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ESCOLA DE ENGENHARIA
COMISSÃO DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Porto Alegre
Maio, 2021
RUBENS JOSÉ CHAGAS JÚNIOR
Porto Alegre
Maio, 2021
RUBENS JOSÉ CHAGAS JÚNIOR. PORTO ALEGRE: CURSO DE ENGENHARIA
CIVIL/EE/UFRGS,2021
Este Trabalho de Diplomação foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção do tí-
tulo de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora, pelo
Professor Orientador e pela Comissão de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Sul.
BANCA EXAMINADORA
Agradeço à minha família, que mesmo de muito longe, me incentivou desde o início
desta jornada.
Agradeço aos meus amigos do 706 por toda parceria e companheirismo, uma amizade
que vai durar para sempre.
Agradeço aos grupos Flores e Burned, por todos os bons e maus momentos divididos
no estado do Rio Grande do Sul.
Agradeço ao Prof. Ruy Alberto Cremonini, meu professor orientador deste trabalho e
dos meus estágios, pelos ensinamentos ao decorrer do curso.
RESUMO
A evolução da demanda da indústria da construção civil tem exigido técnicas de execução cada
vez mais avançadas e inovadoras, a fim de suprir a necessidade de prazo, custo, qualidade e
singularidade arquitetônica de cada projeto. O sistema misto de aço e alvenaria estrutural, onde
perfis de aço trabalham em harmonia com a alvenaria estrutural, com a intenção de integrar
elementos estruturais, é uma alternativa que ganhou espaço no cenário da construção civil nos
últimos anos, que comumente é vista em galpões logísticos, hotéis, pavilhões, etc. Desta forma,
buscar-se-á apresentar as técnicas de execução de uma edificação de estrutura mista composta
de cobertura metálica apoiada em paredes de alvenaria estrutural e pilares metálicos, utilizando
as normas técnicas vigentes, através de um estudo de caso de uma edificação localizada em
Porto Alegre - RS. Por fim, serão levantadas as particularidades, em termos de controle de
qualidade e de execução da alvenaria estrutural e da estrutura metálica. Por último, deseja-se
que o trabalho oriente na execução de edificações com sistema estrutural semelhante, a fim de
alcançar qualidade e economia na construção.
The evolution of the demand in the civil construction industry has required increasingly
advanced and innovative execution techniques, in order to meet the need for time, cost, quality
and architectural uniqueness of each project. The hybrid system of steel and structural masonry,
a construction system where steel profiles and structural masonry work in harmony, aiming to
integrate structural elements, is an alternative that has gained space in the civil construction
scenario in recent years. It is most commonly seen in logistics warehouses, hotels, pavilions,
etc. Therefore, the current document seeks to present the execution techniques of a mixed
structure building composed of metallic cover supported on structural masonry walls and
metallic pillars, using the current technical standards, throughout a case study located in Porto
Alegre - RS. Finally, the particularities, in terms of quality control, of the execution of the
structural masonry and of the metallic roofing will be raised. By the end of the study, there are
improvements and optimizations gaps noticed that can be made in the execution of structures
similar to the case studied. Last, this document is meant to guide and inform the execution of
buildings with a similar structural system, in order to achieve quality and economy in
construction.
Keywords: Mixed Construction, Steel, Structural Masonry, Metal Roofing, Mixed Structure
Building; Exposed concrete block
LISTA DE FIGURAS
Tabela 1 - Custos para execução de alvenaria estrutural de bloco de concreto aparente ......... 56
Tabela 2 - Custos para execução de 1085m² de estrutura metálica .......................................... 57
Tabela 3 - Custos para transporte e içamento de material da estrutura metálica ...................... 61
LISTA DE SIGLAS
PUR – Poliuretano
MPa – Megapascal
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16
2 DIRETRIZES DA PESQUISA......................................................................................... 17
5 ANÁLISE ......................................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO
16
2 DIRETRIZES DA PESQUISA
O principal objetivo do estudo é analisar uma estrutura mista composta de aço e alvenaria.
