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CAXIAS DO SUL
2017
2II
CAXIAS DO SUL
2017
3
III
Banca Examinadora:
____________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Vieceli
Supervisor do TCCII/ Universidade de Caxias do Sul - UCS
____________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Panosso Zeilmann
Professor da Universidade de Caxias do Sul – UCS
____________________________________________
Prof. Me. Elton Fabro
Professor da Universidade de Caxias do Sul – UCS
4VI
IV
Dedico este trabalho à minha família, Bruna,
Lucas e Náthaly, os quais sempre me passaram
força, carinho e amor, pois em diversas vezes
quando eu estive cansado, achavam uma forma
de me alegrar e em especial aos meus amados
pais, que me deram a vida, à minha mãe dona
Rose que sempre fez questão de falar com
orgulho sobre o caminho traçado pelo filho.
5
VI
AGRADECIMENTOS
RESUMO
As empresas precisam estar sempre atentas para a oportunidade de agregar valor nos seus
produtos, ou seja, oferecer soluções técnicas e econômicas, focada exclusivamente na aplicação
do cliente. Nesse contexto, a empresa voestalpine Meincol produz tubos e perfis de geometrias,
tamanhos e especificações variadas, oriundas do processo de perfilação contínua. Este processo
é dividido em duas formas: perfilação convencional indireta e direta. Sendo assim, foi realizado
um desenvolvimento, no qual se fabricou um tubo retangular 30x50x2,00 com material S355
pelas duas formas de perfilação mencionadas, onde primeiramente elaborou-se um projeto deste
produto pelos dois métodos propostos e posteriormente avaliou-se: deformações, tensões na
conformação utilizando o método de elementos finitos, testes mecânicos através de ensaio de
tração e análise qualitativa de variação de bordas, e por fim, analisou-se a viabilidade técnica
comparando os dois processos, assim objetivando definir qual método de perfilação seria o mais
indicado para obter peças customizadas, isto é processadas em corte laser após a conformação.
O resultado desse estudo mostrou a ocorrência de tensões residuais, porém obtidas em regiões
diferentes para cada método de fabricação. Em função disso, os efeitos nas amostras analisadas
foram bem distintos, contudo, esses serviram de critério para determinação de tolerâncias em
peças obtidas após a perfilação contínua, assim como, por meio de fatores técnicos e
econômicos, determinar qual método de fabricação é o mais indicado para um produto de tal
complexidade.
ABSTRACT
Companies must always be aware of the opportunity to add value to their products, that is, offer
technical and economic solutions, focused exclusively on the client's application. In this
context, the company voestalpine Meincol produces tubes and profiles of varied geometries,
sizes and specifications, conventional profiling indirect and direct. Therefore process is divided
into two forms: indirect and direct conventional profiling. Thus, a development was carried out
in which a 30x50x2.00 rectangular tube was fabricated with S355 material by the two profiling
forms, where a design of this product was first developed by the two proposed methods and
later evaluated: deformations, conformation using the finite element method, mechanical tests
through traction test and qualitative analysis of edge variation and the technical feasibility was
analyzed comparing the two processes, with the purpose of defining which method of profiling
would be the most suitable to obtain customized pieces, that means processed in laser cut after
conformation. The result of this study showed the occurrence of residual stresses, however,
obtained in different regions for each manufacturing method. Due to this fact effects in the
analyzed samples were very different, howerver, they served as criterion for the determination
of tolerances in parts obtained after continuous profiling, as well as, through technical and
economic factors, determine which manufacturing method is most appropriate for a product of
such complexity.
