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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU

CURSO DE GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL

FELIPE DA FONTE TARGINO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MÉTODOS CONSTRUTIVOS SUSTENTÁVEIS – COMPARATIVO ENTRE STEEL


FRAME E ALVENARIA

RECIFE
2021
FELIPE DA FONTE TARGINO

MÉTODOS CONSTRUTIVOS SUSTENTÁVEIS – COMPARATIVO ENTRE STEEL


FRAME E ALVENARIA

Monografia apresentada ao Curso de


Graduação de Engenharia Civil do Centro
Universitário Maurício de Nassau do estado de
Pernambuco, como pré-requisito para obtenção
de nota da disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso, sob orientação do Professor Josinaldo
Oliveira.

RECIFE
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MÉTODOS CONSTRUTIVOS SUSTENTÁVEIS – COMPARATIVO ENTRE STEEL


FRAME E ALVENARIA

FELIPE DA FONTE TARGINO

Monografia julgada para obtenção do título de


Bacharel em Engenharia Civil, defendida e
__________ por unanimidade em __/__/__ pela
Banca Examinadora:

Orientador:

‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗
Prof. Professor Josinaldo Oliveira.
UNINASSAU-GRAÇAS

Banca Examinadora:

‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗
Prof. Titulação. Nome
Local de trabalho

‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗
Prof. Titulação. Nome
Local de trabalho
Dedico esta monografia primeiramente à Deus, dono de
toda a nossa essência. Posteriormente, aos meus
amados familiares que foram a estrutura ideal para a
conclusão dessa etapa tão importante da minha vida. À
minha esposa, todo amor e agradecimento possível, sem
ela, nada disso teria o real sentido. O meu muito obrigado!
Amo todos vocês.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer imensamente ao quadro de professores que fizeram parte da


minha vida acadêmica.

Aos amigos que fiz ao longo de todo o curso e familiares que sempre esteve ao meu
redor dando forças e estímulos para a realização de cada etapa que concluí com
muito esforço e dedicação.

A todos esses, a minha enorme gratidão e amor. Ao professor Josinaldo Oliveira, a


minha real consideração e respeito por todos os ensinamentos transmitidos,
paciência e atenção ao me auxiliar na realização deste Trabalho de Conclusão de
Curso.

Tudo isso é a real composição que faz com que eu me sinta feliz, realizado e
estimulado a sempre correr atrás dos meus sonhos. Muito obrigado!
“Você nunca alcança o sucesso verdadeiro a menos
que você goste do que está fazendo.”
(Dale Carnegie)
RESUMO

Nesse estudo foi feita uma análise da importância da sustentabilidade na construção


civil. Com esse objetivo foi realizado um estudo sobre o método de construção
sustentável Light Steel Frame quando comparado ao método de construção em
alvenaria convencional apresentando as principais vantagens e desvantagens de
ambos os métodos, principalmente no que diz respeito a sustentabilidade.
Inicialmente foi feito um estudo bibliográfico sobre construções sustentáveis, sua
importância, suas normas e certificados, em seguida foi conceituado o método
construtivo Light Steel Frame e sua importância para o desenvolvimento de
construções voltadas para a sustentabilidade. Em seguida foi feito um estudo de
caso comparativo entre os métodos construtivos, por meio do projeto de reforma e
ampliação com a construção da Unidade Anexo II da Policlínica Manoel Calheiros
localizada no Curado IV Município de Jaboatão dos Guararapes. No estudo foi
detalhado as principais vantagens e desvantagens tanto do método LSF como do
sistema de alvenaria convencional no que diz respeito a custos atuais e futuros,
sustentabilidade, durabilidade e praticidade.

Palavras-chave: Alvenaria, Construção civil, Light Steel Frame, Sustentabilidade.


ABSTRACT

In this study, an analysis of the importance of sustainability in civil construction was


carried out. With this objective, a study was carried out on the sustainable
construction method Light Steel Frame when compared to the conventional masonry
construction method, presenting the main advantages and disadvantages of both
methods, mainly with regard to sustainability. Initially, a bibliographical study was
carried out on sustainable constructions, its importance, standards and certificates,
followed by the conceptualization of the Light Steel Frame constructive method and
its importance for the development of constructions aimed at sustainability. Then, a
comparative case study was carried out between the construction methods, through
the renovation and expansion project with the construction of the Annex II Unit of the
Manoel Calheiros Polyclinic located in Curado IV Municipality of Jaboatão dos
Guararapes. The study detailed the main advantages and disadvantages of both the
LSF method and the conventional masonry system with regard to current and future
costs, sustainability, durability and practicality.