O trabalho apresentará um estudo de caso de execução de uma edificação comercial de estrutura
mista composta de cobertura metálica apoiada em paredes de alvenaria estrutural de bloco de
concreto aparente e pilares metálicos.
2.2 Limitações
2.3 Delineamento
O trabalho será realizado por meio de dados teóricos disponíveis na literatura e pela
observação empírica do autor, que realizou estágio numa edificação de sistema estrutural misto
composto de alvenaria estrutural e estrutura metálica.
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3 SISTEMA ESTRUTURAL MISTO COMPOSTO DE AÇO E
ALVENARIA ESTRUTURAL
3.1 Descrição
Segundo o CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço (2012), uma estrutura mista
é aquela onde um montante de sistemas mistos são adotados em sua composição. Considera-se
uma estrutura mista, sempre que forem optados por diferentes materiais estruturais, como
concreto armado, aço e concreto, madeira e alvenaria, aço e alvenaria, por exemplo.
O sistema estrutural misto de aço e alvenaria estrutural compõe um grande desafio de
projeto e execução, uma vez que o projetista e o executor têm de conhecer e dominar muito
bem como os dois elementos se comportam. O sistema em questão é formado pelo trabalho em
conjunto da alvenaria estrutural, cujos elementos de alvenaria desempenham função estrutural,
e do aço, presente em perfis metálicos, para compor uma estrutura. Na figura 1, por exemplo,
ilustra-se um sistema misto de alvenaria estrutural com aço presente em pilares e estrutura da
cobertura.
No Brasil, atualmente não existe uma norma específica para execução de estruturas
mistas de alvenaria estrutural e aço. Entretanto, existe a NBR 16775: Estruturas de aço,
estruturas mistas de aço e concreto, coberturas e fechamentos de aço — Gestão dos processos
de projeto, fabricação e montagem — Requisito (2020), que traz diretrizes para normalizar a
gestão de processos de estruturas mistas em geral. Ademais, a norma citada busca a melhoria
contínua de processos e sistemas e tenta eliminar não conformidades nas três grandes etapas:
projeto, fabricação e montagem, a fim de estimular economicamente o setor da construção civil.
A decisão de escolher um determinado sistema estrutural para o projeto de uma
edificação não é uma simples tarefa, uma vez que existem várias variáveis importantíssimas a
serem consideradas (CORRÊA, 1991). Como exemplo dessas variáveis, tem-se a arquitetura e
a função da edificação, cujo sistema estrutural deve ser moldado e correlacionado a isso. Além
disso, busca-se a melhor interação possível entre materiais com propriedades e particularidades
diferentes. Conhecer e dominar os materiais que fazem parte de um sistema estrutural misto é
primordial para alcançar todos os interesses dos envolvidos no projeto.
Em virtude da progressão tecnológica da industrialização de materiais destinados à
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construção civil, houve a possibilidade de alcançar materiais com melhores propriedades, como
concretos e aços de alta resistência. Com isso, a utilização de estruturas mistas apresenta
constante crescimento (DE NARDIN et al., 2005).
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projetado e executado. Para isso, deve-se dispor de um bom gerenciamento do canteiro de obras
a fim de conseguir bons resultados. Materiais, equipamentos e aplicativos devem ser usados
para uma boa prática de execução do sistema construtivo em decorrência de todas suas
particularidades e técnicas exigidas. Muitos empreendedores adotam o sistema, visando uma
obra prática, rápida e principalmente econômica, com bom resultado, custo baixo e boa
qualidade do produto.
Uma edificação com bloco aparente reduz etapas, tempo e custo da obra e demonstra
que um empreendimento não precisa ter componentes complexos para alcançar seu propósito,
como a Figura 2, que ilustra a Casa Maracanã, com blocos e laje de concreto sem acabamento,
localizada no Bairro da Lapa em São Paulo – SP, uma obra que ganhou o prêmio AsBEA 2012
na categoria residências.
