensaria um
custo possivelmente maior para realização da obra a partir do método racionalizado em
alvenaria estrutural, ou pelo industrializado em light steel frame.
Durante a realização do trabalho, foi possível observar que estão disponíveis
atualmente inúmeros sistemas construtivos na indústria da construção civil, e que a escolha de
qual deles utilizar em uma obra passa por uma série de análises que devem ser feitas. Critérios
como localização da obra, custo e rapidez de execução, disponibilidade de materiais e mão de
obra qualificada, influenciam na decisão.
Com a apresentação de todos os dados apresentados durante a realização da pesquisa,
e a partir da comparação dos resultados alcançados para cada um dos sistemas construtivos
analisados, foi possível concluir que a construção civil está desatualizada quando comparada a
outras indústrias. Pois mesmo existindo várias maneiras inovadoras para realizar uma
edificação, a maioria das obras são executadas da maneira tradicional, sendo que, de acordo
com o estudo em questão, há outras possibilidades que são economicamente viáveis. Embora
a alvenaria estrutural não seja utilizada na mesma proporção que a alvenaria convencional, ela
apresenta inúmeras vantagens, principalmente pelo seu custo que se mostrou inferior.
Além disso, a modernização na construção civil é necessária, e possui instrumentos
para tal, pois aumentando o nível de planejamento e controle das obras, a partir de sistemas
racionalizados por exemplo, é possível diminuir custos, minimizar desperdícios e ainda
melhorar a qualidade das edificações executadas.

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Cristiane Taís Leske (cris.leske@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa/RS

DCEENG/UNIJUÍ, 2020
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ANEXO A – Planta Baixa da edificação

Fonte: Kleinpaul (2019)

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ANEXO B – Corte da edificação

Fonte: Kleinpaul (2019)

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ANEXO C – Composições SINAPI

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convencional, alvenaria estrutural e light steel frame na etapa de vedações de uma obra residencial.
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Fonte: CAIXA (2020).

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