Keywords: Continuous Profiling, Tubes, Profiles, Finite Element Method and Residual
Stresses
8
VIII
VIII
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO .......................................................... 14
1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ....................................................................... 17
1.3 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 17
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 18
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 19
2.1 PERFILAÇÃO CONTÍNUA .................................................................................. 19
2.1.1 Perfiladeira de tubos por método convencional indireto .................................... 22
2.1.1.1 Principais caracteristicas dos produtos obtidos por conformação indireta .............. 23
2.1.2 Perfiladeira de tubos por método convencional direto ....................................... 27
2.1.2.1 Principais caracteristicas dos produtos obtidos por conformação direta ................... 28
2.2 CONCEPÇÃO DE PROJETO ................................................................................ 31
2.2.1 Diagrama de flor .................................................................................................. 31
2.2.2 Largura de tira ..................................................................................................... 32
2.3 EFEITOS INDESEJADOS NO PROCESSO DE CONFORMAÇÃO ..................... 34
2.4 A INFLUÊNCIA DOS MATERIAIS NA CONFORMAÇÃO DE TUBOS ............ 37
3 METODOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO ................................................. 39
3.1 EPECIFICAÇÕES DE PROJETO .......................................................................... 39
3.1.1 Recursos específicos de projeto ............................................................................ 40
3.2 RECURSOS DE MANUFATURA......................................................................... 42
3.2.1 Método convencional indireto (MCI) .................................................................. 42
3.2.2 Método convencional direto (MCD) .................................................................... 43
3.3 ENSAIOS MECANICOS ....................................................................................... 43
3.3.1 Ensaio de tração ................................................................................................... 43
3.3.2 Análise qualitativa de tensões residuais ............................................................... 45
3.3.3 Medição de raios externos .................................................................................... 46
3.4 ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA ............................................................. 46
4 RESULTADOS E ANÁLISES ............................................................................. 47
4.1 PROJETO PARA O MÉTODO CONVENCIONAL DIRETO ............................... 47
4.2 PROJETO PARA O MÉTODO CONVENCIONAL INDIRETO ........................... 48
4.3 ANÁLISE DE ELEMENTOS FINITOS................................................................. 51
13
XI
4.3.1 Análise de elementos finitos para o método convencional direto........................ 51
4.3.2 Análise de elementos finitos para o método convencional indireto ................... 58
4.4 ENSAIOS MECÂNICOS ....................................................................................... 63
4.5 VERIFICAÇÃO DIMENSIONAL NOS TUBOS CONFORMADOS..................... 68
4.6 ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA ........................................................... 69
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 70
6 SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS ....................................................... 72
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 73
14
1. INTRODUÇÃO
Diante desse conceito de customização, os tubos fabricados por perfilação contínua que
servem de matéria-prima para o processo agregado. Posteriormente esses são processados em
máquinas: tubelaser, dobradeiras, calandras ou em máquinas de corte em ângulo, em seguida
transformados em peças específicas, de acordo com a necessidade de cada cliente. A Figura 2
mostra um tubo com dificuldade de grau médio sendo cortada na tubelaser, a que apresenta
vantagem de flexibilidade de processo, podendo processar vários tipos de geometrias.
O mix de produção de tubos contempla itens com uma vasta gama de seções e tamanhos,
originados do processo de perfilação continua, todavia, esse processo de conformação é
dividido em duas formas: perfilação convencional indireta e direta.
Processo de conformação por rolos com método convencional indireto é todo aquele
que inicia por uma chapa plana, em seguida essa é conformada por rolos até transformá-la em
um tubo redondo com costura (solda por resistência elétrica ERW), chamado tubo de origem
conforme mostrado na Figura 3. Posteriormente esse é transformado na seção final desejada.
Solda ERW
A perfilação contínua pelo método de formação direta é toda aquela que a transformação
inicia exclusivamente com uma chapa plana, ou seja, não há necessidade de obter um tubo
redondo para chegar até a forma final. A conformação é feita por meio de rolos, esses efetuam
dobras gradativamente ao longo da transformação até atingir a geometria final desejada de
acordo com a Figura 4.
17
a) desenvolver o projeto de um mesmo tubo por meio dos dois processos de conformação,
b) avaliar deformações e tensões geradas em cada processo, utilizando o software COPRA
RF-FEA;
c) realizar ensaios mecânicos em protótipos obtidos pelos dois processos, visando a
obtenção posterior de peças customizadas;
d) analisar a viabilidade técnica e econômica comparando os dois processos;
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De regra esse conceito produz perfis de geometrias abertas, justamente por não possuir
as etapas de solda longitudinal e calibração dimensional. A Figura 9 mostra alguns exemplos
de geometrias abertas.
Halmos (2006) afirma que toda máquina de perfilação contínua, contendo estágios
equipados com eixo ferramenta superior e inferior, suportados por mancais, possibilitando
variar largura de chapas e espessuras de matéria-prima, é denominada como perfiladeira
convencional.