A alvenaria com função estrutural, é normalizada pelas três partes da NBR 16868:
Alvenaria estrutural: projeto, execução e controle de obras e métodos de ensaio (2020). O
sistema de alvenaria estrutural é composto de quatro elementos básicos: blocos, argamassa de
assentamento, graute e aço (figura 3).
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Figura 3 - Elementos que compõem alvenaria estrutural
Para execução de uma parede estrutural de bloco de concreto com boa estética, as
principais características a serem observadas são a aparência, o acabamento, a geometria e a
dimensão do bloco. O bloco de concreto também deve ter as propriedades de resistência
estrutural, análise dimensional, absorção de água, retração linear por secagem e permeabilidade
conforme a ABNT NBR 6136:2016 - Blocos vazados de concreto simples para alvenaria —
Requisitos, que estabelece as condições para fabricação e aprovação de blocos vazados de
concreto simples para utilização na execução de paredes de alvenaria com função estrutural ou
não.
No mercado consumidor são encontrados três tipos básicos de blocos vazados de
concreto simples: bloco comum, bloco canaleta e bloco compensador, apresentados na figura
4. O bloco de tipo comum é o mais utilizado na execução de uma parede, já o canaleta serve
para facilitar a execução de pilaretes, cintas, contravergas e vergas, que são elementos muito
presentes na alvenaria estrutural. Por último, existe o bloco compensador, que tem a finalidade
de compensar e ajustar a modulação da alvenaria, atingindo, desse modo, a racionalização do
sistema.
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Figura 4 – Tipos de blocos vazados de concreto simples
Para blocos vazados de concreto simples para execução de alvenaria aparente, a NBR
6136 (ABNT, 2016) não faz grandes distinções de requisitos, apenas permite que para a
finalidade de alvenaria aparente, os blocos podem apresentar furos, que é a parte vazada, com
maiores dimensões, mas não impõe nenhum limite.
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classificada em dois tipos: argamassa estabilizada pronta e argamassa ensacada. O primeiro tipo
é entregue na obra por caminhões betoneira e armazenado em contêineres plásticos e está pronto
para utilização da equipe de pedreiros. A argamassa industrializada ensacada, também chamada
de mistura semipronta para argamassa, já está “pronta” apenas necessitando acrescentar água
conforme instruções do fabricante.
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Figura 5 - Elementos grauteados da alvenaria estrutural
3.2.4 Aço
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armada é uma alvenaria onde são utilizadas armaduras passivas, que são consideradas para re-
sistência dos esforços solicitantes.
A armadura de alvenaria estrutural armada pode ser passiva ou ativa. O primeiro tipo é
o mais comum e consagrado na indústria brasileira, e necessita de menos tecnologia. Já na
alvenaria armada protendida (armadura ativa), geralmente, os elementos são submetidos à es-
forços laterais e devem ter grande resistência à flexão. Comumente, as tipologias mais apropri-
adas a essa técnica são paredes aletadas ou dupla-aletadas (PARSEKIAN; FRANCO, 2000).
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Os perfis estruturais metálicos são classificados em três grandes grupos, conforme sua
fabricação: dobrado a frio, laminado ou soldado. Os perfis dobrados a frio (figura 7) são indus-
trializados através da dobra a frio de chapas dúcteis. Os perfis laminados (figura 8) são produ-
zidos com o aço preaquecido e ganham sua forma após passar pelo processo de laminação, que
é a redução da área de seção transversal dos elementos de aço, através de rolos tracionados. Já
os classificados como soldados (figura 9), são fabricados pela junção de chapas com a utilização
de solda (PFEIL; PFEIL, 2009).
