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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

RAFAEL JADER FARIA


SILAS AUGUSTO DE OLIVEIRA COSTA

ANÁLISE COMPUTACIONAL DOS MÉTODOS


GRÁFICOS DE ESTIMATIVA DE TENSÕES E
ESFORÇOS EM TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS
SUJEITAS A CARGA TÉRMICA VARIÁVEL

Taubaté – SP
2018
RAFAEL JADER FARIA
SILAS AUGUSTO DE OLIVEIRA COSTA

ANÁLISE COMPUTACIONAL DOS MÉTODOS


GRÁFICOS DE ESTIMATIVA DE TENSÕES E
ESFORÇOS EM TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS
SUJEITAS A CARGA TÉRMICA VARIÁVEL

Trabalho de Graduação apresentado


para obtenção do Certificado de
Graduação do curso de Engenharia
Mecânica do Departamento de
Engenharia Mecânica da Universidade
de Taubaté.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Silva de


Araújo Porto

Taubaté – SP
2018
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai Vicente Augusto da Costa e a minha mãe
Terezinha Maria de Oliveira da Costa que sempre me apoiaram e assistiram,
aos meus familiares e amigos que sempre me motivaram a permanecer firme
nesta longa caminhada para alcançar meus objetivos e que souberam me
confortar durante os momentos decisivos e tensos dessa etapa.

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida
durante essa grande caminhada, a minha esposa Cristiane Vilela, as minhas
filhas Rafaela Vilela e Regiane Vilela, meu pai Valdir Faria, minha mãe Geralda
Cristina Boari, meus irmãos Rennan Boari e Vinicius Boari, e todos aqueles que
em mim acreditaram.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecemos a Deus, fonte da vida e da graça, que


nos iluminou e manteve nossa saúde sempre me bom estado para que
pudéssemos estar presente e adquirir os conhecimentos transmitidos em aula.
À Universidade de Taubaté, que ofereceu um ambiente educacional com
profissionais qualificados e recursos para adquirir o conhecimento com
qualidade.
A todos os professores que nos ensinaram durante a graduação nas
aulas do núcleo básico, núcleo profissionalizante e núcleo específico.
Ao nosso orientador, Prof. Dr. Fernando Silva de Araújo Porto, por toda
seriedade, experiência e direcionamento para que fosse possível realizar este
trabalho.
Aos funcionários dos demais setores da Universidade, seja da biblioteca,
secretaria, segurança patrimonial ou central do aluno, que auxiliaram em
momentos específicos para que pudéssemos dar os passos corretos durante
nossa graduação.
“Mesmo desacreditado e ignorado por todos,
não posso desistir, pois para mim, vencer é nunca desistir.”

(ALBERT EINSTEIN)
RESUMO

Tubulação é uma estrutura formada por tubos e acessórios instalada nas


indústrias para conduzir fluidos que alimentam ou são despejados após o
processo. Para resistir às condições de condução do fluido e de agressividade
do ambiente, é necessário analisar os esforços, forças e tensões, aos quais a
tubulação será submetida. Para isso, métodos gráficos ou manuais (curvas
grinnel, tabelas para liras, método kellogg, etc.) de análise de tensão em
tubulações industriais são usados devido a sua simplicidade e rapidez com que
geram resultados, embora sejam considerados conservadores, ou seja,
produzem resultados que fazem o projeto tender ao superdimensionamento. O
trabalho consiste em comparar os resultados obtidos por dois métodos distintos
em relação a um perfil de curva denominado lira simétrica: os resultados de um
método gráfico (curvas Grinnell) contra resultados obtidos através de um
software de última geração para análise de tensões em tubulações, o
CAEPIPE™ (versão demo, com limitações somente quanto a complexidade do
sistema de tubulações, sem restrições quanto ao tempo de uso ou tipo de
análise), e através destas comparações verificar se os métodos manuais são
realmente confiáveis, demonstrar a facilidade para se realizar cálculos, a fim de
compará-los aos resultados obtidos por softwares, verificar a disparidade entre
os resultados e avaliar o conservadorismo dos métodos.