Keywords: Masonry, Construction, Light Steel Frame, Sustainability.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Dimensões que envolvem o conceito de sustentabilidade. 16


Figura 2 - Método construtivo tradicional de alvenaria. 22
Figura 3 - Estrutura em Steel Frame. 23
Figura 4 - Estrutura de uma parede em Steel Frame. 24
Figura 5 - Laje em Steel Frame. 25
Figura 6 - Policlínica Manoel Calheiros - Curado IV. 26
Figura 7 - Vista frontal da Unidade Anexa II. 29
Figura 8 - Instalação de eletrodutos e tubulações hidrossanitárias em LST. 30
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estrutura da Unidade Anexa II da Policlínica Manoel Calheiros. 28


Tabela 2 – Custos Light Steel Frame. 31
Tabela 3 - Custos Alvenaria Convencional. 32
LISTA DE SIGLAS/ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


AQUA – Alta Qualidade Ambiental
ASBEA – Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
LEED - Leadership in Energy and Environmental Design
LSF – Light Steel Frame
WBCSD – World Business Council for Sustainable Development
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 OBJETIVOS 14

2.1 OBJETIVO GERAL 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 14

3 REFERENCIAL TEÓRICO 15

3.1 SUSTENTABILIDADE 15

3.1.1 Desenvolvimento Sustentável 15

3.1.2 Sustentabilidade na construção civil 16

3.2 PRINCIPAIS CERTIFICAÇÕES 19

3.3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS 21

3.3.1 Sistema convencional ou de alvenaria 21

3.3.2 Sistema industrializado 22

3.4 STEEL FRAME 23

4 METODOLOGIA 26

4.1 ÁREA DE ESTUDO 26

4.2 COLETA DE INFORMAÇÕES 27

4.3 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES 27

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 28

5.1 DETALHAMENTO DA ESTRUTURA 28

5.2 ORÇAMENTO 31

5.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA MÉTODO 32

6 CONCLUSÕES 35

REFERÊNCIAS 36
12

___________________________________________________________________________
1 INTRODUÇÃO

Conforme a tecnologia vai evoluindo, junto à indústria 4.0, vai coexistindo o aumento
de emissão de gases na atmosfera, o que acarreta o aumento considerável dos
danos na camada de ozônio (gás responsável pelo controle da emissão de raios
ultravioletas tipo B) que são nocivos à saúde humana. Mesmo com a assinatura do
Protocolo de Kyoto (documento responsável pela diminuição da emissão de gases
por parte de grandes indústrias dos países que mais poluem a atmosfera), de
diversos países da UE (União Europeia), entre outros. Ainda assim, continua o
aumento do buraco na respectiva camada, causando assim o “efeito estufa”. Tal
fenômeno é responsável pelo aumento gradual das temperaturas terrestres,
causando diversos impactos ambientais, deste modo, prejudicando a fauna, flora e
os próprios seres humanos. Ao se tratar de atividades industriais, cita-se também a
construção civil e os efeitos causados por ela no desenvolver das atividades
pertinentes, tais como: utilização de tintas nocivas, desperdício d’água, energia
elétrica, entre outros.

Todavia, já existem diversas maneiras de se construir um empreendimento


residencial, comercial entre outros, de maneira a degradar muito menos a natureza,
e sim, de forma ágil e prática. Os novos métodos de construções a seco, tais como:
Light Steel Frame, uso de contêineres, drywall, pré-moldados, entre outros. São
grandes aliados à natureza quanto ao desperdício, praticidade e tempo de execução
de cada obra. O método construtivo abordado nesse trabalho de conclusão de curso
foi o Light Steel Frame

No cenário nacional, os primeiros aparecimentos das obras em Light Steel Frame,


se deram em torno dos anos de 1990, que com o passar dos anos foi ganhando
notoriedade no mercado. Deste modo, atualmente, há um grande esforço por parte
da iniciativa privada em relação a fabricação dos perfis e materiais agregados ao
estilo de construção, o que está proporcionando um ganho de projeção no Brasil. No
mundo, o Steel Frame já é bastante utilizado nos Estados Unidos, Canadá, Japão e
grande parte dos países europeus, pois o mesmo é oriundo do Wood Frame, ou
seja, perfis de madeira. Nos dias atuais, ainda existe uma enorme resistência por
parte dos investidores em querer possuir uma moradia ou simplesmente abrir um
13

negócio com este tipo de método de construção, havendo uma ligeira escolha pelo
método construtivo convencional, como por exemplo, a alvenaria convencional (uso
de blocos cerâmicos, barras de aço nos pilares etc.).

Este Trabalho de Conclusão de Curso possui o intuito de poder auxiliar os novos


compradores na facilidade de obter informações do uso, aplicação do sistema
construtivo Light Steel Frame, tendo em vista que o mesmo está ganhando
notoriedade pela população brasileira e grande parte de políticas-públicas. O estudo
aborda as características do sistema, vantagens e desvantagens do seu uso, assim
como os conceitos de uma construção voltada para a sustentabilidade.
14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Através de um estudo de caso da ampliação do Posto de Saúde (Policlínica Manoel


Calheiros) localizada no Curado IV no Município de Jaboatão dos Guararapes
realizar um comparativo e demostrar as vantagens da realização da obra em light
steel frame sobre o método convencional em alvenaria.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar os custos da obra em Light Steel Frame comparando com alvenaria;

 Comparar dois métodos de construções distintos através do estudo da reforma


do posto citado;

 Apresentar as vantagens e desvantagens da utilização do Light Steel Frame


15

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 SUSTENTABILIDADE

De acordo com Mingrone (2016) sustentabilidade é um conceito complexo que


segundo muitos autores e profissionais do setor é emergente não só na construção
civil, mas no cotidiano de cada um, individualmente ou não, pois a preocupação com
o meio ambiente tem aumentado exponencialmente em paralelo com a
responsabilidade social e o respeito ao espaço público.