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Figura 9 - Perfil soldado
O uso de perfis de aço como pilares e vigas está muito presente em obras de grande
porte, como viadutos, portos e aeroportos. Isso acontece, pois, esse nicho necessita de rapidez
no processo construtivo, uma vez que os elementos apresentam boa resistência de tração,
compressão e flexão, menor peso quando comparadas com vigas de concreto armado, facilidade
na montagem e desmontagem e reaproveitamento do material.
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A edificação foi construída com alvenaria estrutural armada de blocos vazados de con-
creto simples da família 20 x 40cm, pilares de aço e cobertura metálica, com tesouras, terças e
contraventamentos em aço e telha sanduíche termoacústica de poliuretano (PUR) (figura 12 e
13).
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Figura 13 - Foto da construção da fachada oeste da edificação
Para execução da estrutura metálica, contratou-se uma empresa terceirizada com espe-
cialidade neste tipo de projeto e execução, que fornecia tanto material quanto a mão de obra. A
grande dificuldade da contratação dessa atividade foi encontrar fornecimento de materiais cer-
tificados e de mão de obra qualificada, uma vez que certa parte do setor não apresenta certifi-
cações e qualificações para garantir a qualidade do produto. Essa empresa comprava os mate-
riais em grandes indústrias e realizava pré-montagem e pintura em sua sede (figura 15).
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Figura 15 - Elementos metálicos antes da pintura
Os pilares metálicos da edificação têm a seção circular, com 15cm de diâmetro, e tota-
lizando apenas 8 ao longo da edificação, espaçados entre 5,00m e 4,30m, e apoiados em chapas
quadradas de seção 30x30cm. Por escolha arquitetônica, esses pilares estão localizados na en-
trada do restaurante e na portaria da edificação.
As tesouras metálicas que compõem a cobertura metálica têm pouco mais de 10m de
comprimento e são 21 unidades no total, distanciadas entre 4,00m e 5,00m. Na figura 16, as
tesouras metálicas estão destacadas em azul, já os pilares metálicos estão marcados em verme-
lho.
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Figura 16 - Localização dos pilares e das tesouras no projeto
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Os elementos metálicos, como pilares, terças, travamentos e contraventamentos chega-
vam à obra pintados e eram montados com o uso de guindastes e muncks. A alternativa por
estrutura metálica foi escolhida por dois fatores: rapidez de execução do sistema, uma exigência
do cliente, e a possibilidade de executar vãos maiores, por anseio do escritório de arquitetura.
Além disso, a arquitetura projetou dois beirais, um de cada lado da edificação, bem largos, a
fim de diminuir a incidência de chuvas na alvenaria de blocos aparentes.
1) Concretagem da laje;
Anteriormente, o terreno não apresentava nenhuma edificação e era utilizado como es-
tacionamento para a indústria automotiva. Após limpeza do terreno e locação dos eixos, foram
executadas 130 estacas do tipo hélice contínua monitorada, com comprimento variando entre
12m e 18m, sendo 127 com diâmetro de 40cm e 3 com diâmetro de 50cm. Na figura 17, tem-
se o relatório de sondagem do solo encontrado na obra, gerado através de um ensaio SPT, que
demonstra um solo com baixa capacidade de suporte e alta deformabilidade nos primeiros me-
tros de profundidade.
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Figura 17 - Relatório de sondagem da obra
Posteriormente, a área onde seria executada a laje foi nivelada e compactada. Com a
área nivelada e compactada, conseguiu-se executar a escavação, forma e travamento e armadura
das vigas baldrame. Em seguida, executou-se a laje da edificação, armada com aço CA-50 8mm
e 10mm, com 14cm de espessura.
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A laje da edificação do estudo de caso foi concretada com os arranques da armadura
para a alvenaria estrutural (figura 18) de 100cm de comprimento total, que foram posicionados
conforme projeto estrutural (figura 19 e 20), para realizar a transmissão de esforços entre a laje
e a alvenaria estrutural. Esses arranques foram chumbados 9cm abaixo do concreto da laje.