Palavra Chave: Tubulação. Tensão. Grinnell. CAEPIPE.


ABSTRACT

Piping is a structure formed by pipes and fittings installed in industries to


conduct fluids that feed or are dumped after the process. To withstand the
conditions of fluid conduction and environmental aggressiveness, it is
necessary to analyze the stresses and the forces to which the piping will be
subjected. For this, graphical or manual methods (grinnel curves, lira tables,
kellogg method, etc.) of stress analysis in industrial pipes are used because of
their simplicity and speed with which they generate results, although they are
considered conservative, that is, they produce results that make the project tend
to oversize. The work consists in comparing the results obtained by two distinct
methods in relation to a curve profile called symmetric lira: the results of a
graphical method (Grinnell curves) against results obtained through a software
of last generation for analysis of stresses in pipes, the CAEPIPE™ (demo
version, with limitations only on the complexity of the piping system, without
restrictions on the time of use or type of analysis), and through these
comparisons verify if the manual methods are really reliable, demonstrate the
facility to perform calculations , in order to compare them with the results
obtained by software, verify the disparity between the results and evaluate the
conservatism of the methods.

Keyword: Piping. Stress. Grinnell. CAEPIPE.


LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Lira plana simétrica............................................................................................. 24
Figura 2 - Planilha do Método Grinnell ............................................................................... 24
Figura 3 - Dados de entrada no CAEPIPE™..................................................................... 26
Figura 4 - Layout da lira plana ............................................................................................ 26
Figura 5 - Análise de tensão no CAEPIPE™ à 250°C ...................................................... 27
Figura 6 - Análise de flexibilidade CAEPIPE™ ................................................................. 27
Figura 7 - Análise de tensão CAEPIPE™ à 70ºC ............................................................. 28
Figura 8 - Análise de tensão CAEPIPE™ à 150°C ........................................................... 29
Figura 9 - Análise de tensão CAEPIPE™ à 200°C ........................................................... 29
Figura 10 - Análise de tensão CAEPIPE™ à 300°C ......................................................... 30
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultados de Fx e Sb ...................................................................................... 25


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
1.1 OBJETIVO ...................................................................................................................... 14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 15
2.1 TENSÕES ATUANTES ................................................................................................. 16
2.2 MÉTODOS DE CÁLCULO DE TENSÃO ..................................................................... 17
2.2.1 Métodos Simplificados: .............................................................................................. 17
2.2.1.1 Métodos Aproximados: ........................................................................................... 17
2.2.1.1.1 Métodos de Análise por Cantiléver Guiado: ...................................................... 18
2.2.1.1.2 Método Analítico Geral Simplificado:.................................................................. 18
2.2.1.2 Métodos Gráficos ou Diretos: ................................................................................. 19
2.2.1.2.1 Método Gráfico Kellogg: ...................................................................................... 19
2.2.1.2.2 Método Gráfico Grinnell: ...................................................................................... 20
2.2.2 MÉTODOS ASSISTIDOS POR COMPUTADORES ............................................... 20
2.2.2.1 ELEMENTOS FINITOS ........................................................................................... 21
3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 22
4 RESULTADOS .................................................................................................................. 24
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 32
13

1 INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento da tecnologia e a crescente utilização de dispositivos e


sistemas informatizados para a elaboração de um projeto, os métodos de cálculo
manuais estão perdendo a preferencia de utilização para ferramentas digitais, pois
estas são acessadas e executam os cálculos, aparentemente, com maior precisão e
velocidade.

Muitos setores de engenharia empregam e disseminam a utilização dos


softwares computacionais e dos aplicativos digitais para obterem maior agilidade e
segurança na troca de informações referente aos cálculos de um determinado
projeto.