A Figura 10 mostra um estágio de conformação convencional, onde os mancais do lado
direito são desacopláveis, possibilitando a montagem e desmontagem de diversas ferramentas
(rolos de conformação). Tal fato garante flexibilidade de produção, propiciando, numa mesma
máquina, uma grande diversidade na fabricação de produtos.
22
Estágio Convencional
Nível de complexidade
(01)
(02)
(03)
A fusão ocorrida no processo de soldagem durante a junção das bordas gera um excesso
de material na parte superior do tubo. Esse é um efeito indesejado que afeta diretamente a
qualidade do produto. Segundo a norma NBR 6591, principal norma para o segmento, tal
excesso pode variar ±10% da espessura do produto final. Entretanto, a quantidade de material
excedente é um dado empírico, pois depende da habilidade do operador da perfiladeira e
também das características das matérias-primas que estão sendo soldadas.
Devido a esses fatores, os fabricantes de máquinas conformadoras desenvolveram uma
solução denominada como sistema de raspagem externa, responsável por fazer a usinagem do
excesso de material. Esse conjunto é composto por um atuador pneumático, regulador de
pressão, suporte do inserto e ferramenta de usinagem. A Figura 13 mostra um sistema de
raspagem externa.
tubo redondo. Essa diminuição de perímetro é realizada em quatro estágios, onde cada
passagem reduz 1,25% do contorno da linha média.
Produtos oriundos da tecnologia MCI são indicados para aplicações que necessitem um
pequeno ou médio grau de severidade, ou seja, tal processo não é recomendado para tolerâncias
restritas (justas).
Além disso, existe uma particularidade quanto à uniformidade dos raios externos. A
norma NBR 6591 determina que os raios externos oriundos desse processo atendam conforme
especificado na equação 4.
𝑅𝑚á𝑥 = 3. 𝑡 (4)
Nível de complexidade
exige uma análise crítica. Uma quantidade pequena de estágios pode causar distorções e
acúmulos de tensões, dificultando a obtenção de tolerâncias restritas.
Todavia, muitas passagens aumentam o custo com aquisição de ferramental (ASM,
1988). Entretanto, o que define realmente o número de passagens, ocorre em função da
complexidade da seção.
Produtos com muitas dobras necessitam de mais passes para formar. Além disso, as
propriedades mecânicas do material e tolerâncias restritas também são definidoras da
quantidade de passagens a ser adotada (HALMOS, 2006).
Diferentemente do MCI, no conceito em questão não há subdivisões durante a etapa de
formação, ou seja, nessa fase o produto é dobrado progressivamente até que seu formato esteja
próximo da geometria final projetada.
Com a etapa de formação concluída, ocorre o processo de soldagem por alta frequência,
esta é feita de maneira similar ao MCI. Porém, para o MCD as bobinas indutoras copiam o
formato externo da seção que está sendo produzida.
A figura 18 mostra os últimos estágios de formação para que em seguida, inicie o
processo de soldagem.
B) MCD A) MCI
Fonte: Adaptado de voestalpine Meincol (2016)
Para qualquer diagrama de flor que estiver sendo analisado, podem-se identificar
elementos retos e curvilíneos. Os elementos retos não variam o seu comprimento, todavia,
efetuam rotações de corpo rígido. Já os elementos curvilíneos podem variar de comprimento ao
longo da conformação, para isso, três técnicas podem ser aplicadas para efetuar o seu
desenvolvimento: arco constante, raio constante e mista (RODRIGUES; MARTINS, 2005).
Todavia, tais metodologias envolvem casos particulares, ou seja, são aplicadas de
acordo com o tipo de secção analisada, além disso, a experiência do projetista é de extrema
valia para decisão sobre qual método deverá ser usado.
33
Halmos (2006) afirma que não se deve usar o comprimento da linha neutra teórica, para
calcular a extensão de um elemento curvo, pois dessa forma a tira ficará com a largura maior
do que a necessária.
De acordo com o autor, tal fato se explica em função do deslocamento da linha neutra
teórica, iniciando do meio da espessura do material, e partindo em direção ao raio interno da
dobra. A nova localização da linha neutra é expressa em função do fator k. A Figura 21, mostra
tal comportamento.
(5)
t = Espessura [mm]
Desvio de Torção
Efeito Arco
retilineidade
b) a)
Fonte: Adaptado de voestalpine Meincol (2016)
do limite de escoamento (LE) do material, pois quanto maior o valor do LE [MPa], menor deve
ser a espessura.