O termo sustentabilidade pode ser definido como uma situação que se


deseja permitir a continuidade da existência humana e da sociedade, ou
como uma busca por integrar aspectos econômicos, culturais, sociais e
ambientais da sociedade humana com uma principal preocupação de se
preservar, para que a habilidade e a capacidade das gerações futuras, além
dos limites do planeta, não sejam comprometidas (ARAÚJO, 2009, p.16).

Em Houaiss (2012), sustentabilidade “é uma característica ou condição do que é


sustentável”. A palavra sustentável ganhou recentemente novo significado segundo
o dicionário, como “algo que é planejado com base na utilização de recursos e na
implantação de atividades industriais, de forma a não esgotar ou degradar os
recursos naturais”.

3.1.1 Desenvolvimento Sustentável

Segundo Campos (2012) nas últimas décadas a humanidade vem presenciando um


grande desenvolvimento tecnológico, sobretudo após a revolução industrial ocorrida
no século XVIII, esse enorme salto no conhecimento científico possibilitou o
aumento da capacidade produtiva. Entretanto, devido a esse aumento de produção
vem ocorrendo um enorme desgaste dos recursos naturais e a contaminação
excessiva do meio ambiente.

Lacerda (2014) afirma que o desenvolvimento sustentável de produtos deve levar


em consideração os aspectos sociais e ecológicos, assim como os fatores
econômicos, da preservação dos recursos vivos e não vivos. Ainda é preciso
16

considerar as vantagens de curto e longo prazo das ações alternativas, atendendo


as demandas dessa geração, sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de atenderem as suas próprias demandas. A Figura 1 mostra as Dimensões que
envolvem o conceito de sustentabilidade.

Figura 1 - Dimensões que envolvem o conceito de sustentabilidade.

Fonte: MORSE & BELL, 2014.

Segundo Lacerda (2014) o conceito de desenvolvimento sustentável e da


necessidade de preservação ambiental foi um movimento gradativo e que ocorreu
ao longo dos anos, por meio de eventos e conferências realizadas ao redor do
mundo desde a criação do clube de Roma em 1968.

3.1.2 Sustentabilidade na construção civil

O conceito de sustentabilidade na construção civil destaca três aspectos importantes


em relação ao desempenho de um projeto ao longo de sua vida útil, a gestão de
água, gestão de energia e a gestão dos materiais na obra (ASBEA, 2007, p. 2-3).

As edificações são compostas por alguns sistemas que devem alcançar um


desempenho mínimo e devem ser especificados e caracterizados em projeto
segundo a ABNT NBR 15575-1, proporcionando ao usuário conforto e um bom
17

aproveitamento de sua edificação. Para Bueno (2010) o comportamento das


edificações em uso está associado ao conceito de desempenho:

[...] o grande desafio é que esse comportamento atenda às expectativas dos


usuários das edificações ao longo de sua vida útil, que também deve ser
preestabelecida, e dentro da realidade técnica e socioeconômica de cada
empreendimento e localidade (BUENO, 2010, p. 27).

De acordo com Mingrone (2016) para que se aplique o conceito de sustentabilidade


na construção civil é preciso levar em consideração a gestão de três recursos
básicos: energia, água e materiais.

O WBCSD aponta que a construção civil é responsável por mais de 40% do


consumo energético mundial, dado que torna evidente a importância de uma gestão
energética adequada dentro do setor. A contabilização do consumo é realizada
desde o processo de fabricação dos materiais, passando pela execução das obras,
até a manutenção e uso do produto final.

Segundo Moura & Mota (2013) uma edificação é considerada mais eficiente
energeticamente em comparação a outra se propicia aos usuários as mesmas
condições ambientais, porém com menos gasto de energia. Os autores ainda
afirmam que para atingir tal eficiência existem:

[...] soluções que podem ser elaboradas na fase de projeto, implementadas


na fase de construção e adotadas na fase de operação e uso do edifício,
significando que em edificações já existentes, que não foram concebidas
sob princípios sustentáveis, é possível racionalizar o consumo de energia
(MOURA; MOTA, 2013, p. 22).

Mingrone (2016) destaca que algumas soluções, que podem ser empregadas para
melhorar a eficiência no consumo energético de uma edificação, são: priorização da
ventilação e iluminação natural, preferência por energia vinda de fontes renováveis,
uso de mecanismos de controle do consumo de energia e reaproveitamento de
recursos e utilização de materiais renováveis.

Com relação a água, Passarello (2008) destaca que a mesma é um recurso


primordial para a construção civil, sabendo-se que é estritamente necessária para a
18

execução, operação e uso de uma obra. Por essa razão, o setor é considerado um
dos maiores consumidores de água em todo o mundo, por isso fez-se necessário a
inserção da gestão da água como parâmetro para a análise do desempenho
ambiental de edificações.

De acordo com Novis (2014) O desempenho ambiental de edifícios pode ser medido
segundo o consumo total de água por fonte de abastecimento e através da medição
do volume de água reciclada e reutilizada. Assim, o principal objetivo da construção
civil referente a gestão da água deve ser reduzir o consumo total em paralelo com a
redução do impacto sobre o ciclo natural da água.