Porém, devido à facilidade de acesso e inclusão de dados nestes programas


computacionais, não é exigido um conhecimento teórico aprofundado e uma
percepção de erros apurada por parte do profissional que utiliza esta tecnologia.
Assim possibilitando o aparecimento de problemas futuros no projeto.

Na engenharia de tubulações industriais não está acontecendo diferente.


Devido aos diversos tipos de estrutura e componentes de uma tubulação industrial, a
quantidade de informações e conhecimento a serem utilizados em um projeto é
consideravelmente grande, sendo assim alguns métodos manuais e diversas
fórmulas foram criadas para atender diferentes condições, que respeitem as normas
nacionais e internacionais relacionados a uma determinada tubulação industrial.

Uma das etapas que a engenharia de projeto realiza, durante a elaboração


dos cálculos, é a análise de tensões na tubulação industrial. Essa análise consiste
em observar o comportamento da tubulação por toda a estrutura, relacionando os
diversos esforços aos quais os componentes da tubulação estarão submetidos. Um
dos esforços erroneamente considerado, e o projeto poderá causar uma parada no
processo produtivo, ou até um acidente.

É importante aliar o conhecimento teórico do engenheiro com as ferramentas


digitais para que o resultado do projeto seja alcançado com grande êxito, ou que, ao
menos, se houver um contratempo ou modificação necessária após término do
projeto, o profissional saberá onde atuar para regularizar a situação, seja por meio
de cálculos manuais, seja utilizando métodos computacionais.
14

A tubulação industrial merece relevante destaque, pois é utilizada na


condução de um determinado fluido entre dois reservatórios, ou entre um
reservatório e o ponto de utilização, para atender diversos fins primordiais em um
processo. E também, os custos do projeto e montagem da tubulação são relevantes
para o início das atividades de uma indústria, atingindo valores médios de 50 a 70%
dos equipamentos adquiridos, e de 15 a 20% dos valores de instalação dos
equipamentos.

1.1 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo, comparar os resultados obtidos no cálculo de


análise de tensões em tubulações industriais entre os métodos Grinnell (método
manual) e o software CAEPIPE (método computacional), para tubulações industriais
com disposição no formato lira. Sendo de grande relevância para esta comparação,
a precisão dos resultados obtidos por ambos os métodos e a agilidade nos cálculos,
assim avaliando as respectivas confiabilidades.

Com isso, identificar as vantagens e desvantagens da utilização de cada


método, demonstrar exemplos de aplicação e indicar os pontos nos quais um
método sobressai o outro.

Utilizar a norma ASME B31.3 – Process Piping Guide, como fonte diretora dos
cálculos e indicadora dos limites de tensões a serem observados pelos métodos.

Direcionar o engenheiro mecânico, que atua na engenharia de tubulações


industriais, a utilizar o método mais viável para a realização de um projeto.
15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Tubulação industrial é caracterizada como o conjunto de tubos e seus


acessórios que compõem a estrutura projetada a fim de suportar, internamente, o
escoamento de um determinado fluido (TELLES, 1979).

Sabendo-se que um fluido, segundo Brunetti (2008), é toda substância que,


ao sofrer ação de uma força tangencial constante de qualquer intensidade, deforma-
se continuamente sem atingir equilíbrio estático novamente.

Assim sendo, a tubulação industrial deve suportar os esforços externos e


internos de modo a garantir o escoamento do fluido a ser utilizado em um processo
(ASME B31.3, 1976).