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Figura 20 - Locação dos pontos de arranque da alvenaria estrutural
Por opção do projetista estrutural, não foi deixado nenhum arranque para os pilares me-
tálicos. Esses foram posteriormente chumbados na laje com perfuradores mecânicos e adesivo
estrutural de alto desempenho.
Ao todo, foram 39 (trinta e nove) paredes executadas. Todas foram detalhadas, conforme
figura 21, em paginação elaborada pelo projetista estrutural, com quantitativos de aço, arga-
massa de assentamento, blocos e graute. Ademais, a paginação demonstra os pontos de graute-
amento, em pilaretes, cintas, contravergas e vergas.
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Figura 21 - Detalhamento estrutural de uma parede
Após a laje de concreto ter atingido a resistência de projeto, comprovada com o rompi-
mento de corpos de prova moldados no dia da concretagem, iniciou-se a marcação da primeira
fiada, que foi realizada de posse de laser rotativo e marcador industrial, a fim de garantir exati-
dão. Após a marcação, a superfície foi limpa e aplicou-se emulsão asfáltica, conforme figura
22, a fim de impermeabilizar onde a alvenaria seria apoiada, exceto onde existiam pontos de
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grauteamento, para garantir a aderência do graute com a laje construída. Além da emulsão as-
fáltica, os trechos também foram impermeabilizados com manta asfáltica (figura 23) por deci-
são do responsável técnico da obra, a fim de reduzir a possibilidade de problemas devido à
umidade ascensional.
Para a marcação da primeira fiada dos trechos, foi necessário eliminar todo e qualquer
desnível da superfície na qual a alvenaria será apoiada. A NBR 16868-2 (ABNT, 2020) cita que
a variação de nível da face superior da laje construída, que receberá a alvenaria, não pode ser
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acima de 10mm em relação ao plano especificado em projeto. Na obra, o nível da laje foi veri-
ficado utilizando um nível à laser rotativo e nenhum desnível maior que 10mm foi encontrado.
Para assentamento da primeira fiada, utilizou-se linha-guia, para garantir o nível da face
superior do bloco e argamassa de assentamento produzida in loco com traço 1:3 (cimento : areia
média) em volume, indicado pelo projetista estrutural, para corrigir desnível, menores que
10mm, causado pelo plano da superfície da laje construída (figura 24).
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arquitetura foi a junta de assentamento, que foi executada com acabamento rebaixado, utili-
zando uma ferramenta confeccionada na obra, por opção dos arquitetos (figura 26).
Fonte: ABNT NBR 16868-2:2020 - Alvenaria estrutural - Parte 2: Execução e controle de obras (2020)
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Onde existiam pontos a serem grauteados na alvenaria estrutural, fez-se um corte no
bloco (voltado para o lado onde o acabamento não é em bloco aparente) com uma serra circular.
Esse corte é chamado de janela de inspeção (figura 27) ou de visita e serve para limpeza antes
do grauteamento, para remover poeira e corpos estranhos, e inspeção depois grauteamento, para
garantir que o vão foi ocupado por graute. Alguns fornecedores têm um bloco especial para
janelas de inspeção, que dispensam cortes.
Após a execução da primeira fiada, executou-se mais 7 (sete) fiadas, até atingir a cinta,
que devem seguir a paginação dos projetos, conforme mostrado na figura 20, utilizando arga-
massa de assentamento industrializada e dois tipos de bloco: inteiro e meio. Nessa etapa, utili-
zou-se régua de nível, esquadro e linha-guia em cada fiada, com o propósito de elevar a parede
em nível e em prumo. O desaprumo e o desalinhamento máximos permitidos obedeceram a
valores vistos na NBR 16868-2 (ABNT, 2020).
Para aceitação de uma parede, a geometria e resistência dos elementos que compõem a
alvenaria devem estar de acordo com as recomendações vigentes. No quesito geométrico, três
critérios são indispensáveis: alinhamento, nível e prumo. Para verificação desses itens, a obra
utilizou: nível a laser, prumo de parede, régua de prumo e nível e esquadro. Na figura 28, tem-
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se as tolerâncias recomendadas pela norma de execução de alvenaria estrutural, na qual a obra
se baseou para aceitação ou rejeição de uma parede.