Para Barros (2012) algumas alternativas podem ser implementadas com o objetivo
de reduzir o consumo e o desperdício de água e o impacto ambiental durante as
principais etapas de uma edificação (concepção e projeto, execução, operação e
uso), o autor cita que dentre essas alternativas merecem destaque:

 Abastecimento do canteiro por meio de sistemas limitados e/ou controlados;


 Eficiência no consumo;
 Captação de recursos hídricos;
 Tratamento prévio básico antes da devolução de água ao meio.

Já em relação a gestão dos materiais, Karpinsk et al. (2009) destaca que em um


contexto global, a construção civil utiliza boa parte dos recursos naturais extraídos. A
extração nem sempre é de recursos renováveis e por muitas vezes o processo é de
grande impacto ambiental. Ainda se leva em consideração o processo de
transformação e fabricação destas matérias primas até a obtenção do produto final
para a utilização nas obras.

“Em razão aos impactos oriundos do setor, o CONAMA formulou a Resolução


307/02, que confere a responsabilidade da geração de resíduos dos processos aos
próprios geradores, independente se a obra em questão está em construção ou
reforma” (KARPINSK, et al., 2009).
19

Para uma gestão mais eficiente dos materiais visando diminuir os impactos
ambientais provocados pela extração, fabricação, uso e descarte desses materiais
Novis (2014) sugere estratégias como:

 Utilização de materiais reciclados e recicláveis;


 Gestão e minimização dos resíduos sólidos;
 Reciclagem e reuso de materiais;
 Utilização de produtos com reduzido impacto de extração e fabricação;
 Substituição de sistemas construtivos com elevado impacto associado.

3.2 PRINCIPAIS CERTIFICAÇÕES

Segundo Calarge (2014) os setores de construção e imobiliário têm extensos


impactos diretos e indiretos sobre o meio ambiente. Durante sua construção,
ocupação, renovação, reorientação e demolição, os empreendimentos utilizam
energia, água e matérias-primas, geram resíduos e emitem emissões
potencialmente prejudiciais à atmosfera. Diante dessas questões, foram arquitetados
normas, certificações e sistemas de classificação que objetivam a redução do
impacto das construções, por meio do design sustentável.

Valente (2009) destaca que os sistemas de certificação para edificações


sustentáveis têm como objetivo avaliar o desempenho da construção e o
funcionamento dos edifícios, de modo a fornecer indicações aos especialistas sobre
a sua localização, o seu uso eficiente da água e da energia, a qualidade ambiental
interna, entre outras características que fazem a construção está alinhada com os
conceitos de sustentabilidade.

Segunda Silva (2012) em 1999, o International Council for Research and Innovation
in Building and Construction (CIB) publicou uma agenda especifica para o setor da
construção civil, denominada “Agenda 21 on Sustainable Construction”, com o
objetivo de consolidar uma estrutura global que fundamente a elaboração das
agendas locais ou nacionais e setoriais, definindo órgãos certificadores de
20

construções civis, acreditados junto às grandes entidades normalizadoras.


Mingrone (2016) destaca que há três certificações de maior relevância no setor de
construção brasileiro, são elas: Certificação em Leadership in Energy and
Environmental Design (LEED), Certificação em Alta Qualidade Ambiental (AQUA) e
Certificação em Selo Azul CAIXA.

Desenvolvida em 1999, nos Estados Unidos, pelo United States Building


Council (USGBC), a certificação LEED é um sistema que certifica edifícios a
partir de uma lista de pré-requisitos e créditos baseados em objetivos pré-
selecionados. É considerado o sistema de certificação verde mais difundido
dentre as certificações existentes atualmente, já que busca o
desenvolvimento de padrão para melhoria do desempenho ambiental e
econômico dos edifícios, tendo como base princípios, práticas, materiais e
padrões sustentáveis. No Brasil, o USGBC é representado pelo Green
Building Council Brasil (BUENO, 2010, p. 37).

Hernandes (2016) afirma que o sistema de certificação LEED tem sido aplicado, nos
últimos anos, na certificação de desempenho ambiental de edifícios comerciais em
grandes cidades brasileiras e uma parte considerável de sua pontuação total
depende da obtenção de créditos referenciados em normas, características
climáticas e construtivas da região. Os critérios são pautados em estratégias de
projetos com resultados no melhor aproveitamento dos recursos, seleção de
materiais, equipamentos e sistemas ambientalmente responsáveis e de alto
desempenho bem como as práticas de construção com menor impacto ambiental.

De acordo com Mingrone (2016) a certificação de Alta Qualidade Ambiental – AQUA


foi o primeiro certificado de construções sustentáveis que levou em conta as
especificidades do Brasil que “se destina a caracterizar um edifício saudável e
confortável, com bom desempenho energético, cujos impactos ambientais e
econômicos são os mais controlados possíveis em seu contexto territorial e no
conjunto de seu ciclo de vida” (FCAV, 2014, p. 10).

Ainda segundo Mingrone (2016) o processo de certificação é realizado a partir de


auditorias presenciais seguidas de análise técnica que verificam o atendimento aos
critérios do referencial técnico. Atendidos os critérios de cada fase (programa,
concepção e realização) os certificados são emitidos em até 30 dias. O processo é
baseado no desempenho ao cumprimento aos critérios sendo necessário atendê-los
21

para se atingir a certificação.