E no projeto de uma tubulação industrial deve-se considerar todos os esforços


que agem sobre as superfícies da tubulação, para isso é necessário considerar a
tubulação como sendo um elemento mecânico, que sofrem os seguintes esforços
mecânicos entre outros (FRANÇA FILHO, 2013):

a) Pressão exercida pelo fluido na superfície interna;


b) Pressão na superfície externa da tubulação, ou seja, quando o
conjunto será instalado em ambiente sob pressão ou trabalhará com
vácuo.
c) Peso total dos elementos que compõem a tubulação, peso do fluido
contido na tubulação e, se houver, peso do isolamento térmico.
d) Sobrecargas extras advindas de condições externas e pertinentes a
instalação: peso de outros tubos, neve sobre a tubulação, e no caso de
tubulação soterrada, considerar o peso da terra, do pavimento, de
veículos e de pessoas, etc.
e) Esforços dinâmicos decorrentes do escoamento do fluido , por
exemplo, impactos, golpe de aríete, acelerações, etc;
f) Esforços dinâmicos externos: ação do vento, ocorrência de terremoto,
etc;
g) Dilatações térmicas decorrentes do ambiente ou da temperatura do
fluido.
h) Vibrações e atritos entre a tubulação e os acessórios;
16

i) Tensões residuais causadas pelo desalinhamento, desnivelamento,


alinhamento forçado, uniões por soldagem, aperto excessivo ou
desigual nas uniões por flanges ou roscas e erros de ajustes nos
acessórios, etc;

Porém, como ressalva França Filho (2013), podem-se fazer algumas


considerações com o intuito de reduzir o número de parâmetros e variáveis a serem
adotados nos cálculos das tubulações. Por exemplo, em projetos no qual é previsto
a instalação de válvulas de fecho rápido, os efeitos dinâmicos são desconsiderados
em geral. E também, quando há a ação de muitos esforços simultâneos, para
simplificar o cálculo, consideram-se apenas os esforços mais relevantes e
predominantes à situação do local de instalação.

Assim, destacam-se os esforços provenientes da pressão interna e das


dilatações. Entretanto, para tubulações de grande diâmetro, baixa pressão e
temperatura, considera-se também o esforço referente ao peso próprio da tubulação
(SHIGLEY, 1984 ).

2.1 TENSÕES ATUANTES

Segundo a norma ASME B31.3 (1976), os esforços que atuam sobre as


superfícies da tubulação são classificados em dois grupos:

a) Tensões Primárias:

São definidas como os esforços gerados pela pressão externa ou interna,


pesos do conjunto e do fluido, sobrecargas, etc.

b) Tensões Secundárias:

São definidas pelos esforços provenientes das dilatações do conjunto em


projeto ou de outra estrutura ligada a tubulação em questão, ou também
consequências dos movimentos gerados pelos extremos das tubulações
devido à dilatação.
17

2.2 MÉTODOS DE CÁLCULO DE TENSÃO

2.2.1 Métodos Simplificados

São métodos muito úteis e versáteis para se realizar a análise estrutural. Ao


utilizar esses métodos corretamente e com assertividade, respeitando os limites de
aplicação, são obtidos resultados satisfatórios, confiáveis, ágeis e com baixo
consumo de tempo (QUADRELLI, 1987).

As seguintes situações são indicadas para a aplicação dos métodos


simplificados:

a) Realizar previamente uma verificação rápida de todas as linhas,


separadamente, que compõem a tubulação, ou verificação parcial de alguma
linha específica, durante a fase de projeto.
b) Verificar os resultados obtidos através de cálculos computacionais no projeto
da tubulação.
c) Calcular os esforços internos e externos que uma estrutura sofrerá,
possibilitando uma estimativa desses valores em linha, que devido sua baixa
complexidade, não exijam métodos computacionais de análise.

Os métodos de análise simplificada recebem essa denominação, pois, de


certa forma, foram reduzidos a partir de métodos mais complexos, para que seja
possível trabalhar com um menor número de parâmetros do que os métodos
analíticos mais abrangentes. Ou seja, a partir dos métodos mais complexos,
algumas variáveis e parâmetros foram desprezados ou aglutinados em coeficientes,
e cada método foi designado restritamente para calcular tipos específicos de
configuração, com isso buscou-se maior eficiência do cálculo e garantia da
confiabilidade dos resultados (TELLES, 1979).