Geralmente, materiais com espessura e limite de escoamento superior, causam perda de
tração nas conformadoras. Em muitos casos, o esforço necessário para conformar um material
de propriedades elevadas é tão grande, que os motores das perfiladeiras desarmam em função
do superaquecimento.
Materiais com alto limite de escoamento tendem a gerar deformações longitudinais,
sendo essas perceptíveis, principalmente nas bordas da tira em função do acúmulo de tensões
residuais. Conforme Polk (2012), tal ocorrência é causada pela longa distância entre os passes
conformadores e número limitado de passagens (estágios de conformação). A Figura 25a
mostra a deformação causada, esse fato, é mostrado na simulação por meio de método de
elementos finitos (MEF). A figura 25b ilustra deformação plástica no método convencional
indireto, que permanece logo após a remoção da carga (tira saído do rolo conformador).
Segundo Polk (2012), para materiais com alto limite de escoamento, recomenda-se
produzir em máquinas pelo método de conformação direta, com número elevado de passagens.
39
3 METODOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
O projeto auxiliado por computador (CAD), tanto para o método convencional direto
quanto o indireto, foram desenvolvidos por meio do software COPRA RF, cuja aplicação atende
as necessidades dos processos de perfilação contínua.
Os recursos oferecidos compreenderam desde o cálculo do diagrama de flor, desenhos
de ferramentas (rolos de conformação) até lista de peças que foi gerada automaticamente.
No COPRA RF usa-se uma sequência metodológica diferente para cada tipo de projeto,
ou seja, no MCD, desenha-se o produto a ser conformado, já prevendo as tolerâncias,
posteriormente executa-se o desdobramento (diagrama da flor) com ângulos previamente
definidos pelo usuário.
Já no MCI, apenas são informadas as dimensões do produto final, juntamente com a
medida do diâmetro de origem do tubo. Logo em seguida, o projetista, com auxílio do software
efetua a transformação do tubo redondo no retangular em questão, gerando assim, o diagrama
de flor.
Foi realizada uma análise de elementos finitos para cada método proposto, para isso,
utilizou-se, o software COPRA FEA, o qual oferece recurso gráfico de análise por elementos
finitos. Este programa fornece, algumas informações essenciais na perfilação como:
41
Para o tubo 30x50x2,00, conformado pelo método convencional indireto, de acordo com
a equação 2, o valor do diâmetro de origem (d0) foi de 50,80 mm.
Para fabricação deste, usou-se uma perfiladeira convencional indireta, modelo ITL-100,
cuja fabricação é feita pela Indústria de Máquinas Zikeli. Tal equipamento é composto por 24
estágios de conformação, sendo distribuídos da seguinte forma:
Os quatro últimos passes, além de definirem as medidas finais, servem para corrigir o
efeito arco, desvio de retilineidade e torção. No método em questão, foi necessário usar todos
43
Para o tubo em análise, que foi conformado por MCD, utilizou-se uma perfiladeira
convencional direta, modelo SFR 111/4, fabricada pela Dreistern.
Esta máquina dispõe de tecnologia de ponta, com alto grau de automatização,
principalmente em questão de segurança, ergonomia e redução do esforço humano. Tal
equipamento é composto por 58 estágios de conformação. Todavia, para o projeto em questão
utilizaram-se 22 estágios, distribuídos da seguinte forma:
15 estágios de formação;
01 estágios de solda longitudinal por alta frequência (ERW);
06 estágios de calibração (calibragem das medidas nominais);
Após realizar a conformação dos tubos por meio dos métodos relacionados fez-se
necessário analisá-los, sendo executados as seguintes verificações.
O teste de ensaio de tração foi efetuado conforme norma ASTM A370 método 8M, esse
foi realizado no laboratório de ensaios mecânicos da Universidade de Caxias do Sul.
A imagem 27 mostra o dimensional pelo qual os corpos de prova foram executados, ou
seja, de acordo com o referencial normativo.
44
De regra, foi efetuado o teste em 5 amostras, cujo os corpos de provas foram retirados
nas regiões destacadas na Figura 28 por meio de corte a fio, devidamente identificados de
acordo com a região que foram extraídos.