O Selo Azul da CAIXA é um instrumento de classificação sócio ambiental que
reconhece empreendimentos de caráter habitacionais que adotam soluções mais
eficientes aplicadas à construção, ao uso e à ocupação e a manutenção das
edificações, com o objetivo de incentivar o uso racional dos recursos naturais e
melhorar a qualidade das habitações e seu entorno (CAIXA, 2010).

3.3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS

De acordo com Ferreira (2009) sistema construtivo é a tecnologia e o método com o


qual um edifício é construído. Ao escolher um sistema construtivo para uma
edificação, é altamente recomendado que seja realizado um estudo para entender
qual é o método construtivo mais adequado para cada situação e para os diferentes
tipos de construção, principalmente é importante buscar um sistema que priorize
pela sustentabilidade da edificação. Um arquiteto ou um engenheiro podem fazer
isso para você. É importante avaliar, entre outras questões, os materiais disponíveis
na região, o tempo de obra, o orçamento, a tipologia da edificação e questões
ambientais.

Goulart (2014) afirma que a sustentabilidade é um processo de evolução das


indústrias, sendo um caminho a ser seguido, sem ser um processo estanque. Por
isso, a expressão mais correta a se utilizar é sistemas mais sustentáveis. Com isso,
é necessário o engajamento de todos os envolvidos desde o projeto à execução da
obra para obtenção de uma edificação mais sustentável.

3.3.1 Sistema convencional ou de alvenaria

Segundo Sabbatini (1989) O sistema construtivo convencional pode ser definido


como sendo um sistema baseado na produção artesanal de edificações com uso
intensivo de mão de obra, baixa mecanização e elevado desperdício nas obras.

Nascimento (2004) destaca que esse método construtivo, Figura 2, é composto por
vigas, pilares e lajes de concreto armado. A alvenaria é somente utilizada para
22

vedação, normalmente feita com blocos cerâmicos, também conhecidos como tijolos
de cerâmica. O autor ainda afirma que esse é um dos sistemas construtivos com
grande disponibilidade de materiais e de mão de obra com menos exigências de
qualificação. Suporta vãos médios e grandes e é um método construtivo que facilita
futuras reformas e mudanças no projeto. Porém, temo como grande desvantagem o
fato de gerar muitos resíduos e desperdício de materiais, longo tempo de execução
e um custo de obra elevado (se comparado a outros sistemas construtivos mais
simples).

Figura 2 - Método construtivo tradicional de alvenaria.

Fonte: NASCIMENTO, 2004.

De acordo com Roque (2002) a principal função da alvenaria é a separação entre


ambientes com blocos de vedação (isolamento térmico e acústico, resistência a
infiltrações de água pluvial, controle da migração de vapor de água, a boa
estanqueidade de água, regulagem da condensação).

3.3.2 Sistema industrializado

Sabbatini (1989) conceitua que os sistemas construtivos industrializados são


baseados no uso intensivo de componentes e elementos produzidos em instalações
fixas e posteriormente adaptados aos canteiros de obras, vinculado aos princípios
de organização, planejamento e controle, visando eliminar o desperdício, aumentar a
produtividade e reduzir custos. Os sistemas construtivos industrializados pré-
fabricados de tira de madeira, estrutura em aço e concreto/PVC são alguns dos
sistemas homologados no Brasil pelo ministério das cidades.
23

3.4 STEEL FRAME

Moura (2019) afirma que o Steel Frame é um método construtivo que usa perfis de
aço galvanizado para formar a estrutura de uma edificação. Esses perfis de aços
são moldados a frio conforme especificados pela NBR 15253 (ABNT, 2014). A figura
3 apresenta a estrutura exemplo do uma construção em Steel Frame.

Figura 3 - Estrutura em Steel Frame.

Fonte: MOURA, 2019.

Lacerda (2014) ressalta que introdução do sistema steel frame no Brasil se deu a
partir de 1998 principalmente no âmbito das construções residenciais de médio e
alto padrão. A princípio observou-se uma rejeição por parte do mercado consumidor
brasileiro extremamente conservador na área da construção civil.

De acordo com Pedroso et al (2014) o uso do sistema Steel Frame tem grandes


vantagens na construção civil. Existe uma boa estabilidade de preços do aço no
mercado, fazendo com que os engenheiros tenham mais facilidades em orçar um
projeto. Os perfis de aço são fáceis de manejar e transportar, pois são componentes
leves. Esse método de construção é feito com quadros montados de tal forma que
gera uma alta resistência na estrutura. Outra grandiosa vantagem é a segurança
contra incêndios, tendo em vista que o aço não é um material combustível. Como se
sabe, a fundação consome grande parte do orçamento e tempo de execução de
24

uma obra, esse problema é drasticamente diminuído nas edificações Steel Frame,


pois a leveza dos perfis metálicos provoca poucas exigências no solo.
No mundo atual, a sustentabilidade é um desafio para todos os setores de
produção. Na indústria da construção civil não é diferente, a busca árdua
para minimizar os impactos ambientais tem sido um paradigma do
método Steel Frame. O conceito do desenvolvimento sustentável
transcende a sustentabilidade ambiental, e engloba a sustentabilidade
econômica e social, que, na qual, valoriza-se a qualidade de vida das
pessoas. Na Steel Frame o aço que compõe toda a estrutura pode ser
reutilizado em outras obras do mesmo aspecto, além disso, é um material
100% reciclável (MOURA, 2019, p. 10).