2.2.1.1 Métodos Aproximados:

Este método tem como propósito oferecer precisão, simplicidade e praticidade


no cálculo dos esforços mecânicos atuantes em uma ampla variedade de
18

configurações básicas. Nestes métodos são utilizados dados observados em campo


e os cálculos são realizados manualmente no local, com ou sem auxílio de réguas
de cálculo, isso confere ao método eficiência e constatação rápida no local de
instalação da tubulação (QUADRELLI, 1987).

2.2.1.1.1 Métodos de Análise por Cantiléver Guiado:

Segundo Quadrelli (1987), método de aplicação simples para estimar, em


uma linha de tubulação, as cargas térmicas que surgem devido à dilatação da
tubulação. Nesse método de análise são desprezados os momentos de torção,
assim reduz-se o número de esforços considerados, e a flexibilidade da tubulação
nas curvas para reduzir a quantidade de pontos analisados. Entretanto, a
desconsideração dessas informações restringe a precisão dos resultados deste
método consideravelmente, contudo os resultados finais são conservadores, pois
indicam que valores calculados dos esforços são maiores do que os valores reais.

2.2.1.1.2 Método Analítico Geral Simplificado:

Método de análise com complexidade considerável desenvolvido pela MW


Kellog Company , segundo ele, para diminuir a alta complexidade do Método
Analítico Geral, o qual segue os conceitos apresentados pelo teorema de
Castigliano. Essa simplificação do método garantiu maior rapidez para obter os
resultados e conferiu razoável precisão. Porém para ser aplicado a uma linha de
tubulação, devem-se respeitar as seguintes condições (M.W. KELLOG COMPANY,
1956):
a) a linha de tubulação possui somente duas extremidades e estas não
devem possuir ancoragem;
b) não há restrições e ramificações ao longo da tubulação;
c) os membros, sem exceção, são retilíneos e ortogonais entre si.
Sendo assim, é indicado para analisar efeitos da expansão térmica de
tubulações bidimensionais e tridimensionais.
19

2.2.1.2 Métodos Gráficos ou Diretos

Na análise de flexibilidade por método gráfico, o cálculo de dimensões,


temperaturas de trabalho e especificação dos materiais são realizados buscando os
valores dos parâmetros e varáveis em tabelas e gráficos, assim se configuram os
métodos de análise direta (FRANÇA FILHO, 2013).
Ainda conforme França Filho (2013), os métodos pertencentes a essa
classificação são utilizados para analisar configurações específicas da tubulação
industrial, pois em alguns casos, as tabelas foram criadas especificamente para uma
determinada condição, ou seja, os valores dos esforços para uma determinada
configuração, não corresponde aos esforços de outra configuração, sendo assim as
tabelas e gráficos são únicos para cada condição da linha de tubulação.
Para utilizar um dos métodos gráficos, deve-se observar os dados de entrada,
obter os coeficientes referente a configuração específica, substituir os valores
encontrados nas fórmulas referentes, também específicas para cada condição, e
assim analisar os resultados obtidos (KELLOG COMPANY, 1956).
Como exemplo, serão apresentados a seguir dois métodos diretos: o Método
Gráfico de Kellogg e o Método Grinnell.

2.2.1.2.1 Método Gráfico Kellogg

De acordo com Kellog Company (1956), o Método Gráfico de Kellogg utiliza


cartas gráficas apropriadas para verificar o formato da linha de operação, ou seja, o
trajeto que o fluido percorrerá pela tubulação. É um método simples para especificar
a dimensão mínima necessária que o comprimento de uma linha pode ter em um
determinado trecho com relação a outro. E também é um método rápido, pois a
partir de figuras padronizadas são obtidas o comportamento da estrutura para um
determinado parâmetro.
Criadas a partir da análise de algumas configurações básicas de tubulação e
utilizando como padrão o módulo de elasticidade de 200 GPa, as cartas
desenvolvidas pelo Método Kellogg permitem combinação para a resolução de
configurações um pouco mais complexas, porém deve-se verificar atentamente a
20

tolerância para a flexibilidade e que o cálculo seja realizado com cautela ( M.W.
KELLOG COMPANY, 1956).