Lat 2
=
=
= Base =
Fonte: Do autor (2017)
45
O equipamento utilizado é da marca Emic, com escala máxima de 200 kN equipada com
software Virmaq, onde esse registra as propriedades mecânicas das amostras. Portanto, dessa
forma visou-se estabelecer um comparativo da mudança das características mecânicas durante
a conformação convencional direta e indireta para o seguinte: limite de resistência a tração (LR)
e limite de escoamento (LE).
a) foram selecionadas barras de cada método. Foi extraído uma amostra de cada barra
com comprimento de 300 mm;
b) na máquina de corte a laser (tubelaser) realizou-se a usinagem na extremidade,
conforme mostra a imagem 29a. Esse processo, iniciou-se pelas amostras de MCD
e logo em seguida foram usinadas as amostras do método convencional indireto;
c) após o processamento no corte a laser, utilizou-se um paquímetro digital de 300 mm,
para verificar as dimensões nos pontos relacionados na Figura 29b;
Foi feita a verificação do dimensional completa da seção dos tubos, isto é verificação
dos lados (30 e 50 mm), raios externos, ângulos adjacentes e espessura. Tal análise visou
estabelecer um comparativo de uniformidade principalmente entre raios de tubos oriundos de
MCD e MCI. Essas medidas foram verificadas em 05 amostras, de comprimento é 300 mm, da
qual extraiu-se um média para cada valor apurado cujo critérios de aceitação e seleção de
equipamentos são:
1) critérios de aceitação: “erro máximo de medição” + “incerteza de medição” ≤ erro
máximo permitido;
2) seleção dos equipamentos de medição:
2.1) paquímetro universal com capacidade de medida 0 a 200 mm, cuja menor tolerância
para o processo garante ±0,20 mm e o erro máximo permitido é 0,13 mm;
2.2) verificador de raios de 1 a 7 mm, onde a menor tolerância garante ±0,25 mm e o
erro máximo permitido é 0,16 mm;
2.3) transferidor de graus digital com faixa de medição 0 a 180° garantindo uma
tolerância mínima de 0,1° com erro máximo de 0,25’.
A resolução dos equipamentos utilizados foi de 3 vezes mais precisa que a amplitude
das tolerâncias.
4 RESULTADOS E ANÁLISES
Este capítulo traz a análise dos resultados referentes aos testes realizados para o trabalho
em questão, visando determinar um critério que justifique qual método de fabricação é o mais
indicado para produtos de tal nível de complexidade.
Utilizando o software COPRA RF, iniciou-se o diagrama de flor, cujo primeiro passo
consiste em desenhar o tubo com as medidas nominais. Em seguida, usando comandos
específicos do programa, realizou-se o desdobramento, com ângulos e medidas de calibragem
inseridas pelo projetista, formando assim, o diagrama da flor.
A Figura 30 mostra o diagrama da flor MCD, juntamente com os ângulos utilizados e
também as compensações (sobremetal) para calibragem, iniciando no passe 17 com 0,5 mm e
finalizando no estágio 22 com a medida nominal. Por motivo de sigilo industrial, não foi
possível revelar a largura de tira para o método direto
Figura 31- Rolos conformadores MCD nos estágios de formação, solda e calibração
Por motivo de sigilo industrial, não foi informado o fator de compressibilidade utilizado
nos últimos 4 estágios.
Da mesma forma que o realizado no MCD, após a concepção do diagrama de flor,
iniciou-se o projeto de rolos. Contudo, para o método convencional indireto devido a concepção
da máquina perfiladeira, o ferramental para o tubo redondo é robusto e o peso (kg) de cada rolo
é muito maior quando comparado com o ferramental do método convencional direto.
Por esse motivo, sugerem-se lotes de produção acima de 50 ton, objetivando a
otimização do tempo de setup e diluição de perdas na produção. A Figura 33 mostra alguns dos
passes mais importantes na conformação do MCI.
Esse recurso de projeto, foi usado para mostrar tensões geradas na conformação, essas
relacionadas com a energia de deformação absorvida no processo de perfilação, conforme a
metodologia descrita anteriormente. Além disso, usando este método avaliou-se também as
deformações longitudinais na conformação.
Também se extraiu por meio de MEF a verificação do projeto de rolos conformadores,
pois esses são responsáveis diretos pela conformabilidade do tubo e consequentemente, por
gerar um produto de boa qualidade. Tal conferência, ocorreu comparando o perfil teórico versus
o real simulado.