As paredes, Figura 4, são feitas com duplos painéis OSB, cimentícios ou gesso
acartonado, conforme exposto por Silva (2010, apud MOURA, 2019, p. 11). Entre os
painéis, são instalados as tubulações hidráulicas e os eletrodutos. Além desses
itens, são inseridas as mantas de isolamento térmico e acústico. Após a execução
dos painéis OSB, na parte externa são colocadas membranas hidrófobas, placas
cimentícias e o revestimento externo. Nas partes internas, são colocadas as placas
de gesso acartonado ou cimentícia, e o revestimento interno.

Figura 4 - Estrutura de uma parede em Steel Frame.

Fonte: MOURA, 2019.

Moura (2019) explica que a estrutura da laje em Steel Frame é feita em viga corrida
ou treliças. As lajes podem ser secas ou mistas. Os perfis estruturais em aço são
dimensionados e verificados conforme procedimentos apresentados por Pfeil e Pfeil
(2000) e também conforme a NBR 8800 (ABNT, 2008). O revestimento das lajes
secas é composto de placas de madeira e cimentícia. As lajes mistas têm o
25

revestimento de placas estruturais OSB, membrana impermeabilizante e uma


camada de contrapiso armado. Acima dessa camada de contrapiso, fica livre a
instalação de quaisquer tipos de acabamento. Na Figura 5 está ilustrado como são
feitas as estruturas dessas lajes, que a partir dessa etapa, aplicam-se as placas
conforme descrito acima.

Figura 5 - Laje em Steel Frame.

Fonte: MOURA, 2019.

De acordo com Pedroso (2014) as edificações em Steel Frame possuem excelente


acabamentos. Esse método permite aos arquitetos e engenheiros a construírem
obras esbeltas, duráveis, sustentáveis e que atendem todos os níveis sociais. Ainda
de acordo com o autor a grande vantagem é a gestão de resíduos, a gestão de
resíduos não é feita apenas para otimização e organização do canteiro de obras,
mas é de suma importância para questões ambientais e sociais. A maior parte dos
materiais que compõem o sistema Steel Frame é reciclável. “Mas, há resistência ao
emprego desse método, pois, sociedade atual está acostumada com o sistema
convencional. A falta da disseminação de informação às pessoas tem causado
grandes prejuízos a elas” (MOURA, 2019, p.15).
26

4 METODOLOGIA

O trabalho foi feito em duas etapas, primeiramente foi realizado uma pesquisa
bibliográfica com o objetivo de analisar os principais conceitos envolvendo
sustentabilidade em construções, com ênfase no método Light Steel Frame,
demostrando a importância, as vantagens e desvantagens do método. Em seguida
foi realizado um estudo comparativo entre Light Steel Frame e a alvenaria
convencional por meio do estudo de caso de uma reforma de ampliação de um
Posto de Saúde no Munícipio de Jaboatão dos Guararapes.

4.1 ÁREA DE ESTUDO

O estudo teve como referência a o Posto de Saúde, Policlínica Manoel Calheiros,


localizado na Rua Dois, 17 – Curado IV, Jaboatão dos Guararapes – PE, a Figura 6
mostra a localização exata do empreendimento.
27

Figura 6 - Policlínica Manoel Calheiros - Curado IV.

Fonte: GOOGLE MAPS, 2021.

4.2 COLETA DE INFORMAÇÕES

A coleta de dados foi realizada através de informações obtidas Prefeitura Regional


de Jaboatão 03 – Curado e por meio de pesquisas de mercado referente aos custos
pra esse tipo de obra já que não foi possível obter todas as informações junto ao
órgão da Prefeitura.

4.3 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

As informações foram analisadas por meio do comparativo entre os orçamentos dos


métodos de construções Light Steel Frame e Alvenaria Estrutural. Essa análise teve
como foco demostrar as vantagens e desvantagens do uso do Steel Frame do ponto
de vista financeiro e do tempo de execução para a construção do bloco anexo da
policlínica.
28

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 DETALHAMENTO DA ESTRUTURA

O estudo teve como base a reforma de ampliação da Policlínica Manoel Calheiros, a


ampliação foi realizada através da construção de uma unidade anexa, chamada de
Unidade II, que foi realizada no ano de 2018, com o emprego da tecnologia Light
Steel Frame combinado com o método de construção convencional em alvenaria. A
unidade conta com a estrutura demostrada na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 - Estrutura da Unidade Anexa II da Policlínica Manoel Calheiros.

Estrutura da Unidade II da Policlínica Manoel Calheiros


Área
Quant Área
Ambientes Individual
. total (m²)
(m²)
Recepção 1 14,6 14,6
29

Sala de espera 1 25,2 25,2


Consultório com WC 4 12,6 50,4
Consultórios sem WC 8 10,0 80,0
Sala de procedimentos 3 18,0 54,0
Almoxarifado 1 6,8 6,8
Banheiros 4 3,2 12,8
Copa/Cozinha 1 16,0 16,0
Abrigo de resíduos sólidos 1 5,1 5,1
Área de circulação 1 22,0 22,0
Vestiário Masculino 1 6,6 6,6
Vestiário Feminino 1 6,6 6,6
Sala de Triagem 1 9,6 9,6
Sala de vacinação 1 14,2 14,2
Área Construída total 338,1

Fonte: Prefeitura Regional de Jaboatão 03 – Curado.