2.2.1.2.2 Método Gráfico Grinnell

Segundo Grineell Company (1951), o Método Gráfico Grinnell é indicado para


calcular estimativamente os esforços gerados na tubulação devido à expansão
térmica de forma rápida e sem utilizar formulários complexos. Os parâmetros e
variáveis são obtidos através de tabelas que englobam 15 configurações de linhas
de tubulação diferentes entre estruturas bidimensionais e estruturas tridimensionais.

Os valores obtidos nos Método Grinnell apresentam considerável precisão e


confiabilidade quando respeitados limites de aplicação das tabelas criadas para que
se tornasse possível à utilização deste método de análise simplificada (GRINEELL
COMPANY, 1951).

2.2.2 MÉTODOS ASSISTIDOS POR COMPUTADORES

Para atender a necessidade de trabalhar-se com linhas de tubulação


complexas, seja no tamanho, na disposição da tubulação, no formato dos
componentes ou no número de restrições e suportes da tubulação, de forma que
toda a instalação seja analisada por completo para reduzir o número de cálculos ou
que não seja necessário refazer os cálculos novamente após uma determinada
modificação realizada, foram desenvolvidos programas computacionais para a
realização das análises de tensões e flexibilidade de uma tubulação industrial (SST
SYSTEMS, 2017).

Estes programas computacionais têm como base o conceito de elementos


finitos, ou seja, um modelamento matemático que permiti a análise estrutural das
mais variadas configurações de linha de tubulação, sem a necessidade de seccioná-
las para realizar a análise (FRANÇA FILHO, 2013).
21

2.2.2.1 ELEMENTOS FINITOS

Segundo Smith e Van Laan (1987), após criar um modelo computacional da


tubulação que indique o layout, a sustentação e fixação da configuração real, divide-
se toda a linha em segmentos ou pequenas frações, denominados elementos. A
localização desses elementos é feita através da distribuição de pontos dos nós ou
juntas nos locais mais críticos ou interessantes para a análise, por exemplo, locais
de ramificação da tubulação, pontos de concentração de tensão, etc.

Como cada elemento, indicado por um nó, representa a rigidez de um local


específico da tubulação e toda a linha é dividida em subconjuntos dos elementos
que conectam-se entre si, dá-se o nome de modelagem por elementos finitos a esse
método de cálculo. Esse conceito proporciona ao método computacional o cálculo
de tubulações industriais que possuem materiais diferentes em alguma parte da
linha de tubos, inúmeras conexões, elementos de geometria complexas e condições
ambientais internas e externas diferentes para um mesmo ponto da tubulação
(SMITH e VAN LAAM, 1987).
22

3 METODOLOGIA

Este trabalho tem por finalidade uma pesquisa básica, pois o principal
objetivo da pesquisa é adquirir conhecimento sobre o tema e explorar os métodos de
análises de tensão em tubulação industriais apresentados na bibliografia. O caráter
desta pesquisa básica é descritivo, pois apresenta as informações coletadas por
métodos simplificados e métodos computacionais a fim de comparar os resultados.

A abordagem desta pesquisa é qualitativa, por que os resultados


posteriormente obtidos serão analisados com base nos conceitos e informações
estudados que compõem este trabalho. Por fim, a pesquisa é classificada, referente
ao procedimento, como bibliográfica, cujo estudo reuniu conceitos e informações dos
métodos de análise de flexibilidade para servirem de conhecimento teórico e
possibilitar a análise dos resultados.

Para obter os dados necessários que possibilitassem a comparação de um


método simplificado com um método computacional, primeiramente, foram definidos
quais métodos seriam utilizados. Assim sendo, definiu-se o Método gráfico Grinnell
para representar o método simplificado, em contrapartida, o programa de
computador CAEPIPETM foi designado para ser utilizado como Método assistido por
computador.