Informações como: ângulos de desdobramento, fator de compressibilidade ou largura
de tira, se feitas de maneira equivocada durante a elaboração do projeto, poderão acarretar em
erros, que comprometem as dimensões e tolerâncias do tubo, elevando os tempos de ajustes e
gerando altas perdas, indiferente de qual método produtivo (MCD ou MCI) foi utilizado.
A Figura 37 mostra o estágio 15, isto é, o último passe da etapa de formação. Para esse,
observaram-se que as tensões equivalentes nos raios inferiores são maiores, quando comparadas
com as tensões verificadas para os raios superiores.
Tal fato explica-se pela composição de dobras, ou seja, nas primeiras passagens, ainda
com a tira plana, executou-se apenas uma dobra de 0° até 85° em 6 estágios de conformação.
Porém, nos estágios subsequentes realizou-se a segunda dobra de 0° até 85°, neste caso, a
distorção nos elementos tensionados é muito maior, em função do esforço necessário para
dobrar a aba que forma o lado de 50 mm, tendo em vista que o produto já tinha uma das abas
(lado 30 mm) pronta. A Figura 38 mostra esse comportamento.
Com esses resultados é correto afirmar que os raios do tubo conformado pelo método
convencional direto, são áreas que mais absorvem energia de deformação por unidade de
volume. Com a geometria já definida, neste caso, sem nenhum carregamento atuando na chapa,
observam-se tensões residuais alocadas nas dobras, fato esse conclusivo para afirmação citada.
A circunstância de um raio absorver mais energia de deformação que o outro, justifica-
se pela sequência de dobras executadas, pois os raios inferiores são mais expostos, em função
da força necessária para dobrar a aba 50 mm, ser maior do que a força para dobrar a aba de 30
mm.
55
Além das regiões do tubo que apresentaram tensões residuais, da análise MEF extraiu-
se a verificação da deformação longitudinal, ou seja, inspecionou-se o comportamento
principalmente das bordas da tira ao longo da perfilação. Tal averiguação foi realizada para
todos estágios conformadores, todavia o presente trabalho mostra apenas os resultados de
maiores relevâncias durante a perfilação. Isto é, aqueles cujas deformações longitudinais são
mais acentuadas.
A Figura 40 mostra o início da conformação MCD (passe 1), onde o gráfico representa
o estágio conformador, e a trajetória da curva nele contido, configura a deformação do elemento
selecionado no COPRA FEA.
De regra, esta análise mostra o comportamento da deformação chapa, ao longo da sua
passagem pelos rolos conformadores, onde no instante da dobra ocorrem picos de deformação,
representados por um ponto de máximo que corresponde a uma tração, e um ponto de mínima
relacionado a uma compressão.
Contudo, na saída da chapa, ou melhor, quando os rolos conformadores cessam o
carregamento, resulta uma deformação permanente, e essa é parcialmente carregada para os
estágios subsequentes.
Já para as passagens de calibração, tais deformações são na ordem de 0,05 a 0,17%, fato
esse explica-se em função de não acontecerem dobras e sim pequenos ajustes dimensionais no
tubo.
Figura 43- Comparativo das dimensões teóricas versus simuladas em MEF (MCD).
Neste, a sequência metodológica para análise MEF difere-se quando comparada com o
MCD, ou seja, o primeiro passo consiste simular a conformação do tubo no formato redondo.
Logo, informa-se o tipo de processamento com as características de material e da perfiladeira,
em seguida, é gerada a malha.
Como o tubo redondo não é o foco da presente análise, e sim uma sub-rotina para obter
a simulação do tubo desejado, serão mostrados nessa etapa, apenas fatos relevantes de maior
impacto para obtenção do produto pelo método proposto.
59
Não foi necessária a plotagem dos gráficos de tensão e deformação, pois o efeito era
facilmente perceptível. Para isso, tornou-se necessário fazer uma serie de iterações (3 ciclos),
60
de simulação MEF, com estratégias diferentes até alcançar uma geometria de ferramenta (rolo
conformação) capaz de eliminar tal defeito.