Fonte: ABNT NBR 16868-2:2020 - Alvenaria estrutural - Parte 2: Execução e controle de obras (2020)
Para execução de cintas, que são as fiadas 9 e 15, vergas e contravergas, localizadas em
vãos de portas e janelas, utilizou-se bloco tipo canaleta preenchidas com graute e armadura. A
NBR 16868-2 (ABNT, 2020) também permite a utilização de peças moldadas e pré-moldadas
para execução desses elementos, que garantem mais agilidade na produção. A armadura era
colocada pelo próprio pedreiro que executava a alvenaria. Essa tarefa era fiscalizada de maneira
informal e aleatória pelo mestre de obras e pelos estagiários, que não utilizavam Fichas de Ve-
rificação de Serviço, que é uma indicação do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade
do Habitat.
O lançamento do graute, ou grauteamento, nos pilaretes e blocos canaletas deve ser feito
após a limpeza (figura 29) dos furos e fechamento da janela de inspeção, para evitar que o
graute escape. Esse lançamento (figura 30), conforme norma, deve ser feito com altura máxima
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de 160cm, para garantir que não ocorra segregação da mistura. O adensamento do graute deve
ser feito de forma manual, com haste de 10mm a 15mm de diâmetro. O lançamento do graute
foi realizado de forma manual com a utilização de baldes, conforme indicado na figura 31, onde
um operário grauteia um pilarete. O graute utilizado tinha um tempo em aberto, que é o tempo
disponível para o lançamento sem que o material perca suas características, de 8 horas.
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A moldagem de corpos de prova para ensaio de prisma para confirmar a resistência do
graute, onde a eficiência dos prismas deveria ser no mínimo 70%, não era realizada pela obra,
somente pelo fornecedor do graute, que enviava os resultados para o responsável técnico da
obra e projetista estrutural. A rastreabilidade do graute era realizada pela obra através de plantas
e planilhas. A resistência característica do graute deve ser igual ou superior ao valor de projeto,
que é de fgk = 15MPa. Se a geometria da parede e a resistência característica do graute estiverem
de acordo, a obra aceita o elemento. Após comprovação da resistência dos trechos grauteados,
que é enviada pelo fornecedor do material, e verificação da janela de inspeção, que não deve
apresentar nenhum vazio de grauteamento, consegue-se continuar a elevação da parede, o que
dá início a um novo ciclo de todo o processo.
Após lançamento de todo o graute, as paredes eram limpas, para evitar a ocorrência de
manchas, já que a alvenaria tem acabamento aparente. Após o grauteamento, o bloco canaleta
apresentava o seguinte aspecto apresentado na figura 31:
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4.2.3 Estrutura metálica
Primeiramente as chapas de aço com 3/8” de espessura, que serviram de apoio para
pilares, foram locadas, com a utilização de linhas e nível a laser. Para instalação das chapas dos
pilares, foi utilizada uma furadeira para perfurar a laje (figura 32). Os pilares metálicos, de
seção circular com 15cm de diâmetro, chegaram na obra já unidos através de ligação soldada
com uma chapa A e quatro chapas B (figura 35), que servem para fixação ao substrato e reforço,
respectivamente. A NBR 8800 (ABNT, 2008) recomenda que o desaprumo de pilares metálicos
não deve ser superior a relação 1:500cm/cm. Isso foi conferido na obra utilizando prumo de
parede. A locação e perfuração das chapas de aço para apoio das tesouras metálicos seguiram
os mesmos passos, mas foram feitas na alvenaria.