Em seguida, escolheu-se o perfil de configuração da linha de tubulação a ser


dimensionada e estudada neste trabalho. Entre as várias configurações possíveis de
serem calculadas pelo Método gráfico Grinnell apresentadas pelas bibliografias
utilizadas, definiu-se que o Perfil U com braços iguais, ou Lira plana simétrica, seria
o objeto de análise.

Para limitar e concentrar os estudos em uma única condição, os valores de


algumas variáveis foram especificados, tais especificações são:

a) Norma ASME B31.3


b) Diâmetro da tubulação: 12” (323,85mm)
c) Schedule (Sch): Standard (STD)
d) Material ad tubulação: Aço carbono ASTM A-106 Grau A
e) Comprimento da extremidade de um braço ao outro da lira (L): 24 pés
(7,32m)
f) Altura da lira (h): 12 pés (3,65m)
23

g) Comprimento de abertura (a): 12 pés (3,65m)


h) Comprimento entre as extremidades da linha de tubulação (L’): 120 pés
(36,58m)
i) Fixação e suportes: Uma extremidade ancorada, uma guia em cada
extremidade da lira para unir à tubulação e uma extremidade com
válvula globo flangeada.

Sendo assim, foi utilizado essas informações em ambos métodos escolhidos.


Para o Método gráfico Grinnell, utilizamos um programa de planilhas eletrônicas
para auxiliar nos cálculos, onde editamos uma planilha e fixamos os dados de
entrada.

Para o CAEPIPETM, conforme necessidade, inserimos as informações no


programa para que fosse possível analisar o esquema projetado.

Após definir e fixar todas as condições básicas necessárias para realizar o


estudo, foi realizado a variação do valor da temperatura e dos valores pertinentes a
essa alteração. Isso se deve ao fato da necessidade de analisar a variação dos
valores das cargas e o comportamento da flexibilidade da tubulação com relação à
variação da temperatura na qual a linha de tubulação estará exposta.
25

Com a planilha eletrônica pronta, criou-se uma tabela de esforços mecânicos


referentes à força de reação (F x) e a Tensão máxima de Flexão (Sb), como
apresentado na Tabela 1. Essa tabela foi preenchida a partir do momento que os
dados eram calculados ao realizar a alteração da temperatura da tubulação. Para
cada nova temperatura que era inserida na planilha, havia necessidade de também
alterar o valor do Módulo de elasticidade a quente (E h) e o valor de Tensão
admissível a quente (Sh). A modificação desses valores alteravam os demais
cálculos e geravam novos valores para F x, conforme Equação 1, e Sb, conforme
Equação 2.

(1)

(2)

Tabela 1 - Resultados de Fx e Sb

Temperatura Fx [kN] Sb [MPa]


70 14,40 36,66
100 22,93 58,41
150 38,72 98,61
200 53,95 137,41
250 69,75 177,64
300 84,84 216,08
400 114,48 291,57
500 107,19 273,01
600 101,42 258,32
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

Após utilização do Método simplificado, iniciou-se o processo com o


CAEPIPETM para verificar quais resultados o programa demonstraria.
Primeiramente, fez-se a inserção dos dados de entrada e em seguida o desenho do
perfil especificado nesse trabalho, como pode-se observar na Figura 3 e Figura 4,
respectivamente.
27

Figura 5 - Análise de tensão no CAEPIPE™ à 250°C

Fonte: CAEPIPE™ (2018)

E o resultado da flexibilidade foi apresentado conforme Figura 6 abaixo:

Figura 6 - Análise de flexibilidade CAEPIPE™

Fonte: CAEPIPE™ (2018)

Esses foram os resultados apresentados por ambos os métodos indicados para


a realização deste trabalho, sendo que a tensão máxima de flexão da análise de
tensão do método computacional mostrado na figura 6, anteriormente, foi de 157,00
28

MPa, para uma temperatura de 250°C, enquanto o método gráfico apresentou para
esta temperatura uma tensão máxima de flexão de 177,64 MPa, conforme Tabela 1.