Após a liberação de recursos financeiros para a construção da Unidade Anexa II, por
se tratar de obra pública, houve abertura do processo licitatório e foi contratada a
empresa que forneceu a proposta de menor preço. Durante todo o período de
construção as obras foram acompanhadas por um fiscal da Secretaria de Obras da
Prefeitura Municipal de Jaboatão dos Guararapes, os dados de orçamento aqui
explorados foram em partes levantados juntos a Regional da Prefeitura sendo,
portanto, dados reais do orçamento da obra, outra parte não foi fornecida e precisou
se estimada pelo preço de mercado dos componentes utilizados a época da
construção.

A construção da Unidade Anexa II, Figura 7, que possui uma área construída de
338,10 m², onde a mesma já se encontra pronta e em plena atividade desde junho
de 2019. Levou-se em consideração a viabilidade financeira de cada sistema
construtivo e as características físicas. O Light Steel Frame sendo caracterizado
pelo uso de perfis de aço leve, acartonados por gesso ou placa cimentícias e a
Alvenaria Estrutural sendo caracterizada pelo uso de blocos cerâmicos ou concretos,
ligados por argamassa. Ambos possuindo características estruturais semelhantes na
30

questão do recebimento de cargas, ou seja, autoportantes. Tendo em vista que para


esse tipo de projeto em específico, a carga exercida sobre a superestrutura é
fornecida pela coberta que fora confeccionada em estrutura metálica.

Figura 7 - Vista frontal da Unidade Anexa II.

Fonte: O AUTOR, 2021.

A superestrutura da Unidade é constituída por perfis de aço galvanizado que forma


um esqueleto autoportante, ou seja, as suas próprias placas de aço, vigas e
tesouras de telhado, são projetados essencialmente para suportar as cargas
exercidas pela própria coberta. Sobre este esqueleto estrutural são fixadas placas
de fechamento internas e externas, isolamentos termoacústicos e barreiras.

A tecnologia Light Steel Frame permite instalar eletrodutos e tubulações


hidrossanitárias com agilidade e segurança por meio de furos e aberturas existentes
nos montantes da estrutura, e assim, foi executada a instalação hidrossanitária,
como mostra a Figura 8, e o isolamento termoacústico com lã de vidro, nas paredes
externas e internas e nos forros.
31

Figura 8 - Instalação de eletrodutos e tubulações hidrossanitárias em LST.

Fonte: FOTO PUBLICADA PELA PREFEITURA, 2018.

O revestimento interno das paredes é composto por placas de gesso acartonado e


os forros em gesso estruturado, fixo, monolítico (feito de uma só peça); aparafusado
em perfis metálicos, emassados, pintura látex acrílica semibrilho e de cor branco
neve. Os muros e parte da fachada externa foram construídos em alvenaria
convencional e pintados predomintemente na cor azul escuro. Para impermeabilizar
foi utilizado argamassa polimérica e no contra piso argamassa de cimento e areia.

5.2 ORÇAMENTO

O orçamento em steel frame foi confeccionado pela SEINFRA (Secretaria Executiva


de Infraestrutura) do município do Jaboatão dos Guararapes. Para fins de análise
comparativa orçamentária, elaborou-se um orçamento estritamente da
superestrutura, tendo em vista que a Unidade é constituída apenas de pavimento
térreo e o peso exercido sobre a superestrutura é realizado pela coberta. A Tabela 2
apresenta um resumo dos dados obtidos junto a Regional da prefeitura referentes
aos gastos com o projeto.
32

Tabela 2 – Custos Light Steel Frame.

Prefeitura Regional de Jaboatão 03 – Curado


Projeto: Construção da Unidade anexo II
Policlínica Manoel Calheiros Curado IV
Planilha de custos - Light Steel Frame
Custo
Descrição
total
Fundações R$ 42.375,27
Superestrutura R$ 201.425,75
Fechamentos R$ 165.228,45
Pisos R$ 14.975,13
Coberta R$ 57.875,94
Outros R$42.607,80
Total R$ 524.448,34

Fonte: Prefeitura Regional de Jaboatão 03 – Curado.

Não foi possível ter acesso a planilhas detalhadas dos gastos, sendo os valores
obtidos na tabela acima apenas o total gasto com cada etapa da construção. Da
mesma forma foram coletados junto a Regional-3 os dados referentes aos custos
com a estrutura em alvenaria convencional, esses dados são mostrados na Tabela 4
a seguir.

Tabela 3 - Custos Alvenaria Convencional.

Prefeitura Regional de Jaboatão 03 – Curado


Projeto: Construção da Unidade anexo II
Policlínica Manoel Calheiros Curado IV
Planilha de custos – Alvenaria Convencional
Custo
Descrição
total
Fundações R$ 42.375,27
Superestrutura R$ 118.259,51
Fechamentos R$ 9.343,47
33

Pisos R$ 14.975,13
Coberta R$ 57.875,94
Outros R$ 23.607,80
Total R$ 266.437,12

Fonte: Prefeitura Regional de Jaboatão-03 – Curado.