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Figura 33 - Chapa de apoio de tesouras treliçadas fixada na alvenaria
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Figura 35 - Detalhe da chapa de apoio dos pilares
O módulo das tesouras metálicas era formado por perfis U e L, ambos laminados, ASTM
A36 (figura 39). Os perfis U tem a dimensão de 150x50x3,75mm, que formam as duas abas e
os banzos superior e inferior. Já os perfis L, que compõem os montantes e as diagonais, têm a
dimensão de 40x40x2,25mm.
Depois de soldar todas as 21 tesouras treliçadas, partiu-se para execução das terças me-
tálicas, que têm a função de servir de apoio para as telhas, distribuir o peso para as tesouras e
contribuir com o contraventamento. A cada tesoura, foram distribuídas 14 terças (perfil C
125x50x20x3,35mm), soldadas e parafusadas, distanciadas entre 62 e 130cm, conforme detalhe
estrutural na figura 41. A inspeção dessa e de quaisquer soldas realizadas no canteiro de obras
foi estritamente visual. Entretanto, a NBR 8800 (ABNT, 2008) recomenda que a inspeção deve
ser feita de acordo com os requisitos do Código de Soldagem Estrutural Aço da Sociedade
Americana de Soldagem, por um inspetor de soldas.
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Figura 41 - Detalhe estrutural das terças
Ao final da execução das terças, soldou-se seus respectivos travamentos (figura 42), que
são cerca de 180 unidades, a fim de aumentar a rigidez da estrutura, reduzir deslocamentos
horizontais e fornecer estabilidade à estrutura. Para esses travamentos foi dimensionado o perfil
L 30x30x2,0mm.
As telhas foram encomendadas sob medida, o que economizou mão de obra e tempo
para execução da edificação. Outra medida que diminuiu tempo de execução foi o lançamento
das telhas para as terças em diversos pontos da estrutura (mostrado na figura 43), economizando
tempo na distribuição do material. A execução de todo o telhamento, incluindo posicionamento
das chapas, fixação dos parafusos e vedação com selante de poliuretano, durou apenas um dia.
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Figura 44 - contraventamentos das tesouras treliçadas
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5 ANÁLISE
O sistema misto de aço e alvenaria estrutural compreende dois sistemas bem diferentes,
que podem ser desenvolvidos juntos. A seguir serão abordados itens aptos a serem implantados
ou otimizados em obras com sistema semelhante.
Sobre a alvenaria estrutural, todo material foi comprado pela construtora, já a mão de
obra foi terceirizada, onde foi negociado um valor por m² de alvenaria “pronta” – alvenaria
assentada, grauteada com a armadura posicionada, com a junta rebaixada feita, limpa e livre de
arremates, e pago conforme medição de serviço. Ao todo foram executados 750m² de alvenaria
estrutural com acabamento aparente, utilizando, três pedreiros e três auxiliares, em 32 dias úteis,
sendo 6 horas trabalhadas por dia. O custo aproximado da atividade está apresentado na tabela
abaixo:
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Figura 46 - Juntas de assentamento mal acabadas
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Nos dois casos, a caução contratual foi bem utilizada pela construtora, pois ela utilizou
essa garantia a fim de conquistar toda qualidade necessária dos serviços.
Conforme Dias(1997), recomenda-se que ligações soldadas, que são a união de compo-
nentes de um elemento estrutural preservando a continuidade do material e de suas respectivas
características, sejam feitas apenas em indústrias e fábricas, ambientes controlados e com cer-
tificação de controle de qualidade, realizada por um inspetor de soldas, que é um profissional
com qualificação e certificação comprovada para exercer devida atividade. Conforme mencio-
nado anteriormente, em algumas etapas, a soldagem foi feita na obra, o que não é aconselhado,
uma vez que o canteiro de obras não possui características semelhantes à de uma indústria.
Além disso, não havia nenhum profissional no canteiro, nem da contratante e nem da contra-
tada, apto para realizar a inspeção das soldas, uma grande falha da construtora, uma vez que
isso poderia comprometer a estrutura. Na indústria da contratada, havia um profissional habili-
tado para inspeção de soldas.