Figura 7 - Análise de tensão CAEPIPE™ à 70ºC

Fonte: CAEPIPE™(2018)

Esses foram os resultados apresentados por ambos os métodos indicados para


a realização deste trabalho, sendo que a tensão máxima de flexão da análise de
tensão do método computacional mostrado na figura 7, anteriormente, foi de 28,60
MPa, para uma temperatura de 70°C, enquanto o método gráfico apresentou para
esta temperatura uma tensão máxima de flexão de 36,66 MPa, conforme Tabela 1.
29

Figura 8 - Análise de tensão CAEPIPE™ à 150°C

Fonte: CAEPIPE™(2018)

Esses foram os resultados apresentados por ambos os métodos indicados para


a realização deste trabalho, sendo que a tensão máxima de flexão da análise de
tensão do método computacional mostrado na figura 8, anteriormente, foi de 77,44
MPa, para uma temperatura de 150°C, enquanto o método gráfico apresentou para
esta temperatura uma tensão máxima de flexão de 98,64 MPa, conforme Tabela 1.

Figura 9 - Análise de tensão CAEPIPE™ à 200°C

Fonte: CAEPIPE™(2018)
30

Esses foram os resultados apresentados por ambos os métodos indicados para


a realização deste trabalho, sendo que a tensão máxima de flexão da análise de
tensão do método computacional mostrado na figura 9, anteriormente, foi de 114,50
MPa, para uma temperatura de 200°C, enquanto o método gráfico apresentou para
esta temperatura uma tensão máxima de flexão de 137,41 MPa, conforme Tabela 1.

Figura 10 - Análise de tensão CAEPIPE™ à 300°C

Fonte: CAEPIPE™(2018)

Esses foram os resultados apresentados por ambos os métodos indicados para


a realização deste trabalho, sendo que a tensão máxima de flexão da análise de
tensão do método computacional mostrado na figura 10, anteriormente, foi de
183,70 MPa, para uma temperatura de 300°C, enquanto o método gráfico
apresentou para esta temperatura uma tensão máxima de flexão de 216,08 MPa,
conforme Tabela 1.
31

5 CONCLUSÃO

Após obter os resultados do método simplificado Grinnell, através dos


cálculos realizados com os dados retirados das tabelas e com auxilio de planilhas
eletrônicas, iniciamos a aprendizagem e utilização do software CAEPIPE™ para
obtermos os resultados de método de análise computacional.
Com as informações analisadas, foi verificado que o método simplificado
Grinnell apresentou resultados conservadores para as tensões nas devias
temperaturas analisadas, isso confere ao método maior segurança e maior custo de
projeto. Enquanto os valores do software CAEPIPE™ apresentaram maior
confiabilidade devido ao software apresentar imagens com escala de tensão pontual
e simulação de flexibilidade, que para este perfil apresentou deslocamento idêntico
para todas as temperaturas analisadas.
Entretanto, para pequenos trechos e utilização como pré-projeto o método
manual apresenta relevante confiabilidade devido a sua praticidade de utilização
com auxilio de planilha eletrônica, enquanto para trechos mais complexos, por
exemplo, com ramificações, os métodos computacionais apresentam ferramentas
que tornam a manipulação e análise do projeto mais ágil e exata.
Por fim, observamos a importante aprendizagem que adquirimos ao
desenvolver este trabalho referente ao conhecimento dos métodos de análise e ao
tema abordado. Com isso, sugere-se que outros trabalhos sejam realizados
abordando diferentes métodos para uma determinada configuração de tubulação,
seja um trabalho que aborde dois métodos computacionais ou outros métodos
simplificados, procurando absorver o conhecimento da análise de tensões em
tubulação industrial.
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REFERÊNCIAS

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Standard Code For Pressure Piping, Chemical Plant and Refinery Piping: ANSI
B31.3 – 1976. New York, 1977.

BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

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e Científicos Editora S.A., 1979.
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