Além disso, mais alguns ajustes relacionados a características da perfiladeira foram
realizados, que por motivo de sigilo industrial, não serão mencionados. Na terceira tentativa,
validou-se a simulação do tubo redondo. A Figura 45 mostra que as medidas simuladas (linha
vermelha), são muito próximas ao o teórico projetado (linha azul), isto é, diâmetro de 50,80
mm.
Com base nos resultados obtidos, é correto afirmar que no método convencional
indireto, a região que mais absorve energia durante a conformação é no trecho reto
correspondente ao lado 50 mm, ao contrário do MCD, onde-se observou que tal efeito ocorre
na região dos raios.
Por meio da MEF extraiu-se também o comparativo do tubo simulado versus o teórico
para o método em questão. A Figura 48 mostra essa comparação, onde as linhas na cor azul,
representam o tubo conforme projetado, isto é, com medidas nominais, e as linhas vermelhas
caracterizam o produto simulado.
Neste observa-se que as medidas da seção retangular (lado 30 e 50 mm) praticamente
não se alteram no decorrer da perfilação. Entretanto, verificou-se que a espessura do tubo,
principalmente no trecho correspondente ao lado 50 mm aumentou aproximadamente 0,10 mm,
quando comparado ao valor teórico (2,00 mm).
Figura 48- Comparativo das dimensões teóricas versus simuladas em MEF (MCI).
Apesar de algumas medidas do tubo simulado estarem nos extremos das tolerâncias, o
produto é aprovado, pois há possibilidade de ajustes (regulagens de máquina) durante a
produção. Sendo assim, o projeto do ferramental (rolos conformadores) foi validado e o tubo
30x50x2,00, por meio do método convencional indireto, foi encaminhado para fabricação.
63
Após a fabricação do tubo pelos dois métodos propostos, iniciou-se a etapa de coleta de
amostras para realização dos ensaios mecânicos. Primeiramente, foi realizada a retirada de
corpos de prova para realização do ensaio de tração. A figura 49 mostra os corpos identificados
de acordo com a origem da conformação e também da região do tubo da qual foram extraídos.
Durante a usinagem dos corpos de prova, observou-se que todas as amostras oriundas
do método convencional indireto, apresentavam abaulamento, isto é, principalmente na região
identificada por “LAT” as quais correspondem ao lado 50 mm. A Figura 50a, mostra o corpo
de prova obtido por MCD, já a figura 50b, mostra o corpo de prova dos tubos oriundos do MCI.
Os parâmetros de usinagem para extração dos corpos de prova foram exatamente iguais,
nos dois métodos. Sendo assim, a possível causa da convexidade encontrada nas amostras
provenientes do processo convencional indireto, pode ser devido a tensões residuais
acumuladas durante a perfilação. No ensaio de tração, foram ensaiados 30 corpos de prova,
sendo 15 amostras oriundas de MCD e 15 de MCI. Para mostrar os resultados dessas análises,
64
Por meio desse estudo, obteve-se um intervalo de confiabilidade nas quais se encontram
as propriedades mecânicas, limite de escoamento (LE) e limite de resistência a tração (LR) para
cada método proposto. A Figura 51 apresenta um gráfico com valores obtidos por meio de
cálculo estatístico, onde 95% desses, localizam-se dentro das faixas (limite superior e inferior)
de cada análise realizada.
Figura 51- Gráfico com intervalo de confiança das propriedades mecânicas MCI e MCD
No método convencional direto, constata-se que a maior variação ocorre do ponto 1 para
o ponto 2, ou seja, num deslocamento de 50 mm, acontece uma distorção de aproximadamente
0,70 mm, quando essa é comparada com o valor inicial.
Contudo, nos pontos 2,3 e 4, observa-se uma pequena expansão, já no ponto 5 é onde
verifica-se os maiores valores para o deslocamento das bordas livres. Sendo assim, calculou-se
o número médio deste local, isto é, 30,90 mm, neste caso, uma média 0,90 mm maior que a
medida nominal, desta forma mostrando uma tendência crescente.
Já para o método convencional indireto, contata-se que do ponto inicial até o ponto 2,
cuja distância é 50 mm, percebe-se uma tendência crescente, todavia para os pontos 2,3 e 4, não
há um padrão definido, isto é, em algumas peças a medida oscila.
Relacionando o comportamento do penúltimo e o último ponto observa-se uma
tendência decrescente, apresentando uma diferença média de 0,25 mm quando se compara o
valor inicial com o ponto final.