5.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA MÉTODO

Começando a análise pelo sistema Light Steel Frame, de acordo com a análise dos
dados obtidos juntos a Prefeitura e da abordagem teórica desenvolvida nesse
estudo é possível apontar as seguintes vantagens obtidas pela obra:

 Com o emprego do LSF as fundações representaram cerca de 8% do custo


da obra, enquanto que na alvenaria convencional essa proporção foi de cerca
de 15 a 16%;

 É um tipo de construção à seco, ou seja, utiliza-se o mínimo de água em toda


sua conjuntura, tornando-se assim, um grande aliado da construção civil no
quesito da sustentabilidade;

 O aço, por exemplo, parte integrante do sistema em steel frame, é um dos


produtos mais reciclados em todo o mundo o que também contribui para a
sustentabilidade da construção;

 Colocação de canos e eletrodutos sem desperdício e sem retrabalho;

 Canteiro de obra limpo e organizado;

 Prazo de execução até um terço menor e com maior precisão;

 É um sistema construtivo que possui uma vida útil bastante elevada, que
pode variar dos oitenta aos duzentos anos, gerando menos custos aos cofres
públicos no quesito de manutenção estrutural, existem construções nos EUA
com mais de 250 anos ainda em funcionamento;
34

 O isolamento térmico é máximo. Em função da lã de vidro colocada em todas


as paredes e forros, além de outras camadas, passagem de calor é dificultada
pelas paredes. Custo mínimo ou inexistente para manutenção de
temperaturas, além de gerar um melhor conforto para pacientes e
funcionários da unidade;

 Manutenção simples de defeitos ocultos, com a retirada do revestimento


interno, localização imediata do problema, conserto, e recolocação do
revestimento, retoque e pintura simples;

 Ampliações e reformas rápidas e limpas, inclusive com a possibilidade de


reaproveitamento da maioria dos materiais.

Entretanto, mesmo sendo possível apontar inúmeras vantagens do uso da


tecnologia Light Steel Frame, também houve desvantagens como:

 Uma das maiores dificuldades na hora de fechar um projeto em Light Steel


Frame é encontrar mão-de-obra especializada para a execução desse tipo de
método construtivo, além de ser uma mão de obra de maior custo;

 A plataforma do LSF necessita de ser detalhadamente dimensionada, pois a


mesma não permite desperdícios, pois esses pode acarretar um aumento
considerável no valor final da obra para o poder público.

O sistema de alvenaria convencional apresentou como vantagens, exatamente os


pontos que o sistema anterior apresentou como desvantagens, ou seja:

 Por ser um método mais simples e de uso mais difundido existe muito mais
oferta de mão de obra e consequentemente é uma mão de obra de menor
custo.

 Pode-se empregar um projeto menos detalhado e com um dimensionamento


menos rigoroso.
35

 Custo total inferior.

Como desvantagens do sistema de alvenaria convencional pode-se citar:

 Utiliza produtos que degradam o meio ambiente: areia, tijolo, brita, etc.

 Colocação de canos e eletrodutos com quebra de paredes, desperdício de


materiais e retrabalho (executar a parede, quebrá-la e depois refazê-la nos
locais onde passou-se a tubulação ou eletrodutos).

 Canteiro de obra sujo ou com grande dificuldade para manutenção de


limpeza;

 Prazo de execução de obra longo e impreciso;

 Grande utilização de água no processo construtivo, contribuindo para perda


de sustentabilidade da obra;

 Manutenção para reparos de defeitos ocultos (vazamentos, infiltrações,


problemas elétricos, entupimentos, etc.) difícil, exigindo quebra de paredes,
sendo um trabalho demorado (quebrar, consertar, preencher espaço aberto,
esperar secar a massa, retocar com massa corrida, lixar, pintar ou rejuntar) e
que não garante o resultado final de acabamento perfeito.

6 CONCLUSÕES

O sistema Light Steel Frame é uma proposta de construção que alia rapidez com o
diferencial competitivo técnico, mercadológico e de negócios. A siderurgia brasileira
vem trabalhando intensamente no desenvolvimento desse sistema construtivo no
país. Por meio da análise do projeto abordado nesse estudo foi possível apontar
inúmeras vantagens do método LSF sobre o sistema de alvenaria convencional,
embora não tendo sido possível obter dados mais precisos com relação aos custos.
36

Principalmente, tendo em vista que na atualidade a busca por construções cada vez
mais voltadas para a sustentabilidade exige métodos construtivos que gerem menos
desperdícios e que possuam menor consumo de insumos, sobretudo de água,
nesses quesitos o sistema Light Steel Frame mostrou-se ser de longe o mais
vantajoso.

Na análise do projeto da construção da Unidade anexo II da policlínica Manoel


Calheiros ficou claro que a grande desvantagem do sistema LSF ficou por conta do
custo, cerca de 95% maior do que o custo da obra em alvenaria convencional, ou
seja, quase o dobro do orçamento foi necessário. Contudo, em seu relatório, a
Prefeitura justificou a escolha pelo método LSF devido a todas as vantagens aqui
descritas, além do fato de que esse tipo de Unidade de Saúde passa
constantemente por novas reformas, como ampliação de no número de consultórios,
novas divisórias, banheiros, acessibilidade etc., e quanto a isso o projeto em LSF
possui menor custo futuro, pois para realizar as reformas não é necessário quebrar
tudo e refazer como no caso da alvenaria convencional, por fim também há a
justificativa da maior sustentabilidade do método.

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