Assim, para otimizar o projeto e execução da estrutura metálica, propõe-se que quando
possível a ligação deve ser soldada, realizada na indústria, com o aval de um inspetor de soldas
qualificado. No caso de ligação parafusada, aconselha-se que os perfis já cheguem à obra com
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os furos feitos em ambiente industrial controlado, exigindo do montador apenas a colocação do
parafuso. Nos quadros 1 e 2, apresenta-se o que foi encontrado na obra e o que é recomendado
para cada ambiente, respectivamente:
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Figura 48 - Processo de descarga de materiais na obra
Para a construtora, realizar a descarga dessa maneira, utilizando dois equipamentos, não
a prejudicava, uma vez que o contrato tinha um valor certo e fechado. Já para a contratada, isso
implicava no acréscimo do custo de locação de equipamentos. Caso a contratada utilizasse ape-
nas caminhões munck, com a finalidade de transportar (frete) – da fábrica até a obra – e içar –
descarregar os materiais no canteiro – poderia ter economizado cerca de R$1.800,00, proveni-
entes da não necessidade de caminhão de carga. Essa economia é demonstrada na tabela abaixo:
Quadro 4 – Dimensões nominais para bloco vazado de concreto simples da família 20 x 40cm
Família 20 x 40
Largura 190
Altura 190
Medida nominal Inteiro 390
(mm) Meio 190
Comprimento
Canaleta 390
Meia canaleta 190
NOTA 1 - Tolerância de ± 2,0mm para a largura e ± 3,0mm para a altura e
para o comprimento.
Fonte: ABNT (2016) – modificado pelo autor
62
Quadro 5 - Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração para bloco de concreto
Classe B de agregado normal
Caso a construtora optasse por fazer os ensaios conforme norma, esse custo sairia entre
R$1.015,00 e R$1.568,00, valores praticados por empresas de controle tecnológico de enge-
nharia civil em maio de 2021. Cerca de menos de 2% do valor total gasto na alvenaria estrutural.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após revisão bibliográfica sobre estruturas mistas, alvenaria estrutural e estruturas me-
tálicas, descreveu-se um estudo de caso de um sistema que não tem norma brasileira específica
para execução, que é o sistema misto de aço e alvenaria estrutural, de uma obra realizada em
Porto Alegre - RS. Apesar de não haver norma específica, pode-se executar o tipo de edificação
estudado através das normas que abordam cada sistema separadamente: alvenaria estrutural e
estruturas de aço, uma vez que esse conjunto de documentos abordam os sistemas de forma
consistente, a fim de prosperar com ambas as partes.
Por fim, espera-se que trabalho possa proporcionar orientações e informações para quem
pretende executar edificações com sistema estrutural semelhante, sempre recorrendo às normas
brasileiras vigentes. Assim, garantirá qualidade e economia ao seu produto.
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REFERÊNCIAS
ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto
de edifícios.
ABNT NBR 14323:2013 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto
de edifícios em situação de incêndio.
ABNT NBR 16775:2020 Estruturas de aço, estruturas mistas de aço e concreto, coberturas e
fechamentos de aço — Gestão dos processos de projeto, fabricação e montagem — Requisitos.
CORDEIRO, Leila Cristina Santos. Sobre as lajes mistas de aço e concreto em situação de
incêndio. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) - Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, 2014
DE NARDIN, Silvana; SOUZA, Alex S. C.; EL DEBS, Ana L.C. H.; EL DEBS, Mounir K.
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DIAS, L. A de M. Estruturas de aço: Conceito, técnicas e linguagem. 1. São Paulo, 1997
MONTEIRO FILHA, Dulce Corrêa; COSTA, Ana Cristina Rodrigues da; ROCHA, Érico Rial
Pinto da. Perspectivas e desafios para inovar na construção civil. BNDES Setorial, Rio de
Janeiro, 2010.
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