A Figura 54 mostra o gráfico com as medidas verificadas em cada ponto das peças
provenientes do MCD e também do MCI.
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Figura 54- Gráfico da verificação de medidas ponto a ponto nas peças (MCD)
A Figura 55a, mostra a consequência do deslocamento de bordas das peças obtidas pelo
MCD, quando uma é colocada ao lado da outra, apresentando uma diferença perceptível entre
elas. Já para o MCI quando se realiza o mesmo comparativo, não se observa nenhuma
desigualdade, fato esse mostrado na Figura 55b.
Além da região usinada que foi analisada até então, a extremidade oposta (sem recorte)
também é relevante para o estudo, pois numa condição real de produção a peça é verificada em
todos os aspectos. A Figura 56a, mostra o tubo obtido pelo método convencional direto, nela
observa-se as faces referentes ao lado 50 mm levemente convexas, praticamente imperceptíveis.
Já na Figura 56b, nas peças oriundas do MCI, constata-se uma convexidade nesta mesma
superfície cuja ordem é de aproximadamente 0,40 mm quando comparado com a medida
nominal. Contudo, para uma condição de produção em série, certamente a peça final teria
tolerâncias diferenciadas do tubo obtido por meio de perfilação contínua.
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Figura 56- Comparativo da geometria no lado oposto ao recorte usinado (MCD e MCI)
Foram analisadas as medidas reais dos tubos conformados pelos dois métodos
produtivos propostos. Tal comparativo é mostrado na tabela 3, onde se verificam as medidas
médias das 5 amostras analisadas cuja metodologia para obtê-las sucederam conforme descrito
no capítulo 3.
5 CONCLUSÃO
métodos, objetivando descartar a variável térmica. Sendo assim, o produto oriundo do MCD
apresentou um deslocamento de bordas na parte usinada de aproximadamente 2,5% maior
quando comparado ao valor teórico (30 mm). Já o tudo obtido por perfilação indireta, essa
variação foi próxima de 0,5%.
Contudo, na parte oposta ao trecho usinado, o comportamento foi oposto, isto é: no
método convencional direto, a face correspondente ao lado 50 mm permaneceu praticamente
plana (levemente convexa), porém no MCI, observa-se uma convexidade acentuada, em torno
de 1,5% maior quando relacionada com a medida teórica (30 mm). Com isso, conclui-se que as
variações relacionadas, estão diretamente ligadas com a região na qual as tensões residuais
ficaram concentradas após a conformação.
A viabilidade técnica mostrou que o custo do produto vendido (R$/ton) por meio de
perfilação direta é cerca de 4% maior que o indireto, todavia observou-se que esse valor só
superou o índice do MCI em função do custo hora máquina e tempo de setup. Já para ou outros
parâmetros analisados (velocidade, perdas, tempo de ajuste e eficiência) os dados foram
melhores.
Hoje a perfiladeira na qual fabricou-se o tubo MCI é considerada um recurso gargalo,
com muitos produtos alocados nesse centro de custo. Devido aos fatos relacionados como
qualidade da geometria perfilada, números positivos de produção e alívio de carga máquina
(MCI), sugere-se a fabricação do tubo 30x50x2,00 com material S355 na perfiladeira de método
convencional direto. A diferença percentual referente ao custo de fabricação é baixa, sendo
assim, nas próximas produções, essa diferença tende a baixar com aumento de tamanho de lotes
e experiências de operadores e ferramenteiros.
É correto afirmar que por meio dos resultados obtidos, as tolerâncias para peças que
necessitam de customização (corte laser) após a conformação, não podem serem tratadas com
as mesmas tolerâncias dos tubos perfilados, ou seja, o presente trabalho servirá de parâmetro
para estabelecer números para tal.
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Devido ao investimento para desenvolver um estudo dessa magnitude, não foi possível
realizar o mesmo comparativo para outro produto (secção e material diferente). Porém como
sugestão de trabalhos futuros, é de grande valia realizar uma pesquisa similar a essa efetuada,
verificando a influência das tensões residuais (MCD e MCI) para tubos que necessitam de
processos de dobramento ou calandragem. Assim como, realizar acompanhamento frequente
para esse trabalho que foi realizado, analisando outros valores de propriedades mecânicas e
analises de elementos finitos, verificando a repetibilidade dos resultados apresentados.
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